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A busca pelo corpo

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Núcleo de Pesquisa PipolProjetos Integrados de Pesquisa On-line

Patrícia PimentaOrientador - Prof. Dr. Dorival Campos Rossi

Design 2012

Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação

Universidade Estadual Paulista - UNESP

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AgradecimentosEsse projeto faz parte de uma importante fase da minha vida. Essa vida que, hoje, carrega parte de muitas outras, de pessoas que cruzaram o meu caminho e contribuíram para o que sou hoje. A vocês, meu sincero obrigada:

Meus pais e avó Lourdes, que dedicaram suas vidas à minha educação e foram os responsáveis pelas escolhas que me trouxeram até aqui.

Meus grandes amigos, companheiros de curso, com quem tive o prazer de dividir tantas experiências, incertezas e cervejas. Diogo, Lucão, Uva e Coutinho, vocês fizeram TODA a diferença nesses últimos 5 anos.

Prof. Dorival, meu orientador, por abrir a porta de um mundo sensível, cheio de possibilidades, no qual eu me encontrei.

Minha querida Pagu, que, mesmo entrando nessa vida há poucos meses, me trouxe tantas alegrias! Biju, Vivi, Marília e Flan, obrigada pelo apoio e por dividirem um pouquinho das suas vidas comigo.

Pessoas especiais, que me inspiram e me impulsionam: minha prima Cris, meus amigos-irmãos Dani e Caio, Fernanda Moraes, Mara De Santi, Victor Sanches, Ciro Bertolucci e Cássia Villa.

Meu irmão Fernando, pelo companheirismo e colaboração neste projeto.

Mayara, pela doçura (que eu sinto tanta falta) e pela revisão desse relatório.

Por fim, não menos queridos, mas, sim, essenciais: Nath, Má, Larissa, Thaís, Aline, Wanessa, Burns, Alexandre e Lili.

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“Que a gente seja tão descomprometido quanto possível; que a gente se aproxime das coisas como se o mundo tivesse acabado de ser criado; que a gente não reflita determinada coisa até a destruição e sim que a gente conserve, livre, permitindo seu desdobramento. Que a gente seja simples, mas não pobre (“a simplicidade é uma grande palavra”), que a gente prefira ser primitivo a ser vaidoso, complicado e inchado; que a gente não seja sentimental, mas que a gente em vez de sê-lo, tenha espírito. Com isto está dito tudo como não está dito nada! Mais: que a gente parta do elementar. E o que quer dizer isto? Que a gente parta do plano, da linha, da superfície simples, e que a gente parta da simples composição de superfícies: a partir do corpo.

Que a gente parta das cores simples como são: branco, cinza, vermelho, azul, amarelo e preto. Que a gente parta do material, descubra as diferenças de tecido dos materiais como vidro, metal, madeira, e assim por diante, assimilando-o interiormente. Que a gente parta do espaço, da sua lei e do seu segredo, deixando-se “enfeitiçar” por ele. Com isto, novamente, está dito muito e não é dito nada, até o momento em que estes conceitos tenham sido sentidos e preenchidos. Que a gente parta da situação do corpo, do ser, do estar em pé, do caminhar e somente no fim do saltar e do dançar. Porque o dar um passo representa um importante acontecimento: e nada menos do que isto, levantar uma mão, mexer um dedo. Que a gente tenha tanto respeito quanto consideração diante de cada ação do corpo humano, de vez que no palco se manifesta este mundo especial da vida, do aparecer, esta segunda realidade, na qual tudo está circundado pelo brilho do mágico.”

(Oskar Schlemmer, diário, maio de 1929)

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O desejo de mexer com as pessoas, de criar movimentos,

foramintençõesquemetocaramefizeramqueeutrilhasseum

caminhoembuscadeumdesignderelações.

Inspiradaporestanovamaneiradepensardesign,mere-

descobriduranteosúltimosanosdegraduaçãoevicomoobjetivo

detrabalhotambémpossibilitardescobertas.Ainda,sobinfluência

defilosofiasorientais,comooyôga,comeceiaquestionaraquali-

dadedasexperiênciasquevivemos,oquefezcomqueeuolhasse

paraumpossívelsentidoinversodeconceituação,pensandona

informaçãoconstruídade“dentroparafora”.

Foiaíqueocorpoentrouemcena.Percebiqueoprimeiro

emaisnaturalinstrumentodohomem,ondesemanifestamaspec-

tosexistenciais,culturaisesociais,complexoemsuatotalidade

físicaebiológica,ofereciaasferramentasqueeubuscavapara

estimularum(re)conhecimento.E,alémdessepotencial,euainda

contavacomumaíntimarelaçãocomoassunto,jáquecorpoe

expressãoestãopresentesnaminhavidaatravésdadança.

IntroduÇÃoIntroduÇÃoIntroduÇÃo

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Semprerefletisobreosconceitosdeaprendizagemeunin-

doistoàquestãodosfluxosinternos/externos,mepergunteivárias

vezescomosedariaaconstruçãodeconhecimentoapartirdo

corpo.E,comanoçãodecorporeidadedeMerleau-Ponty(1908-

1961),atravésdaqualfoidifundidaaideiadecorpocomoestrutura

físicaevividaaomesmotempo,quebrandoodualismomentex

corpoherdadoporDescartes(596–1650),pudeentendê-locomo

partefundamentalnaconcepçãodosprocessoscognitivos.

Mas,alémdisso,háportrásdesseprojetoumdesejodeen-

volverpessoas,abrircaminhosparaodesconhecido,proporcionar

sensações,criarintensidades.Éabuscaporumcorposensível,um

processoquecomeçaatravésdeestímulossensórios,explorando

ossistemasháptico(tato),auditivoeavisual,eseestende,criando

movimentosemsi-mesmo.Nestesentido,segundoestudosde

GeraldEdelman,o“si-mesmo”nãodizrespeitoapenasaointerior

deumcorpo,masàsconexõesdointeriorcomoexterior.

“Tenho consciência do mundo por meio de meu corpo. É por meu corpo que compreendo o outro, assim, como é por meu corpo que percebo as coisas. O sentipensar do corpo nessa impregnância com o universo manifesta algo além da percepção biofísica, que ainda temos muito o que estudar para entendermos esse fluir que transcende a materialidade corpórea das emoções e sentimentos. São ondas que nos envolvem, nos afetam, as quais não é possível ver, mas senti-las, como constituidoras de campos energéticos que autoregulam e auto-organizam a vida.”

Merleau-Ponty (1994, p. 314)

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Paramediaressasrelações,proponhoumainterfacevestí-

velcomaintençãodeservircomoumaextensãodapele,queguia

apercepçãoatravésdosomedaluzemumprocessodoconhecer,

dotocar.Ondeaconceituaçãosedáatravésdaexpressão,docor-

poquefalaedocorpoquecria,ecompõecomessaferramenta

interativaumaoutramaneiradesentir.

“A única realidade da vida é a sensação. A única realidade em arte

é a consciência da sensação.”

Fernando Pessoa

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uM PasseIo Pelo CorPo

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Mesmosemtotalconsciência,foiapartirdocorpoemmo-

vimento,emformatodedança,quepercebiasuacapacidadede

comunicarelevarmensagens.Asinformaçõesnãoverbaisqueali

habitavamtinhamopoderdecriarsignificados,alémdassensações.

