14
Informativo 801-STF (13/10/2015) Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1 Márcio André Lopes Cavalcante Processos excluídos deste informativo esquematizado por não terem sido concluídos em virtude de pedidos de vista: HC 101473/SP; MS 26415/DF. Julgado excluído por ter menor relevância para concursos públicos: MS 25838/DF. ÍNDICE DIREITO CONSTITUCIONAL CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Reversão jurisprudencial (revisão legislativa). DIREITO ELEITORAL PARTIDOS POLÍTICOS É constitucional a Lei 13.107/2015, que alterou a Lei dos Partidos Políticos. É inconstitucional a Lei 12.875/2013, que alterou a Lei dos Partidos Políticos e a Lei das Eleições. DIREITO CONSTITUCIONAL CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Superação legislativa da jurisprudência (reação legislativa) As decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF no julgamento de ADI, ADC ou ADPF possuem eficácia contra todos (erga omnes) e efeito vinculante (§ 2º do art. 102 da CF/88). O Poder Legislativo, em sua função típica de legislar, não fica vinculado. Assim, o STF não proíbe que o Poder Legislativo edite leis ou emendas constitucionais em sentido contrário ao que a Corte já decidiu. Não existe uma vedação prévia a tais atos normativos. O legislador pode, por emenda constitucional ou lei ordinária, superar a jurisprudência. Trata-se de uma reação legislativa à decisão da Corte Constitucional com o objetivo de reversão jurisprudencial. No caso de reversão jurisprudencial (reação legislativa) proposta por meio de emenda constitucional, a invalidação somente ocorrerá nas restritas hipóteses de violação aos limites previstos no art. 60, e seus §§, da CF/88. Em suma, se o Congresso editar uma emenda constitucional buscando alterar a interpretação dada pelo STF para determinado tema, essa emenda somente poderá ser declarada inconstitucional se ofender uma cláusula pétrea ou o processo legislativo para edição de emendas. No caso de reversão jurisprudencial proposta por lei ordinária, a lei que frontalmente colidir com a jurisprudência do STF nasce com presunção relativa de inconstitucionalidade, de forma que caberá ao legislador o ônus de demonstrar, argumentativamente, que a correção do precedente se afigura legítima. Assim, para ser considerada válida, o Congresso Nacional deverá comprovar que as premissas fáticas e jurídicas sobre as quais se fundou a decisão do STF no passado não mais subsistem. O Poder Legislativo promoverá verdadeira hipótese de mutação constitucional pela via legislativa. STF. Plenário. ADI 5105/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 1º/10/2015 (Info 801).

ÍNDICE - dizerodireitodotnet.files.wordpress.com · CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ... Veja abaixo um quadro-resumo sobre o tema: EFICÁCIA SUBJETIVA DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ÍNDICE - dizerodireitodotnet.files.wordpress.com · CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ... Veja abaixo um quadro-resumo sobre o tema: EFICÁCIA SUBJETIVA DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO

Informativo 801-STF (13/10/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1

Márcio André Lopes Cavalcante Processos excluídos deste informativo esquematizado por não terem sido concluídos em virtude de pedidos de vista: HC 101473/SP; MS 26415/DF. Julgado excluído por ter menor relevância para concursos públicos: MS 25838/DF.

ÍNDICE DIREITO CONSTITUCIONAL

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Reversão jurisprudencial (revisão legislativa).

DIREITO ELEITORAL

PARTIDOS POLÍTICOS É constitucional a Lei 13.107/2015, que alterou a Lei dos Partidos Políticos. É inconstitucional a Lei 12.875/2013, que alterou a Lei dos Partidos Políticos e a Lei das Eleições.

DIREITO CONSTITUCIONAL

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Superação legislativa da jurisprudência (reação legislativa)

As decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF no julgamento de ADI, ADC ou ADPF possuem eficácia contra todos (erga omnes) e efeito vinculante (§ 2º do art. 102 da CF/88).

O Poder Legislativo, em sua função típica de legislar, não fica vinculado. Assim, o STF não proíbe que o Poder Legislativo edite leis ou emendas constitucionais em sentido contrário ao que a Corte já decidiu. Não existe uma vedação prévia a tais atos normativos. O legislador pode, por emenda constitucional ou lei ordinária, superar a jurisprudência. Trata-se de uma reação legislativa à decisão da Corte Constitucional com o objetivo de reversão jurisprudencial.

No caso de reversão jurisprudencial (reação legislativa) proposta por meio de emenda constitucional, a invalidação somente ocorrerá nas restritas hipóteses de violação aos limites previstos no art. 60, e seus §§, da CF/88. Em suma, se o Congresso editar uma emenda constitucional buscando alterar a interpretação dada pelo STF para determinado tema, essa emenda somente poderá ser declarada inconstitucional se ofender uma cláusula pétrea ou o processo legislativo para edição de emendas.

No caso de reversão jurisprudencial proposta por lei ordinária, a lei que frontalmente colidir com a jurisprudência do STF nasce com presunção relativa de inconstitucionalidade, de forma que caberá ao legislador o ônus de demonstrar, argumentativamente, que a correção do precedente se afigura legítima. Assim, para ser considerada válida, o Congresso Nacional deverá comprovar que as premissas fáticas e jurídicas sobre as quais se fundou a decisão do STF no passado não mais subsistem. O Poder Legislativo promoverá verdadeira hipótese de mutação constitucional pela via legislativa.

STF. Plenário. ADI 5105/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 1º/10/2015 (Info 801).

Page 2: ÍNDICE - dizerodireitodotnet.files.wordpress.com · CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ... Veja abaixo um quadro-resumo sobre o tema: EFICÁCIA SUBJETIVA DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO

Informativo 801-STF (13/10/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2

Eficácia subjetiva das decisões proferidas em ADI: quem são as pessoas atingidas? As decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF no julgamento de ADI, ADC ou ADPF possuem eficácia contra todos (erga omnes) e efeito vinculante. Isso está previsto no § 2º do art. 102 da CF/88:

§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.

Obs: no caso da ADPF, esse efeito está descrito no art. 10, § 3º da Lei nº 9.882/99. O que acontece se as pessoas e órgãos que estão vinculados à decisão do STF desrespeitarem aquilo que foi decidido? Neste caso, o interessado poderá questionar esse ato diretamente no STF por meio de reclamação (art. 102, I, "l", da CF/88). Se o ato estiver realmente violando o que foi decidido, ele será cassado. A decisão proferida na ADI, ADC e ADPF vincula o próprio STF? E o Poder Legislativo? Veja abaixo um quadro-resumo sobre o tema:

EFICÁCIA SUBJETIVA DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO STF EM ADI, ADC E ADPF

Particulares Ficam vinculados. Caso haja desrespeito, cabe reclamação.

Executivo Os órgãos e entidades do Poder Executivo ficam vinculados. Caso haja desrespeito, cabe reclamação.

Judiciário Os demais juízes e Tribunais ficam vinculados. Caso haja desrespeito, cabe reclamação.

