Info 516 STJ

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    INFORMATIVO esquematizado

    Informativo 516 STJ

    Mrcio Andr Lopes Cavalcante Obs: no foram comentados neste informativo esquematizado os julgados de menor relevncia para concursos pblicos ou aqueles decididos com base em peculiaridades do caso concreto. Caso seja de seu interesse conferi-los, os acrdos excludos esto transcritos no final deste Informativo e foram os seguintes: REsp 1.296.047-PE; REsp 1.321.727-RS; REsp 1.348.823-RS; AgRg no REsp 1.283.707-PB; REsp 1.356.484-DF; REsp 1.336.566-RS; REsp 1.345.613-SC; AgRg no REsp 1.354.650-SP; REsp 1.307.876-SP; AgRg no REsp 1.352.234-PR.

    DIREITO ADMINISTRATIVO

    Licitao (dispensa)

    O art. 24, II, da Lei n. 8.666/93 prev que o administrador pblico no precisa fazer licitao se for para contratar compras ou servios (que no sejam de engenharia) que no ultrapassem

    8 mil reais.

    Se a Administrao Pblica contrata uma empresa privada para organizar um concurso e este contrato prev que a empresa receber 5 mil reais e mais o dinheiro arrecadado com as

    inscries dos candidatos, esta situao no se enquadra no art. 24, II, da Lei.

    Ainda que os valores recolhidos como taxa de inscrio no sejam pblicos, a adequada destinao deles de interesse pblico primrio. Mesmo que a contratao direta de banca

    realizadora de concurso sem licitao no afete o interesse pblico secundrio (direitos patrimoniais da Administrao Pblica), contrria ao interesse pblico primrio, pois a destinao de elevado montante de recursos empresa privada ocorrer sem o processo

    competitivo, violando, dessa maneira, o princpio da isonomia. Comentrios Regra: obrigatoriedade de licitao

    Como regra, a CF/88 impe que a Administrao Pblica somente pode contratar obras, servios, compras e alienaes se realizar uma licitao prvia para escolher o contratante (art. 37, XXI). Exceo: contratao direta nos casos especificados na legislao O inciso XXI afirma que a lei poder especificar casos em que os contratos administrativos podero ser celebrados sem esta prvia licitao. A isso, a doutrina denomina contratao direta. P

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    Resumindo: a regra na Administrao Pblica a contratao precedida de licitao. Contudo, a legislao poder prever casos excepcionais em que ser possvel a contratao direta sem licitao.

    Lei n. 8.666/93 A Lei de Licitaes e Contratos prev trs grupos de situaes em que a contratao ocorrer sem licitao prvia. Trata-se das chamadas licitaes dispensas, dispensveis e inexigveis. Vejamos o quadro comparativo abaixo:

    DISPENSADA DISPENSVEL INEXIGVEL

    Art. 17 Art. 24 Art. 25

    Rol taxativo Rol taxativo Rol exemplificativo

    A lei determina a no realizao da licitao, obrigando a contratao direta.

    A lei autoriza a no realizao da licitao. Mesmo sendo dispensvel, a Administrao pode decidir realizar a licitao (discricionariedade).

    Como a licitao uma disputa, indispensvel que haja pluralidade de objetos e pluralidade de ofertantes para que ela possa ocorrer. Assim, a lei prev alguns casos em que a inexigibilidade se verifica porque h impossibilidade jurdica de competio.

    Ex: alienao de bens imveis provenientes de dao em pagamento.

    Ex: compras at 8.000 reais. Ex: contratao de artista consagrado pela crtica especializada ou pela opinio pblica para fazer o show do aniversrio da cidade.

    Procedimento de justificao Mesmo nas hipteses em que a legislao permite a contratao direta, necessrio que o administrador pblico observe algumas formalidades e instaure um processo administrativo de justificao. Crime Se o administrador pblico...

    Dispensar ou inexigir licitao fora das hipteses previstas em lei; ou

    Deixar de observar as formalidades pertinentes dispensa ou inexigibilidade (as formalidades esto previstas especialmente no art. 26 da Lei).

    ... ele praticar o crime previsto no art. 89 da Lei n. 8.666/93. Licitao dispensvel pelo pequeno valor O julgado analisado trata sobre uma das hipteses de licitao dispensvel, prevista no art. 24, II, da Lei:

    Art. 24. dispensvel a licitao: I - para obras e servios de engenharia de valor at 10% (dez por cento) do limite previsto na alnea "a", do inciso I do artigo anterior, desde que no se refiram a parcelas de uma mesma obra ou servio ou ainda para obras e servios da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente; II - para outros servios e compras de valor at 10% (dez por cento) do limite previsto na alnea "a", do inciso II do artigo anterior e para alienaes, nos casos previstos nesta Lei,

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    desde que no se refiram a parcelas de um mesmo servio, compra ou alienao de maior vulto que possa ser realizada de uma s vez;

    A redao do inciso II um pouco confusa, mas o que ele quer dizer o seguinte: O administrador pblico pode optar por realizar a contratao direta (ou seja, sem licitao), no caso de compras e servios (que no sejam de engenharia) de at 8 mil reais, considerando esse valor globalmente, isto , o valor total do servio ou da compra que possa ser realizada de uma s vez. Caso concreto No caso julgado, a Administrao Pblica municipal contratou a empresa A para realizar um concurso pblico. O contrato previa o seguinte: o Municpio pagaria 4 mil reais para a instituio organizadora e esta tambm teria direito de receber o que fosse arrecadado com as inscries realizadas. Como a Administrao somente pagaria diretamente instituio organizadora o valor de 5 mil reais, o administrador pblico entendeu que esta hiptese se enquadrava no inciso II do

    art. 24 da Lei n. 8.666/93. Por esta razo, contratou a empresa organizadora diretamente, ou seja, sem licitao. A deciso tomada pelo administrador foi correta? NO. Para o STJ, no se amolda hiptese de dispensa de licitao prevista no art. 24, II, da Lei n. 8.666/1993 a situao em que, contratada organizadora para a realizao de concurso pblico por valor inferior ao limite previsto no referido dispositivo, tenha-se verificado que a soma do valor do contrato com o total arrecadado a ttulo de taxa de inscrio supere o limite de dispensa previsto no aludido inciso. No cabe ao intrprete criar novos casos de dispensa, sobretudo porquanto a licitao destinada a garantir a observncia do princpio constitucional da isonomia e a seleo da

    proposta mais vantajosa para a administrao (art. 3 da Lei n. 8.666/93). Nesse contexto, ainda que os valores recolhidos como taxa de inscrio no sejam pblicos, a adequada destinao deles de interesse pblico primrio. Mesmo que a contratao direta de banca realizadora de concurso sem licitao no afete o interesse pblico secundrio (direitos patrimoniais da Administrao Pblica), contrria ao interesse pblico primrio, pois a destinao de elevado montante de recursos empresa privada ocorrer sem o processo competitivo, violando, dessa maneira, o princpio da isonomia.

    Contratao direta de instituio organizadora de concurso com base no art. 24, XIII, da Lei de Licitaes

    Ento, para contratar a Instituio organizadora de um concurso pblico, sempre indispensvel a realizao de licitao? NO. Para a maioria da doutrina e para o TCU, admite-se a contratao direta (sem licitao) de Instituio para realizar concurso pblico desde que ela se enquadre perfeitamente na hiptese prevista no inciso XIII do art. 24 da Lei n. 8.666/93:

    Art. 24. dispensvel a licitao: XIII - na contratao de instituio brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituio dedicada recuperao social do preso, desde que a contratada detenha inquestionvel reputao tico-profissional e no tenha fins lucrativos;

    O Tribunal de Contas da Unio, ao interpretar este inciso XIII, faz algumas exigncias quanto instituio a ser contratada.

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    No voto condutor do Acrdo 569/2005 Plenrio do TCU, firmou-se o entendimento de que a contratao direta com base no art. 24, inciso XIII, da Lei 8.666, de 1993, no suporta toda e qualquer contratao direta de instituio para a realizao de concurso pblico, mas apenas de instituies que atendam os requisitos constantes do prprio texto legal, ou seja: ser brasileira, no ter fins lucrativos, apresentar inquestionvel reputao tico-profissional, ter como objetivo estatutrio-regimental a pesquisa, o ensino ou o desenvolvimento institucional. Alm disso, a instituio deve deter reputao tico-profissional na estrita rea para a qual est sendo contratada (Deciso 908/1999 - Plenrio-TCU) e o objeto contratado deve guardar correlao com o ensino, pesquisa ou o desenvolvimento institucional. A par desses requisitos, o TCU afirma que tambm necessrio que se demonstre a compatibilidade dos preos contratados com os de mercado. Em suma, no pode haver superfaturamento. H uma Smula neste sentido:

    Smula 250-TCU: A contratao de instituio sem fins lucrativos, com dispensa de licitao, com fulcro no art. 24, inciso XIII, da Lei n. 8.666/93, somente admitida nas hipteses em que houver nexo efetivo entre o mencionado dispositivo, a natureza da instituio e o objeto contratado, alm de comprovada a compatibilidade com os preos de mercado.

    Como exemplos de instituies que se enquadram neste inciso e que, portanto, podem, em tese, ser contratadas sem licitao, desde que cumpridos os demais requisitos, citamos o CESPE, a FCC, a ESAF e a FGV.

    Processo Segunda Turma. REsp 1.356.260-SC, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/2/2013.

    Cdigo de Trnsito (infrao de trnsito)

    Se a lei altera uma infrao administrativa de trnsito, tornando-a menos grave, esta lei no ir retroagir para alcanar pessoas que praticaram esta infrao antes da Lei mais favorvel.

    Como no se trata de norma de natureza penal, no h como aplicar a retroatividade da norma mais benfica.

    Assim, a redao dada pela Lei n. 11.334/2006 ao art. 218, III, do CTB (dirigir acima da

    velocidade permitida) no pode ser aplicada s infraes cometidas antes da vigncia daquela lei, ainda que a nova redao seja mais benfica ao infrator do que a anterior. Isso porque o

    art. 218 prev uma infrao administrativa e no penal. Comentrios O trnsito de qualquer natureza nas vias terrestres do territrio nacional, abertas

    circulao, rege-se pelo Cdigo de Trnsito Brasileiro (CTB), que a Lei n. 9.503/97. O CTB prev, dentre outras disposies, infraes de natureza administrativa (infraes de trnsito) e infraes de natureza penal (crimes). Infrao de trnsito a inobservncia dos preceitos administrativos de regulao do trnsito previstos no CTB, na legislao complementar ou em resolues do CONTRAN, sendo o infrator sujeito a penalidades e medidas administrativas. Ex: deixar o condutor ou passageiro de usar o cinto de segurana. Trata-se de infrao grave, estando o condutor sujeito a penalidade de multa e a medida administrativa de reteno do veculo at colocao do cinto (art. 167 do CTB).

