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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
INFORMÁTICA,
PRÁTICA PSICOLÓGICA E
A SUBJETIVIDADE
Por: Ludmilla Pinto da Cruz de Oliveira
Orientador
Profª: Fabiane Muniz
Rio de Janeiro
2004
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
INFORMÁTICA,
PRÁTICA PSICOLÓGICA E
A SUBJETIVIDADE
Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes
como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-
Graduação “Lato Sensu” em Psicopedagogia.
Por: Ludmilla Pinto da Cruz de Oliveira
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos aos meus pais, que
foram meus grandes amigos e incentivadores durante
toda esta longa jornada de estudos.
Aos meus amigos e professores que se tornaram
grandes aliados, e que em muito me apoiaram e
colaboraram para que este trabalho acontecesse.
DEDICATÓRIA
Ao meu marido Anderson, e a minha filha
Daniella, pela inspiração, força e paciência durante
toda a trajetória que tenho percorrido, e construído,
nesta incessante busca pelo conhecimento.
Os conceitos físicos são livres criações do intelecto humano. Não são, como se poderia pensar, determinados exclusivamente pelo mundo exterior. No esforço de entendermos a realidade, muito nos parecemos com o indivíduo que tenta compreender o mecanismo de um relógio fechado (...) Se for engenhoso, poderá formar uma imagem do mecanismo que poderia ser responsável por tudo quanto observa, mas jamais poderá estar totalmente certo de que tal imagem é a única capaz de explicar suas observações. Jamais poderá confrontar sua imagem com o mecanismo real.
Albert Einstein
RESUMO
O uso de tecnologias, que permaneceu afastado da psicologia e principalmente da
psicoterapia desde seus primórdios, tem se tornado cada vez mais presente nessa área.
Podemos destacar a utilização de testes neuropsicológicos computadorizados e
instrumentos de reabilitação de memória e atenção como recursos marcantes na prática clínica
atual. Programas de realidade virtual aplicados ao tratamento de fobias vêm sendo utilizados
como instrumento psicoterápico já há algum tempo nos Estados Unidos e na Europa.
Temos assistido, nos últimos anos, a uma crescente movimentação na Psicologia no
sentido de expandir-se para lidar com novos desafios trazidos pela revolução da tecnologia da
informação.
Porém, apesar da mobilização envolvendo diversas linhas da Psicologia, através da
produção de análises, artigos, pesquisas, teses e dissertações, congressos e simpósios, ainda
existem muitos profissionais da área que não concordam com a associação da Informática
com a Psicologia.
Contudo, através da pesquisa, observamos muitos resultados positivos obtidos através
desta “parceria”. Analisando artigos produzidos nos últimos anos, nos diversos veículos de
divulgação da Psicologia, percebemos que estão presentes estudos das mais diversas
vertentes, como Psicologia Sócio-Histórica ou Psicologia Cultural, Psicologia Cognitiva,
Psicologia Experimental, Sistêmica, e Clínica de diversas inspirações.
Devido a complexidade do tema, daremos uma maior ênfase na Psicologia Cognitiva,
nos resultados obtidos através de experimentos realizados, e principalmente, na utilização da
Informática no Psicodiagnóstico, e na avaliação Psicopedagógica.
METODOLOGIA
A metodologia baseou-se em pesquisas bibliográficas que trataram do tema em estudo.
As diversas visões bibliográficas favoreceram uma abordagem mais ampla no que se refere à
Informática no processo ensino-aprendizagem, proporcionando compreender e favorecer os
meios mais adequados para utilizá-la dentro de um contexto educativo.
SUMÁRIO
Pág
INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 9 CAPÍTULO I – Informática & Psicologia............................................................................ 11 CAPÍTULO II – Desenvolvimento, Cognição e Inteligência Artificial ................................ 21 CAPÍTULO III – A Informática na (Re) Habilitação Cognitiva............................................. 27 CAPÍTULO IV – Informática & Psicoterapia: Água e Óleo?................................................. 31 CAPÍTULO V - Psicodiagnóstico........................................................................................... 34 CONCLUSÃO........................................................................................................................ 39 REFERÊNCIAS....................................................................................................................... 41 ÍNDICE................................................................................................................................... 42 FOLHA DE AVALIAÇÃO.................................................................................................... 43
INTRODUÇÃO
"A informática é considerada como um instrumento; como se fosse novas 'lunetas' através
das quais se vê o mundo de maneira diferente. Porém, é antes de mais nada um novo modo
de reflexão, de informação, através da qual nossa visão do mundo é radicalmente
transformada."
(Pierre Lévy 1994)
Neste início de um novo milênio é impossível deixar de enfatizar (em excesso) a
importância da computação para a ciência, em especial a computação de alto desempenho.
Estamos em meio a uma profunda revolução que envolve de forma essencial à tecnologia da
informação. Computadores cada vez mais rápidos e poderosos estão cada vez mais acessíveis,
em particular para as atividades da ciência, não só para grandes instituições, mas também para
cada pesquisador individual, dando ao indivíduo e a pequenos grupos de pesquisa capacidades
e autonomia que seriam inimagináveis mesmo há alguns poucos anos. Desta forma, a ciência
passa a usufruir dos frutos da grande e fundamental revolução científica do primeiro quarto do
século XX, que testemunhou o surgimento da mecânica quântica. Desta forma, a moderna
tecnologia da informação transforma-se agora num dos principais instrumentos para permitir
o progresso da própria ciência.
A computação, em especial aquela utilizada para cálculos numéricos e de outros tipos
com desempenho extremamente alto, têm hoje um papel muito importante em todas as áreas
da ciência, sendo que em muitas delas este papel é fundamental e crucial para o seu
desenvolvimento. Não se trata aqui apenas da física e de outras ciências que tradicionalmente
fazer uso deste tipo de processamento, mas de todas as áreas da ciência. Um exemplo de uma
área onde o uso de sistemas de processamento intensivo está em pleno florescimento é a
biologia molecular, para a análise das seqüências de bases de DNA em genomas. Fica claro
que a importância da informática para a ciência tende a aumentar cada vez mais no futuro.
Assim, uma infra-estrutura computacional sólida, que supra tanto as necessidades de
comunicação quanto as de armazenamento e manipulação de informação, é hoje e será cada
vez mais no futuro um insumo essencial para viabilizar as atividades de qualquer grupo de
pesquisa.
Um dos aspectos mais recentes e profundos da revolução da informática é o que se
convencionou chamar de revolução do free software. Apesar de que as idéias e o movimento
de free software já existem há algum tempo, neste momento ele está explodindo em todo o
mundo, catalisado e capitaneado pelo enorme sucesso do primeiro sistema operacional com
open source, o Linux. A combinação do sistema operacional Linux com inúmeros outros
elementos de free software e com os modernos micro-processadores de alto desempenho e
baixo custo possibilita que mesmo grupos de pesquisa muito pequenos e com poucos recursos
possuam sistemas computacionais com poder de cálculo significativo.
Esta combinação permite também que estes mesmos grupos montem, instalem e
gerenciem os seus próprios sistemas, tanto aqueles de uso geral quanto aqueles dedicados a
processamento intensivo.
CAPÍTULO I
INFORMÁTICA & PSICOLOGIA
A Informática e a Internet, já amplamente utilizadas pelos profissionais de saúde
mental do mundo todo, começam a ser amplamente utilizadas no Brasil também. Com a
informação que chega através da Internet, agora fica mais fácil o profissional se manter
atualizado com os profissionais de outros países. Dessa forma, se estudar era importante para
se manter atualizado com as teorias, agora é necessário correr atrás do tempo perdido na área
do profissionalismo, pois nossos clientes não estão ignorando esse avanço.
Utilizar a Internet e a Informática como meio de trabalho, já faz parte do mundo dos
profissionais de saúde mental. Oferecer consultoria, atendimentos/aconselhamentos on-line ou
via e-mail, vídeo conferências, encontros/congressos, palestras, workshops, cursos,... são
algumas das possibilidades de atuação. Publico alvo? Mães/donas de casa que não têm com
quem deixar seus filhos, profissionais que têm problemas de horário, pessoas com vários tipos
de dificuldades de locomoção, brasileiros morando no exterior com dificuldades de adaptação,
indivíduos com timidez, pânico, ou simplesmente, pessoas que tenham curiosidade e queiram
saber o que é uma terapia.
Aparecem então duas questões, a da que a máquina é um equipamento frio e sem
emoção, e a questão sobre o sujeito ter alguma problemática como o pânico, fazendo o
atendimento em casa se acostumar e se manter no isolamento.
Bem, a primeira questão é uma afirmativa equivocada, pois o que conta é o operador
da máquina e não a máquina em si. O Operador é um ser humano, que está utilizando a
ferramenta como forma de se comunicar. Quantos deficientes não estão utilizando a
informática para poderem realizar tarefas que não lhes era possível?
