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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE UNIVALE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FACS. CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRÓTESE DENTÁRIA Flavyany Dal’Col Ferreira INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES DA CERÂMICA METAL- FREE NA CONFECÇÃO DE PRÓTESES FIXAS Governador Valadares 2009

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE – UNIVALE

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – FACS.

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRÓTESE DENTÁRIA

Flavyany Dal’Col Ferreira

INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES DA CERÂMICA METAL-

FREE NA CONFECÇÃO DE PRÓTESES FIXAS

Governador Valadares

2009

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FLAVYANY DAL’COL FERREIRA

INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES DA CERÂMICA METAL-

FREE NA CONFECÇÃO DE PRÓTESES FIXAS

Monografia para obtenção do grau de

Especialista em Prótese Dentária apresentada à

Faculdade de Ciências da Saúde da

Universidade Vale do Rio Doce.

Orientador: Prof. Ms.Cândido dos R. Badaró Filho.

Governador Valadares

2009

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FLAVYANY DAL’COL FERREIRA

INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES DA CERÂMICA METAL-

FREE NA CONFECÇÃO DE PRÓTESES FIXAS

Monografia para obtenção do grau de

Especialista em Prótese Dentária apresentada à

Faculdade de Ciências da Saúde da

Universidade Vale do Rio Doce.

Governador Valadares, 02 de dezembro de 2009.

Banca Examinadora

__________________________________________

Prof. Ms.Cândido dos R. Badaró Filho

Universidade Vale do Rio Doce

__________________________________________

Prof. Andréa Barbosa do Valle Coelho

Universidade Vale do Rio Doce

__________________________________________

Prof. Ayla Norma Ferreira Matos

Universidade Vale do Rio Doce

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Dedico este trabalho a Deus pela força nesta

longa caminhada; a Luiza meu presente de

Deus e ao meu esposo Mário pelo incentivo e

apoio.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que além da vida, proporcionou-me, saúde, força, amor e perseverança para

que mais um de meus projetos se realizasse;

Aos meus queridos pais, pelo amor incondicional;

Aos meus colegas do Curso de Pós-graduação em Prótese Dentária, em especial a Anabella

amiga inseparável, pelas experiências compartilhadas;

Agradeço a todos os professores e de forma muito especial ao orientador Prof. Ms.Cândido

dos R. Badaró Filho, pelo apoio e conhecimentos transmitidos;

Enfim, todas as pessoas que contribuíram para que fosse possível a realização de mais essa

vitória.

Muito Obrigada!!!!

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“Se um homem não pode chorar,

qual a melhor maneira de expressar

seus sentimentos?”

Mário Covas

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RESUMO

As próteses metal-free são fabricadas exclusivamente com materiais cerâmicos, obtendo-se

melhoria do ponto de vista estético e alta biocompatibilidade. Por este motivo, há algum

tempo novas tecnologias dentais têm experimentado um contínuo desenvolvimento. Este

estudo realizou uma revisão de literatura, para analisar as indicações e contra-indicações na

utilização da cerâmica “metal-free” em próteses fixas. Concluiu-se que a prótese “metal-free”,

pode ser contra-indicada devido à falha que ocorre normalmente na região do conector

levando à sua fratura. No entanto, é indicada por proporcionar o sucesso clínico tanto no

aspecto funcional, quanto no estético das próteses fixas, solucionando os problemas de

resistência flexural apresentados pela falta de biocompatibilidade e estética dos sistemas

metálicos convencionais, proporcionando a naturalidade e uma ideal biocompatibilidade.

Palavras-chave: Material Cerâmico. Cerâmica. Próteses. Metal-free.

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ABSTRACT

The metal-free prostheses are manufactured exclusively with ceramic materials, resulting in

improving the aesthetic point of view and high biocompatibility. For this reason, some time

new dental technologies have experienced a continuous development. This study, conducted a

literature review to examine the indications and contraindications in the use of ceramic

"metal-free" in fixed prostheses. It was concluded that the prosthesis "metal-free" may be

contraindicated due to failure that normally occurs in the region of the connector leading to its

fracture. However, it is indicated for providing the clinical success both in terms of functional

and aesthetic of the fixed prostheses, solving the problems of flexural strength provided by the

lack of biocompatibility and aesthetics of conventional metallic systems, providing an ideal

natural and biocompatibility.

Keywords: Ceramic Material. Ceramic. Prostheses. Metal-free.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Unidades preparadas para coroas totais livres de metal...................................... 19

Figura 2 - Prova dos copings................................................................................................ 19

Figura 3 - Aspecto final........................................................................................................ 19

Figura 4 - Aspecto inicial..................................................................................................... 20

Figura 5 - Unidade preparada para onlay: avaliação da distância inter oclusal................... 20

Figura 6 - Aspecto final........................................................................................................ 20

Figura 7 - Troquel em Gesso Refratário para altas temperaturas ........................................ 25

Figura 8 - Confecção de Copings em Metal-free (Livre de Metal)...................................... 25

Figura 9 - Aplicação, Escultura e Queima da porcelana convencional(1100 graus)........... 25

Figura 10 - Aplicação de cerâmica transparente nos defeitos e queima (1000 graus)......... 25

Figura 11 - Aplicação do Glaze (Brilho) e queima (900 graus)........................................... 26

Figura 12 - Coroas cimentadas na boca do Paciente............................................................ 26

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 10

2 REVISÃO DA LITERATURA....................................................................................... 13

3 DISCUSSÃO..................................................................................................................... 27

4 CONCLUSÃO................................................................................................................... 31

REFERÊNCIAS................................................................................................................... 32

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1 INTRODUÇÃO

A perda de dentes pode ser provocada pela cárie, doenças periodontais e por

traumatismos e quando isto ocorre, os dentes que estão adjacentes e antagônicos tendem a

mover-se para o espaço livre provocando todo o tipo de desequilíbrios nas arcadas dentárias,

além da reabsorção do osso alveolar. Para restaurar as funções: mastigatória, estética e

fonética, e minimizar os efeitos acima referidos, é que se confeccionam as próteses dentárias

(KINA, 2005).

A cerâmica, cuja denominação vem do grego Keramiké significa “a arte do oleiro”, é

descrita como um material inorgânico, não metálico, fabricado a partir de matérias primas

naturais, cuja composição básica é a argila, feldspato, sílica, caulim, quartzo, filito, talco,

calcita, dolomita, magnesita, cromita, bauxito, grafita e zirconita (CRAIG e POWERS, 2004;

NOORT, 2004). Esta composição, presente nos diversos tipos de cerâmica, apresenta-se de

forma variada de acordo com a quantidade de cada constituinte e agregação de outros

produtos químicos inorgânicos, principalmente óxidos metálicos sintéticos sob diferentes

formas (calcinada, eletrofundida e tabular). Assim, uma grande variedade de cerâmicas pode

ser encontrada, indo desde simples vasos de barro, passando por azulejos, louças e porcelanas,

até as cerâmicas dentárias (KINA, 2005).

