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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL ADEIR RODRIGUES VIANA-69 ADELIA DE SOUZA FERNANDES-43 ADENILSON VIANA NERY-42, 60, 92 ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-93 ADRIANA ALVES DA COSTA-23 ADRIANA ZANDONADE-98 ALAN ROVETTA DA SILVA-93 ALBERTO CAMARA PINTO-29 ALBERTO JOSE D' OLIVEIRA-19 ALCINA MARIA COSTA NOGUEIRA LOPES-25 ALEX WERNER ROLKE-35, 43, 55, 69, 71 ALEXANDRE SARDINHA TEBALDI-114 ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-1, 100, 9 ALMERY LILIAN MORAES-6 ALTAIR CARLOS GOMES-56 AMANTINO PEREIRA PAIVA-74 ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-13, 15, 17, 19, 21 ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO-73 ANA MERCEDES MILANEZ-27, 57 ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-108, 41, 64, 85, 9 ANDERSON MACOHIN SIEGEL-108 ANDRÉ BAPTISTA RIGO-112 ANDRE CASTRO RAMALDES-76 ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-111, 115, 42 ANDRÉ DIAS IRIGON-88 ANDRE MIRANDA VICOSA-88 ANDREIA FERRARI TORNEIRI-22 ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-86 ANTONIO TEMPONI LEITE-102 ARILSON CARDOSO CAETANO-89 ARMANDO VEIGA-20 BETHANIA ALVES DE ASSIS-29 BRUNO SANTOS ARRIGONI-22 CAMILA TORTELOTE MUSIELLO BARCELLOS BEITE-25 CARLA PATRÍCIA PIRES XAVIER-79 CARLOS BERKENBROCK-105, 99 Carolina Augusta da Rocha Rosado-100, 97 CHRISTIANE DE MATTOS WOODROW RODRIGUES-79 CLAUDIA VASCONCELLOS SCHMIDT-80 CLEBSON DA SILVEIRA-45 CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-86 DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO-91 DANILO THEML CARAM-2 DIOGO MORAES DE MELLO-69 DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA-104 EDGARD VALLE DE SOUZA-111, 115 EDISON ALVES FURTADO-24 EDIVAN FOSSE DA SILVA-84 EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR-61 ELIAS ASSAD NETO-47 ELIETE BONI BITTENCOURT-13, 15, 17, 18, 21 ELYANDERSON AUGUSTO F. DE SOUZA-84 EMILENE ROVETTA DA SILVA-93

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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL

ADEIR RODRIGUES VIANA-69ADELIA DE SOUZA FERNANDES-43ADENILSON VIANA NERY-42, 60, 92ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-93ADRIANA ALVES DA COSTA-23ADRIANA ZANDONADE-98ALAN ROVETTA DA SILVA-93ALBERTO CAMARA PINTO-29ALBERTO JOSE D' OLIVEIRA-19ALCINA MARIA COSTA NOGUEIRA LOPES-25ALEX WERNER ROLKE-35, 43, 55, 69, 71ALEXANDRE SARDINHA TEBALDI-114ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-1, 100, 9ALMERY LILIAN MORAES-6ALTAIR CARLOS GOMES-56AMANTINO PEREIRA PAIVA-74ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-13, 15, 17, 19, 21ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO-73ANA MERCEDES MILANEZ-27, 57ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-108, 41, 64, 85, 9ANDERSON MACOHIN SIEGEL-108ANDRÉ BAPTISTA RIGO-112ANDRE CASTRO RAMALDES-76ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-111, 115, 42ANDRÉ DIAS IRIGON-88ANDRE MIRANDA VICOSA-88ANDREIA FERRARI TORNEIRI-22ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-86ANTONIO TEMPONI LEITE-102ARILSON CARDOSO CAETANO-89ARMANDO VEIGA-20BETHANIA ALVES DE ASSIS-29BRUNO SANTOS ARRIGONI-22CAMILA TORTELOTE MUSIELLO BARCELLOS BEITE-25CARLA PATRÍCIA PIRES XAVIER-79CARLOS BERKENBROCK-105, 99Carolina Augusta da Rocha Rosado-100, 97CHRISTIANE DE MATTOS WOODROW RODRIGUES-79CLAUDIA VASCONCELLOS SCHMIDT-80CLEBSON DA SILVEIRA-45CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-86DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO-91DANILO THEML CARAM-2DIOGO MORAES DE MELLO-69DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA-104EDGARD VALLE DE SOUZA-111, 115EDISON ALVES FURTADO-24EDIVAN FOSSE DA SILVA-84EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR-61ELIAS ASSAD NETO-47ELIETE BONI BITTENCOURT-13, 15, 17, 18, 21ELYANDERSON AUGUSTO F. DE SOUZA-84EMILENE ROVETTA DA SILVA-93

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ENRICO SANTOS CORREA-77ERIKA SEIBEL PINTO-23, 24, 31, 32, 36, 39, 54, 66, 67, 68, 70, 72FABIANA VIEIRA LOUREIRO-54FERNANDA RIBEIRO MAITAM-94FLAVIA FARIAS CORSEUIL-12FLAVIA SCALZI PIVATO-73FRANCISCO MALTA FILHO-75, 76, 77, 78, 79, 82FREDERICO ANGELO RAMALDES-76FREDERICO J. F. MARTINS PAIVA-74GEORGE RODRIGUES VIANA-69GILMAR PEREIRA CUSTÓDIO-80GIULLIANDREI DA SILVA TAVARES DE LIRA-31GUSTAVO CABRAL VIEIRA-116, 14, 51, 99GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO-103GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA-6, 96GUSTAVO LUIZ BUSSULAR-32, 35, 39, 55, 66, 67, 68, 69HELENICE DE SOUSA VIANA-38HELIO MARIO DE ARRUDA-12HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA-89HENRIQUE SOARES MACEDO-22Isabela Boechat B. B. de Oliveira-33, 40IZAEL DE MELLO REZENDE-27, 57JAILTON AUGUSTO FERNANDES-83JALINE IGLEZIAS VIANA-102JAMILI ABIB LIMA-29JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-27, 28, 30, 44JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-106, 51JOAO MIGUEL ARAUJO DOS SANTOS-64JOCIANI PEREIRA NEVES-73JOSE CARLOS ROSESTOLATO REZENDE-82JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-37, 50, 58JOSÉ OLIVEIRA DA SILVA-76, 79JOSE OLIVEIRA DE SOUZA-52JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS-113, 38JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-102, 63JUAREZ PIMENTEL MENDES JUNIOR-16JULIANA BARBOSA ANTUNES-8JULIANA LUCINDO DE OLIVEIRA-29KARIME SILVA SIVIERO-73Karina Rocha Mitleg Bayerl-33LARA CHAGAS VAN DER PUT-73Lauriane Real Cereza-62LEE STEPHAN DE ALMEIDA-12LEONARDO PIZZOL VINHA-116LIDIANE DA PENHA SEGAL-101, 30, 4, 40, 41, 46, 5, 58, 63LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA-104LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO-105, 38, 4LUCÉLIA GONÇALVES DE REZENDE-14LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA-34, 86LUCIANO ANTONIO FIOROT-78LUCIANO MOREIRA DOS ANJOS-49LUDMYLLA MARIANA ANSELMO-75Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro-93LUIZ AUGUSTO BELLINI-2LUIZ CLAUDIO SOBREIRA-10LUIZ TELVIO VALIM-29

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LUIZA MARTINS DE ASSIS SILVA-97MACIEL FERREIRA COUTO-114MARCELA BRAVIN BASSETTO-1, 26MARCELA REIS SILVA-47, 49, 62, 94MARCELO MATEDI ALVES-116MARCELO NUNES DA SILVEIRA-38Marcos Figueredo Marçal-16, 3, 46MARCOS JOSÉ DE JESUS-113MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA-104MARIA DA GUIA ARAUJO GONCALVES-102MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO-48MARIA ISABEL PONTINI-87MARIANA DE FRANÇA PESTANA-29MARIANA CORREIA SANT'ANNA-76MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-57MARINA RIBEIRO FLEURY-11MARTA ROSE VIMERCATI SCODINO-2MATHEUS GUERINE RIEGERT-76, 79, 81, 82MAURA RUBERTH GOBBI-73MICHELLE FREIRE CABRAL-29MICHELLE SANTOS DE HOLANDA-90MIGUEL SABAINI DOS SANTOS-107, 74NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO-106NATALIA SARAIVA SOUSA-15, 17, 18NEIDE DEZANE MARIANI-6NUBIA LEMOS GUASTI-76, 79OSWALDO AMBROZIO JUNIOR-112PABLO LUIZ ROSA OLIVEIRA-24, 71PAULO AUGUSTO MARTINS PINHEIRO CHAGAS-50Paulo Henrique Vaz Fidalgo-22, 84PEDRO GALLO VIEIRA-18PEDRO INOCENCIO BINDA-110, 87PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN-45RACHEL APARECIDA DE CARVALHO ASAFE-6RAFAEL GONÇALVES VASCONCELOS-65, 97RAFAEL LUIZ BUSSULAR-32, 35, 39, 66RAFAEL PINA DE SOUZA FREIRE-29RAFAEL ZORZANELI-81RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO-37RENATA GÓES FURTADO-24, 70, 71RENATA MILHOLO CARREIRO AVELLAR-73RENATO JUNQUEIRA CARVALHO-45RICARDO CALIMAN GOTARDO-110RICARDO FIGUEIREDO GIORI-26, 28, 44, 7RICARDO JUNGER-29RODOLFO PRANDI CAMPAGNARO-65RODOLPHO RANDOW DE FREITAS-36RODRIGO ANTONIO GIACOMELLI-29RODRIGO AZEVEDO LESSA-2RODRIGO BUBACH-25RODRIGO CAMPANA FIOROT-53RODRIGO COSTA BUARQUE-12RODRIGO DE ANDRADE GONÇALVES-76RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-52, 60, 92RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS-73ROSEMARY MACHADO DE PAULA-85

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SANDRA VILASTRE DE ARAUJO-48SATTVA BATISTA GOLTARA-98SAULLA RENATA GOMES DA SILVA-79SAYLES RODRIGO SCHUTZ-105, 99SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR-94SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-101SIRO DA COSTA-8, 95SUELLEM RIBEIRO BOTON-73SUELLEN CORREIA-77SUZANA AZEVEDO CRISTO-22TADEU FRAGA DE ANDRADE-25TATIANA MARQUES FRANÇA-73TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS-56THIAGO COSTA BOLZANI-5, 7Thor Lincoln Nunes Grünewald-109UBIRAJARA DOUGLAS VIANNA-22UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-107, 109, 112, 53, 59Valber Cruz Cereza-34, 62, 91VALTEMIR DA SILVA-72VANESSA MARIA BARROS GURGEL ZANONI-59VERA LÚCIA FÁVARES-73VILMAR LOBO ABDALAH JR.-57Vinícius de Lacerda Aleodim Campos-20, 61, 90, 95VINÍCIUS RIETH DE MORAES-76, 79, 80, 81

1ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). BOAVENTURA JOAO ANDRADE

Nro. Boletim 2013.000204 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061

16/10/2013Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0001385-84.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001385-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x VITORIA LUCIA CARVALHO DA SILVEIRA(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).PROCESSO: 0001385-84.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001385-2/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREQUESTIONAMENTO – AUSÊNCIA DE VÍCIO A SER SANADO - EMBARGOSCONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS (fls. 76/93) e pela Defensoria Pública da União (fls. 94/101) emface do acórdão que manteve a sentença que o condenou à concessão do benefício assistencial de prestação continuada àparte autora. Alega o INSS a impossibilidade de utilização de informativo como repositório oficial de jurisprudência doSupremo Tribunal Federal, como fez o acórdão. Para efeito de prequestionamento, alega que o acórdão contém omissão econtradição quanto à incidência do art. 195, § 5º e do art. 203, V, da CF/1988 à hipótese dos autos. Sustenta, ainda, aconstitucionalidade do art. 20 da Lei nº 8.742/93. A DPU alega, para efeito de prequestionamento, que o acórdão contémomissão, pois deixou de se pronunciar expressamente sobre o artigo 5º, caput e incisos LIV, LV, XXXV e LXXIV e artigos2º, 22, I, e 134, todos da Constituição Federal.Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC e art. 48 da Lei nº 9.099/95, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento damatéria posta nos autos, tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização deeventual recurso extraordinário, porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de pontofundamental, contradição entre a fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas.Ressalte-se que o fato de o acórdão embargado adotar o mesmo entendimento proferido pelo STF e noticiado noInformativo 702 não importa em utilização deste como repositório oficial de jurisprudência.Conquanto não se configurem a omissão e a contradição pela DPU, apontadas apenas para efeito de prequestionamento,

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vale ressaltar que um dos precedentes que deram origem à Súmula 421 do STJ é o AgRg no REsp 1028463/RJ, agravoregimental interposto pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro contra decisão monocrática que deu provimentoao recurso especial interposto pelo Instituto de Previdência do Estado do Rio de Janeiro - IPERJ, autarquia estadual, paraafastar a condenação ao pagamento de honorários advocatícios à Defensoria Pública.É de se reconhecer, portanto, que o entendimento da Corte Superior, que restou sumulado com referência expressa apenasà atuação contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença a defensoria pública, estende-se aos casos em queesta atua contra pessoa jurídica de direito público que pertença à mesma fazenda pública.Esse entendimento tem sido reiterado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, como se constata diversos julgados,inclusive o proferido em 2011, em recurso especial representativo de controvérsia repetitiva, que tem a seguinte ementa:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA REPETITIVA.RIOPREVIDÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PAGAMENTO EM FAVOR DA DEFENSORIA PÚBLICA DOESTADO DO RIO DE JANEIRO. NÃO CABIMENTO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.1. "Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença" (Súmula 421/STJ).2. Também não são devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra pessoa jurídica de direitopúblico que integra a mesma Fazenda Pública.3. Recurso especial conhecido e provido, para excluir da condenação imposta ao recorrente o pagamento de honoráriosadvocatícios. (g.n)(REsp 1199715/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/02/2011, DJe 12/04/2011)

Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, buscam os embargantes rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

2 - 0004912-70.2006.4.02.5001/01 (2006.50.01.004912-3/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: DANILO THEML CARAM.) xLILIA COSTA SOARES CARMONA x ZENI DOS SANTOS GOMES x TELMA SEGOVIA CARDOSO x YÊDA MARIAALCÂNTARA ZANOTELLI (ADVOGADO: LUIZ AUGUSTO BELLINI, MARTA ROSE VIMERCATI SCODINO, RODRIGOAZEVEDO LESSA.) x OS MESMOS.PROCESSO: 0004912-70.2006.4.02.5001/01 (2006.50.01.004912-3/01)

VOTO-E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – JULGAMENTO EXTRA PETITA – APOSENTADORIA COMPLEMENTAR - IMPOSTODE RENDA SOBRE RENDA ANTECIPADA – NÃO INCIDÊNCIA - EMBARGOS CONHECIDOS E PROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela União em face do acórdão de fls. 225/229, que reconheceu, de ofício, aprescrição para três das quatro autoras, bem como deu parcial provimento ao recurso inominado interposto pelas autoraspara reformar a sentença – que declarou a inexigibilidade do imposto de renda incidente sobre o benefício decomplementação de aposentadoria auferido pelas autoras - no que tange à forma de apuração do indébito e liquidação dojulgado em relação à quarta autora. A embargante alega equívoco no acórdão, tendo em vista que a lide não trata daincidência do imposto de renda sobre verbas de complementação de aposentadoria, mas sim sobre valores recebidos pelamigração de um plano de previdência para outro, tendo sido alegada, no recurso das autoras, a nulidade da sentença, quedecidiu questão diversa daquela proposta.

Assiste razão à embargante. O pedido diz respeito aos valores retidos a título de imposto de renda incidente sobre arestituição/antecipação de parte das reservas de poupança existentes à época, por ocasião da adesão das autoras ao REB– Regulamento do Plano de Benefícios, ocorrida em março/2002, abril/2002, março/2004 e julho/2003, respectivamente. Asentença declarou a inexigibilidade do imposto de renda incidente sobre o benefício de complementação ou suplementaçãode aposentadoria auferido pela parte autora, na proporção correspondente às suas contribuições recolhidas ao plano deprevidência privada pelo período de meses em que ocorreu a tributação prévia, na forma da Lei nº 7.713/89. O acórdãoreconheceu, de ofício, a prescrição com relação a três autoras, considerando que entre a data das aposentadorias(17/01/1995, 02/09/1999 e 27/03/1992) e a data do ajuizamento da ação (25/05/2006) transcorreram mais de cinco anos.Quanto à quarta autora, foi mantida a condenação, exceto quanto à forma de apuração do indébito.

De fato, a sentença foi extra petita, assim como o acórdão, equivocado ao afastar a alegação de nulidade sob o argumentode que a inexigibilidade do imposto de renda e a restituição sobre o que foi indevidamente cobrado sobre acomplementação de aposentadoria, são questões complementares e compatíveis entre si, não havendo que se falar emsentença decidida de forma diversa da requerida. (item 3).

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Uma vez que a sentença decidiu matéria alheia à causa de pedir e pedido formulados, houve prolação de sentença extrapetita, vulnerando-se o artigo 460, caput, do CPC. Impõe-se a anulação da sentença.

5. Pelas razões, DOU PROVIMENTO aos embargos de declaração para, suprindo a omissão em que incorreu oacórdão embargado, DAR PROVIMENTO ao RECURSO INOMINADO interposto pela UNIÃO e ANULAR a sentença.

6. Resta prejudicada a análise do recurso interposto pelas autoras. Os autos deverão retornar ao 2º JEF deVitória-ES, a fim de que nova sentença seja prolatada. Sem honorários e sem custas

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

3 - 0002053-26.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002053-9/01) GILCELIA BATISTA x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).PROCESSO: 0002053-26.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002053-9/01)

VOTO - EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela autora em face da sentença de fls. 52/53, que julgou improcedente opedido de concessão do benefício de auxílio-reclusão, tendo em vista que na data do recolhimento à prisão, o companheiroda autora não possuía qualidade de segurado. Alega a recorrente que a concessão do benefício de auxílio-reclusãoindepende de carência, conforme artigo 26 da Lei nº 8.213/91, bem como que, conforme provas documentais, faz jus aobenefício, de conformidade com a legislação em vigor, eis que consta dos autos prova material hábil, estando comprovadana CTPS a condição de segurado do recluso e sendo presumida a dependência econômica da esposa. Afirma que osegurado recolheu mais de doze contribuições mensais e não recebe qualquer remuneração da empresa. Emcontrarrazões, o INSS pugna pela manutenção da sentença.

2. O auxílio-reclusão está previsto no art. 201, IV, da Constituição Federal, sendo devido aos dependentes dos seguradosde baixa renda. O art. 80 da Lei nº 8.213/91 dispõe que o referido benefício será devido aos dependentes do seguradorecolhido à prisão, que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria oude abono de permanência em serviço. O art. 116 do Decreto nº 3.048/99 estabelece a condição, para a concessão dobenefício, de que o último salário de contribuição seja inferior ou igual a R$ 360,00, valor esse que vem sendoperiodicamente atualizado pelo Ministério da Previdência Social.

3. Trata-se de benefício de natureza previdenciária e não assistencial, que reclama para sua concessão os seguintesrequisitos: a qualidade de segurado do recluso no momento do encarceramento; a condição de dependente de quem requero benefício; e a baixa renda do segurado.

4. Assiste razão ao INSS e à sentença quanto à perda da qualidade de segurado do recluso em momento anterior aoencarceramento. Com efeito

5. Com efeito, quando o segurado foi preso, em 30/11/2005, encontrava-se desempregado desde 18/12/1997, conformeregistro na CTPS (fl. 30), tendo permanecido sem recolher contribuição previdenciária desde essa data, conforme relatóriode contribuições do CNIS constante à fl. 48. Como se vê, o período de graça previsto no art. 15, II, da Lei nº 8.213/91 (dozemeses), já havia decorrido, há muito, quando da prisão. Mesmo que fosse aplicável a prorrogação do prazo, prevista no § 1ºdo referido artigo – o que não ocorre no presente caso, conforme se depreende de fl. 48 – e o acréscimo previsto no § 2º domesmo artigo, não seria possível a manutenção da qualidade de segurado até 30/11/2005.

6. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a parte autora é beneficiária da assistênciajudiciária gratuita (fl. 58).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

4 - 0006208-04.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006208-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x MARIA PIFFER COUTINHO(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.).PROCESSO: 0006208-04.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006208-5/01)

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E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREQUESTIONAMENTO – AUSÊNCIA DE VÍCIO A SER SANADO - EMBARGOSCONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS (fls. 117/134) e pela Defensoria Pública da União (fls. 135/142) emface do acórdão que manteve a sentença que o condenou à concessão do benefício assistencial de prestação continuada àparte autora. Alega o INSS a impossibilidade de utilização de informativo como repositório oficial de jurisprudência doSupremo Tribunal Federal, como fez o acórdão. Para efeito de prequestionamento, alega que o acórdão contém omissão econtradição quanto à incidência do art. 195, § 5º e do art. 203, V, da CF/1988 à hipótese dos autos. Sustenta, ainda, aconstitucionalidade do art. 20 da Lei nº 8.742/93. A DPU alega, para efeito de prequestionamento, que o acórdão contémomissão, pois deixou de se pronunciar expressamente sobre o artigo 5º, caput e incisos LIV, LV, XXXV e LXXIV e artigos2º, 22, I, e 134, todos da Constituição Federal.Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC e art. 48 da Lei nº 9.099/95, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento damatéria posta nos autos, tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização deeventual recurso extraordinário, porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de pontofundamental, contradição entre a fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas.Ressalte-se que o fato de o acórdão embargado adotar o mesmo entendimento proferido pelo STF e noticiado noInformativo 702 não importa em utilização deste como repositório oficial de jurisprudência.Conquanto não se configurem a omissão e a contradição pela DPU, apontadas apenas para efeito de prequestionamento,vale ressaltar que um dos precedentes que deram origem à Súmula 421 do STJ é o AgRg no REsp 1028463/RJ, agravoregimental interposto pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro contra decisão monocrática que deu provimentoao recurso especial interposto pelo Instituto de Previdência do Estado do Rio de Janeiro - IPERJ, autarquia estadual, paraafastar a condenação ao pagamento de honorários advocatícios à Defensoria Pública.É de se reconhecer, portanto, que o entendimento da Corte Superior, que restou sumulado com referência expressa apenasà atuação contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença a defensoria pública, estende-se aos casos em queesta atua contra pessoa jurídica de direito público que pertença à mesma fazenda pública.Esse entendimento tem sido reiterado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, como se constata diversos julgados,inclusive o proferido em 2011, em recurso especial representativo de controvérsia repetitiva, que tem a seguinte ementa:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA REPETITIVA.RIOPREVIDÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PAGAMENTO EM FAVOR DA DEFENSORIA PÚBLICA DOESTADO DO RIO DE JANEIRO. NÃO CABIMENTO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.1. "Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença" (Súmula 421/STJ).2. Também não são devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra pessoa jurídica de direitopúblico que integra a mesma Fazenda Pública.3. Recurso especial conhecido e provido, para excluir da condenação imposta ao recorrente o pagamento de honoráriosadvocatícios. (g.n)(REsp 1199715/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/02/2011, DJe 12/04/2011)

Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, buscam os embargantes rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

5 - 0005938-77.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005938-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x NAIR ALLEDI FERREIRA (DEF.PUB: LIDIANE DAPENHA SEGAL.).PROCESSO: 0005938-77.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005938-4/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREQUESTIONAMENTO – AUSÊNCIA DE VÍCIO A SER SANADO - EMBARGOSCONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS (fls. 163/180) e pela Defensoria Pública da União (fls. 181/188) emface do acórdão que manteve a sentença que o condenou à concessão do benefício assistencial de prestação continuada àparte autora. Alega o INSS a impossibilidade de utilização de informativo como repositório oficial de jurisprudência doSupremo Tribunal Federal, como fez o acórdão. Para efeito de prequestionamento, alega que o acórdão contém omissão e

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contradição quanto à incidência do art. 195, § 5º e do art. 203, V, da CF/1988 à hipótese dos autos. Sustenta, ainda, aconstitucionalidade do art. 20 da Lei nº 8.742/93. A DPU alega, para efeito de prequestionamento, que o acórdão contémomissão, pois deixou de se pronunciar expressamente sobre o artigo 5º, caput e incisos LIV, LV, XXXV e LXXIV e artigos2º, 22, I, e 134, todos da Constituição Federal.Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC e art. 48 da Lei nº 9.099/95, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento damatéria posta nos autos, tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização deeventual recurso extraordinário, porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de pontofundamental, contradição entre a fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas.Ressalte-se que o fato de o acórdão embargado adotar o mesmo entendimento proferido pelo STF e noticiado noInformativo 702 não importa em utilização deste como repositório oficial de jurisprudência.Conquanto não se configurem a omissão e a contradição pela DPU, apontadas apenas para efeito de prequestionamento,vale ressaltar que um dos precedentes que deram origem à Súmula 421 do STJ é o AgRg no REsp 1028463/RJ, agravoregimental interposto pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro contra decisão monocrática que deu provimentoao recurso especial interposto pelo Instituto de Previdência do Estado do Rio de Janeiro - IPERJ, autarquia estadual, paraafastar a condenação ao pagamento de honorários advocatícios à Defensoria Pública.É de se reconhecer, portanto, que o entendimento da Corte Superior, que restou sumulado com referência expressa apenasà atuação contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença a defensoria pública, estende-se aos casos em queesta atua contra pessoa jurídica de direito público que pertença à mesma fazenda pública.Esse entendimento tem sido reiterado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, como se constata diversos julgados,inclusive o proferido em 2011, em recurso especial representativo de controvérsia repetitiva, que tem a seguinte ementa:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA REPETITIVA.RIOPREVIDÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PAGAMENTO EM FAVOR DA DEFENSORIA PÚBLICA DOESTADO DO RIO DE JANEIRO. NÃO CABIMENTO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.1. "Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença" (Súmula 421/STJ).2. Também não são devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra pessoa jurídica de direitopúblico que integra a mesma Fazenda Pública.3. Recurso especial conhecido e provido, para excluir da condenação imposta ao recorrente o pagamento de honoráriosadvocatícios. (g.n)(REsp 1199715/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/02/2011, DJe 12/04/2011)

Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, buscam os embargantes rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

6 - 0008335-17.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.008335-1/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUETEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (PROCDOR: NEIDE DEZANE MARIANI.) xMARIA LUCIA IZABEL E OUTROS (ADVOGADO: RACHEL APARECIDA DE CARVALHO ASAFE, ALMERY LILIANMORAES.).PROCESSO: 0008335-17.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.008335-1/01)

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recursos inominados, interpostos pelo IFES e pela União, em face da sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido dos autores para declarar a inexistência de relação jurídico-tributária entre as partes, tendo por objetoa incidência de contribuição previdenciária sobre a parcela de 1/3 de férias, e condenou os recorrentes a restituírem aosrecorridos as parcelas indevidamente descontadas a esse título, ressalvada a prescrição quinquenal e com atualização pelataxa SELIC.

Alega o IFES sua ilegitimidade passiva, tendo em vista que a contribuição social do servidor público ativo de qualquer dospoderes da União, incluídas suas autarquias e fundações, para a manutenção do respectivo Regime Próprio de PrevidênciaSocial é tributo, de natureza previdenciária, receita da União, a qual é responsável pelo mencionado Regime Próprio. Nomérito, requer seja reformada a sentença, para que se considere como improcedente o pedido de abstenção de descontosnos vencimentos dos autores a título de contribuição para o PSS incidente sobre a parcela de 1/3 de férias.

No mérito, alega a União que a incidência da contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias decorre doprincípio da solidariedade, que desvincula o financiamento da previdência a contrapartida em prestações específicas ouproporcionais a favor do contribuinte, sendo a própria contribuição dos inativos a manifestação mais cristalina desseprincípio. Afirma que a Lei nº 10.887/2004, que regulamenta a aplicação de disposições da EC nº 41/2003 acerca da

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contribuição social do servidor público federal, não exclui da base de contribuição o adicional correspondente ao terço daremuneração do período de férias. Defende, por fim, que as regras consubstanciadas no art. 4º da Lei nº 10.887/2004guardam conformidade com o princípio da solidariedade plasmado no art. 40, caput da Constituição da República,resguardando o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema de seguridade. Pela eventualidade, sustenta que a correção devalores eventualmente devidos aos autores não pode ser feita pela Taxa SELIC.

É o relatório do necessário. Passo a votar.

Preliminarmente, acolho a alegação de ilegitimidade passiva do IFES. A competência para instituição, fiscalização earrecadação de contribuições sociais de servidores federais para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciáriopróprio, conforme a Constituição da República, é privativa da União. Sendo assim, se apenas a União pode criar acontribuição social ora discutida, apenas ela pode desonerar de seu pagamento, motivo pelo qual a condenação em seabster de recolher na fonte a contribuição previdenciária incidente sobre o um terço de férias dos autores deve sersuportada pela UNIÃO.

Conforme entendimento firmado no Incidente de Uniformização de Jurisprudência junto ao Superior Tribunal de Justiça(Pet. nº 7.296-PE), a ministra relatora Eliana Calmon reviu anterior posicionamento do Tribunal Superior (REsp nº731.132/PE, que acompanhava a tese da incidência da contribuição previdenciária sobre 1/3 de férias) para passar a adotaro entendimento do Supremo Tribunal Federal, que concluiu, em diversos julgados, pela não-incidência da contribuiçãoprevidenciária sobre o terço constitucional de férias (AI 712.880/MG, AI 710.361/MG, AgRg 727.958/MG, RE 545.317/DF, AI603.537/DF).

O gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do salário normal, prevista no art. 7º, XVII daConstituição Federal, representa vantagem estendida a todos os servidores ocupantes de cargos públicos (art. 39, § 3º,CRFB). O objetivo do terço constitucional de férias é garantir que o trabalhador possa usufruir de seu período de descansode forma plena. E é exatamente para alcançar essa finalidade que o Supremo Tribunal Federal entende pela não-incidênciada contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias, ao fundamento de que a referida verba detém naturezaindenizatória e de que apenas as parcelas incorporáveis ao salário do servidor, para fins de aposentadoria, sofrem aincidência da contribuição previdenciária.

Nesse sentido:

..EMEN: TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃOPREVIDENCIÁRIA. TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. NÃO INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DO STJ E DO STF.ALEGADA OFENSA À CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (CF, ART. 97). NÃO OCORRÊNCIA. AGRAVO NÃOPROVIDO. 1. "A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, na linha de orientação adotada pelo Supremo TribunalFederal, revendo seu posicionamento, firmou compreensão segundo a qual não incide contribuição previdenciária sobre 'oterço constitucional de férias, verba que detém natureza indenizatória por não se incorporar à remuneração do servidor parafins de aposentadoria' (Pet 7.296/PE, Rel. Min. ELIANA CALMON, DJe 10/11/09)" (AgRg na Pet 7.207/PE, de minharelatoria, DJe 15/9/10) 2. Não caracteriza ofensa à reserva de plenário a interpretação dispensada por órgão fracionário deTribunal a dispositivo de lei que, mediante legítimo processo hermenêutico, tem sua incidência limitada. 3. Agravo

�regimental não provido. ..EMEN: (AGARESP 201201826431, ARNALDO ESTEVES LIMA, STJ - PRIMEIRA TURMA, DJEDATA:09/05/2013 ..DTPB:.)

..EMEN: TRIBUTÁRIO E PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. CONTRIBUIÇÃOPREVIDENCIÁRIA. TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. NÃO INCIDÊNCIA. 1. A Primeira Seção, ao apreciar a Pet7.296/PE (Relatora Ministra Eliana Calmon, Dje de 10.11.2009), acolheu o Incidente de Uniformização de Jurisprudênciapara que não se aplique a Contribuição Previdenciária sobre o terço constitucional de férias. 2. Não há falar em violação doart. 97 da Constituição da República, tendo em vista que não foi afastada a legislação federal, mas sua interpretação em

�consonância com precedentes do próprio STF. 3. Agravo Regimental não provido. ..EMEN: (AGRESP 201201493266,HERMAN BENJAMIN, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:10/10/2012 ..DTPB:.)

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. ADICIONAL DE FÉRIAS. NÃOINCLUSÃO NA BASE de CÁLCULO. NÃO INCIDÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Não pode incidircontribuição previdenciária sobre parcelas que não se incorporam em caráter permanente à remuneração do segurado. 2. Éindevida a contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias. 3. Precedentes da Suprema Corte. 4. Sentençareformada para reconhecer o direito à não incidência da exação e do direito à restituição do que indevidamente recolhido. 5.

�Recurso conhecido e provido. 6. Sem ônus de sucumbência. . (Processo 802035200840143, ADELMAR AIRES PIMENTAda SILVA, TRTO - 1ª Turma Recursal - TO, DJTO 27/04/2009.)

Sendo assim, correto o entendimento do Juízo a quo que declarou a inexistência de relação jurídico-tributária entre aspartes, tendo por objeto a incidência de contribuição previdenciária sobre a parcela de 1/3 de férias, condenando a União arestituir ao autor as parcelas indevidamente descontadas a esse título, ressalvada a prescrição quinquenal.

Passo a tecer considerações sobre a aplicação da Taxa Selic.

O entendimento consolidado na súmula 188 do STJ restou superado pelo advento da Taxa SELIC (Lei nº 9.250/95). Isso

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pode ser percebido pela análise, entre outras, da ementa lavrada no julgamento do Agravo Regimental no Agravo deInstrumento nº 200600822585, ocasião em que assim compendiou o entendimento da 1ª Seção do STJ sobre o tema emfoco:

“... 4. Nos casos de repetição de indébito tributário, a orientação prevalente no âmbito da 1ª Seção quanto aos juros podeser sintetizada da seguinte forma: (a) antes do advento da Lei 9.250/95, incidia a correção monetária desde o pagamentoindevido até a restituição ou compensação (Súmula 162/STJ), acrescida de juros de mora a partir do trânsito em julgado(Súmula 188/STJ), nos termos do art. 167, parágrafo único, do CTN; (b) após a edição da Lei 9.250/95, aplica-se a taxaSELIC desde o recolhimento indevido, ou, se for o caso, a partir de 1º.01.1996, não podendo ser cumulada, porém, comqualquer outro índice, seja de atualização monetária, seja de juros, porque a SELIC inclui, a um só tempo, o índice deinflação do período e a taxa de juros real." (AgRg no AG 601.246/SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, 1.ª Turma, DJ21.03.2005)...”(STJ – 1ª Turma. AGA 200600822585. Rel. Min. José Delgado. DJ de 02/04/2007)

Visto que a lei que instituiu a SELIC é uma lei ordinária federal, o disposto no parágrafo único do artigo 167 do CTN e oentendimento consolidado na súmula 188 do STJ (juros de mora a partir do trânsito em julgado) continuam a ser aplicáveispara tributos de competência estadual e municipal.

Depreende-se, em suma, que não assiste razão à União.

Posto isso, conheço dos recursos inominados, DOU PROVIMENTO AO RECURSO DO IFES PARA RECONHECER SUAILEGITIMIDADE PASSIVA E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO DA UNIÃO.

Custas ex lege. Condenação da recorrente vencida (União) ao pagamento de honorários advocatícios, que ora arbitro em10% sobre o valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

7 - 0000883-14.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000883-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x MARIA MARGARIDA DA SILVA DE RAMOS(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.).PROCESSO: 0000883-14.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000883-6/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREQUESTIONAMENTO – AUSÊNCIA DE VÍCIO A SER SANADO - EMBARGOSCONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS (fls. 106/112) e pela Defensoria Pública da União (fls. 113/120) emface do acórdão que manteve a sentença que o condenou à concessão do benefício assistencial de prestação continuada àparte autora. Alega o INSS, para efeito de prequestionamento, alega que o acórdão contém omissão e contradição quanto àincidência do art. 195, § 5º e do art. 203, V, da CF/1988 à hipótese dos autos. Sustenta, ainda, a constitucionalidade do art.20 da Lei nº 8.742/93. A DPU alega, para efeito de prequestionamento, que o acórdão contém omissão, pois deixou de sepronunciar expressamente sobre o artigo 5º, caput e incisos LIV, LV, XXXV e LXXIV e artigos 2º, 22, I, e 134, todos daConstituição Federal.Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC e art. 48 da Lei nº 9.099/95, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento damatéria posta nos autos, tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização deeventual recurso extraordinário, porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de pontofundamental, contradição entre a fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas.Conquanto não se configurem a omissão e a contradição pela DPU, apontadas apenas para efeito de prequestionamentotais como as alegadas pelo INSS, vale ressaltar que um dos precedentes que deram origem à Súmula 421 do STJ é oAgRg no REsp 1028463/RJ, agravo regimental interposto pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro contradecisão monocrática que deu provimento ao recurso especial interposto pelo Instituto de Previdência do Estado do Rio deJaneiro - IPERJ, autarquia estadual, para afastar a condenação ao pagamento de honorários advocatícios à DefensoriaPública.É de se reconhecer, portanto, que o entendimento da Corte Superior, que restou sumulado com referência expressa apenasà atuação contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença a defensoria pública, estende-se aos casos em queesta atua contra pessoa jurídica de direito público que pertença à mesma fazenda pública.Esse entendimento tem sido reiterado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, como se constata diversos julgados,inclusive o proferido em 2011, em recurso especial representativo de controvérsia repetitiva, que tem a seguinte ementa:

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ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA REPETITIVA.RIOPREVIDÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PAGAMENTO EM FAVOR DA DEFENSORIA PÚBLICA DOESTADO DO RIO DE JANEIRO. NÃO CABIMENTO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.1. "Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença" (Súmula 421/STJ).2. Também não são devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra pessoa jurídica de direitopúblico que integra a mesma Fazenda Pública.3. Recurso especial conhecido e provido, para excluir da condenação imposta ao recorrente o pagamento de honoráriosadvocatícios. (g.n)(REsp 1199715/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/02/2011, DJe 12/04/2011)

Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, buscam os embargantes rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

8 - 0001270-31.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001270-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.) x MARIA HELENA DE OLIVEIRA XAVIER (ADVOGADO: SIRO DACOSTA.).PROCESSO: 0001270-31.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001270-9/01)

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 74/77, que julgou parcialmenteprocedente o pedido de restabelecimento de auxílio-doença e/ou concessão do benefício de aposentadoria por invalidez. OJuízo a quo restabeleceu o benefício de auxílio-doença desde a data da cessação indevida, em 31/12/2008, estendendo-oaté 21/12/2009. Recorre o INSS alegando que, na data de início da incapacidade (DII) – 28/04/2008, a recorrida já haviaperdido a qualidade de segurada. Afirma que, conforme extrato do CNIS, a autora contribuiu como segurada facultativaentre fevereiro de 2005 a janeiro de 2006. Posteriormente, reingressou ao RGPS recolhendo a contribuição referente a abrilde 2008. Entretanto, tal recolhimento deu-se apenas em julho de 2008. Sustenta, ainda, que a sentença considerou que aautora é segurada especial (trabalhadora rural), o que é inverídico, tanto que não há qualquer documento que comprove oexercício de atividade rural em regime de economia familiar no período entre a perda da qualidade de segurada e oreingresso no RGPS. Aduz que a concessão administrativa do benefício de auxílio-doença entre 29/07/2008 a 31/12/2008foi indevida e que a Administração tem o dever de anular seus atos viciados a qualquer tempo. Requer seja reformada asentença.

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

Conforme extrato do CNIS (fl. 85), a autora ingressou no RGPS em fevereiro de 2005, como segurada facultativa. Recolheuaté a competência “janeiro de 2006”. Voltou a contribuir apenas em 11/07/2008, recolhendo no mesmo dia (11/07/2008), ascompetências “abril, maio e junho de 2008”. No primeiro período de recolhimento (fevereiro de 2005 a janeiro de 2006), aautora efetuou 12 contribuições, completando o requisito “carência”. Como cessou seus pagamentos em janeiro de 2006,manteve a qualidade de segurada por mais 06 meses (período de graça para o segurado facultativo), ou seja, até15/09/2006 (contando o prazo para recolher a competência “julho de 2006”, caso quisesse continuar como segurada).Recebeu auxílio-doença entre 29/07/2008 e 31/12/2008 (fl. 34), como segurada facultativa. O benefício não foi renovado,tendo em vista a constatação posterior de que a autora havia perdido a qualidade de segurada na data do requerimentoadministrativo.

A controvérsia nos autos está em saber se as contribuições vertidas em 11/07/2008 recuperariam a qualidade de seguradada autora para que pudesse pedir auxílio-doença em 29/07/2008. A manutenção da qualidade de segurada deve serverificada na data do início da incapacidade, e não na data de entrada do requerimento, conforme o Enunciado nº 23 dasTurmas Recursais dos Juizados Especiais Federais de São Paulo (A qualidade de segurado, para fins de concessão deauxílio-doença e aposentadoria por invalidez, deve ser verificada quando do início da incapacidade).

O perito do Juízo atestou que a incapacidade surgiu em 28/04/2008, mesma data fixada pelo perito do INSS. Nesta data, aautora não detinha a qualidade de segurada, vez que o reingresso ocorreu apenas em junho de 2008 (recolhimento em11/07/2008 – primeira contribuição sem atraso), não servindo as competências “abril e maio de 2008” como contribuiçõesaptas a gerar a reaquisição da qualidade de segurado, tendo em vista o recolhimento em atraso.

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Desta feita, restaria saber se, entre setembro de 2006 e junho de 2008, a autora exerceu atividade rural para que pudesseser enquadrada como segurada especial. Apesar de ter se declarado trabalhadora rural na petição inicial, a recorrida nãojuntou prova material de sua alegação, tendo apenas um comprovante de residência em zona rural em nome de terceirapessoa. Como as contribuições recolhidas foram como segurada facultativa e o benefício de auxílio-doença foi concedidonesta condição, não há como presumir que a autora seja segurada especial, como fez o Juízo a quo.

Assim, conheço do recurso do INSS e a ele dou provimento para reformar a sentença recorrida e julgar improcedente opedido de restabelecimento de auxílio-doença, tendo em vista a perda da qualidade de segurada no momento dorequerimento administrativo.

Recurso conhecido e provido. Sentença reformada.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que o recorrente é vencedor.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

9 - 0002527-89.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002527-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x BERNADETH ANA NAGELFRANCA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).PROCESSO: 0002527-89.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002527-5/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREQUESTIONAMENTO – AUSÊNCIA DE VÍCIO A SER SANADO - EMBARGOSCONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS (fls. 94/100) e pela Defensoria Pública da União (fls. 101/108) emface do acórdão que manteve a sentença que o condenou à concessão do benefício assistencial de prestação continuada àparte autora. Alega o INSS, para efeito de prequestionamento, alega que o acórdão contém omissão e contradição quanto àincidência do art. 195, § 5º e do art. 203, V, da CF/1988 à hipótese dos autos. Sustenta, ainda, a constitucionalidade do art.20 da Lei nº 8.742/93. A DPU alega, para efeito de prequestionamento, que o acórdão contém omissão, pois deixou de sepronunciar expressamente sobre o artigo 5º, caput e incisos LIV, LV, XXXV e LXXIV e artigos 2º, 22, I, e 134, todos daConstituição Federal.Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC e art. 48 da Lei nº 9.099/95, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento damatéria posta nos autos, tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização deeventual recurso extraordinário, porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de pontofundamental, contradição entre a fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas.Conquanto não se configurem a omissão e a contradição pela DPU, apontadas apenas para efeito de prequestionamentotais como as alegadas pelo INSS, vale ressaltar que um dos precedentes que deram origem à Súmula 421 do STJ é oAgRg no REsp 1028463/RJ, agravo regimental interposto pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro contradecisão monocrática que deu provimento ao recurso especial interposto pelo Instituto de Previdência do Estado do Rio deJaneiro - IPERJ, autarquia estadual, para afastar a condenação ao pagamento de honorários advocatícios à DefensoriaPública.É de se reconhecer, portanto, que o entendimento da Corte Superior, que restou sumulado com referência expressa apenasà atuação contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença a defensoria pública, estende-se aos casos em queesta atua contra pessoa jurídica de direito público que pertença à mesma fazenda pública.Esse entendimento tem sido reiterado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, como se constata diversos julgados,inclusive o proferido em 2011, em recurso especial representativo de controvérsia repetitiva, que tem a seguinte ementa:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA REPETITIVA.RIOPREVIDÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PAGAMENTO EM FAVOR DA DEFENSORIA PÚBLICA DOESTADO DO RIO DE JANEIRO. NÃO CABIMENTO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.1. "Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença" (Súmula 421/STJ).2. Também não são devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra pessoa jurídica de direitopúblico que integra a mesma Fazenda Pública.3. Recurso especial conhecido e provido, para excluir da condenação imposta ao recorrente o pagamento de honoráriosadvocatícios. (g.n)(REsp 1199715/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/02/2011, DJe 12/04/2011)

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Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, buscam os embargantes rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

10 - 0000123-07.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.000123-1/01) CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUIZCLAUDIO SOBREIRA.) x MARIA DE LOURDESBERTOLY SOUZA.PROCESSO: 0000123-07.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.000123-1/01)V O T O / E M E N T A

RESPONSABILIDADE CIVIL – CEF – APLICAÇÃO DO CDC – SAQUES INDEVIDOS – INVERSÃO DO ÔNUS PROBANDI– FALTA DE PROVAS – DANO MORAL CONFIGURADO – QUANTUM INDENIZATÓRIO MANTIDO – RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado, interposto pela Caixa Econômica Federal, em face da sentença de fls.105/107, que julgouprocedentes os pedidos iniciais, condenando a CEF ao pagamento de danos materiais no valor de R$ 5.760,00 (cinco mil,setecentos e sessenta reais), bem como a pagar à autora a quantia de R$ 3.000,00 (três mil reais) a título de indenizaçãopor danos morais. A CEF alega, em síntese, que não praticou qualquer ilícito, pois a culpa do evento danoso teria sidoexclusiva da vítima. Aduz, também, que não ficou comprovada a existência de danos morais a serem reparados, pugnandopor sua total improcedência, mas se assim não for entendido, pugna pela redução do valor arbitrado.

O instituto da responsabilidade civil está previsto no artigo 927 do Código Civil de 2002, o qual possui a seguinte redação:“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”. Por sua vez, o artigo 186 domesmo diploma normativo dispõe como ato ilícito a ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, que violardireito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral.

A autora se aposentou em 31/01/2006 e, a partir desta data, passou a ter direito ao saque de valores relativos ao FGTS ePIS. Em vez de sacar tais valores, a recorrida os depositou numa conta poupança aberta junto à CEF. Comprovantes de fls.11/13 mostram os depósitos realizados na referida conta poupança, sem qualquer retirada, gerando um saldo de R$5.760,00. De acordo com a autora, no dia em que foi procurar a recorrente, a fim de realizar seu primeiro saque, foiinformada que só havia a quantia de R$ 3,52 (três reais e cinquenta e dois centavos) em sua conta.

Conforme decidido pelo STF, na ADIn 2591/DF, a relação de consumo é aplicável às instituições financeiras e, deste modo,a responsabilidade da CEF é objetiva, ou seja, independe de culpa. Além disso, o ônus da prova é da recorrente, pois foideferida a inversão do ônus da prova, prevista no CDC.Em sua defesa, a CEF alega que os saques na conta poupança são de inteira responsabilidade da recorrida, já que teriamsido realizados por ela mesma, ou por alguém próximo, em decorrência de suposta negligência em relação à senha de suaconta. Tal alegação, porém, não merece prosperar, tendo em vista que o ônus da prova é da recorrente e esta nãocomprovou que os saques foram realizados pela recorrida.

Além disso, como a instituição bancária não conseguiu ilidir as alegações da autora, comprovando cabalmente anegligência ou descuido na utilização de seu cartão e senha, há de se concluir que foram indevidos os saques, por teremsido realizados por terceiros de modo fraudulento.

Por todo o exposto, não restando demonstrado que os valores foram sacados pela recorrida, devem os mesmos serressarcidos pela CEF, pela aplicação do Código de Defesa do Consumidor.

A violação ao direito da recorrida enseja reparação por danos morais, consoante art. 927 do Código Civil, sendo que o valorfixado na sentença está em conformidade com o presente caso, pois levou em conta as especificidades da situação.

Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.

Custas ex lege. Condenação da recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, que ora fixo em 10 % do valor dacondenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. A

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certificação digital consta na parte inferior da página]

11 - 0000718-30.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000718-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: MARINA RIBEIRO FLEURY.) x FLÁVIA PÁDUA FERREIRA DIAZ.PROCESSO: 0000718-30.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000718-6/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – AUSÊNCIA DE ADVOGADO CONSTITUÍDO NOS AUTOS - CONDENAÇÃO EMHONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS INCABÍVEL – EMBARGOS CONHECIDOS E PROVIDOS.

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pela União Federal em face do acórdão que manteve a sentença quedeclarou a inexistência de relação jurídica tributária entre as partes no que diz respeito à cobrança de contribuição sindical,bem como condenou a União a se abster de efetuar os descontos sobre os vencimentos do autor relativos a tal exação e arestituir à parte autora o montante descontado a esse título. O acórdão condenou a recorrente ao pagamento de honoráriosadvocatícios, fixados em 10% sobre o valor da condenação.2. Alega a embargante que o acórdão contém omissão no que tange à sua condenação em honorários advocatícios, poisnão houve apresentação de contrarrazões pela parte recorrida. Pede o provimento dos embargos par ao fim de excluir averba honorária fixada no acórdão embargado.3. A mera ausência de contrarrazões ao recurso não impede a condenação do recorrente vencido em honorários. Nessesentido, o Enunciado 55 desta Turma Recursal, segundo o qual a omissão do advogado da parte recorrida em apresentarcontrarrazões ao recurso não isenta o recorrente vencido de pagar honorários advocatícios.4. Observo, contudo, que não há advogado constituído nos autos – fato omitido no acórdão embargado -, pelo queincabível, mesmo porque inócua, a condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios.5. Embargos conhecidos e providos para, reconhecendo a omissão apontada, alterar o acórdão embargado e excluir acondenação da recorrente ao pagamento de honorários advocatícios.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

12 - 0005492-79.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005492-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x MARIA DAMASCENA DE MEDEIROS (ADVOGADO: FLAVIA FARIASCORSEUIL, HELIO MARIO DE ARRUDA.) x MARIA NEUSA DE MORAES CARNEIRO (ADVOGADO: LEE STEPHAN DEALMEIDA.).PROCESSO: 0005492-79.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005492-2/01)

V O T O / E M E N T A

Trata-se de embargos de declaração, opostos por MARIA NEUSA DE MORAES CARNEIRO, em face do acórdão de fls.245/246, que, ao julgar os primeiros embargos declaratórios, negou-lhes provimento. Alega a embargante que houvecerceamento de defesa tendo em vista que não teve ciência da data e horário do julgamento para as devidas explanações.Requer a anulação dos atos posteriores à oposição dos primeiros embargos declaratórios.

Os recursos inominados do INSS e da ora embargante (corré) começaram a ser apreciados na sessão de 27/06/2013(certidão de fl. 235), quando este relator inseriu o processo em pauta. Em tal sessão, houve pedido de vistas do 3º JuizRelator. Na sessão de 24/07/2013, o julgamento teve continuidade (certidão de fl. 237). Ambos os recorrentes tiveram seusrecursos improvidos. O acórdão foi publicado em 01/08/2013. A corré apresentou os primeiros embargos em 05/08/2013(tempestivos). A próxima sessão de julgamento ocorreu em 07/08/2013, na qual foram apreciados os embargosdeclaratórios. Diante da ausência de caracterização das hipóteses legais previstas para a apresentação do referido recurso,a 1ª Turma negou-lhe provimento.

Inicialmente, cabe esclarecer que o julgamento do presente processo iniciou-se em 27/06/2013 e perdurou por 03 (três)sessões. Nas 02 (duas) primeiras sessões houve o julgamento dos recursos inominados. Na sessão de 07/08/2013, ojulgamento dos embargos declaratórios. A própria pauta de julgamento já faz tal previsão ao dispor que “o julgamentopoderá ser concluído na mesma sessão ou nas sessões subsequentes”. Sendo assim, a embargante já tinha ciência, desdea primeira publicação da pauta, em 24/06/2013 (certidão de fl. 234), de que seu processo estava sendo apreciado.

Caso se interprete que os embargos de declaração não representam continuidade no julgamento, ainda assim, não assisterazão à embargante. O Regimento Interno da Turma Recursal, em seu art. 28, assim dispõe, “o julgamento de embargos dedeclaração, de conflitos de competência, de agravos internos e de exceções de impedimento ou de suspeição dispensainclusão em pauta. (Redação dada pela Emenda Regimental nº 6/2011, publicada em 20/9/2011)”.

A alegação da embargante de que teria direito a fazer explanação oral também não se sustenta, tendo em vista o teor doart. 554 do Código de Processo Civil: “na sessão de julgamento, depois de feita a exposição da causa pelo relator, opresidente, se o recurso não for de embargos declaratórios ou de agravo de instrumento, dará a palavra, sucessivamente,

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ao recorrente e ao recorrido, pelo prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada um, a fim de sustentarem asrazões do recurso”. Ou seja, a ausência de sustentação oral não é causa de nulidade, visto que sequer há previsão para talexplanação nessa espécie recursal.

Por fim, destaque-se que foi afixado no mural da Secretaria da Turma Recursal, aviso contendo a informação de que oprocesso seria julgado em 07/08/2013.

Posto isso, entendo que a oposição dos presentes embargos é meramente protelatória, visto que a embargante alega aocorrência de nulidade em situação que o Código de Processo Civil e o Regimento Interno desta Turma são expressos emregulamentar da forma como ocorrida.

Embargos não conhecidos, tendo em vista que não se trata de quaisquer das hipóteses do art. 535 do Código de ProcessoCivil.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

13 - 0100389-60.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100389-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ODETTE BARCELLOS DONASCIMENTO (ADVOGADO: ELIETE BONI BITTENCOURT.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZ LINSBARBOSA.).PROCESSO: 0100389-60.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100389-5/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – AUSÊNCIA DE VÍCIO A SER SANADO - EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora em face do acórdão que manteve a sentença que condenoua União a pagar a GDPGTAS, no valor correspondente a 80%, desde sua implementação até o fim de seu pagamento. Aembargante alega que foi condenada ao pagamento de custas “na forma da lei”, sem que fosse observado que éhipossuficiente, estando em gozo da assistência judiciária gratuita, que lhe foi deferida.O acórdão embargado não contém condenação ao pagamento de custas processuais, tendo apenas consignado, ao final,“custas na forma da lei”.Ora, se a lei isenta de custas o beneficiário da assistência judiciária, que foi deferida à autora no despacho de fl. 25, não sepode entender como condenação a referida observação constante do acórdão.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

14 - 0001777-24.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001777-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JAILSON CONRADO DEOLVIEIRA (ADVOGADO: LUCÉLIA GONÇALVES DE REZENDE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).PROCESSO: 0001777-24.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001777-8/01)

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado, interposto por JAILSON CONRADO DE OLIVEIRA, em face da sentença de fls. 72/74, quejulgou improcedente o pedido inicial de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, requerida em 01/07/2009.Em sua peça recursal, o recorrente afirma que exerce atividade laborativa desde 23/08/1962, mas que a autarquiaprevidenciária apenas reconheceu, na data do pedido administrativo, 29 anos, 07 meses e 07 dias de tempo decontribuição. Sustenta que o INSS não reconheceu os seguintes vínculos empregatícios: 14/08/1978 a 02/05/1990(Chocolates Garoto S/A), 01/11/1995 a 01/04/1996 (Sooretama Com. De Prod. Alimentícios LTDA) e 10/09/1996 a09/06/2010 (Águia Branca Serviços – Vix Logísitca). Em momento posterior, afirma que faz jus ao benefício deaposentadoria por tempo de contribuição proporcional, tendo em vista que contava com mais de 53 (cinquenta e três) anosde idade na data do requerimento administrativo. Aponta que possui tempo de serviço que não foi computado pelo INSS eque faz jus à conversão de alguns períodos laborados em condições especiais para tempo de serviço comum. Requer, porfim, que seja julgado procedente o pedido inicial.

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Inicialmente, verifico que os períodos indicados pelo autor em sua peça recursal, quais sejam, 14/08/1978 a 02/05/1990,01/11/1995 a 01/04/1996 e 10/09/1996 a 09/06/2010, e que foram indicados como períodos não reconhecidos pelo INSS(pediram confirmação dos vínculos empregatícios com as empresas (sic)), constam, expressamente, do extrato do CNIS.Sendo assim, não há qualquer interesse por parte do autor em reconhecer tais vínculos no âmbito judicial.

Quanto às demais impugnações do recorrente (que exerce atividade laborativa desde 1962; que faz jus ao benefício portempo de contribuição proporcional; que deve ter alguns períodos de trabalho especial convertidos em período comum),entendo que não foram suficientes para esclarecer os pontos específicos de sua tese recursal. Verifico ter ocorrido ofensa àregularidade formal do recurso, uma vez que não é suficiente que o sucumbente apenas interponha seu recurso. Este deveapresentar suas razões, impugnando exatamente aquilo que o prejudica, naquilo em que a decisão, a seu ver, está emdesacerto do ponto de vista procedimental ou do ponto de vista do julgamento.

In casu, o autor limitou-se a apontar que tem direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição proporcional,sem especificar qual foi o ponto da decisão do Juízo a quo que pretende ver reformado e sem apresentar quais seriam osperíodos de atividade especial e sob qual agente especial esteve exposto. Ressalto que o recorrente apenas ataca adecisão administrativa do INSS e não a decisão judicial. Dessa forma, e em face do princípio da dialeticidade, entendo queo recurso apresentado não deve ser conhecido por ausência de regularidade formal.

Recurso não conhecido. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento dos benefícios daassistência judiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

15 - 0100436-34.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100436-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DENIZA OLIMPIO CARNEIRO(ADVOGADO: NATALIA SARAIVA SOUSA, ELIETE BONI BITTENCOURT.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANABEATRIZ LINS BARBOSA.).PROCESSO: 0100436-34.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100436-0/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – AUSÊNCIA DE VÍCIO A SER SANADO - EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora em face do acórdão que manteve a sentença que julgouimprocedente o pedido de equiparação entre servidores ativos e inativos dos pontos pagos a título de GDPGPE. Aembargante alega que foi condenada ao pagamento de custas “na forma da lei”, sem que fosse observado que éhipossuficiente, estando em gozo da assistência judiciária gratuita, que lhe foi deferida.O acórdão embargado não contém condenação ao pagamento de custas processuais, tendo apenas consignado, ao final,“custas na forma da lei”.Ora, se a lei isenta de custas o beneficiário da assistência judiciária, que foi deferida à autora no despacho de fl. 26, não sepode entender como condenação a referida observação constante do acórdão.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

16 - 0007016-09.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007016-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x CLAUDIO ANTONIO SILVA FERREIRA (ADVOGADO:JUAREZ PIMENTEL MENDES JUNIOR.).PROCESSO: 0007016-09.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007016-1/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS em face da sentença de fls.179/181, que julgou parcialmente procedente o pedido, condenando-o a restabelecer o benefício de auxílio-doença do autora contar de 14/06/2011, devendo permanecer até a total recuperação da parte autora para o exercício de atividades que lhegarantam a subsistência, bem como ao pagamento das parcelas vencidas (descontando-se o que já foi pago a título dobenefício nº 5537530623). Alega o recorrente que as duas perícias realizadas entre a cessação do primeiro benefício e aconcessão do segundo foram claras no sentido de que o autor não ostentava a incapacidade para o trabalho. Aduz que a

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desconsideração do laudo pericial demanda fundamentação idônea, o que não ocorreu, não bastando mera declaração deque o magistrado não está adstrito ao resultado da perícia. Sustenta que o laudo médico do SUS tem natureza de laudoparticular e não pode prevalecer sobre as conclusões das perícias administrativas e judiciais, conforme Enunciado 8 destaTurma Recursal. Argumenta que a natureza degenerativa da doença não implica necessário estado de progressão eagravamento do quadro clínico. Requer a reforma da sentença. Em contrarrazões, o autor pugna pela manutenção dasentença.

2. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida ao segurado que, estando ou não emgozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhegaranta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. Já o auxílio-doença será devido, conformeart. 59 da Lei nº 8.213/91, ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficarincapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

3. O autor, vendedor, atualmente com 56 anos de idade, esteve em gozo de auxílio-doença no período de 22/06/2009 a14/06/2011 (NB 541.834.813-9). Após a cessação, foi indeferido pedido de novo benefício, conforme fl. 21. Após oajuizamento da presente ação, o autor obteve outro auxílio-doença (NB 553.753.062-3), que lhe foi pago no período de16/10/2012 a 29/05/2013, conforme consulta ao sistema PLENUS realizada em 04/09/2013.

A primeira perícia médica judicial (fls. 95/101), realizada em 22/03/2012, por médico neurocirurgião, constatou que o autor éportador de doença degenerativa da coluna lombar, concluindo não haver incapacidade para sua atividade habitual. Aorelatar o histórico clínico do autor, o laudo menciona que a TC e RM mostram alterações degenerativas na colunalombo-sacra, sem herniação discal.

A segunda perícia (fls. 143/144 e 170), realizada em 25/07/2012, por médico ortopedista, constatou que o autor é portadorde osteoartrose na coluna lombar com discopatia facetária, que não causa incapacidade para o trabalho.

4. O autor trouxe aos autos os seguintes documentos médicos:

FolhaTipoDataConclusão

17 (e 77)Atestado de saúde ocupacional22/11/2011Médico do Trabalho atesta estar ao autor inapto para o trabalho.

18Laudo Médico27/05/2011Médico ortopedista relata lombociatalgia crônica; TC e RM atrose grave com doença discal degenerativa; estenose de canale compressão neural. Atesta inaptidão para o trabalho.

19Laudo Médico22/09/2011Médico atesta “ao INSS” quadro clínico de lombociatalgia bilateral severa, limitação de flexão e extensão, dificuldade pararealizar mínimas tarefas. RM coluna lombar revela alterações degenerativas em L4-L5 e redução do espaço discal,compressão radicular por estenose.

