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8/18/2019 IMPUGNAÇÃO PERÍCIA ODONTOLOG
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IMPUGNAÇÃO DE LAUDO TÉCNICO PERICIAL
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AUTOS: 21.160/2014 – 5ª Vara do Trabalho de Curitiba
RECLAMANTE: VALESKA I K DE MEDEIROS
RECLAMADA: ODONTOVILLE CLINICA ODONTOLÓGICA
1. DOS PEDIDOS
Em sede de petição inicial a autora requer o reconhecimento da atividade insalubre pela
exposição a riscos químicos e biológicos.
Alega a autora que trabalhava exposta a riscos químicos pelo contato com a amálgama que
colegas utilizavam no processo de obturação de dentes.
Ainda, que trabalhava exposta a riscos biológicos em contato com doenças infecto contagiosas.
2. DEPOIMENTO DA PARTE AUTORA
Em audiência de instrução declarou o que segue:
“ ...depoente estava fazendo especial ização em orto e por isso começou trabalhando como estagiária;a depoente expl ica que a clínica or tos não éda reclamada e apenas lá a depoente foi estagiária, sendoque na résempre trabalhou como ortodontista;......... tr abalhava com máscara, touca e luva; havi auma auxi li ar para ester il izar os equipamentos; a depoente parou de trabalhar porque foi dispensada;Nada mais" (DESTAQUE NOSSO)
3. DO LAUDO PERICIAL
3.1 RISCOS QUÍMICOS - - EXPOSIÇÃO DO PERITO
Às fls. 256 dos autos – item 7. Análise da Insalubridade – o expert do juízo, através de uma
análise meramente qualitativa, descreve que a reclamante ficava exposta de maneira
habitual e intermitente ao produto químico Mercúrio quando os clínicos gerais preparavam
restaurações de amálgama, na mesma sala e a outros produtos químicos.
3.2 RISCOS BIOLÓGICOS - - EXPOSIÇÃO DO PERITO:
Às fls. 257 – item 7. Análise de Insalubridade – o perito, através de uma análise qualitativa e
confusa – equivocadamente qualificando a reclamante na função de Cirurgião Dentista –
descreve que a autora fazia o manuseio de materiais infectantes utilizados nos
procedimentos ortodônticos, a mesma ficava sujeita a riscos de contato com agentes
biológicos, de pacientes mais diversos, inclusive aqueles que poderiam ser portadores de
doenças infecto contagiosas, até mesmo sem que soubessem.
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4. PARECER DO PERITO
4.1 INSALUBRIDADE POR RISCOS QUÍMICOS
Entendeu o i. Perito que não havia a condição insalubre por exposição a agentes
químicos diante da inexistência de quantificação do produto no ambiente de trabalho
considerando que, por se tratar de agente relacionado no Anexo 11 da NR-15 a
caracterização da insalubridade é definida pelo Limite de Tolerância, o que se torna
impossível sem a quantificação do agente no ambiente de trabalho.
Diante dessa impossibilidade declarou pela inexistência do risco.
4.2 INSALUBRIDADE POR RISCOS BIOLÓGICOS
Levando em consideração os depoimentos da reclamante equivocadamente o i.
Perito entendeu que havia a exposição da reclamada a agentes biológicos previstos no
Anexo 14 da NR-15, havendo contato contínuo e permanente com doentes portadores
de doenças infecto contagiosas.
De forma confusa e inconclusiva no item 10 do Laudo Técnico – PARECER TÉCNICO
- , as fls 263 dos autos – faz o seguinte comentário:
“ ... e a agentes biológicos, no atendimento aos clientes da Clíni ca, que
poderiam ser por tadores de doenças in fecto-contagi osas, atémesmo sem que
soubessem, podendo a reclamante ficar exposta a riscos de contato com
agentes noci vos, assim considerando os Anexos da NR-15
4.3 INCONSISTÊNCIAS JURÍDICAS CONSTANTES NO LAUDO PERICIAL
PRODUÇÃO DE PROVA NÃO TÉCNICA:
O Perito ultrapassou os limites perscrutáveis da perícia quando tomou
depoimento da parte autora – fls. 254 dos autos - que declarou, contrariando seu
depoimento em audiência de instrução, que no contrato de trabalho exerceu as
atividades de Cirurgiã Dentista, levando o expert do juízo e emitir conclusão equivocada,
considerando os depoimentos da autora.