Segundo Sant' Anna et al. (2003) foi a partir do início do século XX que as porcelanas

aluminizadas para jaquetas passaram a ser usadas com mais freqüência, seguidas das

cerâmicas sobre metais nobres e das ligas de níquel-cromo até se chegar a época das

porcelanas puras.

Dentre os materiais utilizados para a restauração odontológica, a porcelana é a mais

comumente indicada, por se tratar de um material que possui excelente estética, além de ser a

mais aceitável biocompatibilidade no meio bucal. A técnica de metalocerâmica ou porcelana

fundida sobre metal, como também é conhecida, é o método mais largamente utilizado para

compensar a natureza extremamente frágil do material cerâmico (ROLLO e ROSSITTI,

1999).

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As metalocerâmicas são as coroas mais utilizadas até hoje na odontologia, mas vêm

perdendo espaço para uma nova tecnologia de prótese fixa livre de metal chamada metal-free

(FERNANDES et al., 2007).

Lançados há algumas décadas, os sistemas metal-free foram apresentados ao mercado

como uma resposta aos problemas de resistência flexural apresentados pelas porcelanas

convencionais e à falta de biocompatibilidade e estética dos sistemas metálicos

convencionais. Vistas com ceticismo no início, foram agregando novas propriedades e

benefícios e com o crescente número de estudos, tanto laboratoriais quanto clínicos,

consolidaram-se como uma opção segura e altamente eficaz de tratamento quando bem

indicadas (ANDRADE, 2005).

Os sistemas cerâmicos foram desenvolvidos em resposta à crescente preocupação da

odontologia com uma estética na busca de naturalidade e com uma ideal biocompatibilidade

(LEINFELDER, 2000).

As cerâmicas utilizadas em odontologia são caracterizadas pela natureza refratária,

dureza, biocompatibilidade e transmissão de luz (BOHJALIAN et al., 2006).

Com o uso destes sistemas, é possível oferecer aos pacientes valiosas propriedades

estéticas, resistência, adaptação marginal precisa, baixas taxas de desgaste, e melhor

compatibilidade com dentes opostos (JACOBSEN, 1998).

De acordo com os relatos do estudo de Fernandes et al. (2007) as próteses livres de

metal são viáveis e já são uma realidade para a confecção de próteses unitárias. Tendo suas

indicações respeitadas, podem fazer parte do dia a dia clínico com segurança.

Porém, segundo Kina (2005) a introdução de sistemas cerâmicos livres de metal,

apesar de favorecer em muito a confecção de próteses mais estéticas, com resoluções ópticas

muito semelhantes às das estruturas dentais, principalmente no quesito

translucidez/luminosidade, ficando evidente, quando se imagina a dificuldade do técnico em

prótese dentária (TPD) em esconder estruturas metálicas sob finas camadas cerâmicas, é

preciso salientar que estes sistemas apenas facilitam o trabalho, mas não garantem em

hipótese alguma o resultado estético.

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Atualmente, com o domínio tecnológico da fabricação de cerâmicas associados à

potentes e controlados fornos de queima, as cerâmicas dentais apresentam características

físicas e mecânicas excelentes, representando, dentre os materiais dentários com finalidade

restauradora, a melhor opção na busca de uma cópia fiel dos elementos dentárias (CRAIG e

POWERS, 2004; NOORT, 2004).

Diante do desenvolvimento contínuo das cerâmicas dentárias, abriu-se um leque cada

vez maior de opções para confecção de próteses funcionais e altamente estéticas, aos clínicos

e aos técnicos em prótese dentária (TPD). Pode-se observar, basicamente, uma grande

evolução destes materiais, onde historicamente sua utilização estava associada a um reforço

metálico.

O fato de atualmente o mercado odontológico oferecer uma gama enorme de novos

materiais e sistemas livres de metal para confecção de próteses, proporciona ao clínico e ao

TPD novas opções, mas também novas dúvidas para decidir entre uma ou outra alternativa,

portanto deve-se avaliar a importância destes materiais, suas indicações de utilização, bem

como suas limitações clínicas.

Desta forma, este estudo tem como objetivo realizar uma revisão de literatura para

conhecer as indicações e contra-indicações na utilização da cerâmica “metal-free” em próteses

fixas.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Bessing e Molin (1984) avaliaram o primeiro sistema de vidro-cerâmico fundível na

fabricação de porcelanas dentais que foi denominado Dicor (Dentisply/York Division,

Dentisply International, Inc.,York, Pa.).

De acordo com Anusavice (1986), as cerâmicas adquiriram, nestas duas últimas

décadas, propriedades que permitem o seu emprego isoladamente sem a necessidade do

reforço com estrutura metálica.

Em 1987, Claus descreveu a técnica In Ceram que utiliza uma infra-estrutura cerâmica

de alto conteúdo de alumina na restauração. Posteriormente, em 1990, foi introduzido o

sistema Vita In Ceram, no qual obtém-se um tipo de restauração com uma infra-estrutura de

alumina de alta dureza, infiltrada por vidro, possibilitando, inclusive, a confecção de próteses

fixas de 03 elementos sem metal.

Também em 1990, Banks descreveu a introdução de outro vidro-cerâmico, o fosfato

de cálcio, na produção de porcelanas dentais.

Para Kelly et al. (1995) as restaurações livres de metal também podem trazer o

insucesso para a restauração. A causa primária de falha ocorre normalmente na região do

conector levando à sua fratura.

Sadoun (1998) começou a trabalhar com munhões aluminizados infiltrados por vidro,

à base de óxido de lantânio (LazO3), com cerca de 97% de agregação de óxidos de alumínio,

criando um sistema cerâmico de alta resistência. Este sistema apresentado pela companhia

Vita (Zahnfabrik, Bad Sackingren, Alemanha) recebe o nome de In Ceram

Alumina. O In

Ceram

Alumina apresenta uma resistência à flexão quatro vezes mais alta que uma cerâmica

aluminizada a 50%, muito embora, a alta concentração de alumina acarrete em diminuição

significativa da translucidez com conseqüente empobrecimento das qualidades ópticas da

cerâmica. Desta forma, este material não deve ser usado como uma cerâmica de cobertura,

mas devido à sua alta resistência, ser aplicado como substituto das subestruturas metálicas.

Esta situação, permite a construção de coroas totais e próteses fixas de três elementos (até o

2° pré-molar) livres de metal.

