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Boletim Informativo nº 18 - Março 2012 1. DESTAQUES MPSP MP firma TAC que garante atendimento a crianças envolvidas com álcool e drogas em Votorantim A Promotoria da Infância e Juventude, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) e a Prefeitura de Votorantim firmaram, na última quinta-feira (01/03/12), um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) garantindo atendimento integral a crianças e adolescentes envolvidos com o uso de álcool e drogas naquele município. A promotora Fabiana Paes (Esquerda), o prefeito Carlos Pivetta (Centro) e Lucelia Ferrari (Direita), do CMDCA, assinam o TAC De acordo com o TAC, o CMDCA terá 60 dias para elaborar e aprovar resolução definindo a Comissão Intersetorial de Elaboração do Plano Municipal de Atendimento Integral a Crianças e Adolescentes Boletim Informativo Nº 18 Página 1

Infância nº 18 - março 2012

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Boletim Informativo nº 18 - Março 2012

1. DESTAQUES MPSP

MP firma TAC que garante atendimento a crianças envolvidas com álcool e drogas em Votorantim

A Promotoria da Infância e Juventude, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) e a Prefeitura de Votorantim firmaram, na última quinta-feira (01/03/12), um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) garantindo atendimento integral a crianças e adolescentes envolvidos com o uso de álcool e drogas naquele município.

A promotora Fabiana Paes (Esquerda), o prefeito Carlos Pivetta (Centro) e Lucelia Ferrari (Direita), do CMDCA, assinam o TAC

De acordo com o TAC, o CMDCA terá 60 dias para elaborar e aprovar resolução definindo a Comissão Intersetorial de Elaboração do Plano Municipal de Atendimento Integral a Crianças e Adolescentes usuárias de álcool e outras drogas. Esse Plano deverá conter a situação detalhada, como número de atendimentos, tipo de entorpecentes, locais para atendimento e perfil de adolescentes. Após a apresentação do relatório, a Prefeitura terá 10 meses para elaboração, discussão e aprovação do Plano de Atendimento.

No TAC, a Prefeitura de Votorantim comprometeu-se a disponibilizar, de imediato, 10 vagas para internação psiquiátrica dos casos mais graves e por

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indicação médica. Outras 10 vagas deverão ser ofertadas no prazo de seis meses, e mais 10 vagas no prazo de um ano. Além disso, a Prefeitura irá realizar duas audiências públicas com a participação da população de Votorantim, para discussão do Plano.

O TAC é resultado do inquérito civil, instaurado em outubro do ano passado, atualmente conduzido pela promotora Fabiana Dal’Mas Rocha Paes, para apurar a falta de local adequado para tratamento de crianças e adolescentes usuárias de entorpecentes, de acordo com avaliação médica-psiquiátrica, em comunidade terapêutica. Caso haja descumprimento do acordo firmado, a Prefeitura fica sujeita ao pagamento de R$ 5 mil por dia.

MP discute atuação em medidas socioeducativas

Promotores de Justiça da área da Infância e Juventude estiveram reunidos, nos meses de fevereiro e março, com o objetivo de analisar o texto da Lei Federal 12.594/12. A reunião de trabalho teve foco especial na atuação funcional dos membros do Ministério Público que possuem atribuição relacionada à execução de medidas socioeducativas.

A lei, que instituiu o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), regulamentando a execução das medidas socioeducativas destinadas à adolescente que pratique ato infracional e alterou dispositivos do Estatuto da Criança e do Adolescente, deverá entrar em vigor neste primeiro semestre.

Promotores discutiram atuação dos membros frente à nova lei que instituiu o SINASE

Estiveram presentes à reunião do dia 27/02 pp., os promotores de Justiça coordenadores da área da Infância e Juventude do CAO Cível, Lélio Ferraz de Siqueira Neto e Fernando Henrique de Moraes Araújo; e os promotores de Justiça da Infância e Juventude, Eduardo Dias Ferreira, atualmente coordenador da área de Direitos Humanos do CAO Cível; João Paulo Faustinoni e Silva, atualmente no Grupo de Atuação Especial de Educação (GEDUC); Fernanda Beatriz Gil da Silva Lopes (Capital); Wilson Ricardo Coelho Tafner (Lapa, Capital), Renata Gonçalves de Oliveira

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(Guarulhos), João Marcos Costa de Paiva (São José dos Campos), Noemi Correa (Araraquara), Camila Moura e Silva (Itapecerica da Serra), Camila Teixeira Pinho (Capital) e Paula Villanacci Alves Camasmie (Capital).

Em continuidade a análise da Lei Federal 12.594/12, foi realizada uma segunda reunião de trabalho no dia 05/03 pp., que teve foco especial na atuação funcional dos membros do Ministério Público que possuem atribuição relacionada à execução de medidas socioeducativas.

Promotores discutiram atuação dos membros frente à nova lei que instituiu o SINASE

Estiveram presentes à reunião do dia 05/03 pp., os promotores de Justiça coordenadores da área da Infância e Juventude do CAO Cível, Lélio Ferraz de Siqueira Neto e Fernando Henrique de Moraes Araújo; e os promotores de Justiça da Infância e Juventude, Eduardo Dias Souza Ferreira, atualmente coordenador da área de Direitos Humanos do CAO Cível; João Paulo Faustinoni e Silva, atualmente no Grupo de Atuação Especial de Educação (GEDUC); Fernanda Beatriz Gil da Silva Lopes (Capital); Wilson Ricardo Coelho Tafner (Lapa, Capital), Carlos Cabral Cabreira (Praia Grande), João Marcos Costa de Paiva (São José dos Campos), Fillipe Demetrio Lopes (Barra Bonita), Adriana Cimini Ribeiro Salgado (Santos) e Tatiana Bianchi Triviño (Caieiras).

