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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007 1 INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE - BRASIL Rua Alfredo Guedes, 1949 - Edifício Rácz Center, sala 701 - Fone/Fax: (19) 3433-3254 - Website: www.ipni.net - E-mail: [email protected] 13416-901 Piracicaba-SP, Brasil INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS N 0 119 SETEMBRO/2007 1 Engenheiro Agrônomo, M.S., Doutor, diretor do IPNI; e-mail: [email protected]; a partir de 01/12/2007, [email protected] 2 Engenheira Agrônoma, M.S., IPNI; e-mail: [email protected] Tsuioshi Yamada 2 Silvia Regina Stipp e Abdalla (2) Veja também neste número: Problemas de nutrição e de doenças de plantas na agricultura moderna .......................... 1 A rota do ácido chiquímico e sua importância na defesa da planta ............................................. 3 Dinâmica do glifosato na rizosfera das plantas-alvo e não alvo ....................................... 3 Efeitos do glifosato na nutrição de micronutrientes de plantas .................................. 5 O níquel na nutrição mineral e na defesa das plantas contra doenças ................................. 8 Problemas relacionados ao glifosato e doenças de plantas no Canadá .......................... 11 Mudanças induzidas pelo glifosato na resistência de plantas às doenças .................... 12 Efeitos do glifosato em doenças de plantas ..... 13 Interações enter glifosato e microrganismos na rizosfera de plantas resistentes ao glifosato ... 15 Alternativas de manejo sustentável .................. 16 Divulgando a pesquisa ....................................... 18 Dr. Luís I. Prochnow é o novo diretor do IPNI ... 22 Ponto de vista ..................................................... 24 ENCARTE - Efeitos do glifosato nas plantas: implicações fisiológicas e agronômicas ...... 32 p. O Simpósio sobre “Problemas de Nutrição e de Doen- ças de Plantas na Agricultura Moderna: ameaças à sustentabilidade?”, promovido pelo IPNI-Brasil, com o apoio da AGRISUS, foi realizado em Piracicaba, SP, nos dias 20 e 21 de Setembro último. O Simpósio buscou discutir os proble- mas, levantar possíveis causas e apresentar sugestões de manejo mais sustentáveis. O foco central do Simpósio foi os efeitos colaterais do glifosato, herbicida de uso generalizado na agricultu- ra moderna. Este artigo propõe registrar as principais mensagens deixa- das pelos palestrantes. Slides das apresentações do Simpósio en- contram-se disponíveis no site: www.ipni.org.br Palestra: Palestra: Palestra: Palestra: Palestra: PROBLEMAS DE NUTRIÇÃO E DE DOENÇAS PROBLEMAS DE NUTRIÇÃO E DE DOENÇAS PROBLEMAS DE NUTRIÇÃO E DE DOENÇAS PROBLEMAS DE NUTRIÇÃO E DE DOENÇAS PROBLEMAS DE NUTRIÇÃO E DE DOENÇAS DE PLANTAS NA AGRICULTURA MODERNA: DE PLANTAS NA AGRICULTURA MODERNA: DE PLANTAS NA AGRICULTURA MODERNA: DE PLANTAS NA AGRICULTURA MODERNA: DE PLANTAS NA AGRICULTURA MODERNA: AMEAÇAS À SUSTENTABILIDADE? AMEAÇAS À SUSTENTABILIDADE? AMEAÇAS À SUSTENTABILIDADE? AMEAÇAS À SUSTENTABILIDADE? AMEAÇAS À SUSTENTABILIDADE? Tsuioshi Yamada, Tsuioshi Yamada, Tsuioshi Yamada, Tsuioshi Yamada, Tsuioshi Yamada, IPNI Brasil, Piracicaba, SP, e-mail: [email protected] Dr. Yamada explicou as razões para a realização desse Sim- pósio e adiantou algumas informações importantes das palestras que seriam apresentadas dentro do programa proposto (Tabela 1), com o primeiro dia dedicado aos problemas de nutrição e o segun- do dia aos problemas relacionados às doenças de plantas. Após a apresentação do programa, Dr. Yamada comentou que embora o mecanismo de passagem do glifosato via rizosfera da planta-alvo para a planta-não alvo já seja conhecido desde 1982, através do trabalho do pesquisador brasileiro Joaquim Rodrigues (RODRIGUES et al., 1982), ele é ainda pouco conhecido dos usuá- rios deste herbicida. E que este tema seria coberto na palestra do Dr. Volker Römheld. SIMPÓSIO QUESTIONA AS CAUSAS DOS SIMPÓSIO QUESTIONA AS CAUSAS DOS SIMPÓSIO QUESTIONA AS CAUSAS DOS SIMPÓSIO QUESTIONA AS CAUSAS DOS SIMPÓSIO QUESTIONA AS CAUSAS DOS PROBLEMAS DE NUTRIÇÃO E DOENÇAS DE PLANTAS PROBLEMAS DE NUTRIÇÃO E DOENÇAS DE PLANTAS PROBLEMAS DE NUTRIÇÃO E DOENÇAS DE PLANTAS PROBLEMAS DE NUTRIÇÃO E DOENÇAS DE PLANTAS PROBLEMAS DE NUTRIÇÃO E DOENÇAS DE PLANTAS NA AGRICULTURA MODERNA NA AGRICULTURA MODERNA NA AGRICULTURA MODERNA NA AGRICULTURA MODERNA NA AGRICULTURA MODERNA

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007 1

INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE - BRASILRua Alfredo Guedes, 1949 - Edifício Rácz Center, sala 701 - Fone/Fax: (19) 3433-3254 - Website: www.ipni.net - E-mail: [email protected]

13416-901 Piracicaba-SP, Brasil

INFORMAÇÕESAGRONÔMICAS

N0 119 SETEMBRO/2007

1 Engenheiro Agrônomo, M.S., Doutor, diretor do IPNI; e-mail: [email protected]; a partir de 01/12/2007, [email protected] Engenheira Agrônoma, M.S., IPNI; e-mail: [email protected]

Tsuioshi Yamada2

Silvia Regina Stipp e Abdalla(2)

Veja também neste número:

Problemas de nutrição e de doenças deplantas na agricultura moderna.......................... 1

A rota do ácido chiquímico e sua importânciana defesa da planta ............................................. 3

Dinâmica do glifosato na rizosfera dasplantas-alvo e não alvo ....................................... 3Efeitos do glifosato na nutrição demicronutrientes de plantas .................................. 5

O níquel na nutrição mineral e na defesadas plantas contra doenças ................................. 8

Problemas relacionados ao glifosato edoenças de plantas no Canadá .......................... 11

Mudanças induzidas pelo glifosato naresistência de plantas às doenças .................... 12Efeitos do glifosato em doenças de plantas..... 13

Interações enter glifosato e microrganismosna rizosfera de plantas resistentes ao glifosato ... 15

Alternativas de manejo sustentável .................. 16

Divulgando a pesquisa....................................... 18Dr. Luís I. Prochnow é o novo diretor do IPNI ... 22

Ponto de vista ..................................................... 24

ENCARTE - Efeitos do glifosato nas plantas:implicações fisiológicas e agronômicas ...... 32 p.

O Simpósio sobre “Problemas de Nutrição e de Doen-ças de Plantas na Agricultura Moderna: ameaças àsustentabilidade?”, promovido pelo IPNI-Brasil,

com o apoio da AGRISUS, foi realizado em Piracicaba, SP, nos dias20 e 21 de Setembro último. O Simpósio buscou discutir os proble-mas, levantar possíveis causas e apresentar sugestões de manejomais sustentáveis. O foco central do Simpósio foi os efeitoscolaterais do glifosato, herbicida de uso generalizado na agricultu-ra moderna.

Este artigo propõe registrar as principais mensagens deixa-das pelos palestrantes. Slides das apresentações do Simpósio en-contram-se disponíveis no site: www.ipni.org.br

Palestra:Palestra:Palestra:Palestra:Palestra: PROBLEMAS DE NUTRIÇÃO E DE DOENÇAS PROBLEMAS DE NUTRIÇÃO E DE DOENÇAS PROBLEMAS DE NUTRIÇÃO E DE DOENÇAS PROBLEMAS DE NUTRIÇÃO E DE DOENÇAS PROBLEMAS DE NUTRIÇÃO E DE DOENÇASDE PLANTAS NA AGRICULTURA MODERNA:DE PLANTAS NA AGRICULTURA MODERNA:DE PLANTAS NA AGRICULTURA MODERNA:DE PLANTAS NA AGRICULTURA MODERNA:DE PLANTAS NA AGRICULTURA MODERNA:AMEAÇAS À SUSTENTABILIDADE?AMEAÇAS À SUSTENTABILIDADE?AMEAÇAS À SUSTENTABILIDADE?AMEAÇAS À SUSTENTABILIDADE?AMEAÇAS À SUSTENTABILIDADE?

Tsuioshi Yamada,Tsuioshi Yamada,Tsuioshi Yamada,Tsuioshi Yamada,Tsuioshi Yamada, IPNI Brasil, Piracicaba, SP, e-mail: [email protected]

Dr. Yamada explicou as razões para a realização desse Sim-pósio e adiantou algumas informações importantes das palestrasque seriam apresentadas dentro do programa proposto (Tabela 1),com o primeiro dia dedicado aos problemas de nutrição e o segun-do dia aos problemas relacionados às doenças de plantas.

Após a apresentação do programa, Dr. Yamada comentouque embora o mecanismo de passagem do glifosato via rizosfera daplanta-alvo para a planta-não alvo já seja conhecido desde 1982,através do trabalho do pesquisador brasileiro Joaquim Rodrigues(RODRIGUES et al., 1982), ele é ainda pouco conhecido dos usuá-rios deste herbicida. E que este tema seria coberto na palestra doDr. Volker Römheld.

SIMPÓSIO QUESTIONA AS CAUSAS DOSSIMPÓSIO QUESTIONA AS CAUSAS DOSSIMPÓSIO QUESTIONA AS CAUSAS DOSSIMPÓSIO QUESTIONA AS CAUSAS DOSSIMPÓSIO QUESTIONA AS CAUSAS DOSPROBLEMAS DE NUTRIÇÃO E DOENÇAS DE PLANTASPROBLEMAS DE NUTRIÇÃO E DOENÇAS DE PLANTASPROBLEMAS DE NUTRIÇÃO E DOENÇAS DE PLANTASPROBLEMAS DE NUTRIÇÃO E DOENÇAS DE PLANTASPROBLEMAS DE NUTRIÇÃO E DOENÇAS DE PLANTAS

NA AGRICULTURA MODERNANA AGRICULTURA MODERNANA AGRICULTURA MODERNANA AGRICULTURA MODERNANA AGRICULTURA MODERNA

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2 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007

Tabela 1. Programa do Simpósio sobre “Problemas de Nutrição e Doenças de Plantas na Agricultura Moderna: ameaças à sustentabilidade?

20/SETEMBRO/2007 (5a feira)

08:00-10:00 Inscrição

10:00-11:00 Problemas de nutrição e de doenças de plantas na agricultura moderna: ameaças à sustentabilidade? – Tsuioshi Yamada,IPNI Brasil, email: [email protected]

11:00-12:00 A rota do ácido chiquímico e sua importância na defesa da planta – Paulo Roberto de Camargo e Castro, ESALQ/USP,email: [email protected]

12:00-14:00 Intervalo para almoço14:00-15:15 Dinâmica do glifosato nas rizosferas das plantas-alvo e não alvo – Volker Römheld, Hohenheim University, Alemanha,

email: [email protected]:15-16:30 Efeitos do glifosato na nutrição de micronutrientes de plantas – Ismail Cakmak, Sabanci University, Turquia,

email: [email protected]:30-17:00 Intervalo para café17:00-18:15 O níquel na nutrição mineral e na defesa das plantas contra doenças – Bruce Wood, USDA, Byron-GA, email: [email protected]:15-19:00 Debate – T. Yamada, moderador

Debatedores: Heitor Cantarella, IAC e Ricardo Victoria Filho, ESALQ-USP

21/SETEMBRO/ 2007 (6a feira)

08:30-10:00 Problemas relacionados ao glifosato e doenças de plantas no Canadá – Myriam Fernandez, Agriculture and Agri-Food, Canadá,email: [email protected]

10:00-10:30 Intervalo para café10:30-12:00 Mudanças induzidas pelo glifosato na resistência de plantas às doenças – Guri Johal, Purdue University, Estados Unidos,

email: [email protected]:00-14:00 Intervalo para almoço14:00-15:30 Efeitos do glifosato em doenças de plantas – Don Huber, Purdue University, Estados Unidos, email: [email protected]:30-16:00 Intervalo para café16:00-17:30 Interações entre glifosato e microrganismos na rizosfera de plantas resistentes ao glifosato – Robert Kremer, University of

Missouri, Estados Unidos, email: [email protected]:30-18:30 Debate – Paulo Roberto de Camargo e Castro, moderador

Debatedores: Marcus Matallo, Instituto Biológico, e Elza Alves, UNESP, Registro, SP18:30-19:00 Sugestões para pesquisas futuras19:00-19:10 Encerramento

Mencionou que, felizmente, os efeitos negativos desta trans-ferência para a planta-não alvo podem ser parcialmente neutraliza-dos mantendo-se um intervalo de 2 a 3 semanas entre a dessecaçãoda planta de cobertura e a semeadura da próxima cultura.

Com esta prática simples, Professor Jamil Constantin e suaequipe da Universidade Estadual de Maringá obtiveram, na média deseus muitos ensaios, 11 sacos ha-1 de soja e 18 sacos ha-1 de milho amais que com o tradicional sistema aplique-e-plante. Resultados simi-lares foram observados na pesquisa de Aroldo Marochi, ou seja, me-lhor produtividade também para a soja transgênica RR com intervalode 3 semanas entre a dessecação com glifosato e a semeadura da soja.

Dr. Yamada expressou sua preocupação com o efeito resi-dual do glifosato nas sementes de soja convencional provenientesde lavoura dessecada em pré-colheita com este herbicida. Testes delaboratório mostraram queda no vigor, assim como malformação dosistema radicular das plântulas (Figura 1).

Mencionou também o que tem observado em campo: a ge-neralizada perda da raiz pivotante na cultura da soja – tanto naconvencional como na RR – e a constatação de que o fenômeno émais comum quando o intervalo de tempo entre a dessecação e asemeadura da soja é breve, ou seja, menos que 1 semana (Figura 2).

Dr. Yamada alertou ainda a respeito do grande problemaagroecológico causado pela aplicação aérea de maturadores de cana(tema discutido no Encarte Técnico, anexo a este jornal), entre eles, oglifosato. Como se sabe, eles são promotores do aumento do nível deetileno, que provoca a maturação antecipada da cultura da cana-de-açúcar. Porém, nas outras culturas adjacentes, o aumento do etileno

aumenta a abscisão foliar e a senescência foliar, além do amadureci-mento dos frutos e aumento da incidência de doenças. Como seobserva em muitos pomares cítricos. Seria apenas coincidência?

Questionou a legislação ambiental brasileira sobre a aplica-ção destes maturadores por via aérea e complementou que, de acor-do com Dr. James Rahe, cientista canadense que muito estudou ainteração do glifosato com as doenças de plantas, no Canadá éproibido fazer aplicação de glifosato por avião.

Figura 1. Plântulas de soja originadas de sementes de lavoura dessecadasem pré-colheita com glifosato: efeito na germinação e no desen-volvimento das mudas.

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007 3

Dr. Yamada finalizou apresentando sugestões de manejo dasplantas de cobertura – tanto para culturas anuais como para pere-nes – com reduzido uso de herbicidas.

Para culturas perenes, como citros e cafeeiro, o manejo me-cânico (roçadeira lateral) complementado no início com manejo quí-mico, tem dado bons resultados, com grande adoção pelos agricul-tores. Empresas produtoras destas roçadeira laterais (também co-nhecidas com ecológicas) estimam que 70 a 80% das propriedadescitrícolas já contam com este equipamento.

Para culturas anuais em sistema plantio direto (SPD), Dr. Ya-mada sugeriu a eleição prioritária de dicotiledôneas como planta decobertura, ao invés de gramíneas. Explicou as razões para essa pre-ferência: (1) as gramíneas precisam de adubação nitrogenada paraalta produção de matéria seca, além de exigir glifosato na dessecação;(2) as dicotiledôneas podem ser controladas mecanicamente e, alémdisso, entre elas, as leguminosas fixam nitrogênio, que tudo indicaserá (se já não for) o mais caro dos nutrientes; e outras, como onabo forrageiro, têm grande alelopatia e podem funcionar comoherbicida natural no controle de invasoras.

