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pp Outubro/Novembro/Dezembro de 2012– Ano 05 – Nº37 dos Mosteiros da Ordem da Imaculada Conceição

Informativo Outubro,novembro,dezembro 2012

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Outubro/Novembro/Dezembro de 2012– Ano 05 – Nº37

dos Mosteiros da Ordem da Imaculada Conceição

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FAZENDO MEMÓRIA II

Continuando o tema do número anterior, falemos hoje de como os Mosteiros da Ordem da Imaculada Conceição (OIC) no Brasil chegaram a constituir-se em Federação.

Na data em que foi promulgada a Constituição Apostólica “Sponsa Christi”, isto é no dia 21 de novembro, dia dedicado as Religiosas

Contemplativas, existiam no Brasil apenas os mosteiros de Nossa Senhora da Conceição da Ajuda, (1750) no Rio de Janeiro; o de Nossa Senhora da Luz, (1929) em São Paulo; o da Imaculada Conceição e Santa Clara, (1929) em Sorocaba; o de Nossa Senhora da Conceição (1932) em Macaúbas/Santa Luzia, o da Imaculada Conceição (1944) em Guaratinguetá e o da Imaculada Conceição, da Divina Providência e São José (1949) em Uberaba. Apenas seis Mosteiros canônicos.

A exceção do Mosteiro de Nossa Senhora da Ajuda os outros Mosteiros eram recentes, sobretudo os de Guaratinguetá e Uberaba que caminhavam em fase de fundação. Por isso de algum modo se explica não haver logo dado início a Federação.

Nos anos entre 1950 e 1970 os Mosteiros floresceram em número de vocações; em quase todos havia ao menos vinte Religiosas para cantar os louvores de Deus e da Imaculada Conceição.

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Ao aproximar-se o centenário da proclamação do Dogma da Imaculada Conceição – o Ano Mariano de 1954 – o Mosteiro da Luz promoveu a integração do Conventinho de Itu em nossa Ordem, tornando-se o Mosteiro Concepcionista de Nossa Senhora das Mercês em 17 de fevereiro de 1952; Ainda em 15 de agosto de 1956 o Mosteiro da Luz também fundou o Mosteiro da Imaculada Conceição em Piracicaba.

E o Mosteiro da Ajuda, com a colaboração do Mosteiro de Macaúbas, empenhou-se na restauração do Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição da Lapa em Salvador, que havia sido o primeiro a erigir-se canonicamente no Brasil em 1744 e se extinguira no início do século vinte, por conta da perseguição às Ordens religiosas. Nesse Mosteiro viveu santamente a Madre Joana Angélica de Jesus, martirizada em 22 de fevereiro de 1822.

Também nesse período surgiram várias fundações, chegando a dobrar o numero dos Mosteiros.

Surgiram: o Mosteiro da Imaculada Conceição e Santa Beatriz (1962) em Pindamonhangaba; o Mosteiro de São José (1962) em São João del Rei; o Mosteiro de Nossa Senhora do Rosário e São José (1963) em Caratinga; o Mosteiro de Santa Beatriz e Imaculada Conceição (1964) em Araguari, o Mosteiro Portaceli (1965) em Ponta Grossa; Mosteiro da Imaculada Conceição e São José (1966) em Bauru; o Mosteiro da Imaculada Conceição e São José (1967) em Fortaleza. Sem falar de dois outros que tiveram uma curta existência.

Nessas circunstâncias havia pouco espaço para se levar a cabo a formação de uma Federação, embora em todo esse tempo a saudosa Madre Maria Celina da Santa Face do Mosteiro de Nossa Senhora da Ajuda viesse se esforçando, através do seu contato com os Mosteiros tanto do Brasil como da Espanha,

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especialmente a Casa Mãe para que os Mosteiros se unissem entre si formando a mesma Família Religiosa.

(No próximo número Continuaremos memorizando os acontecimentos até chegarmos ao amadurecimento da Federação).

Deixo aqui o abraço fraterno e carinhoso com os melhores votos de FELIZ E ABENÇOADO NATAL para todos.

Ir.Maria Auxiliadora do Preciosíssimo Sangue, OICPresidente da Federação Imaculada Conceição

da OIC no Brasil.

SOBRE O ANO DA FÉ...

“A palavra de Cristo, em toda a sua riqueza, habite em vós. Ensinai e admoestai-vos uns aos outros, com toda a sabedoria... Tudo o que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor Jesus. Por meio dele dai graças a Deus Pai”. (Col 3,16-17)

Caras Irmãs, Com estas palavras da carta de São Paulo, o Papa Bento XVI concluiu sua homilia de abertura do ano da fé, no dia 11 de outubro na Praça de São Pedro em Roma.

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Pessoalmente estou cada vez mais impressionado pela profundidade da sua reflexão. Ao longo do ano da fé, o papa pretende refletir conosco sobre a importância da fé em nossa vida. Já começou e acho que não devemos deixar passar em branco tamanha riqueza de reflexão e encorajamento para vivermos com alegria a fé – recebida pelo batismo e assumida radicalmente pela nossa profissão religiosa – nos dias de hoje.

Assim, gostaria de abordar alguns pensamentos do Papa para que possamos assimilá-los melhor e principalmente fortificar a nossa fé ainda mais. O ideal seria até refletir e partilhar em comunidade.

O Ponto de partida para a proclamação do ano da fé são os 50 anos depois da abertura do Concílio Vaticano II.

