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INFORMATIVO DO GABINETE DO DEPUTADO FEDERAL NILMÁRIO MIRANDA NÚMERO 9 w DEZEMBRO / 2014 Tempos promissores E ste é o ultimo boletim do atu- al mandato de Nilmário. Vem como uma espécie de balanço, mas também aponta para os novos de- safios do segundo governo Dilma e aborda os desafios que virão para Pimentel e o primeiro governo pro- gressista na história de Minas. Nilmário cumpriu apenas dois anos de mandato, mas a in- tensidade e a dedicação ao man- dato trouxeram grande contri- buição para a Câmara e para a sociedade. A atividade contem- plou as mais diversas áreas, no- tadamente as que fazem parte da história de Nilmário como direi- tos humanos, minorias, direito à moradia e a reforma urbana.Isso o transformou no único deputado mineiro escolhido entre os me- lhores da Câmara. Fica para os apoiadores, ami- gos, eleitores e companheiros de caminhada e de sonhos a torcida de promissores dias para o Brasil e para Minas. Um abraço do Nilmário e um feliz 2015 para todos. Nilmário Miranda e os Direitos Humanos N ilmário recebeu das mãos da pre- sidente Dilma Rousseff em 2013 o Prêmio Direitos Humanos, a mais al- ta condecoração do governo brasileiro a pessoas e entidades que se destacam na defesa, na promoção e no enfrenta- mento às violações dos Direitos Huma- nos em nosso país. Ele foi premiado na categoria Enfrentamento à Tortura, que reconhece ações de enfrentamento e de- núncia de tortura, bem como atividades de formação de agentes para a preven- ção e combate a essa prática. No mesmo dia da premiação, 12 de dezembro de 2013, a presidente san- cionou a Lei nº 12.847 que cria o Co- mitê Nacional de Prevenção e Comba- te à Tortura e o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, originária do projeto de lei dos depu- tados Nilmário e Nelson Pellegrino - PT/BA. O prêmio foi um marco des- te mandato e também da trajetória de Nilmário na militância pelos direitos humanos. Iniciada ainda na juventude durante o combate à ditadura, ele ade- riu à causa e por ela seguiu seu cami- nho chegando à Câmara dos Deputa- dos. “Eu acho que levou a uma certa identificação do meu nome com os di- reitos humanos o fato de ter levantado, logo que cheguei à Câmara, no início dos anos 90, a questão dos mortos e de- saparecidos políticos, da tortura e da necessidade de rever a lei que anistiou torturadores e torturados”, conta Nil- mário. Na Câmara, presidiu a Comissão Externa para os Mortos e Desaparecidos Políticos e foi autor do projeto de lei que criou a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, a qual presidiu em 1995 e 1999. Logo depois, de 2003 a 2005, foi o primeiro ministro da Secretaria Espe- cial de Direitos Humanos, designado pe- lo presidente Lula. Para Nilmário, o país teve progres- sos neste campo, mas há muito a con- quistar ainda mais frente à onda con- servadora que ameaça direitos. “Nós já tivemos, 20 anos atrás, 20 milhões de crianças no trabalho infantil, hoje são 3,5 milhões. É muito ainda. Ainda que- ro trabalhar muito contra isso. Mas foi um dos países que virou referência mun- dial no combate a essa prática. Nós so- mos um país determinado a enfrentar o trabalho escravo, o trabalho degradante, na busca do trabalho decente. Nós dimi- nuímos em milhões o número de pesso- as que não tinham registro. Nunca como agora enfrentamos tanto a violência con- tra crianças e adolescentes. Mas ainda há grandes passos a dar. A igualdade ho- mem e mulher, a luta contra o racismo e a questão da homofobia. Toda discrimi- nação e preconceito diminui a sociedade como um todo. É uma luta bonita que te- ve muitas vitórias e que anima a buscar novos avanços”, reflete.

Informativo de dezembro

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Este é o ultimo boletim do atual mandato de Nilmário. Vem como uma espécie de balanço, mas também aponta para os novos desafios do segundo governo Dilma e aborda os desafios que virão para Pimentel e o primeiro governo progressista na história de Minas. Nilmário cumpriu apenas dois anos de mandato, mas a intensidade e a dedicação ao mandato trouxeram grande contribuição para a Câmara e para a sociedade. A atividade contemplou as mais diversas áreas, notadamente as que fazem parte da história de Nilmário como direitos humanos, minorias, direito à moradia e a reforma urbana.Isso o transformou no único deputado mineiro escolhido entre os melhores da Câmara. Fica para os apoiadores, amigos, eleitores e companheiros de caminhada e de sonhos a torcida de promissores dias para o Brasil e para Minas. Um abraço do Nilmário e um feliz 2015 para todos.