Dr. Yamada acredita que a tarefa de aumentar a quantidadede matéria orgânica no solo deve ser atribuída aos cereais de altaprodutividade, como milho, com mais de 10 t ha-1, e trigo, com maisde 5 t ha-1.

Encerrou sua apresentação conclamando a atenção da co-munidade científica para mais estudos relacionados a:

• Nutrição mineral de plantas transgênicas, em especial dasplantas RR;

• Relação do glifosato com as doenças de plantas;

• Transferência do glifosato para os animais (humanosinclusos) através da cadeia alimentar e seus efeitos na saúdeanimal;

• Efeitos da aplicação aérea do glifosato.

Palestra:Palestra:Palestra:Palestra:Palestra: A ROTA DO ÁCIDO CHIQUÍMICO E SUA A ROTA DO ÁCIDO CHIQUÍMICO E SUA A ROTA DO ÁCIDO CHIQUÍMICO E SUA A ROTA DO ÁCIDO CHIQUÍMICO E SUA A ROTA DO ÁCIDO CHIQUÍMICO E SUAIMPORTÂNCIA NA DEFESA DA PLANTAIMPORTÂNCIA NA DEFESA DA PLANTAIMPORTÂNCIA NA DEFESA DA PLANTAIMPORTÂNCIA NA DEFESA DA PLANTAIMPORTÂNCIA NA DEFESA DA PLANTAPaulo Roberto de Camargo e Castro,Paulo Roberto de Camargo e Castro,Paulo Roberto de Camargo e Castro,Paulo Roberto de Camargo e Castro,Paulo Roberto de Camargo e Castro, ESALQ/USP, Piracicaba,SP, e-mail: [email protected]

Professor Castro mostrou como o glifosato bloqueia a rotado ácido chiquímico e as conseqüências deste bloqueio na síntesede metabólitos secundários de importância vital para as plantas.

Como sua palestra está reproduzida praticamente na ínte-gra no Encarte Técnico anexo a este jornal, apresentamos aquiapenas a Figura 3, mostrando o efeito do fosfito na diminuiçãodos sintomas de intoxicação do feijoeiro pelo glifosato. Mencio-nou, ainda, que os fosfitos são de uso bastante comum entre oscitricultores.

Figura 3. Efeito de doses de fosfito na redução de sintomas de toxicidadede glifosato em plantas de feijoeiro.

Crédito: Paulo Roberto de Camargo e Castro.

Figura 2. Perda da raiz pivotante em soja convencional variedade Conquista.Área de primeiro ano com soja após erradicação de Pinus. Oplantio direto de soja sobre cobertura de milheto dessecada com0,75 L ha-1 de glifosato foi realizado uma semana após adessecação.

Crédito: T. Yamada, 13/03/2007, Fazenda Pinusplan, Uberlândia, MG.

Palestra:Palestra:Palestra:Palestra:Palestra: DINÂMICA DO GLIFOSATO NA RIZOSFERA DINÂMICA DO GLIFOSATO NA RIZOSFERA DINÂMICA DO GLIFOSATO NA RIZOSFERA DINÂMICA DO GLIFOSATO NA RIZOSFERA DINÂMICA DO GLIFOSATO NA RIZOSFERADAS PLANTAS-ALVO E NÃO ALVODAS PLANTAS-ALVO E NÃO ALVODAS PLANTAS-ALVO E NÃO ALVODAS PLANTAS-ALVO E NÃO ALVODAS PLANTAS-ALVO E NÃO ALVOVolker Römheld,Volker Römheld,Volker Römheld,Volker Römheld,Volker Römheld, Hohenheim University, Alemanha, e-mail:[email protected]

Professor Römheld mostrou que a rizosfera é importante lo-cal onde ocorre a transferência do glifosato aplicado na planta-alvo(invasoras) para a planta-não alvo (cultura) (Figura 4), de acordocom as seguintes etapas:

(1) Absorção foliar do glifosato pela planta-alvo;

(2) Translocação do glifosato, via floema, para a região apicaldo sistema radicular;

(3) Liberação do glifosato e possíveis metabólitos (AMPA)na rizosfera da planta-alvo;

(4) Equilíbrio dinâmico do glifosato liberado com os adsor-ventes e a solução da rizosfera;

(5) Absorção do glifosato pela planta-não alvo;

(6) Translocação do glifosato/AMPA para a parte aérea daplanta-não alvo e indução de desordens.

Na dinâmica do glifosato na rizosfera deve-se considerar:

(1) Extensão das interações ou dos entrelaçamentos entreos sistemas radiculares das plantas-alvo e não alvo;

Plantio convencional Plantio direto

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4 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007

Figura 4. Transferência do glifosato da planta-alvo para a planta-não alvo através da rizosfera compartilhada.

Aplicação foliar de glifosato nasplantas-alvo (invasoras) ou cultivares

resistentes ao glifosato (RR); aabsorção pelas folhas é potencialmente

influenciada pela composição dasolução pulverizada (por exemplo,

adição de Ca, Fe, Mn)

Rápida translocação do glifosato da parteaérea para as raízes

Armazenamento intermediário deglifosato nas raízes

Liberação de glifosatona rizosfera

Acúmulo de glifosato nos tecidosmeristemáticos apicais

Degradação do glifosato emAMPA na parte aérea em baixasdoses (depende da espécie de

planta)

Translocação de AMPA da parteaérea para as raízes e/ou

formação de AMPA nas raízesem baixas doses

Liberação de AMPA narizosfera ou formação na

rizosfera

Dúvida: Qual é o mecanismo dessa liberação na rizosfera e quãorápida é essa liberação? Depende de quais fatores?

O que nós devemos saber?

Que após a acumulação de glifosatonas raízes das plantas-alvo (invasoras)

ele é liberado na rizosfera compossíveis conseqüências para a

planta-não alvo (cultura)

(2) Imobilização do glifosato na rizosfera por cátions comoAl3+, Ca2+ e outros;

(3) Remobilização do glifosato adsorvido induzida por alte-rações na rizosfera da planta-não alvo (por exemplo, competição doglifosato por sítios de adsorção com o ânion fosfato, favorecendoa dessorção do mesmo);

(4) Interação do glifosato com os microrganismos da rizosferaresponsáveis pela redução/oxidação do Mn;

(5) Efeito do glifosato nos rizóbios, nas micorrizas e na di-versidade microbiológica.

Explicou que os vários processos químicos e biológicos afe-tados pelo glifosato são interdependentes e podem variar com:

(1) As propriedades físicas e químicas do solo (textura, es-trutura, pH, potencial redox, teor de P e de Ca, etc.);

(2) População microbiana;

(3) Freqüência de aplicação do glifosato;

(4) Época de aplicação;

(5) Espécies vegetais;

(6) Período de tempo.

Sua apresentação foi longa e extremamen-te rica de informações, mas para o bem da didáti-ca e do papel, tentaremos resumí-la nas poucasfiguras a seguir.

Prof. Römheld mostrou um experimento emque cultivou girassol em dois tipos de solo –Arenosol, muito arenoso, e Luvisol, de texturamédia – nos quais a planta de cobertura tinhasido dessecada com glifosato com diferentes diasde antecedência (0, 7, 14 e 21 dias) em relação àdata de semeadura (Figura 5). Observou que oefeito do intervalo de espera entre a dessecaçãoda planta de cobertura e a semeadura da próxima

cultura era mais importante no solo arenoso onde, mesmo esperan-do 21 dias, houve ainda efeitos residuais do glifosato sobre asnascediças.

Em outro experimento, semeou simultaneamente, num mes-mo rizobox, soja RR e girassol. Protegendo com saco plástico asplantas de girassol, aplicou glifosato na soja RR e 7 dias depoismediu os teores de chiquimato nas raízes de girassol. Encontrou,conforme esperado, maior teor de chiquimato na raiz de girassolcultivado no Arenosol que no Luvisol (Figura 6), e questionou se arápida imobilização do glifosato no Luvisol não seria pela sua com-plexação pelo cálcio.

Porém, novo experimento trouxe resultado surpreendente.Simulando o sistema plantio direto (SPD), semeou azevém (Loliumperenne) em vasos contendo os dois solos diferentes – Arenosol eLuvisol – e quando o azevém estava com volume adequado demassa verde, ele foi dessecado com glifosato. Após 8 semanas(56 dias) da dessecação semeou-se a soja. Medindo o acúmulo deglifosato nas raízes ele observou, desta vez, maior acúmulo dechiquimato no Luvisol que no Arenosol, porém, ambos em níveismuitos menores que os do experimento anterior. E especulou se

Figura 5. Efeito do intervalo de tempo entre a dessecação e a semeadura de girassol em soloscom diferentes texturas.

0 7 14 21 DAA -Gly 0 7 14 21 DAA -Gly

LUVISOL ARENOSOL

Acúmulo de glifosato nostecidos meristemáticos

das raízes

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007 5

Figura 6. Acúmulo de chiquimato na raiz de girassol (planta-não alvo) 7 dias após a aplicação de glifosato na soja RR (planta-alvo).

este efeito não seria da remobilização do glifosato adsorvido aosolo. Que justificaria o maior efeito num solo mais tamponado, comoo Luvisol, que no Arenosol (Figura 7).

Concluiu que o tempo de espera entre o controle das invaso-ras com o glifosato e a semeadura da próxima cultura deveria ser de:

• 0-3 semanas para solos úmidos e de textura leve, com rápi-da decomposição de raízes das invasoras;

Figura 7. Acúmulo de chiquimato em raízes de plantas de soja cultivadas em vasos onde a planta de cobertura (Lolium perenne) tinha sido dessecada comglifosato 8 semanas (56 dias) antes da semeadura. O maior acúmulo na soja cultivada em Luvisol indica possibilidade de remobilização doglifosato adsorvido.

Lolium perenne(planta-alvo)

Soja(planta-não alvo)

Palestra:Palestra:Palestra:Palestra:Palestra: EFEITOS DO GLIFOSATO NA EFEITOS DO GLIFOSATO NA EFEITOS DO GLIFOSATO NA EFEITOS DO GLIFOSATO NA EFEITOS DO GLIFOSATO NANUTRIÇÃO DE MICRONUTRIENTES DE PLANTASNUTRIÇÃO DE MICRONUTRIENTES DE PLANTASNUTRIÇÃO DE MICRONUTRIENTES DE PLANTASNUTRIÇÃO DE MICRONUTRIENTES DE PLANTASNUTRIÇÃO DE MICRONUTRIENTES DE PLANTASIsmail Cakmak,Ismail Cakmak,Ismail Cakmak,Ismail Cakmak,Ismail Cakmak, Sabanci University, Turquia, e-mail:[email protected]

Dr. Cakmak iniciou sua palestra mencionando que nasregiões com uso extensivo de glifosato aumentam os relatossobre:

Soja(alvo)

Girassol(indicador)

• 4-8 semanas para solos úmidos, de textura pesada ecalcários, com lenta decomposição de raízes das invasoras;

• 1 ano para solos secos e arenosos, comuns em Israel, ondeesta norma é recomendada; e

• 1,5 a 3 anos para solos de regiões frias, com reduzida de-composição de raízes das invasoras, como em certas partes do Ca-nadá.

• Reduções no crescimento e na produtividade das culturas;

• Aumento nos problemas de doenças;

• Aumento no uso de inseticidas e fungicidas;

• Inibição da fixação biológica de nitrogênio;

• Aumento no uso de fertilizantes foliares com micronu-trientes;

• Sintomas de deficiências de micronutrientes.

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6 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007

À guisa de lembrete, explicou que, como o glifosato é alta-mente móvel no floema, o produto aplicado nas plantas-alvo – comoinvasoras, plantas de cobertura e ainda as plantas RR – é rapida-mente translocado da parte aérea para as raízes, sendo então libera-do na rizosfera (Figura 8).

Além da alteração no balanço entre as populações de orga-nismos redutores e oxidantes de manganês na rizosfera das plantasafetadas pelo glifosato, tornando este nutriente menos disponívelàs plantas (assunto a ser tratado pelo Professor Huber, mais adian-te), Professor Cakmak apresentou dados obtidos pelo Prof. Neu-mann, da equipe do Professor Römheld, nos quais o glifosato, alémda diminuição da disponibilidade de Mn, reduzia também sua ab-sorção pelas plantas (Figura 10).

Figura 9. Duas deficiências induzidas pelo glifosato: a de ferro e a demanganês.

Figura 8. A translocação do glifosato aplicado na parte aérea da planta parasua rizosfera é extremamente rápida.

Tabela 2. Efeito do tratamento da semente de soja com ferro e uso doglifosato nos sintomas de clorose foliar e produtividade da sojaem Minnesota, Estados Unidos.

Clorose visual (nota) Grãos(1 = verde a 5 = severa) (t ha-1)

- Fe + Fe - Fe + Fe1

Controle 3,1 2,8 1,01 1,70

Glifosato 3,7 3,3 0,27 0,61

1 50 g ha-1 de Fe como FeEDDHA aplicado nas sementes.Fonte: Jolley et al. (Soil Science and Plant Nutrition, v. 50, p. 793-981,2004).

Tratamento

Figura 10. Inibição da aquisição de manganês pela planta-não alvo (girassol)cultivada em solução nutritiva junto com a planta-alvo (soja)tratada com glifosato por 2, 4 e 6 dias.

Fonte: NEUMANN et al. (Journal of Plant Diseases and Protection, 2005).

Deficiência de ferro

Deficiência de manganês

Aplicação de glifosato nasplantas-alvo (invasoras) ouem cultivares resistentes

ao glifosato.A absorção é muito rápida

pelas folhas

Rápida translocação doglifosato da parte aérea

para as raízes

Liberação do glifosatona rizosfera

Mencionou que duas deficiências nutricionais são particu-larmente importantes sob a ação do glifosato: a de manganês (queserá discutida mais adiante pelo Dr. Huber) e a de ferro (Figura 9).

Mostrou que a deficiência de ferro induzida pelo glifosatofoi parcialmente atenuada tratando-se a semente da soja comFeEDDHA na dose de 50 g ha-1 de Fe (Tabela 2), conforme trabalhode Jolley et al. (2004).

Professor Cakmak trouxe informações inéditas, ainda nãopublicadas, sobre o efeito de doses equivalentes a 0,3%, 0,6% e0,9% da dose recomendada de glifosato pulverizadas na parte aéreada soja convencional, três vezes antes do florescimento. Observouque o glifosato, principalmente na concentração de 0,9% da doserecomendada, causou:

• Redução nos teores de Ca e Mn nos grãos;

• Redução nos teores foliares de Mg, Ca e Mn;

• Redução no peso seco de grãos, da palha e da planta inteira.

Mostrou também que a planta de milho cultivada em solu-ção nutritiva deficiente em Mg era mais sensível ao glifosato quequando com nível adequado de Mg. Contudo, não explicou qualseria o mecanismo que causaria esta maior sensibilidade.

Em trabalho realizado por sua equipe na UniversidadeSabanci, Istambul, Turquia, observou que o glifosato aplicado so-bre girassol, com concentração de 6% da dose recomendada (simu-lando contaminação por deriva) diminuiu a absorção assim como atranslocação de Fe, Mn e Zn (Figura 11). Observou, ainda, que atranslocação foi mais afetada que a absorção.

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007 7

Figura 11. Efeito da pulverização foliar de 184 mM de glifosato (equivalentea 6% da dose recomendada de 1,44 kg ha-1 em 200 L ha-1) naabsorção e translocação de ferro, manganês e zinco.

Fonte: EKER et al. (Journal Agr. Food Chem., v. 54, p. 10019-10025, 2006).

Figura 14. Teores foliares de ferro na cultivar de soja RR Valiosa cultivadaem dois tipos de solos – Arenosol (arenoso, pouco tamponado)e Calcário (melhor tamponado) – 20 dias após a aplicação foliarde glifosato, comparados aos das sojas não tratadas Valiosa eConquista (isolínea não transgênica da Valiosa).

Fonte: TESFAMARIAM et al. (Symposium Trace Elements, Helsinki, 2007).

Solo Arenosol

Solo Calcário

Figura 13. Efeito de doses crescentes de glifosato, pulverizadas via foliar, naatividade da enzima redutase férrica.

Fonte: OZTURK et al. (2007), no prelo.

