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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA-54, 82 ADENILSON VIANA NERY-113, 115, 117, 155, 157, 3, 92 ADRIANA ZANDONADE-127, 129 Aleksandro Honrado Vieira-98 ALEX DE FREITAS ROSETTI-25 Alexandre Hideo Wenichi-115 ALEXANDRE PIMENTEL MACHADO-67 ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-168, 56, 72 ALINE PERIM DE SOUSA-151 Allan Titonelli Nunes-192 ALMIR GORDILHO MATTEONI DE ATHAYDE-108, 114 AMANDA MACEDO TORRES MOULIN OLMO-106 ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-141, 142, 143, 144, 145, 146, 147, 148, 149, 218, 219, 220, 221, 222, 223, 224, 225, 60, 61 ANA CARLA DE OLIVEIRA BRINGUENTE-84 ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-19, 210, 35, 40, 47, 55, 93 ANA PAULA DOS SANTOS GAMA-91 ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-107, 110, 157, 97 ANDRÉ DIAS IRIGON-160, 87 ANDRE MIRANDA VICOSA-105 ANDREA M. SANTOS SANTANA-12, 151 ANDRESSA MARIA TRAVEZANI LOVATTI-119 ANDRESSA POZES TIRADENTES RIBEIRO-163 antenor vinicius caversan vieira-180, 89 ANTONIO CARLOS BORLOTT-93 ANTÔNIO CARLOS CARARA PONCIANO-182 ANTONIO JOSE COELHO-111 ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-102 ANTONIO SERGIO BROSEGUINI-73, 8 BARBARA DENARDE NOGUEIRA-166 BERNARDO JEFFERSON BROLLO DE LIMA-63 BRENO FAJARDO LIMA-154 BRUNO COSTA CADE-44 BRUNO FAJARDO LIMA-154 BRUNO MIRANDA COSTA-167, 173, 176, 177, 187, 188, 190, 43, 56, 65, 75, 8 CARLOS BERKENBROCK-23, 24, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 58, 59 CARLOS BRUNO FERREIRA DA SILVA-2 CARLOS ROBERTO FIRME FILHO-3 Carolina Augusta da Rocha Rosado-1, 25, 57 CATARINE MULINARI NICO-35, 80 CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO-182 CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-40, 41, 42, 47 CLEBSON DA SILVEIRA-163, 174, 27, 59 CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-102 CONCEIÇÃO MANTOVANNI SEIBERT-91 DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO-120 DAYVID CUZZUOL PEREIRA-159 DICK CASTELO LUCAS-73, 8 DIEGO HENRIQUE ARAÚJO-44 EDGARD VALLE DE SOUZA-121, 165, 81, 9 EDIWANDER QUADROS DA SILVA-65, 75 EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR-164, 98 EDUARDO JOSÉ TEIXEIRA DE OLIVEIRA-168 EDUARDO THIEBAUT PEREIRA-21

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO DE ... · improcedente o pedido autoral de restabelecimento de benefício auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por

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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL

ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA-54, 82ADENILSON VIANA NERY-113, 115, 117, 155, 157, 3, 92ADRIANA ZANDONADE-127, 129Aleksandro Honrado Vieira-98ALEX DE FREITAS ROSETTI-25Alexandre Hideo Wenichi-115ALEXANDRE PIMENTEL MACHADO-67ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-168, 56, 72ALINE PERIM DE SOUSA-151Allan Titonelli Nunes-192ALMIR GORDILHO MATTEONI DE ATHAYDE-108, 114AMANDA MACEDO TORRES MOULIN OLMO-106ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-141, 142, 143, 144, 145, 146, 147, 148, 149, 218, 219, 220, 221, 222, 223, 224, 225, 60, 61ANA CARLA DE OLIVEIRA BRINGUENTE-84ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-19, 210, 35, 40, 47, 55, 93ANA PAULA DOS SANTOS GAMA-91ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-107, 110, 157, 97ANDRÉ DIAS IRIGON-160, 87ANDRE MIRANDA VICOSA-105ANDREA M. SANTOS SANTANA-12, 151ANDRESSA MARIA TRAVEZANI LOVATTI-119ANDRESSA POZES TIRADENTES RIBEIRO-163antenor vinicius caversan vieira-180, 89ANTONIO CARLOS BORLOTT-93ANTÔNIO CARLOS CARARA PONCIANO-182ANTONIO JOSE COELHO-111ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-102ANTONIO SERGIO BROSEGUINI-73, 8BARBARA DENARDE NOGUEIRA-166BERNARDO JEFFERSON BROLLO DE LIMA-63BRENO FAJARDO LIMA-154BRUNO COSTA CADE-44BRUNO FAJARDO LIMA-154BRUNO MIRANDA COSTA-167, 173, 176, 177, 187, 188, 190, 43, 56, 65, 75, 8CARLOS BERKENBROCK-23, 24, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 58, 59CARLOS BRUNO FERREIRA DA SILVA-2CARLOS ROBERTO FIRME FILHO-3Carolina Augusta da Rocha Rosado-1, 25, 57CATARINE MULINARI NICO-35, 80CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO-182CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-40, 41, 42, 47CLEBSON DA SILVEIRA-163, 174, 27, 59CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-102CONCEIÇÃO MANTOVANNI SEIBERT-91DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO-120DAYVID CUZZUOL PEREIRA-159DICK CASTELO LUCAS-73, 8DIEGO HENRIQUE ARAÚJO-44EDGARD VALLE DE SOUZA-121, 165, 81, 9EDIWANDER QUADROS DA SILVA-65, 75EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR-164, 98EDUARDO JOSÉ TEIXEIRA DE OLIVEIRA-168EDUARDO THIEBAUT PEREIRA-21

EDUARDO VAGO DE OLIVEIRA-118ELAINY CÁSSIA DE MOURA-19ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA-28, 29, 58, 62EMILIO AUGUSTO TRINXET BRANDÃO JUNIOR-21ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-106, 23, 91ESDRAS ELIOENAI PEDRO PIRES-180, 89ESTEVÃO SANTIAGO PIZOL DA SILVA-168FAUSTO LADEIRA RESENDE BOTTA-110FELIPE SILVA LOUREIRO-36FERNANDA MONTEIRO DA CRUZ-63FERNANDO DA FONSECA RESENDE RIBEIRO-163FREDERICO AUGUSTO MACHADO-187, 190GABRIELA BERNARDO DEORCE-49GERONIMO THEML DE MACEDO-138, 21GRASIELE MARCHESI BIANCHI-45GUSTAVO CABRAL VIEIRA-33, 4, 5, 51, 63GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO-123, 124, 126, 153, 20, 203Isabela Boechat B. B. de Oliveira-14, 50, 68, 72IVALDO MARQUES FREITAS JUNIOR-38IVAN LINS STEIN-192IZAIAS CORREA BARBOZA JUNIOR-2JADSON DIAS SAID-103JAILTON AUGUSTO FERNANDES-103, 9JAMILSON SERRANO PORFIRIO-161, 53JANETE MARCIA DIAS-63JOANA D'ARC BASTOS LEITE-83JOAO BATISTA DALAPICOLA SAMPAIO-46JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-17, 170, 182, 184, 191, 6, 76JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-169, 170, 171, 172, 173, 174, 176, 177, 178, 179, 182, 183, 184, 185, 189,JOÃO ROBERT CUZZUOL PEREIRA-159JOSÉ ADAO DE SOUZA-193JOSE CARLOS NASCIF AMM-44JOSÉ DE OLIVEIRA GOMES-108JOSE GERALDO NUNES FILHO-49JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-37JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-117, 16, 38, 44JOSE IRINEU DE OLIVEIRA-166, 45JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-11, 208, 39, 66, 78, 88JOSÉ NASCIMENTO-108JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS-167, 50JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-10, 212, 41, 46, 80JOSIANI GOBBI MARCHESI FREIRE-194, 195, 196, 197, 198, 200, 202, 204, 206, 207JULIANA ALMENARA ANDAKU-125, 135, 137Juliana Almenara Andaku-122JULIO CESAR BARREIRO RANDOW SANTANA-44Karina Rocha Mitleg Bayerl-12, 18, 210, 43, 60, 64Kleison Ferreira-131LEILA ARAÚJO DA SILVA-140LEONARDO JUNHO GARCIA-86LEONARDO PIZZOL VINHA-138, 141, 142, 143, 144, 145, 146, 147, 148, 149, 213, 214, 215, 216, 217, 219, 220, 221, 222,LETICIA SILVEIRA B. CORREIA LIMA-84LIDIANE DA PENHA SEGAL-211, 212, 22, 48, 51, 52, 55, 57, 62, 68LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO-53, 54, 81LILIAN MAGESKI ALMEIDA-49LUCELIA GONCALVES DE REZENDE-79LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA-109, 164, 90, 95

Luciano Martins De Oliveira-211, 69LUDMYLLA MARIANA ANSELMO-209Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro-100LUIZ ANTONIO TARDIN RODRIGUES-86LUIZ HENRIQUE MIGUEL PAVAN-74MÁIRA DANCOS BARBOSA RIBEIRO-180MARCELA BRAVIN BASSETTO-15, 48, 71, 79MARCELA CLIPES-114MARCELA REIS SILVA-105MARCELLE PERIM ALVES VIANA-154MARCELO CARVALHINHO VIEIRA-186, 77, 89MARCELO MATEDI ALVES-138, 141, 142, 143, 144, 145, 146, 147, 148, 149, 213, 214, 215, 216, 217, 219, 220, 221, 222,MARCELO NUNES DA SILVEIRA-167, 50MARCO TULIO RIBEIRO FIALHO-12, 150Marcos Figueredo Marçal-140, 171, 178, 18, 183, 186, 189, 209, 31, 36, 70, 74, 83, 89MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA-132, 133, 139MARGARETH ALVES DE OLIVEIRA-130MARIA CRISTINA NOGUEIRA MOREIRA-76MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI-180, 186, 191, 76, 89MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO-154MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI-122, 123, 124, 125, 126, 127, 128, 129, 13, 130, 131, 132, 133, 134, 135, 136, 137,MARIA DE FATIMA MONTEIRO-17, 63MARIA ISABEL PONTINI-106, 156, 166MARIA MARGARIDA MELO MAGNAGO-4MARILENA MIGNONE RIOS-112, 90MARILENE NICOLAU-6MARINA RIBEIRO FLEURY-134MICHELE ITABAIANA DE CARVALHO PIRES-49NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO-161, 34, 73, 77NATASHA MOUTINHO GOEBEL-84NEUSA MARIA MARCHETTI-79NEY COUTINHO-69NILSON DOS SANTOS GAUDIO-16OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO-116PAULA ABRANCHES ARAÚJO SILVA-193, 199, 201PAULA ALMEIDA RAMOS-85PAULA GHIDETTI NERY LOPES-115PAULO AUGUSTO MARTINS PINHEIRO CHAGAS-15PAULO HENRIQUE MARÇAL MONTEIRO-63Paulo Henrique Vaz Fidalgo-156PAULO WAGNER GABRIEL AZEVEDO-104, 107, 162PEDRO INOCENCIO BINDA-111, 118RAFAEL ALMEIDA DE SOUZA-10Rafael Antônio Freitas-116RAIMUNDO AFONSO DE ALVARENGA-44RAQUEL MAMEDE DE LIMA-213RENATA BUFFA SOUZA PINTO-214RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS-119, 96RICARDO LUIZ GOMES-5RODRIGO BARBOSA DE BARROS-128, 136, 205RODRIGO CAMPANA FIOROT-1RODRIGO COSTA BUARQUE-169, 85RODRIGO JOSE PINTO AMM-44RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-104, 121, 155, 162, 166, 92ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-179, 180, 30, 32, 64SAMYR GOMES LIMA-99

SANDRA VILASTRE DE ARAUJO-120, 160SANDRO ZORZANELLI COELHO-158SANTOS MIRANDA NETO-6SAYLES RODRIGO SCHUTZ-28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 58, 59SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR-100, 94SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS-172, 181SIDINÉIA DE FREITAS DIAS-116SILVIA BARREIRA DE VARGAS-71SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-113, 165, 175, 185, 22, 49, 52SIRO DA COSTA-87TAIS MARIA ZANONI-175TATIANA MARQUES FRANÇA-163THIAGO COSTA BOLZANI-161THYAGO BRITO DE MELLO-163UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-101, 11, 159, 161, 208, 26, 39, 66, 67, 7, 78, 82, 88URBANO LEAL PEREIRA-108Valber Cruz Cereza-109, 95, 96Valdoreti Fernandes Mattos-7VALTER JOSÉ COVRE-14VANESSA MARIA BARROS GURGEL ZANONI-37vanessa ribeiro fogos-186VERA LUCIA SAADE RIBEIRO-215, 216, 217VILMAR LOBO ABDALAH JR.-42Vinícius de Lacerda Aleodim Campos-102, 112, 158, 94, 98, 99VIVIANE PIASSAROLI MANTOVANELI-38WESLEY CORREA CARVALHO-101

1ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). ROGERIO MOREIRA ALVES

Nro. Boletim 2012.000188 DIRETOR(a) DE SECRETARIA

09/11/2012Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0000554-61.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000554-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JAILSON VIEIRA DE SOUZA(ADVOGADO: RODRIGO CAMPANA FIOROT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Carolina Augusta da Rocha Rosado.).Processo n.º 0000554-61.2010.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF LinharesRecorrente : JAILSON VIEIRA DE SOUZARecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DECONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL. LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARAATESTAR A INCAPACIDADE. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 53-61, em razão da sentença de fls. 49-51, que julgouimprocedente o pedido autoral de restabelecimento de benefício auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria porinvalidez. Em suas razões de recurso, sustenta o recorrente que o perito do juízo não é apto a realizar a perícia norecorrente, uma vez que não é especialista na doença do mesmo, devendo ser realizada nova perícia. Ademais alega orecorrente que os laudos/exames particulares juntados aos autos, atestam a sua incapacidade para o trabalho. Assimpostula pelo conhecimento e provimento do recurso para que sejam deferidos os pedidos deduzidos na inicial.

2. As contrarrazões foram apresentadas às fls. 64-67.

3. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n° 9.099/95).

4. A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei n° 8.213/91, que o auxílio-doença será devido ao s egurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o artigo 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, umavez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo deauxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

5. O laudo pericial de fl.40, formalizado por médico ortopedista, especialista nas enfermidades indicadas na inicial,diagnosticou que o autor é portador de hérnia de disco lombar, no momento, está assintomático, não apresentandoincapacidade para o exercício de suas atividades laborais. Insta ressaltar que o perito nomeado pelo juiz de primeiro grau, oDr. Tercelino Haustequestt Neto, é médico ortopedista, cujo endereço é Clínica dos Acidentados, Avenida Dario Lourençode Souza, nº 191, Mario Cypreste, Vitoria-ES, conforme consta no despacho de fl.36, não devendo prosperar, portanto aalegação de que o mesmo era incompetente para a elaboração do laudo pericial.

6. De sua parte, o autor apresentou como prova, os documentos médicos de fls. 16-23, quais sejam: laudo médicoapontando apenas a existência da enfermidade, datado em 19.05.2010 (fl. 21); atestados médicos referentes ao ano de2007, época em que foi diagnosticada incapacidade laboral momentânea, motivo pelo qual foi concedido o benefício deauxílio-doença (fls. 22-23 e 29); exames médicos que não apontam, propriamente, estado de inaptidão do paciente (fls.16-19).

7. Diante da conclusão pericial, em cotejo com os documentos médicos apresentados pela parte, este relator entende queinexistem, nos autos, elementos técnicos capazes de balizarem a caracterização do alegado estado de incapacidade para olabor, sendo certo que a existência de eventual patologia não implica, necessariamente, inaptidão funcional.

8. Vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância paraauxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há comoconsiderar os documentos apresentados pela autora em detrimento da conclusão do perito oficial (Súmula nº 08 da TurmaRecursal do Espírito Santo), a menos que os laudos particulares se mostrem suficientes à comprovação da incapacidadealegada ou em caso de comprovada e grave falha no laudo oficial, hipóteses que não ocorreram no caso vertente,excluindo-se, desse modo, a necessidade de realização de nova prova técnica ou até mesmo de complementação doparecer apresentado.

9. Por todo o exposto, reputo não demonstrada hipótese de incapacidade laborativa, não havendo, portanto, fundamento aautorizar o restabelecimento do benefício de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez em favor daparte autora/recorrente.

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

11. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 25,na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

92001 - RECURSO/SENTENÇA PENAL

2 - 0002371-69.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002371-0/01) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (PROCDOR: CARLOSBRUNO FERREIRA DA SILVA.) x DEYSI WANZELER PASCHOAL E OUTRO (ADVOGADO: IZAIAS CORREA BARBOZAJUNIOR.).VOTO-VISTA

1. Sr. Presidente, no que refere à preliminar, concordo com V. Exa. Não houve error in procedendo.

Parece-me que do apelo ministerial há o intuito de restringir o conceito da sentença penal ao âmbito que se lhe atribui aTeoria Geral do Processo. Com efeito, analisando o ato judicial sentença – cível ou penal – sob o enfoque de uma TeoriaGeral do Processo, de fato é inviável haver sentença sem prévia existência de uma ação (seja ela cível ou penal).

Mas a doutrina questiona a viabilidade de reconduzir o Direito Processual Penal a uma Teoria Geral do Processo. Neste

contexto, a obra denominada Teoria do Direito Processual Penal, de Rogério LAURIA TUCCI, critica exatamente essatentativa. Não se cuida de um problema meramente teórico; ele assume dimensão prática, e nesse caso estamos aferindouma delas.

A questão é que o conceito de sentença, no âmbito do Processo Penal, é diverso e mais amplo do que ocorre no ProcessoCivil. Como leciona Guilherme de Souza NUCCI, “(...) no Código de Processo Penal, ... usa-se o termo sentença, emsentido amplo, para abranger, tambémj, as decisões interlocutórias mistas e as definitivas, que não avaliam a imputaçãopropriamente dita.” (Código de Processo Penal comentado. 9ª ed. São Paulo: RT, 2009, p. 683).

É por essa razão que a apelação cabe não somente contra sentença condenatória ou absolutória, mas também é cabívelcontra decisão definitiva ou com força de definitiva (art. 593, II, CPP).

Estamos adiante de uma decisão que se pode qualificar como definitiva; que, portanto, é apelável.

Logo, não há que se falar em erro de procedimento.

2. Quanto ao mérito, respeitosamente divirjo do teor do voto de V. Exa.

A jurisprudência pátria tem como viável a incidência da norma penal que tipifica o delito de desobediência em casos dedepósito infiel.

Essa possibilidade foi explicitamente admitida nos seguintes julgados oriundos do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e doTRF da 2ª Região:

HABEAS CORPUS – DEPOSITÁRIO INFIEL – PENHORA SOBRE O FATURAMENTO – DESCUMPRIMENTO DE ORDEMJUDICIAL. 1. Foi a penhora sobre o faturamento da empresa devidamente formalizada, sendo a paciente indicada comoadministradora. 2. Descumprimento de ordem judicial por parte da administradora da penhora que, há mais de três anos,procura driblar a Justiça, sem prestar contas do seu encargo. 3. Decretação de prisão está pautada em desobediência enão em prisão civil. 4. Habeas corpus denegado.(STJ – 2ª Turma. Processo HC 200600026284. HC - HABEAS CORPUS - 52436Relatora Min. ELIANA CALMON. Fonte DJ DATA:12/05/2006 PG:00150)

HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO FISCAL. DEPOSITÁRIO INFIEL. DESCUMPRIMENTO DE MANDADO JUDICIAL.PRISÃO CIVIL. APRESENTAÇÃO DE JUSTIFICAÇÃO. CONCESSÃO DA ORDEM. I - O depositário, ao exercer a funçãode direito público de gestor da coisa penhorada, não pode se recusar a cumprir a decisão do juiz da execução fiscal,podendo ser, em tese, preso pelo crime de desobediência previsto no art. 330 do Código Penal, ou como depositário infiel,de acordo com o que preceitua o art. 5º, LXVII, da CRFB. II - Uma vez justificadas nos autos da Execução Fiscal as razõesque levaram o depositário a descumprir voluntariamente mandado judicial, não se mostra necessária a sua prisão civil. III -Ordem concedida.(TRF da 2ª Região – 1ª turma. Processo HC 200802010021730 - HC - HABEAS CORPUS – 5640. RelatoraDesembargadora Federal MARIA HELENA CISNE . Fonte DJU - Data::17/04/2008 - Página::151).

Não me cabe, nesse momento, adentrar no acervo probatório. Visto que sequer houve imputação, parece-me que é o casode analisar em juízo de delibação se a imputação seria viável; e, nesse caso, viabilizar o prosseguimento dos atos depersecução; ou, em caso contrário, endossar o posicionamento adotado pelo Juízo a quo.

Dentro de tal contexto, entendo que, no que refere à depositária DEYSI, a sua conduta pode, em tese, subsumir-se aoartigo 330 do Código Penal. Por conseguinte, no que refere à acusada DEYSI WANZELER PASCHOAL, voto no sentido dereformar a sentença, reabrindo-se oportunidade ao MPF de obter os documentos necessários à efetivação de proposta detransação penal.

Não obstante, no que refere a ROBSON KOBBI PASCHOAL, com relação ao qual a sentença afirma explicitamente que omesmo não assumiu o encargo de depositário dos bens penhorados, resta evidente que não pode o mesmo responder pelodelito de desobediência pelo fato da não-apresentação dos bens penhorados. Logo, com relação a ROBSON KOBBIPASCHOAL, voto no sentido de manter a sentença.

É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes

EMENTA

APELAÇÃO CRIMINAL – SENTENÇA QUE EXTINGUIU O PROCEDIMENTO EM FASE PRELIMINAR, ANTES DOOFERECIMENTO DE PROPOSTA DE TRANSAÇÃO PENAL – DECISÃO COM FORÇA DE DEFITIVA – AUSÊNCIA DEERROR IN PROCEDENDO – MÉRITO: DELITO DE DESOBEDIÊNCIA – INCIDÊNCIA, EM TESE, EM CASO NO QUAL O

DEPOSITÁRIO JUDICIAL – APELAÇÃO PROVIDA EM PARTE.1 – Em casos nos quais a persecução penal pré-processual configura constrangimento ilegal porque, por exemplo, o fato émanifestamente atípico, é possível extinguir o procedimento investigativo mediante sentença. O ato judicial em questãoconfigura decisão com força de definitiva, passível de recurso de apelação (artigo 593, II, CPP). Por conseguinte, o fatoprocessual de o procedimento ser extinto por sentença sem que houvesse a formalização de imputação (ou seja, sem oajuizamento de ação penal) não configura erro de procedimento.2 – A jurisprudência pátria considera viável a incidência da norma penal que tipifica o delito de desobediência (artigo 330,CP) em casos nos quais o depositário judicial se recusa a cumprir decisão judicial que determina a entrega do bempenhorado.3 – Recurso parcialmente provido. Sentença anulada, para reabrir o procedimento pré-processual, viabilizando ao MPF aoportunidade de obter os documentos necessários à efetivação de proposta de transação penal em face da acusada DeysiWanzeler Paschoal.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO AORECURSO DO MPF, na forma da ementa constante dos autos que faz parte integrante do julgado.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes

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91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

3 - 0000212-87.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000212-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: CARLOS ROBERTO FIRME FILHO.) x MARIA DA PENHA POCIDONIO PEREIRA E OUTROS (ADVOGADO:ADENILSON VIANA NERY.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – FALECIMENTO DO SEGURADO – QUALIFICAÇÃO DOS HERDEIROS –LAUDO MÉDICO PERICIAL INDIRETO – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 87/89, que julgou procedente acondenação da autarquia previdenciária à concessão de auxílio-doença para LUIZ CARLOS BARBEITO PEREIRA. Ocorreque o autor da ação faleceu, sendo substituído por MARIA DA PENHA POCIDÔNIO, LUIZ CARLOS BARBEITO PEREIRAJÚNIOR, PAULO HENRIQUE POCIDÔNIO PEREIRA e ANA PAULA POCIDÔNIO PEREIRA. O recorrente alega, em suasrazões recursais, que os herdeiros não se habilitaram no prazo estipulado no art. 51 da Lei nº 9.099/95 (30 dias), havendo,então, a necessidade de extinção do processo sem julgamento de mérito. Subsidiariamente, caso não seja acatado oargumento anterior, o INSS pugna pela improcedência do pedido de concessão do auxílio-doença, destacando a ausênciade elementos probatórios capazes de atestar a incapacidade. Os recorridos apresentaram contrarrazões, pugnando pelamanutenção da sentença.2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos.3. A controvérsia cinge-se à habilitação dos recorridos em tempo hábil. O INSS aponta o art. 51 da Lei 9.099/95, quegarante o prazo de 30 dias para os herdeiros se habilitarem nos autos após a morte do segurado. Ocorre que os recorridos,no momento do óbito, não gozavam de assistência advocatícia. Logo, torna-se compreensível a fixação do prazo de 30 diasapós o despacho (fl. 31), realizado pelo juízo a quo, visando suprir esse desconhecimento dos recorridos. Ademais, já haviainteresse prévio na habilitação, conforme podemos verificar no anexo de fl. 22: a filha do “de cujus” (ANA PAULAPOCIDÔNIO PEREIRA) compareceu ao juizado no dia 07/05/2010, ocasião em que apresentou diversos documentos(certidões de nascimento, fls. 23/30), além da certidão de óbito da parte autora. Entende-se, então, evidente seu interesseem habilitar-se no processo e prosseguir com o feito.4. A autarquia previdenciária requereu, também, a extinção da ação sem resolução do mérito, em virtude da falta derespostas aos seus quesitos formulados em cartório, o que caracterizaria cerceamento da defesa. Verifica-se, no entanto,que tais quesitos, não cercearam a defesa do réu. Conforme estabeleceu o despacho de fls. 56/57, os quesitos formuladospelo INSS encontravam-se todos absorvidos pelos quesitos do juízo, não havendo assim, nenhum sentido em repeti-los e,consequentemente, nenhum prejuízo.

5. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, conservar-se-á o posicionamento firmado, previamente, pelojuízo a quo. Torna-se evidente, através dos laudos médicos apresentados à perícia, que o autor sofria de artrosetricompartimental, patologia que o incapacitava de forma definitiva para qualquer atividade (fls. 72/73). Não há o que sequestionar acerca das respostas obtidas através da perícia médica judicial indireta. A matéria foi suficientemente

esclarecida pelo perito médico judicial, que é especialista habilitado e capacitado para realização de perícias de formaimparcial. Logo, todos os requisitos para a concessão do auxílio-doença foram preenchidos, garantindo aos recorridos odireito de receber o pagamento da prestação previdenciária desde a data em que foram devidas (28/01/2009 a 11/04/2010).6. Assim, havendo incapacidade laborativa no período exposto e estando os recorridos devidamente habilitados, nãomerecem guarida os argumentos expostos no pleito recursal.7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.8. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor dacondenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

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4 - 0003962-69.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003962-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARILISE HELENA SOUZAMANSO MOURA (ADVOGADO: MARIA MARGARIDA MELO MAGNAGO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).Processo n.º 0003962-69.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEFRecorrente : MARILISE HELENA SOUZA MANSO MOURARecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DEINCAPACIDADE LABORAL CONSTATADA PELO LAUDO PERICIAL. PREVALÊNCIA DA PERÍCIA JUDICIAL SOBRE OSLAUDOS MÉDICOS PARTICULARES. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 80-87, em razão da sentença de fls. 77-78, que julgouimprocedente o pleito autoral de concessão do benefício de auxílio-doença desde a data do requerimento administrativo.Sustenta a recorrente, em suas razões, que o laudo pericial não se compatibiliza com sua real condição de saúde, bemcomo desconsidera os demais documentos médicos colacionados aos autos, inclusive a perícia realizada pelo próprioINSS, na qual foi reconhecida a existência de incapacidade. Ademais, argumenta que o indeferimento administrativo teriase fundado tão somente na alegada ausência de qualidade de segurada quando do início da incapacidade, o que não maissubsiste, tendo em vista o advento de sentença condenatória em reclamação trabalhista que reconheceu períodos devínculo de emprego em seu favor. Assim, postula pelo conhecimento e provimento do recurso para que sejam deferidos osbenefícios pleiteados, com o pagamento das parcelas retroativas.

2. As contrarrazões foram apresentadas às fls. 104-107.

3. Preliminarmente, reconheço a tempestividade do presente recurso, porquanto, em consulta aos autos virtuais doprocesso originário, verifico que a recorrente sequer foi formalmente intimado da sentença proferida. Assim, tendo a parteprejudicada adiantado-se à cientificação formal do ato judicial, tenho por tempestiva a presente iniciativa recursal.

4. A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei n° 8.213/91, que o auxílio-doença será devido ao s egurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o artigo 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, umavez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo deauxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

5. No caso sob apreço, a autora, administradora, atualmente com 40 (quarenta) anos, alega estar incapacitada para oexercício de suas atividades habituais em razão de estar acometida de transtorno psiquiátrico depressivo. De fato, épossível verificar que a perícia produzida nos autos (laudo de fls. 45-47) confirmou o diagnóstico de transtorno depressivo.Contudo, o douto perito, afirmou que a autora possui aptidão para exercer a atividade habitual de analista de compras,porque está lúcida, orientada no tempo e no espaço, coerente, cooperativa e calma, não apresentando distúrbios nocomportamento ou alterações senso perceptivas dignas de nota (resposta ao quesito 08 e 09). Concluiu, assim, que nãoexiste incapacidade laborativa.

6. Em que pese o indeferimento administrativo ter se fundado tão somente na ausência da qualidade de segurada darecorrente – requisito este que reputo preenchido, tendo em vista a sentença declaratória de vínculo de emprego proferidapela Justiça do Trabalho (fls. 20-30) referente a tempo de contribuição inclusive já homologado pelo INSS (fl. 83) – a

recorrente não conseguiu comprovar em Juízo a alegada incapacidade, conforme conclusão pericial. Não restoucomprovada a existência de incapacidade em nenhum momento. O único laudo particular trazido na inicial (fl. 10), datadode 22/06/2010, não é o bastante para afastar esta conclusão, mormente ao se considerar o Enunciado de n. 08 da TurmaRecursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo: “O laudo médico particular é provaunilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendoconclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular. (DIO - Boletim da Justiça Federal,18/03/04, pág. 59)”

7. Diante da conclusão pericial, em cotejo com os documentos médicos apresentados pela parte às fls. 53-68, que, àexceção do já citado laudo, limitam-se a dizer que a autora manteve acompanhamento psiquiátrico e fez uso demedicamentos, este relator entende que inexistem nos autos elementos capazes de balizarem a caracterização daincapacidade da parte para o labor em geral, sendo certo que a existência de eventual patologia não implica,necessariamente, inaptidão funcional.

8. Nesses termos, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem sesobrepor aos laudo periciais, o qual goza de presunção de veracidade. Desse modo, deve ser mantida a sentença recorrida,de modo a não ser concedido o pedido autoral.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

10. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 40,na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

5 - 0002080-38.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002080-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO FRANCISCO ALVES(ADVOGADO: RICARDO LUIZ GOMES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVOCABRAL VIEIRA.).6 - 0007878-64.2010.4.02.5001/01 (2010.50.01.007878-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARGARIDA DA SILVA(ADVOGADO: SANTOS MIRANDA NETO, MARILENE NICOLAU.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).Processo n.º 0007878-64.2010.4.02.5001/01 – Juízo de Origem: 3º JEFRecorrente : MARGARIDA DA SILVARecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DECONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL. LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARAATESTAR A INCAPACIDADE. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 118-121, em razão da sentença de fl. 114-115 que julgouimprocedente o pedido autoral de restabelecimento de benefício auxílio-doença. Em suas razões de recurso, a recorrentealega, em síntese, que se encontra incapacitada para o exercício de suas funções habituais, requerendo que o juiz nãofique adstrito à conclusão do laudo pericial. Assim, postula pelo conhecimento e provimento do recurso para que sejadeferido o benefício pleiteado, com o pagamento das parcelas retroativas.

2. Não foram apresentadas contrarrazões, conforme certidão de fl. 125.

3. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n° 9.099/95).

4. A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei n° 8.213/91, que o auxílio-doença será devido ao s egurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o artigo 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma

vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo deauxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

5. A autora, ora recorrente, recepcionista, atualmente com 56 (cinqüenta e seis) anos (fl. 13), alega possuir quadro dedepressão associada a lapsos de memória, confusão mental, falta de concentração e dificuldade de entender prontamente,enfermidades que a incapacitam para o exercício de seu trabalho. O laudo pericial de fls. 102-103 atesta que a recorrente éportadora de transtorno depressivo (CID-10 F32), mas que tal enfermidade não a incapacita para o exercício de seu labor.Ressaltou o perito que, ao exame físico, a autora apresentou-se lúcida, coerente, orientada, com juízo crítico e consciênciapreservados e sem limitações funcionais.

6. A presente ação visa o restabelecimento do benefício NB 525.581.872-7, cessado em 04/04/2010. Posteriormente,contudo, a autora obteve junto ao INSS a concessão de outros dois auxílios-doenças, quais sejam, o NB 541.245.540-0, noperíodo de 03/06/2010 a 09/03/2011, e o NB 545.583.274-0, concedido em 13/04/2011 e ativo atualmente. Assim, acontrovérsia dos autos cinge-se aos períodos em que não houve pagamento do benefício, ou seja, entre 05/04/2010 e02/06/2010 e entre 10/03/2011 e 12/04/2011. Nesses termos, discute-se pouco menos de três meses. Embora se possapresumir que a incapacidade não tenha sofrido solução de continuidade nesses curtos períodos, tal ilação não é confirmadapelos demais elementos dos autos. Isto porque, além de a perícia oficial, não ter constatado incapacidade, os documentosparticulares não demonstram que houve inaptidão laboral nesses períodos, conforme ressaltado na sentença.

7. Assim, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem se sobreporao laudo pericial, que goza de presunção de veracidade.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 115,na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

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7 - 0000694-32.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000694-6/01) JUDITH LOUREIRO COSME (ADVOGADO: ValdoretiFernandes Mattos.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZRODRIGUES.).RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000694-32.2009.4.02.5053/01RECORRENTE: JUDITH LOUREIRO COSMRRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA E POSTERIOR CONVERSÃO EM APOSENTADORIAPOR INVALIDEZ – CONFIGURAÇÃO DA INCAPACIDADE PARA O LABOR POR PERÍCIA JUDICIAL REGULAR –AUSÊNCIA DA QUALIDADE DE SEGURADO – BENEFÍCIO INDEVIDO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO –SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 97/99, que julgouimprocedente o pedido da exordial e não concedeu à parte autora o benefício de auxílio-doença, haja vista a ausência daqualidade de segurado. Sustenta a autora, em suas razões recursais, que se encontra incapacitada desde 11/11/2006, enão desde 25/03/2007, conforme foi fixado pela autarquia federal, época em que mantinha a qualidade de segurada. Nomais, a recorrente alega que é portadora de insuficiência coronariana, patologia esta para a qual não é exigida carência.Contrarrazões às fls. 109/115.

2. Primeiramente, cabe destacar que o auxílio-doença, conforme se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido

ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalhoou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Por sua vez, a aposentadoria por invalidez, porforça do disposto no art. 42 do mesmo diploma legal, será devida ao segurado que, uma vez cumprida, quando for o caso, acarência exigida, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para oexercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. Em exame pericial (fls. 73/77), a perita constatou que a pericianda apresenta insuficiência coronariana crônica,concluindo que a autora apresenta invalidez permanente. Entendo como incapacitante a condição de saúde da autora parao trabalho não apenas pela conclusão pericial, mas também porque o próprio INSS não contesta tal fato, confirmando-oconforme fl. 84. Assim, não há dúvidas de que a autora se encontra enferma devido à grave doença no miocárdio, conformeatesta o laudo pericial e os demais documentos médicos juntados aos autos deste processo

4. De fato, assiste razão à parte autora no que se refere à afirmação de que a concessão do benefício de auxílio-doença ouaposentadoria por invalidez ao segurado acometido de cardiopatia grave independe de carência, conforme dispõe o art. 151da Lei nº 8.213/91. Contudo, ainda que não seja necessário o cumprimento de carência, a lei de Benefícios da PrevidênciaSocial não exclui a exigência da qualidade de segurado do solicitante na data do início da incapacidade.

5. Nesse passo, observo, à fl. 92, que a autora deixou de verter contribuições ao RGPS em 1996, voltando a recolher, em01/2006, contribuições retroativas relativas aos meses de agosto dos anos de 1997 a 2005. Desse modo, conclui-se que aqualidade de segurada da parte requerente não foi retomada, já que não houve nenhuma contribuição sem atraso. Assim,se não há qualidade de segurado, impossível se perfaz o deferimento do benefício de auxílio-doença ou da aposentadoriapor invalidez.

6. Por fim, registra-se que a autora atualmente encontra-se em gozo de benefício assistencial (NB: 5496350260), conformeconsulta ao sistema PLENUS. Tal fato corrobora o entendimento de que a recorrente efetivamente não possui qualidade desegurada para a percepção dos benefícios pleiteados.

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

8. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas e de honorários advocatícios, cujo valor, considerando-se acomplexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita àfl. 58, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

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8 - 0001905-44.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001905-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALTEMIR MORAES DOSSANTOS (ADVOGADO: ANTONIO SERGIO BROSEGUINI, DICK CASTELO LUCAS.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).Processo n.º 0001905-44.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEFRecorrente : VALTEMIR MORAES DOS SANTOSRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. CAPACIDADE LABORAL VERIFICADA. PATOLOGIADIAGNOSTICADA COMPATÍVEL COM A ATIVIDADE LABORAL DO RECORRENTE. PREVALÊNCIA DO LAUDOJUDICIAL SOBRE O PARTICULAR. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 49-56, em razão da sentença que julgou improcedente apretensão de restabelecimento de auxílio-doença. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que sua incapacidade étotal e definitiva para o exercício de sua atividade laboral habitual (motorista de caminhão de lixo), tendo por vários meses(26.03.2010 a 16.10.2010 – fl. 50) recebido o benefício de auxílio-doença. Ademais, alega que não foram levados em conta

laudos médicos acostados aos autos, tendo o magistrado apenas utilizado o laudo pericial para formar seu convencimento.Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

Não foram apresentadas contrarrazões, conforme certidão de fl. 60.

A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

Desnecessária a análise da condição de segurado e do período de carência, já que constatada a capacidade do recorrente.

Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 32-33), realizada por expert em ortopedia e traumatologia, o recorrente (57anos) foi examinado e diagnosticado com artrose na coluna lombar e processos degenerativos em joelho esquerdo (quesitonº 1 – fl. 32), proveniente de patologia de ordem degenerativa das articulações, de evolução lenta e normal, comum a todosos seres humanos que, no entanto, não o incapacita para suas atividades habituais de motorista de caminhão de lixo(quesito nº 02 - fls. 32). Ao ser questionado sobre possibilidade de possíveis adaptações ao posto de trabalho para que orecorrente retomasse a atividade laborativa em quesito 15 (fl. 32), asseverou o perito que o recorrente deve evitar carga epeso extremo em coluna lombar.

Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. Na hipótese emapreço, após minuciosa análise das provas da causa, e com base no livre convencimento, este Juízo entende que omaterial probatório acostado aos autos sinaliza o desmérito do pleiteante ao pretendido benefício.

Contra a alegação recursal de que há documento médico particular que ateste a incapacidade do recorrente, importadestacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária doEspírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzidopelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há deprevalecer sobre o particular”.

Oportuno rememorar que a objetividade não invalida a prova pericial. Importa que o laudo pericial seja conclusivo e queinequivocamente revele a conclusão formada pelo perito em harmonia com o conjunto-fático probatório. Nos juizadosespeciais, os atos processuais são regidos pela simplicidade e pela informalidade (art. 2º da Lei 9.099/1995), razão pelaqual o laudo pericial, em regra, prescinde de adentrar outros pormenores. Afinal, o cerne da controvérsia é a capacidadeou, para o trabalho.

Por derradeiro, na hipótese vertente, as condições pessoais da recorrente (idade, condição social, grau de instrução etc),em cotejo com os demais elementos de prova dos autos, não infirmam o livre convencimento motivado do do magistradoprolator da sentença recorrida.

Não merece reparo, portanto, o julgado de primeiro grau.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 27, naforma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

9 - 0000766-56.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000766-4/01) CELSIANE DE JESUS SOARES (ADVOGADO: EDGARDVALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTOFERNANDES.).

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000766-56.2008.4.02.5052/01RECORRENTE: CELSIANE DE JESUS SOARESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. ARTIGO 20 DA LEI N.º8.742/93. DECISÃO ADMINISTRATIVA BASEADA APENAS NO REQUISITO FINANCEIRO. SENTENÇA QUE JULGOUIMPROCEDENTE O PEDIDO COM NA BASE AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE PARA O TRABALHO. APLICAÇÃO DATEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO. SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 99/101, que julgouimprocedente o pedido inicial de concessão do benefício assistencial previsto no artigo 20 da Lei n.º 8.742/93 (LOAS), antea não comprovação da incapacidade da parte para a prática de atos da vida independente. Em razões de recurso, a autorapostula a nulidade da sentença, tendo em vista a ausência de manifestação do juízo de origem acerca dos requerimentosde produção de prova testemunhal formulados às fls. 52 e 89. No mérito, reafirma que é acometida de prolapso da válvulamitral, moléstia que “torna bastante difícil, senão impossível, a vida independente e o trabalho” (fragmento da peça derecurso – fl. 105). Sem contrarrazões.

2. De início, rejeita-se a alegação de nulidade da sentença por cerceamento de defesa, porquanto verifica-se que, aocontrário do que afirma a parte autora em sede recursal, o juízo a quo apreciou, sim, o requerimento de produção de provatestemunhal de fl. 52, afastando-o por reputar tal medida desnecessária, consoante se infere da decisão de fls. 56/58.Diante da negativa original, despicienda perfazia-se nova apreciação do pedido com idêntico teor formulado à fl. 89. Logo,não há que se falar nulidade do decisum por cerceamento de defesa, já que o magistrado apreciou todas as questões queforam submetidas ao seu exame, sendo certo que o indeferimento de produção de prova testemunhal, consideradadesnecessária e irrelevante para o deslinde da controvérsia, não configura cerceamento de defesa, mormente sabendo-seque ao juiz incumbe a direção do processo e, principalmente, das provas a serem produzidas pelas partes.

3. No mérito, nos termos do artigo 20 da Lei n.º 8.742/93 (LOAS), o benefício de prestação continuada é garantido, no valorde um salário mínimo mensal, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do referido dispositivo legal, considera-seportador de deficiência o indivíduo com “impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, osquais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade decondições com as demais pessoas” (nova redação do art. 20, §2º, Lei n.º 8.742/93) e tem-se por incapaz de prover amanutenção do portador de deficiência ou do idoso “a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ (um quarto) dosalário mínimo” (art. 20, §3º, Lei n.º 8.742/93).

4. Pela teoria dos motivos determinantes, forçoso é reconhecer que o motivo do ato administrativo deve sempre guardarcompatibilidade com a situação de fato que gerou a manifestação de vontade. Assim, uma vez indeferido o benefício deprestação continuada com fundamento no não preenchimento do requisito financeiro, somente com base neste fato poderiaa sentença de origem negar o benefício requerido pela parte, de modo que demonstrada nos autos a insubsistência damanifestação administrativa, não pode a Autarquia Previdenciária, por motivo alheio ao exarado no primeiro requerimento,deixar de conceder amparo à pretensão autoral. Nesse sentido:

PREVIDENCIÁRIO E CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. REMESSA OFICIAL TIDA POR INTERPOSTA.BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. LEI Nº. 8.742, DE 1993 (LOAS). REQUISITOS LEGAIS. PESSOA PORTADORA DEDEFICIÊNCIA OU IDOSA. COMPROVAÇÃO DA DEFICIÊNCIA. APLICAÇÃO DA TEORIA DOS MOTIVOSDETERMINANTES. HIPOSSUFICIÊNCIA FINANCEIRA. RENDA FAMILIAR PER CAPITA SUPERIOR A ½ DO SALÁRIOMÍNIMO. PEDIDO IMPROCEDENTE. (...) 3. Imperiosa a aplicação, à espécie, da teoria dos motivos determinantes,segundo a qual o ato administrativo praticado se vincula ao que nele fora alegado pelo administrador, ensejando aconclusão de que, na esfera administrativa, por ocasião da indispensável perícia médica referente à apreciação do pedidoentão formulado pelo autor, resultou claramente demonstrado o preenchimento do requisito da deficiência pelo apelado, namedida em que a única justificativa do INSS para fazer cessar o benefício então recebido foi a renda familiar per capita sersuperior a ¼ do salário-mínimo. (...) (AC 200538060032323, DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO DE ASSISBETTI, TRF1 - SEGUNDA TURMA, e-DJF1 DATA:19/01/2009 PAGINA: 73)

5. Com efeito, o benefício da autora foi negado pela ausência de enquadramento no art. 20, §3º, da Lei nº 8.742/93, vistoque, á época, a genitora da requerente auferia renda mensal de R$ 345,55 (o mínimo vigente era de R$ 380,00), sendo queo grupo familiar era formado somente pelas duas. No curso dos autos, porém, a perícia social verificou modificações naconfiguração da renda mensal da autora.

6. Segundo o relatório social de fls. 37/41, o grupo familiar, desta feita formado pela requerente, sua genitora e ocompanheiro desta, possuía renda familiar de R$ 400,00 oriundos do trabalho do último como diarista. Nesse sentido, arenda familiar per capita equivalia a, aproximadamente, R$ 133,00, valor pouco superior ao critério previsto no art. 20, §3º,da LOAS, qual seja, R$ 116,25 (na época, 02/2009, o salário mínimo vigente era de R$ 465,00).

7. Como se sabe, contudo, a atual jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça acolhe a tese de que o critério de rendafixado no §3º do art. 20 da Lei n.º 8.742/93 somente deve ser considerado como um limite objetivo mínimo para apuraçãoda situação de pobreza, abaixo do qual o estado de miserabilidade resta objetivamente caracterizado. Assim, não sedescarta a possibilidade de valoração de outros fatores na investigação da condição de hipossuficiência do idoso ou doportador de deficiência, por meio da qual o magistrado poderá captar outros dados – não menos objetivos – que revelem,no caso concreto, possível situação de vulnerabilidade da parte e de sua família. Nesse sentido, colaciona-se, a seguir,aresto do STJ:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS.ASSISTÊNCIA SOCIAL. PREVISÃO CONSTITUCIONAL. AFERIÇÃO DA CONDIÇÃO ECONÔMICA POR OUTROSMEIOS LEGÍTIMOS. VIABILIDADE. PRECEDENTES. PROVA. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N.º 7/STJ.INCIDÊNCIA. 1. Este Superior Tribunal pacificou entendimento no sentido de que o critério de aferição da renda mensalprevisto no § 3.º do art. 20 da Lei n.º 8.742/93 deverá ser observado como um mínimo, não excluindo a possibilidade de queo julgador, ao analisar o caso concreto, lance mão de outros elementos probatórios que afirmem a condição demiserabilidade da parte e de sua família. 2. "A limitação do valor da renda per capita familiar não deve ser considerada aúnica forma de se comprovar que a pessoa não possui outros meios para prover a própria manutenção ou de tê-la providapor sua família, pois é apenas um elemento objetivo para se aferir a necessidade, ou seja, presume-se absolutamente amiserabilidade quando comprovada a renda per capita inferior a 1/4 do salário mínimo." (REsp 1.112.557/MG, Rel. Min.NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Terceira Seção, DJe 20/11/2009). 3. Assentando a Corte Regional estaremdemonstrados os requisitos à concessão do benefício assistencial, verificar se a renda mensal da família supera, ou não,um quarto de um salário-mínimo encontra óbice no enunciado da Súmula n.º 7 da Jurisprudência do Superior Tribunal deJustiça. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. – AGA 201001621770, OG FERNANDES, STJ - SEXTA TURMA,17/12/2010 (sem grifos no original)

8. Assim, considerando a composição do grupo familiar (três pessoas), entendo que, embora a renda per capita, supere,em parcela mínima, o limite legal, as demais circunstâncias do caso concreto – notadamente a patologia incapacitante daparte, o gasto com despesas básicas e com medicamentos – conduzem à conclusão de que a recorrente e sua família nãodetém ganhos habituais suficientes a garantir uma digna mantença vital.

9. Merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo Juízo a quo.

10. Presentes os requisitos peculiares para antecipação tutelar, quais sejam, o “convencimento de verossimilhança” e“fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação” (CPC, art. 273), este imanente ao caráter alimentar dasprestações previdenciárias. Somente são objeto de antecipação as parcelas vincendas, necessárias à subsistência darecorrente.

11. Pelo exposto, CONHEÇO DO RECURSO e a ele DOU PROVIMENTO para condenar o INSS a conceder o benefícioassistencial com DIB na data da perícia social (05/02/2009) e DIP na presente data. O benefício deverá ser implementadono prazo de trinta dias, devendo o INSS comprová-lo nos autos até o decurso final do aludido prazo. Sobre as prestaçõesvencidas incidem, até 30/06/2009, correção monetária e juros de mora à taxa de 1% ao mês a partir da citação. Desta dataem diante, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros próprios da caderneta de poupança (art. 5º da Lei11.960/2009).

12. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

10 - 0000471-54.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000471-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ILZA DE JESUS MADEIRA(ADVOGADO: RAFAEL ALMEIDA DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).Processo n.º 0000471-54.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEFRecorrente : ILZA DE JESUS MADEIRARecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DECONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL. LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARAATESTAR A INCAPACIDADE. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 63-65, em razão da sentença de fl. 61 que julgouimprocedente o pedido autoral de restabelecimento de benefício auxílio-doença. Em suas razões de recurso, a recorrentealega, em síntese, que se encontra incapacitada para o exercício de suas funções habituais, requerendo que o juiz nãofique adstrito à conclusão do laudo pericial. Assim, postula pelo conhecimento e provimento do recurso para que sejadeferido o benefício pleiteado, com o pagamento das parcelas retroativas.

2. As contrarrazões foram apresentadas às fls. 70-72.

3. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n° 9.099/95).

4. A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei n° 8.213/91, que o auxílio-doença será devido ao s egurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o artigo 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, umavez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo deauxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

5. A autora, ora recorrente, auxiliar de serviços gerais, alega possuir doença crônica, diagnosticada como lombalgia (CID10G55.1 e G55.2), enfermidade que a incapacita para o exercício de seu trabalho. O laudo pericial de fls. 41-42 atesta que arecorrente é portadora de leve epicondilite umeral lateral à direita, mas que tal enfermidade não a incapacita para oexercício de seu labor. Ressaltou o perito que, ao exame físico, a autora apresentou movimentos passivos e ativos domembro superior direito normais, sem incapacidade funcional.

6. O único laudo particular juntado pela recorrente (fl. 15), datada em 29/09/2009 (dia anterior ao requerimentoadministrativo) não é suficiente para afastar a conclusão da perícia oficial, na medida em que indica a existência demoléstia, mas não de incapacidade, sendo certo que não se pode confundir os conceitos de enfermidade e incapacidade, jáque o indivíduo pode estar acometido por doença, sem, contudo, apresentar incapacidade laborativa. Assim, o referidolaudo, isoladamente, não é o bastante para atestar o estado de incapacidade, mormente ao se considerar a orientação daSúmula nº 08 da Turma Recursal do Espírito Santo “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médicopericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidadelaborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

7. Vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância paraauxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há comoconsiderar os documentos apresentados pela autora em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudosparticulares se mostrem suficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha nolaudo oficial, hipóteses que não ocorreram no caso vertente, excluindo-se, desse modo, a necessidade de realização denova prova técnica ou até mesmo de complementação do parecer apresentado.

8. Nesses termos, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem sesobrepor ao laudo pericial, que goza de presunção de veracidade.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

10. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 25,na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

11 - 0000108-24.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000108-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x LAURINDA SIMÕES DOS SANTOS

(ADVOGADO: JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.).Processo nº. 0000108-24.2011.4.02.5053/01Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : LAURINDA SIMÕES DOS SANTOSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. RENDA MENSAL PER CAPITA SUPERIORAO LIMITE LEGAL. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO ESTATUTO DO IDOSO. RECURSOCONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Cuida-se de recurso inominado interposto pelo INSS em razão de sentença que julgou procedente o pedido de concessãodo benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/1993 (LOAS). Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que arecorrida não preenche os requisitos legais para a concessão do beneficio, tendo em vista que o benefício previdenciáriorecebido por seu marido, no valor de um salário mínimo, não pode ser excluído do cômputo da renda familiar, cuja rendaper capita é superior a ¼ do salário mínimo. Alega, ainda, que deve ser analisado o dever recíproco de prestar alimentosentres os membros de uma família e o caráter supletivo da Assistência Social. Dessa forma, requer seja conhecido eprovido o presente recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls.113-116.

Nos moldes do art. 20 da Lei nº 8.742/1993, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, de seu turno,considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capitaseja inferior a ¼ do salário mínimo.

A condição de miserabilidade é fato controverso nos autos. O relatório social (fls. 66-69) atesta que o grupo familiar écomposto por quatro pessoas (recorrida, 65 anos; esposo, 71 anos; filho, 35 anos e nora, 39 anos). A casa onde reside éprópria, de alvenaria, coberto com telha eternit e piso de cerâmica, constituída por sete cômodos, em bom estado dehabitabilidade e higiene. A renda familiar é de R$ 545,00 (quinhentos e quarenta e cinco reais), valor oriundo daaposentadoria do marido.

Assim, considerando o montante da renda auferida pela família (R$ 545,00) e que o grupo familiar é constituído, emverdade, por duas pessoas (exclusão do filho maior de 21 anos e da nora), a renda per capita normalmente não seriainferior a ¼ do salário mínimo.

Não obstante, o valor da aposentadoria recebida pelo marido da recorrida não deve ser computado para efeito de cálculo darenda familiar per capita. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso),segundo o qual o benefício assistencial de prestação continuada já concedido a qualquer membro da família, que seja idosoe tenha pelo menos 65 anos de idade, não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar a que se refere aLOAS.

A situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. Assim como o benefícioassistencial de prestação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, o benefícioprevidenciário auferido em valor mínimo por membro da família com essa idade também não deve ser computada para osfins do cálculo da renda familiar per capita.

O art. 203, inciso V, da Constituição Federal dispõe que cabe à lei definir os critérios para a concessão do benefícioassistencial de amparo à pessoa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, doEstatuto do Idoso, a decisão judicial não está deixando de buscar na lei as diretrizes para identificação do beneficiário. Nãose trata de aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.

Com a desconsideração da renda proveniente da aposentadoria auferida pelo esposo da recorrida, a renda familiar passa aser nula, fato que atrai o deferimento do benefício assistencial pleiteado.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos termos do art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa

que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

12 - 0004233-15.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004233-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANDREA M. SANTOS SANTANA.) x MUNICÍPIO DE VILA VELHA (ADVOGADO: MARCO TULIO RIBEIROFIALHO.) x DELMA BRAGA KOSCKY (DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0004233-15.2009.4.02.5050/01EMBARGANTE: UNIÃOEMBARGADO(A): DELMA BRAGA KOSCKYRELATOR: Juiz federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DA UNIÃO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIO EMFAVOR DA DPU. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 421 DO STJ. OMISSÃO RECONHECIDA. EMBARGOSACOLHIDOS. ACÓRDÃO REFORMADO EM MÍNIMA PARTE.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pela União em razão do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls.159-162, por intermédio dos quais o ente embargante aponta omissão no julgado, consistente na ausência de aplicação daSúmula 421 do STJ ao caso concreto.

Com efeito, a parte autora se encontra representada nestes autos pela Defensoria Pública da União, tendo o acórdãoembargado condenado os recorrentes, União e Município de Vila Velha, ao pagamento de honorários advocatícios. Ocorre,nos termo da Súmula 421 do Superior Tribunal de Justiça, “os honorários advocatícios não são devidos à DefensoriaPública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença”. Tal premissa não foi levada emconsideração por este órgão colegiado quando da condenação da União ao pagamento de honorários à DPU, de modo queresta configurada a alegada omissão.

Reconhecida a omissão, pois, acolho os embargos de declaração aviados pela União para excluir a sua condenação aopagamento de honorários advocatícios em favor da Defensoria Pública da União. Omissão sanada. Acórdãocomplementado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, acolher os embargos de declaração, na forma da ementa que passa aintegrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

13 - 0009755-10.2008.4.02.5001/01 (2008.50.01.009755-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EOFELIA PEZZIN DE NADAI(ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal x UNIÃO FEDERAL.EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0009755-10.2008.4.02.5001/01EMBARGANTE: UNIÃOEMBARGADO(A): EOFELIA PEZZIN DE NADAIRELATOR: Juiz federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. ATO JUDICIAL. TRÂNSITO EMJULGADO. CABIMENTO NO CASO CONCRETO. HIPÓTESE SUI GENERIS. MATÉRIA EXPRESSAMENTE APRECIADANO ACÓRDÃO EMBARGADO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DO MÉRITO RECURSAL.EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela UNIÃO em razão de acórdão que concedeu parcialmente a segurança.Alega a embargante que a decisão é omissa ao não pronunciar o descabimento do mandado de segurança, tendo em vistao trânsito em julgado da sentença terminativa. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício.Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do Código de Processo Civil, limitam-se a suprir omissões, aportarclareza ou retificar eventuais contradições existentes no bojo da decisão recorrida, nada mais. In casu, pela leitura das

razões da embargante, verifica-se que esta aponta a existência de omissão no julgado.Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram analisados nadecisão colegiada.O acórdão recorrido é claro ao dispor que “o impetrante não interpôs recurso inominado porque foi impedido e não porquedeixou transcorrer o prazo recursal in albis”, daí se extraindo a ilação de que o trânsito em julgado não operou seusregulares efeitos na hipótese; não sobeja realçar que tanto faz parte do julgado o que nele se encontra explícito quanto oque nele implicitamente se contém.De fato, não se concederá mandado de segurança quando se tratar de decisão transitada em julgado. É o que se encontrano art. 5º, inciso III, da Lei nº 12.016/2009.Assim, caberia ao embargado impetrar o mandamus antes do trânsito em julgado da decisão atacada.A forma satisfaz na larga maioria dos casos; contudo, não atende a hipóteses extremas, mas ocorrentes, como a que orase apresenta. É que no caso vertente a impetrante ajuizou o mandado de segurança tardiamente, não por desídia, mas emvirtude da inadvertida observação de que “sobre a presente sentença é incabível recurso, de acordo com o Enunciado nº 18das Turmas Recursais...” (fl. 125), cujo correlato nesta Seção foi cancelado na sessão do dia 14.04.2009 (publicado noDiário Oficial do Estado do dia 22.04.2009).Ora, não se pode conferir o mesmo tratamento à parte que deixa de praticar um ato necessário à consecução do seu direitopor motivo alheio a sua vontade, diferentemente daquela que se omite deliberadamente, caso em que a preclusão deveoperar seus regulares efeitos. Consigne-se, a eficácia do princípio da igualdade não importa isonomia irrestrita ou desprezoàs peculiaridades de cada caso.Em princípio, a impetração de ação mandamental eivada de vício formal (desatendimento do pressuposto tempestividade)implica ineficácia do ato, ou seja, inaptidão de se produzirem os efeitos desejados pelo impetrante, equiparando-se àomissão do agente.No entanto, é necessário que se ressalve que essa modalidade de preclusão somente gera ineficácia do ato se e somentese verificada a validade do substrato fático. Por exemplo, na interposição intempestiva de recurso diante de irregularidadeda intimação; claro, há de ser conhecido o “apelo” em razão da irregularidade verificada. Mutatis mutandis, deve serconhecido o mandado de segurança em virtude da discutível observação lançada pelo magistrado de primeiro grau.Oportuno registrar que Chiovenda, sobre a preclusão consumativa, hipótese diversa da ora apresentada, apostilou que “não

�se pode cogitar de preclusão consumativa se o ato não foi validamente praticado” .Pois bem. Por razões de ordem lógica tal entendimento deve também ser adotado no presente caso, feitas as devidasadequações. Quadra registrar que a Lei nº 12.153/2009, que instituiu os Juizados Especiais da Fazenda Pública naEstrutura dos Estados-Membros e do Distrito Federal, teve o cuidado de não incluir na redação de seu art. 4º, que dispõesobre o recurso cabível ante sentenças, a expressão “definitiva”, afastando de vez qualquer dúvida que pudesse pairarsobre as hipóteses de cabimento do recurso inominado nessa seara. Esse dispositivo deve ser aproveitado no âmbito dosJuizados Especiais Federais, de modo a garantir a necessária coerência e consistência do microssistema processual dosJuizados Especiais, composto, basicamente, pelas Leis nº 9.099/1995, 10.259/2001 e 12.153/2009. Ademais, como jásalientado, o entendimento expresso no enunciado aludido pelo magistrado sentenciante (fl. 125) foi cancelado nesta TurmaRecursal em 14.04.2009, fato que somente corrobora a discutibilidade do dispositivo sentencial.De par com isso, a objetividade do elemento gramatical deve ser suplantada por uma interpretação de cunhohistórico-teleológico, em que a finalidade da norma seja conectada à sua gênese, na perspectiva da nova hermenêutica.Ao determinar a forma dos atos realizados pelas partes, o legislador lhes impõe limitações, pois estabelece os requisitos aserem seguidos privando o ato de efeito se esse modelo não for seguido. Percebe-se que a finalidade da forma é promovera igualdade entre as partes, além de viabilizar a celeridade processual e assegurar o desenvolvimento do contraditório e asegurança jurídica.Tal o contexto específico, não se pode desacolher a pretensão ora veiculada por pressuposto formal, quando constatadasituação particularmente desigual entre as partes; é dizer, criou-se para o impetrante situação embasada na credibilidadejurisdicional, de perfil proibitivo, que, no mínimo, o induziu a erro, quando, em realidade, no ponto, a Turma Recursalacolheu entendimento diverso (fls. 125-126), na medida em que o enunciado 12 desta Turma Recursal foi cancelado.

�Finalmente, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamento implícito e não caiba aotribunal de origem manifestar-se sobre o mérito de suposta violação constitucional ou legal suscitada pelas partes litigantes,cumpre registrar, de toda sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargado tese de direito que possa ensejar,nem mesmo potencialmente, ofensa direta aos dispositivos invocados pela embargante.Nessas condições, conheço dos embargos de declaração, mas os desprovejo.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DESPROVER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma daementa que passa a integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

14 - 0003469-58.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003469-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x LINDINALVA ELIAS MILLER (ADVOGADO:VALTER JOSÉ COVRE.).Processo n.º 0003469-58.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° JEF

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida: LINDINALVA ELIAS MILLERRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOS LEGAIS NÃOPREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA EMPARTE.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão do benefício auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta orecorrente, em suas razões recursais, que a recorrida detém plena capacidade para suas atividades laborais (lavradora).Alega, ademais, que o magistrado fundamentou a sua sentença de forma contrária à conclusão do laudo pericial. Dessaforma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedentes os pedidos deduzidos na inicial. Ascontrarrazões foram apresentadas às fls. 83-122.A aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 da Lei nº 8.213/1991, uma vez cumprida, quando for o caso,a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz einsusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquantopermanecer nesta condição.A condição de segurado e o período de carência são incontrovertidos nos autos. Assim, a questão que remanesce diz coma natureza e extensão da incapacidade laboral.O perito nomeado pelo juízo diagnosticou artrose na coluna lombar. Afirmou que a recorrida possui aptidão para exercer aatividade habitual de lavradora (quesitos 8/9). Ressaltou que a recorrida deve evitar carga de peso extremo, principalmenteem região lombar (quesito 11). Concluiu que não há incapacidade para o trabalho (quesito 14).Diante deste contexto, o magistrado prolator da sentença no alvitre de que a recorrida dificilmente conseguirá desempenharalgum tipo de atividade que lhe garanta sustento dentro de sua limitação física e profissional, notadamente diante de suascondições pessoais (idade, limitação profissional e pouca instrução escolar), entendeu que se trata, em verdade, deincapacidade total e definitiva.Em que pesem os respeitáveis argumentos declinados, considerando, notadamente, que a recorrida encontra-se comapenas 51 anos de idade, não se afigura lícito descartar a priori a possibilidade de recolocação profissional, respeitadas aslimitações diagnosticadas pelo perito e o contexto social do recorrido, sendo mesmo prematura a concessão deaposentadoria por invalidez.Assim, mais adequada ao caso é a concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença até a reabilitação do segurado,devendo ser excluída da condenação a aposentadoria por invalidez.Não é ocioso repisar que a ordem social tem como base o primado do trabalho (Constituição da República, art. 193) e que aprestação previdenciária concedida em primeiro grau somente deve ser paga quando efetivamente devida, pena de sevilipendiar o equilíbrio do sistema financeiro e atuarial do sistema previdenciário.Merece parcial reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou parcial provimento, para excluir da condenação o comando de implantaçãodo benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, permanecendo incólume a condenação no restabelecimento deauxílio-doença desde 19.01.2011, até a reabilitação do (a) segurado (a).Sem custas, na forma da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a sucumbência recíproca.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar parcial provimento, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

15 - 0000609-21.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000609-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA LUCIA DA SILVAPEREIRA FERNANDES x DEBORA LORRANA SILVA FERNANDES x LUANA SILVA FERNANDES (ADVOGADO: PAULOAUGUSTO MARTINS PINHEIRO CHAGAS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARCELA BRAVIN BASSETTO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000609-21.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: MARIA LUCIA DA SILVA PEREIRA FERNANDES E OUTROSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. DECLARAÇÃO DE MORTE PRESUMIDA.IMPOSSIBILIDADE AO MENOS ATÉ 29/06/2010 ANTE A EXISTÊNCIA DE NOTÍCIAS DO PARADEIRO DO SEGURADO.PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença de fls. 94-95, quejulgou improcedente o pleito inaugural de concessão do benefício previdenciário de pensão por morte. Em razões derecurso, as autoras alegam que o segurado encontra-se desaparecido desde 2007, pelo que requerem a declaração de suamorte presumida. Sustentam que, quanto às notícias de que o segurado teria pernoitado no Abrigo Bom Samaritano em29/06/2010, não existiria documento formal que comprovasse tal fato, não podendo ser levada em consideração a meradeclaração do abrigo, desprovida de assinatura do Sr. Hildebrando. Ademais, defendem que, ante a provável deficiênciamental do segurado, o que ensejaria a concessão de aposentadoria por invalidez, não haveria que se falar em perda daqualidade de segurado. Por fim, postula pela reforma da sentença. Contrarrazões às fls. 114-117.

2. O benefício de pensão por morte é devido ao conjunto de dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, nostermos do artigo 74 da Lei 8.213/1991. Sua concessão não exige o recolhimento de número mínimo de contribuições(carência), conforme preceitua o art. 26, inciso I, da Lei nº 8.213/1991, bastando, para tanto, que o instituidor da pensãoesteja filiado à Previdência Social (qualidade de segurado) na data do óbito.

3. Nos termos do art. 78 da Lei nº 8.213/1991, “Por morte presumida do segurado, declarada pela autoridade judicialcompetente, depois de 6 (seis) meses de ausência, será concedida pensão provisória, na forma desta Subseção”. Assim,as autoras devem demonstrar que o instituidor da pensão encontra-se desaparecido há mais de seis meses e que, nessadata, ele ainda detinha a qualidade de segurado.

4. Pois bem. Cabe destacar que as diligências efetuadas pela Polícia Civil de Vila Velha (fls. 74-78) afastam a presunção demorte do segurado pelo menos até 29/06/2010, na medida em que houve o registro de sua passagem pelo Abrigo BomSamaritano, existindo notícias, ainda, de que o mesmo encontra-se vivendo como morador de rua. A alegação de que osegurado não teria lucidez para dizer seu nome não encontram fundamento. Não é crível que as autoridades municipais epoliciais tenham inventado dados para constarem em seus registros. Ademais, não merece respaldo o argumento de que,se ele estivesse morando pelas ruas da Grande Vitória, algum conhecido já o teria visto. Trata-se de inferência insuficientepara afastar a presunção de legalidade dos dados da Polícia Civil.

5. Nesses termos, pelo menos até 29/06/2010 não há que se falar em morte presumida. No entanto, segundo extrato doCNIS anexado à fls. 47/48, o suposto de cujo verteu sua última contribuição ao regime de previdência na competência de04/2007. Assim, como nos autos restou demonstrado que o Sr. Hildebrando permaneceu vivo ao menos até 29/06/2010 écerto que, nesta data, já havia perdido a qualidade de segurado há muito tempo. Desta forma, mesmo que deferido opedido de declaração de ausência a partir de 29/06/2010, não haveria proveito para as recorrentes para fins previdenciários.

6. Não há no que se falar em realização de perícia grafotécnica, pois já restou evidenciado nos documentos de fls. 77-78que o Sr. Hildebrando Teixeira Fernandes deu entrada no abrigo Bom Samaritano. Isto porque, posteriormente à sua saída,o mesmo foi reconhecido, por meio de fotos, pelo coordenador do abrigo, o Sr. Geraldo da Conceição, juntamente com aequipe de abordagem de rua. Desta forma, indefiro o pedido de realização de perícia grafotécnica.

7. Finalmente, insta registrar que, a alegação das recorrentes quanto à provável deficiência mental, a qual ensejaria aconcessão de aposentadoria por invalidez, mantendo a qualidade de segurado independentemente de contribuições, nãomerece prosperar, pois não há provas robustas que comprovem tal alegação. Além disso, cuida-se de pedido e causa depedir diversos dos da lide, sendo proibida a inovação recursal.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença integralmente mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei9.099/1995).

9. Sem condenação em custas ou honorários advocatícios, ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

16 - 0004322-67.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004322-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x ANADIR ROSA JULIO(ADVOGADO: NILSON DOS SANTOS GAUDIO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0004322-67.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: INTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS

RECORRIDO(A): ANADIR ROSA JULIORELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em razão da sentença de fls. 72-75, que julgouprocedente o pleito inaugural de concessão do benefício previdenciário de pensão por morte, em razão do reconhecimentode relação de dependência econômica entre a parte autora e seu falecido filho.

Em razões de recurso, a autarquia previdenciária sustenta que a parte autora percebia dois benefícios previdenciários naépoca do óbito de seu filho, não sendo crível que dependesse economicamente do falecido, que se encontrava inválido.Ademais, o agravamento da situação econômica após o óbito decorreu dos empréstimos bancários contrários pela parte, enão propriamente da supressão da colaboração material prestada pelo filho quando em vida.

Contrarrazões às fls. 89-92.

É o relatório. Passo a proferir voto.

O benefício de pensão por morte é devido ao conjunto de dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, nostermos do artigo 74 da Lei 8.213/1991. Sua concessão não exige o recolhimento de número mínimo de contribuições(carência), conforme preceitua o art. 26, inciso I, da Lei nº 8.213/1991, bastando, para tanto, que o instituidor da pensãoesteja filiado à Previdência Social (qualidade de segurado) na data do óbito.

Nos termos do §4º do art. 16 do Plano de Benefícios da Previdência Social, a dependência econômica é presumida emrelação ao cônjuge, ao companheiro e ao filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ouinválido, devendo ser comprovada em relação aos demais dependentes (pais e irmãos menores ou inválidos).

Na hipótese dos autos, portanto, a concessão do benefício depende do preenchimento de dois requisitos, a saber,qualidade de segurado do falecido e dependência econômica da requerente, posto tratar-se de genitora. A controvérsia,contudo, somente se erige ao redor da relação de dependência econômica, já que a vinculação do instituidor ao RGPS nomomento do óbito não é objeto de impugnação por parte da autarquia previdenciária.

Fixadas essas premissas, passemos ao exame do ponto controvertido nos autos.

Segundo informações extraídas dos documentos apresentados e alegações da própria parte interessada, o instituidor dapensão e filho da autora era aposentado por invalidez e recebia proventos mensais no valor de R$1.649,71 (mil eseiscentos e quarenta e nove reais e setenta e um centavos), acrescidos do adicional de 25% em função da necessidadepermanente de auxílio de terceiros.

De sua parte, a autora recebia – e ainda recebe – dois benefícios previdenciários, a saber, pensão por morte instituída porseu esposo (R$ 545,00 – quinhentos e quarenta e cinco reais) e aposentadoria por tempo de contribuição (R$ 968,93 –novecentos e sessenta e oito reais e noventa e três centavos), os quais lhe rendem proventos mensais próprios nomontante de R$ 1.513,93 (mil e quinhentos e trezes reais e noventa e três centavos).

Diante dessa conjuntura, estou convencido de que a autora não dependia, essencialmente, da renda do filho para acobertura de suas despesas ordinárias básicas. Com efeito, a despeito dos alegados – e comprovados – gastos commedicamentos, energia elétrica, plano de assistência médica e odontológica, entre outros, a renda bruta da autora não lhecolocava em situação de dependência dos ganhos materiais do filho para a manutenção de uma vida digna.

Cumpre rememorar que a dependência econômica não se confunde com a simples colaboração financeira, de maneira que,se o fim da assistência reduz o padrão de vida do assistido, sem, no entanto, prejudicar a sua própria subsistência, emtermos de necessidades básicas, não há que se falar em dependência econômica.

Consoante se extrai das provas produzidas nos autos, o filho efetivamente colaborava financeiramente com a mãe. Noentanto, a requerente possui fonte de renda própria, na medida em que, além de receber proventos de aposentadoria, ébeneficiária de pensão por morte deixada pelo marido. Isto significa dizer que, com a morte do filho e o fim da assistênciapor ele prestada, o padrão de vida da autora possivelmente decaiu, mas isso não implicou o comprometimento das suasnecessidades básicas, já que ela possui recursos para prover a própria subsistência.

Em verdade, verifica-se que a dificuldade econômica vivenciada pela parte autora tem relação direta com o empréstimobancário contraído para subsidiar a reforma de imóvel (fls. 29-34). A própria requerente afirmou, em depoimento pessoal,que, após o óbito do filho, não conseguiu mais honrar as prestações de amortização da dívida, já que o empréstimo foracontratado com base na aposentadoria percebida pelo filho. Contudo, tal situação de fato, no entender deste magistrado,não se insere no campo de abrangência do conceito de interdependência econômica, mas, isto sim, representa hipótese dereforço orçamentário esporádico advindo por força de uma especial circunstância (reforma de casa), não categorizávelcomo despesa ordinária e alimentar.

Nesse diapasão, não se pode olvidar que a pensão por morte constitui benefício de prestação continuada, de naturezasubstitutiva (substitui os ingressos do trabalho) e de caráter alimentar, destinando-se à manutenção dos dependentes dosegurado falecido. Noutros termos, o benefício de pensão por morte não tem o condão de servir como complementação derenda daquele que o requer, mas sim garantir a subsistência do ente familiar, antes assistido financeiramente pelosegurado.

Finalmente, é razoável presumir que os ganhos auferidos pelo filho da autora quando em vida eram, em grande parte,destinados à própria manutenção, já que o mesmo padecia de doença incapacitante e era interditado para a prática dosatos da vida civil. Tal especial condição, certamente, gerava-lhe despesas habituais, supridas com os ganhos provenientesde seus proventos de aposentadoria por invalidez.

Diante dessas ponderações, reputo descaracterizada a relação de dependência econômica supostamente mantida entre arequerente e seu filho, razão pela qual não restam preenchidos os requisitos legais exigidos para o deferimento do benefícioprevidenciário de pensão por morte.

Pelo exposto, conheço do recurso inominado do INSS e, no mérito, dou-lhe provimento, para afastar o direito ao benefícioprevidenciário de pensão por morte, ante a não comprovação de relação de dependência econômica entre a parterequerente e o instituidor do benefício.

Revogo a antecipação de tutela deferida em sentença, com a ressalva de que os valores recebidos por força da medidaantecipatória não devem ser objeto de restituição, diante de seu caráter alimentar.

Sem custas, na forma da lei. Sem condenação em honorários advocatícios, na forma do artigo 55 da Lei 9.099/95.

É o voto.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. GENITORA. NÃO COMPROVAÇÃO DEDEPENDÊNCIA ECONÔMICA. MERO AUXÍLIO FINANCEIRO. BENEFÍCIO INDEVIDO. RECURSO CONHECIDO EPROVIDO . SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

17 - 0002638-44.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002638-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DE FÁTIMANASCIMENTO DE PAULA (ADVOGADO: MARIA DE FATIMA MONTEIRO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).RECURSO DE SENTENÇA N. 0002638-44.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: MARIA DE FÁTIMA NASCIMENTO DE PAULARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença de fls. 90-91, que julgouimprocedente o pleito inicial e não concedeu à autora o benefício de pensão por morte, pela falta de qualidade de seguradodo falecido quando da data do óbito.

Em suas razões, sustenta a recorrente que há nos autos prova de que seu falecido marido exerceu a função de motoristana empresa BARRA EMPREENDIMENTOS PROJETOS E CONSTRUÇÕES LTDA de 20/05/2008 a 05/03/2009, com aqual possui vínculo empregatício, vínculo este, devidamente reconhecido na Justiça do Trabalho por meio de reclamação

trabalhista.

Contrarrazões às fls. 107-112.

É o breve relatório. Passo a proferir voto.

O benefício de pensão por morte é devido ao conjunto de dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, nostermos do artigo 74 da Lei 8.213/91. Com efeito, a sua concessão não exige o recolhimento de número mínimo decontribuições (carência), conforme preceitua o art. 26, inciso I, da Lei nº 8.213/91. Basta que o instituidor da pensão estejafiliado à Previdência Social (qualidade de segurado) na data do óbito. Ressalta-se que a carência e qualidade de seguradosão institutos distintos e independentes, de modo que o fato de a carência não ser necessária, não impede que se exija aqualidade de segurado como requisito para a concessão da pensão por morte.

Nesse diapasão, observa-se que se perfaz necessário o preenchimento de dois requisitos para efeitos de obtenção dapensão por morte: qualidade de segurado do falecido quando do momento de seu falecimento e condição de dependenteeconômico de quem objetiva a pensão. A controvérsia do caso em questão se pauta apenas no que tange ao primeirorequisito, qual seja, a falta de qualidade do segurado falecido, já que, conforme foi entendido pelo juiz de primeiro grau, nãorestou comprovado aos autos o reconhecimento de vínculo empregatício do autor com a empresa ré antes da ocorrência deseu óbito, mais precisamente, na sustentada data de 20/05/2008 a 05/03/2009.

A autora juntou aos autos os seguintes documentos: copia da certidão de casamento à fl. 13; cópia da certidão de óbito à fl.15; cópia da CTPS às fls. 16-19; cópia da ação trabalhista às fls. 21-34.

De início, verifica-se que na CTPS do autor não há qualquer anotação de vínculo de emprego com a empresa BARRAEMPREENDIMENTOS PROJETOS E CONSTRUÇÕES. Não obstante tal constatação, foi ajuizada, em momento pretérito,reclamação trabalhista na Justiça do Trabalho pelo marido da autora com o fim de que fosse reconhecido o período detrabalho na empresa supracitada correspondente a 20/05/2008 a 05/03/2009, a qual resultou em sentença homologatória deacordo trabalhista (fl. 26).

De fato, a Turma Nacional de Uniformização já pacificou o entendimento de que a sentença homologatória de acordotrabalhista constitui início de prova material do tempo de serviço:

EMENTA PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO. SENTENÇATRABALHISTA HOMOLOGATÓRIA DE ACORDO. PROVA MATERIAL. RECONHECIMENTO. POSSIBILIDADE. PARCIALPROVIMENTO. 1. A Súmula 31 da TNU dispõe que “A anotação na CTPS decorrente de sentença trabalhistahomologatória constitui início de prova material para fins previdenciários”. 2. A sentença homologatória de acordotrabalhista constitui início de prova material do tempo de serviço, devendo a sua eficácia probante ser aferida em cadacaso. 3. Pedido de Uniformização Regional conhecido e parcialmente provido, determinando-se o retorno dos autos àTurma de origem para adequação. (PEDILEF 200870950000918. Relator (a): Juiz Federal José Eduardo do Nascimento.Órgão: TNU. Fonte: DOU. Data: 23/09/2011) (Grifo nosso)

Conforme se observa no documento conciliatório (fl. 26), a empresa, ora recorrida, acordou de pagar quantia líquida de R$2.100,00 (dois mil e cem reais) ao esposo da recorrente, contudo, o juiz a quo ainda assim julgou improcedente o pedido depensão por morte por inexistir expresso reconhecimento de vínculo de emprego pela recorrida, nem anotação de vínculo deemprego na CTPS.

Este relator possui entendimento diverso. O pedido autoral da reclamação trabalhista é, justamente, a declaração daexistência de vínculo de emprego, além da condenação da recorrida às verbas trabalhistas referente à rescisão de contratoe demais direitos que possui o trabalhador. Assim, diante de uma sentença homologatória de acordo entre as parteslitigantes, pressupõe-se que foram reconhecidos os pedidos da exordial trabalhista pela empresa ré, caso contrário, nãohaveria interesse da reclamada em firmar a proposta conciliatória.

Por fim, tendo em vista o entendimento adotado por este Juízo de que existiu relação de emprego pelo período de20/05/2008 a 05/03/2009, na data do óbito do esposo da autora (24/11/2009 – fl. 15) ainda persistia o período de graça.Destarte, mantida a qualidade de segurado do falecido no momento de seu óbito, não existe óbice a concessão da pensãopor morte à recorrente.

Diante do exposto, conheço do recurso inominado e, no mérito, dou-lhe provimento, para determinar a concessão dobenefício de pensão por morte à autora desde a data do óbito de seu esposo.

Igualmente, reinstituo, nesta oportunidade, a antecipação dos efeitos da tutela de mérito em favor da recorrente, porquantoreputo presentes os requisitos da verossimilhança da alegação (com base em toda a fundamentação de fato e de direitolançada neste voto) e do fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação extraído do caráter alimentar dobenefício pleiteado, bem como afastado o perigo de irreversibilidade da tutela de urgência, que cede espaço ante direitosfundamentais como a dignidade da pessoa humana e a tempestiva e eficaz prestação jurisdicional. Logo, o benefício deveráser implantado no prazo de trinta dias contados da intimação deste julgado, e a comprovação do pagamento deverá serpromovida no prazo de dez dias após a implantação.

Condeno o INSS ao pagamento das parcelas vencidas, acrescidas de correção monetária, desde o momento em quedeveriam ter sido pagas, e de juros de mora de 1% ao mês, a contar da citação, nos termos da antiga redação da Lei9.494/97, até 30/06/2009, a partir do que deve a condenação observar os parâmetros de atualização e juros estatuídos pelaLei 11.960/2009.

Deverá o INSS informar a este Juízo os valores a serem requisitados por RPV, no prazo de 30 (trinta) dias, contados apartir do trânsito em julgado da presente decisão. Quanto à não liquidez desta decisão, ressalto o fato de que o INSS possuimaiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso e que tal posicionamento coaduna-se com as disposiçõesdos Enunciados nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Após a apuração administrativa dos valores em comento, a serconsiderada como obrigação de fazer, na forma do art. 16 da Lei 10.259/2001, será então expedido, sendo o caso, o“Requisitório de Pequeno Valor”.

Sem custas, na forma da lei. Sem condenação em honorários advocatícios, na forma do artigo 55 da Lei 9.099/95.

É o voto.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE DO ESPOSO. MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DESEGURADO. SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE ACORDO TRABALHISTA. RECONHECIMENTO DO VÍNCULOEMPREGATÍCIO DO PERÍODO DE 20/05/2008 A 05/03/2009. ÓBITO OCORRIDO DENTRO DE PERÍODO DE GRAÇA.BENEFÍCIO DEVIDO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

18 - 0005631-94.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005631-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ZILDA MAIA VIDIGAL(DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MarcosFigueredo Marçal.).Processo nº. 0005631-94.2009.4.02.5050/01

Recorrente : ZILDA MAIA VIDIGALRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. RELAÇÃO DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA NÃOVERIFICADA. AUXÍLIO EVENTUAL OU DE PEQUENA MONTA.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em virtude da sentença que julgou improcedente apretensão de concessão do benefício previdenciário de pensão por morte. Sustenta a recorrente, em suas razões recursais,que, restou devidamente comprovado por meio de prova testemunhal e documental que a renda proveniente do labor dofilho solteiro falecido era partilhada pela família para suprir as necessidades financeiras. Aduz, ademais que a dependênciada mãe para com o filho não precisa ser exclusiva, bastando ser concorrente. Dessa forma, requer seja reformada asentença proferida pelo juízo a quo, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-senas fls. 64-66.

2. A pensão por morte é um benefício previdenciário devido ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer (art. 74da Lei nº 8.213/91). A lei não exige carência para sua concessão, mas sim que exista a qualidade de segurado doinstituidor, ao tempo do óbito. Em havendo mais de um pensionista, deverá ser rateada entre todos em partes iguais (art. 77da Lei nº 8.213/91).

3. A condição de segurado do de cujus à época do óbito é incontroversa nos autos. Constato, assim, que a controvérsia gira

em torno da dependência econômica da recorrente.

4. Nos termos consagrados no §4º do art. 16 do Plano de Benefícios da Previdência Social, a dependência econômica épresumida em relação ao cônjuge, ao companheiro e ao filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte eum) anos ou inválido, devendo ser comprovada em relação aos demais dependentes (pais e irmãos menores ou inválidos).

5. In casu, verifica-se que o instituidor da pensão por morte, filho da recorrida, faleceu em 25.12.2008 (fls. 23). Acomprovação da dependência econômica da mãe para com o filho prescinde da formação de início de prova material(Precedente da 3ª Seção do STJ: AGRESP 200602014106), bastando que fique demonstrada nos autos aindispensabilidade do auxílio do segurado para a manutenção das necessidades vitais da pleiteante, ainda que medianteprova exclusivamente testemunhal. A justificativa mais singela para a aceitação da prova exclusivamente testemunhalreside na circunstância de os filhos possuírem o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade(art. 229 da Constituição da República), não se mostrando lícito, dessa forma, opor obstáculo exacerbadamente formal parao seu cumprimento. Ao depois, a lei previdenciária não exige, em nenhum momento, a formação de início de prova materialpara a concessão de pensão por morte.

6. Nesse passo, quadra registrar que as testemunhas ouvidas em Juízo evidenciaram pouco conhecimento sobre a vidafinanceira da recorrente não se mostrando aptas a demonstrar que o auxílio prestado pelo filho da recorrente era essencialou concorrente para a manutenção de suas necessidades vitais. Como bem lançado na sentença, a eventual ajudaprestada pelo filho não tem o condão de caracterizar o necessário liame de dependência econômica, o que afasta aconcessão do benefício previdenciário ora pleiteado.

7. Insta salientar que a recorrente exerce atividade remunerada na condição de diarista e que o seu cônjuge percebebenefício previdenciário de aposentadoria por invalidez no valor de 1.241,35 (mil duzentos e quarenta e um reais e trinta ecinco centavos) sendo pouco provável que a renda auferida pelo filho arcasse com parte relevante das despesas da família.

8. Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo “a quo”.

9. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

10. Sem custas ou condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

19 - 0000777-86.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000777-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x NIVALDO PEREIRA DA SILVA(ADVOGADO: ELAINY CÁSSIA DE MOURA.).Processo n.º 0000777-86.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF VitóriaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : NIVALDO PEREIRA DA SILVARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADELABORAL VERIFICADA. RESTRIÇÃO FUNCIONAL APONTADA PELO PERITO PREJUDICA SEVERAMENTE OEXERCÍCIO DA ATIVIDADE LABORATIVA HABITUAL. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em razão de sentença que julgou parcialmenteprocedente a pretensão de concessão de auxílio-doença. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que o laudopericial é claro no sentido de inexistir incapacidade do recorrido para o exercício de suas atividades habituais, portanto, nãohá de ser concedido o benefício. Dessa forma, requer seja reformada a sentença, julgando-se improcedente o pedidodeduzido na inicial.

As contrarrazões encontram-se nas fls. 57-61.

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 doaludido diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ounão em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade quelhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

A condição de segurado e o período de carência são incontroversos nos autos. Verifico, assim, que a controvérsia gira emtorno da incapacidade laboral.

Na análise pericial do Juízo (fls. 31-32), o recorrido (50 anos) foi examinado e diagnosticado com artrose na coluna lombare hérnia de disco cervical (quesito nº 01 – fl. 31), patologias de ordem degenerativa que, no entanto, não o incapacitam parasuas atividades habituais de pedreiro (quesito nº 09 - fl. 31). Em resposta ao quesito de nº 15 (fl.32), asseverou o perito,como restrição funcional, que o recorrido deve evitar carga de peso extremo em coluna lombar e região cervical.

Embora a conclusão exarada pelo perito judicial tenha sido pela capacidade laborativa, é necessário recapitular que o juiznão está adstrito ao laudo pericial, seja judicial ou administrativo, podendo formar a sua convicção com outros elementos oufatos provados nos autos (CPC, art. 436).

Assim, o magistrado prolator da sentença, no correto alvitre de que a restrição funcional apontada pelo perito prejudicaseveramente o ofício de pedreiro, entendeu que o recorrido encontra-se, em verdade, incapacitado para o exercício de suasatividades habituais, devendo ser reabilitado para o exercício de funções que não demandem esforço físico.

A incapacidade para o trabalho é requisito que deve ser analisado à luz dos princípios basilares que norteiam a Constituiçãoda República, como o da dignidade da pessoa humana, da justiça social e da redução das desigualdades, e, igualmente,sob a ótica da proteção ao direito fundamental à saúde (CR, art. 6º).

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,com fulcro no art. 20, §3º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

20 - 0007386-90.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007386-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.) x JOAO TOZZI SOBRINHO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMADOMENEGHETTI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0007386-90.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃORECORRIDO(A): JOÃO TOZZI SOBRINHORELATOR: JUIZ FEDERAL BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO

Trata-se de recurso inominado interposto pela União em razão da sentença de fls. 51-53, que julgou procedente o pleitoautoral para declarar a inexistência de relação jurídica tributária da parte autora pelo pagamento do imposto de rendapessoa física sobre determinadas verbas rescisórias.

Em razões de recurso, a União postula pela aplicação da prescrição qüinqüenal ao presente caso, negando-se, assim, arepetição dos valores retidos anteriormente a cinco anos do ajuizamento desta demanda.

Sem contrarrazões.

É o breve relatório. Passo a proferir o voto.

O objeto do presente recurso inominado cinge-se à temática do prazo prescricional aplicável à pretensão de repetição deindébito tributário, na hipótese de ações ajuizadas após o advento da Lei Complementar 118/2005.

Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 566.621/RS, declarou ainconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:

LC 118/2005

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código TributárioNacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento dopagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmentodeclarado inconstitucional pelo STF)

CTN

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dosdispositivos interpretados.(...)

Diante dessa nova orientação, restou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seriaválida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamentopor homologação às ações ajuizadas a partir de então, restando inconstitucional apenas sua aplicação às ações ajuizadasanteriormente a essa data.

Segue a ementa da decisão referente ao Recurso Extraordinário supramencionado, publicada em 11/10/2011 (DJe 195):

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOSAJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação daPrimeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetiçãoou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovaçãonormativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Leisupostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência deviolação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete,como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo ereduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato,pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõespendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa aoprincípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça.Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação doprazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corteno enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas quetomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos.Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic), que pretendeu a aplicação donovo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral,tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso davacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursossobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (Grifos nossos). (Supremo Tribunal Federal – RExt n. 566.621 – Órgãojulgador: Tribunal Pleno – Relatora: Ministra Ellen Gracie – Julgado em: 04/08/2011 – Publicado em: 11/10/2011).

A relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, ressaltou, em síntese, que, embora não haja direito adquirido a regime jurídico, aredução de prazo veiculada na nova lei não poderia retroagir para fulminar, de imediato, pretensões que ainda poderiam serdeduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em outros termos, não se poderia entender que o legisladorpudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estivessem submetidas, de imediato, ao prazo reduzido,sem qualquer regra de transição. Nesse diapasão, a vacatio legis na norma neófita teria por função oportunizar aosinteressados ingressarem com suas ações, interrompendo os prazos prescricionais em curso, após o que o novo prazodeve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 estabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias dehoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os contribuintes tiveram prazo suficiente paratomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais ações para a tutela de seus direitos.

As hipóteses de pagamento indevido tuteláveis por ações ajuizadas após este lapso temporal, é dizer, a partir da efetivavigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – estão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que talcircunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de restituição doimposto de renda recolhido referente ao exercício de 1998 encontra-se atingida pela prescrição, eis que os pagamentosindevidos datam do ano de 1998 e a presente ação foi ajuizada somente em 28/11/2008 (após a vacatio legis da LC118/2005, portanto), o que atrai a incidência do novo prazo prescricional de 05 anos à hipótese, a contar do pagamentoantecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO, para, considerando a nova orientaçãojurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), DECLARAR A PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃOAUTORAL de restituição de indébito tributário, pelo que julgo extinto o feito com julgamento de mérito, nos termos do artigo269, IV, do CPC.

Sem custas nem honorários advocatícios ante o provimento do recurso aviado (art. 55, Lei 9.099/95).

É o voto.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

EMENTA

RECURSO INOMINADO. TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IMPOSTO DE RENDA. VERBAS RESCISÓRIASINDENIZATÓRIAS BIS IN IDEM. PRAZO PRESCRICIONAL. RE 566.621/RS. CINCO ANOS. ADEQUAÇÃO DO JULGADOÀ NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF. PRESCRIÇÃO RECONHECIDA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.SENTENÇA REFORMADA

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,na forma da ementa que passa a integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

21 - 0001278-11.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001278-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RENER DIAS DA SILVA xFREDERICO SILVEIRA MACHADO x RICARDO SUBTIL DE AMORIM x WALTER MOACYR RABELLO JUNIOR x ELIJORGE DE JESUS (ADVOGADO: EDUARDO THIEBAUT PEREIRA, EMILIO AUGUSTO TRINXET BRANDÃO JUNIOR.) xUNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GERONIMO THEML DE MACEDO.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0001278-11.2009.4.02.5050/01EMBARGANTE: RENER DIAS DA SOLVA E OUTROSEMBARGADO: UNIÃO FEDERALRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ADMINISTRATIVO. CONSTITUCIONAL. SERVIDOR PÚBLICO. AGENTES DA POLÍCIAFEDERAL. REMUNERAÇÃO. SUBSÍDIO. PARCELA ÚNICA. ADICIONAIS NOTURNO E DE PERICULOSIDADEINDEVIDOS. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. MATÉRIA EXPRESSAMENTE ENFRENTADA NO ACÓRDÃO. PRETENSÃO DEREVISÃO DO MÉRITO RECURSAL. EMBARGOS IMPROVIDOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 133-135, porintermédio dos quais os embargantes apontam suposta omissão no julgado, alegando que este Juízo não teria analisadosuas teses. Sustentam que os adicionais requeridos decorreriam de leis que não teriam sido derrogadas e que o subsídiofixado em parcela única não teria englobado os valores referentes aos adicionais de periculosidade e noturno.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que os embargantes pretendem, unicamente, a rediscussão do méritojá decidido em sede de julgamento do recurso.

Ao contrário do que alegam os embargantes, o acórdão examinou e afastou expressamente as suas teses, consignandoque o subsídio engloba sim os adicionais pleiteados nesta ação, inclusive com a citação de legislação e jurisprudêncianesse sentido. Por oportuno, transcrevo o seguinte trecho:

Nesses termos, a partir do advento da Medida Provisória nº 305, de 29.06.2006, convertida na Lei nº 11.358/06, osservidores da Carreira Policial Federal passaram a ser remunerados exclusivamente por subsídio, fixado em parcela única,sendo vedada a percepção conjunta de gratificações, abonos, prêmios, verbas de representação ou qualquer outra espécieremuneratória, nos exatos termos do § 4º do art. 39 da Constituição Federal, aplicável aos policiais federais por força dodisposto no § 9º do art. 144 da Constituição Federal.

Portanto, as rubricas "adicional de periculosidade" e "adicional noturno" reclamadas na inicial foram extintas, mas o seusvalores passaram a integrar o subsídio dos apelantes, nos termos da Lei nº 11.358/06 e art. 144, § 9º da ConstituiçãoFederal, resguardando-se o quantum remuneratório. Nesse ponto, destaco que os autores não comprovaram nos autos quea aplicação da novel regra tenha lhes causado qualquer decesso remuneratório.

