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EXCLUSÃO OU COMPLEMENTARIEDADE?

LEI DEIMPROBIDADE

ADMINISTRATIVAXLEI DAFICHALIMPA

INELEGIBILIDADES:

Juiz de Direito João Luiz Ferraz de Oliveira Lima

DGCOM – DIJUR / Edição nº 10 – 2014

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

PRESIDENTE Desembargadora Leila Mariano

CORREGEDOR-GERAL DA JUSTIÇA Desembargador Valmir de Oliveira Silva

1º VICE-PRESIDENTE Desembargadora Maria Inês da Penha Gaspar

2º VICE-PRESIDENTE Desembargador Sergio Lucio de Oliveira e Cruz

3º VICE-PRESIDENTE Desembargadora Nilza Bitar

COMISSÃO DE JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (COJUR)Desembargador Cherubin Helcias Schwartz Junior - PresidenteDesembargadora Maria Sandra Rocha Kayat DireitoDesembargador André Emílio Ribeiro Von MelentovytchDesembargador Ronald dos Santos ValladaresJuiz Alvaro Henrique Teixeira de AlmeidaJuiz Paulo Cesar Vieira de Carvalho FilhoJuíza Maria Isabel Paes GonçalvesJuíza Daniela Brandão FerreiraJuiz João Luiz Amorim FrancoJuiz Marcius da Costa FerreiraJuíza Denise Nicoll SimõesJuiz José de Arimatéia Beserra MacedoJuíza Ane Cristine Scheele Santos

DIRETORIA-GERAL DE COMUNICAÇÃO E DE DIFUSÃO DO CONHECIMENTO (DGCOM)

DEPARTAMENTO DE GESTÃO E DISSEMINAÇÃO DO CONHECIMENTO (DECCO)Marcus Vinicius Domingues Gomes

DIVISÃO DE GESTÃO DE ACERVOS JURISPRUDENCIAIS (DIJUR) Mônica Tayah Goldemberg

PESQUISA DE JURISPRUDÊNCIA Djenane Soares Fontes Ligia IglesiasRicardo Vieira Lima

Poucos ramos do Direito possuem a dinâmica e as peculiaridades do Direito Eleitoral. Como se sabe, ele é o ramo autônomo do Direito Público encarregado de re-gulamentar os direitos políticos dos cidadãos e o processo eleitoral, com vistas a assegurar a organização e o exer-cício de direitos políticos, sobretudo os de votar e de ser votado (art. 1º do Código Eleitoral – Lei nº 4.737/1965).

É sabido também que, na contemporaneidade, há uma grave crise de representatividade política, testemu-nhada por meio de inúmeras manifestações ocorridas em vários estados brasileiros, desde junho do ano passado. Essa crise torna-se visível na descrença e desqualificação do parlamento, dos partidos e dos políticos.

Daí a importância de se refletir sobre temas que sejam relevantes para o cidadão e eleitor brasileiro. Em sintonia com essa premissa, esta nova edição da Revista Jurídica traz um oportuno artigo do Juiz de Direito João Luiz Ferraz de Oliveira Lima, mestre pela Universidade de Lisboa com dissertação sobre a crise da representati-vidade e legitimidade do Poder Legislativo brasileiro. O texto aborda um tema bastante atual: a inelegibilidade, em face da questão da Lei da Improbidade Administrativa em tempos de eleição, e da questão da Lei da Ficha Limpa. Analisa com profundidade ambas as legislações e enfrenta a polêmica sobre a exclusão ou complementariedade exis-tente entre as mesmas.

Como de praxe, ao final do artigo, foram inseridos, pela equipe de jurisprudência do TJERJ, diversos julgados do Supremo Tribunal Federal, do Tribunal Superior Elei-toral e de alguns Tribunais Regionais Eleitorais brasileiros.

Cherubin Helcias Schwartz JuniorPresidente da Comissão de Jurisprudência

Novembro/2014

EDITORIAL

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SUMÁRIO

Artigo Jurídico

Inelegibilidades: Lei da Ficha Limpa X Lei de Improbidade Administrativa. Exclusão ou Complementariedade?

1. Introdução ..............................................................................................................5

2. A Lei de Improbidade Administrativa ................................................................9

3. A Lei da Ficha Limpa ......................................................................................... 17

4. O Papel Complementar da Lei da Ficha Limpa sobre a Lei de Improbidade Administrativa ................................................................ 21

5. Conclusão ............................................................................................................ 27

Jurisprudência

Supremo Tribunal Federal ....................................................................................29

Tribunal Superior Eleitoral ...................................................................................43

Tribunal Regional Eleitoral

1. TRE - Rio de Janeiro ........................................................................................ 63

2. TRE - Distrito Federal ..................................................................................... 73

3. TRE - Espírito Santo ........................................................................................ 81

4. TRE - Minas Gerais ......................................................................................... 89

5. TRE - Rio Grande do Sul ................................................................................ 95

6. TRE - Santa Catarina ..................................................................................... 105

7. TRE - São Paulo .............................................................................................. 113

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InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

Introdução1.

Tema sempre atual e dilema permanente da democracia moderna diz respeito à representatividade dos agentes políticos eleitos pelo voto popular livre1. A percepção de uma crise na representação, da falta de representatividade dos governantes eleitos, está no ar e traz consigo inquietação social.

Na Europa em crise econômica as conquistas do Estado Social são colocadas à prova e mesmo governos de esquerda adotam medidas até há pouco tempo reservadas aos partidos de direita. A aproximação dos discursos e das práticas da direita e da esquerda, além da falta de resultados considerados proveitosos no campo social de ambos os lados, têm tido como consequência um aumento do descrédito da classe política e uma tendência ao crescimento de movimentos extremistas2.

1 Esse foi, aliás, o tema abordado em minha dissertação de mestrado na Universidade de Lisboa, defendida em 2012, sob o título Considerações sobre a crise de representatividade e de legitimidade do Poder Legislativo no Brasil.

2 Sobre semelhanças entre direitas e esquerdas, v. Bobbio, Norberto. Di-reita e esquerda: razões e significados de uma distinção política. 2ª ed. São Paulo: Editora Unesp, 1995 (tradução de Marco Aurélio Nogueira). Sobre a crise de representatividade na Europa, v. Duverger, Maurice. As modernas tecnodemocracias: poder econômico e poder político. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975 (tradução de Max da Costa Santos).

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Juiz de direito João Luiz Ferraz de oLiveira Lima

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Nos Estados Unidos, para além do crescimento das desigualdades sociais, a enorme força do poder econômico e sua intervenção na política têm sido um grande indutor do descrédito da população nos representantes eleitos3.

No Brasil, a crise de representatividade é historicamente permanente. E alguns resumidos exemplos corroboram a afirmação.

D. Pedro I, e.g., durante a votação da primeira Constituição brasileira, dissolveu a Assembleia Constituinte regularmente eleita, por discordar dos rumos liberais tomados, com tendência ao esvaziamento de seu poder absoluto e ao protagonismo do Legislativo. Acabou por outorgar a Carta de 1824.

Por sua vez, o Segundo Reinado e a Primeira República tiveram por marca as famosas eleições a bico de pena e as degolas a manipularem o resultado das urnas, de forma a alçar ao poder apenas aqueles que fossem convenientes, na ocasião, a uma pequena elite4.

E embora, pouco a pouco, desde então, o processo eleitoral tenha sido moralizado, ainda hoje recai sobre a classe política uma imensa desconfiança e o descrédito da população. Algo que foi externado nos movimentos que tomaram as ruas no ano de 2013.

Desconfiança e descrédito gerados, em grande parte, por um arraigado e histórico patrimonialismo – com a figura do público e do privado a se confundirem –, pela prática do clientelismo e da troca de favores, pela corrupção eleitoral, dentre outros fatores, a gerarem práticas não republicanas de governo5. O que, em última análise, nos dias atuais, parece ser favorecido pelo desvirtuamento do presidencialismo de coalizão,

3 A propósito, vale a leitura das obras de Wolin, Sheldon S. Democracy incorporated: managed democra-cy and the specter of inverted totalitarianism. Princeton: Princeton University Press, 2008 (edição digital Kindle), e de Shapiro, Ian. The State of Democratic Theory. Princeton: Princeton University Press, 2003 (edição digital Kindle).

4 Preciosa, a esse respeito, a obra de Souza, Francisco Belisário Soares de. O sistema eleitoral no Império. Brasília: Senado Federal, 1979.

5 Vale citar, como obras de referência a respeito da presença dessas práticas nefastas na sociedade bra-sileira, as seguintes: Faoro, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. 3ª ed. São Paulo: Globo, 2001; Leal, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime representativo no Brasil. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997; Comparato, Fábio Konder. Rumo à justiça. São Paulo: Saraiva, 2010.

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que, de uma prática salutar voltada à realização de um programa de governo pela base política aliada, tornou-se a maneira de alimentar os usos antes referidos com a entrega de nacos do patrimônio público para serem dilapidados por agentes mal-intencionados, como se vê diariamente no noticiário nacional6.

Clama-se, então, por boas práticas políticas e administrativas que, quando são adotadas, contribuem para o aumento da confiança da população na classe política7, embora não sejam a única solução para a crise de representatividade.

E justamente, tanto a Lei de Improbidade Administrativa como a Lei da Ficha Limpa, introduziram importantes instrumentos de combate às más condutas políti-co-administrativas, o que, por certo, reverte em prol da legitimação da representação popular.

6 Sobre o presidencialismo de coalizão, cito, por todos, Abranches, Sérgio Henrique Hudson de. Pres-idencialismo de coalizão: o dilema institucional brasileiro. In: Revista de Ciências Sociais, volume 31, número 1, p. 5-34. Ceará: Universidade Federal do Ceará, 1988.

7 Sobre a importância da confiança na legitimação da representação, faço referência à obra de Wilkin-son, Richard; Pickett, Kate. O espírito da igualdade: por que razão sociedades mais igualitárias fun-cionam quase sempre melhor. 1ª ed. Lisboa: Editorial Presença, 2010 (tradução de Alberto Gomes).

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InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

A chamada Constituição Cidadã não ficou insensível aos reclamos sociais pela moralização administrativa, e aca-bou por tomar iniciativas inovadoras no combate ao mau ad-ministrador. Optou por impor-lhes um dever jurídico de boa administração, a que se refere Celso Antônio Bandeira de Mello, citando doutrina italiana a respeito do tema8.

Esse dever jurídico de boa administração é revelado nos dispositivos a seguir transcritos:

“Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou sus-pensão só se dará nos casos de:

(...)

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º”.

(...)

8 Cfr. Discricionariedade e controle jurisdicional. 2ª ed. São Paulo: Mal-heiros Editores, 1993, p. 37.

A Lei de Improbidade Administrativa

II.

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“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de le-galidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...).”.

(...)

§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.” (Os grifos são meus).

Dando concretude ao comando constitucional a determinar o combate e punição aos agentes ímprobos, quatro anos após a promulgação da Carta de 1988 houve a aprovação e sanção da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, a tratar das hipóteses de improbidade administrativa, tipificadas em seus artigos 9º a 11 com a seguinte redação:

“CAPÍTULO II Dos Atos de Improbidade Administrativa

Seção I Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enriquecimento Ilícito

Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, em-prego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:

I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público;

II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;

III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou lo-cação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;

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InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades;

V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;

VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades men-cionadas no art. 1º desta lei;

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente público;

VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade;

IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;

X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;

XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;

XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.

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Seção II Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou di-lapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:

I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pes-soa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;

II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins edu-cativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades men-cionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;

V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;

VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea;

VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou regu-lamentares aplicáveis à espécie;

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente;

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IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;

X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à con-servação do patrimônio público;

XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;

XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;

XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.

XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei.

XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei.

Seção III

Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam

Contra os Princípios da Administração Pública

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência;

II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;

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Revista JuRídica • edição nº 10

III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva per-manecer em segredo;

IV - negar publicidade aos atos oficiais;

V - frustrar a licitude de concurso público;

VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;

VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.”.

Divididos em três seções, os atos ímprobos foram, segundo o grau de re-provabilidade, distinguidos entre os que trazem enriquecimento ilícito ao agente público – mais graves –, os que acarretam prejuízo ao erário – de média gravidade – e os que atentam contra os princípios da administração pública – menos reprováveis, embora igualmente sancionados.

E, diante da redação atribuída a esses dispositivos, firmou-se entendimento juris-prudencial, no sentido de sempre exigir a presença do dolo para o enquadramento da conduta nos artigos 9º e 11. Ficou a exceção por conta do artigo 10 a expressamente contemplar as condutas dolosas e culposas9.

A seu turno, em regra o enquadramento da conduta reprovável e típica, nas hipóteses do artigo 9º, de enriquecimento ilícito do agente, traz por arrastamento a violação às condutas menos reprováveis dos artigos 10 e 11. Sim, pois se há o proveito

9 Na doutrina, entretanto, há vozes dissonantes. Seguindo a linha prevalecente na jurisprudência, cito Figueiredo, Marcelo. Probidade Administrativa: comentários à Lei 8.429/92 e legislação comple-mentar. 6ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2009. Assumindo posição parcialmente divergente, faço referência a Osório, Fábio Medina, que admite a punição por ato culposo quando a conduta não es-tiver tipificada no caput dos artigos 9º e 11, mas sim em um de seus incisos que comportem a modali-dade culposa de ato ímprobo, cfr. Teoria da Improbidade Administrativa: má gestão pública, corrupção, ineficiência. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, pp. 215/229. Por fim, sustentando a incidên-cia dos artigos 9º a 11, tanto às condutas dolosas como culposas, menciono a obra de Di Pietro, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17 ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2004, pp. 713/714.

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econômico do ímprobo, normalmente isso vem em prejuízo ao erário. Por sua vez, se há conduta ilícita, há violação aos princípios da administração pública, quando menos os da legalidade e da moralidade.

Dentre as penas passíveis de aplicação aos sujeitos ímprobos, está a suspensão dos direitos políticos. De oito a dez anos, quando enquadrados no artigo 9º. De cinco a oito, quando se tratar da hipótese do artigo 10, e de três a cinco anos, na hipótese do artigo 11.

Outrossim, por suspensão dos direitos políticos, entenda-se, quando menos, a supressão temporária do direito de votar (capacidade eleitoral ativa) e de ser votado (capacidade eleitoral passiva ou elegibilidade)10.

Portanto, a Lei de Improbidade Administrativa estabeleceu, afinal, hipóteses geradoras de inelegibilidade àqueles que pretendam concorrer a cargos públicos sujeitos a preenchimento, mediante processo eleitoral de escolha.

10 Acerca das diversas faces dos direitos políticos, consulte-se Miranda, Jorge. Manual de Direito Constitucional. Tomo VII. Coimbra: Coimbra Editora, 2007.

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Passados 17 anos da promulgação da Lei de Improbidade Administrativa, o ano de 2009 trouxe novidades no combate aos agentes ímprobos. Na época, a mobilização social liderada pela Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) e pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), culminou com a apresentação ao Congresso Nacional do projeto de lei popular nº 518/2009.

A ideia original, em relação aos ímprobos, era tornar inelegíveis todos os que “houverem sido condenados em qualquer instância por ato de improbidade administrativa, desde a condenação ou o recebimento da denúncia, conforme o caso, até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena.” (Os grifos são meus).

Em 2010, o projeto foi aprovado e convertido na Lei Complementar nº 135, alterando dispositivos da Lei Complementar nº 64/1990, a tratar de casos de inelegibilidade.

No que aqui nos interessa, a nova Lei Complementar inseriu a alínea “l” ao artigo 1º, inciso I, dispondo serem inelegíveis para qualquer cargo:

A Lei da Ficha Limpa

III.

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Revista JuRídica • edição nº 10

“l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena;”.

Seu primeiro teste de fogo foi o exame de constitucionalidade feito pelo Supremo Tribunal Federal.

No julgamento das ADCs nºs 29/DF e 30/DF, bem como da ADI nº 4.578/AC, ocorrido em 16/02/2012, nossa Corte Constitucional concluiu pela validade da nova legislação, à luz da Carta de 1988. Para tanto, rejeitou, entre outros, os argu-mentos de violação ao princípio da proporcionalidade, da presunção de inocência e da retroatividade da norma.

A única ressalva feita pela Corte disse respeito à inaplicabilidade do comando normativo da nova Lei aos mandatos já em curso, ao tempo de sua promulgação, e às eleições de 2010, como desejava o Tribunal Superior Eleitoral, por entender que, nessas hipóteses, colidiria com a regra da anualidade eleitoral, consagrada no artigo 16 da Constituição Federal.

De lá para cá, vários têm sido os registros de candidatura impugnados na Justiça Eleitoral. Assim ocorreu nas eleições de 2012, e também se passa em 2014.

A tendência é de crescimento do número de impugnações ao registro de candi-daturas, e da lista de inelegíveis, na medida em que há uma mobilização no âmbito do Poder Judiciário, a partir de cobranças feitas pelo Conselho Nacional de Justiça, obje-tivando julgamentos céleres das ações de improbidade administrativa.

No entanto, há de se estar atento para que o avanço trazido pela Lei Complementar nº 135/2010, denominada como Lei da Ficha Limpa, não venha a significar retrocesso na integral aplicação da Lei de Improbidade Administrativa, a contemplar outras hipó-teses de atos ímprobos capazes de igualmente levar à suspensão de direitos políticos, e, consequentemente, à inelegibilidade de candidatos. Isso ocorreria se adotado enten-dimento restritivo sobre as hipóteses de inelegibilidade, decorrentes de atos ímprobos, de forma a abrangerem apenas aquelas tratadas na Lei da Ficha Limpa (art. 1º, I, “l”).

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InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

Sim, pois está começando a virar lugar-comum classificar de “ficha suja” apenas o candidato condenado por órgão judicial colegiado à suspensão dos direitos políticos por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio pú-blico e enriquecimento ilícito próprio ou de terceiro. A impressão que fica é de que, sem essa quádrupla condição – a) julgamento por órgão judicial colegiado; b) da sus-pensão dos direitos políticos; c) do ato doloso; d) da lesão ao patrimônio público e do enriquecimento ilícito do candidato ou de terceiro –, estará o candidato apto a con-correr ao cargo público. E essa conclusão é absolutamente falsa.

Nesse caso, acabaria a Lei da Ficha Limpa, antes de contribuir para a legitimação da representação, por alimentar a crise, algo indesejado do ponto de vista político, e equivocado do ponto de vista jurídico.

No intuito de ilustrar o presente artigo, a equipe de jurisprudência deste Tribu-nal pesquisou diversos julgados oriundos dos Egrégios Supremo Tribunal Federal e Tribunal Superior Eleitoral, bem como dos principais Tribunais Regionais Eleitorais brasileiros, acerca das repercussões jurídicas em torno dos temas ora abordados.

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Revista JuRídica • edição nº 10 21

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

Embora, tanto a Lei de Improbidade Administrativa, como a Lei da Ficha Limpa, acabem por suprimir tempo-rariamente do agente ímprobo o exercício de um direito fundamental que é a elegibilidade, há fundamentos consti-tucionais diversos que operam em caráter complementar, e que mutuamente reforçam o sistema de combate às más práticas administrativas.

Como já referido anteriormente, o fundamento consti-tucional da Lei de Improbidade Administrativa está nos artigos 15, I, e 37, § 4º, da CF. Neles se verifica que o legislador constituinte remeteu ao legislador comum, por meio de lei ordinária, a competência para tipificar as situações de

O Papel Complementar da Lei da Ficha Limpa sobre a Lei de Improbidade Administrativa

IV.

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Revista JuRídica • edição nº 10

improbidade administrativa, e de estabelecer as penas aplicáveis à conduta, dentre as quais incluiu a suspensão temporária dos direitos políticos, nos quais está inserida a inelegibilidade, para além da incapacidade eleitoral ativa. E assim procedeu o legislador, ao promulgar a Lei nº 8.429/92.

Adicionalmente, o constituinte autorizou o legislador comum, já por meio de lei complementar, e não mais por lei ordinária, a estabelecer novas sanções ao agente ímprobo, só que agora limitadas a atingir apenas a capacidade eleitoral passiva, ou seja, a suprimir temporariamente a elegibilidade, sem contudo afetar o direito de votar (capacidade eleitoral ativa). E o fez por meio do artigo 14, §§ 3º e 9º, da CF 88, com a seguinte redação:

“Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

I - plebiscito;

II - referendo;

III - iniciativa popular.

(...)

§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I - a nacionalidade brasileira;

II - o pleno exercício dos direitos políticos;

III - o alistamento eleitoral;

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Revista JuRídica • edição nº 10 23

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;

V - a filiação partidária;

VI - a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Pre-feito e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador.

(...)

§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pre-gressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.”. (Os grifos são meus).

Foi com base justamente no permissivo constitucional do artigo 14, § 9º, da CF, que a Lei Complementar nº 135/2010, ou Lei da Ficha Limpa, foi promulgada. Por-tanto, não veio a alterar em nada o comando da Lei de Improbidade Administrativa, cujo fundamento constitucional lhe é diverso.

Veio, sobretudo, a lhe complementar, para, relativamente a alguns atos de impro-bidade administrativa, ampliar prazos de inelegibilidade e antecipar sua incidência.

Para que se tenha uma ideia melhor do afirmado, exemplifico.

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Pense-se, entre outras possibilidades, na conduta praticada com dolo pelo agente público que trouxe prejuízo ao erário, e importou em enriquecimento ilícito de terceiro.

Tipificada essa conduta no artigo 10 da Lei de Improbidade Administrativa, o agente público ímprobo seria sancionado, entre outras coisas, com a suspensão de seus direitos políticos entre cinco e oito anos, e, portanto, ficaria inelegível nesse prazo.

Com a incidência da Lei da Ficha Limpa, aplicável ao exemplo citado, sua inelegibilidade, para além desse prazo, foi ampliada até o transcurso de 8 anos do cumprimento da pena. Ou seja, ficará entre 13 e 16 anos inelegível.

E mais.

Enquanto nesse exemplo, à luz apenas da Lei de Improbidade Administrativa, o cumprimento da pena se daria somente após o trânsito em julgado da sentença, já agora a inelegibilidade poderá se operar desde o julgamento da ação por órgão judicial colegiado, ressalvadas as situações em que a instância revisora suspenda cautelarmente seus efeitos, na forma do artigo 26-C da Lei Complementar nº 64/1990, com a redação dada pela Lei Complementar nº 135/2010.

Daí a ideia de reforço e complementariedade da Lei da Ficha Limpa, em relação à Lei de Improbidade Administrativa.

