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(19) 3251-1012 O ELITE RESOLVE UNICAMP 2012 – SEGUNDA FASE – PORTUGUÊS E MATEMÁTICA

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LÍNGUA PORTUGUESA

QUESTÃO 01 Há notícias que são de interesse público e há notícias que são de

interesse do público. Se a celebridade "x" está saindo com o ator "y", isso não tem nenhum interesse público. Mas, dependendo de quem sejam "x" e "y", é de enorme interesse do público, ou de um certo público (numeroso), pelo menos.

As decisões do Banco Central para conter a inflação têm óbvio interesse público. Mas quase não despertam interesse, a não ser dos entendidos.

O jornalismo transita entre essas duas exigências, desafiado a atender às demandas de uma sociedade ao mesmo tempo massificada e segmentada, de um leitor que gravita cada vez mais apenas em torno de seus interesses particulares.

(Fernando Barros e Silva, O jornalista e o assassino. Folha de São Paulo (versão on line), 18/04/2011. Acessado em 20/12/2011.)

a) A palavra público é empregada no texto ora como substantivo, ora como adjetivo. Exemplifique cada um desses empregos com passagens do próprio texto e apresente o critério que você utilizou para fazer a distinção. b) Qual é, no texto, a diferença entre o que é chamado de interesse público e o que é chamado de interesse do público?

Resolução a) Situações em que a palavra aparece como substantivo, todas no primeiro parágrafo: • “são de interesse do público”; • “enorme interesse do público”; • “um certo público”. Situações em que a palavra aparece como adjetivo (as duas primeiras no primeiro parágrafo, a outra no segundo parágrafo): • “Há notícias que são de interesse público”; • “nenhum interesse público”; • “óbvio interesse público”. Em todos os casos de uso como substantivo, há a presença de um artigo. Nos dois primeiros casos é o artigo definido o (presente na contração do), enquanto no último surge o artigo indefinido um. Já os usos da palavra como adjetivo deixam claro que o termo público caracteriza a palavra interesse, por surgir logo após esta última e concordar com ela em número e gênero. b) Na expressão interesse público, a palavra público explicita uma característica intrínseca ao assunto em questão, ou seja, atribui a alguns temas a característica de serem relevantes para a população em geral, ainda que alguns indivíduos não percebam essa relevância. Por outro lado, a expressão interesse do público deixa claro que se está falando de um público específico, ou seja, de uma parcela da população que se interessa por alguns temas e que, por acaso, representa um volume de pessoas grande o suficiente para ser chamado de público. Dessa forma, podemos afirmar que uma notícia de interesse público tem características que a tornam importante em qualquer situação, enquanto notícias de interesse do público só se tornam interessantes devido às preferências de um determinado público em um determinado contexto histórico e social.

QUESTÃO 02 Os enunciados abaixo são parte de uma peça publicitária que anuncia um carro produzido por uma conhecida montadora de automóveis.

UM CARRO QUE ATÉ A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE APROVARIA: ANDA MAIS E BEBE MENOS. ELE CABE NA SUA VIDA. SUA VIDA CABE NELE.

(Adaptado de Superinteressante, jun. 2009, p. 9.) a) A menção à Organização Mundial da Saúde na peça publicitária é justificada pela apresentação de uma das características do produto anunciado. Qual é essa característica? Explique por que o modo como a característica é apresentada sustenta a referência à Organização Mundial da Saúde. b) A peça publicitária apresenta duas orações com o verbo caber. Contraste essas orações quanto à organização sintática. Que efeito é produzido por meio delas?

Resolução a) A característica apresentada é a economia de combustível do carro, ou seja, sua capacidade de percorrer a mesma distância que outros modelos com um consumo de combustível menor. Para justificar a relação à OMS, a peça se vale de termos comumente usados em referência a hábitos de saúde humanos (“anda mais”, que normalmente se refere à necessidade de fazer atividades físicas como caminhadas, e “bebe menos”, que tipicamente remete à moderação na ingestão de álcool). Dessa forma, cria-se uma ambiguidade, já que o carro anuciado, por suas características, atenderia aos conselhos dados por médicos a pessoas que querem melhorar sua saúde. b) Sintaticamente, as orações são construídas com a inversão do objeto com o sujeito: Ele, que é sujeito na primeira oração, se torna objeto na segunda, enquanto o objeto da primeira (sua vida) assume, na segunda oração, a função de sujeito. A peça troca a ordem e a função sintática dos termos, mas mantém as palavras praticamente inalteradas. Essa inversão causa um efeito poético, que atrai a atenção do leitor, e também cria uma associação entre os conceitos carro (representado pelo pronome ele) e vida: a publicidade estaria afirmando que o carro se encaixa perfeitamente na vida do leitor e que tudo o que é importante para o leitor pode ser acondicionado no carro.

QUESTÃO 03 TEXTO I

Entre 1995 e 2008, 12,8 milhões de pessoas saíram da condição de pobreza absoluta (rendimento médio domiciliar per capita até meio salário mínimo mensal), permitindo que a taxa nacional dessa categoria de pobreza caísse 33,6%, passando de 43,4% para 28,8%. No caso da taxa de pobreza extrema (rendimento médio domiciliar per capita de até um quarto de salário mínimo mensal), observa-se um contingente de 13,1 milhões de brasileiros a superar essa condição, o que possibilitou reduzir em 49,8% a taxa nacional dessa categoria de pobreza, de 20,9%, em 1995, para 10,5%, em 2008.

(Dimensão, evolução e projeção da pobreza por região e por estado no Brasil, Comunicados do IPEA, 13/07/2010, p.3.)

TEXTO II

(BENETT, chargesdobenett.zip.net. Acessado em 21/10/2011.)

a) Podemos relacionar os termos miséria e pobreza, presentes no TEXTO II, a dois conceitos que são abordados no TEXTO I. Identifique esses conceitos e explique por que eles podem ser relacionados às noções de miséria e pobreza. b) Que crítica é apresentada no TEXTO II? Mostre como a charge constrói essa crítica.

Resolução a) A distinção entre o que seja miséria e o que seja pobreza é de natureza subjetiva, fato este corroborado inclusive pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, há certos indicadores que permitem discriminar, a partir da observação do meio em que determinadas pessoas vivem e de seus depoimentos, a que categoria elas pertenceriam, para fins de pesquisa e direcionamento de recursos. Para a classificação de pobreza são analisados indicadores pré-estabelecidos (tais como oportunidades de consumo, de estudo e trabalho; vulnerabilidade da infraestrutura e saneamento básico da região; entre outros fatores) e o nível de dificuldade que a população investigada apresenta para ter acesso a eles. Mesmo que o aluno não possa ter, em meio à prova, o domínio de tais definições, a diferenciação entre os níveis de pobreza a partir de determinados termos (como o próprio substantivo miséria) já faz parte do senso comum, segundo o qual o indivíduo miserável encontra-se em pior situação do que o indivíduo pobre.

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No TEXTO I, o autor estabelece que pobreza absoluta seja aquela em que o rendimento per capita seja de até meio salário mínimo mensal; já a pobreza extrema seria aquela situação em que o rendimento per capita seja de até um quarto de salário mínimo mensal, ou seja, um rendimento ainda inferior a que aquele necessário para que se seja classificado o outro nível de pobreza. Portanto, a pobreza absoluta seria uma categoria acima da categoria de pobreza extrema. Tendo em vista a diferença estatística entre os níveis de pobreza, tem-se que a associação poderia ser feita entre pobreza extrema/miséria e pobreza absoluta/pobreza. b) Assim como enunciado na resposta A, a distinção entre tais níveis é subjetiva (tanto porque parte de aspectos como observação direta do entrevistador e autoavaliação por parte do entrevistado, quanto porque não delimita fronteiras físicas para tal distinção) e visa o levantamento da condição socioeconômica de determinada parcela da população. Dessa forma, a charge ironiza exatamente o aspecto da subjetividade de tais categorias e mostra dois indivíduos pertencentes à mesma comunidade de classe baixa discutindo sobre termos que buscam diferenciá-los apenas na “teoria”, pois na “prática” os limites as diferenças não são tão claras.

