52
Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 1 32 Mercados públicos se preparam para 2014 18 Gesso - o ouro do Araripe Impresso Especial 9912266613/2010-DR/PE Fecomércio-PE ... CORREIOS ... A revista do comércio de Pernambuco | Ano I – nº 04 | Jul-Ago/2012 26 Chegada de grandes grupos empresariais a Pernambuco é indicador positivo para empresários

Informe Fecomércio-PE nº 04

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Chegada de grandes grupos empresariais a Pernambuco é indicador positivo para empresários.

Citation preview

Page 1: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 1

32 Mercados públicos se preparam para 201418 Gesso - o ouro do Araripe

ImpressoEspecial

9912266613/2010-DR/PEFecomércio-PE

... CORREIOS ...

A revista do comércio de Pernambuco | Ano I – nº 04 | Jul-Ago/2012

26 Chegada de

grandes grupos empresariais

a Pernambuco é indicador positivo para empresários

Page 2: Informe Fecomércio-PE nº 04

2 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 www.sescpe.com.br

Page 3: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 3

Sede Provisória: Rua do Sossego, 264, Boa Vista, Recife, Pernambuco, CEP 50050-080Tel.: (81) 3231.5393 - Fax: (81) 3222.9498 www.fecomercio-pe.com.br e-mail: [email protected]

Presidente Josias Silva de Albuquerque

1º Vice-Presidente Frederico Penna Leal; 2º Vice-Presidente Bernardo Peixoto dos Santos O. Sobrinho; 3º Vice-Presidente Alex de Oliveira da Costa; Vice-Presidente p/ Assuntos do Comércio Atacadista Rudi Marcos Mag-gioni; Vice-Presidente p/ Assuntos do Comércio Varejista Joaquim de Castro Filho; Vice-Presidente p/ Assuntos do Comércio de Agentes Autônomos Severino Nascimento Cunha; Vice-Presidente p/ Assuntos do Comércio Arma-zenador José Carlos Raposo Barbosa; Vice-Presidente p/ Assuntos do Comércio de Turismo e Hospitalidade Júlio Crucho Cunha; Vice-Presidente p/ Assuntos do Comércio de Serviços de Saúde José Cláudio Soares; 1º Dir.-Secretário João de Barros e Silva; 2º Dir.-Secretário José Carlos da Silva; 3º Dir.-Secretário José Stélio Soares; 1º Dir.-Tesoureiro José Lourenço Custódio da Silva; 2º Dir.-Tesoureiro Roberto Wagner Cavalcanti de Siqueira; 3ª Dir.-Tesoureira Ana Maria Caldas de Barros e Silva; Dir. p/ Assuntos Tributários Diógenes Domingos de Andrade Filho; Dir. p/ Assuntos Sindicais José Manoel de Almeida Santos; Dir. p/ Assuntos de Relações do Trabalho José Carlos de Santana; Dir. p/ Assuntos de Desenvolvimento Comercial Eduardo Melo Catão; Dir. p/ Assuntos de Crédito Michel Jean Pinheiro Wanderley; Dir. p/ Assuntos de Consumo Silvio Antonio de Vasconcelos Souza; Dir. p/ Assuntos de Turismo José Francisco da Silva; Dir. p/ Assuntos do Setor Público Milton Tavares de Melo Júnior; Dir. p/ Assuntos do Comércio Exterior Celso Jordão Cavalcanti. Conselho Fis-cal - Efetivos: João Lima Cavalcanti Filho, João Jerônimo da Silva Filho, Edilson Ferreira de Lima

Sindicatos Filiados:Sind. do Comércio de Vendedores Ambulantes do Recife, Olinda e Jaboatão - Tel.: 3224.5180 Pres. José Francisco da Silva; Sind. do Comércio Varejista de Catende, Palmares e Água Preta - Tel.: 3661.0775 Pres. Sérgio Leocádio da Silva; Sind. do Comércio de Vendedores Ambulantes de Caruaru - Tel.: 3721.5985 Pres. José Carlos da Silva; Sind. dos Lojistas no Comércio do Recife - Tel.: 3222.2416 Pres. Frederico Penna Leal; Sind. do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Recife - Tel.: 3221.8538 Pres. José Lourenço Custódio da Silva; Sind. do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado de Pernambuco - Tel.: 3231.5164 Pres. Ozeas Gomes da Silva; Sind. do Comércio Varejista dos Feirantes do Estado de Pernambuco - Tel.: 3446.3662 Pres. João Jerônimo da Silva Filho; Sind. do Comércio Varejista de Materiais Elétricos e Aparelhos Eletrodomésticos do Recife - Tel.: 3222.2416 Pres. José Stélio Soares; Sind. do Comércio Varejista de Garanhuns - Tel.: 3761.0148 Pres. João de Barros e Silva; Sind. do Comércio de Hortifrutigranjeiros, Flores e Plantas do Estado de Pernambuco - Tel.: 3252.1313 Pres. Alex de Oliveira da Costa; Sind. do Comércio de Jaboatão dos Guararapes - Tel.: 3476.2666 Pres. Bernardo Peixoto dos Santos O. Sobrinho; Sind. do Comércio Varejista de Maquinismos, Ferragens e Tintas do Estado de Pernambuco - Tel.: 3221.7091 Pres. Celso Jordão Cavalcanti; Sind. do Comércio Varejista de Petrolina - Tel.: 3861.2333 Pres. Joaquim de Castro Filho; Sind. dos Lojistas do Comércio de Caruaru - Tel.: 3722.4070 Pres. Michel Jean Pinheiro Wanderley; Sind. do Comércio de Autopeças do Estado de Pernambuco - Tel.: 3471.0507 Pres. José Carlos de Santana; Sind. dos Representantes Comerciais e Empresas de Representações Comerciais de Pernambuco - Tel.: 3226.1839 Pres. Severino Nascimento Cunha; Sind. das Empresas de Comércio e Serviços do Eixo Norte - Tel.: 3371.8119 Pres. Milton Tavares de Melo Júnior

Conselho Editorial: Lucila Nastassia, Nilton Lemos, José Fernandes de Menezes, Luiz Kehrle, José Oswaldo Ramos

Coordenação-Geral/Edição: Lucila NastassiaReportagens: Amanda Nóbrega, Janayna Brasil, Kamila Nunes, Mariana Fabrício, Mariana Nepomuceno, Marina Andrade, Nilton Lemos, Tony Duda (Multi Comunicação); Ceça Ataides, Tatiana NotaroCapa: André MarinhoDesign/Diagramação: André Marinho/Thiago MaranhãoFotos: Agência Rodrigo Moreira Revisão: Laércio Lutibergue Impressão: Gráfica Flamar Tiragem: 7.000 exemplares

INFORME FECOMÉRCIO-PEA Revista do Comércio do Estado de Pernambuco

Josias AlbuquerquePresidente do Sistema

Fecomércio/Senac/Sesc-PE

Pernambuco pode se tornar importante polo logístico

Pernambuco comemora a chegada de grandes grupos empresariais ao Estado, que vão trazer para cá mais emprego e renda, novos negócios e modernização da nossa economia. Mas, o maior legado que esses grupos podem deixar por aqui refere-se ao potencial do nosso Estado em se transformar em um importante polo logístico nacional. O assunto será o nosso tema da reportagem de capa deste número da revista Informe Fecomércio-PE, que chega a sua quarta edição. Para ouvir a opinião dos nossos economistas e dos empresários do comércio, a revista falou com os consultores econômicos do Centro de Pesquisa (Cepesq) da Fecomércio-PE e com os donos de grandes grupos empresariais de Pernambuco, tanto da capital quanto do interior. Além disso, esta edição traz uma entrevista exclusiva sobre o tema com o diretor da Fecomércio-PE para assuntos tributários, Diógenes de Andrade, dono de uma rede de lojas distribuidoras. Destacamos também nesta quarta edição da revista o setor de gastronomia. Principal polo gastronômico da Região Nordeste e terceiro do Brasil, Pernambuco ganha destaque nacional na área com a criação de cursos especializados de gastronomia. Com a proximidade da Copa do Mundo de 2014, os pernambucanos estão ainda mais otimistas com o setor no nosso Estado.

Aproveitamos essa preocupação do setor gastronômico com a proximidade da Copa e fomos ver de perto os problemas de infraestrutura e de organização dos mercados públicos do Estado, que precisam se modernizar antes da Copa do Mundo no Brasil em 2014. Os mercados vão atrair muitos turistas e será uma boa oportunidade para que os do Recife entrem no nível de padrão nacional. Uma boa leitura!

Page 4: Informe Fecomércio-PE nº 04

4 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

SUMÁRIO

Page 5: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 5

SUMÁRIO

6 Notas

8 Seca empurra a economia para baixo e afeta comércio pernambucano

11 Uma câmera e uma ideia

14 Economia em pauta

16 Sesc inaugura novas instalações em unidades de Pernambuco

18 Gesso, o ouro do Araripe

20 Jurídico em pauta

22 Lar do Amanhã completará 20 anos

25 Opinião: Girley Brazileiro

32 Mercados públicos se preparam para 2014

36 Opinião: Josias Albuquerque

37 Ministro Brizola Neto confirma reformulação dos conselhos do FAT e FGTS

38 Gastronomia pernambucana desponta no cenário nacional

42 Na trilha do turismo sustentável

44 Comércio de tecidos sofre inversão

46 Redução do IPI e dos juros reanima as vendas de veículos novos

47 Mercado aposta em soluções inteligentes

48 Tributário em pauta

26 CAPA

Chegada de grandes grupos empresariais a Pernambuco é indicador positivo para empresários

Page 6: Informe Fecomércio-PE nº 04

6 | Informe Fecomércio-PE| JUL/AGO 2012

NOTAS

Pequenas e médias 3Para se enquadrar à nova política, os pequenos negócios poderão realizar aquisições de até R$ 80 mil. Nas licitações maiores, a empresa vencedora terá que utilizar, obrigatoriamente, os serviços e produtos dos microempreendedores, num limite de 30%. Outra possibilidade de compra é a chamada cota reservada, quando o Governo do Estado já deixa separado o lote de 25% do total para contratações de micros e pequenas empresas. Além disso, o Governo vai investir na qualificação do setor. O trabalho envolve a ação coordenada de 11 secretarias, do Sistema S e de instituições de classe.

Pequenas e médias 1Incentivar os investimentos na produção para garantir a geração de empregos. Esse foi o objetivo central dos decretos assinados pelo Governo de Pernambuco em agosto. A principal medida beneficia micros e pequenos empresários, dando a eles prioridade nas licitações de compras governamentais. O setor é responsável por 48% dos empregos formais em Pernambuco e responde por 9% no total de compras realizadas pelo Governo do Estado.

Pequenas e médias 2A meta do Governo é dobrar a participação das micros e pequenas empresas logo no primeiro ano, atingindo o faturamento de cerca de R$ 400 milhões. Ou seja, passando dos atuais 9% para 25% já em 2013. O montante é ainda maior para os itens alimentícios, que são hoje os produtos mais adquiridos pelo Governo do Estado. Para essa categoria, o aumento será de 464%, o que representa 65% das aquisições.

Programa TI Maior em Pernambuco

Fomentar a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação do setor de software e serviços na área de Tecnologia da Informação (TI). Com este objetivo, o governador Eduardo Campos e o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marco Antonio Raupp, assinaram acordo de cooperação para o desenvolvimento das ações do Programa Estratégico de Softwares e Serviços de Tecnologia da Informação, o TI Maior. O programa TI Maior vai investir, entre 2012 e 2015, cerca de R$ 500 milhões em todo o Brasil. O valor destinado ao Estado, entretanto, ainda não foi definido. O acordo com Pernambuco prevê a atuação em quatro frentes: ecossistemas digitais, qualificação profissional em TI, computação em nuvem e fomento às start-ups e aceleradores de pesquisa.

Page 7: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 7

Diagnóstico revela as atuais necessidades do turismo na RMR

A Câmara Empresarial de Turismo de Pernambuco (CET-PE) e o Sebrae Pernambuco estão cada vez mais engajados na missão de avaliar o que deve ser ajustado para que o Estado esteja preparado para bem receber os visitantes durante o Mundial de Futebol de 2014 no Brasil. Uma prova disso foi a produção de um dossiê que aponta as reais necessidades do

turismo pernambucano. O material traz dados que poderão contribuir na criação de novas políticas para o turismo local. O levantamento revela como os empresários locais enxergam os atuais gargalos do setor. O material destaca deficiências tanto em infraestrutura

e tecnologia, como também na prestação de serviço, na postura cultural dos profissionais do segmento na região e na gestão do marketing realizada na venda do destino.

Crescimento

A expectativa dentro de Pernambuco é que o Estado mantenha a meta de investir R$ 3 bilhões em 2012. “No primeiro semestre superamos em 23,8% os investimentos previstos para o período. Foram R$ 240 milhões a mais”, informou o governador Eduardo Campos em recente evento.

Missão empresarialA Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE) lançou a sua 17ª missão empresarial, que será na Bélgica e na Itália. Depois de cinco anos consecutivos realizando suas missões em países da Ásia e da África, a Fecomércio-PE volta a promover intercâmbio comercial e cultural com países da União Europeia. Desde 1996, a entidade vem contribuindo para o intercâmbio comercial e a internacionalização das empresas pernambucanas. Em 2011, a instituição realizou sua missão à Republica Popular da China, com a participação de mais de 80 pessoas (empresários, representantes de entidades de classe, governamentais, de universidades, consultores e jornalistas). As inscrições da missão podem ser feitas no site da Fecomércio-PE, www.fecomercio-pe.com.br.

