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Congreso SAM/CONAMET 2007 San Nicolás, 4 al 7 Septiembre de 2007 INFLUÊNCIA DO TEMPO DE AUSTÊMPERA NAS PROPRIEDADES À FADIGA DO FERRO FUNDIDO NODULAR AUSTEMPERADO (ADI). J.F. Dias (1) ; G.O. Ribeiro (2) e D.J. Carmo (1,3) (1) Faculdade de Engenharia Universidade de Itaúna Rod. MG 431 (Campus Verde), 35680-142, Itaúna, MG, Brasil. (2) Departamento de Engenharia de Estruturas – Escola de Engenharia Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG Av. do Contorno 842, 30110-060, Belo Horizonte, MG, Brasil. (3) Centro Tecnológico de Fundição Marcelino Corradi - CETEF Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI R. Lilia Antunes 99, 35680-270, Itaúna, MG, Brasil. E-mail (autor de contato): [email protected] RESUMO Investigou-se a influência do tempo de austêmpera nas fases de nucleação e de propagação de trinca por fadiga em ferro fundido nodular austemperado (ADI) através de ensaios por flexão rotativa e propagação de trinca por fadiga. Dois lotes de corpos-de-prova, extraídos de blocos Y fundidos e produzidos em condições industriais, foram austenitizados a 900°C por 1,5 h, e austemperados a 360°C por tempos distintos com o objetivo de produzir austenita com dois teores de carbono. O primeiro lote foi austemperado por 1,5 h e o segundo por 0,6 h. Os materiais foram caracterizados e analisados através de microscopia ótica e eletrônica, difração de raios-X e ensaios mecânicos. A vida à fadiga do material austemperado por 0,6 h, determinada por flexão rotativa à amplitude de tensão de 490 MPa, foi 50% maior que a vida do material austemperado por 1,5 h. Os materiais apresentaram taxas similares de propagação de trinca por fadiga, na região de validade da Lei de Paris. Concluiu-se que a redução do tempo de austêmpera de 1,5 para 0,6 h não diminuiu as propriedades mecânicas e nem a taxa de propagação de trinca e ainda aumentou em 50% o tempo necessário para a nucleação de trincas por fadiga. Palavras chave: ADI, Ferro Fundido Nodular Austemperado, Tratamento Térmico, Fratura, Fadiga. 1. INTRODUÇÃO O ferro fundido nodular austemperado, ADI, é uma moderna geração de ferro fundido nodular tratado termicamente pelo processo de austêmpera. Apresenta uma extensa aplicação industrial devido à combinação de elevada resistência mecânica, ductilidade, tenacidade, resistência à fadiga e resistência ao desgaste, associadas a um baixo custo, quando comparado com ferros fundidos convencionais, aços forjados e até ligas de alumínio. As suas propriedades mecânicas são resultantes da qualidade da peça fundida, do controle da composição química e de um tratamento térmico cuidadoso [1]. As informações disponíveis sobre propriedades à fadiga do ADI e correlação com a microestrutura são escassas e o aumento da utilização do ADI em elementos de máquinas e estruturais sujeitos à fadiga, dependem da disponibilidade e confiabilidade de tais informações [2-6]. As propriedades à fadiga do ADI são fortemente influenciadas pela microestrutura que por sua vez depende do tratamento térmico. Este por sua vez é determinante na quantidade, no tamanho e na distribuição das fases presentes e também no custo final do produto. Lin et al. [6] investigaram a influência da microestrutura nas propriedades à fadiga de alto ciclo de diversos tipos de ferros fundidos austemperados, destacando a influência da quantidade e morfologia da grafita e da quantidade de austenita retida. Estudos sobre a influência da temperatura de austêmpera no limite de resistência à fadiga, em ADI submetidos a tratamentos superficiais, mostram o aumento acentuado do limite de fadiga para temperaturas de austêmpera acima de 315°C. Valores máximos para a resistência à fadiga, determinada por flexão rotativa, são obtidos para temperaturas de austêmpera em torno de 360°C. Sabe-se que a estabilidade mecânica da austenita presente no ADI depende basicamente do teor de carbono e do nível de tensão ou deformação. Considerando que a austenita no ADI se apresenta com diferentes teores de carbono, é possível que a mesma possa transformar-se em martensita, quando sujeita a deformações elevadas 814

