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1 INSTITUTO PARANAENSE DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL Indicadores Técnicos e Econômicos na Atividade Leiteira (Unidades de Referência) Foto: Edson Luiz Diogo de Almeida (2010)

Indicadores Técnicos e Econômicos na Atividade … · A seguir descreveremos os indicadores mais importantes para obtenção da informação, objetivando nossa ação técnica e

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INSTITUTO PARANAENSE DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO

RURAL

Indicadores Técnicos e Econômicos na Atividade Leiteira (Unidades de Referência)

Foto: Edson Luiz Diogo de Almeida (2010)

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ELABORAÇÃO:

Eng. Agr. Edson Luiz Diogo de Almeida – Coordenador Estadual de Projeto

Colaboração

Eng. Agr. Belmiro Ruiz Marques – Gerente Macro Regional

Médico Veterinário - Robson José Curty – Coordenador Macro Regional

Eng. Agr. Sidnei Aparecido Baroni – Coordenador Macro Regional

Médico Veterinário Luiz Rodolfo Scavazza Gertner – Coordenador Estadual

Maringá

Janeiro de 2017

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1. Introdução..................................................................................................................................................................................................................... 04

2. Gestão Técnica na Propriedade/Atividade................................................................................................................................................................. 05

2.1. Indicadores do animal – individual (Indicadores para a seleção e descarte)....................................................................................................... 05

2.2. Indicadores do rebanho (Indicadores de resultado)............................................................................................................................................... 07

2.3. Indicadores da Produção (Indicadores para o planejamento da produção)........................................................................................................ 08

2.4. Composição do rebanho e sua importância no manejo..........................................................................................................................................

09

2.4.1. Categorias animais.................................................................................................................................................................................................. 09

2.4.2. Mortalidade............................................................................................................................................................................................................. 09

2.4.3. Cálculo do número de vacas total (VT) em um rebanho para intervalo entre partos (IP) de 12

meses...................................................................................................................................................................................................................................

10

2.4.4. Número de partos, média mensal (NP)................................................................................................................................................................. 10

2.4.5. Composição ideal.................................................................................................................................................................................................... 10

2.4.6. O número e o percentual de animais por categoria............................................................................................................................................ 10

2.5. Indicadores da atividade (indicadores gerais de resultado).................................................................................................................................. 12

3. Gestão Econômica na Propriedade/Atividade........................................................................................................................................................... 16

3.1. Custos de Produção (Entendimento e Cálculo)...................................................................................................................................................... 16

3.2. Algumas particularidades no custo de produção da atividade leiteira................................................................................................................ 19

3.3. Interpretação e análise de indicadores do custo de produção.............................................................................................................................. 23

4. O trabalho em Unidades de Referências................................................................................................................................................................... 26

5. Referências bibliográficas........................................................................................................................................................................................... 27

6. Anexos........................................................................................................................................................................................................................... 27

6.1. Controle leiteiro, Sanitário e Reprodutivo............................................................................................................................................................. 28

6.2. Controle de desenvolvimento de bezerras e novilhas............................................................................................................................................ 29

6.3. Suplementação.......................................................................................................................................................................................................... 31

6.4. Entrada e saída dos animais dos piquetes.............................................................................................................................................................. 32

6.5. Controle sanitário..................................................................................................................................................................................................... 33

6.6. Evolução do rebanho................................................................................................................................................................................................ 34

6.7. Controle leiteiro e balanceamento........................................................................................................................................................................... 35

6.8. Determinação do escore corporal das vacas e rotinas de manejo reprodutivo................................................................................................... 36

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1. Introdução

O levantamento de informações para obtenção de indicadores e conhecimento dos custos de produção é fundamental para analisar a real

situação da propriedade na atividade leiteira; e também destacar seus pontos fracos, pontos fortes, ameaças e oportunidades, norteando ações e

procedimentos técnicos imediatos e futuros.

A grande maioria dos agricultores desenvolve suas atividades com foco na questão técnica esquecendo-se da informação econômica

(CARVALHO, 2016). O sucesso ou o fracasso em uma atividade deve levar em consideração os aspectos técnicos, econômicos, sociais e

ambientais, pois a sociedade atual não está disposta a consumir produtos que prejudiquem sua qualidade de vida e o meio ambiente.

Com base nesta constatação, decidimos elaborar este material de indicadores técnicos e econômicos para a boa gestão da atividade leiteira,

mas que em muitos aspectos pode ser utilizado em outras atividades agrícolas.

A realização inicial de um levantamento correto de informações técnicas e econômicas práticas definem os recursos envolvidos no sistema

de produção, e em seguida, através da capacidade analítica do técnico e do produtor, leva à boa gestão para alcançar os resultados almejados. Com

o desenvolvimento do trabalho com as Unidades de Referência da Ater, esperamos obter dados confiáveis que se transformem em referências

técnicas e econômicas para os gestores da atividade.

No ano de 2016, Alguns extensionistas da do Instituto Emater, participaram de um curso de Gestão da Atividade Leiteira ministrado pela

Empresa Labor Rural, organizado pela parceria da EMATER e do IAPAR, com patrocínio do SENAR no Município de Paranavaí. Percebendo a

qualidade do treinamento e sentindo a necessidade de tornar este conteúdo uma base de consulta no nosso trabalho com as unidades referenciais e

disponibilizá-lo a um maior número possível de extensionistas, elaboramos este documento.

Sendo assim, este manual tem como finalidade apresentar indicadores que sirvam de base na ação extensionista nestas unidades, visando à

melhoria do sistema de produção e obtenção de referências que possam ser norteadoras em toda ação futura.

Para que a atividade leiteira seja viável e competitiva, o melhor caminho é a otimização da produtividade da terra, da mão de obra

e dos animais, sem perder de vista a lucratividade. Baseado nisso, é necessário que o trabalho da assistência técnica englobe as funções de

Diagnóstico, Planejamento, Organização, Execução e Controles (Zootécnicos e Econômicos), que são fatores primordiais para o sucesso de um

empreendimento (FERREIRA e MIRANDA, 2007).

Através de um diagnóstico mais realista, pode-se elaborar um bom planejamento e definir metas possíveis de serem alcançadas. É importante

que tudo esteja baseado nos recursos existentes e nos objetivos da família envolvida, sem esquecer os efeitos do ambiente externo à propriedade

(mercado, órgãos reguladores, fornecedores, etc.).

O levantamento inicial em qualquer propriedade deve considerar aspectos como: situação nutricional, manejo, instalações, produção,

reprodução, sanidade, mão de obra, recursos materiais, naturais, de investimento, participação das pessoas no empreendimento e resultados

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econômicos obtidos. Sendo assim, devemos definir alguns procedimentos necessários para obtenção destas informações que devem nortear a

atuação do extensionista nas unidades de referência, bem como nas demais unidades produtivas familiares.

A seguir descreveremos os indicadores mais importantes para obtenção da informação, objetivando nossa ação técnica e quais informações

são importantes, como chegar às mesmas e como analisá-las para construção do conhecimento que potencialize os resultados esperados.

