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www.dizerodireito.com.br Página1 INFORMATIVO esquematizado Informativo 529 – STJ Márcio André Lopes Cavalcante Obs: não foi incluído neste informativo esquematizado o seguinte julgado, considerado de menor relevância para concursos públicos: REsp 1.354.506-SP. ÍNDICE Direito Constitucional Prerrogativa do MP de se sentar ao lado direito do juiz. Direito Administrativo O ato praticado sem motivação pode ser corrigido se a fundamentação for feita pela autoridade nas informações prestadas no mandado de segurança. Contrato feito sem licitação e declarado nulo: contratado não será indenizado se estava de má-fé. O atraso na prestação de contas somente caracteriza improbidade administrativa se ficar provado o dolo do administrador público. É possível a emenda da inicial do MS para corrigir equívoco na indicação da autoridade coatora. Direito Civil Cobrança de parcelas inadimplidas estabelecidas em contrato de crédito rotativo para custeio de estudos universitários prescreve em 5 anos. Prescrição da ação de indenização contra seguradora por recusa em renovar contrato: 3 anos. A doença preexistente pode ser oposta pela seguradora ao segurado apenas se houver prévio exame médico ou prova inequívoca da má-fé do segurado. O ato de renúncia à meação que se enquadre na situação do art. 108 do CC não pode ser feito por termo judicial nos autos do inventário, mas sim por escritura pública. Direito do Consumidor Contrato de penhor: é nula a cláusula que limite o valor da indenização na hipótese de eventual furto, roubo ou extravio do bem empenhado. Estatuto da Criança e do Adolescente Se a criança ou adolescente viajar para o exterior na companhia de apenas um dos genitores, será necessária autorização do outro com firma reconhecida. Página1

Info 529 STJ

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    INFORMATIVO esquematizado

    Informativo 529 STJ

    Mrcio Andr Lopes Cavalcante Obs: no foi includo neste informativo esquematizado o seguinte julgado, considerado de menor relevncia para concursos pblicos: REsp 1.354.506-SP.

    NDICE Direito Constitucional

    Prerrogativa do MP de se sentar ao lado direito do juiz. Direito Administrativo

    O ato praticado sem motivao pode ser corrigido se a fundamentao for feita pela autoridade nas informaes prestadas no mandado de segurana.

    Contrato feito sem licitao e declarado nulo: contratado no ser indenizado se estava de m-f.

    O atraso na prestao de contas somente caracteriza improbidade administrativa se ficar provado o dolo do administrador pblico.

    possvel a emenda da inicial do MS para corrigir equvoco na indicao da autoridade coatora. Direito Civil

    Cobrana de parcelas inadimplidas estabelecidas em contrato de crdito rotativo para custeio de estudos universitrios prescreve em 5 anos.

    Prescrio da ao de indenizao contra seguradora por recusa em renovar contrato: 3 anos.

    A doena preexistente pode ser oposta pela seguradora ao segurado apenas se houver prvio exame mdico ou prova inequvoca da m-f do segurado.

    O ato de renncia meao que se enquadre na situao do art. 108 do CC no pode ser feito por termo judicial nos autos do inventrio, mas sim por escritura pblica.

    Direito do Consumidor

    Contrato de penhor: nula a clusula que limite o valor da indenizao na hiptese de eventual furto, roubo ou extravio do bem empenhado.

    Estatuto da Criana e do Adolescente

    Se a criana ou adolescente viajar para o exterior na companhia de apenas um dos genitores, ser necessria autorizao do outro com firma reconhecida.

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    Direito Processual Civil

    No deve ser apreciado o pedido de revogao de assistncia judiciria gratuita formulado nos prprios autos da ao principal.

    Sentena ilquida em restituio de PIS: liquidao por artigos.

    Estado descumpriu sentena transitada em julgado que determinou a incluso de gratificao em folha de pagamento: adimplemento por folha suplementar.

    Direito Penal

    Furto qualificado mediante escalada pode ser provado por outras provas alm da percia. Direito Processual Penal

    Vara da infncia e juventude pode julgar estupro de vulnervel se previsto na lei estadual?

    O magistrado no pode negar a concesso do indulto com base em pressupostos no previstos no Decreto presidencial, sob pena de violar o princpio da legalidade.

    DIREITO CONSTITUCIONAL

    Prerrogativa do MP de se sentar ao lado direito do juiz

    Os membros do Ministrio Pblico possuem a prerrogativa institucional de se sentarem direita dos juzes ou dos presidentes dos Tribunais perante os quais oficiem, independentemente de estarem atuando como parte ou fiscal da lei. Comentrios prerrogativa institucional dos membros do Ministrio Pblico sentar-se direita dos juzes

    singulares ou presidentes dos rgos judicirios perante os quais oficiem, independentemente de estarem atuando como parte ou fiscal da lei. Com efeito, o Ministrio Pblico instituio permanente, essencial funo jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurdica, do regime democrtico e dos interesses sociais e individuais indisponveis, conforme estabelece o art. 127 da CF. Dessa forma, em razo da sua relevncia para o Estado Democrtico de Direito, essa instituio possui prerrogativas e garantias para que possa exercer livremente suas atribuies. Segundo o STJ, essa prerrogativa no representa privilgio ou quebra da igualdade entre os litigantes, sendo uma garantia proveniente de lei.

    Lei n. 8.625/1993

    Art. 41. Constituem prerrogativas dos membros do Ministrio Pblico, no exerccio de sua funo, alm de outras previstas na Lei Orgnica: XI - tomar assento direita dos Juzes de primeira instncia ou do Presidente do Tribunal, Cmara ou Turma.

    LC 75/1993

    Art. 18. So prerrogativas dos membros do Ministrio Pblico da Unio: I - institucionais: a) sentar-se no mesmo plano e imediatamente direita dos juzes singulares ou presidentes dos rgos judicirios perante os quais oficiem;

    Processo STJ. 2 Turma. RMS 23.919-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 5/9/2013.

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    DIREITO ADMINISTRATIVO

    O ato praticado sem motivao pode ser corrigido se a fundamentao for feita pela autoridade nas informaes prestadas no mandado de segurana

    O ato de remoo de servidor pblico por interesse da Administrao Pblica deve ser motivado. Caso no o seja, haver nulidade. No entanto, possvel que o vcio da ausncia de motivao seja corrigido em momento posterior edio dos atos administrativos impugnados. Assim, se a autoridade removeu o servidor sem motivao, mas ela, ao prestar as informaes no mandado de segurana, trouxe aos autos os motivos que justificaram a remoo, o vcio que existia foi corrigido. Comentrios Imagine a seguinte situao adaptada:

    Joo, servidor pblico, trabalhava em um pronto-socorro. Determinado dia, o Secretrio de Sade do Estado determinou a remoo ex officio de Joo para outra unidade de sade. Ressalte-se que o ato de remoo no foi motivado. No houve qualquer meno, ainda que sucinta, s causas que deram ensejo remoo. Diante disso, o servidor pblico impetrou mandado de segurana contra o Secretrio, afirmando que o ato de remoo foi nulo por ausncia de fundamentao. Ao prestar as informaes no MS, o Secretrio explicou e demonstrou, com nmeros, que a remoo do servidor pblico era necessria ao interesse pblico, considerando que havia um quadro muito reduzido na unidade de sade de destino. A questo chegou at o STJ por meio de recurso. O Tribunal determinou a anulao do ato? NO. O STJ afirmou que o ato de remoo de servidor pblico por interesse da Administrao Pblica deve ser motivado. Caso no o seja, haver nulidade. No entanto, possvel que o vcio da ausncia de motivao seja corrigido em momento posterior edio dos atos administrativos impugnados. Assim, no caso concreto, o Secretrio de Estado, ao prestar as informaes no MS, trouxe aos autos os motivos que justificaram a remoo, corrigindo o vcio que existia. Sobre o tema, ensina Celso Antnio Bandeira de Mello: o que mais importa haver ocorrido o motivo perante o qual o comportamento era obrigatrio, passando para segundo plano a questo da motivao. Assim, se o ato no houver sido motivado, mas for possvel demonstrar ulteriormente, de maneira indisputavelmente objetiva e para alm de qualquer dvida ou entredvida, que o motivo exigente do ato preexistia, dever-se- considerar sanado o vcio do ato. (Curso de Direito Administrativo. 20 ed., So Paulo: Malheiros, 2006, p. 375).

    Processo STJ. 1 Turma. AgRg no RMS 40.427-DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 3/9/2013.

    Contrato feito sem licitao e declarado nulo: contratado no ser indenizado se estava de m-f

    Se for reconhecida a nulidade do contrato administrativo por ausncia de prvia licitao, a Administrao Pblica, em regra, tem o dever de indenizar os servios prestados pelo contratado. No entanto, a Administrao Pblica no ter o dever de indenizar os servios prestados pelo contratado na hiptese em que este tenha agido de m-f ou concorrido para a nulidade do contrato. Comentrios Imagine a seguinte situao adaptada (com diferenas em relao ao caso concreto):

    Determinado Municpio contratou um escritrio de advocacia, sem licitao, para que este

    Advocacia pblica

    Advocacia pblica

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    realizasse a apurao e cobrana dos crditos tributrios. Esse contrato foi posteriormente declarado nulo, sob o argumento de que o advogado

    contratado no se enquadrava como sendo de notria especializao (art. 25, II, da Lei n. 8.666/93). Alm disso, os servios realizados deveriam ser feitos por servidores estatutrios e no por um escritrio de advocacia particular. Aps o contrato ser declarado nulo, o referido advogado ajuizou ao cobrando os valores correspondentes ao perodo em que o ajuste vigorou. Argumentou que, durante esse tempo, prestou os servios e que, se no recebesse por isso, haveria enriquecimento sem causa por parte da Administrao Pblica. O Municpio dever pagar os valores cobrados? NO. Regra: Se for reconhecida a nulidade do contrato administrativo por ausncia de prvia licitao, a Administrao Pblica, em regra, tem o dever de indenizar os servios prestados pelo contratado. Isso se justifica para evitar que haja um enriquecimento sem causa do poder pblico, considerando que, durante esse perodo, beneficiou-se dos servios do contratado. Exceo no caso de m-f do contratado: Vale ressaltar, no entanto, que a regra acima possui uma exceo. Segundo o STJ, a Administrao Pblica no ter o dever de indenizar os servios prestados pelo contratado na hiptese em que este tenha agido de m-f ou concorrido para a nulidade do contrato.

