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INFORMATIVO n.16 novembro de 2015

Informativo 16, novembro de 2015

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Informativo n. 16, edição de novembro de 2015 do escritório Schaun Monks Advogados

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INFORMATIVO

n.16 novembro de 2015

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| ARTIGO

Insegurança jurídica na imposição do IPI-importação

O Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI é um tributo que incide sobre as operações com produtos industrializados, pressupondo negocia-ção em que tenha havido transmissão de direito (compra e venda, por exemplo) sobre um produto. Este produto, ainda, deve ter sido industrializado por uma das partes contratantes e, finalmente, ter havido sua saída do estabelecimento industrial.

Na importação, o IPI tem seu fato gerador quan-do da ocorrência do desembaraço aduaneiro. Isto é, depois de ter ingressado em território nacional, o órgão alfandegário exigirá que o tributo seja pago a bem de liberar a mercadoria ao importador.

A controvérsia que vem sendo travada nos tri-bunais brasileiros se dá pela imposição do enten-dimento do Fisco que cobra em duplicidade os valores referentes ao IPI. Dois são os momentos em que o órgão entende legítima a cobrança: no momento do desembaraço aduaneiro e, posterior-mente – mesmo sem ter havido nova industrializa-ção do produto –, na saída do estabelecimento co-mercial do importador. Em tais casos, a legislação equipara o importador-comerciante ao industrial, sendo possível lhe exigir a exação.

Entretanto, não se questiona a existência ou a legalidade das hipóteses de incidência previstas pelo legislador federal. O ponto sobre o qual vem

resistindo o contribuinte está no entendimento da possibilidade de haver a dupla tributação. A maté-ria é controversa mesmo na doutrina e não poderia deixar de ser na jurisprudência, ainda mais com forte presença da Procuradora da Fazenda na via judicial tentando consolidar seu ponto de vista.

Anteriormente, o Superior Tribunal de Justiça havida decidido que o sistema de cobrança do IPI adotado pelo Fisco configuraria claro bis in idem, uma dupla tributação sobre um mesmo fato ge-rador, tornando o tributo uma espécie de ICMS federal; lembravam, ainda, e especialmente, que o IPI já teria sido recolhido no desembaraço aduanei-ro, não fazendo sentido uma nova incidência nas negociações posteriores. Este era o entendimento consolidado desde junho de 2014 quando o feito havia sido afetado à 1ª Seção daquele Tribunal Su-perior, competente para unificar a jurisprudência até então controvertida.

A vitória daquela ocasião era comemorada pelos importadores-comerciantes que nada mais faziam do que importar o produto industrializado e comer-cializá-lo no mercado interno. Aqueles que ainda pretendiam refinar o produto importado continua-riam pagando o IPI-importação justamente por se constatar novo processo de industrialização. Nada mais justo.

Na ocasião, o ministro Napoleão Nunes Maia Filho externou seu posicionamento com muita sa-bedoria, dizendo que “nunca o governante conse-guirá que os seus súditos paguem impostos com alegria, mas poderá conseguir que os paguem sem revolta; para isso, devem buscar a justiça e o con-sentimento da tributação, exigindo de cada um a contribuição na proporção de suas disponibilidades e na medida da moderação, pois ninguém jamais será levado a aceitar o confisco ou a atividade pre-datória do governo sobre os seus patrimônios”. A colocação é precisa e merecedora de homenagens.

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Não é da natureza do ser humano observar calado contínuas injustiças. Basta que nos interiorizemos diante de tais acontecimentos e percebamos o quanto somos afetados negativamente. Finalmen-te, portanto, consolidava-se um episódio de justiça tributária.

Ocorre que no último dia 14 de outubro, o Su-perior Tribunal de Justiça, numa guinada surpresa e afetando caso idêntico aos até aqui conversados à mesma 1ª Seção, mudou completamente sua orientação, passando a entender que sim, é legal a cobrança dupla do IPI, pois a legislação de regência elenca dois momentos de incidência: o primeiro, no momento do despacho aduaneiro; o segundo, na saída do produto industrializado do estabelecimen-to industrial.

O maior problema que o contribuinte enfrentará daqui para frente é em relação ao modo como foi julgado o caso e consolidada a posição. O Superior Tribunal de Justiça afetou o caso ao regime de jul-gamento dos recursos repetitivos, o que significa ter dado maior força ao precedente estabelecido nesta ocasião. Apesar da 1ª Seção já ter julgado anteriormente casos idênticos de modo a uniformi-zar a jurisprudência da corte, não havia feito sob o regime em questão.