Depoisdeestudardançapormuitosanos,possodizerque

falarcomocorpoéumprocessodedescobertaeaprendizado,é

olharesentirosuportequehabitamosporumaoutraóticae,desta

maneira,recriararelaçãohomem-corpo-ambiente.

Sabemosqueocorpo,comobaseestruturalhumana,de-

terminanossomododevidaenossarelaçãocomoambiente.O

desenvolvimentodohomemsempreesteveatreladoàsuaevolução

física.Suascaracterísticaspeculiares,comoaposturaebipedalis-

mo,sãooqueotornaúnicoediferentedosoutrosanimais.Como

éimpossívelsepararmosocorpodoseumeio,estehomeméainda

reflexodasuaprópriacultura.Aformataçãodessasociedadeque

conhecemossubmeteuessehomemadiversasinfluênciaspolíti-

cas,ideológicasereligiosas,queditaramoseucomportamentoe

oseudesenvolvimentoaodecorrerdahistória.

Achoimportantelembrardessacargahistóricaquecarre-

gamos,poisistoafetadiretamenteamaneiracomoagimoshoje.

Foucault,emseulivroVigiarePunir,defendequeosséculosXVII

aXIXnãoforammarcadosapenaspelaorganizaçãodasociedade

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emexércitos,prisões,escolas,hospitaisefábricas,mastambém

pelaconversãodohomemàmáquina.Éaintençãodetornaro

indivíduoútil,dóciledisciplinadoatravésdotrabalho,eistoatinge

diretamenteseucorpo,quepassaatergestos,hábitoseatitudes

controladas.

Essecondicionamentodeaçõeseatitudesaprisionouo

corpo.Aindasobinfluênciareligiosa,osinstintossexuaisforam

reprimidose,assim,fomosprivadosdeexplorareconhecerpro-

fundamentemuitasdenossascapacidadescorpóreas.

Nestepontoéinteressanteobservaroavançoquesedeu

nosestudosdocorpoapartirdocomeçodoséculopassado.Com

orompimentododualismoherdadoporDescartes(1596-1650),

muitasáreasdoconhecimentovoltaramaseexpandirdemaneira

significativaeopensamentosistêmicoqueseinstauroutrouxeao

corpoaideiadeorganismo,múltiploeprocessual.Afenomeno-

logiadeMerleau-Ponty(1908-1961)trazanoçãodecorpocomo

conjuntoinseparável,éestruturafísicaevividaaomesmotempo.

AntoninArtaud(1896-1948)surgecomametáforadocorposem

órgãos,fluídoeorgânico.Esseseoutrosconceitosextrapolamos

limitesdocorpo.

Comestanovamaneiradepensarsurgemdiversosestudos

transdisciplinaresquederamaessecorpoumanovavisibilidade,

muitoalémdaquelaracionalbiológicaqueconhecíamos.

NoBrasil,atravésdafiguradeKlaussVianna,(1928-1992),

inicia-seumtrabalhonocampodaartesquebuscarompercom

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esseaprisionamento.Bailarino,professorepreparadorcorporal,

Klaussdedicou-seacriarummétodoquepudessepromovero

reconhecimentocorporal,voltadoparaacorporeidadeexpressiva,

quetinhacomofundamentorespeitarocorpoesuaanatomia,

incentivandobailarinoseatoresadescobriraautonomiadosseus

própriosmovimentos.

Seumétodobuscavaaorganicidade,ofluxonaturaldos

membros e, neste sentido,Klauss desenvolveu o conceito de

“expressãocorporal”,defendidoemummanuscritoentitulado

“Corpo”(semdata)atravésdoqualépossívelpercebersuavisão

sensívelsobreestesuporte,entendendo-ocomoumorganismo

quepensa,reage,equequandodesenvolvido,consegueampliar

nossapercepçãodemundo.

“O processo de expressão corporal na mesma medida em que vai se verbalizando - tornando as palavras cada vez mais sem sentido, vai ampliando a percepção visual, táctil e motora.”

Klauss Vianna e alunos, Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia (1963)

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“O indivíduo vai aprender a existir em um mundo cada vez mais amplo, mais rico e mais complexo. Basta isto para alterar consideravelmente o sentido das palavras.”

Klauss Vianna, Corpo (sem data)

Assimcomo jádefendidoporFocault,Klauss também

relacionaaeducaçãoeoscostumessociaisaocondicionamento

dosnossosmembrosesentidos.Aformacomolidamoscomnos-

someioédeterminanteparaanossapercepçãoeaprendizado.

Quandocrianças,desenvolvemosessapercepçãodeformalúdica,

experimentaleprocessual:enxergando,ouvindo,sorrindo,pro-

vocando,tocandoesentindo,sempreferências.

Ao longodavidanos tornamosescravosdavisãoedo

verbo,dificilmentetocamos,cheiramosouexperimentamoscomo

fazíamosna infânciae,desta forma,percebemosomundode

maneiramaisracional,menosintuitiva.

“Nós ensinamos as crianças que guardem suas mãos para elas mesmas e que elas mesmas não usem estas mãos para explorar seu próprio corpo. Devem conservar a mão longe de outra pessoa, no mínimo um braço esticado de distância um do outro. “

“Não é de admirar que sejamos tensos, ansiosos, alienados; fora do contato integral com todo o corpo, seremos sempre desintegrados, desorganizados. O que precisamos é reintegrar, reorganizar. O despertar do sensorial aliado à pesquisa corporal seria por tese a definição de expressão corporal. Um método que pode ajudá-lo a trazê-lo de volta para todos os seus sentidos.”

Klauss Vianna, Corpo (sem data)

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OmétododeKlaussébaseadonaexploraçãodosmús-

culosrecriandosuasrelaçõescomagravidade.Articuladosem

ângulosesituaçõesaindanãopensadas,ocorpopassaacriar

novasrelaçõesconsigomesmo,ampliandosuaspossibilidades

demovimento,erompendocomospadrõesincorporadosaode-

correrdavida.

Édestaforma,comumcorpoinseridoemumcontexto

diferenciado,quesedãooutrasmaneirasdesentir,expressar-

se(etambémconceituar).ÉoqueocorrenotrabalhodeOskar

SchlemmercomoBallet TriádicodaBauhaus,naqualaestética

construtuvistaéexploradaaomáximo,rompendocomospadrões

tradicionaisdedança,comumacoreografiaqueéestritamente

ligadaàsrelaçõesdoespaço,sejadepalcooufigurino.Essarelação

possibilitaumadesmaterializaçãodocorpo,eosbailarinospassam

amover-sesuavemente,quaseflutuandocomomarionetes.

Possodizerassimqueéatravésdeestímulosedarelação

comoespaçoquesedãoosescapesparaonossoaprisionamento

corporal.GeraldEdelman(1972)aindadefendequeconceitu-

amosapartirdasnossasexperiênciasvividas,esendoassim,

exploraronossopotencialcorpóreopossibilitaalterarestados

deconsciência,comosquaispassamosaconhecermaisdenós

mesmoseampliamosnossacapacidadedeperceberouniverso

quenosrodeia.Éembuscadessesestímulossensíveisqueeste

projetocaminha,afimdeproporcionarumambientedeexperi-

mentaçãoimersiva,ummomentoparanosatentarmosaopoder

nonossocorpo.

