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INFO nº09

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Julho - Setembro 2006 Novais Barbosa, um académico pro-activo

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Completando setenta anos em 2006, a Ordem dos Engenheiros é bem o exemplodaquilo que uma Associação Profissional pode fazer atendendo aos desígnios daengenharia em gerações diferentes. Se é certo que os tempos de hoje exigem umacrescente utilização dos recursos face aos meios de fluxos de comunicaçãodisponíveis, e por tal um ritmo de trabalho que contempla a utilização de maisinformação, também não deixa de ser verdade que aparte desses meios, a vontadede fazer, de fazer bem, de crescer e de atingir objectivos é inerente ao homem eportanto transversal ao tempo. Ao longo destes setenta anos de existência daOrdem dos Engenheiros são certamente inúmeras as “estórias” de cada um dosmilhares de engenheiros que pertenceram e pertencem a esta “casa”, e comcerteza com muitos finais felizes. Exemplo disso é o prestígio, aquém e alémportas, da engenharia portuguesa. São seguramente setenta anos de vontades…“Arrumar a casa” foi o nosso lema do primeiro ano de trabalho. Consolidar epotenciar novos desígnios foi o lema do segundo ano de mandato. Mexer emmuita coisa não é fácil. A complexidade da estrutura da Ordem dos Engenheiros ea relativa disponibilidade voluntarista dos intervenientes inibe a fogosidade queuma estrutura profissional, isto é não voluntarista, pudesse fazer. Ainda assimmuito está em curso na Região Norte da Ordem dos Engenheiros, do qual sedestaca, entre outros, a criação do portal, a optimização da base de dados regional,a certificação pela Qualidade segundo a Norma ISO 9001:2000, a fomentação debolsa de peritos, a reformulação e ampliação das instalações da sede regional(merecerá destaque no próximo número da INFO), a formação contínua, asparcerias com Universidades, empresas e instituições congéneres, todos os eventosocorridos, em curso ou programados, e também o que hoje é a revista INFO.Na sequência deste voluntarismo, o Conselho Directivo da Região Norte, vai repetiro “Dia Regional Norte do Engenheiro”, que neste caso será a segunda edição,subordinado a um tema específico e mais uma vez com o propósito de distinguir ehomenagear engenheiros que pela antiguidade ou pelo exemplo profissional setenham vindo a destacar ao longo da sua vida profissional. Este II Dia RegionalNorte do Engenheiro, terá lugar na cidade do Porto, no dia 21 de Outubro de 2006.Destaque ainda para a comemoração na região dos 70 anos da OE. Será realizadoum jantar convívio, até final do ano, contemplando o lançamento de um livroalusivo aos 70 anos da Ordem dos Engenheiros na Região Norte e marcandotambém o início das obras na sede regional. Este número da INFO continua a privilegiar os bons exemplos da engenhariapraticada no norte de Portugal, sendo dado particular ênfase aos desenvolvimentosdo 3.º Encontro de Engenharia Civil Norte de Portugal/Galiza ocorrido no Porto noultimo mês de Maio. Referencias especiais, também neste número, aos professoresengenheiros Júlio Barreiros Martins (artigo de opinião), José Novais Barbosa(entrevista) e António Adão da Fonseca (prémio internacional de engenharia).Estamos cá!

Fernando Almeida Santossecretário do Conselho Directivo

índice4 10OpiniãoNotícias

Entrevista 1814Vida Associativa22Perfil Jovem

31Destaque

30Disciplina

32Engenharia no Mundo

34Perguntas & Respostas Técnicas

Propriedade: Ordem dos Engenheiros – Região Norte.Director: Luís Ramos ([email protected].).Conselho Editorial: Gerardo Saraiva de Menezes, Luís Leite Ramos, FernandoAlmeida Santos, Maria Teresa Ponce Leão, António Machado e Moura, JoaquimFerreira Guedes, José Alberto Gonçalves, Aristides Guedes Coelho, Hipólito Camposde Sousa, José Ribeiro Pinto, Francisco Antunes Malcata, António FontainhasFernandes, João da Gama Amaral, Carlos Vaz Ribeiro, Fernando Junqueira Martins,Luís Martins Marinheiro, Eduardo Paiva Rodrigues, Paulo Pinto Rodrigues, AntónioRodrigues da Cruz, Maria da Conceição Baixinho.Redacção: Susana Branco (edição), Liliana Marques, Natércia Ribeiro.Paginação: Paulo Raimundo.Imagens: Arquivo QuidNovi e Getty Images/ImageOne.Grafismo, Pré-impressão e Impressão: QuidNovi. Praceta D. Nuno Álvares Pereira, 20 4º DQ – 4450-218 Matosinhos. Tel.229388155.www.quidnovi.pt. [email protected]ção trimestral: Jul/Ago/Set – n.º 9/2006. Preço: 2,00 euros. Tiragem: 12 500exemplares. ICS: 113324. Depósito legal: 29 299/89.Contactos Ordem dos Engenheiros – Região NorteJorge Basílio, secretário-geral da Ordem dos Engenheiros – Região NorteSede: Rua Rodrigues Sampaio, 123 – 4000-425 Porto. Tel. 222 071 300. Fax.222002876. http://norte.ordemdosengenheiros.ptDelegação de Braga: Largo de S. Paulo, 13 – 4700-042 Braga. Tel. 253269080. Fax. 253269114.Delegação de Bragança: Av. Sá Carneiro, 155/1º/Fracção AL. Edifício Celas – 5300-252 Bragança. Tel. 273333808.Delegação de Viana do Castelo: Av. Luís de Camões, 28/1º/sala 1 – 4900-473 Viana do Castelo. Tel. 258823522.Delegação de Vila Real: Av. 1º de Maio, 74/1º dir. – 5000-651 Vila Real. Tel. 259378473.

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editorial

Ficha Técnica

Lazer

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Agenda

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1. INTRODUÇÃO A proposta de Lei entregue na AR pela OArq em Novº de

2005 no sentido de forçar essa Assembleia a “decretar” afavor dos arquitectos a “exclusividade na elaboraçãosubscrição e apreciação de projectos de arquitectura”,como se diz o 1º dos 4 artºs dessa proposta de Lei daOArq, aduz muitos argumentos jurídicos, mas falha noponto essencial: o que é hoje um projecto global deArquitectura e Engenharia, ou, vice-versa, de Engenharia eArquitectura de alguma importância. Esse projecto encerrapelos menos os seguintes projectos parciais: projectoarquitectónico; projecto de engenharia civil (estabilidadeestrutural, alimentação de água e esgotos, ambienteinterno e externo e conservação ao longo da vida doedifício); projecto de engenharia electrotécnica eelectrónica e projecto de engenharia mecânica. Alémdisso, muitas vezes há que fazer estudos de viabilidadeeconómica e financeira.A OE já há muito que tinha apresentado ao(s) Governo(s)proposta bem detalhada e justificada de alteração do DL73/73, a qual contempla todos estes aspectos. E nuncapropôs para os engenheiros a EXCLUSIVIDADE dadirecção do projecto global que é o objectivo da propostada OArq, porque é do projecto global que os arquitectosquerem a exclusividade. Esse projecto é que permitefacturar “em grande”, não os projectos parciais neleincluídos.Nesta altura verifica-se que a comissão que a AR nomeoupara apreciar a proposta de Lei da OArq em primeirainstância, nada apreciou de facto, limitando-se a repetir a“exposição dos motivos” apresentados pela OArq e aconstatar que o número de assinaturas queacompanhavam a proposta era o suficiente para forçar aelaboração de uma Lei sobre o assunto. A AR atribuiu aessa Lei o nº. 183 e, estranhamente, aprovou-a nageneralidade por unanimidade, fazendo-a baixar paraapreciação na especialidade. Terá tudo isto sido só frutodas sucessivas campanhas de “marketing” por parte daOArq acima referidas?

Que credenciais têm os arquitectos, relativamente aosengenheiros, para, avidamente,. reclamarem que aEXCLUSIVIDADE do projecto global, que hoje até é, porvezes, internacionalmente designado de projecto de“Arquitectural Engineering”?. Mesmo em relação aprojectos de grandes estruturas, como estádios de futebol,estádios olímpicos, etc., que poderá fazer um grandeArquitecto (particularmente o arquitecto português com aformação que tem) sem ter na base um grandeEngenheiro?. Tentaremos no que se segue dar algumasrespostas a estes problemas.

2. BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE HISTÓRIA DAARQUITECTURA E DA PARTE DA ENGENHARIA CIVILCOM ELA RELACIONADANão há tempo, nem espaço ou oportunidade para trataraqui da História da Arquitectura, nem mesmo da históriada arquitectura do dito mundo ou civilização ocidental edos protagonitas nela envolvidos. Apenas uma referênciaà Arquitectura Bizantina do século XV: Nas abóbadas dagrande mesquita de Istanbul (antiga Constantinopla)usou-se pela primeira vez aneis de ferro para “absorver”os impulsos que se geram nas nascenças das abóbadas.Isso prova a necessidade que sempre houve de ligaçãoentre Arquitectura e Engenharia, não podendo aArquitectura existir, de forma exclusiva, sem a Engenharia.Mas vale a pena tecer sobre a História da Arquitectura domundo ocidental algumas considerações.O engenho e a arte de construir nasceram com osprimórdios de todas as civilizações. Arte no sentido deArtífice bem como Arte no sentido de Artista. O génio quefoi Leonardo da Vinci (1452-1515) é um bom exemplodisso, e nele se deveriam inspirar todos os arquitectosmundiais. Ele não só concebeu algumas das mais altas ebelas catedrais do seu tempo, como usou no seu projectoe execução rigorosos conceitos de Geometria no Espaçotridimensional e de Estática. O mesmo génio que pintou alguns dos mais belosquadros e que esculpiu algumas das mais belas estátuas

12.7.2006 Art.º de resumo para a revista INFO da OERN

Exclusividade na elaboração subscrição e apreciação de projectos de arquitectura

Júlio Barreiros Martins, engenheiro civil

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da Humanidade, foi o mesmo génio que projectou econstruiu barragens de alvenaria, desenhandocorrectamente o diagrama de pressões hidrostáticas queas poderiam derrubar, foi o génio que ensaiou à roturavárias espécies de fios e de cordame usados para içarpedras com mais de uma tonelada a centenas de metrosde altura, para as colocar no topo das catedrais e nosdeixou tabelas com as resistências desses mesmos fios,usando conceitos da Resistência de Materiais, então aindanão nascida. Foi o mesmo génio que dimensionou oscontrafortes que nas catedrais “absorvem” os impulsosque se geram nas nascenças das abóbadas, garantindo asua estabilidade.As construções mais significativas dos primeiros períodosda História da Arquitectura do mundo ocidental eramcastelos, catedrais, basílicas, mosteiros, abadias e igrejas,quanto à arquitectura religiosa cristã, (mesquitas nospaises muçulmanos), palácios reais ou imperiais epalácios ou casas senhoriais. Os autores dos projectos eda direcção das construções eram, em geral, arquitectos,(mas nem sempre), a maior parte deles estrangeiros,escolhidos segundo os caprichos das autoridades políticas(reis e imperadores, nobres e senhores feufais),autoridades religiosas (bispos, clérigos dirigentes deirmandades, abades e papas). Com o desenvolvimento daburguesia começou a aparecer o projecto e construção depalácios, e construções similares, a essa burguesiadestinados. Os projectistas e construtores eram (e aindahoje são) escolhidos segundo os caprichos dos magnatesdetentores da riqueza, os quais com as referidasconstruções queriam também pôr em evidência, compompa, essa sua riqueza. Por essa altura começaramtambém a surgir as Obras Públicas: Edifícios paraministérios e autoridades centrais e locais, redes deestradas e caminhos de ferro, hospitais, colégios euniversidades, etc.. Também neste caso a escolha dosprojectistas e construtores era privilégio dos detentores doPoder Político.As autoridades políticas, religiosas e burguesas ourevolucionárias, não se limitavam, por vezes, a escolher osprojectistas e construtores, impunham-lhes tambémestilos para as construções: É, por exemplo, o caso dachamada “arquitectura estalinista” imposta por Estalinenão só na União Soviética, mas também na própria cidadede Varzóvia. (Hitler fez o mesmo como tivemosoportunidade de ver nalgumas construções de Berlin) Éainda hoje, por exº., o caso do estilo árabe de algunshoteis no sul de Espanha, e também no Algarve, impostopelos seus donos que são reis ou príncipes árabes. De um modo geral as entidades promotoras dosprojectos e construções de edifícios monumentais,adquirem também pinturas e estátuas condizentes com oestilo arquitectónico desses edifícios. Daqui resultou, e

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resulta, que a Arquitectura é encarada pelas pessoas, emgeral, e muito particularmente pela maioria dosarquitectos, como “Arte Pura” que tem de variar de estiloem conformidade com as épocas, considerando-se osarquitectos como puros artistas e os projectos comotendo um único autor, como as pinturas, as esculturas, asobras literárias e musicais. Esquece-se desse modo que,especialmente hoje, um projecto dito arquitectóníco oude engenharia arquitectónica é, necessariamente, oproduto de uma equipa, com predominância dearquitectos e engenheiros civis ou vice versa. Assim secompreende que muitos dos projectos internacionais nãosejam hoje assinados por um arquitecto, mas porgabinetes técnicos onde predominam engenheiros ouarquitectos. E isso acontece porque a par da beleza eharmonia que os edifícios e grandes estruturas devemsempre ter, tem de atender-se necessariamente à suafuncionalidade, o que é frequentemente esquecido, nãosó por arquitectos de renome, principalmente nacionais(os que dizem que são artistas e nada têm a ver com aEngenharia), mas também por arquitectos estrangeiros.Neste sentido cometem-se, por vezes, verdadeiros“crimes” arquitectónicos e sociais e deles daremos abaixoalguns exemplos.Alguns políticos portugueses, e não só, quando no poder,na vã tentativa de gravarem o seu nome na história dasinstituições por onde passaram, contrataram arquitectospós-modernistas para projectarem obras queimpressionem as multidões. É o caso dos que contrataramrecentemente o arquitecto mais caro do mundo paraprojectar construções para o ex-Parque Maier de Lisboa ouos que contrataram o holandês Rem Koolhaas, tambémum dos mais caros do mundo, para o projecto da Casa daMúsica no Porto, ambos expoentes máximos do“Deconstructivismo”. Mas para projectarem construções“Deconstructivas”, tais arquitectos precisaram e precisamainda mais de uma sólida base de Engenharia Civil,estrutural. E porque, em geral, não a têm por formação,têm atrás de si, nos seus gabinetes, grandes especialistasde Engenharia Civil (Estruturas) e de outrasespecialidades. Só que os nomes dos engenheiros,mesmo dos que são fundamentais para cada projecto,nunca aparecem ao público. Este é, naturalmente, um“handicap” dos arquitectos em relação aos engenheiroscivis e daí, talvez, a reivindicação de exclusividade naelaboração, subscrição e apreciação de projectos que aOArq está a fazer.No entanto, muitos engenheiros civis foram e são autoresde projectos e da execução de grandes obras com grandevalor arquitectónico. Começamos por referir o inglês JohnGwynn (1713- 1786) engenheiro civil e arquitecto famoso,membro fundador da Royal Academy of Science (1768).O engenheiro espanhol Ildefons Cerdà i Sunyer (1815-

