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Universidade Estadual de Goiás Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas Química Industrial Processos Industriais Orgânicos Prof.: Dr a Caridad Noda Perez INDÚSTRIA DE POLPA E PAPEL Acadêmicos: Allan Barsanulfo Borba Júnior Flávio Barbosa de Melo Laís Camargo Lacerda Medrado Murilo Cabral Campos Paula Letícia de Melo Souza Thiago Lopes

Indústria de papel e celulose

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Page 1: Indústria de papel e celulose

Universidade Estadual de Goiás

Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas

Química Industrial

Processos Industriais Orgânicos

Prof.: Dra Caridad Noda Perez

INDÚSTRIA DE POLPA E PAPEL

Acadêmicos:

Allan Barsanulfo Borba Júnior

Flávio Barbosa de Melo

Laís Camargo Lacerda Medrado

Murilo Cabral Campos

Paula Letícia de Melo Souza

Thiago Lopes

Anápolis, maio de 2010.

Page 2: Indústria de papel e celulose

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

História

Perspectivas do Setor

MATÉRIAS-PRIMAS

Matérias-prima Fibrosas

Matérias-prima Não-Fibrosas

OPERAÇÕES DE PREPARAÇÃO DA MADEIRA

Descascamento

Picagem

Classificação e Estocagem dos cavacos

PROCESSOS PARA PREPARAÇÃO DA PASTA CELULÓSICA –

DESLIGNIFICAÇÃO

Processo Mecânico

Processo Termomecânico

Processo Semiquímico

Processo Kraft

Processo Químico – Sulfito

Processo Químico – Sulfato

PROCESSAMENTO DA PASTA CELULÓSICA

Desfibramento

Lavagem

Depuração e Limpeza da pasta

Secagem e Desaguamento

BRANQUEAMENTO DA PASTA CELULÓSICA

PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO PAPEL

Máquina de Papel

Page 3: Indústria de papel e celulose

Fabricação do Papel

DESCRIÇÃO DO PROCESSO KRAFT

IMPACTOS AMBIENTAIS

Uso das Melhores Tecnologias Disponíveis (BATs)

Enzimas na Indústria de Papel e Celulose

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Page 4: Indústria de papel e celulose

1. INTRODUÇÃO

O papel é um dos materiais mais importantes e versáteis que conhecemos e é

difícil imaginar como seria o nosso dia-a-dia sem ele. Suas propriedades químicas e

físico-mecânicas permitem inúmeras aplicações. Assim, papéis que serão usados para

escrita e impressão, como os usados em cadernos e livros, devem ser bem lisos e

opacos; aqueles usados na produção de jornais não precisam ter grande durabilidade

com relação à brancura, mas devem resistir à tração a que são submetidos nas máquinas

de impressão. Já os papéis sanitários, guardanapos, papéis toalha e higiênicos e os

usados em fraldas descartáveis e absorventes devem ser macios. Por outro lado, os

papéis usados em embalagens (caixas e sacos) devem apresentar boa resistência, pois

não podem romper-se com facilidade. Os fatores que determinam essas propriedades

dos papéis estão relacionados, principalmente, à matéria-prima, aos reagentes químicos

e aos processos mecânicos empregados em sua produção. 1

1.1 História

Desde os tempos mais remotos, o homem utilizou diferentes materiais para

registrar sua história. Os primeiros suportes empregados foram as cascas e folhas de

algumas plantas, rochas e argila, além de peles e ossos de animais. Placas de madeira,

recobertas ou não por uma fina camada de cera, e placas de metais, como o bronze e o

chumbo, também foram utilizadas para os mais variados fins. 1

Dos produtos vegetais empregados para a escrita, o papiro foi o que alcançou

maior importância histórica. Não se sabe ao certo o período exato em que ele passou a

ser empregado com essa finalidade, mas acredita-se que os mais antigos datem de 3.500

anos atrás. O papiro foi amplamente utilizado na Antigüidade por egípcios, fenícios e

gregos e, também, por povos da Europa durante a Idade Média. Entretanto, o seu

escasseamento, associado à impossibilidade de importação em função das guerras, levou

à procura de novos materiais para a escrita. Um dos principais substitutos, o

pergaminho, já era conhecido e foi o material mais amplamente empregado durante os

séculos IV a XVI. 1

A utilização do papel como suporte para a escrita ocorreu inicialmente na China,

no ano 105 d.C.1. T'sai Lun fabricou pela primeira vez um papel, a partir de uma pasta

Page 5: Indústria de papel e celulose

vegetal a base de fibras de cana de bambu, amoreira e outras plantas, dando origem ao

papel que conhecemos hoje 2.

Este processo consistia em um cozimento forte de fibras, ap.s o que eram batidas

e esmagadas. A pasta obtida pela dispersão das fibras era depurada e a folha, formada

sobre uma peneira feita de juncos delgados unidos entre si por seda ou crina, era fixada

sobre uma armação de madeira. Conseguia-se formar a folha celulósica sobre este

molde, mediante uma submersão do mesmo na tinta contendo a dispersão das fibras ou

mediante o despejo da certa quantidade da dispersão sobre o molde ou peneira.

Precedia-se a secagem da folha, comprimindo-a sobre a placa de material poroso ou

deixando-a pendurada ao ar. Os espécimes que chegaram até os nossos dias provam que

o papel feito pelos antigos chineses era de alta qualidade, que permite, até mesmo,

compará-los ao papel feito atualmente. 3

A expansão para o Ocidente começou em 751, quando prisioneiros chineses

introduziram, na Ásia Central, a indústria do papel. Daí em diante, o uso do papel foi

cada vez mais disseminado e surgiram fábricas em cidades como Bagdá e Damasco. Na

Europa, a primeira fábrica de papel surgiu na Espanha em 1144 e, ao final do século

XVI, o papel já era manufaturado em todo o continente europeu. A fabricação do papel

era, até fins do século XVIII, essencialmente manual. A primeira máquina para

fabricação de papel surgiu somente em 1798, na França. No Brasil, a produção

industrial de papel foi introduzida pelos portugueses no ano de 1890. 1

A indústria de papel e celulose brasileira foi conduzida pelo capital privado,

porém com forte apoio do Estado. Desde o Plano de Metas, este setor expandiu-se na

economia nacional, sobretudo com a política de exploração de eucalipto implementada

em 1957, a qual conferiu ao Brasil uma enorme competitividade e, décadas mais tarde, a

liderança mundial na exploração deste tipo de árvore. A partir de 1968, a política

industrial deste setor sofre uma inflexão e novas prioridades são traçadas para esta

indústria. Dentre elas, a mais relevante foi a ampliação da escala produtiva, a qual

assegurava, à produção, importantes ganhos de produtividade. 4

Conseqüentemente, regras mais rígidas passaram a vigorar – de forma

ilustrativa, plantas produtivas com escalas mínimas, imposição de uma quantidade

mínima de suprimento próprio de fibras, além de estímulos à pesquisa tecnológica para

o uso do eucalipto. Tais diretrizes elevaram a produção brasileira de celulose em sete

vezes ao longo deste período (1957-1973) e conferiram capacidade à indústria nacional

de competir globalmente já em 1974 (JUVENAL e MATTOS, 2002). 4

Page 6: Indústria de papel e celulose

Neste mesmo ano, o Primeiro Programa Nacional de Celulose foi lançado com o

objetivo de modernizar o setor, integrar a exploração da floresta à produção industrial e

ampliar a escala produtiva a fim de que a auto-suficiência brasileira em papel e em

celulose fosse atingida em uma década, aproximadamente. 4

Com todos estes esforços, em meados da década de 1980 “já estava instalada no

Brasil a indústria de celulose e papel em fase de consolidação”, o que permitiu ao

Brasil destaque internacional neste produto. 4

1.2 Perspectivas do Setor

A produção de papel e celulose constitui-se em uma atividade contextualizada

em um mercado de alta competitividade e amplamente globalizado, cujas plantas

produtoras lançam mão de processos tecnológicos relativamente consolidados. Pode-se

dizer, com relativa segurança, que as principais mudanças tecnológicas ocorridas nos

últimos anos foram decorrentes do aperfeiçoamento de equipamentos já consagrados

pelo êxito de sua utilização. 5

A indústria nacional de papel e celulose busca uma maior penetração no terreno

doméstico e internacional e já ostenta a marca de ser o 7º maior produtor mundial de

celulose e 11º no ranking em relação ao segmento de papel. A previsão é de gerar

aproximadamente 60 mil novos empregos. 6

Representantes do setor de papel e celulose prevêem investimentos na ordem de

US$ 14,4 bilhões até 2012 para desenvolver sua capacidade produtiva, após obter

crescimento de 50% nas exportações do ano passado. O objetivo é expandir o volume

de exportações e sanar a demanda interna para diminuir as importações do produto. 6

