16
Jornal do Conselho Regional de Química - IV Região (SP) Ano 20 - Nº 108 - Mar/Abr 2011 ISSN 2176-4409 A contribuição da química na produção de cachaça e a PNRS são temas de artigos Págs. 10 e 12 Divulgação e reconhecimento foram as razões que estimularam a participação dos candidatos Pág. 4 Campanha publicitária e palestras serão as ações do Conselho para o AIQ Pág. 8 Reportagem resgata a viagem que Marie Curie fez ao Brasil Cientista ganhadora do Nobel e que inspira o Ano Internacional da Química proferiu palestras no Rio, São Paulo e Minas Gerais em 1926 Pág. 6

Informativo CRQ-IV - 108

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Jornal do Conselho Regional de Química IV Região (SP). Edição referente ao bimestre Março/Abril de 2011.

Citation preview

Page 1: Informativo CRQ-IV - 108

Jornal do Conselho Regional de Química - IV Região (SP)Ano 20 - Nº 108 - Mar/Abr 2011

ISSN 2176-4409

A contribuição da química na

produção de cachaça e a PNRS

são temas de artigosPágs. 10 e 12

Divulgação e reconhecimento

foram as razões que estimularam

a participação dos candidatos

Pág. 4

Campanha publicitária e

palestras serão as ações do

Conselho para o AIQPág. 8

Reportagem resgata

a viagem que Marie

Curie fez ao BrasilCientista ganhadora do Nobel e que

inspira o Ano Internacional da Química

proferiu palestras no Rio, São Paulo

e Minas Gerais em 1926

Pág. 6

Page 2: Informativo CRQ-IV - 108

Informativo CRQ-IV Mar-Abr/20112

Leitores

PRESIDENTE: MANLIO DEODOCIO DE AUGUSTINIS

VICE-PRESIDENTE: HANS VIERTLER

1º SECRETÁRIO: LAURO PEREIRA DIAS

2º SECRETÁRIO: DAVID CARLOS MINATELLI

1º TESOUREIRO: ERNESTO HIROMITI OKAMURA

2º TESOUREIRO: SÉRGIO RODRIGUES

CONSELHEIROS TITULARES: DAVID CARLOS MINATELLI,ERNESTO H. OKAMURA, HANS VIERTLER,JOSÉ GLAUCO GRANDI, LAURO PEREIRA DIAS,NELSON CÉSAR FERNANDO BONETTO,RUBENS BRAMBILLA, SÉRGIO RODRIGEUS

E WALDEMAR AVRITSCHER

CONSELHEIROS SUPLENTES: AIRTON MONTEIRO,ANA MARIA DA COSTA FERREIRA,ANTONIO CARLOS MASSABNI,

Os artigos assinados são de exclusivaresponsabilidade de seus autores e podem

não refletir a opinião desta entidade.

Conselho Regional de Química - IV Região

Editorial

Expediente

Rua Oscar Freire, 2.039 - Pinheiros - CEP 05409-011 - São Paulo - SP - Tel. (11) 3061-6000 - Fax (11) 3061-5001

Internet: www.crq4.org.br www.twitter.com/crqiv e-mail: [email protected]

O Informativo CRQ-IV é uma publicação bimestral. Tiragem desta edição: 87 mil exemplares

CARLOS ALBERTO TREVISAN, CLÁUDIO DI VITTA,GEORGE CURY KACHAN, JOSÉ CARLOS OLIVIERI,REYNALDO ARBUE PINI E MASAZI MAEDA

CONSELHO EDITORIAL: MANLIO DE AUGUSTINIS

E JOSÉ GLAUCO GRANDI

IMAGEM DA CAPA: ASSOCIATION CURIE JOLIOT-CURIE

JORNALISTA RESPONSÁVEL: CARLOS DE SOUZA (MTB 20.148)

ASSISTENTES DE COMUNICAÇÃO: ANA CRISTINA VELASCO

(MTB) 43.167 E MARI MENDA (MTB 4606)

PRODUÇÃO: PÁGINAS & LETRAS EDITORA E GRÁFICA LTDA.TEL.: (11) 3628-2144 - FAX: (11) 3628-2139

Augustinis é homenageadoCURIE – Parabéns pela matéria sobreMarie Curie (Informativo nº 107). Po-rém, faltou dizer que ela já esteve noBrasil, em Águas de Lindoia, visitandoo médico italiano Francisco Tozzi.

Téc. Químico Clovis Keiti OdashimaMogi das Cruzes/SP

O Informativo foi atrás da dica dadapelo leitor e publica nesta edição ma-téria contando a visita que Marie Curiefez ao Brasil. A reportagem traz infor-mações inéditas ou pouco conhecidasaté mesmo nos meios acadêmicos.

MULHER – Finalmente vocês se lem-braram da nossa data [8 de março - DiaInternacional da Mulher] e reconhece-ram a nossa importância na profissão.

Bacharel Ana A. P. AlencarSão Paulo/SP

A profissional refere-se ao banner queficou em exposição na Home Page dosite entre os dias 7 e 9 de março. Naverdade, o uso desse meio para home-nagear as profissionais é uma práticaadota há alguns anos pelo Conselho..

HORÁRIO – Venho manifestar certa in-satisfação com relação ao CRQ quantoàs datas e horários dos cursos gratuitos.Eles não poderiam ocorrer à noite?

Bacharel Sueli Firme de AraújoJandira/SP

O CRQ-IV não fez nenhum cursogratuito este ano. Para os que sorteoubolsas, as datas e horários foram defi-nidos por seus organizadores. Quantoaos minicursos promovidos pela enti-dade, não é possível fazê-los à noite,pois sua duração é de sete horas. EmS. Paulo, eles ocorrem durante a se-mana, ficando os sábados para as apre-sentações no Interior para facilitar odeslocamento de profissionais oriun-dos de várias regiões.

Conselho prestigiadeputado Caramez

Representado pelo presidente Man-lio de Augustinis, o CRQ-IV prestigioua posse do Deputado Estadual João Ca-ramez, ocorrida dia 15 de março na As-sembleia Legislativa de São Paulo. Oparlamentar foi o autor do projeto quetornou obrigatória a contratação de pro-fissionais da química por instituições pú-blicas e privadas que possuem piscinasde uso coletivo. Aprovado ano passado,o projeto acabou vetado pelo então go-vernador José Serra. A Assembleia aindapode derrubar o veto do Executivo.

Patrocínio paraminicursos é

renovadoNo fechamento desta edição do In-

formativo, a Caixa Econômica Federalanunciou a renovação do patrocínio paraque o Conselho dê prosseguimento aosminicursos em 2011. Realizado desde2006, o programa de treinamentos gra-tuitos beneficiou só no ano passado maisde 800 profissionais. Os interessadosem participar devem fazer visitas perió-dicas ao site do Conselho para acompa-nhar a programação. A previsão é de queas datas e locais comecem a ser divulga-dos em meados de abril. Os primeirosencontros serão realizados em cidadesdo interior do Estado.

