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TECNOLOGIA NACIONAL CRIA FILTRO SOLAR INOVADOR Censo feito nas regiões do RS quanto ao uso de agrotóxicos e suas implicações socioambientais Paulo Griebler, diretor da AICSUL, fala sobre o papel do Químico na indústria do couro Academia Riograndense de Química prorroga inscrições ENTREVISTA INSTITUCIONAL ARTIGO Jan-Fev-Mar de 2010 | Ano XIV | N° 116 PODE SER ABERTO PELA ECT

Informativo nº 116

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Informativo do CRQ-V

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Tecnologia nacional cria

filTro solar inovador

censo feito nas regiões do rs quanto ao

uso de agrotóxicos e suas implicações

socioambientais

Paulo griebler, diretor da aicsUl, fala sobre

o papel do Químico na indústria do couro

academia riograndense de Química prorroga

inscrições

ENTREVISTA

INSTITUCIONAL

ARTIGO

Jan-Fev-Mar de 2010 | Ano XIV | N° 116

PODE SER ABERTO PELA ECT

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EDITORIALíNDICE4

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ENTREVISTA“Para cada aplicação, uma fórmula diferente”

ESpECIALTecnologia nacional cria filtro solar inovador

ARTIGOCenso feito nas regiões do Estado do Rio Grande do Sul quanto ao uso de agrotóxicos no plantio de diversas culturas e suas implicações socioambientais

AGENDA

ExpEDIENTEINFORMATIVO CRQ-V - Av. Itaqui, 45 - CEP 90460-140 - Porto Alegre/RS - Fone/fax: 51 3330.5659 - www.crqv.org.br

Presidente: Paulo Roberto Bello FallavenaVice-Presidente: Estevão SegallaSecretário: Renato EvangelistaTesoureiro: Ricardo Noll

Assessoria de Comunicação do [email protected]. Resp.: Vanessa ValiatiEdição de Arte: Letícia Lampert

Colaboração: Camila VargasEstagiário: Felipe S. DeckerTiragem: 9.000Impressão: Ideograf

números do conselhoDOCUMENTOS NOV/DEZ TOTAL

AFT’S emitidas 1.510 5.813Registros Definitivos 58 545Registros Provisórios 10 320Certidões 6 51Processos Analisados 184 1.582

DOCUMENTOS JAN/FEV/MAR TOTAL

AFT’S emitidas 1.597 1.597Registros Definitivos 210 210Registros Provisórios 120 120Certidões 20 20Processos Analisados 687 687

DIVULGAçãO CIENTífICA

De acordo com um estudo feito pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a luz incidindo continu-amente sobre verduras e vegetais pode dobrar a concentração de vitaminas A,

Pesquisadores da Universidade de Haifa, em Israel, descobriram que as abelhas preferem os néctares que contém pequenas doses de nicotina e cafeína aos que são desprovidos de tais substâncias. O néctar das flores é composto principalmente de açú-cares, que são a base da polinização. Só que algumas espécies de plantas apresentam pequenas quantidades de nicotina (como o tabaco) e cafeína (como as flores cítricas, principalmen-te a flor da toranja). Mas as pesquisas mostraram que as abelhas não cur-tem exageros. Elas preferiram con-centrações de 1 miligrama por litro, similares às encontradas na natureza. Quando lhes ofereceram níveis maio-res de nicotina e cafeína, optaram pelo néctar puro. Agora os cientistas querem descobrir se as abelhas tam-bém podem se viciar nessas substân-cias e se a presença delas no néctar torna a polinização mais eficiente.

AbelhAs gostAm de cAfeínA e nicotinA, mAs sem exAgeros E , C e K em alguns deles. Isso acontece

porque a exposição permanente à luz induz os vegetais a fazerem fotossínte-se por mais tempo, estimulando, assim, a produção de nutrientes.

Luz do supermercado deixa os vegetais mais saudáveis

A cada ano a necessidade do uso de protetores solares se intensifica. Estudos comprovam que a exposição excessiva à radiação solar nos traz mais prejuízos que benefícios. O Informativo foi conversar com a professo-ra do Instituto de Química da UFRGS e uma das coordenadoras do projeto que resultou no Photoprot, filtro solar com fator de proteção 100 e um dos únicos no mundo que utiliza a nanotecnologia. Nesta edição também entrevistamos o diretor executivo da AICSUL (Associação das Industrias do Curtume do Rio Grande do Sul), que falou sobre a importância do químico na indústria do couro.