+ Fe - Glifosato 0,32 mM 0,95 mM 1,89 mM

Provou que em condições de deficiência de Fe2+, quandotorna-se importante a ação da enzima reductase férrica, há neutra-lização desta enzima pela ação do glifosato, como pode ser obser-vado nas Figuras 12 (quantitativamente) e na Figura 13 (escala de cor).

Figura 12. Inibição da atividade da enzima redutase férrica por dosescrescentes de glifosato aplicadas via foliar.

Fonte: OZTURK et al. (2007), no prelo.

Observou que o efeito do glifosato sobre o teor foliar de Fena soja transgênica Valiosa é maior em solo arenoso (Arenosol) queem solo calcário, mais tamponado (Figura 14), onde o glifosato nãocausou efeito algum. Ou seja, no solo arenoso o glifosato causoumenor absorção (e/ou translocação) de Fe na cultivar transgênicaValiosa, que no solo mais argiloso, o que poderia ser explicado pelasua maior adsorção pelos colóides do solo, ou ainda pela suacomplexação com o cálcio da solução do solo.

Professor Cakmak concluiu sua apresentação dizendo que:

• O uso rotineiro de glifosato em sistemas agrícolas causaconsideráveis efeitos colaterais que afetam o desenvolvimento e anutrição mineral das plantas;

• O glifosato é antagonista na absorção, transporte e acúmulode Ca, Mg, Mn e Fe, possivelmente pela formação de complexospouco solúveis com estes cátions;

• O glifosato afeta os mecanismos genéticos de adaptaçãodas plantas aos sítios deficientes em Fe;

• Plantas crescendo em condições de deficiência de Mg sãomuito sensíveis ao glifosato;

• É urgente novo protocolo para definir os riscos implicadosno uso do glifosato.

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8 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007

Implicação não agronômica ficou na mensagem final de quea interferência do glifosato na absorção e transporte dos micro-nutrientes dentro da planta pode causar deficiências e representaruma ameaça potencial para a nutrição e saúde humana.

Palestra:Palestra:Palestra:Palestra:Palestra: O NÍQUEL NA NUTRIÇÃO MINERAL E NA O NÍQUEL NA NUTRIÇÃO MINERAL E NA O NÍQUEL NA NUTRIÇÃO MINERAL E NA O NÍQUEL NA NUTRIÇÃO MINERAL E NA O NÍQUEL NA NUTRIÇÃO MINERAL E NADEFESA DAS PLANTAS CONTRA DOENÇASDEFESA DAS PLANTAS CONTRA DOENÇASDEFESA DAS PLANTAS CONTRA DOENÇASDEFESA DAS PLANTAS CONTRA DOENÇASDEFESA DAS PLANTAS CONTRA DOENÇASBruce Wood,Bruce Wood,Bruce Wood,Bruce Wood,Bruce Wood, USDA, Byron-GA, e-mail: [email protected]

A vinda do Dr. Wood ao Brasil para visitas a pomares cítri-cos e cafezais foi fruto de muitas coincidências felizes e com resul-tados altamente positivos para a agricultura brasileira e americana.

Meu primeiro contato com a pesquisa do Dr. Wood foi quan-do fiz a revisão do artigo sobre níquel, escrito pelo ProfessorMalavolta e seu aluno de pós-graduação Milton Moraes, entitulado“Nickel – from toxic to essential nutrient”, que foi publicado naRevista Better Crops (v. 91, n. 3, p. 26-27, 2007). Para ilustrar a maté-ria, meu bom amigo Don Armstrong, editor do Better Crops, pediuemprestado para Dr. Bruce Wood, hoje o maior nome para proble-mas relacionados ao níquel na agricultura, algumas fotos ilustran-do a deficiência de níquel, entre elas, a da Figura 15. Assim que vi afoto selecionada por Don, liguei para ele pedindo o endereço doDr. Wood. Tinha certeza (quase absoluta) que o que a foto mostra-va era, de fato, intoxicação da planta por glifosato! Poderíamosestar falando a mesma coisa, mas de forma diferente: que a intoxi-cação por glifosato pode causar deficiência de níquel. E que estadeficiência poderia ser corrigida com aplicações foliares de Ni.

o vôo de Springfield para Chicago tinha sido cancelado! Após mui-tos telefonemas para Atlanta e para Piracicaba consegui outro vôo.Mas, na conexão em Chicago para Atlanta, a atendente do check-innão conseguia localizar meu nome na lista de passageiros. Foi lon-ga espera, até que finalmente apareceu meu nome na tela do compu-tador. Foi alívio geral na fila do check-in, principalmente da preocu-pada senhora logo atrás de mim. Chegando em Atlanta, encontrei-me logo com Terry. Mas não com a bagagem, que ficou extraviadaem Chicago! E dentro dela muitos equipamentos de pesca, hobbyque pretendo curtir após aposentar-me, em 30/11/2007. Fizemos anotificação do extravio e saímos “a toda” para Byron. Felizmente,Dr. Charles Reilly, assistente do Dr. Wood havia sido informado eficou nos esperando. Quando lá chegamos estava só ele, pois erao fim do dia de uma 6a feira. Apesar das dificuldades, foi umavisita fantástica. Confirmei minha suspeita. Tive a certeza quenão só os pés de pecã (Figura 16), mas os de outras perenes,principalmente os pessegueiros, estavam com os inequívocossintomas de intoxicação por glifosato. Antes que me esqueça,localizei minha mala em Chicago e consegui ainda viajar na manhãdo dia seguinte de volta ao Brasil com os meus preciosos equipa-mentos de pesca.

Figura 15. Foto que ilustrou o artigo de Malavolta e Moraes com a seguintelegenda: Este pé de pecã estava deficiente em Ni. O ramo dadireita foi tratado no início da primavera com aplicação foiliarúnica de sulfato de níquel, enquanto o ramo da esquerda não foitratado. Efeitos no crescimento foram visíveis 14 dias após otratamento.

Como tinha uma visita programada para os Estados Unidospara Julho, decidi visitar Dr. Wood na Estação Experimental doUSDA, em Byron, GA. Era uma sexta-feira, 13 de Julho! Voaria cedode Springfield, IL, via Chicago, para Atlanta, GA, de onde Dr. TerryRoberts, presidente do IPNI, gentilmente se dispôs a levar-me paraByron. Foi uma viagem atribulada, própria para uma sexta-feira 13:

Daqui, liguei para Dr. Wood contando sobre a minha suspei-ta de que o que ele estava observando poderia ser, de fato, toxidezpor glifosato, e o convidei para vir ao Brasil. Cientista com grandeconhecimento de fisiologia vegetal e de nutrição de plantas teve acuriosidade aguçada e atendeu prontamente ao meu convite. Foiassim que tivemos o privilégio de contar com ele em nosso Simpósio.

Como regra, antes de um Simpósio, costumo levar os pales-trantes para visitas ao campo. Assim, eles ficam familiarizados comos problemas que queremos discutir no Simpósio.

Na primeira parada da nossa excursão, em um cafezal na re-gião de São José do Rio Pardo, mostrei ao grupo, mas principalmenteao Dr. Wood, um cafeeiro com os sintomas típicos de intoxicaçãopor glifosato. Suas palavras: “Estou 99% convencido que estessintomas são de deficiência de níquel”(Figura 17) foram a recom-pensa de uma longa busca! Tinha, agora, o níquel como uma novaferramenta para mitigar os sintomas de intoxicação por glifosato.

Figura 16. Visita do Dr. Yamada à Estação Experimental do USDA emByron, GA, Estados Unidos, onde observou que os sintomasde deficiência de níquel em pecã eram semelhantes aos detoxidez por glifosato observados no Brasil.

T. Yamada com Dr. Charles Reilly – USDA Station,Byron, GA, 13/07/2007

Deficiência de Ni ou toxidez por glifosato?

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007 9

Figura 17. Dr. Bruce Wood confirmando a semelhança dos sintomas detoxidez de glifosato em cafeeiro com os de deficiência de níquel.

Após esta longa introdução, vamos agora aos pontos prin-cipais de sua apresentação.

Dr. Wood explicou que a essencialidade do Ni como nutrien-te de planta foi descoberta pelo Dr. Patrick Brown, da Universidadeda California, Davis, e validada em pecã pela sua equipe. Ou seja, aplanta de pecã não completou o ciclo de vida sem o Ni.

Explicou que o Ni é importante catalisador de muitas enzimas,como: urease, superóxido dismutase, NiFe hidrogenases, metil-coenzima M reductase, monóxido de carbono dehidrogenase, acetilcoenzima A sintase, hidrogenases, RNase-A e, provavelmente, mui-tas outras. Enfatizou que é preciso entender que o Ni afeta a ativi-dade de 3-4 ou mais enzimas críticas em rotas bioquímicas funda-mentais da planta, afetando a ciclagem de C e N e também dosmetabólitos secundários. Como conseqüência final há comprometi-mento do mecanismo de defesa da planta contra doenças.

Explicou que as plantas defendem-se dos patógenos atra-vés de: (1) barreiras físicas lipídicas, como ceras, cutina e suberinae (2) compostos químicos nocivos ou armamento químico, que sãoos metabólitos secundários (por exemplo, terpenos, compostosfenólicos e compostos secundários contendo nitrogênio).

Mostrou que a síntese destes compostos pode ser compro-metida pela deficiência de Ni, principalmente devido à sua influên-cia na produção de acetil CoA, que é vital no processo (Figura 18).

Mencionou que os principais sintomas de deficiência de Niem pecã são:

• Folhas e folíolos com manchas escuras na ponta e formatoarredondado (orelha-de-rato), devido ao acúmulo de uréia e possi-velmente de ácido lático e oxálico;

• Afilamento das folhas e folíolos e crestamento das margens;

• Necrose da ponta das folhas e folíolos com zona verdeadjacente à necrose;

• Tronco e galhos quebradiços, provavelmente devido à di-minuição da lignificação;

• Diminuição do vigor, crescimento e florescimento;

• Enfezamento dos internódios;

• Gemas anormalmente pontudas;

• Perda da dominância apical, com efeito “roseta”;

• Morte de brotos e galhos;

• Morte da planta.

Para quem conhece o glifosato diria que ele estava descre-vendo os sintomas de toxidez causados por este herbicida.

Figura 18. O carbono fotossintetizado termina em uma das quatro categoriasde produtos anti-patogênicos. Os produtos do metabolismoprimário originam compostos que funcionam como barreira física.Os produtos do metabolismo secundário podem se mover atravésdas três rotas bioquímicas para a síntese de compostos queatuam como protetores contra patógenos. A disponibilidade deacetil CoA é crítica para a produção das quatro classes deprotetores. E a deficiência de níquel afeta potencialmente a síntesede acetil CoA via ação sobre sua sintase.

Fonte: Adaptada por Bruce Wood de Taiz e Zeiger, Plant Physiology, 3.ed.

Mostrou que estes sintomas podem ser corrigidos com apli-cação de Ni, como já ilustrados na Figura 15, e com detalhes naFigura 19.

Figura 19. Efeito da pulverização foliar de níquel no sintoma de orelha-de-rato em brotação de planta de pecã deficiente no elemento. Àdireita, ramo deficiente em níquel; à esquerda, ramo deficienteapós tratamento com níquel via foliar.

Comentou que a faixa de suficiência para Ni na folha varia departes por bilhão (ppb) até partes por milhão (ppm), dependendo daespécie da planta. Assim, para gramíneas e para culturas anuais eperenes, com N transportado na forma amídica, o teor de Ni foliarvaria de 1 a 200 ppb. Para pecã e outras árvores perenes, com Ntransportado como ureídas, estima-se em 3-30 ppm, e para as legu-minosas tropicais, em 1-30 ppm.

À guisa de informação, o laboratório ICASA (Rua ReineGermana Cazes, no 20, Jardim Miranda, CEP 13032-220, Campinas,SP, fone 19-3032-0066) analisa Ni em solo e planta, quando solici-tado.

Deficiência de Ni outoxidez por glifosato?

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10 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007

Entre os problemas patogênicos induzidos por deficiênciade Ni, citou: nematóide de galhas em pecã (Meloidogyne partityla),ferrugens em diversas culturas, mancha parda (Helminthosporiumoryzae) e brusone (Pyricularia oryzae) no arroz. Para a ferrugem dasoja, disse que em algumas situações o Ni tem potencial para redu-zir a incidência da doença em variedades resistentes, mas que nãoacredita neste efeito em variedades altamente suscetíveis.

Observou ainda que o tratamento com duas pulverizaçõesde Ni com 50 ppm Ni como Ni-lignosulfonato aumentou a produtivi-dade em 11% nos ensaios de 2005 e em 15% nos ensaios de 2006,apesar de não significativas estatisticamente.

Citou que a maioria dos solos agrícolas nos Estados Unidostem Ni em quantidade suficiente para as plantas, mas que pode tera biodisponibilidade reduzida pelos seguintes fatores:

• Solo frio ou seco no início da primavera;

• Teores demasiadamente altos de Ca e Mg na solução do solo;

• Altos teores de Fe, Mn, Co, Cu e Zn;

• Alto pH, alto P e baixa CTC; e

• Glifosato (após sua visita ao Brasil).

Apresentou o manejo do Ni que ele recomenda no programade adubação de pecã, experiência esta que acreditamos ser transfe-rível para perenes de outras regiões do mundo.

Assim, para plantas com sintomas evidentes de deficiênciade Ni, recomenda:

• Deficiências leves a moderadas: 1 a 2 aplicações foliares desolução com 50-100 ppm de Ni, a primeira no início da brotação e asegunda duas semanas depois;

• Deficiências severas: pulverizar também, no final do outo-no, com solução de 100 ppm de Ni, para promover sua remobilização.

• No caso de “fome oculta”, ou aplicação de “seguro”, reco-menda 1 a 2 aplicações de 25-100 ppm de Ni, cerca de 10 e 24 diasapós o início das brotações.

Concluiu dizendo que:

• O Ni , este esquecido nutriente de plantas, tem papel fun-damental no aumento da resistência contra doenças, especialmentenas plantas em que o transporte de N é feito na forma de ureídeos,como é o caso da pecã, da soja e, talvez, do cafeeiro;

• O maior conhecimento das interações do Ni com a nutriçãomineral favorecerá a redução de doenças.

Notas do editor: Ainda a respeito do níquel na agricultura

1. Após o Simpósio, recebi em 26/09/2007 e-mail do Dr. BruceWood que dizia:

Caro Yamada, envio anexo duas cartas sobre minha recenteviagem ao Brasil. Uma é um relatório para Washington, DC, sobre oque foi observado, e a outra para você sobre minhas idéias a respei-to do níquel e de greening em citros no Brasil.

De novo, o Simpósio foi de 1a classe, e gostei muito daoportunidade de participar, de conhecer você e os outros cientis-tas do grupo, de entender os problemas agrícolas no Brasil, deobservar os problemas de micronutrientes/níquel/glifosato e devisitar o novo enfoque de manejo de pomares. Sua hospitalidadefoi excepcional (sic). Que os melhores desejos se realizem no novocapítulo de sua vida.

Cordiais saudações,

Bruce Wood, PhD

USDA-ARS-SEFTNRL21 Dunbar RoadByron, Geórgia 31008Fones: 478 956 6420/6421 - 478 262 1279E-mail: [email protected]

2. Alerto que esta carta é de caráter pessoal e não um traba-lho científico. Como ela tem muitas informações relacionadas com oníquel, ela foi traduzida e está sendo reproduzida na íntegra paraque os leitores possam testar algumas das suas interessantes su-gestões para o controle do greening dos citros.

3. Fiquei muito impressionado com o eficiente trabalho doDr. Bruce Wood junto ao USDA. Como ele mencionou, a mensa-gem sobre problemas potenciais do glifosato na agricultura foicaptada rapidamente e já chegou em Washington, DC. Aqui, luteidurante anos mas não consegui passar a mensagem para Brasília.

4. Segue abaixo a carta traduzida.

Byron, GA, 25 de Setembro de 2007

Prezado Dr. Yamada:

Quero sinceramente agradecer a você, seus colegas e o IPNIpor organizarem um oportuno Simpósio, criticamente importante eque foi de grande sucesso. Seu grupo fez um trabalho excelente –verdadeiramente de 1a classe – e sua hospitalidade inigualável.Sou grato por ter participado deste desafio científico, que serve àagricultura do mundo ao “despertar” para os potenciais efeitoscolaterais negativos das culturas transgênicas, com genes de bac-térias, e do uso do glifosato. Embora estas tecnologias tragam gran-des benefícios positivos para a agricultura, é também igualmenteimportante que os usuários estejam cientes das conseqüências ne-gativas na produtividade e qualidade da cultura e ramificações rela-cionadas à saúde das criações e dos homens. Obrigado por sualiderança neste importante assunto.