STF

A decisão vincula os julgamentos futuros a serem efetuados monocraticamente pelos Ministros ou pelas Turmas do STF. Essa decisão não vincula, contudo, o Plenário do STF. Assim, se o STF decidiu, em controle abstrato, que determinada lei é constitucional, a Corte poderá, mais tarde, mudar seu entendimento e decidir que esta mesma lei é inconstitucional por conta de mudanças no cenário jurídico, político, econômico ou social do país. Isso se justifica a fim de evitar a "fossilização da Constituição". Esta mudança de entendimento do STF sobre a constitucionalidade de uma norma pode ser decidida, inclusive, durante o julgamento de uma reclamação constitucional. Nesse sentido: STF. Plenário. Rcl 4374/PE, rel. Min. Gilmar Mendes, 18/4/2013 (Info 702).

Legislativo

O Poder Legislativo, em sua função típica de legislar, não fica vinculado. Isso também tem como finalidade evitar a "fossilização da Constituição". Assim, o legislador, em tese, pode editar nova lei com o mesmo conteúdo daquilo que foi declarado inconstitucional pelo STF. Se o legislador fizer isso, não é possível que o interessado proponha uma reclamação ao STF pedindo que essa lei seja automaticamente julgada também inconstitucional (Rcl 13019 AgR, julgado em 19/02/2014). Será necessária a propositura de uma nova ADI para que o STF examine essa nova lei e a declare inconstitucional. Vale ressaltar que o STF pode até mesmo mudar de opinião no julgamento dessa segunda ação.

Page 3: ÍNDICE - dizerodireitodotnet.files.wordpress.com · CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ... Veja abaixo um quadro-resumo sobre o tema: EFICÁCIA SUBJETIVA DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO

Informativo 801-STF (13/10/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3

CASO CONCRETO JULGADO PELO STF Feitos esses esclarecimentos, imagine a seguinte situação concreta: Em junho de 2012, o Plenário do STF, ao julgar as ADIs 4430 e 4795, declarou inconstitucionais determinados dispositivos da Lei nº 9.504/97 (chamada de Lei das Eleições). Em outubro de 2013, o Congresso Nacional editou a Lei nº 12.875/2013, que alterou novamente a Lei nº 9.504/97 prevendo algumas regras semelhantes àquelas que já haviam sido declaradas inconstitucionais pelo STF no julgamento das ADIs 4430 e 4795. Dessa forma, a Lei nº 12.875/2013 foi uma reação legislativa à decisão do STF, uma forma de o Congresso Nacional superar a interpretação legislativa dada pela Corte ao tema. Foi proposta ADI contra a Lei nº 12.875/2013. Vamos verificar o que foi decidido, mas antes é importante fazer um resumo das considerações iniciais expostas no brilhante voto do Min. Luiz Fux, relator da ação. Em tese, o Congresso Nacional pode editar uma lei em sentido contrário ao que foi decidido pelo STF no julgamento de uma ADI/ADC? SIM. Conforme vimos acima, o Poder Legislativo, em sua função típica de legislar, não fica vinculado aos efeitos da decisão do STF. O STF possui, segundo a CF/88, a missão de dar a última palavra em termos de interpretação da Constituição. Isso não significa, contudo, que o legislador não tenha também a capacidade de interpretação do Texto Constitucional. O Poder Legislativo também é considerado um intérprete autêntico da Constituição e justamente por isso ele pode editar uma lei ou EC tentando superar o entendimento anterior ou provocar um novo pronunciamento do STF a respeito de determinado tema, mesmo que a Corte já tenha decidido o assunto em sede de controle concentrado de constitucionalidade. A isso se dá o nome de "reação legislativa" ou"superação legislativa da jurisprudência" A reação legislativa é uma forma de "ativismo congressual" com o objetivo de o Congresso Nacional reverter situações de autoritarismo judicial ou de comportamento antidialógico por parte do STF, estando, portanto, amparado no princípio da separação de poderes. Mas se houver uma "reação legislativa", com toda a certeza o STF irá julgar novamente a nova lei inconstitucional, não é verdade? NÃO. Em tese, ou seja, na teoria, isso não é verdade. É possível que o STF repense seu entendimento anterior e evolua para uma nova interpretação, chegando a conclusão diferente daquilo que havia decidido e, assim, concorde com a nova lei editada com o mesmo conteúdo da anterior. Veja o que dizem Daniel Sarmento e Cláudio Pereira de Souza Neto, citados pelo Min. Luiz Fux em seu voto: “(...) não é salutar atribuir a um único órgão qualquer a prerrogativa de dar a última palavra sobre o sentido da Constituição. (...). É preferível adotar-se um modelo que não atribua a nenhuma instituição – nem do Judiciário, nem do Legislativo – o “direito de errar por último”, abrindo-se a permanente possibilidade de correções recíprocas no campo da hermenêutica constitucional, com base na ideia de diálogo, em lugar da visão tradicional, que concede a última palavra nessa área ao STF. (...) As decisões do STF em matéria constitucional são insuscetíveis de invalidação pelas instâncias políticas. Isso, porém, não impede que seja editada uma nova lei, com conteúdo similar àquela que foi declarada inconstitucional. Essa posição pode ser derivada do próprio texto constitucional, que não estendeu ao Poder Legislativo os efeitos vinculantes das decisões proferidas pelo STF no controle de constitucionalidade (art. 102, § 2º, e art. 103-A, da Constituição). Se o fato ocorrer, é muito provável que a nova lei seja também declarada inconstitucional. Mas o resultado pode ser diferente. O STF pode e deve refletir sobre os argumentos adicionais fornecidos pelo Parlamento ou debatidos pela opinião pública para dar suporte ao novo ato normativo, e não ignorá-los, tomando a nova medida legislativa como afronta à sua autoridade. Nesse ínterim, além da possibilidade de alteração de posicionamento de alguns ministros, pode haver também a mudança na composição da Corte, com reflexões no resultado do julgamento.” (SARMENTO, Daniel; SOUZA NETO, Cláudio Pereira de. Direito Constitucional. Teoria, história e métodos de trabalho. Belo Horizonte: Fórum, 2012, p. 402-405)

Page 4: ÍNDICE - dizerodireitodotnet.files.wordpress.com · CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ... Veja abaixo um quadro-resumo sobre o tema: EFICÁCIA SUBJETIVA DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO

Informativo 801-STF (13/10/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 4