Destino de empresáriosA Bélgica e a Itália são importantes parceiros econômicos do Brasil. Juntos, importaram quase US$ 9,5 bilhões de produtos brasileiros, em 2011. Especificamente, o Estado de Pernambuco exportou, em 2011, cerca de US$ 6,8 milhões para a Bélgica, o que representa mais que o dobro exportado em 2010, mesmo não sendo um valor absoluto significativo. Com relação às importações, as estatísticas apontam, no ano passado, para um montante próximo de US$ 46 milhões, o que caracteriza um desequilíbrio na balança comercial do Estado de Pernambuco com a Bélgica. Quanto à Itália, dadas as características de industrialização do país, ela não aparece como importante comprador de Pernambuco, mas registra valor de importação, em 2011, superior a US$ 255 milhões.

Page 8: Informe Fecomércio-PE nº 04

8 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

O prejuízo de agricultores pernambucanos causado pela seca tem afetado o comércio nas cidades do

Estado, sobretudo nos municípios localizados no Sertão e no Agreste. Muitas lojas já registraram queda significativa nas vendas. É que os agricultores gastam no comércio local o dinheiro que faturam na colheita, mas, com a seca, não houve produção e os trabalhadores só compram o básico. Algumas lojas e ruas comerciais que antes viviam lotadas estão praticamente vazias. Segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central, o desempenho da economia

da Região Nordeste foi afetado pela seca no primeiro semestre. A economia encolheu 0,4% na passagem do último período de 2011 para o primeiro deste ano. Em igual período, a atividade no País aumentou 0,15%, segundo o BC. Nos três primeiros meses do ano, a produção industrial de Pernambuco, Ceará e Bahia avançou 3,6% sobre o último trimestre do ano passado na série dessazonalizada. Na mesma comparação, as vendas do varejo tiveram alta de quase 5%, segundo cálculos com base na Pesquisa Mensal do Comércio. Mas, de acordo com o economista Marcelo Barros, o Produto Interno Bruto

(PIB) do setor agropecuário em Pernambuco, no primeiro semestre de 2012, encolheu 23,8%, quando comparado a igual período de 2011. Para o economista, a queda significativa tem a ver com o reflexo direto da seca na atividade agropecuária. Para Marcelo Barros, apesar de as safras se concentrarem nos primeiros meses do ano, o efeito de baixa causado pela estiagem se estenderá pela economia da região ao longo do ano porque as quebras afetam a renda agrícola regional. Embora não seja possível prever e controlar as questões climáticas para 2013, e, acreditando que o alto preço dos alimentos vá perdurar

Seca empurra a economia para baixo e afeta comércio pernambucanoPor Camila Brandão

Page 9: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 9

até o final deste ano, só quando a próxima safra chegar é que será possível conseguir aumentar a oferta dos produtos e, assim, ter uma diminuição de preço. Um dos setores que mais sentiram os efeitos da estiagem foi o comércio hortifrutigranjeiro, que produz os mais variados artigos de origem vegetal ou animal em propriedades rurais de pequeno e grande porte, pois houve elevação de preço principalmente na Ceasa, que repercutiu em toda a cadeia ligada ao setor. Assim, há um efeito direto no comércio, como, por exemplo, no que diz respeito à alimentação fora de casa. As consequências da seca no Nordeste são facilmente vistas no principal ponto de vendas de produtos agrícolas do Recife, a Ceasa. Milho e mandioca são alguns dos produtos que tiveram a oferta reduzida. “A safra de milho

foi muito afetada com a questão climática e houve alteração de preço, que normalmente acontece no período sazonal. Mas a ‘mão de milho’ subiu acima da média histórica este ano por conta da seca”, explica o economista Marcelo Barros. Ainda segundo o especialista, no período do São João, quando a procura pelo

produto é maior, o consumidor precisou pagar um preço mais elevado do que em anos anteriores. O resultado é que ainda faltam produtos e os preços dispararam. “Os produtos continuam chegando menos e, com isso, os preços estão aumentando. O mais alto é o da batata-doce, que em alguns lugares custa R$ 28 a rama e normalmente saía por R$ 12”, conta o agricultor José Maria Pereira. No decorrer do processo de abastecimento na Ceasa, técnicos detectaram que a quantidade de milho vinda de Estados vizinhos, como Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba, era duas vezes maior do que a registrada em 2011. Mas Romero Pontual, diretor-presidente do Centro de Abastecimento, explica: “O Estado estava comercializando milho sequeiro, aquele que não é irrigado. Já o produtor local estava preparado para plantar o milho irrigado, que é feito tanto para a venda como para secar e guardar”, esclareceu.

Desempenho da Agropecuária de Pernambuco – 1° Trimestre/2012

-23,8%

Fonte: Sistema de Contas Regionais e Agência Condepe/Fidem Base: igual período do ano anterior

“Quando se iniciou o ano, ninguém esperava

que os efeitos fossem tão devastadores. A estiagem

atingiu mais de 80% do Estado, afetou até o plantio

de cana-de-açúcar”

Romero Pontual

Page 10: Informe Fecomércio-PE nº 04

10 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

Nos primeiros meses do ano, Pernambuco comercializou 33% de produtos vindo de outros Estados. “Por conta disso, a safra ficou 20% acima da registrada no ano anterior. E, consequentemente, a mão de milho ficou mais cara”, conta Romero Pontual. O presidente da Ceasa ainda explica que os produtores locais guardam o produto para eventual consumo futuro e para comercializar, já que o fim do período da seca ainda é incerto. “Quando se iniciou o ano, ninguém esperava que os efeitos fossem tão devastadores. A estiagem atingiu mais de 80% do Estado, afetou até o plantio de cana-de-açúcar”, destacou. Como houve queda significativa no setor agropecuário, os outros setores sentiram os rendimentos caírem. “A próxima safra já está comprometida e o agricultor já percebe que o rendimento caiu. Então, o futuro é incerto, pois os trabalhadores vão continuar

cortando gastos e despesas e isso atinge diretamente o comércio, que é o primeiro setor que sente essa queda”, explica o economista Marcelo Barros.

A maioria das cidades do interior de Pernambuco depende diretamente do setor agrícola e, com a queda por causa da estiagem e com o mau resultado do setor, muitos agricultores tiveram dificuldades e foi necessário recorrer a empréstimos para poder realizar o plantio. “Na maioria desses municípios, a atividade agropecuária é a principal fonte de renda e de recursos para o comércio”, contextualiza o economista.

Já o polo têxtil do Agreste, que engloba as cidades de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, não foi afetado diretamente pelos efeitos da estiagem prolongada. Segundo especialistas, isso aconteceu

porque existem outras forças econômicas na região e essas cidades não dependem, como outros municípios, quase que exclusivamente do setor agropecuário. Assim, como dependem de áreas mais diversificadas, as outras atividades compensaram os prejuízos da seca.

Segundo o economista Marcelo Barros, a indústria e o setor terciário sustentaram o crescimento no Estado. O setor terciário inclui comércio, alojamento, alimentação, turismo, transporte, administração pública, intermediação financeira (bancos) e imobiliárias, áreas que representam 73% da economia pernambucana. “Dentro dele, o maior destaque foi o comércio, que cresceu 8,8%”, afirma. Segundo Marcelo, mesmo com a agropecuária apresentando retração, o setor industrial e o da transformação geram demandas no setor de serviços. Dos 111 municípios em estado de emergência por causa da falta de chuva, de acordo com a Secretaria de Agricultura de Pernambuco, 56 ficam no Sertão, 53 estão no Agreste e dois na Zona da Mata. Uma situação que, além de perdas nas plantações, tem levado à morte animais, provocando grandes prejuízos aos pecuaristas. Não há como prever como será o ano de 2013 para os principais setores afetados pela estiagem deste ano, mas a expectativa de economistas e agricultores é que, apesar da seca, Pernambuco continue crescendo.

“Na maioria desses municípios, a

atividade agropecuária é a principal fonte de

renda e de recursos para o comércio”

Marcelo Barros

Page 11: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 11

A indústria cinematográfica sofreu diversas mudanças ao longo dos anos. Desde a retomada do

cinema nacional, na década de 90, as iniciativas de produção independente tentaram transpor as dificuldades financeiras e técnicas e hoje formam uma grande cadeia de produção, que emprega diversos profissionais. Uma película que marcou essa fase e inaugurou um novo momento na filmografia pernambucana foi “Baile Perfumado”, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas.

Atualmente, com a facilidade de acesso às novas tecnologias

digitais, a produção audiovisual ganhou volume e mais destaque no cenário nacional. O crítico de cinema e coordenador do sistema da Fundação Joaquim Nabuco, Luiz Joaquim, já fez algumas produções independentes, entre elas “Eiffel” (2008) e “O Homem Dela” (2010). “Fiz as duas de forma independente, com amigos e recursos próprios. No entanto, isso não acontece com tanta frequência hoje em dia. Quem trabalha com cinema está mais profissionalizado”, explica. Ainda de acordo com Joaquim, “todos estão formatando seus projetos para captar recursos do governo. É uma prática que cresce exponencialmente”.

Uma câmera e uma ideiaPor Amanda Nóbrega

A produção

cinematográfica

pernambucana está

vivenciando um ótimo

momento de expansão

Fot

o Ni

cola

s Ha

llet

Page 12: Informe Fecomércio-PE nº 04

12 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

Uma das alternativas para os cineastas é captar os recursos disponibilizados pelo governo de Pernambuco através do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura). “Eles destinam cerca de RS 11 milhões por ano para a produção de audiovisuais, curtas, pesquisas, publicação de livros, entre outros. Você pode captar fundos para a pré-produção, pós-produção e circulação, por exemplo”, diz Joaquim.

É importante frisar que Pernambuco é o quinto Estado que mais investe em cinema no país. Para se ter uma ideia, dos 30 filmes que serão exibidos no Festival de Brasília, que comemora 45 anos em setembro, sete são pernambucanos. “Isso é espetacular. Nunca um festival nacional teve tantos curtas e longas do nosso Estado”, completa o crítico. No entanto, o

cineasta não pode ficar à mercê apenas da ajuda do governo, ele precisa saber que é necessário desembolsar outras coisas à parte. Em Pernambuco a realidade é diferente da do Brasil. “Estamos começando a ver este mercado cinematográfico”, comenta o cineasta Pablo Polo.

Com 15 anos de experiência com cinema, Polo faz vídeos institucionais e afirma que o cinema não paga suas contas. “Eu consigo fazer meus projetos autorais por fora. Faço curtas. Vou lançar um novo e estou entrando no mundo dos documentários para televisão”, enfatiza. Para conseguir tocar suas produções,

ele se foca em projetos para empresas privadas e iniciativas públicas. “A principal fonte é o Funcultura. Temos outras leis federais de incentivo

à cultura também. Atualmente vivemos um momento em que o mercado está melhorando”, conta.

Na opinião do roteirista e diretor de cinema Leo Falcão, é praticamente impossível realizar um produto cultural sem a ajuda do governo (municipal, estadual ou federal) no Brasil. Para ele, isso acontece por causa de dois motivos básicos. O primeiro é a inexistência de uma cultura da iniciativa privada em investir em produtos culturais sem uma contrapartida direta. “Mesmo grandes investimentos privados se valem da Lei Rouanet ou da do Audiovisual, que se baseiam na renúncia fiscal”, explica. O segundo motivo é a ausência de um mercado autossuficiente de cultura no Brasil. “Não é que o poder público pague toda a conta, mas certamente é ainda indispensável para a viabilização dos projetos”, frisa.

Fot

o Da

miã

o So

pran

o

Page 13: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 13

Informe Fecomércio-PE (IF) - Na sua opinião, a indústria de cinema em PE tem crescido? Por quê?

Mannuela Costa (MC) - Sim, porque registramos um crescente número de produções, o que tem também significado uma maior inserção dos nossos produtos no mercado nacional e internacional. O crescente investimento tem proporcionado também a estruturação de novas pequenas empresas da área, bem como a consolidação de agentes mais antigos no mercado.

IF - Pernambuco tem presença consolidada nessa indústria ou é um segmento que ainda está se solidificando?

MC - Ela é presente, mas ainda há muito o que caminhar. Temos que aumentar nossa participação em investimentos nacionais e nas salas de cinema, bem como nos canais de televisão abertos e fechados. Sem falar que acredito que existe apenas uma espécie de arranjo produtivo, mas não propriamente uma indústria, na acepção mais formal do termo.

IF - E os investimentos que têm sido feito nessa área são compensadores?

MC - É preciso que haja mais conhecimento, por parte dos empresários e gerentes de marketing e propaganda, acerca do potencial do cinema como um meio para promoção das marcas. Conheço poucos meios/mídias com tanto custo-benefício. Veja o exemplo de um longa: ele leva cerca de dois anos circulando em festivais por todo o mundo e pelo país. Depois disso, pode alcançar as telas de cinema se tiver um perfil mais comercial; ainda tem outras telas: cineclubes, televisão, homevideo e internet. Com um investimento programado, que vai de R$ 15 mil a 100 mil ou mais (muitas vezes por leis de incentivo fiscal), uma marca ganha uma exposição de mais de três anos. Além do material promocional do filme e, tantas vezes, com direito a participação patrimonial, na forma de produtos ou ingressos. A falta de investimento e da participação das empresas nessa área é também parte dos problemas que atrapalham o estabelecimento de uma indústria do audiovisual no nosso país. IF - Como é o trabalho de um produtor executivo?

MC - O trabalho do produtor executivo é estratégico e gerencial. Ele deve ter ciência do projeto como um todo, escolhendo os melhores caminhos para seu desenvolvimento. Isso significa que ele tem conhecimento da área, do produto e do mercado em que ele vai se inserir. Entenda-se por mercado qualquer espaço de trocas, simbólica ou econômica. É ideal que o trabalho do produtor executivo comece já no desenvolvimento do projeto e, nesse sentido, seguirá com ele até que o dê por finalizado. Isso quer dizer que é uma gerência de todo o ciclo de vida de um filme ou de uma série, por exemplo. Infelizmente, ainda há, por parte de muitas pessoas, desconhecimento desse perfil, o que muitas vezes coloca o produtor executivo apenas como um executor de orçamento, o que é reduzir muito seu papel. Também é preciso mais investimento em formação na área e um incentivo para que os produtores executivos regionais possam alçar voos maiores.