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VIVer ÉMoVIMento

VIVer ÉMoVIMento

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Ohomemcomo“serdesejante”,viveumeternociclode

busca,sempresemovimentandoemdireçãoaalgo.Éabusca

pelasatisfação,pelafelicidade,queéumprocessoeternodere-

novação,adobranavida.Nãoexistepontofinal,nuncaestaremos

completos,eistoéumacoisaboa,poisénessemovimentoque

nossentimosvivos,éessabuscaquecompletaanossaexistência.

Eu,emmeioaumadessasbuscas,mevirefletindosobre

as imposiçõesquesofremosdonossomundocapitalista.Não

queroentrarnessestermos,entendomuitosprósecontras,mas

nestecaso,eusofriaumincomodocomtantosprodutosdirigidos

apreenchernosso“vazio”,quetentamsuprirnossosdesejoscom

umpontofinal.

Questionandoaeficáciadessesprodutosetentandoenten-

dermelhoressenosso“vazio”,mevilevadaàáguasmaisprofundas,

comooyôgaeameditação.Sinceramentenãosouumaextremaco-

nhecedoradoassunto,masfilosofiasorientaisháséculosfalamsobre

auto-realização,autoconhecimentoeabuscapelaunidadedoser.

Visualizeiatravésdessasfilosofiasumcaminhoparaain-

tegridade,quepoderianosfortalecercomosereshumanos,cientes

denossasnecessidadesedesejos.Estaplenitudenosajudariaa

filtrarasdiversasinfluênciasquesofremosdiariamentenomundo

emquevivemos.

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FoiassimquemeinteresseipelaKryiaYôga,

queexploraoprocessorespiratórioafimdaeleva-

çãodoser.Masoyôga,quebuscaessaexpansãoda

consciência,possuidiversasoutrasvertentes.Forada

Índia,aHathaYôgaesuasasanas(posturas)setornou

amaispopulardelas,edefendeofortalecimentofísico

docorpocomobaseparasuportaraforçaeopesoda

elevaçãoespiritual.

Atividadesfísicassempreestiveramtambém

ligadasànossasaúdefísicaemental,eissoacontece

porque, no ato de nos movimentar, diversos processos

ocorremnonossoorganismo,inclusiveoscognitivos,

ondesedáorigemaconceituação.

EstudoscomoosdeMarkJohnson(1987)em-

basamessasideias.Eletrouxeumnovosentidoparaa

cognição,defendendoquesuaorigemestavanamotri-

cidade.OsbiólogosFranscisoVarelaeMarkAnspach

(1994), tambémreforçamqueosistemamotortem

naturezacognitivae,mesmooutros,comoosistema

imunológico.Assim,comprovamquenossosconceitos

nãosãoapenasmatériadointelecto,elesfazemparte

dasnossasfunçõescotidianasetambémsãopartedo

processodepercepção.

Destaforma,podemosdizerqueestamosem

constanteprocessodeaprendizado,equeomovimento

dásentidoàvida,jáquenossentimosvivosenquantoAsanas da Hatha Yôga

Foto: Fernanda Vasconcelos (2010)

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aprendemos.Aoestimularmosodesenvolvimentocorpóreo,con-

seguimosentãopotencializarestascapacidades;éoqueacontece

noatodedançarouaopraticarmosyôga,porexemplo.

Essarelaçãoaprendizadoemovimentonosremeteatrocas

internas-externasquesedãodentrodonossoorganismo.Istotam-

bémocorreentreonossocorpoeomeioondeestamosinseridos

eadaptados.Essastrocassãosingularesemcadaser,eéporisso

quepercebemosomundodemaneiraparticular.Este,inclusive,éo

conceito de Umwelt,defendidoporJakobvonUexkull(1864-1944).

Jáossentidos,comoportadeentradadesensaçõesefun-

damentais nesse processo perceptivo, se apresentam como uma

formadiferenciadadeinternalizaras informaçõesquevêmde

fora.Comeles,alémdeestarmosinseridosemummeio,fazemos

tambémcontatocomele.

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sensaÇÕesCoMPlexas

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Opensamentoholísticoinstauradonocomeçodoséculo

passadomudouradicalmenteaformacomoconcebemosomundo.

Comoeujádisseanteriormente,istoinfluencioudiversospensa-

doreseseusestudos,emuitasrelaçõespuderamserreavaliadas

apartirdestavisão.

Umadelasdizrespeitoaosnossossentidos.Em1966,

JamesGibsonpublicouemsuaTeoria Ecólogica da Percep-

ção a reclassificaçãodossentidoscomosistemasperceptivos

complexos.Nela,Gisbondefendequenossosistemasensórioé

inter-relacionadoenãoapenasreceptorpassivoquerespondea

estímulos.Nossossentidossesobrepõemecaptaminformações

deformasimultânea.

Aclassificaçãodossentidoscomoconhecemospassaaser

vistacomoincompleta,jáqueoutrostiposdeexperiênciaperceptiva

foramencontrados.AclassificaçãodeGibsonnãosebaseiamais

naanatomiadocorpo,masnaaçãopropositada,sendoorganizada

daseguinteforma:sistemapostural,sistemainvestigativo,sistema

delocomoção,sistemadeapetite,sistemaperformativo,sistema

expressivoesistemasemântico.Esses,alémdeestaremligados

aosolhos,ouvidos,pele,narizeboca(queGibsonclassificacomo

exteroceptores),tambémdizemrespeitoaosmúsculose juntas

(proprioceptores),eterminaçõesnervosas(interoceptores).

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Osistemaexteroceptoréformadopelossistemasbásicos

deorientação,sistemaauditivo,sistemaolfato-degustativo,sis-

temavisualesistemaháptico.Aqui,meinteressadesenvolver

esteúltimo,pois incluidiversosórgãosvoltadosparavários

tiposdeexploração,estandopresentenocorpointeiro,emsuas

partesesuperfície.

“Para o ser humano, duas partes principais do aparato háptico são a pele e o corpo movente. Mas eles não são simples. A pele tem extensões e o corpo uma hierarquia de membros baseados no esqueleto. As extensões cutâneas são unidades receptoras. Estas são os pêlos com que a pele é suprida e as unhas extensões dos dedos. Assim, o tato é uma perturbação mecânica indireta da pele mediada por uma extensão, e não uma impressão direta na pele por um objeto, como tendemos a pensar.”

(Santaella, 2004: 45)

Éimportanteperceberqueessesistema,integradocomoes-

queletohumano,permiteumanoçãodesensaçãomuitomaisampla,

semestardiretamenteligadaaideiadeaproximaçãocomoentendí-

amos.Nossasextremidades(comomãosepés)temacapacidadede

entenderassensaçõesdemaneiratridimensional,expandindonosso

corpoatravésdoobjetosentido.Gibsonutilizaoexemplodeumavara

paraexplicarmelhoresteconceito:quandoalgoatoca,sentimosesse

algonapontadavaraenãoemnossasmãos.

“O ser humano está não só em contato com o meio ambiente, mas através da função exploratória e manipuladora das extremidades do

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sistema háptico, também faz contato com partes do meio externo. A habilidade das mãos para tatear, alisar, apalpar, coçar, cutucar, dedilhar, pegar, erguer, etc., justifica tudo o que o ser humano é capaz de fazer com elas. O tato exploratório ativo permite tanto agarrar os objetos quanto captar o seu significado.”

(Santaella, 2004: 47)

Outropontoaserdestacadoéacondiçãodeaprendizado

dosnossossistemasperceptíveisatravésdaprática.Éonderetomo

aimportânciadeumdesenvolvimentocorporal,quetemacapaci-

dadedeentenderomundodemaneirasolidaecaptarsignificados

quevãomuitoalémdoverbal.

