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sbc informativo Serviços credenciados e a formação do cirurgião de coluna no Brasil III COMINCO e III Congresso Mundial de Técnicas e Cirurgias Minimamente Invasivas da Coluna (III WCMISST) reunirão mais de 800 especialistas nacionais e internacionais na Bahia Evento Luiz Roberto Vialle Entrevista Uma crítica ao modelo atual das abordagens cirúrgicas nos congressos médicos Artigo A história de um cirurgião de coluna músico e que tem uma banda de rock’n‘roll Mens Sana 04 SBC Sociedade Brasileira de Coluna JUN/JUL/AGO 2012 A contribuição dos jovens sócios na Sociedade Atuação

Informativo SBC-04_Jun-Jul-Ago_2012

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Informativo Sociedade Brasileira de Coluna nº 4 JUNHO/JULHO/AGOSTO-2012

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sbcinformativo

Serviços credenciados e a formação do cirurgião de coluna no Brasil

III COMINCO e III Congresso Mundial de Técnicas e Cirurgias Minimamente Invasivas da Coluna (III WCMISST) reunirão mais de 800 especialistas nacionais e internacionais na Bahia

Evento

Luiz Roberto VialleEntrevista

Uma crítica ao modelo atual das abordagens cirúrgicas nos congressos médicos

Artigo

A história de um cirurgião de coluna músico e que tem uma banda de rock’n‘roll

Mens Sana

04

SBCSociedade Brasileira de Coluna

JUN/JUL/AGO2012

A contribuição dos jovens sócios na Sociedade

Atuação

03

Informativo SBC - JUN/JUL/AGO 2012

nestae d i ç ã o

A formação dos cirurgiões de coluna na visão de três serviços credenciados

A adrenalina do rock transforma um cirurgião de coluna ortopedista em membro da banda Spectro

Ensino

Mens Sana

/16

/10

Saúde/20Médicos discutem o preceito fundamental da medicina moderna: Se você se sente bem, talvez esteja bem

Ciência/09Neurocirurgião Andrei Joaquim explica como realizou o primeiro procedimento por neuronavegação na Unicamp

Entrevista/06Luiz Roberto Vialle declara que a entrada dos neurocirurgiões foi muito produtiva para o crescimento da SBC e que a troca de experiências e a ciência devem pautar a atuação dos dirigentes

Evento/13As principais novidades do programa científico do III COMINCO e do III Congresso Mundial de Cirurgia Minimamente Invasiva de Coluna (WCMISST)

Sociedade Brasileira da Coluna no cenário internacional

Amsterdam sediou a Spineweek2012, um evento

grandioso realizado de 28 de maio a 1º de junho,

no RAI Centro de Convenções, situado na região

sul da capital holandesa, onde não faltaram discussões de

temas abrangentes dentro de um programa científico completo,

que contemplou todas as áreas da cirurgia de coluna.

O megaevento organizado pela Sociedade Europeia de

Coluna primou pelo seu alto padrão, consolidou o apoio da SBC

e de outras seis Sociedades em âmbito global e estabeleceu

novos paradigmas para o tratamento das patologias da coluna,

com a utilização de técnicas conservadoras e avançadas.

A diretoria da SBC teve uma atuação marcante junto à Comissão

Organizadora para a realização do nosso Programa Científico

que ocorreu durante o evento. Em especial, o colega Marcelo

Wajchemberg, que trocou inúmeros e-mails com os organizadores

Robert Gunzburg e Le Huec, e a secretária executiva Els Vertriest,

todos incansáveis no atendimento à SBC.

Foram inúmeras as participações dos brasileiros, a começar

pelo recorde de 223 inscritos, 33 temas livres apresentados e

40 pôsteres nas áreas de trauma, degenerativa, deformidade,

minimamente invasiva e ciência básica. Nas sessões da SILACO e

do SRS, também aconteceram participações da SBC.

Le Huec, em conversa com Helton Defino, definiu duas

situações de colaboração com a SBC: os trabalhos premiados

no CBC2013 e que tenham sido enviados no formato para

publicação serão enviados para o European Spine Jornal. A

segunda novidade é o curso de certificação em cirurgia da

coluna, pela Sociedade Europeia, para 2013.

Para este segundo semestre, as atividades acadêmicas estão

a todo vapor com o Congresso Mundial do CCMI, participação

da SBC na NASS, em Dallas, o CBOT 44 na Bahia, além da nossa

parceria no sempre estimulante e inovador Curso Técnicas

Modernas e Avanços na Cirurgia da Coluna Ribeirão Preto, e

ainda o SILACO, em Buenos Aires, no mês de dezembro.

Parabéns, associados!

Luis Eduardo Munhoz da Rocha

Presidente da Sociedade Brasileira de Coluna

presidentep a l a v r a d o

leitore s p a ç o d o

Edição Especial

Recebi e li com muita

satisfação as reminiscências

relatadas no mais recente

número do Informativo SBC.

Como disse o nosso presidente

Eduardo Munhoz, “Sociedade

sem história e sem memória

não existe.” O melhor é quando

você pode participar desta

história e depois contar para os

mais jovens. Certa vez, Ariano

Suassuna afirmou que viver é

bom, mas contar é melhor.

Obrigado pela lembrança

do meu nome; senti-me

muito lisonjeado.

Ivan Ferraretto [email protected]

04 05

Informativo SBC - JUN/JUL/AGO 2012

“Sapporo é a capital da ilha de Hokkaido e está situada

no extremo norte do Japão, região onde neva durante

todo o inverno, muitas vezes, até o mês que antecede

a estação, com temperaturas que podem atingir até 15

graus abaixo de zero.

Um dos eventos mais conhecidos da cidade é o ‘Snow

Festival’, que acontece, anualmente, no mês de fevereiro.

Vários artistas mostram suas habilidades construindo

esculturas com a neve, geralmente, réplicas de

monumentos. Com uma população de aproximadamente

2 milhões de habitantes, foi em Sapporo que tive a

oportunidade de realizar o meu doutorado na área de

biomecânica de implantes utilizados na correção da

escoliose, mais exatamente no Hospital da Universidade de

Hokkaido, sob a orientação do Professor Kiyoshi Kaneda,

premiado com um ‘Award’, no mais recente congresso

promovido pela NASS em 2011. Também atua nesse

hospital o Prof. Kuniyoshi Abumi, introdutor do parafuso

pedicular cervical e que já proferiu palestra no Brasil, em

Porto Alegre. Fico muito grato ao governo japonês por ter

me dado oportunidade de estudar durante cinco anos, com

uma bolsa de estudo integral gratuita.”

Participe deste espaço enviando uma foto para o e-mail [email protected], colocando seu nome, a cidade onde atua profissionalmente e a data em que fez a imagem, acompanhada de um texto sobre a sua percepção do flagrante.

Yorito Kisaki, de Porto Alegre. Doutor em Medicina, atua no Serviço de Ortopedia da Santa Casa de Porto Alegre.

Expediente

Presidente: Dr. Luis Eduardo Munhoz da Rocha              Vice-Presidente: Dr. Carlos Henrique Ribeiro                 1º Secretário: Dr. Mauro dos Santos Volpi 2º Secretário: Dr. Marcelo Wajchenberg                1º Tesoureiro: Dr. Alexandre Fogaça Cristante       2º Tesoureiro: Dr. Asdrubal Falavigna   

Jornalista Responsável: Gilmara Gil – MTBRS 5439e-mail: [email protected] Editorial: Dr. Eduardo Gil França Gomese-mail: [email protected]: Dr. Sérgio Zylbersztejn e-mail: [email protected] final e editoração: Luciano Maciel

Colaboram nesta edição: Drs. Eduardo Gil, Henrique da Mota, Marcelo Wajchenberg, Pil Sun Choi e Yorito Kisaki Foto da Capa: Serviço de Coluna Vertebral do Departamento de Biomecânica, Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP

Periodicidade: Trimestral Impressão: Gráfica PallotiRepresentante de Publicidade: Binotto ComunicaçãoTelefone: (51) 3209.2041Fax: (51) 3209.2048Celular: (51) 9116.2224e-mail: [email protected]

Os artigos são de inteira responsabilidade de seus autores.

