indução hipnótica

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  • 8/11/2019 induo hipntica

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    TCNICAS DE INDUO HIPNOSEDr. Joel Priori Maia

    1Introduo

    As tcnicas de induo hipntica so as mais variadas possveis e podem ser aplicadasisoladas ou em conjunto com outros procedimentos mdicos, odontolgicos e psicolgicos, oque faz a hipnose constituir-se em recurso teraputico de grande valor. Dir-se-ia que existemtantas tcnicas quantos so os hipnotistas, uma vez que cada um desenvolve a sua prpriamaneira de atuao, baseada em sua experincia clnica e profissional, bem como pelo seuconhecimento terico do procedimento.

    Sendo a hipnose um procedimento teraputico que se imbrica, repercute e tem aplicao emquase todas as especialidades mdicas, tem na Psiquiatria, Psicologia e na MedicinaPsicossomtica, o seu campo de ao mais exuberante. Sua grande vantagem reside no fatode que, seja qual for o seu modo de ao, reduz de forma considervel o tempo e a durao dotratamento, o que a faz constituir-se em valioso mtodo de apoio psicoterpico e psicolgico.Alm disso, sua ao no se restringe ao campo psquico ou fisiolgico, pois atua

    indistintamente sobre ambos simultaneamente.

    A escolha da tcnica de induo baseia-se, portanto, na orientao terica e na experincia dohipnotista, o que faz com que a hipnose tenha mltiplos e variadas formas de ser induzida.

    A induo do procedimento hipntico, ou seja, a introduo do paciente no estado de transe,pode ser dividida em trs etapas:

    1) Uma ETAPA PREPARATRIA na qual se estabelece e se refora o relacionamentoprofissional-paciente, tecnicamente chamado de RAPPORT e que pode ser seguido daincluso de alguns testes de sensibilidade. O objetivo desta etapa criar um relacionamento deconfiana no tratamento a que se prope realizar, afastando-se os temores, as tenses e aspreocupaes do paciente. Visa ainda, deix-lo vontade, colaborando desta maneira, para o

    sucesso do mtodo que iremos aplicar. Recomenda-se proceder explicao detalhada doqu, como e para qu se vai utilizar a hipnose no tratamento do caso apresentado pelopaciente. Terminada a explicao, de bom alvitre proceder-se execuo-treino a fim de quepossamos aquilatar se o paciente compreendeu bem a orientao que lhe fornecemos. Aps operodo de execuo-treino, se o paciente compreendeu bem o que se pretende, podemosanim-lo com palavras de incentivo e apoio, perodo ao qual denominamos de animao. Aexplicao, a execuo-treino e a animao fa zem parte dos testes de verificao e sodescritas com maiores detalhes no captulo referente Metodologia do Procedimento hipntico.

    2) Seguindo-se s preliminares acima, adentra-se induo propriamente dita, empregando-seo mtodo indutor escolhido ou de procedimento habitual pelo hipnotista.

    3) Imbricada com a induo, portanto, de limites pouco precisos com esta, segue-se o

    processo com a manuteno e com o aprofundamento do transe, visando o relaxamento fsicoe mental do paciente. Nesta fase, poderemos utilizar os diversos recursos de que o mtodohipntico dispe, como, por exemplo, explorar material reprimido abaixo do limiar daconscincia do paciente ou sugestion-lo. Neste ltimo caso, a sugesto feita em seguida, denominada de sugesto ps-hipntica, isto , formulada para atuar aps o trmino doprocedimento. Seguem-se nesta etapa a superficializao do transe e a dehipnotizao,tambm chamada impropriamente de acordar.

    Neste captulo, nos ocuparemos exclusivamente da induo, citando a seguir algunsprocedimentos mais comuns.

    2Tcnicas mais comuns de induo

    I) De estmulo dbil contnuo ou de fixao sensorial

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    Este procedimento, criado por James Braid, tem sido o mtodo preferido por muitos hipnotistas,desde a sua divulgao, sendo universalmente conhecido.

    De incio, Braid preconizou a fixao do olhar em um pequeno objeto mantido fixo pequenadistncia do paciente e, em posio tal, acima da linha do olhar, que provoca um duploestrabismo convergente. O desvio para cima e para dentro dos globos oculares determina

    acentuada tenso muscular no aparelho visual e, mais precisamente nas plpebras, que setornam pesadas, produzindo cansao visual que leva ao fechamento dos olhos. Sobrevem,ento, em alguns minutos, o estado hipntico.