A segunda questão também é uma distorção, pois com certeza não se teria
conhecimento de tantas pessoas com problemas como pânico, timidez, entre outras. Poder
fornecer os primeiros procedimentos e fazer com que aos poucos procurem por
acompanhamentos mais específicos. Sem falar que pode estar na Internet a porta para muitas
pessoas conhecerem seus conflitos e serem encaminhadas para consultórios, mais cedo do que
elas iriam, e com menos constrangimento, preconceitos e pré-conceitos.
As teorias de saúde mental são aplicáveis ao meio virtual, com adaptações é claro.
Bem como a forma de compreensão do indivíduo também é feita de outra forma. A escrita é
ação do cliente e do terapeuta para transmitirem o que desejam, (isso, até o ano que vem,
quando chegar a Internet por cabo). Não se pode atender a todos os casos, como também
ainda não se poder chegar a todas as pessoas que precisam.
É importante manter a responsabilidade e o profissionalismo. Algumas posturas
precisam ser repensadas.
1.1 A INFORMÁTICA NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE Há também outras formas de participação. Uma linha de pesquisa bastante interessante
diz respeito ao estudo dos impactos da informática sobre a subjetividade e a identidade. Uma
pioneira dessa área é Sherry Turkle, inicialmente uma pesquisadora de formação lacaniana,
mas que desde seu livro de 1984, “The Second Self”, procura identificar os efeitos do contato
com a informática na vivência subjetiva das pessoas. Assim, ao entrevistar estudantes de
computação, verificou que o discurso com o qual descreviam a si mesmos era derivado de
noções à vezes bastante sofisticadas de programas de inteligência artificial.
Também analisou como o contato das crianças com programas de computador e
robótica modificava a formação do conceito de “ser vivo”. Seu livro mais recente, “Life on
the Screen”, de 1995, aborda as experiências de imersão em “mundos virtuais”, onde pode
ocorrer o desenvolvimento de diferentes “personas” vividas simultaneamente pelo mesmo
usuário, com um concomitante questionamento a respeito da identidade individual e a
diminuição da distância entre realidade representada, interativa e virtual, e a “vida real”.
Podemos dizer que esse livro de Turkle, ao tratar da Internet, refere-se à “segunda onda” na
história do computador. A “primeira onda” é relativa ao desenvolvimento do computador
como parte de um esforço de guerra, continuado depois num contexto de guerra fria. O
computador devia ser um instrumento militar de “comunicação, comando e controle”. Nessa
fase, temos a concepção do computador como um instrumento altamente técnico. O
desenvolvimento inicial de uma rede de computadores, a Arpanet, cujo objetivo era ser uma
rede de defesa indestrutível por não ter centro, também ocorreu nesse ambiente. Essa rede
altamente técnica sofreu modificações com as inovações da segunda onda, até transformar-se
na atual Internet.
A segunda onda iniciou-se na década de 1970, especialmente no chamado Vale do
Silício, nos Estados Unidos. Por características específicas, acidentais desse local – uma
cultura universitária típica, com influência do clima dos anos 60, a existência de institutos de
pesquisa e a concentração de instituições tecnológicas pequenas, com hábitos diferentes das
grandes corporações –, criou-se uma nova forma de conceber a computação, com ênfase na
interatividade, na expressividade e na formação de comunidades virtuais e de redes. A atual
onda de expansão informática contém muitas dessas características. Uma delas, a
comunicação em rede, também foi fortalecida por certas configurações específicas da
sociedade capitalista que já estavam em curso.
A “sociedade das redes”, para Castells, é anterior à Internet. A internacionalização do
capital e as telecomunicações já estavam criando uma “sociedade das redes”. A partir da
perspectiva da inserção socioeconômica, também podemos entender como o desenvolvimento
recente dos computadores está associado à indústria cultural, à comercialização e ao
consumismo.
Em meio a tudo isso, temos assistido, nos últimos anos, a uma crescente
movimentação na Psicologia no sentido de expandir-se para lidar com novos desafios trazidos
pela revolução da tecnologia da informação.
Diversas linhas da Psicologia têm-se mobilizado e produzido análises, artigos,
pesquisas, teses e dissertações, congressos e simpósios, com o intuito de divulgar a área de
interface entre Psicologia e Informática.
Observando os artigos produzidos nos últimos anos, nos diversos veículos de
divulgação da Psicologia, percebemos que estão presentes estudos das mais diversas
vertentes, como Psicologia Sócio-Histórica ou Psicologia Cultural, Psicologia Cognitiva,
Psicologia Experimental, Sistêmica, e Clínica de diversas inspirações, além, é claro, de
pesquisas interdisciplinares, produzidas por equipes multiprofissionais ou por pesquisadores
com múltipla formação, envolvendo a composição de ferramentas conceituais da Psicologia
com aquelas de áreas como semiótica, lingüística, interação humano-computador,
antropologia, etnometodologia, sociologia, filosofia, dentre outras.
Temos, portanto, uma produção que se estende desde a perspectiva mais
pragmática, que prevê aplicações diretas da informática na Psicologia, como forma
de ampliar sua capacidade de agir sobre o cliente do saber psicológico, até uma
produção de vertente mais crítica e hermenêutica, que busca compreender as
alterações produzidas pela informática na sociabilidade, na subjetividade, na
cognição e na auto-compreensão do ser humano.
1.2 A RELAÇÃO ENTRE O SUJEITO E OS COMPUTADORES
Atrações apaixonadas pelos computadores, assim como repulsa às tecnologias
informáticas perpassam, em graus diferenciados, o ambiente cultural das duas últimas décadas
do século XX.
Umberto Eco aponta que já Platão, em Fedro, descrevia a resistência à invenção
técnica, quando o faraó Thamus argumenta com Hermes, o inventor da escrita, de que esta
seria perigosa para o espírito humano, pois levaria ao entorpecimento do pensamento, ao
desleixo: “o faraó estava expressando um medo eterno: o medo de que uma nova aquisição
tecnológica poderia abolir ou destruir algo que consideramos precioso, algo para nós
profundamente espiritual” (Eco, 1996). Eco relembra também o romance de Victor Hugo,
Notre Dame de Paris, cuja estória se passa pouco depois da invenção da imprensa por
Gutenberg, em que o personagem Padre Claude Fraullo, apontando para um livro e depois
para as torres da catedral, diz “ceci tuera cela”, isto matará aquilo... o alfabeto matará as
imagens.
Dando seqüência a seu pensamento, Eco deduz que nos anos sessenta de nosso século,
se não McLuhan, algum dos seus seguidores, deve ter apontado para as imagens de uma TV,
em seguida para um livro e vaticinado: “isto matará aquilo”. Isso, na mesma época em que
estavam sendo inventados os dispositivos que resultariam no computador pessoal que, na
opinião de Eco, leva-nos de volta à Galáxia de Gutenberg.
Assim, vê-se que a rejeição à técnica não é um fenômeno novo. Porém, parece estar
ganhando feições diferenciadas, relacionadas exatamente à “natureza” do objeto técnico que
se coloca para os humanos deste final de século como evocador de sentimentos díspares como
amor e ódio, curiosidade e repulsa, dentre tantos outros. Alguns aspectos dessas novas
tecnologias informáticas parecem trazer suas próprias questões, apresentando assim
especificidades a justificar certas reações emocionais exacerbadas. Lyman, por exemplo,
afirma que, apesar de os computadores serem um tipo de máquina, “eles respondem de uma
maneira que é mais que mecânica. São uma espécie de ‘outro’, se não são totalmente um ‘eu’”
(Lyman, 1997, p. 120). Esse autor relata que pesquisas recentes têm mostrado que a
colocação, em uma interface, de um pequeno indício comportamental sugerindo a presença
de uma personalidade, é suficiente para que os humanos tratem “seu relacionamento com os
computadores como se fosse relacionamento íntimo com outras pessoas”. Assim, diz ele, na
mesma página: “mesmo uma pessoa sozinha com um computador forma um elo especial,
mais parecido com aquele que existe entre um músico e um instrumento musical do que entre
um trabalhador e uma máquina”.
A socióloga e psicóloga norte-americana Sherry Turkle, professora no MIT,
estudando o relacionamento entre humanos e computadores, considerou estes últimos como
“objetos-com-os-quais-pensar” (objects-to-think-with), vendo-os como catalizadores e
metáforas de um novo pensamento sobre o que é o vivo e inteligente (Turkle, 1984, 1995).
Vinte e cinco anos antes dela, o psicólogo Licklider (1960) já propusera a idéia dos
computadores como machines to think with, noção que contribuiu para criar e incentivar todo
um campo de pesquisas (HCI, Human-Computer Interaction), estando na base da informática
interativa produzida a partir dos anos 60 e que veio a encontrar seu auge nos anos 80 e 90,
com a propagação mundial dos computadores pessoais e das redes, especialmente da Internet.