Endereço:

Sociedade Brasileira de Coluna – SBCAlameda Lorena, 1304 - sala 1406 CEP: 01424-001 - São Paulo - SPTelefax: (11) 3088.6615Endereço eletrônico: [email protected] www.coluna.com.brSecretária: Ana Maria

Fale com o Informativo SBC enviando sugestões de assuntos para a próxima edição: [email protected]

SBCSociedade Brasileira de Coluna

ÓRGÃO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE COLUNA

seu olhar

Ao sabor das nossas conquistas

Estamos retornando de um

congresso em que a SBC brilhou

em produção científica e em

número de participantes, destacando a

afirmação do nosso futuro presidente Carlos

Henrique Ribeiro: a Spineweek 2012 já

alcançou a maioridade, igualmente, para a

cirurgia da coluna brasileira.

Porém, nada melhor que lembrar o início

desta jornada vitoriosa e a importância de

construirmos as nossas fundações sólidas,

para que a continuidade desse processo de

crescimento se mantenha no rumo certo.

Circulamos com desenvoltura nos debates, nas

apresentações e nos encontros sociais. Enfim,

um grande evento internacional para uma

Sociedade que tem como filosofia agregar

profissionais comprometidos com a ciência

médica, especialmente no campo da cirurgia

da coluna vertebral.

Nesta edição, o foco é a atuação dos

Serviços Credenciados, com uma amostra

sobre a formação em cirurgia da coluna.

Numa outra perspectiva, recomendo

a leitura da matéria que apresenta uma

visão geral do que acontecerá durante a

realização do III CMISST e do III COMINCO

2012, sob a coordenação geral do colega Pil

Sun Choi.

O recado do Prof. Ivan Ferraretto sinaliza

que o nosso leitor está cada vez mais

participativo e atento ao conteúdo do nosso

Informativo. Mais do que receber elogios,

aguardamos as contribuições de sugestão de

pauta, imagens para a interativa seção “Seu

Olhar” e, por que não, críticas construtivas.

A palavra está com os sócios.

O resultado de nosso trabalho está grifado

na frase do executivo e escritor Jack Welch, em

que ele afirma que as novas lideranças devem,

sim, contar com uma cultura sólida para a livre

manifestação de ideias.

Sendo assim, reafirmo que o canal está

aberto para a divulgação de temas de interesse

dos colegas nas páginas do nosso boletim

e do nosso portal na web. É dialogando

que desde cedo vamos afirmando nossa

personalidade, descobrindo nossas

potencialidades e projetando o rumo de uma

participação atuante na sociedade, sempre

buscando a sintonia com tudo aquilo que

nos cerca e nos faz sentirmos mais completos

como seres humanos.

Boa leitura a todos.

Sergio Zylbersztejn

Editor

“Se as suas ações

inspiram os outros

a sonhar, a aprender,

a fazer mais e melhor,

então você é um líder

”Jack Welch

opinião

06 07

Informativo SBC - JUN/JUL/AGO 2012

entrevista

L uiz Roberto Vialle é o ex-presidente entrevistado desta

edição. No comando da SBC no período 1993-1994, o

cirurgião ortopedista de coluna formou-se em Curitiba e

fez residência de Ortopedia na Santa Casa de São Paulo, completando

seus estudos com o Prof. Carlos Ottolenghi, no Hospital Italiano,

de Buenos Aires. Professor Titular de Ortopedia e Traumatologia da

PUC-PR, atua no Serviço de Ortopedia, Grupo de Coluna, Hospital

Universitário Cajuru. Vialle exerce também o cargo de Chairman da

AOSpine International, Divisão Clínica de Coluna da Fundação AO.

“A inclusão dos neurocirurgiões na SBC é uma das ações que o tempo

mostrou justificadas. Os ‘ortos e neuros’ começaram a falar a mesma

língua”, declara.

Informativo - Qual a motivação que o levou a

presidir a Sociedade Brasileira de Coluna?

Luiz Roberto Vialle - Em organizações como

esta, sempre me atraiu a possibilidade de trazer

benefícios aos médicos interessados nas patologias

de coluna por proporcionar oportunidades de

informação e troca de experiências. E também

atender os pacientes ao promovermos eventos

educacionais nos quais procuramos entender melhor

as diversas patologias e suas queixas. Também

o sentido de agregar diversidade para objetivos

maiores.

Informativo – Quais as realizações da sua gestão

que ficaram marcadas na história da Sociedade?

Vialle – A realização do primeiro grande

Congresso da área de coluna; foram inesperados

400 participantes em 1993, em Curitiba, quando

nunca conseguíamos uma plateia de 200. Este

acontecimento foi a primeira demonstração da

importância que teríamos como especialistas da

área de coluna.

A fundação da SBC. Até a data acima éramos o

Comitê de Coluna da SBOT, e eu seu presidente.

Foi nesse congresso, em Curitiba, que apresentei à

assembleia o projeto da SBC, finalmente aprovado e

aplicado ao longo dos anos seguintes. Mas não foi

fácil conseguir um consenso.

A inclusão dos neurocirurgiões na nova

organização, atitude que se mostrou justificada com

o tempo. Considero essa a principal virtude daquele

momento da Sociedade então criada, pois a partir

dali “ortos e neuros” começaram a falar a mesma

língua.

Informativo – Quais foram outras ações

frente à SBC?

Vialle - O acordo com a North American Spine

Society (NASS). As negociações, então iniciadas,

persistem até hoje trazendo, periodicamente, e

SBC precisa redefinir sua política de atuação

Perfil

Time do coração: Coritiba Futebol Clube

O que o emociona: Netos e sair no Trio Elétrico do Armandinho

Uma frase que marcou: “Para ser grande, seja inteiro. Põe tudo que é teu naquilo que fazes”. Fernando Pessoa

A maior virtude: Sinceridade

O pior defeito de alguém: Inveja.

Uma música inesquecível: With or Without You – U2

Um filme: Casablanca

Um lugar para viajar: Foz do Iguaçu (carrego minhas pilhas lá)

Uma cidade: Florianópolis

O que gostaria de ouvir de Deus quando chegar à porta do céu?

Volte. Recomece e tente fazer melhor!

sem custo ao nosso congresso, professores americanos e abrindo

oportunidades para a SBC nos congressos da NASS.

Com os professores Max Aebi e Robert Gunzburg, estabelecemos

as bases para o acordo com a European Spine Society, para o

ESJournal e para reuniões conjuntas, também até hoje vigente.

Informativo – Como era a cirurgia da coluna naquela época e

como a enxerga na atualidade?

Vialle - Era mais simples. Fraturas, hérnias discais e deformidades

eram as patologias tratadas com o conhecimento e implantes da

época. Atualmente, o desenvolvimento de métodos diagnósticos,

em especial a RM, as soluções industriais com novos implantes e a

segurança anestésica foram responsáveis por uma revolução nesta

área. O domínio dos acessos cirúrgicos e das técnicas, ao lado da

melhor avaliação dos pacientes e dos resultados obtidos, abriu um

enorme campo para a atuação do cirurgião especialista. No entanto,

ao lado dessas conquistas, percebo uma proliferação de cirurgias

desnecessárias, mal indicadas ou mal realizadas, e uma indesejável

influência de fatores não médicos no processo de decisão do

cirurgião. E aqui, observo que há espaço para a SBC atuar com

maior ímpeto.

Informativo – Como o senhor avalia o momento atual da SBC?

Vialle - Apesar do sucesso dos últimos anos, ainda vejo um

enorme risco para a SBC, que é a possibilidade de ser dominada

por empresas que, de um lado, acenam com o necessário apoio

financeiro, mas de outro a expõem como parceira. A nossa função

precisa ser redefinida para sabermos se queremos ser uma sociedade

profissional — atuando mais em defesa de seus membros, em

lobby — ou mais acadêmica — atuando mais na área de educação

continuada. Porém, confio nos dirigentes envolvidos para levar a

SBC a novos patamares.