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    Pode acontecer tambm de a infrao de trnsito ser tambm uma infrao penal. Ex: dirigir sob a influncia de lcool ou de qualquer outra substncia psicoativa que determine dependncia. Trata-se de infrao de trnsito gravssima que sujeita o infrator a multa e a suspenso do direito de dirigir por 12 meses. Alm disso, como medida administrativa, haver o recolhimento do documento de habilitao e reteno do veculo (art. 165 do CTB). O ato de conduzir veculo automotor com capacidade psicomotora alterada em razo da influncia de lcool ou de outra substncia psicoativa que determine dependncia tambm considerada crime, cuja pena de deteno, de 6 meses a 3 anos, multa e suspenso ou proibio de se obter a permisso ou a habilitao para dirigir veculo automotor (art. 306 do CTB). Transitar em velocidade superior mxima permitida Conduzir o veculo em velocidade superior mxima permitida para o local uma infrao

    de trnsito prevista no art. 218 do CTB. Este art. 218 foi alterado recentemente pela Lei n. 11.334/2006. Imagine agora a seguinte situao hipottica: Joo, em 2005, conduziu seu veculo em velocidade superior mxima permitida para o local, praticando a infrao prevista no art. 218 do CTB. O infrator recorreu administrativamente contra a penalidade imposta e, antes que fosse

    julgado seu recurso, entrou em vigor a Lei n. 11.334/2006.

    Diante disso, Joo alegou que a alterao promovida pela Lei n. 11.334/2006 era mais benfica a ele que a redao anterior. Logo, afirmava que a modificao implementada pela nova Lei deveria ser aplicada, retroativamente, ao fato por ele praticado. Em suma, pedia a

    aplicao retroativa da Lei n. 11.334/2006 sob o argumento de que se tratava de novatio legis in mellius. Esta tese foi aceita?

    NO. Para o STJ, a redao dada pela Lei n. 11.334/2006 ao art. 218, III, do CTB no pode ser aplicada s infraes cometidas antes da vigncia daquela lei, ainda que a nova redao seja mais benfica ao infrator do que a anterior. A regra constante no art. 218, III, do Cdigo de Trnsito Brasileiro CTB diz respeito infrao que no esteja tipificada como crime, mas apenas como infrao de cunho administrativo consistente na direo em velocidade superior mxima permitida. Assim, como no se trata de norma de natureza penal, no h como aplicar a retroatividade da norma mais benfica. Vigora, no caso, o princpio do tempus regit actum.

    Processo Segunda Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1.281.027-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 18/12/2012.

    Cdigo de Trnsito (permisso para dirigir)

    A pessoa que foi aprovada nos exames do DETRAN para conduo de veculos recebe inicialmente uma permisso para dirigir, com validade de 1 ano. Somente ao final deste perodo, ela ir receber a Carteira Nacional de Habilitao, desde que no tenha cometido

    nenhuma infrao de natureza grave ou gravssima ou seja reincidente em infrao mdia (art. 148, 3, do CTB).

    Segundo a jurisprudncia do STJ, possvel a expedio de CNH definitiva a motorista que comete infrao do art. 233 do CTB, tipificada como grave. Isso porque a interpretao

    teleolgica do art. 148, 3, do CTB conduz ao entendimento de que o legislador, ao vedar a

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    concesso da Carteira de Habilitao ao condutor que cometesse infrao de trnsito de natureza grave, quis preservar os objetivos bsicos do Sistema Nacional de Trnsito, em

    especial a segurana e educao para o trnsito. Desse modo, no razovel impedir o autor de obter a habilitao definitiva em razo de falta administrativa que nada tem a ver com a segurana do trnsito (deixar de efetuar o registro da

    propriedade do veculo no prazo de trinta dias) e nenhum risco impe coletividade. Comentrios Imagine a seguinte situao hipottica:

    Eduardo completou 18 anos e submeteu-se a todos os exames exigidos pelo DETRAN, sendo devidamente aprovado. Com isso, Eduardo recebeu uma permisso para dirigir, com validade de 1 ano. Segundo o CTB, Eduardo somente receber a Carteira Nacional de Habilitao (CNH) aps este perodo de 1 ano e desde que ele no tenha cometido nenhuma infrao de natureza grave ou gravssima ou seja reincidente em infrao mdia (art. 148, 3). Caso Eduardo pratique falta grave ou gravssima ou ento seja reincidente em infrao mdia, ele no receber a CNH e ter que se submeter a um novo processo de habilitao, com novos exames (art. 148, 4). O que aconteceu com Eduardo foi o seguinte: Durante o perodo em que estava apenas com a permisso para dirigir, Eduardo praticou a infrao administrativa prevista no art. 233 do CTB:

    Art. 233. Deixar de efetuar o registro de veculo no prazo de trinta dias, junto ao rgo executivo de trnsito, ocorridas as hipteses previstas no art. 123: Infrao - grave; Penalidade - multa; Medida administrativa - reteno do veculo para regularizao.

    Logo, Eduardo praticou uma infrao grave. Como ele ainda estava no perodo da permisso de dirigir de 1 ano, a consequncia prevista no CTB que ele no tem direito de receber a CNH e ter que se submeter a novo processo de habilitao (art. 148, 4). Eduardo no se conformou com isso e contratou voc, como advogado, para dar um jeito na situao. O que poder ser alegado em favor de Eduardo? Voc, como advogado, poder alegar que, embora o art. 233 do CTB seja uma infrao de natureza grave, ela no serve como bice expedio da habilitao definitiva, j que se trata de infrao cometida na qualidade de proprietrio do veculo, e no de condutor. Assim, embora cometida falta grave durante a vigncia da habilitao provisria, esta no se refere condio de condutor, sendo insuficiente a demonstrar que o infrator no tenha aptido para conduzir veculos. Segundo a jurisprudncia do STJ (REsp 980851/RS), possvel a expedio de Carteira Nacional de Habilitao definitiva a motorista que comete infrao do art. 233 do CTB, tipificada como grave. A interpretao teleolgica do art. 148, 3, do CTB conduz ao entendimento de que o legislador, ao vedar a concesso da Carteira de Habilitao ao condutor que cometesse infrao de trnsito de natureza grave, quis preservar os objetivos bsicos do Sistema Nacional de Trnsito, em especial a segurana e educao para o trnsito, estabelecidos no inciso I do art. 6 do CTB. Desse modo, no razovel impedir o autor de obter a habilitao definitiva em razo de falta administrativa que nada tem a ver com a segurana do trnsito (deixar de efetuar o registro da propriedade do veculo no prazo de trinta dias) e nenhum risco impe coletividade.

    Processo Segunda Turma. AgRg no AREsp 262.219-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 7/2/2013.

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    DIREITO CIVIL

    Direito imagem

    O uso no autorizado da imagem de atleta em cartaz de propaganda de evento esportivo, ainda que sem finalidade lucrativa ou comercial, enseja reparao por danos morais,

    independentemente da comprovao de prejuzo. A obrigao da reparao pelo uso no autorizado de imagem decorre da prpria utilizao

    indevida do direito personalssimo. Assim, a anlise da existncia de finalidade comercial ou econmica no uso irrelevante.

    O dano, por sua vez, conforme a jurisprudncia do STJ, apresenta-se in re ipsa, sendo desnecessria, portanto, a demonstrao de prejuzo para a sua aferio.

    Comentrios Vamos aproveitar este julgado para uma breve reviso sobre alguns entendimentos do STJ sobre o direito imagem: Direito personalssimo Para o Min. Sidnei Beneti, o direito imagem consiste em direito personalssimo e assegura a qualquer pessoa a oposio da divulgao da sua imagem em circunstncias relacionadas sua vida privada e intimidade (REsp 1.235.926-SP, julgado em 15/3/2012). Em regra, no se pode utilizar a imagem de outra pessoa O direito imagem, consagrado pela CF/88 (art. 5, V e X), de uso restrito, somente sendo possvel sua utilizao por terceiro quando: expressamente autorizado pelo titular (nos limites da finalidade e das condies

    contratadas); ou se for necessria administrao da justia ou manuteno da ordem pblica. Cdigo Civil:

    Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessrias administrao da justia ou manuteno da ordem pblica, a divulgao de escritos, a transmisso da palavra, ou a publicao, a exposio ou a utilizao da imagem de uma pessoa podero ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuzo da indenizao que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. Pargrafo nico. Em se tratando de morto ou de ausente, so partes legtimas para requerer essa proteo o cnjuge, os ascendentes ou os descendentes.

    Utilizao da imagem da pessoa com fins econmicos ou comerciais Vale reiterar que, se a utilizao da imagem da pessoa ocorreu com fins econmicos ou comerciais, o prejuzo ser presumido:

    Smula 403-STJ: Independe de prova do prejuzo a indenizao pela publicao no autorizada da imagem de pessoa com fins econmicos ou comerciais.

    Existe ofensa mesmo que a veiculao no tenha carter vexatrio A ofensa ao direito imagem materializa-se com a mera utilizao da imagem sem autorizao, ainda que no tenha carter vexatrio ou que no viole a honra ou a intimidade da pessoa, e desde que o contedo exibido seja capaz de individualizar o ofendido. A obrigao de reparao decorre do prprio uso indevido do direito personalssimo, no sendo devido exigir-se a prova da existncia de prejuzo ou dano. O dano a prpria utilizao indevida da imagem. STJ. REsp 794.586/RJ, Rel. Min. Raul Arajo, Quarta Turma, julgado em 15/03/2012.

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    Imagem de multido, de pessoa famosa ou ocupante de cargo pblico Para o STJ, tratando-se de imagem de multido, de pessoa famosa ou ocupante de cargo pblico, deve ser ponderado se, dadas as circunstncias do caso concreto, a exposio da imagem ofensiva privacidade ou intimidade do retratado, o que poderia ensejar algum dano patrimonial ou extrapatrimonial. H, nessas hipteses, em regra, presuno de consentimento do uso da imagem, desde que preservada a vida privada. Nesse sentido, no h violao ao direito imagem no caso em que foi utilizada fotografia de magistrado (pessoa ocupante de cargo pblico de notria importncia social) para ilustrar MATRIA JORNALSTICA pertinente, sem invaso da vida privada do retratado STJ. 4 Turma. REsp 801.109/DF, Rel. Min. Raul Arajo, julgado em 12/06/2012. Ainda que se trate de pessoa pblica, o uso no autorizado da sua imagem, com fins exclusivamente econmicos e publicitrios, gera danos morais. Assim, a obrigao de indenizar, tratando-se de direito imagem, decorre do prprio uso indevido desse direito, no sendo necessrio provar a existncia de prejuzo. Trata-se de dano in re ipsa (STJ. 3 Turma. REsp 1.102.756-SP, Rel. Min. Nancy Andrigui, julgado em 20/11/2012). Resumindo. Utilizao, sem autorizao, da imagem de pessoa pblica:

    Para ilustrar matria jornalstica: em regra, no haver dano moral.

