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Em Destaque DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS QUARTA-FEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 2016 3 RANKING 1. Hypermarcas 2. EMS 3. Sanofi 4. Takeda 5. Natulab 6. Boehringer 7. Ache 8. Cimed 9. Medquímica 10. Teuto LÍDERES EM VOLUME DE VENDAS Fonte: IMS Health Prescrição Isento de prescrição Total 2011 2012 2013 2014 2015 2011 2012 2013 2014 2015 2011 2012 2013 2014 2015 FONTE: IMS HEALTH NA FRENTE DO BALCÃO Vendas de medicamentos no Brasil Em bilhões de unidades 0,60 0 0 1,50 1,67 1,86 2,02 2,16 0,70 0,76 0,87 0,93 1,01 7% 7% 9% 11% 12% 8% 8% 2,20 2,44 2,73 2,95 3,17 LABORATÓRIOS. As vendas podem aumentar caso a Anvisa autorize a migração de medicamentos com tarja para o segmento isento de prescrição médica ainda no primeiro trimestre de 2016 Indústria espera novas regras para remédio livre de receita FARMACÊUTICA Jéssica Kruckenfellner São Paulo [email protected] As farmacêuticas esperam uma mudança nos critérios de classificação de medicamen- tos isentos de prescrição (MIP) ainda neste trimestre. A medi- da pode liberar 30 novas cate- gorias de medicamentos para venda sem receita médica. Segundo o presidente da Asso- ciação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Pres- crição (Abimip), Jonas Mar- ques, a Agência Nacional de Vi- gilância Sanitária (Anvisa) se comprometeu a resolver a falta de regulação no segmento até o fim de março deste ano. “Estive com os diretores da Anvisa há algumas semanas e eles reconhecem que o Brasil precisa se modernizar em rela- ção a regulamentação de medi- camentos isentos de prescri- ção”, conta o dirigente. Depois de 12 anos pleiteando mudanças e definições claras sobre a regulamentação desses medicamentos junto à Anvisa, Marques acredita que agora o setor poderá se beneficiar da mudança nas diretrizes. “Vamos ter princípios ativos que passarão a ser comerciali- zados como MIP, mas perten- centes a classes terapêuticas que atualmente já são isentas [de prescrição]”, explica. A mudança vai permitir que as farmacêuticas ampliem seus portfólios atuais sem necessa- riamente investir no desenvol- vimento de novos produtos. Para isso, a Abimip pede que a Anvisa se baseie nos modelos de switch (alteração do enquadra- mento da categoria de venda dos medicamentos para MIP) vigentes em outros países. No mercado norte-america- no, citado por Marques como referência para MIP, um remé- dio comercializado por cinco anos e sem nenhum evento ad- verso grave, passa a ser isento de prescrição automaticamente. “São cerca de cinco critérios e o produto passa a ser um MIP. No Brasil ainda não há uma de- finição clara para aprovar isso, o que trava o mercado”, afirma. No ano passado, a venda de MIP no País registrou alta de 9% para 1,01 bilhão de unidades, de acordo com a consultoria IMS Health. O mercado farmacêuti- co como um todo, movimentou 3,17 bilhões de unidades no mesmo período, alta de 8% ante 2014, com MIP respondendo por cerca de um terço do total. Lançamentos Se confirmada a mudança na regulamentação de MIP até o fim de março, novos produtos podem começar a chegar no varejo em um ano, estima o presidente da Abimip. “É pre- ciso um tempo para aprovar a apresentação daquele medi- camento e esse processo deve levar cerca de um ano”, diz. O laboratório brasileiro Aché já tem sete medicamentos, que integram a lista de switch que a Abimip está pleiteando junto a Anvisa, prontos para serem co- mercializados no varejo. “Hoje o Aché está fora do seg- mento de analgésicos, que é o maior no segmento MIP. Mas se a Anvisa acelerar a aprovação desses medicamentos, eu posso lançar produtos nessa área an- tes do previsto no atual mode- lo”, conta o diretor da unidade MIP Aché, César Bentim. Sem confirmação de mudan- ças na Anvisa, a previsão da far- macêutica, atualmente, é lan- çar pelo menos um analgésico como MIP entre 2017 e 2018. Só neste ano, quatro novos produ- tos devem chegar ao mercado. O executivo revela ter ainda o lançamento de mais 15 medica- mentos isentos de prescrição previstos até 2020, que não de- pendem da mudança nas regras atuais da Anvisa. “Nossa meta é estar entre os três líderes do segmento MIP até 2030. Para atingir isso, sabe- mos que temos que acelerar o crescimento da unidade de MIP e o lançamento de produtos é parte importante dessa estraté- gia”, comenta Bentim. A divisão de MIP responde hoje por 11% da receita do laboratório. Segundo o executivo, a pers- pectiva do Aché para este ano é crescer acima da média do mer- cado. “Se o segmento MIP pode crescer de 10% a 11%, devemos ficar acima disso”, destaca ele. A companhia sul-africana Aspen Pharma também projeta crescimento para as vendas no Brasil. A estimativa é encerrar o atual ano fiscal em junho de 2016 com alta de 13% nas ven- das de medicamentos isentos de prescrição no Brasil. O gerente de marketing da companhia no País, Jackson Fi- gueiredo, conta que as vendas de MIP representam 40% do to- tal comercializado no mercado brasileiro. “As nossas vendas de MIP vêm crescendo muito em função de novos produtos.” Ele afirma ter dúvidas sobre o impacto da mudança no pro- cesso de aprovação de MIP na Anvisa. “O grande gargalo da agência ainda é a fila de libera- ção de novos produtos. Sem acelerar esse processo, não vejo uma grande mudança apenas com novos critérios”, pondera. Consolidação Para continuar crescendo no mercado brasileiro, o executivo revela que a farmacêutica sul-africana pode adquirir no- vas marcas no País. “A compra de medicamentos continua no radar em 2016. Como somos uma companhia que tradicio- nalmente cresce via aquisições, no momento em que o real está desvalorizado olhamos com mais atenção para as possibili- dades aqui e já temos conversas em andamento”, diz ele. Jonas Marques, da Abimip, também observa um maior in- teresse de investidores e empre- sas estrangeiras para possíveis aquisições no Brasil. “Quando levamos em consideração a desvalorização do real, o País está em liquidação, mas ainda há muita dúvida das empresas sobre o futuro do mercado lo- cal”, lembra o dirigente. Na avaliação dele, a consoli- dação global de farmacêuticas, movimento que tem se intensi- ficado nos últimos dois anos, deve se manter em 2016. “Com margens menores e custos maiores, você tem que ganhar em escala, então o caminho é comprar. No segmento MIP não é diferente”, comenta Marques. DREAMSTIME Laboratórios que atuam no Brasil reclamam da falta de regulação clara para destravar o mercado de MIP 1. Dorflex 2. Salonpas 3. Dipirona Sódica 4. Buscopan Composto 5. Dipmed 6. Histamin 7. Vick Vaporub 8. Expec 9. Maxalgina 10. Neosaldina MEDICAMENTOS MAIS VENDIDOS

