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Impresso Especial 1000013823-D R/CE FIEC CORREIOS 3 Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará Edição comemorativa dos 60 anos da FIEC n Ano III n N o 36 n 13 de maio/2010

Impresso Especial - Sistema FIEC · se tornou capaz de atender às mais va-riadas demandas da indústria cearen-se, situação essa reconhecida dentro e fora do estado. O mundo globalizado

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ImpressoEspecial

1000013823-D R/CEFIEC

CORREIOS

3

Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do CearáEdição comemorativa dos 60 anos da FIEC n Ano III n No 36 n 13 de maio/2010

maio 2010 | No 36

Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará n Edição comemorativa dos 60 anos da FIEC.........................................................................................................................................................................................................................................................................................

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Perspectivas

Dia da Indústria

A pecuária e o algodão foram responsáveis pelo surgimento dos primeiros estabelecimentos industriais de Fortaleza, ligados sobretudo aos segmentos têxtil e de curtume. Para entender esse momento, a revista comemorativa dos 60 anos da FIEC convida o leitor a um passeio pela história.

Criada com o papel de amparar e defender os interesses da indústria cearense, a FIEC surgiu na década de 1950 como imposição de uma época.

Atenta aos desafios do novo

milênio, a FIEC entrou no século 21

adequando-se às demandas que se

apresentavam em termos de agilidade

e modernidade.

No rastro dos projetos-âncora previstos para os próximos anos, o estado do

Ceará se prepara para dar um salto histórico em termos de desenvolvimento

econômico. Esse novo cenário vai exigir também uma nova visão por parte dos

empreendedores e gestores estaduais para que não se percam oportunidades.

Uma travessia pela industrialização do Ceará

A FIEC e seu tempo Dinâmica e moderna

Presidentes ............................... pág. 34

Sistema FIEC ............................... pág. 36

Homenagens

Alexandre Grendene Bartelle Amigo do Ceará .........................pág. 60Chanceler Airton Queiroz Desafio como herança ............. pág. 62Jorge Parente Frota Júnior Trajetória que vem do berço ..... pág. 64 Vicente Mendes de Paiva Movido pelo idealismo ............. pág. 67

Salto histórico

Seções

MensagemdaPresidência A FIEC em dia com seu tempo ..............................pág. 5

Cid Ferreira Gomes Criatividade e trabalho .......................................pág. 56Armando Monteiro Neto FIEC participa do desenvolvimento do Ceará ... pág. 57

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�Maio de 2010 | RevistadaFIEC 60 anos |

Revista da FIEC. – Ano 3, n 36 (13 de maio/2010) -– Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 -

v. ; 20,5 cm.Mensal.ISSN 1983-344X

1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias doEstado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia.

CDU: 67(051)

Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) Redação Ângela Cavalcante ([email protected]), David Negreiros Cavalcante ([email protected]), G evan Oliveira ([email protected]), Luiz Henrique Campos ([email protected]) e Ana Mary C. Cavalcante ([email protected]) Fotografia José Sobrinho e

Giovanni Santos Diagramação Taís Brasil Millsap Coordenação Gráfica Marcograf Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901. Telefones (085) 3421.5435 e 3421.5436 Fax (085) 3421.5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia

(AIRM) do Sistema FIEC Coordenador da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Tecnograf Publicidade (85) 3421-5434 e 9187.5063 — [email protected] e [email protected]

Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec

Federação das indústrias do Estado do Ceará — FiECDIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Roberto de Carvalho Fujita, Pedro Alcântara Rego de Lima e Wânia Cysne Medeiros Dummar Diretor administrativo Affonso Taboza Pereira Diretor financeiro Álvaro

de Castro Correia Neto Diretor administrativo adjunto José Moreira Sobrinho Diretor financeiro adjunto José Carlos Braide Nogueira da Gama. Diretores Verônica Maria Rocha Perdigão, Abraão Sampaio Sales, Antônio Lúcio Carneiro, Cândido Couto Filho, Flávio Barreto Parente,

Francisco José Lima Matos, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hercílio Helton e Silva, Jaime Machado da Ponte Filho, José Sérgio França Azevedo, Júlio Sarmento de Meneses, Manuel Cesário Filho, Marco Aurélio Norões Tavares, Marcos Veríssimo de Oliveira, Pedro Jorge

Joffily Bezerra e Raimundo Alves Cavalcanti Ferraz CONSELHO FISCAL Efetivos Frederico Hosanan Pinto de Castro, José Apolônio de Castro Figueira e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Hélio Perdigão Vasconcelos,

Fernando Antonio de Assis Esteves e José Fernando Castelo Branco Ponte Delegados na CNI Efetivos Roberto Proença de Macêdo e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Manuel Cesário Filho e Carlos Roberto de Carvalho Fujita

Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Studart Filho

Serviço Social da indústria — SESiCONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Carlos Roberto Carvalho Fujita,

Marcos Silva Montenegro, Ricardo Pereira Sales e Luiz Francisco Juaçaba Esteves Suplentes José Moreira Sobrinho Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Francisco Assis Papito de Oliveira Suplente André Peixoto Figueiredo Lima Representantes do Governo do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do

Ceará Efetivo Paulo de Tarso Teófilo Gonçalves Neto Suplente Eduardo Camarço Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Aristides Ricardo Abreu Suplente Raimundo Lopes Júnior

Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães

Serviço Nacional de aprendizagem industrial — SENaiCONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Alexandre Pereira Silva, Ricard Pereira Silveira, Francisco Túlio Filgueiras Colares e Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo Suplentes Álvaro de Castro Correia Neto, Paula Andréa

Cavalcante da Frota, Pedro Jorge Joffily Bezerra e Geraldo Bastos Osterno Júnior Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo Gomes de Lima Suplente Samuel Brasileiro Filho Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa Maria

Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representante do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo André Peixoto Figueiredo Lima Suplente Francisco Assis Papito de Oliveira Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Francisco Antônio Ferreira

da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima Diretor do Departamento Regional do SENAI/CE Francisco das Chagas Magalhães

instituto Euvaldo Lodi — iELDiretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales

A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) chega aos 60 anos de existência fortalecida pela marca de ser uma instituição com a qual o Ceará se orgulha de conviver. E mais: a ati-vidade industrial cearense passa atualmente por intenso crescimento e a trajetória da nossa instituição se confunde de forma positiva com as conquistas alcançadas pelo Ceará e pelo Brasil. Temos trabalhado cada vez mais para atingir o nível de competitividade exigido pelo nosso vigoroso mercado interno e pelas ameaças e oportunidades do mercado internacional. Ao completar seis décadas, a FIEC, com todo o seu corpo de associados, está honrada de participar ativamente do desenvolvimento do Ceará, com um parque industrial e um espírito empreendedor em dia com o seu tempo. Durante esse período, foram inú-meras as ações desenvolvidas em vista da capilaridade de sua atuação, que perpassa desde o setor produti-vo no âmbito patronal às iniciativas em prol do colaborador de nossas empresas. Se isso foi alcançado com êxito até agora, muito se deve às ge-rações que sucederam os fundadores dessa entidade, que brilhantemente definiram nos seus estatutos os ca-minhos e as ações que a FIEC deve-ria seguir: “Amparar e defender os interesses gerais das indústrias que congrega e representar essas indústrias perante os poderes públicos federal, estaduais e municipais, colaborando com os mesmos no estu-do e solução de todos os assuntos que possam interessar às atividades produtoras e à expansão da economia nacional”. Nesse momento em que a FIEC chega aos 60 anos, reverenciamos o passado para que possamos nos balizar em relação aos desafios que se apresentam para a próxima década. A história do Ceará registra que a pecuária e o algodão foram os responsáveis pelos primeiros estabe-lecimentos industriais no estado por meio dos segmentos têxtil e de curtume. Duas vocações que permanecem fortes até hoje. A FIEC resulta da determinação do cearense em superar obstácu-los e seguir em frente. Prova disso é o contexto de seu surgimento,

MensagemdaPresidênciaRoberto Proença de macêdo

A FIEC em dia com o seu tempoem meados do século passado, após a Segunda Guerra Mundial. Na época, ressalte-se, o parque fabril do Ceará era meramente processador de matéria-prima trazida de fora. Mas isso não se apresentou como impeditivo para que Waldyr Diogo de Siquei-ra e Thomás Pompeu de Souza Brasil Netto abrissem caminho com mais cinco sindicatos para a criação desta Federação. Daí em diante cabe à história fazer juízo das conquistas e percalços en-frentados, sem deixar de esquecer que os homens, como os fatos, são reflexos das circunstâncias que os cercam. O certo é que a FIEC alcançou um cabedal invejável de conhe-cimentos e de elevada maturidade. Hoje, por exemplo, nossa es-trutura permite que atuemos de forma moderna e diversificada,

por meio de um sistema de órgãos que se tornou capaz de atender às mais va-riadas demandas da indústria cearen-se, situação essa reconhecida dentro e fora do estado. O mundo globalizado no qual es-tamos inseridos, no entanto, não nos permite baixar a guarda, mesmo que estejamos com bom desempenho. O Ceará se prepara para dar um salto his-tórico em seu desenvolvimento. Proje-tos estruturantes, como a siderúrgica, a

refinaria e ZPEs, entre outros, não são mais sonhos. Eles estão chegando e, por certo, mudarão o perfil econômico do Ceará. O futuro, portanto, virou presente. Esse é o grande desafio para o qual todos nós devemos estar bem preparados para enfrentar. A FIEC tem consciência desses desafios e trabalha com afinco para superá-los. A maturidade a que me referi é exercida pelos 39 sindicatos que hoje compõem a nossa Federação. O PDA, Programa de De-senvolvimento Associativo, idealizado e implantado pela CNI, e conduzido pelo IEL, nos últimos três anos tem proporcionado uma verdadeira transformação na ação dos nossos sindicatos, por intermédio dos quais podemos assegurar a superação dos desa-fios para alcançar o futuro desejado.

“ Ao completar seis décadas,

a FIEC, com todo o seu

corpo de associados, está honrada

de participar ativamente do

desenvolvimento do Ceará.

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Aos 60 anos, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) convida o leitor a um passeio pelo tempo. Em-

barque-se, então, em um navio a vapor até o século 18, quando a Inglaterra iniciava a Revolução Industrial. O Brasil – ainda colô-nia portuguesa e com uma economia à base da lavoura da cana-de-açúcar (no litoral), da lavra nas minas de ouro e diamantes (no interior), da pecuária (no sertão nordestino e na planície sulista) e do extrativismo (no Norte) – ficou para trás.

Mais distante ainda, o Ceará. À época em que a Inglaterra substituía ferramentas por máquinas e incrementava a mão de obra

humana com o conhecimento científico, o estado se configurava em um campo aberto para a criação de gado. A hostilidade dos índios, seguindo-se da invasão holandesa e das lutas contra os quilombos, em meados do século 17, “haviam desorganizado os re-banhos, criando sérios problemas para os fazendeiros, que procuraram novas regiões para criar, sendo atendidos nos sertões do Piauí, da Paraíba, do Rio Grande do Norte, de Pernambuco e, principalmente, do Cea-rá” – como enumera o historiador, jornalis-ta e memorialista Geraldo da Silva Nobre, no livro O Processo Histórico de Industria-lização do Ceará (2001).

No Nordeste brasileiro do tempo da co-lonização, registram-se ainda os ciclos do algodão e o da cana-de-açúcar como propul-sores de uma economia incipiente. Mas, para Nobre, é a pecuária que caracteriza uma “ati-vidade pré-industrial” no Ceará. Ensaiava-se um comércio de carnes pelo Porto dos Bar-cos de Santa Cruz (depois, Aracati) e oficinas eram abertas para a artesania do couro, dos ossos, dos chifres e até das banhas dos ani-mais: “O artesanato do couro já se encontra-va bastante difundido, no Ceará (em cidades como Aracati e Acaraú), antes do terceiro decênio do século 18, com o fabrico de selas e arreios, botas e sapatos, gibões, chapéus, malas, baús, alforjes”.

A pecuária, estendendo-se em fazendas de gado, contribuiu para o povoamento do esta-do. Além de predispor a população à indús-tria, compreende Geraldo Nobre, “pelo de-senvolvimento da capacidade criativa”. Nossa industrialização tem raízes pastoris, como

Para Geraldo Nobre, a

pecuária caracteriza uma

“atividade pré-industrial”

no Ceará

UMA TRAVESSIA PELA INDUSTRIALIZAÇÃO DO CEARÁ

Nossa industrialização tem raízes pastoris,

foi o criatório extensivo que possibilitou, efetivamente, a colonização do Ceará – e esboçou uma atividade econômica mais próspera –, após fracassadas tentativas militares e jesuíticas.

Thomás Pompeu Sobrinho, em A Indústria Pastoril

no Ceará (1917, citado

por Nobre)

““

Travessia pela industrialização do CearáA pecuária e o algodão foram responsáveis pelo surgimento dos primeiros estabelecimentos industriais de Fortaleza (têxtil e de curtume, principalmente). Duas vocações do estado até hoje

Passeio no tempo

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50 anos (12 de maio de 2000), “passando do pano grosso (que vestia os escravos) para o cacondé, vendido no exterior”. O Ceará tira-va proveito, especialmente, dos períodos en-tre guerras mundiais.

Mas não vamos com tanta pressa – lem-bre-se, caro leitor, de que embarcamos em um navio a vapor, para cruzar as histórias. Não podemos perder de vista que faltavam condições para colocar o jeitinho brasileiro e a inventividade cearense em uma prática in-dustrial. E instrumentos e mecanismos de tra-balho – como um exemplar do descaroçador de algodão do francês Auguste Mulet e máqui-nas para espremer a mandioca e melhorar a produção de farinha – só desembarcaram por aqui em meados do século 19.

Foi quando o Ceará contava com certos visionários e uma economia que rendia capi-tal para essas importações, destaca Geraldo Nobre. Ao mesmo tempo, atraíam-se artífices estrangeiros (ferreiros, pintores, marceneiros,

arquitetos, engenheiros franceses e germâni-cos), intercambiando habilidades.

Aqui, vale uma curiosidade: “Dentre tantos que desenvolveram atividade profissional em Fortaleza, marearam sua presença João Voge-ley, que se estabeleceu na rua Formosa (atual Barão do Rio Branco), 78, com uma oficina, propondo-se a fabricar, consertar e afinar pia-nos, atividade pouco promissora naquele 1869; e a Senhora Bison, costureira e chapeleira ori-ginária de Paris, que residiu em 1882 na capi-tal cearense, tendo movimentado a população mulheril com as últimas novidades da moda europeia, de maneira a despertar vaidades e transmitir artifícios até então desconhecidos na acanhada cidade provinciana”, recupera Geral-do Nobre. Também a imprensa corria e trazia notícias dos achados científicos e técnicos.

Bom, mas até as novidades atravessarem, de fato, o Atlântico, improvisava-se. Ou me-lhor, adaptava-se. Desde o Aracati da produ-ção de carne seca, os cearenses conciliavam os processos estrangeiros à realidade local. Da invenção da vela de carnaúba (por vol-ta de 1849), exportada para iluminar casas e igrejas das povoações de Pernambuco, à criação de uma despolpadora (1861) que tornava mecânicas as operações manuais nas lavouras de café.

“Uma das atividades em que os cearenses se mostraram imaginativos e inovadores foi a da farmácia oficinal, certamente uma das mais antigas, considerando-se o aproveita-mento de propriedades medicamentosas pelos aborígenes”, ressalta Geraldo Nobre. Esse foi o

No sertão, desenvolvia-se a

pecuária. Ao redor do gado,

movimentava-se a economia

do período

O cultivo do algodão foi fundamental para

a hegemonia de fortaleza no senário urbano cearense.

José Borzacchiello da Silva, geógrafo e professor

“ “

UMA TRAVESSIA PELA INDUSTRIALIZAÇÃO DO CEARÁ

também conclui Thomás Pompeu Sobrinho, em A Indústria Pastoril no Ceará (1917, cita-do por Nobre): foi o criatório extensivo que possibilitou, efetivamente, a colonização do Ceará – e esboçou uma atividade econômica mais próspera –, após fracassadas tentativas militares e jesuíticas.

Em seu garimpo peculiar, histo-riadores encontram ainda documen-tos expedindo licenças para teares e para engenhos de moer, datados dos séculos 18 e 19, que contam histórias paralelas à pecuária. O Ceará tam-bém foi tecido pelo algodão (que, na aridez do Nordeste, brotava como “ouro branco”) e teve uma pitada de cana-de-açúcar no caldeirão de sua economia. “A lavoura algodoeira prepondera desde 1775, aproxima-damente, quando lhe deram grande impulso os portugueses Antônio José Moreira Gomes, Felipe Lourenço, Gregório Álvares Pontes e outros, para suprirem de matéria-prima os tecelões da Metrópole (Portugal),

como alternativa aos preços elevados da lã”, relaciona Geraldo Nobre.

De certa forma, gado, algodão e cana-de-açúcar (que derivava na produção de açúcar grosseiro e rapadura, além de uma pequena, mas atrevida, produção de aguardente que concorria com Pernambuco) se encontraram no caminho pré-industrial do Ceará – en-quanto, além-mar, a Revolução Industrial im-pulsionava a Europa.

Alguma coisa “respingava” aqui. Se a pe-cuária levava à inventividade elementar da

industrialização, passando pelos curtumes, o beneficiamento do algodão ou da cana de-mandava instrumentos e máquinas. “O fabri-co de açúcar (ou rapadura), da farinha (des-mancha da mandioca) e de tecidos grossos de algodão, ofícios diversos e construção de edifícios públicos, igrejas (ou capelas) e casas de moradia foram, por conseguinte, naque-le período de formação da gente cearense, atividades pré-industriais de relativa impor-tância, pelo menos predispondo uma parcela considerável da população a profissões quali-ficadas, que não as de agricultor, vaqueiro ou negociante”, soma Geraldo Nobre.

Até ocorrer a Revolução Industrial a partir da Inglaterra, vivia-se em Fortaleza (hoje, a quinta capital do país) “um marasmo econô-mico” – como resume a socióloga Auxiliadora Lemenhe, no suplemento Revista Fortaleza – do Ouro Branco ao Empório (jornal O Povo, 23 de abril de 2006). A vila pintava um “qua-dro natural hostil que demorou a despertar interesse do colonizador”, dialoga o geógrafo e professor José Borzacchiello da Silva.

Em contrapartida, Aracati (no litoral leste, a cerca de 150 quilômetros da capital) já pos-suía um porto de “mar acessível”, aponta Bor-zacchiello, próximo a Recife. A reviravolta se deu com o cultivo do algodão: “Foi fundamen-tal para a hegemonia de Fortaleza no cenário urbano cearense”, firmando a vila como cidade portuária e empório comercial a partir de 1777, considera o PhD em Geografia Humana.

“No sertão, desenvolvia-se a pecuária. Ao redor do gado, movimentava-se a economia do período”, retoma, para anexar: com a Re-volução Industrial e o esgarçamento da in-dústria têxtil no mundo, a procura por algo-dão aumenta. E os Estados Unidos, principal abastecedor, estavam fragilizados pela Guer-ra da Secessão (1861-1865). Fez-se tempo bom para o Nordeste brasileiro. No Ceará, a exportação do algodão (cultivado, por exem-plo, na Serra de Uruburetama) logo passava pelo porto de Fortaleza, e a vila ia se tornan-do “centro coletor da produção agrícola e pastoril do interior”.

