55
Influência de diferentes usos agrícolas do solo na concentração de metais UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Monalisa Cecchin Baschera Influência de diferentes usos agrícolas do solo na concentração de metais Passo Fundo, 2011.

Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

Influência de diferentes usos agrícolas do solo na concentração de metais

UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Monalisa Cecchin Baschera

Influência de diferentes usos agrícolas do solo na

concentração de metais

Passo Fundo, 2011.

Page 2: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

1

Monalisa Cecchin Baschera

Influência de diferentes usos agrícolas do solo na

concentração de metais

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

curso de Engenharia Ambiental, como parte

dos requisitos exigidos para obtenção do título

de Engenheiro Ambiental.

Orientador: Prof. Pedro Alexandre Varella

Escosteguy, PhD

Co-orientadora: Greice Mattei, Doutoranda-

UPF

Passo Fundo , 2011.

Page 3: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

2

.

Page 4: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

3

RESUMO

O aumento do desenvolvimento requer que sejam aprimoradas e intensificadas as atividades

agrícolas e industriais, como conseqüência, ocorre o aumento de contaminantes no meio

ambiente, entre eles estão os metais. A utilização do solo para fins agrícolas necessita da

aplicação direta de insumos e agrotóxicos no solo, fazendo com que aumente os níveis de

metais. A contaminação do solo por estes elementos aumenta os riscos de bioacumulação e

biomagnificação de elementos tóxicos, o que irá prejudicar plantas, animais e seres vivos de

toda cadeia alimentar. Por isso é importante conhecer a influência de diferentes usos do solo

de modo a prevenir e orientar o uso do solo, evitando que o acúmulo de metais seja

prejudicial ao meio ambiente e às pessoas. O trabalho teve como objetivo avaliar a influência

dos usos do solo com mata nativa, pastagem naturalizada, lavoura e integração

lavoura/pecuária nos teores de metais (Ni, Cd, Pb, Cr, Cu e Zn) através da comparação de

amostras coletadas em uma área na cidade de Mato Castelhano, RS, e comparar os valores

obtidos com a legislação (CONAMA, 2009). Para tal, foram coletadas amostras nos quatro

diferentes usos do solo, nas camadas de 0 a 10 cm e 10 a 20 cm, as amostras foram

submetidas à análises laboratoriais, afim de caracterização do solo e verificação das

concentrações dos metais. Posteriormente procedeu-se às análises estatísticas no software

CoStat para verificação da influência dos diferentes fatores (camada, uso, repetição). Como

resultado, obteve-se que não houve diferença significativa entre as camadas, as áreas

analisadas são homogêneas, pois não houve diferença entre repetições. O único fator que

apresentou diferença foi o uso, mostrando que a pastagem naturalizada é o uso que mais

incorpora metais no solo. Recomenda-se medidas de redução de cromo, cádmio e cobre, pois

em algumas áreas a concentração ultrapassou o valor estabelecido pela legislação.

Palavras-chaves: metais, legislação, uso agrícola.

Page 5: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

4

ABSTRACT

The increased development requires the improvement and intensifications of agricultural and

industrial activities, as a consequence, there is an increase of contaminants in the

environment, among them are the metals. The land use for agricultural purposes requires the

direct application of inputs and pesticides in the soil, causing increasing levels of metals. Soil

contamination by these elements increases the risk of bioaccumulation and biomagnification

of toxic elements, which will harm plants, animals and all living beings from the food chain.

Therefore it is important to know the influence of different land uses to prevent and guide

land use, preventing the accumulation of metals is harmful to the environment and people.

The study aimed to evaluate the influence of land use in native forest, native pasture, tillage

and crop- livestock integration in the concentrations of metals (Ni, Cd, Pb, Cr, Cu and Zn) by

comparing samples collected in a area in located in Mato Castelhano, RS, and compare the

values obtained with the legislation (CONAMA, 2009). To this end, samples were collected

in four different land uses in the layers of 0-10 cm and 10-20 cm. The samples were

subjected to laboratory tests in order to soil characterization and verification of the metals

concentrations. Later we proceeded to the statistical analysis in the software Costat to check

the influence of different factors (layer, use, repetition). As a result, it was found that there

was no significant difference between the layers, the areas analyzed are homogeneous, as

there was no difference between repetitions. The only factor that was different was the use,

showing that the native is the use that incorporates most metals in the soil. It is recommended

measures to reduce chromium, cadmium and copper, because the concentration in some areas

exceeded the value established by legislation, and monitoring of the values of nickel, since the

value was between the values of prevention and intervention.

Keywords: metal, law, agricultural use.

Page 6: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

5

ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Valores máximos de metais em solo permitidos em alguns países. ......................... 15 Figura 2: Dinâmica dos metais no solo. ................................................................................... 17 Figura 3: Fluxograma geral das atividades de pesquisa. .......................................................... 22 Figura 4: Localização do município de Mato Castelhano. ....................................................... 23

Figura 5: Áreas amostradas. ..................................................................................................... 24 Figura 6: a) Mata Nativa; b) Pastagem naturalizada; c) Integração lavoura/Pecuária; d)

Lavoura .............................................................................................................................. 26 Figura 7: Mata Nativa – a) retirada da camada superficial; b) amostragem do solo; c e d)

amostragem do solo com anel volumétrico. ...................................................................... 27 Figura 8: Pastagem naturalizada - a) retirada da camada superficial; b) amostragem solo; c)

acondicionamento do solo; d) amostragem com anel volumétrico. ................................... 28 Figura 9: Lavoura - a) abertura da trincheira; b e c) coleta do solo; d) destorroamento do solo.

........................................................................................................................................... 28 Figura 10: a) Integração lavoura/pecuária; b) coleta do solo ................................................... 29

Page 7: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

6

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Histórico das áreas analisadas. ................................................................................. 25 Tabela 2: Culturas anuais plantadas nas áreas de lavoura nas últimas quatro safras. .............. 25

Tabela 3: Resultados das análises química das amostras coletadas em solo de mata nativa,

pastagem naturalizada, lavoura e integração lavoura/pecuária, nas camadas de 0 a 10 cm e

10 a 20 cm, no município de Mato Castelhano no período de janeiro a junho de 2010. ... 30 Tabela 4: Resultados das análises química das amostras coletadas em solo de mata nativa,

pastagem naturalizada, lavoura e integração lavoura/pecuária, nas camadas de 0 a 10 cm e

10 a 20 cm, no município de Mato Castelhano no período de janeiro a junho de 2010. ... 31

Tabela 5: Resultados das análises de micronutrientes + enxofre das amostras coletadas em

solo de mata nativa, pastagem naturalizada, lavoura e integração lavoura/pecuária, nas

camadas de 0 a 10 cm e 10 a 20 cm, no município de Mato Castelhano no período de

janeiro a junho de 2010. ..................................................................................................... 32 Tabela 6: Análise Granulométrica das amostras coletadas em solo de mata nativa, pastagem

naturalizada, lavoura e integração lavoura/pecuária, nas camadas de 0 a 10 cm e 10 a 20

cm, no município de Mato Castelhano no período de janeiro a junho de 2010. ................ 33

Tabela 7: Resultados da densidade das amostras coletadas em solo de mata nativa, pastagem

naturalizada, lavoura e integração lavoura/pecuária, nas camadas de 0 a 10 cm e 10 a 20

cm, no município de Mato Castelhano no período de janeiro a junho de 2010. ................ 34

Tabela 8: Resultado da análise de metais das amostras coletadas em solo de mata nativa,

pastagem naturalizada, lavoura e integração lavoura/pecuária, nas camadas de 0 a 10 cm e

10 a 20 cm, no município de Mato Castelhano no período de janeiro a junho de 2010 (sem

análise estatística). ............................................................................................................. 37

Tabela 9: Análise estatística dos estoques de metais de amostras coletadas em solo de mata

nativa, pastagem naturalizada, lavoura e integração lavoura/pecuária, na camada de 0-20

cm, no município de Mato Castelhano, RS, calculados pelos procedimentos de cálculo da

massa equivalente e camada equivalente. .......................................................................... 40 Tabela 10: Análise estatística dos estoques de metais de amostras coletadas em solo de mata

nativa, pastagem naturalizada, lavoura e integração lavoura/pecuária, na camada de 0-20

cm, no município de Mato Castelhano, RS, calculados pelos procedimentos de cálculo da

massa equivalente. ............................................................................................................. 42

Tabela 11: Tabela 12: Análise estatística dos estoques de metais de amostras coletadas em

solo de mata nativa, pastagem naturalizada, lavoura e integração lavoura/pecuária, nas

camadas de 0-10 e 10-20 cm, no município de Mato Castelhano, RS............................... 43

Page 8: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

7

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 8 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 10

2.1 Metais ......................................................................................................................... 10

2.1.1 Conceitos ............................................................................................................ 10 2.1.2 Importância ambiental ........................................................................................ 11

2.2 Metais no solo ............................................................................................................ 12 2.2.1 Legislação ........................................................................................................... 12

2.2.2 Teores naturais .................................................................................................... 15 2.2.3 Uso agrícola ........................................................................................................ 18 2.2.4 Uso urbano .......................................................................................................... 19 2.2.5 Problemas de contaminação relacionados à saúde pública ................................ 20

3 METODOLOGIA .............................................................................................................. 22 3.1 Local de estudo .......................................................................................................... 23 3.2 Amostragem do solo .................................................................................................. 26 3.3 Análises ...................................................................................................................... 29

3.3.1 Análise química básica (macronutrientes) e micronutrientes ............................. 29 3.3.2 Análise granulométrica do solo .......................................................................... 33

3.3.3 Análise da densidade do solo ............................................................................. 33 3.3.4 Análise de metais do solo ................................................................................... 34 3.3.5 Cálculo do estoque de metais no solo ................................................................. 35

3.3.6 Comparação à legislação .................................................................................... 35

3.3.7 Análise estatística ............................................................................................... 36 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 37

4.1 Comparação com a legislação (Res. 420/09) ............................................................. 37

4.2 Massa equivalente ...................................................................................................... 39 5 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 45 ANEXO A ................................................................................................................................ 50

ANEXO B ................................................................................................................................ 54

Page 9: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

8

1 INTRODUÇÃO

Com o aumento do desenvolvimento tecnológico e o crescimento demográfico, são

intensificadas as atividades industriais e agrícolas, o que ocasiona o aumento dos níveis de

contaminantes no ambiente, principalmente no solo (SANTOS, 2011). À medida que o tempo

passa maior quantidade de metais é adicionada na biosfera sem que os efeitos da exposição

humana sejam perceptíveis (BURAK, 2008). Os metais pesados estão naturalmente presentes

na constituição de solos e rochas, mas têm se apresentado cada vez mais na cadeia alimentar

dos animais e também do homem (FERNANDES et al., 2006). O solo possui características

capazes de controlar a transferência desses elementos para a atmosfera, a hidrosfera e a biota.

Quando o solo está contaminado, é possível que ocorra a bioacumulação e biomagnificação

de elementos tóxicos na cadeia alimentar, o que irá refletir em distúrbios metabólitos nos

seres vivos (plantas e animais), e até mesmo no homem (MATTIAS, 2006).