É preciso investir

Segundo a produtora executiva e professora do curso de cinema da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Mannuela Costa, é necessário focar a capacitação dos profissionais

que vão atuar na área. Com experiência de nove anos com produção audiovisual, a docente acredita que as empresas privadas deveriam investir mais no potencial da indústria cinematográfica. No currículo de Mannuela, estão produções como Eles Voltam (longa-metragem, em finalização, direção Marcelo Lordello), Avenida Brasília Formosa (documentário, longa-metragem, 2010, direção Gabriel Mascaro – produção e distribuição) e Dia Estrelado (animação, curta-metragem, em produção, direção Nara Normande – produção executiva). Confira abaixo uma entrevista com Mannuela sobre a indústria pernambucana de cinema.

ENTREVISTA | MANNUELA COSTA

Page 14: Informe Fecomércio-PE nº 04

14 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

Qualidade de vida, uma breve reflexão“A riqueza evidentemente não é o bem que estamos

buscando, sendo ela meramente útil e em proveito de alguma outra coisa”

Aristóteles

Consultor econômico do Cepesq / Fecomé[email protected] EM PAUTA |JOSÉ FERNANDES DE MENEZES

No início dos anos 90, o economista hindu Amar-tya K. Sen e a filósofa Martha C. Nussbaum organizaram uma conferência para as Nações Unidas sobre qualidade de vida, cujas reflexões

merecem ser retomadas no contexto atual como base para um aprofundamento maior na temática. Quando se questiona a prosperidade de uma nação, de um Estado ou de uma re-gião, como a do Nordeste, e a qua-lidade de vida de seus habitantes, depara-se com o problema da men-suração. Dessa forma, surgem alguns questionamentos: Quais informações são necessárias? Como se determi-nam os indicadores sobre os assenta-mentos humanos? Quais os critérios fundamentais para o aumento da liberdade humana? Os planejado-res, em sua grande maioria, fixam-se em indicadores-meio, como o PIB per capita e investi-mentos per capita, que não conduzem a lugar nenhum quando não relacionados com a melhoria da qualidade de vida, devido a fatores estruturais?

O fundamental para se conhecer a situação de cada indivíduo é levar em conta, além de sua remunera-ção, seja ela real ou nominal, a capacidade de conduzir

a própria vida. É importante também conhecer qual a expectativa dos jovens que entram no mercado de tra-balho, dos que chegam às grandes cidades, dos white colar, das mulheres, em suas diferentes condições, dos negros, dos meninos de rua, dos imigrantes, dos corta-dores de cana, dos catadores de lixo no ambiente urbano

e dos pescadores de caranguejo.Outras indagações devem ser

feitas relativamente ao acesso aos serviços médicos, às condições de saúde devido à perda do emprego, à qualidade da educação, ao trabalho, se é satisfatório e digno, se a relação entre patrão e empregado é humana ou não, se existem perturbações fa-miliares por causa do desemprego e qual a reação dos pobres e indigentes diante das políticas macroeconômi-cas perversas.1

A qualidade de vida, em qualquer localidade, não pode ser expressa somente por meio de indicadores sim-ples ou compostos, como a taxa de desemprego, o IDH ou o índice de subutilização da força de trabalho. A vida de um indivíduo é uma combinação de várias efetivida-

1 NUSSBAUM, Martha C.; SEN, Amartya (comp.). La calidad de vida. México: The United Nations University; Fondo de Cultura Económica, 1988.

O fundamental para se conhecer a situação de

cada indivíduo é levar em conta, além de sua remu-neração, seja ela real ou

nominal, a capacidade de conduzir a própria vida

Page 15: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 15

des (functionings) que, genericamente, se chamam de funcionamentos. Estes funcionamentos variam desde estar bem alimentado e, portanto, menos vulnerável a doenças, até participar da vida da comunidade. Para os autores citados, a capacidade de um indivíduo compre-ende as combinações de funcionamentos.

Nessa perspectiva, a capacidade está atrelada à liberdade que tem para levar um determinado padrão de vida. A pobreza é a negação das liberdades. Uma condição para deixar de ser pobre consiste em ter um emprego estável e auferir uma remuneração digna. Nas economias desenvolvidas e em desenvolvimento e da União Europeia, de modo particular nos países peri-féricos da zona do euro, a presença de níveis elevados de desemprego, sobretudo entre a população jovem, implica privações que não são bem refletidas pelos in-

dicadores de distribuição de renda. Conforme salien-tou Amartya K. Sen, o “desemprego não é meramente uma deficiência de renda que pode ser compensada por transferência do Estado (a um alto custo fiscal); é também uma fonte de efeitos debilitadores muito abrangentes sobre a liberdade, a iniciativa e as habili-dades dos indivíduos” (1999, p. 35).

O crescimento econômico não é mais sinônimo de absorção de grande contingente da força de trabalho e da redução da disparidade de renda. Ao que tudo indi-ca, a teoria econômica convencional não tem respostas para a questão do desemprego e do subemprego. A me-dição sistemática de grande parte dessas questões ainda se constitui, na atualidade, um grande desafio para as diversas correntes de economistas, tomadores de deci-sões, cientistas sociais e filósofos.

Page 16: Informe Fecomércio-PE nº 04

16 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

O presidente do Sistema Fecomércio/Senac/Sesc-PE, Josias Albuquerque, realizou uma série de

inaugurações em unidades da Região Metropolitana do Recife (RMR) e do interior do Estado, no mês de julho. As novas instalações estão no Sesc Piedade, Sesc Caruaru, Centro de Turismo e Lazer Sesc Garanhuns e no Sesc Arcoverde, além da Fábrica de Criação Popular, em Triunfo.

O Sesc Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, na RMR, teve seu Restaurante Yapoatan inaugurado no dia 5 de julho. Com o nome de uma árvore indígena comum na região no século IX, o restaurante foi ampliado e agora

tem capacidade para servir 550 refeições por dia, entre almoço e jantar, beneficiando principalmente os comerciários que trabalham no entorno da unidade.

Acompanhado pelo diretor de Programas Sociais do Departamento Nacional do Sesc, Nivaldo Pereira, pelos presidentes das Federações do Comércio do Rio Grande do Norte, Marcelo Queiroz, da Paraíba, Marconi Medeiros, e do Ceará, Luiz Gastão Bittencourt, além da presença do diretor regional do Sesc Pernambuco, Antônio Inocêncio Lima, e de autoridades locais, o presidente Josias Albuquerque liderou a comitiva de inaugurações pelo interior do Estado de

Jaboatão dos Guararapes, Caruaru, Garanhuns, Triunfo e Arcoverde foram beneficiados com estruturas para assistência, lazer, cultura e gastronomia

Por Maíra Rosas

Pernambuco, entre os dias 10 e 13 de julho.

Com investimento de R$ 11 milhões, no dia 10 de julho, foram inauguradas no Sesc Caruaru as novas instalações do Centro Administrativo, com brinquedoteca, sala de avaliação física, turismo social, ponto de atendimento, sala de convivência e a Biblioteca Álvaro Lins, que foi ampliada e conta com um acervo de mais de seis mil livros e periódicos. Os caruaruenses também receberam o novo Centro Cultural, um prédio de dois andares que terá uma plataforma de acessibilidade para pessoas com dificuldades motoras e cadeirantes, destinado

Sesc inaugura novas instalações em unidades de Pernambuco

Sesc Caruaru Sesc Garanhuns

Page 17: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 17

a atividades de música, artes visuais, teatro e dança.

O Sesc Caruaru recebeu ainda as novas instalações do Banco de Alimentos e um novo restaurante, batizado em homenagem ao Rei do Baião. O Restaurante Luiz Lua Gonzaga tem capacidade para 750 refeições por dia, entre almoço e jantar, oferecendo uma alimentação balanceada e nutritiva para os trabalhadores do Centro Comercial da cidade.

No dia 11 de julho, foi a vez de Garanhuns receber mais 52 apartamentos no Centro de Turismo e Lazer Sesc Garanhuns, voltado para os turistas, na inauguração do Bloco Sete

Colinas. Com isso, o hotel dobra a sua capacidade de hospedagem, chegando a 104 apartamentos, sendo seis quartos adaptados para portadores de deficiência. A ampliação custou R$ 7 milhões e vai beneficiar os comerciários de todo o país, além de ampliar a rede hoteleira da cidade, atraindo mais turistas e fortalecendo o comércio local.

Em Triunfo, o Sesc Pernambuco entregou, no dia 12 de julho, a Fábrica de Criação Popular, que abriga uma galeria de artes, salas para as oficinas de artesanato em couro, palha, tecido, adereços e pintura, além de um espaço para realização de apresentações artísticas. Foi investido R$ 1

milhão na reforma da fábrica, antiga cadeia da cidade, que será mais uma opção para o morador do município em qualificação de mão de obra e renda, além de promover e democratizar o acesso às artes e incentivar o turismo.Por fim, com investimento de R$ 4 milhões, o Sesc Arcoverde inaugurou no dia 13 de julho o Restaurante Seu Noé — homenagem a Manoel Nunes Ferraz, comerciante famoso na cidade mais conhecido como Noé do Bar—, o Teatro Geraldo Barros, que passará a receber apresentações de teatro, dança, circo e música, além do salão de eventos e da academia de ginástica, que recebeu equipamentos modernos e de última geração.

O Restaurante Yapoatan foi ampliado e agora tem capacidade para servir 550 refeições por dia

Fábrica de Criação Popular, em Triunfo Sesc Arcoverde

Page 18: Informe Fecomércio-PE nº 04

18 | Informe Fecomércio-PE| JUL/AGO 2012

O Sertão do Araripe tem pouco menos de 12 mil quilômetros quadrados de extensão e uma ampla

importância econômica para o Estado de Pernambuco. De acordo com dados da Agência Condepe/Fidem, em 2007 a região foi responsável por 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual, gerando R$ 930,1 milhões. Em 2009, o percentual subiu para 1,6%, com os melhores números concentrados em Araripina (0,44%) e Ouricuri (0,34%). Desse resultado, participa com destaque a produção de mandioca, sorgo e mel. A região possui também o terceiro maior

rebanho de bovinos do Estado. Isso implica a participação de 9,1% do setor agropecuário no PIB da região. Entretanto, o grande foco econômico está na extração da gipsita e na produção do gesso. Quase a totalidade (95%) da produção nacional do produto está concentrada no polo gesseiro do Sertão do Araripe – 40% das reservas desse mineral não metálico no mundo. Segundo o Sindicato da Indústria do Gesso de Pernambuco, a produção das cerca de 40 minas de gipsita, em 2008, chegou a 5,5 milhões de toneladas. Proprietários da região contam que a extração da matéria bruta se dá a partir de explosões e as fábricas

de gesso compram essa pedra resultante para chegar ao produto final. Em média, uma tonelada da gipsita custa R$ 25 e os principais destinos do gesso final são os setores de construção, material escolar, decoração, ortodontia e hospitalar. Até 2006, segundo o Governo do Estado, existiam 350 empresas naquela área, entre mineradoras, calcinadoras e fabricantes de pré-moldados. A produção regional era de 2,5 milhões de toneladas/ano de gesso e o setor gerava 12 mil empregos diretos e 60 mil indiretos. A participação da atividade gesseira no emprego formal é grande. Chega a mais de 50% em Trindade e atinge 41% em Ipubi e 28% em Araripina.

Gesso o ouro do AraripePor Tatiana Notaro

Page 19: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 19

Meio ambienteO superintendente do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNMP), Paulo Jaime Alheiros, diz que a gipsita tem um grau de compactação alto, por isso necessita da utilização de explosivos para sua extração. “Quando o desmonte é executado dentro das técnicas corretas (plano de fogo, carga de explosivo compatível com o desmonte, ruídos e vibrações), os impactos são bastante atenuados”, explica, sobre eventuais impactos ao meio ambiente. Alheiros diz ainda que para esse tipo de atividade – de extração de um bem mineral – é necessária também a implantação de um empreendimento e condições para extração da produção. No caso, ponto para a região pernambucana. “São condições às quais o Sertão do Araripe atende no que tange à gipsita, e outras regiões do País não. Em alguns locais do Brasil, existem depósitos de gipsita que não

são aproveitados por falta de infraestrutura ou de condições técnicas.” De acordo com informações do Governo do Estado, o polo gesseiro gera mais de 13 mil empregos diretos e 66 mil indiretos, com faturamento da ordem de mais de R$ 500 milhões por ano. Em contrapartida, cerca de 70% da indústria do gesso do Araripe é movida a lenha. Por isso, no ano passado, o governo de Pernambuco anunciou o reinício da recomposição da caatinga daquela região, em parceria com o Ministério da Integração Nacional. “Essa é uma ação de grande impacto econômico e social. Fala à sobrevivência de centenas de milhares de famílias pernambucanas, ao mesmo tempo que aponta o rumo da preservação ambiental e do respeito à natureza com uma gestão ambiental moderna”, comemorou o governador Eduardo Campos,

no final da solenidade, ao lado do ministro Fernando Bezerra Coelho. No total serão investidos na primeira fase do programa R$ 6,4 milhões. AraripeOs dez municípios do Sertão do Araripe – Araripina, Bodocó, Exu, Granito, Ipubi, Moreilândia, Ouricuri, Santa Cruz, Santa Filomena e Trindade – somam pouco menos de 308 mil habitantes, segundo o último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E, de acordo com o último resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o município de Ouricuri é o que está mais bem colocado no ranking de emprego. Aparece na 15ª colocação, com saldo positivo de 2,43%, na comparação entre junho e julho deste ano. O segundo município, Araripina, aparece em 23º lugar, com crescimento de 0,9% em julho, em relação ao mês anterior.