    Para fins econmicos: haver dano moral (mesmo sem prova do prejuzo).

    Para fins publicitrios: haver dano moral (mesmo sem prova do prejuzo). Desse modo, o STJ decidiu que o uso no autorizado da imagem de atleta em cartaz de propaganda de evento esportivo, ainda que sem finalidade lucrativa ou comercial, enseja reparao por danos morais, independentemente da comprovao de prejuzo. A obrigao da reparao pelo uso no autorizado de imagem decorre da prpria utilizao indevida do direito personalssimo. Assim, a anlise da existncia de finalidade comercial ou econmica no uso irrelevante. O dano, por sua vez, conforme a jurisprudncia do STJ, apresenta-se in re ipsa, sendo desnecessria, portanto, a demonstrao de prejuzo para a sua aferio (REsp 299.832-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, julgado em 21/2/2013).

    Processo Terceira Turma. REsp 299.832-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, julgado em 21/2/2013.

    Alimentos

    Se os alimentos definitivos forem fixados em valor inferior aos alimentos provisrios, o alimentante (ru) no ter direito de pleitear o que foi pago a maior, tendo em vista que a

    verba alimentar irrepetvel.

    Se os alimentos definitivos forem fixados em valor SUPERIOR aos alimentos provisrios, esse valor final ter efeito retroativo (Lei 5.478/68, art. 13, 2), permitindo-se ao alimentando

    (autor) pleitear o pagamento da diferena verificada. Comentrios Bruno, representado por sua me, ingressou com ao de alimentos contra Benedito, seu pai.

    O juiz, ao despachar a petio inicial determinando a citao do pai, j fixou os alimentos provisrios em 2.000 reais. Na sentena, proferida seis meses aps a deciso, o juiz arbitrou os alimentos definitivos em 3.000 reais.

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    Como se percebe, o valor fixado para os alimentos definitivos foi maior que os alimentos provisrios (recebidos durante 6 meses). Bruno poder cobrar a diferena de 1.000 reais verificada nestes 6 meses (6.000 reais)? SIM. Segundo decidiu a 3 Turma do STJ, se os alimentos definitivos forem fixados em valor superior ao dos provisrios, poder haver a cobrana retroativa da diferena verificada entre eles. Qual o fundamento para esta cobrana retroativa?

    O 2 do art. 13 da Lei de Alimentos (Lei n. 5.478/68):

    Art. 13 (...) 2. Em qualquer caso, os alimentos fixados retroagem data da citao.

    Este dispositivo tem sido aplicado pelo STJ? Depende:

    Se os alimentos definitivos so fixados em valor inferior ao dos provisrios: a jurisprudncia majoritria do STJ no aplica este dispositivo considerando que a verba alimentar irrepetvel, de forma que o alimentante (ru) no tem direito de cobrar o que pagou a maior.

    Se os alimentos definitivos so fixados em valor superior ao dos provisrios: o STJ aplica este dispositivo permitindo que o alimentando (autor) possa cobrar, retroativamente, a diferena verificada.

    Processo Terceira Turma. REsp 1.318.844-PR, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 7/3/2013.

    DIREITO DO CONSUMIDOR

    ACP ajuizada pelo MP para questionar informaes em cadastro de inadimplentes

    O Ministrio Pblico tem legitimidade para ajuizar ACP com o objetivo de impedir que as empresas incluam no cadastro de inadimplentes os consumidores em dbito que estejam

    discutindo judicialmente a dvida. Trata-se da defesa de direitos individuais homogneos de consumidores, havendo interesse

    social (relevncia social) no caso. Comentrios Maiores informaes, vide explicao no item sobre Direito Processual Civil.

    Processo Terceira Turma. REsp 1.148.179-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/2/2013.

    DIREITO PROCESSUAL CIVIL

    Competncia (restituio de indbito relacionada com tarifa de energia eltrica Justia Estadual)

    de competncia da JUSTIA ESTADUAL a ao de restituio de indbito proposta contra a concessionria de energia eltrica por causa de um aumento ilegal da tarifa de energia. Isso

    porque, a princpio, no h nenhum interesse da Unio ou da Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL) que justifique que elas figurem no polo passivo desta demanda.

    Comentrios A empresa privada A ajuizou, contra a concessionria de energia eltrica (sociedade de economia mista federal), ao de repetio cobrando o valor pago a maior das tarifas de energia em virtude de ter sido constatado um erro na metodologia do clculo.

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    A Unio ou a ANEEL (autarquia federal) devero figurar no polo passivo desta demanda? NO. A jurisprudncia do STJ consolidou-se no sentido de que, na ao envolvendo restituio de valores indevidamente cobrados aos usurios do servio de fornecimento de energia eltrica, a Unio e/ou a ANEEL no detm legitimidade passiva, devendo figurar no polo passivo somente a concessionria do servio pblico. Como nem a Unio nem a ANEEL figuram no polo passivo da demanda, esta dever ser proposta na Justia Estadual. O fato de a concessionrio do servio de energia eltrica ser uma sociedade de economia mista federal no desloca a competncia para a Justia Federal? NO. As sociedades de economia mista, ainda que mantidas pela Unio, no so julgadas pela Justia Federal. Houve uma opo do constituinte de no incluir tais empresas estatais no rol do art. 109 da CF/88. Sobre esse tema existem trs enunciados de smula do STF: Smula 508-STF: Compete justia estadual, em ambas as instncias, processar e julgar as causas em que for parte o Banco do Brasil, S.A. Smula 517-STF: As sociedades de economia mista s tem foro na justia federal, quando a Unio intervm como assistente ou opoente. Smula 556-STF: competente a justia comum para julgar as causas em que parte sociedade de economia mista.

    Processo Segunda Turma. AgRg no REsp 1.307.041-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 18/12/2012.

    Prova documental

    Como regra, os documentos devem ser juntados aos autos juntamente com a petio inicial (no caso do autor) ou com a resposta (no caso do ru). A jurisprudncia do STJ admite a juntada de documentos novos aps a petio inicial e a contestao mesmo em situaes no previstas na lei desde que: (i) no se trate de documento indispensvel propositura da ao; (ii) no haja m f na ocultao do documento; (iii) seja ouvida a parte contrria (art. 398 do CPC). No caso julgado, o STJ afirmou que a mera declarao do juiz de que a prova documental intempestiva e, por isso, deve ser desentranhada dos autos no capaz de, por si s, impedir o conhecimento da referida prova pelo Tribunal, no julgamento de recurso, tendo em vista a maior amplitude, no processo civil moderno, dos poderes instrutrios do juiz, ao qual cabe determinar, at mesmo de ofcio, a produo de provas necessrias instruo do processo (art. 130 do CPC). Assim, se a prova permaneceu nos autos mesmo tendo sido declarada intempestiva pelo juiz de 1 instncia, poder o Tribunal analisar esta prova para fundamentar seu veredicto. Comentrios Qual o momento para que as partes produzam a prova documental?

    Em outros termos, em qual momento a parte dever juntar aos autos os documentos destinados a provar suas alegaes? Regra: como regra, os documentos devem ser juntados aos autos juntamente com a petio inicial (no caso do autor) ou com a resposta (no caso do ru). Esta regra est prevista no art. 396 do CPC.

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    Excees: O art. 397 do CPC prev expressamente duas excees a essa regra. Assim, lcito s partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos: a) quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados; ou b) para contrap-los aos que foram produzidos nos autos. A jurisprudncia do STJ amplia estas hipteses e afirma que admitida a juntada de documentos novos aps a petio inicial e a contestao mesmo em situaes no previstas na lei desde que: (i) no se trate de documento indispensvel propositura da ao; (ii) no haja m f na ocultao do documento; (iii) seja ouvida a parte contrria (art. 398 do CPC). Para o STJ, a apresentao de prova documental admissvel inclusive na fase recursal, desde que no caracterizada a m-f e observado o contraditrio (REsp 888.467/SP, Rel. p/ Acrdo Min. Luis Felipe Salomo, Quarta Turma, julgado em 01/09/2011).

    Art. 398. Sempre que uma das partes requerer a juntada de documento aos autos, o juiz ouvir, a seu respeito, a outra, no prazo de 5 (cinco) dias.

    Caso julgado pelo STJ: No caso julgado, o STJ afirmou que a mera declarao do juiz de que a prova documental intempestiva e, por isso, deve ser desentranhada dos autos no capaz de, por si s, impedir o conhecimento da referida prova pelo Tribunal, no julgamento de recurso, tendo em vista a maior amplitude, no processo civil moderno, dos poderes instrutrios do juiz, ao qual cabe determinar, at mesmo de ofcio, a produo de provas necessrias instruo do processo (art. 130 do CPC). Assim, se a prova permaneceu nos autos mesmo tendo sido declarada intempestiva pelo juiz de 1 instncia, poder o Tribunal analisar esta prova para fundamentar seu veredicto.

    Processo Quarta Turma. REsp 1.072.276-RN, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 21/2/2013.

    Fazenda Pblica e pagamento de emolumentos cartorrios

    A Fazenda Pblica no isenta do pagamento de emolumentos cartorrios, havendo, apenas, o diferimento deste para o final do processo, quando dever ser suportado pelo vencido.

    Comentrios Despesas processuais Conceito Despesas processuais so todos os gastos necessrios que tm que ser realizados pelos participantes no processo para que este se instaure, desenvolva e chegue ao final. Espcies de despesas processuais (Leonardo Cunha) Segundo Leonardo da Cunha, a expresso despesas processuais o gnero, abrangendo trs espcies: a) Custas: taxa paga como forma de contraprestao pelo servio jurisdicional que

    prestado pelo Estado-juiz; b) Emolumentos: taxa paga pelo usurio do servio como contraprestao pelos atos

    praticados pela serventia (cartrio) no estatizada (as serventias no estatizadas no so remuneradas pelos cofres pblicos, mas sim pelas partes);

    c) Despesas em sentido estrito: valor pago para remunerar profissionais que so convocados pela Justia para auxiliar nas atividades inerentes prestao jurisdicional.

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    Exs: honorrios do perito, despesas com o transporte do Oficial de justia prestado por terceiros (ex: empresa de nibus, txi etc.).