Falei ontem com nossa especialista na cultura do pêssego,na Universidade de Geórgia, a respeito do programa de mulch comgramíneas de cobertura que você desenvolveu. Ela está curiosa arespeito do seu enfoque, pois a nossa indústria de pêssego estáconvencida que precisa colocar de lado as atuais estratégias demanejo com solo quase nu devido ao uso de herbicidas. (Contudo)vemos dois problemas potenciais com a adoção do enfoque demanejo (com mulch) de vocês, na cultura de pêssego nos EstadosUnidos. Eles são: a) aumento do dano dos troncos das árvorespelas brocas, que multiplicam em mulch orgânico, e b) aumento dedanos nos troncos pelas ratazanas e camundongos. Pensamos (po-rém) que poderemos controlar estes problemas nas condições demulch. (Para tal) estamos incluindo um nematologista e um ento-mologista no nosso time, e assim juntar expertise suficiente pararesponder simultaneamente às muitas questões (desta mudança).Obrigado pela sua assistência em nos ajudar a reconhecer os efei-tos adversos do uso do glifosato e por nos lembrar o enfoque “devolta à natureza” no manejo dos pomares. Eu penso verdadeira-mente que este enfoque provará ser vantajoso e aceitável. Planeja-mos tentativamente estabelecer um talhão para pesquisa de cam-po, e com sua permissão gostaríamos de creditar sua contribuição,incluindo você como um dos autores, nas publicações subseqüentes.

Das discussões coletivas com você e outros cientistas, euestou convencido que estamos vendo, pelo menos em pecã, umaumento na suscetibilidade de doenças como conseqüência douso do glifosato nos pomares. Eu espero ser capaz de delinearalguns estudos para provar esta hipótese.

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007 11

Estou convencido de que o glifosato está induzindo defi-ciências de micronutrientes em várias culturas. Níquel (Ni) é umdestes nutrientes. Como você sabe, a deficiência de Ni nos solosdos pomares é muitíssimo rara. Assim, o aparecimento dos sinto-mas de deficiência sugerem fortemente que existe algo seriamenteerrado com a fisiologia da cultura, ou com a química do solo/am-biente, ou com ambos.

Acredito que os sintomas aparentes de deficiência de Niobservados nos cafeeiros (visitados no Brasil) são consistentescom os que se esperaria da ligação de cátions divalentes, como oNi, com o glifosato. Excetuando as hiperacumuladoras de Ni, todasas plantas absorvem apenas quantidade pequena de Ni e como (só)os transportadores de ureídas necessitam de concentrações relati-vamente altas de Ni endógeno, é razoável esperar que plantas comeste tipo de transporte de N serão as primeiras a apresentar danosfisiológicos como conseqüência da quelação dos micronutrientespelo glifosato.

Em outras palavras, as inter-relações entre Ni, transporte deureídas e glifosato são como as entre canário, mina de carvão e ohomem (no passado, o canário era usado como indicador do níveltóxico de gás; assim, se o pássaro morria, era sinal de que havianível tóxico de gás e que os mineiros deveriam evacuar as minas),em que (a deficiência) o Ni seria o “alarme precoce indicador” (earlywarning indicator, no original) do problema (do glifosato).

A deficiência de Ni em cafeeiro, seja (ela causada) por falta(de Ni) no solo ou por indução pelo glifosato poderá ser corrigidacom uma a duas pulverizações foliares de sais de Ni na concentra-ção de 100 ppm de Ni (+ 1 a 2 kg de uréia em 378 litros de água + umsurfactante não iônico) feitas (a primeira) alguns dias após o iníciodas brotações e mais uma (a segunda) após duas semanas. Funcionaráou como correção da deficiência de Ni ou como antídoto parcial contradanos induzidos pelo glifosato. Espero que os administradores defazendas testem o Ni, mas que deixem um controle para que possa-mos melhor entender o que está acontecendo com o cafeeiro. Eususpeito que a faixa foliar (de Ni) para o cafeeiro está entre 3 e 5 ppm.

Também vi (no Brasil) algumas laranjeiras com folhas exibin-do três sintomas diferentes associados com a deficiência de Ni.Nos citros, aparentemente o N é transportado como amida, pos-suindo, assim, necessidade muito baixa de Ni (pode ser cerca de200-500 ppb). Por conseguinte, suspeito que o uso do glifosato temo potencial de causar problemas de “fome oculta” mesmo em cultu-ras relativamente insensíveis ao Ni, como os citros. Suspeito queexistam também problemas (de deficiência) de Ni na cana-de-açúcare na soja.

Em relação ao greening de citros e o uso de fosfito, acredi-to que é razoável concluir que ambos podem ter papéis (na doen-ça); contudo, é provável que seja um tiro de longa distância (long-shot ou “chutão”). Apesar disto, ainda é, na minha opinião, (umahipótese) válida de ser estudada. O fosfito pode provar sua eficá-cia, pois possui ação contra certas classes de bactérias. Assim,parece razoável esperar que o uso combinado de Ni e fosfito po-deria suprimir ou prevenir o crescimento ou a reprodução bacte-riana e assim constituir numa maneira eficaz para controlar ogreening. Existe ainda o trabalho vietnamita mostrando que ogreening é controlável através do plantio intercalar de goiabeiracom laranjeira, na base de 1:1, ou seja, cada pé de citros circunda-da por 4 pés de goiabeira (e vice-versa). A goiabeira produzterpenos, que repelem os Psilídeos, que são os vetores das bacté-rias causadoras da doença. Outro enfoque é controlar os Psilídeoscom pesticidas, mas este controle será muito caro.

A combinação Ni2+-fosfito foliar, ou o encharcamento dosolo com ambos, Ni2+ e fosfito, parece-me um enfoque viável comrazoável probabilidade na redução dos impactos adversos dogreening. Eu falei recentemente num encontro no México sobre ogrande sucesso obtido com o encharcamento do solo circundandoo tronco com fosfito na cura de certas doenças afetando o carva-lho na Califórnia. Daquelas discussões concluí que os enchar-camentos de solos com soluções constituem meios altamente efi-cazes de colocar compostos orgânicos e inorgânicos dentro daplanta. Como regra geral, os volumes aplicados devem ser cercade 1,5 L por cm de diâmetro do tronco. A solução necessita de umsurfactante apropriado para facilitar o movimento dentro da plan-ta. Uma “baixa” concentração de um surfactante organo-siliconena dose de 0,26 ml L-1 da solução parece melhorar a absorçãoradicular das árvores.

Vejo, portanto, que o enfoque potencialmente viável paracontrolar o greening de citros que envolveria a cessação do uso doglifosato incluiria as opções:

1. Pulverizações foliares ou injeções com Ni, em tempo opor-tuno;

2. Pulverizações foliares ou injeções com fosfito, em tempooportuno;

3. Pulverizações de ambos, Ni e fosfito, em tempo oportuno;

4. Encharcamento do solo com Ni;

5. Encharcamento do solo com fosfito;

6. Encharcamento do solo com ambos, Ni e fosfito.

Adicionalmente, é possível que a inclusão de salicilato, ouanálogo, poderia ter eficácia contra bactéria afetando o floema; as-sim, o tratamento foliar com salicilato poderia estimular as defesasda planta de modo a suprimir ou matar a bactéria.

Mais uma vez, obrigado pela oportunidade de participar. Foiuma viagem muito benéfica para mim.

Saudações cordiais,

Bruce W. WoodResearch Leader

Palestra:Palestra:Palestra:Palestra:Palestra: PROBLEMAS RELACIONADOS AO PROBLEMAS RELACIONADOS AO PROBLEMAS RELACIONADOS AO PROBLEMAS RELACIONADOS AO PROBLEMAS RELACIONADOS AOGLIFOSATO E DOENÇAS DE PLANTAS NO CANADÁGLIFOSATO E DOENÇAS DE PLANTAS NO CANADÁGLIFOSATO E DOENÇAS DE PLANTAS NO CANADÁGLIFOSATO E DOENÇAS DE PLANTAS NO CANADÁGLIFOSATO E DOENÇAS DE PLANTAS NO CANADÁMyriam Fernandez,Myriam Fernandez,Myriam Fernandez,Myriam Fernandez,Myriam Fernandez, Agriculture and Agri-Food, Canadá, e-mail:[email protected]

Segundo a Dra. Fernandez, desde meados da década de 90,na parte oeste da região dos Prairies do Canadá, onde o clima é maischuvoso e os solos são mais pesados, a fusariose do trigo (FHB)tornou-se um problema sério.

Esta doença reduz a produtividade e a qualidade dos grãos(Figura 18), acumula micotoxinas e diminui a germinação e vigor dasplântulas, sendo a fonte mais importante do inóculo da fusariose osrestos culturais dos cultivos anteriores.

De 1999 a 2002 ela buscou identificar práticas de manejo quereduzissem os danos da doença nas áreas de cultivo do trigo bemcomo sua disseminação para outras áreas do Canadá. Nos 851 cam-pos de trigo e cevada analisados (resíduos e raízes), foram encontradasvárias espécies de Fusarium, como: F. graminearum, F. avenaceum,F. culmorum, F. poae e F. sporotrichioides.

Resultados do estudo demonstraram que quatro fatores agro-nômicos foram significativos no aumento da severidade da doença:

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12 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007

suscetibilidade do cultivar, rotação de culturas, sistema de cultivo euso de glifosato, sendo que os três primeiros fatores foram signifi-cativos em 2 dos 4 anos estudados, os mais chuvosos, enquanto ainfluência do glifosato foi significativo em todos os 4 anos.

Durante os estudos dos fatores de risco e de produção asso-ciados à fusariose da espiga de trigo observou-se que:

• O ambiente (chuva e temperatura) foi o fator mais impor-tante no desenvolvimento da doença;

• A aplicação de formulações de glifosato nos 18 meses an-teriores à semeadura foi o fator agronômico mais importante asso-ciado com os maiores índices de fusariose no trigo de primavera;

• Houve maior incidência do patógeno quando o herbicidafoi empregado nas culturas em geral (75%) ou sob cultivo mínimo(122%), quando comparado às culturas sem glifosato, e a associa-ção positiva do glifosato com a doença não foi afetada pelas condi-ções ambientais.

A Tabela 3 mostra o efeito cumulativo do glifosato aplicadonos três anos anteriores ao cultivo do trigo.

mínimo e com uso de glifosato. Observou-se também mudança nacomunidade de fungos radiculares associada com o uso doglifosato, com nível mais baixo de C. sativus e mais alto de Fusarium.

Dra. Fernandez mencionou que, devido à natureza dos estu-dos de campo, não foi possível separar completamente os efeitosdo glifosato dos da intensidade de cultivo e da rotação de culturas.E que os resultados inconclusivos ou as discrepâncias entre osestudos publicados sobre o glifosato devem-se a diferentes causas:

• Estudos conduzidos em condições ambientais diferentes(tipo de solo, clima, etc.);

• Emprego de diferentes manejos (por exemplo, manejo con-vencional sem glifosato x plantio direto com glifosato);

• Espécies diferentes de culturas;

• Aplicação direta sobre a cultura RR versus aplicações empré-semeadura na cultura convencional;

• Efeito das aplicações de glifosato no campo ou em labora-tório na ausência de invasoras ou ainda com densidade desconhe-cida de invasoras.

Palestra:Palestra:Palestra:Palestra:Palestra: MUDANÇAS INDUZIDAS PELO GLIFOSATO MUDANÇAS INDUZIDAS PELO GLIFOSATO MUDANÇAS INDUZIDAS PELO GLIFOSATO MUDANÇAS INDUZIDAS PELO GLIFOSATO MUDANÇAS INDUZIDAS PELO GLIFOSATONA RESISTÊNCIA DE PLANTAS ÀS DOENÇASNA RESISTÊNCIA DE PLANTAS ÀS DOENÇASNA RESISTÊNCIA DE PLANTAS ÀS DOENÇASNA RESISTÊNCIA DE PLANTAS ÀS DOENÇASNA RESISTÊNCIA DE PLANTAS ÀS DOENÇASGuri Johal,Guri Johal,Guri Johal,Guri Johal,Guri Johal, Purdue University, Estados Unidos, e-mail:[email protected]

Dr. Johal dividiu sua apresentação em três partes:

(1) Como o glifosato torna as plantas suscetíveis às doenças?

(2) Por que o glifosato torna as plantas mais suscetíveis àsdoenças?

(3) Estão as plantas RR livres deste problema?

As duas primeiras perguntas foram temas das suas teses deMestrado e Doutorado, respectivamente, feitas sob a supervisãodo Dr. James Rahe, Simon Fraser University, Burnaby, BC, Canadá.

Na sua tese de Mestrado observou que a eficiência doglifosato como excelente herbicida advém, em grande parte, da suacapacidade em comprometer a habilidade das plantas na sua auto-defesa contra os patógenos. Identificou que, destes, os mais im-portantes são Pythium e Fusarium, de distribuição generalizadanos solos agricultáveis. No seu experimento, Dr. Johal observouque as plantas tratadas com glifosato (15% da dose recomendada)e cultivadas em solo esterilizado e também em vermiculita (meioinerte) mostraram-se pouco afetadas pela atividade do herbicida,recuperando o crescimento após algumas semanas do tratamento.Porém, as plantas cultivadas em solo natural morreram e houverápida colonização das raízes por Pythium e Fusarium (dois a trêsdias após o tratamento). Além disso, notou que a adição destespatógenos aos meios esterilizado e inerte (vermiculita) restabele-ceu a atividade herbicida do glifosato nas plântulas (Figura 20).

Concluiu que a eficácia herbicida do glifosato ocorreu emgrande parte devido à sua interação sinergística com patógenos,como Pythium e Fusarium, que estão presentes na maioria dos solos.

Um outro aluno do Prof. Rahe, chamado Andre Levesque,domonstrou que a textura e a umidade do solo influenciavam napredominância do patógeno na raiz da planta sob a influência dedoses subletais de glifosato: Pythium, quando o solo era argiloso eúmido, ou Fusarium, no caso de solo mais arenoso e seco.

Na sua tese de Doutorado, Dr. Johal buscou identificar acausa da menor resistência às doenças com estas doses subletaisde glifosato.

Tabela 3. Índice de fusariose da espiga do trigo (FHB) em função donúmero de aplicações de glifosato. Trigo de primavera, 2001.

No de aplicações de glifosatonos três anos anteriores

Nenhuma 4,21 a 2 6,43 a 6 12,4

Índice de FHB (%)

Figura 18. Efeito do ataque de Fusarium nas sementes e espigas de trigo.

Estudo da correlação entre o número de aplicações deglifosato e o índice de fusariose em duas cultivares de cevada comdiferentes resistências ao glifosato – suscetíveis e com resistênciaintermediária – , sob cultivo mínimo, mostraram que o índice de fu-sariose não foi significativo para F. avenaceum e F. graminearum,mas foi significativo para as cultivares com resistência intermediá-ria. Estas apresentaram níveis de fusariose tão altos quanto as cul-tivares suscetíveis, mostrando que o glifosato anulou a resistênciadas cultivares com resistência média, pois estas se mostraram sus-cetíveis na presença do herbicida.

De acordo com Dra. Fernandez, a podridão radicular da ce-vada e do trigo é causada, na maioria dos casos, por Cochliobolussativus e Fusarium spp. Estudos com cevada, em três sistemas decultivo e com aplicação ou não de glifosato, mostraram que os maisaltos níveis da doença foram encontrados nos campos em cultivo

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007 13

mercial padrão, com 360 g L-1 de glifosato, esta dose equivaleria apouco menos de 10 mL ha-1, que já seria suficiente para tornar acultura do feijoeiro suscetível ao Colletotrichum lindemuthianum.

Dr. Johal observou ainda que aplicações exógenas defenilalanina ajudaram a conter a expansão das lesões em plantassuscetíveis tratadas com glifosato. Como se sabe, a fenilalanina éum dos três aminoácidos cuja síntese é inibida pela ação do gli-fosato.