O ministro Napoleão Maia Nunes Filho, coeren-temente, votou no mesmo sentido que havia feito anteriormente, acrescentando que esse tipo de imposição agride tratados internacionais de que o

Brasil faz parte, como o GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), que preveem tratamento igual para produtos nacionais e importados, depois des-tes serem nacionalizados.

O IPI, apesar de não ser tributo típico do comér-cio exterior, vem se mostrando protecionista com a produção nacional, que se vê tributada somente uma vez, em vantagem em relação à produção es-trangeira. Sabe-se bem que a regra de qualquer sistema capitalista é o estímulo à livre concorrên-cia. Somente por essa via se pode estimular apri-moramentos num mercado competitivo. O sistema tributário erra nesse ponto ao manipular o IPI como instrumento de proteção da economia.

A insegurança jurídica que pauta o tema coloca o contribuinte numa constante incerteza frente ao sistema tributário. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, já fez importante observação que não olvidamos em lembrar para casos como o em apreço. Disse o ministro que “o jurisdicionado não pode ser tratado como um cão, que só sabe que está errado quando um taco de baseball lhe toca o focinho”. Em tempos de ajuste fiscal e ilegalidades aleatórias, é como nos sentimos. Ameaçados de surpresa e obrigados a lidar com isso de cabeça baixa. Aos prejudicados, resta fazer um trabalho aprofundado para levar a discussão até o Supremo Tribunal Federal como última esperança.

DAVID M. MONKSAdvogado, sócio do escritório

Schaun Monks Advogados-

[email protected]

A vitória daquela ocasião era comemorada pelos

importadores-comerciantes que nada mais faziam do

que importar o produto industrializado e comercializá-lo

no mercado interno.

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te Saudável.

Para ser beneficiária do Pro-grama Mais Leite Saudável, a pessoa jurídica deverá ter um projeto aprovado para realização dos investimentos (com duração máxima de 36 meses) conforme as especificações contidas no decreto. Os créditos presumidos apurados na sistemática mencio-nada poderão ser utilizados para desconto da contribuição para o PIS-Pasep e da Cofins devidas em cada período de apuração, obser-vando-se que o crédito presumi-do não aproveitado em determi-nado mês poderá ser aproveitado nos meses subsequentes.

Os créditos presumidos apura-dos na forma referida na letra “a” poderão ser utilizados para com-pensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), ou para ressar-cimento em dinheiro, observada a legislação aplicável à matéria.

A pessoa jurídica poderá utili-zar o saldo de créditos presumi-dos apurados na forma prevista no art. 8º da Lei nº 10.925/2004, em relação a custos, despesas e encargos vinculados à produção e à comercialização de leite e de seus derivados classificados nos códigos da NCM referidos no caput do art. 8º da Lei nº 10.925/2004, acumulado até

rais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Juntos, eles representam 72,6% da produção nacional.

Créditos presumidos de PIS e Cofins

Com a instituição do Programa Mais Leite Saudável, por meio do Decreto nº 8.533/2015, será permitido à pessoa jurídica bene-ficiária, inclusive cooperativa, a apuração de créditos presumidos da contribuição para o PIS-Pasep e da Cofins em relação à aqui-sição de leite in natura utilizado como insumo, na produção de produtos destinados à alimenta-ção humana ou animal classifi-cados nos códigos da Nomencla-tura Comum do Mercosul (NCM) mencionados no caput do art. 8º da Lei nº 10.925/2004.

Os créditos presumidos se-rão apurados mediante aplica-ção dos seguintes percentuais das alíquotas da contribuição para o PIS-Pasep e da Cofins, respectivamente:

a) 0,825% e 3,8% para o leite in natura adquirido por pessoa ju-rídica, inclusive cooperativa, re-gularmente habilitada, provisória ou definitivamente, no Programa Mais Leite Saudável;

b) 0,33% e 1,52%, para o leite in natura adquirido por pessoa ju-rídica, inclusive cooperativa, não habilitada no Programa Mais Lei-

| NOTÍCIAS

No dia 29 de setembro, o Ministério da Agricultura e o Sebrae anunciaram o programa Leite Saudável, que vai investir R$ 387 milhões, até 2019, para promover a ascensão social de 80 mil produtores e a melhorar a competitividade do setor lácteo brasileiro. No início de outubro, foi publicado no Diário Oficial o Decreto nº 8.533, autorizando o uso de créditos de PIS/Cofins para incentivar a realização de in-vestimentos destinados a auxiliar produtores rurais de leite no de-senvolvimento da qualidade e da produtividade de sua atividade.