Assim, não tendo o servidor direito adquirido a regime jurídico de composição de vencimentos, mas apenas àirredutibilidade de remuneração, não faz jus ao recebimento dos adicionais de insalubridade, periculosidade e noturno apósa implantação da sistemática do subsídio.

�Quanto ao presquestionamento, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamento implícitoe não caiba ao tribunal de origem manifestar-se, propriamente, sobre o mérito de possível violação constitucional suscitadapelas partes litigantes, cumpre registrar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargado tese dedireito que possa ensejar, nem mesmo potencialmente, ofensa direta a qualquer dispositivo do texto constitucional. Pelocontrário, cuida-se de aplicação do art. 39, § 4º da Constituição Federal.

Nesses termos, não há que se falar em omissão.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, negar provimento aos embargos de declaração, na forma da ementaque passa a integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

22 - 0005568-69.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005568-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA NASCIMENTOMARQUES (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0005568-69.2009.4.02.5050/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSEMBARGADO: MARIA NASCIMENTO MARQUESRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. CONFIGURAÇÃO DA INCAPACIDADETOTAL E DEFINITIVA. CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. TERMO INICIAL DO BENEFÍCIO.AUSÊNCIA DE REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. DATA DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO. PRECEDENTES DA TNU.OMISSÃO RECONHECIDA TÃO SOMENTE PARA JUSTIFICAR A FIXAÇÃO DA DIB. EMBARGOS ACOLHIDOS.ACÓRDÃO COMPLEMENTADO, MANTENDO-SE, CONTUDO, A DIB FIXADA NO ACÓRDÃO EMBARGADO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 86-89, porintermédio dos quais se aponta suposta omissão no julgado, consistente na ausência de manifestação expressa sobre osmotivos que ensejaram a fixação da DIB na data do ajuizamento da ação e não na data da citação do réu.

Os embargos de declaração, nos termos do artigo 535 do CPC e do art. 48 da Lei n.º 9.099/1995, limitam-se a supriromissões, aportar clareza ou retificar eventuais contradições ou dúvidas existentes no bojo da decisão recorrida.

No caso dos autos, o acórdão embargado fixou a data do início do benefício na data do ajuizamento da ação. Contudo, nãoforam explicitados os motivos que levaram este relator a determinar o pagamento do benefício a partir daquela data. Assim,apesar de não acolher a tese recursal do INSS, no sentido de que o termo inicial do benefício deveria ser a data da citação,hei por bem acolher os embargos para justificar as razões do meu entendimento, a fim de que seja preenchido, ademais, orequisito do prequestionamento.

O acórdão embargado encontra-se em consonância com a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização, órgãocompetente para a pacificação dos entendimentos no âmbito do sistema dos Juizados Especiais, senão vejamos:

EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA. CONCESSÃO. DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO. AUSÊNCIA DEPRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. AJUIZAMENTO DA AÇÃO. PRECEDENTES DO STJ E DESTA TNU.INCIDENTE NÃO PROVIDO. DEVOLUÇÃO DOS RECURSOS COM MESMO OBJETO ÀS TURMAS DE ORIGEM (ART.15, §§ 1º E 3º RI/TNU). 1 - O ato formal da citação configura mero chamamento do réu a juízo – a fim de que apresenteresposta ao pedido exordial – e não interfere na constituição do direito pleiteado (STJ, TERCEIRA SEÇÃO, EREsp964.318/GO, Rel. Min. JORGE MUSSI, DJ 5.10.2009). 2 - A comprovação em juízo do preenchimento dos pressupostos defato do direito pleiteado implica a retroação dos efeitos, conforme o caso, à data do requerimento administrativo ou judicial –que corresponde ao ajuizamento da ação –, independentemente da data na qual se formalizou a citação. 3 - Na ausência deprévio requerimento administrativo, a data de início do benefício deve corresponder ao ajuizamento da ação, ressalvada apossibilidade de o magistrado, em face do contexto probatório que se apresentou no caso concreto, fixar termo inicialdiverso, em respeito ao princípio do livre convencimento do juiz. 4 - Incidente conhecido e não provido, determinada adevolução dos recursos com mesmo objeto às Turmas de origem, a fim de que, nos termos do art. 15, §§ 1º e 3º doRI/TNU, mantenham ou promovam a adequação da decisão recorrida.(PEDIDO 00132832120064013200, JUIZ FEDERAL ALCIDES SALDANHA LIMA, DOU 25/11/2011.)

Nesses termos, conclui-se que os embargos de declaração devem ser acolhidos tão somente para que reste claro oentendimento deste relator no sentido de que, ausente requerimento administrativo, a DIB deve ser fixada na data doajuizamento da ação, na medida em que os aspectos processuais definidos no art. 219 do CPC, seja de ordem processual(como a prevenção, litispendência, litigiosidade da coisa), ou material (como a constituição da mora ou a interrupção daprescrição), não interferem na preexistência do direito pleiteado embargante almeja.

Embargos de declaração acolhidos. Acórdão complementado, mantendo-se, contudo, a DIB na data do ajuizamento daação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaque passa a integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

23 - 0001026-62.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.001026-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA PENHA PEREIRAARAUJO (ADVOGADO: CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0001026-62.2011.4.02.5053/01EMBARGANTE: MARIA DA PENHA PEREIRA ARAUJOEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. ART. 29, II, DA LEI8.213/91. ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO À REVISÃO. MEMORANDOS CIRCULARES Nº21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DEINTERESSE PROCESSUAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 81-82, porintermédio dos quais o(a) embargante aponta suposta omissão no julgado. Alega que este Juízo não teria observado oEnunciado nº 78 do FONAJEF, no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento deação revisional. Ademais, sustenta que o INSS tem demorado muito para fazer as revisões administrativas e que a decisãoembargada afrontaria o direito ao livre acesso à justiça.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado, na linha de precedentes deste órgão colegiado, bem como das Turmas Recursais do Rio de Janeiro(Enunciado nº 103), conclui que, havendo ato normativo interno que obriga todas as instâncias do INSS a efetuar a revisãopleiteada, mostra-se desnecessário o ajuizamento da presente demanda, a menos que o prévio requerimento administrativode revisão tenha sido indeferido, o que não é o caso dos autos. Assim, a matéria foi expressamente enfrentada peloacórdão embargado, de modo que os argumentos do(a) embargante demonstram, tão somente, o seu inconformismo como entendimento desta Turma Recursal.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaque passa a integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

24 - 0000415-75.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000415-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FABIANA SUELY DIAS DESOUZA (ADVOGADO: CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0000415-75.2011.4.02.5053/01EMBARGANTE: FABIANA SUELY DIAS DE SOUZAEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. ART. 29, II, DA LEI8.213/91. ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO À REVISÃO. MEMORANDOS CIRCULARES Nº21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DEINTERESSE PROCESSUAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 77-78, porintermédio dos quais o(a) embargante aponta suposta omissão no julgado. Alega que este Juízo não teria observado oEnunciado nº 78 do FONAJEF, no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento deação revisional. Ademais, sustenta que o INSS tem demorado muito para fazer as revisões administrativas e que a decisãoembargada afrontaria o direito ao livre acesso à justiça.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismo

da parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado, na linha de precedentes deste órgão colegiado, bem como das Turmas Recursais do Rio de Janeiro(Enunciado nº 103), conclui que, havendo ato normativo interno que obriga todas as instâncias do INSS a efetuar a revisãopleiteada, mostra-se desnecessário o ajuizamento da presente demanda, a menos que o prévio requerimento administrativode revisão tenha sido indeferido, o que não é o caso dos autos. Assim, a matéria foi expressamente enfrentada peloacórdão embargado, de modo que os argumentos do(a) embargante demonstram, tão somente, o seu inconformismo como entendimento desta Turma Recursal.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaque passa a integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

25 - 0005242-75.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005242-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) REGINA CELESTE DALLABERNARDINA (ADVOGADO: ALEX DE FREITAS ROSETTI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0005242-75.2010.4.02.5050/01EMBARGANTE: REGINA CELESTE DALLA BERNARDINAEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DEBENEFÍCIO. ART. 29, § 5º, DA LEI Nº 8.213/91. APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DEAUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODO BÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDODE FORMA INTERCALADA COM PERÍODO DE ATIVIDADE NORMAL. ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DEREPERCUSSÃO GERAL NÃO APRECIADA. EMBARGOS PARCIALMENTE ACOLHIDOS. ACÓRDÃOCOMPLEMENTADO, MANTENDO-SE, CONTUDO, A CONCLUSÃO DO ACÓRDÃO EMBARGADO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 85-86, porintermédio dos quais se aponta suposta omissão no julgado, consistente na ausência de manifestação expressa sobre oargumento de que o presente caso não se enquadra na hipótese em que foi reconhecida a repercussão geral e de que oacórdão paradigma somente seria vinculante para os benefícios concedidos antes da Lei nº 9.876/1999. Ademais, sustentaque o acórdão embargado não teria se manifestado sobre a violação do julgado ao inciso II do art. 5º da CF.

Os embargos de declaração, nos termos do artigo 535 do Código de Processo Civil e do art. 48 da Lei n.º 9.099/1995,limitam-se a suprir omissões, aportar clareza ou retificar eventuais contradições ou dúvidas existentes no bojo da decisãorecorrida.

Seguindo julgado proferido com repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal, a decisão embargada negou provimentoao recurso inominado interposto pela parte autora para julgar improcedente a revisão da aposentadoria por invalidez combase no art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991.

De fato, em sede de preliminar de recurso, a embargante alegou a inaplicabilidade do acórdão vinculante proferido no RE583.834/SC, ante a ausência de enquadramento na hipótese de repercussão geral. Isto porque o acórdão paradigmasomente seria vinculante para os benefício concedidos antes da edição da Lei nº 9.876, de 29/11/1999, ao passo que, nopresente caso, o benefício teria sido concedido em 14/05/2008. Tal argumento não foi expressamente analisado em sedede julgamento do recurso inominado, motivo pelo qual reconheço a alegada omissão, passando a saná-la.

Compulsando o inteiro teor do julgamento proferido no RE 583.834/SC, observo que, no item 9 do seu voto, o relator,Ministro Ayres Britto, analisando a redação original do caput do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (vigente até 28/11/1999),considerou que o salário-de-benefício que servia de base à concessão do auxílio-doença só podia era equiparado asalário-de-contribuição “durante o período de apuração que envolvesse lapsos de trabalho intercalados com afastamentos”.Dessa forma, concluiu que, no caso de aposentadoria por invalidez concedida antes de 29/11/1999, não se aplica a revisãocom base no art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91.

No item 10 do voto, o Ministro Ayres Britto assinalou, ainda, “que a Lei nº 9.876/1999 não inovou a ponto de autorizar aaplicação do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 ao caso”. Dessa forma, o relator entendeu que, no caso de aposentadoriapor invalidez concedida após 29/11/1999, também não se aplica a revisão com base no art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991.

A ementa do acórdão, em sintonia com o entendimento do relator, não traçou nenhuma distinção entre os benefíciosconcedidos antes e depois da Lei nº 9.876/1999. Portanto, o questionamento suscitado pelo embargante não mereceacolhimento, de modo que a tese paradigma deve ser aplicada às pretensões de revisão fundamentadas no § 5º do art. 29da Lei nº 8.213/1991 indistintamente.

Nesses termos, conclui-se que os embargos de declaração devem ser acolhidos tão somente para reconhecer a ausênciade manifestação expressa acerca da preliminar argüida, a qual, após analisada, não enseja a mudança do entendimentopreferido no acórdão embargado.

�Por fim, ressalto que, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamento implícito e nãocaiba ao tribunal de origem manifestar-se, propriamente, sobre o mérito de possível violação constitucional suscitada pelaspartes litigantes, cumpre registrar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargado tese de direitoque possa ensejar, nem mesmo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto constitucional, notadamente emrelação ao art. 5º, inciso II, da CR/1998.

Embargos de declaração acolhidos parcialmente. Acórdão complementado, mantendo-se, contudo, a conclusão dojulgamento.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, acolher parcialmente os embargos de declaração, na forma da ementa que passa aintegrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

26 - 0001027-47.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.001027-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LOURDES BERNARDICUZZUOL (ADVOGADO: CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0001027-47.2011.4.02.5053/01EMBARGANTE: LOURDES BERNARDI CUZZUOLEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. ART. 29, II, DA LEI8.213/91. ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO À REVISÃO. MEMORANDOS CIRCULARES Nº21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DEINTERESSE PROCESSUAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 67-68, porintermédio dos quais o(a) embargante aponta suposta omissão no julgado. Alega que este Juízo não teria observado oEnunciado nº 78 do FONAJEF, no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento deação revisional. Ademais, sustenta que o INSS tem demorado muito para fazer as revisões administrativas e que a decisãoembargada afrontaria o direito ao livre acesso à justiça.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado, na linha de precedentes deste órgão colegiado, bem como das Turmas Recursais do Rio de Janeiro(Enunciado nº 103), conclui que, havendo ato normativo interno que obriga todas as instâncias do INSS a efetuar a revisãopleiteada, mostra-se desnecessário o ajuizamento da presente demanda, a menos que o prévio requerimento administrativode revisão tenha sido indeferido, o que não é o caso dos autos. Assim, a matéria foi expressamente enfrentada peloacórdão embargado, de modo que os argumentos do (a) embargante demonstram, tão somente, o seu inconformismo como entendimento desta Turma Recursal.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaque passa a integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

27 - 0001704-52.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001704-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA APARECIDAFERREIRA DA COSTA SANTOS (ADVOGADO: CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0001704-52.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: MARIA APARECIDA FERREIRA DA COSTA SANTOSEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. ART. 29, II, DA LEI8.213/91. ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO À REVISÃO. MEMORANDOS CIRCULARES Nº21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DEINTERESSE PROCESSUAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 83-84, porintermédio dos quais o(a) embargante aponta suposta omissão no julgado. Alega que este Juízo não teria observado oEnunciado nº 78 do FONAJEF, no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento deação revisional. Ademais, sustenta que o INSS tem demorado muito para fazer as revisões administrativas e que a decisãoembargada afrontaria o direito ao livre acesso à justiça.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado, na linha de precedentes deste órgão colegiado, bem como das Turmas Recursais do Rio de Janeiro(Enunciado nº 103), conclui que, havendo ato normativo interno que obriga todas as instâncias do INSS a efetuar a revisãopleiteada, mostra-se desnecessário o ajuizamento da presente demanda, a menos que o prévio requerimento administrativode revisão tenha sido indeferido, o que não é o caso dos autos. Assim, a matéria foi expressamente enfrentada peloacórdão embargado, de modo que os argumentos do(a) embargante demonstram, tão somente, o seu inconformismo como entendimento desta Turma Recursal.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, rejeitar os embargos de declaração, na forma da ementa que passa aintegrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

28 - 0003771-87.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003771-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA CONCEIÇÃOGONÇALVES VAZ DA SILVA (ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0003771-87.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: MARIA DA CONCEIÇÃO GONÇALVES VAZ DA SILVAEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. ART. 29, II, DA LEI8.213/91. ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO À REVISÃO. MEMORANDOS CIRCULARES Nº21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DEINTERESSE PROCESSUAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 78-79, porintermédio dos quais o(a) embargante aponta suposta omissão no julgado. Alega que este Juízo não teria observado oEnunciado nº 78 do FONAJEF, no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento deação revisional. Ademais, sustenta que o INSS tem demorado muito para fazer as revisões administrativas e que a decisãoembargada afrontaria o direito ao livre acesso à justiça.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado, na linha de precedentes deste órgão colegiado, bem como das Turmas Recursais do Rio de Janeiro(Enunciado nº 103), conclui que, havendo ato normativo interno que obriga todas as instâncias do INSS a efetuar a revisãopleiteada, mostra-se desnecessário o ajuizamento da presente demanda, a menos que o prévio requerimento administrativode revisão tenha sido indeferido, o que não é o caso dos autos. Assim, a matéria foi expressamente enfrentada peloacórdão embargado, de modo que os argumentos do(a) embargante demonstram, tão somente, o seu inconformismo como entendimento desta Turma Recursal.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, rejeitar os embargos de declaração, na forma da ementa que passa aintegrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

29 - 0003931-15.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003931-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FERNANDO GRANHINCAVALCANTI (ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0003931-15.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: FERNANDO GRANHIN CAVALCANTIEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. ART. 29, II, DA LEI8.213/91. ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO À REVISÃO. MEMORANDOS CIRCULARES Nº21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DEINTERESSE PROCESSUAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 81-82, porintermédio dos quais o(a) embargante aponta suposta omissão no julgado. Alega que este Juízo não teria observado oEnunciado nº 78 do FONAJEF, no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento deação revisional. Ademais, sustenta que o INSS tem demorado muito para fazer as revisões administrativas e que a decisãoembargada afrontaria o direito ao livre acesso à justiça.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado, na linha de precedentes deste órgão colegiado, bem como das Turmas Recursais do Rio de Janeiro(Enunciado nº 103), conclui que, havendo ato normativo interno que obriga todas as instâncias do INSS a efetuar a revisãopleiteada, mostra-se desnecessário o ajuizamento da presente demanda, a menos que o prévio requerimento administrativode revisão tenha sido indeferido, o que não é o caso dos autos. Assim, a matéria foi expressamente enfrentada pelo

acórdão embargado, de modo que os argumentos do(a) embargante demonstram, tão somente, o seu inconformismo como entendimento desta Turma Recursal.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, rejeitar os embargos de declaração, na forma da ementa que passa aintegrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

30 - 0000697-10.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000697-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA EUNICE PEREIRA DESOUZA (ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0000697-10.2011.4.02.5055/01EMBARGANTE: MARIA EUNICE PEREIRA DE SOUZAEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. ART. 29, II, DA LEI8.213/91. ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO À REVISÃO. MEMORANDOS CIRCULARES Nº21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DEINTERESSE PROCESSUAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 65-66, porintermédio dos quais o(a) embargante aponta suposta omissão no julgado. Alega que este Juízo não teria observado oEnunciado nº 78 do FONAJEF, no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento deação revisional. Ademais, sustenta que o INSS tem demorado muito para fazer as revisões administrativas e que a decisãoembargada afrontaria o direito ao livre acesso à justiça.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado, na linha de precedentes deste órgão colegiado, bem como das Turmas Recursais do Rio de Janeiro(Enunciado nº 103), conclui que, havendo ato normativo interno que obriga todas as instâncias do INSS a efetuar a revisãopleiteada, mostra-se desnecessário o ajuizamento da presente demanda, a menos que o prévio requerimento administrativode revisão tenha sido indeferido, o que não é o caso dos autos. Assim, a matéria foi expressamente enfrentada peloacórdão embargado, de modo que os argumentos do(a) embargante demonstram, tão somente, o seu inconformismo como entendimento desta Turma Recursal.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaque passa a integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

31 - 0001873-39.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001873-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DALMO ROGÉRIOFERREIRA DA SILVA (ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0001873-39.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: DALMO ROGÉRIO FERREIRA DA SILVAEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. ART. 29, II, DA LEI8.213/91. ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO À REVISÃO. MEMORANDOS CIRCULARES Nº21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DEINTERESSE PROCESSUAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 84-85, porintermédio dos quais o(a) embargante aponta suposta omissão no julgado. Alega que este Juízo não teria observado oEnunciado nº 78 do FONAJEF, no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento deação revisional. Ademais, sustenta que o INSS tem demorado muito para fazer as revisões administrativas e que a decisãoembargada afrontaria o direito ao livre acesso à justiça.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado, na linha de precedentes deste órgão colegiado, bem como das Turmas Recursais do Rio de Janeiro(Enunciado nº 103), conclui que, havendo ato normativo interno que obriga todas as instâncias do INSS a efetuar a revisãopleiteada, mostra-se desnecessário o ajuizamento da presente demanda, a menos que o prévio requerimento administrativode revisão tenha sido indeferido, o que não é o caso dos autos. Assim, a matéria foi expressamente enfrentada peloacórdão embargado, de modo que os argumentos do (a) embargante demonstram, tão somente, o seu inconformismo como entendimento desta Turma Recursal.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, rejeitar os embargos de declaração, na forma da ementa que passa aintegrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

32 - 0003927-75.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003927-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) THAIS FERNANDA ALVESSANTOS (ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0003927-75.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: THAIS FERNANDA ALVES SANTOSEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. ART. 29, INCISO II, DA LEI8.213/1991. ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO À REVISÃO. MEMORANDOS CIRCULARES Nº21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DEINTERESSE PROCESSUAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 80-81, porintermédio dos quais o(a) embargante aponta suposta omissão no julgado. Alega que este Juízo não teria observado oEnunciado nº 78 do FONAJEF, no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento deação revisional. Ademais, sustenta que o INSS tem demorado muito para fazer as revisões administrativas e que a decisãoembargada afrontaria o direito ao livre acesso à justiça.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado, na linha de precedentes deste órgão colegiado, bem como das Turmas Recursais do Rio de Janeiro

(Enunciado nº 103), conclui que, havendo ato normativo interno que obriga todas as instâncias do INSS a efetuar a revisãopleiteada, mostra-se desnecessário o ajuizamento da presente demanda, a menos que o prévio requerimento administrativode revisão tenha sido indeferido, o que não é o caso dos autos. Assim, a matéria foi expressamente enfrentada peloacórdão embargado, de modo que os argumentos do(a) embargante demonstram, tão somente, o seu inconformismo como entendimento desta Turma Recursal.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, rejeitar os embargos de declaração, na forma da ementa que passa aintegrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

33 - 0003932-97.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003932-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) TEREZA ALVES DONASCIMENTO (ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0003932-97.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: TEREZA ALVES DO NASCIMENTOEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. ART. 29, INCISO II, DA LEI8.213/1991. ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO À REVISÃO. MEMORANDOS CIRCULARES Nº21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DEINTERESSE PROCESSUAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 85-86, porintermédio dos quais o(a) embargante aponta suposta omissão no julgado. Alega que este Juízo não teria observado oEnunciado nº 78 do FONAJEF, no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento deação revisional. Ademais, sustenta que o INSS tem demorado muito para fazer as revisões administrativas e que a decisãoembargada afrontaria o direito ao livre acesso à justiça.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado, na linha de precedentes deste órgão colegiado, bem como das Turmas Recursais do Rio de Janeiro(Enunciado nº 103), conclui que, havendo ato normativo interno que obriga todas as instâncias do INSS a efetuar a revisãopleiteada, mostra-se desnecessário o ajuizamento da presente demanda, a menos que o prévio requerimento administrativode revisão tenha sido indeferido, o que não é o caso dos autos. Assim, a matéria foi expressamente enfrentada peloacórdão embargado, de modo que os argumentos do(a) embargante demonstram, tão somente, o seu inconformismo como entendimento desta Turma Recursal.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, rejeitar os embargos de declaração, na forma da ementa que passa aintegrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

34 - 0003933-82.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003933-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SIRLENE DA PENHABARROS MENASSE (ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0003933-82.2011.4.02.5050/01

EMBARGANTE: SIRLENE DA PENHA BARROS MENASSEEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. ART. 29, INCISO II, DA LEI8.213/1991. ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO À REVISÃO. MEMORANDOS CIRCULARES Nº21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DEINTERESSE PROCESSUAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 74-75, porintermédio dos quais o(a) embargante aponta suposta omissão no julgado. Alega que este Juízo não teria observado oEnunciado nº 78 do FONAJEF, no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento deação revisional. Ademais, sustenta que o INSS tem demorado muito para fazer as revisões administrativas e que a decisãoembargada afrontaria o direito ao livre acesso à justiça.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado, na linha de precedentes deste órgão colegiado, bem como das Turmas Recursais do Rio de Janeiro(Enunciado nº 103), conclui que, havendo ato normativo interno que obriga todas as instâncias do INSS a efetuar a revisãopleiteada, mostra-se desnecessário o ajuizamento da presente demanda, a menos que o prévio requerimento administrativode revisão tenha sido indeferido, o que não é o caso dos autos. Assim, a matéria foi expressamente enfrentada peloacórdão embargado, de modo que os argumentos do(a) embargante demonstram, tão somente, o seu inconformismo como entendimento desta Turma Recursal.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, rejeitar os embargos de declaração, na forma da ementa que passa aintegrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

35 - 0005977-74.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005977-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x HAILAN HORTELAN(ADVOGADO: CATARINE MULINARI NICO.) x OS MESMOS.Processo n.º 0005977-74.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: HAILAN HORTELANRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORAL VERIFICADA. RESTRIÇÃO FUNCIONAL COMPROMETEDORA DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE DE AUXILIARDE ALMOXARIFADO. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.Este recurso inominado foi interposto pelo INSS às fls. 47-50 em razão de sentença que julgou parcialmente procedentes ospedidos deduzidos na exordial, condenando o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença previdenciário NB518.878.808-6 desde a cessação, em 21/3/2011. Sustenta a Autarquia recorrente, em síntese, que não há elementos deprova que atestem a incapacidade do recorrido para a função de auxiliar de almoxarifado. Aduz, ainda, cerceamento dedefesa, já que não foi intimada a se manifestar sobre os embargos de declaração interpostos pelo autor. Com base nisso,requer seja reformada a sentença, julgando-se improcedente a pretensão autoral.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 54-57.A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vezcumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença,for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, eser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

A condição de segurado e o período de carência são incontroversos nos autos. A controvérsia cinge-se, pois, a aferir anatureza e extensão da incapacidade laborativa.Na análise pericial do Juízo (fl. 20), o recorrido (30 anos) foi examinado e diagnosticado com amputação traumática noterço distal da coxa esquerda decorrente de acidente te trânsito (quesito nº 01), patologia de ordem traumática que oincapacita para suas atividades habituais de auxiliar de serviços gerais (quesitos nº 08 e 09) em caráter parcial epermanente (quesito nº 14). Quanto às limitações funcionais que impediriam o desempenho de atividade habitual,asseverou o expert que o periciado não pode exercer muito esforço físico (quesito nº 11), não devendo, portanto,desenvolver atividades que assim requeiram (quesito nº 15).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. No caso em apreço,após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, este Juízo entende que o material probatórioacostado não se mostra suficiente ao acolhimento do pleito do recorrente.Não há falar em incapacidade total e definitiva, já que o laudo pericial não descarta a possibilidade de reabilitaçãoprofissional para atividades compatíveis com a limitação física diagnosticada, tais como porteiro, recepcionista, dentreoutras.Assim, o magistrado prolator da sentença, no correto alvitre de que ainda não é possível descartar a possibilidade dereabilitação profissional, entendeu que o recorrido encontra-se, em verdade, incapacitado para o desempenho da atividadehabitual para a qual foi reabilitado, já que o ofício de auxiliar de almoxarifado demanda grande esforço físico. Logo,necessária nova reabilitação profissional.Por derradeiro, não ressoa a alegação de cerceamento de defesa em virtude da não intimação do recorrente para semanifestar sobre os embargos de declaração, eis que não houve alteração da fundamentação do decisum, mas sim tãosomente a correção de erro material na parte dispositiva, o que pode ser feito mesmo ex officio pelo magistrado,independente da interposição de aclaratórios.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

36 - 0003849-81.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003849-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x FERNANDO BARBOSA COSTA (ADVOGADO:FELIPE SILVA LOUREIRO.) x OS MESMOS.Processo n.º 0003849-81.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° JEF de VitóriaRecorrentes: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS e FERNANDO BARBOSA COSTARecorridos: OS MESMOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSOS INOMINADOS. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ANÁLISE DASLIMITAÇÕES FUNCIONAIS DO AUTOR EM COTEJO COM OS REQUISITOS LEGAIS AMPARAM A PRETENSÃO DECONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA. DESCABIMENTO DE DANOS MORAIS. RECURSO DA PARTE AUTORACONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. RECURSO DA PARTE RÉ CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.

Estes recursos inominados foram interpostos pelo INSS e pela parte autora às fls. 63-65 e 74-87, respectivamente, emrazão de sentença que julgou procedente o pleito de condenação do INSS a restabelecer o benefício previdenciário deauxílio-doença NB 529.974.544-0, com efeitos retroativos à data de cessação; e improcedentes os pedidos de conversãoem aposentadoria por invalidez e de pagamento de danos morais.O réu, primeiro recorrente, alega que o autor não faz jus ao recebimento do benefício de auxílio-doença eis que constatadaa recuperação da capacidade laborativa, não devendo subsistir a sentença objurgada porquanto dissonante do laudopericial. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedentes os pedidos deduzidos nainicial.As contrarrazões foram apresentadas pelo autor às fls. 70-73.A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vezcumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença,for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, eser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.Na análise pericial do Juízo (fls. 37-38), o autor (59 anos) foi examinado e diagnosticado com síndrome de impacto emombro direito (quesito nº 01), patologia de ordem multifatorial que, entretanto, não o incapacita para o exercício de suaatividade habitual de mecânico (quesito n° 09). Ao ser questionado sobre as características da doença, respondeu o peritoque a moléstia decorre de processo compressivo em musculatura de ombro, tratando-se de lesão que limita o recorridopara atividades com elevação constante de membro superior além dos 90 graus (quesito n° 02).É indispensável recapitular que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, seja judicial ou administrativo, podendo formar asua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos (Código de Processo Civil, art. 436).Assim, o magistrado prolator da sentença, no correto alvitre de que as limitações funcionais apontadas pelo peritoprejudicam severamente o desempenho da atividade habitual de mecânico, entendeu que se trata de incapacidade parcial etemporária.De outra parte, o autor, segundo recorrente, sustenta que o indeferimento indevido do benefício auxílio-doença trouxegrandes transtornos a sua vida, pois ficou aproximadamente 1 (um) ano sem receber qualquer espécie de salário,sujeitando-se à ajuda de terceiros. Assevera, outrossim, que diante dos danos sofridos em decorrência do não recebimentodo auxílio preenche todos os requisitos para o recebimento de indenização por danos morais. Com base nisso, requer sejaconhecido e provido o recurso, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.As contrarrazões foram apresentadas pelo réu às fls. 91-94.8. Convém não confundir a cessação abrupta e injustificada do benefício com aquela decorrente do exercício regular dodireito-dever de fiscalização e auditoria, em que o segurado é submetido periodicamente a exames médico-periciais.Somente naquela primeira hipótese é devida a condenação em danos morais, em virtude da caracterização da falha noserviço.9. Nessa linha, não ressoa o pedido de condenação do INSS em danos morais, ante a não comprovação de ato abusivoe/ou ilegal por parte daquela Autarquia Previdenciária.10. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.11. Nessas condições, conheço de ambos os recursos e a eles nego provimento.12. Em relação ao INSS, sem condenação em custas na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996; honoráriosadvocatícios devidos e ora fixados em 10% sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei 9.099/1995). Quanto aoautor, sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl.32, na forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer de ambos os recursos e a eles negar provimento na formada ementa que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

37 - 0001005-52.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001005-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VILSO ZANOTELI(ADVOGADO: VANESSA MARIA BARROS GURGEL ZANONI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).Processo n.º 0001005-52.2011.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF LinharesRecorrente: VILSO ZANOTELIRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORATIVA NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMARECURSAL/ES. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 105-114 em razão de sentença que julgou improcedente apretensão de restabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença e de sua conversão em aposentadoria porinvalidez. Sustenta o recorrente que a perícia do Juízo demonstrou-se incompatível com os exames e laudos médicosparticulares acostados, os quais atestam sua incapacidade definitiva para o labor. Alega que o magistrado equivocou-se aoindeferir o pedido de realização de nova perícia ou, ainda, de complementação do laudo, haja vista que o exame pericial

não foi realizado por médico especialista. Ademais, sustentou que devem ser analisadas as suas condições pessoais. Combase nisso, requer seja conhecido e provido o recurso, para anular a sentença e, assim, acolher sua pretensão inaugural.Não foram apresentadas contrarrazões.A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vezcumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença,for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, eser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.Desnecessária a análise da condição de segurado e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa dorecorrente.Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 91-93), o recorrente (51 anos) foi examinado e diagnosticado com dor na regiãolombar e espodilodiscopatia lombar, tendo sido submetido a tratamento cirúrgico com espaçador na coluna cervical (quesiton° 01 do INSS). Atestou o perito tratar-se de patol ogia de ordem adquirida que, entretanto, não incapacita o recorrente parao exercício de sua atividade habitual de motorista (quesito n° 06 do INSS). Quanto às características da doença, asseverouque o periciado apresentou exame físico com marcha normal e sem auxílio, boa mobilidade da coluna e com teste delasegue negativo (quesito n° 04 do INSS). Concluiu o laudo consignando que o recorrente apresenta quadro geral bom esem restrição funcional (quesito nº 07 do Juízo).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatospresentes no feito. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas simplesmente, faculta ao juiz determinar a realizaçãode nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. No caso em apreço, após análise dasprovas, e com base no livre convencimento motivado, este Juízo entende que o material probatório acostado não se mostrasuficiente ao acolhimento do pleito do recorrente.Contra a alegação recursal de que há laudo médico particular que atesta a incapacidade do recorrente, importa destacar aexistência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do EspíritoSanto, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelojuízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há deprevalecer sobre o particular”.Descabida a realização de nova perícia médica por especialista, sob pena de se negar vigência à legislação queregulamenta a profissão de médico, a qual não exige especialização para o diagnóstico de doenças ou para a realização deperícias. Argüição de nulidade rejeitada.Por derradeiro, verifica-se que no caso vertente as condições pessoais do recorrente (idade, condição social, grau deinstrução, etc.), em cotejo com os demais elementos de prova dos autos, não são aptas a infirmar a conclusão jurisdicionaladotada.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 64, naforma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

38 - 0003646-56.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003646-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GILCILENE SANTANA(ADVOGADO: VIVIANE PIASSAROLI MANTOVANELI, IVALDO MARQUES FREITAS JUNIOR.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).Processo n.º 0003646-56.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEFRecorrente : GILCILENE SANTANARecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DECONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL. LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARAATESTAR A INCAPACIDADE. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 65-72, em razão da sentença de fls. 56-57, que julgouimprocedente o pleito de restabelecimento de auxílio-doença e de sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez,com base na conclusão técnica apurada pelo perito do juízo. Em suas razões, a recorrente argúi, preliminarmente, terhavido cerceamento de defesa, tendo em vista o indeferimento do pedido de realização de nova perícia judicial. No mérito,defende que o laudo emitido pelo perito do juízo é extremamente superficial e omisso, não se compatibilizando com sua real

condição de saúde. Ademais, defende que a conclusão do juízo de origem desconsidera os demais documentos médicoscolacionados aos autos. Por fim, alegando sua incapacidade para o trabalho, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

2. As contrarrazões foram apresentadas às fls. 78-80.

3. A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei n° 8.213/91, que o auxílio-doença será devido ao s egurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o artigo 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, umavez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo deauxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

4. No caso sob apreço, a autora, auxiliar de escritório, atualmente com 43 anos de idade, alega possuir “síndrome dopânico” (CID-10 F41.0), encontrando-se em tratamento psiquiátrico em virtude do quadro depressivo que apresenta. Aperícia produzida nos autos (laudo de fls. 41-42), realizada por especialista em psiquiatria, diagnosticou transtorno mistoansioso e depressivo (CID-10 F41.2) - resposta ao quesito 01. No entanto, ao exame físico, o expert verificou que apericiada encontrava-se lúcida e orientada no tempo e no espaço, sem alterações formais no pensamento. Concluiu operito, assim, pela ausência de incapacidade para o labor, ressaltando que “a periciada apresenta ao mesmo temposintomas ansiosos e sintomas depressivos, sem predominância nítida de uns ou de outros, e sem que a intensidade de unsou de outros seja suficiente para justificar um diagnóstico isolado”.

5. A alegação de cerceamento de defesa não merece prosperar, haja vista que não há como considerar os documentosapresentados para autora em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudos particulares se mostremsuficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha no laudo oficial, hipótesesque não ocorreram no caso vertente, excluindo-se, desse modo, a necessidade de realização de nova prova técnica. Comefeito, as indagações relativas à incapacidade já são eficazmente esclarecidas no laudo pericial acostado às fls. 41-42 e aaptidão da parte para o labor já está suficientemente demonstrada em perícia regular e sem vícios.

6. Diante da conclusão pericial, em cotejo com os documentos médicos apresentados pela parte, este relator entende queinexistem nos autos elementos capazes de balizar a caracterização da incapacidade da parte para o labor em geral, sendocerto que a existência de eventual patologia não implica, necessariamente, inaptidão funcional. Os documentos médicosjuntados pela parte autora não são suficientes para afastar as conclusões da perícia médica judicial, nos termos doEnunciado de n. 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo:

O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular.(DIO - Boletim da Justiça Federal, 18/03/04, pág. 59).

7. Destarte, havendo laudos divergentes, não há como considerar os documentos apresentados pelo recorrente emdetrimento da conclusão do perito oficial. Com efeito, não me parece plausível deferir os benefícios previdenciáriospretendidos – seja de auxílio-doença, seja de aposentadoria por invalidez – se constatada a capacidade para o trabalhohabitual da autora.

8. A parte autora, ora recorrente, portanto, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem sesobrepor ao laudo pericial, o qual goza de presunção de veracidade. Desse modo, deve ser mantida a sentença recorrida,de modo a não ser concedido o pedido autoral.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida pelos seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei n°. 9.099/95).

10. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 56,na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

39 - 0000306-95.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000306-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ JUSTINO(ADVOGADO: JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).Processo n.º 0000306-95.2010.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF LinharesRecorrente : JOSÉ JUSTINORecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Relator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DECONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL. LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARAATESTAR A INCAPACIDADE. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 66-70, em razão da sentença de fl. 62, que julgouimprocedente o pedido autoral de restabelecimento de benefício auxílio-doença e de sua posterior conversão emaposentadoria por invalidez. Em suas razões recursais, o recorrente alega, em síntese, que se encontra incapacitado para oexercício de suas atividades laborais de lavrador, aduzindo a existência de violação ao princípio da dignidade da pessoahumana diante da exigência de que continue laborando com dores. Por fim, postula pelo conhecimento e provimento dorecurso para que seja deferido o direito aos benefícios pleiteados, com o pagamento das parcelas retroativas.

2. As contrarrazões foram apresentadas às fls. 73-75.

3. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n°. 9.099/95).

4. A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei n° 8.213/91, que o auxílio-doença será devido ao s egurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o artigo 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, umavez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo deauxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

5. O autor, ora recorrente, trabalhador rural, atualmente com 54 anos de idade, alega possuir problemas ortopédicos que oincapacitam para o exercício de suas atividades habituais. O laudo pericial de fls. 47-51 registra que o requerente, de fato, éportador de artrose da coluna lombar, de origem degenerativa inerente à sua idade. No entanto, o perito é taxativo ao nãoconsiderá-lo inapto para as suas funções habituais de trabalhador autônomo, tendo em vista que “tem exame clínico dentroda normalidade, sem sinais de compressão nervosa em membros inferiores e sem alteração motora ou de força”.

6. O único laudo particular posterior à cessação do benefício em 28/02/2010 (fl. 24) confirma as patologias verificadas peloperito oficial e indica a necessidade de acompanhamento médico. Não aponta, no entanto, incapacidade para o trabalho,não podendo, assim, ser considerado para afastar a conclusão pericial do Juízo.

7. Vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância paraauxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há comoconsiderar os documentos apresentados pela autora em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudosparticulares se mostrem suficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha nolaudo oficial, hipóteses que não ocorreram no caso vertente, excluindo-se, desse modo, a necessidade de realização denova prova técnica ou até mesmo de complementação do parecer apresentado.

8. Destaque-se, também, que a função dos quesitos suplementares é o de, justamente, complementar a perícia quando asrespostas aos quesitos originais não foram respondidas de forma clara e precisa pelo jus perito, o que enseja anecessidade de integração do parecer oficial para melhor subsidiar o julgador no momento da formação de sua convicção.Ademais, para que a sentença seja anulada sob esta alegação, deve-se questionar acerca da essencialidade dos quesitosditos complementares para a apreciação da questão de incapacidade, em observância ao princípio da celeridadeprocessual. No caso sob apreço, contudo, eventuais esclarecimentos prestados em resposta aos quesitos complementaresformulados pela parte autora em nada alterariam o desfecho da causa, porquanto as indagações relativas à incapacidade jásão eficazmente esclarecidas no laudo pericial acostado às fls. 47-51 e a aptidão da parte para o labor já estásuficientemente demonstrada em perícia regular e sem vícios.

9. Assim, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem se sobreporao laudo pericial, o qual goza de presunção de veracidade. Isso porque os laudos particulares atestam a existência daenfermidade e o uso de medicação, mas não o estado de incapacidade. Destaco, ainda, que, nos termos da Súmula nº 08da Turma Recursal do Espírito Santo “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular”.

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

11. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 29,na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

40 - 0004853-90.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004853-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CRISLAINE RONCONI DEPAULA (ADVOGADO: CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0004853-90.2010.4.02.5053/01RECORRENTE: CRISLAINE RONCONI DE PAULARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSREDATOR PARA O ACÓRDÃO: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

VOTO

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, às fls. 61-72, em razão da sentença de fls. 56-57, que julgouimprocedente o pleito inicial de restabelecimento do benefício de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria porinvalidez.

Em suas razões recursais, a autora (33 anos) reafirma que está incapacitada para o desempenho de sua atividade habitualde ajudante de pedreiro, em decorrência de “hérnia de disco na coluna lombar, bico de papagaio na coluna cervical e lesãono nervo ciático” (fragmento – fl. 63), razão pela qual faria jus aos benefícios postulados. Pretende, assim, seja conhecidoe provido o recurso, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

Contrarrazões às fls. 79/82.

É o breve relatório. Passo a votar.

Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Por sua vez, a aposentadoria por invalidez, conforme disposiçãoconstante do artigo 42 da Lei 8.213/91, será devida ao segurado que, após cumprido, quando for o caso, o período decarência exigido, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para oexercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer esta condição.

O laudo pericial de fls. 36/37, apesar de indicar que a autora apresenta quadro de espondilodiscopatia incipiente da colunalombar, conclui pela sua capacidade laborativa. Com base nessa premissa o juízo de origem proferiu sentença indeferindoos benefícios pretendidos pela autora. Contudo, pedindo vênias ao MM. Juiz Federal a quo, hei por bem divergir de seuentendimento.

Pois bem. É sabido que o juiz não está, de modo algum, vinculado às conclusões do laudo pericial (art. 436 do CPC),podendo utilizar-se de outros elementos de prova produzidos nos autos para formar sua convicção. Desse modo, embora operito registre, em seu parecer, que a autora encontra-se capacitada para suas atividades habituais, ouso discordar dessepressuposto, por considerar que a natureza das enfermidades que a acometem não permite o exercício de sua funçãohabitual de servente em obra civil, enquanto não houver a recuperação de sua saúde.

Com efeito, a autora juntou aos autos diversos documentos médicos (fls. 10/26) que atestam a existência de diversosproblemas ortopédicos, de caráter degenerativo, havendo a indicação de incapacidade para o exercício de funções queexigem demasiado esforço físico. Os referidos documentos atestam a existência de osteófitos incipientes em T12 e L1(“bico de papagaio” - fl. 11), abaulamento discal difuso em L3-L4 a L5-S1, associado à protusão discal póstero-mediana emL5-S1 (fl. 12), entre outras enfermidades ortopédicas. Dessa forma, concluo pela incapacidade da autora para o exercíciode suas atividades habituais de auxiliar de obra civil (servente de pedreiro), que exige demasiado esforço físico que atingediretamente seus membros superiores, inferiores e a região lombar.

Destarte, diante de tudo quanto fora exposto, entendo que está constatada a incapacidade laboral Parcial e Temporária daautora, restando concluir que ela faz jus ao benefício de auxílio-doença até a recuperação total de sua saúde ou até a suarecolocação no mercado de trabalho em outra profissão. Assim, merece parcial provimento o seu recurso.

Por fim, ressalto que ante o caráter constitutivo da presente decisão, a DIB do benefício será fixada na data destejulgamento.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO INOMINADO e, no mérito, DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO, paradeterminar a implementação do benefício previdenciário de auxílio-doença em favor da parte autora, a partir da data destejulgamento.

Igualmente, DEFIRO, nesta oportunidade, A ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA MÉRITO em favor da recorrente,porquanto reputo presentes os requisitos da verossimilhança da alegação (com base em toda a fundamentação de fato e dedireito lançada neste voto) e do fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação extraído do caráter alimentar dobenefício pleiteado, bem como afastado o perigo de irreversibilidade da tutela de urgência, que cede espaço ante direitosfundamentais como a dignidade da pessoa humana e a tempestiva e eficaz prestação jurisdicional.

Logo, o benefício deverá ser implantado no prazo de trinta dias contados da intimação deste julgado, e a comprovação dopagamento deverá ser promovida no prazo de dez dias após a implantação.

Sem condenação da parte autora ao pagamento das custas processuais e de honorários de advogado ante o provimento doseu recurso (art. 55 da Lei 9.099/95).

É o voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal – Redator para o Acórdão

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0004853-90.2010.4.02.5053/01RECORRENTE: CRISLAINE RONCONI DE PAULARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSREDATOR PARA O ACÓRDÃO: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – INCAPACIDADE PARCIAL E TEMPORÁRIACONFIGURADA – ANÁLISE DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA – CONSIDERAÇÃO DOS LAUDOS DE EXAMESPARTICULARES – DIB NA DATA DO JULGAMENTO – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar presentejulgado.

BRUNO DUTRA

Juiz Federal – Redator para o Acórdão

41 - 0004338-55.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004338-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NEUZA POLASTRELI(ADVOGADO: CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).Processo n.º 0004338-55.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° JEFRecorrente : NEUZA POLASTRELIRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DECONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL. LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES PARAATESTAR A INCAPACIDADE. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Este recurso inominado foi interposto pela parte autora, às fls. 67-80, em razão da sentença de fls. 63-64, que julgouimprocedente o pedido autoral de concessão do benefício auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez. Em suas razõesrecursais, sustenta a recorrente que está incapacitada para o desempenho de sua atividade habitual de vendedora e que oslaudos emitidos pelos peritos do juízo são omissos e contraditórios, não se compatibilizando com sua real condição desaúde. Ademais, afirma que a conclusão do magistrado revela a desconsideração dos demais documentos médicosacostados aos autos. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedentes os pedidos deduzidosna inicial.

2. As contrarrazões foram apresentadas às fls.84-86.

3. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

4. A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei n° 8.213/91, que o auxílio-doença será devido ao s egurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o artigo 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, umavez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo deauxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

5. No caso sob apreço, a parte autora submeteu-se a duas perícias. O primeiro exame pericial, acostado às fls. 37-38,formalizado por médico ortopedista, constatou que a recorrente foi submetida a cirurgia artroscópica em joelho direito parameniscectomia medial parcial em 14/06/2006, mas descartou a existência de incapacidade para o trabalho sob o ponto devista ortopédico, sugerindo ao final da pericia avaliação por médico psiquiatra.

6. O segundo exame pericial (fls. 47-48) foi realizado por médico psiquiatra, o qual diagnosticou transtorno depressivo. Noentanto, asseverou o perito que no momento do exame a autora se apresentou lúcida, orientada no tempo e no espaço,coerente, calma e cooperativa. Não apresentou alterações, nem mesmo distúrbios do comportamento e/ou alteraçõessenso-perceptivas que a impossibilitem de exercer sua atividade habitual, descartando, portanto, a incapacidade para otrabalho.

7. Diante das conclusões apresentadas pelos médicos peritos, que são especializados nas enfermidades que acometem aautora, entendo que restou devidamente comprovado que a recorrente não se encontra incapacitada para o exercício desuas atividades laborais. Ademais, insta ressaltar que conforme o enunciado n° 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “olaudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial.O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

8. Vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extrema importância paraauxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide. Destarte, havendo laudos divergentes, não há comoconsiderar os documentos apresentados pela autora em detrimento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudosparticulares se mostrem suficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha nolaudo oficial, hipóteses que não ocorreram no caso vertente.

9. Por fim, conclui-se que falta pelo menos um dos requisitos necessários à concessão do auxílio-doença ou daaposentadoria por invalidez, qual seja, a comprovação da incapacidade para o trabalho. Desse modo, deve ser mantida asentença recorrida.

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

11. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 30,na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

42 - 0007213-32.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.007213-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DIRCE PATROCINIO DASILVA (ADVOGADO: CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: VILMAR LOBO ABDALAH JR..).Processo n.º 0007213-32.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF VitóriaRecorrente: DIRCE PATROCINIO DA SILVARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORAL NÃO VERIFICADA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora às fls. 77-87 em razão de sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão do benefício previdenciário de auxílio-doença e conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrenteque os laudos acostados atestam sua incapacidade laboral total e definitiva. Argumenta que, por ser doméstica, a patologiaque a acomete impede de forma efetiva o exercício de seu labor. Com base nisso, requer seja conhecido e provido orecurso para reformar a sentença, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 91-94.A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vezcumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença,for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, eser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.Desnecessária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa darecorrente.Com efeito, na primeira análise pericial do Juízo (fls. 29-31), feita por especialista na área de ortopedia, a recorrente (56anos) foi examinada e diagnosticada com poliartralgia (quesito nº 01), patologia de ordem idiopática que, entretanto, não aincapacita para suas atividades habituais de empregada doméstica (quesitos nº 07 e 09). Ao ser questionado se arecorrente corre risco de ter sua doença agravada caso exerça sua atividade habitual, asseverou o perito que não há riscosde agravamento da doença (quesito de nº 10).Na segunda análise pericial do Juízo (fls. 48-56), realizada por expert em neurocirurgia, a recorrente foi diagnosticada comdoença degenerativa da coluna cervical e lombar (quesito n.º 01). Trata-se de patologia degenerativa que acomete a colunacervical e lombar, manifestando-se com dor lombar, sem, contudo, incapacitar para o labor de empregada doméstica(quesitos nº 02 e 09). Foi atestado ainda que, ao exame físico, a periciada apresentou-se consciente, alerta, colaborativa esem alteração de memória; eupneica com sons respiratórios normais, ritmo cardíaco normal, marcha normal e sem déficitsmotores e sensitivos.Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. No caso em apreço,após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, este Juízo entende que o material probatórioacostado não se mostra suficiente ao acolhimento do pleito da recorrente.Contra a alegação recursal de que há laudo médico particular que atesta a incapacidade total e definitiva da recorrente,importa destacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SeçãoJudiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médicopericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidadelaborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 21, naforma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

43 - 0004702-90.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004702-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x ELIAS BORGES RUFINO (DEF.PUB: Karina RochaMitleg Bayerl.).Processo n.º 0004702-90.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° JEFRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : ELIAS BORGES RUFINORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE LABORAL TOTAL EDEFINITIVA VERIFICADA. CONDIÇÕES PESSOAIS. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, em razão da sentença que julgou procedente a pretensão derestabelecimento do benefício auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente, emsuas razões recursais, que a perícia judicial concluiu pela incapacidade parcial e definitiva, razão pela qual o recorrido nãofaz jus ao benefício de aposentadoria por invalidez. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-seimprocedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões foram apresentadas às fls. 97-101.A aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 da Lei nº 8.213/1991, uma vez cumprida, quando for o caso,a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz einsusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquantopermanecer nesta condição.A condição de segurado e o período de carência são incontrovertidos nos autos. Assim, a questão que remanesce diz coma natureza e extensão da incapacidade laboral.Na análise pericial do Juízo (fls. 49-52), o recorrido (56 anos de idade) foi examinado e diagnosticado com insuficiênciacoronariana com revascularização do miocárdio, hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus, patologias de ordemhereditárias e comportamentais, que o incapacitam para o desempenho de sua atividade de ajudante de pedreiro (quesiton° 14 – fl. 50). Ao ser questionado sobre as limita ções funcionais apresentadas, no quesito n° 11 (fl. 50) respondeu que oautor apresenta limitações a esforços leves e moderados, podendo andar, subir escadas curtas, ficar sentado ou em pé,mas não deve carregar peso nem exercer atividade que aumentem o stress, haja vista o perigo de agravamento da doença.Asseverou ainda que o recorrido só pode realizar atividades que não exijam esforço físico (quesito n° 17 – fl. 51).A autarquia ré, em sua manifestação de fls. 61-62, sustentou que o recorrido exerceu por último a atividade de vigia, e nãode ajudante de pedreiro como foi lançado na perícia. Diante dessa nova constatação e do pedido de esclarecimento do

INSS, o perito informou ao Juízo (fls. 65) que o recorrido não tem aptidão para exercer a atividade de vigia, pois paraimpedir o agravamento e evolução da doença, ele tem que evitar atividades que sobrecarreguem o coração ou aumentem onível de stress e ansiedade.Embora a conclusão do perito judicial tenha sido pela incapacidade parcial, é necessário recapitular que o juiz não estáadstrito ao laudo pericial, seja judicial ou administrativo, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos (Código de Processo Civil, art. 436).Assim, o magistrado prolator da sentença, no correto alvitre de que o recorrido dificilmente conseguirá desempenhar algumtipo de atividade que lhe garanta sustento dentro de sua limitação física e profissional, notadamente diante de suascondições pessoais (idade, grau de instrução e histórico de atividades), entendeu que se trata, em verdade, deincapacidade total e definitiva.Oportuno recordar, nesse passo, o teor do verbete n° 47 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização: “uma vezconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para aconcessão de aposentadoria por invalidez”.Com efeito, a incapacidade para o trabalho é requisito que deve ser analisado à luz dos princípios basilares que norteiam aConstituição da República, como o da dignidade da pessoa humana, da justiça social e da redução das desigualdades, e,igualmente, sob a ótica da proteção ao direito fundamental à saúde (CR, art. 6º).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, na forma da lei. em honorários advocatícios, devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do CPC.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer o recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaconstante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

44 - 0002882-36.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002882-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x GENICLEIDE DA SILVA LIMA(ADVOGADO: JOSE CARLOS NASCIF AMM, RODRIGO JOSE PINTO AMM, RAIMUNDO AFONSO DE ALVARENGA,DIEGO HENRIQUE ARAÚJO, JULIO CESAR BARREIRO RANDOW SANTANA, BRUNO COSTA CADE.).Processo n.º 0002882-36.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° JEFRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : GENICLEIDE DA SILVA LIMARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE LABORAL PARCIAL E TEMPORÁRIAVERIFICADA. RESTRIÇÃO FUNCIONAL APONTADA PELO PERITO PREJUDICA SEVERAMENTE O EXERCÍCIO DAATIVIDADE LABORATIVA HABITUAL. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela Autarquia-ré, ora recorrente às fls. 73-77 em razão de sentença que julgouparcialmente procedente a pretensão de restabelecimento do benefício auxílio-doença a partir de 15.07.2011, eimprocedente a sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que arecorrida detém plena capacidade para suas atividades laborais (porteira). Alega, ademais, que o magistrado, em suasentença, foi de encontro à conclusão do perito. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-seimprocedente o pedido deduzido na inicial.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 83-86.A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei n° 8.213/91, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.A condição de segurada e o período de carência são incontroversos nos autos. Verifico, assim, que a controvérsia gira emtorno da incapacidade laboral.Na análise pericial do Juízo (fls. 44-45), a recorrida (46 anos) foi examinada e diagnosticada com quadro de artrodese dopunho direito, oriunda de artrose radio cárpica secundária e fratura luxação do punho direito (quesito n° 1 – fl. 44), patologiade ordem degenerativa que, no entanto, não a incapacita para suas atividades habituais de porteira (quesito nº 09 - fl. 44).Ao ser questionado sobre as características da lesão identificada da autora, em quesito de nº 02 (fl. 44), asseverou o peritoque a recorrida apresentou exame físico com atrofia leve da mão direita e bloqueio funcional do punho. Questionado sobrea atividade desempenhada pela autora, respondeu que trabalhava como recepcionista, porém foi reabilitada para aatividade de portaria (quesito n° 8 – fl. 44).Embora a conclusão do perito judicial tenha sido pela capacidade laborativa, é necessário recapitular que o juiz não estáadstrito ao laudo pericial, seja judicial ou administrativo, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos (Código de Processo Civil, art. 436).Importante salientar que inexistem nos autos, documentos comprobatórios da reabilitação da recorrida para a atividade deportaria. O INSS em momento algum se manifestou acerca reabilitação ou não da mesma, inclusive, nas perícias realizadaspela Autarquia a qualificação usada como referência é a atividade de recepcionista (fl. 65).Assim, o magistrado prolator da sentença, no correto alvitre de que a atividade habitual da recorrida, era a de recepcionista- ofício incompatível com as limitações funcionais atestadas pelo perito -, entendeu que aquela se encontra, em verdade,incapacitada para a aludida atividade habitual, não obstante tenha sido lançada, no laudo pericial, a profissão de porteira.A incapacidade para o trabalho é requisito que deve ser analisado à luz dos princípios basilares que norteiam a Constituiçãoda República, como o da dignidade da pessoa humana, da justiça social e da redução das desigualdades, e, igualmente,sob a ótica da proteção ao direito fundamental à saúde (CR, art. 6º).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do CPC.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa

que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

45 - 0004997-98.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004997-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VANDERLEI LIMA GUARIZI(ADVOGADO: JOSE IRINEU DE OLIVEIRA, GRASIELE MARCHESI BIANCHI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS.Processo n.º 0004997-98.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1° JEFRecorrente : VANDERLEI LIMA GUARIZIRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORATIVA NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMARECURSAL/ES. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 77-89, em razão de sentença que julgou improcedente apretensão de concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez.Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que o magistrado utilizou somente o laudo pericial para formar seuconvencimento. Alega que a conclusão aferida no exame pericial não corresponde à sua realidade incapacitante, haja vistaque o perito fundamentou-se apenas nos documentos já acostados aos autos, sem sequer realizar exame médico maisaprofundado. Ademais, sustentou que o laudo pericial foi vago e omisso. Dessa forma, requer seja conhecido e provido orecurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. Eventualmente, requer seja anulada a sentença.As contrarrazões encontram-se às fls. 107-109.A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei n° 8.213/91, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o artigo 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, umavez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo deauxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.Desnecessária a análise da condição de segurado e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa dorecorrente.Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 52-53), o recorrente (34 anos) foi examinado e diagnosticado com artrofibrose esinovite de joelho esquerdo, tendo sido submetido a videoartroscopia cirúrgica para tratamento das doenças. Trata-se depatologias de ordem adquirida que, no entanto, não o incapacitam para o exercício de sua atividade habitual de operador demáquinas (quesito n° 9 – fl. 52). Ao ser questionad o sobre as características das doenças, respondeu o perito que aoexame físico o autor apresentou normalidade de função, marcha normal e testes clínicos normais (quesito n° 3 – fl. 52).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. Na hipótese emapreço, após minuciosa análise das provas da causa, e com base no livre convencimento, este Juízo entende que omaterial probatório acostado aos autos sinaliza o desmérito do pleiteante aos pretendidos benefícios.Contra a alegação recursal de que há documento médico particular que ateste a incapacidade do recorrente, importadestacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária doEspírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzidopelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há deprevalecer sobre o particular”.Oportuno rememorar que o excesso de objetividade não invalida a prova pericial. Importa que o laudo pericial sejaconclusivo e que inequivocamente revele a conclusão formada pelo perito. Nos juizados especiais, os atos processuais sãoregidos pela simplicidade e pela informalidade (art. 2º da Lei 9.099/95), razão pela qual o laudo pericial não precisa conterfundamentação detalhada.Descabido o pleito de anulação da perícia e da sentença em razão da não realização de exames complementares. O direitode produzir provas não é absoluto, sendo certo que a inexistência de exames complementares, por si só, não configuranulidade, sobretudo quando a realização de demais exames mostra-se prescindível à elucidação do quadro clínico, comona hipótese vertente. Como bem lançado pelo magistrado à fl. 73, os exames complementares só são requisitados noscasos em que o perito julga necessário para firmar diagnóstico sobre a existência ou não de incapacidade, questão essaque já se encontra superada pela firme conclusão pericial.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 38, naforma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

46 - 0004520-41.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004520-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ARENITA MENDESCARVALHO (ADVOGADO: JOAO BATISTA DALAPICOLA SAMPAIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).Processo n.º 0004520-41.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF VitóriaRecorrente: ARENITA MENDES CARVALHORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORAL NÃO VERIFICADA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora às fls. 68-73 em razão de sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de auxílio-doença e conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente cerceamento de defesa,pois os quesitos complementares apresentados não foram analisados pelo perito judicial. Alega que há nos autoselementos que comprovam a incapacidade para o exercício de suas atividades habituais. Assevera que sua patologiaacarreta uma série de problemas e limitações que a tornam definitivamente incapaz de exercer qualquer tipo de labor. Combase nisso, requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a sentença, julgando-se procedente o pedido deduzidona inicial. Eventualmente pleiteia a anulação da sentença para que seja reaberta a instrução processual.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 77-79.A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vezcumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença,for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, eser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.Desnecessária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa darecorrente.Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 43-44), a recorrente (48 anos) foi examinada e foi diagnosticada com transtornodissociativo conversivo (quesito nº 01), patologia que, entretanto, não a incapacita para o exercício de sua atividade habitualde auxiliar de serviços de gerais (quesito nº 06). Asseverou ainda o expert que, ao exame pericial, a recorrenteapresentou-se lúcida e orientada no tempo e no espaço, auto e alopsicamente, sem alterações formais no pensamento comvolição e pragmatismo preservados.

Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. No caso em apreço,após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, este Juízo entende que o material probatórioacostado não se mostra suficiente ao acolhimento do pleito da recorrente.Descabido o pleito de anulação da sentença em virtude da não apreciação pelo expert de seus quesitos complementares (fl.58). Isto porque o direito de produzir provas não é absoluto, sendo certo que seu indeferimento, por si só, não implicacerceamento de defesa, sobretudo quando o quesito proposto é prescindível à elucidação do quadro clínico, como nestecaso. Como bem lançado pelo magistrado, os quesitos formulados às fls. 41-42 encontram-se superados pela firmeconclusão pericial.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 34, naforma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

47 - 0001665-55.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001665-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARILDES DOS SANTOS(ADVOGADO: CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).Processo nº 0001665-55.2011.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 3º JEF VitóriaRecorrente: MARILDES DOS SANTOSRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORAL NÃO VERIFICADA. PREVALÊNCIA DO LAUDO JUDICIAL SOBRE O PARTICULAR. RECURSO CONHECIDOE, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora às fls. 51-68 em razão de sentença que julgou improcedente o pedido derestabelecimento de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente que suaincapacidade é total e definitiva para o exercício de atividade laborativa. Aduz que a perícia judicial foi negligente e nãoguarda consonância com a situação fática vivida por ela, uma vez que desconsiderou os laudos médicos particularescoligidos aos autos. Assevera que sua patologia afeta diretamente sua produtividade e eficiência na vida profissional. Combase nisso, requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a sentença, julgando-se procedente o pedido deduzidona inicial.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 74-77.A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vezcumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença,for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, eser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.Desnecessária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa darecorrente.Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 26-27), feita por expert em ortopedia, a recorrente (45 anos, cabeleireira) foiexaminada e diagnosticada com base em laudo de exame médico complementar como portadora de síndrome do túnel decarpo em fase inicial do punho esquerdo (quesito nº 01), patologia de ordem inflamatória (quesito nº 07), cujos sinais ousintomas não se evidenciaram, todavia, quando do exame clínico pericial (quesito nº 02). Ao ser questionado se a periciadacorre risco de morte ou de agravamento da doença caso continue exercendo sua atividade habitual, asseverou o perito que“como não há sinal e sintoma de lesão, não há riscos” (quesito nº 10). Concluiu, pois, pela capacidade laborativa (quesitosnº 09 e 14).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. No caso em apreço,após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, este Juízo entende que o material probatórioacostado não se mostra suficiente ao acolhimento do pleito da recorrente.Contra a alegação recursal de que há laudo médico particular que atesta a incapacidade total e definitiva da recorrente,importa destacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SeçãoJudiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médicopericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidadelaborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Por derradeiro, no caso vertente, as condições pessoais da recorrente (idade, condição social, grau de instrução, etc), emcotejo com os demais elementos de prova dos autos, não têm o condão de alterar a conclusão jurisdicional adotada pelojuízo singular.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 18, naforma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

48 - 0003985-15.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003985-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CREUZA MARIA BATISTAVAZ (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARCELA BRAVIN BASSETTO.).Processo n.º 0003985-15.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF VitóriaRecorrente: CREUZA MARIA BATISTA VAZRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator:Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORAL NÃO VERIFICADA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.Este recurso inominado foi interposto pela autora às fls. 51-57 em razão de sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente que deve serrealizada nova perícia na área de reumatologia, já que é portadora de doença reumatológica. Assevera, ainda, que oslaudos acostados atestam sua incapacidade definitiva para exercer qualquer atividade laborativa. Com base nisso, requerseja conhecido e provido o recurso para reformar a sentença, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.Eventualmente pleiteia a anulação da sentença para que seja reaberta a instrução processual.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 69-73.O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 doaludido diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ounão em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade quelhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.Desnecessária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade da recorrente.Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 20-21), feita por especialista na área de ortopedia, a recorrente (55 anos) foiexaminada e diagnosticada com queixa de poliartralgia com maior intensidade na região cervical e ombros (quesito nº 01),patologia de ordem adquirida que, entretanto, não a incapacita para sua atividade habitual de decoradora de festa infantil(quesitos nº 07, 08 e 09). Questionado sobre as características da doença, asseverou o perito que a recorrente apresentouexame físico sem alteração funcional (quesito nº 02).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. No caso em apreço,após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, este Juízo entende que o material probatórioacostado não se mostra suficiente ao acolhimento do pleito da recorrente.Contra a alegação recursal de que há laudo médico particular que atesta a incapacidade da recorrente, importa destacar aexistência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do EspíritoSanto, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelojuízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há deprevalecer sobre o particular”.Descabido o pleito de realização de nova perícia médica por especialista em reumatologia, sob pena de se negar vigência àlegislação que regulamenta a profissão de médico, que não exige especialização para o diagnóstico de doenças ou para arealização de perícias.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 15, na

forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

49 - 0002826-37.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002826-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALTIVO ROSA DE OLIVEIRA(ADVOGADO: MICHELE ITABAIANA DE CARVALHO PIRES, GABRIELA BERNARDO DEORCE, JOSE GERALDONUNES FILHO, LILIAN MAGESKI ALMEIDA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).Processo n.º 0002826-37.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2° JEFRecorrente : ALTIVO ROSA DE OLIVEIRARecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORATIVA NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMARECURSAL/ES. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 37-64 , em razão de sentença que julgou improcedente apretensão de concessão do benefício auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta orecorrente, em suas razões recursais, que o perito judicial não realizou os exames complementares necessários e quedeixou de analisar os demais documentos que comprovam sua incapacidade, motivo pelo qual a perícia e a sentença quenela se fundamentou, devem ser consideradas nulas. Alega que, tanto o perito quanto o magistrado apresentaram apossibilidade de reabilitação para desempenhar a função de porteiro, porém o exercício de tal profissão acarretaria comprejuízos morais. Sustenta ademais, que houve cerceamento de defesa ante a não realização de audiência. Dessa forma,requer seja conhecido e provido o recurso julgando procedentes os pedidos deduzidos na inicial. Eventualmente requer aanulação da perícia e conseqüentemente da sentença.Não foram apresentadas contrarrazões, conforme certidão de fl. 72.A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei n° 8.213/91, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o artigo 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, umavez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo deauxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.Desnecessária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa dorecorrente.Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 20-21), o recorrente (52 anos) foi examinado e diagnosticado comespondilodiscopatia da coluna lombar com hérnia entre L4 –L5 e L5-S1, patologia de origem traumática que, no entanto nãoo incapacita para o exercício de sua atividade habitual de encarregado de produção (quesito n° 6 – fl. 20). Ao serquestionado sobre as características da doença, respondeu que o autor compareceu à perícia amparado por uma muleta,apresentando teste de lasegue negativo e com boa mobilidade da coluna lombar (quesito n° 4 – fl. 20). Asseverou o peritono quesito n° 13 (fl. 21), que o recorrente é capaz de realizar suas atividades da vida civil de forma independente.Questionado sobre a incapacidade para o trabalho, afirmou que só há incapacidade para a função de eletricista, mas hácapacidade para desempenhar a atual atividade de encarregado de produção (quesito n° 10 – fl. 21).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. Na hipótese emapreço, após minuciosa análise das provas da causa, e com base no livre convencimento, este Juízo entende que omaterial probatório acostado aos autos sinaliza o desmérito do pleiteante aos pretendidos benefícios.Contra a alegação recursal de que há documento médico particular que ateste a incapacidade do recorrente, importadestacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária doEspírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzidopelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há deprevalecer sobre o particular”.Descabido o pleito de anulação da perícia e da sentença em razão da não realização de exames complementares. O direitode produzir provas não é absoluto, sendo certo que a inexistência de exames complementares, por si só, não configura

nulidade, sobretudo quando a realização de demais exames mostra-se prescindível à elucidação do quadro clínico, comona hipótese vertente. Com efeito, cabe registrar que a anulação da perícia judicial sobressai absolutamente dispensável,porquanto a constatação de incapacidade restou comprovada com a conclusão do perito.Igualmente descabido o pleito de cerceamento de defesa ante a ausência de realização de audiência, porquanto osdocumentos probatórios colacionados nos autos são suficientes para o deslinde da demanda, não havendo necessidade deprodução de prova oral.Por derradeiro, na hipótese vertente, as condições pessoais da recorrente (idade, condição social, grau de instrução etc.),em cotejo com os demais elementos de prova dos autos, não são aptas a infirmar a conclusão jurisdicional adotada.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 12, naforma do art. 12 da Lei nº 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

50 - 0000670-76.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000670-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x SANTINA ZUCOLOTTO BAPTISTA DOSANJOS (ADVOGADO: MARCELO NUNES DA SILVEIRA, JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.).Processo nº. 0000670-76.2010.4.02.5050/01Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : SANTINA ZUCOLOTTO BAPTISTA DOS ANJOSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. RENDA MENSAL PER CAPITA SUPERIORAO LIMITE LEGAL. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO ESTATUTO DO IDOSO. RECURSOCONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Cuida-se de recurso inominado interposto pelo INSS em razão de sentença que julgou procedente o pedido de concessãodo benefício assistencial previsto na Lei n. 8.742/1993 (LOAS). Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que arecorrida não preenche os requisitos legais para a concessão do beneficio, tendo em vista que o benefício previdenciáriorecebido por seu marido, no valor de um salário mínimo, não pode ser excluído do cômputo da renda familiar, cuja rendaper capita é superior a ¼ do salário mínimo. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o presente recurso, julgando-seimprocedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 79-91.

Nos moldes do art. 20 da Lei nº 8.742/1993, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, de seu turno,considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capitaseja inferior a ¼ do salário mínimo.

A condição de miserabilidade é fato controverso nos autos. O relatório social (fls. 22-30) atesta que o grupo familiar écomposto por duas pessoas (recorrida, 78 anos e o esposo, 83 anos). A casa onde reside é própria, de alvenaria, teto delaje e piso de cerâmica, constituída por cinco cômodos, em bom estado de habitabilidade e higiene. A renda familiar é deR$ 510,00 (quinhentos e dez reais), valor oriundo da aposentadoria do marido.

Assim, considerando o montante da renda auferida pela família (R$ 510,00) e que o grupo familiar é constituído por duaspessoas a renda per capita normalmente não seria inferior a ¼ do salário mínimo.

Não obstante, o valor da aposentadoria recebida pelo marido da recorrida não deve ser computado para efeito de cálculo darenda familiar per capita. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso),segundo o qual o benefício assistencial de prestação continuada já concedido a qualquer membro da família, que seja idosoe tenha pelo menos 65 anos de idade, não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar a que se refere aLOAS.

A situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. Assim como o benefícioassistencial de prestação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, o benefícioprevidenciário auferido em valor mínimo por membro da família com essa idade também não deve ser computado para fins

de cálculo da renda familiar per capita.

O art. 203, inciso V, da Constituição Federal dispõe que cabe à lei definir os critérios para a concessão do benefícioassistencial de amparo à pessoa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, doEstatuto do Idoso, a decisão judicial não está deixando de buscar na lei as diretrizes para identificação do beneficiário. Nãose trata de aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.

Com a desconsideração da renda proveniente da aposentadoria auferida pelo esposo da recorrida, a renda familiar passa aser nula, fato que atrai o deferimento do benefício assistencial pleiteado.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos termos do art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa,que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

51 - 0003952-25.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003952-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) OZENIR DA SILVA CUNHA(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).Processo nº. 0003952-25.2010.4.02.5050/01Recorrente : OZENIR DA SILVA CUNHARecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. RECURSO INOMINADO. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. RENDA SUPERIOR A ¼DO SALÁRIO MÍNIMO. MISERABILIDADE NÃO AUFERIDA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.

Cuida-se de recurso inominado, interposto pela autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedente opedido de concessão do benefício assistencial previsto na Lei º 8.742/1993 (LOAS). Sustenta a recorrente, em suas razõesrecursais, que o magistrado desconsiderou despesas necessárias e essenciais para auferir a renda per capita superior a ¼do salário mínimo. Alega, ainda, que o salário recebido pelo marido não é suficiente para o sustento da família, devendo,portanto, ser flexibilizado o critério estabelecido por lei para a concessão do benefício. Dessa forma, requer seja conhecidoe provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 44-48.

Nos moldes do art. 20 da Lei nº 8.742/1993, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência ou ao idoso com 65 (sessenta e cinco)anos ou mais que comprove não possuir meios de prover a própria subsistência e tampouco de tê-la provida por familiares.Para efeitos de aplicação do citado dispositivo, considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vidaindependente e para o trabalho e, de seu turno, considera-se incapaz de prover a manutenção o portador de deficiência ouidoso a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

A condição de incapacidade da recorrente é fato incontroverso nos autos. Quanto ao requisito atinente à miserabilidade, orelatório social (fls. 14-20) atesta que o grupo familiar é composto por duas pessoas (recorrente, 65 anos e marido, 59anos). A casa é de alvenaria, com piso de cerâmica e teto de laje, constituída por seis cômodos em bom estado deconservação. A renda familiar é de R$ 550,00 (quinhentos e cinqüenta reais), provenientes do ofício de servente de pedreirodo cônjuge.

Apesar de o critério referente ao quantum da renda familiar não ser considerado absoluto, podendo ser relativizado emcasos excepcionais, cabe ressaltar que gastos com aquisição de medicamentos não devem ser abatidos no valor da rendamensal familiar para aferição da miserabilidade. A necessidade de medicamentos autoriza a pessoa carente a exigir que oEstado os entregue in natura – obrigação de dar coisa certa -, mas não justifica a concessão de benefício assistencial –obrigação de pagar quantia certa.

É indispensável recordar, também, que não basta afirmar a existência de despesas extraordinárias, mas coligir aos autoselementos de prova que chancelem o alvitre de que os gastos familiares são insuficientes para o suprimento dasnecessidades vitais.

Assim, considerando o montante da renda auferida pela família (R$ 550,00) e que o grupo familiar é constituído por duaspessoas, objetivamente não foi preenchido o requisito de renda inferior ao limite de ¼ do salário mínimo.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo Juízo “a quo”.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 13, naforma do art. 12 da Lei n° 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

52 - 0005756-28.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005756-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x PAULINA MONTEIRO FERREIRA(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.).Processo nº. 0005756-28.2010.4.02.5050/01Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : PAULINA MONTEIRO FERREIRARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. ART.20 DA LEI 8.742/1993. INCAPACIDADE PARA O TRABALHO E PARA A VIDA INDEPENDENTE VERIFICADAS.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Cuida-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente o pedidode concessão do benefício assistencial previsto na Lei n. 8.742/1993 (LOAS). Sustenta o recorrente, em suas razõesrecursais, que no laudo pericial não ficou evidenciado que a incapacidade da recorrida é permanente. Dessa forma, requerseja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-senas fls. 75-79.

Nos moldes do art. 20 da Lei nº 8.742/1993, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência ou ao idoso com 65 (sessenta e cinco)anos ou mais que comprove não possuir meios de prover a própria subsistência e tampouco de tê-la provida por familiares.Para efeitos de aplicação do citado dispositivo, considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vidaindependente e para o trabalho e, de seu turno, considera-se incapaz de prover a manutenção o portador de deficiência ouidoso a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

In casu, o ponto controvertido cinge-se à verificação da incapacidade laborativa.Na análise pericial do juízo (fls. 27-29), a recorrida foi examinada e diagnosticada com neoplasia da mama direita (quesiton.º 1 – fls. 27), patologia que a incapacita total e temporariamente para o exercício da atividade habitual de diarista, bemcomo para a vida independente (quesitos nºs 09, 10,14 e 15 – fls. 28). Em resposta ao quesito de nº 17 - fls. 29, asseverouo perito que a recorrida encontra-se incapacitada totalmente por tempo indeterminado.Embora a conclusão do perito judicial tenha sido pela incapacidade temporária, é necessário pontuar que o juiz não estáadstrito ao laudo pericial, seja judicial ou administrativo, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos (Código de Processo Civil, art. 436).Assim, tenho que a incapacidade laborativa da recorrida, nada obstante tenha sido classificada como temporária pelo perito,é, em verdade, de duração indefinida, uma vez que este não pode avaliar qual o tempo necessário para sua recuperaçãototal.

Convém não confundir a incapacidade temporária com a incapacidade de duração indefinida. Considera-se temporária aincapacidade para a qual se pode esperar recuperação dentre de prazo previsível. Já a incapacidade de duração indefinidaé aquela insuscetível de alteração em prazo previsível com os recursos da terapêutica disponíveis à época. A incapacidadede duração indefinida deve ser considerada como definitiva para os fins da Lei n° 8.742/1993.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos termos do art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer o recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

53 - 0000343-25.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000343-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x IRACEMA BROECHL PINHEIRO(ADVOGADO: JAMILSON SERRANO PORFIRIO.).Processo nº. 0000343-25.2010.4.02.5053/01Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : IRACEMA BROECHL PINHEIRORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. RENDA MENSAL PER CAPITA SUPERIORAO LIMITE LEGAL. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO ESTATUTO DO IDOSO. RECURSOCONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Cuida-se de recurso inominado interposto pelo INSS em razão de sentença que julgou procedente o pedido derestabelecimento do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/1993 (LOAS). Sustenta o recorrente, em suas razõesrecursais, que a recorrida não preenche os requisitos legais para a concessão do beneficio, tendo em vista que o benefícioprevidenciário recebido por seu marido, no valor de um salário mínimo, não pode ser excluído do cômputo da renda familiar,cuja renda per capita é superior a ¼ do salário mínimo. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o presente recurso,julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. Não foram apresentadas as contrarrazões.

Nos moldes do art. 20 da Lei nº 8.742/1993, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, de seu turno,considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capitaseja inferior a ¼ do salário mínimo.

A condição de miserabilidade é fato controverso nos autos. O relatório social (fls. 50-53) atesta que o grupo familiar écomposto por duas pessoas (recorrida, 68 anos e o esposo, 75 anos). A casa onde reside é própria, de construção mista(tijolo e madeira), coberto com telha eternit e piso de cimento somente no banheiro,no restante dos cômodos o piso é demadeira, constituída por oito cômodos, em boas condições de habitabilidade e higiene. A renda familiar é de R$ 510,00(quinhentos e dez reais), valor oriundo da aposentadoria do marido.

Assim, considerando o montante da renda auferida pela família (R$ 510,00) e que o grupo familiar é constituído por duaspessoas a renda per capita normalmente não seria inferior a ¼ do salário mínimo.

Não obstante, o valor da aposentadoria recebida pelo marido da recorrida não deve ser computado para efeito de cálculo darenda familiar per capita. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso),segundo o qual o benefício assistencial de prestação continuada já concedido a qualquer membro da família, que seja idosoe tenha pelo menos 65 anos de idade, não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar a que se refere aLOAS.

A situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. Assim como o benefícioassistencial de prestação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, o benefício

previdenciário auferido em valor mínimo por membro da família com essa idade também não deve ser computada para osfins do cálculo da renda familiar per capita.

O art. 203, inciso V, da Constituição Federal dispõe que cabe à lei definir os critérios para a concessão do benefícioassistencial de amparo à pessoa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, doEstatuto do Idoso, a decisão judicial não está deixando de buscar na lei as diretrizes para identificação do beneficiário. Nãose trata de aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.

Com a desconsideração da renda proveniente da aposentadoria auferida pelo esposo da recorrida, a renda familiar passa aser nula, fato que atrai o deferimento do benefício assistencial pleiteado.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos termos do art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

54 - 0000943-46.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000943-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x MARIA ESTELA RANGEL SUSSI(ADVOGADO: ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.).Processo nº. 0000943-46.2010.4.02.5053/01Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : MARIA ESTELA RANGEL SUSSIRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. ENDA MENSAL PER CAPITA SUPERIORAO LIMITE LEGAL. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO ESTATUTO DO IDOSO. RECURSOCONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Cuida-se de recurso inominado interposto pelo INSS em razão de sentença que julgou procedente o pedido de concessãodo benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/1993 (LOAS). Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que arecorrida não preenche os requisitos legais para a concessão do beneficio, tendo em vista que o benefício previdenciáriorecebido por seu marido, no valor de um salário mínimo, não pode ser excluído do cômputo da renda familiar, cuja rendaper capita é superior a ¼ do salário mínimo. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o presente recurso, julgando-seimprocedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 58-61.

Nos moldes do art. 20 da Lei nº 8.742/1993, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, de seu turno,considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capitaseja inferior a ¼ do salário mínimo.

A condição de miserabilidade é fato controverso nos autos. O relatório social (fls. 31-34) atesta que o grupo familiar écomposto por três pessoas (recorrida, 68 anos; esposo, 74 anos e o filho, 42 anos). A casa onde reside é própria, dealvenaria, coberta com telha eternit e piso de cerâmica, constituída por sete cômodos, em bom estado de habitabilidade ehigiene. A renda familiar é de R$ 545,00 (quinhentos e quarenta e cinco reais), valor oriundo da aposentadoria do marido.

Assim, considerando o montante da renda auferida pela família (R$ 545,00) e que o grupo familiar é constituído, emverdade, por duas pessoas(exclusão do filho maior de 21 anos), a renda per capita normalmente não seria inferior a ¼ dosalário mínimo.

Não obstante, o valor da aposentadoria recebida pelo marido da recorrida não deve ser computado para efeito de cálculo darenda familiar per capita. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso),

segundo o qual o benefício assistencial de prestação continuada já concedido a qualquer membro da família, que seja idosoe tenha pelo menos 65 anos de idade, não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar a que se refere aLOAS.

A situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003. Assim como o benefícioassistencial de prestação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, o benefícioprevidenciário auferido em valor mínimo por membro da família com essa idade também não deve ser computada para osfins do cálculo da renda familiar per capita.

O art. 203, inciso V, da Constituição Federal dispõe que cabe à lei definir os critérios para a concessão do benefícioassistencial de amparo à pessoa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, doestatuto do Idoso, a decisão judicial não está deixando de buscar na lei as diretrizes para identificação do beneficiário. Nãose trata de aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.

Com a desconsideração da renda proveniente da aposentadoria auferida pelo esposo da recorrida, a renda familiar passa aser nula, fato que atrai o deferimento do benefício assistencial pleiteado.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

55 - 0001389-24.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001389-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x SEBASTIÃO FIRMINO GOMES(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001389-24.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: SEBASTIÃO FIRMINO GOMESRELATOR: Juiz federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. ARTIGO 20 DA LEI N.º8.742/93. INCAPACIDADE RECONHECIDA. ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS ELEMENTOS DE PROVA. BENEFÍCIODEVIDO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em razão da sentença de fls. 52-54, que julgouprocedente o pedido inicial de concessão do benefício assistencial previsto no artigo 20 da Lei n.º 8.742/93 (LOAS) emfavor da parte autora. Em razões recursais, a autarquia federal alega que a prova pericial apurou incapacidade laborativa denatureza parcial e definitiva, circunstância que não autoriza o deferimento do benefício assistencial, destinado, tão somente,aos indivíduos portadores de deficiência que os impeçam de obter recursos que lhes garantam a subsistência.Contrarrazões às fls. 65-70.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art.46, Lei n.º 9.099/1995).

3. Nos termos do art. 20 da Lei n.º 8.742/1993 (LOAS), o benefício de prestação continuada é garantido, no valor de umsalário mínimo mensal, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir meios de prover a própriamanutenção nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do referido dispositivo legal, considera-se portadorde deficiência o indivíduo com impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais,em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade decondições com as demais pessoas (art. 20, §1º).

4. No caso sob apreço, a perícia do juízo (laudo de fls. 39-41) apurou que o autor é acometido de bloqueio artrioventriculartotal (com implante de marcapasso) e insuficiência cardíaca (resposta ao quesito n.º 01). Em seguida, o jusperito asseverouque o periciado não detém capacidade para o desempenho de sua atividade habitual de pedreiro, eis que “há diminuição da

função cardíaca verificada no ecocardiograma com fração de ejeção de 39%, o que limita a capacidade cardiopulmonarpara realização de atividades que exijam esforços físicos leves a moderados” (resposta ao quesito n.º 09). Ao final, o expertconcluiu pela “incapacidade parcial e definitiva”, (resposta ao quesito n.º 14), ressalvando que o autor apenas poderia“exercer atividades que não exijam esforço físico” (resposta ao quesito n.º 17).

5. Pois bem. Embora o perito do juízo tenha ressalvado a possibilidade de exercício de atividades que não demandemexigência física, após compulsar o caderno processual, entendo que as limitações físicas da parte, aliadas às suascondições pessoais – em especial, a idade (56 anos – fl. 07), o baixo grau de instrução (cópia do RG à fl. 04 registra acondição de “iletrado”) e o histórico laboral limitado a atividades braçais (cópia da CTPS à fl. 08 somente registra vínculoscomo “servente”) – reduzem ou, mesmo, anulam as chances de obtenção de ocupação remunerada que lhe garanta asubsistência material e que não exija esforço físico, notadamente se considerada a atual conjuntura do mercado detrabalho, que, inegavelmente, privilegia os mais jovens e os que detêm maior e mais variada formação educacional eprofissional.

6. Nesse diapasão, não se pode olvidar que o amparo assistencial constitui benefício destinado justamente àquelesportadores de deficiências suficientes a comprometer a possibilidade de obtenção de trabalho que assegure a subsistênciado indivíduo e/ou de sua família. Assentada essa premissa, entendo que a moléstia diagnosticada nestes autos, emconjunto com as condições pessoais e sócio-culturais da parte, pode, sim, comprometer sua plena participação no mercadode trabalho, em igualdade de condições com os demais indivíduos.

7. Por todo o exposto, reputo que a patologia que acomete o autor anula ou reduz sobremaneira as chances de obtenção deatividade remunerada que lhe garanta o sustento básico, hipótese que se amolda ao conceito legal de “deficiência” paraefeito de cobertura assistencial.

8. Ists posto, reunidos os requisitos legais de incapacidade e de miserabilidade – este sequer representa questãocontroversa nos autos, já que não foi objeto de impugnação em sede de contestação, tampouco em sede recursal –, restaautorizado o deferimento do benefício de amparo assistencial em favor da parte recorrida.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

10. Sem custas (art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n.9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento, na forma da ementa que passaa integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

56 - 0001254-12.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001254-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CREUSA DE JESUS DOSSANTOS (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001254-12.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: CREUSA DE JESUS DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. ARTIGO 20 DA LEI N.º8.742/1993. INCAPACIDADE NÃO RECONHECIDA. LAUDO PERICIAL REGULAR. ANÁLISE SISTEMÁTICA DOSELEMENTOS DE PROVA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 45, que julgouimprocedente o pedido inicial de concessão do benefício assistencial previsto no artigo 20 da Lei n.º 8.742/1993 (LOAS),ante a não comprovação da incapacidade da parte para o trabalho e para a vida independente. Em razões recursais (fls.53-57), a postulante alega que o laudo pericial não retratou suas reais condições de saúde e reafirma que não detémcondições físicas de realizar sua atividade habitual de faxineira. Sem contrarrazões.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art.46, Lei n.º 9.099/1995).

3. Nos termos do artigo 20 da Lei n.º 8.742/1993 (LOAS), o benefício de prestação continuada é garantido, no valor de umsalário mínimo mensal, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir meios de prover a própriamanutenção nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do referido dispositivo legal, considera-se portador

de deficiência o indivíduo com impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais,em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade decondições com as demais pessoas e tem-se por incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou do idoso afamília com renda mensal per capita inferior a ¼ do salário mínimo.

4. No caso sob apreço, a perícia do juízo (laudo de fls. 26-27) apurou que a autora é acometida de “psicose não-orgânicanão-especificada [CID-10-F29]” (resposta ao quesito n.º 01), mas concluiu que ela está apta para o desempenho de suaatividade habitual de faxineira (respostas aos quesitos n.º 08 e 09). Registrou, ainda, o jusperito que “a autoraapresentou-se no exame pericial lúcida, orientada no tempo e no espaço, coerente, calma, cooperativa e sua percepção darealidade não apresentou alterações. Não apresentou no exame pericial distúrbios do comportamento e/ou alterações dasenso-percepção que a incapacite de exercer a sua atividade habitual. Ausência de sinais e/ou sintomas psicóticos comodelírios ou alucinações. Ausência de sonolência. Humor estável. Juízo crítico e consciência preservados” (resposta aoquesito n.º 09).5. Diante da conclusão pericial, em cotejo com os parcos documentos apresentados pela parte (fls. 38-42), este relatorentende que inexistem, nos autos, elementos técnicos capazes de balizarem a caracterização do alegado estado deincapacidade para o labor e para a vida independente, sendo certo que a existência de eventual patologia não implica,necessariamente, inaptidão funcional.

6. Nesse ponto, não é demais rememorar que o benefício assistencial é destinado àqueles portadores de deficiênciassuficientes a comprometer a possibilidade de obtenção de trabalho que assegure a subsistência do indivíduo e/ou de suafamília. Nesse passo, de acordo com os elementos de prova dos autos, as moléstias diagnosticadas, no caso concreto, nãotêm o condão de excluir a autora do mercado de trabalho, pelo que não faz jus à cobertura assistencial da LOAS.

7. Finalmente, vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial revela-se de extremaimportância para auxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente nãopuderem, eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide.

8. Não comprovado estado de incapacidade para o desempenho de atividade remunerada que lhe assegure a subsistência,resta concluir a parte autora/recorrente não faz jus ao benefício assistencial de prestação continuada.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

10. Sem condenação em custas ou honorários advocatícios, ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 21.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento, na forma da ementa que passaa integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

57 - 0000355-14.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000355-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROZINEA CORREA DA SILVAMARQUES (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000355-14.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: ROZINEA CORREA DA SILVA MARQUESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. ARTIGO 20 DA LEI N.º8.742/1993. INCAPACIDADE NÃO RECONHECIDA. LAUDO PERICIAL REGULAR. ANÁLISE SISTEMÁTICA DOSELEMENTOS DE PROVA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 45, que julgouimprocedente o pedido inicial de concessão do benefício assistencial previsto no artigo 20 da Lei n.º 8.742/1993 (LOAS),ante a não comprovação da incapacidade da parte para o trabalho e para a vida independente. Em razões recursais, apostulante reafirma que é portadora de epilepsia e que é acometida por freqüentes crises convulsivas, que a impossibilitamde exercer quaisquer atividades laborativas e obstruem sua participação plena e efetiva na sociedade. Contrarrazões às fls.61-64.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art.46, Lei n.º 9.099/1995).

3. Nos termos do artigo 20 da Lei n.º 8.742/1993 (LOAS), o benefício de prestação continuada é garantido, no valor de umsalário mínimo mensal, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própriamanutenção nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do referido dispositivo legal, considera-se portadorde deficiência o indivíduo com impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais,em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade decondições com as demais pessoas e tem-se por incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou do idoso afamília com renda mensal per capita inferior a ¼ do salário mínimo.

4. No caso sob apreço, a perícia do juízo (laudo de fls. 22-29), com base em exame clínico, na análise dos exames e laudosdisponíveis e em exame complementar de eletroencefalograma digital com mapeamento cerebral e computadorizado eanálise de coerência, apurou que a autora é acometida de “epilepsia” (resposta ao quesito n.º 01 do juízo), mas concluiuque, do ponto de vista neurológico, ela está apta para o desempenho de sua atividade habitual de “do lar” (respostas aosquesitos n.º 08 e 09 do juízo). Ao final, registrou, ainda, que a periciada tem capacidade de cuidar sozinha de atividadescotidianas, como alimentação, vestuário e higiene pessoal, e pode se locomover de forma independente.

5. Diante da conclusão pericial, em cotejo com os parcos documentos apresentados pela parte autora – consta, dos autos,apenas um laudo médico particular (fl. 07), cujo conteúdo somente indica o diagnóstico de epilepsia, mas não acusaredução ou eliminação da aptidão laborativa da paciente –, este relator entende que inexistem, nos autos, elementostécnicos capazes de balizarem a caracterização do alegado estado de incapacidade para o trabalho, sendo certo que aexistência de eventual patologia não implica, necessariamente, inaptidão funcional. Nesse ponto, não é demais rememorarque o benefício assistencial é destinado àqueles portadores de deficiências suficientes a comprometer a possibilidade deobtenção de trabalho que assegure a subsistência do indivíduo e/ou de sua família.

6. Doutra parte, vale ressaltar que, a despeito da regra prescrita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de extremaimportância para auxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente nãopuderem, eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de controvérsia na lide.

7. Não comprovado estado de incapacidade para o trabalho e para a vida independente, resta concluir que a parteautora/recorrente não faz jus ao benefício assistencial de prestação continuada.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Sem condenação em custas ou honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 17.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento, na forma da ementa que passaa integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

58 - 0004411-90.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004411-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MICHELLY DOS SANTOSMARQUEZINNI (ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0004411-90.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: MICHELLY DOS SANTOS MARQUEZINNIEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. ART. 29, II, DA LEI8.213/91. ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO À REVISÃO. MEMORANDOS CIRCULARES Nº21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DEINTERESSE PROCESSUAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 77-78, porintermédio dos quais o(a) embargante aponta suposta omissão no julgado. Alega que este Juízo não teria observado oEnunciado nº 78 do FONAJEF, no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento deação revisional. Ademais, sustenta que o INSS tem demorado muito para fazer as revisões administrativas e que a decisãoembargada afrontaria o direito ao livre acesso à justiça.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado, na linha de precedentes deste órgão colegiado, bem como das Turmas Recursais do Rio de Janeiro(Enunciado nº 103), conclui que, havendo ato normativo interno que obriga todas as instâncias do INSS a efetuar a revisãopleiteada, mostra-se desnecessário o ajuizamento da presente demanda, a menos que o prévio requerimento administrativode revisão tenha sido indeferido, o que não é o caso dos autos. Assim, a matéria foi expressamente enfrentada peloacórdão embargado, de modo que os argumentos do(a) embargante demonstram, tão somente, o seu inconformismo como entendimento desta Turma Recursal.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, rejeitar os embargos de declaração, na forma da ementa que passa aintegrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

59 - 0004414-45.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004414-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MATHEUS ROSSINE(ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0004414-45.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: MATHEUS ROSSINEEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. ART. 29, INCISO II, DA LEI8.213/1991. ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO À REVISÃO. MEMORANDOS CIRCULARES Nº21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DEINTERESSE PROCESSUAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 81-82, porintermédio dos quais o(a) embargante aponta suposta omissão no julgado. Alega que este Juízo não teria observado oEnunciado nº 78 do FONAJEF, no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento deação revisional. Ademais, sustenta que o INSS tem demorado muito para fazer as revisões administrativas e que a decisãoembargada afrontaria o direito ao livre acesso à justiça.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado, na linha de precedentes deste órgão colegiado, bem como das Turmas Recursais do Rio de Janeiro(Enunciado nº 103), conclui que, havendo ato normativo interno que obriga todas as instâncias do INSS a efetuar a revisãopleiteada, mostra-se desnecessário o ajuizamento da presente demanda, a menos que o prévio requerimento administrativode revisão tenha sido indeferido, o que não é o caso dos autos. Assim, a matéria foi expressamente enfrentada peloacórdão embargado, de modo que os argumentos do(a) embargante demonstram, tão somente, o seu inconformismo como entendimento desta Turma Recursal.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, rejeitar os embargos de declaração, na forma da ementa que passa aintegrar o julgado.