“A pecuária e o algodão foram responsá-veis pelo surgimento dos primeiros estabele-cimentos industriais de Fortaleza (têxtil e de curtume, principalmente). Duas vocações do estado até hoje”, ratifica José Borzacchiello da Silva. “A fiação cearense cresceu”, informa a Revista FIEC – edição comemorativa dos

O Ceará também foi

tecido pelo algodão e

teve uma pitada de cana-

de-açúcar no caldeirão

de sua economia

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ladrilhos e azulejos.Mas as fábricas daquele tempo tinham in-

fraestrutura precária, a exemplo do sistema de energia elétrica falho. Para se ter uma ideia: somente em 1857, as ruas de Fortaleza foram pavimentadas e se implantaram os trilhos dos bondes. Outro fato que impulsionou a econo-mia da capital foi a instalação da primeira fer-rovia do Ceará, em 1873. A Estrada de Ferro Baturité ia do bairro Parangaba ao município do Crato (região do Cariri), passando pela “mina” de ouro branco em Baturité.

Caminhava-se contra as secas – como a “seca grande” de 1877 – e o movimento da República que, avalia Geraldo Nobre, freou as atividades econômicas, “caracterizando um período de re-cesso”. As raízes do Brasil estavam fincadas em uma base agrícola, o que demorou a despertar no povo, “acomodado à rotina e à satisfação das necessidades imediatas”, identifica Geraldo Nobre, a vocação para a indústria.

Por isso o artesanato, extensão da pecuária, é tão importante para o historiador na evolu-ção da economia cearense: vai elaborar a ini-ciativa empresarial. “A evolução da atividade econômica do cearense, do pastoreio com os produtos derivados à agricultura da cana e da farinha de mandioca, igualmente caracteriza-da por tarefas complementares (moagem, fa-bricação de rapadura), em seguida às lavouras de exportação (algodão e café), concomitan-temente com a vida urbana e as necessidades por ela impostas (construções, carpintaria, olaria), representou uma herança de trabalho que a Monarquia transmitiu à República, valo-rizada por uma numerosa classe de artesãos”, defende Geraldo Nobre.

Os artesãos embalam ainda as primeiras associações, unindo-se em defesa de objeti-vos econômicos comuns. Ficaram célebres “grupos prestigiosos como os dos gráficos,

alfaiates, pedreiros e outros e em associa-ções, a exemplo do centro Artístico Cea-rense e da Sociedade Artística Beneficente, também na capital”.

O “espírito empresarial, que a constru-ção de ferrovias desenvolvera inicialmente”, afirma Nobre, voltou a se manifestar a partir de 1891 – vejam-se as companhias já citadas anteriormente. Em par com “alguns estabe-lecimentos de menor expressão econômica e financeira”, foram alimentando a economia e as finanças locais, nos primeiros anos de go-verno republicano.

No Ceará, ao contrário de estados do Sul (onde o contínuo fluxo de imigrantes impul-siona as atividades econômicas após o fim da escravatura e a proclamação da República), subsistiram as atividades agroindustriais que eram praticadas desde o início do povoamento. Também os investimentos governamentais em favor das atividades industriais “mantiveram-se modestos, no primeiro decênio da Repúbli-ca, limitados à construção do novo mercado público da capital (1897), e à do teatro (José de Alencar, de 1910)”, pontua Geraldo Nobre.

Além da “carga tributária extorsiva”, im-posta pelo governo, acrescenta. Um retrato dessa época foi tirado pelo Centro Industrial do Brasil. Seu relatório de 1907 exemplifica – ainda que os números sejam questionados por Geraldo Nobre – o panorama da ativida-de fabril no Ceará: eram 18 estabelecimentos, 1.207 operários e 3.521 contos de réis como capital (sendo o valor da produção de 2.951 contos de réis).

As indústrias de tecido de algodão (quatro, fundadas entre 1883 e 1894) despontavam. E o ramo das “especialidades farmacêuticas”,

UMA TRAVESSIA PELA INDUSTRIALIZAÇÃO DO CEARÁ

As raízes do Brasil estavam fincadas em

uma base agrícola, o que demorou a despertar no povo a vocação para a indústria.

Geraldo da Silva Nobre, historiador, jornalista e memorialista

“ “

embrião para o desenvolvimento da indústria farmacêutica no Ceará, demarca Geraldo No-bre, com o cirurgião Francisco José de Matos, “fabricante das pílulas vegetais depurativas”.

Mas a industrialização implica custos elevados: é imperativo ter capital para ban-car máquinas e instalações, além do corpo funcional. E, no Ceará colonial, a economia não se desenvolveu na mesma proporção do povoamento. O estado padecia ainda com as secas e a falta de mão de obra especializada. “Até mesmo tipógrafos e impressores faziam falta na capital cearense”, exemplifica Ge-raldo Nobre. Como esboço de nossa indus-trialização, tem-se, então, pequenas fábricas, retratadas nos documentos oficiais dos anos 1800: de chapéus, de velas de cera de carnaú-

ba, de selins, de sabão, rapés, mais padarias e oficinas de sapateiros e alfaiatarias disper-sas. “Observa-se que a indústria cearense do início da segunda metade do século 19 era incipiente, atendendo a necessidades da po-pulação”, resume o historiador.

Em 1856, o governo imperial dá um impul-so no desenvolvimento do país, revendo im-postos e taxas que atravancavam a industriali-zação nacional. O resultado é que, entre 1861 e 1870, houve “uma frequência bem maior de iniciativas no campo da produção fabril”. Um dos destaques do período é a instalação da Fundição Cearense (agosto de 1868), nossa primeira metalurgia, “como o mais antigo es-tabelecimento de natureza industrial, deven-do-se esclarecer que essa denominação era a de uma oficina aberta desde 1855, trabalhando com ferro batido”, sublinha Geraldo Nobre.

Nesse ínterim (decênio 1860-1870), com-pila o historiador, também se fortaleceram fábricas de charutos, sabão e a tipografia, “empreendimentos de pouca expressão... Ob-serva-se que se registraram pequenas inova-ções, com melhoramentos significativos em apenas alguns setores, o da fundição notada-mente, e a expansão de algumas atividades tradicionais, cabendo uma referência à tipo-grafia, cujas oficinas aumentaram em núme-ro, em consonância com o adiantamento in-telectual proporcionado pelo Liceu do Ceará e pelo surgimento de livrarias”.

Fortaleza acompanhava, a passos curtos, o progresso industrial que corria no mundo. A Fábrica de Tecidos Progresso, de Thomás Pompeu de Souza Brasil e Antônio Pinto No-gueira Acioly, aberta em 1884, concordam pesquisadores, é que inaugura o processo de industrialização cearense. Essa fase elemen-tar, a propósito, é marcada pelo predomínio de investimentos privados e familiares e se es-tende até os anos 1950. Há registros que con-tam 150 instalações industriais, na Fortaleza de 1895, e 310 estabelecimentos do gênero em meados do século 20.

A oiticica e a castanha de caju, anexa o geógrafo José Borzacchiello, também carac-terizavam a indústria agroexportadora da ca-pital-moça. A partir de 1891, foram criadas a Cia. Cearense de Curtume, pioneira na in-dustrialização de couros e peles, a Cia. Fabril de Meias, e a Companhia Industrial do Cea-rá, que explorava as pedreiras existentes no estado para fabricação de cal, tijolos, telhas,

Um fato que impulsionou

a economia da capital foi

a instalação da primeira

ferrovia do Ceará, em 1873

A fábrica de tecidos

Progresso inaugura

o processo de

industrialização cearense

A oiticica e a castanha de

caju também caracterizavam

a indústria agroexportadora

do Ceará

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as rédeas do desenvolvimento local. Tasso, herdeiro das empresas da família Jereissati, primeiro contribuiu para a retomada do Centro Industrial do Ceará (CIC, fundado em julho de 1919) como fórum de debates so-bre a economia e a política da região, em associação com o cenário brasileiro.

O empresário passou ain-da pelo Conselho de Polí-tica Econômica e Social da Confederação Nacional da Indústria (CNI) antes de che-gar ao governo do estado por três mandatos (nas eleições de 1986, 1994 e 1999). Com o Plano de Desenvolvimen-to Sustentável do Ceará (da segunda gestão, 1995-1998), por exemplo, criou polos in-dustriais no interior e inves-tiu na infraestrutura turística.

“Durante a década de 1990, o grupo de Tasso Jereis-sati reorganizou as contas públicas, criou um programa de atração de indústrias e investiu pesadamente na me-

lhoria da infraestrutura de Fortaleza”, resume a economista Suely Salgueiro Chacon, no artigo Sustentabilidade: o gran-de desafio (Revista Fortaleza – do Ouro Branco ao Empó-rio). “O crescimento acelerado experimentado pela capital

e região metropolitana nas últimas décadas definiu-a como polo de atração de investimentos e de tu-ristas. O comércio e os serviços são hoje a grande vocação de Fortaleza, embora as indústrias ainda estejam fortemente concentradas na região metropolitana”, conclui.

Desde então se fala em metrô, refinaria, siderúrgica, estaleiro... Mas, antes do desembarque no século 21, é preciso levar uma fo-tografia para que não se perca de vista a nossa travessia: “O grande desafio para nossa cidade é tornar seu desenvolvimento um processo

sustentável, com melhor distribuição de renda, maior aces-so aos serviços públicos, com respeito ao meio ambiente, mais segurança e oportunidade de emprego para todos os nossos cidadãos”, pondera Suely Chacon.

O crescimento acelerado experimentado pela

capital e região metropolitana nas últimas décadas definiu-a como polo de atração de investimentos e de turistas.

Suely Salgueiro Chacon, economista

“ “

uma indústria que se estendeu até a década de 1931- 1940, tinha uma “capacidade extraordi-nária” de suportar a concorrência – as Pílulas de Matos, as Gotas Amargas de Artur de Car-valho e o sabão líquido Aseptol são algumas das memórias diletas dessa história.

Já a década de 1950 começa a compor uma nova paisagem para o Nordeste. Uma sequên-cia de medidas do governo federal influencia a industrialização da região: aproveitamento do Vale do São Francisco, transformação do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) em autarquia, implantação da hidrelétrica de Paulo Afonso e a criação da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).

“Esforçaram-se os cearenses por acompa-nhar o ritmo da industrialização do Nordeste, podendo-se considerar a instituição do Conse-

lho Estadual de Economia, pela Lei nº 2.464, de 30 de outubro de 1954, o marco da atuação do governo do estado na promoção do desenvol-vimento, embora as condições financeiras não houvessem permitido a estruturação completa do órgão”, ressalta Geraldo Nobre.

Já as ações da Sudene demarcam a segunda fase de implantação de indústrias, no Ceará, a partir de 1960. A instituição se torna um ca-nal de recursos que vinham de outras regiões. A Universidade Federal do Ceará (UFC) e o Banco do Nordeste (BNB), mais a constru-ção do Porto do Mucuripe e incentivos fiscais (como o Fundo de Investimentos do Nordeste – Finor), somam-se no reforço da industriali-zação de Fortaleza e região metropolitana.

Entramos em território militar, a partir de 1964 e até 1985. A ditadura brasileira tem a pretensão de modernizar a economia para in-serir o Brasil no contexto de competitividade mundial. Para o Ceará, o período vai signifi-car, principalmente, a ênfase na industrializa-ção da região metropolitana da capital.

É quando o então governador Virgílio Tá-vora estabelece o Plano Diretor do Primeiro Distrito Industrial de Fortaleza – embrião do atual Distrito Industrial de Maracanaú (inau-gurado em março de 1966, com a presença do marechal Castelo Branco, presidente da República à época). É nesse ínterim, até a reabertura política, que a economia cearense passa de agrícola a urbanizada, com as indús-trias fortalecendo a participação na geração de renda interna.

Um caminho sem volta. Com a redemo-cratização brasileira, um grupo comandado pelo industrial Tasso Ribeiro Jereissati toma

No ramo das “especialidades

farmacêuticas”, o sabão

líquido Aseptol é uma das

memórias diletas dessa

história

Porto do Mucuripe

UMA TRAVESSIA PELA INDUSTRIALIZAÇÃO DO CEARÁ

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Ceará projetou-se, desde suas atividades iniciais, pela vigilância constante e vigorosa no tocante aos problemas da indústria, do Ceará e do Bra-sil, fazendo respeitar as suas ideias e proposições encaminhadas às autoridades, diretamente ou através da Confederação Nacional da Indústria – CNI”, ressalta o jornalista e historiador Geral-do Nobre, no livro O Processo Histórico de In-dustrialização do Ceará (2001).

A construção de novas usinas geradoras de energia no Nordeste, imprescindíveis à carga da produção industrial, é um dos exemplos iniciais de negociações capitaneadas pela FIEC – e grupos do gênero, na região –, durante os governos que se seguiram a partir de meados da década de 1950.

Um parêntese. O problema energético se fa-zia sentir desde os anos 1940 e “ameaça a eco-nomia não somente do Ceará como dos demais estados do Nordeste e, ao mesmo tempo, estava relacionado com a expectativa de industrializa-ção, levando o governo a preocupar-se com o aproveitamento do potencial hidrelétrico, para

o que contava com a cooperação técnica e fi-nanceira dos Estados Unidos e das instituições internacionais”, observa Geraldo Nobre.

A propósito, o panorama local anterior ao surgimento da FIEC, entre os anos de 1941 a 1950, era de um parque fabril essencialmen-te processador de matéria-prima importada, atenta Geraldo Nobre. Havia dificuldade de suprimento por produtores locais tanto por-que a concentração de trabalhadores perma-

construção de novas usinas geradoras de energia no Nordeste,

imprescindíveis à carga da produção industrial, é um dos exemplos iniciais de negociações capitaneadas pela FIEC a partir de meados da década de 1950. A FIEC E SEU TEM

PO

Imposição da história

A FIEC e seu tempoA FIEC se projetou, desde suas atividades iniciais, pela vigilância constante e vigorosa no tocante aos problemas da indústria, do Ceará e do Brasil, fazendo respeitar as suas ideias e proposições

Ocenário histórico, recomposto nas pá-ginas anteriores, é onde vem atuando a Federação das Indústrias do Estado

do Ceará (FIEC). O papel principal: “Amparar e defender os interesses gerais das indústrias que congrega e representar essas indústrias perante os poderes públicos federal, estaduais e municipais, colaborando com os mesmos no estudo e solução de todos os assuntos que possam interessar às atividades produtoras e à expansão da economia nacional” (Estatuto da FIEC – 1950). Foi instituída, oficialmente, em 12 de maio de 1950.

Mas a FIEC é cria de sua época – vai do sé-culo 20 ao 21. Sempre acompanhou o bonde da história – do Ceará e do Brasil. As federações (organizações corporativas das classes patronal e empresarial) começaram a ganhar corpo, no estado, no início da segunda metade do século 20. Defendem os objetivos de determinada clas-se produtiva e passam a influenciar as decisões do Governo da República, equilibrando os inte-resses. “A Federação das Indústrias do Estado do

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A FIEC E SEU TEMPO

necia em atividades extrativas (mais rentáveis, pois ligadas à exportação) como porque, en-tre 1943 e 1945, ocorreu novo surto migrató-rio para a Amazônia (que revivia o ciclo da borracha para atender à demanda da Segunda Guerra Mundial).

Era tudo ainda muito amador. Um ensaio. Antes da FIEC, restaura Geraldo Nobre, o em-presário cearense estava representado “por em-preendedores de qualificações diferentes, uns por vocação, outros pela formação intelectual, a exemplo de Antônio Diogo de Siqueira (pai do engenheiro Waldyr Diogo de Siqueira que, adiante, seria um dos fundadores da FIEC) e Thomás Pompeu de Souza Brasil Netto”.

Precursores da FIEC

O crescimento da indústria no Brasil ressentiu, durante a primeira metade do século 20, a falta de investimento adequado à formação

de profissionais. O país tinha necessidades educacionais mais urgentes, ainda básicas, como a erradicação do analfabetismo. Até que a CNI, sob a presidência de Euvaldo Lodi, idealizou o SENAI – criado em 22 de janeiro de 1942 pelo decreto-lei 4.048 do presidente Getúlio Vargas. As necessidades da indústria paulista, que empregava grande número de imigrantes nordestinos, fizeram com que fossem estabelecidas Delegacias Regionais do SENAI no Nordeste. A do Ceará foi uma das primeiras, instalada ainda em 1942. Entretanto, o dia considerado como o da instalação oficial é 27 de novembro de 1943, quando o engenheiro Antônio Urbano de Almeida é nomeado o primeiro diretor do SENAI/CE.

Ao término de seu passeio pelos anos, o memorialista Geraldo Nobre conclui: “O SENAI cumpriu, no Ceará, os objetivos e os fins de sua instituição, concorrendo para o operário cearense adquirir uma formação técnica, importante para a sua promoção na atividade profissional e também na sociedade de classes, e para o aumento da produtividade, condição para o Brasil poder converter-se em país industrializado e tornar-se menos dependente na relação com os mais desenvolvidos”.

Assim como o SENAI, o SESI foi instalado antes da FIEC, em 7 de julho de 1948, como uma Delegacia Regional subordinada ao Departamento Nacional. A entidade nasceu em um período marcado por conquistas significativas para a qualidade de vida do trabalhador, encabeçadas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

A primeira ação do SESI/CE, apoiada pelo Departamento Regional de São Paulo, foi o Curso de Formação de Educadores Sociais. Palestras e cursos de alfabetização e de corte e costura, unindo-se a certa assistência econômica (disponibilizando gêneros de subsistência a preços mais acessíveis, em postos de abastecimento), marcam as atividades pioneiras. Com o passar dos anos, para sanar as queixas constantes de empresários que se diziam prejudicados com as faltas comuns de trabalhadores enfermos, o SESI/CE se ampliou em clínicas médicas e dentárias e um ambulatório de enfermagem.

Mas o SESI também cuidava de entreter os filhos dos servidores, com propostas de educação e recreação infantis. Nessa fase, era considerado um “órgão assistencial”, aproximando-se mais da

Curso de orientação

psicopedagógica para

professores – promoção

LBA e SESI

O SENAI cumpriu, no Ceará, os objetivos

e os fins de sua instituição, concorrendo para o operário cearense adquirir uma formação técnica, importante para a sua promoção na atividade profissional

Geraldo da Silva Nobre, historiador, jornalista e memorialista

“ “

Federação dos Círculos Operários do Ceará que mesmo dos empresários. Aos poucos, alcançou o interior, levando unidades de cursos e clínicas até Maranguape, Redenção e Aracati. “Mas, na verdade, sem critérios definidos, de modo a ser levada em consideração a importância relativa dos núcleos industriais existentes, conforme o indicador de arrecadação das contribuições para o órgão”, avalia o historiador Geraldo Nobre.

Edifício Jangada, na rua

Major Facundo, foi a

primeira sede da FIEC

A vez da FIEC

A FIEC foi semeada em um terreno irrigado por fatores externos ou de ordem geral. Estilhaços da Segunda Guerra Mundial

ameaçavam “estender-se a todos os países, até mesmo ao Brasil, apesar da tradição de relações harmônicas entre patrões e empregados brasileiros”, atenta Geraldo Nobre.

Ao mesmo tempo, a indústria nacional crescia (notadamente em São Paulo) e passou a impor o “fortalecimento da classe empresarial e, consequentemente, da respectiva organização sindical”. Assim, federações foram se somando às já existentes em Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul.

No Ceará, os primeiros passos nesse sentido foram dados em 1949, demarca Geraldo Nobre, quando os engenheiros Waldyr Diogo de Siqueira e Thomás Pompeu de Souza Brasil Netto abriam caminho. Eles fizeram a ponte com o delegado regional do Trabalho no Ceará, Raul Domingues Uchoa. De acordo com a legislação sindical em vigor na época, era preciso que cinco sindicatos se integrassem na assinatura do estatuto social da entidade em gestação. Feito isso, o documento seria destinado ao delegado regional do Trabalho, para seu aval.