Iniciativa abrange 5 Estados

O conjunto de ações anunciado pelo Governo busca aumentar a renda dos produtores e melho-rar a produtividade e a qualida-de do leite, além de ampliar os mercados interno e externo. Fa-rão parte do programa os cinco principais Estados produtores de lácteos do país: Goiás, Minas Ge-

Programa Mais Leite Saudável vai usar créditos de PIS/Cofins para ajudar produtores rurais

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pacote de medidas com o ob-jetivo de elevar a arrecadação tributária. A Medida Provisória 694/15 aumenta de 15% para 18% a alíquota do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) aplicado aos juros sobre o capital próprio (JSCP) pagos ou credita-dos aos sócios ou acionistas de empresa.

Os juros sobre capital pró-prio são recebidos pelos sócios ou acionistas que financiam a empresa com seus próprios re-cursos. Em troca de ajudar o negócio, eles têm direito a rece-ber juros pelo valor colocado na empresa. A Lei 9.249/95, que é alterada pela MP, permite que o valor pago a título de JSCP seja deduzido do lucro real da empre-sa para fins de apuração do Im-posto de Renda da empresa.

Assim, a empresa que recebe recursos dos sócios ou acionistas e paga JSCP reduz o seu lucro tributável, recolhendo menos IR.

Limite de dedução

Além de elevar a alíquota do IRRF, a MP 694 reduz o valor total que pode ser deduzido a tí-tulo de JSCP pagos aos sócios. Segundo o texto, o montante ficará entre a variação diária da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP, fixada em 7% ao ano até dezembro) e da taxa fixa de 5% (ao ano), usando o coeficiente que for menor, multiplicado pelo

30/09/2015 para compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tribu-tos administrados pela RFB, ou ressarcimento em dinheiro, ob-servada a legislação aplicável à matéria. Nessa hipótese, a de-claração de compensação ou o pedido de ressarcimento do sal-do de créditos somente poderá ser efetuado:

a) relativamente aos créditos apurados no ano-calendário de 2010, a partir de 1º/10/2015;

b) relativamente aos créditos apurados no ano-calendário de 2011, a partir de 1º/01/2016;

c) relativamente aos créditos apurados no ano-calendário de 2012, a partir de 1º/01/2017;

d) relativamente aos créditos apurados no ano-calendário de 2013, a partir de 1º/01/2018;

e) relativamente aos crédi-tos apurados no período com-preendido entre 1º/01/2014 e 30/09/2015, a partir de 1º/01/2019.

O governo enviou ao Congres-so Nacional mais uma norma do

MP aumenta alíquota de tributo e reduz incentivo fiscal da Lei do Bem

patrimônio líquido.

Pela Lei 9.249, as empresas podem abater o montante obtido da multiplicação da TJLP pelas contas do patrimônio líquido. Em termos práticos, a mudança im-põe um teto ao valor dos JSCP (dado pelo menor coeficiente entre a TJLP e a taxa de 5%), reduzindo assim o benefício fiscal das empresas e preservando a arrecadação federal.

O governo alega que essa mudança é necessária porque a TJLP está em ritmo de alta. Pela regra que vigora até o final do ano, que levava em conta ape-nas a TJLP como fator limitador, quando maior essa taxa, maior o valor a ser dedutível como JSCP e, por consequência, o benefício fiscal.

A nova tributação sobre os ganhos do JSCP passa a valer a partir de 1º de janeiro de 2016.

Lei do Bem

A MP enviada ao Congresso também reduz benefícios fiscais da Lei do Bem (11.196/05) para elevar a arrecadação do governo.

O texto suspende, para o ano de 2016, o incentivo fiscal que permite às empresas de inova-ção tecnológica excluir do lucro líquido, na determinação do lucro real e da base de cálculo da Con-tribuição Social sobre o Lucro Lí-quido (CSLL), o valor correspon-

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O regime de recuperação ju-dicial não tranca o andamento da execução fiscal, mas exclui a realização de penhora online, por se mostrar incompatível com esse instituto. Por isso, a 1ª Câ-mara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul manteve decisão que indeferiu pedido de penhora online, feito pelo estado para pagar dívidas de ICMS, em execução movida contra uma in-dústria de laticínios.