2. Gestão Técnica na Propriedade/Atividade

Dentre os índices zootécnicos (produtivos e reprodutivos), existem alguns que consideramos essenciais para a boa gestão técnica da

propriedade e assim descreveremos abaixo quais são e como podemos obtê-los:

2.1. Indicadores do animal – individual (Indicadores para a seleção e descarte).

Duração da Lactação (DL): É o tempo contado em dias, da data do parto até o fim da lactação (secagem da vaca). Para a obtenção deste

indicador, é necessário fazer o controle leiteiro mensal (com pesagem dos animais lactantes e pesagem do leite em uma data fixa mensal). O

controle leiteiro no Paraná é realizado pelo Programa de Análise de Rebanhos Leiteiros do Paraná-PARLPR, pela Associação Paranaense de

Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH). Tem-se como ideal uma lactação de 10 meses (300 a 305 dias) para animais mais

apurados, mas é considerado interessante que seja superior a 290 dias para gado europeu e superior a 270 dias para animais mestiços. Fichas

de acompanhamento da lactação podem ajudar na confecção da curva de lactação de cada animal no rebanho (ver anexos). Esta informação é

muito útil para descarte consciente de animais, no futuro.

Produção por lactação: Segundo a Embrapa (FERREIRA & MIRANDA, 2007), no caso de sistemas de leite a pasto com vacas mestiças,

deve estar acima de 3.000 litros por vaca em 305 dias de lactação (média de 9,8 litros/dia) e em rebanhos semi ou confinados com vacas

Holandesas deve estar entre 6.000 a 9.000 litros por lactação de 10 meses (23 litros/dia). Em se tratando de vacas Jersey, estas podem produzir

à pasto com suplementação em torno de 3.000 a 5.000 litros durante a lactação. Este índice quando maior, melhor desde que respeitada às

condições de manejo adotadas e o tipo de animal presente no rebanho

Período seco: Se refere ao período em que o animal terminou a lactação e a data de um novo parto. O ideal é que esteja entre 45 e 60 dias e se

aceita até 90 dias, mas nunca maior que 120 dias. Influencia diretamente o intervalo entre partos, o que pode significar 50% mais leite e

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bezerros (as) num período de 36 meses (3 anos) com um intervalo entre partos de 12 meses (três lactações), comparado a um de 18 meses

(duas lactações), considerando a mesma produção por lactação (Figura 1).

Figura 1. Influência do intervalo entre partos na produção de leite e de bezerros (as).

Adaptado de Ferreira, 1991.

Intervalo entre partos (IP): É o tempo decorrido entre dois partos, por isso a necessidade de anotar as datas de parição das vacas. Como já

visto anteriormente, está intimamente ligado à produção e produtividade do rebanho. Segundo Ferreira & Miranda (2007), para cada mês

de redução no IP obtem-se 8,3 % a mais em produção de leite (tendo como ideal 12 meses). Este é considerado um indicador de resultado.

Período de serviço (PS): É o tempo decorrido entre o parto e a nova gestação, é medido em dias. Não deve ultrapassar 90 dias para se obter

um IP de 12 meses e dispor de 83% de vacas em lactação. Este é considerado um indicador de controle.

1ª Lactação

3.000 litros

1 bezerro (a)

2ª Lactação

3.000 litros

1 bezerro (a)

0 36 18

Produção 6.000 litros

02 bezerros (as)

Produção 9.000 litros

03 bezerros (as)

0 24 36 12

1ª Lactação

3.000 litros

1 bezerro (a)

2ª Lactação

3.000 litros

1 bezerro (a)

3ª Lactação

3.000 litros

1 bezerro (a)

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Eficiência reprodutiva: Para uma boa eficiência reprodutiva o animal deve apresentar um período de serviço (PS) de 65 a 87 dias e um IP de

11,5 a 12 meses. Quando se tem estes indicadores elevados, associados à idade avançada da matriz em seu primeiro parto, estabelecem uma

baixa eficiência reprodutiva, e se houver repetição em condições adequadas de manejo, é motivo de descarte.

Idade ao primeiro parto: Utilizado para indicar a qualidade e eficiência do manejo de cria e recria de fêmeas jovens. Para se obter bons

resultados na criação, é necessário o acompanhamento mensal do peso das bezerras e novilhas e a comparação com dados médios das raças

conforme a curva característica de crescimento. Novilhas mestiças criadas a pasto devem parir por volta de 30 a 32 meses (Peso acima de

480kg). Para animais holandeses a pasto bem criados ou semiconfinadas 24 ou 25 meses (Peso acima de 550kg). Para rebanhos mais

especializados como Holandês e Jersey a primeira inseminação deve ser realizada em torno de 14 a 16 meses de idade (com peso vivo mínimo

de 350 kg e 250 kg, respectivamente) para que o primeiro parto ocorra em torno de 24 meses com pesos acima de 550 kg para Holandês e 450

kg para Jersey.

2.2. Indicadores do rebanho (Indicadores de resultado).

Percentagem de vacas em Lactação (%VL): Para chegar a este indicador deve-se anotar mensalmente o total de vacas no rebanho (vacas em

lactação e vacas secas que nos dá o total de vacas no rebanho). Para obte-lo, divide-se o número de vacas em lactação (VL) pelo total de vacas

(TV) no rebanho e multiplicamos por 100 (%VL = (VL/TV) X 100). Como parâmetro técnico ideal, podemos estabelecer 80 a 85% de vacas

lactantes para rebanhos estabilizados com predominância da raça holandesa, confinadas e semiconfinadas. A eficiência econômica da atividade,

segundo a vivência prática nas propriedades acompanhadas atualmente, estaria mais próxima de 70 a 75% de vacas em lactação. Em rebanhos

menos especializados, com leite a pasto e vacas mestiças desde que estabilizados sugere-se como parâmetro técnico 75 a 80% de vacas em

lactação e o parâmetro de eficiência econômica, estaria mais próximo de 60 a 70% de vacas em lactação com relação ao total de vacas no

rebanho.

Taxa de prenhez: Corresponde ao número de vacas prenhes dividido pelo número de vacas disponíveis à inseminação e multiplicado por 100.

Deve ser medido mensalmente e estar entre 75 a 80% para indicar uma boa eficiência reprodutiva.

Taxa de natalidade: Corresponde ao número de bezerros (as) nascidos vivos durante o ano. Para a obtenção deste índice, deve-se dividir este

valor (Nº. de bezerros nascidos) pelo número médio de vacas prenhes (com diagnóstico de gestação positivo) no rebanho durante o ano e

multiplicar por 100. Quanto mais próximo de 100%, melhor. Serve para monitorar a situação reprodutiva e sanitária do lote de fêmeas

em idade reprodutiva.

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Taxa de gestação: Corresponde ao número de vacas gestantes dividido pelo número de vacas inseminadas, multiplicado por 100. Ideal acima

de 80%.

Taxa de mortalidade de animais adultos (TM): Anotar mortes ocorridas de animais adultos e a causa da morte. Ideal menor que 1%. TM

(%) = Número de óbitos em animais adultos X 100 / Número total de animais adultos. Da mesma forma é calculado para as categorias de

animais jovens. Sempre dar destino correto às carcaças e dar solução às possíveis causas de morte no rebanho. Serve para identificar através

da taxa, as categorias animais mais vulneráveis e a possível correção das causas.

Taxa de abortos e natimortos: Ideal que seja zero. Anotar mensalmente. Número de abortos e natimortos X 100 / Número de partos, ao

longo do ano.

