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  Informativo 562-STJ (18/05 a 28/05/2015)   Esqu ematizado p or Márcio André Lopes C avalcante | 1 Márcio André Lopes Cavalcante DIREITO ADMINISTRATIVO ATOS ADMINISTRATIVOS Incompetência do Poder Judiciário para autorizar o funcionamento de rádio educativa O Poder Judiciário não tem competência para autorizar, ainda que a título precário, a prestação de serviço de radiodifusão com finalidade exclusivamente educativa. O art. 223 da CF/88 atribui competência ao Poder Executivo para outorgar e renovar concessão, permissão e autorização, bem como fiscalizar o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens. O funcionamento das rádios educativas, mesmo que a título precário, está definido na legislação infraconstitucional, em portaria do Ministério das Comunicações e em portaria interministerial do Ministério das Comunicações e do Ministério da Educação, exigindo prévia outorga do poder concedente, a qual não pode ser suprida por autorização judicial. STJ. 2ª Turma. REsp 1.353.341-P E, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 12/5/2015 (Info 562). DIREITO CIVIL DPVAT Cessão de crédito relativo ao seguro DPVAT É possível a cessão de crédito relativo à indenização do seguro DPVAT decorrente de morte. STJ. 3ª Turma. REsp 1.275.391-RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 19/5/2015 (Info 562). COMPRA E VENDA Prevalência do valor atribuído pelo fisco para aplicação do art. 108 do CC Importante!!!  A compra e venda de bens IMÓVEIS pode ser feita por meio de contrato particular ou é necessário escritura pública?  Em regra: é necessário escritura pública (art. 108 do CC).  Exceção: a compra e venda pode ser feita por contrato particular (ou seja, sem escritura pública) se o valor do bem imóvel alienado for inferior a 30 salários-mínimos.  Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.

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Jurisprudência

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  • Informativo 562-STJ (18/05 a 28/05/2015) Esquematizado por Mrcio Andr Lopes Cavalcante | 1

    Mrcio Andr Lopes Cavalcante

    DIREITO ADMINISTRATIVO

    ATOS ADMINISTRATIVOS Incompetncia do Poder Judicirio para autorizar o funcionamento de rdio educativa

    O Poder Judicirio no tem competncia para autorizar, ainda que a ttulo precrio, a prestao de servio de radiodifuso com finalidade exclusivamente educativa.

    O art. 223 da CF/88 atribui competncia ao Poder Executivo para outorgar e renovar concesso, permisso e autorizao, bem como fiscalizar o servio de radiodifuso sonora e de sons e imagens.

    O funcionamento das rdios educativas, mesmo que a ttulo precrio, est definido na legislao infraconstitucional, em portaria do Ministrio das Comunicaes e em portaria interministerial do Ministrio das Comunicaes e do Ministrio da Educao, exigindo prvia outorga do poder concedente, a qual no pode ser suprida por autorizao judicial.

    STJ. 2 Turma. REsp 1.353.341-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 12/5/2015 (Info 562).

    DIREITO CIVIL

    DPVAT Cesso de crdito relativo ao seguro DPVAT

    possvel a cesso de crdito relativo indenizao do seguro DPVAT decorrente de morte.

    STJ. 3 Turma. REsp 1.275.391-RS, Rel. Min. Joo Otvio de Noronha, julgado em 19/5/2015 (Info 562).

    COMPRA E VENDA Prevalncia do valor atribudo pelo fisco para aplicao do art. 108 do CC

    Importante!!!

    A compra e venda de bens IMVEIS pode ser feita por meio de contrato particular ou necessrio escritura pblica?

    Em regra: necessrio escritura pblica (art. 108 do CC).

    Exceo: a compra e venda pode ser feita por contrato particular (ou seja, sem escritura pblica) se o valor do bem imvel alienado for inferior a 30 salrios-mnimos.

    Art. 108. No dispondo a lei em contrrio, a escritura pblica essencial validade dos negcios jurdicos que visem constituio, transferncia, modificao ou renncia de direitos reais sobre imveis de valor superior a trinta vezes o maior salrio mnimo vigente no Pas.

