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i
INCENTIVOS À PRODUÇÃO DE ENERGIA RENOVÁVEL NA UNIÃO EUROPEIA
Elísio António da Silva Cunha
Dissertação
Mestrado em Economia
Orientado por
Professora Doutora Maria Paula Vicente Sarmento
2018
ii
Nota biográfica
Elísio Silva Cunha nasceu a 4 de Março de 1993 em Ovar, Portugal.
Concluiu os estudos secundários na Escola Secundária José Macedo Fragateiro, em
Ovar, em Ciências e Tecnologias. Durante esse percurso desempenhou diversos cargos de
representação estudantil e teve assento no Conselho Geral.
Foi agraciado, em 2009, com as Chaves da Cidade da Cidade de Mineola, nos
Estados Unidos da América.
Ingressou, em 2010, na Faculdade de Economia do Porto, na Licenciatura em
Economia. Desde cedo a área da Economia o fascinou, tendo encontrado na FEP uma
escola capaz de lhe lançar as bases científicas e académicas para um futuro cada vez mais
exigente. Concluiu a Licenciatura em 2015. No mesmo ano, com o objetivo de aprofundar
e consolidar o plano curricular da Licenciatura em Economia, inscreve-se no Mestrado em
Economia, que o frequenta até à data.
Desde Outubro de 2016 trabalha no Banco Crédito Agrícola, onde começou por
exercer na Área Operacional, tendo agora as funções de Analista de Risco de Crédito.
iii
Agradecimentos
Quero, em primeiro lugar, agradecer à Professora Paula Sarmento, não só por
exercer a sua função de docente e orientadora de forma profissionalmente exemplar, mas
também pelo cuidado, apoio e amizade na orientação e nos conselhos em cada etapa da
realização da minha Dissertação.
Aos meus avós, Elísio e Maria José, um profundo obrigado porque que sem eles
não me teria tornado na pessoa que hoje sou nem teria alcançado as vitórias que até hoje
conheci. Um agradecimento que se estende a toda a minha Família.
À Maria, pela paciência e motivação diárias, pelos inputs dados para que se tornasse
mais fácil a realização deste Dissertação, o meu obrigado.
Aos meus amigos, aqueles que constantemente me questionavam pelo evoluir desta
Dissertação sempre com o intuito de nunca desistir, o meu obrigado.
Por fim, à Faculdade de Economia do Porto, que apesar das paredes frias e
cinzentas, consegue ser a mais acolhedora Casa que um FEPiano pode conhecer: obrigado
por tudo.
iv
Resumo
O objetivo da presente dissertação é analisar os incentivos à produção de energia
renovável na União Europeia percebendo, sobretudo, como funcionam os principais
instrumentos regulatórios, quais são as variáveis motivacionais que influenciam a produção
de energia renovável e qual o comportamento dos Estados-Membros nesse processo.
A dissertação permite fazer um ponto de situação sucinto da realidade Europeia na
questão das energias renováveis, dando enfâse especial aos fatores responsáveis pelo
incremento da energia elétrica renovável.
Na dissertação são adotadas duas abordagens: uma análise descritiva da situação
atual quanto aos incentivos à produção de energia renovável em Portugal e na União
Europeia e uma análise da evolução de algumas variáveis relativas à produção e consumo
de energia renovável para a União Europeia no período 2010 a 2015, baseada em três
critérios - um institucional, um económico e um ambiental – por forma a perceber o
comportamento daquelas variáveis sob diferentes perspetivas. Posteriormente, recorrendo
à análise cluster, testam-se em SPSS, as variáveis em estudo, para 2015, a fim de perceber
qual o critério predominante na evolução das variáveis.
Os resultados da análise mostram que, de forma geral, os critérios têm uma
influência positiva na evolução das variáveis, contudo não se encontrou uma relação de
linearidade robusta, eventualmente por força das limitações do estudo, de qual o critério
com maior impacto. Por outro lado, os resultados da análise cluster sugerem que é o critério
institucional é o que tem maior impacto na evolução das variáveis.
Códigos-JEL: L50; L51; L52; L94
Palavras-chave: Energia Renovável, Regulação, Tarifas Feed-in
v
Abstract
The main purpose of this dissertation is to analyse the renewable energy production
incentives in the European Union, understanding how the main regulatory instruments
work, what the motivational variables that influence the production of renewable energy
are and what the behaviour of the member states is in this process.
The dissertation enable an understanding of European reality regarding renewable
energies, emphasizing the responsible factors of electric renewable energy growth.
In this study there are two approaches of the subject: a descriptive analysis of the
production of renewable energy incentives’ current situation in Portugal and in the
European Union; and also an analysis of the evolution of a selection of variables related to
renewable energy production and consumption in the European Union between 2010 and
2015, based on three criteria - institutional, economical and environmental- in order to
perceive the behaviour of such variables in different perspectives.
Then, using a cluster analysis in SPSS the variables were tested to see which that
influences variables’ evolution is in 2015. The results show that the criteria have a positive
influence on the variables’ evolution, however there was no robust linearity relation found
on the criterion with strongest impact. On the other hand, the cluster analysis results
showed that the institutional criterion is the one that has the biggest impact on the
variables evolution.
JEL-codes: L50; L51; L52; L94
Key-words: Renewable Energy, Regulation, Feed-in Tariffs
vi
Índice
Nota biográfica ................................................................................................................................... ii
Agradecimentos .................................................................................................................................. iii
Resumo ................................................................................................................................................ iv
Abstract ................................................................................................................................................ v
Índice .................................................................................................................................................... vi
Índice de quadros .............................................................................................................................. vii
Índice de figuras .................................................................................................................................. ix
Introdução ........................................................................................................................................... 1
Capítulo 1. Instrumentos Regulatórios de Incentivo à Produção de Energia Renovável ........ 5
1.1. Enquadramento ....................................................................................................... 5
1.2. Classificação dos Instrumentos ............................................................................. 5
1.3. Incentivos Fiscais ................................................................................................... 10
1.4. Quotas ...................................................................................................................... 14
1.5. Tarifas Feed-in .......................................................................................................... 14
1.5.1. Definição ............................................................................................. 14
1.5.2. Modelos ............................................................................................... 14
1.5.3. Características de eficiência económica da Tarifas Feed-in ........... 22
Capítulo 2. A Energia Renovável na União Europeia .................................................................. 24
2.1 Posição Histórica e Motivacional ......................................................................... 24
2.2 Motivação Empírica ............................................................................................... 27
2.3 Os Incentivos às Energias Renováveis em Portugal e na Europa .................. 32
Capítulo 3. Promoção da Energia Renovável: Análise Descritiva e Análise Cluster................. 38
3.1 Metodologia ............................................................................................................ 38
3.2 Análise das Variáveis .............................................................................................. 43
3.3 Análise Cluster ........................................................................................................ 60
Conclusão ........................................................................................................................................... 67
Apêndices ............................................................................................................................................ 70
Referências bibliográficas ................................................................................................................. 71
Anexos ................................................................................................................................................. 75
vii
Índice de quadros
Quadro 1 – Classificação dos instrumentos regulatórios ............................................................. 8
Quadro 2 – Incentivos fiscais, em alguns Estados-Membros da UE-27 .................................. 13
Quadro 3 – Objetivos nacionais para os Estados-Membros da UE-27, para a quota de
energia proveniente de fontes renováveis em 2020 ...................................................................... 26
Quadro 4 - Objetivos anuais e trajetórias mínimas indicativas de cumprimento para
Portugal ............................................................................................................................................... 33
Quadro 5 - Principais instrumentos regulatórios usados nos Estados-Membros da UE - 27
na produção de energia elétrica renovável ..................................................................................... 36
Quadro 6 - Grupos de Estados-Membros formados de acordo com o Critério 1 .................. 39
Quadro 7 - Grupos de Estados-Membros formados de acordo com o Critério 2 .................. 41
Quadro 8 - Grupos de Estados-Membros formados de acordo com o Critério 3 .................. 42
Quadro 9 - Médias das QER observadas para cada grupos formado com o Critério 1 e para
a UE-27, para os anos de 2010 a 2015 ........................................................................................... 44
Quadro 10 - Médias das QER observadas para cada grupos formado com o Critério 2 e
para a UE-27, para os anos de 2010 a 2015 ................................................................................... 45
Quadro 11 - Médias das QER observadas para cada grupos formado com o Critério 3 e
para a UE-27, para os anos de 2010 a 2015 ................................................................................... 46
Quadro 12 - Médias da PER (em 1000 Toe) para cada grupo formado pelo Critério 1 e
para a UE-27, para os anos de 2010 a 2015 ................................................................................... 49
Quadro 13 - Médias da PER (em 1000 Toe) para cada grupos formado com o Critério 2 e
para a UE-27, para os anos de 2010 a 2015 ................................................................................... 50
Quadro 14 - Médias da PER (em 1000 Toe) para cada grupos formado com o Critério 3 e
para a UE-27, para os anos de 2010 a 2015 ................................................................................... 50
Quadro 15 - PER per capita para cada grupo formado com o Critério 1 e para a UE-27, para
os anos de 2010 a 2015 ..................................................................................................................... 53
Quadro 16 - PER per capita para cada grupo formado com o Critério 2 e para a UE-27, para
os anos de 2010 a 2015 ..................................................................................................................... 53
Quadro 17 - PER per capita para cada grupo formado com o Critério 3 e para a UE-27, para
os anos de 2010 a 2015 ..................................................................................................................... 54
Quadro 18 – Taxas de crescimento da PER per capita, entre 2010 e 2015, para os 3 grupos
formados pelos 3 critérios e para a UE-27 .................................................................................... 54
viii
Quadro 19 – Percentagem PEO para cada grupo de países formado com o Cirtério 1 e para
a UE-27, para os anos de 2010 a 2015 ........................................................................................... 55
Quadro 20 – Percentagem PEO para cada grupo de países formado com o Critério 2 e para
a UE-27, para os anos de 2010 a 2015 ........................................................................................... 55
Quadro 21 – Percentagem PEO para cada grupo de países formado com o Critério 3 e para
a UE-27, para os anos de 2010 a 2015 ........................................................................................... 56
Quadro 22 – Percentagem PES para cada grupo de países formado com o Critério 1 e para
a UE-27, para os anos de 2010 a 2015 ........................................................................................... 58
Quadro 23 – Percentagem PES para cada grupo de países formadoscom o Critério 2 e para
a UE-27, para os anos de 2010 a 2015 ........................................................................................... 58
Quadro 24 – Percentagem PES para cada grupo de países formado com o Critério 3 e para
a UE-27, para os anos de 2010 a 2015 ........................................................................................... 58
Quadro 25 – Clusters e Outliers foarmados pelo Método do Vizinho Mais Próximo ............... 62
Quadro 26 – Clusters e Outliers formados pelo Método do Vizinho Mais Longe ..................... 63
Quadro 27 – Clusters e Outliers formados pelo Método de Ward ................................................ 65
ix
Índice de figuras
Figura 1 - Árvore dos Incentivos à Produção de Energia Renovável ......................................... 6
Figura 2 - Representação do Modelo do Preço Fixo.................................................................... 16
Figura 3 - Representação do Modelo do Preço Fixo com Ajustamento de Inflação .............. 17
Figura 4 - Representação do Modelo da Tarifa Front-end loaded .................................................. 18
Figura 5 - Representação do Modelo do gap do Preço de Mercado ........................................... 19
Figura 6 - Representação do Modelo do Preço Premium .............................................................. 20
Figura 7 - Representação do Modelo do Preço Premium Variável .............................................. 21
Figura 8 - Representação do Modelo da Percentagem do Preço de Mercado .......................... 22
Figura 9 - Quota de Energia Renovável no Europa, em 2015 .................................................... 48
Figura 10 - Produção de Energia Renovável na Europa, em 2015 ............................................ 52
Figura 11 - Dendrograma dos Resultados Obtidos pelo Método do Vizinho mais Próximo,
para 2015 ............................................................................................................................................. 61
Figura 12 - Dendrograma dos Resultados Obtidos pelo Método do Vizinho mais Longe,
para 2015 ............................................................................................................................................. 63
Figura 13 - Dendrograma dos Resultados Obtidos pelo Método de Ward, para 2015 ........... 65
1
Introdução
As últimas décadas têm sido excepcionais para a Humanidade. As sociedades, no
geral, têm vivido um período de crescimento e desenvolvimento económico sem par na
História. A riqueza mundial aumentou, motivada pela conjuntura económica favorável,
como a industrialização de regiões mais atrasadas do mundo, o aumento do rendimento e
do consumo nas regiões mais desenvolvidas. O período de paz geral e as alterações aos
paradigmas sociais, como o aparecimento dos sistemas de segurança social e os progressos
da medicina, tiveram como consequência o aumento exponencial da população e o
aumento da esperança média de vida. Em 2014 a população mundial atingiu os 7,2 mil
milhões de humanos (Nações Unidas (2015)), quando em 1990 eram cerca de 5,3 mil
milhões. As cidades cresceram fruto do aumento populacional e dos “êxodos rurais” nas
regiões menos desenvolvidas do globo. Segundo o Departamento de Assuntos
Económicos e Sociais das Nações Unidas (2015), 54% da população mundial vive em
centros urbanos percentagem que pode chegar aos 67% em 2050. Por exemplo, em 1950
viviam em cidades 746 milhões de pessoas ao passo que em 2014 viviam,
aproximadamente, 4 mil milhões de pessoas em centros urbanos. Por outro lado, enquanto
em 1990 existiam 10 mega-cidades1, em 2014 existiam 28 onde habitavam 453 milhões de
pessoas, cerca de 12% da população mundial. Adicionalmente, o progresso tecnológico
trouxe consigo um sem número de inovações, consumidas massivamente por todo o
mundo.
Tomando consciência que o crescimento económico, o aumento da riqueza, o
crescimento da população urbana e o progresso tecnológico trouxeram um grande
conjunto de benefícios para as sociedades, no geral, é certo que vieram com eles desafios e
obstáculos que será necessário ultrapassar. Indubitavelmente, há um fator que é transversal
ao sustento deste progresso civilizacional: a energia. Todas as atividades da Humanidade
necessitam de energia, sob diversas formas. Podemos dizer que a energia é o fator de
consolidação e de continuidade do crescimento e desenvolvimento económico e de todas
as consequências que descrevemos anteriormente.
A produção de energia tem aumentado nos últimos anos, dando resposta aos
processos económicos e sociais referidos anteriormente. Em 1990, a produção de energia
1 Cidades com 10 milhões ou mais de habitantes.
2
era, em termos mundiais, segundo a International Energy Agency (2017b), de 102.454,6 TWh2,
ascendendo a 160.557,27 TWh, em 2014. Um crescimento de cerca de 60 mil TWh. O
aumento de produção energética, não constitui, em sentido restrito, um problema. O que
constitui um problema são as fontes de produção e a tecnologia usada. De acordo com
Arce e Sauma (2016), em 2009, 41% das emissões de CO2 a nível mundial resultaram da
produção de energia com recurso a fontes de energia não-renovável. Em 2014, segundo a
International Energy Agency (2017a), foram emitidas 32.381,04 milhões de toneladas de CO2.
Por outro lado, a pressão sobre os recursos não-renováveis para a produção de energia
culminará com a escassez dessas mesmas fontes. Desta forma, o grande obstáculo a este
enorme volume de produção tem que ver com o esgotamento dos recursos, que sendo
não-renováveis por definição são finitos, e os elevados níveis de poluição decorrentes da
produção.
O problema atual está em balancear a alta e crescente procura de energia com o uso
sustentável dos recursos e a redução dos níveis emissões de gases poluentes, por forma a
diminuir as consequências resultantes da produção de energia. A forma mais eficaz de
resolução desta questão é promover a produção de energia recorrendo a fontes renováveis.
Segundo Arce e Sauma (2016), também no ano de 2009, apenas 3% da energia mundial,
com exceção da energia hidráulica, era produzida com recurso a fontes renováveis. Killinc-
Ata (2016) afirma que, entre 1990 e 2008, a percentagem de produção de energia com
recurso a fontes renováveis foi de 4,21% na Europa e de 2,65% nos Estados Unidos. O
objetivo maior é, assim, o de aumentar a quota de energia produzida recorrendo a fontes
renováveis, quer na União Europeia quer a nível mundial, (Haas et al. (2011)). Este objetivo
é de tal forma importante no âmbito europeu que o Parlamento Europeu e o Conselho
Europeu emitiram uma diretiva3 conjunta – Diretiva 2009/28/CE de 3 de abril de 2009 -
que estabelece as condições para o aumento da quota de energia através de fonte
renováveis, determinando uma quota média para a União Europeia de 20%, sem prejuízo
de objetivos mais ou menos ambiciosos para cada Estado-Membro.
Dados os problemas descritos e a necessidade de cumprir metas legais, como é o
caso da União Europeia, é preciso ter em conta as barreiras que se colocam na promoção
das energias renováveis. De notar que os preços elevados das tecnologias que permitem a
2 TeraWatt por hora. 3 “Ato legislativo que fixa um objetivo geral que todos os países da União Europeia devem alcançar”. Cada país deve transpor para legislação nacional, através de um plano de ação, por forma a atingir os objetivos. Disponível em http://europa.eu/european-union/eu-law/legal-acts_pt, visto em 27/05/2018.
3
produção de energia recorrendo a fontes renováveis e a intermitência das fontes necessárias
a essa produção são dois dos principais problemas na produção de energia renovável. Há
um conjunto significativo de instrumentos regulatórios que são eficazes na promoção da
energia com recurso a fontes renováveis. Em conformidade com Killinc-Ata (2016), o
instrumento regulatório mais utilizado no mundo é a Tarifa Feed-in, usado em cerca de 65
países. Adicionalmente, de acordo com Behrens et al. (2016), o crescimento significativo de
produção de energia renovável, nos últimos anos deve-se à utilização daquele instrumento
regulatório.
Neste sentido, dada a necessidade de promover as energias renováveis e face às
barreiras que se possam colocar nesse processo, é necessário perceber em que ponto se
encontra o mercado energético e, particularmente, qual o peso das energias renováveis no
conjunto da produção de energia. Por outro lado, dado o número de instrumentos
regulatórios que se dispõe para essa promoção é necessário estreitar a análise àquele que, de
acordo com a literatura, é mais eficaz na promoção. Contudo, esta especificidade da análise
não invalida uma abordagem geral, designadamente uma classificação dos instrumentos
regulatórios.
A questão de investigação desta dissertação tem como foco principal o
enquadramento histórico e motivacional da promoção das energias renováveis na União
Europeia dando nota dos objetivos traçados e dos fatores impulsionadores dessa
promoção. Pretende-se também perceber os fatores que influenciam a evolução recente da
promoção de energia renovável.
A análise da promoção da energia renovável na União Europeia foi realizada
através da consideração de três critérios (institucional, económico e ambiental) e através do
estudo da evolução de alguns indicadores relativos à produção de energia renovável (quota
de energia renovável no consumo total de energia; produção total de energia renovável;
produção de energia renovável per capita; produção de energia eólica e produção de energia
solar).