    A soluo para essa questo encontra-se no pargrafo nico do art. 59 da Lei n. 8.666/93:

    Art. 59. A declarao de nulidade do contrato administrativo opera retroativamente impedindo os efeitos jurdicos que ele, ordinariamente, deveria produzir, alm de desconstituir os j produzidos. Pargrafo nico. A nulidade no exonera a Administrao do dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado at a data em que ela for declarada e por outros prejuzos regularmente comprovados, contanto que no lhe seja imputvel, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa.

    No caso concreto, entendeu-se que havia m-f do contratado, uma vez que ele saberia da ilegalidade da contratao, j que tinha passado por situao semelhante em outros Municpios.

    Processo STJ. 2 Turma. AgRg no REsp 1.394.161-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 8/10/2013.

    O atraso na prestao de contas somente caracteriza improbidade administrativa se ficar provado o dolo do administrador pblico

    A configurao do ato de improbidade administrativa previsto no art. 11 da Lei n. 8.429/92 somente possvel se demonstrada prtica dolosa de conduta que atente contra os princpios da Administrao Pblica. A ausncia de prestao de contas, quando ocorre de forma dolosa, acarreta violao ao Princpio da Publicidade. Todavia, o simples atraso na entrega das contas, sem que exista dolo na espcie, no configura ato de improbidade. Comentrios A Lei n. 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa) regulamenta as consequncias no

    caso da prtica de atos de improbidade administrativa. A LIA traz, em seus arts. 9, 10 e 11, um rol exemplificativo de atos que caracterizam improbidade administrativa.

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    Uma das grandes discusses sobre o tema a seguinte: Qual o elemento subjetivo exigido para os atos de improbidade administrativa? Em outras palavras, para que seja considerado ato de improbidade administrativa, necessrio que o agente tenha praticado as condutas dos arts. 9, 10 e 11 com dolo, ou basta que tenha agido com culpa? Houve durante algum tempo uma polmica na doutrina, mas, atualmente, a questo est pacificada no STJ:

    Critrio objetivo Critrio subjetivo

    Art. 9 Atos de improbidade que importam enriquecimento ilcito do agente pblico

    Exige DOLO

    Art. 10 Atos de improbidade que causam prejuzo ao errio Pode ser DOLO ou, no mnimo, CULPA

    Art. 11 Atos de improbidade que atentam contra princpios da administrao pblica

    Exige DOLO

    Desse modo, segundo iterativa (reiterada) jurisprudncia do STJ, para que seja reconhecida a tipificao da conduta do agente como incurso nas previses da Lei de Improbidade Administrativa, necessria a demonstrao do elemento subjetivo, consubstanciado pelo dolo para os tipos previstos nos arts. 9 (enriquecimento ilcito) e 11 (violao dos princpios da Administrao Pblica) e, ao menos, pela culpa nas hipteses do art. 10 (prejuzo ao errio). Feitas essas consideraes, imagine a seguinte situao: O prefeito atrasou a entrega da prestao de contas, razo pela qual o Ministrio Pblico

    ajuizou ao de improbidade contra ele, com fundamento no art. 11 da Lei n. 8.492/92. Se o administrador pblico atrasa a entrega da prestao de contas, pratica improbidade por violao aos princpios administrativos? Como vimos acima, a configurao do ato de improbidade administrativa previsto no art. 11

    da Lei n. 8.429/92 somente possvel se demonstrada prtica dolosa de conduta que atente contra os princpios da Administrao Pblica. A ausncia de prestao de contas, quando ocorre de forma dolosa, acarreta violao ao Princpio da Publicidade. Todavia, o simples atraso na entrega das contas, sem que exista dolo na espcie, no configura ato de improbidade. Logo, para que a referida ao seja julgada procedente, indispensvel que o MP prove o dolo ou m-f do autor.

    Processo STJ. 2 Turma. AgRg no REsp 1.382.436-RN, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20/8/2013.

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    DIREITO CIVIL

    Cobrana de parcelas inadimplidas estabelecidas em contrato de crdito rotativo para custeio de estudos universitrios prescreve em 5 anos

    A pretenso de cobrana de parcelas inadimplidas estabelecidas em contrato de crdito rotativo para custeio de estudos universitrios prescreve em vinte anos na vigncia do CC/1916 e em cinco anos na vigncia do CC/2002. Comentrios Na vigncia do CC/1916, a pretenso estava sujeita ao prazo prescricional do art. 177 do

    referido cdigo vinte anos , em razo da inexistncia de prazo especfico. No entanto, com a entrada em vigor do CC/2002, impera regra especfica inserta no art. 206, 5, I, do CC/2002, que prev o prazo prescricional quinquenal para a pretenso de cobrana de dvidas lquidas constantes de instrumento pblico ou particular. inadequada, portanto, a incidncia do prazo geral decenal previsto no art. 205 do CC/2002 dez anos , destinado s hipteses em que no existir prazo menor especial, previsto em algum dos pargrafos do art. 206.

    Processo STJ. 3 Turma. REsp 1.188.933-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/8/2013.

    Prescrio da ao de indenizao contra seguradora por recusa em renovar contrato: 3 anos

    Prescreve em trs anos a pretenso do segurado relativa reparao por danos sofridos em decorrncia da no renovao, sem justificativa plausvel, de contrato de seguro de vida em grupo, aps reiteradas renovaes automticas. Comentrios Seguro em grupo

    O Cdigo Civil permite que o contrato de seguro seja feito em favor de uma coletividade de pessoas. Nesse caso, ele chamado de seguro em grupo ou coletivo:

    Art. 801. O seguro de pessoas pode ser estipulado por pessoa natural ou jurdica em proveito de grupo que a ela, de qualquer modo, se vincule.

    No seguro coletivo, costuma-se segurar um conjunto de indivduos, nominados ou somente referidos, como os empregados de uma determinada empresa, ou pessoas ligadas a uma referida entidade, as quais autorizam a confeco do contrato e o desconto em folha. (FARIAS, Cristiano Chaves de; FIGUEIREDO, Luciano; EHRHARDT JNIOR, Marcos; DIAS, Wagner Incio Freitas. Cdigo Civil para concursos. Salvador: Juspodivm, 2013, p. 563). Imagine agora a seguinte situao: Determinado grupo de pessoas mantinha um seguro em grupo com a seguradora Y. A durao desse seguro era anual e este j havia sido renovado 30 vezes. Em determinado dia, a seguradora recusou-se, imotivadamente, a renovar o seguro. A seguradora agiu conforme o direito? NO. A seguradora, aps todos esses anos de renovao, no pode recusar-se a renovar o contrato sem uma justificativa tcnica plausvel. Nesses casos, h ofensa aos princpios da boa f objetiva, da cooperao, da confiana e da lealdade, orientadores da interpretao dos contratos que regulam as relaes de consumo (REsp 1073595/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, Segunda Seo, julgado em 23/03/2011). Os segurados podero ajuizar uma ao de indenizao contra a seguradora por causa da recusa? SIM, possvel.

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    Qual o prazo prescricional para essa demanda?

    Tese da seguradora Tese dos segurados

    1 ano, nos termos do art. 206, 1, II, CC: Art. 206. Prescreve: 1 Em um ano: II - a pretenso do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que citado para responder ao de indenizao proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuncia do segurador; b) quanto aos demais seguros, da cincia do fato gerador da pretenso;

    3 anos, nos termos do art. 206, 3, V, CC: Art. 206. Prescreve: 3 Em trs anos: V - a pretenso de reparao civil;

    Qual tese foi aceita pelo STJ? O prazo de 3 anos. Em regra, as aes relacionadas com seguro em grupo prescrevem em 1 ano, conforme prev o art. 206, 1, II, CC. Nesse sentido:

    Smula 101 do STJ: A ao de indenizao do segurado em grupo contra a seguradora prescreve em um ano.

    No caso em tela, contudo, a pretenso dos autores no de recebimento da indenizao securitria contratada, mas sim de reparao pelos danos sofridos em decorrncia da no renovao do contrato de seguro de vida. Verifica-se, assim, que a causa de pedir da indenizao a responsabilidade extracontratual da seguradora, decorrente da alegada abusividade e ilicitude da sua conduta de no renovar o contrato sem justificativa plausvel, em prejuzo dos seus consumidores. Logo, no se aplica o art. 206, 1, II, CC.

    Processo STJ. 3 Turma. REsp 1.273.311-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 1/10/2013.

    A doena preexistente pode ser oposta pela seguradora ao segurado apenas se houver prvio exame mdico ou prova inequvoca da m-f do segurado

    No contrato de seguro de vida e acidentes pessoais, o segurado no tem direito indenizao caso, agindo de m-f, silencie a respeito de doena preexistente que venha a ocasionar o sinistro, ainda que a seguradora no exija exames mdicos no momento da contratao. Comentrios

    Nomenclaturas utilizadas nos contratos de seguro Risco: a possibilidade de ocorrer o sinistro. Ex: risco de morte. Sinistro: o sinistro o risco concretizado. Ex: morte. Aplice (ou bilhete de seguro): um documento emitido pela seguradora no qual esto previstos os riscos assumidos, o incio e o fim de sua validade, o limite da garantia e o prmio devido e, quando for o caso, o nome do segurado e o do beneficirio.