Os metais pesados são os elementos cuja densidade ultrapassa 5 g/cm³, sua presença

no solo provém inicialmente do material de origem. Os teores naturais são dependentes da

composição inicia do material de origem de cada tipo de solo, através da evolução da

pedogeomorfologia (COSTA, 2005). O acúmulo de metais pesados no solo expressa o

potencial poluente nos organismos, através da sua disponibilidade às plantas, e a

probabilidade de transferência para os demais níveis tróficos da cadeia alimentar, que pode

ocorrer através da contaminação das águas superficiais e subterrâneas (SILVA et al., 2007).

Os metais pesados que estão presentes no solo são perdidos através dos processos de erosão e

lixiviação, podendo atingir cursos d’água superficiais e subterrâneos, além de serem liberados

através de processos físico-químicos como mudança no pH e oxirredução (NÚÑEZ et al.,

1999).

O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é importante para que seja

possível identificar a diferença nos teores naturais de cada solo, além dos efeitos de origem

antrópica (BURAK, 2008). Quando fertilizantes e defensivos agrícolas são utilizados

excessivamente e sem um manejo no solo, podem aumentar os riscos de contaminação dos

solos por metais pesados (SANTOS et al., 2003).

Uma das principais preocupações sobre altas concentrações de metais pesados no solo

é em relação ao seu efeito sobre a microbiota. Esta constitui um reservatório de matéria

orgânica e é responsável pela ciclagem de nutrientes. Os metais podem se tornar tóxicos para

Page 10: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

9

os microrganismos presentes no solo, reduzindo a quantidade de biomassa. Quando os

microrganismos estão contaminados, exigem maior quantidade de energia para sua

manutenção, o que resulta em menor incorporação de substratos em nova massa microbiana,

causando prejuízos ao solo (BERTON et al., 2006). Além disso, a entrada de metais nos

processos microbianos irá atingir o ecossistema como um todo, afetando a cadeia alimentar, o

que tem sido motivo de preocupação (OLIVEIRA et al., 2005). A contaminação de solo por

metais pesados está sendo um importante problema ambiental, que pode ocasionar riscos para

o homem e para as próximas gerações (MATTIAS, 2006). Diante desta situação, é importante

que se conheça a influência de diferentes usos do solo no aumento da concentração dos

metais, de modo a prevenir e orientar o melhor uso do solo tendo em vista evitar que o

acúmulo desses metais seja prejudicial ao meio ambiente e à saúde das pessoas.

Objetivos gerais:

Elucidar impactos de diferentes usos agrícolas do solo (mata nativa, pastagem

naturalizada, lavoura e integração lavoura/pecuária) nos teores de metais. E contribuir com

subsídios sobre as concentrações de metais em solos agrícolas do Rio Grande do Sul.

Objetivos específicos:

1) Avaliar a influência do uso do solo com mata nativa, pastagem naturalizada,

lavoura e integração lavoura/pecuária nos teores dos metais Ni, Cd, Pb, Cr, Cu e

Zn, comparando esse efeito em amostras coletadas nas camadas de 0 a 10 cm e de

10 a 20 cm, e na média destes extratos.

2) Comparar os valores obtidos com a legislação (CONAMA, 2009).

Page 11: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

10

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Metais

2.1.1 Conceitos

Metais pesados são elementos cuja densidade ultrapassa 5g/cm³, sua presença no solo

provém inicialmente do material de origem. Os teores naturais são dependentes da

composição do material de origem de cada tipo de solo, através da evolução da

pedogeomorfologia (COSTA, 2005). Englobam-se desta forma, metais, semimetais, e até não-

metais. Estes elementos estão normalmente associados à poluição, contaminação e à toxidez

de seres vivos (OLIVEIRA e COSTA, 2004). Os metais pesados estão naturalmente presentes

na constituição de solos e rochas, mas têm se apresentado cada vez mais na cadeia alimentar

dos animais e do homem (FERNANDES et al., 2006). À medida que o tempo passa, maior

quantidade de metais é adicionada na biosfera sem que os efeitos da exposição humana seja

perceptível (BURAK, 2008).

A principal característica que distingue os metais tóxicos dos outros poluentes é a sua

não biodegradabilidade, a sua toxicidade é controlada basicamente pelas propriedades físico-

químicas. O estado de oxidação dos metais é o fator que irá determinar a sua mobilidade no

solo. Alguns metais são essenciais às plantas, bactérias e animais, porém quando em altas

concentrações podem se tornar tóxicos (COSTA, 2005).

A quantidade total de metais no solo é distribuída em frações, podendo estar presentes

como íons livres, complexos organo-minerais solúveis ou adsorvidos nas partículas do solo

(NACHTIGALL et al., 2007). De acordo com Costa (2005), os metais encontram-se na

maioria das vezes em quantidades e formas que não representam risco para o meio ambiente.

Porém, com as demandas crescentes por produção agrícola, esse cenário vem sofrendo

transformações, onde ocorre o aumento dos níveis considerados naturais. As formas que os

metais podem se apresentar no solo são:

solúveis, quando os íons ficam livres, podendo ser absorvidos pelas

plantas ou então são lixiviados;

Page 12: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

11

trocáveis, quando são absorvidos em sítios de matéria orgânica ou

minerais. Um indicativo de metais no solo é a capacidade de troca catiônica (CTC).

Estudos mostram que metais como chumbo, cromo e cobre apresentam baixa

mobilidade, ficando acumulados nas camadas superficiais do solo, já metais como zinco,

manganês, níquel e cádmio são mais móveis (OLIVEIRA e COSTA, 2004).

Alguns tipos de solo possuem a capacidade de reter os metais pesados, porém se esta

for ultrapassada esses metais podem lixiviar e conseqüentemente contaminar as águas

superficiais e subterrâneas, bem como entrar na cadeia alimentar dos organismos vivos

(COSTA, 2005).

2.1.2 Importância ambiental

Os metais pesados possuem particularidades relevantes e de ocorrência natural no

ambiente como elementos constituintes das rochas, muitas vezes estão associado somente à

sua toxicidade, porém diversos metais possuem importância para a sobrevivência de plantas e

animais (BIONDI, 2010). Metais como cobre, zinco e cobalto são alguns que desempenham

papel importante para a nutrição de animais e plantas (SILVA et al., 2007).

As plantas absorvem seus nutrientes do solo e da água principalmente através das

raízes, assim, como a grande maioria dos metais pesados acumula-se freqüentemente na

camada superior do solo, tornam-se mais acessíveis para absorção. Alguns desses elementos

são necessários para o crescimento saudável da planta, tendo sua absorção facilitada por

processos de transporte e acumulação (ARAÚJO, 2010).

Porém, surge uma nova preocupação no ambiente, devido à poluição do solo e os

impactos ecotoxicológicos, refletindo na dispersão de metais no ambiente e trazendo como

conseqüência acumulação exagerada no solo e a assimilação pelos organismos biológicos

(BURAK, 2008). A poluição do solo por metais pesados ocorre devido às atividades

industriais, agrícolas e pela urbanização, tornando-se um sério problema crescente e

responsável por impactos no meio ambiente (CARNEIRO et al., 2002).

O acúmulo de metais pesados devido à utilização de produtos em solos agrícolas é

uma questão importante e preocupante no que diz respeito à segurança ambiental. Esses

elementos podem expressar o potencial poluente nos organismos do solo, em plantas, além do

risco de transferência para a cadeia alimentar, que pode ocorrer através da contaminação de

Page 13: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

12

águas superficiais e subterrâneas (SILVA et al., 2007). Quando os metais pesados são

aplicados aos solos podem acumular e persistir por longos períodos, sendo prejudiciais para

os processos microbianos vitais na ciclagem dos nutrientes, além da possibilidade de entrada

na cadeia alimentar (OLIVEIRA et al., 2005).

As altas concentrações de metais podem afetar a microbiota existente no solo, sendo

que esta constitui um reservatório vivo de matéria orgânica que é responsável pela ciclagem

dos nutrientes. Os metais pesados podem ser tóxicos resultando na redução da biomassa

microbiana. Quando um solo está contaminado por metais, os microrganismos necessitam de

maior quantidade de energia para se manter, resultando em maior respiração e

conseqüentemente menor eficiência na incorporação de substratos no solo. (BERTON et al.,

2006).

As principais conseqüências de prática que agridem o solo são as mudanças do ciclo

geoquímico (ARAÚJO, 2010), este é responsável pelo percurso dos elementos no meio

ambiente, onde os metais pesados são absorvidos e reciclados pelos componentes da biosfera.

É através do ciclo geoquímico que os elementos se transferem entre os organismos (ROSA et

al., 2003). Com a alteração desse ciclo ocorrerá também a modificação da qualidade

ambiental.

É necessário manter a qualidade do solo para que seja possível a preservação da

biodiversidade, sendo que quando o solo está contaminado por metais, pode-se prejudicar o

equilíbrio dos ecossistemas (VALLADARES et al., 2007). Quando ocorre a destruição da

cobertura vegetal em áreas contaminadas, há o agravamento da degradação do solo através de

processos de erosão hídrica e eólica, e a conseqüente lixiviação dos contaminantes para outras

áreas (CARNEIRO et al., 2002).

2.2 Metais no solo

2.2.1 Legislação

O solo por possuir características singulares permite que atue como um dreno para os

contaminantes, além de exercer função tampão no controle do transporte de elementos e

substâncias para atmosfera, biosfera e a biota como um todo. A entrada dos metais pesados no

Page 14: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

13

solo pode ser controlada a partir da comparação das concentrações encontradas em áreas com

valores referências, que são encontrados em amostras coletadas em locais onde não houve

modificação intencional e antrópica, permitindo avaliar também a extensão de uma

contaminação. Sabe-se que uma região sem influência antrópica é praticamente impossível, já

que os ciclos biogeoquímicos representam que mesmo indiretamente, a atividade humana já

afetou toda a superfície da terra. Por isso são utilizados valores máximos permitidos para

metais pesados, e que se esses valores forem ultrapassados indicaria um incremento dos

elementos nas concentrações que seriam consideradas naturais (HUGEN, 2010).

No Brasil, o primeiro estado a estabelecer valores orientadores para metais no solo foi

o estado de São Paulo, através de uma resolução desenvolvida pela Companhia Ambiental do

Estado de SP, a CETESB, que regulamenta os valores orientadores para a qualidade de água e

solo. Foram definidos valores de prevenção e intervenção através do método de avaliação de

risco aplicado na Holanda, pela modelagem C-soil (BIONDI, 2010).

No ano de 2001, a Companhia Ambiental do Estado de SP publicou a primeira lista de

valores orientadores para Solos e Águas Subterrâneas, na qual contemplava diversas

substâncias inorgânicas e outras substâncias, em 2005, ocorre o aprimoramento com a adição

de novas substâncias na lista. Os valores foram estabelecidos para o solo característico de São

Paulo, porém são utilizados no Brasil inteiro para estabelecer comparação, ter referência de

contaminação nos solos e prever se é necessário intervenção em uma determinada área ou

não.