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Em DestaqueDIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS � QUARTA-FEIRA, 17 DE FEVEREIRO DE 20 1 6 3

RANKING

1. H y p e r m a rc as2. EMS3. Sanofi4. Ta k e d a5. N atu l a b6. Boehringer7. Ache8. Cimed9. Medquímica10. Teuto

LÍDERES EMVOLUME DE VENDAS

Fonte: IMS Health

Prescrição Isento de prescrição Total

2011 2012 2013 2014 2015 2011 2012 2013 2014 2015 2011 2012 2013 2014 2015

FONTE: IMS HEALTH

NA FRENTE DO BALCÃO

Vendas de medicamentos no Brasil Em bilhões de unidades

0,60 00

1,501,67

1,862,02

2,16

0,700,76

0,870,93

1,01

7%7% 9% 11% 12% 8% 8%

2,202,44

2,732,95

3,17

LABORATÓRIOS. As vendas podem aumentar caso a Anvisa autorize a migração de medicamentoscom tarja para o segmento isento de prescrição médica ainda no primeiro trimestre de 2016

Indústria espera novas regraspara remédio livre de receitaFA R M AC Ê U T I CA

Jéssica KruckenfellnerSão Pauloj e s s i c a . m o ra e s @ d c i . c o m . b r

�As farmacêuticas esperamuma mudança nos critérios declassificação de medicamen-tos isentos de prescrição (MIP)ainda neste trimestre. A medi-da pode liberar 30 novas cate-gorias de medicamentos paravenda sem receita médica.Segundo o presidente da Asso-ciação Brasileira da Indústria deMedicamentos Isentos de Pres-crição (Abimip), Jonas Mar-ques, a Agência Nacional de Vi-gilância Sanitária (Anvisa) secomprometeu a resolver a faltade regulação no segmento até ofim de março deste ano.

“Estive com os diretores daAnvisa há algumas semanas eeles reconhecem que o Brasilprecisa se modernizar em rela-ção a regulamentação de medi-camentos isentos de prescri-ç ã o”, conta o dirigente.

Depois de 12 anos pleiteandomudanças e definições clarassobre a regulamentação dessesmedicamentos junto à Anvisa,Marques acredita que agora osetor poderá se beneficiar damudança nas diretrizes.

“Vamos ter princípios ativosque passarão a ser comerciali-zados como MIP, mas perten-centes a classes terapêuticasque atualmente já são isentas[de prescrição]”, explica.

A mudança vai permitir que asfarmacêuticas ampliem seusportfólios atuais sem necessa-riamente investir no desenvol-vimento de novos produtos.