1876) que entre outros projectos e obras fez oplaneamento de Barcelona.O engenheiro francês Gustave Eiffel (1832-1923) cujasobras são bem conhecidas em Portugal e no mundointeiro.Vladimir Grigorievich Shukhov (1853-1939) engenheiro civilrusso, pela Imperial Moscow Technical School distinguidocom a Medalha de Ouro, projectista pioneiro no projectode cascas com grandes vãos e de estruturas com grandealtura com formas hiperboloidais tais como a ShabolovkaTower, a Shukhov Tower, e outras. Considerado o Eiffelrusso.O engenheiro espanhol Alberto del Palacio Elissague (1856-1939) que seguiu e desenvolveu os trabalhos deGustave Eiffel e se tornou famoso como ele.O cientista americano, inventor visionário e filósofo,revolucionário no campo da Engenharia, BuckminsterFuller (1895-1983) Doutor em Ciências (D.Sc) pelo BatesCollege, professor na Washington University em St Louis ena School of Arte and Design da Southern IlinoisUniversity Carbondaleque. Ele e o Doutor Engenheiro OttoFrei da Alemanha, foram os principais projectistas dospavilhões na Montreal Expo of 1967, ambos seinteressaram pelas estruturas espaciais e a eficiênciaestrutural e ambos fizeram experiências com “construçõesinsufláveis”. Na Conferência da “International Union ofArchitects” em Paris (1965) Fuller inaugurou a “WorldDesign Science Decade” (1965-1994) dedicada à“aplicação da Ciência à resolução dos problemas daHumanidade”, nas suas próprias palavras. O engenheiro espanhol Eduarado Torroja (1899-12961),também bem conhecido em Espanha, Portugal e nomundo inteiro. Autor de pensamentos sobre Arquitecturatão fundamentais, como os contidos na obra: “Razón ySer de los Tipos Estructurales”.O engenheiro civil mexicano Luis Barragán (1902-1988)graduado pela Escuela Libre de Ingenieros in 1923, auto-didata de Arquitectura foi o mais importante dosarquitectos mexicanos do século XX. Vencedor do segundoPritzker Prize para Arquitectura.Renato de Albuquerque (1925-) engenheiro civil brasileiroda Universidade de S. Paulo. Pioneiro na concepção,projecto e construção de condominiums e na concepção,projecto ou planeamento de cidades do tipo Alphaville queera um conceito novo de cidade. Projectou luxuososcondominios e também bairros de renda económica(housing projects), igrejas, pontes, viadutos e canais.Edgar de Mesquita Cardoso (1913-2000). Se deve haver“Engenho e Arte”, arte de Artista e arte de Artífice, nosprojectos de Engenharia Civil e Arquitectura, EdgarCardoso, engenheiro civil pela UP e professor do IST, foimestre em tudo isso. Para apresentar este génio,limitamo-nos a transcrever algumas frases contidas na

Júlio Barreiros Martins, engenheiro civil

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Obra “Edgar Cardoso, engenheiro civil”, (2003), da autoriade Luís Lousada Soares, Edições da FEUP. Dele sãocitadas, entre muitas outras, as seguintes expressões: ”Sóé belo o que é funcional”; “uma obra bem concebida emtermos funcionais tem, forçosamente, uma boa formaestética”. António Reis (professor catedrático de Pontesdo IST) presta dele testemunho sob o título; “A Intuição ea Arte” acrescentando “... O equlíbrio entre conceitosfuncionais, estruturais e estéticos sempre presentes nasua vasta obra... são equilíbrio entre Estática e Estética...”.No mesmo livro Rui Manuel B. Pereira Correiadiz”...excepcional intuição na idealização de formasestruturais... apurado sentido estético... grande engenho esentido prático na resolução de problemas...”. E HélderPacheco acrescenta “... a ponte da Arrábida é arco, ave ousinfonia?... A ponte de S. João não é uma ponte é uma“fantasia” de aço revestido a betão. E diz-se mais “ OEngenheiro genial, o Professor singular, o Investigadorsem paralelo no seu tempo, o Inventor de prodigiosadiversidade, o Artista plástico das pontes, o Inovadorincansável no domínio das soluções construtivas, oHomem invulgarmente inteligente e humanista..”. “O“design” dos pilares constituídos por um paraboloide derevolução com dois hiperboloides confere à ponte a belezade uma escultura moderna...”. A sua máquina fotográficapanorâmica para “fotografia e cinema de panorâmicastotais ou parciais, contínuas e sem distorção”, foiinvenção revolucionária apresentada à Academia deCiências de Lisboa em 1973”.Frei Otto (1925-), engenheiro civil pela universidade deStuttgart e investigador, doutor em estruturas tenseis pelamesma universidade, onde fundou um instituto de“Estrutura Leves”, especializado em arquitectura deestruturas tenseis e de membrana (tensile and membranestructures). É famoso o seu projecto do pavilhão demúsica em Stuttgart com uma estrutura reticulada decabos em forma de sela e o seu tecto do Estádio Olímpicode Munich (1972). Leccionou na Universidade deWshington em St. Louis. Ele e Buckminster Fuller,cientista, inventor visionário e engenheiro revolucionário ,americano atrás citado, foram os principais projectistasdos pavilhões na Montreal Expo of 1967um dos expoentesmáximos da Arquitectura Mundial.Horst Berger (1928-) engenheiro civil alemão pelauniversidade de Stuttgart especializado em arquitectura deestruturas tenseis (tensile architecture). Projectouestruturas desse tipo nos EUA e no Canada. É professorna School of Architecture of the City College of New York.Leslie E. Robertson (1928-) engenheiro civil americano foio projectista de centenas de edifícios em todos o mundoincluindo as tristemente famosas Twin Towers do WorldTrade Center em New York, o U.S. Steel Headquarters, emPittsburg, a Bank of China Tower em Hong Kong, a Puerta

de Europa em Madrid e a Continental Airlines Arena noimponente complexo desportivo de New Jersey. E aindamuseus em Berlin, Portland, Seattle e no Japão.Fazlur Rahman Khan (1929-1982) engenheiro civilamericano doutor em Engenharia Estrutural, autor entreoutros edifícios de grande altura, do 100-story JohnHancock Center e da 108-story Sears Tower.O engenheiro Civil Peter Rice (1935-1992), educado naUniversidade de Belfast e no Imperial College de Londres,que fez parte Gabinete de Engenharia Civil Arup andPartners, ainda hoje muito famoso, que entre outras obrasmuito importantes projectou o Centro Pompidou de Paris.Mladen Savovich (1950-), engenheiro civil com osseguintes graus académicos: University of Sarajevo, B.Sc.,Civil Engineering Faculty, 1977. University of Skopje, M.Sc.in Civil Engineering, 1983. University of Skopje, D.Sc. inCivil Engineering, 1992. University of California, LosAngeles, USA, 1984-85,. Projectista das obras principaisseguintes: Museum of geology, oil and gas, Khanty-Mansiysk, Russia. Residential Building reconstruction,Playa de Aro, Barcelona, Spain. Prospect VernadskogoResidential Complex, Moscow, Russia. World TradeCentre,CMT-2, Moscow, Russia. Balasiha ResidentialComplex, Moscow Region, Russia. Art School Building,Khanty-Mansiysk, Russia. Cultural Centre reconstruction,Nizhnevartovsk, Russia. Sport Complex, Novoagansk,Russia. Business Centre, Moscow, Russia. InternationalCongress Centre, Rostov-on-Don, Russia.Jörg Schlaich, engenheiro civil alemão especializado na Artof Structural Engineering. Autor do livro: The SolarChimney: Electricity from the Sun . Fundador do Gabinetede projectos de grandes estruturas: Schlaich Bergermannund Partner projectistas, entre outras, da torre deobservação do Killesbergpark em Stuttgart e parte doOlympic Stadium, Munich.Acabamos de apresentar alguns grandes engenheiros civisque foram também grandes arquitectos. A literaturaartística está cheia de grandes arquitectos, mas, depois deLeonerdo da Vinci, não encontrámos na nossa breveinvestigação, grandes arquitectos que tenham sidograndes engenheiros civis. Pensamos que isso se deva àorientação que tem sido dada à formação dos arquitectose que leva a maior parte dos responsáveis pelo ensino daArquitectura em Portugal a dizerem que “um arquitecto éum artista e nada tem a ver com a Engenharia”. Pior que odizerem é continuarem a pô-lo em prática em todos oscursos de Arquitectura em Portugal, excepto o do IST. Têm“horror” às matemáticas aplicadas e às “ciências deengenharia” que, embora não sendo tão importantes naformação de um arquitecto como o são na de umengenheiro, ainda assim, são hoje essenciais para a boaformação de um arquitecto. Adiante mostraremos como éerrada aquela orientação.

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3.O CONCEITO DE PROJECTO GLOBAL DEARQUITECTURA E ENGENHARIA OU DE ENGENHARIAE ARQUITECTURA, HOJE. A FORMAÇÃO DOARQUITECTOUm projecto global de Arquitectura e Engenharia, envolve,como já antes dissemos, um grande número de projectosparciais: O de Arquitectura, propriamente dito, que incluiapropriada escolha do “sítio” e a beleza da forma e da cor,condições de planeamento urbano e territorial, exposiçãosolar, acessibilidades, ambiente externo e interno,funcionalidade e interconectividade dos espaços aconstruir, durabilidade, etc.. O de Engenharia Civil queinclui a estrutura, a sua segurança à rotura e em serviço(contra fissurações, etc.) qualidade e durabilidade dosmateriais de construção; abastecimento de águas eesgotos com dimensionamento de canalizações e sualocalização e acesso para visitas de inspecção ereparações sempre necessárias; materiais das paredes,tectos, pavimentos e revestimento com vista ao controlodos ambientes interno e externo (temperatura, humidade,ruídos e fumos, luz natural, etc.); previsão daperiodicidade e indicação dos tipos de acções demanutenção da construção ao longo da vida da mesma.Caderno de encargos com todas as especificações técnicaspara garantia da boa execução da obra, incluindopormenores para uso da Fiscalização da mesma, comtodas as condições jurídicas para nos contratos dasempreitadas não surgirem conflitos e atrasos na execuçãoda mesma obra. Orçamento realista, tendo em vista todosos pormenores do projecto e prevendo alternativas no usode materiais ou nas técnicas construtivas. O deEngenharia Electrotécnica e Electrónica que inclui:dimensionamento das potências eléctricas a instalar emcada apartamento e no conjunto; redes de canalizaçõeseléctricas e electrónicas e sua localização apropriada,tomadas eléctricas, electrónicas, telefones, etc.; previsãoda periodicidade e indicação dos tipos de acções demanutenção das instalações eléctrica e electrónica aolongo da vida da construção. O de Engenharia Mecânicaque inclui: dimensionamento das potências mecânicas,equipamentos e sua localização: elevadores, arcondicionado, gás, evacuação de fumos, paineis solares,combate a incêndios, etc.. O estudo de viabilidadeeconómica , se se trata de empreendimento privado oupúblico onde se exija uma rentabilidade mínima para oempreendimento ser viável.Face a esta sumária descrição, é absurdo que a OArq“reclame” que seja decretada a EXCLUSIVIDADE dosarquitectos para a “subscrição e apreciação de projectos(globais) de Arquitectura (e Engenharia), porque de facto édisso que se trata e não do projecto parcial de Arquitecturaincluído no projecto global.De facto os arquitectos, nomeadamente os portugueses,

não são os mais credenciados para dirigir qualquerprojecto global de Arquitectura e Engenharia, incluindo osde edífícios “classificados” (monumentos, etc.), nem deprojectos de reparação de construções de algumsignificado, em termos de vãos ou de altura, e vamosmostrar porquê.

4. A DIRECTIVA ARQUITECTURA DA UE E A FORMAÇÃODOS ARQUITECTOS PORTUGUESES. COMPARAÇAOCOM O QUE SE PASSA EM ALGUMAS DAS MELHORESESCOLAS ESTRANGEIRASA Directiva Arquitectura da UE estabelece que os arquitectosdevem ter na sua formação cerca de 50% de matérias dosdomínios do Projecto Arquitectónico, das Artes Plásticas eHumanidades e 50% de matérias de índole Técnica e deCiências Aplicadas. Ora os arquitectos portugueses, comexcepção lisonjeira dos formados pelo IST, continuam a serformados mais ou menos como o eram há 50 anos pelaschamadas “Escolas Superiores de Belas Artes”, para onde seentrava com o então 5º ano dos liceus ou equivalente. Comefeito, serve de paradigma a Licenciatura da Faculdade deArquitectura do Porto que tem em média 80% de créditos(ECTS) de matérias dos domínios do Projecto Arquitectónico,das Artes Plásticas e Humanidades e apenas 20% de matériasde índole Técnica e de Ciências Aplicadas, com total ausênciade Matemáticas Superiores, Física, Química e Computadores,mesmo do ponto de vista do utilizador. Muitos responsáveispelo ensino da Arquitectura em Portugal pretendem fazer crerque há uma incompatibilidade “fatal” entre a Arquitectura e aEngenharia. Tivemos feliz ou infelizmente envolvidos napolémica a quando da fundação da Licenciatura emArquitectura da Universidade do Minho e na tristementecélebre aplicação da Directiva Arquitectura da UE, onde foramincluídos os “engenheiros” civis das “Fachhochsshules”alemãs com 3 anos de formação de ensino superior emEngenharia e com um quase nada de Arquitectura, e excluídosos engenheiros civis portugueses, em parte por culpa dosarquitectos portugueses que votaram em Bruxelas contra ainclusão dos engenheiros civis portugueses. Já nesse tempo aOArq, que então se designava Associação dos ArquitectosPortugueses, “reclamava” a EXCLUSIVIDADE que agoracontinua a reclamar por decreto. Tivemos então oportunidadede falar, a este e outros respeitos, com o Presidente da“Institution of Architecture” do Reino Unido o qual nos disseque no U.K não havia, nem poderia haver, tal polémica entreengenheiros civis e arquitectos, porque lá qualquer entidadepodia apresentar um projecto global de Arquitectura eEngenharia, com os engenheiros e arquitectos que bementendesse, tendo como director do projecto global e da suaexecução um arquitecto ou engenheiro, que tambémentendesse, desde que devidamente inscritos nas respectivasordens. De facto, a complexidade dos problemas a resolvernuma construção civil, vulgar ou “classificada”, com algum

Júlio Barreiros Martins, engenheiro civil

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significado em termos de vãos ou de altura é de tal ordem,como brevemente se viu acima, que se impõe uma estreitacolaboração entre arquitectos e engenheiros civis, sem“decretar” predomínio de uns sobre os outros. Essas têmsido as propostas da OE, mas a OArq “exige” por todas asformas ao seu alcance, um decretado exclusivo para osarquitectos da “elaboração, subscrição e apreciação deprojectos”! mas nós insistimos: “A Estética não éincompatível com a Estática”. Estivemos a comparar osplanos de estudo dos cursos de Arquitectura de algumas dasuniversidades europeias e do MIT, donde têm saído osmelhores arquitectos mundiais. Começámos pelasespanholas, em cujos departamentos de Arquitectura hásempre uma secção de matemática aplicada, e outras defísica aplicada, de estruturas, de construções e de materiaisde construção e até de economia da construção, além das decomposição arquitectónica e de planeamento urbano. Têmplanos de estudo que incluem uma percentagem em geralpouco superior a 50% de matérias de índole Técnica e deCiências Aplicadas, incluindo as de Matemáticas Superiores.Muito semelhante é o plano de estudos do curso deArquitectura da Universidade Técnica de Vienade Áustria,donde, historicamente, têm saído também alguns dosmelhores arquitectos mundiais. Esse plano, como os do MIT,tem a mais que os de Espanha, uma disciplina muitodesenvolvida de CAAD (Computer Aided ArchitecturalDesign”) e no do MIT há ainda uma de “Computer Science”.Todos esses cursos satisfazem de longe a acima referidaDirectiva Arquitectura da UE. No MIT o grau mais baixo édesignado por B.Sc. of Architecture (Bachelor in Science ofArchitecture), e o seguinte M.Sc. of Architecture (Master inScience of Architecture), designações que, para as faculdadesde Arquitectura portuguesas e algumas outras, são um“sacrilégio”.