Nesta legislação são definidos três conceitos importantes para o entendimento do

sistema de contaminação em um meio: Valor de Referência (VR): concentração de uma

substância que determina se o solo é limpo. É utilizado para ação de prevenção da poluição e

controle e áreas contaminadas. Valor de Prevenção (VP): concentração de uma substância,

acima da qual podem ocorrer alterações prejudiciais à qualidade do solo. Norteia para a

quantidade de substância que pode ser introduzida no solo. Valor de Intervenção (VI):

concentração de uma substância acima da qual existem riscos à saúde humana. Quando um

valor se encontra entre o Valor de Prevenção e o Valor de Intervenção, é necessário que se

faça um monitoramento contínuo do local. Quando o valor ultrapassa o VI, a área é

considerada contaminada sendo necessário realizar monitoramento e recuperação (CETESB,

2005).

Em 2009, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), regulamentou através

da resolução nº 420 os valores orientadores de substâncias químicas para a proteção da

qualidade do solo (CONAMA, 2009). Nesta resolução o Conselho compila os valores de

Page 15: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

14

prevenção e intervenção apresentados pela CETESB. Além disso, os valores a serem

estabelecidos deverão ser definidos para cada Estado, de forma a respeitar a diversidade

pedogenética do país (BIONDI, 2010).

Uma área será considerada contaminada, caso as concentrações de elementos de

interesse ambiental estiverem acima do valor de intervenção. Neste caso a área tem potencial

efeito deletério à saúde humana sendo necessário uma ação de recuperação e monitoramento

na área (ZEITTOUNI et al., 2007).

A crescente demanda por melhoria e manutenção da qualidade de vida e ambiental fez

com que se realizassem estudos para estabelecer valores orientadores para metais pesados em

solo. Valores estes que possibilitam a verificação de contaminação de uma determinada área e

então permitir que se faça o gerenciamento ambiental das áreas contaminadas (SANTOS,

2011).

Para realizar uma avaliação de poluição em uma área é necessário que se compare os

valores de concentração de metais de um solo com valores encontrados como referência, ou

seja, teores de locais que não estejam contaminados (teores naturais) (FADIGAS et al., 2006).

Para que seja possível atender requisitos impostos pela legislação, é necessário que se tenham

indicadores capazes de verificar a avaliação causada por impactos ambientais provenientes de

atividades antrópicas sobre o solo. Assim, agências de proteção ambiental propõem valores

para identificar áreas contaminadas por metais pesados, e ao mesmo tempo avaliar se o local

apresenta risco ao meio ambiente e à saúde humana (PAYE et al., 2010). O conhecimento de

valores naturais é essencial para definir valores orientadores para verificar a contaminação de

um local e também para o estabelecimento de uma legislação voltada ao monitoramento da

qualidade do solo (BIONDI, 2010).

A determinação dos valores de referência são feitos a partir de áreas naturais,

considerando a variação de propriedades físicas e químicas do solo, deste modo foram

estabelecidos por exemplo, valores para diversas regiões dos Estados Unidos, como Flórida,

Carolina do sul, Ohio e outros. Hugen (2010) apresenta valores de metais no solo que são

permitidos em alguns países (Figura 1).

Page 16: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

15

Figura 1: Valores máximos de metais em solo permitidos em alguns países.

Fonte: Hugen, 2010.

A Companhia Ambiental do Estado de SP, através de sua resolução 6530, também

apresenta uma lista representativa de valores estabelecidos na Holanda para os teores

máximos de metais pesados no solo. Os teores foram determinados conforme os teores de

matéria orgânica que variam de 0 a 10% e teores de argila que variam de 0 a 25 % no solo

(CETESB, 1999).

2.2.2 Teores naturais

Os teores naturais de metais pesados no solo dependem da composição do material de

origem, dos processos pedogenéticos e do grau de desenvolvimento dos solos, características

essas específicas para cada ambiente, o que torna inadequada a extrapolação destes valores

para países e áreas diferentes do local de obtenção dos dados (HUGEN, 2010). De acordo

com Paye et al. (2010), a distribuição natural dos metais pesados no solo ocorre associado à

classe de solo, mas deve-se levar em consideração que as atividades antrópicas também

contribuem para o aumento desses elementos. Quando esse aumento ocorre de forma

demasiada, há o excesso de concentração e então, a contaminação dos ecossistemas.

Segundo Burak (2008), os teores naturais são originados da composição inicial do

material de origem de cada tipo de solo, através da evolução da pedogeomorfologia. A

variabilidade natural dos metais pesados é importante para que sejam possíveis realizar

Page 17: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

16

estudos geoquímicos e se possa entender a diferença nos teores naturais de cada solo além dos

efeitos de origem antrópica.

Os solos provenientes de rochas básicas, que são mais ricas em metais, apresentam

maiores teores desses elementos se comparados àqueles originados de granitos, gnaisses,

arenitos e siltitos. Os solos originados de rochas básicas também se caracterizam por

apresentar maior disponibilidade dos metais para as plantas (FADIGAS, 2001).

Os metais presentes no solo podem se encontrar em minerais primários, secundários,

precipitados, co-precipitados, adsorvidos na solução do solo ou associado à matéria orgânica e

microrganismos (OLIVEIRA e COSTA, 2004). A maior parte dos metais ocorre naturalmente

no solo, porém em baixas concentrações e em formas não disponíveis para as plantas e para os

organismos. A ordem de concentração de metais no solo é de 1 a 1000 μg/L, por isso os

elementos tendem a ser retidos por adsorção (MELO et al., s.d.).

Segundo Silva et al. (2007), alguns metais que ocorrem naturalmente no solo são

cobre, zinco e cobalto, sendo que desempenham importante papel na nutrição de animais e

plantas. Por sua vez, elementos como cádmio, chumbo e arsênio causam efeitos nocivos à

diversos componentes da biosfera.

Entre os fatores que influenciam na concentração natural dos metais no solo está a

mineralogia das rochas, que é o principal fator relacionado à esses teores. A variabilidade

natural está ligada à processos pedogenéticos e geomorfológicos (BURAK, 2008). As rochas

são as constituintes do material de origem, diferentes tipos de rochas podem gerar solos

semelhantes, os Latossolos em sua grande maioria são originados a partir de rochas que

tiveram derramamento basáltico. (MUGGLER et al., 2005).

Nos minerais, os metais são parte constituinte da sua estrutura cristalina, que é

definida através do comportamento geoquímico durante a cristalização das rochas, portanto, a

concentração natural irá variar de acordo com cada local e com os processos de formação e

evolução dos solos (BURAK, 2008). A disponibilidade dos metais também é dependente dos

processos de acúmulo e transporte dos metais com a fração argila, que é a responsável pelas

interações das interfaces sólidas e líquidas. As interações envolvem diversas reações, que são

adsorção/dessorção, precipitação/dissolução, complexação/redução nas fases orgânicas e

inorgânicas da fração argila do solo (HUGEN, 2010), esse processo pode ser visualizado na

Figura 2.

Page 18: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

17

Figura 2: Dinâmica dos metais no solo.

Fonte: HUGEN, 2010.

Os solos originados de rochas básicas apresentam maior teor de metais do que os

provenientes de outros materiais como granitos, gnaisses, calcários, arenitos e sedimento

diversos (OLIVEIRA e COSTA, 2004). O tipo do solo, relevo e processo de erosão também

são fatores que influenciam na concentração e distribuição dos metais no ambiente, e também

na disponibilidade desses elementos (VALLADARES et al., 2007).

A concentração de metais no solo pode ser influenciada por fenômenos como erupções

vulcânicas, redistribuição por ação eólica ou hídrica e ações antrópicas (mineração,

metalurgia, disposição de resíduos no solo, queima de resíduos, uso de fertilizantes, e outros

insumos agrícolas, dentre outra atividades) (MELO et al., s.d.).

O grau de mobilidade dos metais é dependente de fatores como pH, temperatura, CTC,

competição com outros minerais. O pH do solo é o que controla a dinâmica da maioria dos

metais, uma vez que a disponibilidade destes é relativamente baixa em valores de pH neutro

(NACHTIGALL et al., 2007). Ainda, a sua mobilidade pode ser influenciada pela superfície

específica, textura, densidade aparente, teor de matéria orgânica, concentração de minerais de

argila e tipo do metal (OLIVEIRA e COSTA, 2004).

Page 19: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

18

2.2.3 Uso agrícola

A exploração do solo vem aumentando a cada dia, devido à necessidade de suprir

maiores exigências de produtividade. A atividade agrícola encontra-se dentre uma das mais

importantes atividades.

A aplicação de agroquímicos no solo é uma prática comum na agricultura, com o

objetivo de aumentar a quantidade de nutrientes do solo, correção do pH, proteção das

culturas contra doenças e pragas. Essas práticas causam a degradação do solo, trazendo como

conseqüência o acúmulo dos metais em níveis elevados (RAMALHO et al., 2000). Quando os

sistemas de preparo do solo são inadequados, e quando há o uso excessivo de agroquímicos,

há maior degradação do solo e seu potencial agrícola (NÚÑEZ et al., 2006).

Depois de presentes no solo, esses elementos podem sofrer absorção pelas plantas,

que por conseqüência fazem parte da alimentação humana e/ou animal. Quando analisado do

ponto de vista químico, os solos quando cultivados em sistemas de preparo reduzido, com

pouco ou nenhum revolvimento do solo, apresentam concentrações maiores de nutrientes,

matéria orgânica e metais na camada superficial (SANTOS et al., 2003).

As plantas possuem mecanismos de tolerância a elevadas concentrações de metais,

entre esses mecanismos temos a restrição do transporte da raiz para a parte foliar da planta,

exudatos que podem complexar os metais, produção de compostos quelatantes, bombeamento

para os vacúolos. Esses mecanismos quando ocorrem podem promover a tolerância ao

estresse que é causado pela alta concentração de metais (OLIVEIRA et al., 2005).

Nas localidades rurais os insumos agrícolas utilizados, como pesticidas, calcários,

fertilizantes são as principais fontes de introdução dos metais no solo, dentre os metais

presentes em fosfatos estão cádmio, cobre, cromo, níquel, chumbo e zinco (BIONDI, 2010).

De acordo com Valladares et al. (2007), as atividades antrópicas podem afetar a concentração

de metais no solo. Uma das principais atividades ligadas à agricultura é a utilização de

sistemas de irrigação adicionado de fertilizantes e agrotóxicos, que pode contaminar o solo

com metais, bem como o uso de esgotos e dejetos de origem industrial e doméstica.

O acúmulo de metais no solo provindo das atividades agrícolas expressa o potencial

poluente nos organismos do solo, através da sua disponibilidade às plantas, e a probabilidade

de transferência para os demais níveis tróficos da cadeia alimentar, que pode ocorrer através

da contaminação das águas superficiais e subterrâneas (SILVA et al., 2007).

Page 20: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

19

A aplicação de insumos agrícolas diretamente no solo, de lodos de esgoto e resíduos

de origem industrial e doméstica podem afetar a concentração dos metais no solo

(VALLADARES, 2007). Apesar de conter quantidades significativas de nutrientes e matéria

orgânica que podem ser benéficas para os solos, o lodo de esgoto pode também apresentar

diversos elementos tóxicos, principalmente metais. A concentração dos metais no lodo irá

depender da atividade e desenvolvimento urbano e industrial que abastece uma cidade. Os

resíduos inorgânicos presentes no lodo contribuem para o aumento da retenção de metais

conforme o tempo de aplicação no solo (OLIVEIRA et al., 2003).