Page 20: Informe Fecomércio-PE nº 04

20 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

JURÍDICO EM PAUTA| JOSÉ ALMEIDA DE QUEIROZConsultor da presidência do Sistema Fecomé[email protected]

Através da Instrução Normativa nº. 97, de 30 de julho de 2012, a Secretaria de Inspeção do Tra-balho, do Ministério do Trabalho e Emprego, estabeleceu diretrizes disciplinando a fisca-

lização de aprendizagem, pelo que passamos a desta-car os principais pontos: conforme determina o artigo 429 da CLT, os estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a contratar e matricular aprendizes nos cursos de aprendizagem, no percentual mínimo de 5% e máxi-mo de 15%, das funções que exijam formação profissional.

Na conformação numérica de aplicação do percentual, ficam obrigados a contratar aprendizes os estabelecimentos que tenham pelo menos sete empregados contrata-dos nas funções que demandam formação profissional, nos termos do artigo 10 do De-creto n. 5.598, de 2005, devendo ser respeitado o limite de 15% previsto no artigo 429 da CLT. Entende-se por estabelecimento todo o complexo de bens organizado para o exercício de atividade econômica ou social do empregador que se submeta ao regime da CLT.

É incluído na base de cálculo do número de aprendizes a serem contratados o total de trabalha-dores existentes em cada estabelecimento cujas fun-ções demandem formação profissional, independente-

mente de serem proibidas para menores de 18 anos, excluindo-se: I - as funções que, em virtude de lei, exi-jam formação profissional de nível técnico ou superior; II - as funções caracterizadas como cargos de direção, de gerência ou de confiança, nos termos do inciso II do art. 62 e § 2º do art. 224 da CLT; III - os trabalhadores

contratados sob o regime de traba-lho temporário instituído pela Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1973; e IV - os aprendizes já contratados. As funções e atividades executadas por terceiros, dentro dos parâme-tros legais, serão computadas para o cálculo da cota cabível à empresa prestadora de serviços.

Estão legalmente dispensa-das do cumprimento da cota de aprendizagem: I - as microempre-sas e empresas de pequeno porte,

optantes ou não pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - Sim-ples Nacional. II - entidade sem fins lucrativos que te-nham por objetivo a educação profissional e contratem aprendizes na forma do artigo 431 da CLT. As micro-empresas e empresas de pequeno porte que contratem aprendizes devem observar o limite de 15% estabe-lecido no artigo 429 da CLT. O contrato de trabalho de aprendizagem possui natureza especial e tem por

Fiscalização de aprendizagem

Conforme determina o artigo 429 da CLT,

os estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a contratar e

matricular aprendizes nos cursos de aprendizagem

Page 21: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 21

Rua Dr. Manoel Borba, 68, Centro,

Garanhuns, Pernambuco,

CEP: 55.295-020

Tel./Fax: (81) 3761.0148

E-mail: [email protected]

Andr

é M

arin

ho /T

hiag

o M

aran

hão

principal característica, segundo o artigo 428 da CLT, o compromisso de o empregador assegurar ao maior de 14 e menor de 24 anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e do aprendiz de executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação.

O contrato de aprendizagem deve ser pactuado por escrito e por prazo determinado e, para sua validade, exigem-se: I - registro e anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS; II - matrícula e fre-quência do aprendiz à escola, caso não tenha concluído o ensino médio; III - inscrição do aprendiz em programa de aprendizagem, desenvolvido sob a orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissio-nal metódica, quais sejam: a) entes do Sistema Nacional de Aprendiza-gem; b) escolas técnicas de educação; e c) entidades sem fins lucrativos que tenham por objetivo a assistência ao adolescente e a educação pro-fissional, devidamente inscritas no Cadastro Nacional de Aprendizagem e registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Ado-lescente CMDCA, quando atenderem a menores de 18 anos; IV - progra-ma de aprendizagem desenvolvido em conformidade com as diretrizes da Portaria nº 723, de 2012.

O contrato de aprendizagem poderá ser firmado por até dois anos, com correspondência obrigatória ao programa constante do Cadastro Nacional de Aprendizagem e deverá indicar expressamente: I - o termo inicial e final, coincidentes com o prazo do programa de aprendizagem, exceto quando a contratação ocorrer após o início das atividades teóri-cas, podendo o empregador, neste caso, providenciar o registro retroati-vo; II - o programa em que o aprendiz está vinculado e matriculado, com indicação da carga horária teórica e prática, e obediência aos critérios estabelecidos na Portaria nº 723, de 2012; III - a função, a jornada diária e semanal, de acordo com a carga horária estabelecida no programa de aprendizagem, assim como o horário de trabalho; e IV - a remuneração pactuada. O prazo máximo de dois anos do contrato de aprendizagem não se aplica às pessoas com deficiência, desde que o tempo adicional seja, nesses casos, fundamentado em aspectos relacionados à deficiência, vedada em qualquer caso a contratação de pessoa com deficiência na qualidade de aprendiz por prazo indeterminado.

Page 22: Informe Fecomércio-PE nº 04

22 | Informe Fecomércio-PE| JUL/AGO 2012

Uma ideia que surgiu na estrada há 20 anos vem mudando a realidade do Engenho Novo,

comunidade localizada na área rural do Cabo de Santo Agostinho (PE). Trata-se do Lar do Amanhã, uma organização não governamental (ONG) que desenvolve ações sociais e educativas com moradores da localidade, que guarda uma herança rural inserida na periferia do município. No local, habita gente simples, que busca do próprio suor do rosto e da força das mãos o ganha-pão para garantir o sustento da família. E são essas pessoas que a ONG também atende.

Por trás de cada trabalho assistencial, recreativo e educativo desenvolvido pela entidade social, a expectativa é criar esperança e promover mudança na perspectiva de vida de cada um dos participantes no projeto, que tem como mentor o cantor e compositor Nando Cordel, com apoio da família. A instituição ocupa pouco mais de quatro hectares, divididos em diversos espaços, onde são realizadas atividades com crianças, adolescentes, adultos e idosos. A infraestrutura envolve salas de aula, ambiente para computação,

Organização não governamental, que atende crianças, jovens e idosos no

Cabo de Santo Agostinho, é incentivada pelo Sistema

Fecomércio-PE a realizar atividades

Lar do Amanhãcompletará 20 anosPor Tony Duda

Page 23: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 23

enfermaria, espaço médico e uma sala múltipla. Tudo feito com muito capricho para tornar o ambiente agradável e receptivo. Plantas e muito verde no entorno dão o tom de aconchego do local. Há ainda um abrigo, que já funciona há dois anos e acolhe 15 idosos. Mas a intenção da entidade é chegar a 35. “Estamos aprimorando pessoas da própria comunidade para serem cuidadoras dos idosos”, adiantou Nando Cordel. PlanosOs planos futuros não param por aí. A intenção é construir um centro educacional na ONG para ampliar o atendimento a mais jovens, que poderão receber, por exemplo, cursos profissionalizantes e atividades esportivas. Segundo o idealizador do projeto, na prática, mais que transmitir um conhecimento técnico ou dar um apoio assistencial, o legado que o projeto quer deixar para essas gerações é o respeito pelo indivíduo e o sentimento pelo próximo.

Trabalho não faltaAs atividades na ONG não param. Logo cedo começa toda uma movimentação. Só em relação ao público infantil, o Lar do Amanhã atende 150 crianças, com idade entre 1 e 12 anos. Os pequenos recebem quatro refeições ao longo do dia, assistem às aulas e ainda participam de recreação. Eles contam ainda com assistência médica, dentária e psicológica. A intenção é dar todo o suporte necessário para que eles consigam cumprir uma agenda de atividades na instituição. “A educação que oferecemos tem um diferencial, porque cuida também do emocional”, disse Nando. Para dar conta de toda essa gente no dia a dia, há um grupo de dez professores, recreadores e voluntários que colocam a mão na massa e cuidam de tudo com muito afinco. “Tem muito trabalho a fazer, mas o resultado vale a pena e dá alegria”, conta o idealizador da ONG. Ele informou que todas as atividades são coordenadas

Page 24: Informe Fecomércio-PE nº 04

24 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

por um especialista que ajuda no planejamento das ações, acompanha as atividades e dá suporte. Novas parceriasO resultado do trabalho da ONG Lar do Amanhã atraiu a atenção do Sistema Fecomércio-PE, que já disponibilizou sua estrutura e serviços para contribuir com a comunidade. O sistema é formado pelo Senac-PE, pelo Sesc-PE e pela Fecomércio-PE. As parcerias ainda não foram firmadas no papel, mas a vontade de trabalhar de mãos dadas não falta. “Estamos conhecendo a estrutura e atividades que são realizadas no local para saber o que podemos oferecer à comunidade”, adiantou a diretora regional do Senac-PE, Lygia Leite. Segundo ela, o Senac-PE dispõe de equipes de profissionais capacitados para transmitir os conhecimentos necessários e preparar o público em diversas atividades do mercado

de trabalho, sejam jovens, mães ou pais de família. Quem também já estendeu a mão para compor essa parceria foi o diretor regional do Sesc-PE, Inocêncio Lima. “Estamos realizando reuniões preparatórias para definir as ações a serem disponibilizadas”, adiantou. O portfólio envolve áreas como saúde, educação, esporte, lazer, cultura e formação profissional. Ele informou que a intenção é que as atividades se iniciem ainda este ano. O começo de tudoNo início do próximo ano, a ONG Lar do Amanhã completará 20 anos de atuação. São 20 anos de história e muito esforço para deixar uma marca e um sentido na mente e no coração de muitos moradores do Engenho Novo, que também tanto lutam no dia a dia em busca de uma vida melhor. “Já percebemos melhoria

nas moradias e diminuição na violência”, argumentou Nando Cordel. Tudo começou durante uma viagem, quando Nando Cordel seguia para São Paulo. Enquanto pegava a estrada, refletia: “Se um dia eu tivesse um pouco mais de dinheiro, eu ajudaria os outros a ter uma vida melhor”, recorda o cantor, que é pai de sete filhos e nascido em uma família simples, cujo pai teve 14 filhos. E não é que o pensamento deu certo! A carreira musical deslanchou e ele ganhou fama. Prontamente chamou alguns amigos para abraçarem a ideia e abriu a ONG. Embora tenha passado por reformas e ampliações, a sede é a mesma de 20 anos atrás. Só que nela ainda habita o mesmo desejo de sua concepção: “Levar o amor e retribuir aos outros um pouco do que se recebe da vida”, completa Nando Cordel.

Há ainda um abrigo,

que já funciona há

dois anos e acolhe

15 idosos. Mas a

intenção da entidade

é chegar a 35

Page 25: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 25

Economista e consultor internacional pela OEA e Agência Brasileira de Cooperação, do Itamaraty

Novos tempos

O IBGE divulgou esta semana os resultados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicilio (Pnad), ano 2011, que é um dos mais importantes trabalhos da agência oficial de estatísticas do país.

É um estudo minucioso e sempre muito importante, funcionando como suporte básico para todas as decisões que são tomadas por governos nos mais distintos níveis, sobretudo no campo das políticas sociais.

O primeiro número a registrar, deste ano, é o da população total que já chega aos 195,2 milhões de pes-soas. As mulheres em maior número, com 51,5% desse total. Interessante é descobrir que nascem mais meninos, mas, quando se observa a faixa dos 30 anos, as mulhe-res são maioria. Os motivos podem ser vários e vão desde a mortalidade infantil até outras causas no decorrer do crescimento e juventude.

Sinal de que os indivíduos do sexo masculino são mais vulneráveis na travessia da vida. Vale a pena destacar algumas informações divulgadas, por exemplo: a taxa de fecundidade, que é aquela que indica o número médio de filhos por mulher em idade de reprodução. Em 2011 essa taxa era de 1,95. Esteve bem próxima da de 2009, que foi de 1,94. Mas o que chama a atenção é o fato de que em 2004, essa mesma taxa foi de 2,13.

Ou seja, as brasileiras estão tendo menos filhos, nesses últimos anos, o que revela uma redução na velo-cidade de crescimento da população e aponta para um quadro futuro no qual poderemos ter dificuldades na re-posição da força de trabalho, importante fator de produ-ção, o que já foi visto na Europa e se constata em países como o Canadá, que vem promovendo a incorporação de muitos estrangeiros na sua força de trabalho.

Outro dado interessante é o percentual de brasilei-ros, com 15 anos ou mais, que vivem em união conjugal: 57,1%. Outros 22% nunca vivenciaram uma união e per-manecem solteiros. O restante, 21%, são aqueles que já estiverem casados ou juntados e na ocasião da pesquisa estavam solitários. 34,8% dos que tinham companheiro ou companheira viviam em união consensual, isto é, ami-

gado ou amasiado. Está no Norte o maior numero de pes-soas nesta situação, 51%, e o Nordeste vem em segundo lugar com 40,8%. Para surpresa, é no Sudeste, região das grandes metrópoles e de uma gente mais liberal, que se encontra o menor número dos casados na forma de união consensual, somente 28,6%. A Pnad ainda não pesquisa o número de uniões homoafetivas.

Um dos dados que mais nos alegram é o da taxa de analfabetismo, que vem caindo rapidamente. O Bra-sil, enfim, caminha para se tornar um país de cidadãos letrados e senhores de vida digna e com liberdade. 8,6% dos brasileiros vivem na condição de analfabeto, isto é, 12,9 milhões de pessoas. É muito, ainda. Contudo, se pensarmos no passado não muito remoto, são indivíduos, na grande maioria com idade acima de 30 anos e o maior contingente continua sendo no Nordeste. Nas faixas etárias menores, a quantidade de analfabetos é irrisória. Ainda bem e graças ao fato de que os jovens de hoje não querem nem pensar em ser analfabetos.

A pesquisa mostra muitas outras informações do brasileiro e seu dia a dia, incluindo situação de trabalho, emprego formal, trabalho infantil, rendimentos e taxa de desemprego, que, aliás, caiu em todas as regiões, entre 2009 e 2011. No país, como um todo, a taxa caiu de 8,2 para 6,7%. A excelente surpresa é que 89,9% dos domicí-lios brasileiros dispunham de telefones – fixos ou celula-res –, o que significa um avanço extraordinário se recuar-mos aos idos dos anos 80 e 90.