Aproveitamos este editorial para lembrar que já estamos programando as atividades para o Dia do Químico. Como de praxe, dentro das comemo-rações, no dia 18 de junho teremos o jantar comemorativo no Restaurante Panorama, prédio 40 da PUC/RS. Os ingressos estarão à venda na secreta-ria do CRQ e no Sindiquim, a partir de maio. Aguardem mais novidades!

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A beleza para o ser humano não é questão apenas de exibir um status social, mas de se sentir bem consigo. Assim, surge a preocupação com a qua-lidade do trabalho desenvolvido pelos profissionais da estética.

Na maioria dos procedimentos rea-lizados por cabeleireiros são utilizados produtos químicos como as tinturas, os alisamentos, que além de alto potencial tóxico podem causar danos ao cliente caso sejam utilizados incorretamente. Isso fez com que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não pro-movesse o registro de inúmeros produ-tos perigosos, tais como os alisantes de cabelos que possuem formol em sua composição e outros materiais com ca-racterísticas químicas e toxicológicas.

Se o cabeleireiro conhecesse todo o arsenal que utiliza desde a elaboração aos riscos, a atividade seria exercida de forma muito mais adequada e segura. Para que haja qualidade nestes pro-cedimentos, o Instituto de Apoio aos Profissionais da Ciência (IAPC), com o apoio do Conselho Regional de Quími-ca promove o Curso Técnico em Ima-gem Pessoal – ênfase em Cosmética e Tricologia.

O curso é destinado aos profis-sionais da beleza em geral, que quei-ram ampliar a sua área de atuação. O egresso do curso poderá exercer sua profissão de forma liberal e em empre-sas privadas (indústrias de cosméticos, consultorias, farmácias de manipula-ção e etc), em instituições de pesquisa, cooperativas, organizações não-gover-namentais entre outras possibilidades. O profissional se qualificará para ser au-tônomo tendo a opção de trabalhar no ramo da tricologia e cosmética.

O Técnico em Imagem Pessoal po-derá obter junto ao Conselho Regional de Química o seu registro profissional, pois durante o curso serão ministradas disciplinas como química básica, quí-mica dos cosméticos e cosmetologia.

Em aproximadamente um ano e meio, o profissional irá adquirir todos os conhecimentos para exercer a pro-fissão de Técnico em Imagem Pessoal. A primeira edição do curso está previs-ta para este ano em Porto Alegre.

MAIS INfORMAçÕES:Instituto de Apoio aos Profissionais da Ciê[email protected]

iAPc lAnçA curso de técnico em imAgem PessoAl

O futuro está chegando. Pelo me-nos para o grafeno, que está cada vez mais próximo dos computadores, nos quais poderá ocupar o lugar do hoje onipresente – mas cada vez mais pró-ximo do limite tecnológico – silício.

Desde que essa nova forma de car-bono foi isolada, em 2004, pelo grupo de Andre Geim, na Universidade de Manchester, diversos centros de pes-quisa espalhados pelo mundo têm es-tudado as propriedades e aplicações dessa nova forma de carbono.

Em artigo publicado na revista Science, um grupo do Centro de Pes-quisa Watson da IBM, nos Estados Uni-dos, descreve a produção de transisto-res de efeito de campo formados por uma camada de grafeno sobre uma lâmina de silício.

O mais notável, segundo o estudo, é que o dispositivo atingiu a frequên-cia de 100 gigahertz por uma distância de 240 nanômetros. A performance de alta frequência desse transistor de gra-feno em tal distância supera os melho-res de silício até hoje construídos.

Transistores feitos de grafeno po-dem alternar sinais eletrônicos mais rapidamente do que os de silício, apontam os pesquisadores. Tais tran-sistores poderão se mostrar, no futuro, muito úteis em aplicações que exigem grande frequência e velocidade.

O grafeno é o mais fino e também considerado o mais forte de todos os materiais. Por características insólitas (reduzida espessura, por exemplo) e propriedades notáveis (condução de eletricidade), ele tem sido cotado,

entre outras coisas, como possível su-cessor do silício na fabricação de chips de computador ou como o material de base para a nova geração de dispositi-vos eletrônicos.

Por formar folhas resistentes e capa-zes de serem dobradas sem danos – por conta do arranjo de átomos de carbono em uma estrutura que lembra o de uma colmeia –, uma das principais aplicações potenciais do grafeno está na fabricação de aparelhos eletrônicos flexíveis.

O artigo 100-GHz Transistors from Wafer-Scale Epitaxial Graphene (10.1126/science.1184289), de Yu-Ming Lin e ou-tros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.