Em consequência, outras situações não enquadradas na Lei da Ficha Limpa, porém sujeitas à incidência da sanção de suspensão de direitos políticos estabelecida na Lei de Improbidade Administrativa (art. 12), poderão igualmente retirar da disputa eleitoral o candidato ímprobo, tão ficha suja quanto o outro submetido às regras da lei mais recente e mais em voga.

A exclusão desse candidato da disputa poderá se dar, tanto de ofício quando do pedido de registro de sua candidatura, para a hipótese em que a suspensão de seus direitos políticos já estiver devidamente anotada na Justiça Eleitoral, como também mediante provocação do Ministério Público e de terceiros interessados, especialmente quando, embora já haja condenação definitiva à supressão temporária daquele direito, o cumprimento da pena não tenha se iniciado, o que, ao contrário do que sustentam al-guns, penso que só ocorrerá depois de feitas as devidas anotações nos órgãos eleitorais competentes, e não pelo simples trânsito em julgado da sentença condenatória.

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Revista JuRídica • edição nº 10 27

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V. Conclusão

Em suma, tanto a Lei de Improbidade Administrativa, como a Lei da Ficha Limpa, contribuem para o aprimo-ramento da representação popular, ao punirem as más práticas na gestão da coisa pública.

Por sua vez, suas normas, cujos fundamentos consti-tucionais são diversos, não são excludentes. Ao contrário, atuam de forma complementar, ampliando o sistema nor-mativo brasileiro de combate ao mau administrador apenado, ora com a suspensão de direitos políticos (em sua dupla feição ativa e passiva), ora apenas com a incapacitação eleitoral passiva (inelegibilidade).

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Supremo Tribunal Federal

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Revista JuRídica • edição nº 10

AG. REG. no Recurso Extraordinário com Agravo Nº 737811 /SP Relator: Min. Luiz Fux Órgão Julgador: 1ª Turma

Ementa

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ELEITORAL. APLICABILIDADE DA LEI COMPLEMENTAR Nº 135/2010 A FA-TOS ANTERIORES. ENTENDIMENTO SEDIMENTADO PELO PLENÁRIO DA SUPREMA CORTE NO JULGAMENTO DA ADI Nº 4.578. PREENCHIMENTO DE REQUISITOS PARA REGISTRO DE CANDIDATURA. QUESTÃO QUE DE-MANDA ANÁLISE DE DISPOSITIVOS DE ÍNDOLE INFRACONSTITUCIONAL. 1. A aplicação da Lei Complementar nº 135/2010 a fatos anteriores não fere o princípio constitucional da vedação de retrocesso, posto não vislumbrado o pressuposto de sua aplicabilidade concernente na existência de consenso básico, que tenha inserido na consciência jurídica geral a extensão da presunção de inocência para o âmbito eleitoral. 2. O preenchimento dos requisitos para fins de registro de candidatura, quando “sub judice” a controvérsia, encerra análise de normas infraconstitucionais. Precedente: ARE 561.902-AgR/MA, Rel. Ministra Cármen Lúcia, Primeira Turma, DJe 23/2/2011. 3. “In casu”, o acórdão originariamente recorrido assentou: “AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CANDIDATURA. ELEIÇÕES 2012. INDEFERIMENTO DO REGISTRO. CONDENAÇÃO CRIMINAL TRANSITADA EM JULGADO. INELEGI-BILIDADE VERIFICADA. INEXISTÊNCIA DE AFRONTA À IRRETROATIVIDADE DAS LEIS. FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA NÃO INFIRMADOS. SÚMULA 182 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.” 4. Agravo regimental DESPROVIDO.

Decisão

A Turma negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do relator. Unânime. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro Dias Toffoli.

Inteiro Teor - Data de Julgamento: 20/05/2014

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Revista JuRídica • edição nº 10 31

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

ADI - Ação Direta de Inconstitucionalidade Nº 4578 /AC Relator: Min. Luiz Fux Órgão Julgador: Tribunal Pleno

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO DJe-127 DIVULG 28-06-2012 PUBLIC 29-06-2012

Ementa

AÇÕES DECLARATÓRIAS DE CONSTITUCIONALIDADE E AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE EM JULGAMENTO CONJUNTO. LEI COM-PLEMENTAR Nº 135/2010. HIPÓTESES DE INELEGIBILIDADE. ART. 14, § 9º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. MORALIDADE PARA O EXERCÍCIO DE MANDATOS ELETIVOS. INEXISTÊNCIA DE AFRONTA À IRRETROATIVIDADE DAS LEIS: AGRAVAMENTO DO REGIME JURÍDICO ELEITORAL. ILEGITIMIDADE DA EXPECTATIVA DO INDIVÍDUO ENQUADRADO NAS HIPÓTESES LEGAIS DE INELEGIBILIDADE. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (ART. 5º, LVII, DA CONS-TITUIÇÃO FEDERAL): EXEGESE ANÁLOGA À REDUÇÃO TELEOLÓGICA, PARA LIMITAR SUA APLICABILIDADE AOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO PENAL. ATENDIMENTO DOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIO-NALIDADE. OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO: FIDELIDADE POLÍTICA AOS CIDADÃOS. VIDA PREGRESSA: CONCEITO JURÍDICO INDE-TERMINADO. PRESTÍGIO DA SOLUÇÃO LEGISLATIVA NO PREENCHIMENTO DO CONCEITO. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI. AFASTAMENTO DE SUA INCIDÊNCIA PARA AS ELEIÇÕES JÁ OCORRIDAS EM 2010 E AS ANTERIORES, BEM COMO PARA OS MANDATOS EM CURSO. 1. A elegibilidade é a adequação do indivíduo ao regime jurídico - constitucional e legal complementar - do processo eleitoral, razão pela qual a aplicação da Lei Complementar nº 135/2010, com a con-sideração de fatos anteriores, não pode ser capitulada na retroatividade vedada pelo art. 5º, XXXVI, da Constituição, mercê de incabível a invocação de direito adquirido ou de autoridade da coisa julgada (que opera sob o pálio da cláusula “rebus sic stantibus”) anteriormente ao pleito em oposição ao diploma legal retromencionado; subjaz a mera adequação ao sistema normativo pretérito (expectativa de direito). 2. A razoabilidade da expectativa de um indivíduo de concorrer a cargo público eletivo, à luz da exigência constitucional de moralidade para o exercício do mandato (art. 14, § 9º), resta afastada

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em face da condenação prolatada em segunda instância ou por um colegiado no exercício da competência de foro por prerrogativa de função, da rejeição de contas públicas, da perda de cargo público ou do impedimento do exercício de profissão por violação de dever ético-profissional. 3. A presunção de inocência consagrada no art. 5º, LVII, da Constituição Federal, deve ser reconhecida como uma regra e interpretada com o recurso da metodologia análoga a uma redução teleológica, que reaproxime o enunciado normativo da sua própria literalidade, de modo a reconduzi-la aos efeitos próprios da condenação criminal (que podem incluir a perda ou a suspensão de direitos políticos, mas não a inelegibilidade), sob pena de frustrar o propósito moralizante do art. 14, § 9º, da Constituição Federal. 4. Não é violado pela Lei Complementar nº 135/2010 o princípio constitucional da vedação de retrocesso, posto não vislumbrado o pressuposto de sua aplicabilidade concernente na existência de consenso básico, que tenha inserido na consciência jurídica geral a extensão da presunção de inocência para o âmbito eleitoral. 5. O direito político passivo (“ius honorum”) é possível de ser res-tringido pela lei, nas hipóteses que, “in casu”, não podem ser consideradas arbitrárias, porquanto se adequam à exigência constitucional da razoabilidade, revelando ele-vadíssima carga de reprovabilidade social, sob os enfoques da violação à moralidade ou denotativos de improbidade, de abuso de poder econômico ou de poder político. 6. O princípio da proporcionalidade resta prestigiado pela Lei Complementar nº 135/2010, na medida em que: (i) atende aos fins moralizadores a que se destina; (ii) estabelece requisitos qualificados de inelegibilidade e (iii) impõe sacrifício à liberdade individual de candidatar-se a cargo público eletivo que não supera os benefícios socialmente desejados, em termos de moralidade e probidade para o exercício de referido múnus público. 7. O exercício do “ius honorum” (direito de concorrer a cargos eletivos), em um juízo de ponderação no caso das inelegibilidades previstas na Lei Complementar nº 135/2010, opõe-se à própria democracia, que pressupõe a fidelidade política da atuação dos representantes populares. 8. A Lei Complementar nº 135/2010 também não fere o núcleo essencial dos direitos políticos, na medida em que estabelece restrições tem-porárias aos direitos políticos passivos, sem prejuízo das situações políticas ativas. 9. O cognominado desacordo moral razoável impõe o prestígio da manifestação legítima do legislador democraticamente eleito acerca do conceito jurídico indeterminado de vida pregressa, constante do art. 14, § 9º, da Constituição Federal. 10. O abuso de direito à renúncia é gerador de inelegibilidade dos detentores de mandato eletivo que renunciarem aos seus cargos, posto hipótese em perfeita compatibilidade com a repressão, constante do ordenamento jurídico brasileiro (v.g., o art. 55, § 4º, da Cons-tituição Federal, e o art. 187 do Código Civil), ao exercício de direito em manifesta transposição dos limites da boa-fé. 11. A inelegibilidade tem as suas causas previstas nos §§ 4º a 9º do art. 14 da Carta Magna de 1988, que se traduzem em condições objetivas cuja verificação impede o indivíduo de concorrer a cargos eletivos ou, acaso

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eleito, de os exercer, e não se confunde com a suspensão ou perda dos direitos políticos, cujas hipóteses são previstas no art. 15 da Constituição da República, e que importa restrição não apenas ao direito de concorrer a cargos eletivos (“ius honorum”), mas também ao direito de voto (“ius sufragii”). Por essa razão, não há inconstitucionalidade na cumulação entre a inelegibilidade e a suspensão de direitos políticos. 12. A extensão da inelegibilidade por 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, admissível à luz da disciplina legal anterior, viola a proporcionalidade numa sistemática em que a in-terdição política se põe já antes do trânsito em julgado, cumprindo, mediante inter-pretação conforme a Constituição, deduzir do prazo posterior ao cumprimento da pena o período de inelegibilidade decorrido entre a condenação e o trânsito em julgado. 13. Ação direta de inconstitucionalidade cujo pedido se julga improcedente. Ações declaratórias de constitucionalidade cujos pedidos se julgam procedentes, mediante a declaração de constitucionalidade das hipóteses de inelegibilidade instituídas pelas alíneas “c”, “d”, “f ”, “g”, “h”, “j”, “m”, “n”, “o”, “p” e “q” do art. 1º, inciso I, da Lei Com-plementar nº 64/1990, introduzidas pela Lei Complementar nº 135/2010, vencido o Relator em parte mínima, naquilo em que, em interpretação conforme a Constituição, admitia a subtração, do prazo de 8 (oito) anos de inelegibilidade posteriores ao cum-primento da pena, do prazo de inelegibilidade decorrido entre a condenação e o seu trânsito em julgado. 14. Inaplicabilidade das hipóteses de inelegibilidade às eleições de 2010 e anteriores, bem como para os mandatos em curso, à luz do disposto no art. 16 da Constituição. Precedente: RE 633.703, Rel. Min. GILMAR MENDES (Repercussão Geral).

Decisão

Após o voto do Senhor Ministro Luiz Fux (Relator), julgando improcedente a ação direta, pediu vista dos autos o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Falaram, pela Ad-vocacia-Geral da União, o Ministro Luís Inácio Lucena Adams, Advogado-Geral da União, e, pelo Ministério Público Federal, o Dr. Roberto Monteiro Gurgel Santos, Procurador-Geral da República. Presidência do Senhor Ministro Cezar Peluso. Plenário, 09.11.2011. Decisão: Após o voto do Senhor Ministro Joaquim Barbosa, que acompanhava o Relator, no sentido de julgar improcedente a ação direta, pediu vista dos autos o Senhor Ministro Dias Toffoli. Presidência do Senhor Ministro Cezar Peluso.

Plenário, 01.12.2011.

Decisão: Após o voto-vista do Senhor Ministro Dias Toffoli, julgando parcialmente procedente a ação direta para dar interpretação conforme, nos termos de seu voto, e os

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votos das Senhoras Ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia, julgando improcedente a ação, o julgamento foi suspenso. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Presidência do Senhor Ministro Cezar Peluso.

Plenário, 15.02.2012.

Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou improcedente a ação direta, contra os votos dos Senhores Ministros Dias Toffoli, que a julgava parcialmente procedente; Gilmar Mendes, que a julgava totalmente procedente, e Celso de Mello e Cezar Peluso (Presi-dente), que a julgavam parcialmente procedente, em extensões diferentes. Plenário, 16.02.2012.

Inteiro Teor - Data de Julgamento: 16/02/2012

nnnnn

ADC - Ação Declaratória de Constitucionalidade Nº 30/DF Relator: Min. Luiz Fux

Órgão Julgador: Tribunal Pleno

Publicação

ACÓRDÃO ELETRÔNICO

DJe-127 DIVULG 28-06-2012 PUBLIC 29-06-2012

Ementa

AÇÕES DECLARATÓRIAS DE CONSTITUCIONALIDADE E AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE EM JULGAMENTO CONJUNTO. LEI COMPLE-MENTAR Nº 135/2010. HIPÓTESES DE INELEGIBILIDADE. ART. 14, § 9º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. MORALIDADE PARA O EXERCÍCIO DE MAN-DATOS ELETIVOS. INEXISTÊNCIA DE AFRONTA À IRRETROATIVIDADE DAS LEIS: AGRAVAMENTO DO REGIME JURÍDICO ELEITORAL. ILEGITIMIDADE DA EXPECTATIVA DO INDIVÍDUO ENQUADRADO NAS HIPÓTESES LEGAIS

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DE INELEGIBILIDADE. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (ART. 5º, LVII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL): EXEGESE ANÁLOGA À REDUÇÃO TELEOLÓGICA, PARA LIMITAR SUA APLICABILIDADE AOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO PENAL. ATENDIMENTO DOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PRO-PORCIONALIDADE. OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO: FIDE-LIDADE POLÍTICA AOS CIDADÃOS. VIDA PREGRESSA: CONCEITO JURÍDICO INDETERMINADO. PRESTÍGIO DA SOLUÇÃO LEGISLATIVA NO PREENCHI-MENTO DO CONCEITO. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI. AFASTAMENTO DE SUA INCIDÊNCIA PARA AS ELEIÇÕES JÁ OCORRIDAS EM 2010 E AS ANTE-RIORES, BEM COMO E PARA OS MANDATOS EM CURSO. 1. A elegibilidade é a adequação do indivíduo ao regime jurídico – constitucional e legal complementar – do processo eleitoral, razão pela qual a aplicação da Lei Complementar nº 135/2010, com a consideração de fatos anteriores, não pode ser capitulada na retroatividade vedada pelo art. 5º, XXXVI, da Constituição, mercê de incabível a invocação de direito adquirido ou de autoridade da coisa julgada (que opera sob o pálio da cláusula “rebus sic stantibus”) anteriormente ao pleito em oposição ao diploma legal retromen-cionado; subjaz a mera adequação ao sistema normativo pretérito (expectativa de di-reito). 2. A razoabilidade da expectativa de um indivíduo de concorrer a cargo público eletivo, à luz da exigência constitucional de moralidade para o exercício do mandato (art. 14, § 9º), resta afastada, em face da condenação prolatada em segunda instância ou por um colegiado no exercício da competência de foro por prerrogativa de função, da rejeição de contas públicas, da perda de cargo público ou do impedimento do exer-cício de profissão por violação de dever ético-profissional. 3. A presunção de inocência consagrada no art. 5º, LVII, da Constituição Federal, deve ser reconhecida como uma regra e interpretada com o recurso da metodologia análoga a uma redução teleológica, que reaproxime o enunciado normativo da sua própria literalidade, de modo a recon-duzi-la aos efeitos próprios da condenação criminal (que podem incluir a perda ou a suspensão de direitos políticos, mas não a inelegibilidade), sob pena de frustrar o pro-pósito moralizante do art. 14, § 9º, da Constituição Federal. 4. Não é violado pela Lei Complementar nº 135/2010 o princípio constitucional da vedação de retrocesso, posto não vislumbrado o pressuposto de sua aplicabilidade concernente na existência de con-senso básico, que tenha inserido na consciência jurídica geral a extensão da presunção de inocência para o âmbito eleitoral. 5. O direito político passivo (“ius honorum”) é possível de ser restringido pela lei, nas hipóteses que, “in casu”, não podem ser consi-deradas arbitrárias, porquanto se adequam à exigência constitucional da razoabilidade, revelando elevadíssima carga de reprovabilidade social, sob os enfoques da violação à moralidade ou denotativos de improbidade, de abuso de poder econômico ou de poder político. 6. O princípio da proporcionalidade resta prestigiado pela Lei Com-plementar nº 135/2010, na medida em que: (i) atende aos fins moralizadores a que se

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destina; (ii) estabelece requisitos qualificados de inelegibilidade e (iii) impõe sacrifício à liberdade individual de candidatar-se a cargo público eletivo que não supera os be-nefícios socialmente desejados, em termos de moralidade e probidade para o exercício de referido múnus público. 7. O exercício do “ius honorum” (direito de concorrer a cargos eletivos), em um juízo de ponderação no caso das inelegibilidades previstas na Lei Complementar nº 135/2010, opõe-se à própria democracia, que pressupõe a fide-lidade política da atuação dos representantes populares. 8. A Lei Complementar nº 135/2010 também não fere o núcleo essencial dos direitos políticos, na medida em que estabelece restrições temporárias aos direitos políticos passivos, sem prejuízo das si-tuações políticas ativas. 9. O cognominado desacordo moral razoável impõe o prestígio da manifestação legítima do legislador democraticamente eleito, acerca do conceito jurídico indeterminado de vida pregressa, constante do art. 14, § 9º, da Constituição Federal. 10. O abuso de direito à renúncia é gerador de inelegibilidade dos detentores de mandato eletivo que renunciarem aos seus cargos, posto hipótese em perfeita com-patibilidade com a repressão, constante do ordenamento jurídico brasileiro (v.g., o art. 55, § 4º, da Constituição Federal, e o art. 187 do Código Civil), ao exercício de di-reito em manifesta transposição dos limites da boa-fé. 11. A inelegibilidade tem as suas causas previstas nos §§ 4º a 9º do art. 14 da Carta Magna de 1988, que se traduzem em condições objetivas, cuja verificação impede o indivíduo de concorrer a cargos eletivos ou, acaso eleito, de os exercer, e não se confunde com a suspensão ou perda dos direitos políticos, cujas hipóteses são previstas no art. 15 da Constituição da República, e que importa restrição não apenas ao direito de concorrer a cargos eletivos (“ius honorum”), mas também ao direito de voto (“ius sufragii”). Por essa razão, não há inconstitucio-nalidade na cumulação entre a inelegibilidade e a suspensão de direitos políticos. 12. A extensão da inelegibilidade por 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, admis-sível à luz da disciplina legal anterior, viola a proporcionalidade numa sistemática em que a interdição política se põe já antes do trânsito em julgado, cumprindo, mediante interpretação conforme a Constituição, deduzir do prazo posterior ao cumprimento da pena o período de inelegibilidade decorrido entre a condenação e o trânsito em julgado. 13. Ação direta de inconstitucionalidade cujo pedido se julga improcedente. Ações declaratórias de constitucionalidade cujos pedidos se julgam procedentes, me-diante a declaração de constitucionalidade das hipóteses de inelegibilidade instituídas pelas alíneas “c”, “d”, “f ”, “g”, “h”, “j”, “m”, “n”, “o”, “p” e “q”, do art. 1º, inciso I, da Lei Com-plementar nº 64/1990, introduzidas pela Lei Complementar nº 135/2010, vencido o Relator em parte mínima, naquilo em que, em interpretação conforme a Constituição, admitia a subtração do prazo de 8 (oito) anos de inelegibilidade posteriores ao cum-primento da pena, do prazo de inelegibilidade decorrido entre a condenação e o seu trânsito em julgado. 14. Inaplicabilidade das hipóteses de inelegibilidade às eleições de 2010 e anteriores, bem como para os mandatos em curso, à luz do disposto no art. 16

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da Constituição. Precedente: RE 633.703, Rel. Min. GILMAR MENDES (Reper-cussão Geral).