2.3. Indicadores da Produção (Indicadores para o planejamento da produção).

Persistência da Lactação: É basicamente a capacidade do animal manter a produção sem grande variação durante a lactação. O ideal é que

durante a lactação de 10 meses o animal mantenha uma produção diária que não caia mais do que 5 a 10% de um mês para outro. A curva de

lactação do animal também ajuda a observar o comportamento deste índice. É também um indicador para descarte de fêmeas a partir da

terceira lactação, desde que as razões sejam do animal e não decorrentes do manejo inadequado.

Produção de leite por vaca ordenhada (PLVO) e Produção de leite pelo total de vacas (PLTV): Para obtenção deste índice, basta dividir

a produção de leite diária pelo total de vacas ordenhadas ou pelo total de vacas no rebanho. Quanto maior o índice, melhor, desde que ele seja

obtido de maneira econômica e respeitando a saúde animal e o ambiente de produção. Este indicador é útil para a seleção individual ou por

lote dos animais, baseado neste indicador produtivo.

Percentagem de prenhez ao primeiro serviço: Corresponde ao número de vacas que ficaram prenhes após a primeira inseminação ou após a

primeira monta natural controlada, dividido pelo total de vacas inseminadas ou cobertas pela primeira vez, multiplicado por 100. Quanto maior

o índice, melhor o resultado na atividade (mais nascimentos e leite de forma antecipada).

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Produção por dia de intervalo entre partos (PDIP): É considerado o melhor índice para se medir a eficiência da atividade leiteira, pois

envolve o desempenho produtivo e reprodutivo. É obtido pela divisão do peso de leite produzido na lactação (kg) pelo intervalo entre partos

(dias). Ideal com IP de 12 meses, 3.500kg de leite na lactação de mestiças e 6.000kg de leite para holandesas.

Produção de leite por vaca por ano (PLVA): Da mesma forma que o índice anterior, está associado à reprodução e produção. É obtido

pela soma de todo o leite produzido na propriedade em 01 ano, dividido pelo número de vacas do rebanho. Comparando este indicador com a

média de produção anual de cada vaca, pode-se verificar quais animais tem melhor aproveitamento quanto às receitas do negócio, e também

ajuda a definir descartes de animais.

2.4. Composição do rebanho e sua importância no manejo: A composição do rebanho é uma importante ferramenta para uma avaliação

zootécnica da propriedade, visto que um baixo percentual de vacas em lactação, em relação ao número total de bovinos de diferentes categorias,

certamente terá reflexos negativos na receita e sustentabilidade econômica da atividade leiteira. Para tanto é de suma importância fazer

semestralmente uma análise técnica da composição do rebanho na propriedade. Para tanto, a Embrapa sugere alguns índices e seus cálculos para a

composição ideal de um rebanho estabilizado:

1. Categorias animais: Vacas em lactação (VL); vacas secas (VS); bezerros e bezerras de 0 a 2 meses, bezerros e bezerras de 2 a 6 meses;

bezerros e bezerras de 6 a 12 meses; novilhas e novilhos de 12 a 18 meses; novilhas e novilhos de 18 a 24 meses. Em rebanhos especializados

onde os machos serão eliminados, só as categorias de fêmeas devem ser consideradas. Se utilizar monta natural ou controlada, deve-se

incluir o reprodutor, o que não é necessário com a inseminação artificial (detecção do cio).

2. Mortalidade: Dependente do manejo nutricional e sanitário adotado, como sugestão tem-se os limites máximos tolerados: Vacas em

lactação (1%), vacas secas (1%), bezerras de 0 a 2 meses (4%), bezerras de 2 a 6 meses (2%), bezerras de 6 a 12 meses (1%), novilhas de

12 a 18 meses (1%), novilhas de 18 a 24 meses (1%). Buscar sempre o índice zero em todas as categorias.

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3. Cálculo do número de vacas total (VT) em um rebanho para intervalo entre partos (IP) de 12 meses.

Exemplo: Imaginemos um rebanho estabilizado, com 72 vacas no total e utilizando os índices considerados ideais para a exploração (IP = 12

meses e PL = 10 meses ou 300 dias). Considerando ainda que o produtor pretenda efetuar a reposição de 20% das matrizes anualmente. Para

melhor entendimento do cálculo, colocamos abaixo os cálculos que indicam porcentagens ideais:

Cálculo da % de vacas em lactação (VL) = Período de lactação (PL) / Intervalo entre partos (IP) X 100

Para obtermos índices ideais, o cálculo será: VL = 10 meses/12 meses X 100 = 83%. 83% VL é considerado ideal.

Se 83% das vacas estão em lactação, a percentagem de vacas secas (VS) será de 17%, ou seja, 100% - 83% = 17%.

Nesse exemplo, para calcular o número desejado de vacas em lactação e secas, usam-se as seguintes fórmulas:

Cálculo do número ideal de vacas em lactação (VL) = (% de vacas em lactação X (número total de vacas / 100)) = 83 X 72/100 = 60 VL.

Cálculo do número ideal de vacas secas (VS) = (% de vacas secas X (número total de vacas / 100)) = 17 X 72/100 = 12 VS.

O total de vacas neste rebanho será então de 60 vacas em lactação + 12 vacas secas = 72 vacas no total.

4. Número de partos, média mensal (NP).

Com cobrições durante o ano todo (monta natural, ou inseminação artificial), o NP de um rebanho com 72 vacas totais e intervalo de parto de

12 meses, ficará:

Número de partos médio por mês (NP) = Total de vacas / Intervalo entre partos = (72 vacas / 12 meses) = 6 partos por mês. Este índice serve

para planificação da produção na atividade. Neste item, podemos descrever um planejamento reprodutivo por IA ou monta natural para manter

a produção constante ao longo do ano. Basicamente seria inseminar 6 vacas por mês, ou separá-las com o touro.

5. Composição ideal: Sistema de cria e recria de fêmeas, com manejo projetado para cobrição de novilhas aos 15 meses, com peso mínimo

estabelecido para a raça e parto aos 24 meses. Verificar tabela de pesos em anexo.

6. O número e o percentual de animais por categoria. Considera-se o nascimento médio de três bezerras por mês, (em um rebanho

especializado em que existe a eliminação dos três machos ao nascer), e podem ser calculados conforme indicado no Quadro 1:

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Categoria Idade (meses) Quantidade de

animais no período

Mortalidade

considerada (%)

Quantidade de

animais vivos

(cabeças)

Total

(cabeças)

Bezerras 0 a 2 3 X 2* = 6 4 6 X 0,96 = 5,76 6

Bezerras 2 a 6 3 X 4* = 12 2 12 X 0,98 = 11,76 12

Bezerras 6 a 12 3 X 6* = 18 1 18 X 0,99 = 17,82 18

Novilhas 12 a 18 3 X 6* = 18 1 18 X 0,99 = 17,82 18

Novilhas 18 a 24 3 X 6* = 18 1 18 X 0,99 = 17,82 18

*idade de 0 a 2 meses, período = 2 meses; idade de 2 a 6 meses, período = 4 meses; idade de 6 a 12 meses, período = 6 meses; idade de 12

a 18, período = 6 meses; idade de 18 a 24, período = 6 meses.

Quadro 1. Cálculo da composição de animais de cria e recria no rebanho

Apropriando para o trabalho extensionista, no Quadro 2, estão apresentados os percentuais na composição ideal do rebanho estabilizado, com

intervalo entre partos de doze meses e período de lactação de dez meses.