Agência FAPESP (http://www.agen-cia.fapesp.br)

Mais rápido que o silícioDIVULGAçãO CIENTífICA

Um grupo de pesquisa-dores brasileiros está ten-tando criar um combustível verde e seguro para usar em foguetes nacionais. Os pri-meiros testes, realizados com sucesso, utilizaram peróxido e etanol em um pequeno motor. Há 15 anos o Brasil tenta descobrir como colo-car no ar foguetes movidos a combustíveis líquidos, em especial o álcool nacional. A ideia é substituir a hidrazina, combustível sólido corrosivo e tóxico usado atualmente.

brAsil quer usAr fórmulA

de etAnol e Peróxido de

hidrogênio como combustível

PArA foguetes

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ENTREVISTA

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Paulo Ricardo Griebeler, atual diretor executivo da Associação das Indústrias de Curtume do Rio Grande do Sul (AICSUL), contratado com o objetivo de reestru-turar a entidade, colocando o foco na prestação de ser-viços aos associados e na busca de alternativas e so-luções para as empresas em questões de governo, legis-lação, entraves e captação de recursos através de pro-jetos fala sobre a importân-cia do químico na indústria do couro

Qual o papel do Químico na in-dústria do couro?

A indústria química sempre foi fun-damental como suporte tecnológico para que o setor coureiro pudesse dar às peles as características necessárias aos produtos finais a que se destinam. Com o foco de significativa parcela da indústria brasileira do couro em moda, a indústria química passou a ser par-ceira decisiva também no desenvolvi-mento de produtos com grande con-teúdo de design para atender às novas exigências do mercado. O aumento da preocupação ambiental também exi-giu novas tecnologias para reduzir a geração de efluentes e para diminuir seu impacto na natureza. Em todos estes momentos o químico tem papel essencial nestes dois momentos

Onde ele atua dentro da fábrica?O químico atua nos laboratórios

das empresas e nos departamentos de produção fazendo o trabalho de ma-tizador junto ao couro nos processos produtivos, assim como pode atuar no centro tecnológico do couro junto aos seus laboratórios.

O que o Químico faz, na prática, no processo de curtição?

Principalmente o trabalho de mati-zador, ou seja, encontrando as fórmu-las químicas adequadas para tornar o couro da forma adequado confor-me a sua utilização como o mercado da moda, sapato, bolsas, acessórios e estofamento automotivo e móveis. Para cada aplicação as fórmulas são diferentes.

Quais são as responsabilidades do químico quanto ao lado humano?

O químico tem várias responsabili-

dades, a começar pelos cuidados para que sejam evitados acidentes com os colaboradores das empresas ou na área ambiental. E também deve zelar para que as empresas possam alcan-çar seus objetivos comerciais, porque assim se gera emprego e renda, bene-ficiando a sociedade como um todo.

Como começar a trabalhar na área?A formação profissional se dá nas

escolas dos centros tecnológicos do couro. Uma referência em formação é a escola do Centro Tecnológico do Couro de Estância Velha, uma iniciati-va do Senai, nos anos 70, com o apoio das indústrias do couro gaúchas.

Há novidades no setor?O setor tem investido muito em

melhorias no processo produtivo as-sim como nos produtos para atender aos mais exigentes mercados interna-cionais pois o setor curtidor brasileiro exporta em torno de 60% da sua pro-dução e participa em 20% do mercado mundial do couro. Poucos produtos bra-sileiros têm esta expressiva participação.

No mercado da moda o setor tem participação das melhores feiras da moda, como Le Cuir em Paris e sendo muitas vezes premiados com a quali-dade dos couros brasileiros fruto do investimento em pesquisas e desen-volvimento de novas tecnologias.

Outra novidade é o investimento que o setor tem feito na sustentabili-dade ambiental investindo em torno de 1% do seu faturamento em trata-mentos ambientais e busca de novas tecnologias para inclusive fazer o rea-proveitamento da água no seu proces-so produtivo ou seja o reuso da água fechando o terceiro ciclo do tratamento.

“para cada aplicação, uma fórmula diferente”

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Paulo Griebler

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ESpECIAL

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Todos sabem da importância do uso de protetores solares atualmen-te. Ficar exposto às radiações solares não é nada saudável. Desde a década de 80, surgem protetores solares efi-cientes, mas que sempre exigem aten-ção por parte dos usuários: saem na água e devem ser reaplicados a cada 2 horas, em média. Como a maioria das pessoas não tem este costume, e ainda levam muito em conta o preço do produto, acabam por não aplicá-lo corretamente.

