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MANUAL de em Coordenação: Pedro Narra Figueiredo Guia prático de consulta indispensável em Gastrenterologia Textos claros, objetivos e de fácil consulta Fundamental para uma melhor atuação clínica URGÊNCIAS GASTRENTEROLOGIA

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MANUAL de URGÊNCIASem GASTRENTEROLOGIAManual de Urgências em Gastrenterologia é uma obra que se encontra incluída na coleção Manual LIDEL e, na tradição dos restantes livros da mesma coleção, foi construída com base na vivência dos médicos que tratam diariamente os doentes, neste caso com patologia digestiva, em contexto de urgência. Organizando os temas de forma muito prática, engloba as patologias do tubo digestivo, do fígado e do pâncreas que podem surgir. Os últimos quatro capítulos, versando as perturbações do equilíbrio ácido-base e hidroeletrolíticas, e a insuficiência respiratóriae a insuficiência renal aguda, constituem auxiliares ao diagnóstico e ao tratamento destes doentes dado que estas, frequentemente, complicam ou coexistem com a patologia digestiva de base. Esta obra, escrita por especialistas na área, dirige-se a todos os profis-sionais que se confrontam com frequência com as situações clínicas nela abordadas. Assim, destina-se não só a gastrenterologistas, mas ainda a internistas, a cirurgiões e a médicos de Medicina Geral e Familiar, que aqui poderão recolher informações importantes para a sua prática clínica diária. Os internos e os alunos de Medicina são, naturalmente, igualmente destinatários desta publicação.

Pedro Narra Figueiredo:

Especialista em Gastrenterologia desde 1995; Especialista em Hepatologia pela Ordem dos Médicos desde 2005; Doutorado em Gastrenterologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra desde 2006; Presidente da Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (2013-2015); Presidente do Colégio de Gastrenterologia da Ordem dos Médicos (2015-2017); Professor Associado com Agregação da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra; Assistente Hospitalar Graduado no Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

7,5cm x 21cm

Meio século de saberwww.lidel.pt

4cm x 21cm

URGÊNCIAS EM GASTRENTEROLOGIAM

ANUAL DE

7,5cm x 21cm9,5 mm 13,5cm x 21cm

Pedro Narra Figueiredo M

ANUAL DE URGÊNCIAS em GASTRENTEROLOGIA

Grupo LIDELLíder em edições

de medicina

Coleção

MANUAL LIDEL

13,5cm x 21cm

MANUALde

em

Coordenação: Pedro Narra Figueiredo

Guia prático de consulta indispensávelem Gastrenterologia

Textos claros, objetivos e de fácil consulta

Fundamental para uma melhor atuação clínica

URGÊNCIASGASTRENTEROLOGIA

Hemorragia Digestiva AltaHemorragia Digestiva Média Hemorragia Digestiva BaixaIngestão de CáusticosIngestão de Corpo Estranho e Impactação AlimentarColite GraveColangite AgudaFalência Hepática AgudaSíndrome HepatorrenalPeritonite Bacteriana EspontâneaPancreatite AgudaIatrogenia em GastrenterologiaPerturbações do Equilíbrio Ácido-basePerturbações HidroeletrolíticasInsuficiência RespiratóriaLesão Renal Aguda

123456789

10111213141516

Índice

Adriano CaselaAna OliveiraAna Rita Alves Cláudia AgostinhoDavid PerdigotoDiogo BranquinhoElisa Gravito-SoaresInês CunhaMariana Sant'AnnaMarta Gravito-Soares Nuno AlmeidaPaulo FreirePaulo MassinhaPedro Narra FigueiredoRicardo CardosoSandra LopesSara CamposSofia Mendes

Autores

ISBN 978-989-752-292-5

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9 789897 522925

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Índice

Autores ......................................................................................................................... VIIPreâmbulo ................................................................................................................... IXSiglas e Abreviaturas .................................................................................................. X