Inteiro Teor - Data de Julgamento: 16/02/2012

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ADC - Ação Declaratória de Constitucionalidade Nº 29/ DF Relator: Min. Luiz Fux

Órgão Julgador: Tribunal Pleno

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO

DJe-127 DIVULG 28-06-2012 PUBLIC 29-06-2012

RTJ VOL-00221- PP-00011

Ementa

AÇÕES DECLARATÓRIAS DE CONSTITUCIONALIDADE E AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE EM JULGAMENTO CONJUNTO. LEI COMPLE-MENTAR Nº 135/2010. HIPÓTESES DE INELEGIBILIDADE. ART. 14, § 9º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. MORALIDADE PARA O EXERCÍCIO DE MANDA-TOS ELETIVOS. INEXISTÊNCIA DE AFRONTA À IRRETROATIVIDADE DAS LEIS: AGRAVAMENTO DO REGIME JURÍDICO ELEITORAL. ILEGITIMIDADE DA EXPECTATIVA DO INDIVÍDUO ENQUADRADO NAS HIPÓTESES LEGAIS DE INELEGIBILIDADE. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (ART. 5º, LVII, DA CONS-TITUIÇÃO FEDERAL): EXEGESE ANÁLOGA À REDUÇÃO TELEOLÓGICA, PARA LIMITAR SUA APLICABILIDADE AOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO PE-NAL. ATENDIMENTO DOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPOR-CIONALIDADE. OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO: FIDELIDADE POLÍTICA AOS CIDADÃOS. VIDA PREGRESSA: CONCEITO JURÍDICO INDE-TERMINADO. PRESTÍGIO DA SOLUÇÃO LEGISLATIVA NO PREENCHIMENTO DO CONCEITO. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI. AFASTAMENTO DE SUA INCIDÊNCIA PARA AS ELEIÇÕES JÁ OCORRIDAS EM 2010 E AS ANTERIORES, BEM COMO PARA OS MANDATOS EM CURSO. 1. A elegibilidade é a adequação

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do indivíduo ao regime jurídico - constitucional e legal complementar - do pro-cesso eleitoral, razão pela qual a aplicação da Lei Complementar nº 135/2010, com a consideração de fatos anteriores não pode ser capitulada na retroatividade vedada pelo art. 5º, XXXVI, da Constituição, mercê de incabível a invocação de direito adquirido ou de autoridade da coisa julgada (que opera sob o pálio da cláusula “rebus sic stanti-bus”) anteriormente ao pleito em oposição ao diploma legal retromencionado; subjaz a mera adequação ao sistema normativo pretérito (expectativa de direito). 2. A razoabili-dade da expectativa de um indivíduo de concorrer a cargo público eletivo, à luz da exi-gência constitucional de moralidade para o exercício do mandato (art. 14, § 9º), resta afastada em face da condenação prolatada em segunda instância ou por um colegiado no exercício da competência de foro por prerrogativa de função, da rejeição de contas públicas, da perda de cargo público ou do impedimento do exercício de profissão por violação de dever ético-profissional. 3. A presunção de inocência consagrada no art. 5º, LVII, da Constituição Federal deve ser reconhecida como uma regra e interpretada com o recurso da metodologia análoga a uma redução teleológica, que reaproxime o enunciado normativo da sua própria literalidade, de modo a reconduzi-la aos efeitos próprios da condenação criminal (que podem incluir a perda ou a suspensão de direi-tos políticos, mas não a inelegibilidade), sob pena de frustrar o propósito moralizante do art. 14, § 9º, da Constituição Federal. 4. Não é violado pela Lei Complementar nº 135/2010 o princípio constitucional da vedação de retrocesso, posto não vislumbrado o pressuposto de sua aplicabilidade concernente na existência de consenso básico, que tenha inserido na consciência jurídica geral a extensão da presunção de inocência para o âmbito eleitoral. 5. O direito político passivo (“ius honorum”) é possível de ser res-tringido pela lei, nas hipóteses que, “in casu”, não podem ser consideradas arbitrárias, porquanto se adequam à exigência constitucional da razoabilidade, revelando eleva-díssima carga de reprovabilidade social, sob os enfoques da violação à moralidade ou denotativos de improbidade, de abuso de poder econômico ou de poder político. 6. O princípio da proporcionalidade resta prestigiado pela Lei Complementar nº 135/2010, na medida em que: (i) atende aos fins moralizadores a que se destina; (ii) estabelece requisitos qualificados de inelegibilidade e (iii) impõe sacrifício à liberdade individual de candidatar-se a cargo público eletivo que não supera os benefícios socialmente de-sejados, em termos de moralidade e probidade para o exercício de referido múnus público. 7. O exercício do “ius honorum” (direito de concorrer a cargos eletivos), em um juízo de ponderação no caso das inelegibilidades previstas na Lei Complementar nº 135/2010, opõe-se à própria democracia, que pressupõe a fidelidade política da atuação dos representantes populares. 8. A Lei Complementar nº 135/2010 também não fere o núcleo essencial dos direitos políticos, na medida em que estabelece restrições tempo-rárias aos direitos políticos passivos, sem prejuízo das situações políticas ativas. 9. O cognominado desacordo moral razoável impõe o prestígio da manifestação legítima do

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legislador democraticamente eleito acerca do conceito jurídico indeterminado de vida pregressa, constante do art. 14, § 9º, da Constituição Federal. 10. O abuso de direito à renúncia é gerador de inelegibilidade dos detentores de mandato eletivo que renun-ciarem aos seus cargos, posto hipótese em perfeita compatibilidade com a repressão, constante do ordenamento jurídico brasileiro (v.g., o art. 55, § 4º, da Constituição Fe-deral, e o art. 187 do Código Civil), ao exercício de direito em manifesta transposição dos limites da boa-fé. 11. A inelegibilidade tem as suas causas previstas nos §§ 4º a 9º do art. 14 da Carta Magna de 1988, que se traduzem em condições objetivas cuja verifi-cação impede o indivíduo de concorrer a cargos eletivos ou, acaso eleito, de os exercer, e não se confunde com a suspensão ou perda dos direitos políticos, cujas hipóteses são previstas no art. 15 da Constituição da República, e que importa restrição não apenas ao direito de concorrer a cargos eletivos (“ius honorum”), mas também ao direito de voto (“ius sufragii”). Por essa razão, não há inconstitucionalidade na cumulação entre a inelegibilidade e a suspensão de direitos políticos. 12. A extensão da inelegibilidade por 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, admissível à luz da disciplina legal anterior, viola a proporcionalidade numa sistemática em que a interdição política se põe já antes do trânsito em julgado, cumprindo, mediante interpretação conforme a Constituição, deduzir do prazo posterior ao cumprimento da pena o período de inelegibilidade de-corrido entre a condenação e o trânsito em julgado. 13. Ação direta de inconstituciona-lidade cujo pedido se julga improcedente. Ações declaratórias de constitucionalidade cujos pedidos se julgam procedentes, mediante a declaração de constitucionalidade das hipóteses de inelegibilidade instituídas pelas alíneas “c”, “d”, “f ”, “g”, “h”, “j”, “m”, “n”, “o”, “p” e “q” do art. 1º, inciso I, da Lei Complementar nº 64/1990, introduzidas pela Lei Complementar nº 135/10, vencido o Relator em parte mínima, naquilo em que, em interpretação conforme a Constituição, admitia a subtração, do prazo de 8 (oito) anos de inelegibilidade posteriores ao cumprimento da pena, do prazo de inelegibilidade decorrido entre a condenação e o seu trânsito em julgado. 14. Inaplicabilidade das hi-póteses de inelegibilidade às eleições de 2010 e anteriores, bem como para os mandatos em curso, à luz do disposto no art. 16 da Constituição. Precedente: RE 633.703, Rel. Min. GILMAR MENDES (Repercussão Geral).

Decisão

Após o voto do Senhor Ministro Luiz Fux (Relator), conhecendo em parte da ação e nessa parte julgando-a parcialmente procedente, pediu vista dos autos o Senhor Minis-tro Joaquim Barbosa. Falaram, pelo requerente, o Dr. Renato Campos Galuppo; pela Advocacia-Geral da União, o Ministro Luís Inácio Lucena Adams, Advogado-Geral da União, e, pelo Ministério Público Federal, o Dr. Roberto Monteiro Gurgel Santos, Pro-curador-Geral da República. Presidência do Senhor Ministro Cezar Peluso.

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Plenário, 09.11.2011.

Decisão:

Após o voto do Senhor Ministro Luiz Fux (Relator), que julgava parcialmente proce-dente a ação declaratória, nos termos do voto ora reajustado, apenas para dar interpre-tação conforme à alínea “e”, inciso I do art. 1º da LC nº 64/1990, com a redação dada pela LC nº 135/2010, e o voto do Senhor Ministro Joaquim Barbosa, que a julgava inteiramente procedente, nos limites conhecidos pelo Relator, pediu vista dos autos o Senhor Ministro Dias Toffoli. Presidência do Senhor Ministro Cezar Peluso.

Plenário, 01.12.2011.

Decisão: Após o voto-vista do Senhor Ministro Dias Toffoli, julgando procedente a ação para declarar a constitucionalidade da aplicação da Lei Complementar nº 135/2010 a atos e fatos jurídicos que tenham ocorrido antes do advento do referido diploma legal, e os votos das Senhoras Ministras Rosa Weber, que julgava totalmente procedente a ação, e Cármen Lúcia, que acompanhava o Relator para julgar parcialmente procedente a ação, o julgamento foi suspenso. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro Joa-quim Barbosa. Presidência do Senhor Ministro Cezar Peluso.

Plenário, 15.02.2012.

Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou procedente a ação, contra os votos dos Senhores Ministros Luiz Fux (Relator), que a julgava parcialmente procedente, e Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Celso de Mello e Cezar Peluso (Presidente), que a julgavam improcedente. Plenário, 16.02.2012.

Inteiro Teor - Data de Julgamento: 16/02/2012

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Tribunal Superior Eleitoral

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AgR-AI - Agravo Regimental em Agravo de Instrumento Nº 78569 - Tupã/SP Relatora: Min. Luciana Christina Guimarães Lóssio Acórdão de 27/02/2014

PublicaçãoDJE - Diário de Justiça Eletrônico, Tomo 51, Data 17/03/2014, Página 22.

EmentaELEIÇÕES 2012. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO. RECURSO CONTRA EXPE-DIÇÃO DE DIPLOMA (RCED). AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMI-NISTRATIVA. DISPENSA INDEVIDA DE CONCURSO PÚBLICO. CONDENAÇÃO POSTERIOR AO REGISTRO. PREFEITO. ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA QUE AFASTA O ENRIQUECIMENTO ILÍCITO PRÓPRIO OU DE TERCEIROS, POR TER SIDO EFETIVAMENTE PRESTADO O SERVIÇO. NÃO CONFIGURA-ÇÃO. PRECEDENTES. DESPROVIMENTO PELOS CONTRATADOS. INELEGIBI-LIDADE SUPERVENIENTE. ART. 1º, I, L, DA LC Nº 64/1990.1. A teor do disposto na alínea l do inciso I do artigo 1º da Lei Complementar nº

64/1990, indispensável é ter-se condenação à suspensão dos direitos políticos, consi-derado ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito. A tanto não equivale arregimentação de servido-res, via cooperativa, sem concurso público” (REspe nº 109-02/SP, Rel. Min. Marco Aurélio. DJE de 11.4.2013).

2. “In casu”, o TRE anotou constar da decisão proferida pela Justiça Comum não ter havido enriquecimento do agente tido por ímprobo, nem de terceiro, até porque o serviço contratado foi efetivamente prestado.Em sede extraordinária, não há como infirmar tal conclusão. (Precedentes do TSE: AgR-REspe nº 4681/GO, Rel. Min. Laurita Vaz, PSESS de 12.12.2012 e AgR-REspe nº 7154/PB, de minha relatoria, DJE de 12.4.2013).

3. Agravo regimental ao qual se nega provimento.

DecisãoO Tribunal, por unanimidade, desproveu o agravo regimental, nos termos do voto da Relatora. Inteiro Teor

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REspe - Recurso Especial Eleitoral Nº 27838 - Caucaia/CE Relator: Min. Luciana Christina Guimarães Lóssio Acórdão de 10/12/2013

Publicação DJE - Diário de Justiça Eletrônico, Tomo 38, Data 24/02/2014, Página 23. EmentaRECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. ELEIÇÕES 2012. VEREA-DOR. ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CONDENAÇÃO. DANO AO ERÁRIO E ENRIQUENCIMENTO ILÍCITO. ART. 1°, I, l, DA LC N° 64/90. AUSÊNCIA DA INTEGRAL CAPITULAÇÃO DA SENTENÇA DE IMPROBI-DADE. OMISSÃO. PROVIMENTO PARCIAL.1. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que, para a configuração da inelegibili-

dade da alínea l do inciso I do art. 1º da LC nº 64/1990, é necessário que o candidato tenha sido condenado por ato doloso de improbidade administrativa, que implique, concomitantemente, lesão ao erário e enriquecimento ilícito (Precedentes: REspe nº 14763, Rel. Min. Laurita Vaz, PSESS de 11.9.2012; REspe nº 22642, Rel. Min. Henrique Neves da Silva, PSESS de 20.11.2012).

2. Na espécie, o acórdão regional não enfrentou os temas suscitados em sede de em-bargos de declaração, relevantes ao julgamento da causa, o que configurou a viola-ção ao art. 275, II, do Código Eleitoral.

3. Recurso especial provido para anular o acórdão recorrido, determinando o retorno dos autos ao TRE, a fim de que outro seja proferido, sanando as omissões alegadas nos aclaratórios.

DecisãoO Tribunal, por maioria, proveu parcialmente o recurso. Vencidos, em parte, a Minis-tra Luciana Lóssio e o Ministro Gilmar Mendes.

Referência Legislativaleg.: federal - lei complementar nº 64; ano: 1990 (lc - lei de inelegibilidades) art. 1º - inc. I - al. l

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AgR-RCED - Agravo Regimental em Recurso Contra Expedição de Diploma Nº 1475 - João Pessoa/PB Relator: Min. Marco Aurélio Acórdão de 22/10/2013

PublicaçãoDJE - Diário de Justiça Eletrônico, Tomo 236, Data 11/12/2013, Página 59. EmentaSUSPENSÃO DE DIREITOS POLÍTICOS - RECURSO - AFASTAMENTO. Enquanto pendente recurso, descabe assentar a suspensão de direitos políticos.INELEGIBILIDADE - LEI COMPLEMENTAR Nº 135/2010 - APLICAÇÃO NO TEMPO. Ante o princípio da anterioridade eleitoral - artigo 16 da Carta da República -, surge inaplicável às eleições de 2010 a Lei Complementar nº 135/2010. Precedente: Recurso Extraordinário nº 633703/MG, Plenário do Supremo, Relator Ministro Gilmar Mendes, Diário da Justiça Eletrônico de 18 de novembro de 2011.

Decisão

O Tribunal, por unanimidade, desproveu o agravo regimental, nos termos do voto do Relator.

Referência Legislativa leg.: federal - lei complementar nº 135; ano: 2010 art. 1º - inc. I - al. l

Inteiro Teor

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AgR-REspe - Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral Nº 17846 - São João Del Rei/MG Relator: Min. Marco Aurélio Acórdão de 20/08/2013

Publicação DJE - Diário de Justiça Eletrônico, Tomo 172, Data 09/09/2013, Página 49.

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Ementa

INELEGIBILIDADE - ALÍNEA L DO INCISO I DO ARTIGO 1º DA LEI COMPLE-MENTAR Nº 64/1990 - REQUISITOS. A teor do disposto na alínea l do inciso I do artigo 1º da Lei Complementar nº 64/1990, indispensável é ter-se condenação a revelar a suspensão dos direitos políticos, considerado ato doloso de improbidade administra-tiva que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito.

Decisão

O Tribunal, por unanimidade, desproveu o agravo regimental, nos termos do voto do Relator.

Referência Legislativa

leg.: federal - lei complementar nº 64; ano: 1990 (lc - lei de inelegibilidades) art. 1º - inc. I - al. l

Inteiro Teor

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REspe - Recurso Especial Eleitoral Nº 154144 - Poá/SP Relator: Min. Luciana Christina Guimarães Lóssio Acórdão de 06/08/2013

Publicação DJE - Diário de Justiça Eletrônico, Tomo 168, Data 3/9/2013, Página 80.

EmentaRECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. DEFERIMENTO. ELEI-ÇÕES 2012. VEREADOR. ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ART. 1°, I, L, DA

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LC N° 64/1990. AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO POR DANO AO ERÁRIO E ENRI-QUECIMENTO ILÍCITO. PROVIMENTO.1. A jurisprudência desta Corte e no sentido de que não incide a inelegibilidade da alínea l do inciso I do art. 1° da LC n° 64/1990, nos casos em que a condenação por im-probidade administrativa importou apenas violação aos princípios da administração pública, sendo necessária também a lesão ao patrimônio público e o enriquecimento ilícito (Precedentes: AgR-REspe n° 67-10/AM, Rel. Min. Nancy Andrighi, PSESS de 6.12.2012).2. Não cabe à Justiça Eleitoral proceder a novo enquadramento dos fatos e provas vei-culados na ação de improbidade para concluir pela presença de dano ao erário e en-riquecimento ilícito, sendo necessária a observância dos termos em que realizada a tipificação legal pelo órgão competente para o julgamento da referida ação.3. Recurso especial provido para deferir o registro do candidato.

DecisãoO Tribunal, por maioria, proveu o recurso, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Ministros Henrique Neves da Silva e Cármen Lúcia (presidente).

Referência Legislativa leg.: federal - lei complementar nº 64; ano: 1990 (lc - lei de inelegibilidades) art. 1º - inc. I - al. l

Inteiro Teor

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REspe - Recurso Especial Eleitoral Nº 420382 - Fortaleza/CE Relator: Min. Cármen Lúcia Acórdão de 08/09/2010 Publicação PSESS - Publicado em Sessão, Data 08/09/2010. EmentaEleições 2010. Registro de candidatura individual. Condenação do candidato à suspen-são de direitos políticos apenas em primeira instância. Inaplicabilidade da Lei Comple-mentar n° 135/2010. Recurso ao qual se nega provimento.

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InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

DecisãoO Tribunal, por unanimidade, desproveu o recurso, nos termos do voto da Relatora. Referência Legislativaleg.: federal - lei complementar nº 64; ano: 1990 (lc - lei de inelegibilidades) art. 1º - inc. I - al. L

Decisões no mesmo sentidoSucessivo: RESPE Nº: 462472 (REspe) - CE, AC. DE 08/09/2010, Rel.: CÁRMEN LÚ-CIA ANTUNES ROCHA.Observação(04 fls.)“Leading case” - Inaplicabilidade da LC 135/2010 (“Lei da Ficha Limpa”) em condena-ção à suspensão de direitos políticos apenas em primeira instância.

Inteiro Teor

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AgR-REspe - Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral Nº 20219 - Pradópolis/SP Relator: Min. Henrique Neves da Silva Acórdão de 02/05/2013

PublicaçãoDJE - Diário de Justiça Eletrônico, Tomo 114, Data 19/06/2013. EmentaEleições 2012. Registro de candidatura. Vereador. Indeferimento. Condenação por ato doloso de improbidade administrativa. Inelegibilidade. Art. 1º, inciso I, alínea “L” da Lei Complementar nº 64/1990.1. Para efeito do reconhecimento da inelegibilidade prevista na alínea “L” do inciso I

do art. 1º da LC nº 64/1990, não é necessário o trânsito em julgado da condenação, bastando ter sido ela proferida em decisão colegiada.

2. O Tribunal de origem consignou que o recorrente foi condenado por improbidade administrativa, em razão de desvio de verba pública, fraudulenta lesão ao erário e enriquecimento de terceiros, tendo sido aplicada a ele a sanção de suspensão dos

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direitos políticos por três anos, em decorrência de ato doloso por ter preenchido pessoalmente nota fiscal falsa que não se baseou em nenhum serviço realizado a bem público. Essas conclusões não podem ser modificadas sem o reexame da maté-ria fática, vedada em sede de recurso especial, nos termos das súmulas nºs 7 do STJ e 279 do STF.

3. O argumento da insignificância do valor referente ao dano ao erário, e de que tal importância teria sido ressarcida, não constitui questão a ser analisada no âmbito do processo de registro.

4. A mera reprodução no agravo regimental das razões que já constavam do recurso especial, e que foram rejeitadas em decisão monocrática, não são suficientes para infirmar os fundamentos da decisão agravada.

Agravo regimental a que se nega provimento.

DecisãoO Tribunal, por maioria, desproveu o agravo regimental, nos termos do voto do Rela-tor. Vencido o Ministro Marco Aurélio.

Referência Legislativa leg.: federal - súmula do supremo tribunal federal nº: 279; ano: 1963; leg.: federal - sú-mula do superior tribunal de justiça nº: 7; ano: 1990; leg.: federal - lei complementar nº 64; ano: 1990 (lc - lei de inelegibilidades) art. 1º - inc. I - al. L

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AgR-REspe - Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral Nº 83908 - Jales/SP Relator: Min. Henrique Neves da Silva Acórdão de 23/05/2013 Publicação DJE - Diário de Justiça Eletrônico, Data 18/06/2013, Página 70.

EmentaEleições 2012. Registro de candidatura. Art. 1º, I, “L”, da LC nº 64/1990. Condenação. Ato doloso de improbidade administrativa. Incidência.1. Tendo sido o recorrente condenado por órgão colegiado em decorrência de ato dolo-

so de improbidade administrativa, qual seja, a realização de parceria informal para a

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coleta de lixo reciclável, sem que houvesse procedimento licitatório prévio, incide a inelegibilidade prevista no art. 1º, I, “L”, da LC nº 64/1990.

2. Para modificar o entendimento do Tribunal de origem, de que a conduta do re-corrente foi dolosa, e de que ficou comprovado o seu enriquecimento ilícito, seria necessário reexaminar o conjunto fático-probatório dos autos, o que é vedado em sede de recurso especial, conforme reiteradamente decidido por esta Corte, com fundamento nas súmulas nºs 7 do STJ e 279 do STF.

Agravo regimental a que se nega provimento.

DecisãoO Tribunal, por unanimidade, desproveu o agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Referência Legislativa leg.: federal - súmula do supremo tribunal federal nº: 279; ano: 1963; leg.: fe-deral - súmula do superior tribunal de justiça nº: 7; ano: 1990; leg.: fe-deral - lei complementar nº: 64; ano: 1990 (lc - lei de inelegibilidades) art. 1º - inc. I - al. LInteiro Teor

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REspe - Recurso Especial Eleitoral Nº 7855 - Tangará/SC Relator: Min. Dias Toffoli Relator designado: Min. Nancy Andrighi Acórdão de 11/12/2012

PublicaçãoPSESS - Publicado em Sessão, Data 11/12/2012. EmentaRECURSO ESPECIAL ELEITORAL. ELEIÇÕES 2012. PREFEITO. REGISTRO DE CANDIDATURA. INELEGIBILIDADE. ART. 1º, I, L, DA LEI COMPLEMENTAR 64/1990. LESÃO AO ÉRÁRIO. ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. COMPROVAÇÃO. DESPROVIMENTO.

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1. A incidência da inelegibilidade disposta no art. 1º, I, l, da LC 64/1990, pressupõe que o ato doloso de improbidade administrativa, pelo qual o candidato tenha sido con-denado, importe, concomitantemente, em lesão ao patrimônio público e enriqueci-mento ilícito, conceitos definidos pela Lei 8.429/1992. Precedentes.

2. Na espécie, o recorrente - na qualidade de Secretário de Transportes e Obras da Prefeitura de Tangará/SC - teve os direitos políticos suspensos, em decorrência de condenação pela prática de atos de improbidade administrativa consistentes na uti-lização de maquinaria e mão de obra públicos, para fins de transporte de tijolos para seu sogro e para terraplanagem de propriedades privadas de terceiros, nos municí-pios de Videira (SC) e Campos Novos (SC).

3. Conforme assentado pelo TRE/SC, as condutas do recorrente ocasionaram, não apenas prejuízo ao erário, mas também enriquecimento ilícito, de modo que não há como afastar a referida inelegibilidade.

4. Recurso especial eleitoral a que se nega provimento.

DecisãoO Tribunal, por maioria, desproveu o recurso, nos termos do voto da Ministra Nancy Andrighi, que redigirá o acórdão. Vencidos os Ministros Dias Toffoli (relator) e Lucia-na Lóssio.Referência Legislativa leg.: federal - lei ordinária nº 8429; ano: 1992; leg.: federal - lei complementar nº: 64; ano: 1990 (lc - lei de inelegibilidades) art. 1º - inc. I - al. L

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AgR-REspe - Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral Nº 154144 - Poá/SP Relatora: Min. Luciana Christina Guimarães Lóssio Relator: designado Min. Henrique Neves da Silva Acórdão de 02/04/2013

Publicação DJE - Diário de Justiça Eletrônico, Tomo 90, Data 15/5/2013, Páginas 74/75.