Então, em 21 de março de 1950, Waldyr Diogo de Siqueira e Thomás Pompeu de Souza Brasil Netto conseguiram reunir, no terceiro andar do Edifício Jangada (rua Major Facundo, 253), as seguintes representações sindicais:

Esse grupo decidiu os princípios e a direção inicial da FIEC: Waldyr Diogo de Siqueira (presidente), Pergentino Maia (vice-presidente), Thomás Pompeu de Souza Brasil Netto (primeiro secretário), Francisco de Assis Philomeno Gomes (segundo secretário) e José Theófilo Gurgel (tesoureiro). A instituição seria reconhecida, oficialmente, em 12 de maio de 1950, acolhida pela CNI, cujo presidente era o industrial Euvaldo Lodi – com carta de reconhecimento expedida pelo Ministério do Trabalho.

O relacionamento entre a CNI e os industriais cearenses existia desde a criação, na capital, da Delegacia Regional do SENAI/CE, em 1943, e do SESI/CE, em 1948. “Esses órgãos haviam sido constituídos pela própria Confederação, que os administrava onde não existiam ainda federações”, relaciona Geraldo Nobre. Com a FIEC, as delegacias regionais do SENAI e do SESI foram agregadas à Federação, unindo-se na “colaboração sistêmica”, como entende Nobre.

Para o historiador, a relação entre a CNI e a FIEC se refletia ainda em duas frentes de atuação. A primeira ia ao encontro dos interesses da grande indústria (leia-se: paulista) e a segunda se manifestava em programas de melhoria das condições de vida dos trabalhadores. Por isso, inicialmente, a FIEC vai se voltar para a expansão das atividades do SESI: “Que desenvolvera um trabalho com vistas à criação de uma fonte adicional de renda e de valorização da família do trabalhador cearense, mediante o ensino de corte

Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem em Geral do Estado do Ceará

Sindicato de Alfaiataria e Confecções de Roupas para Homens de Fortaleza

Sindicato da Construção Civil de Fortaleza

Sindicato da Indústria de Calçados de Fortaleza

Sindicato da Indústria de Tipografia de Fortaleza

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No final década de 1980,

ocorre uma mudança

significativa para a FIEC:

a instituição passa para

sua nova sede na avenida

Barão de Studart

esde sua fundação, a FIEC compreende que o

“enxugamento” dos impostos deve gerar micro e pequenas empresas, reduzindo a informalidade e a sonegação. Aliada a um sistema tributário justo, a entidade reclama uma política de desenvolvimento regional

e costura, em vários cursos mantidos nos bairros operários e na sede do órgão de venda, a preço de custo, de gêneros de primeira necessidade e artigos de uso comum, em unidades denominadas postos de abastecimento, e de palestras em fábricas, círculos operários, sindicatos e outros postos de trabalhadores, por educadores sociais, além da prestação de serviços médicos, odontológicos e complementares”.

Ainda se estabelecendo, de 1951 a 1960, a FIEC se limitou a apoiar as tendências da CNI. É preciso lembrar que, naquele contexto, os grandes investimentos – tanto públicos quanto privados e estrangeiros – eram atraídos pelo Sul e Sudeste do país (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro se sobressaíam na economia nacional).

Somente entre as décadas de 1960 e 1970 é que recursos provenientes de incentivos fiscais multiplicaram os estabelecimentos fabris no Ceará – data desse período, por exemplo, a Metalgráfica Cearense S.A (Mecesa). Eram projetos aprovados pela Sudene, um dos canais de industrialização do Nordeste, em par com o Banco do Nordeste (BNB). “Os empreendimentos financiados pela Sudene, para o Ceará, se referiram a atividades tradicionais, como a fiação e a tecelagem, a produtos alimentícios e bebidas, a óleos vegetais, quase não se verificando inovações, salvo as de caráter técnico”, pondera Geraldo Nobre. Bahia e Pernambuco eram os preferidos dos montantes do órgão.

Nessa período, mais precisamente em 1969, a CNI criaria mais uma entidade de apoio à indústria brasileira: o Instituto Euvaldo Lodi (IEL). O Brasil se expandia em torno de 10% ao ano e vivia o início do chamado “milagre econômico”, tendo o IEL iniciado suas atividades com uma

proposta avançada para a época, baseada na interação universidade-indústria: aproximar os estudantes das linhas de montagem por meio de estágios supervisionados.

No Ceará, o IEL foi fundado em 1971. Na prática, o órgão seria intermediador na realização de estágios em empresas industriais, tanto incentivando a oferta quanto proporcionando “a mudança de mentalidade por parte dos professores, comprometidos, ainda, com a didática de um ensino puramente livresco”, considera Geraldo Nobre. Uma via de mão dupla. “Além das oportunidades nas empresas industriais, o IEL tem desenvolvido projetos que, igualmente, requerem a contribuição de professores e alunos da universidade”, aponta o historiador, como o Cadastro Industrial do Ceará, “levantamento das atividades em cada ramo da produção fabril no estado, por empresa, com os dados básicos para o conhecimento da situação e a reorientação do processo de industrialização”.

Em outras palavras, o IEL toma para si a responsabilidade de ser agente indutor da transferência de tecnologia ou conhecimento da universidade para a indústria. Dessa maneira, aproxima os dois setores. Essa estratégia vem estabelecendo “uma nova cultura empresarial, baseada na parceria entre a produção acadêmica e a realidade do setor produtivo cearense”, reconhece a Revista FIEC 50 anos.

REVENDO O PROCESSO HISTÓRICO DE INDUSTRIALIZAÇÃO DO CEARÁ

A ideia corporativista teria, no decênio de 1931-1940, grande

força de expressão no Ceará, com a Legião Cearense do Trabalho... A ideia corporativista, em sua outra direção, levou o empresariado cearense a unir-se, à semelhança do ocorrido com os trabalhadores em suas Uniões Artísticas e Proletárias, tendo surgido, em consequência, a Federação das Associações do Comércio e Indústria do Ceará – Facic (7/8/1929)

A partir da Consolidação das Leis do Trabalho (1943), CLT, surgiram as

confederações de âmbito nacional e as federações estaduais para a representatividade da agricultura, do comércio, da indústria e das demais atividades econômicas. No Ceará, o sindicato trabalhista desenvolvera-se rapidamente, tendo em vista o interesse do povo pelo associativismo e a facilidade de assimilação das inovações. O estímulo foi o surgimento da Legião Cearense do Trabalho, logo após a Revolução de 1930

Fonte: O Processo Histórico de Industrialização do Ceará. Geraldo Nobre. 2ª edição revista e ampliada. Fortaleza, FIEC, 2001.

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Euvaldo Lodi, presidente

da CNI em 1950

Uma nova casa para o Sistema FIEC

Ainflação e o desemprego, que minavam o Brasil, preocupam os dirigentes da FIEC até o término dos anos 1980. Nesse tempo, a

FIEC já participava de debates sobre a criação das Zonas de Processamento de Exportações (ZPEs) e de uma refinaria no Ceará – conversas que cruzaram a fronteira dos séculos 20 e 21.

É também no final década de 1980 que ocorre uma mudança significativa para a FIEC. Funcionando no endereço do Edifício Jangada (no Centro) desde a sua fundação, passa à Casa da Indústria (avenida Barão de Studart, 1980). A nova sede abrigaria as áreas administrativas das entidades ligadas à FIEC e os sindicatos filiados, além de unidades operacionais da Federação.

A inauguração oficial da Casa da Indústria ocorreu em 22 de setembro de 1989. “Dando início, assim, ao processo de transição para uma nova fase da industrialização do Ceará. Fato que se concretizou com a integração de todos os órgãos em busca de novos empreendimentos e melhoria nos mecanismos de formação de mão de obra para as fábricas e oficinas e de valorização humana e social do trabalhador e sua família”, sublinha Geraldo Nobre.

Fortalecia-se, então, a ideia de Sistema FIEC, inicialmente composto por SESI, SENAI e IEL. No início dos anos 2000, o sistema ganharia duas novas entidades: o Instituto FIEC de Responsabilidade Social (FIRESO) e o Instituto de Desenvolvimento Industrial (INDI). Juntas, essas cinco instituições coordenadas pela FIEC são capazes de atender às diversas necessidades das indústrias cearenses, cada uma em sua área de atuação. A FIEC conta ainda com o Centro Internacional de Negócios (CIN), órgão criado em 1998 e que desenvolve ações em prol do desenvolvimento da cultura exportadora de nossa indústria.

A Federação tem colhido bons frutos, na última década. Entre janeiro e maio de 2006, por exemplo, a indústria cearense cresceu 7,2% (em relação ao mesmo período de 2005) – enquanto o Brasil e o Nordeste registraram um crescimento de 3,35% do setor (dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE). Esses números se refletem em outro dado importante: no primeiro trimestre daquele ano, o Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará cresceu 4,8% – sendo 3,2% o

crescimento do PIB nacional (dados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará – Ipece). O incremento da atividade industrial, sobretudo no interior, contribuiu para esse quadro.

Ao passo que a indústria ganha terreno no interior, as últimas gestões também têm se voltado para o mercado externo. A conquista de novos consumidores para os produtos cearenses passa ainda pela redução da carga tributária, pauta constante da FIEC com os governos. A Federação compreende que o “enxugamento” dos impostos deve gerar micro e pequenas empresas, reduzindo a informalidade e a sonegação. Aliada a um sistema tributário justo, a entidade reclama uma política de desenvolvimento regional. Defesa da entidade, desde sua fundação, e bandeira que continua a carregar aos 60 anos.

A FIEC E SEU TEMPO

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FIEC

Dinâmica e modernaAtenta aos desafios do novo milênio, a FIEC adequou sua atuação para atender às necessidades que surgiam para o setor empresarial e em defesa de seus interesses

No ano 2000, a economia mundial passa-va por evidentes contrastes, com alguns países rindo à toa e outros amargando penosos períodos de vacas magras. Os

hermanos argentinos, por exemplo, estavam no fundo do poço, numa das piores crises da sua história. Os Estados Unidos, ao contrário, se for-taleciam e sozinhos tinham um Produto Interno Bruto (PIB) superior aos da França, Alemanha e Japão. No Brasil, após 15 anos convivendo com uma inflação implacável, o programa de estabili-zação econômica posto em prática pelo governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, o Pla-no Real, era submetido a um teste definitivo com os repiques da inflação que ameaçava voltar aos tempos do Plano Cruzado.

No Ceará, a estagnação econômica ameaçava o estado, que há quase 20 anos rompera com o coronelismo e resolvera apostar no potencial em-preendedor dos novos líderes. Um sinal evidente? O número das exportações. O gráfico das vendas externas não ousava avançar fazia décadas; a mar-ca dos US$ 350 milhões era o limite a ser quebra-do. No entanto, naquela época, o nascimento do novo milênio ensejava em toda a sociedade local o espírito de mudança.

Na FIEC, esse conceito foi levado a efeito e a entidade passou a atuar também além-muros, ou seja, fora do segmento industrial. Mas, claro, sem esquecer sua vocação. E foi assim que a instituição passou a desenvolver uma série de ações para elevar as vendas externas do Ceará a um patamar jamais visto. À frente da missão seu Centro Internacional de Negócios (CIN),

O CIN/CE é o organismo da FIEC que auxilia as empresas cearenses a atuarem no mercado in-ternacional. Tem contribuído para a mudança de atitude do empresariado nas suas relações com o mercado externo, trabalhando para a criação de uma mentalidade voltada ao comércio exterior. Por meio de um portfólio diversificado de produtos e serviços, apoia as empresas que desejam ingres-sar ou evoluir no mercado externo. A lista inclui a organização de missões empresariais cearenses ao exterior, recepção de comitivas internacionais, realização de cursos e palestras em comércio ex-terior e encontros de negócios, estudos de inte-ligência comercial e emissão de certificados de origem, entre outros exemplos.

m 2005, as exportações cearenses não

chegavam a US$ 350 milhões. Em 2007, com a efetiva participação da FIEC, ultrapassaram a marca de US$ 1 bilhão

DINÂMICA E M

ODERNA

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Com a efetiva contribuição do CIN, o Ceará fe-chou 2005 com o valor total de US$ 930.450.856 em venda externa. O fenômeno, contínuo a cada ano, ensejou que, em 2007, o estado ultrapas-sasse a marca de US$ 1 bilhão em suas expor-tações. Ao longo desse intervalo de tempo, as vendas externas do estado deixaram para trás um longo período de estagnação e seguiram tra-jetória contínua de crescimento, modificando o perfil empresarial local.

Para os próximos anos, o superintendente do CIN, Eduardo Bezerra Neto, afirma que, além de dar continuidade à consolidação da cultura exportadora no setor produtivo, o órgão estará atento às mudanças no ambiente para orientar as empresas nos caminhos do mercado internacio-nal. Ele cita o exemplo da crise de 2008/2009, que alterou o peso das economias mundiais, impondo a necessidade de diversificar e redire-cionar as exportações para países emergentes e blocos econômicos. “Já estamos apoiando os empresários nesse processo. Exemplos disso são as missões à China e à África”, diz.

Além da permanente atualização da sua equi-pe, principalmente em treinamentos no exterior, o superintendente do CIN garante que o órgão da FIEC se manterá atento às inovações em proces-sos no comércio internacional. “Vamos continuar a apoiar a rápida informatização de documentos e processos de importação e exportação, sempre de acordo com as mudanças nas legislações internas e externas”, afirma Eduardo Bezerra.

Reconhecimento

As ações institucionais realizadas pela FIEC são responsáveis pela dinamização e modernização da instituição, que ganhou

mais credibilidade e visibilidade em níveis local, nacional e internacional. O leque de atuação foi ampliado, para atender às demandas da sociedade e do mercado globalizado. Perante a CNI, a nova dimensão assumida pela FIEC foi reconhecida por meio da indicação do Ceará para sediar eventos de âmbitos nacional e internacional, do convite de diretores da entidade para representar a CNI em eventos no exterior, como também por meio do aumento da participação da FIEC nos conselhos temáticos da CNI. Atualmente, a FIEC possui representantes em nove dos 13 conselhos da Confederação.

A participação da FIEC teve início em 2003, com as nomeações dos diretores Hermano Franck Júnior para o Conselho do Meio Ambiente

DINÂMICA E M

ODERNA

(o representante atual é Antônio Renato Lima Aragão), Fernando Castelo Branco (Conselho de Política Econômica) e Francisco José Lima Matos (Conselho da Política Industrial e Desenvolvimento Tecnológico). Hoje, a FIEC faz parte também dos conselhos da Integração Nacional, que tem como membro Álvaro de Castro Correia Neto; Assuntos Legislativos, Manoel Cesário Filho; Micro e Pequena Empresa, Francisco Baltazar Neto; Infraestrutura, Carlos Roberto Carvalho Fujita; Educação, Ednilton Gomes de Soarez, e Responsabilidade Social, Wânia Cysne Medeiros Dummar, sendo que o ex-presidente da FIEC, Jorge Parente Frota Júnior, preside esse último.

Uma ação inovadora da FIEC, por meio do SENAI/CE, foi a inauguração, em 2003, da Universidade Corporativa de Alimentos (UNICA.br), a primeira do Nordeste. A unidade visa formar profissionais das cadeias produtivas do setor alimentício. Em 2002, dentro da proposta de interiorização e de ampliação de suas ações, a FIEC chegou a Horizonte, inaugurando o Núcleo Integrado de Desenvolvimento do Trabalhador SESI/SENAI, a primeira unidade integrada dos dois órgãos.

Ainda em relação ao SENAI/CE, as ações têm sido intensificadas para atender às exigências que se descortinam no novo cenário internacional e local. Voltado para os negócios em educação profissional, serviços técnicos e tecnológicos, além da execução de ações estratégicas direcionadas para a gestão organizacional, entre outros campos de atuação, o SENAI tem alcançado resultados que literalmente alargaram suas fronteiras

SESI/SENAI de Horizonte,

primeira unidade integrada

dos dois orgãos

Centro de Formação

Profissional da Cidade de

Praia, em Cabo Verde

além-mar, colocando a instituição em uma nova fase: a da cooperação internacional.

A afirmativa é justificada por meio do programa de capacitação que foi promovido em Cabo Verde nas áreas de manutenção, informática, eletricidade, alimentos, construção civil e mecânica geral, entre outras. O trabalho de cooperação internacional teve início em 2006 e foi responsável pela formação de professores e estruturação do Centro de Formação Profissional da Cidade de Praia, em Cabo Verde, fruto de cooperação entre o Brasil e o país africano. Inaugurado em 2008, o equipamento segue os padrões das escolas do SENAI no Brasil. Segundo o diretor regional do SENAI, Francisco das Chagas Magalhães, essa visão

de cooperação do SENAI no Ceará tende a ser ampliada. Segundo ele, até junho próximo 200 alunos cabo-verdianos concluem a fase de estágio do projeto de cooperação entre a instituição cearense e Cabo Verde.

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AFIEC tem longa tradição de apoio à cultura. Por meio do SESI, a federação desenvolve ações culturais voltadas ao industriário

e sua família, contribuindo para a formação de profissionais mais criativos e dinâmicos. Um dos mais reconhecidos trabalhos do SESI no Ceará é a formação de jovens talentos musicais, sendo a Orquestra de Cordas referência em todo o país.

Nos primeiros anos do século atual, a área cultural ganha impulso extra com o projeto que dará origem ao Centro Cultural do SESI, que abrigará a sede da Orquestra Filarmônica do Ceará, o Museu da Indústria do Ceará e o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), seção Ceará.

No ano de 2005, ocorreu a criação dos conselhos temáticos da FIEC, oriundos dos grupos de ação instituídos na primeira gestão de Jorge Parente, e a organização das plataformas setoriais que representam um marco na história do estado. Enquanto as plataformas impulsionaram o agronegócio da região, os conselhos ampliaram o leque de atuação da Federação, que passou a participar ativamente da busca de soluções para as questões que envolvem a sociedade.

Um bom exemplo foi a área de responsabilidade social, que desenvolveu iniciativas pioneiras incorporando o tema ao exercício da cidadania nos mais variados segmentos da sociedade. As ações deram força à criação do Instituto FIEC de Responsabilidade Social (FIRESO). Além do Conselho de Responsabilidade Social, a Federação

Cultura, responsabilidade social e meio ambiente

possui ainda os de Assuntos Legislativos, das Cadeias Produtivas e Agronegócios, de Economia, Finanças e Tributação, de Infraestrutura, de Micro e Pequenas Empresas, de Relações Internacionais, de Relações Trabalhistas e Sindicais, de Tecnologia e de Meio Ambiente.

E por falar em meio ambiente, a FIEC, atenta à necessidade de difundir a importância do desenvolvimento sustentável no segmento industrial, instituiu um núcleo para orientar e sensibilizar as empresas sobre suas obrigações ambientais: o Numa. Uma das iniciativas de destaque do Numa é o Prêmio FIEC por Desempenho Ambiental. Criada em 2004, a comenda objetiva reconhecer o esforço das indústrias que tenham se destacado na conservação do meio ambiente e na implementação da qualidade ambiental dentro dos princípios do desenvolvimento sustentável.

FIEC, atenta à necessidade

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desenvolvimento sustentável no

segmento industrial, instituiu um núcleo para

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Cartilha de fortalecimento

e modernização sindical

desenvolvida pela FIEC

Reunião com o presidente

da Câmara dos Deputados,

Michel Temer

Fortalecendo a indústria

Na gestão Roberto Proença de Macêdo, iniciada em 2006, a bandeira hasteada foi a da reunificação e do fortalecimento

sindical como caminho para tornar cada vez mais representativa a FIEC e todas as entidades que a compõem. A ideia central é que sindicatos fortes são o caminho mais eficiente rumo ao desenvolvimento das indústrias e ao crescimento da economia nacional. Para pôr em prática seu propósito, Roberto Macêdo iniciou uma extensa jornada de visita aos sindicatos, promoveu apresentações dos mesmos durante a reunião semanal da diretoria plena e viabilizou seminários e palestras para aprofundar temas fundamentais, além de promover uma melhor divulgação dos serviços disponíveis no Sistema FIEC por meio de suas casas.