5. ALGUNS EXEMPLOS DA NOSSA EXPERIÊNCIAPESSOAL QUE MOSTRAM A FALTA DA COMPONENTEDE ENGENHARIA CIVIL NA FORMAÇÃO DE GRANDESARQUITECTOS BRASILEIROS E PORTUGUESESCerca de 1970 deslocámo-nos ao Brasil com os finalistasde Engenharia Civil da Universidade de Lourenço Marquesem viagem de estudo tendo, entre muitas outras cidades,visitado S. Paulo e Brasília. Era no princípio de Setembro efazia frio em S. Paulo. Dormimos num dos edifícios decerca de 10 andares da cidade universitária, projectadospelo famoso arquitecto Niemeyer. Deram a cada um denós uma manta já a contar com o frio que haveria noquarto durante a noite. Aconteceu que, sendo a maiorparte da superfície exterior do edifício envidraçada, massem vidro duplo, além das mantas, tivemos de pôr sobre acama toda a roupa pessoal que trazíamos. Além disso,para tomar banho, tivemos de o fazer calçados, porque asparedes das casas de banho e o estrado do chão eram

todas em madeira, a qual estava preta devido àacumulação de fungos. Fomos também visitar o edifícioda Faculdade de Arquitectura que tinha como novidadeserem envidraçados todas as salas de aula e gabinetes quedavam para os corredores, com a ideia, disseram-nos, danecessidade moderna de comunicação visual entre aspessoas durante o próprio trabalho. Acontece que umaaula deve dar-se num ambiente de sossego e recato paraprofessor e alunos poderem concentrar a atenção namatéria que está a ser leccionada. Também no gabinete deum professor, ou outro, é, frequentemente necessário queos ocupantes falem, longe das vistas de curiosos quecirculam nos corredores. Portanto, embora os edifíciostenham bons atributos de beleza, têm falta defuncionalidade. Continuámos a viagem até Brasília ondepernoitámos dois dias. Estava-se numa das fases finais daconstrução de Brasília, cujo planeamento é da autoria dofamoso arquitecto Lúcio Costa e onde os edifícios são, nasua grande maioria, da autoria também de Niemeyer.Tivemos aposentos num bairro não longe do centro dacidade onde todos os edifícios tinham a mesma altura: 4andares, mas não tinham elevadores! Além disso nãohavia lojas para comprar coisas tão elementares comorolos para as máquinas fotográficas. Também, para sealcançar o centro tinha de se usar táxi porque não haviatransportes colectivos apropriados. No centro da cidadehavia longos caminhos pedonais por cima das grandesvias, visto que, ao contrário das grandes cidade europeias,o centro da cidade era “privilégio” de grandes vias.Cansámo-nos assim bastante para ver os belíssimos,Palácio da Alvorada, residência do Presidente daRepública, o Itamarati, edifício do Ministério dosNegócios Estrangeiros e a Catedral. Visitámos também osvários edifícios dos outros ministérios, todosenvidraçados, de forma ainda mais “transparente”, que osedifícios-dormitório da cidade universitária de S. Paulo.Tanto envidraçamento havia que até as escadas entreandares e as pernas das funcionárias eram visíveis dorés-do-chão! Acompanhou-nos um arquitecto brasileiroamigo, residente em Brasília, que reconhecia a falta defuncionalidade, nalguns aspectos, tanto da cidade comode vários edifícios. Na Universidade do Minhoacompanhámos e até dirigimos o Gabinete de Estudosdas Instalações Definitivas. Os primeiros grandesprojectos foram da autoria, o das instalações em Braga deum conhecido Gabinete de Engenharia e Arquitectura deLisboa, e o das instalações de Guimarães de umconhecido Gabinete de Arquitectura da mesma cidade.Aconteceu, que nenhuma grande discussão tivemos comos projectistas do pólo universitário de Braga, mastivemos grandes discussões com os arquitectos do pólouniversitário de Guimarães, devido a múltiplos errosfuncionais do projecto arquitectónico.

info Página 9OPINIÃO

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infoPágina 10 NOTÍCIAS

Investigador portuguêsrecebe Prémio Jean Leray

Pedro Granja, investigador nolaboratório associado do Instituto de Biologia Molecular e Celular do Instituto de EngenhariaBiomédica (IBMC/INEB), no Porto,foi galardoado com o Prémio JeanLeray. Uma distinção atribuída pelaSociedade Europeia de Biomateriais edestinada a investigadores commenos de 40 anos. Este prémio reconhece o mérito do percurso profissional do joveminvestigador no seu trabalho sobre a regeneração dos tecidos ósseos,danificados em situações resultantesde fracturas ou tumores. Uma áreaque Pedro Granja estuda desde 1994 e que , sete anos depoisresultou na conclusão do seudoutoramento baseado na tese sobre desenvolvimento de materiaisbiomiméticos para regeneração óssea. Trata-se de uma espécie de próteses que diferem das mais comuns pelo facto de seremfeitas com recurso a materiais deorigem natural. No caso de PedroGranja, os materiais usados são acelulose (plantas), o quitosano (dacarapaça dos camarões) e alfinato(algas). Do vasto percurso profissional dePedro Granja sublinhe-se aBiomaterials Network(www.biomat.net), criada pelo próprioe que é uma das principais fontes deinformação nesta matéria. A cerimónia de entrega do Jean Leray Award, da European Society for Biomaterials, vai ter lugar no mês de Setembro, em Nantes,durante a 20ª Conferência sobreBiomateriais.

Robótica da FEUPcampeã mundial

O título mundial de robótica, nacategoria de Simulação 3D, foi ganhopela equipa FC Portugal. Constituída porelementos da Faculdade de Engenhariada Universidade do Porto (FEUP) e daUniversidade de Aveiro (UA), a equipaportuguesa conquistou assim o título decampeão mundial no Campeonato doMundo de Futebol Robótico disputadoem Bremen, na Alemanha. A FC Portugalchegou à final juntamente com oschineses Wright Eagle, acabando porvencer por 1-0.Ao longo do Robocup 2006, o mundoassistiu às prestações das melhoresequipas de robótica em resgate esalvamento, futebol e dança. Além daSimulação 3D, a FEUP subiu ainda aopódio na liga Small-Size, já que ospequenos robôs da equipa 5DPO sesagraram vice-campeões do mundodepois de terem sido derrotados na finalpelos CMDragons, dos EUA.

ISEP em Cabo Verde

Em Julho teve início um projecto que visaa assistência técnica ao laboratório deengenharia civil de Cabo Verde peloInstituto Superior de Engenharia (ISEP)até ao final do ano. Financiado peloBanco Mundial, este projecto ronda uminvestimento de cerca de 200 mil euros eenvolve a participação de oito docentes.José Manuel de Sousa, responsável pelaequipa do ISEP, declarou ainda à agênciaLusa que o mesmo projecto conta compropostas do governo cabo-verdianopara a definição de um novo pacotelegislativo, em preparação, para algunssectores da construção a ser concluídono primeiro semestre do próximo ano.A análise das regras e das normastécnicas de uso comum, em Cabo Verde,em relação aos materiais para aconstrução civil cabe então ao ISEP quefica ainda encarregue da suaactualização e adequação às normasutilizadas internacionalmente. Aformação de quadros técnicos cabo-verdianos serve de complemento àcomponente de recolha e análise.

Vendas de cimentoem baixa

De acordo com um estudo divulgadopela consultora DBK, a diminuição daprocura e a crise no sector da construçãoforam as causas da quebra de vendas decimento verificada no nosso país e quedesde 2001 foi superior a 40 %. Amesma consultora revelou que no anopassado as vendas no mercado docimento cairam para 7,6 milhões detoneladas, ou seja 8%, devendo manter-se a tendência de quebra durante esteano, mas estimada em 3,5%. O estudo da DBK conclui ainda que ovalor das importações, em 2005,

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Página 11info NOTÍCIAS

recuaram para os 45 milhões de euros,com a Turquia como o principal país deorigem (representando cerca de 70%).Por outro lado, nota-se uma claratendência de alta que segundo a DBK sedeve às políticas de internacionalizaçãolevadas a cabo pelos grupos líderes demercado, em particular a Cimpor e aSecil.

Novas centrais de Biomassa em Portugal

Até dia 11 de Setembro, continuamabertos os concursos lançados emFevereiro pelo Governo com vista àinstalação de 15 novas centraistermoeléctricas, localizadas em regiõesdo país com elevado risco de incêndiose abundância de resíduos florestais, ecom um total de potência instaladaestimada em 100 MW. Em Junho eramjá 12 as empresas interessadas em dezdos concursos destinados à construçãode centrais de produção de energiaeléctrica, utilizando resíduos florestais,perfazendo um total de 65 MW de potência instalada e uminvestimento na ordem dos 200milhões de euros.Com esta iniciativa o Governo pretendealcançar três grandes objectivos:Garantir, até 2010, uma potência de 150MW atribuída a centrais de biomassa,num contributo para o cumprimento docompromisso europeu –garantir em22,1% do consumo nacional deelectricidade com origem em fontesrenováveis de energia; Diminuir asemissões de gases com efeitos deestufa; E diminuir os riscos de incêndio,no sentido de que anualmente, a áreade fogos florestais seja inferior a 50 milhectares.

Vagas congeladaspara cursos e Engenharia

Só com a apresentação de uma fortejustificação, junto da Direcção-Geral doEnsino Superior (DGES), é que asinstituições de Ensino Superior vãopoder ver alargado o número de vagaspara as licenciaturas nas áreas daEngenharia. O Ministério da Ciência,Tecnologia e Ensino Superior, segundoavançou o Jornal de Negócios, vaimanter o congelamento de vagas nasáreas da Ciência e Tecnologia, onde seincluem os cursos de Engenharia. AFaculdade de Engenharia daUniversidade do Porto é um dosexemplos desta medida do executivoque poderá levar as faculdades commaior procura nestas áreas a perderalunos.

Prémio internacionalpara ponte do Infante

O design e as técnicas inovadoras deconstrução da ponte do Infantejustificam a decisão do júri da FederaçãoInternacional do Betão que premiou asexta travessia sobre o rio Douro. Estaobra, cujo projecto é da autoria doengenheiro Adão da Fonseca – professorda Faculdade de Engenharia daUniversidade do Porto (FEUP) – esteveassim em destaque neste concursointernacional em representação dePortugal na categoria de Estruturas deEngenharia Civil. Inaugurada a 30 de Março de 2003, aponte do Infante é a segunda obrapremiada pela Federação Internacionaldo Betão que já tinha galardoadoigualmente a expansão do Aeroporto doFunchal.

Qualificação de edifícios:a qualidade no centrodas preocupações

No âmbito do projecto que a OERN temcontratualizado com a FEUP (Secção deConstruções Civis), visando odesenvolvimento de um modelo deQualificação global de Edifícios,estiveram no Porto, no passado dia 12 deJulho, dois altos dirigentes da QUALITEL/ CERQUAL, para participar numasessão de trabalho orientada para aproblemática do desenvolvimento eimplementação de um sistema dequalificação de edifícios.A Association QUALITEL é uma entidadefrancesa com cerca de 30 anos,agregando representantes dos principaisagentes do sector da construção quedispõe de sistemas de certificaçãovoluntária de edifícios de habitaçãosegundo uma metodologia multicritério.A CERQUAL é o organismo comercial daQUALITEL. Dirigida para diferentes tiposde produtos de habitação –multifamiliares, unifamiliares ereabilitação – e tendo em conta váriospontos de vista, incluindo aspreocupações ambientais e de eficáciaorganizativa por parte dos intervenientes,estas metodologias permitemestabelecer um perfil para os diferentesprodutos.Esta preocupação é particularmentepertinente neste momento em que emPortugal se perfilam vários sistemas dequalificação sectorial, mas em que aausência de integração pode dar sinaiscontraditórios aos consumidores.Com a participação dos engenheirosMoreira da Costa (coordenador daequipa de projecto), Nuno Guimarães,Ana Cunha e Pedro Meda (pela FEUP),dos engenheiros Gerardo Saraiva,

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infoPágina 12 NOTÍCIAS

Hipólito de Sousa (gestor do projecto),Ribeirinho Soares e Matos de Almeida(pela OERN), a sessão de trabalhocentrou-se na análise detalhada dométodo Qualitel. Antoine Desbarrières eXavier Daniel, respectivamentePresidente e Director deDesenvolvimento da CERQUAL, depoisde fazerem uma resenha histórica dosistema que gerem em França, deixaramnota circunstanciada sobre o processode reconhecimento do serviço pelomercado e sobre as forças e fraquezas domodelo francês, para terminarem comimportantes alertas e sugestões para oprojecto OERN/FEUP.Por sua vez a equipa da FEUP fez aapresentação detalhada do projectoOERN/FEUP, expondo os objectivos eformas de intervenção que estãoprojectadas. Constatada a convergênciade objectivos e de interesses, a OERN, aFEUP e a QUALITEL delinearam umcalendário de acções visando o reforçodas relações e o conhecimento maisaprofundado, por uma lado, do sistemaem vigor em França e dos desafios quehoje enfrenta, e por outro, do modelo emdesenvolvimento em Portugal, que secaracteriza por ser mais abrangente queo francês.Com este intuito, ficou decididodesenvolver os contactos entre osparceiros, sendo expectável que no iníciodo próximo ano esteja encontrada umaforma de parceria e desenhada a soluçãode implementação.

27 euros evitam o fogopor cada hectare de floresta em Portugal

Apesar de Portugal ser o país do sul daEuropa que mais gasta em acções deprevenção e combate às chamas (27

euros por cada hectare de floresta), étambém o país que revela menosresultados. A análise consta daEstratégia Nacional para as Florestas,elaborada pelo Ministério daAgricultura, que avança com dadospouco animadores. No nosso país, porexemplo, a taxa de incêndios é quatro acinco vezes superior aquela que severifica em Espanha, França, Itália ouGrécia onde o risco de incêndio é, emmédia, de 0,5%. Recorde-se que nosúltimos três anos ardeu cerca de 16%da superfície total, ocupada por matos eflorestas no país, ou seja 881 milhectares. O reforço de meios, cujoscustos são elevadíssimos, parece seruma aposta perdida. Um cálculorealizado durante os trabalhospreparatórios para o Plano Nacional deDefesa da Floresta contra Incêndiosdemonstra que entre 2000 e 2004foram gastos 479 milhões de euros naprevenção e no combate aos fogos,sendo que as áreas ardidas nesses anososcilaram entre os 112 mil hectares, em2001, e os 426 mil hectares, em 2003.Números que para a totalidade dasuperfície de matos e florestas do paísse traduziram num custo representativo

de 17,8 euros por cada hectare (emmédia) e 22,5, em 2004. O valor actual,apresentado pela Estratégia Nacionalpara as Florestas, situa-se nos 27 eurospor hectare. Em suma, os prejuízos queforam avaliados em 1,8 mil milhões deeuros, foram suplantados em largaescala pelos gastos atribuídos a bens eserviços florestais perdidos e custos dereflorestação, entre 2000 e 2004.

“Qualificação de edifícios” em debate na FEUP – Rectificação

Por lamentável lapso, quando no últimonúmero fizemos referência ao projectoque a Região Norte da Ordem dosEngenheiros encomendou à FEUP sobreo desenvolvimento de uma metodologiae procedimentos para a qualificação deedifícios, omitiu-se a referência de que ocoordenador científico do projecto era oProfessor Jorge Moreira da Costa.Completada a informação com estedado, pedimos desculpa ao visado e aosnossos leitores pela omissão inicial.