Informativo – Que mensagem seria importante para o jovem

cirurgião de coluna que ingressa na SBC?

Vialle - Não se deixe seduzir pelos apelos da indústria. O paciente

vem primeiro. Treino e educação continuada ainda são os princípios

básicos para a correta atuação do médico. A medicina baseada em

evidência e consenso deve ser uma preocupação constante para os

que se iniciam. Apoiar a SBC e prestigiar suas iniciativas pode ser

um bom começo.

08 09

Informativo SBC - JUN/JUL/AGO 2012

Participe do fórum interativo. Veja mais imagens e envie sua resposta, acessando www.coluna.com.br

fórumi n t e r a t i v o

Foto: EMBRATUR

CBN XXIX

Data: 7 a 12 de setembroLocal: Riocentro (Rio de Janeiro)Presidente: Dr. Marco Aurélio Marulho

Curso Pré-Congresso: - Entrando no mundo da neurocirurgia- Neuroendoscopia ventricular- Neuroendoscopia da base do crâneo

Destaques do Programa Científico: mini conferências, simpósio, fórum de defesa profissional e conferências com a participação de 41 palestrantes do exterior.

Prêmios científicos: Eliseu Paglioli,SBC Exercício Profissional, Jovem Neurocirurgião

Coluna: Curso AOSPINEInformações: [email protected]ções: valores com desconto até 24 de agosto

set/12

XVII Congresso de La Sociedade Argentina de Patologia da Coluna Vertebral

Data: 3 a 6 de outubroLocal: Centro de Convenções City Center Rosário, Província de Santa Fé (Argentina)Curso Pré-Congresso: IGASSInformações: CCMI/SBCInformações: [email protected]

out/12

Técnicas Modernas e Avanços da Cirurgia da Coluna Vertebral

Data: 23 de novembro Local: Hotel JP - Ribeirão Preto (SP)Corrdenador: Dr. Helton DefinoInformações: (16) 3602.2513 [email protected] www.fmrp.usp.br/ral/coluna

nov/12

agendaCirurgia de coluna por neuronavegação

Lombalgia crônica

Pela primeira vez no Brasil foi realizada uma

cirurgia de coluna auxiliada por neuronavegação.

O procedimento foi feito em março pelo

neurocirurgião Andrei Fernandes Joaquim, do Departamento de

Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas (CFM) da Unicamp.

Andrei explica que a neuronavegação pode propiciar uma

maior acurácia na instrumentação da coluna, bem como

diminuir eventual exposição excessiva à radiação. “Pode,

porém não significa que vai, porque é aí que entra o papel

da ciência”, ressalta.

Segundo Andrei, no caso de melhorarem os resultados

cirúrgicos, deve-se considerar ainda se esta melhoria é

clinicamente significante (ou simplesmente um dado

estatístico) e se o custo da intervenção justifica seu uso.

O neurocirurgião observa que essa é única alternativa para

usarmos novas tecnologias com responsabilidade social.

“Em toda cirurgia de maior risco ou complexidade, o

neuronavegador pode ser potencialmente útil, permitindo

maior precisão da instrumentação e minimizando riscos de

lesões neurovasculares”, completa.

Bastante utilizada em biópsias e cirurgias de crânio, a

neuronavegação em cirurgias de coluna vem demonstrando

ser uma ferramenta que permite uma maior precisão no

operatório, nas indicações para colocação e fixação de

próteses e pinos.

Com a neuronavegação, as ferramentas do cirurgião são

projetadas em tempo real para uma imagem de referência em

tomografia ou ressonância magnética, em 3D, auxiliando no

planejamento e localização durante a cirurgia. Ela permite,

também, uma menor exposição do médico e do paciente à

radiação.

“Com um instrumento especial, captado pela antena

do neuronavegador, temos uma projeção em tempo real do

ponto da coluna desejado, que é projetado em 3D no exame

de tomografia ou ressonância magnética exposto no monitor

na sala cirúrgica. Desta forma, temos melhor noção espacial

intraoperatória”, destaca Andrei.

Andrei enfatiza que a neuronavegação não é invasiva e

permite procedimentos mais precisos e seguros,

otimizando resultados e diminuindo complicações.

A ideia futura da equipe é fazer um projeto de

pesquisa com o uso do neuronavegador para avaliar

cientificamente sua eficácia em cirurgias de coluna.

O neuronavegador utilizado na cirurgia

foi produzido por uma empresa brasileira e

disponibilizado gratuitamente para a disciplina

de neurocirurgia com o intuito de se aprimorar

a tecnologia.

O HC da Unicamp é um dos poucos hospitais

públicos do Sistema Único de Saúde (SUS) a utilizar

esta ferramenta em cirurgia coluna.

Paciente: NEC, sexo masculino.

Idade: 75 anos.

História: queixa clínica de lombalgia crônica

com quadro clínico de claudicação neurogênica.

Informa dor lombar há cinco dias e apresenta

dificuldade para andar 300 metros.

Imagem: ressonância magnética: estenose

do canal vertebral lombar com DDD e, em

especial, hérnia de disco L4L5 à esquerda.

Exame neurológico de membros inferiores normais.

Diagnóstico: Estenose do canal vertebral

lombar e DDD lombar.

Tratamento da dor: bloqueio epidural sacral

com Ropivacaina 0.75% 10 ml + diluído em 10

ml de soro fisiológico + Dexametasona 10mg.

Localizado espaço vertebral com contraste

Iopamidol 300 e uso do intensificador de

imagem. Denervação facetária com Cloridrato

de Lidocaína 2% sem vasoconstritor + álcool

absoluto 70%. Níveis de L2 até S1.

Seguimento imediato pós-procedimento:

anestesia em cela com bexiga neurogênica e

alteração do esfíncter anal.

Revisão em seis semanas: bexiga neurogênica

atônica, sensibilidade conservada no períneo,

presença de tônus retal, sem reflexo peniano.

Devido à pouca melhora do paciente, solicitada

nova ressonância magnética seis semanas

após o bloqueio, sendo obtidas as seguintes

imagens na RM.

Questões:

• Cite dois diagnósticos para a patologia detectada na RM:

• Proponha uma condução terapêutica para o seu diagnóstico:

Uma pergunta:

Informativo - Quais são as dificuldades

e facilidades na pesquisa em coluna?

Andrei - A pesquisa médica no Brasil é um

ato heroico. Pesquisar em um país ainda com

importantes limitações de assistência tanto

estruturais quanto de recursos humanos e com

registro de informação precário requer esforços

individuais sem limites. Mesmo assim, muita

gente vem produzindo ciência com qualidade.

A sociedade valoriza pouco o “cientista” médico,

promovendo o “assistente”. Conciliar as duas

coisas seria o ideal.

ciência

Divulgação AI-HC/Unicamp

O caso clínico desta edição é uma colaboração do Dr. Sérgio Zylbersztejn, Serviço de Ortopedia da Santa Casa de Porto Alegre.

1. RM corte sagital T2 2. RM corte axial T23. Pós-procedimento: RM corte sagital T2

Informativo SBC - JUN/JUL/AGO 2012

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Rock levado a sérioPara Eduardo Gil, a música é a sua válvula de

escape para contrabalancear o stress do dia a

dia do consultório e da sala de cirurgia. E não

é qualquer música, mas, sim, o som do rock. Também

não é qualquer batida de rock que faz desse cirurgião de

coluna e guitarrista fazer parte da banda Spectro, que

toca, simplesmente, Pink Floyd.

Segundo o cirurgião, é bom ver a alegria das pessoas

curtirem os sucessos que fazem do Pink uma lenda viva do

rock. “Às vezes até autógrafos temos de dar. Tocamos em

bares, festivais de motos, festivais de música. Sem dúvida,

usar o bisturi de dia e tocar guitarra à noite são atividades

que se complementam na minha vida”, afirma.