  • Informativo 562-STJ (18/05 a 28/05/2015) Esquematizado por Mrcio Andr Lopes Cavalcante | 2

    Para fins do art. 108, deve-se adotar o preo dado pelas partes ou o valor calculado pelo Fisco?

    O valor calculado pelo Fisco. O art. 108 do CC fala em valor do imvel (e no em preo do negcio). Assim, havendo disparidade entre ambos, o valor do imvel calculado pelo Fisco que deve ser levado em conta para verificar se ser necessria ou no a elaborao da escritura pblica. A avaliao feita pela Fazenda Pblica para fins de apurao do valor venal do imvel baseada em critrios objetivos, previstos em lei, os quais admitem aos interessados o conhecimento das circunstncias consideradas na formao do quantum atribudo ao bem. Logo, trata-se de um critrio objetivo e pblico que evita a ocorrncia de fraudes.

    Obs: est superado o Enunciado 289 das Jornadas de Direito Civil do CJF.

    STJ. 4 Turma. REsp 1.099.480-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 2/12/2014 (Info 562).

    CONDOMNIO DE FATO Cobrana de taxa de manuteno em condomnio de fato

    Importante!!!

    As taxas de manuteno criadas por associaes de moradores no obrigam os no associados ou que a elas no anuram.

    STJ. 2 Seo. REsp 1.280.871-SP e REsp 1.439.163-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, Rel. para acrdo Min. Marco Buzzi, julgados em 11/3/2015 (recurso repetitivo) (Info 562)

    TAXA DE JUROS NOS CONTRATOS BANCRIOS Impossibilidade de se comprovar a taxa de juros efetivamente contratada

    e adoo da taxa mdia de mercado

    Smula 530-STJ: Nos contratos bancrios, na impossibilidade de comprovar a taxa de juros efetivamente contratada - por ausncia de pactuao ou pela falta de juntada do instrumento aos autos -, aplica-se a taxa mdia de mercado, divulgada pelo Bacen, praticada nas operaes da mesma espcie, salvo se a taxa cobrada for mais vantajosa para o devedor.

    STJ. 2 Seo. Aprovada em 13/05/2015, DJe 18/05/2015.

    SUCESSO DO CNJUGE Cnjuge suprstite casado em regime de separao convencional e sucesso "causa mortis"

    Importante!!!

    O cnjuge, qualquer que seja o regime de bens adotado pelo casal, herdeiro necessrio (art. 1.845 do CC).

    No regime de separao convencional de bens, o cnjuge sobrevivente concorre com os descendentes do falecido. A lei afasta a concorrncia apenas quanto ao regime da separao legal de bens previsto no art. 1.641 do CC.

    STJ. 2 Seo. REsp 1.382.170-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel. para acrdo Min. Joo Otvio de Noronha, julgado em 22/4/2015 (Info 562).

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    DIREITO NOTARIAL / REGISTRAL

    COMPRA E VENDA Prevalncia do valor atribudo pelo fisco para aplicao do art. 108 do CC

    Importante!!!

    A compra e venda de bens IMVEIS pode ser feita por meio de contrato particular ou necessrio escritura pblica?

    Em regra: necessrio escritura pblica (art. 108 do CC).

    Exceo: a compra e venda pode ser feita por contrato particular (ou seja, sem escritura pblica) se o valor do bem imvel alienado for inferior a 30 salrios-mnimos.

    Art. 108. No dispondo a lei em contrrio, a escritura pblica essencial validade dos negcios jurdicos que visem constituio, transferncia, modificao ou renncia de direitos reais sobre imveis de valor superior a trinta vezes o maior salrio mnimo vigente no Pas.

    Para fins do art. 108, deve-se adotar o preo dado pelas partes ou o valor calculado pelo Fisco?