    Para obter-se esse resultado, solicita-se ao paciente que olhe fixamente para o ponto,concentrando sua ateno sobre ele e solicitando-se que feche os olhos no momento em quesentir as plpebras pesadas, mantendo-as fechadas at o final do procedimento. Enquanto opaciente olha fixamente o ponto, pode-se proceder uma contagem pausada e entre cadanmero citado, sugestion-lo de que cada vez mais os seus olhos estaro cansados, suasplpebras pesadas, etc.

    Posteriormente Braid decidiu aumentar o espao entre o paciente e o ponto de fixao doolhar.

    Em seguida, observou que a fixao visual no era necessria, pois o fator preponderante paraa obteno do transe hipntico era a concentrao sobre uma idia ou objeto e concluiu quea estimulao sensorial era apenas um meio para obter a hipnose como finalidade.

    Cremos ser importante considerar que a primeira experincia de Braid, com o que mais tardedenominou de hipnotismo, ocorreu em um teatro onde se apresentava La Fontaine, mgico,prestidigitador e hipnotizador de palco. Este produzia o transe hipntico no pblico, atravs demanobras nas quais incluia a fixao visual do participante em seus prprios olhos, aos quaisatribua grande poder e que estabeleceriam sobre o outro um estado de submisso,predispondo-o a cumprir as suas ordens. Braid observou que esta submisso era sugeridaverbalmente no perodo em que a sua ateno estava fixa, com o espectador preocupado emmanter os seus olhos fixados nos globos oculares do hipnotizador.

    Deste fato decorreu que Braid passou a valorizar a fixao da ateno sobre um objeto fixo edepois sobre objetos da ideao do paciente, mas os efeitos da estimulao verbal, contnua,dbil, rtmica, montona e persistente so muito importantes na obteno do transe e em suamanuteno.

    Isto tem levado os estudiosos a valorizar os elementos que provocam fadiga sensorial , motoraou mental, bem como os que provocam tenso atravs da monotonia da estimulao, suaregularidade e seu ritmo (geralmente dbil, montono, persistente e repetitivo) como fatoresfacilitadores da entrada do paciente no estado hipntico.

    Kretschemer desenvolveu a LEI DO TRI-TNUS ou Ciclo de Realimentao Progressiva, comofator de grande importncia na induo e manuteno do transe. Assim, o fator que intervir em

    dos trs tnus ( muscular, psico-afetivo ou neuro vegetativo), intervm em seguida nos outrosdois, estabelecendo um ciclo que pode ser assim representado:

    T.M.T.P.A. T.N.V.

    Em conseqncia desse fato, o procedimento de Braid, a fixao do olhar, desenvolveu-se atconverter-se em um elevado nmero de estmulos que so usados por inmeros profissionais.A fixao do olho no olho de La Fontaine, adaptado por Braid para a fixao em um ponto ouobjeto, evoluiu para a espiral contnua e giratria, na areia que cai em uma ampulheta, para abola de cristal, esfera oscilante, pndulos, haste de metrnomo, etc., constituindo-se todos elesem meros artifcios usados para se obter a induo hipntica, to a gosto dos hipnotizadoresleigos ou de palco.

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    Da estimulao visual simples , evoluiu-se para a estimulao sensorial combinada, quando seutiliza a combinao de luz, som, calor, estmulos eltricos intermitentes, etc.

    Muitas das tcnicas, como a do procedimento do Pestanejamento Sincrnico sedesenvolveram partir do procedimento de Braid, quando se visa obter o transe solicitandoque o paciente fique olhando um determinado ponto, abrindo e fechando as plpebras

    enquanto se procede a uma contagem lenta e progressiva.

    A) Estimulao Auditiva

    O som, emitido de maneira dbil rtmica, montona e persistente fator de grande importnciana induo hipntica. Assim, o tic-tac montono de um relgio, o ritmo de um metrnomo, orudo repetitivo de um diapaso, podem perfeitamente induzir o estado hipntico. Porm, oestmulo sonoro mais utilizado a palavra, pronunciada de forma cadenciada. Isto ocorreporque a palavra sendo som, tem altura, timbre e intensidade, alm de ter objetivo, ritmo esemntica, podendo trazer tona recordaes da tenra infncia, quando se ouvia as ternascanes de ninar, com os carinhos caractersticos do perodo em que nos colocvamos sob aproteo materna.