A Química brasileira perdeu no dia3 de março o Bacharel Alcídio Abrão.Um dos primeiros pesquisadores doInstituto de Pesquisas Energéticas eNucleares de São Paulo, Abrão lideroua equipe que dominou a tecnologia defabricação do hexafluoreto de urânio.Na versão on-line desta edição, o leitorencontrará um histórico de suas ativi-dades, escrito pelo Conselheiro Walde-mar Avritscher.

Deputado (e) recebeu Augustinis na AL

Posse

Divulgação

Page 3: Informativo CRQ-IV - 108

Informativo CRQ-IV Mar-Abr/20113

Prêmio CRQ-IVrêmio CRQ-IV

Page 4: Informativo CRQ-IV - 108

Informativo CRQ-IV Mar-Abr/20114

Estudantes

Divulgação ereconhecimentoestimularam aparticipação

Pesquisa feita pelo InformativoCRQ-IV com orientadores e autores detrabalhos que disputam a edição 2011do Prêmio CRQ-IV indicou que os prin-cipais fatores que os levaram a se ins-crever foram a divulgação que o con-curso proporciona e o reconhecimentoque ele ajuda a conquistar nos meiosacadêmicos e científicos. Tais caracte-rísticas beneficiam tanto os participan-tes quanto as instituições de ensino querepresentam.

Além dos motivos que estimularama participação, a pesquisa também le-vantou os meios pelos quais os con-correntes tomaram conhecimento doconcurso. O Informativo CRQ-IV, com21 indicações, e os cartazes promocio-nais enviados às escolas no fim do anopassado, com 11, foram as mídias maiscitadas.

Foram entrevistados autores e/ouorientadores de 45 dos 47 trabalhos queestão concorrendo. O Conselho rece-beu 57 inscrições, porém dez acabaramdesclassificadas por estarem em desa-cordo com um ou mais itens do regula-mento. Mesmo assim, o número deconcorrentes representa um recorde nahistória do Prêmio CRQ-IV. Os vence-dores serão conhecidos em maio e apremiação ocorrerá em 18 junho, duran-te a cerimônia que comemorará o Diado Profissional da Química.

Aluna da Universidade Federal doABC, Tânia Maria Manieri disse quesoube do concurso quase de maneirasimultânea: viu o cartaz no mural daescola e, no mesmo dia, sua orienta-

dora, Gisele Cerchiaro, lhe falou sobreo prêmio e sugeriu que participasse paradivulgar seu projeto. “Levamos muitotempo, dois, três anos, para fazer estetrabalho e resolvemos investir nele.Inscrever o trabalho no Prêmio CRQ-IV é uma forma de mostrar nosso es-tudo e conquistar um reconhecimentopúblico”, afirmou.

Coordenador do curso de gradua-ção em Química da Universidade deFranca, o professor Marco AntônioVerzola disse que a instituição sempreacompanha o Prêmio CRQ-IV e lem-brou que, em 2010, foi vencedora namodalidade Engenharia Química. Se-gundo ele, que neste ano orienta otrabalho assinado por Marcelo Henriqueda Silva, aquele fato estimulou mais osalunos a participarem, pois viram a pos-sibilidade de um trabalho produzido no

interior do Estado e por uma instituiçãoparticular ser reconhecido.

“Incentivamos a participação por-que valoriza o esforço do aluno e esti-mula a pesquisa”, disse a professoraGislaine Delbianco, do Instituto Supe-rior de Ciências Aplicadas (Isca/Limei-ra), orientadora do trabalho produzidopor Laís Peixoto Rosado. Para ela, oprêmio é fundamental para as facul-dades que querem fazer a diferença,principalmente as instituições privadase que não dispõem de incentivos finan-ceiros como as grandes universidadespúblicas. “Vamos na cara e na coragem:não temos a grife USP, Unicamp, Unesp,por isso é importante acharmos cami-nhos que valorizem a pesquisa e o traba-lho de nossos alunos”, disse.

“Participamos de muitos concursostodos os anos e o Prêmio CRQ-IV émuito importante por conta da serieda-de com que é feito”, avaliou a profes-sora Patrícia Antonio de Freitas, orien-tadora de um dos trabalhos apresen-tados este ano por alunos do InstitutoMauá de Tecnologia (IMT/São Caetanodo Sul).

Adriana Célia Lucarini, do CentroUniversitário da FEI (São Bernardo doCampo), disse ser importante participardo Prêmio CRQ-IV por causa da divul-gação que ele proporciona para a escolae seus representantes. Ela conta queseu aluno, Frederico Dalyson Araújo,ficava acompanhando na internet asnotícias sobre o prêmio. “Eu o incentiveia participar por causa da seriedade doconcurso”, completou.

Divulgação/Isca

Prêmio é fundamental para as faculdades quequerem fazer a diferença, avalia a professoraGislaine Delbianco

Page 5: Informativo CRQ-IV - 108

Informativo CRQ-IV Mar-Abr/20115

Estudantes

Premiado, como orientador, nas edi-ções de 2002, 2005 e 2006, o professorAdilson Roberto Gonçalves, da Escolade Engenharia de Lorena (EEl/USP)conhece bem o retorno proporcionadopelo Prêmio CRQ-IV. “Só o fato de otrabalho aparecer no site do Conselhojá começa a gerar repercussão dentroda faculdade”, atestou. Para o orien-tador do trabalho assinado por NailaRibeiro Mori, o caráter científico e apublicidade que o concurso proporcio-na são os pontos que de fato estimulama participação.

LÁUREA – “Quem sai da escola comuma láurea dessas já começa a carreiramuito bem”, avaliou o professor LuizAlberto Jermolovicius, também do Ins-tituto Mauá de Tecnologia (IMT). Elefala com propriedade, pois há dois anos

o trabalho produzido por duas de suasalunas foi o ganhador na modalidadeEngenharia Química. Este ano Jermolo-vicius volta a participar como orienta-dor do trabalho feito por Lívia RochaHadad.

Representante da Faculdade de Ciên-cias e Tecnologia da Unesp de Presi-dente Prudente, a professora Ana MariaPires disse que a motivação de sua ori-entada em se inscrever foi a possibili-dade de divulgar o trabalho que desen-volveu ao longo da iniciação científica.Obviamente, salientou a profissional, apremiação em dinheiro também é umatrativo, pois poderá ser utilizada pelaaluna para continuar investindo em suacarreira. Em 2010, o trabalho orientadopor Ana Maria foi o vencedor na mo-

dalidade Química de Nível Superior. Deacordo com a professora, a valor rece-bido (R$ 10 mil) permitiu a aluna Andre-za Cristina Souza Silva custear parteda viagem que fez a Portugal para pas-sar um período na Universidade deAveiro como integrante de um grupode pesquisa.

Para Jermolovicius, conquista da láurea for-talece o início da carreira

Premiação em dinheiro ajudou Andreza Silva acontinuar estudos em Portugal

Divulgação/IMT Arquivo

Como soube do concurso?

Pelo Informativo CRQ 21

Pelos cartazes enviados à escola 11

Pelo site do CRQ 3

Por meio de palestra feita pelo CRQ na escola 2

Boletim SBQ 0

Boletim Fapesp 0

Outros 8

Porque decidiu participar do concurso?