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INFORMATIVO DO GABINETE DO DEPUTADO FEDERAL NILMÁRIO MIRANDA

NÚMERO 9 w DEZEMBRO / 2014

Tempos promissores

Este é o ultimo boletim do atu-al mandato de Nilmário. Vem

como uma espécie de balanço, mas também aponta para os novos de-safios do segundo governo Dilma e aborda os desafios que virão para Pimentel e o primeiro governo pro-gressista na história de Minas.

Nilmário cumpriu apenas dois anos de mandato, mas a in-tensidade e a dedicação ao man-dato trouxeram grande contri-buição para a Câmara e para a sociedade. A atividade contem-plou as mais diversas áreas, no-tadamente as que fazem parte da história de Nilmário como direi-tos humanos, minorias, direito à moradia e a reforma urbana.Isso o transformou no único deputado mineiro escolhido entre os me-lhores da Câmara.

Fica para os apoiadores, ami-gos, eleitores e companheiros de caminhada e de sonhos a torcida de promissores dias para o Brasil e para Minas.

Um abraço do Nilmário e um feliz 2015 para todos.

Nilmário Miranda e os Direitos

Humanos

Nilmário recebeu das mãos da pre-sidente Dilma Rousseff em 2013

o Prêmio Direitos Humanos, a mais al-ta condecoração do governo brasileiro a pessoas e entidades que se destacam na defesa, na promoção e no enfrenta-mento às violações dos Direitos Huma-nos em nosso país. Ele foi premiado na categoria Enfrentamento à Tortura, que reconhece ações de enfrentamento e de-núncia de tortura, bem como atividades de formação de agentes para a preven-ção e combate a essa prática.

No mesmo dia da premiação, 12 de dezembro de 2013, a presidente san-cionou a Lei nº 12.847 que cria o Co-mitê Nacional de Prevenção e Comba-te à Tortura e o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, originária do projeto de lei dos depu-tados Nilmário e Nelson Pellegrino - PT/BA. O prêmio foi um marco des-te mandato e também da trajetória de Nilmário na militância pelos direitos humanos. Iniciada ainda na juventude durante o combate à ditadura, ele ade-riu à causa e por ela seguiu seu cami-nho chegando à Câmara dos Deputa-dos. “Eu acho que levou a uma certa identificação do meu nome com os di-reitos humanos o fato de ter levantado, logo que cheguei à Câmara, no início dos anos 90, a questão dos mortos e de-saparecidos políticos, da tortura e da necessidade de rever a lei que anistiou

torturadores e torturados”, conta Nil-mário.

Na Câmara, presidiu a Comissão Externa para os Mortos e Desaparecidos Políticos e foi autor do projeto de lei que criou a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, a qual presidiu em 1995 e 1999. Logo depois, de 2003 a 2005, foi o primeiro ministro da Secretaria Espe-cial de Direitos Humanos, designado pe-lo presidente Lula.

Para Nilmário, o país teve progres-sos neste campo, mas há muito a con-quistar ainda mais frente à onda con-servadora que ameaça direitos. “Nós já tivemos, 20 anos atrás, 20 milhões de crianças no trabalho infantil, hoje são 3,5 milhões. É muito ainda. Ainda que-ro trabalhar muito contra isso. Mas foi um dos países que virou referência mun-dial no combate a essa prática. Nós so-mos um país determinado a enfrentar o trabalho escravo, o trabalho degradante, na busca do trabalho decente. Nós dimi-nuímos em milhões o número de pesso-as que não tinham registro. Nunca como agora enfrentamos tanto a violência con-tra crianças e adolescentes. Mas ainda há grandes passos a dar. A igualdade ho-mem e mulher, a luta contra o racismo e a questão da homofobia. Toda discrimi-nação e preconceito diminui a sociedade como um todo. É uma luta bonita que te-ve muitas vitórias e que anima a buscar novos avanços”, reflete.