    Por outro lado, ouvir a prpria respirao com determinado ritmo e cadncia, pode induzir ahipnose.

    H autores que utilizam estmulos combinados, como a palavra pronunciada em ambientetranqilo ao mesmo tempo que utilizam msicas suaves de fundo para a obteno do transe.

    B) Estimulaes sensoriais de outra natureza

    Muitas das indues de Mesmer podem ser enquadradas aqui, uma vez que utilizava toques,passes, imposio das mos, vibraes sonoras mecnicas (sillon vibratoire), etc.

    Alguns autores utilizaram a estimulao olfativa atravs de perfumes, outros o fizeram atravsdo tato com aplicao de ondas de calor no corpo. Ainda em relao ao tato, era conhecido o

    poder curativo exercido pelos assim chamados toques reais na Idade Mdia. Os reis eimperadores praticavam a aposio das mos sobre partes do corpo dos doentes, queatribuiam a esse gesto um poder curado r. Isso gerou na poca, a afirmao popular de que orei toca, o rei cura.

    Feret e Binnet relatam caso de estimulao gustativa, embora eles mesmos ponham em dvidasua eficcia.

    C) Ausncia de estimulao

    Alguns autores tm questionado a induo hipntica atravs da fixao sensorial em um nicorgo do sentido, enquanto outros afirmam que apesar deste tipo de estimulao restringir osdemais rgos dos sentidos, tambm determinam um estreitamento da conscincia atravs da

    localizao da ateno em um nico rgo.

    Lemesle criou sua bandeaux hipnogne com a finalidade de eliminar os estmulos visuais eauditivos. Bernhein afirmava que o simples ato de fechar manualmente as plpebras demaneira simpositiva e suave, suficiente para desencadear o estado hipntico.

    Outros autores afirmam que, se estimularmos a induo atravs do rgo sensorialpredominante do paciente, este entrar mais facilmente em hipnose. Teriam sido estes estudosque desencadearam a pesquisa no sentido de se identificar o rgo sensorial preponderantenas aes de cada cliente e que levaram ao estabelecimento de sua classificao em visual,auditivo, olfativo, gustativo e cinestsico, ponto de partida para o desenvolvimento daProgramao NeuroLingustica.

    II) Tcnicas fisiolgicas

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    1) Tcnica de estmulos fortes, sbitos

    o uso de estimulao sbita e violenta que produz uma reao esttica do paciente, a partirda qual se adentra no procedimento hipntico. Baseia-se no fato de que pessoasdesprevenidas submetidas aos estmulos fortes inesperados, provenientes de um susto ou deum acontecimento traumtico e repentino apresentam grande possibilidade de apresentar

    lipotmia ou um estado semelhante catalepsia com tendncia perda momentnea daconscincia.

    Foi utilizada na Escola de Paris, comandada por Jean Marie Charcot que usava estmulosfortes desencadeados por um gongo prximo ao paciente ou flash de magnsio das antigasmquinas fotogrficas frente ao rosto do paciente. Tal procedimento induzia nas pacientes umestado catalptico e segundo a Escola de Charcot, sua eficcia se reduzia a um pequenogrupo que denominava de grandes histricas.

    Esta tcnica caiu rapidamente em desuso e hoje nenhuma das tcnicas que se relacionam aosestmulos fortes utilizada.

    2) Tcnica de estmulao de zonas corporais hipnognicas

    A descrio de zonas corporais especficas, cuja estimulao produziria induo hipntica, foifeita pela primeira vez em Paris por Antoine Pitr em 1891. A tais regies, ele as denominou deZona Hipnognicas e referia que se forem ligeiramente estimuladas por presso,determinariam a introduo do paciente no transe hipntico.

    Sua descrio foi aceita pela Escola de Paris, no Hospital da Salpetrire, que chegou a admitirque o magnetismo animal e os imans de Msmer, bem como os banhos de imerso tpidos ouas aplicaes de calor, acalmavam os pacientes e os induziam hipnose graas estimulaoque produzia nessas zonas. Induz-se deste fato, que alm da existncia das zonashipngenas, haveria necessidade de que o paciente fosse suficientemente sensvel, sendo estaa razo de tal tipo de induo ocorrer com maior facilidade entre histricos.