2.2.4 Uso urbano

Dentre as principais atividades potencialmente poluidoras do solo por metais, podem-

se destacar as agrícolas e também as industriais, estas atividades se instalam em uma

determinada área e modificam as suas propriedades naturais devido ao uso contínuo e em

quantidades elevadas de substâncias poluidoras (ARAÚJO, 2010).

Os maiores índices de metais são observados em localidades urbanas devido às

atividades antrópicas. Em grandes cidades, atividades industriais são as principais causas da

contaminação, além da queima do petróleo e de carvão mineral que também são utilizadas

como fonte de energia em indústrias e automóveis, liberam diversos metais em forma de

vapor e adsorvido no material particulado emitido na atmosfera (BIONDI, 2010).

Diversas atividades exercidas pelo homem são importantes fontes de metais, se

incluem as atividades industriais, siderurgias, de mineração, agricultura, entre outras. Estas

promovem o aumento da concentração dos metais, e conseqüente contaminação do solo,

cursos d’água e até mesmo o lençol freático (ZEITTOUNI et al., 2007).

O acúmulo de metais nos solos brasileiros também pode ocorrer em razão de

processos naturais, como deposição atmosférica, porém atividades industriais, disposição de

lodo de esgoto, rejeitos ou subprodutos domésticos e industriais, além da utilização de

fertilizantes e agrotóxicos na agricultura são os fatores que mais influenciam na introdução de

metais no solo (MELO et al., 2008)

Está sendo cada vez mais comum a aplicação de lodos de estações de tratamento em

solos agrícolas, porém este lodo contém metais, a adição de grandes quantias de lodos em

aterros sanitários pode contaminar vastamente o solo (OLIVEIRA et al., 2005).

Page 21: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

20

2.2.5 Problemas de contaminação relacionados à saúde pública

Garantir a qualidade do solo é imprescindível para o desenvolvimento sustentável e a

preservação dos ecossistemas, deste modo, a contaminação por metais coloca em risco a

capacidade produtiva do solo e o equilíbrio dos ecossistemas. O solo sendo a interface entre a

rocha, ar e água, pode prejudicar os seres vivos, sedimentos e corpos d’água (VALLADARES

et al., 2007).

À medida que o tempo passa, maior quantidade de metais é adicionada na biosfera

sem que os efeitos da exposição humana seja perceptível (BURAK, 2008). Nos últimos anos

o estudo dos metais tem abordado a avaliação dos efeitos de sua acumulação nos organismos

de diferentes ecossistemas, a sua transferência na cadeia alimentar e os problemas gerados

pelo excesso da quantidade desses elementos (OLIVEIRA e COSTA, 2004).

Geralmente, associa-se que todos os metais são tóxicos, devido a que são elementos

estáveis, persistentes, não degradáveis, carcinogênicos, mutagênicos e teratogênicos. A

toxicidade dos metais depende da dose, do tempo de exposição, forma físico-química do

metal, da via de absorção e administração, além de ser influenciada pelas espécies químicas,

que podem ou não ser nocivas (HUGEN, 2010).

O cromo, por exemplo, quando em baixos teores, é essencial aos mamíferos, pois

participa do metabolismo da glicose, além disso, é utilizado no tratamento de doenças

cardiovasculares e depressão em humanos. O chumbo e o cádmio, porém não possuem função

biológica conhecida. Apesar de essencial, quando em teores elevados, os metais causam

toxicidade, tendo ação carcinogênica além de efeito deletério aos organismos (BIONDI,

2010).

Os metais têm a capacidade de reagir com ligantes difusores, moléculas e membranas

do organismo, o que provoca a bioacumulação e biomagnificação na cadeia alimentar,

persistência e distúrbios nos processos metabólitos dos organismos. Mesmo depois de um

tempo, os metais ainda permanecem no ambiente devido à sua alta persistência. Com o

processo de bioacumulação e biomagnificação, pode haver a transformação de concentrações

consideradas normais em concentrações tóxicas, prejudicando diversas espécies da biota e do

homem (TAVARES e CARVALHO, 1992).

Um dos motivos da incorporação de metais no solo ocorre pelo uso de adubos

minerais e orgânicos, e também pelos corretivos e defensivos agrícolas, com isso pode haver a

introdução desses elementos na cadeia alimentar (RAMALHO et al., 2000). O movimento

Page 22: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

21

vertical e descendente de contaminantes através do perfil de solos, principalmente agrícolas

pode ser um grande problema para a sociedade, já que a tendência é o escoamento para as

águas superficiais, ou lixiviação para as águas subterrâneas, e conseqüentemente a maior

mobilidade dos metais (OLIVEIRA e MATTIAZZO, 2001).

A saúde humana, bem como a vida aquática podem ser afetadas significativamente

pelas atividades industriais e agrícolas que incorporam metais no ambiente, pois esses

elementos são considerados bioacumulativos. A contaminação dos recursos hídricos diminui

consideravelmente a disponibilidade de água para utilização humana, se tornando um grave

problema já que os metais não são biodegradáveis (ARAÚJO, 2010). Quando ocorre a

contaminação do solo por metais, há a diminuição da atividade microbiana, além de

prejudicar a biodiversidade e diminuir a fertilidade e produtividade do solo (MELO et al.,

2008).

Quando presentes no solo, por ocorrência natural ou ação antrópica, os metais podem

ingressar na cadeia alimentar, e ao atingir concentrações elevadas nas plantas, nos animais e

até no homem, podem causar toxicidade. No caso das plantas, irá influenciar na

produtividade, mas se tratando do ser humano pode provocar doenças ou até mesmo a morte

(MELO et al., 2008).

Page 23: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

22

3 METODOLOGIA

Após realizar o reconhecimento do local de estudo, caracterizar as áreas baseado em

informações do histórico de uso, fazer a revisão de literatura sobre o tema de estudo a

realização da pesquisa seguiu a ordem apresentada no fluxograma da Figura 3.

Figura 3: Fluxograma geral das atividades de pesquisa.

Page 24: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

23

3.1 Local de estudo

A área em estudo está localizada no município de Mato Castelhano, região norte do

estado do Rio Grande do Sul, a uma altitude de 740 m em relação ao nível do mar. A

população estimada do município é de 2470 habitantes e abrange uma área de 238 km², de

acordo com dados do IBGE (2010). A área específica da pesquisa encontra-se no interior do

município, na comunidade de Butiazinho (Figura 4).

Figura 4: Localização do município de Mato Castelhano.

Fonte: IBGE, 2007.

O solo de Mato Castelhano é classificado como Latossolo Vermelho distrófico húmico

(IBGE, 2001). O clima é classificado como Temperado Mesotérmico Brando Super Úmido

Sem seca (IBGE, 2002). A região de Mato Castelhano está inserida no bioma Mata Atlântica,

ocorrendo formações da Floresta Ombrófila Mista e Estepe (IBGE, 2004). A Floresta

Ombrófila Mista é composta por elementos da floresta tropical afro-brasileira e a temperada

austro-brasileira. A área em estudo apresenta uma vegetação florestal bem desenvolvida, com

diversas espécies, formando um dossel, característico de florestas antigas. O município de

Page 25: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

24

Mato Castelhano está inserido em duas bacias hidrográficas, a Bacia Hidrográfica do Alto

Jacuí e Bacia Hidrográfica Apuaê/Inhandava.

Inicialmente, determinaram-se as áreas a serem feitas as coletas do solo, sendo

definidos quatro locais: mata nativa, pastagem naturalizada, lavoura e integração

lavoura/pecuária. A área de mata nativa localiza-se no centro das demais áreas a serem

coletadas as amostras, e foi utilizada como referência de teores naturais (Figura 5). A tabela 1

apresenta o histórico das áreas analisadas, e a tabela 2 demonstra as culturas anuais nas áreas

de lavoura e integração lavoura/pecuária.

Figura 5: Áreas amostradas.

Page 26: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

25

Tabela 1: Histórico das áreas analisadas.

Área Histórico

Mata Nativa (MN)

Área de vegetação florestal secundária em estágio avançado de

regeneração, antigamente, sofreu alteração antrópica provocada pela

extração seletiva de madeira.

Pastagem

naturalizada (PN)

Área de pastagem naturalizada formado principalmente por

gramíneas, utilizado como pastagem para bovinos e ovinos, desde

aproximadamente 30 anos.

Lavoura (Lav)

Implantada desde a década de 70, com o plantio convencional. Na

década de 90 adotou-se o sistema de plantio direto com rotação de

culturas.

Integração

Lavoura/Pecuária

(Lav+Pec)

Implantada desde a década de 70, com o plantio convencional. Na

década de 90 adotou-se o sistema de plantio direto com rotação de

culturas. No inverno a área é utilizada como pastagem.

Fonte: O autor.

Tabela 2: Culturas anuais plantadas nas áreas de lavoura nas últimas quatro safras.

Safra Lavoura/pecuária Lavoura

2008-2009 soja soja

2009 azevém/aveia-preta aveia-preta

2009-2010 milho milho

2010 azevém/aveia-preta pousio

2010-2011 soja soja

Fonte: O autor.

Como primeira etapa do trabalho, realizou-se a caracterização física, através de

análises granulométricas e de densidade, e química dos solos dos quatro locais de coleta: mata

nativa (Figura 5a), pastagem naturalizada (Figura 5b), integração lavoura/pecuária (Figura 5c)

e lavoura (Figura 5d).

Page 27: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

26

Figura 6: a) Mata Nativa; b) Pastagem naturalizada; c) Integração lavoura/Pecuária; d)

Lavoura

Fonte: O autor

3.2 Amostragem do solo

As amostragens do solo foram realizadas em duas etapas. No mês de janeiro de 2011,

amostrou-se nas áreas de mata nativa e de pastagem naturalizada, e no mês de maio de 2011,

nas áreas de lavoura e integração lavoura/pecuária. Os instrumentos utilizados foram: pá,

enxada, balde para mistura e/ou destorroamento do solo e sacos plásticos para o

acondicionamento do solo. As coletas nas quatro áreas foram feitas em duas profundidades:

de 0-10 cm e 10-20 cm, onde primeiramente se retirava com a enxada a camada superficial,

que continha folhas, gramíneas e raízes e então se procedia com a coleta do solo utilizando a

pá. Coletado o solo, este era colocado em baldes para efetuar-se o destorroamento e então era

armazenado nos sacos plásticos.

Na área de mata nativa, foram amostrados dez pontos, escolhidos de forma aleatória, e

em zigue-zague, sendo os solos acondicionados em sacos plásticos e identificados para cada

ponto. Nos mesmos locais e nas mesmas profundidades, procedeu-se a coleta das amostras

para determinação da densidade do solo, através do método do anel volumétrico (Figura 6).

Page 28: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

27

Totalizaram-se deste modo, vinte amostras para análise de densidade e vinte amostras para

análise química mais análise dos metais.

Figura 7: Mata Nativa – a) retirada da camada superficial; b) amostragem do solo; c e d)

amostragem do solo com anel volumétrico.