EssasclassificaçõesdeGibsonpodemparecercomplexas,

masbastaolharparaonossocorpocomoumsistemaintegrado,que

conceitua,senteeviveemprocesso,paramudarmosdeopinião.Por

isso,nossosconceitosnãosãopontuaiseasexperiênciasrealmente

enriquecedorastambémfuncionamdestamaneira.

Algunsartistas,percebendoessaspossibilidades,começaram

acriarseustrabalhosafimdeestimularessesistemaháptico.Éocaso

daartistabrasileiraRejaneCantoni,quetemfocadosuaproduçãona

experimentaçãomultisensorial.

Emumdeseustrabalhos,chamadoHypperapple,Rejane

consegueextenderapercepçãoeacogniçãodeaspectosfísicosesemi-

óticosdeumobjeto.Comodescritoemseusite:“Ointeratoréconvida-

doavestirumdispositivotátildotipoCyberGrasp.Comessa‘luva’,o

usuáriopoderáinteragircomaversãovirtualdoobjeto,poderápegar

amaçavirtual,rotacioná-la,sentirsuaresistênciaeinércia,poderá

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inclusiveapertaramaçaatépenetrá-la.”Éacriaçãodeumadimensão

invisívelapartirdeumamáquinaprogramadaparaexplorarnossos

sentidoseexpandi-losvirtualmente.Destamaneira,osistemaháptico

nãoésómanipuladoapartirdautilizaçãodaferramenta,osestímulos

quesãoresultadosdessainteraçãoconseguemampliarnossoslimites

espaciaiseanossacapacidadecognitiva.

EstaéumaideiaquejápresenteemFlusser(2007).Ao

analisaroHomo-faber,eleconsideraqueasferramentascriadas

pelomesmoimitamseusórgãosefuncionamcomoprótesesque

prologamseusalcances.Muitoalémdesimplesferramentas,elas

passamaserpartesintegradasdonossomundo,easutilizamos

comomódulosdeexpansão.

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Hyperapple (2007) - instalação imersiva e interativaRejane Catoni e José Wagner Garcia

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Foianecessidadedohomemderompercomsuasbar-

reirasqueolevouaocaminhodacriação,dodesenvolvimentode

tecnologia.Eestas,quandoagregadasavida,aocorpo,modificam

anossarelaçãocomoambienteeampliamnossacapacidadede

percepção.Sãoessesconceitosqueembasamtambémasteoriasdo

“pós-humano”defendidoporLúciaSantaella,comodesenvolverei

melhoraseguir.

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a HIBrIdIzaÇÃo da arte

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Nomomentoemqueinterferimosdealgumaformaem

nossaestrutura,recebemosdeimediadorespostasconsequentes

dessastransformação.Alteraçõesquesedãononossocorpoal-

teramtambémanossarelaçãocomomeio,easinformaçõesque

recebemospassamaterestevaloragregado.

Éassimqueasferramentascriadaspelohomemreconfigu-

ramoseuespaçointernoesuarelaçãocomomundo.Atecnologia

quandosituadaforaounasuperfíciedocorpomultiplicasuasca-

pacidadesdeexpressãoedeconexão.

"O homem que "abandona" o seu corpo é o homem que faz técnica, que se desprende do aqui e agora das circunstâncias, das imposições do meio ou das urgências vitais e produz, projeta o que não estava ali. É aquele, portanto, que estabelece com a natureza - com o seu corpo e com o seu meio - não uma simples relação de acomodação ou adaptação, mas de transformação. Deste modo, não é o corpo nu ou natural que estabelece a mediação ou a fronteira entre o homem e o mundo, mas um corpo atravessado, modulado pela técnica - não é por acaso que esta também se define como mediação. Mas isto não deve conduzir à suposição de que a técnica seja um mero prolongamento das funções do corpo - ai compreendidas como cognitivas - pois, ao disseminar suas funções no espaço externo, nem o corpo, nem o mundo permanecem os mesmos - o interior e o exterior, bem como a mediação entre eles, ganham novos contornos"(Serres, 1999:102)

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Seanalisarmosohomemsegundooseutrabalhoacom-

panharemosaevoluçãodohomemdasmãosparaohomemdas

ferramentas.Équandoessehomemmanipulamatérias-primase

criaobjetosfuncionais,quealémdefazerempartedassuasativi-

dadescotidianas,funcionamcomoverdadeirospotencializadores

dosseusórgãos.

Apósmilharesdeanos,essatecnologiaevoluiurefletindoa

nossacultura.Hoje,nosdeparamoscomohomemdosaparelhos

eletrônicos,enossocorpo,inseridonesseambientetecnológico,

nãoencontra-semaisemseuestadoinnatura.Emummundo

informatizado,jásomosseresnavegantes,eaoconvivercomce-

lulares,computadores,componenteseletrônicos,queexpandem

nossacapacidadedeconhecimento,noshibridizamos,nostornamos

ciborguescomodefineLúciaSantaella.

"Em uma era de possibilidades ilimitadas, o corpo se torna uma medida do excesso, uma medida da possibilidade de ir além de si mesmo e de suas limitações físicas. Esse é o fenômeno de hibridização do corpo com as tecnologias: o ciborgue, o organismo tecnologicamente estendido que liga ritmos biológicos e o universo midiático atravessado por fluxos de informação."

Lúcia Santaella (2004:56)

Mesmoaquelesquetentamfugirdessa"tecnologia"não

estãoalheiosaestemundo,poiselajáestáeminseridaemnossa

cultura,sejanamedicina,nastecnologiasdecultivodealimentos,

controlesambientais,etc.Éimpossívelescapardessarealidade.

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Osartistasquesemprelevantaramquestõespertinentesao

seutempo,tambémrefletiramemseustrabalhosessanovareali-

dade.Apartirdosanos80muitosprojetosvisaramexploraresse

novocorpoinseridoemumambientetecnologicamentecrescente.

Stelarc,porexemplo,tornou-segrandereferêncianoassunto.Com

obrasqueutilizamaparatosartificiais,comobraçosmecânicos,

plataformascomváriaspernas,redimensionouocorpohumanoe

estabeleceuumnovotipodelinguagem.Essasprótestes,queStelarc

acolavaemseuprópriocorpo,representamaconcepçãodesseum

novohomemhibridizado.

Stelarc, durante a performance de Handwriting (1982)

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Nessecontexto,ocorpodeixadeser

um condutor de ideias, como se dava nos

trabalhospós-modernos,paraserogrande

realizadordaobra,ondenãoémaispossível

definiroslimitesentrecorpoeasinterfaces

emquestão.

Masessecorpocomopartefundamen-

taldalinguagemjáestavapresentenostraba-

lhosdeLygiaClarkeHélioOiticica.Essesartis-

tasbrasileirosexerceramgrandeinfluênciana

artecontemporânea,jáqueforamprecursores

nainserçãodoreceptoremsuasobras.

LygiaClark,que foimuito inspira-

doranaconcepçãodesteprojeto,mergulhou

fundonasubjetividadedocorpo.Utilizoua

arte como terapia em sessões denominadas

Estruturação do Self,nasquaiscolocavaseus

“pacientes”emumestadodeimersãoplena

utilizandooschamadosObjetos Relacionais.