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Congresso conservador pode atrasar avanços fundamentais

O sistema político brasileiro está apodreci-do, está baseado no capital privado. Uma minoria social, os ruralistas, que são pou-co mais de 40 mil, tem metade das terras agricultáveis do país. Muitos são detento-res de meios de comunicação nas micror-regiões onde vivem. Eles têm mídia e mui-to dinheiro. É a maior força individual do Parlamento. Os empresários como um todo têm de 250 deputados, metade do Parlamen-to. Aí eu não estou incluindo a pequena, a micro nem a média empresa, estou incluin-do as grandes empresas. É esse pessoal que controla o Congresso. Já era um problema quando eu saí em 2002 e piorou de lá pra cá. Porque vai agravando a baixa represen-tação das mulheres, negros e trabalhadores da agricultura familiar, vai ficando uma de-fasagem. É um Congresso que nesse senti-do não representa a população que vota pra eleger Dilma e nem vota nos partidos que apoiam firmemente as minorias, o PT, o

PC do B, por exemplo. Também aumentou o número de conservadores que são contra os direitos humanos e eles foram para a Co-missão de Direitos Humanos. Por que eles não deixaram essa comissão pra lá e foram para agropecuária? Para outras? Eles que-rem aquela porque acham que têm que neu-tralizar, têm que acabar, pois é uma porta de entrada no Parlamento pra milhares de pequenos conflitos por violações de direitos humanos. É a porta de entrada no aparelho do Estado. Ela encaminha pra Justiça, pro Executivo ou pra outras coisas. Cheguei à Câmara e a comissão que eu fundei, fui pre-sidente duas vezes, estava com fundamen-talistas para destruí-la, para desmoralizá-la. Virou uma piada. E eles continuam queren-do, pode ser que ganhem em 2015. Nós re-cuperamos em 2014 por dois votos, dez a oi-to, contra Bolsonaro. A maior vitória minha foi isso: ter ajudado a articular para retomar a Comissão de Direitos Humanos.

Após dez anos fora da Câmara dos Deputados, como você encontrou o Congresso quando retornou em 2013?

Volta de Nilmário ao Congresso é marcada por intensa atividade

legislativa

ENTREVISTA

Em entrevista, Nilmário Miranda faz um balanço sobre seu mandato, a situação do Congresso Nacional, Minas Gerais e temas de destaque na agenda política nacional, como a democratização da mídia e a reforma política. Confira:

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Nilmário anuncia a aprovação da PEC

90 no Plenário da Câmara dos

Deputados

Mesmo assim, com um quadro mais adver-so, nós tivemos algumas coisas interessan-tes. Por exemplo, um PL para definir a tor-tura e seus mecanismos de enfrentamento foi um projeto meu de 2001, quando eu saí. E quando eu voltei, 13 anos depois, foi apro-vado em definitivo. O projeto que transfor-ma o CDDPH, Conselho de Defesa dos Di-reitos da Pessoa Humana, o órgão colegiado mais antigo do país. É um órgão importan-te, mas que não tem meios de implantar su-as decisões. Ele foi substituído pelo Conse-lho Nacional de Direitos Humanos, que tem paridade com a sociedade civil e um pou-co mais de poder que o CDDPH. Ficou 20 anos tramitando e quando voltei foi aprova-

do. Sempre foi uma prioridade minha. Tam-bém relatei um projeto, está em fase final, que acaba com as revistas vexatórias para visitas em presídios. Mães, filhos, mulher e parentes são penalizados, sem ter nenhuma culpa, com revistas vexatórias, com cons-trangimentos profundamente humilhantes. Pesquisas estão mostrando que via visitas é um número ínfimo de casos em que drogas ou armas foram detectadas. Não entram por visita. E voltei às minhas origens parlamen-tares ao presidir a Frente Parlamentar pela Reforma Urbana, que teve pelo menos um grande feito: aprovar na Câmara a PEC 90, que inclui o transporte como direito social na Constituição.

Você assumiu o atual mandato em 2013, foi um tempo curto, mas produtivo. Qual sua avaliação desse período?

ENTREVISTA

“É um Congresso que não representa a população que vota pra eleger Dilma e nem vota nos partidos que

apoiam firmemente as minorias, o PT, o PC do B.”