    Na poca de Charcot, era comum a compresso do globo ocular e do seio carotdeo comoestmulo para a induo ao transe hipntico. Outros ainda, faziam compresso dos meatosauditivos externos ou dos pavilhes. No caso dos olhos e do seio carotdeo, corre-se o risco deobter-se hipotenso arterial, lipotmia, nuseas e vmitos por estimulao reflexa, havendorelatos de parada cardaca produzida por estimulao frnica. No caso da compresso dospaviles e meatos auditivos, o risco maior a ocorrncia de cinetoses rotatrias, lipotmia,nuseas, vmitos, mal estar e hipotenso ortosttica.

    Apesar destes mtodos estarem hoje completamente abandonados, tm sua importnciahistrica, pois este tipo de estmulo serviu na disputa cientfica existente na poca entre asescolas de Paris e de Nancy. Os seguidores de Charcot, que usavam esta tcnica, chamavam-na de Grand Hypnotismeem contraposio aos mtodos sugestivos de Liebault e Bernheim,que denominavam de Petit Hypnotisme. Todavia, disputas parte, s os mtodos sugestivos

    hoje permanecem.

    Cabe ainda assinalar que, o contato com o corpo aquecido da me, bem como massagemcarinhosa e suave, acalmam o beb, induzindo-o ao sono natural. Todavia, resultadosemelhante se obtm com palavras carinhosas e canes de ninar.

    3) Induo atravs da hiperventilao pulmonar

    outro mtodo no qual se tem procurado atravs da hiperpnia ou da respirao forada ouem ambiente rico em oxignio produzir alcalose sangunea e cerebral, propiciar uma entradamais rpida do paciente nos estgios iniciais do procedimento hipntico. Tanto este, como osdemais mtodos assinalados anteriormente, encontram poucos profissionais que seproponham a executar.

    4) Induo atravs de agentes farmacolgicos

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    Assim Como a hipnose tem sido utilizada como agente indutor da anestesia ou redutor deanestsicos, estes tm sido usados na induo hipntica. Assim, muitos foram os autores queprocuraram nas drogas anestsicas o agente ideal para a obteno do estado hipntico. De hmuito tm sido usados sedativos, analgsicos, tranqilizantes e anestsicos com a finalidadede induzir mais facilmente o paciente no transe hipntico, quebrando resistncias porventura

    encontradas. Chegou-se ao extremo de usar drogas entorpecentes e alucingenas com amesma finalidade, o que formalmente contra-indicado.

    Melhores resultados tm sido obtidos com a utilizao de diazepnicos e correlatos, trazendo tona o problema de se estipular a dosagem adequada para tal finalidade, pois muitas dasdrogas utilizadas, ao invs de facilitar a entrada do paciente em hipnose, tiram-no aconscincia e promovem sono medicamentoso indesejvel. Outro fato decorrente da utilizaode drogas na narco-hipnose, relaciona-se ao eventual perigo de que se possam constituir.

    Entre algumas drogas de utilizao mais recente, mas tambm no isentas de perigo,encontramos o Alprazolam, Cloxazolam, Diazepan, Flunitrazepan, Lorazepan, Halcinonida,Midazolam e o Zolpidem.

    5) Induo atravs do sono natural

    Tem sido relatada de h muito o aproveitamento dos estgios de sono natural para a utilizaode sugestes ou como meio de se induzir o estado hipntico.

    O mtodo mais comum converter-se o sono natural em hipnose. Para tal, necessrioestabelecer-se um certo rapport que se observa quando, ao lado do indivduo dormindo, seobserva o ritmo respiratrio e na mesma cadncia pronuncia-se palavras de forma ritmada, debaixa intensidade sonora e altura, constituindo-se em estmulo dbil, rtmico, montono epersistente. Deve-se ainda observar o ritmo respiratrio do paciente durante a induo. Nomomento em que esta se torna rtmica e suave, sem despertar o paciente, eleva-segradualmente o tom de voz at alcanar o ritmo natural. Pode-se ento dar seqncia aoprocedimento iniciado.

    Este tipo de induo tem sido utilizada mas sugestes noturnas para corrigir maus hbitosadquiridos pelas crianas, como a onicofagia, o bruxismo, os tiques e o uso de chupetas.