QUESTÃO 04 Os verbetes apresentados em (II) a seguir trazem significados possíveis para algumas palavras que ocorrem no texto intitulado Bicho Gramático, apresentado em (I).

I BICHO GRAMÁTICO

Vicente Matheus (1908-1997) foi um dos personagens mais controversos do futebol brasileiro. Esteve à frente do paulista Corinthians em várias ocasiões entre 1959 e 1990. Voluntarioso e falastrão, o uso que fazia da língua portuguesa nem sempre era aquele reconhecido pelos livros. Uma vez, querendo deixar bem claro que o craque do Timão não seria vendido ou emprestado para outro clube, afirmou que “o Sócrates é invendável e imprestável”. Em outro momento, exaltando a versatilidade dos atletas, criou uma pérola da linguística e da zoologia: “Jogador tem que ser completo como o pato, que é um bicho aquático e gramático”.

(Adaptado de Revista de História da Biblioteca Nacional, jul. 2011, p. 85.)

II Invendável: que não se pode vender ou que não se vende com facilidade. Imprestável: que não tem serventia; inútil. Aquático: que vive na água ou à sua superfície. Gramático: que ou o que apresenta melhor rendimento nas corridas em pista de grama (diz-se de cavalo).

(Dicionário HOUAISS (versão digital on line), houaiss.uol.com.br) a) Descreva o processo de formação das palavras invendável e imprestável e justifique a afirmação segundo a qual o uso que Vicente Matheus fazia da língua portuguesa “nem sempre era aquele reconhecido pelos livros”. b) Explique por que o texto destaca que Vicente Matheus “criou uma pérola da linguística e da zoologia”.

Resolução a) A palavra invendável se formou pelo processo de sufixação seguido por prefixação a partir do verbo vender (vender + sufixo = vendável; vendável + prefixo = invendável); já a palavra imprestável se formou, pelo mesmo processo, a partir do verbo prestar (prestar + sufixo = prestável; prestável + sufixo = imprestável). Embora exista a palavra imprestável, o uso que Vicente Matheus faz do termo ajuda a justificar a afirmação de que ele praticava uma língua diferente da reconhecida nos livros. Obviamente, a intenção do cartola era afirmar que Sócrates não estava disponível para empréstimo, ou seja, não era emprestável. No entanto, pela sonoridade muito próxima das palavras (imprestável/emprestável) e pela associação do prefixo in/im com a ideia de negação, Matheus acaba usando um termo que parece adequado, mas tem um sentido muito diferente do que se pretendia. b) a pérola mencionada no artigo é a classificação do pato como um bicho gramático. Trata-se de um termo linguisticamente curioso devido ao seu processo de criação: o autor da frase pretendia destacar a versatilidade do pato, que se movimenta tanto na água quanto no solo, e escolheu um tipo específico de terreno que tem relação com o jogo de futebol (a grama), ao invés de dizer simplesmente “um bicho aquático e terrestre”; para formar uma palavra referente à movimentação na grama, utilizou-se o mesmo processo usado para

formar o adjetivo “aquático” a partir do substantivo “água”. Porém, o termo gerado a partir dessa estratégia tem outro significado estabelecido (gramático = estudioso da gramática) e não traz imediatamente a associação à palavra grama, o que causa estranhamento. Pode-se considerar a expressão bicho gramático (atribuída ao pato) também uma pérola da zoologia porque o termo gramático, em zoologia, não é aplicado a patos, apenas a cavalos de corrida.

QUESTÃO 05 O texto abaixo é parte de uma campanha promovida pela ANER (Associação Nacional de Editores de Revistas).

Surfamos a Internet, Nadamos em revistas A Internet empolga. Revistas envolvem. A Internet agarra. Revistas abraçam. A Internet é passageira. Revistas são permanentes. E essas duas mídias estão crescendo. Um dado que passou quase despercebido em meio ao barulho da Internet foi o fato de que a circulação de revistas aumentou nos últimos cinco anos. Mesmo na era da Internet, o apelo das revistas segue crescendo. Pense nisto: o Google existe há 12 anos. Durante esse período, o número de títulos de revistas no Brasil cresceu 234%. Isso demonstra que uma mídia nova não substitui uma mídia que já existe. Uma mídia estabelecida tem a capacidade de seguir prosperando, ao oferecer uma experiência única. É por isso que as pessoas não deixam de nadar só porque gostam de surfar.

(Adaptado de Imprensa, n. 267, maio 2011, p. 17.)

a) O verbo surfar pode ser usado como transitivo ou intransitivo. Exemplifique cada um desses usos com enunciados que aparecem no texto da campanha. Indique, justificando, em qual desses usos o verbo assume um sentido necessariamente figurado. b) Que relação pode ser estabelecida entre o título da campanha e o trecho reproduzido a seguir? Como essa relação é sustentada dentro da campanha?

A Internet empolga. Revistas envolvem. A Internet agarra. Revistas abraçam. A Internet é passageira. Revistas são permanentes.

Resolução a) O verbo surfar aparece duas vezes no texto, sendo utilizado uma vez como transitivo e outra como intransitivo. Transitivo: “Surfamos a Internet”. Intransitivo: “as pessoas não deixam de nadar só porque gostam de surfar”. O verbo assume um sentido necessariamente figurado quando utilizado como transitivo, pois o complemento “a Internet” faz com que o verbo “surfar” adquira um sentido particular para a situação de uso. Não se trata de surfar com ondas e prancha, e sim a utilização da rede mundial de computadores. b) Tanto o título da campanha quanto o trecho sugerem que a Internet proporciona experiências mais intensas e emocionantes, mas também mais superficiais do que as revistas que permitiriam maior “imersão” nos assuntos. Dentro da campanha a relação é sustentada defendendo que mesmo que as pessoas procurem por essas experiências mais intensas e superficiais não deixam de procurar pelas mais calmas e profundas, como se pode notar na frase: “É por isso que as pessoas não deixam de nadar só porque gostam de surfar.” Dessa forma, apesar dessa diferença, ambas as mídias seriam importantes para as pessoas.

QUESTÃO 06 O parágrafo reproduzido abaixo introduz a crônica intitulada Tragédia concretista, de Luís Martins.

O poeta concretista acordou inspirado. Sonhara a noite toda com a namorada. E pensou: lábio, lábia. O lábio em que pensou era o da namorada, a lábia era a própria. Em todo o caso, na pior das hipóteses, já tinha um bom começo de poema. Todavia, cada vez mais obcecado pela lembrança daqueles lábios, achou que podia aproveitar a sua lábia e, provisoriamente desinteressado da poesia pura, resolveu telefonar à criatura amada, na esperança de maiores intimidades e vantagens. Até os poetas concretistas podem ser homens práticos.

(Luís Martins, Tragédia concretista, em As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007, p. 132.)

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a) Compare lábio e lábia quanto à forma e ao significado. Considerando a especificidade do poeta, justifique a ocorrência dessas duas palavras dentro da crônica. b) Explique por que a palavra todavia (linha 4) é usada para introduzir um dos enunciados da crônica.