O Projeto Planejamento Estratégico dos Sindicatos, trabalhado pelo IEL/CE, foi uma das ferramentas escolhidas. A iniciativa visa dotar os sindicatos de um instrumento orientador de seu processo de modernização e fortalecimento e está inserida no Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA) da CNI. O projeto cearense foi apresentado em 2009, durante o maior evento da indústria brasileira, o 4º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), como exemplo de sucesso, no âmbito do PDA, porque obteve significativos resultados na realização do planejamento estratégico dos sindicatos participantes.

Em dois anos de projeto, o Planejamento Estratégico dos Sindicatos conseguiu a adesão de 16 dos 39 sindicatos filiados à FIEC nas ações previstas no PDA. Treze sindicatos, até agora, realizaram seu planejamento e nove deles já desenvolvem o Plano de Ação 2010.

A FIEC também empreende esforços em diversos setores, desde a promoção de encontros que busca a inovação e modernização tecnológica, passando pelo fomento financeiro, até as lutas de classe que a entidade vê como fundamentais para a manutenção dos negócios empresariais e desenvolvimento do estado e sua população, como a Campanha Xô, CPMF, lançada em agosto de 2007.

Com ações em todos os veículos de comunicação do estado, além de distribuição de material publicitário e incisivos discursos, a FIEC juntou forças ao Sistema Indústria contra a prorrogação automática da Contribuição

Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), considerada uma dupla tributação desumana e injusta. “A CPMF começou sendo provisória e agora querem transformar em definitiva. Isso é um absurdo! Devemos fazer pressão para acabar com essa contribuição, que incide sobre toda e qualquer movimentação financeira. Não existe nada parecido com ela no mundo. Só com a criatividade brasileira ela pôde ser inventada”, defendia, à época, Roberto Macêdo.

Atualmente, a FIEC empreende esforços contra a redução da jornada de trabalho. A esse respeito, vale ressaltar a mobilização da entidade no Congresso nacional em abril passado, junto à bancada cearense, contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 231/95, de autoria do senador Inácio Arruda, que reduz a carga de trabalho semanal de 44 para 40 horas. O objetivo da mobilização, que faz parte de uma ação nacional organizada pela CNI, foi sensibilizar os parlamentares sobre o posicionamento da FIEC e da CNI a respeito do tema, solicitando-lhes que se empenhem para que a PEC não seja colocada entre as cinco que serão escolhidas para serem votadas antes das eleições. Segundo Roberto Macêdo, é preciso adiar a votação dessa matéria, pois, além de ser polêmica, pode virar discurso fácil em ano eleitoral.

Foto: JoSÉ PAULo LACERDA / AGÊNCIA CNI

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Crédito para o desenvolvimento

C erta de que o crédito é a mola para o aumento da competitividade industrial, que, por sua vez, redunda em aquecimento da economia,

geração de emprego e desenvolvimento econômico, a FIEC, cumprindo o seu papel de indutora da indústria cearense, firmou, por meio do INDI, parcerias com instituições financeiras para garantir empréstimos com taxas de juros diferenciadas. A ação teve início em dezembro de 2008, quando a entidade assinou convênios com a Caixa Econômica Federal (CEF) e o Banco do Brasil (BB), que redundaram na disponibilidade de R$ 1 bilhão em recursos para financiamento às indústrias filiadas, com taxas inferiores até 25% às praticadas no mercado.

O Banco do Brasil foi o primeiro a anunciar linhas mais atrativas de financiamento. Em 8 de dezembro de 2008, a instituição oficializou convênio no valor de R$ 300 milhões, dos quais R$ 200 milhões eram destinados à capital de giro e R$ 100 milhões do Cartão BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Social), utilizados na compra de máquinas e equipamentos. Atualmente, o contrato com o BB e a Caixa está em processo de renovação.

Inova 2009

Inovação

T rês dias dedicados à cultura da inovação, refletindo estratégias e soluções para garantir a competitividade das empresas frente

aos desafios da globalização. A quinta edição do Seminário de Gestão da Inovação Tecnológica no Nordeste (Inova 2009), promovida em setembro passado pela FIEC, por meio do INDI, reuniu casos de sucesso, trabalhos técnicos, palestras e rodadas de negócio, gerando um ambiente propício à troca de experiências entre os participantes.

Voto direto para presidente

E nfim, o sonho do empresário José Flávio Leite Costa Lima, que presidiu a FIEC no período de 1977 a 1986, de instituir o voto

direto para escolha do presidente da entidade se tornará realidade em 2010. A novidade será possível por causa da reforma do estatuto social e do regulamento eleitoral, consolidando a FIEC, de fato e de direito, como legítima representante da indústria cearense.

Pelas novas regras, únicas no país em relação a federações de indústria, os delegados dos sindicatos deixam de votar com base na própria opinião. Eles passam a ser portadores da decisão nas urnas de seus respectivos sindicatos. Em agosto de 2010, na mesma data do pleito eleitoral da FIEC, em cada um dos 39 sindicatos filiados à instituição será realizada votação interna com seus respectivos associados para escolher democraticamente o novo líder da Federação. O vitorioso nas urnas da unidade classista será o candidato oficial do sindicato e seu nome será apontado pelo delegado nas eleições.

“Antes, os industriais não tomavam parte no processo eleitoral. Eles não tinham participação na escolha do presidente. Com a nova sistemática, os sindicatos continuam elegendo, mas será com base no voto dos industriais”, explica o diretor administrativo da FIEC, Affonso Taboza Pereira, que presidiu as comissões de reforma do estatuto e do regulamento no ano passado.

Conforme o regulamento eleitoral da FIEC, o prazo para inscrição das chapas que irão concorrer às eleições termina em 31 de maio do corrente ano. Até lá, serão conhecidos os nomes que encabeçarão a disputa para a gestão 2010-2014. O pleito e a posse também têm data marcada: 19 de agosto e 20 de setembro de 2010, respectivamente.

Quanto aos integrantes da Comissão Eleitoral para o pleito de 2010, a Assembleia Geral do Conselho de Representantes da FIEC elegeu, em 26 de abril último, os seguintes nomes: os empresários Nicole Barbosa, do Unigráfica; André Montenegro, do Sinduscon; e Dário Aragão, do Simec. Nos cargos de suplentes, a liderança ficou com Ricardo Teixeira, do Sinduscon; seguido de Gerardo Aguiar, do Sindquímica, e Hebert Costa, do Sindconfecções.

Competirá à Comissão Eleitoral administrar todo o processo das eleições até a posse dos eleitos, sem nenhuma participação dos dirigentes da FIEC. A comissão é autônoma, inclusive, para publicar os editais de convocação das eleições, dos sindicatos filiados e do Conselho de Representantes para homologar o resultado do pleito.

Novas lideranças

AFIEC, alinhada à visão estratégica da CNI, que realizou em 2005, pela primeira vez na história, um Plano Estratégico do Sistema Indústria (2006-

2010) – e ensejou que todas as demais federações tivessem o seu planejamento –, deu início, também de forma inédita, ao seu processo de planejamento estratégico. Sob a coordenação da empresa Personal Consultoria, o trabalho visa estabelecer metas e indicadores de desempenho para o Sistema FIEC adequados à realidade do Ceará e devidamente alinhados ao Plano Estratégico do Sistema Indústria.

Está sendo promovido um profundo mergulho no Sistema FIEC. A ideia é definir sua missão, visão de futuro e diretrizes que devem ser seguidas e os produtos que poderá oferecer ao cliente maior: os sindicatos industriais e às empresas filiadas. “Queremos saber quem somos, para onde queremos ir e como chegaremos lá”, explicou Roberto Macêdo por ocasião do lançamento dos trabalhos. Segundo o presidente da FIEC, a iniciativa é pautada em ações, projetos e programas voltados para efetivamente mudar a realidade do Sistema FIEC.

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Com a Organização Paulo Rocha não há limites para seus negócios. Nós rompemos qualquer fronteira para poupar seu tempo e fazer valer o seu investimento.

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Assessoria na Importação / Exportação de Unidades Industriais (Novas e Usadas) Enquadramento em Ex-Tarifário - Regimes Aduaneiros Atípicos (Admissão Temporária; DRAWBACK Integrado; Repetro).

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Investimento em Sobral

Doze milhões de reais é o valor do investimento que o Sistema FIEC fará na implantação do Centro Integrado SESI/SENAI em Sobral para atender às demandas da

indústria nas regiões norte e noroeste do estado. As antigas instalações que abrigavam a instituição naquela cidade estão sendo demolidas para dar lugar ao novo equipamento.

O SENAI oferecerá cursos de educação profissional em modalidades diversas como aprendizagem industrial, qualificação profissional, habilitação técnica etc. Prestará ainda serviços técnicos especializados (serviços operacionais), assessoria e consultoria em gestão empresarial, assessoria e consultoria em processo produtivo e informação tecnológica às empresas.

O SESI, por sua vez, ampliará ações nas áreas de educação, saúde, lazer e responsabilidade social voltadas ao trabalhador. “Nossa indústria cresceu muito. Sobral abriga a maior indústria de calçados do Brasil, a Grendene. Temos também a Votorantim, a Serra Grande e a Del Rio, entre outras. Somos um centro em constante desenvolvimento”, destaca Jocely Dantas de Andrade Filho, diretor regional da FIEC na zona norte.

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Capacitação interna

Uma FIEC forte e atuante necessita de colaboradores capacitados à altura dos novos desafios. Com essa máxima, Roberto Macêdo deu início a uma série de

melhorias internas voltadas ao fortalecimento do seu corpo gerencial e demais funcionários. O trabalho permitiria incluir o Sistema FIEC no seleto rol das organizações brasileiras que se preocupam em formar líderes sintonizados com as novas exigências na gestão de pessoas.

Um seminário de sensibilização foi o início do Programa de Formação de Lideranças do Sistema FIEC, desenvolvido pela Gerência de Recursos Humanos e pela SERH Consultoria, por meio do programa Germinar. O objetivo: trabalhar as atuais e as potenciais lideranças do Sistema, dentro das competências exigidas pelo novo Plano de Cargos, Carreiras e Salários (em implantação), aprimorando e desenvolvendo o estilo e a capacidade de liderança com a finalidade de aumentar os níveis de competência de trabalho na organização.

O empenho se justifica pela necessidade que o Sistema

FIEC tem de, na esteira da implantação de ferramentas de gestão, a exemplo do BSC no SESI e SENAI e do alinhamento do Planejamento Estratégico do Sistema FIEC ao Sistema Indústria, precisar contar com os líderes como principais parceiros. Nesse sentido, embora o conhecimento técnico seja importante, representa apenas uma parcela das habilidades necessárias aos gestores.

Ainda inserida na filosofia de constantes melhorias gerenciais, a FIEC, por meio do SESI/CE, foi uma das primeiras federações a aderir ao Modelo para Excelência na Gestão (MEG), programa preconizado pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) que pretende garantir o desenvolvimento do capital intelectual do corpo de gestores, responsável pela execução dos objetivos estratégicos e consolidação da visão de futuro do SESI: ser referência estadual da promoção da melhoria da qualidade de vida do trabalhador e de seus dependentes e da gestão socialmente responsável da empresa industrial.

Proibida a entrada de menores de 16 anos, mesmo acompanhados.

Horário:16 às 22hLocal: Centro de Convenções do Ceará

Cidade: Fortaleza-CEInformações: (85) 3433.6959

[email protected]

25 A 28 DE MAIO DE 2010

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O Sindmóveis e a Top Móvel parabenizam a FIEC pelos 60 anos de de compromisso com o desenvolvimento das indústrias cearenses.

Parabéns!

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1950 1962 1967 1971

A FIEC foi instituída oficialmente em 12 de maio de 1950

Waldyr Diogo de Siqueira O engenheiro foi o primeiro presidente da FIEC, ao tempo em que contribuía para sua fundação. Nasceu em 1910, em Fortaleza, herdeiro do industrial Antônio Diogo de Siqueira. Formou-se engenheiro civil pela Escola Politécnica da Bahia (1932). O perfil urbanístico de Fortaleza também tem seu traço, pois Waldyr Diogo atuou na indústria da construção civil – além da extração de óleos. Também foi presidente dos conselhos regionais do SESI e do SENAI e diretor regional do SESI e diretor tesoureiro da CNI. À frente da FIEC, estabeleceu convênios internacionais que resultaram em recursos financeiros e equipamentos para as atividades sociais do SESI e o ensino profissionalizante do SENAI, entre outras realizações. Waldyr Diogo morreu em 1970, no Rio de Janeiro.

Thomás Pompeu de Sousa Brasil Netto Filho do médico Thomás Pompeu Filho, era carioca (nasceu no Rio de Janeiro, em 1908). Destaca-se como principal organizador e presidente do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem do Ceará (até 1962) e presidente da Associação Comercial (entre 1955 e 1956). Em 1967, um novo desafio: a presidência da CNI, onde permaneceu, por meio de eleições sucessivas, por mais de um decênio. Unia modernidade e visão humanística no processo de industrialização, destaca o historiador Geraldo Nobre. Como exemplo, tem-se a idealização do Centro de Atividades Thomaz Pompeu de Souza Brasil do SESI/CE e do Centro de Formação Profissional de Tecnologia Gráfica Waldyr Diogo de Siqueira, na capital, e do Centro de Atividades do SESI no Crato. Thomás Pompeu morreu em 1985, em Fortaleza.

José Raimundo Gondim (interino – 1967-1970) Cearense nascido em 1921, era filho do empresário hoteleiro Efrem Gondim e se tornou célebre pela oratória “de primeira grandeza”. Deixou sua marca nos discursos de improviso e na defesa do desenvolvimento regional e local, numa época em que o Nordeste e o estado padeciam com a falta de infraestrutura e de crédito para as empresas e os agricultores. À frente da FIEC defendia, ainda, a interiorização da industrialização, colaborando com a vinda do Grupo Votorantim para o Ceará (em Sobral, foi instalada uma fábrica de cimento). Ao deixar a presidência da FIEC, dedicou-se, com o amigo Edson Queiroz, à implantação da Universidade de Fortaleza. Após a Segunda Guerra Mundial, saiu como major e se dedicou à empresa familiar Eisa, produtora de óleos vegetais.

Francisco José Andrade de Silveira Foi presidente da FIEC ao tempo em que Thomás Pompeu de Souza Brasil Netto comandava a CNI. Sua gestão foi marcada pela tentativa de unir forças e propósitos da classe empresarial em torno da FIEC. Com isso, a Federação também ganhava o dobro de sindicatos antes filiados, abrindo-se também à participação feminina. “Foi a partir de então que o próprio governador à época, César Cals Filho, passou a notar que existíamos e a ouvir-nos, estreitando as relações e dando mais importância às nossas reivindicações, viabilizando mais incentivos e apoio à indústria”, declarou à Revista FIEC 50 anos. Outra ação sua foi a reformulação administrativa do Sistema SESI/SENAI e a instalação pioneira, no Nordeste, do núcleo do Instituto Euvaldo Lodi (IEL/CE). Também contribuiu para a expansão do Sistema, implantando o Centro de Atividades do SESI no Crato e o Centro de Atividades da Barra do Ceará – em 1973. Instituiu ainda a Medalha do Mérito Industrial, “maior comenda da indústria cearense”, reconhecendo as pessoas que “ajudaram a dar impulso ao desenvolvimento econômico e social do estado”. É natural de Fortaleza, formado em Engenharia Civil (Escola de Engenharia Mackenzie de São Paulo). Atuou, principalmente, no segmento de tecelagem.

Fontes: O Processo Histórico de Industrialização do Ceará. Geraldo Nobre. 2ª edição revista e ampliada. Fortaleza, Fiec, 2001.– Revista Fiec. Edição comemorativa dos 50 anos. Fortaleza, 12 de maio de 2000. – Portal FIEC (www.fiec.org.br).

1977 1986 1992 1999 2006

José Flávio Costa Lima Na sua gestão, os sindicatos afiliados passam a ser ouvidos na escolha de dirigentes, “coisa até então delegada à Confederação Nacional da Indústria, sediada no Rio de Janeiro”, salienta o historiador Geraldo Nobre. Nesse processo de “democratizar a direção”, inclui Nobre, José Flávio Costa Lima também “convocou os jovens para exercerem seu papel empresarial e de cidadão, dentro de uma entidade de classe, transferindo a um pequeno grupo a direção do Centro Industrial do Ceará (CIC)”. Com sua visão de “gestão compartilhada”, mobilizou, renovou ideias e posturas. Outro reflexo disso foi a criação do Conselho de Política Econômica e Social da Indústria Cearense, inserindo representantes das universidades e de órgãos da administração pública nas discussões da entidade. José Flávio Costa Lima nasceu em Aracati, é formado em Direito pela Faculdade do Largo do São Francisco (SP). Foi eleito deputado federal em 1958 e 1966 e secretário da Indústria e Comércio do Ceará no governo de Adauto Bezerra.

Luiz Esteves Neto Contador e advogado que enveredou pelo setor gráfico, assumindo, ao lado do pai, uma função na gráfica Tiprogresso, desde 1940. Recusa-se a se entregar “ao marasmo, ao comodismo e à estagnação”, sempre acompanhando “um certo sentimento de renovação, de mudanças, de inquietação social” que sopra no Ceará. A partilha da gestão é também da sua cartilha. Na sua gestão, houve o surgimento do Sistema FIEC, com a inauguração da Casa da Indústria e a instalação das primeiras delegacias da FIEC no interior, expandindo o processo de interiorização e aproximando lideranças de eixos produtivos. Foi também diretor da CNI.

Fernando Cirino Gurgel Parceria era sua “chave-mestra” e que se fez símbolo das ações que pretendia realizar. Como desafio, tinha de tornar o setor industrial cearense capaz de se ajustar à economia globalizada. Era preciso elevar a competitividade da indústria cearense. CIC, CDL, Fecomércio, AJE, Facic e Associação Comercial se tornaram parceiros, agregando esforços, traçando metas comuns. Implantou, na FIEC, a unidade de Tecnologia da Informação e estruturou o Centro Internacional de Negócios (CIN), abrindo portas para o empresariado ao comércio internacional. Qualificou instrutores e modernizou laboratórios e oficinas do SENAI. Estabeleceu convênios e intercâmbios com universidades e institutos de pesquisa do Ceará ao exterior. Economista, formado pela UFC em 1976. Com 18 anos, começava a trabalhar com o pai, na Fundição Cearense, empresa de sua família. Hoje, é presidente da Durametal.

Jorge Parente Frota Júnior “Conciliação” regeu o discurso de Jorge Parente nas sucessivas vezes em que tomou posse da presidência da FIEC. Em seu entendimento, a Casa da Indústria deve resguardar a união em favor dos interesses comuns da economia cearense. Todos pelo estado era seu lema. Nesse sentido, além do aperfeiçoamento das parcerias na linha tecnológica e da ampliação do comércio exterior, investiu no conceito de responsabilidade social no âmbito empresarial. Jorge Parente nasceu em Fortaleza, em 1945. Gosta de rememorar a alfabetização pela mãe, dona Maria Augusta Espíndola Frota, professora primária na Fazenda Iracema, e a tenacidade do pai, Jorge Parente Frota, engenheiro agrônomo. É formado em Economia pela Universidade Federal do Ceará.