Existem exemplos de "reação legislativa" que foram consideradas exitosas, ou seja, que foram acolhidas pelo STF gerando uma "correção jurisprudencial"? SIM. Um exemplo emblemático diz respeito à chamada Lei da Ficha Limpa (LC 135/2010). Antes dessa Lei, o TSE e o STF possuíam jurisprudência consolidada no sentido de que não era possível reconhecer a inelegibilidade do candidato a não ser que houvesse contra ele uma condenação transitada em julgado. O fundamento para esse entendimento residia no princípio da presunção de inocência. A LC 135/2010 foi editada com o objetivo de superar esse entendimento. Segundo previu essa lei, não é necessário que a decisão condenatória tenha transitado em julgado para que o condenado se torne inelegível. Basta que tenha sido proferida por órgão colegiado (exs: TRE, TJ, TRF). O STF, superando seus antigos precedentes, entendeu que a reação legislativa foi legítima e que a Lei da Ficha Limpa é constitucional e não viola o princípio da presunção de inocência. (STF. Plenário. ADC 29/DF, ADC 30/DF, ADI 4578/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 15 e 16/2/2012). Esse caso, dentre outros, demonstra que, na teoria, não existe uma supremacia judicial do STF e que é possível, em tese, a existência de um diálogo (abertura dialógica) por meio do qual o Legislativo proponha, por meio de leis, correções à jurisprudência do Supremo, alterando a forma de a Corte interpretar a Constituição. Mas sempre se disse que o STF possui a última palavra na interpretação da Constituição... É verdade. Sempre se afirmou isso. O STF, de fato, detém a última palavra no que se refere à interpretação da Constituição, imune a qualquer controle democrático. Contudo, essa afirmação vem sendo rediscutida (remodelada) pelos constitucionalistas. Entende-se atualmente que a decisão do STF em matéria constitucional deve ser compreendida como "última palavra provisória", nas palavras do Min. Luiz Fux. Isso porque depois que o STF decidir, reiniciam-se as rodadas de debates entre as instituições e os demais atores da sociedade civil sobre o tema. Algumas conclusões do STF sobre o tema: a) O STF não subtrai ex ante a faculdade de correção legislativa pelo constituinte reformador ou legislador ordinário. Em outras palavras, o STF não proíbe que o Poder Legislativo edite leis ou emendas constitucionais em sentido contrário ao que a Corte já decidiu. Não existe uma vedação prévia a tais atos normativos. O legislador pode, por emenda constitucional ou lei ordinária, superar a jurisprudência. Trata-se de uma reação legislativa à decisão da Corte Constitucional com o objetivo de reversão jurisprudencial. b) No caso de reversão jurisprudencial (reação legislativa) proposta por meio de emenda constitucional, a invalidação somente ocorrerá nas restritas hipóteses de violação aos limites previstos no art. 60, e seus §§, da CF/88. Em suma, se o Congresso editar uma emenda constitucional buscando alterar a interpretação dada pelo STF para determinado tema, essa emenda somente poderá ser declarada inconstitucional se ofender uma cláusula pétrea ou o processo legislativo para edição de emendas. c) No caso de reversão jurisprudencial proposta por lei ordinária, a lei que frontalmente colidir com a jurisprudência do STF nasce com presunção relativa de inconstitucionalidade, de forma que caberá ao legislador o ônus de demonstrar, argumentativamente, que a correção do precedente se afigura legítima. A novel legislação que frontalmente colida com a jurisprudência (leis in your face) se submete a um controle de constitucionalidade mais rigoroso. Para ser considerada válida, o Congresso Nacional deverá comprovar que as premissas fáticas e jurídicas sobre as quais se fundou a decisão do STF no passado não mais subsistem. O Poder Legislativo promoverá verdadeira hipótese de mutação constitucional pela via legislativa. Vale ressaltar, no entanto, que excetuadas as situações de ofensa evidente ao texto constitucional, o STF deve adotar comportamento de autorrestrição e de maior deferência às opções políticas do legislador.

Page 5: ÍNDICE - dizerodireitodotnet.files.wordpress.com · CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ... Veja abaixo um quadro-resumo sobre o tema: EFICÁCIA SUBJETIVA DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO

Informativo 801-STF (13/10/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 5

Voltando ao caso concreto: No caso concreto da Lei nº 12.875/2013, o Congresso Nacional procurou superar o precedente fixado pelo STF nas ADIs 4.430 e 4.795. Todavia, o STF, examinando as justificativas do projeto que deu origem à lei e analisando a inocorrência de mudanças na sociedade entre a data da decisão passada e os dias atuais, entendeu que não foi legítima a tentativa de reversão da interpretação fixada pelo Tribunal. Para o STF, os argumentos invocados pelo Legislativo não são capazes de infirmar (retirar à força) a tese jurídica fixada no julgamento das ADIs 4.430 e 4.795. Por essa razão, o Plenário da Corte, por maioria, julgou inconstitucional a Lei nº 12.875/2013.

DIREITO ELEITORAL

PARTIDOS POLÍTICOS É constitucional a Lei 13.107/2015, que alterou a Lei dos Partidos Políticos

A Lei 13.107/2015 alterou a Lei 9.096/95 com o objetivo de desestimular a fusão de partidos políticos. Veja duas das mudanças promovidas:

1) A Lei nº 13.107/2015 alterou o § 1º do art. 7º da Lei 9.096/95 ao exigir que as pessoas que assinarem o apoiamento para a criação de novos partidos não poderão fazer parte de outros partidos políticos.

2) A Lei nº 13.107/2015 determinou que somente será admitida a fusão ou incorporação de partidos políticos que hajam obtido o registro definitivo do Tribunal Superior Eleitoral há, pelo menos, 5 anos. Antes não havia essa exigência.

Essas duas mudanças foram impugnadas por meio de ADI, mas o STF negou a medida cautelar afirmando que as alterações são compatíveis com a CF/88, não tendo havido violação à autonomia constitucional dos partidos políticos.

STF. Plenário. ADI 5311-MC/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 30/9/2015 (Info 801).

Lei 13.107/2015 Em 2015, foi publicada a Lei nº 13.107/2015, que alterou a Lei nº 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos) com o objetivo de desestimular a fusão de partidos políticos. Veja duas das mudanças promovidas pela Lei nº 13.107/2015 na Lei nº 9.096/95: 1) Apoiamento de eleitores O art. 7º da Lei nº 9.096/95 prevê as regras para que um partido político possa ser criado. Um dos requisitos para a criação de um novo partido é que ele deverá obter uma quantidade mínima de eleitores assinando uma declaração de apoio à nova agremiação. Isso é chamado de "apoiamento mínimo de eleitores". É como se fosse um "abaixo-assinado" com eleitores declarando que desejam a criação do novo partido. Essa lista de assinaturas e títulos é posteriormente conferida pelo chefe do Cartório eleitoral, que irá lavrar um atestado na própria lista. A Lei nº 13.107/2015 alterou o § 1º deste art. 7º com o objetivo de dificultar a criação de novos partidos ao exigir que as pessoas que assinarem esse apoiamento não poderão fazer parte de outros partidos políticos. Antes: pessoas que assinavam o apoiamento podiam já ser filiadas a partidos políticos. Ex: João é filiado ao PSOL, mas assina lista de apoiamento para criação do partido REDE. Depois: isso foi proibido. As pessoas que assinarem a lista de apoiamento não podem mais ser filiadas a partidos políticos.