1. Hemorragia Digestiva Alta ................................................................................. 1Sara Campos, Mariana Sant’Anna, Ricardo Cardoso

2. Hemorragia Digestiva Média ............................................................................. 11Diogo Branquinho, Inês Cunha, Pedro Narra Figueiredo

3. Hemorragia Digestiva Baixa ............................................................................. 17Paulo Massinha, Ana Oliveira, Pedro Narra Figueiredo

4. Ingestão de Cáusticos ........................................................................................ 23Mariana Sant’Anna, David Perdigoto, Pedro Narra Figueiredo

5. Ingestão de Corpo Estranho e Impactação Alimentar ..................................... 29Inês Cunha, Sara Campos, Pedro Narra Figueiredo

6. Colite Grave ........................................................................................................ 35Ana Rita Alves, Diogo Branquinho, Paulo Freire

7. Colangite Aguda ................................................................................................. 45Elisa Gravito-Soares, Marta Gravito-Soares, Sofia Mendes

8. Falência Hepática Aguda ................................................................................... 53Ana Oliveira, Adriano Casela, Cláudia Agostinho

9. Síndrome Hepatorrenal ..................................................................................... 63David Perdigoto, Paulo Massinha, Sandra Lopes

10. Peritonite Bacteriana Espontânea .................................................................... 69David Perdigoto, Paulo Massinha, Sandra Lopes

11. Pancreatite Aguda .............................................................................................. 75Adriano Casela, Ana Rita Alves, Nuno Almeida

12. Iatrogenia em Gastrenterologia ......................................................................... 93Marta Gravito ‑Soares, Elisa Gravito ‑Soares, Pedro Narra Figueiredo

13. Perturbações do Equilíbrio Ácido-base ............................................................. 107Marta Gravito ‑Soares, Inês Cunha, Ana Oliveira, Pedro Narra Figueiredo

14. Perturbações Hidroeletrolíticas ......................................................................... 119Sara Campos, Elisa Gravito‑Soares, Mariana Sant’Anna, Pedro Narra Figueiredo

15. Insuficiência Respiratória .................................................................................. 131Diogo Branquinho, Paulo Massinha, Adriano Casela, Pedro Narra Figueiredo

16. Lesão Renal Aguda ............................................................................................ 137Ana Rita Alves, David Perdigoto, Pedro Narra Figueiredo

Índice Remissivo ......................................................................................................... 141

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COORDENADOR/AUTOR

Pedro Narra FigueiredoEspecialista em Gastrenterologia desde 1995; Especialista em Hepatologia pela Ordem dos Médicos desde 2005; Doutorado em Gastrenterologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra desde 2006; Presidente da Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (2013-2015); Presidente do Colégio de Gastrenterologia da Ordem dos Médicos (2015--2017); Professor Associado com Agregação da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra; Assistente Hospitalar Graduado no Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

AUTORES

Adriano CaselaInterno de Gastrenterologia no Centro Hospital e Universitário de Coimbra.

Ana OliveiraAssistente Hospitalar no Serviço de Gastroenterologia do Hospital Distrital da Figueira da Foz, EPE.

Ana Rita AlvesLicenciada e Mestre em Medicina pela Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho; Especialista em Gastrenterologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

Cláudia AgostinhoAssistente Hospitalar Graduada no Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

David PerdigotoInterno de Gastrenterologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra; Assistente Convidado de Gastrenterologia na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

Diogo BranquinhoAssistente Hospitalar no Serviço de Gastroenterologia do Centro Hospitalar Baixo Vouga; Assistente Convidado de Gastrenterologia na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

Elisa Gravito-SoaresInterna de Gastrenterologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra; Assistente Convidada de Gastrenterologia na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

Inês CunhaInterna de Gastrenterologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

Mariana Sant’AnnaInterna de Gastrenterologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

Marta Gravito-SoaresInterna de Gastrenterologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra; Assistente Convidada de Gastrenterologia na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

Autores

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Manual de Urgências em GastrenterologiaVIII

Nuno AlmeidaAssistente Hospitalar de Gastrenterologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra; Professor Auxiliar Convidado na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

Paulo FreireGastroenterologista; Assistente Convidado na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra; Membro do Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal.