Projeto de inserção de adolescentes na sociedade é destaque no MP Cidadão

Um projeto que tem o objetivo de criar nos adolescentes disciplina, senso de responsabilidade e interesse para o trabalho é o destaque do MP Cidadão, portal criado no site do Ministério Público para divulgar os projetos e iniciativas dos promotores que encontram novos meios, alternativa de vanguarda e políticas de atuação diferenciadas que resultem em maior contato com a sociedade civil e contribuam para diminuição da criminalidade e para a resolução mais eficaz de conflitos sociais.

De 1995 a 2000, o promotor Luiz Henrique Pacini auxiliou o promotor

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Marcelo Pedroso Goulart, da Infância e Juventude, área de infratores. Nesse período, pode constatar que os jovens em conflito com a lei eram atraídos para a criminalidade por uma série de fatores, entre eles a falta de oportunidades e de perspectiva de vida.

Em razão disto e com o propósito de reverter o quadro, Luiz Henrique Pacini idealizou o projeto, denominado “Proteção e inserção do adolescente na comunidade”. O trabalho é realizado em parceria com a assistente social Sueli Danhone, diretora da Casa da Mangueira, onde é desenvolvido.

O projeto tem início com dois educadores, um da própria Casa das Mangueiras e outro da empresa interessada em colaborar dando trabalho. Eles acompanham o jovem e trocam informações, visando o desenvolvimento do adolescente, que é encaminhado à empresa, e continua recebendo orientações.

O jovem se submete a uma série de compromissos, entre eles o de estudar e o de cuidar de seu dinheiro com responsabilidade. O salário do adolescente é dividido em três partes. Uma para ele usar com suas despesas pessoais, uma para ajudar nas despesas da casa onde mora com os pais e a terceira para criar uma poupança utilização no futuro.

Vários jovens que estão no projeto cursam faculdades (Direito, Pedagogia, Gastronomia, Educação Física etc). O objetivo fundamental é o de que esses adolescentes tenham um futuro promissor, aprendam a respeitar ao próximo e a si próprios; aprendam a cuidar de si e de seus bens e que possam progredir na vida, inclusive, obtendo conhecimentos e formação acadêmica.

Nos 11 anos do projeto, mais de uma centena de adolescentes foram atendidos. Alguns já se formaram e todos estão muito bem encaminhados com o trabalho formal, e vários já adquiriram suas casas.

Conheça o MPCidadão.

MP obtém decisão que obriga Prefeitura de Americana a criar vagas em creche

A Promotoria de Justiça da Infância e Juventude de Americana impetrou mandado de segurança que garantiu vaga em creche à duas crianças. A Prefeitura descumpriu parcialmente o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o MP em junho de 2009.

O promotor de Justiça Rodrigo Augusto Oliveira já havia firmado um TAC com a Prefeitura que previa a criação de 946 vagas até o final de 2011. Após esse período foram criadas 500 vagas para crianças de 0 a 5 anos, no entanto, ainda havia déficit de vagas.

O MP, então, passou a impetrar mandados de segurança para obter essas vagas em escolas públicas ou particulares até que a quantidade de vagas

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seja suficiente para atender as crianças.

A promotoria já teve a primeira decisão favorável determinando à Prefeitura a efetivação da matrícula de duas crianças em fevereiro. Outros mandados de segurança poderão ser impetrados a partir de documentação encaminhada pelo Conselho Tutelar ou decorrente do atendimento ao público da própria Promotoria de Justiça.

2. INFÂNCIA EM FOCO – NOTÍCIAS

Crianças e adolescentes poderão vir a conviver com mãe ou pai preso

Tramita na Câmara projeto que assegura a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai preso. A proposta (Projeto de Lei 2785/11), encaminhada pelo Executivo, altera o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. Pelo texto, os filhos poderão fazer visitas periódicas aos pais, promovidas pelo responsável, ou, quando estiverem em acolhimento institucional, pela entidade responsável, independentemente de autorização judicial.

O projeto prevê também que, em princípio, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais de auxílio. A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará na destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por crime doloso que tenha sido cometido contra o próprio filho ou filha.

Os ministros José Eduardo Martins Cardozo, da Justiça; e Maria do Rosário, dos Direitos Humanos, argumentam que a iniciativa surgiu a partir da realidade enfrentada por mães privadas de sua liberdade em relação ao exercício de seu poder familiar. Segundo eles, como possíveis causas da quebra dos laços familiares da pessoa presa estão a dificuldade de acesso à Justiça e a ausência de legislação que promova e garanta, efetivamente, condições para manutenção dos vínculos afetivos entre pais e filhos.

Eles destacam que muitos pais e mães perdem o poder familiar quando presos por desconhecer o processo de destituição desse poder. Esses presos perdem seu direito de defesa previsto na Constituição e o afastamento dos filhos corresponde a uma pena a mais a cumprir.

O projeto tem o objetivo de ampliar as condições para assegurar o acesso à Justiça dos pais e mães em privação de liberdade, garantindo a eles a citação pessoal, o direito de solicitar a assistência jurídica gratuita e de comparecer à audiência que discutirá a destituição do poder familiar.