    O valor calculado pelo Fisco. O art. 108 do CC fala em valor do imvel (e no em preo do negcio). Assim, havendo disparidade entre ambos, o valor do imvel calculado pelo Fisco que deve ser levado em conta para verificar se sr necessria ou no a elaborao da escritura pblica. A avaliao feita pela Fazenda Pblica para fins de apurao do valor venal do imvel baseada em critrios objetivos, previstos em lei, os quais admitem aos interessados o conhecimento das circunstncias consideradas na formao do quantum atribudo ao bem. Logo, trata-se de um critrio objetivo e pblico que evita a ocorrncia de fraudes.

    Obs: est superado o Enunciado 289 das Jornadas de Direito Civil do CJF.

    STJ. 4 Turma. REsp 1.099.480-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 2/12/2014 (Info 562).

    PROTESTO No cancelamento do protesto pela prescrio do ttulo cambial

    Joo no pagou uma nota promissria que emitiu em favor da empresa XX. Diante disso, a empresa levou a nota promissria a protesto no Tabelionato de Protesto. Quatro anos depois, a empresa ajuizou execuo de ttulo extrajudicial contra Joo cobrando o valor estampado na nota promissria. A execuo, contudo, foi extinta porque o juiz constatou que houve prescrio da ao executiva. Joo ajuizou ao de cancelamento do protesto, alegando que, como houve a prescrio da execuo, deveria automaticamente ocorrer o cancelamento do protesto realizado. A tese de Joo est correta?

    NO. A prescrio da pretenso executria de ttulo cambial no enseja o cancelamento automtico de anterior protesto regularmente lavrado e registrado.

    A validade do protesto no est diretamente relacionada com a exequibilidade do ttulo ou de outro documento de dvida, mas sim com a inadimplncia e o descumprimento da obrigao representada nestes papis.

    A inadimplncia e o descumprimento no desaparecem com a mera prescrio do ttulo executivo no quitado. Em outras palavras, o devedor continua sendo inadimplente, apesar de o ttulo no poder mais ser cobrado mediante execuo. Ento, no pode o protesto ser cancelado simplesmente pelo fato de ele no poder ser mais executado.

    Vale lembrar que, mesmo havendo a prescrio da ao executiva, o credor ainda poder cobrar o valor da nota promissria por meio da ao monitria.

    STJ. 4 Turma. REsp 813.381-SP, Rel. Min. Raul Arajo, julgado em 20/11/2014 (Info 562).

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    DIREITO DO CONSUMIDOR

    RESPONSABILIDADE POR VCIO DO PRODUTO Responsabilidade do fabricante que garante na publicidade a qualidade dos produtos ofertados

    Responde solidariamente por vcio de qualidade do automvel adquirido o fabricante de veculos automotores que participa de propaganda publicitria garantindo com sua marca a excelncia dos produtos ofertados por revendedor de veculos usados.

    Ex: a concessionria XXX revende veculos seminovos da fabricante GM. A concessionria lanou uma propaganda na qual anunciava diversos veculos para venda e, ao final do comercial, era divulgada a seguinte informao: os nicos seminovos com o aval da GM.

    STJ. 4 Turma. REsp 1.365.609-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 28/4/2015 (Info 562).

    RESPONSABILIDADE POR VCIO DO SERVIO Responsabilidade civil de transportadora de passageiros e culpa exclusiva do consumidor

    A sociedade empresria de transporte coletivo interestadual no deve ser responsabilizada pela partida do veculo, aps parada obrigatria, sem a presena do viajante que, por sua culpa exclusiva, no compareceu para reembarque mesmo aps a chamada dos passageiros, sobretudo quando houve o embarque tempestivo dos demais.

    STJ. 4 Turma. REsp 1.354.369-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 5/5/2015 (Info 562).

    DIREITO EMPRESARIAL

    CHEQUE Ao monitria fundada em cheque prescrito e dispensabilidade da meno

    ao negcio jurdico subjacente emisso da crtula

    Smula 531-STJ: Em ao monitria fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, dispensvel a meno ao negcio jurdico subjacente emisso da crtula.

    STJ. 2 Seo. Aprovada em 13/05/2015, DJe 18/05/2015.

