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1 Informativo STF Mensal Brasília, abril de 2015 - nº 48 Compilação dos Informativos nºs 780 a 783 O Informativo STF Mensal apresenta todos os resumos de julgamentos divulgados pelo Informativo STF concluídos no mês a que se refere e é organizado por ramos do Direito e por assuntos. SUMÁRIO Direito Administrativo Agentes Públicos Cessão de servidor e ônus remuneratório Aposentadorias e Pensões EC 20/1998 e acumulação de proventos civis e militares Concurso Público PSV: provimento de cargo público e exigência de concurso público (Enunciado 43 da Súmula Vinculante) PSV: exame psicotécnico e concurso público (Enunciado 44 da Súmula Vinculante) Questões de concurso público e controle jurisdicional Princípios da Administração Pública Servidor público e divulgação de vencimentos Sistema Remuneratório Teto constitucional e base de cálculo para incidência de imposto e contribuição - 1 Teto constitucional e base de cálculo para incidência de imposto e contribuição - 2 Teto constitucional e base de cálculo para incidência de imposto e contribuição - 3 Direito Constitucional Competência Originária da STF Porte de arma de magistrado e competência - 3 Conselho Nacional do Ministério Público Controle de constitucionalidade e órgão administrativo - 2 Controle de constitucionalidade e órgão administrativo - 3 Controle de Constitucionalidade Policiais temporários e princípio do concurso público - 5 Policiais temporários e princípio do concurso público - 6 Policiais temporários e princípio do concurso público - 7 Art. 27 da Lei 9.868/1999 e suspensão de julgamento - 4 ADI e “softwares” abertos - 3 ADI e “softwares” abertos - 4 ADI e submissão de membros da Administração Pública ao Poder Legislativo - 2 Subsídio vitalício a ex-governador - 3 Organizações sociais e contrato de gestão - 7 Organizações sociais e contrato de gestão - 8 Organizações sociais e contrato de gestão - 9 Organizações sociais e contrato de gestão - 10 Policiais civis e militares do sexo feminino e aposentadoria - 1 Policiais civis e militares do sexo feminino e aposentadoria - 2 Publicidade de bebidas alcoólicas e omissão legislativa - 1 Publicidade de bebidas alcoólicas e omissão legislativa - 2 Extradição Extradição e prescrição da pretensão punitiva

Informativo Mensal Abril 2015

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Informativo do Mês de Abril do STF

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    Informativo STF Mensal

    Braslia, abril de 2015 - n 48

    Compilao dos Informativos ns 780 a 783

    O Informativo STF Mensal apresenta todos os resumos de julgamentos divulgados pelo Informativo STF concludos no ms a que se refere e organizado por ramos do Direito e por assuntos.

    SUMRIO

    Direito Administrativo

    Agentes Pblicos

    Cesso de servidor e nus remuneratrio

    Aposentadorias e Penses

    EC 20/1998 e acumulao de proventos civis e militares

    Concurso Pblico

    PSV: provimento de cargo pblico e exigncia de concurso pblico (Enunciado 43 da Smula Vinculante)

    PSV: exame psicotcnico e concurso pblico (Enunciado 44 da Smula Vinculante)

    Questes de concurso pblico e controle jurisdicional

    Princpios da Administrao Pblica

    Servidor pblico e divulgao de vencimentos

    Sistema Remuneratrio

    Teto constitucional e base de clculo para incidncia de imposto e contribuio - 1

    Teto constitucional e base de clculo para incidncia de imposto e contribuio - 2

    Teto constitucional e base de clculo para incidncia de imposto e contribuio - 3

    Direito Constitucional

    Competncia Originria da STF

    Porte de arma de magistrado e competncia - 3

    Conselho Nacional do Ministrio Pblico

    Controle de constitucionalidade e rgo administrativo - 2

    Controle de constitucionalidade e rgo administrativo - 3

    Controle de Constitucionalidade

    Policiais temporrios e princpio do concurso pblico - 5

    Policiais temporrios e princpio do concurso pblico - 6

    Policiais temporrios e princpio do concurso pblico - 7

    Art. 27 da Lei 9.868/1999 e suspenso de julgamento - 4

    ADI e softwares abertos - 3 ADI e softwares abertos - 4 ADI e submisso de membros da Administrao Pblica ao Poder Legislativo - 2

    Subsdio vitalcio a ex-governador - 3

    Organizaes sociais e contrato de gesto - 7

    Organizaes sociais e contrato de gesto - 8

    Organizaes sociais e contrato de gesto - 9

    Organizaes sociais e contrato de gesto - 10

    Policiais civis e militares do sexo feminino e aposentadoria - 1

    Policiais civis e militares do sexo feminino e aposentadoria - 2

    Publicidade de bebidas alcolicas e omisso legislativa - 1

    Publicidade de bebidas alcolicas e omisso legislativa - 2

    Extradio

    Extradio e prescrio da pretenso punitiva

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    Repartio de Competncia

    PSV: crimes de responsabilidade e competncia legislativa (Enunciado 46 da Smula Vinculante)

    Sistema Financeiro Nacional

    Plano Real: contrato de locao comercial - 3

    Plano Real: contrato de locao comercial - 4

    Plano Real: contrato de locao comercial - 5

    Tribunal de Contas

    TCU: anulao de acordo extrajudicial e tomada de contas especial

    Direito Civil

    Direitos Reais

    Usucapio de imvel urbano e norma municipal de parcelamento do solo - 4

    Usucapio de imvel urbano e norma municipal de parcelamento do solo - 5

    Direito do Trabalho

    Princpios e Garantias Trabalhistas

    Plano de dispensa incentivada e validade da quitao ampla de parcelas contratuais

    Direito Penal

    Tipicidade

    Desobedincia eleitoral e absolvio sumria

    Direito Processual Civil

    Ao Rescisria

    Ao rescisria e reviso geral anual de vencimentos

    Desistncia da Ao

    Provimento de serventias extrajudiciais e desistncia de mandado de segurana

    Direito Processual Penal

    Ao Penal

    Ao penal e princpio da durao razovel do processo

    Competncia

    Criao de nova vara e perpetuatio jurisdictionis - 4 Execuo da Pena

    Inadimplemento de pena de multa e progresso de regime - 1

    Inadimplemento de pena de multa e progresso de regime - 2

    Inadimplemento de pena de multa e progresso de regime - 3

    Investigao Preliminar

    Arquivamento de inqurito e requerimento do PGR

    Priso Processual

    Priso cautelar: requisitos e medidas alternativas - 1

    Priso cautelar: requisitos e medidas alternativas - 2

    Priso cautelar: requisitos e medidas alternativas - 3

    Priso cautelar: requisitos e medidas alternativas - 4

    Priso cautelar: requisitos e medidas alternativas - 5

    Tribunal do Jri

    PSV: tribunal do jri e foro por prerrogativa de funo (Enunciado 45 da Smula Vinculante)

    Direito Tributrio

    Imunidade Tributria

    PSV: imunidade tributria e instituies de assistncia social

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    DIREITO ADMINISTRATIVO

    Agentes Pblicos

    Cesso de servidor e nus remuneratrio O Plenrio julgou procedente pedido formulado em ao civil originria na qual se pleiteava a

    condenao da Unio ao ressarcimento dos valores dispendidos no pagamento da remunerao e demais

    encargos sociais decorrentes da cesso de servidora de rgo distrital para rgo da Unio. No caso, a

    cesso fora realizada com a condio de que o rgo cessionrio assumisse todos os encargos decorrentes

    da cesso, mas a Unio deixara de proceder os repasses e pleiteara a devoluo dos valores j pagos.

    Alegava-se que, em virtude do contido no art. 93, I e 1, da Lei 8.112/1990, o nus remuneratrio

    derivado de cesso de servidores pblicos deveria ser suportado pelo rgo cessionrio, uma vez que seria

    esse o beneficirio do trabalho desempenhado pelo agente. Ademais, afirmava que a prpria Unio

    reconhecera ser dela o nus financeiro pelos servidores por ela requisitados quando da edio da Medida

    Provisria 1.573-9/1997, que acrescentou o 5 ao art. 93 da Lei 8.112/1990. O Plenrio asseverou que o

    rgo cedente deixara claro ser encargo do rgo cessionrio arcar com todos os proventos da servidora.

    ACO 555/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 23.4.2015. (ACO-555)

    (Informativo 782, Plenrio)

    Aposentadorias e Penses

    EC 20/1998 e acumulao de proventos civis e militares O Plenrio, por deciso majoritria, negou provimento a embargos de divergncia opostos em face de

    deciso proferida pela Primeira Turma, na qual decidido que a acumulao de aposentadorias civil e militar

    admissvel se o reingresso no servio pblico se der antes da publicao da EC 20/1998, ainda que a

    aposentadoria tenha ocorrido j sob a vigncia da emenda. No caso, o embargado fora transferido para a

    reserva remunerada do Exrcito em 1980 e, naquele mesmo ano, fora transferido para a Secretaria de Assuntos

    Estratgicos da Presidncia da Repblica, para ser posteriormente lotado no Comando do Exrcito. Sua

    aposentadoria compulsria se dera no cargo civil de analista de informaes, em 2004. O Colegiado constatou

    haver precedentes da Primeira Turma no mesmo sentido do acrdo embargado. Por outro lado, em sentido

    contrrio, a Segunda Turma teria julgado a afirmar a impossibilidade de acumulao de proventos civis e

    militares quando a aposentadoria ocorresse sob a gide da EC 20/1998. Explicou que o 10 do art. 37 da CF,

    inserido com a referida emenda, vedaria a percepo simultnea de proventos. No entanto, haveria ressalva

    quanto situao dos inativos, servidores e militares, que, at a data da publicao da EC 20/1998, tivessem

    ingressado novamente no servio pblico (EC 20/1998, art. 11). Com base nesse dispositivo, a jurisprudncia

    da Corte assentara-se no sentido da possibilidade de acumulao de proventos civis e militares quando a

    reforma se dera sob a gide da CF/1967 e a aposentadoria ocorrera antes da vigncia da EC 20/1998. Nesses

    casos, no se aplicaria a proibio do art. 11 da emenda, pois no se trataria de percepo de mais de uma

    aposentadoria pelo regime previdencirio do art. 40 da CF, mas sim da percepo de proventos civis e

    militares. Assim, seria irrelevante que a aposentadoria civil tivesse se dado na vigncia da EC 20/1998,

    bastando que o reingresso no servio pblico ocorresse antes do advento da alterao constitucional, de forma a

    ensejar a incidncia da ressalva do art. 11 da emenda, cuja aplicao incidiria aos membros de poder e aos

    inativos, servidores e militares, que, at a publicao da emenda, tivessem ingressado novamente no servio

    pblico. Assim, no caso em exame, seria plenamente possvel a acumulao de proventos civis e militares, uma

    vez que a reforma do embargado ocorrera sob a gide da CF/1967, e seu reingresso no servio pblico, antes da

    publicao da EC 20/1998. Vencido o Ministro Marco Aurlio, que provia os embargos. Entendia no ser

    relevante distinguir a poca em que o recorrido alcanara o que percebido antes da reforma, mas perquirir se,

    sob a vigncia da Constituio atual, ele teria direito a dupla aposentadoria.