No Brasil, as produções de celulose e de papel em 2001 foram respectivamente

de 7.405 e 7.354 mil toneladas em 2001. A Figura 1 apresenta os principais tipos de

polpação em 2001 no mundo, enquanto que as Figuras 2 e 3 indicam os principais tipos

de polpação da celulose produzida e os principais tipos de papel produzidos no Brasil

em 2001. 7

Page 7: Indústria de papel e celulose

Figura 1 – Produção mundial de polpa

Figura 2 – Produção de polpa no Brasil em 2001

Page 8: Indústria de papel e celulose

Figura 3 – Produção de papel no Brasil em 2001

A importação de papel é pequena no Brasil e representa menos de 9% em

relação à quantidade produzida. Do total importado em 2001, cerca de 86% referem-se a

papel para revistas e jornais e papel de imprimir e escrever (produzidos com polpa

proveniente de polpação mecânica). O setor de celulose e papel no Brasil em 2001

empregou cerca de 100.000 pessoas, distribuídas em 156 fábricas de papel e em 68

fábricas de celulose. 7

A Associação Brasileira de Celulose e Papel – BRACELPA - estima que 155

milhões de toneladas de polpa de madeira são produzidas por ano e prevê um aumento

de 67% sobre esse valor até 2010. 8

Nas últimas décadas, tem se investido no aperfeiçoamento de tecnologias e

processos maduros. É pouco provável que ocorra um incremento substancial de

produtividade nestas atividades sem haver mudanças sensíveis no processo. Atualmente,

estão sendo pesquisadas algumas novas rotas para os processos de produção, sendo que

as mais promissoras são a polpação biológica, a polpação química com fermentação e a

polpação com solvente orgânico (etanol). 5

2 MATÉRIAS-PRIMAS

Page 9: Indústria de papel e celulose

A maior parte da composição do papel é constituída de celulose, que é a matéria-

prima mais importante no processo. Além desta, também são utilizadas inúmeras

matérias-primas não fibrosas, dependendo do tipo e da utilização do papel. De acordo

com a sua finalidade, os papéis podem ser classificados em impressão, escrever,

embalagem, fins sanitários, cartões e cartolinas e especiais. 7

2.1 Matérias-prima fibrosas

A celulose é não somente a substância orgânica mais abundante na natureza, mas

também, com toda probabilidade, a matéria-prima orgânica mais versátil e, ao mesmo

tempo, a mais simples de substituir. 9

É um composto natural existente nos vegetais, de onde é extraída, podendo ser

encontrada nas raízes, tronco, folhas, frutos e sementes. É um dos principais

componentes das células vegetais que, por terem forma alongada e pequeno diâmetro

(finas), são freqüentemente chamadas “fibras”. Os outros componentes encontrados,

entre os principais, são a lignina e hemiceluloses. 7

A celulose é o componente mais abundante e mais importante economicamente,

já que é o material de maior interesse na fabricação do papel. É como um esqueleto

envolvido pela hemicelulose (recheio), e as duas são envolvidas pela lignina que atua

como um cimento para causar rigidez ao conjunto. 10

A celulose, principal componente da parede celular da fibra, é um polissacarídeo

linear, constituído por um único tipo de unidade de açúcar, possuindo uma estrutura

organizada e parcialmente cristalina, localizada na parede secundária da célula. Pertence

à função química de carboidratos ou, mais corretamente, a dos glicídios. A estrutura da

celulose, exposta na Figura 4, se forma pela união de moléculas B-D-glicose através de

ligações B-1,4-glicosídicas, o que a faz ser insolúvel em água. A celulose é um

polímero de cadeia longa de peso molecular variável, com fórmula empírica (C6H10O5)n,

com um valor mínimo de n = 200; tem uma estrutura linear ou fibrosa, na qual se

estabelecem múltiplas ligações de hidrogênio entre os grupos hidroxilas das distintas

cadeias justapostas de glicose, fazendo-as impenetráveis à água, e originando fibras

compactas que constituem a parede celular dos vegetais. 10 São essas mesmas ligações

de hidrogênio que permitem a formação de folhas de papel: além dos agentes

encolantes, as fortes interações entre as fibras são proporcionadas pelas ligações de

hidrogênio, garantindo a resistência aos papéis destinados a tão variados fins. 1

Page 10: Indústria de papel e celulose

Figura 4 – Estrutura da celulose

As hemiceluloses (ou polioses) são constituídas por diferentes unidades de

açúcares (D-glicose, D-manose, D-galactose, D-xilose, D-arabinose, L-raminose, L-

fucose) e ácidos (acético, 4-O-metilglicourônico, D-galactourônico e D-glicourônico),

expostos na Figura 5, de baixo grau de polimerização, os quais são intimamente

associados à celulose nas paredes celulares, constituídas de hexoses e pentoses neutras,

e quantidades variáveis de ácidos urônicos. São polímeros ramificados, amorfos de

cadeia curta e facilmente hidrolisáveis, que contribuem na textura rígida dos vegetais. 10

Figura 5 – Algumas unidades de açúcares que compõem as hemiceluloses

A lignina é um polímero tridimensional amorfo constituído de um sistema

aromático, heterogêneo e ramificado, que confere resistência e durabilidade ao conjunto

de fibras de celulose. Atua como um composto de ligação da celulose e polioses na

parede celular. Possui composição química complexa, que confere firmeza, rigidez,

impermeabilidade e resistência a ataques microbiológicos e mecânicos aos tecidos

vegetais. Pelo decréscimo que causa na permeação de água por meio das paredes das

células dos tecidos condutores do xilema, a lignina tem uma função importante no

intrincado transporte interno de água, nutrientes e metabólitos. A lignina é um polímero

natural proveniente da condensação desidrogenativa de três alcoóis precursores: trans-

coniferílico, trans-sinapílico, e p-cumarílico que sofrem desidrogenação enzimática,

Page 11: Indústria de papel e celulose

dando origem a radicais fenóxido. A proporção destes três compostos resulta em

diferentes tipos de lignina e, depende, principalmente, da espécie. Em madeiras de

folhosas, existe uma mistura de quantidades significativas de subestruturas guaiacil e

siringilpropano, resultantes da polimerização dos precursores trans-coniferílico, trans-

sinapílico, respectivamente. A estrutura proposta para a lignina da madeira de eucalipto

é exposta na Figura 6. 10

Figura 6 – Estrutura proposta para a macromolécula de lignina da madeira de eucalipto

Os constituintes menores incluem compostos orgânicos de diversas funções

químicas e, em quantidade menos, compostos inorgânicos, proteínas e substâncias

pécticas. Os constituintes menores solúveis em solventes orgânicos, em água, ou ainda

em ambos, são normalmente denominados extrativos. Os extrativos são responsáveis

por determinadas características da planta, como cheiro, resistência natural ao

apodrecimento, sabor e propriedades abrasivas. 10

No Brasil, a produção de celulose e papel utiliza essencialmente espécies de

eucalipto, que levam de seis a sete anos para atingir a idade de corte. Para produzir uma

tonelada de papel são consumidas cerca de 20 árvores de eucalipto. Algumas espécies

de pinus também são utilizadas, principalmente na região Sul do país. A produção de

Page 12: Indústria de papel e celulose

celulose baseia-se principalmente em florestas plantadas, embora alguns países

asiáticos, a América do Norte e a Europa ainda utilizem florestas nativas. 1

No Brasil, as principais áreas de reflorestamento estão localizadas nas regiões

Sudeste e Sul, envolvendo os estados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Santa

Catarina e Rio Grande do Sul. Também há áreas de reflorestamento nos estados da

Bahia, Pará e Maranhão. 1

Figura 7 - Fibras celulósicas

2.2 Matérias-prima não fibrosas

As principais matérias-primas não fibrosas são: 7

2.2.1 Cargas

O processo de adicionar matéria mineral ao papel (massa), antes da formação da

folha, é extremamente antigo, tendo sido praticado desde os primórdios da fabricação

do papel. 7

No princípio não se via a adição de cargas à massa como benéfica e alguns

papéis, que tinham quantidade apreciável de carga, eram considerados adulterados.

Page 13: Indústria de papel e celulose

Mais tarde, com a expansão do uso do papel e o conseqüente aparecimento de vários

novos requisitos, as cargas passaram a ser consideradas como parte integrante e, em

alguns casos, imprescindíveis. 7

Dentre as mais usadas destacam-se: caulim, dióxido de titânio, carbonato de

cálcio, talco, etc. 7

2.2.2 Agentes de Colagem

Vários tipos de papéis, entre eles os de escrever e imprimir, necessitam ter

resistência controlada à penetração de líquidos, em especial a água. Para isto, são

adicionados ao papel produtos que a repelem. 7

Existem dois tipos de colagem feitas na massa: ácida e alcalina. 7

Colagem Ácida:

O material empregado é a cola de resina, derivada do breu. O breu é

saponificado, transformando-se em sal solúvel. Atualmente, além desta reação, é feita

uma outra com anidrido maleico, resultando numa cola fortificada, isto é, com mais

grupos carboxilas livres para reação. 7

Para que a cola de resina exerça sua função é preciso adicionar sulfato de

alumínio, que tem a função de baixar o pH (meio ácido), favorecendo a precipitação da

resina e depositando os flocos de resinato de alumínio, insolúvel, sobre as fibras de

celulose. 7

Colagem Alcalina

Neste caso utiliza-se um composto químico denominado alquilceteno, que reage

com a celulose. A colagem alcalina é normalmente aplicada nos casos em que se

consomem cargas quimicamente ativas, como, por exemplo, o carbonato de cálcio,

quando se deseja papéis mais brancos e com maior resistência. Proporciona, também,

maior vida para o papel e para os equipamentos por onde ele irá passar. 7

2.2.3 Amido

A resistência interna de um papel é geralmente conferida pelo tipo de fibra e

tratamento mecânico dado a ela. Contudo, pode-se melhorar esta característica com a

adição de amido, sendo o de milho o mais utilizado. 7

Page 14: Indústria de papel e celulose

Além da resistência interna, a adição do amido na massa (celulose) proporciona

melhor lisura, maior rigidez, maior resistência à penetração de líquidos e evita a

formação de pó. 7

Os amidos também são empregados para proporcionarem maior resistência

superficial, cujo processo é mais conhecido por colagem superficial, que é aplicado na

prensa de colagem (size press, localizada no meio da secagem da máquina de papel),

quando a folha já se encontra formada e praticamente seca. 7

A colagem superficial, entre outras coisas, dificulta a penetração de líquidos,

aumenta as características mecânicas, a opacidade e a facilidade de impressão. É muito

importante para os papéis de impressão “offset”. 7

2.2.4 Corantes e pigmentos

O tingimento de um papel compreende a utilização de:

• Corantes: na fabricação de papéis coloridos deve-se fazer o tingimento das

fibras com corantes, que são adicionados à massa nos tanques ou “pulpers”;

• Branqueadores Óticos: São agentes de branqueamento usados em papéis

brancos. Estes produtos absorvem a luz na faixa ultravioleta e a emitem no

espectro visível, fazendo o papel parecer mais branco;