“O ano da fé que estamos inaugurando hoje está ligado coerentemente com todo o caminho da Igreja ao longo dos últimos 50 anos... Entre os dois pontífices, Paulo VI e João Paulo II, houve uma profunda e total convergência na visão de Cristo como o centro do cosmos e da história, e no ardente desejo apostólico de anunciá-lo ao mundo. Jesus é o centro da fé cristã. O cristão crê em Deus através de Jesus Cristo, que nos revelou a face de Deus. Ele é o cumprimento das Escrituras e seu intérprete definitivo. Jesus Cristo não é apenas o objeto da fé, mas, como diz a Carta aos Hebreus, é aquele que em nós começa e completa a obra da fé” (Hb 12,2).É importante também recordar aquele que convocou o Concílio Vaticano II e o inaugurou, o Bem-Aventurado João XXIII. No discurso de abertura, ele apresentou a finalidade principal do Concílio usando estas palavras: “O que mais importa ao Concílio é o seguinte: que o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e ensinado de forma mais eficaz... Por isso, o objetivo principal deste Concílio não é a discussão sobre este ou aquele tema doutrinal.... Para isso, não havia necessidade de um

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Concílio... É necessário que esta doutrina certa e imutável, que deve ser fielmente respeitada, seja aprofundada e apresentada de forma a responder às exigências do nosso tempo.”E continua o Papa Bento XVI: “Se a Igreja hoje propõe um novo ano da fé e a nova evangelização, não é para prestar honras a uma efeméride, mas porque é necessário, ainda mais do que há 50 anos!” Portanto não se trata de celebrar um jubileu, mas importa aproveitar a ocasião para um crescimento em profundidade e credibilidade.

Por quê?Porque, continua o Papa, “nos últimos decênios tem-se-visto o avanço de uma ‘desertificação’ espiritual... E o vazio que se espalhou. No entanto, é precisamente a partir da experiência deste deserto, deste vazio, que podemos redescobrir a alegria de crer, a sua importância vital para nós homens e mulheres. No deserto é possível redescobrir o valor daquilo que é essencial para a vida... E no deserto existe, sobretudo, a necessidade de pessoas de fé que, com suas próprias vidas, indiquem o caminho para a Terra Prometida, mantendo assim viva a esperança. A fé vivida abre o coração à Graça de Deus que liberta do pessimismo. Hoje, mais do que nunca, evangelizar significa testemunhar uma vida nova, transformada por Deus, indicando assim o caminho”.

Talvez uma estória possa nos ajudar a compreender ainda mais este rico pensamento do Papa: Um homem do nosso tempo, um homem moderno, estava atravessando um deserto. Infalivelmente veio a sede. Sede cada vez maior. Angustiado via diante de si um oásis, um lugar onde tem vegetação, água e sombra. Continuando a caminhada, aumentava cada vez mais a sede, mas cada vez que ele vislumbrava o oásis, ele dizia para si: Não pode ser. Sou um homem esclarecido, sou um homem moderno. Deve ser uma auto enganação. Deve ser uma ilusão. E continuando o caminho, aumentava o desespero da sede, mas

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aumentava também o querer convencer-se a si mesmo que estava enganado ao ver um oásis, afinal homem moderno não crê em “ilusão”. Caminhou se arrastando até que, enfim, caiu e morreu. Não muito tempo depois, passou por aquele lugar, um grupo de beduínos, moradores do deserto. Viram o homem morto estendido no chão, morto pela sede a uns poucos passos da água cristalina e refrescante do lago em meio ao oásis.Uma das conclusões desta estorinha é certamente que o homem não teria morrido se tivesse acreditado na realidade do oásis, mas também, se os beduínos tivessem aparecido um pouco antes para poder dizer ao homem moderno que o oásis era real e não uma invenção ou ficção.

A fé renovada em nós, fará certamente de cada um e de cada uma - e principalmente das nossas comunidades - beduínos, moradores do deserto, que podem assim salvar vidas!

Neste sentido desejo a todas um abençoado tempo de ADVENTO, um santo e feliz NATAL e um bom e alegre ANO NOVO!

Frei Estêvão Ottenbreit, OFMAssistente Religiosa da Federação da OIC no Brasil

Observação: Todas as citações são do sermão de abertura do ano da fé pelo Papa Bento XVI no dia 11 de outubro de 2012.

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Homilia do Ministro Geral Frei José Rodrigues Carballo. OFM26/05/2008

CELEBRAÇÃO VOTIVA DA IMACULADA CONCEIÇÃO

“Exulto de alegria no Senhor, e minh’alma regozija-se em meu Deus, porque me vestiu com as vestes da salvação e envolveu-me com o manto da justiça, qual noiva que se enfeita com suas jóias”. Com este texto do profeta Isaías, a Igreja inicia a Liturgia, a Eucaristia, em honra da Imaculada Conceição de Maria. De fato, é o texto que lemos na antífona de entrada desta solenidade. E nos perguntamos:

-De quem se fala este texto de Isaias?-A quem Deus vestiu com traje de festa?-A quem envolveu num manto de justiça?-Quem é a noiva desta festa com Deus?

O texto se refere instantaneamente a Jerusalém, porém dificilmente, quando nós lemos este texto dentro do contexto, pensamos na Jerusalém reconstruída pela misericórdia de Deus e pela fidelidade do Senhor e sua aliança.

Nosso pensamento, nosso coração, ao escutarem estas palavras, pensam na Virgem Imaculada, pensam em sua puríssima beleza, pensam no seu vestido de esplendor.