Categorias animais Cabeças (Nº.) % (aproximada)

Vacas em lactação 60 42

Vacas secas 12 8

Bezerras de 0 a 2 meses 6 4,2

Bezerras de 2 a 6 meses 12 8,3

Bezerras de 6 a 12 meses 18 12,5

Novilhas de 12 a 18 meses 18 12,5

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Novilhas de 18 a 24 meses 18 12,5

Total do rebanho 144 100

Quadro 2. Composição de um rebanho estabilizado segundo o exemplo dado

Os percentuais encontrados neste cálculo da composição de um rebanho permitem o mesmo raciocínio para outros rebanhos com qualquer

número de animais. Com a proporção apresentada acima, caso o produtor deseje uma taxa de reposição anual de 20%, ele teria disponível

anualmente para venda 32 animais. Ou seja, 14 vacas de descarte (72 X 20% de reposição = 14), e 18 novilhas criadas no período (72 vacas

com IP de 12 meses = 72 crias/ano, com mortalidade de 11% = 64 crias = 32 machos (que num rebanho especializado teriam sido descartados)

e sobrariam 32 bezerras/ano = 14 para reposição no rebanho e 18 para venda a outros criadores ou para aumentar o rebanho, conforme decisão

do produtor).

Obs.: Em qualquer atividade deve-se considerar o risco que se tem ao imobilizar capital. De acordo com a necessidade de animais para a

reposição e as categorias existentes no rebanho, animais que não serão necessários à reposição, se ficarem na propriedade geram custo e podem

comprometer o fluxo de caixa futuro do produtor.

2.5 Indicadores da atividade (indicadores gerais de resultado)

Relação: Litros de leite por quilo de concentrado consumido: A simples obtenção de informação de despesas, receitas e produção que

sugerimos serão anotadas pelo produtor e lançadas na planilha DRP (Despesas e Receitas do Produtor), e já bastam para obtermos este

índice. A relação ideal deve estar acima de 3 para 1, mas é dependente do sistema de manejo e qualidade do volumoso ofertado. Visa o

ajuste do menor custo de concentrado sem afetar a melhor produção diária de leite. Ajuste da relação produção x custo. Nem sempre a

maior produção é economicamente viável. É importante comparar o preço pago pelo litro de leite com o valor do quilo da ração.

Produtividade da Mão de obra: Obtido pela divisão da produção média diária pelo número de pessoas na atividade leiteira. Ideal que seja

superior que 250 litros/dia/Eq.H quando ordenha manual em sistema de leite a pasto e mão de obra familiar e superior 350 litros/dia/Eq.H

para trabalho em sistema mais tecnificado com uso de mão de obra contratada. É um indicador de eficiência e comparação entre empregados

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numa mesma tarefa no próprio ou outros sistemas de mesma característica. Eq.H significa equivalente homem, e conta como o trabalho de

uma pessoa na atividade durante o período de 08 horas.

Produtividade da terra: Aqui é necessário conhecermos quais às áreas da propriedade ou arrendadas estão envolvidas direta ou

indiretamente na produção de leite (pastos, capineiras, áreas de produção de silagem, cana, instalações, etc.), considerando sua porcentagem

de participação na atividade durante o ano. Obtido pela divisão da produção média diária pela área efetivamente usada na atividade. Serve

para análise de investimento e eficiência do empreendimento no retorno sobre o capital empatado.

Índice de mastite (IM): Este indicador pode gerar informações importantes sobre o rebanho analisado. Por meio do IM pode-se averiguar

tanto a situação sanitária como a da qualidade do leite. A mastite provoca a queda, muitas vezes irreversível, da produtividade dos animais

e a elevação dos gastos com medicamentos. IM (%) = Número de vacas com incidência de mastite X 100 / Número total de vacas. Afeta a

vida útil do animal, a produtividade e aumentam os custos da atividade. O ideal é manter este índice em zero.

Produção/vacas em lactação (litros/cab.): É o resultado da divisão da produção média diária pelo número de vacas em lactação. Medir a

produção individual das vacas é um passo básico para produtores que desejam profissionalizar sua atividade. Além de ser uma ferramenta

de seleção de animais, é muito utilizada para dividir lotes e calcular a quantidade de dieta a ser ofertada (individualizar a ração).

Como principal item de custo, o segredo do sucesso é haver equilíbrio entre o tipo de animal, disponibilidade de alimento, instalações

disponíveis e custo. Permite descartar animais com produção muito abaixo da média ou corrigir o manejo. Não existe parâmetro para uma

produção ideal por vaca, mas é um indicador que tem grande influência sobre outros indicadores técnicos e econômicos na atividade leiteira.

Vacas em lactação/total de vacas (%): Este indicador representa, no total de vacas, o percentual que está em lactação. É o resultado da

divisão do número de vacas em lactação pelo total de vacas do rebanho. O aumento da percentagem de vacas em lactação pelo total de

vacas depende do período médio de lactação do rebanho e do intervalo entre partos ocorrido. Podemos correlacionar o número de vacas

em lactação em relação ao total de vacas com o aumento de receitas da atividade. Quando aumentamos o número de animais em

produção frente aos animais improdutivos, aumenta também a taxa de giro do capital e proporciona ganhos em produtividade que são

importantes para o equilíbrio do custo. Partindo do princípio de que o IEP deveria ser de 12 meses e que o período de lactação é de 10

meses, a porcentagem desejada é de 83%.

Vacas em lactação/total do rebanho (%): É o resultado da divisão entre o número de vacas em lactação e o número total de animais da

propriedade, incluindo-se aqui todas as categorias (reprodutores, rufiões, machos em engorda, vacas, novilhas, bezerras, bezerros e outros

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animais em produção). Quanto maior a quantidade de vacas em lactação em relação ao restante do rebanho, maior será a geração

de receitas por animal presente na propriedade. Animais que não produzem não geram renda, mas geram despesas. Portanto, aumentar

o número de vacas em lactação melhora a receita por animal, ajudando a pagar as contas. Este índice aumenta quando o indicador anterior

aumenta e se a idade das novilhas ao primeiro parto diminui. Recomenda-se que pelo menos 40% do rebanho total seja de vacas em

produção. Pode-se elevar este indicador com o descarte correto de animais, com base na taxa de reposição anual desejada.

Vacas em lactação/área para pecuária (cab/ha): É o resultado da divisão do número de vacas em lactação pela área total utilizada para

pecuária leiteira. A quantidade de vacas em lactação por área mostra o nível de intensificação do sistema e da exploração da terra. Para

aumentar o número de vacas em lactação por hectare, é necessário aumentar o número de vacas em lactação em relação ao total do rebanho,

como visto nos indicadores anteriores, e permite intensificar a utilização das áreas, pois possibilita ajustar a disponibilização da área

para animais produtivos. Para conseguir bons índices e suportar maior número de animais, é preciso ter eficiência na produção de

volumosos (produtividade).