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Infra-estruturas de vidrocerâmicas moldadas pela injeção sob pressão a quente foram

desenvolvidas como uma alternativa odontológica livre de metal. Dentre outras opções,

Ivoclar-Vivadent (1999) citado por Cacko (2007), apresentou documentação científica

descrevendo o sistema IPS Empress 2 ® como sendo uma nova cerâmica para a confecção de

infra-estruturas muito resistentes, indicando o material para confecção de próteses fixas nas

regiões anteriores e posteriores até o segundo pré-molar e para coroas totais em qualquer

posição das arcadas dentárias. Como este material é uma cerâmica translúcida à base de

dissilicato de lítio que em sua fase cristalina apresenta cristais grandes de dissilicato de lítio,

medindo de 0,5 a 5 μm, e ortofosfato de lítio com cristais de 0,1 a 0,3 μm, ele obteve

resultados promissores e adequados à prática odontológica.

Wirz e Jãger (1999) avaliaram os sistemas metal-free para próteses fixas mais

comumente utilizadas. Apresentaram, como características positivas na coroas totalmente

metálicas, o baixo custo, a facilidade e confecção e a possibilidade de cimentação

convencional. As desvantagens encontraram-se na coloração do metal. As coroas metalo-

plásticas apresentaram como desvantagens a retenção de placa e a instabilidade química. Já as

coroas metalocerâmicas sem ombro apresentam durabilidade, estética e possibilidade de

cimentação convencional. No entanto, podem apresentar-se antiestéticas com o passar dos

anos, devido à presença da cinta metálica. As coroas metal-free, para apresentarem

características físicas e mecânicas favoráveis, exigem preparos e espessuras mínimas, mas são

estéticas e apresentam estabilidade química. Concluíram relatando que esta avaliação deve ser

feita considerada como uma etapa, pois novas pesquisas e avaliações clínicas devem ser

rotineiramente realizadas.

Garber et al. (2000) descreveram que as características ópticas das próteses totalmente

em cerâmica, são altamente estéticas, mas sua tendência à fratura remete a sua utilização em

casos especificamente selecionados (ao contrário da utilização em larga escala das próteses

metalocerâmicas). Relataram que na década de 1980, dois sistemas totalmente cerâmicas

foram apresentados ao mercado: Cerestore®

(Johson & Johnson, East Windosor, N) e Dicor®

(Detsply York, PA). No entanto, a baixa resistência à fratura e algumas características de

opacidade limitavam sua aplicação. Já, a partir de 1990, outros sistemas metal-free

apresentaram maior sucesso. O IPS Empress® 2 (Ivoclar/Vivadent), cerâmica injetada com a

incorporação de leucita, apresentou melhores características de resistência sem prejudicar as

propriedades de translucidez. Suas características permitem a sua utilização, como estrutura

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de Próteses fixas de três elementos, quando os preparos permitem a confecção de conectores

com pelo menos 4 mm2. o sistema VITA In Ceram

® também apresenta uma alternativa para a

confecção de próteses metal-free, sendo que, quando reforçadas com óxido de zircônio, tem

aumentado suas propriedades de resistência, mas as custas de um efetivo aumento de

opacidade. Os autores descreveram ainda o sistema Cerec® (Siemens) e Procera

® All Ceram

(Nobel Biocare) e concluíram que os sistemas, totalmente cerâmicos, são promissores, mas

que cada sistema apresenta vantagens e desvantagens sejam em relação à translucidez,

opacidade ou resistência durante a função mastigatória.

Edelhoff et al. (2001), em um estudo a curto prazo, avaliaram o uso de próteses

parciais fixas curtas, livres de metal, utilizando dois sistemas: Empress 2 (Ivoclar) e Targis-

Vectris (Ivoclar) reforçado por fibras. Os autores puderam concluir que estes tipos de

restaurações com técnicas de preparo pouco invasivas ofereceram excelentes resultados

estéticos. Porém suas indicações estão baseadas no comprimento da coroa clínica, guia

canino, alinhamento dentário e análise de modelos e radiografias, devido às suas propriedades

mecânicas. Os autores acreditaram ser necessário avaliar o caso a longo prazo.

Nakamura et al. (2001) trouxeram um estudo realizado através de análise

tridimensional (elemento finito), a fim de avaliar a distribuição de tensão sob várias condições

de carga dentro de coroas “metal-free” posteriores de materiais compostos de nova geração.

Os autores concluíram, através deste estudo, que forças de mordida, aplicadas na direção

horizontal, são um fator crítico que determina sucesso e fracasso.

Raigrodski e Chiche (2001) citaram como vantagens da prótese parcial fixa totalmente

cerâmica na região anterior: a possibilidade dos preparos serem confeccionados ao nível da

gengiva, protegendo o periodonto e facilitando a moldagem; evitam sobrecontorno; diminuem

a condutibilidade térmica da restauração; possibilitam um menor desgaste da estrutura

dentária, sendo a estética a principal vantagem dos materiais cerâmicos.

Rosa e Gressler (2001) descreveram um caso clínico em que o paciente apresentava

ausências dentárias (compensadas por uma precária prótese removível) e severas alterações de

oclusão - com grande desequilíbrio da biomecânica do sistema estomatognático e evidente

alteração estética. Após tratamento prévio com próteses provisórias, devolvendo ao paciente

uma adequada relação oclusal, foi realizado o tratamento definitivo no arco superior com

próteses fixas livres de metal In Ceram Zircônia, que, por suas características de ausência de

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margem metálica, biocompatibilidade e resistência mecânica, proporcionam um trabalho tanto

esteticamente satisfatório quanto seguro do ponto de vista funcional.

Vasconcellos (2001) em um estudo sobre as tensões em prótese parcial fixa livre de

metal com o objetivo de analisar a distribuição de tensões internas de von Mises, comparou

um sistema em metalocerâmica e em dois sistemas de cerâmica pura, através de carregamento

estático aplicado em modelos matemáticos bidimensionais obtidos pelo método de elementos

finitos. Em todos os modelos, foram utilizados retentores intra-radiculares fundidos (RIRF)

em ouro. A partir da imagem impressa de uma peça anatômica de estudo, digitalizada

diretamente em um "scanner", os desenhos foram confeccionados e suas imagens vetorizadas

foram "exportadas" para o programa MSC/PATRAN 2000, onde foram realizados o pré e pós

processamento, enquanto que a análise foi feita na ABAQUOS (HKS), utilizando-se um

carregamento de 100N distribuídos em 17 pontos das superfícies oclusais dos modelos. Houve

também a simulação da ausência de contato interproximal no modelo de PPF em

metalocêramica e em um dos sistemas de cerâmica pura. Os resultados mostraram que os dois

sistemas cerâmicos para PPF avaliados se comportaram, sob o ponto de vista mecânico e nas

condições impostas pela análise, satisfatoriamente em comparação à metalocerâmica.