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    Prmio: a quantia paga pelo segurado para que o segurador assuma o risco. O prmio deve ser pago depois de recebida a aplice. O valor do prmio fixado a partir de clculos atuariais e o seu valor leva em considerao os riscos cobertos. Indenizao: o valor pago pela seguradora caso o risco se concretize (sinistro). Dever de declarar doenas preexistentes: Quando a pessoa vai contratar um seguro de vida, ela tem o dever de declarar, de forma verdica, o seu real estado de sade. Essa informao fundamental para que a seguradora decida se aceitar realmente o contratante e qual ser o prmio fixado. Dever das seguradoras de exigir exames mdicos: Como cautela, as seguradoras devem exigir exames mdicos do contratante. Se a seguradora no exige os exames mdicos no momento da contratao e, mais para frente, quando o contratante falece, descobre-se que ele morreu por causa de uma doena preexistente, a seguradora mesmo assim obrigada a pagar a indenizao aos beneficirios? SIM. Em regra, se a seguradora no realizou os exames no contratante, ela assumiu os riscos por essa sua postura. Logo, mesmo que a pessoa morra em decorrncia de uma doena preexistente, a contratada dever pagar o valor da indenizao. Exceo: A seguradora poder recusar o pagamento da indenizao se ficar provado que o contratante (segurado) agiu de m-f. Resumindo: A seguradora que no exigiu exames mdicos previamente contratao, no pode descumprir a obrigao indenizatria sob a alegao de que houve omisso de informaes pelo segurado quanto doena preexistente, salvo quando ficar provado que o contratante agiu de m-f.

    Nos termos da jurisprudncia dominante deste Tribunal, a doena preexistente pode ser oposta pela seguradora ao segurado apenas se houver prvio exame mdico ou prova inequvoca da m-f do segurado. (...) (AgRg no Ag 818.443/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 1/3/2007)

    Processo STJ. 3 Turma. AgRg no REsp 1.286.741-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, julgado em 15/8/2013.

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    O ato de renncia meao que se enquadre na situao do art. 108 do CC no pode ser feito por termo judicial nos autos do inventrio, mas sim por escritura pblica

    A lavratura de escritura pblica essencial validade do ato praticado por viva consistente na cesso gratuita, em favor dos herdeiros do falecido, de sua meao sobre imvel inventariado cujo valor supere trinta salrios mnimos, sendo insuficiente, para tanto, a reduo a termo do ato nos autos do inventrio. Comentrios Imagine a seguinte situao adaptada:

    Joo faleceu deixando uma casa avaliada em 600 mil reais. So herdeiros do falecido: Maria (cnjuge suprstite = sobrevivente), Hugo e Luiz (filhos). Cnjuge = herdeiro e meeiro Em nosso exemplo, Maria, alm de herdeira, era tambm meeira. Assim, ela tem direito metade da casa como meeira (300 mil reais). A outra metade a herana deixada por Joo e que ser dividida entre os trs herdeiros: Maria, Hugo e Luiz. Logo, cada herdeiro ir receber uma quota ideal correspondente a 100 mil reais. Esquematizando:

    Casa = 600 mil reais.

    Metade da casa (300 mil) meao do cnjuge e a outra (300 mil) a herana.

    Metade da casa dividida entre os trs herdeiros (100 mil para cada).

    Maria receber a meao (300 mil) e mais um tero da herana. Total de Maria: 400 mil.

    Hugo e Luiz recebero 100 mil reais cada. Suponha que Maria quer renunciar em favor de Hugo e Luiz a sua meao na casa. Qual a forma pela qual dever faz-lo? Escritura pblica. Se Maria quiser dispor de sua meao, ela precisar faz-lo por meio de escritura pblica, conforme determina o art. 108 do CC:

    Art. 108. No dispondo a lei em contrrio, a escritura pblica essencial validade dos negcios jurdicos que visem constituio, transferncia, modificao ou renncia de direitos reais sobre imveis de valor superior a trinta vezes o maior salrio mnimo vigente no Pas.

    Com o intuito de reduzir os custos, o advogado de Maria prope que ela faa a renncia da meao por meio de uma petio dirigida ao juiz no processo de inventrio. O interessante argumento do causdico foi o seguinte: a renncia herana pode ser feita por meio de termo judicial nos autos do inventrio (art. 1.806 do CC). O ato de renunciar a meao equipara-se ao de renunciar a herana. Logo, possvel renunciar a meao por escritura pblica ou por termo judicial. Veja a redao do art. 1.806 do CC:

    Art. 1.806. A renncia da herana deve constar expressamente de instrumento pblico ou termo judicial.

    O raciocnio acima admitido pela jurisprudncia? possvel a cesso da meao por termo judicial nos autos do inventrio? A renncia meao equipara-se renncia herana? NO. O ato de renncia meao no pode ser equiparado ao de renncia herana porque so institutos diferentes.

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    Herana Meao

    A posse ou propriedade dos bens do de cujus so transmitidas aos herdeiros quando e porque aberta a sucesso (princpio da saisine).

    O patrimnio de propriedade da viva em decorrncia do regime de bens do casamento, independe da abertura da sucesso, e pode ser objeto de ato de disposio pela viva a qualquer tempo, seja em favor dos herdeiros ou de terceiros.

    A renncia herana somente pode ocorrer depois de aberta a sucesso, quando a pessoa adquire a condio de herdeira.

    A renncia meao pode ocorrer mesmo antes de aberta a sucesso, considerando que a meao um direito que no surge por causa da morte.

    Percebe-se que o ato de disposio patrimonial pretendido por Maria, ou seja, a cesso gratuita da sua meao em favor dos herdeiros, configura uma verdadeira doao, inclusive para fins tributrios (STJ Ag 1165370, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 18.09.2009). Em regra, a doao pode ser feita por escritura pblica ou por instrumento particular (art. 541 do CC). Na hiptese em tela, dever ser realizada por escritura pblica em razo do direito real doado ser superior a 30 salrios mnimos, conforme determina o art. 108 do CC.

    Processo STJ. 3 Turma. REsp 1.196.992-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/8/2013.

    DIREITO DO CONSUMIDOR

    Contrato de penhor: nula a clusula que limite o valor da indenizao na hiptese de eventual furto, roubo ou extravio do bem empenhado

    Em contrato de penhor firmado por consumidor com instituio financeira, nula a clusula que limite o valor da indenizao na hiptese de eventual furto, roubo ou extravio do bem empenhado. Comentrios Penhor

    Penhor o direito real pelo qual o devedor ou terceiro transfere ao credor, em garantia do dbito, a posse de uma coisa mvel. A coisa dada em penhor empenhada ou apenhada. No se pode confundir penhor (garantia real) com penhora (ato do processo de execuo). Penhor de joias A Caixa Econmica Federal oferece uma forma de conferir emprstimo de modo mais gil e sem burocracia. Trata-se do emprstimo com penhor. A pessoa interessada em obter um emprstimo procura a CEF e obtm o emprstimo, oferecendo, como garantia, joias, pedras preciosas, canetas, relgios etc. Quando a pessoa paga o emprstimo, recebe de volta o bem empenhado. Se o muturio no quitar o emprstimo, a coisa apenhada leiloada. Imagine agora a seguinte situao hipottica: Pedro, precisando de dinheiro, resolve tomar um emprstimo na CEF e, como garantia, entrega o seu anel de formatura. No contrato assinado, havia uma clusula que dizia que, em caso de roubo, furto ou extravio da joia empenhada, a CEF deveria pagar ao muturio, a ttulo de danos materiais e morais, o valor mximo de 1,5 vezes da quantia pela qual foi avaliado o bem. Ex: se o bem

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    tivesse sido avaliado em 10 mi reais, a CEF pagaria, no mximo, 15 mil reais de indenizao. Uma semana aps Pedro dar o bem em garantia, houve um furto na agncia da CEF e levaram o anel, que estava guardado em um cofre. A CEF dever indenizar Pedro por esse furto? SIM. O furto ocorrido deve ser entendido como fortuito interno, inerente atividade explorada pelo banco. Assim, a instituio financeira responsvel por furtos ou mesmo roubos em seus cofres (REsp 1.250.997/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em 5/2/2013). Essa clusula que limita o valor da indenizao vlida? NO. O CDC prev, em seu art. 51, I:

    Art. 51 - So nulas de pleno direito, entre outras, as clusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e servios que: I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vcios de qualquer natureza dos produtos e servios ou impliquem renncia ou disposio de direitos. Nas relaes de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurdica, a indenizao poder ser limitada, em situaes justificveis;

    Segundo decidiu o STJ, no contrato de penhor celebrado com a Caixa, notria a hipossuficincia do consumidor, pois este, necessitando de emprstimo, apenas adere a um contrato cujas clusulas so inegociveis, submetendo-se, inclusive, avaliao unilateral realizada pela instituio financeira. Vale ressaltar que, comumente, a avaliao inferior ao preo cobrado do consumidor no mercado varejista de joias. Ao aceitar dar em penhor sua joia pessoal, o consumidor demonstra no estar interessado em vender esse bem empenhado, preferindo transferir apenas a posse temporria dela instituio financeira, em garantia de um emprstimo. Pago o emprstimo, ele tem plena expectativa de ter de volta seu bem. Isso revela que, em regra, o muturio possui uma relao afetiva com a coisa apenhada. O que fazer, ento, no caso concreto? O juiz dever reconhecer que a clusula nula de pleno direito, nos termos do art. 51, I, do CDC, devendo condenar CEF a pagar um valor justo de indenizao, que atenda estritamente aos princpios da razoabilidade e da proporcionalidade. Deve-se salientar que, alm dos danos materiais, a CEF dever ser condenada a pagar tambm danos morais, uma vez que, conforme j salientado, o consumidor que decide pelo penhor assim o faz pretendendo receber o bem de volta, e, para tanto, confia que o mutuante o guardar pelo prazo ajustado. Se a coisa empenhada fosse para o proprietrio um bem qualquer, sem nenhum valor sentimental, provavelmente o consumidor optaria pela venda da joia, e, certamente, obteria um valor maior.