Porém, um grupo de pesquisado-res da UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul resolveu usar sua experiência em nanotecnologia para resolver o problema. A Universi-dade lançou um edital para estimular a interação universidade-empresa no desenvolvimento de nanocosméticos. Assim, surgiu a parceria com a Biolab Sanus Farmacêutica. Depois de três anos de trabalho com uma equipe de bolsistas DTI (Desenvolvimento Tecno-lógico Industrial), surgiu o Photoprot FPS 100, que foi lançado no final de 2009, com o preço médio de 70 reais. É o único que utiliza nanotecnologia desenvolvida no Brasil e já tem paten-te nacional e internacional (PCT – Pa-tent Cooperation Treaty). Na Austrália, existem alguns fotoprotetores desse tipo, entretanto, neste caso nanotec-nologia está relacionada à partícula inorgânica.

Segundo a professora do Institu-to de Química da UFRGS Adriana Po-hlmann, o Photoprot é baseado em nanotecnologia orgânica, é seguro e de química limpa, pois suas partículas são biodegradáveis. As partículas têm ao mesmo tempo a capacidade de absorver raios UV-A e UV-B e também de refletir a luz, por causa do tamanho reduzido dela. “Dessa forma, tais partí-culas podem ser usadas com seguran-ça porque vão se tornar reservatórios

do filtro solar nas camadas superiores da pele, evitando uma absorção que normalmente pode acontecer, nos protetores convencionais, nos quais as partículas são moleculares”, explica. As nanopartículas ficam mais tempo agindo onde elas devem estar: na ca-mada superior da pele. O que acon-tece é que, como as cápsulas do Pho-toprot são refletoras da luz, elas ficam mais tempo intactas. Assim ele se tor-na mais eficiente do que os protetores convencionais.

O fator 100 significa que num expe-rimento controlado através de norma técnica, com intensidade de luz e tem-po de exposição controlados, compa-rando uma mesma pele sem protetor solar e uma pele protegida, a que está usando o fotoprotetor está 100 vezes mais segura do que sem o produto. A formação do eritema (queimadura) será 100 vezes mais difícil que sem o

fotoprotetor. Não quer dizer que es-teja 100% protegida, nem 100 vezes mais tempo de proteção. A norma téc-nica diz que se deve usar 2g de produ-to por centímetro quadrado aplicado. Numa situação real isso não acontece. A grande vantagem do FPS 100 é que a proteção é garantida mesmo usando uma quantidade menor do que a reco-mendada.

Para efeito de comparação, um FPS 30 protege 96,7% protegido da radia-ção, enquanto um FPS 60 bloqueia 98,3% dos raios solares. Portanto, o incremento de proteção em um FPS maior não é linear, é exponencial. Há uma maior proteção de um fator 50 contra um fator 30. A diferença está no tempo de reaplicação. Um fator 60 fica mais tempo agindo na pele mais do que um fator 50. Antigamente, se acreditava que não existia diferença considerável entre os fatores de prote-ção solar.

Outro ponto importante é que o Photoprot é totalmente desenvolvido com substâncias orgânicas. Ele é com-posto por um poliéster alifático, que é biodegradável, assim como todos os materiais tensoativos.

COMO ATUA NA pELE

A nanotecnologia permite que a pele fique totalmente coberta pelo produto. Quando se usa uma emulsão clássica, a gotícula é micrométrica, as-sim, não consegue penetrar em todos os espaços da pele. Com o tempo es-tes lipídios acabam se dissolvendo nos lipídios da pele e resulta numa prote-ção adequada. No caso da nanotecno-logia desenvolvida para o Photoprot, devido às partículas apresentarem um diâmetro de 240 nanômetros – um nanômetro corresponde a um bilioné-simo de metro – elas se colocam nas fendas da pele no extrato córneo. Por

Tecnologia nacional cria filtro solar inovador

Div

ulga

ção

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isso o recobrimento de superfície é muito mais eficiente e mais resistente à água.