INFLUÊNCIA DO TEMPO DE AUSTÊMPERA NAS PROPRIEDADES À FADIGA DO FERRO FUNDIDO NODULAR AUSTEMPERADO (ADI)

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INFLUÊNCIA DO TEMPO DE AUSTÊMPERA NAS PROPRIEDADES À FADIGA DOFERRO FUNDIDO NODULAR AUSTEMPERADO (ADI).

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  • Congreso SAM/CONAMET 2007 San Nicols, 4 al 7 Septiembre de 2007

    INFLUNCIA DO TEMPO DE AUSTMPERA NAS PROPRIEDADES FADIGA DO FERRO FUNDIDO NODULAR AUSTEMPERADO (ADI).

    J.F. Dias (1) ; G.O. Ribeiro (2) e D.J. Carmo (1,3)

    (1) Faculdade de Engenharia

    Universidade de Itana Rod. MG 431 (Campus Verde), 35680-142, Itana, MG, Brasil.

    (2) Departamento de Engenharia de Estruturas Escola de Engenharia Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

    Av. do Contorno 842, 30110-060, Belo Horizonte, MG, Brasil. (3) Centro Tecnolgico de Fundio Marcelino Corradi - CETEF

    Servio Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI R. Lilia Antunes 99, 35680-270, Itana, MG, Brasil.

    E-mail (autor de contato): [email protected] RESUMO Investigou-se a influncia do tempo de austmpera nas fases de nucleao e de propagao de trinca por fadiga em ferro fundido nodular austemperado (ADI) atravs de ensaios por flexo rotativa e propagao de trinca por fadiga. Dois lotes de corpos-de-prova, extrados de blocos Y fundidos e produzidos em condies industriais, foram austenitizados a 900C por 1,5 h, e austemperados a 360C por tempos distintos com o objetivo de produzir austenita com dois teores de carbono. O primeiro lote foi austemperado por 1,5 h e o segundo por 0,6 h. Os materiais foram caracterizados e analisados atravs de microscopia tica e eletrnica, difrao de raios-X e ensaios mecnicos. A vida fadiga do material austemperado por 0,6 h, determinada por flexo rotativa amplitude de tenso de 490 MPa, foi 50% maior que a vida do material austemperado por 1,5 h. Os materiais apresentaram taxas similares de propagao de trinca por fadiga, na regio de validade da Lei de Paris. Concluiu-se que a reduo do tempo de austmpera de 1,5 para 0,6 h no diminuiu as propriedades mecnicas e nem a taxa de propagao de trinca e ainda aumentou em 50% o tempo necessrio para a nucleao de trincas por fadiga. Palavras chave: ADI, Ferro Fundido Nodular Austemperado, Tratamento Trmico, Fratura, Fadiga. 1. INTRODUO O ferro fundido nodular austemperado, ADI, uma moderna gerao de ferro fundido nodular tratado termicamente pelo processo de austmpera. Apresenta uma extensa aplicao industrial devido combinao de elevada resistncia mecnica, ductilidade, tenacidade, resistncia fadiga e resistncia ao desgaste, associadas a um baixo custo, quando comparado com ferros fundidos convencionais, aos forjados e at ligas de alumnio. As suas propriedades mecnicas so resultantes da qualidade da pea fundida, do controle da composio qumica e de um tratamento trmico cuidadoso [1]. As informaes disponveis sobre propriedades fadiga do ADI e correlao com a microestrutura so escassas e o aumento da utilizao do ADI em elementos de mquinas e estruturais sujeitos fadiga, dependem da disponibilidade e confiabilidade de tais informaes [2-6]. As propriedades fadiga do ADI so fortemente influenciadas pela microestrutura que por sua vez depende do tratamento trmico. Este por sua vez determinante na quantidade, no tamanho e na distribuio das fases presentes e tambm no custo final do produto. Lin et al. [6] investigaram a influncia da microestrutura nas propriedades fadiga de alto ciclo de diversos tipos de ferros fundidos austemperados, destacando a influncia da quantidade e morfologia da grafita e da quantidade de austenita retida. Estudos sobre a influncia da temperatura de austmpera no limite de resistncia fadiga, em ADI submetidos a tratamentos superficiais, mostram o aumento acentuado do limite de fadiga para temperaturas de austmpera acima de 315C. Valores mximos para a resistncia fadiga, determinada por flexo rotativa, so obtidos para temperaturas de austmpera em torno de 360C. Sabe-se que a estabilidade mecnica da austenita presente no ADI depende basicamente do teor de carbono e do nvel de tenso ou deformao. Considerando que a austenita no ADI se apresenta com diferentes teores de carbono, possvel que a mesma possa transformar-se em martensita, quando sujeita a deformaes elevadas