    Pagamento das despesas processuais Regra geral: Em regra, cabe parte prover (custear) as despesas dos atos que realizarem ou requererem no processo, antecipando o pagamento do valor devido por ocasio de cada ato processual (art. 19, caput e 1 do CPC). Se, ao final do processo, esta parte que antecipou o pagamento for vencedora, ela ser ressarcida das despesas pela parte vencida (art. 20). Fazenda Pblica e pagamento de custas e emolumentos: ressarcidas ao final, se vencida A Fazenda Pblica somente ir efetuar o dispndio da importncia concernente a custas e emolumentos, na eventualidade de quedar vencida ou derrotada na demanda. (...) Nesse caso, a Fazenda Pblica no vai arcar com o pagamento das custas, pois estaria a pagar a si prpria, caracterizando a confuso como causa de extino das obrigaes. Na realidade, a Fazenda Pblica, em sendo vencida, ir reembolsar ou restituir ao seu adversrio, que a parte vencedora, o quantum por ele gasto com as custas e emolumentos judiciais. (A Fazenda Pblica em juzo. So Paulo: Dialtica, 2010, p. 124). Esta regra est prevista no art. 27 do CPC e no art. 39 da Lei de Execues Fiscais:

    Art. 27. As despesas dos atos processuais, efetuados a requerimento do Ministrio Pblico ou da Fazenda Pblica, sero pagas a final pelo vencido. Art. 39. A Fazenda Pblica no est sujeita ao pagamento de custas e emolumentos. A prtica dos atos judiciais de seu interesse independer de preparo ou de prvio depsito. Pargrafo nico. Se vencida, a Fazenda Pblica ressarcir o valor das despesas feitas pela parte contrria.

    Neste julgado, o STJ, reiterando sua jurisprudncia, afirmou que a Fazenda Pblica no isenta do pagamento de emolumentos cartorrios. O que o art. 27 do CPC e o art. 39 da LEF preveem que ela somente ir pagar tais emolumentos ao final do processo e somente no caso de ser vencida na demanda. Fazenda Pblica e despesas em sentido estrito: devem ser adiantadas As despesas em sentido estrito (exs: honorrios do perito, transporte do Oficial de justia) no esto abrangidas pela exceo do art. 27 do CPC. Em outras palavras, as despesas em sentido estrito devem ser adiantadas pela Fazenda Pblica (e no pagas apenas ao final):

    Smula 190-STJ: Na execuo fiscal, processada perante a Justia Estadual, cumpre Fazenda Pblica antecipar o numerrio destinado ao custeio das despesas com o transporte dos oficiais de justia. Smula 232-STJ: A Fazenda Pblica, quando parte no processo, fica sujeita exigncia do depsito prvio dos honorrios do perito.

    As despesas em sentido estrito no podem ser isentas ou deixadas para serem pagas ao final porque elas constituem remunerao devida a particulares que no integram o Poder Judicirio, no podendo ser dispensadas, sob pena de violao ao direito de propriedade.

    Iseno das custas na Justia Federal

    A Lei n. 9.289/96 dispe sobre as custas devidas Unio nos processos que tramitem na Justia Federal de 1 e 2 instncias. Em seu art. 4, essa Lei prev uma lista de entes que so isentos do pagamento das custas nos processos da Justia Federal.

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    Art. 4 So isentos de pagamento de custas: I - a Unio, os Estados, os Municpios, os Territrios Federais, o Distrito Federal e as respectivas autarquias e fundaes; II - os que provarem insuficincia de recursos e os beneficirios da assistncia judiciria gratuita; III - o Ministrio Pblico; IV - os autores nas aes populares, nas aes civis pblicas e nas aes coletivas de que trata o Cdigo de Defesa do Consumidor, ressalvada a hiptese de litigncia de m-f. Pargrafo nico. A iseno prevista neste artigo no alcana as entidades fiscalizadoras do exerccio profissional, nem exime as pessoas jurdicas referidas no inciso I da obrigao de reembolsar as despesas judiciais feitas pela parte vencedora.

    Assim, na hiptese de qualquer Fazenda Pblica (federal, estadual ou municipal) litigar na Justia Federal, ela ser isenta do pagamento de custas.

    O INSS isento de custas?

    Em regra, se a Fazenda Pblica federal estiver na lide, a competncia ser da Justia Federal (art. 109, I, da CF/88). A situao do INSS peculiar porque este, mesmo sendo uma autarquia federal, pode ser demandado na Justia Estadual, no foro do domiclio dos segurados ou beneficirios, quando a comarca no for sede de vara federal (art. 109, 3). Em suma, o INSS pode ser parte tanto em processos na Justia Estadual como Federal. Diante deste cenrio, indaga-se: o INSS tambm isento do pagamento de custas?

    Se estiver litigando na Justia Federal: SIM

    Se estiver litigando na Justia Estadual: NO

    Lei n. 9.289/96: Art. 4 So isentos de pagamento de custas: I - a Unio, os Estados, os Municpios, os Territrios Federais, o Distrito Federal e as respectivas autarquias e fundaes;

    Smula 178 do STJ: O INSS no goza de iseno do pagamento de custas e emolumentos, nas aes acidentrias e de benefcios propostas na Justia Estadual.

    Isso ocorre porque as custas e emolumentos possuem natureza jurdica de taxa. As custas da Justia Estadual so taxas estaduais; logo, somente uma lei estadual poderia isentar o INSS do pagamento dessa taxa, no podendo uma lei federal prever essa iseno (art. 151, III, da CF/88).

    Justamente por isso, o 1 do art. 1, da

    Lei n. 9.289/96 prev o seguinte: Art. 1 (...) 1 Rege-se pela legislao estadual respectiva a cobrana de custas nas causas ajuizadas perante a Justia Estadual, no exerccio da jurisdio federal.

    O INSS goza do benefcio previsto no art. 27 do CPC?

    Preparo consiste no pagamento das despesas relacionadas com o processamento do recurso. Logo, o depsito do preparo do recurso uma espcie de despesa processual. O CPC afirma que a parte que est recorrente da deciso precisa comprovar o preparo no momento da interposio do recurso (art. 511).

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    Desse modo, em regra, o preparo (recolhimento do valor) deve ser feito antes da interposio do recurso e, junto com o recurso interposto, o recorrente deve juntar o comprovante do pagamento. Como se trata de despesa processual, a Fazenda Pblica somente obrigada a pagar o valor do preparo, ao final, se vencida (art. 27 do CPC). Logo, a Fazenda Pblica no precisa fazer o depsito prvio do preparo para recorrer. Em 2012, foi editada a Smula 483 do STJ deixando claro que o INSS tambm goza desta prerrogativa:

    Smula 483-STJ: O INSS no est obrigado a efetuar depsito prvio do preparo por gozar das prerrogativas e privilgios da Fazenda Pblica.

    Em outras palavras, a smula em questo afirma que se aplica ao INSS o art. 27 do CPC e o

    art. 1A da Lei n. 9.494/97: Cdigo de Processo Civil:

    Art. 27. As despesas dos atos processuais, efetuados a requerimento do Ministrio Pblico ou da Fazenda Pblica, sero pagas a final pelo vencido.

    Lei n. 9.494/97:

    Art. 1-A. Esto dispensadas de depsito prvio, para interposio de recurso, as pessoas jurdicas de direito pblico federais, estaduais, distritais e municipais.

    E o INSS equiparado Fazenda Pblica? SIM, conforme j dito, o INSS uma autarquia federal, portanto, est englobada dentro do conceito de Fazenda Pblica.

    Para que no houvesse qualquer dvida, o legislador foi expresso na Lei n. 8.620/93:

    Art. 8 O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), nas causas em que seja interessado na condio de autor, ru, assistente ou opoente, gozar das mesmas prerrogativas e privilgios assegurados Fazenda Pblica, inclusive quanto inalienabilidade e impenhorabilidade de seus bens. 1 O INSS isento do pagamento de custas, traslados, preparos, certides, registros, averbaes e quaisquer outros emolumentos, nas causas em que seja interessado na condies de autor, ru, assistente ou opoente, inclusive nas aes de natureza trabalhista, acidentria e de benefcios. 2 O INSS antecipar os honorrios periciais nas aes de acidente do trabalho.

    Em suma, entende o STJ o seguinte: Sendo o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS autarquia federal equiparada em prerrogativas e privilgios Fazenda Pblica, nos termos do artigo 8 da Lei n 8.620/93, no lhe exigvel o depsito prvio do preparo para fins de interposio de recurso, podendo efetu-lo ao final da demanda, se vencido (Cdigo de Processo Civil, artigo 27). (REsp 1101727/PR, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, Corte Especial, julgado em 02/08/2010). A fim de que no houvesse divergncia nas instncias inferiores sobre o tema, foi editada a referida smula.

    Tema polmico

    Os entendimentos acima expostos so os majoritrios, baseados na jurisprudncia do STJ. No entanto, no se trata de tema pacfico, havendo posies em sentido diverso. Nesse sentido, pode ser cobrado do candidato, em uma prova objetiva, a redao literal do art.

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    24-A da Lei n. 9.028/95, devendo ser assinalado este item como correto: Art. 24-A. A Unio, suas autarquias e fundaes, so isentas de custas e emolumentos e demais taxas judicirias, bem como de depsito prvio e multa em ao rescisria, em quaisquer foros e instncias.

    Processo Primeira Turma. AgRg no REsp 1.276.844-RS, Rel. Min. Napoleo Nunes Maia Filho, julgado em 5/2/2013.

    Cumprimento de sentena (multa do art. 475-J do CPC)

    Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou j fixada em liquidao, no faa a quitao no prazo de 15 dias aps ser intimado para isso, o montante da condenao ser

    acrescido de multa no percentual de 10%.

    Alm disso, passado este prazo, o credor poder requerer a expedio de mandado para que sejam penhorados e avaliados os bens do devedor para satisfao do crdito (neste momento,

    inicia-se a execuo forada do ttulo, diante do no cumprimento espontneo).

    Se o devedor efetua o pagamento aps ter se passado este prazo de 15 dias, dever incidir a multa de 10%, ainda que ele pague antes do credor requerer a expedio do mandado de

    penhora (incio da execuo forada).

    Em outras palavras, o pagamento extemporneo da condenao imposta em sentena transitada em julgado enseja, por si s, a incidncia da multa do art. 475-J, caput, do CPC, ainda

    que espontneo e anterior ao incio da execuo forada. Comentrios Veja a seguinte situao hipottica:

    A ajuza uma ao de cobrana contra B. O juiz julga a sentena procedente, condenando B a pagar 1 milho de reais a A. B perdeu o prazo para a apelao, de modo que ocorreu o trnsito em julgado. O que acontece agora? A ter que ingressar com uma petio em juzo requerendo o cumprimento da sentena. O incio da fase de cumprimento da sentena pode ser feito de ofcio pelo juiz? No. O cumprimento da sentena no se efetiva de forma automtica, ou seja, logo aps o trnsito em julgado da deciso. Cabe ao credor o exerccio de atos para o regular cumprimento da deciso condenatria, especialmente requerer ao juzo que d cincia ao devedor sobre o montante apurado, consoante memria de clculo discriminada e atualizada (STJ REsp 940274/MS). Em outras palavras, o incio da fase de cumprimento da sentena exige um requerimento do credor. A partir do requerimento do credor, o que faz o juiz? O juiz determina a intimao do devedor para pagar a quantia em um prazo mximo de 15 dias, sob pena do valor da condenao ser acrescido de multa de 10%, conforme o art. 475-J. Esse prazo de 15 dias, previsto no art. 475-J, contado a partir de quando? A multa de 10% prevista no artigo 475-J do CPC depende de intimao prvia do devedor, ainda que na pessoa de seu patrono. No basta que o devedor j tenha sido intimado anteriormente da sentena que o condenou. Para comear o prazo de 15 dias para pagamento, necessria nova intimao.