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BOLETIM DE PRÉ- INSCRIÇÃO

Página 13info NOTÍCIAS

CURSO DE GESTÃO E COORDENAÇÃO DE SEGURANÇA NO TRABALHO DA CONSTRUÇÃO

1. Duração do CursoO Curso tem uma duração de 200 horas, sendo 120 lectivas e 80 de projecto individual.

2. Calendarização O Curso decorrerá entre Novembro de 2006 e Janeiro de 2007 às sextas-feiras e sábados.

3. Comissão Coordenadora do Curso

A Comissão Coordenadora do Curso é constituída pelos seguintes elementos:

• Eng.º Alfredo Soeiro• Eng.º Ricardo Reis

4. Inscrição (máximo de 25 participantes):

Membros da Ordem dos Engenheiros: € 1000

O Curso será realizado nas nossas instalações

NOME ________________________________________________________ N.º Regional ___________________

MORADA ______________________________________________________¬______________________________

CÓD. POSTAL ____-____ ____________________ Tel. Resid. _________________ Tel. Emp ____________________

Telem _________________ E-Mail ________________________

Chq. N.º _____________ s/o ____________, no valor de ______________________________

Recibo em Nome de: ___________________________________ N.I.F. __________________

Data 2006/_______/______

Deve enviar para:Ordem dos Engenheiros – R. NorteRua Rodrigues Sampaio, 1234000-425 Porto

CURSO DE GESTÃO E COORDENAÇÃO DE SEGURANÇA NO TRABALHO DA CONSTRUÇÃO

ORDEM DOS ENGENHEIROSregião norte

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Na área da Hidráulica, Novais Barbosa realça umavertente fundamental para ser resolvida no futuro: “A áreados aproveitamentos hidroeléctricos esteve esquecida,mas vai haver necessidade de voltar a ela em força”

Novais Barbosa, engenheiro civil

infoPágina 14 ENTREVISTA

Após mais de uma década de ligação, quebrou-se o laçoinstitucional entre a Universidade do Porto (UPORTO) eJosé Novais Barbosa. Sobre o agora ex-reitor abateu-seum sentimento de nostalgia, numa sequência natural dequem acaba de despedir-se de um ciclo profissionalmarcante, inteiramente dedicado à maior instituição deensino superior do país. Nascido no Porto, no dia 24 deJaneiro de 1940, Novais Barbosa foi vice-reitor daUPORTO durante seis anos, tendo de seguida assumidoo cargo de reitor em Setembro de 1998, das mãos deAlberto Amaral. Um mês antes de fechar a porta do seu gabinete, oprofessor catedrático da Faculdade de Engenharia daUniversidade do Porto (FEUP) deu uma entrevista à Info,na qual faz uma avaliação do seu percurso à frente dosdestinos da maior universidade portuguesa, enaltece ecritica alguns dos grandes projectos de engenharia civil,lembra os próximos desafios na área da suaespecialização –a Hidráulica – e mostra-sesurpreendentemente favorável à tão polémicaactualização do Decreto-Lei 73/73. Notas mais ou menospositivas de um testemunho que revela ainda umacadémico pró-activo, convicto em perpetuar uma ligação

afectiva com a UPORTO, assente numa nova relaçãoprofissional. Novais Barbosa descobriu, desde muito cedo, a suaapetência para a área que seguiu, embora os seusprimeiros riscos traçassem um perfil diferente: “quandoera pequeno gostava muito de desenhar casas e, semsaber, estava portanto mais voltado para a arquitectura.Com o tempo, fui percebendo os contornos daengenharia e da arquitectura e enveredei pela primeira,nomeadamente pela engenharia civil que foi sempre aminha primeira escolha desde os anos de liceu”.Curiosamente, o ex-reitor admite ser um defensor e umgrande apreciador do trabalho dos arquitectos e confessater-se colocado muitas vezes no campo oposto ao dosengenheiros. Daí que seja um adepto da alteração ao tãofamoso Decreto-Lei 73/73. “Em princípio estou de acordocom essa Lei no que diz respeito a edifícios, pois

Sou um pouco viciado no trabalhoSou um pouco viciado no trabalho

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info Página 15ENTREVISTA

considero que devem ser os arquitectos a assinar osprojectos. Já não posso é concordar que possa ficarrestrita aos arquitectos a coordenação dos projectosporque normalmente nem sempre têm todos osconhecimentos e aptidões para o fazerem bem. Existemmuitas componentes que muitos arquitectosdesconhecem, pois estão muito mais voltados para aparte artística, para a distribuição dos espaços e para odesenho. Por isso, não estão tão habilitados para aconcretização de um projecto como o estão osengenheiros civis”.Licenciado em Engenharia Civil, na FEUP (em 1963),Novais Barbosa doutorou-se na mesma faculdade cincoanos mais tarde, seguindo um percurso académiconatural que o induziu à área da Hidráulica. “Mal termineio curso, fui convidado a ficar na Faculdade para ocuparum lugar ligado ao Laboratório de Hidráulica. Depois, fuipreparando alguns trabalhos tendo em vista odoutoramento e, a certa altura, com o falecimento doprofessor de Hidráulica Geral, fui convidado paraleccionar esta disciplina”, refere. Simultaneamente, foiinvestindo na carreira, realizando vários cursos de pós-graduação, trabalhos nas áreas de projectos de estruturas

(no início) e noutros ligados à sua área específica. Em1987, Novais Barbosa torna-se presidente da direcção doInstituto de Hidráulica e Recursos Hídricos da UPORTO.Um organismo, lembra, rigoroso: “Tivemos sempre apreocupação que os trabalhos feitos neste institutotivessem duas ou três componentes fundamentais,nomeadamente que não fossem concorrentes com aquiloque faziam as empresas privadas (ou seja, nãotrabalhávamos em projectos, mas na concepção geral atépoder colocar um empreendimento a concurso para serfeito a partir daí o projecto); O segundo aspecto, que eramuito importante quer para a faculdade, quer para auniversidade, era que os trabalhos aqui produzidostivessem sempre uma componente importante deinovação”. Novais Barbosa referiu-se ainda à diferença demeios entre a universidade dos seus tempos deestudante e a universidade actual. A universidade nãodispunha das possibilidades que apesar de tudo, tempresentemente, e, no domínio da Engenharia Civil, viviamuito do modo como os professores conseguiamconciliar o serviço docente e os desenvolvimentosteóricos com a vida prática. Uma dualidade que hoje seperdeu um pouco, afirma, mas que é essencial para os

Texto de Susana Branco . Fotos de Alfredo Pinto

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Novais Barbosa, engenheiro civil

infoPágina 16 ENTREVISTA

docentes de engenharia: “Um professor de engenhariaque não tenha tido contacto com a vida prática,normalmente é um professor que não alcança osmelhores níveis de avaliação pelos alunos. Hoje, aspessoas estão mais em contacto exclusivo com afaculdade, mas há três décadas era corrente aacumulação com uma actividade profissional que erafeita fora da faculdade, embora esta devesse sempre sercolocada em primeiro lugar. Aulas, contactos comalunos, reuniões da Escola estavam sempre em primeirolugar.”Na área da Hidráulica, Novais Barbosa realça váriasvertentes para serem resolvidas no futuro sendo que,considera, uma delas é muito importante para o país: “aárea dos aproveitamentos hidroeléctricos esteveesquecida, mas vai haver necessidade de voltar a ela emforça, pois perdeu-se alguma continuidade dos meiosque existiam”. Segundo o ex-reitor, além desta área (naqual se fez muita coisa no campo dos projectos mas emque se realizou muito pouco em termos deconcretizações práticas), não se podem descurar outrascomo a hidráulica fluvial, o saneamento básico(abastecimentos de água e redes de esgotos pluviais eresiduais), a hidráulica agrícola e a hidráulica marítima.Em relação ao mar, como avançou Novais Barbosa, aUniversidade do Porto juntamente com um conjunto deparceiros, está a constituir um Centro de Mar, para tentarenvolver todas estas vertentes de uma problemática, diz,já antiga. Interrogado sobre alguns projectos concretos,surgiu a questão dos molhes do Douro: “Vai para alémda memória das pessoas o facto de, nos últimos 100anos, a zona do Cabedelo ter recuado umas largascentenas de metros, com consequências na protecção detoda aquela zona da embocadura do Douro, protecção,sobretudo das tempestades de sudoeste que nos últimosanos praticamente não tem existido. Ora, quando háum fenómeno natural que deixa de se verificar durantealgum tempo, a tendência das populações que podem serafectadas é para esquecer a eventualidade da suaocorrência. Acontece com as cheias, acontece com aagitação marítima, acontece com a instabilidade deescarpas, acontece com muitos outros fenómenos”. No que diz respeito a novos empreendimentos, oengenheiro civil mostra-se favorável à construção dasbarragens previstas nos rios Sabor, Côa e Douro, comoforma fulcral para a criação de reservas que irão ser cadavez mais necessárias, de futuro, bem como para aregularização de cheias. Além destas grandes estruturas,como obra feita na cidade, Novais Barbosa destaca oMetro e a Casa da Música como os projectos recentescom maior impacto no Porto e na Região. É certo que naCasa da Música houve alguns erros de concepção: “Epermaneceram alguns defeitos, bastando referir a

entrada, onde se verifica de imediato que os degrausestão mal dimensionados. Mas é muito agradável assistira um bom concerto na Casa da Música”. Por defeito, o reitor cessante da UPORTO, admite aindaque um pouco por todo o país existem “aberrações deengenharia” e aponta os arranjos dos espaços públicoscomo um exemplo do que muitas vezes está mal feito.Contudo, acrescenta, muitos dos projectos que não sãobem conseguidos acontecem mais na arquitectura (e nãoquer dizer que sejam feitas por arquitectos). Novais Barbosa aceita o epíteto de académico, mas aoseu perfil acrescente-se ainda o vício pelo trabalho que oimpede de gozar alguns prazeres: “Eu gostava muito defazer caminhadas, mas ultimamente não o tenho feitoporque não tenho tempo. Na reitoria há muitasentrevistas, muito serviço a despachar e normalmentededico os fins de semana para fazer algum trabalho queexige um pouco mais de concentração. Sou um poucoviciado no trabalho, talvez o tenha sido sempre”. Umvício próprio de quem é engenheiro, já que o “stress” éindissociável desta profissão: “O trabalho nos escritóriosde engenharia é terrível. Temos sempre a tendência aatrasarmo-nos nos prazos. Achamos sempre que essesprazos são mais do que suficientes, portanto ocupamosos primeiros dias a planear não sei muito bem o quê edepois o prazo vai apertando e quando chega ao fim,então trabalha-se dia e noite”. Ao longo de catorze anos, Novais Barbosa passou maistempo dentro da reitoria (dentro ou fora do seugabinete), do que em qualquer outro sítio. Umadedicação que, além da nostalgia deixa ainda no ex-reitoruma sensação de alívio, já que as questões maisburocráticas e difíceis, como o orçamento para 2007, jánão lhe cabem resolver. Para Novais Barbosa, os doismandatos que exerceu enquanto reitor da maioruniversidade do país, pautaram-se por algumas vitórias eoutras derrotas, com algumas queixas à tutela pelo meio.A dificuldade de sensibilizar o poder central,particularmente em relação ao problema dosinvestimentos na Universidade, é uma das suasautocríticas, com consequências nas construções daUPORTO, área que Novais Barbosa gostaria que tivessesido possível desenvolver mais. É certo, também, que,em oito anos de reitorado, teve de dialogar com seteministros da tutela. Por outro lado, os centros deinvestigação são motivo de orgulho. Segue-senaturalmente, a valorização dos resultados dainvestigação, se bem que esse é um desafio que deixapara os próximos anos.Os dois mandatos exercidos por Novais Barbosa, nagestão da UPORTO, além de terem atravessado váriosgovernos, confrontaram-se com a mudança de tutela dasuniversidades do Ministério da Educação para o

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info Página 17ENTREVISTA

Ministério da Ciência e do Ensino Superior. Umadiferenciação que o ex-reitor nunca defendeu, como deresto, sempre achou que deveriam existir duas fontes definanciamento distintas: uma para o ensino e outra paraa investigação. Novais Barbosa admite gostar de coisas novas e nestecapítulo inclui o Processo de Bolonha que, na suaopinião, representa simultaneamente um conjunto deoportunidades que têm de ser agarradas e um conjuntode ameaças que têm de ser encaradas. Desde logo,Novais Barbosa considera a designação de licenciatura,para o primeiro ciclo, um erro clamoroso, defendendoque o mesmo deveria chamar-se bacharelato. Resumindo o modo como conduziu a Universidade doPorto, Novais Barbosa recorda um episódio que viveunuma reunião internacional quando ouviu um professorespecializado em governo e gestão de universidades quefalava sobre vários modelos de gestão: “depois deenaltecer determinados modelos de gestão, terminou deuma maneira perfeitamente inesperada. Dizía ele queesteve ali com toda aquela conversa, tentando ensinar-nos como se geria uma universidade mas, realmente, asuniversidades distinguiam-se não por serem bem ou malgeridas, mas pelo número de prémios Nobel no activodos seus cientistas” Apesar do palmarés da UPORTO nãocontemplar propriamente prémios Nobel, o ex-reitorsalienta a qualidade para definir o seu legado: “Aqualidade da Universidade do Porto vive da qualidadedos seus alunos e dos professores que nela trabalham.Nós temos aqui estudantes de primeira escolha e estaUniversidade evoluiu de acordo com a qualidade daspessoas que tem, apesar de alguns defeitos, que énormal verificarem-se em universo tão vasto . Mas aresultante final é uma expansão e progressivas melhoriasnuma instituição que vale por todas as pessoas que aconstituem”. Depois da visão sobre a maior universidade do país cujofuturo, como afirma, passa por manter a actual dimensãoe diversidade, Novais Barbosa vê o seu próprio futurofora da docência: “Regressar às aulas está fora dequestão. Reatar algum contacto com a profissão, podeser que sim. O meu desejo era poder continuar a daralgum contributo em alguns trabalhos periféricos daUPORTO”. Um papel secundário, depois de assumir opapel principal, seguindo a ordem natural das coisas:“Quando há mudança de reitor, o anterior deve afastar-secompletamente e deixar a nova equipa à vontade paragerir os destinos da universidade. Foi assim que eu arecebi das mãos do professor Alberto Amaral e é assimque eu a espero deixar”.