A proposta, segundo os ministros, vai contribuir para a reinserção social dos pais presos, pelo fato de manter os seus vínculos familiares, ao assegurar a seus filhos crianças e adolescentes o direito a visitas periódicas.

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“O conjunto de direitos trazidos pela propositura é relevante para o sistema carcerário brasileiro, pois fortalece as relações familiares por meio das visitas e aprimora o direito de defesa do poder familiar, permitindo a continuidade do vínculo entre pais e filhos, mesmo quando os primeiros encontram-se privados de sua liberdade”, sustenta a exposição de motivos.

Sujeito à apreciação conclusiva, o projeto foi distribuído às comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Fonte: Agência Câmara – 12/03/2012

Proposta Legislativa proíbe venda de produtos que induzam crianças ao consumo de álcool

A Câmara analisa projeto que proíbe a venda e o fornecimento a crianças e adolescentes de produtos que induzam ao consumo ou façam apologia de bebidas alcoólicas. A proposta (Projeto de Lei 3104/12), do deputado Roberto de Lucena (PV-SP), altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA- Lei 8069/90). Quem vender, fornecer, mesmo gratuitamente, ministrar ou entregar a criança ou adolescente produtos que façam apologia a bebida alcoólica ou que induzam a seu consumo ficará sujeito a pena de dois a quatro anos de detenção e a pagamento de multa.

O autor do projeto lembra que é muito fácil encontrar em lojas especializadas e até mesmo em supermercados bebidas gaseificadas sem álcool que reproduzem o formato de bebidas alcoólicas, em especial de espumantes tradicionais – inclusive com rolhas. “No ano de 2012, as prateleiras de supermercados de todo o país foram tomadas por lindas embalagens de espumantes destinadas às crianças com o uso de figuras infantis a exemplo dos personagens da Disney, como princesas, fadas e super-heróis”, exemplifica o deputado. Segundo ele, a euforia e o furor causados nas crianças e a busca pelo produto chamaram a atenção de pais e autoridades e levaram a Defensoria Pública do Estado de São Paulo a enviar recomendação a um fabricante para que retirasse o produto do mercado.

Roberto de Lucena informa ainda que o fato foi considerado por especialistas uma indução ao consumo de bebidas alcoólicas e publicidade abusiva, pois “ao se incentivar o consumo de produtos próximos da realidade adulta cria-se uma necessidade que a criança não tem”.

Ao se referir ao fato, o desembargador da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça de São Paulo, Antonio Carlos Malheiros, afirmou: “Não deixa de ser uma indução. A criança está bebendo a mesma coisa que os pais e se vê tão poderosa quanto eles”, cita o autor da proposta.

“Em que pese o posicionamento claro da sociedade no combate, cada vez mais acentuado, do consumo de bebidas alcoólicas por jovens e adolescentes, à vista dos males que o consumo provoca nesta fase etária,

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podendo levar a uma precoce dependência, percebemos que cada vez mais crianças são seduzidas a apreciarem o consumo de bebidas alcoólicas”, justificou o deputado.

O ECA já proíbe a venda para crianças ou adolescente de:– armas, munições e explosivos; bebidas alcoólicas;– produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por utilização indevida;– fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que tenham potencial reduzido de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida; – revistas e publicações consideradas impróprias (pornográficas); ebilhetes lotéricos ou semelhantes.

A proposta tramita apensada ao Projeto de Lei 6869/10, que aguarda a constituição de uma comissão temporária para discutir o tema.

Fonte: Agência Câmara – 15/03/2012

Jovem que fez 18 anos durante execução do crime não consegue anular condenação

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou pedido de habeas corpus a preso acusado por sequestro em 2004. O réu iniciou a participação no crime quando ainda tinha 17 anos e, durante sua execução, atingiu a maioridade. A defesa alegou que, por ter realizado o crime na condição de menor, o jovem seria inimputável pelos atos.

Contudo, o relator do caso, ministro Marco Aurélio Bellizze, considerou o argumento da defesa inválido. Segundo ele, o réu “atingiu a idade de 18 anos durante a consumação do crime, não havendo de se cogitar de inimputabilidade”.

O crime foi cometido em Taboão da Serra (SP). O acusado foi denunciado por, em quadrilha armada, sequestrar uma pessoa e exigir o valor de R$ 1 milhão pelo resgate. A vítima ficou em cárcere privado por 47 dias e foi liberada apenas após o pagamento parcelado de R$ 29 mil, valor negociado pela família. O réu foi condenado a 26 anos de prisão em 2007. Inconformada, a defesa impetrou habeas corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), onde o pedido foi negado.

No STJ, a defesa impetrou outro habeas corpus, em que pediu a anulação do processo e o alvará de soltura do condenado, sustentando a tese de que, por ser menor quando cometeu o crime, o preso deveria ter sido julgado como tal, amparado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

“O que vale é o momento do crime, que no caso ocorreu aos 22 de setembro de 2004, tendo o paciente atingido a maioridade aos 3 de outubro, ou seja, posterior à data em que o crime de fato ocorreu, mesmo tendo sido concluído aos 9 de novembro de 2004”, sustentou a defesa.

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Em seu voto, o ministro Bellizze afirmou que a defesa utiliza a teoria da atividade, presente no artigo 4º do Código Penal, segundo o qual o importante é o momento da conduta, mesmo que não tenha consequências imediatas. Contudo, o crime descrito no artigo 159 do CP é permanente, sendo que sua consumação se prolonga no tempo, enquanto houver a privação da liberdade da vítima.