É necessário, portanto, procurar estabelecer os principais aspectos diferenciadores
desses artefatos, os computadores, em relação às outras máquinas.
Para pensarmos o lugar ocupado pelos computadores na cultura atual, parece
interessante correlacioná-los aos demais artefatos técnicos, procurando então ver suas
possíveis especificidades. Há várias formas de ver o papel dos artefatos na cultura e Santaella
(1997) nos apresenta uma classificação simples porém bastante útil para uma primeira entrada
neste campo.
Santaella detecta três níveis na relação homem-máquina. Tais níveis são históricos,
isto é, sucedem-se um ao outro, no entanto, o aparecimento de um novo nível não implicou no
desaparecimento do anterior, ocorrendo a convivência entre eles, por vezes com intercâmbio e
colaboração entre si: (1) nível muscular-motor, (2) nível sensório e (3) nível cerebral.
Nessa ótica, a Revolução Industrial acentua o papel das máquinas musculares, aquelas
que vêm substituir a força física do homem. Tais máquinas já estavam presentes em períodos
anteriores (aríetes, catapultas, teares manuais, roda de fiar, engenho de açúcar, por exemplo),
mas ganham maior relevo no período da Revolução Industrial, ao se associarem a novas
formas de energia, o vapor e depois a eletricidade. Além da substituição da força física, tais
máquinas propiciaram também a mecanização da locomoção. No decorrer do processo de seu
desenvolvimento, tais máquinas passaram também a apresentar precisão. É assim que,
segundo Santaella, as máquinas começam por imitar a ação humana em três aspectos:
amplificação da força, mecanização do movimento e precisão.
As máquinas sensórias ganharam expressão, como as musculares, no contexto da
Revolução Industrial. Porém, diferentemente destas, que substituem a força humana, as
máquinas sensórias “funcionam como extensões dos sentidos humanos especializados, quer
dizer, extensões do olho e do ouvido de que a câmera fotográfica foi inaugural” (Santaella,
1997, p. 37). Nesse sentido, conclui essa autora que denominá-las de aparelhos talvez seja
mais adequado: são dotadas de uma inteligência sensível e “são cognitivas tanto quanto são
cognitivos os órgãos sensórios”.
De forma muito resumida, pode-se dizer que, enquanto as máquinas do primeiro nível
produzem objetos e deslocamentos, pela imitação e amplificação da musculatura humana, as
máquinas sensórias são, nas palavras de Santaella, “aparelhos que produzem e reproduzem
signos: imagens e sons”, pela dilatação do poder dos sentidos.
Na segunda metade do século XX, a invenção do computador traz a metáfora das
máquinas cerebrais. Diferenciando-se das máquinas musculares e sensórias, as máquinas
cerebrais são assim chamadas porque são dispositivos que processam símbolos: “Com o
computador digital deu-se por inventado um meio para a imitação e simulação de processos
mentais” (Santaella, 1997, p. 39).
Evoluindo rapidamente ao longo de três décadas, os computadores, que antes
ocupavam andares inteiros de grandes prédios, vêm a resultar nos computadores pessoais, já
no final dos anos 1970. Estes operam uma transformação radical na situação. Diz a autora: “A
grande revolução, entretanto, só viria com o advento do computador pessoal, uma inovação
imprevisível que transformaria a informática num meio de massa para criação, comunicação e
simulação. Hoje, um computador concreto, a preço relativamente acessível e que qualquer
pessoa pode possuir, é constituído por uma infinidade tal de dispositivos materiais, cada vez
mais miniaturizados, e de camadas justapostas de programas que se tornou impossível
estabelecer quaisquer fronteiras acerca de onde começa e onde acaba um computador”
(Santaella, 1997, p. 40).
Os computadores representam, portanto, um terceiro momento da história das
máquinas. Eles se acoplam às máquinas sensórias – que continuam a produzir e reproduzir
signos, numa proliferação desmedida – a passam a funcionar como manipuladores de signos.
Em larga medida, acoplam-se também às máquinas musculares e nos processos fabris passam
a comandar um tipo específico de artifício, os robôs, na produção de outras máquinas.
Como Santaella descreve, na citação acima, os computadores são máquinas complexas
e os especialistas em informática costumam pensá-las como uma estrutura estratificada, cuja
construção envolve a intervenção de inúmeros ramos profissionais.
Ganascia (1997, pp. 76-80) descreve, simplificadamente, os estratos que constituem
um computador. Começando do estrato físico, de que se ocupam os especialistas em física dos
sólidos, são definidos os materiais implicados na construção da máquina.
Entra em seguida o estrato eletrônico, onde os peritos em semicondutores elaboram os
componentes elementares (transistores ou diodos).
Os expertos em circuitos lógicos vão combinar tais componentes elementares para
fabricar memórias e todo um conjunto de circuitos que entram na composição dos
computadores, constituindo assim o chamado estrato lógico.
A combinação desses circuitos lógicos entre si e a constituição de unidades centrais
comandadas com a ajuda de sinais lógicos sincronizados configura o estrato máquina..
São, então, elaboradas as linguagens de máquina que vão permitir dar instruções à
máquina e armazenar essas instruções na memória. Este é o chamado estrato de montagem.
O estrato simbólico conclui o processo: trata-se da concepção de linguagens de
programação, que permitirão que as linguagens de máquina não fiquem restritas a cada
máquina específica, isto é, que os programas possam ser independentes das máquinas sobre as
quais se opera. Ainda apenas como especulação, Alan Newell postula a existência, logo acima
do estrato simbólico, do estrato do conhecimento.
Pode-se observar que à medida que se sobe de camada, vai-se ganhando em abstração,
tornando possível se esquecer das particularidades físicas de cada equipamento. Vamos nos
distanciando da matéria. Nesse sentido é que Ganascia fala, metaforicamente, que os
computadores são máquinas imateriais.
Diferentemente das máquinas que os antecederam, toda a visibilidade vai se perdendo.
As máquinas antigas se apresentavam: havia ali um conjunto visível e palpável... elas apenas
reproduziam ou amplificavam fenômenos da natureza e era possível observar visualmente seu
funcionamento.
Porém, diz-nos Ganascia (1997, pp. 10-1): “com as máquinas modernas, com as
técnicas da eletrônica e dos circuitos integrados, o artefato miniaturiza-se a ponto de tornar-se
impalpável: o coração das máquinas, aquilo que chamamos chip, mede apenas alguns
milímetros quadrados”.
Com belas imagens, Ganascia aponta em seguida que, aos poucos, a substância física
da máquina foi escapando, o pesado foi se tornando leve e... “do visível não resta mais do que
uma figura de difração, ínfima alteração da luz refletida por esse minúsculo quadrado
mergulhado numa floresta de conexões elétricas”.
Desta forma, tais máquinas modernas “são imateriais, porque não fazem outra coisa
senão transformar seqüências de signos, isto é, textos, independentemente dos suportes sobre
os quais eles são escritos” (Ganascia, 1997, p. 13).
As contribuições de Santaella e Ganascia parecem suficientes para sustentar a idéia de
que os computadores são máquinas que inauguram um novo campo de relações dos humanos
com a tecnologia. Embora a interação homem-máquina seja um campo tenso desde os mais
remotos momentos da cultura humana, pode-se dizer talvez que a informática, sobretudo a
partir da massificação dos computadores pessoais, estabelece um novo patamar de problemas.
Frente ao computador pessoal, é a própria identidade do humano que vai sendo posta em
questão: a crise do sujeito moderno, que talvez fosse uma preocupação de filósofos e
cientistas sociais, passa a ser problematizada por cidadãos comuns, na frente de seus teclados
e terminais eletrônicos.
A máquina amigável – que “conversa com” e “entende” seu usuário – coloca na tela
uma pergunta incômoda: onde começa e onde termina o humano? Uma questão desta ordem
desestabiliza as noções de humano, indivíduo e sujeito, pondo em foco os híbridos e as
miscigenações as mais estranhas entre seres humanos e artefatos tecnológicos e sociais.
CAPÍTULO II
DESENVOLVIMENTO HUMANO, COGNIÇÃO E
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
"O espírito e os princípio da ciência são uma mera questão de metodologia; não existe nada neles que impeçam a ciência de lidar com sucesso num mundo onde as forças são os pontos de partida de novos efeitos. A única coisa concreta que possuímos é a própria vida. A única categoria completa que nosso pensamento, nossos professores de filosofia ensinam é a categoria da personalidade, todas as outras categorias não passam de abstração dela. E essa negação sistemática da parte devida a personalidade na ciência como uma condição para os eventos, essa crença rigorosa de que a própria natureza essencial e interna de nosso mundo seja estritamente impessoal, quase que certamente, com o girar da roda do tempo, provará ser a grande deficiência de nossa tão aclamada ciência e nossos descendentes ficarão surpresos com a omissão, que aos olhos deles, nos caracterizarão como seres sem perspectiva e pequenos."