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A Água em debate na Fundação Cupertino de Miranda

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A Água foi o tema escolhido para o 3º Encontro de EngenhariaCivil Norte de Portugal - Galiza, realizado nos passados dias 25e 26 de Maio, na Fundação Cupertino de Miranda, no Porto.Cerca de 200 congressistas portugueses e espanhóismarcaram presença no evento, organizado pela OERN, ColégioRegional de Engenharia Civil, e pelo Colégio de Caminos,Canales y Puertos da Galiza - Demarcacion de Galícia, queserviu como uma importante plataforma de discussão sobreaquele que é unanimemente considerado como o maiordesafio do século XXI. Neste 3º Encontro de Engenharia CivilNorte de Portugal - Galiza, a problemática em torno da água foidividida em quatro sub-temas principais: “Água e Energia”;“Água como Recurso - Águas superficiais e subterrâneas,estuários, problemas de segurança e reservas”; “FenómenosExtremos e Poluíção”; “Regimes de Utilização da Água”.Tópicos para uma reflexão sobre um dos temas vitais para odesenvolvimento das comunidades, apresentado sob forma

quer de conferências expostas por especialistas dos paísesorganizadores, quer de espaços de discussão em mesas--redondas alargadas. Na cerimónia de abertura, à qual presidiua Governadora Civil do Porto, Isabel Oneto, os convidadosenalteceram a importância do debate entre ambos os países.Luís Simões da Silva, do Colégio Nacional de Engenharia Civilda OE, referiu-se ao encontro como “uma boa forma parabalizar as duas regiões, face à maior preocupação de todos ostempos”. A mesma ideia foi defendida por Antonio Santiso,Secretario Xeral de la Conselleria de Ambiente eDesenvolvimento,que afirmou: “Depois do vinho, do leite e dos rios Douro eTâmega, comuns à Galiza e ao Norte de Portugal, esta é umaóptima oportunidade para uma aposta em comum nosproblemas relacionados com a água”.Mais abrangente foi o coordenador-adjunto do World WaterAssessment Programme (WWAP), da ONU, o orador

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convidado para a conferência inaugural, intitulada “El Agua enel Mundo”. Carlos Fernández Jáuregui definiu a água comouma problemática não só ligada aos engenheiros, mastransversal a todo o espectro do conhecimento, advertindo queé preciso gerir este recurso globalmente, com uma estratégiaassentando fundamentalmente numa responsabilidadecompartilhada: “Os problemas de água em África devem serencarados por todos os países, pois reflectem-se em todo omundo”, diz. Nesta perspectiva, como explicou Jáuregui, asNações Unidas estabeleceram um programa com um enfoqueuniversal e cujas metas são: Identificar e descrever a naturezada crise da água; Avaliar a capacidade da sociedade paraenfrentar esta crise; Avaliar a eficácia das políticas da água;Desenvolver indicadores para controlar e medir o progresso nosentido de vencer objectivos; Fortalecer as capacidades dospaíses participantes para levar a cabo avaliações nacionais.Ao longo da sua exposição, o representante do WWAP, afirmouque um dos grandes objectivos do Programa Mundial deAvaliação dos Recursos Hídricos é apoiar todos os países napreparação de estudos de casos, em regiões distintas doplaneta com a finalidade de evidenciar o estado dos recursoshídricos mediante as diferentes condições físicas, climáticas esócio-económicas. A importância destes estudos, comoafirmou Jáuregui, é o facto de mostrarem a diversidade decircunstâncias e necessidades humanas. Em declarações à INFO, Jáuregui apontou ainda a agricultura,que consome 70% da água, como o sector mais difícil deresolver. Uma área, adverte Jáuregui, que carece de uminvestimento urgente: “É preciso aumentar a eficiência destesector e, para isso, é obrigatório apostar no conhecimento e natecnologia”. Referiu ainda a carência de técnicos especializadospara África e América do Sul e deu conhecimento da existênciadum protocolo de formação neste âmbito já estabelecido coma Galiza. O primeiro convidado deste 3º Encontro de Engenharia CivilNorte de Portugal – Galiza, enunciou ainda as limitaçõespolíticas, institucionais e financeiras, bem como os desafiostécnicos, como os principais entraves para a resolução da criseno sector da água, sublinhando: “A crise da água éessencialmente uma crise de governabilidade. Os princípiosbásicos de uma governabilidade eficaz incluem a participaçãode todos os protagonistas implicados, princípios detransparência, equidade, responsabilidade, coerência,sensibilidade, integração e assuntos éticos”. No primeiro e segundo tema foram discutidos comprofundidade os aspectos relativos à hidroelectricidade, tendoos Engenheiros Jorge Ribeirinho Machado, Abílio Seca Teixeirae José Franco apresentado os pontos de vista da EDP, comreferência à evolução histórica e perspectivas deste sector e

ainda gestão das albufeiras em situação de excepção. OEngenheiro José Ferreira Lemos, Professor da Faculdade deEngenharia da Universidade do Porto (FEUP) abordou osaspectos específicos dos pequenos aproveitamentoshidroeléctricos. O engenheiro Machado e Moura, igualmenteprofessor da FEUP, no debate sobre “Água e Energia”lamentou “a total apatia e ausência de realizações para oaproveitamento deste recurso energético limpo e endógeno,nas duas últimas décadas”. O engenheiro Machado e Mouraclassifica a bacia portuguesa do Douro –que recolhe, em anomédio, cerca de 8000 milhões de metros cúbicos de água,exclusivamente referentes a afluências próprias –como o casomais gritante. Apesar de ao valor do escoamento da baciaportuguesa do Douro acrescer a água oriunda da baciaespanhola e que, em condições normais, é pelo menos idênticaou até superior, como refere, “a capacidade de armazenamentonas albufeiras da bacia portuguesa é de aproximadamente 400milhões de metros cúbicos, ou seja, cerca de 5% do valorapontado para a bacia portuguesa e cerca de 2,5% (ou menos)do valor relativo à bacia espanhola, se considerarmos atotalidade das afluências em ano médio”, justifica.Inserida no terceiro tema, a conferência intitulada Agua yMedio Ambiente foi apresentada por Juan Antonio MartinVentura, representante da Confederación Hidrográfica delNorte, que apelou para a preservação conjunta da água e dosrios, “um ecosistema complexo e diversificado”. Apontados osproblemas mais comuns nos rios do Norte de Portugal e daGaliza, como as contaminações de origens diversas, adiminuição dos caudais para o abastecimento, a forte pressãourbanística em detrimento da dinâmica fluvial, determinadaspráticas agro-pecuárias ou a hidroelectricidade e outros usosindustriais, o Engenheiro Juan Ventura defendeu oplaneamento como “a melhor e a mais completa ferramenta

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para proteger os rios”. Um caminho que na opinião do oradorespanhol depende de soluções como a qualificação urbanística,a melhor gestão dos recursos hídricos, a minimização dosdanos causados pelas cheias ou a limpeza dos caudais. Oengenheiro José Vieira, professor da Universidade do Minho,apresentou um sistema muito interessante de suporte àdecisão para a gestão da água em bacias hidrográficas.Paralelamente à poluição, as dificuldades em fazer face asituações de seca ou de cheia dominaram as ideias chave damesa redonda em torno desta temática. Na opinião doengenheiro Machado e Moura, que também participou namesa redonda deste tema, e perante o facto das obrashidráulicas disponíveis na maior parte das bacias hidrográficasportuguesas serem insuficientes para criar as reservas de águanecessárias ao consumo humano e às actividades agrícolas epecuárias que respondam aos períodos de seca prolongados,“a única solução é a aposta nos métodos de previsão paratentar antecipar a ocorrência destas situações e para criaralgumas condições mínimas de salvaguarda das pessoas e dosseus bens, em caso de cheias, e garantir o seu abastecimentomínimo, em caso de seca”. Extremamente interessante foi a intervenção do moderador damesa redonda do tema “A água como recurso”, engenheiroRodrigo Maia, professor da FEUP, que fez uma resenhahistórica do relacionamento luso-espanhol no que respeita àgestão dos rios transfronteiriços, com referência aos sucessivosconvénios e à dificuldade em assegurar soluções equilibradasque tenham em conta os vários interesses em presença dequantidade e qualidade da água, particularmente para Portugal,

cujos rios mais importantes nascem todos em Espanha.Alguns dos oradores participantes no encontro tiveramoportunidade de apresentar projectos de âmbito estratégico,quer com carácter de articulação bilateral, ou eminentementetécnicos. A intervenção do administrador da APDL, BrogueiraDias, sobre “Molhes do Douro - Histórias e Soluções” incidiusobre a solução em execução, apontada pelo engenheiro civilcomo a mais moderna e sustentável. “Rentabilizar os efeitoserosivos do mar e do rio é a principal mais-valia retirada daconstrução dos molhes. É importante igualmente consumar aideia de que o mar é também um recurso hídrico”. Numaaltura em que se implementam os molhes junto à Foz do rioDouro, cuja conclusão está prevista para o próximo ano, oengenheiro Brogueira Dias enumerou os grandes objectivos daobra: “Esta solução final vai permitir uma maior segurança danavegação, protecção das margens, a norte, melhorescondições de navegabilidade e uma minimização dos impactesambientais, não só no meio envolvente, mas também naszonas costeiras”.Por sua vez o administrador da empresa Águas de Portugal,Martins Soares, aproveitou a ocasião para apresentar osegundo Plano Estratégico de Abastecimento e de Saneamentode Águas Residuais (PEAASAR II) que entre 2007 e 2013 sepropõe concluir toda a infra-estruturação nacional, de acordocom a legislações portuguesa e comunitária. “As metas aatingir são a conclusão de 95% de abastecimentos públicos e90% do saneamento”, sublinhou. O engenheiro MartinsSoares adiantou ainda o principal factor que distingue esteplano, cujo investimento rondará os três mil milhões de euros,

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face ao PEAASAR I: “A grande diferença relativamente ao planoanterior é um maior enfoque do PEAASAR II nas instalaçõesem baixa, ou seja, nas redes de drenagem e distribuição”.Bastante viva foi a participação na mesa redonda doEngenheiro Levi Ramalho, administrador da Indáqua, referindoa necessidade de clarificação da política de privatizações nestamatéria. Segundo aquele administrador as empresas foramestimuladas a organizar-se para este mercado que não temsaído do impasse. Neste debate interveio também oEngenheiro J. Poças Martins das Águas do Douro e Paiva queduma forma muito esclarecida ajudou a clarificar as estratégiasrelativas aos regimes de utilização da água.O encerramento contou com a presença do Presidente doINAG, Orlando Borges, do Presidente da Assembleia da OERN,Luís Braga da Cruz, do Subdirector Geral da Água de Espanha edo Conselheiro do Meio Ambiente e DesenvolvimentoSustentável da Junta da Galiza, Manuel Vasquez Fernández eainda, em representação da comissão organizadora, Hipólitode Sousa e Juan Luís Rios.O balanço deste terceiro encontro bastante positivo, na medidaem que foi conseguida uma maior sensibilização sobre umtema tão relevante e transversal a ambos os países e às regiõesdo Norte de Portugal e Galiza. O engenheiro Paulo RibeirinhoSoares, da comissão organizadora afirma mesmo: “Nestamatéria existe a necessidade absoluta de entendimento detodos os técnicos, pois são estes que são conhecedores das

várias realidades e, desta forma, fornecerão uma contributofundamental na ajuda da tomada de decisões importantes,quer para o Norte de Portugal, quer para a Galiza”. Semprejuízo do sucesso do evento merece particular destaque adiferente forma como o Encontro foi encarado pela Galiza epor Portugal. Com efeito os nossos vizinhos aparecerammobilizados, em força e de forma concertada: universidade,empresas privadas e instituições governamentais, sem que, dolado português se tenha conseguido idêntica motivação. Ainda segundo a organização, a dinamização destes encontros,de que o presente foi a 3ª edição, tem permitido umaaproximação entre os Engenheiros Civis do Norte de Portugal eda Galiza, com óbvios reflexos no plano nacional. Estadinâmica está a permitir criar, nos planos institucional eprofissional, a confiança indispensável a uma aproximação dosengenheiros e do sector da construção no mercado ibérico,numa altura em que a integração dos mercados apresenta umreconhecido desequilíbrio no desenvolvimento de actividaderelevante no país vizinho pelas organizações portuguesas.Questões como o reconhecimento profissional, conhecimentoda forma de funcionamento do mercado e do papel dasdiferentes entidades são fundamentais. Iniciativas como apresente permitem dar passos relevantes nessa aproximação,bem como criar as condições para as instituiçõesestabelecerem formas de intercâmbio e reconhecimentomútuo.

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Colégio de EngenhariaCivil apresenta visãoduma política nacionalsobre segurança na construção

A Segurança do Trabalho na Construção(STC) foi o tema inaugural de um ciclode debates e tertúlias, promovido pelaOrdem dos Engenheiros – RegiãoNorte, com o intuito de debaterquestões de interesse no âmbito daEngenharia actual. A grande afluênciaao jantar-debate, realizado norestaurante da sede da OERN (nopassado dia 7 de Junho), reflecte aimportância da temática escolhida,considerada pelo presidente doConselho Directivo da OERN, GerardoSaraiva, como uma área de intervençãourgente: “ É realmente uma áreaprioritária, pelo simples facto de setratar de um dever ético”.

Na introdução do debate, FernandoAlmeida Santos comunicou que aInspecção-Geral do Trabalho (IGT)não autorizou a participação doinspector a quem a OE tinhaformulado o convite, ausência queadmitiu se relacione com a conhecidadivergência entre os dois organismosno que respeita à qualificaçãoprofissional exigida aos Técnicos deSegurança que operam no sector daConstrução e, em particular, àiniciativa legislativa relativa aosCoordenadores de Segurança.Concordando que é indispensávelformação específica em Segurança, aOE não aceita que, na qualificaçãodos coordenadores de segurança naconstrução defendida pela IGT, seequiparem engenheiros a técnicosde segurança com o 9º ano deescolaridade.A falta de formação de base na áreada construção dos Coordenadores deSegurança e outros agentes que

operam no sector é um dosproblemas centrais para a OE, umavez que, se a qualificação nãoevidenciar as competênciasnecessárias para o exercício, acorrespondente responsabilização éum equívoco. O engenheiro João Baptista, primeiroorador convidado a intervir, citou oexemplo da empresa Estradas dePortugal (EP) na qual é responsávelpela direcção de empreendimentosnº1. “Primeiro a EP encarava oscoordenadores de segurança comomeros elementos de fiscalização.Agora entendemos que a coordenaçãoé uma função de alta capacidadetécnica e crítica sobre os métodosque envolvem as estradas”. Nestamatéria a EP fez escola porquedefendeu um caderno de encargosrelativamente à prestação de serviços.A EP defende que quem deve exercera coordenação de segurança em obrasde alto risco deve ter um perfil na

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área de construção, mas com umacomponente de formação emcoordenação de segurança, comcursos específicos no plano curriculardas universidades e essencialmentepráticos. O responsável pela EP deixouainda um aviso: “É preciso ter cuidadocom aqueles que eu chamo de 'turbo-coordenadores' e que assumem a100% várias obras. É preciso tercuidado com este aproveitamentomercantilista da segurança”.A intervenção de Matos de Almeida,vogal do Conselho Regional do Colégiode Engenharia Civil, centrou-se navisão duma “ Política Nacional deSegurança do Trabalho naConstrução”, elencando os problemasassociados ao actual enquadramento edivulgou uma proposta dereordenamento legislativo do sector.Relativamente à legislação sobre STC,a intervenção da Ordem dosEngenheiros (OE) remonta a 2004,quando, a propósito da audiênciapública relativa ao diploma reguladorda Qualificação dos Técnicos para oExercício da Coordenação deSegurança na Construção, a OEapresentou ao Governo uma propostade Decreto-Lei alternativa.Para melhor sustentar a acção aRegião Norte da OE criouposteriormente um grupo de reflexãocom especialistas nesta matéria, doqual resultou a “visão duma políticanacional de segurança do trabalho naConstrução”, já subscrita pelo Colégiode Engenharia Civil, que poderá serconsultado em www.oern.ptA Segurança do Trabalho naConstrução ocorre num contexto emque a legislação se apresentadesconexa, contraditória e em muitosaspectos obsoleta do qual resulta quea fronteira de responsabilidade entreos vários agentes é difusa e não é claraa responsabilidade que cabe ao

Coordenador de Segurança, a quemprojecta, a quem executa e a quemfiscaliza, gerando posturas defensivasna gestão dos empreendimentos,profundamente burocráticas, queafastam o processo dos seusverdadeiros objectivos. Apesar da especificidade do sector, aregulamentação da qualificaçãoprofissional dos técnicos de segurançaé incoerente, pois preconiza um perfilde formação único, ou seja comum atodos os tipos de actividade (serviços,indústria ou agricultura). Matos deAlmeida, lembra que o Decreto-Lei273/2003 remete para diplomaautónomo, a definição dasqualificações a exigir aoscoordenadores e “Como este aindanão foi publicado, esta actividade deexcepcional responsabilidade eobrigatória no processo de construção,está a ser exercida por profissionaissem qualificação regulamentada,sendo que as últimas propostas delegislação conhecidas insistem nomesmo conceito de banda larga”,refere. O vogal do Conselho Regional doColégio de Engenharia Civil adverteainda para a dispersão da legislaçãoem vigor, relativamente à Segurança eHigiene no Trabalho da Construção,que se perde num “vasto conjunto” dediplomas: “São dezenas de diplomasnão coordenados, uns obsoletos,outros contraditórios, configurandopara todos os Engenheiros Civis queexercem a actividade profissional umcomplexo quadro de responsabilidadecivil e criminal, cuja dimensão grandenúmero dos agentes do processo deconstrução ainda não interiorizou”.Para a Ordem dos Engenheiros, apromoção do ordenamento legislativo,com uma visão clarificadora dasresponsabilidades de cada agente, éum imperativo.