Page 6: ÍNDICE - dizerodireitodotnet.files.wordpress.com · CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ... Veja abaixo um quadro-resumo sobre o tema: EFICÁCIA SUBJETIVA DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO

Informativo 801-STF (13/10/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 6

2) Prazo mínimo Somente será admitida a fusão ou incorporação de partidos políticos que hajam obtido o registro definitivo do Tribunal Superior Eleitoral há, pelo menos, 5 anos. Antes não havia essa exigência. ADI 5311 O Partido Republicano da Ordem Social (Pros) ajuizou ação direta de inconstitucionalidade no STF contra essas duas alterações promovidas pela Lei nº 13.107/2015. Segundo alegou o partido na Inicial, as modificações violam o pluralismo político, a liberdade de criação, fusão, incorporação e extinção dos partidos políticos e a participação do cidadão no processo político-partidário do país. A princípio, o STF concordou com os argumentos do autor e concedeu a medida cautelar? NÃO. O Plenário do STF indeferiu o pedido formulado em medida cautelar na ADI. A CF/88 assegura a liberdade de criação, fusão, extinção e incorporação de partidos políticos, como expressão do princípio democrático e do pluripartidarismo (art. 17). Portanto, realmente está garantida no ordenamento jurídico-constitucional a liberdade dos partidos políticos de se articularem. Essa garantia, contudo, não é absoluta, sendo possível haver um controle quantitativo e qualitativo dos partidos político, o que justificaria a existência das normas impugnadas. Segundo apontou o STF, há agremiações intituladas formalmente como partidos políticos sem qualquer substrato eleitoral. Essas legendas estão habilitadas a receber parcela do fundo partidário e a disputar tempo de televisão sem difundir, contudo, ideias e programas. Elas atuam para defender outros interesses partidários, especialmente para obtenção de vantagens particulares para os seus dirigentes. Como os partidos políticos recebem recursos do fundo partidário (dinheiro público), é necessário e justificável que haja um controle sobre eles. A proliferação indiscriminada de partidos sem coerência ou respaldo social causa risco institucional e ameaça a democracia. Além disso, pode transformar o sadio pluripartidarismo em caos político. As normas impugnadas têm como objetivo a tentativa de incentivar a utilização de mecanismos da democracia representativa, a reforçar a legitimidade e o compromisso do eleitor e do partido no qual se depositara o seu aval. A exigência de que os apoiadores do novo partido não sejam filiados a partidos políticos está de acordo com o sistema representativo. A exigência de 5 anos para se levar a efeito fusões e incorporações entre partidos assegura o atendimento do compromisso do cidadão com a sua opção partidária, o que evita o estelionato eleitoral ou a reviravolta política contra o apoio dos eleitores, então filiados. Portanto, as normas atacadas na ADI têm a finalidade de evitar a lógica mercantilista e nada republicana de prática política. Ante o exposto, o STF entendeu que não houve ingerência estatal indevida na autonomia constitucional dos partidos políticos.

Page 7: ÍNDICE - dizerodireitodotnet.files.wordpress.com · CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ... Veja abaixo um quadro-resumo sobre o tema: EFICÁCIA SUBJETIVA DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO

Informativo 801-STF (13/10/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 7

PARTIDOS POLÍTICOS É inconstitucional a Lei 12.875/2013, que alterou a Lei dos Partidos Políticos e a Lei das Eleições

A Lei 12.875/2013 promoveu alterações na:

• Lei dos Partidos Políticos (Lei 9.096/95); e na

• Lei das Eleições (Lei 9.504/97).

Mudança na Lei dos Partidos Políticos: a Lei 12.875/2013 determinou que, para os fins de distribuição dos recursos do Fundo Partidário, deveriam ser desconsideradas as mudanças de filiação partidária. Dessa feita, a Lei 12.875/2013 determinou que o Deputado Federal que mudasse de partido (ainda que para um partido novo) durante o mandato não poderia “levar” para o outro os votos que obteve na última eleição. O objetivo foi evitar que, com a mudança, o partido de destino recebesse mais verbas do fundo partidário.

Mudança na Lei das Eleições: a Lei nº 12.875/2013 determinou que, para os fins de distribuição do tempo de rádio e TV, seriam desconsideradas as mudanças de filiação partidária. Assim, o Deputado Federal que mudasse de partido (ainda que para um partido novo) durante o mandato não poderia “levar” para o outro os votos que obteve na última eleição. Mais uma vez, o objetivo aqui da Lei 12.875/2013 foi o de evitar que o partido de destino recebesse mais tempo de rádio e TV.

Assim, de acordo com as regras da Lei 12.875/2013, os partidos novos ficariam com pouquíssimos recursos do Fundo Partidário e reduzidíssimo tempo de rádio e TV.

O STF entendeu que as mudanças efetuadas foram inconstitucionais. Em nosso sistema proporcional, não há como afirmar, simplesmente, que a representatividade política do parlamentar está atrelada à legenda partidária para a qual foi eleito, ficando, em segundo plano, a legitimidade da escolha pessoal formulada pelo eleitor por meio do sufrágio. O voto do eleitor brasileiro, mesmo nas eleições proporcionais, em geral, se dá em favor de determinado candidato. O princípio da liberdade de criação e transformação de partidos, contido no caput do art. 17 da CF/88 serve de fundamento constitucional para reputar como legítimo o entendimento de que, na hipótese de criação de um novo partido, a novel legenda, para fins de acesso proporcional ao rádio e à televisão, leva consigo a representatividade dos deputados federais que para ela migraram diretamente dos partidos pelos quais foram eleitos.

STF. Plenário. ADI 5105/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 1º/10/2015 (Info 801).

Sobre o que tratou a Lei 12.875/2013:

A Lei n. 12.875/2013 promoveu alterações na:

• Lei dos Partidos Políticos (Lei n. 9.096/95); e na

• Lei das Eleições (Lei n. 9.504/97).

Objetivo da Lei A Lei 12.875/2013 foi editada com o objetivo de inibir a criação de novos partidos políticos. Para isso, restringiu o acesso de novas legendas aos recursos financeiros do Fundo Partidário e ao tempo de propaganda na TV e no rádio.

Fundo partidário Trata-se de um Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos que tenham seu estatuto registrado no Tribunal Superior Eleitoral e prestação de contas regular perante a Justiça Eleitoral. O “Fundo Partidário” é constituído por dotações orçamentárias da União, multas, penalidades, doações e

outros recursos financeiros previstos no art. 38 da Lei n. 9.096/95. Os valores contidos no Fundo Partidário são repassados aos partidos políticos por meio de um cálculo

previsto no art. 41-A, da Lei n. 9.096/95. Consiste na principal fonte de verbas dos partidos.

Page 8: ÍNDICE - dizerodireitodotnet.files.wordpress.com · CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ... Veja abaixo um quadro-resumo sobre o tema: EFICÁCIA SUBJETIVA DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO

Informativo 801-STF (13/10/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 8

Propaganda eleitoral A propaganda eleitoral é aquela que se realiza antes do certame eleitoral e objetiva, basicamente, a obtenção de votos, tornando-se instrumento de convencimento do eleitor, que pode, por seu intermédio, ampliar seu conhecimento sobre as convicções de cada candidato ou partido, fazendo a escolha que mais lhe convier.