A dissertação será estruturada da seguinte forma: no Capítulo 1, proceder-se-á a
uma explanação teórica dos instrumentos regulatórios de incentivo a produção de energia
renovável; no Capítulo 2 proceder-se-á a uma descrição produção da energia renovável na
União Europeia, nomeadamente ao nível dos objetivos traçados e das motivações
subjacentes à definição dos objetivos; no Capítulo 3 far-se-á uma análise evolutiva de
alguns indicadores definidos ao nível dos países da União Europeia a 27 sob determinados
4
critérios definidos e uma análise cluster por forma a criar grupo de comportamento idêntico;
por fim, enumeram-se as conclusões.
5
Capítulo 1. Instrumentos Regulatórios de Incentivo à Produção de
Energia Renovável
1.1. Enquadramento
O aumento do investimento em produção de energia com recurso a fontes
renováveis enfrenta dois grandes problemas: i) o elevado custo das tecnologias que
permitem a produção de energia renovável; e ii) as características singulares das regiões e
países que têm de ser tidas em conta na escolha do tipo de fonte ou fontes a ser utilizadas.
Os reguladores dos diferentes países e regiões têm ao dispor um conjunto significativo de
instrumentos regulatórios, todos eles de diferente aplicação e com vantagens e
desvantagens. Segundo Haas et al. (2004), o principal objetivo daqueles instrumentos é a
substituição de produção de energia através de fontes não renováveis por produção de
energia através de fontes renováveis. Derivam deste objetivo principal, dois objetivos: i) a
promoção do desenvolvimento tecnológico; e ii) a diminuição dos custos, de transação e de
administração, de modo a manter os consumidores recetivos às tecnologias renováveis.
Garcia et al. (2012) considera que um dos maiores objetivos da política energética é a
produção de energia recorrendo a fontes renováveis de energia, considerando que face à
intermitência das fontes renováveis de energia existe um trade-off no desenho regulatório.
Contudo, é importante referir que as características específicas de cada região e país exigem
uma análise cuidada de forma a ser implementados o instrumento ou a conjugação de
instrumentos mais adequado.
1.2. Classificação dos Instrumentos
A Figura 1 representa os mecanismos regulatórios à disposição dos reguladores
organizados por tipo de instrumentos.
6
Figura 1 - Árvore de Incentivos à Produção de Energia Renovável
Fonte: Green Rhino Energy (2016)
A Green Rhino Energy (2016) divide os instrumentos em três grandes troncos:
incentivos baseados na produção, incentivos baseados no investimento e os incentivos
baseados na estrutura legal.
Os incentivos baseados na produção são aqueles que recaem sobre a quantidade de
energia produzida. Como representado na Figura 1, os principais instrumentos são a tarifa
Feed-in mínima, os créditos fiscais de produção e o sistema de quotas. Estes instrumentos
vêm agregados com um conjunto de parâmetros que servem de complemento aos sistemas
principais. Por outro lado, os incentivos baseados no investimento destinam-se a
renumerar os investidores pelo seu investimento inicial podendo ser, por exemplo,
incentivos fiscais, isenções fiscais, garantias bancárias ou depreciações aceleradas. Por fim,
o terceiro tronco da árvore engloba a estrutura legal que diz respeito a incentivos não
monetários, como por exemplo o tipo de regulador ou o modo como os projetos são
aprovados.
Uma classificação alternativa dos incentivos à produção de energia renovável é
apresentada por Hass et al. (2004).
Haas et al. (2004) apresentam uma classificação dos instrumentos regulatórios
baseados em duas características: incentivo baseado no preço e incentivo baseado na
7
quantidade. Nos incentivos baseados no preço, a entidade reguladora escolhe o preço e a
quantidade é decidida pelo mercado, ao passo que os incentivos baseados na quantidade, a
quantidade é escolhida pelo regulador e o preço é definido no mercado. Por um lado, Haas
et al. (2011) consideram que os incentivos baseados no preço consistem num subsídio por
unidade instalada (por kW4) ou um pagamento por unidade produzida e vendida (por
kWh 5 ). Por outro lado, Haas et al. (2011) descrevem que os incentivos baseados na
quantidade consistem na definição, ao nível dos governos por via dos reguladores, de um
nível de produção de energia renovável.
Os incentivos baseados no preço derivam em dois ramos: i) os incentivos podem
ser focados no investimento, o que se traduz num pagamento por unidade de capacidade
de produção (e.g. subsídios ao investimento, empréstimos com juros baixo, créditos
fiscais); ou ii) os incentivos podem ser focados na produção, o que significa um pagamento
fixo por unidade produzida (e.g. tarifa feed-in, prémio fixo). Haas et al. (2011) consideram
que a atribuição de subsídios cobre “os custos de produção de energia convencional”
permite a criação de concorrência entre os mercados de energia renovável e os mercados
não havendo necessidade de intervenção governamental na fixação de quotas.
Dos incentivos baseados na quantidade, Haas et al. (2011) destacam dois: os
sistemas de leilão – tendering or bidding systems – o sistema de certificados transacionáveis –
tradable certificate systems.
Haas et al. (2011) fazem também uma distinção entre incentivos diretos e indiretos.
Os incentivos diretos (de que são exemplo os instrumentos baseados no preço e os
instrumentos baseados na quantidade) são aqueles que visam o incentivo imediato à
produção de energia renovável, focando-se o incentivo num tipo de produção. Pelo
contrário, os incentivos indiretos são aqueles que têm como objetivo condições para o
desenvolvimento do mercado da energia renovável no longo prazo, não tendo por
princípio a promoção de uma fonte específica (e.g. taxas sobre a energia produzida através
de fontes não-renováveis, taxas sobre as emissões de CO2 e remoção dos incentivos dados
anteriormente a produção de energia com recurso a fontes convencionais). Os incentivos
indiretos via sistema fiscal podem ser aplicados quer via isenção quer via reembolso dos
impostos pagos.
4 KiloWatt. 5 KiloWatt por hora.
8
Haas et al. (2011) referem ainda a distinção entre incentivos voluntários e incentivos
não voluntários. Os incentivos voluntários baseiam-se no princípio da boa vontade por
parte dos consumidores em contribuir (e.g. donativos ou tarifas “verdes”).
O Quadro 1 resumem a classificação descrita anteriormente.
Quadro 1 – Classificação dos instrumentos regulatórios
Direto Indireto
Preço Quantidade
Regulatório Investimento Subsídios ao investimento,
empréstimos com juros baixo,
créditos fiscais
Sistemas de Leilão
para investimento
Taxas
ambientais
Produção Sistema Tarifas Feed-in Sistema de
Certificados
transacionáveis
Voluntário Investimento Programas de Contribuição Acordos
voluntários Produção Tarifas “verdes”
Fonte: Elaboração própria, baseada em Haas et al. (2011)
Como referido anteriormente, Garcia et al. (2012), referem a intermitência natural
das fontes renováveis como um obstáculo à promoção de energia renovável, originando
um trade-off entre o instrumento a usar e o objetivo a que se propõe.
É, então, este trade-off que implica a existência de escolhas no instrumento a usar na
promoção de energia renovável. Neste sentido, Garcia et al. (2012) desenharam um modelo
de análise dos instrumentos de promoção da energia renovável, tendo avaliado dois
instrumentos que os autores consideram ser mais utilizados – as tarifas Feed-in e o Renewable
portfolio standards (RPS). Os RPS consistem na atribuição às empresas de produção de
energia uma fração da produção global de energia recorrendo a fontes renováveis de
energia 6.
O modelo desenhado mostra que os instrumentos regulatórios são necessários
apenas na presença de economias de escala, adquiridas por learning by doing, ou quando
existe excesso de capacidade instalada na produção de energia por fontes convencionais. O
6 Disponível em https://en.wikipedia.org/wiki/Renewable_portfolio_standard, visto em 27/05/2018.
9
modelo mostra que nenhum dos instrumentos analisados – tarifas Feed-in e os RPS –
consegue introduzir um ótimo-social no nível de investimento em energias renováveis:
1. A Tarifa Feed-in simples não consegue alcançar o nível ótimo social uma vez
que os locais com melhores condições atraem investimento excessivo enquanto
que locais menos favoráveis, mas ainda assim socialmente interessantes, ficam
com investimento abaixo do ótimo. Por outro lado, as Tarifas Feed-in
discriminatórias serão mais adequadas para atingir o nível de investimento
certo. Estas tarifas consistem em valores diferentes de subsídio consoante o
local do investimento;
2. Os Renewable portfolio standards induzem sub-investimento nas tecnologias
convencionais dando origem a um aumento de preços de forma recuperar
perdas que decorrem da tentativa de introduzir um nível ótimo social.
Estes resultados sugerem que a intervenção regulatória no incentivo à produção de
energia renovável pode até se revelar ineficaz.
Numa outra abordagem, Arce e Sauma (2016) fazem uma análise comparativa a
diferentes instrumentos regulatórios de incentivo à produção de energia renovável a vários
níveis, tais como os preços, produção, emissão de CO2 e bem-estar social. Adicionalmente,
os autores assumem alguns pressupostos de análise: i) procura sensível ao preço; ii) modelo
de oligopólio à Cournot; e iii) os custos dos incentivos não são suportados diretamente
pelos consumidores mas sim pelo Governo. Os resultados obtidos pela análise de Arce e
Sauma (2016) são úteis para as decisões dos reguladores, uma vez que testa os efeitos nas
quatro variáveis acima mencionadas. A principal conclusão a que Arce e Sauma (2016)
chegam em termos de eficácia dos instrumentos regulatórios varia, significativamente, de
acordo com 3 fatores: a estrutura de mercado assumida, os custos das energias renováveis e
o “método de recuperação de subsídios considerado”. Por exemplo, dependendo da
estrutura de mercado existem diferenças na eficácia na diminuição do CO2. Por um lado, se
assumirmos um mercado oligopolista em que os consumidores não pagam diretamente os
incentivos, os incentivos que se baseiam em subsídios, com as tarifas Feed-in e os
pagamentos premium, são mais eficazes do que impostos e taxas. Por outro lado, num
mercado de concorrência perfeita, as quotas e a política fiscal relativa ao carbono são mais
eficazes na redução as emissões de dióxido de carbono. Ainda num contexto de mercado
oligopolista com pagamento indireto dos subsídios, os autores concluem que as FiT são
aquelas que conseguem atingir, para o mesmo nível de emissões de CO2, os preços nodais
10
mais baixos e as taxas de penetração de energia renovável mais elevada, daí traduzindo a
eficácia na promoção de energia renovável. Estes resultados são obtidos por 2 efeitos: i) os
subsídios considerados reduzem os preços da energia no consumidor, aumentando o seu
consumo7; e ii) os subsídios considerados contribuem para reduzir o poder de mercado das
empresas produtoras de energia, uma vez que a subsidiação diminui os preços e aumenta a
procura8. Se, contrariamente ao que descrevemos, considerarmos que os consumidores
pagam diretamente os subsídios, independentemente de ser um mercado oligopolista ou de
concorrência perfeita, as quotas são o instrumento mais eficiente na redução das emissões
de CO2 (Arce e Sauma (2016)). Todas estas conclusões são corroboradas pela literatura, tal
como indicam Arce e Sauma (2016):
- Champneys et al. (2014) (cfr. Arce e Sauma (2016)) afirmam que as quotas e os
pagamentos premium são os mais eficazes, num mercado de concorrência perfeita que os
autores modelaram com custos nivelado;
- Kumar e Verma (2013) (cfr. Arce e Sauma (2016)) concluem que as FiT leva ao
aumento de produção de energia, quer recorrendo a fontes renováveis quer recorrendo a
fontes convencionais, quando assumimos um modelo oligopolista;
- Fisher (2010) (cfr. Arce e Sauma (2016)) no seu modelo conclui que incentivos
baseados em subsídios são mais eficiente do que que os incentivos baseados em impostos,
tal como concluído por Pérez de Arce e Sauma (2016).
Apesar de as Tarifas Feed-in serem o instrumento regulatório mais utlizado na
promoção da energia renovável, outros instrumentos são utlizados com o mesmo
propósito. Não podendo realizar uma revisão exaustiva da literatura sobre todos os
instrumentos de incentivo às energias renováveis, fica-se a presente pela abordagem a três:
os incentivos fiscais, as quotas e, por último e mais exaustivamente, as tarifas feed-in.
1.3. Incentivos Fiscais
Os incentivos fiscais têm, de acordo com Cansino et al. (2010), sido aplicados em
vários Estados-Membros da União Europeia como um conjunto específico da política
regulatória de incentivo à produção de energia renovável, que tem sido usado para
7 No estudo considerado a energia consumida é totalmente fornecida por produção recorrendo a fontes renováveis. 8 Estas conclusões não são de análise generalizada uma vez que toda a procura é coberta por energia produzida com recurso a fontes renováveis.
11
aumentar a produção de energia renovável e, assim, diminuir os gases de efeito de estufa
(CO2). Em todo o caso, a aplicação deste instrumento regulatório só é totalmente eficaz
quando o framework regulatório o permite, de modo a introduzir estabilidade no mercado e
proteger os investimentos. Segundo Goulder (1995), a utilização dos incentivos fiscais
instrumento de promoção de energia renovável tem como consequência dois benefícios –
“dividendo duplo”: i) permite a proteção ambiental, sendo um benefício direto; e ii)
benefício em diferentes áreas (chamado, também, dividendo azul) como, por exemplo,
aumento do emprego.
Cansino et al. (2010) dividem os incentivos fiscais em incentivos fiscais diretos e
incentivos fiscais indiretos. Descrevem ainda uma terceira divisão onde descrevem outras
taxas, com por exemplo as taxas pigouvianas.
Os sistemas de incentivo fiscal direto são aqueles que permitem reduzir custos de
investimento em produção renovável de energia, através da isenção de impostos sobre
particulares ou impostos sobre empresas. Segundo Cansino et al. (2010) existem três tipos
de impostos na categoria dos incentivos fiscais diretos: impostos sobre o rendimento
pessoa, impostos sobre empresas e impostos sobre propriedade:
- Imposto sobre o rendimento particular: este tipo de incentivo é usado em alguns
Estados-Membros – República Checa, Bélgica, França e Luxemburgo – sendo aplicados
consoante as características destes. A sua aplicação tem vindo a ser cada vez mais
observável, uma vez que pode ser aplicada através de isenções ou deduções, que dependem
do tipo de fontes utilizada na produção de energia renovável. Por exemplo, na República
Checa, é atribuída uma isenção total aos ganhos obtidos com a produção e venda de
energia com recurso a fontes renováveis. Totalmente suportadas pelo Estado checo, estas
isenções são semelhantes às existentes nas empresas. Por outro lado, na Bélgica os custos
de implementação dos sistemas de produção de energia renovável (fotovoltaico, solar e
geotermal) podem ser deduzidos até 40% nos impostos sobre o rendimento pessoal. Os
custos desta medida são suportados a nível nacional. Já em França é também possível
deduzir os custos de fontes renováveis, como por exemplo, a eólica. Todavia, a capacidade
instalada tem um limite. A dedução pode chegar aos 50% sendo suportado pelo orçamento
regional. Por fim, temos o caso do Luxemburgo em que este tipo de incentivo é usado
apenas na fonte fotovoltaica, sendo os rendimentos deduzidos na íntegra mas com
limitação de capacidade instalada.
12
- Imposto sobre empresas: este tipo de incentivo é utilizado na Bélgica e na Grécia,
tendo sido também utilizado em Espanha. Como visto anteriormente, os rendimentos
provenientes da produção de energia renovável têm isenção total de imposto. Na Bélgica e
na Grécia existe uma isenção de parte das despesas em sistemas de produção de energia
renovável. Na Grécia, é necessário criar um fundo de investimento com parte dos
rendimentos gerados para novo investimento em fontes renováveis. Por outro lado, na
Bélgica as isenções são atribuídas a sistemas que utilizem fontes que constem numa lista
publicado pelo regulador. Em Espanha, ao contrário dos descritos, era possível fazer
deduções fiscais graduais de uma percentagem do investimento, mas esse investimento
tinha de ser mantido nos balanços das empresas por um período de tempo estipulado pelo
regulador.
- Impostos sobre a propriedade: em Espanha e Itália existe um imposto local sobre
a propriedade. O incentivo fiscal subjacente consiste em reduzir o imposto pago pelos
proprietários que instalem sistemas de produção de energia renovável nos seus imóveis.
Todavia, existem limites a estas deduções. Por exemplo, em Itália a redução apenas se
aplica a imóveis que sejam primeira residência de família e que não se enquadre na
categoria de imóvel de luxo.
Os sistemas de incentivo fiscal indireto constituem aqueles que tem como foco não
os investimentos, mas a produção energética. Cansino et al. (2010) incluem nos incentivos
fiscais indiretos:
- Imposto sobre o valor acrescentado (IVA): sendo um imposto comum no seio da
União Europeia, o incentivo com base neste instrumento prende-se com a redução do IVA
nas transações que envolvam a produção de energia renovável. É utilizado apenas em
Portugal, em França e em Itália, sendo, em todos os casos, suportados pelo Estado. Por
exemplo, em Portugal a compra de sistemas domésticos de produção de energia renovável
vê aplicado a taxa intermédia de IVA. A aplicação deste incentivo carece de autorização da
Comissão Europeia por força das regras de concorrência.
- Isenções em impostos especiais de consumo: este incentivo é utilizado na
promoção de energia elétrica renovável através da isenção de imposto especial uma vez que
a utilização deste tipo de energia não traz danos ao ambiente. Este tipo de incentivo é
utilizado na Alemanha, na Dinamarca, na Roménia, nas Eslováquia, na Suécia e na Polónia.
Pode ser aplicado a qualquer fonte de energia ou a fontes de energia específicos.
13
Cansino et al. (2010) apresentam ainda um terceiro tipo de incentivo fiscal onde se
inclui as taxas Pigouvianas e outras taxas, utilizadas na Holanda e na Finlândia.
O Quadro 2 resume a informação que até aqui se descreveu, segundo Cansino et al.
(2010).
Quadro 2 – Incentivos fiscais, em alguns Estados-Membros da UE – 27
Incentivos Diretos Incentivos Indiretos e Outros
Impostos sobre o rendimento Particular
Impostos sobre Empresas
Impostos sobre a Propriedade
IVA Impostos Especiais de Consumo
Taxas Pigouvianas
Outros
Bélgica X X
Rep. Checa X X
França X X
Grécia X
Itália X X
Luxemburgo X
Espanha X X
Dinamarca X
Finlândia X
Alemanha X
Holanda X
Polónia X
Portugal X
Roménia X
Eslovénia X
Suécia X
Reino Unido X
Fonte: Elaboração própria, baseado em Cansino et al. (2010)
Batle et al. (2012), consideram que os incentivos fiscais servem como complemento
aos instrumentos regulatórios convencionais de incentivo à produção de energia elétrica
com recurso as fontes renováveis. Adicionalmente, referem outros incentivos fiscais como
as tax exemptions e os créditos fiscais. Batle et al. (2012) classificam estes incentivos,
genericamente, como “incentivos fiscais e outros incentivos baseados no preço”.