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Exulto de alegria no Senhor. É como se seu espírito animasse as nossas vozes, é como se, seu amor inflamasse nossas palavras, é como se ela mesma continuasse a derramar diante de Deus, o perfume de sua alegria e de sua gratidão.Logo, nos vem à mente, outras palavras de Maria, palavras que falam de humildade, de pequenez, de disponibilidade, porque tem feito maravilhas, porque recordou-se de sua misericórdia e de sua fidelidade em favor de casa de Israel: Eis-me aqui, faça-se em mim segundo a tua Palavra.

A primeira leitura nos recorda o primeiro capítulo da história de nossa pobreza, de nossa debilidade, de nossa condição humilhada.

Seguimos cantando algo por que na Virgem Maria, numa mulher que é somente pequena e pobre humanidade, contemplamos a vitória de nosso Deus, as maravilhas de Deus, a misericórdia e a fidelidade de Deus. O canto, sim, o canto começa a ser nosso também. Expressão de nossa alegria, de nosso louvor e de nossa festa, pois na Virgem Maria o inimigo da humanidade foi vencido, com ela todos nós começamos a vencer. E se nela manifestou-se a plenitude da redenção, com ela todos nós começamos a ser redimidos.

E já podemos afirmar: Cantai ao Senhor um cântico novo porque Ele fez maravilhas em sua serva a Virgem Maria, e em nós seus servos e servas.

Agora nossa comunidade já pode entoar seu canto, não somente, pelo que foi contemplado, admirado na Virgem Maria, mas também, à luz da Palavra de Deus, podemos dizer de nós mesmos.

Por isso, queridas Irmãs e Irmãos, admiremos o que temos recebido, pois o Senhor abençoou-nos com toda sorte de bens

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espirituais e celestiais, porque Deus nos elegeu na Pessoa de Cristo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele pelo amor.

Admiremos, cantemos, pois na Virgem Maria e em nós mesmos, Deus revelou sua justiça; Deus revelou-nos sua graça, sua santidade, sua salvação. Eleito é nosso nome, herdar com Cristo é nosso destino, ser irrepreensíveis por amor é nossa vocação.

E se de tal modo podemos afirmar de nós mesmos quanta luz colocou o Senhor em nosso seio, quanta graça derramou sobre nós seus filhos e filhas pecadores, admiremos e cantemos novamente a graça e a luz que iluminam e embelezam à Mãe de Deus.

Escutemos as palavras do Arcanjo Gabriel: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor é contigo”. A Igreja agraciada admira e canta a plenitude da graça manifestada na Imaculada Conceição de Maria. A Igreja acredita, admira e canta a perfeição da fé na Virgem Maria, que acolhe em seu coração e em seu seio a Palavra de Deus.

Que proclamação tão gloriosa para ti, Virgem Maria! Porque de ti nasceu o Sol de justiça, Cristo nosso Deus!

Que proclamação tão gloriosa para ti, Irmã e Irmão, que pela fé, levas, a Cristo, como diria Francisco, e o fazes presente no mundo para que todos possam conhecê-lo e amá-lo.

Não esqueçamos queridos Irmãos e Irmãs de cantar as maravilhas realizadas por Deus na Imaculada Conceição de Maria; porém não esqueçamos nunca as maravilhas de Deus, realizadas também em nós.Sede santos, sede santas, para o Senhor!

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Tradução do Mosteiro da Imaculada Conceição e São JoséPiratininga – SP

MARIA, MULHER DE FÉ

Queridas Irmãs da Imaculada Conceição,Queridos Irmãos e Irmãs,Esta noite, contemplemos juntos o Mistério de Maria, Mulher de fé.

A nossa fé proclama que Nossa Senhora foi concebida imaculada no seio de Ana, a sua mãe. Que significa esse mistério? Para responder à pergunta, vamos olhar juntos para a fé da Igreja segundo o mistério da pessoa da Imaculada. Temos que nos remontar até a fonte mesma e mais radical da existência de Maria para contemplar o mistério da sua fé de maneira certa e profunda.

Acreditamos que a conceição imaculada de Maria é uma graça, um privilegio que Deus concedeu a sua filha bem-amada, a sua predileta. Ela é a favorita de Deus. Ela recebeu a maior das graças: foi poupada do pecado original desde a sua conceição pelos méritos infinitos e eternos da Cruz de seu Filho Jesus Cristo. Sim, irmãs; sim, irmãos, Maria recebe de Deus gratuitamente e pela eleição livre de seu amor divino uma graça insuspeitada: ser concebida sem pecado. Essa graça, nos diz São Tomás, doutor comum da Igreja, é já cristã porque é dada em vistas a maternidade divina, isto é, para conceber Jesus no seu seio e dar para ele um corpo imaculado. Assim, Maria é predestinada eternamente a ser a Mãe de Deus, pelo amor divino e redentor de nosso Deus.

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Além disso, o mistério da Imaculada conceição também pode ser contemplado na alma de Maria. Na verdade, formalmente, a Imaculada tem a graça, pela sua condição de não ter o pecado original, de receber Deus e todos os favores que vêm dele, sem obstáculo nenhum, sem que nada se desperdice. Como a graça é a Lei do Espírito Santo, São Maximiliano Kolbe, irmão franciscano conventual e mártir da caridade, tem a audácia de falar de uma “quase encarnação” do Espírito Santo em Maria. Com certeza, o Espírito Santo não assume a natureza humana, só o Verbo o faz, porém o Espírito Santo habita em plenitude o ser de Maria. Como fala o anjo para ela na Anunciação, ela é a “cheia de graça”, está cheia do Espírito Santo sem mácula nenhuma. Deus está com ela e a graça cristã se torna presente na história da humanidade através dela. Na mesma linha, numa linguagem bíblica segundo o Antigo Testamento, podemos falar de uma unção perfeita dada a Maria desde a sua conceição. Essas palavras que explicitam maravilhosamente o mistério de Maria nos mostram também a disponibilidade radical no corpo e também na alma de Maria para acolher o Verbo de Deus; isso é confiar em Deus, obedecer a vontade de Deus, amar a Deus; e isso é ter fé em Deus.