“Acho interessante o contraste entre o silêncio de uma

sala de cirurgia e a barulheira de um palco de rock, com

seus amplificadores de guitarra ao máximo, porém ambas

as atividades realizadas com extrema concentração

e dedicação, deixando mente, mãos e coração sempre

sintonizados e equilibrando o meu ser integral.”

mens sana

11

Nosso protagonista é o editor executivo do Informativo SBC, Eduardo Gil, também

produtor da seção ‘Mens Sana’, criada com o objetivo de divulgar o que os cirurgiões de

coluna fazem para aliviar as tensões naturais da profissão de uma forma espontânea e

gratificante de realização pessoal.

O legado

Ele conta que desde a adolescência compõe música e que foi fundador e

diretor do bloco de carnaval Eva de 1981 a 2001. “Tenho músicas minhas

gravadas por Ivete Sangalo e Asa de Águia”, destaca.

Eduardo toca violão desde os 14 anos de idade, sem ter tido aulas

formais de música.

Há 12 anos ele começou a tocar com alguns colegas médicos, formando

bandas de pop-rock. Numa delas, a BLACKJACK, eles tocaram no Congresso

da SBC em Sauípe (BA), em 2005. Porém, quando se trata do Eduardo estar

tocando, o que rola é o rock’n’ roll.

A virada aconteceu em 2007, quando o cirurgião foi convidado a integrar a

Spectro — o nome da banda é inspirado na imagem da capa do disco dos Pink ‘The

dark side of the moon’, ilustrada com um espectro passando pelo prisma.

“Passei a escutar e a estudar Pink Floyd, que é uma banda fantástica, com

músicas incríveis, bem-elaboradas, lindos vocais e solos de guitarra. Na banda eu

toco violão, guitarra base, faço vocais e canto solo em duas músicas”, diz Gil, que

completa: “Sou roqueiro, sim, e minhas bandas favoritas são Queen e Ramones,

que é outro extremo de rock’n’roll, bem simples e cru”.

A Spectro é formada por músicos que fizeram parte de bandas anteriores

e uniram-se em torno do projeto Pink Floyd in Concert, que buscou no cenário

baiano músicos de alta qualidade para compor o staff da banda em 2000.

Na opinião de Gil, a capital baiana pôde curtir e apreciar um dos mais

surpreendentes shows apresentados em Salvador, no estilo rock progressivo.

“Para surpresa e delírio do público, a Spectro acrescentava nos seus shows

inúmeros efeitos de iluminação, noises, surrounds, figurinos, cenários

surrealistas, além de um seleto repertório com 24 canções que abrangiam

todos os álbuns de sucesso da carreira do Pink Floyd.”

Canções mundialmente conhecidas como Wish You Were Here, Time e Another

Brick in the Wall, além dos hits clássicos Dog´s, Brain Damage e Confortably numb,

são amplamente cantadas por um grande púbico, que prestigia as apresentações

da Spectro também fora de Salvador.

A banda Spectro já tocou no Festival de Verão de Salvador, Aracaju, Maceió,

Fashion Club, Morro de São Paulo, Festival de Lençóis, Lauro de Freitas, Ponte

Aérea, Hotel Othon, Moto Festival, Hotel Quatro Rodas e no tradicional

Botequim Nobel.

A composição atual da banda Spectro conta com profissionais liberais e

Eduardo Gil é o único médico do grupo.“Temos engenheiro, arquiteto e contadores

na banda, mas nenhum é músico profissional”, diz o cirurgião de coluna

ortopedista.

Por dentro da Spectro

Existem ensaios regulares de acordo com

a agenda de shows.

O repertório é formado com os principais sucessos

da banda Pink Floyd. Tocar o Tributo a Pink Floyd

vem do fato de os fundadores da banda serem fãs

da banda inglesa, extinta em 2006, e seguidores

de Roger Waters.

A Spectro decidiu dar oportunidade de pessoas terem

acesso às músicas ao vivo do repertório dos Pink Floyd

em suas várias fases musicais.

O público da Spectro é formado por fãs da banda

inglesa. A faixa etária varia de adolescentes a

cinquentões, segundo Eduardo Gil.

A banda não tem fã-clube oficial.

As músicas mais pedidas são: Wish you were here,

Another brick in the wall II – Comfortably numb,

Money, Mother, Shine on you crazy diamond.

‘The dark side of de moon’ é um álbum conceitual de

1973, que fala sobre as pressões da vida, como tempo,

dinheiro, guerra, loucura e morte. Este álbum está

na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll

Hall of Fame, com 250 milhões de cópias vendidas.

012 013

Informativo SBC - JUN/JUL/AGO 2012

12 13

evento

III WCMISST traz discussão de novas abordagens para técnicas avançadas

O III Congresso Mundial de Técnicas e Cirurgias

Minimamente Invasivas de Coluna (WCMISST),

que acontecerá de 16 a 18 de agosto, na Praia

do Forte, Bahia, apresenta um dos mais completos programas

científicos na edição brasileira; as outras duas foram sediadas nos

Estados Unidos.

O evento reunirá mais de 800 especialistas nacionais e

internacionais e contará com a participação de 70 palestrantes

internacionais e mais de cem nacionais considerados referências

em suas especialidades.

Com três salas de conferência funcionando simultaneamente, o

encontro combinará a realização do III COMINCO (Congresso do

Comitê de Cirurgia Minimamente Invasivas da Coluna - SBC), do

IX SIMINCO e da VII Jornada de Coluna do Instituto de Ortopedia

do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

No Congresso serão discutidos procedimentos

específicos para o tratamento da dor na coluna realizados

por meio de punção na pele, sem incisões e com agulhas e

instrumentos especiais; cirurgias endoscópicas realizadas

por meio de incisões milimétricas para retirada de hérnias

de disco; fusões ósseas de vértebras com parafusos e hastes

por meio de pequenas incisões, entre outras

avançadas técnicas.

Uma novidade do III WCMISST será a

realização do SIMINCO BAHIA, um pré-evento

ao congresso, nos dias 13 e 14, em Salvador,

com o objetivo de difundir e incrementar o

desenvolvimento da Cirurgia Minimamente

Invasiva de Coluna na região Nordeste.

O pré-congresso terá cirurgias gravadas e

apresentadas em audiência no dia seguinte,

um formato de evento inovador utilizado com

sucesso este ano no SIMINCO Rio de Janeiro.

“A realização do WCMISST em nosso país

é uma grande conquista para a cirurgia da

coluna brasileira, fortalecendo a sua posição

no cenário científico internacional, ao mesmo

tempo que abre caminho para que, cada vez

mais, pacientes tenham acesso a tratamentos

médicos de ponta para as doenças da coluna”,

observa o presidente do evento e do CCMI-SBC,

Pil Sun Choi.

De fato, estamos notívagos e

afastados da luz divina e solar que

poderia clarear nossa caminhada

nesta escuridão moral e viciosa. O

que devemos fazer é renunciar a

esses comportamentos viciosos e

não facilitar que atividades profanas

(do latim profanus, de pro, diante ou

fora, e fanum, templo) possam ser

falsamente sacralizadas apenas por

entrarem, sorrateiramente, em nosso

ambiente científico sagrado.

É com profunda tristeza que vejo

tudo isto ocorrer em nossos dias, e

reservo-me o direito de indignação,

a mesma indignação que está

representada neste lindo vitral da

Igreja Saint-Aignan de Chartres,

na França, sobre a passagem da

expulsão dos vendilhões do templo.

São decepcionantes os rumos que estão tomando

os nossos congressos médicos e de áreas afins.

Campo fértil de uma comunicação cada vez mais

informal, mais relaxada, mais sedutora, mais cintilante, mais

mesmerizante e hipnotizadora – tudo aquilo que nos desvia da

seriedade e rigor que deveriam animar tais eventos científicos

– e para onde a virtude da ciência pouco é convidada a entrar

e, menos ainda, a permanecer.