Produção/área utilizada pela pecuária (litros/ha/ano): É o resultado da divisão do volume produzido pela área utilizada na pecuária. A

produtividade por área é o indicador técnico mais completo e utilizado para predizer se a propriedade é eficiente economicamente

ou não na utilização dos recursos. Só a melhoria de um conjunto de indicadores pode melhorar esta eficiência. Então é preciso trabalhar

com produção adequada, período de lactação, idade ao primeiro parto satisfatório, aumentar vacas em lactação por hectare e produtividade

das vacas para influenciar a produtividade por área. Em qualquer investimento o que se busca é uma boa taxa de retorno do capital investido

em terra, se aumentamos a produção, melhoramos a eficiência sobre o dinheiro aplicado. Quanto maior o valor da terra, maior será a

necessidade de produção por área para viabilizar o negócio. Conseqüentemente o sistema de produção será mais intensivo que em áreas de

terras mais baratas onde o sistema pode ser menos intensivo e com custos menores. A produção é simplesmente a soma de toda a produção

de leite na propriedade durante um ano corrente. Para obtenção deste dado, é necessário ter anotações de todo o leite vendido, fornecido às

bezerras, consumido pela família e utilizado para fazer derivados, como queijos.

A área é composta somente pela parte da propriedade utilizada para a atividade leiteira, em hectares. Uma propriedade considerada eficiente

deve superar 10.000 kg/ha/ano.

Vacas em lactação/dia/homem (cab/d.h.): É o resultado a divisão do número de vacas em lactação pela média mensal do número de

dias/homem, trabalhados na propriedade por dia. Neste caso, considera-se o total trabalhado para manejo do rebanho, relacionados com a

mão de obra familiar, e contratada permanente, incluindo as folgas. A mão de obra eventual para serviços diversos não deve ser considerada.

Como o custo da mão de obra tem aumentado nas diversas atividades pelos encargos atrelados a ela e também devido a sua escassez, este

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índice tem sido cada vez mais importante para a análise da atividade. O aumento do número de vacas em lactação/d.h. está relacionado com

o tipo de sistema de produção e com a gestão da qualidade e de processos dentro da propriedade, buscando otimizar e padronizar as

atividades desenvolvidas na produção leiteira. Mensura a eficácia da mão de obra X categoria mais importante da atividade.

Produção/mão-de-obra permanente (litros/d.h.): É o resultado da divisão da produção diária de leite pelo número de dias homem

trabalhado no ano. Para a maioria dos sistemas de produção a mão de obra contratada é o segundo maior custo na composição do custo de

produção, só perdendo para a alimentação. O custo da mão de obra (MDO) no Brasil tem aumentado praticamente 10% a ano e para fazer

frente a estes aumentos são cada vez mais importantes indicadores que mostrem a eficiência desta mão de obra no sistema de produção.

Para tanto, cada colaborador deve produzir maior quantidade para poder gerar maior renda e melhor rentabilidade, diluindo o custo com a

MDO. Muitos sistemas tem suas operações automatizadas para reduzir este custo e aumentar a eficiência da operação.

Com base na necessidade de obtenção destes índices fica evidente que sempre, em suas visitas planejadas às unidades de referência, os

extensionistas devem efetuar o levantamento, anotação e análise das informações que permitirão chegar aos resultados técnicos que estão sendo

obtidos pelo sistema de produção praticado. Para tanto, no Quadro 3, estão resumidas as informações a serem levantadas na propriedade.

Informações mensais

Área total, área de pastagem, área de silagem, área de capineiras

Vacas totais, Vacas em lactação, vacas secas, novilhas, bezerras

Partos, coberturas, nascimentos, mortalidade

Peso dos animais de produção e peso do leite (controle leiteiro) e pesagem dos animais por categoria do rebanho total

Compras de animais

Venda de animais

Compra de insumos

Contratação de mão de obra

Venda da produção

Compra e venda de máquinas e equipamentos

Contratação de mão de obra temporária, existência de mão de obra fixa com valores pagos

Taxas, impostos e comissões, outros

Quadro 3. Informações importantes a serem levantadas ou conferidas nas visitas de acompanhamento

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3. Gestão Econômica na Propriedade/Atividade

A gestão econômica da propriedade só é possível com o conhecimento de indicadores que passam pela elaboração do custo de produção

como ferramenta de tomada de decisão. Atualmente, apesar de existirem diversas escolas e linhas de pensamento na concepção de custos, o

importante é a adoção categórica de uma dessas linhas, mesmo sabendo de suas limitações, ficando claro para quem fará a análise dos resultados,

como foram obtidos os indicadores. Para o acompanhamento das Unidades de Referência, vamos adotar a metodologia dos custos operacionais do

Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo (IEA), pois separam as despesas realmente realizadas (desembolso) dos custos calculados

(depreciação e custos de oportunidade). Procurando uma linha única de pensamento, vamos utilizar os indicadores de análise de custos para a

atividade leiteira, sugerido e validado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) em parceria com o Labor Rural Serviços e Empreendimentos

LTDA de Minas Gerais que analisam anualmente dados de mais de 1.500 propriedades leiteiras de diversos tamanhos, níveis de tecnificação e

locais do Brasil. Acreditamos que com o passar dos anos de acompanhamento e análise dos dados de nossas UR’s, teremos então nossas próprias

referências.

Para obtenção dos indicadores de gestão econômica, é fundamental a anotação pelo produtor e posterior lançamento destes valores em um software

ou planilha. Para as Unidades de Referência, recomendamos o uso da DRP (Despesas e Receitas do Produtor) na qual, serão lançadas as despesas,

receitas e produções das atividades do sistema de produção.

Para nivelamento de conceitos, passamos a seguir a definição de como são obtidos os indicadores para a análise da empresa Rural.

3. 1. Custos de Produção (Entendimento e Cálculo)

Para a elaboração dos custos de produção são necessários levantamentos de informações técnicas e econômicas corretas que posteriormente

servirão de análise para a gestão econômica da atividade/empresa rural. Os custos de produção na teoria clássica de administração se dividem em

fixos, variáveis e custo total. Alguns destes custos são realmente desembolsos, mas existem custos que não resultam em desembolso e sim tidos

como expectativa de remuneração na atividade (depreciação, pró-labore e custo de oportunidade sobre o capital imobilizado). Na teoria clássica,

esta separação não fica tão evidente quando se calculam os custos fixos e variáveis, que formarão o custo total. Já na teoria do custo operacional

do IEA, esta separação compreende o custo operacional efetivo, o custo operacional total e o custo total (Matsunaga et al., 1976), e nesta

metodologia existe a separação do que realmente exige desembolso e do que é calculado como expectativa de remuneração. Para melhor

entendimento entre estas duas metodologias de cálculo, detalharemos a seguir a definição e formas de cálculo utilizadas na elaboração do custo de

produção.

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Custo Variável: Na teoria clássica são considerados os desembolsos realizados pelo produtor acrescidos de um custo de oportunidade. São

considerados de curto prazo, se incorporam ao produto, variam com a o volume de produção e com a paralisação da produção deixam de

existir. Alguns desembolsos que são de longo prazo não são considerados aqui (Mão de obra fixa, impostos, etc.). Basicamente são os

insumos necessários à produção (Sementes, adubos, rações, defensivos, medicamentos, mão de obra eventual contratada, etc.).