14
1.4. Quotas
As quotas são outro instrumento regulatório de incentivo a produção de energia
que consiste em atribuir uma percentagem da produção total de energia renovável aos
produtores que apenas utilizam fontes renováveis de energia (Arce e Sauma (2016)). Batle et
al. (2012) classifica este instrumento denominando-o Renewable Portfólio Standars (RPS), onde
se estabelece quotas para a energia proveniente de fontes renováveis, considerando uma
série de opções para a aplicação deste instrumento: sanções de não-conformidade,
provisões de bandas (de preços – bandas de preços altos e preços baixos), obrigações
contratuais de longo prazo e preços mínimos.
1.5. Tarifas Feed-in
1.5.1. Definição
Behrens et al. (2016) definem o sistema de Tarifas Feed-in como um valor pago aos
produtores de energia por cada unidade de energia produzida com recurso a fontes
renováveis, independentemente do valor de mercado dessa unidade produzida.
Couture e Gagnon (2010) afirmam que as FiT são o instrumento mais eficaz na
promoção de energia renovável, implementado em 63 «jurisdições»9, que tem permitido
fornecer energia renovável de forma mais eficaz e a custos mais baixos, face aos
instrumentos regulatórios alternativos. De facto, em referência a uma informação da
Comissão Europeia (2008), os sistemas de FiT, quando bem aplicados, são os mais eficazes
e eficientes dos instrumentos regulatórios usados na promoção da energia renovável. De
igual modo Behrens et al. (2016) reiteram que o crescimento significativo da produção de
energia com recurso a fontes renováveis se deve à utilização das FiT e Killinc-Ata (2016),
refere que o instrumento FiT é o instrumento mundialmente mais comum no que toca a
promoção de energia renovável, usado em 65 países do mundo.
No estudo de Couture e Gagnon (2010) o princípio de suporte ao instrumento FiT
é a oferta de um preço garantido, por unidade de energia produzida com recurso a fontes
renováveis por um período de tempo. O preço é atribuído de forma “não-discriminatória”
9 Países ou regiões com regulação própria.
15
por cada unidade de energia produzida. O preço pode ser influenciado por vários fatores
como por exemplo: i) o tipo de tecnologia; ii) o tamanho da instalação; iii) a qualidade da
fonte de produção; e iv) outras variáveis específicas dos projetos. O valor pago no sistema
FiT é baseado nos custos de produção de energia o que permite a viabilidade dos projetos,
num sistema de pagamento ao longo da vida útil da tecnologia de produção, reduzindo os
riscos para investidores e potenciando o crescimento da produção de energia recorrendo a
fontes renováveis. De facto, há uma preocupação com a forma como os pagamentos FiT
são efetuados uma vez que um sistema específico e remunerações estáveis são essenciais
para o sucesso da implementação dos instrumentos regulatórios. Os autores referem ainda
que existem várias formas de aplicação das FiT que são diferentes consoante as jurisdições
e existem vários graus de sucesso das mesmas. De notar ainda que a aplicação daquele
instrumento regulatório não exclui a utilização de outros instrumentos, sendo adaptados às
especificidades de cada jurisdição.
1.5.2. Modelos
Couture e Gagnon (2010) descrevem sete modelos de remuneração do sistema FiT
dependendo se a remuneração é market-independent ou market-dependent. A remuneração
market-independent corresponde ao pagamento de um preço fixo por unidade produzida,
independentemente do preço de mercado. Segundo Pyrgou et al. (2016) o preço é
determinado para um dado período de tempo com base em fatores que devem ser revistos
periodicamente. A remuneração market-dependent corresponde a um pagamento acima do
preço de mercado (isto é, implica um pagamento de um premium), contratado por um
determinado período de tempo. Couture e Gagnon (2010) descrevem 4 modelos market-
independent: Modelo de Preço Fixo (1), Modelo de Preço Fixo com Ajustamento de Inflação
(2), Modelo do Pagamento Inicial (3) e Modelo do gap do Preço de Mercado (4) – e três
modelos market dependent – Modelo do Preço Premium (5), Modelo do Preço Premium
Variável (6) e Modelo da Percentagem do Preço de Mercado (7). De seguida cada um dos
modelos mencionados será descrito detalhadamente.
1. Modelo de Preço Fixo:
No Modelo de Preço Fixo, o valor da FiT determinado pelo regulador é fixo, em
conformidade com o tipo de tecnologia envolvida no projeto. Este valor não tem linha de
16
conta outros fatores, tais como: a inflação e o preço dos combustíveis fósseis. De acordo
com Fouquet e Johansson (2008) e Langniss et al. (2009) (cfr. Couture e Gagnon (2010)) o
valor fixo estabelecido, que cumpre o objetivo e cobrir os custos, e a sua manutenção
durante a vigência do contrato, permite o encorajamento do investimento em tecnologias
de produção de energia com recursos a fontes renováveis. Couture e Gagnon (2010)
admitem algumas limitações ao Modelo de Preço Fixo. Em primeiro lugar, o valor fixo
estabelecido não tem em conta a inflação. A exclusão da inflação tem como consequências
a depreciação real das receitas dos produtores, não permitindo conhecer os retornos do
investimento. Em segundo lugar, o preço fixo não permite remunerar os bons
desempenhos dos projetos, como por exemplo, os ganhos de eficiência. No entanto, o
modelo de preço fixo tem também vantagens. O valor fixo atribuído garante o
investimento durante todo o projeto, desde que esse valor seja adequado aos custos de
produção e, consequentemente, permite que sejam geradas receitas dando estabilidade ao
investimento.
Figura 2 - Representação do Modelo do Preço Fixo
Fonte: Couture e Gagnon (2016). Nota: Retail price designa o preço de mercado.
2. Modelo de Preço Fixo com Ajustamento de Inflação:
A introdução do ajustamento da inflação permite atualizar os valores da FiT por
forma a proteger os investidores das perdas de valor por se manter um preço fixo. O
17
ajustamento da inflação pode ser feito de diferentes maneiras dependendo da jurisdição em
que são aplicadas. Couture e Gagnon (2010) referem alguns exemplos de como se procede
ao ajustamento do valor atribuído à FiT. A Irlanda, em 2006, fazia o ajustamento do valor
total FiT através de uma fórmula definida e conhecida, numa base anual. Por outro lado, na
Província de Ontário, no Canadá, em 2006, o ajustamento foi feito apenas a uma parte do
valor da FiT. Outra forma de ajustamento é o adotado em Espanha, em 2017. Neste caso,
o valor total da FiT é ajustado sendo depois subtraído um número determinado de pontos
base. Os ajustamentos pela inflação podem ser anuais ou trimestrais dependendo das
jurisdições e dos contratos. Os ajustamentos pela inflação asseguram uma remuneração do
investimento mais elevada perto do fim do projeto.
A introdução de ajustamento do valor do FiT garante aos investidores uma maior
proteção ao valor dos investimentos, incentivando os investidores, ainda que avessos ao
risco, a investirem em energia renovável.
Figura 3 - Representação do Modelo do Preço Fixo com Ajustamento de Inflação
Fonte: Couture e Gagnon (2016)
3. Modelo da Tarifa Front-end loaded:
Este modelo consiste na realização de pagamentos mais elevados nos primeiros
anos de vida do projeto e mais baixos nos restantes anos do projeto. Através deste modelo
pretende-se não subsidiar em excesso os projetos que beneficiam de um conjuntura
18
favorável em termos de fonte de energia, por forma a reduzir os custos gerais que os
reguladores têm com o incentivo a energia renovável. Couture e Gagnon (2010) referem
duas alternativas de implementação do modelo: i) na Alemanha e na Suíça os projetos com
menor produção de energia renovável recebem pagamentos elevados durante mais anos; ii)
em França e no Chipre os projetos com maior produção de energia recebem valores
menores após o período inicial de pagamentos elevados.
De acordo com Couture e Gagnon (2010) são atribuídas algumas vantagens a este
modelo. Em primeiro lugar, este modelo permite obter maiores proveitos no início da vida
do projeto evitando que os custos se reflitam nos preços da energia em anos mais tardios,
dando também a oportunidade de os investidores receberem cash-flows superiores quando
os juros a pagar são maiores. Em segundo lugar, o modelo de pagamento transmite
segurança aos investidores, já que é possível prever as receitas que o projeto produzirá
durante toda a sua vida.
Figura 4 - Representação do Modelo da Tarifa Front-end loeaded
Fonte: Couture e Gagnon (2016)
4. Modelo do gap face ao Preço de Mercado:
Este modelo consiste em definir a priori o valor da FiT, que é fixado por forma a
cobrir os custos, sendo um subsídio que corresponde à diferença entre o valor da FiT e o
preço de mercado. Desta forma, a remuneração do produtor é fixa mas o subsídio é
19
variável, sendo tanto menor quanto maior o preço de mercado. Segundo Couture e
Gagnon (2010) a razão pela qual este modelo é classificado como market-independent
prendem-se com o facto de estipular fixo o valor da FiT.
Figura 5 - Representação do Modelo do gap do Preço de Mercado
Fonte: Couture e Gagnon (2016)
5. Modelo do Preço Premium:
Este modelo atribui um valor à FiT constante, acima do preço de mercado. Este
diferencial corresponde ao premium, permitindo remunerar as externalidades positivas,
como por exemplo as sociais ou ambientais, ou até aproximar os custos dos projetos de
energia renovável. Este tipo de modelo tem sido aplicado em mercados de energia não
regulado, cujos preços variam de acordo com alguns fatores, como a oferta e a procura.
Neste sentido, os premium pagos aos investidores variam também ele com as flutuações de
mercado, no mesmo sentido. Estes premium podem ser diferentes de acordo com os
projetos e as fontes utilizadas. Há que ter em conta, todavia, que o facto de o premium estar
relacionado com o preço de mercado, os pagamentos aos investidores podem ser tanto
altos, como extremamente baixos. Esta característica pode traduzir-se numa insegurança
aos investidores, podendo comprometer o crescimento do mercado. Vários estudos
apontam que este tipo de modelo é mais oneroso que o de preço fixo. Ainda assim, a
literatura diz-nos que este tipo de modelo funciona melhor em mercados não regulados de
20
energia. Este modelo é aplicado, na República Checa, na Eslovénia, na Estónia, na
Dinamarca e em Espanha.
Figura 6 - Representação do Modelo do Preço Premium
Fonte: Couture e Gagnon (2016)
6) Modelo do Preço Premium Variável
O modelo do preço premium variável consiste num sistema de remuneração do
sistema FiT em que o produtor recebe o preço de mercado adicionado do premium e o
premium diminui com o aumento do preço de mercado. Quando o preço de mercado atinge
um determinado valor superior o premium é zero e o produtor recebe apenas o preço de
mercado.
21
Figura 7 - Representação do Modelo do Preço Premium Variável
Fonte: Couture e Gagnon (2016)
No eixo horizontal da Figura 7 está representado o preço de mercado. A linha
superior representa o montante recebido pelo produtor (preço de mercado adicionado do
premium) e a linha inferior representa o premium. Este sistema garante que o produtor não
recebe menos do valor designado por bottom line e o Estado não paga um premium maior que
esse mesmo valor.
Segundo Gonzalez (2008) este modelo permite minimizar a parte dos ganhos não
conhecidos, trazendo alguma segurança ao investidor. Embora este modelo não ofereça
garantias tão fortes quanto as do modelo de preço fixo ou do modelo do premium fixo
contém vantagens importantes: i) permite o pagamento dos custos envolvidos que
incentiva a produção em alturas de procura mais elevada; ii) reduz os riscos dos
investidores uma vez que atribui um preço mínimo de pagamento aos investidores e reduz,
de igual forma, os custos sociais já que reduzem a remuneração dos projetos quando o
preço aumenta, reduzindo a sobrecompensação dos projetos.
7) Modelo da Percentagem do Preço de Mercado
Este modelo consiste em estabelecer um valor para a FiT que corresponde a uma
percentagem definida a priori em relação ao preço de mercado, ressalvando que essa
percentagem poderá ser menor, igual ou maior a 100%. Este princípio de indexação do
valor a pagar pela FiT apresenta desde logo, segundo Couture e Gagnon (2010), um risco
para os investidores já que a exposição às flutuações do mercado é grande, não protegendo
22
a viabilidade dos projetos. Este modelo foi adotado durante alguns anos pela Alemanha,
Dinamarca e Espanha mas foi abandonado devido à elevada exposição da remuneração dos
produtores á volatilidade do mercado.
Figura 8 - Representação do Modelo da Percentagem do Preço de Mercado
Fonte: Couture e Gagnon (2016)
1.5.3. Características de eficiência económica das Tarifas Feed-in
A utilização das FiT pressupõe que, para cumprir o objetivo de promover as
energias renováveis, estas respeitem um conjunto de características que introduzam
eficiência económica. Como qualquer outro instrumento regulatório, as FiT apresentam
benefícios e custos da sua utilização e a sua introdução carece de uma análise casuística
(Lesser e Su (2008) e Câmara et al. (2017)).
Lesser e Su (2008) estabelecem quatro características que agora se explanam:
1. Para ser eficiente, o objetivo, quer da capacidade instalada quer o aumento da
produção energia, deve ser definido de forma clara e a FiT deve ser aplicada de
forma adequada aquele objetivo, por forma a garantir que a FiT não provoca a
subcompensação ou sobrecompensação dos investidores;
2. Se a capacidade instalada de produção de energia renovável não estiver alinhada
com a produção de energia renovável, as FiT têm pouco impacto, traduzindo-
23
se em ineficiência. Desta forma, é necessário que os pagamentos do valor da
FiT sejam adequados à quantidade de energia produzida;
3. A FiT deve ser implementada de forma a adequar-se ao objetivo da política
num ótica de curto prazo – onde o instrumento tem por objetivo fomentar a
produção de energia renovável com a capacidade instalada – e de longo prazo –
cujo propósito é o de promover o desenvolvimento tecnológico. Contudo,
estas óticas podem não estar em sintonia devido a característica intrínseca do
desenvolvimento tecnológico: a endogeneidade10;
4. Os sistemas FiT eficientes deverão minimizar a dependência de informação
administrativa, uma vez que os agentes preferem não fornecer todas as
informações sobre a sua atuação. Neste sentido, os agentes preferem, ceteris
paribus, grandes cargas de burocracia do que parâmetros tecnológicos exigentes.
10 O facto de o progresso tecnológico ser endógeno significa que as decisões de política hoje vão afetar o I&D hoje e no futuro afetando as taxas de inovação e do progresso tecnológico (Lesser e Su (2008))
24
Capítulo 2. A Energia Renovável na União Europeia
2.1. Posição Histórica e Motivacional
Haas et al. (2011) afirmam que aumentar a produção de energia com recurso a
fontes renováveis é o principal objetivo da União Europeia no âmbito da política
energética. Contudo, segundo os mesmos autores, para alcançar esse objetivo é necessário
adotar medidas e estabelecer estratégias, por forma a introduzir os instrumentos mais
eficazes. Neste sentido, a União Europeia emitiu, uma Diretiva conjunta do Parlamento
Europeu (PE) e do Conselho Europeu (CE) na qual estabelece as linhas orientadoras
gerais, para os Estados-Membros, “relativa à promoção da utilização de energia
proveniente de fontes renováveis” (Diretiva 2009/28/CE, doravante designada de
Diretiva). O objetivo central é “reduzir as emissões de gases com efeito de estufa na
Comunidade e a sua dependência das importações de energia”, conjuntamente com o
“aumento da eficiência energética”. A Diretiva “fixa objetivos nacionais obrigatórios para a
quota global de energia proveniente de fontes renováveis”.
O PE e o CE tomaram em consideração uma série de factos, que antecedem as
normas constantes na Diretiva. Em particular, o PE e o CE atenderam aos compromissos
assumidos, quer a nível comunitário quer a nível internacional, como é o caso do Protocolo
de Quioto e da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas por
forma a cumprir a redução de gases com efeito de estufa, mas também potenciar o
desenvolvimento económico, sobretudo das regiões menos desenvolvidas, através de uma
política energética sustentável.
Sendo um assunto de alguma complexidade, devido à heterogeneidade dos países e
regiões que compõem o espaço comunitário, e tratando-se de linhas orientadoras para
todos os Estados-Membros, torna-se importante estabelecer uma linha mestre na adoção
de medidas. Posto isto, “fixar regras transparentes e inequívocas para calcular a quota de
energia proveniente de fontes renováveis e para determinar quais essas fontes” torna-se
central na persecução do objetivo de estabelecer quotas mínimas para cada país e uma
quota global para a União. O valor desta quota tem sido unânime nas diversas intervenções
de órgãos da União Europeia. A Comissão Europeia (ComE), em Comunicação do dia 10
de Janeiro de 2007, definiu que um valor de “20% para quota global de energia proveniente
de fontes renováveis” seria um “objetivo adequado e realizável, e que um enquadramento
25
que inclua objetivos obrigatórios deverá fornecer ao mundo empresarial a estabilidade a
longo prazo de que este necessita para realizar investimentos racionais e sustentáveis no
sector das energias renováveis capazes de reduzir a dependência das importações de
combustíveis fósseis e de fomentar a utilização de novas tecnologias energéticas”.
Posteriormente, em Março desse mesmo ano, o CE “reafirmou o compromisso da
Comunidade para com o desenvolvimento à escala comunitária de energia proveniente de
fontes renováveis” e “aprovou como objetivo obrigatório uma quota de 20% de energia
proveniente de fontes renováveis no consumo energético comunitário global até 2020 (…)
de forma economicamente eficaz”. Mais tarde, em Setembro, o PE, no âmbito do Roteiro
das Energias Renováveis na Europa, pediu à ComE para legislar sobre a questão,
“referindo a importância de fixar objetivos para as quotas de energia proveniente de fontes
renováveis a nível da Comunidade e dos Estados-Membros”.
Desta forma, e de acordo com as posições públicas do PE, o CE e a ComE,
“deverão ser estabelecidos objetivos nacionais obrigatórios e coerentes com uma quota de
20% de energia proveniente de fontes renováveis (…) no consumo energético da
Comunidade, a atingir até 2020”. Considerando como o “potencial de energias renováveis e
o cabaz energético” de cada Estado-Membro, é importante que a transcrição dos objetivos
globais para objetivos nacionais seja feito tendo em conta “uma repartição justa e
adequada” dos esforços. Adicionalmente, o aumento da produção de energia renovável
deve ser “repartido entre os Estados-Membros, ponderada em função do PIB, modulada
de modo a refletir os respetivos pontos de partida e fazendo a contabilização em termos de
consumo final bruto de energia tendo na devida conta os esforços já efetuados no
passado”. Estes objetivos têm como principal finalidade “proporcionar certeza aos
investidores e fomentar o desenvolvimento contínuo das tecnologias que produzem
energia a partir de todos os tipos de fontes renováveis”.