No agravo de instrumento que tentou reverter a decisão do juízo de origem, o estado alegou que o crédito executado surgiu após o deferimento da recuperação ju-dicial, de forma que deve ser en-quadrado como extraconcursal, ou seja, deve ser tratado como se a empresa não estivesse em recuperação. Argumentou ainda que o deferimento da recupera-ção não suspende as execuções fiscais.

O relator do recurso, desem-bargador Newton Luís Fabrí-cio, disse que, de fato, a Lei 11.101/2005, como dispõe o artigo 6º, parágrafo 7º, não sus-pende a execução. No entanto, a jurisprudência sinaliza que não se

dente a até 60% do montante gasto com pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica.

Também será suspensa, no próximo ano, a possibilidade de abater do lucro líquido até 2,5 vezes os gastos com projetos de pesquisa científica e tecnológica e de inovação executados atra-vés de entidades de pesquisa públicas (como as universidades estaduais e federais) ou privadas sem fins lucrativos.

O último dos benefícios sus-pensos pela MP para o próximo ano diz respeito à possibilidade de dedução, para fins de apura-ção do lucro real e da base de cálculo da CSLL, de até 160% do valor gasto com pesquisa tecno-lógica e desenvolvimento de ino-vação tecnológica.

De acordo com o governo, a MP 694 permitirá um aumento de arrecadação em 2016, esti-mado em R$ 9,9 bilhões. Esse valor deverá ser incorporado pela proposta orçamentária do próximo ano, em tramitação na Comissão Mista de Orçamento.

Foi publicada no Diário Oficial do Estado do Rio Grande do Sul de 24.09.2015, a Lei n. 14.741 que altera as alíquotas do Im-

posto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação e restabelece a sua progressividade, conforme tabelas a seguir colacionadas (va-lores em UPF-RS).

Imposto incidente na transmis-são “causa mortis”:

Faixa I: acima de 0 até 2.000, 0%;

Faixa II: acima de 2.000 até 10.000, 3%

Faixa III: acima de 10.000 até 30.000, 4%;

Faixa IV: acima de 30.000 até 50.000, 5%;

Faixa V: acima de 50.000, 6%.

Imposto incidente na doação:

Faixa I: acima de 0 até 10.000, 3%;

Faixa II: acima de 10.000, 4%.

O imposto deverá ser calcu-lado pela aplicação da alíquota correspondente sobre o valor do quinhão ou da doação. A Unida-de Padrão Fiscal (UPF-RS) é rea-justada anualmente, e em 2015 corresponde à R$ 15.4856.

Estas alterações somente pro-duzirão efeitos a partir de 1º de janeiro de 2016, em atenção ao princípio da anterioridade tribu-tária, segundo o qual a cobrança do tributo não pode ocorrer no mesmo exercício financeiro em que publicada a lei.

Fonte: Tributário.net

RS altera alíquotas do ITCMD

TJ/RS nega penhora online de crédito constituído após aprovação de recuperação

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deve tomar medidas expropriató-rias contra a empresa no curso da recuperação judicial, já que seu prosseguimento segue rito espe-cial. Nessa linha de pensamento, a penhora é incompatível com o próprio espírito jurisprudencial.

Fabrício citou o Conflito de Competência 114.987/SP, do Su-perior Tribunal de Justiça, julga-do em 23 de novembro de 2011 pelo ministro Paulo de Tarso Sanseverino. Segundo a ementa daquele acórdão, ‘‘apesar de a execução fiscal não se suspen-der em face do deferimento do pedido de recuperação judicial (artigo 6º, § 7º, da LF 11.101/05, artigo 187 do CTN e artigo 29 da LF 6.830/80), submetem-se ao crivo do juízo universal os atos de alienação voltados contra o patrimônio social das sociedades empresárias em recuperação, em homenagem ao princípio da pre-servação da empresa’’.