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EmentaELEIÇÕES 2012. REGISTRO DE CANDIDATURA. INELEGIBILIDADE. ALÍNEA L. DECISÃO MONOCRÁTICA. REFORMA.Agravo regimental provido em razão da complexidade e relevância da matéria contida na decisão agravada - condenação por improbidade administrativa em razão da prática de nepotismo cruzado - apenas para permitir que o tema seja examinado pelo Plenário, mediante o julgamento do recurso especial, com oportunidade de defesa oral em favor das partes.

DecisãoO Tribunal, por maioria, proveu o agravo regimental para o devido processamento do recurso especial. Vencida a Ministra Luciana Lóssio (relatora) e os Ministros Dias Toffoli e Castro Meira. Referência Legislativa leg.: federal - lei complementar nº: 64; ano: 1990 (lc - lei de inelegibilidades) art. 1º - inc. I - al. L

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REspe - Recurso Especial Eleitoral Nº 52771 - Lavrinhas/SP Relator: Min. Dias Toffoli Acórdão de 13/12/2012

Publicação PSESS - Publicado em Sessão, Data 13/12/2012.

EmentaRECURSO ESPECIAL. INDEFERIMENTO. REGISTRO DE CANDIDATURA. PRE-FEITO. CONDENAÇÃO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ART. 1º, I, L, DA LC Nº 64/1990. CONCESSÃO. EFEITO SUSPENSIVO. RECURSO. SUSPENSÃO DA INELEGIBILIDADE. INCIDÊNCIA DO ART. 26-C DA LC Nº 64/1990. RECURSO PROVIDO.

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1. A concessão de efeito suspensivo pelo Presidente da Seção de Direito Público do Tri-bunal de Justiça ao recurso especial interposto contra o acórdão do TJ, que manteve a condenação por improbidade administrativa, é apta para suspender a inelegibili-dade, a teor do art. 26-C da LC nº 64/1990.

2. Consoante já decidiu esta Corte, “o disposto no art. 26-C da LC nº 64/90, inserido pela LC nº 135/2010, não afasta o poder geral de cautela conferido ao juiz pelo art. 798 do CPC, nem transfere ao Plenário a competência para examinar, inicialmente, pedido de concessão de medida liminar, ainda que a questão envolva inelegibilida-de” (Questão de Ordem na Ação Cautelar nº 142085/RJ, DJE de 28.6.2010, Rel. Min. Marcelo Ribeiro).

3. Nos termos das súmulas nºs 634 e 635 do STF, na pendência do juízo de admissibili-dade recursal, cabe ao Tribunal “a quo” a concessão de efeito suspensivo ao recurso dirigido às Cortes Superiores.

4. Recurso provido para deferir o registro do candidato.

DecisãoO Tribunal, por unanimidade, proveu o recurso, nos termos do voto do Relator.

Referência Legislativa leg.: federal - súmulas do supremo tribunal federal nºs: 634 e 635; ano: 2003; leg.: federal - lei complementar nº: 64; ano: 1990 (lc - lei de inelegibilidades) arts. 1º - inc. I - al. L e 26 c; leg.: federal - lei ordinária nº: 8429; ano: 1992 arts.: 1º, 9º e 10º

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AgR-REspe - Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral Nº 3242 - Caucaia/CE Relator: Min. DIAS TOFFOLI Relator designado(a) Min. ROSA WEBER Acórdão de 14/02/2013

PublicaçãoDJE - Diário de Justiça Eletrônico, Tomo 57, Data 25/03/2013, Páginas 73/74.

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InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

Ementa RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE REGISTRO DE CANDIDATURA. VEREADOR. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ATO DOLO-SO. LESÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO E ENRIQUECIMENTO ILÍCITO PRÓ-PRIO OU DE TERCEIRO. INELEGIBILIDADE. ART. 1º, I, l, LC 64/1990. ELEIÇÕES 2012. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO. “Verifica-se a inelegibilidade de candidato condenado por ato doloso de improbidade administrativa, que importe em lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito de terceiro, nos termos da jurisprudência deste Tribunal.”

DecisãoO Tribunal, por maioria, proveu o agravo regimental, nos termos da divergência. Ven-cidos os Ministros Dias Toffoli (relator) e Luciana Lóssio.

Referência Legislativa leg.: federal - lei complementar nº: 64; ano: 1990 (lc - lei de inelegibilidades) art. 1º - inc. I - al. L

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AgR-REspe - Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral Nº 7154 - Tavares/PB Relator Min. Henrique Neves da Silva Acórdão de 07/03/2013

PublicaçãoDJE - Diário de Justiça Eletrônico, Tomo 068, Data 12/04/2013, Páginas 59-60.EmentaEleições 2012. Registro de candidatura. Vereador. Indeferimento. Condenação por ato doloso de improbidade administrativa. Inelegibilidade. Art. 1º, inciso I, alínea “L”, da Lei Complementar nº 64/1990. Não incidência.A jurisprudência firmada por este Tribunal nas eleições de 2012, é no sentido de que, para a configuração da inelegibilidade da alínea “L” do inciso I do art. 1º da LC nº 64/1990, é necessário que o candidato tenha sido condenado por ato doloso de

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improbidade administrativa, que implique, concomitantemente, em lesão ao erário e enriquecimento ilícito.Agravo regimental a que se nega provimento.

DecisãoO Tribunal, por unanimidade, desproveu o agravo regimental, nos termos do voto do Relator.

Referência Legislativa leg.: federal - lei complementar nº: 64; ano: 1990 (lc - lei de inelegibilidades) art. 1º - inc. I - al. L

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AgR-REspe - Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral Nº 22642 - Caucaia/CE Relator Min. Henrique Neves da Silva Acórdão de 12/12/2012

Publicação PSESS - Publicado em Sessão, Data 12/12/2012.

EmentaEleições 2012. Registro de candidatura. Vereador. Indeferimento. Condenação por ato doloso de improbidade administrativa. Inelegibilidade. Art. 1º, inciso I, alínea l, da Lei Complementar nº 64/90. Não incidência. A jurisprudência firmada por este Tribunal nas eleições de 2012, é no sentido de que, para a configuração da inelegibilidade da alínea l do inciso I do art. 1º da LC nº 64/1990, é necessário que o candidato tenha sido condenado por ato doloso de improbidade ad-ministrativa, que implique, concomitantemente, em lesão ao erário e enriquecimento ilícito.Agravo regimental a que se nega provimento.DecisãoO Tribunal, por unanimidade, desproveu o agravo regimental, nos termos do voto do Relator.

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Referência Legislativa leg.: federal - lei complementar nº: 64; ano: 1990 (lc - lei de inelegibilidades) art. 1º - inc. I - al. L

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AgR-REspe - Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral Nº 7130 - Sorocaba/SP Relator Min. Dias Toffoli Acórdão de 25/10/2012

Publicação PSESS - Publicado em Sessão, Data 25/10/2012.

EmentaELEIÇÕES 2012. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PROVIMENTO. DEFERIMENTO. REGISTRO DE CANDIDATO. PREFEITO. AUSÊNCIA. INCI-DÊNCIA. ART. 1º, INCISO I, ALÍNEA L, LC Nº 64/1990. INEXISTÊNCIA. CONDE-NAÇÃO. ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. DESPROVIMENTO.1. A inelegibilidade descrita na alínea l do inciso I do art. 1º da LC nº 64/1990 pressu-põe condenação por improbidade administrativa que importe em lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito.2. Sem a presença conjugada dos dois requisitos, quais sejam, condenação por lesão ao patrimônio público (art. 10 da Lei nº 8.429/1992) e enriquecimento ilícito (art. 9º da Lei nº 8.429/1992), não incidirá a inelegibilidade do art. 1º, I, l, da LC nº 64/1990.Agravo regimental a que se nega provimento.

DecisãoO Tribunal, por unanimidade, não conheceu do agravo regimental, nos termos do voto do Relator.

Referência Legislativa leg.: federal - lei complementar nº: 64; ano: 1990 (lc - lei de inelegibilidades) art. 1º - inc. I - al. L; leg.: federal - lei ordinária nº: 8429; ano: 1992 art.s: 9º e 10º

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AgR-REspe - Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral Nº 36553 - Catanduva/SP Relator Min. Nancy Andrighi Acórdão de 20/11/2012

Publicação PSESS - Publicado em Sessão, Data 20/11/2012.

EmentaAGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. REGISTRO DE CAN-DIDATURA. ELEIÇÕES 2012. INELEGIBILIDADE. ART. 1º, I, L, DA LC 64/1990. REQUISITOS. DANO AO ERÁRIO. ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. AUSÊNCIA. DESPROVIMENTO.1. A incidência da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, L, da LC 64/1990, com

redação dada pela LC 135/2010, pressupõe condenação do candidato à suspensão dos direitos políticos por ato de improbidade administrativa que importe em lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito. Precedentes.

2. Na espécie, o TRE/SP presumiu a ocorrência de dano ao erário, e não mencionou sequer a ocorrência de enriquecimento ilícito do agravado ou de terceiros, circuns-tância que impede o reconhecimento da alegada inelegibilidade.

3. Agravo regimental não provido.

DecisãoO Tribunal, por unanimidade, desproveu o agravo regimental, nos termos do voto da Relatora. Referência Legislativa leg.: federal - lei complementar nº: 64; ano: 1990 (lc - lei de inelegibilidades) art. 1º - inc. I - al. LInteiro Teor

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AgR-REspe - Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral Nº 19440 - São José do Vale do Rio Preto/RJ Relator Min. Arnaldo Versiani Acórdão de 08/11/2012

PublicaçãoPSESS - Publicado em Sessão, Data 08/11/2012.

EmentaInelegibilidade. Condenação à suspensão dos direitos políticos por ato doloso de im-probidade administrativa.1. Configura a inelegibilidade da alínea l do inciso I do art. 1º da Lei Complementar nº 64/1990, a condenação, por órgão colegiado, à suspensão dos direitos políticos por ato doloso de improbidade administrativa, consistente na requisição de combustível para o abastecimento de veículos de terceiros não pertencentes aos quadros da câmara municipal.2. O ato doloso de improbidade administrativa pode implicar o enriquecimento ilícito, tanto do próprio agente, mediante proveito pessoal, quanto de terceiros por ele bene-ficiados.Agravo regimental não provido.

DecisãoO Tribunal, por unanimidade, desproveu o agravo regimental, nos termos do voto do Relator.

Referência Legislativa leg.: federal - lei complementar nº: 64; ano: 1990 (lc - lei de inelegibilidades) art. 1º - inc. I - al. L

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AgR-REspe - Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral Nº 44991 - Ressaquinha/MG Relator Min. Arnaldo Versiani Acórdão de 30/10/2012

Publicação PSESS - Publicado em Sessão, Data 30/10/2012.

EmentaInelegibilidade. Condenação por ato doloso de improbidade administrativa.Se a publicação do acórdão condenatório em ação civil pública e o consequente co-nhecimento pelas partes do inteiro teor das respectivas razões do colegiado ocorre-ram após o prazo final do pedido de registro, evidencia-se eventual hipótese de cau-sa de inelegibilidade superveniente, posterior à formalização da candidatura, a qual não pode ser discutida no âmbito do pedido de registro, em que se examinam causas preexistentes. Precedentes.Agravo regimental não provido.

DecisãoO Tribunal, por unanimidade, desproveu o agravo regimental, nos termos do voto do Relator.

Referência Legislativa leg.: federal - lei complementar nº: 64; ano: 1990 (lc - lei de inelegibilidades) art. 1º - inc. I - al. LInteiro Teor

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Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro

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RCAND - Registro de Candidatura Nº 217979 - Rio de Janeiro/RJ Relator: Edson Aguiar de Vasconcelos Acórdão de 18/08/2014

Ementa

Eleições 2014. Requerimento de Registro de Candidatura. Condenação por improbi-dade administrativa.

1. É essencial para o reconhecimento da inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea L, da LC 64/1990, a confluência dos seguintes fatores de ordem material: ato doloso, lesão ao erário e/ou enriquecimento ilícito.

2. No caso em apreço, o Deputado Federal candidato à reeleição foi condenado à pena de suspensão de direitos políticos por improbidade administrativa, com base no ar-tigo 10, incisos VIII, XI e XII da Lei 8.429/1992, em razão da participação na prática de fraude em processo licitatório, no episódio que ficou conhecido na mídia como “escândalo dos sanguessugas” ou ainda “máfia das ambulâncias”, e a leitura da sen-tença de 1º grau revela a presença de dolo, enriquecimento ilícito de terceiro e lesão ao patrimônio público.

3. Presentes as condições materiais, faz-se necessário investigar também a ocorrência de ao menos um dos seguintes requisitos processuais: trânsito em julgado ou conde-nação por órgão judicial colegiado.

4. Extrai-se de certidão dos autos que não houve julgamento por órgão colegiado, pois os recursos encontram-se pendentes de apreciação. O ponto controvertido reside então em saber se há o trânsito em julgado.

5. Consta da certidão que, embora o candidato não tenha recorrido, outros litiscon-sortes passivos interpuseram apelações, recebidas no duplo efeito.

6. A circunstância de não existir certidão lavrada no Juízo de origem não afasta por si só a existência de trânsito em julgado, pois este não se aperfeiçoa com a lavratura da certidão cartorária, mas sim no momento em que se torna irrecorrível a sentença judicial.

7. O fato de a conduta dos réus ter sido apurada individualmente e de as penas terem sido impostas de forma diversa para cada um conduzem à conclusão de tratar-se de litisconsórcio simples.

8. Uma vez simples o litisconsórcio, não se pode aplicar o “caput” do art. 509 do CPC,

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pois o recurso interposto por um litisconsorte só aproveita aos demais nos casos de litisconsórcio unitário.

9. Refutada a possibilidade de conferir caráter unitário ao litisconsórcio, deve incidir o disposto no artigo 48 do CPC, segundo o qual cada litisconsorte é considerado como litigante distinto, de maneira que seus atos e omissões não prejudicam nem beneficiam os demais.

10. Nesta conjuntura, não é possível a extensão subjetiva dos efeitos dos recursos ao candidato.

11. Não deve prevalecer a tese de tratar-se de obrigação solidária, pois a sanção comum de ressarcimento ao erário não é indivisível, de sorte que poderá subsistir para o candidato ainda que os litisconsortes apelantes obtenham sucesso em sua empreitada recursal.

12. A aplicação do parágrafo único do art. 509 demanda a existência de defesas co-muns, o que não se vislumbra no caso.

13. Ademais, existe precedente do STJ, no sentido de que o parágrafo único do art. 509 do CPC também só se aplica ao litisconsórcio unitário.

14. Deve-se concluir, portanto, pela existência de trânsito em julgado, o que conduz ao reconhecimento da ausência de condição de elegibilidade, dada a suspensão dos direitos políticos, e de inelegibilidade, considerados os termos do art. 1º, inciso I, alínea L, da LC 64/1990.

Requerimento de Registro de Candidatura indeferido.

Decisão

POR UNANIMIDADE, INDEFERIU-SE O REGISTRO DE CANDIDATURA, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. PUBLICADO EM SESSÃO.

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IMP-RCAND - Impugnação em Registro de Candidatura Nº 55677 - Rio de Janeiro/RJ Relatora: Ana Tereza Basílio Acórdão de 12/08/2014

Ementa

AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO AO REGISTRO DE CANDIDATURA DE DEPUTADO ESTADUAL. DECISÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUE REJEITOU AS CONTAS DO IMPUGNADO. INELEGIBILIDADE. ART. 14, §9º, DA CRFB C/C ART. 1º, I, ALÍNEA “G”, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990. OMISSÃO NA PRESTAÇÃO DE CONTAS PELO IMPUGNADO. ATO DO-LOSO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CARACTERIZAÇÃO. ELEIÇÕES 2014. 1. O impugnado não prestou as contas, quando foi instado a fazê-lo pela Corte de Contas em processo de Tomada de Contas Especial. A sua omissão implicou, por-tanto, em ato doloso de improbidade administrativa, nos termos do art. 11 da Lei nº 8.429/1992, que atrai a causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, alínea “g”, da Lei Complementar nº 64/1990. 2. Sustenta o impugnado que não teria posse dos docu-mentos solicitados, pelo fato de a Tomada de Contas Especial ter sido instaurada 6 (seis) anos após deixar o cargo público que exercia. Acrescenta, ainda, que estaria sen-do vitima de perseguição política da oposição. Não se justificam, entretanto, esses ar-gumentos, já que o pré-candidato exerceu cargo publico, com a utilização de recursos do erário, e, por isso, tem o dever legal e moral de prestar contas, se demandado, e de ter a guarda dos documentos correspondentes aos atos que praticou. Ademais, não se poderia esperar que seus aliados políticos denunciassem irregularidades que cometeu. Essa iniciativa, obviamente, é mais plausível a opositores, o que é salutar em um Estado Democrático de Direito. 3. Procedência do pedido de Impugnação ao Registro de Can-didatura e indeferimento do registro.

Decisão

POR UNANIMIDADE, JULGOU-SE PROCEDENTE A IMPUGNAÇÃO E INDEFE-RIU-SE O REGISTRO DE CANDIDATURA, NOS TERMOS DO VOTO DO RELA-TOR. PUBLICADO EM SESSÃO.

Inteiro Teor

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Revista JuRídica • edição nº 10 67

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

RE - Recurso Eleitoral Nº 4237 - Iguaba Grande/RJ Relator: Antonio Augusto Toledo Gaspar Acórdão de 27/09/2012

Ementa

RECURSO ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. IMPUGNAÇÃO. ELEI-ÇÕES 2012. CHAPA MAJORITÁRIA. 1 - Existência de ação de impugnação ao re-gistro de candidatura ajuizada por partido, o qual foi, posteriormente, substituído no polo ativo por candidato, sob a alegação de erro material. Impossibilidade de tal substituição, eis que, uma vez feita a citação validamente, não é mais possível alterar a composição dos polos da relação jurídica processual, salvo as substituições permitidas por lei, nos termos dos artigos 41 e 264, ambos do Código de Processo Civil. Prece-dentes desta Corte. Por tal motivo, manifesta a ilegitimidade recursal do candidato, não sendo possível o conhecimento de seu recurso. 2 - Quanto ao recurso interposto pelo pré-candidato a Prefeito, observa-se que a hipótese de inelegibilidade prevista na alínea “l” do inciso I do artigo 1º da LC 64/1990 incide apenas quando há a suspensão de direitos políticos em razão de condenação por ato de improbidade administrativa. Precedentes TSE. 3 - No caso em análise, não obstante o recorrente tenha sido con-denado por ato de improbidade administrativa, a suspensão de seus direitos políticos foi expressamente afastada pela Corte Estadual. Assim, verifica-se a elegibilidade do recorrente. 4 - O recorrente preenche os requisitos necessários para o deferimento de seu registro de candidatura, assim como o pré-candidato a Vice-Prefeito, conforme in-clusive reconhecido na sentença de fl. 19 dos autos do Processo 43-22. 5 - Não obstante o Ministério Público Eleitoral não tenha sido intimado para oferecimento de parecer antes da prolação da sentença, conforme determinado por esta Corte, não se vislumbra qualquer prejuízo, eis que foi devidamente intimado da sentença, como se constata à fl. 589vº, não tendo, no entanto, interposto o recurso cabível, apenas exarado parecer recursal. Pelo NÃO CONHECIMENTO do recurso interposto por Alexandre Ramos Azeredo e pelo PROVIMENTO do recurso interposto por Hugo Canellas Rodrigues Filho, reformando-se a sentença proferida pelo Juízo “a quo”, para reconhecer que o recorrente preenche os requisitos legais para concorrer ao cargo de Prefeito, deferindo-se, por consequência, o registro da chapa majoritária requerido pela Coligação “Por Amor a Iguaba” para as eleições de 2012 no Município de Iguaba Grande, eis que o pré-candidato a Vice-Prefeito Samuel Pereira de Souza também preenche os requisitos legais.

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Juiz de direito João Luiz Ferraz de oLiveira Lima

Revista JuRídica • edição nº 10

Decisão

POR UNANIMIDADE, NÃO SE CONHECEU DO RECURSO INTERPOSTO POR ALEXANDRE RAMOS AZEREDO E PROVEU-SE O RECURSO INTERPOSTO POR HUGO CANELLAS RODRIGUES FILHO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. PUBLICADO EM SESSÃO.

Inteiro Teor

nnnnn

RE - Recurso Eleitoral Nº 5406 - São José do Vale do Rio Preto/RJ Relator: Luiz Roberto Ayoub Acórdão de 04/09/2012

Ementa

Recurso em Registro de Candidatura. Ministério Público. Vereador. Eleições 2012. Condenação pela prática de ato de improbidade administrativa por órgão colegiado. Preenchimento dos requisitos presentes na alínea “l”. Suspensão dos direitos políticos. Lesão ao erário e enriquecimento ilícito. Provimento do recurso.

Decisão

POR UNANIMIDADE, PROVEU-SE O RECURSO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. PUBLICADO EM SESSÃO.

Inteiro Teor

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Revista JuRídica • edição nº 10 69

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

RCAND - Registro de Candidatura Nº 31460 - Rio de Janeiro/RJ Relator: Luiz Márcio Victor Alves Pereira Relator designado: Leonardo Pietro Antonelli Acórdão Nº 50.323 de 05/08/2010

Ementa

REGISTRO DE CHAPA LEGISLATIVA MAJORITÁRIA. POSTULANTES AOS CARGOS DE SENADOR, PRIMEIRO SUPLENTE DE SENADOR E SEGUNDO SUPLENTE DE SENADOR. ELEIÇÕES 2010. PEDIDOS DE REGISTRO PARA O CARGO DE SENADOR E SEGUNDO SUPLENTE DE SENADOR REGULAR-MENTE INSTRUÍDOS. AIRC DEDUZIDA EM DESFAVOR DO PRÉ-CANDIDATO A PRIMEIRO SUPLENTE DE SENADOR. SUPOSTA EXISTÊNCIA DE CAUSA DE INELEGIBILIDADE A OBSTAR O ACOLHIMENTO DE SUA CANDIDATURA (ART. 1°, INCISO I, ALÍNEA G, DA LC 64/1990). EFETIVA CARACTERIZAÇÃO DO ALEGADO. REJEIÇÃO DE CONTAS COMO ORDENADOR DE DESPESA PELO TCE/RJ. OFENSA À LRF. VÍCIO DE NATUREZA INSANÁVEL. PRECEDENTES DO TSE. PROCEDÊNCIA DA IMPUGNAÇÃO OFERTADA. DEFERIMENTO DO REGISTRO DA CHAPA LEGISLATIVA MAJORITÁRIA. PRECEDENTES DO TRE/RJ E DO STF.