O mistério da Imaculada Conceição nos convida a contemplar a fé primordialmente como dom de Deus. Se a graça cristã tirou o pecado original da alma de Maria é para dar-lhe a perfeição da fé. Maria vive então, desde o início da sua existência humana, da vida divina por um dom de Deus. A sua vida é pura virtude que deverá se exercer em ato para fazer a vontade de Deus e entrar na intimidade de vida com a Santíssima Trindade. Isso acontece na Anunciação. Maria conhece a vontade de Deus pela sua palavra. Ela conhece bem as Escrituras. E a palavra do anjo vem dar a Maria uma luz pessoal sobre a sua própria existência. A virgem que dará a luz o Messias e da qual fala o profeta Isaias é Ela mesma! Ela é a eleita para trazer ao mundo o Salvador, o Emanuel, Deus conosco. Toda a revelação adquire ali uma nova

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luz no coração de Maria pela palavra do anjo. Torna-se uma palavra completamente pessoal, para ela dirigida, finalizada na sua missão divina. O que era anúncio, o que era espera, o que era promessa, torna-se realidade, aqui e agora. Assim, ela participa ativamente do mistério da salvação. Assim, ela conhece a modalidade da sua participação e comunhão a obra redentora como Mãe de Deus e Mãe da Igreja. Assim, ela está envolvida na missão mais importante de Deus na humanidade: a salvação.

Assim, no momento histórico da Anunciação, Maria mostra a sua confiança radical em tudo o que vem de Deus, exercendo a sua fé e dizendo: “Faça-se em mim segundo a tua palavra.” Todos os livros do Antigo Testamento, desde o Gênesis até os Profetas e os livros Sapienciais, são eminentemente para Maria. Tudo o que Deus fez, indicou, falou e mostrou, foi primeiramente para Maria, para a fé da Imaculada Conceição que aceitou livremente e por amor, ser a Mãe do Redentor. Maria viveu de um jeito extraordinário o quotidiano porque viveu na fé da presença de Deus em todos os acontecimentos da sua vida, desde os eventos mais extraordinários como a vinda do anjo, o nascimento de Jesus, a chegada dos Reis Magos, as profecias da sua prima Isabel ou do ancião Simeão no Templo até os mais insignificantes como amamentar Jesus, arrumar a sua casa, comprar o necessário para a vida quotidiana da sua família.

Essas palavras ditas ao anjo na Anunciação: “Faça-se em mim segundo a tua palavra,” Maria as repete novamente na Cruz. Essas palavras que eram puro gozo, pura joia, são pronunciadas com coragem, e com a força da sua uma fé inabalável, ao pé da Cruz. Ela está em pé. Assim, então, Maria é uma mulher de uma fé a toda prova porque cultivou e exercitou até o fim o dom que Deus deu para ela: a graça da sua conceição imaculada. Podia ela pecar e recusar a intimidade com Deus na sua vida? Podia; todavia, o

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estado da graça nela lhe convidava a acolher na sua vida a vontade de Deus por mais difícil que fosse. E ela permaneceu fiel aos dons que recebeu de Deus, outorgando a Deus todo o crédito na fé.No momento da sua Assunção ao céu, Maria dirá de novo “faça-se em mim segundo a tua palavra” acolhendo a glória que Deus reservou para ela junto ao Verbo no seio da Santíssima Trindade. Como todos os dons de Deus são para todos, então devem ser compartilhados com cada um. Surge então uma pergunta: Como participamos do mistério da Imaculada Conceição? A resposta fica clara: é pelo nosso batismo e, uma vez batizados, pela confissão e a comunhão com a graça feita a Maria. Nós vivemos da graça da Imaculada nesses dois sacramentos. E o nosso batismo e o sacramento da reconciliação nos dão essa mesma graça mariana de acreditar a todo custo em Deus, particularmente nos momentos difíceis. Quando a Cruz se torna pesada demais é porque a ressurreição está bem perto. Acreditar na ressurreição de Jesus faz que nossa fé se torne inabalável, forte como a fé de Maria. Em efeito, na ressurreição Jesus vai manifestar a vida divina que o habita totalmente e que Maria conhecia quando ficou grávida de Jesus pelo poder do Espírito Santo. A humanidade de Jesus é santa e o seu corpo glorioso é dado na Eucaristia a Maria para participar em plenitude na glória de seu Filho e exercer na glória a sua graça de Imaculada. Esse exercício da fé, principalmente na Eucaristia e na oração, a faz, com ela, toda a Igreja; e, pela Igreja, todos os homens de boa vontade.

Pela sua fé Maria é primeira. A fé perfeita é a fé de Maria. Pela sua fé ela se torna o nosso apoio para a nossa própria fé, ela se

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torna o nosso exemplo para o exercício da nossa fé, ela se torna o nosso refúgio quando falhamos, para sempre nos levantar; assim, ela nos mostra bem claramente que a fé é acreditar na misericórdia de Deus. Maria tem uma proximidade e uma intimidade com cada um de nós por que é a imaculada. O pecado é um obstáculo para a fé e a comunhão. Deus tirou esse obstáculo em Maria para ser a mãe de Jesus e para ser a nossa mãe numa proximidade misericordiosa única. Onde encontramos refugio e proteção? Na fé de Maria.