35, 153 e 189Laudos Médicos28/10/2011, 23/08/2012 e 11/04/2013Médico neurocirurgião relata tratamento desde 2009; severa lombalgia com ciática bilateral; grande dificuldade para realizarmínimas tarefas; dor espontânea, remitente e renitente e diuturna; lombociatalgia esqueda; severa limitação da colunalombar; lesegue positivo a 20 graus à esquerda; RX coluna lombar e cercial com osteopenia, severa spondiloartroselombar, redução discal de L5-S1. TM e RM coluna lombar revelam severa espondilodiscoartrose lombar, com osteofitosgeneralizados, degeneração acentuada discal em L5-S1 com fenômeno do vácuo, artrose facetária de múltiplos níveis deL3 a L5, estenose de forame L5-S1 bilateral, compressão radicular. Severa dor por osteoartrose. Incapacidade de trabalharcom pesos ou cargas ou esforços repetitivos, com risco de agravar a sintomatologia e a patologia base.

73Ressonância Magnética da coluna lombar26/12/2011Mínimos oteófitos anteromarginais nos corpos vertebrasi de L5-S1. Discretas irregularidades e faixas com hipersinal em T1e T2 nos bordos limitantes do interespaço L5-S1. Alterações denegerativas. Elementos posteriores estudos íntegros.Artrose interaposfisária incipiente difusa na região lombar. O caval vertebral ósseo apresenta amplitude usual na região

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estudada. Discopatia degenerativa por desidratação em L4-L5 e, principalmente, L5-S1. O disco intervertebral de L4-L5apresenta um abaulamento difuso que comprime suavemente a face ventral do saco dural adjacente e ocupa,minimamente, a porção mais inferior do forame de conjugação deste interespaço, principalmente do lado direito. Ointerespaço L5-S1 apresenta discreto complexo disco-osteofitário posterior de base larga com mínima focalização discalposterior mediana que apresenta sutil migração cranial. Este abaulamento toca apenas suavemente a face ventral do sacodural adjacente e ocupa, minimamente, a porção mais inferior do forame de conjugação deste interespaço do lado direito.Discreta redução da amplitude dos forames de conjugação de L4-L5 e L5-S1 em decorrência das alterações articulares ediscais já mencionadas. O canal vertebral ósseo apresenta amplitude usual na região estudada. Não há evidência deprocesso expansivo intracanalar. O cone medular é tópico e tem aspecto anatômico. Imagens císticas de aspecto simplesno rim esquerdo.

124 (e 133)Laudo Médico07/05/2012Médico quadro de lombalgia crônica, artrose interapofisania difusa de região lombar, discopatia generalizada em L4-L5,L5-S1, redução amplitude de forames L4-L5 e L5-S1, dor e limitação de movimentos.

155Laudo para solicitação de internação hospitalar17/04/2009Laudo relata quadro clínico de lombociatalgia remitente e renitente sem melhora com tratamento clínico há cinco anos. Dorincapacitante. RM com severa discopatia L5-S1 com instabilidade. Procedimento necessário: artrodese lombar via posterior2 níveis – 6 parafusos pediculares.

O autor teve a incapacidade parcial reconhecida pelo INSS no período de 22/06/2009 a 14/06/2011, bem como no períodode 16/10/2012 a 29/05/2013 (conforme consulta ao sistema PLENUS realizada em 22/08/2013) nos quais recebeu benefíciode auxílio-doença, como acima exposto. O reconhecimento da incapacidade, nos dois períodos, decorreu da mesmadoença. Parece improvável que no intervalo entre a cessação do primeiro benefício e a concessão do segundo –15/06/2011 a 15/10/2012 – o autor tenha apresentado melhora tal em seu quadro clínico que implique na ausência deincapacidade laboral.

Note-se que os laudos particulares de fls. 35, 153 e 189, que atestam incapacidade parcial do autor, são datados de28/10/2011, 23/08/2012 e 11/04/2013, respectivamente. Ao menos o segundo laudo restou corroborado pela perícia médicarealizada pelo INSS, cuja conclusão levou ao deferimento de novo benefício em 16/10/2012. Tal fato acaba por corroborartambém o primeiro laudo – emitido no intervalo entre os dois benefícios acima referidos - e o terceiro laudo – emitido poucoantes da cessação do segundo benefício -, que contêm idêntico teor e conclusão pela incapacidade.

Note-se que a perícia médica do INSS, realizada em 14/06/2011 – data de cessação do benefício -, conforme laudo de fl.57, conclui que “existe incapacidade laborativa” (cf. campo “resultado”).

5. Registro que a sentença condenou o INSS a restabelecer o benefício a contar de 14/06/2011, devendopermanecer até a total recuperação da parte autora para o exercício de atividades que lhe garantam a subsistência.

O pedido de antecipação de tutela não foi apreciado, uma vez que o autor já estava recebendo o benefício NB 5537530623.Tal benefício, contudo, foi cessado em 29/05/2013, conforme consulta ao sistema PLENUS realizada em 04/09/2013, emvirtude do “limite médico informado p/ perícia”. Verifica-se também no PLENUS que foi realizada perícia naquela data(29/05/2013), que concluiu pela cessação do benefício.

Quanto a essa última cessação administrativa do benefício, registro que a mesma se encontra fora da cognição exercidapor ocasião do julgamento deste recurso, seja porque (i) só houve recurso do INSS, seja porque (ii) inexistem nos autoselementos probatórios contemporâneos que sejam suficientes para que este Juízo possa avaliar a legalidade desse atoadministrativo (que determinou a cessação do benefício).

Com efeito, embora o autor tenha anexado o laudo médico de fl. 200, emitido em 24/09/13, não há nos autos o teor do atoadministrativo que determinou a cessação do benefício. Sua legalidade tem de ser suposta

Registro também que o ato administrativo que determinou a cessação do benefício em 29/05/13 não desrespeitou asentença, uma vez que da mesma constou que o benefício previdenciário deveria “... permanecer até a total recuperação daparte autora para o exercício de atividades que lhe garantam a subsistência.” (fl. 181). Afere-se que o Juízo a quo admitiu apossibilidade de cessação por via administrativa.

Em suma: à luz dos critérios que orientam os Juizados Especiais, notadamente os da simplicidade e celeridade (artigo 2º,Lei 9.099/95), parece-me inviável – ao menos como regra geral – designar nova instrução probatória em segunda instânciapara fins de continuar, no mesmo processo, a exercer controle jurisdicional incidente sobre um ato administrativoaperfeiçoado após a prolaçaõ da sentença.

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Em síntese, caso o autor queira impugnar judicialmente o referido ato administrativo que determinou a cessação dobenefício (ocorrido em maio de 2013), deverá fazê-lo por meio de nova ação judicial.

6. Em face do exposto: (i) NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS; (ii) este acórdão, de efeito declaratório, é relativo àdata da prolação da sentença, razão pela qual não abarca o ato administrativo proferido em 29/05/13, que determinou acessação do benefício previdenciário; (iii) caso o autor queira questionar esse ato administrativo, deverá fazê-lo por via denova ação judicial.

Custas ex lege. Condeno o INSS a pagar à parte autora honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

17 - 0100496-07.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100496-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x MARIA DA GLORIA COSTA COIMBRA (ADVOGADO: NATALIA SARAIVASOUSA, ELIETE BONI BITTENCOURT.).PROCESSO: 0100496-07.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100496-6/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – AUSÊNCIA DE VÍCIO A SER SANADO - EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora em face do acórdão que reformou a sentença para julgarimprocedente seu pedido. A embargante alega que foi condenada ao pagamento de custas “na forma da lei”, sem que fosseobservado que é hipossuficiente, estando em gozo da assistência judiciária gratuita, que lhe foi deferida.O acórdão embargado não contém condenação ao pagamento de custas processuais, tendo apenas consignado, ao final,“custas na forma da lei”.Ora, se a lei isenta de custas o beneficiário da assistência judiciária, que foi deferida à autora no despacho de fl. 45, não sepode entender como condenação a referida observação constante do acórdão.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

18 - 0100465-84.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100465-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) HELIOMAR VIEIRA DESOUZA (ADVOGADO: NATALIA SARAIVA SOUSA, ELIETE BONI BITTENCOURT.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR:PEDRO GALLO VIEIRA.).PROCESSO: 0100465-84.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100465-6/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – AUSÊNCIA DE VÍCIO A SER SANADO - EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora em face do acórdão que manteve a sentença que julgouimprocedente o pedido. A embargante alega que foi condenada ao pagamento de custas “na forma da lei”, sem que fosseobservado que é hipossuficiente, estando em gozo da assistência judiciária gratuita, que lhe foi deferida.O acórdão embargado não contém condenação ao pagamento de custas processuais, tendo apenas consignado, ao final,“custas na forma da lei”.Ora, se a lei isenta de custas o beneficiário da assistência judiciária, que foi deferida à autora no despacho de fl. 42, não sepode entender como condenação a referida observação constante do acórdão.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

19 - 0001707-36.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001707-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALBERTO JOSÉ D' OLIVEIRA

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(ADVOGADO: ALBERTO JOSE D' OLIVEIRA.) x Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal x UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.).PROCESSO: 0001707-36.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001707-6/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de mandado de segurança impetrado por ADALBERTO JOSÉ D’OLIVEIRA contra ato do Juiz Federal doSegundo Juizado Especial Federal de Vitória, proferido nos autos do processo nº 0001707-36.2013.4.02.5050(2013.50.50.001707-6), que declarou a incompetência do juízo, sem declinar o Juízo que entende competente e determinara remessa dos autos ao mesmo.

2. Conquanto a petição inicial não esteja instruída com a cópia do ato impugnado, verifica-se em consulta ao sistema deacompanhamento processual desta Seção Judiciária que foi proferida (em 15/05/2013) sentença de extinção do processosem resolução do mérito, com fulcro no art. 267, IV, do CPC, tendo em vista a incompetência absoluta dos juizadosespeciais federais para matéria atinente a desbloqueio de CPF.

3. Posteriormente, foi proferida decisão (em 01/07/2013) indeferindo o pedido de reconsideração da sentença,destacando-se ser incabível tal pedido, devendo ser utilizados os instrumentos recursais previstos na Lei nº 9.099/95.Novamente o autor pediu reconsideração (em 16/07/2013), o que foi indeferido por nova decisão (em 08/08/2013).

4. Após o trânsito em julgado da sentença (em 17/06/2013, conforme certificado à fl. 20 daqueles autos), o autor interpôsrecurso inominado em 05/09/2013, ao qual foi negado seguimento pelo juízo, por absoluta inadequação processual.

5. O autor impetrou, então, a presente ação mandamental pretendendo, liminarmente, a imediata cassação do ato ilegal,determinando-se ao impetrado remeter os autos ao órgão que entende competente, fundamentando sua decisão. Ao final,requereu a concessão definitiva da segurança, com a condenação do impetrado às cominações de estilo (CPC, art. 133-II).Requereu, ainda, o benefício da assistência judiciária.

6. Como se vê, o autor não se utilizou dos meios recursais previstos na lei, embora alertado pelo próprio juízo na decisãoque indeferiu o pedido de reconsideração, preferindo reiterá-lo.

7. O mandado de segurança não pode ser utilizado como sucedâneo recursal no caso de perda de prazo, conforme Súmula267 do Supremo Tribunal Federal ("Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição").

8. Configura-se, no caso, a hipótese prevista no art. 5º, III, da Lei nº 12.016/2009, na qual não se concederá mandado desegurança: de decisão judicial transitada em julgado.

9. Petição inicial indeferida, com fulcro no art. 10 da Lei nº 10.016/2009. Processo extinto sem resolução do mérito, comfulcro no art. 267, I, do Código de Processo Civil.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

20 - 0002079-21.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002079-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PEDRO INACIO DA SILVA(ADVOGADO: ARMANDO VEIGA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Vinícius deLacerda Aleodim Campos.).PROCESSO: 0002079-21.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002079-2/01)

V O T O-E M E N T A

Trata-se de recurso interposto por PEDRO INÁCIO DA SILVA, em face da sentença de fls. 140/142, que julgouimprocedente o pedido inicial de concessão do benefício previdenciário de aposentadoria especial, tendo em vista o nãopreenchimento do tempo mínimo de atividade laboral sob condições especiais. Em suas razões recursais, o recorrentealega, em síntese, que faz jus à aposentadoria, conforme PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) e demais documentosacostados aos autos, que comprovam as suas atividades laborativas em serviços insalubres em tempo hábil para aconsecução do referido benefício. Afirma que as provas são contundentes e plenas no sentido de comprovar o exercício deatividade insalubre pelo tempo necessário para a concessão do benefício previdenciário. Requer, assim, seja provido orecurso e julgado procedente o pedido inicial, condenando a autarquia à concessão da Aposentadoria Especial, bem comoa pagar-lhe as diferenças atrasadas, acrescidas de correção monetária e juros de mora. O INSS apresentou contrarrazões,

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pugnando pela manutenção da sentença.

O benefício de aposentadoria especial foi instituído pela Lei nº 3.807, de 26/08/1960, destinado aos trabalhadores quelaboram em condições peculiares, submetidos a certo grau de risco e comprometimento à saúde ou integridade física, paraos quais prescrevia a redução do tempo de serviço (quinze, vinte ou vinte e cinco anos de atividade) para a sua concessão.Com o advento do Decreto n.º 53.831, de 25/03/1964, foi estabelecida uma relação das atividades profissionais conformeos agentes químicos, físicos e biológicos, assim como um elenco de serviços e atividades profissionais classificadas comoinsalubres, penosas ou perigosas. A classificação de grupos profissionais que contavam com presunção de condiçãoespecial de trabalho era prevista na segunda parte do quadro anexo ao Decreto nº 53.831/64 e no Anexo II do Decreto nº83.080/79. Dizia-se, nesse caso, que havia enquadramento por categoria profissional, isto é, o regulamento previdenciárioestabelecia um rol de profissões em relação às quais se presumia a exposição a agentes nocivos à saúde.

O enquadramento por categoria profissional, todavia, ficou vedado a partir de 29/04/1995, quando entrou em vigor a Lei nº9.032/95. Esta lei passou a condicionar a contagem do tempo de serviço especial à comprovação de exposição a agentesnocivos químicos, físicos ou biológicos prejudiciais à saúde ou à integridade física, de modo habitual e permanente (videnova redação dada ao artigo 57, § 4º, da Lei nº 8.213/91). E a exigência de comprovação da efetiva exposição éincompatível com a presunção de insalubridade que até então se admitia em razão do mero exercício de determinadaprofissão.

O autor laborou como britador, servente, auxiliar de produção, ensacador – vide CTPS (Carteira de Trabalho e PrevidênciaSocial) de fls. 16/27 – atividades que, de fato, não estão contidas na classificação de grupos profissionais que contam compresunção de condição especial de trabalho prevista na segunda parte do quadro anexo ao Decreto nº 53.831/64 e noAnexo II do Decreto nº 83.080/79. Deve, neste caso, ser comprovada a efetiva exposição a qualquer dos agentes nocivos,seja químico, físico ou biológico, que cause prejuízos à saúde ou à integridade física do autor, de modo habitual epermanente.

Cumpre destacar que o período pleiteado pelo recorrente como sendo período exercido sob condições especiais detrabalho compreende o interregno temporal que se estende de 15/10/1979 até 08/05/2009, tendo exercido, neste espaço detempo, as mais diversas funções, desde britador até mesmo ensacador. Alegando haver laborado desde 1979 emcondições agressivas e perigosas a sua saúde, sujeito aos riscos inerentes da exposição habitual e permanente à poeiramineral e ao ruído, o autor requereu ao INSS, primeiro em 17/05/2006 e depois em 08/05/2009, a concessão do benefíciode Aposentadoria Especial, o que foi indeferido pela autarquia previdenciária (fls. 28/29) com base, principalmente, no nãopreenchimento do tempo mínimo de contribuição exigida.

Nesse sentido, a lei previdenciária originalmente não traçava nenhuma regulação sobre a forma de comprovação daexposição a agente nocivo. A Lei nº 9.032/95, ao modificar a redação do artigo 57, § 3º, da Lei nº 8.213/91, dispôs que aconcessão de aposentadoria especial dependia de comprovação da condição especial de trabalho, mas continuou omissaem especificar os meios de prova cabíveis. A primeira norma com força de lei a prever a necessidade do formulário deinformações sobre atividades com exposição a agentes agressivos foi veiculada na MP 1.523/96, posteriormente convertidana Lei nº 9.528/97, quando incluiu o § 1º no artigo 58 da Lei nº 8.213/91, com a seguinte redação: “§ 1º A comprovação daefetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo InstitutoNacional do Seguro Social – INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condiçõesambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.”

Dessa forma, antes de 14/10/1996 (data de início da vigência da MP 1.523), o segurado pode comprovar exposição aagente nocivo por qualquer meio de prova documental. Quando, todavia, o labor for exercido após a referida data, aexposição a agente nocivo deverá ser efetivamente comprovada por meio de formulário de informações (para o laborexercido entre 14/10/1996 e 31/12/2003) ou por meio de laudo técnico pericial (sempre obrigatório para os agentes ruído ecalor) ou ainda através de Perfil Profissiográfico Previdenciário (essencial para as atividades exercidas após 01/01/2004,mas é documento hábil a atestar também períodos anteriores).

Como forma de comprovar a efetiva exposição a agente nocivo no ambiente de trabalho, o recorrente juntou PPP às fls.33/36 e também os laudos técnicos de condições ambientais de trabalho (LTCAT) de fls. 41/45 e 55/69.

O Juízo a quo reconheceu como especiais os períodos de trabalho seguintes: de 01/11/1980 até 14/03/1981, de 01/06/1994até 30/04/1998 e de 01/05/1998 até 08/05/2009.

Quanto ao período de labor compreendido entre 15/10/1979 e 31/10/1980, no exercício da atividade de balanceiro, verificoque tanto o PPP de fls. 33/36 como o LTCAT em fl. 45 são uníssonos em afirmar que a atividade era executada, em suamaioria, dentro de escritório da empresa, em condições compatíveis com o labor desenvolvido, sem exposição habitual epermanente a agentes químicos, físicos ou biológicos, prescindindo, inclusive, da utilização de proteção coletiva ouindividual, salvo quando, eventualmente, ocorriam visitas à área de produção. Assim, indubitavelmente, não há que se falarem reconhecimento de atividade especial em tal período (fl. 33, campo 14.2 do PPP).

Por fim, sabe-se que o agente nocivo ruído exige um tempo de trabalho mínimo de 25 anos, nos termos do item 1.1.6 doDecreto nº 53.831/64. Quanto à poeira mineral nociva, restou evidente, no caso concreto, que apesar da nocividade dapoeira inalada pelo recorrente, o trabalho exposto à poeira ocorria em ambiente aberto, enquadrando-se no inciso III, doitem 1.2.10 do Decreto nº 53.831/64 e, por conseguinte, exigindo-se também um tempo de trabalho mínimo de 25 anos.

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Desta feita, da soma dos tempos resultantes do reconhecimento de atividade especial nos três períodos de trabalhosupramencionados é possível constatar que a parte autora laborou somente 15 (quinze) anos, 03 (três) meses e 22 (vinte edois) dias em exercício de atividade especial, não fazendo jus, consequentemente, ao benefício de Aposentadoria Especial.

Entretanto, se o tempo de serviço especial for convertido em tempo comum (índice de conversão de 1,4), será obtido umtotal de 21 anos, 05 meses e 07 dias.

Tempo especial

NºCOMUMESPECIAL

Data InicialData FinalTotal DiasAnosMesesDiasMultiplic.Dias Convert.AnosMesesDias

11/11/198014/3/1981134-414,454-124

2 1/6/199430/4/19981.410311-,45641624

31/5/19988/5/20093.96811-8,41.5874427

Total5.512

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15322-2.2056115

Total Geral (Comum + Especial)7.7172157

Tempo comum

NºCOMUM

Data InicialData FinalTotal DiasAnosMesesDias

115/10/197931/10/19803771-17

21/1/198224/6/1982174-524

31/7/19821/2/19944.1711171

Total4.72213112

Verificando apenas o tempo de serviço comum, obtêm-se mais 13 anos, 01 mês e 12 dias, o que, somado ao tempoespecial acima indicado, totaliza 34 anos, 06 meses e 19 dias. Em consulta ao extrato do CNIS, verifico que o autor teveseu contrato rescindido, na última empresa trabalhada, apenas em 13/04/2011, ou seja, após o pedido administrativo

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(realizado em 08/05/2009 – fl. 29), o que lhe acrescenta 01 ano, 11 meses e 05 dias.

Sendo assim, e considerando que ao autor poderia ter sido deferida a aposentadoria requerida desde o momento em quecompletou 35 anos de contribuição, o que ocorreu apenas 05 meses e 11 dias após seu requerimento administrativo, reputodevida a concessão do benefício desde 20/10/2009 (dia em que completou os referidos 35 anos). A fixação da DIB em taldata deve-se ao fato de a autarquia previdenciária ter informado ao autor que ele possuía apenas 28 anos, 04 meses e 14dias de tempo de contribuição, e que deveria atingir 34 anos, 09 meses e 21 dias, o que, claramente, acaba afastando osegurado da esfera administrativa por não vislumbrar qualquer hipótese de que seu benefício pudesse lá ser deferido.

Diante do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso do autor, para CONDENAR o INSS a conceder o benefício deaposentadoria por tempo de contribuição ao autor, com DIB em 20/10/2009,CONCEDO A ANTECIPAÇÃO DA TUTELA, para que o benefício seja implantado no prazo de 30 (trinta) dias contados daintimação deste julgado.Caberá ao INSS apurar a RMI (obrigação de fazer).São devidos atrasados a contar de 20/10/2009 (DIB).Afasto a incidência do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a nova redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009, tendo emvista o entendimento firmado no julgamento da ADI 4357 pelo Supremo Tribunal Federal. Os juros de mora seguem a taxade 1% a.m a partir da citação e a correção monetária deve ser calculada pelo Manual de Cálculos da Justiça Federal.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que o recorrente logrou-se vencedor.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

21 - 0100966-38.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100966-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x THEREZINHA DE JESUS XAVIER FRAGA (ADVOGADO: ELIETE BONIBITTENCOURT.).PROCESSO: 0100966-38.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100966-6/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – AUSÊNCIA DE VÍCIO A SER SANADO - EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora em face do acórdão que reformou a sentença e julgouimprocedente o pedido. A embargante alega que foi condenada ao pagamento de custas “na forma da lei”, sem que fosseobservado que é hipossuficiente, estando em gozo da assistência judiciária gratuita, que lhe foi deferida.O acórdão embargado não contém condenação ao pagamento de custas processuais, tendo apenas consignado, ao final,“custas na forma da lei”.Ora, se a lei isenta de custas o beneficiário da assistência judiciária, que foi deferida à autora na decisão de fl. 220, não sepode entender como condenação a referida observação constante do acórdão.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

22 - 0000090-05.2008.4.02.5054/01 (2008.50.54.000090-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOVANA MARIA DEANDRADE (ADVOGADO: BRUNO SANTOS ARRIGONI, HENRIQUE SOARES MACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.) x JOCERLI APARECIDA DA SILVA SOTERIO(ADVOGADO: SUZANA AZEVEDO CRISTO, ANDREIA FERRARI TORNEIRI, UBIRAJARA DOUGLAS VIANNA.).PROCESSO: 0000090-05.2008.4.02.5054/01 (2008.50.54.000090-0/01)

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado, interposto por JOVANA MARIA DE ANDRADE, em face da sentença de fls. 212/214, quejulgou improcedente o pedido inicial de concessão de pensão por morte, tendo em vista que a autora não demonstroudependência econômica em relação ao de cujus quando de seu falecimento.

Alega a recorrente que sua dependência em relação ao seu ex-marido foi superveniente. Informa que, mesmo antes damorte do de cujus, não exercia qualquer atividade laboral e sempre contava com a ajuda deste. Sustenta que apesar de terdispensado, no momento da dissolução conjugal, aos alimentos em seu favor, tal direito é irrenunciável. Afirma que suafilha recebeu pensão até 20/05/2006 e que esta renda incorporou-se à sua, não sendo crível que se admita que apenas afilha se beneficiasse de tal renda. Requer, assim, a reforma da sentença.

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É o relatório do necessário. Passo a votar.

A concessão do benefício de pensão por morte pressupõe que o falecido, à época do óbito, estivesse vinculado àPrevidência Social na qualidade de segurado (arts. 10 e 11 da Lei nº 8.213/91), sendo tal requisito indispensável para que apostulante, que se encontra no conjunto de dependentes do segurado, faça jus ao benefício. Com exceção dos casosprevistos pelo art. 16, inciso I e parágrafo 4º dessa mesma lei, casos de presunção da dependência, esta deve serefetivamente comprovada.

A autora, ex-esposa do segurado instituidor, pretende a concessão do benefício de pensão por morte alegandodependência econômica superveniente. A separação judicial do casal ocorreu em 21/12/1998, sendo convertida em divórcioem 31/03/2000. Não houve fixação de pensão alimentícia para a ex-esposa. O segurado faleceu em 22/05/2001. Na época,a pensão foi rateada pela companheira, pela filha do segurado com a companheira (nascida em 13/11/1996) e pela filha dosegurado com a autora (nascida em 20/05/1985). A cota-parte da filha da autora foi extinta em 20/05/2006.

Em audiência, as 03 (três) testemunhas da autora foram uníssonas em afirmar que, antes da morte de seu ex-marido, aautora não trabalhava e contava com a ajuda dele, apesar de não estarem mais casados, tendo, inclusive, nova família.Afirmaram que, sem a ajuda do ex-marido, a autora teve que trabalhar. Em seu depoimento pessoal, a autora afirmou que oex-marido a ajudava mensalmente com dinheiro e alimentos. Disse que nunca trabalhou, mas que, devido à necessidadefinanceira, passou a trabalhar depois que o ex-marido faleceu.

Ao se verificar o CNIS da parte autora, identificam-se os seguintes vínculos empregatícios:

EmpresaData InicialData Final

Município de Colatina01/07/199108/03/1994

Rodrigo Ângelus Ferreira01/10/199526/07/1996

SENAC14/05/199716/07/1997

Laboratório de Análises Clínicas Dr. Ribeiro Ltda03/11/199808/09/1999

Biotest Laboratório01/02/200008/05/2001

Laboratório de Análises Clínicas Dr. Ribeiro Ltda01/04/2002Sem data de saída – última remuneração recebida: julho de 2013

A análise dos dados acima permite concluir que os depoimentos testemunhais, e o próprio depoimento pessoal, conflitamcom a realidade. A autora inseriu-se formalmente no mercado de trabalho em 01/07/1991, muito antes de sua separaçãojudicial, e praticamente 10 anos antes do falecimento de seu ex-marido, ao contrário do que afirmou em seu depoimento ena peça recursal (a recorrente não exercia qualquer atividade laboral e sempre contava com ajuda deste, mesmo nãopossuindo mais vínculo conjugal – sic – fl. 220).

Diante da clara contradição com a realidade, a prova testemunhal e o depoimento pessoal devem obviamente serdesconsiderados.

Sendo assim, não há qualquer comprovação nos autos que demonstre a dependência da autora em relação ao de cujus nomomento do óbito. Pelo contrário, há provas contundentes de que exercia atividade profissional para manter suasubsistência. A alegação de que utilizava a pensão da filha como fonte de renda e que, após a extinção de tal cota-parte,passou a sofrer privações, não é requisito para torná-la dependente, sendo claro que, desde 1998, não mais existia vínculoentre ela e o de cujus.

Posto isso, conheço do recurso interposto pela parte autora e NEGO-LHE PROVIMENTO. Sentença mantida em sua

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integralidade.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que concedida a assistência judiciária gratuita (fl.119).

É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

23 - 0002011-74.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002011-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ADILSON LEITE BASTOS(ADVOGADO: ADRIANA ALVES DA COSTA.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: ERIKA SEIBEL PINTO.).PROCESSO: 0002011-74.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002011-4/01)

V O T O / E M E N T A

1. O autor interpôs EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. O embargante impugna a seguinte decisão:

“Trata-se de recurso inominado, interposto por ADILSON LEITE BASTOS, em face da sentença de fls. 32/34, que julgouimprocedente o pedido de condenação do réu à obrigação de aplicar sobre os saldos da conta vinculada ao FGTS a taxaprogressiva de juros prevista na Lei nº 5.107/66.A sentença de fls. 32/34 foi publicada em 17/12/2010. Em virtude do recesso forense, o prazo iniciou-se em 07/01/2011 (1ºdia da contagem do prazo). A parte autora opôs embargos de declaração em 19/01/2011, sendo intempestivo. O recursoinominado foi interposto em 11/04/2011, sendo também intempestivo.Sendo assim, considerando a sua manifesta intempestividade, NEGO SEGUIMENTO AO RECURSO INOMINADO.Intimem-se.”

2. Alega que o recurso inominado foi interposto em tempo hábil e que a decisão é contraditória. Pois bem, como oinício da contagem dos prazos deu-se em 07/01/2011, a recorrente teria até o dia 11/01/2011 para apresentar embargos eaté o dia 17/01/2011 para apresentar recurso inominado (caso não optasse pelos embargos declaratórios). Entretanto,nenhum dos dois recursos foi interposto no prazo correto. Apenas em 19/01/2011, é que a autora apresentou embargos.Nesse momento, já havia escoado o prazo para os 02 (dois) recursos cabíveis.

3. A tese defendida pela embargante, de que apenas começaria o curso do recurso inominado quando fosseintimada da intempestividade de seus primeiros embargos (isso já em abril de 2011) não merece prosperar. Repito, osprimeiros embargos foram intempestivos e, assim, não suspendem qualquer prazo.

4. De qualquer forma, até o prazo do recurso inominado foi ultrapassado. Até o dia 19 de janeiro, a recorrentemanteve-se inerte, motivo pelo qual ocorreu o trânsito em julgado da decisão.

5. Não há qualquer obscuridade ou contradição na decisão colegiada, motivo pelo qual conheço dos embargos eNEGO-LHES PROVIMENTO. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

24 - 0008963-40.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.008963-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: ERIKA SEIBEL PINTO.) x AUGUSTO DA PENHA (ADVOGADO: RENATA GÓES FURTADO,PABLO LUIZ ROSA OLIVEIRA, EDISON ALVES FURTADO.).PROCESSO: 0008963-40.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.008963-4/01)

E M E N T A

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – EXTRATOS COMPROBATÓRIOS DA APLICAÇÃO DA TAXA DE 3% - CÁLCULOQUE ABRANGE INCLUSIVE PERÍODO EM QUE AUSENTES EXTRATOS NOS AUTOS.Trata-se de recurso inominado interposto pela Caixa Econômica Federal – CEF em face da sentença que julgou procedenteo pedido de aplicação dos juros progressivos sobre o saldo de sua conta vinculada de FGTS da parte autora, determinandoà ré que credite na referida conta a diferença do valor apurado pelo contador do juízo às fls. 122/128, devendo se limitar aovalor do teto dos Juizados Especiais Federais, bem como ser deduzidas eventuais parcelas já pagas administrativamentesob o mesmo título. Alega a recorrente que já havia creditado na conta vinculada do fundista os valores calculados pelaContadoria às fls. 67/76. Posteriormente, prossegue, foram elaborados novos cálculos às fls. 96/102, contemplando operíodo de 1978 a 1988 sem que houvesse nos autos os respectivos extratos, os quais foram requeridos aos bancosdepositários anteriores, porém não foram encaminhados. Pede a reforma da sentença para homologar os valorescreditados pela Caixa com base nos valores apurados às fls. 67/76, efetuados com base nos extratos constantes dos autos.Sem contrarrazões.A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de juros

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progressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, a princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigência daLei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto adécimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência namesma empresa, em diante”.A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1ºe §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 comconcordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.No caso dos autos, conforme se vê às fls. 24 e 102, o autor começou a trabalhar em 21/02/1956 e permaneceu no empregoaté 30/06/1988. Optou pelo regime do FGTS em 17/09/1974, com efeitos retroativos a 01/01/1967, nos termos da Lei nº5.958/73 (fl. 25). Desta forma, constata-se que o autor faz jus à progressividade da taxa de juros.Os extratos de fls. 63/69, referentes ao período de 05/06/1978 a 23/02/1981, demonstram a aplicação de taxa de juros de3%. Com base neles, foram elaborados os cálculos de fls. 80/87. O valor apurado foi creditado pela CEF na contavinculada, como se vê às fls. 100/102.Novos cálculos foram efetuados às fls. 122/128, conforme determinado à fl. 120, retroagindo ou progredindo os valoressupostamente creditados, tomando como base os documentos constantes dos autos (extratos/CTPS). Tal determinaçãomostra-se acertada, tendo em vista que o valor do salário percebido pelo autor consta da CTPS e os extratos constantesdos autos demonstram os valores dos depósitos e os saldos da conta vinculada nos períodos a que se referem. Ora, umavez comprovado o fato constitutivo do direito, desnecessária a apresentação de todos os extratos, relativos a todo operíodo, mesmo porque a ré não apresentou prova de fato impeditivo do direito.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele NEGO PROVIMENTO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

25 - 0006438-85.2007.4.02.5050/02 (2007.50.50.006438-8/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ALCINA MARIA COSTA NOGUEIRA LOPES.) x Juiz Federal do 2º Juizado EspecialFederal x JOAO JULIO DOS SANTOS (ADVOGADO: TADEU FRAGA DE ANDRADE, CAMILA TORTELOTE MUSIELLOBARCELLOS BEITE, RODRIGO BUBACH.).PROCESSO: 0006438-85.2007.4.02.5050/02 (2007.50.50.006438-8/02)

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO NÃO CONFIGURADA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE, EMPARTE, POR ARRASTAMENTO, DO ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494/97 COM A REDAÇÃO DADA PELO ART. 5º DA LEI Nº11.960/2009, NO JULGAMENTO DAS ADI 4425 E 4357.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 83/85, que julgou improcedente o

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pedido, denegando a segurança, por não subsistir a controvérsia, tendo em vista não ser mais possível a aplicação do art.1º-F da Lei nº 9.494/97 (com redação dada pela Lei nº 11.960/2009), considerando o teor do julgamento das ADI 4425 e4357, no qual o STF declarou a inconstitucionalidade, por arrastamento, do referido dispositivo legal. Alega o embarganteque o acórdão contém omissão quanto à ausência de declaração de inconstitucionalidade da sistemática de juros legaisdeterminados pelo art. 1º-F à Lei nº 9.494/97, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009 na ADI 4357, bemcomo quanto à expressa determinação do ministro relator para a plena observância do referido dispositivo legal até adecisão definitiva de modulação de feitos temporais da referida decisão pelo Pleno do STF.O art. 1º-F foi acrescentado à Lei nº 9.494/97 pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 2001, com a seguinte redação: “Art.1º-F. Os juros de mora, nas condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas aservidores e empregados públicos, não poderão ultrapassar o percentual de seis por cento ao ano.”O art. 5º da Lei nº 11.960/2009 conferiu ao referido dispositivo a seguinte redação: “Art. 1o-F. Nas condenações impostas àFazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital ecompensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneraçãobásica e juros aplicados à caderneta de poupança.”Verifica-se na “decisão de julgamento” constante do andamento das ADI 4425 e 4357, conforme consulta ao sítio eletrônicodo Supremo Tribunal Federal, que o voto do Ministro Luiz Fux, designado relator para acórdão, declarou ainconstitucionalidade, em parte, por arrastamento, do art. 1º-F da Lei nº 9.494, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº11.960, de 29 de junho de 2009.Ora, uma vez declarada a inconstitucionalidade da expressão “índice oficial de remuneração básica da caderneta depoupança”, constante do § 12 do art. 100 da CF, do inciso II do § 1º e do § 16, ambos do art. 97 do ADCT, e da expressão“independentemente de sua natureza”, inserido no § 12 do art. 100 da CF, foi declarada também a inconstitucionalidade, porarrastamento, do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, na parte em que reproduz tais expressões, por força do art. 5º da Lei nº11.960, de 29 de junho de 2009, que lhe conferiu nova redação.A determinação do ministro relator para acórdão das ADI 4425 e 4357 foi no sentido da continuidade de pagamento deprecatórios, ante a noticiada paralisação do pagamento pelos tribunais de justiça de todo o país, tendo em vista que não sejustifica retroceder na proteção dos direitos já reconhecidos em juízo. Não se trata de determinar a plena observância dodispositivo em tela nas condenações, como parece crer o embargante, mas apenas de garantir o pagamento dosprecatórios em conformidade com a coisa julgada.Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

26 - 0001861-25.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001861-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RICARDO DA SILVAPASCOAL (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).PROCESSO: 0001861-25.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001861-8/01)

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO CONFIGURADA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE, EMPARTE, POR ARRASTAMENTO, DO ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494/97 COM A REDAÇÃO DADA PELO ART. 5º DA LEI Nº11.960/2009, NO JULGAMENTO DAS ADI 4425 E 4357.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 145/149, que extinto o processo semresolução do mérito, por falta de interesse de agir, no que tange à concessão do benefício assistencial, bem comocondenou o INSS a pagar as parcelas referentes a tal benefício no período de 13/03/2012 a 19/06/2012, respeitada aprescrição qüinqüenal, corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas e acrescidas de jurosde 1% ao mês, a partir da data da citação. Alega o embargante que o acórdão contém omissão quanto à ausência dedeclaração de inconstitucionalidade da sistemática de juros legais determinados pelo art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com aredação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009 na ADI 4357, bem como quanto à expressa determinação do ministrorelator para a plena observância do referido dispositivo legal até a decisão definitiva de modulação de feitos temporais dareferida decisão pelo Pleno do STF.O acórdão nada dispôs acerca da declaração de inconstitucionalidade do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dadapelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009. Apenas determinou a incidência de atualização monetária e de juros de mora de 1º aomês, deixando de aplicar o disposto no referido dispositivo. Configura-se, pois, a omissão apontada.O art. 1º-F foi acrescentado à Lei nº 9.494/97 pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 2001, com a seguinte redação: “Art.

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1º-F. Os juros de mora, nas condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas aservidores e empregados públicos, não poderão ultrapassar o percentual de seis por cento ao ano.”O art. 5º da Lei nº 11.960/2009 conferiu ao referido dispositivo a seguinte redação: “Art. 1o-F. Nas condenações impostas àFazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital ecompensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneraçãobásica e juros aplicados à caderneta de poupança.”Verifica-se na “decisão de julgamento” constante do andamento das ADI 4425 e 4357, conforme consulta ao sítio eletrônicodo Supremo Tribunal Federal, que o voto do Ministro Luiz Fux, designado relator para acórdão, declarou ainconstitucionalidade, em parte, por arrastamento, do art. 1º-F da Lei nº 9.494, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº11.960, de 29 de junho de 2009.Ora, uma vez declarada a inconstitucionalidade da expressão “índice oficial de remuneração básica da caderneta depoupança”, constante do § 12 do art. 100 da CF, do inciso II do § 1º e do § 16, ambos do art. 97 do ADCT, e da expressão“independentemente de sua natureza”, inserido no § 12 do art. 100 da CF, foi declarada também a inconstitucionalidade, porarrastamento, do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, na parte em que reproduz tais expressões, por força do art. 5º da Lei nº11.960, de 29 de junho de 2009, que lhe conferiu nova redação.A determinação do ministro relator para acórdão das ADI 4425 e 4357 foi no sentido da continuidade de pagamento deprecatórios, ante a noticiada paralisação do pagamento pelos tribunais de justiça de todo o país, tendo em vista que não sejustifica retroceder na proteção dos direitos já reconhecidos em juízo. Não se trata de determinar a plena observância dodispositivo em tela nas condenações, como parece crer o embargante, mas apenas de garantir o pagamento dosprecatórios em conformidade com a coisa julgada.Embargos conhecidos e parcialmente providos para, reconhecendo a omissão apontada, saná-la nos termos da presenteementa, mantendo, contudo, o acórdão embargado.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

27 - 0002298-03.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002298-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ARILTON ANTONIOBOSCAGLIA (ADVOGADO: ANA MERCEDES MILANEZ, IZAEL DE MELLO REZENDE.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).PROCESSO: 0002298-03.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002298-8/01)

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fl. 46, que julgou improcedente opedido inicial de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, após conversão de tempo especial laborado entre07/08/1989 a 09/03/2009. O recorrente, em suas razões recursais, afirma que trabalhou como engenheiro nos períodos de16/05/1977 a 26/09/1978, 28/09/1978 a 06/08/1979, 01/11/1979 a 30/04/1983, 02/01/1987 a 19/03/1987 e 12/05/1988 a04/08/1989, enquadrando-se no item 2.1.1 do quadro anexo do Decreto nº 53.831/64. Ademais, sustenta que a autarquiaprevidenciária não enquadrou os períodos de 28/09/1978 a 06/08/1979, 02/01/1987 a 19/03/1987 (trabalhados comoengenheiro) e o período de 22/04/1976 a 31/12/1976 (estagiário). O recorrente, ainda, em seus fundamentos, indica apossibilidade de se aposentar com proventos proporcionais. Requer, por fim, a reforma da sentença, mas deixa claro quepretende a concessão da aposentadoria por tempo de contribuição integral.

O INSS alega, em sede de contrarrazões, que o pedido recursal está totalmente dissociado dos pedidos da peça inicial.Informa que o recorrente faz pedido totalmente diverso, requerendo o cômputo de período de estágio realizado entre22/04/1976 e 31/12/1976 e o cômputo como especial de períodos de trabalho como engenheiro civil de 28/09/1978 a06/08/1979 e de 02/01/1987 a 19/03/1987. Afirma, ainda, que período de estágio não gera vínculo empregatício, razão pelaqual não pode ser considerado para fins de aposentadoria.

Na inicial, o autor requer o enquadramento como especial do período trabalhado entre 07/08/1999 até a data de entrada dorequerimento da aposentadoria (2009), lapso temporal no qual trabalhou como engenheiro analista de sistemas na empresaEscelsa. Requer a aplicação do quadro anexo ao Decreto nº 53.831/64, em seu item 2.1.1. No PPP (Perfil ProfissiográficoPrevidenciário) de fls. 28/30, há claramente a indicação das atividades prestadas pelo recorrente: analista de sistemas,analista consultor, gerente de atendimento a clientes e gerente de relacionamento com clientes. Não há qualquer indicaçãode agentes nocivos. Frise- que o item 2.1.1 do referido Decreto, o qual o autor pretende utilizar, refere-se a engenheirosquímicos, metalúrgicos e de minas. Sendo assim, a sentença proferida pelo Juízo a quo mantém-se incólume.

Quanto aos pedidos recursais do autor, verifico que nenhum deles constou da petição inicial, cujo pedido restringiu-se aoperíodo posterior a 07/08/1999. Por tal razão, o recurso não pode ser conhecido. Com efeito, todos os períodos declinadosno recurso não foram apreciados pelo magistrado a quo pelo simples fato de não terem sido formulados na petição inicial.

Não pode o recorrente, em recurso inominado, indicar pedidos relativos à conversão de outros períodos que não foram

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objeto (não foram formulados) da petição inicial. Entretanto, e apenas a título de argumentação, os períodos indicadoscorrespondem a lapsos temporais em que o recorrente também exerceu o cargo de engenheiro civil, não incidindo no item2.1.1 do quadro anexo do Decreto nº 53.831/64.

Sendo assim, DEIXO DE CONHECER o recurso interposto em virtude da inovação recursal promovida pelo recorrente.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento do benefício da assistênciajudiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

28 - 0001198-13.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001198-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDIMAR PECHINCHASOBRINHA (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).PROCESSO: 0001198-13.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001198-0/01)

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO CONFIGURADA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE, EMPARTE, POR ARRASTAMENTO, DO ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494/97 COM A REDAÇÃO DADA PELO ART. 5º DA LEI Nº11.960/2009, NO JULGAMENTO DAS ADI 4425 E 4357.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 105/108, que condenou o réu aconceder à autora o benefício de auxílio-doença, bem como a pagar-lhe as prestações vencidas, respeitada a prescriçãoqüinqüenal, corrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas e acrescidas de juros de 1% aomês, a partir da data da citação. Alega o embargante que o acórdão contém omissão quanto à ausência de declaração deinconstitucionalidade da sistemática de juros legais determinados pelo art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dadapelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009 na ADI 4357, bem como quanto à expressa determinação do ministro relator para a plenaobservância do referido dispositivo legal até a decisão definitiva de modulação de feitos temporais da referida decisão peloPleno do STF. Alega, ainda, existência de matéria constitucional fixada por repercussão geral do STF.O acórdão nada dispôs acerca da declaração de inconstitucionalidade do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dadapelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009. Apenas determinou a incidência de atualização monetária e de juros de mora de 1º aomês, deixando de aplicar o disposto no referido dispositivo. Configura-se, pois, a omissão apontada.O art. 1º-F foi acrescentado à Lei nº 9.494/97 pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 2001, com a seguinte redação: “Art.1º-F. Os juros de mora, nas condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas aservidores e empregados públicos, não poderão ultrapassar o percentual de seis por cento ao ano.”O art. 5º da Lei nº 11.960/2009 conferiu ao referido dispositivo a seguinte redação: “Art. 1o-F. Nas condenações impostas àFazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital ecompensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneraçãobásica e juros aplicados à caderneta de poupança.”Verifica-se na “decisão de julgamento” constante do andamento das ADI 4425 e 4357, conforme consulta ao sítio eletrônicodo Supremo Tribunal Federal, que o voto do Ministro Luiz Fux, designado relator para acórdão, declarou ainconstitucionalidade, em parte, por arrastamento, do art. 1º-F da Lei nº 9.494, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº11.960, de 29 de junho de 2009.Ora, uma vez declarada a inconstitucionalidade da expressão “índice oficial de remuneração básica da caderneta depoupança”, constante do § 12 do art. 100 da CF, do inciso II do § 1º e do § 16, ambos do art. 97 do ADCT, e da expressão“independentemente de sua natureza”, inserido no § 12 do art. 100 da CF, foi declarada também a inconstitucionalidade, porarrastamento, do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, na parte em que reproduz tais expressões, por força do art. 5º da Lei nº11.960, de 29 de junho de 2009, que lhe conferiu nova redação.A determinação do ministro relator para acórdão das ADI 4425 e 4357 foi no sentido da continuidade de pagamento deprecatórios, ante a noticiada paralisação do pagamento pelos tribunais de justiça de todo o país, tendo em vista que não sejustifica retroceder na proteção dos direitos já reconhecidos em juízo. Não se trata de determinar a plena observância dodispositivo em tela nas condenações, como parece crer o embargante, mas apenas de garantir o pagamento dosprecatórios em conformidade com a coisa julgada.No que se refere à alegada repercussão geral reconhecida pelo STF, o embargante sequer indica qualquer omissão,contradição ou obscuridade no acórdão. Esclareço, por oportuno, que eventual reconhecimento de repercussão geral damatéria pelo STF não constitui óbice ao julgamento do recurso inominado, estando sujeitos à sistemática prevista no art.543-B do CPC apenas os recursos extraordinários.Embargos conhecidos e parcialmente providos para, reconhecendo a omissão apontada, saná-la nos termos da presenteementa, mantendo, contudo, o acórdão embargado.

É como voto.

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Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

29 - 0004954-80.2010.4.02.5001/01 (2010.50.01.004954-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO DEPREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO -IPAJM (ADVOGADO: JULIANALUCINDO DE OLIVEIRA, MICHELLE FREIRE CABRAL, MARIANA DE FRANÇA PESTANA, RAFAEL PINA DE SOUZAFREIRE, RICARDO JUNGER, ALBERTO CAMARA PINTO, RODRIGO ANTONIO GIACOMELLI.) x WILLIAN DE SOUZACARVALHO (ADVOGADO: JAMILI ABIB LIMA, BETHANIA ALVES DE ASSIS, LUIZ TELVIO VALIM.).PROCESSO: 0004954-80.2010.4.02.5001/01 (2010.50.01.004954-0/01)

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA DOS SERVIDORES DOESTADO DO ESPÍRITO SANTO – IPAJM, em face da sentença de fls. 128/131, que julgou parcialmente o pedido inicialpara condenar o INSS a emitir nova certidão de tempo de contribuição com averbação de tempo de serviço especial noperíodo em que o autor trabalhou no IESP (13/08/1982 a 30/09/2000) com a incidência do fator de conversão 1,4; condenouainda o IPAJM a averbar o tempo de contribuição com contagem diferenciada para efeito de concessão de aposentadoriaestatutária. O Juízo a quo antecipou os efeitos da tutela, determinando ao INSS a imediata expedição da certidão para queo IPAJM analisasse a possibilidade de concessão de aposentadoria.

Em suas alegações recursais, sustenta o recorrente (IPAJM) que inexiste previsão legal para a contagem de tempoespecial por atuação em área insalubre no serviço público, na forma de contagem recíproca. Afirma que, com a extinção dovínculo celetista, para os fins de posterior transposição ao regime jurídico único, o servidor que estava sob a regência daCLT, passou a ser disciplinado pela legislação estatutária, cessando os benefícios próprios do regime celetista. Afirma quedeve ser afastado o entendimento de que o recorrido tenha direito à conversão do tempo especial em comum (art. 96 I daLei nº 8.213/91). Requereu a reforma da sentença.

O INSS anexou Certidão de Tempo de Contribuição nos autos (fls. 150/153).

Foram apresentadas contrarrazões pelo recorrido.

Eis o relatório.

O benefício de aposentadoria especial foi instituído pela Lei nº 3.807, de 26/08/1960, destinado aos trabalhadores quelaboram em condições peculiares, submetidos a certo grau de risco e comprometimento à saúde ou integridade física, paraos quais prescrevia a redução do tempo de serviço (quinze, vinte ou vinte e cinco anos de atividade) para a sua concessão.Com o advento do Decreto n.º 53.831, de 25/03/1964, foi estabelecida uma relação das atividades profissionais conformeos agentes químicos, físicos e biológicos, assim como um elenco de serviços e atividades profissionais classificadas comoinsalubres, penosas ou perigosas. A classificação de grupos profissionais que contavam com presunção de condiçãoespecial de trabalho era prevista na segunda parte do quadro anexo ao Decreto nº 53.831/64 e no Anexo II do Decreto nº83.080/79. Dizia-se, nesse caso, que havia enquadramento por categoria profissional, isto é, o regulamento previdenciárioestabelecia um rol de profissões em relação às quais se presumia a exposição a agentes nocivos à saúde.

O enquadramento por categoria profissional, todavia, ficou vedado a partir de 29/04/1995, quando entrou em vigor a Lei nº9.032/95. Esta lei passou a condicionar a contagem do tempo de serviço especial à comprovação de exposição a agentesnocivos químicos, físicos ou biológicos prejudiciais à saúde ou à integridade física, de modo habitual e permanente (videnova redação dada ao artigo 57, § 4º, da Lei nº 8.213/91). E a exigência de comprovação da efetiva exposição éincompatível com a presunção de insalubridade que até então se admitia em razão do mero exercício de determinadaprofissão.

O autor laborou como médico junto ao IESP como celetista e passou, posteriormente, para o regime estatutário. ColacionouPPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário (fls. 81/82) indicando contato com agente nocivo (vírus e bactérias). Odocumento foi assinado pelo chefe de Núcleo Especial de Administração de Pessoal da Secretaria de Estado da Saúde,com indicação de responsável pela monitoração biológica e pelos registros ambientais. O PPP foi confeccionado em28/04/2010.

A controvérsia cinge-se à possibilidade de converter em comum o tempo especial prestado como celetista, em caso de oempregado ter seu regime convertido para estatutário. Em que pese o art. 96, I da Lei nº 8.213/91 vedar contagemrecíproca de atividade exercida em condições especiais, o caso concreto representa exceção. Pode-se afirmar que o direitoà conversão do tempo de serviço sob condições insalubres prestados à época da vigência do regime celetista integrou-seao patrimônio jurídico do autor, tendo em vista que, sob o império da lei então vigente, já havia se implementado o seu fatoraquisitivo, vale dizer, a efetiva prestação do serviço sob condições prejudiciais à saúde.

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Nesse sentido, temos a Súmula nº 66 da Turma Nacional de Uniformização, que assim dispõe: “servidor público ex-celetistaque trabalhava sob condições especiais antes de migrar para o regime estatutário tem direito adquirido à conversão dotempo de atividade especial em tempo comum com o devido acréscimo legal, para efeito de contagem recíproca no regimeprevidenciário próprio dos servidores públicos”.

Sendo assim, o entendimento firmado pelo Juízo a quo está em perfeita consonância com o esposado pela Turma Nacionalde Uniformização, motivo pelo qual conheço do recurso interposto pelo IPAJM e a ele NEGO PROVIMENTO.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido em honorários advocatícios, que ora arbitro em 10% sobre o valoratribuído à causa.

É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

30 - 0004668-52.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004668-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DEUSA DE FATIMA SOARES(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAOCARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).PROCESSO: 0004668-52.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004668-3/01)

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO NÃO CONFIGURADA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE, EMPARTE, POR ARRASTAMENTO, DO ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494/97 COM A REDAÇÃO DADA PELO ART. 5º DA LEI Nº11.960/2009, NO JULGAMENTO DAS ADI 4425 E 4357.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 81/84, que deu o condenou a concedero benefício de auxílio-doença à parte autora no período ali determinado, devendo as parcelas vencidas ser corrigidasmonetariamente e acrescidas de juros de mora de 1% ao mês a partir da citação. O acórdão afastou a incidência do art.1º-F da Lei nº 9.494/97, com a nova redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009, tendo em vista o entendimentofirmado no julgamento da ADI 4357 pelo Supremo Tribunal Federal. Alega o embargante que o acórdão contém omissãoquanto à ausência de declaração de inconstitucionalidade da sistemática de juros legais determinados pelo art. 1º-F da Leinº 9.494/97, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009 na ADI 4357, bem como quanto à expressadeterminação do ministro relator para a plena observância do referido dispositivo legal até a decisão definitiva de modulaçãode feitos temporais da referida decisão pelo Pleno do STF. Alega, ainda, existência de matéria constitucional fixada porrepercussão geral do STF.O art. 1º-F foi acrescentado à Lei nº 9.494/97 pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 2001, com a seguinte redação: “Art.1º-F. Os juros de mora, nas condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas aservidores e empregados públicos, não poderão ultrapassar o percentual de seis por cento ao ano.”O art. 5º da Lei nº 11.960/2009 conferiu ao referido dispositivo a seguinte redação: “Art. 1o-F. Nas condenações impostas àFazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital ecompensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneraçãobásica e juros aplicados à caderneta de poupança.”Verifica-se na “decisão de julgamento” constante do andamento das ADI 4425 e 4357, conforme consulta ao sítio eletrônicodo Supremo Tribunal Federal, que o voto do Ministro Luiz Fux, designado relator para acórdão, declarou ainconstitucionalidade, em parte, por arrastamento, do art. 1º-F da Lei nº 9.494, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº11.960, de 29 de junho de 2009.Ora, uma vez declarada a inconstitucionalidade da expressão “índice oficial de remuneração básica da caderneta depoupança”, constante do § 12 do art. 100 da CF, do inciso II do § 1º e do § 16, ambos do art. 97 do ADCT, e da expressão“independentemente de sua natureza”, inserido no § 12 do art. 100 da CF, foi declarada também a inconstitucionalidade, porarrastamento, do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, na parte em que reproduz tais expressões, por força do art. 5º da Lei nº11.960, de 29 de junho de 2009, que lhe conferiu nova redação.A determinação do ministro relator para acórdão das ADI 4425 e 4357 foi no sentido da continuidade de pagamento deprecatórios, ante a noticiada paralisação do pagamento pelos tribunais de justiça de todo o país, tendo em vista que não sejustifica retroceder na proteção dos direitos já reconhecidos em juízo. Não se trata de determinar a plena observância dodispositivo em tela nas condenações, como parece crer o embargante, mas apenas de garantir o pagamento dosprecatórios em conformidade com a coisa julgada.No que se refere à alegada repercussão geral reconhecida pelo STF, o embargante sequer indica qualquer omissão,contradição ou obscuridade no acórdão. Esclareço, por oportuno, que eventual reconhecimento de repercussão geral damatéria pelo STF não constitui óbice ao julgamento do recurso inominado, estando sujeitos à sistemática prevista no art.543-B do CPC apenas os recursos extraordinários.Embargos conhecidos e improvidos.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes

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2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

31 - 0011811-45.2010.4.02.5001/02 (2010.50.01.011811-2/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: ERIKA SEIBEL PINTO.) x PEDRO OLIMPIA (ADVOGADO: GIULLIANDREI DA SILVA TAVARESDE LIRA.).PROCESSO: 0011811-45.2010.4.02.5001/02 (2010.50.01.011811-2/02)

VOTO-EMENTA

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – PRESCRIÇÃO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Caixa Econômica Federal em face da sentença que julgou procedente opedido de aplicação dos juros progressivos sobre o saldo do FGTS da parte autora, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições que enumera. Alega a recorrente a prescrição de todas asparcelas, tendo em vista que a data de afastamento do autor da empresa ocorreu em 05/02/1976 e a ação foi ajuizada em27/09/2010. Alega a recorrente a nulidade da sentença, ante a ausência de resolução das questões propostas pelas partesno processo, violando os artigos 162, 269, 458, 459, 460 e 463 do CPC. No mérito, alega que não detém os extratosanalíticos das contas vinculadas de FGTS anteriores a maio de 1991, pois não os recebeu dos bancos depositários e queos extratos por ela apresentados são suficientes para demonstrar a aplicação da progressividade de juros. Por fim, sustentaque não é possível a utilização dos parâmetros fixados na sentença para apuração do valor determinado como devido.Prima facie, poder-se-ia classificar a sentença como totalmente condicional, merecendo anulação, ante a violação ao artigo460, § único, do CPC. A hipótese, contudo, não é de sentença condicional; é bem mais que isso: Conquanto tenha constadodo dispositivo que o pedido restou julgado procedente, não houve efetivo acolhimento do pedido do autor, eis que nãoresolvido o respectivo mérito, pelo que não configurada a hipótese do art. 269, I do CPC, não se caracterizando, emconseqüência, o ato judicial descrito no art. 162, § 1º do CPC. Limitou-se a “sentença” a estabelecer as condições legaisacerca do direito alegado na inicial. Com efeito, foi julgado procedente o pedido, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições a seguir: (1) que não tenha ocorrido prescrição, ou seja, quenão decorreram mais que 30 anos entre o término do vínculo do autor e a data do ajuizamento dessa demanda; (2) que nãohaja prova de que o autor já tenha recebido, de forma administrativa ou em outra ação judicial, os juros progressivos aquipleiteados; (3) que o vínculo empregatício do autor foi iniciado entre 01.01.67 e 22.09.71; (4) que o autor tenha feito a opçãooriginal pelo FGTS na vigência da Lei n. 5.107/66 (com taxa proressiva de juros, antes do advento da Lei nº 5.705/71 –quando a taxa de juros se tornou fixa) ou que fez a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73,7.839/89 e 8.036/91); e (5) que o autor tenha permanecido na mesma empresa pelo tempo previsto nos incisos do art. 4º daLei nº 5.107/66). Não havendo nenhuma análise das questões de fato, restam tecnicamente ausentes os requisitosessenciais da sentença – fundamentação e dispositivo (art. 458, II e III). Assim é que declaro a nulidade da sentença.Considerando que a causa está em condições de julgamento, passo a fazê-lo, tendo em vista o disposto no art. 515, § 3º doCPC.A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de jurosprogressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, a princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigência daLei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto adécimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência namesma empresa, em diante”.A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1ºe §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 comconcordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.

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Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.No caso dos autos, conforme se vê à fl. 31, o autor começou a trabalhar em 16/03/1960 e permaneceu no emprego até30/10/1968. Iniciou novo vínculo em 01/08/1968, que perdurou até 05/02/1976 (fl. 26 e 33), além do vínculo iniciado em08/03/1967 e cessado em 01/06/1967 (fl. 32). Optou pelo regime do FGTS em 08/03/1967 (fl. 29). Tal opção seu deu navigência do primeiro contrato de trabalho, findo menos de dois anos depois, em 30/10/1968, pelo que o autor não faz jus àtaxa progressiva de juros em face dessa opção.Conquanto não conste da CTPS a anotação referente à opção pelo FGTS na vigência do segundo contrato de trabalho,iniciado anteriormente à Lei nº 5.705/71, pode-se depreender que tal ocorreu, tendo em vista as anotações constantes de fl.40, acerca do banco depositário, efetuadas pela segunda empregadora. A segunda anotação refere-se à data de01/01/1969, o que comprova opção anterior. Assim é que o autor faria jus à progressividade da taxa de juros em sua contavinculada no período iniciado a partir do terceiro ano de permanência na empresa até 05/02/1976 (data da demissão).Contudo, assiste razão à recorrente ao alegar que as todas as parcelas devidas foram alcançadas pela prescriçãotrintenária (Súmula 210 do STJ).

�É certo que “a prescrição da ação para pleitear os juros progressivos sobre os saldos de conta vinculada do FGTS não�atinge o fundo de direito, limitando-se às parcelas vencidas”.

Ocorre que no presente caso, todas as parcelas devidas foram alcançadas pela prescrição, tendo em vista que, uma vezencerrado o vínculo empregatício em fevereiro de 1976, também nessa data cessou o direito à incidência da taxaprogressiva de juros, a teor do parágrafo único do art. 2º da Lei nº 5.705/71.Registre-se, por oportuno, que a prescrição corre independentemente de saque ou disponibilidade do valor, tendo em vistaque a parte autora pode ter ciência inequívoca da taxa de juros efetivamente aplicada, por simples extrato.Pelo exposto, conheço do recurso da CEF e a ele DOU PROVIMENTO para ANULAR a sentença e pronunciar a prescrição(artigo 269, VI, CPC).Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

32 - 0005496-48.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005496-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NILO SERGIO SILVEIRA(ADVOGADO: RAFAEL LUIZ BUSSULAR, GUSTAVO LUIZ BUSSULAR.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO:ERIKA SEIBEL PINTO.).PROCESSO: 0005496-48.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005496-5/01)

VOTO-EMENTA

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – PRESCRIÇÃO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido, comfulcro no art. 269, IV, do CPC, pronunciando a prescrição. Alega o recorrente que, conforme jurisprudência do SuperiorTribunal de Justiça, o prazo prescricional trintenário previsto na Súmula 210 aplica-se apenas às parcelas anteriores aos 30anos que antecederam a propositura da ação, uma vez que os juros progressivos têm incidência sucessiva, conformeentendimento consolidado na Súmula 398 do mesmo tribunal. Sustenta que o término da relação de emprego não deve ser,de súbito, eleito como marco inicial da contagem da prescrição. Diz que continuou exercendo atividade celetista erecolhendo mensalmente ao FGTS após a extinção do vínculo laboral em 10/12/1975. A CEF, em contrarrazões, pugnapela manutenção da sentença.A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de jurosprogressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, a princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigência daLei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto adécimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência namesma empresa, em diante”. A redação foi mantida no art. 2º da Lei nº 5.705/71, cujo parágrafo único, em substituição aoparágrafos do art. 4º acima transcrito, passou a dispor que no caso de mudança de empresa, a capitalização dos jurospassará a ser feita sempre a taxa de 3% (três por cento) ao ano.