Para além de um conjunto substancial de considerações técnico-jurídicas que a
Diretiva inclui, o principal do documento prende-se com a forma como os objetivos
globais são calculados, espelhado nos Artigos 3.º e 5.º bem como as quotas legais
estipuladas.
Como anteriormente referido, os objetivos obrigatórios calculados “devem ser
coerentes com uma quota de pelo menos 20% de energia proveniente de fontes renováveis
no consumo final bruto de energia da Comunidade até 2020”. Deste modo, segundo o
26
Artigo 5.º da Diretiva, o cálculo da quota de energia proveniente de fontes renováveis é
feito do seguinte modo:
𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 (𝑝𝑟𝑜𝑣𝑒𝑛𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑟𝑒𝑛𝑜𝑣á𝑣𝑒𝑖𝑠)
𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 (𝑝𝑟𝑜𝑣𝑒𝑛𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑡𝑜𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑠 𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒𝑠)× 100%
em que o Consumo Final Bruto de Energia (proveniente de fontes renováveis) resulta da
soma do consumo final bruto de eletricidade produzida a partir de fontes renováveis, do
consumo final bruto de energia proveniente de fontes renováveis em aquecimento e
arrefecimento e do consumo final bruto de energia proveniente de fontes renováveis nos
transportes.
Deste modo, são estabelecidos na Diretiva, os objetivos nacionais para casa Estado-
Membro da União Europeia. Os objetivos têm por base os valores das quotas de energia
proveniente de fontes renováveis de 2005. Os valores dos objetivos para 2020 perfazem
uma média comunitária de 20% e podem ser consultados no Quadro 3:
Quadro 3 – Objetivos nacionais para os Estados-Membros da UE – 27, para a quota
de energia proveniente de fontes renováveis em 2020
País S2005 S2020 País S2005 S2020
Bélgica 2,2% 13% Luxemburgo 0,9% 11%
Bulgária 9,4% 16% Hungria 4,3% 13%
República Checa 6,1% 13% Malta 0,0% 10%
Dinamarca 17,0% 30% Países Baixos 2,4% 14%
Alemanha 5,8% 18% Áustria 23,3% 34%
Estónia 18,0% 25% Polónia 7,2% 15%
Irlanda 3,1% 16% Portugal 20,5% 31%
Grécia 6,9% 18% Roménia 17,8% 24%
Espanha 8,7% 20% Eslovénia 16,0% 25%
França 10,3% 23% Eslováquia 6,7% 14%
Itália 5,2% 17% Finlândia 28,5% 38%
Chipre 2,9% 13% Suécia 39,8% 49%
Letónia 32,6% 40% Reino Unido 1,3% 15%
Lituânia 15,0% 23% Média 12% 21%
Fonte: Diretiva 2009/28/CE
27
em que S2005 representa a Quota do Consumo Final Bruto de Energia (proveniente de
fontes renováveis) em 2005 e S2020 representa a Quota do Consumo Final Bruto de Energia
(proveniente de fontes renováveis) em 2020.
Note-se que a estipulação dos objetivos foi feita tendo por base os valores de 2005
e estes eram valores históricos observados. Os valores de 2020 são, obviamente, objetivos
que poderão ou não ser alcançados. A média das quotas de Consumo Final Bruto de
Energia (proveniente de fontes renováveis), em 2005, era de 12% e, em 2020, a média dos
objetivos é de 21%. Apesar de o objetivo para aquela quota ser de 20%, a média dos
objetivos é de 21% e será com este valor que se fará a análise. Da observação do Quadro 3
é possível concluir pela heterogeneidade dos valores, quer no valor histórico observado
quer no próprio objetivo definido. Calculou-se o desvio-padrão e o coeficiente de variação
(CV) para os dois anos: para 2005 o desvio-padrão calculado foi de 10,36% e o CV de
86,33% e para 2020 o desvio-padrão calculado foi de 9,92% e o CV de 47,24%. Considera-
se que CV superiores a 20% são sinónimo de amostras com grande heterogeneidade. Se o
desvio-padrão dá nota de uma considerável heterogeneidade, o CV confirma essa
conclusão. Adicionalmente, e de grande importância, podemos concluir que a definição dos
objetivos induz a uma menor heterogeneidade das quotas nos Estados-Membros, que a
atingir-se tais objetivos a heterogeneidade (medida através do CV) diminuir-se-á
substancialmente, na ordem dos 45%.
2.2. Motivação Empírica
Vimos anteriormente que a Diretiva tinha o objetivo de “reduzir as emissões de
gases com efeito de estufa na Comunidade e a sua dependência das importações de
energia”. Mas será que a redução dos gases com efeito de estufa é a principal razão para
promover a produção de energia através de fontes renováveis? Marques et al. (2010)
elaboraram um estudo empírico sobre as motivações efetivas da promoção da energia
renovável, tendo chegado a conclusões interessantes. Os autores analisaram um conjunto
de variáveis para 24 países do continente europeu, para o período de 1990-2006, tendo
introduzido uma variável dummy para identificar se cada país em análise era membro da
União Europeia em 2001. A introdução desta variável permite retirar conclusões
interessantes sobre a promoção da energia renovável na Europa e perceber se existem
28
diferentes comportamentos consoante os países eram ou não membros da União Europeia.
Marques et al. (2010) justificam a escolha do ano de 2001 para esta análise por ser o ano de
publicação da primeira Diretiva11 europeia relativa aos targets e linhas gerais de orientação
na promoção de energia renovável. Alguns países incluídos na amostra vieram a integrar a
União Europeia após 2001, outros países, como é o caso da Islândia, Suíça e Turquia,
mantêm-se fora da União Europeia.
Marques et al. (2010) identificaram quatro fatores importantes na definição da
orientação europeia para a promoção de energia renovável: i) a pressão de lobbies dos
sectores tradicionais da indústria da energia (petróleo, carvão e gás natural); ii) a segurança
energética; iii) as emissões de CO2; e iv) o nível de riqueza dos países. A conclusão mais
importante do estudo, e a mais imprevisível, é da relação negativa em todas as estimações
entre as emissões de CO2 e a promoção das energias renováveis. Ou seja, os autores não
encontram evidência empírica que a redução das emissões de CO2 constituam motivação
para a promoção de energia renovável. Menos surpreende é o efeito negativo dos lobbies das
energias convencionais na promoção de energia renovável. A dependência de energia do
exterior é um fator de incremento de energia renovável em todos os países.
Adicionalmente, para os países membros da EU (membros em 2001) o PIB (enquanto
medida do nível absoluto de riqueza dos países) é um fator de promoção das energias
renováveis.
Para a compreensão do estudo de Marques et al. (2010) é importante ter em conta a
abordagem assumida na avaliação do desenvolvimento das energias renováveis. De acordo
com Marques et al. (2010) existem, na literatura várias abordagens para mensurar o
desenvolvimento das energias renováveis: i) medir a substituição de energia produzida
através de fontes convencionais por energia produzida através de fontes renováveis; ii)
medir o valor total de energia renovável produzida (Bird et al. (2005)); e iii) usar o logaritmo
natural da quota de energia renovável na produção total de energia (Carley (2009)). Os
autores adotaram a abordagem proposta por Carley (2009) utilizando o logaritmo da
contribuição da energia renovável na produção de energia como uma percentagem da
energia primária oferecida (LCRES). Esta é a variável dependente na estimação
econométrica realizada.
As variáveis explicativas da promoção da energia renovável consideradas pelos
autores estão divididas em três grupos: fatores políticos, fatores socioeconómicos e fatores
11 Diretiva 2001/77/CE.
29
específicos por país. Em seguida, apresenta-se uma breve descrição de cada uma das
variáveis explicativas do modelo, de acordo com os grupos formados.
• Fatores Políticos: a introdução de variáveis explicativas de cariz político pretende
testar o argumento proposto pela literatura (Carley (2009) e Menz and Vachon
(2006)), de que as motivações políticas são as principais responsáveis pela
promoção das energias renováveis. Dentro deste grupo Marques et al. (2010)
incluem duas variáveis:
- Variável Institucional – ser membro da União Europeia em 2001
A categorização de um país como membro ou não membro da União Europeia tem
como objetivo perceber o impacto das Diretiva 2001/77EC da Comissão Europeia. Esta
Diretiva foi a primeira forma legal a introduzir targets específicos e bem definidos para os
Estados-Membros da UE. Assim, com esta variável pretende-se explicar se a existência de
imposições legais tem um impacto positivo na promoção das energias renováveis..
- Segurança Energética
O conceito de segurança energética está relacionado com o grau de dependência de
um país em relação à importação de energia. Segundo Marques et al. (2010), a literatura
propõe que a segurança energética promove as energias renováveis. Com a introdução
desta variável pretende-se verificar se na amostra e no período temporal considerado a
segurança energética promove o investimento em energias renováveis.
• Fatores Socioeconómicos: Marques et al. (2010) consideram que os fatores
socioeconómicos são os que permitem fazer a seleção das fontes renováveis de
energia a utilizar e incluem:
- Preço do Petróleo, do Gás Natural e do Carvão
A introdução dos impactos dos preços do petróleo, do gás natural e do carvão
como variável explicativa da promoção da energia renovável é feita uma vez que o preço da
energia renovável é consideravelmente superior ao preço da energia proveniente daquelas
fontes. Contudo, de acordo com Menz e Vachon (2006) o preço da energia proveniente de
fontes convencionais não reflete as externalidades negativas da sua produção e utilização.
30
Marques et al. (2010) pretendem testar se quanto maior o preço da energia de fontes
convencionais maior é o uso de energia proveniente de fontes renováveis.
- Emissões de Dióxido de Carbono
As emissões de CO2 e de outros gases poluente provocam o efeito de estufa
prejudicial à vida na Terra, sendo necessário controlar este efeito e se possível revertê-lo.
Segundo Marques et al. (2010) e de acordo com a literatura é de esperar que as
preocupações com as questões ambientais promovam as energias renováveis, controlando
as emissões de CO2 per capita. No modelo é testado se maiores emissões de gases de efeito
de estufa estão relacionadas com maior o uso de energia proveniente de fontes renováveis.
- Contribuição do Carvão, do Gás Natural, do Petróleo e do Nuclear na Produção de
Energia
Segundo Marques et al. (2010), a literatura sugere que a predominância de energia
proveniente de fontes convencionais (em termos políticos e económicos) é consequência
de lobbies muito visíveis nos “mercados de capital, na indústria militar e, no geral, nos
decisores políticos dos governos”. Com a introdução desta variável, que mede a
importância das energias convencionais, os autores pretendem testar o efeito dos lobbies na
promoção das energias renováveis.
- Consumo de Energia
De acordo com Marques et al. (2010) o consumo de energia é um indicador de
desenvolvimento, usado também para medir as necessidades energéticas de um país. Estas
necessidades podem ser fornecidas através de: “i) fontes de energia fósseis tradicionais; ii)
fontes renováveis; e iii) mix das duas anteriores”. Os autores pretendem testar os efeitos do
consumo de energia na promoção das energias renováveis.
- Produto
Marques et al. (2010) têm a expectativa que o PIB (ou o PIB per capita) esteja
correlacionado com o incentivo e investimento em energia renovável por duas vias: por um
lado, é de esperar que países mais ricos tenham maior capacidade financeira para suportar
os custos dos mecanismos regulatórios, por outro lado, países mais ricos dispõem de maior
riqueza para o investimento em fontes renováveis.
31
• Fatores Específicos: Vachon and Menz (2006) consideram que há determinadas
características intrínsecas de cada país como, por exemplo, a “cultura, a riqueza ou
o potencial de produção de renováveis” que podem explicar o uso das renováveis.
Nesta categoria são consideradas as seguintes variáveis:
- Área Geográfica
Marques et al. (2010) (cfr. Menz e Vachon (2006)) referem que o potencial de
produção de energia renovável de um país é importante para explicar as motivações e os
investimentos em energia renovável. A fim de quantificar o potencial de produção de
energia renovável foi considerada a área de cada país. A expectativa dos autores é a de que
exista um efeito positivo entre a área de um país e o investimento em energias renováveis.
- Compromisso Contínuo nas Energias Renováveis
Marques et al. (2010) consideram que quanto maior for o compromisso na
promoção da energia renovável maior é o investimento nestas energias. Consideram ainda
que frequentemente avultados investimentos, permitem explorar economias de escala, o
que aumenta a rentabilidade dos projetos e desse modo, o compromisso a longo prazo com
as energias renováveis. A fim de quantificar o compromisso com as energias renováveis os
autores definem uma variável dummy que assume um valor 1 se o peso da energia renovável
10%, e 0 em caso contrário.
Os resultados da estimação do modelo sugerem algumas conclusões que, de forma
geral, vão de encontro ao esperado aquando da definição das variáveis. Contudo, alguns
resultados são contrários à expectativas. Também existem diferenças nos resultados
dependendo se o país era ou não membro da UE em 2001. Para todos os países, por
exemplo, existe uma relação negativa e estatisticamente significativa entre a emissão de CO2
e a variável explicada LCRES. Este resultado (verificado em todas as estimações) sugere
que as preocupações com o ambiente não pressionam o crescimento das energias
renováveis, sendo contrário às expectativas. Por outro lado, os resultados mostram uma
relação negativa e estatisticamente significativa entre o peso do carvão e petróleo na
produção total de energia, mostrando que quanto maior a utilização de energia proveniente
de fontes convencionais, menor a utilização de energia proveniente de fontes renováveis.
32
Este resultado mostra o impacto dos lobbies existentes como entrave a promoção de energia
renovável. Os resultados mostram também uma relação positiva e estatisticamente
significativa das variáveis representativas do consumo de energia e segurança energética.
As restantes variáveis explicativas têm diferentes comportamentos consoante a análise é
efetuada para os países membros da UE ou para os países não-membros da UE. Assim,
temos:
1. O PIB (enquanto medida do nível de riqueza dos países) representa uma relação
positiva e estatisticamente significativa com a variável explicada LCRES para países
membros da UE e uma relação negativa para os restantes países;
2. Existe uma relação positiva e estatisticamente significativa entre o preço do carvão
e a variável explicada LCRES, para países membros da UE e uma relação negativa e
estatisticamente significativa para países não-membros da UE;
3. Existe uma relação positiva e estatisticamente significativa dos países membros da
UE em relação ao compromisso com a promoção de energias renováveis e uma
relação negativa e estatisticamente significativa para países não-membros da UE;
2.3. O Incentivos às Energias Renováveis em Portugal e na
Europa
A Diretiva 2009/28/CE estabelece a existência de um PNAER – Plano Nacional
de Ação para as Energias Renováveis. Cada Estado-Membro teve de entregar à Comissão
Europeia o PNAER, até ao dia 30 de Julho de 2010, no qual são fixados “os objetivos
nacionais (…) para as quotas de energia proveniente de fontes renováveis (…) em 2020”,
bem como são descritas as medidas setoriais a implementar a fim de cumprir os objetivos.
O PNAER português transpõe para o âmbito jurídico nacional as disposições e os
objetivos globais da Diretiva e estabelece a estratégia nacional para atingir o objetivo global
em 2020. De acordo com o PNAER, os objetivos anuais bem como as trajetórias de
alcance mínimo são as seguintes:
33
Quadro 4 – Objetivos anuais e trajetórias mínimas indicativas de cumprimento para
Portugal
2005 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Quota Global (%) 19,8 24,1 25,2 26,9 27,1 27,4 28,4 28,9 29,7 30,6 30,8 31
2005
2011-2012 2013-2014 2015-2016 2017-2018
2020
S2005
S2005 + 20%(S2020 - S2005)
S2005 + 30%(S2020 - S2005)
S2005 + 45%(S2020 - S2005)
S2005 + 65%(S2020 - S2005)
S2020
Trajetória Mínima Indicativa (%)
19,8
22 23,1 24,8 27,1
31
Fonte: Elaboração própria baseado no PNAER da República Portuguesa (2010)
No Quadro 4, Quota Global representa o objetivo anual fixado pelo Estado
português para a quota de energia proveniente de fontes renováveis no consumo final
bruto de energia. O valor base é o valor verificado em 2005 de 19,8%, sendo o objetivo
fixado para 2020 de 31%.
No Quadro 4 estão, ainda, representados os objetivos intercalares mínimos
(Trajetória Mínima Indicativa), de modo a possibilitar um acompanhamento mais próximo
do ritmo a que os objetivos anuais são alcançados. Os objetivos intercalares mínimos são
definidos para a quota média de dois anos tendo por referência os anos de 2005 e 2020,
Assim, por exemplo, para quota média dos anos 2011 e 2012 está estabelecido que o valor
mínimo a alcançar seja a quota de 2005 adicionada de 20% da diferença entre quotas para
2020 e 2005, o que resulta em 22%. Estas metas intercalares (20% para 2011-2012, 30%
para 2013-2014, 45% para 2015-2016 e 65% para 2017-2018, estão definidas na Diretiva e
são comuns a todos os países europeus. Esta forma de definição das metas e trajetórias tem
também como objetivo permitir a comparação entre a situação de cada país
Até Novembro de 2012, os projetos de produção de energia com recurso a fontes
renováveis foram promovidos pelas Tarifas Feed-in (FiT), estando agora sujeitos a um
regime geral ou um sistema de remuneração garantida. Com a entrada em vigor do novo
regime jurídico previsto pelo DL 215-B/2012, apenas as unidades industriais de produção
continuam a ser apoiadas pela FiT. De notar que, a continuação da FiT para as instalações
industriais funcionam apenas para aquelas que foram registadas até Novembro de 2012.
Por outro lado, para pequenas instalações de produção para venda (conhecidas como
34
UPP)12 e pequenas instalações para autoconsumo (conhecidas como UPAC)13, o regime
jurídico também se alterou com a entrada em vigor do DL 153/2014, em Janeiro de 201514.
Em Portugal, a autoridade competente para a atribuição de benefícios é, de acordo
com o art.º 10 do DL 154/2014, a Direção-Geral da Energia e Geologia que, através do
SERUP (um sistema de registo eletrónico) realiza a administração das UPP e das UPAC.
Para as UPP e as UPAC e conectarem à rede de distribuição devem registar-se no SERUP
para terem acesso ao regime de remuneração.
A atribuição do benefício tem de respeitar limitações legais em termos de
montante, de cap definido (i.e., limite de atribuição de benefício) e dos períodos limite da
atribuição dos benefícios.
Relativamente aos montantes estipulados pela legislação portuguesa para cada fonte
de energia renovável existe uma grande variedade de situações. Pode-se encontrar no
Anexo 1 um quadro resumo detalhado sobre os valores a subsidiar. Contudo, nesta
dissertação dá-se detalhe ao subsídio dado a duas fontes de energia – energia solar e energia
eólica – uma vez que vai ser alvo de análise mais em diante. Para as instalações que utilizam
a energia eólica temos duas opções: as instalações existentes têm atribuído um benefício de
74€ ou 75€ por MWh (cfr. DL 225/2007) e às UPP são atribuídas um benefício de 70% da
tarifa de referência (cfr. art. 3º da Portaria 15/2015) que se fixava em 95€ por MWh, em
2017 (cfr. art. 2º da Portaria 20/2017). Para as instalações que utilizam a energia solar temos
algumas opções: as instalações existentes o valor definido no FiT é de 257€ por MWh (cfr.