Finalizou sua palestra dizendo que as plantas RR não sãocompletamente resistentes às mudanças induzidas pelo glifosato.Isto porque as mudanças fisiológicas nas plantas transgênicas quepromovem resistência aos patógenos biotróficos (como, por exem-plo, a ferrugem da soja) geralmente aumentam a suscetibilidade daplanta aos patógenos necrotróficos, como Pythium e Fusarium.

Palestra:Palestra:Palestra:Palestra:Palestra: EFEITOS DO GLIFOSATO EM DOENÇAS DE EFEITOS DO GLIFOSATO EM DOENÇAS DE EFEITOS DO GLIFOSATO EM DOENÇAS DE EFEITOS DO GLIFOSATO EM DOENÇAS DE EFEITOS DO GLIFOSATO EM DOENÇAS DEPLANTASPLANTASPLANTASPLANTASPLANTASDon Huber,Don Huber,Don Huber,Don Huber,Don Huber, Purdue University, Estados Unidos, e-mail:[email protected]

Segundo Professor Huber, quatro fatores interagem para de-terminar a severidade de uma doença: planta (vigor, suscetibilidade,resistência, estádio de desenvolvimento, exsudatos de raiz), meio

Tabela 4. Efeito de doses de glifosato na expressão de sintomas e acumu-lação de fitoalexinas na interação compatível entre feijoeiro eColletotricum lindemuthianum.

Glifosato Lesões mostrando Tamanho da Fitoalexinas totais(μμμμμg planta-1) expansão (%) lesão (mm) (μμμμμg lesão-1)

Controle 0 5,0 21,35

0,5 30 8,5 16,50

1,0 60 12,0 10,85

10,0 100 > 15,0 4,60

Estudando os mecanismos que levam o feijoeiro a perder aresistência à antracnose causada pelo fungo Colletotrichumlindemuthianum, Dr. Johal observou que as fitoalexinas estavamassociadas à proteção das plantas contra a contaminação por fungos.

As fitoalexinas são substâncias antimicrobianas sintetiza-das e acumuladas pelas plantas quando expostas aos patógenos,derivadas da rota do fenilpropanóide e com características fenó-licas. No caso do feijoeiro, há produção de quatro diferentesfitoalexinas durante sua interação com o fungo da antracnose:faseolina, faseolidina, kievitona e faseolinisoflavona.

Dr. Johal observou que no feijoeiro as fitoalexinas estavamenvolvidas nos dois tipos de interação patógeno-hospedeiro, ouseja, interação compatível e interação incompatível. Na interaçãocompatível as plantas ficam suscetíveis ao patógeno e apresentamlesões no hipocótilo, como as apresentadas na Figura 21.

Figura 21. Efeito do ataque de antracnose em hipocótilo de feijoeiro. Àesquerda, interação patógeno-planta incompatível; à direita,interação patógeno-planta compatível.

Inoculaçãocom esporosdo fungo

Lesões deantracnose

Aplicaçãotópica dosesporos dofungo

Vermiculita Solo natural Testemunha

Figura 20. Plantas de feijão que cresceram em solo natural morreram apóstratamento com glifosato enquanto plantas que cresceram emvermiculita sobreviveram.

Figura 22. Habilidade do glifosato em suprimir a produção de fitoalexinasem feijoeiro infectado por fusariose.

Com o objetivo de determinar se as fitoalexinas estavam en-volvidas na proteção direta contra a doença, Dr. Johal utilizou doisinibidores químicos – AOPP e glifosato – visando bloquear a rota doácido chiquímico, responsável pela produção de fitoalexinas.

Dr. Johal observou que uma dose da ordem de 0,5 μg deglifosato por planta já era suficiente para aumentar o tamanho dalesão e diminuir a produção de fitoalexinas, e a de 10 μg por plantacausou expansão da lesão em 100% das plantas estudadas (Tabe-la 4 e Figura 22). Supondo que tivessemos 300.000 plantas porhectare, a dose de 10 μg por planta equivaleria a apenas 3 g doingrediente ativo de glifosato por hectare! Numa formulação co-

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14 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007

Dr. Huber chamou a atenção para o fato do glifosato ter fortenatureza metal-quelante, com alta especificidade para os micronu-trientes Mn, Fe, Zn e Cu. Comentou que a qualidade dos alimentosvem declinando nos últimos 15 anos, podendo este fenômeno estarrelacionado ao uso de produtos quelantes de metais.

Em relação ao Mn – elemento essencial para a produção decompostos de defesa da planta (cumarinas, ligninas, flavonóides)–, fatores como alto pH, calcário, fertilizantes nitrogenados na for-ma de nitrato, matéria orgânica e baixa umidade do solo podemdiminuir sua disponibilidade no solo e, em conseqüência, aumentara predisposição da planta às doenças.

Dr. Huber explicou que o glifosato provoca mudanças noequilíbrio microbiológico do solo e afeta a população de organis-mos benéficos para as plantas. Assim, se o produto for utilizado porvários anos, a nodulação das raízes das leguminosas é comprome-tida, e conseqüentemente a fixação biológica de N, e serão necessá-rios muitos anos para restabelecer o equilíbrio da microflora e dapopulação normal de Rhizobium.

abiótico (nutrientes, umidade, temperatura, pH, densidade, gases),meio biótico (antagonismo, sinergismo, oxidantes, redutores, com-petidores, mineralizadores) e patógeno (população, virulência, ati-vidade) (Figura 23).

Tabela 5. Patógenos de planta afetados pelo glifosato.

Aumentados pelo glifosato

Botryospheara dothidea Gaeumannomyces graminis

Corynespora cassicola Magnaporthe grisea

Fusarium avenaceum Marasmius spp.

F. graminearum Monosporascus cannonbalus

F. oxysporum f. sp. cubense Myrothecium verucaria

F. oxysporum f.sp (canola) Phaeomoniella chlamydospora

F. oxysporum f.sp. glycines Phytophthora spp.

F. oxysporum f.sp. vasinfectum Pythium spp.

F. solani f.sp. glycines Rhizoctonia solani

F. solani f.sp. phaseoli Septoria nodorum

F. solani f.sp. Pisi Thielaviopsis bassicola

Xylella fastidiosa

Diminuídos pelo glifosato (patógenos obrigatórios)

Phakopsora pachyrhizi

Puccinia graminis

Figura 24. Algumas interações microbiológicas que ocorrem no solo com ouso de glifosato.

Figura 25. Efeitos do glifosato na fisiologia das plantas.

Figura 23. Interação entre fatores que determinam a severidade dasdoenças.

Qualquer interferência no sistema agrícola pode provocaruma mudança na interação entre esses fatores, e o seu entendimen-to torna mais fácil o manejo e o controle das doenças de solo. Sabe-se, por exemplo, que a rotação de culturas reduz a incidência dedoenças, e um dos primeiros efeitos dessa prática ocorre sobre aatividade biológica do solo, a qual influencia as formas de nitrogê-nio disponíveis para as plantas ao longo do tempo bem como aquantidade residual do nutriente para a cultura subseqüente.

Mencionou que a introdução do glifosato há 30 anos pro-moveu grande mudança na agricultura, com consideráveis efeitosna nutrição e na incidência de doenças de plantas. As interações doglifosato com a microbiota do solo estão resumidas na Figura 24,com as plantas na Figura 25 e com os patógenos na Tabela 5.

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007 15

O glifosato também interfere na população de micorrizas,comprometendo a nutrição das culturas em solos com baixa dispo-nibilidade de Zn e P.

Por outro lado, o glifosato estimula o aumento de organis-mos patógenos e oxidantes de Mn, os quais indisponibilizam estenutriente para a planta e a predispõe ao ataque de doenças.

A Figura 27 mostra o efeito do glifosato no aumento dapredisposição da soja à podridão de raiz por Corynesporacassiicola, doença que no passado era de pouca importância eco-nômica, mas que atualmente tornou-se severa.

microbiologia do ambiente da rizosfera. Estas alterações na rizos-fera afetam:

(1) Ciclagem de nutrientes e, por conseqüência, sua dispo-nibilidade para as plantas;

(2) Potencial fitopatogênico e o balanço antagonístico;

(3) Composição e atividade dos microrganismos benéficos(por exemplo, micorrizas e rizobactérias promotoras do crescimentodas plantas).

Assim, o seu grupo de pesquisa no início tinha os objetivos:

(1) Entender os impactos das culturas transgênicas nasinterações com a biologia do solo e seus mecanismos; e

(2) Determinar processos para corrigir os fatores limitantesderivados das interações detrimentais entre as culturas transgênicase a biologia do solo.

Na primeira fase, seus estudos buscaram saber os efeitosdos fungos patogênicos e do nematóide de cisto (Heteroderaglycines) na soja RR. Os resultados mostraram um consistente au-mento na população de Fusarium spp. colonizando as raízes dasoja RR com a aplicação de glifosato nas doses recomendadas pelofabricante. Também observou que a colonização por Fusarium foigeralmente de duas a cinco vezes superior no tratamento com glifo-sato, quando comparado ao controle, sem glifosato (Figura 28).

Professor Huber terminou sua palestra com as recomenda-ções para os principais problemas relacionados ao uso do glifosatoou ao uso das plantas RR:

(1) Menor absorção de Mn pelas plantas RR: selecionar cul-tivares com maior eficiência para Mn.

(2) Menor translocação de Mn com a aplicação de glifosato:aplicar Mn e outros micronutrientes 8 dias após a pulverização daplanta RR com glifosato.

(3) Mudanças acumulativas na biologia da rizosfera: usarpráticas culturais que minimizem o impacto do glifosato; usarherbicida não sistêmico.

(4) Redução no desenvolvimento do sistema radicular: usaro gesso, ou superfosato simples, no sulco de semeadura.

(5) Aumento da severidade de doenças com o uso de glifo-sato: usar métodos alternativos de controle de invasoras; minimizaro uso de glifosato.

Palestra:Palestra:Palestra:Palestra:Palestra: INTERAÇÕES ENTRE GLIFOSATO E INTERAÇÕES ENTRE GLIFOSATO E INTERAÇÕES ENTRE GLIFOSATO E INTERAÇÕES ENTRE GLIFOSATO E INTERAÇÕES ENTRE GLIFOSATO EMICRORGANISMOS NA RIZOSFERA DE PLANTASMICRORGANISMOS NA RIZOSFERA DE PLANTASMICRORGANISMOS NA RIZOSFERA DE PLANTASMICRORGANISMOS NA RIZOSFERA DE PLANTASMICRORGANISMOS NA RIZOSFERA DE PLANTASRESISTENTES AO GLIFOSATORESISTENTES AO GLIFOSATORESISTENTES AO GLIFOSATORESISTENTES AO GLIFOSATORESISTENTES AO GLIFOSATORobert Kremer,Robert Kremer,Robert Kremer,Robert Kremer,Robert Kremer, USDA-ARS & University of Missouri, EstadosUnidos, e-mail: [email protected]

Dr. Kremer iniciou sua palestra mencionando que o desen-volvimento de plantas geneticamente modificadas buscou apenasa melhoria da produtividade agrícola. E que foram negligenciadosimportantes processos fisiológicos das plantas e da microbiologiado solo que podem ser afetados pelo uso desta tecnologia.

Assim, o “Sistema de Produção Roundup-Ready” constituium avanço no manejo efetivo das invasoras. No entanto, lembrouele que esta tecnologia apresenta alguns pontos fracos como: apa-recimento de invasoras com resistência ao glifosato e alterações na

O Fusarium mostrou ser bom indicador dos impactos cau-sados pelo glifosato na rizosfera das plantas transgênicas. Contu-do, como a rizosfera é um sistema complexo, tornou-se claro a ne-cessidade de estudos mais completos sobre a estrutura e as fun-ções das comunidades microbianas lá instaladas, que é o atualenfoque da pesquisa do seu grupo.

Especificamente, as novas pesquisas estudam:

(1) O Fusarium dentro da comunidade fúngica na rizosfera;

(2) Os organismos transformadores do Mn (oxidantes e re-dutores);

(3) A fixação biológica do nitrogênio pelos rizóbios;

(4) As comunidades Pseudomonad; e

(5) Os fungos micorrízicos arbusculares.

Trabalhos recentes mostram que a massa de nódulos nasoja RR é menor que na soja convencional, mesmo sem o tratamen-to com glifosato. Com o uso deste, o peso dos nódulos é ainda

Figura 28. Incidência de Fusarium na rizosfera de soja RR em função dotempo de aplicação.

Figura 27. Podridão da raiz da soja causada por Corynespora cassiicola,induzida pela aplicação de glifosato.

Controle Inoculada Inoculada + glifosato via foliar

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Apesar deste tema não ter sido discutido no Simpósio, apre-sento algumas idéias para serem testadas pelos colegas que bus-cam alternativas mais sustentáveis de manejo das invasoras naagricultura.

Não há dúvidas que nada supera o plantio direto como sis-tema de conservação do solo na agricultura. E não há dúvidas tam-bém que o sistema de plantio direto (SPD) só foi possível graçasaos herbicidas, principalmente o glifosato.

No entanto, conhecendo hoje os efeitos colaterais nega-tivos do glifosato, compete a nós utilizá-lo com os devidos cui-dados para obter o máximo de benefícios com o mínimo de ma-lefícios.

Para a produção de grãos a pesquisa já respondeu: deve-seesperar de duas a mais semanas após a dessecação para iniciar asemeadura, principalmente se o volume de plantas invasoras ou decobertura for muito grande. Tanto para variedades transgênicascomo para as convencionais.

Na cultura da cana, em que o glifosato é utilizado comomaturador, a pesquisa indica efeitos quase sempre nulos no aumen-to da produtividade de açúcar. E pior, com potencial dano ambientalquando aplicado via aérea.

menor (Figura 29). E indagou se o glifosato não estaria interferindona sinalização dos flavonóides necessária para o ancoramento dosrizóbios junto às raízes, assim como se não estaria afetando a pro-dução de substâncias promotoras de crescimento.

Figura 30. Efeito do glifosato na população de pseudomonad fluorescen-tes na rizosfera de soja RR, variedade Pioneer 93M92.

Figura 29. Efeitos da variedade e de herbicidas sobre a massa de nódulosde soja no estádio R1 de desenvolvimento.

Fonte: MARIA et al. (App. Environ. Microbiol., v. 73, p. 5075, 2007).

Nota: TankMix com herbicidas convencionais.

Mostrou também redução nas populações de pseudomonadfluorescentes, muitas delas associadas ao antagonismo de fungospatogênicos e nas transformações do Mn (Figura 30). Questionouse era efeito direto do glifosato ou efeito da variedade.

Concluiu dizendo que o conhecimento dos fatores de solo eda rizosfera que interagem com os microrganismos sob a ação doglifosato, como acontece no manejo das invasoras usando as plan-tas transgênicas, é de fundamental importância na redução ou naeliminação de seus efeitos adversos.

ENCERRAMENTOENCERRAMENTOENCERRAMENTOENCERRAMENTOENCERRAMENTO

Como síntese geral de todas as palestras, o Simpósio deixouuma mensagem bem clara: o glifosato causa efeitos colaterais negati-

vos tanto para a planta cultivada como para o rizóbio, a micorriza e osdemais microrganismos do solo, com reflexos na nutrição mineral ena resistência contra doenças. Assim, a resposta à pergunta dotítulo do Simpósio é bastante óbvia – sim, a sustentabilidade daagricultura moderna está ameaçada com o uso indiscriminado doglifosato.

Conhecendo-se as interações entre o glifosato, a planta e osmicrorganismos será possível desenvolver sistemas de manejo nosquais o uso deste herbicida será acompanhado de práticas quereduzirão ou eliminarão seus efeitos perniciosos, a curto prazo, prin-cipalmente nas culturas anuais. Mas não a longo prazo.

Torna-se, pois, urgente o desenvolvimento de novos sis-temas de manejo das invasoras para que a longo prazo não tenha-mos acúmulos desse produto em quantidades letais, tanto na plan-ta como no solo. As sugestões a seguir, sobre alternativas demanejo, não foram discutidas no Simpósio. Servem, no entanto,como ponto de partida aos interessados em buscar novas formasde manejo. Muitas informações neste sentido já foram dadas pe-las pesquisas de Ademir Calegari, Rolf Derspch e Ingo Kliever,entre outros.