Resolução a) Lábio é substantivo masculino e se refere à parte da boca humana; lábia é substantivo feminino e se refere à habilidade de falar convincentemente. Considerando que o poeta é concretista, tem interesse em chamar atenção para a distinção entre forma e conteúdo, o que faz usando as duas referidas palavras que possuem carga semântica bastante diversa, mas conteúdo visual e sonoro parecido. b) O uso de uma conjunção adversativa, ou seja, que estabelece relação de oposição entre os períodos, deixa claro o contraste entre o momento em que pensa em poesia e o que pensa em como aproveitar sua lábia com a namorada, ou seja, quando é um poeta concretista e quando é um “homem prático”.

QUESTÃO 07 O excerto abaixo foi extraído do poema Balada Feroz, de Vinícius de Moraes. (...) Lança o teu poema inocente sobre o rio venéreo engolindo as cidades Sobre os casebres onde os escorpiões se matam à visão dos amores miseráveis Deita a tua alma sobre a podridão das latrinas e das fossas Por onde passou a miséria da condição dos escravos e dos gênios. (...) Amarra-te aos pés das garças e solta-as para que te levem E quando a decomposição dos campos de guerra te ferir as narinas, lança-te sobre a [cidade mortuária Cava a terra por entre as tumefações e se encontrares um velho canhão soterrado, volta E vem atirar sobre as borboletas cintilando cores que comem as fezes verdes das estradas. (...) Suga aos cínicos o cinismo, aos covardes o medo, aos avaros o ouro E para que apodreçam como porcos, injeta-os de pureza! E com todo esse pus, faz um poema puro E deixa-o ir, armado cavaleiro, pela vida E ri e canta dos que pasmados o abrigarem E dos que por medo dele te derem em troca a mulher e o pão. Canta! canta, porque cantar é a missão do poeta E dança, porque dançar é o destino da pureza Faz para os cemitérios e para os lares o teu grande gesto obsceno Carne morta ou carne viva – toma! Agora falo eu que sou um!

(Vinícius de Moraes, Antologia Poética. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 51-53.)

a) Como é próprio do modernismo poético, os versos acima contrariam a linguagem mais depurada e as imagens mais elevadas da lírica tradicional. Como podemos definir as imagens predominantes em Balada feroz? A que se referem tais imagens? b) Qual é o papel da poesia e do poeta diante da realidade representada?

Resolução a) São imagens, predominantemente, escatológicas. Ou seja, tanto apontam certa perplexidade do eu-poemático diante da época (percebida como de beligerante decadência) quanto exploram certo aspecto repugnante, sobretudo em relação à percepção da degradação da carne (ambos, aspectos verificáveis no 6o verso do trecho apresentado na prova). Vale mencionar que tal tom evidencia a influência da poesia francesa, sobretudo da obra de Baudelaire, sobre a obra de Vinícius de Moraes. As imagens se referem, principalmente, à sociedade, percebida pelo eu-poemático como violenta (verso 7), desigual (verso 4) ou, numa palavra, decepcionante. b) Segundo o texto, o papel da poesia é o de uma resistência ativa. O poema precisa ser um ‘armado cavaleiro’ (verso 12), contra o processo de decadência apontado pelo eu-poemático. Ao poeta, portanto, caberia a missão (verso 15) de, com sua arte, dar uma resposta (refutação/resistência) à decadência por ele percebida. Tal resposta é mencionada como um gesto insubordinado e transgressor (verso 17).

QUESTÃO 08 Os animais desempenham um papel simbólico no romance Iracema. Dentre eles, destacam-se o cão Japi e a jandaia (ou ará), que aparecem nos excertos abaixo.

Poti voltou de perseguir o inimigo. (...) O cão fiel o seguia de perto, lambendo ainda nos pelos do focinho a marugem do sangue tabajara, de que se fartara; o senhor o acariciava satisfeito de sua coragem e dedicação. Fora ele quem salvara Martim (...). — Os maus espíritos da floresta podem separar outra vez o guerreiro branco de seu irmão pitiguara. O cão te seguirá daqui em diante, para que mesmo de longe Poti acuda a teu chamado. — Mas o cão é teu companheiro e amigo fiel. — Mais amigo e companheiro será de Poti, servindo a seu irmão que a ele. Tu o chamarás Japi; e ele será o pé ligeiro com que de longe corramos um para o outro. (...) Tanto que os dois guerreiros tocaram as margens do rio, ouviram o latir do cão, que os chamava, e o grito da ará, que se lamentava.

A ará, pousada no jirau fronteiro, alonga para sua formosa senhora os verdes tristes olhos. Desde que o guerreiro branco pisou a terra dos tabajaras, Iracema a esqueceu. (...) Iracema lembrou-se que tinha sido ingrata para a jandaia esquecendo-a no tempo da felicidade; e agora ela vinha para a consolar no tempo da desventura. (...) Na seguinte alvorada foi a voz da jandaia que a despertou. A linda ave não deixou mais sua senhora (…). A jandaia pousada no olho da palmeira repetia tristemente: — Iracema! Desde então os guerreiros pitiguaras, que passavam perto da cabana abandonada e ouviam ressoar a voz plangente da ave amiga, se afastavam, com a alma cheia de tristeza, do coqueiro onde cantava a jandaia. E foi assim que um dia veio a chamar-se Ceará o rio onde crescia o coqueiro, e os campos onde serpeja o rio.

(José de Alencar, Iracema. São Paulo: Ática, 1992, p. 52 e p. 80.) a) Explique o papel simbólico desempenhado pelo cão. b) Explique o papel simbólico desempenhado pela jandaia ou ará.

Resolução a) O cão Japi, dado de presente a Martim por Poti, representa a amizade entre Poti e Martim. Portanto, de modo mais amplo representa alegoricamente a fidelidade e cumplicidade entre os pitiguaras e os portugueses (representados na trama pelo guerreiro branco Martim). Além disso, para além do que fica sugerido no trecho proposto pela prova, vale a pena ainda mencionar um aspecto importante a respeito do papel simbólico desempenhado por tal cachorro na obra, que é o que o identifica com Moacir (na medida em que ambos são ‘nativos’ da terra). Isso se verifica no seguinte fragmento: “Três entes respiram sobre o frágil lenho que vai singrando veloce, mar em fora. Um jovem guerreiro cuja tez branca não cora o sangue americano; uma criança e um rafeiro que viram a luz no berço das florestas, e brincam irmãos, filhos ambos da mesma terra selvagem.” – (Cap. 1 – Iracema) b) A jandaia aparece na narrativa como símbolo da ligação (relação) entre Iracema e a Natureza. Vale ressaltar que tal relação é muito importante, afinal Iracema é uma indígena e a relação de um indígena com a natureza é crucial para sua qualidade de vida (portanto para o estado de espírito da personagem). Por isso, no início da trama, a jandaia está sempre com a virgem tabajara; no momento em que Iracema se envolve com Martim (se entrega sexualmente a ele) a jandaia se afasta (A jandaia fugira ao romper d'alva e para não tornar mais à cabana). No entanto, após Martim se afastar de Iracema, a jandaia volta a se aproximar dela. Após a morte, Iracema é enterrada sob a palmeira, na qual a jandaia pousa como que lhe fazendo companhia. Vale comentar a semelhança entre a narrativa de Alencar e o famoso poema de Gonçalves Dias, em relação a este aspecto: escolha de uma ave e de uma árvore típicas como símbolos da terra que se pretende elogiar. Assim como em Gonçalves Dias encontramos palmeiras onde canta o sabiá; em Alencar encontramos: Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba.

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QUESTÃO 09 Os excertos abaixo foram extraídos do Auto da barca do inferno, de Gil Vicente.