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A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1ºe §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 comconcordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.No caso dos autos, conforme se vê à fl. 12, o autor começou a trabalhar em 07/03/1968 e permaneceu no emprego até01/10/1969. Iniciou novo vínculo em 16/11/1970, que perdurou até 10/12/1975. Um terceiro vínculo foi iniciado em12/04/1976 (fl. 13). Optou pelo regime do FGTS nas mesmas datas das admissões, conforme fl. 16. O primeiro vínculodurou menos de dois anos, pelo que não chegou a fazer jus o autor à taxa progressiva de juros, a teor do art. 4º, da Lei nº5.107/66. Na constância do segundo contrato de trabalho, optou pelo regime do FGTS antes da entrada em vigor da Lei5.705/71, que unificou a taxa de juros remuneratórios em 3%. Desta forma, constata-se que o autor faria jus àprogressividade da taxa de juros.Ocorre que, conforme disposto na sentença, o vínculo empregatício do autor iniciado anteriormente ao advento da Lei nº5.705/71 - e que perdurou por mais de dois anos - encerrou-se em 10/12/1975 (fl. 12), enquanto a presente ação foiajuizada em 07/10/2010.

�É certo que “a prescrição da ação para pleitear os juros progressivos sobre os saldos de conta vinculada do FGTS não�atinge o fundo de direito, limitando-se às parcelas vencidas”, a teor da Súmula 398 do STJ, sendo de trinta anos o prazo da

prescrição, conforme Súmula 210, também do STJ.No presente caso, contudo, todas as parcelas devidas foram alcançadas pela prescrição, tendo em vista que, uma vezencerrado o vínculo empregatício em dezembro de 1975, também nessa data cessou o direito à incidência da taxaprogressiva de juros, a teor do parágrafo único do art. 2º da Lei nº 5.705/71.Registre-se, por oportuno, que a prescrição corre independentemente de saque ou disponibilidade do valor, tendo em vistaque a parte autora pode ter ciência inequívoca da taxa de juros efetivamente aplicada, por simples extrato.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício de assistência judiciária gratuitadeferido na sentença.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

33 - 0006560-30.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006560-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DEOLINDA FAGUNDES DASILVA (DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).PROCESSO: 0006560-30.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006560-2/01)

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO NÃO CONFIGURADA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE, EMPARTE, POR ARRASTAMENTO, DO ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494/97 COM A REDAÇÃO DADA PELO ART. 5º DA LEI Nº11.960/2009, NO JULGAMENTO DAS ADI 4425 E 4357.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 102/105, que reformou a sentençaapenas quanto aos juros de mora, para afastar a incidência do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a nova redação dada peloart. 5º da Lei nº 11.960/2009, tendo em vista o entendimento firmado no julgamento da ADI 4357 pelo Supremo TribunalFederal. Alega o embargante que o acórdão contém omissão quanto à ausência de declaração de inconstitucionalidade dasistemática de juros legais determinados pelo art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº11.960/2009 na ADI 4357, bem como quanto à expressa determinação do ministro relator para a plena observância doreferido dispositivo legal até a decisão definitiva de modulação de feitos temporais da referida decisão pelo Pleno do STF.Alega, ainda, existência de matéria constitucional fixada por repercussão geral do STF.O art. 1º-F foi acrescentado à Lei nº 9.494/97 pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 2001, com a seguinte redação: “Art.1º-F. Os juros de mora, nas condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas aservidores e empregados públicos, não poderão ultrapassar o percentual de seis por cento ao ano.”O art. 5º da Lei nº 11.960/2009 conferiu ao referido dispositivo a seguinte redação: “Art. 1o-F. Nas condenações impostas àFazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e

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compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneraçãobásica e juros aplicados à caderneta de poupança.”Verifica-se na “decisão de julgamento” constante do andamento das ADI 4425 e 4357, conforme consulta ao sítio eletrônicodo Supremo Tribunal Federal, que o voto do Ministro Luiz Fux, designado relator para acórdão, declarou ainconstitucionalidade, em parte, por arrastamento, do art. 1º-F da Lei nº 9.494, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº11.960, de 29 de junho de 2009.Ora, uma vez declarada a inconstitucionalidade da expressão “índice oficial de remuneração básica da caderneta depoupança”, constante do § 12 do art. 100 da CF, do inciso II do § 1º e do § 16, ambos do art. 97 do ADCT, e da expressão“independentemente de sua natureza”, inserido no § 12 do art. 100 da CF, foi declarada também a inconstitucionalidade, porarrastamento, do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, na parte em que reproduz tais expressões, por força do art. 5º da Lei nº11.960, de 29 de junho de 2009, que lhe conferiu nova redação.A determinação do ministro relator para acórdão das ADI 4425 e 4357 foi no sentido da continuidade de pagamento deprecatórios, ante a noticiada paralisação do pagamento pelos tribunais de justiça de todo o país, tendo em vista que não sejustifica retroceder na proteção dos direitos já reconhecidos em juízo. Não se trata de determinar a plena observância dodispositivo em tela nas condenações, como parece crer o embargante, mas apenas de garantir o pagamento dosprecatórios em conformidade com a coisa julgada.No que se refere à alegada repercussão geral reconhecida pelo STF, o embargante sequer indica qualquer omissão,contradição ou obscuridade no acórdão. Esclareço, por oportuno, que eventual reconhecimento de repercussão geral damatéria pelo STF não constitui óbice ao julgamento do recurso inominado, estando sujeitos à sistemática prevista no art.543-B do CPC apenas os recursos extraordinários.Embargos conhecidos e improvidos.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

34 - 0001458-24.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001458-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x JOSE LUIZ FRAGA (ADVOGADO:Valber Cruz Cereza.).PROCESSO: 0001458-24.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001458-5/01)

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREQUESTIONAMENTO – AUSÊNCIA DE VÍCIO A SER SANADO - EMBARGOSCONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que manteve a sentença que o condenou àconcessão do benefício assistencial de prestação continuada à parte autora. Alega o embargante a impossibilidade deutilização de informativo como repositório oficial de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, como fez o acórdão. Paraefeito de prequestionamento, alega que o acórdão contém omissão e contradição quanto à incidência do art. 195, § 5º e doart. 203, V, da CF/1988 à hipótese dos autos. Sustenta, ainda, a constitucionalidade do art. 20 da Lei nº 8.742/93.Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC e art. 48 da Lei nº 9.099/95, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento damatéria posta nos autos, tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização deeventual recurso extraordinário, porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de pontofundamental, contradição entre a fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas.Registre-se que o fato de o acórdão embargado adotar o mesmo entendimento proferido pelo STF e noticiado noInformativo 702 não importa em utilização deste como repositório oficial de jurisprudência.Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se tem na hipótese é o uso dosembargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível quejustifique sua utilização.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

35 - 0004345-47.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004345-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDUARDO GERMANOBOLDT (ADVOGADO: RAFAEL LUIZ BUSSULAR, GUSTAVO LUIZ BUSSULAR.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL(ADVOGADO: ALEX WERNER ROLKE.).PROCESSO: 0004345-47.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004345-1/01)

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VOTO-EMENTA

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – PRESCRIÇÃO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido, comfulcro no art. 269, IV, do CPC, pronunciando a prescrição. Alega o recorrente que, conforme jurisprudência do SuperiorTribunal de Justiça, o prazo prescricional trintenário previsto na Súmula 210 aplica-se apenas às parcelas anteriores aos 30anos que antecederam a propositura da ação, uma vez que os juros progressivos têm incidência sucessiva, conformeentendimento consolidado na Súmula 398 do mesmo tribunal. Sustenta que o término da relação de emprego não deve ser,de súbito, eleito como marco inicial da contagem da prescrição. A CEF, em contrarrazões, pugna pela manutenção dasentença.A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de jurosprogressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, a princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigência daLei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto adécimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência namesma empresa, em diante”. A redação foi mantida no art. 2º da Lei nº 5.705/71, cujo parágrafo único, em substituição aoparágrafos do art. 4º acima transcrito, passou a dispor que no caso de mudança de empresa, a capitalização dos jurospassará a ser feita sempre a taxa de 3% (três por cento) ao ano.A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1ºe §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 comconcordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.Conforme expressamente disposto na sentença, o último vínculo empregatício do autor encerrou-se em 31/12/1976, comose verifica à fl. 14, enquanto a presente ação foi ajuizada em 16/08/2010.

�É certo que “a prescrição da ação para pleitear os juros progressivos sobre os saldos de conta vinculada do FGTS não�atinge o fundo de direito, limitando-se às parcelas vencidas”, a teor da Súmula 398 do STJ, sendo de trinta anos o prazo da

prescrição, conforme Súmula 210, também do STJ.Ocorre que no presente caso, todas as parcelas devidas foram alcançadas pela prescrição, tendo em vista que, uma vezencerrado o vínculo empregatício em dezembro de 1976, também nessa data cessou o direito à incidência da taxaprogressiva de juros, a teor do parágrafo único do art. 2º da Lei nº 5.705/71.Registre-se, por oportuno, que a prescrição corre independentemente de saque ou disponibilidade do valor, tendo em vistaque a parte autora pode ter ciência inequívoca da taxa de juros efetivamente aplicada, por simples extrato.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício de assistência judiciária gratuita,que ora defiro.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

36 - 0004449-39.2010.4.02.5050/02 (2010.50.50.004449-2/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: ERIKA SEIBEL PINTO.) x ESPÓLIO DE MARIO MASUO TANIGUCHI (ADVOGADO:RODOLPHO RANDOW DE FREITAS.).

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PROCESSO: 0004449-39.2010.4.02.5050/02 (2010.50.50.004449-2/02)

VOTO-EMENTA

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – EXTRATOS COMPROBATÓRIOS DA APLICAÇÃO DA TAXA PROGRESSIVA DEJUROS.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Caixa Econômica Federal em face da sentença que julgou procedente opedido de aplicação dos juros progressivos sobre o saldo do FGTS da parte autora, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições que enumera. Preliminarmente, alega a CEF que não foi citadapara apresentar contestação, tendo tomado conhecimento da ação somente com a prolação da sentença de mérito. Aindaem preliminar, alega nulidade da sentença, ante a ausência de resolução das questões propostas pelas partes no processo,violando os artigos 162, 269, 458, 459, 460 e 463 do CPC. No mérito, alega que o autor já recebeu a progressividade dosjuros em suas contas vinculadas, não havendo nenhuma diferença a ser paga, conforme extratos de fls. 35/42 e 46/53.Aduz que não detém os extratos analíticos das contas vinculadas de FGTS anteriores a maio de 1991, pois não os recebeudos bancos depositários e que os extratos por ela apresentados são suficientes para demonstrar a aplicação daprogressividade de juros. Por fim, sustenta que não é possível a utilização dos parâmetros fixados na sentença paraapuração do valor determinado como devido.Prima facie, poder-se-ia classificar a sentença como totalmente condicional, merecendo anulação, ante a violação ao artigo460, § único, do CPC. A hipótese, contudo, não é de sentença condicional; é bem mais que isso: Conquanto tenha constadodo dispositivo que o pedido restou julgado procedente, não houve efetivo acolhimento do pedido do autor, eis que nãoresolvido o respectivo mérito, pelo que não configurada a hipótese do art. 269, I do CPC, não se caracterizando, emconseqüência, o ato judicial descrito no art. 162, § 1º do CPC. Limitou-se a “sentença” a estabelecer as condições legaisacerca do direito alegado na inicial. Com efeito, foi julgado procedente o pedido, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições a seguir: (1) que não tenha ocorrido prescrição, ou seja, quenão decorreram mais que 30 anos entre o término do vínculo do autor e a data do ajuizamento dessa demanda; (2) que nãohaja prova de que o autor já tenha recebido, de forma administrativa ou em outra ação judicial, os juros progressivos aquipleiteados; (3) que o vínculo empregatício do autor foi iniciado entre 01.01.67 e 22.09.71; (4) que o autor tenha feito a opçãooriginal pelo FGTS na vigência da Lei n. 5.107/66 (com taxa proressiva de juros, antes do advento da Lei nº 5.705/71 –quando a taxa de juros se tornou fixa) ou que fez a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73,7.839/89 e 8.036/91); e (5) que o autor tenha permanecido na mesma empresa pelo tempo previsto nos incisos do art. 4º daLei nº 5.107/66). Não havendo nenhuma análise das questões de fato, restam tecnicamente ausentes os requisitosessenciais da sentença – fundamentação e dispositivo (art. 458, II e III).A nulidade se revela, ainda, pela ausência de citação da ré para contestar o pedido, uma vez que não se trata da hipóteseprevista no art. 285-A do CPC.Em face do disposto nos artigos 285-A e art. 515, § 3º, ambos do CPC, passo ao julgamento do pedido.A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de jurosprogressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, a princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigência daLei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto adécimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência namesma empresa, em diante”.A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1ºe §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 comconcordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% nos saldosdo FGTS.No caso dos autos, conquanto não conste cópia dos contratos de trabalho do autor, verifica-se à fl. 20 que ele optou peloFGTS em 04/12/1967, anteriormente, portanto, ao advento da Lei nº 5.705/71, que unificou a taxa de juros remuneratórios

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em 3%. Os extratos de fls. 25/42 e 46/54 mencionam vínculos iniciados em 26/06/1962 (com opção em 04/12/1967), em04/12/1967 (com opção na mesma data) e em 01/04/1975 (com opção na mesma data).Os extratos de fls. 25/34 dizem respeito ao vínculo iniciado em 01/04/1975, após o advento da Lei nº 5.705/71, quando nãohavia mais progressividade da taxa de juros. Os extratos de fls. 35/42 referem-se ao vínculo iniciado em 04/12/1967 (comopção na mesma data), podendo-se constatar que já foi aplicada a taxa de 6% à conta vinculada do autor. Os de fls. 46/54referem-se ao vínculo iniciado em 26/06/1962 (com opção em 04/12/1967), deles também constando a aplicação da taxa de6%.Pelo exposto, conheço do recurso da CEF e a ele DOU PROVIMENTO para ANULAR a sentença e JULGARIMPROCEDENTE o pedido.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

37 - 0006694-86.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006694-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x HELENA JANKE DORING(ADVOGADO: RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO.).PROCESSO: 0006694-86.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006694-7/01)

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREQUESTIONAMENTO – AUSÊNCIA DE VÍCIO A SER SANADO - EMBARGOSCONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que manteve a sentença que o condenou àconcessão do benefício assistencial de prestação continuada à parte autora. Alega o embargante a impossibilidade deutilização de informativo como repositório oficial de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, como fez o acórdão. Paraefeito de prequestionamento, alega que o acórdão contém omissão e contradição quanto à incidência do art. 195, § 5º e doart. 203, V, da CF/1988 à hipótese dos autos. Sustenta, ainda, a constitucionalidade do art. 20 da Lei nº 8.742/93.Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC e art. 48 da Lei nº 9.099/95, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento damatéria posta nos autos, tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização deeventual recurso extraordinário, porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de pontofundamental, contradição entre a fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas.Registre-se que o fato de o acórdão embargado adotar o mesmo entendimento proferido pelo STF e noticiado noInformativo 702 não importa em utilização deste como repositório oficial de jurisprudência.Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se tem na hipótese é o uso dosembargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível quejustifique sua utilização.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

38 - 0001760-85.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001760-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x CLEUZONITA LOPES MARTINS(ADVOGADO: JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS, HELENICE DE SOUSA VIANA, MARCELO NUNES DASILVEIRA.).PROCESSO: 0001760-85.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001760-2/01)

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREQUESTIONAMENTO – AUSÊNCIA DE VÍCIO A SER SANADO - EMBARGOSCONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que manteve a sentença que o condenou àconcessão do benefício assistencial de prestação continuada à parte autora. Alega o embargante a impossibilidade deutilização de informativo como repositório oficial de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, como fez o acórdão. Paraefeito de prequestionamento, alega que o acórdão contém omissão e contradição quanto à incidência do art. 195, § 5º e doart. 203, V, da CF/1988 à hipótese dos autos. Sustenta, ainda, a constitucionalidade do art. 20 da Lei nº 8.742/93.Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC e art. 48 da Lei nº 9.099/95, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento damatéria posta nos autos, tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização deeventual recurso extraordinário, porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de ponto

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fundamental, contradição entre a fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas.Registre-se que o fato de o acórdão embargado adotar o mesmo entendimento proferido pelo STF e noticiado noInformativo 702 não importa em utilização deste como repositório oficial de jurisprudência.Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se tem na hipótese é o uso dosembargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível quejustifique sua utilização.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

39 - 0004259-76.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004259-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: ERIKA SEIBEL PINTO.) x HUMBERTO NUNES DE MORAES (ADVOGADO: RAFAEL LUIZBUSSULAR, GUSTAVO LUIZ BUSSULAR.).PROCESSO: 0004259-76.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004259-8/01)

VOTO-EMENTA

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – PRESCRIÇÃO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Caixa Econômica Federal em face da sentença que julgou procedente opedido de aplicação dos juros progressivos sobre o saldo do FGTS da parte autora, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições que enumera. Preliminarmente, alega a CEF que não foi citadapara apresentar contestação, tendo tomado conhecimento da ação somente com a prolação da sentença de mérito. Aindaem preliminar, alega nulidade da sentença, ante a ausência de resolução das questões propostas pelas partes no processo,violando os artigos 162, 269, 458, 459, 460 e 463 do CPC. No mérito, alega prescrição de todas as parcelas vencidas, poisa data de afastamento no único vínculo com data de admissão anterior a 22/09/1971 ocorreu em maio de 1973 e a ação foiajuizada em 10/08/2010. Aduz que não detém os extratos analíticos das contas vinculadas de FGTS anteriores a maio de1991, pois não os recebeu dos bancos depositários e que os extratos por ela apresentados são suficientes para demonstrara aplicação da progressividade de juros. Por fim, sustenta que não é possível a utilização dos parâmetros fixados nasentença para apuração do valor determinado como devido.Prima facie, poder-se-ia classificar a sentença como totalmente condicional, merecendo anulação, ante a violação ao artigo460, § único, do CPC. A hipótese, contudo, não é de sentença condicional; é bem mais que isso: Conquanto tenha constadodo dispositivo que o pedido restou julgado procedente, não houve efetivo acolhimento do pedido do autor, eis que nãoresolvido o respectivo mérito, pelo que não configurada a hipótese do art. 269, I do CPC, não se caracterizando, emconseqüência, o ato judicial descrito no art. 162, § 1º do CPC. Limitou-se a “sentença” a estabelecer as condições legaisacerca do direito alegado na inicial. Com efeito, foi julgado procedente o pedido, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições a seguir: (1) que não tenha ocorrido prescrição, ou seja, quenão decorreram mais que 30 anos entre o término do vínculo do autor e a data do ajuizamento dessa demanda; (2) que nãohaja prova de que o autor já tenha recebido, de forma administrativa ou em outra ação judicial, os juros progressivos aquipleiteados; (3) que o vínculo empregatício do autor foi iniciado entre 01.01.67 e 22.09.71; (4) que o autor tenha feito a opçãooriginal pelo FGTS na vigência da Lei n. 5.107/66 (com taxa proressiva de juros, antes do advento da Lei nº 5.705/71 –quando a taxa de juros se tornou fixa) ou que fez a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73,7.839/89 e 8.036/91); e (5) que o autor tenha permanecido na mesma empresa pelo tempo previsto nos incisos do art. 4º daLei nº 5.107/66). Não havendo nenhuma análise das questões de fato, restam tecnicamente ausentes os requisitosessenciais da sentença – fundamentação e dispositivo (art. 458, II e III).A nulidade se revela, ainda, pela ausência de citação da ré para contestar o pedido, uma vez que não se trata da hipóteseprevista no art. 285-A do CPC.Em face do disposto nos artigos 285-A e art. 515, § 3º, ambos do CPC, passo ao julgamento do pedido.A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de jurosprogressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, a princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigência daLei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto a

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décimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência namesma empresa, em diante”.A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1ºe §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 comconcordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.No caso dos autos, conforme se vê à fl. 12, o autor começou a trabalhar em 01/03/1966 e permaneceu no emprego até31/05/1973. Optou pelo FGTS em 23/12/1967 (fl. 15). Iniciou novo vínculo em 01/06/1973, data em que também exerceunova opção pelo FGTS (fl. 17). Portanto, na constância do primeiro contrato de trabalho, optou pelo regime do FGTS antesda entrada em vigor da Lei 5.705/71, que unificou a taxa de juros remuneratórios em 3% ao ano.Desta forma, constata-se que o autor faria jus à progressividade da taxa de juros. Tendo permanecido aproximadamentecinco anos e meio na mesma empresa após a opção, conforme art. 4º, II, da Lei nº 5.107/66, o autor faria jus à taxa de 4%a partir do terceiro ano até a rescisão do contrato de trabalho, ocorrida em 31/05/1973. O novo vínculo empregatício inicianova progressão na taxa dos juros. Assim é que todos os valores devidos ao autor referem-se ao período de 23/12/1969(terceiro ano de permanência na mesma empresa após a opção) a 31/05/1973 (rescisão do contrato).Assim é que todas as parcelas devidas ao autor foram alcançadas pela prescrição, tendo em vista que a presente ação foiajuizada apenas em 10/08/2010, após decorridos mais de trinta anos da última parcela.Pelo exposto, conheço do recurso da CEF e a ele DOU PROVIMENTO para ANULAR a sentença e pronunciar aPRESCRIÇÃO, resolvendo o mérito, na forma do art. 269, IV do CPC.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

40 - 0004005-06.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004005-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOAQUIM RIBEIRO DONASCIMENTO (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).PROCESSO: 0004005-06.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004005-0/01)

VOTO-EMENTA

Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, JOAQUIM RIBEIRO DO NASCIMENTO, em face da sentençade fls. 73/74, que julgou improcedente o seu pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença (NB541.405.911-6), desde sua cessação em 03/08/2010.

Alega o recorrente, em suas razões recursais, que a única prova levada em consideração pelo magistrado, para efeitos deconvencimento, foi o laudo emitido por perito de sua confiança, o qual aponta limitações que não se coadunam com oexercício da função de padeiro. Relata que é acometido por fortes dores na coluna, o que é incompatível com odesempenho de qualquer função, possuindo limitações ortopédicas graves que o impossibilitam pegar até mesmo os pesosconsiderados leves. Nesse sentido, afirma que o laudo oferecido pelo médico assistente é muito mais minucioso edetalhado, mencionando, inclusive, os movimentos que promovem o agravamento das moléstias.

Ressalta, ainda, que o perito do juízo manifestou profundo desconhecimento das funções inerentes à atividade de umpadeiro e não cumpriu seu papel, seja em razão do desconhecimento das atividades desempenhadas por padeiro, seja pelafalta de fundamentação ao fixar condição para o desenvolvimento de sua atividade habitual. Sustenta, também, que diantede sua avançada idade e das consequências devastadoras das doenças degenerativas, não se pode exigir um esforçoacima da média para que continue trabalhando. Desse modo, requer o provimento do recurso, para que seja julgadoprocedente o pedido inicial, concedendo-se o benefício de aposentadoria por invalidez, ou, subsidiariamente,auxílio-doença.

O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

Este é o breve relatório. Passo a votar.

Sabe-se que o auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido,

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quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual pormais de 15 (quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devidaao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para oexercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

A parte autora percebeu a prestação de auxílio-doença nos seguintes períodos: 23/02/2008 a 15/12/2008 e 16/06/2010 a03/08/2010 (Sistema Plenus).

O autor trouxe aos autos os seguintes documentos:

FolhaTipoDataConclusão

08/10 e 12/14Laudo Médico24/09/2010 e 16/06/2010Médico traz diagnóstico em duas fases: Pré-Operatório – Espondilodiscoartrose degenerativa lombar multissegmentar maisimportante em L4-L5 e L5-S1, determinando compressão sobre a face ventral do saco dural e em neuroforames, bem comohérnia discal lombar póstero-lateral, comprimindo a raiz neural descendente.Pós-Operatório – Sequela de hérnia discal lombar com Síndrome pós-laminectomia à D em L5-S1. Médico sugereafastamento do trabalho devido à incapacidade laborativa total.

11Exame Médico (Tomografia da Coluna Lombar)23/06/2010Impressão: Espondilose Lombar; Abaulamento discal difuso em L4-L5, comprimindo o saco dural e reduzindo parcialmentea amplitude dos forâmes neurais, além de protrusão disco-osteofitária póstero-lateral direita.

15 e 16Laudo Médico27/02/2009 e 26/11/2008Diagnóstico de Degeneração discal lombar difusa mais importante em L4-L5-S1 com compressão dural e neuroforames,artrose nas articulações interapofisárias, sacroileite crônica. Médico relata não haver condições de retorno ao trabalho esugere afastamento das funções laborais em defintivo. CID 10: M 51.0; M54.5 e M19.0

17Exame Médico09/04/2008Exame indica redução dos espaços discais L2-L3, L4-L5 e L5-S1; degeneração gasosa discal em L5-S1; arcos posterioresíntegros; alterações degenerativas das articulações interapofisárias, no nível L5-S1; escoliose lombar convexa paraesquerda e calcificações vasculares.

18Exame Médico13/09/2007Formações osteofitárias nos corpos vertebrais lombares e dorsais inferiores; Redução dos espaços discais entre L2-L3,L4-L5 e L5-S1; Artrose interapofisária difusa, predominantemente entre L5-S1.

19Laudo Médico17/06/2010Médico relata que paciente apresenta dermatite intensa em membros superiores direito e esquerdo, além de prurido local.Lesões também em região torácica e mãos, estando inapto para exercer sua função.

20Exame Médico29/11/2007Pulmões hiperinsuflados com opacidades de padrão retículo nodular nos 2/3 inferiores, com áreas areolares de permeio,predominando na base esquerda; hilos levemente proeminentes; diafragmas bosselados e seios costo-frênicos livres;diâmetros cardio-aórticos normais para a idade e o biotipo do paciente.

120/121Laudo Médico07/04/2011Médico diagnostica sequela de hérnia discal lombar em L5-S1 com tecido fibrocicatricial no interior do canal vertebralenvolvendo a raiz neural descendente direita de S1, sinais de aracnoidite adesiva tipo II em L4-L5 e L5-S1 com retração do

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saco dural, angustiamento da raiz neural de L4, abaulamento discal difuso em L5-S1 associado à hérnia discal protrusacomprimindo o saco dural e a raiz de S1. Conclui pela inaptidão definitiva do paciente e sugere aposentadoria por invalidez.

134Laudo pneumológico23/08/2012Paciente apresenta DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) muito grave que evoluiu em insuficiência respiratória decaráter persistente e progressivo.

141Atestado médico03/05/2013Paciente em uso de oxigênio contínuo. Sem condições para qualquer atividade profissional.

145Laudo pneumológico28/08/2013Paciente apresenta DPOC grave que evoluiu em insuficiência respiratória crônica. Em uso de oxigenoterapia domiciliar portempo indeterminado.

A perícia médica judicial (fls. 34/35), realizada em 22/04/2011, constatou que o autor apresenta quadro de espondiloartroseda coluna lombar associada à hérnia discal L5-S1 (quesito nº 01). Ocorre que o perito do juízo, de forma equivocada, tomoucomo base para a análise pericial, as atividades desempenhadas por pedreiro – como se esta fosse a profissão habitual doautor – e, assim, asseverou que o mesmo tem restrições para a atividade, que não pode carregar e levantar peso e realizaresforço físico intenso para a região lombar (quesitos nº 08, 09 e 11). Da mesma forma, afirmou haver incapacidadedefinitiva para a atividade de pedreiro (quesitos nº 14 e 16).

Em resposta ao despacho de fl. 53, que ordenou a intimação do perito para dizer se o autor também está incapacitado paraexercer a profissão de padeiro, o expert respondeu que há possibilidade da realização da função de padeiro desde que nãohaja necessidade de carregar e levantar pesos acima de 15 (quinze) quilogramas (fl. 55). Em razão do despacho de fl. 99,que ordenou a intimação do perito a prestar esclarecimentos, o perito asseverou que o recorrente apresentou exame deressonância magnética em que se evidencia a presença de Hérnia Discal entre L5-S1, mantém contato com a raiz nervosae que a presença desta protrusão pode provocar dor no paciente, principalmente em momentos de sobrecarga e esforçodeste segmento. De acordo com o expert, a sintomatologia do paciente provoca restrições para as atividades de levantar ecarregar peso, ou permanecer em posições que levem à sobrecarga da região lombar, fatores que dificultam sua atuaçãocomo padeiro. Além disso, afirmou que as calcificações vasculares são achados de exames de imagens, os quais nãoprovocam alterações funcionais (fls. 103 e 105/106).

Houve, ainda, mais um esclarecimento do perito judicial às fls. 124/125, em que o mesmo asseverou: “A citação de íntimocontato com nervos demonstra redução da amplitude do forame com possível contato dos componentes deste forame,sendo a raiz do nervo um destes componentes. Entretanto, não significa compressão da raiz nervosa. A presença de dor ounão depende do estabelecimento de compressão que pode ser esporádica na dependência de situações como esforçofísico em posições ou formas inadequadas.” Acerca da possibilidade de a algia implicar incapacidade, explicou: “A algiapode ocorrer em momentos de crises, neste caso causando incapacidade temporária. O que não foi verificado no momentoda perícia. Apenas deve o paciente evitar situações de stress para a coluna lombar, já citadas nos laudos anteriores, paraque se evite o surgimento destas crises de algia.”

Analisando os documentos particulares juntados aos autos, verifico que há várias moléstias que acometem o autor: hérniadiscal lombar em L5-S1, com angustiamento da raiz neural de L4 e compressão do saco dural e raiz de S1 (diagnóstico de07/04/2011); dermatite intensa em membros superiores direito e esquerdo, além de prurido local, com lesões em regiãotorácica e mãos (diagnóstico de 17/06/2010); doença pulmonar obstrutiva crônica que evoluiu com insuficiência respiratória,necessitando de oxigenoterapia (28/08/2013).

Já o perito judicial, em seu laudo técnico (quesitos complementares), especificamente à fl. 124, indicou que a algia (dor) doautor pode ocorrer em momentos de crise, causando incapacidade temporária. Afirmou que o paciente deve evitarsituações de stress na coluna lombar para que não surjam crises. Em outro momento (fl. 55), o perito afirma claramenteque o autor pode exercer a função de padeiro, desde que não precise carregar e levantar pesos acima de 15 kg. Entretanto,para o pleno exercício da atividade de padeiro, um trabalhador necessita levantar tabuleiros pesados, preparar massas,carregar ingredientes e, ainda, ficar em posições que exigem esforço físico da coluna lombar.

Deve ser ressaltado que a incapacidade para o trabalho deve ser analisada dentro do contexto social do autor. Ora, qual achance de um padeiro, com 71 anos de idade e portador de doenças ortopédicas, inserir-se no mercado de trabalho emigualdade de condições com os demais profissionais dessa área? Tais chances, para não se dizer mínimas, sãoextremamente difíceis. Dessa forma, considero que há incapacidade parcial para o trabalho, tendo em vista que o autor nãopode exercer plenamente a sua profissão.

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Partindo da premissa de que há incapacidade parcial para o trabalho, passo a analisar as condições pessoais e sociais dosegurado para a concessão da aposentadoria por invalidez, nos termos da súmula 47 da Turma Nacional de Uniformização.O segurado em questão conta, atualmente, com 71 anos de idade. Além da idade avançada, trouxe laudos recentes (maioe agosto de 2013), nos quais há indicação de que apresenta doença pulmonar obstrutiva crônica em estágio grave, cominsuficiência respiratória e em uso de oxigenoterapia. Sendo assim, mesmo que a doença alegada pelo autor na petiçãoinicial tenha sido exclusivamente de caráter ortopédico, entendo que as doenças de ordem dermatológica, assim como aspulmonares, devem ser consideradas, tendo em vista que estes fatos novos o impedem, agora totalmente, de exercerqualquer tipo de profissão. Diante desses fatos, resta evidenciado que o autor faz jus à aposentadoria por invalidez.

Posto isso, conheço do recurso inominado interposto pela parte autora e a ele DOU PROVIMENTO, para reformar asentença de fls. 73/74 e condenar o INSS a (i) restabelecer o benefício de auxílio-doença desde a sua cessação(03/08/2010), (ii) convertendo-o em aposentadoria por invalidez na data de intimação do presente julgado.

CONCEDO A ANTECIPAÇÃO DE TUTELA, para que o benefício seja implantado no prazo de 30 (trinta) dias contados daintimação deste julgado.

Afasto a incidência do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a nova redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009, tendo emvista o entendimento firmado no julgamento da ADI 4357 pelo Supremo Tribunal Federal. Os juros de mora seguem a taxade 1% a.m a partir da citação e a correção monetária deve ser calculada pelo Manual de Cálculos da Justiça Federal.Recurso da parte autora conhecido e provido. Sentença reformada.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que o recorrente logrou-se vencedor.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

41 - 0005040-64.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005040-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x CARLOS ROBERTO REBOLI(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.).PROCESSO: 0005040-64.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005040-0/01)

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREQUESTIONAMENTO – AUSÊNCIA DE VÍCIO A SER SANADO - EMBARGOSCONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que manteve a sentença que o condenou àconcessão do benefício assistencial de prestação continuada à parte autora. Alega o embargante a impossibilidade deutilização de informativo como repositório oficial de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, como fez o acórdão. Paraefeito de prequestionamento, alega que o acórdão contém omissão e contradição quanto à incidência do art. 195, § 5º e doart. 203, V, da CF/1988 à hipótese dos autos. Sustenta, ainda, a constitucionalidade do art. 20 da Lei nº 8.742/93.Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC e art. 48 da Lei nº 9.099/95, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento damatéria posta nos autos, tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização deeventual recurso extraordinário, porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de pontofundamental, contradição entre a fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas.Registre-se que o fato de o acórdão embargado adotar o mesmo entendimento proferido pelo STF e noticiado noInformativo 702 não importa em utilização deste como repositório oficial de jurisprudência.Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se tem na hipótese é o uso dosembargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível quejustifique sua utilização.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

42 - 0000635-47.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000635-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x EDLENE DE SOUZACALHEIROS (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).PROCESSO: 0000635-47.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000635-4/01)

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E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREQUESTIONAMENTO – AUSÊNCIA DE VÍCIO A SER SANADO - EMBARGOSCONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que manteve a sentença que o condenou àconcessão do benefício assistencial de prestação continuada à parte autora. Alega o embargante, para efeito deprequestionamento, que o acórdão contém omissão e contradição quanto à incidência do art. 195, § 5º e do art. 203, V, daCF/1988 à hipótese dos autos, eis que não restou claro se o acórdão privilegiou uma dada interpretação do art. 20 da Lei nº8.742/93 em detrimento dos referidos artigos constitucionais. Sustenta, ainda, a constitucionalidade do referido dispositivolegal.Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso extraordinário,porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de ponto fundamental, contradição entre afundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, osembargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão oudúvida.Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se tem na hipótese é o uso dosembargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível quejustifique sua utilização.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

43 - 0001621-04.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001621-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DIRCEU MATIAS(ADVOGADO: ADELIA DE SOUZA FERNANDES.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: ALEX WERNERROLKE.).PROCESSO: 0001621-04.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001621-1/01)

E M E N T A

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – EXTRATOS COMPROBATÓRIOS DE APLICAÇÃO DA TAXA DE JUROS DE 6%.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 67/68, que julgou improcedente opedido de aplicação dos juros progressivos sobre o saldo de sua conta vinculada de FGTS, tendo em vista que a conta foicorretamente remunerada com a taxa de 6%, conforme extratos de fls. 53/55. Alega o recorrente que os extratos de fls.53/61 são referentes apenas aos anos de 1981 a 1984, sendo que a opção pelo regime de FGTS se deu com efeitoretroativo a 11/04/1968, conforme documento de fl. 15.A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de jurosprogressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, em princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigênciada Lei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto adécimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência namesma empresa, em diante”.A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1º

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e §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 comconcordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.No caso dos autos, conforme se vê à fl. 15, o autor começou a trabalhar em 10/04/1958 e permaneceu no emprego até04/10/1984. Optou pelo regime do FGTS com efeito retroativo a 11/04/1968, na forma da Lei nº 5.958/73 (fl. 16). Destaforma, constata-se que o autor faz jus à progressividade da taxa de juros.Os extratos de fls. 53/55, referentes a 1981, 1982 e 1983, demonstram a aplicação de taxa de juros de 6%.A aplicação da taxa de 6% nesse período demonstra que o direito foi reconhecido ao autor pelo próprio órgão gestor, eaplicado na forma do artigo 4º da Lei nº 5.107/66. Desnecessária a juntada dos extratos referentes ao período de11/04/1968 a 1981 para constatação do reconhecimento do direito pelo próprio banco depositário. A despeito disso, taisextratos constam dos autos, às fls. 45/57 (alguns ilegíveis) e, conquanto não informem explicitamente a taxa de jurosaplicada, podendo-se identificar claramente nos de fls. 47/48 a observação de que a opção ocorreu em 07/76 com efeitoretroativo a 11/04/1968, exatamente como consta da CTPS e como consta dos extratos de fls. 53/55.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que a parte autora é beneficiária dagratuidade de justiça (fl. 18).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

44 - 0000248-67.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000248-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x LUZIA CASSIANO DEJESUS (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.).PROCESSO: 0000248-67.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000248-9/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREQUESTIONAMENTO – AUSÊNCIA DE VÍCIO A SER SANADO - EMBARGOSCONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que manteve a sentença que o condenou àconcessão do benefício assistencial de prestação continuada à parte autora. Alega o embargante, para efeito deprequestionamento, que o acórdão contém omissão e contradição quanto à incidência do art. 195, § 5º e do art. 203, V, daCF/1988 à hipótese dos autos, eis que não restou claro se o acórdão privilegiou uma dada interpretação do art. 20 da Lei nº8.742/93 em detrimento dos referidos artigos constitucionais. Sustenta, ainda, a constitucionalidade do referido dispositivolegal.Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso extraordinário,porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de ponto fundamental, contradição entre afundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, osembargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão oudúvida.Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se tem na hipótese é o uso dosembargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível quejustifique sua utilização.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

45 - 0004454-61.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004454-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GEDALVA SILVA AMORIM(ADVOGADO: RENATO JUNQUEIRA CARVALHO, PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).PROCESSO: 0004454-61.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004454-6/01)

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V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto em face da sentença de fls. 67/69, que julgou improcedente o pedidoinicial de concessão do benefício de pensão por morte. Entendeu o Juízo a quo que o filho da autora, quando vivo, apenasprestava assistência financeira, mas tal assistência servia apenas para complementar a renda, sem configurar dependênciaeconômica.

Sustenta a recorrente que o endereço do falecido e o seu endereço era o mesmo, o que evidenciaria a dependênciaeconômica. Alega, ainda, que a prova testemunhal produzida demonstra que a maior parte do seu sustento era garantidapela renda mensal percebida pelo seu filho. Requer, assim, a reforma da sentença.

2. A concessão do benefício de pensão por morte pressupõe que o falecido, à época do óbito, estivesse vinculado àPrevidência Social na qualidade de segurado (arts. 10 e 11 da Lei nº 8.213/91), sendo tal requisito indispensável para que apostulante, que se encontra no conjunto de dependentes do segurado, faça jus ao benefício. Com exceção dos casosprevistos pelo art. 16, inciso I e parágrafo 4º dessa mesma lei, casos de presunção da dependência, esta deve serefetivamente comprovada. In casu, como a autora insere-se na classe II (os pais) deve comprovar que dependiaeconomicamente do salário auferido por seu filho, questão que ora se analisa.

3. O filho da autora faleceu em 22/03/2009, aos 26 anos de idade. Era solteiro e não possuía filhos. Residia comsua mãe. Teve vínculo empregatício nas seguintes datas:

Data InicialData FinalTotal DiasAnosMesesDias

11/7/200014/2/2001224-714

2 1/8/200128/2/20035681628

31/7/20048/9/200468-28

41/4/200822/3/2009352-1122

Total1.212

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3412

A autora colacionou aos autos os seguintes documentos: CTPS do filho com seus vínculos empregatícios, registro deempregado, termo de rescisão do contrato de trabalho, conta de telefone em nome do filho, boleto do Banco Finasa erecibos de aluguel.

Em seu depoimento pessoal, a autora afirmou: que faz salgados “para fora”; que têm mais 03 filhos; que, além do de cujus,mais um filho morava e ainda mora com ela; que vive de aluguel; que o falecido filho ajudava a pagar as contas; que os três(autora e os 02 filhos) repartiam os gastos da casa; que não passou necessidade após a morte do filho, mas passou“aperto” financeiro.

Eis os relatos das testemunhas:

1ª testemunha: ex-namorada do de cujus. Afirmou: que nunca morou com o falecido; que sabe que ele ajudava em casa,mas não sabe dar detalhes; que não sabe como ficou a situação financeira da autora após a morte do filho.

2ª testemunha: foi vizinha da autora em outro bairro. Afirmou: que, às vezes, ajuda a autora a fazer salgados; que o falecidomorava com a mãe; que ajudava a pagar as despesas; que a situação atual é complicada.

4. Desde que o falecido filho da autora começou a laborar, em 01/07/2000, e até o seu falecimento, contribuiu paraa Previdência por pouco mais de 03 anos. Seu último vínculo laborativo durou menos de 12 meses, e, antes disso, haviaficado por mais de 03 anos e meio sem emprego. Diante dessas informações, é inviável presumir que a renda do filho eraindispensável para o sustento da autora. A recorrente afirmou que, após a morte de seu filho, passou a trabalhar mais parapagar todas as contas. Tal situação se assemelha com o auxílio financeiro e não com dependência econômica.

Quanto à prova testemunhal, ao contrário do que afirma a recorrente, entendo que, in casu, é ineficaz para comprovar adependência econômica. A ex-namorada do de cujus afirmou que ele “ajudava” em casa. Porém, ajuda financeira não ésuficiente para comprovar que a mãe dependia do filho para sua subsistência. Já a ex-vizinha da autora afirmou que o filhoajudava a pagar as despesas, mas não disse em quais valores, e sequer como tinha conhecimento dessa informação.Como a autora trabalha e possui renda própria, os valores pagos pelo filho seriam importantes para aferir a realdependência.

A recorrente juntou aos autos alguns recibos de aluguel em nome do filho referentes ao ano de 2008, preenchidos a mão esem identificação do emissor. Alguns meses correspondem a período em que o filho sequer trabalhava, uma vez que seuúltimo vínculo empregatício iniciou-se em abril de 2008. Tais documentos, pelos citados motivos, são inservíveis como meiode prova.

5. Posto isso, conheço do recurso interposto pela parte autora e nego-lhe provimento. Sentença mantida em suaintegralidade.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que concedida a assistência judiciária gratuita (fl.69).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

46 - 0000063-63.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000063-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x EVILÁCIA GOMES DA PENHA (DEF.PUB: LIDIANEDA PENHA SEGAL.).PROCESSO: 0000063-63.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000063-4/01)

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREQUESTIONAMENTO – AUSÊNCIA DE VÍCIO A SER SANADO - DECLARAÇÃODE INCONSTITUCIONALIDADE, EM PARTE, POR ARRASTAMENTO, DO ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494/97 COM AREDAÇÃO DADA PELO ART. 5º DA LEI Nº 11.960/2009, NO JULGAMENTO DAS ADI 4425 E 4357 - EMBARGOSCONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que negou provimento ao recurso inominado

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por ele interposto, mantendo a sentença que o condenou a conceder benefício assistencial de prestação continuada à parteautora, inclusive quanto à taxa de juros de 1% ao mês, afastando a incidência do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a novaredação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009, tendo em vista o entendimento firmado no julgamento da ADI 4357peloSupremo Tribunal Federal. Alega o embargante, para efeito de prequestionamento, que o acórdão contém omissão econtradição quanto à incidência do art. 195, § 5º e do art. 203, V, da CF/1988 à hipótese dos autos, ao dar interpretaçãoextensiva ao art. 20 da Lei nº 8.742/93 em detrimento dos referidos artigos constitucionais. Alega, ainda, omissão quanto àausência de declaração de inconstitucionalidade da sistemática de juros legais determinada pelo art. 1º-F da Lei nº9.494/97, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009 na ADI 4357.Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC e no art. 48 da Lei nº 9.099/95, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento damatéria posta nos autos, tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização deeventual recurso extraordinário, porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de pontofundamental, contradição entre a fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas.Não se configura, portanto, a omissão e a contradição apontadas com relação aos dispositivos constitucionais invocados.O art. 1º-F foi acrescentado à Lei nº 9.494/97 pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 2001, com a seguinte redação: “Art.1º-F. Os juros de mora, nas condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas aservidores e empregados públicos, não poderão ultrapassar o percentual de seis por cento ao ano.”O art. 5º da Lei nº 11.960/2009 conferiu ao referido dispositivo a seguinte redação: “Art. 1o-F. Nas condenações impostas àFazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital ecompensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneraçãobásica e juros aplicados à caderneta de poupança.”Verifica-se na “decisão de julgamento” constante do andamento das ADI 4425 e 4357, conforme consulta ao sítio eletrônicodo Supremo Tribunal Federal, que o voto do Ministro Luiz Fux, designado relator para acórdão, declarou ainconstitucionalidade, em parte, por arrastamento, do art. 1º-F da Lei nº 9.494, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº11.960, de 29 de junho de 2009.Ora, uma vez declarada a inconstitucionalidade da expressão “índice oficial de remuneração básica da caderneta depoupança”, constante do § 12 do art. 100 da CF, do inciso II do § 1º e do § 16, ambos do art. 97 do ADCT, e da expressão“independentemente de sua natureza”, inserido no § 12 do art. 100 da CF, foi declarada também a inconstitucionalidade, porarrastamento, do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, na parte em que reproduz tais expressões, por força do art. 5º da Lei nº11.960, de 29 de junho de 2009, que lhe conferiu nova redação.A determinação do ministro relator para acórdão das ADI 4425 e 4357 foi no sentido da continuidade de pagamento deprecatórios, ante a noticiada paralisação do pagamento pelos tribunais de justiça de todo o país, tendo em vista que não sejustifica retroceder na proteção dos direitos já reconhecidos em juízo. Não se trata de determinar a plena observância dodispositivo em tela nas condenações, como parece crer o embargante, mas apenas de garantir o pagamento dosprecatórios em conformidade com a coisa julgada.Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se tem na hipótese é o uso dosembargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível quejustifique sua utilização.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

47 - 0001065-36.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001065-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA MARGARETE DASNEVES E OUTROS (ADVOGADO: ELIAS ASSAD NETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.).PROCESSO: 0001065-36.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001065-4/01)

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 87/88, que julgou improcedente opedido autoral de concessão do benefício de pensão por morte, tendo em vista que o instituidor da pensão não era maisconsiderado segurado da Previdência Social no momento da ocorrência do óbito. Alega a recorrente que a sentença deveser reformada, uma vez que o de cujus era segurado obrigatório, na modalidade “contribuinte individual” e, mesmo que nãotenha recolhido suas contribuições, não deixou de ser segurado. Sustenta que é possível fazer o recolhimento dascontribuições atrasadas para ter direito ao benefício de pensão por morte. Alega, inclusive, que a própria autarquia jáentendeu que tal procedimento estaria correto. Por fim, afirma que o segurado instituidor tinha os requisitos necessáriospara aposentação proporcional, posto que contava, na data da morte, com mais de 54 anos de idade e mais de 30 anos decontribuição. Requer a reforma da sentença.

É o relatório do necessário. Passo a votar.

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A concessão do benefício de pensão por morte pressupõe que o falecido, à época do óbito, estivesse vinculado àPrevidência Social na qualidade de segurado (arts. 10 e 11 da Lei nº 8.213/91), sendo tal requisito indispensável para que opostulante, que se encontra no conjunto de dependentes do segurado, faça jus ao benefício. Com exceção dos casosprevistos pelo art. 16, inciso I e parágrafo 4º dessa mesma lei, casos de presunção da dependência, esta deve serefetivamente comprovada.

No caso específico da pensão por morte, deve-se considerar que os dependentes não possuem um direito próprio oupessoal em face da Previdência Social, já que a concessão do benefício está adstrita ao reconhecimento do direito dorespectivo titular, razão pela qual é indispensável a qualidade de segurado no momento do óbito, requisito cuja análise é ocerne da presente demanda.

O segurado que deixa de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social mantém essa qualidade até 12meses depois da cessação das contribuições. A perda da qualidade de segurado ocorre no dia seguinte ao do término doprazo fixado para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final do prazo estipuladopelo inciso II, do art. 15, da Lei nº 8.213/91.

Além disso, conforme o § 1º, do art. 15, da Lei nº 8.213/91, o período de graça pode ser prorrogado por mais 12 meses, seo segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda daqualidade de segurado. Ademais, há a possibilidade de acrescer mais 12 (doze) meses para o segurado desempregado,desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social (§ 2º,do art. 15, da Lei nº 8.213/91).

In casu, a morte do de cujus deu-se em 20/10/2005 (fl. 23), quando este contava com 54 anos de idade. A últimacontribuição previdenciária foi feita em maio de 1980. Após essa data não há registro do recolhimento de contribuiçõescomo segurado facultativo ou contribuinte individual. A alegação de que seria possível o recolhimento das contribuições posmortem não merece prosperar. De acordo com o inciso II do art. 30 da Lei nº 8.212/91, a responsabilidade pelo pagamentodas contribuições previdenciárias (em caso de contribuinte individual e segurado facultativo) é do próprio segurado, nãobastando o simples exercício da atividade para que tenha tal qualidade. Sendo assim, é incabível, para fins de obtenção depensão por morte, a regularização contributiva posterior ao óbito, mediante o recolhimento post mortem das contribuiçõesprevidenciárias ou mediante o desconto das contribuições que não foram pagas sobre os proventos da própria pensão.Nesse sentido:

..EMEN: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC.INEXISTÊNCIA. PENSÃO POR MORTE. SEGURADO OBRIGATÓRIO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.RECOLHIMENTO POST MORTEM . IMPOSSIBILIDADE. 1. Discute-se nos autos a possibilidade de a viúva, na qualidadedependente, efetuar o recolhimento das contribuições previdenciárias em atraso, após a morte do segurado. 2. Não há aalegada violação do art. 535 do CPC, pois a prestação jurisdicional foi dada na medida da pretensão deduzida, conforme sedepreende da análise do acórdão recorrido. 3. Em relação ao recolhimento post mortem das contribuições previdenciária,esta Corte vem firmando orientação no sentido de que "é imprescindível o recolhimento das contribuições respectivas pelopróprio segurado quando em vida para que seus dependentes possam receber o benefício de pensão por morte. Destaforma, não há base legal para uma inscrição post mortem ou para que sejam regularizadas as contribuições pretéritas, nãorecolhidas em vida pelo de cujus." (REsp 1.328.298/PR, Rel. Ministro Castro Meira, DJe de 28.9.2012). 4. Decisõesmonocráticas no mesmo sentido: REsp 1.325.452/SC, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, DJe 19.03.2013; REsp1.251.442/PR, Relatora Ministra Laurita Vaz, DJe 1°.2.2013; REsp 1.248.399/RS, Relatora Ministra Maria Thereza de AssisMoura, DJe 14.11.2012; REsp 1.349.211/PR, Relatora Ministra Eliana Calmon, DJe 8.11.2012; REsp 1.328.298/PR, Relator

�Ministro Castro Meira, DJe 28.9.2012. Recurso especial provido. ..EMEN: (RESP 201202056919, HUMBERTO MARTINS,STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:28/05/2013 ..DTPB:.)

Sendo assim, o entendimento firmado pelo Juízo a quo não merece reforma.

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Custas ex lege. Sem condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios diante do deferimento daassistência judiciária gratuita (fl. 67).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

48 - 0000349-72.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000349-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.) x SIRLENE APARECIDA DOS SANTOS(ADVOGADO: SANDRA VILASTRE DE ARAUJO.).PROCESSO: 0000349-72.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000349-6/01)

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VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. SEGURADA ESPECIAL.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS em face da sentença de fls.103/105, que julgou procedente o pedido, condenando-o a conceder à parte autora o benefício de salário-maternidade(segurado especial), no valor de um salário mínimo, desde a data do requerimento administrativo, pagando-lhe o valor dasprestações devidas. Alega o recorrente que a autora não comprovou o cumprimento de carência (exercício de atividaderural) pelo período de 10 meses contínuos e imediatamente anteriores ao nascimento de seu filho, em 16/02/2004. Alémdisso, alega que, por ocasião da entrevista da autora no INSS, ficou evidenciado que a atividade rural por ela desenvolvidanão poderia ser qualificada como em regime de economia familiar, mas sim como emprego, para o qual se exige a efetivacontribuição previdenciária, eis que o trabalho era exercido mediante remuneração, subordinação e habitualidade. A autora,em contrarrazões, pugna pela manutenção da sentença.

2. A autora juntou aos autos os seguintes documentos: (a) declaração de exercício de atividade rural emitida pelo Sindicatodos Trabalhadores Rurais de Conceição do Castelo, datada de 27/11/2008, que relaciona contratos de parceria agrícola nosperíodos de 05/01/2003 a 16/02/2004, de 17/02/2004 a 07/01/2006 e de 08/01/2006 até a data da declaração (fl. 16); (b)carteira de filiação ao sindicato, emitida em 2008 (fl. 18); folha de cadastro de pessoa física e contribuinte individual naPrevidência Social, com data de 27/11/2008 (fl. 19); (c) ficha de cadastro familiar da Secretaria Municipal de Saúde, da qualconsta o nome da autora e a ocupação de lavradora (fls. 21/22); ficha de atendimento médico ambulatorial da qual consta aprofissão de lavradora (fls. 23/24); (d) certificado de cadastro de imóvel rural referente a 2003/2004/2005 do Sitio VistaLinda (fl. 42); (e) recibo de entrega da declaração do ITR 2006 do Sitio vista Linda (fl. 44); (f) declaração do ITR 2006 doSitio vista Linda (fls. 45/48); (g) contrato de parceria agrícola com prazo de três anos, com início em 04/04/2007 e términoem 04/04/2010 (fls. 40/42); (h) certificado de cadastro de imóvel rural – CCIR 2003/2004/2005 (fl. 52); (i) recibo de entregade declaração de ITR 2008 do sítio Santo Antônio do Ribeirão do Meio (fl. 55); (j) declaração de ITR 2008 do sítio SantoAntônio do Ribeirão do Meio (fls. 56/59).

3. O Sr. Antônio Antelmo Rigo Ventorim declarou que a autora exerceu atividade agrícola no cultivo de café e feijão noperíodo de 05/01/2003 a 07/01/2006, em sua propriedade (fl. 41). Tal declaração foi reiterada em depoimento prestado emjuízo, cujo teor consta expressamente da sentença. Em audiência, a referida testemunha foi enfática ao afirmar que aautora trabalhou durante todo o ano de 2003.

4. Em se tratando de salário-maternidade, a TNU tem entendido que o início da prova material não precisa sercontemporâneo ao respectivo período de carência, como se pode verificar no seguinte e recente acórdão:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. SALÁRIO MATERNIDADE. SENTENÇA DEPROCEDÊNCIA MANTIDA PELA TURMA RECURSAL DE ALAGOAS. PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEA.ALEGAÇÃO DE DISSÍDIO COM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DA TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO.DIVERGÊNCIA NÃO DEMONSTRADA. PRETENSÃO DE REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. IMPOSSIBILIDADE (TNU –SÚMULA N.º 42). NÃO CONHECIMENTO DO INCIDENTE.- Não se conhece do incidente quando se busca o reexame de matéria de fato (TNU – Súmula n.º 42).- Hipótese na qual o recorrente alega que o acórdão da Turma Recursal de origem, mantendo sentença de procedência,divergiu da jurisprudência dominante da TNU, no sentido de que, para a concessão do salário maternidade, exige-se que oinício de prova material seja contemporâneo ao respectivo período de carência.- Os paradigmas acostados pelo INSS, contudo, não refletem a jurisprudência atual da TNU, que se firmou no sentido deque, diante do “reduzidíssimo prazo de carência (12 meses para o Segurado Especial), a dificultar sobremodo a localizaçãode documento com datação no período, a título de início de prova material, admite-se a flexibilização da suacontemporaneidade, sob pena de se inviabilizar a concessão do benefício em questão. Dado o seu caráter meramenteindiciário, o acolhimento do pedido dependerá ainda da produção de outras provas, especialmente a testemunhal, paraampliar a sua força probante para o período de carência que se quer demonstrar.” (TNU, PEDILEF n.º 200932007043945,Rel. Juiz Federal Paulo Ricardo Arena Filho, DOU 28 out. 2011). No caso, a sentença recorrida, além de ter se baseado eminício de prova material (prova documental da existência de propriedade imobiliária rural em nome do genitor), pautou-senos “traços característicos do trabalho manual contínuo, especialmente a acentuada calosidade das mãos”, bem como nofato de a autora ter relatado “com naturalidade detalhes de seu histórico familiar”, revelando, ainda, “amplo conhecimentode características da cultura agrícola da região”, em consonância com a atual jurisprudência da TNU.- Não logrou o recorrente, desse modo, demonstrar a divergência jurisprudencial, pressuposto para o conhecimento dopedido de uniformização, buscando, em verdade, o reexame de matéria fático-probatória, inviável nessa estreita via recursal(TNU – Súmula n.º 42).- Pedido de Uniformização não conhecido. (g.n.)(PEDIDO 05109982420084058015, JUIZ FEDERAL JANILSON BEZERRA DE SIQUEIRA, DOU 21/06/2013 pág. 105/162.)

5. O INSS também argumentou que a atividade rural em questão configuraria, em verdade, vínculo empregatício; ou seja, aautora seria empregada, e não segurada especial. Ocorre que essa alegação foi fundamentada em resultado de entrevistaadministrativa (cf. alegado na fl. 110), e não com base no teor da prova colhida em Juízo. Não havendo evidência de que aautora era de fato uma empregada que exercia atividade rural, e uma vez comprovado que essa atividade rural de fato foidesenvolvida antes do parto (preenchendo-se o período de carência), outra conclusão não há senão enquadrar-se a autoracomo segurada especial.

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6. Em face do exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso. Custas ex lege. Condeno o INSS a pagar à autorahonorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

49 - 0001200-48.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001200-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x GERALDA APARECIDA DE MORAES (ADVOGADO:LUCIANO MOREIRA DOS ANJOS.).PROCESSO: 0001200-48.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001200-6/01)

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. SEGURADA ESPECIAL. ATIVIDADE URBANA ESPORÁDICAPRATICADA PELO ESPOSO (PEDREIRO). SÚMULA 46 DA TNU. RECURSO IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS em face da sentença de fls.103/105, que julgou procedente o pedido, condenando-o a implantar em nome da parte autora o benefício desalário-maternidade (rural), no valor de um salário mínimo com DIB na data do requerimento administrativo (10/09/2007 – fl.82), pelo período de 120 (cento e vinte) dias, nos termos do art. 71 da Lei nº 8.213/91, pagando-lhe o valor das prestaçõesdevidas. Alega o recorrente que a autora não comprovou o cumprimento de carência (exercício de atividade rural) peloperíodo de 10 meses contínuos e imediatamente anteriores ao nascimento de seu filho, em 23/08/2007. Sustenta que talcomprovação depende de prova material contemporânea, cabendo à prova testemunhal apenas a complementaçãodaquela prova. Argumenta que a autora já tinha quatro filhos pequenos, sendo que o mais novo tinha um ano e cinco mesesna ocasião da última gravidez, fato que, por si só, evidencia que a autora não tinha condições de exercer atividade rural ecuidar de quatro crianças pequenas. Além disso, prossegue, o marido da autora trabalhou como pedreiro no período de04/03/2007 a 13/07/2007, com remuneração no valor de R$ 633,60 (superior ao salário mínimo), sendo a empregadoralocalizada em Campos dos Goytacazes/RJ. Conclui que o conjunto familiar não sobrevivia da atividade rural, restandodescaracterizado o regime de economia familiar. A autora, em contrarrazões, pugna pela manutenção da sentença.

2. A controvérsia diz respeito à comprovação da atividade rural no período de dez meses imediatamente anteriores ao iníciodo benefício requerido. Não há dúvida quanto à qualidade de segurada especial da autora em período anterior, eis que lheforam concedidos pelo INSS benefícios de salário-maternidade em 1998, 2000 e 2003, sempre nessa qualidade.

3. O nascimento do filho da autora ocorreu em 23/08/2007 (fl. 68) e o seu esposo exerceu atividade urbana apenas noperíodo de 04/03/2007 a 13/07/2007, conforme CTPS de fl. 24 e dados do CNIS de fl. 76. Depreende-se desse últimodocumento que não houve exercício de atividade urbana em nenhum outro período, até 10/09/2007 (data da consulta).

4. A teor da Súmula 46 da TNU, o exercício de atividade urbana intercalada não impede a concessão de benefícioprevidenciário de trabalhador rural, condição que deve ser analisada no caso concreto. No caso concreto, o vínculoconstante do CNIS se deu por período muito breve, de aproximadamente três meses, pelo que não tem o condão dedescaracterizar a atividade rural em regime de economia familiar, mesmo com renda superior ao salário mínimo.

5. A autora juntou aos autos os seguintes documentos: (a) recebo de pagamento (efetuado em 26/02/2007) de contribuiçãoconfederativa relativa aos anos de 2005/2006 (fl. 20); (b) carteira de identidade emitida pelo Sindicato dos TrabalhadoresRurais de Jerônimo Monteiro, com admissão em 26/02/2007 (fl. 21); ficha da autora junto ao Sindicato, com admissão em26/02/2007 (fls. 22/23); declaração de exercício de atividade rural, no período de 14/09/1998 a atual, emitida pelo Sindicatoem 05/09/2007 (fl. 26); contrato de parceria agrícola, firmado em 14/09/1998, com prazo de validade de dez anos,constando a autora e seu companheiro como outorgados (fls. 27/28); certificado de cadastro de imóvel rural referente a1996/1997 (fl. 29); declaração do ITR exercício 2006 (fls. 30/33); inscrição da autora no CNIS como segurada especial em16/02/1998 (fl. 35); informações de concessão de salário maternidade à autora, na qualidade de segurada especial, em1998, 2000 e 2003 (fls. 36/38).