Paulo MassinhaInterno de Gastrenterologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

Ricardo CardosoAssistente Hospitalar no Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar Tondela-Viseu.

Sandra LopesAssistente Hospitalar no Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

Sara CamposEspecialista em Gastrenterologia.

Sofia MendesAssistente Hospitalar Graduada no Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

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Preâmbulo

Esta publicação surge da necessidade de comunicar, de uma forma simples e expe-dita, conceitos fundamentais a quem lida com situações de urgência no âmbito da patologia digestiva. Poder-se-ia pensar que a componente endoscópica seria a mais relevante neste contexto, mas a variedade de entidades nosológicas com que os médi-cos são diariamente confrontados no processamento diagnóstico e terapêutico destes doentes não se compadece com essa limitação. Não se pretende, desta forma, trans-mitir a ideia de secundarização da endoscopia digestiva, mas sim de que a técnica endoscópica deve ser enquadrada num contexto do doente e não constituir um obje-tivo em si mesma.O nosso agradecimento à Lidel, imprescindível para a concretização deste projeto.A todos os Colegas que contribuíram para que esta publicação acontecesse, muitos deles jovens especialistas, o nosso reconhecimento.Finalmente, aos leitores, a esperança de que estes textos possam contribuir para melhorar os seus conhecimentos e, dessa forma, facilitar a abordagem clínica dos doentes com patologia digestiva.

Pedro Narra Figueiredo

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AAINE – anti-inflamatórios não esteroides ALT – alanina aminotransferase

Bbpm – batimentos por minuto

CCPRE – colangiopancreatografia retrógrada en-

doscópica CPRM – colangiopancreatografia por resso-

nância magnética

DDII – doença inflamatória intestinalDPOC – doença pulmonar obstrutiva crónica DUP – doença ulcerosa péptica

EECG – eletrocardiogramaEDA – endoscopia digestiva altaETE – esfincterotomia endoscópicaEV – endovenoso

FFHA – falência hepática aguda

HHDA – hemorragia digestiva altaHDB – hemorragia digestiva baixa HDM – hemorragia digestiva média

Siglas e Abreviaturas

IIBP – inibidor da bomba de protõesID – vezes por diaIECA – inibidores da enzima de conversão da

angiotensina INR – international normalized ratio

LLRA – lesão renal aguda

PPA – pancreatite agudaPBE – peritonite bacteriana espontânea PCR – proteína C reativaPIA – pressão intra-abdominalPO – via oral

RRM – ressonância magnética

SSHR – síndrome hepatorrenal SNG – sonda nasogástricaSIRS – síndrome de resposta inflamatória sis-

témica

TTC – tomografia computorizadaTIPS – shunt portossistémico intra-hepático

transjugular (do inglês, transjugular intrahe‑patic portosystemic shunt)

VVCE – videocápsula endoscópica

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Hemorragia Digestiva Altacapí

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Sara Campos, Mariana Sant’Anna, Ricardo Cardoso

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EPIDEMIOLOGIA A hemorragia digestiva alta (HDA) constitui uma das urgências mais frequentes na prática clínica de um gastrenterologista. As causas mais comuns da HDA são:1. Doença ulcerosa péptica (DUP) (20% ‑50% HDA; DUP duodenal em 17% ‑37%; DUP

gástrica em 11% ‑24%).2. Varizes esofágicas/gástricas (5% ‑20%).3. Laceração de Mallory ‑Weiss (8% ‑15%).4. Erosões esofágicas/gastroduodenais (8% ‑15%).5. Esofagite (5% ‑15%).6. Malformação vascular (5%).7. Tumor do trato digestivo superior (2% ‑4%).8. Fístula aortoentérica.