Roberto Proença de Macêdo No discurso de posse na presidência da FIEC, o dirigente do Grupo J. Macêdo planejava envolver empresários e governo na simplificação do sistema tributário, com a consequente redução da carga de impostos. Com o pagamento de menos tributos, defendia, é possível tanto reduzir a informalidade quanto à sonegação. Além disso, pretendia “recolocar a FIEC à altura das exigências econômicas, sociais e políticas dos novos tempos”. Em sua pauta, assinalou estimular o interesse de participação dos empresários. “A Casa é nossa, a FIEC é dos industriais, temos de exercitar a participação de todos e vamos começar agora”. Desafiava-se a fortalecer e reunificar a instituição. Roberto Proença de Macêdo nasceu em 1944, em Fortaleza. É formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Ceará.

Eles fizeram (e fazem) a história da FIECPRESIDENTES DA FIEC

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SENAI - Mão de obra e inovação para a indústria O SENAI/CE atua em 24 áreas industriais. A entidade é referência na educação profissional, desenvolvendo cursos para atender às necessidades atuais e futuras dos diversos segmentos da indústria do Ceará. Esses cursos são formatados a partir de metodologia com base em competências, em que são montados

comitês técnicos setoriais compostos por representantes de empresas, universidades, sindicatos e profissionais da própria entidade para identificar as demandas da indústria e o perfil dos profissionais requeridos pelo mercado. Além disso, o SENAI acompanha os egressos das suas escolas até um ano após a conclusão dos cursos para detectar o grau de inserção deles no mercado de trabalho. Outro eixo de atuação do SENAI/CE é o apoio à indústria em suas necessidades de inovação, por meio dos serviços técnicos e tecnológicos. A entidade atua como provedora de soluções destinadas à criação ou à melhoria de processos e produtos industriais, seja mediante consultorias, serviços laboratoriais ou disponibilizando informações tecnológicas. A concretização dos projetos estruturantes no Ceará ampliará a necessidade de formação de mão de obra para a indústria. Em setores como construção civil e metal-mecânico, a demanda por profissionais especializados é imediata. Segundo o diretor regional do SENAI/CE, Francisco das Chagas Magalhães, a entidade está se reestruturando para atuar em áreas como siderurgia/metalurgia, petróleo e gás e energia eólica. “Também estamos investindo na ampliação da capacidade de atendimento à construção civil, têxtil e confecção, TI, entre outros setores”, revela Magalhães.

Serviço: SENAI – www.senai-ce.org.br ou (85) 3421-5900.

IEL - Elo entre setor acadêmico e indústria O IEL nasceu inspirado na mentalidade inovadora de que a parceria universidade-indústria é fundamental para dar sustentação ao desenvolvimento do setor produtivo. Atua na perspectiva de que o uso de novas tecnologias pela indústria é condição indispensável para o crescimento em uma economia globalizada.

No ano de 2000, o IEL/CE, sintonizado com os ditames de competitividade, obteve certificação nas normas ISO, tendo como política da qualidade “contribuir para o desenvolvimento dos segmentos empresariais, por meio da transferência de conhecimentos gerenciais e tecnológicos, aprimorando continuamente os colaboradores e os métodos de trabalho”. A entidade desenvolve ações nas áreas de capacitação empresarial, consultorias e estímulo ao uso de novas tecnologias, além de ajudar as empresas a descobrirem novos talentos por meio do programa de estágio.

Serviço: IEL/CE – http://www.sfiec.org.br/iel (85) 3421.6505

AS CASAS DO SISTEMA FIEC

As casas do Sistema FIECDe forma sistêmica, a FIEC está inserida no setor industrial cearense de diversas maneiras. Seja no campo

político, institucional ou na área de serviços, o Sistema FIEC está apto, por meio de suas casas, para atuar

nos campos da educação, saúde, lazer, responsabilidade social, inovação tecnológica, estudos, pesquisas e

prospecção de tendências, entre outros. Conheça um pouco dessa estrutura.

SESI - Valorização do trabalhador A importância crescente do capital humano para a competitividade das empresas mostra o quão necessária é a atuação do SESI/CE para o setor industrial do Ceará. A entidade desenvolve ações voltadas às indústrias, aos industriários e a seus dependentes em quatro áreas de atuação: saúde; educação; cultura, esporte e lazer; e responsabilidade social. As competências básicas do trabalhador, por exemplo, são essenciais para o desenvolvimento das demais habilidades, inclusive profissionais, à medida que possibilitam o contínuo aprendizado e aperfeiçoamento durante a vida. Por isso o SESI/CE desenvolve ações de educação básica para elevar a escolaridade do industriário e de educação continuada, que se caracteriza por ser um processo permanente de aprendizado e

incorporação de conhecimentos que propiciam o desenvolvimento pessoal e profissional. O SESI/CE contribui para o estilo de vida saudável na indústria a partir da soma de ações nas áreas de saúde – segurança e saúde no trabalho (SST) e projetos de prevenção de doenças – e atividades de lazer, esporte e cultura, como o Programa Ginástica na Empresa, os Jogos do SESI e as atividades musicais. O retorno desse trabalho é garantido: o funcionário com boa saúde e autoestima elevada falta menos ao trabalho, tem mais disposição para as tarefas do dia a dia e produz melhor. Outro vetor de atuação do SESI é o estímulo à gestão socialmente responsável nas empresas. Além de trabalhos de promoção social consagrados, como a Ação Global e o Programa Cozinha Brasil, a entidade atua na capacitação de representantes de empresas cearenses para serem líderes na execução de projetos sociais, de modo que eles possam engajar suas organizações em ações planejadas e integradas. Com vistas ao futuro, o superintendente do SESI/CE, Francisco das Chagas Magalhães, afirma que a entidade vai manter a busca contínua pela excelência, atuando de acordo com o foco do seu cliente. “Não podemos esquecer a comunidade onde atuamos, mas vamos nos manter fiéis ao nosso público principal: as indústrias, seus trabalhadores e dependentes”, afirma. Nesse sentido, o SESI vai privilegiar cada vez mais a oferta de soluções integradas para o setor industrial em educação, saúde, esporte, cultura, lazer e responsabilidade social.

Serviço: SESI – www.fiec.org.br/sesi ou (85) 3421-5800.

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FIRESO – Responsabilidade social na indústria cearense Braço do Sistema FIEC que realiza ações de responsabilidade social no segmento empresarial, o FIRESO foi fundado em 2005 com a missão de catalisar, induzir e divulgar ações no campo da responsabilidade social nas empresas, além de estimular a formação de redes de colaboração que agreguem valor às empresas e contribuam para o desenvolvimento sustentável. O Instituto possui atuação diversificada. Entre os exemplos estão o Formação Cidadã (rede de compromissos sociais com instituições de ensino superior particulares do estado), Difusão da Cultura Indígena (programa de inclusão social e resgate do patrimônio artístico-cultural de diferentes etnias indígenas do estado), além de apoiar o Agentes de Responsabilidade Social, programa desenvolvido pelo SESI cujo objetivo é ampliar a atuação das empresas cearenses no campo da responsabilidade social, por meio da sensibilização e formação de profissionais em executores de projetos sociais. Além desses programas, a equipe do FIRESO atua em várias frentes, que vão desde a promoção de palestras de líderes do terceiro setor até a militância em campanhas de arrecadação e doação de alimentos a comunidades carentes, seja em períodos de seca ou de enchente. Todos os projetos e ações são realizados com o apoio do SESI.

Serviço: FIRESO – http://www.sfiec.org.br/fireso/ (85) 3421.5845

INDI – Atraindo investimentos para o Ceará Lançado oficialmente em 9 de fevereiro de 2004, o INDI é uma entidade constituída pela FIEC, em aliança com instituições de caráter tecnológico, financeiro e de fomento ao setor industrial, que objetiva catalisar ações voltadas à atração de investimentos, ao desenvolvimento de novos negócios, à recuperação de empresas, à inovação tecnológica das empresas locais e ao estímulo à formação de poupança e de fontes financiadoras das atividades produtivas da indústria, agroindústria e atividades produtivas correspondentes. Também estão na pauta do INDI a priorização da livre iniciativa, o incentivo à formação de joint-ventures, a abertura e expansão de mercados, a promoção dos produtos cearenses e a otimização dos meios de produção disponíveis. Na sua estrutura administrativa, o INDI é composto pelo Conselho Deliberativo, Conselho Fiscal, Diretoria Executiva, Secretaria Executiva e quatro unidades de trabalho, responsáveis pela gestão dos programas e projetos a serem implementados. São elas: Unidade de Economia e Estatística, Unidade de Articulação de Crédito, Unidade de Investimentos e Negócios e Unidade de Fomento a Cadeias Produtivas.

Serviço: INDI – http://www.fiec.org.br/indi/ (85) 3421.5490

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Perfil & perspectivas

SALTO HISTÓRICOA grande expectativa é que o estado do Ceará cresça no rastro dos projetos-âncora que estão chegando, associados a investimentos em infraestrutura

Com foco no mercado interno e parti-cipação expressiva do setor de servi-ços, a economia do estado do Ceará possui um amplo potencial de cresci-

mento a ser explorado, especialmente em rela-ção ao segmento industrial, que ao longo dos últimos 60 anos tem se delineado como uma das vocações marcantes por aqui. Desde o iní-cio do processo de industrialização, até a imple-mentação da política de incentivos fiscais para atrair empresas ao Ceará, à época do governo Tasso Jereissati, muitas mudanças ocorreram na sua trajetória econômica. Mas aquele boom tão esperado – que irá transformar definitivamente a feição da indústria do Ceará e, por conseguin-te, promover o desenvolvimento econômico cea-rense – ainda está por vir. Siderúrgica, refinaria, estaleiro são exemplos de indústrias intensivas de tecnologia que, na percepção de muitos es-pecialistas, agregarão valor incomensurável à nossa economia.

“Temos uma indústria de transformação tradicional intensiva de mão de obra, voltada aos setores de calçados, têxtil, alimentos e bebidas. Esperamos que os empreendimentos projetados, especialmente para o Complexo In-dustrial e Portuário do Pecém (Cipp), tragam indústrias com investimento mais pesado. Caso se efetivem esses projetos, teremos chance de dar um salto tanto na economia como em qua-lidade. Diante disso vamos ter de correr para

qualificar os profissionais necessários. Muitos serviços vão ser demandados, mas de forma mais qualitativa”, observa Eloísa Bezerra, eco-nomista do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).

A aprovação do Cipp deve facilitar o processo de licenciamento das empresas que virão para o local. O documento já foi elaborado e se en-contra, desde 2009, sob análise do Ibama. Posto em prática desde 1996, o Complexo começou a funcionar sem licenciamento próprio, o que levou a Justiça a obrigar o governo a prepará-lo sob pena de suspensão de todos os contratos com novos empreendedores para o complexo.

Os empreendimentos

projetados, especialmente

para o Complexo

Industrial e Portuário do

Pecém, trarão indústrias

com investimento mais

pesado

Siderúrgica e refinaria são exemplos de indústrias

intensivas de tecnologia que agregarão valor à

economia do Ceará

| RevistadaFIEC 60 anos | Maio de 2010�0 �1Maio de 2010 | RevistadaFIEC 60 anos |

Morosidade complica

M as estamos mais perto do que longe desse esperado boom. Mensagem da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o exercício de 2011, encaminhada pelo

Executivo à Assembleia Legislativa em 27 de abril último, informa que o Ceará vai receber investimentos públicos superiores a R$ 6,6 bilhões, no triênio 2011-2013, sendo R$ 2,6 bilhões já no próximo ano; R$ 2,1 bilhões, em 2012; e R$ 1,9 bilhão, em 2013. Entre as prioridades na alocação dos recursos estão o Centro de Eventos do Ceará, infraestrutura para a Copa 2014, Cinturão Digital, Eixo de Integração das Águas (trechos 4 e 5), Progerih II, com novos açudes estratégicos e adutoras, infraestrutura portuária do Pecém, Programa Rodoviário Ceará III, infraestrutura turística e Aquário do Ceará, além de outros investimentos.

No entanto, alguns desses empreendimentos, sobretudo os estruturantes, vêm enfrentando morosidade nos processos de licenciamento ambiental, o que preocupa o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Roberto Proença de Macêdo, para quem, no Brasil, toda a questão ambiental é sempre mais difícil de se contornar. “No Ceará, o processo é ainda mais complicado”, acentua. Ele acrescenta: “Fico na dúvida sobre o motivo: se é o extremo rigor, a interpretação da lei, ou a falta de pessoas nos órgãos ambientais para dar celeridade aos processos. O certo é que há muita demora, atrasando o desenvolvimento, e o ritmo dos projetos é outro. E isso não interessa a ninguém. Por causa desses atrasos, o Ceará está perdendo a oportunidade de dar mais emprego e renda à população”.

Segundo Roberto Macêdo, o próprio governador Cid Ferreira Gomes vem reclamando dessa morosidade, provando que a dificuldade é real. A preocupação do chefe do Executivo estadual está voltada para a questão da competitividade do Ceará na briga pela atração de empreendimentos. A relação entre essas duas coisas é esclarecida pelo presidente da FIEC: “O investidor tem um cronograma. E, quando ele perde tempo, acaba optando por um outro local”.

O conflito entre os interesses de empreendedores na instalação de seus projetos e as determinações das leis ambientais é conhecido. No caso das eólicas, por exemplo, são comuns os litígios questionando a localização dos parques. Sobre o assunto, ele pondera: “O caso das eólicas é específico. Normalmente, envolve beira de praia, é duna, uma área muito

Roberto Proença de Macêdo, presidente da FIEC

“ “

O caso das eólicas é específico. Normalmente, envolve beira de praia, é

duna, uma área muito sensível para a degradação, e necessita mesmo de certos cuidados.

sensível para a degradação, e necessita mesmo de certos cuidados. Mas também há empreendimentos turísticos que enfrentam esses problemas. Quando têm de recuar na sua localização, perdem um pouco do charme, por não estar na beira da praia”, diz Roberto Macêdo.

Para resolver esses conflitos, ele sublinha que é preciso haver uma solução para os problemas de interpretação das leis. “Tem muita lei que ainda não foi regulamentada, e a nossa ainda é dúbia, tem diversas interpretações diferentes, o que acaba complicando. Com leis mais claras e com menos margem para interpretação, e ambos os lados respeitando o que está posto, não haveria tais problemas. É preciso leis que evitem esses gargalos. Os países desenvolvidos possuem leis bem claras”, finaliza Roberto Macêdo.

O Centro de Eventos e

o Acquario Ceará são

empreendimentos que

prometem atrair visitantes

e movimentar ainda mais a

economia do estado

Ceará atrai turistas

C onsiderando a participação no Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará, dados do Ipece mostram que a indústria ainda ocupa o segundo plano. O setor de serviços

responde por 70,24% das riquezas cearenses. A indústria vem em seguida, com 23,57% do total, enquanto a agropecuária tem apenas 6,19% de participação. Embora com menor peso no PIB, a agropecuária continua sendo fundamental para o Ceará porque impacta diretamente na cadeia de setores industriais importantes, como calçados, têxtil, alimentos e bebidas, ressalta Eloísa Bezerra.

A mudança de perfil vislumbrada pela economista também dará impulso a áreas como o turismo, que tem se mostrado

como uma das principais vocações do estado. O Ceará atrai cada vez mais turistas e, com isso, dinamiza outros setores da economia, como a indústria hoteleira, o comércio, os segmentos de restaurantes e lavanderias, entre outras atividades na área de serviços. Levantamento da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), no âmbito do Plano Aquarela 2020 – programa do governo federal que se propõe a promover o destino turístico Brasil no mercado internacional –, mostra que a entrada de divisas no país, com a vinda de turistas estrangeiros, cresceu 114% entre 2003 e 2009, enquanto o índice de crescimento mundial chegou a 66% no mesmo período.

A tendência, diante da realização de eventos esportivos

| RevistadaFIEC 60 anos | Maio de 2010�2

O artesanato hoje transcende a figura da tradicional mulher rendeira

mundiais como a Copa do Mundo de 2014, em vários estados brasileiros, e as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, é que o turismo passe a movimentar mais dividendos na economia brasileira. Para o secretário do Turismo do Ceará, Bismark Maia, o Ceará também lucrará mais, já que Fortaleza é uma das sedes da Copa de 2014. De olho nesses eventos, o governo do estado, por meio da Setur, pretende investir este ano R$ 10 milhões na capacitação de mão de obra voltada ao setor turístico e outros R$ 7 milhões somente em promoção comercial no mercado externo. “O Ceará está agindo como indutor, mas o setor privado é o responsável maior pelo processo de capacitação. Estamos começando pelo litoral oeste, litoral leste e Cariri”, antecipa.

Outros empreendimentos que prometem atrair visitantes e movimentar ainda mais a economia do estado são o Centro de Eventos e o Acquario Ceará. O primeiro já se encontra em obras. O segundo obteve no último mês de abril o aval do Ministério do Planejamento e a autorização da União para contratar financiamento de US$ 105 milhões, visando à construção do projeto e aquisição de bens e equipamentos, além da gestão do equipamento, que será na Praia de Iracema. Os recursos serão financiados pelo banco de desenvolvimento norte-americano Ex-Im Bank (Export-Import Bank of the United States), com contrapartida de US$ 45 milhões do governo estadual. Também deve sair do papel a duplicação da CE-085, no trecho que liga Caucaia a Paracuru. O empréstimo dos US$ 112 milhões necessários para a realização da obra será tomado

na Corporación Andina de Fomento (CAF), após autorização do Ministério do Planejamento. A contrapartida do estado somará US$ 48 milhões.

Outro destaque da economia cearense é o artesanato, que hoje transcende a figura tradicional da mulher rendeira, gerando ocupação e renda para famílias inteiras, especialmente nas comunidades interioranas. A renda de bilro, a arte das cestarias e traçados de palha para confecção de chapéus, bolsas e cestas; os artefatos de cerâmica ou de couro; a produção de redes de dormir; o artesanato de metal e de madeira, bem como a xilogravura e o cordel, continuam presentes na cultura e na economia do estado.

Comércio exterior

E m relação ao comércio exterior, a indústria do Ceará deu um salto qualitativo em sua pauta de exportação no ano de 2001, quando a participação dos produtos industrializados

ultrapassou a de produtos primários. Durante 16 anos (de 1984 a 2000), as exportações cearenses foram lideradas pela castanha de caju. Em 2001, ela foi superada pelos calçados. O impulso se deu em consequência do programa de atração de investimentos e incentivos fiscais implementado em meados de 1990, quando aportaram várias indústrias no Ceará, e a ações realizadas pela FIEC por meio do Centro Internacional de Negócios (CIN).

Outro salto, agora quantitativo, nas exportações do estado foi a superação da marca de U$ 1 bilhão no total das vendas externas anuais. Dados estatísticos do Ceará em Comex – estudo realizado pelo CIN – revelam que, em 2007, o Ceará exportou cerca de US$ 1,14 bilhão. Em 2008, ano em que foi deflagrada a crise mundial, as exportações atingiram o recorde US$ 1,27 bilhão. Em 2009, a soma foi de US$ 1,08 bilhão.