Quanto à radiação, a proteção é completa. O espectro ultravioleta é composto pelas regiões UV-C, a UV-B, que é bem pequena, e a UV-A. A UV-C não nos afeta porque a camada de ozônio a bloqueia. A proporção de UV-B é muito grande no sul do plane-ta por causa do buraco na camada de ozônio. Em Porto Alegre os níveis de UV-B são sempre extremos. Portanto, O FPS 100 protege contra as radiações UV-B e UV-A. A maioria dos filtros co-muns é designada para radiação UV-A, mas o problema é que os filtros quími-cos se degradam muito rápido. Com as nanocápsulas, o filtro age por mais tempo, pois atua em três diferentes mecanismos simultâneos: reflete a luz, absorve radiação UV-A e absorve radiação UV-B. A partir da reflexão de uma determinada quantia de luz, tem uma maior capacidade de absorção.

A pESQUISA NA UfRGS

As pesquisas da UFRGS em nano-tecnologia começaram há 15 anos.

Assim, puderam desenvolver num es-paço de tempo tão curto um produto totalmente novo que era uma preo-cupação da indústria. Com o conheci-mento acumulado, ao surgir o proble-ma, os pesquisadores já tinham uma idéia da solução.

A interação universidade-empresa existe para possibilitar a transferência de conhecimento científico para um produto ao alcance da sociedade. A indústria não tem tempo disponível nem capacidade de criar uma equi-pe de pesquisa para desenvolver um produto deste tipo. Então é usado o conhecimento científico através de parcerias público-privadas. Nos casos de financiamentos dos projetos, o Fi-nep – Financiadora de Estudo e Pro-jetos, vinculada ao Ministério de Ci-ência e Tecnologia, entra com 50%. O restante vem da empresa interessada. Assim, existe uma parceria em todos os níveis: a competência científica da universidade, a busca de mercado da empresa, a formulação do problema, o financiamento público, o financia-mento privado, e por consequência, a propriedade intelectual partilhada entre universidade e empresa. Neste

modelo, a universidade também tem lucros sobre o produto, mantendo o sistema ativo.

O Photoprot foi desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em parceria com a Biolab Sanus Farmacêutica, sob coordenação na Fa-culdade de Farmácia pela professora Sílvia Guterres e vice-coordenação no Instituto de Química pela professora Adriana Raffin Pohlmann.

Outros projetos desenvolvidos pelo grupo de pesquisa em nano-tecnologia envolvem nanopartículas para tratamento de tumores cerebrais, também para diminuição de efeitos tóxicos gastrointestinais de anti-infla-matórios, e também contra a artrite-reumatóide. Os grupos de pesquisa no Instituto de Química e na Faculdade de Farmácia trabalham com nano e micropartículas aplicadas à terapêu-tica. Eles têm desenvolvido nanopar-tículas poliméricas para a vetorização passiva de fármacos há 15 anos. Foram publicados mais de 40 artigos nos úl-timos três anos e demonstrada a apli-cabilidade desses nanocarreadores na administração sistêmica, oral e cutâ-nea de fármacos.

Professora Adriane Pohlmann e aluno conversam sobre o produto

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ARTIGO

INTRODUçãO

O Brasil tem um grande contin-gente de trabalhadores rurais e o uso excessivo, principalmente na horticul-tura, tem como reflexo o comprome-timento ambiental e social. É um fato preocupante, sobretudo no Rio gran-de do Sul, que se caracteriza pela im-portância das atividades econômicas centradas na agropecuária e no abas-tecimento nacional de cereais, frutas e outros produtos de origem vegetal, culturas relacionadas ao uso descon-trolado de substâncias agroquímicas. A utilização de agrotóxicos parece, na maioria dos casos, maximizar a eficiên-cia e aumentar a produtividade rural, trazendo benefícios socioeconômi-cos, porém tem-se que aceitar o risco sócio ambiental adicional ocasionado

Censo feito nas regiões do Estado do Rio Grande do Sul

quanto ao uso de agrotóxicos no plantio de diversas

culturas e suas implicações socioambientais

por ter uso em excesso. Neste sentido, a degradação ambiental é praticada tanto por grandes como por peque-nos produtores agrícolas. Entretanto, ferem as normas e diretrizes por falta de esclarecimento, atreladas às ques-tões financeiras e precárias condições de acompanhamento no controle fi-tossanitário. Neste cenário, os agrotó-xicos atingem o equilíbrio da natureza e a economia da sociedade produzin-do, portanto, uma relação perigosa e dependente, pois se apresentam de maneira dúbia, ao mesmo tempo em que trazem benefícios ao rendimento da produção, são agentes de degradação.