Diante disso, a Quinta Turma, seguindo o voto do relator, denegou a ordem, tendo em vista que, embora o paciente fosse menor de 18 anos na data do fato, atingiu a maioridade durante a consumação do crime, não havendo que se cogitar de inimputabilidade.

Fonte: http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=104859&tmp.area_anterior=44&tmp.argumento_pesquisa=crime

Curador especial para menores é desnecessário em ação de destituição de pátrio poder movida pelo MP

Quando a ação de destituição de pátrio poder é movida pelo

Ministério Público, não há a necessidade de nomeação de curador especial para agir em favor do menor. Nesse caso, o próprio agente ministerial faz o papel de autor e fiscal da lei. Essa foi a decisão da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao julgar recurso especial interposto pela Curadoria Especial da Defensoria Pública do Rio de Janeiro.

O recurso, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), pedia a reforma da decisão que negou a nomeação de curador especial de menores em ação de destituição de poder familiar formulada pelo Ministério Público. A Defensoria Pública defendeu sua legitimidade para atuar no exercício de curadoria especial, amparada pelos artigos 142 e 148 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Exaltou a tentativa de reintegração dos menores à família, sem prejuízo da atuação do MP.

Por sua vez, o autor da ação sustentou a falta de necessidade de intervenção e nomeação de curador especial para os menores, uma vez que cabe ao próprio MP atuar na defesa dos direitos da criança e do adolescente. “No presente caso, por se tratar de ação de destituição do poder familiar, promovida no exclusivo interesse do menor, faz-se desnecessária a participação de outro órgão, no caso a Defensoria Pública, para defender o mesmo interesse pelo qual zela o autor da ação”, explicou a ministra relatora do recurso, Isabel Gallotti.

De acordo com a ministra, o pedido de intervenção de curador especial levaria ao “retardamento desnecessário do feito”, causando prejuízo aos menores que deveriam ser protegidos. Além disso, ela ressaltou que os direitos individuais dos menores estão sendo defendidos pelo Ministério Público, conforme previsto na Lei 8.069/90.

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Portanto, não há razão para a nomeação de curador especial para os menores nesse caso, não existindo incompatibilidade entre as funções. A decisão da Turma foi unânime.

Fonte: http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=105008

Presunção de violência contra menor de 14 anos em estupro é relativa

Para a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a presunção de violência no crime de estupro tem caráter relativo e pode ser afastada diante da realidade concreta. A decisão diz respeito ao artigo 224 do Código Penal (CP), revogado em 2009.

Segundo a relatora, ministra Maria Thereza de Assis Moura, não se pode considerar crime o ato que não viola o bem jurídico tutelado – no caso, a liberdade sexual. Isso porque as menores a que se referia o processo julgado se prostituíam havia tempos quando do suposto crime.

Dizia o dispositivo vigente à época dos fatos que “presume-se a violência se a vítima não é maior de catorze anos”. No caso analisado, o réu era acusado de ter praticado estupro contra três menores, todas de 12 anos. Mas tanto o magistrado quanto o tribunal local o inocentaram, porque as garotas “já se dedicavam à prática de atividades sexuais desde longa data”.

Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), a própria mãe de uma das supostas vítimas afirmara em juízo que a filha “enforcava” aulas e ficava na praça com as demais para fazer programas com homens em troca de dinheiro. “A prova trazida aos autos demonstra, fartamente, que as vítimas, à época dos fatos, lamentavelmente, já estavam longe de serem inocentes, ingênuas, inconscientes e desinformadas a respeito do sexo. Embora imoral e reprovável a conduta praticada pelo réu, não restaram configurados os tipos penais pelos quais foi denunciado", afirmou o acórdão do TJSP, que manteve a sentença absolutória.

Divergência

A Quinta Turma do STJ, porém, reverteu o entendimento local, decidindo pelo caráter absoluto da presunção de violência no estupro praticado contra menor de 14 anos. A decisão levou a defesa a apresentar embargos de divergência à Terceira Seção, que alterou a jurisprudência anterior do Tribunal para reconhecer a relatividade da presunção de violência na hipótese dos autos.

Segundo a ministra Maria Thereza, a Quinta Turma entendia que a presunção era absoluta, ao passo que a Sexta considerava ser relativa. Diante da alteração significativa de composição da Seção, era necessário rever a jurisprudência. Por maioria, vencidos os ministros Gilson Dipp, Laurita Vaz e Sebastião Reis Júnior, a Seção entendeu por fixar a relatividade da presunção de violência prevista na redação anterior do CP.

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Relatividade

Para a relatora, apesar de buscar a proteção do ente mais desfavorecido, o magistrado não pode ignorar situações nas quais o caso concreto não se insere no tipo penal. “Não me parece juridicamente defensável continuar preconizando a ideia da presunção absoluta em fatos como os tais se a própria natureza das coisas afasta o injusto da conduta do acusado”, afirmou.

“O direito não é estático, devendo, portanto, se amoldar às mudanças sociais, ponderando-as, inclusive e principalmente, no caso em debate, pois a educação sexual dos jovens certamente não é igual, haja vista as diferenças sociais e culturais encontradas em um país de dimensões continentais”, completou. “Com efeito, não se pode considerar crime fato que não tenha violado, verdadeiramente, o bem jurídico tutelado – a liberdade sexual –, haja vista constar dos autos que as menores já se prostituíam havia algum tempo”, concluiu a relatora.