Queridas irmãs, queridos irmãos, surge então uma outra pergunta. Por que publicar a glória de Maria? Certamente porque ela o merece por causa do heroísmo da sua fé. Porém, por outra razão também: o Catecismo da Igreja Católica diz: “Na assembleia dos santos, vós sois glorificado e, coroando seus méritos, exaltais os vossos próprios dons.” Assim, quando publicamos a glória de Maria, nos preparamos ativamente a receber as bênçãos de Deus, exaltando os dons que Deus fez para ela.

Temos agora a oportunidade de exercer a nossa fé nesta Eucaristia. Sim, na comunhão, o Filho de Deus vem viver em mim e vem me dar a sua vitalidade para acreditar heroicamente na sua misericórdia redentora. Vem Senhor Jesus, vem salvar-nos de todos os males e dá-nos a tua benção! Amém!

Homilia do Pe. Luís Pascal, Religioso da Congregação de São João, na primeira noite do Tríduo em preparação à Festa da Imaculada

Conceição de Maria.Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição

Salvador/BA

A IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA“Todo meu ser como Maria, para fazer a vontade do Senhor.”

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Caminhando em pleno Advento na espera ansiosa do nascimento do Filho de Deus, nosso modelo e guia neste itinerário espiritual é Maria, aquela que é muito mais bem-aventurada porque acreditou em Cristo e porque o gerou fisicamente (cf. Santo Agostinho). Nela, preservada imaculada de qualquer pecado e repleta de graça, Deus encontrou a "terra fértil", na qual depositou a semente da nova humanidade. Sua grandeza brilha no fato de ela ter correspondido decisivamente ao projeto de Deus: faça-se em mim segundo a tua vontade.

Corresponder à convocação de Deus, não significa que ela tenha compreendido o alcance desta convocação já na primeira hora. A compreensão da abrangência de tal interpelação certamente foi resultado de um longo processo de reflexão, de meditação: ela conservava todas estas coisas no seu coração. A ladainha de Nossa Senhora conserva este jeito de ser de Maria quando canta: Virgem fiel, rogai por nós! A fidelidade conduz à reflexão e à meditação do que lhe era pedido; a reflexão e a meditação sobre aquilo que lhe era pedido requeria dela a fidelidade! Na encíclica sobre a Eucaristia e a Igreja, o Papa apresentou um capítulo sobre Maria, a "mulher eucarística" (cap. IV): nele João Paulo II apresenta uma analogia muito interessante entre o "sim" de Maria e aquilo que a Igreja é convidada a fazer, quando Jesus diz aos apóstolos na última ceia: "Fazei isto em memória de mim" (cf. Lc 22,19). Assim como Maria deu o seu "sim" a Deus, acolhendo no seu seio o Verbo Eterno no mistério da Encarnação e unindo toda a sua vida à de Jesus, também a Igreja é convidada a fazê-lo, acolhendo o Evangelho e colocando-se inteiramente ao serviço do reino de Deus e dos "mistérios da salvação", que Jesus continua a realizar no mundo através da vida e da ação da Igreja. Mais uma vez: "na escola de Maria" aprendemos a celebrar bem a Eucaristia, a ter uma verdadeira "atitude eucarística", a unir nossa vida à do Salvador e a sermos fiéis discípulos de nosso Mestre e

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Senhor. Como concepcionistas tais afirmações adquirem um acento maior, pois o Evangelho, a Eucaristia e Maria constituem a essência e o ser da Ordem da Imaculada Conceição (CCGG 13;16,2). Maria, um exemplo de santidade a ser seguido. Ser como Maria é escutar a Deus e procurar discernir qual a vontade e o plano do Pai para a nossa vida.. É ser uma pessoa de oração, de profunda intimidade com Deus. É diariamente se alimentar da Palavra e da Eucaristia, caminhar com Deus e o ver nos acontecimentos do dia-a-dia.

Maria acompanha a dedicação de cada concepcionista que, sob a inspiração do ideal de vida proposto por Santa Beatriz da Silva, se lança na tarefa de gerar Cristo – Vida, Verdade, Luz, Caminho, Pão – para o mundo. Maria não só acompanha cada irmã, ela se “encarna” em cada irmã! Precisamos merecer tamanha graça, tamanha nobreza! Portanto, nos empenhemos para, nos desafios e alegrias do cotidiano, correspondermos à graça recebida! “Somos as guardiãs e as responsáveis pela conservação do ideal de vida concebido por Santa Beatriz”. Caminhemos firmes, sem temor e medo pois lá adiante a Estrela da manhã está pronta para acolher o Sol da justiça que desponta!

Ajude-nos a Virgem Imaculada, a preparar bem "o caminho do Senhor" em nós próprios e no mundo. Que nosso ser gere a Luz Nova que vem para nos libertar e instaurar o Reino novo na Terra.

Feliz natal do Menino Jesus junto a Mãe Imaculada!

Ir. Eleusa Maria, OICJataí/GO

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SOU FILHA DE MARIA IMACULADA

Transcrito do Livro “O Resplendor de um Carisma”

sobre Madre Ângela Sorazu e a Regra de nossa Ordem

Sou Filha da Imaculada, daquela Virgem Puríssima que estimou mais o privilégio de sua pureza original e sua virgindade do que a Maternidade Divina. Se existe, pois, alguém que deva distinguir-se no desvelo em conservar a pureza de corpo e alma, ninguém como nós, filhas da Virgem Imaculada, consagradas (na profissão religiosa) ao culto e

veneração da divina Senhora na sua Conceição Imaculada, neste belo mistério e privilégio que nossa Mãe Puríssima tanto estimou e estima.