Fonte: O autor

Nas áreas correspondentes ao pastagem naturalizada, lavoura e integração

lavoura/pecuária inicialmente dividiu-se imaginariamente as áreas em três blocos, em razão

da topografia do terreno, onde para cada bloco obteve-se uma amostra composta, resultante de

cinco subamostras. Após a coleta, o solo foi colocado em baldes para o destorroamento e

retirada das raízes, em seqüência, realizada a mistura das subamostras e acondicionadas em

sacos plásticos identificados. Da mesma forma que na mata nativa, foram coletadas amostras

para a determinação de densidade, estas foram obtidas em três das cinco subamostras de cada

bloco (Figuras 7, 8 e 9). Totalizando assim, para cada área (pastagem naturalizada, lavoura e

integração lavoura/pecuária), seis amostras para análise química mais análise dos metais e

dezoito amostras para análise da densidade.

Page 29: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

28

Figura 8: Pastagem naturalizada - a) retirada da camada superficial; b) amostragem solo; c)

acondicionamento do solo; d) amostragem com anel volumétrico.

Fonte: O autor

Figura 9: Lavoura - a) abertura da trincheira; b e c) coleta do solo; d) destorroamento do solo.

Fonte: O autor

Page 30: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

29

Figura 10: a) Integração lavoura/pecuária; b) coleta do solo

Fonte: O autor

3.3 Análises

3.3.1 Análise química básica (macronutrientes) e micronutrientes

Após a coleta, foi acondicionado em sacos plásticos parte das amostras de solo para

encaminhar ao Laboratório de Solos, Plantas, Adubos e Corretivos da FAMV, Universidade

de Passo Fundo, a fim de realizarem-se as análises químicas básicas (percentual de Argila; pH

em H2O; Índice SMP; P; K; MO; Al; Ca; Mg; H+Al; CTC; Saturação por Bases, Al e K; S) e

de micronutrientes (Bo; Mn; Zn; Cu) das duas camadas separadamente, com vista à

caracterização do local de estudo..

As amostras referentes à lavoura, e integração lavoura-pecuária, foram, da mesma

forma, encaminhadas ao mesmo laboratório, com realização das análises em junho de 2011. O

total de amostras foi de 38, e estão apresentadas nas Tabelas 3, 4 e 5. A metodologia utilizada

para realização das análises foi conforme Tedesco et al. (1995).

Page 31: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

30

Tabela 3: Resultados das análises química das amostras coletadas em solo de mata nativa, pastagem naturalizada, lavoura e integração

lavoura/pecuária, nas camadas de 0 a 10 cm e 10 a 20 cm, no município de Mato Castelhano no período de janeiro a junho de 2010.

Amostra Argila pH H2O Ind. SMP P K MO

--------%-------- ------mg/dm³------ --------mg/dm³-------- ----------%---------

0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20

MN_P1 43,3 44,5 5,6 5,6 5,7 5,6 7,3 4,2 223,0 83,0 >6,7 5,0

MN_P2 55,6 60,1 5,0 5,1 5,4 5,4 4,6 4,2 95,0 55,0 4,0 2,5

MN_P3 47,2 48,5 5,6 5,3 5,8 5,4 5,7 4,0 91,0 39,0 4,5 3,1

MN_P4 40,7 45,8 5,4 4,6 5,5 5,0 4,9 19,8 91,0 79,0 5,6 4,8

MN_P5 51,3 47,2 4,7 4,8 4,9 5,2 7,8 4,4 75,0 71,0 4,5 4,2

MN_P6 54,1 49,9 4,8 4,7 5,2 4,8 4,9 3,5 59,0 43,0 4,1 3,5

MN_P7 47,2 55,6 4,9 5,0 5,1 5,1 5,1 3,7 99,0 51,0 3,7 3,4

MN_P8 35,9 38,3 5,8 5,9 6,1 6,1 5,8 4,0 103,0 71,0 5,5 4,2

MN_P9 37,1 44,5 5,6 5,9 5,8 5,9 6,2 5,8 87,0 59,0 4,7 4,2

MN_P10 34,7 37,1 5,6 5,8 5,6 5,8 6,2 2,6 147,0 59,0 6,1 4,5

PN_F1 35,9 42,0 5,7 5,8 5,7 5,8 7,5 6,0 271,0 235,0 5,1 4,0

PN_F2 35,9 30,2 5,7 5,5 5,5 5,6 6,7 8,2 235,0 151,0 4,0 3,3

PN_F3 34,7 31,3 5,8 5,9 6,7 5,9 11,5 8,4 307,0 147,0 3,3 3,2

Lav._F1 54,1 64,9 5,8 5,5 6,0 5,7 6,4 6,1 133,0 61,0 3,6 2,7

Lav._F2 58,6 68,2 5,5 5,2 5,9 5,7 6,1 6,1 149,0 61,0 3,8 2,7

Lav._F3 57,1 63,2 5,7 5,3 6,0 5,8 5,4 4,9 157,0 69,0 3,3 2,3

Lav/Pec_F1 38,3 49,9 5,8 5,9 6,2 6,1 19,8 12,7 189,0 85,0 3,0 2,9

Lav/Pec_F2 34,7 57,1 5,7 5,6 5,9 5,9 5,1 5,1 49,0 21,0 4,1 3,5

Lav/Pec_F3 52,7 54,1 5,7 5,6 6,0 5,9 5,2 3,4 57,0 25,0 4,3 3,6

(1)MN: Mata Nativa; PN: Pastagem naturalizada; Lav: Lavoura; Lav/Pec: integração Lavoura/Pecuária.

(2)P: Pontos de amostragem na MN, de 1 a 10. F: Faixas amostradas no PN, Lav, Lav/Pec, de 1 a 3.

Page 32: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

31

Tabela 4: Resultados das análises química das amostras coletadas em solo de mata nativa, pastagem naturalizada, lavoura e integração

lavoura/pecuária, nas camadas de 0 a 10 cm e 10 a 20 cm, no município de Mato Castelhano no período de janeiro a junho de 2010.

Amostra Al Ca Mg H+Al CTC Saturação

Bases Al K

----------------------------cmolc/dm³--------------------------- -----------------------%------------------------

0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20

MN_P1 0,0 0,0 9,0 5,8 4,4 3,8 6,2 6,9 20,2 16,7 69,0 59,0 0,0 0,0 2,8 1,3

MN_P2 0,8 1,5 3,2 1,6 2,3 1,7 8,7 8,7 14,4 12,1 40,0 28,0 12,0 30,0 1,7 1,2

MN_P3 0,0 1,2 5,0 2,1 3,6 2,2 5,5 8,7 14,3 13,1 62,0 34,0 0,0 21,0 1,6 0,8

MN_P4 0,0 1,7 5,4 3,7 4,7 1,7 7,7 13,7 18,1 19,4 57,0 29,0 0,0 23,0 1,3 1,0

MN_P5 1,5 0,8 4,0 3,7 1,8 2,5 15,4 10,9 21,5 17,3 28,0 37,0 20,0 11,0 0,9 1,0

MN_P6 1,1 3,0 3,0 1,5 2,4 1,0 10,9 17,3 16,5 20,0 34,0 13,0 16,0 53,0 0,9 0,6

MN_P7 0,7 1,2 3,5 2,8 2,3 2,1 12,3 12,3 18,2 17,3 33,0 29,0 10,0 19,0 1,4 0,8

MN_P8 0,0 0,0 8,7 7,7 5,1 5,4 3,9 3,9 17,9 17,2 78,0 77,0 0,0 0,0 1,5 1,1

MN_P9 0,0 0,0 7,8 5,7 5,4 5,2 5,5 4,9 18,9 15,9 71,0 69,0 0,0 0,0 1,2 1,0

MN_P10 0,0 0,0 7,9 6,8 4,2 4,3 6,9 5,5 19,4 16,8 64,0 67,0 0,0 0,0 1,9 0,9

PN_F1 0,0 0,0 6,9 7,1 3,5 3,2 6,2 5,5 17,2 16,4 64,0 67,0 0,0 0,0 4,0 3,7

PN_F2 0,0 0,0 6,8 7,3 3,4 2,8 7,7 6,9 18,6 17,3 58,0 60,0 0,0 0,0 3,2 2,2

PN_F3 0,0 0,0 9,0 11,2 3,9 3,4 2,0 4,9 15,6 19,8 888,0 75,0 0,0 0,0 5,0 1,9

Lav._F1 0,0 0,0 9,4 7,4 4,2 3,4 4,4 6,2 18,3 17,1 76,0 64,0 0,0 0,0 1,9 0,9

Lav._F2 0,0 0,4 7,1 5,0 2,5 2,7 4,9 6,2 14,9 14,0 67,0 56,0 0,0 5,0 2,6 1,1

Lav._F3 0,0 0,2 6,8 5,7 3,6 4,4 4,4 5,5 15,1 15,8 71,0 65,0 0,0 2,0 2,7 1,1

Lav/Pec_F1 0,0 0,0 7,9 7,3 3,2 3,0 3,5 3,9 15,1 14,5 77,0 73,0 0,0 0,0 3,2 1,5

Lav/Pec_F2 0,0 0,0 9,1 8,8 3,2 3,3 4,9 4,9 17,3 17,0 72,0 71,0 0,0 0,0 0,7 0,3

Lav/Pec_F3 0,0 0,0 8,0 7,5 4,7 3,5 4,4 4,9 17,1 15,9 74,0 69,0 0,0 0,0 0,9 0,4

(1)MN: Mata Nativa; PN: Pastagem naturalizada; Lav: Lavoura; Lav/Pec: integração Lavoura/Pecuária.

(2)P: Pontos de amostragem na MN, de 1 a 10. F: Faixas amostradas no PN, Lav, Lav/Pec, de 1 a 3.

Page 33: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

32

Tabela 5: Resultados das análises de micronutrientes + enxofre das amostras coletadas em solo de mata nativa, pastagem naturalizada, lavoura

e integração lavoura/pecuária, nas camadas de 0 a 10 cm e 10 a 20 cm, no município de Mato Castelhano no período de janeiro a junho de 2010.

1)MN: Mata Nativa; PN: Pastagem naturalizada; Lav: Lavoura; Lav/Pec: integração Lavoura/Pecuária.

(2)P: Pontos de amostragem na MN, de 1 a 10. F: Faixas amostradas no PN, Lav, Lav/Pec, de 1 a 3.