    Processo STJ. 4 Turma. REsp 1.155.395-PR, Rel. Min. Raul Arajo, julgado em 1/10/2013.

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    ESTATUTO DA CRIANA E DO ADOLESCENTE

    Se a criana ou adolescente viajar para o exterior na companhia de apenas um dos genitores, ser necessria autorizao do outro com firma reconhecida

    lcita a conduta de companhia area consistente em negar o embarque ao exterior de criana acompanhada por apenas um dos pais, desprovido de autorizao na forma estabelecida no art. 84 do ECA, ainda que apresentada autorizao do outro genitor escrita de prprio punho e elaborada na presena de autoridade fiscalizadora no momento do embarque. Comentrios O Estatuto da Criana e do Adolescente disciplina, em seus arts. 83 a 85, as regras que

    envolvem a viagem de crianas e adolescentes. Veja abaixo o resumo das situaes:

    VIAGEM NACIONAL

    SITUAO NECESSRIA AUTORIZAO?

    Criana viajar com o pai e a me. NO

    Criana viajar s com o pai ou s com a me. NO

    Criana viajar com algum ascendente (av, bisav). NO

    (nem dos pais nem do juiz)

    Criana viajar com algum colateral, maior de idade, at 3 grau (irmo, tio e sobrinho).

    NO (nem dos pais nem do juiz)

    Criana viajar acompanhada de uma pessoa maior de idade, mas que no seja nenhum dos parentes acima listados (ex: amigo da famlia, chefe de excurso, treinador de time).

    SIM Ser necessria uma autorizao expressa do pai, me ou responsvel (ex: tutor) pela criana.

    Criana viajar sem estar acompanhada por uma pessoa maior de idade.

    SIM Ser necessria uma autorizao do juiz da infncia e juventude.

    Criana viajar desacompanhada de parentes para comarca vizinha, localizada dentro do mesmo Estado, ou para comarca que pertena mesma regio metropolitana.

    NO (nem dos pais nem do juiz)

    Adolescente viajar desacompanhado de pais, responsvel, parente ou qualquer outra pessoa.

    NO Adolescentes podem viajar pelo

    Brasil sem autorizao.

    Relembrando:

    Criana: at 12 anos incompletos.

    Adolescente: pessoa entre 12 e 18 anos.

    VIAGEM AO EXTERIOR

    SITUAO NECESSRIA AUTORIZAO?

    Criana ou adolescente viajar acompanhado do pai e da me.

    NO

    Criana ou adolescente viajar com o seu responsvel (ex: guardio, tutor ou curador).

    NO

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    Criana ou adolescente viajar s com o pai ou s com a me.

    SIM Nesse caso, ser necessria: 1) autorizao judicial; OU 2) autorizao expressa do pai ou me que no for viajar, atravs de documento com firma reconhecida.

    Criana ou adolescente viajar desacompanhado SIM

    Nesse caso, ser necessria: 1) autorizao judicial; OU 2) autorizao expressa do pai e da me, com firma reconhecida.

    Criana ou adolescente viajar em companhia de terceiros maiores e capazes, designados pelos genitores.

    Em todos os outros casos (ex: av, tio, irmo, chefe de excurso, treinador de time etc.).

    Criana ou adolescente nascido no Brasil viajar em companhia de residente ou domiciliado no exterior.

    SIM Necessria prvia e expressa

    autorizao judicial.

    A no-observncia das regras acima poder ensejar a prtica da infrao administrativa prevista no art. 251 do ECA:

    Art. 251. Transportar criana ou adolescente, por qualquer meio, com inobservncia do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei: Pena - multa de trs a vinte salrios de referncia, aplicando-se o dobro em caso de reincidncia.

    RESOLUO N. 131/2011-CNJ

    O tema tambm foi regulamentado pela Resoluo n. 131/2011 do CNJ. Se voc estiver prestando concursos para cartrio, importante ler a ntegra do documento. Crianas ou adolescentes brasileiros residentes fora do Brasil

    Segundo a Resoluo n. 131/2011-CNJ, dispensvel autorizao judicial para que crianas ou adolescentes brasileiros residentes fora do Brasil, detentores ou no de outra nacionalidade, viajem de volta ao pas de residncia, nas seguintes situaes: I) em companhia de um dos genitores, independentemente de qualquer autorizao escrita; II) desacompanhado ou acompanhado de terceiro maior e capaz designado pelos genitores, desde que haja autorizao escrita dos pais, com firma reconhecida. Caso concreto julgado pelo STJ (com adaptaes): Joo e Maria possuem uma filha menor de idade. Maria e a filha foram viajar aos EUA. No momento do embarque, a companhia area exigiu, para o embarque da filha, uma autorizao por escrito do pai da menor, com firma reconhecida. Joo, que havia ido at o aeroporto levar sua filha para o embarque, fez uma autorizao na hora, de prprio punho, na presena do funcionrio da companhia area e do agente de Polcia Federal que foi chamado para acompanhar o caso. Vale ressaltar que havia uma Portaria do juiz da infncia e juventude autorizando que essa autorizao do pai ou me que no fosse viajar pudesse ser feita na hora, de prprio punho, na presena das autoridades fiscalizadoras, no momento do embarque. Mesmo assim, a companhia area no aceitou o documento e no permitiu o embarque da menor. Os pais ajuizaram ao de indenizao por danos morais contra a empresa.

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    Qual foi o resultado? O STJ negou a indenizao pretendida. Segundo o Tribunal, a conduta da companhia area de negar o embarque foi lcita. Quando se tratar de viagem para o exterior, exige-se a autorizao judicial, que somente dispensada se a criana ou o adolescente estiverem acompanhados de ambos os pais ou responsveis, ou, se viajarem na companhia de um deles, com autorizao expressa do outro por meio de documento com firma reconhecida (art. 84 do ECA). A portaria expedida pela Vara da Infncia e Juventude estabelecendo a possibilidade de autorizao do outro cnjuge mediante escrito de prprio punho no tem a aptido de suprir a forma legalmente exigida para a prtica do ato. O poder normativo da Justia da Infncia e da Juventude deve sempre observar o princpio da proteo integral da criana e do adolescente e, sobretudo, as regras expressas do ECA.

    Processo STJ. 4 Turma. REsp 1.249.489-MS, Rel. Min. Luiz Felipe Salomo, julgado em 13/8/2013.

    DIREITO PROCESSUAL CIVIL

    No deve ser apreciado o pedido de revogao de assistncia judiciria gratuita formulado nos prprios autos da ao principal

    A parte contrria poder impugnar o pedido de justia gratuita? SIM. possvel que oferea uma impugnao (revogao) justia gratuita. Esse pedido possui natureza jurdica de incidente do processo e deve ser feita em autos apartados ( 2 do art. 4 da LAJ). E se a impugnao justia gratuita for formulada nos prprios autos (e no em autos apartados)? O juiz no dever apreciar o pedido de revogao, mantendo, assim, o benefcio da justia gratuita que j tenha sido concedido. Isso porque o pedido formulado nos prprios autos da ao principal configura violao Lei n. 1.060/50, alm de ser um erro grosseiro da parte. Comentrios Garantia de assistncia jurdica integral e gratuita

    A CF/88 prev a garantia da assistncia jurdica integral e gratuita em seu art. 5, LXXIV: o Estado prestar assistncia jurdica integral e gratuita aos que comprovarem insuficincia de recursos. Esse dispositivo constitucional consagra duas garantias:

    I Assistncia jurdica integral e gratuita II Benefcio da gratuidade judiciria (assistncia judiciria gratuita AJG).

    Fornecimento pelo Estado de orientao e defesa jurdica, de forma integral e gratuita, a ser prestada pela Defensoria Pblica, em todos os graus, dos necessitados (art. 134 da CF). Regulada pela Lei Complementar 80/94.

    Iseno das despesas que forem necessrias para que a pessoa necessitada possa defender seus interesses em um processo judicial.

    Regulada pela Lei n. 1.060/50.

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    Lei n. 1.060/50

    A Lei n. 1.060/50 estabelece normas para a concesso de assistncia judiciria aos necessitados. conhecida como Lei de Assistncia Judiciria (LAJ).

    A pessoa beneficiada pela justia gratuita est dispensada do pagamento de quais verbas?

    Art. 3 A assistncia judiciria compreende as seguintes isenes: I - das taxas judicirias e dos selos; II - dos emolumentos e custas devidos aos Juzes, rgos do Ministrio Pblico e serventurios da justia; III - das despesas com as publicaes indispensveis no jornal encarregado da divulgao dos atos oficiais; IV - das indenizaes devidas s testemunhas que, quando empregados, recebero do empregador salrio integral, como se em servio estivessem, ressalvado o direito regressivo contra o poder pblico federal, no Distrito Federal e nos Territrios; ou contra o poder pblico estadual, nos Estados; V - dos honorrios de advogado e peritos. VI das despesas com a realizao do exame de cdigo gentico DNA que for requisitado pela autoridade judiciria nas aes de investigao de paternidade ou maternidade. VII dos depsitos previstos em lei para interposio de recurso, ajuizamento de ao e demais atos processuais inerentes ao exerccio da ampla defesa e do contraditrio.

    Obs: a assistncia judiciria no abrange a iseno do pagamento de multa por litigncia de m-f (STJ RMS 15.600-SP). Quem considerado necessitado para os fins legais? aquele cuja situao econmica no lhe permita pagar as custas do processo e os honorrios de advogado, sem prejuzo do sustento prprio ou da famlia (art. 2, pargrafo nico, da LAJ). Quem est abrangido por ela?