Porque ele confere reconhecimento à escola e/ou

ao participante 18

Por causa da divulgação escola e do aluno 16

Por causa do prêmio em dinheiro 3

Para ter uma participação efetiva no Ano Internacional

da Química 0

Outros 8

Simpósios discutirãomeio ambiente e

qualidade industrial

O CRQ-IV e o Sindicato dosQuímicos, Químicos Industriais eEngenheiros Químicos de São Pau-lo promoverão dois simpósios nomês de junho. No dia primeiro ocor-rerá o I Simpósio de Inovação Tec-nológica e Soluções para o MeioAmbiente. Já o I Simpósio de Ges-tão de Qualidade na Indústria Bra-sileira está marcado para o dia 14.

Os eventos serão realizados noauditório do Conselho (rua OscarFreire, 2039, Pinheiros - SP/SP) eterão taxa de inscrição de R$150,00 (profissionais) e R$ 75,00(estudantes). Acesse a seção “even-tos” do site do Conselho para obterdetalhes sobre as palestras, apresen-tadores e meios para se inscrever.

Page 6: Informativo CRQ-IV - 108

Informativo CRQ-IV Mar-Abr/20116

Celebração

Inspiradora do AIQ fez conferênciasno Rio, São Paulo e Minas Gerais

Marie Curie veio ao Brasil em 1926 e por aqui passou 45 dias

Muitos não sabem, mas o Brasil dosanos 1920 foi destino de importantescelebridades do mundo científico, queaqui vieram para dar aulas, visitar cen-tros de pesquisas e conhecer as poten-cialidades de uma nação que começavaa despertar para as ciências. Depois daspassagens dos físicos Albert Einstein ePaul Langevin, dos matemáticos Jac-ques Hadamard e Émile Borel e do an-tropólogo Paul Rivet, em 1926 foi a vezde o País receber Marie Curie, que fi-cou mundialmente conhecida por suaspesquisas com elementos radioativos eque lhe valeram a concessão de doisprêmios Nobel (Física, em 1903, e Quí-mica, em 1911). O centenário deste se-gundo prêmio, aliás, é uma das razõesque levaram a ONU/Unesco a estabele-cer 2011 como o Ano Internacional daQuímica (AIQ).

Madame Curie, como ficou conhe-cida, passou 45 dias no Brasil. Começoupelo Rio de Janeiro, onde desembarcouno dia 15 de julho, acompanhada dafilha mais velha, Irène. Veio a convitedo extinto Instituto Franco-Brasileiro deAlta Cultura, uma instituição mantidapela embaixada francesa. O institutoorganizou uma série de conferênciassobre a radioatividade na Escola Poli-técnica da Universidade do Rio de Janei-ro (atual Universidade Federal do Riode Janeiro), que na época ficava noLargo de São Francisco de Paula, nocentro da cidade.

Apesar de o Brasil do começo do sé-culo passado ocupar uma posição mo-desta nas pesquisas de vanguarda, a vin-da dessas celebridades ao País desperta-va grande interesse por parte da mídia.A chegada de Curie ao Rio, por exemplo,

fez com que repórteres de váriosjornais fossem acompanhar seudesembarque e depois produzissemvárias matérias sobre sua vida. Algu-mas das conferências que ela fezforam transmitidas pela Rádio So-ciedade do Rio de Janeiro, segun-do relatam os pesquisadores LuisaMassarani e Ildeu de Castro Moreiraem artigo publicado em 2003 na Re-vista Rio de Janeiro, da Univer-sidade Estadual do Rio de Janeiro.

Depois dos compromissos ofi-ciais e de visitar pontos turísticosda cidade, como o Pão de Açúcar ea Ilha de Paquetá – pois ela “tinhao desejo de conhecer nossas rique-zas naturais”, segundo reportagemde A Gazeta Clínica, Curie rumou paraSão Paulo e Minas Gerais.

O trem que trouxe a cientista e suafilha para São Paulo chegou em 13 deagosto na então “Estação do Norte”(atual Roosevelt). Duas importantesfiguras da história paulista e brasileiraas ciceronearam: Bertha Lutz, filha domédico Adolfo Lutz, era zoologista for-mada pela Sorbone (como Marie) e pio-neira do movimento feminista no Brasil,e Carlota Pereira de Queiroz, médicaoncologista e que, em 1933, foi a pri-meira mulher eleita deputada federal noBrasil. Madame Curie foi recebida naestação por autoridades políticas, per-sonalidades da ciência e franceses resi-dentes na cidade.

Entre seus principais compromissosem São Paulo estava a palestra sobreradiologia, realizada no mesmo dia desua chegada, no anfiteatro da Facul-dade de Medicina, no bairro de Pinhei-ros. Para um auditório repleto de

professores, estudantes, médicos e“muitas senhoras e senhoritas”, comoregistrou uma reportagem do jornal OEstado de S. Paulo, ela abriu a con-ferência recordando a descoberta deBecquerel (Antoine Henri Becquerel,Prêmio Nobel de Física de 1903): “foieste sábio que encontrou no urâniopropriedades inteiramente novas” – epreviu: “esses fenômenos reservam aomundo surpresas inconcebíveis”. Deacordo com reportagem da época,Curie ilustrou a palestra com “diversasprojeções luminosas e explicou minu-ciosamente a existência de emanaçõesradioativas no meio ambiente”.

A cientista visitou, ainda, o InstitutoButantan, a Estação Biológica do Altoda Serra e teve encontros com repre-sentantes do governo e prefeitura.

Com vigor físico invejável, MadameCurie rumou no dia seguinte para Ther-mas de Lindoya, hoje município deÁguas de Lindoia, para onde foi a con-

Jornal O Estado de S. Paulo noticiou a chegada

Foto: Alex Silva

Page 7: Informativo CRQ-IV - 108

Informativo CRQ-IV Mar-Abr/20117

Celebração

vite do médico italiano Francisco Tozzi.“Ela quis visitar a cidade porque sabiaque aqui existiam águas radioativas.Meu avô, quando fazia palestras, já cita-va a radioatividade da água e afirmavaque as curas eram promovidas por essapropriedade”, conta Mirian Tozzi, netado médico que, em 1916, fundou o en-tão vilarejo. Especializado em tratamen-tos termais, Tozzi tornou a localidadefamosa no mundo ao divulgar seus es-tudos sobre a composição e as proprie-dades curativas das águas da região.Mirian conta que seu avô batizou umasala de emanações com o nome de Ma-rie Curie. A sala tinha uma piscina e daágua saíam gases. Doentes eram colo-cados no ambiente para respirarem aque-les vapores, explicou Mirian. A sala dasemanações foi desativada quando oEstado desapropriou as termas e conti-nua fechada ao público até hoje.

MINAS GERAIS – Partindo de São Paulo,Marie Curie e sua filha chegaram nodia 16 de agosto em Belo Horizonte.Segundo o professor João Amilcar Sal-gado, fundador do Centro de Memóriada Medicina de Minas Gerais (Ceme-mor), o interesse de Madame Curie nacapital mineira era visitar o Instituto doRádio, primeiro hospital das Américasdedicado ao tratamento do câncer. Elae a filha conheceram as instalações e po-saram para uma foto nos jardins do ins-tituo ao lado de médicos e funcionários.