    AI 801096 AgR-EDv/DF, rel. Min. Teori Zavascki, 22.4.2015. (AI-801096)

    (Informativo 782, Plenrio)

    Concurso Pblico

    PSV: provimento de cargo pblico e exigncia de concurso pblico (Enunciado 43 da Smula Vinculante) O Plenrio, por maioria, acolheu proposta de edio de enunciado de smula vinculante com o

    seguinte teor: inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prvia aprovao em concurso pblico destinado ao seu provimento, em cargo que no integra a carreira na

    qual anteriormente investido. Assim, tornou vinculante o contedo do Verbete 685 da Smula do STF. Vencidos os Ministros Marco Aurlio e Crmen Lcia, apenas no que tange redao do enunciado.

    PSV 102/DF, 8.4.2015. (PSV-102)

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    (Informativo 780, Plenrio)

    PSV: exame psicotcnico e concurso pblico (Enunciado 44 da Smula Vinculante) O Plenrio acolheu proposta de edio de enunciado de smula vinculante com o seguinte teor: S

    por lei se pode sujeitar a exame psicotcnico a habilitao de candidato a cargo pblico. Assim, tornou vinculante o contedo do Verbete 686 da Smula do STF.

    PSV 103/DF, 8.4.2015. (PSV-103)

    (Informativo 780, Plenrio)

    Questes de concurso pblico e controle jurisdicional Os critrios adotados por banca examinadora de concurso pblico no podem ser revistos pelo

    Poder Judicirio. Essa a concluso do Plenrio que, por maioria, proveu recurso extraordinrio em que

    discutida a possibilidade de realizao de controle jurisdicional sobre o ato administrativo que corrige

    questes de concurso pblico. No caso, candidatas de concurso para provimento de cargo do Executivo

    estadual pretendiam fosse declarada a nulidade de dez questes do certame, ao fundamento de que no

    teria havido resposta ao indeferimento de recursos administrativos. Ademais, defendiam que as questes

    impugnadas possuiriam mais de uma assertiva correta, uma vez que o gabarito divulgado contrariaria leis

    federais, conceitos oficiais, manuais tcnicos e a prpria doutrina recomendada pelo edital do concurso. O

    Colegiado afirmou ser antiga a jurisprudncia do STF no sentido de no competir ao Poder Judicirio

    substituir a banca examinadora para reexaminar o contedo das questes e os critrios de correo

    utilizados, salvo ocorrncia de ilegalidade e inconstitucionalidade. Nesse sentido, seria exigvel apenas

    que a banca examinadora desse tratamento igual a todos os candidatos, ou seja, que aplicasse a eles,

    indistintamente, a mesma orientao. Na espcie, o acrdo recorrido divergira desse entendimento ao

    entrar no mrito do ato administrativo e substituir a banca examinadora para renovar a correo de

    questes de concurso pblico, a violar o princpio da separao de Poderes e a reserva de Administrao.

    Desse modo, estaria em desacordo com orientao no sentido da admissibilidade de controle jurisdicional

    de concurso pblico quando no se cuidasse de aferir a correo dos critrios da banca examinadora, a

    formulao das questes ou a avaliao das respostas, mas apenas de verificar se as questes formuladas

    estariam no programa do certame, dado que o edital seria a lei do concurso. Vencido o Ministro Marco

    Aurlio, que, preliminarmente, no conhecia do recurso, por falta de prequestionamento e, no mrito, o

    desprovia, por entender que a banca examinadora entrara em contradio ao adotar certa linha doutrinria

    no edital, mas no o faz-lo quanto soluo das questes impugnadas.

    RE 632853/CE, rel. Min. Gilmar Mendes, 23.4.2015. (RE-632853)

    (Informativo 782, Plenrio, Repercusso Geral)

    Princpios da Administrao Pblica

    Servidor pblico e divulgao de vencimentos legtima a publicao, inclusive em stio eletrnico mantido pela Administrao Pblica, dos

    nomes de seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecunirias. Esse o

    entendimento do Plenrio ao dar provimento a recurso extraordinrio em que discutida a possibilidade de

    se indenizar, por danos morais, servidora pblica que tivera seu nome publicado em stio eletrnico do

    municpio, em que teriam sido divulgadas informaes sobre a remunerao paga aos servidores pblicos.

    A Corte destacou que o mbito de proteo da privacidade do cidado ficaria mitigado quando se tratasse

    de agente pblico. O servidor pblico no poderia pretender usufruir da mesma privacidade que o cidado

    comum. Esse princpio bsico da Administrao publicidade visaria eficincia. Precedente citado: SS 3902/SP (DJe de 3.10.2011).

    ARE 652777/SP, rel. Min. Teori Zavascki, 23.4.2015. (ARE-652777) (Informativo 782, Plenrio, Repercusso Geral)

    Sistema Remuneratrio

    Teto constitucional e base de clculo para incidncia de imposto e contribuio - 1 Subtrado o montante que exceder o teto ou subteto previstos no art. 37, XI, da CF, tem-se o valor que

    serve como base de clculo para a incidncia do imposto de renda e da contribuio previdenciria (XI - a remunerao e o subsdio dos ocupantes de cargos, funes e empregos pblicos da administrao direta,

    autrquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e

    dos Municpios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes polticos e os proventos, penses ou

    outra espcie remuneratria, percebidos cumulativamente ou no, includas as vantagens pessoais ou de

    qualquer outra natureza, no podero exceder o subsdio mensal, em espcie, dos Ministros do Supremo

    Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municpios, o subsdio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito

    Federal, o subsdio mensal do Governador no mbito do Poder Executivo, o subsdio dos Deputados Estaduais

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    e Distritais no mbito do Poder Legislativo e o subsdio dos Desembargadores do Tribunal de Justia, limitado

    a noventa inteiros e vinte e cinco centsimos por cento do subsdio mensal, em espcie, dos Ministros do

    Supremo Tribunal Federal, no mbito do Poder Judicirio, aplicvel este limite aos membros do Ministrio

    Pblico, aos Procuradores e aos Defensores Pblicos). Essa a concluso do Plenrio, que negou provimento a recurso extraordinrio em que discutida a definio do montante remuneratrio recebido por servidores

    pblicos, para fins de incidncia do teto constitucional. No caso, servidores pblicos estaduais aposentados,

    vinculados aos quadros do Executivo local, pretendiam que seus proventos lquidos fossem limitados ao

    subsdio bruto do governador. O Colegiado registrou, preliminarmente, que a aplicao do redutor da

    remunerao ao teto remuneratrio, conhecido como abate-teto, previsto no art. 37, XI, da CF e alterado pela EC 41/2003, seria objeto de outros recursos extraordinrios com repercusso geral reconhecida. No entanto, o

    caso em exame seria distinto dos demais, porque a matria no seria relacionada submisso de determinadas

    parcelas remuneratrias ao teto, mas definio da base remuneratria para a aplicao do teto: se o total da

    remunerao ou se apenas o valor lquido, apurado depois das dedues previdencirias e do imposto de renda.

    A respeito, reputou que a EC 19/1998 modificara o sistema remuneratrio dos agentes pblicos, com a criao

    do subsdio como forma de remunerar agentes polticos e certas categorias de agentes administrativos civis e

    militares. A expresso espcies remuneratrias compreenderia o subsdio, os vencimentos e a remunerao. A fixao de limites e tetos para a remunerao de agentes pblicos seria um dos mecanismos usados para

    tolher abusos, na medida em que poucos servidores perceberiam vencimentos muito acima da mdia do

    funcionalismo, enquanto os demais seriam mal remunerados. Assim, qualquer tipo de remunerao dos

    servidores deveria sujeitar-se ao teto remuneratrio, alm de proventos e penses, percebidos cumulativamente

    ou no, includas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza.

    RE 675978/SP, rel. Min. Crmen Lcia, 15.4.2015. (RE-675978) (Informativo 781, Plenrio, Repercusso Geral)

    Teto constitucional e base de clculo para incidncia de imposto e contribuio - 2 O Tribunal enfatizou, no que se refere ao termo remunerao, que a legislao lhe daria sentidos

    diversos, de carter mais amplo ou mais restrito. Numa acepo mais extensiva, remunerao seria a

    designao genrica dada totalidade de valores pecunirios recebidos pelo servidor, ativo ou inativo, como

    retribuio pelo exerccio do respectivo cargo pblico. Em carter mais restrito, remunerao seria o

    vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecunirias permanentes estabelecidas em lei. Dessa

    forma, definido que a remunerao constituiria os valores recebidos como contraprestao pelos servios

    prestados Administrao e que o subsdio seria a remunerao paga aos agentes polticos e aos membros de

    Poder em parcela nica ambos compreendendo o valor total previsto para o cargo , de acordo com o art. 37, XI, da CF, o teto remuneratrio deveria incidir sobre o montante integral pago ao servidor, ou seja, sobre

    sua remunerao bruta. Nos termos da redao constitucional, o redutor teria aplicao sobre a remunerao e o

    subsdio dos ocupantes de cargos, funes e empregos pblicos da Administrao direta, autrquica e

    fundacional. Essa concluso seria reforada, inclusive, pelo fato de que o parmetro para a incidncia do limite

    remuneratrio o subsdio dos Ministros do STF seria verificado em sua totalidade, sem quaisquer descontos, e no seria razovel realizar a comparao para fins de reduo com o valor lquido a ser recebido

    pelo servidor. Seria necessrio, portanto, comparar valores da mesma ordem: valor bruto com valor bruto, para,

    em seguida, aplicar os descontos devidos. Se assim no fosse, dar-se-ia norma do limite remuneratrio

    exegese mais elstica do que se permite, uma vez que a imposio do teto remuneratrio teria tambm entre

    seus propsitos hierarquizar o servio pblico, de forma a evitar distores como a do subordinado que

    percebesse mais do que seu superior mximo. Portanto, as dedues de imposto de renda e de contribuies

    previdencirias deveriam incidir aps a aplicao do abate-teto. Alm disso, aplicar o redutor remuneratrio aps as dedues devidas afrontaria o princpio da capacidade contributiva (CF, art. 145, 1). Por outro lado,

    o art. 43 do CTN dispe que o imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza teria como fato gerador

    a aquisio da disponibilidade econmica ou jurdica de renda e de proventos de qualquer natureza. Nessa

    linha, imposto de renda somente poderia incidir quando ocorresse acrscimo patrimonial. No se poderia

    considerar, para fins de incidncia tributria, os montantes no percebidos em virtude da aplicao do teto

    constitucional. Essas verbas no adentrariam o patrimnio dos servidores e nem seriam por eles usufrudas, de

    modo que no se poderia cogitar da incidncia de tributo sobre elas. Se fosse possvel a ultimao dessas

    retenes em momento anterior aplicao do abate-teto, o Estado faria incidir tributos sobre base econmica no disponibilizada pelo sujeito passivo, em ofensa aos princpios da capacidade contributiva e da

    vedao da utilizao do tributo com efeito de confisco. Nessa hiptese, ao final, o valor pago pelo servidor se

    daria sobre uma base econmica maior do que aquela efetivamente posta sua disposio. Assim, o Estado

    enriqueceria ilicitamente e o contribuinte sofreria decrscimo patrimonial sem causa legtima. Ademais, a

    reteno do imposto de renda, bem como da contribuio previdenciria, somente poderia ocorrer aps a

    aplicao do teto, de forma a incidir o redutor, portanto, sobre a remunerao bruta do servidor.

