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Inclusão Profissional: Um Estudo do Perfil da PcD em Catalão Murilo Marques Mendonça [email protected] Universidade Federal de Goiás UFG Serigne Ababacar Cissé Ba [email protected] Universidade Federal de Goiás UFG Área temática: Gestão e Políticas Públicas Resumo Neste trabalho estudou-se o perfil das Pessoas com Deficiência (PcDs) cadastradas na Associação de Pessoas com Deficiência de Catalão ASPDEC, além do perfil das pessoas que compunham o Banco de Talentos desta associação àquela data e do perfil das empresas que mais empregaram pessoas, a fim de promover um estudo da empregabilidade das pessoas com deficiência nesta cidade e região. Como percurso metodológico adotado nesta pesquisa, pode-se afirmar que se trata de um estudo de caso único, de cunho quantitativo, que teve fontes primárias, secundárias e análise documental dos registros pertencentes à associação para a coleta dos dados. Usou-se da estatística descritiva como técnica de análise dos dados que foram separados e avaliados por grau de relevância para a definição dos perfis propostos na pesquisa. Os resultados da definição dos perfis mostram a predominância de pessoas de gênero masculino em relação ao quantitativo de mulheres que participam ou estão registradas nesta associação e indicaram prevalência das deficiências física e auditiva em detrimento das deficiências visual, intelectual e múltipla ao passo que o perfil das empresas empregadoras revelou-se pela presença expressiva do setor industrial com desvantagem para a empregabilidade no setor de serviços. Consiste em um estudo preliminar com dados interessantes e que podem auxiliar na elaboração de políticas públicas municipais voltadas a esta categoria da população. Palavras-chave: Empregabilidade; Inclusão; Deficiência. 1. Introdução Este trabalho de pesquisa aborda a diversidade e a inclusão social, em específico, aspectos da inclusão profissional de Pessoas com Deficiência (PcDs) em Catalão-GO e região. A necessidade de se pesquisar as Pessoas com Deficiência surge com maior ênfase a partir da análise da sua representatividade. Observa-se, por exemplo, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) do ano de 1981 onde “calculou-se que cerca de 1,78% da população brasileira daquele ano era constituída de pessoas com deficiência” (Neri et al., 2003, p. 10). Logo, a questão da deficiência é importante para o Brasil, pois segundo a ONU “o mundo abriga 500 milhões de pessoas com deficiência das quais 80% vivem em países em desenvolvimento” como é o caso do país. E, “os dados do Censo de 2000 informam que 24,5 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência” (Neri et al., 2003, p. 1). E é partir de dados como os dos Censos demográficos e das demais pesquisas nacionais, regionais ou locais como a Pesquisa de Condições de Vida da Cidade de São Paulo (PVC/SEADE 1998), Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014 906

Inclusão Profissional U m E studo do P erfil da PcD em Catalão

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Inclusão Profissional: Um Estudo do Perfil da PcD em Catalão

Murilo Marques Mendonça – [email protected]

Universidade Federal de Goiás – UFG

Serigne Ababacar Cissé Ba – [email protected]

Universidade Federal de Goiás – UFG

Área temática: Gestão e Políticas Públicas

Resumo

Neste trabalho estudou-se o perfil das Pessoas com Deficiência (PcDs) cadastradas na

Associação de Pessoas com Deficiência de Catalão – ASPDEC, além do perfil das pessoas

que compunham o Banco de Talentos desta associação àquela data e do perfil das empresas

que mais empregaram pessoas, a fim de promover um estudo da empregabilidade das pessoas

com deficiência nesta cidade e região. Como percurso metodológico adotado nesta pesquisa,

pode-se afirmar que se trata de um estudo de caso único, de cunho quantitativo, que teve

fontes primárias, secundárias e análise documental dos registros pertencentes à associação

para a coleta dos dados. Usou-se da estatística descritiva como técnica de análise dos dados

que foram separados e avaliados por grau de relevância para a definição dos perfis propostos

na pesquisa. Os resultados da definição dos perfis mostram a predominância de pessoas de

gênero masculino em relação ao quantitativo de mulheres que participam ou estão registradas

nesta associação e indicaram prevalência das deficiências física e auditiva em detrimento das

deficiências visual, intelectual e múltipla ao passo que o perfil das empresas empregadoras

revelou-se pela presença expressiva do setor industrial com desvantagem para a

empregabilidade no setor de serviços. Consiste em um estudo preliminar com dados

interessantes e que podem auxiliar na elaboração de políticas públicas municipais voltadas a

esta categoria da população.

Palavras-chave: Empregabilidade; Inclusão; Deficiência.

1. Introdução

Este trabalho de pesquisa aborda a diversidade e a inclusão social, em específico,

aspectos da inclusão profissional de Pessoas com Deficiência (PcDs) em Catalão-GO e região.