DL 132-A/2010); para as instalações de energia solar fotovoltaica o valor definido para a
FiT é de 380€ por MWh (cfr. Portaria 1057/2010); para as instalações de energia solar o
valor definido para a FiT é de 267€ - 273€ por MWh (cfr. DL 225/2007); e às UPP o
benefício é de 100% em iguais termos das UPP que utilizam energia eólica.
Relativamente ao cap, a legislação define que o benefício atribuído deve ter um
limite. Neste caso, o limite não se estabelece em termos monetários mas em termos de
geração de energia. O DL 225/2007 determina que instalações que utilizem energia eólica
deixem de receber o incentivo regulatório quando a produção atinge os 33 GWh. Em
relação as instalações que utilizam energia solar, o limite estabelecido altera-se dependendo
se a energia solar é termodinâmica ou se é fotovoltaica. Para as primeiras o limite é 21
12 Unidades com capacidade instalada de 1 MW (Megawatt) até 250 KW (quilowatt) 13 Unidades com capacidade de 200W (Watt) até 1MW (Megawatt) 14 Entrada em vigor do DL, em Janeiro de 2015, através da Portaria 14/2015.
35
GWh e para as segundas o limite é 34 GWh. Para as UPP o limite anual é estabelecido para
produção que não exceda os 20 MW por ano.
Por fim, o período limite de atribuição do benefício é definido em paralelo com o
cap. Quer isto dizer que o benefício é atribuído até se atingir um dos limites: o cap ou o
período limite. Para as instalações de energia eólica, o incentivo é limitado a 15 anos. Para
as instalações que utilizam a energia solar o limite é de 15 anos para solar termodinâmica e
de 20 anos para solar fotovoltaica.
Apesar de não se realizar, nesta Dissertação, uma análise detalhada sobre a
aplicação dos instrumentos regulatórios nos Estados-Membros, o Quadro 5 resume os
instrumentos utilizados em cada país da UE – 27.
36
Quadro 5 – Principais instrumentos regulatórios usados nos Estados-Membros da
UE – 27 na produção de energia elétrica renovável
Fonte: Elaboração própria com baseado na Comissão Europeia (2017)
País Instrumentos Regulatórios
Áustria Tarifa Feed-in ; Subsídios
Bélgica Subsídios; Sistema de Quotas; Sistemas de Compensação
Bulgária Tarifa Feed-in
Chipre Tarifa Feed-in ; Subsídios; Sistemas de Compensação
República Checa Tarifa Feed-in ; Tarifa premium ; Subsídio
DinamarcaTarifa premium ; Sistema de Compensação; Garantias de
Empréstimos; Tenders
Estónia Tarifa premium
Finlândia Tarifa premium ; Subsídios
França Tarifa Feed-in ; Tarifa premium ; Incentivos Ficais; Tenders
AlemanhaTarifa Feed-in ; Tarifa premium ; Garantias de Empréstimos; Tenders ;
Subsídios
GréciaTarifa premium ; Sistema de Compensação; Subsídios; Tenders ;
Incentivos Fiscais
Hungria Programação de Formação de Instaladores
Irlanda Tarifa Feed-in
ItáliaTarifa Feed-in ; Sistema de Compensação; Tarifa premium ; Incentivos
Fiscais; Tenders
Letónia Tarifa Feed-in ; Sistema de Compensação
LituâniaGarantias de Empréstimos; Sistemas de Compensação; Tarifa Feed-
in (premium ); Subsídio; Incentivos Fiscais; Tenders
Luxemburgo Tarifa Feed-in ; Tarifa premium ; Subsídio; Incentivos Fiscais
Malta Tarifa Feed-in ; Subsídio
Países BaixosGarantia de Empréstimos; Sistema de Compensação; Tarifa
premium ; Incentivos Fiscais; Tenders
PolóniaGarantias de Empréstimos; Sistema de Quotas; Incentivos Fiscais;
Tenders
Portugal Tarifas Feed-in
Roménia Sistema de Quotas; Subsídio
Eslováquia Tarifa Feed-in ; Subsídio; Incentivos Fiscais
Eslovénia Garantia de Empréstimos; Subsídios; Tenders
Espanha Tenders
Suécia Sistema de Quotas; Subsídios; Incentivos Fiscais
Reino Unido Tarifa Feed-in ; Sistema de Quotas; Incentivos Fiscais; Tenders
37
Como podemos constatar, nos 27 Estados-Membros da União Europeia, o
instrumento regulatório de incentivo à produção de energia elétrica renovável mais
utilizado é Tarifas Feed-in, quer numa versão normal da tarifa quer numa versão premium.
38
Capítulo 3. Promoção da Energia Renovável: Análise
Descritiva e Análise Cluster
3.1. Metodologia
No presente capítulo são analisados indicadores relativos ao uso das energias
renováveis e indicadores que se prevê que se alterem com a promoção do uso das energias
renováveis e com os objetivos traçados pela Diretiva 2009/28/CE.
A escolha da análise cluster para identificar mudanças na estrutura energética da
União Europeia justifica-se pelo facto de se pretender estudar o comportamento da União
como um todo e também o comportamento dos grupos de países com características
semelhantes. A análise será realizada para a União Europeia a 27. Isto é, exclui-se a Croácia
uma vez que, à data da emissão da Diretiva 2009/28/CE a Croácia não fazia parte da
União Europeia, tendo só entrado em 1 de Julho de 2013. A exclusão deste país permite
retirar desvios de análise de efeitos por não ter adotado as disposições da Diretiva desde do
seu início.
De referir ainda que, a análise será feita para dois anos: 2009 e 2015. Por um lado,
2009 foi o ano da entrada em vigor da Diretiva 2009/28/CE, que define os objetivos da
União Europeia quanto à produção de energia renovável para 2020. Por outro lado, 2015 é
o ano para o qual se encontra informação mais recente.
Tendo por base os argumentos, a metodologia e as conclusões do trabalho de
Marques et al. (2010) analisado no ponto 2.2., formação de grupos de países para
desenvolver a análise cluster será realizada sob três critérios: i) critério institucional/legal, ii)
critério económico e iii) critério ambiental. O primeiro critério considera os target definidos
na Diretiva, o segundo critério tem em conta do PIB per capita dos Estados-Membros e, por
fim, o último critério é baseado na emissão de gases com efeito de estufa per capita. De
seguida cada critério é definido de forma mais detalhada sendo apresentados os grupos de
países sob cada um dos critérios.
Critério 1 – Objetivo definido para 2020 na Diretiva (𝑺𝟐𝟎𝟐𝟎)
Aplicando o Critério 1 os Estados-Membros são distribuídos em 3 grupos de países
de acordo com objetivos delineados na Diretiva para 2020. O Grupo I é constituído pelos
39
países com um objetivo superior ao da média Europeia (20%), o Grupo II é constituído
pelos países com um objetivo próximo do objetivo médio da União Europeia e o Grupo
III é constituído pelos países com um objetivo pouco exigente (menor que 15%):
𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝑰: 𝑺𝟐𝟎𝟐𝟎 ≥ 𝟐𝟎%
𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝑰𝑰: 𝟏𝟓% ≤ 𝑺𝟐𝟎𝟐𝟎 < 𝟐𝟎%
𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝑰𝑰𝑰: 𝑺𝟐𝟎𝟐𝟎 < 𝟏𝟓%
A utilização deste critério tem por objetivo verificar se, em termos médios, existem
comportamentos distintos consoante a o nível de exigência para 2020.
O Quadro 6 apresenta os grupos de países formados de acordo com o Critério 1.
Quadro 6 – Grupos de Estados-Membros formados de acordo com o Critério 1
Fonte: Elaboração própria.
O grupo de países estabelecidos de acordo com o Critério 1, permitem retirar
algumas conclusões quanto aos avanços pretendidos pelo Estados-Membros na promoção
das energias renováveis. Verificamos que 12 países da UE – 27, ou seja, 44%, apresentam
um target para a quota de energia proveniente de energias renováveis superior à média
fixada para a UE. No entanto, 30% dos países ainda apresentam objetivos inferiores aos
15% de energia proveniente de fontes renováveis. É importante reter que no universo da
UE – 27, 66% dos Estados-Membros não pretende atingir o target de 20%, donde
podemos concluir que o Grupo I é o motor da promoção das energias renováveis na União
Europeia. O país com objetivo mais elevado é a Suécia, com um objetivo de 49%, e o país
Grupo II 15% ≤ S2020 < 20% Grupo III S2020 < 15%
(12 países) S2020 (7 países) S2020 (8 países) S2020
1º Suécia 49% 11º Alemanha 18% 15º Eslováquia 14%
2º Letónia 40% 11º Grécia 18% 15º Países Baixos 14%
3º Finlândia 38% 12º Itália 17% 16º Bélgica 13%
4º Aústria 34% 13º Bulgária 16% 16º Chipre 13%
5º Portugal 31% 13º Irlanda 16% 16º Hungria 13%
6º Dinamarca 30% 14º Reino Unido 15% 16º República Checa 13%
7º Eslovénia 25% 14º Polónia 15% 17º Luxemburgo 11%
7º Estónia 25% 18º Malta 10%
8º Roménia 24%
9º França 23%
9º Lituânia 23%
10º Espanha 20%
Grupo I S2020 ≥ 20%
40
com o objetivo mais baixo é Malta, com um target de 10%, dando uma amplitude 39p.p., o
que revela a forte heterogeneidade entre países. Portugal integra o Grupo I, sendo o 5º país
com o objetivo mais elevado (31% de quota para energias provenientes de fontes
renováveis).
Critério 2 - PIB per capita
Aplicando o Critério 2, os Estados-Membros são divididos em três grupos de
países de acordo com PIB per capita (a preços correntes de 2009) do seguinte modo:
Grupo I: 𝑷𝑰𝑩 𝒑𝒆𝒓 𝒄𝒂𝒑𝒊𝒕𝒂𝟐𝟎𝟎𝟗 ≥ 𝟐𝟕 𝟎𝟓𝟕€
Grupo II: 𝟐𝟐 𝟏𝟑𝟕€ ≤ 𝑷𝑰𝑩 𝒑𝒆𝒓 𝒄𝒂𝒑𝒊𝒕𝒂𝟐𝟎𝟎𝟗 < 𝟐𝟕 𝟎𝟓𝟕€
Grupo III: 𝑷𝑰𝑩 𝒑𝒆𝒓 𝒄𝒂𝒑𝒊𝒕𝒂𝟐𝟎𝟎𝟗 < 𝟐𝟐 𝟏𝟑𝟕€
Na definição do Critério 2 utilizou-se o PIB total15 da UE a 27 em 2009, a preços
correntes de 2009, e o valor da população da União Europeia à data de 1 de Janeiro de
2010. O PIB per capita da UE foi então calculado em 24.597 €. Para estabelecer os
parâmetros considerou-se que: i) os países com PIB per capita superior a 110% do PIB per
capita da UE são considerados países de riqueza baixa; ii) os países com PIB per capita
situado entre 90% e 110% do PIB per capita da UE são considerados países de riqueza
média; e iii) os países com PIB per capita inferior a 90% do PIB per capita da UE são
considerados países de riqueza alta. Os cálculos encontram-se efetuados nos Apêndices 1 e
2.
O Quadro 7 descreve os três grupos formados com a aplicação do Critério 2.
15 Fonte:http://ec.europa.eu/eurostat/tgm/table.do?tab=table&init=1&language=en&pcode=tec00001&plugin=1, acedido em 27/05/2018.
41
Quadro 7 – Grupos de Estados-Membros formados de acordo com o Critério 2
Fonte: Elaboração própria
No que concerne ao Critério 2, o número de países que se enquadra no grupo de
rendimento médio é relativamente baixo comparativamente com os países que pertencem
aos grupo de rendimento elevado e de rendimento baixo, que representam, respetivamente,
40,7% e 48,1% dos Estados-Membros. Lidera a tabela o Luxemburgo com um PIB per
capita de 74.200€ e o país que se encontra em último lugar é a Bulgária com um PIB de
5.000€ per capita. Portugal insere-se no Grupo III – países de rendimento baixo- em 17º
lugar com um PIB per capita de 16.600€.
Critério 3 - Emissões de gases com efeitos de estufa
Aplicando o Critério 3, os Estados-Membros são distribuídos em três grupos de
países, de acordo com as emissões de gases com efeitos de estufa em toneladas, per capita
(GGE16), de acordo com os seguintes critérios:
𝑮𝑮𝑬 𝒑𝒆𝒓 𝒄𝒂𝒑𝒊𝒕𝒂𝟐𝟎𝟎𝟗 ≥ 𝟏𝟐 𝒕𝒐𝒏.
𝟖 𝒕𝒐𝒏. ≤ 𝑮𝑮𝑬 𝒑𝒆𝒓 𝒄𝒂𝒑𝒊𝒕𝒂𝟐𝟎𝟎𝟗 < 𝟏𝟐 𝒕𝒐𝒏.
𝑮𝑮𝑬 𝒑𝒆𝒓 𝒄𝒂𝒑𝒊𝒕𝒂𝟐𝟎𝟎𝟗 < 𝟖 𝒕𝒐𝒏.
Na definição e tratamento dos dados que deram origem ao Critério 3, incluiu-se a
Croácia17 no valor do GGE per capita. Os intervalos para definir os grupos com base no
16 GGE – do inglês Greenhouse gas emissions.
Grupo II Grupo III
(11 países)
PIB per capita
2009 (3 países)
PIB per capita
2009 (13 países)
PIB per capita
2009
1º Luxemburgo 74.200 12º Itália 26.400 15º Grécia 21.400
2º Dinamarca 41.900 13º Espanha 23.300 16º Eslovénia 17.700
3º Irlanda 37.500 14º Chipre 23.100 17º Portugal 16.600
4º Holanda 37.400 18º Malta 14.900
5º Áustria 34.500 19º República Checa 14.200
6º Finlândia 33.900 20º Eslováquia 11.800
7º Suécia 33.300 21º Estónia 10.600
8º Bélgica 32.300 22º Hungria 9.400
9º Alemanha 30.600 23º Letónia 8.800
10º França 30.000 24º Lituânia 8.500
11º Reino Unido 27.600 25º Polónia 8.300
26º Roménia 6.100
27º Bulgária 5.000
Grupo I
PIB per capita 2009 ≥ 27 057€ 22 137€ ≤ PIB per capita 2009 < 27 057€ PIB per capita 2009 < 22 137€
42
Critério 3 têm como referência o valor de GGE per capita da UE-2818 que foi de 9,6 ton. per
capita. Estabeleceu-se como valor médio de 10 toneladas per capita e considerou-se que uma
amplitude de 4 toneladas em torno do valor médio seria considerado o grupo de emissões
de intensidade intermédia, ou seja, o grupo cujas emissões se situavam, per capita, entre as 8
toneladas e as 12 toneladas. Países cujas emissões se encontram abaixo das 8 ton. per capita,
são considerados países com emissões de intensidade baixa. Os países com emissões
superiores a 12 ton. per capita, são considerados países com emissões de intensidade elevada.
A formação de grupos de acordo com o critério definido encontram-se no Quadro
8.
Quadro 8 – Grupos de Estados-Membros formados de acordo com o Critério 3
Fonte: Elaboração própria.
Respeitante ao Critério 3, verifica-se que os grupos formados são mais
homogéneos, em termos de números de países. O Grupo I, formado pelos países de
emissões de intensidade elevada, representa cerca de 30% dos Estados-Membros. A mesma
percentagem de países incluem-se no Grupo III, que corresponde ao grupo de países de
emissões de intensidade baixa. Os restantes 40% dos Estados-Membros incluem-se no
grupo de países de emissões de intensidade intermédia. O país com maiores emissões de
GGE per capita é o Luxemburgo com 25,9 toneladas. No fundo da tabela está a Letónia
com emissões de 5,3 ton. per capita. Portugal é o 19º Estado-Membro com menor emissão
17 A inclusão da Croácia na definição deste critério prende-se com o facto de não se encontrarem dados onde este país esteja excluído. Considera-se que a emissão dos gases com efeito de estufa, pela Croácia, não seja tão significativa que altere os dados em análise. 18 Incluiu-se aqui a Croácia, pelas razões já explicadas.
Grupo II Grupo III
(12 países)
GGE per
capita 2009 (11 países)
PIB per capita
2009 (8 países)
PIB per
capita 2009
1º Luxemburgo 25,9 8º Dinamarca 11,8 17º Malta 7,9
2º Irlanda 14,2 9º Alemanha 11,4 18º Bulgária 7,8
3º República Checa 13,3 9º Grécia 11,4 19º Portugal 7,2
4º Chipre 13,2 10º Polónia 10,2 20º Hungria 6,6
5º Holanda 12,9 11º Reino Unido 10,1 21º Suécia 6,5
5º Finlândia 12,9 12º Áustria 9,8 22º Lituânia 6,4
6º Estónia 12,6 13º Eslovénia 9,6 23º Roménia 6,2
7º Bélgica 12 14º Eslováquia 8,5 24º Letónia 5,3
14º Itália 8,5
15º Espanha 8,3
16º França 8,1
Grupo I
GGE per capita 2009 ≥ 12 ton. 8 ton. ≥ GGE per capita 2009 < 12 ton. GGE per capita 2009 < 8 ton.
43
de GGE da UE, pertencendo ao grupo III, ou seja, de emissões de intensidade baixa (7,2
ton. per capita)
Note-se que, Portugal é um dos países com maior objetivo de quota de energia
renovável em 2020 e simultaneamente, no ano de análise, ocupa o grupo de países de
rendimento baixo e o grupo de países com emissões de intensidade baixa. Por outro lado, o
Luxemburgo é o país mais rico da UE – 27, segundo o critério definido, e ocupa
simultaneamente o primeiro lugar no critério de emissões de gases com efeitos de estufa e
apresenta um objetivo para 2020 de apenas 11%, ocupando o penúltimo lugar. Daqui
podemos inferir que a definição de objetivos mais ou menos elevados não está relacionados
com a riqueza ou intensidade emissora de gases com efeito de estufa. Apenas a Finlândia
pertence, consistentemente, aos três primeiros grupos formados pelos três critérios.
3.2. Análise das Variáveis
Nesta seção, será analisada a evolução de algumas variáveis relativas ao
desenvolvimento das energias renováveis durante o período de 2010 a 2015, quer ao nível
dos grupos de países definidos na seção anterior, quer ao nível agregado da EU-27. O
objetivo da análise é perceber se existem diferenças significativas na evolução das variáveis
escolhidas consoante os grupos de países, o que permitirá retirar conclusões acerca da
relação entre os critérios usados para constituição dos grupos de países (que refletem
características institucionais, económicas e ambientais) e as variáveis selecionadas.