    RE 675978/SP, rel. Min. Crmen Lcia, 15.4.2015. (RE-675978)

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    (Informativo 781, Plenrio, Repercusso Geral)

    Teto constitucional e base de clculo para incidncia de imposto e contribuio - 3 O Plenrio acrescentou que a discusso sobre a exegese do art. 37, XI, da CF seria antiga no mbito do

    STF, que reiteradamente afirmara a autoaplicao dos limites traados pela EC 41/2003. A expresso

    remunerao percebida no deveria ser lida como o valor lquido da remunerao. Isso porque, em primeiro lugar, o art. 37, XI, da CF seria taxativo ao fixar que a remunerao e o subsdio de servidores

    pblicos no poderiam exceder o subsdio mensal, em espcie, dos Ministros do STF. Em segundo lugar,

    porque o subsdio mensal pago aos Ministros do STF e adotado como teto mximo para todos os servidores

    pblicos e agentes polticos corresponderia a um valor bruto fixado em lei, sobre o qual incidiria o imposto

    de renda e a contribuio previdenciria. Entendimento contrrio implicaria afronta aos princpios da

    igualdade e da razoabilidade. Sucede que os prprios Ministros do STF pagariam imposto de renda e

    contribuio previdenciria sobre o valor integral de seus subsdios, no limite estipulado em lei como teto

    geral constitucional. Alm disso, o princpio da razoabilidade seria afrontado pela desobedincia aos

    fundamentos do sistema tributrio, previdencirio e administrativo na definio e onerao da renda dos que

    seriam remunerados pelos cofres pblicos. Essa limitao constitucional do valor pago a ttulo de

    remunerao, proventos ou subsdio importaria tambm limitao ao poder de tributar do Estado, que no

    poderia exigir tributo sobre valor que no poderia pagar ao particular. Ademais, se o valor lquido das

    remuneraes e subsdios de qualquer servidor pudesse atingir o valor bruto dos subsdios das autoridades,

    elas deixariam de ocupar os respectivos cargos. A observncia das normas constitucionais atinentes aos tetos

    fixados no sistema remuneratrio nacional decorreria da necessidade de o cidado saber a quem paga e

    quanto paga a cada qual dos agentes estatais. Por sua vez, a remunerao que eventualmente superasse o teto

    ou o subteto constitucional no seria necessariamente ilegal, porque as parcelas que a compem, em geral,

    estariam pautadas em atos normativos cuja presuno de constitucionalidade no se poria em questo. Por

    isso, o STF j admitira a possibilidade de recebimento automtico de parcelas em decorrncia de futura

    elevao do subsdio de Ministro do STF e dos demais agentes polticos do art. 37, XI, da CF.

    RE 675978/SP, rel. Min. Crmen Lcia, 15.4.2015. (RE-675978) (Informativo 781, Plenrio, Repercusso Geral)

    DIREITO CONSTITUCIONAL

    Competncia Originria do STF

    Porte de arma de magistrado e competncia - 3 O STF tem competncia para processar e julgar causas em que se discute prerrogativa dos juzes de

    portar arma de defesa pessoal, por se tratar de ao em que todos os membros da magistratura so direta ou

    indiretamente interessados (CF, art. 102, I, n). Esse o entendimento do Plenrio que, em concluso de

    julgamento e por maioria, deu provimento a agravo regimental e julgou procedente pedido formulado em

    reclamao, para reconhecer como prerrogativa da magistratura a desnecessidade de submisso a certos

    requisitos gerais, aplicveis a todas as outras pessoas, para obter o porte ou a renovao do porte de arma. No

    caso, associaes estaduais de juzes impetraram mandado de segurana cuja ordem fora concedida para

    assegurar, aos substitudos, a renovao simplificada de registros de propriedade de armas de defesa pessoal

    (inscrio no SINARM), com dispensa dos testes psicolgicos e de capacidade tcnica e da reviso peridica

    de registro. Esses requisitos para manter arma de fogo estariam dispostos no art. 5, 2, da Lei 10.826/2003

    (Lei do Desarmamento). Alm disso, a prerrogativa dos magistrados de portar arma de defesa pessoal estaria

    prevista no art. 33, V, da LC 35/1979 - Loman v. Informativo 712. A Corte destacou que a compreenso de matria de privativo interesse da magistratura no poderia ser afastada pelo fato de determinada prerrogativa

    ser eventualmente estendida a outras carreiras. A prerrogativa deveria ser interpretada como direito ou

    obrigao inerente condio de magistrado. Em relao necessidade de que a deciso afetasse todos os

    membros da magistratura, o Tribunal asseverou que o Poder Judicirio seria uno, no entanto, possuiria

    segmentaes decorrentes da estrutura federativa brasileira. Apenas quando a matria dissesse respeito a

    determinada segmentao especfica do Poder Judicirio que se poderia cogitar do afastamento da

    competncia da Corte. Na espcie, no se trataria de prerrogativa prpria dos juzes integrantes das associaes

    que impetraram o mandado de segurana, mas de todos os magistrados do pas. A pretenso estaria baseada na

    Loman, de abrangncia nacional. Trataria de interesse potencial de toda a classe, j que a prerrogativa de portar

    arma de defesa pessoal estaria prevista na referida lei orgnica. Vencidos os Ministros Rosa Weber (relatora),

    Marco Aurlio e Celso de Mello, que negavam provimento ao agravo regimental por entenderem no ter

    havido usurpao da competncia do Tribunal. Apontavam que os efeitos do ato praticado pela autoridade tida

    como coatora no afetariam o interesse de todos os magistrados. Mencionavam que seriam diretamente

    interessados apenas os magistrados substitudos, quais sejam, os associados s entidades impetrantes, e

  • 7

    indiretamente, quando muito, os magistrados domiciliados em determinada unidade federativa, eventualmente

    interessados em registrar ou renovar o registro de arma de fogo.

    Rcl 11323 AgR/SP, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acrdo Min. Teori Zavascki, 22.4.2015. (Rcl-11323)

    (Informativo 782, Plenrio)

    Conselho Nacional do Ministrio Pblico

    Controle de constitucionalidade e rgo administrativo - 2 O direito subjetivo do exercente da funo de Promotor de Justia de permanecer na comarca elevada

    de entrncia no pode ser analisado sob o prisma da constitucionalidade da lei local que previu a ascenso,

    mxime se a questo restou judicializada no STF. Com base nessa orientao, a Primeira Turma concedeu a

    ordem em mandado de segurana impetrado por procurador-geral de justia contra deciso do Conselho

    Nacional do Ministrio Pblico CNMP, que declarara a inconstitucionalidade de norma local e glosara a pretenso do impetrante de permanecer na comarca que fora elevada de entrncia v. Informativo 745. A Turma asseverou que o CNMP no ostentaria competncia para efetuar controle de constitucionalidade de

    lei, haja vista se tratar de rgo de natureza administrativa, cuja atribuio se circunscreveria ao controle da

    legitimidade dos atos administrativos praticados por membros ou rgos do Ministrio Pblico federal e

    estadual (CF, art. 130-A, 2). Assim, o CNMP, ao declarar a inconstitucionalidade do art. 141, in fine, da Lei Orgnica do Ministrio Pblico de Santa Catarina (O membro do Ministrio Pblico ter garantida a sua permanncia na comarca cuja entrncia for elevada e, quando promovido, nela ser efetivado, desde que

    formalize a opo no prazo de cinco dias) teria exorbitado de suas funes, que se limitariam ao controle de legitimidade dos atos administrativos praticados por membros do parquet.

    MS 27744/DF, rel. Min. Luiz Fux, 14.4.2015. (MS-27744) (Informativo 781, 1 Turma)

    Controle de constitucionalidade e rgo administrativo - 3 O Ministro Roberto Barroso acompanhou o Ministro Luiz Fux (relator) para conceder a ordem,

    porm, com fundamentao diversa. Aduziu que no houvera, na espcie, controle abstrato de

    constitucionalidade. A declarao de inconstitucionalidade da parte final do art. 141 da LC estadual

    197/2000 fora feita incidenter tantum e desconstitura, de forma especfica, determinadas promoes virtuais. Assinalou que o acrdo atacado no alcanara promoes pretritas ou futuras, mas apenas aquelas havidas poca do Processo de Controle Administrativo - PCA, por no terem as respectivas

    promotorias de justia sido ofertadas aos demais membros do Ministrio Pblico estadual. Dessa forma, o

    controle teria se realizado no caso concreto. Defendeu que quem tem a incumbncia de aplicar a norma a

    uma situao concreta no poderia ser compelido a deixar de aplicar a Constituio e aplicar a norma que

    com ela considerasse incompatvel. Concluiu ser razovel que os membros do Ministrio Pblico, ao

    serem promovidos, pudessem permanecer nas promotorias que j ocupassem, sem que fossem obrigados a

    deix-las apenas porque teriam sido pr-elevadas de entrncia. Do contrrio, alm de acarretar gastos

    pblicos com remoo e trnsito, a medida prejudicaria a continuidade da linha de atuao ministerial

    local e a manuteno das unidades familiares dos promotores.

    MS 27744/DF, rel. Min. Luiz Fux, 14.4.2015. (MS-27744) (Informativo 781, 1 Turma)

    Controle de Constitucionalidade

    Policiais temporrios e princpio do concurso pblico - 5 Em concluso de julgamento, o Plenrio julgou procedente pedido formulado em ao direta para

    declarar a inconstitucionalidade da Lei 17.822/2012 do Estado de Gois, que institui o Servio de Interesse

    Militar Voluntrio Estadual - SIMVE na Polcia Militar e no Corpo de Bombeiros Militar do Estado-

    Membro v. Informativo 779. Quanto inconstitucionalidade material da norma, o Colegiado assinalou que, anteriormente edio da lei em comento, o governo estadual lanara concurso pblico de provas e

    ttulos para provimento de cargos de policial militar, com a subsequente seleo de candidatos. A lei

    adversada, por sua vez em vigor durante o prazo de validade do concurso , a pretexto de ter fundamento de validade na Lei 4.735/1964 (Lei do Servio Militar), institura uma classe de policiais

    temporrios, cujos integrantes, aps serem aprovados em seleo e em curso de formao, passariam a

    ocupar cargo de natureza policial militar. Esses temporrios seriam remunerados por subsdio, sujeitos

    legislao militar e s normas especficas da Polcia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar estaduais.

    Intentara-se, assim, a realizao de um corte de gastos relacionados com a segurana pblica. Ao possibilitar

    que voluntrios tivessem funo de policiamento preventivo e repressivo, alm de terem o direito de usar os

    uniformes, insgnias e emblemas utilizados pela corporao, com a designao SV, recebendo subsdio, a lei objetivara criar policiais temporrios, disfarados sob a classificao de voluntrios, para a execuo de

  • 8

    atividades militares, em detrimento da exigncia constitucional de concurso pblico. O Colegiado sublinhou,

    ademais, que as Foras Armadas seriam instituies nacionais, regulares e permanentes (CF, art. 142), no

    admitida a existncia de foras temporrias. Seus membros seriam chamados de militares, termo tambm empregado constitucionalmente para designar policiais militares e bombeiros militares (CF, art. 42).