(W. James, 1897)
Desde o surgimento da Psicanálise com Sigmund Freud, a psicologia veio se
desenvolvendo, encontrando novos caminhos, novas formas, passando por Erikson, Piaget,
Melanie Klein, Spitz, Zulliger, Carl G. Jung, C.R. Rogers, J.L. Moreno, entre outros muitos
estudiosos.
A Psicologia, Ciência do Comportamento, formulando questões, procura entender,
predizer e controlar, como as disciplinas que utilizam métodos científicos.
Os Psicólogos formulam questões e desvendam princípios sobre a conduta dos indivíduos, via comportamento observável, para descobrir as leis que relacionam o comportamento com as situações, condições e outras condutas.
Ou seja, o interesse do psicólogo, é observar e compreender o comportamento, que é
um conjunto de atividades que podem ser observadas por outra pessoa, com ou sem ajuda de
instrumentos. Como por exemplo: um movimento de mãos, a escolha de um determinado
grupo de palavras, uma vermelhidão na pele, um desenho, o relato de um desenho,...
2.1 A DECODIFICAÇÃO DO COMPORTAMENTO HUMANO
Existem várias maneiras de codificar os comportamentos, como por exemplo:
observação naturalista, testes, método experimental e método clínico.
As teorias utilizadas atuam como instrumentos, dando ordem ao observado,
permitindo deduções e previsões. Ou como meta harmonizando com o estado final da ciência,
que é o conhecimento ordenado.
Baseadas num misto de provas empíricas, senso comum, pensamento racional,
esperanças, fantasias e sonhos, várias teorias simples e complexas de comportamento foram
elaboradas e consideradas úteis. Algumas delas se aprofundando em um tipo de
comportamento, procurando explicar a aprendizagem, ou os distúrbios de personalidade, ou a
percepção de profundidade.
O comportamento, interado com as condições do meio circundante, faz parte do
processo de adaptação, e é um fator relevante de observação.
Quando um comportamento que tinha motivação, sofre um bloqueio, que pode ser
uma barreira física, uma deficiência pessoal ou um conflito de comportamentos motivadores,
gera a frustração. Que pode resultar em respostas agressivas, regressão, apatia, estereotipia ou
intranqüilidade.
Quando surgir a tendência para ter dois ou mais hábitos, fatores motivacionais, ou
estilos gerais de comportamentos ou papéis desempenhados na vida, numa determinada
situação, podem surgir os conflitos. O mecanismo de defesa para remover frustrações ou
conflitos pode ser uma resposta do individuo nessa situação.
Um mecanismo de adaptação comum é a evitar as situações causadoras de frustração,
desenvolvendo uma reação de medo generalizado, conhecida como ansiedade.
Uma vida saudável, uma qualidade de vida adequada, inclui também, mente saudável.
O profissional de Saúde Mental (psicólogo, psiquiatra, psicanalista,...) estuda, cura ou preveni
os padrões de comportamentos divergentes, ou seja, marcados por sentimentos e discrepâncias
pessoais entre os comportamentos e as reações esperadas às situações.
ALGUNS CONCEITOS PARA MELHOR COMPREENDER...
A psicopatologia é a ciência do comportamento divergente.
A psicoterapia é o processo de mudança dos comportamentos divergentes.
O psiquiatra é um médico que limitou a prática clinica ao tratamento da personalidade
e do comportamento humano, estudando simultaneamente os fundamentos médicos e mentais,
o que possibilita uma avaliação médica e tratamento do distúrbio que não é possível aos
psicoterapeutas sem formação médica, impossibilitados de receitar medicamentos.
O psicanalista pode ser um psiquiatra, um psicólogo ou um leigo, é aquele que usa
técnicas psicanalíticas, não implicando uma formação acadêmica.
A informação e compreensão, da vida, das ciências, dos comportamentos, são as melhores
formas de elaborar conceitos e obter confirmação ou nova elaboração dos mesmos.
2.2 O “TÃO DESCONHECIDO...” CONHECIMENTO
Qual é a natureza do Conhecimento? Como este Conhecimento é utilizado no dia a dia
das pessoas? É na tentativa de encontrar respostas para estas, e outras perguntas que
psicólogos dedicados ao estudo de Sistemas de Conhecimento recorrem ao vasto cabedal de
conhecimentos acumulados até o momento. Praticamente, empréstimos de diversas disciplinas
são necessários. Porém, este trabalho tem como objetivo principal o enfoque nos saberes
associados à Psicologia e à Informática.
Para entendermos um pouco mais, devemos primeiramente saber o que é Ciência
Cognitiva.
2.3 FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA COGNITIVA
O primeiro movimento na formação do campo científico das ciências cognitivas
ocorreu na década de 1945-55. A principal série de eventos que marcou o surgimento da
cibernética foi a seqüência de 10 conferências promovidas pela Fundação Macy Jr., de 1946 a
1953. Eram encontros fechados de dois dias, reunindo pesquisadores como Gregory Bateson,
sua esposa Margareth Mead, Warren Mc Culloch, que orientaria mais tarde, Humberto
Maturana, John Von Neumann, Walter Pitts, Kurt Lewin, Heinz von Foster e Norbert Wiener,
dentre outros.
Os conceitos de retroalimentação, redes de processamento não linear, homeostase,
circularidade operacional, além da teoria da informação e da teoria de jogos, se originaram
por essa época.
John von Neumann, Norbert Wiener e Warren Mc Culloch, os pais da cibernética
desenvolveram um modelo neuronial para o cérebro, que era visto como funcionando como
uma rede de conexão entre as células, e fechada em si mesma, e não de forma behaviorista,
funcionando em razão de estímulos externos. A máquina digital de Neumann surge como uma
metáfora para esta visão do cérebro humano.
Gregory Bateson, em oposição, desenvolve o modelo ecológico, em que sustenta que
um sistema vivo não se sustenta somente com a energia que recebe de fora, modelo defendido
por Eugene Odum, mas fundamentalmente pela organização da informação. Vai ainda mais
longe ao dizer que o ruído, informação não explicada pela cibernética, que a tenta eliminar,
pode ser generativa, criando ordem e sustentabilidade. É o princípio da ordem a partir do
ruído que mais tarde iria desembocar nas Teorias do Caos.
Humberto Maturana, discípulo de Mc Culloch, e Francisco Varela, seu aluno,
desenvolvem a teoria da autopoiesis.
Auto-Organização, Complexidade e Dinamicidade formam a base das pesquisas mais
recentes, tanto em Inteligência Artificial, como na compreensão da Cognição Humana.
2.4 CIÊNCIA COGNITIVA E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Os psicólogos têm se envolvido em projetos na área de informática desde os
primórdios das pesquisas sobre inteligência artificial, e posteriormente participaram da
formação de uma nova disciplina acadêmica, a Ciência Cognitiva.
As Ciências Cognitivas e a Inteligência Artificial começaram, portanto, a serem
estudadas mais ou menos ao mesmo tempo, nos fins dos anos 50.
Através da Inteligência Artificial foram desenvolvidos formalismos para solução dos
problemas. Formalismos, Ferramentas e Programas são as três áreas de desenvolvimento em
Inteligência Artificial.
O casamento da Psicologia Cognitiva com a Inteligência Artificial permitiu que
diversos desses formalismos relativos à Representação do Conhecimento e aos mecanismos
inerentes ao processo relativo à aquisição desses conhecimentos fossem utilizados como
Modelo Teórico para a Psicologia.
Uma Teoria da Computação especifica 'o que' deve ser computado e 'porque'. Tais
teorias justificam a posição de que, dado um problema, o mesmo, assim como os requisitos
para sua solução, devam ser analisados. O objetivo da computação é especificado, assim
como a natureza da entrada e as restrições sobre as soluções.
Uma Teoria de Algoritmo detalha os passos específicos realmente empregados para se
realizar uma computação, dá os detalhes de 'como' a computação deve ser realizada e não o
que 'é' a computação.
Modelos Computacionais podem ser feitos orientados para um processo. Tanto o
pensamento como a aprendizagem e a percepção são processos. Modelos Computacionais
podem ser construídos dependentes de um conteúdo como é o caso em Representação do
Conhecimento podendo, além disso, serem orientados por Objetivos.
Por tudo isso Modelos Computacionais parecem ser mais adequados que Modelos
Matemáticos para servirem de linguagem para a Psicologia.
CAPÍTULO III
A INFORMÁTICA NA (RE)HABILITAÇÃO COGNITIVA
“Estaremos possibilitando aos educandos o acesso a conhecimentos fundamentais e estaremos ajudando a construir uma compreensão crítica de sua presença no mundo”.(Paulo Freire, Pág 92)
A (re)habilitação cognitiva é uma das mais gratificantes, estimulantes e promissoras
atividades profissionais para o psicólogo clínico e da aprendizagem do novo milênio.