Decisão

POR MAIORIA, ACOLHEU-SE A IMPUGNAÇÃO PARA INDEFERIR O REGISTRO DE CANDIDATURA DO PRIMEIRO SUPLENTE. ENTRETANTO, DEFERIU-SE O REGISTRO DA CHAPA, VENCIDOS O RELATOR QUE ACOLHIA A IMPUG-NAÇÃO PARA INDEFERIR O REGISTRO DA CHAPA E O DES. SÉRGIO LÚCIO DE OLIVEIRA E CRUZ QUE ACOLHIA A IMPUGNAÇÃO PARA CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA. DESIGNADO PARA REDATOR DO ACÓRDÃO O JUIZ LEONARDO ANTONELLI. PUBLICADO EM SESSÃO.

Inteiro Teor

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Juiz de direito João Luiz Ferraz de oLiveira Lima

Revista JuRídica • edição nº 10

RCAND - Registro de Candidatura Nº 83942 - Rio de Janeiro/RJ Relator: Luiz Márcio Victor Alves Pereira Acórdão nº 50.308 de 05/08/2010

Ementa

REGISTRO DE CANDIDATO A DEPUTADO FEDERAL. ELEIÇÕES 2010. PEDIDO DE REGISTRO NÃO INSTRUÍDO COM A DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA, EM MANIFESTA DESCONFORMIDADE COM A REGRA PRESCRITA NO ART. 26, DA RESOLUÇÃO TSE 23.221/2010. AIRC DEDUZIDA EM DESFAVOR DO REQUERENTE, EM CONTA DE SUPOSTA EXISTÊNCIA DE CAUSAS DE INE-LEGIBILIDADE, A OBSTAR O ACOLHIMENTO DE SUA CANDIDATURA (ART. 1O, INCISO I, ALÍNEAS D E G, DA LC 64/1990). LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO ENTRE O IMPUGNADO E SUA LEGENDA. INOCORRÊNCIA. EFETIVA CA-RACTERIZAÇÃO DO ALEGADO ÓBICE A IMPEDIR A OUTORGA DO REGISTRO. 1) REJEIÇÃO DE CONTAS COMO ORDENADOR DE DESPESA PELO TCU E PELO TCE/RJ. OFENSAS À LEI 8.666/1993, À LEI 8.429/1994 E AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE REGÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ART. 37 DA CRFB). VÍCIO DE NATUREZA INSANÁVEL. 2) RECONHECIMENTO DAS PRÁTICAS DE ABUSO DE PODER E USO INDEVIDO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL EM PROCESSO SUBMETIDO À COGNIÇÃO DESTA CORTE EM MAIO DO CORRENTE ANO. INEXISTÊNCIA DE APLICAÇÃO RETROATIVA, QUANTO ÀS INOVAÇÕES INTRODUZIDAS PELA LC 135/2010. MÍNIMOS CRITÉRIOS DE IDONEIDADE DE QUE DEVEM SE REVESTIR AS CANDIDATURAS. PROCEDÊNCIA DA IMPUGNAÇÃO OFERTADA, COM O CONSEQUENTE INDEFERIMENTO DO REGISTRO.

Decisão

POR UNANIMIDADE, JULGOU-SE PROCEDENTE A IMPUGNAÇÃO PARA IN-DEFERIR O REGISTRO DE CANDIDATURA, NOS TERMOS DO VOTO DO RELA-TOR. PUBLICADO EM SESSÃO.

Inteiro Teor

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Revista JuRídica • edição nº 10 71

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

RE - Recurso Eleitoral Nº 5402 - São Gonçalo/RJ Relator: Luiz Umpierre de Mello Serra Acórdão nº 35.361 de 02/09/2008

Ementa

RECURSO ELEITORAL. INDEFERIMENTO DE REGISTRO DE CANDIDATO. DECISÃO ATACADA PELO RECURSO APONTA TRÂNSITO EM JULGADO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CON-DENAÇÃO AS PENALIDADES DE ART. 12, INCISO III, LEI Nº8429/92. APLICABI-LIDADE DO ART. 1º, INCISO I, LETRA E, LC 64/90. PROVIMENTO DO RECURSO.

Decisão

POR UNANIMIDADE, DEU-SE PROVIMENTO AO RECURSO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. PUBLICADO EM SESSÃO.

Inteiro Teor

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Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal

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Juiz de direito João Luiz Ferraz de oLiveira Lima

Revista JuRídica • edição nº 10

REGC - Registro de Candidato Nº 85320 - Brasília/DF Relator: José Cruz Macedo Acórdão nº 5923 de 15/08/2014

Ementa

REGISTRO DE CANDIDATURA. ELEIÇÕES 2014. REQUERIMENTO DE REGISTRO DE CANDIDATURA - RRC. CARGO DE DEPUTADO DISTRITAL. IM-PUGNAÇÕES. NOTÍCIA DE INELEGIBILIDADE. PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTO DE REGULARIDADE PROCESSUAL. REJEITADA. MÉRITO. CONDENAÇÃO EM 1º GRAU CONFIRMADA POR ÓRGÃO COLEGIADO. ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, INCISO I, ALÍNEA L, DA LC Nº 64/1990. PROCEDÊNCIA DAS IMPUGNAÇÕES E DA NOTÍCIA DE INELEGIBILIDADE. INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE REGISTRO.

Rejeitada a preliminar de ausência de representação, em face juntada de procuração na fase de alegações finais.

A declaração judicial de suspensão dos direitos políticos por 10 (dez) anos, confirmada por órgão colegiado, em ação civil pública decorrente de ato doloso de improbidade administrativa, enriquecimento ilícito e dano ao patrimônio público, atrai a causa de inelegibilidade descrita na alínea l, do inciso I, do art. 1º, da LC nº 64/1990, com a re-dação da LC nº 135/2010.

Inexiste incompatibilidade entre a condenação em ação de improbidade e a suspensão de direitos políticos, em face da Convenção Americana de Direitos Humanos de San José da Costa Rica, uma vez que esta não pode ser oposta em face de normas pro-duzidas pelo poder constituinte originário.

Impugnações e notícia de inelegibilidade julgadas procedentes. Indeferimento do pe-dido de registro de candidatura.

Decisão

Julgar procedente as impugnações e indeferir o pedido de registro, nos termos do voto do relator. Decisão unânime.

Inteiro Teor

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Revista JuRídica • edição nº 10 75

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

REGC - Registro de Candidato Nº 15429 - Brasília/DF Relator: José Cruz Macedo

Acórdão nº 5901 de 12/08/2014

Ementa

REGISTRO DE CANDIDATURA. ELEIÇÕES 2014. REQUERIMENTO DE REGIS-TRO DE CANDIDATURA - RRC. CARGO DE GOVERNADOR. IMPUGNAÇÕES. NOTÍCIA DE INELEGIBILIDADE. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE DE PAR-TIDO. ACOLHIDA. PRELIMINARES. INTEMPESTIVIDADE DE IMPUGNAÇÕES. ILEGITIMIDADE DE PARTE. AUSÊNCIA DE CAPACIDADE POSTULATÓRIA. PREJUDICIALIDADE DE NOTÍCIA DE INELEGIBILIDADE. REJEITADAS. MÉRITO. CONDENAÇÃO EM 1º GRAU CONFIRMADA POR ÓRGÃO COLE-GIADO. ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, INCISO I, ALÍNEA L, DA LC Nº 64/1990. FATO SUPERVENIENTE. PRO-CEDÊNCIA DAS IMPUGNAÇÕES E DA NOTÍCIA DE INELEGIBILIDADE. IN-DEFERIMENTO DO PEDIDO DE REGISTRO.

Rejeitadas as preliminares de ausência de documentação indispensável para a propositura da ação, de preclusão da produção probatória, de intempestividade das impugnações, de ilegitimidade de autores das impugnações, de ausência de capacidade postulatória e de prejudicialidade da notícia de inelegibilidade.

Acolhida a preliminar de ilegitimidade de partido político e determinada a sua exclusão do polo passivo do procedimento, porquanto sem anuência da coligação que integra.

A declaração judicial de suspensão dos direitos políticos por 8 (oito) anos, confirmada por órgão colegiado, em ação civil pública decorrente de ato doloso de improbidade administrativa, enriquecimento ilícito e dano ao patrimônio público, atrai a causa de inelegibilidade descrita na alínea l, do inciso I, do art. 1º, da LC nº 64/1990, com a re-dação da LC nº 135/2010.

Deve-se levar em consideração fato superveniente verificado na pendência do julga-mento do pedido de registro de candidatura, conforme inteligência dos arts. 15 e 26-A da LC nº 64/1990.

Impugnações e notícia de inelegibilidade julgadas procedentes. Indeferimento do pe-dido de registro de candidatura.

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Juiz de direito João Luiz Ferraz de oLiveira Lima

Revista JuRídica • edição nº 10

Decisão

Rejeitar as preliminares, exceto aquela atinente à exclusão do PSOL, em decisão unânime, e, no mérito, julgar procedente as impugnação e indeferir o pedido de registro, em decisão por maioria, nos termos do voto do relator.

Inteiro Teor

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REGC - Registro de Candidato Nº 90346 - Brasília/DF Relator: José Cruz Macedo Acórdão nº 5903 de 12/08/2014

Ementa

REGISTRO DE CANDIDATURA. ELEIÇÕES 2014. REQUERIMENTO DE REGISTRO DE CANDIDATURA - RRC. CARGO DE DEPUTADA FEDERAL. IM-PUGNAÇÕES. NOTÍCIA DE INELEGIBILIDADE. PRELIMINAR. AUSÊNCIA DE DOCUMENTAÇÃO INDISPENSÁVEL. REJEITADA. MÉRITO. CONDENAÇÃO EM 1º GRAU CONFIRMADA POR ÓRGÃO COLEGIADO. ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, INCISO I, ALÍNEA L, DA LC Nº 64/1990. FATO SUPERVENIENTE. PROCEDÊNCIA DAS IMPUGNAÇÕES E DA NOTÍCIA DE INELEGIBILIDADE. INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE REGISTRO.

Rejeitada a preliminar de ausência de documentação indispensável para a propositura da ação.

A declaração judicial de suspensão dos direitos políticos por 8 (oito) anos, confirmada por órgão colegiado, em ação civil pública decorrente de ato doloso de improbidade administrativa, enriquecimento ilícito e dano ao patrimônio público, atrai a causa de inelegibilidade descrita na alínea l, do inciso I, do art. 1º, da LC nº 64/1990, com a re-dação da LC nº 135/2010.

Deve-se levar em consideração fato superveniente verificado na pendência do julga-mento do pedido de registro de candidatura, conforme inteligência dos arts. 15 e 26-A da LC nº 64/1990.

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Revista JuRídica • edição nº 10 77

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

Impugnações e notícia de inelegibilidade julgadas procedentes. Indeferimento do pe-dido de registro de candidatura.

Decisão

Rejeitar as preliminares em decisão unânime, e, no mérito, julgar procedentes as im-pugnações e indeferir o pedido de registro, em decisão por maioria, nos termos do voto do Relator.

Inteiro Teor

nnnnn

REGC - Registro de Candidato Nº 179069 - Brasília/DF Relator: Hilton José Gomes de Queiroz Acórdão nº 3905 de 11/08/2010

Ementa

1 - Ausência de demonstração dos pressupostos legais da inelegibilidade, que se afasta, pois o impugnante trouxe como prova da sua alegação cópia do acórdão de nº 4.366/2004, em cujo texto consta que “o Tribunal, de acordo com o voto do Re-lator, tendo em conta a instrução e o parecer do Ministério Público, decidiu: I - tomar conhecimento: a) das defesas apresentadas e dos documentos anexos, fls. 136/225 e 232/242, para, no mérito, considerá-las insubsistentes; b) da informação nº 80/2004; II - aprovar, expedir e mandar publicar o acórdão apresentado pelo Relator; III - autorizar: a) o envio, aos servidores de que trata o cordão, de cópia da Informação nº 067/2003 e dos documentos de fls. 58/59; b) o retorno dos autos à 2ª ICE, para as providências pertinentes e a continuidade do acompanhamento”.

2 - O artigo 16 da Constituição Federal não baliza a LC nº 135/2010, que tratando de inelegibilidade, para proteger, dentre outros princípios, a moralidade administrativa, de acordo com o artigo 37 da mesma Constituição, não se integra no regramento do processo eleitoral, mas tem natureza específica, advinda do artigo 14, § 9º, da Lei Maior.

3 - A LC n° 135/2010 não atenta contra o artigo 5º - XXXVI da Constituição Federal, já que não ofende o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, na con-ceituação que lhes confere o artigo 6º da Lei de Introdução ao Código Civil, tendo, portanto, aplicação imediata e geral.

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Juiz de direito João Luiz Ferraz de oLiveira Lima

Revista JuRídica • edição nº 10

4 - A LC nº 135/2010 não ofende o princípio da presunção de inocência, já que dispõe sobre casos de inelegibilidade e não comina sanções penais.

5 - O impugnado não tem direito assegurado ao registro por condições que não mais existem ao tempo do requerimento do registro, pois, segundo o décimo parágrafo, do artigo 11 da Lei 9.504/1997, “as condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do pedido de registro da candidatura, ressalvadas as alterações fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que afastam a inelegibilidade”.

6 - Tendo a LC nº 135/2010 aplicação imediata e geral, estando ela em vigor na data da formalização do pedido de registro, sob sua égide devem ser aferidas as causas de inelegibilidade, e, nessa perspectiva, incorre em vedação.

7 - Não há ofensa ao princípio da segurança jurídica, que seria, sim, afrontado, caso imperado o motivo de inelegibilidade cuja existência foi demonstrada.

8 - Insubsistência do argumento de que a possibilidade de ressarcimento demonstra a sanabilidade das contas rejeitadas, pois o ressarcimento é cumprimento da sanção e não remédio para apagar o vício que implica a sua imposição.

9 - Não compete à Justiça Eleitoral rediscutir o mérito do acórdão do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), que rejeitou as contas do requerido, mas ape-nas verificar se os fatos que ensejaram a rejeição das contas, em tese, configuram (1) vício insanável e (2) ato doloso de improbidade administrativa, ou seja, se possui enquadramento nos artigos 9º, 10 ou 11 da Lei nº 8.429/1992, e não foram simplesmente atos culposos.

10 - Não cabe à Justiça Eleitoral julgar a conclusão do TCDF quanto à materialidade e autoria dos fatos (vícios insanáveis/atos de improbidade dolosos) que ensejaram a rejeição das contas do requerido, o que é matéria de competência da Justiça Co-mum, que pode, se for o caso, suspender ou anular o acórdão do TCDF.

11 - A eventual interposição de “recurso de revisão” não altera a definitividade (irrecorribilidade) da decisão do TCDF. É que o “recurso de revisão’, apesar da nomenclatura de “recurso”, não possui efeito suspensivo e tem natureza jurídica de rescisória, e não natureza recursal em sentido técnico. Nesse sentido, os pre-cedentes do TSE: AgR-REspe nº 31942/PR, red. p/ ac. Min. Carlos Ayres Britto, PSESS 28/10/2008; AgR-REspe 33861/CE, rel. Min. Joaquim Barbosa, PSESS 16/12/2008; dentre outros.”.

12 - Diante do teor do acórdão do TCDF, é induvidosa a prática do ato doloso de im-probidade administrativa, vez que o próprio, descuidando no trato dos dinheiros públicos, evidencia, no caso, a vontade livre e consciente de causar o resultado danoso, o que significa dolo.

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Revista JuRídica • edição nº 10 79

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

13 - Procedência da impugnação. Indeferimento do registro.

Decisão

Julgar procedente a Ação de Impugnação de Registro de Candidatura e indeferir o pe-dido de registro nos termos do voto do Relator. Decisão por maioria.

Inteiro Teor

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Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo

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Juiz de direito João Luiz Ferraz de oLiveira Lima

Revista JuRídica • edição nº 10

RCAND - Registro de Candidato Nº 59835 - Vitória/ES Relator: Júlio César Costa de Oliveira Resolução nº 778 de 04/08/2014

Ementa REGISTRO DE CANDIDATURA. ELEIÇÕES 2014. DEFERIMENTO. ELEIÇÕES 2014. IMPUGNAÇÃO A REGISTRO DE CANDIDATURA. REJEIÇÃO DAS CON-TAS PELO TCE/ES. AUSÊNCIA DE CIRCUNSTÂNCIAS QUE PERMITAM AQUI-LATAR A EXTENSÃO DAS IRREGULARIDADES E GRAVIDADE SUFICIENTE PARA GERAR A INELEGIBILIDADE PREVISTA NA ALÍNEA G, INCISO I, DO ART. 1º DA LC 64/1990. IMPUGNAÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE. REGISTRO DEFERIDO.

1. Ausência no acórdão TC 2193/2005 de circunstâncias que permitam aquilatar a ex-tensão das irregularidades e gravidade suficiente para gerar inelegibilidade prevista pela atual redação do art. 1º, I, “g” da LC 135/2010.

2. À falta de demonstração de ato doloso de improbidade administrativa, ou seja, que o pré-candidato teria tido a intenção de causar dano ao erário, enriquecer ilicitamente ou violar princípios constitucionais, entendo que não se caracterizou a inelegibili-dade da alínea g, do inciso I, do art. 1º, da LC n° 64/1990.

3. Impugnação julgada improcedente.

4. Registro de candidatura deferido.

Decisão

Resolvem os Membros do Egrégio Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo, de conformidade com a ata e notas taquigráficas da sessão, que integram este julgado, por maioria de votos, julgar improcedente a impugnação, para deferir o pedido de registro, nos termos do voto do(a) eminente Relator(a).

Inteiro Teor

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Revista JuRídica • edição nº 10 83

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

RE - Recurso Eleitoral Nº 23338 - Alto Rio Novo/ES Relator: Annibal de Rezende Lima Acórdão nº 629 de 03/09/2012

Ementa

RECURSO ELEITORAL - REGISTRO DE CANDIDATURA - OFENSA AO ARTIGO 3º, DA LEI COMPLEMENTAR FEDERAL Nº 64/1990 - INELEGIBILIDADE - POSSI-BILIDADE DE CONHECIMENTO, DE OFÍCIO, PELO JUIZ - PREFEITO MUNICI-PAL - REJEIÇÃO DE CONTAS PELO TRIBUNAL DE CONTAS - ÓRGÃO INCOM-PETENTE - CONDENAÇÃO POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - TRÂNSITO EM JULGADO - CONDENAÇÃO CRIMINAL POR ÓRGÃO COLE-GIADO - CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - CAUSAS DE INE-LEGIBILIDADE - INTELIGÊNCIA DO ART. 1º, INC. I, ALÍNEAS “E”, E “L”, DA LEI COMPLEMENTAR FEDERAL Nº 64/1990. RECURSO PROVIDO.

1. O registro de candidato inelegível, ou que não atenda às condições de elegibilidade previstas em lei, deverá ser indeferido, ainda que não tenha havido impugnação, nos termos do art. 47 da Resolução TSE nº 23.376/2012.

2. É da competência da Câmara Municipal, nos termos do artigo 31, da Carta Federal, o julgamento das contas de Prefeito Municipal, decorrentes de atos de gestão ou de-correntes de sua condição de ordenador de despesas.

3. O cidadão condenado à suspensão dos direitos políticos, por decisão transitada em julgado, incorre na inelegibilidade prevista no artigo 1º, inciso I, alínea l, da Lei Complementar Federal nº 64/1990.

4. É inelegível, nos termos da Lei Complementar Federal nº 64/1990, o cidadão que tenha sido condenado, em decisão transitada em julgado, ou (decisão) proferida por órgão judicial colegiado, por crime contra a administração pública, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da res-pectiva pena.

Decisão

“ACORDAM os Membros do Egrégio Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo, de conformidade com a ata e notas taquigráficas da sessão, que integram este julgado, rejei-tar, à unanimidade de votos, a questão de ordem suscitada, para ainda, quanto ao mérito, por igual votação, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do eminente Relator.”.

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Juiz de direito João Luiz Ferraz de oLiveira Lima

Revista JuRídica • edição nº 10

RE - Recurso Eleitoral Nº 17231 - Aracruz/ES Relator: Júlio César Costa de Oliveiro Acórdão nº 384 de 20/08/2012

Ementa

RECURSO ELEITORAL - REGISTRO DE CANDIDATURA - IMPUGNAÇÃO - AÇÕES DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA RECORRÍVEIS - CONTAS REJEI-TADAS - RECURSO DE REVISÃO - NÃO RETIRA O CARÁTER DEFINITIVO DA DECISÃO DA CORTE DE CONTAS - APLICAÇÃO DA INELEGIBILIDADE PRE-VISTA NO ART. 1°, INCISO I, ALÍNEA G, DA LC 64/1990 - RECURSO PARCIAL-MENTE PROVIDO - INDEFERIMENTO DO REGISTRO.

1. A decisão na ação de improbidade administrativa que determinou a suspensão dos direitos políticos do recorrente foi objeto de recurso, que ainda se encontra pendente de julgamento perante o Tribunal de Justiça deste Estado. Logo, ainda não houve decisão proferida por órgão colegiado e, tampouco, o trânsito em julgado da mesma, não havendo que se falar em inelegibilidade prevista no art. 1º, I, l, da LC 64/1990.

2. As irregularidades constatadas pela Corte de Contas, configuram, efetivamente, atos dolosos. Isto porque, além de contrariarem a ética, o senso comum de honestidade, retidão, moralidade, e afrontarem a Constituição Federal e os princípios e preceitos da administração pública, ainda causaram prejuízo ao erário.

3. No exercício da função pública, cabe ao gestor comprovar a boa aplicação dos recur-sos sob sua responsabilidade, o que não se verifica no caso em voga, extraindo-se, com clareza e de forma objetiva, o dolo genérico de suas condutas.

4. O recurso de revisão não retira o caráter definitivo da decisão do Tribunal de Contas, conforme jurisprudência firmada nesta Corte.

5. Recurso Eleitoral parcialmente provido, mantendo-se o indeferimento do registro de candidatura.

Decisão

“ACORDAM os Membros do Egrégio Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo, de conformidade com a ata e notas taquigráficas da sessão, que integram este julgado, à unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do voto da eminente Relatora.”