    Entretanto, no se poderia confundir os membros das Foras Armadas com os militares estaduais. A

    Constituio vedaria que os Estados-Membros possussem Exrcito, Marinha e Aeronutica. Todavia,

    admitiria que eles constitussem polcias militarizadas para segurana interna e manuteno da ordem no

    territrio (CF, art. 144, 5). Assim, os militares estaduais seriam destinados funo de segurana pblica,

    integrariam a estrutura do Poder Executivo estadual e no seguiriam o mesmo regime constitucional alusivo

    s Foras Armadas. Essa diferena tambm diria respeito forma de ingresso na carreira. Enquanto a

    admisso nas Foras Armadas dar-se-ia tanto pela via compulsria do recrutamento oficial quanto pela via

    voluntria de ingresso nos cursos de formao, os servidores militares estaduais seriam submetidos, sempre

    voluntariamente, a concurso pblico. Com o advento da EC 18/1998, houvera a distino entre servidores

    pblicos civis e militares e, em relao a estes, distinguiram-se os dos Estados e do Distrito Federal e os das

    Foras Armadas. Da o art. 42 da CF determinar a aplicao, aos militares estaduais, do art. 142, 2 e 3, e

    remeter lei estadual a disciplina das matrias do art. 142, 3, X, da CF. Portanto, o constituinte no optara

    por excluir a obrigatoriedade do concurso pblico para ingresso na Polcia Militar e no Corpo de Bombeiros

    Militar. O seu objetivo original, ao estabelecer o postulado do concurso pblico, seria traduzido na

    necessidade essencial de o Estado conferir efetividade ao princpio constitucional da igualdade. Seria

    vedada, desse modo, a prtica inaceitvel de concesso de privilgios arbitrrios.

    ADI 5163/GO, rel. Min. Luiz Fux, 8.4.2015. (ADI-5163) (Informativo 780, Plenrio)

    Policiais temporrios e princpio do concurso pblico - 6 O Colegiado assinalou que o concurso pblico seria uma forma de a Administrao assegurar os

    princpios maiores da isonomia e da impessoalidade na concorrncia dos candidatos aos cargos pblicos.

    Todos os Poderes estariam jungidos observncia do preceito, inclusive o Executivo estadual ao contratar

    policiais militares. Alm disso, o constituinte previra expressamente excees quanto obrigatoriedade

    de concurso pblico. Assim, estabelecera genericamente a possibilidade de nomeao para cargo em

    comisso declarado em lei de livre nomeao e exonerao (CF, art. 37, II) e previra a contratao por

    tempo determinado para atender a necessidade temporria de excepcional interesse pblico (CF, art. 37,

    IX). Haveria outras excees, como, por exemplo os cargos eletivos. Em todas as hipteses, a base

    constitucional seria taxativa, e entre elas no estariam os policiais militares. Ademais, sequer a lei

    impugnada configuraria o permissivo do art. 37, IX, da CF. No estariam presentes os requisitos e limites

    para esse tipo de contratao. A necessidade temporria de excepcional interesse pblico no dependeria

    de mera escolha discriminatria da Administrao. Ela exigiria o atendimento de um fim prximo e a

    demonstrao da impossibilidade de consecuo desse fim com os recursos humanos de que disporia a

    Administrao. Na situao dos autos, a lei em debate permitira a contratao de 2.400 policiais

    temporrios, embora houvesse cerca de 1.400 concursados aprovados em cadastro reserva aguardando

    convocao. Alm disso, no caso dos contratados em carter temporrio, tratara-se de contratao para

    atividade previsvel, permanente e ordinria. Assim, seria inconstitucional a lei que, a pretexto de

    satisfazer o art. 37, IX, da CF, no estabelecesse prazo determinado ou no especificasse a contingncia

    ftica que evidenciasse a situao emergencial.

    ADI 5163/GO, rel. Min. Luiz Fux, 8.4.2015. (ADI-5163) (Informativo 780, Plenrio)

    Policiais temporrios e princpio do concurso pblico - 7 O Tribunal reputou que, no tocante inconstitucionalidade formal, o diploma em questo violaria o

    art. 24 da CF, ao usurpar a competncia da Unio para legislar sobre o tema. Aos Estado-Membros a

    Constituio permitiria o estabelecimento de regras ou disposies que permitissem a aplicao das

    diretrizes gerais e principiolgicas impostas pela Unio. Nas hipteses constitucionalmente previstas de

    competncia legislativa concorrente entre Unio e Estados-membros, situao em que caberia Unio

    estabelecer normas gerais e a estes normas suplementares, a nica situao permissiva de exame de

    constitucionalidade em sede de fiscalizao normativa abstrata seria aquela a configurar

    inconstitucionalidade direta, imediata e frontal. o que ocorreria na espcie. A norma federal a cuidar do

    tema Lei 10.029/2000 fora editada para trazer os parmetros de organizao de servio voluntrio nas Polcias Militares e Corpos de Bombeiros Militares. Assim, a lei estadual deveria ser expungida no

    que divergisse ou inovasse em relao lei federal. Esta, alm de restringir o exerccio do servio militar

    voluntrio a atividades administrativas e auxiliares, proibiria porte de arma de fogo e exerccio de poder

    de polcia pelos voluntrios, estabeleceria auxlio mensal de carter indenizatrio no superior a dois

    salrios mnimos e impossibilitaria a caracterizao de vnculo empregatcio e de natureza previdenciria

  • 9

    pela prestao dos servios voluntrios. O contraste com a norma estadual seria, portanto, radical e

    insanvel. Por fim, o Colegiado no modulou os efeitos da declarao de inconstitucionalidade, uma vez

    no atingido o nmero de votos necessrio para tanto.

    ADI 5163/GO, rel. Min. Luiz Fux, 8.4.2015. (ADI-5163) (Informativo 780, Plenrio)

    Art. 27 da Lei 9.868/1999 e suspenso de julgamento - 4 Em ao direta de inconstitucionalidade, com a proclamao do resultado final, se tem por

    concludo e encerrado o julgamento e, por isso, invivel a sua reabertura para fins de modulao. Com

    base nesse entendimento, o Plenrio, por maioria, resolveu questo de ordem no sentido de afirmar que o

    exame da presente ao direta fora concludo e que no seria admissvel reabrir discusso aps o

    resultado ter sido proclamado. Na espcie, na data do julgamento estavam presentes dez Ministros da

    Corte, porm, no se teria obtido a maioria de dois teros (oito votos) para se modular os efeitos da

    deciso, nos termos do art. 27 da Lei 9.868/1999 (Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razes de segurana jurdica ou de excepcional interesse social, poder o

    Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois teros de seus membros, restringir os efeitos daquela

    declarao ou decidir que ela s tenha eficcia a partir de seu trnsito em julgado ou de outro momento

    que venha a ser fixado) e o julgamento fora encerrado Na sesso subsequente, tendo em conta o comparecimento do Ministro ausente da sesso anterior, cogitou-se prosseguir no julgamento quanto

    modulao v. Informativos 481 e 776. A Corte destacou que a anlise da ao direta de inconstitucionalidade seria realizada de maneira bifsica: a) primeiro se discutiria a questo da

    constitucionalidade da norma, do ponto de vista material; e, b) declarada a inconstitucionalidade, seria

    discutida a aplicabilidade da modulao dos efeitos temporrios, nos termos do art. 27 da Lei 9.868/1999.

    Assim, se a proposta de modulao tivesse ocorrido na data do julgamento de mrito, seria possvel

    admiti-la. Ressalvou que no teria havido erro material e, uma vez que a apreciao do feito fora

    concluda e proclamado o resultado, no se poderia reabrir o que decidido. Por conseguinte, estaria

    preclusa, luz do postulado do devido processo legal, a possibilidade de nova deliberao. Vencidos os

    Ministros Gilmar Mendes, Menezes Direito e Teori Zavascki, que admitiam a retomada do julgamento

    quanto modulao dos efeitos. Para o Ministro Teori Zavascki, teria havido error in procedendo. Apontava que, em caso de modulao, se no fosse alcanado o qurum e houvesse magistrado para

    votar, o julgamento deveria ser adiado.

    ADI 2949 QO/MG, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acrdo Min. Marco Aurlio, 8.4.2015. (ADI-2949) (Informativo 780, Plenrio)

    ADI e softwares abertos - 3 A preferncia pelo software livre, longe de afrontar os princpios constitucionais da

    impessoalidade, da eficincia e da economicidade, promove e prestigia esses postulados, alm de

    viabilizar a autonomia tecnolgica do Pas. Com base nessa orientao, o Plenrio reputou improcedente

    pedido formulado em ao direta ajuizada contra a Lei 11.871/2002 do Estado do Rio Grande do Sul, que

    estabelece regime de preferncia abstrata em favor de softwares livres quando da aquisio de programas de computador pela Administrao Pblica gacha v. Informativo 686 (medida cautelar noticiada no Informativo 343). De incio, o Plenrio distinguiu os softwares livres dos softwares proprietrios. Enquanto os softwares proprietrios (tambm conhecidos como fechados) apenas permitiriam a utilizao pelo seu destinatrio, os softwares livres (cognominados abertos) viabilizariam, alm da utilizao, a sua cpia, sua alterao e a sua redistribuio para a Administrao. Esclareceu que

    um mesmo programa de computador poderia configurar-se como software livre ou proprietrio, a depender da extenso dos direitos conferidos ao seu usurio no contrato de licenciamento. A distino,

    portanto, diria respeito formatao jurdica da licena, ou seja, extenso dos poderes facultados ao

    licenciado pelo negcio jurdico que possibilitasse acesso ao programa de computador. Lembrou que a

    Lei 11.871/2002 criara regras de preferncia para a aquisio de softwares livres por parte da Administrao Pblica direta, indireta, autrquica e fundacional daquela entidade federativa, assim como

    os rgos autnomos e empresas sob o controle do Poder Pblico estadual. A preferncia, no entanto, fora

    apenas relativa porque a prpria Lei 11.871/2002, em seu artigo 3, admitira a contratao de programas

    de computador com restries proprietrias, nas seguintes hipteses especficas: a) quando o software analisado atender a contento o objetivo licitado ou contratado; e b) quando a utilizao de programa livre

    e/ou cdigo fonte aberto causar incompatibilidade operacional com outros programas utilizados pela

    Administrao. O Tribunal asseverou que a norma questionada no afrontaria o art. 61, II, b, da CF, na

    medida em que versa tema de licitao no mbito da Administrao Pblica estadual, e no de matria

    oramentria, menos ainda de organizao administrativa. Ademais, a iniciativa legislativa prevista no

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    aludido dispositivo constitucional teria sido reservada ao Presidente da Repblica apenas por se tratar de

    matria adstrita aos Territrios.

    ADI 3059/RS, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acrdo Min. Luiz Fux, 9.4.2015. (ADI-3059) (Informativo 780, Plenrio)

    ADI e softwares abertos - 4 A Corte entendeu que tampouco haveria ofensa ao art. 22, XXVII, da CF, uma vez no haver

    contrariedade s normas gerais sobre licitaes e contrataes pblicas em vigor. Frisou que a falta de

    previso expressa no art. 24 da CF no representaria impedimento constitucional atividade legiferante

    dos entes federativos sobre a matria de licitaes e contratos administrativos. Alm disso, a Lei

    gacha 11.871/2002 apenas concretizaria o princpio da padronizao j insculpido no art. 15, I, da Lei

    8.666/1993 (Art.15. As compras, sempre que possvel, devero: I - atender ao princpio da padronizao, que imponha compatibilidade de especificaes tcnicas e de desempenho, observadas,

    quando for o caso, as condies de manuteno, assistncia tcnica e garantia oferecidas). Assim, a norma questionada tambm no teria afrontado o devido processo legislativo por vcio de iniciativa e o

    princpio da separao de Poderes. Segundo o Tribunal, em nenhum momento a regra legal teria

    excludo do universo de possveis contratantes pelo Poder Pblico qualquer sujeito. O que a lei do

    Estado do Rio Grande do Sul fizera fora reconhecer que o contrato de licenciamento a ser celebrado

    pelo Poder Pblico deveria ter contedo amplo, a viabilizar no apenas a utilizao do software, mas tambm sua modificao e distribuio. No haveria, na hiptese, qualquer restrio competitividade.