A legislação que rege a propaganda eleitoral é a Lei n. 9.504/97. ADI 5105 O Partido Solidariedade (SDD) ajuizou no STF ação direta de inconstitucionalidade contra a Lei nº 12.875/2013. Vejamos as alterações realizadas pela Lei nº 12.875/2013 e se elas foram declaradas inconstitucionais pelo STF. Alterações na Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/95) A Lei nº 12.875/2013 alterou o art. 29, § 6º e o art. 41-A da Lei nº 9.096/95. O dinheiro do Fundo Partidário é dividido da seguinte forma:

5% é dividido em partes iguais, a todos os partidos que atendam aos requisitos constitucionais de acesso aos recursos do Fundo Partidário. Desse modo, pega-se 5% do Fundo e divide-se igualitariamente entre todos os partidos.

os 95% restantes são distribuídos aos partidos na proporção dos votos obtidos na última eleição geral para a Câmara dos Deputados. Assim, os partidos que obtiveram mais votos, irão, proporcionalmente, receber mais.

Até aí, tudo bem. Mas veja agora o que fez a Lei nº 12.875/2013. A Lei nº 12.875/2013 determinou que, para os fins dessa distribuição acima, devem ser desconsideradas as mudanças de filiação partidária. Dessa feita, o Deputado Federal que mudar de partido (ainda que para um partido novo) durante o mandato não poderá “levar” para o outro os votos que obteve na última eleição, de modo que a mudança não fará com que o partido de destino receba mais verbas do fundo partidário. Alterações na Lei das eleições (Lei nº 9.504/97) A Lei nº 12.875/2013 alterou o § 2º do art. 47 da Lei nº 9.504/97 e determinou que os horários de propaganda eleitoral entre os partidos e coligações deveria ser o seguinte:

DISTRIBUIÇÃO DOS HORÁRIOS DE RÁDIO E TV PPARA PROPAGANDA ELEITORAL

2/3

do tempo seria distribuído entre os partidos e coligações de forma proporcional ao número de Deputados Federais que possui esse partido ou coligação. No caso de coligação, calcula-se esse número pela soma dos Deputados Federais que integram os partidos que fazem parte da coligação.

1/3

Desse 1/3 restante, a distribuição seria assim: a) 1/3 distribuído igualitariamente entre os partidos e coligações; e b) 2/3 de forma proporcional ao número de representantes eleitos no pleito imediatamente anterior para a Câmara dos Deputados.

Page 9: ÍNDICE - dizerodireitodotnet.files.wordpress.com · CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ... Veja abaixo um quadro-resumo sobre o tema: EFICÁCIA SUBJETIVA DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO

Informativo 801-STF (13/10/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 9

Obs1: a Lei nº 12.875/2013 afirmou que, para os fins dessa distribuição acima, serão desconsideradas as mudanças de filiação partidária. Assim, o Deputado Federal que mudar de partido (ainda que para um partido novo) durante o mandato não poderá “levar” para o outro os votos que obteve na última eleição, de modo que essa mudança não fará com que o partido de destino receba mais tempo de rádio e TV. Obs2: de acordo com as regras da Lei nº 12.875/2013, os partidos novos ficariam com pouquíssimo tempo de rádio e TV. Eles só entrariam na divisão da letra "a" da segunda coluna acima explicada. As mudanças operadas pela Lei nº 12.875/2013 foram compatíveis com a CF/88? NÃO. O STF julgou procedente a ADI e declarou a Lei nº 12.875/2013 INCONSTITUCIONAL. A pergunta que o STF respondeu, na prática, foi a seguinte: Se um novo partido é criado e não possui Deputados Federais eleitos pelo próprio partido, mas sim oriundos de outras agremiações, mesmo assim ele terá direito de "ganhar" a participação no Fundo Partidário e o tempo de propaganda eleitoral a que teria direito esse Deputado Federal? Em palavras simples, o Deputado Federal que se filia a um partido novo "leva" seu percentual de Fundo Partidário e de tempo de rádio e TV? SIM. O STF entende que, no nosso sistema proporcional, não há como afirmar, simplesmente, que a representatividade política do parlamentar está atrelada à legenda partidária para a qual foi eleito, ficando, em segundo plano, a legitimidade da escolha pessoal formulada pelo eleitor por meio do sufrágio. O voto do eleitor brasileiro, mesmo nas eleições proporcionais, em geral, se dá em favor de determinado candidato. O princípio da liberdade de criação e transformação de partidos, contido no caput do art. 17 da CF/88 serve de fundamento constitucional para reputar como legítimo o entendimento de que, na hipótese de criação de um novo partido, a novel legenda, para fins de acesso proporcional ao rádio e à televisão, leva consigo a representatividade dos deputados federais que para ela migraram diretamente dos partidos pelos quais foram eleitos. Esta interpretação prestigia, por um lado, a liberdade constitucional de criação de partidos (art. 17, caput, CF/88) e, por outro, a representatividade do partido que já nasce com representantes parlamentares, tudo em consonância com o sistema de representação proporcional brasileiro. ADIs 4430 e 4795 Vale ressaltar que o STF já havia enfrentado esse mesmo tema no julgamento das ADIs 4430 e 4795 MC/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgadas em 27, 28 e 29/6/2012. No julgamentos dessas duas ações, o STF já havia afirmado que os partidos novos, criados após a realização de eleições para a Câmara dos Deputados, deveriam ter direito de acesso proporcional aos 2/3 do tempo destinado à propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Alguns meses após o julgamento dos casos supracitados, o Congresso Nacional editou a Lei nº 12.875/2013 que, em sentido oposto ao pronunciamento da Corte, subtraiu dos novos partidos o acesso aos recursos do Fundo e ao direito de antena. Dessa forma, a Lei nº 12.875/2013 foi uma reação legislativa à decisão do STF, uma forma de o Congresso Nacional superar a interpretação legislativa dada pela Corte ao tema. O STF não concordou com essa tentativa do Poder Legislativo. Segundo afirmou o Min. Luiz Fux, houve abuso do legislador ao editar lei buscando modificar a interpretação constitucional do Supremo. Diante disso, a Lei nº 12.875/2013 já nasceu com o gérmen da inconstitucionalidade porque violou uma decisão do STF em controle concentrado de constitucionalidade sem trazer nenhuma novidade. Para o Ministro, isso configura um atentado à dignidade da jurisdição do STF. Lei nº 13.165/2015 Atenção. A Lei nº 13.165/2015 alterou o § 2º do art. 41 da Lei nº 9.504/97 modificando os percentuais de tempo de rádio e TV destinados a cada partido. A redação atual do dispositivo é a seguinte:

Page 10: ÍNDICE - dizerodireitodotnet.files.wordpress.com · CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ... Veja abaixo um quadro-resumo sobre o tema: EFICÁCIA SUBJETIVA DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO

Informativo 801-STF (13/10/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 10

LEI 9.504/97 (LEI DAS ELEIÇÕES)

Redação antes da Lei 13.165/2015 Redação depois da Lei 13.165/2015

Art. 47 (...) § 2º Os horários reservados à propaganda de cada eleição, nos termos do § 1º, serão distribuídos entre todos os partidos e coligações que tenham candidato, observados os seguintes critérios: I - 2/3 (dois terços) distribuídos proporcionalmente ao número de representantes na Câmara dos Deputados, considerado, no caso de coligação, o resultado da soma do número de representantes de todos os partidos que a integram; II - do restante, 1/3 (um terço) distribuído igualitariamente e 2/3 (dois terços) proporcionalmente ao número de representantes eleitos no pleito imediatamente anterior para a Câmara dos Deputados, considerado, no caso de coligação, o resultado da soma do número de representantes de todos os partidos que a integram.