Destaco, dentre os documentos apresentados, o contrato de parceria agrícola, expressamente previsto no art. 106, II, daLei nº 8.213/91.

A declaração do sindicato de fl. 26, datada de 05/09/2007, não foi homologada pelo INSS, conforme exige o art. 106, III, daLei nº 8.213/91.

6. A prova testemunhal corrobora a prova material, conforme depoimentos relatados na sentença, nos quais se afirmou quea autora e sua família sempre trabalharam na roça, na lavoura de café, na propriedade de seu sogro, tendo de lá semudado apenas por ocasião de sua separação, que ocorreu pouco tempo após o nascimento do quarto filho.

Além disso, o Sr. Vicente Regini declarou em 17/09/2007 (fl. 43) que a autora trabalhava em sua propriedade exercendo

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atividades rurais, tais como plantio, cultivo e colheitas de lavouras cafeeiras e brancas, horta, frutas, na condição deparceira, em regime de economia familiar, junto com o esposo, desde 14/09/1998, sem se afastar das suas atividadeshabituais.

7. Em se tratando de salário-maternidade, a TNU tem entendido que o início da prova material não precisa sercontemporâneo ao respectivo período de carência, como se pode verificar no seguinte e recente acórdão:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. SALÁRIO MATERNIDADE. SENTENÇA DEPROCEDÊNCIA MANTIDA PELA TURMA RECURSAL DE ALAGOAS. PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEA.ALEGAÇÃO DE DISSÍDIO COM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DA TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO.DIVERGÊNCIA NÃO DEMONSTRADA. PRETENSÃO DE REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. IMPOSSIBILIDADE (TNU –SÚMULA N.º 42). NÃO CONHECIMENTO DO INCIDENTE.- Não se conhece do incidente quando se busca o reexame de matéria de fato (TNU – Súmula n.º 42).- Hipótese na qual o recorrente alega que o acórdão da Turma Recursal de origem, mantendo sentença de procedência,divergiu da jurisprudência dominante da TNU, no sentido de que, para a concessão do salário maternidade, exige-se que oinício de prova material seja contemporâneo ao respectivo período de carência.- Os paradigmas acostados pelo INSS, contudo, não refletem a jurisprudência atual da TNU, que se firmou no sentido deque, diante do “reduzidíssimo prazo de carência (12 meses para o Segurado Especial), a dificultar sobremodo a localizaçãode documento com datação no período, a título de início de prova material, admite-se a flexibilização da suacontemporaneidade, sob pena de se inviabilizar a concessão do benefício em questão. Dado o seu caráter meramenteindiciário, o acolhimento do pedido dependerá ainda da produção de outras provas, especialmente a testemunhal, paraampliar a sua força probante para o período de carência que se quer demonstrar.” (TNU, PEDILEF n.º 200932007043945,Rel. Juiz Federal Paulo Ricardo Arena Filho, DOU 28 out. 2011). No caso, a sentença recorrida, além de ter se baseado eminício de prova material (prova documental da existência de propriedade imobiliária rural em nome do genitor), pautou-senos “traços característicos do trabalho manual contínuo, especialmente a acentuada calosidade das mãos”, bem como nofato de a autora ter relatado “com naturalidade detalhes de seu histórico familiar”, revelando, ainda, “amplo conhecimentode características da cultura agrícola da região”, em consonância com a atual jurisprudência da TNU.- Não logrou o recorrente, desse modo, demonstrar a divergência jurisprudencial, pressuposto para o conhecimento dopedido de uniformização, buscando, em verdade, o reexame de matéria fático-probatória, inviável nessa estreita via recursal(TNU – Súmula n.º 42).- Pedido de Uniformização não conhecido. (g.n.)(PEDIDO 05109982420084058015, JUIZ FEDERAL JANILSON BEZERRA DE SIQUEIRA, DOU 21/06/2013 pág. 105/162.)

8. Em face do exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.

9. Custas ex lege. Condeno o INSS a pagar à autora honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

50 - 0005919-42.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005919-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x GENES DOS SANTOS OLIVEIRA(ADVOGADO: PAULO AUGUSTO MARTINS PINHEIRO CHAGAS.).PROCESSO: 0005919-42.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005919-5/01)

VOTO-EMENTA

1. Cuida-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de aposentadoria especial ao autor, e procedente o pedido de condenação do INSS a computar como especialos períodos de 27/01/1983 a 04/01/1988 (pescador) e 01/02/1988 a 28/04/1995 (vigilante) trabalhados pelo autor.

2. Alega o recorrente que, apesar da profissão de pescador encontrar-se referida no Decreto nº 53.831/64 e nº 83.080/79,Anexo II, item 2.2.3 e 2.2.1, há um desencontro de data de admissão/demissão da parte autora, bem como a pesquisarealizada na documentação da empresa, quando do processo administrativo, não comprovou a existência do vínculo,existindo, ainda, a informação de que a documentação apresentada continha rasuras. Quanto ao trabalho do autor comovigilante, afirma que os PPP foram emitidos no ano de 2009, não havendo nenhum documento contemporâneo aosperíodos reconhecidos como de tempo de atividade especial. Argumenta que o PPP foi elaborado por pessoa não habilitadapara tanto, no caso, o diretor do sindicato. Sustenta que para a atividade de vigilante possa ser enquadrada no item 2.5.7 doAnexo III do Decreto nº 53.831/64, imprescindível a comprovação da periculosidade com prova de porte de arma de fogo.Pede a reforma da sentença e a improcedência do pedido.

3. O tempo de contagem especial para fins de aposentadoria foi instituído pela Lei nº 3.807, de 26/08/1960, destinado aos

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trabalhadores que laboram em condições peculiares, submetidos a certo grau de risco e comprometimento à saúde ouintegridade física, para os quais prescrevia a redução do tempo de serviço (quinze, vinte ou vinte e cinco anos de atividade)para a sua concessão. Com o advento do Decreto n.º 53.831, de 25/03/1964, foi estabelecida uma relação das atividadesprofissionais conforme os agentes químicos, físicos e biológicos, assim como um elenco de serviços e atividadesprofissionais classificadas como insalubres, penosas ou perigosas.

4. Cabe ressaltar que, para a configuração e demonstração do exercício de atividade sob condições especiais exigia-se,desde a instituição da aposentadoria especial pela Lei nº 3.807/60, apenas o enquadramento do segurado em alguma dasatividades profissionais consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física, às quais a legislação vigente conferiapresunção absoluta de nocividade. Posteriormente, com a edição da Lei nº 9.032/95, foi alterada a redação do § 4º do art.57 da Lei nº 8.213/91, passando a exigir a comprovação da exposição do trabalhador ao agente nocivo. Com relação aosagentes ruído e calor, o laudo técnico sempre foi imprescindível, conforme entendimento pacífico da jurisprudência pátria.Ressalte-se que apenas a partir de 29/04/1995, com o advento da Lei nº 9.032/1995, que alterou a redação do art. 5, § 3º,da Lei nº 8.213/91, são exigíveis os requisitos de permanência e habitualidade da exposição a agentes nocivos à saúde.

5. A profissão de pescador enquadra-se no item 2.2.3 do Anexo do Decreto nº 53.831/64 e no item 2.2.1 do Anexo II doDecreto nº 83.080/79. Consta dos autos a CTPS do autor (fls. 41 e 135), com registro de contrato de trabalho comopescador no período de 01/07/1986 a 04/01/1988. Conforme já ressaltado na sentença, conquanto tal registro contenhainformação desencontrada sobre a data de entrada, consta à fl. 62 declaração do empregador que confirma a data deadmissão em 12/08/1983, e à fl. 91, o registro dessa mesma data de admissão no CNIS, onde consta, ainda, outro registrona mesma empresa com data de admissão em 27/01/1983, considerada na sentença, que deve prevalecer, considerandoque a partir daí houve recolhimento de contribuição previdenciária.

6. O enquadramento da atividade de vigilante como atividade especial, equiparando-se à de guarda, elencada no item 2.5.7do Anexo III do Decreto nº 53.831/64, é plenamente cabível e aceita pela jurisprudência atual e doutrina majoritária, hajavista, inclusive, a edição do Enunciado nº 26 da TNU (Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais)que dispôs nesse sentido. Imprescindível, contudo, para tal enquadramento, a comprovação do exercício da atividade devigilância com uso de arma de fogo, sem o qual não há falar em periculosidade. Nesse sentido, é a jurisprudênciamajoritária dos tribunais brasileiros e da TNU, que assim têm julgado:

“EMENTA – VOTO INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO INTERPOSTO PELA PARTE AUTORA. PREVIDENCIÁRIO.APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. RECONHECIMENTO DE TEMPO ESPECIAL. VIGILANTE. USODE ARMA DE FOGO. INCIDÊNCIA DA QUESTÃO DE ORDEM N.º 20, DA TNU. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃOPARCIALMENTE PROVIDO.1. Pedido formulado pela parte autora, de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição mediante averbação econversão de tempo especial em comum. Sentença de parcial procedência.2. Manutenção da sentença pela Turma Recursal de Sergipe. Transcrição de importante trecho do julgado: “O recorrentecombate o decisório a quo no tocante ao reconhecimento de atividade exercida sob condições especiais nos seguintesperíodos laborativos: a) de 21/04/1979 a 15/08/1979 – junto à empresa Special Segurança e Vigilância Patrimonial S/A; b)de 10/12/1982 a 04/05/1983 – junto à Transforte Alagoas Vigilância e Transporte de Valores Ltda.; c) de 02/01/1997 a10/02/1999 – junto à Rádio Carmópolis. Alega que quanto à atividade de vigilante desenvolvida no período anterior a29/04/1995, não há prova nos autos de que o autor exercia suas funções com porte de arma de fogo. (...)3. Incidente de uniformização de jurisprudência, interposto pela parte ré, com esteio no art. 14, da Lei nº 10.259/2.001.4. Defesa do entendimento de que enquanto a Turma Recursal de Sergipe admitiu o reconhecimento como especial pormero enquadramento profissional sem referência à utilização da arma de fogo, a Turma Regional de Uniformização da 4ªRegião, bem como a Turma Nacional de Uniformização, exigem prova cabal do risco da atividade através da demonstraçãodo exercício da atividade mediante porte de arma de fogo. Esclarece que, a divergência ora suscitada está delimitada aoperíodo enquadrado como especial no período de 21/04/1979 a 15/08/1979 e de 10/12/1982 a 04/05/1983, reconhecidocomo especial somente pela prova do exercício da atividade de vigilante, sem expressa menção ao uso de arma de fogo.5. Indicação, pela parte recorrente, de precedente da Turma Regional de Uniformização – autos n.º2006.72.95.002950-3/SC e dos seguintes precedentes da Turma Nacional de Uniformização: PEDILEF n.º200872950014340 e PEDILEF n.º 200683005160408.6. Admissibilidade do incidente junto à Presidência da Turma Recursal de Sergipe.7. Distribuição do incidente.8. Existência, na Turma Nacional de Uniformização, de posição majoritária e consolidada a respeito da essencialidade doporte de arma de fogo para configurar a periculosidade da atividade de vigia. 9. Necessidade de uniformização da posiçãojurisprudencial como forma de concretização do princípio da igualdade.10. Importantes precedentes da TNU, pertinentes à condição de a especialidade da atividade de vigilante depender daprova efetiva de utilização de arma de fogo: PU 2008.72.95.00.1434-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ11.06.2010; PU 2006.83.00.51.6040-8, Rel. Juíza Federal Joana Carolina Lins Pereira, DJ 09.12.2009; PU2006.83.03.50.0852-2, Rel. Juíza Federal Maria Divina Vitória, DJ 11.03.2008.11. Necessidade de aplicar-se, aos autos, a questão de ordem nº 20, da TNU - Turma Nacional de Uniformização,publicada no DJ de 11-09-2006, p. 595, ‘in verbis’: “Se a Turma Nacional decidir que o incidente de uniformização deva serconhecido e provido no que toca a matéria de direito e se tal conclusão importar na necessidade de exame de provas sobrematéria de fato, que foram requeridas e não produzidas, ou foram produzidas e não apreciadas pelas instâncias inferiores, asentença ou acórdão da Turma Recursal deverão ser anulados para que tais provas sejam produzidas ou apreciadas,ficando o juiz de 1° grau e a respectiva Turma Recu rsal vinculados ao entendimento da Turma Nacional sobre a matéria dedireito”.

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12. Conhecimento e parcial provimento do pedido de uniformização interposto pela autarquia previdenciária.13. Determinação de remessa dos autos à Turma Recursal de origem, para readequação do julgado às premissasindicadas no presente voto.(PEDILEF 05018057720114058500, JUÍZA FEDERAL VANESSA VIEIRA DE MELLO, DJ 06/09/2012)”

No presente caso, o único documento referente ao período reconhecido na sentença como especial em razão da função devigilante (01/02/1988 a 28/04/1995) é o Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP de fl. 63, emitido pelo SINDSEG-GV/ESem 09/07/2009, em razão de ter a empresa SEG Serviços de Segurança e Transporte de Valores S/A encerrado suasatividades neste Estado, tomando rumo ignorado, conforme consta expressamente do referido documento. Entretanto, oPPP não pode ser emitido por sindicato, por não ter este isenção para atestar as condições de trabalho de seus associados,considerando que tem por objetivo principal a defesa dos interesses econômicos, profissionais, sociais e políticos daqueles.No caso de a empresa empregadora ter encerrado as atividades, não sendo possível ao autor obter documento quecomprove as condições em que exercia suas funções, entendo possível a comprovação por qualquer meio de prova.

Intimado para comprovar o porte de arma de fogo no período de 01/02/1988 a 28/04/1995, o autor trouxe aos autos apenascertificado de conclusão do curso de formação de vigilantes (fl. 204), realizado no período de 06/07/1989 a 22/07/1989 esua carteira nacional de vigilante (fls. 206/207), da qual consta a data da formação (22/07/1989). O autor informa, às fls.202/203, que, embora tenha participado do curso de formação de vigilantes apenas no período acima referido, trabalhavaarmado desde a sua admissão, prestando a segurança de banco, não podendo ser penalizado pelo fato de a empresa teratuado de forma irregular durante esse curto período entre a admissão e a formação, já que comprovou o efetivo porte dearma em serviço, conforme PPP de fl. 63.

Registre-se que o art. 19 da Lei nº 7.102/1983 assegura ao vigilante porte de arma, quando em serviço, sendo que asarmas destinadas ao uso dos vigilantes, a teor do artigo 21 da mesma lei, são de propriedade e responsabilidade dasempresas especializadas. Ressalte-se, ainda, que conforme art. 22 da referida lei, é permitido ao vigilante, quando emserviço, portar revólver calibre 32 ou 38. Desnecessária, portanto, apresentação de porte de arma para comprovação desua utilização em serviço, que deverá se dar por outro meio de prova.

Há de se reconhecer, contudo, que tendo a empresa encerrado suas atividades, é de extrema dificuldade – para não dizerimpossível - a produção de qualquer outra prova além das já constantes dos autos.

O autor comprova aptidão para o uso de arma de fogo desde 22/07/1989 (fls. 204/207), bem como exercício da função devigilante (CTPS - fls. 42/43) no período de 01/02/1988 a 28/04/1995, reconhecido na sentença.

Não há como reconhecer o uso de arma de fogo no período anterior ao da formação do autor como vigilante, tendo em vistaque é possível o exercício de vigilância não armada, não havendo como presumir irregularidade na atuação da empresa noperíodo entre a admissão do autor e a sua formação como vigilante. Em suma: não posso presumir que o autor trabalhavacomo vigilante utilizando arma no período anterior a 22/07/1989 (data de sua formação como vigilante); nesse ponto, eapenas nesse, o recurso do INSS deve ser provido.

8. A respeito da contemporaneidade dos documentos considerados aptos na sentença, trata-se de matéria pacificada naTNU no sentido de que o laudo pericial não contemporâneo ao período trabalhado é apto à comprovação da atividadeespecial do segurado (Súmula 68).

9. Pelo exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para reformar a sentença apenas para limitar o período a sercomputado como especial em razão da atividade de vigilante ao compreendido entre 22/07/1989 e 28/04/1995 (vigilante),mantido o período relativo à atividade de pescador (27/01/1983 a 04/01/1988).

10. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que devidos somente quando vencido o recorrente(art. 55 da Lei nº 9.099/95).

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

51 - 0003431-51.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003431-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALFREDO BETINI(ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).RECURSO 0003431-51.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: ALFREDO BETINIRECORRIDO: INSS

EMENTA

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PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. ALEGAÇÃO DE INVALIDEZ DESDE A DATA DE ÓBITO DO PAI.INEXISTÊNCIA DE PRAZO DECADENCIAL OU PRESCRICIONAL PARA APRESENTAÇÃO DO REQUERIMENTO DAPENSÃO. INCUMBE À PARTE AUTORA O ÔNUS DA PROVA DO FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO ALEGADO (ART.333, I, DO CPC).1. Diante de petição inicial mal redigida, a juíza entendeu que o pedido do autor era de pensão por morte instituída com oóbito da sua mãe. Em sede de embargos de declaração, o autor esclareceu que pretendia receber a pensão da morteinstituída por seu pai, uma vez que a invalidez seria prévia ao falecimento deste. Rejeitados os embargos de declaração, foiinterposto recurso inominado.2. Diante do equívoco em que a petição inicial induziu a julgadora, a questão foi tratada como se fosse só de direito(impossibilidade de a mãe – que era pensionista, sem nunca ter sido segurada – instituir pensão por morte em favor doautor), de modo que o autor não teve a oportunidade de fazer prova do fato constitutivo do direito por ele alegado.3. Recurso provido para anular a sentença e dar ao autor a oportunidade de produzir prova documental ou requerer provapericial.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal

52 - 0000119-90.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000119-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PEDRO GUIMARAES DEBRITTO (ADVOGADO: JOSE OLIVEIRA DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).PROCESSO: 0000119-90.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000119-0/01)

V O T O / E M E N T ATrata-se de recurso inominado, interposto por PEDRO GUIMARÃES DE BRITTO, em face da sentença que julgouimprocedente a pretensão de concessão de pensão por morte. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que éinválido desde 1999, quando se aposentou por invalidez, e que, na data do óbito de sua mãe, era seu dependente. Alegaque a alteração ocorrida na Lei nº 8.213/91, que alterou o rol de dependentes, deu-se apenas em 18/08/2009, após o óbitode sua falecida mãe. Aduz, ainda, que a invalidez não precisa surgir apenas até os 21 anos, tendo em vista que tem direitoao benefício de pensão por morte o filho não emancipado de qualquer condição, menor de vinte e um anos ou inválido.Requer, por fim, a reforma da sentença.É o relatório do necessário. Passo a votar.

A concessão do benefício de pensão por morte pressupõe que o falecido, à época do óbito, estivesse vinculado àPrevidência Social na qualidade de segurado (arts. 10 e 11 da Lei nº 8.213/91), sendo tal requisito indispensável para que opostulante, que se encontra no conjunto de dependentes do segurado, faça jus ao benefício. Com exceção dos casosprevistos pelo art. 16, inciso I e parágrafo 4º dessa mesma lei, casos de presunção da dependência, esta deve serefetivamente comprovada.

Consultando o sistema Plenus, verifico que o autor recebe aposentadoria por invalidez como segurado especial (rural)desde 23/05/2000, quando contava com 50 (cinquenta) anos de idade. Ou seja, o autor inseriu-se no mercado de trabalhocomo segurado especial e laborou até a ocorrência de um acidente de trânsito, em 1999. O fato de o autor receberaposentadoria por invalidez significa que era beneficiário do RGPS na condição de segurado. A questão reside em saber seo beneficiário segurado, maior de 21 anos e inserido no mercado de trabalho, pode ser também beneficiário dependenteapós se tornar inválido.

O art. 16, I da Lei nº 8.213/91, ao estabelecer, em seu inciso I, que o filho inválido é beneficiário na condição de“dependente” busca proteger os filhos que não conseguem se inserir no mercado de trabalho e, dessa forma, nunca terãocomo prover seu sustento. Referido artigo deve ser interpretado em conjunto com o art. 1º da referida lei, que dispõe que aPrevidência Social, mediante contribuição, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis demanutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiarese prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente.

A presunção estabelecida no art. 16, I, quanto aos filhos maiores de 21 anos é uma presunção iuris tantum e, como tal,precisa ser comprovada no caso concreto. O fator determinante para a concessão do benefício de pensão por morte será aexistência de dependência econômica em relação ao segurado instituidor da pensão. Deixo claro, entretanto, que isso sóocorre porque o dependente já possui renda e sua necessidade de receber outro benefício deve restar clara.

No caso concreto, a mãe do autor recebia benefício de aposentadoria rural equivalente a 01 salário mínimo, mesmo valorauferido pelo autor em sua aposentadoria por invalidez. O núcleo familiar era composto pelos dois integrantes: mãe e filho.Juntos auferiam 02 (dois) salários mínimos (o que equivale a 01 salário mínimo/pessoa). Após a morte de sua mãe, o autorcontinuou a receber sua aposentadoria, de modo que a renda familiar, proporcionalmente, continuou a ser a mesma, ouseja, 01 salário mínimo/pessoa. Diante de tal situação, não vejo que houvesse dependência econômica entre a mãe e oautor, mas que, simplesmente, conviviam juntos cada um com sua renda própria, visto que tanto a pessoa inválida quanto oidoso tem suas necessidades a serem supridas. Assim, não há razão para afirmar que o filho inválido usufruía considerávelparcela do benefício de sua mãe (idosa com 80 anos), de modo que esta renda fosse indispensável a sua subsistência.

O recorrente alega que deve ser aplicado, no caso concreto, a redação anterior do art. 17, III do Decreto nº 3.048/99(alteração introduzida pelo Decreto nº 6.939/09), no qual a perda da qualidade de dependente ocorria para o filho de

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qualquer condição, ao completar vinte e um anos de idade ou pela emancipação, salvo se inválido. Apesar de o Decreto nº6.939/09 incluir exceções à perda da qualidade de segurado, deixando claro, entre outras hipóteses, que a invalidez deveocorrer antes do dependente completar vinte e um anos, verifico que, mesmo sem tal alteração, o recorrente não fazia jusao benefício.

Desde a redação original do Decreto nº 3.048/99, a perda da qualidade de dependente ocorria, para o filho, aos vinte e umanos de idade. Ora, o autor perdeu tal qualidade de dependente quando completou essa idade e ingressou no mercado detrabalho. Aos cinquenta anos, ficou inválido e passou a receber, por ser segurado do RGPS na qualidade de seguradoespecial, aposentadoria por invalidez. A sua invalidez posterior não lhe devolve a qualidade de dependente, tendo em vistaque tinha renda própria; por conseguinte, conquanto o autor tenha se tornado inválido após a maioridade, não haviadependência econômica entre este (autor) e sua falecida mãe.

Posto isso, conheço do recurso interposto pelo autor para, no mérito, negar-lhe provimento e manter asentença que julgou improcedente o pedido inicial.

Custas na forma da lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento dos benefícios dajustiça gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

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53 - 0000279-15.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000279-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FRANCISCO COSTA LONGA(ADVOGADO: RODRIGO CAMPANA FIOROT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).PROCESSO: 0000279-15.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000279-7/01)

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado, interposto por FRANCISCO COSTA LONGA, em face da sentença de fls. 96/98, que julgouimprocedente o pedido de restabelecimento de auxílio-doença desde 03/10/2007 ou a concessão de aposentadoria porinvalidez. Alega o recorrente, em síntese, que a sentença merece ser reformada, visto que o laudo emitido pelo perito doJuízo é incompatível com todos os que foram apresentados pelos médicos particulares, os quais atestam a suaincapacidade para exercer qualquer atividade laborativa.É o breve relato.Consultando o sistema Plenus, verifico que o recorrente recebeu o benefício de auxílio-doença nos seguintes períodos:19/07/2007 a 11/09/2007 e 20/10/2011 a 13/02/2012. Ademais, vem recebendo o benefício desde 21/02/2013 até os diasatuais. Dessa forma, entendo estar ausente o interesse de agir em período posterior a 20/10/2011, motivo pelo qual passo aanalisar apenas o período compreendido entre 11/09/2007 e 19/10/2011, interregno no qual o autor esteve sem o gozo daprestação previdenciária.Pois bem. De início, ressalto que o ajuizamento da presente ação deu-se apenas em 13/04/2010 (fl. 01) e a cessação dobenefício que o recorrente pretende ver restabelecido ocorreu em 11/09/2007, mais de 02 anos e meio antes. Nesseínterim, o autor manteve vínculo empregatício com “José Silvano Bizi”, em estabelecimento rural, no cargo de vigia. Osistema CNIS demonstra que, com exclusão do período compreendido entre 19/07/2007 e 11/09/2007, o autor auferiuremuneração ininterruptamente, dado que reforça a sua capacidade em tal período. Ademais, não consta nos autosqualquer pedido de prorrogação do benefício (cessado em 11/09/2007), o que indica que o autor considerava-se apto aoexercício do trabalho habitual.Ressalte-se, ainda, que o autor não juntou documentos particulares do momento da cessação do benefício que pudessemafastar a conclusão do laudo pericial.Posto isso, conheço do recurso inominado interposto para:Extinguir o processo sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, VI do Código de Processo Civil, para o períodoposterior a 20/10/2011, em virtude da ausência de interesse de agir superveniente;Julgar improcedente o pedido de restabelecimento de auxílio-doença entre 11/09/2007 e 19/10/2011.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita.É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

54 - 0001585-28.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001585-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: ERIKA SEIBEL PINTO.) x ADEMIR TAVARES DA SILVA (ADVOGADO: FABIANA VIEIRA

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LOUREIRO.).PROCESSO: 0001585-28.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001585-6/01)

VOTO-EMENTA

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – OPÇÃO PELO FGTS APÓS A LEI Nº 5.705/71 - AUSÊNCIA DE OPÇÃORETROATIVA NA FORMA DA LEI 5.958/73.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Caixa Econômica Federal em face da sentença que julgou procedente opedido de aplicação dos juros progressivos sobre o saldo do FGTS da parte autora, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições que enumera. Alega a recorrente a nulidade da sentença, antea ausência de resolução das questões propostas pelas partes no processo, violando os artigos 162, 269, 458, 459, 460 e463 do CPC. No mérito, alega que o autor não faz jus à percepção da progressão da taxa de juros, pois em sua CTPSexistem apenas contratos de trabalho com data de admissão posterior a 22/09/1971, a opção pelo FGTS também ocorreuem data posterior a 22/09/1971 e o contrato de trabalho teve duração inferior a três anos. Alega, ainda, que não detém osextratos analíticos das contas vinculadas de FGTS anteriores a maio de 1991, pois não os recebeu dos bancos depositáriose que os extratos por ela apresentados são suficientes para demonstrar a aplicação da progressividade de juros. Por fim,sustenta que não é possível a utilização dos parâmetros fixados na sentença para apuração do valor determinado comodevido.Prima facie, poder-se-ia classificar a sentença como totalmente condicional, merecendo anulação, ante a violação ao artigo460, § único, do CPC. A hipótese, contudo, não é de sentença condicional; é bem mais que isso: Conquanto tenha constadodo dispositivo que o pedido restou julgado procedente, não houve efetivo acolhimento do pedido do autor, eis que nãoresolvido o respectivo mérito, pelo que não configurada a hipótese do art. 269, I do CPC, não se caracterizando, emconseqüência, o ato judicial descrito no art. 162, § 1º do CPC. Limitou-se a sentença a estabelecer as condições legaisacerca do direito alegado na inicial. Com efeito, foi julgado procedente o pedido, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições a seguir: (1) que não tenha ocorrido prescrição, ou seja, quenão decorreram mais que 30 anos entre o término do vínculo do autor e a data do ajuizamento dessa demanda; (2) que nãohaja prova de que o autor já tenha recebido, de forma administrativa ou em outra ação judicial, os juros progressivos aquipleiteados; (3) que o vínculo empregatício do autor foi iniciado entre 01.01.67 e 22.09.71; (4) que o autor tenha feito a opçãooriginal pelo FGTS na vigência da Lei n. 5.107/66 (com taxa proressiva de juros, antes do advento da Lei nº 5.705/71 –quando a taxa de juros se tornou fixa) ou que fez a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73,7.839/89 e 8.036/91); e (5) que o autor tenha permanecido na mesma empresa pelo tempo previsto nos incisos do art. 4º daLei nº 5.107/66). Não havendo nenhuma análise das questões de fato, restam tecnicamente ausentes os requisitosessenciais da sentença – fundamentação e dispositivo (art. 458, II e III). Assim é que declaro a nulidade da sentença.Considerando que a causa está com condições de julgamento, passo a fazê-lo, tendo em vista o disposto no art. 515, § 3ºdo CPC.A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de jurosprogressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, a princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigência daLei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto adécimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência namesma empresa, em diante”.A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1ºe §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 comconcordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.No caso dos autos, conforme se vê na primeira CTPS, o autor começou a trabalhar em 1963, e permaneceu no empregoaté 10/02/1964 (fl. 17). O segundo vínculo cessou em 1966, conforme fl. 18. O terceiro iniciou em 27/01/1969 e cessou em

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09/09/1969 (fl. 18). Os dois primeiros se encerraram antes da Lei nº 5.107, de 13/09/1966. Iniciou novos vínculos em12/10/1972, 23/10/1973, 22/11/1974, 26/06/1978, 17/05/1979 (fls. 24/26), conforme nova CTPS de fls. 22/39, e optou peloFGTS nas mesmas datas dessas admissões (fls. 33/34).Conquanto não proceda a alegação da recorrente de que todos os contratos de trabalho do autor possuem data deadmissão posterior a 22/09/1971, verifica-se a procedência da alegação quanto à opção pelo regime do FGTS, tendo emvista que efetuada pela primeira vez em 12/10/1972, portanto, após a entrada em vigor da Lei 5.705/71, que unificou a taxade juros remuneratórios em 3% ao ano. Desta forma, constata-se que o autor NÃO faz jus à progressividade da taxa dejuros.Pelo exposto, conheço do recurso da CEF e a ele DOU PROVIMENTO para ANULAR a sentença e julgarIMPROCEDENTE O PEDIDO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

55 - 0000846-12.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000846-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VITALINO DOS SANTOS(ADVOGADO: GUSTAVO LUIZ BUSSULAR.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: ALEX WERNER ROLKE.).PROCESSO: 0000846-12.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000846-9/01)

E M E N T A

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – EXTRATOS COMPROBATÓRIOS DE APLICAÇÃO DA TAXA DE JUROS DE 6% -EXAME DE MÉRITO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto sem resolução demérito, nos termos do art. 267, VI, do CPC, por falta de interesse processual, tendo em vista que foram integralmenteaplicados às contas vinculadas da parte autora os juros progressivos previstos na Lei nº 5.107/66. Alega o recorrente que asentença assentou-se na premissa de que os documentos anexados às fls. 42/43 teriam o condão de demonstrar a corretaaplicação dos juros progressivos de 6% inclusive em relação ao período postulado na inicial, sendo que tais extratos nãocondizem com o lapso da progressividade gradual de que trata o art. 4º da Lei nº 5.107/66, mas referem-se apenas aosperíodos de 28/02/1989 a 10/09/1989 e de 01/12/1989 a 06/09/1990. Pede seja anulada a sentença e determinada ajuntada aos autos dos extratos quanto ao período postulado na inicial (31/03/1970 a 31/03/1981).A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de jurosprogressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, em princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigênciada Lei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto adécimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência namesma empresa, em diante”.A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1ºe §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 comconcordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.No caso dos autos, conforme se vê às fls. 13 e 21, o autor começou a trabalhar em 11/12/1968, permanecendo no emprego

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até 21/01/1969, e iniciou novo vínculo empregatício em 31/03/1970, o qual perdurou até 09/10/1998. Optou pelo regime doFGTS em 11/12/1968 (fl. 16) e em 31/03/1970 (fl. 24), portanto, antes da entrada em vigor da Lei nº 5.704/71. Desta forma,constata-se que o autor faz jus à progressividade da taxa de juros.Os extratos de fls. 42/43, referentes ao período de fevereiro de 1989 a setembro de 1990, demonstram a aplicação de taxade juros de 6%.A aplicação da taxa de 6% nesse período demonstra que o direito foi reconhecido ao autor pelo próprio órgão gestor, eaplicado na forma do artigo 4º da Lei nº 5.107/66. Desnecessária a juntada dos extratos referentes ao período de31/03/1970 a 31/03/1981, no qual eram devidos juros à taxa de 3%, 4% e 5%, progressivamente.De qualquer forma, é certo que a prescrição trintenária, em se tratando de prestação continuada, atingiria os valoresrelativos ao período anterior a 14/09/1981 – considerando que a ação foi ajuizada em 14/09/2011 –, pelo que restariamexcluídos de eventual condenação os valores relativos ao período de 31/03/1970 a 31/03/1981. Também por isso revela-sedesnecessária apresentação dos extratos a ele referentes.Conquanto a sentença tenha julgado extinto o processo sem resolução do mérito por falta de interesse processual,baseou-se em análise do mérito propriamente dito, eis que verificada, após análise dos documentos juntados aos autospela ré, a efetiva aplicação da pretendida taxa progressiva de juros à conta vinculada do autor.Uma vez verificado que o autor já obteve aquilo que pede na inicial, a sentença que reconhece tal fato deve rejeitar opedido, produzindo coisa julgada material, razão pela qual deve ser proferida sentença de mérito, na forma do art. 269, I, doCPC.Pelo exposto:NEGO PROVIMENTO ao recurso;ANULO a sentença; eJULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO, na forma do art. 269, I, do CPC.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que a parte autora é beneficiária dagratuidade de justiça (fl. 44).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

56 - 0002637-25.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002637-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.) x JOSE ANTONIO COSTA (ADVOGADO:ALTAIR CARLOS GOMES.).PROCESSO: 0002637-25.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002637-8/01)

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 116/117, que julgou parcialmenteprocedente o pedido inicial para condenar o réu a conceder a aposentadoria por tempo de contribuição com proventosintegrais e efeitos retroativos à data do requerimento administrativo. Para tanto, o magistrado a quo reconheceu comoespecial o período de 20/06/1978 a 28/04/1995, considerando que o autor trabalhou como vigilante e utilizou arma de fogo.

Alega o INSS que o autor não apresentou Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), ou documento equivalente (DSS8030, SB 40), ou mesmo qualquer prova hábil de que exercia nesse período a atividade de vigilante portando arma de fogo,exigência necessária para o enquadramento de tal atividade no item 2.5.7 do Decreto nº 53.831/64. Sustenta que, paraportar arma de fogo, ainda que em serviço, o profissional deve possuir porte de arma, documento que não foi apresentadopelo autor nos autos.

Afirma, ainda, que somente após a edição da Lei nº 6.887/80 foi permitido aos trabalhadores que não tivessemimplementado os requisitos mínimos necessários à concessão de aposentadoria especial utilizar-se do período prestado emcondições especiais a partir de contagem diferenciada, sendo que até tal data o trabalhador era obrigado a cumprir aintegralidade do período laboral em condições insalubres, ou então, o tempo realizado seria somado ao tempo comum semqualquer acréscimo legal. Argui que, no caso em apreço, parte do período postulado pelo autor é anterior a dezembro de1980 e que, mesmo que se admitisse a condição de especialidade da atividade, mediante enquadramento, não é possível aconversão e o cômputo como tempo de serviço comum, por absoluta ausência de previsão legal. Requer a reforma total dasentença para que seja julgado totalmente improcedente o pedido formulado pelo autor.

Eventualmente, requer alteração da data de início do benefício para que esta seja fixada na data da prolação da sentença(27/02/2011) ou, pelo menos, na data em que a autarquia foi citada (08/04/2011).

Foram apresentadas contrarrazões pelo recorrido.

É o relatório do necessário. Passo a votar.

In casu, a controvérsia recursal cinge-se à caracterização ou não de atividade perigosa, uma vez que a parte autora exercia

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a função de vigilante. O enquadramento da atividade de vigilante como atividade especial, equiparando-se à de guarda,elencada no item 2.5.7 do Anexo III do Decreto nº 53.831/64, é plenamente cabível e aceita pela jurisprudência atual edoutrina majoritária, haja vista, inclusive, a edição do Enunciado nº 26 da TNU (Turma Nacional de Uniformização dosJuizados Especiais Federais) que dispôs nesse sentido.

Entretanto, para que a atividade de vigilante seja considerada como especial, faz-se imprescindível a utilização da arma defogo. Sem uso de arma de fogo não há que se falar em periculosidade tal que enseje a equiparação da atividade devigilante à atividade de guarda, de modo que, sem periculosidade, não resta enquadrado o exercício de atividade especial.Nesse sentido, é a jurisprudência majoritária dos tribunais brasileiros e da TNU, que assim tem julgado (PEDILEF05018057720114058500, JUÍZA FEDERAL VANESSA VIEIRA DE MELLO, DJ 06/09/2012). Destaca-se do precedentecitado: “8. Existência, na Turma Nacional de Uniformização, de posição majoritária e consolidada a respeito daessencialidade do porte de arma de fogo para configurar a periculosidade da atividade de vigia.”

Para comprovar a atividade especial no período ora controverso, qual seja, 20/06/1978 a 28/04/1995, o autor juntou aosautos os seguintes documentos:

CTPS (fl. 19): o autor exerceu o cargo de vigilante na empresa “Seg – Serviços Especiais de Guarda S/A”.Declaração do Sindicato dos Empregados nas Empresas de Transportes e Valores, emitida em 07/07/2008, informando queo autor exerceu suas atividades em espaços internos e externos em vários estabelecimentos financeiros e carros fortes,fazendo a vigilância para inibir e impedir ações criminosas. Esteve sempre exposto, de modo habitual e permanente, ariscos que podem ocasionar danos à integridade física, em decorrência do exercício da atividade. Estava devidamenteautorizado a portar armas de fogo (calibres 12” e 38”). Há a informação de que a empresa para a qual o autor trabalhava noperíodo (Seg – Serviços Especiais de Guarda S/A) encerrou suas atividades, tomando rumo incerto e ignorado.Declarações de que o autor trabalhou, de 1978 a 1988, na agência do Banestes de São José do Calçado.

Em sede de justificação administrativa, foram ouvidas 03 testemunhas:

A primeira testemunha afirmou ter trabalhado com o autor, mas não fez qualquer menção ao uso de arma de fogo;A segunda testemunha afirmou que conheceu o autor em 1991, como vigilante no Banco Banestes de Cobilândia;A terceira testemunha afirmou que conheceu o autor em 1990, como vigilante no Banco Banestes de Cobilândia.

Inicialmente, deve restar claro que a empresa na qual o autor trabalhou, de 1978 a 1995, encontra-se extinta, o queimpossibilita que sejam comprovadas as escalas de trabalho do autor, locais nos quais efetivamente trabalhou e se aempresa fornecia ou não armas. Partindo desse fato, entendo que as provas colacionadas aos autos são suficientes econvergem para a mesma conclusão, qual seja, a de que o autor possuía, com grande grau de certeza, o porte de arma.Temos a Declaração do Sindicato dos Empregados nas Empresas de Transportes e Valores, além de declarações depessoas que presenciaram o trabalho do autor na Agência do Banestes, em São José do Calçado. Deve também sersalientado que as 03 (três) testemunhas que compareceram à justificação administrativa, realizada em fevereiro de 2010,declararam que conheceram o autor trabalhando como vigilante e, duas delas, afirmaram que trabalharam com ele naAgência do Banestes em Cobilândia.

A Lei nº 7.102/83, que dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros e estabelece normas para constituição efuncionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores, prevê,expressamente, que é vedado o funcionamento de bancos oficiais onde haja guarda de valores ou movimentação denumerário que não possua sistema de segurança. Tal sistema de segurança inclui pessoas preparadas, assim chamadasvigilantes (art. 2º). Em seu art. 19 prevê a referida lei que é assegurado ao vigilante o porte de arma quando em serviço.

De tal análise, pode-se inferir que sendo vigilante que atuava em agência de instituição financeira (fato conhecido eprovado), e levando-se em consideração as disposições da lei nº 7.102/83, o autor, evidentemente, deveria trabalhararmado.

Todas as provas produzidas são convergentes nesse sentido. Não há prova divergente. Na própria justificaçãoadministrativa, o INSS não consignou qualquer pergunta relativa a porte de arma. Não posso presumir, então, que alguémali afirmara que o autor não trabalhava armado. Por tais razões, não se pode falar que há provas conflitantes.

A alegação do INSS de que o autor deveria ter juntado os laudos e informações fornecidas pela empresa para comprovar oefetivo exercício da atividade de vigilante armado não se sustenta ao considerarmos que a modificação no entendimentojurisprudencial ocorreu em 2011. Ou seja, o segurado, nos idos dos anos 1970 a 1990, jamais poderia imaginar que,praticamente 30 (trinta) anos depois, precisaria entregar laudo em que constasse a exposição a agente perigoso. Ajurisprudência inovou, no que tange à especialidade da atividade de vigilante, ao exigir prova do uso da arma de fogo emtempo pretérito, motivo pelo qual mesmo a prova precária deve ser aceita, com uma mitigação da distribuição do ônus daprova.

Sendo assim, entendo que o período compreendido entre 20/06/1978 e 28/04/1995 deve, realmente, ser considerado comode tempo especial.

A alegação recursal de que apenas depois de dezembro de 1980 é possível converter tempo especial em comum nãomerece prosperar. O extinto Tribunal Federal de Recursos já entendia pela retroatividade da norma, inclusive para as

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aposentadorias concedidas antes da edição da Lei nº 6.887/80. Nesse sentido entendeu a 5ª TR da Seção Judiciária deSão Paulo: “... Ressalto que a discussão da conversão do tempo de serviço perdeu fôlego, à luz do que atualmente dispõe oartigo 70 do Decreto n.º 3.048/99, com redação que lhe foi dada pelo Decreto n.º 4.827/03, que estabeleceu a possibilidadede conversão, em qualquer período, de tempo especial em comum, ex vi do § 2º que dispõe que as regras de conversão detempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum constantes deste artigo aplicam-se ao trabalhoprestado em qualquer período.” (Processo 00456161020084036301. Rel. Juíza Federal Luciana Ortiz Tavares CostaZanoni, TR5 - 5ª Turma Recursal - SP, e-DJF3 Judicial Data: 24/05/2013):

Sendo assim, conheço do recurso interposto pelo INSS e a ele NEGO PROVIMENTO, mantendo in totum a sentençaprolatada pelo Juízo a quo.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios que ora arbitro em 10% sobreo valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

57 - 0007264-43.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.007264-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: VILMAR LOBO ABDALAH JR..) x JUAREZ MELO (ADVOGADO: IZAEL DE MELLOREZENDE, ANA MERCEDES MILANEZ, MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS.).PROCESSO: 0007264-43.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.007264-3/01)RECORRENTE: INSSRECORRIDO: JUAREZ MELO

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. RUÍDO.

1. O INSS recorreu da sentença (fls. 139/144 e 175/176) que, julgando parcialmente procedente o pedido, o condenou acomputar o período laborado entre 01/11/1972 a 31/12/1973, 01/01/1974 a 30/12/1976, 05/01/1977 a 31/03/1978,09/02/1981 a 28/02/1983 e 01/04/1989 a 31/03/2003 como tempo especial (coeficiente 1,40) e a revisar a aposentadoria portempo de contribuição concedida ao autor em 30/11/2006, a fim de alterar o coeficiente de cálculo, bem como recalcular ofator previdenciário aplicado. A data de início da revisão foi fixada na data do requerimento administrativo (10/07/2007). Orecorrente alega que (i) no período compreendido entre 06/03/1997 a 18/11/2003, o agente nocivo “ruído” era de 88dB,abaixo da tolerância legal (90dB)., que (ii) os documentos apresentados não atestam que o trabalho ocorreu de formapermanente, não ocasional, nem intermitente, que (iii) os PPP’s demonstram que houve o fornecimento de Equipamento deProteção Individual – EPI eficaz, o que teria reduzido o agente agressivo “ruído” para abaixo do limite de tolerância, e queeventual incidência da Súmula 09/TNU somente teria aplicação até 18/11/2003, data da edição do Decreto 4.882/2003, eque (iv) a partir de 28/05/1998, restou legalmente vedada a conversão em comum de tempo de serviço especial.

2. Os períodos reconhecidos em sentença como sendo de tempo especial (agente agressivo: ruído) são 01/11/1972 a31/12/1973, 01/01/1974 a 30/12/1976, 05/01/1977 a 31/03/1978, 09/02/1981 a 28/02/1983 e 01/04/1989 a 31/03/2003(CTPS: fls. 50/52).

Informações sobre atividades com exposições a agentes agressivos: (fl. 87). Período: 01/11/1972 a 31/12/1973. Cargo:ajudante. Setor: modelagem e fundição cerâmica. Presença de ruído, poeira mineral e calor. No período trabalhado oempregado exerceu suas atividades em caráter habitual e permanente. Documento elaborado em 17/04/1997. Assinadopelo Chefe de Divisão dos Recursos Humanos.

Laudo técnico: (fls. 88/89). Período: 01/11/1972 a 31/12/1973. Exposição habitual e permanente a 85,7 dB. Laudo assinadopor engenheiro de segurança do trabalho.

Informações sobre atividades com exposições a agentes agressivos: (fl. 90). Período: 01/01/1974 a 30/12/1976. Cargo:fundidor de gesso. Setor: modelagem. Presença de ruído e poeira mineral. No período trabalhado o empregado exerceusuas atividades em caráter habitual e permanente. Documento elaborado em 17/04/1997. Assinado pelo Chefe de Divisãodos Recursos Humanos.

Laudo técnico: (fls. 91/92). Período: 01/11/1974 a 30/12/1976. Exposição habitual e permanente a 85,7 dB. Laudo assinadopor engenheiro de segurança do trabalho.

Informações sobre atividades com exposições a agentes agressivos: (fl. 93). Período: 05/01/1977 a 31/03/1978. Cargo:servente. Setor: combustão. Presença de ruído e calor. No período trabalhado o empregado ficava exposto de forma

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habitual e permanente aos agentes nocivos. Documento elaborado em 14/01/1998. Assinado pelo Síndico da massa falida(COFAVI).

Laudo técnico: (fls. 94/95). Período: 05/01/1977 a 31/03/1978. Exposição habitual e permanente a níveis variados de ruído:93 dB, 89 dB e 91 dB. Laudo assinado por engenheiro de segurança do trabalho.

Informações sobre atividades com exposições a agentes agressivos: (fl. 96). Período: 01/02/1979 a 22/08/1979. Cargo:ajudante eletricista. Setor: canteiro de obras. Presença de ruído. No período trabalhado o empregado ficava exposto deforma habitual e permanente. Não há data da elaboração do laudo. Há informação de que não foi aferido o teor deexposição do requerente a agentes agressivos. Ressalte-se que tal período não foi considerado pelo Juízo a quo.

Informações sobre atividades com exposições a agentes agressivos: (fl. 97). Período: 09/02/1981 a 28/02/1983. Cargo:operador. Setor: departamento de novos produtos. Presença de ruído. No período trabalhado o empregado ficava expostode forma habitual e permanente ao agente nocivo. Documento elaborado em 15/10/1998. Assinado pelo GerenteAdministrativo da empresa.

Laudo técnico: (fls. 98/99). Período: 09/02/1981 a 28/02/1983. Exposição habitual e permanente a níveis variados de ruído:de 88,5 dB a 93 dB (nível médio equivalente estimado em 91,3 dB). Laudo assinado por engenheiro de segurança dotrabalho.

Informações sobre atividades com exposições a agentes agressivos: (fl. 100). Período: 01/04/1989 a 26/10/1998. Cargo:encarregado. Setor: seção de modelagem. Presença de ruído. No período trabalhado o empregado ficava exposto aoagente de forma habitual na maior parte de sua jornada. Documento elaborado em 26/10/1998. Não há identificação dapessoa que apôs sua assinatura. Foi declarado que a empresa não possui laudo pericial avaliando o grau de intensidade doruído.

Laudo técnico: (fls. 101/104). Período: 01/04/1989 a 26/10/1998. Exposição habitual e permanente ao agente nocivo. Onível médio equivalente de ruído ao qual o segurado ficava exposto é de 83,9 dB. Laudo elaborado por engenheiro desegurança do trabalho.

PPP: (fls. 128/129). Período: 02/03/1998 a 08/02/2010. Cargo: encarregado. Setor: fábrica de gesso. Agentes nocivos: ruídoe poeira. Ruído equivalente a 88,0 dB. Documento elaborado em 08/02/2010. Há responsável pelos registros ambientais epela monitoração biológica. Assinado por representante da empresa (sem indicação da função/cargo ocupado) e pormédico do trabalho. Importante observar que, à fl. 127, consta outro documento (informações sobre atividades exercidasem condições especiais) no qual o mesmo médico do trabalho que elaborou o PPP informa que a exposição era habitual eintermitente.

Informações sobre atividades com exposições a agentes agressivos: (fl. 130). Período: 01/11/1994 a 04/09/1997. Cargo:supervisor de setor de produção. Setor: indústria e fabricação de peças de gesso. Presença de ruído e poeiras de gesso.Exposição habitual e intermitente. Documento elaborado em 02/02/2010, momento no qual apenas era possível a emissãode PPP. Assinado por médico do trabalho. Também há PPP do mesmo período constando ruído equivalente a 88,0 dB (fls.131/132).

3. Quanto ao período de 05/01/1977 a 31/03/1978, as informações sobre atividades com exposições a agentes agressivosforam prestadas pelo síndico da massa falida da COFAVI. Há laudo técnico do período em questão (art. 58, § 3º, da Lei8.213/1991), apto a comprovar tempo de serviço especial, sendo possível a prestação da informação pelo síndico,administrador da massa falida.

4. Quanto aos níveis de ruído, a Súmula 32/TNU dispõe que “o tempo de trabalho laborado com exposição a ruído éconsiderado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência doDecreto n. 53.831/64 e, a contar de 05 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força da edição do Decreto n. 4.882,de 18 de novembro de 2003, quando a Administração Pública reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice deruído”. É que nocividade não depende apenas de normas, e sim, em essência, de fatores científicos. Se a norma maisrecente considera que 85 decibéis são suficientes a prejudicar a saúde dos trabalhadores, o patamar anterior, de 90decibéis, deve ser abandonado em absoluto. Os níveis de ruído encontrados no caso concreto seguintes encontram-se,portanto, amparados pela orientação sumulada:01/11/1972 a 31/12/1973: 85,7 dB.01/01/1974 a 30/12/1976: 85,7 dB.05/01/1977 a 31/03/1978: 93 dB, 89 dB e 91 dB.09/02/1981 a 28/02/1983: 88,5 dB a 93 dB.

5. “Ainda que o EPI elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especialprestado” (Súmula 9/TNU), orientação jurisprudencial que não tem sua eficácia temporal limitada até a edição do Decreto4.882/2003, como consignou a TNU nos processos 2006.72.95.013023-8 e 2008.72.54.006111-0 (já que o ruído afeta nãosó o sistema auditivo, exercendo efeito negativos sobre o corpo inteiro).

6. É possível a conversão de atividade especial em comum em período posterior a 28/05/1998, conforme TNU, processo50123629320124047108.

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7. Voto vencido do Juiz Federal Dr. Pablo Coelho Charles Gomes, dando provimento ao recurso inominado interposto peloINSS para excluir o cômputo, como especial, do período de 01/04/1989 a 26/10/1998, por considerar que “não há, nodocumento de informações sobre atividades com exposições a agentes agressivos (fl. 100), identificação da pessoa queapôs a assinatura no formulário de informações. Ademais, a empresa declarou que não possui laudo pericial avaliando ograu de intensidade do ruído. Apesar de constar nos autos o laudo técnico do período, entendo que as informaçõesconflitantes desabonam o valor probatório do documento”.

8. Voto vencedor do Juiz Federal Iorio Siqueira D’Alessandri Forti no sentido de negar provimento ao recurso, nos seguintestermos:“Inegavelmente, há, no documento juntado, os defeitos apontados. Entretanto, ao mesmo tempo em que o art. 333, I, doCPC impõe ao autor o ÔNUS da prova do fato constitutivo do seu direito, a legislação – tanto a trabalhista, sob o aspecto dasegurança no trabalho, quanto a previdenciária, sob o aspecto do cômputo do tempo como especial – impõem aoempregador o DEVER de aferir a intensidade do ruído e demais agentes agressivos presentes no ambiente, sob afiscalização de órgãos governamentais. Como admitir, então, que o descumprimento reiterado desses deveres resulte purae simplesmente na improcedência do pedido da parte autora?Em caso de desconsideração do valor probante do documento apresentado, impunha-se a reabertura da instânciaprobatória, a fim de que o empregador fosse instado a apresentar toda a documentação disponível quanto ao período, e afim de permitir que o autor pudesse produzir novas provas, inclusive testemunhal.No caso concreto, porém, tendo em vista a sua ocupação profissional e o nível médio de ruído de todos os ambientes emque o autor trabalhou – sempre com ruído habitual superior a 85 dB – considero que a presunção milita em favor dapresunção de acerto das informações do documento que, apesar de não assinado, teve a elaboração atribuída aengenheiro de segurança do trabalho.”

9. Recurso do INSS conhecido e, por maioria, desprovido. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários de 10%sobre o valor do principal.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal

58 - 0001294-91.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001294-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARLENE DE SOUZACARVALHO (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).PROCESSO: 0001294-91.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001294-0/01)

V O T O - E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por MARLENE DE SOUZA CARVALHO, em face da sentença de fls. 67/68,que julgou improcedente o pedido inicial de restabelecimento de auxílio-doença e posterior conversão em aposentadoria porinvalidez. Alega a recorrente, em suas razões recursais, que o Juízo a quo fundamentou sua sentença exclusivamente nolaudo técnico elaborado pelo médico perito, sem que fosse feita a análise conjunta com os demais documentos anexadosaos autos. Ressalta que necessita fazer uso regular de medicação “pesada” e que já recebeu o benefício previdenciário noano de 2008 em virtude de problemas psiquiátricos, não estando, até o presente momento, suficientemente recuperada.Alega, ainda, que apresenta alternância inesperada de comportamento e que, portanto, o perito médico judicial deveriafazer uma análise de seu comportamento com maior tempo, e não no curto período da perícia. Destaca o entendimentojurisprudencial no sentido da necessidade de análise da incapacidade laboral do ponto de vista social, devendo omagistrado vislumbrar também as condições pessoais e sociais em que se encontra. Por fim, salienta que o juiz não estáadstrito ao laudo pericial, não servindo o exame como prova absoluta. Requer, destarte, seja provido o recurso parareformar a sentença e restabelecer o benefício de auxílio-doença, com a condenação da autarquia ao pagamento dasparcelas retroativas do benefício. O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

2. Conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida aosegurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para oexercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. Desnecessária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que a controvérsia recursal cinge-se àanálise da capacidade laboral da recorrente.

4. A autora, camareira, 52 anos, recebeu o benefício de auxílio-doença de 28/08/2008 a 06/04/2011, quando, então, houvea cessação da prestação previdenciária (fl. 08).5. Na análise pericial do juízo (fls. 36/37), a recorrente foi examinada e diagnosticada com transtorno depressivo moderado(CID 10: F 32.1), patologia que não a incapacita para o exercício do ofício habitual de camareira, não havendo, portanto,indicação de reabilitação profissional (respostas aos quesitos nº 01, 12, 14, 15, 16 e 17). Em resposta ao quesito nº 09,asseverou o perito que a recorrente possuía, no momento do exame pericial, aptidão física e mental para exercer suaatividade habitual, atingindo a média de rendimento alcançada, em condições normais, pelos trabalhadores da mesma

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categoria profissional, pois se apresentou lúcida, orientada no tempo e no espaço, coerente, calma, cooperativa e semalterações da percepção da realidade. Do mesmo modo, acrescentou que a periciada não apresentou sinais e/ou sintomaspsicóticos como delírios ou alucinações, também não apresentou sonolência, assim como permaneceu com o juízo crítico econsciência preservada. O expert afirmou, ainda, que a parte autora, em alguns momentos do exame pericial, apresentousimulação de amnésia e confusão mental.

6. A recorrente juntou aos autos os seguintes laudos particulares:

FolhaTipoDataConclusão

09Laudo Médico

28/12/2010Médico relata acompanhamento psiquiátrico, com uso de medicamentos, e hipótese diagnóstica de transtorno dissociativode conversão, decorrente da perda do filho por assassinato, o que agravou o quadro psiquiátrico.

10Laudo de Assistente Social28/12/2010Assistente Social confirma a necessidade de acompanhamento psicológico.

11Laudo Médico13/05/2010Médico relata transtorno dissociativo de conversão, com quadro de ansiedade, (...), insônia e outros distúrbios.Agravamento do quadro com a perda do filho.

12Laudo MédicoIlegívelMédico assevera quadro depressivo-ansioso, com insônia, tentativa de suicídio e outros distúrbios. CID 10: F32

13Receituário Médico18/11/2008Médico prescreve medicamentos.

64Laudo Médico24/10/2011Médico relata paciente com quadro depressivo relacionado à perda do filho assassinado, existência de transtornosdepressivos, com distúrbios de atenção e concentração. CID F41.2. Sem condições de retorno ao trabalho.

65Receituário Médico19/10/2011Médico prescreve medicamento.

7. Resta evidente que não há dúvidas acerca da existência de doenças neuropsiquiátricas que afligem a autora. Entretanto,o que se discute é o fato de que estas não se tratam de doenças incapacitantes (que levem à incapacidade laboral darecorrente). Ora, um indivíduo pode estar acometido de algum tipo de doença e, ainda assim, não estar incapacitado para oexercício de uma atividade específica. É o caso da autora. Apesar de ser portadora de transtorno depressivo moderado járelatado, a recorrente possui aptidão física e mental para exercer a atividade laboral, atingindo a média de rendimentoalcançada, em condições normais, pelos trabalhadores da mesma categoria profissional.

8. Quanto ao fato de a recorrente já haver recebido o benefício previdenciário em virtude de problemas psiquiátricos,convém destacar que tal ocorrência não enseja e não caracteriza que os referidos transtornos psiquiátricos continuem aincapacitá-la para o trabalho também em 2011 (ano de realização da perícia médica judicial) e continuamente nos anosposteriores. Ora, a perícia administrativa da entidade autárquica, bem como a perícia judicial, foi consistente em afirmar aexistência de capacidade laboral ante a recuperação apresentada pela parte autora.

9. Acerca da alegação recursal de que o perito médico judicial deveria fazer uma análise de seu comportamento em tempo

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maior, e não no curto período da perícia, sem razão a recorrente. Primeiro, porque no âmbito dos juizados especiais rezamalguns princípios como os da simplicidade, da economia processual e da celeridade, que tornam impossível a realização deexame pericial mais complexo, durante período duradouro de tempo, ou com múltiplas consultas. E, segundo, porqueperceptivelmente, em que pese a alegada alternância de comportamento, a parte autora apresentou-se, em dois momentosdistintos (em datas diferentes), tanto na perícia judicial como na perícia médica da entidade autárquica, sem sinais deinstabilidade psiquiátrica, isto é, sem sintoma algum que pudesse levar ao diagnóstico incapacitante.

10. Por derradeiro, na hipótese vertente, as condições pessoais da recorrente (idade, condição social, grau de instrução,etc.), em cotejo com os demais elementos de prova dos autos, não têm o condão de alterar a conclusão jurisdicionaladotada pelo magistrado.

11. Não havendo incapacidade laborativa, não merecem guarida os argumentos expostos nas razões recursais.

12. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

13. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

59 - 0000558-98.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000558-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RITA MARIA DA SILVAPEREIRA (ADVOGADO: VANESSA MARIA BARROS GURGEL ZANONI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).PROCESSO: 0000558-98.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000558-0/01)

V O T O - E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por RITA MARIA DA SILVA PEREIRA, em face da sentença de fls. 82/84, quejulgou improcedente o pedido inicial de concessão de auxílio-doença e posterior conversão em aposentadoria por invalidez.Alega a recorrente, em suas razões recursais, que os médicos especialistas em neurocirurgia atestam claramente a suaincapacidade para o exercício da vida comum, tendo sua doença (tumor cerebral) se agravado com o passar dos anos.Ressalta que o laudo judicial é incompatível com os que foram apresentados pelos médicos especialistas, os quais atestama sua incapacidade definitiva para o exercício de qualquer atividade laborativa e salienta que o juiz não está adstrito aolaudo pericial, não servindo o exame como prova absoluta. Frisa, também, que o seu estado de saúde piora a cada dia quepassa, sendo necessária a conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Alega que pugnou por novaperícia, bem como pela complementação do laudo, porém teve seu pedido indeferido, sob a alegação de que o laudopericial é suficiente para a formação do convencimento do magistrado, o que não merece prevalecer. Por fim, destaca oentendimento jurisprudencial no sentido da necessidade de se analisar a incapacidade laboral do ponto de vista social,devendo o magistrado vislumbrar as condições pessoais e sociais em que se encontra. Requer seja provido o recurso parareformar a sentença e conceder, liminarmente, o benefício de auxílio-doença e a posterior conversão em aposentadoria porinvalidez, bem como a condenação da autarquia ao pagamento das parcelas retroativas do benefício, acrescidas de juros eatualização monetária. O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença. É o relatório.

2. O recurso não deve ser conhecido, uma vez que a autora inovou completamente na causa de pedir veiculada norecurso.

Vejamos. Na inicial, a autora requereu auxílio-doença, aduzindo incapacidade laborativa causada por problemas na colunavertebral (lombociatalgia bilateral). Toda a documentação acostada refere-se a tais problemas de ordem ortopédica, comose infere do quadro abaixo:

FolhaTipoDataConclusão

20Laudo Médico

IncertaMédico solicita afastamento do trabalho por 90 dias, pois a paciente apresenta-se com lombalgia persistente apóstratamento clínico, o que a impede de exercer suas funções.

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21Laudo Médico15/10/2007Médico relata que a paciente queixa-se de dor lombar de longa data, sem melhora clínica. Apresenta histórico de váriasinternações, impossibilitando-a de exercer as atividades habituais.