    Ainda, no haveria afronta aos princpios da eficincia e da economicidade (CF, artigos 37, caput e 70, caput) porque, ao optar por um software livre, a Administrao Pblica teria garantido sua: a) liberdade de execuo, por poder executar o programa para qualquer propsito; b) liberdade de

    conhecimento, por poder estudar o funcionamento do programa e adapt-lo livremente s suas

    necessidades; e c) liberdade de compartilhamento, porque uma nica cpia do programa poderia ser

    utilizada por todos os funcionrios de um mesmo rgo pblico ou por qualquer outro ente, fosse ele

    pessoa fsica ou jurdica, sem custos adicionais. Nesse cenrio, existiriam razes suficientes para que o

    legislador, em nome do postulado constitucional da eficincia, determinasse que os contratos de

    licenciamento de softwares livres fossem preferencialmente adotados pela Administrao Pblica, em detrimento dos contratos de licenciamento proprietrio.

    ADI 3059/RS, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acrdo Min. Luiz Fux, 9.4.2015. (ADI-3059) (Informativo 780, Plenrio)

    ADI e submisso de membros da Administrao Pblica ao Poder Legislativo - 2 Em concluso de julgamento, o Plenrio conheceu em parte de pedido formulado em ao direta,

    e, na parte conhecida, julgou-o procedente, para declarar a inconstitucionalidade dos incisos XXXI e

    XXXII do art. 33 da Constituio do Estado de Roraima, na redao dada pelas EC 23/2009 e EC

    30/2012 v. Informativo 777. De incio, o Colegiado afirmou, no tocante ao art. 111, 1 e 2, do mesmo diploma, que o pleito no deveria ser conhecido, por ausncia de fundamentao pelo

    requerente. De igual modo, o pedido tambm no deveria ser conhecido quanto ao inciso XVIII do art.

    33, haja vista que o dispositivo, trazido em aditamento inicial, teria sido impugnado, em sua redao

    original, em outra ao direta (ADI 2.167/RR, pendente de julgamento), mas no teria sido questionado

    na inicial da presente ao. Relativamente s demais normas, reputou sua inconstitucionalidade. O

    inciso XXXI dispe sobre o afastamento e nulidade dos atos praticados por pessoas indicadas para

    certos cargos da alta Administrao direta e indireta, caso seus nomes no sejam submetidos

    Assembleia Legislativa estadual. J o inciso XXXII obriga os titulares da Universidade Estadual de

    Roraima, da Companhia de gua e Esgoto, alm de outros membros da Administrao Pblica a

    comparecer anualmente ao Poder Legislativo para prestar contas, sob pena de serem sumariamente

    destitudos do cargo. O Colegiado afirmou que esses incisos, por tratarem de regime jurdico de

    servidores pblicos sem observncia da iniciativa privativa do Chefe do Executivo, ofenderiam a

    Constituio, em seu art. 61, 1, c, mesmo porque os preceitos no adviriam da redao originria do

    texto estadual, mas sim de emendas Constituio local, que deveriam observar as regras de iniciativa

    privativa. Do ponto de vista material, o inciso XXXI seria invlido em relao ao Procurador -Geral do

    Estado e aos presidentes de empresas pblicas e sociedades de economia mista, mas no no que diz

    respeito a dirigentes de autarquias e fundaes. No que se refere ao inciso XXXII, prescreveria modelo

    de fiscalizao exacerbado e incompatvel com o princpio da separao de Poderes. Reajustou seu

    voto o Ministro Ricardo Lewandowski (Presidente e relator).

    ADI 4284/RR, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 9.4.2015. (ADI-4284) (Informativo 780, Plenrio)

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    Subsdio vitalcio a ex-governador - 3

    Em concluso de julgamento, o Plenrio, por maioria, deferiu medida acauteladora em ao direta de

    inconstitucionalidade para suspender a eficcia do art. 305 da Constituio do Estado do Par, o qual dispe

    que cessada a investidura no cargo de Governador, quem o tiver exercido em carter permanente far jus, a ttulo de representao, a um subsdio mensal e vitalcio igual remunerao do cargo de Desembargador do

    Tribunal de Justia do Estado e, por arrastamento, de seu 1 (O pagamento de subsdio estabelecido neste artigo ser suspenso durante o perodo em que o beneficirio estiver no exerccio de mandato eletivo

    ou em cargo em comisso, salvo direito de opo) v. informativo 616. Afastou, de incio, a assertiva de que o subsdio em apreo teria natureza de representao. Embora assim mencionado na norma questionada,

    a representao teria causas jurdicas e funcionais inocorrentes para ex-detentor de cargo poltico, porquanto

    no haveria remisso a um gabinete responsvel por custeios a serem aperfeioados com aquele pagamento

    e, tampouco, o recebimento de remunerao cuja parcela pudesse ser integrada por essa representao. Alm

    disso, no se poderia cogitar de penso previdenciria, porquanto, no servio pblico, o benefcio somente

    seria conferido ao dependente do agente pblico em razo de sua morte (CF, art. 40, 7). De igual modo,

    no haveria possibilidade de enquadramento do subsdio como penso civil, haja vista que esta seria devida

    para o caso de leso ou outra ofensa sade (CC, art. 949). Ademais, a remisso ao vencimento de

    desembargador para a fixao do subsdio em comento significaria a extenso dessa espcie remuneratria a

    quem no mais trabalharia no Estado. No haveria parmetro constitucional nacional para o benefcio

    adversado, que configuraria inaugurao de padro normativo estadual em desconformidade com princpios

    constitucionais, notadamente os relativos Administrao Pblica e s regras oramentrias. Por fim, o

    Colegiado assentou a higidez do 2 do artigo impugnado ao fundamento de ser regra autnoma (O Presidente e os ex-Presidentes do Poder Legislativo, o Governador e os ex-Governadores do Estado, o

    Presidente e os ex-Presidentes do Tribunal de Justia, em caso de acidente ou doena, tero custeadas pelo

    Estado as despesas com o tratamento mdico e hospitalar). Vencido o Ministro Dias Toffoli, que concedia a medida cautelar em parte para: a) atribuir interpretao conforme a Constituio primeira parte do

    caput do art. 305 da Constituio estadual, que concede subsdio mensal e vitalcio a ex-governadores, para que se entendesse por constitucional a penso fixada nas hipteses de comprovada insuficincia

    financeira do ex-mandatrio, aferida a partir de critrios razoveis a serem definidos na legislao ordinria;

    b) suspender a expresso igual remunerao do cargo de Desembargador do Tribunal de Justia do Estado contida no caput do art. 305 da Constituio estadual; e c) suspender a expresso salvo direito de opo contida no 1 do mencionado art. 305, bem como conferir interpretao conforme a Constituio ao dispositivo, para explicitar que o pagamento da penso seria suspenso durante o perodo em que o

    beneficirio estivesse no exerccio de atividade remunerada a afastar o critrio da insuficincia econmica.

    ADI 4552 MC/DF, rel. Min. Crmen Lcia, 9.4.2015. (ADI-4552) (Informativo 780, Plenrio) 1 Parte: 2 Parte:

    Organizaes sociais e contrato de gesto - 7 Em concluso de julgamento, o Plenrio, por maioria, acolheu, em parte, pedido formulado em ao

    direta de inconstitucionalidade para conferir interpretao conforme a Constituio Lei 9.637/1998 que dispe sobre a qualificao como organizaes sociais de pessoas jurdicas de direito privado, a

    criao do Programa Nacional de Publicizao, a extino dos rgos e entidades que menciona, a

    absoro de suas atividades por organizaes sociais, e d outras providncias e ao inciso XXIV do art. 24 da Lei 8.666/1993 com a redao dada pelo art. 1 da Lei 9.648/1998, que autoriza a celebrao de contratos de prestao de servios com organizaes sociais, sem licitao , para explicitar que: a) o procedimento de qualificao das organizaes sociais deveria ser conduzido de forma pblica, objetiva e

    impessoal, com observncia dos princpios do caput do art. 37 da CF, e de acordo com parmetros fixados em abstrato segundo o disposto no art. 20 da Lei 9.637/1998; b) a celebrao do contrato de

    gesto fosse conduzida de forma pblica, objetiva e impessoal, com observncia dos princpios do

    caput do art. 37 da CF; c) as hipteses de dispensa de licitao para contrataes (Lei 8.666/1993, art. 24, XXIV) e outorga de permisso de uso de bem pblico (Lei 9.637/1998, art. 12, 3) deveriam ser

    conduzidas de forma pblica, objetiva e impessoal, com observncia dos princpios do caput do art. 37 da CF; d) a seleo de pessoal pelas organizaes sociais seria conduzida de forma pblica, objetiva e

    impessoal, com observncia dos princpios do caput do art. 37 da CF, e nos termos do regulamento prprio a ser editado por cada entidade; e e) qualquer interpretao que restringisse o controle, pelo

    Ministrio Pblico e pelo Tribunal de Contas da Unio, da aplicao de verbas pblicas deveria ser

    afastada v. Informativos 621 e 627 (medida cautelar noticiada nos Informativos 421, 454 e 474).

    ADI 1923/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acrdo Min. Luiz Fux, 15 e 16.4.2015. (ADI-1923) (Informativo 781, Plenrio) 1 Parte: 2 Parte: 3 Parte:

  • 12

    Organizaes sociais e contrato de gesto - 8 A Corte admitiu a possibilidade de contratos serem celebrados por organizao social com terceiros,

    com recursos pblicos, desde que fossem conduzidos de forma pblica, objetiva e impessoal, com

    observncia dos princpios do art. 37, caput, da CF, e nos termos do regulamento prprio a ser editado por cada entidade. Destacou a necessidade de se averiguar o que constitucionalmente imposto de forma

    invarivel e o que suscetvel de escolha pela maioria poltica no que tange interveno do Estado nos

    domnios sociais. Aduziu que a Constituio permitiria interpretao, fundada no pluralismo poltico, a

    ensejar a prtica de projetos polticos diferentes. Destacou serem os setores de cultura, desporto, lazer,

    cincia, tecnologia e meio ambiente atividades-deveres do Estado e tambm da sociedade. A Constituio

    conteria dispositivos em que seria facultada a livre iniciativa, inclusive pelo setor privado, nos servios de

    sade e educao. Os referidos setores seriam os chamados servios pblicos sociais, de natureza no exclusiva e no privativos, em que a titularidade poderia ser compartilhada pelo Poder Pblico e pela

    iniciativa privada. Assim, o Plenrio optou por dar interpretao conforme a alguns dispositivos porque, na

    essncia, aduziriam ao que aconteceria com determinadas entidades extintas e seu patrimnio. Ponderou

    que, se fossem transformadas todas as organizaes sociais em rgos da Administrao Pblica e se fossem

    assumidos todos os seus empregados e servios por elas prestados, o Estado no teria como arcar com essas

    despesas. Por outro lado, as organizaes sociais exerceriam papel relevante, pela sua participao

    coadjuvante em servios que no seriam exclusivos do Estado, e a Constituio admitiria essa

    coparticipao particular. Haveria, hoje, uma flexibilizao das atividades que no seriam exclusivas do

    Estado, no que reconhecido como um novo modelo gerencial da Administrao Pblica. Dessa forma, o

    programa de publicizao permitiria ao Estado compartilhar com a comunidade, as empresas e o terceiro

    setor a responsabilidade pela prestao de servios pblicos, como os de sade e de educao. Reconheceu

    que a atuao da Corte no poderia traduzir forma de engessamento e de cristalizao de um determinado

    modelo pr-concebido de Estado, a impedir que, nos limites constitucionalmente assegurados, as maiorias

    polticas prevalecentes no jogo democrtico pluralista pudessem pr em prtica seus projetos de governo, de

    forma a moldar o perfil e o instrumental do Poder Pblico conforme a vontade coletiva. Os setores de sade,

    educao, cultura, desporto e lazer, cincia e tecnologia e meio ambiente (CF, artigos 199, caput; 209, caput; 215; 217; 218 e 225, respectivamente) configurariam servios pblicos sociais, em relao aos quais a Constituio, ao mencionar que seriam deveres do Estado e da Sociedade e que seriam livres iniciativa privada, permitiria a atuao, por direito prprio, dos particulares, sem que para tanto fosse necessria a delegao pelo Poder Pblico, de forma que no incidiria o art. 175, caput, da CF (Art. 175. Incumbe ao Poder Pblico, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concesso ou permisso, sempre

    atravs de licitao, a prestao de servios pblicos).