Estes,queeramformadospelosmaisdiversos

tipos de materiais do nosso cotidiano, fun-

cionavam como ferramentas para reativar o

corpo.Emcontatodiretocomosmembros

dopaciente,elesestabeleciamumarelação

íntima,ondeganhavamnovossignificadose

traziamatonasentimentosmuitoprofundos.

Lygia Clark em uma das sessões da Estruturação do Self (sem data)

32

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JáHélioOiticicaconseguiaextrairaespontaneidadedaque-

lesquevestiamseusparangolés,emumdevirbandeira,estandar-

te,muitoalémdaavenida.Defendendoumadesintelectualização,

comunicavalivrementeatravésdesuaobra,semverbo,emuma

experiênciaúnicaeviva,queultrapassavaosseuslimites,eosli-

mitesdaarte.

Humildemente,éestetipodesignificaçãoqueesteprojeto

tentaproporcionar.Atravésdeuminterfacesensíveleinterativa,

quefuncionacomoumaextensãodapele,procuroasensibilização

espontâneadocorpo,tocandooíntimodoreceptorcomaprofun-

didadeeintensidadedecadadescobertaparticular.

Nildo da Mangueira veste Parangolé (1964)

33

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o ProJetoo ProJetoo ProJetoo ProJeto

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Fazendojuzateoriaqueacabodedefender,possodizerque

aconcepçãodestetrabalhotambémsedeudeformaprocessual.

Relaçõesqueaquiestabeleçofluiramnaturalmente,muitasvezes

atédeformainconsciente,conformeeulevavaadianteosmeus

estudossobreocorpo.

Asprimeirasrelaçõessederamduranteomeuterceiroano

defaculdade,ondeeu,juntamentecommeuamigoDiogo,criamos

umainterfacebaseadaemumanavegaçãoasescuras,quetentava

estimularo“conhecimento”atravésdosom.Ousuário,aoexplorar

ainterface,sedeparavacomváriostiposderuídos,quequando

ativados,revelavamumaimagemrelacionadaàquelesom.

Asintençõeseramboas,masaoconcluiroprocessocomuma

imagemfinalestávamosquebrandooprocessoindividualdecadaum.

Oimportanteéqueapartirdessaexperiênciacomeceiabuscarformas

deinteraçõesmaissubjetivas,semestabeleceralgumtipodeimposição.

Estefoiummomentoondeeutambémprocureidescobrir

osmeusinteressesmaisíntimos.Relembrandoexperiênciaspas-

ConCePÇÃoConCePÇÃoConCePÇÃoConCePÇÃo

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sadas,chegueiatéadança,quefezpartedaminhavidadurante

muitosanos,epenseipelaprimeiraveznocorpocomopossível

suporteparaessastaisexperiênciassubjetivas.

Inicieiminhapesquisaapartirdolivro“O Corpo - Pistas

para Estudos Indisciplinares”,deChristineGreiner,ondetive

contatocomasteoriasdeFoucaut,Artaud,Ponty,epudeenten-

derumpoucomelhorasrelaçõesquesedãonesseorganismo

complexo.Jáasideiasdemovimento,sensaçõeseimersãovieram

naturalmenteapartirdaconexãodessasteoriascomobrascom

asquaiseujámeidentificava,comoasdeKlaussVianna,Lygia

Clark,Stelarc,etc.

Nesteprojetoomovimentosempreestevepresenteafimde

construirsignificados.Durantemuitotempopenseiemmanipular

oambiente,pormeiodeumainstalaçãoqueestimulasseocorpo

asemovimentaresentirnapeleainteração.Masestaideiaainda

mepareciamuitoexternalizada,egostariadeproporcionaralgo

maisintimista.Foiaíquepenseiemtrazertodaaexperiênciapara

oprópriocorpo.Percebiqueacoplandoumainterfaceàprópria

peleeuconseguiriaestimulareexpandirsensações,edestaforma,

dar um startnosprocessosdecogniçãoqueocorremapartirdo

corpoemmovimento.

Quandoeueraquestionadasobreasminhasintenções,sem-

prerespondidizendoquegostariadecriarexperiênciasúnicas,in-

serindoointeratoremumcampoimersivo,fluído,queestimulasse

oauto-conhecimento.Acreditoquetrabalhandosubjetivamenteas

capacidadescorpóreasépossívelalcançaresteníveldeconceituação.

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INcorporeéumainterfacevestívelquebuscao(re)conhe-

cimentodocorpoatravésdotoque.Conduzoestaexperiênciaesti-

mulandoosistemasensórioainvestigarsuasuperfície,colocando

tambémocorpoemmovimento.Aotocarasuperfíciecobertapor

texturassensíveis, luzessãoacionadas,guiandoaprocurapor

todoocorpo;enotasmusicaissãoemitidas,compondocomeste

processotambémmúsicasqueambientamainterfaceeampliam

aprópriadimensãodapercepção.

Esteprocessodeexploraçãoestáalinhandoaosconceitos

de Representação SubjetivadeDeleuze,poiséumanovamaneira

deescutar(perceptos)eumanovamaneiradesentir(afectos).As

sensaçõesquandosobrepostasalterameampliamsuaspróprias

capacidades.Arepetição,decausaeefeitoemumsistemaaberto,

desencadeiaogestoexpressivo,eatingeoritmointeriordecada

corpo.Odesenvolvimentodeumsentimentomusicalatravésda

uniãodopensamentoedomovimentocorporaldespertainstintos,

alcançaaconsciênciaeproduzimagensmentais.

"Somos os propositores, somos o molde, no interior desse molde: o

sentido da nossa existência.

Somos os propositores: nossa

proposição é o diálogo. Sós, não existimos; estamos a vosso dispor.

Somos os propositores: enterramos a obra de arte como

tal e solicitamos a vocês para que o pensamento viva pela ação.

Somos os propositores: não lhes propomos nem o passado, nem o

futuro, mas o agora"Lygia Clark (1968)

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Esteprojetoéatualizadona formadeumaroupagem,

funcionandocomoumainterfacevestívelqueinsereocorpoem

umaexperiênciasensória.Ocaráterestéticodessaroupanãofoi

pensadopararepresentarsignificados,massimparafuncionar

comoumaferramenta,quepormeiodetexturasconsegueesti-

mularváriostiposdesensações.

Aopçãopelomacacãodeu-seporsuacapacidadedeenvol-

vertodoocorpo:tronco,braçosepernas.Ainda,paraaconstrução

daparteeletrônica(quedescrevomelhoraseguir),eraimportante

trabalharcomumapeçaúnica,queintegrassetodosossensoresa

umúnicocontrolador.Paravestirtiposdecorposdiferentes,pro-

cureicriarestaroupaapartirdeumtecidoflexível,quepudesse

torná-laomaisabrangentepossível.Mebaseeiemumformato

padrão,nasmedidasdeumapessoacom1,68mdealturae60kg,

sendoqueaelasticidadedotecidopermiteumaexpansãodemais

oumenos10cmdealturaelargura.

Inicieiaproduçãoutilizandolycraparalingerie,masnão

fiqueisatisfeitacomsuadensidade,quedecertaformabloqueava

ocontatocomapele.Minhaprimeiraopçãofoitrabalharcom

suaversãocordapele,imaginando-aapenascomoestrutura,que

pudessepassardesapercebida.Comasaplicaçõesdetexturasna

corbranca,euconseguiriaaindapassaraimpressãodequeestas

camada1das texturas

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Materiais utilizados no desenvolvimento da roupa:• Macacão de lycra pra lingerir (descartado)

• Tule de algodão com strech branco, base para a construção do macacão final, e renda utilizada

na aplicação de texturas.