Custos Fixos: Denominação da teoria clássica na composição dos custos, são caracterizados por não se incorporarem ao produto, são

utilizados para mais de um ciclo de produção, de longo prazo, não dependem do nível de produção e mesmo que o produtor pare de produzir,

eles continuam existindo (Maquinas, equipamentos, instalações, mão de obra fixa, animais, impostos, etc.). Custos que não podem ser

negligenciados, pois dele dependem às reposições, evitando o sucateamento de máquinas, equipamentos e instalações (descapitalização).

Se mantêm iguais ao longo dos meses.

Custo Operacional Efetivo (COE): Utilizado na metodologia do IEA do custo operacional. Para o seu cálculo consideram-se todos os

desembolsos efetuados pelo produtor, mas sem considerar os custos de oportunidade como na teoria clássica e também depreciação e

remuneração da mão de obra familiar. Veja que para obter este custo basta o produtor anotar os gastos com custeio efetuados durante a

safra e se houve desembolso, faz parte do COE (desembolsos diretos). Aqui não entram valores gastos com investimentos. COE = Soma

dos desembolsos.

Custo Operacional Total (COT): Levam em consideração todos os desembolsos, mais a depreciação de máquinas, equipamentos e

instalações e a remuneração da mão de obra. COT = (COE + Depreciação + Mão de Obra Familiar).

Depreciação (D): Pode ser definida como um valor calculado anualmente que serve como uma reserva monetária para a substituição/reposição de

um bem imobilizado (máquinas, equipamentos, instalações, animais de trabalho, etc.), ao final de sua vida útil (Esta reposição é necessária para

manter a capacidade de produção da empresa). Do ponto de vista da contabilidade gerencial, pode ainda ser definida como uma forma de

repartir/distribuir/recuperar o capital imobilizado em máquinas, equipamentos e construções quando do final da vida útil do investimento (sentido

de amortização/recuperação).

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Na teoria clássica de cálculo (método linear) considera-se o valor do bem novo (VN), seu valor de sucata (S), normalmente igual a 10% e

sua vida útil (Vu = anos ou horas trabalhadas), normalmente na teoria clássica se utiliza 10 anos para máquinas e equipamentos e 20 anos

para instalações. Atualmente é mais aceito calcular a depreciação considerando o valor do bem novo e sua vida útil, sem considerar o valor

de sucata por ser muito subjetivo e nem sempre o bem pode ser vendido após o término da vida útil. O importante é deixar claro como a

depreciação foi calculada e quais os parâmetros que foram utilizados para obtenção dos valores dos bens e da vida útil.

Recomendamos utilizar método linear de cálculo, considerando o valor do bem novo e o valor de sucata igual à zero. D = (VN-S) /Vu. No

caso da atividade leiteira não se depreciam as vacas, pois estas serão substituídas por suas descendentes (novilhas), não necessitando de

reposição.

Custo de Oportunidade do Capital (COP): É um custo calculado e baseado na remuneração que se poderia obter com o capital empatado

na atividade exercida em outra alternativa de investimento (ex: mercado financeiro). Normalmente é usada uma taxa (I), de 6% ao ano

(poupança), como sendo uma oportunidade de aplicação para o capital com base no capital médio imobilizado na atividade, calculado pelo

capital médio empatado na atividade sobre 2 (R$/2). Também aqui, devido à subjetividade do valor de sucata (S), este pode ser considerado

igual à zero. COP = (VN + S) /2) X I). Na teoria clássica também se calcula sobre a terra ou a oportunidade de arrendamento desta. É

comum também não se considerar este cálculo para a terra, pois ela normalmente se valoriza, caracterizando-se como um investimento e

não um custo.

Custo Total (CT): O custo total é o somatório do Custo Operacional Total acrescido do Custo de Oportunidade. Que na teoria clássica

seria o Custo Variável acrescido do Custo Fixo. CT = (COT + Custo de Oportunidade), ou CT = (CV + CF). Jogar o CT para baixo do

COP.

Para melhor compreensão da composição do custo de produção segue abaixo a Figura 2.

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Figura 2. Composição do custo operacional de produção

3.2. Algumas particularidades no custo de produção da atividade leiteira: Produção simultânea de leite e animais; elevada participação da mão

de obra familiar com apropriação subjetiva de custos; produção contínua, com segmentação para o período de análise; exigência de altos

investimentos.

Como o leite não é a única fonte de receita na atividade, alguns teóricos acham que se deve analisar de forma distinta o custo do leite e da

atividade, pois existem animais sendo criados e descartados constantemente. Para efetuar esta separação o conhecimento da Variação do Inventário

Animal (V.I.A.), pode ser utilizado. Para contornar esta situação, alguns estudiosos consideram a divisão dos custos, considerando a participação

da venda de leite na composição da Renda Bruta da atividade (RB) e utilizando o resultado deste fator para obter o custo do leite e o custo da

atividade leiteira separadamente. Calculado pela divisão da renda do leite pela renda total e multiplicado por 100. Custo do Leite = Renda Bruta

da Atividade X (Receita do leite/RB da atividade). Este artifício, só pode ser considerado se o rebanho estiver estabilizado. Como na realidade

da maioria das propriedades, não se encontram rebanhos estabilizados, o procedimento usual é considerar na composição da renda bruta da atividade

a variação do inventário animal, consistindo em uma ferramenta para a correção de distorções.

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Utilização do V.I.A. (Variação do Inventário Animal), na atividade leiteira: V.I.A. = (Valor do rebanho final - valor do rebanho inicial

– compras no período). Para verificar a necessidade de utilização da V.I.A. consideram-se os parâmetros dados no Quadro 4, pois a

participação da renda do leite em relação à renda da atividade leiteira, está diretamente correlacionada com o sistema de produção e a

genética do rebanho, avaliada pela produção por vaca em lactação.

Produção por vaca em lactação (litros /dia) Renda do leite/Renda da atividade (%)

5 a 6 60 a 70

9 a 12 70 a 80

12 a 18 80 a 90

Acima de 18 > 90

Quadro 4. Composição da renda bruta para diferentes níveis de produtividade Adaptado: Gomes, 2003

Considera-se que em sistemas confinados, com raças grandes e de maior aptidão leiteira, a contribuição da renda do leite é maior em relação

à renda da atividade leiteira, uma vez que, geralmente, se consegue maior produtividade e existe menor participação de outros itens na composição

da renda da atividade. Ao contrário, em sistemas de produção menos intensivos, a venda de animais passa a ser mais significativa. Desta forma,

caso os parâmetros do Quadro 4 sejam atendidos, considera-se que os custos são divididos de acordo com a relação entre a renda do leite e a renda

bruta da atividade: Custo do leite = Custo da atividade X (Renda Bruta do Leite/Renda Bruta da Atividade). Caso os parâmetros não sejam

atendidos, incluem-se a variação do inventário na renda bruta da atividade, corrigindo assim a participação do leite na renda total: Custo do Leite

= Custo da Atividade X (Renda Bruta do Leite / (Renda Bruta da atividade + Variação do Inventário Animal). Realizados os ajustes, pode-se então

comparar o custo do leite pelo preço do leite e o custo da atividade leiteira pela renda bruta da atividade leiteira.

Renda Bruta: É obtida pela multiplicação do volume de produção (Q) e pelo seu respectivo preço de venda (P). RB = (PXQ). Como o

produtor possui pouco ou nenhum domínio sobre o preço do produto, qualquer intervenção técnica deve estar associada ao aumento de

volume de produção para a melhoria da renda. OBS: Alguns autores consideram este valor como Receita Bruta e não Renda Bruta, pois na

renda entrariam outras receitas e ganhos econômicos com a variação de capital.