    ADI 1923/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acrdo Min. Luiz Fux, 15 e 16.4.2015. (ADI-1923) (Informativo 781, Plenrio)

    Organizaes sociais e contrato de gesto - 9 O Tribunal apontou que a atuao do Poder Pblico no domnio econmico e social poderia ser

    viabilizada por interveno direta ou indireta, quando disponibilizasse utilidades materiais aos

    beneficirios, no primeiro caso, ou quando fizesse uso, no segundo caso, de seu instrumental jurdico para

    induzir que os particulares executassem atividades de interesses pblicos por meio da regulao, com

    coercitividade, ou do fomento, pelo uso de incentivos e estmulos a comportamentos voluntrios. Em

    qualquer das situaes, o cumprimento efetivo dos deveres constitucionais de atuao estaria,

    invariavelmente, submetido ao que a doutrina contempornea denomina de controle da Administrao

    Pblica sob o ngulo do resultado. O fomento pblico no domnio dos servios sociais seria posto em

    prtica pela cesso de recursos, bens e pessoal da Administrao Pblica para as entidades privadas, aps

    a celebrao de contrato de gesto, o que viabilizaria o direcionamento, pelo Poder Pblico, da atuao do

    particular em consonncia com o interesse pblico, pela insero de metas e de resultados a serem

    alcanados, sem que isso configurasse qualquer forma de renncia aos deveres constitucionais de atuao.

    A extino das entidades mencionadas nos artigos 18 a 22 da Lei 9.637/1998 no afrontaria a

    Constituio, dada a irrelevncia do fator tempo na opo pelo modelo de fomento se simultaneamente ou aps a edio da lei em comento porque essas atividades distintas poderiam optar por serem qualificadas como organizaes sociais. O procedimento de qualificao de entidades, na sistemtica da

    lei em questo, consistiria em etapa inicial e embrionria, pelo deferimento do ttulo jurdico de

    organizao social, para que Poder Pblico e particular colaborassem na realizao de um interesse comum, ausente a contraposio de interesses, com feio comutativa e com intuito lucrativo, que

    consistiria no ncleo conceitual da figura do contrato administrativo, o que tornaria inaplicvel o dever

    constitucional de licitar (CF, art. 37, XXI). As dispensas de licitao institudas no art. 24, XXIV, da Lei

    8.666/1993 e no art. 12, 3, da Lei 9.637/1998 teriam a finalidade hoje denominada funo regulatria

    da licitao, a significar que esse procedimento passaria a ser visto como mecanismo de induo de

  • 13

    determinadas prticas sociais benficas, a fomentar a atuao de organizaes sociais que j ostentassem,

    poca da contratao, o ttulo de qualificao, e que por isso fossem reconhecidamente colaboradoras do

    Poder Pblico no desempenho dos deveres constitucionais no campo dos servios sociais. O afastamento

    do certame licitatrio no eximiria, porm, o administrador pblico da observncia dos princpios

    constitucionais, de modo que a contratao direta deveria observar critrios objetivos e impessoais, com

    publicidade de forma a permitir o acesso a todos os interessados. As organizaes sociais, por integrarem

    o terceiro setor, no fariam parte do conceito constitucional de Administrao Pblica, razo pela qual

    no se submeteriam, em suas contrataes com terceiros, ao dever de licitar. Por receberem recursos

    pblicos, bens pblicos e servidores pblicos, porm, seu regime jurdico teria de ser minimamente

    informado pela incidncia do ncleo essencial dos princpios da Administrao Pblica (CF, art. 37,

    caput), dentre os quais se destacaria o princpio da impessoalidade, de modo que suas contrataes deveriam observar o disposto em regulamento prprio (Lei 9.637/1998, art. 4, VIII), que fixara regras

    objetivas e impessoais para o dispndio de recursos pblicos (Art. 4 Para os fins de atendimento dos requisitos de qualificao, devem ser atribuies privativas do Conselho de Administrao, dentre outras:

    ... VIII - aprovar por maioria, no mnimo, de dois teros de seus membros, o regulamento prprio

    contendo os procedimentos que deve adotar para a contratao de obras, servios, compras e alienaes e

    o plano de cargos, salrios e benefcios dos empregados da entidade).

    ADI 1923/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acrdo Min. Luiz Fux, 15 e 16.4.2015. (ADI-1923) (Informativo 781, Plenrio)

    Organizaes sociais e contrato de gesto - 10 A Corte frisou que os empregados das organizaes sociais no seriam servidores pblicos, mas sim

    empregados privados, por isso sua remunerao no deveria ter base em lei (CF, art. 37, X), mas nos

    contratos de trabalho firmados consensualmente. Por identidade de razes, tambm no se aplicaria s

    organizaes sociais a exigncia de concurso pblico (CF, art. 37, II). A seleo de pessoal, da mesma

    maneira como a contratao de obras e servios, deveria ser posta em prtica atravs de um procedimento

    objetivo e impessoal. Inexistiria violao aos direitos dos servidores pblicos cedidos s organizaes

    sociais, na medida em que preservado o paradigma com o cargo de origem, desnecessria a previso em

    lei para que verbas de natureza privada fossem pagas pelas organizaes sociais. Os artigos 4, caput, e 10 da Lei 9.637/1998, ao disporem sobre a estruturao interna da organizao social e o dever de

    representao dos responsveis pela fiscalizao, no mitigariam a atuao de ofcio dos rgos

    constitucionais. De igual forma, a previso de percentual de representantes do Poder Pblico no conselho

    de administrao das organizaes sociais no afrontaria o art. 5, XVII e XVIII, da CF, uma vez que

    dependente, para se concretizar, de adeso voluntria das entidades privadas s regras do marco legal do

    terceiro setor. Vencidos, em parte, o Ministro Ayres Britto (relator), que o julgava parcialmente

    procedente, e os Ministros Marco Aurlio e Rosa Weber, que julgavam procedente o pedido em maior

    extenso, para declarar a) a inconstitucionalidade dos artigos 1; 2, II; 4, V, VII, VIII; 5; 6, caput e pargrafo nico; 7, II; 11 a 15; 17; 20 e 22 da Lei 9.637/1998; b) a inconstitucionalidade do art. 1 da Lei

    9.648/98, na parte em que inserira o inciso XXIV ao art. 24 da Lei 8.666/1993; c) a inconstitucionalidade,

    sem reduo de texto, dos artigos 4, X, 9 e 10, caput, da Lei 9.637/1998, de modo a afastar toda e qualquer interpretao no sentido de que os rgos de controle interno e externo em especial, o Ministrio Pblico e o Tribunal de Contas fossem impedidos de exercer a fiscalizao da entidade de forma independente das instncias de controle previstas no mencionado diploma.

    ADI 1923/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acrdo Min. Luiz Fux, 15 e 16.4.2015. (ADI-1923) (Informativo 781, Plenrio)

    Policiais civis e militares do sexo feminino e aposentadoria - 1 O Plenrio, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ao direta de

    inconstitucionalidade por omisso, ajuizada com o objetivo de ser declarada a mora legislativa do Estado

    de So Paulo na elaborao de lei complementar estadual sobre os critrios diferenciados para

    aposentadoria de policiais civis e militares do sexo feminino, nos termos do art. 40, 1 e 4, da CF. No

    tocante ao regime das policiais civis, o Colegiado mencionou a existncia da LC estadual 1.062/2008, que

    dispe sobre requisitos e critrios diferenciados para a concesso de aposentadoria voluntria aos policiais

    civis locais. Por outro lado, no plano federal, apontou haver a LC 144/2014, em alterao LC 51/1985,

    que cuida da aposentadoria do funcionrio policial, para regulamentar a aposentadoria da mulher

    servidora policial. A edio de lei complementar nacional, na atual configurao centralizadora da

    Federao, seria impositiva, pois a matria exigiria regramento uniforme, de carter geral, mediante

    edio de lei pela Unio, a fim de evitar criao de regras distintas pelos Estados-Membros para

    servidores em situaes semelhantes. Assim, se a lei federal sobre a matria regulamenta o tempo de

    contribuio para efeito de aposentadoria dos policiais de forma exaustiva, no poderia a lei estadual

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    dispor de modo diverso, sob pena de afrontar as regras de repartio de competncia firmadas pela

    Constituio. Quanto s servidoras policiais civis, o pleito aduzido no sentido de que se adotassem

    critrios diferenciados para aposentadoria de policiais do sexo feminino j teria sido atendido pela LC

    144/2014, que possui abrangncia nacional e incide, portanto, sobre servidores do Estado de So Paulo.

    Ademais, no haveria de se falar em perda superveniente de objeto, porque a LC 144/2014 fora editada

    em data anterior ao ajuizamento da presente ao, a evidenciar a inexistncia de omisso inconstitucional.

    Sequer poderia se falar em inconstitucionalidade da referida lei complementar, objeto da ADI 5.129/DF,

    pendente de julgamento. A constitucionalidade da norma seria presumida at eventual julgamento pelo

    STF em sentido diverso.