Em 2%-7% dos casos não é possível identificar uma causa para a HDA e em 16% -20% existe mais do que uma causa a justificar o quadro de HDA.

CLÍNICA

História clínica A HDA deve ser caracterizada conforme os seguintes parâmetros:�� Tipo (oculta ou patente sob a forma de hematémeses, melenas, hematoquézias),

duração, volume e episódios prévios;�� Sintomas associados: astenia, tonturas, síncope, lipotimia, dispepsia, dor abdomi‑

nal, odinofagia, disfagia, perda ponderal, caquexia, anorexia, gengivorragias/epista‑xes/equimoses fáceis, dispneia e precordialgia;

�� Antecedentes pessoais que predisponham para determinada etiologia ou agravem o prognóstico da HDA: doença hepática crónica, alcoolismo crónico, cirurgia car‑ díaca/aórtica, doença renal crónica, patologia cardíaca, cirurgia/radioterapia abdominal ou pélvica, anemia conhecida ou outras patologias do foro gastrointesti‑nal;

�� Medicação habitual: anti -inflamatórios não esteroides (AINE), antiagregantes pla‑quetários (AAP), anticoagulantes (AC), ingestão de cáusticos.

As causas de HDA incluem as seguintes, por ordem decrescente de frequência: DUP, varizes esofagogástricas, síndrome de Mallory ‑Weiss, erosões esofágicas/gastroduo‑denais, esofagite, malformações vasculares, tumores do trato digestivo superior e fístula aortoentérica. Especificando cada uma das etiologias:1. DUP: a HDA por DUP pode ser manifesta, com hematémeses ou melenas, ou oculta,

com anemia ferropénica. Encontra ‑se frequentemente associada a história de epigastralgias tipo queimadura, com ou sem irradiação (hipocôndrio esquerdo se gástrica, hipocôndrio direito se duodenal), em relação com a alimentação ou toma de antiácidos (agravamento da dor se gástrica, alívio se duodenal), com predomínio

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Hemorragia Digestiva Médiacapí

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Diogo Branquinho, Inês Cunha, Pedro Narra Figueiredo

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INTRODUÇÃO A patologia do intestino delgado, tendo em conta a sua localização, mobilidade e com‑primento, foi, até há alguns anos, um desafio na prática clínica, com necessidade de se recorrer a exames com baixa acuidade diagnóstica e, frequentemente, a intervenções cirúrgicas. Entendia ‑se, assim, a utilização do termo “hemorragia digestiva obscura” para designar os casos de hemorragia com sede no intestino delgado. Com o advento da videocápsula endoscópica (VCE) e da enteroscopia profunda, esta designação foi gradualmente abandonada, sendo utilizada hoje em dia apenas quando não é possível identificar a fonte da hemorragia, após estudo adequado do intestino delgado.

EPIDEMIOLOGIA A hemorragia digestiva média (HDM) é um evento relativamente raro, representando apenas 5% ‑10% do total de casos de hemorragia digestiva. As lesões que lhe dão origem encontram ‑se localizadas entre a ampola de Vater e a válvula ileocecal e po‑derão ser diferentes de acordo com a idade. Assim, no doente com mais de 40 anos esperamos encontrar as angiectasias (20% ‑30% dos casos de HDM) e a enteropatia associada à toma de anti ‑inflamatórios não esteroides (AINE). Já nos mais jovens, en‑contraremos com mais frequência achados compatíveis com doença de Crohn ou o di‑vertículo de Meckel. Outras causas comuns em todas as faixas etárias são os pólipos, por vezes em contexto de síndromes polipósicas familiares, as neoplasias [tumores de estroma gastrointestinal (GIST), tumores neuroendócrinos, linfomas] ou a lesão de Dieulafoy. De entre as causas menos frequentes, refiram ‑se as varizes ectópicas ou as fístulas aortoentéricas (Quadro 2.1).

Quadro 2.1 Causas de HDM.