(...) FIDALGO: Que leixo na outra vida quem reze sempre por mi. DIABO: (...) E tu viveste a teu prazer, cuidando cá guarecer por que rezem lá por ti!...(...) ANJO: Que querês? FIDALGO: Que me digais, pois parti tão sem aviso, se a barca do paraíso é esta em que navegais. ANJO: Esta é; que me demandais? FIDALGO: Que me leixês embarcar. sô fidalgo de solar, é bem que me recolhais. ANJO: Não se embarca tirania neste batel divinal. FIDALGO: Não sei por que haveis por mal Que entr’a minha senhoria.

ANJO: Pera vossa fantesia mui estreita é esta barca. FIDALGO: Pera senhor de tal marca nom há aqui mais cortesia? (...) ANJO: Não vindes vós de maneira pera ir neste navio. Essoutro vai mais vazio: a cadeira entrará e o rabo caberá e todo vosso senhorio. Vós irês mais espaçoso com fumosa senhoria, cuidando na tirania do pobre povo queixoso; e porque, de generoso, desprezastes os pequenos, achar-vos-eis tanto menos quanto mais fostes fumoso. (…)

SAPATEIRO: (...) E pera onde é a viagem? DIABO: Pera o lago dos danados. SAPATEIRO: Os que morrem confessados, onde têm sua passagem? DIABO: Nom cures de mais linguagem! Esta é a tua barca, esta! (...) E tu morreste excomungado: não o quiseste dizer. Esperavas de viver, calaste dous mil enganos... tu roubaste bem trint'anos o povo com teu mester. (...) SAPATEIRO: Pois digo-te que não quero! DIABO: Que te pês, hás-de ir, si, si! SAPATEIRO: Quantas missas eu ouvi, não me hão elas de prestar? DIABO: Ouvir missa, então roubar, é caminho per'aqui.

(Gil Vicente, Auto da barca do inferno, em Cleonice Berardinelli (org.), Antologia do teatro de Gil Vicente. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Brasília: INL, 1984, p. 57-59 e 68-69.)

a) Por que razão específica o fidalgo é condenado a seguir na barca do inferno? E o sapateiro? b) Além das faltas específicas desses personagens, há uma outra, comum a ambos e bastante praticada à época, que Gil Vicente condena. Identifique essa falta e indique de que modo ela aparece em cada um dos personagens.

Resolução a) Conforme se verifica na fala do Anjo, o principal pecado cometido pelo fidalgo Dom Henrique se refere à tirania que ele exercera junto às pessoas com as quais conviveu. Egoísta, vaidoso e opressor, ele só se preocupara consigo mesmo; o sapateiro, por sua vez, como profissional que é (mestre de ofício), cobrava por seu trabalho. Isso, segundo à mentalidade própria do cristianismo de base medieval expressa por Gil Vicente, se enquadraria no pecado da usura (apego aos bens materais).

b) Trata-se da hipocrisia, representada na peça como uma discrepância entre o discurso (imagem ostentada) e a prática (comportamento real). Na peça, tal discrepância – em geral – acaba revelada (explicitada) a partir das falas (‘oniscientes’) do Diabo e do Anjo. Da parte do fidalgo, tal hipocrisia fica evidenciada pela fala do diabo que acaba por esclarecer que a tal cadeira de espaldar, usada pelo fidalgo e carregada pelo pajem, estivera na igreja algumas vezes. Donde se depreende que o fidalgo ia à missa com alguma frequência; da parte do sapateiro, por sua vez, a mesma hipocrisia se verifica. Afinal, conforme ele alega, havia se ‘confessado’ e supunha, por isso, se salvar de uma vida pecaminosa. Observe-se ainda a seguinte fala do sapateiro: “quantas missas eu ouvi, não me hão elas de prestar?” Segundo a visão que Gil Vicente pretende disseminar e que se pode confirmar em alguns trechos do referido auto, não basta seguir (ou alegar ter seguido) um ou mais dos preceitos da vida cristã para se salvar do inferno. Por fim, vale mencionar que esse mesmo aspecto se verifica no caso de outras personagens da peça: alcoviteira (que alegava ser apostolada, angelada e martelada) e o frei Babriel (que indagava se o hábito não lhe valeria).

QUESTÃO 10 Os trechos a seguir foram extraídos de Memórias de um sargento de milícias e Vidas secas, respectivamente.

O som daquela voz que dissera “abra a porta” lançara entre eles, como dissemos, o espanto e o medo. E não foi sem razão; era ela o anúncio de um grande aperto, de que por certo não poderiam escapar. Nesse tempo ainda não estava organizada a polícia da cidade, ou antes estava-o de um modo em harmonia com as tendências e ideias da época. O major Vidigal era o rei absoluto, o árbitro supremo de tudo o que dizia respeito a esse ramo de administração; era o juiz que julgava e distribuía a pena, e ao mesmo tempo o guarda que dava caça aos criminosos; nas causas da sua imensa alçada não haviam testemunhas, nem provas, nem razões, nem processo; ele resumia tudo em si; a sua justiça era infalível; não havia apelação das sentenças que dava, fazia o que queria, ninguém lhe tomava contas. Exercia enfim uma espécie de inquirição policial. Entretanto, façamos-lhe justiça, dados os descontos necessários às ideias do tempo, em verdade não abusava ele muito de seu poder, e o empregava em certos casos muito bem empregado.

(Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978, p. 21.)

Nesse ponto um soldado amarelo aproximou-se e bateu familiarmente no ombro de Fabiano: – Como é, camarada? Vamos jogar um trinta-e-um lá dentro? Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou, procurando as palavras de seu Tomás da bolandeira: – Isto é. Vamos e não vamos. Quer dizer. Enfim, contanto, etc. É conforme. Levantou-se e caminhou atrás do amarelo, que era autoridade e mandava. Fabiano sempre havia obedecido. Tinha muque e substância, mas pensava pouco, desejava pouco e obedecia.

(Graciliano Ramos, Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 28.) a) Que semelhanças e diferenças podem ser apontadas entre o Major Vidigal, de Memórias de um sargento de milícias, e o soldado amarelo, de Vidas secas? b) Como essas semelhanças e diferenças se relacionam com as características de cada uma das obras?

Resolução a) O soldado amarelo é temido e respeitado por Fabiano assim como o Major o é por toda a cidade, devido ao fato de serem vistos como figuras de autoridade. Porém, enquanto o major de fato detém algum poder, o soldado amarelo é tão miserável quanto Fabiano. Além disso, o major agia como “rei absoluto”, exercendo sua autoridade sobre os demais; já o soldado trata Fabiano como igual batendo “familiarmente” em seu ombro e chamando-o de “camarada”. b) A figura do Major Vidigal aparece em Memórias de um sargento de milícias de maneira um tanto jocosa e com tom de censura, especialmente no que diz respeito à sua autoridade, o que está diretamente relacionado à característica de crítica à sociedade contida na obra. A autoridade do soldado amarelo não existe de fato como no caso do major, ela ocorre somente pela perspectiva de Fabiano. Essa característica está relacionada com o caráter subjetivo com que a obra é escrita, isto é, privilegiando o íntimo dos personagens em detrimento de uma visão supostamente objetiva do narrador.

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QUESTÃO 11 Os trechos a seguir foram extraídos de A cidade e as serras, de Eça de Queirós.

Mas dentro, no peristilo, logo me surpreendeu um elevador instalado por Jacinto – apesar do 202 ter somente dois andares, e ligados por uma escadaria tão doce que nunca ofendera a asma da Srª. D. Angelina! Espaçoso, tapetado, ele oferecia, para aquela jornada de sete segundos, confortos numerosos, um divã, uma pele de urso, um roteiro das ruas de Paris, prateleiras gradeadas com charutos e livros. Na antecâmera, onde desembarcamos, encontrei a temperatura macia e tépida duma tarde de Maio, em Guiães. Um criado, mais atento ao termômetro que um piloto à agulha, regulava destramente a boca dourada do calorífero. E perfumadores entre palmeiras, como num terraço santo de Benares, esparziam um vapor, aromatizando e salutarmente umedecendo aquele ar delicado e superfino.