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    A intimao para que o devedor pague, nos termos do art. 475-J, precisa ser pessoal (ou seja, para o prprio devedor) ou pode ser feita no nome de seu advogado por meio de publicao na imprensa oficial? No precisa haver intimao pessoal. A intimao pode ser realizada na pessoa do advogado do devedor, por meio da publicao na imprensa oficial. Se o devedor condenado intimado para pagar e no efetua o pagamento no prazo de 15 dias, o que acontecer em seguida? 1) o montante da condenao ser automaticamente acrescido de multa de 10%; 2) o credor dever formular petio ao juiz apresentando o demonstrativo do dbito

    atualizado e requerendo a expedio de mandado para que sejam penhorados e avaliados os bens do devedor para satisfao do crdito. Neste momento, inicia-se a execuo forada do ttulo, diante do no cumprimento espontneo.

    Imagine agora a seguinte situao julgada pelo STJ: Aps o trnsito em julgado, o devedor foi intimado para pagar a quantia no prazo de 15 dias, sob pena de multa de 10%. No 16 dia do prazo, o devedor efetuou o pagamento extemporneo do valor pelo qual foi condenado (sem incluir a multa de 10%). Vale ressaltar que o devedor realizou o pagamento antes que o credor tivesse requerido a expedio de mandado de penhora, ou seja, antes do incio da execuo forada. O magistrado, sob o argumento de que o devedor efetuou o pagamento em prazo razovel e que no ops resistncia ao cumprimento da sentena, relevou a multa de 10% prevista no art. 475-J, mesmo tendo a quitao ocorrido depois do 15 dia. Para o STJ, agiu corretamente o magistrado? NO. O pagamento extemporneo da condenao imposta em sentena transitada em julgado enseja, por si s, a incidncia da multa do art. 475-J, caput, do CPC, ainda que espontneo e anterior ao incio da execuo forada. Assim, passados os 15 dias sem que o devedor pague o dbito, incidir automaticamente a multa de 10%. Para o STJ, o esgotamento do prazo previsto no art. 475-J do CPC tem consequncias essencialmente materiais, pois atinge o prprio crdito cobrado. Com a fluncia do perodo para o pagamento, o valor do ttulo se altera, no podendo o juiz atingir o prprio direito material do credor, que foi acrescido com a multa, assim como o seria com a incidncia de juros, correo monetria ou outros encargos. Portanto, a pura fluncia do prazo desencadeia as consequncias legais. Alm disso, ainda que a execuo seja, de fato, uma faculdade do credor, o cumprimento da condenao prevista no ttulo uma obrigao do devedor. Desta feita, certamente, a incidncia da multa do art. 475-J do CPC no est vinculada ao efetivo exerccio de um direito pelo credor, mas ao descumprimento de uma obrigao imposta ao devedor. Pouco importa se o credor deu incio ou no execuo, ou seja, se exerceu seu direito. O relevante saber se o devedor cumpriu ou no sua obrigao no modo e tempo impostos pelo ttulo e pela lei.

    Processo Quarta Turma. REsp 1.205.228-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 21/2/2013.

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    Execuo provisria e inexistncia de honorrios

    cabvel a condenao em honorrios advocatcios no cumprimento de sentena quando esta se encontra ainda na fase de execuo provisria?

    1 corrente: SIM. Posio da 3 Turma do STJ. 2 corrente: NO. Posio da 4 Turma do STJ.

    Comentrios cabvel a condenao em honorrios advocatcios no cumprimento de sentena quando

    esta se encontra ainda na fase de execuo provisria?

    SIM (3 Turma do STJ) NO (4 Turma do STJ)

    cabvel o arbitramento de honorrios advocatcios na fase de cumprimento da sentena com base no art. 20, 4 do CPC: 4 Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimvel, naquelas em que no houver condenao ou for vencida a Fazenda Pblica, e nas execues, embargadas ou no, os honorrios sero fixados consoante apreciao eqitativa do juiz, atendidas as normas das alneas a, b e c do pargrafo anterior.

    A execuo provisria, por expressa dico legal, corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exequente (art. 475-O, inciso I, do CPC). A execuo provisria se d quando ainda est pendente recurso sem efeito suspensivo (art. 475-I, 1, do CPC). Desse modo, a instaurao da execuo provisria uma mera opo do credor, que poderia no ter iniciado a medida aguardando o trnsito em julgado. Logo, descabe, nesse momento processual, o arbitramento de honorrios em favor do exequente. Posteriormente, convertendo-se a execuo provisria em definitiva, nada impede que o magistrado proceda ao arbitramento dos honorrios advocatcios, sempre franqueando ao devedor, com precedncia, a possibilidade de cumprir, voluntria e tempestivamente, a condenao imposta e tambm elidir a multa prevista no art. 475-J, CPC.

    3 Turma. AgRg no AREsp 48.712/PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, Terceira Turma, julgado em 26/06/2012.

    4 Turma. EDcl no AREsp 186.433/RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em 07/03/2013.

    Processo Quarta Turma. REsp 1.323.199-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 21/2/2013.

    Execuo fiscal

    O CPC prev que, em caso de morte da parte, o processo dever ser suspenso para que haja a habilitao de seus sucessores (art. 265, I).

    O STJ decidiu que, existindo mais de um executado, o falecimento de um deles no curso da

    execuo fiscal no impede o prosseguimento da execuo contra os demais. Assim, em uma ao proposta contra A, B e C, tendo morrido B, a execuo poder prosseguir contra A

    e C, ainda que a Fazenda no tenha requerido a suspenso do processo e a substituio

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    processual de B pelo seu esplio ou pelos seus herdeiros.

    Em outras palavras, no deve ser declarada a nulidade de execuo fiscal promovida em face de mais de um devedor, todos coobrigados, se, apesar de no ter sido determinada a suspenso

    do processo a partir da morte de um deles, at que se realizasse a adequada regularizao do polo passivo, no foi demonstrada a ocorrncia de qualquer prejuzo em razo de seu

    prosseguimento. Comentrios Imagine a seguinte situao:

    O Estado ajuizou execuo fiscal contra a pessoa jurdica A e seus scios B e C. Durante a tramitao, B faleceu. Com a morte do devedor, a exequente (Fazenda Pblica) deveria ter realizado diligncias para a correo do polo passivo, verificando se existia inventrio, partilha ou bens de B sobre os quais pudesse recair a execuo. O CPC determina que, no caso de morte da parte, o processo dever ser suspenso para habilitao de seus sucessores:

    Art. 265. Suspende-se o processo: I - pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador;

    Ressalte-se que tais providncias so tomadas pela Fazenda Pblica no seu prprio interesse, considerando que poderiam facilitar o recebimento do crdito. No caso concreto, um dos herdeiros de B pediu habilitao nos autos (art. 1.055 e ss do CPC) requerendo que fosse declarada a nulidade dos atos processuais praticados desde o falecimento at a sua habilitao (art. 266 do CPC). O sucessor de B no comprovou a ocorrncia de prejuzo para ele por conta da continuidade do processo. O STJ decidiu que, existindo mais de um executado (devedor coobrigado), o falecimento de um deles no curso da demanda no impede o prosseguimento da execuo contra os demais. Assim, mesmo tendo morrido B, a execuo poder prosseguir contra A e C ainda que a Fazenda no tenha requerido a suspenso do processo e a substituio processual de B pelo seu esplio ou pelos seus herdeiros. Dessa forma, havendo litisconsrcio passivo em ao de execuo, o falecimento de um dos devedores no obsta o prosseguimento da demanda em relao aos demais, devendo ser mitigada a necessidade de suspenso automtica do processo por falecimento de uma das partes. Essa mitigao justificada pelos princpios da segurana jurdica e da celeridade processual, sobretudo se ficar demonstrado que no houve prejuzo aos sucessores do executado.

    Processo Primeira Turma. REsp 1.328.760-MG, Rel. Min. Napoleo Nunes Maia Filho, julgado em 26/2/2013.

    ACP ajuizada pelo MP para questionar informaes em cadastro de inadimplentes

    O Ministrio Pblico tem legitimidade para ajuizar ACP com o objetivo de impedir que as empresas incluam no cadastro de inadimplentes os consumidores em dbito que estejam

    discutindo judicialmente a dvida. Trata-se da defesa de direitos individuais homogneos de consumidores, havendo interesse

    social (relevncia social) no caso.

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    Comentrios O Ministrio Pblico estadual ajuizou ao civil pblica contra a Cmara de Dirigentes Lojistas (associao de lojistas) de determinado municpio pedindo que a associao fosse condenada a:

    abster-se de incluir no cadastro de inadimplentes os consumidores em dbito que estivessem discutindo judicialmente a dvida;

    pagar pelos danos materiais e morais causados aos consumidores includos indevidamente nos referidos cadastros.

    A grande questo jurdica discutida no presente caso foi a seguinte: O Ministrio Pblico tinha legitimidade para propor esta ACP? SIM, considerando que se tratava da defesa de direitos individuais homogneos de consumidores, havendo interesse social (relevncia social) no caso. Vamos fazer agora uma reviso sobre a legitimidade do MP para a ACP segundo a jurisprudncia majoritria do STF e do STJ. A ACP possui vrios legitimados ativos, ou seja, pessoas que podem ajuizar a ao. Dentre

    eles, encontra-se o Ministrio Pblico (art. 5, da Lei n. 7.347/85). Veja o rol legal dos legitimados:

    Art. 5 Tm legitimidade para propor a ao principal e a ao cautelar: I - o Ministrio Pblico; II - a Defensoria Pblica; III - a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios; IV - a autarquia, empresa pblica, fundao ou sociedade de economia mista; V - a associao que, concomitantemente: a) esteja constituda h pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteo ao meio ambiente, ao consumidor, ordem econmica, livre concorrncia ou ao patrimnio artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico.

    O Ministrio Pblico est legitimado a promover ao civil pblica para a defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogneos. No entanto, o MP somente ter representatividade adequada para propor a ACP se os direitos/interesses discutidos na ao estiverem relacionados com as suas atribuies constitucionais, que so previstas no art. 127 da CF:

    Art. 127. O Ministrio Pblico instituio permanente, essencial funo jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurdica, do regime democrtico e dos interesses sociais e individuais indisponveis.

    Desse modo, indaga-se:

    O MP possui legitimidade para ajuizar ACP na defesa de qualquer direito difuso, coletivo ou individual homogneo?

    O entendimento majoritrio est exposto a seguir:

    Direitos DIFUSOS

    Direitos COLETIVOS (stricto sensu)

    Direitos INDIVIDUAIS HOMOGNEOS

    SIM

    O MP est sempre legitimado a defender

    SIM

    O MP est sempre legitimado a defender

    1) Se esses direitos forem indisponveis: SIM

    (ex: sade de um menor)

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    qualquer direito difuso.