    Pessoas fsicas (nacionais ou estrangeiras);

    Pessoas jurdicas. O que necessrio para que se obtenha? A parte gozar dos benefcios da assistncia judiciria mediante simples afirmao, na prpria petio inicial (se for autora) ou na contestao (se for r), de que no est em condies de pagar as custas do processo e os honorrios de advogado, sem prejuzo prprio ou de sua famlia (art. 4 da LAJ). Se a pessoa fsica faz essa declarao, h uma presuno relativa de que ela seja necessitada Presume-se pobre, at prova em contrrio, quem afirmar essa condio nos termos da lei, sob pena de pagamento at o dcuplo das custas judiciais (art. 4, 1, da LAJ). No necessrio que a pessoa fsica junte nenhuma prova de que necessitada, sendo suficiente essa afirmao. Mesmo havendo essa presuno, o juiz pode indeferir o pedido? SIM. Segundo o STJ, a afirmao de hipossuficincia, almejando a obteno do benefcio da assistncia judiciria gratuita, possui presuno legal juris tantum, ou seja, relativa, podendo o magistrado, com amparo no art. 5, da Lei n. 1.050/60, infirmar a miserabilidade da requerente (AgRg no AREsp 121.135/MS, DJe 27/11/2012). Esse indeferimento pode ocorrer, inclusive, de ofcio, ou seja, sem requerimento da parte adversa (REsp 1196941/SP, DJe 23/03/2011).

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    Se o magistrado no estiver convencido da impossibilidade da parte de arcar com as custas do processo, ele poder exigir que sejam apresentados documentos? SIM. O magistrado, antes de deferir o pedido, pode investigar a real situao financeira do requerente da assistncia judiciria gratuita (AgRg no AREsp 181.573/MG, DJe 30/10/2012). Assim, o juzo, para perquirir sobre as reais condies econmico-financeiras do requerente, poder solicitar que este comprove nos autos que no pode arcar com as despesas processuais e com os honorrios de sucumbncia (REsp 1196941/SP, DJe 23/03/2011). No caso de o requerente do benefcio ser pessoa jurdica, necessrio provar a impossibilidade de arcar com as despesas do processo? SIM. As pessoas jurdicas de direito privado, com ou sem fins lucrativos, para obterem os benefcios da justia gratuita, devem comprovar o estado de miserabilidade, no bastando a simples declarao de pobreza. Em outras palavras, para que a pessoa jurdica de direito privado obtenha o benefcio da justia gratuita, indispensvel que demonstre (comprove) sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais, no sendo a ela aplicvel a presuno de que trata o 1 do art. 4 da LAJ.

    Smula 481-STJ: Faz jus ao benefcio da justia gratuita a pessoa jurdica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.

    REQUERIMENTO DE JUSTIA GRATUITA

    PESSOA FSICA PESSOA JURDICA

    A parte gozar dos benefcios da assistncia judiciria mediante simples afirmao de que no est em condies de arcar com os encargos processuais. Em regra, no ser necessrio que o requerente junte nenhum documento, salvo se o juiz determinar.

    Alm de formular o requerimento de justia gratuita, a pessoa jurdica, com ou sem fins lucrativos, dever demonstrar, com documentos, sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.

    Qual o momento em que dever ser formulado o pedido de justia gratuita? Normalmente o pedido de justia gratuita feito na prpria petio inicial (no caso do autor) ou na contestao (no caso do ru). No entanto, a orientao pacfica da jurisprudncia de que a assistncia judiciria gratuita pode ser pleiteada a qualquer tempo (REsp 1261220/SP, DJe 04/12/2012). possvel requerer a assistncia jurdica gratuita no ato da interposio do recurso? SIM. O STF entendeu que seria cabvel deferir-se a gratuidade antes da interposio ou como pleito embutido na petio do recurso extraordinrio, salvo se houvesse fraude, como, por exemplo, quando a parte no efetuasse o preparo e, depois, requeresse que se relevasse a desero. O Min. Marco Aurlio afirmou que plausvel imaginar a situao de uma pessoa que, no incio do processo pudesse custear as despesas processuais e, no entanto, depois de um tempo, com a mudana de sua situao econmica, no tivesse mais condies de pagar o preparo do recurso, devendo, ento, ter direito de pleitear a assistncia judiciria nessa fase processual (STF. 1 Turma. AI 652139 AgR/MG, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acrdo Min. Marco Aurlio, 22/5/2012). Se for formulado no momento do recurso, o requerimento de gratuitade deve ser feito em petio avulsa, que dever ser processada em apenso aos autos principais, conforme previsto no art. 6 da LIA, e no no prprio corpo do recurso, constituindo erro grosseiro essa prtica (STJ. REsp 1229778/MA, DJe 13/12/2012).

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    A parte contrria poder impugnar o pedido de justia gratuita? SIM. Isso comumente chamado de impugnao justia gratuita, impugnao concesso do benefcio de assistncia judiciria gratuita ou revogao da justia gratuita. Esse pedido possui natureza jurdica de incidente do processo. De acordo com a LAJ, a impugnao justia gratuita:

    no suspende o curso do processo; e

    deve ser feita em autos apartados ( 2 do art. 4). E se a impugnao justia gratuita for formulada nos prprios autos (e no em autos apartados)? O juiz no dever apreciar o pedido de revogao, mantendo, assim, o benefcio da justia gratuita que j tenha sido concedido.

    A Lei n. 1.060/50, em seus arts. 4, 2 e 7 c/c 6, dispe que a impugnao do direito assistncia judiciria ser feita em autos apartados. Permitir que o pleito de revogao da assistncia judiciria gratuita seja apreciado nos prprios autos da ao principal resulta, alm da limitao na produo de provas, em indevido atraso no julgamento do feito principal, o que pode ocasionar prejuzos irremediveis s partes. Desse modo, no deve ser apreciado o pedido de revogao de assistncia judiciria gratuita formulado nos prprios autos da ao principal, uma vez que isso configura

    violao Lei n. 1.060/50, alm de ser um erro grosseiro da parte. (STJ Corte Especial. EREsp 1286262/ES, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 19/06/2013). O pedido de impugnao feito nos prprios autos poder ser considerado pelo juiz como mera irregularidade e, assim, ser apreciado? NO. No se pode entender que o processamento da impugnao nos prprios autos seja mera irregularidade, pois a inteno do legislador foi a de evitar o tumulto processual, determinando que tal exame fosse realizado em autos apartados, garantindo-se a ampla defesa, o contraditrio e o regular curso do processo. Assim, trata-se, como j dito, de erro grosseiro, o que impede a sua apreciao (STJ EREsp 1286262/ES).

    Processo STJ. Corte Especial. EREsp 1.286.262-ES, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 19/6/2013.

    Ru que no concorda com processo distribudo por preveno com base na conexo dever apresentar exceo de incompetncia

    A exceo de incompetncia meio adequado para que a parte r impugne distribuio por preveno requerida pela parte autora com base na existncia de conexo. Comentrios Imagine a seguinte situao hipottica:

    Joo ajuizou ao ordinria contra a empresa XYZ, processo que foi distribudo para a 2 Vara cvel. Pedro props ao ordinria contra Joo e, na petio inicial, pediu a distribuio por dependncia tambm para a 2 Vara cvel, alegando que a demanda era conexa com a ao ajuizada por Joo contra a empresa XYZ. Joo foi citado e entende que no h conexo no presente caso.

    A alegao de inexistncia de conexo dever ser feita por meio de qual espcie de defesa? Exceo de incompetncia.

    Se o ru discordar de um processo que foi distribudo por preveno requerido com base na existncia de conexo, dever faz-lo por meio de uma exceo de incompetncia.

    Processo STJ. 4 Turma. REsp 1.156.306-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 20/8/2013.

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    Sentena ilquida em restituio de PIS: liquidao por artigos

    Em sede de execuo contra a fazenda pblica, far-se- a liquidao por artigos na hiptese em que, diante da insuficincia de documentos nos autos, for necessria a realizao de anlise contbil para se chegar ao valor a ser restitudo a ttulo de contribuio ao PIS paga a maior. Comentrios LIQUIDAO DE SENTENA

    Sentena deve ser lquida Em regra, a sentena deve ser lquida. O que sentena lquida? Apesar de existirem opinies em sentido contrrio, para o CPC, sentena lquida aquela que define o quantum debeatur, ou seja, aquela que fixa o valor da obrigao devida. Pode acontecer de ser prolatada uma sentena sem que conste o valor da condenao (ilquida)? SIM. O ideal que a sentena seja lquida. Em alguns casos, no entanto, pode ocorrer de no ser possvel se determinar o valor da condenao j na sentena. Nessas hipteses, dever ser realizada a liquidao da sentena, conforme prev o CPC:

    Art. 475-A. Quando a sentena no determinar o valor devido, procede-se sua liquidao.

    Desse modo, a liquidao da sentena a etapa do processo que ocorre aps a fase de conhecimento e que se destina a descobrir o valor da obrigao (quantum debeatur) quando no foi possvel fixar essa quantia diretamente na sentena. Objetivo da liquidao: descobrir o quantum debeatur e, assim, poder permitir o cumprimento da sentena (execuo). Espcies de liquidao: O CPC previu duas espcies de liquidao: a) por arbitramento; b) por artigos.

    ESPCIES DE LIQUIDAO

    POR ARBITRAMENTO POR ARTIGOS

    Ocorre quando for necessria a realizao de uma PERCIA para se descobrir o quantum debeatur.

    Ocorre quando for necessrio alegar e provar um FATO NOVO para se descobrir o quantum debeatur. utilizada quando forem necessrios outros meios de prova para se determinar o valor da condenao, alm da percia. Obs: fato novo aquele que no tenha sido analisado e decidido durante o processo. No significa necessariamente que tenha surgido aps a sentena. Novo = ainda no apreciado no processo.

    Ex: Joo estava construindo um prdio, tendo essa construo causado danos na estrutura do imvel vizinho. O juiz condena

    Ex: Pedro foi vtima de infeco hospitalar. O juiz condena o hospital a pagar todas as despesas que ele j teve por conta da

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    Joo a indenizar o ru. Na fase de liquidao, um engenheiro ir fazer um laudo dos prejuzos causados.

    infeco, bem como as que ainda ter aps a sentena. Na fase de liquidao da sentena, Pedro ir alegar e provar os gastos que teve aps a sentena.