    PROTESTO No cancelamento do protesto pela prescrio do ttulo cambial

    Joo no pagou uma nota promissria que emitiu em favor da empresa XX. Diante disso, a empresa levou a nota promissria a protesto no Tabelionato de Protesto. Quatro anos depois, a empresa ajuizou execuo de ttulo extrajudicial contra Joo cobrando o valor estampado na nota promissria. A execuo, contudo, foi extinta porque o juiz constatou que houve prescrio da ao executiva. Joo ajuizou ao de cancelamento do protesto, alegando que, como houve a prescrio da execuo, deveria automaticamente ocorrer o cancelamento do protesto realizado. A tese de Joo est correta?

    NO. A prescrio da pretenso executria de ttulo cambial no enseja o cancelamento automtico de anterior protesto regularmente lavrado e registrado.

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    A validade do protesto no est diretamente relacionada com a exequibilidade do ttulo ou de outro documento de dvida, mas sim com a inadimplncia e o descumprimento da obrigao representada nestes papis.

    A inadimplncia e o descumprimento no desaparecem com a mera prescrio do ttulo executivo no quitado. Em outras palavras, o devedor continua sendo inadimplente, apesar de o ttulo no poder mais ser cobrado mediante execuo. Ento, no pode o protesto ser cancelado simplesmente pelo fato de ele no poder ser mais executado.

    Vale lembrar que, mesmo havendo a prescrio da ao executiva, o credor ainda poder cobrar o valor da nota promissria por meio da ao monitria.

    STJ. 4 Turma. REsp 813.381-SP, Rel. Min. Raul Arajo, julgado em 20/11/2014 (Info 562).

    LIQUIDAO EXTRAJUDICIAL Anlise do art. 18, a da Lei 6.024/74

    Joo ajuizou ao de indenizao por danos morais e materiais contra o plano de sade XXX, que est em processo de liquidao extrajudicial. O juiz extinguiu o processo sem resoluo do mrito afirmando que havia impossibilidade jurdica do pedido, j que o art. 18, a, da Lei 6.024/74 proibiria a propositura de novas aes aps o incio da liquidao:

    Art. 18. A decretao da liquidao extrajudicial produzir, de imediato, os seguintes efeitos:

    a) suspenso das aes e execues iniciadas sobre direitos e interesses relativos ao acervo da entidade liquidanda, no podendo ser intentadas quaisquer outras, enquanto durar a liquidao; (...)

    Agiu corretamente o juiz?

    NO. A suspenso das aes e execues ajuizadas em desfavor de instituies financeiras sob regime de liquidao extrajudicial e a proibio da propositura de novas demandas aps o decreto de liquidao (art. 18, a, da Lei 6.024/74) no alcanam as aes de conhecimento voltadas obteno de provimento judicial relativo certeza e liquidez do crdito.

    Em outras palavras, esse dispositivo no suspende nem impede a propositura de aes que tenham como objetivo conseguir ainda um ttulo executivo, ou seja, conseguir a certeza e liquidez de um crdito que o autor alega possuir contra a entidade.

    Se o autor ainda no tem uma declarao judicial acerca do pretenso crdito (no tem um ttulo executivo), ele no poder habilitar esse crdito no procedimento administrativo de liquidao extrajudicial. Logo, se essa proibio do art. 18, a o alcanasse, ele no teria como habilitar o crdito nem teria como conseguir o ttulo. Ficaria, portanto, sem alternativa.

    STJ. 3 Turma. REsp 1.298.237-DF, Rel. Min. Joo Otvio de Noronha, julgado em 19/5/2015 (Info 562).

    ECA

    EXECUO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS Atos infracionais cometidos antes do incio do cumprimento e medida de internao

    O adolescente que cumpria medida de internao e foi transferido para medida menos rigorosa no pode ser novamente internado por ato infracional praticado antes do incio da execuo, ainda que cometido em momento posterior aos atos pelos quais ele j cumpre medida socioeducativa.

    STJ. 5 Turma. HC 274.565-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 12/5/2015 (Info 562).