Já não há a mínima preocupação com a formalidade de um

discurso científico, de provas, de evidências, de lógica. Parece

que tudo é apenas e tão-somente uma questão de ilustres

convidados estrangeiros ou nacionais que se manifestam, do

alto de seus interesses e compromissos, e que, após tantos

aplausos e aclamações, parecem chegar à conclusão absurda,

por uma retroalimentação maluca, de que suas mentiras

devem ser, de fato, verdades, pois a todos convenceram; e

nesta relação psicológica malsã, o palestrante, que, antes, ele

próprio, não tinha convicção nessas mesmas palavras, passa a

sofrer um autoengano. E é muito fácil sofrer um autoengano

quando esta situação nos traz algum benefício; os benefícios

podem ser grandes: viagens, patrocínios diversos, prestígio,

apoio político...

Nessa realidade de informalidade despudorada e de falsa

ciência, em congressos de camaradagem e onde não podemos

melindrar o comitê de organização, os patrocinadores, aqueles

que alugam balcões para comercialização de seus produtos, e

tantos outros seres que gravitam neste universo, surge uma

falsa ciência, uma ciência noturna, que vive na obscuridade da

dúvida, sem a clareza solar da verdade dos fatos.

Temos apenas meias-verdades lunares, com sua luz indireta

e mutável; meias-verdades estelares, com seu brilho distante

de verdades pequenas e que já nos chega em anacronismo;

temos cometas que passam de tempos em tempos, anunciando

uma falsa novidade, uma falsa novidade cíclica.

Pequenas mentiras & grandes negócios: o perigoso “mercado” da coluna vertebral e a profanação do templo da ciência

Henrique da Mota

[email protected]

Especialista Diplomado pela

Université de Lyon

Membro da SBC

Medicina Intervencionista

Ortopédica e Cirurgia da Coluna Vertebral

artigo

015

Informativo SBC - JUN/JUL/AGO 2012

14 15

Outra atração do programa é o espaço reservado

à Fundação da Federação Mundial das Sociedades de

Cirurgia Minimamente Invasivas de Coluna.

Segundo Pil, a organização congrega as diversas

entidades mundiais que estudam e trabalham nessa

área da Medicina, promovendo a troca de informações

e trabalhando para tornar esses avanços disponíveis

para o maior número de pessoas.

Conforme explica o coordenador científico,

Wilson Dratcu, desde 2004 o Brasil está presente

no cenário mundial da Cirurgia Mundial de Coluna

graças aos eventos anuais organizados por

ortopedistas e neurocirurgiões (SIMINCO), ligados

ao CCMI–SBC.

Um exemplo bem sucedido de intercâmbio

científico do CCMI em nível global são dois programas

de treinamento que são oferecidos para jovens

especialistas do Brasil na Coréia do Sul e na Alemanha,

que ocorrem desde 2008.

Dractu acrescenta que doze jovens cirurgiões de

coluna, juntamente com os organizadores locais,

Dr. Sang Ho Lee e Dr. Uwe Vieweg, apresentarão seus

resultados no III WCMISST.

Avanços

Na opinião do ex-presidente honorário do WCMISST

e diretor executivo da Sociedade Internacional

de Terapia Intradiscal (IITTSS), Anthony T. Yeung

(USA), o congresso mundial de cirurgia minimamente

invasiva de coluna é uma reunião importante porque

traz os líderes de todo o mundo para compartilharem

seus métodos e filosofias para o tratamento de

pacientes com dor na coluna.

“A Sociedade Internacional de Terapia Intradiscal,

uma das sociedades mais antigas a usar técnicas

cirurgias minimamente invasivas (MIS) foi quem

introduziu e divulgou o uso da quimopapaína,

demonstrou que a terapia intradiscal é eficaz e é

a única técnica válida com pesquisas apoiadas na Medicina

Baseada em Evidências nível 1. Continuamos a apoiar essa

visão, sustentada por uma filosofia de trabalho e com técnicas

modernas. Em relação ao acesso cirúrgico varios estudos apoiam

uma evolução na direção do acesso transforaminal para a coluna

lombar, como sendo o mais versátil e menos invasivo dos vários

métodos disponíveis”, destaca Anthony.

Segundo o palestrante, os métodos e avanços variam em nível

global, devido a diferentes necessidades em diferentes países.

Os Estados Unidos e a Europa têm colocado limitações sobre as

inovações que exigem implantes caros.

“O futuro do MIS trará mais foco ao cirurgião, além de identificar

o gerador da dor e tratamento adequado sem implantes caros,

exceto quando o disco e a descompressão foraminal requererem

estabilização. O mundo está pronto para o MIS, e o Brasil será o

fórum onde se reunirão todas as técnicas e conceitos”, avalia o

especialista.

Um dos mais importantes nomes da cirurgia de coluna da

atualidade, Hansjörg Leu (Suiça), também participará do evento

onde apresentará várias abordagens de MISST.

De acordo com Hansjörg, este método vem evoluindo desde 1982,

no “boom” comercial, porém algumas técnicas tornaram-se mais

rigorosas, com indicações clínicas criteriosas.

O cirurgião explica que o emprego de MISS somente faz sentido em

problemas estruturais acessíveis.

“Considero que um grande campo permanece reservado para tipos

convencionais de cirurgia. Hoje todas as formas de hérnias foraminais

são tratadas desta forma, algumas mediolateral em L5/S1”, destaca.

O cirurgião de coluna fez uma análise sobre a situação de

MISST. Ele acha importante a apresentação de dados concretos,

com divulgação de trabalhos científicos e realização de cursos de

instrução como sendo a melhor maneira de promover este tipo de

cirurgia sem danos.

“Infelizmente, algumas indústrias tempos atrás promoveram

estas técnicas para todos os tipos de problemas, o que

definitivamente foi uma maneira errada e, em certos campos,

como a cirurgia a laser, que marcadamente danificou a imagem da

cirurgia de acesso mínimo”, enfatiza.

A expectativados fellowship

CCMI Um dos pontos altos do programa do evento

será a reunião dos fellowship CCMI-SBC, onde

haverá discussões e a apresentação dos resultados

dos estágios realizados no Hospital Coluna

Wooridul, em Seul (Coreia do Sul) e no Leopoldina

Schweinfurt Hospital (Alemanha).

O Informativo perguntou para quatro

bolsistas o que eles esperam do III WCMISST e

III COMINCO. Confira as opiniões:

“Mais que uma expectativa, eu tenho a certeza

de que será o maior evento de cirurgia de coluna já

realizado no Brasil, recompensando seus participantes

com um volume grandioso de informações atualizadas

e a oportunidade de interagirmos com os grandes

cirurgiões de vários países.”

Ricardo Dias - Bauru (SP)

“Desejo que o evento seja tão bom e bem-organizado

como os anteriores. O meu interesse pela cirurgia

minimamente invasiva começou quando assisti ao

Congresso de Gramado, em 2008. Naquela ocasião não

tinha a real ideia de o quanto era possível fazer com

a cirurgia minimamente invasiva. Assistir cirurgiões

renomados apresentando trabalhos científicos sobre

cirurgia minimamente invasiva foi decisivo para

eu estar hoje na Alemanha fazendo o meu fellowship.

A minha expectativa é de que mais cirurgiões possam

ter o mesmo interesse despertado neste congresso.”

Dr. Joel Abramczuk - Porto Alegre (RS)

“A minha expectativa é a melhor possível. Existe

um grande número de convidados estrangeiros e de

capacidade reconhecida. Além disso, esses encontros

sempre trazem novos conceitos e ideias para a solução

dos desafios específicos da especialidade e oportunizam

o contato direto com palestrantes e com colegas de

centros de capacidade reconhecida de outros países.”

Dr. Fábio Santos - Porto Alegre (RS)

“Confio muito na equipe organizadora do III WCMISST.

A estrutura e as facilidades que estarão à disposição

dos participantes na Bahia já garantem o seu sucesso

antecipado. Teremos a oportunidade de conhecer,

aprender e discutir o que há de mais moderno e atual nas

técnicas minimamente invasivas de coluna vertebral.”