Boaventura João Andrade

Juiz Federal Relator

91002 - RECURSO/MEDIDA URGÊNCIA CÍVEL

60 - 0007436-14.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007436-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x MILTON RAMOS (DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0007436-14.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: UNIÃOEMBARGADO(A): MILTON RAMOSRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. DEFERIMENTO DE ORDEMANTECIPATÓRIA SEM PRÉVIA REALIZAÇÃO DE PERÍCIA MÉDICA. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLADEFESA. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO. ALEGAÇÃO MOTIVADAMETNE REJEITADA. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. VÍCIO DE OMISSÃO NÃO RECONHECIDO. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

I. Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pela parte autora em face do acórdão proferido pela Turma Recursal àsfls. 78-90, em que se alega omissão no julgado quanto à apreciação da alegação de suposta violação ao princípio docontraditório e da ampla defesa, decorrente da ordem antecipatória de fornecimento de medicamentos em favor da parteautora sem a prévia realização de perícia médica.

II. Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de meroinconformismo da parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria jádebatida. Ademais, não é demais rememorar que, de acordo com a jurisprudência nacional, o julgador não está obrigado ase pronunciar a respeito de todos os argumentos suscitados pelas partes litigantes, afastando-os ou acolhendo-os, um aum.

III. No caso sob apreço, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso inominado, suscitando questões diretamente enfrentadas no julgadoembargado. Ora, este órgão colegiado manifestou-se, claramente, sobre a possibilidade de antecipação dos efeitos datutela de mérito, mesmo sem a prévia realização de perícia médica, tendo em vista os laudos e receituários colacionadosaos autos e a patente urgência da medida (fornecimento de medicamentos). Nesse diapasão, embora não tenha feitomenção literal ao termo “princípio do contraditório e da ampla defesa”, o acórdão impugnado ressalvou que as tutelas deurgência fundam-se, justamente, em juízo de cognição sumária dos fatos, sendo certo que, no caso concreto, adocumentação médica já anexada aos autos revelou-se suficiente a formar o convencimento do juízo acerca danecessidade de fornecimento imediato do fármaco postulado pela parte autora, descartando-se, expressamente, anecessidade de prévio exame pericial. A esse respeito, o acórdão impugnado registrou, in verbis:

“7. No tocante à prévia produção de prova técnica (perícia médica) para deferimento da ordem antecipatória, igualmentesem razão a recorrente. As tutelas de urgência fundam-se, por essência, em juízo de cognição sumária dos fatos alegadospelas partes, porquanto buscam a efetivação de direitos materiais que não podem aguardar todo o regular desdobramentoda relação processual (dilação probatória). Nesse processo, em homenagem à efetividade da tutela jurisdicional, omagistrado deve orientar-se por juízos de probabilidade, é dizer, deve proferir decisão com base na percepção daprevalência dos motivos convergentes sobre os divergentes, de modo a evitar dano irreparável ou de difícil reparação.8. Fixadas essas premissas, tenho que a ampla documentação médica anexada aos autos (receituários e laudos)revelou-se suficiente para a caracterização da necessidade pungente de fornecimento do medicamento para tratamentosatisfatório do autor, não havendo imperiosidade de realização de perícia médica para tal desiderato.” (fragmento doacórdão embargado às fls. 79/80 – sem grifos no original)

IV. Dessa forma, ao confirmar – de forma fundamentada – a antecipação de tutela deferida em primeiro grau de jurisdição,o acórdão impugnado afastou qualquer impropriedade da medida, inclusive eventuais violações a dispositivosconstitucionais. Logo, não se verifica qualquer vício de omissão no julgado impugnado, mas, tão somente, adoção de tesejurídica conflitante com os interesses do embargante.

�V. Finalmente, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamento implícito e não caiba aotribunal de origem manifestar-se sobre o mérito de suposta violação constitucional suscitada pelas partes litigantes, cumpreregistrar, de toda sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargado tese de direito que possa ensejar ofensadireta, nem mesmo potencialmente, a qualquer dispositivo do texto constitucional.

VI. Embargos de declaração rejeitados, em razão da inexistência de vício passível de saneamento por esta via processual.Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, rejeitar os embargos de declaração, na forma da ementa que passa aintegrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

61 - 0000352-47.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000352-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NEIDY ARPINI ALMEIDA(ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZLINS BARBOSA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000352-47.2011.4.02.5054/01RECORRENTE: NEIDY ARPINI ALMEIDARECORRIDO(A): UNIÃO FEDERALRELATOR: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DA CARREIRA PREVIDENCIÁRIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. GRATIFICAÇÃO DECARÁTER GERAL. APOSENTADOS E PENSIONISTAS. POSSIBILIDADE DE EXTENSÃO ATÉ EDIÇÃO DE ATOREGULAMENTADOR DOS PROCEDIMENTOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO INDIVIDUAL E INSTITUCIONAL. TERMOFINAL. FIXAÇÃO DOS CRITÉRIOS ESPECÍFICOS DE AVALIAÇÃO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Recurso inominado interposto pela parte autora em razão de sentença que julgou procedente em parte o pedido inaugural,para condenar a ré ao pagamento da GDPST no mesmo percentual deferido aos servidores ativos, antes daregulamentação da referida gratificação, a ser apurada entre os pontos que foram efetivamente pagos, no período de marçode 2008 até que seja regulamentada a referida gratificação. Em razões de recurso, a recorrente busca, tão só, a alteraçãodo marco final da condenação para que as diferenças sejam devidas até que sejam efetivadas as avaliações dedesempenho individual e institucional. Contrarrazões às fls. 45-48.

A Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, da Saúde e do Trabalho (GDPST), foi instituída pela MP431/2008, posteriormente convertida na Lei 11.784/2008. Tal gratificação foi criada para substituir a antiga GDASS, e suaconcessão, nos termos da lei, deve observar o limite máximo de 100 (cem) pontos e o limite mínimo de 30 (trinta) pontos,sendo que 20 (vinte) pontos eram atribuídos aos resultados obtidos na avaliação de desempenho individual e 80 (oitenta)pontos eram conferidos em função dos resultados presentes na avaliação de desempenho institucional.

O art. 5º-B, §6º, da MP 431/2008 também contemplou a possibilidade de incorporação da GDPST aos proventos deaposentados e pensionistas. Para as aposentadorias e pensões instituídas até 19.02.2004, a GDPST seria fixada em 40%(quarenta por cento) do valor máximo do respectivo nível, a partir de 01.03.2008. E, na data de 01.01.2009, a porcentagemseria modificada para 50% (cinqüenta por cento). Com relação às aposentadorias e às pensões fundadas após 19.02.2004,aplicar-se-ia, para alguns beneficiários, o percentual constante do inciso I do art. 5º-B da MP 431/2008 e, para os outros, odisposto na Lei 10.887/2004.

O §5º do art. 5º-B da MP 431/2008, ainda, estabelecia que, até a efetiva avaliação de desempenho do exercício profissional,a GDPST seria paga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, conforme disposição do art. 20 da Lei 8.270/1991.Diante disto, fica evidenciado o caráter geral da gratificação, uma vez que esta só assumiria seus contornos depessoalidade a partir da avaliação do exercício laboral. Em outras palavras, a GDPST só seria concedida de formadesigual, com base no desempenho profissional de cada servidor, na hipótese de superveniência de regulamentação doprocedimento de avaliação de desempenho individual e institucional. Até lá, a vantagem seria percebida por todos osservidores ativos, sem distinção, motivo pelo qual também deve ser recebida, nos mesmos percentuais, pelos inativos epensionistas, pois a eles se estende a gratificação de caráter geral.

A Suprema Corte assentou que as gratificações de desempenho, como a GDPST, possuem duplo caráter: (1)predominantemente pro labore faciendo, em razão da variação da pontuação conforme desempenho individual einstitucional e (2) ocasionalmente ex facto officii, em razão de a pontuação ser atribuída, em certas situações, emdecorrência da simples ocupação do cargo. A caracterização da natureza pro labore faciendo da gratificação somente temlugar com a edição de norma regulamentadora que viabilize as avaliações de desempenho, sem as quais a gratificaçãoadquire um caráter de generalidade, que determina a sua extensão aos servidores inativos.

Nesse diapasão, quadra reafirmar que o direito à extensão aos inativos é cabível somente até a data da publicação dosatos que estabelecem os critérios e procedimentos específicos de avaliação de desempenho individual e institucional, vezque o resultado da primeira avaliação individual e institucional geraria efeitos financeiros a partir da referida data, nos

�termos do § 10 do artigo 5º-B da Lei 11.355/2006, com redação dada pela Lei 11.907/2009 . Os critérios e procedimentos

gerais a serem observados para a realização das avaliações de desempenho individual e institucional, conforme previsto na§ 7º do artigo 5º-B da Lei 11.355/2006, foi estabelecido pelo Decreto 7.133, de 19/03/2010 (publicado em 22/03/2010). Já oscritérios e procedimentos específicos de desempenho individual e institucional para os servidores do Ministério da Saúdeforam estabelecidos por meio da Portaria 3.627/GM/MS, publicada em 22/11/2010 (§§ 8º e 10º do artigo 5º-B).

Por tudo isso, conclui-se que a GDPST deverá ser estendida a aposentados e pensionistas que a ela fazem jus, no períodocompreendido entre 29/08/2008 (data de publicação da MP 441/2008, que incluiu o §11 na Lei 11.355/2006 e estabeleceu aconcessão genérica da pontuação aos servidores ativos) e 22/11/2010 (data da publicação da Portaria 3.627/GM/MS, quefixou os critérios específicos de avaliação), no valor equivalente a 80 (oitenta) pontos.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Sem condenação em custas ou honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade da Justiça à fl. 18, naforma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o julgado.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal Relator

62 - 0000351-11.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000351-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LAURITA PEREIRA DONASCIMENTO MACHADO COUTO (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.).Processo n.º 0000351-11.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: LAURITA PEREIRA DO NASCIMENTO MACHADO COUTORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE LABORAL NÃO CONSTATADA.BENEFÍCIO INDEVIDO. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Este recurso inominado foi interposto pela autora às fls. 70-77 em razão de sentença que julgou improcedente o pedidode restabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença. Sustenta a recorrente que há nos autos documentos quecomprovam ser portadora de transtorno mental e que os vícios materiais apontados pelo magistrado prolator da sentençanos laudos particulares decorrem de sua digitalização. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso parareformar a sentença, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

2. As contrarrazões foram apresentadas às fls. 81-83.

3. A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.4. Desnecessária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativada recorrente.5. Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 51-53), a recorrente (50 anos) foi examinada e diagnosticada com transtornoafetivo bipolar, atualmente com remissão dos sintomas (CID 10-F 31.7), patologia que, entretanto, não a incapacita para oexercício de sua atividade habitual de auxiliar de serviços gerais, uma vez que não apresenta alterações do quadro psíquicoque interfiram na capacidade laboral (quesitos n° 0 8 e 09).

6. Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. No caso em apreço,após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, este Juízo entende que o material probatórioacostado não se mostra suficiente ao acolhimento do pleito da recorrente.7. Contra a alegação recursal de que há laudo médico particular que atesta a incapacidade laboral da recorrente, importadestacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária doEspírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzidopelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há deprevalecer sobre o particular”.

8. Além disso, o médico assistente diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelopaciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo otratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doençaincapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da existência daincapacidade para o trabalho.

9. Por derradeiro, no caso vertente, as condições pessoais da recorrente (idade, condição social, grau de instrução, etc.),em cotejo com os demais elementos de prova dos autos, não têm o condão de alterar a conclusão jurisdicional adotadapelo magistrado sentenciante.

10. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.11. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.12. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 40,na forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

63 - 0004437-88.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004437-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EURICO NEVES DA CRUZ(ADVOGADO: MARIA DE FATIMA MONTEIRO, JANETE MARCIA DIAS, PAULO HENRIQUE MARÇAL MONTEIRO,FERNANDA MONTEIRO DA CRUZ, BERNARDO JEFFERSON BROLLO DE LIMA.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).Processo nº 0004437-88.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF VitóriaRecorrente: EURICO NEVES DA CRUZRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORAL TOTAL E DEFINITIVA NÃO VERIFICADA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor às fls. 85-89 em razão de sentença que julgou improcedente o pedido derestabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta orecorrente que não possui condições de retornar às suas atividades laborativas em virtude das enfermidades que oacometem. Admite que foi reabilitado pelo INSS para a função de porteiro de edifício, esclarecendo, contudo, que sóaceitou realizar o curso de reabilitação profissional por receio de ter cessado seu benefício de auxílio-doença. Pugna sejamconsideradas suas condições pessoais, bem como as características de sua patologia. Com base nisso, requer sejaconhecido e provido o recurso para reformar a sentença, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 95-96.A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vezcumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença,for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, eser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.A condição de segurado e do período de carência são incontroversos nos autos. A questão que remanesce cinge-se àverificação da natureza e extensão da incapacidade laboral.Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 40-41), o recorrente (46 anos) foi examinado e diagnosticado com hérnia dedisco lombar (quesito nº 01), patologia de ordem degenerativa (quesito nº 02) que o incapacita em definitivo para o exercíciode sua atividade habitual de arrumador (quesitos nº 06, 09 e 10), a qual lhe exige carregar e descarregar cargas dasembarcações portuárias. Questionado acerca da possibilidade de o periciado ser reabilitado para o desempenho de outrasatividades laborativas, assegurou o perito ser possível a reabilitação (quesito nº 12).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. No caso em apreço,após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, este Juízo entende que o material probatório

acostado não se mostra suficiente ao acolhimento do pleito do recorrente.Não há falar em incapacidade total e definitiva, já que o laudo pericial não descarta a possibilidade de reabilitaçãoprofissional para atividades compatíveis com a limitação física diagnosticada. Ademais, o recorrente participou do Programade Reabilitação Profissional do INSS (fls. 56-57), tendo sido reabilitado para o exercício da função de “porteiro de edifício”.Por derradeiro, no caso vertente, as condições pessoais do recorrente (idade, condição social, grau de instrução, etc), emcotejo com os demais elementos de prova dos autos, não têm o condão de alterar a conclusão jurisdicional adotada pelomagistrado sentenciante.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 26, naforma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

64 - 0004367-42.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004367-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EULEA DOS SANTOSANDRADE (DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).Processo nº 0004367-42.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: EULEA DOS SANTOS ANDRADERecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DEINCAPACIDADE LABORAL. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. Este recurso inominado foi interposto pela autora às fls. 68-74 em face da sentença que julgou improcedente o pedido derestabelecimento de auxílio-doença e, subsidiariamente, a concessão de aposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrenteque o laudo pericial deve ser desconsiderado, ante o excesso de objetividade do exame, bem como a falta deembasamento suficiente para as conclusões nele expostas. Aduz, outrossim, que os laudos particulares acostados emgrande parte não foram apreciados pelo magistrado sentenciante, embora tenham sido expedidos por médicos vinculadosao Sistema Único de Saúde - SUS, o que lhes confere presunção de imparcialidade. Por fim, alega que suas condiçõespessoais corroboram a necessidade de concessão do benefício pretendido. Com base nisso, requer seja conhecido eprovido o recurso para reformar a sentença, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.2. As contrarrazões foram apresentadas às fls. 79-82.3. A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vezcumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença,for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, eser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.4. Desnecessária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativada recorrente.5. Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 46-51), a recorrente (56 anos, faxineira) foi examinada e diagnosticada semalterações psíquicas (quesito do Juízo n. 01). Questionado acerca da existência de doença incapacitante para o exercíciode atividade laborativa, asseverou o perito que “não há incapacidade psíquica” (quesito do Juízo n. 06). Ao tecer suasúltimas considerações (quesito do Juízo n. 14), consignou que “as reações de desorganização em nível de ansiedade oudepressão são de ordem reativa não consolidando qualquer tipo de invalidez ou incapacidade para o trabalho”. Concluiu,pois: “não há doença mental incapacitante”.

6. Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. No caso em apreço,após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, este Juízo entende que o material probatórioacostado não se mostra suficiente ao acolhimento do pleito da recorrente.

7. Médico vinculado ao SUS não perde a natureza de médico assistente. Assim, oportuno ressaltar que o diagnósticofirmado em laudo de médico assistente não é fonte segura da existência de incapacidade para o trabalho. O médicoassistente diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (esta éa base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o tratamento que considere maisindicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa da doença incapacitante é verdadeira.8. Embora objetivo, o laudo pericial não tem sua validade comprometida. Nos juizados especiais, os atos processuais sãoregidos pela simplicidade e informalidade (art. 2°, Lei n° 9.099/95), dispensando-se fundamentação det alhada no laudopericial. Ademais, o perito reputou desnecessária a realização de exames complementares, pois o exame clínico e osdocumentos exibidos pela recorrente foram suficientes para sedimentar suas conclusões (quesito do Juízo nº 08 - fl. 49).8. Por derradeiro, no caso vertente, as condições pessoais da recorrente (idade, condição social, grau de instrução, etc), emcotejo com os demais elementos de prova dos autos, não têm o condão de alterar a conclusão jurisdicional adotada pelomagistrado sentenciante.9. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.10. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.11. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 34,na forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.12. Oportunamente, proceda a Secretaria da Turma ao desentranhamento da petição de fls. 88-90, eis que não guardapertinência com o presente feito, estando dispensada a devolução ao seu subscritor por se tratar de autos eletrônicos emque a via original das peças permanece com o peticionante.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

65 - 0004695-35.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004695-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALOISIO BARBOSA(ADVOGADO: EDIWANDER QUADROS DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:BRUNO MIRANDA COSTA.).Processo n.º 0004695-35.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: ALOISIO BARBOSARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE LABORAL TOTAL EDEFINITIVA NÃO VERIFICADA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.Este recurso inominado foi interposto pelo autor às fls. 84-89 em razão de sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente que sofrera dois acidentes de moto e, por esse motivo, foisubmetido a duas intervenções cirúrgicas no ombro esquerdo, prejudicando suas atividades laborais. Esclarece que desde2007 vinha recebendo benefício previdenciário de auxílio-doença, o qual, no entanto, foi cessado pela autarquiaprevidenciária. Argumenta que há aproximadamente 04 anos seu estado de saúde não apresenta melhora, o que oimpossibilita de exercer qualquer atividade laborativa. Alega, ainda, que existem nos autos laudos médicos que atestam suaincapacidade total e definitiva para o labor. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso para reformar asentença, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.Não foram apresentadas contrarrazões.A respeito, preceitua o art. 42 da Lei nº 8.213/1991 que a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for ocaso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaze insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquantopermanecer nesta condição.Destarte, para a concessão de aposentadoria por invalidez é preciso que a recuperação da capacidade para o trabalho sejaimprovável e o estado clínico incompatível com o exercício de qualquer profissão.

A condição de segurado e do período de carência são incontroversos nos autos. A questão que remanesce cinge-se àverificação da natureza e extensão da incapacidade laboral.Na análise pericial do Juízo (fls. 65-66), o recorrente (50 anos) foi examinado e diagnosticado com lesão do plexo braquialesquerdo e lesão do manguito rotador do ombro esquerdo (quesito nº 01), patologia de ordem adquirida que o incapacitadefinitivamente para o exercício da atividade habitual de motorista (quesitos nº 07, 08, 09 e 14). Questionado se o periciadocorre risco de morte ou agravamento da doença caso continue a exercer sua atividade habitual, respondeu que corre riscode acidentes (quesito n. 10). Sobre as limitações funcionais que impediriam o desempenho da atividade habitual, consignouque o recorrente não pode realizar atividades físicas com membro superior esquerdo (quesito n. 11). Fixou a Data de Inícioda Incapacidade (DII) em 15.10.2007 – data do acidente (quesitos n. 12 e 13). Sobre a possibilidade de reabilitação dopericiado para outro tipo de atividade remunerada, informou ser possível nos casos de atividades que não dependam deesforço ou utilização de membro superior esquerdo (quesito n. 17).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. No caso em apreço,após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, este Juízo entende que o material probatórioacostado não se mostra suficiente ao acolhimento do pleito do recorrente.Contra a alegação recursal de que há documento médico particular que atesta a incapacidade total e definitiva dorecorrente, importa destacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudomédico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plenacapacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.In casu, não há falar em incapacidade total e definitiva, já que o laudo pericial não descarta a possibilidade de reabilitaçãoprofissional para atividades compatíveis com a limitação física diagnosticada, estando o recorrente, inclusive, passando porprocesso de reabilitação para desempenhar a função de porteiro.Com efeito, não se afigura adequado descartar, a priori, a possibilidade de recolocação profissional, respeitadas aslimitações diagnosticadas pelo perito e as condições pessoais do recorrente, sendo mesmo prematura a concessão deaposentadoria por invalidez.Cabe repisar que a ordem social tem como base o primado do trabalho (Constituição da República, art. 193) e que aprestação ora pleiteada deve ser paga quando efetivamente devida, pena de se vilipendiar o equilíbrio financeiro e atuarialdo Sistema Previdenciário.Por derradeiro, constata-se pelos documentos de fls. 72-73 que o recorrente esteve em gozo de auxílio-doença no períodocompreendido entre 15.05.2008 e 13.12.2011, cuja cessação não ocorreu, todavia, de modo arbitrário, mas sim por ter sidoconcedido o benefício de auxílio-acidente a contar de 14.12.2010, em estrita observância ao art. 86, §2º, da Lei nº8.213/1991.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 60, naforma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

66 - 0000399-24.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000399-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALDO DUARTE CALMONCOSTA (ADVOGADO: JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).Processo n.º 0000399-24.2011.4.02.5053/01- Juízo de Origem: 1ª VF LinharesRecorrente : VALDO DUARTE CALMON COSTARecorrida : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO RURAL EM REGIMEDE ECONOMIA FAMILIAR NÃO COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS NÃO PREENCHIDOS. SENTENÇA MANTIDAPOR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedente

a pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Sustenta o recorrente que comprovou o exercício de atividaderural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida. Alega que grande parte da propriedade corresponde àárea de mata nativa, estrada e linha de energia, sendo a parte produtiva muito inferior ao que consta em escritura pública.Aduz que sempre foi pequeno produtor, vivendo exclusivamente do trabalho no campo, fazendo jus ao pleiteado benefíciodesde 1995 quando completou todos os requisitos exigidos. Sustenta, ademais que nunca possuiu dois veículosautomotores, sendo proprietário de um único veículo referente ao ano de 1968. Dessa forma, requer seja conhecido eprovido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. Não foram apresentadas contrarrazões.

A respeito, preceitua o § 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991 que o trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercício deatividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, portempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido, a qual deveráobedecer a tabela consignada no art. 142 da pré-citada Lei.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“Da não caracterização do autor como segurado especial.II.3.1. Eis o resumo da audiência ocorrida em 28/06/11:Depoimento pessoal do autor VALDO DUARTE CALMON COSTA: tem 75 anos; agora mora na Rua Cap. José Maria,Centro, Linhares, há uns 15 a 20 anos; antes morava no sítio Recreio, na estrada antes da Lagoa Nova, rodovia RobertoCalmon, km 104. O sítio tem uns 100 hectares, sendo 12 com mata nativa, e uns 10 que a estrada e a linha de energiaocupam. Moravam na propriedade o autor, sua esposa, e 2 filhos. Atualmente só reside um meeiro. O vizinho ajudava equando precisava o autor ajudava o vizinho. Quando morava no sítio, o autor plantava milho, feijão e cacau; tinha umas 100cabeças de gado. Até hoje continua trabalhando no sítio. A única fonte de renda é o sítio. Possui uma Toyota 1968bandeirante e tinha um caminhão em seu nome, mas é do filho do autor.Perguntas do INSS a partir de 6’30’’. Disse que não tinha vaqueiros. Tinha umas 20 vacas de leite; uma média de 2 litros,ou 5 litros. “Não eram todas as 20 que davam leite de uma vez”. O autor tirava leite das vacas todos os dias. Para vacinar ogado “o vaqueiro do vizinho ia lá ajudar”.Pergunta: “O senhor fazia os partos sozinho?” Resposta: “Umas eu fiz”. Hoje tem umas 20 reses. Tinha 2 cavalos decampo.Pergunta: Quem campeava esse gado? Resposta: “eu”.Pergunta: O senhor colhia o cacau? Resposta: “o pessoal da fazenda do vizinho ia lá me ajudar”.Pergunta: Tinha quantos pés de cacau? Resposta: 10 mil pés. Cacau híbrido e cacau antigo.Pergunta: O senhor lembra o nome dele? Resposta: tinha o comum, tinha o parazinho.Pergunta: Qual a época de podar cacau? Resposta: depois da colheita.Pergunta: Quantas arrobas dão num saco de cacau? Resposta: 4 arrobas.Pergunta: Tem algum carro pequeno? Resposta: “não. Só a Toyota bandeirante e um caminhão em meu nome que é domeu filho”A 1ª testemunha, EDJAR, disse que (a partir de 15’): tem 76 anos. Conhece o autor há mais de 50 anos. O depoente temuma pequena propriedade de 10 alqueires; tinha outra de 14 alqueires; sempre viveu da agricultura; atualmente estáaposentado. Desde que conhece o autor, ele trabalha com plantação de cereais, gado e pequena lavoura de cacau. Nãosabe dizer qual o tamanho da propriedade do autor. Não sabe informar quem morava com o autor na propriedade. Nãosabe dizer se VALDO exerceu outra função, além de trabalhar na roça. Não sabe dizer se VALDO contratava empregados.Sabe que VALDO tem uma Toyota; não sabe se tem outro carro. Perguntas do INSS a partir de 19’: o autor fazia venda deleite; não sabe informar se o autor tinha vaqueiros, nem quantas reses tinha.A 2ª testemunha, VALDIR, disse que: tem 77 anos; conhece VALDO há mais de 30 anos. O depoente é aposentado.Sempre conheceu VALDO como sendo agricultor; tem cacau, um pouco de gado e “lavouras comuns”. Não sabe informarse havia empregados na propriedade do autor. Não sabe informar se o autor trabalhava de tratorista para vizinhos em trocade ajuda. VALDO ia na propriedade de manhã e depois do almoço. A propriedade de VALDO dista uns 3 km da cidade.Como adquiriu a propriedade: herança; a terra era pequena; ele foi comprando outras partes e aumentou o tamanho dapropriedade. Perguntas do INSS a partir de 25’: o gado do autor é gado de leite; não sabe dizer quantas reses havia.Chegou a ver o gado do autor na estrada. Não sabe dizer qual era o tipo de gado existente na propriedade.II.3.2. Assiste inteira razão ao INSS.Em primeiro lugar, detectou-se a propriedade de 2 veículos, o que já é indicativo de que o autor não é segurado especial,embora, por si só, não comprove tal fato. Embora o autor afirme que um deles é de seu filho, mas só está no seu nome, ofato é que há dois veículos em seu nome, e não posso presumir que a propriedade seja de outro pelo mero fato daalegação do autor nesse sentido.Em segundo lugar, há o expressivo tamanho da propriedade rural do autor, de mais de 100 hectares, ou 5,4 módulosfiscais, como disse o INSS na contestação. Tal tamanho, por si só, exclui a caracterização do autor como seguradoespecial, a teor do disposto no inciso I do § 8º do inciso VII do art. 11 da Lei 8213/91.Em terceiro lugar, o autor afirmou plantava milho, feijão e cacau e tinha umas 100 cabeças de gado; mas afirmou que nãohavia vaqueiros na fazenda. Registre-se que as duas testemunhas que o autor trouxe não afirmaram que não haviaempregados; ao revés, afirmaram não saber se havia empregados.Ora: é simplesmente inviável crer que não havia empregados numa propriedade dessa dimensão considerando que nelahavia, além da plantação, referida, cerca de 100 cabeças de gado. E a prova testemunhal foi neutra a respeito desse ponto.Logo, devo supor que o que acontece é o ordinário, ou seja, que o autor é pessoa normal e que, por isso, não podia darconta de tanto trabalho sozinho.Dado esse contexto fático, não devo supor o extraordinário, ou seja, que não havia empregados, com base na mera

afirmação do autor nesse sentido, uma vez que todo o conjunto probatório indica o oposto.II.4. Em conclusão, o conjunto probatório aponta ser de todo inviável admitir que o autor sobreviva como um seguradoespecial da Previdência Social.Visto que inexiste o fato constitutivo do direito que o autor alegou ter, o pedido é improcedente”.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e em honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 92, na formado art. 12 da Lei 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

67 - 0001047-38.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.001047-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x MARIA DA PENHA DOS SANTOS(ADVOGADO: ALEXANDRE PIMENTEL MACHADO.).Processo nº. 0001047-38.2010.4.02.5053/01

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL-INSSRecorrido: MARIA DA PENHA DOS SANTOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. CONDIÇÃO DE DEPENDENTE COMPROVADA.ADMISSÍVEL A DEPENDÊNCIA ECONÔMICA CONCORRENTE. VALORAÇÃO DA PROVA ORAL. RECURSOCONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.Cuida-se de recurso inominado interposto pela Autarquia Previdenciária, ora recorrente, em razão da sentença que julgouprocedente a pretensão de concessão de pensão por morte. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que acomprovação da dependência econômica deve estar lastreada em início de prova material, não apresentada na hipótesedos autos. Alega que o pretenso instituidor do benefício exerceu atividade remunerada por curto lapso temporal e que não écrível a existência de dependência econômica. Aduz, ademais que a autora convivia ao tempo do óbito com o pai do decujus, sendo a renda percebida pelos dois suficiente para arcar com as despesas da casa. Dessa forma, requer sejaconhecido e provido o presente recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. Não foram apresentadascontrarrazões.A pensão por morte é um benefício previdenciário devido ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer (art. 74 daLei nº 8.213/1991). A lei não exige carência para sua concessão, mas sim que exista a qualidade de segurado do instituidor,ao tempo do óbito. Em havendo mais de um pensionista, deverá ser rateada entre todos em partes iguais (art. 77 da Lei nº8.213/1991).A condição de segurado do de cujus à época do óbito é incontroversa. Verifico, assim, que a controvérsia gira em torno dadependência econômica da recorrida.Nos termos consagrados no §4º do art. 16 do Plano de Benefícios da Previdência Social, a dependência econômica épresumida em relação ao cônjuge, ao companheiro e ao filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte eum) anos ou inválido, devendo ser comprovada em relação aos demais dependentes (pais e irmãos menores ou inválidos).In casu, verifica-se que o instituidor da pensão por morte, filho da recorrida, faleceu em 17.09.2006 (fls. 13). A comprovaçãoda dependência econômica da mãe para com o filho prescinde da formação de início de prova material (Precedente da 3ªSeção do STJ: AGRESP 200602014106), bastando que fique demonstrada nos autos a indispensabilidade do auxílio dosegurado para a manutenção das necessidades vitais da pleiteante, ainda que mediante prova exclusivamente testemunhal.A justificativa mais singela para a aceitação da prova exclusivamente testemunhal reside na circunstância de os filhospossuírem o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade (art. 229 da Constituição daRepública), não se mostrando lícito, dessa forma, opor obstáculo exacerbadamente formal para o seu cumprimento. Aodepois, a lei previdenciária não exige, em nenhum momento, a formação de início de prova material para a concessão depensão por morte.

Nesse passo, quadra registrar que todas as testemunhas ouvidas em Juízo confirmaram o depoimento pessoal, no sentidode que o trabalho do filho era essencial para o sustento da casa. O fato de o filho da recorrida ter falecido jovem, aosdezoito anos de idade e ter trabalhador com vínculo de emprego na economia formal apenas durante alguns meses antesde falecer é irrelevante, porque a qualidade de dependente para fins previdenciários deve ser aferida precisamente nadata do óbito. A dependência econômica, ainda que tenha perdurado pouco tempo, gera direito a percepção do benefício.Por fim, cabe ressaltar que o mero exercício de atividade remunerada pela recorrida à época do óbito, por si só, nãodescaracteriza a dependência econômica. Nesse sentido, aresto jurisprudencial do Tribunal Regional Federal da 3ª Região:

“O conjunto probatório apresentado nos autos foi satisfatório para a comprovação da dependência econômica da autorapara com o filho falecido, sendo que o fato de ela possuir rendimento próprio não elide o direito ao benefício, já que nãose faz necessário que a dependência econômica seja exclusiva, podendo,de toda sorte, ser concorrente..(...) (TRF3, AC2006.61.10.003890-9/SP, Rel. Des. Federal Sérgio Nascimento, Décima Turma , DJF3 07/04/2009, p. 891)”

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo “a quo”.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.10)Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC.

ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

68 - 0002114-47.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002114-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CREUSA DOS SANTOSMADEIRA (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).Processo nº. 0002114-47.2010.4.02.5050/01

Recorrente: CREUSA DOS SANTOS MADEIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. RELAÇÃO DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA NÃOVERIFICADA. AUXÍLIO EVENTUAL OU DE PEQUENA MONTA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. Cuida-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedente apretensão de pensão por morte. Sustenta a recorrente que restou devidamente comprovado por meio de prova testemunhale documental que a renda proveniente do labor do filho solteiro falecido era partilhada pela família para suprir asnecessidades financeiras. Aduz ademais que a dependência da mãe para com o filho não precisa ser exclusiva, bastandoser concorrente. Dessa forma, requer seja reformada a sentença proferida pelo juízo a quo, julgando-se procedente opedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 106-108.

2. A pensão por morte é um benefício previdenciário devido ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer (art. 74da Lei nº 8.213/1991). A lei não exige carência para sua concessão, mas sim que exista a qualidade de segurado doinstituidor, ao tempo do óbito. Em havendo mais de um pensionista, deverá ser rateada entre todos em partes iguais (art. 77da Lei nº 8.213/1991).

3. A condição de segurado do de cujus à época do óbito é incontroversa nos autos. Constato, assim, que a controvérsia giraem torno da dependência econômica da recorrente.

4. Nos termos consagrados no §4º do art. 16 do Plano de Benefícios da Previdência Social, a dependência econômica épresumida em relação ao cônjuge, ao companheiro e ao filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte eum) anos ou inválido, devendo ser comprovada em relação aos demais dependentes (pais e irmãos menores ou inválidos).

5. In casu, verifica-se que o instituidor da pensão por morte, filho da recorrida, faleceu em 16.11.2009 (fls. 09). Acomprovação da dependência econômica da mãe para com o filho prescinde da formação de início de prova material(Precedente da 3ª Seção do STJ: AGRESP 200602014106), bastando que fique demonstrada nos autos aindispensabilidade do auxílio do segurado para a manutenção das necessidades vitais da pleiteante, ainda que medianteprova exclusivamente testemunhal. A justificativa mais singela para a aceitação da prova exclusivamente testemunhalreside na circunstância de os filhos possuírem o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade(art. 229 da Constituição da República), não se mostrando lícito, dessa forma, opor obstáculo exacerbadamente formal para

o seu cumprimento. Ao depois, a lei previdenciária não exige, em nenhum momento, a formação de início de prova materialpara a concessão de pensão por morte.

6. Nesse passo, quadra registrar que as testemunhas ouvidas em Juízo evidenciaram pouco conhecimento sobre a vidafinanceira da recorrente não se mostrando aptas a demonstrar que o auxílio prestado pelo filho da recorrente era essencialou para a manutenção de suas necessidades vitais. A comprovação da real dependência econômica dos pais em relaçãoaos filhos não se confunde com o esporádico reforço orçamentário e tampouco com a mera ajuda de manutenção familiar,não tendo a autora se desincumbido satisfatoriamente, de forma extreme de dúvidas, de comprovar que era dependenteeconômica de seu falecido filho, o que afasta a concessão do benefício previdenciário ora pleiteado.

7. Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo “a quo”.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

9. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 47, na forma doart. 12 da Lei n° 1.060/1950.

ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

69 - 0003460-33.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003460-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DE FATIMAPINHEIRO (ADVOGADO: NEY COUTINHO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LucianoMartins De Oliveira.).Processo n.º 0003460-33.2010.4.02.5050/01- Juízo de Origem: 3º JEFRecorrente : MARIA DE FATIMA PINHEIRORecorrida : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. QUALIDADE DE SEGURADO NÃO AFERIDA.REQUISITOS LEGAIS NÃO PREENCHIDOS. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedentea pretensão de concessão de pensão por morte. Em suas razões recursais, sustenta a recorrente que o seu esposo erafiliado ao Regime Geral de Previdência Social-RGPS exercendo atividade laboral na condição de pedreiro, tendo trabalhadonessa condição com registro do vínculo empregatício da Carteira de Trabalho e Previdência Social no períodocompreendido entre 02.05.2005 e 20.01.2006. Alega que o de cujus retornou ao trabalho, devido a problemas de saúde,somente, em 10.01.2008, vínculo empregatício devidamente reconhecido no âmbito da justiça do trabalho, razão pela qualse mostra evidente a qualidade de segurado ao tempo de óbito. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 58-61.

O benefício de pensão por morte é devido ao conjunto de dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, nostermos do artigo 74 da Lei 8.312/1991. Sua concessão não exige o recolhimento de número mínimo de contribuições(carência), conforme preceitua o art. 26, inciso I, da Lei nº 8.213/1991, bastando que o instituidor da pensão esteja filiado àPrevidência Social (qualidade de segurado) na data do óbito. O artigo 16 da Lei 8.213/1991 elenca o rol de pessoas quepodem figurar como dependentes do segurado, dentre as quais se incluem a esposa e a companheira. Em ambas ashipóteses, a dependência econômica em relação ao instituidor do benefício é presumida, nos exatos termos do artigo 16,§4, da Lei nº 8.213/1991.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A autora quer receber pensão por morte em razão do óbito de seu marido. O INSS recusa a concessão do benefícioporque o cônjuge da autora teria perdido a qualidade de segurado antes da data do óbito.A concessão do benefício não depende do cumprimento de período de carência (art. 26, I, da Lei nº 8.213/91), sendo, pois,irrelevante o número de contribuições recolhidas pelo segurado para a previdência social. Todavia, é necessário que oinstituidor da pensão ostente a qualidade de segurado na data do óbito. Afinal, a pensão por morte é devida apenas aosdependentes de segurado, e os requisitos para a concessão do benefício devem estar presentes na data do óbito.

A previdência social é um seguro de natureza coletiva contra riscos sociais. Não tem natureza assistencial, mas carátercontributivo: a acessibilidade às prestações previdenciárias pressupõe contraprestação pecuniária pelos participantes doregime previdenciário. A cessação do recolhimento de contribuições, após o transcurso do período de graça, implicalegítima ruptura do vínculo jurídico que assegura cobertura securitária ao segurado e a seus dependentes. Rompido ovínculo jurídico securitário, fatos ulteriores não geram ao ex-segurado e seus dependentes direito a qualquer prestaçãoprevidenciária.A última contribuição recolhida refere-se à competência 01/2006 (fl. 26). Perdeu a qualidade de segurado em 16/3/2007.Quando faleceu, em 9/8/2008, já havia perdido a qualidade de segurado. A autora, porém, alega que o marido trabalhoucomo pedreiro desde 10/1/2008 até a data do óbito. Com efeito, o contrato de prestação de serviços e a sentença da justiçado trabalho (fls. 19 e 21) evidenciam que o marido da autora era trabalhador autônomo antes de morrer.Exercendo atividade remunerada como trabalhador autônomo, o marido da autora enquadrava-se como seguradoobrigatório na categoria contribuinte individual, conforme art. 11, V, da Lei nº 8.213/91. Entretanto, a Turma Nacional deUniformização tem entendimento consolidado no sentido de que o referido inciso V deve ser interpretado conjugadamentecom o art. 30, II, da Lei nº 8.212/91, segundo o qual “os segurados contribuinte individual e facultativo estão obrigados arecolher sua contribuição por iniciativa própria, até o dia quinze do mês seguinte ao da competência”.Dessa forma, não basta o mero exercício de atividade remunerada para instaurar o vínculo de filiação previdenciária emrelação ao trabalhador autônomo, sendo igualmente necessário o recolhimento das contribuições previdenciárias. Nopresente caso, as contribuições foram recolhidas, mas somente após o óbito do trabalhador. A jurisprudência dominantenão admite, para fins de concessão de pensão por morte, o reconhecimento post mortem de tempo de filiação de seguradocontribuinte individual. Nesse sentido, transcrevo os mais recentes arestos da Turma Nacional de Uniformização:“PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO. PENSÃO POR MORTE. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. SÓCIO COTISTA E SÓCIOGERENTE. FALTA DA CONDIÇÃO DE SEGURADO. REGULARIZAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES POSTERIOR AO ÓBITO.RECOLHIMENTO POST MORTEM. ABATIMENTO/COMPENSAÇÃO SOBRE OS PROVENTOS DA PRÓPRIA PENSÃO.IMPOSSIBILIDADE. 1. Enquanto, de acordo com o disposto no inciso II do art. 30 da Lei nº 8.212/91, a responsabilidadepelo pagamento das contribuições previdenciárias incumbia diretamente ao contribuinte individual sócio-gerente, a filiaçãoao Regime Geral da Previdência Social – RGPS não decorria automaticamente do exercício de atividade remunerada, mas,sim, do exercício da atividade associado ao efetivo recolhimento das contribuições, sendo, por isso, incabível, para fins deobtenção de pensão por morte, a regularização contributiva posterior ao óbito, mediante o recolhimento post mortem dascontribuições previdenciárias ou mediante o desconto/abatimento das contribuições pretéritas sobre os proventos da própriapensão. Precedentes. 2. Incidente de uniformização conhecido e improvido.” (Processo 2007.83.00.526892-3 - RelatoraJacqueline Michels Bilhalva - DJ 11/12/2008)“PENSÃO POR MORTE. PERDA DA QUALIDADEDE DE SEGURADO. CONTRIBUIÇÃO POST MORTEM. INSTRUÇÃONORMATIVA 84/2002. NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS PARA APOSENTADORIA ANTES DO ÓBITO.BENEFÍCIO INDEVIDO. 1 – No caso de pensão por morte de contribuinte individual, é imprescindível a contribuição anteriorao óbito, tendo em vista que o objetivo do pensionamento é cobrir justamente a imprevisibilidade. O entendimento contráriopermite, indevidamente, que o dependente do segurado, após a morte deste, possa escolher o salário de contribuição, e porconseqüência o valor do benefício que pretende receber. (Interpretação sistemática dos art. 11, V, h e 27 da Lei 8.213/91;art. 20, parágrafo único do Decreto n. 3.048/99 e art. 30, II da Lei 8.212-91). 2 – Incidente de uniformização conhecido eimprovido.” (Processo 2005.70.95.015039-3 - Data da decisão: 03/09/2007 - DJU 17/03/2008 – Relator para Acórdão JuízaMaria Divina Vitória)“PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL.INSCRIÇÃO POST MORTEM. REGULARIZAÇÃO DAS CONTRIBUIÇOES PELOS HERDEIROS. IMPOSSIBILIDADE.BENEFÍCIO INDEVIDO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1 - O vínculo previdenciário dotrabalhador autônomo, para fins de concessão do benefício de pensão por morte a seus dependentes, depende do regularrecolhimento das contribuições pelo próprio segurado, conforme previsto no artigo 30, inciso II, da Lei 8.212/91. 2 – “Não épossível a concessão do benefício de pensão por morte aos dependentes do segurado falecido, contribuinte individual quenão efetuou o recolhimento das contribuições respectivas à época, não havendo amparo legal para a dita inscrição postmortem ou para que sejam descontadas as contribuições pretéritas, não recolhidas pelo de cujus, do benefício da pensãopor morte percebido pelos herdeiros.” (Processo nº 2005.72.95.013310-7 Relator Juiz Federal Marcos Roberto Araújo dosSantos, DJ de 21/05/2007). 3 - Incidente de uniformização conhecido e improvido.” (Processo 2006.70.95.006969-7 - Datada decisão: 17/12/2007 - DJU 24/01/2008 - Relator(a) Juíza Federal Daniele Maranhão Costa)Como o marido falecido não ostentava qualidade de segurado, a autora não tem direito à pensão por morte.DispositivoJulgo improcedente o pedido.”.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 40, na forma doart. 12 da Lei n° 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

70 - 0000053-19.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000053-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x SEBASTIÃO SOUZA MACIONILIO (ADVOGADO:JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000053-19.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRECORRIDO: SEBASTIÃO DE SOUZA MACIONILIOREDATOR PARA O ACÓRDÃO: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO- DOENÇA. REVISÃO DE RMI. APLICAÇÃO DO ART. 29, II, DALEI Nº 8.213/91. CORREÇÃO MONETÁRIA E TAXA DE JUROS . ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494/97, COM REDAÇÃOCONFERIDA PELA LEI 11.960/09. APLICABILIDADE DO VERBETE Nº 56 DA SÚMULA DO TRIBUNAL REGIONALFEDERAL DA 2ª REGIÃO. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

1.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedentea pretensão de revisão do benefício de auxílio-doença com base no art. 29, inciso II, da Lei n.º 8.213/1991. Em suas razõesrecursais, sustenta o recorrente que as parcelas vencidas devem ser corrigidas mediante incidência dos índices deremuneração da caderneta de poupança, na forma do art. 1º-F da Lei n.º 9.494/1997. Alega não ser cabível a incidência dejuros moratórios até a expedição do RPV, visto que após a elaboração e apresentação dos cálculos definitivos, o recorrentejá não se encontra em mora. Aduz, ademais que a aplicação de juros, incidentes desde a data da realização da conta finalaté a efetiva expedição da RPV não encontra amparo legal, violando expressamente o § 1º do art. 100 da Constituição daRepública. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, fixando-se os parâmetros dos juros moratórios emconsonância com lei. Não foram apresentadas contrarrazões.

2. No que concerne à taxa aplicável aos juros de mora, a Turma Recursal desta Seção Judiciária editou o Enunciado nº 54,que assim orienta “A Lei nº 11.960/2009 tem aplicação imediata na parte em que modificou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, deforma que, a partir de 30/06/2009, aplicam-se os índices oficiais da caderneta de poupança para efeito de correçãomonetária e de juros de mora nas condenações impostas à Fazenda Pública”. (Diário Eletrônico da JF da 2ª Região,13-12-2010, pág. 73).

3.Essa orientação não se afasta dos precedentes do STF, porquanto no julgamento do AI 842.063, em 17/06/2011, foireconhecida a existência de repercussão geral sobre a matéria e, no mérito, reafirmada a jurisprudência dominante quantoà aplicabilidade imediata do art. 1º F da Lei 9.494/97- com alteração dada pela Medida Provisória 2.180-35/2001 – emrelação às ações ajuizadas antes de sua entrada em vigor. Tal disposição se aplica, de idêntica maneira, no caso deposterior alteração introduzida na mesma Lei nº 9.494/97 pela Lei 11.960/2009.

4. Quanto ao termo final de incidência dos juros moratórios tenho que deve prosperar o entendimento de que incidem até aelaboração dos cálculos definitivos homologados pelo juízo executor da decisão transitada em julgada, em consonânciacom a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça.

5. Nesse sentido, seguem arestos jurisprudenciais:

Esse entendimento foi reiterado no julgamento do AI n. 492.779- AgR, Relator o Ministro Gilmar Mendes, 2ª Turma, DJ de3.3.06. Acrescentou-se, ainda, que não são devidos juros moratórios no lapso entre a data da elaboração dos cálculosdefinitivos e a apresentação, pelo Poder Judiciário à respectiva entidade de direito público, do precatório [§ 1º do art. 100 daConstituição], vez que também integra o iter constitucional necessário à realização do pagamento sob a forma deprecatório, procedimento de observância obrigatória pelo Poder Público, nos termos do disposto no artigo 100, caput e § 1º,da Constituição do Brasil. (STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO 557.327-3 (946). PROCED. : SÃO PAULO. RELATOR:MIN. EROS GRAU. RECTE.(S) : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS. RECDO.(A/S):GERALDATORQUATO PEREIRA DE SOUSA. DJ: 17.09.2007)

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DE COISA JULGADA.INOVAÇÃO RECURSAL. REQUISIÇÃO DEPEQUENO VALOR. PERÍODO COMPREENDIDOENTRE A DATA DA ELABORAÇÃO DA CONTA DE LIQUIDAÇÃO E OEFETIVOPAGAMENTO DA RPV. JUROS DE MORA. NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIA SUBMETIDAAO RITO DOSRECURSOS REPETITIVOS. MULTA. ART. 557, § 2º, DO CPC.1. É incabível a análise de teses alegadas apenas em agravoregimental, por se caracterizar inovação recursal.2. A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial Representativo de Controvérsia1.143.677/RS,Rel. Min. Luiz Fux, firmou entendimento de que não incidem juros demora entre a elaboração da conta deliquidação e a expedição da requisição de pequeno valor - RPV.(STJ AgRg no AREsp 79986 PR 2011/0273992-1Relator(a): Ministro HUMBERTO MARTINS Julgamento: 01/03/2012 Órgão Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA Publicação:

DJe 07/03/2012

6. Ressalte-se, por fim, que deve incidir sobre o caso – bem como sobre todos os demais casos análogos – a Súmula nº 56do TRF2, cuja redação é a seguinte: “É inconstitucional a expressão “haverá a incidência uma única vez”, constante do art.1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009”.

7. Merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo Juízo “a quo”.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para fixar que sobre as prestações vencidas a título de revisãode RMI do benefício de auxílio-doença do autor incidem até 30/06/2009, correção monetária e juros de mora à taxa de 1%ao mês a partir da citação. Desta data em diante, até os cálculos definitivos, aplicam-se os índices oficiais de remuneraçãobásica e juros próprios da caderneta de poupança (art. 5º da Lei 11.960/2009), ressaltando-se a inconstitucionalidade daexpressão “haverá a incidência uma única vez”, conforme Súmula nº 56 do TRF2.

8. Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Leinº 9.099/1995.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal – Redator para o Acórdão

71 - 0001661-52.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001661-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x MARIA ALICE GOMES COSTA (ADVOGADO:SILVIA BARREIRA DE VARGAS.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001661-52.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRECORRIDO: MARIA ALICE GOMES COSTAREDATOR PARA O ACÓRDÃO: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO AUXÍLIO-DOENÇA E CONVERSÃOEM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE DEFINITIVA COMPROVADA PELO LAUDO PERICIAL.POSSIBILIDADE DE REABILITAÇÃO PARA OUTRA FUNÇÃO NÃO CONFIGURADA. RECEBIMENTO DE SALÁRIO EBENEFÍCIO DE FORMA CUMULATIVA POSSIBILIDADE. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em razão da sentença de fls. 164/166, que julgouprocedentes os pleitos autorais, para condenar a autarquia previdenciária ao restabelecimento do beneficio previdenciáriode auxílio-doença, com efeitos retroativos à data do requerimento administrativo, e à sua conversão em aposentadoria porinvalidez, com DIB em 10/03/2011. Em razões de recurso, sustenta o INSS que, diante da total divergência entre os laudospericias no que concerne à capacidade laborativa da autora, torna-se necessária a realização de uma terceira perícia, a fimde dirimir a divergência existente entre o primeiro e o segundo laudos médicos. Ademais, requer o INSS que seja alterada adata do início do benefício auxílio-doença para o dia seguinte á cessação do vínculo empregatício, ou seja, 01/03/2011.Contrarrazões às fls.189-190.

3. Inicialmente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/1991, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a Aposentadoria por Invalidez, por força dodisposto no art. 42 do mesmo diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida aosegurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para oexercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

4. No caso em questão, a parte autora submeteu-se a duas perícias. A primeira, acostada à fl. 125 dos autos, formalizadapor médico ortopedista, constatou que a recorrente tinha passado recente de neoplasia maligna na mama, submetida amastectomia com esvaziamento ganglionar. Afirmou o perito que, apesar de a paciente ter relatado dor lombar, nãodiagnosticou patologia ortopédica incapacitante para o trabalho, concluindo pela capacidade laboral da parte autora.

5. Diante da divergência entre o laudo pericial e os reiterados atestados do médico assistente, fez-se necessário arealização de uma segunda perícia (fls. 49/50) a fim de que a matéria fosse suficientemente esclarecida. O perito nomeado

pelo Juízo, médico especialista em ortopedia, diagnosticou artrose dos joelhos e da coluna lombar. Relatou que a autoraapresenta edema dos joelhos com crepitação, mas com mobilidade mantida. Avaliou o perito que a autora não pode ficarlongos períodos de pé ou subir e descer muitas escadas ou fazer esforços físicos, nem levantar peso sobre os joelhos.Concluiu que há incapacidade definitiva para sua atividade laboral, pois a artrose não apresenta regressão. Quanto àreabilitação, conclui pela impossibilidade em razão das condições sociais da autora (semi-alfabetizada, única experiêncialaboral com atividades de esforço físico e a idade de 49 anos).

6. Embora não se negue a presunção de legitimidade das perícias conduzidas pelos médicos do INSS, o princípio do livreconvencimento motivado do juiz confere ao magistrado a liberdade de conferir a valoração que entender cabível aoselementos de prova do processo e de dar ao litígio a solução que lhe pareça mais adequada, de acordo com sua própriaconvicção, dentro dos limites impostos pela lei e pela Constituição e desde que motive sua decisão. Nesse diapasão deacordo com o art. 437 do CPC, o juiz pode determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecersuficientemente esclarecida. Como essa questão não está especificadamente regrada ma Lei nº 10.259/2001 nem na Lei nº9.099/1995, admito a aplicação subsidiária do CPC. Dessa forma, como o primeiro laudo pericial foi lacônico e totalmentedivergente dos exames/laudos particulares, fez-se necessário a elaboração de um segundo exame que se demonstroumais completo e condizente com todos os exames e laudos médicos acostados aos autos, não havendo, portanto,necessidade de realização de uma terceira perícia, já que a matéria foi suficientemente esclarecida pelo segundo laudopericial.

7. Por fim, no tocante ao recebimento de benefício previdenciário nas competências em que o segurado exerceu atividadeprofissional remunerada, embora incapaz, observo que a jurisprudência mais recente da Turma Nacional de Uniformizaçãomanifesta-se no sentido da possibilidade da referida cumulação, senão vejamos:

EMENTA – VOTO - INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO INTERPOSTO PELA AUTARQUIA-RÉ. PEDIDO DE CONCESSÃODE BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. TEMA REFERENTE À IMPOSSIBILIDADE DE PAGAMENTO DEAUXÍLIO-DOENÇA EM PERÍODO EM QUE O AUTOR MANTEVE VÍNCULO LABORAL. CONHECIMENTO EDESPROVIMENTO DO INCIDENTE. 1. Pedido de concessão de benefício por incapacidade. 2. Sentença de parcialprocedência do pedido (fls. 61/63). Hipótese de restabelecimento do auxílio-doença indevidamente cessado, a contar de28-07-2009. 3. Manutenção da sentença pela Turma Recursal de Santa Catarina, com espeque no art. 46 da Lei nº9.099/95 (fls. 85/86). 4. Incidente de uniformização de jurisprudência, interposto pela autarquia-ré, com fundamento no art.14, da Lei nº 10.259/2.001 (fls. 111/128). 5. Defesa de serem os benefícios de auxílio-doença e de aposentadoria porinvalidez substitutivos da renda e, assim, inacumuláveis com a percepção de salário decorrente de exercício de atividadelaborativa. 6. Indicação, pela recorrente, dos seguintes precedentes: processo nº 2006.81.00.502226-3, da lavra da TurmaRecursal do Ceará; e processo nº 2008.51.67.001892-0, emanado da Turma Recursal do Rio de Janeiro. Cópia dosjulgados às fls. 123/128. 7. Admissibilidade do presente incidente pela Presidência da Turma Recursal de Santa Catarina(fls. 87/89). 8. Existência de similitude fático-jurídica entre os precedentes invocados e o caso dos autos. 9. Anotação devínculo empregatício em nome da parte autora durante o curso da ação: por si só, não tem o condão de afastar a conclusãoda perícia médica, já que o segurado precisa se manter durante o longo período em que é obrigado a aguardar aimplantação do benefício, situação em que se vê compelido a retornar ao trabalho, mesmo sem ter a sua saúderestabelecida, em verdadeiro estado de necessidade. 10. Documentação constante dos autos - informa afastamento dafunção laborativa desempenhada pela parte autora junto à “Cidade Viagens e Turismo Ltda. – EPP” em 31-08-2009,consoante Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho à fl. 55 verso. 11. Manutenção do termo inicial do benefícioconcedido à parte na data fixada no “decisium”, motivada pela firmeza do laudo pericial elaborado, não devendo serdescontado o pagamento no período em que a autora exerceu atividade remunerada. Inteligência do art. 124, da Lei nº8.213/91. 12. No processo de nº 2009.72.54.006451-6, julgado representativo, ficou decidido em sessão anterior que "épossível o recebimento de salário e de benefício por incapacidade de forma cumulativa, num mesmo período, quando osegurado encontrava-se comprovadamente incapaz para o trabalho, posto que, em tal hipótese, o segurado trabalhou pornecessidade de manter sua subsistência". 13. Desprovimento do incidente apresentado pela autarquia-ré.(PEDILEF 00019946520094047254, JUÍZA FEDERAL VANESSA VIEIRA DE MELLO, DOU 03/08/2012.)

8. Destarte, diante de tudo quanto fora exposto, conclui-se pela incapacidade laborativa definitiva da parte autora,circunstância que autoriza a concessão do benefício de auxílio-doença a partir da data do requerimento administrativo e suaconversão em aposentadoria por invalidez, com DIB em 10/03/2011.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença integralmente mantida.

10. Custas isentas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento dehonorários advocatícios, arbitrados em 10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, caput, daLei 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal – Redator para o Acórdão

72 - 0002144-82.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002144-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DALVA GOMES CONT(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0002144-82.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: DALVA GOMES CONTRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão da sentença de fls. 84-90, que julgouimprocedente o pleito autoral e não concedeu à autora o benefício de auxílio-doença.

Em suas razões, a recorrente sustenta que está acometida por gonartrose primária bilateral, tendinopatia e bursopatia nosombros, diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica e hipertireodismo, conforme comprovam os laudos médicosemitidos pelos profissionais que fazem o acompanhamento do seu estado de saúde. Desse modo, tendo em vista seencontrar acometida por diversas patologias e estar inapta para o labor, afirma que os laudos periciais tendem pordesprezar a sua incapacidade laborativa.

Contrarrazões às fls. 95-98.

É o breve relatório. Passo a proferir voto.

O auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/1991, será devido ao segurado que, tendo cumprido,quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual pormais de 15 (quinze) dias consecutivos.

De início, insta observar que foram realizados dois exames periciais, sendo o primeiro na área de ortopedia (fls. 41) e osegundo com especialista em cardiologia (fls. 63-66). O médico ortopedista constatou que a autora é portadora dehipertiroidismo e que a mesma, sob o ponto de vista ortopédico, se encontra apta para o exercício de sua atividade habitualde auxiliar de enfermagem, ressaltando, por fim, que a periciada deve ser avaliada por perito na área de cardiologia. Osegundo laudo, dessa vez elaborado por cardiologista, conforme requerido pelo primeiro perito, confirmou o diagnóstico dehipertiroidismo e reafirmou a aptidão da autora para suas atividades laborativas, eis que (segundo o Expert) a doença seencontra controlada.

Verificando-se os laudos médicos juntados à inicial (fls. 07-24), os quais se encontram em vasta quantidade, pode-seobservar que a autora, de fato, se encontra acometida por diversas enfermidades, inclusive de cunho ortopédico e que,apesar de não terem sido citadas pelo perito judicial, entendo que merecem apreço no presente caso, haja vista a enormequantidade de lesões ortopédicas apresentadas no laudo de fls. 20-21, cite-se: lesão osteocondral na região póstero-internado côndilo femoral lateral, com edema na medular óssea adjacente; rotura oblíqua no corno posterior do menisco medial;rotura oblíqua-radial no corno anterior do menisco lateral, dentre outras.

No mais, cabe primordialmente destacar que o próprio INSS restabeleceu o benefício de auxílio-doença da parte autora emâmbito administrativo, sob o BN: 5458237788, ainda que não tivesse sido compelido a fazê-lo por ordem judicial. E mais,após o cessamento desse benefício, foi concedido à autora, inclusive, a aposentadoria por invalidez (NB: 5500235091), oque reforça o entendimento de que a requerente realmente se encontrava incapacitada para o labor.

Sendo assim, inequívoco e correto se perfaz o pagamento retroativo do benefício de auxílio-doença a partir da data doúltimo requerimento administrativo (19/03/2010 – fl. 05) até o seu restabelecimento pelo INSS administrativamente, em25/04/2011 (consulta ao sistema PLENUS), à conta das robustas provas acostadas mediante as quais se comprova apersistência da incapacidade da autora durante o período em que não fez gozo do benefício.

Por fim, insta dizer que inexiste interesse de agir em relação ao pedido de restabelecimento de auxílio-doença após25/04/2011, eis que, conforme explanado acima, a própria autarquia federal reconheceu o direito da autora, concedendo-lheo benefício previdenciário.

Ante o exposto, conheço do recurso inominado e, no mérito, dou-lhe provimento, para conceder o auxílio-doença àrecorrente, a contar de 19/03/2010 até 25/04/2011.

Condeno o INSS ao pagamento das parcelas vencidas, acrescidas de correção monetária, desde o momento em quedeveriam ter sido pagas, e de juros de mora nos termos da Lei 11.960/2009, que deu nova redação à Lei 9.494/1997.

Deverá o INSS informar a este Juízo os valores a serem requisitados por RPV, no prazo de 30 (trinta) dias, contados apartir do trânsito em julgado da presente decisão. Quanto a não liquidez desta decisão, ressalto o fato de que o INSS possui

maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso e que tal posicionamento coaduna-se com as disposiçõesdos Enunciados nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Após a apuração administrativa dos valores em comento, a serconsiderada como obrigação de fazer, na forma do art. 16 da Lei 10.259/2001, será então expedido, sendo o caso, o“Requisitório de Pequeno Valor”.

Sem custas, na forma da lei. Sem condenação em honorários advocatícios, com base na regra disposta no artigo 55 da Leinº 9.099/1995.

É o voto.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORATIVACONSTATADA POR LAUDOS PERICIAIS. EXISTÊNCIA DE DOCUMENTOS MÉDICOS QUE COMPROVAM AINAPTIDÃO DA AUTORA PARA O LABOR. RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO PELO INSS EMSEDE ADMINISTRATIVA. RECONHECIMENTO DO DIREITO DA REQUERENTE AO AUXÍLIO-DOENÇA PELO PERÍODODE 19/03/2010 A 25/04/2011. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

73 - 0004290-96.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004290-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ADALGIZA RODRIGUESBUSSOLOTTI (ADVOGADO: ANTONIO SERGIO BROSEGUINI, DICK CASTELO LUCAS.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO.).Processo n.º 0004290-96.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEFRecorrente : ADALGIZA RODRIGUES BUSSOLOTTIRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DEINCAPACIDADE LABORAL CONSTATADA PELO LAUDO PERICIAL. BENEFÍCIO INDEVIDO. RECURSO CONHECIDOE, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 60-66, em razão da sentença de fls. 56-57, que julgouimprocedente o pleito autoral e não concedeu ao autor o benefício de auxílio-doença ou a aposentadoria por invalidez. Emsuas razões, a recorrente sustenta que deve ser levado em conta o parecer do médico especialista que atestou suaincapacidade laborativa, eis que dispõe de mais experiência profissional que o médico-perito. Ademais alega que o juiz nãoestá adstrito às conclusões do laudo pericial. Assim postula pelo conhecimento e provimento do recurso, julgando-seprocedentes os pedidos deduzidos na inicial.

2. Não foram apresentadas contrarrazões, conforme certidão de fl. 70.

3. A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei n° 8.213/91, que o auxílio-doença será devido ao s egurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o artigo 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, umavez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo deauxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

4. Em exame pericial (fls. 47-48), o perito constatou que a autora não apresenta nenhuma doença mental, razão pela qualconcluiu que a mesma se encontra plenamente apta para sua atividade habitual (do lar).

5. Os laudos médicos juntados ao processo pela autor, não são suficientes para rechaçar o diagnóstico preconizado peloperito que afirmou, categoricamente, inexistir incapacidade para a atividade laborativa. No mais, o próprio perito confirmouque a requerente não apresentou no exame pericial distúrbios do comportamento e/ou alterações da senso-percepção quea incapacite de exercer a sua atividade habitual. Não apresentou sinais e/ou sintomas psicóticos como delírios oualucinações. Juízo crítico e consciência preservados (resposta ao quesito de n. 9 do Juízo – fl. 47).

6. Em que pese o fato de o julgador não estar adstrito à conclusão do laudo médico pericial, o mesmo é de extremaimportância para auxiliar o julgador em seu convencimento quando os laudos médicos da parte requerente não puderem,eficientemente, comprovar aquilo que está sendo motivo de controvérsia pelas partes, o que se verifica no presente caso.

7. Descabida a realização de nova perícia médica por especialista, sob pena de se negar urgência à legislação queregulamenta a profissão de médico, que não exige especialização para o diagnóstico de doenças ou para a realização deperícias.

8. Contra a alegação de que houve um desequilíbrio processual ante o acompanhamento da perícia judicial apenas peloassistente técnico do INSS, importa destacar a existência do art. 421, § 1º, inciso I do CPC que assegura às partes o direitode indicar assistentes técnicos para acompanhar a perícia. Na mesma linha, dispõe o art. 422 do CPC que os assistentestécnicos indicados são de confiança das partes. A parte autora podia ter indicado seu assistente técnico no momentooportuno e não o fez. Não existe vedação à entrada de pessoa médica indicada pelas partes, pelo contrário, a leiexpressamente o permite. Argüição de nulidade rejeitada.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

10. Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 42, na forma doart. 12 da Lei n° 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

74 - 0004633-92.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004633-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELCIO GOMES SILVA(DEF.PUB: LUIZ HENRIQUE MIGUEL PAVAN.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Marcos Figueredo Marçal.) x OS MESMOS.Processo n.º 0004633-92.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1° JEFRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : ELCIO GOMES DA SILVARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. CONFIGURAÇÃO DA INCAPACIDADE POR MEIODOS DOCUMENTOS MÉDICOS PARTICULARES. BENEFÍCIO INDEVIDO. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Este recurso inominado foi interposto pela Autarquia ré às fls. 116-118, em razão da sentença de fls. 116-118, que julgouparcialmente procedente o pedido da exordial e concedeu à parte autora o benefício de auxílio-doença. Sustenta o INSS,em suas razões recursais, que os laudos médicos acostados à inicial não são suficientes à comprovação da incapacidade,razão pela qual deve ser levado em consideração o laudo pericial, o qual concluiu pela capacidade laborativa do autor.

2. As contrarrazões foram apresentadas às fls. 125-131.

3. A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei n° 8.213/91, que o auxílio-doença será devido ao s egurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

4. Em exame pericial (fls. 76-77), foi constatado que o periciado é portador de transtorno psiquiátrico e que, ainda assim, seencontra apto para o exercício de sua atividade habitual de eletricista de automóvel. Ressalta-se oportunamente que aprópria perita informou no laudo confeccionado que o autor foi submetido a procedimento invasivo cardiovascularrecentemente e sugeriu que fosse realizada avaliação com cardiologista, o que não foi necessário diante doreconhecimento pelo magistrado da incapacidade do requerente por meio dos documentos médicos juntados à inicial.

5. Em que peso o fato do julgador entender pela incapacidade do segurado ainda que a perícia judicial tenha concluído pelasua aptidão laboral, pode o magistrado valer-se de outros elementos de prova constantes dos autos para formar sua livreconvicção. Nesse sentido:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. INCIDENTE CONTRA ACÓRDÃO DE TURMA REGIONAL DEUNIFORMIZAÇÃO. ADMISSIBILIDADE. AUXÍLIO-DOENÇA. TERMO INICIAL. AFERIÇÃO DO INÍCIO DA INCAPACIDADE.OMISSÃO DO LAUDO PERICIAL. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO DO JUIZ. PRETENSÃO DEREEXAME DE PROVA. INCIDENTE IMPROVIDO. 1. Nos termos do art. 6º, III, do Regimento Interno desta TurmaNacional, cabe incidente de uniformização contra julgado de Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência queesteja em confronto com a jurisprudência dominante do STJ, hipótese que este Colegiado tem estendido à divergência coma sua própria jurisprudência pacificada. 2. A inexistência de prévio requerimento administrativo e a falta de fixação da datado início da incapacidade pelo perito judicial não constituem motivo suficiente, por si só, a impor o reconhecimento do inícioda incapacidade na data do laudo pericial, se há nos autos outros elementos de prova que permitam ao julgador aferir demodo diverso o início da incapacidade. Precedentes desta TNU (Pedilef 200763060076010 e Pedilef 200533007688525). 3.O exercício da plena jurisdição exige do magistrado a análise de todo o conjunto probatório e das circunstâncias peculiaresao caso, de modo a se permitir a análise de elementos estranhos ao laudo pericial para a formação do livre convencimentodo juiz. 4. O reexame dos motivos que conduziram as instâncias inferiores a fixar a data do início da incapacidade na datada propositura da ação importa em revolvimento de matéria fática, o que é vedado nesta via, a teor do que dispõe a Súmulanº 7 do STJ, de aplicação analógica a esta Turma Nacional. 5. Pedido de Uniformização de Jurisprudência improvido.(PEDIDO 200740007028548, JUÍZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES, 13/05/2011) - sem grifos nooriginal

6. Os laudos médicos juntados aos autos pelo autor (fls. 15-58 – fls. 71-75 – fls. 106-109) informam que o mesmo seencontra inapto para a atividade laborativa e demonstram que o mesmo, além de possuir enfermidade de cunhopsicológico, possui também doenças cardiológicas (isquemia miocárdica – fl. 58) e sofre de episódios de epilepsia (fl. 71).

7. É necessário ressaltar ainda que, tendo em vista a fragilidade que envolve as questões previdenciárias, a dúvida que seapresente a respeito da incapacidade deve ser interpretada sempre de forma favorável ao segurado, por ser esteindubitavelmente hipossuficiente frente à autarquia federal e pela simples lógica de que a dúvida gera, no mínimo, um juízode probabilidade do fato alegado, pois, ao contrário, não haveria dúvida. No mais, entendo que restou devidamentedemonstrado a atual inaptidão do autor para o trabalho.

8. Diante de tais ponderações, deve ser mantida a sentença recorrida, de modo a conceder o benefício de auxílio-doençaao requerente.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

10. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por cento) dacondenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

75 - 0000865-61.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000865-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JURANDILSON FERREIRAGOMES (ADVOGADO: EDIWANDER QUADROS DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).Processo n.º 0000865-61.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF VitóriaRecorrente: JURANDILSON FERREIRA GOMESRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE LABORAL NÃOVERIFICADA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.Este recurso inominado foi interposto pelo autor às fls. 101-105 em razão de sentença que julgou improcedente o pedidode concessão de aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente que o fato de receber auxílio-doença háaproximadamente quatro anos, bem como inexistência melhora de seu estado de saúde desde o ano de 2007 denotam emconjunto sua incapacidade total e definitiva para o labor. Aduz, outrossim, que os laudos médicos particulares acostadostambém convergem nesse sentido. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a sentença,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.Não foram apresentadas contrarrazões.A respeito, preceitua o art. 42 da Lei nº 8.213/1991 que a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for ocaso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaze insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquantopermanecer nesta condição.Destarte, para a concessão de aposentadoria por invalidez é preciso que a recuperação da capacidade para o trabalho sejaimprovável e o estado clínico incompatível com o exercício de qualquer profissão.Desnecessária a análise da condição de segurado e do período de carência, já que constatada a capacidade do recorrente.Na análise pericial do Juízo (fls. 74-76), o recorrente (52 anos) foi examinado e diagnosticado com hipertensão arterial edoença arterial coronária (quesito nº 01), patologias de origem hereditária e adquirida que, no entanto, não o incapacitampara suas atividades habituais de repositor, auxiliar de serviços gerais, auxiliar de transportes e pintor (quesitos nº 07, 08 e09). Ao exame físico apresentou-se lúcido, assintomático, orientado no tempo e no espaço, com marcha atípica, eupnéico eausência de edemas de MMII, ausculta cardiovascular com ritmo regular em dois tempos, bulhas normofonéticas, auscultacarotídea com ausência de sopros, tensão arterial (TA) 180x120 mmHg, Fc. 108 bpm, pulsos periféricos palpáveis (quesitonº 02). Foram realizados exames complementares pelo perito, tais sejam: i) eletrocardiograma, em que foi constatadoventrículo esquerdo discretamente aumentado com ritmo sinusal regular, ergometria negativa para isquemia miocárdica; ii)ecodopplercardiograma, que evidenciou leve aumento do ventrículo esquerdo (quesito nº 05).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. No caso em apreço,após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, este Juízo entende que o material probatórioacostado não se mostra suficiente ao acolhimento do pleito do recorrente.Contra a alegação recursal de que há laudo médico particular que atesta a incapacidade total e definitiva do recorrente,importa destacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SeçãoJudiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médicopericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidadelaborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 66, naforma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

76 - 0002948-50.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002948-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA PENHA PEREIRABESSA SANTOS (ADVOGADO: MARIA CRISTINA NOGUEIRA MOREIRA, MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI.)x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOSSANTOS.).Processo nº 0002948-50.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: MARIA DA PENHA PEREIRA BESSA SANTOSRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE LABORAL NÃOVERIFICADA. PREVALÊNCIA DO LAUDO JUDICIAL SOBRE O PARTICULAR. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 81-85 em razão da sentença que julgou improcedente opedido de concessão de aposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente que sua incapacidade é total e definitiva para oexercício de sua atividade habitual de industriária. Assevera que seu labor é de alto risco para o desenvolvimento dedoenças ocupacionais, diante da repetitividade de movimentos e da manipulação de pesos, alcançando o nível 3, em umaescala que varia de 1 a 4 (conforme Anexo V do Decreto nº 3.048/1999). Argumenta que o laudo pericial não guardaconsonância com a situação fática por ela vivida. Aduz, ainda, que não foram levados em conta os laudos médicosparticulares coligidos, tendo o magistrado sentenciante se valido apenas o laudo pericial para formar seu convencimento.Com base nisso, requer seja conhecido e provido o presente recurso para reformar a sentença, julgando-se procedente opedido inaugural.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 89-92.A respeito, preceitua o art. 42 da Lei nº 8.213/1991 que a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for ocaso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaze insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquantopermanecer nesta condição.Destarte, para a concessão de aposentadoria por invalidez é preciso que a recuperação da capacidade para o trabalho sejaimprovável e o estado clínico incompatível com o exercício de qualquer profissão.Desnecessária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa darecorrente.Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 52-53), feita por expert em ortopedia, a recorrente (46 anos) foi examinada ediagnosticada com queixa de dor no ombro, cotovelo e punho bilateral, com tendinopatia leve e sem sinais de ruptura dosupra e infraespinhal (quesito nº 01), patologia de origem inflamatória que, entretanto, não a incapacita para o exercício desua atividade habitual de “auxiliar de produção” (quesitos nº 07, 08 e 09). Em relação às características da enfermidade,consignou o perito que a recorrente apresenta cicatriz cirúrgica de artroscopia do ombro esquerdo, com boa amplitude demovimentos bilaterais sem atrofia muscular (quesito nº 02). Quanto à existência de limitações funcionais e se elas impedemo desenvolvimento da atividade habitual, asseverou que a recorrente não deve carregar peso em excesso - acima de 15 kg(quesito nº 11). Sobre possíveis adaptações no posto de trabalho que permitam a retomada da atividade laborativa,assegurou o expert que a periciada pode apresentar melhor desempenho de suas funções com a realização de intervalosregulares e mudança de posição (quesito nº 15).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. No caso em apreço,após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, este Juízo entende que o material probatórioacostado não se mostra suficiente ao acolhimento do pleito da recorrente.Contra a alegação recursal de que há laudo médico particular que atesta a incapacidade total e definitiva da recorrente,importa destacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SeçãoJudiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médicopericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidadelaborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Calha gizar, por oportuno, que a dor não pode ser cientificamente comprovada, motivo pelo qual, em casos como este, aincapacidade pode ser avaliada com base em regra de presunção. Entretanto, inexistem elementos de prova nos autos dosquais se possa inferir a severidade do quadro clínico da recorrente.Por derradeiro, no caso vertente, as condições pessoais da recorrente (idade, condição social, grau de instrução, etc), emcotejo com os demais elementos de prova dos autos, não têm o condão de alterar a conclusão jurisdicional adotada pelomagistrado.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 47, naforma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

77 - 0004590-58.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004590-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROSANGELA MARIA LOIOLAXAVIER (ADVOGADO: MARCELO CARVALHINHO VIEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO.).Processo nº 0004590-58.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF VitóriaRecorrente: ROSANGELA MARIA LOIOLA XAVIERRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INEXISTÊNCIA DE INCAPACIDADELABORAL TOTAL E DEFINITIVA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.Este recurso inominado foi interposto pela autora às fls. 50-54 em razão de sentença que julgou parcialmente procedentecontido na inicial, condenando o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença desde 13/4/2010. Sustenta a recorrenteque as provas carreadas e o conteúdo do laudo pericial atestam sua incapacidade total e permanente para o trabalho.Havendo documentos que corroboram a pretensão deduzida e diante da inexistência de hierarquia entre as provas, pugnapela aplicação do princípio do in dubio pro misero. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso parareformar a sentença, julgando-se procedente o pedido de concessão de aposentadoria por invalidez.Não foram apresentadas contrarrazões.A respeito, preceitua o art. 42 da Lei nº 8.213/1991 que a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for ocaso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaze insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquantopermanecer nesta condição.Destarte, para a concessão de aposentadoria por invalidez é preciso que a recuperação da capacidade para o trabalho sejaimprovável e o estado clínico incompatível com o exercício de qualquer profissão.A condição de segurada e o período de carência são incontroversos nos autos. A questão que remanesce cinge-se a aferira natureza e a extensão da incapacidade laborativa.Na análise pericial do Juízo (fl. 33), a recorrente (atualmente 50 anos) foi examinada e diagnosticada com tenossinovite dospunhos direito e esquerdo e dos ombros direito e esquerdo e quadro de sinovite dos joelhos (quesito nº 01), patologias deorigem degenerativa que a incapacitam temporariamente para sua atividade habitual de auxiliar de produção (quesitos nº07, 08 e 09). Consignou o expert que a periciada corre risco de agravamento da doença caso continue a exercer referidaatividade (quesito nº 10). Asseverou não ser possível precisar a data de início da incapacidade laboral, remetendo-a aos 06meses anteriores à data de realização do exame pericial (quesito nº 12). Sobre aos métodos terapêuticos que poderiamconduzir à recuperação da recorrente, esclareceu que poderão ser empregados tanto o medicamentoso quanto ofisioterapêutico (quesito nº 16). Concluiu pela incapacidade laborativa temporária - por cerca de 06 meses (quesito nº 14).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. No caso em apreço,após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, este Juízo entende que o material probatórioacostado não se mostra suficiente ao acolhimento do pleito da recorrente.Contra a alegação recursal de que há laudo médico particular que atesta a incapacidade total e definitiva da recorrente,importa destacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SeçãoJudiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médicopericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidadelaborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Por derradeiro, não deve ser aplicado o princípio in dúbio pro misero, uma vez que as provas constantes nos autos sãoclaras no sentido de que a incapacidade da recorrente é temporária.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 28, naforma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

78 - 0000820-48.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000820-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ENEDINA LUCAS DE JESUSE SANTOS (ADVOGADO: JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).Processo nº 0000820-48.2010.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF LinharesRecorrente: ENEDINA LUCAS DE JESUS E SANTOSRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORATIVA NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMARECURSAL/ES. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 81-84, em razão de sentença que julgou improcedente opedido de restabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez.Sustenta a recorrente que os laudos médicos particulares coligidos atestam sua incapacidade para desempenhar aatividade de trabalhadora rural. Aduz, outrossim, restar configurada ofensa ao princípio da dignidade da pessoa humana aose permitir que continue laborando mesmo sentindo dores no punho esquerdo. Com base nisso, requer seja conhecido eprovido o recurso para reformar a sentença, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

2. As contrarrazões foram apresentadas às fls. 88-90.

3. A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vezcumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença,for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, eser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

4. Desnecessária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativada recorrente.

5. Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 65-68), a recorrente (47 anos) foi examinada, não sendo, todavia,diagnosticada doença ou lesão (quesitos do INSS e do Juízo nº 01). Ao ser questionado sobre as características da doença,respondeu o perito que a periciada se queixa de dor no punho. Ao exame clínico, entretanto, não se evidenciou presença delesão que a incapacite para o trabalho (quesitos do INSS n° 04 e 06). Sobre a possibilidade de se afer ir se a incapacidade jáexistia quando da propositura desta ação judicial, afirmou o expert que não há como se precisar, por desconhecer o quadroclínico apresentado pela autora naquela data (quesito do Juízo nº 05).

6. Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. No caso em apreço,após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, este Juízo entende que o material probatórioacostado não se mostra suficiente ao acolhimento do pleito da recorrente.7. Contra a alegação recursal de que há laudo médico particular que ateste a incapacidade da recorrente, importa destacara existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do EspíritoSanto, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelojuízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há deprevalecer sobre o particular”.

8. Cabe ressaltar que a dor não pode ser cientificamente comprovada, motivo pelo qual, em casos como este, aincapacidade pode ser avaliada com base em regra de presunção. Entretanto, inexistem elementos de prova nos autos dosquais se possa inferir a severidade do quadro clínico atestado.

9. Por derradeiro, no caso vertente, as condições pessoais da recorrente (idade, condição social, grau de instrução, etc.),em cotejo com os demais elementos de prova dos autos, não são aptas a infirmar a conclusão jurisdicional adotada.

10. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

11. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

12. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 34,na forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

79 - 0003522-10.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003522-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANGELA MARIA DA SILVA(ADVOGADO: NEUSA MARIA MARCHETTI, LUCELIA GONCALVES DE REZENDE.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).Processo n.º 0003522-10.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEFRecorrente : ANGELA MARIA DA SILVARecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE LABORAL NÃOVERIFICADA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.Este recurso inominado foi interposto pela autora às fls. 73-76, em razão de sentença que julgou improcedente a pretensãode concessão de aposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente, em suas razões recursais, que está incapazdefinitivamente para o exercício de qualquer atividade laborativa. Dessa forma, requer seja reformada a sentença,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 80-83.

A aposentadoria por invalidez, conforme se depreende do artigo 42 da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que,uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for consideradoincapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á pagaenquanto permanecer nesta condição.

Desnecessária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade da recorrente.

Com efeito, na primeira análise pericial do Juízo (fls. 29-30), feita por especialista da área de ortopedia, a recorrente (49anos) foi examinada e diagnosticada com distúrbio psiquiátrico grave, com alteração importante da capacidade de darinformações e histórico de tentativa de suicídio (quesito nº 01 – fl. 29). Em resposta ao quesito nº 3 (fl. 29) o peritoasseverou que a autora não tem patologia de ordem ortopédica e, portanto, elucidou que a recorrente deve ser submetida aavaliação de especialista em psiquiatria (quesito nº 9 – fl. 29).

Na segunda análise pericial do Juízo (fls. 55-56), realizada por expert em psiquiatria, a recorrente foi diagnosticada comtranstorno depressivo (quesito n.º 01 – fl. 55), patologia de ordem adquirida que, no entanto, não a incapacita para oexercício de suas atividades habituais (quesito nº 07 - fl. 55). Ao ser questionado sobre as características da doença, operito consignou que “a recorrente apresentou-se lúcida, orientada no tempo e no espaço, coerente, cooperativa e calma.Não apresentou distúrbios do comportamento e/ou alterações senso-perceptivas dignas de nota. Não foi constatadaalterações da percepção da realidade no exame pericial. Ausência de sinais e/ou sintomas psicóticos. Verbalizando semalterações.”(quesito nº 4 – fl. 55). Ainda no quesito nº 6 (fl. 55) o perito asseverou que o transtorno depressivo induz aincapacidade para o trabalho apenas quando não for tratado, o que não é o caso da autora.

Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. Na hipótese emapreço, após minuciosa análise das provas da causa, e com base no livre convencimento, este Juízo entende que omaterial probatório acostado aos autos sinaliza o desmérito da pleiteante ao pretendido benefício.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 20, na forma doart. 12 da Lei n° 1.060/1950.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

80 - 0001683-76.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001683-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x FRANCISCA DAGMAR MOREIRA(ADVOGADO: CATARINE MULINARI NICO.) x OS MESMOS.Processo n.º 0001683-76.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEFRecorrente(s) : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS e FRANCISCA DAGMAR MOREIRARecorrido(s) : OS MESMOSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ANÁLISE DASLIMITAÇÕES FUNCIONAIS DA AUTORA EM COTEJO COM OS REQUISITOS LEGAIS QUE AMPARAM A PRETENSÃODE CONCESSÃO APENAS DE AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE LABORATIVA TOTAL E DEFINITIVA NÃOVEIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E, NO MÉRITO,IMPROVIDO. RECURSO DA PARTE RÉ CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Insurgem-se as partes autora e ré em razão da sentença proferida às fls. 65-66, que julgou parcialmente procedente opedido autoral e condenou o INSS ao restabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença NB 126.071.608-0,com efeitos retroativos à data do cancelamento administrativo. Pretende assim, seja conhecido e provido o recurso,julgando-se improcedentes os pedidos deduzidos na inicial.

2. O INSS (primeiro recorrente), em suas razões recursais de fls. 69-72, alega que o perito do juízo não indicou a data deinício da incapacidade, devendo ser fixada no dia da juntada do laudo médico pericial. Destacou ainda, que a parte autorarecolheu contribuições previdenciárias após o cancelamento do benefício, presumindo que houve desempenho de trabalho,desta forma requer que a DIB do auxílio-doença seja fixada no dia da juntada do laudo médico pericial.

3. As contrarrazões foram apresentadas às fls. 81-83.

4. Os Tribunais não têm apresentado grande uniformidade quanto ao termo inicial dos benefícios decorrentes deincapacidade. O E. Superior Tribunal de Justiça já assentou entendimento no sentido de que o termo inicial, quando não hárequerimento na via administrativa, é o da apresentação do laudo pericial em juízo (STJ, AgRg no REsp 1023312/SP, Rel.Min. Hamilton Carvalhido, Sexta Turma, DJE 01.09.2008).

5. Nessa mesma linha, a jurisprudência dominante entende que o benefício é devido a partir da data da juntada do laudomédico pericial se apenas nesse momento for constata a incapacidade laborativa do autor ou se não houver ademonstração técnica de que existia incapacidade em momento anterior.

6. Ocorre que há nos autos elementos de prova que permitem concluir que na data da cessação administrativa, em06.12.2010, a recorrida encontrava-se, de fato, incapaz (fl. 14). Logo, correta a fixação da DIB coincidente com a cessaçãoadministrativa.

7. Consigne-se, como bem lançado pelo magistrado, os atestados de médico assistente contemporâneos ao momento docancelamento do benefício prestam-se como fonte de prova complementar nas hipóteses em que o laudo pericial éinconclusivo quanto à data de início do benefício.

8. Não é ocioso repisar que “a valoração da documentação trazida pela parte autora, em cotejo com a conclusão da períciamédica realizada pela autarquia previdenciária, não implica ignorar a presunção de legitimidade dos atos administrativos,mas sim atentar para o quadro clínico do segurado, levando-se em conta as declarações médicas e exames realizados pelaparte requerente” (Ag 194811, Desembargador Aluisio Gonçalves de Castro Mendes, TRF2, Primeira Turma Especializada,E-DJF2R - Data::01/02/2011 - Página::15/16).

9. A parte autora (segundo recorrente), em suas razões recursais de fls. 75-78, sustenta preencher todos os requisitosnecessários para a concessão do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez. Alega ademais, que não temcondições para continuar laborando, motivo pelo qual pugna pelo recebimento do pretendido benefício. Dessa forma, requerseja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

10. As contrarrazões foram apresentadas às fls. 87-89.

11. Na perícia judicial realizada por médico ortopedista (fls. 40-41), a autora foi examinada e diagnosticada com artrose nojoelho direito e processo inflamatório e degenerativo em ombro direito (quesito n° 1 – fl. 40), patolo gias que a incapacitamde forma temporária (quesito n° 14 – fl. 41) para o exercício de sua atividade habitual de doméstica. Ao ser questionado aDII, o perito não soube precisar (quesito n° 12 – f l. 41). Questionado sobre a possibilidade de reabilitação, asseverou que nomomento do exame não havia incapacidade definitiva, sendo a doença passível de cura (quesito n° 17 – f l. 41).

12. Não merece ser acolhido o pleito quanto à pretensão de conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoriapor invalidez requerida pela parte autora. Verifico que a perícia produzida nos autos concluiu pela incapacidade total etemporária para o labor, deste modo, a despeito de se tratar de moléstia qualificada como degenerativa, tal diagnóstico nãoinduz à ilação necessária de que a parte não pode recuperar a capacidade para o labor. Entendimento contrário significariaequiparar os conceitos de doença e incapacidade, uma vez que o indivíduo pode padecer de doença (até mesmo de ordemincurável) e, ainda assim, deter plena capacidade para a execução de suas atividades laborativas habituais. Portanto, sendocerto que a perícia promovida em juízo constitui mecanismo eficaz e eficiente para a comprovação da incapacidade dosegurado e considerando que inexistem nos autos elementos capazes de infirmar a conclusão da prova técnica, entendoque deve ser mantida a orientação adotada pelo juízo a quo.

13. Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. Na hipótese emapreço, após minuciosa análise das provas da causa, e com base no livre convencimento, este Juízo entende que omaterial probatório acostado aos autos sinaliza o desmérito da pleiteante ao pretendido benefício.

14. Por derradeiro, na hipótese vertente, as condições pessoais da recorrente (idade, condição social, grau de instrução,etc.), em cotejo com os demais elementos de prova dos autos, não são aptas a infirmar a conclusão jurisdicional adotada.

15. Recursos conhecidos e improvidos. Sentença integralmente mantida.

16. Sem custas nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela Autarquia Previdenciária, fixados em 10% sobre ovalor da condenação, com fulcro no art. 20 §3º, do CPC. Sem condenação em custas e honorários advocatícios pela parteautora, ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 35, na forma do art. 12 da Lei n° 1.060/1950 .

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa

que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

81 - 0005560-58.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005560-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x MAGALI KRUGER RODOR(ADVOGADO: EDGARD VALLE DE SOUZA.) x OS MESMOS.Processo n.º 0005560-58.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° JEFRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS e MAGALI KRUGER RODORRecorrido : OS MESMOSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ANÁLISE DASLIMITAÇÕES FUNCIONAIS DA AUTORA EM COTEJO COM OS REQUISITOS LEGAIS QUE AMPARAM A PRETENSÃODE CONCESSÃO APENAS DE AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE LABORATIVA TOTAL E DEFINITIVA NÃOVEIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E, NO MÉRITO,IMPROVIDO. RECURSO DA PARTE RÉ CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Insurgem-se as partes autora (fls. 201-211) e ré (fls. 198-200) em razão de sentença que julgou procedente o pedido derestabelecimento do benefício previdenciária auxílio-doença, desde a sua cessação em 22.09.2010, e improcedente a suaconversão em aposentadoria por invalidez.

2. A Autarquia ré (primeiro recorrente) alega que o autor não faz jus ao benefício de auxílio-doença, pois tanto os peritos doJuízo, quanto a perícia administrativa, se manifestaram pela inexistência de incapacidade. Sustenta que o magistradofundamentou a sua decisão no erro material cometido pelo profissional na via administrativa, tendo interpretado uma fraseisolada e fora de contexto. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente os pedidosdeduzidos na inicial.

3. As contrarrazões foram apresentadas às fls. 246-254.

4. Sem razão a Autarquia Previdenciária, quanto ao fato de o magistrado ter proferido a sentença com base no erro materialconstante no laudo SABI (fl.184), haja vista que esse não foi seu único fundamento para a decisão de parcial procedência,vejamos o trecho da sentença (fl. 192):

“O perito confirmou que a autora não pode subir e descer escadas em demasia e deve realizar mudanças periódicas deatividades. A atividade profissional da autora como enfermeira inscrita no Programa de Saúde da Família a obrigava avisitar com freqüência domicílios na comunidade e realizar atividades de educação coletiva, conforme um cronogramapré-estabelecido. A autora não poderia desenvolver suas atividades exclusivamente em unidade básica de saúde (fl. 161). Alimitação atestada pelo perito compromete o pleno exercício da atividade profissional da autora. Se a limitação funcionalnão impedir o segurado de exercer parcela das funções próprias da atividade habitual, mas implicar redução significativa daprodutividade, comparativamente aos trabalhadores da mesma categoria profissional, caracteriza-se a incapacidade para otrabalho. Entendimento em sentido contrário implica ofensa ao princípio constitucional da dignidade da pessoa humana.”

5. Assim, o magistrado prolator da sentença, no correto alvitre de que as limitações funcionais apontadas pelos peritosprejudicam severamente o desempenho da atividade habitual de enfermeira, entendeu que se trata de incapacidade parciale temporária.