22Exame Médico (Ressonância Magnética)28/12/2009Diagnóstico de Ressonância Magnética da Coluna Lombar: 1) Acentuação de lordose lombar fisiológica, com moderadaagudização do ângulo lombossacro; 2) Não há imagem de hérnia discal ou evidência de compressão radicular digna denota; 3) Alteração fibrocicatricial por ferimento de arma branca em partes moles na região paravertebral direita natransição toracolombar.

24Laudo Médico31/05/2010Médica especialista em Reumatologia declara que paciente iniciou acompanhamento reumatológico, com diagnóstico deFibromialgia e Lombalgia Mecânica, com sequela de lesão perfurante e consequente nefrectomia D. CID M79.9

25/26Laudo Médico10/02/2010Médico descreve paciente com queixas lombares, cicatriz por ferimento com arma branca há 10 anos. Paciente solicitaredução e o afastamento do trabalho e aposentadoria.

27Exame Médico (RX de Coluna Lombar)19/11/2007Exame constata bom alinhamento da coluna lombar, espaços intervertebrais mantidos, pedículos e apófises articularesíntegros, bem como ausência de sinais de espondilolise ou espondilolistese.

Embora a causa de pedir da ação seja relativa a incapacidade por doença ortopédica, no recurso inominado, afirmoupossuir um tumor cerebral, conforme parecer do neurocirurgião Dr. Tharson Susano Grativvol.

Ora: a causa de pedir recursal é totalmente dissociada da causa de pedir veiculada na petição inicial.

Tudo indica que ocorreu um fato novo, qual seja, a autora descobriu que possui um tumor cerebral.

Se é certo que o juiz tem de conhecer de ofício o fato superveniente, também é certo que esse fato superveniente deveguardar correlação com a causa de pedir da ação. Se for um fato novo totalmente dissociado da causa de pedir, não podeser conhecido na mesma ação, mas somente por meio de uma nova demanda. Neste sentido, precisa é a lição deARRUDA ALVIM:

“(...) O juiz não pode conhecer de fato novo ocorrido posteriormente à propositura da ação, caso este venha a alterar acausa petendi e/ou o pedido, pois por fato novo deve-se entender aquele que, rigorosamente, se ajusta à causa petendi eao pedido. É fato novo só quanto à circunstância de sua ulterior ocorrência, relativamente à época da postulação inicial, enão no sentido de inovar o petitum e sua(s) causa (ae) petendi, pois já daí deve constar. (...)”(Manual de Direito Processual Civil. 13ª edição. São Paulo: RT, 2010, p. 1.110).

Conhecer desse fato superveniente agora, em via recursal, seria admitir a alteração objetiva (da causa de pedir) posterior àcitação.

Por tais razões, é inviável conhecer do recurso.

A autora tem de fazer novo requerimento administrativo, fundado no problema de saúde que alega possuir (tumor cerebral).Caso haja indeferimento do pedido administrativo, ter-se-á configurada nova lide; e então será viável propor nova demanda.

3. NÃO CONHEÇO do recurso inominado.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

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[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

60 - 0001066-81.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001066-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MANOEL ANTONIO DASILVA (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.) x JUIZ FEDERAL DA VARA FEDERAL DE SÃO MATEUS x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).PROCESSO: 0001066-81.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001066-7/01)

V O T O / E M E N T A1. Trata-se de Agravo interposto pelo INSS, com fundamento no art. 7º, § 1º da Lei nº 12.016/2009 e do art. 6º, § 5ºdo Regimento Interno da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, em faceda decisão liminar concedida em ação de mandado de segurança, na qual este relator determinou que a autoridadeimpetrada recebesse o recurso inominado interposto em face de sentença terminativa, que, por sua vez, fora recusado peloJuízo a quo.

2. Sustenta o agravante que a concessão de liminar por decisão monocrática só é permitida, pelo RegimentoInterno da Turma Recursal, em caso de urgência ou em razão de medidas necessárias a evitar danos irreparáveis ou dedifícil reparação. Ressalta que, fora das hipóteses previstas nos incisos III, VII e VIII do art. 6º do Regimento Interno, nãopode o relator proferir decisão monocrática sem o referendo do Colegiado. Ademais, aponta que a decisão monocrática oraagravada exaure o próprio objeto do mandado de segurança, o que afronta o entendimento firmado pelo STF no julgamentoda ADC nº 04, no qual se chegou à conclusão de que é vedada a concessão de liminares contra a Fazenda Pública queesgotem o objeto da causa.

Argui que o pedido liminar feito pelo impetrante tem efeitos evidentemente satisfativos, tratando-se de pedido liminar detutela antecipada e não de cautelar. Sendo assim, caberia à parte autora a demonstração do requisito “verossimilhança daalegação” e não dos requisitos da plausibilidade jurídica do pedido e do periculum in mora, típicos das medidas cautelares.Afirma que o caso concreto – negativa de seguimento de recurso inominado em razão de extinção do processo semresolução do mérito por litispendência – não configura situação excepcional em que tenha sido negada a própria jurisdição.Invoca o agravante o Enunciado nº 18 das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, segundo o qual ‘nãocabe recurso de sentença que não aprecia o mérito em sede de Juizado Especial Federal (art. 5º da da Lei nº 10.259/2001),salvo quando o seu não conhecimento acarretar negativa de jurisdição.’

Por fim, aponta que o Juízo de origem extinguiu o processo por falta de interesse de agir do autor devido à existência deoutra demanda (processo nº 2009.50.52.000378-0), na qual se discute o mesmo benefício, motivo pelo qual não incidepericulum in mora, requisito necessário para o proferimento de medida liminar, vez que o decorrer do tempo não irá frustrarou dificultar a busca do benefício previdenciário pretendido.

Requer o agravante a reconsideração da decisão proferida, a fim de aguardar a apreciação e julgamento de mérito dapretensão pelo Colegiado. Caso tal tese não seja aceita, requer a submissão da decisão monocrática ao referendo daTurma.

3. Na mesma oportunidade, o INSS ofereceu contestação, alegando a impossibilidade de recurso contra sentençanão definitiva. Sustentou que não há, no caso dos autos, uma situação excepcional em que a sentença de piso tenhanegado jurisdição, mas sim o caso de impossibilidade de prosseguimento de nova demanda por litispendência.

Informações prestadas pela autoridade coatora na fl. 92.

A União manifestou-se nos autos informando que não tem interesse em atuar no presente mandado de segurança (fl. 115).

O Ministério Público Federal opinou pela concessão da segurança (fls. 119/121).

4. Passo a analisar as razões do agravo.

5. Inicialmente, cabe esclarecer que a apreciação de liminar em mandado de segurança pelo relator, apesar de nãoestar previsto nas atribuições contidas no art. 6º do Regimento Interno, pode ser deduzida da interpretação do art. 7º,parágrafo único do referido ato, que trata das substituições dos juízes da Turma Recursal. No citado parágrafo, constaexpressamente que compete ao juiz tabelar a apreciação de medidas de urgência, medida liminar em mandado desegurança ou habeas corpus e afins, hipóteses em que os autos ser-lhe-ão encaminhados pelo gabinete do relator. Ora, sena ausência do relator, a atribuição para a apreciação de medida liminar em mandado de segurança compete ao seusubstituto, é óbvio que tal tarefa, quando o relator estiver presente, também lhe é destinada. Caso contrário, não haveriasentido em especificar substituto, visto que todas as liminares (em mandado de segurança ou não) haveriam de serencaminhadas ao Colegiado. Categoricamente, não é esse o intuito do ato normativo, motivo pelo qual não vejo óbice a queo pedido de liminar no mandamus seja por mim examinado.

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6. O segundo argumento utilizado pelo agravante é o de que não é possível a concessão de liminares contra aFazenda Pública que esgotem o objeto da causa. Quanto a tal argumento, entendo que a concessão da medida liminar nãoesgotou o objeto da causa, tendo em vista que, apesar de a decisão ter determinado a subida dos autos para a TurmaRecursal para apreciação do recurso, nada obsta que, caso o Colegiado venha a rever a decisão que determinou oseguimento do recurso, o processo originário seja encaminhado para o arquivo, uma vez que a decisão que concedeuliminarmente a segurança terá o seu efeito revogado, conforme já ocorrido em outras ações de mandado de segurança quetramitaram por esta Turma.

7. Quanto à possibilidade de concessão de liminar em face da Fazenda Pública, adoto o entendimento de NelsonNery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery, para quem as ‘restrições impostas pela lei infraconstitucional à concessão deliminares não podem obstar a incidência do preceito constitucional do direito de ação, devendo tais dispositivos receberinterpretação conforme a Constituição Federal, para que sejam compatíveis com o princípio do direito de ação, previsto noinciso XXXV do art. 5º da CF. Havendo ou não lei limitando ou restringindo a concessão de liminares, caso o jurisdicionadodela necessite, deve ser concedida pelo Poder Judiciário, em atendimento ao fundamento constitucional da tutelajurisdicional adequada, corolário e desdobramento indissociável do princípio constitucional do direito de ação.’

No caso ora analisado, em que foi obstado o direito de recorrer pelo Juízo a quo, indeferir ou restringir a concessão deliminar – o que permitiria o trânsito em julgado da decisão – seria afrontar duplamente o inciso XXXV do art. 5º da CF, umavez ao negar seguimento a recurso de sentença sob o fundamento (já afastado por boa parte da jurisprudência) de que nãocabe recurso em face de sentença terminativa, e, uma segunda vez, ao indeferir liminar em mandado de segurança sob aalegação de que há lei ordinária que proíbe tal concessão. Ressalte-se que o próprio STF, ao julgar a ação declaratória deconstitucionalidade nº 04/DF, reconheceu a constitucionalidade de vedação às liminares, mas não proibiu o juiz de concedera liminar em determinados casos concretos, mediante um juízo de ponderação. A referida ADC, que concluiu pelaconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 9.494/97, quis, por exemplo, obstar o aumento incabível de deferimentos de pedidosde tutela antecipada em causas propostas, aos milhares, por servidores públicos em desfavor de pessoas jurídicas dedireito público, com determinação de imediata oneração das folhas de pagamento (ADC nº 04).

8. A arguição do agravante de que caberia à parte autora a demonstração da “verossimilhança da alegação” e nãodos requisitos da plausibilidade jurídica do pedido e do periculum in mora, típicos das medidas cautelares tem, na verdade,o propósito de aproximar a natureza jurídica da liminar concedida em ação de mandado de segurança à natureza de tutelaantecipada, afastando o entendimento de que tal liminar seria uma medida cautelar. Pelo teor do art. 7º, III da Lei nº12.016/2009, verifica-se que, ao despachar a inicial, o magistrado deverá suspender o ato que deu motivo ao pedidoquando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmentedeferida. O fundamento relevante, se analisado sob a ótica da medida cautelar correspondente ao requisito fumus bonisiuris e, se observado sob a ótica da tutela antecipada, consubstancia-se na prova inequívoca da verossimilhança daalegação.

A autarquia previdenciária tenta demonstrar que, no caso concreto, os requisitos são distintos e que não há como invocarapenas o direito de ação (com todos os consectários relacionados a tal direito, como a ampla defesa, o devido processolegal, o duplo grau de jurisdição) como suficiente para demonstrar a verossimilhança da alegação. Entretanto, ao apontar talargumento, a agravante embarca no mérito da ação originária. Não se está aqui a discutir se o direito da parte autora aobenefício de auxílio-doença deve ou não ser reconhecido – a litispendência é questão a ser discutida nos autos do processooriginário, que não terá como chegar ao conhecimento desta Turma se o recurso interposto não tiver seguimento. Assim, ofundamento relevante a ser analisado – sem aprofundar se o juízo cognitivo deve ser mais profundo ou mais superficial – éapenas se o direito de recorrer é ou não direito líquido e certo no caso de sentença terminativa proferida no âmbito dosJuizados Especiais Federais. Dessa forma, entendo que os requisitos autorizadores da concessão de liminar em mandadode segurança foram preenchidos.

9. Passo a discorrer sobre a tese da recorribilidade das sentenças terminativas.

A tese da recorribilidade das sentenças terminativas nos Juizados não merece prosperar se manejada com fundamento noprincípio do duplo grau de jurisdição. A possibilidade de se rever decisões judiciais é objeto do tema da recorribilidade que,ante o princípio da taxatividade, define quais decisões admitem ou não interposição de recurso e, admitindo, qual amodalidade de recurso adequado, dentro do sistema recursal. Via de regra, as decisões são recorríveis, em atenção aosprincípios da ampla defesa e do devido processo legal. Contudo, o princípio do duplo grau de jurisdição obrigatório nãoconstitui princípio constitucional explícito, nem implícito. Assim restou reconhecido no STF quando do julgamento do RHC79785. Nesses termos, por opção de política legislativa e a fim de efetivar celeridade e efetividade do processo, pode a leilimitar a interposição de recursos, criando a classe das decisões irrecorríveis. A efetividade que se espera da prestaçãojurisdicional exige a celeridade dos procedimentos, incompatível com a revisibilidade de todas as decisões judiciais.

Porém, o tema merece revisão em face da própria interpretação que se pretendeu dar à expressão “sentença definitiva”.Analisando a expressão entendo que o legislador utilizou a expressão em sentido mais amplo, não tão técnico à luz dateoria geral do processo, no sentido de decisões que definem o desfecho do processo. Assim, perfeitamente cabível ainterposição de recurso inominado em sentenças terminativas, visto que estas também encerram o processo.

Para o desfecho do tema ora abordado, importante ressaltar que a Lei nº 12.153/2009 (Lei dos Juizados Especiais daFazenda Pública), quando tratou de recursos de sentenças, o fez de forma genérica: exceto nos casos do art. 3º, somenteserá admitido recurso contra a sentença. Ao que tudo indica, o legislador resolveu por bem desfazer a atecnia ocorrida

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quando da elaboração da Lei nº 10.259/2001.

10. O Enunciado nº 18 das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Rio deJaneiro, assim como apontado pelo INSS, é perfeitamente aplicável no caso ora analisado. Tal enunciado sustenta que nãocabe recurso de sentença que não aprecia o mérito em sede de Juizado Especial Federal (art. 5º da Lei nº 10.259/2001),salvo quando o seu não conhecimento acarretar negativa de jurisdição. Em que pese o entendimento deste relator seroposto ao citado Enunciado, percebo que mesmo com a sua aplicação, o caso concreto se encaixaria perfeitamente naexceção trazida pelo Enunciado, tendo em vista a negativa de jurisdição.

Por fim, a alegação de que não houve negativa de jurisdição em virtude de existir outro processo em que se discuteauxílio-doença no Juízo de 1º grau, não merece prosperar. As parcelas pagas a título de auxílio-doença são prestações detrato sucessivo e podem ser pagas em momentos diversos, desde que a incapacidade temporária seja comprovada emcada um destes momentos. Ou seja, produzem coisa julgada rebus sic stantibus, motivo pelo qual não há como afirmarque, uma vez interposta uma ação em que se discute o benefício temporário por incapacidade, a parte autora estará, apartir de então, impedida de ajuizar nova demanda, tendo em vista que o caso concreto pode encaixar-se na espécie dacoisa julgada acima referida.

11. Por fim, aponta o INSS que o Juízo de origem extinguiu o processo por falta de interesse de agir do autor devidoà existência de outra demanda (processo nº 2009.50.52.000378-0), na qual se discute o mesmo benefício, motivo pelo qualnão incide periculum in mora, requisito necessário para conceder-se medida liminar, uma vez que o decorrer do tempo nãoirá frustrar ou dificultar a busca do benefício previdenciário pretendido. Verifico que o periculum in mora reside no fato deque, transcorrido o tempo, a ação originária irá transitar em julgado e não será mais possível a concessão da segurança,tendo em vista que, dessa forma, o mandamus estará substituindo ação rescisória.

12. Postas essas considerações, conheço do agravo regimental apresentado pelo INSS para, no mérito, negar-lheprovimento e manter a decisão agravada.

13. Na oportunidade, torno as razões de decidir do agravo como razões do mérito do mandado de segurança, tendoem vista que a defesa apresentada pelo INSS assemelha-se com a peça apresentada na interposição do agravoregimental.

14. Sendo assim, CONCEDO A SEGURANÇA, confirmando a liminar anteriormente deferida e determinando que aautoridade impetrada dê seguimento ao recurso inominado interposto, encaminhando-o, posteriormente, para regulardistribuição junto às Turmas Recursais.

Sem condenação em honorários.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

61 - 0000201-27.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000201-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALMERINDA DIAS DEBARROS (ADVOGADO: EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.).PROCESSO: 0000201-27.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000201-9/01)

V O T O - E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por VALMERINDA DIAS DE BARROS, em razão de sentença de fls. 56/57, quejulgou improcedente a pretensão de concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente, emsuas razões recursais, que o laudo médico judicial é absurdo e destituído do mínimo de bom senso. Alega a necessidadede que o perito judicial forneça mais informações sobre como é possível que uma pessoa com fratura no punho labore ematividade rurícola, a qual exige força e utilização das mãos. Dessa forma, requer seja reformada a sentença, julgando-seprocedente o pedido deduzido na inicial. Alternativamente, requer a determinação de diligência para que o perito esclareçao laudo e possa, então, produzir prova testemunhal, tornando a causa madura para análise e decisão. Por fim, requer,subsidiariamente, a anulação da sentença por ofensa ao contraditório e à ampla defesa. O INSS apresentou contrarrazões,pugnando pela manutenção da sentença.

2. O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade

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habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no artigo 42 doaludido diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ounão em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de qualqueratividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. Desnecessária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laboral darecorrente.

4. A parte autora apresentou requerimento administrativo do benefício previdenciário de auxílio-doença no dia 24/11/2005, oqual lhe foi indeferido, tendo em vista que não foi constatada a incapacidade laborativa.

5. Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 33/41), realizada em 30/06/2010, a recorrente (56 anos) foi examinada ediagnosticada com sequela de fratura de articulação do punho direito decorrente da consolidação viciosa da regiãofraturada (quesitos n° 01 e 02) não havendo, no ent anto, incapacidade para o desempenho de suas atividades habituaiscomo lavradora (quesitos n° 6, 7, 10 e 12). O perit o atestou, ainda, que a periciada apresentou-se sem nenhuma alteraçãoao realizar movimentos com punho direito ou membro superior direito durante todo o exame pericial, estando lúcida,orientada e cooperativa.

6. A recorrente, por sua vez, juntou aos autos apenas um laudo médico particular (fls. 20/21), datado de 11/11/2009, emque consta a verificação de fratura intra-articular desviada de punho direito dominante, havendo queixa de dor, edema,déficit na amplitude do movimento, consolidação viciosa e osteopenia local. O médico particular asseverou, ainda, aexistência de incapacidade permanente para o trabalho rural, com necessidade de afastamento por 90 (noventa) dias.

7. Resta evidente que não há dúvidas acerca da existência de sequela ortopédica que aflige a autora. Entretanto, o que sediscute é o fato de que esta não se trata de sequela incapacitante (que leve à incapacidade laboral da recorrente). Ora, umindivíduo pode estar acometido de algum tipo de doença ou lesão e, ainda assim, não estar incapacitado para o exercíciode uma atividade específica, como é o caso da autora. Em que pese o fato do instituto autárquico haver constatado em20/09/2006 e 21/11/2006 a incapacidade temporária para o trabalho decorrente de fratura da extremidade distal do rádio edo cúbito (CID 10: S526) e, por conseguinte, concedido o benefício de auxílio-doença entre 20/08/2006 até 10/12/2006 (fls.25/26 e 47), não há nos autos comprovação suficiente de que a incapacidade, inicialmente temporária, tenha se estendidopor um tempo tão prolongado e perdure até os dias atuais.

8. In casu, a parte autora não logrou êxito em provar os fatos constitutivos do seu direito que pudessem levar este juízo aoconvencimento pela efetiva condição de incapaz ou, ainda, de que tenha ocorrido, de fato, a cessação indevida do benefícioem 10/12/2006. Assim sendo, é indubitável que a parte recorrente não cumpre um dos requisitos necessários para aconcessão do benefício previdenciário, qual seja, o requisito da incapacidade laboral.

9. Não merece reparo, pois, a sentença proferida pelo Juízo a quo.

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

11. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

62 - 0000919-92.2008.4.02.5051/02 (2008.50.51.000919-6/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x LUCY BERNARDES COSTA (ADVOGADO: LaurianeReal Cereza, Valber Cruz Cereza.).PROCESSO: 0000919-92.2008.4.02.5051/02 (2008.50.51.000919-6/02)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 191/194, que julgou parcialmenteprocedente a pretensão para que fosse implantado auxílio-doença desde a data da realização da perícia, e o benefício deaposentadoria por invalidez desde a data da sentença. Sustenta a entidade recorrente, em suas razões recursais, que osdocumentos juntados pela autora, inclusive a Certidão de Casamento (fl. 20), em que consta a profissão de seu esposocomo lavrador, são documentos extemporâneos e, portanto, não servem como prova da condição de segurada especial.Além disso, destaca a entrevista rural, em que a parte autora afirma que seu esposo contratava diaristas para trabalhar emsua propriedade, evidenciando, assim, a inexistência de regime de economia familiar e de provas documentais aptas acomprovar seu labor rural. Eventualmente, aduz a impossibilidade de concessão do benefício de Aposentadoria porInvalidez, tendo em vista que o perito judicial afirmou tratar-se de incapacidade laboral total e temporária, passível derecuperação no prazo de doze meses. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o presente recurso, julgando-se

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totalmente improcedente a pretensão autoral, ou subsidiariamente, seja concedido tão-somente o auxílio-doença. A parteautora apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

2. O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, conforme se depreende do art. 42, da Leinº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, a carência exigida, estando ou não em gozode auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. A parte autora apresentou requerimento administrativo do benefício previdenciário de auxílio-doença no dia 17/02/2003, oqual lhe foi indeferido, tendo em vista que não foi comprovada, segundo a entidade autárquica, a qualidade de segurada (fl.99/100, 103 e 111).

4. Da análise detida do conjunto probatório coligido aos autos, verifico que a autora anexou aos autos os seguintesdocumentos: Certidão de Casamento, realizado em 1972, constando a profissão do marido como lavrador (fl. 20);Declaração de exercício de atividade rural, emitida pelo Sindicato dos Agricultores Familiares e Assalariados Rurais deItapemirim e Marataízes (fls. 22/23); Contrato de Parceria Agrícola, constando como outorgante José Carlos dos Santos, ecomo outorgados a autora e seu esposo, firmado em 18/09/2002 e com menção a contrato verbal mantido desde 2000 (fls.24/25); Fichas de Atendimento Médico Ambulatorial/Hospitalar, a partir do ano de 1993, constando a profissão da autoracomo lavradora (fls. 26/27); Ficha Cadastral em estabelecimento comercial, a partir do ano de 2002, constando a profissãoda autora como lavradora (fl. 30); e documentos relativos à propriedade rural (fls. 31/39). Assim, diante da documentaçãoexposta e, tendo em vista o disposto no artigo 106, parágrafo único da Lei nº 8.213/91 e na Súmula 06 da TNU, permaneceirretocável o juízo proferido pelo magistrado de piso no sentido da existência de início razoável de prova material.

5 Ademais, quadra registrar que à luz do verbete nº 14 da Tuma Nacional de Uniformização “para a concessão deaposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente àcarência do benefício”, pelo que o início de prova material apresentado merece ser estendido ao período posterior, por forçados depoimentos testemunhais prestados em audiência, todos coerentes e coesos, harmônicos ao consagrar que arecorrida sempre trabalhou na roça, juntamente com o esposo, sem exercício de atividade urbana, tendo a mesma cessadoo seu labor rurícola há cerca de seis anos em decorrência do agravamento das doenças ortopédicas e angiológicas. Alémdisso, não há provas submetidas ao contraditório que balizem a tese de que o esposo da recorrida tenha contratadodiaristas para trabalhar em sua propriedade.

6. Resta, por conseguinte, comprovada a qualidade de segurada (especial) e o cumprimento do período de carêncianecessário à consecução do benefício previdenciário de auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, qual seja o exercício deatividade rural durante o período mínimo de 12 (doze) meses.

7. Expedido o laudo de fls. 131/132, em 13/02/2009, por perito médico judicial, restou constatado que a autora é portadorade Hemiplegia (CID G81.9); Espondilodiscoartrose lombar (CID M51.8) e Hipertensão arterial (CID I10), podendo agravar-secom o tempo (quesito nº 03 do autor). Verificou-se, ainda, déficit motor com incapacidade para deambulação, labilidadeemocional e atrofias musculares em membros inferiores, sendo a hipertensão de origem idiopática e a artrose em coluna deorigem degenerativa (quesitos nº 04 e 05 do autor). Por fim, opinou o perito pela incapacidade total e temporária, estimandoprazo para recuperação em 12 (doze) meses (quesitos nº 09, 10 e 11 do INSS).

8. A recorrida, por sua vez, juntou aos autos alguns laudos e exames médicos particulares, a fim de comprovar o quadro desaúde precário, bem como a irreversibilidade das lesões ortopédicas que a atingem desde a data do requerimentoadministrativo do benefício previdenciário:

FolhaTipoDataConclusão

44Exame Médico(Ressonância Magnética)20/03/2007Diagnóstico de Espondilodiscoartrose lombar predominando no segmento inferior, mais evidente em L4-L5 e L5-S1.Abaulamento discal difuso mínimo em L4-L5, reduzindo as porções ântero-inferiores dos forames neurais, principalmente àdireita.

45Laudo Médico10/03/2008Médico relata presença de Espondilodiscoartrose lombar predominando no segmento inferior e diminuição dos forâmesneurais. Atualmente, com deambulação extremamente prejudicada. Deformidade de coluna lombar em toda sua extensão,força muscular reduzida e mínima deambulação.

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186Laudo Médico01/10/2010Médico relata paciente em cadeira de rodas, sem deambulação, com disfunção dos membros inferiores e com dor lombar.

9. De plano, ressalto que o quadro clínico da recorrida, apurado pelo expert e, também averiguado nos laudos médicosparticulares supra citados, permite inferir a existência de incapacidade laboral de forma total e temporária, e enseja apercepção do benefício de auxílio-doença, nos termos irretocáveis exarados na sentença de piso.

10. Por sua vez, quanto ao pleito do benefício de aposentadoria por invalidez e, diante dos argumentos recursaisapresentados pelo instituto previdenciário que rechaçam a possibilidade de sua concessão devido às declarações firmadaspelo perito judicial, reputo encontrar-se sem razão o instituto recorrente. Entendo ser plenamente cabível a conversão doauxílio-doença em aposentadoria por invalidez, tendo em vista as condições sociais e pessoais da recorrida, isto é, a idade(61 anos), o baixo nível de instrução e de qualificação profissional e o quadro de saúde precário (lesões patológicas emcoluna lombossacra e quadro clínico de hipertensão). Em que pese a afirmação do perito sobre a possibilidade derecuperação da autora em 12 (doze) meses e sobre o caráter temporário da incapacidade laboral, sabe-se que a realidadenão é tão conveniente aos segurados que possuem as condições supra mencionadas, e a sua reinserção no mercado detrabalho é de premente dificuldade.

11. Ademais, o juiz não está adstrito às conclusões do perito judicial, podendo formar, nos termos dos artigos 131 e 436 doCódigo de Processo Civil, seu livre convencimento com outros elementos ou fatos provados, desde que motive suasdecisões, o que foi feito acima. No sentido da possibilidade de conversão do benefício previdenciário de auxílio-doença emaposentadoria por invalidez, dadas as condições sociais e pessoais supra relatadas, destaco a jurisprudência dominantenos tribunais:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. JULGAMENTO ULTRA PETITA. EXCLUSÃO DA SENTENÇA DO EXCESSODA CONDENAÇÃO. POSSIBILIDADE. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA E CONVERSÃO EMAPOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SEGURADO ESPECIAL. REQUISITOS PREENCHIDOS. ANTECIPAÇÃO DETUTELA. DEFERIMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SÚMULA Nº 111-STJ. 1. Apelação cível de sentença que,antecipando os efeitos da tutela, julgou procedente o pedido da parte autora, condenando o INSS a restabelecer-lhe, nacondição de segurado especial, o auxílio-doença e a convertê-lo em aposentadoria por invalidez em virtude de suaincapacidade para o trabalho resultante de cegueira total do olho esquerdo e visão subnormal do olho direito, com opagamento das parcelas vencidas desde a data da cessação do auxílio-doença e com o acréscimo de 25% previsto no art.45 da Lei nº 8.213/91. 2. A teor do art. 59 da Lei nº 8.213/91, é devido o auxílio-doença ao segurado que, havendocumprido, quando for o caso, o período de carência, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitualpor mais de 15 dias consecutivos e a aposentadoria por invalidez, nos termos do art. 42 do referido diploma legal, serádevida ao segurado que, observado o período de carência, esteja ou não em gozo de auxílio-doença, e seja consideradoincapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência. Nos termos do art. 25,I, deste diploma legal, o prazo de carência corresponde a 12 (doze) meses de contribuições. 3. Na hipótese dos autos, oautor logrou comprovar a incapacitação definitiva para a atividade laboral, uma vez que a patologia que o acometeu éirreversível e progressiva e o torna incapaz para o desempenho de atividades que demandem esforço físico intenso e/ouvisual e intelectual, conforme conclusão do laudo pericial. 4. Acertado o posicionamento do ilustre sentenciante emrestabelecer o auxílio-doença em favor do peticionário, convertendo-o em aposentadoria por invalidez, com o pagamentodas parcelas vencidas desde a data do seu cancelamento, uma vez que desde essa data já deveria ter sido transformadoem proventos de invalidez, considerando-se que, em se tratando o postulante de um agricultor, com baixa escolaridade,com quase 40 anos de idade, totalmente cego de um olho e com a visão bastante comprometida do outro olho, tornar-se-iadifícil reabilitá-lo profissionalmente para enfrentar um mercado de trabalho ainda escasso no meio rural em que ele estáinserido (...). (AC 00052592420104059999 – Desembargador Federal CESAR CARVALHO , TRF5 – PRIMEIRA TURMA,DJE – DATA: 10/02/2012 – Página: 63)

Transcrevo, por ora, a Súmula nº 47 da Turma Nacional de Uniformização: “Uma vez reconhecida a incapacidade parcialpara o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria porinvalidez.”

12. Destarte, ante a comprovação da qualidade de segurada (especial), o cumprimento do período de carência e aexistência de incapacidade laboral total e definitiva (inferida das condições sociais e pessoais da recorrida), adirointegralmente às conclusões adotadas pelo juízo a quo, no sentido de que seja implantado o benefício de auxílio-doençadesde a data da realização da perícia, e o benefício de aposentadoria por invalidez desde a data da sentença.

13. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

14. Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, no montante de 10%sobre o valor da condenação.

É como voto.

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Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

63 - 0000359-51.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000359-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALESSANDRA SOUZAVIEIRA (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).PROCESSO: 0000359-51.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000359-7/01)

VOTO-EMENTA

Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, ALESSANDRA SOUZA VIEIRA, em face da sentença de fls.41/42, que julgou improcedente o seu pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença (NB 532.831.414-6),desde sua cessação em 31/05/2010.

Alega a recorrente, em suas razões recursais, que a análise de ausência de incapacidade, com base no laudomédico-pericial, não deve subsistir, pois não reflete a sua real situação. Alega que o transtorno bipolar afetivo comportaoscilações de comportamento, alternando momentos de calmaria e de crise e que, portanto, o laudo pericial, realizado porum breve período de tempo, não tem o condão de tecer conclusões contundentes sobre a incapacidade laboral. Nessesentido, argui que o laudo pericial é breve e superficial, pois se funda em apenas uma consulta, devendo ser utilizadas asprovas particulares que, neste caso, possuem maior contundência.

Ressalta, ainda, que, embora venha ingerindo vasta medicação, seus males não retroagem e a cura não vem, sendo certoque percebeu o benefício previdenciário por longo período e que não convalesceu de seus males. Por fim, destaca que omagistrado não está adstrito nem vinculado a qualquer elemento de prova para desempenhar sua atividade judicante.Desse modo, requer o provimento do recurso, para que seja julgado procedente o pedido inicial, restabelecendo o benefícioprevidenciário desde sua cessação.

O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

Este é o breve relatório. Passo a votar.

Sabe-se que o auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido,quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual pormais de 15 (quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devidaao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para oexercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

A parte autora percebeu a prestação de 29/10/2008 até 31/05/2010 e teve o seu pedido de reconsideração (fl. 07)indeferido.

Desnecessária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que a controvérsia recursal cinge-se àanálise da capacidade laboral da recorrente.

Especifico a seguir os seguintes documentos probatórios das condições de saúde trazidos pela recorrente:

FolhaTipoDataConclusão

08Laudo Médico28/06/2010Médico relata que a paciente tem várias internações em instituições psiquiátricas, padece de quadro de transtorno bipolarde humor misto, grau I, CID F31.6. Em uso de medicamentos constantemente, sem condições, no momento, de andardesacompanhada e de voltar a trabalhar, por tempo indeterminado.

09Laudo Médico20/05/2010Relata várias intervenções em intituições psiquiátricas, quadro de transtorno bipolar do humor, misto, grau I – CID F31.6.Em uso de medicamentos e sem condições de andar desacompanhada e de voltar a trabalhar.

10

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Atestado Médico19/10/2008Médico atesta internação da paciente em manicômio, com quadro de transtorno bipolar do humor, misto – CID F31.6 -,desde o dia 13/10/2008, ainda sem previsão de alta.

11Declaração do Hospital28/06/2010O médico responsável declara que a recorrente esteve internada no hospital Adauto Botelho por 02 (duas) vezes –02/11/2006 e 20/02/2008 – em decorrência de CID F31.2.

12Declaração do Hospital24/05/2010O responsável pelo setor administrativo do Centro Integrado de Terapia declara que a recorrente permaneceu internada nainstituição no período de 23/01/2009 a 14/07/2009, para tratamento psiquiátrico.

13Atestado de Saúde Ocupacional16/06/2010Médico conclui pela inaptidão da recorrente para retornar ao trabalho.

14Receituário Médico20/05/2010Médico prescreve medicamentos.

27Laudo Médico07/04/2011Médico relata que a paciente teve várias internações em instituições psiquiátricas, tendo permanecido numa instituição por9 (nove) meses. Padece de quadro de transtorno bipolar do humor, grau I, com quadro altamente turbulento, comagressividade, delírios, alucinações, (...), de difícil melhora. Em uso de medicamentos. Em função de não ser possívelreduzir os medicamentos não mais será possível voltar a trabalhar. – CID F31.6

53Laudo Médico31/10/2011Médico relata paciente com várias internações em instituições psiquiátricas. Padece de quadro de transtorno bipolar dohumor, grau I, com quadro altamente turbulento, com agressividade, delírios, alucinações, (...), de difícil melhora. Em usode medicamentos. Em função de não ser possível reduzir os medicamentos não mais será possível voltar a trabalhar. – CIDF31.6

54Receituário Médico31/10/2011Médico prescreve medicamentos.

A perícia médica judicial (fls. 21/22), realizada em 13/04/2011, constatou que a autora é portadora de transtorno afetivobipolar (CID10: F31), havendo, contudo, capacidade laboral para o desempenho normal de todas as suas atividadeshabituais (respostas aos quesitos nº 01 e 11). Segundo o médico perito, a recorrente teria, no momento do exame pericial,aptidão física e mental para exercer sua atividade habitual, tendo em vista que se apresentou no exame pericial lúcida,orientada no tempo e no espaço, coerente, calma, cooperativa e etc., não apresentando distúrbios do comportamento,alterações da senso-percepção, sinais e/ou sintomas psicóticos e, tampouco, sonolência (resposta ao quesito nº 09). Dessaforma, não foi constatada, pelo perito, em abril de 2011, a incapacidade para o exercício da atividade habitual (auxiliar deescritório), verificada à época da concessão do benefício, em 29/10/2008, e perpetuada até a sua cessação em 31/05/2010.

Em que pese os laudos médicos particulares juntados pela recorrente, contemporâneos à data de realização da períciajudicial, concluo da mesma forma que o juízo a quo, destacando que: os laudos médicos particulares equiparam-se a meroparecer de assistente técnico, de forma que eventual divergência de opiniões deve ser resolvida em favor do parecer doperito do juízo. Assim procedeu o juízo de piso. Evidentemente, o médico assistente diagnostica e trata. Não lhe cabeaveriguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendoo diagnóstico nosológico e propondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscarevidências de que a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistentenão é fonte segura da existência da incapacidade para o trabalho quando comparado ao laudo do perito judicial que serefira à mesma época.

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Com efeito, não há que se falar em erro ou discrepância no laudo médico do perito judicial utilizado pelo magistrado,tampouco prevalece a tese de que o laudo pericial seja breve e superficial por se fundar em apenas uma consulta. Foramfeitos todos os exames e as análises necessárias à verificação da capacidade laboral da autora, de modo que restouconstatada a inexistência de doença neurológica incapacitante.

Ademais, não há contradição no laudo pericial. Um indivíduo pode estar acometido de algum tipo de doença e, ainda assim,não estar incapacitado para o exercício de uma atividade específica, é o caso da autora. Apesar de ser portadora depatologia psíquico-neurológica, a recorrente possui aptidão física e mental para exercer a atividade de auxiliar de escritório,atingindo a média de rendimento alcançada, em condições normais, pelos trabalhadores da mesma categoria profissional.O transtorno patológico relatado apresenta-se, evidentemente, em grau que não compromete o labor da parte autora, sejadevido ao uso constante de medicamentos, seja pelos tratamentos já aplicados.

Não merece reparo, pois, a sentença proferida pelo Juízo a quo.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

64 - 0000384-89.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000384-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLEBER NASCIMENTOGOMES (ADVOGADO: JOAO MIGUEL ARAUJO DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).PROCESSO: 0000384-89.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000384-4/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por CLEBER NASCIMENTO GOMES, em face da sentença de fls. 66/68, quejulgou improcedente o pedido inicial de concessão de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez.Afirma o recorrente, em suas razões recursais, que o juiz a quo baseou sua sentença em laudo técnico lacônico e poucodetalhado, tendo o quesito de n° 5 sido respondido de forma ambígua e mal formulada. Argumenta que os laudosparticulares juntados aos autos atestam que é portador de Hérnia de Disco Lombar e Espondiloartrose, apresentandoincapacidade laborativa definitiva. Ademais, relata que deve ser levada em consideração sua qualificação profissional(metalúrgico), idade (52 anos) e suas condições sócio-culturais.

É o breve relatório. Passo a votar.

2. Inicialmente, verifica-se que não há discussão acerca do cumprimento do período de carência do autor nem de suaqualidade de segurado. A controvérsia cinge-se, portanto, à existência ou não de incapacidade laboral.

3. O recorrente foi afastado de seu trabalho em 31/08/2009, recebendo benefício previdenciário por 02 (dois) meses e 15(quinze) dias. Após transcorrido esse prazo, deu entrada a novo requerimento, em 02/12/2009, o qual lhe foi negado.

4. O recorrente, em suas razões recursais, alega ser portador de doenças degenerativas (Hérnia de Disco Lombar +Espondiloartrose) que provocam fortes dores. Relata que o perito respondeu alguns quesitos de forma ambígua,principalmente o de n° 5, “mascarando” sua real sit uação. Comenta que o perito, mesmo reconhecendo sua lesão, opinoupara que volte ao mercado de trabalho. Alude, por fim, não conseguir desempenhar qualquer atividade, estandodesamparado, sobrevivendo com a ajuda de amigos e familiares.

5. Na perícia médica judicial, realizada em 21/06/2011 (fl. 54), foi confirmado que o recorrente é portador de doençasdegenerativas como Hérnia de Disco Lombar e Espondiloartrose. Porém, não houve a constatação de incapacidade,estando apto a exercer sua atividade laboral.

6. O recorrente trouxe aos autos os seguintes documentos probatórios:

Folha

TipoData

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Conclusão

10Laudo Médico17/03/10Médico do Trabalho relata que o funcionário/paciente não tem condições de trabalho, com muita dor lombar ao menoresforço.

11Laudo Médico16/03/10Médico declara que o paciente relata sentir dor intensa na coluna e incapacidade funcional. Feito o Raio X, este mostrouhaver artrose grave em toda a coluna.

12

Laudo Médico31/08/09Médico relata que o paciente é portador de hérnia discal lombar com compressão + artrose em coluna lombar, estandoimpossibilitado de fazer esforço físico.

13Laudo Médico25/07/09Médico relata que o paciente foi submetido, em 03/04/98, à Colecistectomia por ferimento de arma branca. Relata dorabdominal.

14Laudo Médico25/05/09Médico relata que o paciente é portador de espondiloartrose + hérnia discal lombar com compressão, estandoimpossibilitado de pegar peso.

15Laudo Médico13/11/09Médico relata que o paciente é portador de osteoartrose + hérnia discal lombar com compressão de raiz + estenose docanal medular, estando impossibilitado de fazer esforço físico em caráter definitivo.

16Laudo Médico16/04/10Médico relata que o paciente é portador de osteoartrose grave + hérnia discal lombar com compressão de raiz e estenosedo canal, estando impossibilitado de fazer esforço físico em caráter definitivo.

35Laudo Médico15/05/10Médico relata que o paciente é portador de hérnia discal + osteoartrose em coluna lombar + estenose do canal medular,estando impossibilitado de fazer esforço físico.

36Laudo Médico17/09/10Médico relata que o paciente é portador de estenose do canal vertebral + hérnia discal lombar com compressão +osteoartrose, estando impossibilitado de fazer esforço físico.

37Laudo Médico21/10/10Médico relata que o paciente está em tratamento de capsulite adesiva com ombro engessado + portador de hérnia discallombar + osteoartrose com compressão radicular e estenose do canal vertebral, estando impossibilitado de fazer esforçofísico.

42

Laudo Médico29/09/10

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Médico relata que o paciente está com quadro clínico de lombociatalgia a qualquer esforço físico, sem condições de exercersua função, necessitando de auxílio-doença para sua sobrevivência.

48

Declaração

______Médico do Trabalho declara que o autor é portador de “adulteração” degenerativa na coluna lombar e na articulaçãoacrômio clavicular, estando em uso de fármacos e fisioterapia sem melhora do quadro, encontrando-se incapacitado deexercer sua função na empresa.

49Laudo Médico21/03/11Médico relata que o paciente é portador de hérnia discal lombar com compressão radicular, estando impossibilitado de fazeresforço físico.

62Laudo Médico13/07/11Médico relata que o paciente não tem condições de fazer o menor esforço físico, com dor local, estando inapto para exercersuas atividades laborais.

7. O autor trouxe aos autos, declaração da empresa onde trabalhava (Perfilados Rio Doce S.A), que relata que o recorrentefoi admitido em 28/04/2008, para exercer as atividades peculiares de auxiliar de serviços gerais, função que impõe nível deesforço e movimentos físicos, típicos da função de limpeza da parte interna e externa da fábrica (fl. 38). Em 31/08/2009, foiafastado de suas atividades e, conforme a empresa, não existe possibilidade de seu aproveitamento em qualquer função.

8. Em que pese a perícia médico-judicial ter concluído pela capacidade de o recorrente exercer sua função habitual, ao secotejar o histórico médico da parte autora, resta comprovada a incapacidade para o desempenho de sua atividadelaborativa. A perícia judicial é contraditória à ampla prova documental carreada aos autos. Ademais, constam exames elaudos dos anos de 2009, 2010 e 2011 que continuam atestando a progressividade da doença, com comprometimento dacoluna lombar e cervical.

9. Não obstante o perito médico judicial ter concluído pela capacidade da parte autora, a legislação processual permite aojuiz formular seu convencimento com outros elementos ou fatos provados, não estando adstrito tão somente à conclusãoobtida pelo perito. In casu, verifico que o autor encontra-se incapacitado para exercer sua atividade habitual de metalúrgico,diante do amplo conjunto probatório juntado aos autos, motivo pelo qual faz jus ao benefício de auxílio-doença.Considerando que o recorrente pode ser reabilitado para outras funções que não demandem esforço físico, julgoimprocedente o pedido de conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.

10. Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO E, NO MÉRITO, DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO para reformar asentença de fls. 66/68 e CONDENAR a autarquia-ré a conceder o benefício previdenciário de auxílio-doença ao autor desdesua cessação, em 10/11/2009, até que o reabilite em outra atividade que não demande esforço físico e que lhe garanta osustento. CONCEDO A ANTECIPAÇÃO DA TUTELA, para que o benefício seja implantado no prazo de 30 (trinta) diascontados da intimação deste julgado, sob pena de multa diária de R$ 200,00 (duzentos reais).

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11. As parcelas vencidas deverão ser corrigidas monetariamente. Afasto a incidência do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com anova redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009, tendo em vista o entendimento firmado no julgamento da ADI 4357pelo Supremo Tribunal Federal. Os juros de mora seguem a taxa de 1% a.m a partir da citação e a correção monetáriadeve ser calculada pelo Manual de Cálculos da Justiça Federal.

12. Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados. Quanto à nãoliquidez desta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores ematraso, e que tal posicionamento se coaduna com a disposição do Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo.Desta feita, após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na formado art. 16 da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.

13. Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, naforma do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

65 - 0003281-36.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.003281-5/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: RODOLFO PRANDI CAMPAGNARO.) x ESPOLIO DE MANOEL THOME PEREIRA(ADVOGADO: RAFAEL GONÇALVES VASCONCELOS.).PROCESSO: 0003281-36.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.003281-5/02)

VOTO-EMENTA

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – ADMISSÃO E OPÇÃO PELO FGTS POSTERIORES À ENTRADA EM VIGOR DA LEI5.705/71.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Caixa Econômica Federal em face da sentença que julgou procedente opedido de aplicação dos juros progressivos sobre o saldo do FGTS da parte autora, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições que enumera. Alega a impossibilidade de aplicação dos jurosprogressivos à conta vinculada do autor, tendo em vista que ele celebrou seus contratos de trabalho após 22/09/1971,momento em que não mais vigorava a regra da progressão de juros.Prima facie, poder-se-ia classificar a sentença como totalmente condicional, merecendo anulação, ante a violação ao artigo460, § único, do CPC. A hipótese, contudo, não é de sentença condicional; é bem mais que isso: Conquanto tenha constadodo dispositivo que o pedido restou julgado procedente, não houve efetivo acolhimento do pedido do autor, eis que nãoresolvido o respectivo mérito, pelo que não configurada a hipótese do art. 269, I do CPC, não se caracterizando, emconseqüência, o ato judicial descrito no art. 162, § 1º do CPC. Limitou-se a “sentença” a estabelecer as condições legaisacerca do direito alegado na inicial. Com efeito, foi julgado procedente o pedido, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições a seguir: (1) que não tenha ocorrido prescrição, ou seja, quenão decorreram mais que 30 anos entre o término do vínculo do autor e a data do ajuizamento dessa demanda; (2) que nãohaja prova de que o autor já tenha recebido, de forma administrativa ou em outra ação judicial, os juros progressivos aquipleiteados; (3) que o vínculo empregatício do autor foi iniciado entre 01.01.67 e 22.09.71; (4) que o autor tenha feito a opçãooriginal pelo FGTS na vigência da Lei n. 5.107/66 (com taxa proressiva de juros, antes do advento da Lei nº 5.705/71 –quando a taxa de juros se tornou fixa) ou que fez a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73,7.839/89 e 8.036/91); e (5) que o autor tenha permanecido na mesma empresa pelo tempo previsto nos incisos do art. 4º daLei nº 5.107/66). Não havendo nenhuma análise das questões de fato, restam tecnicamente ausentes os requisitosessenciais da sentença – fundamentação e dispositivo (art. 458, II e III). Assim é que declaro a nulidade da sentença.Considerando que a causa está com condições de julgamento, passo a fazê-lo, tendo em vista o disposto no art. 515, § 3ºdo CPC.A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de jurosprogressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, a princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigência daLei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto adécimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência na

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mesma empresa, em diante”.A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1ºe §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 comconcordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.No caso dos autos, conforme se vê à fl. 6, o autor começou a trabalhar em 10/05/1972 e permaneceu no emprego até14/08/1989. Optou pelo regime do FGTS em 10/05/1972 (fl. 7). Tanto a admissão quanto a opção pelo regime do FGTSocorreram, portanto, após a entrada em vigor da Lei 5.705/71, que unificou a taxa de juros remuneratórios em 3% ao ano.Desta forma, constata-se que o autor NÃO faz jus à progressividade da taxa de juros.Pelo exposto, conheço do recurso da CEF e a ele DOU PROVIMENTO para ANULAR a sentença e julgarIMPROCEDENTE O PEDIDO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

66 - 0003635-27.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003635-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: ERIKA SEIBEL PINTO.) x CLAUDETE GONÇALVES (ADVOGADO: RAFAEL LUIZ BUSSULAR,GUSTAVO LUIZ BUSSULAR.).PROCESSO: 0003635-27.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003635-5/01)

VOTO-EMENTA

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – EXTRATOS COMPROBATÓRIOS DA APLICAÇÃO DA TAXA PROGRESSIVA DEJUROS.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Caixa Econômica Federal em face da sentença que julgou procedente opedido de aplicação dos juros progressivos sobre o saldo do FGTS da parte autora, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições que enumera. Alega a recorrente a nulidade da sentença, antea ausência de resolução das questões propostas pelas partes no processo, violando os artigos 162, 269, 458, 459, 460 e463 do CPC. No mérito, alega que o autor já recebeu a progressividade dos juros em suas contas vinculadas, não havendonenhuma diferença a ser paga, conforme fls. 70/81. Alega, ainda, que não detém os extratos analíticos das contasvinculadas de FGTS anteriores a maio de 1991, pois não os recebeu dos bancos depositários e que os extratos por elaapresentados são suficientes para demonstrar a aplicação da progressividade de juros. Por fim, sustenta que não épossível a utilização dos parâmetros fixados na sentença para apuração do valor determinado como devido.Prima facie, poder-se-ia classificar a sentença como totalmente condicional, merecendo anulação, ante a violação ao artigo460, § único, do CPC. A hipótese, contudo, não é de sentença condicional; é bem mais que isso: Conquanto tenha constadodo dispositivo que o pedido restou julgado procedente, não houve efetivo acolhimento do pedido do autor, eis que nãoresolvido o respectivo mérito, pelo que não configurada a hipótese do art. 269, I do CPC, não se caracterizando, emconseqüência, o ato judicial descrito no art. 162, § 1º do CPC. Limitou-se a “sentença” a estabelecer as condições legaisacerca do direito alegado na inicial. Com efeito, foi julgado procedente o pedido, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições a seguir: (1) que não tenha ocorrido prescrição, ou seja, quenão decorreram mais que 30 anos entre o término do vínculo do autor e a data do ajuizamento dessa demanda; (2) que nãohaja prova de que o autor já tenha recebido, de forma administrativa ou em outra ação judicial, os juros progressivos aquipleiteados; (3) que o vínculo empregatício do autor foi iniciado entre 01.01.67 e 22.09.71; (4) que o autor tenha feito a opçãooriginal pelo FGTS na vigência da Lei n. 5.107/66 (com taxa proressiva de juros, antes do advento da Lei nº 5.705/71 –quando a taxa de juros se tornou fixa) ou que fez a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73,7.839/89 e 8.036/91); e (5) que o autor tenha permanecido na mesma empresa pelo tempo previsto nos incisos do art. 4º daLei nº 5.107/66). Não havendo nenhuma análise das questões de fato, restam tecnicamente ausentes os requisitosessenciais da sentença – fundamentação e dispositivo (art. 458, II e III). Assim é que declaro a nulidade da sentença.Considerando que a causa está com condições de julgamento, passo a fazê-lo, tendo em vista o disposto no art. 515, § 3ºdo CPC.A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de juros

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progressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, a princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigência daLei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto adécimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência namesma empresa, em diante”.A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1ºe §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 comconcordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.No caso dos autos, conforme se vê à fl. 37, o autor começou a trabalhar em 20/04/1970 e permaneceu no emprego até24/05/1995. Conquanto não conste dos autos cópia da anotação na CTPS de opção pelo FGTS, os documentos de fls. 70 e72 comprovam tal opção na mesma data da admissão (20/04/1970), antes, portanto, da entrada em vigor da Lei 5.705/71,que unificou a taxa de juros remuneratórios em 3% ao ano. Desta forma, constata-se que o autor faz jus à progressividadeda taxa de juros.Os documentos de fls. 71, 77/79, referentes ao acordo extrajudicial concernente aos índices de atualização monetária demarço de 1989 (Plano Verão) e maio de 1990 (Plano Collor 1), demonstram a aplicação de taxa de juros de 6% ao ano,inclusive dentre as informações enviadas pelo banco depositário.Pelo exposto, conheço do recurso da CEF e a ele DOU PROVIMENTO para ANULAR a sentença e julgarIMPROCEDENTE O PEDIDO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

67 - 0005525-98.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005525-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: ERIKA SEIBEL PINTO.) x DARIO TOSE FILHO (ADVOGADO: GUSTAVO LUIZ BUSSULAR.).PROCESSO: 0005525-98.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005525-8/01)

VOTO-EMENTA

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – EXTRATOS COMPROBATÓRIOS DA APLICAÇÃO DA TAXA PROGRESSIVA DEJUROS.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Caixa Econômica Federal em face da sentença que julgou procedente opedido de aplicação dos juros progressivos sobre o saldo do FGTS da parte autora, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições que enumera. Alega a recorrente a nulidade da sentença, antea ausência de resolução das questões propostas pelas partes no processo, violando os artigos 162, 269, 458, 459, 460 e463 do CPC. No mérito, alega que o autor já recebeu a progressividade dos juros em suas contas vinculadas, não havendonenhuma diferença a ser paga, conforme fls. 84/95. Alega, ainda, que não detém os extratos analíticos das contasvinculadas de FGTS anteriores a maio de 1991, pois não os recebeu dos bancos depositários e que os extratos por elaapresentados são suficientes para demonstrar a aplicação da progressividade de juros. Por fim, sustenta que não épossível a utilização dos parâmetros fixados na sentença para apuração do valor determinado como devido.Prima facie, poder-se-ia classificar a sentença como totalmente condicional, merecendo anulação, ante a violação ao artigo

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460, § único, do CPC. A hipótese, contudo, não é de sentença condicional; é bem mais que isso: Conquanto tenha constadodo dispositivo que o pedido restou julgado procedente, não houve efetivo acolhimento do pedido do autor, eis que nãoresolvido o respectivo mérito, pelo que não configurada a hipótese do art. 269, I do CPC, não se caracterizando, emconseqüência, o ato judicial descrito no art. 162, § 1º do CPC. Limitou-se a “sentença” a estabelecer as condições legaisacerca do direito alegado na inicial. Com efeito, foi julgado procedente o pedido, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições a seguir: (1) que não tenha ocorrido prescrição, ou seja, quenão decorreram mais que 30 anos entre o término do vínculo do autor e a data do ajuizamento dessa demanda; (2) que nãohaja prova de que o autor já tenha recebido, de forma administrativa ou em outra ação judicial, os juros progressivos aquipleiteados; (3) que o vínculo empregatício do autor foi iniciado entre 01.01.67 e 22.09.71; (4) que o autor tenha feito a opçãooriginal pelo FGTS na vigência da Lei n. 5.107/66 (com taxa proressiva de juros, antes do advento da Lei nº 5.705/71 –quando a taxa de juros se tornou fixa) ou que fez a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73,7.839/89 e 8.036/91); e (5) que o autor tenha permanecido na mesma empresa pelo tempo previsto nos incisos do art. 4º daLei nº 5.107/66). Não havendo nenhuma análise das questões de fato, restam tecnicamente ausentes os requisitosessenciais da sentença – fundamentação e dispositivo (art. 458, II e III). Assim é que declaro a nulidade da sentença.Considerando que a causa está com condições de julgamento, passo a fazê-lo, tendo em vista o disposto no art. 515, § 3ºdo CPC.A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de jurosprogressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, a princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigência daLei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto adécimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência namesma empresa, em diante”.A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1ºe §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 comconcordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.No caso dos autos, conforme se vê à fl. 13, o autor começou a trabalhar em 13/05/1968 e permaneceu no emprego até16/05/1995. Optou pelo regime do FGTS em 03/05/1961 (fl. 27). Assim, na constância do primeiro contrato de trabalho,optou pelo regime do FGTS antes da entrada em vigor da Lei 5.705/71, que unificou a taxa de juros remuneratórios em 3%ao ano. Desta forma, constata-se que o autor faz jus à progressividade da taxa de juros.Os documentos de fls. 84/93 demonstram a aplicação da taxa de juros de 6% na conta vinculada do autor.Pelo exposto, conheço do recurso da CEF e a ele DOU PROVIMENTO para ANULAR a sentença e julgarIMPROCEDENTE O PEDIDO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

68 - 0004291-81.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004291-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: ERIKA SEIBEL PINTO.) x GERALDO ROCHA (ADVOGADO: GUSTAVO LUIZ BUSSULAR.).PROCESSO: 0004291-81.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004291-4/01)

VOTO-EMENTA

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FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – EXTRATOS COMPROBATÓRIOS DA APLICAÇÃO DA TAXA PROGRESSIVA DEJUROS.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Caixa Econômica Federal em face da sentença que julgou procedente opedido de aplicação dos juros progressivos sobre o saldo do FGTS da parte autora, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições que enumera. Alega a recorrente a nulidade da sentença, antea ausência de resolução das questões propostas pelas partes no processo, violando os artigos 162, 269, 458, 459, 460 e463 do CPC. No mérito, alega que o autor já recebeu a progressividade dos juros em suas contas vinculadas, não havendonenhuma diferença a ser paga, conforme fls. 105/107. Alega, ainda, que não detém os extratos analíticos das contasvinculadas de FGTS anteriores a maio de 1991, pois não os recebeu dos bancos depositários e que os extratos por elaapresentados são suficientes para demonstrar a aplicação da progressividade de juros. Por fim, sustenta que não épossível a utilização dos parâmetros fixados na sentença para apuração do valor determinado como devido.Prima facie, poder-se-ia classificar a sentença como totalmente condicional, merecendo anulação, ante a violação ao artigo460, § único, do CPC. A hipótese, contudo, não é de sentença condicional; é bem mais que isso: Conquanto tenha constadodo dispositivo que o pedido restou julgado procedente, não houve efetivo acolhimento do pedido do autor, eis que nãoresolvido o respectivo mérito, pelo que não configurada a hipótese do art. 269, I do CPC, não se caracterizando, emconseqüência, o ato judicial descrito no art. 162, § 1º do CPC. Limitou-se a “sentença” a estabelecer as condições legaisacerca do direito alegado na inicial. Com efeito, foi julgado procedente o pedido, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições a seguir: (1) que não tenha ocorrido prescrição, ou seja, quenão decorreram mais que 30 anos entre o término do vínculo do autor e a data do ajuizamento dessa demanda; (2) que nãohaja prova de que o autor já tenha recebido, de forma administrativa ou em outra ação judicial, os juros progressivos aquipleiteados; (3) que o vínculo empregatício do autor foi iniciado entre 01.01.67 e 22.09.71; (4) que o autor tenha feito a opçãooriginal pelo FGTS na vigência da Lei n. 5.107/66 (com taxa proressiva de juros, antes do advento da Lei nº 5.705/71 –quando a taxa de juros se tornou fixa) ou que fez a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73,7.839/89 e 8.036/91); e (5) que o autor tenha permanecido na mesma empresa pelo tempo previsto nos incisos do art. 4º daLei nº 5.107/66). Não havendo nenhuma análise das questões de fato, restam tecnicamente ausentes os requisitosessenciais da sentença – fundamentação e dispositivo (art. 458, II e III). Assim é que declaro a nulidade da sentença.Considerando que a causa está com condições de julgamento, passo a fazê-lo, tendo em vista o disposto no art. 515, § 3ºdo CPC.A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de jurosprogressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, a princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigência daLei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto adécimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência namesma empresa, em diante”.A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1ºe §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 comconcordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.No caso dos autos, conforme se vê às fls. 13 e 38, o autor iniciou um vínculo empregatício em 01/08/1967, que perdurouaté 05/12/1989. Optou pelo regime do FGTS em 01/08/1967 (fl. 27), portanto, antes da entrada em vigor da Lei 5.705/71,que unificou a taxa de juros remuneratórios em 3% ao ano. Desta forma, constata-se que o autor faz jus à progressividadeda taxa de juros.Os extratos de fls. 44/46 e 107, referentes aos períodos de janeiro de 1987 a junho de 1988 e de dezembro de 1988 a junhode 1989, demonstram a aplicação de taxa de juros de 6%.Os extratos de fls. 50 e 52/55 demonstram a aplicação da taxa de 3% nos períodos de março a julho de 1999 e de fevereirode 1992 a novembro de 1995, respectivamente. Ocorre que a partir de 01/11/1991, o autor iniciou novo contrato de trabalho,

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procedendo a nova opção pelo FGTS na mesma data, conforme se depreende dos documentos de fls. 38 e 43. Na referidadata, já não havia previsão legal de progressividade da taxa de juros desde a Lei nº 5.705/71.Pelo exposto, conheço do recurso da CEF e a ele DOU PROVIMENTO para ANULAR a sentença e julgarIMPROCEDENTE O PEDIDO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

69 - 0000933-68.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000933-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CARLOS GABRIEL DEOLIVEIRA (ADVOGADO: DIOGO MORAES DE MELLO, GUSTAVO LUIZ BUSSULAR, GEORGE RODRIGUES VIANA,ADEIR RODRIGUES VIANA.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: ALEX WERNER ROLKE.).PROCESSO: 0000933-68.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000933-7/01)

E M E N T A

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – EXTRATOS COMPROBATÓRIOS DE APLICAÇÃO DA TAXA DE JUROS DE 6%.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido deaplicação dos juros progressivos sobre o saldo de sua conta vinculada de FGTS. Alega a recorrente que a sentençaassentou-se na premissa de que os documentos anexados às fls. 54/55 teriam o condão de demonstrar a correta aplicaçãodos juros progressivos de 6% inclusive em relação ao período postulado na inicial, sendo que tais extratos não condizemcom o lapso da progressividade gradual de que trata o art. 4º da Lei nº 5.107/66, mas referem-se apenas ao período de23/02/1989 a 01/06/1990. Pede seja anulada a sentença e determinada a juntada aos autos dos extratos quanto ao períodopostulado na inicial (31/01/1967 a 31/01/1978).A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de jurosprogressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, em princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigênciada Lei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto adécimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência namesma empresa, em diante”.A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1ºe §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 comconcordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.No caso dos autos, conforme se vê às fls. 13 e 19, o autor começou a trabalhar em 28/12/1965 e permaneceu no empregoaté 30/04/1990. Optou pelo regime do FGTS em 31/01/1967 (fls. 22 e 37), portanto, antes da entrada em vigor da Lei nº5.704/71. Desta forma, constata-se que o autor faz jus à progressividade da taxa de juros.Os extratos de fls. 54/55, referentes ao período de 23/02/1989 a 01/06/1989 e de 02/05/1990 a 01/06/1990,respectivamente, demonstram a aplicação de taxa de juros de 6%.A aplicação da taxa de 6% nesse período demonstra que o direito foi reconhecido ao autor pelo próprio órgão gestor, eaplicado na forma do artigo 4º da Lei nº 5.107/66. Desnecessária a juntada dos extratos referentes ao período de31/01/1967 a 31/01/1978, no qual eram devidos juros à taxa de 3%, 4% e 5%, progressivamente.