Naturalmente que foi a telefonia móvel que es-tabeleceu este novo padrão de comunicações. Informes recentes dão conta de que já existe, praticamente, um telefone celular para cada brasileiro. Se o quantitativo de telefone chama a atenção, o que dizer do fato de que 42,9% dos lares brasileiros já dispõem de um microcom-putador, em 2011? Detalhe: 36,5% deles, na hora da pes-quisa, estavam interligados à internet.

São novos tempos, com o progresso tecnológico chegando a passos largos para alçar o Brasil ao nível de grande nação.

OPINIÃO | GIRLEY BRAZILEIRO

Page 26: Informe Fecomércio-PE nº 04

26 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

Chegada de grandes grupos empresariais a Pernambuco é indicador positivo para empresáriosPor Ceça Ataides

Os empresários do ramo de distribuição de mercadorias no Estado estão animados com a criação deste centro de negócios. Eles dizem que a chegada dos grandes grupos empresariais por

aqui é um indicador positivo e trará inúmeros benefícios para todos os setores, garantindo a modernização e a possibilidade de ampliação dos negócios e gerando emprego e renda.

A logística é definida como o processo de planejar, implementar e controlar, eficientemente, com um custo correto, o fluxo e a armazenagem de matérias-primas, de estoques durante a produção, de produtos acabados e de informações relativas a estas atividades. Este trajeto vai desde o ponto de origem até o ponto de consumo e visa atender aos requisitos do cliente.

Em Pernambuco, circulam milhões de pessoas, indo e vindo, movimentando a economia e gerando um

Localizado em uma posição geográfica privilegiada, Pernambuco é rota estratégica para aviões, navios e outros meios de transporte, o que, somado a outras características, eleva o potencial em se tornar um importante polo logístico nacional.

Page 27: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012| 27

Produto Interno Bruto em torno de 35% do PIB do Nor-deste. Mas todo esse aparato empresarial, para se forta-lecer, apesar dos recursos já investidos pelo governo do Estado, vai necessitar cada vez mais de infraestrutura adequada ao seu funcionamento, principalmente no re-quisito mobilidade.

No Grande Recife, no mu-nicípio de Ipojuca, desponta o Complexo de Suape. Onde antes só brotava cana-de-açúcar nasce-ram hoje refinaria de petróleo, montadora de veículos, siderúr-gica e complexo petroquímico. Tudo impulsionado pela estru-turação do Porto de Suape, que tornou a vocação logística da re-gião ainda mais evidente. Daqui partirão para todo o Nordeste os veículos da marca Volkswagen produzidos no México.

Já ao norte da Região Metropolitana do Recife (RMR), em Goiana, a instalação de um polo farmaco-químico inaugura na região uma indústria intensiva em tecnologia. O desenvolvimento da área já despertou o interesse de grandes construtoras, como o Grupo Quei-roz Galvão, que se prepara para instalar um complexo habitacional no local. Até mesmo municípios localiza-

dos no interior do Estado vêm apresentando vocação para a logística, como Salgueiro, com a chegada do gru-po atacadista Compare, e Floresta, ambos no Sertão.

Devido à localização estratégica, estes municí-pios podem atender a mercados de bens e serviços das

regiões Nordeste e Centro-Oes-te através da integração de di-versos modais. “Do mesmo jeito que o Porto de Suape está bem posicionado para as operações no exterior, Salgueiro e Floresta estão para a distribuição no in-terior do Nordeste, que cada vez mais vem atraindo indústrias e varejistas”, diz o consultor da Fecomércio-PE José Fernandes.

Porém, segundo José Fer-nandes, para tornar esse sonha-do polo logístico estratégico, é

necessário bem mais do que uma posição geográfica privilegiada, um porto estruturado para transbordo de grandes embarcações e um aeroporto de grande porte, pois a infraestrutura, principalmente no setor de mo-bilidade urbana, já não é suficiente para atender às demandas da nova economia do Estado. “Precisamos explorar as potencialidades econômicas de nosso terri-tório e nos preparar para enfrentar o cenário futuro de

“Ainda a respeito da logística, é importante frisar que Pernambuco

ficou fora dos investimentos em rodovias, setor altamente

deficiente no Estado. O projeto da PPP (Parceria Público Privada)

somente contemplou a ferrovia Recife/Salvador”

José Fernandes de Menezes

Page 28: Informe Fecomércio-PE nº 04

28 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

ameaça ao desenvolvimento de nossa cidade”, destaca, reforçando a importância da integração dos transportes fluvial, marítimo, rodoviário e ferroviário.

O consultor adverte que é necessário criar infraes-trutura adequada, construir mais acessos e melhorar os transportes para ser capaz de promover essa integração e explica que o polo deve ser capaz de transportar merca-dorias, garantindo a integridade da carga, no prazo com-binado e a baixo custo. Isso é o que se chama “logística de transporte”. Ainda na opinião do consultor da Feco-mércio-PE, além da busca pela qualificação necessária tanto dos empresários quanto da mão de obra, é preciso que o Estado supere uma série de entraves estruturais e a guerra fiscal.

Grupo RM – Força que veio do Agreste

O Grupo RM iniciou suas atividades com foco no setor de distribuição, em Caruaru, e hoje atua tanto no atacado quanto no varejo, com unidades no Recife, Ca-ruaru, Arcoverde e João Pessoa e três centros de distri-buição estrategicamente localizados com mais de 2 mil itens. O grupo conta com frota própria e duas unidades do Centro de Treinamento Profissional (CTP), estru-turadas com uma equipe capacitada e disponível para oferecer assistência técnica externa a todos os clientes.

No varejo, possui três lojas de autosserviço, a RM Express, sendo duas no Recife e uma em Caruaru, que oferecem um mix com cerca de 15 mil produtos. “Con-seguimos ofertar uma grande gama de produtos porque investimos em uma boa logística”, diz o diretor comer-cial do grupo, Marco Filho. Além de atender o público em geral, as lojas fornecem para bares, restaurantes, lan-chonetes, padarias, hotéis, supermercados, entre outros.

Grupo CompareA empresa se instalou no município de Floresta,

no Sertão pernambucano, e atua nas mais diversas áreas, como atacado, distribuição, indústria de alimentos, ven-da de combustível e farmácia. Eles apostam na diversi-ficação, agilidade e qualidade dos produtos e serviços, além da profissionalização dos recursos humanos, que possibilita o remanejamento dos seus funcionários para áreas adequadas às suas aptidões. O Grupo Compare vem se expandindo, tornando-se competitivo no mer-cado e importante no desenvolvimento socioeconômi-co do município e das regiões onde atua, gerando renda e empregos.

Grupo KarneKeijoA empresa KarneKeijo figura na lista das maio-

res empresas distribuidoras de alimentos do país. O aumento no percentual do crescimento é resultado de investimento em infraestrutura e logística, com foco no momento vivido pelo mercado consumidor em todo o Brasil. São mais de 8 mil clientes cadastrados em oito pontos de venda. O grupo também tem focado no forta-lecimento dos recursos humanos.

Page 29: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012| 29

ESTÁ EM TODO LUGAR.VENHA CONHECER.

17 a 20 de Pernambuco - Olinda/PE

DE OUTUBRO

Mais de 380 atividades GRATUITAS.

www.feiradoempreendedorpe.com.brGaranta a sua vaga

Informações: 0800 570 0800

De quarta a sexta: das 10 às 22h | Sábado: das 10 às 20h

FOTOGRAFEO CÓDIGO E FIQUEPOR DENTRO DASOPORTUNIDADES.

REALIZAÇÃO: PATROCÍNIO: APOIO:

Centro de Convenções

OPORTUNIDADE

An Rev Fecomercio 21,6x28cm.pdf 1 19/09/12 15:23

Page 30: Informe Fecomércio-PE nº 04

30 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

ENTREVISTA | DIÓGENES DE ANDRADE

Na opinião de Diógenes de Andrade, empresário, presidente de uma rede de lojas distribuidoras que leva

o seu nome, diretor para assuntos tributários da Fecomércio-PE, vice-presidente da Associação Nacional de Atacadistas e de Distribuidores (Abad), entre outros, Pernambuco ainda tem um longo caminho a percorrer para ter excelência com relação a um polo nacional de logística. Ele aponta como principal item de investimento a capacitação da mão de obra especializada, mas, segundo ele, os primeiros passos para avançar no setor já foram dados. “O nordestino é, acima de tudo, um forte, com extrema capacidade de aprendizado e adaptação ao que lhe for ensinado”, enfatiza. Veja a entrevista na íntegra.

Page 31: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012| 31

IF – O que ganha o comércio varejista e atacadista pernambucano com a criação de um polo logístico no Estado?

DA – Onde houver negócios, construções, grandes empresas, muitos empregados, enfim, pessoas, há a necessidade de alimentação, vestimenta, moradias e tudo o mais, o que atrai naturalmente o varejo, seja pequeno ou mesmo grande, que, por sua vez, é abastecido pelo comércio atacadista. Assim sendo, ganhamos todos. IF – A logística pode andar de mãos dadas com o desenvolvimento sustentável?

DA – Claro. Basta ver o formato das novas construções de galpões, com aproveitamento da iluminação natural, reaproveitamento das águas, utilização de paletes reciclados, além do desenvolvimento de novos motores e combustíveis nos caminhões de modelos recentes.

IF – Quais seriam os principais gargalos burocráticos que ainda atrapalham o potencial logístico de Pernambuco?

DA – Os gargalos não são em Pernambuco, mas no Brasil. Além da burocracia natural, a burocracia fiscal é o maior entrave que existe hoje para qualquer empresa, sem falar, é claro, da altíssima e sem retorno “carga tributária”.

IF – A que ponto a cultura regional atrapalha ou facilita esse processo?

DA – “O nordestino é, acima de tudo, um forte”, com extrema capacidade de aprendizado e adaptação ao que lhe for ensinado. Além disso, o atual momento de Pernambuco fez com que a cultura do caranguejo deixasse de existir em nosso meio empresarial, o que está deixando otimistas todos os nossos empreendedores. A nossa atual cultura somente facilita este processo, que seguramente será vitorioso.

Polo logístico: Pernambuco deve investir em capacitação de mão de obra

Informe Fecomércio-PE (IF) – Em seu ponto de vista, Pernambuco pode se consolidar como polo logístico nacional?

Diógenes de Andrade (DA) – Pernambuco é um Estado com tradição logística secular, ou seja, esta tradição, que foi relaxada ultimamente (pré-Suape), vem desde o tempo do império, graças à sua localização estratégica como o porto mais próximo da Europa, servindo de entrada para os produtos recebidos de outros países, aliada à sua equidistância das principais capitais nordestinas e que poderá servir de porto de transbordo para as demais capitais do país, principalmente no momento em que forem cridas condições para uma maior utilização do transporte via cabotagem em nossa costa. IF – É positiva a instalação de grandes empresas em Pernambuco (Fiat, Volks, GM, entre outras)?

DA – É extremamente positiva a instalação dessas empresas, principalmente pelo seu efeito multiplicador. Estamos observando a instalação de muitas empresas que necessitarão estar também aqui instaladas para suprir em tempo real essas montadoras. Devemos considerar não só as grandes, que normalmente dispõem de um elevado grau de automação, mas também, e sobretudo, essas abastecedoras, que, além de empregos, demandarão impostos, preparação de mão de obra especializada, etc. IF – Quais os entraves para o desenvolvimento do setor?

DA – O principal, em minha opinião, é a falta de qualificação profissional não apenas para este setor, mas como um todo, agravada pela péssima qualidade do ensino básico que está sendo disponibilizado às populações de baixa renda. IF – Então não há mão de obra especializada no mercado do setor?

DA – A mão de obra é péssima e carente. Eu não vejo perspectivas em curto prazo de solucionarmos essa carência. As empresas estão procurando preparar uma mão de obra adequada com programas de treinamento, no entanto o trabalhador “acha que não necessita”.

Page 32: Informe Fecomércio-PE nº 04

32 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

Fachada do Mercado de São José

Page 33: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 33

Símbolos da cultura, os mercados públicos são pontos turísticos que agradam aos visitantes e

dão orgulho ao povo. Ou não. Hoje, os do Recife se encontram numa situação que não dá gosto de ver. Problemas de infraestrutura e organização são alguns dos obstáculos a serem removidos antes da Copa do Mundo no Brasil em 2014, que vai atrair muitos turistas e será uma boa oportunidade para que os mercados do Recife entrem no nível de padrão nacional. Para Oswaldo Ramos, diretor executivo do Instituto Fecomércio-PE, os mercados públicos são excelentes locais para conhecer a cultura e a gastronomia de uma cidade, por meio dos produtos neles comercializados. Mas reforça que a capital pernambucana precisa estruturar os seus em diversas frentes, considerando ações em três principais aspectos estratégicos. “Precisamos melhorar a infraestrutura e normas de

funcionamento, qualificar os produtos e trabalhar na capacitação de boas práticas de gestão e qualidade no atendimento”, aconselha. Algumas ações já estão sendo alvo de um projeto realizado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-PE). O coronel Luiz Mário, diretor de Mercados e Feiras da Companhia de Serviços Urbanos do Recife (CSURB), que faz a gestão dos mercados públicos, ainda adverte que o entorno dos espaços é um dos aspectos importantes a serem trabalhados. “Já estamos tomando providências. Uma das medidas que precisamos realizar com urgência é a retirada dos ambulantes e do comércio informal que fica ao redor dos mercados públicos”, conta. Além dessa mudança, outras, de acordo com ele, são urgentes no sentido de melhorar a mobilidade dos visitantes e proporcionar

locais de estacionamento. Sem falar na limpeza, conservação e decoração dos stands, que são imprescindíveis. Luiz Mário ainda ressalta a questão da acessibilidade nos locais, principalmente, nos banheiros. “Queremos que essas práticas se tornem rotina, padronizando e alinhando os nossos mercados para que cheguem ao nível de ponto turístico, como é o caso do de São Paulo, por exemplo”, esclarece. Para o diretor, é muito patente a preocupação em adaptar o ambiente para receber o turista. “Mercados como o de São José, da Madalena, do Cordeiro e da Encruzilhada têm muita história para contar”, lembra. No entanto, a maioria das modificações a serem realizadas esbarra na liberação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que deve ser concedida ainda este ano, para que todas as reformas necessárias sejam feitas em 2013.