Art. 47 (...) § 2º Os horários reservados à propaganda de cada eleição, nos termos do § 1º, serão distribuídos entre todos os partidos e coligações que tenham candidato, observados os seguintes critérios: I - 90% (noventa por cento) distribuídos proporcionalmente ao número de representantes na Câmara dos Deputados, considerados, no caso de coligação para eleições majoritárias, o resultado da soma do número de representantes dos seis maiores partidos que a integrem e, nos casos de coligações para eleições proporcionais, o resultado da soma do número de representantes de todos os partidos que a integrem; II - 10% (dez por cento) distribuídos igualitariamente.

JULGADO NÃO COMENTADO

LC 75/1993: auxílio-moradia e promoção com deslocamento A Segunda Turma denegou mandado de segurança impetrado em face de atos do TCU e do PGR que importaram na cessação do pagamento de auxílio-moradia concedido aos membros do MPU em razão de promoção com deslocamento. Na espécie, o TCU determinara a suspensão dos pagamentos do referido auxílio, em razão da impossibilidade jurídica da criação de hipótese de benefício não prevista em lei. Ante essa decisão, o PGR editara portaria que extingue o benefício relativamente àquela espécie de promoção. A Turma afirmou que o auxílio-moradia fora instituído pelo art. 227, VIII, da LC 75/1993, que o assegura aos membros do MPU quando lotados “em local cujas condições de moradia sejam particularmente difíceis ou onerosas, assim definido em ato do Procurador-Geral da República”. Com base nessa disposição normativa, o chefe do MPU editara a Portaria 495/1995, cujo art. 1º dispunha, em sua redação original, que o auxilio em comento seria concedido aos membros do MPU lotados nas localidades cujas condições de moradia são consideradas particularmente difíceis ou onerosas — referidas na própria portaria —, bem como aos promovidos com deslocamento. Contudo, a Portaria PGR 495/95 teria extrapolado os limites do art. 227, VIII, da LC 75/1993. Esse comando normativo seria claro ao estabelecer o direito ao auxílio-moradia apenas

Page 11: ÍNDICE - dizerodireitodotnet.files.wordpress.com · CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ... Veja abaixo um quadro-resumo sobre o tema: EFICÁCIA SUBJETIVA DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO

Informativo 801-STF (13/10/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 11

aos membros do MPU lotados em local cujas condições de moradia fossem particularmente difíceis ou onerosas, delegando ao PGR apenas a atribuição para definir os locais em que a lotação ensejaria o pagamento do benefício. Assim, o dispositivo legal não preveria a possibilidade de que ato do Chefe do MPU estabelecesse outros casos de concessão do auxílio. Os atos administrativos normativos não poderiam ultrapassar os limites da lei que regulamentam, dispondo acerca de situações não previstas na norma primária de que retiram seu fundamento de validade, mormente em situações como a que se discute no mandado de segurança em comento, em que o regulamento trataria de matéria que a própria Constituição reservaria à lei em sentido formal (CF, art. 37, X, e 128, § 5º). Ademais, o art. 227, I, da LC 75/1993, já determinaria a concessão de benefício — ajuda de custo — em razão da promoção com deslocamento. MS 25838/DF, rel. Min.Teori Zavascki, 29.9.2015.

OUTRAS INFORMAÇÕES

C L I P P I N G D O DJE 28 de setembro a 2 de outubro de 2015

HC N. 125.768-SP

RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI

EMENTA: Habeas corpus. Processo penal militar. Recurso. Embargos infringentes e de nulidade. Superior Tribunal Militar. Norma

regimental que exige no mínimo 4 (quatro) votos minoritários divergentes para seu cabimento. Inadmissibilidade. Requisito não previsto nos

arts. 538 e 539 do Código de Processo Penal Militar. Tribunal que não dispõe de poderes normativos para disciplinar matéria recursal em

contrariedade à lei. Inteligência do art. 96, I, a, da Constituição Federal. Inconstitucionalidade formal da alteração regimental. Garantia da

razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, CF) que não a legitima. Violação dos princípios constitucionais do devido processo legal e da

ampla defesa (art. 5º, LIV e LV, da CF). Ilegalidade flagrante. Impossibilidade de analogia com o art. 333, parágrafo único, do Regimento

Interno do Supremo Tribunal Federal, que exige no mínimo 4 (quatro) votos vencidos para o cabimento dos embargos infringentes. Norma

editada à época em que o art. 119, § 3º, c, da Carta de 1969 expressamente outorgava à Suprema Corte poderes para dispor, em seu

regimento interno, sobre o processo e o julgamento dos feitos de sua competência originária ou recursal. Ordem concedida para se

determinar ao Superior Tribunal Militar que processe os embargos infringentes interpostos pelo paciente. Declarada a inconstitucionalidade

incidental do art. 119, § 1º, do Regimento Interno do Superior Tribunal Militar, na redação dada pela Emenda Regimental nº 24, publicada

no DJe de 10/6/14. 1. Assim como o legislador não pode se imiscuir em matéria reservada ao regimento interno dos tribunais, a esses é vedado desbordar de seus poderes

normativos e dispor sobre matéria de competência privativa da União (art. 22, I, CF), sob pena de inconstitucionalidade formal. Precedentes. 2. A atribuição de poderes aos tribunais para instituir recursos internos e disciplinar o procedimento dos recursos que devam julgar não lhes outorga

competência para criar requisito de admissibilidade recursal não previsto em lei. Inteligência do art. 96, I, a, da Constituição Federal.

3. Os arts. 538 e 539 do Código de Processo Penal Militar não exigem, para o cabimento dos embargos infringentes e de nulidade, número mínimo de votos vencidos.

4. O art. 119, § 1º, do Regimento Interno do Superior Tribunal Militar, ao exigir, no mínimo, 4 (quatro) votos divergentes minoritários para o

cabimento dos embargos infringentes e de nulidade, além de dispor sobre matéria de competência privativa da União, viola o devido processo legal (art. 5º. LIV, CF), por impor requisito de admissibilidade recursal não previsto em lei.

5. Descabe invocar-se analogia com o art. 333, parágrafo único, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, que exige no mínimo 4 (quatro)

votos vencidos para o cabimento dos embargos infringentes, uma vez que essa regra foi editada à época em que a Constituição de 1969, no art. 119, § 3º, c, outorgava poderes normativos ao Supremo Tribunal Federal para dispor sobre o processo e o julgamento dos feitos de sua competência

originária ou recursal.

6. A garantia constitucional da duração razoável do processo não pode ser hipertrofiada em prejuízo da ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes (art. 5º, LV, CF), salvo quando nítido o abuso do direito de recorrer.

7. É inconstitucional o art. 119, § 1º, do Regimento Interno do Superior Tribunal Militar, na redação dada pela Emenda Regimental nº 24, publicada

no DJe de 10/6/14, ao exigir no mínimo 4 (quatro) votos divergentes minoritários para o cabimento dos embargos infringentes e de nulidade. 8. Ordem de habeas corpus concedida.

