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Informativo STF Mensal nº 68
Abril de 2017
Compilação dos Informativos nos 860 a 862
O Informativo STF Mensal apresenta todos os resumos de julgamentos divulgados pelo
Informativo STF concluídos no mês a que se refere e é organizado por ramos do Direito e por
assuntos.
SUMÁRIO Direito Administrativo
Aposentadorias e Proventos
Integralidade e Emenda Constitucional 70/2012 Cargo Público
Acumulação de cargo público e ‘teto’ remuneratório Servidores Públicos
Responsabilidade subsidiária da Administração e encargos trabalhistas não adimplidos
Direito Constitucional
Assistência Social
Estrangeiros e beneficiários de assistência social Bens da União
Terrenos de marinha localizados em ilhas costeiras sede de Municípios e bens federais Direito de Greve
Direito de greve e carreiras de segurança pública Gratuidade de Ensino
Gratuidade de ensino e cobrança de mensalidade em curso de especialização Imunidade Tributária
Petrobras e imunidade - 2 Precatórios
RPV e juros moratórios - 2
Conselhos profissionais e sistema de precatórios
Direito Penal
Dolo
Crime de dispensa irregular de licitação e dolo específico Pena
Remição da pena e jornada de trabalho inferior a seis horas
Cumprimento de pena em regime semiaberto ou aberto e estabelecimento prisional
adequado Perdão Judicial
Colaboração premiada e requisitos para concessão de perdão judicial - 2 Prisão Preventiva
‘Habeas corpus’, competência do STF e soberania dos veredictos do Tribunal do Júri
Prisão preventiva e acordo de colaboração premiada
2
Direito Processual Civil
Coisa Julgada
Preclusão e autonomia das entidades esportivas Execução
Execução individual de ação coletiva e competência
Direito Tributário
Imunidade Tributária
IPTU: imunidade tributária recíproca e cessão de uso de bem público - 5
IPTU e imóvel de ente público cedido a empresa privada - 3 Incentivo Fiscal
Alíquota de IPI para produção de açúcar e localização geográfica Limitação ao Poder de Tributar
IPTU e imóvel de ente público cedido a empresa privada - 2
DIREITO ADMINISTRATIVO
Aposentadorias e Proventos
Integralidade e Emenda Constitucional 70/2012 Os efeitos financeiros das revisões de aposentadoria concedida com base no art. 6º-A (1) da Emenda
Constitucional (EC) 41/2003, introduzido pela EC 70/2012, somente se produzirão a partir da data de sua
promulgação (30.3.2012).
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário em
que se discutia a possibilidade de servidor público aposentado por invalidez permanente, em decorrência
de doença grave, após a vigência da EC 41/2003, mas antes do advento da EC 70/2012, receber
retroativamente proventos integrais calculados sobre a remuneração do cargo efetivo em que se deu a
aposentadoria.
No caso, após 26 anos de serviço público, a recorrida aposentou-se por invalidez permanente, em
decorrência de doença grave, com proventos calculados com base na EC 41/2003 e na Lei 10.887/2004.
Ante a inesperada redução do valor de seus proventos, a servidora ajuizou ação para o
restabelecimento da quantia inicialmente percebida.
No curso do processo sobreveio a EC 70/2012, que introduziu o art. 6º-A. Com fundamento nesse
dispositivo, o juiz de primeiro grau julgou procedente a ação para restabelecer a integralidade dos
proventos de aposentadoria, acrescidos da diferença dos atrasados, corrigidos monetariamente. Essa
decisão foi mantida pelas demais instâncias judiciárias.
O Plenário afirmou que, no caso de aposentadoria por invalidez, a Constituição Federal (CF)
original assegurava o direito aos proventos integrais e à integralidade. Dessa forma, os proventos não
seriam proporcionais, mas iguais ao da última remuneração em atividade.
Essa situação perdurou até a EC 41/2003, que manteve os proventos integrais, não proporcionais ao
tempo de serviço, como se o servidor tivesse trabalhado todo o tempo de serviço. Porém, essa emenda
acabou com a integralidade e determinou a aposentadoria com base na média dos 80% dos maiores
salários de contribuição, e não mais no valor da remuneração do cargo.