6. De outra parte, a autora (segundo recorrente) sustenta que preenche todos os requisitos para o recebimento daaposentadoria por invalidez, haja vista que, apesar de se tratar de doença reversível, já é acometida de transtornodepressivo há muitos anos e sem apresentar melhoras. Alega que embora os peritos tenham se manifestado pelainexistência de incapacidade, o magistrado deveria ter se fundamentado no conjunto das respostas e demais documentosque comprovam o contrário. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedidodeduzido na inicial.7. As contrarrazões foram apresentadas às fls. 241-243.8. A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei n° 8.213/91, que o auxílio-doença será devido ao s egurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o artigo 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, umavez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo deauxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

9. Na primeira análise pericial do Juízo (fls. 73-75), realizada por médico psiquiatra, a recorrida (46 anos), foi analisada ediagnosticada com transtorno depressivo (CID-10-F32), patologia de ordem adquirida que, no entanto, não a incapacitapara o exercício de sua atividade habitual de enfermeira (quesito n° 9 – fl. 74). Ainda no quesito n° 9, afirmou o perito queno momento do exame pericial, a autora apresentou-se lúcida, orientada, coerente, cooperativa e sem distúrbios de

comportamento e/ou alterações senso-perceptivas dignas de nota. Ao ser questionado sobre as limitações funcionais,respondeu que não foram detectadas limitações, podendo andar, subir e descer escadas, carregar peso, ficar em pé etrabalhar sentada (quesito n° 11 – fl. 74).10. Na segunda análise pericial do Juízo (fls. 96-97), realizada por medico ortopedista, a recorrida foi analisada ediagnosticada com quadro de lesão do menisco do joelho direito, já submetida a artroscopia cirúrgica, patologia de ordemadquirida que, no entanto, não a incapacita para exercer sua atividade habitual de enfermeira sanitarista (quesito n° 9 – fl.96). Ao ser questionado sobre as características da doença, respondeu que a autora apresentou exame físico sem derramearticular com leve atrofia de coxa e amplitude de movimentos normal (quesiton° 2 – fl. 96). Questionad o sobre as limitaçõesfuncionais, asseverou o perito que a paciente não deve subir e descer escadas em demasia, mas pode trabalhar em pé esentada (quesito n° 11 – fl. 97). Ainda questionado sobre as possíveis adaptações no posto de trabalho, respondeu que arecorrida deve realizar mudanças periódicas de atividades (quesito n° 15 – fl. 97). Por fim, ao ser qu estionado sobre osmétodos capazes de fazer a recorrida voltar ao trabalho, afirmou que a paciente deve manter reabilitação através defisioterapia e fortalecimento muscular (quesito n° 16 – fl. 97).11. Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. Na hipótese emapreço, após minuciosa análise das provas da causa, e com base no livre convencimento, este Juízo entende que omaterial probatório acostado aos autos sinaliza o desmérito da pleiteante ao benefício aposentadoria por invalidez.12. Por derradeiro, na hipótese vertente, as condições pessoais da recorrente (idade, condição social, grau de instrução,etc.), em cotejo com os demais elementos de prova dos autos, não são aptas a infirmar a conclusão jurisdicional adotada.13. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.14. Pelo exposto, conheço de ambos os recursos e a eles nego provimento.15. Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela Autarquia Previdenciária, fixados em 10% sobre ovalor da condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC. Sem condenação em custas e honorários advocatícios pela parteautora, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 68, na forma do art. 12 da Lei nº 1.606/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer de ambos os recursos e a eles negar provimento, naforma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

82 - 0000589-21.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000589-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IVANILDA NASCIMENTORIBEIRO (ADVOGADO: ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).Processo n.º 0000589-21.2010.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF LinharesRecorrente : IVANILDA NASCIMENTO RIBEIRORecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE LABORATIVADEFINTIVA VERIFICADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 90-94, em razão de sentença que julgou improcedente apretensão de conversão do benefício previdenciário de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Sustenta arecorrente, em suas razões recursais, que a despeito dos documentos que demonstram incapacidade para o trabalho, omagistrado valeu-se apenas do laudo pericial. Alega ademais, que seu estado clínico é grave e que faz jus ao recebimentoda aposentadoria, mormente porque recebe auxílio-doença há 06 (seis) anos, tendo resultado inócuo o tratamento clínico emedicamentoso. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido nainicial.Não foram apresentadas contrarrazões, conforme certidão de fl. 97.Como se sabe, do art. 59, caput, da Lei n° 8.213/19 91, consta que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.E o artigo 42 da precitada Lei que, a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida,será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessacondição.O conjunto probatório denota que a recorrente apresenta-se incapacitada para o trabalho e que não há restriçãoconcernente ao período de carência. Assim, a questão que remanesce diz com a natureza e extensão da incapacidadelaboral.Consoante a perícia judicial (fls. 69-70), a recorrente (46 anos) foi examinada e diagnosticada com distúrbio afetivo bipolar,patologia que a incapacita de forma temporária para o exercício de sua atividade profissional habitual – alimentadora de

linha de produção na A.C.P. Industria de Móveis Ltda. (fl. 36) - bem como para qualquer atividade que lhe garanta asubsistência (quesito n° 4 – fl. 69). Asseverou o p erito, no quesito nº 6 (fl. 69), que a autora está em tratamento médicopsiquiátrico, mediante o qual poderá voltar a trabalhar e que seu quadro mental está em fase de remissão, nada obstanteencontre-se sonolenta e desorientada. Ao ser questionado sobre as características da doença, respondeu que écaracterizada por distúrbio do humor, havendo oscilações de fases depressivas intercaladas com fases de euforia (quesiton° 4 – fl. 70).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar sua convicção com outros elementos ou fatos provadosnos autos. E, no art. 437 o Código de Processo Civil.Pois bem. E a recorrente apresenta um longo histórico com a mesma doença, cujas características denotam acentuadagravidade e limitações severas (vide laudo médico nas fls. 69-70, conjugado com os atestados médicos ao longo dessesmais de seis anos de tratamento e de afastamento do trabalho, mercê de seguidas prorrogações de auxílio-doença [v.g., fls.02, 04, 11, 13, 23, 30, 32, 37, 40, 44 e 48] com destaque para dois, na especialidade de psiquiatria, nas fls. 46 e 47 quetextualmente afirmam a recorrente padece de: doença crônica e irreversível e refratária às terapêuticas já utilizadas.Com efeito, não obstante a idade, em tese, produtiva da recorrente, de fato não se mostra razoável, nem consentâneo como prognóstico de insucesso do tratamento, o qual até agora conseguiu apenas a remissão da patologia tão severa e incertaem seus efeitos, manter a segurada apenas sob o pálio do auxilio doença e sistematicamente submetida a incontáveispedidos de prorrogação desse benefício, com seus custos para o INSS e desassossego a segurada; quando em realidadese cuida de situação prevista no art. 42 da Lei nº 8.213/1991, consoante o conjunto fático-probatório antes realçado, namedida em que não há indicativo de possibilidade de reabilitação; sem prejuízo, é claro, para a reavaliação periódica doquadro prevista no mesmo dispositivo legal.Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou provimento para, ao reformar a r. sentença, assegurar a conversão dobenefício de auxílio doença em tela, em aposentadoria por invalidez, com DIB em 26.06.2010 data constante do item “8” doLaudo médico pericial de fls. 69-70.Descabe condenação em custas e honorários de advogado, na forma do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, à unanimidade, conhecer do recurso e a ele dar provimento, naforma da ementa que a integra.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

83 - 0006363-75.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006363-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA CLARICE PINHEIRO(ADVOGADO: JOANA D'ARC BASTOS LEITE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Marcos Figueredo Marçal.).Processo n.º 0006363-75.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° JEF de VitóriaRecorrente: MARIA CLARICE PINHEIRORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORATIVA NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMARECURSAL/ES. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 83-88, em razão de sentença que julgou improcedente opedido de condenação do INSS a pagar proventos de auxílio-doença nos períodos de 25/8/2007 a 5/4/2008 e de 1/11/2008a 28/7/2009, bem como de sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente que é portadora demoléstia que a incapacita para o exercício da atividade habitual de lavadeira, tendo se submetido a duas cirurgias que, noentanto, não foram bem sucedidas. Aduz que o INSS cessou o pagamento do benefício de auxílio-doença, muito emboraainda estivesse incapacitada. Assevera, outrossim, que laudo pericial não guarda consonância com sua situação fática, namedida em que a enfermidade que a acomete é de cunho progressivo. Pugna para que sejam levados em consideração ohistórico clínico e suas condições pessoais. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso para reformar asentença, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 92-93.A respeito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez , uma vezcumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença,for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, eser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.Desnecessária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa da

recorrente.Com efeito, segundo a análise pericial do Juízo (fls. 61-62), a recorrente (60 anos) foi examinada e diagnosticada comquadro de síndrome do túnel de carpo no punho direito, já submetida à neurólise (quesito nº 01). Trata-se de patologia deordem adquirida que, entretanto, não a incapacita para o exercício de sua atividade habitual de lavadeira (quesitos nº 07, 08e 09). Questionado sobre as características da doença apresentada, respondeu o perito que durante o exame pericial arecorrente apresentou exame físico inalterado, com teste de phalen negativo (quesito nº 02). Quanto às possíveis limitaçõesfuncionais que impediriam o desempenho da atividade habitual, assegurou que a periciada não apresenta restrições.(quesito nº 11).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. No caso em apreço,após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, este Juízo entende que o material probatórioacostado não se mostra suficiente ao acolhimento do pleito da recorrente.Contra a alegação recursal de que há nos autos laudo médico particular que atesta a incapacidade recorrente, importadestacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária doEspírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzidopelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há deprevalecer sobre o particular”.Por derradeiro, no caso vertente, as condições pessoais da recorrente (idade, condição social, grau de instrução, etc.), emcotejo com os demais elementos de prova dos autos, não são aptas a infirmar a conclusão jurisdicional adotada.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 44, naforma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

84 - 0001799-19.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001799-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: LETICIA SILVEIRA B. CORREIA LIMA.) x CHRISTOVÃO THIAGO DE BRITO NETO (ADVOGADO:NATASHA MOUTINHO GOEBEL, ANA CARLA DE OLIVEIRA BRINGUENTE.).Processo nº 0001799-19.2010.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF VitóriaRecorrente: UNIÃORecorrido: CHRISTOVÃO THIAGO DE BRITO NETORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. INEXISTÊNCIA DE DESCONTO DE SERVIDOR PÚBLICO. ILEGITIMIDADE PASSIVA DAUNIÃO. LEGITIMIDADE DA UFES. ADEQUAÇÃO DA SENTENÇA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO.

Este recurso inominado foi interposto pela União às fls. 89-96, em razão de sentença que julgou procedente o pedido dedeclaração de inexistência de relação jurídica obrigacional de débito da importância auferida a título de “pagamentosparametrizados de vantagens judiciais decorrentes de plano econômico e reestruturação funcional”, condenando-a adevolver os valores já descontados.Sustenta a recorrente, em resumo e na ordem a seguir, a nulidade do feito em virtude da ausência de citação da União, naforma dos arts. 38 da Lei Complementar nº 75 de 1993 e 6º da Lei nº 9.028 de 1995; caso não seja acolhida argüiçãoprecedente, pugna por sua exclusão da lide, porquanto a Universidade Federal do Espírito Santo - UFES detémpersonalidade jurídica, patrimônio e competência próprios, bem assim direitos e obrigações autônomos em relação àpessoa jurídica que a criou. Pretende, dessa forma, seja (i) anulada a r. sentença, a fim de que se proceda a sua citação e,eventualmente, (ii) extinto o processo sem resolução de mérito, eis que ilegítima para a causa.As contrarrazões encontram-se nas fls. 105-110. Assevera o recorrido que o objeto da ação – não ressarcimento ao eráriode valores pagos pela Administração –, mostra-se, de fato, relacionado tão somente à UFES e a nenhum outro ente Estatal.Aduz, de par com isso, que o requerimento de nulidade em virtude da ausência de citação é descabido, já que inexistenteefetivo prejuízo à União.A irresignação recursal advém de eventos que assim se podem resumir:

4.1. O autor, ora recorrido, outrora servidor da UFES [atualmente auditor fiscal da Receita Federal do Brasil], ingressou emjuízo com o fim de obter tutela de perfil inibitório, consubstanciada na declaração de inexistência de débito para com as rés(UFES e União) e abstenção de eventuais descontos. Isso porque notificado pela UFES, mediante ofícios datados em20.08.2009 e 19.04.2010 (fls. 5-6), acerca da necessidade de ressarcimento ao erário das quantias relativas ao “resíduo de3,17%”, amparadas, segundo o recorrido, por sentença transitada em julgado na ação tombada sob o nº2001.84.00.003685-2.4.2. Intimada a União, por meio da procuradoria da Fazenda Nacional, apontou-se a necessidade de citação e intimação napessoa do Advogado Geral da União (fl. 45).4.3. Citada a UFES (fls. 48-50). Contestação apresentada às fls. 51-68.4.4. A seguir foi proferida sentença de natureza condenatória (fls. 69-76), nos termos do item nº 1 deste julgado.4.5. Intimada, a UFES informou que o autor foi excluído de seus cadastros em 1º de junho de 2009, não sendo realizadoqualquer desconto a título de reposição ao erário em sua remuneração; ademais que o autor não efetuou o pagamento dodébito junto ao DRH/UFES, de modo que não há valores a ressarcir (fl. 79).4.6. E, por fim, adveio o recurso ora sob exame após a remessa dos autos à procuradoria da União (fl. 87).Extrai-se, do quadro fático e jurídico acima realçado que, de fato, a União não foi regularmente citada para o feito, nadaobstante tenha figurado no dispositivo da sentença como responsável pela devolução dos valores supostamentedescontados. In verbis:“Isto posto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO. Condeno a União a devolver ao autor todos os valores descontados emfunção dos fatos narrados nestes autos. Tais valores deverão ser corrigidos monetariamente e acrescidos de juros de mora,nos termos do art. 1º-F da Lei 9.494/97 (com redação dada pelo art. 5º da Lei 11.960/09), a contar do ato ilícito (primeirodesconto efetivado) até a data dos cálculos finais (antes da expedição do requisitório correspondente). Ressalvoposicionamento pessoal sobre a inconstitucionalidade da Lei 11.960/09, nos termos da fundamentação.DEFIRO MEDIDA CAUTELAR para determinar, no prazo de 30 (trinta) dias, a sustação dos descontos, caso os mesmosainda estejam ocorrendo.”Consigne-se, a ausência de citação da União, neste específico contexto, traduz questão de somenos importância,porquanto tal ente sequer detém legitimidade para discutir a relação jurídica em causa.Com efeito, as autarquias federais possuem personalidade jurídica e patrimônio próprios, devendo, portanto, figurar no pólopassivo da demanda. Eis o entendimento jurisprudencial sobre o tema:ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. SERVIDORES PÚBLICOS. GRATIFICAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE CARGOEM COMISSÃO. QUINTOS INCORPORADOS. PORTARIA 474/MEC. REDUÇÃO DOS PROVENTOS. IMPOSSIBILIDADE.UNIVERSIDADE FEDERAL. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM NÃO CONFIGURADA. DECADÊNCIAADMINISTRATIVA. RECONHECIMENTO. QUESTÃO QUE, NO ENTANTO, SE MOSTRA IRRELEVANTE EM VIRTUDEDE RECONHECIMENTO DA LEGALIDADE NA FORMA DE REMUNERAÇÃO DAS FUNÇÕES GRATIFICADAS COMOPREVISTA NA ALUDIDA PORTARIA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal deJustiça já se firmou no sentido de que as universidades têm legitimidade para figurar no pólo passivo das demandaspropostas por seus servidores por serem autarquias federais dotadas de personalidade jurídica própria e patrimônio próprio,distintos da União. 2. Com relação à alegada decadência administrativa, a Corte Especial firmou entendimento no sentidode que, quanto aos atos beneficiadores praticados antes da vigência da Lei 9.784/99, o termo a quo do quinquênio

�decadencial contar-se-á da data de vigência da aludida Lei, e não da data em que foram praticados. (...) (RESP200301854616, ARNALDO ESTEVES LIMA, STJ - QUINTA TURMA, DJ DATA:04/12/2006 PG:00358.)PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADEEXECUTIVA (GAE). PERÍODO NÃO RECOLHIDO. DESCONTO EM FOLHA RETROATIVO. IMPOSSIBILIDADE.OBSERVÂNCIA DAS REGRAS DO DIREITO TRIBUTÁRIO. LEGITIMIDADE DA UNIVERSIDADE. ILEGITIMIDADE DAUNIÃO. 1. A Universidade tem legitimidade para figurar no pólo passivo da demanda, ao argumento de que possuicompetência para proceder aos comandos de pagamento de salários e benefícios previdenciários de seus servidores, vistoser autarquia federal dotada de personalidade jurídica própria distinta da União Federal. 2. Esta Corte sedimentouentendimento no sentido da impossibilidade de se descontar, diretamente, na folha de pagamentos do servidor público, sema sua autorização, a contribuição previdenciária incidente sobre a Gratificação da Atividade Executiva - GAE não recolhidana época própria, devendo a cobrança ser efetuada de acordo com as regras do direito tributário, assegurados ocontraditório e a ampla defesa. 3. Precedentes jurisprudenciais desta Corte: AgRESP 444.972-RS, desta relatoria, DJ de17.03.2003 RESP 365.210/RS, Relatora Ministra Eliana Calmon, DJ de 31.03.2003; RESP 438.525/RS, Relator MinistroJosé Delgado, DJ de 17.02.2003 e AgRg no RESP 412236/RS, Relator Ministra Denise Arruda, DJ de 08.11.2004. 4.

�Recurso especial da União provido. Recurso Especial da Universidade Federal de Santa Maria desprovido. (RESP200401743428, LUIZ FUX, STJ - PRIMEIRA TURMA, DJ DATA:18/05/2006 PG:00190.)Clara, portanto, a ilegitimidade passiva da União, em relação a ela deve ser extinto o feito sem resolução de mérito, naforma do art. 267, inciso VI, do Código de Processo Civil.Sem embargo, verifica-se que o dispositivo da sentença incorre em um dos vícios elencados pelo art. 460 do Código deProcesso Cível como causa eficiente de nulidade pontual, vez que para além da tutela inibitória pleiteada o magistradoproferiu sentença condenatória de um facere, portanto, fora dos contornos delineados pelo autor/recorrido (extra petita).Vale transcrever o pedido autoral, ipsis litteris:“Em face do exposto, requer o autor:DE INÍCIO, REQUER ORDEM “IN LIMINE” NO SENTIDO DE SE ABSTER A PARTE RÉ DE EFETIVAR QUALQUERDESCONTO DE VALORES DE SEUS VENCIMENTOS OU REMUNERAÇÃO COMO SERVIDOR PÚBLICO, ATÉ ASOLUÇÃO DA PRESENTE DEMANDA, SOB PENA DE MULTA DIÁRIA A SER FIXADA PELO JUÍZO;a declaração de inexistência de relação jurídica obrigacional de débito da importância referida para com as rés UFES ouUnião Federal, com efeito “ex tunc” da decisão, em razão dos fatos mencionados acuma;a confirmação da ordem “in limine” de abstenção de desconto de valores de remuneração da parte autora, com acondenação das rés em final de sentença nos pedidos mencionados; e

a CONCESSÃO DE TUTELA ANTECIPADA no sentido de ser a parte ré impedida de inscrever o nome do autor emquaisquer cadastros restritivos ou negativos, especialmente o CADIN, pelos motivos mencionados nestes autos sob penade multa diária.”

À vista do pedido acima realçado, carece de higidez o dispositivo da r. sentença, merecendo ser anulado pontualmente,vale dizer, sem prejuízo da fundamentação que o antecede. Em substituição, e na esteira, mutatis mutandis, das

� �disposições do art. 515, § 3º, do Código de Processo Civil e da jurisprudência do Superior tribunal de Justiça , leia-se:“Isso posto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO. Declaro a inexistência de relação jurídica obrigacional de débito daimportância de R$ 2.542,48 (dois mil, quinhentos e quarenta e dois reais e quarenta e oito centavos) para com aUniversidade Federal do Espírito Santo – UFES, auferida a título de “pagamentos parametrizados de vantagens judiciaisdecorrentes de plano econômico e reestruturação funcional. Condeno a UFES na obrigação de não fazer, consistente naabstenção de efetivar qualquer desconto a esse mesmo título.Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para julgar extinto o processo sem resolução de mérito emrelação à União, na forma do art. 267, inciso VI, do Código de Processo Civil, e adequar o dispositivo da sentença,consoante o item nº 10, acima transcrito.Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo emvista o disposto no art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo dar provimento ao recurso, na forma da ementa que fica fazendoparte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

85 - 0010952-81.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.010952-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x MAURA PEREIRA DE SOUZA (ADVOGADO: PAULA ALMEIDA RAMOS.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE – PRESENÇA DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA ACONCESSÃO DO BENEFÍCIO – PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO – IRRELEVÂNCIA – ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº10.666/2003 - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 75/78, que julgou procedente o pedidode aposentadoria por idade da autora. Em suas razões recursais, a autarquia alega que a autora recolheu contribuições ematraso após ter perdido a qualidade de segurada, pelo que não poderiam tais contribuições ter sido consideradas para efeitode carência.

2. A concessão do benefício de aposentadoria por idade pressupõe o preenchimento de certos requisitos, quais sejam: ocumprimento do período de carência necessário, exigido na própria Lei n° 8.213/91 e ainda que o segura do tenha 65 anosde idade se for do sexo masculino e 60, se do sexo feminino.

3. Verifica-se que a recorrida nasceu em 20/12/1944 (fl. 09), portanto, completou 60 anos em 20/12/2004. Requereu obenefício previdenciário em 26/01/2005 (fl. 11). Como ingressou na Previdência Social antes de 24 de julho de 1991, faz jusà aplicação da tabela progressiva do art. 142 da Lei 8.213/91. De acordo com o artigo citado, a carência necessária é de138 contribuições, ou seja, 11 anos e 05 meses.

4. Conquanto a autora não tenha apresentado cópia de sua CTPS, o INSS não impugna as contribuições consideradas nasentença, comprovadas pelo CNIS.

5. Somados todos os vínculos empregatícios constantes do CNIS, acrescidos das contribuições individuais da parte autora,encontramos um total de 13 anos, 4 meses e 7 dias de tempo de contribuição, ou seja, superior à carência exigida pelo art.

142 da Lei nº. 8.213/91, como podemos depreender da tabela que segue:

NºCOMUM

Data InicialData FinalTotal DiasAnosMesesDias

11/6/198531/12/19922.771773

21/5/199530/4/1996396111

31/7/199631/7/20001.492412

41/4/200331/10/2003214-71

Total4.8731347

6. A autora contribuiu de 01/06/1985 a 31/12/1992. Contribuiu em atraso no período de dezembro/1993 a abril/1995. Oprimeiro recolhimento sem atraso refere-se a maio de 1995, não devendo ser considerados para efeito de carência operíodo de dezembro/1993 a abril/1995, por força do disposto no art. 27, II, da Lei nº 8.213/91.

7. A teor do art. 3º, § 1º, da Lei nº 10.666/2003, na hipótese de aposentadoria por idade, a perda da qualidade de seguradonão será considerada para a concessão desse benefício, desde que o segurado conte com, no mínimo, o tempo decontribuição correspondente ao exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício.

8. Enunciado 14 desta Turma Recursal do Espírito Santo: Para concessão de aposentadoria por idade, não é necessárioque os requisitos legais sejam preenchidos simultaneamente. É irrelevante que, quando do alcance da idade, já tenha osegurado perdido essa qualidade.

9. Assim, resta incontroverso que, à data do requerimento administrativo (26/01/2005), a recorrida já havia cumprido osrequisitos para o benefício de aposentadoria por idade, pois já contava com 60 anos de idade e cumpriu a carêncianecessária para percepção da prestação, tendo recolhido mais de 138 contribuições.

10. Considerando que a sentença determinou o cumprimento da obrigação de fazer nela determinada (conceder aaposentadoria por idade à autora) apenas após o trânsito em julgado, não tendo o INSS implementado o benefício até aintimação do despacho de fl. 102, como se depreende dos embargos de declaração de fls. 103/108, CONCEDO AANTECIPAÇÃO DA TUTELA, ressaltando que o INSS já deu início às providências necessária à implementação (fl. 111).

11. Recurso inominado conhecido e improvido. Sentença mantida. Embargos de declaração prejudicados.

11. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% do valor dacondenação, nos termos do art. 55 da Lei nº. 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO DO INSS eNÃO CONHECER DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar opresente julgado.

86 - 0000696-05.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000696-2/01) M.F.S. DE OLIVEIRA PRESENTES E DECORAÇÕES - ME(ADVOGADO: LUIZ ANTONIO TARDIN RODRIGUES.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: LEONARDOJUNHO GARCIA.).EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL – DANO MORAL – DEVOLUÇÃO INDEVIDA DE CHEQUE – SALDO INSUFICIENTE –ANTERIOR PAGAMENTO DE CHEQUE FRAUDULENTO - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto por M.F.S. DE OLIVEIRA PRESENTES E DECORAÇÕES - ME em face da sentença defls. 61/64, que julgou improcedente o pedido de indenização por dano moral em virtude de pagamento de cheque clonado,com assinatura falsificada. A sentença considerou que a falsificação da assinatura não foi grosseira, bem como que o danomoral não restou configurado. Alega a recorrente a discrepância entre a assinatura aposta na cártula e a constante na fichade autógrafos de sua representante legal, bem como entre o papel usado na impressão da cártula falsificada e o usado pelobanco. Sustenta que os prestadores de serviços respondem objetivamente pelos danos causados aos consumidores. Pedea reforma da sentença e a procedência do pedido. A CEF apresentou contrarrazões, alegando a inaplicabilidade, ao caso,do Código de Defesa do Consumidor, bem como que não foi demonstrada existência do dano, não sendo indenizáveis osdanos hipotéticos.Pela análise dos documentos constantes dos autos, verifica-se a seguinte cronologia dos fatos: no dia 16/04/2009, foidescontado o cheque nº 00215, falsificado; em 08/05/2009, foi devolvido o cheque nº 900057, por insuficiência de fundos;em 18/05/2009, foi estornado o valor do cheque falsificado. O Boletim de Ocorrência indica a data de 16/04/2009 como datado fato e não como data do boletim, que está datado de 15/04/2009, por evidente equívoco, pois não poderia ter sidolavrado em data anterior à do fato.A sentença considerou que a devolução do cheque nº 900057 foi, em parte, causado pela própria autora, que teriapermanecido inerte e somente cientificado a CEF quase 30 dias após o pagamento indevido do cheque falsificado. Sintetizaque: i) a autora tomou conhecimento de que houve clonagem de uma folha de cheque e de que esta foi indevidamentedescontada de sua conta; ii) a autora, no mesmo dia, registrou queixa policial; iii) a autora, ciente da ausência de fundosem sua conta, manteve contato com seus fornecedores para que não apresentassem os cheques que havia passado; iv) aautora só apresentou reclamação à CEF mais que um mês após a ciência do fato, e após a devolução de um de seuscheques; v) a cártula clonada não apresentava falsificação grosseria, tendo potencial de ludibriar o homem médio; e vi) aCEF, no mesmo dia em que provocada, ressarciu o prejuízo material sofrido pela autora com o desconto do chequeclonado.4. Houve equívoco na sentença, que considerou a data do fato mencionada no boletim de ocorrência como sendo a data desua lavratura. O equívoco foi induzido pelo erro na data do boletim, que parece ter ocorrido no dia 15/05/2009 (e não15/04/2009). Nesse mesmo dia, 15/05/2009 (sexta-feira), a autora compareceu também à agência da Caixa EconômicaFederal, tanto que no dia útil seguinte, 18/05/2009 (segunda-feira), o valor foi estornado. Não prevalece, portanto, aconclusão da sentença no sentido de que a devolução do cheque era um fato perfeitamente previsível à autora, a qual,quando soube da clonagem da cártula, imediatamente registrou ocorrência policial, porém, inexplicavelmente, não adotou amesma providência em relação à CEF, que só foi provocada após a consumação da devolução de um cheque passado pelaautora.5. O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras, conforme a Súmula 297 do Superior Tribunalde Justiça. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADI nº 2591, movida pelaCONFEDERAÇÃO NACIONAL DO SISTEMA FINANCEIRO - CONSIF, considerou constitucional a aplicação do Código deDefesa do Consumidor aos contratos bancários. Nesse julgamento, restou assente que "Consumidor", para os efeitos doCódigo de Defesa do Consumidor, é toda pessoa física ou jurídica que utiliza, como destinatário final, atividade bancária,financeira e de crédito, bem como que o preceito veiculado pelo art. 3º, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor deve serinterpretado em coerência com a Constituição, o que importa em que o custo das operações ativas e a remuneração dasoperações passivas praticadas por instituições financeiras na exploração da intermediação de dinheiro na economiaestejam excluídas da sua abrangência. No presente caso, não se configura a exceção reconhecida pelo STF, pelo que seaplica o Código de Defesa do Consumidor, ao contrário do que sustenta a ré.6. No relacionamento com os clientes, a responsabilidade da instituição financeira é objetiva, somente podendo ser excluídapela demonstração de culpa exclusiva da vítima ou de terceiro, de acordo com o art. 14, do Código de Defesa do

Consumidor, pelo que cabível a indenização, conquanto não tenha havido falsificação grosseira.7. Pelo que se depreende dos extratos bancários da conta da autora, constantes às fls. 24 e 42/47, referentes aos mesesde abril a agosto de 2009, trata-se de conta bastante controlada, que somente permaneceu em débito no período posteriorao desconto do cheque falsificado (a partir de 05/05/2009), fato que ensejou a devolução de cheque de um fornecedor, em08/05/2009, quando ultrapassado o limite do cheque azul. Percebe-se que, não fosse o pagamento do cheque falsificado,haveria saldo suficiente para o pagamento do cheque que restou devolvido.8. Não obstante a CEF tenha ressarcido a autora do valor do cheque e dos demais débitos decorrentes do conseqüentesaldo negativo, efetuando a recomposição da conta, conforme documento de fl. 48, tal fato poderia descaracterizar o danomaterial, mas não o dano moral, que constitui a causa de pedir.9. O dano moral é indiscutível, tendo em vista que a devolução do cheque comprometeu a imagem da autora perante o seufornecedor. Aplicável a Súmula 388 do STJ, segundo a qual a simples devolução indevida de cheque caracteriza danomoral.10. Fixa-se a indenização pelo dano moral em valor razoável para compensar o constrangimento, que entendocorresponder, no presente caso, ao equivalente a 10 (dez) salários mínimos. Ressalte-se que, a teor da Súmula 326 doSTJ, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca.11. Pelo exposto, conheço do recurso e dou-lhe provimento para reformar a sentença e julgar procedente o pedido,condenando a CEF a pagar à autora, a título de danos morais, a quantia de R$ 6.220,00 (seis mil, duzentos e vinte reais),acrescida de juros de mora de 1% ao mês, a partir de 08/05/2009 (data da devolução do cheque), conforme art. 406 doCódigo Civil e Súmula 54 do STJ, até a data do acórdão, a partir de quando deverá incidir a taxa SELIC (que inclui juros ecorreção monetária), tendo em vista o disposto na Súmula 362 do STJ. Custas ex lege. Sem condenação em honorários.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, DAR PROVIMENTO AO RECURSO e JULGAR PROCEDENTE OPEDIDO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

87 - 0001992-02.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001992-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x AUGUSTA MACHADO MORAES (ADVOGADO: SIRO DA COSTA.).Processo nº 2008.50.51.001992-0/01 - 1ª VF CACHOEIRORecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRecorrido : AUGUSTA MACHADO MORAESRelator : Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE – REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS- RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente, que não foramapresentados pela autora documentos suficientemente hábeis a comprovar o período de atividade rural referido na inicial.Alega, ainda, que o marido da recorrida trabalhava de motorista, e por este motivo ela recebe pensão por morte, a qualpassou a ser o seu sustento. Por fim, sustenta que a autora não é segurada especial, uma vez que exercia a atividade decostureira. Requer, portanto, que sejam julgados totalmente improcedentes os pedidos iniciais. As contrarrazõesencontram-se nas fls. 57-59.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/91), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/91.

A parte autora nasceu em 08/11/1935 (fl. 07), estando atualmente com 77 (setenta e sete) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 24/06/2007 (fl. 08), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o efetivo exercício de atividade rural pela parte autora. A autora completou 60 anos no ano de 1995, devendocomprovar atividade rural pelo período de 78 meses, conforme art. 142 da Lei nº 8.213/91.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos: a) Certidão de casamento, datada de 1959, em que consta a profissão do marido da autora como lavrador (fl.12); b) Documentos relativos ao imóvel do marido da autora, adquirido em 05/10/1984 (fls. 16/21).

Não procede a afirmação do recorrente no sentido de que a autora exercia atividade de costureira. A autora mencionou, emseu depoimento, que quando os filhos eram pequenos, trabalhava pouco na roça, pois tinha que cuidar das crianças ecosturava muito nessa época. Aduziu, contudo, que, depois que adquiriram o terreno - o que se deu em 1984, conformedocumentos de fls. 18/21 -, passou a trabalhar na lavoura de café, o que faz até hoje, conforme confirmado pelastestemunhas.

Desde 1986, a autora recebe pensão por morte do marido, que era autônomo, carroceiro – e não motorista -, no valor de

um salário mínimo, o que não afasta a qualidade de segurada especial da autora, a teor do art. 11, § 9º, I, da Lei nº8.213/91 (com redação conferida pela Lei nº 11.718/2008).

Ressalte-se que, conforme Súmula 14 da Tuma Nacional de Uniformização, “para a concessão de aposentadoria rural poridade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício”, peloque o início de prova material apresentado merece ser estendido ao período posterior, por força dos depoimentostestemunhais, todos coerentes e coesos.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.9. Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO,mantendo-se a sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Pablo Coelho Charles Gomes

Juiz Federal Relator

88 - 0000099-96.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000099-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x ORETILDES BENTO (ADVOGADO: JOSÉ LUCAS GOMESFERNANDES.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE GRAÇA – ART. 15, § 1º DA LEI Nº8.213/91 – INTERPRETAÇÃO DADA EM CONSONÂNCIA COM OS PRINCÍPIOS QUE REGEM O SISTEMAPREVIDENCIÁRIO – PERMITIDA A PRORROGAÇÃO POR MAIS 12 MESES – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO –SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 46/50, que julgou procedente o pedidoautoral de concessão do benefício de pensão por morte. Alega o recorrente, em suas razões recursais, que devem serafastadas todas as hipóteses de prorrogação da qualidade de segurado. Aduz que não se aplica ao caso a hipótese deprorrogação da qualidade de segurado prevista no § 1º, do art. 15, da Lei nº 8.213/91, visto que não houve o recolhimentode 120 (cento e vinte) contribuições ininterruptamente. Por tal motivo, requer a reforma da sentença. A parte autoraapresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

2. A concessão do benefício de pensão por morte pressupõe que o falecido, à época do óbito, estivesse vinculado àPrevidência Social na qualidade de segurado (arts. 10 e 11 da Lei nº 8.213/91), sendo tal requisito indispensável para que opostulante, que se encontra no conjunto de dependentes do segurado, faça jus ao benefício. Com exceção dos casosprevistos pelo art. 16, inciso I e parágrafo 4º dessa mesma lei, casos de presunção da dependência, esta deve serefetivamente comprovada.

3. O recurso do INSS discute apenas a qualidade de segurado do de cujus, motivo pelo qual afasto a controvérsia arespeito da qualidade de dependente da companheira, assunto que já foi devidamente fundamentado na sentença.

4. No caso específico da pensão por morte, deve-se considerar que os dependentes não possuem um direito próprio oupessoal em face da Previdência Social, já que a concessão do benefício está adstrita ao reconhecimento do direito dorespectivo titular, razão pela qual é indispensável a qualidade de segurado no momento do óbito, requisito cuja análise é ocerne da presente demanda.

5. O segurado que deixa de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social mantém essa qualidade até 12meses depois da cessação das contribuições. A perda da qualidade de segurado ocorre no dia seguinte ao do término doprazo fixado para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final do prazo estipuladopelo inciso II, do art. 15, da Lei nº 8.213/91.

6. Além disso, conforme o § 1º, do art. 15, da Lei nº 8.213/91, o período de graça pode ser prorrogado por mais 12 meses,se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda daqualidade de segurado. Ademais, há a possibilidade de acrescer mais 12 (doze) meses para o segurado desempregado,desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social (§ 2º,do art. 15, da Lei nº 8.213/91).

7. In casu, a morte do segurado deu-se em 09/11/2009 (fl. 10), quando este tinha 58 anos de idade. De acordo com o

extrato do CNIS de fl. 35, o segurado, em toda a sua vida laboral recolheu mais de 15 anos de contribuições.

NºCOMUM

Data InicialData FinalTotal DiasAnosMesesDias

11/7/197530/9/197645013-

2 7/2/19773/5/197787-227

38/1/197911/6/19852.314654

417/6/198516/1/1986210-7-

521/2/198610/9/19901.6404620

61/2/199230/12/1993690111-

716/4/200113/6/200158-128

81/11/200715/1/200875-215

Total5.5241544

8. O último vínculo do segurado encerrou-se em 15/01/2008. Nesse momento, ele já havia recolhido 184 contribuições. Ojuiz a quo entendeu pela prorrogação do período de graça, visto que o segurado havia recolhido mais de 120 contribuiçõese estaria amparado pelo art. 15, § 1º da Lei nº 8.213/91. Ademais, alertou que a prorrogação também poderia ocorrer pelodesemprego, já que desde 15/01/2008 o segurado não trabalhava (art. 15, § 2º, Lei nº 8.213/91).

9. Quanto à prorrogação do art. 15, § 1º da Lei nº 8.213/91, entendo que a questão ainda é controversa em nossosTribunais. Porém, filio-me à corrente adotada pelo magistrado sentenciante que entendeu ser possível tal prorrogação.Apesar de o referido parágrafo ser expresso ao dispor que as 120 contribuições mensais devem ocorrer sem que hajainterrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado, entendo que tal dispositivo deve ser interpretado à luz dosprincípios que regem o sistema atuarial previdenciário.

10. Se o intuito do legislador foi exatamente proteger o segurado que havia recolhido mais de 120 (cento e vinte)contribuições, e prestigiá-lo pela permanência no Regime, seria um contrassenso reconhecer de forma diferente naaplicação da lei. Ademais, por mais que, in casu, o segurado tenha se afastado do RGPS por períodos superiores a um ano(como entre 30/12/1993 a 16/04/2001), o INSS não comprovou que ele já havia se utilizado do período estendido de graçapara a obtenção de outro benefício, como, por exemplo, auxílio-doença.

11. Assim, reafirmo o entendimento firmado na sentença para considerar que o pagamento de mais de 120 contribuiçõesmensais confere ao segurado o direito de extensão do prazo do período de graça previsto no art. 15, § 1º da Lei nº8.213/91, incorporando-se ao seu patrimônio jurídico. Tal garantia passa a ser direito adquirido do segurado, podendo serexercido a qualquer tempo, não havendo necessidade de novo pagamento de outras 120 contribuições mensais para terdireito a nova extensão de prazo, sob pena de o afastamento do RGPS por mais de um ano tornar-se uma verdadeirapunição ao segurado.

12. Superado o argumento da prorrogação do período de graça nos termos do art. 15, § 1º da Lei nº 8.213/91, descabediscutir prorrogação pelo desemprego, visto que entre a data do óbito (09/11/2009) e a cessação do último vínculoempregatício (15/01/2008) passaram-se 21 meses. Porém, apenas a título de argumentação, insta frisar que o seguradofaleceu em virtude de câncer de esôfago metastático e desnutrição, o que indica que havia incapacidade para o trabalho.

13. Diante de todo o exposto, não merece reforma a sentença de fls. 46/50. Recurso conhecido e improvido.

14. Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, que ora arbitro em 10%sobre o valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo em conhecer e NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

89 - 0003730-28.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003730-4/01) NEIDIMAR ESTEVAM VIEIRA (ADVOGADO: MARCELOCARVALHINHO VIEIRA, ESDRAS ELIOENAI PEDRO PIRES, antenor vinicius caversan vieira, MARIA DA CONCEICAOSARLO BORTOLINI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).E M E N T A

REVISÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA PROPORCIONAL NOS MOLDES ANTERIORES ÀEMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20 – PRIMEIRO REAJUSTE DO BENEFÍCIO DEVE SER PRO RATA – PREVISÃOLEGAL NO DECRETO Nº 3.048/99 – SEGUNDO REAJUSTE DEVE SER INTEGRAL – DUPLA INCIDÊNCIA DAPROPORCIONALIDADE NOS REAJUSTES OFENDE A PRESERVAÇÃO DO VALOR REAL DOS BENEFÍCIOS –RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma do voto e ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

90 - 0000240-24.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000240-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x MARIA CARDOSO GUIMARAES (ADVOGADO: MARILENAMIGNONE RIOS.).Processo nº. 0000240-24.2010.4.02.5051/01Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : MARIA CARDOSO GUIMARÃESRelator: Juiz Federal PABLO COELHO CHARLES GOMES

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI8.742/93 – RENDA INFERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO – MISERABILIDADE AUFERIDA - INCAPACIDADELABORATIVA PARCIAL – CONDIÇÕES MATERIAIS IMPOSSIBILITAM COMPLETAMENTE A RECORRIDA – EXCLUSÃODA RENDA DA APOSENTADORIA DA IRMÃ DA REQUERENTE, POR SER IDOSA E EQUIVALENTE A UM SALÁRIOMÍNIMO - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Cuida-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, ora recorrente, em virtude da sentença que julgou procedente opedido de concessão do benefício assistencial previsto na Lei º 8.742/93 (LOAS). Sustenta o recorrente, em suas razõesrecursais, que a irmã e o sobrinho da recorrida não poderiam ser excluídos para a verificação da renda familiar, já quemoram sob o mesmo teto. Alega, ainda, que não ficou comprovada a incapacidade capaz de ensejar a concessão dobenefício. Por fim, argumenta que deve ser analisado o dever recíproco de prestar alimentos entres os membros de umafamília e o caráter supletivo da Assistência Social. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o presente recuso,julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 113-115.

Nos moldes do art. 20 da Lei 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada é garantidono valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência ou ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos oumais que comprove não possuir meios de prover a própria subsistência e tampouco de tê-la provida por familiares. Paraefeitos de aplicação do citado dispositivo, considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vidaindependente e para o trabalho e, da mesma forma, considera-se incapaz de prover a manutenção o portador de deficiênciaou idoso a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

In casu, ambos os requisitos (condição de miserabilidade e incapacidade para o trabalho) são controvertidos.

Na análise pericial do juízo (fls. 61), a recorrida (61 anos) foi examinada e diagnosticada com retardo mental leve, que aincapacitam em definitivo para o exercício de suas atividades habituais de lavradora (quesito nº 05 e 06 – fls. 61). Ao examefísico apresentou-se apática, desorientada e calma.

Deveras, as enfermidades e deficiências da recorrida não a impedem de se alimentar e de se vestir sem necessidade deauxílio de outra pessoa, ou de andar desacompanhada, mas, por outro lado, com o peso de sua pouca instrução somado àexperiência profissional limitada, a incapacidade de exercício de atividade remuneratória, que a princípio foi analisada pelojusperito como total apenas para lavradora, mostra-se em verdade total para o exercício de qualquer labor, haja vista quematerialmente não se concebem oportunidades de trabalho nessa condição.

Nesse mesmo sentido, aresto jurisprudencial do TRF4:

“(...)2. A incapacidade para a vida independente (a) não exige que a pessoa possua uma vida vegetativa ou que sejaincapaz de locomover-se; (b) não significa incapacidade para as atividades básicas do ser humano, tais como alimentar-se,fazer a higiene vestir-se sozinho; (c) não impõe a incapacidade de expressar-se ou de comunicar-se; e (d) não pressupõedependência total de terceiros. Precedentes do STJ e desta Corte. 3. Ante tais considerações, a incapacidade para otrabalho e para a vida independente restou reconhecida pelas conclusões da perícia médica realizada em 07/08/2003 (...) (TRF4, AC 2001.70.04.000617-2/ PR, REL. Dês. Federal Celso Kipper, Quinta Turma, j. 25/09/2007, DE 05/10/2007).

Diante da jurisprudência iterativa dos tribunais – inclusive com a existência de diversas súmulas a respeito -, aAdvocacia-Geral da união editou súmula reconhecendo tal posicionamento. In verbis:

Súmula nº 30 AGU: A incapacidade para prover a própria subsistência por meio do trabalho é suficiente para acaracterização da incapacidade para a vida independente, conforme estabelecido no art. 203, V, da Constituição Federal, eart. 20, II, da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993.

Parece certo que o legislador pretendeu oferecer à pessoa, em nome de sua dignidade, benefício que viesse a substituiruma renda que ele não possui condições físicas ou psíquicas de produzir com o seu trabalho, ainda que para as atividadesdo cotidiano tenha - minimamente - habilidade.

Quanto ao requisito sócio-econômico, observo que se encontra plenamente atendido. O relatório social, fls. 18-23, informaque a recorrida mora de favor em casa de familiares, ora reside com uma irmã (Sra. Ilda) ora reside com a outra irmã (Sra.Honória). Atualmente, encontra-se domiciliada na residência da Sra. Honória (irmã), 71 anos, junto com o sobrinho, 38anos; a esposa do sobrinho, 42 anos; e as filhas do sobrinho, de 1 ano e seis meses e de 11 anos. A casa é de alvenaria,com telhado de amianto com cobertura interna de madeira e piso de cerâmica, possui médio estado de conservaçãonecessitando de pintura e com médias condições de higiene e limpeza. A renda familiar é de R$ 2.010,00 (dois mil e dezreais), provenientes da aposentadoria da irmã da recorrida e da renda mensal média do sobrinho.

Para os fins de concessão do benefício assistencial, o sobrinho da recorrida não compõe o grupo familiar, ainda que residasob o mesmo teto da recorrida. Portanto, a exclusão da renda do sobrinho é incontroversa, à luz do disposto no § 1º do art.20 da Lei nº 8.742/93).

A renda da irmã da autora também não deve ser computada. Eis as razões:É certo que, com o advento da nova redação que a Lei nº 12.435/11 deu ao § 1º do artigo 20 da Lei 8.742/93, o irmãosolteiro que viva sob o mesmo teto integra o conceito de família.Contudo, a irmã da requerente é pessoa idosa (71 anos) que recebe aposentadoria de um salário mínimo (cf. fl. 19, item2.2).O art. 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquermembro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita. Deve ser adotada umainterpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso possibilitando a desconsideração debenefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por outros membros da família dointeressado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento contrário, de prevalecer a interpretação literal nosentido de que somente o benefício assistencial pode ser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS,engendraria uma situação absolutamente paradoxal, haja vista que aquele que nunca contribuiu para a Previdência Social erecebe o benefício assistencial tem seu valor excluído para fins de percepção do mesmo benefício por outro idoso dafamília, ao passo que aquele que contribuiu para o INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, nãoteria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limites darazoabilidade.Tal entendimento está em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A rendamensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a pessoa com mais de 65 anos de idade nãodeve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica deda Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim daJustiça Federal, 06/04/2009, pág 03 - anexo)”.Em conclusão: a renda da irmã da requerente também não deve ser computada.

Com a desconsideração do valor auferido pelo sobrinho e pela irmã, a renda familiar passa a ser nula, fato que atrai odeferimento do benefício assistencial pleiteado.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo Juízo “a quo”.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da lei. Condenação do recorrente em honorários advocatícios arbitrados em 10% (dez por cento)sobre o valor da condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

91 - 0000425-27.2008.4.02.5053/01 (2008.50.53.000425-8/01) REGINALDO COSTA BARROS (ADVOGADO: ANA PAULADOS SANTOS GAMA, CONCEIÇÃO MANTOVANNI SEIBERT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.) x OS MESMOS.E M E N T A

RECURSO INOMINADO DO AUTOR – RECURSO ADESIVO DO INSS - ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DEPRESTAÇÃO CONTINUADA – RENDA PER CAPITA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO – NÃO CABE RECURSOADESIVO EM JUIZADO ESPECIAL FEDERAL – RECURSO ADESIVO DO INSS NÃO CONHECIDO – RECURSOINOMINADO DO AUTOR IMPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto por REGINALDO COSTA BARROS, e de recurso inominado adesivo,

interposto pelo INSS; insurgem-se as partes contra a sentença (fls. 51/56) que julgou procedente o pedido, condenando aautarquia a conceder o benefício de prestação continuada com DIB em 18/03/2010 (data da perícia social). Em seu recurso,a parte autora alega que a DIB fixada pelo Juízo a quo não condiz com a realidade dos fatos e que a mesma deve seralterada para a data de 17/11/2005 (data do indeferimento administrativo, fl. 05). O INSS alega que a parte não faz jus aobenefício requerido já que não se enquadra nos requisitos necessários para sua concessão. Aduz a autarquia ré, que a mãeda parte autora recebe pensão por morte no valor de um salário mínimo, realiza faxinas que lhe resultam em uma quantiaaproximada de um salário mínimo e que, após o requerimento administrativo, trabalhou formalmente por quase 03 (três)anos. Foram apresentadas contrarrazões por ambas as partes.

2. Nos termos do art. 20 da lei n° 8.742/93, Lei Or gânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, da mesmaforma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal percapita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

3. Recurso inominado adesivo interposto pelo INSS: não conhecimento.3.1. O INSS foi intimado da sentença em 05/08/2010 e peticionou informando que cumprira a decisão antecipatória (fls. 56verso e 57). Em 02/02/2011 foi intimado para apresentar contrarrazões ao recurso inominado do autor (fl. 74 verso);somente então ingressou com recurso inominado, sob a modalidade adesiva (fl. 78).3.2. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (T.N.U.) reiteradamente afirmou que não seconhece de Recurso Adesivo em sede de Juizado Especial Federal, por falta de previsão legal, como se depreende dasementas lavradas nos Pedidos de Uniformização de Interpretação de Lei Federal n.º 200232007009114 (DJAM08/10/2002), n.º 200232007012544 (DJAM 28/11/2002), n.º 200232007009060 (DJAM 08/10/2002) e nº 200232007009056(DJAM 08/10/2002). Tal orientação se sedimentou por meio do Enunciado nº. 59 do FONAJEF (Fórum Nacional dosJuizados Especiais Federais), segundo o qual “Não cabe recurso adesivo nos Juizados Especiais Federais.”3.3. Em vista disto, o recurso adesivo do INSS não deve ser conhecido.

4. Recurso inominado interposto pelo autor.A DIB não deve ser retrocedida até 17/11/2005, quando foi indeferido o requerimento administrativo, como pretende oautor-recorrente. Como bem apontou a sentença, a data do início do benefício deve ser fixada na data da realização daperícia social, “... quando foi possível aferir, definitivamente, seu estado de miserabilidade,...” (fl. 55). Ademais, impõe-seregistrar que: (i) o autor reside na zona urbana de Linhares-ES de modo que, não obstante ser pessoa deficiente, não lheera difícil ingressar com a presente ação, visto que o referido município é sede de Vara Federal; (ii) não obstante, após oindeferimento administrativo, o autor aguardou quase três anos até ingressar com esta ação contra o INSS. Todo essecontexto está a indicar que a sentença adotou posicionamento racional ao fixar a DIB na data da realização da períciasocial.

5. Sentença mantida. Recurso do INSS não conhecido. Recurso do autor improvido.

6. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, NÃO CONHECER do recurso adesivo interposto pelo INSS; e NEGAR PROVIMENTOAO RECURSO DA PARTE AUTORA, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

92 - 0000398-13.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000398-5/01) MARCELO AMORIM SANTOS (ADVOGADO: ADENILSONVIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DEALMEIDA.).E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – RELATÓRIO SOCIAL – AUSÊNCIA DEINCAPACIDADE – LAUDO MÉDICO PERICIAL CONCLUSIVO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, MARCELO AMORIM SANTOS (29 anos de idade), em faceda sentença de fls. 64/66, que julgou improcedente o pedido de condenação do INSS à concessão do benefício deprestação continuada. Aduz o recorrente, em suas razões recursais, que o laudo de fl. 58 não fez qualquer referência sobreos laudos e exames particulares acostados aos autos, não descrevendo as características da doença/lesão que acomete orecorrente. Com isso, requer a anulação da decisão, e que seja deferido o pedido de fl. 59, para que seja designado novoperito para a realização de perícia médica. O INSS apresentou contrarrazões pugnando pela manutenção da sentença.

2. Nos termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, da mesma

forma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal percapita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

3. De acordo com o relatório social (fls. 14/18), o autor vive de favor em um cômodo, com alimentação e contas de luz eágua custeadas por um conhecido. A mãe e a irmã não residem com ele e não o auxiliam financeiramente. Os “bicos” comoautônomo são raros e não ultrapassam o valor de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais).

4. Ao se analisar o conjunto probatório nos autos, verifica-se que foi realizada perícia médica a fim de diagnosticar asmoléstias que acometem a parte autora. O laudo médico judicial (fls.53/55) concluiu que apesar de o recorrente serportador de anemia falciforme, o mesmo não apresenta incapacidade para as atividades laborativas.

5. O autor requereu que o perito completasse as resposta dos quesitos 10 (do Juízo) e 4 (do INSS) (fl. 57). O peritocompletou as respostas e as apresentou em juízo (fl. 58). O recorrente novamente questionou as respostas do peritoquanto aos quesitos 10 e 4, requerendo, assim, que fosse designado um novo perito para a realização de nova períciamédica (fl. 59). Nesse caso, o requerimento não merece amparo, tendo em vista que os instrumentos que instruem osautos foram reputados suficientes para a formação de convencimento por este juízo.

6. Vale ressaltar, quanto aos laudos particulares apresentados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do EspíritoSanto: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

7. Dessa forma, não é devido o benefício pleiteado por não estarem preenchidos os requisitos necessários à suaconcessão.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que o recorrente é beneficiário da assistência judiciáriagratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

93 - 0000601-78.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.000601-4/01) MARIA DA PENHA HEIDMANN (ADVOGADO: ANTONIOCARLOS BORLOTT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETOMONTEIRO ROTHEN.).Processo nº. 0000601-78.2009.4.02.5050/01Recorrente : MARIA DA PENHA HEIDMANNRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal PABLO COELHO CHARLES GOMES

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI8.742/93 – INCAPACIDADE PARA O TRABALHO E VIDA INDEPENDENTE NÃO VERIFICADAS – LAUDO PERICIALCATEGÓRICO QUANTO À AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE – INTERDIÇÃO JUDICIAL NÃO INIBE A CAPACIDADELABORATIVA - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão da sentença que julgou improcedenteo pedido de concessão do benefício assistencial previsto na Lei n. 8.742/93 (LOAS). Sustenta a recorrente, em suas razõesrecursais, que há nos autos laudos médicos que comprovam sua incapacidade para o labor e para os atos da vidacotidiana. Alega, ademais, que a sentença de interdição proferida pela Justiça Estadual reconheceu sua incapacidade paraos atos da vida civil, sendo vedado ao perito deste Juízo apresentar conclusão divergente. Dessa forma, requer sejaconhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls.115-116.Nos termos do art. 20 da Lei n.º 8.742/93 (LOAS), o benefício de prestação continuada é garantido, no valor de um saláriomínimo mensal, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própriamanutenção nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do referido dispositivo legal, considera-seportadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, de seu turno, considera-seincapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou do idoso a família com renda mensal per capita inferior a ¼do salário mínimo.In casu, o ponto controvertido cinge-se à aferição da incapacidade da recorrente para a vida independente e para otrabalho.Na análise pericial do juízo (fls. 34-39), realizada por expert em psiquiatria, a recorrente (48 anos) não possui doençamental, não foram identificados quaisquer sintomas de alterações psíquicas, (quesito nº. 1, 3 – fls. 36) portanto não de háse falar em incapacidade laborativa.Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos

provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. Na hipótese emapreço, após minuciosa análise das provas da causa, e com base no livre convencimento, este Juízo entende que nãorestou preenchido o requisito atinente à incapacidade para a vida independente e para o trabalho, o que repele odeferimento do benefício pretendido.É necessário recapitular que a interdição não inibe a capacidade laborativa do interdito. A interdição é a desconstituição,total ou parcial, da capacidade negocial, todavia, trabalho não é negócio, mas direito social apto a ser exercido por aquelesque detenham as habilidades e qualificação exigidas para a função, mesmo que interditados judicialmente. O direito dapessoa deficiente, ainda que interditada, emana de valores que fundamentam o Estado democrático de Direito, tais como adignidade da pessoa humana (CF, inc. III do art. 1º) e os valores sociais do trabalho (CF, inc. IV do art. 1º), associados aosobjetivos da República, principalmente o de promover a todos sem preconceitos ou discriminação (CF, inc. IV do art. 3º).Importa destacar ainda o Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária doEspírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzidopelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há deprevalecer sobre o particular”.Por derradeiro, na hipótese vertente, as condições pessoais da recorrente (idade, condição social, grau de instrução, etc.),em cotejo com os demais elementos de prova dos autos, não têm o condão de alterar a conclusão jurisdicional adotada.Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo Juízo “a quo”.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

94 - 0000659-78.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000659-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x ZEDYR LOPES DO CARMO (ADVOGADO: SERGIO DE LIMAFREITAS JUNIOR.).Processo nº. 0000659-78.2009.4.02.5051/01Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : ZEDYR LOPES DO CARMORelator: Juiz Federal PABLO COELHO CHARLES GOMESE M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – RENDA MENSAL PER CAPITASUPERIOR AO LIMITE LEGAL – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO ESTATUTO DOIDOSO – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.

Cuida-se de recurso inominado interposto pelo INSS em virtude da sentença que julgou procedente o pedido de concessãodo benefício assistencial previsto na Lei n. 8.742/93 (LOAS). Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a parteautora (deficiente) não preenche os requisitos legais para a concessão do beneficio, tendo em vista que o benefícioprevidenciário recebido pela mãe do recorrido, no valor de um salário mínimo, não pode ser excluído do cômputo da rendafamiliar, cuja renda per capita é superior a ¼ do salário mínimo. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o presenterecurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 94-101.

Nos moldes do art. 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, da mesmaforma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal percapita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

A condição de incapacidade do recorrido é fato incontroverso nos autos. Quanto ao requisito atinente à miserabilidade, orelatório social (fls. 47-48) atesta que o grupo familiar é composto por duas pessoas (mãe e recorrido). A família reside emcasa própria, com dois quartos, uma sala, uma cozinha e um banheiro, com piso de cimento e cobertura de laje. A casa éequipada com móveis simples e bem desgastada, entre eles um freezer que é utilizado como geladeira. Possui energiaelétrica e rede de esgoto. A renda familiar é de R$ 415,00 (quatrocentos e quinze reais), proveniente exclusivamente da

aposentadoria da mãe do recorrido.

Assim, considerando o montante da renda auferida pela família (R$ 415,00) e que o grupo familiar é constituído, emverdade, por duas pessoas, a renda per capita normalmente não seria inferior a ¼ do salário mínimo.

Não obstante, o valor da aposentadoria recebido pela mãe do recorrido não deve ser computado para efeito de cálculo darenda familiar per capita. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso),segundo o qual o benefício de prestação continuada já concedido a qualquer membro da família, que seja idoso e tenhapelo menos 65 anos de idade, não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere aLOAS. Na data do cancelamento do benefício assistencial, a mãe do recorrido já havia completado 65 anos.

A situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o benefícioassistencial de prestação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a aposentadoriacom renda mínima recebida por membro da família com essa idade também não deve ser computada para os fins da rendafamiliar per capita.

O art. 203, V, da Constituição Federal dispõe que cabe à lei definir os critérios para a concessão do benefício assistencialde amparo à pessoa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do estatuto doIdoso, a decisão judicial não está deixando de buscar na lei as diretrizes para identificação do beneficiário. Não se trata deaplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.

Com a desconsideração da renda proveniente da aposentadoria auferida pela mãe do recorrido - mesmo porque já veio aóbito, conforme noticiado nos autos após a prolação da sentença (fls. 92) -, a renda familiar passa a ser nula, fato que atraio deferimento do benefício assistencial pleiteado.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo Juízo “a quo”.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

95 - 0002068-89.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002068-8/01) MARILZA DOS SANTOS (ADVOGADO: Valber CruzCereza.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.).Processo nº. 0002068-89.2009.4.02.5051/01Recorrente : MARILZA DOS SANTOSRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal PABLO COELHO CHARLES GOMES

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL – RECURSO INOMINADO – ASSISTÊNCIA SOCIAL - BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃOCONTINUADA – RENDA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO – MISERABILIDADE NÃO AUFERIDA - RECURSOCONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.Cuida-se de recurso inominado, interposto pela parte autora em virtude da sentença que julgou improcedente a pretensãode restabelecimento do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS). Sustenta o recorrente, em suas razõesrecursais, que o magistrado deveria seguir entendimento do STJ no sentido de aferir o critério de miserabilidade por outrosmeios além do previsto no §3º do art.20 da Lei nº 8.742/93. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o presenterecurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 66-69.

O Ministério Público Federal manifestou-se opinando pela improcedência do pedido (fls. 56-58), em razão de a rendafamiliar per capita ser superior ao limite legal.

Nos moldes do art. 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, da mesmaforma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per

capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

A condição de incapacidade da recorrente é fato incontroverso nos autos. Quanto ao requisito atinente à miserabilidade, orelatório social (fls. 28-33) atesta que o grupo familiar é composto por quatro pessoas (pai, 58 anos; mãe, 58 anos; avô, 92anos, e recorrente). A família reside em imóvel cedido, localizado em zona rural de difícil acesso em estrada de chão, compoço artesiano, luz elétrica e fossa; a residência encontra-se em médio estado de conservação, com médias condições dehigiene e limpeza, com móveis e equipamentos essenciais em média conservados. O pai da recorrente aufere renda nãofixa de R$ 1.500,00 (hum mil e quinhentos reais), proveniente da venda da produção leiteira, e sua mãe, a renda mensal deR$ 510,00 (quinhentos e dez reais) por aposentadoria. Ressalte-se que não há falar, no caso, em aplicação analógica doart. 34, § único, da Lei nº 10.741/2003, tendo em vista que a mãe da autora tem idade inferior a 65 anos.

Assim, considerando o montante da renda auferida pela família R$ 2.010,00 (dois mil e dez reais) e que o grupo familiar éconstituído por quatro pessoas, objetivamente não foi preenchido o requisito de renda inferior ao limite de ¼ do saláriomínimo.

A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.112.557/MG pelo rito dos recursos repetitivos,pacificou o entendimento de que o critério de aferição da renda mensal previsto no §3º do art.20 da Lei nº 8.742/93 deve serconsiderado apenas como uma limite mínimo de renda, sem descartar, porém, a possibilidade de o juiz levar emconsideração outros fatores referentes à situação econômico-financeira do beneficiário e que tenham o condão decomprovar a condição de miserabilidade da parte e de sua família. Assim, ainda que a renda familiar mensal seja superior a¼ do salário mínimo, é possível a aferição da condição de hipossuficiência econômica por outros meios. No presente caso,contudo, como se depreende do Laudo Técnico de visita domiciliar da Assistente Social (fls. 28/33), não há elementosoutros aptos a demonstrar a miserabilidade da autora.

É indispensável recordar, também, que não basta afirmar a existência de despesas extraordinárias, mas coligir aos autoselementos de prova que chancelem o alvitre de que os gastos familiares são insuficientes para o suprimento dasnecessidades vitais.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo Juízo “a quo”.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, considerando o deferimento do benefício daassistência judiciária gratuita no presente julgado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

96 - 0001517-12.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001517-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS.) x MARIA DA PENHA FLORINDO ROSA (ADVOGADO:Valber Cruz Cereza.).E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DOESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. O processo permaneceu sobrestado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil. Entretanto, o referidodispositivo de lei refere-se exclusivamente ao sobrestamento de recursos extraordinários. Assim sendo, não há óbice aojulgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.

2. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença (fls. 68/71) que julgou procedente o pedidoinicial de MARIA DA PENHA FLORINDO ROSA, condenando a autarquia à concessão do benefício assistencial à parteautora, desde a data do requerimento administrativo (23/04/2009). Alega o INSS, em suas razões recursais, que oentendimento do juízo a quo acerca do art. 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, em não contabilizar o benefícioprevidenciário para fins de cálculo da renda familiar per capita, seria uma inovação legislativa, e não uma interpretação

analógica, impossibilitando, portanto, sua aplicação pelo Poder Judiciário. Subsidiariamente, caso tal alegação não sejaacolhida, requer a autarquia federal que o início da data do benefício seja alterado para o dia da prolação da sentença,suscitando que o Instituto está limitado pela estrita legalidade no que tange à renda per capita da família.

3. Os requisitos do benefício pleiteado encontram-se no art. 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício seráconcedido à pessoa portadora de deficiência ou ao idoso que não possua meios de prover o próprio sustento e nem de tê-loprovido por sua família. O art. 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencialconcedido a qualquer membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.

4. A alegação do INSS de que o Juízo a quo invadiu seara do Poder Legislativo, não merece prosperar. O entendimentofirmado em sentença sustenta-se com base nas interpretações sistemática e teleológica, que são plenamente acolhidas noâmbito jurídico. Na técnica sistemática, cabe ao magistrado considerar aqueles dispositivos legais que se interrelacionam,analisando-os de forma conjunta, para que sejam inseridos da melhor forma possível no contexto jurídico. Já a técnicateleológica, permite ao magistrado analisar a finalidade social da lei, ou seja, a intenção que o legislador possuía aoelaborar a norma.

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único, do Estatuto doIdoso, possibilitando a desconsideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidospor outros membros da família do interessado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento contrário,defendido pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefícioassistencial pode ser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situaçãoabsolutamente paradoxal, haja vista que aquele que nunca contribuiu para a Previdência Social e recebe o benefícioassistencial tem seu valor excluído para fins de percepção do mesmo benefício por outro idoso da família, ao passo queaquele que contribuiu para o INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade.Essa situação, além de violar o princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limites da razoabilidade. A dignidadeda pessoa humana não pode ser ferida por mera interpretação literal, podendo, assim, o poder judiciário realizarinterpretações teleológicas e sistemáticas do ordenamento jurídico.

6. Tal entendimento está em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A rendamensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a pessoa com mais de 65 anos de idade nãodeve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica daAssistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim daJustiça Federal, 06/04/2009, pág. 03 - anexo)”. É possível, ainda, verificar tal entendimento na jurisprudência mais recente:

“O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capitadesprestigia o segurado que contribuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,na medida em que este tem de compartilhar esse valor com seu grupo familiar. 4. Em respeito aos princípios da igualdade eda razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita qualquer benefício de valor mínimo recebido pormaior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário, aplicando-se, analogicamente, o disposto noparágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso. (5ª Turma Recursal – TRSP: Processo 00161457720074036302 –02/03/2012)”

7. O parecer socioeconômico (fls. 20/23) constatou que a única fonte de renda da família, composta pela recorrida (75 anosde idade) e seu marido (82 anos de idade), é o benefício de aposentadoria por invalidez no valor de um salário mínimorecebido pelo esposo da recorrida (vide fls. 63/64). Deve-se, portanto, com base na interpretação sistemática, serdesconsiderada a aposentadoria do mesmo no cálculo da renda per capita. Resta, por conseguinte, preenchido o requisitoobjetivo para a concessão do benefício de amparo assistencial, visto que a renda per capita é nula.

8. No que concerne a alteração na data do início do benefício, cabe esclarecer que, de fato, a autarquia federal encontralimitação em utilizar os princípios gerais do direito, devendo atentar-se à estrita legalidade. Ocorre que o poder judiciárioexiste, justamente, para adequar a lei ao caso concreto, ou seja, conformar o sistema à constituição, utilizando-se,inclusive, da ponderação de princípios. Dito isso, o direito da autora não pode restar prejudicado por limitação legal impostaà autarquia federal. Ao verificar que a autora preenchia, no momento do requerimento administrativo, todos os requisitospara o auferimento do benefício assistencial, não há que se falar em alterar a data do início do benefício. Por todo exposto,não merecem guarida os argumentos apresentados no pedido recursal da autarquia previdenciária

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

10. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor dacondenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

97 - 0000392-40.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000392-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x NEIDE COSTA BRISSON.E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DOESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. O processo permaneceu sobrestado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil. Entretanto, o referidodispositivo de lei se refere exclusivamente ao sobrestamento de recursos extraordinários. Assim sendo, não há óbice aojulgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.2. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença (fls. 41/47) que julgou procedente o pedidoinicial, condenando a autarquia à concessão do benefício assistencial de prestação continuada à autora desde a data dorequerimento administrativo. Alega o INSS, em suas razões recursais, que não se verifica o requisito objetivo demiserabilidade da recorrida, pois não é devida a aplicação analógica do artigo 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, e,por isso, a renda da aposentadoria do esposo não deve ser excluída do cômputo da renda per capita da autora.3. Os requisitos do benefício pleiteado encontram-se no art. 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício seráconcedido à pessoa portadora de deficiência ou ao idoso e que não possuam meios de prover o próprio sustento e nem detê-la provida por sua família. A condição de idosa da autora é fato incontroverso nos autos (fl. 08).4. O art. 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquermembro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do Idosopossibilitando a desconsideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos poroutros membros da família do interessado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento contrário, defendidopela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício assistencial podeser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal,haja vista que aquele que nunca contribuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valorexcluído para fins de percepção do mesmo benefício por outro idoso da família, ao passo que aquele que contribuiu para oINSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar oprincípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limites da razoabilidade.6. Tal entendimento está em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A rendamensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a pessoa com mais de 65 anos de idade nãodeve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica deda Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim daJustiça Federal, 06/04/2009, pág 03 - anexo)”.7. O parecer socioeconômico (fls. 23/24) constatou que a única fonte de renda da família, composta pela autora e seumarido, é o benefício de aposentadoria por invalidez no valor de um salário mínimo recebido pelo esposo (72 anos) darecorrida (vide fl. 23 e INFBEN em anexo). Deve-se, portanto, ser desconsiderada a aposentadoria do mesmo no cálculo darenda per capita. Resta, por conseguinte, preenchido o requisito objetivo para a concessão do benefício de amparoassistencial.8. Destarte, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de prestação continuada.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor dacondenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

98 - 0000817-36.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000817-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x NELZIRA ALVES DE SOUZA (ADVOGADO: Aleksandro HonradoVieira, EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR.).Processo nº. 0000817-36.2009.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : NELZIRA ALVES DE SOUZA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL - TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente, emrazão de sentença que julgou procedente a pretensão de concessão de aposentadoria por idade rural. Em suas razões

recursais, sustenta a recorrente que não há nos autos início de prova suficientemente capaz de comprovar o tempo deatividade rural exigido por lei. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedidoaduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 193-197.

Em se tratando de aposentadoria por idade rural, o ordenamento jurídico exige tão-somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/1991.

A recorrida nasceu em 14.01.1953 (fl. 62) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 06.01.2009 (fl.57), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida.Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrida juntou aos autos: Certidão decasamento, ocorrido em 28.10.1978, constando a profissão do seu marido como lavrador (fl. 26); Contratos de parceriaagrícola (fls. 13-15 e 24-25) e Relatórios de agente de saúde (fls. 40-41).A certidão de casamento, contendo a qualificação profissional do marido como lavrador, extensiva à esposa, constitui iníciode prova material contemporânea à época dos fatos e tem sua validade probatória amparada pelo verbete nº 06 da Súmulada TNU. A prova testemunhal tem o condão de ampliar o início de prova material, abrangendo todo o período necessário àconcessão do benefício.Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A prova material trazida aos autos foi farta e constou às fls. 02/48 dos autos.

Além disso, o início de prova material foi corroborada pela prova testemunhal colhida em audiência, conforme CD-R deáudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da Parte Autora.

Em seu depoimento pessoal, a Parte Autora declarou que trabalha na roça; que capina, que pega café; que trabalha nasterras do Sr. José Davino; que toca 6000 pés de café para o patrão; que mora nas terras e que este serviço serve tambémpara pagar a casa onde mora; que o primeiro marido chamava-se Antonio Ribeiro, e mora com Sr. José Cardoso há 18anos; que sempre trabalhou na roça; que o marido com quem vive; que o marido atual nasceu 21/03/1947, que acorda 5h;que leva peneira, lona, saco; que começa a colheita em Maio; que colhe no período de sol; que colhe com a mão e o cafécai na lona; que põe o café para secar no terreiro ou no secador; que trabalha mais na colheita; que não planta nada,apenas café; que ganha 40% da venda; que colhe aproximadamente 60 sacas de café; que não se recorda do valor queganha, que o marido dela é aposentado da roça; que se aposentou em Alegre; que nunca recebeu nenhum benefício doINSS;

A primeira testemunha ouvida, Sr. JOSÉ DAVINO GOMES declarou que conhece a autora de Sta. Cruz, Ibatiba-ES; que aautora já trabalhou de 6 a 8 anos na terra da testemunha; que tocava de meia cerca de 2000 pés; que era a autora quemvendia as sacas de café na época; que a autora mora com o Sr. Zé Benvino; que começou a trabalhar há 15 anos atrás emsua propriedade;

A segunda testemunha ouvida, Sr. ARISTIDES PEREIRA DE ALMEIDA declarou que conhece a autora há cerca de 15anos; que a autora trabalhava para Tidine; que hoje a autora trabalha para o Sr. José Davino; que o Sr. José Cardososempre trabalhou na roça, que a autora sempre trabalhou na roça; que ao sair da casa onde mora ele vê a autora e seuatual marido trabalhando na roça.

Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado , ante o pleno convencimento da condição de trabalhadorrural ostentada pelo Autor.”

Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO,mantendo-se a sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

99 - 0002129-47.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002129-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x LIDETE FARIAS FIRMINO (ADVOGADO: SAMYR GOMES LIMA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE RURAL – SEGURADO ESPECIAL – PREENCHIMENTO DOSREQUISITOS – REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR - PRESENÇA DE PROVA MATERIAL E TESTEMUNHAL –SENTENÇA MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 68/70, que julgou procedente o pedidoinicial, condenando a autarquia previdenciária a conceder o benefício de aposentadoria rural por idade. Alega a autarquia,em suas razões recursais, que a recorrida, Lidete Farias Firmino, não apresentou prova material capaz de atestar o laborrural, em regime de economia familiar, durante o período de carência exigido em lei. Foram apresentadas contrarrazõespela parte autora, pugnando pela manutenção da sentença.2. A concessão da aposentadoria por idade rural exige que o demandante atenda aos requisitos legais dispostos pela Lei nº8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado especial, atender a carência e, ainda, ter o trabalhador rural 60anos completos, caso homem, e 55 anos, se mulher (art. 48, §1º).3. A autora nasceu em 05/12/1953. Atingiu o requisito “idade” em 05/12/2008. Deu entrada no requerimento administrativoem 20/01/2009 (fl. 14), tendo seu pedido negado pela não comprovação do efetivo exercício de atividade rural.Considerando o disposto no art. 142 da Lei nº 8.213/91, a autora teria que comprovar a qualidade de segurada especial peloperíodo de 168 meses.4. Ao se analisar o conjunto probatório, é possível verificar que a recorrida exerceu atividade rural em regime de economiafamiliar pela carência necessária. Neste sentido, estão as seguintes documentações: escritura pública declaratória de uniãoestável, da qual consta a profissão da autora e de seu companheiro como lavradores (fl. 13); cadastramento do contribuinteindividual da autora, da qual consta sua classificação como segurada especial (fl. 16); certidão de cadastro eleitoral daJustiça Eleitoral, na qual consta sua profissão como agricultora (fl. 17); declaração de exercícios de atividade rural expedidapelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mimoso do Sul (fl. 19/19v.); contratos de parceria agrícola (fls. 20/21, 27/27v.,34/35, 38/39, 42/43 e 45/46), todos com firma reconhecida na mesma época em que firmados; vários recibos de entrega dedeclaração e de informação, e atualização cadastral do ITR (fls. 22/26, 28/29, 31/32 e 37); certificado de cadastro de imóvelrural do INCRA (fls. 30, 41 e 47) e declaração de particular confirmando a atividade rural exercida pela parte autora (fl. 33).5. Como se depreende da sentença, em audiência, a recorrida prestou depoimento pessoal, alegando que sempre morouno Córrego da Onça em Mimoso do Sul-ES. Afirma que se mudou em dezembro de 2009 para o município de Muqui-ESpara tratamento de saúde do marido. Uns dois meses depois que se mudou pra Muqui-ES, começou a trabalhar em casade família. Antes de se mudar, foi colona de Nelson Bine, José Florindo, João Lino, Nilson e José Ravani. Quando erasolteira, morava com o pai e trabalhava na roça, em Malabá. Casou-se com José Firmino Filho e se separaram. Depoispassou a conviver com o Sr. Eloi Alves da Silva, há mais de vinte anos, se mudou e continuou trabalhando na roça. Ficoumais de vinte anos na região do Córrego da Onça. O marido está aposentado como trabalhador rural. Possui três filhos,duas casadas e um solteiro. Antes de trabalhar como colona do Sr. Nelson, trabalhou há muito tempo atrás na propriedadedo mesmo, nas épocas de “panha do café”. Consta, ainda, da sentença, que as testemunhas alegaram conhecer arecorrida há anos, confirmando o depoimento autoral que a recorrida sempre trabalhou na roça. A união estável declaradana escritura de fls. 13/13v. também foi confirmada no depoimento das testemunhas.6. Os contratos de parceria constantes dos autos abrangem o período de 05/2001 a 03/2012. O primeiro e o último delescontêm cláusulas específicas reconhecendo que a autora trabalhou na propriedade no período de 01/01/1988 a 31/09/1997,com contrato verbal e em regime de economia familiar. Essa última informação também restou corroborada pelastestemunhas, que afirmaram conhecer a autora há mais de vinte anos, sempre trabalhando na roça. Assim é que, mesmoconsiderando que a autora se mudou para a zona urbana em 12/2009, resta cumprido o período de carência exigido pelalei.7. Ressalte-se, por fim, que no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício (janeiro de 2009), a autoraestava exercendo atividade rural.8. Diante do exposto, verifica-se que foram preenchidos os requisitos para concessão da aposentadoria rural por idade àautora.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condenação do Recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% do valor dacondenação, nos termos do art. 55 da Lei nº. 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante nos autos e quepassa a integrar o presente julgado.

100 - 0000642-08.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000642-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x JOSE ENES CHRSTOVAO (ADVOGADO: SERGIO DE LIMA

FREITAS JUNIOR.).E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido e o condenou aconceder à parte autora aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que não há iníciode prova material apta a embasar o pleito autoral, considerando o art. 106 da Lei nº 8.213/91. Alega, ainda, que, nos termosda Súmula 34 da TNU, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos, e que os contratos de fls. 19 e20 somente podem ser considerados a partir do momento em que houve o reconhecimento de firma. Sustenta que, com arenda decorrente de função urbana, o trabalho rural dos membros da família deixa de ser indispensável à subsistência donúcleo familiar, descaracterizando o regime de economia familiar. Menciona que há informação de exercício de funçõesdiversas da atividade rural em regime de economia familiar de 02/08/1993 a 01/03/1997, período em que o autor trabalhavano corte de eucalipto, exercício de atividade urbana de 02/04/1979 a 30/08/1979, 01/01/1999 a 03/2001 e 05/01/1999 a06/08/1999, e ainda, recebimento de benefício na condição de comerciário, conforme documento de fl. 71. Pede aconcessão de efeito suspensivo ao recurso e a reforma da sentença com a improcedência do pedido. As contrarrazõesencontram-se nas fls. 78-83.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991). No presente caso, o autor não faz jus à observância da tabela do art. 142da Lei nº 8.213/1991, tendo em vista que não detinha a qualidade de segurado à época do advento da referida lei,devendo-se considerar o prazo de 180 meses.

O recorrido nasceu em 13.07.1947 (fl. 16) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 15.09.2009 (fl.52), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, o recorrido juntou aos autos: Conta de energiaelétrica, em nome do autor, no endereço rural de Apiacá (fl. 17); 02 Contratos de parceria agrícola, com prazo de 4 anoscada um, datados de 05/01/1994 e 06/01/1998, constando o autor como parceiro outorgado (fls. 19/19v. e 20/20v.);Declaração de exercício de atividade rural, datada em 21.09.2009, emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais deApiacá (fls. 21-22) e Certificado de Cadastro de Imóvel Rural, datado entre 2003 e 2005, em nome do recorrido (fl. 36).

Os referidos documentos constituem início de prova material do exercício de atividade rural, a teor do art. 106, II, da Lei nº8.213/91. Ressalte-se que ambos os contratos de parceria tiveram firma reconhecida no dia seguinte ao da respectivalavratura, tratando-se de início de prova contemporâneo à época dos fatos.

O contrato de trabalho com o Sr. Emerson de Deus Poubel, no período de 02/08/1993 a 01/03/1997 (cópia da CTPS à fl.41), menciona o cargo de “encarregado serviços”. O autor afirmou, em seu depoimento pessoal, conforme consta dasentença, que trabalhava ao mesmo tempo na propriedade do Sr. Emerson e na propriedade do Sr. Jasson GonçalvesCorreia (com quem firmou os contratos de parceria), onde morou no período de 1994 a 2002. O Sr. Jasson, inquirido comotestemunha, afirmou, segundo a sentença, que o autor trabalhava durante poucas horas por dia na propriedade do Sr.Emerson e continuava “tocando lavoura” em sua propriedade. De qualquer forma, ainda que se entenda não caracterizadaa economia familiar no período, os serviços foram prestados ao Sr. Emerson em propriedade rural, conforme consta daCTPS, o que demonstra a qualidade do autor de empregado rural nesse período, enquadrando-se, portanto, no art. 11, I, a,da Lei nº 8.213/91, e nessa qualidade também tem direito à redução da idade para aposentadoria, conforme art. 48, § 1º, daLei nº 8.213/91.

Quanto ao período de 02/03/1997 a 06/01/2002, inequívoca a qualidade de segurado especial conforme art. 11, VII, a, daLei nº 8.213/91.

Depois de 2002, o autor recebeu a herança do pai e passou a trabalhar em sua propriedade, conforme formal de partilha àfl. 24 e Certificado de Cadastro de Imóvel Rural, com emissão de 2003, 2004 e 2005, em nome do recorrido (fl. 36). Adeclaração de exercício de atividade rural pelo autor, emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Apiacá (fl. 21),menciona não só a atividade exercida nas terras do Sr. Jasson Gonçalves Correia, na qualidade de meeiro, no período de05/01/1994 a 06/01/2002, como também a exercida em sua propriedade, no período de 04/03/2002 até a data dadeclaração (21/09/2009). Conquanto tal declaração não tenha sido homologada pelo INSS, a prova testemunhal colhida emaudiência confirma o exercício de atividade rural pelo recorrido nesse período. Ademais, conforme a Súmula 14 da TNU,para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material, corresponda a todo operíodo equivalente à carência do benefício.

A teor dos depoimentos das testemunhas, resta configurado o regime de economia familiar desde 2002, sendo o laborrurícola indispensável à subsistência do autor e de sua família e exercido em condições de mútua dependência e

colaboração, sem a utilização de empregados permanentes (art. 11, VII, § 1º da Lei 8.213/91).

Destaque-se, ainda que, o exercício de atividade urbana intercalada não impede a concessão de benefício previdenciário detrabalhador rural, condição que deve ser analisada no caso concreto, a teor da Súmula 46 da TNU. No caso concreto, oexercício de atividades urbanas em pequenos períodos e os “bicos” efetuados pelo autor não descaracterizam o regime deeconomia familiar, mas apenas o confirmam, na medida em que visam complementar a renda, insuficiente para o sustentoda família.

Verifica-se, pois, que o autor cumpre o tempo necessário ao adimplemento da carência exigida, 180 meses, fazendo jus aobenefício de aposentadoria rural por idade.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,nos moldes do art. 20, §3º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

101 - 0000574-86.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000574-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x DARCY NUNES BARBOSA (ADVOGADO: WESLEY CORREACARVALHO.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE (RURAL) – ADEQUAÇÃO DO ACÓRDÃO – ENTENDIMENTO DATNU – EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO IMPLEMENTO DA IDADEOU DO REQUERIMENTO DO BENEFÍCIO – NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO – ATIVIDADE URBANA NOSÚLTIMOS 23 ANOS – SENTENÇA REFORMADA.

1. O INSS interpôs Pedido de Uniformização para Turma Nacional de Uniformização em face do acórdão de fls.89/90, que negou provimento ao recurso inominado por ele interposto, mantendo a sentença que julgou procedente opedido de aposentadoria rural por idade.2. Pela decisão de fls. 111/112, foi recebido o incidente de uniformização e determinado o encaminhamento dos autos aorelator do acórdão recorrido para adequação do julgado à tese jurídica firmada pela TNU.3. A jurisprudência dominante da TNU firmou-se no sentido de que, em se tratando de aposentadoria rural por idade, alémdos requisitos da idade e da “carência”, exige a lei a comprovação do exercício do labor rural no período imediatamenteanterior ao implemento da idade ou ao requerimento administrativo (arts. 39, I; 48, § 2º; e 143 da Lei nº 8.213/91), de modoa se preservar a especialidade do regime não-contributivo dos rurícolas, nos julgamentos dos PEDILEF nº200670510009431 e PEDILEF nº 200570950016044, cujos acórdãos têm as seguintes ementas:

I - PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE.II - CIDADÃO QUE, CONFORME A TABELA DO ART. 142 DA LEI Nº 8.213/91, TRABALHOU NO CAMPO PELO TEMPOEQUIVALENTE AO DA CARÊNCIA DA APOSENTADORIA NO ANO EM QUE COMPLETOU A IDADE MÍNIMA, MAS QUEJÁ ESTAVA AFASTADO DAS EFETIVAS LIDAS RURAIS E COM OFÍCIOS URBANOS HÁ TEMPOS ANTES DE ATINGIRA IDADE E DAR ENTRADA NO SEU REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO.III - DESNECESSIDADE DO CUMPRIMENTO SIMULTÂNEO DOS REQUISITOS CARÊNCIA E IDADE PARA O DIREITOA BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO, CONFORME PREVÊ O ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 10.666, DE 2003 E RECONHECE AJURISPRUDÊNCIA.IV - A APOSENTADORIA RURAL, PORÉM, TEM REQUISITO ADICIONAL ESPECÍFICO DE QUE DEVE SERCOMPROVADO O EFETIVO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL EM PERÍODO LOGO ANTECEDENTE AOREQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. EXIGÊNCIA ESTA REITERADA NOS ARTS. 39, INCISO I; 48, § 2º; E 143, TODOSDA LEI Nº 8.213, DE 1991.V - CONSOANTE JÁ ASSENTADO PELA TNU, “COMO SE EXTRAI DOS ARTIGOS 39, INCISO I; 48, § 2º; E 143, TODOSDA LEI Nº 8.213, DE 1991, PREOCUPOU-SE O LEGISLADOR (PROVA DISTO É A REITERAÇÃO DA EXIGÊNCIA EMTRÊS ARTIGOS DISTINTOS) EM CONDICIONAR A OUTORGA DE APOSENTADORIA ÀQUELES QUE COMPROVEMEXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURÍCOLA NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO. TEVE PORESCOPO, DESTARTE, AMPARAR AQUELES TRABALHADORES QUE ESTEJAM DE FATO À MARGEM DO MERCADOFORMAL DE TRABALHO E, MAIS ESPECIFICAMENTE, DO MERCADO URBANO. DESTINAM-SE AS NORMAS,

PORTANTO, ÀQUELES QUE LABUTAM SEM PERSPECTIVA DE LOGRAR UMA APOSENTADORIA DO REGIMECONTRIBUTIVO. (...) O ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 10.666, DE 2003 (“NA HIPÓTESE DE APOSENTADORIA PORIDADE, A PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO NÃO SERÁ CONSIDERADA PARA A CONCESSÃO DESSEBENEFÍCIO, DESDE QUE O SEGURADO CONTE COM, NO MÍNIMO, O TEMPO DE CONTRIBUIÇÃOCORRESPONDENTE AO EXIGIDO PARA EFEITO DE CARÊNCIA NA DATA DO REQUERIMENTO DO BENEFÍCIO”),COMO SE INFERE DE SEU PRÓPRIO TEOR – HÁ EXPRESSA REFERÊNCIA AO “TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO” – ESTÁA TRATAR DAS APOSENTADORIAS POR IDADE URBANAS, EIS QUE, NAS RURAIS, INEXISTEM CONTRIBUIÇÕESPOR PARTE DO SEGURADO ESPECIAL” (PEDILEF N° 2007.72 .95.004435-1 – REL. JUÍZA FEDERAL JOANACAROLINA LINS PEREIRA - J. EM 03/08/2009 - UNÂNIME).

�VI – PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO PARCIALMENTE CONHECIDO E DESPROVIDO. (PEDILEF 200670510009431, JUIZFEDERAL MANOEL ROLIM CAMPBELL PENNA, DJ 05/05/2010.)

PREVIDENCIÁRIO. RURÍCOLA. IMPLEMENTO DA IDADE POSTERIOR À SAÍDA DO CAMPO. APOSENTADORIA.EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO. REQUISITO.NÃO CUMPRIMENTO. ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 10.666, DE 2003. INAPLICABILIDADE.1. Pedido de Uniformização desafiado em face de acórdão da Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, a qualnegou provimento a incidente que buscava a concessão de aposentadoria por idade a trabalhadora rural que havia deixadoo campo três anos antes do implemento do requisito idade, tendo, ulteriormente, laborado com vínculo urbano. Negadotambém o pedido alternativo de aposentadoria por tempo de contribuição.2. Quanto à aposentadoria por tempo de contribuição, não aproveita à autora a alegada divergência entre o acórdãorecorrido e aquele proferido pelo Superior Tribunal de Justiça no EDcl no AgRg no REsp. nº 603550/RS, eis que o colendoSTJ, neste último, proclamou que, ¿Para que o segurado faça jus à aposentadoria por tempo de serviço computando operíodo de atividade agrícola sem contribuição, impõe-se que a carência tenha sido cumprida durante o tempo de trabalhourbano¿. No caso dos autos, a demandante conta com apenas 77 contribuições de vínculo urbano, as quais se afiguraminsuficientes, diante da exigência, arrimada no artigo 142 da Lei nº 8.213/1991, de 132 contribuições. Ausência de similitudefática (Questão de ordem nº 22 da TNU).3. Os precedentes da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça relativos à desnecessidade de implemento simultâneodos requisitos para concessão de uma aposentadoria por idade versam acerca da aposentadoria por idade de trabalhadorurbano, e não de trabalhador rural, como se infere da análise do EREsp. nº 502420/SC (rel. Min. José Arnaldo da Fonseca,julg. 11.05.2005, DJ 23.05.2005), bem assim do EREsp. nº 649496/SC (rel. Min. Hamilton Carvalhido, julg. 08.03.2006, DJ10.04.2006) e do EREsp. nº 551997/RS (rel. Min. Gilson Dipp, julg. 27.04.2005, DJ 11.05.2005).4. Como se extrai dos artigos 39, inciso I; 48, § 2º; e 143, todos da Lei nº 8.213, de 1991, preocupou-se o legislador (provadisto é a reiteração da exigência em três artigos distintos) em condicionar a outorga de aposentadoria àqueles quecomprovem exercício de atividade rurícola no período imediatamente anterior ao requerimento. Teve por escopo, destarte,amparar aqueles trabalhadores que estejam de fato à margem do mercado formal de trabalho e, mais especificamente, domercado urbano. Destinam-se as normas, portanto, àqueles que labutam sem perspectiva de lograr uma aposentadoria doregime contributivo.5. O artigo 3º, § 1º, da Lei nº 10.666, de 2003 (¿Na hipótese de aposentadoria por idade, a perda da qualidade de seguradonão será considerada para a concessão desse benefício, desde que o segurado conte com, no mínimo, o tempo decontribuição correspondente ao exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício¿), como se infere deseu próprio teor ¿ há expressa referência ao ¿tempo de contribuição¿ ¿ está a tratar das aposentadorias por idadeurbanas, eis que, nas rurais, inexistem contribuições por parte do segurado especial. 6. Pedido de uniformização conhecidoem parte e, nesta parte, improvido.(PEDILEF 200570950016044, JUÍZA FEDERAL JOANA CAROLINA LINS PEREIRA, TNU - Turma Nacional deUniformização, DJ 29/05/2009.)

4. No presente caso, conforme consta expressamente do acórdão de fls. 89/90, o autor vendeu o imóvel rural em24/01/1989 (fls. 24/25), iniciou trabalho urbano em 01/05/1991, mantendo-o até 30/11/1992 (fl. 16), tendo sido astestemunhas uníssonas ao afirmar que o recorrido atualmente não exerce o labor rural. O acórdão, em entendimentocontrário ao consolidado na TNU, considerou que “o benefício de aposentadoria por idade rural deve ser comparado com obenefício de aposentadoria por idade urbana, no qual, mesmo que o segurado deixe de contribuir por determinado período,não perde as contribuições já vertidas, precisando alcançar apenas a idade exigida pela lei”.5. No recurso inominado interposto em face da sentença de fls. 61/63, que julgou procedente o pedido de aposentadoriarural por idade, o INSS alega que o autor não comprovou todas as condições necessárias para a concessão daaposentadoria rural, razão pela qual pugna pela reforma da sentença.6. A concessão do benefício de aposentadoria por idade pressupõe o preenchimento dos seguintes requisitos: cumprimentodo período de carência necessário, exigido na própria Lei n° 8.213/91 e ainda que o segurado tenha 65 anos de idade, sefor do sexo masculino e 60, se for do sexo feminino. Esses limites etários são diminuídos em se tratando de trabalhadorrural, o qual perfaz tal requisito aos 60 anos se homem e 55, se mulher.7. No caso dos autos, o autor faria jus à redução da idade para aposentadoria, conforme art. 48, § 1º, da Lei nº 8.213/91, naqualidade de trabalhador rural, enquadrado na hipótese da alínea a do inciso I do art. 11 da mesma lei.10. A princípio, o autor parece acumular os requisitos impostos para a aposentadoria por idade (rural). Com efeito,verifica-se que o autor nasceu em 06/01/1943 (fl. 15), portanto, completou 65 anos em 2008, requerendo o benefícioprevidenciário na data de 10/12/2008 (fl. 13). A carência necessária, de acordo com a tabela do art. 142 da Lei nº 8.213/91,é de 162 meses, ou seja, 13 anos e 6 meses.8. O autor carreou aos autos uma cópia da carteira de trabalho como empregado rural, com admissão no dia 01/11/1994 (fl.16) sem constar qualquer data final, levando à conclusão de que o recorrido continuava laborando como empregado ruralaté a data do ajuizamento da ação. Como a CTPS goza de presunção iuris tantum de veracidade, perfazendo prova plena

do tempo de serviço, esta deve prevalecer até que haja prova inequívoca em contrário.10. Ocorre que o próprio autor afirma, em seu depoimento, que desde que se mudou da localidade de Tiradentes (SãoIsidoro), onde exercia atividade rural, para o Bairro São José, em Linhares, onde reside há 23 anos, está afastado da roça,tendo trabalhado como ambulante, vendedor de bala e fazendo “bicos”, como confirmado por duas das três testemunhas (aterceira diz não ter conhecimento das atuais atividades do autor). Resta, portanto, afastada a presunção de veracidade daCTPS carreada aos autos.11. Tendo em vista, ainda, o entendimento firmado pela TNU, acima referido, e comprovado nos autos não haver o autorexercido atividade rural nos 23 anos anteriores ao requerimento, há que ser adequado o acórdão e reformada a sentença.12. Dessa forma, com base no art. 543-B, § 3º do Código de Processo Civil, procedo à adequação do acórdão de fls. 89/90para dar provimento ao recurso inominado do INSS e reformar a sentença para julgar improcedente o pedido.10. Custas ex lege. Sem condenação em honorários.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, ADEQUAR O ACÓRDÃO DE FLS. 89/90 EDAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO DO INSS, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendoparte integrante do presente julgado.

102 - 0001909-49.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001909-1/01) MARGARIDA TOLEDO DA SILVA (ADVOGADO:CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA, ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – RURAL – APOSENTADORIA POR IDADE – QUALIDADE DE SEGURADA ESPECIAL NÃOPREENCHIDA – CÔNJUGE TRABALHADOR URBANO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, MARGARIDA TOLEDO DA SILVA (64 anos de idade), emface da sentença de fls. 58/60, que julgou improcedente o seu pedido de concessão de aposentadoria por idade rural. Alegaa recorrente, em suas razões recursais, que sempre trabalhou na roça e que as provas constantes nos autos comprovam oefetivo labor rural, sendo que os requisitos para a concessão do benefício de aposentadoria rural por idade encontram-sedevidamente preenchidos. Assim, requer a reforma da sentença. O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pelamanutenção da sentença.

2. A aposentadoria rural por idade será devida quando houver a implementação de certos requisitos, quais sejam: idade (60anos para homens e 55 anos para mulheres) e exercício de atividade rural em regime de economia familiar pelo períodoexigido em lei, conforme disposições da Lei nº 8.213/91.

3. A autora nasceu em 28/12/1947. Completou o requisito idade em 28/12/2002. Protocolou o requerimento administrativoem 08/03/2008, sendo que o mesmo foi indeferido em razão da não comprovação do efetivo exercício de atividade rural (fl.20)

4. A autora apresentou os seguintes documentos: certidão de casamento, datada de 26/09/1968, em que consta a profissãodo marido como lavrador (fl. 22); certidão de nascimento da filha, datada de 18/06/1965, em que consta o marido comolavrador (fl. 23); escritura de compra e venda, datada de 07/02/1983 (fls. 26/28-verso); certificado de cadastro de imóvelrural referente aos anos de 1998 e 1999 (fl. 29); documentos de ITR (fls. 30/32); contrato de compra e venda, datado de09/10/1989 (fl. 35-verso) e certificados de cadastro de imóvel rural, referente aos anos de 1998, 1999, 2000, 2001 e 2002(fls. 36/37).

5. Quanto às provas documentais apresentadas, devem ser observados os seguintes pontos: a escritura de compra evenda (fls. 26/28-verso), o certificado de cadastro de imóvel rural (fl. 29), documentos de ITR (fls. 30/32), contrato decompra e venda (fl. 35-verso) e certificados de cadastro de imóvel rural (fls. 36/37), encontram-se em nome de terceiros,não podendo ser utilizadas como comprovação do tempo de trabalho rural.

6. Em audiência, foram prestados os depoimentos da parte autora e das testemunhas, conforme extraído da sentença:Em seu depoimento pessoal, a parte autora afirmou que trabalhava para o Sr. José Sebastião cuidando de cerca de quatromil pés de café e colhendo, aproximadamente, 80 sacos de café. Afirma que hoje mora na rua e trabalha durante o diacomo diarista na roça. Informa que o marido é falecido e não recebe nenhuma pensão. Esclarece que o marido já trabalhouno Estado do Rio de Janeiro, em Jacarezinho, como motorista. Informa ainda que o acompanhou e lá permaneceu porcerca de 20 anos, época em que a autora se separou e retornou para a casa dos pais no Espírito Santo. Afirma que o exmarido faleceu no Rio de Janeiro algum tempo depois que ela retornou para o ES. Relata que as duas filhas moram no RJ eque ela mora aqui sozinha. Questionada, afirmou que não trabalha todos os dias na lavoura, somente na época da colheita.Informa que este ano ainda não trabalhou. Afirma que no ano passado trabalhou por cerca de seis meses. Informa que hácerca de 5 anos abandonou a lavoura de café a meia e começou a trabalhar por dia.