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De qualquer forma, é certo que a prescrição trintenária, em se tratando de prestação continuada, atingiria os valoresrelativos ao período anterior a 19/07/1981 – considerando que a ação foi ajuizada em 19/07/2011 –, pelo que restariamexcluídos de eventual condenação os valores relativos ao período de 31/01/1967 a 31/01/1978. Também por isso revela-sedesnecessária apresentação dos extratos a ele referentes.Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que a parte autor é beneficiária da gratuidadede justiça (fl. 44).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

70 - 0001501-90.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001501-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: ERIKA SEIBEL PINTO.) x JORGE JACOB DE AGUIAR (ADVOGADO: RENATA GÓESFURTADO.).PROCESSO: 0001501-90.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001501-0/01)

E M E N T A

PROCESSUAL CIVIL - FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – LIMITAÇÃO DO VALOR DA CONDENAÇÃO AO TETO DASCAUSAS DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS - SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO – CUMPRIMENTO DASENTENÇA COM CRÉDITO DE VALOR CORRESPONDENTE AO TETO ACRESCIDO DE JUROS DE MORA EATUALIZAÇÃO MONETÁRIA – OCORRÊNCIA DE COISA JULGADA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Caixa Econômica Federal em face da sentença que julgou procedente opedido de aplicação dos juros progressivos sobre o saldo do FGTS da parte autora, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições que enumera. Alega a recorrente, em preliminar, ocorrência decoisa julgada/litispendência, bem como a nulidade da sentença, ante a ausência de resolução das questões propostas pelaspartes no processo, violando os artigos 162, 269, 458, 459, 460 e 463 do CPC. No mérito, alega que não detém os extratosanalíticos das contas vinculadas de FGTS anteriores a maio de 1991, pois não os recebeu dos bancos depositários e queos extratos por ela apresentados são suficientes para demonstrar a aplicação da progressividade de juros. Por fim, sustentaque não é possível a utilização dos parâmetros fixados na sentença para apuração do valor determinado como devido.O autor ajuizou ação com idêntico pedido (processo nº 2007.50.50.000016-7), cuja sentença (cópia às fls. 35/36) játransitara em julgado antes do ajuizamento da presente ação (ocorrido em 28/01/2011), tendo sido arquivados osrespectivos autos em 07/10/2010, após o cumprimento da sentença, como se verifica em consulta ao andamento doprocesso no sistema de acompanhamento processual desta SJES. A sentença julgou procedente o pedido, determinando àCEF que creditasse na conta vinculada da parte autora a diferença do valor apurado pelo contador do juízo naqueles autos,devendo se limitar ao valor do teto dos juizados especiais federais. Aduz o autor, na inicial, que não foi apurada toda quantiaefetivamente devida ao autor no processo em comento, tendo ficado de fora os meses janeiro/1981 a março/1982 efevereiro/1983 a dezembro/1983.Os documentos de fls. 65/73 demonstram que a CEF creditou, em 2010, na conta vinculada da parte autora o valor relativoà aplicação da taxa de juros de 6%, em cumprimento a determinação judicial, valor esse apurado no período de abril de1981 a maio de 2009 e limitado ao teto dos juizados especiais vigente à época (R$ 30.600,00), acrescido de juros de morae atualização monetária. O saque ocorreu em 25/05/2010.Conquanto não tenham constado daqueles autos os extratos referentes ao período de janeiro/1981 a março/1982 efevereiro/1983 a dezembro/1983, nem tenham constado valores referentes a tal período nos cálculos da contadoria (fls.20/24), pode-se verificar que os cálculos elaborados pela CEF para cumprimento da sentença (fls. 66/73) incluíram osvalores constantes dos extratos de fls. 27/31.A limitação ao teto dos juizados especiais federais – que significou diferença mínima (R$ 65,33, conforme fls. 65 e 73) - foideterminada na sentença, pelo que irrelevante aferir eventuais divergências de critérios de cálculos utilizados pela CEF epela Contadoria – o que não seria mesmo possível já que os cálculos da Contadoria não foram integralmente juntados aestes autos – para fins de delimitação da coisa julgada.Portanto, ainda que os valores constantes dos extratos de fls. 27/31 não houvessem sido considerados nos cálculos daCEF, de qualquer forma configura-se a coisa julgada pela determinação expressa no dispositivo da sentença transitada emjulgado da limitação do valor da condenação ao valor do teto dos juizados especiais federais e pelo fato de ter sido efetuadoo crédito desse valor, devidamente acrescido de juros de mora e atualização monetária.Pelo exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso para reformar a sentença e julgar extinto o processo sem resolução domérito, tendo em vista a ocorrência de coisa julgada, com fulcro no art. 267,V, do CPC.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. A

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certificação digital consta na parte inferior da página]

71 - 0000263-72.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.000263-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GILMAR RAMOS ALVES(ADVOGADO: PABLO LUIZ ROSA OLIVEIRA, RENATA GÓES FURTADO.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL(ADVOGADO: ALEX WERNER ROLKE.).PROCESSO: 0000263-72.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.000263-0/01)

E M E N T A

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – EXTRATOS BANCÁRIOS COMPROBATÓRIOS DA NÃO APLICAÇÃO DA TAXAPROGRESSIVA DE JUROS – EXTRATO COMPROBATÓRIO DO CRÉDITO AUTORIZADO PELA RESOLUÇÃO 608 DE2009, DO CONSELHO CURADOR DO FGTS – PREVALÊNCIA DOS PRIMEIROS.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido deaplicação dos juros progressivos sobre o saldo de sua conta vinculada de FGTS. Alega a recorrente que a sentençaassentou-se no fato de que a CEF colacionou à fl. 83 extrato do ano de 1990 dando conta de que os juros progressivosforam aplicados no percentual máximo, sem, contudo, trazer a totalidade dos documentos pretendidos e que remontariamao período que vai de 1977 a 1982.A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de jurosprogressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, a princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigência daLei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto adécimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência namesma empresa, em diante”.A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1ºe §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 comconcordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.No caso dos autos, conforme se vê à fl. 19, o autor começou a trabalhar em 05/08/1966 e permaneceu no emprego até22/10/1982, quando se aposentou (fl. 22). Optou pelo regime do FGTS retroativamente a 01/01/1967, com homologaçãojudicial em 23/01/1979, conforme anotação do empregador na CTPS (fls. 20 e 21), na forma da Lei nº 5.958/73. Destaforma, constata-se que o autor faz jus à progressividade da taxa de juros.Os extratos de fls. 78/81 e os de fls. 86/89, referentes ao período de 1981 a 1983 e 1978 a 1981, respectivamente,demonstram a aplicação de taxa de juros de 3%. Contudo, o extrato de fl. 90, referente a 2010, demonstra aplicação dataxa de 6%. A sentença baseou-se neste último para julgar improcedente o pedido.O documento de fl. 90 não pode prevalecer sobre os referidos extratos, tendo em vista que foi emitido em 02/12/2010 - porocasião do crédito autorizado pela Resolução nº 608 de 2009, do Conselho Curador do FGTS -, sendo que o autorencontra-se aposentado desde 22/10/1982. O valor do crédito foi fixado na referida resolução para o caso em que ausentesos lançamentos históricos da conta vinculada e para concessão administrativa pela próprio agente operador do FGTS. Odocumento de fl. 90, portanto, comprova que até então não fora aplicada a taxa progressiva de juros na conta vinculada daparte autora.Pelo exposto, conheço do recurso do autor e a ele DOU PROVIMENTO para reformar a sentença e JULGARPROCEDENTE O PEDIDO, condenando a CEF a pagar à parte autora a diferença resultante da aplicação da taxaprogressiva de juros em sua conta vinculada de FGTS, incidindo correção monetária e juros até o efetivo pagamento,descontado o valor já creditado (fl. 90); devendo ser respeitada a prescrição trintenária; e devendo ser observado que oautor o último vínculo de trabalhou encerrou-se em 22/10/82.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

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É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

72 - 0001943-56.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001943-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: ERIKA SEIBEL PINTO.) x OREDINO ADAO (ADVOGADO: VALTEMIR DA SILVA.).PROCESSO: 0001943-56.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001943-0/01)

VOTO-EMENTA

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – EXTRATOS COMPROBATÓRIOS DA APLICAÇÃO DA TAXA PROGRESSIVA DEJUROS.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Caixa Econômica Federal em face da sentença que julgou procedente opedido de aplicação dos juros progressivos sobre o saldo do FGTS da parte autora, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições que enumera. Alega a recorrente a nulidade da sentença, antea ausência de resolução das questões propostas pelas partes no processo, violando os artigos 162, 269, 458, 459, 460 e463 do CPC. No mérito, alega que o autor já recebeu a progressividade dos juros em suas contas vinculadas, não havendonenhuma diferença a ser paga, conforme fls. 74/112. Alega, ainda, que não detém os extratos analíticos das contasvinculadas de FGTS anteriores a maio de 1991, pois não os recebeu dos bancos depositários e que os extratos por elaapresentados são suficientes para demonstrar a aplicação da progressividade de juros. Por fim, sustenta que não épossível a utilização dos parâmetros fixados na sentença para apuração do valor determinado como devido.Prima facie, poder-se-ia classificar a sentença como totalmente condicional, merecendo anulação, ante a violação ao artigo460, § único, do CPC. A hipótese, contudo, não é de sentença condicional; é bem mais que isso: conquanto tenha constadodo dispositivo que o pedido restou julgado procedente, não houve efetivo acolhimento do pedido do autor, eis que nãoresolvido o respectivo mérito, pelo que não configurada a hipótese do art. 269, I do CPC, não se caracterizando, emconseqüência, o ato judicial descrito no art. 162, § 1º do CPC. Limitou-se a sentença a estabelecer as condições legaisacerca do direito alegado na inicial. Com efeito, foi julgado procedente o pedido, desde que reste comprovado, durante aexecução, que ocorreram concomitantemente as condições a seguir: (1) que não tenha ocorrido prescrição, ou seja, quenão decorreram mais que 30 anos entre o término do vínculo do autor e a data do ajuizamento dessa demanda; (2) que nãohaja prova de que o autor já tenha recebido, de forma administrativa ou em outra ação judicial, os juros progressivos aquipleiteados; (3) que o vínculo empregatício do autor foi iniciado entre 01.01.67 e 22.09.71; (4) que o autor tenha feito a opçãooriginal pelo FGTS na vigência da Lei n. 5.107/66 (com taxa proressiva de juros, antes do advento da Lei nº 5.705/71 –quando a taxa de juros se tornou fixa) ou que fez a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73,7.839/89 e 8.036/91); e (5) que o autor tenha permanecido na mesma empresa pelo tempo previsto nos incisos do art. 4º daLei nº 5.107/66). Não havendo nenhuma análise das questões de fato, restam tecnicamente ausentes os requisitosessenciais da sentença – fundamentação e dispositivo (art. 458, II e III). Assim é que declaro a nulidade da sentença.Considerando que a causa está com condições de julgamento, passo a fazê-lo, tendo em vista o disposto no art. 515, § 3ºdo CPC.A Lei nº 5.107, de 13/09/1966, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação de jurosprogressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º da referidanorma. A norma dispunha que a capitalização de juros dos depósitos deveria ser feita conforme a seguinte progressão: 3%durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; 4% do terceiro ao quinto ano; 5% do sexto ao 10º ano;6% do 11º ano em diante.A Lei nº 5.705, de 21/09/1971, extinguiu a capitalização dos juros de forma progressiva, introduzindo a taxa fixa de 3% aoano. Ressalvou, porém, no art. 2º, o direito adquirido daqueles que houvessem optado anteriormente pelo regime do FGTS.Então, a princípio, somente tem direito adquirido aos juros progressivos quem formalizou a opção pelo FGTS na vigência daLei nº 5.107/66, ou seja, até 22 de setembro de 1971, direito este que cessaria se o empregado mudasse de empresa. Oart. 13, § 3º, da Lei nº 8.036/90 reconhece esse direito.É indispensável que o vínculo empregatício tenha durado mais de 02 (dois) anos porque o artigo 4º, da Lei nº 5.107/66, emsua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos depósitos mencionados no art. 2º far-se-á naseguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos de permanência na mesma empresa; II – 4%(quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa; III – 5% (cinco por cento) do sexto adécimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) do décimo-primeiro ano de permanência namesma empresa, em diante”.A Lei nº 5.958, publicada em 11/12/1973, estendeu o direito aos então empregados, que não tinham optado pelo regimeinstituído pela Lei nº 5.107/66, assegurando-lhes o direito de fazê-lo com efeitos retroativos a 1º de janeiro de 1967 ou àdata da admissão ao emprego se posterior àquela, desde que haja concordância por parte do empregador. O direito foiestendido também aos empregados que tivessem optado em data posterior à do início da vigência da Lei nº 5.107/66,retroagindo os efeitos da nova opção a essa data ou à da admissão.Portanto, a progressividade dos juros creditados nas contas vinculadas do FGTS tem aplicação restrita: alcança apenas osautores optantes do FGTS em datas anteriores à Lei nº 5.705/71 ou que tenham feito opção retroativa, nos termos do art. 1ºe §§ da Lei nº 5.958/73 e da Súmula nº 154 do STJ. Assim, de acordo com o referido diploma legal (Lei nº 5.958/73), osjuros progressivos são devidos apenas aos trabalhadores que, cumulativamente: a) tenham sido admitidos anteriormente a22/09/1971 (data da publicação da Lei 5.705/71); b) tenham feito opção retroativa na forma da Lei 5.958/73 com

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concordância expressa do empregador (irrelevante que seja anterior a 22/09/1971); e c) tenham permanecido na mesmaempresa por mais de 02 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.No caso dos autos, conforme se vê à fl. 8, o autor começou a trabalhar em 05/08/1971 e permaneceu no emprego até09/02/1984. Optou pelo regime do FGTS em 05/08/1971 (fl. 10). Assim, na constância do primeiro contrato de trabalho,optou pelo regime do FGTS antes da entrada em vigor da Lei 5.705/71, que unificou a taxa de juros remuneratórios em 3%ao ano. Desta forma, constata-se que o autor faz jus à progressividade da taxa de juros.Os extratos de fls. 93/100, referentes ao período de maio de 1982 a junho de 1986, demonstram a aplicação de taxa dejuros de 6%.Os extratos de fls. 101/112, demonstram a aplicação da taxa de 3% no período de julho de 1986 a novembro de 1991.Ocorre que a partir de 10/02/1984, o autor iniciou novo contrato de trabalho, procedendo a nova opção pelo FGTS namesma data, conforme se depreende dos documentos de fls. 9 e 10. Na referida data, já não havia previsão legal deprogressividade da taxa de juros desde a Lei nº 5.705/71.Pelo exposto, conheço do recurso da CEF e a ele DOU PROVIMENTO para ANULAR a sentença e julgarIMPROCEDENTE O PEDIDO.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

73 - 0101082-44.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.101082-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JAKELINE DE ANDRADESILVA (ADVOGADO: ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO, FLAVIA SCALZI PIVATO, JOCIANI PEREIRANEVES, KARIME SILVA SIVIERO, VERA LÚCIA FÁVARES, MAURA RUBERTH GOBBI, RENATA MILHOLO CARREIROAVELLAR, RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS, TATIANA MARQUES FRANÇA, LARA CHAGAS VAN DER PUT.) xCAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: SUELLEM RIBEIRO BOTON.).Autos n.º 0101082-44.2012.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL – TEMPO DE ESPERA POR ATENDIMENTO EM FILA EM AGÊNCIA BANCÁRIA SUPERIORAO LIMITE MÁXIMO ESTATUÍDO EM LEGISLAÇÃO MUNICIPAL – FATO QUE, POR SI SÓ, CONFIGURA MEROABORRECIMENTO – INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL – PETIÇÃO INICIAL QUE, CONTUDO, REVELA OUTRO FATOOCORRIDO EM FUNÇÃO DO ATRASO – NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA PARA APURAR A VERACIDADEDAS ALEGAÇÕES – JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE – RECORRENTE PEDIU APENAS REFORMA DASENTENÇA (AUSÊNCIA DE PEDIDO DE ANULAÇÃO) – RECURSO IMPROVIDO.

1. Trata-se de RECURSO INOMINADO em que se requer a reforma da sentença que julgou improcedente opedido. Na petição inicial, a parte autora, ora recorrente, afirma ter esperado atendimento por mais de uma hora na fila deuma agência da CAIXA, ora recorrida; afirma que esse fato lhe trouxe vários transtornos “...tendo em vista ser mãe decriança em idade escolar, que necessitava que a responsável estivesse em casa para apanhá-la quando do regresso daescola, que não foi possíveldevido a enorme demora no atendimento.”

Em seu RECURSO, a autora afirmou que houve ato ilícito e conseqüente dever de indenizar; afirmou que: “O dano moral,passível de reparação, sofrido pela recorrente é devidamente constatado no fato descrito, tendo em vista que deixou suafilha desamparada quando retornava da escola, passando por tratamento vexatório por parte de funcionária do transporteescolar da filha, o que lhe causou dor, vergonha e extrema angústia, o que afronta claramente o direito à dignidade,conferido pela Constituição Federal.” (fl. 87)

É o relatório.

2. O recurso da autora contém sete laudas. Não há pedido. A última folha termina com menção a um julgado. Nãoobstante a ausência do pedido recursal, as razões estão presentes, de modo que o teor do recurso é facilmentecompreensível. Em face do critério da simplicidade, que rege os Juizados Especiais, delibero conhecer o recurso, nãoobstante o vício.

3. A demora na fila do banco, apesar do incômodo causado ao cliente, não é evento que, por si só, seja apto aatingir a sua honra ou imagem. Com efeito, a espera na fila, por mais incômoda que seja, não pode ser considerada comolesão aos direitos personalíssimos do ser humano. Ora: tal evento configura mero contratempo que, por não afetar a honranem a imagem do cliente do banco que se vê diante de tal situação, não gera direito à reparação por dano moral. Nessesentido é o entendimento do TRF da 2ª Região, como se depreende do teor do seguinte julgado:

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RESPONSABILIDADE CIVIL. CEF. NÃO CONFIGURAÇÃO DE DANO MORAL. MERO DISSABOR. APELAÇÃOIMPROVIDA. I - Não restou comprovado nos autos dano moral passível de indenização, não bastando a simples alegaçãode demora no atendimento bancário para fazer incidir a reparação por danos morais. II - Para se configurar dano moral, énecessária a ocorrência de fato extraordinário, o qual resta ausente no caso concreto, uma vez que o tempo que sedespende em filas de banco, em que pese não ser agradável, é advento comum, cotidiano até. III - O mero dissabor,aborrecimento ou simples mágoa estão fora da órbita do dano moral. IV - Apelação a que se nega provimento.(TRF da 2ª Região. 7ª Turma. Processo AC 200751140002198 AC - APELAÇÃO CIVEL – 434513 Relator DesembargadorFederal REIS FRIEDE. Fonte DJU - Data::31/03/2009 - Página::136)

3. A existência de lei municipal dispondo sobre período máximo de espera em fila de agência bancária não altera aconclusão anteriormente explicitada. Com efeito, o mero fato de esperar na fila por prazo superior ao tempo previsto na leinão gera direito à percepção de compensação por dano moral. Na linha do exposto, recentemente o STJ assentou que “Asó invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera em fila de banco não ésuficiente para desejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem ser provocadas pelousuário.” (STJ – 3ª Turma, Recurso Especial nº 1218497, DJE de 17/09/2012).

4. Entretanto, no caso concreto, a causa de pedir veiculada na petição inicial e reiterada no recurso não serelaciona apenas com o fato de se ter aguardado em fila bancária por tempo superior ao previsto em lei municipal. Aorevés, a autora referiu a outro problema que lhe teria sido gerado pelo fato da alegada falha na prestação do serviço(problema com a recepção da filha, que retornava da escola). Em vista de tal peculiaridade, seria indispensável produzirprova para aferir a veracidade do que se alegou, e julgar-se o pedido procedente ou improcedente, conforme oentendimento a ser adotado pelo Juízo a quo. Contudo, toda a argumentação desenvolvida no recurso (o pedido inexiste,como antes registrei) é atinente à reforma da sentença, ou seja: à existência de erro de julgamento.

5. O Juízo está adstrito ao pedido e à causa de pedir. Embora não haja pedido recursal, a argumentaçãodesenvolvida no recurso refere à reforma, e não à anulação do julgado. Por conseguinte, é inviável, no caso concreto,anular a sentença, em face da inexistência de causa de pedir recursal e de pedido veiculados nesse sentido.

6. Ante a insuficiência de comprovação do fato constitutivo do direito alegado pelos autores, impõe-se aimprocedência do pedido.

7. RECURSO IMPROVIDO.

8. Defere-se o requerimento de assistência judiciária gratuita formulado na inicial (especialmente porque a autoradeclarou-se desempregada e a causa foi patrocinada por serviço de assistência jurídica prestado por faculdade de direito).Sem custas e sem honorários.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

74 - 0100926-47.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.100926-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALINE SOUZA GARIOLICALMON E OUTRO (ADVOGADO: MIGUEL SABAINI DOS SANTOS.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO:FREDERICO J. F. MARTINS PAIVA, AMANTINO PEREIRA PAIVA.).Autos n.º 0100926-47.2012.4.02.5053/01

VOTO-EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL – TEMPO DE ESPERA POR ATENDIMENTO EM FILA EM AGÊNCIA BANCÁRIA SUPERIORAO LIMITE MÁXIMO ESTATUÍDO EM LEGISLAÇÃO MUNICIPAL – FATO QUE, POR SI SÓ, CONFIGURA MEROABORRECIMENTO – INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL – PETIÇÃO INICIAL QUE, CONTUDO, REVELA OUTROSFATOS OCORRIDOS EM FUNÇÃO DO ATRASO – NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA PARA APURAR AVERACIDADE DAS ALEGAÇÕES – JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE – RECORRENTE PEDIU APENAS REFORMADA SENTENÇA (AUSÊNCIA DE PEDIDO DE ANULAÇÃO) – RECURSO IMPROVIDO.

1. Trata-se de RECURSO INOMINADO em que se requer a reforma da sentença que julgou improcedente opedido. Na petição inicial, os autores, ora recorrentes, afirmam ter esperado atendimento por mais de duas horas na fila deuma agência da CAIXA, ora recorrida. Afirma que faz jus a uma compensação por danos morais em vista desse fato, quecausou outros reflexos de ordem pessoal (tiveram de se deslocar de uma cidade para outra, visto que residem em Linharese a operação bancária somente poderia ser realizada em agência em São Mateus; tem um filho que então tinha apenascinco meses e que tiveram de deixar aos cuidados de terceira pessoa etc.)

É o relatório.

2. A demora na fila do banco, apesar do incômodo causado ao cliente, não é evento que, por si só, seja apto aatingir a sua honra ou imagem. Com efeito, a espera na fila, por mais incômoda que seja, não pode ser considerada como

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lesão aos direitos personalíssimos do ser humano. Ora: tal evento configura mero contratempo que, por não afetar a honranem a imagem do cliente do banco que se vê diante de tal situação, não gera direito à reparação por dano moral. Nessesentido é o entendimento do TRF da 2ª Região, como se depreende do teor do seguinte julgado:

RESPONSABILIDADE CIVIL. CEF. NÃO CONFIGURAÇÃO DE DANO MORAL. MERO DISSABOR. APELAÇÃOIMPROVIDA. I - Não restou comprovado nos autos dano moral passível de indenização, não bastando a simples alegaçãode demora no atendimento bancário para fazer incidir a reparação por danos morais. II - Para se configurar dano moral, énecessária a ocorrência de fato extraordinário, o qual resta ausente no caso concreto, uma vez que o tempo que sedespende em filas de banco, em que pese não ser agradável, é advento comum, cotidiano até. III - O mero dissabor,aborrecimento ou simples mágoa estão fora da órbita do dano moral. IV - Apelação a que se nega provimento.(TRF da 2ª Região. 7ª Turma. Processo AC 200751140002198 AC - APELAÇÃO CIVEL – 434513 Relator DesembargadorFederal REIS FRIEDE. Fonte DJU - Data::31/03/2009 - Página::136)

3. A existência de lei municipal dispondo sobre período máximo de espera em fila de agência bancária não altera aconclusão anteriormente explicitada. Com efeito, o mero fato de esperar na fila por prazo superior ao tempo previsto na leinão gera direito à percepção de compensação por dano moral.

4. Na linha do exposto, recentemente o STJ assentou que “A só invocação de legislação municipal ou estadual queestabelece tempo máximo de espera em fila de banco não é suficiente para desejar o direito à indenização, pois dirige asanções administrativas, que podem ser provocadas pelo usuário.” (STJ – 3ª Turma, Recurso Especial nº 1218497, DJE de17/09/2012).

5. Entretanto, no caso concreto, a causa de pedir veiculada na petição inicial e reiterada no recurso não serelaciona apenas com o fato de se ter aguardado em fila bancária por tempo superior ao previsto em lei municipal. Aorevés, os autores referiram outros problemas que lhes foram gerados pelo fato da alegada falha na prestação do serviço.Em vista de tal peculiaridade, seria indispensável produzir prova para aferir a veracidade do que se alegou, e julgar-se opedido procedente ou improcedente, conforme o entendimento a ser adotado pelo Juízo a quo. Contudo, toda aargumentação desenvolvida no recurso, bem como seu pedido, são atinentes à reforma da sentença.

6. Uma vez que o Juízo está adstrito ao pedido – não só ao feito na petição inicial, como também ao formulado norecurso – é inviável, no caso concreto, anular a sentença, em face da inexistência de causa de pedir recursal e de pedidoveiculados nesse sentido.

7. Ante a insuficiência de comprovação do fato constitutivo do direito alegado pelos autores, impõe-se aimprocedência do pedido.

8. RECURSO IMPROVIDO.

Autores condenados em custas e a pagar à ré honorários arbitrados em 10% do valor da causa.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

75 - 0001082-55.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.001082-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NELSON LOPES LUIZ(DEF.PUB: LUDMYLLA MARIANA ANSELMO.) x EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT(ADVOGADO: FRANCISCO MALTA FILHO.).Autos n.º 0001082-55.2011.4.02.5055/01

VOTO-EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT. PRODUTO RESTITUÍDOAO PAÍS DE ORIGEM. AUTOR AFIRMA FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO QUE LHE INVIABILIZOU A RETIRADADOS APARELHOS ADQUIRIDOS. NÃO SE APONTOU FATO CONCRETO QUE CONFIGURE DANOSO À ESFERAMORAL DA PESSOA. ABORRECIMENTO GERADO POR FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO, POR SI SÓ, NÃOCONFIGURA OFENSA MORAL. RECURSO IMPROVIDO.

I. Trata-se de RECURSO INOMINADO interposto por NELSON LOPES LUIZ contra a sentença que julgouimprocedente o pedido de condenação da ECT por danos morais. Nas razões de decidir, o Juízo a quo afirmou que o autornão logrou comprovar efetiva falha na prestação do serviço.

Na inicial se afirma que o autor adquiriu dois telefones celulares da China; que chegou na agência da ECT para retirá-los,sendo informado que o valor do tributo incidente seria R$135,00; foi ao banco e retirou esse valor; contudo, quando retornouà ECT, informaram-lhe que o valor devido a título de tributo era de R$180,00, razão pela qual não conseguiu retirar osaparelhos; após esses eventos, os aparelhos foram restituídos ao remetente; que não conseguiu retirar os aparelhos em

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razão da falha na prestação do serviço.

Em seu RECURSO INOMINADO, o autor alegou que: “ Não pode o consumidor receber informações destorcidas eequivocadas, e ser penalizado por tais atos, para tanto, garante a legislação brasileira o direito a reparação dos danossofridos, como também é entendimento consolidado nos tribunais superiores o dever de indenizar àqueles que foramlesados em seus direitos.” Também aduziu que “... restou provado nos autos que o recorrente obteve informaçãoinadequada e devido à má prestação de serviços dados pela Agência de Correios, viu-se lesado, posto que não conseguiuretirar o produto adquirido, sendo este posteriormente enviado à origem(China).” Requereu a reforma da sentença.

É o relatório.

II. Da inexistência do direito a receber compensação por dano moral quando a alegação se baseia tão-somente naocorrência de falha na prestação do serviço.

A sentença afirma que “...o demandante não logrou êxito em demonstrar efetiva falha na prestação do serviço por partedos Correios, limitando-se a alegar que não retirou os objetos por informação equivocada quanto ao valor dos tributos, oque não restou comprovado, tendo as encomendas ficado na Agência de destino por tempo suficiente para propiciar aoAutor sanar todas as dúvidas quanto ao valor exato que deveria ser pago (mais de 30 dias ao todo).”

Ou seja, a sentença julgou o pedido improcedente porque o autor não se desincumbira de um ônus processual seu, qualseja, demonstrar a ocorrência de falha na prestação do serviço.

Penso que não bastaria encetar tal comprovação. Com efeito, a falha na prestação do serviço público, por si só, não é aptaa gerar direito a uma compensação por dano moral.

Com efeito, lendo a petição inicial afere-se que a encomenda consistia em dois aparelhos de telefone celular. Mas ali nãose relatou nenhum fato concreto a retratar umdano a um direito personalíssimo do autor. Por exemplo, não se noticiou que o autor tenha sido submetido a tratamentovexatório quando foi buscar informações na agência da ECT.

Eventualmente a falha na prestação de um serviço público pode, por si só, gerar direito a uma compensação por danomoral. Mas isso não ocorre no caso dos autos, onde o que estava em jogo era um produto dispensável.

Com efeito, aparelhos de telefone celular não são indispensáveis à sobrevivência. Logo, a eventual perda de um aparelhodesses motivada por falha na prestação de um serviço público, por si só, não gera direito a uma compensação por danomoral (registro novamente que não se narrou que o autor tenha sido submetido a algum tratamento inadequado ouinapropriado quando buscara atendimento junto à ECT).

Ao que me parece, inexistiu qualquer situação concreta apta a gerar dano de ordem moral.

O mero fato da falha na prestação do serviço, se não produziu algum dano concreto à órbita personalíssima do autor, nãolhe gera direito à percepção de uma compensação por dano moral.

Com efeito, na precisa lição de SERGIO CAVALIERI FILHO, “... dano moral, à luz da Constituição vigente, nada mais é doque violação do direito à dignidade.” (Programa de Responsabilidade Civil. 5ª edição. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 94).Nessa mesma linha, infere-se que o “... mero inadimplemento contratual, mora ou prejuízo econômico não configuram, porsi sós, dano moral, porque não agridem a dignidade humana. Os aborrecimentos deles decorrentes ficam subsumidos pelodano material, salvo se os efeitos do inadimplemento contratual, por sua natureza ou gravidade, exorbitarem oaborrecimento normalmente decorrente de uma perda patrimonial e também repercutirem na esfera da dignidade da vítima,quando, então, configurarão o dano moral.” (idem ibidem, p. 98).

Nesse mesmo sentido, transcrevo o seguinte julgado do TRF da 3ª Região:

CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. RELAÇÃO DE CONSUMO. ECT. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOPOSTAL. EXTRAVIO DA ENCOMENDA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO CONTEÚDO. DANOS MORAIS.INOCORRÊNCIA. 1. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos realiza a atividade de serviço postal, de competênciaexclusiva da União (CF, art. 21, X), em regime de monopólio, aplicando-se a ela, nessa condição, o disposto no art. 37, §6º,da CF. 2. Configurada, também, na espécie a relação de consumo, a ensejar a responsabilidade do fornecedor (CDC, art.14), independentemente da ocorrência de culpa. 3. O extravio da encomenda é fato incontroverso, uma vez que a própria réo reconheceu. Consequentemente, não há dúvidas de que houve falha na prestação do serviço. 4. Para a condenação da réà indenização integral pela perda da encomenda deve o autor comprovar o conteúdo despachado, sob pena de serressarcido apenas do valor das despesas de postagem e da indenização prevista em lei para os casos de extravio demercadoria sem declaração de conteúdo. Precedente do C. STJ. 5. Assim também, a responsabilidade civil objetivadesonera o autor da prova da existência de culpa, mas não lhe retira o ônus de comprovar a conduta, o dano e o nexocausal. Precedente jurisprudencial. 6. Na hipótese dos autos, muito embora a ré tenha admitido o extravio da encomenda,disponibilizando a indenização administrativa cabível, não houve comprovação do conteúdo do pacote despachado peloautor nem do dano moral por ele experimentado. 7. Não restou demonstrada a ocorrência de dano moral passível de

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indenização, vez que, conforme entendimento sedimentado pelo E. Superior Tribunal de Justiça, acarreta dano moral aconduta causadora de violação à integridade psíquica ou moral da pessoa humana de forma mais extensa do que o meroaborrecimento, chateação ou dissabor. (RESP 1329189/RN, Terceira Turma, relatora Ministra Nancy Andrighi, j.13/11/2012; DJ 21/11/2012; RESP 959330/ES, Terceira Turma, relator Ministro Sidnei Beneti, j. 9/3/2010, DJ 16/11/2010;RESP 1.234.549/SP, Terceira Turma, relator Ministro Massami Uyeda, j. 1º/12/2011, DJ 10/2/2012). 8. Não tendo seconfigurado o dano moral nos presentes autos, a conduta ficou caracterizada apenas pela falha na prestação do serviço,fato sobre o qual não pende controvérsia, sendo indevida a indenização requerida, restando prejudicado o exame dorecurso adesivo do autor. 9. Apelação provida e recurso adesivo prejudicado.(TRF da 3ª Região – 6ª Turma. AC 00001169120084036115 - APELAÇÃO CÍVEL – 1786936 Relator DesembargadoraFederal Consuelo Yoshida. Fonte e-DJF3 Judicial data 16/08/2013)

Com base no acima exposto, inexiste o fato constitutivo do direito que o autor afirma possuir.

III. NEGO PROVIMENTO ao recurso.

Mantenho a sentença, mas por fundamentação distinta.

Sem custas e sem honorários.

É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

76 - 0001061-81.2010.4.02.5001/01 (2010.50.01.001061-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EMPRESA BRASILEIRA DECORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT (ADVOGADO: JOSÉ OLIVEIRA DA SILVA, FRANCISCO MALTA FILHO, VINÍCIUSRIETH DE MORAES, MATHEUS GUERINE RIEGERT, NUBIA LEMOS GUASTI.) x EUDIER ANTÔNIO DA SILVA(ADVOGADO: FREDERICO ANGELO RAMALDES, RODRIGO DE ANDRADE GONÇALVES, MARIANA CORREIASANT'ANNA, ANDRE CASTRO RAMALDES.).Autos n.º 0001061-81.2010.4.02.5001/01RECORRENTE: EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECTRECORRIDO: EUDIER ANTONIO DA SILVA

VOTO-EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL – EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS – EXTRAVIO DE MALACONTENDO DIVERSOS DOCUMENTOS, CHEQUES E OBJETOS PESSOAIS, REMETIDA DE PORTUGAL PARA VILAVELHA-ES – DANOS MORAL E MATERIAL - RECURSO IMPROVIDO.

1. A EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS – ECT, interpôs RECURSO INOMINADO contra asentença que a condenou a pagar ao autor R$1.335,94 a título de ressarcimento de valor pago por postagem; e R$5.000,00a título de reparação por danos morais.

A ECT, em seu recurso, alegou em síntese que: (i) não se comprovou existência de danos morais passíveis de indenização;eventual defeito no fornecimento do serviço, por si só, não tem o alcance de caracterizar dano moral; (ii) indevido oressarcimento por dano material, visto que a ECT disponibilizou a devida indenização ao autor, como restou registrado nosistema “Fale Conosco”; (iii) foi desproporcional o valor da indenização a título do dano moral; (iv) não cabe a condenaçãoem juros de mora de 1% ao mês; deve incidir o disposto no artigo 1º-F da Lei 9494/97, com a redação dada pela Lei nº11.960/09.

É o relatório.

2. Dano moral: cabimento e mensuração.

O extravio da mala é fato incontroverso.

O autor demonstrou que nela havia, entre outras coisas, talões de cheques. Anexou documento que preenchera noUnibanco (ordem de oposição ao pagamento de cheques), informando que houvera extravio de talões em branco;demonstrou que houve cheques emitidos por terceiro e devolvido pelos motivos 20 e 22 (fls. 28/29).

Conforme pesquisa que realizei no site do Banco Central, o motivo 22 significa “divergência ou insuficiência de assinatura”;já o motivo 20 significa “cheque sustado ou revogado em virtude de roubo, furto ou extravio de folhas de cheque embranco”.

Resta evidenciado que, além do extravio dos talões, terceira pessoa se apossou do mesmo e emitiu cheques, fazendo-sepassar pelo autor-recorrido.

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O autor alega que, quando remeteu a mala com pertences pessoais, estava na Europa participando de Congresso (fl. 7).Alegou ainda que sofreu danos morais “na medida em que teve seu nome injustamente vinculado a derrame de chequesque não emitiu, tendo por conseguinte sua individualidade molestada pelo ato danoso...” (fl. 9).

Embora não se tenha alegado dano outro como devolução de cheque por ter a conta ficado sem provisão de fundos, ouinscrição do nome do autor em cadastros de restrição ao crédito, parece-me que o extravio de talonários de cheques e suasubseqüente emissão ilícita, feita por terceiro que se tenha apropriado dos talonários, é fato que expõe o titular da contacorrente a uma ofensa de proporção moral.

O dano moral é leve, visto que não houve conseqüência outra que não a restituição dos cheques.

Dentro desse contexto, uma vez que o valor arbitrado foi inferior a 20 salários mínimos, não há que se falar que a sentençatenha arbitrado compensação desproporcional.

3. Ressarcimento pelo dano material.

De fato, a ECT disponibilizou ressarcimento pelo dano material, como se denota do documento de fl. 93, que informa aoautor estar disponível o valor de R$1.052,28 (em 21/06/2010).

Ocorre que a sentença recorrida determinou restituição em montante superior ao que fora disponibilizado pela ECT. E aECT, em seu recurso, não deduziu as razões pelas quais estaria incorreto o valor apontado na sentença a título deressarcimento pelo dano material, restringindo-se a afirmar que tal indenização, concedida em esfera judicial, seriaindevida.

Uma vez que o autor obteve, na sentença, proveito superior ao que lhe fora disponibilizado em esfera administrativa; e umavez que a ECT, em seu recurso, não explicitou as razões pelas quais estaria errado o valor fixado na sentença a título deressarcimento pelo dano material, não há que se falar em falta de interesse de agir, tal qual se alegou na contestação. Etampouco há que se considerar indevida tal indenização no que refere ao mérito, visto que o recurso não declina as razõespelas quais chegara a essa conclusão.

4. Juros de mora.

Incabível a aplicação do artigo 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 11.960/09, tal qualpretende a ECT. Com efeito, em julgamento recente, o STF afirmou ser inconstitucional o referido dispositivo, como sedepreende do teor da notícia lançada no Informativo nº 697 daquela Corte, verbis:

Precatório: regime especial e EC 62/2009 - 19

Por outro lado, registrou que os critérios de fixação de juros moratórios deveriam ser idênticos para a Fazenda e para osparticulares e, existente divergência entre os índices previstos para uma mesma situação, dever-se-ia prestigiar o critérioalbergado por dispositivo de maior magnitude hierárquica. No caso, os juros moratórios incidentes sobre condenaçõesjudiciais teriam sido fixados, para o devedor público, de forma genérica no plano constitucional. Deveriam ser, assim,aplicados de forma igualmente genérica aos devedores particulares da Fazenda. Dessa maneira, existente índiceconstitucional bem definido para todas as condenações judiciais da Fazenda, este deveria ser aplicado ao devedorparticular na mesma extensão em que o seria ao Poder Público. No ponto, divergiu do relator para rejeitar a alegação deinconstitucionalidade do art. 100, § 12, da CF, na parte em que fixado o índice de juros moratórios devidos pela Fazendaem valor equivalente à remuneração básica da caderneta de poupança, critério que deveria ser aplicado de imediato aosdevedores privados da Fazenda, cujos débitos decorressem de decisão judicial transitada em julgado. Além disso, reputouprocedente em parte a inconstitucionalidade por arrastamento da nova redação dada ao art. 1º-F da Lei 9.494/97 (“Nascondenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária,remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índicesoficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança”). Assinalou que a invalidade da sistemáticaconstitucional de juros e de atualização monetária nos precatórios retiraria o amparo do aludido dispositivo, já que fulminadoseu fundamento constitucional (CF, art. 100, § 12). Declarou inconstitucional a referência à “atualização monetária” contidano texto de lei, mas rejeitou a inconstitucionalidade quanto ao regime de juros moratórios, desde que incidente de formarecíproca para o Estado e o cidadão. Após sinalizar, a respeito do regime especial de pagamento (CF, art. 100, § 15; eADCT, art. 97), que acompanharia o relator para declarar a inconstitucionalidade dos dispositivos, ao considerar ainvalidade da moratória, sob fundamento de violação ao Estado de Direito; ao devido processo legal; ao livre e eficazacesso ao Judiciário; e à duração razoável dos processos, o julgamento foi suspenso.ADI 4357/DF, rel. Min. Ayres Britto, 6 e 7.3.2013. (ADI-4357)ADI 4425/DF, rel. Min. Ayres Britto, 6 e 7.3.2013. (ADI-4425)

Conclusão: persiste a sistemática de juros de mora e de atualização monetária fixadas na sentença.

5. Em face do exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso da ECT

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Sem custas. Condeno a ré a pagar honorários advocatícios que arbitro em 10% do valor da condenação.

É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

77 - 0002882-70.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002882-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EMPRESA BRASILEIRA DECORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT (ADVOGADO: FRANCISCO MALTA FILHO.) x VINICIUS NEVES DE SOUZA(ADVOGADO: SUELLEN CORREIA, ENRICO SANTOS CORREA.).Autos n.º 0002882-70.2010.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

I. VINICIUS NEVES DE SOUZA ingressou com esta ação contra a EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS ETELÉGRAFOS – ECT. Resumo da lide: indenização a título de dano material e moral, ao argumento, em resumo, que em31/05/2010 o autor enviou de Vitória-ES para Praia Grande-SP encomenda via Sedex – objeto postal registrado sob o noSK950829404BR. Relata o autor que a encomenda continha dois relógios segurados em R$1.500,00 (mil e quinhentosreais). Afirma que em 07/06/2010 quando a encomenda chegou ao destino encontrava-se violada e parcialmentedanificada, motivo pelo qual o destinatário recusou o recebimento da mercadoria. Em síntese, informa que providenciou oconserto dos relógios. Alega, outrossim, que os relógios possuíam valor sentimental e pertenciam à família há mais de 10(dez) anos e que, além disso, os objetos perderam sua originalidade; assim, entende fazer jus à compensação também atítulo de dano moral.

Eis a parte dispositiva da sentença: “julgo procedentes os pedidos, para condenar a Empresa Brasileira de Correios eTelégrafos - ECT a indenizar o demandante: I - no valor de R$ 700,00 (setecentos reais) a título de dano material; valorcorrigido monetariamente a partir desta data, acrescido de juros de 1% (um por cento) a partir da citação; e II - a pagar aindenização a título de dano moral, no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), acrescido de juros moratórios de 1% (um porcento) a.m. a partir da data do dano (fls. 15-16) e de correção monetária, a partir desta data, consoante entendimento noâmbito do egrégio STJ...”.

A ECT, em seu RECURSO INOMINADO, alegou que:

não é viável a condenação em ressarcimento por danos materiais, visto que inexiste comprovação de que houve avaria nosobjetos postados e inexiste prova, nos autos, do comprovante da alegada despesa com o reparo dos relógios;não houve dano moral;o valor da compensação por dano moral foi desproporcional.

É o relatório.

II. Alegação da ré de ausência de prova da existência da avaria e de ausência de comprovação dos gastos com osreparos.

Os relógios não foram recebidos pelo destinatário, que alegou haver avaria. Quando retornaram para o remetente,verifica-se que foi a própria ECT que, inadvertidamente, deixou o autor retirar os relógios sem lhe informar acerca danecessidade de se realizar prévio procedimento de aferição dessas avarias. É o que se infere do conteúdo da reclamaçãoadministrativa, na fl. 43, verbis:

[16/06/2010-15:07] Devolver: Devolvido para a divisão DR/ES/INDENIZAÇÃO(Motivo: Conforme conversei com a Clara a única coisa que fizemos foi pesar a mercadoria para ver se o peso que estavana etiqueta era o mesmo, não tivermos nenhum tipo de orientação quanto ao procedimento correto, que seria emitir umauto de irregularidade e abrir a mercadoria na presença do cliente como informado pela Clara. Atenciosamente, VanessaAraujo ACF Jardim Limoeiro.)

Enfim: a ECT não informou ao autor qual seria o procedimento correto após a recusa da mercadoria sob alegação de que amesma estaria avariada.

Ora: se a própria funcionária da ECT ignorava o procedimento correto a ser tomado (abertura da mercadoria na presençado cliente, com a lavratura de um auto de irregularidade), como poderia exigir-se do autor que o mesmo cobrasse da ECT arealização desse procedimento?

Logo, foi a própria ECT que, não tomando as cautelas necessárias para aferir a eventual ocorrência de avaria e – em sendoo caso – viabilizar o pagamento do valor contratado (seguro) que deu causa à dúvida que ora vem a Juízo alegar como

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fundamento para excluir a sua responsabilidade civil.

Ante tal situação, a única medida a ser tomada é crer que o autor agiu de boa-fé; que de fato houve a avaria; e que de fatoo reparo custou-lhe R$700,00, tal qual afirmou em audiência.

Registre-se que os relógios teriam o valor aproximado de R$1.500,00, conforme declaração prestada pelo próprio autorantes de postá-los; em vista disso, o valor apontado não se me afigura desarrazoado.

Em tudo e por tudo, concluo ter acertado o Juízo a quo quando deliberou condenar a ECT a ressarcir ao autor os danosmateriais.

III. Dano moral.

Na inicial o autor afirmou que os relógios possuíam valor sentimental e estavam na família há mais de 10 anos; e queestava tendo dificuldades para encontrar peças de reposição que foram quebradas na avaria ocorrida; também afirmou queos objetos perderam sua originalidade.

A alegação é verossímil, mesmo porque o autor preocupou-se em declarar o conteúdo e o valor antes de postar os relógios.

A ECT foi intimada para a realização da audiência de conciliação, instrução e julgamento (fl. 46).

Contudo, na referida audiência houve apenas a tentativa de conciliação, que restou frustrada. Não ocorreu instrução dacausa, com tomada de depoimento pessoal das partes e inquirição de testemunhas. É o que se infere da leitura da ata de fl.50: ali se afere que, frustrada a tentativa de conciliação, a Juíza determinou que se procedesse à conclusão dos autos parasentença.

Em linha de princípio, seria do autor o ônus de comprovar que os relógios possuíam valor afetivo por serem de sua famíliahá mais de 10 anos; isso porque tal dado é integrante do fato constitutivo do direito a uma compensação por dano moral.

Não obstante, o autor não estava assistido por advogado: ele mesmo assinou a petição e inicial e compareceu à audiênciasozinho, como se afere do teor da ata de fl. 50.

Uma vez que a relação é de consumo; considerando, ainda, que a alegação do autor era verossímil em face da cautelarque ele havia assumido antes da postagem (declarar valor, conteúdo e pactuar seguro), parece-me inteiramente cabívelaplicar-se a inversão do ônus da prova, tal qual dispõe o artigo 6º, VIII, da Lei nº 8.078/90.

Logo, embora o ônus de comprovar aquele fato seja, em linha de princípio, do autor, cabe invertê-lo, atribuindo ao réu oônus de infirmar tal alegação de que os bens em questão tinham valor sentimental.

É evidente que seria inviável à ECT arrolar testemunhas a respeito desse fato. Se o Juízo o exigisse, estar-se-ia diante deum ônus probatório do qual seria impossível desincumbir-se.

Não obstante, houve insuficiência de atividade probatória por parte da ré. Poderia a ré, na audiência – que não era apenasde conciliação, mas também de instrução e julgamento – requerer ao Juízo o depoimento pessoal do autor (artigo 343,CPC), a fim de tentar provocar a confissão (artigo 349, segunda parte, CPC). Ainda que não houvesse confissão, umaeventual insegurança do autor em depoimento pessoal poderia em muito aproveitar à ré, a ponto de tornar inverossímil aalegação que constituiu a causa de pedir relativa ao dano moral.

Como a ECT sequer requereu o depoimento pessoal do autor, depreendo a insuficiência de atividade probatória. E sendocabível, na hipótese, a inversão do ônus da prova, concluo ter sido acertada a diretriz encampada na sentença também noque refere à condenação da ré a pagar compensação por dano moral.

IV. Não houve desproporção no valor fixado a título compensatório. O patamar fixado (R$ 3 mil) não está dissociadodo valor dos bens avariados e, em face da capacidade econômica do réu, consignar valor inferior não teria o condão deinibir condutas ilícitas futuras similares à ocorrida.

V. CONCLUSÃO.

NEGO PROVIMENTO ao recurso da ECT.

Sem custas. Condeno a ECT em honorários que fixo em 10% do valor da condenação.

É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

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78 - 0006204-98.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006204-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EMPRESA BRASILEIRA DECORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT (ADVOGADO: FRANCISCO MALTA FILHO.) x EDSON DA CUNHA OLIVEIRA(DEF.PUB: LUCIANO ANTONIO FIOROT.).Autos n.º 0006204-98.2010.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT. PROBLEMAS NO RECEBIMENTO DECORRESPONDÊNCIA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. NÃO SE APONTOU FATO CONCRETO QUECONFIGURE DANOSO À ESFERA MORAL DA PESSOA. ABORRECIMENTO GERADO POR FALHA NA PRESTAÇAÕDO SERVIÇO, POR SI SÓ, NÃO CONFIGURA OFENSA MORAL. RECURSO DA ECT PROVIDO.

I. Trata-se de RECURSO INOMINADO interposto pela ECT contra a sentença que lhe condenou a pagar em favordo autor, Sr. EDSON DA CUNHA OLIVEIRA, compensação por dano moral no valor de R$3.000,00.

O autor afirmou que utilizava caixa postal instalada no Supermercado Viana, no Bairro de Carapebus, município de Serra, esofreu problemas com relação ao recebimento de suas correspondências, devido a atrasos e devolução de encomendasenviadas. O autor relata que encomendou dois livros imprescindíveis ao seu trabalho de conclusão de curso, na terceirasemana do mês de setembro de 2008. Mas que uma das encomendas – remetida por um escritor de Venda Nova doImigrante – foi devolvida, em outubro de 2008, sem que o autor tivesse sido avisado da chegada da mercadoria. Já em28/10/2008, recebeu uma correspondência da Editora Record, onde tinha realizado a outra encomenda, informando que aseu livro havia sido devolvido devido “a indicação errada do CEP”, informação que não condiz com a realidade. Emnovembro/2008, o escritor de Venda Nova do Imigrante reenviou o livro encomendado pelo autor que também recebeu ocarimbo de endereço insuficiente. No entanto, o autor conseguiu retirar a encomenda porque foi colocado um aviso na suacaixa. O autor afirmou que ingresso com a ação “diante da situação extremamente desagradável a que se submeteu oautor, que sofreu pela demora injustificada no recebimento de suas correspondências por única e exclusivaresponsabilidade da ECT,...” (fl. 3).

A ECT, em seu RECURSO INOMINADO, alegou que não houve dano moral; e que o valor da compensação por dano moralfoi desproporcional.

É o relatório.

II. Da inexistência do direito a receber compensação por dano moral quando a alegação se baseia tão-somente naocorrência de falha na prestação do serviço.

Na inicial o autor narra problemas vários que teve com a caixa postal que usava. Genericamente afirma que solicitara livros“imprescindíveis para o trabalho de conclusão de curso que estava realizado àquela época...” (fl. 2); e relata que osproblemas que tivera geraram uma “situação extremamente desagradável...” (fl. 3).

Não se relatou nenhum fato concreto a retratar um dano. Como, por exemplo, que os problemas narrados tenhamprovocado atraso na entrega de seu trabalho de conclusão de curso. Nem se relata nenhuma situação vexatória a que oautor tenha sido submetido; como, por exemplo, ter recebido alguma espécie de xingamento por parte de servidor da ECTenquanto buscava solucionar os noticiados problemas.

Ao que me parece, inexistiu qualquer situação concreta apta a gerar dano, seja de ordem patrimonial, seja de ordem moral.

O mero fato da falha na prestação do serviço, se não produziu algum dano concreto à órbita do autor, não lhe gera direito àpercepção de uma compensação por dano moral.

Com efeito, na precisa lição de SERGIO CAVALIERI FILHO, “... dano moral, à luz da Constituição vigente, nada mais é doque violação do direito à dignidade.” (Programa de Responsabilidade Civil. 5ª edição. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 94).Nessa mesma linha, infere-se que o “... mero inadimplemento contratual, mora ou prejuízo econômico não configuram, porsi sós, dano moral, porque não agridem a dignidade humana. Os aborrecimentos deles decorrentes ficam subsumidos pelodano material, salvo se os efeitos do inadimplemento contratual, por sua natureza ou gravidade, exorbitarem oaborrecimento normalmente decorrente de uma perda patrimonial e também repercutirem na esfera da dignidade da vítima,quando, então, configurarão o dano moral.” (idem ibidem, p. 98).

Nesse mesmo sentido, transcrevo o seguinte julgado do TRF da 3ª Região:

CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. RELAÇÃO DE CONSUMO. ECT. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOPOSTAL. EXTRAVIO DA ENCOMENDA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO CONTEÚDO. DANOS MORAIS.INOCORRÊNCIA. 1. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos realiza a atividade de serviço postal, de competênciaexclusiva da União (CF, art. 21, X), em regime de monopólio, aplicando-se a ela, nessa condição, o disposto no art. 37, §6º,da CF. 2. Configurada, também, na espécie a relação de consumo, a ensejar a responsabilidade do fornecedor (CDC, art.14), independentemente da ocorrência de culpa. 3. O extravio da encomenda é fato incontroverso, uma vez que a própria ré

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o reconheceu. Consequentemente, não há dúvidas de que houve falha na prestação do serviço. 4. Para a condenação da réà indenização integral pela perda da encomenda deve o autor comprovar o conteúdo despachado, sob pena de serressarcido apenas do valor das despesas de postagem e da indenização prevista em lei para os casos de extravio demercadoria sem declaração de conteúdo. Precedente do C. STJ. 5. Assim também, a responsabilidade civil objetivadesonera o autor da prova da existência de culpa, mas não lhe retira o ônus de comprovar a conduta, o dano e o nexocausal. Precedente jurisprudencial. 6. Na hipótese dos autos, muito embora a ré tenha admitido o extravio da encomenda,disponibilizando a indenização administrativa cabível, não houve comprovação do conteúdo do pacote despachado peloautor nem do dano moral por ele experimentado. 7. Não restou demonstrada a ocorrência de dano moral passível deindenização, vez que, conforme entendimento sedimentado pelo E. Superior Tribunal de Justiça, acarreta dano moral aconduta causadora de violação à integridade psíquica ou moral da pessoa humana de forma mais extensa do que o meroaborrecimento, chateação ou dissabor. (RESP 1329189/RN, Terceira Turma, relatora Ministra Nancy Andrighi, j.13/11/2012; DJ 21/11/2012; RESP 959330/ES, Terceira Turma, relator Ministro Sidnei Beneti, j. 9/3/2010, DJ 16/11/2010;RESP 1.234.549/SP, Terceira Turma, relator Ministro Massami Uyeda, j. 1º/12/2011, DJ 10/2/2012). 8. Não tendo seconfigurado o dano moral nos presentes autos, a conduta ficou caracterizada apenas pela falha na prestação do serviço,fato sobre o qual não pende controvérsia, sendo indevida a indenização requerida, restando prejudicado o exame dorecurso adesivo do autor. 9. Apelação provida e recurso adesivo prejudicado.(TRF da 3ª Região – 6ª Turma. AC 00001169120084036115 - APELAÇÃO CÍVEL – 1786936 Relator DesembargadoraFederal Consuelo Yoshida. Fonte e-DJF3 Judicial data 16/08/2013)

Não estou a afirmar que o extravio ou o atraso na entrega de uma encomenda não possam gerar uma ofensa de ordemmoral; podem gerar sim, e muitas vezes isso ocorre.

No caso concreto, é inquestionável que o autor se aborreceu com os fatos narrados. Qualquer um, em seu lugar, seaborreceria com a noticiada demora injustificada na prestação do serviço. Mas essa falha na prestação do serviço não éapta a gerar, por si só, uma ofensa a direito personalíssimo que se possa considerar como uma ofensa de ordem moral.

Nesse contexto, a sentença deve ser reformada, provendo-se o recurso da ECT.

III. DOU PROVIMENTO ao recurso da ECT.

Sem custas e sem honorários.

É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

79 - 0001721-25.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001721-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA APARECIDANASCIMENTO SANTOS (ADVOGADO: SAULLA RENATA GOMES DA SILVA.) x EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOSE TELÉGRAFOS - ECT (ADVOGADO: CHRISTIANE DE MATTOS WOODROW RODRIGUES, FRANCISCO MALTAFILHO, JOSÉ OLIVEIRA DA SILVA, CARLA PATRÍCIA PIRES XAVIER, MATHEUS GUERINE RIEGERT, VINÍCIUS RIETHDE MORAES, NUBIA LEMOS GUASTI.) x OS MESMOS.RECURSO 0001721-25.2010.4.02.5050/01RECORRENTES: ECT e MARIA APARECIDA NASCIMENTO SANTOSRECORRIDOS: OS MESMOS

EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS. CONTRATO DE TRANSPORTEDE COMPUTADOR DA ESPANHA PARA O BRASIL. MONITOR AVARIADO. DANO MATERIAL. DANO MORAL.1. A sentença recorrida merece ser confirmada, com um único reparo: o valor da indenização pelo monitor avariado devecorresponder a 100% do valor do bem, não se podendo reduzi-la a 50% apenas por tratar-se de bem usado. Recurso daparte autora provido nesse ponto, nos termos do voto do Relator.2. Nos termos do voto do Relator, não deve ser conhecido o recurso na parte em que o autor pede o valor de umcomputador novo, uma vez que o pedido difere daquele formalizado na petição inicial. Além disto, se a parte (monitor) podeser substituída sem a troca do computador todo, não há razão lógica para o deferimento do pedido.3. O contrato firmado pressupõe que o bem seja transportado em tempo razoável e sem avarias. A demora de quase cincomeses e a chegada do monitor avariado vão além do simples vício na prestação do serviço e configuram dano moralindenizável, por privarem o autor do uso de seu bem.4. O valor indenizatório fixado na sentença é suficiente (R$ 2.000,00). Não se aplica ao caso a taxa de juros do art. 1º-F daLei 9.494/1997 porque esta regra tem aplicação restrita às condenações da Fazenda Pública ao pagamento de salários deseus servidores.5. Recurso da ECT conhecido e desprovido. Recurso da parte autora conhecido em parte e parcialmente provido.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal

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80 - 0001154-91.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001154-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUCAS FERRAZ BARCELOS(ADVOGADO: GILMAR PEREIRA CUSTÓDIO, CLAUDIA VASCONCELLOS SCHMIDT.) x EMPRESA BRASILEIRA DECORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT (ADVOGADO: VINÍCIUS RIETH DE MORAES.).RECURSO 0001154-91.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS – ECTRECORRIDO: LUCAS FERRAZ BARCELOS

EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS. EXTRAVIO DE DOCUMENTOSDESTINADOS À INSCRIÇÃO DO AUTOR NO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO E ESPECIALIZAÇÃO EMGASTROENTEROLOGIA NO HOSPITAL BENEFICÊNCIA PORTUGUESA. AUSÊNCIA DE DECLARAÇÃO DECONTEÚDO. SÚMULA 59/TNU. CONTEÚDO DA CORRESPONDÊNCIA CABALMENTE DEMONSTRADO. DANOSMATERIAL E IMATERIAL CONFIGURADOS. REDUÇÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANO IMATERIAL PARAR$ 10.000,00.

1. A ECT recorreu da sentença que a condenou a pagar indenização por danos materiais (valor da postagem) e morais (R$15.000,00) pelo extravio de SEDEX remetido pelo autor ao Hospital Beneficência Portuguesa/SP para fins de inscrição empós-graduação em gastroenterologia no Hospital Beneficência Porguesa, em São Paulo-SP. A recorrente alegou que oautor não declarou o conteúdo da postagem e que o fato não acarretou danos morais, além de pedir a incidência do art.1º-F da Lei 9.494/1997, com redação dada pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, aos juros e correção monetária.

2. “A ausência de declaração do objeto postado não impede a condenação da ECT a indenizar danos decorrentes doextravio, desde que o conteúdo da postagem seja demonstrado por outros meios de prova admitidos em direito.” (Súmula59/TNU). O autor demonstrou ter postado SEDEX destinado a São Paulo (fls. 6/9), em 20/01/2010 (fl. 8), que, segundo ocontrato firmado, deveria ter sido entregue até dia 22/01, termo final da inscrição. O autor comprovou haver requerido suainscrição na prova de pós-graduação no Hospital São Joaquim – Real e Benemérita Sociedade Portuguesa de Beneficência(fl. 10), mediante documento que comprova que a documentação postada pelo autor só foi recebida em 26/01/2010 – o queimpediu a concretização da inscrição.

3. O autor comprovou o conteúdo da postagem e o valor pago pelo envio do SEDEX, danos materiais que devem serindenizados.