Diante disso, a Câmara de Agrotóxi-cos do Conselho Regional de Química – 5ª Região, com o apoio das entidades parceiras incentivou a elaboração da

Raquel Fiori1; Jupira de Fátima Pedroso de Souza1; Renata Limberger2; Paulo Roberto Bello Fallavena3; Vanessa Valiati3; Tatiane Dutra4

1 IPB-LACEN/FEPPS/RS ; 2 Faculdade de Farmácia/UFRGS ; 3 Conselho Regional de Química – 5 Região ; 4 Federação Nacional dos Profissionais da Química .

RESUMO O uso de agrotóxicos na comunidade rural é um dos recursos mais utilizados para tentar compensar a perda de produtividade provocada pela degradação do solo e controlar o aparecimento de doenças, porém, muitas vezes é feita de forma inadequada, sem o conhecimento das reais necessidades do solo e das plantas. O censo feito nas regiões do estado do Rio Grande do Sul fornece elementos de estudo aos profissionais, ajudando a relacionar os princípios ativos à presença de resíduos de agrotóxicos nos alimentos cultivados no estado e a exposição ocupacional de trabalhadores rurais, o que permite o diagnóstico ou a associação dos sintomas a determinadas substâncias na cadeia produtiva.

PALAVRAS-CHAVE: agrotóxicos, censo, comunidade rural, regiões do estado do Rio Grande do Sul.

Figura1- Publicação do Livro I Mape-amento dos Agrotóxicos Utilizados no Rio Grande do Sul

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primeira edição da publicação do livro I Mapeamento dos Agrotóxicos Utiliza-dos no Rio Grande do Sul (Figura1).

Este levantamento feito por diver-sos profissionais e acadêmicos com experiência em análises toxicológicas é uma compilação de dados pesqui-sados em 2007, que traça o panorama do uso de agrotóxicos e os aspectos relacionados à saúde humana em di-ferentes regiões e culturas do Estado.

Com o objetivo de mapear e iden-tificar os agrotóxicos mais usados no Rio Grande do Sul, correlacionando-os à necessidade de conhecimento do grande número de ingredientes ativos envolvidos, ao incremento das estru-turas de suporte laboratorial, das in-formações toxicológicas e subsidia da-dos para uma avaliação do risco, tanto da exposição à saúde do trabalhador rural, quanto à segurança alimentar, devido às possibilidades de afetar a saúde das pessoas e produzir efeitos deletérios ao ambiente.

MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo realizado foi do tipo epi-demiológico descritivo, através de entrevista com produtores e/ou tra-balhadores rurais, utilizando como fer-ramenta um questionário orientado,

conforme figura 2, o qual foi previa-mente testado, compreendendo ques-tões de identificação dos agrotóxicos mais utilizados pelos produtores (AN-VISA, 2007), culturas desenvolvidas, forma de abastecimento da água para irrigação, lavagem dos hortigranjeiros, agrotóxicos utilizados na lavoura, des-carte de embalagens e resíduos, uso de equipamentos de proteção indivi-dual, relatos de intoxicações e saúde do trabalhador rural. Todos os entre-vistados participaram voluntariamen-te do estudo e receberam cópia do instrumento de Consentimento Livre e Esclarecido no final da entrevista.

Foi estabelecido atingir todas as 26 regiões do Estado, de acordo com os dados dos COREDES (2007) e, em cada região, foram escolhidos cinco mu-nicípios de produção relevante, nos quais foram entrevistados cinco pro-dutores de cada município, de forma a contemplar as diferentes culturas, em grandes, médias e pequenas proprie-dades e estabelecer o perfil de insu-mos agrícolas utilizados.

A visita e escolha das áreas pro-dutivas se deram através de contatos prévios com as respectivas cooperati-vas agrícolas, escritórios regionais da

EMATER/RS, Sindicatos dos Produtores Rurais, Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e ou Secretarias Municipais da Agricultura. A realização do projeto ocorreu durante o ano de 2007, acom-panhado de busca e atualização do tema nos bancos de dados disponíveis (ATLAS SOCIOECONÔMICO RIO GRAN-DE DO SUL, 2008; CARACTERIZAÇÃO DO SOLO, 2008; FEE, 2008). Dos 496 municípios do RS, foram visitados 92, conforme mostra a figura 3 e entre-vistados 519 produtores. Participaram da pesquisa professores e estudantes da Faculdade de Farmácia da UFRGS, Técnicos e estagiários do IPB-LACEN/FEPPS/RS e Técnicos do CRQ-V Região.