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  • provocadas por tratamentos superficiais ou usinagem [7,8]. A transformao de fase ocorrida nestas regies acompanhada por deformao plstica, atuando beneficamente sobre a etapa de iniciao de trincas. Segundo Kovacs [9], se aps o ciclo de austenitizao, trecho BC da figura 1, o resfriamento for suficientemente rpido, a nucleao da ferrita acicular acontece em E e a transformao total da matriz ocorre entre E e T. Se a reao de austmpera for encerrada no ponto T, o carbono na austenita atinge 1,2 a 1,6%, tornando a austenita apenas metaestvel. A austenita pode persistir temperatura ambiente, mas no est necessariamente estabilizada. Se o material for resfriado temperatura abaixo da ambiente, ou se for deformado, a austenita metaestvel pode transformar-se em martensita [7,8]. A presena de austenita retida ou metaestvel no ADI o torna susceptvel ao encruamento e transformao de fase induzida por deformao. A transformao parcial da austenita em martensita produz, ainda, aumento local de volume, criando tenses compressivas localizadas. Estas tenses inibem a formao de trincas, o que leva a uma melhoria significativa na resistncia fadiga. Esta deformao pode ocorrer quando o material usinado ou submetido a tratamentos de superfcie. Este endurecimento prejudica a usinabilidade, mas, por outro lado, esta facilitada no ADI pela presena de grafita, que lhe garante melhor usinabilidade em comparao aos aos de dureza similar [1]. Nenhuma nucleao aprecivel de ferrita ocorre entre T e Y. A ferrita existente cresce proporcionando condies para aumentar o teor de carbono na austenita para valores da ordem de 1,8 a 2,2% [9]. Nesta situao a austenita se tornaria estvel trmica e mecanicamente.

    Figura 1. Ciclo trmico de austmpera utilizado na obteno do ADI [9].

    Investiga-se neste trabalho o efeito da estabilidade da austenita no comportamento fadiga do ADI e a possibilidade de reduzir o tempo de tratamento trmico de austmpera sem trazer prejuzos para as propriedades fadiga [5]. 2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL O comportamento fadiga do ADI foi estudado em corpos-de-prova extrados de blocos Y de 13 mm de espessura, padronizados pela norma ASTM A897, e produzidos pelo processo de fundio em areia pela Intercast S/A [5]. A temperatura de austenitizao e os tempos correspondentes aos pontos E e T, figura 1, temperatura de 360C, foram definidos com auxlio de um dilatmetro de tmpera, modelo DT1000, marca Adhamel Lhomargy [5]. O tempo necessrio para a reao de austmpera alcanar o ponto T, variou de 21 a 24 minutos, para trs amostras ensaiadas. Para estudar a influncia do tempo de austmpera a 360C, e conseqentemente, o efeito da estabilidade da austenita no comportamento fadiga, foram austemperados dois lotes com tempos diferentes. O primeiro lote, ADI-T1, foi tratado a 360C por 1,5 h, constituindo-se em um material com austenita mais estvel. O segundo lote, ADI-T2, foi tratado a 360C por 0,6 h, produzindo um material com uma austenita menos estabilizada e portanto, com maior propenso ao encruamento ou transformao de fase induzida por deformao. No tratamento trmico do ADI, manteve-se constante o ciclo de austenitizao, a 900C x 1,5 h. Nos dois ciclos trmicos, simulados em dilatmetro, no se observou transformao martenstica no resfriamento, at a temperatura ambiente. Os materiais foram caracterizados atravs de anlise qumica, microscopia tica e eletrnica, ensaios de trao, dureza e impacto. A proporo das fases presentes na matriz metlica, o teor de carbono da austenita e o tamanho da clula ferrtica foram determinados por difrao de raios-X. O tamanho mdio da clula ferrtica, d, foi estimado utilizando a frmula de Scherrer, seguindo o procedimento recomendado por Putatunda [10].