Transferência dos “caminhos” estipulados no projeto da roupa para o macacão final.

Primeiro com molde em jornal, depois com marcações à lápis especial para tecido.

42

estavamintegradasaprópriapele.Depoisdetestaralgunsma-

teriais,percebiqueacombinaçãoestéticaentreotecidoeessas

aplicaçõesnãosurtiramoefeitovisualqueeuesperava,deixando

astexturasumtantoapagadas.

Comumtule,queéumaformaderendacomváriosbu-

raquinhos,alcanceiacombinaçãoidealparasentirapeleecriar

umatransparênciasutil.Useiumavariaçãocomalgodãostretch,

quepossuiaamesmaflexibilidadedalycra,masdessavezcom

umvisualmaisrefinado.

Umacuriosidadeéquevenhodeumafamíliaondeacostu-

rasempreestevepresente.Minhavótrabalhavaprofissionalmente

comocostureira,ecrescivestindoroupasfeitaspelaminhaprópria

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Cloé, por Florence Dagostini Aplicações de tecidos e textura sob tule. Camada tátil de IN corpore

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mãe.Foiassimquetivecontatocomlinhaseagulhasdesdecriança,

horafazendoroupasparabonecas,horabordandoacessórios,até

começaraconstruirfigurinosqueutilizavaparadançar.

Istocomcertezainfluenciouminhaescolhadetrabalhar

com tecidos, e a variedade de materiais disponíveis, tanto para

bordado,quantoparaartesanatoemgeral,ricosemdetalhes,me

pareciamasmelhoresferramentasparaexplorardiversostiposde

sensações.Issotambémveiodeencontrocomumtrabalhoqueeu

admiravaequeexerceuboainfluênciasobremim.Cloé, projeto de

conclusãodecursodeFlorenceDagostini,tambémdesenvolvido

dentrodoNúcleodePesquisaPipol,tratava-sedeummapaflu-

ído,conectadopordiversosmateriaisqueestabelecemrelações,

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eformamumtapete,patchwork.Opontoem

comumaquisãoosmateriaisqueescolhemos

para defender nossos conceitos, como rendas,

pedras,fibras,fitasefiosdeváriasespécies,que

quando somados transmitem um certo encan-

tamentoporsuabeleza.

Napráticaprocureicriartexturassutis,

puraseorgânicas,traduzindoassimamesma

linguagemqueeutentavadesencadearnocorpo.

Porissotambémescolhiessasmateriaisdeforma

intuitivaeopteiportrabalharcomobranco,que

aomeuverétãosimplesquantocomplexo.

Aaplicaçãodosmateriais foi feitade

maneiramanual,comlinhaseagulhascomuns

decostura,seguindoofluxoqueestipuleiem

meuprojeto.Este,teveapreocupaçãodeunir

ostrêstiposdeestímuloscomosquaiseutra-

balho,sobrepondo-osliteralmenteemcama-

das.Preciseiestabelecercertoslimitesparanão

tornaraconstruçãocomplexademaisedelimi-

teiespaçosquesãosuficientesparatransmitir

asideiasqueproponho.Elesfuncionamcomo

caminhosparaoreconhecimentocorporale

tambémforamimportantesparaaintegração

entreacamadatátileeletrônica,quecontrola

osestímulosvisuaisesonoros.Close das aplicações de texturas Circuitos de LEDs

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Circuitos de LEDs

Projeto estrutural

Esquema de luzSensor de toque

LEDS bateria

integrados em um circuito paralelo

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5

Esquema de som Sensor de toque

Conexão com linhas condutivas que ligam os sensores ao Lilypad

Linhas condutivas

1 - Lilypad Xbee2 - Lilypad Arduíno3 - Lilypas Lipower4 - Bateria de lítio5 - Suporte rígido para controlador

Limites das texturas

sensor

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Aluzdentrodesseprojetorepresentaomovimentoque

começaemumprocessodeinvestigaçãodocorpoeterminano

toque.Conformeousuárioexploraacamadatátil,desencadeia

tambémrespostasluminosasquevãoabrindonovoscaminhospara

odescobrimento.

Escolhitrabalharcomluzesdentrodeumaesferavisualpor

seucaratersubjetivo.Suaondasinspiramsensaçõesparticulares,e

decertaforamfascinam.

Paraconseguiresteefeitoutilizeiatecnologiadose-textiles,

outecidosinteligentes.Sãotecidosdealtaperfomace,quecomeçaram

aserdesenvolvidosnoMITMediaLabporRehmiPost,efuncionam

comocomponenteseletrônicos.Essatecnologiapermiteodesenvol-

vimentoderoupassensíveis,assimcomoessaquedesenvolvo,eesse

tipodeprojetovemsendocaracterizadocomoWearable Technology.

Meuprimeirocontatocomessetipodetrabalhofoicomo

Three Dresses,projetodePedroOliveiroeLuízaPrado,desenvolvi-

doduranteomestradoemArteDigitaldaUniversidadedeArtsde

Bremem,Alemanha.Elescriaramvestidosque,atravésderespostas

sonorasativadasporsensoresconstruídoscomessetipodematerial,

expressavamapersonalidadedetrêspersonagensdapeça“Don

Giovanni”deMozart.Foiapartirdesseprojetoqueviaviabilidade

dedesenvolverumaroupaeletronicamenteorgânica.

camada2das luzes

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Componentes utilizados para construção do sensor de toque: tecido condutivo da MedTex 180,

linha condutiva 234/34 4ply da Shieldex, Lilypad LEDs da Sparkfun/Leah Buechley

Circuito pronto: sensor de toque já integrado à roupa, ligado pelo fio condutivo que é

costurado no próprio tecido e interliga os leds e bateria ao sistema.

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Essestecidosquandoalimentadosporbateriasconduzem

energiaassimcomooscomponenteseletrônicosconvencionais,mas

porseremconstituídosdefibrastêxteissãosensíveis,levesemaleá-

veis.Essasqualidadesforamfundamentaisparaoprojeto,jáqueeu

incorporoessatecnologianaroupaemsi.

Paraaproduçãodeluz,construi15sensoresdetoque,que

quandoacionadosacendem50ledsespalhadosportodaaroupa.

Oprincípioéoseguinte:duaspartesdotecidocondutivosão

cortadasnoformatodesejadoparaosensor.Essasduaspartes,quando

entramemcontato,conduzemaenergiaalimentadapelabateriaque

estáintegradaaocircuito.Paraqueosensorsejaacionadocomotoque,

camadasdetecidonãocondutivosãocolocadasentreessasduaspartes,

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Projeto Three Dresses, de Pedro oliveira e Luíza Prado. Foto1: vestido Elvira, fios de cobre são sensores de toque.

Foto2: sensor de pressão utilizado no vestido Anna.

Camada tátil já integrada com a camada luminosa.

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fazendocomqueostecidoscondutivosnãoentrememcontatoemseu

estadonormal.Masessascamadaspossuemfuros,equandotocamos

osensor,colocamosemcontatoasduaspartescondutivas.Comisso,

ocircuitosefechaeaenergiaéconduzidaatéoledqueéaceso.