Della Bona e Anusavice (2002), um elevado sucesso é observado com as coroas

totalmente Segundo cerâmicas quando se utiliza um protocolo correto quanto ao preparo do

dente, espessura adequada de suporte para o núcleo cerâmico e ajuste oclusal correto da peça

instalada. Além disso, a qualidade e durabilidade da união entre o material e o dente também

garantem o sucesso clínico das restaurações cerâmicas, sendo que a microestrutura e a

composição da cerâmica têm um significante efeito na resistência à fratura da união dentina-

coroa cerâmica. Tem sido mostrado que diferentes superfícies topográficas são produzidas de

acordo com o tipo de condicionamento e microestrutura cerâmica.

De acordo com Albakary et al. (2003) a procura por próteses totalmente cerâmicas

aumentou devido à introdução das vidrocerâmicas conformadas pela injeção a quente em

molde refratário (hot-pressed). Os materiais vidrocerâmicos injetados a quente são populares

devido aos seguintes fatores: fácil fabricação (técnica convencional da cera perdida), boa

integridade marginal, translucidez, boas propriedades mecânicas (sistema de reforço por

cristais), “near-net shape” (produto com forma muito próxima daquela da utilização final,

com pouca necessidade de usinagem) e baixa porosidade.

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Sant' Anna et al. (2003) realizaram um estudo com o intuito de demonstrar aos

estudantes e profissionais de Odontologia, através de um caso clínico, o que existe em termos

de estética na confecção de uma prótese fixa. Para demonstrar a aplicação de coroas metal-

free, os autores descreveram um caso clínico da confecção de uma coroa de In Ceram. A

paciente foi submetida previamente a uma cirurgia de aumento de coroa clínica, que fazia

parte do planejamento para viabilizar a confecção de uma prótese unitária. Posteriormente foi

feito o preparo do canal e a cimentação de dois pinos de fibra de vidro com núcleo de resina

composta. Fez-se o preparo do remanescente coronário, afastamento gengival com fio retrator

e moldagem com silicona de condensação. Selecionou-se a cor de acordo com a escala VITA.

A moldagem foi enviada ao laboratório que remeteu o coping cerâmico para a prova e registro

oclusal. Após o glaze a peça foi cimentada com cimento resinoso. Em todas as etapas foi

realizada a documentação fotográfica. O resultado final foi a confecção de uma coroa livre de

metal esteticamente muito agradável. Concluíram que a coroa não apresenta qualquer sombra

do metal, seja sob a gengiva, seja no corpo da prótese, proporcionando um aspecto de

naturalidade da coroa. O periodonto de proteção ao final do tratamento apresentava saúde

gengival sem sinal de retração gengival ou mesmo gengivite localizada. Além dos resultados

citados, a satisfação da paciente foi gratificante. Destacaram ainda, que para se obter estética

num tratamento restaurador é necessário antes de tudo avaliar a compatibilidade biológica, a

longevidade dos materiais e a recuperação da função mastigatória do paciente.

Braga et al. (2004) realizaram um estudo in vitro com o objetivo de avaliar a

resistência à fratura de três sistemas de prótese parcial fixa livres de metal. Trinta caninos e

trinta segundos pré-molares maxilares humanos hígidos, extraídos por razões periodontais ou

ortodônticas, foram fixados aos pares em blocos de resina acrílica autopolimerizável,

mantendo entre si uma distância correspondente à distância mesiodistal de um pré-molar.

Foram realizados preparos tipo slot na distal dos caninos e tipo MOD nos pré-molares. Dez

próteses parciais fixas (PPF) foram confeccionadas através de três sistemas livres de metal,

sendo: grupos 1 e 2, sistemas de resina reforçada por fibras Targis/Vectris e

Belleglass/Connect, respectivamente, e grupo 3, sistema de cerâmica de disilicatode lítio

Empress 2. Todas as PPF foram cimentadas com cimento resinoso (Variolink II). Todas as

amostras foram submetidas a uma carga axial sobre o pôntico em uma máquina de ensaio

universal (Emic DL2000), através de uma esfera de 3,0mm de diâmetro com velocidade de

0,5mm/min até fraturar. Resultados: Os valores médios de resistência à fratura nos grupos 1, 2

e 3 foram, respectivamente, 118,31Kgf (D.P.= 20,64), 133,05Kgf (D.P.= 17,67) e 95,9Kgf

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(D.P.= 23,82). Após análise estatística, observou-se que os grupos 1 e 2 não apresentaram

diferença estatisticamente significante, no entanto, os grupos 2 e 3 foram diferentes (Tukey

HSD p=0,002). Os autores concluíram que os grupos de PPF dos sistemas resinosos

reforçados por fibra se mostraram superiores ao grupo da cerâmica quanto à resistência à

fratura.

Kina (2005) descreveu em um artigo sobre os materiais e sistemas livres de metal para

confecção de prótese, suas indicações de utilização, bem como suas limitações clínicas.

Concluiu que, se respeitando as indicações e limitações dos diversos sistemas e materiais

restauradoras protéticos, suas funções biomecânicas podem ser seguras e efetivamente

cumpridas. Desta forma, pode-se trabalhar de forma tranqüila na utilização de restaurações

cerâmicas livres de metal, em quase todas as situações clínicas referentes a reconstruções

dentárias fixas nos diversos segmentos do arco dentário. O autor esclarece que as indicações

se baseiam principalmente na resistência dos sistemas ao estresse oclusal, e ainda, entende

que a introdução de sistemas cerâmicos livres de metal, sem dúvida favorece em muito a

confecção de próteses mais estéticas, com resoluções ópticas muito semelhantes às das

estruturas dentais, principalmente no quesito translucidez/luminosidade. Isto fica evidente

quando se imagina a dificuldade do TPD em esconder as estruturas metálicas sob finas

camadas de cerâmicas. No entanto, salienta-se que estes sistemas apenas facilitam o trabalho,

mas não garantem em hipótese alguma o resultado estético. Para tanto, salientou alguns

fatores críticos que devem ser considerados para a escolha do melhor sistema: a cor do

substrato; o espaço; o grau de translucidez do sistema; e finalmente a combinação harmônica

do clínico e do TPD, lembrando sempre, que o mais importante para se obter ótimos

resultados estéticos/funcionais não está na dependência da utilização deste ou daquele

material, e sim no estudo profundo das técnicas e do manejo dos materiais utilizados e, de

sobremaneira, do conhecimento da forma e função dos componentes dentários.