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    DIREITO PROCESSUAL CIVIL

    LEGITIMIDADE EM AES ENVOLVENDO CONTRATO DE SEGURO Terceiro prejudicado no pode ajuizar a ao de indenizao

    apenas contra a seguradora do causador do dano

    Smula 529-STJ: No seguro de responsabilidade civil facultativo, no cabe o ajuizamento de ao pelo terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado causador do dano.

    STJ. 2 Seo. Aprovada em 13/05/2015, DJe 18/05/2015.

    ASTREINTES Exequibilidade de multa cominatria de valor superior ao da obrigao principal

    A depender do caso concreto, o valor de multa cominatria pode ser exigido em montante superior ao da obrigao principal.

    STJ. 3 Turma. REsp 1.352.426-GO, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 5/5/2015 (Info 562).

    JULGAMENTO PARCIAL (Im) Possibilidade de julgamento parcial de mrito

    vlido o julgamento parcial de mrito?

    CPC 1973: NO. No permitido o julgamento parcial de mrito. Adotou-se a teoria da unidade estrutural da sentena, segundo a qual no possvel existir mais de uma sentena no mesmo processo ou na mesma fase processual de conhecimento ou de liquidao.

    CPC 2015: SIM. permitido o julgamento parcial de mrito. O novo CPC introduziu no sistema processual civil brasileiro a permisso para que o juiz profira julgamento parcial de mrito (art. 356).

    Ex: Joo ajuizou ao de indenizao contra determinada empresa pedindo a condenao da r ao pagamento de R$ 100 mil a ttulo de danos emergentes e R$ 200 mil por lucros cessantes.

    A empresa apresentou contestao e pediu a realizao de percia para aferir se realmente houve lucros cessantes e qual seria o seu valor exato. No foi pedida a realizao de instruo probatria no que tange aos danos emergentes. Sendo permitida sentena parcial de mrito, o juiz poder cindir o feito e julgar desde logo o pedido dos danos emergentes, determinando o prosseguimento do feito quanto ao pedido de lucros cessantes.

    STJ. 3 Turma. REsp 1.281.978-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, julgado em 5/5/2015 (Info 562).

    RECURSO ADESIVO Recurso adesivo para majorar quantia indenizatria decorrente de dano moral

    Importante!!!

    Joo prope ao de indenizao por danos morais contra Pedro pedindo o pagamento de R$ 30 mil. O juiz julga o pedido procedente, condenando o ru a pagar a indenizao por danos morais, mas fixando o valor em R$ 10 mil. Joo pensou consigo mesmo: eu queria mais, no entanto, prefiro acabar logo com esse processo e receber imediatamente esses R$ 10 mil do que ficar tentando R$ 30 mil por mais alguns anos; no vou recorrer. Ocorre que, no ltimo dia do prazo, Pedro interps apelao.

  • Informativo 562-STJ (18/05 a 28/05/2015) Esquematizado por Mrcio Andr Lopes Cavalcante | 7

    Joo foi, ento, intimado para apresentar contrarrazes apelao. Neste momento, ele pensou: ah, j que ele recorreu, ento agora eu tambm quero recorrer para aumentar o valor da indenizao; j que vou esperar mesmo, ento quero tentar uma quantia maior.

    Diante disso, o advogado de Joo interpe recurso adesivo pedindo a majorao do valor da indenizao por danos morais.

    Pedro apresenta contrarrazes alegando que o recurso interposto por Joo incabvel, considerando que o recurso adesivo s cabe se existir sucumbncia recproca e, no caso, no houve, conforme preconiza a smula 326 do STJ: Na ao de indenizao por dano moral, a condenao em montante inferior ao postulado na inicial no implica sucumbncia recproca.

    A tese de Pedro est correta?

    NO. O recurso adesivo pode sim ser interposto pelo autor da ao de indenizao julgada procedente, quando arbitrado, a ttulo de danos morais, valor inferior ao que era almejado. Isso porque, neste caso, estar configurado o interesse recursal do demandante em ver majorada a condenao, hiptese caracterizadora de sucumbncia material.

    Realmente, s cabe recurso adesivo se houver sucumbncia recproca, ou seja, se tanto o autor como o ru perderem na sentena.