Causas comunsCausas raras

<40 anos >40 anos

• Doença inflamatória intestinal• Divertículo de Meckel• Neoplasia (GIST, linfoma, adeno‑

carcinoma, tumor neuroendró‑crino)

• Lesões de Dieulafoy• Síndromes polipósicas

• Angiectasias• Enteropatia por AINE• Neoplasia (GIST, linfoma, ade‑

nocarcinoma, tumor neuroen‑drócrino)

• Lesões de Dieulafoy• Síndromes polipósicas

• Enteropatia hipertensiva/vari‑zes ectópicas

• Síndrome de Osler ‑Weber‑‑Rendu

• Fístula aortoentérica• Amiloidose• Púrpura de Henoch ‑Schönlein

CLÍNICA Tal como em qualquer outro caso de hemorragia, a avaliação inicial do doente é crucial, devendo incluir a forma de apresentação clínica e a apreciação do status hemodinâmico. Assim, há que distinguir entre hemorragia digestiva patente ou oculta. A primeira manifesta ‑se por sintomas ou sinais identificáveis pelo doente, como melenas ou

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sHemorragia Digestiva Média 13

Se estes procedimentos forem também inconclusivos, a repetição de exames já reali‑zados poderá ser equacionada. A utilização de agentes provocativos como anticoagu‑lantes ou vasodilatadores deixou praticamente de ser utilizada. A abordagem da HDM encontra ‑se esquematizada na Figura 2.1.

Doenteinstável

Embolização

Considerarcirurgia

Considerar cirurgia

Angiografia± Angio‑TC

Oculta

EDA: endoscopia digestiva alta; GV: glóbulos vermelhos

Suspeita de hemorragia

digestiva média

Considerarrepetir EDA

oucolonoscopia

Se suspeita deobstrução

Videocápsula(VCE)

Tratamento dirigido (cirurgia,

enteroscopia)

Após VCE e entero‑TCnegativa

Vigilância,medicar

com ferroCintigrafia com GV marcados/Meckel,

enteroscopia, repetir VCE

(+)

Não

Sim

+

0

Videocápsula(VCE)Entero‑TC

Necessidade de continuar

estudo?

Doenteinstável

Estabilização

0

Figura 2.1 Algoritmo de abordagem da HDM.

A hemorragia digestiva oculta com sede presumida no intestino delgado é investiga‑da sobretudo em ambulatório e obedece aos mesmos princípios já elencados para a hemorragia ativa. A enteroscopia com endoscópio convencional, designadamente a assistida por dispo‑sitivo, veio mudar a abordagem da patologia do intestino delgado. Há várias modalida‑des de enteroscopia, das quais se destacam as seguintes:�� Enteroscopia de pulsão (push enteroscopy): recorre a aparelho próprio ou colonos‑

cópio pediátrico, que progride até 70 cm para além do ligamento de Treitz. A acui‑dade diagnóstica é inferior à da VCE, mas pode ser útil como exame de second look já que se concentra no duodeno e jejuno proximal, local onde a VCE apresenta menor sensibilidade;

�� Enteroscopia de duplo balão (DBE, do inglês double baloon enteroscopy): utiliza um enteroscópio, um sobretubo e um sistema com dois balões insufláveis. A progressão é obtida através do método push and pull, com insuflação alternada de cada um dos balões. Pode ser realizada por via anterógrada (para lesões nos dois terços

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Manual de Urgências em Gastrenterologia32

múltiplos objetos ou de objetos com elevado risco de complicações, dano extenso da mucosa ou de impossibilidade de extração, o doente deve ser internado para vigilância clinica. Concomitantemente, devem ser tomadas as seguintes atitudes:�� Objeto pontiagudo – radiografia diária para avaliar a sua progressão; se não progre‑

dir ou se surgirem complicações, encaminhar para cirurgia; �� Baterias que já ultrapassaram o duodeno – radiografia a cada 3 ‑4 dias para avaliar

a sua progressão; se não progredir, encaminhar para cirurgia;

Tabela 5.3 Acessórios endoscópicos consoante o corpo estranho.