Utilizeinaconstruçãodessescircuitosmateriasquejásãodesti-

nadosàaplicaçõestêxteis,comestruturaprópriaparacostura.Sãoeles:

•TecidocondutivodaMedTex180

•Linhacondutiva234/344plydaShieldex

•LilypadLEDs,corbranca,daSparkfun/LeahBuechley

•Suporteparabaratatipomoedacosturável,daMPD.

•Entretela(comotecidonãocondutoreusado

tambémparacolaraspartedetecidocondutor)

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4

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Estessensoresforamdistribuidosaolongo

daroupa,seguindoamesmaorientaçãodastexturas,

conformejáesquematizadonográficodapágina

45.Elestambémforamorganizadosaoladodos

sensoresdesom,eassimsãoacionadosdeforma

simultânea.Paraesteprojetonãocabiausarum

sensorcomasduasfuncionalidades,jáqueosom

precisavasercontroladopelocomputador,eos

ledsprecisamsomentedeenergia.

1. Material utilizado na construção do sensor: tecido condutivo da MedTex 180, linha condutiva 234/34 4ply da Shieldex, entretela e tesoura.

2. O tecido condutivo é cortato em tiras, formato que eu mesmo determinei. Neste momento, camadas de entretela já são cortadas sob a mesma medida, e são furadas, são esses furos que permitirão o contato entre as duas parte condutivas.

3. Com a ajuda de um ferro, o tecido condutivo é colado em uma das partes da entretela. Isto facilita o processo, já que os dois tecidos precisam estar bem integrados, Uma outra solução seria costurá-lo no tecido não condutivo. É necessário deixar uma ponta de tecido condutivo em um dos lados da entretela, pois serão utilizados para fazer a ligação com o circuito.

4. Sensor montado: os tecidos condutivos ficam nas extremidades e entre eles algumas camadas da entretela furada. As duas pontas do tecido condutivo ficam em lados opostos, é preciso tomar cuidado para que elas nunca entrem em contato com a outra parte oposta, já que isto propagaria energia constante, prejudicando o funcionamento do sensor,

5. Costurando as camadas de entretela com tecido condutivo, e entretela com furos.

6. Teste de sensor, em um circuito em série. Os fios jacaré-jacaré são ligados às pontas do sensor, e em seguida a uma bateria e led. Quando o sensor é pressionado, o led é aceso.

Construção dos sensores passo a passo

Circuitos finalizados

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53

Osomsempreestevepresentenaconcepçãodestetraba-

lho,desdeosmeusprimeirosdevaneios.Eunãopoderiaignorar

seu potencial imersivo e o quanto influencia nossa percepção.

Aqui,eleétãoimportantequantootatoeomovimento,elesensi-

bilizaeelevaaexperiênciaaoutrospatamares.

Procureitrabalharosomcomamesmadelicadezadasou-

trascamadas.Assimcomotodooprojetoeletambéméconfigu-

radoemumsistemaaberto,efoiprogramadoparasoardeforma

única, através da inteligencia aritificial. Conforme interagimos

coma interface,acionamossensoresdesomque tambémestão

espalhadospelaroupa,eestesemitemnotasdepiano.Éaintensi-

dadedecadatoquequedeterminaofluxodessestons,formando

sonoridades.

“Música, que deve viver e vibrar necessita de novos meios de expressão e somente a ciência consegue impregná-la com ímpeto juvenil… eu sonho com instrumentos que obedeçam ao pensamento e que, apoiados por uma torrente de timbres ainda não sonhados, servirão para qualquer combinação que eu lhe escolha impor e se submeterão às exigências de meu ritmo interior.”Edgar Varèse (1958)

Sensores iguais aosutilizadosnos circuitosdeLEDs fo-

ramaplicados,masdestavezligadosaummicrocontroladorque

camada3dos sons

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Arduíno, em uma das suas versões encontradas no mercado. O controlador tem sido usado

para diversas trabalhos ligados a arte.

Os componentes Lilypad Xbee, Lilypad Arduíno, Lilypad Lipower (já conectado a bateria de lítio),

utilizados para controlar o sistema de som da interface.

54

gerênciaaconstruçãodesses sons.Damesma formaqueesco-

lhi os e-textiles pela capacidadeflexível e adaptação a tecidos,

tambémtivequeescolherummicrocontroladorqueseadaptas-

sebemnessemeio.FelizmenteexisteumavariaçãodoArduíno

própria para aplicações em tecidos, chamado Lilypad, que foi

desenvolvidoporLeahBuechleyecooperativamentedesenhado

comaSparkFun.

OArduínotemsidoexploradoexaustivamenteporartis-

tasdigitais,poisalémdeterumpreçoacessível,aindacontacom

umainterfacesimples,econseguesecomunicarcomváriaslin-

guagens,comoProcessing,puredata,Max/MSP,etc.OLilypad

possui as mesmas funções, mas foi construído para ser costurado

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Primiro teste de sensor ligado ao Arduíno, nesta fase, ainda conectado diretamente no computador

Sensor conectado ao Lilypad Arduíno

55

diretamentesobretecidos,edemodosimilarseconectaafontes

dealimentaçãoesensorescomlinhacondutiva.

Configurado através de códigos de programação, esse

microcontroladordáaberturaparaaconstruçãodediversasre-

lações,alcançandoaltosníveisdecomplexidade.Suautilização

neste trabalho é relativamente simples: quando adicionado, o

códigoselecionaaleatoriamentearquivosdeumabiblioteca,que

é composta por várias notas gravadas de umpiano. Enquanto

estefluxoocorreasnotasvãosendosobrepostasdemaneiracon-

tinua,criandooquepossochamardemúsica.Umpontointeres-

sante,équecomoestecontroladorébaseadoemcódigo,novos

desdobramentos são possíveis, já que pode ser reconfigurado

comcertafacilidade.Nestemomentoasensibilidadedopianoé

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suficienteparaexpressaraenergiaqueeudesejotransmitir,mas

emoutromomentoelepodeganharumnovocaráter.

Parareproduziressessonsemtemporealtivequesomar

aestecontroladorumdispositivowirelessquemantémacone-

xãocomocomputadorondeestãoarmazenadosabibliotecade

tons.ParaissoutilizeiocomponenteLilypadXbee,queestáliga-

doaoLilypadArduínoesecomunicacomocomputadoratravés

deoutrodispositivoXbeequeé ligadodiretamentenocompu-

tador.AindaparaalimentartodoestecircuitoutilizooLilypad

LiPowerqueestáconectadoaumabateriadelítio.

Emtermospráticos,aconfiguraçãodesseesquemaficou

daseguintemaneira:apartedetrásdaroupaservedebasepara

o “cérebro”docircuito,ondeestãocosturadose interligadoso

LilypadArduíno,oLilypadXbeeeoLilypadLipower.Estacone-

xãosedáatravésdalinhacondutiva234/344plydaShieldex,a

mesmaquefazconexãocomossensoresespalhadospelaroupa.

Ao tocarmos o sensor disparamos sinais elétricos que chegam

até o microcontrolador. O Lilypad Arduíno está configurado

para,aoreceberesses impulsoselétricos, fazerconexãocomo

computador,eistosedácomaajudadoXbeequefazessacone-

xãosemfios.Quandoaconexãoéfeita,umcódigodesenvolvido

dentrodalinguagemdeprogramaçãoProcessingéresponsável

por entender esses impulsos elétricos e executar o código que

organizaasnotasmusicaisdemaneiraaleatória.Omesmoemite

essestonsatravésdasaídadesomdoprópriocomputador,que

porsuavez,estáconectadoaalto-falantes.