A necessidade de se pesquisar as Pessoas com Deficiência surge com maior ênfase a

partir da análise da sua representatividade. Observa-se, por exemplo, a Pesquisa Nacional por

Amostra de Domicílio (PNAD) do ano de 1981 onde “calculou-se que cerca de 1,78% da

população brasileira daquele ano era constituída de pessoas com deficiência” (Neri et al.,

2003, p. 10). Logo, a questão da deficiência é importante para o Brasil, pois segundo a ONU

“o mundo abriga 500 milhões de pessoas com deficiência das quais 80% vivem em países em

desenvolvimento” como é o caso do país. E, “os dados do Censo de 2000 informam que 24,5

milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência” (Neri et al., 2003, p. 1). E é partir

de dados como os dos Censos demográficos e das demais pesquisas nacionais, regionais ou

locais como a Pesquisa de Condições de Vida da Cidade de São Paulo (PVC/SEADE 1998),

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que permitiu traçar a partir de microdados um perfil das pessoas com deficiência. Essas

pesquisas identificam as demandas sociais e políticas setoriais necessárias para atender às

PcDs, que “tem dificuldades para inserção no mercado de trabalho” (Neri et al., 2003).

Em um estudo realizado com instituições e empresas de Curitiba, Araujo e Schmidt

(2006) comentam que “o acesso de Pessoas com Necessidade Especiais (PNE’s) ao mercado

de trabalho é um dos aspectos do processo de inclusão”. Na inclusão empregatícia formal

identifica-se a Lei de Cotas que, “vigente desde 1999, passou a ser o principal instrumento

disponível às pessoas com deficiência para barganhar um lugar no mercado de trabalho

formal. Entretanto, a lei esbarra em problemas de cumprimento” (Neri et al., 2003, p. 177).

A motivação deste estudo advém da relação de convívio do pesquisador com a

Associação das Pessoas com Deficiência de Catalão (ASPDEC) entre agosto e novembro do

ano de 2011. Esta associação representa as Pessoas com Deficiência de Catalão e região e

auxilia as organizações destas localidades a suprir sua demanda empregatícia por PcDs.

Este estudo teve três objetivos: determinar o perfil geral da população de Pessoas com

Deficiência cadastradas na ASPDEC; determinar o perfil das PcDs inseridas ou com alguma

experiência de trabalho nas organizações da cidade de Catalão e região; determinar o perfil

das organizações que empregam PcDs em Catalão e região. A necessidade era conhecer o

perfil das Pessoas com Deficiência com maiores condições de empregabilidade, o contexto do

mercado de trabalho na qual elas estavam inseridas e os fatores que colaboraram para isto.

Assim definiu-se o problema de pesquisa que orientou os caminhos deste estudo: Qual o perfil

das Pessoas com Deficiência inseridas no mercado de trabalho da cidade de Catalão?

O perfil geral da população de PcDs cadastradas na ASPDEC significa: homens e

mulheres; estado civil; homens e mulheres por deficiência; participação das pessoas da cidade

e da região na associação; escolaridade; faixa etária e idade ativa; deficiências e condição de

dependência gerada pela deficiência; possuir convênio médico e principais convênios citados.

O perfil das PcDs inseridas significa: homens e mulheres; estado civil; número de

filhos; proporção por deficiência; homens e mulheres por deficiência; habilitação para dirigir;

faixa etária; escolaridade; cursos técnicos e de qualificação por elas realizado.

O perfil das organizações que empregam significa: nome das empresas que empregam

PcDs; seu setor de atividade; os principais cargos ocupados; os principais motivos de

demissão ou saída do emprego; o tempo de permanência das PcDs no emprego.

2. Referencial Teórico

Este trabalho trata de dois pontos específicos dentro de dois universos conhecidos e

bastante problematizados na atualidade. O primeiro é o universo da Diversidade, que “diz

respeito à multiplicidade de características que distinguem as pessoas” (Instituto Ethos, 2002,

p. 53), e pode-se dizer que este conceito congrega todas as minorias sociais possíveis dentro

de uma sociedade, comumente susceptíveis à discriminação, ao preconceito e à exclusão. As

minorias “são definidas como segmentos das sociedades que possuem traços culturais ou

físicos específicos que são desvalorizados e não inseridos na cultura da maioria, o que gera

um processo de exclusão e discriminação” (Roso et al., 2002, como citado em Moreira,

Cappelle, Onuma, Miranda & Borges, 2011, p. 140). Portanto, entende-se que a diversidade é

composta por várias minorias dentre as quais se encontram as Pessoas com Deficiência, um

dos objetos deste estudo.

O segundo universo refere-se à Inclusão Social, que pode ser entendida como: “o

processo de inserção na sociedade, nos mercados consumidor e profissional e na vida

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sociopolítica, de cidadãos que dela foram excluídos, no sentido de terem sido privados do

acesso a seus direitos fundamentais” (Instituto Ethos, 2002, p. 53).

Notou-se nas fontes pesquisadas a utilização de siglas para fazer referência às pessoas

com deficiência e observou-se que os estudos costumam adotar uma dessas siglas e justificar

a preferência por tal em detrimento de outra. Por isto, este trabalho utilizou-se do termo

Pessoas com Deficiência (PcDs) e não Pessoas com Necessidades Especiais (PNE’s) “visto

que o segundo não é específico, podendo contemplar pessoas obesas, idosas, e outras, o

que extrapola o âmbito deste trabalho” (Moreira et al., 2001, p. 140). Destaca-se a Portaria

n° 2.344, de 3 de novembro de 2010, que atualizou a nomenclatura do Regimento interno do

CONADE utilizada para pessoas com algum tipo de deficiência – Onde se lê "Pessoas

Portadoras de Deficiência" leia-se "Pessoas com Deficiência" (Brasil, 2010). O CONADE é

Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas Portadora de Deficiência.