Fernandes et al. (2007) realizaram um estudo com objetivo de mostrar, através de

casos clínicos, algumas características de dois sistemas de cerâmica pura: o IPS Empress 2 e o

In Ceram, enfocando suas propriedades físicas e qualidade estética e mostrando a viabilidade

clínica de ambas as técnicas desde que suas indicações sejam respeitadas. O primeiro caso

clínico foi realizado com paciente do sexo feminino, 35 anos de idade, apresentava os

incisivos centrais superiores com extensa destruição coronária. As unidades apresentavam

restaurações feitas em resina com estética bastante desfavorável. Avaliações clínicas e

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radiográficas mostraram higiene oral satisfatória e saúde periodontal. O sistema de escolha foi

o In Ceram, em virtude das melhorias de qualidade estética que ele pode oferecer (figuras 01,

02 e 03). O segundo caso clínico foi realizado com Paciente do sexo masculino, 35 anos de

idade, foi indicado para confecção de restauração indireta do tipo Onlay em seu primeiro

molar inferior direito que se apresentava extensamente destruído. Análises clínicas e

radiográficas mostraram uma boa higiene oral e região periodontal sem alterações. A

indicação para esta restauração foi a confecção de uma Onlay de porcelana, do tipo IPS

Empress 2 (figuras, 04, 05 e 06). Ressaltaram que, nos últimos anos, processos de alta

tecnologia laboratorial em Prótese Parcial Fixa deram origem a uma variedade de novos

sistemas de coroas totalmente cerâmicas com resistências significativamente melhoradas. As

características destes sistemas - estética, alta resistência flexural, biocompatibilidade –

permitem a confecção de restaurações de alta qualidade estética e segurança funcional

satisfatória.

1° Caso clínico

Figura 1 - Unidades preparadas para

coroa totais livres de metal

Figura 2 - Prova dos copings

Figura 3 - Aspecto Final

Fonte: Fernandes et al. (2007)

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Fonte: Fernandes et al. (2007)

Souza (2007) esclarece que nos últimos anos têm-se observado uma grande mudança

na valorização subjetiva dos pacientes em relação à carências como estética satisfatória e boa

adaptacão. As carências descritas nas próteses metálicas e metalocerâmicas poderiam ser

reparadas com as próteses livres de metal, fabricadas exclusivamente com materiais

cerâmicos, obtendo-se melhoria do ponto de vista estético e alta biocompatibilidade. Por este

motivo, há algum tempo novas tecnologias dentais têm experimentado um contínuo

desenvolvimento. Apesar disso, nenhuma delas chegou a se impor realmente, por problemas

principalmente das próteses cerâmicas livres de metal – a falta de resistência mecânica –

continuou sem solução. Elas apresentam relativa baixa tenacidade à fratura em comparação

com as ligas metálicas.

Para Clavijo et al. (2008) a cerâmica é um material de escolha que proporciona

propriedades ópticas, mecânicas e biológicas com grande semelhança ao esmalte natural.

Além disso, coroas cerâmicas livres de metal, quando submetidas a um condicionamento com

ácido fluorídrico, aplicação de silano e sistema adesivo com cimentação resinosa, apresentam

excelentes força de união e resistência à fratura. Para confecção coroas livres de metal, um

Figura 5 - Unidade preparada

para onlay: avaliação da

distância inter oclusal

Figura 6- Aspecto final

o

2° Caso clínico

Figura 4 - Aspecto inicial

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protocolo clínico e laboratorial criterioso deve ser realizado, onde cada etapa tem grande

relevância no resultado final. Os avanços dos materiais dentários através da possibilidade de

condicionamento ácido da porcelana, silanização e agentes de cimentação, proporcionam ao

profissional maior segurança e durabilidade nos resultados reabilitadores estéticos. Os autores

concluíram que com um correto planejamento clinico e laboratorial foi possível o

estabelecimento de uma harmonização do sorriso do paciente com recontorno gengival,

fechamento dos diastemas e correção dos contornos e colorações dentais.

Castro et al. (2008) apresentaram um caso clínico com uma paciente, 30 anos, do

gênero feminino, compareceu a clínica de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia de

Bauru FOB/USP, apresentando uma fratura coronária ao nível cervical no elemento 12, foi

verificado que o dente apresentava tratamento endodôntico prévio, optou-se pela confecção de

um núcleo indireto pelo fato da estrutura remanescente ser insuficiente para a utilização de

meios de reconstrução diretos, foi feito o preparo do conduto e construção de um núcleo

metálico fundido. Foi selecionado um sistema restaurador livre de metal devido à ausência de

escurecimento do remanescente coronário, optou-se então pelo sistema Procera®, foi obtido

um molde que foi enviado ao laboratório para obtenção do modelo e posterior escaneamento

do preparo para confecção do copping cerâmico. Após o recebimento do copping foram

realizados ajustes e a escolha da cor da cerâmica de cobertura, seguindo o protocolo de

escolha de um croma abaixo do ideal visando posterior caracterização, após a aplicação da

cerâmica, foram realizados os ajustes de forma, textura superficial e oclusão sendo a coroa

caracterizada através de pintura externa, obtendo um resultado favorável, que restabeleceu a

estética e a função da paciente. Concluíram que os sistemas livres de metal constituem uma

alternativa viável para o tratamento restaurador quando a estética é desejada, permitindo um

aspecto natural e harmonioso, aliado a confiabilidade do material restaurador.

Gomes et al. (2008) esclarecem que dispõem-se atualmente de materiais cerâmicos

com elevadas propriedades mecânicas, que possibilitam a confecção de restaurações

cerâmicas livres de metal tanto na região anterior como na região posterior. Quanto maior a

resistência mecânica do material maior é a dificuldade em realizar a cimentação adesiva entre

o dente e a restauração cerâmica. Porém a indicação de cada sistema cerâmico deve ser feita

de maneira criteriosa, levando em consideração não apenas a resistência mecânica do material

como também a região que deverá ser restaurada e a forma de união entre o dente e a

restauração, a fim de garantir a longevidade do tratamento.

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Oliveira (2008) realizou uma revisão com o objetivo de expor os diversos sistemas

cerâmicos atuais livres de metal, enfatizando propriedades como tenacidade e adaptação

marginal, bem como as principais indicações, vantagens e limitações de alguns dos principais

sistemas atualmente disponíveis no mercado. Observou que a cerâmica ocupa atualmente,

lugar de destaque dentre os demais materiais com a mesma finalidade. Historicamente, a

restauração totalmente cerâmica, utilizando cerâmicas feldspáticas convencionais, tinha limite

de expectativa de vida reduzido em relação às coroas metalocerâmicas, devido à sua baixa

resistência. Para suprir tal deficiência, pesquisas e recursos tecnológicos vêm contribuindo

para o desenvolvimento de materiais cerâmicos que permitem maior longevidade nas

reabilitações com restaurações cerâmicas. Os materiais cerâmicos apresentam muitas

propriedades desejáveis, como boa qualidade estética, alta dureza, boa resistência ao desgaste

e excelente biocompatibilidade. Constatou que todos os materiais citados em sua revisão

possuem boas propriedades mecânicas (resistência à flexão e tenacidade), sendo a cerâmica

de Óxido de Zircônia a que apresenta os valores mais elevados. Quanto à adaptação marginal,

o grande problema é saber quanto de espaço é aceitável clinicamente. É importante estar

atentos a desadaptação média cervical de uma restauração, pois sua longevidade e sucesso

clínico dependem deste cuidado. Os resultados do estudo demonstraram que, os valores de

desadaptação marginal encontrados para as coroas confeccionadas com os sistemas In Ceram,

IPS Empress e Procera, são considerados clinicamente aceitáveis. Concluiu que a eleição do

tipo de cerâmica mais conveniente dentre os citados depende da situação clínica particular de

cada paciente, analisando-se a região que tenha que suportar maior ou menor carga e ainda a

exigência estética, uma vez que o grau de translucidez apresenta uma relação inversamente

proporcional à resistência à flexão.