Eu murmurei, nas profundidades do meu assombrado ser: – Eis a Civilização!

– Meus amigos, há uma desgraça... Dornan pulou na cadeira: – Fogo? – Não, não era fogo. Fora o elevador dos pratos que

inesperadamente, ao subir o peixe de S. Alteza, se desarranjara, e não se movia, encalhado!

(...) O Grão-Duque lá estava, debruçado sobre o poço escuro do

elevador, onde mergulhara uma vela que lhe avermelhava mais a face esbraseada. Espreitei, por sobre o seu ombro real. Em baixo, na treva, sobre uma larga prancha, o peixe precioso alvejava, deitado na travessa, ainda fumegando, entre rodelas de limão. Jacinto, branco como a gravata, torturava desesperadamente a mola complicada do ascensor. Depois foi o Grão-Duque que, com os pulsos cabeludos, atirou um empuxão tremendo aos cabos em que ele rolava. Debalde! O aparelho enrijara numa inércia de bronze eterno.

(Eça de Queirós, A cidade e as serras. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2006, p. 28, p. 63.)

a) Levando em consideração os dois trechos, explique qual é o significado do enguiço do elevador. b) Como o desfecho do romance se relaciona com esse episódio?

Resolução a) Do ponto de vista literário, o enguiço do elevador sugere uma espécie de ‘colapso’ da Civilização. Esta, que por sua vez, era apresentada criticamente no romance A Cidade e as Serras. Conforme se verifica no trecho 1, o palacete dos Campos Elísios (morada de Jacinto em Paris) é descrito como um lugar de excessivo acúmulo, sobretudo de bens e maquinário sem qualquer utilidade real. Em tal contexto, se torna mais provável que alguma máquina, cuja necessidade real não se confirma, acabe por prejudicar ou impossibilitar a realização de uma tarefa que deveria ser simples como o acesso ao alimento (trecho 2). b) O desfecho do romance é perfeitamente condizente com o significado sugerido pelo ‘enguiço do elevador’. Afinal, após algum tempo e já perfeitamente aclimatado às condições da vida em Tormes, Jacinto acaba por reaver a bagagem que extraviara durante sua viagem (de Paris para Tormes): muitos caixotes acumulados de objetos próprios da civilização e que, em algum momento, ele considerara indispensáveis para uma vida confortável e feliz. No entanto, para surpresa do amigo Zé Fernandes, os caixotes foram, por iniciativa do próprio Jacinto, desviados para os sótãos imensos, para o pó da inutilidade. Desta forma, ao fim da narrativa, podemos dizer que o maduro e otimista Jacinto vê a tal bagagem (caixotes repletos de itens próprios da civilização) como coisas tão desnecessárias, e eventualmente prejudiciais, quanto o elevador enguiçado.

QUESTÃO 12 Os trechos abaixo foram extraídos de Dom Casmurro, de Machado de Assis. Eu, leitor amigo, aceito a teoria do meu velho Marcolini, não só pela verossimilhança, que é muita vez toda a verdade, mas porque a minha vida se casa bem à definição. Cantei um duo terníssimo, depois um trio, depois um quatuor...

Nada se emenda bem nos livros confusos, mas tudo se pode meter nos livros omissos. Eu, quando leio algum desta outra casta, não me aflijo nunca. O que faço, em chegando ao fim, é cerrar os olhos e evocar todas as cousas que não achei nele. Quantas ideias finas me acodem então! Que de reflexões profundas! Os rios, as montanhas, as igrejas que não vi nas folhas lidas, todos me aparecem agora com as suas águas, as suas árvores, os seus altares, e os generais sacam das espadas que tinham ficado na bainha, e os clarins soltam as notas que dormiam no metal, e tudo marcha com uma alma imprevista. É que tudo se acha fora de um livro falho, leitor amigo. Assim preencho as lacunas alheias; assim podes também preencher as minhas.

(Machado de Assis, Dom Casmurro. Cotia: Ateliê Editorial, 2008, p. 213.)

a) Como a narrativa de Bento Santiago pode ser relacionada com a afirmação de que a verossimilhança é “muita vez toda a verdade”? b) Considerando essa relação, explicite o desafio que o segundo trecho propõe ao leitor.

Resolução a) O conceito de verossimilhança sugere que seja atribuída a aparência de realidade a um fato, pessoa ou objeto. Ou seja, a estes é condicionada uma probabilidade de verdade, sendo sempre mantida a semelhança com o real. Aquilo que diz Bento Santiago (ou Bentinho) sobre a verossimilhança se relaciona, em um primeiro aspecto, com a narrativa por ele desenvolvida, pois está baseada na perspectiva subjetiva com a qual Bentinho permeia a narração dos fatos de sua vida, questão esta que sugere uma interminável ambiguidade: na verdade, muitos dos fatos que são lidos em Dom Casmurro podem ser apenas frutos da mente de nosso personagem, mas são verossímeis, pois são mantidas as relações com as possibilidades do mundo real. Esse frágil limiar entre o que é real e o que não é se ressalta na expressão “muita vez” (em “muita vez toda verdade”): o narrador escolhe o advérbio “muita” nesta afirmativa, mas o próprio termo não exclui a possibilidade de haver “vezes” em que não se possa obter a verdade absoluta e abre margem para que se duvide do que é narrado. No entanto, o que se vê na obra é um narrador em uma busca constante de convencimento do leitor sobre aquilo que conta. Sob este segundo aspecto, também se vê a relação entre a afirmação de Bentinho e a narrativa que se desenvolve: apresenta-se como o esforço de provar para o leitor que tudo que pode parecer verdade possui forte probabilidade de sê-lo. b) A partir dessa possibilidade de questionamento do narrador, ele próprio instiga o leitor a fazê-lo, sendo este o desafio proposto no segundo trecho, o que pode ser visto em: “Assim preencho as lacunas alheias; assim podes também preencher as minhas.”.

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MATEMÁTICA

QUESTÃO 13 O velocímetro é um instrumento que indica a velocidade de um veículo. A figura abaixo mostra o velocímetro de um carro que pode atingir 240 km/h. Observe que o ponteiro no centro do velocímetro gira no sentido horário à medida que a velocidade aumenta.

a) Suponha que o ângulo de giro do ponteiro seja diretamente proporcional à velocidade. Nesse caso, qual é o ângulo entre a posição atual do ponteiro (0 km/h) e sua posição quando o velocímetro marca 104 km/h? b) Determinado velocímetro fornece corretamente a velocidade do veículo quando ele trafega a 20 km/h, mas indica que o veículo está a 70 km/h quando a velocidade real é de 65 km/h. Supondo que o erro de aferição do velocímetro varie linearmente com a velocidade por ele indicada, determine a função v(x) que representa a velocidade real do veículo quando o velocímetro marca uma velocidade de x km/h.

Resolução a) Como as grandezas são diretamente proporcionais, podemos utilizar que sua razão é constante e:

ânguloconstante

velocidadek= = ⇔

210104km/h 240km/h

xk

°= = ⇔

104 210240

x⋅

⇔ = ⇔ 91x = °

b) Como a função erro ( )e x é linear e temos que ( ) ( )v x x e x= − (a

velocidade real é a mostrada menos o erro), então ( )v x é linear e da

forma ( )v x ax b= + , onde sabemos que ( )20 20v = e que ( )70 65v = (dados do enunciado).