Avançados recursos tecnológicos têm sido desenvolvidos na área da ciência da computação
para diagnóstico e tratamento efetivo de distúrbios de comunicação e linguagem em quadros
neurossensoriais (surdez congênita), neuromotores (paralisia cerebral e esclerose lateral
amiotrófica) e neurolingüísticos (afasia e dislexia), e nas várias combinações entre elas (surdo
congênito que venha a torna-se afásico, ou surdo que venha a desenvolver esclerose lateral
amiotrófica, ou paralisado cerebral com dislexia do desenvolvimento).
O trabalho de pesquisa e o desenvolvimento de novos procedimentos e instrumentos de reabilitação e comunicação para pessoas com os mais variados e severos distúrbios de comunicação e linguagem já resultaram em mais de 150 novos programas
de diagnóstico e tratamento em reabilitação de cognição e linguagem usados no atendimento de mais de 500 pacientes, resultando em cinco livros, 50 capítulos e mais de uma centena de artigos publicados. Neste trabalho de pesquisa, será abordado apenas três quadros clínicos como demonstração da eficiência e da eficácia possibilitados através do uso da Informática: a paralisia cerebral, a surdez congênita, e a esclerose lateral amiotrófica.
3.1 A PARALISIA CEREBRAL
Para crianças com “paralisia cerebral”, incapazes de articular fala ou de segurar um
lápis para aprender a escrever, foram criados vários sistemas de comunicação e alfabetização
que podem ser operados pela criança tocando uma tela sensível ou emitindo um gemido ou
movimento grosso quando itens de comunicação (figuras e fotos) estiverem sendo varridos
automaticamente.
Selecionando serialmente os itens, ela aprende a compor mensagens que o computador
transforma em frases faladas em português com voz apropriada ao sexo e idade da criança. Isto
organiza e fortalece sua fala interna, permite a comunicação efetiva e a aquisição de
habilidades acadêmicas e sociais, vitais para assegurar seu pleno desenvolvimento e
autonomia. Tais sistemas permitem a inclusão escolar verdadeira da criança paralisada.
Por meio deles ela pode fazer perguntas em sala de aula, aprender a ler e escrever,
compor lições de casa e redações, e adquirir competências. Através deste sistema, já foram
alfabetizadas dezenas de crianças paralisadas que, começando com os sistemas pictoriais, por
meio dos procedimentos de consciência fonológica, acabaram por adquirir leitura e escrita
alfabéticas competentes em pouco tempo.
3.2 A INFORMÁTICA COMO MEDIADORA ENTRE O MUNDO E OS
LIMITES DA SURDEZ
Para permitir a educação bilíngüe eficaz de “crianças com surdez congênita ou pré-
lingual”, foi produzido o primeiro dicionário enciclopédico trilíngüe da Língua de Sinais
Brasileira (Libras). Apresentado por Oliver Sacks, e plenamente aprovado pela Federação
Nacional de Educação e Integração de Surdos, esse dicionário apresenta os sinais ilustrados
correspondentes a 9.500 verbetes distribuídos em 1.600 páginas documentando a Libras pela
primeira vez na história e permitindo seu reconhecimento oficial como idioma do surdo
brasileiro. Atualmente o livro está sendo transformando CD-ROM e elaborando um sistema de
multimídia que permitirá ao surdo buscar diretamente os sinais animados da Libras a partir das
formas de mão nele envolvidas, sem necessidade de recorrer ao verbete em português. Com
isto, o surdo poderá usar a sinalização interna para buscar os sinais do dicionário de Libras
assim como o ouvinte usa a fala interna para buscar as palavras no dicionário de português.
Um sistema que converte os sinais animados da Libras em língua falada em vários
idiomas também foi elaborado, permitindo a comunicação entre surdo e ouvinte, ainda que o
surdo não saiba oralizar ou ler lábios e que o ouvinte não saiba Libras, e que seja cego e
estrangeiro. Usando técnicas de varredura automática dos sinais e seleção pelo piscar, é
permitido ao surdo, ainda que paralisado ou amputado, comunicar-se com outros surdos e
ouvintes. E, digitalizando a fala em vários idiomas e incorporando o léxico da Língua de Sinais
Americana, o surdo brasileiro paralisado fazer-se entender por surdos americanos e
canadenses, tanto face a face quanto à distância.
3.3 A “ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA”
As fronteiras do trabalho psicológico têm sido estendidas também para abarcar o
tratamento de pacientes com “esclerose lateral amiotrófica”. Trata-se de uma doença
neuromotora degenerativa incurável e fatal que, a partir dos 40 anos de idade, atrofia toda a
musculatura esquelética, paralisando progressivamente todo o corpo, incluindo a deglutição e a
respiração. Mesmo nos estágios terminais, poucos anos após o diagnóstico, embora já
totalmente paralisado, traqueostomizado e recebendo alimentação parenteral, o paciente ainda
tem plenamente preservadas sua lucidez, sensações e emoções. Para o tratamento de tal
doença, foram desenvolvidos os mais avançados sistemas de escrita alfabética pelo piscar que
têm permitido o atendimento médico e psicológico desses pacientes. Com eles o psicólogo
pode quebrar a barreira do silêncio, e efetivamente “ouvir” esses pacientes. O sistema faz
varredura automática de itens escritos (letras, sílabas, palavras e frases inteiras) que podem ser
selecionados e emitidos com voz digitalizada por meio de um simples piscar, que é a última
musculatura a ser perdida. Por meio dele o paciente pode readquirir controle sobre sua vida e
corpo, restabelecer relações com seus entes queridos, comunicar diferentes dores de corpo e
alma, satisfazer suas necessidades médicas e emocionais, obter alívio, conforto e
aconselhamento psicológico e espiritual.
Estes sistemas mencionados aqui, são sólidas pontes para a comunicação entre o
psicólogo e o paciente com os mais variados quadros de distúrbios de comunicação e
linguagem. Permitem ao paciente desabrochar, estabelecer diálogo e descobrir sua própria
identidade na comunhão humana. E permitem ao psicólogo acompanhar esse paciente em
todas as fases de sua vida, desde a esperançosa, mas frágil alvorada, passando pelo vigor do
zênite, até a resolução no crepúsculo, compartilhando com ele a extasiante aventura da vida, e
o exercício pleno, concertado e desconcertante, da própria humanidade. Cruzando a ponte, o
paciente desenvolve seus talentos e virtudes, converte-os em habilidades, ganha autonomia e
realiza sonhos. Desfruta o gozo do sucesso na conquista das coisas. Amadurece e edifica-se na
contemplação da própria limitação e finitude. Descobre a alegria da transposição dos
obstáculos e o estimulante mundo lá fora por trás deles. Mas também descobre os próprios
limites e, aprendendo a respeitá-los, descobre a paz em si mesmo. Como via de interação e
laço de comunhão em que terapeuta e paciente desvendam-se um ao outro e cada um a si
mesmo, nossos sistemas são um testemunho encarnado da profunda dignidade e incomparável
beleza desta profissão que nós todos abraçamos com amor: a de psicólogo.
CAPÍTULO IV
INFORMÁTICA & PSICOTERAPIA: ÁGUA E ÓLEO?
Psicoterapia é o tratamento dos distúrbios psicológicos, emocionais, intelectuais,
funcionais e evolutivos por meio de intervenções psicoterápicas. Na psicoterapia de
orientação psicodinâmica o tratamento é individual e os procedimentos se fundamentam
teórica e tecnicamente no trabalho de Freud e autores contemporâneos. Nesta abordagem, as
intervenções do terapeuta constituem-se fundamentalmente a partir da produção do paciente.
Durante o tratamento busca-se além da elucidação da história do paciente, construir elos de
conexão com a problemática atual que possibilitem a superação dos distúrbios de
comportamento, personalidade e dos conflitos psíquicos conscientes e inconscientes.
De acordo com o Conselho Federal de Psicologia, Resolução 003/2000, o atendimento psicoterapêutico mediado pelo computador não é reconhecido como prática psicológica, até que se obtenham informações científicas sobre sua validade, eficácia e segurança. Sendo assim, somente pode ser realizado como pesquisa cujo protocolo tenha sido aprovado por um comitê de ética em pesquisa reconhecido pelo Conselho Nacional de Saúde e CFP. E como pesquisa, não pode ser cobrado.
4.1 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E LINGUAGEM NATURAL
Alguns dos mais remotos trabalhos na área de inteligência artificial foram os
programas terapeutas. O primeiro deles foi desenvolvido em 1966 pelo matemático do MIT
Joseph Weizenbaum e se chamava Eliza. O objetivo da pesquisa era testar como um
programa poderia imitar a linguagem natural. Eliza é capaz de desenvolver um diálogo com o
operador do computador, respondendo às perguntas digitadas. Com base na teoria rogeriana,
o pesquisador desenvolveu respostas convencionadas em certas estereotipias encontradas nos
discursos de todos nós. Na época, Eliza provocou sensação. Hoje, o programa parece bastante
limitado aos olhos de alguns psicoterapeutas. Já foram desenvolvidas inteligências artificiais
bem mais complexas, trabalhando com conceitos difusos. Para estes psicoterapeutas,
potencialmente, já poderíamos dispor de programas bem mais realistas que o Eliza.