Bindo et al. (2009) realizaram um trabalho para avaliar a adaptação marginal em uma

coroa In Ceram confeccionada sobre um dente com indicação de reabilitação com coroa total

que após 3 anos, teve sua extração indicada pela ortodontia. A avaliação deu-se por meio de

microscópio eletrônico de varredura foram encontrados valores de falta de adaptação entre

157 e 390 µm. obtendo uma média estatística acima do considerável aceitável clinicamente

pela literatura. As estruturas de suporte se apresentaram com aspecto clínico saudável após o

período e que a prótese ficou instalada. Apesar de todo o trabalho ter sido elaborado por um

profissional altamente treinado para tal, foi constatada uma falha na adaptação marginal da

coroa, demonstrando a dificuldade inerente ao processo de fabricação de uma peça protética

no dia a dia do cirurgião dentista.

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Gomes et al. (2009) em relato clínico descreveram um caso onde foram

confeccionadas coroas totais metal-free (IPS Empress 2 – Ivoclar/Vivadent) nos dois incisivos

centrais superiores, além de substituições de restaurações diretas em resina composta e

reanatomizações dentárias; objetivando proporcionar ao paciente uma reabilitação estética e

funcional. No exame clínico, observou-se a presença de uma coroa metalocerâmica no

elemento dental 21 e de um provisório em resina acrílica no elemento 11 com

comprometimento estético, além de restaurações deficientes e desarmonia anatômica entre os

elementos dentais. Ao ser realizado o exame radiográfico dos dentes em questão, verificou-se

a necessidade de ser realizado um tratamento endodôntico no elemento 11. Após a análise

clínica e dos modelos de estudo, foi definido um plano de tratamento para o paciente, que

constava da execução de coroas totais metal-free nos dois incisivos centrais superiores, além

da substituição das restaurações diretas em resina composta nos dentes 12, 22, 23 e 24. Ao

término das substituições das restaurações antigas e reanatomizações foi realizada uma nova

moldagem para confecção dos modelos de estudo e de trabalho para posterior confecção das

coroas provisórias para os dentes 11 e 12. Procedeu-se a seleção de cor do substrato dentário

com utilização da escala Chromascop (Ivoclar/Vivadent), sendo esse um passo essencial para

o resultado final satisfatório. Após tratamento endodôntico do dente 11, foi cimentado um

pino de fibra de vidro (WhitepostDC-FGM) neste dente e foi realizado um núcleo em resina

composta (Filtek Z350) sob o remanescente dental. Em uma próxima sessão, removeu-se o

provisório antigo do dente 11 e a coroa metalocerâmica do dente 21 para realização dos

preparos dentários. Sondou-se o fundo de sulco gengival para determinar a posição

intrasulcular da margem cervical dos preparos, e após essa sondagem, foi colocado um fio de

afastamento (Ultrapak #00-Ultradent) para proteção da margem gengival durante os preparos

cervicais. Os preparos foram então realizados com pontas diamantadas (1014, 2135, 3098MF

e 3168 KG Sorensen) e refinados com as pontas dimantadas 2135 F, instrumentos cortantes

manuais e discos de acabamento; ficando com as seguintes características: paredes lisas,

ângulos internos arredondados, redução incisal de 2 mm, redução vestibular e palatina de 1 a

1.5 mm, ombro cervical de 1.2 mm e uma expulsividade de 4 a 8º. Para a moldagem foi

utilizada a técnica de moldagem dupla, utilizando 2 fios retratores (Ultrapak #000 e #00) e

como material de moldagem uma silicona de adição (Express-3M ESPE). Em laboratório

(PRODENT-Cascavel/PR) foram confeccionados os coopings de cerâmica (IPS Empress 2 –

Ivoclar/Vivadent), sendo que os mesmos foram provados e foi realizada a moldagem de

transferência com silicona de adição para posterior aplicação da cerâmica de revestimento

(IPS Empress Esthetic – Ivoclar/Vivadent). Para a cimentação das coroas metal-free foi

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empregado um cimento resinoso dual (RelyX ARC – 3M ESPE) associado ao sistema adesivo

(Adper Single Bond2 – 3M ESPE). Após a finalização desse processo de cimentação e ajustes

funcionais e estéticos necessários, constatou-se o resultado satisfatório dos procedimentos

restauradores. Concluíram que é possível restabelecer a estética em pacientes insatisfeitos

com seus sorrisos torna-se possível com a realização de coroas em cerâmica metal-free,

tornando estas uma excelente alternativa estética e funcional, resultando assim na satisfação

do cirurgião-dentista e principalmente do paciente.

Santos (2009) apresentou a seqüência da confecção de prótese metal-free. Ressaltou

que o sistema Vita In Ceram foi desenvolvido pelo Dr. Mickael Sadoun, de Paris e lançado

oficialmente no ano de 1989 como uma nova técnica de porcelana pura. Este sistema

apresenta um coping confeccionado em óxido de alumínio sinterizado que elimina a

necessidade de confecção do coping metálico. Este coping de óxido de alumínio é sinterizado

a uma temperatura de 1.140 graus centígrados e forma uma infraestrutura porosa que deve ser

aplicada uma camada de vidro na superfície do coping. Este processo de infiltração de vidro

na estrutura porosa levou os responsáveis pelo desenvolvimento desta porcelana a denomina-

la “Infiltration Ceramic”, dai originou o nome In Ceram. Segundo o fabricante este material

após infiltração com vidro, apresenta uma resistência de flexão entre 450 e 600

MPa.(MegaPascal) é a unidade de medida dessa resistência e equivale a 10 kgf/cm2. Esta

resistência aumentada é de 5 a 6 vezes maior que o metal comumente usado na confecção da

prótese metalocerâmica ou seja porcelana feldspática convencional. O fator mais importante

deste material diz respeito à qualidade à compatibilidade biológica, a cor do coping se

assemelha à cor do dente e principalmente permite a passagem de luz com maior intensidade

que o coping metálico da metalocerâmica. A região cervical sempre apresentou problemas nas

restaurações metalocerâmicas. Uma queixa comum dos pacientes é a região escura que é

transmitida pela gengiva na região cervical. Quase sempre provocado passagem de luz em

direção a área escura, provocada pelo oxidação do metal com a saliva, através da gengiva

mais delgada ou mais translúcida nesta região. As coroas confeccionadas pelo sistema In

Ceram ( Metal-free) não apresentam estes efeitos desagradáveis devido à cor do material do

coping. (Branco ou opaco) Outro ponto importante é a boa adaptação proporcionada pelos

sistemas metal-free, é que além de estético, é liso. Estes fatos contribuem para a saúde

gengival, que também pode modificar a cor da gengiva cervical pela translucidez da gengiva.