Para Eloísa Bezerra, a boa performance do estado em tempos de crise está relacionada à representatividade do mercado interno em nossa economia e à evolução das exportações. “Diversificamos a pauta de exportação e os mercados-destino. Por isso temos reagido bem às crises internacionais. Por outro lado, somos dependentes do mercado interno. Para nós, pior que a crise mundial seria uma seca, que afetaria a agropecuária, trazendo graves prejuízos aos principais segmentos industriais do estado”, reforça.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) confirmou, em março último, a retomada do comércio exterior cearense. As exportações no respectivo mês somaram US$ 113,4 milhões – o melhor resultado desde setembro de 2008 (US$ 131,4 milhões), quando a crise internacional estourou. O resultado é também o melhor de toda a série histórica divulgada pelo Mdic. Entre os estados brasileiros exportadores o Ceará ocupa a 14ª posição. Na região Nordeste, figura como o segundo maior do ranking, perdendo apenas para a Bahia. Os Estados Unidos continuam sendo o principal destino dos produtos embarcados pelo Ceará. O segundo é o Reino Unido.

Em 2010, as perspectivas do Ceará em relação ao mercado externo também são positivas, segundo o CIN. “Devemos superar as exportações de 2009, mas não dá para arriscar qual índice de crescimento vamos ter. Tivemos dois anos de crise que afetaram todos os países do mundo. E quando pensamos que o pior já tinha passado, uma crise de menor proporção eclodiu em países da União Europeia, como Portugal, Grécia, Holanda e

Espanha, abalando a sustentabilidade das exportações”, pondera o superintendente do CIN. Para ele, na conjuntura atual, a simples manutenção das exportações já significa um sinal de vitalidade da economia cearense. “O estado só deverá avançar quando tiver uma indústria estruturante”, sentencia Eduardo Bezerra.

As relações do Ceará com o mercado externo, porém, não se baseiam somente nas exportações. Até a crise enfrentada pela União Europeia está se traduzindo numa promissora oportunidade de negócios para o estado. No fim de abril último, uma comitiva de investidores portugueses, liderada pela Associação Industrial do Distrito de Aveiro – entidade parceira do CIN/FIEC em Portugal, veio ao Ceará prospectar empresas locais para a formação de joint-ventures. Fugindo de um cenário de incertezas, os empresários lusitanos não impõem limites ao volume de investimentos a serem aplicados no estado.

“Estamos abertos para fazer negócios. A coisa não está boa em Portugal. Aqui temos a facilidade linguística, além de uma relação histórica e de laços familiares. As perspectivas são muito boas. Vai depender dos parceiros”, garante Manuel Portelinha, da Hant de Gamme, fabricante portuguesa de móveis de madeira, que possui filiais em Dubai, França, Itália e Angola. A empresa tem faturamento anual de 28,6 milhões de euros, gera 282 empregos diretos na matriz, em Portugal, e cerca de 600 indiretos nos outros países. A empresa venceu recentemente uma concorrência internacional orçada em 500 milhões de euros, com prazo de duração de dois anos. “Dá para imaginar o potencial de investimentos que temos para o Ceará”, observa Manuel Portelinha.

Eduardo Bezerra, superintendente do CIN“ “Devemos superar as exportações de 2009, mas não dá para arriscar qual índice de

crescimento vamos ter.

��Maio de 2010 | RevistadaFIEC 60 anos |

Flores & frutas

N os últimos 16 anos, o Ceará deu um salto exponencial na exportação de frutas, saindo

de US$ 874 000, em 1994, para quase US$ 106 milhões no ano passado. O estado, sem tradição de cultivo por ter sido colonizado por criadores, especialmente vaqueiros, passou de uma participação insignificante nas exportações nacionais (0,5%) para se tornar o segundo maior exportador do Brasil, sendo superado somente pela Bahia.

Segundo o presidente do Instituto Frutal, Euvaldo Bringel Olinda, a competitividade do setor foi construída ao longo dos anos por meio de investimentos em capacitação, tecnologia e atração de novos negócios. Mas, para ele, o grande diferencial do estado está na logística. “Temos a maior logística de exportação de frutas do Brasil”, afirma Bringel, que atribui o fato principalmente à expansão do Porto do Pecém e aos investimentos em melhores mecanismos de operação no terminal.

O incremento do setor não deve parar por aí. A expectativa é crescer muito mais, na esteira de

quatro grandes projetos setoriais em evolução no Baixo Acaraú, em Tabuleiro de Russas,

Jaguaribe-Apodi e Araras, na região norte. A perspectiva do Instituto Frutal é que, nos próximos cinco anos, o Ceará lidere o ranking dos estados exportadores de frutas do

Brasil e se torne centro de referência em tecnologia e logística do setor em

todo o país. Um dos impulsos para isso, na opinião de Bringel, é a Transnordestina.

De acordo com João Teixeira Júnior, um dos maiores produtores de mamão e banana no Vale do Jaguaribe, as vantagens competitivas do estado podem antecipar a liderança nas exportações brasileiras. “Até o fim do próximo ano, podemos

nos tornar os primeiros”, projeta o empresário, diretor da Frutacor. João Teixeira aponta, entre os fatores que contribuem para o incremento das exportações de frutas do Ceará, os recursos naturais – solo, água e muito sol o ano todo; a posição geográfica – maior proximidade com a Europa e os EUA; a logística boa do Porto do Pecém e o suporte do Porto do Mucuripe; grandes investimentos como o Castanhão e os perímetros irrigados; o apoio do governo estadual, por meio do Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec), da extinta Secretaria de Agricultura Irrigada e da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece); a infraestrutura das estradas e a política de atração de investimentos, além da diversidade da pauta de exportação do setor, que inclui banana, manga, melão, melancia e, até o ano passado, abacaxi.

Para chegar lá, o empresário lembra que ainda estão sendo superados alguns gargalos. “A supervalorização do real, a última crise mundial, o baixo crescimento da economia da Europa, as barreiras fitossanitárias e a tarifação nos EUA são fatores externos prejudiciais ao nosso setor”, enumera. No mercado interno, constituem entraves os encargos sociais, a alta carga tributária e a infraestrutura deficitária das estradas nos municípios cearenses. Outro ponto fraco, segundo ele, é a logística aérea. “Nesse ponto, não somos competitivos nem com frutas ou flores”, reforça.

Euvaldo Bringel acredita que o impasse só seja solucionado com aviões cargueiros partindo diretamente de Fortaleza aos respectivos destinos. “As exportações de flores terão outra dimensão quando os cargueiros forem viabilizados. Poderemos exportar muito mais”, completa. Atualmente, o Ceará exporta aproximadamente US$ 35 milhões em flores por ano, ocupando a vice-liderança das exportações brasileiras, logo depois de São Paulo. Em relação às rosas, o estado é primeiro do ranking nacional. A performance poderia ser melhor não fosse a crise financeira mundial.

Segundo o presidente da Câmara Setorial de Flores e Plantas

Ornamentais do Estado do Ceará, Gilson José Leite Gondim Filho, nos últimos dois anos as exportações pararam de crescer e o setor precisou se voltar ao mercado interno. “Disponibilizamos plantas em supermercados e outros estabelecimentos comerciais e iniciamos com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) a campanha Natureza no Trabalho, estimulando o uso de plantas nos locais de trabalho baseado nos benefícios que elas causam à saúde, entre outras ações.”

Gilson Gondim acredita que o associativismo colocará o setor num patamar mais elevado. “Temos de trabalhar em conjunto para atender à demanda do cliente europeu. Ele quer comprar vários tipos de plantas e aqui cada produtor cultiva no máximo dois. Precisamos unir nossa produção para conseguir

atendê-lo”, diz o empresário, para quem o principal desafio a ser superado pelo segmento é a qualificação de mão de obra. As vantagens, porém, superam os obstáculos. “Queremos implementar um crescimento superior a 10% ao ano”, planeja.

Otimista, o empresário Carlos Matos, ex-secretário da Agricultura Irrigada, acredita que, em 2020, a floricultura poderá gerar mais 13 000 empregos diretos no estado. “O estágio mais difícil já foi superado. De 1998 pra cá, o Ceará se tornou referência internacional em qualidade técnica e econômica. Quem poderia imaginar que seríamos o maior exportador de rosas do Brasil?”, questiona. Para Matos, o setor está em crescimento e os produtores daqui têm capacidade de concorrer com qualquer outro do mundo.

Infraestrutura

Ovice-presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC), empresário Francisco Queiroz Maia Júnior, que ocupou no estado as pastas de vice-governador do Ceará e

de secretário de Planejamento e de Infraestrutura, afirma que nosso principal desafio é superar o déficit de infraestrutura acumulado ao longo dos anos em relação a outros países, regiões e demais estados brasileiros. Para ele, sem uma política de desenvolvimento regional, em nível nacional, sem planejamento da esfera federal para equalizar as diferenças entre estados e regiões do país, é impossível que o Ceará consiga sozinho alavancar o seu desenvolvimento.

Apesar das diferenças, na última década o Ceará tem apresentado crescimento superior à média nacional. Em 2003, enquanto a taxa de crescimento do PIB brasileiro foi de 1,1%, o Ceará cresceu 1,6%. Em 2008, ano em que a crise mundial surgiu, o país teve taxa de 5,1%, contra alta de 7,1% sobre o PIB do estado – menor somente que em 2006, quando experimentamos 8% de incremento em nossas riquezas. No ano passado, ainda sob o efeito da crise, o Brasil sofreu retração 0,19%, enquanto o PIB cearense teve elevação de 3,1%.

Mesmo com índices superiores aos do Brasil, ainda falta muito para a economia do Ceará virar a página e atingir o nível de desenvolvimento necessário para reduzir as diferenças regionais em relação aos estados do Sul e Sudeste. Para Maia Júnior, ainda não se traduziu um crescimento econômico para tirar o Ceará desse patamar. A grande expectativa é que o estado cresça por meio dos projetos-âncora que estão chegando. Segundo ele, existe uma defasagem negativa da ordem de 30% para que o Ceará

alcance a média dos indicadores do Brasil. “Se comparar com o Sul, a diferença vai para 50%”, estima.

Para compensar tamanha desigualdade, não apenas grandes projetos estruturantes devem ser vislumbrados pelo Ceará. Além da construção de uma siderúrgica e de uma refinaria – projetos que o governo estadual sonha há mais de 30 anos, é preciso investir na solução de problemas de infraestrutura, como o acesso a saneamento básico e a rede coletora de esgoto, a universalização da telefonia, o acesso à internet e a conclusão do projeto de integração das águas.

Para que o déficit de infraestrutura não continue a barrar a competitividade da indústria, Maia Júnior defende que haja um fortalecimento das políticas públicas, sob pena de perdemos empreendimentos para estados vizinhos. Segundo ele, a experiência noutros países tem mostrado que quanto mais se investe em infraestrutura, melhor se torna a renda per capita da população e mais se movimenta a economia. Uma coisa impulsiona a outra, como num círculo virtuoso.

Nesse contexto, o vice-presidente do CIC aponta como principal desafio levar a rede coletora de esgoto a todos os habitantes do estado. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2006, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que apenas 34,4% da população cearense tem acesso a esse serviço. Na região metropolitana de Fortaleza, 49,6% dos habitantes contam com rede de esgoto. Em contrapartida, o estudo conclui que o estado está bem posicionado em relação à iluminação elétrica. Cerca de 99,2% da população tem acesso à luz elétrica – índice atingido por meio do

CRESCIMENTO ECONÔMICO DO CEARÁ – 2003/2008/2009

7%

6%

5%

4%

3%

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2003 2008 2009

CearáBrasil

Em 2003 – crescimento do PIB brasileiro foi de 1,1%, enquanto o Ceará cresceu 1,6%. 2008 – o país teve taxa de 5,1%, contra alta de 7,1% do estado.2009 – sob o efeito da crise, o Brasil sofreu retração 0,19%,enquanto o PIB cearense teve elevação de 3,1%.

programa Luz para Todos, que teve início no Ceará e hoje está incorporado às ações do governo federal pelo país afora.

Conforme o secretário Roberto Gomes, da Fundação Habitacional de Fortaleza (Habitafor), a falta de saneamento tem sido um dos principais entraves à consolidação, no Ceará, do programa de habitação popular do governo federal Minha Casa, Minha Vida. Balanço realizado no início de abril revelou que o estado estava em penúltimo lugar em número de projetos contratados frente às demais unidades da Federação, superando somente o Amapá. O motivo é que a maioria dos terrenos apresentados pelas construtoras à Caixa Econômica Federal, para as moradias da faixa de zero a três salários mínimos, ficam em áreas mais periféricas das cidades, que ainda não estão ligadas à rede coletora.

Como a perspectiva para a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) atender a todo o estado é de até dez anos, o Conselho Estadual de Meio Ambiente (Coema), em reunião extraordinária, aprovou por unanimidade a flexibilização das exigências

A duplicação da

BR-116 é um dos

dos investimentos de

importância na melhoria

da infraestrutura social

do Ceará

| RevistadaFIEC 60 anos | Maio de 2010��

Abusca da transformação social adotada pelo Ceará pela via da capacitação

tecnológica da população tem o efeito de uma revolução tranquila, na opinião de Luiz Odorico Monteiro de Andrade, presidente do Instituto Centec. A educação profissional e tecnológica é foco de programa continuado de investimentos dos governos do estado e federal, que recebe também o aporte de recursos de emendas da bancada federal. As iniciativas do governo do estado – Secretaria de Educação (Seduc) e Centec –, do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia (IFCE) e do Sistema S fazem parte de um plano de educação profissional e tecnológica multi-institucional, que articula o Sistema de Educação Profissional e Tecnológica com metas consensuais e gestão compartilhada.

Como resultado parcial do esforço conjunto, o total de campus do IFCE este ano chega a 17 unidades e o número de alunos triplica em relação ao que era em 2005 (7 000 estudantes) para 21 000, com presença em 32 municípios do estado. A Seduc implantou 59 das 125 escolas de educação profissional programadas pelo governo, que ofertam cursos técnicos no ensino médio em período integral.

Então sendo implantadas duas Faculdades de Tecnologia Centec (Fatec) em Itapipoca e Iguatu que integram o Instituto Centec, o Centro de Educação a Distância em Sobral, que ministrará cursos de capacitação por meio da infraestrutura de comunicação do cinturão digital e o investimento maior: o Centro de Treinamento Técnico do Ceará (CTTC) no Complexo Portuário e Industrial do Pecém para capacitar os trabalhadores da siderúrgica, refinaria, termelétricas, de projetos de energia renovável e mineração.

“Os investimentos em infraestrutura que o estado recebe trazem significativo impacto no aumento do PIB, mas de modo efetivo vão poder

reduzir as desigualdades ao serem apropriados pela população que se qualifica de modo a participar da distribuição da riqueza”, observa Luiz Odorico. Ele reforça que “os melhores investimentos são atraídos pelo alto nível da capacitação, pois a educação superior e o conhecimento constituem o melhor instrumento de inclusão social”.

Sem a geração do conhecimento não há inovação. A inovação tecnológica é fator de aumento de produtividade e competitividade. O patamar que o estado ocupa hoje, no âmbito do desenvolvimento e melhoria na qualidade de vida, ainda está longe de corrigir as diferenças regionais, mas já representa um avanço na competitividade da economia cearense. Na trajetória de instituições como a Universidade Federal do Ceará (UFC), que em 2009 fez 50 anos; SENAI/CE, entidade do Sistema FIEC

O laboratório de

instalações elétricas do

SENAI/CE faz parte do

programa de educação

profissional e tecnológica,

foco de investimentos

dos governos do estado

e federal

Inovação & educação profissional

ambientais vigentes no estado, para instalação de sistemas de esgotamento sanitário simplificados, em 33% da área de Fortaleza. Segundo o assessor especial da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), Breno Carvalho, a medida deverá alavancar o Minha Casa, Minha Vida, que havia esbarrado no fato de a legislação ambiental do estado ser bem mais exigente do que no restante do país.

Além de energia e saneamento, porém, Maia Júnior afirma que é preciso investir em educação, habitação, mobilidade urbana e meio ambiente para melhorar a infraestrutura social do Ceará. Considerando o capital físico, ele aponta como

fundamental a realização de investimentos no Porto do Pecém, Transnordestina, duplicação da BR-116, transposição do Rio São Francisco, nas Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs), em energias alternativas, na manutenção de rodovias e nas telecomunicações. Para Maia Júnior, a Transnordestina vai criar uma maior dinâmica entre o Ceará e outros centros produtivos da região nordestina. Em relação à matriz energética, o empresário lembra que o estado vem tendo grandes avanços, especialmente com o investimento em energia eólica. No campo das telecomunicações, diz que o governo está dando um grande passo com o cinturão digital.

“ Quanto mais se investe em

infraestrutura, melhor se torna a renda

per capita da população e mais se movimenta

a economia. Uma coisa impulsiona a outra,

como num círculo virtuoso.

Francisco Queiroz Maia Júnior, vice-presidente do CIC

�1Maio de 2010 | RevistadaFIEC 60 anos |

que atua há mais de 60 anos no estado; e IFCE, que comemorou cem anos de criação no ano passado, foram colocados no mercado de trabalho gerações de profissionais que fazem a diferença na indústria, na economia, na cultura e na sociedade em geral.

Para Odorico Monteiro, com a interiorização da UFC em Juazeiro do Norte, Sobral e Quixadá, numa sinergia com o IFCE, Centec e Escolas de Educação Profissional da Seduc, este efeito tende a se multiplicar. “A oferta da educação superior nestas cinco décadas produziu impactos positivos em Fortaleza, mas nas próximas vai disseminar resultados por todo o interior do estado pela ação sinérgica do Instituto Centec, IFCE, Seduc e Sistema S”, destaca.

O cinturão digital – infraestrutura de comunicação em alta velocidade que cobre mais de 80% da população urbana do Ceará, potencializa o alcance do sistema de educação profissional e tecnológica a todo o estado, por

meio das ferramentas de educação a distância. A banda larga, com barateamento e maior qualidade e universalização do acesso, constitui fator de desenvolvimento com instrumentos de gestão nas áreas de saúde, educação e informação em geral, com benefícios para a transparência e eficiência no setor público e na sociedade em geral.

Luiz Odorico Monteiro de Andrade, presidente do Instituto Centec

“A oferta da educação superior nestas

cinco décadas produziu impactos

positivos em Fortaleza, mas nas próximas

vai disseminar resultados por todo o interior

do estado pela ação sinérgica do Instituto

Centec, IFCE, Seduc e Sistema S.

Novo cenário para o emprego

Não existe um paralelo na história do Ceará em relação ao ciclo de crescimento econômico vivenciado

pelo estado nos últimos 60 anos. Saímos de uma indústria incipiente, baseada em esforços individuais, para trabalhar com metas coletivas orquestradas pelo governo estadual. Toda perspectiva de desenvolvimento cearense tende a ser alterada com os grandes projetos previstos. Aos poucos, a infraestrutura e a educação profissional vêm ocupando a posição de carro-chefe. A siderurgia é uma das pedras dessa nova perspectiva a ser firmada no Complexo Portuário do Pecém. Enquanto isso, o Metrofor consolida o arcabouço logístico de uma nova realidade econômica, que tende a transferir a vocação no turismo, serviço e comércio para uma nova era com foco na industrialização de alto valor agregado.

A transição para esse novo cenário, segundo o presidente do Sistema Nacional de Empregos/Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (Sine/IDT), Francisco de Assis Diniz, marcou o ano de 2009. “No ano passado, foram criados 64 400 empregos formais no Ceará, revelando um crescimento vertiginoso em relação a 2008, quando tivemos 43 000 vagas. Ao longo dos últimos anos, nosso patamar era de 22 000 empregos”, frisa. De acordo com Diniz, o ganho não se deu apenas em relação à quantidade de postos gerados, mas também ao redirecionamento dos investimentos para polos no interior. Ações do governo para trazer ao estado jogos da Copa do Mundo de 2014 mostram que o Ceará está antenado. Investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), especialmente no contexto do Minha Casa, Minha Vida, também contribuem para o desenvolvimento da economia local, assim como para o processo articulado de qualificação de mão de obra.

Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), também apontam para a mudança no perfil do mercado de trabalho do Ceará, segundo o presidente do Sine/IDT. “Nos últimos 25 anos, no período de janeiro a março, sempre registramos dados negativos no Caged, mas no primeiro trimestre de 2010 tivemos um saldo positivo de mais de 2 500 postos de trabalho”, festeja.

Segundo Diniz, o resultado reflete os investimentos em qualificação de mão de obra. “Ao longo dos anos, a FIEC, por meio das estruturas do SESI e do SENAI, vem contribuindo para qualificar mão de obra voltada à indústria cearense. Esse esforço continuará sendo fundamental”, diz. Segundo ele, apesar da intervenção do governo com a criação do Centro de Treinamento do Porto do Pecém, não há possibilidade de a qualificação ser desenvolvida separadamente pelo poder público. “É preciso a sinergia do governo estadual com a iniciativa privada para agilizar ações de qualificação profissional. A expectativa é que sejam nossos os postos de trabalho gerados pelas obras estruturantes que estão chegando”, reforça Francisco de Assis Diniz.

É preciso juntar toda a estrutura existente no campo da formação e qualificação profissional para redimensionar e verificar as vocações visando potencializar a preparação dentro da academia e instituições de ensino técnico. O Ceará precisará de mão de obra qualificada para o chão de fábrica, para elaboração de projetos e de técnicos especializados para o melhor aproveitamento das oportunidades que surgem em território cearense.

“Ao longo dos anos, a FIEC,

por meio das estruturas do

SESI e do SENAI, vem contribuindo

para qualificar mão de obra voltada

à indústria cearense. Esse esforço

continuará sendo fundamental.

Francisco de Assis Diniz, presidente do SINE / IDT

��Maio de 2010 | RevistadaFIEC 60 anos |

Pronto para os novos tempos

Atuante nas áreas de educação profissional, educação do trabalhador e inovação tecnológica, o Sistema FIEC está pronto para os desafios e demandas que

surgirão com os novos tempos que chegam ao Ceará. A ampliação do Porto do Pecém, a implantação da siderúrgica, a aceleração das obras do Metrofor, a construção e ampliação de aeroportos, a conclusão da instalação de duas termelétricas e a construção de resorts são exemplos de empreendimentos que indicam um futuro mais promissor para o estado.

“Projetos como o da siderúrgica do Pecém mudarão definitivamente o perfil socioeconômico do nosso estado, viabilizando a instalação de novas indústrias que formam a cadeia produtiva do setor metal-mecânico, inclusive a indústria automobilística”, destaca o presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, fazendo alusão à siderúrgica do Pecém, que iniciará sua implantação no ano do sexagenário da Federação.

Diante da perspectiva de concretização dos projetos estruturantes e de obras do governo do estado, o Sistema FIEC já está ampliando ações que impactem no

desenvolvimento da indústria do estado, especialmente por meio do SESI e do SENAI. Para as duas casas, estão previstos ao longo de 2010 investimentos em novos equipamentos e a reforma de unidades, como a implantação do Centro Integrado SESI/SENAI em Sobral. Novos cursos de educação profissional – inclusive na área de siderurgia – também passam a ser ofertados.

Sobral receberá investimentos para a implantação do Centro Integrado SESI/SENAI

Um estado moderno se constrói, necessa-riamente, com ações que estimulem o desenvolvimen-to econômico e garantam a melhoria social de toda a sua população. Nos últimos 60 anos, a FIEC tem sido uma grande parceira na busca e na conquista de grandes resultados para o Ceará. Nessas décadas de existência, pudemos ver a Federação das Indústrias do Estado do Ceará lado a lado com a sociedade no desejo de ver con-cretizados sonhos de várias gerações de cearenses, como a implantação de uma refinaria e de uma siderúrgica – que há pouco se tornaram realidade –, e transformarão de manei-ra consistente e irreversível os índices socioeconômicos do nosso estado. Aliás, nesse período recen-te, são muitas as conquistas obtidas pelo Ceará. O nível de criação de empregos em 2009 foi o segundo maior do Brasil e, no primeiro trimestre deste ano, essa posição foi mantida, acumulando em 12 meses mais de 80 000 novos postos de trabalho. A indústria de trans-formação e a construção civil foram os grandes destaques na geração de novas vagas no mercado de trabalho. O aumento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado foi também uma ótima oportunidade de termos a certeza que estamos no caminho certo. Enquanto o PIB nacional teve uma retração de 0,2%, o do Ceará cresceu

PontodeVistaCid Ferreira Gomes

FIEC: criatividade e trabalho

“Ao citar esses números,

vemos que a crise

econômica mundial, que tanto

ameaçou, não conseguiu nos

afetar tanto. Quando essa

crise estava no auge, um dos

grandes conselhos partiu da

FIEC: “Crie”.

“3,1%, em relação a 2008. Mais do que uma referência ma-temática, isso representa mais emprego e oportunidades para todos os setores e segmentos. Ao citar esses números, vemos que a crise econômica mundial, que tanto amea-çou, não conseguiu nos afetar tanto. Quando essa crise estava no auge, um dos grandes conselhos partiu da FIEC: “Crie”. E criatividade e trabalho são fundamentais para superar qualquer obstáculo.

Hoje, 60 anos depois do iní-cio de uma grande trajetória, resultado da união de cinco sindicatos e seus titulares – Waldyr Diogo de Siqueira (Sin-dicato da Construção Civil de Fortaleza); Thomaz Pompeu de Souza Brasil Netto (Sindicato da Indústria de Fiação e Tece-lagem em Geral do Estado do Ceará); Pergentino Maia (Sin-dicato da Indústria de Tipo-grafia de Fortaleza); Francisco Pinto Ferreira Gomes (Sindi-cato da Indústria de Calçados de Fortaleza) e Manoel Bezerra Lima (Sindicato de Alfaiataria

e Confecção de Roupas para Homens de Fortaleza) –, temos a certeza de que eles estavam certos em viabilizar uma Federação que agregasse poder econômico e desen-volvimento social. Nesse momento, quero parabenizar todos que cons-truíram a FIEC e que a tornaram uma referência de par-ceria e de desenvolvimento do estado do Ceará.

Cid Ferreira Gomes é governador do estado do Ceará

A representação empresarial deve ir além da simples defesa dos interesses de classe. É claro ser essa a gênese das entidades empresariais, mas o segmento, pela sua importância em qualquer sociedade, pode atuar aci-ma dos objetivos meramente corporativos. As entidades de classe do empresariado têm de exercitar permanentemente a capacidade de formular e executar propostas modernizantes. Para aumentar-mos nossa capacidade de influência, devemos realizar um grande trabalho de con-vergência empresarial e de clareza sobre aonde e como queremos chegar. A forma como os empresá-rios se organizam tem impac-to na eficácia de suas ações. Nossa capacidade de agir é condicionada pelas estruturas políticas, mas há um amplo espaço para aumentar nossa ação política. Cabe a nós mo-bilizar a sociedade, estimular consensos e favorecer as arti-culações políticas. A dinâmica FIEC tem operado com esse foco, impul-sionando uma agenda desenvolvimentista e estruturan-te do Ceará e do Nordeste. O crescimento e o progresso da economia do Ceará, hoje um polo de alta relevância na região nordestina, se confundem com a atuação da FIEC.

PontodeVistaarmando monteiro Neto

FIEC participa do desenvolvimento do Ceará

“Há muitas e justificadas

razões para comemorar

os 60 anos da criação da

FIEC. Entre elas a participação

decisiva no progresso do Ceará

e do Nordeste e nas ações do

Sistema CNI.

“ O Ceará responde atualmente por mais de 2% do PIB brasileiro, diversifica e interioriza seu setor industrial, é um estado crescentemente exportador. A indústria cea-rense emprega mais de 210 000 pessoas e responde por mais de 70% das vendas externas estaduais. Outros números do Sistema FIEC comprovam sua im-portância no extraordinário salto do desenvolvimento do Ceará. Vale destacar as mais de 25 000 matrículas nos

cursos de educação profissio-nal do SENAI local em 2009; o início da implantação, em For-taleza, do Centro de Tecnolo-gia da Cadeia Têxtil; as mais de 21 000 matriculas em edu-cação básica do SESI e os mais de 21 000 trabalhadores aten-didos em programas de saúde e segurança do trabalho. Há muitas e justificadas ra-zões, portanto, para comemo-rar os 60 anos da criação da FIEC. Entre outros motivos, pela qualidade e protagonismo dos seus dirigentes nesta longa

e profícua existência, do pioneiro Waldyr Diogo de Siquei-ra, em 1950, a Roberto Proença de Macêdo nos dias atuais. Também – e principalmente – pela participação decisiva no progresso do Ceará e do Nordeste e nas ações do Siste-ma CNI, nas quais a FIEC é sempre voz ativa. Não é só a FIEC que merece os cumprimentos. O Ceará e o Nordeste estão igualmente de parabéns.

Armando Monteiro Neto é industrial, deputado federal (PTB-PE) e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

| RevistadaFIEC 60 anos | Maio de 2010�6 �7Maio de 2010 | RevistadaFIEC 60 anos |

CNI e FIEC entregam comendasAs quatro personalidades agraciadas contribuíram com o fortalecimento e o desenvolvimento sustentável da indústria e da economia cearense

Dia da Indústria

Acomemoração alusiva ao Dia da Indústria e aos 60 anos da FIEC na noite deste 13 de junho, no La Maison Dunas, presta homenagem, com a outorga da Medalha do Mérito

Industrial, a três industriais cearenses que possuem em comum, além do espírito empreendedor, o pioneirismo e a responsabili-dade com o desenvolvimento do estado do Ceará: Airton José Vidal Queiroz, presidente da Fundação Edson Queiroz e chan-celer da Universidade de Fortaleza (Unifor); Jorge Parente Frota Júnior, industrial e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e Vicente Mendes de Paiva (in memoriam), industrial de personalidade idealista, entusiasta e articuladora, que marcou o segmento fabril cearense, projetando-o no merca-do nacional e internacional.

Durante a solenidade, considerada a mais importante do setor industrial cearense, a CNI outorgará ao industrial gaúcho Alexan-dre Grendene Bartelle, presidente do Conselho de Administração e diretor-presidente da Grendene S.A., a Ordem do Mérito Industrial, comenda criada pela Confederação para premiar personalidades e instituições dignas do reconhecimento e da admiração da in-dústria brasileira. Além de honrar o país, com sua contribuição ao desenvolvimento econômico sustentável, o empresário representa um marco no empreendedorismo do Ceará, sendo responsável pelo salto de qualidade da economia local, impulsionando a in-

dustrialização no interior do estado.Criada pela FIEC, por meio da Resolução nº 01, de 16 de maio

de 1974, a Medalha do Mérito Industrial é concedida anualmente a empresários e outras personalidades com atuação marcante no impulso das atividades fabris e do desenvolvimento econômico cearense, mediante relevantes serviços prestados ao setor indus-trial do estado. A primeira edição da comenda homenageou o en-tão governador César Cals de Oliveira Filho, o ex-governador Raul Barbosa e o empresário Thomaz Pompeu de Sousa Brasil Netto.

No ano passado, foram agraciados os industriais Fernando Ciri-no Gurgel, diretor presidente da Durametal S/A; Jocely Dantas de Andrade Torres, fundador da Moageira Serra Grande, em Sobral, e Pedro Philomeno Ferreira Gomes (in memoriam), um dos precurso-res da industrialização no Ceará.

Instituída em 25 de agosto de 1958, a Ordem do Mérito Indus-trial já foi concedida, no estado, aos industriais Amarílio Macêdo, Francisco Ivens de Sá Dias Branco e Yolanda Queiroz, dentre outros agraciados. Em 2009, o senador Tasso Jereissati (PSDB/CE), em-presário que mudou o perfil da política cearense na década de 1980 e governou o estado por três vezes – entre 1987 e 2002 –, recebeu a medalha da CNI, maior reconhecimento da indústria bra-sileira àquele que se dedicou com afinco em defesa de um Ceará mais desenvolvido e socialmente justo.

��Maio de 2010 | RevistadaFIEC 60 anos |

“Desde que iniciamos

nossas atividades no

Ceará, canalizamos todo

nosso crescimento no estado

e ainda transferimos as

atividades do Sul para cá. A

perspectiva é a continuidade

deste caminho.

Alexandre Grendene Bartelle, diretor presidente da Grendene

Alexandre Grendene

Amigo do Ceará

Um visionário empreendedor gaúcho, de Farroupilha (RS), que um dia ousou acreditar e investir no po-tencial do Ceará. É esse o perfil de Alexandre Gren-

dene Bartelle, dirigente de um dos maiores impérios em-presariais do país, que possui 13 unidades fabris – nove delas em território cearense, sendo sete localizadas em Sobral. No auge de seus 60 anos, o empresário é respon-sável pela geração de aproximadamente 40 000 empre-gos diretos no estado, onde planeja continuar expandindo seus negócios. “Desde que iniciamos nossas atividades no Ceará, canalizamos todo nosso crescimento no estado e ainda transferimos as atividades do Sul para cá. A pers-pectiva é a continuidade desse caminho”, revela.

Bacharel em Direito pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), presidente do Conselho de Administração e diretor presidente da Grendene Sociedade Anônima, Ale-xandre Grendene iniciou sua vida empresarial aos 20 anos, em 1970, ao ingressar na empresa Plásticos Sira Ltda., com sede em Caxias do Sul, adquirindo 50%. No ano seguinte, juntamente com seu avô, Pedro Grendene, e seu irmão, Pedro Grendene Bartelle, constituiu a Plásti-cos Grendene Ltda., em Farroupilha, para a produção de calçados e componentes.

De lá para cá, o grupo empresarial não parou mais de crescer. Em 1988, o Grupo Grendene adquiriu o controle acionário da empresa Vulcabras S/A, com sede em Jun-

diaí/SP. Em 2007, a Vulcabras S/A adquiriu o contro-le acionário da empresa Calçados Azaleia S/A, com sede em Parobé/RS. Na década de 1990, chegou ao Ceará, instalando em 1991 sua primeira unidade fa-bril na região metropolitana de Fortaleza.

Dois anos mais tarde, em 1993, implantou sua gigante unidade de Sobral – a 200 quilômetros da capital, que reúne sete fábricas numa área total de 166 128 metros quadrados. As outras duas unidades em território cearense estão localizadas em Fortaleza (21 686 metros quadrados) e no Crato (21 517 me-tros quadrados). Atualmente, o Ceará responde por mais da metade (40 000) do número de funcionários do Grupo Grendene e Vulcabras, estimado em 70 000 pessoas, que se dedicam à produção de calçados em geral e artigos do vestuário.

Além de gerar postos de trabalho, a instalação das empresas em Sobral representa um marco histórico para o estado porque promove a abertura do merca-do de trabalho no interior cearense, atraindo outras indústrias e criando, ao longo dos últimos 17 anos, inúmeras oportunidades de qualificação profissional aos trabalhadores de Sobral e municípios vizinhos.

Em 2009, a Grendene de Sobral faturou R$ 1,9 bilhão, sendo responsável por 87% dos 166 milhões de pares de calçados produzidos na cidade – uma produtividade superior à registrada pelas concorren-tes chinesas, números que lhe classificam como mo-delo entre as outras seis unidades fabris do Grupo em Sobral. A empresa é referência também no desenvol-vimento de políticas sociais internas, desenvolvidas no âmbito da valorização dos seus recursos humanos, por meio de benefícios de assistência social e garan-tias trabalhistas. Como resultado dessa performan-ce, a Grendene sobralense foi eleita uma das cinco maiores fabricantes do mundo e a mais produtiva e ecologicamente correta do Brasil.

O empresário Alexandre Grendene tem partici-pação em outros negócios no Brasil e no exterior, entre os quais a Reebok Chile e a Reebok México. Sua perseverança e ousadia empreendedoras o im-pulsionaram a adquirir participações nas empresas Telasul S.A., com sede em Garibaldi/RS, fabricante de cozinhas em aço e expositores; na Única Indús-tria de Móveis Ltda. (marca Dell Anno), empresa que produz cozinhas e armários modulares em madeira,

com sede em Bento Gonçalves/RS; na AGP Negócios e Participações, que tem como foco a produção de álcool e energia elétrica; e na Agropecuária Jacare-zinho, em Valparaíso (SP), com 25 000 hectares, e no estado da Bahia, contendo uma usina de açúcar e álcool, além de um rebanho com cerca de 40 000 cabeças de gado nelore.

Participa também das empresas IACO Agrícola S/A de Chapadão do Sul (MS) e Da Mata S/A, com sede em Valparaíso (SP) – ambas do setor sucroal-cooleiro (usina de álcool, açúcar e cultivo de cana); da Beira Rio S/A, empresa do ramo de calçados, com sede em Novo Hamburgo (RS); Siderúrgica Centro-Oeste Ltda. (SICO) – fabricante de laminados de aços longos; e Florágua Agroflorestal Ltda., que atua na área de reflorestamento.

O empresário ainda está implantando, em asso-ciação com o Grupo Votorantim S/A de São Paulo, a Siderúrgica Três Lagoas Ltda. (Sitrel), fabricante de laminados de aços longos com sede em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. O megaprojeto no segmento siderúrgico, orçado em US$ 450 milhões de dólares, teve acordo firmado em 2009 e está com início da operação industrial previsto para julho de 2011.

Além das empresas mencionadas, Alexandre Grendene é acionista controlador de outras empresas que atuam no ramo de imóveis e tem participações societárias (empresas holdings), entre outros negó-cios. Opera com o nome Grendene S.A apenas com uma holding, controladora de várias outras socieda-des, dentre as quais se incluem empresas constituí-das com o Grupo Panamericana S.A.I.C., com 40% de participação da Grendene. O conjunto das empresas compõe um dos maiores e mais produtivos grupos econômicos brasileiros.

Em reconhecimento à sua atuação empreende-dora, com reflexos no desenvolvimento econômico do Ceará, do Brasil e em nível mundial, Alexandre Grendene recebeu vários títulos e homenagens, no país e no exterior. Entre eles se destacam: Quem é quem na Economia, Super Top de Marketing e Super Manager. Em 1993, foi agraciado com a Medalha do Mérito Industrial da FIEC, e em 2002 recebeu do então governador Beni Veras a Medalha da Abolição – a maior e mais importante comenda outorgada pelo governo estadual.

| RevistadaFIEC 60 anos | Maio de 201060 61Maio de 2010 | RevistadaFIEC 60 anos |

“O projeto Dendê nasceu da filosofia de

que a melhor forma de se conceber o crescimento de uma comunidade é capacitando-a a ser autossustentável.

Airton Vidal Queiroz, chanceler da

Universidade de Fortaleza (Unifor) e presidente

do Grupo Edson Queiroz

Airton Queiroz

O desafio como herança

Atrajetória profissional do chanceler da Universi-dade de Fortaleza (Unifor) e presidente do Grupo Edson Queiroz, Airton Vidal Queiroz, vem do berço.

De menino, foi embalado pelo visionário Edson Queiroz (1925-1982), crescendo ainda sob a fortaleza da mãe, Yolanda Queiroz. E seguiu o rumo do pai, considerado um dos mais importantes timoneiros da indústria do Ceará.

Antes, Airton Queiroz passou pela formação inicial no Colégio Christus e no Colégio Cearense Sagrado Cora-ção, duas instituições tradicionais da capital cearense. Dali, saltou para o Curso de Ciências Econômicas da Universidade Mackenzie (São Paulo) e voltou para com-

pletar a formação superior no Curso de Economia da Universidade Federal do Ceará.