4. Voto do Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes no sentido de dar provimento parcial ao recurso interposto pela ECTpara reduzir a indenização por danos imateriais (perda de uma chance) – tomando por base acórdão da 2ª Seção do TRFda 3ª Região no julgamento dos Embargos Infringentes 1275729 – pois “a ofensa moral teve conteúdo leve. Com efeito,embora o autor tenha perdido uma chance de ingresso em pós-graduação de respeitada instituição, o fato é que o seuingresso nessa instituição era uma hipótese que se condicionava à sua aprovação. Na linha do que decidiu o TRF da 3ªRegião, parece-me que o montante de R$ 5.000,00 configura montante suficiente para reprovar o ilícito praticado ecompensar a ofensa extrapatrimonial causada.” Voto vencedor do Juiz Federal Iorio Siqueira D’Alessandri Forti que,aderindo à fundamentação do Relator, fixou a indenização por dano imaterial no valor já atualizado de R$ 10.000,00 (fluindojuros de mora desde a data de publicação do acórdão).

5. A redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997 pelo art. 5º da Lei 11.960/2009 foi declarada inconstitucional pelo STF(ADI 4.357). Mantido, então, o percentual de juros fixado na sentença.

6. Recurso da ECT conhecido e parcialmente provido para reduzir a indenização por dano imaterial para o valor de R$10.000,00, já atualizado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal

81 - 0000622-76.2008.4.02.5054/01 (2008.50.54.000622-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EMPRESA BRASILEIRA DECORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT (ADVOGADO: VINÍCIUS RIETH DE MORAES, MATHEUS GUERINE RIEGERT.) xLUCIANO JOSÉ DA SILVA (ADVOGADO: RAFAEL ZORZANELI.).RECURSO 0000622-76.2008.4.02.5054/01RECORRENTE: ECTRECORRIDO: LUCIANO JOSÉ DA SILVA

EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS. EXTRAVIO DECORRESPONDÊNCIA REMETIDA DO EXTERIOR PARA O BRASIL. ÓCULOS DE GRAU. AUSÊNCIA DE DECLARAÇÃODE CONTEÚDO. SÚMULA 59 DA TNU. CONTEÚDO COMPROVADO. DANO IMATERIAL LEVE.

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1. A ECT recorreu da sentença que a condenou a pagar ao autor indenização por danos materiais (R$ 417,60) e imateriais(R$ 1.252,80) em razão do extravio de correspondência remetida desde os EUA (óculos de grau). A recorrente alegouausência de declaração de conteúdo da postagem e não ocorrência de danos morais, além de requerer a aplicação daregra do art. 1º-F da Lei 9.494/1997.

2. “A ausência de declaração do objeto postado não impede a condenação da ECT a indenizar danos decorrentes doextravio, desde que o conteúdo da postagem seja demonstrado por outros meios de prova admitidos em direito.” (Súmula59/TNU). O documento de fls. 18/19 (declaração de despacho) descreve o objeto postado como “New Oakley Dictate 2.0Eyeglasses Toast Black”. Demonstrado, portanto, que o conteúdo postado era um óculos.

3. O extravio é fato incontroverso. O valor do bem postado e extraviado foi demonstrado (fl. 12). Indenização por danosmateriais mantida.

4. Voto vencido do Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes no sentido de dar parcial provimento ao recurso da ECT parajulgar improcedente o pedido de indenização por danos morais, pois “Se o autor optou por comprar óculos em paísestrangeiro, cuida-se de opção válida. Mas se assim o fez, tenho que supor que o autor não estava necessitando dosóculos imediatamente. Se o autor estivesse necessitando imediatamente de um óculos – tal qual ocorre, por exemplo,quando acidentalmente o óculos usado é danificado; ou quando o mesmo se extravia e se necessita de um novo –,buscaria em várias óticas perto de casa a que em menor tempo lhe entregaria um novo. Posso presumir isso porque é oque ordinariamente acontece. A partir do momento em que o autor optou por comprar um óculos em país estrangeiro,sabedor de que a encomenda levaria alguns dias para chegar em suas mãos, tenho que supor que este par de óculos nãoera indispensável. Ou o autor já estava na posse de outro par de óculos, com os quais já desenvolvia suas atividadesrotineiras; ou o autor simplesmente não precisava com urgência de um par de óculos (o que pode ocorrer com pessoas quetem reduzido grau de correção e não dirigem). (...) O fato de ter de encetar várias diligências para localizar o produtoextraviado, embora seja fonte de muito aborrecimento, não gera, por si só, direito a uma compensação por dano moral.”

5. Voto vencedor do Juiz Federal Iorio Siqueira D’Alessandri Forti, no sentido de negar provimento ao recurso inominado:

“As diversas regras a respeito de ‘indenização’ constantes da Constituição da República permitem depreender o princípio daplena indenizabilidade dos danos, inclusive os que afetem a garantia fundamental da propriedade (art. 5º, XXI, daCRFB/1988) e suas faculdades inerentes de uso, gozo e disposição (art. 1.228 do Código Civil).

São indenizáveis não só os ‘danos materiais’ (valor patrimonial do bem material deteriorado ou extraviado, mais os lucroscessantes referidos nos arts. 402 e 403 do Código Civil) como também os ‘danos imateriais’, dos quais os danos morais(lesão a direitos da personalidade umbilicalmente ligados à dignidade da pessoa humana: integridade física e psíquica,nome, imagem, honra, liberdade) constituem apenas uma espécie. Assim, o STJ considera dano imaterial indenizável(independentemente de demonstração de qualquer prejuízo concreto), por exemplo, o corte ilegal no fornecimento deenergia elétrica (STJ, AGARESP 341514) e demora no restabelecimento do serviço (STJ, AGARESP 354180), ou privaçãodo uso do próprio imóvel por um dia (STJ, REsp 1376449).

Uma vez que a Constituição não define ‘dano material’ e ‘dano moral’, e que os Códigos Civil e de Processo Civil sequerempregam estas expressões, seu conteúdo é impreciso, devendo-se interpretar o pedido de indenização por ‘dano moral’como equivalente a indenização por ‘dano imaterial’.

Quando o fato narrado se resume a um mero aborrecimento normal da vida cotidiana, não há que se reconhecer aexistência de dano imaterial indenizável – como se lê no Enunciado 159 da III Jornada de Direito Civil do Conselho deJustiça Federal: ‘Art. 186: O dano moral, assim compreendido todo dano extrapatrimonial, não se caracteriza quando hámero aborrecimento inerente a prejuízo material.’

A questão dos danos decorrentes de extravio de correspondência sob a responsabilidade da ECT é complexa, como vistono julgamento do REsp 1.097.266, em 07/02/2013, quando o Relator, Ministro Luís Felipe Salomão, acompanhado peloMinistro Antonio Carlos Ferreira, votou no sentido de que “embora a responsabilidade dos Correios seja objetiva, nãoparece adequado o entendimento ... de que o extravio de correspondência, por si só, acarreta dano moral presumido -prescindindo, para seu reconhecimento, da efetiva demonstração do dano. É que os incisos V e X do artigo 5º daConstituição Federal - fundamentos jurídicos primaciais, em se tratando de responsabilidade civil por danosextrapatrimoniais-, consagram o direito à compensação por danos morais, correlacionando-os à violação dos direitos dapersonalidade: (...) Dessarte, o direito à reparação exsurge de condutas que ofendam direitos da personalidade, benstutelados que não têm, per se, conteúdo patrimonial, mas extrema relevância conferida pelo ordenamento jurídico, quaissejam: higidez física e psicológica, vida, liberdade, privacidade, honra, imagem, nome, direitos morais do autor de obraintelectual (v.g., direito de paternidade e integridade da obra). (...) Nessa esteira, consoante vem reconhecendo doutrina ejurisprudência, mero aborrecimento, contratempo, mágoa - inerentes à vida em sociedade -, ou excesso de sensibilidadepor aquele que afirma dano moral são insuficientes à caracterização do abalo moral, tendo em vista que esta depende daconstatação, por meio de exame objetivo e prudente arbítrio do magistrado, da real lesão a direito da personalidade daqueleque se diz ofendido: (...) Não se descarta, por óbvio, possa haver casos em que, demonstrado o extravio decorrespondência, de fato, seja reconhecida lesão à direito de personalidade do consumidor. No entanto, para que secaracterize a obrigação de reparar danos morais, não basta haver responsabilidade objetiva, é preciso que, além dodescumprimento da obrigação contratual configurado pelo extravio da correspondência, exsurja, como efeito, o dano deordem extrapatrimonial: (...)”.

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Prevaleceu, contudo, o voto do Ministro Raul Araújo, acompanhado pelos Ministros Maria Isabel Gallotti e Marco Buzzi, nosentido de que “A perda de uma correspondência é algo que normalmente acarreta aborrecimento, não para ensejarindenização em milhões de reais, mas, como bem fixou a instância federal, num montante razoável, de R$ 1.000,00 (milreais). Até em termos pedagógicos, é importante reconhecer o dano moral, para que os Correios não fiquem tãodescuidados na entrega das correspondências. Cabe lembrar que, às vezes, leva-se horas escrevendo uma carta deconteúdo meramente pessoal, sem valor econômico algum, mas de imenso valor sentimental. A pessoa destinatária de talmissiva jamais saberá o lhe fora escrito e o missivista dificilmente conseguirá reproduzir fielmente o que antes escreveu. Oconsumidor pode enviar uma correspondência simples ou registrada. Nesse segundo caso, ele tem provável interesse norastreamento e na efetiva comprovação da entrega da missiva. Desse modo, se o consumidor escolhe enviar a cartaregistrada, os Correios têm que apresentar o aviso de recebimento para quem fez a postagem, de maneira que o simplesfato da perda da correspondência, nessa hipótese, acarreta dano moral.”

No caso dos autos, se a parte autora comprou um óculos dos EUA, mesmo que o produto não seja imprescindível ouimportantíssimo, é porque crê que resultaria em incremento no seu grau de segurança/conforto, e seguramente consideroua qualidade esperada do produto adquirido, o preço em comparação com produtos similares nacionais, e o prazo estimadode entrega. O extravio da mercadoria pela ECT impede que o autor se beneficie do grau de segurança/conforto majoradoque pagou para ter dentro do prazo estimado de entrega.

Diante da privação do uso de óculos necessários à leitura e à direção de veículo automotor, deve ser mantida a sentença,que fixou indenização pelo dano imaterial leve em R$ 1.252,80.

6. O art. 5º da Lei 11.960/2009, que deu nova redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, foi declarado inconstitucional peloSTF (ADI 4.357). Mantidos os juros de mora fixados na sentença.

7. Recurso da ECT conhecido e desprovido. Ré isenta de custas. Condenação da recorrente ao pagamento de honoráriosde 10% sobre o valor do principal.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal

82 - 0004677-48.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004677-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EMPRESA BRASILEIRA DECORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT (ADVOGADO: FRANCISCO MALTA FILHO, MATHEUS GUERINE RIEGERT.) xROSELI DOS SANTOS ARAUJO BRAGA (ADVOGADO: JOSE CARLOS ROSESTOLATO REZENDE.).Autos n.º 0004677-48.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT

VOTO-EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL – EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS (ECT) – EXTRAVIO DEMERCADORIA – AUSÊNCIA DE DECLARAÇÃO DE CONTEÚDO – VIABILIDADE DA INDENIZAÇÃO – CONTEÚDOPODE SER PROVADO POR OUTROS MEIOS – SÚMULA 59 DA TNU – CONDENAÇÃO EM DANOS MATERIAIS -CONDENAÇÃO DO RÉU EM PAGAR COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL – REDUÇÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO– RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

1. A EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS – ECT, interpôs RECURSO INOMINADO contra asentença que a condenou a pagar ao autor R$ 13.950,00 a título de compensação por dano moral e R$ 562,00 porressarcimento de danos patrimoniais.

A lide: a autora reside em Guarapari e é artesã: confecciona “topo de bolo” em biscuit; recebe encomendas para fazer topode bolo de casamento e remete por meio dos correios. Em 17/02/09 recebeu uma encomenda do Rio de Janeiro; ocasamento ocorreria em 25/04/2009 e o topo de bolo levaria em conta as características do casal, ou seja, tratava-se de umtrabalho personalizado (fotos às fls. 11 e 18); elaborou o topo de bolo e o remeteu em 18/04/09, com previsão de entregaem 22/04/09, ou seja, 3 dias antes do casamento; a encomenda não foi recebida; sendo cobrada pelo contratante, no dia24/04 (1 dia antes do casamento) a ECT informou que houve extravio. Teve que refazer o trabalho, laborando toda a noite,sob tensão, e tendo de produzir obra com motivo diferente do que fora encomendado (visto que necessitava de maistempo); no dia seguinte viajou até o Rio de Janeiro com seu marido para entregar a encomenda, arcando com despesas deviagem.

A ECT, em seu recurso, alegou em síntese que: (i) não cabe condenação em danos morais, visto que a ECT efetuarapagamento, em favor da autora, de indenização relativa ao extravio do objeto postal; logo, a devida indenização foiefetivada; (ii) Não havendo declaração do valor e conteúdo do objeto postal, torna-se o mesmo desconhecido, sendoimpossível aferir-lhe o valor. (iii) os fatos não tiveram potencialidade de gerar dano moral; (iv) não houve razoabilidade nafixação da indenização; (vi) atualização monetária e juros devem seguir o disposto no artigo 1º-F da Lei nº 9.494/97 (com aredação dada pela Lei nº 11.960/09).

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É o relatório.

2. MÉRITO

2.1. Responsabilidade objetiva. Ausência de declaração de conteúdo.

A ECT afirmou que a relação entre si e autora não é de consumo, visto que a autora não era destinatária final, mas usara oserviço da ECT para finalidade profissional ou comercial. Por conseguinte, afirmou ser necessário, à luz da Lei nº 6.538/78,efetivar a declaração de conteúdo; e que tal diploma exclui o dever de indenizar quando não se faz tal declaração.

Em primeiro lugar, registro que, sendo relação de consumo ou não, a responsabilidade em questão é objetiva. Com efeito,“qualquer restrição à resposta indenizatória prevista na legislação invocada pelo demandado não poderia suplantar aadoção, pela Constituição Federal de 1988, no §6º de seu art. 37, da teoria do risco administrativo, segundo a qual,havendo relação de causa e efeito entre a atividade do agente público e o dano, responde a Administração pelo mesmo,sendo certo que, conforme ali consignado, o regramento também se aplica às pessoas jurídicas de direito privadoprestadoras de serviço público.” (TRF da 2ª Região, AC nº 200002010495224/RJ - Rel. Des. Fed. Sergio Schwaitzer, DJUde 15/02/2005).

Por outro lado, o fato de o conteúdo não ter sido declarado não impede a condenação da ECT em danos materiais relativosa extravio de correspondência, uma vez que o valor do conteúdo pode ser demonstrado por outros meios probatórios.Nesse sentido é o entendimento jurisprudencial consolidado na Súmula 59 da TNU, verbis:

A ausência de declaração do objeto postado não impede a condenação da ECT a indenizar danos decorrentes do extravio,desde que o conteúdo da postagem seja demonstrado por outros meios de prova admitidos em direito.

Registro que a tese fixada na TNU é vinculativa para as Turmas Recursais.

Logo, afasto a alegação de que seria necessário declarar o valor do conteúdo como único meio apto a viabilizar indenizaçãopelo fato do extravio da correspondência.

Tal conclusão é aplicável tanto ao dano patrimonial quanto ao dano de conteúdo moral.

2.2. As mercadorias postadas: fato suficientemente provado.

A autora alegou ter postado para o Rio de Janeiro um “topo de bolo” em biscuit, que não foi entregue ao destinatário e lhefoi restituído.

Às fls. 12 segue o comprovante de pagamento do valor da tarifa postal, indicando-se que a postagem ocorreu em 18/05/09e o peso da encomenda era de 0,551 gr, ou seja, pouco mais de meio quilograma.

Às fls. 11 e 18 seguem fotografias do topo de bolo.

Tal qual entendeu o Juízo a quo, reputo que houve suficiente comprovação do conteúdo do objeto postado.

2.3. Danos morais.

Na sentença, às fls. 69/70, o Juízo a quo assim fundamentou a razão pela qual deve haver condenação por dano moral:

“... analisando o fato provado sob a ótica da dedução e com base nas regras gerais de experiência, fundamentar-se-á aocorrência ou não do dano alegado. O fato de a entrega ter atrasado, provocando a ligação da cliente da autoradesesperada pela encomenda não ter chegado ainda, a confecção às pressas de outro produto, a necessidade dedeslocamento pessoalmente até outro estado para realizar a entrega no tempo contratado, causou um mero aborrecimentoà parte autora? É claro que não.

A profissão da requerente (artesã) como qualquer outra atividade comercial, tem como ofício lidar com clientes diariamente,conquistando-os com seu trabalho, pois dessa maneira são feitas as propagandas (pelos próprios clientes) que indicam otrabalho (quando satisfeitos) para outras pessoas, fazendo com que o nome e a atividade da autora sejam propagados nomercado. Pois bem, é certo dizer que na atividade comercial quando um serviço não é feito, ou feito com desleixo, o nomedo comerciante fica atrelado a essa má prestação do serviço, ou seja, tendo sido contratado o serviço da autora, e se suacliente ficasse sem o “topo de bolo” em seu casamento com certeza tal cliente não ficaria satisfeita gerando uma máreputação à autora, prejudicando-a no mercado de trabalho. Felizmente a requerente conseguiu contornar a situação, eentregar um novo topo de bolo à sua cliente. Não obstante, de acordo com o relato da autora a confecção demora em tornode 12 (doze) dias, e desta vez teve de preparar em apenas 1 (um) dia sob constante pressão pois havia o receio de nãoconseguir terminar a tempo de entregar à sua cliente, uma vez que ainda deveria enfrentar uma viagem (com todos osriscos inerentes a uma viagem de automóvel) para outro estado, passando por mais uma desgastante fase para concluirsua obrigação para com sua cliente. Como negar que toda essa jornada de trabalho não configure um dano moral à autora?Desnecessários maiores delongas, o dano moral está configurado.”

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A matéria foi suficientemente considerada na sentença. Adoto essa fundamentação para concluir que era necessário fixarcompensação por dano moral.

2.3. Quantum da indenização por danos morais: alegação de ausência de razoabilidade.

O Juízo a quo fixou o valor da compensação em R$13.950,00, com incidência de juros de mora de 1% ao mês, a contar doevento danoso (súmula 54, STJ).

Embora a sentença tenha declinado detalhada fundamentação, o valor parece-me desproporcional.

Analisando julgados em que se analisavam casos similares, em que houve extravio de bagagem enviada de uma empresapara outra, e entrega tardia de três vestidos encomendados a um estilista, os TRF’s da 2ª e 1ª Regiões respectivamentearbitraram compensações por dano moral nos montantes de R$ 5.000,00 e R$ 4.000,00. Eis as ementas:

APELAÇÃO CÍVEL. DANOS MORAIS E MATERIAIS. DIREITO DO CONSUMIDOR. EXTRAVIO DE MERCADORIAS. NÃODECLARAÇÃO DOS VALORES DESPACHADOS. INEXISTÊNCIA DE VULNERABILIDADE. IMPOSSIBILIDADE DEINVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. DIREITOS DA PERSONALIDADE. PESSOA JURÍDICA. CABIMENTO. ART. 52 DOCÓDIGO CIVIL. PARCIAL PROVIMENTO. 1 - Trata-se de apelação cível interposta contra sentença que negou provimentoaos pedidos formulados em ação indenizatória por danos morais e materiais em função de extravio de bagagem. 2 - Nocaso em questão, a empresa autora narra ter efetuado venda a outra empresa situada em Curitiba, razão pela qual asmercadorias foram despachadas pelos correios, via SEDEX, não sendo entregues ao destinatário, que apenas recebeu umdos volumes totalmente violado. Após ter entrado em contato com a agência dos Correios e o fato ter sidoadministrativamente apurado pela própria ECT, concluiu-se pela extravio dos volumes, conseguintemente efetuando-se opagamento da indenização tarifada para sinistros ocorridos com mercadorias sem valor declarado. 3 -A análise davulnerabilidade do consumidor pessoa jurídica, um dos conceitos basilares do estatuto consumerista, deve ser analisadocaso a caso, sendo certo que, nessas hipóteses, presume-se que a sociedade empresária tem meios de se resguardarjurídica e economicamente, com vistas a obter informações para garantir a segurança de suas atividades. Dessa forma, nãose pode ter a ECT falhado no seu dever de informar sobre a possibilidade de declarar os valores, considerando-se, assim,terem sido os danos materiais ressarcidos. 4 - Por outro lado, o inadimplemento do serviço contratado por meio do extravioe violação da correspondência remetida, torna certo o prejuízo moral da pessoa jurídica. Com efeito, o art. 52, do CódigoCivil prevê a aplicabilidade dos direitos da personalidade à pessoa jurídica no que couberem, restando indubitável o direito aproteção ao seu nome, imagem e honra objetiva. 5 - O dano indenizatório deve ser fixado de acordo com a extensão dodano, devendo o magistrado estar pautado pelos critérios de proporcionalidade e razoabilidade, visando evitar oenriquecimento ilícito e, por outro lado, manter a eficiência do caráter pedagógico inerente à condenação, o qual visaimpedir a reincidência das práticas ilícitas. Indenização fixada em R$ 5.000,00 (cinco mil reais). 6 - Apelação parcialmenteprovida. (AC 200850010012704 - AC - APELAÇÃO CIVEL – 466383. Relator(a) Desembargadora Federal CARMENSILVIA LIMA DE ARRUDA Sigla do órgão TRF2 Órgão julgador SEXTA TURMA ESPECIALIZADA. Fonte E-DJF2R -Data::25/07/2011 - Página::137138)

RESPONSABILIDADE CIVIL. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS (ECT). ATRASO NA ENTREGADE SEDEX CONTENDO MERCADORIAS VENDIDAS. DEVOLUÇÃO. ESTILISTA INICIANTE. DANO MORAL.CONFIGURAÇÃO. QUANTIFICAÇÃO. RAZOABILIDADE. 1. A Constituição Federal adotou a teoria da responsabilidadeobjetiva da Administração Publica por atos de seus agentes, bastando para sua caracterização que a vítima demonstre odano e o nexo causal (art. 37, § 6º). Assim, sob a ótica constitucional, a responsabilidade da Administração Publica éafastada em caso de fato da vítima ou de terceiro, força maior ou caso fortuito. 2. Nos termos do art. 14 da Lei n.8.078/1990, o fornecedor de serviços responde objetivamente pelos danos causados ao consumidor, decorrentes deserviços defeituosos, eximindo-se, porém do dever de indenizar na hipótese de culpa exclusiva do consumidor ou deterceiro. 3. Consoante jurisprudência deste Tribunal, a ECT responde objetivamente pelo extravio de correspondência, porfalta do serviço, mesmo que o remetente não tenha declarado o conteúdo. 4. No caso, a conduta da ECT causou exposiçãonegativa da imagem da autora, estilista iniciante, que, em razão de falha no serviço postal, entregou três vestidos, "de altacostura", após a data do evento festivo em que seriam utilizados, causando a devolução da encomenda. 5. Na quantificaçãodo dano moral devem ser consideradas as circunstâncias e peculiaridades do caso, as condições econômicas das partes, amenor ou maior compreensão do ilícito, a repercussão do fato e a eventual participação do ofendido para configuração doevento danoso. A indenização deve ser arbitrada em valor que se revele suficiente a desestimular a prática reiterada daprestação de serviço defeituosa e ainda evitar o enriquecimento sem causa da parte que sofre o dano. À vista dessescritérios e de precedentes desta Corte sobre o assunto, deve ser elevada a condenação da ECT pelos danos moraiscausados, para R$ 4.000,00.(quatro mil reais), que deve ser acrescido de juros de mora desde a data do evento danoso. 6.Nega-se provimento ao recurso de apelação da ECT. Dá-se parcial provimento ao recurso adesivo. (AC 200238000070569- AC - APELAÇÃO CIVEL – 200238000070569. Relator(a) JUIZ FEDERAL RODRIGO NAVARRO DE OLIVEIRA. Sigla doórgão TRF1 Órgão julgador 4ª TURMA SUPLEMENTAR. Fonte e-DJF1 DATA:07/06/2013 PAGINA:1402)

Os critérios parecem-me aplicáveis; embora o presente caso seja evidentemente diferente dos dois mencionados acima,decerto que não houve produção de prova oral (audiência de instrução e julgamento) tendente a demonstrar que osproblemas causados à parte autora pelo extravio hajam sido tão desproporcionais que justifiquem o arbitramento deindenização em patamar superior ao que fora fixado nos dois casos acima mencionados.

Dentro desse contexto, reputando como leve o dano moral gerado, tal qual o reputou leve o Juízo a quo, mas tendo por

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parâmetros os valores fixados nos dois casos antes referidos, entendo como suficiente para reparar o dano moral gerado oarbitramento de indenização no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais).

O critério de juros e correção monetária são os fixados na sentença.

4. Juros de mora.

Incabível a aplicação do artigo 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 11.960/09, tal qualpretende a ECT. Com efeito, em julgamento recente, o STF afirmou ser inconstitucional o referido dispositivo, como sedepreende do teor da notícia lançada no Informativo nº 697 daquela Corte, verbis:

Precatório: regime especial e EC 62/2009 - 19

Por outro lado, registrou que os critérios de fixação de juros moratórios deveriam ser idênticos para a Fazenda e para osparticulares e, existente divergência entre os índices previstos para uma mesma situação, dever-se-ia prestigiar o critérioalbergado por dispositivo de maior magnitude hierárquica. No caso, os juros moratórios incidentes sobre condenaçõesjudiciais teriam sido fixados, para o devedor público, de forma genérica no plano constitucional. Deveriam ser, assim,aplicados de forma igualmente genérica aos devedores particulares da Fazenda. Dessa maneira, existente índiceconstitucional bem definido para todas as condenações judiciais da Fazenda, este deveria ser aplicado ao devedorparticular na mesma extensão em que o seria ao Poder Público. No ponto, divergiu do relator para rejeitar a alegação deinconstitucionalidade do art. 100, § 12, da CF, na parte em que fixado o índice de juros moratórios devidos pela Fazendaem valor equivalente à remuneração básica da caderneta de poupança, critério que deveria ser aplicado de imediato aosdevedores privados da Fazenda, cujos débitos decorressem de decisão judicial transitada em julgado. Além disso, reputouprocedente em parte a inconstitucionalidade por arrastamento da nova redação dada ao art. 1º-F da Lei 9.494/97 (“Nascondenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária,remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índicesoficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança”). Assinalou que a invalidade da sistemáticaconstitucional de juros e de atualização monetária nos precatórios retiraria o amparo do aludido dispositivo, já que fulminadoseu fundamento constitucional (CF, art. 100, § 12). Declarou inconstitucional a referência à “atualização monetária” contidano texto de lei, mas rejeitou a inconstitucionalidade quanto ao regime de juros moratórios, desde que incidente de formarecíproca para o Estado e o cidadão. Após sinalizar, a respeito do regime especial de pagamento (CF, art. 100, § 15; eADCT, art. 97), que acompanharia o relator para declarar a inconstitucionalidade dos dispositivos, ao considerar ainvalidade da moratória, sob fundamento de violação ao Estado de Direito; ao devido processo legal; ao livre e eficazacesso ao Judiciário; e à duração razoável dos processos, o julgamento foi suspenso.ADI 4357/DF, rel. Min. Ayres Britto, 6 e 7.3.2013. (ADI-4357)ADI 4425/DF, rel. Min. Ayres Britto, 6 e 7.3.2013. (ADI-4425)

Conclusão: persiste a sistemática de juros de mora e de atualização monetária fixadas na sentença.

5. Em face do exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso da ECT, a fim de reduzir para o patamar de R$4.000,00 (quatro mil reais) o valor da condenação relativa à compensação por danos morais.

Persiste a sistemática de juros de mora e de atualização monetária fixadas na sentença.

Custas ex lege. Sem honorários. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

83 - 0000952-45.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000952-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.) x LUNALVA GOMES SOARES.RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000952-45.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000952-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: LUNALVA GOMES SOARESRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – LAUDOS PARTICULARES SUFICIENTES PARA ATESTAR A

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INCAPACIDADE LABORAL TOTAL E DEFINITIVA – CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS.1. O INSS interpôs recurso da sentença que julgou procedente o pedido de concessão de auxílio-doença e a sua conversãoem aposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente que a prova pericial foi enfática ao concluir pela capacidadelaborativa da parte autora e que a sentença apenas se ateve à análise dos laudos médicos particulares.2. A autora, auxiliar de laboratório, atualmente com 61 anos de idade, alega não possuir capacidade para exercer suasatividades laborais por ser portadora de doença ortopédica. Segundo os dados do Cadastro Nacional de InformaçõesSociais – CNIS, manteve vínculos empregatícios formais pelos períodos de 01.11.1976 a 20.06.1980 (CNPJ nãocadastrado), de 05.08.1982 a 18.09.1997 (SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO), de 01.09.1999 a 08.07.2009(LABORATÓRIO BIOANÁLISES LTDA). Não mantém vínculo empregatício atualmente. Goza benefício previdenciário(auxílio-doença) desde 14.06.2004 (Sistema PLENUS).3. A perícia judicial realizada em 20.10.2011 (fl. 63) esclarece que a autora está acometida de espondiloartrose lombarinsipiente, com sintomas desde 2004 (dor lombar e limitação dos movimentos), e que, todavia, não estaria incapacitadapara o exercício de sua atividade habitual de auxiliar de laboratório.4. O laudo médico apresentado de fl. 14, assinado em 12.06.2008, por um médico ortopedista, revela que a autora seriaportadora de doença inflamatória, crônica e irreversível do sistema músculo-esquelético (artrite reumatoide soropositiva),com quadro clínico de dor muscular e com limitação funcional. O laudo médico particular apresentado à fl. 41, elaborado em20.11.2009, por um médico reumatologista, por sua vez, aponta que a autora sofre da doença ortopédica supracitada e que,em razão de ser degenerativa e causar dor na coluna vertebral, ela não estaria capaz para exercer suas atividadeslaborativas. Os demais documentos particulares (resultados de exames – fls. 27-20, 44-46 e 80-82) demonstram que aautora, em razão da doença, vem, ao longo dos anos, se submetendo a tratamento médico, para diagnosticar melhor amoléstia e tratá-la com um especialista. Com base em tais elementos e analisando as condições pessoais da autora, asentença recorrida julgou procedente o pedido de conversão de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez,contrariando a perícia judicial.5. A autora foi diagnosticada como sendo portadora de espondiloartrose lombar, doença degenerativa que causa dormuscular e limitação funcional, sendo considerada permanentemente incapaz para sua atividade habitual. Tanto é verdadeque ela goza o benefício previdenciário de auxílio-doença desde 14.06.2004. Os vários elementos, nos autos, levam aconcluir que restaram preenchidos os requisitos necessários para a concessão do benefício pleiteado. A autora, com quasevinte e três anos de contribuição, possui idade avançada (61 anos), não cursou o ensino superior (ensino médio completo)e, desde 01.09.1999, exerceu a função de auxiliar de laboratório, não sendo viável a sua inserção no mercado de trabalho.6. Com fundamento no art. 436 do CPC, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção comoutros elementos ou fatos provados nos autos. Os laudos médicos particulares estão em consonância com os demaisdocumentos apresentados (resultados de exames), que revelam que a autora está incapacitada definitivamente para otrabalho.7. A análise das condições pessoais, bem como da moléstia que lhe acomete, demonstra que a autora está incapacitada deforma total e permanente para o exercício de atividades laborativas, o que induz à concessão de aposentadoria porinvalidez.8. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas, na forma da lei. Condenação do recorrente ao pagamento dehonorários advocatícios em 10% sobre o valor atribuído à causa.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 1ª Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal Relator

84 - 0000568-76.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000568-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.) x LENI BEZERRA APOLINARIO (ADVOGADO: ELYANDERSON AUGUSTO F.DE SOUZA, EDIVAN FOSSE DA SILVA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000568-76.2009.4.02.5054/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRECORRIDO: LENI BEZERRA APOLINARIORELATOR: JUIZ FEDERAL DR. IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – REQUISITOS PREENCHIDOS – INÍCIO DE PROVA MATERIALCORROBORADA POR PROVA TESTEMUNHAL – QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL DO DE CUJUSCOMPROVADA À ÉPOCA DO ÓBITO.1. O INSS interpôs recurso da sentença que julgou procedente o pedido de concessão de pensão por morte, ante aconstatação de que, no momento do óbito, o instituidor era segurado do RGPS na qualidade de segurado especial(trabalhador rural). O recorrente alega que o falecido não detinha a qualidade de segurado na data do óbito e que a decisãofoi baseada exclusivamente em prova testemunhal, violando a orientação consagrada na Súmula 149 do STJ. Semcontrarrazões.

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2. O cônjuge da parte autora faleceu em 02.10.2006. A fim de comprovar a qualidade de segurado especial do falecido, aautora juntou, aos autos, diversos documentos, dentre os quais se destaca a certidão de casamento à fl. 17, revelando aprofissão de agricultor e a ficha cadastral à fl. 21, emitida em 05.01.2006, que consigna a qualidade de trabalhador rural. Asnotas fiscais apresentadas às fls. 14-15 e 19-20, todas emitidas em 2006, revelam que o endereço do de cujus estálocalizado em área rural (Córrego do Pião, Pancas/ES). As certidões às fls. 30-31, por seu turno, expedidas pela JustiçaEleitoral em setembro/2008, demonstram que o cadastro do falecido, na 23ª Zona Eleitoral de Barra de São Francisco/ES,aponta a ocupação de agricultor. Tais documentos constituem início de prova documental do direito alegado.3. As testemunhas ouvidas em juízo foram unânimes em afirmar que o instituidor da pensão exerceu labor rural em regimede economia familiar, esclarecendo que, esporadicamente, trabalhou como pedreiro, o que não descaracteriza a condiçãode segurado especial do de cujus.4. As provas documentais anexadas ao processo, complementadas pela prova testemunhal, comprovam a condição detrabalhador rural em regime de economia familiar do falecido, autorizando a conclusão de que ele era segurado do RGPSno momento do óbito. A existência de vínculos urbanos no CNIS do de cujus não têm força para excluir o direito aobenefício, pois se referem a curtos períodos de muitos anos atrás – 1982, 1983, 1984 e 1993 (fl. 96).5. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Condenação do recorrente vencidoao pagamento de honorários advocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos doartigo 55, caput, da Lei 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal Relator

85 - 0001401-09.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001401-1/01) LANA MARIA DA VITORIA (ADVOGADO: ROSEMARYMACHADO DE PAULA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETOMONTEIRO ROTHEN.).RECURSO Nº 0001401-09.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: LANA MARIA DA VITÓRIARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ –INCAPACIDADE TOTAL EPERMANENTE NÃO COMPROVADA.1. A parte autora interpôs recurso da sentença que julgou procedente o pedido de restabelecimento do auxílio-doença, masindeferiu o pedido de conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente que se encontra total edefinitivamente incapacitada para qualquer atividade laboral, em especial ao se considerar a evolução de suas patologias eo caráter irreversível delas. Alega que necessita de acompanhante para sair de casa, em razão das crises convulsivasfrequentes.2. A recorrente, atualmente com 49 (quarenta e nove) anos de idade, alega possuir cisticercose do sistema nervoso central;episódio depressivo grave com sintomas psicóticos; epilepsia e síndromes epiléticas idiopáticas definidas por sualocalização; psicose não-orgânica não especificada e inflamação coriorretiniana focal. Juntou, aos autos, documentosmédicos que confirmam a existência das doenças alegadas, bem como atestam sua incapacidade laborativa. É o queevidenciam os atestados às fls. 12, 13, 16, 17, 18, 19, 22, 87 e 124, datados, respectivamente, em 02/02/2009, 04/12/2008,26/11/2008, 25/11/2008, 24/07/2008, 28/02/2007, 17/11/2008, 23/04/2012 e 23/02/2013, assinados por médicos distintos.Registre-se que ela gozou do benefício de auxílio-doença em 2004 e 2008.3. A controvérsia cinge-se à aferição da incapacidade total da parte autora. De acordo com os laudos periciais produzidosem juízo (fls. 33-35 e 55-61), a parte autora não teria incapacidade laboral do ponto de vista psíquico e, embora sofra deepilepsia, o perito com especialidade em neurologia não encontrou incapacidade laborativa, temporária ou definitiva.Contudo, o magistrado a quo não considerou os laudos periciais produzidos nestes autos, mas os laudos particularestrazidos pelo autor da demanda, para restabelecer o benefício de auxílio-doença.4. A alegação da autora de que seu estado de saúde seria irreversível não encontra guarida em nenhuma declaraçãomédica, sendo, pois, vaga e infundada. O laudo apresentado à fl. 124, por sua vez, somente atesta que a parte autoranecessita ser acompanhada durante a locomoção. Assim, a autora não conseguiu demonstrar sua incapacidade laboraltotal e permanente.5. Recurso da autora conhecido e desprovido. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais ede honorários advocatícios em R$ 300,00 (art. 20, § 4°, do CPC). Contudo, ante a assistência judiciári a gratuita deferida à fl.27, fica suspensa a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/1950.

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 1ª Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal Relator

86 - 0001110-06.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001110-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x DERONITA TEIXEIRA GALOTE (ADVOGADO: CLEUSINEIA L.PINTO DA COSTA, ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA.).RECURSO DE SENTENÇA N° 0001110-06.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: DERONITA TEIXEIRA GALOTERELATOR: JUIZ FEDERAL DR. IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADA ESPECIAL – PRESENÇA DE INÍCIO DEPROVA MATERIAL – PROVA TESTEMUNHAL.1. O INSS interpôs recurso da sentença de fls. 116-119, que julgou procedente o pedido de aposentadoria rural por idade,com DIB na data do requerimento administrativo. Em razões de recurso, a autarquia sustenta que não houve início de provasuficiente para comprovar atividade rural e ainda que os documentos apresentados pela autora foram confeccionados como nítido intuito de beneficiar a recorrida, constando inclusive contradições que não foram explicadas pela parte autora. Porfim, postula a reforma da sentença. Contrarrazões de fls. 128-136.2. Os elementos de prova produzidos nos autos revelam-se suficientes à demonstração da condição de segurado especialda parte recorrida e do labor rural pelo tempo de carência exigido em lei. A autora juntou, aos autos do processo, a título deinício de prova material, os seguintes documentos: i) contratos de parceria agrícola datados em agosto/2000 edezembro/2006 (fls. 29 e 38); ii) declaração da Secretaria da Saúde do ES datada em dezembro/1988 constando aprofissão de lavradora (fl. 23); iii) prontuário médico expedido à fl. 26, em outubro/2000, revelando a profissão de lavradora;iv) documentos de informação e atualização cadastral do ITR da propriedade em que trabalhava como meeira (fls. 33-37);v) comprovante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ibatiba/ES (fl. 43); vi) declaração assinada por Alcides HenriqueGalote afirmando que trabalhava em atividades rurais como meeira no período de 01.10.1989 a 07.08.2000 em suapropriedade cadastrada sob o INCRA n° 502.120.104.7 01-9 (fl. 28).3. A diversidade das provas apresentadas afasta a alegação recursal de que os documentos apresentados pela autoraforam confeccionados com o nítido intuito de beneficiá-la. Não haveria contradição das informações constantes nosdocumentos apresentados, porque os elementos, de maneira englobada, demonstraram que a autora exerceu atividaderural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício pleiteado. Há provade que a própria autarquia ré concedeu auxílio-doença à autora como segurada especial na qualidade de trabalhadora rural(fl. 96).4. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) já consolidou o entendimento de que, existindo início de provamaterial a corroborar os depoimentos testemunhais, não há como deixar de reconhecer o direito da parte autora àconcessão da aposentadoria por idade de trabalhador rural. Isso em razão das dificuldades encontradas pelostrabalhadores do campo para comprovar o seu efetivo exercício no meio agrícola, em especial a mulher, cujos documentoscomumente se apresentam em nome do cônjuge (AgRg no Ag 634134 / SP, rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, pub. DJ29/8/2005, unânime, Quinta Turma).5. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sentença mantida.6. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios no montantede 10% sobre o valor da condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

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Juiz Federal Relator

87 - 0000871-90.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000871-0/01) FLORINDA SCHULTZ DE ANDRADE (ADVOGADO: MARIAISABEL PONTINI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000871-90.2009.4.02.5054/01RECORRENTE: FLORINDA SCHULTZ DE ANDRADERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DEINCAPACIDADE LABORAL PELA PERÍCIA JUDICIAL – LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARA ATESTAR AINCAPACIDADE PARA O TRABALHO.1. A parte autora interpôs recurso da sentença que julgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-doença e suaconversão em aposentadoria por invalidez. A recorrente sustenta ser portadora de doença ortopédica (lombalgia).Argumenta que a referida patologia a incapacita total e definitivamente para o labor, haja vista que a impede de realizaratividades inerentes à sua profissão de lavradora, tais como pegar peso e capinar. Alega, ainda, que houve cerceamento dedefesa, na medida em que lhe foi negada realização de nova perícia.2. A autora relaciona o cerceamento de sua defesa à negativa de realização de nova perícia. Verifico que foram realizadasduas perícias no curso do processo. Determinada a primeira perícia, a autora foi intimada para apresentar quesitos e indicarassistente técnico, todavia ficou inerte. Não obstante, o perito judicial respondeu a todas as perguntas formuladas peloINSS e pelo Juízo (às fls. 41-44). Determinada a segunda perícia, a autora foi novamente intimada para apresentar osquesitos e indicar o assistente técnico, mas ficou também inerte. O perito judicial, por seu turno, respondeu a todos osquestionamentos da autarquia previdenciária e do Juízo (fls. 54-57). Ambas as perícias demonstraram uma análisesuficiente para se aferir o estado de capacidade laboral da autora e, por isso, não se vislumbra cerceamento de defesa.3. A autora, trabalhadora rural, atualmente com 53 anos de idade, alega não possuir capacidade para exercer suasatividades laborais por ser portadora de lombalgia. Gozou benefícios previdenciários nos períodos de 08.03.2004 a08.05.2004 e de 06.03.2006 a 15.12.2006.4. O laudo médico particular acostado à fl. 11, datado em 07.11.2008, relata que a autora apresentava sintomas delombociatalgia direita há vários anos, caracterizada com dor de caráter progressivo e intenso. Consignou o médico que aautora não teria condições de exercer as suas atividades laborais devido à moléstia denegerativa crônica da coluna lombare artropatia de grandes articulações associadas. Os outros laudos médicos particulares acostados às fl. 13, 14 e 37,datados, respectivamente, em 05.08.2009, 20.11.2009 e 22.09.2010, apresentaram o mesmo diagnóstico. O de fl. 14 frisouque ela estaria definitivamente incapacitada para exercer suas atividades laborais. O último laudo médico apresentado à fl.37, datado em 2010, contudo, somente atesta que a autora teria espondildiscopatia e estaria, naquele momento,impossibilitada de exercer as suas atividades laborais.5. A primeira perícia judicial realizada em 08.04.2011 (fls. 41-44) demonstrou que a recorrente, embora seja portadora delombalgia, estaria capacitada, no momento, para o desempenho da atividade laboral habitual, destacando que a moléstiaverificada teria início em 2006. Consignou o expert que a autora, não obstante possuir dificuldades para pegar peso erealizar movimentos rápidos, não estaria incapacitada para o trabalho no campo. A segunda perícia judicial realizada em02.03.2012 (fls. 54-61), por seu turno, atesta que autora manifesta lombalgia, de caráter degenenativo, e que, todavia,estaria apta ao trabalho rural naquele momento, pois não apresentava déficit motor ou sensitivo, destacando o perito que aenfermidade inclusive poderia ser controlada com tratamento de fisioterapia. Consignou ainda o expert que doença teria semanifestado há seis anos.6. Os documentos particulares juntados pela recorrente não são suficientes para afastar a conclusão das perícias oficiais.Isso porque, embora a autora seja portadora de lombalgia em estado evolutivo, não há elementos, nos autos, que afirmem,de forma inequívoca, que ela estaria totalmente incapacitada para o labor tanto no momento dos requerimentos deauxílio-doença na esfera administrativa (27.11.2008 e 17.08.2009) como atualmente, seja de forma temporária ou definitiva.7. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custasprocessuais e de honorários advocatícios em R$ 300,00 (art. 20, § 4º, do CPC). Contudo, ante a assistência judiciáriagratuita deferida, fica suspensa a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 1ª Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal Relator

88 - 0002175-36.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002175-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x LUIS ALVES BARBOSA (ADVOGADO: ANDRE MIRANDA VICOSA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0002175-36.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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RECORRIDO: LUIS ALVES BARBOSARELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA ESPECIAL – PEDIDO DE DESISTÊNCIA DA AÇÃO – OITIVA DA PARTECONTRÁRIA – RENÚNCIA AO DIREITO EM QUE SE FUNDA A AÇÃO.1. O INSS interpôs recurso da sentença que julgou extinto o feito, sem a resolução do mérito, na forma do art. 267, VIII, doCPC, ante o pedido de desistência formulado pela parte autora. Alega a recorrente que o autor, de forma ardilosa, requereua extinção do processo após ter ciência do laudo pericial que lhe era desfavorável. Aponta que o julgado recorrido nãojustificou a incompatibilidade do art. 267, § 4°, d o CPC com o microssistema dos Juizados Especiais, destacando o art. 3ºda Lei 9.469/1997, que condiciona a aceitação do pedido de desistência da ação à renúncia ao direito em que se funda ademanda.2. Segundo o art. 267, § 4º, do CPC, após o oferecimento da resposta, é defeso ao autor desistir da ação sem oconsentimento do réu. Essa regra impositiva decorre da bilateralidade formada no processo, assistindo igualmente ao réu odireito de solucionar o conflito. O art. 3º da Lei 9.469/1997 disciplina que o ente público poderá concordar com o pedido dedesistência da ação nas causas de quaisquer valores, desde que o autor renuncie expressamente ao direito sobre o qual sefunda a ação, sendo esse motivo suficiente para obstar a homologação do pedido de desistência.3. Recurso do INSS conhecido e provido para anular a sentença recorrida.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal Relator

89 - 0000006-39.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000006-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.) x BEATRIZ DOS SANTOS ALVES (ADVOGADO: ARILSONCARDOSO CAETANO.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000006-39.2010.4.02.5052/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: BEATRIZ DOS SANTOS ALVESRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

AUXÍLIO-DOENÇA – NÃO CONFIGURADA A INCAPACIDADE LABORAL TOTAL E DEFINITIVA – DIB FIXADACONSIDERANDO HISTÓRICO DE SAÚDE DA AUTORA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.1. O INSS interpôs recurso de sentença de fls. 114-117, que julgou procedente o pedido autoral de restabelecimento dobenefício auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez, com DIB na data do ajuizamento da ação(07.01.2010). Em razões de recurso, a autarquia previdenciária alega que a perícia judicial constatou que a incapacidadepara o trabalho seria temporária e que, além disso, seria impossível aferir a data do início da incapacidade laboral. Frisaque o fato de a doença ser de difícil controle não gera a incapacidade total e definitiva para o trabalho. Aponta também que,na data da juntada do laudo aos autos, a autora não detinha mais a qualidade de segurada.2. A perícia judicial datada em 17.12.2011, conforme laudo de fls. 101-105, constatou que a autora seria portadora dehipertensão arterial maligna, de difícil controle, concluindo que haveria, no caso, incapacidade temporária para o trabalho.Consignou o expert que a autora teria apresentado descompensação da pressão arterial no momento da perícia e que,embora os laudos particulares apresentados demonstrassem que a doença tivera início em 18.10.2007, não seria possívelafirmar a data exata do início da incapacidade laboral. O laudo médico particular acostado à fl. 22, datado em 19.09.2007,também revela que a autora seria portadora da moléstia em questão e que, em razão disso, estaria impossibilitada paraexercer suas atividades laborais (servente/auxiliar de serviços gerais). Os demais documentos particulares demonstramque autora vem submetendo a tratamento de saúde, em razão da doença verificada nos laudos médicos supracitados.3. A autora, atualmente com 55 anos de idade, possui o grau de escolaridade até a 4º série do Ensino Fundamental eexerce o ofício de servente (auxiliar de serviços gerais). O Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) demonstraque ela exerceu atividades remuneradas no período de 01.06.1984 a 06.03.2007 (fl. 113).4. A autora necessita de plena aptidão física para realizar de maneira satisfatória sua atividade laboral (servente/auxiliar deserviços gerais). Pelo que se observa, ela apenas trabalhou como servente/auxiliar de serviços gerais, atividade que exigegrande esforço físico. Por outro lado, tanto a perícia judicial quanto os laudos médicos particulares não revelaram aincapacidade total e permanente da recorrida para o trabalho, motivo pelo qual se observa que ela não faz jus ao benefíciode aposentadoria por invalidez. O perito judicial, na verdade, foi bem claro ao expor que a incapacidade laboral, no caso,seria temporária, pelo prazo de noventa dias. Por ser incapacidade temporária para o trabalho, é devido tão-somente oauxílio-doença.

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5. Quanto à data de início da incapacidade laboral, os elementos dos autos demonstram que, no momento do requerimentoadministrativo do auxílio-doença, em 01.06.2007 (fl. 17), a incapacidade laboral já estava manifestada, em especial o laudomédico particular às fls. 43-49, datado em 04.02.2004, tanto é verdade que o Cadastro Nacional de Informações Sociais(CNIS) não revela nenhum vínculo de trabalho após o pedido em questão.6. Com relação à qualidade de segurada da autora, considerando que o último vínculo de trabalho se encerrou em06.03.2007, conforme fl. 113, e que o requerimento administrativo do auxílio-doença foi protocolizado, na autarquiaprevidenciária, em 01.06.2007 (fl. 17), mantinha a autora a qualidade de segurada nessa data.7. Recurso do INSS conhecido e parcialmente provido, para afastar a conversão do auxílio-doença em aposentadoria porinvalidez. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Sem a condenação de honorários advocatícios (Enunciado nº 97 doFONAJEF).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 1ª Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PARCIALPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal Relator

90 - 0000049-76.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000049-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x MARTA FERREIRA DOS SANTOS (ADVOGADO: MICHELLESANTOS DE HOLANDA.).RECURSO Nº 0000049-76.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000049-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARTA FERREIRA DOS SANTOSRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. SEGURADA ESPECIAL.EXISTÊNCIA DE VÍNCULOS URBANOS. OMISSÃO CARATERIZADA. EMBARGOS PROVIDOS.1. O INSS opôs Embargos de Declaração em face do acórdão que negou provimento ao recurso inominado interposto pelaré. Aduz o embargante que o julgado omitiu-se a respeito da existência de vínculos urbanos da parte autora e de seucônjuge.2. Há, de fato, alguns vínculos urbanos, antigos e de curta duração, que, contudo, por sua provisoriedade, não obstam oreconhecimento do direito à aposentadoria rural, pois suficientemente comprovada a atividade rural de subsistência emregime de economia familiar.3. Embargos de declaração conhecidos e providos, para acrescentar ao acórdão recorrido a fundamentação acima, semalteração do decisum.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais, daSeção Judiciária do Espírito Santo, DAR PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal – 3º Juiz Relator

91 - 0001398-85.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001398-9/01) JOSE NARBONI DE LOYOLA (ADVOGADO: Valber CruzCereza.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO.).

RECURSO DE SENTENÇA Nº 0001398-85.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001398-9/01)RECORRENTE: JOSE NARBONI DE LOYOLARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DEINCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARA ATESTAR AINCAPACIDADE.1. O autor interpôs recurso da sentença (fls. 112-113) que julgou improcedente o pedido de concessão de beneficio de

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auxílio doença/aposentadoria por invalidez. Em suas razões recursais (fls. 115-117), o recorrente, auxiliar de serviçosgerais, atualmente com 48 anos de idade, sustenta que é portador de derrame pleural tuberculoso, o que o incapacitariapara as atividades laborais habituais. Alega que os laudos juntados revelam que, além de estar incapacitado para o labor,não haveria possibilidade de reabilitação profissional. Sem contrarrazões.2. A perícia judicial (fls. 77-79) registrou que o autor é portador de seqüela de processo infeccioso pleuro-pulmonar causadopor tuberculose (resposta ao quesito 1 do INSS). Concluiu o perito que não haveria incapacidade para o trabalho, masexistiria restrição dolorosa (resposta ao quesito 8 do autor). Informa que a lesão não pode ser agravada por esforço (quesito9 do autor). Ressalta-se, ainda, que o perito judicial declarou que não haveria maneira de comprovação diagnóstica da dor(quesito 4 do autor). O laudo pericial deixa explícito, portanto, que o recorrente não padece de enfermidade passível deafastá-lo de suas atividades habituais, o que impossibilita a concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença e,principalmente, do benefício de aposentadoria por invalidez.3. Os documentos particulares juntados pelo recorrente às fls. 20-27, 86-96 e 110-111 não são suficientes para afastar aconclusão da perícia oficial. Em sua maioria, apenas indicam acompanhamento médico-laboratorial, sem deixar expressasas razões que ensejariam a incapacidade laborativa. O laudo médico e o exame mais recente (fls. 110-111), datados em19/06/2012 e 03/07/2012, também não são conclusivos quanto ao estado de incapacidade para o trabalho. Informa omédico assistente que o paciente tem lesão residual antiga e com pinçamento pleuro-diafragmático à esquerda. Dessaforma, resta concluir que o recorrente não faz jus ao benefício de auxílio-doença e, muito menos, preenche os requisitospara a concessão de aposentadoria por invalidez.4. Segundo os dados do CNIS, manteve vínculos empregatícios formais pelos períodos de 27/02/1986 a 12/06/1986(ATLANTIC VENNER DO BRASIL S A INDUSTRIA DE MADEIRAS), de 01/07/1986 a 30/07/1987 (SENTINELA SERVIÇOSDE GUARDA E VIGILANCIA LTDA-ME), de 07/01/1988 a 31/03/1989 (BRAMIX BRASILEIRA DE MARMOREEXPORTADORA S/A), de 09/06/1989 a 21/11/1990 (SEG-SERVIÇOS ESPC DE SEGURANÇA E TRANSP DE VALORESS/A), de 02/01/1993 a 30/04/1993 (MINERAÇÃO GRAMASAR LTDA), de 01/10/1993 a 11/11/1994 (FRIOSCAPDISTRIBUIDORA DE FRIOS LTDM-ME), de 10/03/1995 a 08/05/1995 (MARCAP MARMORES CAPIXABA LTDA-ME), de05/05/1995 a 07/11/1995 (MUNICIPIO DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM), de 01/11/1995 a 30/03/1999 (VIACAO FLECHABRANCA LTDA), de 27/08/2003 a 12/2004 (R C BIAZATTI-EPP), totalizando menos de onze anos de tempo decontribuição. Não se encontra trabalhando atualmente. Gozou benefícios previdenciários nos períodos de 19/12/2004 a19/07/2006 e de 18/10/2006 a 10/02/2007 (PLENUS).5. A despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância para auxiliar o julgador emseu convencimento quando os documentos médicos da parte requerente não puderem, eficientemente, comprovar aquiloque é motivo de controvérsia na lide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há como considerar os documentosapresentados pela autora em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudos particulares se mostremsuficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha no laudo oficial, hipótesesque não ocorreram no caso vertente, excluindo-se, desse modo, a necessidade de realização de nova prova técnica ou atémesmo de complementação do parecer apresentado.6. A diminuição definitiva da capacidade laborativa pode eventualmente ensejar a percepção de auxílio-doença, benefícioque não foi objeto do pedido.7. Recurso do autor conhecido e desprovido. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e dehonorários advocatícios em R$ 300,00 (art. 20, §4°, do CPC). Contudo, ante a assistência judiciária gratuita deferida, ficasuspensa a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 1ª Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal Relator

92 - 0000929-36.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000929-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x CLEMENTE TEIXEIRA DE FRANÇA (ADVOGADO: ADENILSONVIANA NERY.).RECURSO Nº 0000929-36.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000929-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: CLEMENTE TEIXEIRA DE FRANÇARELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. CONSTATDA A INCAPACIDADELABORAL TOTAL E DEFINITIVA. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA DO ART. 34,PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 10.741/2003.1. O INSS recorreu da sentença que o condenou a conceder benefício assistencial de prestação contínua. Alega orecorrente que, nos autos, não foi detectada incapacidade do autor para o exercício de qualquer atividade que garanta asua subsistência. Aponta que, além disso, a parte autora também não logrou êxito em comprovar o requisito damiserabilidade, destacando que, no grupo familiar, há um irmão portador de deficiência que já recebe o benefícioassistencial.