Mercados públicosse preparam para 2014Por Kamila Nunes

Adaptações já estão sendo feitas para tornar os mercados do Recife verdadeiros pontos turísticos

Fachada do Mercado de São José

Page 34: Informe Fecomércio-PE nº 04

34 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

Os mercados públicos do Recife são o retrato da identidade da cidade: os hábitos, costumes e cultura podem ser encontrados pelos 17 mercados espalhados pela capital. Somam mais de dois mil boxes nesse total. Cada um deles tem grande importância para a vida da comunidade em que está inserido.

O Mercado de São José, por exemplo, que possui uma arquitetura de ferro, típica do século XIX, é inspirado no mercado público de Grenelle, em Paris, e foi inaugurado em 1875. É um dos monumentos pernambucanos e é reconhecido e tombado pelo Patrimônio Histórico.

De acordo com dados da Prefeitura do Recife, o Mercado de São José ocupa uma área coberta de mais de 3.500 metros quadrados. O prédio é formado por dois pavilhões, com 370 compartimentos de diversos produtos; 27 pedras de peixe; 34 barracas internas – para vender comidas e caldo de cana – e outras 70 espalhadas pela calçada do pátio. Atualmente, são 545 boxes no total.

Lá, pode-se encontrar peças de artesanato em barro, corda e palha. Esse polo de atração turística é, também, ponto tradicional do comércio de pescado. Semanalmente são vendidos mais de 1 tonelada de peixe e 400 kg de crustáceos.

Outro mercado que é tão antigo quanto o de São José é o da Boa Vista. Não se sabe, ao certo, a data de inauguração. O mercado hoje conta com 63 boxes, onde se encontram cereais, verduras, frutas e legumes, carnes, aves e frios, além de ervas e armarinhos. Há nove bares, que servem comida regional no café da manhã, almoço e jantar.

Mercado é cultura ENTREVISTA | VALDENICE FERREIRA

Já o Mercado da Madalena é localizado num bairro de grande importância histórica. Foi uma rentável zona açucareira do Recife. A inauguração do mercado ocorreu em 1925. No local se reunia um aglomerado de feirantes, que ali vendiam frutas e verduras, sem qualquer interferência por parte da prefeitura. Funcionava à noite e, por isso, recebeu o nome de Mercado do Bacurau. O horário noturno atraía também os boêmios. Nos fins de semana, o movimento era mais intenso durante o dia, com destaque para o comércio de comidas típicas, como mungunzá, tapioca e cuscuz com café.

Hoje, são 180 compartimentos, que oferecem alimentos variados: frutas, verduras, legumes, cereais, carnes e peixe. Além disso, o Mercado da Madalena continua atraindo os boêmios. Ali, eles vão recuperar as energias com comida bem regionais, como sarapatel.

NOS BOxES é possível encontrar um pouco da gastronomia regional

Page 35: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012| 35

Informe Fecomércio-PE (IF) – Quando e onde começou a mobilização para realizar reformas nos mercados públicos da capital pernambucana?

Valdenice Ferreira (VF) – Começou em julho deste ano, mais precisamente no Mercado da Madalena, na Zona Oeste do Recife. Além deste, um dos primeiros a receber nossas visitas foi o Mercado da Boa Vista. IF – Como começa essa mobilização?

VF – Tudo se inicia com a ação de reestruturação do espaço físico. Andamos pelos mercados com um profissional de arquitetura que tem especialização em segurança alimentar e trabalhará junto conosco diversos aspectos, como o leiaute dos boxes, a adequação ao espaço e a iluminação. Dentro dessa ideia, queremos colocar em prática o plano de ação em até dois meses. IF – Qual seria o próximo passo para a reforma desses locais?

VF – Vamos estruturar os mercados para se tornar um polo cultural mesmo. Trazer tardes de autógrafos, rodas de ciranda e muitas apresentações culturais. Além disso, queremos organizar pontos de táxi próximos aos mercados. Implantaremos centro de informações turísticas com funcionários falando em inglês e casas de câmbio para enriquecer ainda mais os locais e trazer mais conforto para o turista. Estamos propondo também realizar até circuitos gastronômicos e providenciaremos um cardápio mais diferenciado já no ano que vem. Além de manter sempre o padrão, fazendo com que o pessoal da linha de frente continue padronizado com uniformes e luvas. IF – Qual etapa desse processo você considera mais importante?

VF – Sem dúvidas o processo de estruturação é bastante delicado e o Sebrae está muito engajado. A organização do espaço físico dá visibilidade à mudança que se inicia, além de ser um fator motivador. Depois de melhorar a aparência dos mercados, poderemos vendê-los como pontos turísticos. Precisamos solucionar os problemas estruturais, como estacionamento, para poder trazer o turista. IF – Além disso, o Sebrae-PE está trabalhando a melhoria no atendimento ao público?

VF – Sim, para vendê-los como equipamentos turísticos que divulgam a cultura e a gastronomia vamos investir no atendimento que a linha de frente dá ao cliente através de nosso trabalho de capacitação e consultoria. Afinal de contas, sem educação nada muda. Estamos tentando criar no pessoal que trabalha nos mercados a consciência da prática diferente, até porque é uma questão de saúde pública. Trabalhamos com eles a reflexão de como está agora e como pode melhorar.

ENTREVISTA | VALDENICE FERREIRA

Valdenice Ferreira, gerente da unidade de comércio e serviço do Sebrae-PE, instituição responsável pela reestruturação dos mercados públicos do Recife para receber os turistas na Copa do Mundo de 2014

Mercado de São José

Page 36: Informe Fecomércio-PE nº 04

36 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

Presidente da Fecomércio-PE e vice-presidente da CNC – [email protected]

O varejo respondeu rápida e positivamente à política de redução do IPI e dos juros. Uma prova dessa assertiva encontra-se em estudo recente do Centro de Pesquisa (Cepesq) da Fecomércio-

PE, que ouviu as concessionárias de veículos de Recife, de Jaboatão e de Olinda. O comércio automotivo, que havia puxado as vendas do varejo em anos recentes, vinha mostrando resultados pífios até o fim de maio, com forte queda em relação a 2011.

Todavia, a partir de então, a tendência declinante foi revertida, em decorrência, principalmente, da redu-ção do IPI e dos juros, o que deixa às claras o que o vare-jo, há muito tempo, vem sustentando: a alta carga tribu-tária, conjugada com os juros altos, suga sua vitalidade, reduzindo as chances que uma conjuntura positiva ofe-rece de preparar-se para os desafios e oportunidades que a cada dia estão mais à porta.

Para as empresas, as causas principais da modi-ficação no desempenho, a partir de junho, estão na re-dução do IPI, para quase 85% dos respondentes, e na queda dos juros, para quase dois terços deles, em res-posta a uma questão que admitia múltiplas respostas. O lançamento de novos veículos, com menos de 40% das respostas e as promoções, com menos de 20%, podem ter ajudado na recuperação, mas nem de longe se com-pararam em influência ao IPI e aos juros.

Como seria de esperar, as mudanças introduzidas a partir de maio melhoraram o humor no segmento, que passou do pessimismo do primeiro quadrimestre para as expectativas muito positivas registradas na pesquisa, onde quase 87% das empresas acreditam em vendas este

ano maiores que no ano passado. O aumento de fatu-ramento esperado em 2012 está em 28%, um número muito alto mesmo se mantidos até dezembro os atuais incentivos, mas que fornece uma boa ideia do otimismo reinante no segmento.

O desempenho de outros segmentos do varejo, como materiais de construção e lojas de utilidades do-mésticas, também corrobora a proposição de que o varejo reage rápida e positivamente à redução dos impostos e dos juros. Os números desse segmento no acompanhamento mensal que a Fecomércio-PE faz do varejo da RMR são muito superiores à média, sinalizando a relevância dos tributos e do crédito para os resultados do varejo.

As evidências acerca dos bons resultados da redu-ção dos impostos e dos juros sobre o desempenho do va-rejo são conhecidas e, evidentemente, não se restringem à RMR. Os exemplos aqui citados o foram por terem sido produzidos pela Fecomércio-PE e referirem-se di-retamente à nossa realidade. Mas,é só estender os olhos para o Brasil para ver que resultados semelhantes po-dem ser identificados em todo o país.

Não há dúvida quanto aos bons resultados e a oportunidade de uma política de redução dos juros e dos impostos e a Fecomércio-PE manifesta seu apoio a essa política. Todavia, não se pode esquecer que seu su-cesso decorre da existência de uma carga tributária tão escorchante que qualquer movimento no sentido de ali-viá-la produz resultados positivos imediatos. Talvez te-nha chegado a hora de aliviá-la antes que a sangria que produz debilite as forças produtivas do país, levando-as a um ponto de difícil retorno.

Varejo da RMR reage bem aos incentivos do governo

OPINIÃO | JOSIAS ALBUQUERQUE

Page 37: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 37

O ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto, esteve, no dia 23 de agosto, na sede

da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em Brasília, onde garantiu aos diretores do Sistema CNC-Sesc-Senac o compromisso com a retomada do diálogo permanente com as confederações patronais tradicionais e a ampla reformulação da composição do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) e do Conselho Curador do FGTS. Além disso, o ministro destacou o desejo de ter o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) como parceiro na qualificação de trabalhadores em projetos do MTE.

A visita de Brizola Neto à CNC significa, sobretudo, a retomada do diálogo entre o ministério e os representantes patronais. “Agradeço a oportunidade de estar nesta casa iniciando um processo de retomada de diálogo social, por orientação da nossa presidente Dilma Rousseff. Desejamos retomar a posição de mediadores das relações de trabalho, atentos ao mercado de trabalho brasileiro, mas compreendendo que cabe ao Estado ter equilíbrio nas suas posições, para não perder a sua

condição de mediar os conflitos naturais que surgem das relações entre o capital e o trabalho”, disse.

Ele afirmou que a qualidade dos postos de trabalho, a remuneração e o cuidado com a dignidade aos trabalhadores são diretrizes que vão nortear as ações de seu ministério, assim como o diálogo social, e isso passa pela retomada da composição do Codefat e do Conselho Curador do FGTS, com a volta da CNC e das confederações, que se afastaram do Codefat em 2009.

“Além disso, quem tem sentido falta das confederações patronais e do Sistema S é o Ministério

Ministro Brizola Neto confirma reformulação dos conselhos do FAT e FGTS

do Trabalho, quando o assunto é qualificação”, disse o ministro, que anunciou um ajuste no valor da remuneração da hora-aula de R$ 4,50 para R$ 9, para manter a qualificação de primeira classe e possibilitar a entrada de centros de excelência como o Senac. “Por isso, nós queremos fazer um chamado à CNC, como faremos às demais confederações, para que volte a participar dos processos seletivos de qualificação profissional, porque precisamos da experiência, das instalações adequadas, da expertise e dos profissionais preparados que o Sistema S tem para oferecermos a qualificação que o Brasil precisa”, finalizou o ministro.

ANTONIO Oliveira Santos e Brizola Neto

Page 38: Informe Fecomércio-PE nº 04

38 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

Principal polo gastronômico do Nordeste e terceiro do país, Pernambuco tem atraído cada vez mais a

atenção de quem atua na área. Cursos especializados despontam no mercado de formação profissional local, assim como vagas de empregos nos setores de gastronomia e hotelaria, por exemplo. Com a proximidade da Copa do Mundo de 2014, a tendência é que esse quadro apresente um crescente e gere mais oportunidades para os pernambucanos.

Como reflexo disso, um recorte desse bom momento da gastronomia em Pernambuco estará sendo mostrado nas páginas da principal revista especializada do setor no país, a Prazeres da Mesa, em sua edição de setembro. Editada em São Paulo, a publicação lança um guia da gastronomia no Recife, junto com o material produzido durante a edição do Prazeres da Mesa ao Vivo Pernambuco 2012, realizado em parceria com o Senac Pernambuco, entre os dias 31 de julho e 2 de agosto.

“Pela primeira vez, estamos fazendo uma revista regional, que está começando por Recife. No ano que vem, pretendemos estender esse guia para todo o Estado. Isso porque Pernambuco tem hoje a gastronomia mais evoluída do País e os pernambucanos devem ter orgulho disso”, afirmou o diretor comercial da revista Prazeres da Mesa, Georges Schnyder.

O evento reuniu, durante três dias, chefs pernambucanos, de outros Estados do País e também internacionais no Senac

Gastronomia pernambucana desponta no cenário nacionalPor Marina Andrade

Page 39: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 39

Recife. Entre eles, estavam o francês Claude Troisgros; o espanhol Fernando del Cerro; o paraense Thiago Castanho; as cariocas Andréa Tinoco e Mônica Rangel; além dos pernambucanos César Santos, Joca Pontes e André Saburó. De acordo com o presidente do Sistema Fecomércio/ Senac/Sesc-PE, Josias Albuquerque, está programado que as oficinas e demais atividades que compõem o Prazeres da Mesa ao Vivo sejam levadas ao interior do Estado no próximo ano.

A passagem de um evento deste porte pela capital e, futuramente, por algumas das principais cidades do interior é um dos reflexos da importância crescente que a gastronomia tem tido na economia pernambucana. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Pernambuco (Abrasel-PE) reúne, atualmente, 384 associados no Estado, entre bares, restaurantes e lanchonetes. De acordo com o diretor executivo da entidade, Valter Jarocki, o

número de cursos nas áreas de gastronomia e hotelaria tem registrado um aumento bastante amplo nos últimos dois anos.

“Várias faculdades estão oferecendo especialidades na área e isso vai colocar no mercado uma quantidade grande de profissionais qualificados. A Abrasel-PE, como entidade do setor, apoia essa movimentação, uma vez que isso vai proporcionar uma melhoria na qualidade dos serviços, pois teremos pessoas formadas trabalhando com gastronomia. Fora isso, o setor está aquecido e com boas perspectivas de crescimento. Todos nós só temos a ganhar”, afirma Jarocki.