As variáveis em estudo serão as seguintes:
1. Quota de Energia Renovável no Consumo Final Bruto de Energia;
2. Produção Global de Energia Renovável;
3. Produção de Energia Renovável per capita;
4. Percentagem da Produção de Energia Eólica no Total da Produção de Energia
Renovável;
5. Percentagem da Produção de Energia Solar no Total da Produção de Energia
Renovável.
44
1. Quota de Energia Renovável no Consumo Final Bruto de Energia (QER):
Neste ponto, é analisada a evolução da QER média para cada grupo de países no
período 2010 a 2015. Note-se que, a formação de grupos de países de acordo com o
Critério 1 é baseada nos objetivos fixados para 2020 quanto à quota de energia renovável
no consumo final bruto de energia por país. Ou seja, a variável agora em estudo (QER)
corresponde à evolução real do objetivo traçado pela União Europeia.
Os Quadros 9, 10 e 11 apresentam os valores médios da QER nos anos 2010 a
2015 para cada grupo de países e para a EU- 27,19 Em cada quadro é ainda apresentado,
por grupo de países e para e EU-27, o valor médio do objetivo para 2020. Por exemplo, no
Quadro 9, a linha do Grupo I apresenta as médias das quotas efetivas para o conjunto de
países que pertencem a este grupo de acordo com o Critério 1 para os anos de 2010 a 2015,
e a coluna “Objetivo Médio” apresenta a média da quota objetivo prevista na Diretiva
2009/28/CE por grupo e para a EU-27.
Quadro 9 – Média das QER observadas para cada grupo formado com o Critério 1 e
para a UE – 27, para os anos de 2010 a 2015
Critério 1
2010 2011 2012 2013 2014 2015 Objetivo
Médio
Grupo I 25,08% 25,43% 26,79% 27,94% 28,88% 29,57% 30,16%
Grupo II 9,44% 10,07% 11,37% 12,56% 13,06% 13,59% 16,43%
Grupo III 6,48% 7,10% 7,91% 8,46% 9,11% 9,43% 12,63%
UE - 27 15,51% 16,01% 17,20% 18,18% 18,92% 19,45% 20%
Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de Eurostat (2016a)
Do Quadro 9, podemos verificar que a evolução das médias para os três grupos de
países e para a EU-27 é crescente em todos os anos, havendo assim uma aproximação ao
objetivo para 2020. No ano mais recente de análise, 2015 (a cinco anos de 2020),
observamos alguns detalhes interessantes: i) a média do Grupo I para a quota de energia
renovável já se encontra muito próxima do objetivo médio, distando apenas 0,59 p.p.; ii)
situação idêntica temos para a média da UE-27, em que o valor efetivo dista 0,55 p.p. do
19 No Anexo 2 são apresentados os valores da QER para cada país no período em análise.
45
objetivo para 2020; iii) para os Grupos II e III, a situação é diferente, uma vez que a
diferença entre a média das quotas observada em 2015 e o objetivo médio para 2020 é de
2,84 p.p. e 3,2 p.p., respetivamente. Importa ainda referir que, para todos os anos
considerados, os valores da QER média do Grupo I são significativamente mais elevados
do que nos outros grupos: mais de 15 p.p. em relação ao Grupo II mais de 18 p.p. em
relação ao Grupo III, o que revela uma forte heterogeneidade no desenvolvimento da
energia renovável entre os países da EU-27.
Conclusão 1: Podemos concluir que uma maior exigência institucional poderá estar
positivamente relacionada o com o cumprimento do objetivo. Isto é, maior exigência na
fixação do objetivo está associada a um maior desenvolvimento efetivo das energias
renováveis. Esta conclusão vai ao encontro das conclusões do trabalho desenvolvido por
Marques et al. (2010).
Quadro 10 – Média das QER observadas para cada grupo formado com o Critério 2
e para a UE - 27, para os anos de 2010 a 2015
Critério 2
2010 2011 2012 2013 2014 2015 Objetivo
Médio
Grupo I 16,10% 16,60% 17,72% 18,56% 19,64% 20,26% 23,73%
Grupo II 9,87% 10,03% 11,53% 12,80% 13,3% 13,67% 17%
Grupo III 17,65% 18,27% 19,31% 20,31% 20,80% 21,28% 21,77%
UE - 27 15,51% 16,01% 17,20% 18,18% 18,92% 19,45% 20%
Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de Eurostat (2016a)
A observação da evolução da QER média para os grupos de países formados sob
Critério 2 dá-nos um panorama diferente em relação a análise anterior. O Critério 2
permite estudar a influência da riqueza na evolução da quota de energia renovável nos
diferentes grupos. Podemos afirmar que, o objetivo médio para 2020 para os diferentes
grupos está mais próximo do target de 20%, contrariamente ao que sucede com os grupos
formados sob o Critério 1 em que a diferença entre as médias de cada grupo é muito
elevada. Sem grande surpresa, o Grupo I, que corresponde ao grupo de países de riqueza
acima da média, é aquele que tem um objetivo médio maior. Seria de esperar que o objetivo
46
médio fosse decrescendo à medida que a riqueza média dos grupos fosse menor. Contudo,
tomamos nota que o Grupo III, que aglomera o conjunto dos países de riqueza menor tem
um objetivo médio superior ao Grupo II, que alberga os países de riqueza média, 17%.
Relativamente aos valores observados para a QRE, observa-se que, em todos os anos de
análise, os valores médios do Grupo III (onde se inclui, por exemplo, Portugal) são sempre
superiores aos dos Grupos I e II e. No último ano de análise – 2015 – os grupos I e III
ultrapassavam já, em média, o target de 20% para a UE-27. Por ordem de aproximação ao
objetivo médio, em 2015, temos em primeiro lugar o Grupo III, que dista 0,49 p.p.; em
segundo lugar o Grupo II, que dista do objetivo médio 3,33 p.p.; e, em último lugar, o
Grupo I distando 3,47 p.p.
Conclusão 2: Nada podemos afirmar quanto à relação entre a riqueza média dos
países e a evolução da QER. O grupo de maior riqueza média tem o objetivo médio para
2020 mais elevado mas o grupo de riqueza intermédia tem um objetivo médio inferior ao
grupo de riqueza baixa. Isto poder-se-á explicar pelo facto de o Grupo II, sob Critério 2,
ser constituído por apenas 3 países.
Quadro 11 – Média das QER observadas para cada grupo formado com o Critério 3
e para a UE - 27, para os anos de 2010 a 2015
Critério 3
2010 2011 2012 2013 2014 2015 Objetivo
Médio
Grupo I 11,46% 11,92% 12,74% 13,46% 14,45% 15,01% 17,88%
Grupo II 14,05% 14,43% 15,69% 16,63% 17,39% 17,96% 20,82%
Grupo III 21,58% 22,30% 23,74% 25,04% 25,49% 25,95% 25,75%
UE - 27 15,51% 16,01% 17,20% 18,18% 18,92% 19,45% 20%
Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de Eurostat (2016a)
Recordemos que, sob o Critério 3, os grupos formados têm que ver com
intensidade poluidora. Os grupos são, por ordem decrescente de intensidade, o I, o II e o
III. Do Quadro 11, verificamos que os objetivos médios são maiores à medida que a
intensidade emissora de gases com efeitos de estufa diminui. Em termos de valores efetivos
verificamos que, para todos os anos de análise, a QER média do Grupo III é maior que a
47
do Grupo II que, por sua vez, é maior que a do Grupo I. Notemos que, em 2015, os
grupos I e II distam do objetivo médio, respetivamente, 2,87 p.p. e 2,86 p.p., ou seja,
ambos encontram-se, no último ano de análise, em termos comparativos, no mesmo pé de
igualdade. Ao revés, o Grupo III já ultrapassava em 2015 em 0,20 p.p. o objetivo médio
estipulado para 2020. Observa-se que o esforço de incremento QER é maior para os países
menos poluidores: para o Grupo I a QER cresceu, no período de análise, 3,55 p.p., o
Grupo II cresceu 3,91 p.p. e o Grupo III cresceu 4,37 p.p.
Conclusão 3: Os grupos de países de menor intensidade emissora de gases
poluentes são aqueles que têm maiores objetivos médios e são aqueles que fazem um
esforço maior no investimento nas energias renováveis. Ou seja, verifica-se uma relação
negativa entre a intensidade emissora e o investimento em energias renováveis, contrário ao
que seria de esperar. Esta conclusão corrobora a conclusão retirada no estudo de Marques
et al. (2010) que, como visto anteriormente, foi um resultado inesperado nos pressupostos
desse mesmo estudo.
48
Figura 9 - Quota de Energia Renovável na Europa, em 2015
Fonte: Eurostat (2016a)
2. Produção Global de Energia Renovável (PER)
Os dados analisados neste ponto estão medidos na unidade de 1000 Toe (Tonne of
oil equivalent) que corresponde ao calor libertado pela combustão de uma tonelada de
petróleo cru20. Os quadros seguintes apresentam os valores médios da produção global de
energia renovável recorrendo a todas as fontes (eólica, solar, etc) de 2010 a 2015, para os
diversos grupos de países21.
201 Toe = aprox. 12 GWh. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tonelada_equivalente_de_petr%C3%B3leo, acedido em 27/05/2018. 21 No Anexo 3 são apresentados os valores da PER por país.
49
Quadro 12 – Média da PER (em 1000 Toe) para cada grupo formado pelo Critério 1
e para a UE - 27, para os anos de 2010 a 2015, 1
Critério 1
2010 2011 2012 2013 2014 2015
Grupo I 7345,49 6822,27 7403,68 7833,42 7818,267 7898,84
Grupo II 9108,47 9396,44 10539,93 11384,13 11802,59 12653,41
Grupo III 1612,99 1730,08 1908,01 2056,76 2045,33 2140,70
UE - 27 6176,79 6057,56 6674,78 7121,52 7228,56 7511,69
Fonte: Elaboração própria com dados extraídos do Eurostat (2016b)
Verificamos, em primeiro lugar, que a PER média é, maior no Grupo II, quer em
comparação com restantes grupos quer em comparação com a média da UE – 27, para
todo o período de análise. Este resultado pode ser explicado pelo facto de incorporarem o
Grupo II países que individualmente têm produções globais de energia renovável elevadas,
como é o caso da Alemanha ou da Itália. Paralelamente, quer o Grupo I quer o Grupo II
têm uma PER superior à média na UE – 27. Importa ainda referir que as taxas de
crescimento da PER, entre 2010 e 2015 para os grupos I, II, III e EU-27 são as seguintes,
respetivamente: 7,5%, 38,9%, 32,7% e 21,6%.
Conclusão 4: O Grupo I, para o qual o objetivo em termos de QER para 2020 é
em média mais elevado, apresenta um crescimento de apenas 7,5% na PER muito abaixo
dos restantes grupo e inclusive da UE – 27. Contudo, verificamos que o crescimento da
PER é superior no Grupo II face ao Grupo III para o qual a exigência em termos de QER
para 2020 é maior. Esta ausência de uma relação imediata entre a exigência, por via da
definição de objetivo de quotas e o esforço efetivo na produção de mais energia renovável,
eventualmente poderá ser explicada pelo estado em que se encontram os grupos no
momento de definição do objetivo. É possível que os países do Grupo I, no momento da
definição do objetivo para 2020 estivessem já em condições de abrandar o seu processo de
investimento, ao passo que os restantes (a EU – 27, no seu conjunto) têm de fazer um
investimento superior e um esforço maior na produção de energia renovável.
No Quadro 13, estão representadas as médias da PER recorrendo a todas as fontes
(eólica, solar, etc.) de 2010 a 2015, para os grupos I, II e III definidos pelo Critério 2.
50
Quadro 13 – Média da PER (em 1000 Toe) para cada grupo e para a UE - 27, para
os anos de 2010 a 2015, sob o Critério 2
Critério 2
2010 2011 2012 2013 2014 2015
Grupo I 8941,45 8823,43 9843,65 10230,83 10412,76 11145,55
Grupo II 11370,30 10758,07 11951,97 13723,60 13919,30 13518,47
Grupo III 2638,97 2632,49 2775,62 2967,01 2990,22 3050,72
UE - 27 6176,79 6057,56 6674,78 7121,52 7228,56 7511,69
Fonte: Elaboração própria com dados extraídos do Eurostat (2016b)
Sob o Critério 2, em termos de produção de energia renovável os grupos e a EU –
27 comportam-se da mesma forma. As taxas de crescimento da PER no período 2010 a
2015 para os grupos I, II, III e EU-27 são as seguintes, respetivamente: 24,6%; 18,8%;
15,6%; e 21,6%. Apesar de a produção, em termos médios, ser maior no grupo II, é o
Grupo I que lidera o crescimento na produção de energia renovável, seguindo-se o Grupo
II e, por fim, o Grupo III.
Conclusão 5: Há uma relação positiva entre a o nível médio de riqueza e as taxas de
crescimento de PER, no período considerado.
No Quadro 14, estão representadas as médias da PER recorrendo a todas as fontes
(eólica, solar, etc) de 2010 a 2015, para os grupos I, II e III definidos pelo Critério 3.
Quadro 14 - Média da PER (em 1000 Toe) para cada grupo formado pelo critério 3 e
para a UE - 27, para os anos de 2010 a 2015
Critério 3
2010 2011 2012 2013 2014 2015
Grupo I 2473,88 2558,89 2805,55 2934,10 3010,81 3117,59
Grupo II 10112,20 9892,36 11012,35 12026,99 12171,47 12663,63
Grupo III 4468,53 4283,40 4579,85 4563,91 4649,80 4821,89
UE - 27 6176,79 6057,56 6674,78 7121,52 7228,56 7511,69
Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de Eurostat (2016b)
51
Da análise do Quadro 14, verificamos que a evolução da PER não é crescente
durante o período 2010 a 2015, isto é, há anos de quebra de produção em alguns grupos e
na própria UE – 27.
São exemplos, o ano de 2011 para os grupos I e II e para a UE – 27 e o ano de
2013 para o Grupo III. As taxas de crescimento dos grupos, durante o período em análise
são: para o Grupo I um crescimento de 26%; para o Grupo II um crescimento de 25,5% e
o Grupo III um crescimento de 7,9%.
Conclusão 6: Conclui-se que as taxas de crescimento de produção de energia
renovável, que se traduzem no esforço de investimento da energia renovável, são maiores
nos grupos cuja intensidade emissora de gases poluentes é maior.
52
Figura 10 - Produção de Energia Renovável na Europa, em 2015
Fonte: Eurostat (2016d)
3. Produção Global de Energia Renovável per capita (PER per capita)
Os dados analisados neste ponto estão medidos na unidade de 1000 Toe (Tonne of
oil equivalent) que corresponde ao calor libertado pela combustão de uma tonelada de
petróleo cru22 , por habitante da UE - 27 Estados-Membros, em 1 de Janeiro do ano
seguinte ao ano de análise.
22 1 Toe = aprox. 12GWh. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tonelada_equivalente_de_petr%C3%B3leo, acedido em 27/05/2018.
53
Nos quadros seguintes são apresentados os valores médios da PER per capita para
os grupos de países formados de acordo com os três critérios em análise, para a EU-27 ,
bem como as taxas de crescimento entre 2010 e 2015 para os mesmos grupos23.
Quadro 15 – PER per capita para cada grupo formado com o Ccritério 1 e para a
UE - 27, para os anos de 2010 a 2015
Critério 1
2010 2011 2012 2013 2014 2015
Grupo I 0,001179 0,001149 0,001219 0,001233 0,001273 0,001277
Grupo
II
0,001075 0,001048 0,001212 0,00135 0,001378 0,001412
Grupo
III
0,000612 0,000625 0,000681 0,000725 0,000688 0,000736
UE - 27 0,000334433 0,00032725 0,000359787 0,000382476 0,00038703 0,000400752
Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de Eurostat (2016c)
Quadro 16 – PER per capita para cada grupo formado com o Critério 2 e para a UE
- 27, para os anos de 2010 a 2015
Critério 2
2010 2011 2012 2013 2014 2015
Grupo I 0,000721 0,000712 0,000762 0,000771 0,000786 0,000844
Grupo
II
0,00303 0,002889 0,003273 0,003742 0,003801 0,003751
Grupo
III
0,000734 0,00074 0,000797 0,000796 0,000799 0,000812
UE - 27 0,000334433 0,00032725 0,000359787 0,000382476 0,00038703 0,000400752
Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de Eurostat (2016c)
23 No Anexo 4 são apresentados os valores da PER per capita por país.
54
Quadro 17 – PER per capita para cada grupo formado com o Critério 3 e para a UE
- 27, para os anos de 2010 a 2015
Critério 3
2010 2011 2012 2013 2014 2015
Grupo I 0,000288 0,0003 0,000329 0,000344 0,000363 0,000379
Grupo II 0,001297 0,001248 0,001369 0,001517 0,001536 0,001563
Grupo
III
0,001249 0,00125 0,001359 0,001326 0,001328 0,001359
UE - 27 0,000334433 0,00032725 0,000359787 0,000382476 0,00038703 0,000400752
Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de Eurostat (2016c)
Quadro 18 – Taxas de crescimento da PER per capita, entre 2010 e 2015, para os 3
grupos formados pelos 3 critérios e para UE -27
Critério I Critério II Critério III
Grupo I 8,3% 17,0% 31,6%
Grupo II 31,3% 23,8% 20,5%
Grupo III 20,2% 10,6% 8,5%
UE -27 12,0% 12,0% 12,0%
Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de Eurostat (2016c)
Uma vez que esta variável é uma variação da anterior optou-se pela condensação da
análise das taxas de crescimento que traduzem a intensidade do esforço dos grupos
consoante os critérios institucionais, económicos e ambientais. Sob o critério institucional
(Critério 1), continua a ser o Grupo II que desenvolve um maior esforço no incremento da
produção de energia renovável, contudo per capita, o esforço revela-se menor em todos os
grupos, à exceção do grupo cuja taxa de crescimento é maior per capita do que global. Já sob
o Critério 2 (critério económico), o grupo de países mais ricos (Grupo I) bem como o
grupo de países mais pobre (Grupo III) fazem um esforço menor per capita do que
comparado com a análise anterior. Os países de riqueza média fazem um esforço maior per
capita. Por fim, de acordo com o critério ambiental (Critério 3), surge logo em destaque que
o esforço, per capita, é superiores no grupo de países mais poluidores e nos menos
poluidores, ao passo que esse esforço é menor nos países de intensidade emissora média.
55
4. Percentagem de Produção Primária de Energia Eólica no Total da Produção de
Energia Renovável (PEO)
Nos quadros seguintes são apresentados os valores médios de PEO para os grupos
de países formados de acordo com os três critérios em análise, para a EU-27 , bem como
as taxas de crescimento entre 2010 e 2015 para os mesmos grupos24.