Em 2012, a EC 70/2012 restabeleceu a integralidade, mas com efeitos financeiros a partir de sua
publicação. Assim, o servidor passou a ter direito à integralidade dos proventos. Esse direito, no entanto,
não retroage para alcançar período anterior.
Vencidos os ministros Dias Toffoli (relator), Edson Fachin, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e
Cármen Lúcia, que negavam provimento ao recurso. Sustentavam que o servidor público aposentado por
invalidez permanente em decorrência de acidente em serviço ou de moléstia profissional ou doença grave,
contagiosa ou incurável prevista em lei, entre o início da vigência da EC 41/2003 e a publicação da EC
70/2012, teria jus à integralidade e à paridade desde a data da inativação.
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Pontuavam que a EC 41/2003 não teria acabado com a integralidade das aposentadorias concedidas
por invalidez e que a EC 70/2012 não teria instituído nada de novo, mas apenas veio a dirimir as dúvidas
de modo a tornar claro o direito existente.
(1) Emenda Constitucional 41/2003: “Art. 6º-A. O servidor da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
incluídas suas autarquias e fundações, que tenha ingressado no serviço público até a data de publicação desta Emenda Constitucional e que tenha se aposentado ou venha a se aposentar por invalidez permanente, com fundamento no inciso I do § 1º do
art. 40 da Constituição Federal, tem direito a proventos de aposentadoria calculados com base na remuneração do cargo efetivo em
que se der a aposentadoria, na forma da lei, não sendo aplicáveis as disposições constantes dos §§ 3º, 8º e 17 do art. 40 da Constituição Federal.”
RE 924456/RJ, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em
5.4.2017. (RE-924456)
(Informativo 860, Plenário, Repercussão Geral) 1ª Parte: 2ª Parte:
Cargo Público
Acumulação de cargo público e ‘teto’ remuneratório Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos e funções, a
incidência do art. 37, XI (1), da Constituição Federal (CF) pressupõe consideração de cada um dos
vínculos formalizados, afastada a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos
do agente público.
Com base nesse entendimento, o Plenário, em julgamento conjunto e por maioria, negou
provimento a recursos extraordinários e reconheceu a inconstitucionalidade da expressão
“percebidos cumulativamente ou não” contida no art. 1º da Emenda Constitucional (EC) 41/2003,
que alterou a redação do art. 37, XI, da CF, considerada interpretação que englobe situações
jurídicas a revelarem acumulação de cargos autorizada constitucionalmente.
Além disso, declarou a inconstitucionalidade do art. 9º da EC 41/2003 (2), para afastar
definitivamente o art. 17 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) (3), por já ter
surtido efeitos na fase de transformação dos sistemas constitucionais — Cartas de 1967/1969 e 1988
—, excluída a abrangência a ponto de fulminar direito adquirido.
No caso, os acórdãos recorridos revelaram duas conclusões principais: a) nas acumulações
compatíveis com o texto constitucional, o que auferido em cada um dos vínculos não deve
ultrapassar o teto constitucional; e b) situações remuneratórias consolidadas antes do advento da EC
41/2003 não podem ser atingidas, observadas as garantias do direito adquirido e da irredutibilidade
de vencimentos, porque oponíveis ao poder constituinte derivado.
O Colegiado afirmou que a solução da controvérsia pressupõe interpretação capaz de
compatibilizar os dispositivos constitucionais em jogo, no que aludem ao acúmulo de cargos
públicos e das respectivas remunerações, incluídos os vencimentos e proventos decorrentes da
aposentadoria, considerados os preceitos atinentes ao direito adquirido (CF, art. 5º, XXXVI) e à
irredutibilidade de vencimentos (CF, art. 37, XV).
Ressaltou que a percepção somada de remunerações relativas a cargos acumuláveis, ainda que
acima, no cômputo global, do patamar máximo, não interfere nos objetivos que inspiram o texto
constitucional. As situações alcançadas pelo art. 37, XI, da CF são aquelas nas quais o servidor
obtém ganhos desproporcionais, observadas as atribuições dos cargos públicos ocupados. Admitida a
incidência do limitador em cada uma das matrículas, descabe declarar prejuízo à dimensão ética da
norma, porquanto mantida a compatibilidade exigida entre trabalho e remuneração.
Assentou que as possibilidades que a CF abre em favor de hipóteses de acumulação de cargos