“Os sistemas mais eficazes sãosimples e claros. Por isso, no querespeita à segurança, é indispensávelclarificar a responsabilidade de quem a projecta, executa e fiscaliza,como nos demais actos daconstrução!”A OE defende ainda a alteração dadesignação SHT (Segurança e Higieneno Trabalho) para STC (Segurança noTrabalho da Construção) e tutelaconjunta entre os ministérios doTrabalho e das Obras Públicas,considerando que a tutela exclusivado Ministério do Trabalho éresponsável pela falta de sensibilidadepara as especificidades do sector.No referido documento apontam-sesoluções para evitar uma realidadelamentada pelo engenheiro A. Matosde Almeida: “A segurança tornou-seum mero procedimento jurídico e nãofoi resolvida do ponto de vistatécnico”. No final do debate, muito participadoe com momentos de discussão acesa,o presidente do Conselho Directivo daOERN apelou ao empenhamento detodos na melhoria das condições detrabalho, considerando que assim secontribuirá para a melhoria do estadogeral da segurança”.

OERN promove reunião luso-espanholasobre EngenhariaIndustrial

A problemática em torno daEngenharia Industrial, em Portugal eEspanha, foi o mote para a primeirareunião de trabalho entre a RegiãoNorte da OE e o Ilustre ColégioOficial de Ingenieros Industriales deGaliza que teve lugar no passado dia

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9 de Junho, na sede da OERN (noPorto). O presidente do ConselhoDirectivo da OERN, Gerardo Saraiva,presidiu a este encontro que juntouos responsáveis pelo colégio espanhole os engenheiros Ribeiro Pinto eMachado e Moura -respectivamenteos coordenadores dos Colégios deEngenharia Mecânica e EngenhariaElectrotécnica da região norte - e quese revelou frutífero numa área poucoexplorada por ambos os países. Issomesmo, de resto, sublinhou oengenheiro Machado e Moura: “ Atéaqui, os contactos entre o norte dePortugal e a Galiza centraram-se naEngenharia Civil e os outros Colégiosestavam um pouco esquecidos. Nóstemos aqui no norte 10 ou 11especialidades e desta forma eraimportante fomentar esta reunião”.Em cima da mesa estiveram cincopontos de agenda: ApresentaçõesInstitucionais; Análise de problemascomuns na área da Engenharia;Processo de Bolonha; Mobilidadeprofissional e Organização de futuroseventos comuns. Grande parte dareunião foi absorvida pelos doisprimeiros assuntos, dada a diferençade realidades organizacionais entreambos os países. Um aspecto, quesegundo o Decano do Ilustre ColégioOficial de Ingenieros Industriales deGaliza até pode ser enriquecedor:“Em Espanha a Engenharia Industrialé generalista, na medida em quecontempla aspectos electrotécnicos,mecânicos, ambientais ou químicos.E aqui está a principal diferença sobrea qual temos que ver como apoderemos harmonizar, para que asatribuíções que os engenheirosespanhóis têm sejam reconhecidasem Portugal e vice-versa”. ÁngelFernández-Armesto Rodríguezafirmou, contudo, que esta diferençanão constitui um problema. “Creio

que este aspecto não constitui umentrave aos projectos em comum.Antes, é enriquecedor o facto de havervárias perspectivas na formação deum engenheiro”, refere. A mesmaopinião é reiterada pelo engenheiroMachado e Moura: “Existem aspectosda própria organização internaespanhola que nós desconhecíamos eque são excelentes ideias que nospoderão permitir ter de futuro umaoutra flexibilidade”.A mobilidade profissional éprecisamente uma forma de reforçar eaproximar as relações entre as duasinstituíções. Neste encontro foimesmo equacionada a criação de umaespécie de comissão para avaliar aforma de aceitação de um engenheiroespanhol, em Portugal e vice-versa.Aliás, como adiantou à Info ÁngelFernández-Armesto Rodríguez,“estamos a estudar a possibilidade deintegração de engenheirosportugueses nos Colégios espanhóis,bem como a dos engenheiros galegosnos Colégios portugueses”.Quanto ao Processo de Bolonha e àrealização de futuros eventos, asintonia foi total, com os presentes adefenderem que as competências dosengenheiros superiores do futurodevem ter os mesmos níveis depreparação em todos os países, comum mínimo de cinco anos deformação. A maior dinamização doInstituto Tecnológico, criado naGaliza, a preservação do patrimónioarqueológico industrial e a realizaçãode um congresso, em Maio dopróximo ano, na Galiza, sobre EnergiaEólica ou Energias Renováveisdestacam-se entre os eventospropostos nesta reunião que o decanodo Ilustre Colégio Oficial deIngenieros Industriales de Galizaadjectivou de “bastante positiva e,sobretudo, muito clarificadora”.

Novo aeroporto de Lisboa em debate na AEP

Investir na Portela e construir uma“Otinha”, que sirva as companhias“low-cost”, é a solução defendida peloengenheiro Álvaro Costa sobre aestratégia aeroportuária para o país.Esta tese foi defendida pelo professorda FEUP durante um jantar-debatesobre a temática “O novo aeroportode Lisboa - a opção pela OTA” queteve lugar no passado dia 8 de Junhona sede da Associação EmpresarialPortuguesa, no Porto. O oradorconvidado desta iniciativa, organizadapela Associação dos Antigos Alunosde Engenharia Civil da FEUP eapoiada pelo Colégio Regional doNorte de Engenharia Civil, fez umaapresentação dos vários raciocíniospor detrás da futura obra queconsidera estar pouco estudada: “Estetema tem sido tratado de uma fomasimplista”, refere. Professor na Faculdade de Engenhariada Universidade do Porto, ÁlvaroCosta, começou por resumir a actualsituação portuguesa, apontando parauma clara desadequação entre aoferta de infra-estruturasaeroportuárias e a procura detransporte aéreo. De resto, comoafirma, a um excesso de capacidadee/ou investimento nos aeroportos deFaro e do Porto, contrapõe-se umaeroporto em Lisboa com um grandedéfice de capacidade. Na opinião doengenheiro Álvaro Costa, apesar domercado europeu se encontrartotalmente desregulamentado e de setratar de um mercado competitivo,não existe concorrência possível comos acordos bilaterais realizados entrea TAP, o Brasil e as ex-colóniasportuguesas. Estes vôos

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intercontinentais, com picos deoperação muito elevados, constituemo grande monopólio da TAP no qualreside a própria sobrevivência destacompanhia. Como sublinha oprofessor da FEUP, ocongestionamento provocado pelofacto do aeroporto de Lisboafuncionar como uma plataforma detransferência de passageiros da TAP,entre a rede na Europa, no Brasil eem África, implicou um nívelcrescente de atrasos nos serviços daTAP e uma grande dificuldade nagestão da sua rede, comprometendoa competitividade da companhia.Assim, acrescenta o engenheiro civil,a única forma da TAP manter esteconceito de rede prende-se com aexpansão da capacidade aeroportuáriade Lisboa. Uma perspectiva que gerou algumaincredulidade entre os presentes nojantar-debate que advertiram parauma solução benéfica para a defesados interesses do consumidor, em

detrimento da optimização da TAP.Reacção que mereceu uma respostado orador convidado: “Acho que umacoisa não tem a ver com a outra. Sehá um tráfego que pode crescer, comoé o caso das low-cost, então vamosservi-lo e ao servir esse tráfego talveza Portela consiga obter uma utilizaçãomais adequada para a TAP daquelaque existe actualmente. Com asolução Portela + “Otinha”,avançamos para uma infra-estruturaque não ficará muito cara (em termosde erário público) e que poderáequilibrar, de certa forma, a operaçãoda TAP”. Depois de expôr vários casos europeusde sucesso e fracasso, assentes naexpansão ou relocalização de infra-estruturas aeroportuárias, oespecialista em planeamento detransportes não defende a construçãode uma Mega-Ota. “Nos termos emque tem vindo a ser proposta, não ésolução, um vez que o acréscimo decapacidade em relação à Portela não

seria significativo.” Face às restantessoluções que têm sido apontadas commais frequência, como o investimentoexclusivo na Portela; O investimento na Portela e utilizaçãode Alverca; Ou o investimento naPortela (fixando as companhias “fullservice”) e construção de uma infra-estrutura básica para as companhiasde baixo custo (mantendo-se doisaeroportos em funcionamento), aaposta do engenheiro Álvaro Costarecai nesta última. Uma soluçãosemelhante ao caso de Londres: “Estaserá a solução mais prudente, já quenos encontramos numa situação emque existem tantas incógnitas emrelação à evolução do transporte aéreoe estamos a falar de custoselevadíssimos. Falta em Portugal umaeroporto de preferência na zona deLisboa, onde as pessoas que utilizamas companhias de baixo custo sedesloquem. Os low-cost são um tipode vôos que não vão para Lisboaporque não há uma ofertaaeroportuária que permita que ascompanhias aterrem e paguem taxasmuito baixas. No fundo é oferecer aomercado, dando uma resposta a umaprocura potencial”. Outra das vantagens desta opção,segundo o engenheiro Álvaro Costa,será a de possibilitar a sua construçãoem pouco tempo e desviar tráfegos daPortela num prazo curto, a únicaforma de se poder realizar novosinvestimentos sem prejudicar o seufuncionamento. “O Governoresolveria assim o problema dotransporte aéreo por muitos anos,pois possibilitaria um aumentosensível da capacidade do sistemaaeroportuário na zona de Lisboa, comum menor investimento, sendo osmontantes necessários cerca de umterço dos avançados no presente”,conclui.

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“Ética e Deontologiapara os Engenheiros”

No dia 29 de Julho, a Ordem dosEngenheiros Região Norte (OERN)realizou mais um dos jantares--debates que tem vindo a promover noâmbito da comemoração dos 70 anos.O encontro, que teve lugar em Braga,contou com a presença e intervençãodo professor Adão da Fonseca, paradebater o tema “Ética e Deontologiapara os Engenheiros”. Na mesaestiveram ainda presentes osengenheiros Paulo Rodrigues e CarlosNeves, da delegação de Braga, e oengenheiro Fernando Santosjuntamente com o presidente doConselho Directivo da Região Norte,Gerardo Saraiva.De acordo com o professor queinsiste em ser tratado por engenheiro,cargo que também ostenta, “a ética ea deontologia não são obstáculos que

limitam o engenheiro, mas simlimites que defendem o profissionalna própria sociedade”. E continua: “aética não é filosofia, é uma coisamuito prática e que resulta de umraciocínio inteligente e muitointeresseiro que é assegurar a nossaliberdade e o nosso reconhecimentocomo profissionais”.Um dos temas que veio a lume foi sea ética e a deontologia deveria fazerparte das cadeiras obrigatórias doEnsino Superior. Assim sendo, oengenheiro Adão Fonseca respondeuprontamente que “a ética deve serincutida ao longo dos tempos, atravésdos pais, mas também dosprofessores”, contudo “não deve seruma disciplina autónoma”, disse.Neste sentido elogia a Ordem dosEngenheiros quando esta toma ainiciativa de fazer tertúlias, debates ecursos de ética aos engenheiros comoprocesso de integração na profissão.De acordo com o engenheiro Gerardo

Saraiva, as ideias fortes que ficaramdo debate foi a consciência que todosdevem ter na responsabilidade doexercício da profissão. E depoisperceber que apesar dascondicionantes a esse exercício, “nãopodemos perder de vistadeterminadas obrigações”, tais como“sentirmo-nos obrigados a nãoadoptar processos e atitudes quepossam prejudicar os outros”,esclareceu.

OE propõe que engenheiros municipais progridampor mérito

No passado dia 2 de Junho realizou-se,em Viseu, o 1.º Encontro Nacional deEngenheiros Municipais, promovidopela Ordem dos Engenheiros (OE). Oevento, contou com o apoio daAssociação Nacional de MunicípiosPortugueses e teve como objectivoconhecer e debater as dificuldades daprofissão de Engenheiro, bem comoanalisar o enquadramento jurídico dacarreira e apresentar recomendaçõesde forma a melhorar a intervençãodestes profissionais.Em declarações à Info, o engenheiroLuís Ramos, vice-presidente da RegiãoNorte da Ordem dos Engenheiros edirector do mestrado em Engenhariae Planeamento Municipal da UTAD,informou que a Ordem se preocupabastante com os profissionais(engenheiros) que trabalham nosmunicípios. Assim sendo e de acordocom o bastonário Fernando Santo, aOrdem dos Engenheiros vai propor aoGoverno a criação de uma carreiratécnica de Engenharia naadministração local, de forma a que

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os engenheiros possam progredir pormérito.A necessidade de reduzir asburocracias, sobretudo o excesso decontrolo que existe na função deengenheiro municipal, foi uma dasmedidas urgentes apontada tambémpor Luís Ramos que explicou: “Umprojecto elaborado por umEngenheiro, que seja entregue na

Câmara, passa por um processo deverificação muito apertado, enquantoque noutras profissões liberais não seprocessa da mesma forma”.Já a engenheira Maria HelenaTerêncio, vice-presidente da RegiãoCentro da Ordem dos Engenheiros echefe de Divisão de Ordenamento eEstratégia da Câmara Municipal deCoimbra, não poupou elogios à

iniciativa e admitiu que havia umanecessidade urgente deste encontro.Em Viseu esteve ainda presente oSecretário de Estado-Adjunto e daAdministração Local, Eduardo Cabrita,que durante a sua intervençãoafirmou que “a Engenharia é hoje odesenvolvimento do país e está àaltura das suas capacidades”. Orepresentante do governo lembrouainda que há alguns anos asautarquias não dispunham deEngenheiros e que ao longo do tempoo número de técnicos qualificadosaumentou gradualmente. “Hoje aEngenharia toca em domíniosdiversificados”, considerou.

Engenharia na GestãoMunicipal

A Ordem dos Engenheiros - RegiãoNorte (OERN), no âmbito dascomemorações dos seus 70 anos,realizou no passado dia 1 de Junhoum jantar-debate em Arcos deValdevez, subordinado ao tema“Engenharia na Gestão Municipal -Questões Rurais e Urbanas”.O encontro, que contou com apresença e intervenção de trêspresidentes de Câmara de partidospolíticos diferentes, revelou-seunânime no que diz respeito ao papelpreponderante que os EngenheirosMunicipais possuem nos dias dehoje. Um grau de importânciasublinhado pelo presidente daCâmara Municipal de Ponte de Lima,Daniel Campelo, que citou o exemploda evolução dos mesmosprofissionais dentro da sua própriaautarquia, desde os tempos em quecomeçou ali a trabalhar (com apenasdois engenheiros), até aos dias dehoje (com cerca 20 profissionais).