A primeira testemunha ouvida, Sr. Helio Lucindo Lima, afirma que a autora nunca trabalhou para ele. Informa que a autoratinha uma propriedade junto com outros cunhados que foi adquirida pelo depoente no ano de 1967. Não sabe informar se

depois da venda a autora foi morar no Rio de Janeiro. Afirma que tem conhecimento que o ex marido da autora foi morar noRJ. O depoente afirma já ter visto a autora na roça. Questionado, afirma que a autora já trabalhou para a irmã dele, Sra.Ermita.

A segunda testemunha ouvida, Sr. José Sebastião de Azevedo, afirma que a autora laborou para o depoente no ano de2003, época em que colhia cerca de 10 a 12 sacas de café e vendia pelo valor de, aproximadamente, R$ 100,00 a 150,00reais a saca. O depoente informa que a autora ainda trabalha para diversos proprietários agrícolas a dia. Por fim, informaque a autora não é mais casada.

7. A autora alegou que morou no Rio de Janeiro por aproximadamente vinte anos, sendo que voltou ao Espírito Santoalgum tempo depois. Na certidão de óbito do ex-marido da autora, datada de 17/07/1984, verifica-se que o cônjuge estáqualificado como motorista. Desse modo, a parte autora deveria ter comprovado o labor rural dessa época em diante, fatoque não ocorreu.

8. A prova testemunhal não foi apta a corroborar com a tese de que a autora trabalhava na roça em regime de economiafamiliar. Assim, a recorrente não faz jus a aposentadoria por idade rural.

9. Recurso conhecido e não provido. Sentença mantida.

10. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistênciajudiciária.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

103 - 0000827-77.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000827-2/01) ADILEA CALIXTO DA SILVA (ADVOGADO: JADSON DIASSAID.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).Processo nº. 0000827-77.2009.4.02.5052/01-Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : ADILEA CALIXTO DA SILVARecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal PABLO COELHO CHARLES GOMES

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. NÃO PREENCHIMENTO DOSREQUISITOS LEGAIS. DESCARACTERIZAÇÃO DE REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. SENTENÇA MANTIDA.RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

. Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, contra sentença proferida pelo juiz a quo que julgouimprocedente a pretensão externada na inicial desta ação, que objetivava a concessão de aposentadoria rural por idade.Em suas razões recursais, sustenta a recorrente que os inúmeros documentos públicos acostados aos autos servem comoprova material de comprovação de atividade rural, documentos que também confirmam o regime de economia familiar,porquanto provam a posse e domínio do minifúndio recebido por herança há mais de 33 anos. Dessa forma, requer sejaconhecido e provido o recurso, julgando procedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões foram apresentadas à fl.135.

2. Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/91), carência que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/91.

3. Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“Na hipótese dos autos, temos que a parte autora completou o requisito de idade em 2003, assim, a carência a serconsiderada é de 132 meses ou 11 anos, a teor do artigo 142 da Lei 8.213/91.A parte autora apresentou como início de prova material documentos que comprovam propriedade rural em nome genitorado cônjuge, contrato de comodato e documento referente ao PRONAF.No presente caso, não obstante os documentos apresentados, não visualizo a comprovação do regime de economiafamiliar.Realizada audiência, os depoimentos foram no sentido de que a autora exerce atividades rurais em pequena propriedade

rural família. Ainda segundo o depoimento, o cônjuge da autora possui vínculo formal de trabalho, sendo que mesmo apósa aposentadoria continuou a trabalhar na empresa Fibria (antiga Aracruz Celulose).Por outro lado, verifico nas pesquisas juntadas às fls. 85/95 e 120 que o cônjuge da demandante laborou com vínculo naCTPS desde 09.04.1975, sendo que a informação da última remuneração se refere ao mês de fevereiro de 2012.Registre-se que no referido vínculo a remuneração mensal sempre foi bastante superior ao salário mínimo, conforme fls.87/92 e 120 (salário médio no ano de 2011 próximo de R$3.000,00). Verifico ainda que cônjuge da autora é beneficiário deaposentadoria por tempo de contribuição dês 10.11.2000, com renda mensal em novembro de 2011 no valor deR$1.729.07.Desta forma, diante da constatação acerca remuneração advinda do vínculo formal de trabalho do cônjuge da autora, bemcomo de sua aposentadoria a partir do ano de 2000, tem-se que o cenário que emerge do conjunto probatório permite inferirque a alegada atividade rural da autora teria cunho meramente acessório, despida do caráter de subsistência.Nesse aspecto, necessário ressaltar que a opção legislativa ao prever o benefício de aposentadoria por idade rural, denatureza eminentemente assistencial, com isenção de contribuições a uma quantidade limitada de indivíduos, foi deassegurar a subsistência do trabalhador. É que, este, após dedicar toda a sua vida ao pesado labor rural exercidoindividualmente ou em regime de economia familiar, que pouco ou nenhum retorno financeiro traz, e tampouco permiteque esse trabalhador verta contribuições à seguridade social, não teria outra fonte de sustento senão o benefícioprevidenciário, em virtude das péssimas condições educacionais e econômicas a que sempre esteve sujeito.Desta forma, conforme demonstrado nesta sentença, a prova dos autos é no sentido de inexistência do regime deeconomia familiar, motivo pelo qual concluo pela improcedência do pleito autoral.”

4. Como bem observou o Juízo a quo, aferindo o extrato Infben de fl. 95, o marido da autora é aposentado e recebeR$ 1.729,00 mensais, com DIB em 10/11/2000; tal extrato é datado de 16/11/2011 (fl. 95).5. A existência de outra fonte de renda por um cônjuge, por si só, não descaracteriza a condição de seguradoespecial de outro cônjuge que labore em atividade rural. Para que haja tal descaracterização, essa outra fonte de renda háde tornar o labor na roça dispensável para a garantia da subsistência do trabalhador. No caso concreto, isso ocorre: umavez que o marido da autora, sendo aposentado, recebe por mês renda equivalente a quase três salários mínimos, afere-seque o valor que a autora-recorrente aufere com o trabalho em atividade rural não é indispensável à manutenção de suasubsistência. Por conseguinte, a autora não é segurada especial.6. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.7. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.8. Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO,reformando-se a sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

104 - 0000209-85.2009.4.02.5003/01 (2009.50.03.000209-5/01) SANTO GOMES DE OLIVEIRA (ADVOGADO: PAULOWAGNER GABRIEL AZEVEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGOSTEPHAN DE ALMEIDA.).TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAISRECURSO Nº 0000209-85.2009.4.02.5003/01 – TURMA RECURSALRECORRENTE: SANTO GOMES DE OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSVARA ORIGINÁRIA: 1ª VF São MateusRELATOR: Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. ATIVIDADE RURAL NO PERÍODOIMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO. NÃO COMPROVAÇÃO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão da sentença que julgou improcedentea pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade, ao fundamento de que o conjunto probatório não foi suficientepara formar convicção da manutenção do trabalho rural de 1995 em diante. Em suas razões recursais, sustenta orecorrente que as provas documentais em cotejo com o depoimento das testemunhas comprovam o efetivo exercício deatividade rural pelo período de carência exigido. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-seprocedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se na fls. 60/verso.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

O recorrente nasceu em 07.10.1946 (fl. 16) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 16.07.2009(fl. 27), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário àcarência exigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, o recorrente juntou aos autos Cadastro deIdentificação do Contribuinte – CIC (fl. 16); título eleitoral (fl. 17), constando a sua profissão como lavrador; certificado militardatado em 10.11.1972 (fl. 18), constando sua profissão como lavrador; carteira de trabalho – CTPS (fls. 19-21), constando oautor como trabalhador rural ou braçal, em diversos registros de trabalho no campo.

A CTPS constitui início de prova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparada peloverbete nº 6 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização. A prova testemunhal tem o condão de ampliar o início deprova material, abrangendo todo o período necessário à concessão do benefício.

Os contratos de trabalho como trabalhador rural, constantes da CTPS do autor, abrangem os períodos de 01/02/1984 a10/08/1987, 03/06/1991 a 05/08/1992, 04/01/1993 a 30/07/1993 e 01/07/1994 a 27/10/1995.

Conforme a Súmula 14 da TNU, para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de provamaterial corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício. A prova testemunhal, contudo, não foi apta acomprovar a atividade rural do autor, conforme exposto na sentença.

De qualquer forma, há que se considerar que o próprio autor, em seu depoimento pessoal em audiência, afirmou que morana zona urbana há cerca de oito anos, conforme consta da sentença. Considerando que a audiência foi realizada em26/01/2011, à época do requerimento administrativo do benefício (16/07/2009 – fl. 31), o autor já não exercia atividade ruralhá aproximadamente seis anos e meio.

A jurisprudência dominante da TNU firmou-se no sentido de que, em se tratando de aposentadoria rural por idade, além dosrequisitos da idade e da “carência”, exige a lei a comprovação do exercício do labor rural no período imediatamente anteriorao implemento da idade ou ao requerimento administrativo (arts. 39, I; 48, § 2º; e 143 da Lei nº 8.213/91), de modo a sepreservar a especialidade do regime não-contributivo dos rurícolas, nos julgamentos dos PEDILEF nº 200670510009431 ePEDILEF nº 200570950016044, cujos acórdãos têm as seguintes ementas:

I - PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE.II - CIDADÃO QUE, CONFORME A TABELA DO ART. 142 DA LEI Nº 8.213/91, TRABALHOU NO CAMPO PELO TEMPOEQUIVALENTE AO DA CARÊNCIA DA APOSENTADORIA NO ANO EM QUE COMPLETOU A IDADE MÍNIMA, MAS QUEJÁ ESTAVA AFASTADO DAS EFETIVAS LIDAS RURAIS E COM OFÍCIOS URBANOS HÁ TEMPOS ANTES DE ATINGIRA IDADE E DAR ENTRADA NO SEU REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO.III - DESNECESSIDADE DO CUMPRIMENTO SIMULTÂNEO DOS REQUISITOS CARÊNCIA E IDADE PARA O DIREITOA BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO, CONFORME PREVÊ O ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 10.666, DE 2003 E RECONHECE AJURISPRUDÊNCIA.IV - A APOSENTADORIA RURAL, PORÉM, TEM REQUISITO ADICIONAL ESPECÍFICO DE QUE DEVE SERCOMPROVADO O EFETIVO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL EM PERÍODO LOGO ANTECEDENTE AOREQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. EXIGÊNCIA ESTA REITERADA NOS ARTS. 39, INCISO I; 48, § 2º; E 143, TODOSDA LEI Nº 8.213, DE 1991.V - CONSOANTE JÁ ASSENTADO PELA TNU, “COMO SE EXTRAI DOS ARTIGOS 39, INCISO I; 48, § 2º; E 143, TODOSDA LEI Nº 8.213, DE 1991, PREOCUPOU-SE O LEGISLADOR (PROVA DISTO É A REITERAÇÃO DA EXIGÊNCIA EMTRÊS ARTIGOS DISTINTOS) EM CONDICIONAR A OUTORGA DE APOSENTADORIA ÀQUELES QUE COMPROVEMEXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURÍCOLA NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO. TEVE PORESCOPO, DESTARTE, AMPARAR AQUELES TRABALHADORES QUE ESTEJAM DE FATO À MARGEM DO MERCADOFORMAL DE TRABALHO E, MAIS ESPECIFICAMENTE, DO MERCADO URBANO. DESTINAM-SE AS NORMAS,PORTANTO, ÀQUELES QUE LABUTAM SEM PERSPECTIVA DE LOGRAR UMA APOSENTADORIA DO REGIMECONTRIBUTIVO. (...) O ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 10.666, DE 2003 (“NA HIPÓTESE DE APOSENTADORIA PORIDADE, A PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO NÃO SERÁ CONSIDERADA PARA A CONCESSÃO DESSEBENEFÍCIO, DESDE QUE O SEGURADO CONTE COM, NO MÍNIMO, O TEMPO DE CONTRIBUIÇÃOCORRESPONDENTE AO EXIGIDO PARA EFEITO DE CARÊNCIA NA DATA DO REQUERIMENTO DO BENEFÍCIO”),COMO SE INFERE DE SEU PRÓPRIO TEOR – HÁ EXPRESSA REFERÊNCIA AO “TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO” – ESTÁA TRATAR DAS APOSENTADORIAS POR IDADE URBANAS, EIS QUE, NAS RURAIS, INEXISTEM CONTRIBUIÇÕESPOR PARTE DO SEGURADO ESPECIAL” (PEDILEF N° 2007.72 .95.004435-1 – REL. JUÍZA FEDERAL JOANACAROLINA LINS PEREIRA - J. EM 03/08/2009 - UNÂNIME).

�VI – PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO PARCIALMENTE CONHECIDO E DESPROVIDO. (PEDILEF 200670510009431, JUIZFEDERAL MANOEL ROLIM CAMPBELL PENNA, DJ 05/05/2010.)

PREVIDENCIÁRIO. RURÍCOLA. IMPLEMENTO DA IDADE POSTERIOR À SAÍDA DO CAMPO. APOSENTADORIA.EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO. REQUISITO.NÃO CUMPRIMENTO. ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 10.666, DE 2003. INAPLICABILIDADE.1. Pedido de Uniformização desafiado em face de acórdão da Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, a qualnegou provimento a incidente que buscava a concessão de aposentadoria por idade a trabalhadora rural que havia deixadoo campo três anos antes do implemento do requisito idade, tendo, ulteriormente, laborado com vínculo urbano. Negadotambém o pedido alternativo de aposentadoria por tempo de contribuição.2. Quanto à aposentadoria por tempo de contribuição, não aproveita à autora a alegada divergência entre o acórdãorecorrido e aquele proferido pelo Superior Tribunal de Justiça no EDcl no AgRg no REsp. nº 603550/RS, eis que o colendoSTJ, neste último, proclamou que, ¿Para que o segurado faça jus à aposentadoria por tempo de serviço computando operíodo de atividade agrícola sem contribuição, impõe-se que a carência tenha sido cumprida durante o tempo de trabalhourbano¿. No caso dos autos, a demandante conta com apenas 77 contribuições de vínculo urbano, as quais se afiguraminsuficientes, diante da exigência, arrimada no artigo 142 da Lei nº 8.213/1991, de 132 contribuições. Ausência de similitudefática (Questão de ordem nº 22 da TNU).3. Os precedentes da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça relativos à desnecessidade de implemento simultâneodos requisitos para concessão de uma aposentadoria por idade versam acerca da aposentadoria por idade de trabalhadorurbano, e não de trabalhador rural, como se infere da análise do EREsp. nº 502420/SC (rel. Min. José Arnaldo da Fonseca,julg. 11.05.2005, DJ 23.05.2005), bem assim do EREsp. nº 649496/SC (rel. Min. Hamilton Carvalhido, julg. 08.03.2006, DJ10.04.2006) e do EREsp. nº 551997/RS (rel. Min. Gilson Dipp, julg. 27.04.2005, DJ 11.05.2005).4. Como se extrai dos artigos 39, inciso I; 48, § 2º; e 143, todos da Lei nº 8.213, de 1991, preocupou-se o legislador (provadisto é a reiteração da exigência em três artigos distintos) em condicionar a outorga de aposentadoria àqueles quecomprovem exercício de atividade rurícola no período imediatamente anterior ao requerimento. Teve por escopo, destarte,amparar aqueles trabalhadores que estejam de fato à margem do mercado formal de trabalho e, mais especificamente, domercado urbano. Destinam-se as normas, portanto, àqueles que labutam sem perspectiva de lograr uma aposentadoria doregime contributivo.5. O artigo 3º, § 1º, da Lei nº 10.666, de 2003 (¿Na hipótese de aposentadoria por idade, a perda da qualidade de seguradonão será considerada para a concessão desse benefício, desde que o segurado conte com, no mínimo, o tempo decontribuição correspondente ao exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício¿), como se infere deseu próprio teor ¿ há expressa referência ao ¿tempo de contribuição¿ ¿ está a tratar das aposentadorias por idadeurbanas, eis que, nas rurais, inexistem contribuições por parte do segurado especial. 6. Pedido de uniformização conhecidoem parte e, nesta parte, improvido.(PEDILEF 200570950016044, JUÍZA FEDERAL JOANA CAROLINA LINS PEREIRA, TNU - Turma Nacional deUniformização, DJ 29/05/2009.)

Portanto, a sentença deve ser mantida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que o autor é beneficiário da gratuidade dejustiça.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, reformando-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

105 - 0000541-39.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000541-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x HOMERO XAVIER DE REZENDE (ADVOGADO: ANDRE MIRANDA VICOSA.).E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido e o condenou aconceder à parte autora aposentadoria rural por idade, com DIB na data de ajuizamento da ação (01/04/2008). Em suasrazões recursais, sustenta o recorrente que não há documentação nos autos comprovando o exercício de atividade rural,exceto o contrato de parceria de fls. 18/19, firmado em 01/12/2003, o qual abrange um período de cinco anos, e ainda, quea realização de prova testemunhal, por si só, não poderá suprir a exigência legal de apresentação de prova material.Argumenta que na certidão de casamento do autor (fl. 31) consta a profissão de operário e que consta no CNIS diversosvínculos urbanos do autor, o que descaracteriza o exercício de atividade rural em regime de economia familiar.Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade

rural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991).O recorrido nasceu em 27.12.1943 (fl. 16) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 12.12.2007 (fl.14), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida (180 meses).Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, o recorrido juntou aos autos: Declaração doSindicato dos Agricultores Familiares e Assalariados Rurais de Iuna e Irupi/ES (fl. 15/15v.); Contrato de Parceria Agrícola eAditivo a esse contrato, nos quais consta como parceiro outorgado (fl. 18/19 e 20); Declaração de exercício de atividaderural emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ibitirama (fl. 21); Escritura pública de compra e venda de imóvellocalizado em Pouso Alto, no município de Iuna, do qual consta como outorgado Verotides Pereira Campos (fls. 22/22v.);Certificado de Cadastro de Imóvel Rural do INCRA relativos aos anos de 2000/2001/2002, do imóvel rural denominadoPouso alto, localizado em Córrego Pouso alto, constando como nome do detentor Verotides Pereira Campo (fl. 23); Termosde depoimento e declaração a termo, efetuados no Sindicato dos Agricultores Familiares e Assalariados Rurais de Iuna eIrupi/ES (fls. 24/29); Certificado de Cadastro de Imóvel Rural do INCRA relativos aos anos de 2003/2004/2005, do imóvelrural denominado Cor do Sabia, localizado em Irupi, constando como nome do detentor Eberth Alves Machado (fl. 30);Certidão de casamento do autor, onde consta profissão operário (fl. 31).Os referidos documentos constituem início de prova material do exercício de atividade rural, mormente o contrato deparceria rural, a teor do art. 106, II, da Lei nº 8.213/91. Tal contrato, considerando o aditivo, abrange o período de01/12/2003 a 31/12/2011, devendo ser considerado até a data de ajuizamento da ação (01/04/2008), fixada na sentençacomo de início do benefício.Conforme a Súmula 14 da TNU, para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de provamaterial corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício.Conforme declaração do Sindicato (fl. 15), antes mesmo de firmar o contrato de parceria, o autor já trabalhava napropriedade do Sr. Eberth Alves Machado, desde 20/10/2001, bem como teria trabalhado, no período de 10/1995 a 09/2000,em propriedade de Verotides Pereira Campos. Além disso, conforme declaração do Sindicato de fl. 21, teria trabalhado naFazenda Bela Vista, de propriedade de Esmael Ribeiro, no período de 20/10/2000 a 20/10/2001, como meeiro. Conquantotais declarações não tenham sido homologadas pelo INSS, a prova testemunhal colhida em audiência, confirma o exercíciode atividade rural pelo recorrido nesse período.Irrelevante constar da certidão de casamento do autor a profissão de operário, tendo em vista que o casamento ocorreu em01/03/1969, há mais de quarenta anos.Destaque-se que o exercício de atividade urbana intercalada não impede a concessão de benefício previdenciário detrabalhador rural, condição que deve ser analisada no caso concreto, a teor da Súmula 46 da TNU. No caso concreto, os(cinco) vínculos constantes do CNIS (fl. 55) são todos por períodos muito breves, tendo cessado o último em 01/1991. Emaudiência, o autor confirmou os vínculos constantes do CNIS e afirmou que sempre voltava para a roça.O autor afirmou, em audiência, que foi diarista na propriedade do Sr. Lourenço José Domingos, no período de 1990 a 1993ou 1991 a 1994. A segunda testemunha ouvida confirmou que o autor trabalhava para esse senhor antes de trabalhar parao Sr. Verotides.Verifica-se, pois, que o autor cumpre o tempo necessário ao adimplemento da carência exigida, 180 meses, fazendo jus aobenefício de aposentadoria rural por idade.Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,nos moldes do art. 20, §3º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

106 - 0000277-42.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000277-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.) x ARMANDO PESSIN (ADVOGADO: AMANDA MACEDO TORRES MOULINOLMO, MARIA ISABEL PONTINI.).E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido de concessão deaposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que o autor é proprietário de um veículo FiatSiena, ano 2005 e que é dono de um imóvel de três andares em São Gabriel da Palha, sendo que o térreo ele aluga, no 1ºandar reside com sua esposa, e o 3º andar, deu de presente para uma de suas filhas, o que demonstra que não se trata desegurado que vive em regime de economia familiar, não fazendo jus, portanto, à concessão de aposentadoria de segurado

especial, que prescinde da respectiva contribuição.Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991). No presente caso, o autor, nascido em 16/11/1948, completou 60 anos noano de 2008, devendo comprovar atividade rural pelo período de 162 meses, conforme art. 142 da Lei nº 8.213/91.O autor requereu o benefício de aposentadoria rural por idade em 17/12/2008 (fl. 67), indeferido ao argumento de que nãofoi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carência exigida.Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, o recorrido juntou aos autos: Certidão deCasamento (fl. 11); Escrituras de Compra e Venda onde consta como comprador (fls. 14/15 e 16/17v.); Certificados deCadastro de imóvel rural no INCRA, relativos ao período de 1979 a 2005 (fls. 20/30 e 42/45); Declarações de ITR relativasao período de 1997 a 2008 (fls. 31/41); Conta de energia elétrica, em nome do autor, no endereço de sua propriedade,classificado como rural (fl. 48).Os referidos documentos constituem início de prova material, mormente os certificados de cadastro do INCRA, a teor doinciso IV do art. 106 da Lei nº 8.213/91. Ademais, conforme a Súmula 14 da TNU, para a concessão de aposentadoria ruralpor idade, não se exige que o início de prova material, corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício.Em audiência, o autor narrou ser proprietário de um imóvel urbano de dois andares - e não três -, sendo que no térreoreside com sua esposa, pertencendo o segundo andar a uma de suas filhas, que construiu a casa de cima no terraço (laje)que ele deu de presente quando ela se casou. Por um período de aproximadamente dois anos, possivelmente entre 2006 e2008, seu filho alugou a casa de baixo, onde funcionava a sua confecção, pelo valor de meio salário mínimo mensal,enquanto o autor residia permanentemente na roça com sua esposa. Nesse mesmo período, o filho morava na casa decima, de sua irmã, enquanto ela esteve nos Estados Unidos. Hoje o autor mora na casa de baixo, ficando na roça apenasdurante a semana, juntamente com sua esposa. A casa de cima está sendo reformada pela sua filha, que pretendealugá-la. As testemunhas confirmam que o autor sempre morou e trabalhou na mesma propriedade rural que possui hoje,juntamente com sua esposa, sem ajuda de terceiros, possuindo apenas um meeiro.O fato de possuir esse imóvel urbano e um automóvel Siena, ano 2005, por si só, não descaracteriza o regime de economiafamiliar tal como descrito no § 1º do art. 11 da Lei nº 8.213/91. Com efeito, resta comprovada a indispensabilidade dotrabalho do autor e de sua esposa para subsistência e desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar, bem como oexercício do trabalho em condições de mútua dependência e colaboração, sem utilização de empregados permanentes.Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,nos moldes do art. 20, §3º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

107 - 0000491-26.2009.4.02.5003/01 (2009.50.03.000491-2/01) FRANCISCO GOMES DOS SANTOS (ADVOGADO:PAULO WAGNER GABRIEL AZEVEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRECOUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.).Processo n.º 0000491-26.2009.4.02.5003/01 - Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : FRANCISCO GOMES DOS SANTOSRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL – AFASTAMENTO DO LABORRURAL DESDE 1996 – IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSÃO – AFRONTA AO ENTENDIMENTO DA TNU DE QUE OLABOR RURAL DEVE SER IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO – RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão da sentença que julgou improcedentea pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que nãoforam consideradas as provas documentais trazidas por ele, tendo o magistrado utilizado apenas os documentosapresentados pelo recorrido para formar seu convencimento. Alega que trabalhou durante toda a vida na área rural,desempenhando atividade urbana apenas de forma ocasional. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 70-71.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/1991.

Compulsando os autos, verifico que o recorrente laborou nos seguintes períodos (considerados apenas os períodos

anteriores ao requerimento administrativo):

NºCOMUM

Data InicialData FinalTotal DiasAnosMesesDias

11/11/19798/6/19831.298378

228/1/198522/5/19864751325

31/6/198615/10/1986135-415

41/6/198725/2/1988265-825

53/3/198812/9/19909102610

68/4/199124/9/19961.9675517

71/9/200224/11/200480422

24

81/7/20054/4/2006274-94

Total6.1281708

Os vínculos de números 1, 2 e 6 são rurais. Os vínculos de números 3 (constante apenas na CTPS), 4, 7 e 8 são urbanos eo vínculo de número 5 (constante apenas no CNIS), foi classificado pela CBO (Classificação Brasileira de Ocupações -1994) com o código 65110, que identifica o lavrador de madeira, desmatador, mateiro, tirador de madeira, que é aqueleprofissional que abate árvores em floresta nativa ou área reflorestada e as desdobra em toras, utilizando machado e serrasmanuais ou mecânicas, para possibilitar o aproveitamento e o beneficiamento da madeira e cascas (fonte:http://www.mte.gov.br/Empregador/CBO/procuracbo/conteudo/descricao.asp?gg=6&sg=5&gb=1&oc=10&). Diante destascircunstâncias, considero o trabalho de mateiro também como trabalho rural, principalmente porque o segurado vive sob asmesmas condições daquele trabalhador que labora na agricultura, sob o sol e realizando tarefas árduas.Os vínculos rurais do recorrente, comprovados através de prova documental (CTPS e CNIS), totalizam 12 anos e 11meses. O autor nasceu em 08/08/1947. Completou o requisito “idade” em 08/08/2007. Protocolizou o requerimentoadministrativo em 14/07/2009. Nos termos do art. 142 da Lei nº 8.213/91, precisaria cumprir 156 meses de labor rural, ouseja, 13 anos.Apesar de o autor ter praticamente completado a carência necessária, verifico que existem outros pontos a seremabordados no caso em questão. O primeiro deles é o afastamento da lide rural desde 1996. O entendimento atual da TurmaNacional de Uniformização é o de que o período que antecede o requerimento administrativo deve ser de labor rural,perdendo a qualidade de segurado especial aquele segurado que se afastou da roça. Ademais, restou claro no depoimentopessoal e nos depoimentos testemunhais que o recorrente exerceu várias atividades urbanas após 1996, sendo seu últimovínculo, inclusive, como pedreiro.Sendo assim, o autor não faz jus à aposentadoria por idade como segurado especial, com redução de idade. Porém, tendocompletado 65 anos de idade e 17 anos de contribuição, pode aproveitar tanto o tempo urbano quanto o tempo rural parafins de aposentadoria por idade nos termos do art. 48, § 3º da Lei nº 8.213/91, com a alteração promovida pela Lei nº11.718/08. Como este pedido não faz parte da lide e o INSS ainda não teve a oportunidade de apreciá-lo, cabe ao autorformular novo pedido administrativo de aposentadoria por idade.Recurso conhecido e, no mérito, improvido. Sentença mantida.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento da assistência judiciáriagratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

108 - 0001853-21.2006.4.02.5051/01 (2006.50.51.001853-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ALMIR GORDILHO MATTEONI DE ATHAYDE.) x SEBASTIANA VEIGA DE OLIVEIRA (ADVOGADO:URBANO LEAL PEREIRA, JOSÉ DE OLIVEIRA GOMES, JOSÉ NASCIMENTO.).TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS

RECURSO Nº 0001853-21.2006.4.02.5051/01 – TURMA RECURSALRECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS RECORRIDO: SEBASTIANA VEIGA DE OLIVEIRARELATOR: Pablo Coelho Charles Gomes

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORAL VERIFICADA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão do auxílio-doença. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a recorrida não detém aqualidade de segurada especial. Alega, ainda, que a enfermidade da recorrida é preexistente ao seu ingresso no regimeprevidenciário. Dessa forma, requer seja reformada a sentença, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. Ascontrarrazões encontram-se nas fls. 82-83.

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

Verifico que a controvérsia gira em torno da qualidade de segurada e da preexistência da incapacidade laboral aoreingresso no RGPS.

Na primeira análise pericial do Juízo (fls. 29-32), feita por especialista em psiquiatria, a recorrida (33 anos) foi examinada efoi diagnosticada com epilepsia (quesito nº 04 - fl. 29). Sobre a incapacidade, o perito informou que para uma melhoravaliação, deveria ser feita nova perícia na especialidade de neurologia, pois trata-se de doença neurológica.

Em segunda análise pericial do Juízo (fls. 65-66), feita por especialista em neurologia, a recorrida foi examinada ediagnosticada com epilepsia (quesito nº 01 - fl. 65), patologia que a incapacita parcial e temporariamente para suasatividades habituais de lavradora (quesitos nº 14 e 15 – fl. 65). Em resposta ao quesito de nº 19 – fl. 66, informou o peritoque o tempo de recuperação da capacidade laborativa pela recorrida gira em torno de seis meses a um ano, dependendo,ainda, de acompanhamento e liberação do médico especialista em neurologia.

No que concerne à qualidade de segurada, há nos autos documentos que permitem a ilação de que a recorrida detém aqualidade de segurada especial (fls. 09-17) e não se deve concluir que a recorrente nunca trabalhou apenas pelo fato de teralegado que nunca teve condições de trabalhar, pois ela não deixou de trabalhar apenas se sentia mal com exercício deseu labor. Logo, não há de se falar em falta da qualidade de segurada.

Ademais, o ônus do fato impeditivo do direito do autor, in casu, a pré-existência do estado de incapacidade para o trabalhoé do INSS, ônus de que não se desincumbiu. Não está provado o afastamento do trabalho.

Oportuno rememorar que o mero reconhecimento da patologia não enseja incapacidade laborativa. Não basta apenas ter adoença, mas sim que ela acarrete incapacidade para o labor. Com efeito, baseado nas perícias do Juízo, não restoucomprovada a preexistência de incapacidade.

Resta patente, assim, a subsunção do presente caso ao parágrafo único do art. 59 da Lei 8.213/91, 2ª parte, que assimorienta: “não será devido o auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador dadoença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo deprogressão ou agravamento dessa doença ou lesão” (grifei).

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,com fulcro no art. 20, §3º, do CPC.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO,mantendo-se a sentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

109 - 0001781-29.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001781-1/01) MARIA DO CARMO SANT ANA MATEUS (ADVOGADO:Valber Cruz Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIACOSTA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADELABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 93/94, que julgou improcedenteo seu pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença ou a concessão do benefício de aposentadoria porinvalidez. Alega a recorrente, MARIA DO CARMO SANT ANA MATEUS (59 anos de idade), em suas razões recursais, queé portadora de doença incapacitante e que o Juízo a quo não considerou os laudos particulares juntados aos autos. O INSSapresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida ao seguradoque, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício deatividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. A autora requereu o benefício de auxílio-doença em 21/11/2007 (fl. 19). O INSS indeferiu o pedido da requerente, sob aalegação de que não foi constatada a incapacidade para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual (costureira).

4. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, mediante perícia médica judicial (fls. 76/77), queapesar de o perito médico ter constatado que a recorrente é portadora de varizes dos membros inferiores, não foiconstatada a sua incapacidade, de modo que se encontra apta a exercer a sua atividade habitual.

5. Com relação ao pedido de nova perícia médica, não assiste razão à recorrente. O perito médico é profissionalcapacitado. Portanto, não há que se falar em realização de nova perícia, visto que foi confeccionado por profissional dasaúde, imparcial e competente para efetuar os exames e emitir os diagnósticos.

6. Vale ressaltar, quanto aos laudos particulares apresentados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do EspíritoSanto: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial, produzido pelo juízo, é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

7. Estar acometido por doença não configura, necessariamente, incapacidade para o trabalho. Não basta estar doente. Épreciso que a doença incapacite o segurado para sua atividade laboral. Assim, não havendo incapacidade, não merecemguarida os argumentos expostos no pleito recursal.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

110 - 0000143-55.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000143-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x ADEILSON FALCAO PAVESI (ADVOGADO:FAUSTO LADEIRA RESENDE BOTTA.).Processo n.º 0000143-55.2009.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : ADEILSON FALCÃO PAVESI

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORAL VERIFICADA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de auxílio-doença. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que o laudo pericial é claro nosentido de inexistir incapacidade do recorrido para o exercício de suas atividades habituais, portanto, não há de serconcedido o benefício. Aduz que deve ser modificada a data de início do benefício (DIB) para a data da prolação dasentença, pois a aferição da incapacidade somente ocorreu na sentença do Magistrado. Dessa forma, requer sejareformada a sentença, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. Eventualmente, requer a fixação da DIB nadata da prolação da sentença (10.11.2011). As contrarrazões encontram-se nas fls. 84-85.

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que, tendo

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 doaludido diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ounão em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade quelhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

A condição de segurado e o período de carência são incontroversos nos autos. Verifico, assim, que a controvérsia gira emtorno da incapacidade laboral e da DIB.

Na análise pericial do Juízo (fls. 39-41), o recorrido (37 anos) foi examinado e diagnosticado com cervicalgia e lombalgia(quesito nº 01 – fl. 39), patologias de ordem adquirida que, no entanto, não o incapacitam para suas atividades habituais delavrador (quesito nº 04 - fl. 39).

Embora a conclusão exarada pelo perito judicial tenha sido pela capacidade laborativa, é necessário recapitular que o juiznão está adstrito ao laudo pericial, seja judicial ou administrativo, podendo formar a sua convicção com outros elementos oufatos provados nos autos (CPC, art. 436).

Com bastante critério e não obstante a conclusão a que chegara o Perito, o Juízo a quo detectou a incapacidade em facedos elementos de prova constantes nos autos, com base na seguinte fundamentação, verbis:

“(...)A perícia médica judicial, conforme laudo de fls. 39/41, constatou que o autor é portador de cervicalgia elombalgia. Ao exame físico, apresenta flexão e extensão da coluna cervical e lombar normal, lasegue bilateralnegativo. À fl. 59, informa que o autor é trabalhador rural e com base no exame de fl. 38, finaliza não haver agravamento dalesão. Concluiu que inexiste incapacidade.

Neste passo, em que pese a mencionada conclusão pericial, é importante sublinhar que a enfermidade foi constatada.Faz-se necessário, assim, analisar todo o conjunto probatório constante nos autos para a formação da necessáriaconvicção.

Diante dos documentos de fls. 18/19, 34, 38, 48/52, 61 e 68/70, concluo de modo diverso, tendo em vista quetais laudos e exames médicos revelam encontrarem-se inalterados, desde o início, o quadro de incapacidadeapresentado pelo autor. Reforça a conclusão de incapacidade do autor o fato de a própria Autarquia Previdenciária ter lheconcedido, administrativamente, o benefício por longo período (10.10.2006 a 30.09.2008 – fl. 22).

Convém frisar que a melhora visualizada pela perita em 2009, deve-se, inequívoca e justamente, ao afastamento doautor da árdua atividade rural – afastamento que proporcionou trégua à sobrecarga em sua coluna.

Cabe ressaltar que o fato de o autor ter apresentado movimento normal da coluna cervical e lombar durante aperícia não permite concluir que – portador das afetações em questão – encontra-se hábil para o exercício das suasatividades (rurais).

Nesse contexto, associando o quadro patológico constatado pela perita do Juízo à sua atividade habitual – que demandaconstante e considerável esforço físico, expondo-o ao risco de agravamento das lesões que o cometem – e aorecebimento de auxílio-doença, em sede administrativa, por dois anos, concluo que o mesmo se encontraincapacitado para atividades que demandem esforço físico. É, por outro lado, possível que o mesmo venha a serreabilitado para o exercício de outras funções.(...)”

Os laudos de fls. 18, 19, 34, 43, 49, 50 e 51 foram subscritos por médico neurologista; afirmam a incapacidade laborativa;os mais antigos informam a colocação de “06 parafusos pediculares devido a espondiloartrose lombar”. Todo o quadroindicado pelo Juízo a quo, em especial o longo período no qual ao autor fora concedido administrativamente oauxílio-doença, está a indicar o acerto da conclusão apontada na sentença, no sentido de que “(...)a melhora visualizadapela perita em 2009, deve-se, inequívoca e justamente, ao afastamento do autor da árdua atividade rural –afastamento que proporcionou trégua à sobrecarga em sua coluna.(...).”

Assim, o magistrado prolator da sentença, no correto alvitre de que o quadro patológico apontado pelo perito prejudicaseveramente o ofício de lavrador, entendeu que o recorrido encontra-se, em verdade, incapacitado para o exercício de suasatividades habituais, devendo ser reabilitado para o exercício de funções que não demandem esforço físico.

No que concerne a fixação da DIB, há nos autos documentos que permitem a ilação que desde a data de 05.09.2008 orecorrido encontrava-se, de fato, incapaz (fls. 18, 19, 38, 43, 44, 48, 50). Também nesse pormenor a sentença merece sermantida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,com fulcro no art. 20, §3º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO,mantendo-se a sentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

111 - 0000334-31.2008.4.02.5054/01 (2008.50.54.000334-2/01) ELIAS VERDIN GRONER (ADVOGADO: ANTONIO JOSECOELHO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR –EXTINÇÃO DO PROCESSO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 68/69, que extinguiu o processosem resolução de mérito na forma do art. 51 da Lei nº 9.099/1995 c/c art. 1º da Lei nº 10.259/2001 e art. 267, inciso III doCPC. Alega o recorrente, ELIAS VERDIN GRONER (59 anos de idade), em suas razões recursais, que não foi intimadopelo fato de residir na zona rural. Requer a reforma da sentença. O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pelamanutenção da sentença.

2. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se que o advogado do autor foi intimado através dapublicação no Diário Eletrônico do Tribunal Regional Federal da 2ª Região para a realização do exame pericial (fl. 56/57).De acordo com a fl. 57 – verso, a disponibilização ocorreu em 25/01/2011 e a publicação em 26/01/2011. De acordo com asfls. 156/157 do Diário Eletrônico, na intimação constam os nomes da parte e de seu patrono, porém a parte nãocompareceu para a realização da perícia médica.

3. Conforme fls. 59/60, o advogado da parte autora foi intimado por mais duas vezes, sendo que se manifestou somentecom relação à intimação de fl. 60, alegando que o autor reside no meio rural, de modo que trata-se de lugar de difícil acessopara recebimento de correspondências.

4. Novamente o advogado do autor foi intimado para a realização da perícia médica, conforme disponibilização no dia02/06/2011 e publicação em 03/06/2011 (fl. 64 – verso) na fl. 182 do Diário Eletrônico do Tribunal Regional Federal da 2ªRegião, contendo o nome do autor e de seu patrono. De acordo com a fl. 65, o autor não compareceu à perícia médica.

5. O juízo a quo intimou o advogado da parte autora outra vez (fl. 66 – verso) com disponibilização em 15/08/2011 epublicação em 16/08/2011, no Diário Eletrônico do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, na folha 96, contendo o nomeda parte autora e de seu advogado. Novamente não houve manifestação.

6. Entendo que o comparecimento à perícia médica designada é responsabilidade da parte autora, a quem incumbe estarpresente para prática de tal ato. Conforme estipulado no art. 8º, § 1º da Lei nº 10.259/2001, “As demais intimações daspartes serão feitas na pessoa dos advogados ou dos Procuradores que oficiem nos respectivos autos, pessoalmente ou porvia postal”.

7. Assim resta comprovado nos autos que o advogado da parte autora foi intimado por diversas vezes, sendo que emgrande parte não se manifestou quanto à intimação.8. Assim, não havendo interesse de agir da parte da autora, que não compareceu na perícia médica, não merecem guaridaos argumentos expostos no pleito recursal.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

10. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

112 - 0001739-77.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001739-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x CARMEN DIAS CARDOSO (ADVOGADO: MARILENA MIGNONE

RIOS.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – INCAPACIDADE LABORAL – PREVALÊNCIA DO LAUDO MÉDICO PERICIAL– ENUNCIADO Nº 08 DA TURMA RECURSAL – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 97/98, que julgou procedente o pedidode CARMEN DIAS CARDOSO (59 anos de idade) de pagamento do benefício de auxílio-doença no período em que o INSScessou o benefício, ou seja, de 24/01/2009 a 10/06/2009. Alega o INSS, em suas razões recursais, que inexiste interessede agir em relação ao pagamento do auxílio-doença no período de 19/05/2009 a 10/06/2009, visto que os valores já haviamsido pagos, conforme reportado no INFBEN. Ademais, a autarquia previdenciária almeja que a sentença prolatada pelojuízo a quo seja de improcedência, reforçando a ideia de que a recorrida encontrava-se apta às atividades laborais no lapsotemporal destacado.2. O auxílio-doença, conforme o art. 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos.3. Preliminarmente, verifica-se, conforme alegado pela autarquia previdenciária, que houve o pagamento do benefício deauxílio-doença à recorrida no período de 19/05/2009 a 10/06/2009. A prestação se comprova com a análise dosdocumentos anexados à fl. 82 (informações do benefício) e à fl. 83 (relação de créditos), não restando dúvidas quanto a suaveracidade. Logo, não é pertinente o pedido da recorrida durante este lapso temporal, visto que o INSS já realizou opagamento das prestações devidas.4. A recorrida, conforme documento presente nos autos (fl. 17), realizou pedido de prorrogação do benefício deauxílio-doença. Não prosperam, assim, as alegações realizadas pela autarquia federal no que tange ao art. 60, § 1º da Lei8.213/1991, já que houve tentativa prévia de prorrogar o benefício cessado em 24/01/2009. Tal pedido de prorrogação foirejeitado pelo INSS, em virtude da perícia médica de fl. 50 concluir pela capacidade da recorrida em exercer atividadeslaborais.5. A controvérsia cinge-se quanto à incapacidade da autora no período de 24/01/2009 a 18/05/2009. Ao se analisar oconjunto probatório presente nos autos, é possível verificar, através da perícia médica judicial, que a recorrida, no referidoperíodo, encontrava-se com transtorno depressivo grave, que a impossibilitava para suas atividades laborais, conforme asinformações obtidas pelo perito médico judicial (fls. 90/91). O relato pericial destaca que não houve remissão da doençaentre um período e outro. Ademais, são diversos os laudos particulares (fls. 23/26/33) apresentados pela parte autorareafirmando sua enfermidade no interregno discutido. Não restando dúvidas quanto à incapacidade da recorrida, é devido obenefício pretendido.6. Ressalte-se, ainda, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é provaunilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendoconclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. Entendimento reverso também éplenamente cabível. Se o perito do Juízo conclui pela incapacidade do segurado, o laudo por ele formulado terá prevalênciasobre o laudo produzido pela autarquia previdenciária, visto que este último tem caráter unilateral, enquanto o laudo judicialtem caráter imparcial.7. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença parcialmente reformada para excluir da condenação o pagamentodo benefício no período de 19/05/2009 a 10/06/2009.8. Custas ex lege. Sem honorários.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO, na forma daementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

113 - 0000188-59.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000188-5/01) IZALI FERREIRA PIAO (ADVOGADO: ADENILSON VIANANERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZROSSONI.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 37/38, que julgou improcedenteo seu pedido de concessão do benefício de auxílio-doença. Alega a recorrente, IZALI FERREIRA PIÃO (61 anos de idade),em suas razões recursais, que é pescadora, e que devido às sequelas que possui, não tem condições de exercer suaatividade laborativa. O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos.

3. A parte autora requereu o benefício de auxílio-doença em 10/09/2008. O INSS indeferiu o pedido, sob o argumento deque não foi constatada a incapacidade da autora para o seu trabalho ou para sua atividade habitual (fl. 06).

4. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, mediante perícia médica judicial (fls. 29/31), queapesar de ter sido constatado que a autora é portadora de sequela de fratura no punho esquerdo, esta não induzincapacidade para o trabalho, tendo a recorrente condições de manter-se regularmente em um emprego.

5. Com relação ao pedido de fl. 34, não assiste razão à parte autora, pois os questionamentos formulados foramrespondidos pela perita, tanto no laudo pericial, quanto nos esclarecimentos de fl. 33.

6. Vale ressaltar, quanto aos laudos particulares apresentados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do EspíritoSanto: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

7. Assim, não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos no pedido recursal.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

114 - 0001974-44.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001974-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ALMIR GORDILHO MATTEONI DE ATHAYDE.) x NILZETE FRAGA COSTA (ADVOGADO: MARCELACLIPES.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – DATA DE INÍCIODO BENEFÍCIO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 63/65, que julgou procedente o pedidode NILZETE FRAGA COSTA (54 anos de idade) de concessão de auxílio-doença e improcedente seu pedido deaposentadoria por invalidez. Alega o INSS, em suas razões recursais, que a recorrida perdeu a qualidade de segurada nodia seguinte ao do término do prazo para recolhimento do tributo referente ao 12º mês, depois de cessadas as contribuiçõesprevidenciárias, não fazendo jus ao benefício de auxílio-doença.2. O auxílio-doença, conforme o art. 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos.3. A controvérsia cinge-se quanto à persistência ou não da qualidade de segurado da recorrida. Observa-se, claramente,conforme os autos, que houve uma estipulação equivocada da data do início do benefício por parte do juízo a quo. Aindaque o perito médico judicial não pudesse precisar de forma absolutamente correta o início da incapacidade, visto que estatem cunho psicológico, fica evidente que a manifestação da patologia já estava presente na recorrida anteriormente àrealização da perícia médica judicial.4. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, pode-se chegar à conclusão supramencionada. Como visto, aautarquia previdenciária garantiu o benefício de auxílio-doença à recorrida entre os períodos de 05/09/2007 a 31/08/2008 e01/10/2008 a 30/07/2009. Depois de cessado o benefício, a recorrida anexou uma série de laudos que comprovam apersistência de sua doença (fls. 27/28). A prescrição de medicamentos como Rivotril e Pondera reforçam a ideia dagravidade da patologia, assim como as descrições detalhadas nos autos, que costumeiramente retratam as ideias suicidase o quadro depressivo da recorrida. Vigora-se, então, o entendimento de que a concessão do benefício previdenciário já eradevido enquanto a recorrida gozava da qualidade de segurada, visto que a doença já estava manifestamente presente.5. Assim, configurando-se a qualidade de segurado da parte recorrida, não merecem guarida os argumentos expostos nopedido recursal da autarquia previdenciária. Ressalte-se, ainda, que não houve interposição de recurso inominado pelaparte autora, requerendo a modificação da data de início do benefício. Portanto, em respeito ao princípio non reformatio inpejus, mantenho a sentença proferida pelo juízo a quo.6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.7. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor dacondenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

115 - 0000436-25.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000436-9/01) ANTONIO MARCOS SAROA DE SOUZA (ADVOGADO:PAULA GHIDETTI NERY LOPES, ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Alexandre Hideo Wenichi.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – CONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA – INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por ANTONIO MARCOS SAROA DE SOUZA, em face da sentença de fls.58/60, que julgou procedente o seu pedido de concessão do benefício de auxílio-doença e improcedente o seu pedido deindenização por danos morais. Almeja o recorrente (40 anos de idade, ajudante geral), em suas razões recursais, que combase nos laudos acostados aos autos, a sentença do juízo a quo seja reformada no sentido de alterar a data de início dobenefício, julgando procedente o pedido inicial de restabelecer o auxílio-doença a partir da cessação administrativa. O INSSnão apresentou contrarrazões.2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos.3. A parte autora recebeu o benefício de auxílio-doença no período de 11/02/2009 a 03/03/2009 (fl. 29). Com a cessação,realizou pedido de manutenção do benefício de auxílio-doença em 04/04/2009 (fl. 10), sendo que este foi indeferido sob oargumento de que não foi constatada, em exame realizado pela perícia médica do INSS, a incapacidade para o seutrabalho ou para a sua atividade habitual.4. A controvérsia cinge-se com relação à data do início da incapacidade. O juízo a quo determinou a concessão daprestação previdenciária a partir de 01/01/2011 (data fixada no laudo pericial). O recorrente argumenta, no entanto, que seencontra incapaz desde a cessação do benefício concedido anteriormente (03/03/2009).5. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se que o recorrente não apresentou exames e laudossuficientemente capazes de comprovar a sua incapacidade após a cessação do benefício em 03/03/09. Os precário laudosparticulares apresentados (fls. 17/18/33) não produzem indícios satisfatórios para constatarmos que a patologia ainda seencontrava presente na época de cessação (03/03/2009). Ademais, a matéria foi suficientemente esclarecida pelo peritomédico judicial, que é especialista habilitado e capacitado para realização de perícias de forma imparcial, não havendo oque se questionar acerca da data fixada no laudo pericial (01/01/2011).6. Ressalta-se, ainda, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é provaunilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendoconclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.7. Assim, não havendo provas capazes de afirmar que o recorrente estava incapacitado no período da cessação dobenefício previdenciário anterior, não merecem guarida os argumentos expostos no pleito recursal.8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

116 - 0002306-11.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002306-9/01) MAURO GOMES DO NASCIMENTO (ADVOGADO: RafaelAntônio Freitas, SIDINÉIA DE FREITAS DIAS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.).Processo nº. 0002306-11.2009.4.02.5051/01Recorrente: MAURO GOMES DO NASCIMENTORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – CONVERSÃO – INCAPACIDADETEMPORÁRIA – BENEFÍCIO INDEVIDO – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em face de sentença que restabeleceu oauxílio-doença desde a cessação indevida, julgando improcedente sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustentao recorrente, em suas razões recursais, que não tem condição alguma de retornar às suas atividades laborativas em razãodas enfermidades que o acometem e seu estado de saúde. Alega que em todas as atividades sofrerá severas restrições eprejuízos irreparáveis à sua saúde, de modo que não poderá exercer qualquer atividade laborativa de forma completa eexigida no mercado de trabalho. Dessa forma, requer seja reformada a sentença, julgando-se procedente o pedido deconversão do auxílio-doença restabelecido em aposentadoria por invalidez.

2. O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 doaludido diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ounão em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de qualqueratividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. Presentes todos os requisitos legais, quais sejam, a qualidade de segurado, o cumprimento do período de carência e aconstatação da incapacidade, a controvérsia cinge-se à natureza da incapacidade – se permanente ou temporária.

4. Na análise pericial do Juízo (fls. 124/125), o recorrente (56 anos) foi examinado e diagnosticado com cervicalgia (CID 10:M 54.2), dor lombar baixa (CID 10: M 54.5) e diabetes Mellitus (CID 10: E 11.9) – quesito n° 1 -, doen ça degenerativa eadquirida. Segundo o perito, as patologias que o acometem induzem em incapacidade para o exercício de sua profissão deporteiro, sendo a incapacidade classificada como total e temporária (quesitos n° 6, 9 e 10), com tempo de tratamento erecuperação estimado em um ano.

5. Na hipótese em apreço, em especial em face do fato de que o Perito do Juízo estimou a possibilidade de recuperação doautor-recorrente (fixando, para tanto, o período de um ano), o conjunto probatório está a indicar o acerto do Juízo a quo aojulgar o pedido parcialmente procedente, concedendo o auxílio-doença mas afirmando indevido o benefício deaposentadoria por invalidez.

6. Contra a alegação recursal de que há documento médico particular que atesta a incapacidade permanente do recorrente,importa destacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SeçãoJudiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médicopericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidadelaborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

7. Assim, ausente um dos requisitos necessários à concessão da aposentadoria por invalidez, qual seja, a incapacidadepermanente, não faz jus o recorrente ao referido benefício.

8. Não merece reparo, pois, a sentença proferida pelo Juízo a quo.

9. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

10. Sem custas, na forma da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

117 - 0000822-55.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000822-3/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x JOSE ALVES RODRIGUES (ADVOGADO: ADENILSONVIANA NERY.).Processo n.º 0000822-55.2009.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1º VF São MateusRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : JOSÉ ALVES RODRIGUESRelator : Juiz Federal PABLO COELHO CHARLES GOMES

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORAL TOTAL E DEFINITIVA VERIFICADA. RESTRIÇÃO FUNCIONAL APONTADA PELO PERITO PREJUDICASEVERAMENTE O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE LABORATIVA HABITUAL. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente o pedidode restabelecimento do auxílio-doença, a partir da data da cessação, e a sua conversão em aposentadoria por invalidez.Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que o magistrado violou o direito à ampla defesa, ao contraditório e aodevido processo legal, por não ter permitido o complemento da perícia e por não ter restituído o prazo para apresentação dedefesa ou para apresentação de acordo. Alega ainda que, mediante perícia administrativa realizada pela Autarquia Federal,restou comprovado que o autor possui aptidão física e mental para o desempenho de suas atividades laborais (pedreiro).

Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, reformado-se a sentença, para que o pedido do autor seja julgadoimprocedente. As contrarrazões foram apresentadas às fls. 88-89.O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 da Lei nº8.213/1991, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não emgozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhegaranta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.A condição de segurado e o período de carência são incontroversos nos autos. Verifico, assim, que a controvérsia gira emtorno da incapacidade laboral.Na análise pericial do Juízo (fls. 70-73), o recorrido (53 anos) foi examinado e diagnosticado como portador de sequelas deAVC (quesito nº 1 – fl. 70), patologia que o incapacita para suas atividades habituais de pedreiro (quesito nº 04 - fl. 71). Aoser questionado sobre as limitações funcionais que impedem o desempenho da atividade habitual, em quesito de nº 05 (fl.71), asseverou o perito que a diminuição da força muscular e a dificuldade de deambulação do autor o impedem de realizarqualquer atividade laborativa. Ainda no quesito de nº 9 (fl. 71) o perito elucidou que desconhece a existência de qualquerprograma que viabilize a reabilitação e/ou enquadramento do periciado ao meio social.Embora a perícia administrativa realizada no âmbito do INSS tenha detectado aptidão funcional do autor, registro que oexame do Perito do Juízo declinou motivação razoável a respeito da sua incapacitação funcional definitiva (fl. 72, quesitos 2,4 e 8). Quanto ao Perito do Juízo, supõe-se a sua imparcialidade, sendo que o mesmo não ocorre quanto aos médicosperitos que integram os quadros do INSS. Ademais, considerando a idade (55 anos, fl. 8), escolaridade (3ª série primária, fl.70), profissão (pedreiro) e o tipo de patologia sofridas pelo autor (seqüela de acidente vascular cerebral), tudo está a indicaro acerto da conclusão a que chegou o Perito do Juízo, no sentido de que o autor se encontra total e definitivamenteincapacitado.A eventual resposta dos quesitos suplementares apresentados pelo INSS não alteraria essa conclusão, visto que a períciajudicial foi suficientemente motivada.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do CPC.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

118 - 0000514-13.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000514-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x IRENE NEITZEL ROCE (ADVOGADO: EDUARDO VAGO DE OLIVEIRA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – INCAPACIDADE LABORAL – PROPOSTA DE ACORDO NÃO HOMOLOGADA– ACORDO INVIÁVEL – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 101/103, que julgou procedente opedido de IRENE NEITZEL ROCE (45 anos de idade) quanto à concessão do benefício de auxílio-doença. Almeja o INSS,em suas razões recursais, a anulação da sentença prolatada no juízo a quo. Alega o Instituto que a proposta de acordoformulada e aceita pela parte autora foi ignorada e sua homologação não realizada, caracterizando-se, expressamente, oerror in procedendo.2. O auxílio-doença, conforme o art. 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos.3. A autarquia previdenciária requereu a intimação da parte autora para que esta se manifestasse acerca da proposta deacordo de fls. 97/98. Devidamente intimada, a autora apresentou inúmeras ressalvas. Em seguida, o Juízo a quo proferiusentença, sem considerar a proposta. No recurso inominado interposto pelo recorrente, houve menção de que o acordoproposto havia sido integralmente aceito pela recorrida. No entanto, tal afirmação não confere com as informaçõespresentes nos autos.4. Em resposta à proposta de acordo realizada, a parte autora aceitou apenas alguns itens. Verificou-se que os itens de nºIV, V e VII foram refutados pela recorrida. Entretanto, convém analisar que tais itens eram de fundamental importância paraque o acordo obtivesse, de fato, eficácia. O item IV tratava da renúncia aos eventuais direitos decorrentes do mesmo fatoou fundamento jurídico que deram origem à demanda, ou seja, a recusa de renúncia por parte da autora lhe daria o direitode pleitear novamente o mesmo objeto, impedindo, assim, a formação da coisa julgada.5. Os outros itens citados prejudicavam igualmente as pretensões primárias da autarquia previdenciária. Torna-se evidenteque a contraproposta realizada não era compatível com as intenções inicialmente almejadas pela Instituição, possibilitandoo raciocínio de que, dificilmente, lograria êxito. Portanto, ao verificar que a probabilidade de realização do acordo era

praticamente mínima, entende-se a posição da experiente magistrada a quo em realizar o julgamento de mérito.6. Ademais, nas contrarrazões apresentadas pela parte autora, destacou-se que não serão mais aceitos os termos daproposta de acordo formulada pelo INSS. Logo, seria incompreensível o retorno dos autos, visto que inexiste a possibilidadede acordo entre as partes.7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.8. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor dacondenação.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

119 - 0000087-25.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000087-2/01) MARIA DA PENHA BRESSAMINI MOZER (ADVOGADO:ANDRESSA MARIA TRAVEZANI LOVATTI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS.) x OS MESMOS.TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAISRECURSO Nº 2009.50.51.000087-2/01 – TURMA RECURSALRECORRENTE: MARIA DA PENHA BRESSAMINI MOZER E INSSRECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: Pablo Coelho Charles Gomes

E M E N T A

RECURSOS INOMINADOS – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ –RECEBIMENTO DE BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA – NÃO HOUVE PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO –ALTERAÇÃO NA DATA DE INÍCIO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – DATA DA REALIZAÇÃO DA PERÍCIAMÉDICA – RECURSO DO INSS CONHECIDO E IMPROVIDO – RECURSO DO AUTOR CONHECIDO E PARCIALMENTEPROVIDO – SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.

Trata-se de recursos inominados interpostos pelas partes em face de sentença que julgou parcialmente procedente opedido, concedendo aposentadoria por invalidez. Argui o INSS a ausência da qualidade de segurado e da incapacidade daautora. A parte autora, a seu turno, requer a alteração da DIB.A parte autora foi submetida à perícia médica a qual diagnosticou Artrose lombar, hérnias discais L4-L5, discopatia T11-T12e T12-L1. O respectivo laudo foi conclusivo pela incapacidade parcial e definitiva.Argui o INSS que o laudo pericial constatou somente incapacidade parcial, inexistindo, portanto, direito à aposentadoria porinvalidez. A parte autora tem 56 anos de idade e tem por atividade habitual a agricultura. Para efeito de aferição dacapacidade para o trabalho, considera-se como parâmetro justamente a atividade habitualmente exercida. Sabe-se que aprofissão desempenhada pela recorrida – trabalhadora rural – é, por demais, desgastante. Exigir-se de alguém acontinuidade no labor cujo esforço físico é intenso é afrontar o princípio da dignidade da pessoa humana.Argui o INSS que a parte autora perdeu a qualidade de segurado. Porém, conforme informações obtidas do sistema Plenus(telas em anexo), a autora recebeu o benefício de auxílio-doença no período de 01/03/2005 a 27/02/2008 e, posteriormente,de 06/07/2008 a 30/08/2010, sendo este cessado apenas em virtude da determinação judicial constante da sentença de fls.105/106, que julgou parcialmente procedente o pedido autoral e condenou o INSS a implantar o benefício de aposentadoriapor invalidez a partir da data da juntada do laudo pericial em 31/08/2010.Assim, tendo em vista que a autora ficou sem receber o benefício de auxílio-doença apenas por 04 (quatro) meses, não háque se falar em perda da qualidade de segurado, como sustenta o INSS em seu pedido recursal.Quanto ao pedido recursal da parte autora, de fixação da DIB na data da cessação do benefício de auxílio-doença, ou seja,em 27/02/2008, entendo que não lhe resta razão. Os laudos particulares acostados aos autos não são aptos a confirmarque, no período de 28/02/2008 a 05/07/2008, a autora continuava incapaz para o trabalho.Porém, entendo que a DIB da aposentadoria por invalidez deve ser modificada. O Juízo a quo entendeu devido o benefícioapenas a partir da data da juntada do laudo pericial (31/08/2010), sendo que a perícia médica foi realizada em 11/06/2010,momento em que restou comprovada a incapacidade definitiva da autora. Sendo assim, dou parcial provimento ao recursoda parte autora para fixar a DIB da aposentadoria por invalidez em 11/06/2010, data da realização da perícia médica.Recurso do INSS conhecido e improvido. Recurso da autora conhecido e parcialmente provido. Sentença parcialmentereformada apenas para alterar a data de início da aposentadoria por invalidez para 11/06/2010.Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Tendo em vista que o recurso da parte autora foi minimamenteprovido, deixo de fixar condenação em honorários advocatícios, considerando recíproca a sucumbência.A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DOS RECURSOS, NEGANDO PROVIMENTO AORECURSO DO INSS E DANDO PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DA PARTE AUTORA, na forma da ementaconstante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

PABLO COELHO CHARLES GOMESJuiz Federal Relator

120 - 0001248-70.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001248-5/01) BRAZ BUFON (ADVOGADO: SANDRA VILASTRE DEARAUJO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: DANILO PEREIRA MATOSFIGUEIREDO.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL –LAUDO MÉDICO PERICIAL – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por BRAZ BUFON (49 anos de idade, trabalhador rural), em face da sentençade fls. 87/88, que julgou improcedente o seu pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença e a concessão daaposentadoria por invalidez. Alega o recorrente, em suas razões recursais, que é portador de traumatismo do músculo etendão da cabeça longa do bíceps, de modo que se encontra impossibilitado de exercer atividade laboral. Com isso, requera reforma da sentença, almejando que seu pedido inicial seja julgado procedente. O INSS não apresentou contrarrazões.

2. Preliminarmente, reitero o entendimento firmado no juízo a quo acerca da aposentadoria por invalidez. Para que secaracterize tal benefício, é essencial a demonstração da incapacidade total, definitiva e absoluta do segurado. Observa-se,no entanto, que o recorrente não se encontra em tais condições, conforme os laudos anexados (fls. 53/61) e a períciamédica judicial (fls. 66/67), impossibilitando, consequentemente, a concessão da prestação beneficiária.

3. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos.

4. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, mediante perícia médica judicial (fls. 66/67/82), queo recorrente não apresentou exames e laudos suficientemente capazes de comprovar a persistência da patologia.Ressalte-se, também, que na perícia médica realizada, o autor não apresentou testes positivos para a constatação dadoença (traumatismo do músculo e tendão da cabeça longa do bíceps). Com isso, o perito afirma que o recorrenteencontra-se apto, não apresentando incapacidade para desenvolver atividades profissionais. Reforçando, ainda, aconclusão da perícia judicial realizada, podemos verificar que diferentes peritos do INSS declararam que o recorrente seencontra apto para exercer atividade laboral (fls. 57/61).

5. Ressalto que a perícia administrativa constatou o fim da incapacidade em exame realizado em 11/10/2007; não obstante,o autor somente ingressou com esta ação em 19/06/2009, ou seja, vinte meses após a referida conclusão da períciaadministrativa. Aliado a tal dado agrega-se o fato de não haver laudos ou atestados que afirmem a incapacidade laborativaapós a referida conclusão da perícia administrativa. Enfim, não há elementos de prova hábeis a excluir a conclusão a quechegou o Perito do Juízo.

6. Assim, não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos no pleito recursal.

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

121 - 0000846-20.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000846-2/01) MARIA DOS ANJOS SOARES BARBOSA FILHA DOSSANTOS (ADVOGADO: EDGARD VALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADELABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 73/77, que julgou improcedenteo seu pedido de concessão do benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez. Alega a recorrente, MARIA DOSANJOS SOARES BARBOSA FILHA DOS SANTOS (agricultora, 35 anos de idade), em suas razões recursais, que possuiproblemas na visão esquerda, estando incapacitada, total e permanente para o trabalho. O INSS apresentou contrarrazões,pugnando pela manutenção da sentença.

2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida ao seguradoque, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício deatividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. A autora requereu o benefício de auxílio-doença em 19/02/2008 (fl. 27). O INSS indeferiu o pedido da requerente, sob aalegação de que não foi constatada a incapacidade para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual.

4. Realizada a audiência, percebe-se que houve contradição entre os depoimentos da autora e das testemunhas, tendo emvista que não restou claro até quando a autora exerceu atividade laborativa.

5. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, mediante perícia médica judicial (fls. 54/58), queapesar de o perito médico ter constatado que a recorrente é portadora de visão monocular, a doença não induzincapacidade para o trabalho, podendo a autora exercer qualquer atividade laboral.

6. Vale ressaltar, quanto aos laudos particulares apresentados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do EspíritoSanto: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial, produzido pelo juízo, é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

7. Estar acometido por doença não configura, necessariamente, incapacidade para o trabalho. Não basta estar doente. Épreciso que a doença incapacite o segurado para sua atividade laboral. Assim, não havendo incapacidade, não merecemguarida os argumentos expostos no pleito recursal.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

122 - 0000867-65.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.000867-9/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) REGINA MARIAFORMENTINI (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: Juliana AlmenaraAndaku.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000867-65.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: REGINA MARIA FORMENTINIRECORRIDO: UNIÃO FEDERALVOTO

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 6879, a qualextinguiu o feito sem resolução de mérito. Preliminarmente, a recorrente alega que a concessão do benefício da assistênciajudiciária gratuita não depende de prova pré-constituída, mas da simples declaração de hipossuficiência.

No mérito, sustenta que a demanda não veicula complexidade de ordem contábil, razão pela qual a sentença de origemmerece reforma, de modo que se reconheça a procedência dos pleitos autorais. Contrarrazões às fls. 83/99.

É o relatório. Passo a proferir voto.

Primeiramente, infere-se que a simples percepção pela parte autora de ambos os proventos (aposentadoria ordinária eaposentadoria complementar), não assegura, por si só, a inocorrência de futuros prejuízos a sua subsistência e de suafamília, diante do ônus de arcar com as despesas judiciais. No mais, a simples afirmação de hipossuficiência é o bastantepara o deferimento da assistência judiciária, conforme regra expressa na Lei nº 1.060/50, art. 4º. Ante o exposto, defiro opedido de assistência judiciária gratuita à parte requerente.

Ao contrário da conclusão adotada na sentença recorrida, não se reconhece a incompetência dos Juizados EspeciaisFederais para o processamento e julgamento do feito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa pormotivo de indispensabilidade de perícia contábil. E isto porque a competência dos Juizados Especiais é absoluta,fundamentada no valor da causa (teto de sessenta salários mínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autosalbergam todos os elementos necessários à confecção de eventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grandeporte nesse tocante. Nesse sentido, CC 0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador FederalLuciano Tolentino Amaral, e-DJF1 p.15 de 06/12/2010, TRF 1ª Região. Nesse tocante, portanto, o recurso da parte autoramerece provimento.

Doutra parte, afastada a alegação de inépcia da petição inicial, tendo em vista que a tutela pretendida na peça de ingressopode ser entendida como cumulação alternativa de pedidos. Com efeito, a parte postulou a inexigibilidade do imposto derenda recolhido sobre as contribuições vertidas à previdência privada entre 89/95 e a restituição da exação incidente sobrea complementação de aposentadoria. Embora se possa cogitar de possível exacerbação dos pedidos deduzidos – eis queparte pareceu pretender acusar a ilegalidade da tributação tanto sobre as contribuições, quanto sobre o benefício decomplementação –, não se pode falar, propriamente, em inépcia da peça vestibular, notadamente porque o indivíduo tem,observada a boa-fé, ampla liberdade para peticionar perante o Judiciário.

Ultrapassadas essas questões, e em atenção à previsão contida no artigo 515, § 3º, CPC, passo a julgar o mérito da causa,tendo em vista a presença, nos autos, de documentação suficiente ao deslinde do feito.

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para arepetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “O termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Como a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos é 09/07/2005 (fl. 17) e a presenteação foi ajuizada em 21/10/2008 (fl. 02), não está prescrita a pretensão de obter o ressarcimento das retenções do impostode renda sobre o benefício.

No mérito, a matéria referente à restituição do imposto está pacificada pela jurisprudência do C. Superior Tribunal deJustiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais no sentido de que “não incide imposto de rendasobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhidoexclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009.Desse modo, os requisitos para o reconhecimento do pedido de restituição são: (1) que tenham ocorrido contribuiçõespor parte do autor no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral dadocumentação comprobatória eis que a aferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimentoda sentença e (2) que esteja aposentado. No caso dos autos os documentos colacionados pela parte autora demonstram opreenchimento dos dois requisitos, quais sejam, contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (fls.25/27) e aposentadoria em julho/2005 (fl. 17), pelo que é devido o reconhecimento do pleito autoral de restituição.Quanto aos critérios para cálculo do valor a ser restituído, a apuração do indébito deverá observar a seguinte metodologia:as contribuições efetuadas pela parte autora no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de 1995deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos para osCálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal.O valor apurado, consistente no crédito da parte autora, deverá ser deduzido do montante recebido a título decomplementação de aposentadoria por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, devidamente atualizado, à data do encontro de contas, pelosmesmos índices determinados no item (1), recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício, de modo afixar-se o valor a ser restituído, quantia esta que deverá ser corrigida pela Taxa SELIC, com a exclusão de outro índice decorreção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Seção, julgado em25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anota-se o exemplo elaborado pelo Juiz Federal MARCOSROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em Reexame Necessáriodo processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009), senão vejamos:“Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteúltimo valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por conseqüência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”.

Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o autor não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou o que tiversido pago será objeto de repetição.

Em face do exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO (artigos 515, § 3º, e 269, I, ambosdo CPC), para, reformando a sentença de origem, (1) acolher a competência dos JEFs para processamento e julgamentodo feito, (2) reconhecer a inexigibilidade do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada até o limite do quefoi recolhido exclusivamente pela parte autora (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/88, ouseja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996, e (3)condenar a União Federal à restituição/compensação do respectivo indébito, de acordo com a sistemática estabelecidaneste voto e instruções que se seguem.A União deverá ser intimada, após o trânsito em julgado, para efetuar, no prazo de sessenta dias, a revisão administrativadas declarações anuais do imposto de renda pessoa física da parte autora, para excluir da base de cálculo do impostodevido a parcela relativa ao crédito do contribuinte, na forma fixada por este voto. Eventual restituição administrativa deimposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declarações de ajuste anual antigas, caberá ao autor o ônusde apresentá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.Efetuada a revisão na forma do parágrafo anterior, deverá a ré informar ao Juízo o valor total da restituição devida, paraulterior expedição de RPV ou precatório, sempre observado o valor de alçada dos Juizados Especiais Federais, a saber, 60(sessenta) salários mínimos (valor vigente na data do ajuizamento da ação).Após a revisão das declarações anuais do imposto de renda e da apuração do valor da restituição devida, no caso de aindahaver saldo de crédito em favor do contribuinte, fica o autor autorizado a deduzir o saldo na base de cálculo do impostodevido nos exercícios financeiros seguintes, até o esgotamento do saldo credor.Sem custas (art. 4º, I e II, da Lei 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante a previsão contida no artigo55 da Lei n. 9.099/95.É o voto.

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000867-65.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: REGINA MARIA FORMENTINIRECORRIDO: UNIÃO FEDERAL

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS RECONHECIDA – INÉPCIADA PETIÇÃO INICIAL AFASTADA – INOCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL – RESTITUIÇÃODEVIDA – CRITÉRIOS DE CÁLCULO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADAA C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTEPablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

123 - 0001067-72.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.001067-4/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) VANDETE MONTEIROFREITAS (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DERESENDE RAPOSO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001067-72.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: VANDETE MONTEIRO FREITASRECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

VOTO

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 43/45, que extinguiu o feito semresolução de mérito. Em razões de recurso, a parte autora alega, preliminarmente, que a concessão do benefício daassistência judiciária gratuita não depende de prova pré-constituía, mas da simples declaração de hipossuficiência. Nomérito, sustenta que a demanda não traz complexidade no que se refere à perícia contábil, devendo ser reformada asentença proferida para que seja julgado procedente o pedido inicial de repetição do indébito tributário, tendo em vista aalegação de inocorrência da prescrição do fundo de direito.

Contrarrazões às fls. 137/143.

É o breve relatório. Passo a proferir o voto.

Primeiramente, infere-se que a simples percepção de proventos (aposentadoria ordinária e aposentadoria complementar)não assegura, por si só, a inocorrência de futuros prejuízos a sua subsistência e de sua família, diante do ônus de arcarcom as despesas judiciais. No mais, a simples afirmação de hipossuficiência é o bastante para o deferimento da assistênciajudiciária, conforme regra expressa na Lei 1.060/50, art. 4º. Ante o exposto, defiro o pedido de assistência judiciária gratuitaà parte requerente (fl. 12).

Por outro lado, não se reconhece a incompetência dos Juizados Especiais Federais para o processamento e julgamento dofeito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa por motivo de indispensabilidade de perícia contábil. E istoporque a competência dos Juizados Especiais é absoluta, fundamentada no valor da causa (teto de sessenta saláriosmínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autos albergam todos os elementos necessários à confecção deeventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grande porte nesse tocante. Nesse sentido, CC0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral, e-DJF1 p.15 de06/12/2010, TRF 1ª Região. Nesse tocante, portanto, o recurso da parte autora merece provimento.

Ultrapassada essa questão preliminar, em atenção à previsão contida no artigo 515, § 3º, do CPC, passo a julgar o méritoda causa, tendo em vista a presença, nos autos, de documentação suficiente ao deslinde do feito.

Para a averiguação de eventual prescrição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito tributário, cumpre-nos,primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo na hipótese sob exame, qual seja, imposto de renda incidentesobre a suplementação/complementação de aposentadoria. Nesse passo, vale rememorar que “o termo inicial daprescrição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefício correspondente à aposentadoriacomplementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996”(AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixadaesta premissa inicial, resta apurar qual o prazo a ser observado na hipótese.

Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 566.621/RS, declarou ainconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:

LC 118/2005

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código TributárioNacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento dopagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmentodeclarado inconstitucional pelo STF)

CTN

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dosdispositivos interpretados.(...)

Diante dessa nova orientação, restou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seriaválida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamentopor homologação às ações ajuizadas a partir de então, restando inconstitucional apenas sua aplicação às ações ajuizadasanteriormente a essa data.

Segue a ementa da decisão referente ao Recurso Extraordinário supramencionado, publicada em 11/10/2011 (DJe 195):

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOSAJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação daPrimeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetiçãoou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovaçãonormativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Leisupostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência deviolação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete,como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo ereduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato,pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõespendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa aoprincípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça.Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação doprazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corteno enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas quetomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos.Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic), que pretendeu a aplicação donovo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral,tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC

118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso davacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursossobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (Grifos nossos). (Supremo Tribunal Federal – RExt n. 566.621 – Órgãojulgador: Tribunal Pleno – Relatora: Ministra Ellen Gracie – Julgado em: 04/08/2011 – Publicado em: 11/10/2011).

A relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, ressaltou, em síntese, que, embora não haja direito adquirido a regime jurídico, aredução de prazo veiculada na nova lei não poderia retroagir para fulminar, de imediato, pretensões que ainda poderiam serdeduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em outros termos, não se poderia entender que o legisladorpudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estivessem submetidas, de imediato, ao prazo reduzido,sem qualquer regra de transição. Nesse diapasão, a vacatio legis na norma neófita teria por função oportunizar aosinteressados ingressarem com suas ações, interrompendo os prazos prescricionais em curso, após o que o novo prazodeve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 estabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias dehoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os contribuintes tiveram prazo suficiente paratomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais ações para a tutela de seus direitos.As hipóteses de pagamento indevido tuteláveis por ações ajuizadas após este lapso temporal, é dizer, a partir da efetivavigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – estão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que talcircunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de restituição doIR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encontra-se atingida pela prescrição, eis que opagamento indevido data de 26/11/1999 (data de início dos benefícios de aposentadoria complementar – fl. 17) e apresente ação foi ajuizada somente em 02/02/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que atrai a incidênciado novo prazo prescricional de 05 anos à hipótese, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO, apenas para afastar aincompetência dos Juizados Especiais Federais para apreciação e julgamento da presente demanda. No mérito,considerando a nova orientação jurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), DECLARO APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL de restituição de indébito tributário, pelo que julgo extinto o feito comjulgamento de mérito, nos termos do artigo 269, IV, do CPC.

Sem custas (art. 4º da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante o caráter recíproco dasucumbência (artigo 21 do CPC).

É o voto.

PABLO COELHO CHARLES GOMESJuiz Federal Relator

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001067-72.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: VANDETE MONTEIRO FREITAS

RECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS RECONHECIDA – PRAZOPRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃODECLARADA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO e DECLARAR APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

PABLO COELHO CHARLES GOMESJuiz Federal Relator

124 - 0000859-88.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.000859-0/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROLAN MACHADO(ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDERAPOSO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000859-88.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: ROLAN MACHADORECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

VOTO

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 43/45, que extinguiu o feito semresolução de mérito. Em razões de recurso, a parte autora alega, preliminarmente, que a concessão do benefício daassistência judiciária gratuita não depende de prova pré-constituía, mas da simples declaração de hipossuficiência. Nomérito, sustenta que a demanda não traz complexidade no que se refere à perícia contábil, devendo ser reformada asentença proferida para que seja julgado procedente o pedido inicial de repetição do indébito tributário, tendo em vista aalegação de inocorrência da prescrição do fundo de direito.

Contrarrazões às fls. 89/95.

É o breve relatório. Passo a proferir o voto.

Primeiramente, infere-se que a simples percepção de proventos (aposentadoria ordinária e aposentadoria complementar)não assegura, por si só, a inocorrência de futuros prejuízos a sua subsistência e de sua família, diante do ônus de arcarcom as despesas judiciais. No mais, a simples afirmação de hipossuficiência é o bastante para o deferimento da assistênciajudiciária, conforme regra expressa na Lei 1.060/50, art. 4º. Ante o exposto, defiro o pedido de assistência judiciária gratuitaà parte requerente (fl. 12).

Por outro lado, não se reconhece a incompetência dos Juizados Especiais Federais para o processamento e julgamento dofeito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa por motivo de indispensabilidade de perícia contábil. E istoporque a competência dos Juizados Especiais é absoluta, fundamentada no valor da causa (teto de sessenta saláriosmínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autos albergam todos os elementos necessários à confecção deeventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grande porte nesse tocante. Nesse sentido, CC0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral, e-DJF1 p.15 de06/12/2010, TRF 1ª Região. Nesse tocante, portanto, o recurso da parte autora merece provimento.

Ultrapassada essa questão preliminar, em atenção à previsão contida no artigo 515, § 3º, do CPC, passo a julgar o méritoda causa, tendo em vista a presença, nos autos, de documentação suficiente ao deslinde do feito.

Para a averiguação de eventual prescrição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito tributário, cumpre-nos,primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo na hipótese sob exame, qual seja, imposto de renda incidentesobre a suplementação/complementação de aposentadoria. Nesse passo, vale rememorar que “o termo inicial daprescrição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefício correspondente à aposentadoriacomplementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996”(AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixadaesta premissa inicial, resta apurar qual o prazo a ser observado na hipótese.

Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 566.621/RS, declarou a

inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:

LC 118/2005

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código TributárioNacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento dopagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmentodeclarado inconstitucional pelo STF)

CTN

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dosdispositivos interpretados.(...)

Diante dessa nova orientação, restou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seriaválida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamentopor homologação às ações ajuizadas a partir de então, restando inconstitucional apenas sua aplicação às ações ajuizadasanteriormente a essa data.

Segue a ementa da decisão referente ao Recurso Extraordinário supramencionado, publicada em 11/10/2011 (DJe 195):

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOSAJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação daPrimeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetiçãoou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovaçãonormativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Leisupostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência deviolação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete,como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo ereduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato,pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõespendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa aoprincípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça.Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação doprazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corteno enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas quetomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos.Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic), que pretendeu a aplicação donovo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral,tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso davacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursossobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (Grifos nossos). (Supremo Tribunal Federal – RExt n. 566.621 – Órgãojulgador: Tribunal Pleno – Relatora: Ministra Ellen Gracie – Julgado em: 04/08/2011 – Publicado em: 11/10/2011).

A relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, ressaltou, em síntese, que, embora não haja direito adquirido a regime jurídico, aredução de prazo veiculada na nova lei não poderia retroagir para fulminar, de imediato, pretensões que ainda poderiam serdeduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em outros termos, não se poderia entender que o legisladorpudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estivessem submetidas, de imediato, ao prazo reduzido,sem qualquer regra de transição. Nesse diapasão, a vacatio legis na norma neófita teria por função oportunizar aosinteressados ingressarem com suas ações, interrompendo os prazos prescricionais em curso, após o que o novo prazodeve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 estabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias dehoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os contribuintes tiveram prazo suficiente paratomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais ações para a tutela de seus direitos.As hipóteses de pagamento indevido tuteláveis por ações ajuizadas após este lapso temporal, é dizer, a partir da efetivavigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – estão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que talcircunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de restituição doIR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encontra-se atingida pela prescrição, eis que opagamento indevido data de 01/04/1997 (data de início dos benefícios de aposentadoria complementar – fl. 17) e apresente ação foi ajuizada somente em 22/01/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que atrai a incidênciado novo prazo prescricional de 05 anos à hipótese, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO, apenas para afastar aincompetência dos Juizados Especiais Federais para apreciação e julgamento da presente demanda. No mérito,considerando a nova orientação jurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), DECLARO APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL de restituição de indébito tributário, pelo que julgo extinto o feito comjulgamento de mérito, nos termos do artigo 269, IV, do CPC.

Sem custas (art. 4º da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante o caráter recíproco dasucumbência (artigo 21 do CPC).

É o voto.

PABLO COELHO CHARLES GOMESJuiz Federal Relator

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000859-88.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: ROLAN MACHADORECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS RECONHECIDA – PRAZOPRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃODECLARADA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO e DECLARAR APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

PABLO COELHO CHARLES GOMESJuiz Federal Relator

125 - 0001105-84.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.001105-8/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUCIANE RANGELMOREIRA LEITE (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: JULIANA

ALMENARA ANDAKU.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001105-84.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: LUCIANE RANGEL MOREIRA LEITERECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

VOTO

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 43/45, que extinguiu o feito semresolução de mérito. Em razões de recurso, a parte autora alega, preliminarmente, que a concessão do benefício daassistência judiciária gratuita não depende de prova pré-constituía, mas da simples declaração de hipossuficiência. Nomérito, sustenta que a demanda não traz complexidade no que se refere à perícia contábil, devendo ser reformada asentença proferida para que seja julgado procedente o pedido inicial de repetição do indébito tributário, tendo em vista aalegação de inocorrência da prescrição do fundo de direito.

Contrarrazões às fls. 83/99.

É o breve relatório. Passo a proferir o voto.

Primeiramente, infere-se que a simples percepção de proventos (aposentadoria ordinária e aposentadoria complementar)não assegura, por si só, a inocorrência de futuros prejuízos a sua subsistência e de sua família, diante do ônus de arcarcom as despesas judiciais. No mais, a simples afirmação de hipossuficiência é o bastante para o deferimento da assistênciajudiciária, conforme regra expressa na Lei 1.060/50, art. 4º. Ante o exposto, defiro o pedido de assistência judiciária gratuitaà parte requerente (fl. 12).

Por outro lado, não se reconhece a incompetência dos Juizados Especiais Federais para o processamento e julgamento dofeito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa por motivo de indispensabilidade de perícia contábil. E istoporque a competência dos Juizados Especiais é absoluta, fundamentada no valor da causa (teto de sessenta saláriosmínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autos albergam todos os elementos necessários à confecção deeventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grande porte nesse tocante. Nesse sentido, CC0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral, e-DJF1 p.15 de06/12/2010, TRF 1ª Região. Nesse tocante, portanto, o recurso da parte autora merece provimento.

Ultrapassada essa questão preliminar, em atenção à previsão contida no artigo 515, § 3º, do CPC, passo a julgar o méritoda causa, tendo em vista a presença, nos autos, de documentação suficiente ao deslinde do feito.

Para a averiguação de eventual prescrição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito tributário, cumpre-nos,primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo na hipótese sob exame, qual seja, imposto de renda incidentesobre a suplementação/complementação de aposentadoria. Nesse passo, vale rememorar que “o termo inicial daprescrição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefício correspondente à aposentadoriacomplementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996”(AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixadaesta premissa inicial, resta apurar qual o prazo a ser observado na hipótese.

Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 566.621/RS, declarou ainconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:

LC 118/2005

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código TributárioNacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento dopagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmentodeclarado inconstitucional pelo STF)

CTN

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dosdispositivos interpretados.(...)

Diante dessa nova orientação, restou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seriaválida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamentopor homologação às ações ajuizadas a partir de então, restando inconstitucional apenas sua aplicação às ações ajuizadasanteriormente a essa data.

Segue a ementa da decisão referente ao Recurso Extraordinário supramencionado, publicada em 11/10/2011 (DJe 195):

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOSAJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação daPrimeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetiçãoou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovaçãonormativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Leisupostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência deviolação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete,como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo ereduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato,pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõespendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa aoprincípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça.Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação doprazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corteno enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas quetomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos.Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic), que pretendeu a aplicação donovo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral,tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso davacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursossobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (Grifos nossos). (Supremo Tribunal Federal – RExt n. 566.621 – Órgãojulgador: Tribunal Pleno – Relatora: Ministra Ellen Gracie – Julgado em: 04/08/2011 – Publicado em: 11/10/2011).

A relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, ressaltou, em síntese, que, embora não haja direito adquirido a regime jurídico, aredução de prazo veiculada na nova lei não poderia retroagir para fulminar, de imediato, pretensões que ainda poderiam serdeduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em outros termos, não se poderia entender que o legisladorpudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estivessem submetidas, de imediato, ao prazo reduzido,sem qualquer regra de transição. Nesse diapasão, a vacatio legis na norma neófita teria por função oportunizar aosinteressados ingressarem com suas ações, interrompendo os prazos prescricionais em curso, após o que o novo prazodeve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 estabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias dehoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os contribuintes tiveram prazo suficiente paratomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais ações para a tutela de seus direitos.As hipóteses de pagamento indevido tuteláveis por ações ajuizadas após este lapso temporal, é dizer, a partir da efetivavigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – estão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que talcircunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de restituição doIR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encontra-se atingida pela prescrição, eis que opagamento indevido data de 20/07/2002 (data de início do benefício de aposentadoria complementar – fl. 17) e a presenteação foi ajuizada somente em 02/02/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que atrai a incidência do novoprazo prescricional de 05 anos à hipótese, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO, apenas para afastar aincompetência dos Juizados Especiais Federais para apreciação e julgamento da presente demanda. No mérito,considerando a nova orientação jurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), DECLARO APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL de restituição de indébito tributário, pelo que julgo extinto o feito comjulgamento de mérito, nos termos do artigo 269, IV, do CPC.

Sem custas (art. 4º da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante o caráter recíproco dasucumbência (artigo 21 do CPC).

É o voto.

PABLO COELHO CHARLES GOMESJuiz Federal Relator

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001105-84.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: LUCIANE RANGEL MOREIRA LEITERECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS RECONHECIDA – PRAZOPRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃODECLARADA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO e DECLARAR APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

PABLO COELHO CHARLES GOMESJuiz Federal Relator

126 - 0002723-64.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.002723-6/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) JANE PEDROTI FIOROTTI(ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDERAPOSO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002723-64.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: JANE PEDROTI FIOROTTIRECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

VOTO

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 35/37, que extinguiu o feito semresolução de mérito. Em razões de recurso, a parte autora alega, preliminarmente, que a concessão do benefício daassistência judiciária gratuita não depende de prova pré-constituía, mas da simples declaração de hipossuficiência. Nomérito, sustenta que a demanda não traz complexidade no que se refere à perícia contábil, devendo ser reformada asentença proferida para que seja julgado procedente o pedido inicial de repetição do indébito tributário, tendo em vista aalegação de inocorrência da prescrição do fundo de direito.

Contrarrazões às fls. 74/80.

É o breve relatório. Passo a proferir o voto.

Primeiramente, infere-se que a simples percepção de proventos (aposentadoria ordinária e aposentadoria complementar)não assegura, por si só, a inocorrência de futuros prejuízos a sua subsistência e de sua família, diante do ônus de arcar

com as despesas judiciais. No mais, a simples afirmação de hipossuficiência é o bastante para o deferimento da assistênciajudiciária, conforme regra expressa na Lei 1.060/50, art. 4º. Ante o exposto, defiro o pedido de assistência judiciária gratuitaà parte requerente (fl. 12).

Por outro lado, não se reconhece a incompetência dos Juizados Especiais Federais para o processamento e julgamento dofeito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa por motivo de indispensabilidade de perícia contábil. E istoporque a competência dos Juizados Especiais é absoluta, fundamentada no valor da causa (teto de sessenta saláriosmínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autos albergam todos os elementos necessários à confecção deeventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grande porte nesse tocante. Nesse sentido, CC0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral, e-DJF1 p.15 de06/12/2010, TRF 1ª Região. Nesse tocante, portanto, o recurso da parte autora merece provimento.

Ultrapassada essa questão preliminar, em atenção à previsão contida no artigo 515, § 3º, do CPC, passo a julgar o méritoda causa, tendo em vista a presença, nos autos, de documentação suficiente ao deslinde do feito.

Para a averiguação de eventual prescrição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito tributário, cumpre-nos,primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo na hipótese sob exame, qual seja, imposto de renda incidentesobre a suplementação/complementação de aposentadoria. Nesse passo, vale rememorar que “o termo inicial daprescrição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefício correspondente à aposentadoriacomplementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996”(AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixadaesta premissa inicial, resta apurar qual o prazo a ser observado na hipótese.

Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 566.621/RS, declarou ainconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:

LC 118/2005

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código TributárioNacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento dopagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmentodeclarado inconstitucional pelo STF)

CTN

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dosdispositivos interpretados.(...)

Diante dessa nova orientação, restou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seriaválida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamentopor homologação às ações ajuizadas a partir de então, restando inconstitucional apenas sua aplicação às ações ajuizadasanteriormente a essa data.

Segue a ementa da decisão referente ao Recurso Extraordinário supramencionado, publicada em 11/10/2011 (DJe 195):

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOSAJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação daPrimeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetiçãoou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovaçãonormativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Leisupostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência deviolação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete,como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo ereduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato,pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõespendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa aoprincípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça.Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação doprazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corteno enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que

tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos.Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic), que pretendeu a aplicação donovo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral,tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso davacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursossobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (Grifos nossos). (Supremo Tribunal Federal – RExt n. 566.621 – Órgãojulgador: Tribunal Pleno – Relatora: Ministra Ellen Gracie – Julgado em: 04/08/2011 – Publicado em: 11/10/2011).

A relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, ressaltou, em síntese, que, embora não haja direito adquirido a regime jurídico, aredução de prazo veiculada na nova lei não poderia retroagir para fulminar, de imediato, pretensões que ainda poderiam serdeduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em outros termos, não se poderia entender que o legisladorpudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estivessem submetidas, de imediato, ao prazo reduzido,sem qualquer regra de transição. Nesse diapasão, a vacatio legis na norma neófita teria por função oportunizar aosinteressados ingressarem com suas ações, interrompendo os prazos prescricionais em curso, após o que o novo prazodeve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 estabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias dehoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os contribuintes tiveram prazo suficiente paratomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais ações para a tutela de seus direitos.As hipóteses de pagamento indevido tuteláveis por ações ajuizadas após este lapso temporal, é dizer, a partir da efetivavigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – estão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que talcircunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de restituição doIR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encontra-se atingida pela prescrição, eis que opagamento indevido data de 09/11/2002 (data de início do benefício de aposentadoria complementar – fl. 17) e a presenteação foi ajuizada somente em 17/04/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que atrai a incidência do novoprazo prescricional de 05 anos à hipótese, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO, apenas para afastar aincompetência dos Juizados Especiais Federais para apreciação e julgamento da presente demanda. No mérito,considerando a nova orientação jurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), DECLARO APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL de restituição de indébito tributário, pelo que julgo extinto o feito comjulgamento de mérito, nos termos do artigo 269, IV, do CPC.

Sem custas (art. 4º da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante o caráter recíproco dasucumbência (artigo 21 do CPC).

É o voto.

PABLO COELHO CHARLES GOMESJuiz Federal Relator

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002723-64.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: JANE PEDROTI FIOROTTIRECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS RECONHECIDA – PRAZOPRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃODECLARADA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO e DECLARAR APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

PABLO COELHO CHARLES GOMESJuiz Federal Relator

127 - 0001116-16.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.001116-2/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUZIA MOSCON DE ASSIS(ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001116-16.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: LUZIA MOSCON DE ASSISRECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

VOTO

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 41/43, que extinguiu o feito semresolução de mérito. Aduz a recorrente, em suas razões, que a demanda não traz complexidade no que se refere à períciacontábil, devendo ser reformada a sentença proferida para que seja julgado procedente o pedido inicial de repetição doindébito tributário, diante da alegação de inocorrência da prescrição do fundo de direito.

Contrarrazões às fls. 76/85.

É o breve relatório. Passo a proferir o voto.

Preliminarmente, não se reconhece a incompetência dos Juizados Especiais Federais para o processamento e julgamentodo feito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa por motivo de indispensabilidade de perícia contábil. Eisto porque a competência dos Juizados Especiais é absoluta, fundamentada no valor da causa (teto de sessenta saláriosmínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autos albergam todos os elementos necessários à confecção deeventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grande porte nesse tocante. Nesse sentido, CC0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral, e-DJF1 p.15 de06/12/2010, TRF 1ª Região. Nesse tocante, portanto, o recurso da parte autora merece provimento.

Ultrapassada essa questão preliminar, em atenção à previsão contida no artigo 515, § 3º, do CPC, passo a julgar o méritoda causa, tendo em vista a presença, nos autos, de documentação suficiente ao deslinde do feito.

Para a averiguação de eventual prescrição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito tributário, cumpre-nos,primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo na hipótese sob exame, qual seja, imposto de renda incidentesobre a suplementação/complementação de aposentadoria.

Nesse passo, vale rememorar que “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou aperceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRATURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixada esta premissa inicial, resta apurar qual o prazo a ser observadona hipótese.

Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 566.621/RS, declarou ainconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:

LC 118/2005

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código TributárioNacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento dopagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmentodeclarado inconstitucional pelo STF)

CTN

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dosdispositivos interpretados.(...)

Diante dessa nova orientação, restou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seriaválida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamentopor homologação às ações ajuizadas a partir de então, restando inconstitucional apenas sua aplicação às ações ajuizadasanteriormente a essa data.