Amostra Enxofre Boro Manganês Zinco Cobre

--------------------------------------------------mg/dm³------------------------------------------------------

0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20

MN_P1 24,0 15,0 1,8 1,4 75,2 52,7 6,17 1,51 1,88 5,68

MN_P2 32,0 44,0 0,9 0,8 58,0 29,4 1,57 0,66 5,84 6,33

MN_P3 20,0 28,0 1,0 0,8 60,9 61,0 3,34 1,28 8,80 12,19

MN_P4 15,0 21,0 1,2 1,3 84,9 76,0 3,98 3,49 3,12 3,94

MN_P5 27,0 22,0 1,5 1,4 73,5 80,6 3,26 2,59 4,52 4,41

MN_P6 29,0 32,0 1,0 1,1 74,2 73,6 1,94 1,17 5,29 9,01

MN_P7 27,0 18,0 1,4 1,0 89,5 65,2 2,98 1,78 4,09 5,28

MN_P8 13,0 13,0 1,6 0,9 61,2 66,6 4,57 2,32 2,02 3,80

MN_P9 15,0 11,0 1,5 1,5 117,4 73,8 4,87 1,95 2,21 5,89

MN_P10 15,0 10,0 1,3 1,2 102,3 81,0 9,60 7,60 1,57 4,79

PN_F1 9,0 6,0 0,9 0,8 69,8 81,5 9,60 9,60 16,0 16,0

PN_F2 7,0 7,0 0,7 0,6 11,8 113,5 9,60 9,55 14,97 12,75

PN_F3 8,0 6,0 0,5 0,5 105,0 73,0 9,60 9,60 9,75 7,77

Lav._F1 20,0 14,0 0,5 0,5 74,6 89,0 1,59 1,28 6,45 8,29

Lav._F2 19,0 21,0 0,3 0,4 85,7 77,6 1,78 1,11 6,52 7,51

Lav._F3 25,0 11,0 0,4 0,4 52,8 82,9 1,78 1,30 7,49 8,78

Lav/Pec_F1 16,0 9,0 0,6 0,6 26,4 56,5 1,79 2,59 6,15 5,05

Lav/Pec_F2 15,0 14,0 0,8 0,6 90,4 80,8 2,90 1,67 5,33 5,90

Lav/Pec_F3 17,0 14,0 0,6 0,7 72,9 65,0 2,37 1,10 5,28 5,78

Page 34: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

33

3.3.2 Análise granulométrica do solo

A determinação da granulometria foi realizada separadamente para cada profundidade

e para cada área. As análises foram feitas para os três blocos, nas áreas de campo e lavoura.

Para a área de mata nativa, escolheram-se aleatoriamente três pontos, de forma a representar

três blocos na área de mata. Totalizando assim, vinte e quatro análises granulométricas, que

estão representadas na Tabela 6. As análises foram realizadas no Laboratório de Física e Água

do Solo, da UPF, de acordo com Embrapa (2007).

Tabela 6: Análise Granulométrica das amostras coletadas em solo de mata nativa, pastagem

naturalizada, lavoura e integração lavoura/pecuária, nas camadas de 0 a 10 cm e 10 a 20 cm,

no município de Mato Castelhano no período de janeiro a junho de 2010.

Amostra Argila Silte Areia Tipo de solo

----------------------------% ---------------------------------

0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20

MN 55 62 23 21 22 17 Tipo 3

PN 45 45 28 28 27 27 Tipo 3

LAV. 63 65 18 15 20 17 Tipo 3

LAV/PEC 62 66 21 19 16 15 Tipo 3

1)MN: Mata Nativa; PN: Pastagem naturalizada; Lav: Lavoura; Lav/Pec: integração Lavoura/Pecuária.

3.3.3 Análise da densidade do solo

Um total de setenta e quatro amostras foram coletadas através do método dos anéis

volumétricos para realização das análises de densidade. Antes da coleta foi necessário realizar

a pesagem dos cilindros, bem como das tampas que seriam utilizadas para a secagem na

estufa, deste modo é possível obter-se a tara. Além disso, foi necessário realizar a medição da

altura e do diâmetro de cada cilindro utilizado para que se pudesse calcular o volume. Após a

coleta, o cilindro e a tampa foram pesados em balança semi-analítica e encaminhados para

secagem na estufa à 105ºC durante 48 h.

Depois da secagem, foi novamente pesado o cilindro contendo solo + tampa. Deste

modo é possível calcular a diferença entre as massas, o volume ocupado pelo solo no cilindro

Page 35: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

34

e posteriormente calcular a densidade do solo. As análises de densidade foram realizadas

conforme Embrapa (2007), as médias dos valores estão apresentados na Tabela 7.

Tabela 7: Resultados da densidade das amostras coletadas em solo de mata nativa, pastagem

naturalizada, lavoura e integração lavoura/pecuária, nas camadas de 0 a 10 cm e 10 a 20 cm,

no município de Mato Castelhano no período de janeiro a junho de 2010.

Amostra Densidade

----------------------g/cm³-----------------------

0-10 cm 10-20 cm

Mata nativa 0,90 1,02

Pastagem naturalizada 1,18 1,19

Lavoura 1,33 1,37

Lavoura/pecuária 1,40 1,45

3.3.4 Análise de metais do solo

Após as coletas na mata nativa, pastagem naturalizada, lavoura e integração

lavoura/pecuária, as amostras foram levadas para o Laboratório de Química do Solo da

Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, acondicionadas em caixinhas Tetrapak

usadas e secadas em estufa entre 45 e 50 º

C, durante 48h. Posteriormente, peneirou-se as

amostras em peneira com malha de 2 mm para a análise dos seguintes metais: níquel, cádmio,

chumbo, cromo, zinco e cobre. O procedimento de extração dos metais dos solos de mata

nativa e pastagem naturalizada foi realizado pela acadêmica, em janeiro de 2011, no

laboratório de Ensino 1 da Engenharia Ambiental, da Universidade de Passo Fundos. Todas as

análises foram realizadas conforme o método 3050B (USEPA, 1996).

Resumidamente, o método consiste em utilizar 1g de solo, sendo digerido em 10 mL

de HNO3 a 95 ± ºC durante 10 minutos, posteriormente a amostra é resfriada, adiciona-se 5

mL de HNO3, aquece a amostra a 95 ± ºC por 2 horas. Posteriormente, resfria-se novamente

as amostras, adiciona-se 2 mL de água destilada e 3 mL de H2O2 a 30%, aquece no bloco

digestor durante 2 horas a 95 ± ºC, resfria-se. Por fim, adiciona-se 5 mL de HCl e 10 mL de

água destilada e aquece novamente por 5 minutos a 95 ± ºC. Depois de resfriadas, as amostras

são filtradas, armazenadas em balões volumétricos de 100 mL, no qual se completa o volume

Page 36: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

35

com água destilada. Então se realizou a leitura dos extratos no Laboratório de Solos, Plantas,

Adubos e Corretivos da FAMV.

Posteriormente, às analises dos metais, os resultados obtidos para o primeiro uso (mata

nativa) foram agrupados por semelhança de concentração, de modo a formarem três faixas

imaginárias, para haver semelhança com a área de pastagem naturalizada, lavoura e

integração lavoura/pecuária, e assim ser possível realizar a análise estatística. Os valores estão

apresentados na Tabela 8.

3.3.5 Cálculo do estoque de metais no solo

Os métodos que são utilizados para o cálculo de estoque de metais no solo consideram

nas amostras de solos, a densidade e espessura da camada. Os resultados expressos em função

de camadas com mesma espessura, porém diferentes massas denomina-se o método de cálculo

da camada equivalente. Este método superestima os valores quando o solo possui densidades

mais elevadas. Porém o método da massa equivalente, as espessuras das camadas são

ajustadas para que a massa de solo dentro das camadas comparadas sejam equivalentes.

Escolhe-se um tratamento para se determinar a massa de solo e este servir de referência para

comparação. Este método elimina o efeito de adensamento do solo (GIARDELLO, 2007).

Calculou-se então o estoque de metais pelos métodos da massa equivalente e da

camada equivalente, escolhendo-se como referência aquele tratamento que possuía a maior

densidade em relação aos outros, que foi integração lavoura/pecuária.

BONA et. al. (2006) sugerem que a comparação dos estoques em diferentes manejos

deve ser feita em massa equivalente de solo, pois este cálculo elimina a influência de

possíveis alterações na massa de solo, sendo teoricamnte mais correto.

3.3.6 Comparação à legislação

A legislação utilizada para o trabalho (Res. CONAMA nº 420, 2009) sugere valores

para áreas que já estão contaminadas, vale lembrar que a comparação que será feita aqui será

Page 37: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

36

apenas para efeito de verificação. Não pode-se considerar a área como contaminada, pois

ainda não se conhece os valores naturais dos metais para este tipo de solo específico.

3.3.7 Análise estatística

Para a realização das análises estatísticas utilizou-se o software CoStat. Os dados

foram submetidos à análise de variância (ANOVA), utilizando o delineamento experimental

em Parcelas Sub-divididas (SP), sendo o fator camada a sub-parcela e o fator uso do solo a

parcela principal. O nível de significância foi de 5% e as médias foram comparadas pelo teste

de Tukey HSD a 5% de probabilidade (COSTA e CASTOLDI, 2009).

Os resultados da análise estatística estão apresentados na Tabela 9.

Page 38: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

37

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Comparação com a legislação (Res. 420/09)

Tabela 8: Resultado da análise de metais das amostras coletadas em solo de mata nativa, pastagem naturalizada, lavoura e integração

lavoura/pecuária, nas camadas de 0 a 10 cm e 10 a 20 cm, no município de Mato Castelhano no período de janeiro a junho de 2010 (sem análise

estatística).

(1)MN: Mata Nativa; PN: Pastagem naturalizada; Lav: Lavoura; Lav/Pec: integração Lavoura/Pecuária.

(2)Valor de prevenção, CONAMA (2009);

(3)Valor de investigação,

CONAMA (2009).

Amostras Ni Cd Pb Cr Zn Cu

--------------------------------------------------------------mg.kg-1

-----------------------------------------------------------------------------

0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20

MN 51,70 55,87 1,92 2,96 27,90 27,90 203,40 193,90 90,40 80,57 112,95 131,10

PN 51,70 56,70 5,56 6,11 5,40 5,40 188,20 208,15 116,90 138,40 182,25 211,95

Lav 41,20 45,0 3,24 3,53 35,70 42,45 285,30 290,70 54,30 60,10 103,10 115,10

Lav./Pec 41,20 37,40 3,24 2,56 55,95 49,20 285,30 269,10 61,50 53,30 98,30 95,20

Legislação (VP)(2)

30,0 1,3 72,0 75,0 300,0 60,0

Legislação (VI)(3)

70,0 3,0 180,0 150,0 450,0 200,0

Page 39: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

38

Para a comparação com a legislação utilizar-se-á os valores em mg.kg-1

, sem submeter

os teores à análise estatística, a discussão será feita separadamente para cada metal.

Níquel:

Comparando os valores entre os quatro tratamentos, percebe-se que o uso do solo para

mata nativa foi maior que nos outros três usos, apontando que há uma deficiência deste metal

no uso para pastagem naturalizada, lavoura e integração lavoura/pecuária, já que a mata nativa

é tida como referência dos teores naturais para este tipo de solo. Com relação à legislação, o

metal permaneceu entre os valores de prevenção e o valor de investigação.

Cádmio:

Comparando os valores com o valor referência (mata nativa) percebe-se que os usos

do solo para pastagem, lavoura e integração lavoura/pecuária estão com os valores acima dos

teores naturais. Com relação à legislação, o metal permaneceu acima do valor de investigação

no uso da pastagem naturalizada.

Chumbo:

Em relação aos teores naturais da mata nativa, vemos que os usos de lavoura e

integração lavoura/pecuária ficaram acima da mata nativa, já o uso de campo naturalizado

permaneceu com os teores menores que na mata nativa. Comparando à legislação, o chumbo

ficou abaixo do valor de prevenção, não mostrando risco para o ambiente e para a saúde de

humanos.

Cromo:

Para o cromo, os usos do solo para pastagem, lavoura e integração lavoura/pecuária

mantiveram os teores do metal parecidos com o da mata nativa. O metal ficou em todos os

usos acima do valor de investigação. O cromo quando em teores acima do normal pode causar

toxicidade, carcinogênese e efeitos prejudiciais aos organismos (BIONDI, 2010).