    ADO 28/SP, rel. Min. Crmen Lcia, 16.4.2015. (ADO-28) (Informativo 781, Plenrio)

    Policiais civis e militares do sexo feminino e aposentadoria - 2 O Plenrio asseverou que, relativamente s policiais militares, o parmetro de controle de

    inconstitucionalidade por omisso no se mostraria adequado. Com o advento das EC 18/1998 e EC

    20/1998, os militares teriam sido excludos do conceito de servidores pblicos anteriormente concedido pela Constituio, para que no mais houvesse vnculo com os servidores civis. A organizao e o regime

    jurdico dos militares, desde a forma de investidura at as formas de inatividade, diferiria

    fundamentalmente do regime dos servidores civis. A Polcia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar

    seriam foras destinadas execuo dos servios de segurana pblica. Especificamente, as Polcias

    Militares estaduais seriam instituies de natureza perene, com a competncia constitucional de polcias

    ostensivas. Seus membros integrariam carreira tpica estadual (CF, art. 42). Assim, haveria a necessidade

    jurdica de um regime previdencirio prprio dos militares estaduais, a ser normatizado em lei estadual

    especfica, diversa da lei que regulasse o regime prprio dos servidores pblicos. Nesse sentido, conforme

    jurisprudncia da Corte, a interpretao do 1 do art. 42 da CF impor-se-ia no sentido da

    inaplicabilidade da regra de aposentadoria especial prevista no art. 40, 4, da CF em favor de policial

    militar estadual. Esse entendimento fora confirmado tambm em julgamentos de aes nas quais o STF

    analisara a possibilidade de cumulao de proventos decorrentes de aposentadoria na condio de

    servidor pblico civil com proventos oriundos de aposentadoria na carreira militar. Fosse de se

    reconhecer a identidade do regime previdencirio a que submetida essa aposentadoria, no poderia a

    Corte ter garantido o direito de acumulao pleiteado na origem, pela vedao expressa do art. 40, 6, da

    CF. Desse modo, existiriam duas espcies de regimes previdencirios prprios: um para servidores civis e

    outro para militares. Por isso, o art. 40, 2, da CF somente permite a existncia de um regime prprio de

    previdncia social para os servidores titulares de cargos efetivos, ressalvado o disposto no art. 142, 3,

    X, da CF. Portanto, no haveria omisso inconstitucional quanto ao art. 40, 1 e 4, da CF, porque essa

    norma constitucional seria inaplicvel aos militares. Ademais, a aposentadoria dos policiais militares

    paulistas seria regulamentada pelo Decreto-Lei estadual 260/1970 e pela LC estadual 1.150/2011.

    Vencido o Ministro Marco Aurlio, que no conhecia do pedido formulado. Entendia que o STF no teria

    competncia para julgar a ao, tendo em vista suposta omisso do governador e da assembleia legislativa

    estadual. Reputava que seria competente o Judicirio local. No mrito, julgava o pedido procedente.

    ADO 28/SP, rel. Min. Crmen Lcia, 16.4.2015. (ADO-28) (Informativo 781, Plenrio)

    Publicidade de bebidas alcolicas e omisso legislativa - 1 O Plenrio, por maioria, conheceu de ao direta de inconstitucionalidade por omisso, e, no mrito,

    julgou improcedente pedido formulado em face de alegada omisso legislativa parcial do Congresso

    Nacional, tendo em vista ausncia de regulamentao acerca da propaganda de bebidas de teor alcolico

    inferior a 13 graus Gay Lussac (13 GL), em desacordo com o comando constitucional previsto no art.

    220, 4, da CF ( 4 - A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcolicas, agrotxicos, medicamentos e terapias estar sujeita a restries legais, nos termos do inciso II do pargrafo anterior, e

    conter, sempre que necessrio, advertncia sobre os malefcios decorrentes de seu uso). O Tribunal, de incio, asseverou que estaria assentada na jurisprudncia do STF, com fundamento na interpretao dos

    princpios da harmonia e independncia entre os Poderes, a impossibilidade de, em sede jurisdicional,

    criar-se norma geral e abstrata em substituio ao legislador, reiterado o quanto decidido na ADI

    1.755/DF (DJU de 18.5.2001). No entanto, no caso em comento, o primeiro item a ser considerado

    deveria ser a real existncia da alegada omisso inconstitucional em matria de propaganda de bebidas

    alcolicas. O legislador federal, no exerccio da atribuio a ele conferida pelo poder constituinte

    originrio, aprovara a Lei 9.294/1996, que dispe sobre as restries ao uso e propaganda de produtos

    fumgeros, bebidas alcolicas, medicamentos, terapias e defensivos agrcolas, nos termos do 4 do art.

    220 da CF. Da anlise do trmite do projeto que dera origem referida lei constatar-se-ia que a matria

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    teria sido amplamente debatida durante sete anos nas casas do Congresso Nacional. A elaborao da lei

    em anlise teria sido, inclusive, seguida de: a) aprovao do Decreto 2.018/1996, que a regulamenta; b)

    instituio da Poltica Nacional sobre o lcool que dispe sobre as medidas para reduo do uso indevido de lcool e respectiva associao com a violncia e criminalidade , aprovada pelo Decreto 6.117/2007; e c) regulamentao e fiscalizao implementadas pelo Conselho Nacional de

    Autorregulamentao Publicitria - Conar. No se demonstraria, pois, omisso inconstitucional na

    espcie.

    ADO 22/DF, rel. Min. Crmen Lcia, 22.4.2015. (ADO-22) (Informativo 782, Plenrio)

    Publicidade de bebidas alcolicas e omisso legislativa - 2 A Corte destacou que a anlise dos dados constantes da norma vigente e mesmo do elemento

    histrico o qual no seria o melhor critrio de interpretao, mas fator demonstrativo da ao legislativa, a deitar por terra, no caso, a afirmativa de omisso do legislador , comprovariam que a questo estaria afeita ao exerccio de competncia legtima e prioritria do Poder Legislativo. Ademais,

    a irresignao quanto ao critrio fixado no pargrafo nico do art. 1 da Lei 9.294/1996 bebidas alcolicas, para efeitos da lei, seriam as bebidas potveis com teor alcolico superior a 13 GL no seria suficiente para evidenciar a alegada omisso inconstitucional, dado que, como dito, estaria

    demonstrado nos autos ter sido a matria relativa propaganda de bebidas alcolicas objeto de amplos

    debates em ambas as Casas do Poder Legislativo. Ainda que se pudessem considerar relevantes as

    razes sociais motivadoras da ao direta em apreciao, o pedido no poderia prosperar. Isso porque,

    to importante quanto a preservao da sade daqueles que se excedem no uso de bebidas alcolicas, e

    que poderiam consumi-las em nveis menores, seria a observncia de princpios fundamentais do

    direito constitucional, como o da separao dos Poderes. Assim, para afirmar a omisso

    inconstitucional na espcie, o STF teria de analisar a convenincia poltica de normas legitimamente

    elaboradas pelos representantes eleitos pelo povo. Portanto, no se estaria diante de uma omisso, mas

    diante de uma opo, ou seja, o que teria havido seria uma opo do legislador na escolha das

    propagandas que seriam viveis, ou no. Outrossim, a Lei 9.294/1996 no contraditaria a Lei

    11.705/2008, pela qual instituda a chamada Lei Seca, estabelecendo-se restries ao uso de lcool por motoristas. No caso, estaria em discusso a questo da liberdade de expresso com relao

    propaganda. No se estaria a julgar teor alcolico de bebida, e, sim, at que limite poderia ir sua

    publicidade. Vencido, em parte, o Ministro Marco Aurlio, que no conhecia da ao direta, dado que

    seu autor seria carecedor de ao.

    ADO 22/DF, rel. Min. Crmen Lcia, 22.4.2015. (ADO-22) (Informativo 782, Plenrio)

    Extradio

    Extradio e prescrio da pretenso punitiva Por no atendido o requisito da dupla punibilidade, a Segunda Turma indeferiu pedido de

    extradio formulado pelo Governo da Itlia. Na espcie, o estrangeiro fora condenado pela justia

    italiana por crimes de falncia fraudulenta. Embora presente o requisito da dupla tipicidade, os delitos

    teriam sido praticados sob a vigncia do Decreto-Lei 7.661/1945 (Lei de Falncias). A referida norma

    previa o prazo prescricional de dois anos para os crimes em comento, tempo esse j transcorrido. A

    Turma reputou extinta a pretenso executria da pena nos termos da legislao vigente no Brasil,

    poca dos fatos.

    Ext 1324/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 7.4.2015. (Ext-1324) (Informativo 780, 2 Turma)

    Repartio de Competncia

    PSV: crimes de responsabilidade e competncia legislativa (Enunciado 46 da Smula Vinculante) O Plenrio acolheu proposta de edio de enunciado de smula vinculante com o seguinte teor: A

    definio dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e

    julgamento so da competncia legislativa privativa da Unio. Assim, tornou vinculante o contedo do Verbete 722 da Smula do STF, acolhida a proposta redacional do Ministro Ricardo Lewandowski

    (Presidente).

    PSV 106/DF, 9.4.2015. (PSV-106) (Informativo 780, Plenrio)

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    Sistema Financeiro Nacional

    Plano Real: contrato de locao comercial - 3 O Plenrio, em concluso de julgamento e por maioria, negou provimento a recursos extraordinrios

    em que discutida a incidncia da Medida Provisria 542/1994, instituidora do Plano Real, em relao aos

    contratos de aluguel de imveis comerciais firmados anteriormente sua edio, ante o questionamento

    sobre a constitucionalidade do art. 21 da Lei 9.069/1995, resultante da converso da referida Medida

    Provisria v. Informativos 116 e 781. Alegava-se que a aplicao dessas normas aos contratos em curso de execuo comprometeria a garantia constitucional de preservao do direito adquirido e do ato jurdico

    perfeito. O Colegiado, inicialmente, destacou que o art. 21 da Lei 9.069/1995 seria um dos mais importantes

    conjuntos de preceitos normativos do Plano Real, um dos seus pilares essenciais, justamente o que fixaria os

    critrios para a transposio das obrigaes monetrias, inclusive contratuais, do antigo para o novo sistema

    monetrio. Seria, portanto, preceito de ordem pblica, e seu contedo, por no ser suscetvel de disposio

    por atos de vontade, teria natureza estatutria, a vincular de forma necessariamente semelhante todos os

    destinatrios. Desde logo se deveria registrar que, pelo seu teor, no haveria dvida de que a norma fora

    editada para ter aplicao sobre os contratos em curso. Alis, seria justamente essa a sua finalidade

    especfica. A questo posta, portanto, no seria apenas de direito intertemporal. Se a finalidade da norma

    fosse disciplinar o regime de correo monetria de contratos em curso, qualquer juzo que importasse a no

    aplicao a esses contratos suporia, necessariamente, a prvia declarao de sua inconstitucionalidade. O art.

    5, XXXVI, da CF (A lei no prejudicar o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada) norma de sobredireito editada com a finalidade de nortear a produo de outras normas diria respeito no apenas ao poder de legislar sobre direito privado, mas tambm ao de editar normas de direito pblico. Todos

    os preceitos normativos infraconstitucionais, independente da matria que versassem, deveriam estrita

    obedincia referida clusula limitativa. Portanto, tambm as normas de direito econmico, como as que

    editassem planos econmicos, haveriam de preservar os direitos adquiridos e o ato jurdico perfeito.

    Ademais, no se poderia confundir aplicao imediata com aplicao retroativa da lei. A aplicao retroativa

    seria a que fizesse a norma incidir sobre suportes fticos ocorridos no passado. Essa incidncia seria

    ilegtima, salvo se dela no resultasse violao a direito adquirido, a ato jurdico perfeito ou a coisa julgada.

    Assim, no seria vedada a incidncia retroativa de norma nova que, por exemplo, importasse situao de

    vantagem ao destinatrio. Por outro lado, aplicao imediata seria a que se desse sobre fatos presentes,

    atuais, no sobre fatos passados. Em princpio, no haveria vedao alguma a essa incidncia, respeitada,

    evidentemente, a clusula constitucional antes referida.