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Revista JuRídica • edição nº 10 85

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

RE - Recurso Eleitoral Nº 25972 - Guarapari/ES Relator: Rachel Durão Correia Lima Acórdão nº 390 de 20/08/2012 Ementa

RECURSO ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. IMPUGNAÇÃO DO MP. PROCEDÊNCIA. TC-ES. CONTAS IRREGULARES. VEREADOR. PRESI-DENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE GUARAPARI-ES. SANÇÕES PECUNIÁ-RIAS. QUITAÇÃO. IRRELEVANCIA. JULGAMENTO INICIAL. COISA JULGADA ADMINISTRATIVA. INELEGIBILIDADE ART.1º, I, G, LC 135/2010. AÇÃO PRÓ-PRIA DE IMPROBIDADE. DESNECESSIDADE. APRECIAÇÃO DO JULGAMENTO DE CONTAS. CONDIÇÕES OBJETIVAS DE ELEGIBILIDADE. ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ELEITORAL. CASO CONCRETO. EMPRESAS DE CONSULTORIA. CONTRATAÇÃO ILEGAL E INJUSTIFICADA. DANO AO ERÁRIO. OBJETO COINCIDENTE. ATIVIDADE FIM DESEMPE-NHADA POR SERVIDOR PÚBLICO. SERVIDORES COMISSIONADOS EM NÚ-MERO BEM SUPERIOR AO NÚMERO DE EFETIVOS. CONCURSO PÚBLICO. ART. 37, II, CF/88. OBRIGATORIEDADE. INOBSERVÂNCIA. DOLO GENÉRICO VERIFICADO. ART. 11, “CAPUT”, L.I.A. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PRECEDENTES. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. REGISTRO INDEFERIDO.

1- Independe de Ação de Improbidade Administrativa o processo e o julgamento pela Justiça Eleitoral, de Registro de Candidatura, na apreciação de julgamento por Tri-bunais de Contas, de contas irregulares de gestores públicos, cabendo a esta Justiça Especializada averiguar, no caso concreto, a configuração de ato doloso de improbi-dade administrativa, a teor do art.1º, I, a, da LC 135/2010.

2- A Certidão de Quitação ou acórdão proferido nesse sentido, por Corte de Contas, que reconhece o pagamento integral de sanções pecuniárias aplicadas aos ordenadores de despesa pública, não tem condão de afastar a irregularidade insanável constatada por julgamento definitivo do TC, sobre o qual opera, inclusive, a coisa julgada ad-ministrativa. E, se não há suspensão dos efeitos da decisão ou sua alteração, por parte do Poder Judiciário, prevalece o inteiro teor da decisão definitiva da Corte de Contas. O saneamento de irregularidade de contas somente pode ser reconhecido pela Justiça Eleitoral, quando se refere às causas de inelegibilidade.

3- Ficando demonstrada nos autos, por meio de minuciosa investigação dos órgãos técnicos do TC-ES, a contratação ilegal e injustificada de três empresas de consultoria

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Revista JuRídica • edição nº 10

para realizarem atividade fim da administração, já prevista no rol de atribuições de seus servidores efetivos e órgãos internos, bem como a contratação de servidores comissionados em número bem superior ao de servidores públicos efetivos, e, con-siderando a gravidade da ofensa aos princípios da obrigatoriedade do concurso pú-blico, art.37, II, da CF/88, e ofensa aos princípios informadores da administração pública, art.37, “caput”, da CF/88, além, de nítida infringência do disposto no art.11, “caput”, da Lei 8.429/1992, resta evidente o dolo genérico na conduta do Recorrente. Precedentes do STJ e do TJES, suficientes para a configuração de sua inelegibilidade, nos termos da LC 135/2010.

4- Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida. Registro Indeferido.

Decisão

“ACORDAM os Membros do Egrégio Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo, de conformidade com a ata e notas taquigráficas da sessão, que integram este julgado, à unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto da eminente Relatora.”

Inteiro Teor

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RE - Recurso Eleitoral Nº 16539 - Aracruz/ES Relator: Ricarlos Almagro Vitoriano Cunha Acórdão nº 338 de 16/08/2012

Ementa

RECURSO ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. CONDENAÇÕES PROFERIDAS EM SEDE DE PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO. FALTA DE CONDIÇÃO DE ELEGIBILIDADE NÃO CONFIGURADA. INAPLICABILIDADE DA INELIGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1°, INCISO I, ALÍNEA L, DA LC N° 64/1990. RECURSO PROVIDO.

1 - O art. 1°, inciso I, alínea l, da Lei Complementar n° 64/1990 exige, para sua incidência, que o candidato seja condenado à suspensão dos direito políticos por decisão tran-sitada em julgado, ou, no mínimo, que tenha sido proferida por órgão colegiado.

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Revista JuRídica • edição nº 10 87

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2 - No caso sob exame, o Recorrente possui, em seu desfavor, 2 (duas) decisões, que o condenaram à suspensão dos direitos políticos, por terem reconhecido a prática de atos de improbidade administrativa. Essas decisões, todavia, foram proferidas em primeiro grau de jurisdição, não se enquadrando, portanto, à exigência legal.

3 - As condições de elegibilidade, assim como as inelegibilidades, também estão submetidas ao princípio da legalidade. E não há no ordenamento qualquer regra legal que imponha a moralidade e probidade administrativa como uma condição de elegibilidade.

4 - Recurso conhecido e, no mérito, provido para deferir o pedido de registro formu-lado pelo Recorrente.

Decisão

“ACORDAM os Membros do Egrégio Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo, de conformidade com a ata e notas taquigráficas da sessão, que integram este julgado, à unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do eminente Relator.”

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Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais

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RCAND - Registro de Candidatura Nº 142083 - Belo Horizonte/MG Relator: Maria Edna Fagundes Veloso Acórdão de 07/08/2014

Ementa

Registro de candidatura. Deputado Estadual. Eleições 2014. Deferimento do pedido de registro. Agravo Regimental. Condenação em ação civil pública pelo TJMG, reco-nhecendo a prática de ato doloso de improbidade administrativa que causou prejuízo ao erário e enriquecimento ilícito. Suspensão da inelegibilidade prevista no art. 26-C da LC nº 64/1990 pelo Vice-Presidente do TJMG, em admissão de recurso extraor-dinário. Preenchimento de requisito essencial ao deferimento do pedido de registro consubstanciado na quitação eleitoral. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO PARA MANTER O DEFERIMENTO DO PEDIDO DE REGISTRO.

Decisão

O Tribunal, por maioria, negou provimento ao recurso, nos termos do voto da Rela-tora, com voto de desempate do Presidente.

Inteiro Teor

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RCAND - Registro de Candidatura Nº 210153 - Belo Horizonte/MG Relator: Virgílio de Almeida Barreto Acórdão de 05/08/2014

Ementa

Registro de Candidatura. Deputado Federal. Eleições 2014. Impugnação. Condenações colegiadas em ação penal e ações civis públicas. Improbidade administrativa. Ex-Pre-feito. Supressão de documento público. Existência de condenação penal. Decisão cole-giada. Art. 305 do Código Penal. Crime contra a fé pública. Incidência do art. 1°, I, e, da LC nº 64/1990. Existência de condenações em Ação Civil Pública por  improbidade administrativa. Suspensão dos direitos políticos. Decisão colegiada. Enriquecimento

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Revista JuRídica • edição nº 10 91

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

ilícito. Dano ao erário. Dolo. Incidência do art. 1º, I, l, da LC n° 64/1990. Causa de inelegibilidade aferida no momento da formalização do registro. Inteligência do art. 11, § 10, da Lei nº 9.504/1997. Procedência. Indeferimento do registro de candidatura.

Decisão

O Tribunal, à unanimidade, indeferiu o pedido de registro de candidatura, nos termos do voto do Relator.

Inteiro Teor

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RCED - Recurso Contra Expedição de Diploma Nº 142746 - Vermelho Novo/MG Relator: Virgílio de Almeida Barreto Acórdão de 02/12/2013

Ementa

Recurso contra a expedição de diploma. Eleições 2012. Inelegibilidade. Condenação em ação de improbidade administrativa.

Preliminar de carência de ação. Condenação decorrente de decisão monocrática do STJ, anterior ao registro de candidatura, referendada pela rejeição de agravo regi-mental, posterior ao registro. Os juízes-membros dos tribunais, ao atuarem monocrati-camente nos feitos que lhes são distribuídos, não se convertem em juízos singulares, pois exercem competência cometida ao órgão colegiado que compõem. A previsão, da lei ou do regimento interno, de prolação de decisões monocráticas nos tribunais, não transmuda a natureza do juízo competente para proferi-la. O marco da aferição da inelegibilidade é, portanto, a decisão monocrática do STJ, que, reformando o en-tendimento do TJMG, condenou o primeiro réu por improbidade. Não obstante, o interesse de agir, consistente na aferição da legitimidade do diploma, permanece, quer pela sede constitucional da previsão de criação, por lei complementar, de causas de inelegibilidade, quer porque o RCED é a primeira oportunidade para arguir a nulidade do diploma, não se aplicando, portanto, a restrição referida no art. 223, “caput”, do Código Eleitoral. Mérito. Ação de improbidade movida contra o primeiro réu, que, na qualidade de Prefeito, contratou, como servidores temporários, candidatos aprovados em concurso público. Condenação por ato doloso de improbidade, proferida por órgão

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Revista JuRídica • edição nº 10

colegiado. Violação dos princípios da administração pública. Não reconhecimento da ocorrência de dano ao erário ou enriquecimento ilícito, tendo em vista não haver prova de qualquer benefício ou vantagem política. Ausência de menção, na decisão conde-natória, quanto à imposição de suspensão de direitos políticos. Decisão omissa quanto às penalidades, o que, todavia, não pode ser suprido por ilações, mas apenas pelo juízo competente e pelos meios jurídicos próprios. Pedido julgado improcedente.

Decisão

O Tribunal rejeitou a preliminar à unanimidade, e, no mérito, por maioria, julgou im-procedente o pedido, nos termos do voto do Relator, vencido o Juiz Maurício Pinto Ferreira.

Inteiro Teor

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RE - Recurso Eleitoral Nº 129782 - Oliveira Fortes/MG Relator: Carlos Alberto Simões de Tomaz Acórdão de 20/05/2013

Ementa

Recurso Eleitoral. Condenação por ato de improbidade administrativa. Negativa de diplomação. O MM. Juiz Eleitoral reconheceu a presença de hipótese de inelegibilidade noticiada pelo i. representante do Ministério Público Eleitoral e deixou de proceder à diplomação do recorrente. Juntada aos autos do acórdão proferido pelo TJMG. Com-provação da condenação por ato de improbidade administrativa, previsto no art. 12, inciso VIII, da Lei n. 8429/1992, com consequente suspensão dos direitos políticos por 5 (cinco) anos; ressarcimento do erário no valor de R$10.388,80. Presença do ato dolo-so de  improbidade administrativa com lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito. Comprovação da inelegibilidade prevista na alínea l, do inciso I, do art. 1º, da Lei Complementar nº 64/1990. Recurso a que se nega provimento.

Decisão

O Tribunal, à unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.

Inteiro Teor

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Revista JuRídica • edição nº 10 93

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RCED - Recurso Contra Expedição de Diploma Nº 105651 - Teófilo Otoni/MG Relator: Maurício Pinto Ferreira Acórdão de 25/04/2013

Ementa

Recurso Contra Expedição de Diploma. Inelegibilidade. Improbidade Administrativa. Suspensão dos direitos políticos. Condenação por órgão colegiado. Preliminar de perda de interesse de agir, arguida da tribuna. Compete à Corte Eleitoral decidir sobre condição de elegibilidade ou existência de inelegibilidade. Rejeitada. Preliminar de li-tispendência. Rejeitada. O requerimento autuado sob o nº 984-64 cuidou de pedido administrativo, no intuito de impedir a diplomação do Vereador, ora Recorrido. O pre-sente feito tem por escopo cassar o diploma concedido ao Recorrido, contendo, por-tanto, pedidos díspares.

Impossibilidade de um requerimento administrativo obstar o manejo da ação judicial. Inexistência de identidade de partes, causa de pedir e pedido. Mérito. Condenação do Recorrido à suspensão dos direitos políticos, pela prática de ato doloso de improbidade administrativa que culminou com lesão ao patrimônio público e seu enriquecimento ilícito, decisão essa proferida por órgão colegiado. Configuração da inelegibilidade, su-perveniente, prevista no art. 1º, inciso I, alínea l, da Lei Complementar nº 64/1990. A inelegibilidade apta a embasar o Recurso Contra Expedição de Diploma, art. 262, I, do Código Eleitoral, é, tão somente, aquela de índole constitucional, ou, se infra-constitucional, superveniente ao registro de candidatura. Pedido julgado procedente. Cassação do diploma. Inelegibilidade. Execução imediata.

Decisão

O Tribunal rejeitou as preliminares. No mérito, à unanimidade, julgou procedente o pedido nos termos do voto do Relator. Por maioria, deu efeito imediato à decisão, ven-cido o Juiz Maurício Soares. Absteve-se de votar o Juiz Virgílio de Almeida Barreto.

Inteiro Teor

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Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul

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RCED - Recurso Contra a Expedição de Diploma Nº 89218 - Campestre da Serra/RS Relator: Dr. Jorge Alberto Zugno Acórdão de 12/09/2013

Ementa

Recurso contra expedição de diploma. Art. 262, inc. I, do Código Eleitoral. Inelegibili-dade. Art. 1º, inc. I, alínea l, da Lei Complementar nº 64/1990. Prefeito e Vice. Eleições 2012.

Condenação do chefe do Executivo, por órgão colegiado, por ato doloso de improbi-dade administrativa. Posterior notícia de nova condenação do Prefeito, também pelo Tribunal de Justiça deste Estado, como incurso nas sanções do art. 89, “caput”, segunda parte, da Lei n. 8.666/1993, e artigos 317, 299 e parágrafo único, do Código Penal, in-correndo na hipótese disposta no art. 1º, inc. I, alínea l, da Lei de Inelegibilidade.

Acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva da coligação para figurar no polo passi-vo da ação. Apenas candidatos podem figurar como recorridos, porquanto aos partidos políticos ou às coligações não são outorgados diplomas eleitorais.

Admissibilidade, ainda em sede prefacial, para que seja objeto do Recurso Contra a Expedição de Diploma, a inelegibilidade superveniente implementada entre a data da eleição e a da diplomação. Ainda que a questão não seja pacífica no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), esse entendimento - em oposição à compreensão de que o marco final seria a data da eleição -, busca o estabelecimento de parâmetros mínimos de idonei-dade para o adequado exercício de cargo público, evitando-se o “vácuo jurisdicional” entre a data da eleição e a diplomação, no qual não incidiriam as normas eleitorais.

Necessidade de atribuir equilíbrio e equidistância à Justiça Eleitoral, com o fito de dis-pensar tratamento igualitário com relação às hipóteses de incidência ou de exclusão das causas de inelegibilidade, conferindo eficácia à proposição constitucional de mora-lização da administração pública. Se atualmente o TSE indica a possibilidade da exclu-são das causas de inelegibilidade até a data da diplomação, consequentemente pode-se sustentar que as causas supervenientes que façam incidir a restrição ao direito de elegi-bilidade observem o mesmo marco temporal.

Contexto fático que demonstra a situação de inelegibilidade prevista no art. 262, inc. I do Código Eleitoral, decorrente da condenação da recorrida, pelo Tribunal de Justiça deste Estado, à suspensão dos direitos políticos, ao ressarcimento integral do dano ao erário e ao pagamento de multa, por prática de ato doloso de improbidade administra-tiva, que importou em lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, hipótese

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Revista JuRídica • edição nº 10 97

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de inelegibilidade prevista no art. 1º, inc. I, alínea l, da Lei Complementar nº 64/1990.

Insubsistência do argumento de que o acórdão não produziu efeito devido à ausência de publicação no órgão oficial. O dispositivo invocado exige, para sua perfectibilização, a mera condenação por órgão judicial colegiado - a qual se deu na mesma data da di-plomação -, inexistindo menção à necessidade de encerramento da jurisdição.

Plenamente demonstrada a subsunção dos fatos ao disposto na hipótese legal da Lei de Inelegibilidade. A atribuição de efeito suspensivo, em eventual processo cautelar inter-posto, não é óbice à condenação no presente processo.

Cassação dos diplomas do Prefeito e do Vice. Nulidade do pleito majoritário e deter-minação de nova eleição, nos termos do art. 224 do Código Eleitoral. Reconhecimento da inelegibilidade do chefe do executivo municipal.

Procedência.

Decisão

Por unanimidade, acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva da Coligação por um Campestre Melhor, e, rejeitada a prefacial de improcedência, em função da inelegibili-dade infraconstitucional, superveniente ao registro de candidatura ter ocorrido após a data da eleição, julgou-se procedente a ação, nos termos do voto do relator.

(E), caracterização, (IJ), inelegibilidade, (F), condenação, prefeito, ato doloso, improbi-dade administrativa, fundamento, contratação, empresa, realização, concurso público, ausência, licitação, fraude, classificação de candidato, (A), insubsistência jurídica, ale-gações, inocorrência, prejuízo, patrimônio público, enriquecimento sem causa, previ-são legal, suficiência, violação, princípios da administração; decisão judicial, reconhe-cimento, aplicabilidade, penalidade, dano, fazenda pública.

Inteiro Teor

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RCED - Recurso Contra a Expedição de Diploma Nº 269 - São Jerônimo/RS Relator: Dr. Leonardo Tricot Saldanha Acórdão de 27/08/2013

Ementa

Recurso contra expedição de diploma. Inelegibilidade infraconstitucional super-veniente. Art. 1º, inc. I, alínea l, da Lei Complementar nº 64/1990. Eleições 2012. Ocupante de segunda suplência para o cargo de vereador. Servidor da Prefeitura Mu-nicipal. Contrato de prestação de serviço de transporte de ambulância assinado por empresa da qual o candidato era sócio, com dispensa indevida de licitação. Conde-nação no art. 10, “caput”, incs. I, VIII e XII, e art. 11, “caput”, e inc. I, todos da Lei n. 8.429/1992. Suspensão dos direitos políticos, em razão de ato de improbidade adminis-trativa, por decisão de órgão colegiado.

Nos moldes do que foi definido pelo Tribunal Superior Eleitoral, para incidência da causa de inelegibilidade prevista na alínea l, do inc. I, do art. 1º, da Lei Complementar nº 64/1990, exige-se que o ato doloso de improbidade administrativa importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito. O fato deve ter essas duas consequências de forma concomitante e cumulativa.

Frustrada a licitação, a conduta permitira a incorporação de verbas públicas, de forma irregular, para o patrimônio do recorrido. Reconhecidos, no caso, os dois critérios - lesão ao patrimônio púbico e enriquecimento ilícito - ensejadores da inelegibilidade apontada. Declaração de nulidade dos votos atribuídos ao candidato. Impossibilidade de cômputo dos votos para legenda.

Procedência.

Decisão

Por unanimidade, julgou-se procedente a ação, para cassar o diploma de Carlos Hen-rique Azzi Araújo e declarar nulos os votos recebidos, que não poderão ser computados para o seu partido.

Inteiro Teor

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Revista JuRídica • edição nº 10 99

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

RCED - Recurso Contra a Expedição de Diploma Nº 31095 - Eldorado do Sul/RS Relator: Dr. Ingo Wolfgang Sarlet Acórdão de 09/07/2013

Ementa

Recurso contra expedição de diploma. Prefeito e Vice. Eleições 2012.

Hipótese superveniente de inelegibilidade. Condenação em ação civil pública. Alegada incidência do disposto no art. 1º, I, alínea e, nº 1, e alíneas j e l, da Lei Complementar nº 64/1990. Pedido liminar de suspensão da diplomação indeferido.

Preliminar afastada. Demonstrado o interesse processual, visando à desconstituição de situação jurídica de eleito que teria sua diplomação maculada por algum dos vícios apontados no art. 262 do Código Eleitoral, a fim de preservar a higidez das eleições.

Afastada de plano a possibilidade de incidência das alíneas “e” e “j” do dispositivo in-vocado. Situação fática não enquadrada nas hipóteses ali elencadas.

Ainda que confirmada a condenação pela prática de ato de improbidade administra-tiva, da qual resultou lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, não houve aplicação da sanção de suspensão dos direitos políticos. Circunstância indispensável para configurar a inelegibilidade descrita na alínea l do citado normativo legal.

Caso concreto não conformado às hipóteses da Lei Complementar n] 64/1990.

Inviabilidade, outrossim, dos encargos requeridos, pois no processo eleitoral vigora a gratuidade, não importando a indicação de valor de causa e a condenação de hono-rários em razão de sucumbência.

Improcedência.

Decisão

Por unanimidade, afastada preliminar, julgou-se improcedente a ação.

Inteiro Teor

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Revista JuRídica • edição nº 10

RE - Recurso Eleitoral Nº 6357 - Encruzilhada do Sul/RS Relator: Dr. Artur dos Santos e Almeida Acórdão de 28/08/2012

Ementa

Recurso. Impugnação ao registro de candidatura. Eleições 2012. Decisão originária que indeferiu pedido de registro de candidatura ao cargo de Prefeito, por incursão na hi-pótese de inelegibilidade, prevista no art. 1º, inc. I, alínea g, da Lei Complementar nº 64/1990, com a redação introduzida pela Lei Complementar nº 135/2010. Reconheci-mento do preenchimento das condições que caracterizam a inelegibilidade, porquanto o postulante teve suas contas relativas ao exercício de funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configurou ato doloso de improbidade administrativa, por decisão irrecorrível do órgão competente. Restando demonstrada a inelegibilidade do recorrente, deve ser mantida a decisão monocrática que indeferiu o pedido de registro.

Provimento negado.

Decisão

Por unanimidade, rejeitadas as preliminares, negou-se provimento ao recurso.

Inteiro Teor

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RE - Recurso Eleitoral Nº 8922 - Giruá/RS Relatora: DESA. FEDERAL MARIA LÚCIA LUZ LEIRIA

Acórdão de 21/08/2012

Ementa

Recurso. Registro de candidatura. Eleições 2012. Cargo de Vereador. Procedência de impugnação e indeferimento do pedido. Condenação à suspensão dos direitos políti-cos, em razão de ato doloso de improbidade administrativa, por decisão de órgão co-legiado – Tribunal de Justiça do Estado –. Reconhecida a incidência da inelegibilidade

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InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

do art. 1º, inc. I, alínea l, da Lei Complementar nº 64/1990. A penalidade imposta foi a prevista no art. 9º, inc. I, da Lei nº 8.249/1992, bem como a do art. 12, inc. I, da Lei nº 8.249/1992. Presença dos requisitos que caracterizam a inelegibilidade, devendo ser mantido o indeferimento do registro. Provimento negado.

Decisão

Por unanimidade, negou-se provimento ao recurso.

Inteiro Teor

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RCAND - Registro de Candidatura Nº 485060 - Porto Alegre/RS Relator: DES. Marco Aurélio dos Santos Caminha Acórdão de 05/08/2010

Ementa

Impugnação. Registro de candidatura. Eleições 2010. Alegada inelegibilidade por força do previsto no artigo 1º, inciso I, alínea l, da Lei Complementar nº 64/1990, com a re-dação que lhe foi atribuída pela LC 135/2010. Condenação à perda da função pública e suspensão dos direitos políticos por 3 (três) anos.