A população de Goiás é composta por 6.003.788 de habitantes, com pelo menos uma

deficiência ou incapacidade são 1.858.769 de pessoas, portanto 30,96% das pessoas em Goiás

tem alguma deficiência ou percepção de incapacidade. Com destaque para os visuais que são:

59,87% desse total (Censo, 2010). A inclusão no mercado de trabalho ou inclusão profissional

é “um processo de inserção no mercado de trabalho de cidadãos que dele foram excluídos. No

caso dos portadores de deficiência, a inclusão diz respeito, além de sua contratação, ao

oferecimento de oportunidades de desenvolvimento e progresso na empresa” (Instituto Ethos,

2002, p. 53).

3. Procedimentos Metodológicos

Este é um estudo exploratório descritivo, de natureza quantitativa, estudo de caso

único, o caso da ASPDEC, com as seguintes análises: a de uma população de pessoas

cadastradas na ASPDEC e a de um subgrupo desta população.

Por meio de dados secundários realizou-se esta pesquisa, através da coleta autorizada

de documentos além dos livros e artigos pesquisados. Como documentos analisou-se os

Prontuários de Anamnese do Associado da ASPDEC e as Fichas de Currículo constantes no

Banco de Talentos da ASPDEC (criado pela Empresa parceira – INCEP-RH no ano de 2011).

As técnicas de coleta de dados utilizadas foram: a Pesquisa documental e a Pesquisa

bibliográfica. Assim, a fase inicial desse estudo compreendeu a fase de documentação tanto

dos Prontuários de Anamnese do Associado quanto das Fichas de Currículo.

A técnica de análise de dados para a determinação dos perfis foi a estatística

descritiva, com auxílio de uma ferramenta simples de banco de dados e o auxílio de planilha

eletrônica para compilação e análise dos dados quantitativos. Este estudo pretendeu descrever

os achados da pesquisa da análise documental feita durante e após a criação de dois bancos de

dados digitais para a ASPDEC pelo autor do deste trabalho entre os meses de Agosto e

Outubro de 2011. O primeiro, a partir dos Prontuários de Anamnese do Associado ASPDEC e

o segundo a partir das Fichas de Currículo.

O estudo quantitativo desta pesquisa é caracterizado pela análise documental dos

Prontuários de Anamnese do Associado da ASPDEC, que é o principal documento

preenchido no momento da sua filiação e das Fichas de Currículo, também preenchidos,

quando há o interesse do associado em ingressar no mercado de trabalho e participar dos

processos de recrutamento e seleção de pessoas, abertos e encaminhados pelas organizações

de Catalão e região para a ASPDEC e gerenciado pela empresa parceira – INCEP-RH.

O universo deste estudo compreende quinhentos e setenta (570) Pessoas com

Deficiência da cidade de Catalão e região “cadastradas” na ASPDEC, determinada após

análise documental e contagem da população, no entanto, neste estudo, para que a PcD esteja

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incluída dentro desta população o requisito básico é ela ser cadastrada na ASPDEC. Esta

população foi estudada na sua totalidade, para atingir o objetivo de traçar um perfil para as

Pessoas com Deficiência cadastradas e/ou associadas na ASPDEC.

Para atingir os objetivos específicos, de traçar: um perfil das PcDs inseridas no

mercado de trabalho de Catalão e região e um perfil das organizações que empregam PcDs na

cidade de Catalão e região analisou-se um subgrupo dessa população, definido pelo Banco de

Talentos da associação (elaborada pela Empresa parceira – INCEP-RH no ano de 2011) cujas

características e informações disponíveis o tornam um subgrupo homogêneo ou uma

amostragem estratificada da população de associados, pois é um subgrupo (estrato) com

características similares, composto por indivíduos que: estão empregadas, possuem alguma

experiência de inclusão ou são potencialmente empregáveis.

Com os bancos de dados prontos elaborou-se três roteiros para explorá-los,

selecionando-se e julgando-se como suficientes os itens e campos para compor os perfis

propostos: um para o associado (pessoa cadastrada na associação), um para as pessoas

inseridas no mercado de trabalho e um perfil para as organizações empregadoras. Selecionou-

se as informações de maior importância presentes nos Prontuários e Fichas de Currículo e

preenchidos pelos candidatos, já que alguns itens ou requisitos são omitidos ou não fornecidos

pela pessoa no momento do seu cadastramento. Certas informações foram excluídas ou

utilizadas parcialmente, para melhor aproveitamento dos dados ou quando se entendeu que a

partir delas seria possível obter dado útil e relevante para o estudo dos perfis propostos.

Itens do Prontuário de Anamnese do Associado, que foram excluídos da análise do

perfil das PcDs cadastradas na ASPDEC: Registro; Carteirinha, Validade; Data da filiação;

Nome; RG; CPF; Endereço, Bairro; Telefone; Estudando, Série; Tipo de comprometimento

da deficiência; CID; Passe livre; Renda familiar; Pessoas conviventes; Trabalho, local e

função; Salário. Sendo assim, os demais itens serviram para compor o perfil das PcDs

cadastradas.