Tipo de corpo estranho Material endoscópico recomendado

Objetos contundentes Pinça dente de rato, pinça com garra, pinça aligator, ansas de polipectomia, cesta de dormia, Roth Net® retriever, PolyCatch

Objetos pontiagudosPinça dente de rato, pinça com garra, pinça aligator, ansas de polipectomia, cesta de dormia, Roth Net® retriever, PolyCatch – com auxílio de sobretubo ou de capuz de proteção

Objetos compridos/largos Ansas de polipectomia, cesta de dormia, Roth Net® retriever

Bolo alimentar Pinça com garra, pinça endoscópica de 3 (tripé) ou 4 braços, ansas de polipec‑tomia, Roth Net® retriever

Ingestão de corpo estranho/ /impactação alimentar

Recomendado retirar em 12‑24

horas

Estridor ou obstrução da

via aérea?

Evidência clínica ou radiológica de

perfuração/ /complicações?

Objetos radiopacos?Desconhecimento do tipo de objeto

ingerido?

Impactação alimentar?

Sim Sim Radiografia cervical/ /tórax/abdómen

Obstruçãocompleta

Obstruçãoincompleta

Endoscopia urgente

(<24 horas)

Endoscopia emergente

(<2‑12 horas)

Visualizado?

Sim Não

Radiografia de perfil

Endoscopia digestiva alta

Cirurgia Endoscopia digestiva alta

Sinais de peritonite/

/perfuração

TCEndoscopia

contraindicadaAvaliação imediata e

proteção da via aérea

NãoSim

Figura 5.1 Abordagem inicial do doente.

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sColangite Aguda 51

Tabela 7.2 Antibioterapia empírica na colangite aguda.

Regime terapêuticoDose (adulto)

Função renal normal

ClCr 50-90 ClCr 10‑50 ClCr <10

1.ª linha

β ‑lactâmico/inibidor β ‑lactamase

Piperacilina‑tazobactam 3,375 ‑4,5 g EV6/6 ‑8/8 horas NA 2,25 g EV

6/6 horas2,25 g EV8/8 horas

Cefalosporina 3.ª geração + metronidazol

Ceftriaxona 1 ‑2 g EV 24/24 horas NA NA NA

Metronidazol 500 mg EV8/8 horas NA NA 250 mg EV

8/8 horas

Alternativo

Fluoroquinolona + metronidazol

Ciprofloxacina 400 mg EV12/12 horas NA 400 mg EV

24/24 horas

Metronidazol 500 mg EV8/8 horas NA NA 250 mg EV

8/8 horas

Carbapenem

Imipenem ‑cilastatina 500 mg EV6/6 horas

250 mg EV 6/6h ‑8/8

horas

250 mg EV8/8

horas‑‑12/12 horas

125 ‑250 mg EV12/12 horas

Meropenem 1 g EV8/8 horas NA

1g EV12/12 horas

500 mg EV24/24 horas

Ertapenem 1 g EV24/24 horas NA 500 mg EV

24/24 horas

500 mg EV24/24 horas

ClCr: clearance da creatinina; NA: não aplicável

BIBLIOGRAFIA Afdhal NH. Acute cholangitis, UpToDate [web page]. Canada: Wolters Kluer; 2017 março [updated

18 de março de 2016; acedido a 20 de setembro de 2016].American Society of Gastrointestinal Endoscopy (ASGE). The role of endoscopy in the evaluation of

suspected choledocholithiasis – guideline, Gastrointest Endosc. 2010; 71(1):1 ‑9.Friedman LS, Liver, biliary tract, & pancreas disorders, in McPhee SJ, Papadakis MA, Rabow MW,

editors. Current medical diagnosis & treatment, 55th ed. New York: McGraw ‑Hill LANGE; 2016. pp. 806 ‑815.