*noticiado no Informativo 791

HC N. 128.446-PE

RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI

EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. SONEGAÇÃO TRIBUTÁRIA. ART. 1º, I, DA LEI 8.137/1990. DOSIMETRIA DA PENA. AFERIÇÃO

DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DO ART. 59 DO CP. INVIABILIDADE. CIRCUNSTÂNCIAS E CONSEQUÊNCIAS DO CRIME.

QUANTUM FIXADO MEDIANTE FUNDAMENTAÇÃO ADEQUADA. 1. Não é viável, na via estreita do habeas corpus, o reexame dos elementos de convicção considerados pelo magistrado sentenciante na avaliação das

circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do Código Penal. O que está autorizado é apenas o controle da legalidade dos critérios utilizados, com a correção de eventuais arbitrariedades. No caso, entretanto, não se constata qualquer vício apto a justificar o redimensionamento da pena-base. Precedentes.

2. Ademais, em se tratando de infrações penais contra a ordem tributária, a extensão do dano causado pode ser invocada na primeira fase da

dosimetria, como critério para exasperação da pena-base, sem que tanto implique bis in idem. 3. Ordem denegada.

*noticiado no Informativo 799

Page 12: ÍNDICE - dizerodireitodotnet.files.wordpress.com · CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ... Veja abaixo um quadro-resumo sobre o tema: EFICÁCIA SUBJETIVA DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO

Informativo 801-STF (13/10/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 12

MI N. 833-DF e MI 844-DF

RED. P/ O ACÓRDÃO: MIN. ROBERTO BARROSO

Ementa: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO. OFICIAIS DE JUSTIÇA. ALEGADA ATIVIDADE DE RISCO. APOSENTADORIA ESPECIAL. ORDEM DENEGADA.

1. Diante do caráter aberto da expressão atividades de risco (art. 40, § 4º, II, da Constituição) e da relativa liberdade de conformação do legislador,

somente há omissão inconstitucional quando a periculosidade seja inequivocamente inerente ao ofício. 2. A eventual exposição a situações de risco – a que podem estar sujeitos os Oficiais de Justiça e, de resto, diversas categorias de servidores públicos –

não garante direito subjetivo constitucional à aposentadoria especial.

3. A percepção de gratificações ou adicionais de periculosidade, assim como o porte de arma de fogo, não são, por si sós, suficientes para reconhecer o direito à aposentadoria especial, em razão da autonomia entre o vínculo funcional e o previdenciário.

4. Voto pela denegação da ordem, sem prejuízo da possibilidade, em tese, de futura lei contemplar a pretensão da categoria.

*noticiado no Informativo 789

RE N. 658.570-MG

RED. P/ O ACÓRDÃO: MIN. ROBERTO BARROSO

DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PODER DE POLÍCIA. IMPOSIÇÃO DE MULTA DE TRÂNSITO. GUARDA

MUNICIPAL. CONSTITUCIONALIDADE. 1. Poder de polícia não se confunde com segurança pública. O exercício do primeiro não é prerrogativa exclusiva das entidades policiais, a quem a

Constituição outorgou, com exclusividade, no art. 144, apenas as funções de promoção da segurança pública.

2. A fiscalização do trânsito, com aplicação das sanções administrativas legalmente previstas, embora possa se dar ostensivamente, constitui mero exercício de poder de polícia, não havendo, portanto, óbice ao seu exercício por entidades não policiais.

3. O Código de Trânsito Brasileiro, observando os parâmetros constitucionais, estabeleceu a competência comum dos entes da federação para o

exercício da fiscalização de trânsito. 4. Dentro de sua esfera de atuação, delimitada pelo CTB, os Municípios podem determinar que o poder de polícia que lhe compete seja exercido pela

guarda municipal.

5. O art. 144, §8º, da CF, não impede que a guarda municipal exerça funções adicionais à de proteção dos bens, serviços e instalações do Município. Até mesmo instituições policiais podem cumular funções típicas de segurança pública com exercício de poder de polícia. Entendimento que não foi

alterado pelo advento da EC nº 82/2014.

6. Desprovimento do recurso extraordinário e fixação, em repercussão geral, da seguinte tese: é constitucional a atribuição às guardas municipais

do exercício de poder de polícia de trânsito, inclusive para imposição de sanções administrativas legalmente previstas. *noticiado no Informativo 793

RE N. 673.707-MG

RELATOR: MIN. LUIZ FUX

EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. HABEAS DATA. ARTIGO 5º, LXXII, CRFB/88. LEI Nº 9.507/97.

ACESSO ÀS INFORMAÇÕES CONSTANTES DE SISTEMAS INFORMATIZADOS DE CONTROLE DE PAGAMENTOS DE

TRIBUTOS. SISTEMA DE CONTA CORRENTE DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL-SINCOR. DIREITO

SUBJETIVO DO CONTRIBUINTE. RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO.

1. O habeas data, posto instrumento de tutela de direitos fundamentais, encerra amplo espectro, rejeitando-se visão reducionista da garantia constitucional inaugurada pela carta pós-positivista de 1988.

2. A tese fixada na presente repercussão geral é a seguinte: “O Habeas Data é garantia constitucional adequada para a obtenção dos dados

concernentes ao pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da administração fazendária dos entes estatais.”

3. O Sistema de Conta Corrente da Secretaria da Receita Federal do Brasil, conhecido também como SINCOR, registra os dados de apoio à

arrecadação federal ao armazenar os débitos e créditos tributários existentes acerca dos contribuintes. 4. O caráter público de todo registro ou banco de dados contendo informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam

de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações é inequívoco (art. 1º, Lei nº 9.507/97).

5. O registro de dados deve ser entendido em seu sentido mais amplo, abrangendo tudo que diga respeito ao interessado, seja de modo direto ou indireto. (…) Registro de dados deve ser entendido em seu sentido mais amplo, abrangendo tudo que diga respeito ao interessado, seja de modo

direto ou indireto, causando-lhe dano ao seu direito de privacidade.(...) in José Joaquim Gomes Canotilho, Gilmar Ferreira Mendes, Ingo Wolfgang

Sarlet e Lenio Luiz Streck. Comentários à Constituição. Editora Saraiva, 1ª Edição, 2013, p.487. 6. A legitimatio ad causam para interpretação de Habeas Data estende-se às pessoas físicas e jurídicas, nacionais e estrangeiras, porquanto garantia

constitucional aos direitos individuais ou coletivas.

7. Aos contribuintes foi assegurado constitucionalmente o direito de conhecer as informações que lhes digam respeito em bancos de dados públicos ou de caráter público, em razão da necessidade de preservar o status de seu nome, planejamento empresarial, estratégia de investimento e, em

especial, a recuperação de tributos pagos indevidamente, verbis: Art. 5º. LXXII. Conceder-se-á habeas data para assegurar o conhecimento de

informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público,

considerado como um writ, uma garantia, um remédio constitucional à disposição dos cidadãos para que possam implementar direitos subjetivos que

estão sendo obstaculados.