ALTERNATIVAS DE MANEJO SUSTENTÁVELALTERNATIVAS DE MANEJO SUSTENTÁVELALTERNATIVAS DE MANEJO SUSTENTÁVELALTERNATIVAS DE MANEJO SUSTENTÁVELALTERNATIVAS DE MANEJO SUSTENTÁVEL

A cultura de citros pode estar sofrendo os efeitos colaterais deseu próprio manejo com o glifosato, assim como da deriva dematuradores de cana, que provocam o aumento do nível de etileno.Como se sabe, o aumento do nível de etileno na planta promove altera-ções plasmáticas, favorecendo todo o tipo de doenças. Talvez seja aexplicação para a sucessão de novas doenças observadas na citricultura.

O manejo alternativo das invasoras em culturas perenes temsido feito com sucesso utilizando-se métodos mecânicos variados,com os quais busca-se instalar um sistema próximo ao SPD que se fazpara grãos mas com eliminação ou uso muito reduzido de glifosato.

Consideramos equivocado no atual SPD a eleição dasgramíneas como plantas de cobertura. Se no lugar dessas fossemutilizadas leguminosas, o manejo poderia ser mecânico, através derolo-faca. Assim, não seria necessário esperar duas a três semanaspara a semeadura e, até então, estas plantas continuariam reciclandonutrientes e sintetizando nitrogênio para a cultura de verão.

Podemos ter nas regiões tropical e subtropical uma agricul-tura muito mais eficiente que a do hemisfério Norte. Temos queutilizar melhor nossa vantagem competitiva de poder manter emfuncionamento a usina fotossintética praticamento o ano todo. Amonocultura da soja deve ser substituída pela rotação de culturas,

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Figura 30. Bio-nitrogênio via ervilhaca peluda: a nova revolução dentro do sistema plantio direto. Fazenda de Jorge Romagnoli, Argentina.Crédito das fotos: Fernando Garcia.

e a responsabilidade de produzir matéria orgânica para o solo deveser dada ao milho de alta produtividade.

Por que não sonhar com uma safra de 80 sacas ha-1 de soja emum ano e 200 sacas ha-1 de milho no outro? E entre uma cultura e outrausar planta produtora de bio-nitrogênio num ano e bio-herbicida nooutro? Como, por exemplo, utilizar, após a soja, uma cobertura comcrotalária juncea, ervilhaca peluda ou tremoço, que manejada comrolo-faca, além de controlar as invasoras, forneceria a quase totalida-de do nitrogênio para a cultura de milho subseqüente? Este, por suavez, seria seguido pelo nabo forrageiro que, pela sua alelopatia, seriao herbicida natural do sistema. E ambas as culturas, soja e milho,seriam transgênicas, para usar o glifosato, quando necessário.

Meschede et al. (2007), avaliando diferentes coberturas nasupressão de plantas daninhas em Cáceres, MT, no período de Julhoa Setembro, obtiveram 11,8 t ha-1 de matéria seca de sorgo forrageiroe 7,5 t ha-1 de crotalária. Considerando o teor de 3% de N na matériaseca, a produtividade da crotalária seria equivalente a 225 kg ha-1 deN ou 500 kg ha-1 de uréia. É uma ótima informação provando afactibilidade desta planta mesmo na região Centro-Oeste do País.

Em 2006 testamos o nabo forrageiro como planta de cobertu-ra precedendo o milho. Além de produzir 1.200 kg de sementes porhectare ele proporcionou bom controle das invasoras na cultura domilho, apenas com a aplicação de atrazina (Figura 28). Foi um bominício para o programa que pretendemos continuar no futuro.

Recentemente conhecemos um sistema bastante semelhanteaplicado em área de 3.000 hectares de milho na propriedade de JorgeRomagnoli, em Montebuey, Província de Cordoba, na Argentina (Fi-guras 29 e 30). Além de engenheiro agrônomo, ele é também o presi-dente da AAPRESID – Associação Argentina de Produtores em Plan-tio Direto. Devido ao solo extremamente fértil (ainda), aduba apenaso trigo e colhe 3 safras em dois anos, sendo 4-5 t ha-1 de trigo, 4 t ha-1 desoja de 2a (após o trigo) e 10,8 t ha-1 de milho, este após ervilhacapeluda com 7 t ha-1 de matéria seca, fixando 210 kg ha-1 de N.

Figura 28. Campo de nabo forrageiro, fazenda do Engenheiro AgrônomoSeiji Kimoto, Campo Mourão, PR (19/08/2006).

Figura 29. Rolo-faca: equipamento fundamental para manejo visando agri-cultura sustentável.

Acreditamos que sistemas de manejo de invasoras mais sus-tentáveis que os atuais, como o feito por Jorge Romagnoli, poderãotambém ser desenvolvidos no Brasil. Mas para que isso ocorra épreciso determinação!

Ervilhaca peluda: Maio-Outubro,7 t MS, 210 kg ha-1 de N

Trigo: Maio-Novembro Cobertura com ervilhaca

Milho: Outubro-Maio

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18 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007

3. TRACE ELEMENT MOBILIZATION IN SOILS BYGLYPHOSATE

BARRETT, K.A.; McBRIDE, M. B. Soil Science Society ofAmerica Journal, v. 70, p. 1882-1888, 2006.

Glyphosate, the most widely used herbicide in agriculture,has a strong tendency to sorb on minerals by bonding with surfacemetals through its metal-coordinating functional groups. However,this same chemical process can potentially mobilize sorbed tracemetals by chelation and sorbed anions such as phosphate bydisplacement. The tendency for glyphosate to mobilize Cu and otherelements was tested in soil leaching experiments by applyingglyphosate alone or complexed with Cu to mineral and organic soilcolumns and measuring the concentrations of these elements in theleachates by inductively coupled plasma (ICP) spectrophotometry.Complexation with glyphosate inhibited Cu sorption on the soilcolumns, rendering this metal more mobile in both the mineral andorganic soil. Glyphosate mobility was also enhanced when appliedto the organic soil as the Cu complex, but this effect was not detectedwith the mineral soil. Glyphosate was adsorbed more completely onthe organic soil than the mineral soil, suggesting a metal bridgingmechanism to explain sorption of this anionic molecule.

DIVULGANDO A PESQUISA

2. ALTERATIONS INDUCED BY GLYPHOSATE ON LUPINPHOTOSYNTHETIC APPARATUS AND NODULEULTRASTRUCTURE AND SOME OXYGEN DIFFUSIONRELATED PROTEINS

MARÍA, N. de; FELIPE, M. R. de; FERNÁNDEZ-PASCUAL, M.Plant Physiology and Biochemistry, v. 43, p. 985-996, 2005.

The effects of glyphosate on protein metabolism, mesophyllcell ultrastructure and nodule ultrastructure and functioning ofLupinus albus cv. Multolupa inoculated with Bradyrhizobium sp.(Lupinus) were investigated. Young leaves and nodules wereespecially affected because these organs act as sinks of the her-bicide. The alterations on nodular and chloroplast ultrastructurevaried depending on herbicide concentration and time of exposure.After 3 days of 2.5 mM glyphosate application some toxic effectswere detected. The most important alterations on nodules were theprogressive cellular degradation of plant and bacteroidal cytosoland the rupture of bacteroidal membrane, whilst the peribacteroidmembrane of the symbiosomes was preserved. This is the first reporton the effect of glyphosate on legume-nodule ultrastructure.

Glyphosate inhibited B. sp. (Lupinus) growth at concentra-tions higher than 62.5 μM. In the mesophyll cells, gradualdisorganization of grana and intergrana was observed, loosing theparallel alignment with the chloroplast axis. As in nodules, degra-dation of membrane systems was observed, with the deformation,and even the rupture, of the tonoplast. These progressive effectswere similar to those described in senescence processes. The adverseeffects produced on infected zone can be due both to a direct effectof the herbicide on microsymbiont and to an indirect effect ofglyphosate action on photosynthetic apparatus. Glyphosate produ-ced changes in nodule cytosol and bacteroid proteins content andpolypeptide pattern of leaves and nodules. With respect to proteinsrelated to the oxygen diffusion mechanism, a large decrease inleghemoglobin and glycoproteins (recognized by antibodies MAC236and MAC265) content was detected, which suggests that the oxygendiffusion mechanisms were also affected by glyphosate.

1. DANOS MORFOANATÔMICOS CAUSADOS PELOGLYPHOSATE EM FOLHAS DE Eucalyptus grandis W.Hill ex Maiden (Myrtaceae)

SANT’ANNA-SANTOS, B. F.;TIBURCIO, R. A. S.; SANTOS,L. D. T.; MEIRA, R. M. S. A.; FERREIRA, F. A.; SILVA, E. C. F.da; MELO, C. A. D. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBREGLYPHOSATE, 1., 2007, Botucatu. Anais... Botucatu: FCA-UNESP, 2007. p. 322-325. 1 CD-ROM.

A sintomatologia é muito utilizada para avaliar os danoscausados por fatores bióticos e abióticos em plantas. Contudo,aspectos estruturais auxiliam na compreensão dos mecanismos deintoxicação e no diagnóstico precoce da injúria. Diante do exposto,os efeitos da deriva simulada de quatro formulações comerciais deglyphosate (Scout®, Roundup NA®, Roundup transorb® e ZappQI®) na dose de 129,6 g ha-1 do princípio ativo foram avaliadassobre a anatomia foliar de seis clones de Eucalyptus grandis(UFV01, UFV02, UFV03, UFV04, UFV05 e UFV06). Para microscopia,fragmentos de folhas aparentemente sadias foram coletados 14 diasapós a aplicação dos herbicidas.

Os clones apresentaram sintomas a partir do quarto dia deexposição, independente da formulação utilizada. Anatomicamente,o clone UFV04 não apresentou injúrias. Nos demais clones, osherbicidas ocasionaram plasmólise, colapso celular, hipertrofia eformação de tecido de cicatrização, não influenciando na espessuradas folhas. Considerando-se a análise anatômica, plantas expostasao Roundup NA® apresentaram maior número de mudanças estru-turais (Figura 1). O clone UFV06 foi o mais sensível à ação dasformulações testadas. Os resultados confirmam o prognóstico daanatomia vegetal, sendo o estudo conjunto com avaliações morfo-lógicas fundamental para avaliar a sensibilidade entre os clones e opotencial fitotóxico de herbicidas.

Figura 1. Danos anatômicos em folhas de Eucalyptus grandis expostos àderiva de glyphosate (secções transversais ao microscópio deluz). A. Clone UFV03: região intermediária da folha. B. CloneUFV01: nervura mediana. C. Clone UFV03: formação de tecidode cicatrização (setas) no parênquima lacunoso (Pl) e hipertrofiacelular (*). D. Clone UFV01: Plasmólise do tecido, com exceçãodas células do xilema (Xi).

Abreviaturas: Co (colênquima); Cs (cavidade secretora); Eb (face abaxial daepiderme); Ed (face adaxial da epiderme); Es (estômato); Fl (floema).

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007 19

5. SIMULATED GLYPHOSATE DRIFT INFLUENCESNITRATE ASSIMILATION AND NITROGEN FIXATIONIN NON-GLYPHOSATE-RESISTANT SOYBEAN

BELLALOUI, N.; REDDY, K. N.; ZABLOTOWICZ, R. M.;MENGISTU, A. Journal of Agriculture and Food Chemistry,v. 54, p. 3357-3364, 2006.

Nontarget injury from glyphosate drift is a concern amonggrowers using non-glyphosate-resistant (non-GR) cultivars. Theeffects of glyphosate drift on nitrate assimilation and nitrogen fixa-tion potential, nodule mass, and yield of non-GR soybean wereassessed in a field trial at Stoneville, MS. A non-GR soybean cul-tivar ‘Delta Pine 4748S’ was treated with glyphosate at 12.5% of

6. GLYPHOSATE-INDUCED ANTHER INDEHISCENCE INCOTTON IS PARTIALLY TEMPERATURE DEPENDENTAND INVOLVES CYTOSKELETON AND SECONDARYWALL MODIFICATIONS AND AUXIN ACCUMULATION

YASUOR, H.; ABU-ABIED, M.; BELAUSOV, E.; MADMONY,A.; SADOT, E.; RIOV, J.; RUBIN, B. Plant Physiology, v. 141,p. 1306-1315, 2006.

Yield reduction caused by late application of glyphosate toglyphosate-resistant cotton (Gossypium hirsutum; GRC) expressingCP45-enol-pyruvylshikmate-3-P synthase under the cauliflowermosaic virus-35S promoter has been attributed to male sterility. Thisstudy was aimed to elucidate the factors and mechanisms involvedin this phenomenon. Western and tissue-print blots demonstrateda reduced expression of the transgene in anthers of GRC comparedto ovules of the same plants. Glyphosate application to GRCgrownat a high temperature regime after the initiation of flower buds causeda complete loss of pollen viability and inhibition of anther dehiscence,while at a moderate temperature regime only 50% of the pollen grainswere disrupted and anther dehiscence was normal. Glyphosate-damaged anthers exhibited a change in the deposition of thesecondary cell wall thickenings (SWT) in the endothecium cells,from the normal longitudinal orientation to a transverse orientation,and hindered septum disintegration. These changes occurred onlyat the high temperature regime. The reorientation of SWT in GRCwas accompanied by a similar change in microtubule orientation.

A similar reorientation of microtubules was also observed inArabidopsis (Arabidopsis thaliana) seedlings expressing greenfluorescent protein tubulin (tubulin a 6) following glyphosatetreatment. Glyphosate treatment induced the accumulation of highlevels of indole-3-acetic acid in GRC anthers. Cotton plants treatedwith 2,4-dichlorophenoxyacetic acid had male sterile flowers, withSWTabnormalities in the endothecium layer similar to thoseobserved in glyphosate-treated plants. Our data demonstrate thatglyphosate inhibits anther dehiscence by inducing changes in themicrotubule and cell wall organization in the endothecium cells,which are mediated by auxin.

4. EFEITOS DE DIFERENTES FORMULAÇÕES CO-MERCIAIS DE GLYPHOSATE SOBRE ESTIRPES DEBradyrhizobium

SANTOS, J. B.; JACQUES, R. J. S.; PROCÓPIO, S. O.; KASUYA,M. C. M.; SILVA, A. A.; SANTOS, E. A. Planta Daninha, v. 22,n. 2, p. 293-299, 2004.

O objetivo deste trabalho foi avaliar efeitos de formulaçõescomerciais de glyphosate sobre estirpes de Bradyrhizobium, emcondições de laboratório. As formulações foram aplicadas na con-centração de 43,2 μg L-1 do equivalente ácido. As bactérias foraminoculadas em meio de cultura à base de manitol e extrato de leve-dura (YM). O efeito do herbicida no crescimento das estirpes deBradyrhizobium foi avaliado mediante leitura da densidade óticaem espectrofotômetro. Avaliou-se o crescimento das estirpes deB. japonicum SEMIA 5079 e de B. elkanii SEMIA 5019 e SEMIA 587sob efeito de nove formulações de glyphosate: Zapp Qi, Roundup,Roundup Multiação, Roundup Transorb, Roundup WG, Trop,Agrisato, glyphosate técnico [padrão de N-(phosphonomethyl)glycina] e controle sem adição de herbicida (testemunha para asestirpes). Foram utilizadas seis repetições. Confeccionaram-se cur-vas de crescimento para cada estirpe.

Pelos resultados, pôde-se observar que todas as formulaçõesde glyphosate causaram efeitos diferenciados sobre as estirpes deBradyrhizobium SEMIA 5019, SEMIA 5079 e SEMIA 587. Constatou-se que a formulação Zapp Qi foi a menos tóxica às estirpes deBradyrhizobium avaliadas. A maior toxicidade foi observada paraRoundup Transorb, que provocou reduções no crescimento acima de94% para todas as estirpes de Bradyrhizobium estudadas. Não seobservou correlação entre o tipo de sal – isopropilamina, amônio oupotássico, presentes na formulação herbicida – e o grau de inibição nocrescimento das estirpes. SEMIA 587 foi a estirpe menos tolerante àmaioria das formulações testadas, porém SEMIA 5019 foi a mais sensí-vel ao glyphosate padrão, sem adição de sais ou de outros aditivos.