No caso dos autos, o relator comprovou que, realmente, os créditos tributários foram cons-tituídos depois do plano de re-cuperação; logo, não estariam sujeitos aos seus efeitos, nos ter-mos do artigo 49, caput, da Lei 11.101. No entanto, afirmou, o REsp 1298670/MS — publicado no Diário da Justiça Eletrônico no dia 26 de junho de 2015 — diz que ‘‘tal raciocínio deve ser aplicado apenas a credores que

efetivamente contribuíram para o soerguimento da empresa recuperanda no período poste-rior ao pedido de recuperação judicial — notadamente os cre-dores negociais, fornecedores e trabalhadores’’.

Por fim, Fabrício destacou que a ordem de preferência prevista pelo artigo 11 da Lei 6.830/80 — que dispõe sobre a cobrança judicial da dívida ativa da Fazen-da Pública — não é absoluta, devendo ser analisada com base no caso concreto. ‘‘Isto é, deve ter sua aplicação mitigada pelos princípios que norteiam o siste-ma jurídico processual comum e, em especial, o artigo 640 do CPC [Código de Processo Civil], que estabelece que a execução deve ser procedimentalizada da forma menos onerosa ao devedor’’.

Fonte: Consultor Jurídico

De acordo com os artigos 72 e 102 da Resolução CGSN nº 94, de 29/11/2011, fundamenta-dos no § 7º do artigo 26 da Lei Complementar nº 123, de 2006, na redação dada pela Lei Com-plementar nº 139, de 2011, a certificação digital pode ser exi-gida da ME ou EPP optante pelo

Simples Nacional nos seguintes casos:

I - entrega da GFIP, bem como o recolhimento do FGTS, quando o número de empregados for su-perior a 10 (dez);

II - emissão da Nota Fiscal Eletrônica, quando a obrigato-riedade estiver prevista em nor-ma do Confaz ou na legislação municipal.

Para entrega da GFIP e re-colhimento do FGTS, quando o número de empregados situar-se entre 3 (três) e 10 (dez), poderá ser exigida a certificação digital desde que autorizada a outorga de procuração não eletrônica a pessoa detentora de certificado digital.

GFIP/SEFIP: alterações nos procedimentos de envio do ar-quivo SEFIP

A Caixa Econômica Federal emitiu a Circular 566, de 23 de dezembro de 2011, a qual rati-ficou, no item 1.2, que: “Para o estabelecimento de microempre-sa ou empresa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional com até 10 (dez) empregados, observados com relação a cada mês, o uso da certificação digital emitida no modelo ICP-Brasil é facultativo nas operações relati-vas ao recolhimento do FGTS”.

Fonte: Secretaria Executiva do CGSN

Certificação digital para empresas optantes pelo Simples Nacional

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A Câmara dos Deputados aprovou na quinta-feira (15) um projeto que autoriza o microem-preendedor individual (MEI) a usar o endereço da própria casa como sede da empresa. A libe-ração, no entanto, vale somente nos casos em que a atividade não precisar de um local próprio para ser exercida. O texto segue ago-ra para o Senado.

Aprovada de forma unânime, com o apoio de 353 votos, a me-dida tem como objetivo facilitar a adesão de microempreende-dores ao Simples Nacional, re-gime tributário simplificado para empresas de pequeno e médio porte.

Atualmente, leis estaduais cos-tumam vetar o uso do endereço residencial para o cadastro de empresas. A lei federal sobre o tema não impedia o cadastro nesses casos.

Para o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), a mudança na legislação representa uma das principais conquistas da microempresa.

“A Câmara toma uma das prin-cipais iniciativas em favor do em-

preendedorismo”, disse Hauly. Pelos cálculos dele, a alteração poderá trazer para a legalidade cerca de 7 milhões de autôno-mos em todo o país.

Fonte: G1

Marcas similares em nichos de mercado diferentes do mesmo ramo não confundem o consumi-dor. O entendimento é da 3ª Tur-ma Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região ao confirmar sentença que determinou que o Instituto Nacional de Propriedade Industrial mantenha o registro da marca “Dois Corações”, de uma rede de lanchonetes. O pedido de anulação foi feito pelo “Café Três Corações”, líder nacional no segmento de torrefação do grão.

No primeiro grau, a juíza-sub-stituta Ana Carolina Morozowski, da 3ª Vara Federal de Curitiba, afirmou que não há nada que impeça o registro de ambas as marcas, já que cada cada qual vem acompanhada de elemen-tos visuais próprios, sendo facil-mente distinguíveis no segmento de alimentação.