Só por isso o presente laudo merece a impugnação, considerando que somente ao
magistrado cabe a oitiva das partes.
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Ao perito cabe tão somente a produção da prova técnica, informando ao magistrado as
condições observadas nos locais de trabalho, os riscos ambientais a que estava exposta a
empregada, nada além disso, na esteira do que dispõe o artigo 420 do CPC.
Ao final, equivocadamente o i. Expert do juízo considerou a atividade exercida pela
reclamante como insalubre pela exposição a agentes biológicos, de acordo com o Anexo
14 da NR-15, entendendo que no exercício de CIRURGIÃ DENTISTA encontrava-seexposta, de forma contínua e permanente, a doenças infectos contagiosas.
É vedado ao perito extrapolar as suas atribuições na produção da prova técnica, a
exemplo: tomar depoimento das partes em assuntos não técnicos, a exemplo: Assuntos
relacionados com o contrato de trabalho, Jornada de trabalho, uso de EPIs, entrega de
EPIs, Treinamentos, etc.
4.4
INCONSISTÊNCIAS TÉCNICAS CONSTANTES NO LAUDO PERICIAL
CONTRADIÇÃO DO PERITO: Contradiz-se o i. Perito do juízo, entendendo pela existência
da atividade insalubre, quando não leva em consideração:
a) O disposto no item 15.4 da NR-15 que determina a desobrigação do pagamento do
adicional de insalubridade quando o riscos é minimizado ou neutralizado pelo uso dos
Equipamentos de Proteção Individual;
b) Sua própria declaração - item6. Medidas de Controle do laudo – fls.255 -:
“ Segundo inf ormações prestadas durante as dil igênci as, a Reclamante uti l izava os
seguintes Equ ipamentos de Proteção Indi vidual (EPI ) que seriam fornecidos pela
Reclamada:
- Jal eco
- Toca (sic)
- Máscara (sic) de Procedimento
- L uvas de Procedimento
- Óculos de Segur ança
c) O Depoimento da parte autora em sede de Audiência de Instrução:
“ ... trabalhava com máscara, touca e luva; havia uma auxi li ar para esteril izar osequipamentos; a depoente parou de trabalhar porque foi dispensada; Nada mais"(DESTAQUE NOSSO)
-
Pelo exposto, considerando os aspectos técnicos, os relatos do próprio perito e os
depoimentos da reclamante na audiência de instrução declarando o exercício da
atividade da ortodontia, não havia a exposição a riscos biológicos nos termos doAnexo 14 da Nr-15.
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E, ainda que estivesse a reclamante em contato com doentes ou doenças infecto-
contagiosas, o que se cogita por mera argumentação, a declaração da autora,
também em sede de audiência de instrução, declarou que usava os equipamentos
de proteção e havia alguém que desinfetava os equipamentos utilizados.
E, além do exposto, analisando sob o enfoque do item 1.4 da NR-15, o uso dos
Equipamentos de Proteção Individual , desobriga o pagamento do adicional deinsalubridade.
5 RAZÕES FINAIS PELA IMPUGNAÇÃO
O Laudo Pericial analisado deve ser impugnado – anulado - considerando que:
5.1 DA FALTA DE CONCLUSÃO TÉCNICA E LÓGICA:
O presente Laudo Pericial deve ser impugnado pelas razões que seguem:
- É inconclusivo quando declara argumentado com uma dúvida afirmando que os
pacientes “ Poderiam” ser portares de doenças infecto-contagiosas:
- Desconsiderou que a autora, em depoimento na audiência de instrução, declarou
que exercia tão somente a atividade de ortodontia, não exercendo atividades
cirúrgicas;
- Desconsiderou que a autora confessou em depoimento na audiência de instrução
que trabalhava com máscara, touca, luva e havia uma auxiliar para esterilizar os
equipamentos – fls 178 dos autos;
- Desconsiderou que o item 15.4 da NR-15 desobriga o empregador ao pagamento
do adicional de insalubridade quando o risco é eliminado com o uso dos
Equipamentos de Proteção Individual;
5.2 DAS FALHAS TÉCNICAS:
O Laudo Pericial analisado deve ser impugnado diante das falhas Técnicas apresentadas:
- Quando declara que a reclamante utilizava os Equipamentos de Proteção
Individual e não considera o fato em subsunção ao disposto no item 15.4 da NR-
15.