Fonte: http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=105175

Ministra diz que decisão do STJ sobre estupro de vulneráveis é "caminho de impunidade"

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, manifestou, nesta quinta-feira (28), sua indignação com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre estupro de vulneráveis. Ontem (27), a Terceira Seção da Corte decidiu que atos sexuais com menores de 14 anos podem não ser caracterizados como estupro, de acordo com o caso.

A decisão do STJ é uma reafirmação do entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a questão. Em 1996, o ministro Marco Aurélio Mello, relator do habeas corpus de um acusado de estupro de vulnerável, disse, no processo, que presunção violência em estupro de menores de 14 anos é relativa. "Confessada ou demonstrada o consentimento da mulher e levantando da prova dos autos a aparência, física e mental, de tratar-se de pessoa com idade superior a 14 anos, impõe-se a conclusão sobre a ausência de configuração do tipo penal”.

Para Maria do Rosário, os direitos das crianças e dos adolescentes jamais poderiam ser relativizados. “Ao afirmar essa relativização usando o argumento de que as crianças de 12 anos já tinham vida sexual anterior, a sentença demonstra que quem foi julgada foi a vítima, mas não quem está respondendo pela prática de um crime”, disse a ministra à "Agência Brasil".

A decisão do STJ diz respeito ao Artigo 224 do Código Penal, revogado em 2009, segundo o qual a violência no crime de estupro de vulnerável é presumida. De acordo com a ministra, o Código Penal foi modificado para deixar mais claro que relações sexuais com menores de 14

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anos é crime. “Nas duas versões [do Código Penal], o juiz poderá encontrar presunção de violência quando se trata de criança ou adolescente menor de 14 anos. Essa decisão [do STJ] significa constituir um caminho de impunidade”.

Maria do Rosário disse ainda que vai entrar em contato com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e com o advogado-geral da União, Luiz Inácio Adams, para tratar do caso e buscar “medidas jurídicas cabíveis”. “Estamos revoltados, mas conscientes. Vou analisar a situação com o doutor Gurgel e com o Advogado-Geral da União para ter um posicionamento”.

Fonte: http://www.panoramabrasil.com.br/ministra-diz-que-decisao-do-stj-sobre-estupro-de-vulneraveis-e-caminho-de-impunidade-id84019.html

ONU critica decisão do STJ de absolver acusado de estuprar três crianças

O Escritório Regional para América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) divulgou nota em que "deplora" a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de inocentar um homem acusado de estuprar três crianças com menos de 12 anos de idade. No julgamento, o STJ entendeu que nem todos os casos de relação sexual com menores de 14 anos podem ser considerados estupro.

Tanto o juiz que analisou o processo, como o tribunal local inocentaram o réu com o argumento de que as crianças já se dedicavam à prática de atividades sexuais desde longa data.

É impensável que a vida sexual de uma criança possa ser usada para revogar seus direitos. A decisão do STJ abre um precedente perigoso e discrimina as vítimas com base em sua idade e gênero, disse Amerigo Incalcaterra, representante regional do Acnudh para a América do Sul.

Na avaliação de Incalcaterra, o STJ violou tratados internacionais de proteção aos direitos da criança e da mulher, ratificados pelo Brasil. O representante pede que o Poder Judiciário priorize os interesses infantis em suas decisões.

As diretrizes internacionais de direitos humanos estabelecem claramente que a vida sexual de uma mulher não deve ser levada em consideração em julgamentos sobre seus direitos e proteções legais, incluindo a proteção contra o estupro. Além disso, de acordo com a jurisprudência internacional, os casos de abuso sexual não devem considerar a vida sexual da vítima para determinar a existência de um ataque, pois essa interpretação constitui uma discriminação baseada em gênero, informa a nota.

A decisão do STJ provocou críticas de diversos segmentos da sociedade, que viram no resultado do julgamento uma brecha para descriminalizar a prostituição infantil. A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, declarou à Agência Brasil que a sentença demonstra que quem foi julgada foi a vítima, não quem está respondendo pela

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prática de um crime.

Em nota divulgada, o STJ se defende alegando que processo abordava somente o crime de estupro, que é o sexo obtido mediante violência ou grave ameaça, o que não ocorreu. O tribunal afirma que, em nenhum momento, foi levantada a questão da exploração sexual de crianças e adolescentes. Se houver violência ou grave ameaça, o réu deve ser punido. Se há exploração sexual, o réu deve ser punido. O STJ apenas permitiu que o acusado possa produzir prova de que a conjunção ocorreu com consentimento da suposta vítima.

Fonte: http://agencia-brasil.jusbrasil.com.br/politica/8587563/onu-critica-decisao-do-stj-de-

absolver-acusado-de-estuprar-tres-criancas

3. LEGISLAÇÃO

a) Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012 (Sistematização) Texto de destaque aos principais artigos da Lei Federal nº 12594/12 (SINASE) e seus principais aspectos, conforme análise realizada pelo Centro de Apoio Cível e de Tutela Coletiva (Área da Infância e Juventude) do Ministério Público do Estado de São Paulo após as reuniões de trabalho com os promotores da Infância e Juventude do Estado de São Paulo. A íntegra da Lei e a sua Sistematização foram disponibilizadas na página do CAO Cível > Infância e Juventude > Adolescente em Conflito com a Lei > Legislação > Federal

b) Resolução CNMP 67, de 16 de março de 2011 (alterada em 2012) Dispõe sobre a uniformização das fiscalizações em unidades para cumprimento de medidas socioeducativas de internação e de semiliberdade pelos membros do Ministério Público e sobre a situação dos adolescentes que se encontrem privados de liberdade em cadeias públicas.A íntegra da Resolução foi disponibilizada na página do CAO Cível > Infância e Juventude > Adolescente em Conflito com a Lei > Legislação > Federal

c) Resolução CNMP nº 71, de 15 de junho de 2011 (alterada em 2012) Dispõe sobre a atuação dos membros do Ministério Público na defesa do direito fundamental à convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes em acolhimento e dá outras providências.A íntegra da Resolução foi disponibilizada na página do CAO Cível > Infância e Juventude > Acolhimento Institucional > Legislação > Federal