Pensando na Copa das Confederações, que passará por Pernambuco em 2013, a Abrasel-PE está fechando seu calendário de capacitações que serão oferecidas para os associados no próximo ano. Na programação, estão treinamentos na área de segurança dos alimentos, coquetelaria e gestão, por exemplo.

“Pela primeira vez, estamos fazendo uma revista regional,

que está começando por Recife. No ano que vem, pretendemos estender esse guia para todo o

Estado. Isso porque Pernambuco tem hoje a gastronomia mais

evoluída do País e os pernambucanos devem ter orgulho disso”

Georges SchnyderÇa Va Bistrô

Page 40: Informe Fecomércio-PE nº 04

40 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

PolosNo entorno da Rua da Hora, no bairro do Espinheiro, e da Rua Capitão Rebelinho, no Pina, consolidaram-se os principais polos gastronômicos do Recife. Reunindo restaurantes de diversos estilos, esses dois endereços têm sido frequentados tanto por turistas quanto pelos pernambucanos, que têm optado cada vez mais por fazer refeições fora de casa.

Funcionando há dois anos e meio na Rua Capitão Rebelinho, o Ça Va Bistrô atesta o crescimento no fluxo de clientes, com destaque para um novo nicho formado por funcionários das novas empresas que estão se instalando no Complexo de Suape. “Também temos recebido mais turistas e percebendo que o público em busca de comida com qualidade tem crescido. Além disso, estamos registrando uma maior demanda de bebidas como o vinho”, afirma o proprietário Manoel Fernandes.

Uma reforma já está sendo realizada no Ça Va, com o objetivo de expandir a estrutura do local para acomodar mais clientes nos eventos esportivos de grande porte que se aproximam. A equipe de 22 funcionários também já se prepara para passar por um curso de inglês para atender melhor os turistas estrangeiros. Manoel, porém, aponta que o principal entrave ao crescimento do polo gastronômico do Pina é a ausência de um estacionamento no local.

Do outro lado da cidade, a Zona Norte do Recife também tem um polo gastronômico para chamar de seu. Em cerca de 1,6 km, espalham-se mais de 16 restaurantes e bares. Entre eles, estão o Camarada Camarão e o Cordel Botequim, que compartilham a mesma gerência. “Inaugurado há dois anos, o Camarada é uma franquia com um grupo de diretores que resolveu montar um outro empreendimento, o Cordel, em maio deste ano. Quando abrimos o Camarada, tínhamos como perspectiva um volume muito grande de vendas, que nos três primeiros meses chegou até a ser superado. Porém, alterações no

trânsito no local têm tornado difícil manter esses números”, explica o gerente de operações dos dois estabelecimentos, Mário Sérgio.

Há 13 anos no ramo da gastronomia, ele observa as mudanças no setor. “Quando comecei a trabalhar nessa área, no fim da década de 1990, Recife nem era considerado polo gastronômico. Hoje é diferente, a cidade está ocupando um lugar de destaque na gastronomia do País. Estou precisando de um gerente para o Cordel e está sendo difícil encontrar, porque a oferta está muito grande no setor”, afirma Mário.

A existência dos polos da Rua da Hora e da Capitão Rebelinho não restringe as opções gastronômicas disponíveis no Recife, nem em cidades próximas como Olinda – reduto de charmosos restaurantes, principalmente, na Cidade Alta. Pelo contrário. Além do impacto crescente na economia, o que tem chamado a atenção do País em relação à gastronomia feita em Pernambuco é também a sua diversidade, que vai desde o toque regional do chef César Santos, do restaurante Oficina do Sabor, às inspirações orientais do chef Thiago Freitas, do Thaal.

A RUA da Hora se tornou o ponto de enocntro dos admiradores da gastronomia pernambucana

Page 41: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 41

De 31 de julho a 2 de agosto, o Senac Recife abrigou o evento Prazeres da Mesa ao Vivo Pernambuco – O Reality Show da Enogastronomia. O encontro contou com a participação de mais de 50 chefs de cozinha – como César Santos, Claude Troisgros e o espanhol Fernando del Cerro – em várias atividades, como aulas de cozinha, palestras, degustações, exposição de produtos e o 3º Seminário Mesa, Comida e Identidade.

A programação também contou com os Jantares Magnos, que arrecadaram doações para o Lar da Criança e tiveram a presença de chefs como o paraense Thiago Castanho, o espanhol Fernando del Cerro e a carioca Andrea

Tinoco; o espaço Melhores de Pernambuco, destinado a divulgar os restaurantes de destaque do Recife e do interior do Estado, além do Concurso Talento ao Vivo, em que estudantes de gastronomia concorreram a prêmios com suas criações gastronômicas.

Uma grande inovação do Prazeres da Mesa ao Vivo Pernambuco foi o Salão Gourmet Digital, que juntou o universo da gastronomia à tecnologia, com exposição de games e aplicativos mobile desenvolvidos por estudantes de várias instituições de Pernambuco selecionados no 1º Concurso Gourmet Digital, promovido pelo Senac Pernambuco.

O 3º Seminário Mesa, Comida e Identidade, que reuniu os chefs DucaLapenda, do Pomodoro Café; Cesar Santos, do Oficina do Sabor; Joca Pontes, dos restaurantes Ponte Nova, Villa e La Plage; a chef consultora Claudia Freyre; o historiador e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ)Enrique Guerreroe o antropólogo Raul Lody, discutiu as marcas

Prazeres da Mesa reúne chefs nacionais e internacionais no Senac

deixadas pelos holandeses e pela Companhia das Índias Ocidentais na gastronomia pernambucana. “A Holanda tinha desenvolvimento agrícola, além de ser fornecedora do Mar Báltico e dominadora do norte africano”, explicou Enrique Guerrero, justificando a implantação de alimentos e temperos de outros territórios no Brasil colonial.

Durante os dias 1º e 2 de agosto, os estabelecimentos participantes da Praça dos Sabores abriram degustação ao público a partir das 17h. Empresas como Rio Sol, MultiDelicatessen, Cozinhando Escondidinho, Barracuda e DouceetChocolat revezaram-se nos dois últimos dias de evento.

Chef André SaburóChef Andréa Tinoco Chef Rivrandro França

Chef Fernando Del Cerro

Chefs César Santos e Claude Troisgros

Page 42: Informe Fecomércio-PE nº 04

42 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

A cada dia, a sustentabilidade ambiental ganha mais espaço e importância na vida dos cidadãos.

Está presente no estilo de vida, no modo como se produz, gasta e se lida com os resíduos. No turismo, não está sendo diferente. Empresários e profissionais do setor em Pernambuco já começam a adotar medidas de preservação da natureza para o turista que procura por uma viagem divertida e ao mesmo tempo sustentável.

Estruturar um projeto de turismo sustentável não é fácil, e muito menos colocá-lo em prática, pois exige atitudes ambientalistas, regras de utilização dos recursos naturais e um pensamento ecológico. O hotel Portal de Gravatá, no Agreste do Estado, é um exemplo. Desde a sua inauguração, desenvolve ações de

preservação ambiental, entre elas a implantação em 2010 do projeto EcoPortal.

“No EcoPortal estipulamos metas para cada área de atuação, dividindo-as em seis fatores críticos, com um responsável por cada fator, e sendo definidas ações prioritárias, metas e os próximos passos. São eles: água, energia, efluentes e emissões, resíduos sólidos, preservação do ambiente natural e arquitetura e paisagismo, e educação e sensibilização ambiental”, conta o gestor do projeto, Waldyr Cavalcanti Júnior.

Entre as medidas adotadas pelo Portal de Gravatá, está a redução de 20% do consumo de água e 20% em energia, aquecimento solar para os banheiros dos apartamentos e ampliação no uso de produtos orgânicos da horta. Além disso, o

Na trilha do turismo sustentável

Em Pernambuco, o setor começa a dar os primeiros passos no caminho da sustentabilidade

Por Janayna Brasil

Page 43: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 43

projeto também inclui o uso da vegetação da caatinga em maior escala no paisagismo do hotel, o Espaço Reciclar para exposição de peças feitas de material reciclado por artesãos e a separação do lixo reciclado, como vidros, garrafas PET e latas.

Para o turista que se hospeda no hotel, há o tour Ecoportal, com apresentações das ações na escolinha na Vila do Portal e visitação à sementeira, horta orgânica, minhocário e compostagem. Para as crianças, a diversão é garantida com as gincanas ambientais com atividades de reciclagem e oficinas de artes. Em 2011, com o Projeto EcoPortal, o hotel Portal de Gravatá conquistou o troféu Jacaré de Ouro do Prêmio Caio de Sustentabilidade, que incentiva a adoção pelas empresas de posturas sustentáveis.

Para a coordenadora do curso de turismo da Faculdade dos Guararapes, Mayse Cavalcanti, o turismo caminha para a sustentabilidade e já existe a preocupação dos empresários de Pernambuco em adotar iniciativas sustentáveis. “Não adianta apenas o setor hoteleiro estar preocupado em adotar ações ambientais, é preciso também estarem envolvidas as agências de viagens e as empresas organizadores de congressos, seminários e entretenimento neste processo”, diz Mayse. Ela também salienta que, com a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil, é importante que os investimentos possam ser duráveis.

O Centro de Turismo e Lazer Sesc Triunfo é um outro exemplo de que é possível alinhar turismo com sustentabilidade. No hotel, foi implantado o projeto Gestão Ambiental e Sustentabilidade, que engloba trabalhos de coleta seletiva, reciclagem, reflorestamento com árvores e plantas da região, exclusão do uso do copo descartável pelos funcionários e hóspedes e expansão da horta orgânica. Segundo a gerente do Sesc Triunfo, Jeane Arruda, o projeto será apresentado para os empresários do trade turístico e a população local com a proposta de incentivar a participação nas medidas ambientais realizadas pela unidade.

Passaporte Verde – O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), em parceria com os Ministérios do Meio Ambiente e do Turismo, lançou, em junho deste ano, a campanha Passaporte Verde. Nos aeroportos, hotéis, restaurantes e pontos

turísticos das cidades, estão sendo distribuídos livretos da campanha com informações para orientar o visitante sobre como contribuir para a conservação do meio ambiente e melhorar a qualidade de vida das pessoas da região que visitam.

O Brasil recebe anualmente 5,5 milhões de turistas estrangeiros que, segundo o Pnuma, provocam impactos ambientais sobre os serviços e os recursos naturais, por isso o incentivo para que optem por um consumo de baixo impacto. A campanha Passaporte Verde tem como objetivo conscientizar os turistas sobre a proteção do meio ambiente.

SERVIçOCentro de Turismo e Lazer Sesc TriunfoRua Antônio Henrique da Silva, s/n – São Cristóvão – Triunfo-PEFone/fax: (87) 3846.2800 Hotel Portal de GravatáBR 232 – km 82, Gravatá-PEFone: (81) 3304.8888

CENTRO de Turismo e Lazer Sesc Triunfo

Page 44: Informe Fecomércio-PE nº 04

44 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

O mercado de tecidos e confecções em geral sofreu mudanças nos últimos anos. Aquela antiga

rotina de comprar os tecidos e ir até a costureira “mandar fazer” a roupa praticamente não existe mais. Hoje, com as marcas de fast fashion, as lojas de roupas prontas e baratas atraem muito mais a atenção do grande público. “É um caminho sem volta, não há a menor dúvida.” É assim que o professor de tecnologia têxtil do Senac, Valdemir Abreu, define essa situação. Para ele, a questão da preferência pela pronta entrega é reflexo de um comportamento que ultrapassa gerações. É uma questão histórica.

“Desde a 2ª Guerra Mundial, nos Estados Unidos, as pessoas e, principalmente, as mulheres passaram a dar preferência à praticidade e ao conforto das roupas. Passaram a comprar em boutiques, prezando pela agilidade. Elas não queriam mais comprar o tecido e mandar para a costureira. Logo, essa figura passou a ser cada vez mais ausente”, explica. Quem concorda com o professor é a gerente da loja de tecidos e aviamentos Avil, localizada no

centro de Caruaru, Mauricea Tabosa. “Nós que estamos aqui próximos ao polo têxtil do Agreste, que abrange as cidades de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, é quem mais sentimos essa mudança”, conta a lojista.

Segundo Mauricea, no polo de confecções de Caruaru, por exemplo, você pode encontrar tudo que é moda nas novelas por um preço muito acessível. Por isso que hoje é difícil encontrar uma costureira que faça roupas sob medida. Na verdade, elas acabam montando uma miniempresa e fazem costuras com o padrão de tamanhos para serem vendidas em lojas. “Com duas máquinas industriais, uma costureira monta um fábrica de roupas e vende para os polos de confecção, lucrando muito mais do que com as costuras sob encomenda”, revela.

As vendas das lojas de tecido atualmente se concentram no atacado. Hoje, existem poucas que vendem no varejo. A Avil, por exemplo, vende tecidos no atacado para o polo de confecção do Agreste, para as cidades circunvizinhas e também tem clientes em outros

Comércio de tecidos sofre inversãoPor Kamila Nunes

Antigamente, a figura da

costureira era comum; hoje é

coisa rara

Page 45: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 45

Estados. Para a lojista, a mudança que ocorreu no mercado de tecidos é fruto do mundo globalizado com produtos importados de baixo custo.

No entanto, ela lembra que ainda em ocasiões especiais vende-se bastante no varejo. A Avil, inclusive, conta com estilistas no interior da loja para criar looks exclusivos para

as clientes que não dispensam um bom corte de tecido. Além disso, o segmento atrai clientes que desejam personalizar os artigos de cama, mesa e banho, como também as cortinas de casa.

O economista Luiz Kehrle, consultor do Centro de Pesquisa (Cepesq) da Fecomércio-PE, concorda com Mauricea: “As costureiras que produzem roupas ‘fora de série’, para ocasiões especiais, devem ter vida longa e cada vez mais se especializar, pois essa tendência vai continuar”, conta.