No dia seguinte, a cientista fez, naFaculdade de Medicina, uma conferên-

cia sobre a radioatividade e suas aplica-ções. Na platéia, estudantes que depoisse tornariam personalidades famosas noPaís: Juscelino Kubistchek, ex-presi-dente, Pedro Nava e João GuimarãesRosa, que se notabilizaram no campoda literatura. Anos mais tarde o Institutodo Rádio passou a se chamar InstitutoBorges da Costa, em homenagem aoseu fundador, e continua em funciona-mento até hoje.

De volta ao Rio de Janeiro, em 19de agosto Curie foi homenageada pelaAcademia Nacional de Medicina, sendodeclarada sócia honorária, e lá fez mais

Centro de Memória da Medicina de Minas Gerais-Cememor

Com médicos e funcionários, Curie (C) posou para foto no Instituto do Rádio, em Belo Horizonte

uma conferência. Mãe e filha voltaramà França no dia 28 de agosto. MarieCurie manteve seu trabalho no Institutodo Rádio de Paris e continuou a fazerviagens internacionais até morrer, em1934, aos 67 anos.

O Instituto do Rádio, fundado porela em Paris em 1909, existe até hoje. Éo maior centro dedicado à pesquisa docâncer na França. Lá funciona o MuseuCurie, no mesmo local em que, em 1898,Pierre, seu marido, e ela, trabalhando emum laboratório improvisado, descobri-ram o polônio e o rádio, dando início atoda esta história.

Mirian Tozzi mantém registros sobre apassagem de Curie por Águas de Lindoia

Preconceito abreviou visita a MGNotícias da época informam que Ma-

dame Curie visitaria outras cidades du-rante sua estada em Minas Gerais. Po-rém, de acordo com o professor JoãoAmilcar Salgado, fundador do Ceme-mor, estes compromissos foram cance-lados em cima da hora porque as espo-sas dos médicos e dos representantes deassociações científicas ficaram enciu-madas. Tais reações decorreram do “es-cândalo” amoroso em que ela se envol-veu 15 anos antes de sua visita ao Brasil.

Viúva e jovem, ela teve um envolvi-mento amoroso com o físico Paul Lan-gevin, ex-aluno de seu falecido marido.O romance veio a público quando Lan-gevin já não estava mais casado.

A imprensa conservadora da épocaacusou Madame Curie, uma estrangei-

ra e de hábitos não convencionais (poisera uma cientista e feminista), de teracabado com o casamento de “respei-táveis cidadãos franceses”.

Cartas trocadas entre Langevin eCurie foram publicadas pelos jornais. Ofato causou uma comoção popular tãogrande que manifestantes chegaram afazer piquetes em frente à casa dos Curie,em Paris. O escândalo estourou na mesmaépoca em que a cientista polonesa eraanunciada como ganhadora do PrêmioNobel de Química, em 1911.

Abrigada na casa de amigos com asduas filhas, Marie Curie rompeu o rela-cionamento com Langevin, declarou-seenvergonhada por macular o nome domarido e, ao que se saiba, nunca maisteve envolvimentos amorosos.

Foto: Alex Silva

Page 8: Informativo CRQ-IV - 108

Informativo CRQ-IV Mar-Abr/20118

Celebração

Conselho define suas ações parao Ano Internacional da Química

Entidade contrata agência de publicidade e começa preparativos para palestras

A Contexto Propaganda será a agên-cia encarregada de desenvolver a campa-nha que o Conselho fará em comemo-ração ao Ano Internacional da Química(AIQ). Contratada por meio de licitaçãopública encerrada em março, a empresaexiste desde 1978 e tem entre seus clien-tes o Governo do Estado de São Paulo eo Banco do Brasil. O Conselho tambémdefiniu, no mês passado, a grade de en-contros que fará com professores paraprepará-los para as 1.500 palestras quepretende promover em todo o Estadoao longo deste ano para estudantes dosníveis fundamental e médio.

A campanha publicitária deverá co-meçar em maio e se estender até o fimdo ano. A proposta será mostrar ao pú-blico em geral os benefícios proporcio-nados pela química ao longo da história.A maioria das pessoas não faz a ligaçãoentre a química e os bens e serviços comque lidamos no dia a dia. Por exemplo,poucos têm noção que a qualidade dosalimentos (industrializados ou não), ascores da roupas, a potabilidade da água,o medicamento que cura ou alivia a dor,

o vidro que veda, protege e/ou embelezaos imóveis, o aço com que são feitos osveículos, os produtos de limpeza, os cos-méticos os celulares, os computadoresou até mesmo o papel usado na impres-são de livros, jornais, entre outros itens,são resultados da tecnologia química. Odesafio da campanha, portanto, serámostrar essa relação e contribuir paraafastar o velho conceito de que tudo oque tem química não presta e é nocivo.

No mês de junho, quando se come-mora o Dia do Profissional da Química(a data oficial é 18 daquele mês), a cam-panha exaltará a importância – no coti-diano da sociedade – daqueles que abra-çaram a química como profissão. Qua-se todo mundo já teve contato com ummédico, um advogado, um encanadorou eletricista e sabem o que eles fazem.Muita gente, porém, só consegue con-textualizar um Profissional da Químicadentro de um laboratório e fazendo coi-sas que são um completo mistério. Oobjetivo será mostrar que esses profis-sionais, mesmo sem aparecer, possuemuma relação com o cotidiano das pes-

soas maior do que se possa imaginar.Inicialmente, a campanha será com-

posta por anúncios a serem exibidosno Metrô de São Paulo e em estradasque dão acesso às cidades do Interioronde o Conselho mantém escritórios.Estudos a serem feitos no decorrer doprojeto, contudo, poderão reforçar a uti-lização dessas mídias ou recomendar aadoção de outras que possam ampliarou proporcionar resultados superioresaos que se pretende alcançar.

PALESTRAS – Outra frente dos trabalhosque o CRQ-IV abrirá este ano paracelebrar o AIQ terá como foco os estu-dantes dos níveis fundamental e médio.Com uma linguagem especialmentedesenvolvida para estes públicos, a me-ta será apresentar, a partir de junho,1.500 palestras para alunos de escolaspúblicas e particulares. Além de utilizarconceitos que mostrarão a relação diretaentre a química e o cotidiano, buscandoassim desmistificar e despertar o interes-se pela ciência, as palestras também fala-rão sobre os vários mercados de trabalho

Page 9: Informativo CRQ-IV - 108

Informativo CRQ-IV Mar-Abr/20119

Celebração

em que os químicos podem atuar.O conteúdo das palestras está sendo

desenvolvido pelo CRQ-IV em conjuntocom o professor Guilherme Marson, doInstituto de Química da USP e editor deconteúdo do site Química Nova Intera-tiva, da Sociedade Brasileira de Química,entidade que coordena as ações do AIQno Brasil. Durante as palestras, os estu-dantes receberão alguns materiais destina-dos a fixar os conteúdos. Entre eles, gibis,folderes e, possivelmente, um jogo ele-trônico. Caberá à agência Contexto Pro-paganda desenvolver esses “produtos”com base em briefing definido pela equiperesponsável pelo projeto.