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4. PLANO GERAL DE ATUAÇÃO 2011

a) Portaria de Instauração de Inquérito Civil para apuração de eventuais irregularidades no funcionamento de entidade que abriga crianças e adolescentes. (Promotoria de Justiça de Ribeirão Preto – Infância e Juventude – SIS MP Integrado nº 14.0156.0003345/2012-5)

b) Portaria de Instauração de Inquérito Civil para verificar a regularidade de entidade de acolhimento de crianças e adolescentes em situação de risco denominada “Casa da Graça”; e a eficácia dos abrigamentos por ela efetivados. (Promotoria de Justiça de Itapevi – Infância e Juventude – SIS MP Integrado nº 14.0296.0001355/2012-4)

c) Portaria de Instauração de Inquérito Civil para implementação de serviços de acolhimento institucional para crianças e adolescentes. (Promotoria de Justiça de Jundiaí – Infância e Juventude – SIS MP Integrado nº 14.0670.0001655/2012-0)

d) Portaria de Instauração de Inquérito Civil para apuração da suposta ausência de estrutura e integração entre os diversos setores do Poder Público Municipal na política de atendimento à infância e juventude. (Promotoria de Justiça de Santa Rosa do Viterbo – Infância e Juventude – SIS MP Integrado nº 14.0424.0000124/2012-5)

e) Portaria de Instauração de Inquérito Civil para apurar a inexistência de políticas públicas específicas destinadas ao atendimento, em caráter prioritário, de crianças e adolescentes envolvidos com o uso de álcool e outras drogas. (Promotoria de Justiça de Ibaté – Infância e Juventude – SIS MP Integrado nº 14.0610.0000113/2012-9)

f) Portaria de Instauração de Inquérito Civil para apurar a inexistência de programa para atendimento de adolescentes dependentes químicos. (Promotoria de Justiça de Rio Grande da Serra – Infância e Juventude – SIS MP Integrado nº 14.0663.0000114/2012-5)

5. PEÇAS ELABORADAS PELO MPSP

a) CONVIVÊNCIA FAMILIAR – DIREITO DE VISITAS DO GENITOR RECONHECIMENTO DE ATO DE ALIENAÇÃO PARENTAL – MEDIDAS JUDICIAIS – URGÊNCIA E EFETIVIDADE Requer seja reconhecida a ocorrência de ato de alienação parental, bem como sejam determinadas medidas provisórias para remoção dos obstáculos criados pela genitora e avós maternos à convivência entre

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pai e filho para preservar a integridade psicológica da criança.(Ação proposta pelo Dr. Luís Roberto Jordão Wakim – 7º Promotor de Justiça de Barueri)A minuta da inicial poderá ser consultada na página do CAO Cível > Infância e Juventude > Convivência Familiar > Peças Jurídicas > Iniciais, Réplicas e Memoriais

6. JURISPRUDÊNCIA - INFÂNCIA E JUVENTUDE

a) ECA – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ABRANGÊNCIA DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA – INTERNAÇÃO – ALCANCE DO OBJETIVO BUSCADO POR MEIO DE MEDIDAS PROTETIVASEmenta: “ECA – Embargos de Declaração em Apelação na Vara da Infância e Juventude – Omissão Inexistente – Maior Abrangência da Medida Socioeducativa de Internação Mantida – Medida Socioeducativa de internação prescrita atinge a finalidade buscada por meio das medidas protetivas – Embargos Rejeitados”. (TJDFT, Embargos de Declaração em Apelação da Vara da Infância nº 7131820108070013, 2ª Turma Criminal, j. em 01/12/2011, Relator Alfeu Machado).O Acórdão poderá ser consultado no portal CAO CÍVEL > Infância e Juventude > Adolescente em Conflito com a Lei > Jurisprudência > Proporcionalidade da Medida

b) ECA – MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO – COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA CRIMINAL – ART. 28 CPPEmenta: “ECA, ART. 181, § 2.º - Revisão de Arquivamento de Procedimento visando à Apuração de Ato Infracional equiparado a roubo agravado (CP, ART. 157, § 2.º, I E II) – Pedido embasado na Superveniência da Maioridade Penal do Adolescente – Descabimento – Propositura da Representação. (MPSP, Revisão de Arquivamento de Procedimento nº 125/11, Protocolado nº 22947/12, Comarca de Serrana)O Acórdão poderá ser consultado no portal CAO CÍVEL > Infância e Juventude > Ministério Público > Jurisprudência

c) APELAÇÃO CÍVEL – ECA – ATO INFRACIONAL – POSSE DE ENTORPECENTES – AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS – MEDIDA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE BEM DIMENSIONADA – MEDIDAS PROTETIVAS APLICADAS. A medida de prestação de serviços à comunidade mostra-se bem dimensionada diante das circunstâncias, tendo em vista que com o jovem foi encontrada pequena quantidade de droga, evidenciando apenas a posse, tendo ocorrido em ambiente escolar. A referida medida guarda forte cunho educativo, sendo cabível para a espécie. Por outro lado, é recomendável a aplicação cumulativa das medidas protetivas previstas nos incisos IV e V do art. 101 do ECA. DERAM PARCIAL PROVIMENTO.