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Por sua vez, António Cruz, delegadodistrital da delegação da OERN deViana do Castelo, afirmou que são“vários os pontos negros nos meiosrurais”, tais como situaçõesrodoviárias, passando pela urbanísticaaté às infra-estruturas que carecem dotrabalho dos Engenheiros Municipais.Assim sendo e perante estasdificuldades, “o número deprofissionais qualificados foi-sepulverizando”, continuou António Cruz. Da mesma opinião foi FranciscoAraújo, presidente da CâmaraMunicipal de Arcos de Valdevez, queconsidera que “a profissão deengenheiro está muito relacionadacom a solução de problemas, com osquais se debatem as autarquias”.Já Vassalo de Abreu, presidente daCâmara Municipal de Ponte da Barca,afirmou que “o poder é efémero e há

necessidade de o usar bem”. Esteautarca adiantou ainda que apesar doseu município pertencer à faixa dolitoral, tem sintomas excessivos deinteriorização. Como solução,apresenta a “necessidade de recrutarmais técnicos de várias vertentes”.No que diz respeito ao recrutamento,Gerardo Saraiva, presidente doConselho Directivo da OERN,defendeu que “para o exercício daprofissão de engenheiro, é necessáriaa inscrição na OE”. E, salientou, que“a OE não reconhece todos os cursosde Engenharia”. Por outro lado, Victor Correia, vogaldo Colégio Regional de EngenhariaAgronómica, defendeu que osmunicípios têm todo o interesse noseu próprio desenvolvimento, masmuitas autarquias não dispõem demeios para terem mais qualificação.

Engenheiro MoraisCerveira homenageado

No passado dia 6 de Julho, a sede daOrdem dos Engenheiros – RegiãoNorte foi palco de uma homenagem aoengenheiro Alberto de Morais Cerveira,pela sua brilhante carreira comodocente universitário e profissional deEngenharia de Minas.Cientista com numerosas publicações eprojectos com elevada expressão, adocência e a prática profissional deMorais Cerveira giram em torno de trêspólos: preparação de minérios,exploração de minas e jazigos minerais.Deve-se a Morais Cerveira odesenvolvimento do método deexploração por “shrinkage” – com pilares

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info Página 29VIDA ASSOCIATIVA

de enchimento, aplicável a jazigostabulares delgados – e a criação, de raiz,do Museu de Jazigos Minerais e doLaboratório de Preparação de Minériosda Faculdade de Engenharia.Detentor de um vasto currículoprofissional, reconhecido em Portugale no estrangeiro, Morais Cerveira foiainda um participante activo emdiversos Congressos de Geologia e deEngenharia de Minas. Vários familiares, colegas e amigos dohomenageado fizeram questão deestar presentes nesta prova dereconhecimento ao “profissional quena última metade do século XXmarcou toda a engenharia de minasneste país”, declarou o engenheiroJoaquim Guedes, coordenador doColégio Regional de EngenhariaGeológica e Minas, um dosresponsáveis pelo evento. Segundo o Presidente do ConselhoDirectivo da Ordem dos Engenheiros -Região Norte, engenheiro GerardoSaraiva de Menezes, a homenagem aMorais Cerveira insere-se num planode várias distinções a engenheiros que se

destacaram no exercício da profissão, deforma a agradecer o destaque e o méritoque souberam granjear para a profissãoque hoje gerações mais novasbeneficiam. “Gostamos de ter memória esentimo-nos agradecidos a quem tantofez pelo ensino da Engenharia e pelodesenvolvimento do exercício daactividade”, sublinha.Morais Cerveira referiu que esta distinçãoo fez recordar os primeiros anos dainstrução primária e, em especial, osúltimos anos em que foi aluno. “Foi umprazer, quase que um privilégio, o factode nos encarregarmos de fazer o ensinono qual nós procuramos pôr todo onosso saber”, assinalou, emocionado,Morais Cerveira. Os longos anos quededicou à Engenharia de Minas levamMorais Cerveira a considerar que “emPortugal ainda falta dar à parte mineral ovalor que ela tem e utiliza-la, procurandotirar dela o máximo de beneficio para opaís”. A qualificação profissional de MoraisCerveira – reconhecida pela Ordem dosEngenheiros ao atribuir-lhe o título deEngenheiro-Conselheiro –, assim como a

carreira de professor notável e de amigoforam bastante sublinhados emdiscursos proferidos por colegas eamigos durante a homenagem.

Inovação e Desenvolvimento em debate em Bragança

O restaurante Geadas, em Bragança, foio local escolhido para a realização de umjantar debate sobre o tema INOVAÇÃO EDESENVOLVIMENTO (Qualidade eAmbiente), que contou com a presençade um numeroso grupo de colegas. Os oradores convidados desteencontro, que teve lugar no passadodia 9 de Junho, foram o ProfessorFrancisco Cepeda, doutorado emEconomia e ex-professor e dirigente doInstituto Politécnico de Bragança, e aengenheira Alexandra Alves,responsável pelo Departamento deQualidade, Ambiente, Segurança eSaúde da Tyssen Crupp Portugal, Lda.Intervenientes que aproveitaram estaocasião enumerar as diversas áreasque englobam a política de inovação,ou seja, Educação, conhecimento eespecialização; Cooperação entre osector público e privado;Desenvolvimento dos sectores novos edos existentes; Inovações tecnológicase sociais; Competitividadeinternacional. Simultâneamente, foramapresentados estudos dedesenvolvimento do distrito deBragança e exemplos de boas práticasde qualidade e ambiente em algumasempresas do País. A moderar este debate estiveram adelegada distrital da OERN, ConceiçãoBaixinho, e o engenheiro FernandoAlmeida Santos, Secretário da RegiãoNorte da Ordem dos Engenheiros.

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infoPágina 30 DISCIPLINA

Acórdão do Conselho Disciplinar da RegiãoNorte da Ordem dos Engenheiros – SínteseProcesso CDISN 03/2005

Factos Provados:1. Que o arguido foi o director técnico e responsável pelaexecução da obra de construção civil de uma moradiaunifamiliar sita no loteamento de X, no lugar Y, concelho Z, àqual foi atribuído o alvará de licença de construção nº de…/…/1999 (Processo nº da Câmara Municipal de Z), mas alegaque assinou o respectivo termo de responsabilidade “de favor”pois não recebeu qualquer contrapartida remuneratória.2. Que o arguido, na sua qualidade de director técnico da obra,consentiu na introdução, em obra, de alterações ao projectoaprovado relacionadas com cotas de soleira e rampas, porentender que tais alterações não tinham qualquer repercussãosignificativa em termos urbanísticos e tinham sido autorizadaspelo autor do projecto de arquitectura.3. Que os serviços do Departamento de Gestão Urbanística eObras Particulares da Câmara Municipal de Z fizeram umavistoria à obra, à qual não compareceu o arguido apesar de tersido para tal notificado, durante a qual detectaram que a cotade soleira aprovada no projecto da moradia unifamiliar emcausa não tinha sido cumprida.4. Que o arguido, apesar de ter conhecimento das alteraçõesacima mencionadas, subscreveu o termo de responsabilidadeatestando que a obra se encontrava executada de acordo com oprojecto aprovado, com base no qual a Câmara Municipal de Zemitiu a respectiva licença de utilização. 5. Que o arguido não respondeu ao pedido de esclarecimentosque lhe foi dirigido pelo Conselho Disciplinar da Região Norteda Ordem dos Engenheiros, no âmbito da fase de inquérito dopresente processo disciplinar.6. Que o arguido se mostrou arrependido por não terrespondido ao pedido de esclarecimentos que lhe foi dirigidopelo Conselho Disciplinar da Região Norte da OE.7. Que o arguido não tem antecedentes disciplinares.

Decisão:1. Os factos provados nºs 1 e 4 revelam que o arguido, aoprestar falsas declarações no termo de responsabilidade quesubscreveu, dizendo que a obra estava executada de acordocom o projecto aprovado, quando, na verdade, tinhaconsentido que fossem executadas em obra alterações à cotade soleira que o Departamento de Gestão Urbanística e ObrasParticulares da Câmara Municipal de Z veio a considerar

significativas, não pugnou pelo prestígio da profissão queexerce, desempenhando de forma repreensível a sua actividadeprofissional e mostrando até uma certa ligeireza na formacomo encara a assunção de compromissos de honraprofissional, quando pretende aliviar a responsabilidade por siassumida ao assinar um termo de responsabilidade pelo factoda tal assinatura ser “de favor”, isto é, não contemplarqualquer contrapartida remuneratória. Por conseguinte, oarguido violou os deveres deontológico previstos na norma donº 1 do artigo 88º do Estatuto da Ordem dos Engenheiros.2. Conclui-se, ainda, que a violação da norma deontológica foiculposa, pois o arguido tinha a obrigação de conhecer a normadeontológica em causa, bem como, o significado e alcance dasubscrição de um termo de responsabilidade profissional esabia que as declarações que prestou no termo deresponsabilidade que subscreveu não correspondiam à verdadedos factos. Não sendo de excluir o dolo, pelo menos na formaeventual, certo é que o arguido omitiu deveres de cuidado queeram minimamente exigíveis a um profissional de engenhariaque actuasse com a diligência de um “bom pai de família”(artigo 487º/nº2 do Código Civil), agindo, por isso, comnegligência grosseira.3. O facto provado nº5 revela que o arguido não respondeu aopedido de esclarecimentos que lhe foi dirigido pelo ConselhoDisciplinar da Região Norte da Ordem dos Engenheiros,violando, deste modo, culposamente, o dever estatuído pelanorma prevista na alínea g) do nº 1 do Artigo 83º do Estatuto daOrdem dos Engenheiros.4. Do exposto conclui-se que o arguido, ao violar, da formadescrita, os deveres deontológicos consagrados no nº1 doartigo 88º e na alínea g) do nº1 do artigo 83º do Estatuto daOrdem dos Engenheiros praticou duas infracções disciplinares,nos termos do disposto no artigo 67º do mesmo Estatuto.5. Considerando os factos provados nºs 6 e 7, mas tendo emconta as exigências de prevenção geral e de defesa do interessepúblico associadas ao exercício da engenharia, decide-se, nostermos do disposto no Artigo 71º do Estatuto da Ordem dosEngenheiros e no artigo 5º do Regulamento Disciplinar, pelaaplicação ao arguido, em cúmulo jurídico pelas duas infracçõesdisciplinares praticadas, de uma pena de Censura Registada,prevista na alínea b) do nº 1 do Artigo 70º do Estatuto daOrdem dos Engenheiros.

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Nuno Santos Martins

Melhor Estágio de Engenhariade Minas 2005

O trabalho “3º Turno – Optimização na Traçagem eDesenvolvimento do Piso 3 nas Minas da Panasqueira”, daautoria de Nuno Santos Martins, valeu ao jovem engenheiro oPrémio Melhor Estágio 2005, na especialidade de EngenhariaGeológica e de Minas. Depois da licenciatura, na Faculdade de Engenharia daUniversidade do Porto, o engenheiro galardoado é peremptóriona afirmação: “Hoje se não fosse engenheiro, queria serengenheiro!”. A redundância propositada exprime uma fortevocação, por parte de Nuno Martins, pela área que exerce,muito embora durante a infância tivesse nos seus horizontes aprofissão de piloto de aviação. Aos 32 anos, a sua rota acaboupor seguir um rumo diferente e o destino centraliza-se na

empresa Sarial Granitos, Lda, no Marco de Canavezes, ondetrabalha actualmente. A perseverança em dedicar-se à área daEngenharia de Minas foi de tal ordem, que Nuno Martinsultrapassou mesmo uma etapa académica literalmentesozinho. “Fui durante um ano lectivo, o único aluno do cursona Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro”, recorda. Ao longo de seis meses, Nuno Santos Martins acompanhouuma equipa de 13 mineiros, dedicada a trabalhos de‘preparações’ e ‘desenvolvimento’ orientados para favorecerema exploração de reservas identificadas na componente Sul–Nascente do jazigo, no Piso 3. Durante este período de estágio, o engenheiro de Minasdesenvolveu um trabalho baseado numa apresentação globaldas minas situadas no distrito de ..., nas suas expressões maisrelevantes, como o seu historial, a situação geográfica, asgeologias regional e do jazigo, metalogénese, paragénese,mineralogia, trabalhos subterrâneos e tratamento do minério.Uma exposição, no entanto, que visou dois objectivosprincipais: Atingir as metas propostas ao ‘3º Turno’, quanto aosavanços a realizar em quantidade (número de pegas-de-fogo) equalidade (avanço médio por pega-de-fogo), sem prejuízo documprimento integral das normas de segurança estabelecidasna mina; Calcular, ensaiar e optimizar diagramas-de-fogo dotipo “Burn Cut” para as frentes de ‘desenvolvimento’ e verificarse os resultados obtidos pelos mesmos justificariam a suaprática continuada, em substituição dos diagramas do tipo “V-Cut” então aplicados nessas frentes.Além da ligação profissional com as minas da Panasqueira, oengenheiro Nuno Martins nutre igualmente uma relaçãoafectiva por aquele local, já que se tratou efectivamente do seuprimeiro emprego, no qual adquiriu muitos ensinamentos eviveu algumas estórias curiosas como, por exemplo, ter alidado formação à primeira mineira da Panasqueira em mais decem anos de actividade das minas. Sentimentos entretantoreforçados pela distinção recebida. Um prémio, de resto, condizente com o lema de profissãoadoptado por este jovem engenheiro –”o que tem de ser feitotem de ser bem feito” – e com a confiança que é uma dascaracterísticas dominantes da sua personalidade. O perfil dohomem coaduna-se com as metas traçadas pelo engenheiro,relativamente ao futuro, que passam, por um lado, portrabalhar no continente Africano e, por outro lado, pelaevolução diária quer em termos técnicos como ao nívelpessoal. Uma filosofia de vida e de trabalho que Nuno SantosMartins personaliza num exemplo a seguir: “Bill Gates. Portudo o que tem feito e ainda pretende fazer, pelahumanidade!”.

info Página 31PERFIL JOVEM

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infoPágina 32 ENGENHARIA NO MUNDO

INEGI participano projecto europeuCASAM

O desenvolvimento de um sistema dedefesa da aviação civil de eventuaisataques com mísseis portáteis é oobjectivo do CASAM – Civil AircraftSecurity Against Manpads, umprojecto europeu que está a serdesenvolvido desde Janeiro com oapoio do Instituto de EngenhariaMecânica e Gestão Industrial daUniversidade do Porto (INEGI),através da sua Unidade de MecânicaExperimental e Novos Materiais.Coordenado pela SAGEM Defense &Securité (França), este projectodesenrola-se no âmbito de umconsórcio que envolve cinco países(Alemanha, Reino Unido, Eslovénia,Grécia e estónia), além da França e dePortugal. Conta ainda com o apoio de15 grandes empresas e unidades de

investigação e três organizaçõesespecializadas do sector aeronáutico.Orçado em nove milhões de euros,dos quais 400 mil se destinam aoINEGI, o CASAM foi classificado emprimeiro lugar numa lista de 42projectos aprovados parafinanciamento pela ComissãoEuropeia, ao abrigo do 6º ProgramaQuadro de Investigação eDesenvolvimento , incidindo naquarta área prioritária de apoio que é“aeronáutica e espaço”. Aproveitando-se da tecnologia avançada disponívelna Europa, ao nível de processamentode dados, óptica, electromecânica elaser, o projecto visa criar e testar umequipamento de defesa competitivo,no mercado internacional, quepermita dotar a aviação civil de meiosautónomos de defesa a bordo contrapossíveis ataques com mísseisportáteis terra-ar. De resto, o CASAMé um dos quatro grandes programaseuropeus dedicado exclusivamente àprotecção dos cidadãos a bordo dasaeronaves comerciais, nomeadamenteda pirataria aérea e dos MANPADS–Man Portable Air Defense Systems.Joaquim Silva Gomes, coordenadorcientífico da Unidade de MecânicaExperimental e Novos Materiais,explica o perigo desta última ameaça:“ depois de alguns episódios recentesrelacionados com actos terroristas e oiminente aumento das probabilidadesde ataques a alvos civis, a segurançae prevenção contra o terrorismo têmsido alvo de prioridade da parte degovernos e instituições internacionais.A Comissão Europeia, após osatentados de Madrid e Londres, temdemonstrado empenho na promoçãoe apoio a projectos cujo objectivopassa pela prevenção e defesa contraataques terroristas que ponham emrisco a segurança dos cidadãoseuropeus. É nesta lógica que surge o

projecto CASAM, aliado ao perigocrescente do uso dos “MANPADS”por organizações terroristas”. Ao lado de parceiros, como a SAGEM,Thales e Onera (de França) ou aLufthansa, EADS e a DIEL-BGT (daAlemanha), o INEGI irá contribuir deforma decisiva para a concepção dodesenho e da testagem de umprotótipo do sistema que integracomponentes opto-mecânicos etecnologia laser avançada quefuturamente será acoplado nos aviõescomerciais do espaço europeu. Alémdo envolvimento em actividades deinvestigação, relacionadas com aintegração das componentes ópticas emecânicas, análise de vibrações eutilização de materiais compósitos, otrabalho do instituto do Porto residesobretudo no desenvolvimento,produção e testagem do protótipo doequipamento (torre óptica) deidentificação do risco. Um sub-sistema que se concentra nanecessidade da detecção do ataque eque deverá prever a possibilidade deum ataque simultâneo por doismísseis. Quando o projecto ficar concluído ecomeçar a ser comercializado, estima-se que o custo para a sua aplicaçãona aviação civil seja de cerca de 500mil euros por avião, o que setraduzirá num acréscimo de 25 eurosno preço de cada viagem.Tal como a Europa, também os EUAestão desenvolver um sistemaautónomo de defesa para a aviaçãocivil. Como adianta Joaquim SilvaGomes, “ a competição neste campoé enorme pois, uma vez desenvolvidoo primeiro sistema eficaz deste tipo,acredita-se que a sua implementaçãonas aeronaves comerciais passe a serexigida pelas competentesautoridades da aeronáutica civil emtodo o mundo”.