Outra aplicação do metal-free é seu uso na confecção de blocos com compatibidade biológica.

Lançados há algumas décadas, os sistemas metal-free foram apresentados ao mercado como

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uma resposta aos problemas de resistência flexural apresentados pelas porcelanas

convencionais e à falta de biocompatibilidade dos sistemas metálicos convencionais. Vistas

com ceticismo no início, foram agregando novas propriedades e benefícios e com o crescente

número de estudos, tanto laboratoriais quanto clínicos, consolidaram-se como uma opção

segura e altamente eficaz de tratamento quando bem indicadas.

Figura 7 - Toquel em Gesso Refratário para altas

temperaturas

Figura 8 - Confecção de Copings em Metal-free (Livre

de Metal).

Figura 9 - Aplicação, Escultura e Queima da porcelana

convencional(1100 Graus).

Figura 10 - Aplicação de cerâmica transparente nos

defeitos e queima (1000 graus).

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Figura 11 - Aplicação do glaze (Brilho) e queima (900

graus).

Figura 12 - Coroas cimentadas na boca do paciente.

Fonte: Santos (2009)

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3 DISCUSSÃO

Para Sant' Anna et al. (2003) obter estética num tratamento restaurador exige antes de

tudo avaliar a compatibilidade biológica, a longevidade dos materiais e a recuperação da

função mastigatória do paciente. Entretanto Clavijo et al. (2008) é necessário um correto

planejamento clínico e laboratorial para o estabelecimento de uma harmonização do sorriso

do paciente com recontorno gengival, fechamento dos diastemas e correção dos contornos e

colorações dentais. Para Gomes et al. (2008) constataram que a indicação de cada sistema

cerâmico deve ser feita de maneira criteriosa, levando em consideração não apenas a

resistência mecânica do material como também a região que deverá ser restaurada e a forma

de união entre o dente e a restauração, a fim de garantir a longevidade do tratamento.

Sant' Anna et al. (2003) também constataram que a presença de metal numa prótese

metalocerâmica limita a passagem da luz prejudicando esteticamente, assim como a borda

metálica na cervical, provocando problemas perio-protéticos como a corrosão destas ligas e

retrações gengivais. No entanto, ao analisar a distribuição de tensões internas de von Mises

em prótese parcial fixa livre de metal, Vasconcellos (2001) concluiu que sob o ponto de vista

mecânico e nas condições impostas pela análise, os sistemas de cerâmica pura tiveram

resultados mais satisfatórios em comparação à metalocerâmica. Contudo, Anusavise (1986)

concluiu que as cerâmicas possuem propriedades que permitem o seu emprego isoladamente

sem a necessidade do reforço com estrutura metálica.

As cerâmicas odontológicas têm sido desenvolvidas largamente no intuito de atender a

demanda por materiais mais estéticos e resistentes, segundo relato de Oliveira (2008)

concluindo que as cerâmicas livres de metal possuem propriedades estéticas, físicas e

mecânicas interessantes e que, portanto, podem substituir as restaurações metalo-cerâmicas

com alguns cuidados, respeitando-se as limitações dos sistemas e Cacko (2007); Fernandes et

al. (2007); Oliveira (2008); Gomes et al. (2009) corroboram com este estudo.

Para Gomes et al. (2009) o grande avanço das cerâmicas odontológicas deveu-se à

crescente preocupação com o refinamento da estética e melhora das suas propriedades

mecânicas e suas propriedades ópticas aliadas as suas características naturais conferem-lhe a

capacidade de ser o material sintético que mais se assemelha à estrutura dental; apresentando

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um bom índice de sucesso em longo prazo, podendo alcançar 98,9% de sucesso em 11 anos; e

seu sucesso clínico depende principalmente da qualidade do preparo, com reduções e

dimensões corretas; de uma moldagem bem executada, além de um correto protocolo de

cimentação para essas peças. Porém, para realização da técnica de coroas totais metal-free é

necessário que o profissional tenha um adequado domínio sobre a técnica, realize um

diagnóstico minucioso, indicando de maneira correta essa opção de tratamento. Além disso, é

necessário que haja um amplo entendimento na relação cirurgião-dentista, técnico em prótese

dentária e paciente que, em última instância, é o componente da tríade que deve obter o

máximo grau de satisfação.

Bessing e Molin (1984) avaliaram o primeiro sistema de vidro-cerâmico fundível na

fabricação de porcelanas dentais denominadas Dicor. Porém em 1987, Claus (1987) descreveu

a técnica In Ceram que utiliza uma infra-estrutura cerâmica de alto conteúdo de alumina na

restauração e, em 1990 o sistema Vita In Ceram concluiu que estas possibilitam a confecção

de próteses fixas de 03 elementos sem metal. Santos (2009) corrobora com este estudo, pois

constataram que o sistema Vita In Ceram consolidou-se como uma opção segura e altamente

eficaz de tratamento quando bem indicadas. E ainda, Banks (1990), descreveu a introdução de

outro vidro-cerâmico, o fosfato de cálcio, na produção de porcelanas dentais.

Ivoclar-Vivadent (1999) citado por Cacko (2007) consideram o sistema IPS Empress

2® como sendo uma nova cerâmica para a confecção de infra-estruturas muito resistentes,

indicando o material para confecção de próteses fixas nas regiões anteriores e posteriores até

o segundo pré-molar e para coroas totais em qualquer posição das arcadas dentárias, que

proporcionam resultados promissores e adequados à prática odontológica. Já Edelhoff et al.

(2001), concluíram que os dois sistemas: Empress 2 (Ivoclar) e Targis-Vectris (Ivoclar)

ofereceram excelentes resultados estéticos, porém suas indicações estão baseadas no

comprimento da coroa clínica, guia canino, alinhamento dentário e análise de modelos e

radiografias, devido às suas propriedades mecânicas. Mas Gomes et al. (2009) as coroas

totais metal-free (IPS Empress 2 – Ivoclar/Vivadent) também são uma excelente alternativa

estética e funcional, resultando assim na satisfação do cirurgião-dentista e principalmente do

paciente. Já autores como Castro et al. (2008) indicam os sistemas livres de metal Procera®

por constituem uma alternativa viável para o tratamento restaurador quando a estética é

desejada, permitindo um aspecto natural e harmonioso, aliado a confiabilidade do material

restaurador.