As palestras ocorrerão a partir dejunho, mas seus preparativos já começa-

ram. Em março, o Conselho enviou ofí-cios a todas as escolas técnicas e fa-culdades paulistas que oferecem cursosde formação em química convidando-as a participar do projeto. A ideia é queelas destaquem seus professores paraministrarem as palestras nas regiões emque estão instaladas.

Para tanto, eles terão de fazer pri-meiro um treinamento destinado a uni-formizar a linguagem que será utilizadae entenderem os conceitos que serãotrabalhados. Num total de 12, essestreinamentos estão marcados para operíodo de 15 de abril a 19 de maio nacapital e em onze cidades do interiorpaulista. A programação está disponívelno site do Conselho.

Secretaria apoia iniciativaA Secretaria de Educação de São Paulo

anunciou que apoiará a realização daspalestras que o Conselho fará este anocomo parte de suas ações para comemoraro Ano Internacional da Química (vejamatéria ao lado). O apoio se deu depois dereunião em que representantes dos CRQ-IV, Associação Brasileira da Indústria Quí-mica (Abiquim) e Instituto de Química daUSP tiveram no começo de março com Te-resa Malatian e João Santos, da Coorde-nadoria de Estudos e Normas Pedagógicas(Cenp), orgão da secretaria que tem entreas suas atribuições o desenvolvimento deestudos e pesquisas voltados ao estabe-lecimento de diretrizes e normas pedagó-gicas para a rede estadual de ensino.

O apoio se traduz em comunicadosque o Cenp enviará às 91 Diretorias deEnsino espalhadas pelo Estado para in-

formar sobre o projeto que o Conselhovai desenvolver e instruindo as escolasa facilitarem o acesso dos palestrantes.O Cenp também se ofereceu para, se ne-cessário, enviar para as instituições pú-blicas materiais produzidos pelo Con-selho e que venham a ser utilizados naspalestras.

“O apoio do Cenp é fundamental parao sucesso do projeto”, disse o EngenheiroManlio de Augustinis, presidente doCRQ-IV. Ao lado dele, participaram dareunião Wagner Contrera Lopes e AndreaMariano, ambos do CRQ-IV, Luiz Carlosde Medeiros, gerente de comunicação daAbiquim, Guilherme Marson, professordo Instituto de Química da USP e repre-sentante da Sociedade Brasileira de Quí-mica, e Lupércio Zerbinatti, assessor doDeputado Estadual João Caramez.

AIQ é lançado no BrasilO Ano Internacional da Química (AIQ) foi oficialmente lançado no Brasil durantecerimônia ocorrida dia 23 de março, no Rio de Janeiro. Cesar Zucco, presidente daSociedade Brasileira de Química – entidade que coordena o AIQ no Brasil – lembrouque os objetivos das ações a serem desenvolvidas é chamar a atenção para aimportância da química para o bem-estar de todos e aumentar o interesse dosjovens por essa ciência. O evento teve a participação de representantes de entidadescientíficas, acadêmicas, CRQs, empresas e governo federal.

Page 10: Informativo CRQ-IV - 108

Informativo CRQ-IV Mar-Abr/201110

Artigo

A Química e a qualidade da cachaçapor Felipe A. T. Serafim, Carlos A. Galinaro, Alexandre A. da Silva,

Francisco W. B. Aquino e Douglas W. Franco

“A minha cachaça não tem química,é natural!”. Vai longe a época em queesta afirmação era pronunciada porprodutores de aguardente. Hoje em dia,eles entendem claramente que a pro-dução da bebida envolve uma série deprocessos químicos, físico-químicos ebioquímicos bastante complexos e quealguns destes ainda não se encontrammuito bem esclarecidos.

A distinção entre o rum e a cachaçaproduzidos, respectivamente, a partir dadestilação do melaço e do caldo de canafermentado, foi obtida por meio daanálise química da sua fração orgânicae inorgânica (34 analitos). Em seguida,os resultados foram analisados pelastécnicas de Análise de ComponentesPrincipais (PCA) e Análise Hierárquicade Agrupamentos (HCA), que permiti-ram identificar quais os compostos maisrelevantes para a distinção destas bebi-das (ácido protocatecuico, propanol, iso-butanol, manganês, magnésio e cobre).Desta forma, foi possível determinar que

o conhecimento de apenas seis com-postos seria o suficiente para a discrimi-nação pretendida (Fig. 1)

Esta distinção foi de grande valia naidentificação da cachaça como produtogenuinamente brasileiro. Até então, aaguardente era considerada um tipo derum, o que prejudicava sua identificaçãoe valorização no mercado internacional.

A distinção entre cachaças produzi-das em coluna e em alambique seguiua mesma trilha, ou seja, a análise quí-mica e o tratamento quimiométrico dosresultados auxiliaram na identificaçãodos compostos responsáveis pela discri-minação dos dois tipos de bebidas, deacordo com o processo de destilaçãoem que foi submetida (benzaldeído, car-bamato de etila, formaldeído, 5-hidroxi-metil-furfuraldeído, ácido acético e pro-pionaldeído) e, consequentemente, aelaboração de modelos para determinara procedência de cada destilado.

As análises passaram a dar suportetécnico às discussões sobre as vanta-

gens e desvantagens dos sistemas utili-zados (coluna ou alambique), principal-mente com relação ao volume de desti-lado produzido. No mercado, ambos osprodutos, em sua maioria, são comer-cializados de forma indistinta. Umarotulagem informando a procedência dabebida é um dos antigos pleitos dos pro-dutores de cachaça de alambique.

A queima da cana é um dos gravesproblemas ambientais e de saúde públicagerados por essa indústria. Os hidrocar-bonetos policíclicos aromáticos (HPAs)produzidos durante a queima da cana-de-açúcar são transferidos para o álcoole para a aguardente. A análise cromato-gráfica permite identificar e quantificara presença destes compostos, enquantoo tratamento quimiométrico destes resul-tados possibilita distinguir o destilado pro-duzido com cana queimada do produzidocom cana não queimada (Fig. 2). Esteponto é de grande interesse, pois os HPAssão formados em altas temperaturas(~700ºC), não são destruídos durante acombustão do etanol nos motores eacabam lançados na atmosfera. Certa-mente, o controle dos teores de HPAs emálcool combustível também será exigidopara a exportação da cachaça.

Os estudos citados – que só forampossíveis com a participação efetiva daquímica –, promoveram avanços noprocesso de qualificação e tipificaçãoda cachaça, agregando valor ao produ-to. Este fato não passou despercebidodos produtores, que nestes últimos 15anos mudaram radicalmente sua postu-ra, passando a considerar a química dabebida como uma aliada. A aproximaçãoentre os produtores e os laboratóriostornou-se mais objetiva.Figura 1: Gráfico de scores da análise de componentes principais para amostras de rum e cachaça

Page 11: Informativo CRQ-IV - 108

Informativo CRQ-IV Mar-Abr/201111

Artigo

Figura 2: Gráfico de scores (A) e do loading (B) da regressão por mínimos quadrados parciais para amostras de cachaça produzidas com cana queimada (¹ ) e nãoqueimada ( • )

A qualidade de um produto, certa-mente, não esta restrita simplesmenteà sua composição química requeridapara a certificação. No caso da aguar-dente, por exemplo, água e álcool etílicorespondem por 98% de sua composi-ção. Os demais 2% são uma misturade compostos orgânicos e inorgânicos(íons), majoritariamente responsáveispelas suas propriedades organolépticas.