Greenberger NJ, Paumgastner G, Diseases of the gallbladder and bile ducts, in Longo DL, Fauci AS, editors. Harrison’s Gastroenterology and Hepatology, 2nd ed. New York: McGraw ‑Hill Educa‑tion; 2013. pp. 458 ‑74.

Takada T, Strasberg SM, Solomkin JS, et al. TG13: Updated Tokyo Guidelines for the management of acute cholangitis and cholecystitis, J Hepatobiliary Pancreat Sci. 2013; 20(1):1 ‑7.

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MANUAL de URGÊNCIASem GASTRENTEROLOGIAManual de Urgências em Gastrenterologia é uma obra que se encontra incluída na coleção Manual LIDEL e, na tradição dos restantes livros da mesma coleção, foi construída com base na vivência dos médicos que tratam diariamente os doentes, neste caso com patologia digestiva, em contexto de urgência. Organizando os temas de forma muito prática, engloba as patologias do tubo digestivo, do fígado e do pâncreas que podem surgir. Os últimos quatro capítulos, versando as perturbações do equilíbrio ácido-base e hidroeletrolíticas, e a insuficiência respiratóriae a insuficiência renal aguda, constituem auxiliares ao diagnóstico e ao tratamento destes doentes dado que estas, frequentemente, complicam ou coexistem com a patologia digestiva de base. Esta obra, escrita por especialistas na área, dirige-se a todos os profis-sionais que se confrontam com frequência com as situações clínicas nela abordadas. Assim, destina-se não só a gastrenterologistas, mas ainda a internistas, a cirurgiões e a médicos de Medicina Geral e Familiar, que aqui poderão recolher informações importantes para a sua prática clínica diária. Os internos e os alunos de Medicina são, naturalmente, igualmente destinatários desta publicação.

Pedro Narra Figueiredo:

Especialista em Gastrenterologia desde 1995; Especialista em Hepatologia pela Ordem dos Médicos desde 2005; Doutorado em Gastrenterologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra desde 2006; Presidente da Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (2013-2015); Presidente do Colégio de Gastrenterologia da Ordem dos Médicos (2015-2017); Professor Associado com Agregação da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra; Assistente Hospitalar Graduado no Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

7,5cm x 21cm

Meio século de saberwww.lidel.pt

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URGÊNCIAS EM GASTRENTEROLOGIAM

ANUAL DE

7,5cm x 21cm9,5 mm 13,5cm x 21cmPedro Narra Figueiredo

MANUAL DE URGÊNCIAS em

GASTRENTEROLOGIA

Grupo LIDELLíder em edições

de medicina

Coleção

MANUAL LIDEL

13,5cm x 21cm

MANUALde

em

Coordenação: Pedro Narra Figueiredo

Guia prático de consulta indispensávelem Gastrenterologia

Textos claros, objetivos e de fácil consulta

Fundamental para uma melhor atuação clínica

URGÊNCIASGASTRENTEROLOGIA

Hemorragia Digestiva AltaHemorragia Digestiva Média Hemorragia Digestiva BaixaIngestão de CáusticosIngestão de Corpo Estranho e Impactação AlimentarColite GraveColangite AgudaFalência Hepática AgudaSíndrome HepatorrenalPeritonite Bacteriana EspontâneaPancreatite AgudaIatrogenia em GastrenterologiaPerturbações do Equilíbrio Ácido-basePerturbações HidroeletrolíticasInsuficiência RespiratóriaLesão Renal Aguda

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Índice

Adriano CaselaAna OliveiraAna Rita Alves Cláudia AgostinhoDavid PerdigotoDiogo BranquinhoElisa Gravito-SoaresInês CunhaMariana Sant'AnnaMarta Gravito-Soares Nuno AlmeidaPaulo FreirePaulo MassinhaPedro Narra FigueiredoRicardo CardosoSandra LopesSara CamposSofia Mendes

Autores

ISBN 978-989-752-292-5

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9 789897 522925

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