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(TJRS, Apelação Cível nº 70045755477, Comarca de Venâncio Aires, 8ª Câmara Cível, j. em 26/01/2012, Relator Desembargador Luiz Felipe Brasil Santos).O Acórdão poderá ser consultado no portal CAO CÍVEL > Infância e Juventude > Adolescente em Conflito com a Lei > Jurisprudência > Proporcionalidade da Medida

d) INDEFERIMENTO – GUARDA PROVISÓRIA – BURLA AO CADASTRO – VÍNCULO SOCIOAFETIVO – INTELIGÊNCIA DO ART. 50, II ECAEmenta: “Agravo de Instrumento – Decisão que indefere o pedido de guarda provisória de infante, sob o fundamento de tentativa de burla ao cadastro de Adoção – Insurgência – Padrinhos que criam a menor desde o nascimento como se filha fosse – Vínculo socioafetivo – Inteligência do Art. 50, II, da Lei 8.069/90 – Princípios da Dignidade da Pessoa Humana e do Melhor Interesse da Criança e do Adolescente – Criança que possui uma frágil condição de saúde, tendo adoecido gravemente nos poucos dias em que permaneceu afastada da sua família afetiva – Deferimento da guarda em favor dos padrinhos que se impõe – Recurso Conhecido e Provido”. (TJSC, Agravo de Instrumento nº 2011.094155-9, Comarca de Tubarão, 6ª Câmara Cível, j. em 15/03/2012, Relator Desembargador Ronei Danielli) O Acórdão poderá ser consultado no portal CAO CÍVEL > Infância e Juventude > Adoção > Jurisprudência > Vínculo Afetivo

e) AÇÃO ORDINÁRIA – ECA – SAÚDE - DIREITO DO ADOLESCENTE AO TRATAMENTO PARA DROGADIÇÃO DE QUE NECESSITA - OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA DO PODER PÚBLICO DE FORNECÊ-LO - CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS PARA DEFENSORIA PÚBLICA - CUSTAS PROCESSUAIS - DESCABIMENTO. Ementa: “1. O ECA estabelece tratamento preferencial a crianças e adolescentes, mostrando-se necessário o pronto fornecimento do tratamento para drogadição de que necessita o adolescente, cuja família não tem condições de custear. 2. Consoante orientação pacifica no STJ, o Estado, o Município e a União têm responsabilidade solidária, não havendo razão para excluir nenhum dos entes públicos demandados do pólo passivo. 3. A responsabilidade dos entes públicos é solidária e está posta nos art. 196 da CF e art. 11, §2º, do ECA. 4. A prioridade estabelecida pela lei enseja a responsabilização do poder público, sendo irrelevante a alegação de escassez de recursos ou que o tratamento pretendido não é de sua responsabilidade. 5. É descabida a condenação do Município a pagar honorários para a Defensoria Pública, pois não pode ser imposto a um ente público o encargo de subsidiar o funcionamento de outro, ainda que em razão de sucumbência em processo judicial. 6. Tratando-se de processo afeto à justiça da infância e da juventude, a ação é isenta de custas, nos termos do artigo 141,§2º, do ECA. Recurso do Estado desprovido e parcialmente provido o recurso do Município”. (TJRS,

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Apelação Cível nº 70045716537, Comarca de Canela, 7ª Câmara Cível, j. em 27/12/2011, Relator Desembargador Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves)O Acórdão poderá ser consultado no portal CAO CÍVEL > Infância e Juventude > Drogadição > Jurisprudência > Tratamento Especializado

f) CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA – DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR CUMULADA COM MEDIDA PROTETIVA – LOCAL PROVISÓRIO – RETORNO À COMARCA DE ORIGEMEmenta: “Conflito Negativo de Competência – Ação de Destituição ou Suspensão do Poder Familiar Cumulada com Medida Protetiva proposta em local onde a criança estava provisoriamente – Retorno da menor à Comarca onde exerce com regularidade seu direito à convivência familiar e comunitária – Aplicação do Princípio do Juízo Imediato – Confito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 2ª Vara da Infância e Juventude de Natal – RN”. (STJ, Conflito de Competência nº 117.135-RS, 2ª Turma, j. em 14/03/2012, Relator Ministro Raul Araújo).O Acórdão poderá ser consultado no portal CAO CÍVEL > Infância e Juventude > Diversos > Jurisprudência > Conflito de Competência

g) CONSTITUCIONAL – ADMINISTRATIVO – DIREITO À EDUCAÇÃO - LIMITES DE ATUAÇÃO – VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE – JURIDICIDADE – AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO Ementa: “Constitucional – Administrativo – Estatuto da Criança e do Adolescente – Direito à Educação – Matéria Pacífica no STF e no STJ. Situação de Urgência – Atuação Administrativa do Juizo da Infância e da Juventude – Art. 153 da Lei 8069/90 – Limites – Cabível no caso concreto. Avaliação da Juridicidade por meio da proporcionalidade e da razoabilidade da medida – Ausência de Direito Líquido e Certo. Recurso Conhecido e não provido”. (STJ, Recurso em Mandado de Segurança nº 36.949-SP, j. em 13/03/2012, Relator Ministro Humberto Martins).O Acórdão poderá ser consultado no portal CAO CÍVEL > Infância e Juventude > Diversos > Jurisprudência

ENUNCIADOS DO CAO CÍVEL E DE TUTELA COLETIVA – ÁREA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO SOBRE

A LEI FEDERAL n. 12.594/12 (SINASE)

Após a realização de reuniões de trabalho para análise jurídica da Lei n. 12.594/12 (que institui o SINASE), o CAO Cível e de Tutela Coletiva (área da infância e juventude) apresenta a síntese dos entendimentos

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consensuais obtidos:

Enunciado 1

Considerando o disposto no artigo 49, I da Lei Federal n. 12.594/12, compete também ao advogado nomeado para a defesa técnica do adolescente submetido a cumprimento de medida socioeducativa (processo de execução), a defesa técnica em processo administrativo disciplinar porventura instaurado em face do adolescente.