O termo pessoa “cadastrada” foi utilizado para resolver uma questão encontrada na

análise do banco de dados considerando-se os critérios utilizados pela associação e pela

legislação para classificar uma pessoa como Pessoa com Deficiência. Na ASPDEC, existem

pessoas que estão no banco de dados de associados, mas tem sua documentação pendente, por

exemplo, a falta de laudo médico com o código internacional da deficiência (CID). A partir

daí trocou-se a palavra associado por cadastrado, analisando-se todos os Prontuários de

Anamnese preenchidos e à disposição da associação.

A Ficha de Currículo foi principal e único documento analisado para definir tanto o

perfil das PcDs inseridas quanto o perfil das empresas que empregam. Lista-se aqui os itens

ou campos desta ficha que foram excluídos da tabulação: Código; Nome da pessoa; Contatos

de telefone; Se possui condução própria e qual condução; observações do candidato e data de

preenchimento da Ficha de Currículo. Demais informações (itens ou campos) foram

aproveitadas para compor a análise exploratória dos perfis propostos.

4. Resultados e Discussão

Nesta seção descreve-se a organização estudada e apresenta-se as análises e discussões

do que foi obtido nas coletas de dados realizadas para responder aos objetivos específicos da

pesquisa que culminaram na conclusões tecidas sobre o perfil e a inclusão das Pessoas com

Deficiência no mercado de trabalho da cidade de Catalão e região.

As informações a cerca da organização estudada, o estudo de caso da ASPDEC, foram

obtidas a partir da análise documental da Primeira Alteração Consolidada do Estatuto da

Associação das Pessoas Portadoras de Deficiência de Catalão – ASPDEC, que é uma

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associação sem fins econômicos, de direito privado, com autonomia administrativa e

financeira, que iniciou suas atividades em 01 de março de 2004 no município de Catalão.

Resultado do esforço coletivo de um grupo de pessoas, que tinham o objetivo de

trabalhar a questão da deficiência nesta localidade, quando fundaram a ASPDEC com a

finalidade de desenvolver e melhorar a qualidade de vida das Pessoas com Deficiência. No

estatuto da ASPDEC em seu Artigo 4°estão descritas as suas finalidades e dentre as principais

relacionadas a este estudo estão: Desenvolver programas de apoio para geração de emprego e

renda; Organizar treinamentos, palestras, seminários, congressos e cursos especiais;

Desenvolver programas de treinamento, atualização profissional e capacitação; Desenvolver

programas em parceria, estágios e pesquisas com faculdades, universidade, escolas técnicas e

profissionalizantes; Desenvolver novos modelos experimentais não lucrativas de produção,

comércio, emprego e crédito; Integrar com programas oficiais com o setor governamental;

Organizar bolsa de serviços, consorciamento de empregadores e banco de talentos; Formar

parceria com o setor empresarial;

Seu quadro de associados possui a seguinte classificação: associado fundador, efetivo,

contribuinte, voluntário, profissional, benemérito, patrocinador, institucional e consultivo. De

acordo com o Artigo 19, para admissão do associado, o mesmo deverá preencher uma ficha

cadastral, a qual será analisada pelo conselho de administração, e uma vez aprovado será

informado seu número de matrícula e a categoria a que pertence. Para o associado que tenha

uma necessidade especial e que venha usufruir dos serviços da ASPDEC, além da ficha

cadastral ele deverá trazer laudo médico que comprove a sua deficiência.

4.1 A PcD Cadastrada na Aspdec

Esta seção responde ao objetivo específico de definir um perfil das PcDs cadastradas

na ASPDEC. Das quinhentos e setenta (570) pessoas cadastradas na ASPDEC, duzentos e

quarenta e nove (249) 44% são mulheres e trezentos e vinte e um (321) 56% são homens, uma

vantagem de 12% superior para os homens, que podem representar maior número em termos

de deficiência ou maior interesse em participar da Associação na busca por informação,

serviços e direitos em relação às mulheres.

Na população de PcDs cadastradas na ASPDEC identificou-se o estado civil a partir

das informações por elas declarada no devido campo do Prontuário no momento da sua

filiação na Associação, por isso, foi considerada a opção “Amasiado”, que pode ser somada, à

população de solteiros ou à população de casados, a depender do critério e do enfoque. Aqui,

apresenta-se a classificação percentual das PcDs por estado civil: Solteiros (42%), Casados

(16%), Divorciados e Viúvos com (3%) cada, Amasiados (2%). Não declaram seu estado civil

cento e noventa e sete (197) pessoas (34%).

A partir da análise dos Prontuários foi possível identificar e comparar a relação de

homens e mulheres por deficiência embora o número de homens seja significativamente

superior ao de mulheres. Também foi possível identificar as deficiências que compõem a

deficiência múltipla tanto para homens quanto para mulheres e nos casos em que isso não foi

possível manteve-se a classificação múltipla para o conjunto de deficiências (mais de uma).

Não se encontrou relatos sobre as demais possibilidades de deficiência múltipla, assim como

não houve evidência da deficiência múltipla física e visual dentre as mulheres.