Com a morte precoce do industrial Edson Queiroz, em um acidente aéreo na serra de Pacatuba, ele her-dou o desafio de manter firme – e mais, de expandir – o Grupo Edson Queiroz. E isso significava também contribuir para colocar o estado entre os mais fortes, na economia nacional.

Ao mesmo tempo em que desenvolvia as atividades in-dustriais para além das fronteiras familiares, Airton Queiroz parecia se multiplicar. Aqui, o currículo do empresário res-salta os cargos que ocupou, ao longo da carreira:

> membro do Conselho Administrativo de Queiroz Comércio e Participações

> diretor vice-presidente de Norte Gás Butano Distribuidora Ltda.

> diretor vice-presidente da Tecnomecânica Esmaltec Ltda.

> diretor vice-presidente da Paragás Distribuidora Ltda.

> diretor vice-presidente da Editora Verdes Mares Ltda.

> membro do Conselho Administrativo da Serra Negra Agropecuária S.A

> diretor vice-presidente da Butano Agropecuária Ltda.

> membro do Conselho Administrativo da Juá Agropecuária Ltda.

> diretor vice-presidente da Sociedade Butano Ltda.

> diretor vice-presidente da Cascaju-Cascavel Castanhas de Caju Ltda.

> diretor vice-presidente da Fazenda Teotônio Agropecuária Ltda.

> membro do Conselho Administrativo de Entre Rios Agroindústria S.A

> diretor vice-presidente da Indaiá Brasil Águas Minerais Ltda.

> diretor presidente do Conselho Administrativo da Companhia Investimento do Pará.

> membro do Conselho Administrativo do Mervin Agroindústria S.A

> diretor vice-presidente da Midol – Mineração Dolomita Ltda.

> diretor presidente da Esperança Florestal Ltda.

> membro do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão.

> diretor vice-presidente do Centro Industrial do Ceará.

> diretor secretário do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Ceará (Simec).

> membro honorário da Academia Cearense de Letras.

Em 2006, o chanceler Airton Queiroz recebeu o Troféu Cidadania, reconhecimento da FIEC a quem uniu industrialização e responsabilidade social. No destaque, os projetos da Fundação Edson Queiroz (criada em 1971) e da Unifor – que se amplia na as-sistência das comunidades em redor. “À visão holísti-ca da Fundação não escapou a necessidade de suprir a dignidade do homem nas suas carências mais ime-diatas”, relacionou, à época da homenagem, citando o atendimento a cerca de 550 crianças do Dendê na área de educação infantil.

“O projeto Dendê nasceu da filosofia de que a melhor forma de se conceber o crescimento de uma comunidade é capacitando-a a ser autossustentável. Surge daí um sistema cooperativo entre membros da comunidade, que conta com investimentos da Fun-dação, o que os beneficia com receita advinda da venda de diversos produtos, resultantes de cursos e treinamentos ministrados”, complementa Airton Quei-roz, em seu discurso. A Fundação é maior: mantém o Núcleo de Atenção Médica Integrada (Nami – refe-

rência no atendimento à população carente, nas áreas odontológica e psicológica) e o Projeto Jovem Cida-dão (no qual alunos da Unifor se tornam voluntários em casas de saúde e centro de reabilitação), além de “temperar” o cotidiano com teatro, dança, coral, artes plásticas, camerata...

“O meio ambiente preservado tem dignos represen-tantes no campus da Universidade de Fortaleza, que serve de modelo de área de preservação ambiental. Um baobá e um pau-brasil que presenciaram a criação da Fundação Edson Queiroz exibem-se aos mais de 25 000 usuários do campus e servem de ponto de encontro à variada fauna que coabita numa exuberante área ver-de. É a responsabilidade de hoje garantindo o verde do amanhã”, anexa o empresário.

Por sua trajetória profissional, de mãos dadas com o crescimento do estado, Airton Queiroz é um dos ho-menageados com a Medalha do Mérito Industrial, con-ferida pela FIEC. O chanceler nasceu em Fortaleza, no dia 14 de agosto de 1946. É casado com Celina Leal Queiroz e pai de Edson e Patrícia.

| RevistadaFIEC 60 anos | Maio de 201062 6�Maio de 2010 | RevistadaFIEC 60 anos |

“A FIEC, nos seus

60 anos, contribuiu

eficazmente com as políticas

públicas implementadas pelo

governo estadual, mantendo-se

ainda uma instituição moderna

e contemporânea.

Jorge Parente Frota Júnior, ex-presidente da FIEC e vice-presidente da CNI

Jorge Parente

Trajetória que vem do berço

Amãe, professora primária que lecionava na Fazen-da Iracema (Quixadá), legou-lhe o entendimento do mundo. O pai, engenheiro agrônomo que fazia as ve-

zes de administrador, por seu turno, ofereceu-lhe o exemplo da liderança. Cercado por dona Maria Augusta e por seu Fro-ta, além de outros cinco irmãos, Jorge Parente Frota Júnior cresceu em um cenário simples e sem privilégios, marcado por valores como sensibilidade e solidariedade. Essa foi sua primeira herança.

Desde a infância, já se misturavam o respeito ao próxi-mo e a disposição para o trabalho. No percurso do homem, conta-se ainda o ginasial no Colégio Cearense, o científico no Colégio Castelo Branco e o diploma de Economia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Mas nunca se limitou

às quatro paredes da universidade. Em paralelo, também se dedicava ao estágio como bolsista da Comissão Central de Pesquisas da UFC e do convênio Sudene/Usaid. Além de buscar cursos de extensão no Centro de Aperfeiçoamento de Economia do Nordeste (Caen/UFC) e na University of Illinois (Estados Unidos).

A antiga Companhia de Habitação Popular do Estado do Ceará (Cohab/CE) marca o início de suas atividades profis-sionais, em 1967. Dois anos depois, já se integrava ao Gru-po J. Macêdo e, com o passar do tempo, ganhava seu espa-ço de dirigente no meio tão competitivo: entre 1976 e 1984, ficou no comando da Cervejaria Astra S.A – até ser transferi-do para o Moinho Fortaleza S.A. Finalmente, em 1985, Jorge Parente inaugura sua própria empresa, a Comercial Opus

Assessoria e Exportações Ltda. (que logo se diversifi-ca, em 1988, com a aquisição da River Refrigerantes Ltda., na cidade de Imperatriz/Maranhão).

Encerrando a década de 1980, o empresário é convidado a fazer parte do Grupo Betânia e aceita o desafio: assume a direção comercial do Grupo para, na sequência, se tornar sociodiretor da Companhia Brasileira de Laticínios (Morada Nova/CE). Nos últimos anos, a indústria de laticínios já registrou faturamento superior a R$ 220 milhões, possibilitando a expansão do negócio com implantação de uma nova unidade de leite em pó no Parque Industrial de Morada Nova.

A década de 1990 lhe apresentou um novo cami-nho: as atividades de liderança sindical. Em 1992, Jorge Parente compunha o quadro de diretores da FIEC. Tomou gosto. Em 1994, era vice-presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC) – de onde se efetivou presidente, em 1996; e, em 1998, elegia-se presi-dente do Sindicato das Indústrias de Laticínios. Por fim, em 1999 – repetindo o feito em 2002 –, Jorge Parente chegou à presidência da FIEC.

Antes, um flerte: atuou como membro do Conse-lho Temático da Integração Nacional (parte da CNI), em 1997, foi delegado representante da FIEC (1999) e diretor e vice-presidente da Federação em 2002 e

2006, respectivamente, além de presidente do Institu-to Euvaldo Lodi e dos conselhos regionais do SESI/CE e do SENAI/CE (de 1999 a 2006). O casamento, a propósito, é duradouro: ainda hoje, Jorge Parente está ligado ao Conselho Temático de Responsabilidade So-cial da CNI e ao Fórum Nacional da Indústria.

Bom de conversa e com a visão de futuro, Jorge Parente ampliou suas ações nas áreas científica e tecnológica como integrante do Conselho Universitá-rio da UFC (1996 a 1998), do Conselho Universitário da Universidade de Fortaleza (Unifor), do Conselho Superior da Fundação, Coordenação e Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (2002 a 2008) e do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência e Tec-nologia, além de presidir o Plano Estratégico da Re-gião Metropolitana de Fortaleza (entre 1997 e 2006) – para citar alguns grupos de debates significativos.

Jorge Parente Frota Júnior nasceu em Fortaleza, no dia 25 de maio de 1945. É casado com Nadja Bezerra Frota e tem dois filhos, Alexandre e Niedja. A Medalha do Mérito Industrial, que recebe durante o aniversário de 60 anos da FIEC, puxa o fio de meada de histórias que entrelaçam a trajetória pessoal e os caminhos do Ceará. Confira na entrevista abaixo.

ENTREVISTA: JORGE PARENTE

Revista da FIEC – O que o levou a concorrer à presidência da FIEC? Quais suas motivações à época?Jorge Parente – O Ednilton Soarez me convidou para ser vice-presidente na sua gestão no CIC em 1994-1995. Em dezembro de 1995, fui eleito presidente do CIC para o biênio 1996-1997, quando, ao lado dos importantes temas em discussão na sociedade, fizemos uma grande aproximação com as universidades cearenses para aliar o conhecimento e o saber daquelas instituições de ensino com os setores industriais, visando obter as melhores tecnologias para fortalecer sua competitividade. Nesse período de intensa parceria, foi criado um programa semanal de debates, envolvendo os principais líderes das empresas e da academia, com a participação de Hélio Barros (MCT) do governo

federal – que, depois, veio a ser secretário estadual de Ciência e Tecnologia. Na FIEC de então, havia um grupo de líderes, dentre eles Waldyr Diogo, Fernando Cirino e Beto Studart, que entendeu ser a minha pessoa a mais preparada, naquela época, para dar sequência, expansão e melhoria às atividades da Federação, visando ao fortalecimento da indústria cearense. Motivou-me continuar ajudando o Ceará a crescer e a entrar na era do conhecimento. Aproximava-se o final do milênio, um marco na história, e, a partir das ideias do CIC, entendíamos que uma entidade de classe moderna e atual, afora a atividade sindical específica e no campo do desenvolvimento econômico, deveria ser eclética e extrapolar as suas ações com foco maior na sociedade em geral, fosse junto às universidades ou somente na

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área social da indústria, conferindo ao empresário um ativismo de cidadania, ou seja, uma postura de responsabilidade social.

RF – O senhor foi presidente da FIEC entre 1999 a 2006. Quais principais mudanças o estado do Ceará vivenciou nesse período?JP – Apoiar o governo do estado, sendo protagonista do grande salto que vai ter o setor industrial cearense com os grandes projetos estruturantes que o governador Cid Gomes viabilizou, como a siderúrgica e a refinaria. Promover, de forma ampla, um esforço de capacitação e reciclagem dos industriários cearenses para a nova ordem do século 21 e retomar os avanços para incrementar as exportações no nosso estado.

RF – Qual retrato o senhor faria da instituição aos 60 anos?JP – A FIEC, nos seus 60 anos, contribuiu eficazmente com as políticas públicas implementadas pelo governo estadual, mantendo-se ainda uma instituição moderna e contemporânea. Um marco fundamental gerado pela FIEC foi a reformulação do CIC, promovida pelo seu presidente José Flávio Costa Lima, o qual gerou uma revolução na política cearense e no desenvolvimento do estado, tendo os líderes do novo CIC aceitado o desafio de saírem do discurso para a prática. Foi nessa fase que Tasso Jereissati assumiu o governo e, juntamente com sete ex-presidentes do CIC, resolveu colocar em segundo plano as suas atividades empresariais para transformar o Ceará, acabando com a era do clientelismo e do coronelismo. Hoje, a FIEC conta com o apoio decisivo do BNDES, cujo escritório tivemos o prazer de inaugurar no ano de 2000, sendo que, desde então, esse banco já injetou mais de R$ 6 bilhões como forma de financiamento na economia cearense.

RF – O estado tem como vocação o turismo e os serviços. E quais são os setores industriais mais promissores no Ceará? JP – Além do turismo e dos serviços, o estado tem grande vocação na agricultura irrigada, por

meio do seu potencial de recursos hídricos, bem como do Eixo das Águas. Nesse item, as exportações da fruticultura já ultrapassam US$ 100 milhões. Após o governo Cid Gomes, o estado será autossuficiente na geração de energia, com a consolidação dos parques eólicos em construção, além dos que ainda virão. No setor industrial, destacamos também que deveremos ter um grande desenvolvimento nas áreas metal-mecânica e petroquímica, após a implementação da siderúrgica e da refinaria no Pecém. Com a consolidação desses polos, o Ceará poderá dobrar a sua participação no PIB brasileiro, passando dos atuais 2% para 4%, acompanhando, assim, a mesma proporção da sua população.

RF – O Ceará é um estado de pequenas e médias indústrias?JP – Sim. Mais de 90% das 8 000 empresas industriais existentes no estado são de tamanho médio e pequeno, devendo, portanto, ser um setor prioritário, sendo permanentemente amparado pelas políticas públicas, mercê, inclusive, da força de trabalho e de negócios que essas empresas representam na economia cearense. Nesse sentido, o compartilhamento das ações com o Sebrae, pela excelência da sua atuação nesse segmento, será primordial para o seu fortalecimento.

RF – O que é necessário para que a indústria – seja de pequeno ou grande porte – no Ceará ganhe forças? JP – Resumindo em uma palavra: inovação. Ela será a ferramenta fundamental para manter a competitividade empresarial, seja de qualquer setor ou tamanho, para ganhar produtividade e se manter competitiva no futuro. Também a infraestrutura de suporte, tanto física como tecnológica, ambas ancoradas fundamentalmente nos recursos humanos que fazem a grande diferença, com melhor formação dos nossos líderes, principalmente os presidentes de sindicatos e os demais empresários, com capacitação em gestão estratégica e compartilhamento de negócios.

“Com a cabeça

cheia de ideias e

uma visão de mercado

objetiva, entendeu que

o nosso estado poderia

se transformar num polo

nacional da indústria de

confecções.

Trecho do depoimento dos filhos de Vicente Mendes de Paiva

Vicente Mendes de Paiva

Movido pelo idealismo

Até chegar à gerência das Confecções Dahra S/A, que comandou entre 1959 e 1966, Vicente Mendes de Paiva (1934-2009) venceu uma longa caminhada.

Passo a passo, foi aprimorando a capacidade de liderança em diversos cursos de Administração de Empresas e de téc-nica de vendas de produtos têxteis.

Já nas Confecções Dahra S/A, ele procurou levar a in-dústria de roupas do estado ao páreo nacional. “E isso foi conseguido graças à integral colaboração de quase 300 funcionários igualmente dedicados à vida dessa empresa”, sublinham as memórias dos filhos de Vicente de Paiva, em um texto biográfico do pai.

Foi o próprio Vicente quem fundou a firma de confec-ções, em 1959, valendo-se de uma sociedade que contava

com um capital de Cr$ 6.000. Inspirando-se “nos melho-res e mais avançados estilos da época”, logo as camisas Dahra deixaram sua marca na história têxtil do Ceará e do Nordeste. Eram preferência no mercado regional, garantem os herdeiros do mestre Vicente de Paiva, “não apenas pela qualidade dos tecidos utilizados, como pelo esmero do aca-bamento, no que se igualavam aos melhores produtos do gênero, importados do Rio de Janeiro e São Paulo”.

Em 1966, as Confecções Dahra S/A davam lugar à indústria Roupas Masculinas Confecções S/A (Romac). A nova empresa, também conduzida por Vicente de Pai-va, abria as portas para equipamentos mais modernos e o segmento de calças masculinas. Sem perder de vista o mercado nacional e a sofisticação das peças, a Romac vis-

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lumbrava ainda a exportação. “Evidente testemunho acerca do prestígio que possuía a Romac nos meios internacionais foi dado pela revista americana La Bobina, destaca a biografia do empresário. Na revis-ta, guarda-se o estudo do cearense José Moreira So-brinho sobre a estrutura da fábrica “e suas amplas perspectivas mercadológicas”.

Sendo um industrial de médio porte, Vicente de Paiva se torna maior pelo idealismo que sempre lhe moveu. E, com isso, de certa maneira, também carre-gava o Ceará. “Com a cabeça cheia de ideias e uma visão de mercado objetiva, entendeu que o nosso estado poderia se transformar num polo nacional da indústria de confecções”, retratam os filhos do des-bravador. Dito e feito. “Convencido dessa descoberta, passou o resto da vida batalhando em prol desse so-nho, que ele tornou concreto, eficiente e produtivo. A indústria de confecções e vestuário do Ceará é, hoje, considerada uma das mais representativas no setor fabril de transformação, sendo classificada como o terceiro maior polo do país”, concluem.

Para os que viram o pai trabalhar incansável, Vi-cente de Paiva “foi o genitor do polo de confecções do Ceará”. Um misto de sonhador e semeador. “Gran-de incentivador e líder entusiasta, pôs na cabeça a ideia de mostrar ao Brasil o que denominou ‘Moda Ceará’ e rompeu o monopólio da ‘Corte Paulista da Moda’, levando a criatividade cearense para as gran-des feiras nacionais”. A Feira Nacional da Indústria Têxtil (Fenit) logo se constituiu em uma ponte para a

exportação, atraindo, igualmente, a atenção para o turismo no Ceará.

Mas Vicente de Paiva conseguia enxergar além da produção em larga escala. Ele foi um dos idealizado-res do Curso de Estilismo da Universidade Federal do Ceará, em 1989, e coordenador do Programa de De-senvolvimento da Indústria de Confecções do Ceará (Prodic), entre 2002 e 2009.

O Prodic tanto fez um diagnóstico do setor, em uma ampla pesquisa com mais de 800 empresas, como propôs diversas ações, como: Programa de Re-estruturação de Passivos Operacionais, Programa de Modernização e Atualização Tecnológica, Programa de Implantação e Ampliação de Indústrias, Programa de Capitalização de Empresas, Programa de Desen-volvimento de Moda, Programa Gestão de Qualidade, Programa de Comercialização e Programa de Capaci-tação de Recursos Humanos.

Para os filhos, Vicente de Paiva faz parte de uma galeria de pais heróis: “Um sonhador, daque-les que perseguem seus sonhos e com eles conse-guem transformar o mundo”. E, com esse espírito, ele é igualmente merecedor da Medalha do Mérito Industrial, oferecida pela FIEC. “Ele conseguiu com muito êxito transformar seu mundo, seu Ceará. Com perseverança, coragem, desapego e a ajuda de pes-soas abnegadas nos deixará um legado de grandes conquistas, mas, acima de tudo, ficará seu exemplo de pessoa pública, um entusiasta da vida”, homena-geiam seus herdeiros.

CARGOS OCUPADOS:

EMPRESAS

> diretor da Confecções Dahra S/A – 1963 a 1966.

> presidente da Roupas Masculinas Confecções S/A (Romac) – 1966 a 1982.

> proprietário da Costura Confecções – 1982 a 2000 e da Conclass Ind. Confecções – 2000 a 2001.

CORPORATIVOS

> Presidente da Associação das Indústrias em Geral do Estado do Ceará, 1977 a 2002.

> Presidente do Sindicato da Indústria de Confecções de Roupas de Homem e Vestuário do Estado do Ceará

(Sindroupas), 1977 a 2009.

> Federação das Indústrias de Estado do Ceará (FIEC): vice-presidente, 1980 a 1983; membro efetivo do Conselho

Fiscal, 1983 a 1986; diretor-executivo, 1986 a 2006.

> Coordenador do Programa de Desenvolvimento da Indústria de Confecções (Prodic), 2002 a 2009.

> Juiz classista do Tribunal Regional do Trabalho, 1982 a 1986.

SOCIEDADE CIVIL

> Fundador do Lions Club Fortaleza Guarani, em 1971.

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