    Se o autor pediu a condenao do ru em R$ 30 mil a ttulo de danos morais e conseguiu a condenao em R$ 10 mil, ele ganhou a demanda sob o ponto de vista formal (processual). No se pode dizer que houve sucumbncia formal, j que a providncia processual requerida foi atendida (o ru foi obrigado a pagar). No entanto, sob o ponto de vista material, o autor teve sim uma sucumbncia parcial (derrota parcial). Isso porque ele no obteve exatamente o bem da vida que pretendia (queria 30 e s teve 10). Logo, neste caso, o autor ter interesse em ver majorada a condenao, hiptese caracterizadora, portanto, da sucumbncia material viabilizadora da irresignao recursal.

    No se aplica a Smula 326 do STJ porque esse enunciado baseado na definio da responsabilidade pelo pagamento de despesas processuais e honorrios advocatcios. Ele no est relacionado com interesse recursal. A correta leitura da smula 326 a seguinte:

    Para fins de definio de quem ir pagar as despesas processuais e os honorrios advocatcios, na ao de indenizao por dano moral, a condenao em montante inferior ao postulado na inicial no implica sucumbncia recproca.

    Logo, se o autor pediu uma quantia a ttulo de danos morais e obteve valor inferior ao desejado, podemos concluir que:

    Sob o ponto de vista formal, ele foi o vencedor da demanda e no ter que pagar as despesas processuais e os honorrios advocatcios do ru (Smula 326-STJ);

    Sob o ponto de vista material, ele foi sucumbente e ter direito de interpor recurso (principal ou adesivo), j que no obteve o exato bem da vida pretendido.

    STJ. Corte Especial. REsp 1.102.479-RJ, Rel. Min. Marco Buzzi, Corte Especial, julgado em 4/3/2015 (recurso repetitivo) (Info 562).

    RECURSO ESPECIAL REPETITIVO Limites do julgamento submetido ao rito do art. 543-C do CPC

    Em julgamentos submetidos ao rito do art. 543-C do CPC 1973 (art. 1.036 do CPC 2015), cabe ao STJ traar as linhas gerais acerca da tese aprovada, descabendo a insero de solues episdicas ou excees que porventura possam surgir em outros indeterminveis casos, sob pena de se ter de redigir verdadeiros tratados sobre todos os temas conexos ao objeto do recurso.

    STJ. Corte Especial. EDcl no REsp 1.124.552-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 6/5/2015 (Info 562).

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    EXECUO Impenhorabilidade de valores do Fundo Partidrio

    Os recursos do Fundo Partidrio so absolutamente impenhorveis, inclusive na hiptese em que a origem do dbito esteja relacionada s atividades previstas no art. 44 da Lei n. 9.096/95.

    Fundamento legal: art. 649, XI, do CPC 1973; art. 833, XI, do CPC 2015.

    Ex: a empresa de publicidade XXX ajuizou ao de cobrana contra o Partido ZZZ em virtude do no pagamento pela prestao de servios de marketing eleitoral realizados na campanha. A sentena foi julgada procedente, determinando o pagamento de R$ 100 mil reais.

    Como no houve pagamento voluntrio aps a condenao, iniciou-se a fase de cumprimento de sentena. O juiz determinou a penhora on line e a quantia devida foi penhorada em uma conta bancria em nome do partido poltico. Aps a penhora, o partido apresentou impugnao alegando que a conta bancria onde os valores foram penhorados utilizada exclusivamente para o recebimento de repasse oriundo do Fundo Partidrio e, portanto, trata-se de verba impenhorvel. A alegao do partido poltica est correta. O CPC estabelece um rol de bens que no podem ser objeto de penhora. Dentre esses, encontram-se previstos os recursos do fundo partidrio.

    STJ. 3 Turma. REsp 1.474.605-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, julgado em 7/4/2015 (Info 562).

    DIREITO PENAL

    REGIME PRISIONAL Vedao da fixao de regime prisional mais severo do que aquele abstratamente imposto

    Importante!!!