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Renda Bruta da Atividade Leiteira: Na atividade leiteira a renda bruta é composta pelo somatório das receitas obtidas com a venda do

leite, leite processado, animais, subprodutos, variação do inventário de animais e outras receitas. RB = (Venda de leite + Venda de

processados + Venda de animais + Variação do inventário animal + Outros produtos).

Renda Bruta do Leite: Neste caso consideramos apenas o volume de leite produzido multiplicado pelo preço de venda. RB = (Quantidade

de leite produzido X Preço de venda). Dependendo da metodologia adotada, o conceito de renda considera todo o ganho econômico do

produtor. Também no caso, existem conceitos que consideram a receita bruta como o valor auferido na venda da quantidade de produto

pelo preço recebido.

Margem Bruta (MB) ou Margem Bruta Efetiva (MBE): Corresponde a Renda Bruta menos o Custo Operacional Efetivo (COE). MB =

(RB – COE). Neste caso o correto seria denominá-la de Margem Bruta Efetiva, pois a Margem Bruta é calculada sobre os custos variáveis

da teoria clássica (MB = RB – CV).

Margem Líquida (ML) ou Margem Bruta Operacional (MBO): Corresponde à diferença entre a Renda Bruta e o Custo Operacional

Total (COT). ML = (RB - COT).

Lucro (L): É a diferença entre a Renda Bruta e o Custo Total (CT) do Período de análise. Lucro = (RB - CT).

Taxa de Retorno do Capital (TRC): Corresponde ao percentual de retorno financeiro da atividade sobre o capital investido. Calculado

pela relação entre a Margem Líquida (ML) e o Capital Empatado na Atividade (CapE) e serve para comparar com outras possibilidades de

investimento/atividade. TRC (%) = (ML/CapE) X 100. A Taxa de Retorno do Capital pode ser calculada levando-se em consideração o

capital mobilizado em terra ou não.

Taxa de Retorno do Capital sem Terra: Para este cálculo, não se considera a terra na composição do estoque de capital, sendo mais

utilizada em análises de propriedades arrendadas. TRC (%) = (ML/CapE) X 100. No cálculo do capital empatado, não consideramos o valor

da terra.

Taxa de Retorno do Capital com Terra: É mais utilizada em áreas de proprietários e boa para comparar a taxa de Retorno em diferentes

regiões devido ao valor distinto da terra. No cálculo do capital empatado leva-se em consideração o valor da terra. TRC (%) = (ML/CapE)

X 100.

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Lucratividade: Corresponde ao percentual de retorno sobre a renda bruta da empresa. Lucratividade = (ML/RB) X 100.

Taxa de Giro do Capital Empatado: Corresponde ao percentual de receitas obtidas sobre o capital investido na empresa. Taxa de Giro =

(RB/CapE) X 100. Este indicador mede a liquidez do patrimônio e a viabilidade econômica da empresa. Não deve ser analisado

isoladamente, pois uma receita alta não necessariamente significa lucro na atividade. Liquidez para alguns estudiosos é aquilo que realmente

se tem de recurso (em dinheiro) para investir ou efetuar pagamentos (não considerando estoques e capital imobilizado).

Ponto de Nivelamento ou Equilíbrio (PN): O ponto de nivelamento indica o nível de produção mínima (medida em litros) para cobrir os

custos fixos e parte dos variáveis (mantida inalteradas as estruturas de custo). PN = (CT - COE)/((RB - COE)/Q). O volume de leite

encontrado garantirá que a atividade não incorra em prejuízo desde que mantidos inalterados o custo fixo e a margem bruta.

Ponto de Cobertura Operacional Total (PCOT) e Ponto de Cobertura Total (PCT): O Ponto de Cobertura Operacional Total se refere

ao volume necessário de produção para cobrir os custos operacionais (onde se considera o COE e mais os cálculos de depreciação e a mão

de obra familiar), enquanto o Ponto de Cobertura Total se refere ao volume de produção para cobrir os custos totais (onde entram também

os cálculos dos custos de oportunidade do capital investido). PCOT = COT/Pr e o PCT = CT/Pr, onde Pr é o preço unitário recebido pelo

produto vendido.

Relação Benefício-Custo: Retorno oferecido pela atividade para cada unidade monetária investida. Retorno obtido para cada R$ 1,00

aplicado como custo. Relação (B/C) = RB/CT. Nesta formula considera-se quanto de renda retornou para cada unidade monetária investida

no custo. Os valores sempre serão maiores que zero. Entre zero e um mostram renda insuficiente para cobrir todos os custos. Valor igual a

um, indicam renda idêntica ao custo total de produção (Lucro Normal), tendo como retorno o mesmo valor investido. Valores maiores que

um a renda é superior aos custos e ainda acontece um retorno monetário superior ao investido.

Capital Empatado por Unidade Produzida: Remete à eficiência no uso do capital empatado (CapE), podendo ser medida pela divisão do

capital empatado pela quantidade de produção obtida (Q) no período de análise. CapE por unid = CapE/Q. Mostra que quanto maior o

estoque de capital para cada unidade produzida, menor a eficiência da propriedade em converter capital em produção. Tem relação direta

com o custo fixo e indicador de escala de produção.

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3.3. Interpretação e Análise de Indicadores do Custo de Produção

Para gerenciar com competência a propriedade leiteira, é essencial ter informações corretas, obtidas de registros confiáveis. Mas a simples

condição de obter a informação não se transforma em conhecimento se não houver análise da informação para transformação em conhecimento

e tomadas de decisão que possam melhorar os resultados do sistema de produção. Da mesma forma que analisamos a composição dos custos

de produção, podemos utilizar à figura do caminhão para diferenciar as margens obtidas na atividade (Figura 3).

Figura 3. Caminhão das margens da atividade leiteira

Interpretação da Margem Bruta (MB) ou Margem Bruta Efetiva (MBE):

MB < 0: Se a margem bruta for negativa, a atividade é antieconômica naquela empresa, pois o produtor não está conseguindo pagar os seus

custos operacionais efetivos (os desembolsos). O produtor está pagando para produzir, pois coloca dinheiro na atividade e esta só lhe devolve

parte do que foi gasto. Neste caso se o produtor continuar produzindo terá ainda mais prejuízo, sendo melhor deixar a atividade. Atividade

inviável no curto, médio e longo prazo.

Estrada das margens, onde: COE = Custo Operacional Efetivo, MBE = Margem Bruta Efetiva, COT = Custo Operacional Total, MBO = Margem Bruta Operacional, CT = Custo Total, RB = Renda Bruta.

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MB = 0: Quando a margem bruta for igual a zero a atividade está pagando somente os desembolsos (COE). A atividade não está remunerando

a mão de obra familiar, não paga a reposição das máquinas equipamentos e estruturas (depreciação) e também não remunera o capital investido.

Neste caso a atividade continua sendo inviável no curto prazo.

MB > 0: Neste caso a atividade está remunerando os desembolsos efetuados e mais alguma expectativa de custo (MO familiar, depreciação e

custo de oportunidade), mas devemos então avançar na análise para saber quais destes custos estão sendo cobertos e se são cobertos parcial ou

integralmente.