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  • Os ensaios de fadiga por flexo rotativa foram realizados em corpo-de-prova sem entalhe com 6,35 milmetros de dimetro, em uma mquina de ensaio do tipo viga engastada, marca Fatigue Dynamics, modelo RBF-200. Todos os ensaios foram realizados a uma freqncia de 100 Hz, com tenso mdia nula e razo entre tenses R = -1[5]. A pr-trinca e os ensaios de propagao de trinca por fadiga foram executados de acordo com a ASTM E-647. Os ensaios de propagao de trinca por fadiga foram realizados temperatura ambiente, utilizando uma mquina servo-hidrulica de 250 kN, marca Instron, modelo 8802 do Laboratrio de Ensaios do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN). Os testes foram realizados a uma freqncia de 15 Hz e a uma razo R = 0,3. Utilizou-se corpo-de-prova tipo compacto de trao (CT) padronizado pela norma ASTM E-647, com espessura b igual a 12 milmetros e comprimentro w igual a 48 milmetros [5]. 3. RESULTADOS E DISCUSSO A composio qumica do material apresentada na tabela 1. Os elementos Cu e Ni foram adicionados para proporcionar a austemperabilidade necessria. As microestruturas obtidas nos dois ciclos trmicos so apresentadas na figura 2. O material apresentou, em mdia, 162 ndulos de grafita por milmetro quadrado e uma nodularidade de 96%. A matriz de ambos os materiais constituda de ferrita acicular e austenita de alto carbono, denominada por ausferrita, figura 2.

    Tabela 1 . Composio qumica do material (porcentagem em peso). C Si Mn S P Cu Ni Mg

    3,744 2,792 0,205 0,014 0,043 0,597 0,606 0,042

    (a)

    (b)

    Figura 2 . Microestrutura do material aps tratamento trmico de austmpera: (a) 360C por 1,5 horas (ADI T1); (b) 360C por 0,6 horas (ADI T2). Reativo: Nital 2%.

    A proporo das fases presentes na matriz metlica, o teor de carbono da austenita e o tamanho mdio da clula ferrtica, so apresentados na tabela 2. Os materiais apresentaram valores praticamente iguais para os vrios parmetros, com exceo do teor de carbono do material ADI-T2 que foi menor que o do ADI-T1, mas ambos dentro dos valores previstos por Kovacs [9].

    Tabela 2 . Proporo de constituintes da matriz metlica, teor de carbono na austenita e tamanho da clula ferrtica aps tratamento trmico de austmpera.

    Item Material ADI-T1 ADI-T2 Volume mdio de ferrita, (%) 65,8 63,1 Tamanho mdio da clula ferrtica, d (nm) 18,84 18,06 Volume mdio de austenita, X (%) 34,2 36,9 Teor mdio de carbono na austenita, C (%) 2,04 1,67 Teor de carbono na austenita, C (%), segundo Kovacs [1] 1,8 a 2,2 1,2 a 1,6% Produto, X . C (%) 0,64 0,62