RESULTADOS E DISCUSSãO

O resultado demonstrado na figura 4 revela os princípios ativos mais uti-lizados na produção agrícola do Rio Grande do Sul segundo dados forneci-dos pelos entrevistados, os quais assu-mem a característica de pessoas que “trabalharam toda a vida” na lavoura. Na maioria das vezes demonstraram domínio e conhecimento para uso, ris-cos e segurança relacionados aos agro-tóxicos, contrastando-se com a fideli-

Figura 2 - Questionário orientado

Figura 3 – Municípios visitados durante a pesquisa

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dade de suas informações, ao revelar, em alguns casos, a falta de cuidados e exposição arriscada nas aplicações dos produtos, relevantes aos peque-nos produtores. Numa diversidade de condições, encontraram-se grandes produtores com alto investimento em qualidade de insumos e implementos agrícolas, tratores com cabine e uso da aviação agrícola, passando pelos mé-dios até aos pequenos produtores, os quais “pegam toda ponta” do trabalho e ficam mais expostos. Preocupam-se com a questão dos limites, do respei-to às distâncias recomendadas entre as plantações e mananciais de água, além das rotações de culturas.

Ressalta-se a questão do arma-zenamento dos agrotóxicos dentro da área do galpão, a reutilização de embalagens, casos de descarte inade-quado e falta de estruturação de um programa de recolhimento ou o não cumprimento deste e falta de respon-sabilidade por parte do comércio em recolher estas embalagens. Houve relatos de acidentes graves durante a

aplicação de agrotóxicos, envolvendo rompimento de mangueiras, casos de tratamentos de saúde, como a depres-são relacionada diretamente ao uso dos produtos.

Convém destacar, com relevância, outras formas de contaminação, asso-ciadas à água de irrigação e de lava-gem dos hortigranjeiros, presença de animais doentes convivendo no espa-ço de produção de verduras e a quei-ma de embalagens de agrotóxicos.

CONCLUSãO

Aspecto relevante que não se pode deixar de destacar, uma vez que, foi ob-servado “in loco”, é a de que as popula-ções que fazem o uso indiscriminado de agrotóxicos são, na grande maioria, de pequenas comunidades rurais com nível de instrução inadequado para o desempenho das funções, o que difi-culta a capacidade de leitura do rótulo e entendimento dos procedimentos adequados de preparação e aplicação para o manejo de forma correta. Além disso, ressalta-se que as condições sanitárias precárias em que se apre-sentavam estas comunidades rurais, a deficiência no sistema de saúde local e a falta de infra-estrutura são de baixas condições socioeconômicas. Do ponto de vista destas comunidades, uma le-gislação para controlar agrotóxicos de forma mais restritiva poderia significar perdas socioeconômicas, mesmo que estes produtos químicos representem um risco maior ao meio ambiente e a saúde humana.

A diagnose de doenças de plantas no campo é tarefa difícil e um diag-nóstico incorreto tem induzido á uti-lização de agrotóxicos de maneira e quantidades inadequadas, gerando resultados negativos e risco a saúde e meio ambiente. O maior penalizado nessa busca de manejo e controle é o trabalhador rural, uma vez que estaria diretamente e quase que diariamente exposto aos riscos associados a este processo, além é claro, de estar pas-sando a terceiros sob a forma de con-taminação indireta pelos resíduos ge-rado em alimentos, água, solo e ar.

Em última análise, o mapeamen-to dos agrotóxicos utilizados no Rio Grande do Sul favoreceu o questio-namento e a mobilização das autori-dades municipais, assistência técnica, entidades de classe e trabalhadores ao repensar o princípio fundamental das boas práticas agrícolas, novos estudos sobre a ação orgânica e metabólitos dos agrotóxicos, bem como sua in-fluência na cadeia alimentar. Por ou-tro lado, proporcionou subsídios aos profissionais de saúde ao relacionar a gama de princípios ativos pesquisadas às análises de resíduos de agrotóxicos nos alimentos. Oferece os elementos para a construção do conhecimento técnico sobre contaminações ambien-tais e os efeitos tóxicos para o traba-lhador e seus familiares em possível atendimento nas unidades de saúde, o que permite diagnóstico ou a asso-ciação dos sintomas ao uso de deter-minadas substâncias na lavoura.

REfERÊNCIAS BIBLIOGRÁfICAS

ANVISA. Agência Nacional de Vigi-lância Sanitária. Toxicologia. Monogra-fias de Produtos Agrotóxicos.Disponí-vel para consulta em http://www.an-visa.gov.br/toxicologia/monografias/index.htm, acesso em 01 de junho de 2007.

ATLAS SOCIOECONÔMICO RIO GRANDE DO SUL. Disponível para con-sulta em http://www.scp.rs.gov.br/atlas/atlas.asp/menu=467, acesso em 01 de junho de 2008.