Mas a questão a que muitos psicólogos colocam é: será que vale a pena usar
programas como suporte psicoterapêutico?
“... sou muito vivo e sei, que a morte é nosso impulso primitivo, e sei que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro, com seus botões de ferro e seus olhos de vidro”.
(Cérebro Eletrônico, Gilberto Gil, 1969)
Existe um grande grupo de profissionais da área que defendem que por mais que
tenham avançado, os programas ainda não alcançam aptidões da mente humana,
demasiadamente complexas para serem reproduzidas artificialmente. Por exemplo, um
programa não poderia ser capaz de apresentar empatia e tem dificuldade de interpretar um
discurso coloquial. Uma inteligência artificial pode possuir sintaxe, mas não pode ter
semântica – ou seja, a capacidade de interpretação significativa, com entendimento.
E vão ainda mais longe em suas falas “... eles podem servir para coisas como controlar
eletrodomésticos, fazer previsões nas bolsas de valores, processar textos, jogar xadrez e uma
série de outras atividades que envolvem a utilização de sintaxe, encadeamento de símbolos.
Mas não podem entender o discurso normal das pessoas, porque para isso é fundamental a
capacidade de interpretar. Dessa forma as inteligências artificiais restringe-se à automatização
de certos aspectos da cognição”, comenta a coordenadora do Grupo de Trabalho de Psicologia
e Informática e conselheira do CRP SP, Elisa Sayeg.
Para tentar chegar no âmago dessa capacidade interpretativa da mente humana, a
ciência vem estudando um outro aspecto – sobre o qual até o momento pouco se sabe – que é
a autoconsciência: o entendimento que cada um de nós tem de que é um ser único. “Um
computador dá respostas automáticas, processadas a partir de um banco de dados. A máquina
não sabe que está sabendo aquilo que sabe... Para um computador, não existe a menor
diferença entre contar de 1 até 10 ou informar que o presidente do país foi deposto. Tudo se
resume a seqüências de símbolos”, define a conselheira do CRP SP.
Na opinião deste grupo de profissionais, interpretar mensagens dentro de um contexto
só é possível à mente humana, pois para isso é preciso ser um ente autoconsciente, corpóreo e
estar inserido numa rede social. A esta autoconsciência, os teóricos deram o nome de
“qualia”. Há teóricos que acreditam na possibilidade de as pesquisas chegarem ao
entendimento dos “qualia”, outros afirmam até mesmo que eles não existem.
Seja como for, de certo, é muito difícil agradar a “gregos e troianos”. Mas acredito q
com o rápido avanço da tecnologia, poderemos chegar mais perto das necessidades da área de
psicologia. Mesmo porque, como já foi dito antes neste trabalho, o objetivo é tornar a
informática uma ferramenta de auxilio aos “multiprofissionais”, e não substituí-los. Mesmo
porque isto sim é uma “Missão Impossível”.
CAPÍTULO V
PSICODIAGNÓSTICO
Psicodiagnóstico é um trabalho especializado desenvolvido por Psicólogos ou
Psicopedagogos, que visa o esclarecimento dos fatores que estão causando determinados
problemas em um indivíduo.
Para se efetuar um Psicodiagnóstico o profissional utiliza vários instrumentos de
trabalho, como por exemplo dinâmicas de grupo ou individual , entrevistas e a utilização de
testes junto ao paciente e/ou familiares para esclarecimento e compreensão , o mais completa
e profunda possível das condições do paciente, é realizada para identificação de distúrbios
emocionais, problemas de conduta, condições intelectuais e emocionais de crianças,
adolescente e adultos, é destinada a subsidiar pais, escolas e profissionais da saúde que
necessitem da atuação do psicólogo.
Tudo isso com o objetivo de conhecer melhor o funcionamento psíquico daquele
indíviduo e dessa forma fazer a intervenção terapêutica necessária baseada no laudo obtido.
5.1 AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
A avaliação psicopedagógica é a investigação do processo de aprendizagem do
indivíduo visando entender a origem da dificuldade e/ou distúrbio apresentado. Inclui
entrevista(s) inicial(is) com os pais ou responsáveis pela criança e/ou adolescente, análise do
material escolar, aplicação de diferentes modalidades de atividades e uso de testes para
avaliação do desenvolvimento, áreas de competência e dificuldades apresentadas.Durante a
avaliação podem ser realizadas atividades matemáticas, provas de avaliação do nível de
pensamento e outras funções cognitivas, leitura, escrita, desenhos e jogos.
Vale ressaltar que o acompanhamento psicopedagógico parte das questões
investigadas no diagnóstico(o que corrobora a idéia de que o processo de diagnóstico é de
extrema importância) . Através de atividades variadas busca-se vencer os obstáculos que se
impõem ao processo de aprendizagem para que o aprendiz possa retomá-lo com maior
autonomia e sucesso. O trabalho psicopedagógico visa desencadear novas necessidades, de
modo a provocar o desejo de aprender e não somente uma melhora no rendimento escolar.
Durante o acompanhamento são estabelecidos contatos periódicos com a equipe
escolar (coordenador e professores) e responsáveis pela criança e/ou adolescente, visando
maior integração entre terapeuta-escola-família.
5.2 TIPOS DE TESTE
A utilização de testes assume um papel importante no psicodiagnóstico, uma vez que
constitui uma ferramenta fundamental no auxílio deste processo. Cada vez mais percebe-se a
sua utilização, principalmente num diagnóstico diferencial, ou para a obtenção de dados que
de início as entrevistas e anamneses não puderam detectar.
Os objetivos dos testes são múltiplos: podemos avaliar a estrutura da personalidade,
modos de funcionamento mental, produção intelectual, funções cognitivas, entre outros.
O psicodiagnóstico traz para a sociedade civil o benefício da prevenção e tratamento
de distúrbios mentais. Ele pode ser aplicado:
- na Seleção de Profissionais em Instituições;
- na Orientação Vocacional;
- no Diagnóstico Clínico;
- na Antropologia;
- na Indicação Seletiva de Tratamento;
- na Orientação Pedagógica;
- no Diagnóstico Neuropsicológico;
- na Orientação da Família;
- no Laudo Jurídico;
- na Reestruturação do quadro de profissionais atuantes dentro da instituição, etc.
Poderíamos qualificar os testes como psicométricos e projetivos. O primeiro diz
respeito a testes cujos resultados são obtidos de forma quantitativa e métrica, como é o caso
dos testes de inteligência, por exemplo (WISC, WAIS). Os testes projetivos, por não serem
estruturados (manchas de tinta do Rorschach, prancha com figuras do TAT), estimulam as
projeções de vivências internas, preocupações e conflitos. Ao falarmos de psicodiagnóstico,
não podemos considerar um teste isolado como forma de avaliar o sujeito como um todo. Um
processo psicodiagnóstico implica a utilização de várias técnicas de avaliação, dentre elas a
entrevista, pois devemos considerar sempre a limitação que o próprio instrumento impõe.
O psicodiagnóstico tem uma finalidade clínica. Porém seus instrumentos vêm sendo utilizados
em outras áreas, não só a clínica, mas também na área organizacional (admissões,
promoções), na área criminal (perícia forense) e na área educacional.
5.3 TESTES PSICOLÓGICOS E PROCESSO DE SELEÇÃO NAS
INSTITUIÇÕES
As práticas de recrutamento e seleção adotadas pelas instituições no mundo inteiro
envolvem aspectos culturais e econômicos de cada região. Por isso, não por acaso surgem
algumas surpresas na adoção de novas armas para atrair, desenvolver e reter novos talentos,
como estamos observando agora no Brasil. Na realidade brasileira, o valor de uma
recolocação ou de uma ascensão profissional acaba sendo muito grande, pela própria situação
econômica que vivemos. Tal tendência indica, por exemplo, que os recrutadores estão hoje
cada vez mais exigentes.
É claro que a cultura e o porte da instituição também são relevantes no processo
seletivo. A condução de um processo requer uma visão generalista e estratégica.
Evidentemente é preciso saber com clareza qual a necessidade da instituição que busca o
profissional. Este, a rigor, será inserido em um ambiente instituição e, além das competências
técnicas, necessitará de um perfil comportamental específico para ocupar o cargo.
As práticas exercidas hoje pelos profissionais de RH são variadas, influenciadas pelas
culturas instituição. O histórico da pesquisa nacional de R H, desenvolvida há 8 anos pela
Deloitte Touche Tohmatsu junto à média de 130 instituições participantes dos mais diversos
portes e segmentos, permite uma noção do crescimento das práticas desenvolvidas desde 1994
até os dias atuais. Uma das novidades é o aumento expressivo na utilização de testes
psicológicos, dinâmicas de grupo e grafologia.