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Agostinho Peixoto, consultor/especialista em Turismo

info Página 33LAZER

Uma terra de castelose lendas

Alcobaça, Batalha, Leiria, MarinhaGrande, Nazaré, Ourém, Pombal ePorto de Mós – oito concelhosdivididos entre o Mar e a Serra.Mosteiros e castelos renascidos dopassado, que povoam as histórias eos voos da imaginação. Lugaresmísticos, onde se respira o brilhoimaculado da fé. Uma Rota brilhantede tradição. Praias de areia fina edourada, banhadas por um mar deimenso azul. Montanhas, serras evales, recortados pelo sussurro verdede um pinhal. Doces encantos que anatureza lhe oferece...È neste quadro de sensações que selocaliza a Região de TurismoLeiria/Fátima... uma Região comAlma!

Monumentos sumptuosos e altivos,onde misteriosamente se escondemhistórias e lendas medievais demonges e princesas e amantesperdidos no tempo e no espaço.Castelos que viram subir ao seu tronoreis e rainhas e que, do alto do seumorro, contam histórias de encantar,debruçando-se pelas cidades.Igrejas e ermidas, verdadeiropatrimónio construído, que remetempara o altar do mundo: Fátima. Praias douradas, intocadas ou não.Verdadeiros tesouros da natureza,onde a brancura da espuma dasondas se confunde e mistura noamarelo fino da areia. Onde o marfala em segredo às gentes queaprenderam a respeitá-lo pela suaforça e poder. Outras águas, maiscalmas, que pelas suas terapias,recebem viajantes e curiosos e lhesproporcionam dias de calma natural.

Paisagens verdejantes de perder devista... serras recortadas por vales,que escondem rios e ribeiros, de águafresca e límpida. Grutas milenaresque, por baixo dos nossos pésabrigam salas e cursos de água deuma beleza mágica. Reservasnaturais, de animais do presente e dopassado, que quiseram por cá deixaros seus testemunhos de vida. E omonumento natural dos Dinossáuriosda Serra de Aire, no Bairro, oferecebilhete para uma verdadeira viagemno tempo. Um infindável pinhal,mandado semear pelo rei poeta, quenele se inspirava e escrevia Cantigasde Amor.Sumptuosos e altivos, Patrimónioúnico que a UNESCO disse daHumanidade. São os Mosteiros deAlcobaça e da Batalha, numacombinação única de estilosarquitectónicos, onde o espaço e otempo se encarregaram de manter abeleza inalterável. Verdadeiros tesouros, que espelham ahistória de um povo. Retractam aambição da vitória, a avidez de chegarmais alto e mais longe, defendendouma entidade própria, muitoportuguesa. Palcos cúmplices ondedesfilaram amores e amantes, paixõesproibidas, casais de namorados quese perdiam nos claustros, cujasparedes guardam memórias esegredos. E porque os Mosteiros, demasiadovaliosos para serem só nossos,merecem uma visita mais detalhada eatenta de todos, perca-se naimensidão da sua beleza, história ecultura.A Região de Turismo Leiria/Fátimaconvida!Motivos vários que justificam umavisita e um regresso porque a Regiãode Turismo Leiria/Fátima deixasaudades...

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infoPágina 34 PERGUNTAS & RESPOSTAS TÉCNICAS

PERGUNTA:“Um solo monogranular, nomeadamente uma areia fina de origem eólica, não aceita compactação e, por isso, tem semprefraca capacidade de carga. Será possível estabilizá-lo mecanicamente, sem uso de ligantes?”

RESPOSTA: “Uma areia monogranular pode ser estabilizada por mistura com um solo que tenha boa fracção de areia grossa e média,por exº resíduos de pedreira, areias de rio ou outro material semelhante que fique à menor distância de transporte possível.A proporção da mistura faz-se face às curvas granulométricas do solo em causa e do solo a misturar. A mistura deve teruma gama de grãos de dimensões variadas o mais larga possível. Com este objectivo, perante as curvas granulométricas dosolo a corrigir e a(s) do(s) solo(s) corrector(es) é fácil, com 2 ou 3 tentativas, obter a percentagem de cada cada um quegera uma curva granulométrica de “banda larga”. Na prática a mistura poderá depois fazer-se construindo montes do solooriginal com um buldozer ou máquina semelhante e colocando entre eles outros montes do(s) solo(s) importado(s) naproporção(ões) calculada(s). De seguida é fácil fazer a mistura de forma quase automática”.

NOTA DE ABERTURA

Por oportuna sugestão do Sr. professor Barreiros Martins e sob a sua coordenação em matéria de Engenharia Civil,iniciamos neste número uma nova secção na INFO a que chamamos “Perguntas & Respostas Técnicas”.

Com fins essencialmente pedagógicos, procurar-se-á dar respostas a perguntas de caracter técnico e de interesseprático que os leitores entendam colocar.

Ainda que arrancando com um tema de Engenharia Civil, a secção P&Rt está aberta a todas as especialidades daEngenharia. Para o efeito esperamos poder anunciar nos próximos números os coordenadores de cada uma dasáreas.

A INFO e a OERN agradecem desde já aos ilustres Colegas, reputados especialistas, que já se disponibilizarampara participar nesta secção, partilhando connosco a sua larga experiência e conhecimento.

Na certeza do interesse que uma secção deste tipo poderá ter, ficamos na expectativa das perguntas que os leitores,colegas ou não, queiram colocar através do endereço [email protected]

AVISOAs respostas apresentadas nesta secção são elaboradas com fins essencialmente pedagógicos, não podendo ser-lhes atribuído valor formal. A aplicação a casosconcretos, ainda que similares aos aqui descritos, deve ser sempre objecto de estudo específico. Neste sentido, os autores das respostas, a INFO e a OERN nãoassumem qualquer responsabilidade pela utilização em concreto que possa seja feita destas respostas.

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infoPágina 36 AGENDA

ENCONTRO, CONGRESSOS E SEMINÁRIOS EXTERNOS

27 A 29 DE SETEMBROLOCAL: CAMPO DE GUALTAR, BRAGAORGANIZAÇÃO: UMINHO, USP - BRASIL,UNESP - BRASILPLURIS 2006 - II CONGRESSO LUSOBRASILEIRO PARA O PLANEAMENTO, URBANO,REGIONAL, INTEGRADO, SUSTENTÁVEL.

12 E13 DE OUTUBRO DE 2006LOCAL: FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO (FEUP)ORGANIZAÇÃO: FEUPWORKSHOP “TRACK FOR HIGH-SPEEDRAILWAYS”Mais informações: http://www.fe.up.pt/HSRTrack

25 A 29 DE OUTUBROLOCAL: EXPONOR, PORTOORGANIZAÇÃO: CONCRETAFEIRA INTERNACIONALDE CONSTRUÇÃO E OBRAS PÚBLICAS

9 A 12 DE NOVEMBROLOCAL: FIL, LISBOAORGANIZAÇÃO:AMBIURBE – SALÃO INTERNACIONALDO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVAEL

15 E 16 DE NOVEMBRO DE 2006LOCAL: INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO, LISBOA (ISTL)ORGANIZAÇÃO: OE/ISTLINOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO NAS ACTIVIDADES MARÍTIMASMais informações :http://www.mar.ist.utl.pt/jornadas/index.aspx

26 A 28 DE OUTUBRO 2007LOCAL: FEUP, PORTOORGANIZAÇÃO: FEUPSISMICA 20077º ENCONTRO DE SISMOLOGIA E ENGENHARIA SISMICA

ENCONTRO, CONGRESSOS E SEMINÁRIOS OE

14 DE SETEMBROLOCAL: PORTO (LOCAL A DESIGNAR)ORGANIZAÇÃO: ORDEM DOS ENGENHEIROS– REGIÃO NORTE2º DIA REGIONAL NORTE DO ENGENHEIROE ENCONTRO 2006 DE MEMBROS ELEITOSDA REGIÃO NORTE DA ORDEM DOSENGENHEIROS

2, 3, 4 DE OUTUBROLOCAL: ILHA DE S. MIGUEL - AÇORESORGANIZAÇÃO: OEXVI CONGRESSO DA ORDEM DOS ENGENHEIROS “A ENGENHARIA AO SERVIÇO DO PAIS” Mais informações: http://www.ordemdosengenheiros.pt

13 DE OUTUBROLOCAL: PORTOORGANIZAÇÃO: ORDEM DOS ENGENHEIROS – REGIÃO NORTESEMINÁRIO “A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOURO”

26 E 27 DE OUTUBROLOCAL: PORTOORGANIZAÇÃO: OERNII CONGRESSO NACIONAL DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVELMais informação: http://norte.ordemdosengenheiros.pt

NOVEMBRO/DEZEMBROLOCAL: PORTO (A DESIGNAR)ORGANIZAÇÃO: OERNCOMEMORAÇÕES DOS 70 ANOS DA ORDEMDOS ENGENHEIROS; INÍCIO DAS OBRAS DA SEDE; CERTIFICAÇÃO DA QUALIDADE E LANÇAMENTO DA MONOGRAFIACOMEMORATIVA– HISTÓRIA DA OERN

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FORMAÇÃO OE

4 DE SETEMBRO A 2 DE OUTUBROLOCAL: VIANA DO CASTELOORGANIZAÇÃO: OERNCURSO DE PROJECTISTAS DE REDES DE GÁS NATURAL – 1ª ACÇÃOO curso é de 50h e será realizado 2ªs, 3ªs e 5ªs, entre 18h30 e as 22h30.

7 A 25 DE SETEMBROLOCAL: BRAGANÇAORGANIZAÇÃO: OERNCURSO DE ACÚSTICA – 2ª ACÇÃOO curso é de 30h e será realizado 2ªs, 3ªs e 5ªs, entre 18h30 e as 22h30.

9 A 30 DE SETEMBROLOCAL: PORTOORGANIZAÇÃO: OERNCURSO DE ÉTICA E DEONTOLOGIAPROFISSIONAL – 1ª ACÇÃOO curso é de 30h e será realizado aos sábados, entre 9h e as 13h, e as 14h e as 18h.

23 DE SETEMBRO A 14 DE OUTUBROLOCAL: BRAGAORGANIZAÇÃO: OERNCURSO DE ÉTICA E DEONTOLOGIAPROFISSIONAL – 6ª ACÇÃOO curso é de 30h e será realizado aos sábados, entre 9h e as 13h, e as 14h e as 18h.

2 A 30 DE OUTUBROLOCAL: PORTOORGANIZAÇÃO: OERNCURSO DE ITED – 1ª ACÇÃOO curso é de 48h e será realizado 2ªs, 3ªs e 5ªs, entre 18h30 e as 22h30.

3 A 26 DE OUTUBROLOCAL: PORTOORGANIZAÇÃO: OERNCURSO DE PLANEMAMENTO E PROGRAMAÇÃO DA PRODUAÇÃO – 1º ACÇÃOO curso é de 40h e será realizado 2ªs, 3ªs e 5ªs, entre 18h30 e as 22h30.

7 A 28 DE OUTUBROLOCAL: PORTOORGANIZAÇÃO: OERNCURSO DE ÉTICA E DEONTOLOGIAPROFISSIONALO curso é de 30h e será realizado aos sábados, entre 9h e as 13h, e as 14h e as 18h.

3 A 26 DE OUTUBROLOCAL: PORTOORGANIZAÇÃO: OERNCURSO DE PLANEMAMENTO E PROGRAMAÇÃODA PRODUAÇÃO – 1º ACÇÃOO curso é de 40h e será realizado 2ªs, 3ªs e 5ªs, entre 18h30 e as 22h30.

TERTÚLIAS E DEBATES OE

8 DE SETEMBROLOCAL: VIANA DO CASTELOORGANIZAÇÃO: OERN/DELEGAÇÃO DE VIANADO CASTELOTERTULIA SEGURANÇA NO TRABALHO DA CONSTRUÇÃOOradores: Eng. Sónia Elias (Tabique), Eng. Carlos OliveiraModerador: Eng. António Cruz (Delegado distrital de Viana do Castelo)

21 DE SETEMBROLOCAL: AMARANTEORGANIZAÇÃO: OERNJANTAR-DEBATE ENGENHARIA NA GESTÃOMUNICIPALOradores: a definirModerador: Eng. Luís Ramos (Vice-presidente CDRN)

25 DE SETEMBROLOCAL: CHAVESORGANIZAÇÃO: OERN/DELEGAÇÃO DE VILA REALJANTAR-DEBATE ENERGIAS RENOVÁVEISOradores: a definirModerador: Eng. Salvador Malheiro

info Página 37AGENDA

Page 37: INFO nº09

infoPágina 38 AGENDA

10 DE OUTUBROLOCAL: VILA REALORGANIZAÇÃO: OERN/DELEGAÇÃO DE VILA REALJANTAR-DEBATE O DESENVOLVIMENTO DO ENGENHEIRO AGRICOLA E FLORESTAL À LUZ DE “BOLONHA”Oradores: Prof. Fontainhas Fernandes; a definir Moderador: Eng. Luís Ramos

20 DE OUTUBROLOCAL: BRAGAORGANIZAÇÃO: OERN/DELEGAÇÃO DE BRAGATERTULIA SEGURANÇA NO TRABALHO DA CONSTRUÇÃOOradores: Eng. João Baptista (Estradas de Portugal, EP);Eng. Ricardo Reis (Xispoli);

Moderador: Eng. João Baptista (Estradas de Portugal, EP)

Pin da Ordem dos Engenheiros – Região Norte à venda na sede

e nas delegações distritais por 5 euros