Desconsiderados os que não declaram a sua deficiência tem-se que a deficiência: auditiva

atinge homens e mulheres na mesma proporção (19%), física, aproxima homens (42%) e

mulheres (39%), mentais mantém iguais em (14%), múltipla, homens (9%) e mulheres (10%),

visual, homens (9%) e mulheres (7%). Homens são maioria na física e visual enquanto as

mulheres são maioria na múltipla havendo empate na auditiva e mental. Nesta pesquisa a

deficiência visual é a menos representativa das deficiências, tanto para homens quanto para

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mulheres, o que não condiz com a sua representatividade geral para o estado de Goiás de

acordo com os dados do Censo 2010. Tanto entre homens quanto entre mulheres existe um

percentual que não declara no Prontuário a deficiência que possui. Nesta análise as mulheres

são (13%) e os homens são (7%). O que pode demonstrar um interesse maior dos homens em

relação às mulheres na atenção dada à própria deficiência. Vale salientar, que tanto entre os

homens quanto entre as mulheres o principal tipo de deficiência é a deficiência física.

Enquanto que a deficiência auditiva é a mais representativa depois da deficiência física,

seguida por mentais, múltiplas e visuais.

A análise da participação das pessoas da cidade de Catalão assim como dos seus

distritos na associação serviu para compor o perfil das Pessoas com Deficiência cadastradas

na ASPDEC, pois tanto as PcDs de Catalão quanto as da região procuram esta para obterem

alguma informação ou serviço relacionados à sua deficiência. E, embora as pessoas

preencham nos Prontuários de Anamnese do Associado o seu endereço, no mesmo não existe

um campo para se informar a localidade (cidade ou distrito) do endereço fornecido, campo

esse acrescentado ao Prontuário digital criado. Portanto a análise foi feita examinando-se o

nome de bairros e endereços conhecidos da cidade de Catalão e as observações feitas no

campo endereço. Notou-se que esta é uma informação com pouco volume, mas o suficiente

para perceber a importância da ASPDEC para a cidade de Catalão e sua circunvizinhança, que

não possui serviço semelhante, buscando a informação ou serviço que necessitam na

ASPDEC. Assim, destaca-se a participação significativa, além de catalanos, das pessoas de

Pires Belo, dezessete (17) cadastrados, Ouvidor (6), Nova Aurora (4), Cumari (4) e Santo

Antonio do Rio Verde e Goiandira com três (3) pessoas cadastradas cada uma. Estes números

são suficientes para se ter uma noção da proporção de pessoas da região de Catalão que

necessitam da ASPDEC.

Quanto à Escolaridade das PcDs cadastradas evidenciou-se que muitas delas não

frequentaram ou abandonaram a escola. De acordo com os dados desta pesquisa, pelo menos

13,51%, setenta e sete (77) pessoas não são alfabetizadas. Para Neri et al. (2003, p. 176)

“pessoas com deficiência e aquelas com percepção de incapacidade concluem com menor

frequência as séries em idade hábil, e interrompem o processo educacional, especialmente na

fase de alfabetização”. Considerado o ensino médio completo um fator contribuinte da

empregabilidade de qualquer pessoa, infere-se que o grupo de cadastradas na ASPDEC possui

uma séria desvantagem empregatícia, já que apenas cento e dezesseis (116) pessoas possuem

ensino médio completo. Somando-se superior completo e incompleto ao médio tem-se que

cento e cinquenta e seis (156) pessoas, 27,37% estariam aptas a enfrentar o mercado de

trabalho. Ressalta-se que apenas 4,74% declaram ter nível superior completo.

Neste estudo foi possível identificar a escolaridade de (456) pessoas, 80% das

cadastradas. Em Goiás pessoas com nível de escolaridade fundamental incompleto possuem

boa empregabilidade no mercado de trabalho formal (Dieese – 2011). Na ASPDEC 11,23%

das PcDs cumprem este requisito. As pessoas com maior grau de empregabilidade possuem:

nível médio completo, fundamental incompleto e superior completo. Na ASPDEC esse grupo

corresponde a duzentos e sete (207) pessoas ou 36,32% das cadastradas que podem ingressar

no mercado de trabalho formal considerada apenas o grau de escolaridade.

A partir do campo data de nascimento no Prontuário do associado, calculou-se a faixa

etária e idade ativa tendo como data base o dia 07 de novembro de 2011. Das quinhentos e

setenta (570) pessoas cadastradas na ASPDEC, quinhentos e vinte e dois (522) forneceram a

própria data de nascimento e com essas datas elaborou-se análise das faixas de idade de dez

em dez anos.

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Este pode ser considerado um dos principais achados desse trabalho de pesquisa, pois

a partir dele pode-se analisar a quantidade de pessoas em idade de trabalhar. Este dado de

pesquisa gera algumas indagações referentes inclusive ao tamanho do Banco de Talentos da

ASPDEC, composto por cinquenta e oito (58) pessoas, bem inferior ao número de pessoas em

idade ativa. Para o IBGE pessoa em idade ativa é aquela com idade entre dez (10) e sessenta e

quatro (64) anos. Nesta pesquisa considerou-se idade ativa a faixa entre quinze (15) e

cinquenta e quatro (54) anos. O que gerou um dado de trezentos e noventa e quatro (394)

pessoas, ou seja, 69,12% do banco de dados de PcDs cadastradas na ASPDEC estão em idade

ativa ao passo que o atual Banco de Talentos tem apenas 10,17% dessas pessoas. Contudo,

considerando-se que o maior número de pessoas empregadas está na faixa etária entre 25 e 45,

onde inclusive as PPDs ultrapassam a população total (Neri et al., 2003, p.142), o número de

pessoas cadastradas, que estão nesta faixa de idade corresponde a aproximadamente duzentos

e quarenta e seis (246) pessoas, o equivalente a 43,16% do número de PcDs cadastradas.