    6) Outros procedimentos de induo por agentes fisiolgicos

    Baseado nos trabalhos de Isaac Newton e do Padre Maximilian Hell sobre a gravitaouniversal e terrestre, Mesmer desenvolveu sua tese De Magnetu Influxu comentando ainfluncia dos astros sobre o magnetismo terrestre e deste sobre a mente humana. Depois,baseado em suas observaes desenvolveu a teoria da influncia das foras magnticas dosimans e metais sobre os animais como foras curativas, evoluindo ento para o magnetismoanimal. Denominou o transe obtido com a manipulao destas foras de sono magntico,construindo o baquet, espcie de cuba onde existiam hastes mergulhadas em gua, nas

    quais as pessoas seguravam. Tocava uma das hastes energizando a cuba e as pessoasentravam em reaes histricas e convulses que acreditava serem saneadoras das doenasque apresentavam.

    Esse mtodo e outros, como o do Marqus de Puyseguir, seu discpulo, que magnetizavarvores no tm hoje outra conotao seno a histrica, sendo pela sua ineficciacompletamente abandonados.

    III) Tcnicas Psicolgicas de induo

    1) Tcnica sugestiva explcita

    Em 1784, a Comisso Cientfica nomeada por Luiz XVI para investigar as atividades de Franz

    Anton Msmer em Paris, advogou no sentido de que os imans, baquets e o prpriomagnetismo animal no passavam de meios atravs dos quais a sugesto desencadearia os

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    transes. Seguiu-se o Abade Jos Custdio de Faria que reconheceu o papel da sugesto nainduo e manuteno do estado hipntico.

    Coube posteriormente a James Braid, Liebault e Bernheim chamar a ateno sobre oimportante papel da sugesto no desencadeamento e desenrolar da hipnose. Por esta razo,os mtodos sugestivos so at hoje considerados meios indutivos por excelncia.

    Convm aqui definir o que se entende por SUGESTO: Para Andr Weitzenhoffer, seria umaafirmao ou gesto significativo realizado por um hipnotista e dirigido a outra pessoa, opaciente. Neste caso, o profissional o agente sugestionador e o paciente o sugestionado e tal a sua natureza que a idia ou grupo de idias que evoca desencadeia alteraes nosprocessos mentais ou na conduta do sugestionado, sem participao voluntria e consciente.Tais reaes no so inatas ou normais, mas adquiridas ante a afirmao ou gesto concebidocomo estmulo.

    A tcnica sugestiva consiste em essncia, em dizer de modo rtmico e contnuo ao indivduo,que ele vai entrar em um estado de torpor agradvel, semelhante ao sono (ou que vai dormir),com sugestes de que ir progressivamente se relaxando, sentindo-se sonolento e que osolhos esto fechados, com as plpebras cada vez mais pesadas, fechadas, coladas, que a

    sonolncia est cada vez maior, aprofundando, aprofundando, relaxando, dormindo, dormindoprofundamente. tambm chamada de Tcnica Sugestiva do Sono.

    Este procedimento pode ser dividido em quatro fases:

    Preparatria (ou Explicao)Atuao (ou Execuo)SugestoAprofundamento do Transe

    Na fase preparatria, explica-se ao paciente o que se pretende fazer, como se pretende obter otranse e quais as sensaes que ir experimentar. Aps a explicao, pode-se aqui fazer umtreino demonstrativo com o paciente, a execuo-treino, antes de passar para a etapa

    seguinte.

    Na fase de execuo ou de atuao, passa-se a efetuar o procedimento, com sugestes derelaxamento corporal, calma e bem estar afirmando que as sensaes propostas estorealmente ocorrendo.

    Na fase de sugesto reafirmamos de modo enftico as sugestes de relaxamento, calma,sonolncia atravs de sugestes hipnticas simples. Nesta fase, podemos tambm sugerir osinal hipngeno ou signo-sinal.

    No aprofundamento do transe, incluem-se a manuteno do estado hipntico, a sugesto ps-hipntica e a dehipnotizao (acordar).

    Os mtodos sugestivos atuais iniciam-se com maior facilidade atravs da visualizao cnica ese aprofundam mais facilmente com a utilizao da imaginao, fantasias e metforas.