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Em 2001, Rosa e Gressler relataram que as próteses fixas livres de metal In Ceram

Zircônia, proporcionam um trabalho tanto esteticamente satisfatório quanto seguro do ponto

de vista funcional e Sant' Anna et al. (2003) destacaram satisfação do paciente com o

resultado final na aplicação de coroas metal-free In Ceram.

Já Wirz e Jãger (1999) ao avaliarem os sistemas para próteses fixas mais comumente

utilizadas como as coroas totalmente metálicas, as metalo-plásticas e a metal-free e

observaram que as metal-free apresentaram características físicas e mecânicas favoráveis,

porém, exigem preparos e espessuras mínimas, mas são estéticas e apresentam estabilidade

química.

Mas para Wirz e Jãger (1999); Garber et al. (2000); Rosa e Gressler (2001); Sant'

Anna et al. (2003); Cacko (2007); Fernandes et al. (2007); Castro et al.(2008); Oliveira

(2008); Gomes et al. (2009) a principal indicação para a utilização das coroas metal-free é a

estética. Portanto, é possível oferecer aos pacientes valiosas propriedades estéticas,

resistência, adaptação marginal precisa, baixas taxas de desgaste, e melhor compatibilidade

com dentes opostos (FERNANDES et al., 2007) e, além disso, Raigrodski e Chiche (2001)

destacaram a possibilidade dos preparos serem confeccionados ao nível da gengiva,

protegendo o periodonto e facilitando a moldagem; evitam sobrecontorno; diminuem a

condutibilidade térmica da restauração; possibilitam um menor desgaste da estrutura dentária.

Entretanto, Albakary et al. (2003) destacaram que a popularidade das próteses totalmente

cerâmicas é devido à introdução das vidrocerâmicas que possuem como vantagens: fácil

fabricação, boa integridade marginal, translucidez, boas propriedades mecânicas, near-net

shape e baixa porosidade.

Ao publicar, Kina (2005), indicou os sistemas cerâmicos livres de metal, para quase

todas as situações clínicas referentes a reconstruções dentárias fixas, quanto as suas funções

biomecânicas podem ser seguras e efetivamente cumpridas, nos diversos segmentos do arco

dentário, baseando-se principalmente na resistência dos sistemas ao estresse oclusal.

Sadoun (1998) constatou que o sistema In Ceram

Alumina não deve ser usado como

uma cerâmica de cobertura, mas devido à sua alta resistência, ser aplicado como substituto

das subestruturas metálicas que permite a construção de coroas totais e próteses fixas de três

elementos (até o 2° pré-molar) livres de metal. Já Bindo et al. (2009) constataram uma falha

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na adaptação marginal da coroa In Ceram, demonstrando a dificuldade inerente ao processo

de fabricação de uma peça protética no dia a dia do cirurgião dentista.

Entretanto para Nakamura et al. (2001) quanto a distribuição de tensão sob várias

condições de carga dentro de coroas metal-free posteriores de materiais compostos de nova

geração, concluíram que as forças de mordida, aplicadas na direção horizontal, são um fator

crítico que determina sucesso e fracasso. E, Braga et al. (2004) constataram que as próteses

parciais fixas (PPF) Targis/Vectris e Belleglass/Connect, dos sistemas resinosos reforçados

por fibra se mostraram superiores ao grupo da cerâmica de disilicatode lítio Empress 2,

quanto à resistência à fratura.

Todavia Kelly et al. (1995) citaram que as restaurações livres de metal também

podem trazer o insucesso para a restauração, sendo que a causa primária de falha ocorre

normalmente na região do conector levando à sua fratura. E, Garber et al. (2000) observaram

que apesar das características ópticas das próteses totalmente em cerâmica, que são altamente

estéticas, estas tem uma tendência à fratura que remete a sua utilização em casos

especificamente selecionados. Porém, Della Bona e Anusavice (2002) descreveram que a

microestrutura e a composição da cerâmica têm um significante efeito na resistência à fratura

da união dentina-coroa cerâmica.

Os diversos sistemas totalmente cerâmicos são considerados promissores, mas cada

um deles apresenta vantagens e desvantagens sejam em relação à translucidez, opacidade ou

resistência durante a função mastigatória, e ainda Garber et al. (2000) observaram que, os

sistemas Cerestore®

(Johson & Johnson, East Windosor, N) e Dicor® (Detsply York, PA),

apresentavam baixa resistência à fratura e algumas características de opacidade limitavam sua

aplicação. Já, os sistemas IPS Empress®

2 (Ivoclar/Vivadent), VITA In Ceram®

- o sistema

Cerec® (Siemens) e Procera

® All Ceram (Nobel Biocare) apresentaram maior sucesso.

Entretanto Oliveira (2008) lembrou que, embora as coroas confeccionadas com os

sistemas In Ceram, IPS Empress e Procera, sejam considerados clinicamente aceitáveis,

dependem da situação clínica particular de cada paciente, analisando-se a região que tenha

que suportar maior ou menor carga e ainda a exigência estética, uma vez que o grau de

translucidez apresenta uma relação inversamente proporcional à resistência à flexão.

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4 CONCLUSÃO

Após a revisão de literatura sobre as indicações e contra-indicações da utilização da

cerâmica metal-free em próteses fixas, concluiu-se que:

Os materiais livres de metais oferecem as condições de cumprir esta exigência através

de sua maior resistência, maior dureza, bem como estabilidade química e resistência

otimizada à corrosão;

A prótese metal-free é indicada por proporcionar o sucesso clínico tanto no aspecto

funcional, quanto no estético das próteses fixas;

Soluciona os problemas de resistência flexural apresentados pelas falta de

biocompatibilidade e estética dos sistemas metálicos convencionais, proporcionando a

naturalidade e uma ideal biocompatibilidade;

Para a utilização de coroas totais metal-free deve-se considerar a escolha do melhor

sistema: a cor do substrato; o espaço; o grau de translucidez do sistema; e finalmente a

combinação harmônica do clínico e do TPD;

A contra-indicação é devido à falha que ocorre normalmente na região do conector

levando à sua fratura. Bem como falhas de adaptação marginal, lembrando-se que

forças de mordida aplicadas na direção horizontal são um fator crítico que determina

sucesso e fracasso. Por isso se constroem próteses fixas metal-free em até só três

elementos e não mais.

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REFERÊNCIAS

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characterization of three pressable all-ceramic materials. J Prosthet Dent. v. 89, p. 374-380,

2003.

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