    E a chamada liquidao por clculos? A denominada liquidao por clculos de contador aquela que exige mera operao aritmtica para se chegar ao quantum debeatur. Antigamente, uma sentena que trazia uma condenao que necessitasse de clculos deveria ser obrigatoriamente remetida contadoria do juzo, fazendo com que houvesse um atraso na execuo, tendo em vista a natural demora desse rgo (por conta do volume de servio) em apresentar os clculos.

    Pensando nisso, e a fim de agilizar o processo, o legislador, em 1994 (Lei n. 8.898), acabou com a liquidao por clculo. Assim, atualmente, quando o quantum debeatur puder ser apurado mediante simples clculo aritmtico (o que pode ser feito por programas gratuitos na internet) no ser necessria liquidao. O prprio credor dever fornecer os clculos que seriam feitos pela contadoria. Se o juiz achar que os clculos apresentados pelo exequente podem estar errados, a sim ser determinada a remessa dos autos contadoria do juzo para exame. Essa sistemtica est prevista no art. 475-B do CPC:

    Art. 475-B. Quando a determinao do valor da condenao depender apenas de clculo aritmtico, o credor requerer o cumprimento da sentena, na forma do art. 475-J desta Lei, instruindo o pedido com a memria discriminada e atualizada do clculo. (...) 3 Poder o juiz valer-se do contador do juzo, quando a memria apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da deciso exequenda e, ainda, nos casos de assistncia judiciria. 4 Se o credor no concordar com os clculos feitos nos termos do 3 deste artigo, far-se- a execuo pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora ter por base o valor encontrado pelo contador.

    Resumindo:

    Quando a determinao do valor da condenao depender apenas de clculo aritmtico.

    No ser necessria liquidao. No o contador do juzo quem faz o clculo. O prprio credor dever apresentar a memria discriminada e atualizada do clculo.

    O juiz dever determinar que o clculo seja feito pela contadoria do juzo em duas situaes:

    a) Quando o juiz desconfiar que a memria apresentada pelo credor esteja errada;

    b) Quando o credor for beneficirio da justia gratuita (presume-se que ele no pode contratar algum para fazer os seus clculos).

    Caso concreto julgado pelo STJ: Determinada empresa ajuizou ao de repetio de indbito contra a Unio pedindo a restituio de PIS pago a maior. O juiz sentenciou o pedido procedente, no especificando, contudo, o valor exato da condenao (sentena ilquida, ou seja, sem o quantum debeatur). Aps o trnsito em julgado, a credora quer iniciar o procedimento de execuo contra a

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    Fazenda Pblica. No entanto, ser necessria ainda a liquidao da sentena. Para se apurar o quantum debeatur, percebe-se que haver a necessidade de serem juntados novos documentos que comprovem a movimentao contbil da empresa no perodo discutido. Nesse caso, qual a espcie de liquidao dever ser realizada? Liquidao por artigos. Segundo decidiu o STJ, em sede de execuo contra a fazenda pblica, far-se- a liquidao por artigos na hiptese em que, diante da insuficincia de documentos nos autos, for necessria a realizao de anlise contbil para se chegar ao valor a ser restitudo a ttulo de contribuio ao PIS paga a maior. No caso concreto, constatou-se que as planilhas que estavam nos autos eram insuficientes para se chegar ao quantum debeatur, sendo necessria uma anlise contbil para se descobrir o valor de fato recolhido a maior. Assim, ser necessrio alegar e provar o faturamento da empresa (base de clculo para apurao do PIS) e outros fatos relacionados com o balano contbil.

    Processo STJ. 1 Seo. EREsp 1.245.478-AL, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 11/9/2013.

    Estado descumpriu sentena transitada em julgado que determinou a incluso de gratificao em folha de pagamento: adimplemento por folha suplementar

    Devem ser adimplidas por meio de folha suplementar e no por precatrio as parcelas vencidas aps o trnsito em julgado que decorram do descumprimento de deciso judicial que tenha determinado a implantao de diferenas remuneratrias em folha de pagamento de servidor pblico. Comentrios Imagine a seguinte situao hipottica:

    Pedro, servidor pblico estadual, entende que possui direito de receber, mensalmente, a gratificao D1, criada em 2008, e que no paga a ele. Diante disso, em 2010, ajuizou uma ao contra o Estado-membro formulando os seguintes pedidos: a) que seja declarado que ele possui direito referida gratificao desde o ano de 2008; b) que seja o Estado-membro condenado a incluir, aps o trnsito em julgado, a

    gratificao mensal em sua remunerao; c) que seja o Estado-membro condenado a pagar, retroativamente, o valor da gratificao

    desde 2008 at o momento em que ela for includa na sua remunerao (trnsito em julgado).

    Os trs pedidos foram procedentes, tendo havido o trnsito em julgado em 04/02/2012. Conforme o pedido b, aps o trnsito em julgado, a gratificao deveria ser includa na remunerao mensal de Pedro. Ocorre que o Estado-membro, mesmo com a condenao, somente fez essa incluso em 04/12/2012, ou seja, 10 meses aps. Os valores devidos a Pedro devero ser pagos pelo Estado-membro por meio de precatrio?

    Advocacia pblica

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    Valores retroativos da gratificao: SIM Se a Fazenda Pblica Federal, Estadual, Distrital ou Municipal for condenada, por sentena judicial transitada em julgado, a pagar determinada quantia a algum, este pagamento ser feito sob um regime especial chamado de precatrio. o que determina, como regra, o art. 100 da CF/88. Assim, o autora ter que executar o Estado-membro segundo o demorado rito do art. 730 do CPC.

    Valores relativos aos 10 meses que o Estado atrasou para implementar a gratificao: NO Segundo decidiu o STJ, devem ser adimplidas por meio de folha suplementar (e no por precatrio) as parcelas vencidas aps o trnsito em julgado que decorram do descumprimento de deciso judicial que tenha determinado a implantao de diferenas remuneratrias em folha de pagamento de servidor pblico. O jurisdicionado, que teve seu direito reconhecido com trnsito em julgado, no pode ser prejudicado pela inrcia da Administrao Pblica em cumprir a sentena de procedncia. Assim, decidiu o STJ que, descumprido o comando judicial existente no ttulo judicial exequendo, que determinou que o devedor implantasse as diferenas remuneratrias devidas ao credor em folha de pagamento, o adimplemento dessas parcelas se d por meio de folha de pagamento suplementar, e no por precatrio.

    Processo STJ. 1 Turma. AgRg no Ag 1.412.030-RJ, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 27/8/2013.

    possvel a emenda da inicial do MS para corrigir equvoco na indicao da autoridade coatora

    Deve ser admitida a emenda petio inicial para corrigir equvoco na indicao da autoridade coatora em mandado de segurana, desde que a retificao do polo passivo no implique alterao de competncia judiciria e desde que a autoridade erroneamente indicada pertena mesma pessoa jurdica da autoridade de fato coatora. Comentrios Imagine a seguinte situao hipottica:

    Joo impetra um mandado de segurana contra o diretor de uma autarquia estadual. A autoridade impetrada apresenta informaes arguindo unicamente a sua ilegitimidade e afirmando que no tem poderes para desfazer o ato, sendo competente o superintendente da autarquia. O juiz dever extinguir o processo sem resoluo do mrito ou poder permitir que o autor emende a petio inicial e corrija o polo passivo da demanda, apontando o superintendente como autoridade coatora? permitido que o autor do mandado de segurana faa a emenda da petio inicial para corrigir equvoco na indicao da autoridade coatora, desde que atendidos dois requisitos: a) a retificao do polo passivo no poder implicar alterao de competncia judiciria

    (ex: se o MS foi impetrado em 1 instncia, no possvel alterar o polo passivo se a competncia passa a ser do Tribunal); e

    b) a autoridade que realmente competente deve pertencer mesma pessoa jurdica daquela que foi indicada erroneamente como coatora.

    Processo STJ. 2 Turma. AgRg no AREsp 368.159-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 1/10/2013.

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    DIREITO PENAL

    Furto qualificado mediante escalada pode ser provado por outras provas alm da percia

    Para que seja configurado o furto qualificado mediante escalada dispensvel a realizao de percia, desde que existam outras provas que demonstrem a ocorrncia da escalada (exs: filmagem, fotos, testemunhos etc.). Comentrios No 4 do art. 155, o Cdigo Penal prev espcies de furto qualificado.

    Uma dessas hipteses ocorre quando o agente pratica o furto por meio de escalada.

    Art. 155 (...) 4 - A pena de recluso de dois a oito anos, e multa, se o crime cometido: II - com abuso de confiana, ou mediante fraude, escalada ou destreza;

    O que caracteriza o furto mediante escalada? Haver furto mediante escalada quando o agente utilizar alguma via (caminho) anormal para entrar ou sair do local onde ser feita a subtrao. Vale ressaltar que a escalada aqui no significa necessariamente subir em algum lugar. O sentido de escalada, para os fins do art. 155, 4, II, do CP o de transpor um difcil obstculo. necessrio que o autor do furto tenha feito uso de esforo fsico incomum (fora do ordinrio) para vencer o obstculo. Assim, haver furto qualificado mediante escalada se o agente transpor um muro muito alto, mas tambm estar configurado o delito se ele entrar no imvel por um tnel subterrneo construdo para esse fim. Ex: no famoso assalto ao Banco Central do Cear, onde os ladres fizeram um tnel subterrneo, seria possvel caracterizar essa conduta como furto qualificado mediante escalada (art. 155, 4, II, do CP). Para a caracterizao da qualificadora necessria percia? SIM. Em regra, a qualificadora do crime de furto mediante escalada exige o exame pericial para a sua comprovao, nos termos do art. 158 do CPP:

    Art. 158. Quando a infrao deixar vestgios, ser indispensvel o exame de corpo de delito, direto ou indireto, no podendo supri-lo a confisso do acusado.