Zinco:

Comparando os usos, vemos que a utilização do solo para lavoura e integração

lavoura/pecuária apresentam deficiência do metal, já que os valores ficaram abaixo da mata

nativa. Já o uso para pastagem mostrou maiores concentrações que os teores naturais. Em

Page 40: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

39

relação à legislação, o zinco permaneceu abaixo do valor de prevenção, não oferecendo risco

aos organismos, plantas e aos humanos.

Cobre:

O uso do solo para integração lavoura/pecuária mostrou deficiência do metal, já que

ficou abaixo dos teores naturais. Já, o uso para pastagem naturalizada mostrou maiores

concentrações que a mata nativa. O cobre, quando comparado aos valores da legislação,

apresentou-se dentro da faixa dos valores de prevenção e intervenção, com exceção da

pastagem naturalizada, que ultrapassou o valor de investigação, em pequena escala.

4.2 Massa equivalente

Iniciou-se a análise estatística com o teste de interação dos dados entre uso e camada,

sendo que apresentou interação para os metais cádmio, chumbo e cobre, desta forma realizou-

se nova análise estatística para esses três metais, de forma separada para uso e camada.

Primeiramente serão discutidos os metais nos quais não houve interação entre uso e camada.

Nenhum uso apresentou diferença entre as repetições. Os resultados serão apresentados para a

massa equivalente e os valores estão apresentados na tabela 9.

Page 41: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

40

Tabela 9: Análise estatística dos estoques de metais de amostras coletadas em solo de mata nativa, pastagem naturalizada, lavoura e integração

lavoura/pecuária, na camada de 0-20 cm, no município de Mato Castelhano, RS, calculados pelos procedimentos de cálculo da massa equivalente

e camada equivalente.

Uso Est. Ni Est. Cr Est. Zn Est. Ni Est. Cd Est. Pb Est. Cr Est. Zn Est. Cu

Camada (0-20 cm) Camada (0-20 cm)

Mg.ha-1

Mg.ha-1

Massa equivalente Camada equivalente

MN 80,05 a 2,85 bc 1127 ab ns

54,52 24,24 c ns

265,61 1,93 b 0,86 b 121,71 b

PN 72,06 ab 2,51 c 1181 a 68,54 69,41 a 261,86 2,38 b 1,71 a 256,13 a

Lav 52,39 b 3,46 ab 0,70 b 60,18 41,74 bc 684,68 3,92 a 0,80 b 130,48 b

Lav/Pec 55,90 ab 3,98 a 0,86 b 55,91 48,79 b 524,63 3,98 a 0,86 b 156,48 b

C. V. (%) 7,46 9,70 9,25 59,79 13,16 18,72 9,13 11,07 8,71

(1)Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, dentro de cada camada de solo, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de significância.

(2)MN: Mata Nativa; PN:

Pastagem naturalizada; Lav: Lavoura; Lav/Pec: integração Lavoura/Pecuária. (3)

C.V.: coeficiente de variação

Page 42: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

41

Níquel:

Analisando a tabela 9, percebe-se que o maior estoque de níquel encontra-se na mata

nativa, e a menor na área de lavoura. Já os usos de pastagem naturalizada e integração

lavoura/pecuária não diferiram entre si, nem entre os usos de mata nativa e lavoura. Quando

analisados os valores em teores também foi encontrada a maior concentração no uso de mata

nativa. Mostrando dessa maneira, que há uma deficiência maior de níquel no solo utilizado

para lavoura, já que permaneceu abaixo do valor natural.

Cromo:

O maior estoque de cromo encontra-se no uso do solo para integração

lavoura/pecuária, já o menor está no uso para pastagem. A mata nativa não diferiu da lavoura,

nem da pastagem, e a lavoura não diferiu da mata nativa e lavoura/pecuária. Quando

comparado aos teores de cromo, os resultados coincidiram. Oliveira e Costa (2004), afirmam

que o cromo é um metal com pouca mobilidade no solo, permanecendo nas camadas

superficiais. O cromo pode ser encontrado adsorvido aos óxidos de Fe e Mg, que revestem as

partículas do solo (SANTOS, 2011).

Zinco:

O solo para pastagem apresentou maiores estoques de zinco, em relação à lavoura e

integração lavoura/pecuária. Não houve diferença entre a mata nativa e os demais usos,

mostrando que as concentrações encontram-se semelhantes aos teores naturais. Os resultados

em teores também mostraram maior concentração do metal no uso de pastagem naturalizada.

De acordo com Melo et al. (s.d.), solos originados de erupções basálticas, possuem a faixa de

variação de zinco entre 70 e 130 mg.kg-1

. Em condições ácidas, forma ligações com argila e

matéria orgânica, conferindo solubilidade ao metal, quando o pH do solo está mais elevado,

pode permanecer adsorvido em óxido e complexado pela matéria orgânica, diminuindo sua

solubilidade (SANTOS, 2011).

As tabelas 10 e 11 mostram os resultados das análises estatísticas feitas separadamente

para uso e camada, já que anteriormente houve interação entre os fatores.

Page 43: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

42

Tabela 10: Análise estatística dos estoques de metais de amostras coletadas em solo de mata

nativa, pastagem naturalizada, lavoura e integração lavoura/pecuária, na camada de 0-20 cm,

no município de Mato Castelhano, RS, calculados pelos procedimentos de cálculo da massa

equivalente.

USO Est. Cd Est. Pb Est. Cu

Camada (0-20 cm)

Mg.ha-1

Massa Equivalente

MN 35,05 b 391,16 ab 178,52 b

CN 72,85 a 253,47 b 270,05 a

Lav 37,14 b 617,82 a 116,35 c

Lav/Pec 48,79 b 524,62 ab 156,48 bc

C.V. (%) 18,86 41,11 20,83

(1)Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, dentro de cada camada de solo, não diferem entre si pelo teste de

Tukey a 5 % de significância. (2)

MN: Mata Nativa; PN: Pastagem naturalizada; Lav: Lavoura; Lav/Pec:

integração Lavoura/Pecuária. (3)

C.V.: coeficiente de variação

Cádmio:

O maior estoque de cádmio foi encontrado para o uso em pastagem naturalizada, este

ficou acima do valor para mata nativa, não houve diferença entre a referência natural, lavoura

e integração lavoura/pecuária. O uso do solo para pastagem, por contar com as atividades de

ruminação dos bovinos, pode apresentar maior teores de cádmio. Biondi (2010), cita que em

pesquisas houve incremento dos teores de Cd na parte aérea de mucuna preta e aveia preta

após a utilização de fertilizantes fosfatados.

Chumbo:

O uso do solo para lavoura foi que apresentou maior estoque de chumbo, já o menor

estoque foi encontrado para a pastagem. A integração lavoura/pecuária não diferiu da mata

nativa, e estes não diferiram da pastagem e da lavoura. Atividades agrícolas com utilização de

fertilizantes nitrogenados e calcário tendem a aumentar o teor deste metal no solo (BIONDI,

2010). Estudos também mostram que o chumbo é um metal com pouca mobilidade no solo,

ficando acumulado nas camadas mais superficiais (OLIVEIRA e COSTA, 2004).

Page 44: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

43

Cobre:

O maior estoque de cobre está no uso para pastagem naturalizada, ficando acima do

valor de mata nativa, mostra que esta atividade incorpora metais no sôo. O menor estoque

encontra-se na área com lavoura, sendo este menor que na mata nativa, mostrando uma

deficiência do metal para este local. A mata nativa e lavoura não diferiram da integração

lavoura/pecuária. Metais como cobre estão presentes naturalmente no solo e desempenham

papel importante na nutrição de plantas e animais (SILVA et al., 2007).

Tabela 11: Tabela 12: Análise estatística dos estoques de metais de amostras coletadas em

solo de mata nativa, pastagem naturalizada, lavoura e integração lavoura/pecuária, nas

camadas de 0-10 e 10-20 cm, no município de Mato Castelhano, RS.

CAMADA (cm) Est. Cd Est. Pb Est. Cu

Mg.ha-1

Massa equivalente

0-10 48,83 a 465,30 a 183,66 a

10-20 48,09 a 428,24 a 177,04 a

C.V (%) 37,04 50,53 38,17

(1)Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, dentro de cada camada de solo, não diferem entre si pelo teste de

Tukey a 5 % de significância. (2)

C.V.: coeficiente de variação

Com relação às camadas, vemos que não houve diferença entre camadas nos metais

em que houve a interação entre uso e camada.

Page 45: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

44

5 CONCLUSÃO

1) Os efeitos da concentração dos metais analisados não diferiram entre camadas.

2) As áreas analisadas são homogêneas verificadas na análise estatística, através da não

diferença entre repetições.

3) O uso do solo para pastagem naturalizada mostrou-se com maior capacidade de

incorporação de zinco, cádmio e cobre no solo.

4) O uso para lavoura incorpora mais chumbo no solo quando comparado aos outro.

5) O uso do solo para integração lavoura/pecuária possui maior capacidade de

incorporação de cromo no solo.

6) Há deficiência de níquel no usos de pastagem, lavoura e integração lavoura/pecuária.

7) Houve relação direta entre o aumento de cádmio e cobre no solo.

8) Se a área fosse considerada como contaminada, deveria recomendar-se medidas para

redução dos valores do cromo nos usos analisados, bem como para o cádmio e cobre

no uso de pastagem naturalizada. Porém como ainda não se tem valores de referência

para este tipo de solo, não se pode afirmar se a área está ou não contaminada,

sugerindo que esta seria apenas uma hipótese.

Page 46: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, J. B. S. dos; FILHO, J. L. O. P. de; Identificação de fontes poluidoras de metais

pesados nos solos da bacia hidrográfica do rio Apodi-Mossoró/RN na área urbana de

Mossoró – RN. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, v. 5, n. 2, p.

80-94, 2010.

BERTON, R. S. et al.; PIRES, A. M. M.; ANDRADE, S. A. L. de; ABREU, C. A. de;

AMBROSANO, E. J.; SILVEIRA, A. P. D. da; Toxicidade do níquel em plantas de feijão e

efeitos sobre a microbiota do solo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 14, n. 8, p. 1305-

1312, 2006.

BIONDI, C. M.; Teores naturais de metais pesados nos solos de referência do estado de

Pernambuco. 2010. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo.

Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2010.

BORGES, M. R., COUTINHO, E. L. M.; Metais pesados do solo após aplicação de

biossólido. I – Fracionamento. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 28, n. 3, p. 545-555,

2004.

BRASIL, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Mapa de solos do Brasil. 2001.

Disponível em: <http://mapas.ibge.gov.br/>. Acesso em: 21 de abril de 2011.

______. Mapa de clima do Brasil. 2002. Disponível em: <http://mapas.ibge.gov.br/>.

Acesso em: 30 de junho de 2011.

______. Mapa de vegetação do Brasil. 2004. Disponível em: <http://mapas.ibge.gov.br/>.

Acesso em: 21 de abril de 2011.

______. 2007. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=431213#> Acesso em: 25 de

julho de 2011.

______. 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1> Acesso

em: 21 de novembro de 2011.

BONA, F. D. de; BAYER, C.; BERGAMASCHI, H. DIECKOW, J.; Carbono orgânico no

solo em sistemas irrigados por aspersão sob plantio direto e preparo convencional.

Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 30, p. 911-920, 2006.