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Se depender do Congresso vão sair sempre reformas limitadíssimas, sob forte pressão popular. Uma verdadeira reforma políti-ca tem que passar por uma consulta públi-ca. Eu até sou mais favorável ao referendo. Sou favorável à constituinte exclusiva eleita para funcionar durante um ano com consti-tuintes que só vão fazer isso, que não pode-rão ser candidatos depois durante um perí-odo grande de quarentena para evitar que ajam em benefício próprio. Tem uma ban-cada, por exemplo, que ameaça voltar atrás no desarmamento no Brasil. É uma banca-da financiada por empresas que produzem armas e munições e querem alargar o mer-cado. Isso deveria ser proibido, mas não é.

Tem um problema ético nisso. Há pessoas financiadas por mineradoras e que predo-minam na comissão especial para o marco regulatório da mineração. Pessoas financia-das pelo poder econômico depois vão legis-lar em favor do poder econômico. Claro que isso cria distorções e aumenta a desigualda-de na sociedade brasileira. O financiamento é o ponto central, proibir o financiamento privado de eleições. E o sistema de votos é fundamental. Os partidos têm que compor listas e tem que existir uma restrição a es-sa proliferação de partidos. Agora, terão acesso a rádio, televisão e fundo partidário, bancadas e algumas prerrogativas do Parla-mento aqueles que tiverem alcançado o per-centual mínimo de votos. Proibir coligações partidárias. Se o PT não fosse compelido a fazer coligações para fechar coligação em nível nacional, teria elegido 102 parlamen-tares federais e elegeu 70 por causa das co-ligações. Isso aí é uma questão que tem que ser enfrentada também. Suplente de sena-dor. Um terço dos senadores não teve um único voto e eles também têm um papel de-cisivo, podem aprovar ou desaprovar leis. Muitas vezes são os financiadores do titu-lar, o que piora ainda a questão, porque se fossem candidatos não se elegeriam.

A reforma política é uma bandeira que faz parte de sua trajetória. Qual sua expectativa em relação ao futuro dessa reforma?

Lançamento do Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Mídia Democrática no auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, em agosto de 2013

ENTREVISTA

Ela está falando da regulação eco-nômica, que é importante. Não é tu-do, mas é importante. Todos os se-tores são regulados, a aviação, os portos, as ferrovias, menos a mídia. E a Constituição prevê a regulação da mídia. Empresas têm redes de te-levisão que alcançam o país todo, também têm grande controle das te-levisões pagas, têm jornais e rádios em grande escala. Há empresas que dominam quase tudo o que se ven-de nas bancas. São oligopólios pode-rosos, bilionários em alguns casos. E mostram uma visão da política, da sociedade, dos costumes. Isso está errado, a Constituição não permite a propriedade cruzada. A regulação é isso: impedir a formação de oli-

gopólios, distribuir melhor o espec-tro magnético entre muitos atores. O projeto que a sociedade defende é um terço para a comunicação es-tatal, um terço comunicação públi-ca, TVs não controladas pelo Estado nem pelo mercado, e um terço para o mercado. Isso é uma forma cor-reta de regulação. Nunca envolven-do conteúdo, nunca a censura ou o controle da informação. Mas essa proposta que a Dilma tem já resolve 70% dos problemas. Temos outros, por exemplo, o direito de resposta e o direito de antena. Mas a regulação econômica já desmantela os oligopó-lios que hoje são verdadeiros parti-dos políticos que querem impor uma agenda ao país.

A democratização da mídia é uma luta antiga do PT e de movimentos sociais. A presidente Dilma Rousseff já disse que vai defender a regulação do setor.

Estamos mais próximos da democratização da mídia?

Nilmário apoia a iniciativa do Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação (FNDC)

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Caravana da Anistia realizada na

Faculdade de Direito da UFMG em maio

de 2013

Isso é fundamental. Causa algumas ten-sões, é natural, porque quebra a inércia so-cial. Mas houve violações graves, 21 anos de ditadura é muita coisa. Trouxe sérios danos à democracia, acabou com o regime demo-crático nacional, censurou, demitiu gente, exonerou civis e militares, levou milhares e milhares às prisões, à tortura, à clandestini-dade e ao exílio, cassou mandatos popula-res, interveio em sindicatos, espionou a vida das pessoas e causou prejuízos que até ho-je têm reflexos no país. Trazer toda a ver-dade à tona é um direito humano, uma ga-rantia, um direito fundamental que o Brasil conquistou: o direito à verdade, à história não ser manipulada para manter opressões presentes. E a memória e a verdade como instrumentos do avanço da democracia pa-ra evitar repetições no futuro das mesmas