Com isso temos:

( )

( )

920 20 20 20

1070 6570 65 2

v a b a

a bv b

= + = =

⇔ ⇔ + == =

Então:

( )9

210

xv x = +

QUESTÃO 14 A planta de um cômodo que tem 2,7 m de altura é mostrada a seguir.

a) Por norma, em cômodos residenciais com área superior a 6 m², deve-se instalar uma tomada para cada 5 m ou fração (de 5 m) de perímetro de parede, incluindo a largura da porta. Determine o número mínimo de tomadas do cômodo representado ao lado e o espaçamento entre as tomadas, supondo que elas serão distribuídas uniformemente pelo perímetro do cômodo. b) Um eletricista deseja instalar um fio para conectar uma lâmpada, localizada no centro do teto do cômodo, ao interruptor, situado a 1,0 m do chão, e a 1,0 m do canto do cômodo, como está indicado na figura. Supondo que o fio subirá verticalmente pela parede, e desprezando a espessura da parede e do teto, determine o comprimento mínimo de fio necessário para conectar o interruptor à lâmpada.

Resolução a) Como devemos ter uma tomada a cada 5 m ou fração (de 5 m) de perímetro de parede, calcularemos o perímetro do cômodo.

2 2 2,4 2 3 10,8p m= ⋅ + ⋅ = O número de tomadas é o menor inteiro maior que a divisão do

perímetro por 5. Logo temos 10,8

2,165

= , sendo assim precisaremos

de 3 tomadas. Dividindo o perímetro do cômodo pela quantidade de tomadas temos o espaçamento necessário entre as tomadas. Assim, tal espaçamento é

dado por 10,8

3,63

m= .

b) A figura abaixo representa a situação descrita.

S

2,7m

0,5m

1 m

1 m

1,7m

3m

2,4m 1,2m x

Aplicando o teorema de Pitágoras temos:

2 2 2(1,2) (0,5) 1,3x x m+ = ⇔ = Logo o comprimento mínimo de fio necessário é dado por

1,7 1,3 1,7 3x m+ = + =

QUESTÃO 15 O número áureo é uma constante real irracional, definida como a raiz positiva da equação quadrática obtida a partir de

1xx

x

+=

a) Reescreva a equação acima como uma equação quadrática e determine o número áureo. b) A sequência 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, ... é conhecida como sequência de Fibonacci, cujo n-ésimo termo é definido recursivamente pela fórmula

( )( ) ( )

1, se 1 ou 2 ;

se 2.1 2 ,

n nF n

nF n F n

= ==

>− + −

Podemos aproximar o número áureo, dividindo um termo da sequência de Fibonacci pelo termo anterior. Calcule o 10º e o 11º termos dessa sequência e use-os para obter uma aproximação com uma casa decimal para o número áureo.

Resolução a) Temos que, para 0x ≠ :

21 1 51 0

2x

x x x xx+ ±

= ⇔ − − = ⇔ = .

Sendo 5 1> , temos que

1 50

2

1 50

2

+>

−<

,

de modo que o número áureo, sendo a raiz positiva da equação será:

1 5Número áureo

2+

= .

b) No enunciado estão explícitos os 8 primeiros termos da relação de Fibonacci:

( )1F ( )2F ( )3F ( )4F ( )5F ( )6F ( )7F ( )8F 1 1 2 3 5 8 13 21

(19) 3251-1012 O ELITE RESOLVE UNICAMP 2012 – SEGUNDA FASE – PORTUGUÊS E MATEMÁTICA

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De acordo com a relação de recorrência apresentada, vem que: ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

9 8 7 21 13 34

10 9 8 34 21 55

11 10 9 55 34 89

F F F

F F F

F F F

= + = + =

= + = + =

= + = + =

.

Assim: ( )

( )

10 55

11 89

F

F

=

=.

A partir disso, dividindo o 11º termo pelo 10º termo: ( )

( )

11 891,6181818

10 55FF

= = … ,

de modo que a aproximação sugerida para o número áureo, com uma casa decimal, é:

Número áureo 1,6≈

QUESTÃO 16 Uma curva em formato espiral, composta por arcos de circunferência, pode ser construída a partir de dois pontos A e B, que se alternam como centros dos arcos. Esses arcos, por sua vez, são semicircunferências que concordam sequencialmente nos pontos de transição, como ilustra a figura ao lado, na qual supomos que a distância entre A e B mede 1 cm.

a) Determine a área da região destacada na figura. b) Determine o comprimento da curva composta pelos primeiros 20 arcos de circunferência.

Resolução a) Podemos notar que a área da região destacada na figura é a soma da área do semicírculo de raio 3R e do semicírculo de raio 4R .

Perceba que se 1 1 cmR = , temos que 2 2 cmR = ,

3 3 cmR = ,...., cmnR n= . Ou seja a cada novo arco, aumentamos o

raio em 1 cm. Dessa maneira temos que

( ) ( )2 2

3 4 29 258 cm

2 2 2 2

R RA A A

π ⋅ π ⋅ π π= + ⇔ = + π ⇔ = .

b) Podemos notar que o comprimento da curva composta pelos primeiros 20 arcos será 1 2 19 20....C R R R R= π ⋅ + π ⋅ + + π ⋅ + π ⋅ , como

visto no item anterior, os raios formam uma P.A. crescente de razão 1, logo os comprimentos de arco também formarão uma P.A., porém de razão π . ( , 2 , 3 ,.....,19 , 20 )π π π π π . Somando os termos temos

( ) ( )1 20 20210 cm

2 2na a n

C C C+ ⋅ π + π ⋅

= ⇔ = ⇔ = π .

QUESTÃO 17 Um brilhante é um diamante com uma lapidação particular, que torna essa gema a mais apreciada dentre todas as pedras preciosas. a) Em gemologia, um quilate é uma medida de massa, que corresponde a 200 mg. Considerando que a massa específica do diamante é de aproximadamente 3,5 g/cm3, determine o volume de um brilhante com 0,7 quilate. b) A figura ao lado apresenta a seção transversal de um brilhante. Como é muito difícil calcular o volume exato da pedra lapidada, podemos aproximá-lo pela soma do volume de um tronco de cone (parte superior) com o de um cone (parte inferior). Determine, nesse caso, o volume aproximado do brilhante.

Dica: o volume de um tronco de cone pode ser obtido empregando-se a fórmula

( )2 2

3V h R Rr r

π= ⋅ ⋅ + +

em que R e r são os raios das bases e h é a altura do tronco.

Resolução a) Primeiramente calculamos a massa do diamante:

0,7quilate 0,7 200mg 140mg 0,14gM = = ⋅ = =

Como sabemos a massa especifica do diamante, temos que:

3 0,14 0,143,5g/cm 3,5 0,04

3,5M

VV V

= ⇔ = ⇔ = =

Assim, o volume de um brilhante com 0,7 quilate é dado por:

30,04cmV = b) Podemos separar a figura em parte superior (tronco de cone com

2mmR = , 1mmr = e 0,6mmh = ) e parte inferior (cone com

2mmR = e 1,8mmh = ). Assim temos:

( ) ( )2 2 3superior 0,6 4 2 1 1,4 mm

3 3V h R Rr r

π π= ⋅ ⋅ + + = ⋅ ⋅ + + = π

3 3inferior 1,8 4 2,4 mm

3 3V h R

π π= ⋅ ⋅ = ⋅ ⋅ = π

Logo, o volume do brilhante é:

superior inferior 1,4 2,4 3,8V V V= + = π + π = π ⇔33,8 mmV = π

QUESTÃO 18

O mostrador de determinado relógio digital indica horas e minutos, como ilustra a figura a seguir, na qual o dígito da unidade dos minutos está destacado.