- Relata o perito à fls 257 dos autos:
“... e a agentes biológicos, no atendimento aos clientes da Clínica, que
poderiam ser por tadores de doenças in fecto-contagi osas, atémesmo sem que
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soubessem, podendo a reclamante ficar exposta a riscos de contato com
agentes noci vos, assim considerando os Anexos da NR-15
Na análise do texto em destaque, não restou configurada de forma objetiva que a
reclamante fica exposta a riscos biológico nos termos do Anexo 14 da NR-15 que exige o
contato direto com doentes e doenças infecto contagiosas.
A Reclamante não exercia as atividades de Cirurgiã dentista, atuava na área da
ortodontia onde não há procedimentos cirúrgicos que a expusessem a contatos
inequívocos com pessoas portadoras de doenças infecto contagiosas, nos termos do
Anexo 14 da NR-15.
5.3 DAS FALHAS JURÍDICAS
DO DEVIDO PROCESSO LEGAL - PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO:
O presente Laudo Pericial deve ser impugnado considerando que o perito extrapolou os
limites da produção da prova técnica:
- Os depoimentos tomados pelo i. Perito em sede das diligências periciais quando
considera as declarações da reclamante – item 4 do Laudo – Fls. 254 dos autos -
de que exercia as atividades de cirurgiã dentista, contrariando os depoimentos
feitos na audiência de instrução - fere o princípio do contraditório e da ampla
defesa, vez que não foi oportunizado à parte reclamada o direito de contraditar o
que foi dito.
- No item 5. Do laudo Pericia, vindo de encontro com o disposto no parágrafo
anterior, o i. Expert faz a descrição do local de trabalho fazendo referências que “
A reclamante, para desempenhar sua função de Cirurgiã Dentista, a serviço da
reclamada...”
5.4 CONTRARIEDADE À JURISPRUDÊNCIA:
Considerando que a exposição a agentes biológicos, para fins da caracterização dacondição insalubre e a consequente obrigação do pagamento do respectivo adicional, a
jurisprudência do TST é pacífica no sentido de que deve haver o contato direto do empregado
com os agentes biológicos causadores das doenças.
Considerando que a autora confessou em sede de audiência de instrução, conforme narra
na petição inicial, exercia a atividade na ortodontia, sem qualquer procedimento cirúrgico, temos
entendimentos jurisprudenciais que desmontam o entendimento do i. Perito do juízo.
No sentido da necessidade de haver um contato permanente com pacientes e/ou
material infecto-contagiante, assim se manifestou o E. TST:
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7. CONSIDERAÇOES FINAIS – PARECER TÉCNICO DE IMPUGNAÇÃO
Considerando:
a) O conjunto fático probatório;
b) As análises do local de trabalho e das atividades desenvolvidas pela reclamante na função de
ORTODONTIA;
c) As razões de direito aplicáveis ao caso em tela;
d) Os equívocos técnicos apresentados pelo perito; das contradições e a falta de conclusão técnica
e lógica conforme todo o exposto nos itens anteriores;
e)
A produção de prova não técnica realizada pelo perito com a tomada de depoimento da parte
autora; das considerações das declarações contrárias ao que foi declarado em audiência de
instrução em relação à função e às atividades da parte autora, sem a oportunização do
contraditório pela reclamada;
ENTENDEMOS pela inexistência do direito ao adicional de insalubridade pela exposição aos
riscos biológicos nos termos pretendidos pela reclamante na peça inicial; nos termos do Anexo
14 da NR-15 e dos entendimentos jurisprudenciais supra expostos.
ENTENDEMOS que o presente Laudo Pericial não apresenta robustez técnica e jurídica para fundamentar decisão judicial pela existência de CONDIÇÃO INSALUBRE na atividade da
reclamante.
Esse é o nosso entendimento.
Curitiba, 18 de Setembro de 2015
SÉRGIO RONALD SOUZA DE SOUZA ODEMIRO J B FARIAS
ENG° DE SEG TRABALHO ADVOGADO
CREA RS ......... OAB/PR 29471