violações. Esse é um grande momento que o Brasil está vivendo. As tensões precisam ser enfrentadas com compreensão, tolerância, paciência. As Forças Armadas atuais não participaram disso, mas não pediram des-culpas à nação. A Polícia Federal não pediu desculpas à nação por ter violado direitos. As polícias militares não pediram desculpas à nação. Tem que tirar o nome de quem par-ticipou, ordenou ou liderou torturas e viola-ções de direitos dos viadutos, praças, ruas, avenidas, cidades e escolas. É uma manei-ra de a sociedade saber. E tem também, a partir do relatório da Comissão Nacional da Verdade, que mudar os currículos escolares e o ensino de quem faz a segurança ou a de-fesa do país, nos casos as polícias, de toda natureza, inclusive a federal e as forças ar-madas.

Este ano o golpe de 64 completou 50 anos. Como você avalia a revisão que o Brasil está fazendo se sua história?

ENTREVISTA

Lançamento da Comissão da Verdade dos Jornalistas Mineiros no Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais

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Acho que é uma mudança espetacular. A sociedade vai sentir ao longo dos pró-ximos anos o quanto ela foi privada de direitos, de avanços, de progressos. A sociedade foi libertada de grilhões. Gri-lhões são o controle de opinião e a difu-são de uma ideia falsa da própria reali-dade. A verdade vai emergir agora e vai colocar desafios. Eu vou participar disso.

Eu tive esse convite do governador para participar na área que eu sempre traba-lhei: direitos humanos, cidadania e parti-cipação social. Ele quer dar uma enorme importância a isso, me convidou e estou honrado. Espero aproveitar minha expe-riência adquirida nesses anos todos, mais de 50 anos de militância, para colocar a serviço dessa causa.

Pela primeira vez Minas vai ser governada por forças progressistas. O que você acha que pode mudar?

ENTREVISTA

Isso nós vamos ver. No campo dos direi-tos humanos eu notei que tem pouca coisa realizada. Existem subsecretarias, coorde-nadorias, superintendências, mas com bai-xíssimos orçamentos, com pouco pessoal e com pouco impacto na vida da sociedade. Então, não é que não existiam, havia in-clusive pessoas dedicadas a isso, deve ser reconhecido, mas o impacto foi pequeno. Minas é o Estado que tem mais analfabetos no país, 1,2 milhão. Minas ainda tem de-zenas de milhares de crianças no trabalho infantil, poderia ter avançado muito mais. Ainda há milhares sem registro civil. Tem trabalho escravo, degradante. Ainda falta humanizar as prisões, até para cumprir o

objetivo de ressocializar. Minas não im-plantou o Sistema Nacional de Atendimen-to Socioeducativo, não implantou o Estatu-to da Criança e do Adolescente, que existe há mais de 30 anos e não foi transposto em políticas reais no Estado. Tem muito a fa-zer nesse campo em Minas Gerais. Então qual o “choque de gestão”? O choque de gestão que beneficia o povo é uma gestão participativa, transparente, com políticas construídas coletivamente, mas que te-nham gestões boas. Com probidade, res-peito ao dinheiro público e eficiência para alcançar o máximo de gente. Isso é o que eu chamo de “choque de gestão”, não é res-tringir direitos.

Os tucanos governaram Minas nos últimos 12 anos. Qual o saldo dessa administração a que deram a marca de “choque de gestão”?

Audiência pública da CDHM em Milho

Verde. Nilmário esteve em diversas

cidades mineiras em contato direito com a

população

“Minas ainda tem dezenas de milhares de crianças no trabalho infantil, poderia ter avançado muito mais”

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Trabalho com foco, dedicação e intensidade

Nilmário participou intensa-mente das atividades legisla-

tivas representando seus eleitores e as causas que defende. No primeiro ano da Comissão de Cultura, cria-da em 2013, foi escolhido vice-pre-sidente em um momento marcado pela maior valorização do tema na Casa. No ano seguinte, após uma polêmica gestão de fundamentalis-tas, retornou como vice-presidente para a Comissão de Direitos Hu-manos e Minorias, garantindo as-sim que o colegiado retomasse seu verdadeiro papel: contribuir para a afirmação dos direitos humanos.