    Essa percia imprescindvel? Para que seja configurado o furto qualificado mediante escalada indispensvel a realizao de percia? NO, possvel a condenao sem que haja percia, desde que existam outras provas que demonstrem a ocorrncia da escalada. o caso, por exemplo, de filmagem, fotos, testemunhos etc. Justamente por isso, a 5 Turma do STJ decidiu que, ainda que no tenha sido realizado exame de corpo de delito, pode ser reconhecida a presena da qualificadora de escalada do crime de furto (art. 155, 4, II, do CP) na hiptese em que a dinmica delitiva tenha sido registrada por meio de sistema de monitoramento com cmeras de segurana e a materialidade do crime qualificado possa ser comprovada por meio das filmagens e tambm por fotos e testemunhos. Tema no pacfico Ressalte-se que se trata de assunto ainda polmico na jurisprudncia do STJ, uma vez que h julgados afirmando que a percia s dispensvel quando no puder ser realizada:

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    (...) A qualificadora da escalada somente pode ser aplicada ao crime de furto mediante realizao de exame pericial. Tendo em vista que se trata de infrao que deixa vestgio, imprescindvel a realizao do laudo, por expressa disposio legal, cabendo destacar que a sua substituio por outros meios probatrios apenas possvel quando no existirem mais os vestgios ou no for possvel a realizao da percia. (...) (HC 223.890/MG, Min. Marilza Maynard (Des. Conv. TJ/SE), 5 Turma, julgado em 21/05/2013) (...) Tratando-se o furto qualificado pela escalada, infrao que deixa vestgio, indispensvel a realizao de percia para a comprovao da qualificadora, a qual somente pode ser suprida por prova testemunhal quando desaparecerem os vestgios de seu cometimento ou estes no puderem ser constatados pelos peritos. Exegese dos arts. 158 e 167 do CPP. (...) (HC 202.670/MG, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em 02/08/2012)

    Processo STJ. 5 Turma. REsp 1.392.386-RS, Rel. Min. Marco Aurlio Bellizze, julgado em 3/9/2013.

    DIREITO PROCESSUAL PENAL

    Vara da infncia e juventude pode julgar estupro de vulnervel se previsto na lei estadual?

    Lei estadual poder determinar que o crime de estupro de vulnervel (art. 217-A do CP) seja julgado pela vara da infncia e juventude (art. 145 do ECA), mesmo no tendo o art. 148 do ECA previsto competncia criminal para essa vara especializada? 1 corrente: SIM. Decises da 1 Turma do STF e 5 Turma do STJ. 2 corrente: NO. Deciso da 6 Turma do STJ. Comentrios Lei estadual de organizao judiciria

    A organizao judiciria de cada Estado matria de competncia do Poder Legislativo estadual, mediante lei de iniciativa do Poder Judicirio local (art. 125, 1, da CF/88):

    1 - A competncia dos tribunais ser definida na Constituio do Estado, sendo a lei de organizao judiciria de iniciativa do Tribunal de Justia.

    Em outras palavras, o Tribunal de Justia de cada Estado envia Assembleia Legislativa um projeto de lei disciplinando a estrutura e as competncias do Tribunal, das comarcas e de cada vara, entre outros assuntos. Essa lei, quando aprovada, chamada de Lei (ou Cdigo) de organizao judiciria. como se fosse uma Lei orgnica do Poder Judicirio estadual. A Lei de organizao judiciria possui uma relativa liberdade para disciplinar a competncia de cada juzo e vara. Assim, por exemplo, o Cdigo de organizao judiciria poder prever varas especializadas em crimes contra a ordem tributria, em crimes organizados, em crimes de trnsito etc. Varas especializadas e exclusivas da infncia e juventude O ECA previu, em seu art. 145, a possibilidade de os Estados criarem varas especializadas e exclusivas para tratar dos assuntos ali disciplinados. Essas varas ficaram conhecidas como juizados da infncia e juventude. Veja a redao legal:

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    Art. 145. Os estados e o Distrito Federal podero criar varas especializadas e exclusivas da infncia e da juventude, cabendo ao Poder Judicirio estabelecer sua proporcionalidade por nmero de habitantes, dot-las de infra-estrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantes.

    E qual a competncia das varas especializadas da infncia e juventude? O prprio ECA j afirma quais seriam as competncias da vara especializada. Confira:

    Art. 148. A Justia da Infncia e da Juventude competente para: I - conhecer de representaes promovidas pelo Ministrio Pblico, para apurao de ato infracional atribudo a adolescente, aplicando as medidas cabveis; II - conceder a remisso, como forma de suspenso ou extino do processo; III - conhecer de pedidos de adoo e seus incidentes; IV - conhecer de aes civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos criana e ao adolescente, observado o disposto no art. 209; V - conhecer de aes decorrentes de irregularidades em entidades de atendimento, aplicando as medidas cabveis; VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infraes contra norma de proteo criana ou adolescente; VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabveis. Pargrafo nico. Quando se tratar de criana ou adolescente nas hipteses do art. 98, tambm competente a Justia da Infncia e da Juventude para o fim de: a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; b) conhecer de aes de destituio do poder familiar, perda ou modificao da tutela ou guarda; c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento; d) conhecer de pedidos baseados em discordncia paterna ou materna, em relao ao exerccio do poder familiar; e) conceder a emancipao, nos termos da lei civil, quando faltarem os pais; f) designar curador especial em casos de apresentao de queixa ou representao, ou de outros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criana ou adolescente; g) conhecer de aes de alimentos; h) determinar o cancelamento, a retificao e o suprimento dos registros de nascimento e bito.

    Os arts. 145 e 148 do ECA so inconstitucionais por violarem a competncia dos Estados para legislarem sobre a organizao judiciria (art. 125, 1, da CF/88)? NO. Isso porque o art. 145 do ECA no imps uma obrigao aos Estados de que criassem juizados da infncia e juventude, estabelecendo apenas uma faculdade. Assim, o art. 145 no cria varas judiciais, no define limites de comarcas nem estabelece um nmero de magistrados a serem alocados nos Juizados da Infncia e Juventude. Estes temas seriam concernentes s peculiaridades e circunstncias locais. O mencionado artigo apenas faculta a criao dessas varas especializadas e o art. 148 do ECA prev as competncias que tais juizados tero caso sejam criados. No h qualquer problema no fato de a lei federal sugerir aos Tribunais estaduais a criao de rgos jurisdicionais especializados. Vale ressaltar que, recentemente, o STF afirmou que isso constitucional, ao julgar vlida a previso do art. 33 da Lei Maria da Penha, que autoriza os Estados a criarem Juizados de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher (Plenrio. ADC 19/DF, rel. Min. Marco Aurlio, 9/2/2012).

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    Competncia da vara da infncia e juventude para julgar estupro de vulnervel No Rio Grande do Sul, a lei estadual previu que a vara da infncia e juventude, alm das matrias previstas no art. 148 do ECA, teria competncia tambm para julgar os rus (adultos) que cometem o crime de estupro de vulnervel (art. 217-A, do CP). Assim, a lei gacha ampliou as hipteses de competncia da vara da infncia e juventude, conferindo a possibilidade de ela julgar processos criminais, o que no previsto no art. 148 do ECA. Essa previso da lei estadual vlida? Existe polmica sobre o assunto, havendo decises nos dois sentidos:

    SIM NO

    1 Turma do STF: HC 113102, Rel. Min. Marco Aurlio, julgado em 18/12/2012. 5 Turma do STJ: HC 219.218/RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 17/09/2013. Argumento principal: os Estados-membros so autorizados pelo art. 125, 1 da CF/88 a distribuir as competncias entre as diversas varas.

    6 Turma do STJ: (...) o ECA permitiu que os Estados e o Distrito Federal possam criar, na estrutura do Poder Judicirio, varas especializadas e exclusivas para processar e julgar demandas envolvendo crianas e adolescentes (art. 145). Todavia, o referido diploma restringiu, no seu art. 148, quais matrias podem ser abrangidas por essas varas. Neste dispositivo, no h previso de competncia para julgamento de feitos criminais na hiptese de vtimas crianas ou adolescentes. Dessa forma, no possvel a ampliao do rol de competncia do juizado da infncia e da juventude por meio de lei estadual, de modo a modificar o juzo natural da causa. RHC 37.603-RS, Rel. Min. Assusete Magalhes, DJe 16/10/2013.

    O tema ainda no pacfico e ser necessrio aguardar mais um pouco para se ter plena certeza da posio do STJ.

    Processo STJ. 5 Turma. HC 219.218/RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 17/09/2013. 6 Turma. RHC 37.603-RS, Rel. Min. Assusete Magalhes, DJe 16/10/2013.

    O magistrado no pode negar a concesso do indulto com base em pressupostos no previstos no Decreto presidencial, sob pena de violar o princpio da legalidade

    O Presidente da Repblica editou um Decreto Presidencial concedendo o indulto natalino. O juiz negou a concesso do indulto, afirmando que o condenado praticou falta grave. Ocorre que essa falta grave foi praticada em perodo diverso daquele previsto no Decreto. Desse modo, o STJ entendeu que no poderia ser negado o benefcio ao condenado. Para o Tribunal, na hiptese em que o Decreto Presidencial de comutao de pena estabeleceu, como requisito para a concesso desta, o no cometimento de falta grave durante determinado perodo, a prtica de falta grave pelo apenado em momento diverso no constituir, por si s, motivo apto a justificar a negativa de concesso do referido benefcio pelo juzo da execuo. Comentrios Vamos fazer uma breve reviso de anistia, graa e indulto:

    Anistia graa e indulto: - So formas de renncia do Estado ao seu direito de punir.

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    - Classificam-se como causas de extino da punibilidade (art. 107, II, CP). - A anistia, a graa e o indulto so concedidas pelo Poder Legislativo (no primeiro caso)

    ou pelo Poder Executivo (nos dois ltimos), no entanto, somente geram a extino da punibilidade com a deciso judicial.