    (o MP sempre possui representatividade

    adequada).

    qualquer direito coletivo.

    (o MP sempre possui representatividade

    adequada).

    2) Se esses direitos forem disponveis: DEPENDE

    O MP s ter legitimidade para ACP envolvendo direitos individuais homogneos disponveis se estes forem de interesse social (se houver relevncia social).

    Quatro concluses importantes:

    1) Se o direito for difuso ou coletivo (stricto sensu), o MP sempre ter legitimidade para propor ACP.

    2) Se o direito individual homogneo for indisponvel (ex: sade de um menor carente), o

    MP sempre ter legitimidade para propor ACP. 3) Se o direito individual homogneo for disponvel, o MP pode agir desde que haja

    relevncia social. Ex1: defesa dos interesses de muturios do Sistema Financeiro de Habitao. Ex2: defesa de trabalhadores rurais na busca de seus direitos previdencirios.

    4) O Ministrio Pblico possui legitimidade para a defesa de direito individual indisponvel, mesmo quando a ao vise tutela de pessoa individualmente considerada (tutela do direito indisponvel relativo a uma nica pessoa). Ex: MP ajuza ACP para que o Estado fornea uma prtese auditiva a um menor carente portador de deficincia.

    Assim, o MP sempre ter legitimidade quando os direitos envolvidos tiverem:

    Interesse social; ou

    Caracterizarem-se como individuais indisponveis.

    Exemplos de direitos individuais homogneos dotados de relevncia social (Ministrio Pblico pode propor ACP nesses casos):

    1) MP pode questionar edital de concurso pblico para diversas categorias profissionais de determinada prefeitura, em que se previa que a pontuao adotada privilegiaria candidatos que j integrariam o quadro da Administrao Pblica municipal (STF RE 216443);

    2) Na defesa de muturios do Sistema Financeiro de Habitao (STF AI 637853 AgR); 3) Em caso de loteamentos irregulares ou clandestinos, inclusive para que haja pagamento

    de indenizao aos adquirentes (REsp 743678); 4) O Ministrio Pblico tem legitimidade para figurar no polo ativo de ACP destinada

    defesa de direitos de natureza previdenciria (STF AgRg no AI 516.419/PR); 5) O Ministrio Pblico tem legitimidade para propor ACP com o objetivo de anular Termo

    de Acordo de Regime Especial - TARE firmado entre o Distrito Federal e empresas beneficirias de reduo fiscal. O referido acordo, ao beneficiar uma empresa privada e garantir-lhe o regime especial de apurao do ICMS, poderia, em tese, implicar leso ao patrimnio pblico, fato que legitima a atuao do parquet na defesa do errio e da higidez da arrecadao tributria (STF RE 576155/DF);

    6) O MP tem legitimao para, por meio de ACP, pretender que o poder pblico fornea medicao de uso contnuo, de alto custo, no disponibilizada pelo SUS, mas indispensvel e comprovadamente necessria e eficiente para a sobrevivncia de um

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    nico cidado desprovido de recursos financeiros; 7) Defesa de direitos dos consumidores de energia eltrica; 8) Defesa do direito dos consumidores de no serem includos indevidamente nos

    cadastros de inadimplentes (REsp 1.148.179-MG).

    Exemplos de direitos individuais homogneos destitudos de relevncia social (Ministrio Pblico NO pode propor ACP nesses casos):

    1) O MP no pode ajuizar ACP para veicular pretenses que envolvam tributos (impostos, taxas etc.), contribuies previdencirias, o Fundo de Garantia do Tempo de Servio - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficirios podem ser individualmente determinados (art. 1, pargrafo nico, da LACP). Ex: o MP no pode propor ACP questionando a cobrana excessiva de uma determinada taxa, ainda que envolva um expressivo nmero de contribuintes;

    2) O MP no pode pleitear a indenizao decorrente do DPVAT em benefcio do segurado (Smula 470-STJ);

    3) O Ministrio Pblico no tem legitimidade ativa para propor ao civil pblica na qual busca a suposta defesa de um pequeno grupo de pessoas - no caso, dos associados de um clube, numa ptica predominantemente individual. (STJ REsp 1109335/SE);

    4) O MP no pode buscar a defesa de condminos de edifcio de apartamentos contra o sndico, objetivando o ressarcimento de parcelas de financiamento pagas para reformas afinal no efetivadas.

    GNERO:

    Os direitos ou interesses coletivos (lato sensu) so o gnero. Eles so chamados de direitos ou interesses

    transindividuais, metaindividuais ou supraindividuais.

    ESPCIES: Esses direitos coletivos (em sentido amplo) so divididos em trs espcies:

    DIFUSOS COLETIVOS

    (em sentido estrito) INDIVIDUAIS HOMOGNEOS

    Ex: direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

    Ex: reajuste abusivo das mensalidades escolares.

    Ex: determinado lote de um remdio causou leso a alguns consumidores.

    So classificados como direitos ESSENCIALMENTE COLETIVOS.

    So classificados como direitos ESSENCIALMENTE COLETIVOS.

    So classificados como direitos ACIDENTALMENTE COLETIVOS (isso porque so direitos individuais, mas tratados como se fossem coletivos)

    So transindividuais (h uma transindividualidade real ou material)

    So transindividuais (h uma transindividualidade real ou material)

    H uma transindividualidade ARTIFICIAL, formal ou relativa (so direitos individuais que, no entanto, recebem tratamento legal de direitos transindividuais)

    Tm natureza INDIVISVEL.

    Tais direitos pertencem a todos de forma simultnea e indistinta.

    O resultado ser o mesmo

    Tm natureza INDIVISVEL. O resultado ser o mesmo para aqueles que fizerem parte do grupo, categoria ou classe de pessoas.

    Tm natureza DIVISVEL. O resultado da demanda pode ser diferente para os diversos titulares (ex: o valor da indenizao pode variar).

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    para todos os titulares.

    Os titulares so pessoas:

    indeterminadas e

    indeterminveis. No se tem como determinar (dizer de maneira especfica) quem so os titulares desses direitos. Isso porque so direitos que no pertencem a apenas uma pessoa, mas sim coletividade. Caracterizam-se, portanto, pela indeterminabilidade ABSOLUTA.

    Os titulares so pessoas:

    indeterminadas,

    mas determinveis. Os titulares so, a princpio, indeterminados, mas possvel que eles sejam identificados. Os titulares fazem parte de um grupo, categoria ou classe de pessoas. Caracterizam-se, portanto, pela indeterminabilidade RELATIVA.

    Os titulares so pessoas:

    determinadas; ou

    determinveis. Caracterizam-se, portanto, pela DETERMINABILIDADE.

    Os titulares desses direitos NO possuem relao jurdica entre si. Os titulares so ligados por CIRCUNSTNCIAS DE FATO. Os titulares se encontram em uma situao de fato comum.

    EXISTE uma relao jurdica base entre os titulares. Os titulares so ligados entre si ou com a parte contrria em virtude de uma RELAO JURDICA BASE.

    Os titulares no so ligados entre si, mas seus interesses decorrem de uma ORIGEM COMUM.

    Outros exemplos: patrimnio histrico; moralidade administrativa; publicidade enganosa divulgada pela TV.

    Outros exemplos: interesses ligados aos membros de um mesmo sindicato ou partido; integrantes de um mesmo conselho profissional (ex: OAB) O MP tem legitimidade para promover ACP cujo fundamento seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares (Smula 643-STF).

    Outros exemplos: Ex: plula de farinha como anticoncepcional: s tem direito a mulher que comprovar que tomou o remdio daquele lote.

    Obs: a definio legal dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais homogneos fornecida pelo art. 81, pargrafo nico do CDC.

    Observao A brilhante Min. Nancy Andrighi defende, neste julgado, que os direitos individuais homogneos so considerados relevantes por si mesmos, sendo desnecessria a comprovao dessa relevncia. Esta no , contudo, a posio majoritria.

    Processo Terceira Turma. REsp 1.148.179-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/2/2013.

    DIREITO PENAL

    Furto e princpio da insignificncia

    Sendo favorveis as condies pessoais do agente, aplicvel o princpio da insignificncia em relao conduta que, subsumida formalmente ao tipo correspondente ao furto simples (art. 155, caput, do CP), consista na subtrao de bem mvel de valor equivalente a pouco mais de

    23% do salrio mnimo vigente no tempo do fato.

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    Processo Quinta Turma. AgRg no HC 254.651-PE, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 12/3/2013.

    Estelionato previdencirio e crime continuado

    Se a pessoa, aps a morte do beneficirio, passa a receber mensalmente o benefcio em seu lugar, mediante a utilizao do carto magntico do falecido, pratica o crime de estelionato

    previdencirio (art. 171, 3, do CP) em continuidade delitiva. Segundo o STJ, nessa situao, no se verifica a ocorrncia de crime nico, pois a fraude praticada reiteradamente, todos os meses, a cada utilizao do carto magntico do beneficirio j falecido. Assim, configurada a reiterao criminosa nas mesmas condies de tempo, lugar e maneira de

    execuo, tem incidncia a regra da continuidade delitiva prevista no art. 71 do CP. A hiptese, ressalte-se, difere dos casos em que o estelionato praticado pelo prprio beneficirio

    e daqueles em que o no beneficirio insere dados falsos no sistema do INSS visando beneficiar outrem; pois, segundo a jurisprudncia do STJ e do STF, nessas situaes, o crime deve ser

    considerado nico, de modo a impedir o reconhecimento da continuidade delitiva. Comentrios Imagine a seguinte situao hipottica:

    Joo recebia uma aposentadoria do INSS, sendo o valor depositado em uma conta bancria. Como Joo tinha dificuldades de locomoo em razo da avanada idade, Carla, sua sobrinha e nica parente, ficava com o carto do banco e com a senha, sendo ela a responsvel por efetuar os saques do benefcio e pagar as contas da casa. Joo faleceu e Carla no comunicou ao INSS a morte do tio. Ao contrrio, de forma ardilosa, continuou sacando o valor da aposentadoria que era depositado na conta bancria. Carla recebeu os valores durante 10 meses, tendo o INSS finalmente descoberto sobre o bito do segurado e cessado os pagamentos. Qual delito, em tese, foi praticado por Carla? Estelionato previdencirio (art. 171, 3, do CP).

    Estelionato Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilcita, em prejuzo alheio, induzindo ou mantendo algum em erro, mediante artifcio, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - recluso, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil ris a dez contos de ris. 3 - A pena aumenta-se de um tero, se o crime cometido em detrimento de entidade de direito pblico ou de instituto de economia popular, assistncia social ou beneficncia.