• Corantes de Matização ou Anilagem: usados na fabricação de papéis brancos e

têm como função dar uma determinada tonalidade requerida pela especificação,

eliminando o amarelecimento indesejável das matérias-primas;

• Pigmentos: são cargas coloridas para dar cor ao papel. Trata-se de óxidos

metálicos e produtos orgânicos sintéticos. 7

Além dos compostos já mencionados, dependendo do tipo de papel podem ser

utilizados inúmeros outros aditivos, como dispersantes, bactericidas, antiespumantes e

resinas. 7

3. OPERAÇÕES DE PREPARAÇÃO DA MADEIRA

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Antes de ser enviada ao processo de polpação, é submetida a uma série de

operações (Figura 8), com o objetivo de fornecer a madeira na forma e pureza

desejadas, em quantidade suficiente e constante. Estas atividades podem ser mais ou menos

complexas, pois dependem dos tipos de processamento e das instalações existentes nas fábricas. 15

Figura 8 - Fluxograma das operações de preparação da madeira antes da polpação

A madeira é usualmente transportada às fabricas sob forma de pequenas toras

(1,0 a 3,0 metros de comprimento - diâmetro entre 5,0 e 15,0 cm). O meio de transporte

e manuseio da madeira é que vai determinar suas dimensões. Vagões ferroviários e

caminhões são as formas mais freqüentes de transporte. 11

A primeira etapa do processo é o descascamento. A casca da madeira contém

impurezas, tais com areia e tem baixo teor de fibras úteis. Por isso são separadas da

Page 16: Indústria de papel e celulose

madeira e vão constituir combustível para geração de vapor e energia elétrica. O

descascamento é, em geral, processado em grandes tambores cilíndricos, horizontais,

rotativos. 11

A etapa seguinte é a picagem da madeira. Esta operação visa produzir "Cavacos"

com dimensões em torno de 20mm- 25mm, de forma a expor a madeira ao futuro

contato com os produtos químicos e vapor. Os picadores são maquinas rotativas,

providas de navalhas. 11

A seguir, vem o peneiramento dos cavacos produzidos durante a picagem. Esta

operação visa evitar, nas etapas seguintes do processo, cavacos muito grandes ou muito

pequenos. Estas duas frações causariam perda de rendimento e outros inconvenientes

operacionais. 11

3.1 Descascamento

A madeira a ser utilizada para a produção de celulose geralmente é descascada,

pois a casca, além de possuir fibras utilizáveis em uma quantidade relativamente

pequena, consome maior quantidade de reagentes na polpação e no branqueamento,

diminui o rendimento em celulose (produtividade por carga de digestor), torna mais

difícil a lavagem e peneiração, além de afetar negativamente as propriedades físicas do

produto e aumentar o teor de sujeira na pasta 15.

A facilidade, maior ou menor, de se remover a casca depende da:

Forma ou geometria superficial da madeira: quando esta possui uma forma

tortuosa, ou a superfície com rachaduras, ou tocos provenientes de galhos, o

descascamento torna-se muito difícil ou até mesmo impossível, pois o processo

empregado para a remoção das cascas é, na maioria das vezes, por atrito entre

toras e entre toras e superfícies metálicas;

Energia necessária para separar as partes externas (casca) e internas da madeira:

varia conforme a espécie de madeira, conforme a estação do ano e conforme as

condições de estocagem anterior ao descascamento (toras muito secas dificultam

a operação). 15

De um modo geral, não existem normas preestabelecidas que fixem a eficiência

do processo de descascamento e, assim, cada fábrica tem seus próprios padrões, que são

determinados pelas necessidades de produto e pelos equipamentos instalados. 13

Page 17: Indústria de papel e celulose

Existem vários modelos de equipamentos utilizados para o descascamento da

madeira na forma de toras, tais como:

Descascador de tambor;

Descascador de bolsa;

Descascador de anel;

Descascador de corte;

Descascador hidráulico;

Descascador de faca. 12

Dentre todos, os mais utilizados industrialmente são os de tambor e de anel. 12

3.1.1 Descascadores de tambor

Este equipamento, de acordo com a Figura 9, a madeira é alimentada

continuamente, por meio de uma correia transportadora, em um cilindro rotativo de aço

possuindo fendas longitudinais que permitem a saída das cascas. Estes cilindros são

inclinados e giram à baixas velocidades, o que ocasiona o impacto das toras entre si e as

paredes do tambor (providas de saliências longitudinais). 12

Estes impactos ocasionam o rompimento das cascas das toras, as quais são

desprendidas e arrastadas para fora (pelas fendas) mediante jatos d’água (chuveiros)

situados no interior do tambor. 12

O dimensionamento dos tambores depende de inúmeras variáveis, tais como,

taxa de alimentação, comprimento das toras, diâmetro médio das toras, tipo de madeira

(tipo de casca), etc.. O diâmetro pode variar de 2,5 a 5,5 m e o comprimento de 7,0 a

25,5 m. 12

Por exemplo, o diâmetro dos tambores é geralmente de 1,6 a 1,8 vezes o

comprimento das toras, por isso as toras antes de entrarem no descascador são bitoladas

em mesas alinhadoras munidas de serras circulares, de modo a uniformizar seu

comprimento. Devido ao custo destes equipamentos, ele é restringido à indústrias de

produção contínua e de porte razoável. Além disso, estes equipamentos são montados

no perímetro da instalação industrial, onde será acumulada a casca gerada. 12

Page 18: Indústria de papel e celulose

Figura 9 - Descascador de Tambor

3.1.2 Descascadores de Anel

Neste equipamento, de acordo com a Figura 10, a madeira é alimentada

axialmente no centro de um anel rotativo, em cuja periferia estão dispostas,

equiespaçadamente, facas e raspadeiras. Ambas, em ação conjunta, removem a casca. 12

Os descascadores de anel podem ser construídos estacionários ou móveis.

Quando móvel, ele é acoplado em tratores ou caminhões, permitindo seu deslocamento

e operação na área florestal. 12

Page 19: Indústria de papel e celulose

Figura 10 - Descascador de anel

A produtividade destes equipamentos é influenciada por diversos fatores, tais

como: diâmetro e uniformidade da tora, espécie de madeira (e da casca), velocidade e

tipo de alimentação. 12

Com relação à casca gerada nos processos de descascamento, se a madeira é

descascada na floresta ela servirá como formadora de “húmus” no solo. No entanto, se

for descascada na indústria, a casca causará problemas de disposição, uma vez que ela

representa um volume de 10 a 20% do volume total da madeira utilizada. Transportar a

casca para aterro florestal seria muito dispendioso, face à sua baixa densidade aparente.

A alternativa lógica de eliminação das cascas é a sua queima em fornalhas apropriadas

Page 20: Indústria de papel e celulose

para a geração de vapor (fornalha de biomassa), uma vez que o seu poder calorífico é da

ordem de 4.000 kcal/kg, base seca. 12

3.2 Picagem

Quando se pretende realizar um polpeamento químico de uma madeira, esta

deverá ser reduzida a fragmentos (cavacos), de modo a facilitar a penetração do licor de

cozimento. 12

As dimensões dos cavacos deverão obedecer uma distribuição tão estreita quanto

possível, de modo a promover um cozimento bastante uniforme e gerar uma polpa bem

homogênea, evitando desta forma um supercozimento dos menores e um subcozimento

dos maiores (dentro dos limites operacionais fixados). 12

A melhor distribuição de tamanho recomendada situa-se na faixa de 5/8 a 3/4

polegadas, de modo a serem retidos em uma peneira com furos de 1,58 cm de diâmetro. 12

Os fatores mais importantes que afetam a qualidade dos cavacos são:

Direção e velocidade da tora que entra no picador;

ângulo de corte das facas;

velocidade de corte (alta velocidade gera alta produção e grande quantidade de

finos);

troca constante das facas (sempre afiadas). 12

Antes da alimentação no picador, as toras devem ser lavadas afim de retirar areia

ou terra nelas contidas, visando diminuir o desgaste das facas do picador. Além disso, a

madeira úmida é mais facilmente cortada, diminuindo desta forma o consumo

energético e o risco de quebra das facas. Normalmente a madeira entra no picador logo

após sair do descascador (quando for de tambor), vindo portanto lavada e úmida.

Quanto aos equipamentos utilizados, existem basicamente dois tipos de picadores:

de disco com múltiplas facas;

de tambor. 12

3.2.1 Picadores de disco com múltiplas facas

Este equipamento é o mais utilizado industrialmente, o qual, de acordo com as

Figuras 11 e 12, consiste de um disco rotativo de aço, munido de facas (lâminas de

corte) distribuídas na área de uma de suas faces. 12

Page 21: Indústria de papel e celulose

Figura 11 - Picador de disco de múltiplas facas

Figura 12 - Detalhes de um picador de disco

O disco tem um diâmetro que varia de 70 a 450 cm e pode ser equipado com 4,

8, 10, 12 ou mais facas. O disco recebe a madeira através de um bocal que forma um

ângulo de 35 a 45o em relação à face de corte. O ajuste das facas permite regular o

tamanho dos cavacos, os quais são obtidos pelo impacto da tora com as facas, deixando

Page 22: Indústria de papel e celulose

o picador através de fendas existentes no disco. A velocidade de rotação do disco será

regulada em função do diâmetro do disco e do número de facas. Por exemplo, para um

disco com 214 cm de diâmetro, com 12 facas, a velocidade recomendada é de 450 rpm. 12