8. As informações fiscais conexas ao próprio contribuinte, se forem sigilosas, não importa em que grau, devem ser protegidas da sociedade em geral, segundo os termos da lei ou da constituição, mas não de quem a elas se referem, por força da consagração do direito à informação do art. 5º, inciso

XXXIII, da Carta Magna, que traz como única ressalva o sigilo imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, o que não se aplica no caso sub

examine, verbis: Art. 5º. XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da

sociedade e do Estado.

9. In casu, o recorrente requereu à Secretaria da Receita Federal do Brasil os extratos atinentes às anotações constantes do Sistema de Conta-Corrente de Pessoa Jurídica-SINCOR, o Sistema Conta-Corrente de Pessoa Jurídica-CONTACORPJ, como de quaisquer dos sistemas informatizados de apoio

à arrecadação federal, no que tange aos pagamentos de tributos federais, informações que não estão acobertadas pelo sigilo legal ou constitucional,

posto que requerida pelo próprio contribuinte, sobre dados próprios. 10. Ex positis, DOU PROVIMENTO ao recurso extraordinário.

*noticiado no Informativo 790

Page 13: ÍNDICE - dizerodireitodotnet.files.wordpress.com · CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ... Veja abaixo um quadro-resumo sobre o tema: EFICÁCIA SUBJETIVA DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO

Informativo 801-STF (13/10/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 13

ADI N. 4.433-SC

RELATORA: MIN. ROSA WEBER

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 3º DA LEI Nº 15.215/2010 DO ESTADO DE SANTA CATARINA.

CONCESSÃO DE GRATIFICAÇÃO A SERVIDORES PÚBLICOS ESTADUAIS. DISPOSITIVO INCLUÍDO POR EMENDA

PARLAMENTAR EM PROJETO DE CONVERSÃO DE MEDIDA PROVISÓRIA. MATÉRIA DE INICIATIVA PRIVATIVA DO CHEFE

DO PODER EXECUTIVO. SERVIDORES PÚBLICOS ESTADUAIS. REMUNERAÇÃO. AUMENTO DA DESPESA PREVISTA.

VEDAÇÃO. MATÉRIA ESTRANHA AO OBJETO ORIGINAL DA MEDIDA PROVISÓRIA SUBMETIDA À CONVERSÃO.

INOBSERVÂNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGISLATIVO. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. VÍCIO DE INICIATIVA.

ARTS. 2º, 61, § 1º, II, “A” E “C”, 62 E 63, I, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PRECEDENTES. 1. Segundo a jurisprudência reiterada desta Suprema Corte, embora o poder de apresentar emendas alcance matérias de iniciativa privativa do Chefe

do Poder Executivo, são inconstitucionais as alterações assim efetuadas quando resultem em aumento de despesa, ante a expressa vedação contida no

art. 63, I, da Constituição da República, bem como quando desprovidas de pertinência material com o objeto original da iniciativa normativa submetida a cláusula de reserva. Precedentes.

2. Inconstitucionalidade formal do art. 3º da Lei nº 15.215/2010 do Estado de Santa Catarina, por vício de iniciativa.

Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente *noticiado no Informativo 790

Acórdãos Publicados: 407

TRANSCRIÇÕES

Com a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais

aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham

despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica.

Protocolização em setor indevido e tempestividade

(v. Informativo 801)

RE 755.613 AgR-ED/ES*

RELATOR: Ministro Dias Toffoli

EMENTA: Embargos de declaração no agravo regimental no recurso extraordinário. Efeitos infringentes. Possibilidade, em casos

excepcionais. Corte de origem. Recebimento de petição. Erro do próprio órgão judiciário no processamento do recurso. Recurso de

apelação tempestivo. 1. No caso concreto, o recebimento da petição de apelação no Tribunal a quo não poderia dar ensejo à declaração de intempestividade do

recurso, haja vista ter sido protocolado dentro do prazo previsto em lei.

2. O erro não pode ser atribuído exclusivamente ao advogado do apelante, sendo da responsabilidade, também, do setor que recebeu a petição do recurso indevidamente.

3. A Turma acolheu os embargos de declaração para, atribuindo a eles excepcionais efeitos infringentes, dar provimento ao agravo regimental

e, em consequência, prover o recurso extraordinário, tão somente para que a Corte de origem, afastada a premissa de intempestividade, prossiga no exame do recurso de apelação.

TRECHO DO VOTO DO RELATOR: No recurso extraordinário, alegou o sindicato, em síntese, que houve negativa de prestação jurisdicional

pela Corte de origem, uma vez que essa, ao considerar, equivocadamente, que o recurso de apelação seria intempestivo, teria deixado de examinar as

alegações nele veiculadas. Ao analisar o referido recurso extraordinário, a ele neguei seguimento, entendimento que mantive no agravo regimental que se seguiu. Assim o

fiz porquanto a discussão relativa a requisitos de admissibilidade de recursos da competência de outras Cortes não alcança status constitucional,

conforme já assentado pelo Plenário desta Corte no RE nº 598.365/MG, Relator o Ministro Ayres Britto. Esclareço, antes de prosseguir, que não proponho nenhuma reforma dessa orientação. Entretanto, examinando melhor a causa, diante das

peculiaridades do caso concreto, no qual vislumbro a existência de erro judiciário, entendo que merece prosperar a irresignação do embargante.

*acordão pendente de publicação.

INOVAÇÕES LEGISLATIVAS 28 de setembro a 2 de outubro de 2015

Lei nº 13.165, de 29.9.2015 - Altera as Leis nos

9.504, de 30 de setembro de 1997, 9.096, de 19 de setembro de

1995, e 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral, para reduzir os custos das campanhas eleitorais, simplificar a

administração dos Partidos Políticos e incentivar a participação feminina. Publicada no DOU, Seção 1, Edição Extra, nº

186-A, p. 1, em 29.9.2015.

OUTRAS INFORMAÇÕES

Page 14: ÍNDICE - dizerodireitodotnet.files.wordpress.com · CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ... Veja abaixo um quadro-resumo sobre o tema: EFICÁCIA SUBJETIVA DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO

Informativo 801-STF (13/10/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 14

28 de setembro a 2 de outubro de 2015

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF)

Gestão - Fiscal - Relatório Portaria nº 212, de 24.9.2015 - Torna público o Relatório de Gestão Fiscal referente ao segundo quadrimestre de

2015, constante do anexo a esta Portaria. Publicada no DOU, Seção 1, p. 91, em 29.9.2015.

Feriado forense - Expediente forense - Secretaria

- Prazo - Prorrogação Portaria nº 192, de 28.9.2015 - Comunica que não haverá expediente na Secretaria do Tribunal no dia 12 de

outubro de 2015 (segunda-feira). E que os prazos que porventura devam iniciar-se ou completar-se nesse dia ficam

automaticamente prorrogados para o dia 13 subsequente (terça-feira). Publicada no DJE/STF, n. 195, p. 258, em

30.9.2015.

Secretaria de Documentação – SDO Coordenadoria de Jurisprudência Comparada e Divulgação de Julgados – CJCD

[email protected]