Interpretação da Margem Bruta Operacional ou Margem Líquida (ML):

MBO/ML < 0: Significa que a atividade está cobrindo os custos operacionais efetivos (COE), mas não consegue cobrir totalmente as

depreciações (reposição), a mão de obra familiar (pró-labore do produtor) e não remunera o capital investido na atividade (custo de

oportunidade). Podemos dizer que a atividade é viável no curto prazo e se persistir esta situação leva ao empobrecimento da empresa,

inviabilizando a atividade no médio e longo prazo.

MBO/ML = 0: Quando a margem líquida é igual à zero, significa que a atividade está cobrindo o custo operacional efetivo (COE), remunera

a reposição das máquinas, equipamentos e estrutura (Depreciações) e remunera a mão de obra familiar. A atividade é viável no curto e médio

prazo, mas como não remunera o custo do capital investido (custo de oportunidade), por falta de investimentos em novas tecnologias e modelos

produtivos o sistema ficará obsoleto e deixa de ser competitivo vindo a parar no longo prazo.

MBO/Ml > 0: Neste caso a atividade remunera os custos operacionais totais (COT), continuando a produzir no médio prazo. A análise deve

avançar para o lucro que a atividade está deixando no sistema de produção para ver se conseguirá fazer os investimentos futuros necessários.

Interpretação do Lucro:

Lucro < 0: Se o lucro for menor que zero (com ML > 0), a remuneração da atividade não é suficiente para cobrir o custo de oportunidade do

capital de acordo com a taxa de remuneração estabelecida (6%). A atividade passa a não ser atrativa economicamente, ou seja, o empresário

pode alcançar maior rentabilidade em outro negócio dentro da fazenda. No longo prazo, manter-se nesta situação inviabiliza a atividade.

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Lucro = 0: É uma situação de lucro normal, ou seja, a atividade está pagando todos os custos e remunerando o capital a taxa estabelecida de

6% (COE + COT + COP). Tem-se aqui a atratividade mínima determinada ao custo de oportunidade do capital investido. A empresa está no

seu ponto de cobertura total. Olhando por outro aspecto, a empresa continua produzindo no curto, médio e longo prazo. A atividade não atrai

investidores oportunistas momentâneos. Quem está dentro fica e quem está fora não se sente atraído a ingressar.

Lucro > 0: Nesta situação temos o lucro supernormal. Isto significa dizer que a empresa/ atividade cobre todos os custos (fixos e variáveis) e

ainda remunera o capital acima da taxa estipulada pela metodologia de cálculo. A atividade se mostra viável no curto, médio e longo prazo e

ainda é atrativa economicamente. Mostra que é possível aumentar os investimentos do empresário na atividade. Geralmente esta situação atrai

investimento de outros empresários que procuram bons retornos ao capital, pode trazer oportunista para a atividade e a médio e longo prazo

deixar a atividade menos atrativa e remuneradora pela entrada de muitos empresários no negócio.

Outras análises econômicas importantes:

Custo operacional efetivo/preço do leite (%): Porcentagem que corresponde ao custo operacional efetivo do litro de leite, em relação ao seu

preço médio ao longo do ano. Parâmetro: o COE deve representar entre 65 e 70% do preço do leite.

Custo operacional total/preço do leite (%): Porcentagem que corresponde ao custo operacional total do litro de leite, em relação ao preço

médio do litro de leite ao longo do ano. O COT deve representar entre 70 e 75% do preço recebido pelo leite.

Custo total/preço do leite (%): Porcentagem que corresponde ao custo total do litro de leite, em relação ao seu preço médio por litro ao longo

do ano. Parâmetro: O CT deve ficar o mais próximo possível do COT, demonstrando o baixo efeito dos custos fixos na produção.

Gastos com mão de obra contratada/renda bruta da atividade (%). Já comentamos anteriormente esta relação e corresponde ao gasto com

o pagamento da mão de obra contratada ao longo do ano. É um importante componente de custo e precisa ser analisado.

Gastos com volumosos na atividade/renda bruta da atividade (%). Aqui consideramos a manutenção com as forrageiras perenes e despesas

com as forrageiras anuais.

Gastos com concentrados/renda bruta da atividade. É o principal componente de custo de produção da atividade leiteira, mas o menor gasto

com concentrado não corresponde à maior rentabilidade.

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OBS: Para isto analisamos referências percentuais existentes no ambiente (município, região, estado, etc.), que estejam obtendo bons resultados

na atividade leiteira.

4. O trabalho em Unidades Referenciais

O Instituto Emater atua diretamente na difusão e no aperfeiçoamento das novas tecnologias que resultam em inovações. A otimização do sistema

produtivo pressupõe a inovação e o desenvolvimento de novas formas de produzir, aplicando e distribuindo conhecimento. Baseado nisso, o

Instituto Emater incluiu a metodologia das Unidades de Referência nas suas diretrizes institucionais, decisão alicerçada em experiências exitosas

de mais de 17 anos desta instituição junto aos produtores colaboradores em parceria com o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). A Unidade de

Referência é basicamente uma propriedade agrícola representativa de um sistema de produção diversificado ou não, assistida pelo técnico da

extensão de maneira a conhecer profundamente as inter-relações entre as atividades e os subsistemas que às compreendem. Conhecer seus

indicadores, índices técnicos e econômicos, entender a contribuição de cada atividade na composição da renda da família, as relações desta com a

sociedade e o ambiente de negócios é fundamental para possibilitar as condições necessárias para que os técnicos especialistas possam recomendar

processos inovativos que tragam a melhoria destes sistemas de produção. Assim, os resultados obtidos nestas unidades podem ser utilizados para

a difusão e transferência de conhecimentos a outros produtores, aumentando nossa atuação e proporcionando o desenvolvimento rural nas

comunidades assistidas. As unidades de referência qualificam a ação extensionista por possibilitar um conhecimento mais aprofundado da realidade

dos sistemas trabalhados, aprimorando o trabalho da Ater Pública de maneira que esta possa ser reconhecida no ambiente como referência em

assistência técnica e extensão rural ao gerar referências e inovações que impactam positivamente o desenvolvimento rural.

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5. Referências bibliográficas

CAMPOS, T. de C.; FERREIRA, A. de M. Instrução técnica para o produtor de leite. Composição do rebanho e sua importância no manejo.

Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2001. 2 p. (Embrapa Gado de Leite. Biogenética Animal, 32).

CARVALHO, M. Cálculo do custo de produção de leite. Conceitos, importância, desafios, especificidades da pecuária leiteira e metodologia

de cálculo. Paranavaí. Labor Rural Serviços e Empreendimentos LTDA. 2016. 184 p. (Apostila de Curso).

FERREIRA, A. de M.; MIRANDA, J. E. C. Medidas de eficiência da atividade leiteira: Índices zootécnicos para os rebanhos leiteiros. Juiz de

Fora: Embrapa Gado de Leite, 2007. 8 p. (Embrapa Gado de Leite. Comunicado Técnico, 54).

MATSUNAGA, M. et al. Metodologia de custo de produção. São Paulo. IEA. 1976. 17 p. (Boletim Técnico, 23).

6. Anexos

Fichas para o acompanhamento do controle produtivo, reprodutivo, sanitário, parâmetros de desenvolvimento ponderal e rotinas

de manejo em do rebanho Unidade de Referência.

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