    O fato de ela ter sacado durante 10 meses possui alguma relevncia penal? SIM. H, neste caso, crime continuado (art. 71 do CP). Segundo decidiu o STJ, no se verifica a ocorrncia de crime nico em tais casos, pois a fraude praticada reiteradamente, todos os meses, a cada utilizao do carto magntico do beneficirio j falecido. Assim, resta configurada a reiterao criminosa nas mesmas condies de tempo, lugar e maneira de execuo, de forma que tem incidncia a regra da continuidade delitiva prevista no art. 71 do CP.

    Crime continuado Art. 71. Quando o agente, mediante mais de uma ao ou omisso, pratica dois ou mais crimes da mesma espcie e, pelas condies de tempo, lugar, maneira de execuo e outras semelhantes, devem os subseqentes ser havidos como continuao do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um s dos crimes, se idnticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em

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    qualquer caso, de um sexto a dois teros.

    O aumento na continuidade delitiva varia de 1/6 a 2/3. No caso concreto, qual dever ser o aumento de pena a incidir? 2/3 O critrio para o aumento no crime continuado o nmero de crimes praticados: 2 crimes aumenta 1/6 3 crimes aumenta 1/5 4 crimes aumenta 1/4 5 crimes aumenta 1/3 6 crimes aumenta 1/2 7 ou mais aumenta 2/3

    Processo Sexta Turma. REsp 1.282.118-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 26/2/2013.

    DIREITO PROCESSUAL PENAL

    Tribunal do Jri e apelao

    O ru foi submetido a julgamento pelo Tribunal do Jri. Houve recurso para o Tribunal de Justia e o jri foi anulado sob o argumento de que a deciso dos jurados foi manifestamente

    contrria prova dos autos. Foi, ento, designada uma nova sesso do Jri.

    O rol das testemunhas a serem ouvidas neste segundo Jri o mesmo do primeiro ou ser possvel acrescentar ou trocar testemunhas?

    NO possvel a mudana no rol de testemunhas.

    Segundo decidiu o STJ, no caso em que o Tribunal, em apelao, determine a realizao de novo jri em razo do reconhecimento de que a deciso dos jurados fora manifestamente contrria

    prova dos autos, no possvel que se conceda s partes o direito de inovar no conjunto probatrio mediante a apresentao de novo rol de testemunhas a serem ouvidas em plenrio. Comentrios Imagine a seguinte situao adaptada:

    O ru foi submetido a julgamento pelo Tribunal do Jri, sendo absolvido. O Ministrio Pblico interps apelao alegando que a deciso dos jurados foi manifestamente contrria prova dos autos. O TJ deu provimento apelao e determinou que o condenado fosse submetido a novo Jri. Aps o trnsito em julgado do acrdo, o juiz designou a nova sesso do Jri. Diante disso, o Ministrio Pblico peticionou ao magistrado apresentando um novo rol de testemunhas a serem ouvidas no Plenrio do Jri, com nomes diferentes das testemunhas inquiridas no primeiro jri realizado. A defesa impugnou o pedido e afirmou que o MP no poderia mudar o rol de testemunhas para o segundo julgamento e que estas deveriam ser as mesmas j ouvidas no primeiro jri. Voc, como juiz, o que decidiria?

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    Assiste razo insurgncia da defesa. Segundo decidiu o STJ, caso o Tribunal, no julgamento de apelao contra o veredicto dos jurados, determine a realizao de novo jri em razo do reconhecimento de que a deciso foi manifestamente contrria prova dos autos, no possvel que se conceda s partes o direito de inovar no conjunto probatrio mediante a apresentao de novo rol de testemunhas a serem ouvidas em plenrio. A apresentao do rol de testemunhas que sero ouvidas no Jri uma providncia realizada na chamada fase de preparao do processo para julgamento em Plenrio (art. 422 do CPP), ou seja, uma etapa que antecede ao julgamento em si. Praticado o referido ato de preparao que no se confunde com o ato de julgamento propriamente dito , ocorrer, em regra, a sua precluso consumativa. Dessa maneira, tendo sido provida apelao to somente para a realizao de novo julgamento, no ser possvel repetir a realizao de outro ato antecedente (o de preparao) que j fora consumado, sendo cabvel proceder apenas ao novo julgamento do acusado. Alm do mais, se o Tribunal que julgou o recurso determina a realizao de um novo julgamento por estar convencido de que o veredicto exarado pelo Conselho de Sentena anterior foi manifestamente contrrio prova dos autos, deve o novo Jri realizar uma nova anlise sobre o mesmo acervo de provas anteriormente analisado. Caso fosse permitido defesa e ao MPF a apresentao de novas testemunhas, o novo Conselho de Sentena (novos jurados convocados para o 2 julgamento), iria estar apreciando novas provas que no foram valoradas no primeiro julgamento e, caso exarasse deciso manifestamente contrria prova dos autos, no seria possvel outro recurso pedindo a anulao do julgamento, visto que o 3 do art. 593 do CPP impede a interposio de segunda apelao fundamentada no mesmo motivo.

    Processo Quinta Turma. HC 243.452-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 26/2/2013.

    DIREITO TRIBUTRIO

    Imposto de Renda (iseno para portadores de cardiopatia grave)

    O art. 6, XIV, da Lei n. 7.713/88 (Lei do IR) prev que as pessoas portadoras de determinadas doenas ali elencadas no pagaro imposto de renda sobre o rendimentos que receberem a

    ttulo de aposentadoria, penso ou reforma. Para que haja a iseno indispensvel que o portadora da doena grave esteja na inatividade,

    recebendo rendimentos de aposentadoria, penso ou reforma. Assim, no haver iseno se o contribuinte portador de uma das molstias elencadas, mas

    ainda no se aposentou, optando por continuar trabalhando. Comentrios O imposto de renda regido pela Lei n. 7.713/88.

    Esta Lei prev que as pessoas portadoras de determinadas doenas graves e que estejam na inatividade no pagaro imposto de renda sobre os rendimentos recebidos a ttulo de aposentadoria, penso ou reforma (art. 6, XIV). Recapitulando: Pessoas portadoras de doenas elencadas pela legislao no pagaro imposto de renda

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    sobre os rendimentos que receberem a ttulo de aposentadoria, penso ou reforma. Veja a previso legal:

    Art. 6 Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas fsicas: XIV os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em servio e os percebidos pelos portadores de molstia profissional, tuberculose ativa, alienao mental, esclerose mltipla, neoplasia maligna, cegueira, hansenase, paralisia irreversvel e incapacitante, cardiopatia grave, doena de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avanados da doena de Paget (ostete deformante), contaminao por radiao, sndrome da imunodeficincia adquirida, com base em concluso da medicina especializada, mesmo que a doena tenha sido contrada depois da aposentadoria ou reforma;

    O caso julgado pelo STJ foi o seguinte: F portador de cardiopatia grave, doena listada no referido inciso XIV do art. 6. Em virtude da doena, F requereu e obteve aposentadoria por invalidez. F, no entanto, mudou de ideia e decidiu continuar trabalhando, razo pela qual o pedido de aposentadoria foi cancelado. F requereu, ento, a iseno do imposto de renda incidente sobre sua remunerao com

    base no art. 6, XIV, da Lei n. 7.713/88. O requerente ter direito iseno do IR? NO. Segundo o STJ, o inciso XIV do art. 6 exige a presena de dois requisitos cumulativos para que haja a iseno do imposto de renda: a) os rendimentos sejam relativos a aposentadoria, penso ou reforma; e b) a pessoa seja portadora de uma das doenas listadas. Desse modo, no gozam de iseno os rendimentos decorrentes do servio prestado na atividade. Logo, no haver iseno se o contribuinte portador de uma das molstias previstas, mas ainda no se aposentou, como o caso de F. O argumento para esta concluso do STJ o de que, nos termos do art. 111, II, do CTN, a norma tributria concessiva de iseno deve ser interpretada literalmente. No caso concreto, F busca a iseno de sua remunerao (contraprestao paga ao servidor na atividade) ao passo que a legislao somente prev a iseno dos proventos de aposentadoria, penso ou reforma.

    Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislao tributria que disponha sobre: I - suspenso ou excluso do crdito tributrio; II - outorga de iseno; III - dispensa do cumprimento de obrigaes tributrias acessrias.

    Laudo pericial

    Para efeito do reconhecimento da iseno do imposto de renda necessrio que a molstia seja comprovada mediante laudo pericial emitido por servio mdico oficial da Unio, dos

    Estados, do Distrito Federal e dos Municpios (art. 30 da Lei n. 9.250/95).

    Rol taxativo Outro ponto importante sobre o tema:

    O rol de doenas previsto no art. 6, XIV, da Lei n. 7.713/88 taxativo ou exemplificativo? TAXATIVO, no se admitindo que sejam includas, por interpretao extensiva, outras doenas que no estejam ali previstas expressamente. Trata-se de entendimento pacfico do STJ:

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    (...) 1. A concesso de isenes reclama a edio de lei formal, no af de verificar-se o cumprimento de todos os requisitos estabelecidos para o gozo do favor fiscal. 2. O contedo normativo do art. 6, XIV, da Lei 7.713/88, com as alteraes promovidas pela Lei 11.052/2004, explcito em conceder o benefcio fiscal em favor dos aposentados portadores das seguintes molstias graves: (...) Por conseguinte, o rol contido no referido dispositivo legal taxativo (numerus clausus), vale dizer, restringe a concesso de iseno s situaes nele enumeradas. 3. Consectariamente, revela-se interditada a interpretao das normas concessivas de iseno de forma analgica ou extensiva, restando consolidado entendimento no sentido de ser incabvel interpretao extensiva do aludido benefcio situao que no se enquadre no texto expresso da lei, em conformidade com o estatudo pelo art. 111, II, do CTN. (...) (REsp 1116620/BA recurso repetitivo, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seo, julgado em 09/08/2010, DJe 25/08/2010)

    Processo Segunda Turma. RMS 31.637-CE, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 5/2/2013.

    Obs: se voc est se preparando para concurso de Auditor Fiscal de Tributos Estaduais, dever ler tambm o REsp 1.307.876-SP, transcrito ao final deste Informativo. Obs2: se voc est se preparando para concurso de Auditor Fiscal da Receita Federal, dever ler tambm o REsp 1.313.879-SP, transcrito ao final deste Informativo.

    EXERCCIOS DE FIXAO

    Julgue os itens a seguir: 1) (DPE/AL 2009) O objeto dos interesses difusos transindividual e tem natureza divisvel. ( )

    2) (DPE/RR 2013 CESPE) A respeito da teoria constitucional dos direitos difusos e coletivos e dos

    interesses pblico, privado, difusos, coletivos e individuais homogneos, assinale a opo correta. A) Embora a legislao apresente diferenas entre os interesses difusos e os interesses individuais homogneos, a doutrina aponta que, na prtica, a distino invivel, em razo de ambas as espcies originarem-se de circunstncias de fato comuns. B) A CF prev, como instrumentos para a tutela dos direitos coletivos latu sensu, apenas a ACP e a ao coletiva. C) A distino entre interesse pblico primrio (o bem geral) e interesse pblico secundrio (o modo pelo qual a administrao v o interesse pblico) , atualmente, juridicamente irrelevante, pois, na sociedade moderna, qualquer interesse pblico coincide com o interesse da sociedade. D) Os interesses difusos no so mera subespcie de interesse pblico, pois, embora possa haver coincidncia entre interesses de um grupo indeterminvel de pessoas e interesses do Estado ou da coletividade, isso nem sempre acontece. E) A nica diferena entre interesse difuso e interesse coletivo em sentido estrito a origem da leso.