Para se obter as deficiências e condição de dependência por essas proporcionadas

foram retiradas do somatório as PcDs que não informaram sua deficiência e as que não

informaram sua condição de dependência e estas portanto não foram incluídas na análise,

permaneceram as que informaram sua deficiência e condição de dependência. A condição ou

grau de dependência pode variar em função das dificuldades e necessidades da Pessoa com

Deficiência, como a necessidade de ajuda de outras pessoas para realizar tarefas e atividades

do cotidiano. São elas: alimentação, higiene pessoal, locomoção e vestuário. A pessoa que

declara condição de dependência total necessita de ajuda para realizar todas essas quatro

tarefas; a que declara parcial, necessita de ajuda para realizar pelo menos uma dessas e, quem

declara nenhuma condição de dependência afirma conseguir realizar todas as quatro tarefas

sem precisar da ajuda de outra pessoa. Naturalmente, as pessoas com deficiência múltipla e

mental possuem maior grau de dependência. No entanto, isto não significa que todas as

pessoas com deficiência múltipla ou mental sejam totalmente dependentes, verificou-se dentre

as com deficiência mental vinte e uma (21) delas (43,75%) afirmam não possuir qualquer

condição de dependência, ao passo que dentre as pessoas com deficiência múltipla apenas oito

(8) delas (17,39%) afirmam não possuir qualquer condição de dependência. Para as demais

deficiências (Física, Auditiva e Visual) pôde-se verificar um menor grau de dependência total.

A dependência parcial é de: Física (25,16%) e Visual (58,33%) enquanto Física (68,87%) e

Auditiva (83,72%) afirmam não depender de outras pessoas para realizar qualquer uma das

quatro tarefas, o que não as isenta das condições de acessibilidade do ambiente.

Quanto à análise das pessoas com convênio médico e os principais convênios

encontrados, das quinhentos e setenta (570) pessoas que compõem o banco de Pessoas com

Deficiência cadastradas na ASPDEC, cento e vinte (120) declaram possuir algum convênio

médico. Para compor a análise os convênios médicos foram escolhidos por nome e deveriam,

após o agrupamento dessa informação, ter sido evidenciado duas vezes. Os convênios de

maior destaque: Unimed, Ipasgo, SUS e Ipasc, encontrados nesse campo do Prontuário que

pergunta se a pessoa possui algum convênio médico e qual é esse convênio.

4.2 Perfil das PcDs Inseridas no Mercado de Trabalho

Esta seção responde ao objetivo específico de definir um perfil das PcDs inseridas no

mercado de trabalho de Catalão. Quanto ao número de homens e mulheres o Banco de

Talentos da ASPDEC é composto por cinquenta e oito (58) Pessoas com Deficiência (PcDs),

dessas, trinta e três (33) são homens e vinte e cinco (25) são mulheres. De acordo com Neri et

al. (2003, p. 140) “analisando a variável sexo, a proporção de homens, com deficiência, na

população de trabalhadores formais é maior do que a das mulheres, 65,76% contra 34,26%”.

E como se vê no gráfico “eles são majoritários entre os trabalhadores formais que não

possuem deficiência, elas porém, tem maior participação relativa no total, aproximadamente

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39%” (Neri et al., 2003, p. 140). Segundo os dados do Censo 2000, “a participação das

mulheres na população de PPDs é cerca de 56%. Logo, apesar de serem maioria na população

total com deficiência, elas estão subrepresentadas no mercado formal de PPDs” (Neri et al.,

2003, p. 140).

Quanto ao estado civil das inseridas declarado pelas PcDs na da Ficha de Currículo

encontrou-se 69% de Solteiros, 21% de casados e 3% Divorciados.

As PcDs inseridas em relação ao número de filhos, na Ficha de Currículo a PcD pode

informar se possui filhos e o número de filhos, caso a resposta seja sim. A análise mostra que

69% não possui filhos, 12% possui apenas um (1) filho, 10% possui dois (2) filhos e 9%

possui três (3) filhos. Possuir filhos é um fator que leva as pessoas a se preocuparem com a

empregabilidade, dada a necessidade de suprir a família.

Em relação à proporção de pessoas por deficiência, neste banco de talentos há quatro

tipos de deficiência, sendo mais representativa a deficiência física com trinta e duas (32)

pessoas, seguida pela auditiva com dezessete (17), mental com quatro (4) e visual com três (3)

pessoas. Quanto ao número de mulheres e homens por deficiência de acordo com a análise,

existem mais homens com deficiência auditiva e física, enquanto para as deficiências mental e

visual, prevalecem mulheres. Ausência da deficiência múltipla dentre as inseridas.