Não se pode conceber que uma filha da Puríssima Conceição tenha alma manchada com a sujeira abominável do pecado que Deus nosso Senhor não quis consentir na Senhora, e que seja escrava do demônio que a Virgem derrotou em sua Conceição Imaculada.

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Se desejo ser filha, verdadeira filha de Maria Imaculada, devo evitar todo pecado, falta e imperfeição voluntária, e detestar e chorar muito todas minhas deficiências não combatidas. Devo fugir até da sombra da mais leve falta e distinguir-me entre todas as filhas da Santa Mãe Igreja pela pureza de corpo e alma, da consciência e do coração, e viver fora das influências de Satanás cuja cabeça foi esmagada por nossa Mãe Puríssima. Ela deseja esmagá-la todos os dias, horas e momentos do tempo que o mundo existir por meio de suas filhas, as Concepcionistas.

Sou filha de Maria Santíssima, daquela Virgem Santíssima que por sua profunda humildade mereceu ser elevada à augusta qualidade de Mãe de Deus. Se sou filha desta Virgem humilíssima, e o quero ser verdadeiramente, devo ser uma alma profundamente humilde e veraz como o foi a Senhora; e viver não na mentira, mas na realidade, na verdade, em virtude do próprio conhecimento.

Não se concebe santidade sem humildade, e menos ainda numa filha de Maria Imaculada que mereceu por sua humildade ser exaltada por todas as gerações. “Quia respexit humilitatem ancillae suae, ecce enim ex hoc beatam me dicent omnes generationes”.

(Tradução do Mosteiro Portaceli – Continua)

NÚCLEOS FUNDAMENTAIS DA IDENTIDADE CONCEPCIONISTA SEGUNDO A REGRA

A) Escolha, Vocação e Obra de Deus

“Inspiradas e chamadas por Deus." (R 1)

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Tudo nasce e tudo se mantém na obra misericordiosa de Deus. Deus dá e Deus chama. Deus tem nos ensinado muitas coisas no coração, pelo Espírito, a respeito de si mesmo, de Jesus Cristo, de Maria e da vida. Assim oferece seu convite e chama. É o mistério de sua escolha misericordiosa, de sua providência, de seus cuidados paternais e eficazes. Este é o mistério da Gratuidade de Deus, pois tudo fez por Ele mesmo sem merecimento nosso.

Somente aí nasce e se mantém este carisma e esta vocação. E aí se manterá: Dele se espera “ser iluminadas pelo Pai das luzes e perseverar até o fim" (R 8). É algo importante e fundamental. Ilumina e coloca tudo livremente de forma interpessoal, questão entre Pessoa e pessoa. Somos amados gratuitamente como Maria. E na Concepcionista as relações com o Pai Misericordioso são as mesmas de Maria: Gratidão, confiança, esperança, dependência, abandono e louvor.

B) Deus atua no coração pela presença e ação do Espírito Santo

"Considerem atentamente as Irmãs que em todas as coisas, devem desejar possuir o Espírito do Senhor e sua santa operação: limpar a consciência dos desejos terrenos e das vaidades do século, e fazer-se um só Espírito com Cristo seu Esposo pelo amor" (R 30.

A misericórdia do Pai nos chega pela posse e operação do Espírito Santo. Como em Maria. Sua maior ação é sempre separar do mundo, e levar à comunhão com Cristo. Desejo do Espírito, abertura e submissão à ação serão sempre componentes fundamentais da espiritualidade da Concepcionista. Pelo Espírito deseja "Desposar-se como Jesus Cristo" e "fazer-se um só Espirito com Ele".

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Tradução de Me. Maria Teresa, OICPiratininga/SP

PROFISSÃO SOLENE – Fortaleza/CE

Na solenidade de Nossa Senhora Aparecida, tivemos a alegria da profissão solene de nossa Ir. Mª Cecília Beatriz da Eucaristia.

A Santa Missa foi presidida por Dom Vasconcelos, bispo auxiliar. Na homilia ele salientou: “Nesta Celebração temos duas testemunhas de Fé: primeiro a figura de Maria; e quem mais viveu do que Maria esta virtude? Maria foi aquela que mais soube viver a fé, porque escutou a palavra de Deus. E através de Maria muitas outras mulheres ao longo do tempo da história viveram esta fé e obediência a Cristo. E hoje Irmã Maria Cecília Beatriz irá realizar com sua Profissão Solene dos conselhos evangélicos, um ato de fé e amor. O que leva uma jovem nos tempos de hoje a entrar em um mosteiro de clausura? Somente a fé e o amor que tem a Deus. Como Maria, hoje Irmã Maria Cecília Beatriz repete a mesma ação a Deus, através do seu sim, para viver uma vida de amor e fidelidade a Jesus, rezando, trabalhando e se sacrificando pelo bem da humanidade.

Agradecemos aos pais da Irmã Maria Cecília, por ter dado sua filha para esta comunidade e para a Igreja. Que Nossa Senhora Aparecida a ajude a ser fiel na sua Consagração e entrega definitiva.

Ir. Maria Cecília Beatriz é natural de Fortaleza-CE, entrou em nossa comunidade aos 20 anos em 14 de maio de 2004. Fez os

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votos temporários em 12 de outubro de 2009. Pedimos orações a todas pela sua perseverança.

Mosteiro da Imaculada Conceição e São JoséFortaleza – CE

BODAS DE PRATA – Floriano/PI

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Também no dia 12 de outro realizou-se no Mosteiro do Sagrado Coração e da Imaculada em Floriano/PI, a solene Celebração Eurcarística dos 25 anos de Profissão Religiosa da Irmã Maria Bernadete. A celebração foi presidida pelo Bispo Diocesano D. Valdemir e concelebrada pelo capelão do Mosteiro Pe. Ivan.