Constitucionalidade da Lei Complementar nº 135/2010. Adequação dos seus termos aos valores constitucionais. Importância da preservação da moralidade e probidade ad-ministrativa, afastando do exercício de mandatos eletivos agentes políticos cuja atuação possa colocar em risco os valores protegidos pela Constituição. Existência, contudo, de fato superveniente, que a teor do disposto no § 10 do art. 11 da Lei nº 9.504/1997, garante o direito de ser votado de quem não teve a situação jurídica definitivamente assentada.

Improcedência da representação e, presentes os demais requisitos, deferimento do re-gistro.

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Juiz de direito João Luiz Ferraz de oLiveira Lima

Revista JuRídica • edição nº 10

Decisão

Por unanimidade, julgou-se improcedente a impugnação e deferiu-se o pedido de registro.

Inteiro Teor

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RCAND - Registro de Candidatura Nº 484975 - Porto Alegre/RS Relator: DES. Marco Aurélio dos Santos Caminha Acórdão de 04/08/2010

Ementa

Impugnação. Registro de candidatura. Eleições 2010. Alegada inelegibilidade, por força do previsto no artigo 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar nº 64/1990, com a re-dação que lhe foi atribuída pela LC 135/2010. Contas julgadas irregulares por Câmara de Vereadores.

Configurada, diante das circunstâncias do caso, a nota de ato doloso contra a Adminis-tração Pública, a caracterizar conduta ímproba do impugnado. Colisão entre o direito de candidatura e o direito de todos a uma Administração proba. Poder-dever da Justiça Eleitoral de velar pela aplicação dos preceitos constitucionais de proteção à probidade administrativa e moralidade para o exercício do mandato.

Procedência da representação e indeferimento do registro.

Decisão

Por unanimidade, julgou-se procedente a impugnação e indeferiu-se o pedido de registro.

Inteiro Teor

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Revista JuRídica • edição nº 10 103

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

RCAND - Registro de Candidatura Nº 467651 - Porto Alegre/RS Relator (a) DES. FEDERAL MARGA INGE BARTH TESSLER Acórdão de 02/08/2010

Ementa

Impugnação. Registro de candidatura. Eleições 2010. Alegada inelegibilidade, por for-ça do previsto no artigo 1º, inciso I, alínea l, da Lei Complementar nº 64/1990, com a redação que lhe foi atribuída pela LC 135/2010. Condenação à suspensão dos direitos políticos por órgão colegiado, em razão de ato doloso por improbidade administrativa.

Constitucionalidade da Lei Complementar nº 135/2010. Adequação dos seus termos aos valores constitucionais. Inexistência de direito absoluto à candidatura. Afastado o caráter de pena da inelegibilidade e fixada a data da apreciação do pedido de registro de candidatura, para sua aferição.

Força do artigo 14, § 9º, da Constituição Federal, para prescrever inelegibilidade de ca-ráter preventivo, impossibilitando temporariamente as candidaturas dos que já tenham sido condenados por falta de probidade.

Procedência.

Decisão

Por unanimidade, julgou-se procedente a impugnação, indeferindo-se o pedido de registro. Inteiro Teor

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Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

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Juiz de direito João Luiz Ferraz de oLiveira Lima

Revista JuRídica • edição nº 10

RECA - Registro de Candidato Nº 28360 - Florianópolis/SC Relator: Sérgio Roberto Baasch Luz Acórdão nº 29856 de 05/08/2014

Ementa

ELEIÇÕES 2014 - IMPUGNAÇÃO AO REGISTRO DE CANDIDATURA - DEPU-TADO FEDERAL - CONDENAÇÃO POR ÓRGÃO COLEGIADO - ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA COM LESÃO AO ERÁRIO E ENRIQUE-CIMENTO ILÍCITO (LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990, ART. 1º, I, L) - PRELI-MINARES DE INCONVENCIONALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE DA NORMA COMPLEMENTAR - COMPATIBILIDADE DA HIPÓTESE DE INELE-GIBILIDADE COM O REGIME CONSTITUCIONAL - MATÉRIA EXAUSTIVA-MENTE EXAMINADA PELO STF - REJEIÇÃO - INELEGIBILIDADE CONFIGU-RADA - INEXISTÊNCIA DE DECISÃO EM CARÁTER CAUTELAR, AFASTANDO OS EFEITOS DA DECISÃO CONDENATÓRIA (LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990, ART. 26-C) - PROCEDÊNCIA DA IMPUGNAÇÃO.

A sentença condenatória proferida por órgão colegiado, nas hipóteses previstas na Lei Complementar nº 64/1990, é suficiente para tornar o candidato inelegível, a teor da interpretação firmada pelo Supremo Tribunal Federal, no sentido da constituciona-lidade das hipóteses instituídas pela Lei Complementar nº 135/2010 (ADC nº 29, de 16.02.2012, Min. Luiz Fux).

Sendo assim, a restrição imposta aos direitos políticos, mesmo sem o trânsito em julgado da decisão punitiva, não fere o texto constitucional. Diante do aparente con-flito da garantia à moralidade das candidaturas (CR, art. 14, § 9º), e a da presunção de inocência (CR, art. 5º, LVII), a Suprema Corte, ciente de que não há como estabelecer supremacia absoluta entre princípios que se equivalem na ordem constitucional, ofe-receu uma interpretação à norma que preserva, na sua essência, todos os valores funda-mentais protegidos pela Constituição, sem eleger um em detrimento do outro.

“Condenado o candidato à suspensão dos direitos políticos, em decisão colegiada de Tribunal de Justiça, por ato doloso de improbidade administrativa, com lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, apontando-se, ainda, a sua responsabi-lidade quanto aos fatos apurados, é de se reconhecer a inelegibilidade prevista na alí-nea I do inciso I do art. 1º da Lei Complementar nº 64/1990, acrescentada pela Lei Complementar nº 135/2010” (RO nº 892476, de 01.10.2010, Min. ARNALDO VER-SIANI LEITE SOARES).

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Revista JuRídica • edição nº 10 107

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

Decisão

ACORDAM os Juízes do Tribunal Regional Eleitoral, à unanimidade, em rejeitar as preliminares de inconvencionalidade e inconstitucionalidade da alínea l do inc. I do art. 1º da Lei Complementar nº 64/1990, para julgar procedente a impugnação pro-posta pela Procuradoria Regional Eleitoral, e, em consequência, indeferir o registro de candidatura de JOÃO ALBERTO PIZZOLATTI JÚNIOR ao cargo de Deputado Fede-ral, formulado pela Coligação “A Força para a Mudança” (PP/PPS/PRTB/PHS/PSDB/PEN/SD/PTC/PSB), nos termos do voto do Relator, que fica fazendo parte integrante da decisão.

Inteiro Teor

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RECA - Registro de Candidato Nº 47153 - Florianópolis/SC Relator: Carlos Vicente da Rosa Góes Acórdão nº 29900 de 05/08/2014

Ementa

REGISTRO DE CANDIDATO - DEPUTADO ESTADUAL - IMPUGNAÇÃO - PRES-TAÇÃO DE CONTAS DE ADMINISTRADOR - TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO - ÓRGÃO LEGÍTIMO - CONTAS JULGADAS IRREGULARES - ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - CONTRATAÇÃO DE EMPRE-GADOS SEM PRÉVIO CONCURSO PÚBLICO (ART. 11, V, DA LEI Nº 8.429/1992) - PRECEDENTE - CONTRATAÇÃO DE MÃO DE OBRA SEM A DEVIDA LICITAÇÃO (ART. 10, VIII, DA LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA) - PRECEDENTES DO TSE - VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS REITORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚ-BLICA - VÍCIOS INSANÁVEIS - CONDUTAS DEMONSTRADAS - DOLO CONFI-GURADO - MÁ GESTÃO DA COISA PÚBLICA - INDEFERIMENTO DA CANDI-DATURA.

Ao examinar as contas de administrador público municipal, o Tribunal de Contas do Estado exerce sua atribuição jurisdicional.

“Por bastante recorrente a hipótese, é preciso frisar que o administrador que não ob-serva a obrigação constitucional de prover cargos efetivos com servidores concursados,

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Juiz de direito João Luiz Ferraz de oLiveira Lima

Revista JuRídica • edição nº 10

não pode alegar tê-lo feito por negligência. Trata-se de evidente omissão dolosa a im-por o reconhecimento da inelegibilidade do administrador ímprobo, desde que a irre-gularidade reste reconhecida no acórdão ou parecer proferido pelo Tribunal de Contas. Da mesma forma, o administrador que deixa de realizar licitação pública quando a lei o determina, pratica um ato pautado por grave omissão dolosa, a reclamar o seu afastamento dos pleitos a realizarem-se pelos 8 (oito) anos seguintes” [REIS, Márlon Jacinto & PEREIRA, Luciene. Ficha Limpa, Lei Complementar nº 135, de 4 de junho de 2010, interpretada por juristas e responsáveis pela iniciativa popular. Edipro, 2010, pp. 90-126].

Impropriedades que, em conjunto, demonstram a ineficiência do gestor e a sua irresponsabilidade no trato da coisa pública, especialmente por infringir os princípios constitucionais reitores da administração pública.

Decisão

ACORDAM os Juízes do Tribunal Regional Eleitoral, à unanimidade, em INDEFERIR o pedido de registro da candidatura de Dagomar Antônio Carneiro, para concorrer ao cargo de Deputado Estadual, nos termos do voto do Relator, que fica fazendo parte integrante da decisão.

Inteiro Teor

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RRECA - Recurso em Registro de Candidato Nº 9039 - Agrolândia/SC Relator: Julio Guilherme Berezoski Schattschneider Acórdão nº 27233 de 31/08/2012

Ementa

RECURSO - REGISTRO DE CANDIDATURA - ALEGAÇÃO DE INELEGIBILI-DADE FUNDAMENTADA NA ALÍNEA G, DO INCISO I, DO ARTIGO 1º, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990 - DECISÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTA-DO, POR MEIO DA QUAL FORAM JULGADAS IRREGULARES AS CONTAS DO ADMINISTRADOR PÚBLICO, COM IMPUTAÇÃO DE DÉBITO - DECISÃO IRRE-CORRÍVEL DO ÓRGÃO COMPETENTE - RECEBIMENTO DE VERBA PÚBLICA

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Revista JuRídica • edição nº 10 109

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

PARA CUSTEAR PARTICIPAÇÃO EM EVENTO OFICIAL EM OUTRO MUNICÍ-PIO - NÃO COMPARECIMENTO - DESVIO DE FINALIDADE NA APLICAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS - CONDUTA QUE IMPORTOU EM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO, CAUSOU LESÃO AO ERÁRIO E ATENTOU CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - CARACTERIZAÇÃO DE IRREGULARIDADE INSANÁVEL QUE CONFIGURA ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE ADMINIS-TRATIVA - INELEGIBILIDADE CONFIGURADA - INDEFERIMENTO DO REGIS-TRO - DESPROVIMENTO.

Decisão

ACORDAM os Juízes do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, à unanimidade, em conhecer do recurso e a ele negar provimento, nos termos do voto do Relator, que integra a decisão.

Inteiro Teor

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RRECA - Recurso em Registro de Candidato Nº 19108 - Indaial/SC Relator: Oswaldo José Pedreira Horn Acórdão nº 27143 de 27/08/2012

Ementa

RECURSO - REGISTRO DE CANDIDATURA - ALEGAÇÃO DE INELEGIBILIDADE FUNDAMENTADA NA ALÍNEA L DO INCISO I DO ARTIGO 1º DA LEI COMPLE-MENTAR N. 64/1990 - DECISÃO CONDENATÓRIA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA PROFERIDA POR ÓRGÃO JUDICIAL COLEGIADO - PENA DE SUSPENSÃO DE DIREITOS POLÍTICOS NÃO INFLIGIDA - DEFERIMENTO DO REGISTRO - DESPROVIMENTO.

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Juiz de direito João Luiz Ferraz de oLiveira Lima

Revista JuRídica • edição nº 10

Decisão

ACORDAM os Juízes do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, à unanimi-dade, em conhecer do recurso e a ele negar provimento, nos termos do voto do Relator, que integra a decisão.

Inteiro Teor

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RRECA - Recurso em Registro de Candidato Nº 7855 - Tangará/SC Relator: Luiz Henrique Martins Portelinha Acórdão nº 27080 de 23/08/2012

Ementa

RECURSO - REGISTRO DE CANDIDATURA - CANDIDATO A PREFEITO - IM-PUGNAÇÃO - PRELIMINAR DE NECESSIDADE DE CITAÇÃO DO VICE-PRE-FEITO AFASTADA - INELEGIBILIDADE - CONDENAÇÃO POR ATOS DE IM-PROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE IMPORTARAM LESÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO E ENRIQUECIMENTO ILÍCITO - DECISÃO TRANSITADA EM JULGA-DO - ART. 1º, INCISO I, ALÍNEA L, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990 - LEI COMPLEMENTAR Nº 135/2010 (LEI DA FICHA LIMPA) - CONSTITUCIONALI-DADE ASSENTADA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - VALIDADE DA EX-TENSÃO DOS PRAZOS DE INELEGIBILIDADE - CAUSA DE INELEGIBILIDIADE COMPROVADA - VALIDADE DAS INFORMAÇÕES PROCESSUAIS CONTIDAS EM SÍTIO OFICIAL DA INTERNET DO PODER JUDICIÁRIO, POR FORÇA DA Nº LEI 11.419/2006 - INDEFERIMENTO DO REGISTRO - PROVIMENTO.

Decisão

ACORDAM os Juízes do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, à unanimi-dade, em conhecer do recurso, afastar a preliminar suscitada e, no mérito, vencidos os Juízes Marcelo Ramos Peregrino Ferreira, Julio Guilherme Berezoski Schattschneider e Bárbara Lebarbenchon Moura Thomaselli, a ele dar provimento, nos termos do voto do Relator, que integra a decisão.

Inteiro Teor

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Revista JuRídica • edição nº 10 111

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

RECA - Registro de Candidato Nº 892476 - Florianópolis/SC Relator: Oscar Juvêncio Borges Neto Relator designado: Leopoldo Augusto Brüggemann Acórdão nº 24770 de 27/07/2010

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REGISTRO DE CANDIDATURA - PREFACIAIS DE INAPLICABILIDADE DA LEI COMPLEMENTAR Nº 135/2010 PARA AS ELEIÇÕES DE 2010, E DE IRRETROATI-VIDADE PARA ALCANÇAR O CASO CONCRETO, E ARGUIÇÃO DE INCONSTI-TUCIONALIDADE DA LEI Nº 135/2010, POR OFENSA AO PRINCÍPIO DA PRE-SUNÇÃO DE INOCÊNCIA - AFASTADAS - CANDIDATO CONDENADO POR ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, POR DECISÃO DO TRI-BUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA - DIREITOS POLÍTICOS SUSPENSOS - INELEGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1º, INCISO I, ALÍNEA L, DA LEI COM-PLEMENTAR Nº 64/1990, COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 135/2010 - INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE REGISTRO.

Decisão

ACORDAM os Juízes do Tribunal Regional Eleitoral, por maioria de votos, vencidos o Relator e o Juiz Carlos Vicente da Rosa Góes, em, afastadas as preliminares suscitadas, INDEFERIR o pedido de registro de candidatura, nos termos do voto do Relator desig-nado, que fica fazendo parte integrante da decisão.

Inteiro Teor

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Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo

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Juiz de direito João Luiz Ferraz de oLiveira Lima

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RD - Recurso de Diplomação Nº 68643 - Porto Ferreira/SP Relator: Roberto Maia Filho Acórdão de 17/12/2013

Ementa

RECURSOS CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA - ART. 262, I, DO CÓDIGO ELEITORAL - CONEXÃO RECONHECIDA - PRELIMINAR DE IMPOSSIBI-LIDADE JURÍDICA DO PEDIDO AFASTADA - MÉRITO - CONDENAÇÃO DO RECORRIDO À SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS POR 5 (CINCO) ANOS, EM RAZÃO DE PRÁTICA DE ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE ADMINIS-TRATIVA - INELEGIBILIDADE SUPERVENIENTE AO PEDIDO DE REGISTRO DE CANDIDATURA - ART. 1º, I, L, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990 - RE-CURSOS PROVIDOS.

Decisão

DEU-SE PROVIMENTO AO RECURSO.

Inteiro Teor

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RE - RECURSO Nº 97540 - Macedônia/SP Relator: Antonio Carlos Mathias Coltro

Acórdão de 08/10/2013

Ementa

AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO. FRAUDE ELEITORAL. PREFEITO E VICE. SUBSTITUIÇÃO DE CANDIDATO ÀS VÉSPERAS DO PLEI-TO. PRELIMINARES AFASTADAS. CONFIGURAÇÃO. RECURSO PROVIDO. 1. ALEGAÇÃO DE FRAUDE ELEITORAL CONSISTENTE NA SUBSTITUIÇÃO DE CANDIDATO INELEGÍVEL PELA CANDIDATURA DE SUA ESPOSA, ÀS VÉS-PERAS DO PLEITO. 2. PARECER DA DOUTA PROCURADORIA REGIONAL

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Revista JuRídica • edição nº 10 115

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ELEITORAL PELO AFASTAMENTO DAS PRELIMINARES ALEGADAS E, NO MÉ-RITO, PELA MANUTENÇÃO DA SENTENÇA QUE JULGOU IMPROCEDENTE A AÇÃO, RESSALVADO O SEU POSICIONAMENTO EM SENTIDO CONTRÁRIO. 3. NÃO HÁ FALAR QUE A EXORDIAL FOI INTERPOSTA SEM OS DOCUMENTOS INDISPENSÁVEIS À PROVA DO ALEGADO, PORQUANTO VEIO AMPARADA POR UM SUPORTE PROBATÓRIO MÍNIMO, HÁBIL A JUSTIFICAR O INGRESSO DA PRESENTE DEMANDA. 4. OUTROSSIM, NÃO MERECE PROSPERAR A ALE-GAÇÃO DE QUE A FRAUDE ORA SUSCITADA NÃO É APTA A FUNDAMEN-TAR A AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO. A SUBSTITUIÇÃO DE CANDIDATO ÀS VÉSPERAS DA ELEIÇÃO, EM TESE, É PRÁTICA APTA A EMBASAR A PRESENTE DEMANDA. 5. O CASO EM COMENTO JÁ FOI OBJETO DE APRECIAÇÃO POR ESTE TRIBUNAL E, À ÉPOCA, A CORTE, POR MAIO-RIA, INDEFERIU O REGISTRO DA CANDIDATURA DA IMPUGNADA LUCIENE CABREIRA GARCIA MARSOLA AO CARGO DE PREFEITO, NO MUNICÍPIO DE MACEDÔNIA. 6. O ART. 5º DA LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO É CLARO AO REFERIR-SE À NECESSIDADE DE O INTÉRPRETE TER EM CONTA OS FINS SOCIAIS A QUE A LEI SE DESTINA, E AS EXIGÊNCIAS DO BEM COMUM, SENDO QUE TAMBÉM O ART. 219 DO CÓDIGO ELEITORAL CONTÉM REGRA NESSA DIREÇÃO E DE FORMA INDUBITÁVEL SÃO TAIS RE-GRAS INUNDADAS DA PERCEPÇÃO E SENTIDO HUMANO QUE DEVE ORNAR A ESCOLHA DO MAGISTRADO, QUANTO AO CAMINHO QUE DEVE SEGUIR, COMO INTÉRPRETE LEGISLATIVO, COM VISTAS AO IDEAL DE JUSTIÇA QUE LHE CUMPRE DEFENDER. 7. “IN CASU”, NA DATA DE 03/10/2012, FOI REQUE-RIDO O REGISTRO DE CANDIDATURA DE LUCILENE CABREIRA GARCIA MARSOLA, EM SUBSTITUIÇÃO AO REGISTRO DE MOACYR JOSÉ MARSOLA, CÔNJUGE DA CANDIDATA RECORRIDA. O SUBSTITUÍDO NÃO CONSEGUIU O DEFERIMENTO DO REGISTRO DE SUA CANDIDATURA, EM RAZÃO DA IN-CIDÊNCIA DE INELEGIBILIDADE CONTIDA NO ART. 1º, INC. I, ALÍNEA L, DA LC Nº 64/1990, COM A REDAÇÃO DA LC Nº 135/2010, EM PRIMEIRO GRAU. INTERPOSTO RECURSO, ESTE EGRÉGIO TRIBUNAL, POR UNANIMIDADE, NEGOU-LHE PROVIMENTO, SOBREVINDO EMBARGOS DECLARATÓRIOS, OS QUAIS FORAM REJEITADOS, TAMBÉM POR VOTAÇÃO UNÂNIME. NÃO SATISFEITO, INTERPÔS RECURSO ESPECIAL, O QUAL, POR DECISÃO MONO-CRÁTICA PROFERIDA PELO MIN. MARCO AURÉLIO, TEVE SEGUIMENTO NE-GADO EM RAZÃO DA SUA INTEMPESTIVIDADE. NA SEQUÊNCIA, PROCRAS-TINANDO AINDA MAIS O TRÂNSITO EM JULGADO, APRESENTOU AGRAVO REGIMENTAL, QUE FOI JULGADO PREJUDICADO DIANTE DA SUA RENÚN-CIA. 8. ADMITIR A SUBSTITUIÇÃO DE CANDIDATO À ÚLTIMA HORA OU PRÓXIMO A ELA, ACABA POR ALTERAR A FUNDAMENTAÇÃO ÉTICA QUE SE

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Juiz de direito João Luiz Ferraz de oLiveira Lima