The application of a commercial Roundup spray to long-contaminated soils containing elevated concentrations of heavymetals and phosphate resulted in significant increases in the leachingof Cu, Zn, Al, Ni, P, Si, and As. No significant increases in elementalleaching were detected in mineral and organic soils with normalbackground concentrations of heavy metals and P. Batch equili-bration studies confirmed the glyphosate-enhanced dissolution ofCu in Cu-contaminated soils, but reductions of free Cu2+ activitywere measured only in uncontaminated soils. The results indicatethat several elements, particularly Cu, Al, and P, could be mobilizedwithin the thin surface layer of soils receiving a high effective rateof glyphosate during herbicide application.

use rate of 0.84 kg of active ingredient/ha at 3 (V2), 6 (V7), and 8(R2, full bloom) weeks after planting (WAP) soybean to simulateglyphosate drift. Untreated soybean was used as a control. Soybeanswere sampled weekly for 2 weeks after each glyphosate treatmentto assess nitrate assimilation and N

2 fixation potential. Nitrate assi-

milation was assessed using in vivo nitrate reductase assay in lea-ves, stems, roots, and nodules. Nitrogen fixation potential wasassessed by measuring nitrogenase activity using the acetylenereduction assay (ARA). Nitrogen content of leaves, shoots, andseed and soybean yield were also determined. In the first samplingdate (4 WAP), glyphosate drift caused a significant decrease inNRA in leaves (60%), stems (77%), and nodules (50%), with nodecrease in roots. At later growth stages, NRA in leaves was moresensitive to glyphosate drift than stems and roots.

Nitrogenase activity was reduced 36-58% by glyphosatetreatment at 3 or 6 WAP. However, glyphosate treatment at 8 WAPhad no effect on nitrogenase activity. Nitrogen content was affectedby glyphosate application only in shoots after the first application.No yield, seed nitrogen, protein, or oil concentration differenceswere detected. These results suggest that nitrate assimilation andnitrogen fixation potential were significantly reduced by glyphosatedrift, with the greatest sensitivity early in vegetative growth.Soybean has the ability to recover from the physiological stresscaused by glyphosate drift.

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20 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007

9. SOIL POTASSIUM DEFICIENCY AFFECTS SOYBEANPHLOEM NITROGEN AND SOYBEAN APHID POPU-LATIONS

WALTER, A. J.; DiFONZO, C. D. Environmental Entomology,v. 36, n. 1, p. 26-33, 2007.

The soybean aphid is an invasive pest in the midwest UnitedStates, with frequent population outbreaks. Previous work hasshown that aphid population densities are higher on potassium-deficient soybean than on healthy soybean. The experimentsreported here test the hypotheses that the potassium nutrition ofthe host plant affects the forms of phloem nitrogen available tosoybean aphids, and subsequently, their abundance.

In field surveys and an exclusion cage study when aphidpopulations were high, soybean plants with potassium deficiencysymptoms had a higher density of soybean aphids than plantswithout deficiency symptoms. In clip cage experiments, this effectwas caused by earlier aphid reproduction and higher numbers ofaphid nymphs per mother on plants growing in lower-potassiumsoil. In phloem exudation samples, the percentage of asparagine, animportant amino acid for aphid nutrition, increased with decreasingsoil potassium, perhaps because of potassium’s role in the nitrogenuse of the plant. Taken together, these results show that soybeanpotassium deficiency can lead to higher populations of soybean aphidthrough a bottom-up effect. A possible mechanism for this relationshipis that soybean potassium deficiency improves the nitrogen nutri-tion of these N-limited insects. By releasing these herbivores fromN limitation, host plant potassium deficiency may allow soybeanaphid populations to reach higher levels more rapidly in the field.

10. YIELD PHYSIOLOGY OF RICE

FAGERIA, N. K. Journal of Plant Nutrition, v. 30, p. 1-37, 2007.

Rice (Oryza sativa L.) is a staple food for more than 50% ofthe world’s population, including regions of high population den-sity and rapid growth. Rice is produced under both upland andlowland ecosystems with about 76% of the global rice producedfrom irrigated lowland rice systems. The objective of this article isto discuss growth and formation of yield components in rice duringcrop growth cycles. The yield components of rice are the number ofpanicles per unit area, number of spikelets per panicle, weight ofspikelet and spikelet sterility or filled spikelet. In addition, shootdry weight, grain harvest index, and nitrogen (N) harvest index arealso positively associated with grain yield. These yield componentsand yield associated parameters are formed during crop growthcycle. Growth cycle of the rice plant is divided into three stages.These stages are 16 designated as vegetative, reproductive andspikelet filling or ripening. Yield potential of rice is formed or definedduring these growth stages. Plant height, tillering (associated withpanicle number), root growth, leaf area, and morphology are themain features of vegetative growth stage. In the reproductive growthstage panicle development takes place. Booting and flowering arepart of the reproductive growth stage. Panicle size or spikelets perpanicle are determined in the reproductive growth stage. Spikeletsize or weight is determined during the spikelet filling growth stage.

The reproductive growth stage is the most sensitive to bioticand abiotic stresses, followed by spikelet filling and vegetative growthstage. Recent advances in molecular linkage maps of rice and otherdevelopments of molecular biology offer new opportunities forimproving rice yield components in favor of higher yield.

8. RELAÇÃO ENTRE ATRIBUTOS DE SOLOS E OXIDAÇÃODE ENXOFRE ELEMENTAR EM QUARENTA E DUASAMOSTRAS DE SOLOS DO BRASIL

HOROWITZ, N.; MEURER, E. J. Revista Brasileira de Ciênciado Solo, v. 31, n. 3, p. 455-463, 2007. (www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-06832007000300005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt)

O uso do S-elementar como fertilizante pode reduzir custosde produção. É necessária, porém, a sua oxidação a S-sulfato, formadisponível à planta. Poucas informações são encontradas na litera-tura sobre a capacidade de solos brasileiros em oxidar S-elementar.Este trabalho foi realizado com os objetivos de determinar a taxa deoxidação de S-elementar em amostras de 42 solos coletadas emvários Estados do Brasil e verificar como atributos de solos podemafetar a oxidação. O estudo foi realizado com amostras coletadas nohorizonte A, na camada de 0 a 20 cm, que foram incubadas comS-elementar na dose de 10 g kg-1 de S0 no solo por 90 dias em estufana temperatura de 27 ± 1ºC, em frascos de vidro com capacidadepara 150 mL.

As amostras dos 42 solos apresentaram taxas de oxidaçãodo S-elementar a S-sulfato que variaram de 1,95 a 21,89 µg cm-2 dia-1

de S0. A taxa de oxidação do S-elementar se correlacionou positiva-mente com o teor de matéria orgânica (MO) e negativamente com osteores de Al trocável e o teor inicial de S dos solos. O pH e os teoresde argila, P e K disponíveis, Ca e Mg trocáveis não afetaram a taxade oxidação do S-elementar dos solos.

7. PRODUTIVIDADE DA CANA-DE-AÇÚCAR RELACIO-NADA À LOCALIZAÇÃO DE ADUBOS NITROGENADOSAPLICADOS SOBRE OS RESÍDUOS CULTURAIS EMCANAVIAL SEM QUEIMA

VITTI, A. C.; TRIVELIN, P. C. O.; GAVA, G.. J. de C.; FRANCO, H.C. J.; BOLOGNA, I. R.; FARONI, C. E. Revista Brasileira deCiência do Solo, v. 31, n. 3, p. 491-498, 2007 (www.scielo.br/pdf/rbcs/v31n3/a09v31n3.pdf).

O conhecimento agronômico a respeito do manejo adequa-do de canaviais sem queima da palha ainda é limitado, principal-mente no que se refere à adubação nitrogenada. O experimento foidesenvolvido em campo com o objetivo de avaliar a produtividadee o balanço de 15N-fertilizantes no sistema solo-planta-palha e aperda de NH

3 por volatilização, em soqueira colhida mecanica-

mente sem queima, comparando-se a localização de fontes nitro-genadas aplicadas em superfície. O cultivar de cana-de-açúcar foio SP81-3250. O delineamento experimental foi o de blocos comple-tos inteiramente casualizados, com quatro repetições. Os tratamen-tos constaram de quatro fontes de N: nitrato de amônio (NA), sulfa-to de amônio (SA), uréia (U) e uran (UA), na dose de 70 kg ha-1 de N,com aplicação sobre a palha em área total ou em faixa, dos doislados da linha da soqueira. Nas parcelas que receberam SA e Uforam instaladas microparcelas, com os fertilizantes marcados em15N. As fontes nitrogenadas U e UA, que contêm N na forma amídica,apresentaram as maiores perdas de amônia por volatilização, espe-cialmente quando aplicadas em faixa. As perdas de N por vola-tilização causaram redução na produtividade da cana-de-açúcar,porém a localização dos fertilizantes nitrogenados não influencioua produtividade de cana. Independentemente da localização dasfontes nitrogenadas, a recuperação do 15N pela cana-de-açúcar dafonte SA foi o dobro em relação à da U. A recuperação no sistemasolo-planta-palha para SA e U foi de 74% e 55%, respectivamente.

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007 21

13. YIELD, NUTRIENT UPTAKE, AND SOIL CHEMICALPROPERTIES AS INFLUENCED BY LIMING AND BORONAPPLICATION IN COMMON BEAN IN A NO-TILLAGESYSTEM

FAGERIA, N. K.; BALIGAR, V. C.; ZOBEL, R. W. Commu-nications in Soil Science and Plant Analysis, v. 38, p. 1-17, 2007.

In Oxisols, acidity is the principal limiting factor for cropproduction. In recent years, because of intensive cropping on thesesoils, deficiency of micronutrients is increasing. A field experimentwas conducted on an Oxisol during three consecutive years toassess the response of common bean (Phaseolus vulgaris L.) undera no-tillage system to varying rates of lime (0, 12, and 24 kg ha-1 Mg)and boron (0, 2, 4, 8, 12, 16, and 24 kg ha-1) application. Both timeand boron (B) were applied as broadcast and incorporated into thesoil at the beginning of the study. Changes in selected soil chemicalproperties in the soil profile (0- to 10- and 10- to 20-cm depths) withliming were also determined.

During all three years, gain yields increased significantlywith the application of lime. However, B application significantlyincreased common bean yield in only the first crop. Only limeapplication significantly affected the soil chemical properties [pH;calcium (Ca2+); magnesium (Mg2+); hydrogen (H+) + aluminum(Al3+); base saturation; acidity saturation; cation exchange capacity(CEC); percent saturation of Ca2+, Mg2+, and potassium (K+); andratios of exchangeable Ca/Mg, Ca/K, and Mg/K] at both soil depths(0-10 cm and 10-20 cm). A positive significant association wasobserved between grain yield and soil chemical properties. Averagedacross two depths and three crops, common bean produced maximumgrain yield at soil pH

w of 6.7, exchangeable (cmol

c kg-1) of Ca2+ 4.9,

Mg2+ 2.2, H+ + Al3+ 2.6, acidity saturation of 27.6%, CEC of 4.1 cmolc

kg-1, base saturation of 72%, Ca saturation of 53.2%, Mg saturationof 17.6%, K saturation of 2.7%, Ca/Mg ratio of 2.8, Ca/K ratio of25.7, and Mg/K ratio of 8.6. Soil organic matter did not changesignificantly with addition of lime.12. ANATOMIA DE RAMOS E FOLHAS DE CAFEEIRO SOB

DEFICIÊNCIA DE BORO

ROSOLEM, C. A.; LEITE, V. M. Revista Brasileira de Ciênciado Solo, v. 31, n. 3, p. 477-483, 2007. (www.scielo.br/pdf/rbcs/v31n3/a07v31n3.pdf)

A deficiência de B é muito comum nos cafezais brasileiros,mas as respostas do cafeeiro ao B têm sido erráticas, dependendodo ano, do modo e época de aplicação e, ainda, da fonte de Bempregada. Um melhor entendimento dos efeitos do B na fisiologiae anatomia do cafeeiro é importante para o desenvolvimento de umprograma racional de adubação boratada, uma vez que a anatomiada planta pode influenciar a translocação do nutriente. Neste expe-rimento, plantas de dois cultivares foram cultivadas em soluçõesnutritivas com 0,0 (deficiente), 5,0 (adequado) e 25,0 µM (alto) de B.Quando os primeiros sintomas de deficiência apareceram, as folhasforam cortadas e tiveram suas paredes celulares isoladas e analisa-das quanto aos teores de B e Ca. Cortes foram feitos em folhasnovas e no ápice de ponteiros e fotografados em microscópio ele-trônico de varredura. A resposta dos dois cultivares ao B foi seme-lhante, não tendo sido observados sintomas de toxidez. O teor de Bnas paredes celulares foi aumentado com o incremento da concen-tração desse elemento na solução, enquanto o teor de Ca não foiafetado. A relação Ca/B decresceu com o aumento da concentraçãode B na solução. Com deficiência de B, os tecidos vasculares foramdesorganizados e as paredes do xilema ficaram mais finas. Folhasde café com deficiência deste nutriente apresentaram menosestômatos, os quais se encontravam deformados.

11. NITROGÊNIO E ENXOFRE NA PRODUÇÃO E NO USO DEÁGUA PELO CAPIM-BRAQUIÁRIA EM DEGRADAÇÃO

BONFIM-SILVA, E. M.; MONTEIRO, F. A.; SILVA, T. J. A. da.Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 31, n. 2, p. 309-317,2007. (www.scielo.br/pdf/rbcs/v31n2/a13v31n2.pdf)

O N tem sido indispensável na formação, manutenção e re-cuperação de pastagens e seu efeito tem mostrado ser dependentedo suprimento de S. Assim, com base na hipótese de que o incre-mento de N na adubação torna necessário aumentar o fornecimentode S para recuperar o capim-braquiária (Brachiaria decumbens Stapf)e de que a adubação melhora também a eficiência no uso de águapelo capim, objetivou-se avaliar a recuperação do capim-braquiária,mediante fornecimento de doses de N e de S, por meio da área foliar,a produção de massa seca da parte aérea e o consumo e a eficiênciano uso de água pelo capim. Coletaram-se amostras indeformadasde solo em cilindros de 15 cm de diâmetro e 20 cm de profundidadecom capim-braquiária + solo de uma pastagem em estádio de degra-dação. O solo foi classificado como Neossolo Quartzarênico. Oexperimento foi realizado em casa de vegetação, em Piracicaba-SP,no período de Novembro de 2003 a Março de 2004. Foram combina-das cinco doses de N (0, 100, 200, 300 e 400 mg dm-3) com cincodoses de S (0, 10, 20, 30 e 40 mg dm-3), num estudo de superfície deresposta baseado em desenho experimental composto central mo-dificado de um fatorial 52 fracionado. Foram realizados três cortesnas plantas, com intervalos regulares de 30 dias. A interação entreas doses de N e de S foi significativa apenas no primeiro crescimen-to do capim, com exceção da área foliar, para a qual essa interaçãofoi significativa no primeiro e no segundo crescimento. Houve efei-to isolado do N no segundo e no terceiro crescimento. O forneci-mento simultâneo de N e S na adubação contribuiu na recuperaçãodo capim-braquiária, aumentando a área foliar e a produção de massaseca, elevando o consumo e a eficiência no uso de água pela planta.

14. FONTES E PERÍODOS DE CONTATO DE FERTILIZANTESE GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Brachiaria brizantha

MATEUS, G. P.; BORGHI, É.; MARQUES, R. R.; BÔAS, R. L. V.;CRUSCIOL, C. A. C. Revista Brasileira de Ciência do Solo,v. 31, p. 177-183, 2007. (www.scielo.br/pdf/rbcs/v31n1/18.pdf)

A mistura de sementes forrageiras com fertilizantes podeviabilizar o cultivo consorciado, por diminuir a competição com acultura produtora de grãos. No entanto, se realizada muito antes dasemeadura, pode prejudicar a emergência e o estabelecimento dasforrageiras. Realizou-se trabalho em condições de laboratório e casade vegetação, em Botucatu (SP), com o objetivo de avaliar a germina-ção de sementes de Brachiaria brizantha em razão do tempo demistura com fertilizantes químicos. O delineamento experimental em-pregado foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições. Ostratamentos constaram de um fatorial 6 x 8, constituído de diferentesperíodos de contato das sementes de Brachiaria brizantha cultivarMarandu (0, 6, 12, 24, 48 e 96 h) com os fertilizantes uréia, sulfato deamônio, cloreto de potássio, sulfato de potássio, superfosfato sim-ples, superfosfato triplo e formulado N-P-K (8-28-16) nas formas demistura de grânulos e farelado. Não houve relação entre os testes degerminação em laboratório e a emergência a campo. No solo, a emer-gência das plântulas de Brachiaria brizantha não é afetada se reali-zada a mistura com fertilizantes minerais fosfatados, cloreto de potás-sio e formulado farelado até 96 h antes da semeadura.