De nada adianta um produto estardentro das normas de certificação quí-mica se o mesmo não apresentar pro-priedades sensoriais que agradem aoconsumidor. Assim, esforços estão sen-do feitos para correlacionar a composi-ção química e as propriedades sensoriaisdos produtos. O Concurso de Qualida-de da Cachaça, iniciado em 2004, comperiodicidade bianual, tem se dedicadoa desenvolver esta abordagem.

Nestes concursos, as amostras jácodificadas passam por um processoque envolve três etapas: a análise quími-ca, a análise sensorial e o teste afetivo(degustação). Primeira a ser feita, a aná-lise química é de caráter eliminatório. Aanálise sensorial e o teste afetivo são efe-tuados, respectivamente, por painel de de-gustadores treinados e pelo público emgeral. Estes testes são conduzidos peloprofessor Luigi Odello, do Centro StudiAssaggiatori, de Brescia, Itália, seguindoos padrões europeus. A nota média des-

tas três avaliações conduz à hierarqui-zação das aguardentes, de acordo comsuas qualidades químicas e sensoriais.

A última edição do concurso ocor-reu em dezembro de 2010 e envolveu aparticipação de 68 amostras de aguar-dente. O evento ocorreu no Instituto deQuímica de São Carlos da Universidadede São Paulo (IQSC-USP), durante oVIII Brazilian Meeting on Chemistry ofFood and Beverages [que teve o apoiodo CRQ-IV] e contou com cerca de 300participantes.

Duas foram as categorias inscritas:“Cachaças Descansadas” e “CachaçasEnvelhecidas”. As primeiras dizem res-peito a produtos armazenados por nãomais de seis meses em recipientes de açoinox ou tonéis de madeiras de 1.000 litrosou mais. Da segunda categoria fazem par-te as aguardentes armazenadas em tonéisde 200 a 250 litros, feitos de madeirascomo carvalho, amburana, bálsamo, jequi-tibá, por períodos de pelo menos 12 me-ses. A tabela ao lado apresenta as cachaçaspremiadas. Nota-se que a participaçãonão ficou restrita ao Estado de São Paulo.

O estudo da correlação entre as pro-priedades sensoriais e a composição quí-mica da aguardente, não necessaria-mente óbvia, é tema que está em de-senvolvimento. Muito trabalho em quí-mica ainda é necessário neste fértilcampo de investigação.

Douglas W. Franco é professortitular do IQ-USP/S. Carlos.

Alexandre A. Silva, Carlos A.Galinaro e Felipe A. T. Serafim são

seus alunos de doutorado.Francisco W. Aquino é aluno depós-doutorado. Contatos peloe-mail [email protected].

Veja a íntegra do artigo na versãoon-line desta edição.

Resultado do Concurso de Qualidadeda Cachaça (dezembro de 2010)

Envelhecidas Premiação Estado

Porto Morretes Ouro Paraná

Mazzaropi Prata São Paulo

Tapinuã dos Reis Prata Rio de Janeiro

Campanari Prata São Paulo

Porto Morretes Bronze Paraná

Barril 12 Bronze Goiás

Engenho da Vertente Bronze São Paulo

Aroma do Caraça Bronze Minas Gerais

Rio do Engenho Bronze Bahia

Descansadas Premiação Estado

Jacuhy Ouro Minas Gerais

Embaúba Prata Minas Gerais

Campanari Prata São Paulo

Monte Alvão Prata Minas Gerais

Beppe Bronze Minas Gerais

Estilo Mineiro Bronze Minas Gerais

Reserva do Capitão Bronze São Paulo

Mato Dentro Bronze São Paulo

Jacuba Bronze São Paulo

Page 12: Informativo CRQ-IV - 108

Informativo CRQ-IV Mar-Abr/201112

Artigo

As implicações da nova PolíticaNacional de Resíduos Sólidos

por Fernando Altino Rodrigues

No final do mandato do PresidenteLula foi assinada a Lei que instituiu aPolítica Nacional de Resíduos Sólidos(PNRS) – 12.305/2010. Foram mais deduas décadas de tramitação do projetode Lei!

A PNRS reforça o entendimento deque a questão dos resíduos é uma res-ponsabilidade de toda a sociedade. Des-sa forma, ela define que estão sujeitos àlei: “As pessoas físicas ou jurídicas, dedireito privado, responsáveis direta ouindiretamente pela geração de resíduossólidos e as que desenvolvam ações rela-cionadas à gestão integrada ou ao geren-ciamento dos resíduos”.

opção exclusiva para os rejeitos.Muito por conta disso, a nova polí-

tica estabelece uma conceituação paradestinação final e para disposição final.A destinação final inclui a reutilização,a reciclagem, a compostagem, a recu-peração e o aproveitamento energéticoe é relacionada aos resíduos. Já a dis-posição final tem o foco nos aterros e serelaciona, exclusivamente, aos rejeitos.

Pode-se dizer, numa síntese possí-vel, que a PNRS considera cinco princi-pais eixos temáticos: Hierarquia na ges-tão, Logística reversa, Responsabilidadecompartilhada, Incentivos econômicose Planos de gerenciamento.

A hierarquia na gestão passa pelapriorização de ações. O principal obje-tivo, por vezes utópico, é a não geraçãoou a redução na geração dos resíduos.Depois, devem-se buscar as alternati-vas para viabilizar a reutilização, a reci-

clagem ou algum tipo de tratamento.Por fim, a disposição final dos rejeitosem aterros.

A logística reversa pode ser enten-dida como um conjunto de ações, pro-cedimentos e meios que têm por obje-tivo viabilizar a coleta e a restituição dosresíduos sólidos ao setor industrial.

A logística reversa se relaciona dire-tamente com a questão da responsa-bilidade compartilhada, pois, no en-tendimento da PNRS, só se viabilizarãoprojetos de logística reversa com a reale intensiva participação dos diferentesatores envolvidos.

Felizmente, a nova Política Nacionalde Resíduos Sólidos criou as bases parase consolidarem práticas de incenti-vos econômicos que podem e devemestar concentradas nas diferentes áreasdo gerenciamento dos resíduos.

Por fim, tem-se o eixo plano de ge-

A PNRS também nos brinda com umanova conceituação, a qual, provavel-mente, se consolidará como um dos seusprincipais itens: Rejeitos X Resíduos.

Por rejeitos a PNRS entende que sãoos resíduos sólidos que, depois de es-gotadas todas as possibilidades de trata-mento e recuperação por processos tec-nológicos disponíveis e economicamen-te viáveis, não apresentem outra possi-bilidade que não a destinação final am-bientalmente adequada.