Quanto à habilitação para dirigir (A, B, AB) na Ficha de Currículo avaliou-se o

campo: “possui ou não permissão para dirigir e a categoria desta”. As categorias encontradas

foram apenas duas, para moto (A) e para carro (B). Das cinquenta e oito (58) pessoas do

banco de talentos, quarenta e um (41), 71% das pessoas não têm qualquer habilitação para

dirigir, enquanto dezessete (17), 29% possuem alguma habilitação.

Quanto à faixa etária das PcDs inseridas, calculou-se as idades a partir da data de

nascimento fornecida na Ficha de Currículo tendo como data base o dia 08 de novembro de

2011. De acordo com a pesquisa Retratos da Deficiência no Brasil, “das PPDs formais, 62,3%

se enquadram entre 25 a 45 anos, enquanto que para a população total o percentual é de

59,76%”, sendo esta a faixa de idade mais representativa no mercado de trabalho formal.

Enquanto que a participação das PPDs é menor na faixa etária entre 15 e 25 anos e igual à

população total nas demais faixas etárias, CPS/FGV a partir dos microdados da RAIS/MTE

(In: Neri et al., 2003, p. 142).

Quanto à escolaridade das PcDs inseridas, trinta e seis (36) possuem Ensino Médio

Completo, o que representa sessenta e dois por cento (62,07%) das PcDs. Considerando-se o

nível de escolaridade e a participação no mercado de trabalho formal, pode-se perceber que as

pessoas com o nível médio completo se destacam ao representar a grande parcela dos

empregados formais, em segundo lugar estão as pessoas com ensino fundamental incompleto.

Ao contrastarmos esses dados com os do estado de Goiás, verifica-se a coerência e

tendência de manutenção desta proporção. Pois 34,6% e 21,0% dos empregos formais estão

distribuídos entre pessoas com nível médio completo e fundamental incompleto

respectivamente. No Banco de Talentos o terceiro lugar é daqueles que têm superior

incompleto, diferente da ordem encontrada por Dieese (2011). Ressalta-se que o Dieese

(2011) não separa trabalhadores com deficiência e reabilitados dos sem deficiência, sendo este

parâmetro um apoio para comparação.

Quanto aos principais cursos técnicos e de qualificação realizados pelas PcDs

inseridas, observou-se o campo da Ficha de Currículo: “cursos realizados”. Esses cursos

foram catalogados e a informação gerada é suficiente para indicar o caminho percorrido pelas

pessoas inseridas para se qualificar e serem empregáveis. Para constar na análise o curso

realizado teve de aparecer em duas fichas de currículo. Um curso que se destaca é o curso de

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informática, trinta e oito (38) pessoas declaram ter feito pelo menos um curso de informática,

66% das PcDs do Banco de Talentos. Demais cursos: Assistente administrativo (11), Auxiliar

de produção (6), Gestão do trabalho e atendimento ao cliente com cinco (5) verificações para

cada um desses cursos, Mecânico de manutenção industrial, Recepcionista e

Empreendedorismo com quatro (4) cada um e Logística e Corte Costura industrial com três

(3) verificações para cada um desses cursos. Os cursos de assistente administrativo e auxiliar

de produção coincidem com três dos principais cargos ocupados: auxiliar de produção,

operador de produção e auxiliar administrativo. O curso de atendimento ao cliente pode estar

relacionado à empregabilidade da PcD no cargo de atendente. Assim como os cursos de

mecânico de manutenção industrial e corte e costura industrial podem estar relacionados ao

principal setor de atividade das empresas que empregam PcDs em Catalão. Verificou-se que

uma mesma pessoa realizou mais de um curso.

4.3 Perfil das Organizações que Empregam

Esta seção responde ao objetivo específico de definir o perfil das empresas

empregadoras. O perfil das organizações que empregam foi definido a partir das informações

contidas nas Fichas de Currículo das PcDs do Banco de Talentos. Foram consideradas

relevantes apenas as informações e conteúdos que fossem suficientes para as análises e

diretamente relacionados às organizações empregadoras.

Quanto às organizações que empregam PcDs em Catalão identificou-se as empresas

incluídas num campo da Ficha de Currículo destinado às três últimas empresas que trabalhou.

Verificou-se: nome da empresa, data de admissão e demissão e motivo da saída do emprego.

Da tabulação dos dados notou-se que o campo referente à última empresa teve preenchimento

regular, a penúltima menor regularidade e a antepenúltima com poucos relatos. Assim, boa

parte das pessoas do Banco de Talentos podem não ter trabalhado em mais de uma ou duas

organizações ou omitido esta informação.

Para constar na análise as organizações deveriam figurar nas fichas pelo menos duas

vezes. As empresas que apareceram apenas uma vez não entraram na análise. Logo foram

encontradas doze (12) empresas que empregam ou já empregaram pelo menos duas Pessoas

com Deficiência. As que mais se destacaram já empregaram pelo menos três (3), dentre os

nomes mais citados estão: MMCB com quinze (15) verificações, Weldmatic (7), MVC (5), JK

(5), Embrasatec (4) e Copebrás (4).

Quanto ao setor de atividade das empresas que empregam PcDs, sete (7) são do setor

industrial e duas (2) são do setor automotivo e quatro (4) delas se enquadram no setor de

serviços, sendo estes setores os de maior representatividade para as PcDs no município.