3.2.2 Picador de tambor

Este equipamento, de acordo com a Figura 13, consiste basicamente de um

tambor de aço com cerca de 1,8 m de diâmetro e de 1,0 a 2,5 m de comprimento. A

madeira é alimentada e prensada contra o tambor, cuja superfície é provida de facas,

girando a uma velocidade de 30 rpm. As toras são mantidas deitadas na câmara de

alimentação, com orientação paralela ao eixo rotacional do tambor. 12

Figura 13 - Picador de tambor

3.3 Classificação e estocagem dos cavacos

Os cavacos que saem do picador são estocados no pátio e, posteriormente, passam por

um sistema classificatório constituído de peneiras vibratórias. 12

Os cavacos graúdos retidos na primeira peneira, de malha mais aberta, são

desviados para sofrerem nova divisão em um outro picador de menor tamanho,

denominado de repicador. Os cavacos que saem do repicador reingressam no sistema

Page 23: Indústria de papel e celulose

classificatório. Os cavacos que passaram através da primeira peneira, caem em outra de

malha mais fechada. Aqueles que ficaram retidos nesta última, constituem o material

aceito para o processo de polpeamento e, os demais que passaram pela peneira

constituem os finos. O material constituído de finos poderá ser polpeado separadamente

(produto de mais baixa qualidade) ou então queimado em caldeiras (mais comum). 12

Quando o processo de cozimento é contínuo, o material aceito é conduzido

diretamente ao processo de cozimento por meio de esteiras transportadoras ou

transporte pneumático. Quando o processo de cozimento é descontínuo (em bateladas),

o cavaco aceito é normalmente estocado no pátio sob a forma de pilhas antes de ser

conduzido ao processo. 12

4. PROCESSOS PARA PREPARAÇÃO DA PASTA CELULÓSICA –

DESLIGNIFICAÇÃO

A obtenção da celulose que será usada na fabricação do papel começa com o

corte das árvores nas áreas de reflorestamento. Após a remoção dos galhos, as toras de

madeira são cortadas em tamanhos apropriados e transportadas para a fábrica. Lá, a

madeira é descascada e as cascas removidas são utilizadas para geração de energia, por

meio de sua queima. As toras descascadas são lavadas e picadas em cavacos com

dimensões específicas, a fim de facilitar a difusão dos reagentes químicos que serão

utilizados. Na forma de cavacos, a madeira está pronta para ir para a polpação. 1

A retirada da lignina é de suma importância, uma vez que a quantidade de

lignina na pasta interfere na coloração e em sua utilização posterior. 13

Existem muitos métodos diferentes para a preparação de pasta celulósica, desde

os puramente mecânicos até os químicos, nos quais a madeira é tratada com produtos

químicos sob pressão e pela ação de calor (temperaturas maiores que 150° C), para

dissolver a lignina, havendo inúmeras variações entre os dois extremos. 7

O processo de polpação tem como objetivo facilitar a separação das fibras e

melhorar suas propriedades para a fabricação do papel. Na polpação por meio de um

processo químico, é retirada da madeira a maior parte da lignina, além de outros

constituintes menos abundantes. Com a utilização desse processo químico, somente

40% a 50% da massa total inicial da madeira é aproveitada. 1

Page 24: Indústria de papel e celulose

Nos processos nos quais a madeira é desfibrada mecanicamente, com mínima

remoção de seus constituintes, há um aproveitamento quase total da madeira e, por isso,

são chamados de polpações de alto rendimento. 1

4.1 Processo Mecânico – MP

Toras de madeira, neste caso preferencialmente coníferas, são prensadas a

úmido, contra um rolo giratório, cuja superfície é coberta por um material abrasivo,

reduzindo-as a uma pasta fibrosa denominada “pasta mecânica” (groundwood),

alcançando um rendimento de polpação que varia de 93 a 98 %. 7

Neste processo não ocorre uma separação completa das fibras dos demais

constituintes, obtendo-se então uma pasta barata, cuja aplicação é limitada, pois o papel

produzido com ela tende a escurecer com certa rapidez, mesmo depois de passar pela

etapa de branqueamento, devido à oxidação da lignina residual. A pasta mecânica pura

ou em composição com outra é muito usada para a fabricação de papel para jornal,

revistas, embrulhos, toalete etc. 7

Page 25: Indústria de papel e celulose

Figura 14 – Fluxograma de uma fábrica de pasta mecânica convencional 14

4.2 Processo Termomecânico – TMP

A madeira, sob forma de cavacos, sofre um aquecimento com vapor (em torno

de 140° C) provocando uma transição do estado rígido para um estado plástico na

madeira e na lignina, seguindo para o processo de desfibramento em refinador a disco. 7

A pasta obtida desta forma tem um rendimento um pouco menor do que no processo

mecânico (92 a 95 %), mas resulta em celulose para a produção de papéis de melhor

Page 26: Indústria de papel e celulose

qualidade, pois proporciona maior resistência mecânica e melhor imprimibilidade, entre

outras coisas. 7

O processo termomecânico é apresentado segundo duas configurações básicas de

equipamentos, sendo que na mais comum o preaquecedor de cavacos é vertical (Figura

15); na configuração fornecida pela C. E. Bauer, o preaquecedor é horizontal (Figura

16). 15

Figura 15 - Processo termomecânico Asplund 22. A – cavacos; B – silo; C – rosca de

alimentação; D – preaquecedor; E – refinador pressurizado; F – ciclone de pasta; G –

refinador atmosférico

Figura 16 - Sistema Bauer com desfibrador pressurizado

Page 27: Indústria de papel e celulose

Figura 17 – Fluxograma simplificado do processo termomecânico

Em adição, vem ganhando muito interesse um tipo de pasta derivado da TMP,

em que um pré-tratamento com sulfito de sódio ou álcali é feito antes da desfibragem,

Page 28: Indústria de papel e celulose

no refinador a disco. Esta pasta é denominada pasta quimiotermomecânica – CTMP

(neutral sulphite semi chemical). 7

4.3 Processo Semiquímico

Neste caso, acrescentam-se produtos químicos em baixas porcentagens para

facilitar ainda mais a desfibragem, sem, contudo, reduzir demasiadamente o rendimento

(60 a 90 %). O mais comum desses processos é conhecido na Europa com a sigla

NSSC. 7

Fazem-se melhoramentos crescentes na tecnologia do polpeamento e da

refinação, de modo que se obtém rendimentos mais elevados de material de melhor

qualidade, o que reduz os despejos e a poluição dos rios. São usados digestores

contínuos rotatórios e estacionários no processo semiquímico (Figuras 18 e 18). 7

Figura 18 – Processo Kraft Semiquímico em batelada

Page 29: Indústria de papel e celulose

Figura 19 – Processo Kraft Semiquímico Contínuo

4.4 Processo Kraft

A madeira, sob forma de cavacos, é tratada em vasos de pressão, denominados

digestores, com soda caústica e sulfeto de sódio. É um processo químico que visa

dissolver a lignina, preservando a resistência das fibras, obtendo-se dessa maneira uma

pasta forte (kraft significa forte em alemão), com rendimento entre 50 a 60 %. É muito

empregada para a produção de papéis cuja resistência é o principal fator, como para as

sacolas de supermercados, sacos para cimento, etc.7

4.5 Processo Químico – Sulfito

É um processo em que os cavacos são cozidos em digestores com um licor

ácido, preparado com compostos de enxofre (SO2) e uma base Ca(OH)2, NaOH,

NH4OH, etc. 7

A pasta obtida desta maneira tem um rendimento entre 40 e 60 % e é de

branqueamento muito fácil, apresentando uma coloração clara que permite o seu uso

mesmo sem ser branqueada. 7

Este processo, que era muito utilizado para a confecção de papéis para imprimir

e escrever, está sendo substituído pelo processo sulfato (principalmente após a

Page 30: Indústria de papel e celulose

introdução do dióxido de cloro no branqueamento), devido à dificuldade de regeneração

dos produtos químicos e as conseqüentes contaminações das águas. 7

4.6 Processo Químico – Sulfato

Utilizam-se os mesmos produtos químicos do processo kraft mas as condições

são mais fortes, isto é, emprega-se maior quantidade de sulfeto e de soda, além do

cozimento ser feito por mais tempo e com temperaturas mais elevadas. 7

É o processo mais usado no Brasil e se presta muito bem para a obtenção de

pastas químicas com eucalipto, ou outras hardwood. Isso porque preserva a resistência

das fibras e dissolve bem a lignina, formando uma pasta branqueável e com boas

propriedades físico-mecânicas. 7

5. PROCESSAMENTO DA PASTA CELULÓSICA

Dependendo do método de preparação (seja processo mecânico, químico, etc.) e

da utilização final, as pastas celulósicas são submetidas a diversas etapas de

processamento. 15

Operações de lavagem, peneiramento e estocagem são necessárias, praticamente,

para todos os tipos de pasta, enquanto a limpeza é somente utilizada quanto à aparência

e grau de pureza são importantes. O desfibramento é requerido para todas as pastas

semiquímicas ou químicas de alto rendimento. A depuração é necessária na produção de

pastas limpas ou destinadas ao branqueamento. A secagem é imprescindível quando o

produto é transportado a distâncias maiores. 15

5.1 Desfibramento

Todas as pastas semiquímicas e químicas de alto rendimento necessitam ser

desfibradas por meio mecânico. Em rendimentos elevados (aproximadamente 80%), a

operação requer elevada quantidade de energia para separar as fibras. Em faixa de

rendimento menor (50 – 65%), requer-se consideravelmente menos energia. Embora o

desfibramento deva ser considerado à parte do refino de pasta feita na fábrica de papel,

alerta-se que a intensidade do primeiro afeta as necessidades de refino. 15

Page 31: Indústria de papel e celulose

5.2 Lavagem

A massa procedente da polpação é lançada no tanque de descarga e consiste,

basicamente, em uma suspensão e fibras no licor de cozimento. Nesta suspensão, a parte

fibrosa representa, a grosso modo, a metade da substância seca da madeira utilizada; o

restante (lignina e outros componentes da madeira) se encontra, em parte, dissolvido no

licor. 15

A operação de lavagem da massa, isto é, a separação do líquido das fibras e a

lavagem destas últimas com água limpa, merece bastante atenção, desde o projeto de

instalação até a rotina de operação, cujos principais objetivos são:

Remover o licor residual que poderia contaminar a pasta durante etapas

subseqüentes do processamento;

Recuperar o máximo de reagentes químicos com uma diluição mínima;

Recuperar os constituintes da madeira dissolvidos no licor para utilizá-los

como combustível. 15

Os filtros rotativos a vácuo constituem ainda, o sistema utilizado na maioria das

fábricas. A lavagem é efetuada nesses filtros ligados em série, em número de 2, 3 ou

mais unidades, operando o sistema em contracorrente (Figura 20). 15

Figura 20 – Sistema de lavagem com filtros rotativos

Page 32: Indústria de papel e celulose

5.3 Depuração de limpeza da pasta

Durante a lavagem da pasta, as impurezas solúveis são removidas; mas, para se

obter uma celulose de alta qualidade, deve-se remover também, as impurezas sólidas,

que podem ser de dois tipos:

De natureza vegetal, com pequenos fragmentos, nós, cavacos (não ou mal

cozidos), estilhas, fragmentos de casca e finos;

De natureza estranha, como areia, pedras, incrustações e fragmentos de

metal. 15

O material de dimensão maior (rejeito) é separado pelos depuradores, enquanto

o restante é retirado pelos limpadores (“centricleaner”) ou, no caso do material de

dimensão mais reduzida, pelas peneiras com tela de tecido de malha bastante densa. 15

5.4 Secagem e desaguamento

A pasta celulósica é produzida para ser utilizada em um fábrica integrada ou

para ser vendida. Nas fábricas integradas, a pasta celulósica, alvejada ou não, segue para

o tanque de estocagem a uma consistência de 10 a 15%, sendo bombeada, a seguir, para

a máquina de papel. Geralmente, a pasta destinada ao mercado, para fins de transporte,

deve ser desaguada, ou na maioria das vezes, seca, enfardada e embalada. Nas

instalações modernas, o sistema de pesagem, embalagem e amarração é totalmente

mecanizado, exigindo um mínimo de mão-de-obra. 15

Geralmente, fatores econômicos aconselham a secagem da pasta para evitar

custos de transporte de volumes apreciáveis de água e para diminuir o seu volume,

permitindo o aproveitamento máximo de um determinado espaço. 15

Quando economicamente conveniente, as pastas celulósicas são despachadas

com umidade de 40 a 60%. O que evita problemas posteriores na separação de fibras,

além de outros relacionados com a secagem. 15

Na maioria dos casos, a pasta é seca até um teor de umidade entre 5 e 10%. O

método dominante é o uso das máquinas de secar, vistas nas Figuras 21 e 22, que,

principalmente, na parte úmida, são muito parecidas as máquinas de papel. 15

Page 33: Indústria de papel e celulose

Figura 21 - Máquina de secar, constituída por tela plana (Fourdrinier) e cilindros

secadores (Sandy Hill-Kamyr)

Figura 22 - Máquina de secar, constituída por cilindros formadores e cilindros secadores

(Sandy Hill-Kamyr)

A folha de pasta celulósica é formada na tela plana (Fourdrinier) ou em um

cilindro formador, com ou sem vácuo. A folha passa pela seção de prensas, como na

máquina de papel, para em seguida passar pelo processo de secagem e evaporação, até

atingir a consistência de pastas secas ao ar. Após a secagem, a folha é cortada no

tamanho apropriado e, depois, empilhada. As pilhas, por sua vez, podem ser

transportadas, desde que estejam comprimidas em fardos devidamente amarrados. 15

O cilindro formador é um equipamento de formação mais barato que a

Fourdrinier, porém apresenta problemas de uniformidade. 15

A secagem pode ser dividida em: etapa de remoção de água situada na superfície

dos aglomerados de fibras e etapa de retirada da água do interior das mesmas. 15

A Figura 23 mostra o fluxograma de um processo típico de secagem instantânea

ou “flash-dryer” de dois estágios. 16

Page 34: Indústria de papel e celulose

Figura 23: Fluxograma de um secador instantâneo ou “flash-dryer” (Flakt). 1 – tanque

de entrada de massa com controle de temperatura; 2 – tanque equalizador e controle de

consistência; 3 – prensa desaguadora; 4 – abridor (Fluffer); 5 – tanque de

reprocessamento; 6 – primeiro estágio – torres secadoras; 7 – primeiro estágio –

ventilador de ar para secagem; 8 – primeiro estágio – ciclone; 9 – segundo estágio -

torres secadoras; 10 – segundo estágio – ventilador de ar para secagem; 11 – segundo

estágio – ciclone; 12 – duto de retorno de ar; 13 – ventilador do estágio de resfriamento;

14 – ciclone do estágio de resfriamento; 15 – tanque de óleo; 16 – bomba de óleo; 17 –

aquecedor de óleo; 18 – ventilador para ar de combustão; 19 – aquecedor de ar de

combustão (opcional); 20 – ventilador para ar de diluição; 21 – aquecedor de ar de

diluição (opcional); 22 – aquecedor de ar para primeiro estágio; 23 – registro para ar

fresco; 24 – aquecedor de ar para segundo estágio; 25 – prensa de blocos; 26 – mesa

transportadora; 27 – balança; 28 – prensa de enfardamento; 29 – embalador; 30 –

máquina para amarrar; 31 – máquina de dobrar; 32 – máquina para amarrar; 33 –

máquina pra marcar; 34 – fardo de polpa

No início, a capacidade de evaporação é elevada e determinada pelas condições

do gás de secagem, sendo as fibras protegidas da exposição à alta temperatura do gás

pela camada de água situada na superfície das fibras. Quando essa água secar, a

evaporação continua alimentada pela umidade situada no interior das fibras; na falta da

camada de água entre o gás e a fibra, a temperatura desta aumenta. A partir deste ponto,

a taxa de evaporação dependerá da velocidade de imigração da água e vapor do interior

das fibras. 15

Page 35: Indústria de papel e celulose

A temperatura aumenta na faixa de 50 a 80 °C, e a consistência da massa, na

faixa de 3 a 5%, são ajustadas antes do seu bombeamento para a prensa desaguadora,

geralmente prensa de rolos gêmeos, onde a consistência da pasta é elevada para 45 a

50%. 15

Após a prensagem, a folha passa por um abridor para aumentar a exposição ao

gás quente. A pasta, já aberta, desse para o injetor do primeiro estágio, onde é misturada

com gases quentes, cuja temperatura está entre 350 e 400 °C, provenientes do aquecedor

de ar. Na saída dos estágios, o gás úmido tem, comumente, a temperatura de 70 a

100°C. A mistura de pasta e do gás quente de secagem é transportada, através das torres

de secagem e por meio de um ventilador, para um ciclone onde a pasta, após separada

do gás, cai no interior do segundo estágio de secagem; o gás úmido de exaustão se

apresenta quase totalmente livre de fibras. O processo se repete no segundo estágio,

sendo a temperatura dos gases mais baixa, normalmente entre 150 e 250°C. Depois do

último estágio de secagem, a pasta cai no injetor de resfriamento, quando, então, é

transportada pelo ar de resfriamento até o topo da prensa de blocos. 15

Todo ar é purificado em câmeras filtrantes antes de entrar no secador. O gás que

sai do segundo estágio é recirculado para o primeiro estágio, sendo antes reaquecido.

Após passar pelo primeiro estágio, o gás é exaurido para a atmosfera. Desse modo, o ar

fresco entra apenas no segundo estágio do secador; isto significa economia no volume

de ar, no consumo de energia e na dimensão do secador. 15

O resfriamento e o transporte até as prensas é feito com mistura de ar fresco e

pequena quantidade de ar quente, o qual é acondicionado para evitar um resfriamento

exagerado nos dias frios. 15

Um desenvolvimento recente e alternativo ao “flash – dryer” é a secagem por

vapor (“steam – dryer”), cujo esquema é mostrado na Figura 24. 15

Page 36: Indústria de papel e celulose

Figura 24 - Esquema do secador a vapor (“steam – dryer”)

O material úmido é alimentado em uma corrente de vapor de transporte de baixa

pressão por meio de uma válvula rotatória. O vapor e a pasta sobem através dos tubos

de um trocador de calor, onde o vapor de transporte é superaquecido através de vapor de

média pressão que flui no lado carcaça. No duto descendente, a umidade do material é

evaporada para o vapor de transporte até este ficar próximo da saturação. O processo é

repetido até atingir o nível de secagem desejado. 15

A pasta é seca e separada do vapor de transporte em um ciclone de alta

eficiência. O excesso de vapor gerado pelo sistema é extraído, sendo o vapor de

transporte reciclado, através de um ventilador, para o primeiro trocador de calor. A

atmosfera de vapor elimina o risco de explosão e evita um superaquecimento da pasta. 15

Independentemente do sistema utilizado, seria desejável que a pasta seca e

desagregada, para fins de sua utilização, apresentasse características melhores ou, pelo

menos, iguais às da suspensão de pasta original. Isto, entretanto, não acontece. Os

maiores problemas envolvidos são:

Dificuldade na desagregação do material seco;

Perda de características de resistência da pasta durante a secagem;