Dessa forma, para os resíduos de-ve-se prever a reutilização, a recicla-gem, enfim, as alternativas de tratamen-to disponíveis. A disposição em aterros– sanitários ou industriais – será uma

Page 13: Informativo CRQ-IV - 108

Informativo CRQ-IV Mar-Abr/201113

Artigo

renciamento, o qual está absolutamen-te inserido na ênfase administrativa. Con-ceitualmente, a PNRS induz os diferen-tes atores a formalizarem os seus planosde ação e levarem adiante o gerencia-

mento dos resíduos,seja uma indústria,seja um município,enfim, todas as par-tes interessadas.

Cabe destacar al-guns avanços impor-tantes:- Estímulo às práticas

de reutilização e re-ciclagem;

- Promoção de pro-gramas de educa-ção ambiental; e,

- Criação de incentivos econômicos àsboas práticas.

Em dezembro de 2010, a PNRS foiregulamentada por meio do Decreto nº7404/2010. Em paralelo foram criados

dois comitês: Interministerial da PNRSe Orientador para implantação de siste-mas de logística reversa.

Estamos diante de um grande desa-fio que é a implementação da PNRS,de fato. A regulamentação proposta foium primeiro passo, todavia, é consensoque ainda há muito a ser feito.

Engenheiro químico eprofessor do Instituto deQuímica da UniversidadeEstadual do Rio Janeiro, oautor também é diretor da

consultoria InteraçãoAmbiental.

Contatos pelo e-mailaltino@interacaoam

biental.com.br

O curso de química do Instituto deQuímica da Universidade Estadual Pau-lista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESPde Araraquara – completou, em março,50 anos de criação. Para comemorar adata, a instituição promoveu, no dia 15daquele mês, uma aula magna com Ro-naldo Mota, Secretário de Desenvolvi-mento Tecnológico e Inovação do Mi-nistério da Ciência e Tecnologia. O even-to ocorreu no teatro do Sesc da cidadee teve a presença de aproximadamente200 pessoas.

O Instituto de Química (IQ) daquelauniversidade teve origem no Departa-mento de Química da Faculdade de Fi-losofia Ciências e Letras de Araraquara(FFCLA). O curso foi criado por meio dedecreto assinado em 27 de agosto de 1960pelo falecido presidente Juscelino Kubits-chek. A Unesp foi criada em 1976 a partirda união das faculdades e institutos isola-dos de São Paulo. A medida levou a umareformulação na área acadêmica e admi-nistrativa das unidades universitárias admi-nistradas pelo Poder Público, permitindo

a criação de novas faculdades e institutos.Este foi o caso do Departamento de Quí-mica da FFCLA, transformado, em 1977,em Instituto de Química.

Luiz Antonio Andrade de Oliveira,professor e coordenador do Curso deGraduação em Química, está no IQ há36 anos e contou um pouco da históriada instituição. No começo, disse, o qua-dro de professores era composto pelosalunos que se formaram nas primeirasturmas. Entre eles estava o atual conse-lheiro do CRQ-IV, Antonio Carlos Mas-

sabni. Licenciado em 1966, ele começoua dar aulas no ano seguinte e, paralela-mente, cursou a complementação para oBacharelado. Fez carreira no IQ, chegan-do a dirigi-lo entre 1988 e 1992. Depois,trabalhou na pró-reitoria de pós-gradua-ção e pesquisa e foi diretor de fomento àpesquisa da Fundação para o Desenvol-vimento da Unesp. Aposentou-se em 2001.

Outro ponto ressaltado por Oliveirafoi o destaque que o IQ vem tendo nasavaliações oficiais. “A nota da UNESPno Exame Nacional de Desempenho deEstudantes nos anos de 2005 e 2008 foiquatro, e B em 2002”. Estes exames ob-jetivam aferir o rendimento dos alunosdos cursos de graduação em relação aosconteúdos programáticos, suas habili-dades e competências da universidade,explicou o coordenador.

Nos últimos dez anos, o IQ de Arara-quara dobrou o número de vagas no ves-tibular e triplicou o número de estudantesde pós-graduação. Entre 1964 e 2009foram diplomados 483 mestres e 386doutores.

Química da Unesp de Araraquara comemora 50 anosQuímica da Unesp de Araraquara comemora 50 anos

Page 14: Informativo CRQ-IV - 108

Informativo CRQ-IV Mar-Abr/201114

Água

Simpósio no CRQ-IV discutiu usoracional e inovações tecnológicasPara comemorar o Dia Mundial da

Água, o CRQ-IV promoveu, no dia 22de março, o 1º Simpósio de InovaçãoTecnológica, Tratamento e Uso Res-ponsável da Água. Realizado no audi-tório da entidade, em São Paulo, o eventoreuniu especialistas dos setores públicoe privado. Perto de 70 profissionais as-sistiram aos debates. O encontro teve oapoio do Sindicato dos Químicos, Quí-micos Industriais e Engenheiros Quími-cos e integrou as ações pelo Ano Inter-nacional da Química.

O simpósio foi dividido em painéis.No primeiro deles – Soluções para recu-peração de mananciais – participaramMarcelo Morgado, da Sabesp, a desem-bargadora Consuelo Yoshida e AmauriPollachi, da Secretaria de Saneamento eRecursos Hídricos de São Paulo.

Revisão do padrão de potabilidade daágua foi o tema do segundo painel, apre-sentado por Alexandre Pessoa da Silva,do Ministério da Saúde. Ele falou sobrea revisão da Portaria nº 518, que tratadeste assunto.

Os aspectos da legislação que prevêa cobrança pelo uso da água foram abor-dados no terceiro painel, apresentado porJosé Marcílio Fonseca, do Departamentode Águas e Energia Elétrica de São Paulo

(Daee), e pela enge-nheira Karla Yanssen e atecnóloga Caroline Bac-chin, do Consórcio PCJ,entidade composta pormunicípios e empresase que trabalha pela re-cuperação das baciashidrográficas dos riosPiracicaba, Capivari eJundiaí.

Com o tema Tecno-logias avançadas, o en-genheiro Fernando Go-

contro tratou justamente sobre questõesambientais importantes”, disse Silva.Baldow salientou que obteve muitasinformações úteis para o dia a dia. Já aTécnica em Sistemas de Saneamento,da Sabesp, Cintia Gonçalves dos San-tos, de 28 anos, classificou o eventocomo “gratificante”. Os três salientaramque o tema água de reúso é um dosmais relevantes quando se pensa empreservação dos recursos ambientais.

Veja mais informações na versão on-line desta edição.

Cintia Santos, Alex Silva e Isa Baldow

Evento reuniu cerca de 70 pessoas no auditório

mes, representante da Sabesp no ProjetoAquapolo Ambiental, e a engenheiraAmanda Cavalhero ministraram umapalestra sobre água de reúso. O ProjetoAquapolo prevê o fornecimento de águade reuso, ou água industrial, para o polopetroquímico de Capuava, no ABC.

A seguir, João Marcelo Gomes Pin-to, diretor técnico da Sustentech Desen-volvimento Sustentável, falou sobre otratamento, reúso e economia de águaem grandes empreendimentos comer-ciais e os benefícios de empreendimen-tos sustentáveis.

O simpósio foi encerrado com umapalestra sobre membranas de microfiltra-ção, nanofiltração e osmose reversa, comuma visão técnica e da situação do mer-cado brasileiro, apresentada pelo enge-nheiro Eduardo Pacheco, diretor técnicoda empresa Portal Tratamento de Água.