A juíza citou perícia segundo a qual a expressão “corações” tem alto grau de caráter distin-tivo para produtos e serviços do setor de alimentos, sendo cabível a convivência das marcas. A perí-cia também apontou que as duas marcas têm nichos de mercado bem específicos.

Citando a doutrina de Fábio Ulhoa Coelho, a julgadora sali-entou que inexiste impedimento ao registro de duas marcas iguais ou semelhantes na mesma classe, desde que isso não gere confusão para o consumidor. ‘‘Afastada essa possibilidade, será indiferente se as marcas em questão estão registradas na mesma classe ou em classes diferentes’’, diz o doutrinador.

Por fim, a juíza advertiu que o fato de a rede de lanchonetes ter obtido o registro da sua marca não cria obstáculo a que outras empresas usem a palavra ‘‘corações’’ na constituição da sua marca, desde que associada a outro elemento que a diferen-cie da já registrada.

Fonte: Consultor Jurídico

A Segunda Seção do Superior

Câmara autoriza microempreende-dor a usar residência para sediar empresa

INPI deve aceitar marcas semelhantes, mas de diferentes nichos de mercado

É legal exigência de caução na suspensão de protesto cambial

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Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, em julgamento de recurso re-petitivo, que o magistrado pode exigir prestação de caução, em dinheiro ou outro meio idôneo, para permitir a sustação de pro-testo cambial. O montante é cor-respondente ao valor dos títulos levados a protesto.

A tese fixada para efeitos do artigo 543-C do Código de Pro-cesso Civil é: “A legislação de regência estabelece que o docu-mento hábil a protesto extraju-dicial é aquele que caracteriza prova escrita de obrigação pe-cuniária líquida, certa e exigível. Portanto, a sustação de protesto de título, por representar re-strição a direito do credor, exige prévio oferecimento de contra-cautela, a ser fixada conforme o prudente arbítrio do magistrado”.

O ministro Luis Felipe Salomão, relator do recurso, afirmou que a cautela é poder implícito da juris-dição, para que esta seja realiza-da de modo adequado. Isso evita sentenças tardias ou providên-cias inócuas, que poderiam levar ao descrédito e inutilidade da própria Justiça.

“A sustação do protesto sem a exigência de contracautela, por meio transverso, inviabiliza a própria execução aparelhada pelo título levado a protesto, não havendo nenhum sentido ou ra-zoabilidade que seja feita sem a

exigência de caução (contracau-tela) ou depósito, igualmente ex-igidos à suspensão da execução”, explicou o relator.

Por fim, o ministro acrescen-tou que “o excepcional deferi-mento da medida sem contra-cautela deverá ser devidamente fundamentado pelo juiz”.

Fonte: STJ

A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reiterou o entendimento de que o auxílio quebra de caixa pago mensal-mente tem natureza salarial e está sujeito a incidência de con-tribuição previdenciária.

O auxílio denominado quebra de caixa, que não decorre de determinação legal, é pago por muitas empresas a operadores de caixa, cobradores, tesourei-ros e outros trabalhadores que podem sofrer descontos em sua remuneração quando há diferen-ça entre a quantia existente em caixa e a que deveria existir.

A questão que chegou ao Ju-diciário é saber se essa verba tem natureza indenizatória, so-bre a qual não incide contribuição

previdenciária, ou salarial, com incidência do tributo.

Natureza salarial

Ao julgar demanda entre uma empresa e a Fazenda Nacional, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região decidiu que a natureza é salarial. Em recurso ao STJ, a empresa alegou que o auxílio tem o objetivo de recompor o patrimônio de empregados su-jeitos a descontos por conta dos riscos da função exercida, de forma que teria natureza nitida-mente indenizatória.

O ministro Humberto Martins, relator do recurso, ressaltou que a Primeira Seção do STJ firmou o entendimento de que as grati-ficações pagas por liberalidade do empregador tem caráter não indenizatório.

Com base nessa premissa, a Segunda Turma, em julgamentos anteriores, concluiu que o auxílio quebra de caixa pago de mês em mês tem natureza salarial e inte-gra a remuneração.

No caso julgado agora, o rela-tor observou que as instâncias ordinárias concluíram tratar-se de verba que era paga todo mês por liberalidade do empregador, mesmo que não fossem verifica-das diferenças no caixa.

Fonte: STJ

Contribuição previdenciária incide sobre pagamento de quebra de caixa

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