Revista JuRídica • edição nº 10

IMPÕE QUANTO A TAL CIRCUNSTÂNCIA, INDICANDO COMO DE MELHOR ADEQUAÇÃO O INADMITIR-SE SOLUÇÃO SEGUNDO A REFERIDA NO ART. 67 DA RES. 23.737/2011, DO TSE, COM VISTAS A IMPEDIR-SE, TANTO O EXERCÍ-CIO ABUSIVO DO DIREITO DE SER CANDIDATO, QUANTO À AFRONTA AO POSTULADO IGUALITÁRIO, JÁ QUE O SUBSTITUINTE, COMO NA ESPÉCIE EM DECISÃO, ACABA POR SE VALER DO PRESTÍGIO DO SUBSTITUÍDO, SEM QUE O ELEITORADO POSSA SABER EXATAMENTE QUEM AQUELE É E O QUE PODERÁ REALIZAR, SENDO ELEITO. 9. NO CASO SOB COMENTO, É EVIDEN-TE O ABUSO DO DIREITO PERPETRADO PELAS PARTES ENVOLVIDAS, EM IR-REFUTÁVEL AFRONTA AO QUE DISPÕE O ARTIGO 187 DO CÓDIGO CIVIL. O CANDIDATO SUBSTITUÍDO, SABEDOR DA SUA FLAGRANTE INELEGIBI-LIDADE PRÉ-EXISTENTE, TENTOU POR TODOS OS MEIOS PROCRASTINAR O ENCERRAMENTO DO PROCESSO QUE INDEFERIU O SEU REGISTRO DE CANDIDATURA PARA, HÁ POUCOS DIAS DO PLEITO, RENUNCIAR E PERMI-TIR QUE SUA ESPOSA FOSSE ELEITA. PASSOU MAIS DE DOIS MESES, MESMO INDEFERIDO EM DUAS INSTÂNCIAS, FAZENDO CAMPANHA, COM AMPLA PUBLICIDADE, PARA, A APENAS QUATRO DIAS DAS ELEIÇÕES, PASSAR O BASTÃO PARA SUA ESPOSA. É PATENTE O DESRESPEITO PELOS ELEITORES E A TENTATIVA DE FRAUDAR AS ELEIÇÕES, CONDUTA QUE DEVE SER COI-BIDA PELA JUSTIÇA ELEITORAL. 10. OS RECORRIDOS, UTILIZANDO-SE DE ARTIMANHA, AGIRAM, APARENTEMENTE, DE ACORDO COM A NORMA POSTA. TODAVIA, O FIM ALMEJADO POR ELES FRUSTOU O SENTIDO DA NORMA JURÍDICA, INFLUENCIANDO A VONTADE POPULAR E DISTORCEN-DO O RESULTADO DO PLEITO. 11. A MANOBRA PRATICADA PELOS ENVOL-VIDOS TEVE ROBUSTA APTIDÃO PARA DISTORCER A VONTADE POPULAR, INFLUENCIANDO DIRETAMENTE O RESULTADO DO PLEITO. EM OUTRAS PALAVRAS, A FRAUDE PERPETRADA TEVE POTENCIALIDADE PARA MACU-LAR A ELEIÇÃO NO MUNICÍPIO DE MACEDÔNIA. 12. EM QUE PESE AS TES-TEMUNHAS ARROLADAS PELA DEFESA AFIRMAREM QUE A SUBSTITUIÇÃO DAS CANDIDATURAS FOI AMPLAMENTE DIVULGADA NO MUNICÍPIO, TAL FATO, EM UM UNIVERSO DE MILHARES DE ELEITORES, NÃO É SUFICIENTE PARA COMPROVAR A CIÊNCIA DA POPULAÇÃO LOCAL ACERCA DA ALTE-RAÇÃO DE CANDIDATURA. ADEMAIS, TRATA-SE DE QUESTÃO QUE ATENTA AOS PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO, FATO QUE MINIMIZA A FORÇA DA PROVA TESTEMUNHAL. 13. NÃO SE DESCONHECE O ENTENDIMENTO QUE PREDOMINA NA CORTE SUPERIOR QUANTO À POSSIBILIDADE DE SUBSTI-TUIÇÃO DE CANDIDATOS ÀS VÉSPERAS DO PLEITO. ENTRETANTO, FILIO-ME À CORRENTE DIVERGENTE DAQUELE COLENDO TRIBUNAL, REPRESEN-TADA PELA MINISTRA LUCIANA LÓSSIO, CUJO ENTENDIMENTO É QUE A

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Revista JuRídica • edição nº 10 117

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

PRÁTICA ORA ANALISADA CONFIGURA FRAUDE ELEITORAL. 14. REJEITAM-SE AS PRELIMINARES E DÁ-SE PROVIMENTO AO RECURSO, A FIM DE REFOR-MAR A DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU, CONDENANDO OS RECORRIDOS À CASSAÇÃO DOS RESPECTIVOS DIPLOMAS, OUTORGADOS NAS ELEIÇÕES DE 2012.

Decisão

REJEITOU-SE A MATÉRIA. NO MÉRITO, PELO VOTO DE DESEMPATE DO DES. PRESIDENTE, DEU-SE PROVIMENTO AO RECURSO, CONTRA OS VOTOS DA REVISORA E DO JUIZ COSTABILE E SOLIMENE, QUE LHE NEGARAM PROVI-MENTO. DECLARAM OS VOTOS A REVISORA E OS DES. PRESIDENTE E DIVA MALERBI.

Inteiro Teor

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RD - Recurso de Diplomação Nº 78569 - Tupã/SP Relatora: Clarissa Campos Bernardo Acórdão de 03/09/2013

Ementa

RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA. PREFEITO E VICE-PREFEITO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONTRATAÇÃO DE SERVIDORES PARA CARGO DE CONFIANÇA. DISPENSA DE CONCURSO PÚBLICO. ATIVIDADES DE NATUREZA COMUM, SEM A EXIGÊNCIA DE ESPECIAL CONFIANÇA DO CHEFE DO EXECUTIVO. ATO DE IMPROBIDADE CARACTERIZADO, COM A EXISTÊNCIA DE DOLO, LESIVIDADE DA CONDUTA E DANO AO ERÁRIO. JULGAMENTO DO RECURSO APÓS O REGISTRO DE CANDIDATURA. PREJUDICADO O PEDIDO DE DISTRIBUIÇÃO DO FEITO POR PREVENÇÃO, ART. 47 DO REGIMENTO INTERNO DO TRE/SP. AFASTADAS AS PRELIMINARES DE ILEGITIMIDADE DO VICE-PREFEITO E INOCORRÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO. INDEFERIDA A APLICAÇÃO DE MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. NÃO CARACTERIZAÇÃO DO NECESSÁRIO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. DESPROVIMENTO DO RECURSO.

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Juiz de direito João Luiz Ferraz de oLiveira Lima

Revista JuRídica • edição nº 10

Decisão

REJEITOU-SE A MATÉRIA PRELIMINAR. NO MÉRITO, PELO VOTO DE DESEM-PATE DO PRESIDENTE, NEGOU-SE PROVIMENTO AO RECURSO CONTRA OS VOTOS DO REVISOR E DOS DESEMBARGADORES DIVA MALERBI E COSTA WAGNER, QUE LHE DERAM PROVIMENTO. DECLARAM OS VOTOS, ALÉM DA RELATORA E REVISOR, O JUIZ COSTA WAGNER E O SR. PRESIDENTE.

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RE - Recurso Nº 153 - Olímpia/SP Relator: Roberto Caruso Costabile e Solimene Acórdão de 20/08/2013

Ementa

RECURSO EM REQUERIMENTO DE EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO A EVENTUAL-MENTE SER ENDEREÇADO AO PRESIDENTE DA CÂMARA DE VEREADORES PARA NOTICIAR QUE VEREADOR ELEITO ESTARIA COM OS DIREITOS POLÍTICOS SUSPENSOS PARA QUE OUTRO, EM SEU LUGAR, PUDESSE TOMAR POSSE NA VAGA DO TITULAR ELEITO.

PEDIDO DEFERIDO NA ORIGEM. SENTENÇA QUE DETERMINARA A POSSE DO REQUERENTE. POSSE SUSPENSA POSTERIORMENTE, MEDIANTE DECISÃO LIMINAR PROFERIDA NOS AUTOS DA AÇÃO CAUTELAR 7-09.2013.6.26.0000.

INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA (PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS), POIS, SE FOSSE O CASO, OUTRA SERIA A FERRAMENTA PROCESSUAL ADEQUADA PARA SUS-CITAR INELEGIBILIDADE DO RECORRENTE ALCIDES BECERRA CANHADA JUNIOR, E NO TEMPO CERTO. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE, TAMBÉM PELA INEXISTÊNCIA DE PEDIDO EXPRESSO DE CASSAÇÃO DE REGISTRO DE DIPLOMA. E AINDA QUE FOSSE RECEBIDA COMO RCED, TAL PRONUNCIAMENTO PADECERIA DE INTEM-PESTIVIDADE, POIS A PETIÇÃO FOI PROTOCOLIZADA EM 10/01/2013, APÓS O TRÍDUO LEGAL, CUJO TERMO FINAL OCORRERA EM 07/01/2013.

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Revista JuRídica • edição nº 10 119

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, POR INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA (CARÊNCIA).

RECURSO EM FACE DE SENTENÇA, QUE NOS AUTOS DOS RECURSOS CONTRA A EXPEDIÇÃO DE DIPLOMAÇÃO DETERMINOU A POSSE DOS SUPLENTES NAS VAGAS CORRESPONDENTES ÀS DOS VEREADORES ELEITOS.

ACOLHIMENTO DA ARGUIÇÃO PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA, POR INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUÍZO DE 1º GRAU PARA JULGAR OS RECURSOS CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA, NOS TERMOS DOS ARTS. 40, IV; 262, I, E 265 DO CÓDIGO ELEITORAL. RECEBIMENTO DOS AUTOS PELA INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA CELERIDADE PROCESSUAL (ART. 5º, LXX-VIII, DA CF), E POR ESTAR INSTRUÍDO, INCLUSIVE CONTRARRAZÕES AOS RECURSOS CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA.

INELEGIBILIDADE PREVISTA EM LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL PREEXISTENTE À FASE DE REGISTRO DE CANDIDATURA. MATÉRIA QUE, SOB PENA DE PRECLUSÃO, NECESSARIAMENTE DEVE SER ALEGADA NA FASE DE IMPUGNAÇÃO AO REQUERIMENTO DE REGISTRO DE CANDIDA-TURA, E PODERIAM OS IMPUGNANTES, ASSIM, TER PROVIDENCIADO. DE-SATENDIMENTO NA ORIGEM. PROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL QUE AGITA OS MESMOS TEMAS. INADEQUAÇÃO DO PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS E PRECLUSÃO EM RELAÇÃO ÀS EXPEDIÇÕES DE DIPLOMA.

ACOLHIMENTO DAS MATÉRIAS PRELIMINARES. NULIDADE DA SENTENÇA QUE RESOLVEU NOVAS DIPLOMAÇÕES POR INCOMPETÊNCIA FUNCIONAL DO MM. JUIZ ELEITORAL, E AFIRMAÇÃO DAS PRECLUSÕES EM RELAÇÃO ÀS EXPEDIÇÕES DE DIPLOMAS (RCED), PREJUDICADA A ANÁLISE DAS DEMAIS MATÉRIAS. RECURSOS PROVIDOS.

Decisão

ACOLHEU-SE A PRELIMINAR DE FALTA DE INTERESSE PROCESSUAL, E JUL-GOU-SE EXTINTO, SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO, O PEDIDO DE PROVIDÊN-CIAS FORMULADO POR MARCO AURÉLIO MARTINS RODRIGUES. ACOL-HEU-SE A PRELIMINAR DE NULIDADE PARA ANULAR A R. SENTENÇA, E, NO MÉRITO, DEU-SE PROVIMENTO AOS RECURSOS CONTRA A EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA, POR UNANIMIDADE. DECLARA O VOTO O REVISOR.

Inteiro Teor

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Juiz de direito João Luiz Ferraz de oLiveira Lima

Revista JuRídica • edição nº 10

RD - Recurso de Diplomação Nº 182722 - Potheir/SP Relator: Antonio Carlos Mathias Coltro

Acórdão de 13/08/2013

Ementa

1) RECURSOS CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA.

2) INELEGIBILIDADE INFRACONSTITUCIONAL SUPERVENIENTE. ART. 1º, INC. I, L, DA LC Nº 64/1990. 3) DECISÃO COLEGIADA PROFERIDA APÓS O PEDIDO DE REGISTRO E ANTES DA DIPLOMAÇÃO. 4) PREENCHIDOS OS REQUISITOS EXIGIDOS PELA NORMA DE REGÊNCIA. 5) CHAPA ÚNICA. CASSAÇÃO DO PREFEITO E VICE. 6) PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. 1. RE-CURSO CONTRA A EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA AJUIZADO CONTRA FRAN-CISCO PEREIRA DE SOUSA E MARCOS ANTONIO ANDRADE BORGES, ELEITOS PARA OS CARGOS DE PREFEITO E VICE-PREFEITO DO MUNICÍ-PIO DE POÁ, SOB O ARGUMENTO DE QUE O PRIMEIRO REPRESENTADO, AO SER CONDENADO POR DECISÃO PROFERIDA POR ÓRGÃO COLE-GIADO, INCORRE NA CAUSA DE INELEGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 1º, INC. I, L, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990. 2. MANIFESTAÇÃO DA DOUTA PROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL PELA PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 3. EM RAZÃO DA CONEXÃO EXISTENTE ENTRE A PRESENTE REPRESENTAÇÃO E OS AUTOS DOS PROCESSOS NºS 1825-52.2012.6.26.0219, 1828-07.2012.6.26.0219 E 1-24.2013.6.26.0219, DETERMINOU-SE A REUNIÃO DAS AÇÕES PARA QUE FOSSEM, NESTA OPORTUNIDADE, DECIDIDAS EM CONJUNTO. 4. A PUBLICAÇÃO É O ATO QUE CONFERE EXISTÊNCIA À DE-CISÃO. O RECURSO INTERPOSTO POR FRANCISCO PEREIRA DE SOUSA, PERANTE O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO, FOI JULGADO NA DATA DE 03/12/2012. A REFERIDA DECISÃO FOI DISPONIBILIZADA NO DIÁRIO DE JUSTIÇA ELETRÔNICO EM 11/12/2012. ASSIM, EM QUE PESE AS ALEGAÇÕES DO RECORRIDO, NÃO OBSTANTE TENHA SIDO INTI-MADO DAQUELE ACÓRDÃO APENAS EM 19/03/2013, É DE SE OBSERVAR QUE A PUBLICAÇÃO DA DECISÃO OCORREU NA DATA EM QUE SE PRO-CLAMOU O RESULTADO DA DECISÃO COLEGIADA. DAÍ PORQUE NÃO HÁ FALAR EM INEXISTÊNCIA DA DECISÃO QUE EMBASOU A PRESENTE DEMANDA. 5. “IN CASU”, FRANCISCO PEREIRA DE SOUSA, DIPLOMADO AO CARGO DE PREFEITO DO MUNICÍPIO DE POÁ, FOI CONDENADO À PERDA DO CARGO PÚBLICO, PAGAMENTO DE MULTA CIVIL, PROIBIÇÃO DE CONTRATAR COM O PODER PÚBLICO E À SUSPENSÃO DOS DIREITOS

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Revista JuRídica • edição nº 10 121

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

POLÍTICOS PELO PRAZO 10 (DEZ) ANOS POR ATO DOLOSO DE IMPRO-BIDADE ADMINISTRATIVA, EM VIRTUDE DA VIOLAÇÃO DA PREVISÃO CONTIDA NO § 1º DO ART. 37 DA CF, E ARTS. 9º, “CAPUT”, E INC. XII, E 11 DA LEI Nº 8.429/1992. 6. DE FATO, TRATA-SE DE INELEGIBILIDADE SU-PERVENIENTE AO REGISTRO DE CANDIDATURA, POIS O RECORRIDO, CONDENADO POR ÓRGÃO COLEGIADO EM 3 DE DEZEMBRO DE 2012, INCIDIU NA HIPÓTESE PREVISTA NA ALÍNEA L DO INCISO I DO ART. 1º DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990. 7. RESTOU COMPROVADO, NOS AUTOS DA APELAÇÃO Nº 0003662-95.2010.8.26.0462, QUE TRAMITOU PE-RANTE A 5ª CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO, A CONFIRMAÇÃO DA CONDENAÇÃO DO ORA RECOR-RIDO FRANCISCO PEREIRA DE SOUSA PELA UTILIZAÇÃO DO “PATRIMÔ-NIO PÚBLICO SEM QUALQUER LISURA PARA PROMOÇÃO PESSOAL, COM AUSÊNCIA DE PROBIDADE NO TRATO DA COISA PÚBLICA AO DETER-MINAR DE FORMA INDISCRIMINADA A UTILIZAÇÃO DA COR LARANJA EM LOGRADOUROS PÚBLICOS, ROUPA E MATERIAL ESCOLAR, ALÉM DE UNIFORMES DE LIXEIROS E OUTROS SERVIDORES, COMO ALUSÃO INE-QUÍVOCA À SUA CAMPANHA PARTIDÁRIA”, CAUSANDO “PREJUÍZO AO ERÁRIO E ATENTANDO CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA”, ENQUANTO OCUPAVA O CARGO DE PREFEITO DO MUNICÍ-PIO DE POÁ, DURANTE O EXERCÍCIO DE 2008. 8. CONFORME EXPRESSA-MENTE CONSTOU DA DECISÃO COLEGIADA, “IN CASU”, É EVIDENTE A PRÁTICA DE ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, SUBSUMINDO OS ATOS PRATICADOS PELO APELANTE NO ART. 11, “CAPUT”, E INCISO I, DA LEI N.º 8.429/1992, QUE, POR CONSEGUINTE, LEVA À CONCLUSÃO QUE DANOS FORAM CAUSADOS AO ERÁRIO PÚBLICO. O PREFEITO DO MUNICÍPIO DE POÁ, AO INSTITUIR, DE FORMA INDISCRIMINADA, A COR LARANJA (COR UTILIZADA EM SUA CAMPANHA PARTIDÁRIA PROMO-CIONAL) COMO A COR PADRÃO EM INÚMERAS SITUAÇÕES, INCORREU EM PROMOÇÃO PESSOAL, FAZENDO TÁBULA RASA DOS PRINCÍPIOS DA MORALIDADE PÚBLICA, DA IMPESSOALIDADE, EM TOTAL AFRONTA AO DISPOSTO NO ART. 37 E SEUS §§ DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. RESTOU CARACTERIZADA NOS AUTOS A AUTOPROMOÇÃO DE FRANCISCO PE-REIRA DE SOUSA, ANTE O USO INDEVIDO DE BENS PÚBLICOS, PUBLI-CIDADE OFICIAL, IMPRESSOS, UTILIZAÇÃO DE MATERIAL E ROUPA ES-COLAR, PINTURA PÚBLICA DA CIDADE, TUDO NA COR LARANJA, EM CLARA REFERÊNCIA À SUA CAMPANHA PARTIDÁRIA. AO LONGO DO SEU MANDATO, TUDO FOI REALIZADO ÀS EXPENSAS DA MUNICIPALI-DADE, MEDIANTE A UTILIZAÇÃO DE TINTAS, COMPRA INDEVIDA DE

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Juiz de direito João Luiz Ferraz de oLiveira Lima

Revista JuRídica • edição nº 10

MATERIAL ESCOLAR COM A OBRIGATORIEDADE DE SE UTILIZAR A COR LARANJA.”. 9. ORA, POR ÓBVIO QUE O EMPREGO DA COR LARANJA, DE FORMA INDISCRIMINADA, PELO ADMINISTRADOR PÚBLICO, COR ESTA LIGADA À SUA CAMPANHA ELEITORAL, ALÉM DE TER CAUSADO DANO AO ERÁRIO, RESULTOU EM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO DO INTERES-SADO, ORA RECORRIDO, PORQUANTO FOI AMPLAMENTE FAVORECIDO PELA SUA UTILIZAÇÃO, ANGARIANDO INÚMERAS VANTAGENS PES-SOAIS, INCLUSIVE EM PLEITOS FUTUROS. 10. DAÍ PORQUE, PREENCHI-DOS OS REQUISITOS EXIGIDOS PELAS NORMAS DE REGÊNCIA, ISTO É, ART. 262, INC. I, DO CÓDIGO ELEITORAL, C.C. ART. 1º, INC. I, L, DA LC Nº 64/1990, DE RIGOR O RECONHECIMENTO DA INELEGIBILIDADE SUPER-VENIENTE DE FRANCISCO PEREIRA DE SOUSA, E, EM CONSEQUÊNCIA, A CONDENAÇÃO DOS RECORRIDOS À PENA DE CASSAÇÃO DOS RESPEC-TIVOS DIPLOMAS. 11. NESSE DIAPASÃO, É ASSENTE NA JURISPRUDÊNCIA DO COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL QUE OS VOTOS CON-FERIDOS A CANDIDATO INELEGÍVEL SÃO NULOS, ATINGINDO A ELEI-ÇÃO DO CANDIDATO QUE DISPUTOU AS ELEIÇÕES EM CHAPA ÚNICA. QUER DIZER, “A CASSAÇÃO DO DIPLOMA DO TITULAR IMPLICA A CAS-SAÇÃO DO DIPLOMA DO VICE OU DO SUPLENTE, DEVIDO À SUA CON-DIÇÃO DE SUBORDINAÇÃO EM RELAÇÃO ÀQUELE” (AG 6462, REL. MIN. CESAR ASFOR ROCHA, DJ 20/11/2006). DE FATO, “NOS CASOS EM QUE HÁ CASSAÇÃO DO REGISTRO DO TITULAR ANTES DO PLEITO, O PARTIDO TEM A FACULDADE DE SUBSTITUIR O CANDIDATO. TODAVIA, SE OCOR-RER A CASSAÇÃO DO REGISTRO OU DO DIPLOMA DO TITULAR APÓS A ELEIÇÃO - SEJA FUNDADA EM CAUSA PERSONALÍSSIMA OU EM ABUSO DE PODER -, MACULADA RESTARÁ A CHAPA, PERDENDO O DIPLOMA TANTO O TITULAR COMO O VICE” (RE 19.541, REL. MIN. SÁLVIO DE FI-GUEIREDO, DJ DE 9/03/2002). 12. DÁ-SE PROVIMENTO AO RECURSO PARA RECONHECER A INELEGIBILIDADE SUPERVENIENTE DE FRANCISCO PE-REIRA DE SOUSA, E, CONSEQUENTEMENTE, EM RAZÃO DA INDIVISIBI-LIDADE DA CHAPA, APLICA-SE AOS RECORRIDOS A SANÇÃO DE CASSA-ÇÃO DOS RESPECTIVOS DIPLOMAS, NOS TERMOS DO ART. 262, INCISO I, DO CÓDIGO ELEITORAL C.C. ART. 1º, INC. I, L, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990.

Decisão

DEU-SE PROVIMENTO AO RECURSO PARA RECONHECER A INELE-GIBILIDADE SUPERVENIENTE DE FRANCISCO PEREIRA DE SOUSA, E,

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Revista JuRídica • edição nº 10 123

InelegIbIlIdades: leI da FIcha lImpa X leI de ImprobIdade admInIstratIva. eXclusão ou complementarIedade?

CONSEQUENTEMENTE, EM RAZÃO DA INDIVISIBILIDADE DA CHAPA, APLI-CAR AOS RECORRIDOS A SANÇÃO DE CASSAÇÃO DOS RESPECTIVOS DIPLO-MAS POR UNANIMIDADE. DECLARAM OS VOTOS A REVISORA E O JUIZ COS-TABILE E SOLIMENE.

Inteiro Teor

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