Enunciado 2

Considerando o disposto nos artigos 68 da Lei Federal n. 12.594/12 e 217-A do Código Penal (estupro de vulnerável), considera-se vedado à direção da Unidade autorizar que adolescentes internados tenham direito de visita íntima de pessoas menores de 14 anos.

Enunciado 3

Considerando o disposto nos artigos 227 da Constituição Federal e 4o da Lei Federal n. 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente) que dispõem sobre a necessidade de efetivar-se a proteção à saúde dos adolescentes internados e, considerando o disposto nos artigos 130 (perigo de contágio venéreo) e 131 (perigo de contágio de moléstia grave) do Código Penal, considera-se imperioso que constem dos Planos Nacional e Estaduais de Atendimento Socioeducativo, sem prejuízo da observância pelas respectivas Direções das Unidades de Cumprimento de Medidas de Internação, a necessidade de que a todos os adolescentes internados se submetam a prévia orientação em programa de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST/AIDS) e prevenção de gravidez precoce, além de oferecimento de preservativos, para ambos os sexos, àqueles que desejarem.

Lélio Ferraz de Siqueira Neto e Fernando Henrique de Moraes Araújo

Promotores de Justiça Coordenadores da área da infância e juventude do

Centro de Apoio Cível e de Tutela Coletiva do Ministério Público do Estado de São Paulo

7. EVENTOS E REUNIÕES

01/03/201213h00 – Dr. Lélio Ferraz: Reunião com a Dra. Renata Santos da Secretaria Estadual de Saúde;19h00 às 21h30 – Lançamento do livro “Adolescência, Uso e Abuso de

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Drogas: Uma Visão Integrativa” – Livraria Martins Fontes.

05/03/201209h00 às 11h00 – Dr. Lélio Ferraz e Dr. Fernando Henrique: Reunião de Trabalho – SINASE

06/03/201209h30 – Dr. Lélio Ferraz e Dr. Fernando Henrique: Reunião com o Doutor Paulo Afonso Pinto Vallada

09/03/2012: 08h30 às 17h00 – Dr. Lélio Ferraz e Dr. Fernando Henrique: Reunião de Trabalho do NAT.

12/03/201209h00 às 11h00 – Dr. Lélio Ferraz e Dr. Fernando Henrique: Reunião de Trabalho - SINASE

13/03/201209h00 às 12h00 – Dr. Lélio Ferraz e Dr. Fernando Henrique: Reunião do Plano Geral de Atuação em Piracicaba; Tema “Convivência Familiar e Álcool e Drogas”.

14/03/201209h00 às 12h00 – Dr. Lélio Ferraz e Dr. Fernando Henrique: Reunião do Plano Geral de Atuação em Campinas referente aos temas “Convivência Familiar, e Álcool e Drogas”.

15/03/201209h00 às 12h00 – Dr. Lélio Ferraz e Dr. Fernando Henrique: Reunião do Plano Geral de Atuação em Bauru referente aos temas “Convivência Familiar, e Álcool e Drogas”.19h00 às 22h00 – Dr. Lélio Ferraz e Dr. Fernando Henrique: Reunião do Plano Geral de Atuação em Sorocaba referente aos temas “Convivência Familiar, e Álcool e Drogas”.

19/03/201214h30 às 15h00 – Dr. Lélio Ferraz e Dr. Fernando Henrique: Participação no Seminário de Educação Ambiental promovido pela Escola Superior do Ministério Público. (Mediadores)Dr. Lélio Ferraz – Palestrante – Tema: “Comentários da Prática apresentada à Luz da Política Estadual de Educação Ambiental”

20/03/201214h00 às 18h30 – Dr. Lélio Ferraz e Dr. Fernando Henrique: Reunião na Sede do Ministério Público Federal em Brasília da Comissão Mista MPE/MPF da Criança e do Adolescente.

21/03/201219h00 às 22h00 – Dr. Lélio Ferraz e Dr. Fernando Henrique: Reunião do Plano Geral de Atuação em Registro / Vale do Ribeira referente aos

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temas “Convivência Familiar, e Álcool e Drogas”.

23/03/201209h00 – Dr. Lélio Ferraz: Palestra na Defensoria Pública de São Bernardo do Campo.09h00 às 12h00 – Dr. Fernando Henrique: Reunião do Plano Geral de Atuação em Santos referente aos temas “Convivência Familiar, e Álcool e Drogas”.

26/03/2012 à 28/03/2012 – Dr. Fernando Henrique: Reunião da Comissão Permanente da Infância Juventude e Educação – COPEIJE na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

29/03/2012 – Dr. Fernando Henrique: Reunião do Conselho Nacional dos Procuradores Gerais de Justiça do Ministério Público dos Estados e da União (CNPG) em Belo Horizonte (MG).

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