A participação numerosa e alegre da comunidade local mostrou o quanto as Irmãs são estimadas por aquele povo querido de Floriano.

Para nós foi uma experiência muito boa estar com a querida Comunidade de Floriano e viver com as Irmãs esse momento rico de alegria, de fraternidade e sobretudo rico do exemplo de vida de uma irmã nossa que há 25 anos disse seu “sim” definitivo mas que o vive definitivamente a cada instante de sua vida!

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Ir. Eleusa e Ir. Lindinalva

AQUECIMENTO PARA JMJ RUMO AO RIO-2013

No dia 28 de outubro do corrente ano, dia em que se celebra o dia da juventude, aconteceu na Diocese de Caratinga, das 8 às 19 horas o aquecimento para a Jornada Mundial da Juventude. Contando com a participação de inúmeros jovens, os responsáveis pelo evento colocaram estandes no Ginásio da UNEC onde as

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congregações e as Ordens Religiosas tiveram seu espaço para se apresentarem aos jovens, tornando-se assim conhecidos por eles.

As Concepcionistas representadas pela Madre Maria do Rosário e Irmã Maria Madalena também se fizeram presentes tendo oportunidade de um contato pessoal com os jovens e com as demais congregações Religiosas, como por exemplo: Congregação N S das Graças, Congregação N. Sra. de Fátima, Congregação São João da Cruz e a Ordem dos Carmelitas Descalços.

Apresentamos a história da Ordem e os trabalhos manuais que fazemos no Mosteiro. Foi muito entusiasmo e alegria em Cristo Jesus. O encerramento foi com uma santa Missa solene.

Irmã Maria Madalena da Cruz, OIC Mosteiro Nossa Senhora do Rosário e São José

Caratinga/ MG

A PRIMAZIA DE DEUS

Frei Rafael Blanco, OFMDiretor do Officio pro Moniallibus – Roma

A ORAÇÃO

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O primado de Deus é o centro mesmo do Evangelho, pois tal é a boa noticia: o Reino de Deus.

O primado de Deus é o núcleo da vida contemplativa. Trata-se, pois, de consagrar a existência inteira a Deus, a uma forma de vida em que tudo está determinado enquanto forma, de Deus e para Deus, onde se faz transparente o senhorio de Deus.

O primeiro é Deus. Esse é o sentido da expressão Divinum officium, o sagrado dever, o primeiro, o inalienável, o determinante, o que está no centro de todos os demais: o louvor ao Senhor. Este louvor é uma ação litúrgica e a Liturgia é aquela “ação” que atualiza salvíficamente o senhorio de Deu, seu primado absoluto, sua Presença oferecida aos homens permanentemente.

Franciscanamente falando, podemos falar mais do espírito de oração que de oração. É o orar sempre, em união com o silêncio e a clausura, e que, portanto, supõe um carisma contemplativo, uma dedicação e consagração, uma forma de vida pensada a partir de Deus, a partir do primado da oração. Ali é onde situamos a vida contemplativa. E a vida contemplativa não se joga a nível de forma, senão a nível de sem-forma da vida nova em Cristo, quando se aprende a não ter vida senão a recebê-la, a não desejar outra coisa a não ser a santa operação do Espírito.

É em tal profundidade que se pode dar o orar sempre com puro coração. Só assim se é realmente contemplativo. Adoradores em espírito e em verdade (Jo 4).

ORAR A VIDA

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A oração deve ser a base de nosso ser fraterno, a ocasião para alimentarmo-nos da Palavra, para ser recriados sempre de novo na Eucaristia, para reconhecermo-nos como filhos e para receber os irmãos e irmãs como dom de Deus.

Durante muito tempo temos mantido e vivido uma tradição espiritual que agora resulta insuficiente. Consistia essa dita espiritualidade em alguns estilos de reducionismos que deveremos superar:

- pensar que a vida contemplativa é superior a outras formas de vida cristã;

- reduzir a oração a tempos, lugares e fórmulas. Organizar a vida e entendê-la como “tempos para oração” e “tempos para a ação”; lugares de oração e lugares de trabalho... Jesus abre o âmbito do encontro com Deus na vida mesma: “Nem neste monte (Garizim), nem em Jerusalém... mas chega a hora que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade” (Jo 4, 21-23).

Trata-se da capacidade de olhar a vida em profundidade, desde o mais simples – as tarefas rotineiras – ao mais conflitivo – quando tudo parece não ter sentido.

O verdadeiro orante não mede o tempo que dedica a oração retirada, senão pela capacidade de viver teologalmente (na fé, esperança e caridade) a vida que o Senhor colocou em suas mãos.

Por isso o pressuposto da fé está em dar à realidade a densidade que tem. Há muitos que “passam pela vida sem entrar nela”, embora façam muitas coisas boas. A atitude com a vida começa na atitude existencial básica pelo que decido não fugir do que me

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produz insegurança, mantendo o espírito de honradez acima de meus interesses; confio nos demais apesar de tudo, não me encerro em minhas queixas quando a vida não responde às minhas expectativas, etc.

Segundo contam os biógrafos, Francisco tinha seus “tempos e lugares” para rezar, mas também é verdade que Francisco é surpreendido rezando todo o dia, continuamente, toda sua vida. Para Francisco a oração não era um de tantos atos que cada dia havia de realizar, senão aquele que permeia toda sua existência e a invade totalmente.