O dígito em destaque pode representar qualquer um dos dez algarismos, bastando para isso que se ative ou desative as sete partes que o compõem, como se mostra abaixo.

a) Atribuindo as letras a, b, c, d, e, f, g aos trechos do dígito destacado do relógio, como se indica ao lado, pinte no gráfico de barras abaixo a porcentagem de tempo em que cada um dos trechos fica aceso. Observe que as porcentagens referentes aos trechos f e g já estão pintadas.

b) Supondo, agora, que o dígito em destaque possua dois trechos defeituosos, que não acendem, calcule a probabilidade do algarismo 3 ser representado corretamente.

Resolução a) É possível notar que cada número fica aparece durante o dia o mesmo número de vezes para a casa das unidades dos minutos. Dessa maneira podemos dizer que a porcentagem de tempo que cada trecho fica aceso é proporcional a quantidade de números em que determinado trecho está aceso dividido pelo total de números. Podemos relacionar essas informações da seguinte forma:

(19) 3251-1012 O ELITE RESOLVE UNICAMP 2012 – SEGUNDA FASE – PORTUGUÊS E MATEMÁTICA

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Trecho Números nos quais o trecho está aceso

Quantidade de números

Probabilidade de estar aceso

a 2, 3, 5, 6, 7, 8, 9, 0 8 8

80%10aP = =

b 4, 5, 6, 8, 9, 0 6 6

60%10bP = =

c 2, 3, 4, 5, 6, 8, 9 7 7

70%10cP = =

d 2, 6, 8, 0 4 4

40%10dP = =

e 2, 3, 5, 6, 8, 9, 0 7 7

70%10eP = =

f 1, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 0 9 90%fP =

(já indicado)

g 1, 2, 3, 4, 7, 8, 9, 0 8 80%gP =

(já indicado)

No gráfico de barras a situação é essa:

b) Como temos 7 trechos, nosso espaço amostral (quantidade de

conjuntos com dois trechos defeituosos) será 7,2

7!21

5!2!C = = .

Já que o número 3 apresenta apenas dois trechos apagados, para que ele seja representado corretamente, os trechos apagados devem ser os trechos defeituosos. Desta forma, a probabilidade de termos a representação do algarismo 3 corretamente é dada por

121

P = .

QUESTÃO 19

Um supermercado vende dois tipos de cebola, conforme se descreve na tabela abaixo:

Tipo de cebola

Peso unitário aproximado (g)

Raio médio (cm)

Pequena 25 2 Grande 200 4

a) Uma consumidora selecionou cebolas pequenas e grandes, somando 40 unidades, que pesaram 1700 g. Formule um sistema linear que permita encontrar a quantidade de cebolas de cada tipo escolhidas pela consumidora e resolva-o para determinar esses valores. b) Geralmente, as cebolas são consumidas sem casca. Determine a área de casca correspondente a 600 g de cebolas pequenas, supondo que elas sejam esféricas. Sabendo que 600 g de cebolas grandes possuem 192π cm2 de área de casca, indique que tipo de cebola fornece o menor desperdício com cascas.

Resolução a) Denotando por x o número de cebolas pequenas e por y o número de cebolas grandes que a consumidora selecionou, temos que:

40

25 200 1700

x y

x y

+ =

+ =

Resolvendo esse sistema, temos que:

40 40 40

25 200 1700 8 68 7 28

x y x y x y

x y x y y

+ = + = + = ⇔ ⇔ ⇔

+ = + = =

36

4

x

y

=

=

b) A área da casca de uma cebola pequena será dada por:

2 2 21 4 4 2 16 cmA r= ⋅ π ⋅ = ⋅ π ⋅ = π .

Portanto, a área de casca correspondente a 600 g de cebolas pequenas será igual a:

1

60024 16

25A A= ⋅ = ⋅ π ⇔

2384 cmA = π

Como 600 g de cebolas grandes possuem 192π cm2 de área de casca, ou seja, uma área menor do que aquela fornecida por 600 g de cebolas pequenas, segue que o desperdício com cascas será menor ao se optar pelas cebolas grandes.

QUESTÃO 20 Considere a função ( ) 2f x x x p= + + , definida para x real.

a) A figura abaixo mostra o gráfico de ( )f x para um valor específico de p. Determine esse valor.

b) Supondo, agora, que 3p = − , determine os valores de x que

satisfazem a equação ( ) 12f x = . Resolução

a) Sendo ( ) 2f x x x p= + + , observe no gráfico o ponto ( )1,2 , onde

ocorre uma mudança de inclinação entre as retas. Temos que:

(1) 2 2 1 1 2 1 0 1 0f p p p= ⇔ ⋅ + + = ⇔ + = ⇔ + = ⇔ 1p = − .

b) Para 3p = − , temos:

( )

( )

2 3 , se 3 3 3, se 3( ) 2 3

, se 3 , se 332 3

x x x x xf x x x

x xxx x

+ − ≥ − ≥= + − = =

< <+− −

Assim, para resolver a equação ( ) 12f x = , devemos analisar os seguintes casos: (I) Se 3x < :

( ) 12 3 12 9f x x x= ⇔ + = ⇔ =

(que não convém, pois estamos analisando o caso 3x < ).

(II) Se 3x ≥ :

( ) 12 3 3 12 5f x x x= ⇔ − = ⇔ =

(que satisfaz a condição 3x ≥ ).

Portanto, o conjunto verdade da equação ( ) 12f x = é:

{ }5V =

x

f (x)

0 1 2 3 –1

2

4

6

8

(19) 3251-1012 O ELITE RESOLVE UNICAMP 2012 – SEGUNDA FASE – PORTUGUÊS E MATEMÁTICA

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QUESTÃO 21 Uma bateria perde permanentemente sua capacidade ao longo dos anos. Essa perda varia de acordo com a temperatura de operação e armazenamento da bateria. A função que fornece o percentual de perda anual de capacidade de uma bateria, de acordo com a temperatura de armazenamento, T (em °C), tem a forma

( ) 10bTP T a= ⋅ ,

em que a e b são constantes reais positivas. A tabela abaixo fornece, para duas temperaturas específicas, o percentual de perda de uma determinada bateria de íons de Lítio.

Temperatura (°C) Perda anual de capacidade (%) 0 1,6 55 20,0

Com base na expressão de P(T) e nos dados da tabela, a) esboce, abaixo, a curva que representa a função P(T), exibindo o percentual exato para T = 0 e T = 55; b) determine as constantes a e b para a bateria em questão. Se necessário, use ( )10log 2 0,30≈ , ( )10log 3 0,48≈ e ( )10log 5 0,70≈ .

Resolução a) Podemos notar que ( )P T é uma função exponencial, logo o esboço de seu gráfico é da seguinte maneira:

T

P(T)

(0;1,6)

(55;20)

50

40

30

20

10

0 10 20 30 40 50 60 70

b) Substituindo os dados do enunciado na função temos:

• 0(0) 1,6 1,6 10 1,6bP a a⋅= ⇔ = ⋅ ⇔ =

• 55 55 25(55) 20 1,6 10 20 10 12,5 55 log

2b bP b⋅ ⋅

= ⇔ ⋅ = ⇔ = ⇔ ⋅ = ⇔

( ) ( )255 log 5 log 2 55 2 0,7 0,3 0,02b b b⇔ ⋅ = − ⇔ ⋅ = ⋅ − ⇔ =

QUESTÃO 22

Seja dada a matriz 2 0

2 6

0 6 16

x

A x

x

=

,

em que x é um número real. a) Determine para quais valores de x o determinante de A é positivo. b) Tomando

3

4

1

C

= −

,

e supondo que, na matriz A, 2x = − , calcule B AC= . Resolução

a) Temos que:

( )3 2

2 0

det 2 6 16 100 4 4 25

0 6 16

x

A x x x x x

x

= = − = ⋅ −

Assim:

( )2det 0 4 4 25 0A x x> ⇔ ⋅ − > .