Para isso, a Abimip pede que aAnvisa se baseie nos modelos deswitch (alteração do enquadra-mento da categoria de vendados medicamentos para MIP)vigentes em outros países.

No mercado norte-america-no, citado por Marques comoreferência para MIP, um remé-dio comercializado por cincoanos e sem nenhum evento ad-verso grave, passa a ser isento deprescrição automaticamente.

“São cerca de cinco critérios eo produto passa a ser um MIP.No Brasil ainda não há uma de-finição clara para aprovar isso, oque trava o mercado”, afirma.

No ano passado, a venda deMIP no País registrou alta de 9%para 1,01 bilhão de unidades, deacordo com a consultoria IMSHe a l t h . O mercado farmacêuti-co como um todo, movimentou3,17 bilhões de unidades nomesmo período, alta de 8% ante2014, com MIP respondendopor cerca de um terço do total.

LançamentosSe confirmada a mudança naregulamentação de MIP até ofim de março, novos produtospodem começar a chegar novarejo em um ano, estima opresidente da Abimip. “É pre-ciso um tempo para aprovar aapresentação daquele medi-camento e esse processo develevar cerca de um ano”, diz.

O laboratório brasileiro Ac h éjá tem sete medicamentos, queintegram a lista de switch que aAbimip está pleiteando junto aAnvisa, prontos para serem co-mercializados no varejo.

“Hoje o Aché está fora do seg-mento de analgésicos, que é o

maior no segmento MIP. Mas sea Anvisa acelerar a aprovaçãodesses medicamentos, eu possolançar produtos nessa área an-tes do previsto no atual mode-l o”, conta o diretor da unidadeMIP Aché, César Bentim.

Sem confirmação de mudan-

ças na Anvisa, a previsão da far-macêutica, atualmente, é lan-çar pelo menos um analgésicocomo MIP entre 2017 e 2018. Sóneste ano, quatro novos produ-tos devem chegar ao mercado.

O executivo revela ter ainda olançamento de mais 15 medica-mentos isentos de prescriçãoprevistos até 2020, que não de-pendem da mudança nas regrasatuais da Anvisa.

“Nossa meta é estar entre ostrês líderes do segmento MIPaté 2030. Para atingir isso, sabe-mos que temos que acelerar ocrescimento da unidade de MIPe o lançamento de produtos éparte importante dessa estraté-g i a”, comenta Bentim. A divisãode MIP responde hoje por 11%da receita do laboratório.

Segundo o executivo, a pers-pectiva do Aché para este ano écrescer acima da média do mer-cado. “Se o segmento MIP podecrescer de 10% a 11%, devemosficar acima disso”, destaca ele.

A companhia sul-africanaAspen Pharma também projetacrescimento para as vendas noBrasil. A estimativa é encerrar oatual ano fiscal em junho de2016 com alta de 13% nas ven-das de medicamentos isentosde prescrição no Brasil.

O gerente de marketing dacompanhia no País, Jackson Fi-gueiredo, conta que as vendasde MIP representam 40% do to-tal comercializado no mercadobrasileiro. “As nossas vendas deMIP vêm crescendo muito emfunção de novos produtos.”

Ele afirma ter dúvidas sobre oimpacto da mudança no pro-cesso de aprovação de MIP naAnvisa. “O grande gargalo daagência ainda é a fila de libera-ção de novos produtos. Semacelerar esse processo, não vejouma grande mudança apenascom novos critérios”, pondera.

ConsolidaçãoPara continuar crescendo nomercado brasileiro, o executivorevela que a farmacêuticasul-africana pode adquirir no-vas marcas no País. “A comprade medicamentos continua noradar em 2016. Como somosuma companhia que tradicio-nalmente cresce via aquisições,no momento em que o real estádesvalorizado olhamos commais atenção para as possibili-dades aqui e já temos conversasem andamento”, diz ele.

Jonas Marques, da Abimip,também observa um maior in-teresse de investidores e empre-sas estrangeiras para possíveisaquisições no Brasil. “Qu a n d olevamos em consideração adesvalorização do real, o Paísestá em liquidação, mas aindahá muita dúvida das empresassobre o futuro do mercado lo-c a l”, lembra o dirigente.

Na avaliação dele, a consoli-dação global de farmacêuticas,movimento que tem se intensi-ficado nos últimos dois anos,deve se manter em 2016. “Co mmargens menores e custosmaiores, você tem que ganharem escala, então o caminho écomprar. No segmento MIP nãoé diferente”, comenta Marques.

D R E A M ST I M E

Laboratórios que atuam no Brasil reclamam da falta de regulação clara para destravar o mercado de MIP

1. D o r f l ex2. S a l o n p as3. Dipirona Sódica4. Buscopan Composto5. Dipmed6. H i st a m i n7. Vick Vaporub8. Expec9. M a xa l g i n a10. N e o sa l d i n a

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