    Atualize seu livro de 2014

    Se a pena privativa de liberdade foi fixada no mnimo legal, possvel a fixao de regime inicial mais severo do que o previsto pela quantidade de pena? Ex.: Paulo, ru primrio, foi condenado a uma pena de seis anos de recluso. As circunstncias judiciais foram favorveis. Pode o juiz fixar o regime inicial fechado?

    NO. A posio que prevalece no STJ a de que, fixada a pena-base no mnimo legal e sendo o acusado primrio e sem antecedentes criminais no se justifica a fixao do regime prisional mais gravoso (STJ. 5 Turma. AgRg no HC 303.275/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 03/02/2015).

    Assim, por exemplo, no crime de roubo, o emprego de arma de fogo no autoriza, por si s, a imposio do regime inicial fechado se, primrio o ru, a pena-base foi fixada no mnimo legal.

    STJ. 5 Turma. HC 309.939-SP, Rel. Min. Newton Trisotto (Desembargador convocado do TJ-SC), julgado em 28/4/2015 (Info 562).

    MEDIDAS DE SEGURANA Tempo de durao da medida de segurana

    Smula 527-STJ: O tempo de durao da medida de segurana no deve ultrapassar o limite mximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.

    STJ. 3 Seo. Aprovada em 13/05/2015, DJe 18/05/2015.

  • Informativo 562-STJ (18/05 a 28/05/2015) Esquematizado por Mrcio Andr Lopes Cavalcante | 9

    LESO CORPORAL Leso corporal qualificado pela deformidade permanente e posterior cirurgia plstica reparadora

    Importante!!!

    Alguns livros defendem o contrrio!

    A qualificadora deformidade permanente do crime de leso corporal (art. 129, 2, IV, do CP) no afastada por posterior cirurgia esttica reparadora que elimine ou minimize a deformidade na vtima. Isso porque, o fato criminoso valorado no momento de sua consumao, no o afetando providncias posteriores, notadamente quando no usuais (pelo risco ou pelo custo, como cirurgia plstica ou de tratamentos prolongados, dolorosos ou geradores do risco de vida) e promovidas a critrio exclusivo da vtima.

    STJ. 6 Turma. HC 306.677-RJ, Rel. Min. Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ-SP), Rel. para acrdo Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/5/2015 (Info 562).

    ESTELIONATO Hiptese de inaplicabilidade do princpio da consuno com o furto/roubo

    Importante!!!

    Ateno! Ministrio Pblico

    O delito de estelionato no ser absorvido pelo de roubo na hiptese em que o agente, dias aps roubar um veculo e os objetos pessoais dos seus ocupantes, entre eles um talonrio de cheques, visando obter vantagem ilcita, preenche uma de suas folhas e, diretamente na agncia bancria, tenta sacar a quantia nela lanada.

    A falsificao da crtula no mero exaurimento do crime antecedente. Isso porque h diversidade de desgnios e de bens jurdicos lesados. Dessa forma, inaplicvel o princpio da consuno.

    STJ. 5 Turma. HC 309.939-SP, Rel. Min. Newton Trisotto (Desembargador convocado do TJ-SC), julgado em 28/4/2015 (Info 562).

    DIREITO PROCESSUAL PENAL

    AO PENAL Princpio da indivisibilidade da ao penal privada

    Importante!!!

    O princpio da indivisibilidade significa que a ao penal deve ser proposta contra todos os autores e partcipes do delito.

    Segundo a posio da jurisprudncia, o princpio da indivisibilidade s se aplica para a ao pena privada (art. 48 do CPP).

    O que acontece se a ao penal privada no for proposta contra todos? O que ocorre se um dos autores ou partcipes, podendo ser processado pelo querelante, ficar de fora? Qual a consequncia do desrespeito ao princpio da indivisibilidade?

  • Informativo 562-STJ (18/05 a 28/05/2015) Esquematizado por Mrcio Andr Lopes Cavalcante | 10

    Se a omisso foi VOLUNTRIA (DELIBERADA): se o querelante deixou, deliberadamente, de oferecer queixa contra um dos autores ou partcipes, o juiz dever rejeitar a queixa e declarar a extino da punibilidade para todos (arts. 104 e 109, V, do CP). Todos ficaro livres do processo.