Dr. Pablo Werlang - São Leopoldo (RS)

evento evento

Informativo SBC - JUN/JUL/AGO 2012

1716

A formação do cirurgião de coluna no país

Estamos iniciando uma série de matérias sobre ensino

médico, mais precisamente sobre a formação em

cirurgia da coluna a partir do trabalho dos Serviços

Credenciados pela SBC, que somam 52 no país.

Nas quatro páginas a seguir, você irá conhecer um pouco mais

sobre a atuação de algumas instituições de saúde que se dedicam

à Residência Médica, nível R4. Vamos começar com três cases:

Instituto de Cirurgia da Coluna (Porto Alegre); Centro Mineiro de

Cirurgia da Coluna (Belo Horizonte) e Santa Casa da Bahia-HGE

(Salvador).

No mês de setembro, a residência médica completará 35

anos de atividades no Brasil, conforme o Decreto nº 80.281 (5 de

setembro de 1977).

Um estudo recente sobre o ensino médico no Brasil mostra que é

fundamental que se entenda que a formação do médico não é apenas

um repasse de conhecimentos e identifica o professor, o preceptor

como o profissional que precisa estar ao lado do aluno ou estagiário.

De acordo com a pesquisa, o residente deve saber tomar decisões,

mas sempre sob a supervisão do preceptor, que, necessariamente,

precisa estar presente.

Só se aprende medicina com o testemunho da presença. Com

a palavra, os responsáveis pela formação do cirurgião de coluna

brasileiro.

ensino

Portal de Saúde Baseada em Evidência

Lançada em 17 de julho, a iniciativa é uma

parceria entre o CFM e o Governo. O portal

disponibiliza o acesso do público a diversas

publicações científicas.

A base de dados foi selecionada a partir de

levantamento realizado por pesquisadores e

docentes de universidades públicas, levando em

conta a relevância e a atualidade do conteúdo

para atender às principais necessidades dos

profissionais.

» Acesse o link http://periodicos.saude.gov.br e clique em CADASTRO DE NOVO USUÁRIO.

» Preencha o formulário e informe um e-mail e senha.

» Clique em gravar para finalizar o cadastro.

Para acessar o portal, selecione a sigla do

Conselho Federal de Medicina (CFM), informe seu

número de registro, unidade de federação e data

de nascimento.

R4 Minas GeraisO Centro Mineiro de Cirurgia da Coluna foi criado em 2003

com o objetivo de reunir profissionais da área médica envolvidos

diretamente com o estudo e cuidados dos pacientes que apresentam,

principalmente, doenças da coluna, atuando também na prevenção

dessas patologias.

No momento, o grupo é formado por ortopedistas, neurocirurgião,

neurologista, anestesiologista e radiologistas, ligados direta ou

indiretamente à área da coluna vertebral, o que torna o CMCC um

centro de excelência para o tratamento de qualquer patologia da coluna

vertebral, com o suporte dos hospitais Vera Cruz, Hospital Mater Dei,

Hospital Socor e Hospital Luxemburgo, de Belo Horizonte.

A coordenação está a cargo do ortopedista e cirurgião de coluna

Maurício Calais, e os membros efetivos são os Drs. Luiz Cláudio de

Moura França, Marcelo Gonçalves Rugani e Dr. Rafael Gonçalves

Duarte; membros associados Ramon Teodoro Silveira, José Carlos

Tadeu Martins, Luciana Batista Rocha Rugani, Manoel de Figueiredo

Villarroel e Francisco de Assis Bravim de Castro.

“A preocupação constante em atualização nas mais modernas

técnicas e avanços na área da coluna vertebral norteou o

estabelecimento das diretrizes que determinam as atividades do

grupo”, diz Maurício Calais.

Segundo o coordenador do Serviço, o ensino e o treinamento

também se constituem num dos alicerces da filosofia de trabalho do

Centro, que já recebeu médicos de varias regiões do país tanto para

treinamento na área como especialização ou estágio.

O CMCC está formando dois novos cirurgiões de coluna por ano,

e as atividades científicas seguem as recomendações e orientações

da Sociedade Brasileira da Coluna Vertebral, da qual todos os seus

integrantes efetivos são membros.

Calais salienta que o reflexo da seriedade e qualidade do

treinamento realizado pelo CMCC pode ser traduzido na oficialização

da Sociedade Brasileira de Coluna, que em 2009 reconheceu como

sendo o primeiro serviço em Minas Gerais reconhecido para a

formação de médicos em cirurgia de coluna vertebral.

018 019

Informativo SBC - JUN/JUL/AGO 2012

1918

ensino

R4 na BahiaCriado em 2010, pelo Dr. Maurício Gusmão, o estágio de R4 recebeu o apoio

dos Drs. Jayme Freire e Eduardo Gil, que uniram forças para a fusão de dois

serviços de cirurgia da coluna em Salvador: Santa Casa de Misericórdia da Bahia

– Hospital Santa Izabel e o Hospital Geral do Estado da Bahia (HGE).

O Serviço de Ortopedia do HSI é chefiado pelo Dr. Flávio Sant’ana, e o grupo

de Coluna está sob a coordenação do Dr. Mauricio Gusmão.

O Prof. Gusmão explica que o estagiário tem oportunidade de participar de

cirurgias para tratamento de patologias degenerativas, deformidades e tumores

vertebrais. “Realizamos também sessões clínicas semanais, com discussão dos

casos, artigos científicos e aulas didáticas sobre as patologias vertebrais”, diz.

Já o HGE se caracteriza como hospital de alta complexidade e especializado

em urgência e emergência em trauma. Ele foi construído para substituir o

Hospital Getúlio Vargas (HGV), antigo Pronto Socorro, que durante 50 anos

prestou assistência à saúde em urgência e emergência na capital baiana.

A instituição possui cerca de 2 mil funcionários, uma média de 80 mil

pacientes atendidos por ano, 240 leitos de internação, distribuídos em oito

enfermarias, e mais 32 leitos de UTI, e em torno de 700 cirurgias/mês.

O HGE é o maior hospital de trauma do estado da Bahia e o único que dispõe

de uma equipe de trauma raquimedular (TRM), coordenado pelo Dr. Eduardo Gil,

que substituiu o Dr. Jayme Freire. Atualmente conta com 11 cirurgiões de coluna

(ortopedistas e neurocirurgiões) para atender a população.

O coordenador Eduardo Gil destaca que o HGE tem uma estrutura completa,

equipe multidisciplinar, uma enfermaria para pacientes com TRM com 18 (dezoito)

leitos e uma sala de cirurgia totalmente equipada exclusiva para cirurgia de coluna.

O grupo de coluna realiza em média cinco cirurgias por semana. E para o auxílio

na recuperação dos pacientes, o HGE tem uma parceria com o Centro Estadual

de Prevenção e Reabilitação (CEPRED) para a aquisição de coletes ortopédicos e

cadeiras de rodas.

De acordo com o coordenador, Mauricio Gusmão, em 2011, o primeiro R4 do

Serviço Credenciado SBC/Bahia foi o Dr. Rony Brito, que foi aprovado na prova

para novos sócios da SBC. Em 2010, durante o estágio no HGE foram realizadas

uma média de 180 cirurgias de coluna;

o Serviço também dispõe de bolsa para

estagiário.

“O estágio de R4 da Coluna Vertebral

da Santa Casa de Misericórdia da Bahia

e Hospital Geral do Estado oferece uma

grande variedade de cirurgias para boa

formação profissional, sendo que o foco

central é o trauma vertebral”, diz Gusmão.

Histórico

A Santa Casa da Bahia foi fundada em

1549 por Thomé de Souza e é a segunda

instituição mais antiga do país e o primeiro

hospital de Salvador, chamado Nossa

Senhora das Candeias. Ao longo do tempo

o hospital mudou de denominação e

também de local, passando a ser chamado

desde 1983 de Hospital Santa Izabel

(HSI), localizado no bairro de Nazaré,

numa área de 40 mil metros quadrados.

Economicamente, é a principal Unidade

da Santa Casa, representando 76% do

faturamento.

É considerado um Hospital Geral, de

alta complexidade, realizando cirurgias

de cardiologia, neurologia, ortopedia e

muitas outras especialidades.