Tanto para a população total e para a população de PcDs os setores mais

representativos são os de serviços e a indústria. “Na indústria, as PPDs (27,33%) estão

relativamente mais presentes do que o total de empregados formais (19,31%)” e outro ponto

importante é que “as PPDs estão subrepresentadas no setor público” (Neri et al., 2003, p.

145).

Quanto aos principais cargos ocupados pelas PcDs inseridas nas Fichas de Currículo,

no item experiência profissional, no campo cargos ocupados, contou-se e identificou-se os

cargos citados, que por sua vez foram agrupados de acordo com sua semelhança para análise.

Dessa forma o critério utilizado para que um cargo fosse descrito, o mesmo deveria ser

evidenciado duas vezes nas Fichas de Currículo. Destaque para o cargo de serviços gerais

com dezoito (18) verificações, operador de produção (9), auxiliar de produção (15), auxiliar

administrativo e atendente (7). Pelo nome dos cargos ocupados pelas PcDs inseridas nota-se

que boa parte deles faz referência à indústria, principal empregador em Catalão.

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Quanto aos principais motivos de demissão ou saída do emprego catalogou-se no

devido campo da Ficha de Currículo os motivos citados que justificaram a demissão ou saída

do emprego. Na análise desses motivos foi possível identificar, classificar e padronizá-los em

grupos de categorias mais citadas. Destaque para o corte de funcionários, que pode ser

justificado pela sazonalidade da indústria, maior empregador em Catalão. E para a falta de

condições ideais de trabalho, que implicam na saúde e segurança do trabalhador e na

acessibilidade e adequação do ambiente e dos postos de trabalho. De acordo com a lei de

cotas, as empresas com mais de cento e um (101) funcionários deverão reservar vagas para as

Pessoas com Deficiência, no entanto isto não garante sua estabilidade no emprego, podendo

esta pessoa ser demitida pela empresa.

No entanto, a dispensa de empregado com deficiência ou reabilitado, “quando se tratar

de contrato por prazo determinado, superior a 90 dias, e a dispensa imotivada, no contrato por

prazo indeterminado, somente poderá ocorrer após a contratação de substituto em condições

semelhantes” (art. 93, § 1º, da Lei nº 8.213/91). Entende-se como substituto em condição

semelhante qualquer pessoa com deficiência elencada no art. 4º do Decreto nº 3.298/99, com

as alterações efetuadas pelo Decreto nº 5.296/04.

Quanto ao tempo de permanência das PcDs no emprego encontrou-se quarenta (40)

indicações, 50,63% das pessoas mantiveram-se empregadas por até 1 ano; vinte (20)

indicações, 25,32% das pessoas mantiveram-se empregadas por período superior a 1 ano e

inferior a 3 anos; oito (8) indicações, 10,13% das pessoas que se mantiveram empregadas por

período superior a 3 anos e inferior a 5 anos e que permaneceram no emprego por período

superior a 5 anos foram encontradas onze (11) verificações, 13,92%. De acordo com Neri

(2003) entre as PcDs prevalecem os vínculos empregatícios mais antigos (superior a 5 anos),

“uma possível causa a essa tendência é a lei de cotas, que dificulta a dispensa de uma pessoa

com deficiência pois só é possível dispensá-lo após a contratação de outra na mesma

situação” (NERI et al., 2003, p. 146). Para o estado de Goiás há um percentual maior de

pessoas que se mantém no emprego pelo período de 12 a 23,9 meses e de 6 a 11,9 meses e em

terceiro lugar aqueles que ficam 120 meses ou mais tempo empregados (Dieese, 2011).

Para as PcDs inseridas no mercado de trabalho, 50,63% estão dentro da faixa até 12

meses e 25,31% estão na faixa 12 a 36 meses, comparando-se para o estado de Goiás, esta

faixa, somada, corresponde a 25,9%. Das PcDs 10,12% se mantiveram empregadas entre 36 e

60 meses e 13,92% se mantiveram empregadas por mais de 60 meses.

5. Considerações Finais

É a primeira vez que fez-se uma compilação e análise de todo o conteúdo criado com o

cadastramento de PcDs de Catalão e região desde a fundação da Associação das Pessoas com

Deficiência de Catalão – ASPDEC no ano de 2004.

O entorno de Catalão demanda bastante da ASPDEC aumentando a responsabilidade

desta associação e do Poder Público municipal em atender sua circunvizinhança.

Estando as PcDs empregadas por períodos curtos de tempo, a necessidade de

preocupar-se com a sua empregabilidade e com as características e condições de ser

empregável para conquistar um novo emprego a cada intervalo desempregado, investigar o

que pode facilitar essa dinâmica é simplesmente necessário.

Sugere-se como agenda para futuras pesquisas: pesquisar os motivos que levam as

Pessoas com Deficiência em idade ativa cadastradas no bando de dados a estarem fora do

Banco de Talentos da ASPDEC ou fora do mercado de trabalho.

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Propõe-se um estudo que colete dados sobre salário, jornada de trabalho, tempo de

emprego e anos de estudo, para que possa se comparar com os dados da RAIS a situação dos

diferenciais de salário para Pessoas com Deficiência e para pessoas sem deficiência em

Catalão e região.

6. Referências

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