Segue a ementa da decisão referente ao Recurso Extraordinário supramencionado, publicada em 11/10/2011 (DJe 195):

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOSAJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação daPrimeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetiçãoou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovaçãonormativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Leisupostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência deviolação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete,como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo ereduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato,pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõespendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa aoprincípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça.Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação doprazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corteno enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas quetomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos.Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic), que pretendeu a aplicação donovo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral,tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso davacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursossobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (Grifos nossos). (Supremo Tribunal Federal – RExt n. 566.621 – Órgãojulgador: Tribunal Pleno – Relatora: Ministra Ellen Gracie – Julgado em: 04/08/2011 – Publicado em: 11/10/2011).

A relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, ressaltou, em síntese, que, embora não haja direito adquirido a regime jurídico, aredução de prazo veiculada na nova lei não poderia retroagir para fulminar, de imediato, pretensões que ainda poderiam serdeduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em outros termos, não se poderia entender que o legisladorpudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estivessem submetidas, de imediato, ao prazo reduzido,sem qualquer regra de transição. Nesse diapasão, a vacatio legis na norma neófita teria por função oportunizar aosinteressados ingressarem com suas ações, interrompendo os prazos prescricionais em curso, após o que o novo prazodeve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 estabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias dehoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os contribuintes tiveram prazo suficiente paratomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais ações para a tutela de seus direitos.As hipóteses de pagamento indevido tuteláveis por ações ajuizadas após este lapso temporal, é dizer, a partir da efetivavigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – estão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que talcircunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de restituição doIR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encontra-se atingida pela prescrição, eis que opagamento indevido data de 10/02/1998 (data de início do benefício de aposentadoria complementar – fl. 17) e a presente

ação foi ajuizada somente em 02/02/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que atrai a incidência do novoprazo prescricional de 05 anos à hipótese, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO, apenas para afastar aincompetência dos Juizados Especiais Federais para apreciação e julgamento da presente demanda. No mérito,considerando a nova orientação jurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), DECLARO APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL de restituição de indébito tributário, pelo que julgo extinto o feito comjulgamento de mérito, nos termos do artigo 269, IV, do CPC.

Sem custas (art. 4º da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante o caráter recíproco dasucumbência (artigo 21 do CPC).

É o voto.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

PABLO COELHO CHARLES GOMESJuiz Federal Relator

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001116-16.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: LUZIA MOSCON DE ASSISRECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS RECONHECIDA – PRAZOPRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃODECLARADA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO e DECLARAR APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente

julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

PABLO COELHO CHARLES GOMESJuiz Federal Relator

128 - 0003630-39.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.003630-4/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARLY RAMOS RIBEIRO(ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DEBARROS.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0003630-39.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: MARLY RAMOS RIBEIRORECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

VOTO

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 40/42, a qualextinguiu o feito sem resolução de mérito. Aduz a recorrente, em suas razões, que a demanda não traz complexidade noque se refere à perícia contábil, devendo ser reformada a sentença proferida para que seja julgado procedente o pedidoinicial, diante da alegação de inocorrência da prescrição do fundo de direito, reiterando a postulação de repetição doindébito tributário.

Contrarrazões às fls.77/86.

É o relatório. Passo a decidir.

Preliminarmente, não se reconhece a incompetência dos Juizados Especiais Federais para o processamento e julgamentodo feito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa por motivo de indispensabilidade de perícia contábil. Eisto porque a competência dos Juizados Especiais é absoluta, fundamentada no valor da causa (teto de sessenta saláriosmínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autos albergam todos os elementos necessários à confecção deeventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grande porte nesse tocante. Nesse sentido, CC0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral, e-DJF1p.15 de 06/12/2010, TRF 1ª Região. Nesse tocante, portanto, o recurso da parte autora merece provimento.

Ultrapassada essa questão preliminar, em atenção à previsão contida no artigo 515, § 3º, do CPC, passo a julgar o méritoda causa, tendo em vista a presença, nos autos, de documentação suficiente ao deslinde do feito.

De início, impõe-se a apreciação de eventual prescrição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito tributário,consoante alegado em contrarrazões ao recurso inominado.

Nessa tarefa, cumpre-nos, primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo. Nesse passo, vale rememorarque “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefíciocorrespondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzirefeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixada esta premissa inicial, resta apurar qual o prazo a ser observado na hipótese.

Em recentíssima decisão, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 566.621/RS, declarou ainconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:

LC 118/2005

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código TributárioNacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento dopagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmentodeclarado inconstitucional pelo STF)

CTN

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dosdispositivos interpretados.(...)

Diante dessa nova orientação, restou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seriaválida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamentopor homologação às ações ajuizadas a partir de então, restando inconstitucional apenas sua aplicação às ações ajuizadasanteriormente a essa data.

Embora, ainda não haja publicação oficial do acórdão de julgamento, é possível extrair do informativo de jurisprudência daCorte (Edição n.º634) que a relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, ressaltou, em síntese, que, embora não haja direitoadquirido a regime jurídico, a redução de prazo veiculada na nova lei não poderia retroagir para fulminar, de imediato,pretensões que ainda poderiam ser deduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em outros termos, nãose poderia entender que o legislador pudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estivessemsubmetidas, de imediato, ao prazo reduzido, sem qualquer regra de transição. Nesse diapasão, a vacatio legis na normaneófita teria por função oportunizar aos interessados ingressarem com suas ações, interrompendo os prazos prescricionaisem curso, após o que o novo prazo deve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 estabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias dehoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os contribuintes tiveram prazo suficiente paratomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais ações para a tutela de seus direitos.As hipóteses de pagamento indevido tuteláveis por ações ajuizadas após este lapso temporal, é dizer, a partir da efetivavigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – estão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que talcircunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de restituição doIR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encontra-se atingida pela prescrição, eis que opagamento indevido data de 03/05/1995 (fl. 17 – data de início do benefício de aposentadoria complementar) e a presenteação foi ajuizada somente em 06/05/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que atrai a incidência do novoprazo prescricional de 05 anos à hipótese, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO, apenas para afastar aincompetência dos Juizados Especiais Federais para apreciação e julgamento da presente demanda. No mérito,considerando a nova orientação jurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), DECLARO APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL de restituição de indébito tributário, pelo que julgo extinto o feito comjulgamento de mérito, nos termos do artigo 269, IV, do CPC.

Sem custas (art. 4º da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante o caráter recíproco dasucumbência (artigo 21 do CPC).

É o voto.

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0003630-39.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: MARLY RAMOS RIBEIRORECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS RECONHECIDA – PRAZOPRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃODECLARADA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO e DECLARAR APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTEPablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

129 - 0006598-42.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.006598-5/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) SYLVIO SOUZA ROCHA(ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0006598-42.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: SYLVIO SOUZA ROCHARECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

VOTO

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 55/57, a qualextinguiu o feito sem resolução de mérito. Aduz o recorrente, em suas razões, que a demanda não traz complexidade noque se refere à perícia contábil, devendo ser reformada a sentença proferida para que seja julgado procedente o pedidoinicial, diante da alegação de inocorrência da prescrição do fundo de direito, reiterando a postulação de repetição doindébito tributário.

Contrarrazões às fls. 83/92.

É o relatório. Passo a decidir.

Preliminarmente, não se reconhece a incompetência dos Juizados Especiais Federais para o processamento e julgamentodo feito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa por motivo de indispensabilidade de perícia contábil. Eisto porque a competência dos Juizados Especiais é absoluta, fundamentada no valor da causa (teto de sessenta saláriosmínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autos albergam todos os elementos necessários à confecção deeventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grande porte nesse tocante. Nesse sentido, CC0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral, e-DJF1p.15 de 06/12/2010, TRF 1ª Região. Nesse tocante, portanto, o recurso da parte autora merece provimento.

Ultrapassada essa questão preliminar, em atenção à previsão contida no artigo 515, § 3º, do CPC, passo a julgar o méritoda causa, tendo em vista a presença, nos autos, de documentação suficiente ao deslinde do feito.

De início, impõe-se a apreciação de eventual prescrição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito tributário,consoante alegado em contrarrazões ao recurso inominado.

Nessa tarefa, cumpre-nos, primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo. Nesse passo, vale rememorarque “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefíciocorrespondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzirefeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixada esta premissa inicial, resta apurar qual o prazo a ser observado na hipótese.

Em recentíssima decisão, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 566.621/RS, declarou ainconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:

LC 118/2005

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código TributárioNacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento dopagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmentodeclarado inconstitucional pelo STF)

CTN

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dosdispositivos interpretados.(...)

Diante dessa nova orientação, restou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seriaválida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamentopor homologação às ações ajuizadas a partir de então, restando inconstitucional apenas sua aplicação às ações ajuizadasanteriormente a essa data.

Embora, ainda não haja publicação oficial do acórdão de julgamento, é possível extrair do informativo de jurisprudência daCorte (Edição n.º634) que a relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, ressaltou, em síntese, que, embora não haja direitoadquirido a regime jurídico, a redução de prazo veiculada na nova lei não poderia retroagir para fulminar, de imediato,pretensões que ainda poderiam ser deduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em outros termos, nãose poderia entender que o legislador pudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estivessemsubmetidas, de imediato, ao prazo reduzido, sem qualquer regra de transição. Nesse diapasão, a vacatio legis na normaneófita teria por função oportunizar aos interessados ingressarem com suas ações, interrompendo os prazos prescricionaisem curso, após o que o novo prazo deve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 estabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias dehoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os contribuintes tiveram prazo suficiente paratomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais ações para a tutela de seus direitos.

As hipóteses de pagamento indevido tuteláveis por ações ajuizadas após este lapso temporal, é dizer, a partir da efetivavigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – estão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que talcircunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de restituição doIR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encontra-se atingida pela prescrição, eis que opagamento indevido data de 27/04/2001 (fl. 18 – data de início do benefício de aposentadoria complementar) e a presenteação foi ajuizada somente em 05/11/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que atrai a incidência do novoprazo prescricional de 05 anos à hipótese, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO, apenas para afastar aincompetência dos Juizados Especiais Federais para apreciação e julgamento da presente demanda. No mérito,considerando a nova orientação jurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), DECLARO APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL de restituição de indébito tributário, pelo que julgo extinto o feito comjulgamento de mérito, nos termos do artigo 269, IV, do CPC.

Sem custas (art. 4º da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante o caráter recíproco dasucumbência (artigo 21 do CPC).

É o voto.

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0006598-42.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: SYLVIO SOUZA ROCHARECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS RECONHECIDA – PRAZOPRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃODECLARADA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO e DECLARAR APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTEPablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

130 - 0000876-27.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.000876-0/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOAO BATISTA VIANA(ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: MARGARETH ALVES DEOLIVEIRA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000876-27.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: JOÃO BATISTA VIANARECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

VOTOTrata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 62/64, a qualextinguiu o feito sem resolução de mérito. Aduz o recorrente, em suas razões, que a demanda não traz complexidade noque se refere à perícia contábil, devendo ser reformada a sentença proferida para que seja julgado procedente o pedidoinicial, diante da alegação de inocorrência da prescrição do fundo de direito, reiterando a postulação de repetição doindébito tributário.

Contrarrazões às fls.100/114.

É o relatório. Passo a decidir.

Preliminarmente, não se reconhece a incompetência dos Juizados Especiais Federais para o processamento e julgamentodo feito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa por motivo de indispensabilidade de perícia contábil. Eisto porque a competência dos Juizados Especiais é absoluta, fundamentada no valor da causa (teto de sessenta saláriosmínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autos albergam todos os elementos necessários à confecção deeventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grande porte nesse tocante. Nesse sentido, CC

0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral, e-DJF1p.15 de 06/12/2010, TRF 1ª Região. Nesse tocante, portanto, o recurso da parte autora merece provimento.

Ultrapassada essa questão preliminar, em atenção à previsão contida no artigo 515, § 3º, do CPC, passo a julgar o méritoda causa, tendo em vista a presença, nos autos, de documentação suficiente ao deslinde do feito.

De início, impõe-se a apreciação de eventual prescrição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito tributário,consoante alegado em contrarrazões ao recurso inominado.

Nessa tarefa, cumpre-nos, primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo. Nesse passo, vale rememorarque “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefíciocorrespondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzirefeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixada esta premissa inicial, resta apurar qual o prazo a ser observado na hipótese.

Em recentíssima decisão, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 566.621/RS, declarou ainconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:

LC 118/2005

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código TributárioNacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento dopagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmentodeclarado inconstitucional pelo STF)

CTN

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dosdispositivos interpretados.(...)

Diante dessa nova orientação, restou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seriaválida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamentopor homologação às ações ajuizadas a partir de então, restando inconstitucional apenas sua aplicação às ações ajuizadasanteriormente a essa data.

Embora, ainda não haja publicação oficial do acórdão de julgamento, é possível extrair do informativo de jurisprudência daCorte (Edição n.º634) que a relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, ressaltou, em síntese, que, embora não haja direitoadquirido a regime jurídico, a redução de prazo veiculada na nova lei não poderia retroagir para fulminar, de imediato,pretensões que ainda poderiam ser deduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em outros termos, nãose poderia entender que o legislador pudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estivessemsubmetidas, de imediato, ao prazo reduzido, sem qualquer regra de transição. Nesse diapasão, a vacatio legis na normaneófita teria por função oportunizar aos interessados ingressarem com suas ações, interrompendo os prazos prescricionaisem curso, após o que o novo prazo deve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 estabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias dehoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os contribuintes tiveram prazo suficiente paratomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais ações para a tutela de seus direitos.As hipóteses de pagamento indevido tuteláveis por ações ajuizadas após este lapso temporal, é dizer, a partir da efetivavigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – estão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que talcircunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de restituição doIR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encontra-se atingida pela prescrição, eis que opagamento indevido data de 02/06/1994 (fl. 17 – data de início do benefício de aposentadoria complementar) e a presenteação foi ajuizada somente em 22.01.2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que atrai a incidência do novoprazo prescricional de 05 anos à hipótese, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO, apenas para afastar aincompetência dos Juizados Especiais Federais para apreciação e julgamento da presente demanda. No mérito,considerando a nova orientação jurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), DECLARO A

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL de restituição de indébito tributário, pelo que julgo extinto o feito comjulgamento de mérito, nos termos do artigo 269, IV, do CPC.

Sem custas (art. 4º da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante o caráter recíproco dasucumbência (artigo 21 do CPC).

É o voto.

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000876-27.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: JOÃO BATISTA VIANARECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS RECONHECIDA – PRAZOPRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃODECLARADA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO e DECLARAR APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTEPablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

131 - 0004854-12.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.004854-9/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) OLINTO MORAIS REIS(ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: Kleison Ferreira.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0004854-12.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: OLINTO MORAIS REISRECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

VOTO

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 33/35, a qualextinguiu o feito sem resolução de mérito. Aduz o recorrente, em suas razões, que a demanda não traz complexidade noque se refere à perícia contábil, devendo ser reformada a sentença proferida para que seja julgado procedente o pedidoinicial, diante da alegação de inocorrência da prescrição do fundo de direito, reiterando a postulação de repetição doindébito tributário.

Contrarrazões às fls.70/79.

É o relatório. Passo a decidir.

Preliminarmente, não se reconhece a incompetência dos Juizados Especiais Federais para o processamento e julgamentodo feito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa por motivo de indispensabilidade de perícia contábil. Eisto porque a competência dos Juizados Especiais é absoluta, fundamentada no valor da causa (teto de sessenta saláriosmínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autos albergam todos os elementos necessários à confecção deeventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grande porte nesse tocante. Nesse sentido, CC0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral, e-DJF1p.15 de 06/12/2010, TRF 1ª Região. Nesse tocante, portanto, o recurso da parte autora merece provimento.

Ultrapassada essa questão preliminar, em atenção à previsão contida no artigo 515, § 3º, do CPC, passo a julgar o méritoda causa, tendo em vista a presença, nos autos, de documentação suficiente ao deslinde do feito.

De início, impõe-se a apreciação de eventual prescrição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito tributário,consoante alegado em contrarrazões ao recurso inominado.

Nessa tarefa, cumpre-nos, primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo. Nesse passo, vale rememorarque “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefíciocorrespondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzirefeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixada esta premissa inicial, resta apurar qual o prazo a ser observado na hipótese.

Em recentíssima decisão, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 566.621/RS, declarou ainconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:

LC 118/2005

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código TributárioNacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento dopagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmentodeclarado inconstitucional pelo STF)

CTN

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dosdispositivos interpretados.(...)

Diante dessa nova orientação, restou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seriaválida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamentopor homologação às ações ajuizadas a partir de então, restando inconstitucional apenas sua aplicação às ações ajuizadasanteriormente a essa data.

Embora, ainda não haja publicação oficial do acórdão de julgamento, é possível extrair do informativo de jurisprudência daCorte (Edição n.º634) que a relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, ressaltou, em síntese, que, embora não haja direitoadquirido a regime jurídico, a redução de prazo veiculada na nova lei não poderia retroagir para fulminar, de imediato,pretensões que ainda poderiam ser deduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em outros termos, nãose poderia entender que o legislador pudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estivessemsubmetidas, de imediato, ao prazo reduzido, sem qualquer regra de transição. Nesse diapasão, a vacatio legis na normaneófita teria por função oportunizar aos interessados ingressarem com suas ações, interrompendo os prazos prescricionaisem curso, após o que o novo prazo deve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 estabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias dehoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os contribuintes tiveram prazo suficiente paratomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais ações para a tutela de seus direitos.As hipóteses de pagamento indevido tuteláveis por ações ajuizadas após este lapso temporal, é dizer, a partir da efetivavigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – estão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que talcircunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de restituição doIR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encontra-se atingida pela prescrição, eis que opagamento indevido data de 01/04/2004 (fl. 24 – data de início do benefício de aposentadoria complementar) e a presenteação foi ajuizada somente em 23/07/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que atrai a incidência do novoprazo prescricional de 05 anos à hipótese, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO, apenas para afastar aincompetência dos Juizados Especiais Federais para apreciação e julgamento da presente demanda. No mérito,considerando a nova orientação jurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), DECLARO APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL de restituição de indébito tributário, pelo que julgo extinto o feito comjulgamento de mérito, nos termos do artigo 269, IV, do CPC.

Sem custas (art. 4º da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante o caráter recíproco dasucumbência (artigo 21 do CPC).

É o voto.

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0004854-12.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: OLINTO MORAIS REISRECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DE

APOSENTADORIA – BIS IN IDEM – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS RECONHECIDA – PRAZOPRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃODECLARADA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO e DECLARAR APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

132 - 0006506-64.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.006506-7/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) MAURILIO FONSECACASTRO DE REZENDE (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR:MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0006506-64.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: MAURILIO FONSECA CASTRO DE REZENDERECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

VOTO

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 47/49, a qualextinguiu o feito sem resolução de mérito. Aduz o recorrente, em suas razões, que a demanda não traz complexidade noque se refere à perícia contábil, devendo ser reformada a sentença proferida para que seja julgado procedente o pedidoinicial, diante da alegação de inocorrência da prescrição do fundo de direito, reiterando a postulação de repetição doindébito tributário.

Contrarrazões às fls.85/101.

É o relatório. Passo a decidir.

Preliminarmente, não se reconhece a incompetência dos Juizados Especiais Federais para o processamento e julgamentodo feito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa por motivo de indispensabilidade de perícia contábil. Eisto porque a competência dos Juizados Especiais é absoluta, fundamentada no valor da causa (teto de sessenta saláriosmínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autos albergam todos os elementos necessários à confecção deeventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grande porte nesse tocante. Nesse sentido, CC0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral, e-DJF1p.15 de 06/12/2010, TRF 1ª Região. Nesse tocante, portanto, o recurso da parte autora merece provimento.

Ultrapassada essa questão preliminar, em atenção à previsão contida no artigo 515, § 3º, do CPC, passo a julgar o méritoda causa, tendo em vista a presença, nos autos, de documentação suficiente ao deslinde do feito.

De início, impõe-se a apreciação de eventual prescrição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito tributário,consoante alegado em contrarrazões ao recurso inominado.

Nessa tarefa, cumpre-nos, primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo. Nesse passo, vale rememorarque “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefíciocorrespondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzirefeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixada esta premissa inicial, resta apurar qual o prazo a ser observado na hipótese.

Em recentíssima decisão, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 566.621/RS, declarou ainconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:

LC 118/2005

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código TributárioNacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento dopagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmentodeclarado inconstitucional pelo STF)

CTN

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dosdispositivos interpretados.(...)

Diante dessa nova orientação, restou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seriaválida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamentopor homologação às ações ajuizadas a partir de então, restando inconstitucional apenas sua aplicação às ações ajuizadasanteriormente a essa data.

Embora, ainda não haja publicação oficial do acórdão de julgamento, é possível extrair do informativo de jurisprudência daCorte (Edição n.º634) que a relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, ressaltou, em síntese, que, embora não haja direitoadquirido a regime jurídico, a redução de prazo veiculada na nova lei não poderia retroagir para fulminar, de imediato,pretensões que ainda poderiam ser deduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em outros termos, nãose poderia entender que o legislador pudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estivessemsubmetidas, de imediato, ao prazo reduzido, sem qualquer regra de transição. Nesse diapasão, a vacatio legis na normaneófita teria por função oportunizar aos interessados ingressarem com suas ações, interrompendo os prazos prescricionaisem curso, após o que o novo prazo deve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 estabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias dehoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os contribuintes tiveram prazo suficiente paratomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais ações para a tutela de seus direitos.As hipóteses de pagamento indevido tuteláveis por ações ajuizadas após este lapso temporal, é dizer, a partir da efetivavigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – estão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que talcircunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de restituição doIR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encontra-se atingida pela prescrição, eis que opagamento indevido data de 03/03/1994 (fl. 19 – data de início do benefício de aposentadoria complementar) e a presenteação foi ajuizada somente em 20/10/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que atrai a incidência do novoprazo prescricional de 05 anos à hipótese, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO, apenas para afastar aincompetência dos Juizados Especiais Federais para apreciação e julgamento da presente demanda. No mérito,considerando a nova orientação jurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), DECLARO APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL de restituição de indébito tributário, pelo que julgo extinto o feito comjulgamento de mérito, nos termos do artigo 269, IV, do CPC.

Sem custas (art. 4º da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante o caráter recíproco dasucumbência (artigo 21 do CPC).

É o voto.

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0006506-64.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: MAURILIO FONSECA CASTRO DE REZENDERECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS RECONHECIDA – PRAZOPRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃODECLARADA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO e DECLARAR APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

133 - 0006023-34.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.006023-9/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) MILTON DOS SANTOSVIEIRA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: MARCUS VINÍCIUSCHAGAS SARAIVA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0006023-34.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: MILTON SANTOS PEREIRARECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

VOTO

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 139/141, que extinguiu o feito semresolução de mérito. Preliminarmente, o recorrente alega que a concessão do benefício da assistência judiciária gratuitanão depende de prova pré-constituída, mas da simples declaração de hipossuficiência. No mérito, sustenta que a demandanão traz complexidade no que se refere à perícia contábil, devendo ser reformada a sentença proferida para que sejajulgado procedente o pedido inicial, tendo em vista a alegação de inocorrência da prescrição do fundo de direito, reiterandoa postulação de repetição do indébito tributário.

Contrarrazões às fls. 179/195.

É o breve relatório. Passo a proferir o voto.

Primeiramente, infere-se que a simples percepção pela parte autora de ambos os proventos (aposentadoria ordinária eaposentadoria complementar), não assegura, por si só, a inocorrência de futuros prejuízos a sua subsistência e de suafamília, diante do ônus de arcar com as despesas judiciais. No mais, a simples afirmação de hipossuficiência é o bastantepara o deferimento da assistência judiciária, conforme regra expressa na Lei 1.060/50, art. 4º. Ante o exposto, defiro opedido de assistência judiciária gratuita à parte requerente (fl. 12).

Por outro lado, não se reconhece a incompetência dos Juizados Especiais Federais para o processamento e julgamento dofeito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa por motivo de indispensabilidade de perícia contábil. E istoporque a competência dos Juizados Especiais é absoluta, fundamentada no valor da causa (teto de sessenta saláriosmínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autos albergam todos os elementos necessários à confecção deeventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grande porte nesse tocante. Nesse sentido, CC0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral, e-DJF1 p.15 de06/12/2010, TRF 1ª Região. Nesse tocante, portanto, o recurso da parte autora merece provimento.

Ultrapassada essa questão preliminar, em atenção à previsão contida no artigo 515, § 3º, do CPC, passo a julgar o méritoda causa, tendo em vista a presença, nos autos, de documentação suficiente ao deslinde do feito.

Para a averiguação de eventual prescrição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito tributário, cumpre-nos,primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo na hipótese sob exame, qual seja, imposto de renda incidentesobre a suplementação/complementação de aposentadoria. Nesse passo, vale rememorar que “o termo inicial daprescrição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefício correspondente à aposentadoriacomplementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996”(AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixadaesta premissa inicial, resta apurar qual o prazo a ser observado na hipótese.

Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 566.621/RS, declarou ainconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:

LC 118/2005

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código TributárioNacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento dopagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmentodeclarado inconstitucional pelo STF)

CTN

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dosdispositivos interpretados.(...)

Diante dessa nova orientação, restou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seria

válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamentopor homologação às ações ajuizadas a partir de então, restando inconstitucional apenas sua aplicação às ações ajuizadasanteriormente a essa data.

Segue a ementa da decisão referente ao Recurso Extraordinário supramencionado, publicada em 11/10/2011 (DJe 195):

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOSAJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação daPrimeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetiçãoou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovaçãonormativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Leisupostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência deviolação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete,como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo ereduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato,pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõespendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa aoprincípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça.Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação doprazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corteno enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas quetomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos.Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic), que pretendeu a aplicação donovo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral,tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso davacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursossobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (Grifos nossos). (Supremo Tribunal Federal – RExt n. 566.621 – Órgãojulgador: Tribunal Pleno – Relatora: Ministra Ellen Gracie – Julgado em: 04/08/2011 – Publicado em: 11/10/2011).

A relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, ressaltou, em síntese, que, embora não haja direito adquirido a regime jurídico, aredução de prazo veiculada na nova lei não poderia retroagir para fulminar, de imediato, pretensões que ainda poderiam serdeduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em outros termos, não se poderia entender que o legisladorpudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estivessem submetidas, de imediato, ao prazo reduzido,sem qualquer regra de transição. Nesse diapasão, a vacatio legis na norma neófita teria por função oportunizar aosinteressados ingressarem com suas ações, interrompendo os prazos prescricionais em curso, após o que o novo prazodeve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 estabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias dehoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os contribuintes tiveram prazo suficiente paratomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais ações para a tutela de seus direitos.As hipóteses de pagamento indevido tuteláveis por ações ajuizadas após este lapso temporal, é dizer, a partir da efetivavigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – estão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que talcircunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de restituição doIR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encontra-se atingida pela prescrição, eis que opagamento indevido data de 01/12/1998 (data de início dos benefícios de aposentadoria complementar – fl. 118) e apresente ação foi ajuizada somente em 09/10/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que atrai a incidênciado novo prazo prescricional de 05 anos à hipótese, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO, apenas para afastar aincompetência dos Juizados Especiais Federais para apreciação e julgamento da presente demanda. No mérito,considerando a nova orientação jurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), DECLARO APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL de restituição de indébito tributário, pelo que julgo extinto o feito comjulgamento de mérito, nos termos do artigo 269, IV, do CPC.

Sem custas (art. 4º da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante o caráter recíproco dasucumbência (artigo 21 do CPC).

É o voto.

PABLO COELHO CHARLES GOMESJuiz Federal Relator

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0006023-34.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: MILTON SANTOS PEREIRARECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS RECONHECIDA – PRAZOPRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃORECONHECIDA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO e DECLARAR APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

PABLO COELHO CHARLES GOMESJuiz Federal Relator

134 - 0000793-11.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.000793-6/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARLY RODRIGUESMOTTA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: MARINA RIBEIROFLEURY.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000793-11.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: MARLY RODRIGUES MOTTARECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

V O T O

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 43/45, que extinguiu o feito semresolução de mérito. Preliminarmente, a recorrente alega que a concessão do benefício da assistência judiciária gratuitanão depende de prova pré-constituída, mas da simples declaração de hipossuficiência.

No mérito, sustenta que a demanda não traz complexidade no que se refere à perícia contábil, devendo ser reformada asentença proferida para que seja julgado procedente o pedido inicial, tendo em vista a alegação de inocorrência daprescrição do fundo de direito, reiterando a postulação de repetição do indébito tributário.

Contrarrazões à fl. 104.

É o breve relatório. Passo a proferir o voto.

Primeiramente, infere-se que a simples percepção pela parte autora de ambos os proventos (aposentadoria ordinária eaposentadoria complementar), não assegura, por si só, a inocorrência de futuros prejuízos a sua subsistência e de suafamília, diante do ônus de arcar com as despesas judiciais. No mais, a simples afirmação de hipossuficiência é o bastantepara o deferimento da assistência judiciária, conforme regra expressa na Lei 1.060/50, art. 4º. Ante o exposto, defiro opedido de assistência judiciária gratuita à parte requerente (fl. 12).

Por outro lado, não se reconhece a incompetência dos Juizados Especiais Federais para o processamento e julgamento dofeito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa por motivo de indispensabilidade de perícia contábil. E istoporque a competência dos Juizados Especiais é absoluta, fundamentada no valor da causa (teto de sessenta saláriosmínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autos albergam todos os elementos necessários à confecção deeventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grande porte nesse tocante. Nesse sentido, CC0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral, e-DJF1 p.15 de06/12/2010, TRF 1ª Região. Nesse tocante, portanto, o recurso da parte autora merece provimento.

Ultrapassada essa questão preliminar, em atenção à previsão contida no artigo 515, § 3º, do CPC, passo a julgar o méritoda causa, tendo em vista a presença, nos autos, de documentação suficiente ao deslinde do feito.

Para a averiguação de eventual prescrição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito tributário, cumpre-nos,primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo na hipótese sob exame, qual seja, imposto de renda incidentesobre a suplementação/complementação de aposentadoria. Nesse passo, vale rememorar que “o termo inicial daprescrição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefício correspondente à aposentadoriacomplementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996”(AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixadaesta premissa inicial, resta apurar qual o prazo a ser observado na hipótese.

Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 566.621/RS, declarou ainconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:

LC 118/2005

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código TributárioNacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento dopagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmentodeclarado inconstitucional pelo STF)

CTN

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dosdispositivos interpretados.(...)

Diante dessa nova orientação, restou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seriaválida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamentopor homologação às ações ajuizadas a partir de então, restando inconstitucional apenas sua aplicação às ações ajuizadasanteriormente a essa data.

Segue a ementa da decisão referente ao Recurso Extraordinário supramencionado, publicada em 11/10/2011 (DJe 195):

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOSAJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação daPrimeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetiçãoou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovaçãonormativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Leisupostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência deviolação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete,como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo ereduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato,pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõespendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa aoprincípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça.

Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação doprazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corteno enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas quetomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos.Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic), que pretendeu a aplicação donovo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral,tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso davacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursossobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (Grifos nossos). (Supremo Tribunal Federal – RExt n. 566.621 – Órgãojulgador: Tribunal Pleno – Relatora: Ministra Ellen Gracie – Julgado em: 04/08/2011 – Publicado em: 11/10/2011).

A relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, ressaltou, em síntese, que, embora não haja direito adquirido a regime jurídico, aredução de prazo veiculada na nova lei não poderia retroagir para fulminar, de imediato, pretensões que ainda poderiam serdeduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em outros termos, não se poderia entender que o legisladorpudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estivessem submetidas, de imediato, ao prazo reduzido,sem qualquer regra de transição. Nesse diapasão, a vacatio legis na norma neófita teria por função oportunizar aosinteressados ingressarem com suas ações, interrompendo os prazos prescricionais em curso, após o que o novo prazodeve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 estabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias dehoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os contribuintes tiveram prazo suficiente paratomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais ações para a tutela de seus direitos.As hipóteses de pagamento indevido tuteláveis por ações ajuizadas após este lapso temporal, é dizer, a partir da efetivavigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – estão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que talcircunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de restituição doIR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encontra-se atingida pela prescrição, eis que opagamento indevido data de 01/08/2000 (data de início dos benefícios de aposentadoria complementar – fl. 32) e apresente ação foi ajuizada somente em 02/02/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que atrai a incidênciado novo prazo prescricional de 05 anos à hipótese, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO, apenas para afastar aincompetência dos Juizados Especiais Federais para apreciação e julgamento da presente demanda. No mérito,considerando a nova orientação jurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), DECLARO APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL de restituição de indébito tributário, pelo que julgo extinto o feito comjulgamento de mérito, nos termos do artigo 269, IV, do CPC.

Sem custas (art. 4º da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante o caráter recíproco dasucumbência (artigo 21 do CPC).

É o voto.

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000793-11.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: MARLY RODRIGUES MOTTARECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS RECONHECIDA – PRAZOPRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃORECONHECIDA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO e DECLARAR APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

135 - 0002060-18.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.002060-6/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROBERT MIGUEL PIZZIOLO(ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: JULIANA ALMENARA ANDAKU.).

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002060-18.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: ROBERT MIGUEL PIZZIOLORECORRIDO: UNIÃO FEDERAL

VOTO

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 48/50, a qualextinguiu o feito sem resolução de mérito. Em suas razões, o recorrente sustenta que a demanda não veicula complexidadede ordem contábil, razão pela qual a sentença de origem merece reforma, de modo que se reconheça a procedência dospleitos autorais

Contrarrazões às fls. 85/101.

É o relatório. Passo a proferir voto.

Ao contrário da conclusão adotada na sentença recorrida, não se reconhece a incompetência dos Juizados EspeciaisFederais para o processamento e julgamento do feito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa pormotivo de indispensabilidade de perícia contábil. E isto porque a competência dos Juizados Especiais é absoluta,fundamentada no valor da causa (teto de sessenta salários mínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autosalbergam todos os elementos necessários à confecção de eventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grandeporte nesse tocante. Nesse sentido, CC 0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador FederalLuciano Tolentino Amaral, e-DJF1 p.15 de 06/12/2010, TRF 1ª Região. Nesse tocante, portanto, o recurso da parte autoramerece provimento.

Doutra parte, afastada a alegação de inépcia da petição inicial, tendo em vista que a tutela pretendida na peça de ingressopode ser entendida como cumulação alternativa de pedidos. Com efeito, a parte postulou a inexigibilidade do imposto derenda recolhido sobre as contribuições vertidas à previdência privada entre 89/95 e a restituição da exação incidente sobrea complementação de aposentadoria. Embora se possa cogitar de possível exacerbação dos pedidos deduzidos – eis queparte pareceu pretender acusar a ilegalidade da tributação tanto sobre as contribuições, quanto sobre o benefício decomplementação –, não se pode falar, propriamente, em inépcia da peça vestibular, notadamente porque o indivíduo tem,observada a boa-fé, ampla liberdade para peticionar perante o Judiciário.

Ultrapassadas essas questões, e em atenção à previsão contida no artigo 515, § 3º, CPC, passo a julgar o mérito da causa,tendo em vista a presença, nos autos, de documentação suficiente ao deslinde do feito.

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para arepetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “O termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Como a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos é 08/06/2007 (fl. 27) e a presenteação foi ajuizada em 18/03/2009 (fl. 01), não está prescrita a pretensão de obter o ressarcimento das retenções do impostode renda sobre o benefício.

No mérito principal, a matéria referente à restituição do imposto está pacificada pela jurisprudência do C. Superior Tribunalde Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais no sentido de que “não incide imposto de rendasobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhidoexclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009.

Desse modo, os requisitos para o reconhecimento do pedido de restituição são: (1) que tenham ocorrido contribuições porparte do autor no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral dadocumentação comprobatória eis que a aferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimentoda sentença e (2) que esteja aposentado. No caso dos autos os documentos colacionados pela parte autora demonstram opreenchimento dos dois requisitos, quais sejam, contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 eaposentadoria em junho/2007 (fls. 27/28), pelo que é devido o reconhecimento do pleito autoral de restituição.

Quanto aos critérios para cálculo do valor a ser restituído, a apuração do indébito deverá observar a seguinte metodologia:

as contribuições efetuadas pela parte autora no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de 1995deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos para osCálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal.

O valor apurado, consistente no crédito da parte autora, deverá ser deduzido do montante recebido a título decomplementação de aposentadoria por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, devidamente atualizado, à data do encontro de contas, pelosmesmos índices determinados no item (1), recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício, de modo afixar-se o valor a ser restituído, quantia esta que deverá ser corrigida pela Taxa SELIC, com a exclusão de outro índice decorreção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Seção, julgado em25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).

Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anota-se o exemplo elaborado pelo Juiz Federal MARCOSROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em Reexame Necessáriodo processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009), senão vejamos:

“Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteúltimo valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por conseqüência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”.

Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o autor não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou o que tiversido pago será objeto de repetição.

Em face do exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO (artigos 515, § 3º, e 269, I, ambosdo CPC), para, reformando a sentença de origem, (1) acolher a competência dos JEFs para processamento e julgamentodo feito, (2) reconhecer a inexigibilidade do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada até o limite do quefoi recolhido exclusivamente pela parte autora (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/88, ouseja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996, e (3)condenar a União Federal à restituição/compensação do respectivo indébito, de acordo com a sistemática estabelecidaneste voto e instruções que se seguem.

A União deverá ser intimada, após o trânsito em julgado, para efetuar, no prazo de sessenta dias, a revisão administrativadas declarações anuais do imposto de renda pessoa física da parte autora, para excluir da base de cálculo do impostodevido a parcela relativa ao crédito do contribuinte, na forma fixada por este voto. Eventual restituição administrativa deimposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declarações de ajuste anual antigas, caberá ao autor o ônusde apresentá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.

Efetuada a revisão na forma do parágrafo anterior, deverá a ré informar ao Juízo o valor total da restituição devida, paraulterior expedição de RPV ou precatório, sempre observado o valor de alçada dos Juizados Especiais Federais, a saber, 60(sessenta) salários mínimos (valor vigente na data do ajuizamento da ação).

Após a revisão das declarações anuais do imposto de renda e da apuração do valor da restituição devida, no caso de aindahaver saldo de crédito em favor do contribuinte, fica o autor autorizado a deduzir o saldo na base de cálculo do impostodevido nos exercícios financeiros seguintes, até o esgotamento do saldo credor.

Sem custas (art. 4º, I e II, da Lei 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante a previsão contida no artigo55 da Lei n. 9.099/95.

É o voto.

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002060-18.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: ROBERT MIGUEL PIZZIOLORECORRIDO: UNIÃO FEDERAL

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS RECONHECIDA –INOCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL – RESTITUIÇÃO DEVIDA – CRITÉRIOS DE CÁLCULO– RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTEPablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

136 - 0002569-46.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.002569-0/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) SYLVIO JOSE LAVOR DOSSANTOS (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: RODRIGO BARBOSADE BARROS.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002569-46.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: SYLVIO JOSE LAVOR DOS SANTOSRECORRIDO: UNIÃO FEDERAL

VOTO

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 46/48, a qualextinguiu o feito sem resolução de mérito. Preliminarmente, o recorrente alega que a concessão do benefício da assistênciajudiciária gratuita não depende de prova pré-constituída, mas da simples declaração de hipossuficiência.

No mérito, sustenta que a demanda não veicula complexidade de ordem contábil, razão pela qual a sentença de origemmerece reforma, de modo que se reconheça a procedência dos pleitos autorais. Contrarrazões às fls. 86/96.

É o relatório. Passo a proferir voto.

Primeiramente, infere-se que a simples percepção pela parte autora de ambos os proventos (aposentadoria ordinária eaposentadoria complementar), não asseguram por si só a inocorrência de futuros prejuízos a sua subsistência e de suafamília, diante do ônus de arcar com as despesas judiciais. No mais, a simples afirmação de hipossuficiência é o bastantepara o deferimento da assistência judiciária, conforme regra expressa na Lei 1.060/50, art. 4º. Ante o exposto, defiro opedido de assistência judiciária gratuita à parte requerente.

Ao contrário da conclusão adotada na sentença recorrida, não se reconhece a incompetência dos Juizados EspeciaisFederais para o processamento e julgamento do feito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa pormotivo de indispensabilidade de perícia contábil. E isto porque a competência dos Juizados Especiais é absoluta,fundamentada no valor da causa (teto de sessenta salários mínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autosalbergam todos os elementos necessários à confecção de eventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grandeporte nesse tocante. Nesse sentido, CC 0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador FederalLuciano Tolentino Amaral, e-DJF1 p.15 de 06/12/2010, TRF 1ª Região. Nesse tocante, portanto, o recurso da parte autoramerece provimento.

Doutra parte, afastada a alegação de inépcia da petição inicial, tendo em vista que a tutela pretendida na peça de ingressopode ser entendida como cumulação alternativa de pedidos. Com efeito, a parte postulou a inexigibilidade do imposto derenda recolhido sobre as contribuições vertidas à previdência privada entre 89/95 e a restituição da exação incidente sobrea complementação de aposentadoria. Embora se possa cogitar de possível exacerbação dos pedidos deduzidos – eis queparte pareceu pretender acusar a ilegalidade da tributação tanto sobre as contribuições, quanto sobre o benefício decomplementação –, não se pode falar, propriamente, em inépcia da peça vestibular, notadamente porque o indivíduo tem,observada a boa-fé, ampla liberdade para peticionar perante o Judiciário.

Ultrapassadas essas questões, e em atenção à previsão contida no artigo 515, § 3º, CPC, passo a julgar o mérito da causa,tendo em vista a presença, nos autos, de documentação suficiente ao deslinde do feito.

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para arepetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “O termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Como a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos é 03/07/2007 (fl. 24) e a presenteação foi ajuizada em 01/04/2009 (fl. 01), não está prescrita a pretensão de obter o ressarcimento das retenções do impostode renda sobre o benefício.

No mérito principal, a matéria referente à restituição do imposto está pacificada pela jurisprudência do C. Superior Tribunalde Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais no sentido de que “não incide imposto de rendasobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhidoexclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009.

Desse modo, os requisitos para o reconhecimento do pedido de restituição são: (1) que tenham ocorrido contribuições porparte do autor no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral dadocumentação comprobatória eis que a aferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimentoda sentença e (2) que esteja aposentado. No caso dos autos os documentos colacionados pela parte autora demonstram opreenchimento dos dois requisitos, quais sejam, contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 eaposentadoria em 03/07/2007 (fl. 24), pelo que é devido o reconhecimento do pleito autoral de restituição.

Quanto aos critérios para cálculo do valor a ser restituído, a apuração do indébito deverá observar a seguinte metodologia:as contribuições efetuadas pela parte autora no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de 1995deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos para osCálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal.

O valor apurado, consistente no crédito da parte autora, deverá ser deduzido do montante recebido a título decomplementação de aposentadoria por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, devidamente atualizado, à data do encontro de contas, pelosmesmos índices determinados no item (1), recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício, de modo afixar-se o valor a ser restituído, quantia esta que deverá ser corrigida pela Taxa SELIC, com a exclusão de outro índice decorreção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Seção, julgado em25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).

Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anota-se o exemplo elaborado pelo Juiz Federal MARCOSROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em Reexame Necessáriodo processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009), senão vejamos:

“Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteúltimo valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por conseqüência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”.

Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o autor não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou o que tiversido pago será objeto de repetição.

Em face do exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO (artigos 515, § 3º, e 269, I, ambosdo CPC), para, reformando a sentença de origem, (1) acolher a competência dos JEFs para processamento e julgamentodo feito, (2) reconhecer a inexigibilidade do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada até o limite do quefoi recolhido exclusivamente pela parte autora (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/88, ouseja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996, e (3)condenar a União Federal à restituição/compensação do respectivo indébito, de acordo com a sistemática estabelecidaneste voto e instruções que se seguem.

A União deverá ser intimada, após o trânsito em julgado, para efetuar, no prazo de sessenta dias, a revisão administrativadas declarações anuais do imposto de renda pessoa física da parte autora, para excluir da base de cálculo do impostodevido a parcela relativa ao crédito do contribuinte, na forma fixada por este voto. Eventual restituição administrativa de

imposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declarações de ajuste anual antigas, caberá ao autor o ônusde apresentá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.

Efetuada a revisão na forma do parágrafo anterior, deverá a ré informar ao Juízo o valor total da restituição devida, paraulterior expedição de RPV ou precatório, sempre observado o valor de alçada dos Juizados Especiais Federais, a saber, 60(sessenta) salários mínimos (valor vigente na data do ajuizamento da ação).

Após a revisão das declarações anuais do imposto de renda e da apuração do valor da restituição devida, no caso de aindahaver saldo de crédito em favor do contribuinte, fica o autor autorizado a deduzir o saldo na base de cálculo do impostodevido nos exercícios financeiros seguintes, até o esgotamento do saldo credor.

Sem custas (art. 4º, I e II, da Lei 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante a previsão contida no artigo55 da Lei n. 9.099/95.

É o voto.

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002569-46.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: SYLVIO JOSE LAVOR DOS SANTOSRECORRIDO: UNIÃO FEDERAL

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS RECONHECIDA –INOCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL – RESTITUIÇÃO DEVIDA – CRITÉRIOS DE CÁLCULO– RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADAA C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTEPablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

137 - 0003632-09.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.003632-8/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSUE SOARES(ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: JULIANA ALMENARA ANDAKU.).

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0003632-09.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: JOSUE SOARESRECORRIDO: UNIÃO FEDERAL

VOTO

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 41/43, a qualextinguiu o feito sem resolução de mérito. Em suas razões, o recorrente sustenta que a demanda não veicula complexidadede ordem contábil, razão pela qual a sentença de origem merece reforma, de modo que se reconheça a procedência dospleitos autorais

Contrarrazões às fls. 78/94.

É o relatório. Passo a proferir voto.

Ao contrário da conclusão adotada na sentença recorrida, não se reconhece a incompetência dos Juizados EspeciaisFederais para o processamento e julgamento do feito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa pormotivo de indispensabilidade de perícia contábil. E isto porque a competência dos Juizados Especiais é absoluta,fundamentada no valor da causa (teto de sessenta salários mínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autosalbergam todos os elementos necessários à confecção de eventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grandeporte nesse tocante. Nesse sentido, CC 0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador FederalLuciano Tolentino Amaral, e-DJF1 p.15 de 06/12/2010, TRF 1ª Região. Nesse tocante, portanto, o recurso da parte autoramerece provimento.

Ultrapassada essa questão, e em atenção à previsão contida no artigo 515, § 3º, CPC, passo a julgar o mérito da causa,tendo em vista a presença, nos autos, de documentação suficiente ao deslinde do feito.

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a

repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “O termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Como a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos é 15/05/2007 (fl. 17) e a presenteação foi ajuizada em 06/05/2009 (fl. 01), não está prescrita a pretensão de obter o ressarcimento das retenções do impostode renda sobre o benefício.

No mérito, a matéria referente à restituição do imposto está pacificada pela jurisprudência do C. Superior Tribunal deJustiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais no sentido de que “não incide imposto de rendasobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhidoexclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009.

Desse modo, os requisitos para o reconhecimento do pedido de restituição são: (1) que tenham ocorrido contribuições porparte do autor no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral dadocumentação comprobatória eis que a aferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimentoda sentença e (2) que esteja aposentado. No caso dos autos os documentos colacionados pela parte autora demonstram opreenchimento dos dois requisitos, quais sejam, contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 eaposentadoria em maio/2007 (fls. 17/19), pelo que é devido o reconhecimento do pleito autoral de restituição.

Quanto aos critérios para cálculo do valor a ser restituído, a apuração do indébito deverá observar a seguinte metodologia:as contribuições efetuadas pela parte autora no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de 1995deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos para osCálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal.

O valor apurado, consistente no crédito da parte autora, deverá ser deduzido do montante recebido a título decomplementação de aposentadoria por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, devidamente atualizado, à data do encontro de contas, pelosmesmos índices determinados no item (1), recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício, de modo afixar-se o valor a ser restituído, quantia esta que deverá ser corrigida pela Taxa SELIC, com a exclusão de outro índice decorreção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Seção, julgado em25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).

Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anota-se o exemplo elaborado pelo Juiz Federal MARCOSROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em Reexame Necessáriodo processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009), senão vejamos:

“Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteúltimo valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por conseqüência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”.

Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o autor não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou o que tiversido pago será objeto de repetição.

Em face do exposto, CONHEÇO DO RECURO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO (artigos 515, § 3º, e 269, I, ambosdo CPC), para, reformando a sentença de origem, (1) acolher a competência dos JEFs para processamento e julgamentodo feito, (2) reconhecer a inexigibilidade do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada até o limite do quefoi recolhido exclusivamente pela parte autora (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/88, ouseja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996, e (3)condenar a União Federal à restituição/compensação do respectivo indébito, de acordo com a sistemática estabelecidaneste voto e instruções que se seguem.

A União deverá ser intimada, após o trânsito em julgado, para efetuar, no prazo de sessenta dias, a revisão administrativadas declarações anuais do imposto de renda pessoa física da parte autora, para excluir da base de cálculo do impostodevido a parcela relativa ao crédito do contribuinte, na forma fixada por este voto. Eventual restituição administrativa deimposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declarações de ajuste anual antigas, caberá ao autor o ônusde apresentá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.

Efetuada a revisão na forma do parágrafo anterior, deverá a ré informar ao Juízo o valor total da restituição devida, paraulterior expedição de RPV ou precatório, sempre observado o valor de alçada dos Juizados Especiais Federais, a saber, 60(sessenta) salários mínimos (valor vigente na data do ajuizamento da ação).

Após a revisão das declarações anuais do imposto de renda e da apuração do valor da restituição devida, no caso de aindahaver saldo de crédito em favor do contribuinte, fica o autor autorizado a deduzir o saldo na base de cálculo do impostodevido nos exercícios financeiros seguintes, até o esgotamento do saldo credor.

Sem custas (art. 4º, I e II, da Lei 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante a previsão contida no artigo55 da Lei n. 9.099/95.

É o voto.

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0003632-09.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: JOSUE SOARESRECORRIDO: UNIÃO FEDERAL

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS RECONHECIDA –INOCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL – RESTITUIÇÃO DEVIDA – CRITÉRIOS DE CÁLCULO– RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTEPablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

138 - 0002554-09.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002554-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: GERONIMO THEML DE MACEDO.) x IEDA DA ROCHA ZANOTTI (ADVOGADO: MARCELO MATEDIALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.) x OS MESMOS.1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0002554-09.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002554-4/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA – RECORRENTEVENCIDO – FIXAÇÃO NO PERCENTUAL MÍNIMO PREVISTO NO ARTIGO 55 DA LEI 9099/95 – VÍCIO INEXISTENTE –EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração, opostos pela União, em face do acórdão que negou provimento ao recurso inominadopor ela interposto e não recebeu o recurso da parte autora. Alega a embargante que houve omissão na decisão colegiada,tendo em vista a sua condenação em honorários sucumbenciais. Sustenta que a decisão não considerou a sucumbênciarecíproca. Pela eventualidade, requer a diminuição do percentual arbitrado, uma vez que se trata de demanda de menorcomplexidade, repetitiva e julgada de forma célere.

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso extraordinário,porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de ponto fundamental, contradição entre afundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, osembargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão oudúvida. In casu, pela leitura das argumentações da embargante, verifica-se que esta aponta a existência de omissão nadecisão proferida por esta Turma.

No âmbito dos Juizados Especiais, só há condenação em honorários advocatícios quando o recorrente é vencido (art. 55,caput, segunda parte, da Lei nº 9.099/95). O fundamento da norma, consubstanciada no art. 55 da Lei nº 9.099/95, pareceser o fato de que os honorários, nos Juizados, têm função predominantemente sancionatória, de modo a coibir, no primeirograu, a litigância de má-fé, e, no segundo grau, inibir recursos meramente protelatórios. A embargante foi condenada emhonorários sucumbenciais por ter sido recorrente vencida e o percentual fixado (10%) não pode ser reduzido, visto que oartigo 55 da Lei 9.099/95 estipula como 10% o percentual mínimo de condenação na verba honorária.

Sendo assim, não há qualquer omissão na decisão colegiada, mas mero inconformismo com a condenação em honoráriossucumbenciais, tornando a utilização dos embargos destituída de fundamento ou razão plausível que os justifique.

Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E, NO MÉRITO, NEGAR-LHESPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

139 - 0002057-63.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.002057-6/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) SEBASTIAO MELO DEANDRADE FILHO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: MARCUSVINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002057-63.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: SEBASTIÃO MELO DE ANDRADE FILHORECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

VOTO

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 57/59, que extinguiu o feito semresolução de mérito. Preliminarmente, o recorrente alega que a concessão do benefício da assistência judiciária gratuitanão depende de prova pré-constituída, mas da simples declaração de hipossuficiência.

No mérito, sustenta que a demanda não traz complexidade no que se refere à perícia contábil, devendo ser reformada asentença proferida para que seja julgado procedente o pedido inicial, tendo em vista a alegação de inocorrência daprescrição do fundo de direito, reiterando a postulação de repetição do indébito tributário.

Contrarrazões às fls. 142/158.

É o breve relatório. Passo a proferir o voto.

Primeiramente, infere-se que a simples percepção pela parte autora de ambos os proventos (aposentadoria ordinária eaposentadoria complementar), não assegura, por si só, a inocorrência de futuros prejuízos a sua subsistência e de suafamília, diante do ônus de arcar com as despesas judiciais. No mais, a simples afirmação de hipossuficiência é o bastantepara o deferimento da assistência judiciária, conforme regra expressa na Lei 1.060/50, art. 4º. Ante o exposto, defiro opedido de assistência judiciária gratuita à parte requerente (fl. 12).

Por outro lado, não se reconhece a incompetência dos Juizados Especiais Federais para o processamento e julgamento dofeito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa por motivo de indispensabilidade de perícia contábil. E isto

porque a competência dos Juizados Especiais é absoluta, fundamentada no valor da causa (teto de sessenta saláriosmínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autos albergam todos os elementos necessários à confecção deeventual cálculo, não havendo falar em dificuldades de grande porte nesse tocante. Nesse sentido, CC0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral, e-DJF1 p.15 de06/12/2010, TRF 1ª Região. Nesse tocante, portanto, o recurso da parte autora merece provimento.

Ultrapassada essa questão preliminar, em atenção à previsão contida no artigo 515, § 3º, do CPC, passo a julgar o méritoda causa, tendo em vista a presença, nos autos, de documentação suficiente ao deslinde do feito.

Para a averiguação de eventual prescrição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito tributário, cumpre-nos,primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo na hipótese sob exame, qual seja, imposto de renda incidentesobre a suplementação/complementação de aposentadoria. Nesse passo, vale rememorar que “o termo inicial daprescrição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefício correspondente à aposentadoriacomplementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996”(AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixadaesta premissa inicial, resta apurar qual o prazo a ser observado na hipótese.

Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 566.621/RS, declarou ainconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:

LC 118/2005

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código TributárioNacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento dopagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmentodeclarado inconstitucional pelo STF)

CTN

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dosdispositivos interpretados.(...)

Diante dessa nova orientação, restou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seriaválida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamentopor homologação às ações ajuizadas a partir de então, restando inconstitucional apenas sua aplicação às ações ajuizadasanteriormente a essa data.

Segue a ementa da decisão referente ao Recurso Extraordinário supramencionado, publicada em 11/10/2011 (DJe 195):

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOSAJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação daPrimeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetiçãoou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovaçãonormativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Leisupostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência deviolação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete,como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo ereduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato,pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõespendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa aoprincípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça.Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação doprazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corteno enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas quetomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos.Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic), que pretendeu a aplicação donovo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral,tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso davacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursos

sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (Grifos nossos). (Supremo Tribunal Federal – RExt n. 566.621 – Órgãojulgador: Tribunal Pleno – Relatora: Ministra Ellen Gracie – Julgado em: 04/08/2011 – Publicado em: 11/10/2011).

A relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, ressaltou, em síntese, que, embora não haja direito adquirido a regime jurídico, aredução de prazo veiculada na nova lei não poderia retroagir para fulminar, de imediato, pretensões que ainda poderiam serdeduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em outros termos, não se poderia entender que o legisladorpudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estivessem submetidas, de imediato, ao prazo reduzido,sem qualquer regra de transição. Nesse diapasão, a vacatio legis na norma neófita teria por função oportunizar aosinteressados ingressarem com suas ações, interrompendo os prazos prescricionais em curso, após o que o novo prazodeve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 estabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias dehoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os contribuintes tiveram prazo suficiente paratomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais ações para a tutela de seus direitos.As hipóteses de pagamento indevido tuteláveis por ações ajuizadas após este lapso temporal, é dizer, a partir da efetivavigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – estão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que talcircunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de restituição doIR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encontra-se atingida pela prescrição, eis que opagamento indevido data de 10/04/1997 (data de início dos benefícios de aposentadoria complementar – fl. 26) e apresente ação foi ajuizada somente em 18/03/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que atrai a incidênciado novo prazo prescricional de 05 anos à hipótese, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO, apenas para afastar aincompetência dos Juizados Especiais Federais para apreciação e julgamento da presente demanda. No mérito,considerando a nova orientação jurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), DECLARO APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL de restituição de indébito tributário, pelo que julgo extinto o feito comjulgamento de mérito, nos termos do artigo 269, IV, do CPC.

Sem custas (art. 4º da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante o caráter recíproco dasucumbência (artigo 21 do CPC).

É o voto.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002057-63.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: ROSANI MOFATI GUARCONIRECORRIDO(A): UNIÃO FEDERAL

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS RECONHECIDA – PRAZOPRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃORECONHECIDA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO e DECLARAR APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

140 - 0006513-56.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006513-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x SEBASTIAO FERNANDES DA SILVA (ADVOGADO:LEILA ARAÚJO DA SILVA.).1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0006513-56.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006513-4/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO – AVERBAÇÃO DE TEMPO RURAL –PRELIMINAR DE MÉRITO – INEXISTÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO – PRELIMINARREJEITADA – INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL – PERÍODO DETRABALHO RURAL E URBANO COMPROVADO – CARÊNCIA PREENCHIDA – CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS –RECURSO CONHECIDO E PROVIDO EM MÍNIMA PARTE.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, em face da sentença de fls.69/72, que julgou procedente o pedido, condenando o recorrente a conceder à parte autora a aposentadoria por tempo decontribuição com data de início do benefício em 24/05/2010 (data da apresentação da contestação). Alega o INSS,preliminarmente, em suas razões recursais, que, em virtude da ausência de prévio requerimento administrativo, não háinteresse processual da parte autora a justificar a análise do mérito. Alega, ainda, a entidade autárquica, que não há provadocumental suficiente a comprovar o depoimento das testemunhas, havendo, inclusive, erro material na soma do tempototal. O recorrido apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.2. Preliminarmente, argui o INSS que, conforme documento de fl. 62, o autor não realizou pedido administrativo deaposentadoria por tempo de contribuição, motivo pelo qual não haveria que se falar em interesse processual a justificar aanálise do mérito. Segundo o instituto previdenciário, os dados colhidos para fins de cálculo do tempo de atividade urbana,presentes no CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais) e na CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência Social),imprescindem de realização de pesquisas interna e externa, a fim de aferir a exatidão dos dados indicados no sistema, vezque documentos extemporâneos são inservíveis para comprovação de tempo de serviço. Pleiteia, assim, seja o feito extintosem resolução do mérito, para que se submeta o pleito ao crivo da administração pública.3. Preliminar: falta de interesse de agir em face da inexistência de prévio requerimento administrativo de concessão dobenefício previdenciário.A jurisprudência majoritária posicionava-se no sentido de que, em caso que não houvesse requerimento administrativo deconcessão do benefício, havendo contestação quanto ao mérito da demanda, estava configurada a pretensão resistida; e,por consequência, também configurado o interesse de agir. Nesse sentido era o posicionamento da Turma Nacional deUniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito e apenas a título de exemplo, refiro ojulgamento do Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal nº 200772510073830, cuja ementa segue:

“(...) 1. Esta Turma Nacional perfilhou o entendimento no sentido de que, não obstante a ausência de prévio requerimentoadministrativo, caso o INSS, em sua contestação, enfrente o mérito do pedido inicial, resta configurada a pretensãoresistida. (...)” (TNU - PEDIDO 200772510073830. Rel. Juiz Federal Otavio Henrique Martins Port. Fonte DJ 25/03/2010).

Não obstante, no julgamento do Recurso Especial nº 1.310.042 ocorrido em 15/05/2012, a 2ª Turma do STJ posicionou-sede forma diametralmente oposta; eis o teor da ementa lavrada no referido julgamento:

PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO CONCESSÓRIA DE BENEFÍCIO. PROCESSO CIVIL. CONDIÇÕES DA AÇÃO. INTERESSE DEAGIR (ARTS. 3º E 267, VI, DO CPC). PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE, EM REGRA.1. Trata-se, na origem, de ação, cujo objetivo é a concessão de benefício previdenciário, na qual o segurado postulou suapretensão diretamente no Poder Judiciário, sem requerer administrativamente o objeto da ação.2. A presente controvérsia soluciona-se na via infraconstitucional, pois não se trata de análise do princípio dainafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF). Precedentes do STF.3. O interesse de agir ou processual configura-se com a existência do binômio necessidade-utilidade da pretensãosubmetida ao Juiz. A necessidade da prestação jurisdicional exige a demonstração de resistência por parte do devedor daobrigação, já que o Poder Judiciário é via destinada à resolução de conflitos.4. Em regra, não se materializa a resistência do INSS à pretensão de concessão de benefício previdenciário não requerido previamente na esfera administrativa.5. O interesse processual do segurado e a utilidade da prestação jurisdicional concretizam-se nas hipóteses de a) recusa derecebimento do requerimento ou b) negativa de concessão do benefício previdenciário, seja pelo concreto indeferimento dopedido, seja pela notória resistência da autarquia à tese jurídica esposada.6. A aplicação dos critérios acima deve observar a prescindibilidade do exaurimento da via administrativa para ingresso comação previdenciária, conforme Súmulas 89/STJ e 213/ex-TFR.7. Recurso Especial não provido.(STJ – 2ª Turma. RECURSO ESPECIAL Nº 1.310.042 - PR – n. 2012/0035619-4. Rel. MINISTRO HERMAN BENJAMIN.Julgado em 15/05/2012).

Enfim, o fato de a contestação controverter o mérito da ação restou superado pelos dois critérios fixados no precedenteacima transcrito. Por consequência, estaria configurada, no caso concreto, a ausência de interesse de agir.

Entretanto, uma vez que a sentença foi proferida em momento no qual prevalecia o entendimento jurisprudencial queafirmava estar configurado o interesse de agir em hipóteses similares (em que se havia controvertido o mérito da ação nacontestação); e, por outro lado, considerando que os que demandam como autores nos Juizados Especiais em açõesprevidenciárias são, via de regra, hipossuficientes; concluo, em face do princípio da segurança jurídica e também do critérioestatuído no artigo 6º da Lei 9.099/95, que a solução mais justa e equânime, no que se refere à preliminar em enfoque, é ade reputá-la superada.

Destarte, rejeito a preliminar de ausência de interesse de agir.

4. Quanto ao mérito, a entidade autárquica argui que o conjunto probatório acostado aos autos pelo recorrido éextremamente frágil, e não dá suporte ao que foi dito nos depoimentos testemunhais, não havendo direito à averbação dequalquer período. Alega, ainda, que para o cômputo do tempo de atividade urbana, o juízo a quo considerou vínculos detrabalho que foram extraídos de documentos não contemporâneos ao suposto exercício da atividade, motivo pelo qual taisperíodos devem ser suprimidos da contagem, não restando preenchido, assim, a carência necessária para o recebimentoda aposentadoria. Subsidiariamente, acusa a existência de erro material na soma do período de averbação rural, bem comoequívoco na soma do tempo total.

5. Verifica-se que o autor juntou aos autos, como início de prova material, certidão de casamento datada de 24/04/1976, emque consta sua profissão como lavrador (fl. 11); escritura de compra e venda, datada de 13/06/1986, das terras em que oautor afirma ter trabalhado (fls. 50/53); além de diversas declarações contemporâneas presentes às fls. 14, 15, 16, 29, 42 e48, inclusive declaração emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Águia Branca (fl. 28), atestando o exercício delabor rural da parte autora entre 24/07/1964 até 30/06/1991.

6. Da análise das provas referentes ao período de atividade rural, infere-se que, ao contrário do que afirma o INSS, épossível determinar que a certidão de casamento de fl. 11 refere-se ao autor. Para tanto, basta o simples esforço na análisedo referido documento público, bem como a comparação entre este e os demais documentos do autor, em que consta osmesmos dados pessoais, principalmente a filiação e o nome de sua esposa.

7. Ademais, a arguição de que a certidão de casamento (1976) e a escritura de compra e venda (1986) não servem deprova para o período anterior, por ausência de contemporaneidade, não merece acolhida. Não há necessidade dedocumentação de cada ano que se deseja averbar, bastando início de prova material, complementada pela provatestemunhal, exigências atendidas neste caso, visto que todas as testemunhas confirmaram conhecer o autor desde adécada de 70 e que este sempre laborou no meio rural, como meeiro, só se mudando para a cidade quando começou atrabalhar na zona urbana, em 30/06/1991. Segundo a Súmula nº 14 da Turma Nacional de Uniformização: “para aconcessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o períodoequivalente à carência do benefício”.

8. Assim sendo, ainda que desconsideradas as declarações que atestam o labor rural do recorrido, por não provarem o fatodeclarado, subsistem, para efeito de averbação do tempo rural (entre 23/07/1966 até 30/06/1991), os demais documentosjuntados pelo autor, que configuram início de prova material e que foram devidamente corroborados pela provatestemunhal. Não há que se falar em erro material da soma do período rural (conforme se apontou na fl. 78), o qual perfaz,conforme calculado pelo juízo a quo, 24 anos, 11 meses e 15 dias. Sendo certo que a diferença de cálculo existente, de um1 dia para mais ou para menos, decorre exclusivamente da utilização de programas diferentes pelo contador do institutoprevidenciário e pelo contador do juízo, o que é totalmente aceitável.

9. Quanto ao período de atividade urbana, ao qual o INSS argui ter o juízo a quo considerado vínculos de trabalho queforam extraídos de documentos não contemporâneos ao suposto exercício da atividade, verifica-se que, de fato, houve oexercício de labor no meio urbano entre 01/08/1991 até 24/05/2010. Da análise de todo o conjunto probatório, em especial aCarteira de Trabalho e Previdência Social (fls. 22/26), assim como pelo Cadastro Nacional de Informações Sociais (fl. 63),afere-se a ocorrência de diversos vínculos de trabalho urbano no referido interregno de tempo.

10. Cabe, ainda, analisar as demais arguições do INSS acerca da ausência de vínculos de trabalho contemporâneos naCTPS e no CNIS do autor. Ora, é evidente que em casos de não-recolhimento na época própria, não pode ser o trabalhadorpenalizado, uma vez que a autarquia possui meios próprios para receber seus créditos.

11. Assim sendo, restam mantidos, para efeito da soma do tempo de serviço urbano, os períodos de labor verificados naCTPS e no CNIS do recorrido, o qual perfaz o tempo de 16 anos, 10 meses e 03 dias, conforme tabela abaixo:

Data InicialData FinalTotal DiasAnosMeses

Dias

11/8/199131/1/1992181-61

21/9/199215/9/19947352-15

32/5/199520/11/1995199-619

41/3/199615/4/19974051115

518/4/199730/11/20094.54312713

Total6.06316103

12. O juízo a quo, ao realizar o cálculo supramencionado, considerou a data de impressão do CNIS de fl. 63 (24/05/2010)como termo final do labor urbano, como se o recorrido ainda continuasse a exercer a atividade laboral. Entretanto, não severifica nos autos elementos que comprovem o labor até a referida data, motivo pelo qual se deve considerar como termofinal deste cálculo a data da última remuneração do autor (novembro de 2009) constante do CNIS de fl. 63.

13. Destarte, verifico que o período de carência foi devidamente preenchido e a soma do tempo total de labor (urbano erural) perfaz 41 anos, 09 meses e 18 dias, fazendo jus, portanto, à concessão do benefício de aposentadoria por tempo decontribuição.

14. Conforme se depreende da sentença de fls. 69/72, houve determinação inequívoca de implantação imediata dobenefício previdenciário pleiteado. O fato de não constar, no dispositivo, a expressão “CONCEDO A ANTECIPAÇÃO DOSEFEITOS DA TUTELA” não exime a autarquia previdenciária de cumprir a determinação judicial, que foi clara no sentido deque o pagamento deveria ser iniciado na data da intimação da sentença, qual seja, 03/07/2011 (conforme certidão de fl. 74).Assim, ratifico a determinação judicial anteriormente proferida e concedo ao INSS o prazo de 10 (dez) dias, a partir daintimação do presente julgado, para comprovar nos autos a implantação do benefício. Saliento, inclusive, que o primeiropagamento deve englobar as parcelas vencidas desde o dia 03/07/2011.

15. Recurso conhecido e provido em mínima parte. Sentença minimamente alterada em seus fundamentos, mantendo-se

inalterada, contudo, quanto à sua conclusão (concessão do benefício previdenciário pretendido).

16. Custas ex lege. Sem condenação em honorários.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo em conhecer e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, na forma daementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

141 - 0002276-08.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002276-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x TANIA REGINA SANTOS NUNES (ADVOGADO: MARCELO MATEDIALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.) x OS MESMOS.1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0002276-08.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002276-2/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA – RECORRENTEVENCIDO – FIXAÇÃO NO PERCENTUAL MÍNIMO - VÍCIO INEXISTENTE – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração, opostos pela União, em face do acórdão que negou provimento ao recurso inominadopor ela interposto e não recebeu o recurso da parte autora. Alega a embargante que houve omissão na decisão colegiada,tendo em vista a sua condenação em honorários sucumbenciais. Sustenta que a decisão não considerou a sucumbênciarecíproca. Pela eventualidade, requer a diminuição do percentual arbitrado, uma vez que se trata de demanda de menorcomplexidade, repetitiva e julgada de forma célere.

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso extraordinário,porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de ponto fundamental, contradição entre afundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, osembargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão oudúvida. In casu, pela leitura das argumentações da embargante, verifica-se que esta aponta a existência de omissão nadecisão proferida por esta Turma.

No âmbito dos Juizados Especiais, só há condenação em honorários advocatícios quando o recorrente é vencido (art. 55,caput, segunda parte, da Lei nº 9.099/95). O fundamento da norma, consubstanciada no art. 55 da Lei nº 9.099/95, pareceser o fato de que os honorários, nos Juizados, têm função predominantemente sancionatória, de modo a coibir, no primeirograu, a litigância de má-fé, e, no segundo grau, inibir recursos meramente protelatórios. A embargante foi condenada emhonorários sucumbenciais por ter sido recorrente vencida e o percentual fixado (10%) não pode ser reduzido, visto que oartigo 55 da Lei 9.099/95 estipula como 10% o percentual mínimo de condenação na verba honorária.

Sendo assim, não há qualquer omissão na decisão colegiada, mas mero inconformismo com a condenação em honoráriossucumbenciais, tornando a utilização dos embargos destituída de fundamento ou razão plausível que os justifique.

Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E, NO MÉRITO, NEGAR-LHESPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

142 - 0002288-22.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002288-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x JOAO CARLOS NOE (ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES,

LEONARDO PIZZOL VINHA.) x OS MESMOS.1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0002288-22.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002288-9/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA – RECORRENTEVENCIDO – FIXAÇÃO NO PERCENTUAL MÍNIMO – VÍCIO INEXISTENTE – EMBARGOS CONHECIDOS EIMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração, opostos pela União, em face do acórdão que negou provimento ao recurso inominadopor ela interposto e não recebeu o recurso da parte autora. Alega a embargante que houve omissão na decisão colegiada,tendo em vista a sua condenação em honorários sucumbenciais. Sustenta que a decisão não considerou a sucumbênciarecíproca. Pela eventualidade, requer a diminuição do percentual arbitrado, uma vez que se trata de demanda de menorcomplexidade, repetitiva e julgada de forma célere.

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso extraordinário,porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de ponto fundamental, contradição entre afundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, osembargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão oudúvida. In casu, pela leitura das argumentações da embargante, verifica-se que esta aponta a existência de omissão nadecisão proferida por esta Turma.

No âmbito dos Juizados Especiais, só há condenação em honorários advocatícios quando o recorrente é vencido (art. 55,caput, segunda parte, da Lei nº 9.099/95). O fundamento da norma, consubstanciada no art. 55 da Lei nº 9.099/95, pareceser o fato de que os honorários, nos Juizados, têm função predominantemente sancionatória, de modo a coibir, no primeirograu, a litigância de má-fé, e, no segundo grau, inibir recursos meramente protelatórios. A embargante foi condenada emhonorários sucumbenciais por ter sido recorrente vencida e o percentual fixado (10%) não pode ser reduzido, visto que oartigo 55 da Lei 9.099/95 estipula como 10% o percentual mínimo de condenação na verba honorária.

Sendo assim, não há qualquer omissão na decisão colegiada, mas mero inconformismo com a condenação em honoráriossucumbenciais, tornando a utilização dos embargos destituída de fundamento ou razão plausível que os justifique.

Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E, NO MÉRITO, NEGAR-LHESPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

143 - 0002540-25.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002540-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x ROSEO CLER ALVES KILL (ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES,LEONARDO PIZZOL VINHA.) x OS MESMOS.1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0002540-25.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002540-4/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA – RECORRENTEVENCIDO – FIXAÇÃO NO PERCENTUAL MÍNIMO – VÍCIO INEXISTENTE – EMBARGOS CONHECIDOS EIMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração, opostos pela União, em face do acórdão que negou provimento ao recurso inominadopor ela interposto e não recebeu o recurso da parte autora. Alega a embargante que houve omissão na decisão colegiada,tendo em vista a sua condenação em honorários sucumbenciais. Sustenta que a decisão não considerou a sucumbênciarecíproca. Pela eventualidade, requer a diminuição do percentual arbitrado, uma vez que se trata de demanda de menor

complexidade, repetitiva e julgada de forma célere.

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso extraordinário,porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de ponto fundamental, contradição entre afundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, osembargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão oudúvida. In casu, pela leitura das argumentações da embargante, verifica-se que esta aponta a existência de omissão nadecisão proferida por esta Turma.

No âmbito dos Juizados Especiais, só há condenação em honorários advocatícios quando o recorrente é vencido (art. 55,caput, segunda parte, da Lei nº 9.099/95). O fundamento da norma, consubstanciada no art. 55 da Lei nº 9.099/95, pareceser o fato de que os honorários, nos Juizados, têm função predominantemente sancionatória, de modo a coibir, no primeirograu, a litigância de má-fé, e, no segundo grau, inibir recursos meramente protelatórios. A embargante foi condenada emhonorários sucumbenciais por ter sido recorrente vencida e o percentual fixado (10%) não pode ser reduzido, visto que oartigo 55 da Lei 9.099/95 estipula como 10% o percentual mínimo de condenação na verba honorária.

Sendo assim, não há qualquer omissão na decisão colegiada, mas mero inconformismo com a condenação em honoráriossucumbenciais, tornando a utilização dos embargos destituída de fundamento ou razão plausível que os justifique.

Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E, NO MÉRITO, NEGAR-LHESPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

144 - 0002550-69.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002550-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x JULIETE SILVA (ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDOPIZZOL VINHA.) x OS MESMOS.1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0002550-69.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002550-7/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA – RECORRENTEVENCIDO – FIXAÇÃO NO PERCENTUAL MÍNIMO – VÍCIO INEXISTENTE – EMBARGOS CONHECIDOS EIMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração, opostos pela União, em face do acórdão que negou provimento ao recurso inominadopor ela interposto e não recebeu o recurso da parte autora. Alega a embargante que houve omissão na decisão colegiada,tendo em vista a sua condenação em honorários sucumbenciais. Sustenta que a decisão não considerou a sucumbênciarecíproca. Pela eventualidade, requer a diminuição do percentual arbitrado, uma vez que se trata de demanda de menorcomplexidade, repetitiva e julgada de forma célere.

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso extraordinário,porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de ponto fundamental, contradição entre afundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, osembargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão oudúvida. In casu, pela leitura das argumentações da embargante, verifica-se que esta aponta a existência de omissão nadecisão proferida por esta Turma.

No âmbito dos Juizados Especiais, só há condenação em honorários advocatícios quando o recorrente é vencido (art. 55,caput, segunda parte, da Lei nº 9.099/95). O fundamento da norma, consubstanciada no art. 55 da Lei nº 9.099/95, pareceser o fato de que os honorários, nos Juizados, têm função predominantemente sancionatória, de modo a coibir, no primeirograu, a litigância de má-fé, e, no segundo grau, inibir recursos meramente protelatórios. A embargante foi condenada emhonorários sucumbenciais por ter sido recorrente vencida e o percentual fixado (10%) não pode ser reduzido, visto que o

artigo 55 da Lei 9.099/95 estipula como 10% o percentual mínimo de condenação na verba honorária.

Sendo assim, não há qualquer omissão na decisão colegiada, mas mero inconformismo com a condenação em honoráriossucumbenciais, tornando a utilização dos embargos destituída de fundamento ou razão plausível que os justifique.

Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E, NO MÉRITO, NEGAR-LHESPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

145 - 0002558-46.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002558-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x GILSON KOHLER (ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES,LEONARDO PIZZOL VINHA.) x OS MESMOS.1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0002558-46.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002558-1/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA – RECORRENTEVENCIDO – FIXAÇÃO NO PERCENTUAL MÍNIMO ESTIPULADO PELO ARTIGO 55 DA LEI 9099/95 – VÍCIOINEXISTENTE – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração, opostos pela União, em face do acórdão que negou provimento ao recurso inominadopor ela interposto e não recebeu o recurso da parte autora. Alega a embargante que houve omissão na decisão colegiada,tendo em vista a sua condenação em honorários sucumbenciais. Sustenta que a decisão não considerou a sucumbênciarecíproca. Pela eventualidade, requer a diminuição do percentual arbitrado, uma vez que se trata de demanda de menorcomplexidade, repetitiva e julgada de forma célere.

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso extraordinário,porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de ponto fundamental, contradição entre afundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, osembargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão oudúvida. In casu, pela leitura das argumentações da embargante, verifica-se que esta aponta a existência de omissão nadecisão proferida por esta Turma.

No âmbito dos Juizados Especiais, só há condenação em honorários advocatícios quando o recorrente é vencido (art. 55,caput, segunda parte, da Lei nº 9.099/95). O fundamento da norma, consubstanciada no art. 55 da Lei nº 9.099/95, pareceser o fato de que os honorários, nos Juizados, têm função predominantemente sancionatória, de modo a coibir, no primeirograu, a litigância de má-fé, e, no segundo grau, inibir recursos meramente protelatórios. . A embargante foi condenada emhonorários sucumbenciais por ter sido recorrente vencida e o percentual fixado (10%) não pode ser reduzido, visto que oartigo 55 da Lei 9.099/95 estipula como 10% o percentual mínimo de condenação na verba honorária.

Sendo assim, não há qualquer omissão na decisão colegiada, mas mero inconformismo com a condenação em honoráriossucumbenciais, tornando a utilização dos embargos destituída de fundamento ou razão plausível que os justifique.

Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E, NO MÉRITO, NEGAR-LHESPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles Gomes

Juiz Federal Relator

146 - 0002570-60.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002570-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x RUY RODRIGUES (ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES,LEONARDO PIZZOL VINHA.) x OS MESMOS.1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0002570-60.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002570-2/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA – RECORRENTEVENCIDO – FIXAÇÃO NO PERCENTUAL MÍNIMO ESTIPULADO PELO ARTIGO 55 DA LEI 9.099/95 – VÍCIOINEXISTENTE – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração, opostos pela União, em face do acórdão que negou provimento ao recurso inominadopor ela interposto e não recebeu o recurso da parte autora. Alega a embargante que houve omissão na decisão colegiada,tendo em vista a sua condenação em honorários sucumbenciais. Sustenta que a decisão não considerou a sucumbênciarecíproca. Pela eventualidade, requer a diminuição do percentual arbitrado, uma vez que se trata de demanda de menorcomplexidade, repetitiva e julgada de forma célere.

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso extraordinário,porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de ponto fundamental, contradição entre afundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, osembargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão oudúvida. In casu, pela leitura das argumentações da embargante, verifica-se que esta aponta a existência de omissão nadecisão proferida por esta Turma.

No âmbito dos Juizados Especiais, só há condenação em honorários advocatícios quando o recorrente é vencido (art. 55,caput, segunda parte, da Lei nº 9.099/95). O fundamento da norma, consubstanciada no art. 55 da Lei nº 9.099/95, pareceser o fato de que os honorários, nos Juizados, têm função predominantemente sancionatória, de modo a coibir, no primeirograu, a litigância de má-fé, e, no segundo grau, inibir recursos meramente protelatórios. A embargante foi condenada emhonorários sucumbenciais por ter sido recorrente vencida e o percentual fixado (10%) não pode ser reduzido, visto que oartigo 55 da Lei 9.099/95 estipula como 10% o percentual mínimo de condenação na verba honorária.

Sendo assim, não há qualquer omissão na decisão colegiada, mas mero inconformismo com a condenação em honoráriossucumbenciais, tornando a utilização dos embargos destituída de fundamento ou razão plausível que os justifique.

Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E, NO MÉRITO, NEGAR-LHESPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

147 - 0002580-07.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002580-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x MARIA BEATRIZ CAMPOS MACHADO DE FARIA (ADVOGADO:MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.) x OS MESMOS.1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0002580-07.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002580-5/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA – RECORRENTEVENCIDO – FIXAÇÃO NO PERCENTUAL MÍNIMO – VÍCIO INEXISTENTE – EMBARGOS CONHECIDOS EIMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração, opostos pela União, em face do acórdão que negou provimento ao recurso inominadopor ela interposto e não recebeu o recurso da parte autora. Alega a embargante que houve omissão na decisão colegiada,tendo em vista a sua condenação em honorários sucumbenciais. Sustenta que a decisão não considerou a sucumbênciarecíproca. Pela eventualidade, requer a diminuição do percentual arbitrado, uma vez que se trata de demanda de menorcomplexidade, repetitiva e julgada de forma célere.

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso extraordinário,porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de ponto fundamental, contradição entre afundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, osembargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão oudúvida. In casu, pela leitura das argumentações da embargante, verifica-se que esta aponta a existência de omissão nadecisão proferida por esta Turma.

No âmbito dos Juizados Especiais, só há condenação em honorários advocatícios quando o recorrente é vencido (art. 55,caput, segunda parte, da Lei nº 9.099/95). O fundamento da norma, consubstanciada no art. 55 da Lei nº 9.099/95, pareceser o fato de que os honorários, nos Juizados, têm função predominantemente sancionatória, de modo a coibir, no primeirograu, a litigância de má-fé, e, no segundo grau, inibir recursos meramente protelatórios. A embargante foi condenada emhonorários sucumbenciais por ter sido recorrente vencida; e o percentual fixado (10%) não pode ser reduzido, visto que oartigo 55 da Lei 9.099/95 estipula como 10% o percentual mínimo de condenação na verba honorária.

Sendo assim, não há qualquer omissão na decisão colegiada, mas mero inconformismo com a condenação em honoráriossucumbenciais, tornando a utilização dos embargos destituída de fundamento ou razão plausível que os justifique.

Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E, NO MÉRITO, NEGAR-LHESPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

148 - 0002266-61.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002266-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x MARIA DE LOURDES FREITAS (ADVOGADO: MARCELO MATEDIALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.) x OS MESMOS.1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0002266-61.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002266-0/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA – RECORRENTEVENCIDO – FIXAÇÃO NO PERCENTUAL MÍNIMO – VÍCIO INEXISTENTE – EMBARGOS CONHECIDOS EIMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração, opostos pela União, em face do acórdão que negou provimento ao recurso inominadopor ela interposto e não recebeu o recurso da parte autora. Alega a embargante que houve omissão na decisão colegiada,tendo em vista a sua condenação em honorários sucumbenciais. Sustenta que a decisão não considerou a sucumbênciarecíproca. Pela eventualidade, requer a diminuição do percentual arbitrado, uma vez que se trata de demanda de menorcomplexidade, repetitiva e julgada de forma célere.

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso extraordinário,porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de ponto fundamental, contradição entre afundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, osembargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão oudúvida. In casu, pela leitura das argumentações da embargante, verifica-se que esta aponta a existência de omissão nadecisão proferida por esta Turma.

No âmbito dos Juizados Especiais, só há condenação em honorários advocatícios quando o recorrente é vencido (art. 55,caput, segunda parte, da Lei nº 9.099/95). O fundamento da norma, consubstanciada no art. 55 da Lei nº 9.099/95, parece

ser o fato de que os honorários, nos Juizados, têm função predominantemente sancionatória, de modo a coibir, no primeirograu, a litigância de má-fé, e, no segundo grau, inibir recursos meramente protelatórios. A embargante foi condenada emhonorários sucumbenciais por ter sido recorrente vencida e o percentual fixado (10%) não pode ser reduzido, visto que oartigo 55 da Lei 9.099/95 estipula como 10% o percentual mínimo de condenação na verba honorária.

Sendo assim, não há qualquer omissão na decisão colegiada, mas mero inconformismo com a condenação em honoráriossucumbenciais, tornando a utilização dos embargos destituída de fundamento ou razão plausível que os justifique.

Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E, NO MÉRITO, NEGAR-LHESPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

149 - 0002578-37.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002578-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x MARIA JOSE BORGES ABREU DE ALMEIDA (ADVOGADO: MARCELOMATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.) x OS MESMOS.1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0002578-37.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002578-7/01)

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA – RECORRENTEVENCIDO – FIXAÇÃO NO PERCENTUAL MÍNIMO ESTIPULADO PELO ARTIGO 55 DA LEI 9.099/95 – VÍCIOINEXISTENTE – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração, opostos pela União, em face do acórdão que negou provimento ao recurso inominadopor ela interposto e não recebeu o recurso da parte autora. Alega a embargante que houve omissão na decisão colegiada,tendo em vista a sua condenação em honorários sucumbenciais. Sustenta que a decisão não considerou a sucumbênciarecíproca. Pela eventualidade, requer a diminuição do percentual arbitrado, uma vez que se trata de demanda de menorcomplexidade, repetitiva e julgada de forma célere.

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso extraordinário,porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de ponto fundamental, contradição entre afundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, osembargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão oudúvida. In casu, pela leitura das argumentações da embargante, verifica-se que esta aponta a existência de omissão nadecisão proferida por esta Turma.

No âmbito dos Juizados Especiais, só há condenação em honorários advocatícios quando o recorrente é vencido (art. 55,caput, segunda parte, da Lei nº 9.099/95). O fundamento da norma, consubstanciada no art. 55 da Lei nº 9.099/95, pareceser o fato de que os honorários, nos Juizados, têm função predominantemente sancionatória, de modo a coibir, no primeirograu, a litigância de má-fé, e, no segundo grau, inibir recursos meramente protelatórios. A embargante foi condenada emhonorários sucumbenciais por ter sido recorrente vencida e o percentual fixado (10%) não pode ser reduzido, visto que oartigo 55 da Lei 9.099/95 estipula como 10% o percentual mínimo de condenação na verba honorária.

Sendo assim, não há qualquer omissão na decisão colegiada, mas mero inconformismo com a condenação em honoráriossucumbenciais, tornando a utilização dos embargos destituída de fundamento ou razão plausível que os justifique.

Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E, NO MÉRITO, NEGAR-LHESPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

91004 - RECURSO CIVEL / OUTROS

150 - 0000579-88.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.000579-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MUNICÍPIO DE VILA VELHA(ADVOGADO: MARCO TULIO RIBEIRO FIALHO.) x FRANCISCO PEREIRA DE SOUSA.1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0000579-88.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.000579-7/01)

E M E N T A

AÇÃO RESCISÓRIA DE SENTENÇA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL – IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO –INÉPCIA DA INICIAL – EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO.Trata-se de ação rescisória proposta pelo Município de Vila Velha em face de Francisco Pereira de Sousa, visando rescindirsentença transitada em julgado, proferida no 2º Juizado Especial Federal.Conforme disposto expressamente no art. 59 da Lei nº 9.099/95, não se admite ação rescisória nas causas sujeitas aoprocedimento do juizado especial.O pedido é, portanto, juridicamente impossível, ensejando o indeferimento da inicial por inépcia.Ante o exposto, INDEFIRO A INICIAL, com fundamento no artigo 295, I, do CPC.ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo INDEFERIR A INICIAL nos termos do art. 295, I, do CPC, e, via deconsequência, JULGAR EXTINTO O PROCESSO, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, com fulcro no art. 267, I, do CPC, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

151 - 0000304-37.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000304-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALDA SOUZA ALCURI(ADVOGADO: ALINE PERIM DE SOUSA.) x JUIZ FEDERAL DO 1º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL x UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANDREA M. SANTOS SANTANA.).VOTO / E M E N T A

AGRAVO INTERNO - MANDADO DE SEGURANÇA – DECISÃO QUE INDEFERE A INICIAL – PENSÃO MILITAR -SUSPENSÃO DO PROCESSO JUDICIAL ATÉ CONCLUSÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO NO TCU –DESNECESSIDADE.Trata-se de Agravo Interno interposto contra decisão que indeferiu a inicial em mandado de segurança impetrado por AldaSouza Alcuri contra ato jurisdicional praticado pelo Juiz Federal do 1º Juizado Especial Federal de Vitória/ES, quedeterminou o sobrestamento do processo nº 2010.50.50.000304-0 até o julgamento definitivo do processo administrativo nº048/06, no qual se verifica a legalidade da pensão militar concedida à autora e que repercutirá diretamente sobre apretensão autoral veiculada naqueles autos.A decisão agravada considerou que o mandado de segurança em face de decisão judicial somente pode ser impetradodiante de situações teratológicas e esta condição não se configura no presente caso.A agravante alega que a decisão que determinou a paralisação da ação judicial até o julgamento do processo administrativoé equivocada, tendo em vista que a Administração reconheceu o seu direito à percepção do benefício, ressalvando suavalidade a partir de 15/02/2005. Argumenta que viola o princípio da razoabilidade a tese de que o pagamento das parcelasvencidas dependeria do exame da legalidade do ato de concessão pelo TCU, eis que eventual irregularidade fulminaria denulidade todo o ato concessório e não somente aquelas parcelas.A ação tem por objeto a cobrança das parcelas relativas ao período de 15 de fevereiro a dezembro de 2005, referentes àpensão militar que lhe foi concedida a contar de 15 de fevereiro de 2005, cujo pagamento iniciou-se em outubro de 2006,com o pagamento dos atrasados referentes apenas ao período de janeiro a outubro de 2006.Conforme entendimento consolidado na jurisprudência, o exame da legalidade dos atos concessórios de pensões peloTribunal de Contas da União não tem o condão de obstar o recebimento dos atrasados, em face da presunção dalegalidade e legitimidade dos atos administrativos. Não há, portanto, óbice ao prosseguimento da ação de cobrança dosatrasados pelo fato de haver processo administrativo aguardando julgamento da legalidade da pensão. Ressalte-se que o

processo administrativo é de 2006 e a ação foi ajuizada em 2010. A desnecessária suspensão do processo judicial vai deencontro à garantia constitucional da razoável duração do processo, previsto no art. 5º, LXXVIII da CRFB/88.Ante o exposto, CONHEÇO E DOU PROVIMENTO AO AGRAVO INTERNO para reformar a decisão agravada e receber ainicial do mandado de segurança; por conseguinte, CONCEDO LIMINARMENTE A SEGURANÇA requerida paradeterminar o prosseguimento da ação de cobrança (processo nº 2010.50.50.000304-0), independentemente da conclusãodo processo administrativo nº 048/06.No mesmo ensejo do cumprimento da liminar, deverá ser NOTIFICADA a Autoridade Impetrada, para prestar asinformações.Decorrido o prazo de resposta, cientifique-se a AGU. Por fim, ao MPF.

ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER E DAR PROVIMENTO AO AGRAVO INTERNO, bemcomo CONCEDER A MEDIDA LIMINAR, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante dopresente julgado.

91006 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO TURMA RECURSAL

152 - 0003937-27.2008.4.02.5050/02 (2008.50.50.003937-4/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) ABEL EUGENIOSIGESMUNDO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x JUIZ RELATOR DA TURMA RECURSAL DO ES.E M E N T A

MANDADO DE SEGURANÇA – DECISÃO QUE NÃO CONHECE DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO INTEMPESTIVOS –ILEGALIDADE INEXISTENTE - INDEFERIMENTO DA INICIAL – ARTIGO 10 DA LEI 12.016/2009.Trata-se de mandado de segurança impetrado contra ato jurisdicional praticado pelo Presidente da Turma Recursal, quenão conheceu dos embargos de declaração opostos pelo impetrante, ante a sua intempestividade.A autoridade impetrada dera provimento ao pedido de uniformização de jurisprudência para reformar o acórdão recorrido,julgando improcedente o pedido de revisão da aposentadoria por invalidez com base no art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91,tendo em vista a decisão do Supremo Tribunal Federal, proferida em recurso submetido à sistemática da repercussão geral.Publicada a decisão em 16/03/2012, o autor apresentou “manifestação” em 30/03/2012, requerendo “a) o recebimento dopresente por ser tempestivo; b)seja apreciado o presente, como intuito de sanar a contradição e/ou obscuridade oralevantada, prosseguindo o processo pelos trâmites legais; c) seja expedida a RPV (...)”.A decisão de fl. 137 considerou tratar-se de embargos de declaração, e deles não conheceu, por serem manifestamenteintempestivos, eis que opostos após o prazo de cinco dias, vencido em 23/03/2012. Decisão publicada em 27/04/2012.A impetrante alega que, apesar de ter ajuizado demanda requerendo a revisão de seu benefício pelo art. 29, § 5º, da Lei nº8.213/1991, a sistemática a ser analisada é a do art. 29, II, da mesma lei. Diz que peticionou informando o equívoco entreos pedidos, porém o douto magistrado não se atentou ao fato de ser a petição encaminhada pela impetrante umamanifestação e não embargos declaratórios.A decisão impugnada não foi teratológica ao considerar como embargos de declaração a petição intitulada “manifestação”,na qual se requer seja sanada “contradição e/ou obscuridade”. Uma vez protocolizados após decorrido o prazo legal, não hámesmo como serem conhecidos os embargos. Por outro lado, a reforma da decisão que deu provimento ao pedido deuniformização de jurisprudência só seria possível mediante interposição do recurso adequado e não por simples“manifestação”.Nesse passo, não vislumbro ilegalidade, nem mesmo em tese, no ato impugnado, não sendo cabível mandado desegurança no caso.Ante o exposto, INDEFIRO A INICIAL, com fundamento no artigo 10 da Lei nº 12.016/2009.ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo INDEFERIR A INICIAL nos termos do art. 10 da Lei nº12.016/2009, e, via de consequência, JULGAR EXTINTO O PROCESSO, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, na forma daementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

153 - 0003451-08.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003451-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.) x AGLAIA AGUIAR DE OLIVEIRA.1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator

PROCESSO: 0003451-08.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003451-4/01)

E M E N T A(em voto-vista)

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – EDUCAÇÃO INFANTIL – DIREITO SUBJETIVO –JUNTADA DE COMPROVANTES COM DESPESAS EM CRECHES E PRÉ-ESCOLAS – DESNECESSIDADE – CERTIDÃO

COM OS DADOS NECESSÁRIOS PARA A RETIFICAÇÃO JÁ CONSTA DOS AUTOS – INOVAÇÃO RECURSAL –EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

1. Trata-se de novos embargos de declaração opostos pela União Federal em face do acórdão de fls. 110/112, que negouprovimento aos primeiros embargos declaratórios. Alega a União que não há qualquer relação entre a questão suscitadanos primeiros embargos e o voto-vista prolatado na sessão de julgamento. Afirma que a questão omissa refere-se ànecessidade da juntada dos comprovantes das despesas com creches e pré-escolas antes da remessa para cálculo dosvalores devidos à parte autora.