Quadro 19– Percentagem PEO para cada grupo de países formados com o Critério
1 e para a UE - 27, para os anos de 2010 a 2015
Critério 1
2010 2011 2012 2013 2014 2015
Grupo I 6,21 7,45 8,56 8,91 9,40 10,10
Grupo II 12,56 16,44 16,43 17,78 18,13 20,19
Grupo III 3,42 5,11 5,57 6,26 5,90 7,06
UE - 27 7,68 9,43 9,80 10,53 11,09 12,72
Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de Eurostat (2016d)
Quadro 20 – Percentagem PEO para cada grupo de países formado com o Critério
2 e para a UE - 27, para os anos de 2010 a 2015
Critério 2
2010 2011 2012 2013 2014 2015
Grupo I 10,67 13,99 13,85 15,16 15,99 17,99
Grupo II 11,12 13,77 16,47 16,99 14,81 15,55
Grupo III 3,01 3,85 4,65 4,90 5,11 5,72
UE - 27 7,68 9,43 9,80 10,53 11,09 12,72
Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de Eurostat (2016d)
24 No Anexo 5 são apresentados os valores de PEO por país.
56
Quadro 21 – Percentagem PEO para cada grupo de países formado com o Critério 3
e para a UE - 27, para os anos de 2010 a 2015
Critério 3
2010 2011 2012 2013 2014 2015
Grupo I 8,43 11,86 11,73 13,07 12,79 14,83
Grupo II 8,98 10,85 11,69 12,15 12,68 13,63
Grupo III 2,96 3,89 4,98 5,42 5,63 6,30
UE - 27 7,68 9,43 9,80 10,53 11,09 12,72
Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de Eurostat (2016d)
Em primeiro lugar, constatamos que a percentagem da PEO cresceu em quase
todos os anos do período em análise, atingindo o valor médio de 12,72% para a UE - 27, o
que representa um crescimento de, aproximadamente, 66% entre 2010 e 2015. O
crescimento desta fonte de energia renovável no conjunto da produção global é
significativo.
Da análise do Quadro 21, o peso da PEO é maior no Grupo II, seguindo-se o
Grupo I e, por fim, o Grupo III. Apesar de o rácio em estudo ser maior no Grupo II, para
concluirmos quanto ao impacto da força institucional nesta variável temos de calcular as
taxas de crescimento para aferir o esforço dos grupos. As taxas de crescimento, entre 2010
e 2015 são: para o Grupo I, 62,6%; para o Grupo II, 60,7%; e para o Grupo III, 106,4%.
Embora as taxas de crescimento dos grupos I e II sejam elevadas, importa destacar que a
taxa de crescimento do Grupo III é consideravelmente superior aos dos outros grupos.
Uma possível explicação para este comportamento poderá estar relacionada com o ponto
de partida em que os países do Grupo III se encontrava no momento da definição do
objetivo para 2020. É possível que a definição de um objetivo ainda que baixo
comparativamente a outros países mas elevado face à situação de cada país em termos de
POE leve a um maior investimento na energia eólica.
Relativamente ao critério 2, que está representado no Quadro 22, constatamos que
o rácio em 2015 é maior no Grupo I (17,99%), seguido pelo Grupo II (15,55%) e, por fim,
do Grupo III (5,72%). Podemos concluir que, que quanto maior a riqueza média dos países
maior é o rácio em estudo. Contudo, um maior rácio não significa um maior esforço. De
facto, a taxa de crescimento do rácio no Grupo III foi de 90,0% ao passo que nos grupos I
e II foi de 68,6% e 39,8%. Quer isto dizer que o grupo de países de riqueza baixa fez um
57
esforço substancialmente superior aos demais no investimento na energia eólica. Por outro
lado, o grupo de países de riqueza superior fez um esforço maior no investimento em
energia eólica do que os países de riqueza média. Nestes dois grupos o fator riqueza teve
uma influência positiva na promoção desta fonte de energia. O fator riqueza tem influência
positiva na promoção da energia eólica pelo menos quando comparamos os grupos I e II.
Por fim, em relação ao critério 3, podemos observar que o rácio é maior no Grupo
I, depois no Grupo II e, por último, no Grupo III, sendo de notar que no primeiro ano de
análise – 2010 – este rácio era ligeiramente superior no grupo II. Adicionalmente,
constatamos que o rácio nos grupos I e II é superior à média da UE em todo o período de
análise. Em termos de taxas de crescimento temos: i) Grupo I: 75,9%; ii) Grupo II: 51,8%;
e Grupo III: 112,8%. O esforço do investimento na energia eólica, quando comparado
com todas as fontes de energia renovável, é maior no grupo III do que nos restantes, e
dentro dos grupos I e II o grupo I enfrenta um maior esforço do que o grupo II. Podemos
então concluir que os países menos poluidores são aqueles que, em média, investem mais
neste tipo de fonte de energia.
Conclusão 7: Na análise desta variável encontramos um padrão nas taxas de
crescimento do rácio nos três critérios: o Grupo III de cada critério é o grupo de países que
tem uma taxa de crescimento superior que traduz o esforço de investimento na fonte de
energia em análise. Quer isto dizer que, os países com menor objetivo de quota de energia
renovável para 2020, os países mais pobres e os menos poluidores são os mais propensos
ao investimento em energia eólica.
5. Percentagem da Produção Primária de Energia Solar no Total da Produção de
Energia Renovável (PES)
Nos quadros seguintes são apresentados os valores médios de PES para os grupos
de países formados de acordo com os três critérios em análise, para a EU-27, bem como as
taxas de crescimento entre 2010 e 2015 para os mesmos grupos25.
25 No Anexo 6 são apresentados os valores de PES por país.
58
Quadro 22 – Percentagem PES para cada grupo de países formado com o Critério 1
e para a UE - 27, para os anos de 2010 a 2015
Critério 1
2010 2011 2012 2013 2014 2015
Grupo I 0,38 0,57 0,77 0,93 1,19 1,36
Grupo II 0,76 2,05 3,86 5,26 5,73 5,86
Grupo III 1,11 2,72 4,50 6,75 9,71 11,18
UE - 27 1,16 2,38 3,21 3,61 4,06 4,32
Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de Eurostat (2016d)
Quadro 23 – Percentagem PES para cada grupo de países formado com o Critério 2
e para a UE - 27, para os anos de 2010 a 2015
Critério 2
2010 2011 2012 2013 2014 2015
Grupo I 0,76 1,27 1,96 2,61 3,05 3,44
Grupo II 1,74 3,57 4,76 5,25 6,17 7,27
Grupo III 0,40 1,40 2,81 4,43 6,15 6,71
UE - 27 1,16 2,38 3,21 3,61 4,06 4,32
Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de Eurostat (2016d)
Quadro 24 – Percentagem PES para cada grupo de países formado com o Critério 3
e para a UE - 27, para os anos de 2010 a 2015
Critério 3
2010 2011 2012 2013 2014 2015
Grupo I 0,82 1,64 2,17 2,88 3,44 4,04
Grupo II 0,87 2,05 3,07 3,93 4,40 4,51
Grupo III 0,33 0,90 2,65 4,46 7,02 8,11
UE - 27 1,16 2,38 3,21 3,61 4,06 4,32
Fonte: Elaboração própria com dados extraídos de Eurostat (2016d)
Neste ponto, analisamos a dinâmica de crescimento da produção de energia solar
em comparação com a produção global de energia renovável. Verificamos que a produção
59
de energia solar tem um menor peso do que a energia eólica, para todos os grupos dos
critérios definidos e para a média da UE – 27.
Relativamente ao comportamento do rácio na UE – 27, observamos um
crescimento contínuo, de 2010 a 2015. Ao longo desse período, a taxa de crescimento do
peso da energia solar foi 272,4%, traduzindo-se num valor substancialmente elevado,
denotando o esforço da União como um todo na promoção desta fonte de energia
renovável.
Confrontando as taxas de crescimento do rácio em apreço, sob o critério 1,
constatamos, primeiramente que são consideravelmente elevadas: 907% para o Grupo III
671,1% para o Grupo II e 257,9% para o Grupo I. O valor do rácio, em 2015, está
hierarquizado da mesma forma que as taxas de crescimento. Pode-se, desta forma, concluir
que o esforço de investimento em energia solar é maior nos grupos com menor grau de
exigência para 2020. Quanto menor a exigência institucional maior o investimento e o
esforço de crescimento nesta fonte renovável.
Para o Critério 2, temos as seguintes taxas de crescimento para o grupo I, II e III,
respetivamente: 352,6%, 317,8% e 1.577,5%. Em termos de esforço, o Grupo III apresenta
um maior esforço de investimento em relação a esta fonte renovável. Segue-se o Grupo I e
por fim o Grupo II. Todavia, em termos de rácio absoluto, o peso da energia solar no total
das energias renováveis é maior no Grupo II e segue-se o Grupo III, que têm também um
peso maior que a média da UE. Em último, está o Grupo I que também tem um rácio
inferior ao da UE. Conclui-se desta forma, que os países de rendimento mais baixo –
Grupo III – são aqueles que investem mais na nesta fonte de energia renovável. Entre os
grupos I e II, o grupo de países mais ricos fazem um esforço superior que o grupo de
países de riqueza média. Apesar de não se poder concluir uma relação proporcional,
podemos assumir, pelas taxas de crescimento elevadas, que a riqueza é um fator de
propulsão doa energia solar.
Por fim, analisamos a evolução e a dinâmica do rácio sob o critério 3. Esta análise
permite aferir o nível de impacto das emissões de gases na promoção da energia solar. Mais
uma vez, o uso das taxas de crescimento são importantes para aferir o esforço do grupo em
análise. As taxas de crescimento, por ordem crescente são: Grupo I – 392,7%; Grupo II –
418,4% e o Grupo III – 2357,6%. Adicionalmente, o rácio é crescente à medida que
diminuímos na intensidade emissora de gases poluentes.
60
Conclusão 8: Concluímos então que quanto menor é a intensidade emissora de
gases poluentes maior é o rácio em estudo e a taxa de crescimento, logo o esforço.
3.3. Análise Cluster
No ponto anterior fez-se uma análise descritiva da evolução de algumas variáveis,
escolhidas entre 2010 e 2015, para grupos de países da UE – 27, formados a partir de
critérios previamente definidos, por forma a perceber a influência desses fatores na
dinâmica evolutiva das variáveis para estudo. O que se pretende neste ponto é, a partir das
variáveis escolhidas, criar grupos ou clusters, utilizando métodos aglomerativos ou métodos
hierárquicos de agrupamento que consiste na medida das distâncias estatísticas. O objetivo
é perceber se os resultados se aproximam de algum dos grupos formados com a aplicação
dos três critérios descritos na seção 2.2. Esta abordagem tem como suporte a abordagem
utilizada por Valquarema (2016).
Nesta secção utilizaram-se as 5 variáveis em estudo no ponto anterior: Quota de
Energia Renovável no Consumo Final Bruto de Energia; Produção Global de Energia
Renovável; Produção de Energia Renovável per capita; Produção de Energia Eólica no Total
da Produção de Energia Renovável; Produção de Energia Solar no Total da Produção de
Energia Renovável. O ano escolhido para análise é o ano de 2015, o mais recente em
termos de dados.
Dados pretendermos criar clusters a partir de variáveis já definidas vamos fazer uma
análise hierárquica, começando por agrupar por ordem ascendente das variáveis pelos
clusters, de modo a produzir uma matriz de dissemelhança (ou matriz de proximidade) entre
duas variáveis. Deste processo, produz-se uma representação gráfica que, neste caso, é
denominado um dendrograma que advém do agrupamento dos dados. Posteriormente
temos de definir o método de aglomeração. Conforme Maroco (2003) não existe um
método ótimo dando este autor como conselho a utilização de mais do que um método.
Vamos utilizar três métodos: o Método de Menor Distância; o Método da Maior Distância
e o Método de Ward.
A análise cluster realizada nesta dissertação será apoia pelo software IBS SPSS. De
notar que, uma vez que temos variáveis definidas em escalas e unidades diferentes, os
dados foram harmonizados elo método automático do software.
61
Pelo Método do Vizinho mais Próximo obtemos o Dendrograma da Figura 11.
Figura 11 - Dendrograma dos Resultados Obtidos pelo Método do Vizinho mais
Próximo, para 2015
Fonte: Elaboração própria.
62
Quadro 25 – Clusters e Outliers formados pelo Método do Vizinho Mais Próximo
Cluster 1 Outliers
Estónia Espanha
Lituânia Letónia
Eslovénia Irlanda
Bulgária Itália
República Checa Alemanha
Eslováquia Roménia Portugal Luxemburgo Malta Bélgica Países Baixos Chipre Grécia Polónia Áustria Finlândia Reino Unido Suécia Dinamarca Fonte: Elaboração própria.
A uma distância de 5 obtemos cinco outliers: Espanha, Letónia, Irlanda, Itália e
Alemanha, e os restantes países foram um só cluster, tal como podemos ver no Quadro 25.
Justifica-se o facto de a Alemanha e a Itália serem outliers pelo facto de serem os maiores
produtores de energia renovável em termos absolutos e, em conjunto com Espanha são os
maiores produtores de energia solar e de energia eólica. Não se encontram possíveis
explicações para os restantes outliers. Formou-se apenas um grupo de países. Este resultado
não tem aproximação a nenhuma das divisões feitas decorrentes dos critérios definidos no
ponto anterior. Quer isto dizer que, pelo método do vizinho mais próximo, à exceção dos
outliers obtidos, os países que formam o único cluster, não apresentam características tão
diferentes que possam influenciar a promoção das energias renováveis.
Pelo Método do Vizinho mais Longe obtemos o Dendrograma da Figura 12.
63
Figura 12 - Dendrograma dos Resultados Obtidos pelo Método do Vizinho mais
Longe, para 2015
Fonte: Elaboração própria.
Quadro 26 – Clusters e Outliers formados pelo Método do Vizinho Mais Longe
Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Outliers
Estónia Bélgica Espanha Suécia
Lituânia Países Baixos Reino Unido Dinamarca
Eslovénia Chipre França Irlanda
Portugal Grécia
Alemanha
Roménia Polónia
Itália
Áustria Luxemburgo Finlândia Malta Hungria Bulgária Letónia República Checa
Eslováquia Fonte: Elaboração própria.
64
A uma distância de 5 obtemos cinco outliers e três clusters, tal como podemos
verificar no Quadro 26. No que diz respeito aos outliers as explicações para a Alemanha e
Itália são as mesmas dadas anteriormente. Adicionalmente, a Suécia aparece como outlier
por ter o objetivo mais elevado dentro da UE, por ser o maior produtor de energia
renovável e, paralelamente, apresentar baixa produção de energia eólica e solar. Estes
resultados são mais próximos da formação de grupos na definição do critério 1. Por
exemplo, à exceção da Hungria, todos os países do cluster 1 pertencem ao Grupo 1 formado
pelo Critério 1 no ponto 3.2., ou seja, os países com maior objetivo fixado para 2020. O
cluster 2 é formado por países com menores objetivos para a quota de energia renovável
para 2020. Esta divisão sugere que os resultados foram obtidos de acordo com os objetivos
fixados institucionalmente.
Pelo Método de Ward obtemos o Dendrograma da Figura 13.
65
Figura 13 - Dendrograma dos Resultados Obtidos pelo Método de Ward, para 2015
Fonte: Elaboração própria
Quadro 27 – Clusters e Outliers formados pelo Método de Ward
Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Cluster 4 Outliers
Estónia Bélgica Espanha Dinamarca Alemanha
Lituânia Países Baixos Reino Unido Irlanda Itália
Eslovénia Chipre França Portugal Grécia
Roménia Polónia Áustria Luxemburgo Finlândia Malta Hungria Bulgária Letónia República Checa Suécia Eslováquia Fonte: Elaboração própria.
66
A uma distância de 5 obtemos dois outliers e quatro clusters. Os outliers são a
Alemanha e a Itália. De notar, que estes dois países, pelo três métodos, são outliers e as
possíveis explicações são as mesmas dadas anteriormente, e que o número de outliers
diminuiu por este método com a inclusão da Suécia no 1º cluster não altera a análise
realizada anteriormente dando enfâse especial ao argumento de que, de facto, os clusters são
formados pelo objetivo para a quota de energia renovável para 2020.
Conclusão: Pelo Método do Vizinho mais Perto apenas se obtém um cluster dando
nota de que não existe nenhum critério que se evidencie na evolução das variáveis em
estudo. Por outro lado, pelo Método do Vizinho mais Longe e Método de Ward, os clusters
obtidos são muito próximos dos grupos formados pelo Critério 1 do ponto 3.1.,
concluindo-se que o critério institucional – objetivo para a quota de energia renovável para
2020 – é o que se evidencia na evolução positiva das variáveis consideradas.
67
Conclusão
Sendo o aumento da produção de energia recorrendo a fontes renováveis um dos
principais objetivos da política energética, quer no plano mundial quer na União Europeia,
perceber quais os instrumentos que permitem alcançar este objetivo, quais os fatores
impulsionadores da produção de energia renovável e qual a evolução da estratégia
prosseguida por vários países nesta matéria são questões importantes. A análise das
questões enunciadas foi realizada para Portugal e, dada a sua posição geográfica, também
para a União Europeia.
Do estudo realizado, concluímos que existem diferentes instrumentos regulatórios
para incrementar a produção de energia renovável. Os principais instrumentos regulatórios
identificados foram as Tarifas Feed-in, as Quotas e os Incentivos Fiscais. Estes instrumentos
são utilizados na grande maioria dos Estados-Membros ora individualmente ora
combinados de acordo com as características específicas de cada região. Adicionalmente,
concluímos que a Tarifa Feed-in, na sua forma simples ou com derivações, é o instrumento
mais utilizado.
Para perceber quais os fatores que influenciam a produção da energia renovável e a
dinâmica evolutiva dos incentivos à produção, baseou-se a análise no trabalho de Marques
et al. (2010). Estes autores concluíram que, para o período anterior a 2009, a exigência
institucional da União Europeia, a riqueza de cada país e as emissões de gases poluentes
influenciam a promoção das energias renováveis. Os dois primeiros fatores influenciam
positivamente e o último fator negativamente.
Após uma breve explanação dos objetivos nacionais para a quota de produção de
energia renovável, estabeleceram-se três critérios para analisar a situação europeia: um
critério institucional (objetivo traçado para as quotas de energia renovável para cada país da
UE a 27, em 2020), um critério económico (riqueza medida pelo PIB) e um critério
ambiental (emissão de gases poluentes). Utilizando cada um dos critérios os Estados-
Membros foram repartidos por três grupos. Em seguida analisou-se a evolução média de
cinco variáveis relativas à produção e consumo de energia renovável: Quota de Energia
Renovável no Consumo Final Bruto de Energia; Produção Global de Energia Renovável;
Produção de Energia Renovável per capita; Produção de Energia Eólica no Total da
Produção de Energia Renovável; Produção de Energia Solar no Total da Produção de
Energia Renovável.