    RE 212609/SP, rel. Min. Carlos Velloso, red. p/ o acrdo Min. Teori Zavascki, 29.4.2015. (RE-212609)

    RE 215016/SP, rel. Min. Carlos Velloso, red. p/ o acrdo Min. Teori Zavascki, 29.4.2015. (RE-215016)

    RE 211304/RJ, rel. Min. Marco Aurlio, red. p/ o acrdo Min. Teori Zavascki, 29.4.2015. (RE-211304)

    RE 222140/SP, rel. Min. Marco Aurlio, red. p/ o acrdo Min. Teori Zavascki, 29.4.2015. (RE-222140)

    RE 268652/RJ, rel. Min. Marco Aurlio, red. p/ o acrdo Min. Teori Zavascki, 29.4.2015. (RE-268652) (Informativo 783, Plenrio)

    Plano Real: contrato de locao comercial - 4 O Plenrio acentuou que a jurisprudncia do STF sempre teria resolvido a questo fazendo ntida

    distino entre: a) situaes jurdicas individuais, formadas por ato de vontade especialmente os contratos , cuja s celebrao, quando legtima, j lhes outorgaria a condio de ato jurdico perfeito e, portanto, imune a modificaes legislativas supervenientes; e b) situaes jurdicas formadas segundo normas gerais e

    abstratas, de natureza cogente denominadas situaes institucionais ou estatutrias , em cujo mbito os direitos somente poderiam ser considerados adquiridos quando inteiramente formado o suporte ftico

    previsto na lei como necessrio sua incidncia. A orientao adotada pelo STF estaria perfeitamente

    ajustada aos critrios tcnicos definidos na doutrina. Com efeito, a configurao do direito adquirido e do

    ato jurdico perfeito no ocorreria de maneira uniforme em todas as situaes jurdicas. Em matria de

    direito intertemporal, seria indispensvel que se traasse a essencial distino entre direito adquirido

    fundado em ato de vontade contrato e direito adquirido fundado em preceito normativo, de cunho institucional, para cuja definio o papel da vontade individual seria absolutamente neutro. Alis, mesmo

    nas situaes de natureza contratual nunca encontrveis em estado puro a lei nova incidiria imediatamente sobre as clusulas nele incorporadas por fora de preceito normativo cogente, ou seja,

    aquelas cujo contedo fugisse ao domnio da vontade dos contratantes. Realmente, em casos de situaes

    jurdicas oriundas de contratos, notadamente em se tratando de contratos de trato sucessivo e execuo

    diferida, a incorporar clusulas regradas por lei, seria pacfica a jurisprudncia no sentido de que no haveria

    direito adquirido manuteno de tais clusulas. Disciplinadas em lei de forma abstrata e geral, elas seriam

    suscetveis de alterao com eficcia imediata, inclusive em relao aos contratos em curso de execuo.

    Assim, o caso em anlise haveria de ser enfrentado e resolvido com base no pressuposto de que as normas

  • 17

    que tratassem do regime monetrio inclusive as de correo monetria , teriam natureza institucional e estatutria, insuscetveis de disposio por ato de vontade, razo pela qual sua incidncia seria imediata, a

    alcanar as situaes jurdicas em curso de formao ou de execuo. Seria, inclusive, irrelevante, para esse

    efeito de aplicao imediata, que a clusula estatutria estivesse reproduzida em ato negocial, eis que essa

    no seria circunstncia juridicamente apta a modificar a sua natureza.

    RE 212609/SP, rel. Min. Carlos Velloso, red. p/ o acrdo Min. Teori Zavascki, 29.4.2015. (RE-212609)

    RE 215016/SP, rel. Min. Carlos Velloso, red. p/ o acrdo Min. Teori Zavascki, 29.4.2015. (RE-215016)

    RE 211304/RJ, rel. Min. Marco Aurlio, red. p/ o acrdo Min. Teori Zavascki, 29.4.2015. (RE-211304)

    RE 222140/SP, rel. Min. Marco Aurlio, red. p/ o acrdo Min. Teori Zavascki, 29.4.2015. (RE-222140)

    RE 268652/RJ, rel. Min. Marco Aurlio, red. p/ o acrdo Min. Teori Zavascki, 29.4.2015. (RE-268652) (Informativo 783, Plenrio)

    Plano Real: contrato de locao comercial - 5 O Plenrio destacou, por fim, que as normas sobre correo monetria editadas no mbito de planos

    econmicos, como no caso, teriam, de modo geral, a importante e necessria funo de manter o

    equilbrio da equao financeira das obrigaes pecunirias legais e contratuais nascidas anteriormente.

    Essas obrigaes, formadas em poca de profunda crise inflacionria, sofreriam, com a edio desses

    planos, o impacto de uma nova realidade, que seria a estabilizao ou, pelo menos, a brusca desacelerao dos preos, imposta por congelamento ou por outros mecanismos com funo semelhante. Portanto, considerando que as normas em questo constantes do art. 21 da Lei 9.069/1995 editadas no mbito da implantao de novo sistema monetrio, chamado Plano Real, teriam natureza institucional ou estatutria, no haveria inconstitucionalidade em sua aplicao imediata que no se confundiria com aplicao retroativa , para disciplinar as clusulas de correo monetria de contratos em curso. Vencidos no RE 211.304/RJ, no RE 222.140/SP e no RE 268.652/RJ , os Ministros Marco Aurlio (relator) e Ricardo Lewandowski (Presidente), e no RE 212.609/SP e no RE 215.016/SP , os Ministros Carlos Velloso (relator) e Marco Aurlio, que davam provimento aos recursos, porquanto entendiam estar configurada a ofensa ao art. 5, XXXVI, da CF.

    RE 212609/SP, rel. Min. Carlos Velloso, red. p/ o acrdo Min. Teori Zavascki, 29.4.2015. (RE-212609)

    RE 215016/SP, rel. Min. Carlos Velloso, red. p/ o acrdo Min. Teori Zavascki, 29.4.2015. (RE-215016)

    RE 211304/RJ, rel. Min. Marco Aurlio, red. p/ o acrdo Min. Teori Zavascki, 29.4.2015. (RE-211304)

    RE 222140/SP, rel. Min. Marco Aurlio, red. p/ o acrdo Min. Teori Zavascki, 29.4.2015. (RE-222140)

    RE 268652/RJ, rel. Min. Marco Aurlio, red. p/ o acrdo Min. Teori Zavascki, 29.4.2015. (RE-268652) (Informativo 783, Plenrio)

    Tribunal de Contas

    TCU: anulao de acordo extrajudicial e tomada de contas especial O TCU tem legitimidade para anular acordo extrajudicial firmado entre particulares e a Administrao

    Pblica, quando no homologado judicialmente. Com base nessa orientao, a Primeira Turma, por maioria,

    denegou mandado de segurana impetrado em face de ato do TCU, que, em procedimento de tomada de

    contas especial, declarara a ilegalidade de acordo extrajudicial firmado entre os ora impetrantes e o Poder

    Pblico, e determinara a devoluo de valores recebidos e a aplicao de multa. A Turma, inicialmente,

    assentou a possibilidade de o TCU apurar a responsabilidade de administradores e particulares que tivessem

    firmado acordo extrajudicial tido como irregular, sendo permitida a aplicao de sanes. A celebrao de

    transao entre as partes, na forma do art. 269, III, do CPC, no retiraria a competncia jurisdicional para a

    anlise da legalidade do ato, a fim de homologar o acordo celebrado. Na espcie, no haveria prova de

    homologao judicial do acordo firmado entre os impetrantes e a Administrao Pblica, tendo ocorrido

    somente a desistncia de ao judicial na qual se discutia a responsabilidade do Poder Pblico por supostos

    prejuzos sofridos pelos impetrantes, discusso esta que dera ensejo celebrao do acordo extrajudicial em

    discusso. Assim, no haveria que se falar em julgamento do mrito da questo pelo Poder Judicirio, a

    afastar a atuao do TCU, que ocorreria em sede administrativa. Seria certo, ademais, que a jurisprudncia

    do STF seria pacfica no sentido da independncia entre as instncias cvel, penal e administrativa.

    Outrossim, haveria, na hiptese, uma incompatibilidade absoluta entre o valor pago pela Administrao no

    bojo do acordo extrajudicial e o dano efetivo que estaria sendo discutido em juzo quando de sua celebrao,

    desproporcionalidade esta cuja avaliao demandaria o revolvimento de matria probatria, incabvel em

    sede de mandado de segurana. Vencido o Ministro Marco Aurlio, que deferia a segurana por entender

    que, na espcie, no se teria situao jurdica em que o TCU, rgo administrativo, tivesse imposto sano.

    No caso, aquele tribunal simplesmente teria determinado a particulares, que no eram administradores, a

    devoluo de certo numerrio recebido. Esse procedimento no seria possvel, porquanto a atuao daquela

    Corte de Contas referir-se-ia aos administradores, como previsto na Constituio. Tendo o pronunciamento

  • 18

    do TCU fora de ttulo executivo, por esta via, sem o envolvimento de servidor ou de administrador,

    obstaculizar-se-ia o que poderia ser um processo de conhecimento no Judicirio para discutir-se a

    controvrsia e o conflito de interesses. No caberia, portanto, ao TCU, quer impor sano a particular, quer

    determinar a este a devoluo de numerrio.

    MS 24379/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 7.4.2015. (MS-24379) (Informativo 780, 1 Turma)

    DIREITO CIVIL

    Direitos Reais

    Usucapio de imvel urbano e norma municipal de parcelamento do solo - 4 Preenchidos os requisitos do art. 183 da CF (Aquele que possuir como sua rea urbana de at

    duzentos e cinqenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposio, utilizando-a para

    sua moradia ou de sua famlia, adquirir-lhe- o domnio, desde que no seja proprietrio de outro imvel

    urbano ou rural), o reconhecimento do direito usucapio especial urbana no pode ser obstado por legislao infraconstitucional que estabelea mdulos urbanos na respectiva rea em que situado o imvel

    (dimenso do lote). Esse o entendimento do Plenrio que, em concluso de julgamento e por maioria, proveu

    recurso extraordinrio, afetado pela 1 Turma em que discutida a possibilidade de usucapio de imvel urbano em municpio que estabelece lote mnimo de 360 m para o parcelamento do solo para reconhecer aos recorrentes o domnio sobre o imvel, dada a implementao da usucapio urbana prevista no art. 183 da

    CF. No caso, os recorrentes exercem, desde 1991, a posse mansa e pacfica de imvel urbano onde

    edificaram casa, na qual residem. Contudo, o pedido declaratrio, com fundamento no referido preceito

    constitucional, para que lhes fosse reconhecido o domnio, fora rejeitado pelo tribunal de origem. A Corte

    local entendera que o aludido imvel teria rea inferior ao mdulo mnimo definido pelo Plano Diretor do

    respectivo municpio para os lotes urbanos. Consignara, no obstante, que os recorrentes preencheriam os

    requisitos legais impostos pela norma constitucional instituidora da denominada usucapio especial urbana v. Informativos 772 e 782. O Colegiado afirmou que, para o acolhimento da pretenso, bastaria o preenchimento dos requisitos exigidos pelo texto constitucional, de modo que no se poderia erigir

    obstculo, de ndole infraconstitucional, para impedir que se aperfeioasse, em favor de parte interessada, o

    modo originrio de aquisio de propriedade. Consignou que os recorrentes efetivamente preencheriam os

    requisitos constitucionais formais. Desse modo, no seria possvel re