2. Pois bem, passo a analisar a suposta omissão apontada pela ré.

3. Na petição dos primeiros embargos declaratórios a União alegou que, para a apuração do indébito, é indispensável saberexatamente quais foram as despesas efetuadas junto a creches ou pré-escolas, fazendo-se necessário que a parte autorajunte aos autos os comprovantes dos referidos gastos. Arguiu, assim, omissão no acórdão pelo fato de não haverdeterminação de juntada dos comprovantes.

4. Inicialmente, cabe salientar que a educação infantil (em creche e pré-escola, destinada às crianças até cinco anos deidade) é dever do Estado, sendo garantido pelo art. 206, IV da Constituição Federal, desde a Emenda Constitucional nº 53de 2006, representando direito subjetivo dos cidadãos. Exatamente para cumprir tal garantia é que os entes públicosoferecem (com suas limitações e de forma insuficiente, repise-se) creches e pré-escolas públicas. Nesse compasso, eapenas a título de argumentação, seria possível apenas exigir que a parte autora juntasse aos autos declaração de que nãoutiliza creche ou pré-escola mantidas pelo Poder Público, visto que, se isso ocorresse, estaria sendo duplamentebeneficiada. Ultrapassada essa condição, exigir que o servidor demonstre que o filho está regularmente matriculado emcreche ou pré-escola particular é irrelevante, visto que estes poderiam optar livremente pela assistência emestabelecimentos particulares ou manter a criança sob guarda e vigilância de terceiros (babás, familiares etc.). Essaescolha pertence ao servidor e não cabe à União irresignar-se quanto a tal liberdade.

5. Quanto à regulamentação do Plano de Assistência Pré-Escolar (PAPE) a partir de 2001 (períodos anteriores estariamindubitavelmente prescritos e não teriam utilidade prática) tem-se que:

A Instrução Normativa nº 28/01, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, revisada em 03/2003, previa que os setoresresponsáveis pela inscrição dos beneficiários receberiam até o dia 10 de cada mês a cópia do recibo da mensalidade pagano estabelecimento de ensino, sendo assim, o auxílio pré-escolar era processado na forma de reembolso.A partir de 29/11/2007, com a publicação da Resolução nº 588 do Conselho da Justiça Federal, os beneficiários passaram areceber, em pecúnia, o valor fixado por dependente desde o mês de sua inscrição, independentemente de vínculo cominstituições de ensino, até o mês em que o menor completasse 06 (seis) anos.Posteriormente, a Resolução nº 04, de 14 de março de 2008, do Conselho da Justiça Federal revogou a Resolução anteriore regulamentou, no âmbito do Conselho e da Justiça Federal de 1º e 2º Graus, a concessão do auxílio pré-escolar, entreoutros. Tal auxílio encontra-se regulamentado nos arts. 75 a 95 da Resolução. Depreende-se do texto legal que, para finsde recebimento do auxílio, basta que o servidor faça a inscrição dos dependentes mediante preenchimento de formuláriospróprios fornecidos pelo setor competente do órgão. Ademais, o valor a ser pago como auxílio pré-escolar será único edeverá ser fixado em ato do Conselho da Justiça Federal, de modo a se observar a disponibilidade orçamentária e a suadistribuição isonômica entre os Tribunais Regionais Federais e o Conselho da Justiça Federal.

6. Observa-se que a forma de pagamento do auxílio-creche foi alterada com a Resolução nº 588 do CJF, passando doreembolso para o simples pagamento após a inscrição no órgão competente. Tal mudança não autoriza a solicitação dedocumentos por parte da União, independentemente da data em que houve o pagamento do referido auxílio (antes ou após2007), visto que os valores foram pagos com observância das determinações contidas nas Resoluções. Se para receber oauxílio-creche, o servidor teve que comprovar apenas a regular qualidade de beneficiário do menor, amparado por normafederal, incabível a discussão da validade da norma no bojo desta ação.

7. In casu, a servidora comprovou, através de documento fornecido pelo Núcleo de Gestão de Pessoas da Seção Judiciáriado Espírito Santo, os valores percebidos no período de março de 2000 a janeiro de 2006 a título de “ReembolsoAuxílio-Creche”, assim como o respectivo Imposto de Renda Retido na Fonte (fl. 16). Tal documento possui fé pública, compresunção de veracidade e deve ser o documento utilizado pela embargante para fins de recálculo, visto que discrimina omontante recebido e o imposto de renda retido, dados necessários para a retificação.

8. Há que se destacar que o argumento trazido em sede de embargos constitui verdadeira inovação recursal, visto que nacontestação a embargante não suscitou qualquer discussão a respeito da necessidade de juntada dos comprovantes dosgastos efetuados para fins de liquidação, motivo pelo qual não houve omissão no acórdão e sim o não-enfrentamento deuma questão porque esta não foi posta à apreciação do Judiciário. Os únicos documentos solicitados pela embargante, jáem sede de recurso inominado, foram os contracheques da autora, que são desnecessários, já que a Seção Judiciáriaforneceu certidão contendo todos os valores pagos a título de auxílio-creche e o imposto de renda retido sobre este,certidão que se encontra no processo desde o seu ajuizamento.

9. Por fim, reitero o entendimento firmado no acórdão de fls. 110/112, no qual esta Turma acompanhou recente julgamentoda TNU no sentido de que não há necessidade da juntada pela parte autora das Declarações de Ajuste e de realização dasretificações das Declarações Anuais de Imposto de Renda.

10. Sendo assim, conheço dos presentes embargos e, no mérito, nego-lhes provimento.A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

154 - 0000601-41.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000601-3/01) ORIEL CRISOSTOMO DE VARGAS (ADVOGADO:MARCELLE PERIM ALVES VIANA, BRUNO FAJARDO LIMA, BRENO FAJARDO LIMA.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO DE SENTENÇA N.° 0000601-41.2010.4.02.5051/0 1RECORRENTE: ORIEL CRISOSTOMO DE VARGASRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIADE INCAPACIDADE LABORAL CONSTATADA PELO LAUDO PERICIAL – DESNECESSIDADE DE AUDIÊNCIAINSTRUTÓRIA E NOMEAÇÃO DE PERITO MÉDICO ESPECIALISTA – PREVALÊNCIA DA PERÍCIA MÉDICA JUDICIALSOBRE OS LAUDOS MÉDICOS PARTICULARES – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇAINTEGRALMENTE MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 52/53, que julgouimprocedente o pleito autoral de concessão do benefício de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez. O recorrente,em suas razões, alega, em síntese: i) que o laudo pericial de fls.33/38 é incoerente, não atendendo sua real finalidade e queperita não é especialista na doença que acomete o autor; ii) que o feito não se encontrava suficientemente instruído, tendoem vista a ausência de audiência de instrução e julgamento para oitiva de testemunhas para a comprovação da condiçãode segurado especial; e, por fim, iii) que se encontra totalmente incapacitado para suas atividades habituais de lavrador.Assim, requer a anulação da sentença para que seja realizada nova instrução probatória nos autos, com oitiva dastestemunhas e a elaboração de novo laudo pericial. Contrarrazões às fls. 60/63.

2. O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a Aposentadoria por Invalidez, por força do disposto no art. 42 domesmo diploma legal, a seu turno, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que,estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício deatividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. Inicialmente, no que tange à alegação de que o perito nomeado não detém a especialidade médica supostamentecompatível a doença que acomete a parte autora, cumpre registrar que o ordenamento processual não prevê estaexigência, já que o registro nos quadros no Conselho Regional de Medicina – CRM habilita o profissional a aferir a(in)capacidade laborativa do paciente. A “especialidade” a que alude o artigo 145, §2º, do CPC deve ser vista de maneiraampla, tanto assim que o próprio dispositivo legal a relaciona à necessidade de registro no órgão profissional competente(que, no caso, é representado pelo Conselho Regional de Medicina – CRM), não sendo necessário, para que a períciatenha validade, que o médico comprove especialidade dentro da medicina supostamente compatível com a enfermidade deque padece o paciente.

4. A audiência de instrução no processo previdenciário deve ser realizada apenas se constatada sua essencialidade, emaplicação ao princípio da celeridade processual, o que não se verifica neste caso, já que as questões relativas à(in)capacidade são eficazmente comprovadas por meio do laudo pericial produzido em juízo. Sendo assim, excluído orequisito da incapacidade, é desnecessária a realização de audiência instrutória, pois a oitiva de testemunha serve paracomprovar a qualidade de segurado e não para detectar a incapacidade do mesmo. Desta forma, não procede à alegação

recursal de anulação da sentença.

5. O autor, trabalhador rural, atualmente com 50 (cinqüenta) anos de idade, alega se encontrar incapacitado para o trabalhoem razão de fratura do cotovelo esquerdo decorrente de acidente automobilístico ocorrido em 07/08/2007. Ressalte-se queo recorrente esteve em gozo de auxílio-doença no período de 07/08/2007 a 3/04/2009, mas foi considerado apto a partirdesta data, conforme exames periciais de fls. 24/27.

6. De acordo com perícia médica, de fls. 33/38, o autor possui seqüela de fratura de cotovelo, decorrente de acidente demoto em 07/08/2007, sendo que atestou a perita que nas fases iniciais havia incapacidade total temporária, resolvida portratamento cirúrgico e fisioterápico Assim, o laudo concluiu que não há incapacidade para as atividades habituais darecorrente.

7. Diante da conclusão pericial, em cotejo com os documentos médicos apresentados pela parte, este relator entende queinexistem nos autos elementos capazes de balizarem a caracterização da incapacidade da parte para o labor em geral,sendo certo que a existência de eventual patologia não implica, necessariamente, inaptidão funcional.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Condenação da recorrente ao pagamento de custas e de honorários advocatícios, cujo valor, considerada a situaçãofinanceira da parte, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita à fl.28,suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a fazer parte integrante dopresente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

155 - 0000930-84.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000930-6/01) NERLY ROZARIO DOS SANTOS (ADVOGADO:ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHANDE ALMEIDA.).RECURSO DE SENTENÇA N.° 0000930-84.2009.4.02.5052/0 1RECORRENTE: NERLY ROZARIO DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORALCONSTATADA PELO LAUDO PERICIAL – DESNECESSIDADE DE APRECIAÇÃO DOS QUESITOS COMPLEMENTARES– PREVALÊNCIA DA PERÍCIA MÉDICA JUDICIAL SOBRE OS LAUDOS MÉDICOS PARTICULARES – RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA INTEGRALMENTE MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 50/51, que julgouimprocedente o pleito autoral de concessão do benefício de auxílio-doença, bem como de indenização por danos morais. Arecorrente sustenta, em suas razões, ter havido cerceamento de defesa nos autos ante a ausência de juntada, pelo INSS,de cópia dos antecedentes médicos em seu poder, bem como indeferimento do pedido de realização de nova periciaformulados à fl. 49. No mérito, alega, estar incapacitada para o exercício de suas atividades laborativas. Assim, requer,preliminarmente, a anulação da sentença para complementação do parecer oficial. Por fim, postula pela reforma dasentença. Contrarrazões às fls. 58/59.

2. Primeiramente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

3. A autora, que possui atualmente 59 anos de idade não precisa em sua inicial nem a enfermidade que a incapacita, nem aprofissão que exerce habitualmente. O laudo médico exarado pelo perito nomeado pelo Juízo às fls. 46/48 informa que aautora é portadora de hérnia de disco e artrose do joelho direito, de cunho degenerativo. Ao exame físico, contudo, arecorrente apresentou marcha normal, lasegue negativo bilateral, ausência de crepitações e edemas no joelho direito.Concluiu a perita, assim, pela inexistência de incapacidade para as atividades laborativas.

4. Nesse caso, a alegação de cerceamento de defesa não merece prosperar. Verifica-se que a ausência de juntada da

íntegra do processo administrativo da recorrente junto ao INSS não prejudica ou altera o resultado final da lide, uma vez quea parte teve oportunidade de colacionar aos autos os exames e receituários médicos de que dispunha para fazer prova aoseu favor, os quais foram devidamente sopesados pelo magistrado a quo e por este relator no momento da prolação dosprovimentos jurisdicionais. Diante de tudo o que fora exposto não merece quaisquer reparos a sentença de origem, pois asindagações relativas à (in)capacidade já foram eficazmente esclarecidos no laudo pericial acostado às fls. 46/48 e aaptidão da parte para o labor já está suficientemente demonstrada em perícia regular e sem vícios.

5. Diante da conclusão pericial, em cotejo com os documentos médicos apresentados pela parte, este relator entende queinexistem nos autos elementos capazes de balizarem a caracterização da incapacidade da parte para o labor em geral,sendo certo que a existência de eventual patologia não implica, necessariamente, inaptidão funcional. Os documentosmédicos juntados pela parte autora não são suficientes para afastar as conclusões da perícia médica judicial, nos termos doEnunciado de n. 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo:

O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular.(DIO - Boletim da Justiça Federal, 18/03/04, pág. 59).

6. Destarte, havendo laudos divergentes, não há como considerar os documentos apresentados pela recorrente emdetrimento da conclusão do perito oficial. Com efeito, não me parece plausível deferir o benefício previdenciário pretendido– de auxílio-doença, se constatada a capacidade para o trabalho habitual do autor /recorrente a menos que os laudosparticulares se mostrem suficientes à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha nolaudo oficial, hipóteses que não ocorreram no caso vertente.

7. Nesses termos, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em trazer aos autos provas robustas, que pudessem sesobrepor ao laudo pericial, o qual goza de presunção de veracidade. Desse modo, deve ser mantida a sentença proferidapelo juiz a quo, de modo a não ser concedido o pedido autoral.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas e de honorários advocatícios, cujo valor, considerada asituação financeira da parte, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciáriagratuita à fl. 27, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a fazer parte integrante dopresente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

156 - 0000479-58.2006.4.02.5054/01 (2006.50.54.000479-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.) x IRANILDA PENITENTE PIOLI (ADVOGADO: MARIA ISABEL PONTINI.).RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000479-58.2006.4.02.5054/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: IRANILDA PENITENTE PIOLIRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – SEGURADO ESPECIAL – FIXAÇÃO DA DATA DEINÍCIO DE BENEFÍCIO EM 30/08/05 – MANUTENÇÃO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 80/82, que julgouprocedente o pedido da exordial e concedeu à parte autora o benefício de auxílio-doença. Sustenta o INSS, em razõesrecursais, que, tendo em vista não ser possível afirmar a data de início da incapacidade, conforme dito pelo jusperito emseu laudo, a DIB deve ser fixada em 17/07/2007, isto é, na data da juntada do laudo pericial aos autos. Contrarrazões às fls.91/93.

2. Insta ressaltar, de início, que consoante o princípio da congruência o juiz deve estar adstrito ao pedido, não podendojulgar nem mais (ultra petita), nem menos (citra petita), nem fora (extra petita) do que fora pedido. Diante do exposto, etendo em vista o fato de o recorrente não ter se insurgido contra o mérito principal da causa, ou seja, contra a incapacidadeda autora e a conseqüente concessão do benefício de auxílio-doença, deve-se, então, passar à análise da questão que foi

motivo de controvérsia em sede recursal: a fixação da DIB do auxílio-doença.

3. Em exame pericial (fls. 48/49), foi constatado que a pericianda sofre de sequela de fratura no punho esquerdo e que,portanto, se encontra incapacitada parcial e definitivamente para a sua atividade habitual (rural). Nesse mesmo documento,o perito informou que o provável início da lesão ocorreu há dois anos (perícia realizada em 16/07/2007).

4. Observa-se que a juíza a quo fixou a DIB em 30/08/2005, data em que foi cessado o último auxílio-doença da autora.Nesse sentido, se a lesão teve provável origem dois anos antes da data da pericia judicial, conforme informado pelo perito,mostra-se correta, então, a fixação da data de início do benefício pela magistrada de primeira instância, eis que restaevidente nos autos que a incapacidade da recorrida decorreu exclusivamente da lesão nos punhos, já identificada quandoda concessão administrativa do benefício. Assim, não houve solução de continuidade no estado de incapacidade da autora.No mais, os próprios documentos médicos juntados à inicial (fls. 34/35), os quais comprovam ser a autora portadora desequela de fratura, estão datados de 07/07/05, demonstrando, claramente, que a cessação do benefício em 30/08/2005 foiindevida.

5. Diante do exposto, entendo que deve ser mantida a DIB estabelecida na sentença proferida pela magistrada de primeirograu.

6. Recuso conhecido e improvido. Sentença mantida.

7. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por cento) dacondenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

157 - 0000445-21.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000445-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x ARILDO CORREIA DE JESUS (ADVOGADO:ADENILSON VIANA NERY.).RECURSO Nº 0000445-21.2008.4.02.5052/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ARILDO CORREIA DE JESUSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA – INCAPACIDADE LABORAL PARCIAL – LAUDOMÉDICO PERICIAL FAVORÁVEL – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO - SENTENÇAPARCIALMENTE REFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela autarquia ré, em face da sentença de fls. 91/95, que julgou procedente opedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença, concedendo à parte autora o benefício requerido desde a datada cessação indevida, em 30/06/2008 (fl. 08), e julgou improcedente o pedido em relação aos danos morais. Alega aautarquia recorrente, em suas razões recursais, que a incapacidade da parte autora foi afastada por diversas vezes nocurso do processo (fls. 54/55, 59/62, 72/73) e que, apesar de o juiz não estar adstrito ao laudo pericial, não pode descartá-losem robusta prova em contrário. A parte autora apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei n° 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos.

3. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, consoante perícia médica (fls. 54/55), realizada peloINSS, que a parte autora (51 anos de idade) se encontra capacitada para o trabalho, estando apta a exercer sua atividadehabitual, qual seja, a de trabalhador rural (segurado empregado). Todavia, foi marcada nova perícia, devido ao acúmulo deperícias a serem realizadas, em decorrência da greve dos Procuradores do INSS no inicio de 2008. Na segunda perícia (fls.59/62), com posterior esclarecimento às fls. 72/73, ensejada pela juntada de novos exames, o perito médico atestou que oautor apresenta sequelas de fratura do antebraço esquerdo e limitação da movimentação do manguito rotador do ombrodireito, em função de sinovite e espessamento capsular e ligamentar no ombro, bursite e outras tendinopatias. Essasalterações crônicas limitam atividades que exijam grande esforço físico e sobrecarga de força nos membros superiores.

4. Conclui-se, assim, que, preenchidos os requisitos para a concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença, faz jusa parte autora ao referido benefício.

5. No entanto, discordo do DIB fixada pelo Juízo a quo. Conforme acima descrito, no momento do primeiro laudo pericial doJuízo, não se encontrava a parte autora incapacitada para o trabalho (laudo de fls. 59/62 com posterior esclarecimento àsfls. 72/73), já com novos exames acostados aos autos (ressonância magnética de fl. 70), constatou-se sua limitação laboral.É o que se extrai dos esclarecimentos de fls. 72/73, datados de 29/01/2010.

6. Ressalto que, mesmo que a autora tenha deixado de contribuir para a Previdência Social durante o trâmite processual,não há que se falar em perda da qualidade de segurado. A meu ver, deve-se diferenciar a existência da qualidade desegurado, que deve ser aferida na data do requerimento administrativo ou, ausente este, na data do ajuizamento da ação,dos efeitos financeiros da condenação, os quais podem ser fixados quando cabalmente verificada a existência dosrequisitos para a concessão do benefício.

7. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada em mínima parte, apenas para fixar o início do benefíciona data da juntada dos esclarecimentos de fls. 72/76, ou seja, 29/01/2010.

8. Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários sucumbenciais, que ora arbitro em 10%do valor da condenação, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c art. 21, parágrafo único, do CPC.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, na forma daementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

158 - 0000499-19.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000499-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x ELIOMAR JOAO VAZZOLLER (ADVOGADO: SANDROZORZANELLI COELHO.).RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000499-19.2010.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ELIOMAR JOAO VAZZOLLERRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – CONCESSÃO DO AUXÍLIO-DOENÇA – CONFIGURAÇÃO DAINCAPACIDADE POR PERÍCIA JUDICIAL REGULAR – RECONHECIMENTO DA PROFISSÃO DO AUTOR COMOPEDREIRO – BENEFÍCIO DEVIDO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 82/84, que julgouprocedente o pedido da exordial e concedeu à parte autora o benefício de auxílio-doença. Sustenta o INSS, em suas razõesrecursais, que a perícia judicial constatou a incapacidade laborativa do autor para a profissão de pedreiro. Porém, aAutarquia Previdenciária afirma que o autor, na realidade, coordena, como pequeno empresário ou empreiteiro, o trabalhode outros, razão pela qual ele não se encontraria incapaz. Contrarrazões às fls. 90/93.

2. Primeiramente, cabe destacar que o auxílio-doença, conforme se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devidoao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalhoou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

3. Em exame pericial (fls. 44/54), foi constatado que o periciado, atualmente com 58 (cinqüenta e oito) anos, apresentalombalgia, cervicalgia irradiando para os membros, limitação e dor na flexão dos joelhos, principalmente no direito. Aoresponder os quesitos do INSS, a perita informou que o autor é portador de gonartrose e lesão meniscal do joelho direito.Concluiu a perita, assim, que requerente se encontra parcial e temporariamente incapacitado para sua atividade habitual depedreiro, com indicação de cirurgia no joelho.

4. Não assiste razão o INSS no que se refere à alegação de que o autor não seria pedreiro. As testemunhas foramuníssonas em afirmar que o requerente é, de fato, pedreiro, tendo, inclusive, realizado reformas em suas residências. A 1ªtestemunha, Sr. Genecir Resende, disse que o autor trabalhou em seu bairro há quatro anos e que fez um banheiro em suacasa. A 2ª testemunha, Sr. Isaias Mendes, disse que o requerente é pedreiro e que ele também trabalhou em sua casaconstruindo muros. A última testemunha, Sra. Maria Nelcina, disse que o autor é seu vizinho e também afirmou que o

mesmo é pedreiro, tendo inclusive, feito um banheiro no terraço de sua residência há uns seis anos e que o seu primoajudou o segurado na obra. Desse modo, entendo que restou devidamente demonstrado que o autor executa, comoprofissão habitual, a atividade de pedreiro. Ademais, o documento de fl. 70, juntado pelo INSS, é categórico no sentido deque, desde 1993, o autor é pedreiro.

5. Logo, deve ser mantida a sentença proferida pela juíza a quo, para que seja restabelecido o benefício de auxílio-doença.

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

7. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por cento) dacondenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

159 - 0000846-80.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000846-3/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x MARLÉIA MEZARDE (ADVOGADO: JOÃO ROBERT CUZZUOLPEREIRA, DAYVID CUZZUOL PEREIRA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000846-80.2009.4.02.5053/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARLÉIA MEZARDERELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO AUXÍLIO-DOENÇA –INCAPACIDADE TEMPORÁRIA – RECURSO CONHECIDO E IM PROVIDO – SENTENÇA INTEGRALMENTE MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls.89/91, que julgouprocedente o pleito autoral, restabelecendo o beneficio previdenciário de auxílio-doença com efeitos retroativos à data desua cessação (05.05.2012). Em razões de recurso, alega o INSS que o benefício não pode ser restabelecido desde a datada sua cessação, uma vez que o perito do juízo não pôde precisar a data do inicio da incapacidade no exame pericial,devendo, assim, ser a data da perícia o marco inícial para a concessão do benefício. Ademais, requer o ente previdenciário,caso não se entenda da forma exposta acima, o desconto dos meses em que a autora laborou normalmente, haja vista aimpossibilidade de cumulação de benefício por incapacidade com o labor normal, sob pena enriquecimento sem causa.Contrarrazões às fls.104/106.

2. No mérito a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

3. Em que pese a ausência de indicação do início da incapacidade no laudo oficial, os demais elementos de prova dosautos (fl. 23/28) subsidiam a conclusão de que a recorrida já estava incapacitada desde a suspensão administrativa dobenefício de auxílio-doença. Nesse diapasão, quadra ressaltar que, ante a carência de apuração da data de início daincapacidade no parecer médico do juízo, pode o magistrado valer-se de outros elementos de prova constantes dos autospara formar sua livre convicção. Nesse sentido:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. INCIDENTE CONTRA ACÓRDÃO DE TURMA REGIONAL DEUNIFORMIZAÇÃO. ADMISSIBILIDADE. AUXÍLIO-DOENÇA. TERMO INICIAL. AFERIÇÃO DO INÍCIO DA INCAPACIDADE.OMISSÃO DO LAUDO PERICIAL. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO DO JUIZ. PRETENSÃO DEREEXAME DE PROVA. INCIDENTE IMPROVIDO. 1. Nos termos do art. 6º, III, do Regimento Interno desta TurmaNacional, cabe incidente de uniformização contra julgado de Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência queesteja em confronto com a jurisprudência dominante do STJ, hipótese que este Colegiado tem estendido à divergência coma sua própria jurisprudência pacificada. 2. A inexistência de prévio requerimento administrativo e a falta de fixação da datado início da incapacidade pelo perito judicial não constituem motivo suficiente, por si só, a impor o reconhecimento do inícioda incapacidade na data do laudo pericial, se há nos autos outros elementos de prova que permitam ao julgador aferir demodo diverso o início da incapacidade. Precedentes desta TNU (Pedilef 200763060076010 e Pedilef 200533007688525). 3.O exercício da plena jurisdição exige do magistrado a análise de todo o conjunto probatório e das circunstâncias peculiaresao caso, de modo a se permitir a análise de elementos estranhos ao laudo pericial para a formação do livre convencimentodo juiz. 4. O reexame dos motivos que conduziram as instâncias inferiores a fixar a data do início da incapacidade na datada propositura da ação importa em revolvimento de matéria fática, o que é vedado nesta via, a teor do que dispõe a Súmula

nº 7 do STJ, de aplicação analógica a esta Turma Nacional. 5. Pedido de Uniformização de Jurisprudência improvido.(PEDIDO 200740007028548, JUÍZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES, 13/05/2011) - sem grifos nooriginal

4. Após análise do laudo de fls. 54/57, realmente é possível concluir que a parte recorrida, na ocasião da cessação doauxílio-doença (maio/2009), já padecia de doença incapacitante de natureza idêntica à da patologia diagnosticada na períciaoficial e incidente sobre a mesma região do corpo. Tal circunstância é suficiente para formar o convencimento deste relatorno sentido de que a incapacidade laborativa estava instalada na paciente nessa ocasião e perdurou, ininterruptamente, atéa detecção formal da moléstia por meio do exame judicial. Veja-se, a esse respeito, julgado da TNU, cujo teor é, a seguir,reproduzido:

PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO. AUXÍLIO-DOENÇA. PERÍCIA JUDICIAL QUE NÃO CONSEGUIUESPECIFICAR A DATA DE INÍCIO DA INCAPACIDADE (DII). PRESUNÇÃO DE CONTINUIDADE DO ESTADOINCAPACITANTE IDENTIDADE COM A DOENÇA OU LESÃO QUE JUSTIFICOU A CONCESSÃO DO AUXÍLIO-DOENÇAANTERIOR. FIXAÇÃO DO TERMO INICIAL DA CONDENAÇÃO OU DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO (DIB). PEDIDO DEUNIFORMIZAÇÃO PROVIDO. 1. O enunciado da Súmula nº 22 da Turma Nacional se aplica aos casos em que a períciajudicial conseguiu especificar a data de início da incapacidade (DII), servindo de parâmetro inclusive em relação aosbenefícios por incapacidade. 2. Porém, quando a perícia judicial não conseguiu especificar a data de início da incapacidade(DII), e em se tratando de restabelecimento de auxílio-doença, em sendo a incapacidade atual decorrente da mesmadoença ou lesão que justificou a concessão do benefício que se pretende restabelecer, presume-se a continuidade doestado incapacitante desde a data do cancelamento, que, sendo reputado indevido, corresponde ao termo inicial dacondenação ou data de (re)início do benefício. 3. Pedido de Uniformização provido.(PEDIDO 200772570036836, JUÍZA FEDERAL JACQUELINE MICHELS BILHALVA, , 11/06/2010) – grifos nossos

7. Por fim, no tocante ao recebimento de salário e de benefício por incapacidade de forma cumulativa nos períodos em queo segurado, embora incapaz, tenha exercido atividade laborativa, a jurisprudência mais recente da Turma Nacional deUniformização manifesta-se no sentido da possibilidade da referida cumulação, senão vejamos:

EMENTA – VOTO - INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO INTERPOSTO PELA AUTARQUIA-RÉ. PEDIDO DE CONCESSÃODE BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. TEMA REFERENTE À IMPOSSIBILIDADE DE PAGAMENTO DEAUXÍLIO-DOENÇA EM PERÍODO EM QUE O AUTOR MANTEVE VÍNCULO LABORAL. CONHECIMENTO EDESPROVIMENTO DO INCIDENTE. 1. Pedido de concessão de benefício por incapacidade. 2. Sentença de parcialprocedência do pedido (fls. 61/63). Hipótese de restabelecimento do auxílio-doença indevidamente cessado, a contar de28-07-2009. 3. Manutenção da sentença pela Turma Recursal de Santa Catarina, com espeque no art. 46 da Lei nº9.099/95 (fls. 85/86). 4. Incidente de uniformização de jurisprudência, interposto pela autarquia-ré, com fundamento no art.14, da Lei nº 10.259/2.001 (fls. 111/128). 5. Defesa de serem os benefícios de auxílio-doença e de aposentadoria porinvalidez substitutivos da renda e, assim, inacumuláveis com a percepção de salário decorrente de exercício de atividadelaborativa. 6. Indicação, pela recorrente, dos seguintes precedentes: processo nº 2006.81.00.502226-3, da lavra da TurmaRecursal do Ceará; e processo nº 2008.51.67.001892-0, emanado da Turma Recursal do Rio de Janeiro. Cópia dosjulgados às fls. 123/128. 7. Admissibilidade do presente incidente pela Presidência da Turma Recursal de Santa Catarina(fls. 87/89). 8. Existência de similitude fático-jurídica entre os precedentes invocados e o caso dos autos. 9. Anotação devínculo empregatício em nome da parte autora durante o curso da ação: por si só, não tem o condão de afastar a conclusãoda perícia médica, já que o segurado precisa se manter durante o longo período em que é obrigado a aguardar aimplantação do benefício, situação em que se vê compelido a retornar ao trabalho, mesmo sem ter a sua saúderestabelecida, em verdadeiro estado de necessidade. 10. Documentação constante dos autos - informa afastamento dafunção laborativa desempenhada pela parte autora junto à “Cidade Viagens e Turismo Ltda. – EPP” em 31-08-2009,consoante Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho à fl. 55 verso. 11. Manutenção do termo inicial do benefícioconcedido à parte na data fixada no “decisium”, motivada pela firmeza do laudo pericial elaborado, não devendo serdescontado o pagamento no período em que a autora exerceu atividade remunerada. Inteligência do art. 124, da Lei nº8.213/91. 12. No processo de nº 2009.72.54.006451-6, julgado representativo, ficou decidido em sessão anterior que "épossível o recebimento de salário e de benefício por incapacidade de forma cumulativa, num mesmo período, quando osegurado encontrava-se comprovadamente incapaz para o trabalho, posto que, em tal hipótese, o segurado trabalhou pornecessidade de manter sua subsistência". 13. Desprovimento do incidente apresentado pela autarquia-ré.(PEDILEF 00019946520094047254, JUÍZA FEDERAL VANESSA VIEIRA DE MELLO, DOU 03/08/2012.)

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença integralmente mantida.

9. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

160 - 0002033-32.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002033-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x ISABEL MARIA DE ALMEIDA VARGAS (ADVOGADO: SANDRA VILASTRE DEARAUJO.).PROCESSO Nº. 0002033-32.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRECORRIDO: ISABEL MARIA DE ALMEIDARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADA ESPECIAL – NÃOCOMPROVAÇÃO DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL PELO PERÍODO EQUIVALENTE À CARÊNCIA DOBENEFÍCIO – PROVA TESTEMUNHAL INCONSISTENE - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

161 - 0000087-50.2008.4.02.5054/01 (2008.50.54.000087-0/01) HOSANA BAIOCO (ADVOGADO: JAMILSON SERRANOPORFIRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NANCI APARECIDA DOMINGUESCARVALHO, UBIRATAN CRUZ RODRIGUES, THIAGO COSTA BOLZANI.).RECURSO DE SENTENÇA Nº. 2008.50.54.000087-0/01RECORRENTE: HOSANA BAIOCORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRAREDATOR DO ACÓRDÃO: JUIZ FEDERAL PABLO COELHO CHARLES GOMES

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE RURAL – SEGURADA ESPECIAL – RECEBIMENTO DE PENSÃOPOR MORTE – CÔNJUGE QUE EXERCIA ATIVIDADE URBANA – AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE QUE A RENDAOBTIDA NO TRABALHO RURAL ERA INDISPENSÁVEL À PRÓPRIA SUBSISTÊNCIA – ARTIGO 11, VII, § 1º DA LEI8.213/91 – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes

162 - 0000200-26.2009.4.02.5003/01 (2009.50.03.000200-9/01) ROSA MARIA SANTOS DA SILVA (ADVOGADO: PAULOWAGNER GABRIEL AZEVEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGOSTEPHAN DE ALMEIDA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000200-26.2009.4.02.5003/01RECORRENTE: ROSA MARIA DOS SANTOS SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO - APOSENTADORIA RURAL POR IDADE - SENTENÇA QUE JULGOU IMPROCEDENTE OPEDIDO - INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO PELA PROVA TESTEMUNHAL - EFICÁCIA DA PROVADOCUMENTAL ESTENDIDA PELA PROVA ORAL – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

163 - 0007752-66.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.007752-8/01) MARIA COVRE EFFIGEN (ADVOGADO: ANDRESSAPOZES TIRADENTES RIBEIRO, TATIANA MARQUES FRANÇA, THYAGO BRITO DE MELLO, FERNANDO DAFONSECA RESENDE RIBEIRO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DASILVEIRA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 2007.50.50.007752-8/01RECORRENTE: MARIA COVRE EFFIGENRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL - MARIDO DA AUTORA APOSENTADO COMOTRABALHADOR URBANO - RENDA PROVENIENTE DO LABOR URBANO RESPONSÁVEL PELA MANUTENÇÃO DOGRUPO FAMILIAR - DESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR - RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.

1. Recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença fls. 104/106 que julgouimprocedente o pedido de aposentadoria por idade rural. Sustenta a recorrente, em suas razões recursais, que cumpriu operíodo de carência exigido em lei, fazendo jus ao benefício de aposentadoria por idade rural. Ademais, alega a autora quea sua inscrição na previdência social como segurada especial ocorreu antes da edição da Lei nº 8.213/91, devendo,portanto, ser observado o período de carência previsto na regra de transição do art. 142 da Lei nº 8.213/91. Contrarrazõesàs fls. 116/118.

2. Em primeiro lugar, deve-se ressaltar que, para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve sercomprovado ao menos por início de razoável prova material contemporânea dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º da Lei8.213/91 e, para que tal atividade se enquadre no regime de economia familiar, faz-se necessário que o trabalho dosmembros da família seja indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar, eque seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme o § 1ºdo artigo 11 da Lei 8.213/91.

3. Pois bem, conforme dispõe o art. 142 da Lei 8.213/91 “para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 dejulho de 1991, bem como para o trabalhador e o empregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência dasaposentadorias por idade, por tempo de serviço e especial obedecerá à seguinte tabela, levando-se em conta o ano em queo segurado implementou todas as condições necessárias à obtenção do benefício”. Dessa forma, como a parte autora teriainiciado seu trabalho rural no ano de 1990, com a compra de um terreno agrícola (fls. 33/35), deve ser demonstrado operíodo de carência de 60 meses, observada a regra de transição prevista no art. 142 da referida lei (implemento dorequisito idade em 1988 – 55 anos). Afasta-se, assim, o entendimento do Juízo a quo no sentido de que a tabelaprogressiva do citado artigo não se aplicaria aos trabalhadores rurais.

4. Contudo, entendo que a parte recorrente não faz jus ao benefício previdenciário. Compulsando os autos, observo que aautora juntou aos autos, a título de prova de início material, sua certidão de casamento (fl. 30), datada de 27/12/1956, ondeseu marido consta como lavrador, bem como documentos (fls. 33/38) que comprovam a propriedade de área rural na regiãode Buenos Aires, em Guarapari/ES. Apesar de reconhecer a dificuldade dos trabalhadores rurais possuírem documentosrelacionados ao labor rural, havendo a necessidade de relativizações quanto à exigência do início de prova material, nocaso dos autos, a meu ver, a prova material se mostrou demasiadamente frágil. A certidão de casamento é datada do anode 1956, mas a própria recorrente afirma que iniciou suas atividades rurais por volta do ano de 1989. Assim, não se refere,

nem de longe, ao período de carência que se pretende comprovar nos autos. Ademais, o simples fato de a recorrente serproprietária rural, apesar de ser indício, não comprova o exercício de labor rural em regime de economia familiar.

5. Além disso, as demais provas produzidas nos autos não foram suficientes para comprovar os requisitos da aposentadoriarural por idade. Embora as testemunhas tenham afirmado que a recorrente laborou em atividades rurais pelo período decarência exigido, restou descaracterizada a sua condição de segurada especial, tendo em vista que o INSS comprovou queo seu esposo possuía um comércio de bebidas e refrigerantes desde 1972 (fls. 146/150) situado no bairro da Glória, emVila Vela/ES , tendo se aposentado na condição de empresário individual (fl. 145).

6. Vale ressaltar, que o desempenho de atividade urbana por um membro do grupo familiar não constitui, por si só, óbice àdemonstração da condição de segurado especial por outro componente da família, desde que, a renda advinda daagricultura seja indispensável ao sustento do lar, o que não ocorre in casu. Nesse sentido, convém a seguinte referência àjurisprudência da TNU:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. INÍCIO DE PROVAMATERIAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. INDISPENSABILIDADE DO TRABALHO RURAL.(...) 4. O fato de um dosmembros do grupo familiar ser trabalhador urbano ou titular de benefício previdenciário urbano não descaracteriza, por sisó, o regime de economia familiar em relação aos demais membros do grupo familiar. 5. Nesse contexto, o regime deeconomia familiar somente restará descaracterizado se a renda obtida com a atividade urbana ou com o benefício urbanofor suficiente para a manutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade rural, ou, noutros termos, se a rendaauferida com a atividade rural não for indispensável à manutenção da família. 6. Caso em que, em conformidade com ajurisprudência desta Turma Nacional, examinando o conjunto probatório, o Juizado de origem considerou presente início deprova material do desempenho de atividade rural em regime de economia familiar desde 04.10.89, bem como que otrabalho rural era indispensável à manutenção da família, cujos entendimentos devem prevalecer sobre os entendimentosdo acórdão recorrido. 7. Pedido de uniformização provido (TNU – PEDILEF 200770630002109 – Juíza Federal JacquelineMichels Bilhalva - DJ 08/01/2010).

7. Quanto ao ponto, não merece prosperar o argumento da recorrente no sentido de que a alegação referente ao trabalhourbano do marido somente foi apresentada em sede de alegações finais. Analisando detidamente o caderno processual,vejo que, às fls. 88 e 103, já constam informações acerca do trabalho e aposentadoria urbana do marido da autora, demodo que, no meu pensar, as alegações do INSS em sede de alegações finais apenas rememoram, embora de forma maisaprofundada, dados já presentes nos autos e sobre os quais a recorrente já havia obtido ciência e oportunidade para semanifestar.

8. Ressalto, ainda, como razão de decidir, que o endereço onde o marido da recorrente possuía um comércio (RuaCristóvão Colombo, nº 730, Glória) é o mesmo indicado como residência do casal na escritura de compra e venda de fls.33/35, bem como nos DARF’s do ITR, exercícios 1993/1994 (fls. 36/37), do DIAC (fl. 38) e do boleto de emissão daContribuição SENAR (fl. 37), referente ao exercício de 1997. Desse modo, vê-se que a recorrente e seu marido residiramem localidade urbana durante, pelo menos, grande parte do período de carência que se pretende comprovar, fato este quese contradiz às afirmações de algumas testemunhas ouvidas no processo (fls. 176/178).

9. Diante disso, reputo que os documentos colacionados aos autos, quando analisados conjuntamente à prova testemunhal,não proporcionam a satisfatória caracterização da recorrida como segurada especial. Destarte, conclui-se que o regime deeconomia familiar restou descaracterizado, tendo em vista que a renda proveniente do labor rural não era a responsávelpela manutenção do grupo familiar.

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

11. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a baixa complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita à fl. 106, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

164 - 0000268-89.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000268-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x ROSARIA FERREIRA DA SILVEIRA (ADVOGADO: EDSON

ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR.).RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000268-89.2010.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ROSARIA FERREIRA DA SILVEIRARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADA ESPECIAL –INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL CORROBORADA POR PROVA TESTEMUNHAL – EFICÁCIA DA PROVADOCUMENTAL ESTENDIDA PELA PROVA ORAL - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 140/142, que julgouprocedente o pedido autoral de concessão de aposentadoria rural por idade. Em razões de recurso, a autarquiaprevidenciária alega que não restou comprovado nos autos o efetivo exercício de atividade rural pelo tempo equivalente àcarência exigida para o benefício, conforme disposto no art. 142 da Lei 8213/91. Ademais, caso não seja acolhido o pedidoprincipal, requer que seja altera a DIB para a data da audiência. Sem contrarrazões.

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que, nos termos do art. 39, inciso I, da Lei nº 8.213/91, para fins de recebimentode aposentadoria rural por idade, o segurado especial previsto no inciso VII do artigo 11 desta lei, além de comprovar aidade mínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem), nos moldes do artigo 48, § 1º do mesmo diploma normativo, devedemonstrar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior aorequerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopostulado.

No presente caso, a recorrida apresentou, como início de prova material, os seguintes documentos: i) carteira do Sindicadodos Agricultores Familiares e Assalariados Rurais de Iúna e Irupi – ES, com data de filiação em 17/11/2004 (fl. 08); ii)contrato de parceria agrícola tendo a autora como parceira outorgada, com início em 20/08/2007 e vencimento em30/09/2013, contendo cláusula retroativa ao ano de 2006 (fls.13/15); iii) documentos referentes às propriedades agrícolaspertencentes aos patrões da autora (fls. 23/38); iv) recibos de pagamento das mensalidades do Sindicato, referentes aosanos de 2004 a 2009 (fl. 53 e 86); e v) declaração do Secretário Municipal da Educação, atestando que os filhos da autorafrequentaram a Escola Municipal Serrinha, na zona rural do município, nos anos de 1994/1995 e 1981/1986 (fls. 90/96).

Além disso, a prova testemunhal produzida nos autos (CD-R de áudio – fl.139) confirmou que a recorrida sempre trabalhouno campo. A primeira testemunha, o Sr. João Genésio, confirmou que autora laborou em suas terras por aproximadamente18 anos. A segunda testemunha, o Sr. Vanderli, afirmou que conhece a autora há 40 anos e que a mesma, depois de tersaído da propriedade do Sr. João, veio laborar em suas terras, onde se encontra até os dias atuais. Diante disso, reputoque os documentos colacionados aos autos, quando analisados conjuntamente à prova testemunhal, proporcionam asatisfatória caracterização da recorrida como segurada especial. Aliás, é prescindível que o início de prova material sejacontemporâneo de todo o período controvertido, desde que a prova testemunhal estenda a sua eficácia probatória. ASúmula 14 da TNU, nesse sentido, permite a ampliação dos efeitos probatórios da prova material pela prova testemunhal,salvo em caso de contradição, imprecisão ou inconsistência entre os depoimentos colhidos e os documentos presentes nosautos. Desta feita, considerando que a prova testemunhal produzida nos autos confirma o início de prova material, de modoa abranger todo o período em que se discutia o efetivo exercício da atividade rural, entendo comprovado o exercício deatividade rural por tempo equivalente ao período de carência do benefício.

Finalmente, não merece amparo a pretensão recursal de alteração da DIB para a data de realização da audiência(17/03/2011), eis que o provimento judicial apenas reconheceu o direito da parte ao benefício, já configurado na data deformalização do requerimento administrativo (25/11/2009).

Nesse diapasão, preenchido o requisito da idade e comprovado tempo de exercício de atividade rural pelo período exigidoem lei (art. 142 da Lei n.º 8.213/91), resta concluir que a recorrida faz jus ao benefício de aposentadoria por idade, desde adata do requerimento administrativo.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Sem custas, na forma da lei. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, arbitrados em10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/95.ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado. BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

165 - 0000034-75.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000034-7/01) VERA HELENA KLIPPEL SILVA (ADVOGADO: EDGARDVALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBERDARROZ ROSSONI.).Recurso n. 0000034-75.2008.4.02.5052/01

Recorrente: VERA HELENA KLIPPEL SILVARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRelator: Juiz Federal BRUNO DUTRARelator para o acórdão: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO

Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora VERA HELENA KLIPPEL SILVA (52 anos de idade), em virtudeda sentença de fl. 74-76, que julgou improcedente o pleito de benefício assistencial de prestação continuada.

Aduz a recorrente, em resumo, que é portadora de doença mental, sem alfabetização e residente na zona rural, requisitosque entende suficientes à concessão do amparo assistencial em questão e, consequentemente, merecedora da reforma dasentença em tela.

O INSS apresentou contrarrazões pugnando, em síntese, pela manutenção da sentença.

Passo a votar.

Nos termos do art. 20 da Lei nº 8.742/1993, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para fins de aplicação do dispositivo,considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, da mesmaforma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal percapita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

De acordo com o relatório social (fls. 54-55), a recorrente reside com o marido, o Sr. Pedro Rodrigues Ribeiro (56 anos deidade), em um imóvel cedido pelo Sr. Milton Justiniano. Segundo consta do relatório social, a renda financeira da família éproveniente do trabalho rural do marido, no valor de R$ 300,00 (trezentos reais), de modo acha-se preenchido o requisito darenda familiar per capita inferior a ¼ do salário mínimo.

Com relação à alegada incapacidade, constata-se a realização de perícia médica judicial (fls. 65-69). O perito médicoconcluiu que, apesar de a recorrente ser portadora de retardo mental leve, ela não está incapacitada para o trabalho, hajavista que se encontra lúcida, bem orientada no tempo e no espaço, com ótima higiene e boa memória.

Com base nessas premissas, o juízo de origem proferiu sentença julgando improcedente o pedido autoral. Contudo,pedindo vênias ao MM. Juiz Federal a quo, hei por bem divergir de seu entendimento.

Pois bem. É sabido que o juiz não está, de modo algum, vinculado às conclusões do laudo pericial (art. 436 do Código deProcesso Civil), podendo utilizar-se de outros elementos de prova produzidos nos autos para formar sua convicção, caso acaso. Desse modo, embora o perito registre que a autora encontra-se apta para suas atividades laborativas, ouso, nestecaso, discordar, por considerar que os laudos particulares juntados aos autos, aliados às condições pessoais da autora(analfabeta, morando, há dois anos, em casa cedida pelo patrão do marido, na zona rural, sofreu atropelamento com fraturado crânio que a deixou com seqüelas, retardo mental leve [fls. 17-19, 37 e 65-67], conduzem a conclusão diversa, isto é, deque a recorrente se encontra, tanto incapacitada para o trabalho no ambiente rural, quanto para a vida independente, tendoem vista sua condição de analfabeta e portadora de retardo mental, embora leve, de par com o regime de trabalho próprioao meio rural onde vive em casa emprestada, com a idade (53 anos) e com a falta de condições familiares retratadas norelatório social (fls. 54-55).

Os autos revelam ainda, que em 2003, a recorrente se submeteu a pericia do INSS (fls. 17-18), ocasião em que foidiagnosticada com retardo mental e transtornos psicóticos (F:70 e F:28). Conclui-se, assim, já àquela época haviaincapacidade para o trabalho, mas não para a vida independente. No mesmo sentido, tem-se o laudo particular de fl. 19, noâmbito do Sistema Único de Saúde – SUS datado de 18/03/2003.

Ora, não se afigura razoável, nem justo, considerar uma pessoa com retardo mental, mesmo leve, apta à pratica de certasatividades da vida pessoal, familiar e comunitária sozinha! Poderia essa pessoa permanecer sem a permanente companhiade terceiros? A resposta, no contexto, não soa razoavelmente positiva.

Ademais, há que se ressaltar que, segundo a nova redação do § 2º do art. 20 da Lei nº 8.742/1993: considera-se pessoacom deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais,em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade decondições com as demais pessoas.

Outrossim, a Súmula nº 29 da Turma Nacional de Uniformização – TNU assentou: Para os efeitos do art. 20, § 2º, da Lei nº8.472, de 1993, incapacidade para a vida independente não é só aquela que impede as atividades mais elementares dapessoa, mas também a impossibilita de prover ao próprio sustento.

Por certo, este é o caso da autora, visto que sua deficiência mental e as demais características, social, familiar, etária eprofissional, conforme visto, impedem sua plena e efetiva inclusão social.

Por fim, a DIB coincidirá – na forma do enunciado 84 das TRs dos JEFs da Seção Judiciária do Rio de Janeiro – com a datada perícia médica (fls. 65-69) e precedente da TNU: PEDILEF nº 05065426120084058102, relatoria do Juiz FederalANTÔNIO FERANANDO SCHENKEL DO AMARAL E SILVA. DOU de 03/08/2012.

Nessas condições, conheço do recurso e, no mérito, dou-lhe provimento.

Ante os fundamentos acima lançados, conjugados com o tempo de tramitação do feito e a essencialidade para asubsistência da verba assistencial de caráter alimentar, a implantação e a DIP deverão ocorrer no prazo de 30 (trinta) dias.

Descabe condenação em honorários, nem custas (art. 55 da Lei 9.099/1995).

É o voto.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal Relator para o acórdão

EMENTA

RECURSO INOMINADO. BENEFÍCIO ASSITENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS. INCAPACIDADE PARA OTRABALHO E PARA A VIDA INDEPENDENTE. SÚMULA 29 DA TNU. REALIDADE PESSOAL E DE EXCLUSÃO SOCIAL.RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. DIB NA DATA DA PERÍCIA MÉDICA. SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo, por unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, dar-lhe provimento, vencido o Juiz Federal Relator,apenas quanto à DIB do benefício, eis que a fixava na data da sessão, tendo em conta a natureza constitutiva do julgado,na forma da ementa, que passa a integrar presente julgado.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal Relator para o acórdão

166 - 0000870-14.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000870-3/01) JOAO FRANCISCO PEREIRA (ADVOGADO: MARIAISABEL PONTINI, JOSE IRINEU DE OLIVEIRA, BARBARA DENARDE NOGUEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº. 2009.50.52.000870-3/01RECORRENTE: JOÃO FRANCISCO PEREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – ATIVIDADE EXERCIDA SOB CONDIÇÕES ESPECIAIS – EXPOSIÇÃO ARUÍDO, E POREIRA MINERAL – COMPROVAÇÃO DE ATIVIDADE ESPECIAL – CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIALEM COMUM - RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PARCIALPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

167 - 0005451-15.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005451-0/01) MARIO FELICIO DOS SANTOS (ADVOGADO: JOSEROBERTO LOPES DOS SANTOS, MARCELO NUNES DA SILVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº. 2008.50.50.005451-0/01RECORRENTE: MARIO FELÍCIO DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO – ATIVIDADEEXERCIDA SOB CONDIÇÕES ESPECIAIS – EXPOSIÇÃO A RUÍDO – ALTERAÇÃO NA SÚMULA 32 DA TNU –APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DA PROTEÇÃO INSUFICIENTE (OU DEFICIENTE) -BENEFÍCIO DEVIDO –RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

168 - 0003781-39.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003781-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ESTEVÃO SANTIAGO PIZOL DA SILVA.) x MARIZA MARQUARDT (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECOSARTÓRIO, EDUARDO JOSÉ TEIXEIRA DE OLIVEIRA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 2008.50.50.003781-0/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEMBARGADO(A): MARIZA MARQUARDTRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL AO PAGAMENTODE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIO EM FAVOR DA DPU. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 421 DO STJ.OMISSÃO RECONHECIDA. EMBARGOS ACOLHIDOS. ACÓRDÃO REFORMADO EM MÍNIMA PARTE.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS em face do acórdãoproferido pela Turma Recursal às fls. 152/153, por intermédio dos quais o ente embargante aponta omissão no julgado,consistente na ausência de aplicação da Súmula 421 do STJ ao caso concreto.

Com efeito, a parte autora se encontra representada nestes autos pela Defensoria Pública da União, tendo o acórdãoembargado condenado o embargante ao pagamento de honorários advocatícios. Ocorre, nos termo da Súmula 421 doSuperior Tribunal de Justiça, “os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra apessoa jurídica de direito público à qual pertença”. Tal premissa não foi levada em consideração por este órgão colegiadoquando da condenação da União ao pagamento de honorários à DPU, de modo que resta configurada a alegada omissão.

A jurisprudência dos Juizados Especiais Federais tem aplicado a referida Súmula nº 421 do STJ aos casos em que a

Defensoria Pública da União atua contra o INSS, senão vejamos:

INSS CONDENADO A HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS À DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO. EXPEDIÇÃO RPVINDEFERIDA COM BASE NO ART. 46 DA LC 80/1994. CONFUSÃO ENTRE CREDOR E DEVEDOR. ART. 381 CC/2002.IMPOSSIBILIDADE. NÃO SÃO DEVIDOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS À DPU QUANDO ATUA CONTRA PESSOAJURÍDICA A QUAL INTEGRA. SÚMULA 421 DO STJ.(Processo 00337788620114039301, JUIZ(A) FEDERAL SILVIO CESAR AROUCK GEMAQUE, TRSP - 4ª Turma Recursal -SP, DJF3 DATA: 30/03/2012.)

Cite-se, por oportuno, trecho extraído do voto do Juiz Federal Kyu Soon Lee, da 5ª Turma Recursal de São Paulo, preferidono Processo 00001576420124039301, em 08/03/2012:

Nesse sentido, a pretensão da impetrante esbarra no enunciado da Súmula 421 do Superior Tribunal de Justiça, segundo oqual “Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença”. Destaque-se nesse ponto, que a confusão decorre de questão orçamentária, o que permite ainterpretação de que na atuação da Defensoria Pública contra autarquia federal, como no caso, aplica-se o disposto nasúmula, vez que ambas as instituições Defensoria e INSS, estão vinculados ao orçamento da União Federal, razão pelaqual eventual condenação em honorários configuraria indevida modificação orçamentária entre pessoas jurídicas de direitopúblico vinculadas ao mesmo ente administrativo.

Reconhecida a omissão, pois, acolho os embargos de declaração aviados pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSSpara excluir a sua condenação ao pagamento de honorários advocatícios em favor da Defensoria Pública da União.Omissão sanada. Acórdão complementado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

169 - 0006062-36.2006.4.02.5050/01 (2006.50.50.006062-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x JOAO ALVES DOS SANTOS (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELOCALMON HOLLIDAY.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0006062-36.2006.4.025050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): JOAO ALVES DOS SANTOSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição.Contrarrazões às fls. 114/119.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gera

salários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Desacolhido o pedido revisional na perspectiva do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, encontra-se prejudicada a análisedo pedido sucessivo de aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competência de março de 1994.

5. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

170 - 0001508-87.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.001508-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x ORALDA LAIA RIBEIRO (ADVOGADO: JOAOFELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001508-87.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): ORALDA LAIA RIBEIRORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição.Contrarrazões às fls. 95/100.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Desacolhido o pedido revisional na perspectiva do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, encontra-se prejudicada a análisedo pedido sucessivo de aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competência de março de 1994.

5. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

171 - 0002330-76.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.002330-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x ISPEDITO CORDEIRO SANTANA (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELOCALMON HOLLIDAY.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002330-76.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): ISPEDITO CORDEIRO SANTANARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COM

PERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição.Contrarrazões às fls. 64/69.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Desacolhido o pedido revisional na perspectiva do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, encontra-se prejudicada a análisedo pedido sucessivo de aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competência de março de 1994.

5. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

172 - 0001539-10.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.001539-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS.) x JESUS CIRILO DA SILVA (ADVOGADO: JOAO FELIPE DEMELO CALMON HOLLIDAY.).

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001539-10.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): JESUS CIRILO DA SILVARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição.Contrarrazões às fls. 105/109.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Desacolhido o pedido revisional na perspectiva do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, encontra-se prejudicada a análisedo pedido sucessivo de aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competência de março de 1994.

5. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,

no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

173 - 0002145-38.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.002145-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x MANOEL RAIMUNDO DE JESUS (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELOCALMON HOLLIDAY.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002145-38.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): MANOEL RAIMUNDO DE JESUSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição.Contrarrazões às fls. 97/102.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Desacolhido o pedido revisional na perspectiva do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, encontra-se prejudicada a análisedo pedido sucessivo de aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competência de março de 1994.

5. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

174 - 0011264-57.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.011264-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x DIMAS SALEZZI (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0011264-57.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): DIMAS SALEZZIRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição.Contrarrazões às fls. 102/106.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Desacolhido o pedido revisional na perspectiva do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, encontra-se prejudicada a análisedo pedido sucessivo de aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competência de março de 1994.

5. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

175 - 0006596-09.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006596-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x REGINALDO RODRIGUES DA SILVA (ADVOGADO: TAISMARIA ZANONI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0006596-09.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): REGINALDO RODRIGUES DA SILVARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição.Contrarrazões às fls. 139/148.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamento

intercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Desacolhido o pedido revisional na perspectiva do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, encontra-se prejudicada a análisedo pedido sucessivo de aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competência de março de 1994.

5. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

176 - 0008450-72.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.008450-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x JOSE CARLOS DE QUEIROZ (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELOCALMON HOLLIDAY.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0008450-72.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): JOSE CARLOS DE QUEIROZRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição.Contrarrazões às fls. 111/115.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gera

salários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Desacolhido o pedido revisional na perspectiva do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, encontra-se prejudicada a análisedo pedido sucessivo de aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competência de março de 1994.

5. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

177 - 0002925-12.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.002925-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x EDMUNDO LAGO LOURES (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELOCALMON HOLLIDAY.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002925-12.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): EDMUNDO LAGO LOURESRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição.Contrarrazões às fls. 84/89.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Desacolhido o pedido revisional na perspectiva do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, encontra-se prejudicada a análisedo pedido sucessivo de aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competência de março de 1994.

5. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

178 - 0010230-47.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.010230-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x ALEXANDRE TAVARES DIAS (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELOCALMON HOLLIDAY.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0010230-47.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): ALEXANDRE TAVARES DIASRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODO

BÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição.Contrarrazões às fls. 92/97.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Desacolhido o pedido revisional na perspectiva do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, encontra-se prejudicada a análisedo pedido sucessivo de aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competência de março de 1994.

5. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

179 - 0002337-05.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.002337-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x HILARIO MANOEL DOS SANTOS (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE

MELO CALMON HOLLIDAY.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002337-05.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): HILARIO MANOEL DOS SANTOSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição.Contrarrazões às fls. 53/60.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Desacolhido o pedido revisional na perspectiva do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, encontra-se prejudicada a análisedo pedido sucessivo de aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competência de março de 1994.

5. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

180 - 0000247-53.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.000247-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x ANA JACINTO DE MORAES (ADVOGADO: MÁIRA DANCOSBARBOSA RIBEIRO, MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI, ESDRAS ELIOENAI PEDRO PIRES, antenor viniciuscaversan vieira.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000247-53.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): ANA JACINTO DE MORAESRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição.Contrarrazões às fls. 98/106.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Desacolhido o pedido revisional na perspectiva do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, encontra-se prejudicada a análisedo pedido sucessivo de aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competência de março de 1994.

5. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciária

no recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

181 - 0011100-92.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.011100-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS.) x JOSE DALMONECH (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMADOMENEGHETTI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0011100-92.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): JOSE DALMONECHRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição.Contrarrazões às fls. 108/121.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos da

relatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Desacolhido o pedido revisional na perspectiva do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, encontra-se prejudicada a análisedo pedido sucessivo de aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competência de março de 1994.

5. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

182 - 0011258-50.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.011258-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x NILZA MARIA DOS SANTOS NEVES(ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY, ANTÔNIO CARLOS CARARA PONCIANO, CHRISTOVAMRAMOS PINTO NETO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0011258-50.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): NILZA MARIA DOS SANTOS NEVESRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição.Contrarrazões às fls. 162/167.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem de

tempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Desacolhido o pedido revisional na perspectiva do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, encontra-se prejudicada a análisedo pedido sucessivo de aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competência de março de 1994.

5. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

183 - 0006035-82.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006035-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x RUBENS NEVES LEMOS (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMONHOLLIDAY.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0006035-82.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): RUBENS NEVES LEMOSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição.Contrarrazões às fls. 72/77.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Desacolhido o pedido revisional na perspectiva do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, encontra-se prejudicada a análisedo pedido sucessivo de aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competência de março de 1994.

5. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

184 - 0008228-07.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.008228-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x IZABEL MARIA CORTELETI (ADVOGADO:JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0008228-07.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): IZABEL MARIA CORTELETIRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de

aposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição.Contrarrazões às fls. 93/97.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Desacolhido o pedido revisional na perspectiva do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, encontra-se prejudicada a análisedo pedido sucessivo de aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competência de março de 1994.

5. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

185 - 0011260-20.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.011260-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x JOSE PEDRO DA SILVA (ADVOGADO: JOAO FELIPE DEMELO CALMON HOLLIDAY.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0011260-20.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): JOSE PEDRO DA SILVARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição.Contrarrazões às fls. 96/101.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Desacolhido o pedido revisional na perspectiva do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, encontra-se prejudicada a análisedo pedido sucessivo de aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competência de março de 1994.

5. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRA

Juiz Federal Relator

186 - 0007173-84.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007173-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x ENOQUE CARDOSO FONSECA (ADVOGADO: MARIA DA CONCEICAOSARLO BORTOLINI, vanessa ribeiro fogos, MARCELO CARVALHINHO VIEIRA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0007173-84.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): ENOQUE CARDOSO FONSECARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - ART. 29, II, DA LEI 8.213/91 – ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO ÀREVISÃO – MEMORANDOS CIRCULARES Nº 21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN – RECONHECIMENTO DOPEDIDO – JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA – LEI Nº 11.960/2009 - APLICABILIDADE - RECURSOCONHECIDO E, NO MÉRITO, PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, ora recorrente, contra a sentença que julgou procedentes ospedidos de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º edo inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. A recorrente discute a interpretação do art. 29, § 5º, para efeito de revisão darenda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem do tempo de gozo de auxílio-doença(não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição. Contrarrazões às fls. 114/128.

2. No que tange à aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. SupremoTribunal Federal decidiu, em recurso submetido à sistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991é aplicável somente nos casos em que o auxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sidoauferido de forma intercalada com períodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que estejaem gozo de auxílio-doença no interregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Quanto ao pedido de incidência do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/91, há reiterados pronunciamentos desta TurmaRecursal no sentido de que, ausente requerimento administrativo, há carência de ação, pois o ato normativo interno(Memorandos Circulares Nº 21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN), que reconheceu administrativamente a procedênciado pedido, obriga todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada na presente demanda judicial,de modo que seria desnecessário o ajuizamento da ação sem o prévio indeferimento de requerimento administrativo derevisão.

5. Contudo, no caso dos autos, considerando que o ajuizamento da ação ocorreu antes da edição do dos MemorandosCirculares Nº 21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN, entendo não se tratar de hipótese de ausência de interesse deagir, mas de reconhecimento da procedência do pedido do autor, devendo ser mantida a condenação de revisar a rendamensal inicial nos moldes do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/91.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

187 - 0006465-34.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006465-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x MANOEL ALVES DA VICTORIA (ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTOMACHADO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0006465-34.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): MANOEL ALVES DA VICTORIARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição. Ascontrarrazões encontram-se nas fls. 73/74.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto o

inciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

6. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

188 - 0005955-55.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.005955-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x FRANCISCA BATISTA MARINS.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0005955-55.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): FRANCISCA BATISTA MARINSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição. Semcontrarrazões.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamento

intercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

6. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

189 - 0001493-55.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.001493-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x AURIEL SILVERIO (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMONHOLLIDAY.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001493-55.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): AURIEL SILVERIORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição. Semcontrarrazões.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Desacolhido o pedido revisional na perspectiva do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, encontra-se prejudicada a análisedo pedido sucessivo de aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competência de março de 1994.

5. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

190 - 0008215-08.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.008215-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x MANOEL ANDRE DE MELLO BARBOSA (ADVOGADO: FREDERICOAUGUSTO MACHADO.) x OS MESMOS.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0008215-08.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): MANOEL ANDRÉ DE MELLO BARBOSARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição. Semcontrarrazões.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que o

auxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

6. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

191 - 0009184-86.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.009184-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x JESSE MELLO ALEXANDRINO (ADVOGADO:MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0009184-86.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): JESSE MELLO ALEXANDRINORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - ART. 29, II, DA LEI 8.213/91 – ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO ÀREVISÃO – MEMORANDOS CIRCULARES Nº 21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN – RECONHECIMENTO DOPEDIDO – JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA – LEI Nº 11.960/2009 - APLICABILIDADE - RECURSOCONHECIDO E, NO MÉRITO, PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, ora recorrente, contra a sentença que julgou procedentes os

pedidos de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º edo inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. A recorrente discute a interpretação do art. 29, § 5º, para efeito de revisão darenda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem do tempo de gozo de auxílio-doença(não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição, bem como requer o afastamento da aplicação doart. 29, inciso II da mesma lei, para que a renda inicial do benefício não seja calculada sobre os 80% (oitenta por cento)maiores salários de contribuição. Contrarrazões às fls. 122/136.

2. No que tange à aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. SupremoTribunal Federal decidiu, em recurso submetido à sistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991é aplicável somente nos casos em que o auxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sidoauferido de forma intercalada com períodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que estejaem gozo de auxílio-doença no interregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Quanto ao pedido de incidência do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/91, há reiterados pronunciamentos desta TurmaRecursal no sentido de que, ausente requerimento administrativo, há carência de ação, pois o ato normativo interno(Memorandos Circulares Nº 21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN), que reconheceu administrativamente a procedênciado pedido, obriga todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada na presente demanda judicial,de modo que seria desnecessário o ajuizamento da ação sem o prévio indeferimento de requerimento administrativo derevisão.

5. Contudo, no caso dos autos, considerando que o ajuizamento da ação ocorreu antes da edição do dos MemorandosCirculares Nº 21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN, entendo não se tratar de hipótese de ausência de interesse deagir, mas de reconhecimento da procedência do pedido do autor, devendo ser mantida a condenação de revisar a rendamensal inicial nos moldes do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/91.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar opresente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

192 - 0002137-61.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.002137-0/01) DAVID KLIPPEL (ADVOGADO: IVAN LINS STEIN.) xUNIÃO FEDERAL (PROCDOR: Allan Titonelli Nunes.).

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2008.50.50.002137-0/01RECORRENTE: DAVID KLIPPELRECORRIDO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS –CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃO RECONHECIDA – RECURSO CONHECIDOE IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 50, que julgou ofeito extinto, com resolução do mérito, ao acolher a prescrição da pretensão autoral. Em suas razões, o(a) recorrentesustenta inocorrência da prescrição do fundo de direito e repisa a postulação de repetição do indébito tributário.

Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 566.621/RS, declarou ainconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:

LC 118/2005

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código TributárioNacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento dopagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmentodeclarado inconstitucional pelo STF)

CTN

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dosdispositivos interpretados.Diante dessa nova orientação, restou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seriaválida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamentopor homologação às ações ajuizadas a partir de então, restando inconstitucional apenas sua aplicação às ações ajuizadasanteriormente a essa data.

Segue a ementa da decisão referente ao Recurso Extraordinário supramencionado, publicada em 11/10/2011 (DJe 195):

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOSAJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação daPrimeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetiçãoou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovaçãonormativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Leisupostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência deviolação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete,como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo ereduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato,pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõespendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa aoprincípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça.Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação doprazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corteno enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas quetomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos.Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic), que pretendeu a aplicação donovo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral,tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso davacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursos

sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (Grifos nossos). (Supremo Tribunal Federal – RExt n. 566.621 – Órgãojulgador: Tribunal Pleno – Relatora: Ministra Ellen Gracie – Julgado em: 04/08/2011 – Publicado em: 11/10/2011).

A relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, ressaltou, em síntese, que, embora não haja direito adquirido a regime jurídico, aredução de prazo veiculada na nova lei não poderia retroagir para fulminar, de imediato, pretensões que ainda poderiam serdeduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em outros termos, não se poderia entender que o legisladorpudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estivessem submetidas, de imediato, ao prazo reduzido,sem qualquer regra de transição. Nesse diapasão, a vacatio legis na norma neófita teria por função oportunizar aosinteressados ingressarem com suas ações, interrompendo os prazos prescricionais em curso, após o que o novo prazodeve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 estabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias dehoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os contribuintes tiveram prazo suficiente paratomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais ações para a tutela de seus direitos.As hipóteses de pagamento indevido tuteláveis por ações ajuizadas após este lapso temporal, é dizer, a partir da efetivavigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – estão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que talcircunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de restituição decontribuição previdenciária incidente sobre seus subsídios por força do art. 12, l, h da Lei nº 8.212/91, na redação dada pelaLei nº 9.506/97 encontra-se atingida pela prescrição, eis que o último recolhimento que se reputa indevido ocorreu emdezembro de 2000 e a presente ação foi ajuizada somente em 28/03/2008 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto),o que atrai a incidência do novo prazo prescricional de 05 anos à hipótese, a contar do pagamento antecipado, na forma doart. 3º da LC 118/2005.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação do(a) recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários de advogado, cujo valor,considerada a complexidade da causa diante da sedimentada jurisprudência superior, arbitro em R$ 200,00 (duzentosreais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária à fl. 25, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais,nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

193 - 0000930-87.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000930-9/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: PAULA ABRANCHESARAÚJO SILVA.) x MARIA APARECIDA BARBOSA ZANI (ADVOGADO: JOSÉ ADAO DE SOUZA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000930-87.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: MARIA APARECIDA BARBOSA ZANIRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – OBSERVÂNCIA DOS LIMITESOBJETIVOS E SUBJETIVOS DA AÇÃO – NULIDADE REJEITADA – PRESCRIÇÃO NÃO RECONHECIDA – BIS IN IDEMTRIBUTÁRIO – CRITÉRIOS DE CÁLCULO – RECURSO DA UNIÃO FEDERAL CONHECIDO E IMPROVIDO –SENTENÇA MANTIDA

Cuida-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença de fls. 65/70, que julgou procedente opedido autoral, no que concerne à restituição dos valores cobrados sobre a complementação da sua aposentadoria,declarando a inexigibilidade da relação jurídico-tributária entre este e a ré no que se refere à incidência do imposto de rendasobre as parcelas de complementação de aposentadoria que já foram tributadas na época da vigência da Lei nº 7.713/88(1º/01/1989 a 31/12/95), condenando a União a restituir à parte autora que fora recolhido, indevidamente, de imposto derenda sobre sua aposentadoria complementar que, proporcionalmente, corresponder às parcelas de contribuiçõesefetuadas pelo autor no período da vigência da Lei nº 7.713/88. Em sede de recurso, a recorrente alega, preliminarmente, a

nulidade da sentença de origem por violação aos limites objetivos e subjetivos da lide (arts. 460 e 472 do CPC), bem comoa prescrição da pretensão autoral. No mérito, tece considerações acerca da incidência do imposto de renda sobre acomplementação de aposentadoria. Contrarrazões às fls. 79/81.

Preliminarmente, não se reconhece a alegação de nulidade da sentença por violação aos arts. 460 e 472 do Código deProcesso Civil, já que o juízo a quo pautou-se, integralmente, no pleito autoral para delimitar a abrangência do julgamento.Desta feita, ao contrário do que se alega em sede de recurso inominado, a sentença recorrida não reconheceu isençãogenérica de tributo a ser pago, mas, tão somente, declarou a inexigibilidade do IR incidente sobre o benefício decomplementação de aposentadoria na proporção correspondente às contribuições vertidas pelo participante do plano deprevidência privada no período de vigência da Lei n.º 7.713/89, consoante pedido de restituição formalizado na alínea “c” dapeça vestibular. Nulidade afastada.

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para arepetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Fixadas essas premissas, tem-se que a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos éa de 01/10/2008 (fl. 64), enquanto a presente ação foi ajuizada em abril de 2009 (fl. 02), informações suficientes a afastar aprescrição da pretensão de ressarcimento das retenções de imposto de renda efetuadas sobre o benefício desuplementação.

Em análise do mérito principal, importante registrar que a matéria já se encontra pacificada pela jurisprudência do C.Superior Tribunal de Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais, cuja orientação se consolidouno sentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob aégide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, seanterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de09.02.2009.

Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte do autor no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral da documentação comprobatória, eis que aaferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimento da sentença e (2) que esteja aposentado.Na hipótese dos autos, os documentos colacionados pela parte autora demonstram o preenchimento dos dois requisitos,quais sejam: contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (extrato de fls. 14/21) e aposentadoria em01/10/2008 (fl. 64), sendo devido o reconhecimento do pleito autoral, consoante bem delineado na sentença de origem.

Recurso CONHECIDO e IMPROVIDO. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n.9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

194 - 0001348-59.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001348-5/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: JOSIANI GOBBIMARCHESI FREIRE.) x JOAO ABEL BRAGA FERRI (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001348-59.2008.4.02.5051/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: JOÃO ABEL BRAGA FERRI

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – OBSERVÂNCIA DOS LIMITES OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA AÇÃO – NULIDADE REJEITADA –PRESCRIÇÃO NÃO RECONHECIDA – BIS IN IDEM TRIBUTÁRIO – RECURSO DA UNIÃO FEDERAL CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

Cuida-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença de fls. 48/53, que julgou procedente opedido autoral para o fim de reconhecer a não incidência do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privadaaté o limite do que foi recolhido exclusivamente pela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01/01/89 e31/12/95, condenando a União à restituição do indébito. Em sede de recurso, a recorrente alega, a nulidade da sentença deorigem por violação aos limites objetivos e subjetivos da lide (arts. 460 e 472 do CPC), a prescrição da pretensão autoral, aausência de documentos imprescindíveis à propositura da ação, postulando, por fim, a improcedência dos pedidos iniciais.Contrarrazões às 62/69.

Preliminarmente, não se reconhece a alegação de nulidade da sentença por violação aos arts. 460 e 472 do Código deProcesso Civil, já que o juízo a quo pautou-se, integralmente, no pleito autoral para delimitar a abrangência do julgamento.Desta feita, ao contrário do que se alega em sede de recurso inominado, a sentença recorrida não reconheceu isençãogenérica de tributo a ser pago, mas, tão somente, declarou a inexigibilidade do IR incidente sobre o benefício decomplementação de aposentadoria na proporção correspondente às contribuições vertidas pelo participante do plano deprevidência privada no período de vigência da Lei n.º 7.713/89, consoante pedido de restituição formalizado na alínea “c” dapeça vestibular. Nulidade afastada.

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para arepetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Fixadas essas premissas, tem-se que a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos éa de 18/02/2004 (fl. 47), enquanto a presente ação foi ajuizada em 19/09/2008 (fl. 02), informações suficientes a afastar aprescrição da pretensão de ressarcimento das retenções de imposto de renda efetuadas sobre o benefício desuplementação.

Em análise do mérito principal, importante registrar que a matéria já se encontra pacificada pela jurisprudência do C.Superior Tribunal de Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais, cuja orientação se consolidouno sentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob aégide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, seanterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de09.02.2009.

Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte do autor no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral da documentação comprobatória, eis que aaferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimento da sentença e (2) que esteja aposentado.Na hipótese dos autos, os documentos colacionados pela parte autora demonstram o preenchimento dos dois requisitos,quais sejam: contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (extrato de fls. 40/42) e aposentadoria em18/02/2004 (fl. 47), sendo devido o reconhecimento do pleito autoral, consoante bem delineado na sentença de origem.

Recurso CONHECIDO e IMPROVIDO. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n.9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

195 - 0001663-87.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001663-2/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: JOSIANI GOBBIMARCHESI FREIRE.) x ALMIR JOSÉ FREIXO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001663-87.2008.4.02.5051/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: ALMIR JOSÉ FREIXORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – OBSERVÂNCIA DOS LIMITES OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA AÇÃO – NULIDADE REJEITADA –PRESCRIÇÃO NÃO RECONHECIDA – BIS IN IDEM TRIBUTÁRIO – RECURSO DA UNIÃO FEDERAL CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

Cuida-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença de fls. 165/170, que julgou procedente opedido autoral para o fim de reconhecer a não incidência do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privadaaté o limite do que foi recolhido exclusivamente pela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01/01/89 e31/12/95, condenando a União à restituição do indébito. Em sede de recurso, a recorrente alega, a nulidade da sentença deorigem por violação aos limites objetivos e subjetivos da lide (arts. 460 e 472 do CPC), a prescrição da pretensão autoral, aausência de documentos imprescindíveis à propositura da ação, postulando, por fim, a improcedência dos pedidos iniciais.Sem contrarrazões.

Preliminarmente, não se reconhece a alegação de nulidade da sentença por violação aos arts. 460 e 472 do Código deProcesso Civil, já que o juízo a quo pautou-se, integralmente, no pleito autoral para delimitar a abrangência do julgamento.Desta feita, ao contrário do que se alega em sede de recurso inominado, a sentença recorrida não reconheceu isençãogenérica de tributo a ser pago, mas, tão somente, declarou a inexigibilidade do IR incidente sobre o benefício decomplementação de aposentadoria na proporção correspondente às contribuições vertidas pelo participante do plano deprevidência privada no período de vigência da Lei n.º 7.713/89, consoante pedido de restituição formalizado na alínea “c” dapeça vestibular. Nulidade afastada.

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para arepetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Fixadas essas premissas, tem-se que a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos éa de 12/12/2005 (fl. 164), enquanto a presente ação foi ajuizada em 19/09/2008 (fl. 02), informações suficientes a afastar aprescrição da pretensão de ressarcimento das retenções de imposto de renda efetuadas sobre o benefício desuplementação.

Em análise do mérito principal, importante registrar que a matéria já se encontra pacificada pela jurisprudência do C.Superior Tribunal de Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais, cuja orientação se consolidouno sentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob aégide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, seanterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de09.02.2009.

Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte do autor no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral da documentação comprobatória, eis que aaferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimento da sentença e (2) que esteja aposentado.Na hipótese dos autos, os documentos colacionados pela parte autora demonstram o preenchimento dos dois requisitos,quais sejam: contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (extrato de fls. 41/161) e aposentadoria em12/12/2005 (fl.164), sendo devido o reconhecimento do pleito autoral, consoante bem delineado na sentença de origem.

Recurso CONHECIDO e IMPROVIDO. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários

advocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n.9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

196 - 0001336-45.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001336-9/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: JOSIANI GOBBIMARCHESI FREIRE.) x SHEILA TAVARES DA SILVA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001336-45.2008.4.02.5051/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: SHEILA TAVARES DA SILVARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – OBSERVÂNCIA DOS LIMITES OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA AÇÃO – NULIDADE REJEITADA –PRESCRIÇÃO NÃO RECONHECIDA – BIS IN IDEM TRIBUTÁRIO – RECURSO DA UNIÃO FEDERAL CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

Cuida-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença de fls. 98/103, que julgou procedente opedido autoral para o fim de reconhecer a não incidência do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privadaaté o limite do que foi recolhido exclusivamente pela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01/01/89 e31/12/95, condenando a União à restituição do indébito. Em sede de recurso, a recorrente alega, a nulidade da sentença deorigem por violação aos limites objetivos e subjetivos da lide (arts. 460 e 472 do CPC), a prescrição da pretensão autoral,postulando, por fim, a improcedência dos pedidos iniciais. Contrarrazões às fls.111/118.

Preliminarmente, não se reconhece a alegação de nulidade da sentença por violação aos arts. 460 e 472 do Código deProcesso Civil, já que o juízo a quo pautou-se, integralmente, no pleito autoral para delimitar a abrangência do julgamento.Desta feita, ao contrário do que se alega em sede de recurso inominado, a sentença recorrida não reconheceu isençãogenérica de tributo a ser pago, mas, tão somente, declarou a inexigibilidade do IR incidente sobre o benefício decomplementação de aposentadoria na proporção correspondente às contribuições vertidas pelo participante do plano deprevidência privada no período de vigência da Lei n.º 7.713/89, consoante pedido de restituição formalizado na alínea “c” dapeça vestibular. Nulidade afastada.

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para arepetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Fixadas essas premissas, tem-se que a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos éa de 05/02/2007 (fl. 55), enquanto a presente ação foi ajuizada em 19/08/2008 (fl. 02), informações suficientes a afastar aprescrição da pretensão de ressarcimento das retenções de imposto de renda efetuadas sobre o benefício desuplementação.

Em análise do mérito principal, importante registrar que a matéria já se encontra pacificada pela jurisprudência do C.Superior Tribunal de Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais, cuja orientação se consolidouno sentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob aégide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, seanterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de09.02.2009.

Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte do autor no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral da documentação comprobatória, eis que a

aferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimento da sentença e (2) que esteja aposentado.Na hipótese dos autos, os documentos colacionados pela parte autora demonstram o preenchimento dos dois requisitos,quais sejam: contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (extrato de fls.45/48) e aposentadoria em05/02/2007 (fl. 55), sendo devido o reconhecimento do pleito autoral, consoante bem delineado na sentença de origem.

Recurso CONHECIDO e IMPROVIDO. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n.9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

197 - 0001810-16.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001810-0/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: JOSIANI GOBBIMARCHESI FREIRE.) x MARIA TERESA FARDIN DE FIGUEREDO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001810-16.2008.4.02.5051/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: MARIA TERESA FARDIN DE FIGUEREDORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – OBSERVÂNCIA DOS LIMITES OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA AÇÃO – NULIDADE REJEITADA –PRESCRIÇÃO NÃO RECONHECIDA – BIS IN IDEM TRIBUTÁRIO – RECURSO DA UNIÃO FEDERAL CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

Cuida-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença de fls. 165/170, que julgou procedente opedido autoral para o fim de reconhecer a não incidência do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privadaaté o limite do que foi recolhido exclusivamente pela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01/01/89 e31/12/95, condenando a União à restituição do indébito. Em sede de recurso, a recorrente alega, a nulidade da sentença deorigem por violação aos limites objetivos e subjetivos da lide (arts. 460 e 472 do CPC), a prescrição da pretensão autoral,postulando, por fim, a improcedência dos pedidos iniciais. Contrarrazões às fls.178/185.

Preliminarmente, não se reconhece a alegação de nulidade da sentença por violação aos arts. 460 e 472 do Código deProcesso Civil, já que o juízo a quo pautou-se, integralmente, no pleito autoral para delimitar a abrangência do julgamento.Desta feita, ao contrário do que se alega em sede de recurso inominado, a sentença recorrida não reconheceu isençãogenérica de tributo a ser pago, mas, tão somente, declarou a inexigibilidade do IR incidente sobre o benefício decomplementação de aposentadoria na proporção correspondente às contribuições vertidas pelo participante do plano deprevidência privada no período de vigência da Lei n.º 7.713/89, consoante pedido de restituição formalizado na alínea “c” dapeça vestibular. Nulidade afastada.

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para arepetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Fixadas essas premissas, tem-se que a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos éa de 05/11/2007 (fl. 164), enquanto a presente ação foi ajuizada em 08/10/2008 (fl. 02), informações suficientes a afastar aprescrição da pretensão de ressarcimento das retenções de imposto de renda efetuadas sobre o benefício desuplementação.

Em análise do mérito principal, importante registrar que a matéria já se encontra pacificada pela jurisprudência do C.

Superior Tribunal de Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais, cuja orientação se consolidouno sentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob aégide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, seanterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de09.02.2009.

Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte do autor no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral da documentação comprobatória, eis que aaferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimento da sentença e (2) que esteja aposentado.Na hipótese dos autos, os documentos colacionados pela parte autora demonstram o preenchimento dos dois requisitos,quais sejam: contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (extrato de fls.49/160) e aposentadoria em05/11/2007 (fl. 164), sendo devido o reconhecimento do pleito autoral, consoante bem delineado na sentença de origem.

Recurso CONHECIDO e IMPROVIDO. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n.9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

198 - 0001673-34.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001673-5/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: JOSIANI GOBBIMARCHESI FREIRE.) x LUIZ ALBERTO DE SOUZA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001673-34.2008.4.02.5051/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: LUIZ ALBERTO DE SOUZARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – OBSERVÂNCIA DOS LIMITES OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA AÇÃO – NULIDADE REJEITADA –PRESCRIÇÃO NÃO RECONHECIDA – BIS IN IDEM TRIBUTÁRIO – RECURSO DA UNIÃO FEDERAL CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

Cuida-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença de fls. 281/186, que julgou procedente opedido autoral para o fim de reconhecer a não incidência do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privadaaté o limite do que foi recolhido exclusivamente pela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01/01/89 e31/12/95, condenando a União à restituição do indébito. Em sede de recurso, a recorrente alega, a nulidade da sentença deorigem por violação aos limites objetivos e subjetivos da lide (arts. 460 e 472 do CPC), a prescrição da pretensão autoral,postulando, por fim, a improcedência dos pedidos iniciais. Contrarrazões às fls.294/301.

Preliminarmente, não se reconhece a alegação de nulidade da sentença por violação aos arts. 460 e 472 do Código deProcesso Civil, já que o juízo a quo pautou-se, integralmente, no pleito autoral para delimitar a abrangência do julgamento.Desta feita, ao contrário do que se alega em sede de recurso inominado, a sentença recorrida não reconheceu isençãogenérica de tributo a ser pago, mas, tão somente, declarou a inexigibilidade do IR incidente sobre o benefício decomplementação de aposentadoria na proporção correspondente às contribuições vertidas pelo participante do plano deprevidência privada no período de vigência da Lei n.º 7.713/89, consoante pedido de restituição formalizado na alínea “c” dapeça vestibular. Nulidade afastada.

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para arepetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,

PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Fixadas essas premissas, tem-se que a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos éa de 05/04/2004 (fl. 189), enquanto a presente ação foi ajuizada em 19/09/2008 (fl. 02), informações suficientes a afastar aprescrição da pretensão de ressarcimento das retenções de imposto de renda efetuadas sobre o benefício desuplementação.

Em análise do mérito principal, importante registrar que a matéria já se encontra pacificada pela jurisprudência do C.Superior Tribunal de Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais, cuja orientação se consolidouno sentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob aégide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, seanterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de09.02.2009.

Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte do autor no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral da documentação comprobatória, eis que aaferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimento da sentença e (2) que esteja aposentado.Na hipótese dos autos, os documentos colacionados pela parte autora demonstram o preenchimento dos dois requisitos,quais sejam: contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (extrato de fls.41/171) e aposentadoria em05/04/2004 (fl.189), sendo devido o reconhecimento do pleito autoral, consoante bem delineado na sentença de origem.

Recurso CONHECIDO e IMPROVIDO. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n.9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

199 - 0001645-66.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001645-0/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: PAULA ABRANCHESARAÚJO SILVA.) x ANGELA MARIA COSTALONGA DRUMOND BARROSO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMADOMENEGHETTI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001645-66.2008.4.02.5051/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: ANGELA MARIA COSTALONGA DRUMOND BARROSORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – OBSERVÂNCIA DOS LIMITES OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA AÇÃO – NULIDADE REJEITADA –PRESCRIÇÃO NÃO RECONHECIDA – BIS IN IDEM TRIBUTÁRIO – RECURSO DA UNIÃO FEDERAL CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

Cuida-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença de fls. 171/176, que julgou procedente opedido autoral para o fim de reconhecer a não incidência do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privadaaté o limite do que foi recolhido exclusivamente pela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01/01/89 e31/12/95, condenando a União à restituição do indébito. Em sede de recurso, a recorrente alega, a nulidade da sentença deorigem por violação aos limites objetivos e subjetivos da lide (arts. 460 e 472 do CPC), a prescrição da pretensão autoral, aausência de documentos imprescindíveis à propositura da ação, postulando, por fim, a improcedência dos pedidos iniciais..Contrarrazões às fls.186/195.

Preliminarmente, não se reconhece a alegação de nulidade da sentença por violação aos arts. 460 e 472 do Código deProcesso Civil, já que o juízo a quo pautou-se, integralmente, no pleito autoral para delimitar a abrangência do julgamento.Desta feita, ao contrário do que se alega em sede de recurso inominado, a sentença recorrida não reconheceu isençãogenérica de tributo a ser pago, mas, tão somente, declarou a inexigibilidade do IR incidente sobre o benefício decomplementação de aposentadoria na proporção correspondente às contribuições vertidas pelo participante do plano deprevidência privada no período de vigência da Lei n.º 7.713/89, consoante pedido de restituição formalizado na alínea “c” da

peça vestibular. Nulidade afastada.

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para arepetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Fixadas essas premissas, tem-se que a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos éa de 03/07/2007 (fl. 169), enquanto a presente ação foi ajuizada em 19/09/2008 (fl. 02), informações suficientes a afastar aprescrição da pretensão de ressarcimento das retenções de imposto de renda efetuadas sobre o benefício desuplementação.

Em análise do mérito principal, importante registrar que a matéria já se encontra pacificada pela jurisprudência do C.Superior Tribunal de Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais, cuja orientação se consolidouno sentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob aégide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, seanterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de09.02.2009.

Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte do autor no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral da documentação comprobatória, eis que aaferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimento da sentença e (2) que esteja aposentado.Na hipótese dos autos, os documentos colacionados pela parte autora demonstram o preenchimento dos dois requisitos,quais sejam: contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (extrato de fls. 54/160) e aposentadoria em03/07/2007 (fl.169), sendo devido o reconhecimento do pleito autoral, consoante bem delineado na sentença de origem.

Recurso CONHECIDO e IMPROVIDO. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n.9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

200 - 0001550-36.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001550-0/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: JOSIANI GOBBIMARCHESI FREIRE.) x JOSE LUIZ DO AMARAL TORRES (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001550-36.2008.4.02.5051/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: JOSÉ LUIZ DO AMARAL TORESRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – OBSERVÂNCIA DOS LIMITES OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA AÇÃO – NULIDADE REJEITADA –PRESCRIÇÃO NÃO RECONHECIDA – BIS IN IDEM TRIBUTÁRIO – RECURSO DA UNIÃO FEDERAL CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

Cuida-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença de fls. 59/64, que julgou procedente opedido autoral para o fim de reconhecer a não incidência do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privadaaté o limite do que foi recolhido exclusivamente pela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01/01/89 e31/12/95, condenando a União à restituição do indébito. Em sede de recurso, a recorrente alega, a nulidade da sentença deorigem por violação aos limites objetivos e subjetivos da lide (arts. 460 e 472 do CPC), a prescrição da pretensão autoral, a

ausência de documentos imprescindíveis à propositura da ação, postulando, por fim, a improcedência dos pedidos iniciais..Contrarrazões às fls.73/80.

Preliminarmente, não se reconhece a alegação de nulidade da sentença por violação aos arts. 460 e 472 do Código deProcesso Civil, já que o juízo a quo pautou-se, integralmente, no pleito autoral para delimitar a abrangência do julgamento.Desta feita, ao contrário do que se alega em sede de recurso inominado, a sentença recorrida não reconheceu isençãogenérica de tributo a ser pago, mas, tão somente, declarou a inexigibilidade do IR incidente sobre o benefício decomplementação de aposentadoria na proporção correspondente às contribuições vertidas pelo participante do plano deprevidência privada no período de vigência da Lei n.º 7.713/89, consoante pedido de restituição formalizado na alínea “c” dapeça vestibular. Nulidade afastada.

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para arepetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Fixadas essas premissas, tem-se que a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos éa de 23/07/2007 (fl. 55), enquanto a presente ação foi ajuizada em 09/09/2008 (fl. 02), informações suficientes a afastar aprescrição da pretensão de ressarcimento das retenções de imposto de renda efetuadas sobre o benefício desuplementação.

Em análise do mérito principal, importante registrar que a matéria já se encontra pacificada pela jurisprudência do C.Superior Tribunal de Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais, cuja orientação se consolidouno sentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob aégide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, seanterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de09.02.2009.

Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte do autor no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral da documentação comprobatória, eis que aaferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimento da sentença e (2) que esteja aposentado.Na hipótese dos autos, os documentos colacionados pela parte autora demonstram o preenchimento dos dois requisitos,quais sejam: contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (extrato de fls. 53/56) e aposentadoria em23/07/2007 (fl.55), sendo devido o reconhecimento do pleito autoral, consoante bem delineado na sentença de origem.

Recurso CONHECIDO e IMPROVIDO. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n.9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

201 - 0000443-20.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000443-9/01) JOSE TARCISIO TEIXEIRA DE ALMEIDA (ADVOGADO:MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: PAULA ABRANCHES ARAÚJO SILVA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000443-20.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: JOSÉ TARCISIO TEIXEIRA DE ALMEIDARECORRIDO: UNIÃO FEDERALRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃOFIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃO RECONHECIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 47/49, que julgou ofeito extinto, com resolução do mérito, ao acolher a prescrição da pretensão autoral. Em suas razões, o recorrente sustentainocorrência da prescrição do fundo de direito e repisa a postulação de repetição do indébito tributário. Contrarrazões àsfls.57/62.

Para a averiguação de eventual prescrição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito tributário, cumpre-nos,primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo. Nesse passo, vale rememorar que “o termo inicial daprescrição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefício correspondente à aposentadoriacomplementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996”(AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixadaesta premissa inicial, resta apurar qual o prazo a ser observado na hipótese.

Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 566.621/RS, declarou ainconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:

LC 118/2005

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código TributárioNacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento dopagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmentodeclarado inconstitucional pelo STF)

CTN

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dosdispositivos interpretados.(...)

Diante dessa nova orientação, restou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seriaválida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamentopor homologação às ações ajuizadas a partir de então, restando inconstitucional apenas sua aplicação às ações ajuizadasanteriormente a essa data.

Segue a ementa da decisão referente ao Recurso Extraordinário supramencionado, publicada em 11/10/2011 (DJe 195):

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOSAJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação daPrimeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetiçãoou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovaçãonormativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Leisupostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência deviolação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete,como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo ereduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato,pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõespendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa aoprincípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça.Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação doprazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corteno enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas quetomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos.

Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic), que pretendeu a aplicação donovo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral,tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso davacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursossobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (Grifos nossos). (Supremo Tribunal Federal – RExt n. 566.621 – Órgãojulgador: Tribunal Pleno – Relatora: Ministra Ellen Gracie – Julgado em: 04/08/2011 – Publicado em: 11/10/2011).

A relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, ressaltou, em síntese, que, embora não haja direito adquirido a regime jurídico, aredução de prazo veiculada na nova lei não poderia retroagir para fulminar, de imediato, pretensões que ainda poderiam serdeduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em outros termos, não se poderia entender que o legisladorpudesse determinar que pretensões já ajuizadas ou por ajuizar estivessem submetidas, de imediato, ao prazo reduzido,sem qualquer regra de transição. Nesse diapasão, a vacatio legis na norma neófita teria por função oportunizar aosinteressados ingressarem com suas ações, interrompendo os prazos prescricionais em curso, após o que o novo prazodeve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 estabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias dehoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os contribuintes tiveram prazo suficiente paratomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais ações para a tutela de seus direitos.As hipóteses de pagamento indevido tuteláveis por ações ajuizadas após este lapso temporal, é dizer, a partir da efetivavigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – estão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que talcircunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de restituição doIR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encontra-se atingida pela prescrição, eis que opagamento indevido data de 16/04/1998 (fl. 18 – data de início do benefício de aposentadoria complementar) e a presenteação foi ajuizada somente em 18/02/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que atrai a incidência do novoprazo prescricional de 05 anos à hipótese, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação do(a) recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários de advogado, cujo valor,considerada a complexidade da causa diante da sedimentada jurisprudência superior, arbitro em R$ 200,00 (duzentosreais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária à fl. 19, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais,nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

202 - 0000910-96.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000910-3/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: JOSIANI GOBBIMARCHESI FREIRE.) x DULCINEIA DOS SANTOS TESSARO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000910-96.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: DULCINEIA DOS SANTOS TESSARORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – OBSERVÂNCIA DOS LIMITES OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA AÇÃO – NULIDADE REJEITADA –PRESCRIÇÃO NÃO RECONHECIDA – BIS IN IDEM TRIBUTÁRIO – RECURSO DA UNIÃO FEDERAL CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

Cuida-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença de fls. 51/56, que julgou procedente opedido autoral para o fim de reconhecer a não incidência do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privadaaté o limite do que foi recolhido exclusivamente pela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01/01/89 e31/12/95, condenando a União à restituição do indébito. Em sede de recurso, a recorrente alega, a nulidade da sentença de

origem por violação aos limites objetivos e subjetivos da lide (arts. 460 e 472 do CPC), a prescrição da pretensão autoral, aausência de documentos imprescindíveis à propositura da ação, postulando, por fim, a improcedência dos pedidos iniciais..Contrarrazões às fls. 65/72.