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22 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007

PAINEL AGRONÔMICO

LUÍS PROCHNOW JUNTA-SE AO STAFF DO IPNILUÍS PROCHNOW JUNTA-SE AO STAFF DO IPNILUÍS PROCHNOW JUNTA-SE AO STAFF DO IPNILUÍS PROCHNOW JUNTA-SE AO STAFF DO IPNILUÍS PROCHNOW JUNTA-SE AO STAFF DO IPNICOMO DIRETOR DO PROGRAMA DO BRASILCOMO DIRETOR DO PROGRAMA DO BRASILCOMO DIRETOR DO PROGRAMA DO BRASILCOMO DIRETOR DO PROGRAMA DO BRASILCOMO DIRETOR DO PROGRAMA DO BRASIL

Dr. Luís Ignácio Prochnow es-tará se juntando ao staff do Inter-national Plant Nutrition Institute(IPNI) em 15 de Outubro próximo e setornará o diretor efetivo do Programado Brasil em 1o de Dezembro de 2007.Dr. Tsuioshi Yamada, que tem sido di-retor do IPNI-Brasil há muitos anos,estará se aposentando efetivamenteem 30 de Novembro próximo.

Dr. Prochnow vai se estabele-cer no escritório do IPNI em Pira-cicaba, SP, e será responsável pelosprogramas agronômicos do Instituto no Brasil. Por muitos anos elefoi Professor de Fertilidade do Solo, Adubos e Nutrição de Plantasno Departamento de Solos e Nutrição de Plantas da Escola Superiorde Agricultura “Luiz de Queiroz”, USP, localizada também emPiracicaba.

“Nós estamos muito felizes por Dr. Prochnow ter aceito estecargo. Há muitas oportunidades para a agricultura no Brasil e eletem excepcional base de conhecimento e prática”, disse Dr. TerryRoberts, Presidente do IPNI. “Dr. Prochnow planeja uma transi-ção serena e tem muitas idéias novas para o Programa do IPNI noBrasil”.

Após formar-se em Agronomia pela Universidade de SãoPaulo, em 1985, Dr. Prochnow trabalhou em um laboratório privadoaté 1990, e depois, em 1992, na Universidade UNOESTE, conquis-tou seu título de Mestrado. Em 1996, juntou-se à ESALQ comoProfessor, onde completou seu Doutorado. De 1999 a 2001, Dr. Proch-now foi Cientista Visitante no International Fertilizer DevelopmentCenter (IFDC), retornando a seguir às suas atividades na ESALQ.

Durante sua carreira profissional, Dr. Prochnow estabeleceuum recorde expressivo de realizações nos trabalhos de manejo deculturas e extensão no campo, bem como na coordenação dos pro-gramas de graduação, projetos de pesquisa, treinamento, aulas delaboratório e outras responsabilidades de liderança. Ele tem consi-derável experiência técnica internacional e uma extensiva lista depublicações científicas. Dr. Prochnow tem sido reconhecido comimportantes prêmios e títulos.

Dr. Yamada e a equipe do IPNI-Brasil dão as boas-vindasao Dr. Prochnow desejando-lhe muito sucesso na missão de pro-mover o uso apropriado de nutrientes no sistema de produção agrí-cola de forma responsável e socialmente desejável.

O IPNI, que começou a operar em 2007, é uma organizaçãocientífica, sem fins lucrativos, dedicada ao manejo responsável denutrientes de plantas – N, P, K, nutrientes secundários e micro-nutrientes – para benefício da saúde humana. Com programas esta-belecidos na América Latina, América do Norte, China, Índia e Su-deste da Ásia, expandindo-se atualmente na Europa e em outrasáreas do mundo, o IPNI é uma organização global pronta a respon-der à demanda do mundo por alimento, fibra e combustível. Elarepresenta a voz unificada da indústria de fertilizantes no mundo.Atualmente, o IPNI é formado por 16 companhias-membro.

ALGODÃO VERMELHOALGODÃO VERMELHOALGODÃO VERMELHOALGODÃO VERMELHOALGODÃO VERMELHOPesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas (IAC)

cruzaram duas linhagens de algodão – a Texas Red e a IAC 87/544 –e geraram uma terceira variedade, de caules e ramificações na corvermelha, mas com características e qualidades das anteriores. Oalgodão vermelho repele pragas como o bicudo, um problema dacotonicultura, porque esses insetos não reconhecem a cor verme-lha e rejeitam o vegetal. Da norte-americana Texas Red, a nova va-riedade herdou a cor, porque apresenta baixa produtividade. DoIAC 87/544 herdou a resistência a alguns tipos de nematóides, aofungo da murcha de Fusarium e à doença ramulose, tambémprovocada por fungos. Assim, o plantio dispensa uso pesado deagrotóxicos. As primeiras pesquisas com o algodão vermelho come-çaram em 1991. Mesmo com caules vermelhos, a fibra continua bran-ca. (www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=4143&bd=4&pg=1&lg=)

LUZ DE CAPIMLUZ DE CAPIMLUZ DE CAPIMLUZ DE CAPIMLUZ DE CAPIMA primeira usina geradora de eletricidade a partir de capim

será instalada em São Desidério, município baiano. O projeto serádesenvolvido pela Dedini Indústrias de Base para a Sykué BionergyaEletricidade e está orçado em R$ 80 milhões. O contrato para aconstrução do empreendimento foi assinado durante o SimpósioInternacional e Mostra de Tecnologia da Indústria Sucroalcooleira(Simtec), em Piracicaba, no dia 17 de julho. A usina deverá entrar emoperação até dezembro de 2008 e terá capacidade de geração de 30megawatts (MW). A matéria-prima será o capim-elefante, com altacapacidade de transformar a energia solar em matéria celulósica,por meio de um ciclo de produção limpo, renovável e economica-mente viável, segundo a empresa. (www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=4145&bd=4&pg=1&lg=)

SEMENTES MAIS PRODUTIVASSEMENTES MAIS PRODUTIVASSEMENTES MAIS PRODUTIVASSEMENTES MAIS PRODUTIVASSEMENTES MAIS PRODUTIVASUma nova tecnologia desenvolvida nos laboratórios da

Embrapa Instrumentação Agropecuária, em São Carlos, no interiorpaulista, deverá fortalecer a posição do Brasil na produção mundialde biocombustíveis. Pesquisadores da entidade criaram um apare-lho de ressonância magnética nuclear para medidas ultra-rápidasda quantidade e da qualidade de óleos vegetais presentes em se-mentes de soja, mamona, dendê, girassol, amendoim e algodão, entreoutras oleaginosas, plantas que têm sido usadas ou são candidataspara a fabricação de biodiesel. O equipamento tem potencial paraanalisar o teor de óleo em mais de 10 mil sementes por hora, enquantoos métodos químicos convencionais mais rápidos existentes no mer-cado realizam apenas 60 análises no mesmo período de tempo.

Além da rapidez, a nova técnica de ressonância magnéticaapresenta outra importante vantagem. Ao contrário dos métodostradicionais, em que é necessário secar e moer as sementes a seremanalisadas, provocando sua destruição, a tecnologia de ressonân-cia magnética mantém a amostra intacta. “Com a nossa técnica, amesma semente analisada pode ser em seguida plantada”, diz opesquisador da Embrapa, Luiz Alberto Colnago, que coordenou aspesquisas. Nas técnicas convencionais, a extração do óleo empre-ga um solvente derivado de petróleo, que agride o ambiente.(www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=3368&bd=1&pg=1&lg=)

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007 23

PUBLICAÇÕES RECENTES

2. MICRONUTRIENTES NA ROCHA, NO SOLO E NA PLANTA

Autores: Motta, A. C. V.; Serrat, M.; Reismann, C. B.; Dionísio, J. A.;2007.

Conteúdo: O livro apresenta uma abordagem diferenciada, con-tendo uma revisão histórica, trazendo artigos clássi-cos e atuais, abrangendo os seguintes tópicos: ele-mentos essenciais; função dos micronutrientes e ou-tros aspectos de nutrição de plantas; teores totaisdos micronutrientes na rocha e no solo; formas demicronutrientes no solo; reação dos micronutrientesaplicados ao solo; fatores que interferem na disponi-bilidade dos micronutrientes às culturas; sistema decultivo e extração de micronutrientes; adubação commicronutrientes; fontes de micronutrientes e adubos;adição de micronutrientes no solo; deficiência, toxideze recomendação de adubação; avaliação da disponi-bilidade de micronutrientes às plantas;micronutrientes nas plantas e sua avaliação.

Número de páginas: 233Preço: R$ 25,00Pedidos: Universidade Federal do Paraná/SCA/Dept. de Solos

Telefone: (41) 3350-5677Email: [email protected]

1. MINERAL NUTRITION AND PLANT DISEASE

Editores: Datnoff, L. E.; Elmer, W. H.; Huber, D. M; 2007.Conteúdo: A química dos nutrientes de planta no solo; a fun-

ção fisiológica dos minerais na planta; o nitrogê-nio, o fósforo, o potássio, o cálcio, o magnésio, oenxofre, o ferro, o manganês, o zinco, o cobre, o clo-ro, o boro, o níquel, o silício e o alumínio e a doen-ça da planta.

Número de páginas: 278Preço: US$ 89.00Pedidos: APS Press

Email: [email protected]

4. MANUAL DA CULTURA DO MILHO

Autor: Domingos Fornasieri Filho; 2007.Conteúdo: O livro aborda aspectos socioeconômicos da cultura;

a planta; aptidão ecológica e zoneamento agroclimá-tico; manejo e uso do solo; melhoramento genético ecultivares; práticas de cultivo; nutrição e adubação;práticas de colheita e de pós-colheita do milho-grão;práticas de colheita e de pós-colheita do milho-se-mente.

Número de páginas: 574Preço: R$ 70,00Pedidos: FUNEP

Website: www.funep.com.br

3. AGROECOLOGIA – Processos ecológicos em agriculturasustentável - 3a edição

Autor: Stephen R. Gliessman; 2005.Conteúdo: Refletindo as origens da Agroecologia nos campos da

da ciência aplicada da agronomia, a obra tem uma du-pla identidade: num sentido, é projetado para ensinarecologia no contexto da agricultura; em outro, ensinaagricultura a partir de uma perspectiva ecológica. Abor-dando tópicos como introdução à agroecologia, plan-tas e fatores ambientais, interações do sistema, transi-ção à sustentabilidade, e apresentando relatos deexperiências em vários países, mostra a necessidadedos sistemas sustentáveis de produção.

Número de páginas: 653Preço: R$ 75,00Pedidos: Agrolivros

Website: http://www.agrolivros.com.br

5. MANUAL PRÁTICO DE MANEJO DE RESISTÊNCIA DEPRAGAS DOS CITROS

Autor: Santin Gravena et al.; 2006.Conteúdo: O livro aborda as causas de insucessos dos produtos

fitossanitários; ácaro da leprose dos citros; cocho-nilha ortézia dos citros; o que é resistência?; induçãode resistência e alternância; tipos de sensibilidade aprodutos fitossanitários; mecanismos de resistência;estabilidade da resistência; processo de resistência;estratégias para manejo de resistência; manejo eco-lógico contra resistência; manejo por ataque múlti-plo; tabela de uso para rotação de produtos; talhõescom problemas de controle; bioensaios com o ácaroda leprose, Brevipalpus phoenicis; bioensaios coma cochonilha ortézia, Ortezia praelonga; outros ti-pos de bioensaios; manejo prático de resistênciapelo MEP.

Número de páginas: 65Preço: R$ 70,00Pedidos: FUNEP

Email: [email protected]

6. REACTIVE NITROGEN IN THE ENVIRONMENT: Too much ortoo little of a good thing

Editores: Datnoff, L. E.; Elmer, W. H.; Huber, D. M; 2007.Conteúdo: Esta revisão analisa os impactos do nitrogênio reativo

sobre o ambiente, a saúde humana e sobre as econo-mias em escala local e global. Mostra a necessidadede integrar conhecimento científico e reforçar as po-líticas existentes para abordar os vários impactos donitrogênio reativo. São feitas recomendações sobreavaliação, acompanhamento e partilha de informa-ções e colaboração necessárias em diferentes esca-las geográficas, disciplinas e competências, visan-do desenvolver e implementar políticas coerentes eeficazes para tratar o excesso ou a deficiência denitrogênio.

Número de páginas: 51Preço: US$ 20.00Pedidos: EarthPrint

Website: www.earthprint.com

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24 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 119 – SETEMBRO/2007

• Agrium Inc.• Arab Potash Company• Belarusian Potash Company• Bunge Fertilizantes S.A.• CF Industries Holding, Inc.• Intrepid Mining, LLC.

• K+S Kali GmbH• Mosaic• Office Chérifien des Phosphates Group• PotashCorp• Saskferco• Simplot

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Tsuioshi Yamada

AOS MEUS AMIGOS, O MEU MUITO OBRIGADO!AOS MEUS AMIGOS, O MEU MUITO OBRIGADO!AOS MEUS AMIGOS, O MEU MUITO OBRIGADO!AOS MEUS AMIGOS, O MEU MUITO OBRIGADO!AOS MEUS AMIGOS, O MEU MUITO OBRIGADO!

INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTERua Alfredo Guedes, 1949 - Edifício Rácz Center - sala 701 - Fone/Fax: (19) 3433-3254

Endereço Postal: Caixa Postal 400 - CEP 13400-970 - Piracicaba (SP) - Brasil

T. YAMADA - Diretor, Engo Agro, Doutor em AgronomiaE-mail: [email protected] Website: www.ipni.net

Ponto de Vista

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• Sinochem Hong Kong Ltd.• Spur Ventures Inc.• SQM• Terra Industries, Inc.• Uralkali• Foundation for Agronomic Research

Iniciei como diretor do programa brasileiro do anti-go Instituto da Potassa em 1977, na época presi-dido pelo Dr. Robert Wagner, grande advogado

do conceito de Maximum Economic Yield (MEY), traduzidoe divulgado no Brasil pelo Professor Malavolta como Colhei-ta Econômica Máxima (CEM).

A sigla CEM foi o nosso mantra durante 20 anos, ofoco da nossa tarefa, sendo as entidades oficiais de ensino epesquisa do País nossas principais parceiras. Com o apoiodestas instituições divulgamos a mensagem da importânciada fertilidade do solo e da nutrição balanceada na obtençãoda CEM. Para tal, fizemos muitos cursos (em cooperaçãocom ANDA, ANDEF e outras instituições de agronegócio),simpósios, workshops, palestras e publicações.

A partir de 1997 ampliei o foco de nosso trabalho paraSASCEM – Sistema Agrícola Sustentável com Colheita Eco-nômica Máxima – e com novos parceiros prioritários – asfundações privadas de pesquisa e os grupos de produtores,GDT’s – Grupos de Desenvolvimento de Tecnologia. Tive-mos também a cooperação de perto de 30 pesquisadores doExterior. Buscava agora trabalhar, de forma holística, o siste-ma de produção e não apenas uma parte dele.

Foi um período fértil de atividades assim como de des-cobertas. Vimos que era possível atingir as sonhadas altasprodutividades, como 80 sacos ha-1 de soja ou 200 sacos ha-1

de milho, mas que estas não eram consistentes. Desenvolve-mos manejo mais sustentável para citros e perenes em geral.Conseguimos identificar o glifosato como responsável pormuitos efeitos negativos e indesejáveis na agricultura. Como,por exemplo, perdas de 11 sacas de soja e de 18 sacas de milhopor hectare ao se fazer o aplique-e-plante, de uso generalizadopelos agricultores, e não se esperar o período necessário (cer-ca de 14 dias) entre a dessecação das invasoras e a semeadu-ra da cultura. Que explicavam a falta de consistência, de umano para outro, das altas produtividades obtidas. E outros mais,documentados no encarte e no artigo principal deste jornal.

Foi a fase mais produtiva de minha vida profissional. Etambém a mais difícil, quando aprendi muito sobre a miséria,assim como a grandeza do ser humano. Aposento-me em 30 deNovembro próximo com o sentimento de missão cumprida.Para tal, foi importante o apoio dos amigos, aos quais deixo omeu caloroso muito obrigado. Aguardo a visita de vocês emmeu novo endereço: Rua Alfredo Guedes, 1949, Edifício RáczCenter, sala 208, CEP 13416-901, Piracicaba, SP, fone: 19-3301-7079, celular: 19-9221-7385, email: [email protected]