    Se a omisso foi INVOLUNTRIA: o MP dever requerer a intimao do querelante para que ele faa o aditamento da queixa-crime e inclua os demais coautores ou partcipes que ficaram de fora.

    Assim, conclui-se que a no incluso de eventuais suspeitos na queixa-crime no configura, por si s, renncia tcita ao direito de queixa. Para o reconhecimento da renncia tcita ao direito de queixa, exige-se a demonstrao de que a no incluso de determinados autores ou partcipes na queixa-crime se deu de forma deliberada pelo querelante.

    STJ. 5 Turma. RHC 55.142-MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 12/5/2015 (Info 562).

    COMPETNCIA Competncia no caso de trfico transnacional de drogas pelo correio

    Smula 528-STJ: Compete ao juiz federal do local da apreenso da droga remetida do exterior pela via postal processar e julgar o crime de trfico internacional.

    STJ. 3 Seo. Aprovada em 13/05/2015, DJe 18/05/2015.

    COISA JULGADA Duas condenaes transitadas em julgado, sendo uma proferida por juzo incompetente

    Importante!!!

    Constatado o trnsito em julgado de duas decises condenando o agente pela prtica de um nico crime a primeira proferida por juzo estadual absolutamente incompetente e a segunda proferida pelo juzo federal constitucionalmente competente , a primeira condenao deve ser anulada caso se verifique que nela fora imposta pena maior do que a fixada posteriormente.

    Ex: Joo praticou um roubo, com arma de fogo, contra uma agncia prpria dos Correios. Logo, a competncia seria da Justia Federal (art. 109, IV, da CF/88). Ocorre que, por equvoco, foram iniciados dois processos sobre este mesmo crime: um na Justia Estadual e outra na Justia Federal. Assim, Joo foi condenado a 8 anos pelo crime na Justia Estadual. Esta sentena transitou em julgado. Dois meses depois, Joo foi novamente condenado, pelo mesmo delito, na Justia Federal, recebendo uma pena de 6 anos de recluso. Essa deciso tambm transitou em julgado.

    STJ. 5 Turma. HC 297.482-CE, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 12/5/2015 (Info 562).

    EXECUO PENAL Falta grave pela prtica de crime doloso no exige trnsito em julgado de sentena condenatria

    Smula 526-STJ: O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trnsito em julgado de sentena penal condenatria no processo penal instaurado para apurao do fato.

    STJ. 3 Seo. Aprovada em 13/05/2015, DJe 18/05/2015.

  • Informativo 562-STJ (18/05 a 28/05/2015) Esquematizado por Mrcio Andr Lopes Cavalcante | 11

    EXECUO PENAL Remio de pena em razo de atividade laborativa extramuros

    Importante!!!

    Remio o direito que possui o condenado ou a pessoa presa cautelarmente de reduzir o tempo de cumprimento da pena mediante o abatimento de 1 dia de pena a cada 12 horas de estudo ou de 1 dia de pena a cada 3 dias de trabalho.

    A remio pelo trabalho abrange apenas o trabalho interno ou tambm o externo? Se o preso que est no regime fechado ou semiaberto autorizado a realizar trabalho externo, ele ter direito remio?

    SIM. possvel a remio de parte do tempo de execuo da pena quando o condenado, em regime fechado ou semiaberto, desempenha atividade laborativa extramuros (trabalho externo).

    A LEP, ao tratar sobre a remio pelo trabalho, no restringiu esse benefcio apenas para o trabalho interno (intramuros). Desse modo, mostra-se indiferente o fato de o trabalho ser exercido dentro ou fora do ambiente carcerrio. Na verdade, a lei exige apenas que o condenado esteja cumprindo a pena em regime fechado ou semiaberto para que ele tenha direito remio pelo trabalho.

    STJ. 3 Seo. REsp 1.381.315-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seo, julgado em 13/5/2015 (recurso repetitivo) (Info 562).