O Hospital Geral (HSI) ocupa uma

área total de mais de 39 mil metros

quadrados, sendo 29.900 de área

construída. Sua capacidade é de 474

leitos, 60% destinados a pacientes do

Sistema Único de Saúde (SUS) e 40% a

usuários de convênios, planos de saúde

e particulares.

Na área de ensino médico, a instituição

desenvolve um importante programa de

internato e residência para os alunos da

Escola Bahiana de Medicina.

R4 Rio Grande do SulFundado em 1893 pelos professores doutores Eduardo

Paglioli (neurocirurgião) e Afane Serdeira (ortopedista), o

Grupo de Coluna do Hospital São Lucas da PUCRS, desde

2005, atende pelo nome de Instituto Gaúcho de Cirurgia da

Coluna Vertebral, permanecendo com os mesmos objetivos

desde a sua fundação: promover assistência médica,

clínica e cirúrgica, bem como a correção de deformidades

espinhais, sob uma ótica multidisciplinar fundamentada

em evidências médicas disponíveis, visando ao alívio da

dor e à recuperação neurológica e laboral, ao portador de

patologias da coluna vertebral.

Formado a partir do idealismo de uma equipe com mais

de 30 anos de experiência multidisciplinar, o grupo de

profissionais do Instituto Gaúcho de Cirurgia da Coluna

é responsável pela área de tratamento dos distúrbios

da coluna vertebral do Hospital São Lucas da PUCRS,

constituindo-se num dos primeiros no país a se organizar

como equipe multidisciplinar.

Segundo o coordenador do Serviço credenciado pela

SBC, Erasmo de Abreu Zardo, o diferencial do ICC não está

apenas na qualificação técnica individual dos membros

da equipe — mestres e doutores em cirurgia, neurologia,

ortopedia e traumatologia —, mas na logística do trabalho

multidisciplinar e modo de atuação.

A escola e formação médica que a equipe do Instituto

da Coluna segue é predominantemente conservadora, com

ênfase em terapias alternativas (fisioterapia, acupuntura,

terapia de dor, etc.), proporcionando recuperação sem

riscos adicionais e custos exagerados.

Da mesma forma, a equipe dá preferência por tratamentos

minimamente invasivos, com menor custo, morbidade e

retorno precoce às atividades laborativas.

Quando necessárias à intervenção cirúrgica, as indicações

e conferências médicas entre a equipe multidisciplinar são

fundamentais (medicina baseada em evidências)

na busca da melhor alternativa de tratamento.

O volume de procedimentos cirúrgicos

realizados varia entre 350 e 380 ao ano, divididos

de maneira harmônica entre os principais grupos

de patologias (degenerativas, traumáticas,

neoplasias e infecções), grupos etários (crianças,

adultos e idosos) e técnicas convencionais, bem

como minimamente invasivas.

O ICC mantém um curso de extensão em cirurgia

da coluna vertebral com programação teórica e

prática com abordagens posteriores para a conduta

cirúrgica para as patologias da CV.

Atividades Cirúrgicas

O Estagiário do curso participa como Auxiliar

Cirúrgico nos procedimentos realizados nos

pacientes conveniados e particulares, bem como

nos pacientes previdenciários, na medida das

suas capacidades. Ao final do curso, deverá ter

realizado todos os procedimentos cirúrgicos da

especialidade, sob a supervisão e orientação dos

preceptores encarregados da especialidade.

Afrane Serdeira, responsável pelo Curso de

Extenção, explica que o aluno poderá optar, no

segundo semestre, pela realização de um estágio

com o Dr. Helton Defino, na Faculdade de Medicina

de Ribeirão Preto-SP e Hospital de Clínicas de

Ribeirão Preto-SP, ou com o Dr. Emiliano Vialle,

na Pontifícia Universidade Católica do Paraná

e Hospital Cajuru, com duração de 2 (dois)

meses, conforme convênio estabelecido entre

as Coordenadorias da Área de Coluna das duas

Instituições.

020 021

Informativo SBC - JUN/JUL/AGO 2012

20 21

Se você se sente

bem, talvez esteja bem

Ilust.: Joe Mortis

Profilaxia

Reconhecer, aparentemente, quem está

potencialmente saudável salva algumas vidas (embora

o Instituto Nacional do Câncer não tenha encontrado

nenhuma evidência para isso em seus últimos grandes

estudos sobre câncer de próstata e de ovário). Mas, em

definitivo, o rastreamento precoce evita outros processos

desnecessários para o sistema, tais como: consultas,

exames, medicamentos e cirurgias desnecessárias (sem

mencionar outros itens relacionados ao seguro, de forma

desnecessária).

Este processo não promove a saúde, promove a

doença. As pessoas sofrem de mais ansiedade sobre a sua

saúde, a partir de efeitos colaterais dos medicamentos

e de complicações de intervenções cirúrgicas. Algumas

morrem. E lembre-se: essas pessoas se sentiam bem

quando entraram no sistema de saúde.

Não foi sempre assim. No passado, os médicos faziam

o diagnóstico e iniciavam o tratamento apenas em

pacientes que estavam com problemas. Claro que ainda

fazem isso hoje. Mas cada vez mais operam sob o preceito

do diagnóstico precoce: em busca de diagnosticar e iniciar

o tratamento em pessoas que não estão enfrentando

problemas. Isso é uma grande mudança na abordagem,

o foco era na doença e não no estar bem.

Pense nisso desta maneira: no passado, você ia ao

médico porque você estava com algum problema e você

queria saber o que fazer sobre isso. Agora você vai ao

médico porque você quer ficar bem e aprender, em vez

de ter um problema.

Como chegamos aqui? Ou talvez, mais direto ao

ponto: de quem é a culpa? Uma resposta é a indústria de

cuidados de saúde: transformando pessoas em pacientes,

o rastreamento ganhou muito dinheiro das empresas

farmacêuticas, hospitais e médicos. O diretor médico

da Sociedade Americana do Câncer salientou uma vez

que seu hospital poderia ganhar em torno de US$ 5.000

por cada sessão gratuita de rastreamento do câncer

de próstata, graças aos procedimentos de biópsias,

tratamentos e cuidados de acompanhamento.

A resposta mais simplista à questão da culpa é: Richard

Nixon. Foi Nixon que disse: “Nós precisamos trabalhar em

saúdeum sistema que inclua maior ênfase no cuidado preventivo”.

O cuidado preventivo foi fundamental para a promoção

da sua administração nas organizações de manutenção

da saúde e para a guerra contra o câncer. Mas a promoção

legítima da saúde, em grande parte, dependia de uma

dieta saudável, exercícios físicos e não fumar. Isso

não se encaixava bem na cultura biomédica, que foi

transformando os cuidados preventivos em pesquisas de

alta tecnologia para detectar o início da doença.

Tratamento

Alguns médicos têm reconhecido que a abordagem

é uma distração para a comunidade médica. É mais

fácil transformar as pessoas em novos pacientes do

que tratar o doente de fato. É mais fácil desenvolver

novos tipos de exames e testes do que desenvolver

melhores tratamentos.

E é muito mais fácil avaliar pessoas saudáveis do que

fazer exames e determinar como os bons médicos devem

gerir os doentes crônicos.

Mas o preceito do diagnóstico precoce era muito

intuitivo, muito interessante, muito difícil de desafiar e

muito fácil de sustentar.

Os rumores mostram que isso está começando a mudar.

Deixe-me ser claro: o diagnóstico precoce não é

sempre errado. Os médicos preferem ver pacientes no

início do curso de seu ataque cardíaco do que esperar até

que eles desenvolvem pressão arterial baixa e batimentos

cardíacos irregulares. E preferem ver mulheres com

nódulos mamários pequenos do que esperar até que

elas desenvolvam grandes massas mamárias. A questão

é quantas vezes e quando devemos chegar à frente dos

sintomas.

Durante anos, as pessoas foram estimuladas a procurar

a assistência médica como forma de torná-las saudáveis.