    - Podem atingir crimes de ao penal pblica ou privada.

    ANISTIA GRAA (ou indulto individual)

    INDULTO (ou indulto coletivo)

    um benefcio concedido pelo Congresso Nacional, com a sano do Presidente da Repblica (art. 48, VIII, CF/88), por meio do qual se perdoa a prtica de um fato criminoso. Normalmente incide sobre crimes polticos, mas tambm pode abranger outras espcies de delito.

    Concedidos por Decreto do Presidente da Repblica. Apagam o efeito executrio da condenao. A atribuio para conceder pode ser delegada ao(s):

    Procurador Geral da Repblica

    Advogado Geral da Unio.

    Ministros de Estado

    concedida por meio de uma lei federal ordinria.

    Concedidos por meio de um Decreto.

    Pode ser concedida:

    antes do trnsito em julgado (anistia prpria)

    depois do trnsito em julgado (anistia imprpria)

    Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais benefcios s podem ser concedidos aps o trnsito em julgado da condenao. Esse entendimento, no entanto, est cada dia mais superado, considerando que o indulto natalino, por exemplo, permite que seja concedido o benefcio desde que tenha havido o trnsito em julgado para a acusao ou quando o MP recorreu, mas no para agravar a pena imposta (art. 5, I e II, do Decreto 7.873/2012).

    Classificao: a) Propriamente dita: quando concedida antes da condenao. b) Impropriamente dita: quando concedida aps a condenao.

    a) Irrestrita: quando atinge indistintamente todos os autores do fato punvel. b) Restrita: quando exige condio pessoal do autor do fato punvel. Ex: exige primariedade.

    a) Incondicionada: no se exige condio para a sua concesso. b) Condicionada: exige-se condio para a sua concesso. Ex: reparao do dano.

    a) Comum: atinge crimes comuns. b)Especial: atinge crimes polticos.

    Classificao a) Pleno: quando extingue totalmente a pena. b) Parcial: quando somente diminui ou substitui a pena (comutao). a) Incondicionado: quando no impe qualquer condio. b) Condicionado: quando impe condio para sua concesso. a) Restrito: exige condies pessoais do agente. Ex: exige primariedade. b) Irrestrito: quando no exige condies pessoais do agente.

    Extingue os efeitos penais (principais e secundrios) do crime.

    S extinguem o efeito principal do crime (a pena).

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    Os efeitos de natureza civil permanecem ntegros.

    Os efeitos penais secundrios e os efeitos de natureza civil permanecem ntegros.

    O ru condenado que foi anistiado, se cometer novo crime, no ser reincidente.

    O ru condenado que foi beneficiado por graa ou indulto, se cometer novo crime, ser reincidente.

    um benefcio coletivo que, por referir-se somente a fatos, atinge apenas os que o cometeram.

    um benefcio individual (com destinatrio certo). Depende de pedido do sentenciado.

    um benefcio coletivo (sem destinatrio certo). concedido de ofcio (no depende de provocao).

    Indulto natalino bastante comum o Presidente da Repblica editar um Decreto, no final de todos os anos, concedendo indulto. Esse Decreto conhecido como indulto natalino Caso concreto O Presidente da Repblica editou um Decreto Presidencial concedendo o indulto natalino. O juiz negou a concesso do indulto, afirmando que o condenado praticou falta grave. Ocorre que o Decreto previu que o condenado teria que cumprir todos os requisitos (inclusive no ter cometido falta grave) durante determinado perodo e o reeducando praticou a falta grave em momento diverso. Desse modo, o STJ entendeu que no poderia ser negado o benefcio ao condenado. Para o Tribunal, na hiptese em que o Decreto Presidencial de comutao de pena estabeleceu, como requisito para a concesso desta, o no cometimento de falta grave durante determinado perodo, a prtica de falta grave pelo apenado em momento diverso no constituir, por si s, motivo apto a justificar a negativa de concesso do referido benefcio pelo juzo da execuo. Com efeito, no cabe ao magistrado criar pressupostos no previstos no Decreto Presidencial, para que no ocorra violao do princpio da legalidade. Assim, preenchidos os requisitos estabelecidos no mencionado decreto, no h como condicionar ou impedir a concesso da comutao da pena ao reeducando sob nenhum outro fundamento, tendo a sentena natureza jurdica meramente declaratria. Vale ressaltar, ainda, que o cometimento de falta grave no interrompe o prazo estipulado como critrio objetivo para concesso de comutao da pena caso o decreto presidencial concessivo assim no preveja.

    Processo STJ. 5 Turma. HC 266.280-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 15/8/2013.

    EXERCCIOS DE FIXAO

    Julgue os itens a seguir: 1) prerrogativa do membro do Ministrio Pblico, no exerccio de sua funo, tomar assento direita dos Juzes de

    primeira instncia ou do Presidente do Tribunal, Cmara ou Turma. ( ) 2) possvel que o vcio da ausncia de motivao seja corrigido em momento posterior edio dos atos

    administrativos impugnados. ( ) 3) (DPE/MA 2011 CESPE) Com relao ao que estabelece a Lei de Licitaes acerca dos contratos administrativos,

    assinale a opo correta. A declarao de nulidade do contrato, imputvel ao contratado, exonera a administrao do dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado at a data da declarao. ( )

    4) (Promotor MP/RR 2012 CESPE) De acordo com o entendimento do STJ, o ato de improbidade administrativa praticado pelo agente que deixe de prestar contas quando esteja obrigado a faz-lo se confunde com o atraso na prestao de contas, prescindindo-se, para o seu enquadramento na lei de improbidade, da demonstrao do elemento subjetivo (m f ou dolo genrico) na conduta omissiva do agente poltico. ( )

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    5) (DPE/AC 2012 CESPE) Por suas caractersticas e natureza, as pessoas jurdicas sem fins lucrativos no necessitam comprovar a insuficincia econmica para gozar da benesse da gratuidade da justia. ( )

    6) (DPE/SC 2012 FEPESE) Os cidados necessitados que fizerem jus ao benefcio da assistncia judiciria gratuita, prevista na Lei Federal no 1.060, de 1950, devero, necessariamente, optar por fazer uso do servio da Defensoria Pblica. ( )

    7) (DPE/AC 2012 CESPE) O pedido de assistncia judiciria gratuita formulado no curso da ao deve ser deduzido em petio a ser proposta em separado e autuada em apenso aos autos principais, podendo a proposio no corpo de petio de recurso ser considerada erro grosseiro. ( )

    8) (DPE/MS 2012) A impugnao do direito assistncia judiciria suspende o curso do processo e ser feita em autos apartados. ( )

    9) (Juiz TJBA 2012 CESPE) A assistncia judiciria gratuita no pode ser concedida a pessoas jurdicas, e a declarao de necessitado opera efeitos juris et de juri. ( )

    10) (Promotor MP/RO 2010 CESPE) A assistncia judiciria gratuita A) independe de deciso judicial. B) no isenta a parte do pagamento de custas cabveis nos recursos. C) definida em razo do valor da causa, que no pode ultrapassar vinte salrios mnimos. D) no isenta a parte assistida do pagamento de honorrios advocatcios sucumbenciais em caso de derrota. E) pode ser requerida no curso da ao.

    11) (Promotor MP/RO 2010 CESPE) Para que sejam deferidos pessoa jurdica os benefcios da assistncia judiciria

    gratuita, basta que a interessada declare no ter condies de arcar com as despesas inerentes ao exerccio da jurisdio. ( )

    Gabarito

    1. C 2. C 3. C 4. E 5. E 6. E 7. C 8. E 9. E 10. Letra E 11. E

    JULGADO QUE NO FOI COMENTADO POR SER DE MENOR RELEVNCIA PARA CONCURSOS PBLICOS

    DIREITO TRIBUTRIO. REPETIO DA CONTRIBUIO PARA O PIS E DA COFINS NA HIPTESE DE CONTRIBUINTE VINCULADO TRIBUTAO PELO LUCRO PRESUMIDO. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ). O contribuinte vinculado ao regime tributrio por lucro presumido tem direito restituio de valores referentes contribuio para o PIS e COFINS pagos a maior em razo da utilizao da base de clculo indicada no 1 do art. 3 da Lei 9.718/1998, mesmo aps a EC 20/1998 e a edio das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. De incio, esclarece-se que o STF declarou inconstitucional o 1 do art. 3 da Lei 9.718/1998, isso porque a norma ampliou indevidamente o conceito de receita bruta, desconsiderando a noo de faturamento pressuposta na redao original do art. 195, I, b, da CF. Assim, o faturamento deve ser compreendido no sentido estrito de receita bruta decorrente da venda de mercadorias e da prestao de servios de qualquer natureza, ou seja, considerando a soma das receitas oriundas do exerccio das atividades empresariais. Entretanto, a reconhecida inconstitucionalidade no se estende s Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, tendo em vista a nova redao atribuda ao art. 195, I, b, da CF pela EC 20/1998, prevendo que as contribuies sociais pertinentes tambm incidissem sobre a receita. Alm do mais, deve-se ressaltar que, aps a EC 20/1998 e a edio das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, o direito repetio passou a ser condicionado ao enquadramento no rol do inciso II dos arts. 8 e 10 das referidas leis, respectivamente, que excluem determinados contribuintes da sistemtica no-cumulativa, quais sejam: as pessoas jurdicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido ou arbitrado. Dessa forma, mesmo aps as mudanas legislativas mencionadas, o contribuinte vinculado sistemtica de tributao pelo lucro presumido no foi abrangido pelos novos ditames legais, estando submetido Lei 9.718/1998, com todas as restries impostas pela declarao de inconstitucionalidade no STF. Precedentes citados do STJ: AgRg no REsp 961.340-SC, Segunda Turma, DJe 23/11/2009; e REsp 979.862-SC, Segunda Turma, DJe 11/6/2010. REsp 1.354.506-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 14/8/2013.