Os dados demonstram que o uso da grafologia na seleção de profissionais dos níveis
operacionais, técnicos/ administrativos e executivos cresceu muito nos últimos 2 anos, ou seja
nada menos que 57% de aumento em relação ao último ano. A utilização de testes
psicológicos também teve um aumento de 23% em relação a 2000. As entrevistas ainda são as
práticas apresentadas com mais freqüência, demonstrando a importância do contato pessoal.
O crescimento da utilização da grafologia e dos testes psicológicos demonstra uma
realidade preocupada com o perfil comportamental do profissional, tão importante quanto a
parte técnica. Verifica-se que, atualmente, este crescimento é justificado pelas próprias
experiências das instituições, que muitas vezes conclui uma admissão com ênfase somente no
perfil técnico e acaba encontrando problemas, o que resulta nas demissões por comportamento
ou por não adaptação à cultura. Essas ferramentas auxiliam na confirmação de dados obtidos
durante a entrevista, indicando aspectos da situação atual do paciente. Deve-se sempre
lembrar que trata-se de um ser humano em constante processo de mudança, indicando assim
que as informações obtidas nos testes fornecem dados da situação atual e não irão premeditar
o futuro. Mesmo porque as condições ambientais influenciam diretamente o indivíduo.
Entre os profissionais de RH, as opiniões sobre a utilização de determinadas
ferramentas são diferenciadas. Independentemente de qual ferramenta se utiliza, o essencial é
manter o ciclo de satisfação de ambas as partes, procurando incluir um profissional
qualificado de acordo com as necessidades da instituição. O profissional feliz com a sua
ocupação apresenta uma tendência maior para atuar com assertividade e eficácia, e,
consequentemente, agregará mais valor para a instituição.
CAPÍTULO VI
ESTUDO DE CASO
Durante o período de pesquisa, foi observada a necessidade da informatização nas instituições, já que testes são feitos manualmente, e na maioria das vezes, os profissionais da área de psicologia usam fichas para o cadastro do paciente e, em alguns casos, solicitam os mesmos que façam uma redação para uma posterior análise grafológica.
Atualmente não existe um programa preparado para atender à essas necessidades do
psicólogo. Tudo é feito manualmente, desde o cadastro do paciente até o resultado final.
Tendo em vista essas necessidades, surgiu a idéia de elaborar um programa que, acima de
tudo, auxiliasse o profissional no psicodiagnóstico.
Tratando de um programa que envolve avaliação psicológica, deve ser oferecida uma
ótima interface gráfica visual para o paciente, pois o mesmo estará sendo avaliado pelo
profissional enquanto faz o teste.
A informatização consta em uma seqüência de testes tais como: Capacidade para amar,
Simpatia aos outros, Serenidade e equilíbrio mental, Critério de Julgamento, Meticulosidade,
Habilidade para lidar com as pessoas, Avaliação das situações, Consciência, Emotividade,
Atividade, Agressividade e Ambição (ficará a critério do psicólogo a escolha dos testes,
sabendo que nem todos necessitam ser aplicados) e da análise grafológica da letra do paciente.
Todos os testes são acompanhados pelo psicólogo, que irá observar como o paciente se
comporta durante a realização dos mesmos. A interface gráfica do sistema irá disponibilizar a
opção em que o psicólogo irá escolher entre fazer a análise grafológica de algum texto do
paciente futuramente ou não.
O psicólogo terá a opção de escolher que testes serão aplicados ao paciente que
acabara de ser cadastrado. Após a resolução destes testes, o paciente estará liberado. O
psicólogo terá um campo para anotar suas observações.
Caso seja necessária a análise grafológica do paciente, haverá uma tela contento
diversas letras e o psicólogo deverá marcar quais as que mais se assemelham com a que está
no texto do paciente.
O Sistema irá auxiliar no trabalho do psicólogo oferecendo praticidade, fazendo com
que o erro na análise das respostas, bem como na grafologia do paciente seja quase nula, o
sistema guardará todos os dados do paciente. Com esses dados armazenados no sistema, será
eliminado o uso de fichas manuais.
6.1 PROPÓSITO DO SISTEMA
O propósito do sistema é eliminar trabalhos repetitivos, proporcionando uma chance
de erro nula na análise dos testes e na análise grafológica.
Elaborar um cadastro único de pacientes e de instiuições, relacionando ambos.
Não é de interesse do sistema retirar a pessoa do psicólogo, pois sem esse é impossível
a avaliação completa do estado do paciente, mais sim, oferecer uma ferramenta precisa e
prática para melhorar o processo de avaliação do mesmo.
6.2 BENEFÍCIO DO SISTEMA
O benefício do sistema é a diminuição do tempo gasto na aplicação dos testes através
de papel e lápis. Sendo assim, no sistema atual todo o processo desde o cadastro do paciente
ao resultado final leva em torno de 1 (uma) a 2 (duas) semanas de acordo com o perfil
requisitado pela instituição. O sistema requer uma estimativa de resposta ao mesmo processo
em no máximo 2 (dois) a 3 (três) dias após os testes.
Um outro benefício que se deve levar em consideração, é a não acumulação
desnecessária de documentação (fichas cadastrais e gabaritos dos testes).
6.3 DIAGRAMA DE CLASSE
6.4 LISTA DE USE CASE
AT O R
EV E N T O
US E CA S E
RE S P O S T A
Cadastro do Candidato
Seleção dos testes
Análise do texto
Preechimento de observações
Emiti resultado do teste
Gerar resultado do testeEmitir resultado final
Psicólogo
cadastra
Seleciona
Analisa
Preenche
Apresenta
TestesCandidato
Responde
Requisita
Psicólogo
Psicólogo cadastra instituição
Cadastrar instituição
Instituição cadastrada
Psicólogo
Psicólogo cadastra paciente
Cadastrar paciente Paciente cadastrado
Psicólogo
Psicólogo seleciona testes
Selecionar testes Testes selecionados
Paciente
Paciente responde testes Responder testes Testes respondidos
Psicólogo
Psicólogo preenche análise grafológica
Preencher análise grafologia
Análise grafológica preenchida
Psicólogo
Psicólogo preenche observação
Preencher observação
Observação preenchida
Psicólogo
Psicólogo emite o resultado dos testes
Emitir resultado dos testes
Resultado dos testes gerado
Psicólogo
Psicólogo emite o resultado da análise grafológica
Emitir resultado da análise grafológica
Resultado da análise grafológica gerado
Psicólogo
Psicólogo emite o resultado final
Emitir resultado final
Resultado final gerado
6.5 DIAGRAMA DE SEQUÊNCIA
: Psicólogo:frmcandidato :Candidato :frmteste :Testes
1: ver se existe candidato(cpf)2: recupera_candidato(cpf)
3: retorna_candidato(dados)
4: cadastra_candiato(dados)
Se nãoexiste
5: grava_candidato(dados)
6: seleciona_testes(dados) 7: recupera_teste(dados)
8: retorna_testes()
6.6 DICIONÁRIO DE DADOS
nomecand = * contém o nome do paciente a ser testado * * tipo: caracter * * tamanho: 30 posições * * formato: aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa*
sobrenomecand = * contém o ultimo nome do paciente* * tipo : caracter * * tamanho : 10 * * formato: aaaaaaaaaa*
endcand = * contém o logradouro e número do endereço do paciente * * tipo : caracter * * tamanho : 30 posições * ҏ ҏҏ*ҏformato : aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa*
compcand = * contém o camplemento do endereço do candidade* * tipo : caracter * * tamanho: 10 posições * * formato :aaaaaaaaaa*
bairrocand = * contém o bairro do endereço do paciente* * tipo : caracter * * tamanho : 10 posições *
ҏҏҏ* formato : aaaaaaaaaa*
cidadecand = * contém a cidade do enderço do paciente* * tipo : caracter* * tamanho : 20 posições * * formato : aaaaaaaaaaaaaaaaaa*
Ufcand = * código de U.F.* * tipo : caracter * * tamanho : 2 posições * ҏҏҏ * ҏformato : aa*
Cepcand = * código de cep.* * tipo : caracter * * tamanho : 9 posições * ҏҏҏ*ҏ formato : aaaaaaaaa*
Telcand = * número do telefone do paciente*
* tipo : caracter * * tamanho : 10 posições * ҏҏҏ * ҏformato : aaaaaaaaaa*
Graucand = * grau de escolaridade do paciente* * tipo : caracter * * tamanho : 20 posições * ҏҏҏ *ҏ formato : aaaaaaaaaaaaaaaaaaaa*
Nomeemp = * a razão social da instituição contratante do serviço* * tipo : caracter * * tamanho : 20 posições * ҏҏҏ*ҏ formato : aaaaaaaaaaaaaaaaaaaa*
Endemp = * logradouro e número do endereço da instituição contratante do serviço* * tipo : caracter * * tamanho : 30 posições * ҏҏҏ*ҏ formato : aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa*
Compemp = * o complemento do endereço da instituição* * tipo : caracter * * tamanho: 10 posições * * formato :aaaaaaaaaa*
Bairroemp = * bairro do endereço da instituição* * tipo : caracter * * tamanho : 10 posições * ҏҏҏ* formato : aaaaaaaaaa*
Cidadeemp = * cidade do enderço da instituição* * tipo : caracter* * tamanho : 20 posições * * formato : aaaaaaaaaaaaaaaaaa*
Ufemp = * código de U.F.* * tipo : caracter * * tamanho : 2 posições * ҏ ҏҏ* ҏformato : aa*
Cepemp = * código de cep.* * tipo : caracter * * tamanho : 9 posições * ҏ ҏҏ* ҏformato : aaaaaaaaa*
Contemp = * nome do contato na instituição.* * tipo : caracter * * tamanho : 20 posições * ҏҏҏ* ҏformato : aaaaaaaaaaaaaaaaaaaa*
Bateria = * nome do grupo de testes selecionados.*
* tipo : caracter * * tamanho : 10 posições * ҏҏҏ* ҏformato : aaaaaaaaaa*
Teste = * tipo do teste a ser realizado* * tipo : caracter * * tamanho : 10 posições * ҏҏҏ* ҏformato : aaaaaaaaaa*
codteste = * código do teste a ser realizado.* * tipo : numerico* * tamanho : 4 posições * ҏҏҏ* ҏformato : NNNN*
6.7 LISTA DE TABELAS
BTema_Tema.db – tabela que discrimina quais temas fazem parte de uma determinada
bateria de testes.