68
Dessa análise conclui-se, em primeiro lugar, pela inexistência de um padrão comum
aos três critérios na composição dos grupos de países. Assim, por exemplo Portugal é um
dos países com maior objetivo traçado para 2020, pertence ao grupo de países de riqueza
baixa e ao grupo de países com emissões de gases poluente baixas. Por outro lado, o
Luxemburgo tem um dos menores objetivos da UE, é o primeiro país em termos de
riqueza e é o primeiro país em emissões de gases poluentes. Em segundo lugar, verificou-se
que, salvo situações pontuais, a produção de energia renovável tem aumentando na União
Europeia no período considerado (2010-2015).
Em relação à primeira variável em estudo, os três critérios têm diferentes impactos
na sua evolução. A análise da evolução da variável sugere, por exemplo, que uma maior
exigência institucional está associada a um maior desenvolvimento. Já sob o critério
económico não se verifica nenhuma relação e sob o critério ambiental, a conclusão vai de
encontro ao estudo levado a cabo por Marques et al. (2010), ou seja, conclui-se pela relação
negativa entre a intensidade emissora e o investimento em energias renováveis.
Relativamente à produção de energia renovável, concluímos que existe uma relação
positiva entre a riqueza (critério 2) e a evolução positiva da variável. O mesmo acontece
com a intensidade emissora (critério 3). Já nada se pode concluir quanto à exigência
institucional na produção de energia renovável.
No que diz respeito à análise cluster verificou-se que pelo Método do Vizinho mais
Longe e pelo Método de Ward, são formados grupos de países com grande proximidade
aos grupos obtidos pela aplicação do critério baseado no objetivo quanto quota de energia
renovável definida para 2020 (critério 1). Daqui se conclui pela importância da exigência
institucional enquanto fator de promoção de energia renovável.
A presente dissertação tem lacunas uma vez que a estamos perante informação de
diversos Estados-Membros com características geográficas, sociais, económicas e culturais
muito diversas. Para além disso, não foi tida em atenção a questão de grande
heterogeneidade na definição dos objetivos, tomando como o ponto de situação inicial de
cada Estado-Membro.
Para investigação futura seria interessante realizar um estudo econométrico, na
linha do estudo desenvolvido por Marques et al. (2010), mas tomando como ano de
referência o ano de 2009, que corresponde ao ano de entrada em vigor da 3º Diretiva sobre
a matéria. Outro desenvolvimento interessante do presente trabalho seria a comparação
para os vários Estados-Membros da UE, da evolução das variáveis analisadas comos
69
instrumentos regulatórios utilizados, de modo a retirar conclusões sobre a eficácia de cada
instrumento.
70
Apêndices
Apêndice 1:
Cálculo do PIB per capita a preços correntes de 2009 para a União Europeia a 27 Estados-
Membros (ou seja, excluindo a Croácia):
• PIB da EU – 27, a preços de mercado, para o ano de 2009, em milhões de euros:
12.270.718 Milhões de euros
• População da UE – 27, a 1 de Janeiro de 201026: 498.867.771 Milhões de habitantes
𝑃𝐼𝐵 𝑝𝑒𝑟 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎2020 = 12 270 718 𝑚𝑖𝑙ℎõ𝑒𝑠 𝑑𝑒 €
498 867 771 𝑚𝑖𝑙ℎõ𝑒𝑠= 24.597€ 𝑝𝑒𝑟 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎
Apêndice 2:
Cálculo dos parâmetros utilizados no Critério 2:
90% do PIB per capita da EU – 27, em 2009:
𝟐𝟒. 𝟓𝟗𝟕 × 𝟎, 𝟗𝟎 = 𝟐𝟐. 𝟏𝟑𝟕 € 𝒑𝒆𝒓 𝒄𝒂𝒑𝒊𝒕𝒂
110% do PIB per capita da EU – 27, em 2009:
𝟐𝟒. 𝟓𝟗𝟕 × 𝟏, 𝟏𝟎 = 𝟐𝟕. 𝟎𝟓𝟕 € 𝒑𝒆𝒓 𝒄𝒂𝒑𝒊𝒕𝒂
26 Toma-se em consideração a população a 1 de Janeiro de 2010 uma vez que os dados disponíveis pelo Eurostat para a população são referentes a 1 de Janeiro de cada ano. Pressupõe-se que a população a 1 de Janeiro de 2010 não seja tão diferente da de 31 de Dezembro de 2009 que induza a diferenças significativas nos cálculos.
71
Referências bibliográficas
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Energy in na Oligopolistic with Price-Responsive Demand”, The Energy Journal, Vol. 37,
N.º3, pp. 159-198.
Batle, C., Pérez-Arriaga, I. J. e Zambrano-Barragán, P. (2012), “Regulatory design
for RES-E support mechanisms: Learning curves, market structure, and bruden-sharing”,
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75
Anexos
Anexo 1 – Quadro indicativo dos valores a subsidiar por tipo de energia:
Fonte: http://www.res-legal.eu/search-by-country/portugal/single/s/res-e/t/promotion/aid/feed-in-tariff-
tarifas-feed-in/lastp/179/, acedido em 06/05/2018.
76
Anexo 2 – Percentagem de Energia Renovável no Consumo Final Bruto de Energia, da UE
– 27, entre 2010 e 2015:
País 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Grupo –
Critério
1
Grupo –
Critério
2
Grupo –
Critério
3
Áustria 30,2 30,6 31,5 32,4 33 32,8 I I II
Bélgica 5,7 6,3 7,2 7,5 8 7,9 III I I
Bulgária 14,1 14,3 16 19 18 18,2 II III III
Chipre 6 6 6,8 8,1 8,9 9,4 III II I
República Checa 10,5 10,9 12,8 13,8 15 15 III III I
Dinamarca 22,1 23,5 25,7 27,4 29,6 31 I I II
Estónia 24,6 25,5 25,8 25,6 26,3 28,6 I III I
Finlândia 32,4 32,8 34,4 36,7 38,7 39,2 I I I
França 12,7 11,1 13,4 14,1 14,7 15,1 I I II
Alemanha 10,5 11,4 12,1 12,4 13,8 14,6 II I II
Grécia 9,8 10,9 13,5 15 15,3 15,4 II III II
Hungria 12,7 14 15,5 16,2 14,6 14,4 III III III
Irlanda 5,7 6,5 7,1 7,7 8,7 9,2 II I I
Itália 13 12,9 15,4 16,7 17,1 17,5 II II II
Letónia 30,4 33,5 35,7 37,1 38,7 37,6 I III III
Lituânia 19,6 19,9 21,4 22,7 23,6 25,8 I III III
Luxemburgo 2,9 2,9 3,1 3,5 4,5 5 III I I
Malta 1 1,9 2,8 3,7 4,7 5 III III III
Países Baixos 3,9 4,5 4,7 4,8 5,5 5,8 III I I
Polónia 9,3 10,3 10,9 11,4 11,5 11,7 II III II
Portugal 24,2 24,6 24,6 25,7 27 28 I III III
Roménia 23,4 21,4 22,8 23,9 24,8 24,8 I III III
Eslováquia 9,1 10,3 10,4 10,1 11,7 12,9 III III II
Eslovénia 20,4 20,3 20,8 22,4 21,5 21,9 I III II
Espanha 13,8 13,2 14,3 15,3 16,1 16,2 I II II
Suécia 47,2 48,8 51,1 52 52,5 53,8 I I III
Reino Unido 3,7 4,2 4,6 5,7 7 8,5 II I II
Elaboração própria. Fonte: Eurostat (2016a), disponível em
http://ec.europa.eu/eurostat/tgm/table.do?tab=table&init=1&language=en&pcode=t2020_31&plugin=1,
acedido em 27/05/2018.
77
Anexo 3 – Produção Global de Energia Renovável (em 1000 Toe) na UE - 27, entre 2010
e 2015:
País 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Grupo
–
Critério
1
Grupo
–
Critério
2
Grupo
–
Critério
3
Áustria 8708,5 8260,9 9347,7 9452,6 9217,3 9303,3 I I II
Bélgica 2267,5 2726,2 2848,4 2966,4 2945,2 2958,6 III I I
Bulgária 1503,7 1438,4 1638,1 1825,5 1842,3 2032,6 II III III
Chipre 81,6 96 106,6 108,9 111 118 III II I
República Checa 3251 3479,6 3727,3 4117,5 4197,5 4279,3 III III I
Dinamarca 3113,1 3064,2 2951,3 3048,2 3133,1 3528,4 I I II
Estónia 987,5 976,5 1056,3 1122,2 1186 1286,3 I III I
Finlândia 9432,6 9182,9 9972,8 9929,8 10118,4 10394,4 I I I
França 20646,8 17530,5 20325,7 22545,2 21012,5 21416,9 I I II
Alemanha 27712 29455,8 32086,2 33679,5 36017,9 38886,1 II I II
Grécia 1974,4 1991,6 2265,9 2486,8 2329,3 2640,7 II III II
Hungria 2744,3 2856,7 3133,4 3314 2980,6 3239,9 III III III
Irlanda 619,6 721,1 726,8 756,5 853,6 980,7 II I I
Itália 19394,7 18223,6 21104,4 23499,8 23644,1 23563,9 II II II
Letónia 1964,3 2071,3 2331,4 2137 2371,2 2330,1 I III III
Lituânia 1184,7 1162,1 1197,9 1288,4 1358,2 1466,1 I III III
Luxemburgo 87,5 80,9 90,5 98,1 119,4 113 III I I
Malta 4,5 6,5 8,7 9,1 12,7 14,8 III III III
Países Baixos 3063,7 3207,9 3915,7 4373,4 4555,4 4810,4 III I I
Polónia 6847,1 7441,5 8467,5 8520,9 8072,3 8635,2 II III II
Portugal 5641,5 5380,5 4562,7 5607 5834,8 5182,1 I III III
Roménia 5708,4 5027,5 5242,2 5560,8 6089,6 5935 I III III
Eslováquia 1403,8 1386,8 1433,5 1466,7 1440,8 1591,6 III III II
Eslovénia 1091,4 1003,3 1018,2 1115,2 1157,5 1025,6 I III II
Espanha 14634,6 13954,6 14644,9 17562,1 18002,8 16873,5 I II II
Suécia 16996,8 16324,2 18524,4 16769,5 16709 18374,5 I I III
Reino Unido 5707,8 6503,1 7490,6 8919,9 9858,6 11834,7 II I II
Elaboração própria. Fonte: Eurostat (2016b), disponível em
http://ec.europa.eu/eurostat/tgm/refreshTableAction.do?tab=table&plugin=1&pcode=ten00076&language
=en, acedido em 27/05/2018.
78
Anexo 4 – Produção Global de Energia Renovável per capita (em 1000 Toe) na UE - 27,
entre 2010 e 2015:
País 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Grupo
–
Critéri
o 1
Grupo
–
Critéri
o 2
Grupo
–
Critéri
o 3
Áustria 0,000792
0,000745
0,000837
0,000845
0,00082 0,000822
I I II
Bélgica 0,000308
0,000372
0,000391
0,000409
0,000409
0,000414
III I I
Bulgária 0,000143
0,000137
0,000156
0,000174
0,000175
0,000193
II III III
Chipre 1,47E-05
1,72E-05
1,9E-05 1,94E-05
1,96E-05
2,07E-05
III II I
República Checa
4,05E-05
4,33E-05
4,63E-05
5,1E-05 5,17E-05
5,21E-05
III III I
Dinamarca 0,002341
0,002312
0,002236
0,002317
0,002383
0,002681
I I II
Estónia 0,000216
0,000213
0,00023 0,000244
0,000256
0,000272
I III I
Finlândia 0,000848
0,000828
0,000906
0,000909
0,000932
0,000964
I I I
França 0,000442
0,000374
0,000435
0,000485
0,000452
0,000461
I I II
Alemanha 0,000426
0,000451
0,000489
0,000511
0,000542
0,000582
II I II
Grécia 3,33E-05
3,35E-05
3,8E-05 4,09E-05
3,83E-05
4,35E-05
II III II
Hungria 0,003268
0,003314
0,003619
0,003862
0,003519
0,003819
III III III
Irlanda 0,000299
0,000353
0,000359
0,000378
0,00043 0,000498
II I I
Itália 0,006354
0,006067
0,007101
0,007984
0,008094
0,008158
II II II
Letónia 0,003838
0,003946
0,004341
0,003888
0,004212
0,004044
I III III
Lituânia 0,000119
0,000117
0,000121
0,00013 0,000138
0,000149
I III III
Luxemburgo 0,000211
0,000194
0,000215
0,000231
0,000278
0,00026 III I I
Malta 2,7E-07 3,89E-07
5,18E-07
5,41E-07
7,51E-07
8,72E-07
III III III
Países Baixos 0,000366
0,000382
0,000463
0,000514
0,000531
0,000554
III I I
Polónia 0,00018 0,000196
0,000222
0,000224
0,000212
0,000227
II III II
Portugal 0,000534
0,00051 0,000435
0,000538
0,000562
0,000501
I III III
Roménia 0,000283
0,00025 0,000262
0,000279
0,000306
0,0003 I III III
Eslováquia 0,000685
0,000675
0,000696
0,000712
0,000698
0,000771
III III II
Eslovénia 0,000202
0,000186
0,000188
0,000206
0,000214
0,000189
I III II
79
Espanha 0,002723
0,002584
0,002699
0,003222
0,00329 0,003075
I II II
Suécia 0,001805
0,001721
0,001939
0,001739
0,001714
0,001865
I I III
Reino Unido 9,06E-05
0,000102
0,000117
0,000139
0,000152
0,000181
II I II
Elaboração própria. Fonte: Eurostat (2016b), disponível em
http://ec.europa.eu/eurostat/tgm/refreshTableAction.do?tab=table&plugin=1&pcode=ten00076&language
=en
e Eurostat (2016c), disponível em
http://ec.europa.eu/eurostat/tgm/table.do?tab=table&init=1&language=en&pcode=tps00001&plugin=1,
acedidos em 27/05/2018.
80
Anexo 5 – Produção Global de Energia Eólica (em 1000 Toe) na UE - 27, entre 2010 e
2015:
País 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Grupo –
Critério
1
Grupo –
Critério
2
Grupo –
Critério
3
Áustria 2,04 2,02 2,26 2,87 3,59 4,47 I I II
Bélgica 4,90 7,29 8,30 10,62 13,47 16,20 III I I
Bulgária 3,90 5,14 6,41 6,47 6,21 6,14 II III III
Chipre 3,31 10,21 14,92 18,27 14,05 16,10 III II I
República Checa 0,89 0,98 0,96 1,01 0,98 1,15 III III I
Dinamarca 21,57 27,43 29,92 31,38 35,89 34,44 I I II
Estónia 2,41 3,24 3,53 4,05 4,38 4,78 I III I
Finlândia 0,27 0,45 0,43 0,67 0,94 1,93 I I I
França 4,14 5,91 6,31 5,76 7,06 8,53 I I II
Alemanha 11,73 14,27 13,58 13,20 13,69 17,51 II I II
Grécia 11,82 14,31 14,61 14,31 13,62 15,05 II III II
Hungria 1,67 1,88 2,11 1,86 1,90 1,84 III III III
Irlanda 39,06 52,23 47,44 51,62 51,78 57,63 II I I
Itália 4,05 4,65 5,46 5,45 5,52 5,42 II II II
Letónia 0,21 0,29 0,42 0,48 0,51 0,54 I III III
Lituânia 1,63 3,51 3,87 4,02 4,04 4,75 I III III
Luxemburgo 5,37 6,80 7,29 7,24 5,78 7,79 III I I
Malta 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 III III III
Países Baixos 11,21 13,67 10,94 11,06 10,94 13,50 III I I
Polónia 2,09 3,70 4,82 6,06 8,18 10,81 II III II
Portugal 13,99 14,64 19,33 18,42 17,85 19,26 I III III
Roménia 0,46 2,37 4,33 6,99 8,76 10,23 I III III
Eslováquia 0,04 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 III III II
Eslovénia 0,00 0,00 0,00 0,03 0,03 0,05 I III II
Espanha 26,01 26,45 29,05 27,24 24,84 25,14 I II II
Suécia 1,77 3,20 3,33 5,05 5,78 7,61 I I III
Reino Unido 15,45 20,69 22,77 27,37 27,88 29,29 II I II
Elaboração própria. Fonte: Eurostat (2016d), disponível em
http://ec.europa.eu/eurostat/tgm/refreshTableAction.do?tab=table&plugin=1&pcode=ten00081&language
=en, acedido em 27/05/2018.
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Anexo 6 – Produção Global de Energia Solar (em 1000 Toe) na UE - 27, entre 2010 e
2015:
País 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Grupo –
Critério
1
Grupo –
Critério
2
Grupo –
Critério
3
Áustria 7,6 15 29 50,1 67,5 80,6 I I II
Bélgica 48,2 100,6 184,7 227,3 247,9 263,5 III I I
Bulgária 1,3 8,7 70 117 107,7 118,9 II III III
Chipre 0,5 1 1,9 4,1 7,2 10,9 III II I
República Checa 52,9 187,6 184,7 174,8 182,5 194,7 III III I
Dinamarca 0,5 1,3 8,9 44,5 51,2 52 I I II
Estónia 0 0 0 0 0 0 I III I
Finlândia 0,4 0,5 0,5 0,6 0,7 0,8 I I I
França 53,3 178,7 345,3 407,1 508,5 624,2 I I II
Alemanha 1008,5 1685,2 2268,3 2666,3 3100,3 3329,9 II I II
Grécia 13,6 52,5 145,7 313,7 326 335,3 II III II
Hungria 0,1 0,1 0,7 2,1 4,8 10,5 III III III
Irlanda 0 0 0,1 0,1 0,1 0,1 II I I
Itália 163,9 928,3 1621,8 1856,3 1918 1972,7 II II II
Letónia 0 0 0 0 0 0 I III III
Lituânia 0 0 0,2 3,9 6,3 6,3 I III III
Luxemburgo 1,8 2,2 3,3 6,3 8,1 8,9 III I I
Malta 0,1 0,4 1,4 2,5 5,9 8 III III III
Países Baixos 4,8 9 19,5 41,9 67,5 96,4 III I I
Polónia 0 0 0,1 0,1 0,6 4,9 II III II
Portugal 18,2 24,1 33,8 41,2 53,9 68,5 I III III
Roménia 0 0,1 0,7 36,1 139 170,4 I III III
Eslováquia 1,5 34,1 36,5 50,6 51,3 43,5 III III II
Eslovénia 1,1 5,6 14 18,5 22,1 23,6 I III II
Espanha 552,4 639,8 704,4 716 706,6 710,8 I II II
Suécia 0,7 0,9 1,6 3 4 8,3 I I III
Reino Unido 3,5 20,9 116,3 172,7 347,4 650,1 II I II
Elaboração própria. Fonte: Eurostat (2016d), disponível em
http://ec.europa.eu/eurostat/tgm/refreshTableAction.do?tab=table&plugin=1&pcode=ten00081&language
=en, acedido em 27/05/2018.