    3) (DPE/RO 2012 CESPE) Com relao aos interesses coletivos, assinale a opo correta.

    A) Os titulares de interesses coletivos em sentido estrito agregam-se por circunstncias de fato. B) Os titulares de interesses difusos so caracterizados pela indeterminabilidade relativa. C) Os titulares de interesses difusos ligam-se por relao jurdica base. D) Os interesses individuais homogneos so caracterizados por uma transindividualidade artificial ou relativa. E) O objeto dos interesses individuais homogneos indivisvel.

    4) (DPE/SC 2012 FEPESE) Quanto ao objeto da ao civil pblica, correto afirmar:

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    A) Interesses ou direitos difusos so os transindividuais, de natureza divisvel, de que sejam titulares pessoas determinadas e ligadas por circunstncia de fato. B) Interesses ou direitos coletivos so os transindividuais, de natureza indivisvel, nos quais se abrange nmero indeterminado de pessoas unidas pelo mesmo fato e pertencentes a grupos ou categorias de pessoas. C) Interesses ou direitos individuais homogneos so aqueles exercitveis coletivamente pelo fato de terem uma origem comum, e no admitem exerccio de modo individual. D) Interesses ou direitos coletivos e individuais homogneos so praticamente idnticos, diferenciando-se apenas e to somente pela legitimidade ativa. E) Interesses ou direitos difusos so os transindividuais, de natureza indivisvel, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstncia de fato. Tm durao efmera, contingencial.

    5) (DPE/AM 2013 FCC) So hipteses de causas de interesses difusos, coletivos e individuais homogneos, respectivamente, A) propaganda enganosa veiculada em jornal de pequena circulao, regularizao de loteamento clandestino e poluio sonora do bairro X. B) poluio causada por indstria multinacional, poluio causada por indstria nacional e poluio causada por indstria municipal. C) regularizao de loteamento clandestino, poluio de crrego na cidade Y e clusula abusiva em contrato de adeso de financiamento da instituio financeira Z. D) instituio de reserva legal em rea particular, conveno coletiva que viola direito dos trabalhadores de uma empresa de montagem de veculos e recall de veculo do tipo A. E) rea de preservao permanente em bem pblico, rea de preservao permanente em loteamento e rea de preservao permanente em propriedade particular individual.

    6) (DPE/RO 2012) De acordo com o que dispe o art. 94 da CF, um quinto das vagas dos tribunais deve ser destinado a advogados. Entretanto, o tribunal de justia de determinado estado da Federao, deixando de observar o critrio constitucional, nomeou, para vaga destinada a um advogado, o juiz mais antigo da carreira, antes mesmo que a OAB formalizasse qualquer lista com eventuais candidatos ao cargo. Nessa situao, desrespeitou-se, em relao aos advogados, o interesse A) individual homogneo. B) individual disponvel. C) pblico secundrio. D) difuso. E) coletivo em sentido estrito.

    7) (DPE/RO 2012) O MP ajuizou ao civil pblica, visando anular acordo firmado entre o estado X e

    determinada empresa, por meio do qual o ente federativo concedia empresa o benefcio de insero em regime especial de apurao tributria. Alegou o MP que a insero da empresa no referido regime acarretaria cobrana de tributo em valor menor que o devido, o que geraria prejuzo ao referido estado e leso ao patrimnio pblico. Com relao situao hipottica acima descrita, assinale a opo correta. A) A ao civil pblica no cabvel na hiptese, sendo a ao popular o instrumento adequado para o caso. B) A legitimidade do MP para ajuizar a referida ao civil pblica fundamenta-se no fato de o MP estar tutelando a defesa do errio e a higidez da arrecadao tributria. C) O MP no possui legitimidade para ajuizar a referida ao civil pblica, dada a caracterizao de direito disponvel, cujos beneficirios so individualizveis. D) O MP no tem legitimidade para ajuizar a referida ao civil pblica, visto que a ele no cabe propor ao coletiva cujo objeto seja matria tributria. E) O MP s teria legitimidade para ajuizar a referida ao civil pblica provocado por associao ou entidade de representao dos contribuintes, situao em que o parquet figuraria no polo ativo da ao como substituto processual.

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    8) (MP/AL 2012 FCC) O Ministrio Pblico tem legitimidade para defender os direitos e interesses dos consumidores em juzo, a ttulo coletivo, A) somente quando se tratar de interesses ou direitos difusos e individuais homogneos. B) somente quando se tratar de interesses ou direitos difusos e coletivos. C) quando se tratar de interesses ou direitos difusos, coletivos ou individuais homogneos. D) somente quando se tratar de interesses ou direitos difusos. E) somente quando se tratar de interesses ou direitos coletivos.

    9) (Promotor/RR 2012) O MP no possui legitimidade para promover ACP na defesa de direitos dos consumidores de energia eltrica, dada a vedao expressamente prevista na lei que dispe sobre a ACP. ( )

    10) (Juiz TJPB 2011) Por fora de vedao prevista em lei, o MP no possui legitimidade para promover ao civil pblica na defesa de direitos dos consumidores de energia eltrica. ( )

    11) (DPE/AC 2012 CESPE) Assinale a opo correta acerca dos interesses difusos, coletivos e individuais

    homogneos. A) As leses a direitos individuais homogneos e disponveis podem ser investigadas pelo MP. B) A revista ntima praticada pelo empregador constitui leso ao direito individual homogneo, no mbito da relao jurdica de emprego. C) Direitos coletivos so os de natureza indivisvel, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstncias de fato. D) Os direitos difusos so determinveis porque os seus titulares so identificados conforme o grupo, categoria ou classe em que estejam inseridos. E) Os direitos individuais homogneos, derivados de relao jurdica idntica, so indivisveis, e seus titulares, indeterminados.

    12) (Juiz TJCE 2012 CESPE) prescindvel analisar a natureza do interesse ou direito individual

    homogneo disponvel ou indisponvel para estear a legitimao extraordinria do MP no ajuizamento da ao civil pblica. ( )

    13) (DPE/RR 2013 CESPE) prescindvel analisar a natureza do interesse ou direito individual homogneo

    disponvel ou indisponvel para fundamentar a legitimao extraordinria do MP para ajuizar ACP. ( )

    14) (Promotor/SE 2010) No que se refere adequao e ao alcance atualmente conferidos pela

    legislao, doutrina e jurisprudncia relativamente ao civil pblica e tutela dos direitos difusos, coletivos, individuais indisponveis e individuais homogneos, bem como legitimao do MP, assinale a opo correta. A) A ao civil pblica instrumento hbil conferido ao MP contra a cobrana excessiva de taxas que alcancem expressivo nmero de contribuintes. B) Ao MP no se permite a utilizao de ao civil pblica com o escopo de impedir aumento abusivo de mensalidades escolares por estabelecimentos privados de ensino fundamental de certo municpio brasileiro. C) O MP tem legitimao para, mediante ao civil pblica, compelir o poder pblico a adquirir e fornecer medicao de uso contnuo, de alto custo, no disponibilizada pelo SUS, mas indispensvel e comprovadamente necessria e eficiente para a sobrevivncia de um nico cidado desprovido de recursos financeiros. D) A proteo da moralidade administrativa, objeto precpuo da ao popular, somente tem lugar em ao civil pblica movida pelo MP em carter subsidirio. E) O MP est legitimado a agir, por meio de ao civil pblica, em defesa de condminos de edifcio de apartamentos contra o sndico, objetivando o ressarcimento de parcelas de financiamento pagas para reformas afinal no efetivadas.

  • INFORMATIVO esquematizado

    Pg

    ina3

    0

    15) (Promotor/TO 2012) Com relao teoria constitucional e tutela dos direitos difusos e coletivos, assinale a opo correta. A) So considerados interesses coletivos os transindividuais, de natureza indivisvel, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstncias de fato. B) Direitos ou interesses transindividuais no possuem titulares individuais determinados e pertencem a uma comunidade ou coletividade. C) O interesse pblico secundrio o interesse social, o da sociedade ou da coletividade, assim como a proteo ao meio ambiente. D) Os interesses relacionados a condminos de um edifcio excedem o mbito estritamente individual, constituindo interesses pblicos. E) Direitos difusos e direitos coletivos distinguem-se pela coeso como grupo, categoria ou classe anterior leso, prpria dos direitos difusos, e no dos coletivos stricto sensu.

    16) (Promotor/TO 2012) Possuem legitimidade ativa para a ACP a DP, o MP, a Unio, os estados, o DF, os

    municpios, as entidades do terceiro setor, as autarquias, as empresas pblicas, as fundaes e as sociedades de economia mista. ( )

    17) (Promotor/TO 2012) Compete ao MP pleitear, em ACP, indenizao decorrente de seguro obrigatrio de

    danos pessoais causados por veculos automotores de vias terrestres, em benefcio do segurado. ( )

    18) (Promotor/RO 2010) Se determinada organizao de classe, por intermdio de resoluo, estabelecer, como condio prvia para a obteno do registro profissional, a aprovao dos graduados em exames especficos, o MP no ter legitimidade ativa para o ajuizamento de ao civil pblica contra referida resoluo, ante a natureza individual dos interesses envolvidos. ( )

    19) (Promotor/PI 2012) A respeito dos direitos coletivos, considerados em sentido amplo, assinale a opo correta. A) Os direitos transindividuais e metaindividuais, direitos coletivos em sentido amplo, abrangem os direitos difusos, coletivos, individuais homogneos e o individual indisponvel. B) Os bens que integram o patrimnio financeiro do Estado inserem-se no mbito do interesse pblico primrio. C) A lei confere exclusividade ao MP na defesa judicial do interesse pblico primrio. D) O interesse pblico secundrio protegido pelos denominados direitos difusos, coletivos, individuais homogneos e individuais indisponveis, pertencentes sociedade. E) Em regra, o MP tem legitimidade para a defesa dos interesses pblico e particular.

    20) (Promotor/PI 2012) Com relao aos direitos difusos, coletivos e individuais homogneos, assinale a

    opo correta. A) Os direitos individuais homogneos so indivisveis, embora seus titulares sejam determinados. B) Os titulares dos direitos difusos podem ser individualmente determinados. C) Tanto os interesses difusos quanto os direitos coletivos so de natureza indivisvel. D) Os direitos coletivos correspondem aos direitos