Mas esse é o trabalho do agente segurador, porém você não

pode ter esse beneficio de fora para dentro de seu corpo. Os

médicos podem ser capazes de ajudar, podem ser autores

de livros de receitas, personal trainers, clérigos ou um bom

amigo. Nós todos estaríamos melhores se o sistema

médico estivesse um pouco mais perto de sua missão

original: ajudar pacientes doentes e deixar o ser saudável.

O diagnóstico precoce tornou-se um

dos preceitos mais fundamentais da

medicina moderna. É algo como isto:

a melhor maneira de manter as pessoas saudáveis é

descobrir se elas têm (dentre essas) doenças cardíacas,

autismo, glaucoma, diabetes, problemas vasculares,

osteoporose ou, claro, o câncer descobertos mais

cedo. E a melhor maneira de encontrar essas possíveis

doenças precocemente é por meio do rastreamento.

É um preceito que ressoa com a intuição do

público em geral: obviamente que é melhor pegar

e resolver os problemas o mais rápido possível. Um

estudo publicado no The New England Journal of

Medicine, em fevereiro deste ano, explica o que os

pesquisadores chamaram da melhor evidência para

reduzir as mortes por câncer de cólon a colonoscopia.

Recentemente, no entanto, tem havido rumores

dentro da profissão médica que sugerem que o

entusiasmo para o diagnóstico precoce pode estar

diminuindo. Destacam-se as recomendações contra

exame de próstata para homens saudáveis e para

reduzir a frequência de câncer de mama, assim como o

rastreamento do câncer cervical. Alguns especialistas

ainda advertem contra os resultados da colonoscopia

precoce, apontando que os participantes do estudo

foram, provavelmente, muito mais saudáveis do que

a população em geral, tornando-os menos propensos

a morrer de câncer de cólon. Além disso, há uma

preocupação sobre a detecção e tratamento de

diabetes precoce e um crescente reconhecimento

de que o autismo tem sido também amplamente

definido e descrente em relação às novas diretrizes

para o exame de colesterol universal das crianças.

A estratégia básica por trás do diagnóstico precoce

é incentivar o bem para se examinar – para determinar

se não se está, de fato, doente.

A verdade é que a maneira mais rápida para

diagnosticar doenças cardíacas, autismo, glaucoma,

diabetes, problemas vasculares, osteoporose ou

o câncer... é o rastreamento. Em outras palavras,

o problema é o excesso de diagnósticos e

tratamentos.

H. Gilbert Welch

Professor de medicina no Instituto Dartmouth de Políticas de Saúde e Prática

Clínica, é autor de “Overdiagnosed: Making People Sick in the Pursuit of Health”.

Fonte: NY Times/International Herald Tribune/27/02/2012

023

Informativo SBC - JUN/JUL/AGO 2012

22

Vivências de um jovem médiconos últimos 10 anos da SBC

Na edição 2011 do curso “Técnicas Modernas e

Avanços da Cirurgia da Coluna Vertebral” (Ribeirão

Preto), completaram-se 10 anos de minha seleção

pela SBC para participar do primeiro Fellow oferecido pela

European Spine Society (ESS), em 2002.

Esse momento foi marcante para mim: ampliou o círculo de colegas

com o velho mundo e criei fortes amizades. Paralelamente a esse fato,

a SBC iniciou a sua projeção e estruturação dentro do universo

científico promovendo a internacionalização de nossa Sociedade.

Esses jovens sócios foram o embrião da futura Comissão de

Capacitação Profissional (CCP), responsável pela admissão de

novos sócios, na qual iniciei a minha participação trabalhando para

a elaboração e aplicação da primeira prova, no Congresso da SBC de

2005, na Bahia.

Lembro-me da tarefa desafiadora de elaborar um exame de

acesso à SBC. Os trabalhos foram presididos pelos colegas Sérgio

Zylbersztejn, Osmar Moraes e Maurício Calais. Após a realização

do exame houve a adesão dos colegas Luiz Eduardo Munhoz

da Rocha, atual presidente da SBC, e Edson Pudles, que está à

frente dos trabalhos da CCP.

A prova para admissão de novos sócios é um marco na entrada dos

novos sócios na SBC. Sua realização é anual, com provas elaboradas

por uma equipe formada por vários colegas provenientes de várias

regiões do país. Em média, a participação é de 50 candidatos, entre

ortopedistas e neurocirurgiões de todo o Brasil.

Depois de alguns anos na CCP fui convidado a ingressar na

Comissão de Defesa Profissional (CDP), onde discutimos assuntos

pertinentes à prática médica dos associados, entre os quais o

relacionamento com pacientes e fontes pagadoras.

Desde a gestão do Prof. Mário Taricco, a SBC conta com

a consultoria do advogado Sérgio Pittel, que confeccionou

em conjunto com a CDP um documento para orientação no

relacionamento com os convênios médicos.

Em 2009, durante o Congresso de Foz de Iguaçu, fui eleito

presidente do XIII Congresso da SBC, que aconteceu em 2011, em

Campos do Jordão (SP), com a participação de 850 congressistas.

Entre os 24 participantes estrangeiros, três deles, os professores

Norbert Passutti, Michael Mayer e Ahmet Alanay, receberam-me em

seus Serviços durante o fellowship da ESS.

Hoje, sou membro da diretoria da SBC e participo das

ações que visam modernizar e fortalecer a Sociedade.

Entre as mudanças concretas e de conhecimento está

a reformulação da homepage, que se tornou um canal

mais interativo e rico em ações para desenvolver o

conhecimento na área de coluna vertebral na web.

A revista COLUNA/COLUMMA segue a sua linha

editorial universalizando a pesquisa científica em

parceria com as mais representativas sociedades

de coluna internacionais. Por outro lado, o nosso

tradicional boletim informativo transformou-se em

uma revista de conteúdo geral, divulgando temas de

interesse de todos.

Em 2011, aderimos à SILACO. Nas ações imediatas

dessa aproximação está sendo organizado o primeiro

encontro entre a Sociedade Brasileira de Coluna e

a Sociedade Argentina de Coluna, que deverá ser

realizado no mês de dezembro de 2012, antes do

Congresso Argentino de Ortopedia e Traumatologia, que

homenageará o Brasil.

Em março deste ano a SBC participou como apoiadora

do Congresso da Sociedade Portuguesa de Coluna

Vertebral, realizado em Leiria. Em maio, a SBC marcou

presença no tradicional Spineweek, em Amsterdam.

A minha visão para os próximos dez anos é a de uma

SBC mais forte e dinâmica, com maior participação

dos jovens sócios integrados com a experiência dos

mais velhos.

O relacionamento com as sociedades estrangeiras

poderá fornecer oportunidades para criação de novos

fellowships, além dos atuais, fornecidos pelo CCMI-

SBC na Coreia do Sul e na Alemanha.

Lembrando ainda que em 2011, após o evento

de Campos do Jordão e de Chicago (Congresso da

NASS), foram estabelecidas metas para que, em

2014, possamos trabalhar em conjunto nas ações

desenvolvedoras de projetos científicos.

Uma recomendação: prestigiem e participem das

atividades da nossa Sociedade.

Publicação científica da Sociedade Brasileira de Coluna • Artigos originais Versão online • Indexada nas bases Lilacs e Scopus/Elsevier Distribuição gratuita para sócios com anuidade em diaEditor: Dr. Helton Defino • Editor Executivo: Dr. Sérgio Daher

SBCSociedade Brasileira de Coluna

REVISTA COLUNA /COLUMNASurpreenda-se com a qualidade da produção científica brasileira na área da coluna vertebral.

Assinatura para não sócios:

R$ 80,00

atuação

“ A prova para

admissão de novos

sócios é um

marco na Sociedade

Marcelo Wajchenberg

[email protected]

024

ARRUME AS MALASE VENHA PARA A BAHIA.

ESTÃO ABERTAS AS INSCRIÇÕES E OS PACOTES DE HOSPEDAGEM PARA O

44º CONGRESSO BRASILEIRO DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA

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SALVADOR - DE 15 A 17 DE NOVEMBRO DE 2012

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