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Nota:Foi somente com a ajuda de amigos e boas almas

que acreditam no open source que consegui viabilizar a parte

eletrônica deste projeto. Devo agradecer muito ao meu amigo e

também estudante de Design, Luiz Gustavo Zanotello, mais co-

nhecido como Uva, que já estava se aventurando com o Lilypad

no desenvolvimento do seu TCC quando eu decidi trabalhar com

o mesmo, e me passou dicas valiosas, além de me ajudar a im-

portar parte dos materiais necessários. Agradeço ao meu irmão

Fernando Pimenta, estudante de engenharia de automação, que

me ajudou com as noções de circuito e com as primeiras configu-

rações do microcontrolador. Ao meu querido amigo Caio Mora-

es, cientista da computação, que atendeu prontamente a todas as

minhas dúvidas malucas e também ao Rafael Martins, o Borto,

também estudante de engenharia de automação, por acreditar

no meu trabalho desde o começo e disponibilizar parte do seu

tempo pesquisando referências para este projeto.

Os sites Instructables (www.instructables.com) e How

to get what you want do Kobakant (www.kobakant.at/DIY)

foram essenciais para o entendimentos desses eTextiles, e foi

onde encontrei também tutorais que serviram de base para a

construção dos sensores.

As comunidades dos sites Processing.org e Arduino.cc

também foram fundamentais nesse processo, por disponilizar

códigos abertos que serviram de base na programação do Li-

lypad Arduíno.

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Primeira fase do desenvolvimento: macacão finalizado com a montagem dos sensores de luz e som.

A direita, processo de aplicação da camada tátil. 58

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A esquerda, vista aproximada da aplicação dos materias que compõe a camada tátil. A direita, desenvolvimento e materiais utilizados no bordado.

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Esquema do controlador de som na parte traseira de INcorpore. Lilypad Ardúino e seus componentes

Lilypad LiPower, Lilypad Xbee (emissor) já costurados e dispositivo Xbee (receptor) que é responsável por

transmitir as informações ao computador.

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Interface vestível finalizada.A esquerda, sem interação. A direita, com interação.64

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Experiêncimentando INcorpore

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Incorporarsegundoodicionário:darouassumirformade

corpo,integrar,introduzir,ingressar,reunirintimamente.

INcorporesegundomeusanseios:tentativadetocarnosso

INatravésdocorpo.Integrandonossossentidos,introduzindo-os

emumanovadimensão, ingressandonaprofundidadedosere

reunindointimamenteosentireopensar.

Muitoantesdesseprojetoganharaformaderoupa,eto-

dososaparatostecnológicosqueutiliza,elejáhaviarecebidoessa

denominação.Asprimeirasintenções“experimentarnovassensa-

ções”,“olharparasimesmo”,“corpocomosuporte”jádavamconta

daapropriaçãodocorpoparainternalizaraexperiênciavivida.

Desdeessaépocaexistiaodesejodeenvolverpessoase

proporcionarumaexperiênciaúnicaaelas.Umsentimentonobre

quepassouasoarcomoobrigaçãodepoisdeconhecerumcampo

depossibilidadesinfinitasabertoatravésdasfilosofiasdeFlusser,

HakinBey,Deleuze,Focault,eoutros.

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70

Essasideiasexpandiramaminhaconcepçãodemundoe

partedissoserefletenessetrabalhoqueacabodeapresentar.Ele

tambémcarregaasexperiênciasqueviviaolongodessesmeus

25anosdevida.Omeuentenderdecorpodepoisdeutilizá-lo

durantemaisdedezanosparaseexpressaratravésdadança.A

modaquesempreestevepresentenaminhacasaeporondeeu

consigopassarinformações.Omeuvínculocomatecnologiaque

melevouaumcolégiotécnicoondemetorneiprogramadora.A

músicaquesempremetocouemeelevouaoutrasdimensões.A

artequemeinspiraacontinuarcriandoecrescendocomopessoa.

Eletambéméasomadetodasaspessoasquepassaram

pelaminhavida.Deumavivênciaintensaetransformadoraden-

trodeumcampusuniversitáriocomoodaUNESP,ondepude

conhecereaprendercompessoasrealmenteespeciais.

Mesintomuitofelizportersidodecapazderelacionar

tantascoisasquemetocaram,econseguirsintetizarnesseprojeto

conceitosqueeurealmenteacredito.Esperoqueelesirvacomo

agradecimentoatodosessesensinamentosquemeampliaram

comopessoaefizerampartedaminhaformaçãocomodesigner.

Desejoqueaspessoas,aousufruíremdessasensívelmalhabran-

ca,possamsereconhecereperceberoquantosãoúnicas,geram

conceitosúnicos,vivemmomentosúnicos.

Page 71: INcorpore
Page 72: INcorpore

72

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DAGOSTINI,Florence.Cloé.TrabalhodeConclusãodeCursoem Desenho Industrial - Programação Visual. Disponível em<http://www.lavoura.art.br/dekwilde/pipol/projects/cloe/con-teudo.html>.AcessadoemMarçode2011.

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VIANNA,Klauss.O corpo.Manuscritosemdata,disponívelem<http://www.klaussvianna.art.br/>.AcessadoemMarçode2012.

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anexos

intledPin=13;intswitchPin[]={3,10,A3,8};intpinCount=4;intswitchValue; voidsetup(){Serial.begin(9600);for(intthisPin=0;thisPin<pinCount;thisPin++){

pinMode(ledPin,OUTPUT);pinMode(switchPin[thisPin],INPUT);digitalWrite(switchPin[thisPin],HIGH);}

}

voidloop(){for(intthisPin=0;thisPin<pinCount;thisPin++){

switchValue=digitalRead(switchPin[thisPin]);if(switchValue==LOW){

digitalWrite(ledPin,HIGH);Serial.print(1,BYTE);}

else{digitalWrite(ledPin,LOW);Serial.print(0,BYTE);

}}delay(600);}

> código arduíno

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importprocessing.serial.*;importcc.arduino.*;importddf.minim.*;

Arduinoarduino;AudioPlayerplayer;Minimminim;

intledPin=13;intswitchPin=8;intswitchValue;switchispressed

voidsetup(){arduino=newArduino(this,Arduino.list()[0],57600);arduino.pinMode(ledPin,Arduino.OUTPUT);arduino.pinMode(switchPin,Arduino.INPUT);arduino.digitalWrite(switchPin,Arduino.HIGH);minim=newMinim(this);

}

voiddraw(){background(0);

switchValue=arduino.

digitalRead(switchPin);print(switchValue);if(switchValue==Arduino.LOW){arduino.digitalWrite(ledPin,Arduino.HIGH);String[]words={“A.mp3”,“AA.mp3”,“AE.mp3”,“AS.mp3”,“B.mp3”,“CS.mp3”,“D.mp3”,“DS.mp3”,“E.mp3”,“F.mp3”,“FAD.mp3”,“FAE.mp3”,“FS.mp3”,“G.mp3”,“GS.mp3”,“MC.mp3”,“MSAFS.mp3”,“MSAFSH.mp3”,“MTACS.mp3”,“T.mp3”};intindex=int(random(words.length));player=minim.loadFile(words[index],2048);player.play();delay(750);} else{arduino.digitalWrite(ledPin,Arduino.LOW);}}

> código Processing

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