Nilmário coordenou a criação da Frente Parlamentar pela Erra-dicação da Hanseníase e Doenças Elimináveis, que tem como objeti-vo acompanhar e propor ações pa-ra o enfrentamento e a erradicação das referidas doenças, além de tra-

balhar pela reparação do Estado aos filhos de hansenianos que fo-ram separados de suas famílias. Pa-ra o parlamentar, essas dívidas pre-cisam ser saldadas por um processo civilizatório. “São alguns milhares de pessoas, mas para os direitos hu-manos não importa se é muita ou pouca gente. Se a violação é grave ela tem que ser enfrentada”, afirma Nilmário.

O deputado também presidiu da Frente Parlamentar pela Refor-ma Urbana, reativada com o obje-tivo de acompanhar os projetos de lei que dizem respeito às cidades, além de ser espaço para os debates sobre o direito à cidade e à cidada-nia. Nesse contexto, foi relator da PEC 90, que incluiu o transporte no rol dos direitos sociais da Constitui-ção. Também participou da Comis-são Parlamentar de inquérito (CPI)

que investigou a exploração do tra-balho infantil, tema ao qual sempre se dedicou durante sua trajetória.

Protocolou a PEC 320/2013 em defesa dos povos indígenas. A pro-posta visa a criação de vagas para índios na Câmara dos Deputados. De acordo com a PEC, as comu-nidades indígenas receberão trata-mento análogo à de um território, condição que lhes dará direito a eleger quatro parlamentares. O ob-jetivo é aperfeiçoar a democracia brasileira ampliando a participa-ção política qualificada de um im-portante segmento da sociedade. Como reconhecimento desse tra-balho, Nilmário Miranda foi esco-lhido um dos melhores deputados federais de 2013 pelo Prêmio Con-gresso em Foco, sendo o único re-presentante de Minas Gerais na lis-ta de 25 nomes.

Lançamento da Frente Parlamentar pela Erradicação da Hanseníase e Doenças Elimináveis

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INFORMATIVO ELETRÔNICO DO MANDATO DEP. FEDERAL NILMÁRIO MIRANDA w Edição e Redação: Marí-lia Cândido w Produção: Expoente Editora Ltda. w www.nilmariomiranda.com.br / www.facebook.com/nilmario.miranda / twitter: @nilmariomiranda / www.blogdonilmario.com.br

Direitos humanos, foco da ação parlamentarPEC 320/2013Autor: Nilmário Miranda - PT/MG

Dá nova redação ao art. 45 da Cons-tituição Federal, criando vagas es-peciais de Deputado Federal para as comunidades indígenas e dá outras providências.

Situação: Apresentada em outubro de 2013. Em tramitação.

PL 7685/2014Autor: Nilmário Miranda - PT/MG

Altera a Lei nº 10.257, autodenomina-da como Estatuto da Cidade, preven-do medidas voltadas a assegurar a jus-tiça social no acesso à terra urbana.

Situação: Apresentado em junho de 2014. Em tramitação.

PL 5546/2001 - Transformado na Lei Ordinária 12847/2013 Autores: Nilmário Miranda - PT/MG e Nelson Pellegrino - PT/BA

Institui o Sistema Nacional de Pre-

venção e Combate à Tortura; cria o Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura e o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura.

Situação: Apresentado em 2001 e aprovado na Câmara dos Deputa-dos em abril de 2013. Sancionado pela presidente Dilma Rousseff em agosto de 2013.

PEC 90/2001Autora: Luiza Erundina – PSB/SP

Relator na Comissão Especial: Nilmário Miranda – PT/MG

Dá nova redação ao art. 6º da Cons-tituição Federal, para introduzir o transporte como direito social.

Situação: Aprovada na Câmara dos Deputados em dezembro de 2013. Em tramitação no Senado.

PL 5020/2013Autor: Senador Antonio Carlos Va-ladares - PSB/SE

Relator na Comissão de Desenvol-vimento Urbano: Nilmário Miran-da - PT/MG

Torna obrigatória a medição indivi-dualizada do consumo hídrico nas novas edificações condominiais.

Situação: Aprovado na Comissão de Desenvolvimento Urbano em maio de 2014. Em tramitação.

PL 7764/2014Autora: Senadora Ana Rita - PT/ES

Relator na Comissão de Direitos Humanos Minorias: Nilmário Mi-randa - PT/MG

Regulamenta as revistas pessoais para acesso aos estabelecimentos penais, garantindo o respeito à dig-nidade humana, vedando qualquer forma de desnudamento e tratamen-to desumano ou degradante.

Situação: Aprovado na Comissão de Direitos Humanos e Minorias em novembro de 2014. Em trami-tação.