Page 47: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

46

BURAK, D. L.; Geoquímica e distribuição de metais pesados em solos na região de Unaí,

Paracatu e Vazante, MG. 2008 Tese (Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas) –

Programa de Pós Graduação em Solos e Nutrição de Plantas, Universidade Federal de Viçosa,

Minas Gerais, 2008.

CARNEIRO, M. A.; SIQUEIRA, J. O.; MOREIRA, F. M. S. de; Comportamento de

espécies herbáceas em misturas de solo com diferentes graus de contaminação com

metais pesados. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 37, n. 11, p. 1629-1638, 2002.

CARVALHO, P. D. F. de; FISHER, V.; SANTOS, D. T. dos; RIBEIRO, A. M. L.;

QUADROS, F. L. F. de; CASTILHOS, Z. M. S.; POLI, C. H. E. C.; MONTEIROS, A. L. G.;

NAGINGER, C. GENRO, T. C. M.; JACQUES, A. V. A.; Produção animal no bioma

campos sulinos. Brazilian Journal of Animal Science, v. 35, n. Supl. Esp., p. 156-202, 2006.

CETESB, Companhia de TePNologia de Saneamento Ambiental. 6530. “Lista holandesa de

valores de qualidade do solo e da água subterrânea – Valores STI”. Disponível em:

<http://www.cetesb.sp.gov.br/solo/areas_contaminadas/anexos/download/6530.pdf>. Acesso

em: 11 de outubro de 2011.

CETESB, Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, Decisão de Diretoria nº

195-2005-E, de 23 de novembro de 2005.

CONAMA- Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 420, de 28 de dezembro de

2009. “Dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de

substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas

contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas.", Diário Oficial da

União, Brasília, DF.

COSTA, C. N. das; Biodisponibilidade de metais pesados em solos do Rio Grande do Sul.

2005. Tese (Doutorado em Ciência do Solo) – Programa de Pós-Graduação em Ciência do

Solo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.

COSTA, C.; CASTOLDI, F. L.; CoStat: um programa para quem pensa que não gosta de

estatística. Passo Fundo: Ed. Universidade de Passo Fundo, 2009. 384 p.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro). Manual de métodos de

análise de solo. 2ª ed. SPI, Brasília, 1997. (Embrapa Solos. Documentos, 1).

FADIGAS F. S. de; SOBRINHO, N. M. B. A. do; MAZUR, N.; ANJOS, L. H. C. dos;

FREIXO, AL. A.; Concentrações naturais de metais pesados em algumas classes de solos

brasileiros. Bragantia, v. 61, n. 2, p. 151-159, 2002.

Page 48: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

47

FADIGAS F. S. de; SOBRINHO, N. M. A. do; MAZUR, N.; ANJOS, L. H. D. dos; FREIXO,

A. A.; Proposição de valores de referência para a concentração natural de metais

pesados em solos brasileiros. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 10,

n. 3, p 699-705, 2006.

FERNANDES, R. B. A.; LUZ, W. V.; FONTES, M. P. F.; FONTES, L. E. F; Avaliação da

concentração de metais pesados em áreas olerícolas no Estado de Minas Gerais. Revista

Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. v. 11, n. 1, p. 81-93, 2007.

HUGEN, C.; Valores de referência para teores de Cr, Cu, Ni, Pb e Zn em solos do estado

de Santa Catarina. 2010. Dissertação (Mestrado em Manejo do Solo) – Programa de Pós-

Graduação em Manejo do Solo, Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, 2010.

MATTIAS, J. L.; Metais pesados em solos sob aplicação de dejetos líquidos de suínos em

duas microbacias hidrográficas de Santa Catarina. 2006. (Doutorado) – Programa de Pós-

Graduação em Ciência do Solo, Universidade Federal de Santa Maria, RS, 2006.

MELO, É. E. C. de; NASCIMENTO, C. W. A. de; SANTOS, A. C. W.; SILVA, A. S. da;

Disponibilidade e fracionamento de Cd, Pb, Cu e Zn em função do pH e tempo de

incubação com o solo. Ciência Agrotecnológica de Lavras, v.32, n.3, p.776-784, 2008.

MELO, G. M. P. de; MELO, V. P. de; MELO, W. J. de; Metais pesados no ambiente

decorrente da aplicação de lodo de esgoto em solo agrícola. Sem data. Disponível em:

<http://www.ambientenet.eng.br/TEXTOS/PAL%20CONAMA.pdf>

MUGGLER, C. C.; CARDOSO, I. M.; RESENDE, M.; FONTES, M. P. F.; ABRAHÃO, W.

A. P.; CARVALHO, A. F. de; Conteúdos básicos de Geologia e Pedologia. Universidade

Federal de Viçosa, 2005. Disponível em:

<http://www.mctad.ufv.br/imagens/ed/file/ApostilaGeolPedologiasol213.pdf> Acesso em: 24

de agosto de 2011.

NACHTIGALL, G. R. et al.; NOGUEIRO, R. C.; ALLEONI, L. R. F.; Formas de cobre em

solos de vinhedos em função do pH e da adição de cama-de-frango. Pesquisa

Agropecuária Brasileira, v. 42, n. 3, p. 427-434, 2007.

NÚÑES, J. E. V.; SOBRINHO, N. M. B. A; PALMIERI, F.; MESQUITA, A. A.;

Conseqüências de diferentes sistemas de preparo do solo sobre a contaminação do solo,

sedimentos e água por metais pesados. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 23, n. 4, p.

535-543, 1999.

Page 49: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

48

NÚÑES, J. E. V.; SOBRINHO, N. M. B. A do; MAZUR, N.; Sistemas de preparo de solo e

acúmulo de metais pesados no solo e na cultura do pimentão (Capsicum Annum L.). Revista Ciência Rural, Santa Maria, v. 36, n.1, p. 113-119, 2006.

OLIVEIRA, C.; SOBRINHO, N. M. B. A; MAZUR, N.; Solubilidade de metais pesados em

solos tratados com lodo de esgoto enriquecido. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 27,

n. 1, p. 171-181, 2003.

OLIVEIRA, C. de; SOBRINHO, N. M. B. A. do; MARQUES, V. S. dos; MAZUR, N.;

Efeitos da aplicação do lodo de esgoto enriquecido com cádmio e zinco na cultura do

arroz. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 29, n. 1, p. 109-116, 2005.

OLIVEIRA, F. C; MATTIAZZO, M. E.; Mobilidade de metais pesados em um Latossolo

amarelo distrófico tratado com lodo de esgoto e cultivado com cana-de-açúcar. Revista

Scientia Agricola, v. 58, n. 4, p. 807-812, 2001.

OLIVEIRA, T. S., COSTA, L. M.; Metais pesados em solos de uma topolitossequência do

triângulo mineiro. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 28, n.4, p.785-796, 2004.

PAYÉ, H. S. de; MELLO, J. W. V. de; ABRAHÃO, W. A. P.; FILHO, E. I. F.; DIAS, L. C.

P.; CASTRO, M. L. O.; MELHO, S. B. de; FRANÇA, M. M.; Valores de referência de

qualidade para metais pesados em solos no estado do Espírito Santo. Revista Brasileira de

Ciência do Solo, v.34 n.6,p. 2041-2051 2010.

PILLAR, V.D.P.; MÜLLER, S.C.; CASTILHOS, Z.M.S.; JACQUES, A.V.A. (Eds.).;

Campos sulinos: conservação e uso sustentável da biodiversidade. Brasília, Ministério do

Meio Ambiente, 2009.

RAMALHO, F. F. G. P.; SOBRINHO, N. M. B. A. do; VELLOSO, A. C. X.; Contaminação

da microbacia de Caetés com metais pesados pelo uso de agroquímicos. Pesquisa

Agropecuária Brasileira, v. 35, n. 7, 2000.

ROSA, R. S. da; MESSIAS, R. A.; AMBROZINI, B.; RESENDE, M. O. O. de; Importância

da compreensão dos ciclos biogeoquímicos para o desenvolvimento sustentável. 2003.

Monografia (Instituto de Química) – Instituto de Química de São Carlos, Universidade de São

Paulo, São Carlos, 2003.

SANTOS, F. S.; SOBRINHO, N. M. B. A. MAZUR, N.; Influência de diferentes manejos

agrícolas na distribuição de metais pesados no solo e em plantas de tomate. Revista

Brasileira de Ciência do Solo, v.26 p.535-543, 2002.

Page 50: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

49

SANTOS, F.S; SOBRINHO, N. M. B. A; MAZUR, N.; Consequência do manejo do solo na

distribuição de metais pesados em um agrossistema com feijão-de-vagem (Phaseous

vulgaris L.). Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 27, n. 1, p. 191-198, 2003.

SANTOS, S. N.; Valores de referência de metais pesados em solos de Mato Grosso e

Rondônia. 2011. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Área de concentração: Solos e

Nutrição de Plantas. Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2011.

SILVA, M. L. de; VITTI, G. C.; TREVIZAM, A. R.; Concentração de metais pesados em

grãos de plantas cultivadas em solo com diferentes níveis de contaminação. Pesquisa

Agropecuária Brasileira, v. 42, n. 4, p. 527-5353, 2007.

SOARES, M. R.; Coeficiente de distribuição (kD) de metais pesados em solos do estado de

São Paulo. 2004. Tese (Doutorado) – Programa de Solos e Nutrição de Plantas, Universidade

de São Paulo, Piracicaba, 2004.

TAVARES, T.; CARVALHO, F. M.; Avaliação de exposição de populações humanas a

metais pesados no ambiente: exemplos do Recôncavo Baiano. Revista Química Nova,

v.15, n. 2, p. 147-154., 1992.

TEDESCO, M. J.; GIANELLO, C.; BISSANI, C. A.; BOHNEN, H.; VOLKWEISS, S. J.;

Análise de solo, plantas e outros materiais. 2. ed. Porto Alegre, Universidade Federal do

Rio Grande do sul, 1995. (Boletim Técnico, 5).

U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY – EPA. Method 3050B. 1996.

Disponível em:

<http://www.epa.gov/wastes/hazard/testmethods/sw846/pdfs/3050b.pdf> Acesso em: 14 de

dezembro de 2010.

VALLADARES, G. S; CAMARGO, O. A. de; AZEVEDO, E. C. de; SILVA, AL. M. C.;

Variabilidade Espacial e Disponibilidade de Zinco em Solos de Vinhedos e Adjacências

da Região Vitícola de Jundiaí, SP. In: XIII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE

SENSORIAMENTO REMOTO, FLORIANÓPOLIS,SC: INPE, 2007. p. 449-456.

ZEITTOUNI, C. F.. BERTON, R. S.; ABREU, C. A. de; Fitoextração de Cádmio e Zinco

de um latossolo vermelho-amarelo contaminado com metais pesados. Bragantia, v. 66, n.

4, p. 649-657, 2007.

Page 51: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

50

ANEXO A

Page 52: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

51

Page 53: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

52

Page 54: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

53

Page 55: Influência de diferentes usos agrícolas do solo na ...usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2011-2/Monalisa Cecchin Baschera.pdf · O conhecimento da variabilidade dos metais pesados é

54

ANEXO B

Resolução nº 420, de 28 de dezembro de 2009: Dispõe sobre critérios e valores orientadores

de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o

gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de

atividades antrópicas.