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  • Os valores mdios de dureza, resistncia ao impacto e ensaio de trao dos corpos-de-prova so apresentados na tabela 3. As propriedades mecnicas do ADI so fortemente influenciadas pelo tamanho mdio da clula ferrtica, d, e pelo produto entre o volume de austenita e o teor de carbono, X.C [10,11]. Os valores obtidos para a clula ferrtica esto dentro da faixa obtida por Putatunta [10] para as temperaturas de austmpera utilizadas. Observa-se que os valores dos parmetros d e X.C dos materiais ADI-T1 e ADI-T2 foram muito prximos, confirmando o que o exame da microestrutura e os resultados das propriedades mecnicas indicaram. Conclui-se ento que foram produzidos dois materiais, ADI-T1 e ADI-T2, com microestrutura bastante semelhante tendo como diferena bsica o teor de carbono da austenita, como planejado no procedimento experimental.

    Tabela 3 . Propriedades mecnicas dos materiais aps tratamento trmico de austmpera.

    Propriedade Valores mdios ADI-T1 ADI-T2 Limite de resistncia trao (MPa) 1115,1 1134,5 Limite de escoamento a 0,2% (MPa) 871,6 854,4 Alongamento A (%) 14,0 12,5 Mdulo de elasticidade (GPa) 155,4 153,2 Dureza Rockwell C (HRC) 28,0 28,9 Resistncia ao impacto Charpy (J) 103,8 97,8

    Os valores de da/dN foram determinados pelo mtodo da secante, sendo um dos trs mtodos recomendados pela norma ASTM E 647. As curvas da/dN versus K, obtidas para os trs corpos-de-prova de cada material so apresentadas na figura 3. Segundo Ashok e Muhlstein [12] a disperso dos dados devida ao mtodo utilizado no clculo de da/dN. Observaram-se, em todos os materiais ensaiados, as regies de propagao II e III. A regio II caracterizada por uma relao linear entre log (da/dN) e log (K) e a regio III pelo estgio final da propagao da trinca, quando Kmax aproxima-se de KIc do material.

    1010 20 30 40 50 60 70

    1E-8

    1E-7

    1E-6

    1E-5

    ADI - T1P constante

    CP1 CP2 CP3

    da/d

    N (m

    /cic

    lo)

    K (MPa.m1/2)1010 20 30 40 50 60 70

    1E-8

    1E-7

    1E-6

    1E-5

    ADI - T2P constante

    CP1 CP2 CP3

    da/d

    N (m

    /cic

    lo)

    K (MPa.m1/2)

    Figura 3 . Curvas de propagao de trinca por fadiga . Pcte. = 5,4 kN, R = 0,3.

    Utilizou-se a equao de Paris e Erdogan para prever a taxa de crescimento de trinca na regio II do ADI [2], apresentada na forma logartmica pela equao 1:

    ( ) ( )KmCdNda +=

    logloglog (1)

    onde da/dN a taxa de propagao da trinca; K o fator cclico de intensidade de tenso em MPa.m1/2 e C e m so constantes do material. Os valores de C e m , para K at 36 MPam1/2, tabela 4, foram obtidos atravs de um modelo de regresso entre log (da/dN) e log (K). Os dados obtidos esto dentro da faixa de taxas de propagao para a regio II do ADI, observadas por Greno et al. [2] para temperaturas de austmpera entre 260 e 360C.

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  • Tabela 4 . Estatstica de regresso e valores obtidos para os coeficientes C e os expoentes m da lei de Paris, com intervalo de 95% de confiana. P = 5,4 kN; R = 0,3; Kmax = 36 MPa.m1/2.

    Valores Material ADI T1 ADI T2 Coeficiente C 7,1433E-12 9,7730E-12 Expoente m 3,0753 2,9748 Estatstica de regresso R2 ajustado 0,7184 0,7227 N de dados 1683 1725

    As figuras 4a e 4b apresentam as microfractografias da regio de propagao estvel da trinca, regida pela lei de Paris. Nos dois lotes e ao longo de toda a superfcie da trinca por fadiga, observaram-se estriaes e planos de clivagem, caracterizando o mecanismo de fratura denominado por quase-clivagem (quasi-cleavage) proposto para o ADI [2,11].

    a) ADI-T1, MEV, 500x d) ADI-T1, MEV, 500x Figura 4 . Microfractografias da superfcie de fratura da regio de propagao estvel da trinca por fadiga.