BTeste.db – cadastro das baterias de teste.
BTeste_TTeste.db – tabela que discrimina quais tipos de testes fazem parte de uma
determinada bateria de testes.
Paciente.db – tabela que armazena os dados do paciente.
Instituição.db – tabela que armazena os dados da instituição.
GraphoTemp.db – tabela temporária para auxiliar a aplicação do teste de grafologia.
Imagens.db – tabela que armazena as letras de um determinado tema.
PergTemp.db – tabela temporária para auxiliar a aplicação do teste do paciente.
Pergunta.db – tabela que armazena as questões de um determinado teste.
Tema.db – tabela de cadastro dos temas referentes à grafologia.
Teste.db – tabela que armazena os testes dos pacientes.
TTeste.db – tabela que armazena os tipos de testes.
Usuario.db – tabela que armazena login e senha de um determinado usuário
6.8 PROJETO ESTRUTURADO
6.8.1 Especificação de Módulos
Nome: Cadastrar Instituição
Ator: Psicólogo
Trigger: Cadastramento de uma instituição
Curso Normal:
1- Psicólogo informa os dados da instituição;
2- Sistema verifica se instituição já está cadastrada;
3- Caso não, cadastra instituição.
Curso Alternativo:
Passo 2:
Trigger: Instituição já cadastrada
1- Sistema gera aviso de instituição já cadastrada;
2- Abandonar o caso de uso.
Nome: Cadastrar Paciente
Ator: Psicólogo
Trigger: Cadastramento de um paciente
Curso Normal:
1- Psicólogo informa os dados do paciente;
2- Sistema verifica se paciente já está cadastrado;
3- Caso não, cadastra paciente.
Curso Alternativo:
Passo 2:
Trigger: Paciente já cadastrado
1- Sistema gera aviso de paciente já cadastrado;
2- Abandonar o caso de uso.
Nome: Selecionar Testes
Ator: Psicólogo
Trigger: Psicólogo seleciona bateria de testes
Curso Normal:
1- Psicólogo seleciona testes que serão feitos;
2- Sistema grava os testes selecionados.
Nome: Responder Testes
Ator: Paciente
Trigger: Responde à bateria de testes
Curso Normal:
1- Paciente responde as questões;
2- Sistema grava respostas obtidas.
Nome: Preencher análise grafológica
Ator: Psicólogo
Trigger: Faz a análise grafológica do texto
Curso Normal:
1- Cadastra letras que coincidem com o texto dado;
2- Sistema grava a análise grafológica feita.
Nome: Preencher Observação
Ator: Psicólogo
Trigger: Preenche a observação baseando no comportamento do paciente durante a prova
Curso Normal:
1- Preenche a observação
2- Sistema grava a observação digitada.
Nome: Emitir resultado dos testes
Ator: Psicólogo
Trigger: Emite o resultado dos testes feitos
Curso Normal:
1- Psicólogo verifica se paciente fez o teste;
2- Sistema exibe relatório com o resultado dos testes.
Nome: Emitir resultado da análise grafológica
Ator: Psicólogo
Trigger: Emite o resultado da análise grafológica
Curso Normal:
1- Psicólogo verifica se as letras estão cadastradas;
2- Sistema exibe relatório com o resultado da análise grafológica.
Nome: Emitir resultado final
Ator: Psicólogo
Trigger: Emite o resultado final
Curso Normal:
1- Psicólogo verifica se resultado de teste e/ou análise grafológica estão preenchidos;
2- Sistema exibe relatório com o resultado final.
6.9 HARDWARES, SOFTWARES E TECNOLOGIAS
HARDWARE FABRICANTE MODELO
2 Microcomputador - Básico Intel Pentium II 233 MHz
2 Microcomputador - Básico Intel Pentium MMX 233 MHz
1 Impressora HP HP Deskjet 697c
1 servidor de rede
SOFTWARE FABRICANTE VERSÃO
Windows NT/98 Microsoft 4.0
Paradox
Delphi Borland 4.0
CONCLUSÃO
É possível o atendimento psicológico mediado por computador? A Internet pode auxiliar o trabalho do psicólogo? Como realizar um trabalho científico em Psicologia e Informática? A informática nos torna menos humanos? Dá para se relacionar de verdade numa sala de bate-papo? Essas e outras perguntas atuais são temas, que reúne textos de vários autores sobre questões como ética e a cientificidade nas pesquisas em Psicologia e Informática ou ainda sobre os aspectos práticos e teóricos da interação humana mediada pelo computador e do trabalho psicológico auxiliado pelo computador. O objetivo maior permita ter uma postura crítica em face da influência da informatização nas relações humanas.
Até mesmo porque, a grande maioria dos usuários adultos, mesmo aqueles que se dizem apaixonados pela informática, tem os seus momentos de conflito, medo, ódio e frustração com sua máquina. A interação homem-computador desenvolve-se envolta em complexidades que aturdem o usuário, levando-o a ficar intrigado com o nível de interatividade da máquina.
Este fato só vem confirmar que com a chegada das novas tecnologias de comunicação,
se faz necessário um aprimoramento dos profissionais de saúde mental. Para entender a
linguagem, comportamento e atitudes das pessoas que utilizam todas essas inovações, é
preciso vivenciar e conhecer todas as possibilidades da tecnologia avançada. Inclusive para
poder desmistificar algo que as pessoas tragam e que não seja possível, ao invés de ficar com
dúvida.
Papert registra um provérbio popular africano relacionando-o ao uso das tecnologias:
"Se um homem tem fome, você pode dar-lhe um peixe, mas é melhor dar-lhe uma vara e
ensiná-lo a pescar”.Evidentemente, além de conhecimento sobre o 'pescar', é também
necessário ter boas varas de pesca e saber a localização das águas férteis. Não podendo nos
esquecer da importância da coragem de ousar neste processo de pescar.
Acredito que este trabalho desperte a curiosidade, ousadia e o desejo dos profissionais
tanto de informática quanto de psicologia em utilizar as novas tecnologias como ferramenta
de trabalho em prol da saúde mental, ainda que haja obstáculos, criando um espaço de
transformação e desta forma, conscientizar a sociedade das mudanças adivindas das novas
tecnologias.
REFERÊNCIAS
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São Paulo: Alegro, 2000.
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< http://www.italynet.com/columbia/Internet.htm>
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FREUND, H. Grafologia: Teoria e técnica. Sampa. São Paulo, 1994.
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São Paulo: Ática, 1997.
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LICKLIDER, J. Man-Computer Symbiosis. Disponível em: http://memex.org/licklider
Acesso em: 20.out.2003
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Martineaud, S. and ENGELHART, D. Teste sua Inteligência Emocional. Rio Janeiro: Ediouro, 1998.
MORAN, J. M. Novas tecnologias e Mediação Pedagógica. São Paulo:Papirus,2000.
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__________. A vida no ecrã: a identidade na era da Internet. Trad. Paulo Faria.
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VELS, A. Escrita e Personalidade: as bases científicas da grafologia. São Paulo: Pensamento, 1961.