Funcionários da Bayer, Alex Sandroda Silva, de 23 anos, Técnico em MeioAmbiente, e Isa Wilsing Baldow, de 27anos, Engenheira Ambiental, disseramque o simpósio foi uma ótima oportuni-dade para divulgar o que a Sabesp e oDepartamento de Água e Energia Elé-trica estão fazendo pela água: “O en-

CRQ-IV

CRQ-IV

Page 15: Informativo CRQ-IV - 108

Informativo CRQ-IV Mar-Abr/201115

Literatura

Engenharia é o destaque do bimestreDuas obras doadas pela editora

Cengage Learning, Ciência e enge-nharia dos materiais e Química geralaplicada à engenharia serão sorteadaspelo Informativo. O sorteio será reali-zado no dia 10 de maio, sendo o resul-tado publicado no site. Para participar,envie e-mail para a Assessoria de Comu-nicação do CRQ-IV ([email protected], com os seguintesdados: nome completo, nº de registrona entidade e cidade onde reside. Se forestudante, escreva “estudante” ao ladonome. No campo assunto do e-mailescreva “Sorteio” e o nome do livro deinteresse. Mande mensagens separadasse quiser concorrer aos dois livros.

CIÊNCIA E ENGENHARIA

DOS MATERIAIS

Dos autores Donald R. Askeland ePradeep P. Phulé, apresenta uma visãogeral sobre os princípios da ciência eda engenharia dos materiais. A obraapresenta soluções para vários proble-mas relacionados a projeto, além deabordar questões como reciclagem erestrições ambientais. A obra contémexemplos de aplicações com materiaisavançados – como os utilizados emtecnologia da informação, em sistemas

de energia, sistemas microeletromecâ-nicos com nanotecnologia e tecnologiabiomédica. O livro custa R$ 128,90.

QUÍMICA GERAL

APLICADA À ENGENHARIA

Escrito por Lawrence S. Brown eThomas A. Holme, descreve as cone-xões entre a química e os vários ramosda engenharia. Para muitos estudantesde engenharia, a química é um pré-re-quisito para disciplinas que envolvempropriedades dos materiais. De acordocom os autores, o objetivo do livro éproporcionar conhecimento e valoriza-ção dos princípios químicos de estru-tura e ligação, os quais servirão de base

para estudos posteriores da ciência dosmateriais. Mostra, também, a relaçãoentre a química e as outras matériasestudadas pelos alunos de engenharia,especialmente matemática e física, alémde apresentar problemas reais e as alter-nativas possíveis para sua solução. Opreço de capa é de R$ 125,90.

A Cengage Learning oferece des-conto de 30% para os leitores do Infor-mativo que desejarem adquirir esseslivros. Essa promoção será válida atémaio de 2011 e a compra deverá serfeita exclusivamente pelo site www.cengage.com.br/crq.do. Os títulos jáestão disponíveis na Biblioteca do CRQ-IV para consulta.

Page 16: Informativo CRQ-IV - 108

Informativo CRQ-IV Mar-Abr/201116

Basf

Companhia alemã comemoracentenário de atuação no Brasil

Maior indústria química do mundo,a Basf comemora este ano o centenáriode sua instalação no Brasil. A empresafoi fundada há 146 anos em Ludwigsha-fen, Alemanha, onde até hoje funcionaa matriz. Em 1911 e com o nome deBadische Anilin & Soda-Fabrik, acompanhia inaugurou seu primeiro es-critório na cidade do Rio de Janeiro.Comercializava corantes como anilina,alizarina e anil para a indústria brasileirade produtos têxteis e de couro. A em-presa comemorará seu centenário deinstalação no Brasil com um concertoda Orquestra Sinfônica Brasileira naSala São Paulo, em maio, e o lançamentode um livro sobre a contribuição daquímica para a sociedade.

A primeira fábrica em território bra-sileiro foi inaugurada em 1959: o Com-plexo Químico de Guaratinguetá – cida-de distante cerca de 180 quilômetrosda cidade de São Paulo – com 13 unida-des que produzem insumos para indús-trias dos segmentos têxtil, de papel,carpetes, couros, tintas, agricultura,plásticos, estamparias, embalagens eautomobilístico.

A empresa passou por uma forteexpansão nas décadas seguintes e hojetem, além das citadas unidades, fábri-cas nos estados de São Paulo (Mauá,Indaiatuba, Paulínia, Santo Antônio dePosse e no bairro do Parque São Lucas,na capital), Bahia (Camaçari), Pernam-buco (Jaboatão dos Guararapes) e RioGrande do Sul (Sapucaia do Sul).

Tudo na Basf é superlativo: sãomais de 380 unidades instaladas em 80países, operadas por um batalhão de109 mil funcionários, que garantiram,em 2010, vendas superiores a 63,9 bi-lhões de euros. A companhia comercia-liza mais de oito mil produtos para

setores como a indústria automobilís-tica, de construção civil, de tintas, em-balagens, higiene, detergentes e eletro-eletrônicos. Suas unidades fornecemmatérias-primas para as indústrias depapéis e produtos cosméticos, pigmen-tos, óleo e gás, plásticos de engenharia,poliuretanos e petroquímicos, nutrição,saúde e agricultura.

Na América do Sul são seis mil fun-cionários e vendas de 3,8 bilhões deeuros em 2010. Os negócios da empre-sa no continente são coordenados apartir do escritório de São Paulo. Sóno Brasil, a Basf tem aproximadamente4,5 mil funcionários. Em termos defaturamento, o ranking “As 1000 Me-lhores e Maiores empresas do Brasil”da Revista Exame mostra que a em-presa finalizou 2009 na 67ª posição, deacordo com o critério de vendas. Nosetor químico, a empresa ficou na quar-ta posição, de acordo com o mesmolevantamento e critério.

Cerca de 1,5 bilhão de euros foraminvestidos em pesquisa e desenvolvi-mento no mundo todo pela Basf em2010. Produtos desenvolvidos no Brasile já exportados são das áreas de agri-cultura e tintas. Na área da agricultura

foram criadas tecnologias para aumen-tar a produtividade no campo e desen-volvida a primeira soja brasileira geneti-camente modificada, lançada ano pas-sado. Na área de tintas, o destaque é alinha imobiliária da marca Suvinil, quenão tem cheiro porque usa água comosolvente.

TRABALHO NA BASF – De acordo comGislaine Rossetti, diretora de comuni-cação corporativa e sustentabilidade daBasf para a América do Sul, não existeuma receita básica para que um Pro-fissional da Química ingresse na Basf.Além de uma boa formação técnica, énecessário ter conhecimentos mais am-plos que contribuam para a adaptaçãoe desenvolvimento do profissional noambiente corporativo. Os colaboradoressão incentivados a participar de progra-mas de desenvolvimento e capacitaçãoem todas as áreas. Estudantes de quí-mica, por sua vez, têm a oportunidadede realizar o Programa de Estágio Cor-porativo da Basf (ECO), que propor-ciona aprendizado on the job (con-tínuo) nas atividades diárias de estágio,treinamentos técnicos e comporta-mentais.