O consultor considera que a causa principal desse acontecimento no mercado de tecidos é justamente o custo da mão de obra da costureira. “O custo da costureira subiu e o da confecção industrial caiu, portanto houve um deslocamento da demanda para as roupas produzidas industrialmente”, explica.

Kehrle prevê que provavelmente não haverá um retorno para o serviço da costureira de baixo custo atendendo diretamente ao cliente. Para ele, essas costureiras continuarão a produzir para um intermediário que vende ao consumidor final. “O consumo da classe C baseia-

se no aumento da renda e no barateamento da produção em massa”, conta. Segundo o economista, a classe C quer “imitar” o consumo das classes acima dela e um passo provável é no sentido de popularizar marcas de prestígio, como tem ocorrido com as lojas populares que fazem parceria com grandes estilistas famosos.

A professora de moda da Faculdade Boa Viagem (FBV) Gabriela Teixeira concorda com Kehrle e completa: “A parceria entre estilistas e lojas de departamento é um modo dessas grandes marcas se tornarem mais acessíveis ao grande público, cativando aqueles que se identificam com o estilo proposto”. Para essas lojas, segundo Gabriela, é uma oportunidade para atrair clientes que procuram produtos diferenciados e de melhor qualidade, já que esses, de fato, têm um melhor acabamento.

Para Gabriela, a solução para o mercado de tecidos está no estímulo à atividade da costura, que se perdeu, pois as mulheres acabaram por não se interessar mais por essa ocupação. “Uma possível alternativa seria o investimento do governo e de empresas em capacitação para costureiras. Assim, com mão de obra especializada, o mercado pode ficar mais aquecido para a compra de tecidos”, explica. Ela acredita que isso pode estimular a volta ao costume de confeccionar as roupas, o que tem o diferencial de ser feito sob medida e normalmente com “exclusividade”.

Hoje, com as marcas de fast fashion, as lojas

de roupas prontas e baratas atraem muito

mais a atenção do grande público

Valdemir Abreu

Page 46: Informe Fecomércio-PE nº 04

46 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

Segundo levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de

Pernambuco (Fecomércio-PE), até o final de maio deste ano as vendas de automóveis na Região Metropolitana do Recife (RMR) vinham apresentando um desempenho preocupante, com forte queda em relação a 2011. A partir de então, a tendência declinante foi revertida, em decorrência, principalmente, da redução do IPI, diminuição dos juros e aumento do crédito.

Essas mudanças são as principais causas da forte recuperação das vendas que se registra atualmente, segundo empresários e gerentes de 46 concessionárias de veículos nas cidades de Recife, Jaboatão dos Guararapes e Olinda ouvidos em setembro pelo Centro de Pesquisa (Cepesq) da Fecomércio-PE. “Embora alguns fatores pontuais, como os lançamentos dos novos veículos e promoções, e outros mais gerais, como o aumento da renda das famílias, tenham também ajudado a recuperação das vendas a renúncia fiscal (redução do IPI) e a queda dos juros foram os principais impulsionadores da retomada do segmento”, explica o consultor econômico do Cepesq da Fecomércio-PE Luiz Kehrle.

Um conjunto de medidas voltadas ao estímulo da demanda, em resposta ao crescimento pífio do PIB ente ano vem melhorando o humor do segmento automotivo que, ouvido já após a prorrogação do IPI até final de outubro, está muito otimista em relação ao desempenho do setor em 2012. Cerca de 87% dos entrevistados esperam faturamento maior que no ano passado, contra menos de 11% que admitem recuo.

O crescimento médio esperado é de quase 28%, que descontada a inflação anual ainda representa um aumento muito significativo. Mesmo que o ano feche com um crescimento menor que o esperado no presente, o mais provável que o segmento termine 2012 com resultados acima da média do

varejo, evidenciando mais uma vez a eficácia da política de renúncia fiscal.

Com base nas informações obtidas junto às empresas, estimou-se que somente a redução do IPI contribuiu para elevar o faturamento em mais de 36%, um percentual por si só capaz de compensar os maus resultados do primeiro quadrimestre e viabilizar o crescimento em relação a 2011. “A importância da redução do IPI é ressaltada pelo fato que mais de um terço das vendas do segmento são a vista, independente, portanto, do comportamento do crédito”, completa o também consultor econômico do Cepesq da Fecomércio-PE e autor da pesquisa, José Fernandes de Menezes.

Redução do IPI e dos juros reanima as vendas de veículos novos

Page 47: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 47

Soluções inteligentes estão no topo da lista de todos os empreendedores que pretendem inovar. O

comércio também não foge a esta regra e já possui um nicho fiel ao universo da tecnologia da informação (TI). Todos os dias as pessoas são abastecidas por várias informações que chegam pelos mais diversificados meios de comunicação. Um bom empresário procura utilizar essas ferramentas high-tech para aprimorar o modo de vender no seu estabelecimento, conhecer melhor o perfil do seu consumidor, além de aumentar as vendas.

Um dos sócios fundadores da empresa Neurotech e também professor do Centro de Informática (CIn) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Germano Vasconcelos afirma que as soluções para o comércio envolvem tecnologias e técnicas desenvolvidas especificamente para o mercado geral. “O varejo é um deles. Nós começamos no CIn com uma solução para crédito que logo depois se tornou a Neurotech. Atualmente temos clientes de norte a sul do Brasil nesse segmento”, explica.

Há dez anos, Vasconcelos e seu sócio, Paulo Adeodato, desenvolveram uma solução que utiliza técnicas da inteligência artificial para analisar o risco de crédito, o perfil do consumidor e de que maneira o estabelecimento pode controlar melhor o risco de inadimplência. “O software vai servir tanto para a empresa quanto para o cliente final. A solução cruza várias informações dentro da empresa e as une com o perfil do consumidor. À medida que a loja for conhecendo o perfil do comprador, será possível calcular melhor os riscos do crédito”, diz.

A Ubee, por sua vez, é a primeira empresa especializada no desenvolvimento de localização indoor. “Essa tecnologia nos permite saber onde está o consumidor, quais são seus hábitos e como a empresa pode se comunicar melhor com ele”, comenta o diretor da Ubee, André Ferraz. O aplicativo tem o mesmo nome da empresa e pode ser baixado nos sistemas operacionais da Apple (iOS) e Google (Android).

O app funciona de maneira simples. A loja faz o download e pode ver o perfil de todos os consumidores que também possuem o aplicativo. “Dessa maneira ela poderá traçar o perfil dos clientes e direcionar de maneira mais prática o que aquela pessoa gostaria de comprar”, afirma Ferraz. Ainda de acordo com Ferraz, eles resolveram apostar no mercado de varejo por causa de um trabalho de pesquisa.

“A gente desenvolvia novas tecnologias para localização em smartphones e notamos que o GPS não funcionava em locais muito fechados. Conseguimos desenvolver um produto com mais precisão, o Ubee, vimos a oportunidade e colhemos as informações necessárias”, relata Ferraz. É importante frisar que a Ubee trabalha com o processo de vendas e o atendimento em ambientes comerciais por meio das aplicações mobile. “Elas trazem benefícios diretos aos consumidores dos estabelecimentos otimizando sua experiência de compra”, finaliza.

Mercado aposta em soluções inteligentesRedes de varejo apostam na tecnologia para incrementar as vendas

Por Amanda Nóbrega

Page 48: Informe Fecomércio-PE nº 04

48 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

TRIBUTÁRIO EM PAUTA | ALESSANDRO RODRIGUES

Assessor tributário da Presidência da Fecomé[email protected]

Os piratas sempre foram caracterizados nos ro-mances como pessoas rudes e más, geralmente distinguidos por uma cicatriz marcante e pela prática de atos delituosos.

Relatos históricos descrevem atuações de piratas gregos desde 735 a.C., sempre com objetivo de obter riquezas por meio de atos criminosos, sejam invasões, roubos, assassinatos, sequestros e extorsões. Essa anti-ga atividade clandestina se expandiu no decorrer dos tempos e contaminou os oceanos e mares do mundo inteiro, principalmente no Caribe no século XVIII. Mais recentemente, um navio iraniano carregado de açúcar brasileiro foi alvo de sequestro por piratas da Somália no Oceano Índico.

Então não é à toa que a atual denominação “pi-rataria” passou também a rotular o ato de reproduzir, comercializar, distribuir, estocar e receber produtos sem autorização do detentor dos direitos autorais.

Essa “pirataria moderna” vem gerando efeitos desastrosos na economia no mundo inteiro e por esse motivo é alvo do setor privado e de governos que vêm realizando ações de combate à pirataria com campanhas de repressão da atividade ilícita, práticas educativas, in-formatização da fiscalização e adoção de sistemáticas de arrecadação tributária diferenciadas.

Por estar relacionada à lavagem de dinheiro de-corrente do tráfico de drogas e por movimentar mais de US$ 200 bilhões a mais que o narcotráfico, a pirata-ria é considerada pela Interpol (Polícia Internacional) como o delito do século.

O Ministério da Justiça criou o Conselho Nacio-nal de Combate à Pirataria e Delitos contra a Proprie-dade Intelectual (CNCP), que tem como diretriz prin-cipal a elaboração e manutenção do Plano Nacional de Combate à Pirataria visando à contenção da oferta, por meio de medidas repressivas, e à contenção da deman-da, por meio de medidas educativas e econômicas1.

A introdução no mercado do produto falso e em desconformidade com as exigências dos órgãos de fis-calização de metrologia, qualidade e fiscal, contamina e desequilibra o mercado, pois, sem arcar com o custo inerente à operação legalizada, o valor atribuído aos produtos pirateados cria um grande diferencial com-petitivo para as empresas que agem na ilegalidade.

Pesquisas realizadas demonstram que o consu-midor tem consciência de que a pirataria afeta o de-semprego, o comércio, o fabricante e contribui para a sonegação. Os que adquirem ou adquiriram produtos pirateados ou contrabandeados alegam, como motivo principal pela preferência, a diferença entre os valores

1 http://portal.mj.gov.br

Normas tributárias inibidoras da pirataria

Page 49: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 49

de venda dos produtos piratas e os originais. A cau-sa principal da origem dessa diferença deve-se ao alto custo da tributação incidente sobre o produto que está em conformidade com a legislação vigente.

A tributação influi diretamente na concorrência, pois quando uma empresa ou um grupo não cumpre as suas obrigações tributárias, sejam acessórias ou princi-pais, contribui para o desequilíbrio na relação econômica.

Certas medidas tributárias têm a condição de minimizar a dife-rença entre o custo do produto legal com o pirateado ou contrabandeado, de modo que deixa de ser lucrativo para o contraventor por não poder usufruir da concorrência desleal.

A intervenção planejada do Estado na economia, com políticas que promoveram a redução da carga tributária, mostrou-se um remédio eficaz no combate à pirataria. A EC 42/2003 inseriu o artigo 146-A da Constituição Federal, que permite a aplicação de normas tributárias indutoras que visam regular determinado setor da eco-nomia, seja tolhendo ou estimulando o consumo, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência.

A Lei 11.196/05, por exemplo, ao desonerar o PIS e o Cofins do custo da venda no varejo de computado-res, gerou imediatamente no mercado uma diminuição do preço final e o aumento das vendas de produtos pe-las vias legais, o que, por sua vez, reduziu a comerciali-zação de produtos piratas neste setor.

Ocorre que a instituição de normas tributárias indutoras não cabe somente à União. Na qualidade de

sujeitos ativos da relação tributária, os Estados e os municípios também devem e podem adotá-las objeti-vando inibir o comércio do produto pirata dentro da sua jurisdição.

A princípio, a desoneração da carga tributária pode ser vista como uma renúncia de receita pública para prevenir uma atividade ilícita. Sucede que, em

contrapartida, está comprovado que o aumento da produção e das ven-das dos produtos em conformidade com a legislação traz benefícios in-diretos que minimizam o custo pú-blico, seja com aumento no núme-ro de empregos formais, seja com a criação de novos investimentos pelo setor privado.

Importante frisar que, apesar de banalizada, a pirataria é conside-rada crime nos termos da Lei 9.279 (Lei da Propriedade Industrial) e dos artigos 184 e 186 do Código Pe-nal, sendo ostensivamente denun-ciada pelas empresas, investigada pela polícia e punida pelo Judiciário.

É preciso que o consumidor crie uma consciên-cia sobre os malefícios que a pirataria proporciona para a sociedade como um todo. Para tanto, é necessário que as empresas continuem a criar meios que estimu-lem os consumidores a não adquirir produtos piratas ou contrabandeados e que os governos – municipal, estadual e federal – promovam alterações na legislação, não só na tributária como na de propriedade indus-trial, proporcionando condições de competitividade em favor dos produtos legalizados contra os pirateados ou contrabandeados.

É preciso que o consumi-dor crie uma consciência sobre os malefícios que a

pirataria proporciona para a sociedade como um todo.

Para tanto, é necessário que as empresas conti-

nuem a criar meios que es-timulem os consumidores a não adquirir produtos

piratas

Page 50: Informe Fecomércio-PE nº 04

50 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

Page 51: Informe Fecomércio-PE nº 04

Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012 | 51

Page 52: Informe Fecomércio-PE nº 04

52 | Informe Fecomércio-PE | JUL/AGO 2012

UMA NOVA MARCA. A COMPETÊNCIA DE SEMPRE.

A marca do Senac está presente em todo o Brasil

e faz parte da vida de milhares de brasileiros que

buscam, na formação profissional, uma oportunidade

de crescimento e realização pessoal. Eles se

transformam e ajudam o país a se transformar para

melhor, como a nova marca do Senac.

p e . s e n a c . b r • f a c e b o o k . c o m / s e n a c p e • t w i t t e r . c o m / s e n a c p e • 0 8 0 0 0 8 1 1 6 8 8

cursos livres • graduação pós-graduação extensão cursos técnicos • • •