Redução da alvura da pasta em conseqüência da secagem e/ou armazenagem. 15

Page 37: Indústria de papel e celulose

A perda de resistência na secagem parece estar mais associada ao teor de

umidade final do que ao método empregado para atingir um determinado valor. Parece

haver uma perda irreversível no poder de absorção da área superficial da fibra, em

conseqüência do efeito de aquecimento usado na secagem. Os outros dois fatores

(dificuldade na desagregação do material seco e a redução da alvura do papel) são

afetados, diretamente, pela natureza da secagem. 15

Dessa forma, na secagem no cilindro secador, caso a superfície da pasta fique

exposta à temperatura relativamente alta no fim da área de secagem da máquina, haverá

a formação de crosta, ou seja, a superfície da fibra completamente seca. Os flocos de

fibras excessivamente secas, em resultado de superaquecimento com o interior úmido,

são muito difíceis de desagregar em água, fenômeno ainda acompanhado por perda de

alvura. 15

A secagem em túnel, onde a folha flutua sobre o ar aquecido, empregando um

fluxo de calor constante ao invés de intermitente, pode operar a temperaturas mais

baixas no fim da secagem. 15

A secagem instantânea emprega temperaturas iniciais mais altas quando a folha

está úmida, e temperaturas muito mais baixas no estágio final de secagem. 15

Embora valores experimentais de secagem de pastas pelo sistema instantâneo

com manutenção de alvuras de 90 a 92°GE possam ser encontrados na literatura, é

importante ressaltar que a perda de alvura (reversão de cor) é acelerada durante

estocagens a temperaturas elevadas. Por este motivo, todos os sistemas industriais de

secagem de pasta branqueadas empregam algum meio para resfriá-las antes de serem

enfardadas. 15

No secador com vapor, o risco de superaquecimento individual das fibras é

importante de ocorrer uma vez que a umidade de equilíbrio em vapor saturado é de 7 a

10% comparada a valores de 2 a 4% em secadores instantâneos. Um outro atrativo deste

secador é a sua possibilidade de independer de fontes de combustíveis petroquímicos. 15

6. BRANQUEAMENTO DA PASTA CELULÓSICA

A polpa ou pasta celulósica resultante da polpação (polpa marrom) ainda não é

adequada para a produção de determinados tipos de papel, exatamente pela sua

coloração escura. Essa coloração é devida, principalmente, a pequenas quantidades de

lignina que não foram removidas das fibras, chamada agora de lignina residual. 1

Page 38: Indústria de papel e celulose

Com o objetivo de obter polpas totalmente brancas, é necessário remover essa

lignina, através de um processo químico de branqueamento. Esse procedimento é muito

difícil, já que a lignina residual encontra-se fortemente ligada às fibras. Por isso, o

branqueamento deve ser realizado em diversas etapas, garantindo a obtenção de polpas

de alvuras elevadas, com mínima degradação da celulose. 1

Nos vários estágios do processo de branqueamento da celulose, podem ser

utilizados reagentes químicos como cloro (Cl2), dióxido de cloro (ClO2), hipoclorito de

sódio (NaClO), oxigênio (O2) e ozônio (O3), dentre outros. Entre um estágio de

branqueamento e outro, a polpa é lavada com grande quantidade de água, para que as

substâncias responsáveis pela coloração possam ser removidas. 1

Pode-se considerar o branqueamento como sendo uma continuação da

deslignificação iniciada no cozimento, utilizando-se para isso o cloro e seus compostos

(hipoclorito e dióxido de cloro) e, ainda, a soda cáustica. 7

Normalmente, o branqueamento convencional Standard (STD) começa com um

tratamento da pasta com cloro, seguido por uma extração alcalina com soda cáustica,

sendo aplicada, depois disso, uma série de combinações ou seqüências em que se

alternam o dióxido de cloro, o hipoclorito e a soda cáustica. 7

As técnicas modernas de branqueamento, no entanto, utilizam um processo

denominado de deslignificação com oxigênio ou pré-branqueamento, que permite

reduzir o teor de lignina da polpa, antes de receber os compostos químicos oxidantes. 7

Além desta técnica já foram utilizados outros agentes branqueantes, como o

ozônio e peróxido de hidrogênio. 7

Dependendo do agente branqueante, a celulose é denominada:

STD - Standard - com uso de cloro molecular;

ECF - Elementary chlorine free - sem uso do cloro molecular;

TCF - Totally chlorine free - sem uso de compostos clorados. 7

Branqueia-se para obter uma celulose mais estável (que não se altere com o

tempo), que permita um tingimento controlado, mas, principalmente, para se obter um

papel branco com as vantagens que ele traz para a impressão. 7

A ação dos reagentes de branqueamento, em fase líquida sobre a fibra, depende

das seguintes etapas:

Difusão do reagente em solução, até a superfície da fibra;

Absorção do reagente pela fibra;

Reação química;

Page 39: Indústria de papel e celulose

Dessorção do reagente excedente da fibra;

Difusão de produtos de reação para fora da fibra. 15

Quanto o reagente está na forma de gás há inicialmente sua dissolução no

líquido. 15

Na tecnologia do branqueamento, um estágio se inicia com a adição de um

reagente à pasta e termina com a remoção dos produtos da reação. Os equipamentos são

projetados para favorecer o contado das fibras com o reagente (mistura), permitindo que

a reação ocorra sobre condições adequadas (retenção) e removendo os produtos

formados pela reação (lavagem). 15

A sequência de branqueamento compreende uma série de estágios em que

diversos reagentes são aplicados. O sucesso de cada operação de branqueamento

depende do controle de variáveis interdependentes, que devem ser otimizados para cada

estágio tal como descritas a seguir:

Quantidade de reagentes;

Consistência;

Temperatura;

Tempo de retenção;

pH. 15

7. PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO PAPEL

7.1 Máquina de papel

A máquina de papel, para melhor entendimento, pode ser dividida em 05 partes:

caixa de entrada, mesa plana, prensas, secador, calandra e enroladeira. 7

Caixa de Entrada

Trata-se de um compartimento que tem a função de distribuir a suspensão de

fibras sobre a tela formadora o mais uniformemente possível. No interior da caixa de

entrada existe um ou mais cilindros rotativos perfurados, que têm a função de

uniformizar a suspensão, evitando a aglomeração de fibras em flocos, que prejudicam a

uniformidade da folha de papel ou sua aparência e, conseqüentemente, a sua má

formação. 7

Page 40: Indústria de papel e celulose

Mesa Plana

É onde se dá a formação da folha. É constituída de uma mesa propriamente dita

com suporte e colunas de aço, sobre o qual corre a tela formadora, apoiada sobre os

elementos desaguadores, rolo de cabeceira, rolo de sucção e rolos guias. Esta suspensão

tem uma concentração que varia entre 4 a 15 g/L (gramas de sólido por litro de

suspensão), dependendo da máquina, do tipo de papel, da velocidade etc. 7

A tela formadora é feita de plástico ou metal (bronze fosforoso ou aço

inoxidável) e tem a malha bastante fechada (80 mesh para papéis grossos e 100 mesh

para papéis finos). Ao caírem sobre a tela, as fibras ficam retidas na superfície e a água

passa através da mesma, escoando em calhas apropriadas. Esta água, rica em partículas

de fibras e cargas, é recirculada para diluir a massa que alimenta a máquina. 7

Além do movimento longitudinal, a tela tem um outro movimento transversal

realizado por um “shaker”. A conjugação certa da freqüência do sacudimento com a

amplitude é um dos pontos-chave para uma boa formação do papel. 7

Prensas

A folha de papel, ao sair da mesa plana já está formada, porém 80 a 85 % da sua

constituição é água. A finalidade das prensas é retirar parte dessa água A prensa é

formada por 2 rolos cilíndricos, sendo o inferior de borracha ou ebonite e o superior de

material mais duro como granito. 7

As máquinas de papel têm 2 ou 3 prensas, que trabalham com feltro especial,

agulhado, que serve para apoio e condução da folha. No ponto de encontro entre os dois

rolos é feita a prensagem do papel e feltro. A água contida no papel é transferida para o

feltro. 7

Ao sair das prensas para a fase seguinte do processo (secagem), a folha de papel

ainda contém 50 a 65 % de água. 7

Secagem

A secagem é o setor da máquina de papel onde se faz a secagem final da folha e

realiza-se a cura das resinas adicionadas. A secagem é composta de inúmeros cilindros

secadores. O número de secadores depende do tipo e do tamanho da máquina. Os

secadores são cilindros de aço com superfície polida e trabalham com pressão de vapor. 7

Page 41: Indústria de papel e celulose

Para condução da folha, entre os cilindros secadores, usam-se feltros ou telas

secadoras. A água evaporada do papel é extraída por coifas especiais. A umidade da

folha, ao deixar a seção de secagem, varia de 3 a 8 %. 7

Algumas máquinas de papel dispõem, ainda nessa fase, de cilindro monolustro

e/ou prensa de colagem. 7

Calandra e Enroladeira

A calandra é usada para o acerto da espessura e aspereza do papel, ainda na

máquina de papel, enquanto que na enroladeira a folha contínua de papel vai sendo

bobinada até um determinado diâmetro, daí partindo para os vários processos de

beneficiamento. 7

7.2 Fabricação do Papel

O termo papel é dado a uma folha formada, seca e acabada, de uma suspensão de

fibras vegetais, as quais foram desintegradas, refinadas e depuradas e tiveram ou não a

adição de outros ingredientes, para dar ao produto final, características de utilização. É

quase uma operação mecânica, apesar dos aspectos físicos e químicos serem

importantes. O princípio da fabricação do papel é a tendência das fibras celulósicas se

unirem e assim permanecerem após secas. 17

Quando a polpa celulósica atinge um nível de brancura adequado, passa-se à

etapa de formação da folha, que é o produto final das fábricas de celulose. Isto é feito

em uma máquina especial, na qual a polpa é continuamente depositada sobre uma tela.