Preliminarmente, não se reconhece a alegação de nulidade da sentença por violação aos arts. 460 e 472 do Código deProcesso Civil, já que o juízo a quo pautou-se, integralmente, no pleito autoral para delimitar a abrangência do julgamento.Desta feita, ao contrário do que se alega em sede de recurso inominado, a sentença recorrida não reconheceu isençãogenérica de tributo a ser pago, mas, tão somente, declarou a inexigibilidade do IR incidente sobre o benefício decomplementação de aposentadoria na proporção correspondente às contribuições vertidas pelo participante do plano deprevidência privada no período de vigência da Lei n.º 7.713/89, consoante pedido de restituição formalizado na alínea “c” dapeça vestibular. Nulidade afastada.

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para arepetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Fixadas essas premissas, tem-se que a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos éa de 02/09/2005 (fl. 17), enquanto a presente ação foi ajuizada em 28/04/2009 (fl. 02), informações suficientes a afastar aprescrição da pretensão de ressarcimento das retenções de imposto de renda efetuadas sobre o benefício desuplementação.

Em análise do mérito principal, importante registrar que a matéria já se encontra pacificada pela jurisprudência do C.Superior Tribunal de Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais, cuja orientação se consolidouno sentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob aégide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, seanterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de09.02.2009.

Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte do autor no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral da documentação comprobatória, eis que aaferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimento da sentença e (2) que esteja aposentado.Na hipótese dos autos, os documentos colacionados pela parte autora demonstram o preenchimento dos dois requisitos,quais sejam: contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (extrato de fls. 18/19) e aposentadoria em02/09/2005 (fl.17), sendo devido o reconhecimento do pleito autoral, consoante bem delineado na sentença de origem.

Recurso CONHECIDO e IMPROVIDO. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n.9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

203 - 0003588-24.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003588-5/01) FRANCISCO ABRANTES NETO (ADVOGADO: MARIA DEFÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 2008.50.50.003588-5/01EMBARGANTE: UNIÃO FEDERALEMBARGADO(A): FRANCISCO ABRANTES NETORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA –COMPLEMENTO DE APOSENTADORIA – BIS IN IDEM – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS –NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃO DECLARADA – EMBARGOS ACOLHIDOS

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e DECLARAR APRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

204 - 0001621-38.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001621-8/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: JOSIANI GOBBIMARCHESI FREIRE.) x MARIA LOPES CALIMAN (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001621-38.2008.4.02.5051/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: MARIA LOPES CALIMANRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃOFIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃO DECLARADA – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,para DECLARAR A PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL, na forma da ementa constante dos autos, que passa aintegrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

205 - 0000115-81.2009.4.02.5054/02 (2009.50.54.000115-5/02) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DEBARROS.) x MARIA EUNICE LUPPI (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 2009.50.54.000115-5/02RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: MARIA EUNICE LUPPIRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – BIS IN IDEM – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃOFIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃO DECLARADA – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,para DECLARAR A PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL, na forma da ementa constante dos autos, que passa aintegrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

206 - 0000594-83.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000594-8/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: JOSIANI GOBBIMARCHESI FREIRE.) x HERMINIO DALTON MAGANHI (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000594-83.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: HERMINIO DALTON MAGANHIRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – OBSERVÂNCIA DOS LIMITES OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA AÇÃO – NULIDADE REJEITADA –PRESCRIÇÃO NÃO RECONHECIDA – BIS IN IDEM TRIBUTÁRIO – RECURSO DA UNIÃO FEDERAL CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

Cuida-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença de fls. 47/52, que julgou procedente opedido autoral para o fim de reconhecer a não incidência do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privadaaté o limite do que foi recolhido exclusivamente pela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01/01/89 e31/12/95, condenando a União à restituição do indébito. Em sede de recurso, a recorrente alega, a nulidade da sentença deorigem por violação aos limites objetivos e subjetivos da lide (arts. 460 e 472 do CPC), a prescrição da pretensão autoral, aausência de documentos imprescindíveis à propositura da ação, postulando, por fim, a improcedência dos pedidos iniciais..Contrarrazões às fls. 61/68.

Preliminarmente, não se reconhece a alegação de nulidade da sentença por violação aos arts. 460 e 472 do Código deProcesso Civil, já que o juízo a quo pautou-se, integralmente, no pleito autoral para delimitar a abrangência do julgamento.Desta feita, ao contrário do que se alega em sede de recurso inominado, a sentença recorrida não reconheceu isençãogenérica de tributo a ser pago, mas, tão somente, declarou a inexigibilidade do IR incidente sobre o benefício decomplementação de aposentadoria na proporção correspondente às contribuições vertidas pelo participante do plano deprevidência privada no período de vigência da Lei n.º 7.713/89, consoante pedido de restituição formalizado na alínea “c” dapeça vestibular. Nulidade afastada.

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para arepetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Fixadas essas premissas, tem-se que a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos éa de 03/06/2008 (fl. 17), enquanto a presente ação foi ajuizada em 13/03/2009 (fl. 02), informações suficientes a afastar aprescrição da pretensão de ressarcimento das retenções de imposto de renda efetuadas sobre o benefício desuplementação.

Em análise do mérito principal, importante registrar que a matéria já se encontra pacificada pela jurisprudência do C.Superior Tribunal de Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais, cuja orientação se consolidouno sentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob aégide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, seanterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de09.02.2009.

Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte do autor no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral da documentação comprobatória, eis que aaferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimento da sentença e (2) que esteja aposentado.Na hipótese dos autos, os documentos colacionados pela parte autora demonstram o preenchimento dos dois requisitos,quais sejam: contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (extrato de fls. 45/46) e aposentadoria em

03/06/2008 (fl.17), sendo devido o reconhecimento do pleito autoral, consoante bem delineado na sentença de origem.

Recurso CONHECIDO e IMPROVIDO. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n.9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

207 - 0000512-52.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000512-2/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: JOSIANI GOBBIMARCHESI FREIRE.) x LENITA POLIDO DE MACEDO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000512-52.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: LENITA POLIDO DE MACEDORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA – OBSERVÂNCIA DOS LIMITES OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA AÇÃO – NULIDADE REJEITADA –PRESCRIÇÃO NÃO RECONHECIDA – BIS IN IDEM TRIBUTÁRIO – RECURSO DA UNIÃO FEDERAL CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

Cuida-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença de fls. 48/53, que julgou procedente opedido autoral para o fim de reconhecer a não incidência do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privadaaté o limite do que foi recolhido exclusivamente pela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01/01/89 e31/12/95, condenando a União à restituição do indébito. Em sede de recurso, a recorrente alega, a nulidade da sentença deorigem por violação aos limites objetivos e subjetivos da lide (arts. 460 e 472 do CPC), a prescrição da pretensão autoral, aausência de documentos imprescindíveis à propositura da ação, postulando, por fim, a improcedência dos pedidos iniciais..Contrarrazões às fls.62/69.

Preliminarmente, não se reconhece a alegação de nulidade da sentença por violação aos arts. 460 e 472 do Código deProcesso Civil, já que o juízo a quo pautou-se, integralmente, no pleito autoral para delimitar a abrangência do julgamento.Desta feita, ao contrário do que se alega em sede de recurso inominado, a sentença recorrida não reconheceu isençãogenérica de tributo a ser pago, mas, tão somente, declarou a inexigibilidade do IR incidente sobre o benefício decomplementação de aposentadoria na proporção correspondente às contribuições vertidas pelo participante do plano deprevidência privada no período de vigência da Lei n.º 7.713/89, consoante pedido de restituição formalizado na alínea “c” dapeça vestibular. Nulidade afastada.

No que se refere à prescrição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal Federal (RE 566.621/RS), vencidaa vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo prescricional de 05 (cinco) anos para arepetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação às ações ajuizadas a partir de então, restandoinconstitucional sua aplicação às ações ajuizadas anteriormente a essa data (09.06.2005).

Para a contagem desse prazo, tem-se que “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamentepassou a perceber o benefício correspondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).

Fixadas essas premissas, tem-se que a data de início do benefício de aposentadoria complementar registrada nos autos éa de 01/12/2005 (fl. 19), enquanto a presente ação foi ajuizada em 27/02/2009 (fl. 02), informações suficientes a afastar aprescrição da pretensão de ressarcimento das retenções de imposto de renda efetuadas sobre o benefício desuplementação.

Em análise do mérito principal, importante registrar que a matéria já se encontra pacificada pela jurisprudência do C.Superior Tribunal de Justiça e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais, cuja orientação se consolidouno sentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a

égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95 ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, seanterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de09.02.2009.

Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte do autor no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo desnecessária a exibição integral da documentação comprobatória, eis que aaferição do valor do bis in idem tributário poderá ser feita na fase de cumprimento da sentença e (2) que esteja aposentado.Na hipótese dos autos, os documentos colacionados pela parte autora demonstram o preenchimento dos dois requisitos,quais sejam: contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (extrato de fls. 42/45) e aposentadoria em01/12/2005 (fl.19), sendo devido o reconhecimento do pleito autoral, consoante bem delineado na sentença de origem.

Recurso CONHECIDO e IMPROVIDO. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n.9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

91002 - RECURSO/MEDIDA URGÊNCIA CÍVEL

208 - 0000720-93.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000720-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x ALESSANDRA ALVES DA SILVA(ADVOGADO: JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.).RECURSO / MEDIDA DE URGÊNCIA Nº 0000720-93.2010.4.02.5053/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): ALESSANDRA ALVES DA SILVARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

V O T O

Trata-se de recurso contra decisão liminar que, nos autos do processo originário, deferiu o pedido de tutela antecipadarequerido, determinando a implementação imediata do benefício de auxílio-doença em favor da ora recorrida.

Sustenta o recorrente que a recorrida não preenchia, à época, o requisito da carência para o deferimento do benefício,mostrando-se ilegal o afastamento do requisito por parte do MM. Juízo de origem.

É o relatório. Passo ao voto.

Compulsando os autos do processo originário, observo que foi proferida sentença de mérito em 11/10/2011 (fl. 45/46).

Nesses, termos, há que se concluir pela prejudicialidade recursal.

O juízo de cognição das tutelas de urgência não é exauriente, mas sim sumário, em razão do evidente perigo de dano e daverossimilhança das alegações da parte autora, nos exatos termos do artigo 273 do Código de Processo Civil. As tutelas deurgência são concedidas de forma precária, estando sua eficácia subordinada à prolação da sentença, concedida apóscognição exauriente.

Após o julgamento final da lide no primeiro grau de jurisdição, esgota-se a finalidade da medida antecipatória, prevalecendocomando normativo da sentença que confirma o deferimento ou o indeferimento da antecipação da tutela, ou ainda,extingue o processo sem julgamento de mérito.

Assim, a partir da prolação da sentença, as tutelas de urgência deverão ser apreciadas pelo relator do Recurso deSentença, nos termos do art. 4º da Lei nº 10.259/2001.

Conclui-se, portanto, que houve a perda de objeto do recurso de medida cautelar, haja vista que a decisão recorrida não

mais subsiste, ante a prolação da sentença. Nesse sentido já se posicionou o Egrégio Superior Tribunal de Justiça. (REsp818169/CE; MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI - PRIMEIRA TURMA - DJ 15/05/2006 ).

Ante o exposto, voto no sentido de não conhecer do recurso.

É o voto.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

RECURSO / MEDIDA DE URGÊNCIA Nº 0000720-93.2010.4.02.5053/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): ALESSANDRA ALVES DA SILVARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

RECURSO / MEDIDA DE URGÊNCIA. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. CONCESSÃO INDEPENDENTEMENTEDE PERÍODO DE CARÊNCIA. SENTENÇA PROFERIDA. PREJUDICIALIDADE. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, NÃO CONHECER DO RECURSO, na forma da ementa que passa aintegrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

209 - 0004436-74.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004436-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x NIVALDO GONÇALVES FELIPE (DEF.PUB:

LUDMYLLA MARIANA ANSELMO.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0004436-74.2009.4.02.5050/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEMBARGADO(A): NIVALDO GONÇALVES FELIPERELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL AO PAGAMENTODE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIO EM FAVOR DA DPU. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 421 DO STJ.OMISSÃO RECONHECIDA. EMBARGOS ACOLHIDOS. ACÓRDÃO REFORMADO EM MÍNIMA PARTE.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS em face do acórdãoproferido pela Turma Recursal às fls. 99/100, por intermédio dos quais o ente embargante aponta omissão no julgado,consistente na ausência de aplicação da Súmula 421 do STJ ao caso concreto.

Com efeito, a parte autora se encontra representada nestes autos pela Defensoria Pública da União, tendo o acórdãoembargado condenado o embargante ao pagamento de honorários advocatícios. Ocorre, nos termo da Súmula 421 doSuperior Tribunal de Justiça, “os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra apessoa jurídica de direito público à qual pertença”. Tal premissa não foi levada em consideração por este órgão colegiadoquando da condenação da União ao pagamento de honorários à DPU, de modo que resta configurada a alegada omissão.

A jurisprudência dos Juizados Especiais Federais tem aplicado a referida Súmula nº 421 do STJ aos casos em que aDefensoria Pública da União atua contra o INSS, senão vejamos:

INSS CONDENADO A HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS À DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO. EXPEDIÇÃO RPVINDEFERIDA COM BASE NO ART. 46 DA LC 80/1994. CONFUSÃO ENTRE CREDOR E DEVEDOR. ART. 381 CC/2002.IMPOSSIBILIDADE. NÃO SÃO DEVIDOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS À DPU QUANDO ATUA CONTRA PESSOAJURÍDICA A QUAL INTEGRA. SÚMULA 421 DO STJ.(Processo 00337788620114039301, JUIZ(A) FEDERAL SILVIO CESAR AROUCK GEMAQUE, TRSP - 4ª Turma Recursal -SP, DJF3 DATA: 30/03/2012.)

Cite-se, por oportuno, trecho extraído do voto do Juiz Federal Kyu Soon Lee, da 5ª Turma Recursal de São Paulo, preferidono Processo 00001576420124039301, em 08/03/2012:

Nesse sentido, a pretensão da impetrante esbarra no enunciado da Súmula 421 do Superior Tribunal de Justiça, segundo oqual “Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença”. Destaque-se nesse ponto, que a confusão decorre de questão orçamentária, o que permite ainterpretação de que na atuação da Defensoria Pública contra autarquia federal, como no caso, aplica-se o disposto nasúmula, vez que ambas as instituições Defensoria e INSS, estão vinculados ao orçamento da União Federal, razão pelaqual eventual condenação em honorários configuraria indevida modificação orçamentária entre pessoas jurídicas de direitopúblico vinculadas ao mesmo ente administrativo.

Reconhecida a omissão, pois, acolho os embargos de declaração aviados pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSSpara excluir a sua condenação ao pagamento de honorários advocatícios em favor da Defensoria Pública da União.Omissão sanada. Acórdão complementado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

210 - 0005865-42.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005865-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x JOSE DIAS DE ALMEIDA(DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0005865-42.2010.4.02.5050/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEMBARGADO(A): JOSÉ DIAS DE ALMEIDARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL AO PAGAMENTODE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIO EM FAVOR DA DPU. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 421 DO STJ.OMISSÃO RECONHECIDA. EMBARGOS ACOLHIDOS. ACÓRDÃO REFORMADO EM MÍNIMA PARTE.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS em face do acórdãoproferido pela Turma Recursal às fls. 180/182, por intermédio dos quais o ente embargante aponta omissão no julgado,consistente na ausência de aplicação da Súmula 421 do STJ ao caso concreto.

Com efeito, a parte autora se encontra representada nestes autos pela Defensoria Pública da União, tendo o acórdãoembargado condenado o embargante ao pagamento de honorários advocatícios. Ocorre, nos termo da Súmula 421 doSuperior Tribunal de Justiça, “os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra apessoa jurídica de direito público à qual pertença”. Tal premissa não foi levada em consideração por este órgão colegiadoquando da condenação da União ao pagamento de honorários à DPU, de modo que resta configurada a alegada omissão.

A jurisprudência dos Juizados Especiais Federais tem aplicado a referida Súmula nº 421 do STJ aos casos em que aDefensoria Pública da União atua contra o INSS, senão vejamos:

INSS CONDENADO A HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS À DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO. EXPEDIÇÃO RPVINDEFERIDA COM BASE NO ART. 46 DA LC 80/1994. CONFUSÃO ENTRE CREDOR E DEVEDOR. ART. 381 CC/2002.IMPOSSIBILIDADE. NÃO SÃO DEVIDOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS À DPU QUANDO ATUA CONTRA PESSOAJURÍDICA A QUAL INTEGRA. SÚMULA 421 DO STJ.(Processo 00337788620114039301, JUIZ(A) FEDERAL SILVIO CESAR AROUCK GEMAQUE, TRSP - 4ª Turma Recursal -SP, DJF3 DATA: 30/03/2012.)

Cite-se, por oportuno, trecho extraído do voto do Juiz Federal Kyu Soon Lee, da 5ª Turma Recursal de São Paulo, preferidono Processo 00001576420124039301, em 08/03/2012:

Nesse sentido, a pretensão da impetrante esbarra no enunciado da Súmula 421 do Superior Tribunal de Justiça, segundo oqual “Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença”. Destaque-se nesse ponto, que a confusão decorre de questão orçamentária, o que permite ainterpretação de que na atuação da Defensoria Pública contra autarquia federal, como no caso, aplica-se o disposto nasúmula, vez que ambas as instituições Defensoria e INSS, estão vinculados ao orçamento da União Federal, razão pelaqual eventual condenação em honorários configuraria indevida modificação orçamentária entre pessoas jurídicas de direitopúblico vinculadas ao mesmo ente administrativo.

Reconhecida a omissão, pois, acolho os embargos de declaração aviados pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSSpara excluir a sua condenação ao pagamento de honorários advocatícios em favor da Defensoria Pública da União.Omissão sanada. Acórdão complementado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

211 - 0006150-69.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006150-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) HELDER MATOS DACOSTA (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Luciano Martins De Oliveira.) x OS MESMOS.EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0006150-69.2009.4.02.5050/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEMBARGADO(A): HELDER MATOS DA COSTARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL AO PAGAMENTODE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIO EM FAVOR DA DPU. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 421 DO STJ.OMISSÃO RECONHECIDA. EMBARGOS ACOLHIDOS. ACÓRDÃO REFORMADO EM MÍNIMA PARTE.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS em face do acórdãoproferido pela Turma Recursal às fls. 129/133, por intermédio dos quais o ente embargante aponta omissão no julgado,consistente na ausência de aplicação da Súmula 421 do STJ ao caso concreto.

Com efeito, a parte autora se encontra representada nestes autos pela Defensoria Pública da União, tendo o acórdãoembargado condenado o embargante ao pagamento de honorários advocatícios. Ocorre, nos termo da Súmula 421 doSuperior Tribunal de Justiça, “os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra apessoa jurídica de direito público à qual pertença”. Tal premissa não foi levada em consideração por este órgão colegiadoquando da condenação da União ao pagamento de honorários à DPU, de modo que resta configurada a alegada omissão.

A jurisprudência dos Juizados Especiais Federais tem aplicado a referida Súmula nº 421 do STJ aos casos em que aDefensoria Pública da União atua contra o INSS, senão vejamos:

INSS CONDENADO A HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS À DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO. EXPEDIÇÃO RPVINDEFERIDA COM BASE NO ART. 46 DA LC 80/1994. CONFUSÃO ENTRE CREDOR E DEVEDOR. ART. 381 CC/2002.IMPOSSIBILIDADE. NÃO SÃO DEVIDOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS À DPU QUANDO ATUA CONTRA PESSOAJURÍDICA A QUAL INTEGRA. SÚMULA 421 DO STJ.(Processo 00337788620114039301, JUIZ(A) FEDERAL SILVIO CESAR AROUCK GEMAQUE, TRSP - 4ª Turma Recursal -SP, DJF3 DATA: 30/03/2012.)

Cite-se, por oportuno, trecho extraído do voto do Juiz Federal Kyu Soon Lee, da 5ª Turma Recursal de São Paulo, preferidono Processo 00001576420124039301, em 08/03/2012:

Nesse sentido, a pretensão da impetrante esbarra no enunciado da Súmula 421 do Superior Tribunal de Justiça, segundo oqual “Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença”. Destaque-se nesse ponto, que a confusão decorre de questão orçamentária, o que permite ainterpretação de que na atuação da Defensoria Pública contra autarquia federal, como no caso, aplica-se o disposto nasúmula, vez que ambas as instituições Defensoria e INSS, estão vinculados ao orçamento da União Federal, razão pelaqual eventual condenação em honorários configuraria indevida modificação orçamentária entre pessoas jurídicas de direitopúblico vinculadas ao mesmo ente administrativo.

Reconhecida a omissão, pois, acolho os embargos de declaração aviados pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSSpara excluir a sua condenação ao pagamento de honorários advocatícios em favor da Defensoria Pública da União.Omissão sanada. Acórdão complementado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

212 - 0000597-70.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000597-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x JOSÉ FRANCISCO DA CUNHA(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 000597-70.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEMBARGADO(A): JOSÉ FRANCISCO DA CUNHARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONDENAÇÃO DO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL AO PAGAMENTODE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIO EM FAVOR DA DPU. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 421 DO STJ.OMISSÃO RECONHECIDA. EMBARGOS ACOLHIDOS. ACÓRDÃO REFORMADO EM MÍNIMA PARTE.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS em face do acórdãoproferido pela Turma Recursal às fls. 95/96, por intermédio dos quais o ente embargante aponta omissão no julgado,consistente na ausência de aplicação da Súmula 421 do STJ ao caso concreto.

Com efeito, a parte autora se encontra representada nestes autos pela Defensoria Pública da União, tendo o acórdão

embargado condenado o embargante ao pagamento de honorários advocatícios. Ocorre, nos termo da Súmula 421 doSuperior Tribunal de Justiça, “os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra apessoa jurídica de direito público à qual pertença”. Tal premissa não foi levada em consideração por este órgão colegiadoquando da condenação da União ao pagamento de honorários à DPU, de modo que resta configurada a alegada omissão.

A jurisprudência dos Juizados Especiais Federais tem aplicado a referida Súmula nº 421 do STJ aos casos em que aDefensoria Pública da União atua contra o INSS, senão vejamos:

INSS CONDENADO A HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS À DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO. EXPEDIÇÃO RPVINDEFERIDA COM BASE NO ART. 46 DA LC 80/1994. CONFUSÃO ENTRE CREDOR E DEVEDOR. ART. 381 CC/2002.IMPOSSIBILIDADE. NÃO SÃO DEVIDOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS À DPU QUANDO ATUA CONTRA PESSOAJURÍDICA A QUAL INTEGRA. SÚMULA 421 DO STJ.(Processo 00337788620114039301, JUIZ(A) FEDERAL SILVIO CESAR AROUCK GEMAQUE, TRSP - 4ª Turma Recursal -SP, DJF3 DATA: 30/03/2012.)

Cite-se, por oportuno, trecho extraído do voto do Juiz Federal Kyu Soon Lee, da 5ª Turma Recursal de São Paulo, preferidono Processo 00001576420124039301, em 08/03/2012:

Nesse sentido, a pretensão da impetrante esbarra no enunciado da Súmula 421 do Superior Tribunal de Justiça, segundo oqual “Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direitopúblico à qual pertença”. Destaque-se nesse ponto, que a confusão decorre de questão orçamentária, o que permite ainterpretação de que na atuação da Defensoria Pública contra autarquia federal, como no caso, aplica-se o disposto nasúmula, vez que ambas as instituições Defensoria e INSS, estão vinculados ao orçamento da União Federal, razão pelaqual eventual condenação em honorários configuraria indevida modificação orçamentária entre pessoas jurídicas de direitopúblico vinculadas ao mesmo ente administrativo.

Reconhecida a omissão, pois, acolho os embargos de declaração aviados pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSSpara excluir a sua condenação ao pagamento de honorários advocatícios em favor da Defensoria Pública da União.Omissão sanada. Acórdão complementado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

213 - 0002922-18.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002922-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FUNDAÇÃO NACIONAL DESAÚDE - FUNASA (PROCDOR: RAQUEL MAMEDE DE LIMA.) x PEDRO JOSE RIBEIRO (ADVOGADO: LEONARDOPIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0002922-18.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARECORRIDO: PEDRO JOSE RIBEIRO

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DA CARREIRA PREVIDENCIÁRIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. GRATIFICAÇÃO DECARÁTER GERAL. APOSENTADOS E PENSIONISTAS. TERMO FINAL SEGUNDO O ENUNCIADO 105 DAS TRs DOSJEFs DA SJ/EJ – INÍCIO DO CICLO DA PRIEMEIRA AVALIAÇÃO COMPROVADAMENTE EFETIVADA. RECURSOCONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

1. Recurso inominado interposto pela FUNASA em face de sentença que julgou procedente em parte o pedido inaugural,para condenar a ré ao pagamento da GDPST no mesmo percentual deferido aos servidores ativos, antes daregulamentação da referida gratificação, a ser apurada entre os pontos que foram efetivamente pagos, no período de01/03/2008 a 15/12/2010. Em razões de recurso, a recorrente postula a redução do período de condenação estabelecido,tanto no que diz respeito ao marco inicial, como com relação ao termo final. Contrarrazões às fls. 84/90.

2. A Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, da Saúde e do Trabalho (GDPST), foi instituída pela MP431/2008, posteriormente convertida na Lei 11.784/2008. Tal gratificação foi criada para substituir a antiga GDASS, e suaconcessão, nos termos da lei, deve observar o limite máximo de 100 (cem) pontos e o limite mínimo de 30 (trinta) pontos,sendo que 20 (vinte) pontos eram atribuídos aos resultados obtidos na avaliação de desempenho individual e 80 (oitenta)pontos eram conferidos em função dos resultados presentes na avaliação de desempenho institucional.

3. O art. 5º-B, §6º, da MP 431/2008 também contemplou a possibilidade de incorporação da GDPST aos proventos deaposentados e pensionistas. Para as aposentadorias e pensões instituídas até 19.02.2004, a GDPST seria fixada em 40%(quarenta por cento) do valor máximo do respectivo nível, a partir de 01.03.2008. E, na data de 01.01.2009, a porcentagemseria modificada para 50% (cinqüenta por cento). Com relação às aposentadorias e às pensões fundadas após 19.02.2004,aplicar-se-ia, para alguns beneficiários, o percentual constante do inciso I do art. 5º-B da MP 431/2008 e, para os outros, odisposto na Lei 10.887/2004.

4. O §5º do art. 5º-B da MP 431/2008, ainda, estabelecia que, até a efetiva avaliação de desempenho do exercícioprofissional, a GDPST seria paga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, conforme disposição do art. 20 da Lei8.270/1991. Diante disto, fica evidenciado o caráter geral da gratificação, uma vez que esta só assumiria seus contornos depessoalidade a partir da avaliação do exercício laboral. Em outras palavras, a GDPST só seria concedida de formadesigual, com base no desempenho profissional de cada servidor, na hipótese de superveniência de regulamentação doprocedimento de avaliação de desempenho individual e institucional. Até lá, a vantagem seria percebida por todos osservidores ativos, sem distinção, motivo pelo qual também deve ser recebida, nos mesmos percentuais, pelos inativos epensionistas, pois a eles se estende a gratificação de caráter geral.

5. Nesse sentido, confiram-se os precedentes a seguir reproduzidos:

DECISÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHODA CARREIRA DA PREVIDÊNCIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. EXTENSÃO AOS INATIVOS:POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INCABÍVEL. AGRAVO AO QUAL SE NEGASEGUIMENTO.Relatório (...)5. Razão jurídica não assiste à Agravante.6. A Turma Recursal assentou que a gratificação de desempenho foi concedida em caráter genérico, aplicando-se,portanto, à espécie, o mesmo entendimento firmado quanto à Gratificação de Desempenho de AtividadeTécnico-Administrativa - GDATA e à Gratificação de Desempenho da Atividade da Seguridade Social e do Trabalho -GDASST, segundo o qual a gratificação deve ser estendida aos servidores inativos. Essa decisão está em harmonia com aorientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal. Confiram-se os seguintes julgados: “Embora de natureza prolabore faciendo, a falta de regulamentação das avaliações de desempenho, transmuda a GDASST em uma gratificação denatureza genérica, extensível aos servidores inativos. III - Inocorrência, na espécie, de violação ao princípio da isonomia. IV- Recurso extraordinário desprovido” (RE 572.052, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Plenário, DJe 17.4.2009). “1. Questãode ordem. Repercussão Geral. Recurso Extraordinário. 2. GDATA e GDASST. 3. Servidores inativos. Critérios de cálculo.Aplicação aos servidores inativos dos critérios estabelecidos aos ativos, de acordo com a sucessão de leis de regência. 4.Jurisprudência pacificada na Corte. 5. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar ajurisprudência do tribunal, desprover o recurso, autorizar a devolução aos tribunais de origem dos recursos extraordinários eagravos de instrumento que versem sobre o mesmo tema e autorizar as instâncias de origem à adoção dos procedimentosdo art. 543-B, § 3º, do Código de Processo Civil” (RE 597.154-RG-QO, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 29.5.2009 – grifosnossos). Não há, pois, o que prover quanto às alegações da Agravante.7. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo de instrumento (art. 557, caput, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, doRegimento Interno do Supremo Tribunal Federal).(AI 805342, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 02/08/2010, publicado em DJe-152 DIVULG 17/08/2010 PUBLIC18/08/2010)

AGRAVO INTERNO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDASST E GDPST EXTENSÃO A INATIVOS:PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DA VANTAGEM. HONORÁRIOSADVOCATICIOS.I. A controvérsia restringe-se a possibilidade de extensão da GDASST e da GDPST aos servidores inativos e pensionistas,nos mesmos moldes dos servidores da ativa, em observância ao parágrafo oitavo do artigo 40 da Constituição daRepública, que assegura o reajuste dos proventos e das pensões sempre que for revista a remuneração dos servidoresativos.40Constituição.II. Especificamente no tocante à GDATA, o Pleno do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário476279, em 19/04/2007, veio a destacar que pode ser conferida à referida gratificação, vantagem pecuniária propterlaborem, um duplo caráter: pro labore faciendo, de modo eminente, em razão de a pontuação variar conforme determinadodesempenho individual no exercício de cargo público efetivo e, também, ex facto officii, de modo excepcional, em razão dea pontuação ser firmada pela simples ocupação daquele.III. Esse mesmo entendimento deverá ser adotado para a Gratificação de Desempenho de Atividade da Seguridade Social edo Trabalho - GDASST, instituída pela Lei nº 10.483/2002.10.483.IV. Deve ser ressalvado, entretanto, que as gratificações em tela somente deverão ser pagas aos servidores inativos epensionistas em seu valor mínimo até que sejam instituídos os critérios para a aferição da avaliação de desempenhoindividual e institucional, uma vez que implementada tal disciplina, o direito a paridade não poderá abranger as gratificaçõespor desempenho, incompatíveis com a inatividade, não havendo, portanto, que se falar em violação ao princípio daisonomia entre a remuneração dos ativos e inativos.(...)(TRF 2º Região - 2008.51.02.004748-1, Relator: Desembargador Federal REIS FRIEDE, Data de Julgamento: 28/04/2010,SÉTIMA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: E-DJF2R - Data::12/05/2010 - Página::273/274)

6. A Suprema Corte assentou que as gratificações de desempenho, como a GDPST, possuem duplo caráter: (1)predominantemente pro labore faciendo, em razão da variação da pontuação conforme desempenho individual einstitucional e (2) ocasionalmente ex facto officii, em razão de a pontuação ser atribuída, em certas situações, emdecorrência da simples ocupação do cargo. A caracterização da natureza pro labore faciendo da gratificação somente temlugar com a edição de norma regulamentadora que viabilize as avaliações de desempenho, sem as quais a gratificaçãoadquire um caráter de generalidade, que determina a sua extensão aos servidores inativos.

7. A GDPST deverá ser estendida a aposentados e pensionistas que a ela fazem jus, no período compreendido entre29/08/2008 (data de publicação da MP 441/2008, que incluiu o §11 na Lei 11.355/2006 e estabeleceu a concessão genéricada pontuação aos servidores ativos) e o termo final da paridade coincidente com o início do ciclo relativo à primeiraavaliação comprovadamente implementada, no valor equivalente a 80 (oitenta) pontos, em conformidade com oentendimento expresso no Enunciado nº 105 das Turmas Recursais dos JEFs da Seção Judiciária do Estado do Rio deJaneiro (Publicado no DJe de 14.09.2011).

8. Fixadas essas premissas, tenho que o recurso da FUNASA merece parcial provimento, tão somente para que acondenação imposta tenha como marco inicial 29/08/2008, data de publicação da MP 441/2008, que incluiu o §11 na Lei11.355/2006 e estabeleceu a concessão genérica da pontuação aos servidores ativos e observe o termo final assentado noenunciado destacado no item “7” precedente.

9. Quanto ao prequestionamento, destaco que, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura doprequestionamento implícito e não caiba ao tribunal de origem manifestar-se, propriamente, sobre o mérito de possívelviolação constitucional suscitada pelas partes litigantes, cumpre registrar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojoda sentença recorrida tese de direito que possa ensejar, nem mesmo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do textoconstitucional.

10. Por fim, ressalto que o pedido de reserva de honorários advocatícios ajustados em contrato deverá ser apreciado nafase executiva do processo, ocasião em que será possível aferir-se a existência de condenação pecuniária definitiva e,então, proceder-se ao exame da viabilidade da medida postulada. Portanto, indefiro, por ora, o requerimento de reserva daverba honorária.

11. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada.

12. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenação em honorários.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, vencido o Relator original, apenas no tocante àadequação do julgado ao Enunciado nº 105 das TRS dos JEFs da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro, no sentidode conhecer do recurso e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos e que passaa integrar o julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

214 - 0002891-95.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002891-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOAO MILTHON LORETO(ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: RENATABUFFA SOUZA PINTO.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0002891-95.2011.4.02.5050/01RECORRENTES: JOÃO MILTHON LORETORECORRIDOS: UNIÃO FEDERAL

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DA CARREIRA PREVIDENCIÁRIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. GRATIFICAÇÃO DECARÁTER GERAL. APOSENTADOS E PENSIONISTAS. TERMO FINAL SEGUNDO O ENUNCIADO 105 DAS TRs DOSJEFs DA SJ/EJ – INÍCIO DO CICLO DA PRIEMEIRA AVALIAÇÃO COMPROVADAMENTE EFETIVADA. RECURSOCONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

1. Recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou procedente em parte o pedido inaugural,para condenar a ré ao pagamento da GDPST no mesmo percentual deferido aos servidores ativos, antes daregulamentação da referida gratificação, a ser apurada entre os pontos que foram efetivamente pagos, no período de01/03/2008 a 15/12/2010. Em razões de recurso, o recorrente busca, tão somente, a alteração do termo final dacondenação, argumentando que a GDPST deve ser paga aos inativos nos moldes em que o era aos ativos, até a data dapublicação da Portaria nº 197/MTE, de 04/02/2011. Contrarrazões às fls. 66/68.

2. A Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, da Saúde e do Trabalho (GDPST), foi instituída pela MP431/2008, posteriormente convertida na Lei 11.784/2008. Tal gratificação foi criada para substituir a antiga GDASS, e suaconcessão, nos termos da lei, deve observar o limite máximo de 100 (cem) pontos e o limite mínimo de 30 (trinta) pontos,sendo que 20 (vinte) pontos eram atribuídos aos resultados obtidos na avaliação de desempenho individual e 80 (oitenta)pontos eram conferidos em função dos resultados presentes na avaliação de desempenho institucional.

3. O art. 5º-B, §6º, da MP 431/2008 também contemplou a possibilidade de incorporação da GDPST aos proventos deaposentados e pensionistas. Para as aposentadorias e pensões instituídas até 19.02.2004, a GDPST seria fixada em 40%(quarenta por cento) do valor máximo do respectivo nível, a partir de 01.03.2008. E, na data de 01.01.2009, a porcentagemseria modificada para 50% (cinqüenta por cento). Com relação às aposentadorias e às pensões fundadas após 19.02.2004,aplicar-se-ia, para alguns beneficiários, o percentual constante do inciso I do art. 5º-B da MP 431/2008 e, para os outros, odisposto na Lei 10.887/2004.

4. O §5º do art. 5º-B da MP 431/2008, ainda, estabelecia que, até a efetiva avaliação de desempenho do exercícioprofissional, a GDPST seria paga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, conforme disposição do art. 20 da Lei8.270/1991. Diante disto, fica evidenciado o caráter geral da gratificação, uma vez que esta só assumiria seus contornos depessoalidade a partir da avaliação do exercício laboral. Em outras palavras, a GDPST só seria concedida de formadesigual, com base no desempenho profissional de cada servidor, na hipótese de superveniência de regulamentação doprocedimento de avaliação de desempenho individual e institucional. Até lá, a vantagem seria percebida por todos osservidores ativos, sem distinção, motivo pelo qual também deve ser recebida, nos mesmos percentuais, pelos inativos epensionistas, pois a eles se estende a gratificação de caráter geral.

5. Nesse sentido, confiram-se os precedentes a seguir reproduzidos:

DECISÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHODA CARREIRA DA PREVIDÊNCIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. EXTENSÃO AOS INATIVOS:POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INCABÍVEL. AGRAVO AO QUAL SE NEGASEGUIMENTO.Relatório (...)5. Razão jurídica não assiste à Agravante.6. A Turma Recursal assentou que a gratificação de desempenho foi concedida em caráter genérico, aplicando-se,portanto, à espécie, o mesmo entendimento firmado quanto à Gratificação de Desempenho de AtividadeTécnico-Administrativa - GDATA e à Gratificação de Desempenho da Atividade da Seguridade Social e do Trabalho -GDASST, segundo o qual a gratificação deve ser estendida aos servidores inativos. Essa decisão está em harmonia com aorientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal. Confiram-se os seguintes julgados: “Embora de natureza prolabore faciendo, a falta de regulamentação das avaliações de desempenho, transmuda a GDASST em uma gratificação denatureza genérica, extensível aos servidores inativos. III - Inocorrência, na espécie, de violação ao princípio da isonomia. IV- Recurso extraordinário desprovido” (RE 572.052, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Plenário, DJe 17.4.2009). “1. Questãode ordem. Repercussão Geral. Recurso Extraordinário. 2. GDATA e GDASST. 3. Servidores inativos. Critérios de cálculo.Aplicação aos servidores inativos dos critérios estabelecidos aos ativos, de acordo com a sucessão de leis de regência. 4.Jurisprudência pacificada na Corte. 5. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar ajurisprudência do tribunal, desprover o recurso, autorizar a devolução aos tribunais de origem dos recursos extraordinários eagravos de instrumento que versem sobre o mesmo tema e autorizar as instâncias de origem à adoção dos procedimentosdo art. 543-B, § 3º, do Código de Processo Civil” (RE 597.154-RG-QO, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 29.5.2009 – grifosnossos). Não há, pois, o que prover quanto às alegações da Agravante.7. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo de instrumento (art. 557, caput, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, doRegimento Interno do Supremo Tribunal Federal).(AI 805342, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 02/08/2010, publicado em DJe-152 DIVULG 17/08/2010 PUBLIC18/08/2010)

AGRAVO INTERNO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDASST E GDPST EXTENSÃO A INATIVOS:PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DA VANTAGEM. HONORÁRIOSADVOCATICIOS.I. A controvérsia restringe-se a possibilidade de extensão da GDASST e da GDPST aos servidores inativos e pensionistas,nos mesmos moldes dos servidores da ativa, em observância ao parágrafo oitavo do artigo 40 da Constituição daRepública, que assegura o reajuste dos proventos e das pensões sempre que for revista a remuneração dos servidoresativos.40Constituição.II. Especificamente no tocante à GDATA, o Pleno do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário476279, em 19/04/2007, veio a destacar que pode ser conferida à referida gratificação, vantagem pecuniária propterlaborem, um duplo caráter: pro labore faciendo, de modo eminente, em razão de a pontuação variar conforme determinadodesempenho individual no exercício de cargo público efetivo e, também, ex facto officii, de modo excepcional, em razão dea pontuação ser firmada pela simples ocupação daquele.III. Esse mesmo entendimento deverá ser adotado para a Gratificação de Desempenho de Atividade da Seguridade Social edo Trabalho - GDASST, instituída pela Lei nº 10.483/2002.10.483.IV. Deve ser ressalvado, entretanto, que as gratificações em tela somente deverão ser pagas aos servidores inativos epensionistas em seu valor mínimo até que sejam instituídos os critérios para a aferição da avaliação de desempenhoindividual e institucional, uma vez que implementada tal disciplina, o direito a paridade não poderá abranger as gratificações

por desempenho, incompatíveis com a inatividade, não havendo, portanto, que se falar em violação ao princípio daisonomia entre a remuneração dos ativos e inativos.(...)(TRF 2º Região - 2008.51.02.004748-1, Relator: Desembargador Federal REIS FRIEDE, Data de Julgamento: 28/04/2010,SÉTIMA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: E-DJF2R - Data::12/05/2010 - Página::273/274)

6. A Suprema Corte assentou que as gratificações de desempenho, como a GDPST, possuem duplo caráter: (1)predominantemente pro labore faciendo, em razão da variação da pontuação conforme desempenho individual einstitucional e (2) ocasionalmente ex facto officii, em razão de a pontuação ser atribuída, em certas situações, emdecorrência da simples ocupação do cargo. A caracterização da natureza pro labore faciendo da gratificação somente temlugar com a edição de norma regulamentadora que viabilize as avaliações de desempenho, sem as quais a gratificaçãoadquire um caráter de generalidade, que determina a sua extensão aos servidores inativos.

7. A GDPST deverá ser estendida a aposentados e pensionistas que a ela fazem jus, no período compreendido entre29/08/2008 (data de publicação da MP 441/2008, que incluiu o §11 na Lei 11.355/2006 e estabeleceu a concessão genéricada pontuação aos servidores ativos) e o termo final da paridade coincidente com o início do ciclo relativo à primeiraavaliação comprovadamente implementada, no valor equivalente a 80 (oitenta) pontos, em conformidade com oentendimento expresso no Enunciado nº 105 das Turmas Recursais dos JEFs da Seção Judiciária do Estado do Rio deJaneiro (Publicado no DJe de 14.09.2011).

8. Fixadas essas premissas, tenho que o recurso da parte autora merece provimento tão somente para que a condenaçãoimposta tenha como termo final aquele assentado no enunciado destacado no item “7” precedente.

9. Por fim, ressalto que o pedido de reserva de honorários advocatícios ajustados (fls. 56/57) em contrato deverá serapreciado na fase executiva do processo, ocasião em que será possível aferir-se a existência de condenação pecuniáriadefinitiva e, então, proceder-se ao exame da viabilidade da medida postulada. Portanto, indefiro, por ora, o requerimento dereserva da verba honorária.

10. Recurso conhecido e provido. Sentença reformada no que tange ao termo final.

11. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenação em honorários.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, vencido o Relator original, apenas no tocante àadequação do julgado ao Enunciado nº 105 das TRS dos JEFs da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro, no sentidode conhecer do recurso e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos e que passa aintegrar o julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal

215 - 0000683-35.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000683-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FUNDAÇÃO NACIONAL DESAÚDE - FUNASA (PROCDOR: VERA LUCIA SAADE RIBEIRO.) x LEONIDES DO ROSARIO (ADVOGADO: MARCELOMATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000683-35.2011.4.02.5052/01RECORRENTE: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARECORRIDO (A): LEONIDES DO ROSARIORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRARELATOR PARA O ACÓRDÃO: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DA CARREIRA PREVIDENCIÁRIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. GRATIFICAÇÃO DECARÁTER GERAL. APOSENTADOS E PENSIONISTAS. TERMO FINAL SEGUNDO O ENUNCIADO 105 DAS TRs DOSJEFs DA SJ/EJ – INÍCIO DO CICLO DA PRIEMEIRA AVALIAÇÃO COMPROVADAMENTE EFETIVADA. RECURSOCONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA EM MÍNIMA PARTE.

Recurso inominado interposto pela FUNASA em face de sentença que julgou procedente em parte o pedido inaugural, paracondenar a ré ao pagamento da GDPST no mesmo percentual deferido aos servidores ativos, antes da regulamentação dareferida gratificação, a ser apurada entre os pontos que foram efetivamente pagos, no período de 01/03/2008 a 15/12/2010.Em razões de recurso, a recorrente sustenta, em síntese, postula a redução do período de condenação estabelecido, tantono que diz respeito ao marco inicial, como com relação ao termo final. Contrarrazões às fls. 117/124.

A Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, da Saúde e do Trabalho (GDPST), foi instituída pela MP431/2008, posteriormente convertida na Lei 11.784/2008. Tal gratificação foi criada para substituir a antiga GDASS, e suaconcessão, nos termos da lei, deve observar o limite máximo de 100 (cem) pontos e o limite mínimo de 30 (trinta) pontos,sendo que 20 (vinte) pontos eram atribuídos aos resultados obtidos na avaliação de desempenho individual e 80 (oitenta)pontos eram conferidos em função dos resultados presentes na avaliação de desempenho institucional.

O art. 5º-B, §6º, da MP 431/2008 também contemplou a possibilidade de incorporação da GDPST aos proventos deaposentados e pensionistas. Para as aposentadorias e pensões instituídas até 19.02.2004, a GDPST seria fixada em 40%(quarenta por cento) do valor máximo do respectivo nível, a partir de 01.03.2008. E, na data de 01.01.2009, a porcentagemseria modificada para 50% (cinqüenta por cento). Com relação às aposentadorias e às pensões fundadas após 19.02.2004,aplicar-se-ia, para alguns beneficiários, o percentual constante do inciso I do art. 5º-B da MP 431/2008 e, para os outros, odisposto na Lei 10.887/2004.

O §5º do art. 5º-B da MP 431/2008, ainda, estabelecia que, até a efetiva avaliação de desempenho do exercício profissional,a GDPST seria paga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, conforme disposição do art. 20 da Lei 8.270/1991.Diante disto, fica evidenciado o caráter geral da gratificação, uma vez que esta só assumiria seus contornos depessoalidade a partir da avaliação do exercício laboral. Em outras palavras, a GDPST só seria concedida de formadesigual, com base no desempenho profissional de cada servidor, na hipótese de superveniência de regulamentação doprocedimento de avaliação de desempenho individual e institucional. Até lá, a vantagem seria percebida por todos osservidores ativos, sem distinção, motivo pelo qual também deve ser recebida, nos mesmos percentuais, pelos inativos epensionistas, pois a eles se estende a gratificação de caráter geral.

Nesse sentido, confiram-se os precedentes a seguir reproduzidos:

DECISÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHODA CARREIRA DA PREVIDÊNCIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. EXTENSÃO AOS INATIVOS:POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INCABÍVEL. AGRAVO AO QUAL SE NEGASEGUIMENTO.Relatório (...)5. Razão jurídica não assiste à Agravante.6. A Turma Recursal assentou que a gratificação de desempenho foi concedida em caráter genérico, aplicando-se,portanto, à espécie, o mesmo entendimento firmado quanto à Gratificação de Desempenho de AtividadeTécnico-Administrativa - GDATA e à Gratificação de Desempenho da Atividade da Seguridade Social e do Trabalho -GDASST, segundo o qual a gratificação deve ser estendida aos servidores inativos. Essa decisão está em harmonia com aorientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal. Confiram-se os seguintes julgados: “Embora de natureza prolabore faciendo, a falta de regulamentação das avaliações de desempenho, transmuda a GDASST em uma gratificação denatureza genérica, extensível aos servidores inativos. III - Inocorrência, na espécie, de violação ao princípio da isonomia. IV- Recurso extraordinário desprovido” (RE 572.052, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Plenário, DJe 17.4.2009). “1. Questãode ordem. Repercussão Geral. Recurso Extraordinário. 2. GDATA e GDASST. 3. Servidores inativos. Critérios de cálculo.Aplicação aos servidores inativos dos critérios estabelecidos aos ativos, de acordo com a sucessão de leis de regência. 4.Jurisprudência pacificada na Corte. 5. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar ajurisprudência do tribunal, desprover o recurso, autorizar a devolução aos tribunais de origem dos recursos extraordinários eagravos de instrumento que versem sobre o mesmo tema e autorizar as instâncias de origem à adoção dos procedimentosdo art. 543-B, § 3º, do Código de Processo Civil” (RE 597.154-RG-QO, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 29.5.2009 – grifosnossos). Não há, pois, o que prover quanto às alegações da Agravante.7. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo de instrumento (art. 557, caput, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, doRegimento Interno do Supremo Tribunal Federal).(AI 805342, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 02/08/2010, publicado em DJe-152 DIVULG 17/08/2010 PUBLIC18/08/2010)

AGRAVO INTERNO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDASST E GDPST EXTENSÃO A INATIVOS:PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DA VANTAGEM. HONORÁRIOSADVOCATICIOS.I. A controvérsia restringe-se a possibilidade de extensão da GDASST e da GDPST aos servidores inativos e pensionistas,nos mesmos moldes dos servidores da ativa, em observância ao parágrafo oitavo do artigo 40 da Constituição daRepública, que assegura o reajuste dos proventos e das pensões sempre que for revista a remuneração dos servidoresativos.40Constituição.II. Especificamente no tocante à GDATA, o Pleno do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário476279, em 19/04/2007, veio a destacar que pode ser conferida à referida gratificação, vantagem pecuniária propterlaborem, um duplo caráter: pro labore faciendo, de modo eminente, em razão de a pontuação variar conforme determinadodesempenho individual no exercício de cargo público efetivo e, também, ex facto officii, de modo excepcional, em razão dea pontuação ser firmada pela simples ocupação daquele.III. Esse mesmo entendimento deverá ser adotado para a Gratificação de Desempenho de Atividade da Seguridade Social edo Trabalho - GDASST, instituída pela Lei nº 10.483/2002.10.483.IV. Deve ser ressalvado, entretanto, que as gratificações em tela somente deverão ser pagas aos servidores inativos epensionistas em seu valor mínimo até que sejam instituídos os critérios para a aferição da avaliação de desempenhoindividual e institucional, uma vez que implementada tal disciplina, o direito a paridade não poderá abranger as gratificações

por desempenho, incompatíveis com a inatividade, não havendo, portanto, que se falar em violação ao princípio daisonomia entre a remuneração dos ativos e inativos.(...)(TRF 2º Região - 2008.51.02.004748-1, Relator: Desembargador Federal REIS FRIEDE, Data de Julgamento: 28/04/2010,SÉTIMA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: E-DJF2R - Data::12/05/2010 - Página::273/274)

A Suprema Corte assentou que as gratificações de desempenho, como a GDPST, possuem duplo caráter: (1)predominantemente pro labore faciendo, em razão da variação da pontuação conforme desempenho individual einstitucional e (2) ocasionalmente ex facto officii, em razão de a pontuação ser atribuída, em certas situações, emdecorrência da simples ocupação do cargo. A caracterização da natureza pro labore faciendo da gratificação somente temlugar com a edição de norma regulamentadora que viabilize as avaliações de desempenho, sem as quais a gratificaçãoadquire um caráter de generalidade, que determina a sua extensão aos servidores inativos.

Nesse diapasão, quadra reafirmar que o direito à extensão aos inativos é cabível somente até a data da publicação dosatos que estabelecem os critérios e procedimentos específicos de avaliação de desempenho individual e institucional, vezque o resultado da primeira avaliação individual e institucional geraria efeitos financeiros a partir da referida data, nos

�termos do § 10 do artigo 5º-B da Lei 11.355/2006, com redação dada pela Lei 11.907/2009 . Os critérios e procedimentosgerais a serem observados para a realização das avaliações de desempenho individual e institucional, conforme previsto na§ 7º do artigo 5º-B da Lei 11.355/2006, foi estabelecido pelo Decreto 7.133, de 19/03/2010 (publicado em 22/03/2010). Já oscritérios e procedimentos específicos de desempenho individual e institucional para os servidores da FUNASA foramestabelecidos por meio da Portaria 1.743, publicada em 15/12/2010 (§§ 8º e 10º do artigo 5º-B).

Por tudo isso, conclui-se que a GDPST deverá ser estendida a aposentados e pensionistas que a ela fazem jus, no períodocompreendido entre 29/08/2008 (data de publicação da MP 441/2008, que incluiu o §11 na Lei 11.355/2006 e estabeleceu aconcessão genérica da pontuação aos servidores ativos) e o termo final da paridade coincidente com o início do ciclorelativo à primeira avaliação comprovadamente implementada, no valor equivalente a 80 (oitenta) pontos; em conformidadecom o entendimento expresso no Enunciado nº 105 das Turmas Recursais dos JEFs da Seção Judiciário do Estado do Riode Janeiro (Publicado no DJe de 14.09.2011).

Fixadas essas premissas, tenho que o recurso da FUNASA merece parcial provimento, tão somente para que acondenação imposta tenha como marco inicial 29/08/2008, data de publicação da MP 441/2008, que incluiu o §11 na Lei11.355/2006 e estabeleceu a concessão genérica da pontuação aos servidores ativos e observe o termo final assentado noenunciado destacado no item “8” precedente.

Por fim, ressalto que o pedido de reserva de honorários advocatícios ajustados (fl.94) em contrato deverá ser apreciado nafase executiva do processo, ocasião em que será possível aferir-se a existência de condenação pecuniária definitiva e,então, proceder-se ao exame da viabilidade da medida postulada. Portanto, indefiro, por ora, o requerimento de reserva daverba honorária.

Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada em mínima parte.

Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação da recorrente vencida ao pagamento de honorários advocatícios,fixados em 10% (dez por cento) do valor da condenação – art. 55 da Lei 9.099/95 c/c art. 21, parágrafo único, CPC.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, vencido o Relator original, apenas no tocante àadequação do julgado ao Enunciado nº 105 das TRS dos JEFs da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro, no sentidode conhecer do recurso e, no mérito, dar parcial provimento, na forma da ementa constante dos autos e que passa aintegrar o julgado.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal Relator para o acórdão

216 - 0000678-13.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000678-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FUNDAÇÃO NACIONAL DESAÚDE - FUNASA (PROCDOR: VERA LUCIA SAADE RIBEIRO.) x IZAIAS REIS (ADVOGADO: MARCELO MATEDIALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000678-13.2011.4.02.5052/01RECORRENTE: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARECORRIDO (A): IZAIAS REISRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRARELATOR PARA O ACÓRDÃO: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DA CARREIRA PREVIDENCIÁRIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. GRATIFICAÇÃO DECARÁTER GERAL. APOSENTADOS E PENSIONISTAS. TERMO FINAL SEGUNDO O ENUNCIADO 105 DAS TRs DOSJEFs DA SJ/EJ – INÍCIO DO CICLO DA PRIEMEIRA AVALIAÇÃO COMPROVADAMENTE EFETIVADA. RECURSOCONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA EM MÍNIMA PARTE.

Recurso inominado interposto pela FUNASA em face de sentença que julgou procedente em parte o pedido inaugural, paracondenar a ré ao pagamento da GDPST no mesmo percentual deferido aos servidores ativos, antes da regulamentação dareferida gratificação, a ser apurada entre os pontos que foram efetivamente pagos, no período de 01/03/2008 a 15/12/2010.Em razões de recurso, a recorrente postula, em síntese, a redução do período de condenação estabelecido, tanto no quediz respeito ao marco inicial, como com relação ao termo final. Contrarrazões às fls. 117/126.

A Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, da Saúde e do Trabalho (GDPST), foi instituída pela MP431/2008, posteriormente convertida na Lei 11.784/2008. Tal gratificação foi criada para substituir a antiga GDASS, e suaconcessão, nos termos da lei, deve observar o limite máximo de 100 (cem) pontos e o limite mínimo de 30 (trinta) pontos,sendo que 20 (vinte) pontos eram atribuídos aos resultados obtidos na avaliação de desempenho individual e 80 (oitenta)pontos eram conferidos em função dos resultados presentes na avaliação de desempenho institucional.

O art. 5º-B, §6º, da MP 431/2008 também contemplou a possibilidade de incorporação da GDPST aos proventos deaposentados e pensionistas. Para as aposentadorias e pensões instituídas até 19.02.2004, a GDPST seria fixada em 40%(quarenta por cento) do valor máximo do respectivo nível, a partir de 01.03.2008. E, na data de 01.01.2009, a porcentagemseria modificada para 50% (cinqüenta por cento). Com relação às aposentadorias e às pensões fundadas após 19.02.2004,aplicar-se-ia, para alguns beneficiários, o percentual constante do inciso I do art. 5º-B da MP 431/2008 e, para os outros, odisposto na Lei 10.887/2004.

O §5º do art. 5º-B da MP 431/2008, ainda, estabelecia que, até a efetiva avaliação de desempenho do exercício profissional,a GDPST seria paga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, conforme disposição do art. 20 da Lei 8.270/1991.Diante disto, fica evidenciado o caráter geral da gratificação, uma vez que esta só assumiria seus contornos depessoalidade a partir da avaliação do exercício laboral. Em outras palavras, a GDPST só seria concedida de formadesigual, com base no desempenho profissional de cada servidor, na hipótese de superveniência de regulamentação doprocedimento de avaliação de desempenho individual e institucional. Até lá, a vantagem seria percebida por todos osservidores ativos, sem distinção, motivo pelo qual também deve ser recebida, nos mesmos percentuais, pelos inativos epensionistas, pois a eles se estende a gratificação de caráter geral.

Nesse sentido, confiram-se os precedentes a seguir reproduzidos:

DECISÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHODA CARREIRA DA PREVIDÊNCIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. EXTENSÃO AOS INATIVOS:POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INCABÍVEL. AGRAVO AO QUAL SE NEGASEGUIMENTO.Relatório (...)5. Razão jurídica não assiste à Agravante.6. A Turma Recursal assentou que a gratificação de desempenho foi concedida em caráter genérico, aplicando-se,portanto, à espécie, o mesmo entendimento firmado quanto à Gratificação de Desempenho de AtividadeTécnico-Administrativa - GDATA e à Gratificação de Desempenho da Atividade da Seguridade Social e do Trabalho -GDASST, segundo o qual a gratificação deve ser estendida aos servidores inativos. Essa decisão está em harmonia com aorientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal. Confiram-se os seguintes julgados: “Embora de natureza prolabore faciendo, a falta de regulamentação das avaliações de desempenho, transmuda a GDASST em uma gratificação denatureza genérica, extensível aos servidores inativos. III - Inocorrência, na espécie, de violação ao princípio da isonomia. IV- Recurso extraordinário desprovido” (RE 572.052, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Plenário, DJe 17.4.2009). “1. Questãode ordem. Repercussão Geral. Recurso Extraordinário. 2. GDATA e GDASST. 3. Servidores inativos. Critérios de cálculo.Aplicação aos servidores inativos dos critérios estabelecidos aos ativos, de acordo com a sucessão de leis de regência. 4.Jurisprudência pacificada na Corte. 5. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar ajurisprudência do tribunal, desprover o recurso, autorizar a devolução aos tribunais de origem dos recursos extraordinários eagravos de instrumento que versem sobre o mesmo tema e autorizar as instâncias de origem à adoção dos procedimentosdo art. 543-B, § 3º, do Código de Processo Civil” (RE 597.154-RG-QO, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 29.5.2009 – grifosnossos). Não há, pois, o que prover quanto às alegações da Agravante.7. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo de instrumento (art. 557, caput, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, doRegimento Interno do Supremo Tribunal Federal).(AI 805342, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 02/08/2010, publicado em DJe-152 DIVULG 17/08/2010 PUBLIC18/08/2010)

AGRAVO INTERNO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDASST E GDPST EXTENSÃO A INATIVOS:PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DA VANTAGEM. HONORÁRIOSADVOCATICIOS.I. A controvérsia restringe-se a possibilidade de extensão da GDASST e da GDPST aos servidores inativos e pensionistas,nos mesmos moldes dos servidores da ativa, em observância ao parágrafo oitavo do artigo 40 da Constituição daRepública, que assegura o reajuste dos proventos e das pensões sempre que for revista a remuneração dos servidores

ativos.40Constituição.II. Especificamente no tocante à GDATA, o Pleno do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário476279, em 19/04/2007, veio a destacar que pode ser conferida à referida gratificação, vantagem pecuniária propterlaborem, um duplo caráter: pro labore faciendo, de modo eminente, em razão de a pontuação variar conforme determinadodesempenho individual no exercício de cargo público efetivo e, também, ex facto officii, de modo excepcional, em razão dea pontuação ser firmada pela simples ocupação daquele.III. Esse mesmo entendimento deverá ser adotado para a Gratificação de Desempenho de Atividade da Seguridade Social edo Trabalho - GDASST, instituída pela Lei nº 10.483/2002.10.483.IV. Deve ser ressalvado, entretanto, que as gratificações em tela somente deverão ser pagas aos servidores inativos epensionistas em seu valor mínimo até que sejam instituídos os critérios para a aferição da avaliação de desempenhoindividual e institucional, uma vez que implementada tal disciplina, o direito a paridade não poderá abranger as gratificaçõespor desempenho, incompatíveis com a inatividade, não havendo, portanto, que se falar em violação ao princípio daisonomia entre a remuneração dos ativos e inativos.(...)(TRF 2º Região - 2008.51.02.004748-1, Relator: Desembargador Federal REIS FRIEDE, Data de Julgamento: 28/04/2010,SÉTIMA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: E-DJF2R - Data::12/05/2010 - Página::273/274)

A Suprema Corte assentou que as gratificações de desempenho, como a GDPST, possuem duplo caráter: (1)predominantemente pro labore faciendo, em razão da variação da pontuação conforme desempenho individual einstitucional e (2) ocasionalmente ex facto officii, em razão de a pontuação ser atribuída, em certas situações, emdecorrência da simples ocupação do cargo. A caracterização da natureza pro labore faciendo da gratificação somente temlugar com a edição de norma regulamentadora que viabilize as avaliações de desempenho, sem as quais a gratificaçãoadquire um caráter de generalidade, que determina a sua extensão aos servidores inativos.

Nesse diapasão, quadra reafirmar que o direito à extensão aos inativos é cabível somente até a data da publicação dosatos que estabelecem os critérios e procedimentos específicos de avaliação de desempenho individual e institucional, vezque o resultado da primeira avaliação individual e institucional geraria efeitos financeiros a partir da referida data, nos

�termos do § 10 do artigo 5º-B da Lei 11.355/2006, com redação dada pela Lei 11.907/2009 . Os critérios e procedimentosgerais a serem observados para a realização das avaliações de desempenho individual e institucional, conforme previsto na§ 7º do artigo 5º-B da Lei 11.355/2006, foi estabelecido pelo Decreto 7.133, de 19/03/2010 (publicado em 22/03/2010). Já oscritérios e procedimentos específicos de desempenho individual e institucional para os servidores da FUNASA foramestabelecidos por meio da Portaria 1.743, publicada em 15/12/2010 (§§ 8º e 10º do artigo 5º-B).

Assim sendo, conclui-se que a GDPST deverá ser estendida a aposentados e pensionistas que a ela fazem jus, no períodocompreendido entre 29/08/2008 (data de publicação da MP 441/2008, que incluiu o §11 na Lei 11.355/2006 e estabeleceu aconcessão genérica da pontuação aos servidores ativos) e o termo final da paridade coincidente com o início do ciclorelativo à primeira avaliação comprovadamente implementada, no valor equivalente a 80 (oitenta) pontos; em conformidadecom o entendimento expresso no Enunciado nº 105 das Turmas Recursais dos JEFs da Seção Judiciário do Estado do Riode Janeiro (Publicado no DJe de 14.09.2011).

Fixadas essas premissas, tenho que o recurso da FUNASA merece parcial provimento, tão somente para que acondenação imposta tenha como marco inicial 29/08/2008, data de publicação da MP 441/2008, que incluiu o §11 na Lei11.355/2006 e estabeleceu a concessão genérica da pontuação aos servidores ativos e observe o termo final assentado noenunciado destacado no item “8” precedente.

Por fim, ressalto que o pedido de reserva de honorários advocatícios ajustados (fl.94) em contrato deverá ser apreciado nafase executiva do processo, ocasião em que será possível aferir-se a existência de condenação pecuniária definitiva e,então, proceder-se ao exame da viabilidade da medida postulada. Portanto, indefiro, por ora, o requerimento de reserva daverba honorária.

Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada em mínima parte.

Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação da recorrente vencida ao pagamento de honorários advocatícios,fixados em 10% (dez por cento) do valor da condenação – art. 55 da Lei 9.099/95 c/c art. 21, parágrafo único, CPC.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, vencido o Relator original, apenas no tocante àadequação do julgado ao Enunciado nº 105 das TRS dos JEFs da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro, no sentidode conhecer do recurso e, no mérito, dar parcial provimento, na forma da ementa constante dos autos e que passa aintegrar o julgado.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal Relator para o acórdão

217 - 0000333-44.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000333-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FUNDAÇÃO NACIONAL DESAÚDE - FUNASA (PROCDOR: VERA LUCIA SAADE RIBEIRO.) x JIDELIO RIBEIRO DOS SANTOS (ADVOGADO:MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000333-44.2011.4.02.5053/01RECORRENTE: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARECORRIDO(A): JIDELIO RIBEIRO DOS SANTOSRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRARELATOR PARA O ACÓRDÃO: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DA CARREIRA PREVIDENCIÁRIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. GRATIFICAÇÃO DECARÁTER GERAL. APOSENTADOS E PENSIONISTAS. TERMO FINAL SEGUNDO O ENUNCIADO 105 DAS TRs DOSJEFs DA SJ/EJ – INÍCIO DO CICLO DA PRIEMEIRA AVALIAÇÃO COMPROVADAMENTE EFETIVADA. RECURSOCONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA EM MÍNIMA PARTE.

Recurso inominado interposto pela FUNASA em face de sentença que julgou procedente em parte o pedido inaugural, paracondenar a ré ao pagamento da GDPST no mesmo percentual deferido aos servidores ativos, antes da regulamentação dareferida gratificação, a ser apurada entre os pontos que foram efetivamente pagos, no período de 01/03/2008 a 22/11/2010.Em razões de recurso, a recorrente sustenta, em síntese, postula a redução do período de condenação estabelecido, tantono que diz respeito ao marco inicial, como com relação ao termo final. Contrarrazões às fls. 117/126.

A Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, da Saúde e do Trabalho (GDPST), foi instituída pela MP431/2008, posteriormente convertida na Lei 11.784/2008. Tal gratificação foi criada para substituir a antiga GDASS, e suaconcessão, nos termos da lei, deve observar o limite máximo de 100 (cem) pontos e o limite mínimo de 30 (trinta) pontos,sendo que 20 (vinte) pontos eram atribuídos aos resultados obtidos na avaliação de desempenho individual e 80 (oitenta)pontos eram conferidos em função dos resultados presentes na avaliação de desempenho institucional.

O art. 5º-B, §6º, da MP 431/2008 também contemplou a possibilidade de incorporação da GDPST aos proventos deaposentados e pensionistas. Para as aposentadorias e pensões instituídas até 19.02.2004, a GDPST seria fixada em 40%(quarenta por cento) do valor máximo do respectivo nível, a partir de 01.03.2008. E, na data de 01.01.2009, a porcentagemseria modificada para 50% (cinqüenta por cento). Com relação às aposentadorias e às pensões fundadas após 19.02.2004,aplicar-se-ia, para alguns beneficiários, o percentual constante do inciso I do art. 5º-B da MP 431/2008 e, para os outros, odisposto na Lei 10.887/2004.

O §5º do art. 5º-B da MP 431/2008, ainda, estabelecia que, até a efetiva avaliação de desempenho do exercício profissional,a GDPST seria paga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, conforme disposição do art. 20 da Lei 8.270/1991.Diante disto, fica evidenciado o caráter geral da gratificação, uma vez que esta só assumiria seus contornos depessoalidade a partir da avaliação do exercício laboral. Em outras palavras, a GDPST só seria concedida de formadesigual, com base no desempenho profissional de cada servidor, na hipótese de superveniência de regulamentação doprocedimento de avaliação de desempenho individual e institucional. Até lá, a vantagem seria percebida por todos osservidores ativos, sem distinção, motivo pelo qual também deve ser recebida, nos mesmos percentuais, pelos inativos epensionistas, pois a eles se estende a gratificação de caráter geral.

Nesse sentido, confiram-se os precedentes a seguir reproduzidos:

DECISÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHODA CARREIRA DA PREVIDÊNCIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. EXTENSÃO AOS INATIVOS:POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INCABÍVEL. AGRAVO AO QUAL SE NEGASEGUIMENTO.Relatório (...)5. Razão jurídica não assiste à Agravante.6. A Turma Recursal assentou que a gratificação de desempenho foi concedida em caráter genérico, aplicando-se,portanto, à espécie, o mesmo entendimento firmado quanto à Gratificação de Desempenho de AtividadeTécnico-Administrativa - GDATA e à Gratificação de Desempenho da Atividade da Seguridade Social e do Trabalho -GDASST, segundo o qual a gratificação deve ser estendida aos servidores inativos. Essa decisão está em harmonia com aorientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal. Confiram-se os seguintes julgados: “Embora de natureza prolabore faciendo, a falta de regulamentação das avaliações de desempenho, transmuda a GDASST em uma gratificação denatureza genérica, extensível aos servidores inativos. III - Inocorrência, na espécie, de violação ao princípio da isonomia. IV- Recurso extraordinário desprovido” (RE 572.052, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Plenário, DJe 17.4.2009). “1. Questãode ordem. Repercussão Geral. Recurso Extraordinário. 2. GDATA e GDASST. 3. Servidores inativos. Critérios de cálculo.Aplicação aos servidores inativos dos critérios estabelecidos aos ativos, de acordo com a sucessão de leis de regência. 4.Jurisprudência pacificada na Corte. 5. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar ajurisprudência do tribunal, desprover o recurso, autorizar a devolução aos tribunais de origem dos recursos extraordinários eagravos de instrumento que versem sobre o mesmo tema e autorizar as instâncias de origem à adoção dos procedimentosdo art. 543-B, § 3º, do Código de Processo Civil” (RE 597.154-RG-QO, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 29.5.2009 – grifosnossos). Não há, pois, o que prover quanto às alegações da Agravante.

7. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo de instrumento (art. 557, caput, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, doRegimento Interno do Supremo Tribunal Federal).(AI 805342, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 02/08/2010, publicado em DJe-152 DIVULG 17/08/2010 PUBLIC18/08/2010)

AGRAVO INTERNO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDASST E GDPST EXTENSÃO A INATIVOS:PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DA VANTAGEM. HONORÁRIOSADVOCATICIOS.I. A controvérsia restringe-se a possibilidade de extensão da GDASST e da GDPST aos servidores inativos e pensionistas,nos mesmos moldes dos servidores da ativa, em observância ao parágrafo oitavo do artigo 40 da Constituição daRepública, que assegura o reajuste dos proventos e das pensões sempre que for revista a remuneração dos servidoresativos.40Constituição.II. Especificamente no tocante à GDATA, o Pleno do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário476279, em 19/04/2007, veio a destacar que pode ser conferida à referida gratificação, vantagem pecuniária propterlaborem, um duplo caráter: pro labore faciendo, de modo eminente, em razão de a pontuação variar conforme determinadodesempenho individual no exercício de cargo público efetivo e, também, ex facto officii, de modo excepcional, em razão dea pontuação ser firmada pela simples ocupação daquele.III. Esse mesmo entendimento deverá ser adotado para a Gratificação de Desempenho de Atividade da Seguridade Social edo Trabalho - GDASST, instituída pela Lei nº 10.483/2002.10.483.IV. Deve ser ressalvado, entretanto, que as gratificações em tela somente deverão ser pagas aos servidores inativos epensionistas em seu valor mínimo até que sejam instituídos os critérios para a aferição da avaliação de desempenhoindividual e institucional, uma vez que implementada tal disciplina, o direito a paridade não poderá abranger as gratificaçõespor desempenho, incompatíveis com a inatividade, não havendo, portanto, que se falar em violação ao princípio daisonomia entre a remuneração dos ativos e inativos.(...)(TRF 2º Região - 2008.51.02.004748-1, Relator: Desembargador Federal REIS FRIEDE, Data de Julgamento: 28/04/2010,SÉTIMA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: E-DJF2R - Data::12/05/2010 - Página::273/274)

A Suprema Corte assentou que as gratificações de desempenho, como a GDPST, possuem duplo caráter: (1)predominantemente pro labore faciendo, em razão da variação da pontuação conforme desempenho individual einstitucional e (2) ocasionalmente ex facto officii, em razão de a pontuação ser atribuída, em certas situações, emdecorrência da simples ocupação do cargo. A caracterização da natureza pro labore faciendo da gratificação somente temlugar com a edição de norma regulamentadora que viabilize as avaliações de desempenho, sem as quais a gratificaçãoadquire um caráter de generalidade, que determina a sua extensão aos servidores inativos.

Nesse diapasão, quadra reafirmar que o direito à extensão aos inativos é cabível somente até a data da publicação dosatos que estabelecem os critérios e procedimentos específicos de avaliação de desempenho individual e institucional, vezque o resultado da primeira avaliação individual e institucional geraria efeitos financeiros a partir da referida data, nos

�termos do § 10 do artigo 5º-B da Lei 11.355/2006, com redação dada pela Lei 11.907/2009 . Os critérios e procedimentosgerais a serem observados para a realização das avaliações de desempenho individual e institucional, conforme previsto na§ 7º do artigo 5º-B da Lei 11.355/2006, foi estabelecido pelo Decreto 7.133, de 19/03/2010 (publicado em 22/03/2010). Já oscritérios e procedimentos específicos de desempenho individual e institucional para os servidores da FUNASA foramestabelecidos por meio da Portaria 1.743, publicada em 15/12/2010 (§§ 8º e 10º do artigo 5º-B).

Por tudo isso, conclui-se que a GDPST deverá ser estendida a aposentados e pensionistas que a ela fazem jus, no períodocompreendido entre 29/08/2008 (data de publicação da MP 441/2008, que incluiu o §11 na Lei 11.355/2006 e estabeleceu aconcessão genérica da pontuação aos servidores ativos) e o termo final da paridade coincidente com o início do ciclorelativo à primeira avaliação comprovadamente implementada, no valor equivalente a 80 (oitenta) pontos; em conformidadecom o entendimento expresso no Enunciado nº 105 das Turmas Recursais dos JEFs da Seção Judiciário do Estado do Riode Janeiro (Publicado no DJe de 14.09.2011).

Fixadas essas premissas, tenho que o recurso da FUNASA merece parcial provimento, tão somente para que acondenação imposta tenha como marco inicial 29/08/2008, data de publicação da MP 441/2008, que incluiu o §11 na Lei11.355/2006 e estabeleceu a concessão genérica da pontuação aos servidores ativos e observe o termo final assentado noenunciado destacado no item “8” precedente.

Por fim, ressalto que o pedido de reserva de honorários advocatícios ajustados (fl.94) em contrato deverá ser apreciado nafase executiva do processo, ocasião em que será possível aferir-se a existência de condenação pecuniária definitiva e,então, proceder-se ao exame da viabilidade da medida postulada. Portanto, indefiro, por ora, o requerimento de reserva daverba honorária.

Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada em mínima parte.

Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação da recorrente vencida ao pagamento de honorários advocatícios,fixados em 10% (dez por cento) do valor da condenação – art. 55 da Lei 9.099/95 c/c art. 21, parágrafo único, CPC.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, vencido o Relator original, apenas no tocante àadequação do julgado ao Enunciado nº 105 das TRS dos JEFs da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro, no sentidode conhecer do recurso e, no mérito, dar parcial provimento, na forma da ementa constante dos autos e que passa aintegrar o julgado.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal Relator para o acórdão

218 - 0000346-52.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000346-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x MARIENE PINTO MIAN.RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000346-52.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: MARIENE PINTO MIAN

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DA CARREIRA PREVIDENCIÁRIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. GRATIFICAÇÃO DECARÁTER GERAL. APOSENTADOS E PENSIONISTAS. TERMO FINAL SEGUNDO O ENUNCIADO 105 DAS TRs DOSJEFs DA SJRJ – INÍCIO DO CICLO DA PRIMEIRA AVALIAÇÃO COMPROVADAMENTE EFETIVADA. RECURSOCONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

1. Recurso inominado interposto pela União Federal em face de sentença que julgou procedente em parte o pedidoinaugural, para condenar a ré ao pagamento da GDPST no mesmo percentual deferido aos servidores ativos, antes daregulamentação da referida gratificação, a ser apurada entre os pontos que foram efetivamente pagos, no período de01/03/2008 até que seja implantada a avaliação a que se refere o § 2º do art. 5º-B da Lei nº 11.355/2006. Em razões derecurso, a União busca, tão somente, que seja respeitado o prazo máximo de paridade como sendo a publicação daPortaria 3.627/GM/MS (22/11/2010), que determinou o início do ciclo de avaliação individual, e tendo como início a data de29/08/2008. Sem contrarrazões.

2. A Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, da Saúde e do Trabalho (GDPST), foi instituída pela MP431/2008, posteriormente convertida na Lei 11.784/2008. Tal gratificação foi criada para substituir a antiga GDASS, e suaconcessão, nos termos da lei, deve observar o limite máximo de 100 (cem) pontos e o limite mínimo de 30 (trinta) pontos,sendo que 20 (vinte) pontos eram atribuídos aos resultados obtidos na avaliação de desempenho individual e 80 (oitenta)pontos eram conferidos em função dos resultados presentes na avaliação de desempenho institucional.

3. O art. 5º-B, §6º, da MP 431/2008 também contemplou a possibilidade de incorporação da GDPST aos proventos deaposentados e pensionistas. Para as aposentadorias e pensões instituídas até 19.02.2004, a GDPST seria fixada em 40%(quarenta por cento) do valor máximo do respectivo nível, a partir de 01.03.2008. E, na data de 01.01.2009, a porcentagemseria modificada para 50% (cinqüenta por cento). Com relação às aposentadorias e às pensões fundadas após 19.02.2004,aplicar-se-ia, para alguns beneficiários, o percentual constante do inciso I do art. 5º-B da MP 431/2008 e, para os outros, odisposto na Lei 10.887/2004.

4. O §5º do art. 5º-B da MP 431/2008, ainda, estabelecia que, até a efetiva avaliação de desempenho do exercícioprofissional, a GDPST seria paga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, conforme disposição do art. 20 da Lei8.270/1991. Diante disto, fica evidenciado o caráter geral da gratificação, uma vez que esta só assumiria seus contornos depessoalidade a partir da avaliação do exercício laboral. Em outras palavras, a GDPST só seria concedida de formadesigual, com base no desempenho profissional de cada servidor, na hipótese de superveniência de regulamentação doprocedimento de avaliação de desempenho individual e institucional. Até lá, a vantagem seria percebida por todos osservidores ativos, sem distinção, motivo pelo qual também deve ser recebida, nos mesmos percentuais, pelos inativos epensionistas, pois a eles se estende a gratificação de caráter geral.

5. Nesse sentido, confiram-se os precedentes a seguir reproduzidos:

DECISÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHODA CARREIRA DA PREVIDÊNCIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. EXTENSÃO AOS INATIVOS:POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INCABÍVEL. AGRAVO AO QUAL SE NEGASEGUIMENTO.Relatório (...)5. Razão jurídica não assiste à Agravante.6. A Turma Recursal assentou que a gratificação de desempenho foi concedida em caráter genérico, aplicando-se,portanto, à espécie, o mesmo entendimento firmado quanto à Gratificação de Desempenho de AtividadeTécnico-Administrativa - GDATA e à Gratificação de Desempenho da Atividade da Seguridade Social e do Trabalho -GDASST, segundo o qual a gratificação deve ser estendida aos servidores inativos. Essa decisão está em harmonia com aorientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal. Confiram-se os seguintes julgados: “Embora de natureza prolabore faciendo, a falta de regulamentação das avaliações de desempenho, transmuda a GDASST em uma gratificação denatureza genérica, extensível aos servidores inativos. III - Inocorrência, na espécie, de violação ao princípio da isonomia. IV

- Recurso extraordinário desprovido” (RE 572.052, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Plenário, DJe 17.4.2009). “1. Questãode ordem. Repercussão Geral. Recurso Extraordinário. 2. GDATA e GDASST. 3. Servidores inativos. Critérios de cálculo.Aplicação aos servidores inativos dos critérios estabelecidos aos ativos, de acordo com a sucessão de leis de regência. 4.Jurisprudência pacificada na Corte. 5. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar ajurisprudência do tribunal, desprover o recurso, autorizar a devolução aos tribunais de origem dos recursos extraordinários eagravos de instrumento que versem sobre o mesmo tema e autorizar as instâncias de origem à adoção dos procedimentosdo art. 543-B, § 3º, do Código de Processo Civil” (RE 597.154-RG-QO, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 29.5.2009 – grifosnossos). Não há, pois, o que prover quanto às alegações da Agravante.7. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo de instrumento (art. 557, caput, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, doRegimento Interno do Supremo Tribunal Federal).(AI 805342, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 02/08/2010, publicado em DJe-152 DIVULG 17/08/2010 PUBLIC18/08/2010)

AGRAVO INTERNO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDASST E GDPST EXTENSÃO A INATIVOS:PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DA VANTAGEM. HONORÁRIOSADVOCATICIOS.I. A controvérsia restringe-se a possibilidade de extensão da GDASST e da GDPST aos servidores inativos e pensionistas,nos mesmos moldes dos servidores da ativa, em observância ao parágrafo oitavo do artigo 40 da Constituição daRepública, que assegura o reajuste dos proventos e das pensões sempre que for revista a remuneração dos servidoresativos.40Constituição.II. Especificamente no tocante à GDATA, o Pleno do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário476279, em 19/04/2007, veio a destacar que pode ser conferida à referida gratificação, vantagem pecuniária propterlaborem, um duplo caráter: pro labore faciendo, de modo eminente, em razão de a pontuação variar conforme determinadodesempenho individual no exercício de cargo público efetivo e, também, ex facto officii, de modo excepcional, em razão dea pontuação ser firmada pela simples ocupação daquele.III. Esse mesmo entendimento deverá ser adotado para a Gratificação de Desempenho de Atividade da Seguridade Social edo Trabalho - GDASST, instituída pela Lei nº 10.483/2002.10.483.IV. Deve ser ressalvado, entretanto, que as gratificações em tela somente deverão ser pagas aos servidores inativos epensionistas em seu valor mínimo até que sejam instituídos os critérios para a aferição da avaliação de desempenhoindividual e institucional, uma vez que implementada tal disciplina, o direito a paridade não poderá abranger as gratificaçõespor desempenho, incompatíveis com a inatividade, não havendo, portanto, que se falar em violação ao princípio daisonomia entre a remuneração dos ativos e inativos.(...)(TRF 2º Região - 2008.51.02.004748-1, Relator: Desembargador Federal REIS FRIEDE, Data de Julgamento: 28/04/2010,SÉTIMA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: E-DJF2R - Data::12/05/2010 - Página::273/274)

6. A Suprema Corte assentou que as gratificações de desempenho, como a GDPST, possuem duplo caráter: (1)predominantemente pro labore faciendo, em razão da variação da pontuação conforme desempenho individual einstitucional e (2) ocasionalmente ex facto officii, em razão de a pontuação ser atribuída, em certas situações, emdecorrência da simples ocupação do cargo. A caracterização da natureza pro labore faciendo da gratificação somente temlugar com a edição de norma regulamentadora que viabilize as avaliações de desempenho, sem as quais a gratificaçãoadquire um caráter de generalidade, que determina a sua extensão aos servidores inativos.

7. A GDPST deverá ser estendida a aposentados e pensionistas que a ela fazem jus, no período compreendido entre29/08/2008 (data de publicação da MP 441/2008, que incluiu o §11 na Lei 11.355/2006 e estabeleceu a concessão genéricada pontuação aos servidores ativos) e o termo final da paridade coincidente com o início do ciclo relativo à primeiraavaliação comprovadamente implementada, no valor equivalente a 80 (oitenta) pontos, em conformidade com oentendimento expresso no Enunciado nº 105 das Turmas Recursais dos JEFs da Seção Judiciária do Estado do Rio deJaneiro (Publicado no DJe de 14.09.2011).

8. Fixadas essas premissas, tenho que o recurso da União Federal merece parcial provimento, tão somente para que acondenação imposta tenha como marco inicial 29/08/2008, data de publicação da MP 441/2008, que incluiu o §11 na Lei11.355/2006 e estabeleceu a concessão genérica da pontuação aos servidores ativos e observe o termo final assentado noenunciado destacado no item “7” precedente.

9. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada.

10. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenação em honorários.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, vencido o Relator original, apenas no tocante àadequação do julgado ao Enunciado nº 105 das TRS dos JEFs da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro, no sentidode conhecer do recurso e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos e que passaa integrar o julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

219 - 0002896-20.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002896-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x CARMELITA RIBEIRO BARBOSA (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOLVINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x OS MESMOS.EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0002896-20.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: UNIÃO FEDERALEMBARGADO: CARMELITA RIBEIRO BARBOSARELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDPST. OMISSÃO.SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. COMPENSAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍVIOS. OMISSÃO NÃO RECONHECIDA.EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO INTEGRALMENTE MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 85/86, porintermédio dos quais a União Federal, ora embargante, aponta suposta omissão no julgado no tocante à sua condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios. Aduz a embargante que houve sucumbência recíproca nos autos, de modo queos honorários advocatícios devem ser compensados.

Os embargos de declaração, nos termos do artigo 535 do CPC e do art. 48 da Lei n.º 9.099/95, limitam-se a supriromissões, aportar clareza ou retificar eventuais contradições ou dúvidas existentes no bojo da decisão recorrida.

Não assiste razão à embargante. Não há que se falar em sucumbência recíproca nestes autos, visto que o recurso da parteautora sequer foi conhecido. O art. 55 da Lei nº 9.099/95 é expresso ao estabelecer que somente o recorrente vencido serácondenado ao pagamento das custas processuais. Em verdade, não fosse o recurso da União, o processo sequer teriasubido à 2ª instância, visto que o recurso da autora foi inadmitido já no primeiro grau de jurisdição. As demais questõeslevantadas pela embargante cingem-se ao mérito do recurso.

Omissão não reconhecida. Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido integralmente.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

220 - 0002046-63.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002046-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x EDSON OLYMPIO PONTES (ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES,LEONARDO PIZZOL VINHA.) x OS MESMOS.EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0002046-63.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: UNIÃO FEDERALEMBARGADO: EDSON OLYMPIO PONTESRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDPST. OMISSÃO.SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. COMPENSAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍVIOS. OMISSÃO NÃO RECONHECIDA.EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO INTEGRALMENTE MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 84/85, porintermédio dos quais a União Federal, ora embargante, aponta suposta omissão no julgado no tocante à sua condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios. Aduz a embargante que houve sucumbência recíproca nos autos, de modo queos honorários advocatícios devem ser compensados.

Os embargos de declaração, nos termos do artigo 535 do CPC e do art. 48 da Lei n.º 9.099/95, limitam-se a supriromissões, aportar clareza ou retificar eventuais contradições ou dúvidas existentes no bojo da decisão recorrida.

Não assiste razão à embargante. Não há que se falar em sucumbência recíproca nestes autos, visto que o recurso da parteautora sequer foi conhecido. O art. 55 da Lei nº 9.099/95 é expresso ao estabelecer que somente o recorrente vencido serácondenado ao pagamento das custas processuais. Em verdade, não fosse o recurso da União, o processo sequer teria

subido à 2ª instância, visto que o recurso da autora foi inadmitido já no primeiro grau de jurisdição. As demais questõeslevantadas pela embargante cingem-se ao mérito do recurso.

Omissão não reconhecida. Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido integralmente.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

221 - 0002660-68.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002660-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x IVANILDO TAVARES DE MELO (ADVOGADO: MARCELO MATEDIALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.) x OS MESMOS.EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0002660-68.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: UNIÃO FEDERALEMBARGADO: IVANILDO TAVARES DE MELORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDPST. OMISSÃO.SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. COMPENSAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍVIOS. OMISSÃO NÃO RECONHECIDA.EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO INTEGRALMENTE MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 82/83, porintermédio dos quais a União Federal, ora embargante, aponta suposta omissão no julgado no tocante à sua condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios. Aduz a embargante que houve sucumbência recíproca nos autos, de modo queos honorários advocatícios devem ser compensados.

Os embargos de declaração, nos termos do artigo 535 do CPC e do art. 48 da Lei n.º 9.099/95, limitam-se a supriromissões, aportar clareza ou retificar eventuais contradições ou dúvidas existentes no bojo da decisão recorrida.

Não assiste razão à embargante. Não há que se falar em sucumbência recíproca nestes autos, visto que o recurso da parteautora sequer foi conhecido. O art. 55 da Lei nº 9.099/95 é expresso ao estabelecer que somente o recorrente vencido serácondenado ao pagamento das custas processuais. Em verdade, não fosse o recurso da União, o processo sequer teriasubido à 2ª instância, visto que o recurso da autora foi inadmitido já no primeiro grau de jurisdição. As demais questõeslevantadas pela embargante cingem-se ao mérito do recurso.

Omissão não reconhecida. Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido integralmente.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

222 - 0002678-89.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002678-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x OSVALDO SUDRE (ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES,LEONARDO PIZZOL VINHA.) x OS MESMOS.EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0002678-89.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: UNIÃO FEDERALEMBARGADO: OSVALDO SUDRERELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDPST. OMISSÃO.SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. COMPENSAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍVIOS. OMISSÃO NÃO RECONHECIDA.EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO INTEGRALMENTE MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 84/85, por

intermédio dos quais a União Federal, ora embargante, aponta suposta omissão no julgado no tocante à sua condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios. Aduz a embargante que houve sucumbência recíproca nos autos, de modo queos honorários advocatícios devem ser compensados.

Os embargos de declaração, nos termos do artigo 535 do CPC e do art. 48 da Lei n.º 9.099/95, limitam-se a supriromissões, aportar clareza ou retificar eventuais contradições ou dúvidas existentes no bojo da decisão recorrida.

Não assiste razão à embargante. Não há que se falar em sucumbência recíproca nestes autos, visto que o recurso da parteautora sequer foi conhecido. O art. 55 da Lei nº 9.099/95 é expresso ao estabelecer que somente o recorrente vencido serácondenado ao pagamento das custas processuais. Em verdade, não fosse o recurso da União, o processo sequer teriasubido à 2ª instância, visto que o recurso da autora foi inadmitido já no primeiro grau de jurisdição. As demais questõeslevantadas pela embargante cingem-se ao mérito do recurso.

Omissão não reconhecida. Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido integralmente.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

223 - 0002688-36.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002688-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x CONCEICAO APARECIDA DRUMOND REIS (ADVOGADO: MARCELOMATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.) x OS MESMOS.EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0002688-36.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: UNIÃO FEDERALEMBARGADO: CONCEIÇÃO APARECIDA DRUMOND REISRELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDPST. OMISSÃO.SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. COMPENSAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍVIOS. OMISSÃO NÃO RECONHECIDA.EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO INTEGRALMENTE MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 82/83, porintermédio dos quais a União Federal, ora embargante, aponta suposta omissão no julgado no tocante à sua condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios. Aduz a embargante que houve sucumbência recíproca nos autos, de modo queos honorários advocatícios devem ser compensados.

Os embargos de declaração, nos termos do artigo 535 do CPC e do art. 48 da Lei n.º 9.099/95, limitam-se a supriromissões, aportar clareza ou retificar eventuais contradições ou dúvidas existentes no bojo da decisão recorrida.

Não assiste razão à embargante. Não há que se falar em sucumbência recíproca nestes autos, visto que o recurso da parteautora sequer foi conhecido. O art. 55 da Lei nº 9.099/95 é expresso ao estabelecer que somente o recorrente vencido serácondenado ao pagamento das custas processuais. Em verdade, não fosse o recurso da União, o processo sequer teriasubido à 2ª instância, visto que o recurso da autora foi inadmitido já no primeiro grau de jurisdição. As demais questõeslevantadas pela embargante cingem-se ao mérito do recurso.

Omissão não reconhecida. Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido integralmente.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

224 - 0003098-94.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003098-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x IDA CECILIA BAIOCO RIBEIRO (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOLVINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x OS MESMOS.EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0003098-94.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: UNIÃO FEDERAL

EMBARGADO: IDA CECÍLIA BAIOCO RIBEIRORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDPST. OMISSÃO.SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. COMPENSAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍVIOS. OMISSÃO NÃO RECONHECIDA.EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO INTEGRALMENTE MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 83/84, porintermédio dos quais a União Federal, ora embargante, aponta suposta omissão no julgado no tocante à sua condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios. Aduz a embargante que houve sucumbência recíproca nos autos, de modo queos honorários advocatícios devem ser compensados.

Os embargos de declaração, nos termos do artigo 535 do CPC e do art. 48 da Lei n.º 9.099/95, limitam-se a supriromissões, aportar clareza ou retificar eventuais contradições ou dúvidas existentes no bojo da decisão recorrida.

Não assiste razão à embargante. Não há que se falar em sucumbência recíproca nestes autos, visto que o recurso da parteautora sequer foi conhecido. O art. 55 da Lei nº 9.099/95 é expresso ao estabelecer que somente o recorrente vencido serácondenado ao pagamento das custas processuais. Em verdade, não fosse o recurso da União, o processo sequer teriasubido à 2ª instância, visto que o recurso da autora foi inadmitido já no primeiro grau de jurisdição. As demais questõeslevantadas pela embargante cingem-se ao mérito do recurso.

Omissão não reconhecida. Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido integralmente.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

225 - 0000249-40.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000249-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA AUXILIADORAIZOTON COELHO (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x OS MESMOS.EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0000249-40.2011.4.02.5054/01EMBARGANTE: UNIÃO FEDERALEMBARGADO: MARIA AUXILIADORA IZOTON COELHORELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDPST. OMISSÃO.SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. COMPENSAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍVIOS. OMISSÃO NÃO RECONHECIDA.EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO INTEGRALMENTE MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 85/86, porintermédio dos quais a União Federal, ora embargante, aponta suposta omissão no julgado no tocante à sua condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios. Aduz a embargante que houve sucumbência recíproca nos autos, de modo queos honorários advocatícios devem ser compensados.

Os embargos de declaração, nos termos do artigo 535 do CPC e do art. 48 da Lei n.º 9.099/95, limitam-se a supriromissões, aportar clareza ou retificar eventuais contradições ou dúvidas existentes no bojo da decisão recorrida.

Não assiste razão à embargante. Não há que se falar em sucumbência recíproca nestes autos, visto que o recurso da parteautora foi parcialmente provido. O art. 55 da Lei nº 9.099/95 é expresso ao estabelecer que somente o recorrente vencidoserá condenado ao pagamento das custas processuais, o que não é o caso da parte autora.

Omissão não reconhecida. Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido integralmente.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

BRUNO DUTRAJuiz Federal Relator

Acolher os embargosTotal 9 : Dar parcial provimentoTotal 26 : Dar provimentoTotal 45 : Dar provimento ao rec. do autor e negar o do réuTotal 1 : Extinguir o processo sem resolução de méritoTotal 2 : Não conhecer o recursoTotal 1 : Negar provimentoTotal 115 : Negar seguimento ao recursoTotal 2 : Rejeitar os embargosTotal 23 :