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2. O autor, atualmente com 66 anos de idade, alega que está incapacitado para o exercício de atividades laborais e nãopossui outros meios de prover a sua própria manutenção, tampouco possui a sua família condições para sustentá-lo. OCadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) revela que ele teve os seguintes vínculos empregatícios: de 03.03.1986 a29.09.1986 (ARACRUZ FLORESTA S/A); de 01.11.1986 a 28.08.1990 (IRMÃOS PIANNA LTDA); de 02.01.1992 a13.02.1992 (IMPAR IMPLANTAÇÃO E PAVIMENTAÇÃO DE RODOVIAS LTDA); de 01.11.1992 a 01.04.1993 (SEBASTIÃOPEDRO DE FREITAS ME); de 18.03.2003 a 08.01.2004 (EMFLORA EMPREEENDIMENTOS FLORESTAIS LTDA); e de18.04.2005 a 19.04.2005 (CALIXTO DAGOSTINI).3. A perícia médica pericial realizada em 21.07.2010 (fls. 37-39) atestou, singelamente, que o autor, embora estejaacometido de seqüela de traumatismo craniano, desde 13.08.2007, estaria capacitado para o exercício de atividadeslaborais. O documento particular acostado à fl. 10 revela que o autor, em 18.08.2007, foi levado ao Hospital Dr. Roberto A.Silvares, localizado em São Mateus/ES, em razão de atropelamento. O laudo médico juntado à fl. 11, por sua vez, relataque o autor fora vítima de atropelamento, apresentando, na ocasião (18.11.2008), “dor nos membros inferiores,traumatismo crâneo-encefálico leve com lesão constante no couro cabeludo”. O Relatório Social apresentado às fls. 16-18,por sua vez, revela que o autor, em 2007, por não ter condições físicas favoráveis, deixou de trabalhar como vigilantenoturno (relação empregatícia informal) e, logo após, foi atropelado e passou assim a sentir fortes dores na cabeça e nocorpo e a ser acompanhado por um médico especialista em neurologia. Com base em tais elementos e considerando ascondições pessoais (idade e grau de instrução), a sentença recorrida entendeu que o autor seria totalmente incapaz paraexercer atividade remunerada.4. O autor atende ao requisito de incapacidade delineado no art. 20 da Lei 8.742/1993. No laudo pericial, o médico informaque o periciado é portador de seqüela de traumatismo craniano, com início em agosto/2007. Os laudos médicos particularesapontam que o autor, em razão da moléstia, sente fortes dores no corpo e possui uma lesão constante no couro cabeludo.A situação socioeconômica e cultural do autor não favorece o desempenho de alguma atividade laborativa, mormenteporque tem baixa instrução e conta, atualmente, com 66 anos de idade.5. O magistrado não está adstrito às conclusões periciais, podendo formar o seu livre entendimento de acordo com oconjunto probatório, como a entrevista social e os exames clínicos particulares, como também as condições pessoais doautor.6. O Relatório Social apontou que o autor reside com o seu cônjuge, uma filha deficiente e duas netas. Relata que o autorestá desempregado e os membros do núcleo familiar sobrevivem com o Benefício de Prestação Continuada no valor de umsalário mínimo recebido pela filha.7. A jurisprudência amplamente majoritária das Turmas Recursais considerava que o critério do art. 20, § 3º, da Lei8.742/1993 não era absoluto para a aferição da miserabilidade da família, assim como conferia interpretação extensiva aoparágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso (Enunciado 46 das Turmas Recursais do Espírito Santo). Esta orientação foiconsolidada pelo próprio STF, que reconheceu incidentalmente a inconstitucionalidade das regras em questão, por proteçãoinsuficiente aos idosos e aos portadores de deficiências (RE 567.985 e RE 580.963), permitindo, conseqüentemente, aaferição de miserabilidade com outros parâmetros, por livre apreciação fundamentada da prova.8. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Condenação do recorrente aopagamento de honorários advocatícios de 10% sobre o valor do principal.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da 1ª Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal – 3º Juiz Relator

93 - 0000401-68.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000401-4/01) DULCILENE SPADA RAMOS (ADVOGADO: ADMILSONTEIXEIRA DA SILVA, EMILENE ROVETTA DA SILVA, ALAN ROVETTA DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000401-68.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000401-4/01)RECORRENTE: DULCILENE SPADA RAMOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DEINCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL – LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARA ATESTAR AINCAPACIDADE LABORAL.1. A autora interpôs recurso da sentença que julgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-doença ouaposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente que os laudos periciais apontaram ser portadora deespondilodiscoartrose e de depressão e que, entre 01.09.2004 e 03.09.2008, em função dos distúrbios psíquicos, esteveem gozo de auxílio-doença. Alega que os diversos elementos dos autos demonstram que a doença psíquica é crônica erecorrente e que, caso opte por continuar o tratamento médico, sofrerá os efeitos fortíssimos das medicações, com asedação do sistema nervoso central e a conseqüente incapacidade laborativa.2. A autora, auxiliar de serviços gerais, atualmente com 49 anos de idade, alega não possuir capacidade para exercer suas

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atividades laborais por ser portadora de espondilodiscoartrose e de depressão. Segundo os dados do CNIS, mantevevínculos empregatícios formais pelos períodos de 01.08.1979 a 08.01.1980 (CALÇADOS ITAPUÃ S/A), de 01.01.1988 a30.12.1988 (LIRIO`S MAGAZINE LTDA), de 01.06.1992 a 04.02.1998 e de 17.07.1998 a 01.2002 (SUPER AMERICANA DEDROGAS LTDA), de 01.10.2002 a 11.2002 (RINKÃO ORGANIZAÇÕES LTDA), de 09.07.2003 a 15.04.2009 (UNIMED SULCAPIXABA – COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO), de 26.11.2009 a 09.02.2010 (VIAÇÃO FLECHA BRANCA LTDA),e de 07.06.2013 a 10.06.2013 (SUPERMERCADOS CASAGRANDE LTDA). Não se encontra trabalhando atualmente.Gozou benefícios previdenciários nos períodos de 02.05.1993 a 30.06.1993, 29.08.2004 a 14.10.2004, 18.01.2005 a15.01.2006, 18.04.2006 a 31.08.2008 e 14.02.2010 a 15.08.2013.3. A primeira perícia judicial realizada em 17.06.2009 (fls. 107-108) demonstrou que a recorrente, embora seja portadora deespondilodiscoartrose da coluna cervical, estaria capacitada para o desempenho da atividade laboral. Consignou o expertque a autora não teria limitações de movimentos e que poderia exercer esforço físico dentro de sua atividade habitual.Quanto à depressão, destacou que a recorrente estaria sob controle ambulatorial. A segunda perícia judicial realizada em25.09.2012 (fls. 121-122), por seu turno, atesta também que a autora estaria apta ao trabalho.4. Os exames e laudos médicos particulares acostados às fls. 39-69 e 123-125, datados em 2005-2009 e 2012, revelam asdoenças verificadas pelos experts, todavia, embora muitos deles sugiram o afastamento por prazo indeterminado darecorrente de suas atividades laborativas, não foram incisivos quanto à incapacidade total e definitiva da parte autora,mesmo porque em tal período ela estava em gozo do benefício de auxílio-doença (18.01.2005 a 15.01.2006, 18.04.2006 a31.08.2008 e 14.02.2010 a 15.08.2013).5. Os documentos particulares juntados pelo recorrente não são suficientes para afastar a conclusão das perícias oficiais.Os últimos laudos médicos apresentados às fls. 124-125, datados em 2012, somente atestam que a autora teria históricode quadro depressivo e que, em razão de uma cirurgia no ombro esquerdo, estaria impossibilitada de exercer as suasatividades laborais à época e que, em razão disso, seria submetida ao tratamento de fisioterapia.6. Diante de todo acervo probatório, conclui-se que a autora encontra-se capaz para suas atividades habituais, um vez queos elementos dos autos não demonstraram ser ela incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade quelhe garanta a subsistência. Os dados do CNIS demonstram que a autora possui considerável experiência no comércio nosanos de 1980-2010 e que, no período em que esteve incapacitada para o labor, gozou do benefício de auxílio-doença.7. Recurso da autora conhecido e desprovido. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais ede honorários advocatícios em R$ 300,00 (art. 20, § 4°, do CPC). Contudo, ante a assistência judiciári a gratuita deferida,fica suspensa a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 1ª Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal Relator

94 - 0001595-40.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001595-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x ANGELO TREBES MENDES (ADVOGADO: FERNANDA RIBEIRO MAITAM,SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR.).RECURSO Nº 0001595-40.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001595-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ANGELO TREBES MENDESRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. INCAPACIDADE LABORALTOTAL E DEFINITIVA CARACTERIZADA. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA DO ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI10.741/2003.1. O INSS recorreu da sentença que o condenou a conceder benefício assistencial de prestação contínua. O recurso, emsíntese, reafirma, no contexto do art. 203, V, da CRFB/1988, o critério objetivo e rígido de aferição da miserabilidade do art.20, § 3º, da Lei 8.742/1993, bem como a conseqüente impossibilidade de interpretação extensiva do art. 34, parágrafoúnico, da Lei 10.741/2003. Sustenta ainda o recorrente que o autor estaria incapacitado apenas para o exercício deatividades que demandam esforço físico.2. A perícia judicial realizada em 27.04.2009 (fl. 42) apontou que o autor estaria acometido de miocardiopatia dilatada,doença de natureza degenerativa, que causa hipertrofia de ventrículo esquerdo, com déficit contrátil severo deste, eaumento de aurícula direito e ventrículo direito, destacando que ele estaria incapacitado para o exercício de profissão quenecessite de emprego de grande esforço físico. Realizado novo exame médico, o perito novamente se manifestou,relatando que, embora o autor possua lesão definitiva no coração (miocardiopatia dilatada), estaria ele incapacitadosomente para exercer atividades que necessitam de esforço físico.3. O laudo médico particular realizado em 14.06.2005 (fl. 14), por sua vez, atesta a moléstia supracitada e destaca que, emrazão dela, o autor estaria sem condições de exercer atividades laborativas. Outro laudo médico particular realizado em27.11.2008 também afirma que o autor não estaria capacitado para o labor. Os resultados de exames, receituários eprontuários médicos de fls. 10-13, 29, 59-61, 70-77 e 82-103 corroboram tanto o laudo pericial quanto o laudo médico

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particular e demonstram que a doença se agrava com o passar do tempo e que, há anos, o autor vem buscando otratamento da doença. A declaração do perito judicial em 06.03.2009 revela que o autor esteve internado à época, noHospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim/ES, para tratamento da doença, e os documentos de fls. 78-81 apontamque o autor também foi internado, no mesmo hospital, em maio/2004. O Relatório Social de fls. 34-35, por seu turno, relataque o autor, em razão da doença, esteve internado por 20 dias em hospital para tratamento médico e que, desde 2003, eledeixou de exercer atividade remunerada por falta de condições físicas. O Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS)revela que o autor teve vínculo empregatício de 09.10.1985 a 30.11.1985 (USINA PAINEIRAS S/A) e de 01.03.1989 a17.04.1990 (EMPRESA DE MINERAÇÃO JASERG LTDA). Com base em tais elementos, a sentença impugnada entendeuque o autor seria legitimado para usufruir o benefício assistencial.4. O autor atende ao requisito de incapacidade delineado no art. 20 da Lei 8.742/1993. No laudo pericial, o médico informaque o periciado é portador de miocardiopatia dilatada, doença de natureza degenerativa, que causa hipertrofia de ventrículoesquerdo, com déficit contrátil severo deste, e aumento de aurícula direito e ventrículo direito, o que o incapacitaria para oexercício de atividades que demandam esforço físico. Os laudos médicos particulares apontam que o autor, em razão damoléstia, estaria incapacitado para o exercício de atividades remuneradas, revelando os demais documentos que ele, aolongo dos anos, se submete a um tratamento médico severo, inclusive com mais de uma internação hospitalar. O baixograu de instrução tanto escolar quanto profissional o impede de participar plena e efetivamente na sociedade em igualdadede condições com as demais pessoas.5. O magistrado não está adstrito às conclusões periciais, podendo formar o seu livre entendimento de acordo com oconjunto probatório, como a entrevista social e os exames clínicos particulares, como também as condições pessoais doautor. O Relatório Social apontou que o autor reside com a sua genitora, hoje com mais de 65 anos de idade, uma irmã eum sobrinho menor de idade. Relata que os membros do núcleo familiar sobrevivem com a pensão por morte no valor deum salário mínimo recebido pela mãe.6. A jurisprudência amplamente majoritária das Turmas Recursais considerava que o critério do art. 20, § 3º, da Lei8.742/1993 não era absoluto para a aferição da miserabilidade da família, assim como conferia interpretação extensiva aoparágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso (Enunciado 46 das Turmas Recursais do Espírito Santo). Esta orientação foiconsolidada pelo próprio STF, que reconheceu incidentalmente a inconstitucionalidade das regras em questão, por proteçãoinsuficiente aos idosos e aos portadores de deficiências (RE 567.985 e RE 580.963), permitindo, conseqüentemente, aaferição de miserabilidade com outros parâmetros, por livre apreciação fundamentada da prova.7. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Condenação do recorrente aopagamento de honorários advocatícios de 10% sobre o valor do principal.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da 1ª Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal – 3º Juiz Relator

95 - 0001269-46.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001269-2/01) JORGE DE OLIVEIRA MATOS (ADVOGADO: SIRO DACOSTA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0001269-46.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: JORGE DE OLIVEIRA MATOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL DR. IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ –TRABALHADOR RURAL – ATENDIDA AEXIGÊNCIA DO ART. 55, § 3°, DA LEI 8.213/1991 – AUS ÊNCIA DE PROVA TESTEMUNHAL – CERCEAMENTO DEDEFESA.1. A parte autora interpôs recurso da sentença de fls. 56-57, que julgou improcedente o pedido de concessão deauxílio-doença ou aposentadoria por invalidez. Em suas razões de recurso, o recorrente sustenta que, embora a sentençatenha declarado que o trabalho rural foi comprovado apenas a partir de 2002, o documento à fl. 53 demonstraria que, noano de 1979, ele já era agricultor. Frisa que o tempo de trabalho poderia ter sido comprovado também por meio de provatestemunhal, mas não houve audiência designada nos autos. Frisa também que a perícia constatou o início daincapacidade em 1998. Ao final, postula pela reforma do julgado ou subsidiariamente pela anulação da sentença para queseja produzida a prova testemunhal. Requereu, na oportunidade, o benefício da assistência judiciária gratuita. Sem

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contrarrazões.2. A perícia judicial produzida à fl. 44, em 10.03.2010, diagnosticou que o autor padece de deficiência visual (resposta aoquesito 01), de origem traumática, que o incapacitaria parcial e definitivamente para o exercício de sua atividade laborativahabitual de lavrador (respostas aos quesitos 9 e 10 do INSS). O perito precisou a data de início da incapacidade laborativaem 1998.3. O autor afirma que sempre laborou no campo e, como elementos de prova, apresentou, na inicial, os documentos às fls.13-28 (contrato particular de parceria agrícola datado em 09.10.2002; contrato de parceria agrícola datado em 19.01.2009;declaração de parceria agrícola datada em 10.01.2006; peça inicial do processo de divórcio em que é qualificado comolavrador, protocolizada em 01.01.2004; recolhimento de contribuição à Federação dos Trabalhadores na Agricultura do ESdatado em 28.01.2009). Intimado o autor para apresentar documentos que comprovassem o labor rural no período anteriora 1999, ele apresentou tão-somente o documento de fl. 53, que trata de uma averbação da certidão de seu casamento em05.05.1979, expedida, pelo Cartório, em 17.08.2011.4. Diante do início de prova documental referente ao ano de 1979 e de 2002 em diante, apesar de sua fragilidadeprobatória, restou atendida a exigência do art. 55, § 3°, da Lei 8.213/1991, razão pela qual se deve p ermitir, ao autor, aprodução da prova testemunhal.5. Recurso da parte autora conhecido e provido, para anular a sentença. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55,caput, da Lei 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal, da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal Relator

96 - 0000527-13.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000527-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x FLAVIA SUELY LODI.RECURSO Nº 0000527-13.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000527-0/01)RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: FLAVIA SUELY LODIRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. SERVIDOR PÚBLICO.

I – COMPETÊNCIA DO JEF PARA ANULAR ATO ADMINISTRATIVO DE NATUREZA TRIBUTÁRIA.O art. 3º, § 1º, III, da Lei 10.259/2001 autoriza o pedido de anulação de ato administrativo de lançamento fiscal.II – SENTENÇA EM CONFORMIDADE COM OS ARTS. 128, 459 E 460 DO CPC.Se a parte autora pediu a repetição do indébito, não é extra petita a sentença que, valendo-se de fundamentação jurídicadiversa da ventilada na petição inicial, condenou a parte ré a operar a restituição mediante pagamento de indenização pordanos materiais.III – INOCORRÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO (ARTS. 47 DO CPC E 119 DO CTN).A relação jurídica tributária questionada diz respeito apenas à União Federal como sujeito ativo e aos servidores públicoscomo sujeitos passivos. As pessoas jurídicas de direito privado (confederação, central sindical, federação e sindicato),como destinatárias de 90% do produto da arrecadação, mantêm uma relação acessória com a União, sem integrar arelação tributária, e, portanto, não precisam figurar no pólo passivo do processo. Teriam interesse jurídico em figurar comoassistentes (art. 50 do CPC), não fosse a vedação expressa do art. 10 da Lei 9.099/1995 c/c art. 1º da Lei 10.259/2001.Registro o entendimento do Juiz Federal Dr. Boaventura João Andrade, no sentido da necessidade de formação delitisconsórcio.IV – LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO PARA RESPONDER PELA TOTALIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES.O ente público arrecadou a totalidade da contribuição sindical, sendo indiferente que tenha repassado 90% do produto paraa confederação, a central sindical, a federação e o sindicato, retendo apenas 10% na Conta Especial Emprego e Salário:caso a relação tributária de que trata o art. 119 do CTN seja invalidada, a União Federal deverá ressarcir integralmente oservidor público – sem prejuízo de, em ação autônoma, buscar reaver o que repassou às entidades privadas. Não há comoaplicar ao caso, por absoluta falta de similaridade, a orientação firmada pelo STJ (RESP 874.759) e pela TNU (PEDILEF2006.70.58001396-4) quanto à ilegitimidade da União para figurar no pólo passivo de ações de repetição de indébito deImposto de Renda devido por servidores públicos estaduais ou municipais: primeiro, porque Estado e Município, pessoas de

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direito público, são os titulares da competência para exigir o imposto sobre a renda, segundo porque é a própriaConstituição da República (arts. 157, I, e 158, I), e não mera lei ordinária, que lhes destina o produto da arrecadação.

V – SENTENÇA LÍQUIDA (ART. 52 DA LEI 9.099/1995).A sentença que determina a restituição dos valores descontados nos contracheques de período determinado é líquida,ainda que não aponte valor certo, ao qual se chegará mediante meros cálculos a partir da documentação de que a parte rédispõe.VI – CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA (ART. 8º, IV, DA CRFB/1988) x CONTRIBUIÇÃO SINDICAL (ART. 149 DACRFB/1988).A contribuição confederativa decorre de decisão tomada em Assembléia Geral, não de lei, e só é devida(compulsoriamente, independentemente de autorização) por aqueles que, voluntariamente, filiarem-se ao sindicato,inclusive servidores públicos (art. 240, “c”, da Lei 8.112/1990) (STF, ADIn 962 e RE 199019). A contribuição sindical ostentanatureza tributária, porque compulsória mesmo para os não filiados ao sindicato, dependendo de lei em sentido formal paraa sua instituição (STF, RE 198092).VII – EXTENSÃO DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL INSTITUÍDA PELOS ARTS. 578 A 591 DA CLT.Os arts. 578 a 591 da CLT foram recepcionados como suporte válido para a cobrança dacontribuição sindical compulsória. Entretanto, o art. 7º, “c”, da CLT expressamente diz que, salvo determinação expressa,seus preceitos não se aplicam aos servidores públicos, de modo que falta lei formal autorizando a cobrança, vício que não ésanado pela Instrução Normativa 01/2008 do Ministério do Trabalho e menos ainda por uso de analogia (art. 108, § 1º, doCTN). Neste sentido, correto o Parecer PGFN/CAT 1069/2009, aprovado pelo Procurador-Geral da Fazenda Nacional, nosentido da impossibilidade de cobrar contribuição sindical – espécie do gênero “tributo” – de servidores públicosestatutários, por falta de suporte em lei em sentido estrito (art. 150, I, da CRFB/1988).VIII – Recurso da União Federal conhecido e desprovido. Ré isenta de custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Semcondenação da recorrente vencida ao pagamento de honorários de sucumbência, pois a parte recorrida não constituiuadvogado (Súmula 14 das TurmasRecursais da 3ª Região).

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal – 3º Juiz Relator

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da 1ª Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal – 3º Juiz Relator

97 - 0000036-31.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000036-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MIGUEL JOÃO DA ROCHA(ADVOGADO: RAFAEL GONÇALVES VASCONCELOS, LUIZA MARTINS DE ASSIS SILVA.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).RECURSO Nº 0000036-31.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000036-1/01)RECORRENTE: MIGUEL JOÃO DA ROCHARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REVISÃO DA RMI. DECADÊNCIA PARA PLEITEAR A REVISÃO. AUSÊNCIA DE ERROMATERIAL E OMISSÃO.1. O autor opôs Embargos de Declaração em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, sob o argumento de que,embora tanto na inicial da ação quanto nas razões recursais, tenha requerido a atualização do benefício previdenciário,aplicando-se o limite máximo de R$ 1.200,00 (dezembro/1998) e R$ 2.400,00 (janeiro/2004), conforme as EmendasConstitucionais 20/1998 e 41/2003 (Revisão do Teto da Aposentadoria), desistiu do pedido de revisão do valor da

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aposentadoria antes mesmo da apreciação do recurso da sentença. Afirma que inclusive a autarquia previdenciária teriareconhecido o direito pleiteado e realizado administrativamente a correta atualização do benefício previdenciário, além deefetivar o pagamento dos valores retroativos. Com tais argumentos, suscita erro material no julgado. Alega ainda que oacórdão estaria omisso ao deixar de se pronunciar a respeito da forma de atualização do teto previdenciário, nos termos doRE 564.354, consignando que a matéria não estaria albergada pela decadência, conforme pronunciamento do PretórioExcelso.2. Se a RMI do autor foi revista pelo próprio INSS, e se, com base nisso, o autor desistiu do pedido formulado, fica afastadoo acórdão que reconheceu a decadência referida no art. 103 da Lei 8.213/1991.3. No que diz respeito à aplicação dos novos tetos, o acórdão é omisso.4. “O pedido de revisão para a adequação do valor do benefício previdenciário aos tetos estabelecidos pelas EC 20/98 e41/03 constitui pretensão de reajuste de Renda Mensal e não de revisão de RMI (Renda Mensal Inicial), pelo que não seaplica o prazo decadencial de 10 anos do artigo 103 da Lei 8213, mas apenas o prazo prescricional das parcelas”(Enunciado 66 das Turmas Recursais do Rio de Janeiro).5. Conforme contrarrazões do INSS (fls. 47-48), a pretensão do autor já foi inteiramente satisfeita, em razão de adesão aacordo nos autos da ACP 00049112820114036183.6. Embargos de declaração acolhidos para, reformando o acórdão embargado, julgar extinto o processo, sem apreciaçãodo mérito, por falta de interesse processual.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo DAR PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal – 3º Juiz Relator

98 - 0005707-16.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005707-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.) x WILLIAM SATOSHI YAMAKAWA (ADVOGADO: SATTVA BATISTA GOLTARA.).RECURSO Nº 0005707-16.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005707-0/01)RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: WILLIAM SATOSHI YAMAKAWARELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO NÃO CARACTERIZADA. ENUNCIADO Nº 97 DO FONAJEF. ÔNUSSUCUMBENCIAIS INDEVIDOS.1. Embargos de Declaração opostos às fls. 150-152 pela parte autora, apontando alegada omissão no acórdão que deixoude condenar a União Federal ao pagamento de honorários advocatícios, cujo recurso inominado foi provido em mínimaparte.2. O acórdão foi bem claro ao dispor que “provido o recurso, mesmo que em parte mínima, não se impõe a condenação daparte recorrida”, nos mesmos termos do Enunciado nº 97 do FONAJEF: “O provimento, ainda que parcial, de recursoinominado afasta a possibilidade de condenação do recorrente ao pagamento de honorários de sucumbência”.3. Embargos rejeitados.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO para afastar acondenação do INSS ao pagamento de honorários de sucumbência.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal – 3º Juiz Relator

99 - 0005616-23.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005616-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA LUCIA BRAGA DOSREIS (ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).PROCESSO 0001489-76.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: MARIA LUCIA BRAGA DOS REISRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

EMENTA

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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REVISÃO DA RMI. DECADÊNCIA PARA PLEITEAR A REVISÃO. ALEGAÇÃO DE QUEA REVISÃO FOI FEITA EM CUMPRIMENTO A SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE ACORDO EM ACP.1. A autora opôs Embargos de Declaração em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, sob o argumento de quehaveria equívoco no julgado impugnado, ante a informação de que a revisão do benefício teria ocorrido em 01/2013, porforça de decisão proferida nos autos da Ação Civil Pública 0002320-59.2012.4.03.6183, afastando-se assim a decadênciapronunciada no julgado impugnado.2. Das duas, uma: ou a autora se sujeita aos efeitos da sentença homologatória de acordo em ACP (por força da qual aRMI de seu benefício já foi revisto e as diferenças serão pagas, na via administrativa, conforme o calendário estabelecidode consensualmente entre o MPF e o INSS), ou a autora insiste na ação individual (na qual foi pronunciada a decadência).Não pode beneficiar-se parcialmente da primeira para afastar a decadência e valer-se da segunda para receber asdiferenças imediatamente.3. Ainda que assim não fosse, a questão posta em sede de embargos de declaração não constava do recurso inominado e,portanto, sequer deve ser conhecida.4. Embargos de declaração rejeitados.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa constante dosautos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal Relator

100 - 0003929-79.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003929-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) HENEDITA AMORIM(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Carolina Augusta da Rocha Rosado.).PROCESSO 0003929-79.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: HENEDITA AMORIM

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. REQUISITORENDA PER CAPITA DO GRUPO FAMILIAR INFERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO. OMISSÃO NÃO CARATERIZADA.1. O INSS opôs Embargos de Declaração em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, sob o argumento de quehaveria omissão no julgado impugnado no tocante à questão do preenchimento do requisito renda per capita do grupofamiliar inferior a ¼ do salário mínimo.2. No caso dos autos, a Turma deu provimento ao recurso inominado interposto pela parte autora, concedendo-lhe obenefício assistencial de prestação continuada. O texto do acórdão foi expresso no sentido de que estaria devidamentepreenchido, nos autos, o requisito da renda familiar per capita inferior a ¼ do salário mínimo. Nas contrarrazões ao recursoinominado, a autarquia previdenciária embargante não tratou dessa questão fática.3. A matéria posta no recurso inominado mereceu exame e desate nos limites das razões recursais.4. Os aclaratórios constituem clara inovação recursal, já que visam à apreciação de matéria que não foi oportunamentearguida, o que não se coaduna com a via eleita.5. Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal Relator

101 - 0001489-76.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001489-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AMBROSINA AMBROSIOOLIVEIRA (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).PROCESSO Nº 0001489-76.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: AMBROSINA AMBROSIO OLIVEIRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. REQUISITO

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RENDA PER CAPITA DO GRUPO FAMILIAR INFERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO. OMISSÃO NÃO CARATERIZADA.1. O INSS opôs Embargos de Declaração em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, sob o argumento de quehaveria omissão no julgado impugnado no tocante à questão do requisito renda per capita do grupo familiar inferior a ¼ dosalário mínimo.2. No caso dos autos, a Turma deu provimento ao recurso interposto pela parte autora, concedendo-lhe o benefícioassistencial de prestação continuada. O texto do acórdão foi expresso no sentido de que estaria devidamente preenchido orequisito da renda familiar per capita inferior a ¼ do salário mínimo. Nas contrarrazões ao recurso, a autarquiaprevidenciária embargante não tratou especificamente da questão fática, apenas salientando o teor do art. 203, V, daConstituição da República/1988, e do art. 20 da Lei 8.742/1993.3. A matéria posta no recurso inominado mereceu exame e desate nos limites das razões recursais, sendo descabida aalegação de que teria sido omissa quanto aos argumentos lançados na peça recursal.4. Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal Relator

102 - 0002820-93.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002820-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FRITZ OTTO WALTERAURICH E OUTROS (ADVOGADO: JALINE IGLEZIAS VIANA, MARIA DA GUIA ARAUJO GONCALVES, ANTONIOTEMPONI LEITE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGOJUNQUEIRA.).PROCESSO Nº 0002820-93.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: FRITZ OTTO WALTER AURICH (E OUTROS)RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. SUSPENSÃO DOPRAZO DECADENCIAL. OMISSÃO PROCEDENTE. CONTRADIÇÃO AFASTADA.1. Os autores opuseram Embargos de Declaração em face de acórdão que, negando provimento a recurso da parte autoracontra sentença que pronunciou a decadência do direito à revisão da RMI de benefício (art. 103 da Lei 8.213/1991), teriasido omisso a respeito dos efeitos do anterior ajuizamento – dentro do prazo decadencial – de processo idêntico em 2005,que, contudo, foi extinto sem apreciação do mérito.2. Os autores pediram a revisão da RMI de seus benefícios – todos deferidos na década de 1980 – em 23/09/2005, antesda consumação do prazo decadencial (que ocorreria em 01.08.2007).3. De fato, se o que levou à extinção daquele processo, sem apreciação do mérito, foi o número excessivo de litisconsortes(avaliação subjetiva do juiz), não se poderia considerar consumada a decadência no dia seguinte ao da publicação dasentença – já que, neste caso, o juiz deveria haver determinado o desmembramento do processo, em vez de simplesmenteextingui-lo. Há que se considerar – por questão de bom senso e de justiça – que, entre a data do ajuizamento e a data dapublicação da sentença terminativa, o prazo decadencial estaria suspenso (de 23/09/2005 a 27/06/2008) – isto é, poucomenos de dois anos e dez meses.4. Por este critério, a parte autora teria até o meio de abril de 2011 para repropor a demanda, o que foi feito em 31/03/2011.5. Embargos de declaração providos para, reformando o acórdão embargado, afastar a consumação do prazo decadenciale dar provimento ao recurso inominado da parte autora para o fim de anular a sentença, devolvendo os autos ao 2º JEF deVitória/ES.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo DAR PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal Relator

103 - 0003153-11.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.003153-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.) x EDMA ELINE DE JESUS LOUREIRO.PROCESSO N° 0003153-11.2012.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃORECORRIDO: EDMA ELINE DE JESUS LOUREIRO

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EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. SERVIDOR PÚBLICO.AUSÊNCIA DE LEI ORDINÁRIA A AUTORIZAR A COBRANÇA.1. A UNIÃO opôs Embargos de Declaração em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, sob o argumento de que ovoto e o acórdão se referem à matéria distinta daquela versada nos autos, o que demonstraria a ausência de apreciação dorecurso da sentença.2. De fato, o processo versa sobre a exigibilidade da contribuição sindical prevista no art. 578 da CLT quanto aos servidorespúblicos, enquanto o acórdão embargado, por erro material, tratou de majoração de auxílio-alimentação.3. Embargos de declaração providos para anular o acórdão anterior, passando a Turma a proferir novo julgamento, naforma do seguinte voto-ementa:“I - COMPETÊNCIA DO JEF PARA ANULAR ATO ADMINISTRATIVO DE NATUREZA TRIBUTÁRIA.1. O art. 3º, § 1º, III, da Lei 10.259/2001 autoriza o pedido de anulação de ato administrativo de lançamento fiscal.II – SENTENÇA EM CONFORMIDADE COM OS ARTS. 128, 459 E 460 DO CPC.1. Se a parte autora pediu a repetição do indébito, não é extra petita a sentença que, valendo-se de fundamentação jurídicadiversa da ventilada na petição inicial, condenou a parte ré a operar a restituição mediante pagamento de indenização pordanos materiais.III – INOCORRÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO (ARTS. 47 DO CPC E 119 DO CTN).1. A relação jurídica tributária questionada diz respeito apenas à União Federal como sujeito ativo e aos servidores públicoscomo sujeitos passivos.2. As pessoas jurídicas de direito privado (confederação, central sindical, federação e sindicato), como destinatárias de 90%do produto da arrecadação, mantêm uma relação acessória com a União, sem integrar a relação tributária, razão pela qualnão se configura hipótese de litisconsórcio necessário.3. As entidades sindicais teriam interesse jurídico em figurar como assistentes (art. 50 do CPC), não fosse a vedaçãoexpressa (de constitucionalidade duvidosa) do art. 10 da Lei 9.099/1995 c/c art. 1º da Lei 10.259/2001.IV – LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO PARA RESPONDER PELA TOTALIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES.1. O ente público arrecadou a totalidade da contribuição sindical, sendo indiferente que tenha repassado 90% do produtopara a confederação, a central sindical, a federação e o sindicato, retendo apenas 10% na Conta Especial Emprego eSalário: caso a relação tributária de que trata o art. 119 do CTN seja invalidada, a União Federal deverá ressarcirintegralmente o servidor público – sem prejuízo de, em ação autônoma, buscar reaver o que repassou às entidadesprivadas.2. Não há como aplicar ao caso, por absoluta falta de similaridade, a orientação firmada pelo STJ (RESP 874.759) e pelaTNU (PEDILEF 2006.70.58001396-4) quanto à ilegitimidade da União para figurar no pólo passivo de ações de repetição deindébito de Imposto de Renda devido por servidores públicos estaduais ou municipais: primeiro, porque Estado e Município,pessoas de direito público, são os titulares da competência para exigir o imposto sobre a renda, segundo porque é a própriaConstituição da República (arts. 157, I, e 158, I), e não mera lei ordinária, que lhes destina o produto da arrecadação.V – SENTENÇA LÍQUIDA (ARTS. 38, PARÁGRAFO ÚNICO, E 52, I, DA LEI 9.099/1995).1. A sentença/acórdão que contenha os parâmetros de elaboração dos cálculos do valor devido ao autor (p. ex., restituiçãodos “valores descontados nos contracheques de período determinado”) atende de forma suficiente a regra dos art. 38,parágrafo único, e 52, I, da Lei 9.099/1995, ainda que não aponte valor certo, ao qual se chegará mediante meros cálculos apartir da documentação de que a parte ré dispõe.2. No sistema dos Juizados Especiais Federais, ao contrário do que ocorre nos Juizados Cíveis, a maioria dos pedidosenvolve obrigações de trato sucessivo, justificando-se a postergação dos cálculos para o momento imediatamente anteriorao do pagamento.3. A entidade pública ré tem o dever de apresentar toda a documentação necessária à elaboração dos cálculos (art. 11 daLei 10.259/2001), sendo-lhe recomendado – e não imposto – que os elabore.VI – CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA (ART. 8º, IV, DA CRFB/1988) x CONTRIBUIÇÃO SINDICAL (ART. 149 DACRFB/1988).1. A contribuição confederativa decorre de decisão tomada em Assembléia Geral, não de lei, e só é devida(compulsoriamente, independentemente de autorização) por aqueles que, voluntariamente, filiarem-se ao sindicato,inclusive servidores públicos (art. 240, “c”, da Lei 8.112/1990) (STF, ADIn 962 e RE 199019).2. A contribuição sindical ostenta natureza tributária, porque compulsória mesmo para os não-filiados ao sindicato,dependendo de lei em sentido formal para a sua instituição (STF, RE 198092).VII – EXTENSÃO DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL INSTITUÍDA PELOS ARTS. 578 A 591 DA CLT.1. Os arts. 578 a 591 da CLT foram recepcionados como suporte válido para a cobrança da contribuição sindicalcompulsória quanto aos empregados celetistas.2. O art. 7º, “c”, da CLT expressamente diz que, salvo determinação expressa, seus preceitos não se aplicam aosservidores públicos, de modo que falta lei formal autorizando a cobrança, vício que não é sanado pela Instrução Normativa01/2008 do Ministério do Trabalho e menos ainda por uso de analogia, vedado em matéria de imposição tributária (art. 108,§ 1º, do CTN).3. Correto o Parecer PGFN/CAT 1069/2009, aprovado pelo Procurador-Geral da Fazenda Nacional, no sentido daimpossibilidade de cobrar contribuição sindical – espécie do gênero “tributo” – de servidores públicos estatutários, por faltade suporte em lei em sentido estrito (art. 150, I, da CRFB/1988).VIII – CORREÇÃO E JUROS: SELIC.1. Por força do art. 39 da Lei 9.250/1995 e sem afronta ao art. 167, parágrafo único, do CTN, desde 01.01.1996, a SELIC éo critério de atualização para os casos de repetição dos tributos federais, a incidir desde a data do recolhimento indevido(STJ, RESP 1.111.189).

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2. A SELIC não pode ser cumulada com qualquer outro índice, seja de atualização monetária, seja de juros, porque jáabrange, a um só tempo, o índice de inflação do período e a taxa de juros real.3. Por ser norma específica para o Direito Tributário, a Lei 9.250/1995 se sobrepõe à redação original do art. 1º-F da Lei9.494/1997, mesmo que o contribuinte seja servidor público.4. A redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997 pelo art. 5º da Lei 11.960/2009 não se aplica aos casos de repetiçãode indébito porque foi reputada inconstitucional (STF, ADI 4.357).5. No caso concreto, devem ser mantidos os critérios adotados na sentença, pois, como não houve interposição de recursopela parte autora, a Turma Recursal não pode agravar a condenação da entidade pública recorrente.IX – Recurso da União Federal conhecido e desprovido. Ré isenta de custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Semcondenação da recorrente vencida ao pagamento de honorários de sucumbência, pois a parte recorrida não constituiuadvogado (Súmula 14 das Turmas Recursais da 3ª Região).”

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo DAR PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, ANULAR O ACÓRDÃOEMBARGADO E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO DA UNIÃO FEDERAL, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal Relator

104 - 0002242-67.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002242-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOAO BOSCO BECALLI(ADVOGADO: LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA, DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA.) x UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.).PROCESSO Nº 0002242-67.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃORECORRIDO: JOÃO BOSTO BECALLI

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. TRABALHADOR AVULSO. FÉRIAS NÃOGOZADAS. CARÁTER INDENIZATÓRIO. OMISSÕES CARATERIZADAS. ACÓRDÃO ANULADO.1. A UNIÃO opôs Embargos de Declaração em face do acórdão, a fim de suscitar duas omissões: (i) não foi declarada aforma de devolução do indébito e (ii) ao dar provimento ao recurso do autor, o acórdão não se pronunciou sobre aespecificidade do caso – trabalhador portuário avulso, sem comprovação de que tenha trabalhado durante o período deférias por necessidade do serviço e sem comprovação de que tenha recebido indenização de férias ou de que tenha havidoretenção de imposto de renda sobre tais parcelas.2. Ao condenar a UNIÃO a restituir o valor indevidamente retido dos períodos dos últimos cinco anos, pretendeu que arestituição fosse mediante a regra geral de expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, não excluindo apossibilidade de a Fazenda Pública Federal alegar e provar, em momento oportuno, compensação em face de eventuaisvalores devidos por força de declaração ajuste anual de imposto de renda do autor.3. Há, de fato, omissão sobre especificidade do processo, que justifica o provimento dos embargos de declaração, comefeitos infringentes, a fim de restabelecer a sentença de improcedência do pedido, com amparo nos seguintesfundamentos:- o autor sustentou que, na condição de trabalhador avulso, na categoria dos Conferentes, teria direito ao gozo de férias,nos termos do art. 1º da Lei 5.085/1966, do art. 7º do Decreto-lei 80.271/1977 e do art.7º da CFRB/88;- o autor alegou que, durante toda a relação de trabalho, não fez uso de parte do período de férias, o qual foi convertido empecúnia a título de indenização – valor sobre o qual incidiu o imposto de renda impugnado;- o imposto de renda não deve incidir sobre verbas indenizatórias (art. 153, § 2º, I da CRFB/88 c/c art. 43, § 1º, do CTN), e oponto controvertido é a natureza jurídica – indenizatória ou remuneratória –dos valores pagos ao trabalhador avulsoportuário a título de férias não gozadas e de terço constitucional de férias;- o art. 6º, XXXIV, da CRFB/1988 garante a “igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanentee o trabalhador avulso”, enquanto o inciso XVII assegura “gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço amais do que o salário normal”;- o trabalhador avulso tem, em verdade, a faculdade de gozar ou não as férias, porque nada o proíbe de trabalhar durantetal período para outro tomador de serviços: como não há “emprego” e como a oferta de oportunidades de trabalho éinstável, o avulso normalmente não recusa oportunidades de trabalho, sendo livre para descansar nos dias em que quiserou quando não houver trabalho a realizar;- a natureza remuneratória do pagamento das férias não se converte em indenização apenas porque o trabalhador avulsoresolveu trabalhar durante o período em que deveria descansar, postergando o descanso para momento posterior;- conforme recente orientação da TNU, o pagamento de férias ao portuário avulso só assumirá caráter indenizatório naexcepcional hipótese de ele se desincumbir do ônus de comprovar que, ao longo de um ano, por falha da OGMA ou dorespectivo Sindicato, trabalhou todos os meses, sem conseguir usufruir de 30 dias de descanso: TRIBUTÁRIO – ÉEXCEPCIONAL A NATUREZA INDENIZATÓRIA DAS FÉRIAS DE TRABALHADOR AVULSO, QUE SE PRESUME ASGOZE ANUALMENTE – A ESPECIFICIDADE DA LIBERDADE DE ATUAÇÃO DO TRABALHADOR AVULSO, QUE SE

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COLOCA PARA TRABALHAR, NÃO DESCARACTERIZA, POR SI SÓ, A NATUREZA INDENIZATÓRIA DO PAGAMENTODE FÉRIAS, SE COMPROVADO QUE NÃO HOUVE O GOZO EM PERÍODO DE UM ANO – ÔNUS DA PROVA DOTRABALHADOR AVULSO – PROVA NÃO PRODUZIDA – PEDILEF CONHECIDO E IMPROVIDO (TNU, PEDILEF00315794320104013300, Relator p/ acórdão Juiz Luiz Cláudio Flores da Cunha, DOU de 12/04/2013)4. O autor não teve, no curso do processo, a oportunidade de se desincumbir do ônus da prova, razão pela qual a sentençadeve ser anulada.5. Embargos de declaração da União providos para, reformando o acórdão embargado, dar provimento ao recursoinominado interposto pela parte autora para anular a sentença. Sem condenação em custas e honorários.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo DAR PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS PELA UNIÃO e,alterando o acórdão embargado, DAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO DA PARTE AUTORA, de modo a anulara sentença, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal Relator

105 - 0004421-37.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004421-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALEDIR NUNES(ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).RECURSO Nº 0004421-37.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004421-6/01)RECORRENTE: ALEDIR NUNESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 5º DA LEI11.960/2009. DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO.1. Embargos de declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, a fim de prequestionar (i) adeclaração de inconstitucionalidade da sistemática de juros legais do art. 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada peloart. 5º da Lei 11.960/2009, e (ii) o não-reconhecimento da decadência nos termos do art. 103 da Lei 8.213/1991.2. O acórdão embargado não reconheceu a inconstitucionalidade do art. 103 da Lei 8.213/1991 nem considerou adecadência inaplicável aos benefícios anteriores a 1997: apenas interpretou a norma literalmente (em consonância com oEnunciado 66 das Turmas Recursais do Rio de Janeiro) no sentido de que tal prazo só se aplica às ações que pretendemmodificar a RMI, sendo que a majoração do benefício em virtude do advento de novos tetos instituídos pelas EC 20/1998 e41/2003 não constitui alteração da RMI (mesmo argumento empregado pelo STF, no julgamento do RE 564.354, paraafastar a alegação de violação ao ato jurídico perfeito).3. O art. 5º da Lei 11.960/2009, ao conferir nova redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, não apenas alterou os índices decorreção monetária e de juros de mora como também estendeu a incidência desses novos critérios a toda e qualquercondenação da Fazenda Pública (enquanto a redação original do art. 1º-F apenas fixava juros de mora de 0,5% ao mês nascondenações em matéria de remuneração de servidores públicos). Por ocasião do julgamento da ADI 4.357, o STFdeclarou a inconstitucionalidade material da nova regra, em síntese, porque (i) os índices próprios da poupança não seriamsuficientes à recomposição do valor da moeda e porque (ii) a Fazenda Pública não pode pretender impor correção e jurosnas suas condenações por índices diversos daqueles que pratica, nas mesmas relações jurídicas, em sentido contrário.Além disto, a Súmula 56 do TRF da 2ª Região já consolidava orientação no sentido de que “É inconstitucional a expressão‘haverá a incidência uma única vez’, constante do art. 1°-F da Lei n° 9.494/97, com a redação dada pel o art. 5° da Lei n°11.960/2009”.4. A decisão proferida pelo STF em matéria de inconstitucionalidade produz resultado a partir da publicação da ata dasessão de julgamento, independentemente do seu trânsito em julgado ou mesmo da publicação do acórdão (STF, Rcl 3.473e 2.576, AI 636933). Ainda que assim não fosse, a Turma Recursal pode declarar incidentalmente a inconstitucionalidadede lei, mediante remissão à fundamentação adotada pela Corte Constitucional.5. A determinação proferida pelo Ministro designado relator para redigir o acórdão da ADI 4.357, no sentido de que osTribunais continuem a pagar os precatórios pelos critérios da EC 62, teve por objetivo impedir a paralisação do pagamento,bem como permitir que a modulação de efeitos da decisão regule as conseqüências de relações continuativas (porexemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado, ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio),sem que se possa emprestar a essa decisão monocrática o condão de esvaziar por completo o conteúdo da decisãotomada pelo Plenário da Corte Constitucional – que declarou a inconstitucionalidade material das regras que integram oconteúdo do art. 1º-F da Lei 9.494/1997 com a redação atribuída pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, razão pela qual éplenamente eficaz a subtração dos efeitos jurídicos desta norma do ordenamento, restabelecendo, por conseqüência, aredação original, que não se aplica às condenações em matéria previdenciária.5. Embargos de declaração rejeitados.

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A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa constante dosautos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal – 3º Juiz Relator

106 - 0000166-21.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000166-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIAS DE SOUZA(ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO.).RECURSO Nº 0000166-21.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000166-3/01)RECORRENTE: ELIAS DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. ENUNCIADO DEREPERCUSSÃO GERAL 555 DO STF. MERO INCONFORMISMO.1. O acórdão consagrou a orientação do Enunciado 47 das Turmas Recursais do Espírito Santo, no sentido de que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedidos na vigência da Lei 9.876/1999, o salário-de-benefício deveser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, registrando a ilegalidade do art. 32, § 20, do Decreto 3.048/1999, acrescentado pelo Decreto 5.545/2005.2. O acórdão embargado não tem nada a ver com o tema de Repercussão Geral 555 (descaracterização de tempo especialpor uso de EPI), referido à fl. 55, tampouco com o tema “desaposentação”, referido à fl. 57.3. O art. 5º da Lei 11.960/2009, ao conferir nova redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, não apenas alterou os índices decorreção monetária e de juros de mora como também estendeu a incidência desses novos critérios a toda e qualquercondenação da Fazenda Pública (enquanto a redação original do art. 1º-F apenas fixava juros de mora de 0,5% ao mês nascondenações em matéria de remuneração de servidores públicos). Por ocasião do julgamento da ADI 4.357, o STFdeclarou a inconstitucionalidade material da nova regra, em síntese, porque (i) os índices próprios da poupança não seriamsuficientes à recomposição do valor da moeda e porque (ii) a Fazenda Pública não pode pretender impor correção e jurosnas suas condenações por índices diversos daqueles que pratica, nas mesmas relações jurídicas, em sentido contrário.Além disto, a Súmula 56 do TRF da 2ª Região já consolidava orientação no sentido de que “É inconstitucional a expressão‘haverá a incidência uma única vez’, constante do art. 1°-F da Lei n° 9.494/97, com a redação dada pel o art. 5° da Lei n°11.960/2009”.4. A decisão proferida pelo STF em matéria de inconstitucionalidade produz resultado a partir da publicação da ata dasessão de julgamento, independentemente do seu trânsito em julgado ou mesmo da publicação do acórdão (STF, Rcl 3.473e 2.576, AI 636933). Ainda que assim não fosse, a Turma Recursal pode declarar incidentalmente a inconstitucionalidadede lei, mediante remissão à fundamentação adotada pela Corte Constitucional.5. A determinação proferida pelo Ministro designado relator para redigir o acórdão da ADI 4.357, no sentido de que osTribunais continuem a pagar os precatórios pelos critérios da EC 62, teve por objetivo impedir a paralisação do pagamento,bem como permitir que a modulação de efeitos da decisão regule as conseqüências de relações continuativas (porexemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado, ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio),sem que se possa emprestar a essa decisão monocrática o condão de esvaziar por completo o conteúdo da decisãotomada pelo Plenário da Corte Constitucional – que declarou a inconstitucionalidade material das regras que integram oconteúdo do art. 1º-F da Lei 9.494/1997 com a redação atribuída pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, razão pela qual éplenamente eficaz a subtração dos efeitos jurídicos desta norma do ordenamento, restabelecendo, por conseqüência, aredação original, que não se aplica às condenações em matéria previdenciária.6. Embargos de declaração rejeitados.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa constante dosautos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal – 3º Juiz Relator

107 - 0000115-79.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000115-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUIZ DE CARVALHO(ADVOGADO: MIGUEL SABAINI DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000115-79.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000115-7/01)

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RECORRENTE: LUIZ DE CARVALHORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.INCAPACIDADE TOTAL E DEFINITIVA. EFICÁCIA DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO STF NAS ADI 4357 E 4425.AUSÊNCIA DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO.1. Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal, por intermédio dos quais oembargante aponta suposta omissão e contradição no julgado. Postula o embargante a manifestação do órgão colegiadoacerca da eficácia da decisão proferida pelo e. STF nas ADIs 4357 e 4425.2. O art. 5º da Lei 11.960/2009, ao conferir nova redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, não apenas alterou os índices decorreção monetária e de juros de mora como também estendeu a incidência desses novos critérios a toda e qualquercondenação da Fazenda Pública (enquanto a redação original do art. 1º-F apenas fixava juros de mora de 0,5% ao mês nascondenações em matéria de remuneração de servidores públicos). Por ocasião do julgamento da ADI 4.357, o STFdeclarou a inconstitucionalidade material da nova regra, em síntese, porque (i) os índices próprios da poupança não seriamsuficientes à recomposição do valor da moeda e porque (ii) a Fazenda Pública não pode pretender impor correção e jurosnas suas condenações por índices diversos daqueles que pratica, nas mesmas relações jurídicas, em sentido contrário.Além disto, a Súmula 56 do TRF da 2ª Região já consolidava orientação no sentido de que “É inconstitucional a expressão‘haverá a incidência uma única vez’, constante do art. 1°-F da Lei n° 9.494/97, com a redação dada pel o art. 5° da Lei n°11.960/2009”.3. A decisão proferida pelo STF em matéria de inconstitucionalidade produz resultado a partir da publicação da ata dasessão de julgamento, independentemente do seu trânsito em julgado ou mesmo da publicação do acórdão (STF, Rcl 3.473e 2.576, AI 636933). Ainda que assim não fosse, a Turma Recursal pode declarar incidentalmente a inconstitucionalidadede lei, mediante remissão à fundamentação adotada pela Corte Constitucional.4. A determinação proferida pelo Ministro designado relator para redigir o acórdão da ADI 4.357, no sentido de que osTribunais continuem a pagar os precatórios pelos critérios da EC 62, teve por objetivo impedir a paralisação do pagamento,bem como permitir que a modulação de efeitos da decisão regule as conseqüências de relações continuativas (porexemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado, ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio),sem que se possa emprestar a essa decisão monocrática o condão de esvaziar por completo o conteúdo da decisãotomada pelo Plenário da Corte Constitucional – que declarou a inconstitucionalidade material das regras que integram oconteúdo do art. 1º-F da Lei 9.494/1997 com a redação atribuída pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, razão pela qual éplenamente eficaz a subtração dos efeitos jurídicos desta norma do ordenamento, restabelecendo, por conseqüência, aredação original, que não se aplica às condenações em matéria previdenciária.4. Embargos de declaração rejeitados.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa constante dosautos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal – 3º Juiz Relator

108 - 0100735-11.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100735-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ ANTONIORODRIGUES (ADVOGADO: ANDERSON MACOHIN SIEGEL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).RECURSO Nº 0100735-11.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100735-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSÉ ANTONIO RODRIGUESRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. APLICAÇÃO DO ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991 E DOENUNCIADO 47 DA TURMA RECURSAL/ES. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 5º DA LEI 11.960/2009 EAPLICAÇÃO DO ART. 103 DA LEI 8.213/1991. AUSÊNCIA DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. MERO INCONFORMISMO.1. Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal. O embargante aponta omissão arespeito da extensão dos efeitos da inconstitucionalidade do art. 5° da Lei 11.960/2009, bem como cont radição decorrenteda não aplicação do art. 103, parágrafo único, da Lei 8.213/1991.2. O acórdão condenou o INSS a rever a RMI do benefício mediante apuração dos novos salários-de-contribuiçãocalculados com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por centode todo o período contributivo e considerando-se, no cálculo da aposentadoria por invalidez, o reflexo da revisão da RMI doauxílio-doença. Aplicou-se o entendimento do Enunciado 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta

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Seção Judiciária.3. O acórdão claramente disse que a edição do Memorando 21/DIBEN/PFE/INSS, de 15.04.2010, importou interrupção docurso do prazo prescricional, nos termos do art. 202, VI, do CC, razão pela qual voltou a fluir pela metade.4. Quanto ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, a sua redação original não se aplica às condenações referentes a benefíciosprevidenciários, e aquela conferida pelo art. 5º da Lei 11.960/2009 foi reputada inconstitucional pelo STF.5. O art. 5º da Lei 11.960/2009, ao conferir nova redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, não apenas alterou os índices decorreção monetária e de juros de mora como também estendeu a incidência desses novos critérios a toda e qualquercondenação da Fazenda Pública (enquanto a redação original do art. 1º-F apenas fixava juros de mora de 0,5% ao mês nascondenações em matéria de remuneração de servidores públicos). Por ocasião do julgamento da ADI 4.357, o STFdeclarou a inconstitucionalidade material da nova regra, em síntese, porque (i) os índices próprios da poupança não seriamsuficientes à recomposição do valor da moeda e porque (ii) a Fazenda Pública não pode pretender impor correção e jurosnas suas condenações por índices diversos daqueles que pratica, nas mesmas relações jurídicas, em sentido contrário.Além disto, a Súmula 56 do TRF da 2ª Região já consolidava orientação no sentido de que “É inconstitucional a expressão‘haverá a incidência uma única vez’, constante do art. 1°-F da Lei n° 9.494/97, com a redação dada pel o art. 5° da Lei n°11.960/2009”.6. A decisão proferida pelo STF em matéria de inconstitucionalidade produz resultado a partir da publicação da ata dasessão de julgamento, independentemente do seu trânsito em julgado ou mesmo da publicação do acórdão (STF, Rcl 3.473e 2.576, AI 636933). Ainda que assim não fosse, a Turma Recursal pode declarar incidentalmente a inconstitucionalidadede lei, mediante remissão à fundamentação adotada pela Corte Constitucional.7. A determinação proferida pelo Ministro designado relator para redigir o acórdão da ADI 4.357, no sentido de que osTribunais continuem a pagar os precatórios pelos critérios da EC 62, teve por objetivo impedir a paralisação do pagamento,bem como permitir que a modulação de efeitos da decisão regule as conseqüências de relações continuativas (porexemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado, ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio),sem que se possa emprestar a essa decisão monocrática o condão de esvaziar por completo o conteúdo da decisãotomada pelo Plenário da Corte Constitucional – que declarou a inconstitucionalidade material das regras que integram oconteúdo do art. 1º-F da Lei 9.494/1997 com a redação atribuída pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, razão pela qual éplenamente eficaz a subtração dos efeitos jurídicos desta norma do ordenamento, restabelecendo, por conseqüência, aredação original, que não se aplica às condenações em matéria previdenciária.8. Embargos de declaração rejeitados.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa constante dosautos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal – 3º Juiz Relator

109 - 0000696-31.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000696-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LAURA DOS SANTOSBRAGA DEGAN (ADVOGADO: Thor Lincoln Nunes Grünewald.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000696-31.2011.4.02.5053/01RECORRENTE: LAURA DOS SANTOS BRAGA DEGANRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OS HONORÁRIOS SÃO DEVIDOS PELA PARTE QUE INTERPÕE RECURSO NÃOCONHECIDO OU NÃO PROVIDO PELA TURMA RECURSAL.1. Embargos de Declaração opostos pela parte autora em face do acórdão proferido pela Turma Recursal. A embarganteaponta omissão no julgado, ante a ausência de condenação da autarquia previdenciária ao pagamento de honoráriosadvocatícios.2. No sistema dos Juizados Especiais, a condenação do réu ao pagamento de honorários não é conseqüência daprocedência do pedido formulado pelo autor: os honorários, como mecanismo de estímulo à celeridade, apenas sãodevidos pela parte que interpõe recurso não conhecido ou não provido (ainda que parcialmente) pela Turma Recursal.3. No caso concreto, o INSS não recorreu, razão pela qual não pode ser condenado a pagar honorários ao autor.4. Embargos de declaração rejeitados.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

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Juiz Federal – 3º Juiz Relator

110 - 0000606-88.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000606-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) HELENA DOS SANTOSMAIER (ADVOGADO: RICARDO CALIMAN GOTARDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).RECURSO Nº 0000606-88.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000606-2/01)RECORRENTE: HELENA DOS SANTOS MAIERRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE PARCIAL E DEFINITIVACONFIGURADA. CONVERSÃO DO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.AUSÊNCIA DE OMISSÃO. MERO INCONFORMISMO.1. Embargos de Declaração opostos pelo INSS em face do acórdão proferido pela Turma Recursal. O embargantesustenta que o acórdão foi omisso quanto à reabilitação profissional da parte autora.2. O acórdão é claro no sentido de considerar que o requisito legal para o deferimento da aposentadoria por invalidez develevar em conta a pessoa do segurado (tempo de contribuição, grau de instrução, idade), e não apenas o ponto de vistamédico, sendo que o autor atende ao requisito. Inviável, portanto, a reabilitação do autor para outra função que nãodemande esforços físicos.3. Embargos de declaração rejeitados.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa constante dosautos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal – 3º Juiz Relator

111 - 0000265-68.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000265-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE CARLOS WOMOKA(ADVOGADO: EDGARD VALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.).RECURSO Nº 0000265-68.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000265-8/01)RECORRENTE: JOSE CARLOS WOMOKARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE PARCIAL E DEFINITIVACONFIGURADA. CONVERSÃO DO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.AUSÊNCIA DE OMISSÃO. MERO INCONFORMISMO.1. Embargos de Declaração opostos pelo INSS em face do acórdão proferido pela Turma Recursal. O embargantesustenta que o acórdão foi omisso quanto à reabilitação profissional da parte autora.2. O acórdão é claro no sentido de considerar que o requisito legal para o deferimento da aposentadoria por invalidez develevar em conta a pessoa do segurado (tempo de contribuição, grau de instrução, idade), e não apenas o ponto de vistamédico, sendo que o autor atende ao requisito. Inviável, portanto, a reabilitação do autor para outra função que nãodemande esforços físicos.3. Embargos de declaração rejeitados.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa constante dosautos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal – 3º Juiz Relator

112 - 0000104-21.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000104-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FRANCISCO DE ASSIS DESALES (ADVOGADO: ANDRÉ BAPTISTA RIGO, OSWALDO AMBROZIO JUNIOR.) x INSTITUTO NACIONAL DO

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SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000104-21.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000104-5/01)RECORRENTE: FRANCISCO DE ASSIS DE SALESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE PARCIAL E DEFINITIVACONFIGURADA. CONVERSÃO DO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.AUSÊNCIA DE OMISSÃO. MERO INCONFORMISMO.1. Embargos de Declaração opostos pelo INSS em face do acórdão proferido pela Turma Recursal. O embargantesustenta que o acórdão foi omisso quanto à reabilitação profissional da parte autora.2. O acórdão é claro no sentido de considerar que o requisito legal para o deferimento da aposentadoria por invalidez develevar em conta a pessoa do segurado (tempo de contribuição, grau de instrução, idade), e não apenas o ponto de vistamédico, sendo que o autor atende ao requisito. Inviável, portanto, a reabilitação do autor para outra função que nãodemande esforços físicos.3. Embargos de declaração rejeitados.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa constante dosautos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal – 3º Juiz Relator

113 - 0006694-23.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006694-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) WANTUIL BULLIAO(ADVOGADO: JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0006694-23.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006694-3/01)RECORRENTE: WANTUIL BULLIAORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE PARCIAL E DEFINITIVACONFIGURADA. CONVERSÃO DO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.AUSÊNCIA DE OMISSÃO. MERO INCONFORMISMO.1. Embargos de Declaração opostos pelo INSS em face do acórdão proferido pela Turma Recursal. O embargantesustenta que o acórdão foi omisso quanto à reabilitação profissional da parte autora.2. O acórdão é claro no sentido de considerar que o requisito legal para o deferimento da aposentadoria por invalidez develevar em conta a pessoa do segurado (tempo de contribuição, grau de instrução, idade), e não apenas o ponto de vistamédico, sendo que o autor atende ao requisito. Inviável, portanto, a reabilitação do autor para outra função que nãodemande esforços físicos.3. Embargos de declaração rejeitados.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa constante dosautos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal – 3º Juiz Relator

114 - 0000981-58.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000981-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CACILDA SANGALICASAGRANDE (ADVOGADO: ALEXANDRE SARDINHA TEBALDI, MACIEL FERREIRA COUTO.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.RECURSO Nº 0000981-58.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000981-0/01)RECORRENTE: CACILDA SANGALI CASAGRANDERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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RELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE PARCIAL E DEFINITIVACONFIGURADA. CONVERSÃO DO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.PREQUESTIONAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. AUSÊNCIA DE OMISSÃO.MERO INCONFORMISMO.1. Embargos de Declaração opostos pelo INSS em face do acórdão proferido pela Turma Recursal. O embargantesustenta que o acórdão foi omisso quanto à reabilitação profissional da parte autora e contraditório quanto à proclamadainconstitucionalidade do art. 5° da Lei 11.960/2009 .2. O acórdão é claro no sentido de considerar que o requisito legal para o deferimento da aposentadoria por invalidez develevar em conta a pessoa do segurado (tempo de contribuição, grau de instrução, idade), e não apenas o ponto de vistamédico, sendo que o autor atende ao requisito. Inviável, portanto, a reabilitação do autor para outra função que nãodemande esforços físicos.3. O acórdão determinou que “As parcelas vencidas serão pagas acrescidas de correção monetária e de juros de mora,estes à taxa de 1% ao mês a contar da citação, observada, a partir de 30/06/2009, a nova regra de atualização/jurosprevista no 1º-F da Lei n.º 9.494/97 (redação conferida pela Lei n.º 11.960/09”. Logo, não houve declaração incidental deinconstitucionalidade do art. 5º da Lei 11.960/2009.4. Embargos de declaração rejeitados.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa constante dosautos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal – 3º Juiz Relator

115 - 0000735-18.2010.4.02.5003/01 (2010.50.03.000735-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARLENE TON PASCHOAL(ADVOGADO: EDGARD VALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.).RECURSO Nº 0000735-18.2010.4.02.5003/01 (2010.50.03.000735-6/01)RECORRENTE: MARLENE TON PASCHOALRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REVISÃO DE APOSENTADORIA. FATOR PREVIDENCIÁRIO. OMISSÃOINEXISTENTE. STF RECONHECEU A CONSTITUCIONALIDADE DA ALTERAÇÃO PROMOVIDA PELA LEI 9.876/1999.1. Embargos de Declaração opostos pela autora em face do acórdão proferido pela Turma Recursal. O embargante alegaque o acórdão é omisso sobre a (in)compatibilidade do fator previdenciário com o princípio da igualdade, nos termos do art.5°, caput, da Constituição da República, destacando que não se observaram as condições regionais para se equiparar aidade ou a expectativa de vida. Sustenta que é necessária a manifestação sobre tal questão para fins deprequestionamento de violação ao art. 201, § 7°, da CRFB/1988.2. No caso, o acórdão impugnado consignou que “o salário-de-benefício da aposentadoria por tempo de contribuiçãoconcedida a partir de 29/11/1999 deve observar o art. 29, I, da Lei 8.213/1991, correspondendo à média aritmética simplesdos maiores salários-de-contribuição equivalentes a oitenta por cento de todo o período contributivo, multiplicada pelo fatorprevidenciário. A constitucionalidade da alteração promovida pela Lei 9.876/1999 foi reconhecida pelo STF como meraadequação ao novo modelo traçado pelo art. 201 da CRFB/1988 com redação dada pela EC 20/1998, no sentido damanutenção do equilíbrio financeiro atuarial, levando em conta tempo de contribuição, idade e tempo estimado de sobrevidados segurados: maior será o benefício para quem contribuiu por mais tempo e por quem tem idade mais elevada, já quereceberá a aposentadoria por tempo menor (ADI-MC 2.111).”3. O novo sistema atende ao comando expresso da própria Constituição. O próprio art. 201, § 7º, condiciona o benefícionão só à observância dos requisitos constitucionais, mas também aos termos da lei ordinária – que pode modular o seuvalor, de modo a concretizar os critérios do caput.4. Não há tratamento desigual, e sim estabelecimento de proporcionalidade (que alcança todos os segurados com osmesmos critérios) entre idade e tempo de contribuição e o valor da RMI dos seus respectivos benefícios. O Brasil é país dedimensões continentais, com diferentes realidades em seus Estados, o que não impede, pelo princípio da praticabilidade, aadoção de critérios nacionalmente unificados (utilização de uma tabela única de expectativa de vida, para fins de cômputodo tempo estimado de sobrevida; salário mínimo e remuneração de servidores federais nacionalmente unificados; critériosunificados para a concessão de benefícios assistenciais), sem que isto caracterize afronta ao princípio da isonomia.5. Embargos de declaração rejeitados.

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A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa constante dosautos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal Relator

116 - 0004682-36.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004682-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RUY LORA FILHO(ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).RECURSO Nº 0004682-36.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004682-8/01)RECORRENTE: RUY LORA FILHORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTI

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REVISÃO DA RMI. PRAZO DE DECADÊNCIA PARA PLEITEAR A REVISÃO DA RMI.VIOLAÇÃO AO ART. 5°, XXXVI, DA CFRB/1988 E AO ART. 6º DA LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITOBRASILEIRO. OMISSÃO NÃO CARACTERIZADA. TERMO INICIAL DA CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIALCONSIGNADO NO ACÓRDÃO EMBARGADO.1. Embargos de Declaração opostos pelo autor em face do acórdão proferido pela Turma Recursal. O embargante alegahaver omissão a respeito do termo inicial para a contagem do prazo decadencial, que, segundo ele, seria a data dojulgamento do ato de concessão de aposentadoria pelo Tribunal de Contas. Sustenta que é necessária a manifestaçãosobre tal questão para fins de prequestionamento de violação ao art. 5º, XXXVI, da Constituição da República/1988, e aoart. 6° da Lei de Introdução às Normas do Direito B rasileiro.2. No caso dos autos, a Turma pronunciou a decadência do direito à revisão com base no art. 103 da Lei 8.213/1991,considerando o termo inicial em 01.08.1997 (primeiro pagamento posterior à Medida Provisória 1.523-9): a lei nãocondiciona a fluência do prazo prescricional ao julgamento da legalidade do benefício pelo TCU.3. Embargos de declaração rejeitados.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa constante dosautos, que passa a integrar o presente julgado.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal – 3º Juiz Relator

Acolher os embargosTotal 4 : Conceder o mandado de segurançaTotal 1 : Dar parcial provimentoTotal 8 : Dar provimentoTotal 19 : Dar provimento ao rec. do autor e negar o do réuTotal 1 : Extinguir o processo sem resolução de méritoTotal 1 : Não conhecer o recursoTotal 3 : Negar provimentoTotal 64 : Rejeitar os embargosTotal 15 :