Então, a água é removida pela parte de baixo da tela, por vácuo, e em seguida a celulose

é seca e enrolada em grandes bobinas. Nem sempre as indústrias que produzem a

celulose fabricam também o papel. Assim, para ser enviada às fábricas de papel, a folha

de celulose contínua é geralmente cortada em folhas individuais e, então, enfardada. 1

A polpa segue para a caixa de entrada, adicionado aditivos para dar ao papel as

propriedades desejadas. A água é adicionada então à polpa em uma relação de 200

porções da água a uma porção da fibra, e é pulverizada sobre uma tela formadora da

folha, a mesa plana. Assim a folha de papel já começa a tomar forma e gramatura,

definidas através de ajustes de velocidade e concentração da polpa branqueada feitos na

máquina.18

Page 42: Indústria de papel e celulose

Com a máquina rodando em alta velocidade, o papel é pressionado entre telas e a

água é absorvida com uma série dos cilindros chamados de secadores. Após secar, o

papel atravessa um processo de calandragem e alisamento que visam: retirar o excesso

de umidade existente na folha, alisar sua superfície e controlar sua espessura.18

O papel sai da Calandra e segue para a enroladeira, onde a folha é transformada

em um grande rolo de papel para futura confecção de rolos menores nas rebobinadeiras,

denominados bobinas, que seguem padrões de tamanho pré-determinados destinadas

para clientes gráficos.18

Para fazer o papel cortado A4, A3 e outros tamanhos comercializados, as

bobinas continuam o processo passando pelas cortadeiras, onde são transformadas em

folhas de papel cortado, adotando-se padrões de formato e gramatura. Após o corte, as

folhas são contadas e separadas de acordo com quantidade em que elas serão

embaladas.18

As empacotadeiras são responsáveis por embalar o papel cortado, conforme a

quantidade determinada. Os pacotes de folhas embaladas passam a receber o nome de

resmas e são encaminhadas ao processo seguinte. Após o encaixotamento das resmas, as

caixas são acomodadas em paletes e encaminhadas para a expedição.18

Na expedição é realizado o embarque de paletes em caminhões responsáveis

pelo transporte dos papéis aos distribuidores. Os distribuidores encaminham os papéis

aos pontos de venda: papelarias, livrarias, supermercados, lojas de informática etc. 18

Page 43: Indústria de papel e celulose

Figura 25 – Esquema da Máquina de Papel

8. DESCRIÇÃO DO PROCESSO KRAFT

O processo kraft é o mais empregado para a produção de polpa em todo o

mundo. Cerca de 80% da polpa é produzida utilizando este processo. Ele também é

conhecido como processo “sulfato” devido a reposição das perdas ser feita com sulfato

de sódio. 7

Os compostos químicos utilizados no cozimento são o sulfeto e o hidróxido de

sódio em pH alcalino (ajustado entre 13 e 14 no início do cozimento). 7

Page 44: Indústria de papel e celulose

Figura 26 - Visão geral do processo kraft de produção de celulose

8.1 Estocagem e preparação da madeira

Os principais processos associados a esta etapa são: estocagem de madeira,

descascamento, picagem (produção de cavacos) e peneiramento. A madeira pode vir das

florestas com ou sem casca e em forma de cavacos ou toras. Para a produção de celulose

via processo químico é necessário utilizar a madeira na forma de cavacos uniformes

para garantir um cozimento homogêneo e obter o melhor rendimento. 7

O descascamento remove as cascas das toras, que são geralmente encaminhadas

à caldeira de biomassa, para geração de vapor e energia elétrica. O descascamento (a

Page 45: Indústria de papel e celulose

seco ou via úmida) é feito em tambor descascador. As toras descascadas são

encaminhadas ao picador para a produção de cavacos. 7

O peneiramento tem como objetivo separar as frações de cavaco muito finas ou

muito acima do tamanho padrão (“oversized”). Os finos são normalmente queimados na

caldeira de biomassa, enquanto que a fração “oversized” volta ao picador. 7

Algumas fábricas costumam estocar os cavacos por um período de quarenta dias

visando obter a degradação enzimática dos extrativos. Nestes casos, a pilha costuma

aquecer-se durante este processo de maturação. Períodos de maturação superiores a 40

dias tendem a reduzir o rendimento do processo. 7

8.2 Cozimento e deslignificação

No processo kraft, as fibras são separadas durante o cozimento por meio da

dissolução da lignina e de parte das hemiceluloses no licor de cozimento – que contém

hidróxido e sulfeto de sódio como agentes químicos ativos. 7

O cozimento pode ser feito em processo de batelada ou contínuo. Em ambos, há

controle de pressão, temperatura, tempo de detenção, teor de álcalis e sulfidez. O

controle de cozimento (do grau de deslignificação) é feito pelo teor residual de lignina -

expresso pelo número kappa. O teor de lignina pode ser estimado multiplicando-se o

número kappa pelo fator 0,165 (IPPC, 2000). 7

Page 46: Indústria de papel e celulose

Figura 27 - Representação esquemática de um digestor contínuo utilizado para ocozimento da madeira.

Normalmente os cavacos são preaquecidos com vapor antes de entrar no digestor

para facilitar a impregnação com o licor de cozimento. O tempo de detenção varia entre

1 a 2 horas, dependendo da temperatura. O kappa no final do cozimento depende do tipo

de madeira e das variáveis já mencionadas. Para madeira tipo softwood (pinus e spruce)

o kappa final (cozimento convencional) é cerca de 30 a 35. Para hardwood (eucalipto,

birch), este é aproximadamente 14 a 22. (IPPC, 2000 e Hoglund, 1999). 7

Como decorrência da baixa branqueabilidade da polpa e dos problemas

ambientais associados ao seu branqueamento, foram desenvolvidos vários processos de

cozimento que permitiram remover mais lignina sem perda de rendimento e/ou perdas

das propriedades da polpa. Com isso, o kappa final atingido para madeira softwood em

cozimento modificado é de 15 a 25. 7

8.3 Lavagem e depuração

Page 47: Indústria de papel e celulose

A polpa oriunda do digestor contém fibras e licor negro impregnado com

lignina, hemiceluloses e outros compostos solubilizados durante o cozimento. Cerca de

50% da madeira é dissolvida nesta etapa. 7

A lavagem objetiva, portanto, separar o licor das fibras, para que o mesmo possa

ser encaminhado para o processo de recuperação (insumos químicos e energia),

enquanto que as fibras são enviadas para a etapa seguinte (deslignificação ou

branqueamento). 7

Hoje em dia, tanto em digestores em batelada quanto em contínuos, a lavagem

iniciase no próprio digestor, pelo deslocamento do licor quente pelo licor frio. A

lavagem subseqüente pode ser feita em filtros lavadores, prensas ou difusores. 7

Sistemas eficientes de lavagem reduzem o carreamento de licor para as etapas

seguintes, reduzindo também o consumo de produtos químicos na deslignificação

(oxigênio) e no branqueamento. Como decorrência do menor arraste há também redução

na carga orgânica carreada para as águas residuárias (IPPC, 2000). 7

Lavadores tipo prensa e/ou difusores são mais eficientes na remoção dos

compostos orgânicos do que tambor lavador e, por esta razão, tem sido os equipamentos

mais utilizados no último estágio de lavagem antes do branqueamento (Hoglund, 1999).

No final desta etapa, a polpa é submetida ao processo de depuração em depuradores

(peneiras centrífugas) visando separar o material não processado (nós e palitos). 7

8.4 Deslignificação com oxigênio

O processo de deslignificação (em uma ou mais etapas) pode continuar após o

cozimento com ou sem lavagem intermediária. A deslignificação com oxigênio é feita

em meio alcalino, utilizando-se normalmente licor branco oxidado como álcali. Ele

contém hidróxido e tiossulfato de sódio decorrente da oxidação do sulfeto presente no

licor branco. 7

Devido à baixa solubilidade do oxigênio no licor, a deslignificação é feita em

reatores pressurizados em temperaturas elevadas (cerca de 100 °C). Para preservar as

propriedades da fibra é adicionado sulfato de magnésio. 7

São utilizados reatores de média (10 a 15%) e de alta (25 a 30%) consistência

em estágio único ou em dois estágios, visando aumentar a seletividade do processo. A

deslignificação com oxigênio, normalmente, é um estágio intermediário entre o

Page 48: Indústria de papel e celulose

cozimento e a etapa de lavagem da polpa marrom. A lavagem em prensas é feita em

contra-corrente de modo que o filtrado possa ser recuperado. 7

O grau de deslignificação em estágio único é cerca de 40-50% e pode atingir até

70% em estágio duplo (Mjoberg,1999). 7

Embora o sistema seja relativamente seletivo, há perda de rendimento de cerca

de 1,5 a 2,5% e a lignina remanescente deverá ser removida nas etapas subseqüentes

IPPC, 2000). 7

A deslignificação com oxigênio permite reduzir o arraste de matéria orgânica

para as águas residuárias e recuperar os produtos químicos e energia. 7

8.5 Branqueamento

O objetivo do branqueamento é obter uma polpa com alvura (1) maior e estável

(baixa reversão), uma vez que a polpa não branqueada possui alvura baixa (menor que

30% ISO). Polpas branqueadas tem alvura superior a 88% ISO. Como as etapas

anteriores não removem toda a lignina, é necessário o uso de agentes químicos

oxidantes para tal função. O kappa após o branqueamento é menor do que 1. 7

O branqueamento da polpa é feito em mais de um estágio, normalmente quatro

ou cinco. Os agentes químicos mais usados são dióxido de cloro, ozônio, oxigênio e

peróxido. Ultimamente, tem sido utilizado também o ácido peracético. O cloro

molecular assim como o hipoclorito estão sendo substituídos por outros agentes

branqueantes como o peróxido, devido à formação de subprodutos clorados (AOX e

OX). 7

8.6 Depuração da polpa branqueada e secagem (extração)

A depuração é feita utilizando-se o mesmo tipo de equipamento que faz a

depuração da polpa marrom – polpa não branqueada (saída do digestor). Em fábricas

integradas, a polpa é bombeada para a fabricação de papel com cerca de 4% de

consistência. Em fábricas não integradas, a polpa é prensada e depois seca com vapor

em um processo multiestágios para então ser transportada. A folha de celulose seca é

cortada e embalada em fardos. O teor de sólidos da polpa seca é de aproximadamente 90

a 92%. 7

Page 49: Indústria de papel e celulose

8.7 Sistema de recuperação química

O sistema de recuperação química possui três funções básicas:

• Recuperação dos compostos químicos inorgânicos usados na polpação

(cozimento);

• Destruição (queima) dos compostos orgânicos para geração de energia térmica e

elétrica;