A oração, a de Francisco e a dos irmãos, era como que o substrato, o “húmus” sobre o qual se regia toda vida evangélica. O capítulo 23 da regra não bulada é todo um indicativo desta atitude orante. Francisco ora no Templo, no campo, com a palavra, com o saltério, com a criação inteira. Assim Cellano pode exclamar: “Assim, feito todo ele não apenas todo orante senão oração, direcionava totalmente – olhar interior e afetos – até o único que buscava: o Senhor” (2Cel 95).

FAZER DA VIDA ORAÇÃO

Aprender a orar a vida supõe um aprendizado, que não depende de técnicas, mas sim da qualidade humana e da fé com que vivo, em geral, minha existência. É preciso também aprender em nossa vida a descobrir Deus na história, recuperar a história para nossa oração. Normalmente não estamos acostumados a ler Deus nos acontecimentos atuais da vida pessoal como também nos acontecimentos sociais e políticos.

Eis aqui algumas chaves para este aprendizado:

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- Aprender a ler a própria história como “história de salvação”, dando sentido positivo inclusive para aquilo que eu vejo e leio como negativo, para aquilo que pode parecer mais obscuro e menos integrado na minha vida;

- Olhar os acontecimentos que se sucedem, desde os mais ordinários até os mais extraordinários e grandiosos, com olhos de fé, tentando discernir os “sinais dos tempos”, o desígnio misterioso de Deus;

- Viver como experiência e lugar de encontro com o Senhor aquelas experiências de frustração e de sofrimento que abrem assim um novo sentido para a existência;

- Aprender a perceber nas pessoas, especialmente nos menos favorecidos, seu valor incondicional de pessoas, a imagem viva de Jesus;

- Referir com frequência a Deus tudo o que se faz. Quer dizer, exercitar a presença de Deus na mudança de tarefas, etc.

- Em síntese, trata-se de perceber a vida “unificadamente”, como a presença e atuação de Deus, que atravessa toda a vida, sem necessidade de “momentos” nem de “lugares”. A vida, minha vida, está transpassada pelo Senhor a quem percebo e amo.

SUSTENTAR OS MEMBROS ABATIDOS

Também é oportuno recordar a necessidade de compreender melhor nossa missão como intercessão. É algo que as vezes esquecemos mas que tem sua importância fundamental.

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Trata-se de viver as tarefas como também as pessoas a partir do coração de Deus, a partir da súplica e oração humilde e confiante em Deus, sabendo que só Deus é o Salvador e que nós, por ele, somos “instrumentos”, servos inúteis.

Neste sentido se sugere:

- Orar a vida e presença dos irmãos, das irmãs, de minha própria comunidade; especialmente a vida e presença dos enfermos e enfermas.- Orar pela Igreja, pelo Papa, pelos ministros, pelo povo de Deus.- Orar para obter a proteção de Deus.- Orar para obter a perseverança final.- Orar pelas necessidades da casa (Mosteiro).

CONCLUSÃO

Hoje temos que recuperar e reafirmar com força e convicção que o bem estar dos homens depende também de nossa oração. Nossas comunidades estão chamadas a “humanizar” o mundo e o fazem quando oram e sofrem em silêncio pelo mundo, por todas as pessoas; fazem-no quando aceitam sua pobreza e sua impotência, quando assumem o fato de estarem constituídas, não de heróis ou heroínas, senão de homens e mulheres frágeis, mas que colocaram verdadeiramente sua confiança em Deus, que puseram Deus como o Supremo, como o Primeiro, como o Alfa e Ômega de suas vidas.

SEJA BEM VINDO 2013!

Mais um ano se vai. Se olhamos para trás vamos descobrir como foi bom o ano de 2012 e como temos tantas coisas para agradecer! Certamente que nem tudo foi perfeito ou como

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gostaríamos que tivesse acontecido, mas também isso é motivo para agradecer talvez porque, Deus o sabe, assim foi melhor para nós.

Portanto, que seja bem vindo 2013! Que nesse novo ano façamos melhor aquilo fizemos bem em 2012. Que amemos o que não conseguimos amar. Que perdoemos o que não conseguimos perdoar. Que realizemos o que não conseguimos realizar em 2012. Enfim, que seja um novo ano! Com novos sonhos, novas perspectivas, novo fervor, novo desejo de amar mais, de construir caminhos e abrir horizontes, viver intensamente as nossas convicções e deixar rastros de bondade em cada passo andado e ao final dele poder dizer: dei o melhor de mim!

Boas Festas! Se o tempo do Advento já nos faz mergulhar ternamente nesse Mistério de um Deus que se faz Menino, o Tempo do Natal nos proporcionará a experiência única de sermos amados incondicional e profundamente por esse Doce, Meigo e Adorável Menino, o Emanuel, o Deus-conosco!

Maria Imaculada nos acompanhe e ela mesma nos ofereça seu Filho Divino para que o tomemos nos braços e guardemos no coração...

Noite feliz! Noite feliz! / Eis que no ar vem cantar / aos pastores os anjos do céu / anunciando a chegada de Deus / de Jesus Salvador! De Jesus Salvador!

Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição – Salvador/BA

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Detalhes que ficar o guardados paraã sempre. . . e cada detalhe tem seu

peso de significado e valor! Obrigada a você que é parte de tudo

isso!

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ATENÇÃO!

Não deixe de enviar sua contribuição para o Boletim!

Envie para:

Ir. Magnólia de Maria, OICMosteiro de Nossa Senhora da Conceição

Rua Campinas de Brotas, 737 – Brotas40275-160 Salvador/BAE-mail: [email protected]

Participe do Boletim! Esse espaço pertence a você!

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