    Os resultados de fadiga por flexo rotativa com amplitude constante a 495 MPa e 585 MPa so apresentados na tabela 5, onde utilizou-se a distribuio de Weibull, apesar do pequeno nmero de amostras. Verificou-se, utilizando-se o teste t com nvel de significncia de 5%, que a vida fadiga do ADI-T2 a 495 MPa foi 53% mais elevada em comparao do material ADI-T1. Pelos dados obtidos no possvel verificar a equivalncia de vida mdia fadiga para a amplitude de tenso de 585 MPa.

    Tabela 5 . Estatstica descritiva dos resultados dos ensaios de fadiga por flexo rotativa, utilizando a distribuio de Weibull.

    Amplitude de tenso Parmetros ADI-T1 ADI-T2

    495 MPa Mdia (ciclos) 136 065,8 208 661,7

    Varincia (ciclos2) 43 343,8 60 894,8 N de dados 8 8

    585 MPa Mdia (ciclos) 48 033,5 56 342,9

    Varincia (ciclos2) 3 631,1 11 236,7 N de dados 8 8

    Como a diferena bsica no processo de obteno para o ADI-T1 e o ADI-T2 o tempo de austmpera, este pode ter levado diminuio da estabilidade da austenita do material ADI-T2 devido ao menor teor de carbono, proporcionando maior susceptibilidade deformao e ou transformao de fase, causando um aumento na vida fadiga. Os resultados confirmam a afirmativa de Lin et al. [6] a respeito do benefcio das tenses residuais sobre a resistncia fadiga de alto ciclo. Estas tenses so provocadas pela deformao da austenita ou pela transformao para martensita.

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  • Os resultados obtidos para a fadiga de alto ciclo para os dois nveis de tenso ensaiados indicam que a influncia da estabilidade da austenita, determinada pelo teor de carbono, preponderante na fase de iniciao da trinca, entretanto no se mostrou significativa na fase de propagao. Os ensaios de propagao de trinca revelaram que as diferenas nas taxas de propagao foram praticamente inexistentes enquanto nos ensaios de fadiga por flexo rotativa a diferena chegou a 53%. Abordagens conjuntas utilizando resultados dos ensaios de propagao de trinca e ensaios de fadiga por alto ciclo foram propostas inicialmente por Branco [13] e recentemente por Pugno et al. [14]. Uma aplicao da abordagem proposta por Branco [13] para o ADI apresentada por Dias [5] utilizando os resultados apresentados neste trabalho. 4. CONCLUSES

    Os ensaios e anlises permitem afirmar que a reduo do tempo de austmpera do ADI a 360C de 1,5 h para 0,6 h, produziu um material com uma austenita menos estvel proporcionando maior resistncia iniciao de trincas por fadiga; por outro lado, no causou nenhuma alterao significativa na taxa de propagao de trinca por fadiga. Os resultados mostram ainda que a influncia da estabilidade da austenita, determinada pelo teor de carbono, preponderante na fase de iniciao da trinca, no tendo, aparentemente, influenciado a fase de propagao. Concluiu-se que a reduo do tempo de austmpera de 1,5 para 0,6 h no diminuiu as propriedades mecnicas e nem a taxa de propagao de trinca, tendo elevado em 50% o tempo necessrio para a nucleao de trincas por fadiga em corpos-de-prova sem entalhe. Este ganho de tempo poder ter importantes aplicaes tecnolgicas, principalmente em peas com detalhes concentradores de tenso. REFERNCIAS

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    AGRADECIMENTOS

    INTERCAST S/A, ao CDTN e ao Laboratrio de Raios-X do DEMET-UFMG pelo apoio e colaborao no procedimento experimental, Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq) pelo apoio financeiro.

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