• Recuperação de subprodutos orgânicos vendáveis (terebentina, tall oil). 7

O poder calorífico do licor negro é normalmente suficiente para gerar a energia

necessária à fábrica de celulose. As principais unidades que compõe a recuperação

química são: evaporação do licor negro, incineração do licor na caldeira de recuperação,

caustificação e regeneração de cal. A Figura 28 ilustra as principais etapas deste

processo. 7

Figura 28 - Representação esquemática do ciclo de recuperação de álcalis

Page 50: Indústria de papel e celulose

O licor negro resultante da lavagem da polpa marrom com teor de sólidos entre

14- 18% deve ser concentrado antes de ser enviado para a queima na caldeira de

recuperação. A evaporação em vários estágios permite elevar este teor para 65 a 75%

aproximadamente. 7

Os condensados gerados na evaporação do licor negro e no cozimento

apresentam graus variados de contaminação com metanol, compostos reduzidos de

enxofre (TRS) e outros compostos orgânicos voláteis. 7

Estes compostos são removidos em uma coluna de arraste, que integra a de

evaporação. Os condensados purificados podem ser usados no processo para lavagem da

polpa e na unidade de caustificação. 7

O licor concentrado é incinerado na caldeira de recuperação. O fundido (smelt) é

dissolvido em licor branco fraco de modo a recuperar o enxofre e sódio. O licor verde

clarificado resultante consiste de carbonato e sulfeto de sódio (Figura 29). 7

Figura 29 - Representação esquemática do ciclo de licor e circuito de sólidos

Page 51: Indústria de papel e celulose

Na etapa seguinte, denominada de caustificação, o carbonato é convertido em

hidróxido de sódio mediante a adição de cal, após separação do carbonato. O filtrado é o

licor branco. 7

A lama de cal é lavada e encaminhada ao forno para a calcinação (CaO) e

retorno ao processo em circuito fechado. O processo de calcinação é endotérmico,

requer alta temperatura e uso de combustível auxiliar. 7

O processo de coleta, evaporação e incineração do licor negro gera substâncias

(concentrados) odoríferas com alto teor de enxofre na forma reduzida (TRS), com

sulfeto de hidrogênio (H2S), metil mercaptanas (CH3SH), dimetil sulfeto (CH3SCH3), e

dimetil dissulfeto (CH3SSCH3). 7

Estes gases são coletados e queimados em incineradores ou no próprio forno de

cal. Os gases de combustão são normalmente tratados em lavadores de gases e o fluido

de lavagem é encaminhado ao sistema de recuperação. Algumas fábricas também

coletam e incineram os gases diluídos provenientes das etapas de pré-tratamento dos

cavacos, depuração, lavagem de polpa e tanque dissolvedor (smelt). 7

9. IMPACTOS AMBIENTAIS

À produção de celulose e de papel estão associados alguns problemas ambientais.

Um exemplo são os odores característicos dos compostos voláteis de enxofre

(mercaptanas) que se formam durante a remoção da lignina pelo processo Kraft. Mesmo

em baixas concentrações, a presença desses compostos pode ser facilmente percebida

na região que circunda as fábricas. 1

Page 52: Indústria de papel e celulose

Figura 30 - Representação esquemática do processo kraft – matérias-primas,insumos e resíduos gerados

As empresas produtoras de celulose utilizam equipamentos de desodorização e

caldeiras de recuperação de produtos químicos e realizam o monitoramento contínuo de

suas emissões gasosas. Contudo, o problema ainda não foi totalmente solucionado. 1

É nos estágios de branqueamento que se encontra um dos principais problemas

ambientais causados pelas indústrias de celulose. Reagentes como cloro e hipoclorito de

sódio reagem com a lignina residual, levando à formação de compostos organoclorados

(Figura 31). 1

Page 53: Indústria de papel e celulose

Figura 31 - Alguns compostos organoclorados que podem ser formados durante

o branqueamento da celulose.

Esses compostos não são biodegradáveis e acumulam-se nos tecidos vegetais e

Animais, podendo levar a alterações genéticas. Legislações ambientais mais severas e

pressões dos mercados consumidores de celulose, especialmente do mercado

internacional, têm incentivado a busca de alternativas para a solução desse problema.

Muitas pesquisas têm sido feitas no sentido de utilizar reagentes alternativos para o

branqueamento, como ozônio e peróxido de hidrogênio. 1

A água industrial, utilizada em grandes quantidades no processo produtivo do

papel, é submetida a tratamento biológico antes de retornar aos cursos d’água. Esse

tratamento, realizado em lagoas de aeração, promove a degradação de compostos

orgânicos solúveis por bactérias aeróbias, solucionando parte dos problemas de poluição

gerados no processo. 1

Já os resíduos sólidos gerados em várias etapas da produção são removidos e

dispostos em locais apropriados, dentro da área da própria fábrica. Para reduzir a

quantidade de resíduos descartados, alguns tipos são aproveitados como adubos ou

corretivos do solo. 1

Page 54: Indústria de papel e celulose

9.1 Uso das Melhores Tecnologias Disponíveis (Bats)

A produção de celulose e papel é uma atividade bastante complexa. Consiste de

vários processos, com diversos estágios e produtos. Segundo IPPC (2000), Hoglund

(1999), Springer (1993) e Axegard (1997); a análise da indústria de papel e celulose

mostra que a forma mais efetiva de reduzir as emissões e o consumo de recursos

naturais, bem como melhorar o desempenho econômico, é a implementação das

melhores tecnologias de processo e controle de emissões remanescentes, combinadas

aos seguintes fatores: 7

Educação, treinamento e conscientização dos envolvidos;

Otimização do processo produtivo;

Manutenção adequada das instalações;

Sistema de gestão ambiental eficaz, com procedimentos, metas e medições

adequados. 7

9.2 Enzimas na Indústria de Papel e Celulose

Para a polpação dos fragmentos de madeira, são utilizados compostos químicos,

como o hidróxido de sódio e sulfito de sódio, para a retirada da hemicelulose, da lignina

e de certas resinas. 19

Esse tipo de tratamento causa vários problemas ambientais que podem ser

minimizados com a utilização de enzimas que vêm em substituição a esses produtos

químicos. Na Indústria de Papel e Polpa, a utilização de enzimas foi considerada por

muitos anos uma técnica inviável até o surgimento de novas enzimas que favorecem

tecnicamente o processo, além de minimizarem a carga poluente desta indústria. 19

Foi na década de 1950 que as enzimas foram primeiramente utilizadas na

manufatura de celulose e papel com a utilização de amilases no processo de produção de

amido modificado. Para melhorar a impressão e a resistência do papel é empregado o

amido. Essa prática é muito limitada até hoje. As enzimas que mais se destacam na

indústria de papel e celulose são as xilanases, as quais possuem grande aplicação desde

a década de 1960. 19

As xilanases são as enzimas mais utilizadas no branqueamento da polpa. Essas

enzimas atuam liberando fragmentos de lignina por hidrolisar a xilana residual,

reduzindo consideravelmente a utilização de cloretos no branqueamento da polpa. 19

Page 55: Indústria de papel e celulose

A madeira tende a apresentar um excesso de resina natural formando manchas

no papel. Para reduzir esse problema, utilizam-se lípases nas fábricas de polpa mecânica

para reduzir os problemas de resina. A adição dessas enzimas tornou-se obrigatória em

muitas fábricas durante a estação de aumento de formação de breu. A redução dos

custos do gerenciamento de resíduos é também de particular interesse para muitas

fábricas, e as enzimas têm um papel importante a desempenhar aqui. 19

Durante a fabricação de papel, pectinases podem ser usadas na fabricação de

papel para despolimerizar substância pécticas e diminuir a demanda catiônica das

soluções pécticas e do filtrado resultantes do branqueamento com peróxido, solucionar

problemas de retenção no branqueamento mecânico da celulose e no tratamento dos

efluentes dos moinhos de papel. 19

Como ocorre com os produtos têxteis, a cobertura do papel é feita para proteger

o papel contra danos mecânicos durante o processamento, além de melhorar a qualidade

final do papel. Essa cobertura é feita com amido, aumentando assim a resistência do

papel e melhorando a qualidade de impressão. 19

Atualmente vários trabalhos vêm sendo publicados apresentando a aplicação de

enzimas oxidativas como lacases e peroxidases. Essas enzimas teriam atuação no

branqueamento da polpa e, também são atribuídas a essas enzimas, a degradação de

extrativos. 19

10. CONCLUSÃO

O papel é um afeltrado de fibras unidas tanto fisicamente (por estarem

entrelaçadas a modo de malha) como quimicamente por ligações de hidrogênio. As

fibras para sua fabricação requerem algumas propriedades especiais, como alto

conteúdo de celulose, baixo custo e fácil obtenção — razões pelas quais as mais usadas

são as vegetais. O material mais usado é a polpa de madeira de árvores, principalmente

pinheiros (pelo preço e resistência devido ao maior comprimento da fibra) e eucaliptos

(pelo crescimento acelerado da árvore). Antes da utilização da celulose em 1840, por

um alemão chamado Keller, outros materiais como o algodão, o linho e o cânhamo eram

utilizados na confecção do papel.

Nos últimos 20 anos, a indústria papeleira, com base na utilização da celulose

como matéria-prima para o papel, teve notáveis avanços, no entanto as cinco etapas

Page 56: Indústria de papel e celulose

básicas de fabricação do papel se mantêm: (1) estoque de cavacos, (2) fabricação da

polpa, (3) branqueamento, (4) formação da folha, (5) acabamento.

No início da chamada "era dos computadores", previa-se que o consumo de

papel diminuiria bastante, pois ele teria ficado obsoleto. No entanto, esta previsão foi

desmentida na prática: a cada ano, o consumo de papel tem sido maior.

A indústria de papel e celulose representa um dos mais expressivos setores

industriais do mundo. A produção nacional de celulose de eucalipto (Eucalyptus

globulus) responde pela metade da produção mundial desse tipo de fibra.

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