    Vrios autores se utilizaram deste procedimento, podendo-se citar entre eles Wells, Schneck,Watkins, Adler, Rosen e Stokvis. Rosen denominou a essas tcnicas de MTODOSENSOMOTOR, desenvolvendo um procedimento difcil de descrever nas formas maissimples. Ele procura fazer com que o paciente responda a uma ou a vrias sugestes simplese assim como existe uma progressiva sensibilizao com o decorrer do procedimento, h cadavez maior concentrao da ateno medida que se evolui em direo a um determinadoobjetivo. Nas formas mais complexas, oferecem-se sugestes de modo indireto, ocorrendo suaintegrao em diversos aspectos da conduta espontnea do paciente, que so utilizadas comoparte da induo.

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    Esta tcnica, apesar de individual e de exigir muita habilidade do profissional, guarda certarelao com um caso descrito por Erickson e Kubie, onde a hipnose foi obtida de formaindireta.

    Os mtodos citados so de grande utilidade nos casos de difcil tratamento atravs da hipnose.

    2) Tcnica da visualizao cnica

    Esta tcnica, tambm chamada de concentrao psquica, consiste em levar o paciente avisualizar uma srie de cenas ou acontecimentos e se fixar nelas . Acredita-se que estasimagens desempenham um papel substitutivo dos objetos de fixao habitual, embora suaefetividade obedea a outros fatores. Quando combinada com sugestes diretas muito eficaz.

    Moraes Passos utilizava o prprio ambiente em que o paciente vive, reside, trabalha oudesempenha suas funes, utilizando a sua imaginao para que se sinta vontade, obtendoassim um aprofundamento maior e uma induo mais rpida do estado hipntico. So estascaractersticas que fizeram de seu mtodo, um procedimento moderno e de grande eficincia.

    3) A tcnica da transferncia e do manejo das necessidades

    Trata-se na verdade de uma tcnica complementar dos mtodos de sugesto. Como a hipnoseproduz um estreitamento de conscincia, interessante observar que esse fato produz umaconcentrao da ateno que acaba centralizada no hipnotista e, depois, no estmulo indutordo procedimento, por exemplo, ao ritmo de voz utilizada.

    Esta concentrao da ateno produz na induo o fenmeno da hipermnsia que permiteacessar com maior facilidade os nveis mais profundos, situados abaixo do limiar daconscincia. O material aflorado, por sua vez, pode ser manipulado em situao detransferncia na qual se utilizam e se analisam as necessidades do paciente para fortalecer ainduo. importante frisar que a manipulao das necessidades no tenha necessariamenteque coincidir com a manipulao das necessidades.

    No que diz respeito transferncia, a hipnose til at mesmo para auxiliar na sua dissoluo.Na hipnoanlise, por exemplo, o paciente projeta de maneira extremamente ntida os seusconflitos na pessoa do profissional, reavivando suas reaes emocionais e sob o impactodessas emoes, geralmente relembrando as suas origens. Na dissoluo da transferncia, ahipnose eficaz quando auxilia o paciente a efetuar uma integrao sem o sofrimento, sem oprolongado tempo e os desgastes que ocorrem em uma anlise feita sem hipnose.

    Isto ocorre de uma forma rpida e eficiente, ajudando-o a promover a redistribuio de suasenergias, de acordo com a orientao traada pelo desenvolver da anlise e no de acordocom aquelas que haviam desencadeado o quadro neurtico e que se comprovou seremsignificativamente patolgicas.

    As situaes afloradas podem ainda, ser manipuladas nas chamadas Tcnicas Avanadas da

    Hipnoterapia, como por exemplo, Hipnoanlise, Hipnossntese, Escrita Dissociada, n and OutMethod, Distoro do Tempo (progresso e regresso), Hipnoplastia, etc.

    Esta prtica exige muita habilidade do profissional e muito til em inmeras situaes com asquais nos defrontamos, pois representa considervel economia de tempo e um mnimo desofrimento da parte do paciente.

    4) A tcnica da sugesto extra-verbal, intra-verbal e implcita. A pseudo-sugesto

    A ao da sugesto sobre o hipnotizado ocorre mesmo que no seja verbal e nem necessrio que ela seja direta ou explcita. A movimentao cadenciada do profissional,prximo ou ao redor do paciente, os trejeitos, as expresses e as inflexes de voz podem seragentes desencadeantes do transe hipntico.