Para resolver essa inequação produto, determinamos:

(I) a configuração de sinais do primeiro fator, 4y x= :

(II) a configuração de sinais do segundo fator, 24 25y x= − , cujas

raízes podem ser facilmente calculadas como iguais a 52

x = ± :

Dessa forma, os sinais do produto desses fatores serão dados por:

Portanto, a inequação ( )24 4 25 0x x⋅ − > tem como solução:

5 5, 0 ,

2 2V

= − ∪ + ∞

b) Para 2x = − , temos que:

2 2 0 3

2 2 6 4

0 6 32 1

B A C

= ⋅ = − ⋅ ⇔ − −

2

8

56

B

= −

.

QUESTÃO 23

Um círculo de raio 2 foi apoiado

sobre as retas y 2x= e 2x

y = − ,

conforme mostra a figura ao lado. a) Determine as coordenadas do ponto de tangência entre o círculo

e a reta 2x

y = − .

b) Determine a equação da reta que passa pela origem e pelo ponto C, centro do círculo.

C

x

y

Resolução a) Veja que como o ponto esta

na reta 2x

y = − , então ele é

da forma ,2x

x

. Agora,

observe o desenho ao lado. Note que o raio traçado é paralelo ao segmento que leva a origem ao ponto de tangência.

C

x

y

2

2

Como a situação é análoga se considerarmos a outra tangente (a simetria pode ser vista rotacionando-se a figura), teremos um quadrado de lado igual a 2, formado pela Origem, por C e pelos dois pontos de tangência. Sendo d a distância do ponto de tangência da

circunferência com a reta 2xy = − temos:

( ) ( ) ( )2 2

2 2 22 54 0 0

2 4x x

d x y x

= = − + − = + − =

⇔4 5

5x = ±

Como sabemos que o ponto está no segundo quadrante, temos que:

x 52

− 52

– – – – – – – – – – – – – + + + + + + +

0

+ + + + +

x 52

− 52

– – – – – – – – – –

+ + + + + + + + + + + +

0

+ + + + + + + + + + + + + – – – – – – – – – – – – – x

(19) 3251-1012 O ELITE RESOLVE UNICAMP 2012 – SEGUNDA FASE – PORTUGUÊS E MATEMÁTICA

10

0x < ⇒4 5

5x = −

Então nosso ponto é: 4 5 2 5

,5 5

P

= −

.

b) Temos 3 alternativas na hora de resolver essa questão: - Primeiro modo: Como temos duas tangentes à circunferência, sabemos que uma bissetriz delas passa pelo centro da circunferência, sendo:

: 2 2 0r y x x y= ⇔ − = e : 2 02x

s y x y= − ⇔ + =

Podemos falar que a bissetriz é o conjunto dos pontos ( ),P x y= em

que , ,P r P sd d= . Utilizando a fórmula de distância de ponto a reta

temos:

( ), , 2 2 22

2 22 2

1 22 1P r P s

x y x yd d x y x y

− += ⇔ = ⇔ − = +

++ −

Então ficamos com duas opções:

2 23x

x y x y y− = + ⇔ = ou ( )2 2 3x y x y y x− = − + ⇔ = −

Como C é do segundo quadrante, a reta que passa pela origem e por C tem coeficiente angular negativo, e portanto a reta pedida é:

3y x= − - Segundo modo: Sabemos que o ponto C está na perpendicular à reta s traçada no ponto P (descoberto no item a). Seja então esta reta chamada de t , temos que como ela é paralela à 2 0x y− = , então é da forma:

: 2 0t x y c− + =

Descobrimos c substituindo o ponto 4 5 2 5

,5 5

P

= −

, temos:

4 5 2 52 0 2 5

5 5c c

⋅ − − + = ⇔ =

Agora que sabemos que a equação de t é:

2 2 5 0 2 2 5x y y x− + = ⇔ = + Podemos proceder de um modo parecido para descobrir a reta perpendicular à reta 2 0x y− = no ponto de tangencia. Sabemos que

como ela é perpendicular à 2 0x y− = , é paralela à 2 0x y+ = e portanto da forma:

2 0x y c+ + = Sabendo que a distância da reta à origem é igual a 2 (pelo quadrado formado pelos pontos descritos anteriormente), temos que:

2 2

1 0 2 02 2 5

51 2

c cc

⋅ + ⋅ += = ⇔ =

+

Se 0x = ficamos com 2c

y = − , mas a reta cruza o eixo y num ponto

positivo e portanto 0c < , ou seja, 2 5c = − . Agora que temos duas retas que passam pelo ponto C , basta cruzá-las para descobrirmos as coordenadas de C , então:

2 52 2 5 0 5

2 2 5 0 6 55

xx y

x yy

= − − + =

⇔ + − =

=

Como a reta desejada passa pela origem, é da forma y a x= ⋅ .

Substituindo o ponto temos que: 6 5 2 5

35 5

a a

= ⋅ − ⇔ = −

Então a reta desejada é:

3y x= −

- Terceiro modo: Pela figura, temos que a bissetriz desejada b faz um ângulo de 45° com a reta : 2r y x= , então a inclinação de b será dada por:

( )1 tg

tg 451 1 tgbm

+ θ= ° + θ =

− ⋅ θ

Mas tg 2rmθ = = , então: 1 tg 1 2

31 1 tg 1 1 2bm

+ θ += = = −

− ⋅ θ − ⋅

Como a reta passa pela origem, é da forma by m x= ⋅ e então a reta

desejada é: 3y x= −

QUESTÃO 24 Um topógrafo deseja calcular a distância entre pontos situados à margem de um riacho, como mostra a figura a seguir. O topógrafo determinou as distâncias mostradas na figura, bem como os ângulos especificados na tabela abaixo, obtidos com a ajuda de um teodolito.

Visada Ângulo

�ACB π/6 �BCD π/3 �ABC π/6

a) Calcule a distância entre A e B. b) Calcule a distância entre B e D.

Resolução

a) Como os ângulos �ACB e �ABC têm mesma medida (30°),

segue que o triângulo ABC é isósceles, sendo AB AC= . E ainda, a medida do

ângulo �BAC é ( )180 30 30 120° − ° + ° = ° .

Assim, pelo teorema dos senos:

151sen30 sen120 32 2

AB BC AB= ⇔ = ⇔

° °5 3 mAB =

b) Temos as seguintes medidas da figura ao lado. Pelo teorema dos cossenos:

2 2 2 2 cos60BD BC CD BC CD= + − ⋅ ⋅ ⋅ ° ⇔

2 2 2 115 10 2 15 10 175

2

5 7 m

BD

BD

= + − ⋅ ⋅ ⋅ = ⇔

= ±

Descartando o valor negativo, por se tratar da medida de um segmento, ficamos com:

5 7 mBD =

60°

B

C

15 m

10 m D

30°

30°

120°

A

B

C

15 m

(19) 3251-1012 O ELITE RESOLVE UNICAMP 2012 – SEGUNDA FASE – PORTUGUÊS E MATEMÁTICA

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Equipe desta resolução

Matemática

Darcy Gabriel Augusto de Camargo Cunha Felipe Eboli Sotorilli

Português Cícero Gomes Jr

Tânia Toffoli Vanessa Bottasso Valentini Welington Silva Fernandes

Revisão Edson Vilela Gadbem

Fabiano Gonçalves Lopes Frederico Luís Oliveira Vilela

Marcelo Duarte Rodrigues Cecchino Zabani

Digitação, Diagramação e Publicação Rafaela Cristina de Campos