CARACTERIZAÇÃO DO SOLO. Dis-ponível para consulta em http://coralx.ufsm.br/ifcrs/solos.htm, acesso em 01 de junho de 2008.

COREDES – Conselhos Regionais de Desenvolvimento. Disponível para consulta em http://www.coredes.org.br, acesso em 10 de março de 2007.

FEE - Fundação de Economia e Es-tatística. Disponível para consulta em http://www.fee.tche.br/sitefee/pt/content/resumo/pg_municipios.php. letra=S, acesso em 01 de junho de 2008.

Figura 4 - Princípios ativos mais uti-lizados na produção agrícola do Rio Grande do Sul

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AGENDA 2010ABRIL23 e 24

Curso de Direito Ambiental•Realização: ABQRS

MAIO8

Efluentes Líquidos•Realização: IAPC

21 e 22 Operação de Caldeiras, Torres •de Refrigeração, Reatores Químicos, Vasos de Pressão, Ventiladores, Bombas, Compressores, Trocadores de Calor e Permutadores

Realização: ABQRS

jUNHO5

Pintura Industrial•Realização: ABQRS

11 e 12Tratamento de Águas - •Industrial e Convencional

Realização: ABQRS

26Tratamento de Não – •Conformidades

Realização: ABQRS

jULHO09 e 10

Tratamento de Efluentes •Líquidos Industriais, Reuso de Efluente Líquido Tratado e Uso de Águas Pluviais

Realização: ABQRS

17 e 24Capacitação em •gerenciamento de projetos

Realização: IAPC

ABQRSRua Doutor Flores, 307, Sala 803Porto Alegre – [email protected](51) 3225.9461

IApCRua Baronesa do Gravataí, 700Cidade Baixa - Porto [email protected](51)3072-6508

A Academia Riograndense de Química tem como objetivo congre-gar os vários segmentos da atividade Química no estado do Rio Grande do Sul. A instituição busca premiar e divulgar o trabalho de cidadãos que trabalham para o desenvolvimento da área da química, nos níveis esta-dual, nacional ou internacional

Os profissionais interessados em concorrer ao título de acadêmico de-vem ter atividade científica, técnico-profissional ou docente (comprovada por títulos e trabalhos publicados), ou ainda, ter prestado serviços relevantes à profissão em níveis estadual, nacio-nal ou internacional.

Para candidatar-se ou indicar um profissional, basta preencher o for-mulário de inscrição disponível no site www.academiaquimicars.com.br e enviá-lo para o e-mail [email protected] anexando o curriculum vitae resumido (modelo plataforma Lattes). Os documentos também podem ser enviados pelo correio ou entregues no protocolo do Conselho Regional de Química da 5ª Região (Av. Itaqui 45, B. Petrópolis.Por-to Alegre/RS.CEP 90460-140). O prazo para o envio vai até 30 de abril.

Mais informações e regulamento: www.academiaquimicars.com.br ou pelo telefone (51) 3225 6478.

Academia Riograndense de Química prorroga inscrições

fORMATURAS

Formatura do Curso de Química da URI-Campus de Frederico Wes-tphalen, realizada no dia 23 de ja-neiro de 2010, no Salão de Atos da Universidade.

Formatura do Curso de Química da Universidade de Passo Fundo - UPF realizada no dia 29 de janeiro.

As inscrições já estão abertas aos interessados em participar do AVISU-LAT 2010 - II Congresso Sul-Brasileiro de Avicultura, Suinocultura e Laticínios, Feira de Equipamentos, Serviços e Tec-nologia, Máquinas e Implementos Agrí-colas. O evento acontece de 17 a 19 de novembro, no Centro de Exposições da cidade Bento Gonçalves - na serra gaú-cha. Os inscritos a partir de 04 de março até 03 de agosto obterão desconto. Po-derão se inscrever profissionais sócios, não sócios e estudantes. Mais informa-ções em www.avisulat.com.br

Estão abertas as inscrições para o AVISULAT 2010

CURSO DE pERíCIA AMBIENTAL EM pORTO ALEGRE/RS

Dias 24 e 25 de Abril de 2010Local: Hotel Intercity Premium Av. Borges de Medeiros, 2105, Bairro Praia de Belas. Porto Alegre/RSHorário: Das 9:00 às 12:00 hrs e das 13:30 às 18:30 hrsCarga horária: 16 horasInformações e inscrições no site www.maxiambiental.com

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