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    As reaes enfticas incluem elementos de sugesto e provvel que ocorra o mesmo emalgumas formas de conduta imitativa.

    O emprego de elementos no verbais ou extra-verbais que fazem parte intrnseca do meio oudos agentes utilizados, constituem o que chamamos de sugesto implcita. Assim, pontosluminosos mveis e luzes que piscam, tm sido utilizadas na obteno do estado hipntico por

    cansao palpebral pois acabam produzindo o fechamento das plpebras. Outrosprocedimentos como por exemplo, a fixao do olhar em uma ampulheta, acompanhando aqueda da areia em seu interior, ou em um pndulo mvel, ou ainda, na ponta da haste de ummetrnomo, possivelmente obtenham os mesmos resultados, pois aqui tambm ocorre ocansao palpebral e dos olhos, induzido pela fixao visual em um objeto ou ponto que semovimenta rtmica e continuamente.

    O uso de artifcios para que o paciente creia que certos atos que executa so resultados deuma induo iniciada, constituem os chamados mtodos pseudo-sugestivos. Esto ente elesos testes utilizados pelos hipnotizadoes de palco, como o balanceio, a fixao das mos emuma parede, os dedos entrecruzados que se elevam acima da cabea durante movimento emque a palma das mos fica voltada para fora, a reverso do olhar para cima, causando cansaovisual e palpebral e a compresso do globo ocular e do seio carotdeo. Incluem-se entre estas

    tcnicas, a hiperventilao respiratria produzida pela hiperpnia.

    Dos procedimentos assinalados, contra-indicamos formalmente a compresso dos globosoculares e dos seio carotdeo, pelas implicaes que podem desencadear.

    Na maioria dos casos, os mtodos pseudo-sugestivos supem um certo teor de sugestoefetiva e so de grande valor na obteno da induo hipntica.

    5) Tcnicas mistas

    Podemos afirmar que existem tantas tcnicas de induo hipntica quantos forem os queutilizam a hipnose em seus procedimentos.

    Da mesma maneira, grande parte dos profissionais utilizam no uma, mas vrias das tcnicasassinaladas, pois os efeitos de cada um dos mtodos adotados so somatrios. Por outro lado,quando vrios mtodos so utilizados em conjunto, isso produz em relao induo, um certosinergismo de ao que permite ao paciente adentrar mais rapidamente no transe hipntico.

    interessante considerarmos, ainda, que entre um paciente e outro h grandes diferenas nasreaes que apresentam perante uma ou outra tcnica. Neste caso, o emprego de mtodosmistos aumenta a possibilidade de se obter uma maior profundidade do transe, especialmenteporque no se conhecem maneiras de determinar qual o procedimento mais eficiente epreciso. A combinao de vrias tcnicas aumenta essa probabilidade e a margem desegurana.

    O ambiente tranqilo, acolhedor e silencioso (ou com msica suave de fundo), a temperatura

    adequada, os olhos fechados, a sugesto de que as plpebras permanecero fechadas ecoladas enquanto se utiliza estimulo verbal ou de outra natureza, de forma rtmica, montona epersistente, constituem-se em fatores que produziro no paciente um estreitamento deconscincia que certamente o induzir hipnose. Tal estreitamento, possivelmente decorrenteda ao da sugesto, da fixao da ateno, do aumento da concentrao sobre um objeto ouo que ouve e sente, certamente desencadear uma exacerbao da memria e o estadohipntico partir da estimulao sensorial.

    Com efeito, a combinao da fixao visual ou da ateno com a sugesto estimulando, porexemplo, a audio, de forma sucessiva ou simultnea, estimula a imaginao semelhanada produo de sonhos e aprofundar o estado hipntico. Alm disso, tem-se observado quegrande parte dos hipnotistas utilizam sugestes implcitas e pseudo-sugestes de um modobastante amplo, obtendo resultados animadores.

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    Finalmente, um grande nmero de profissionais compreendeu a importncia de manipular asituao de transferncia e contra-transferncia e a utilizar os prprios comportamentos dospacientes ou suas necessidades para induzir e aprofundar o transe hipntico, com resultadostambm promissores. Erickson foi o grande mestre que utilizou o comportamento que opaciente exibe para a induo e manuteno do estado hipntico, formulando metforaselaboradas com dados obtidos na anamnese.

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