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INFORME NÚMERO E ORIGEM: 489/2011/UNPCP- PBCPP/UNPC-PBCP/SUN-SPB DATA: / /2011 1. DESTINATÁRIO 1.1. Superintendência de Serviços Públicos SPB 1.2. Superintendência de Universalização - SUN 2. INTERESSADO 2.1. Conselho Diretor da Anatel 3. ASSUNTO 3.1. Proposta de Regulamento sobre a Prestação do STFC fora da Área de Tarifa Básica ATB. 4. REFERÊNCIAS 4.1. Lei n.º 9.472, de 16 de julho de 1997, Lei Geral de Telecomunicações; 4.2. Decreto nº 7.512, de 30 de junho de 2011, que aprovou o Plano Geral de Metas para a Universalização do STFC no Regime Público PGMU; 4.3. Plano Geral de Outorgas PGO, aprovado pelo Decreto nº 2.534, de 02 de abril de 1998, revogado pelo Decreto nº 6.654, de 20 de novembro de 2008; 4.4. Plano Geral de Atualização da Regulamentação das Telecomunicações no Brasil PGR, aprovado pela Resolução nº 516, de 30 de outubro de 2008; 4.5. Norma 06/78, aprovada pela Portaria do Ministério das Comunicações nº 849, de 18 de agosto de 1978, substituída pela Resolução n.º 373/2004; 4.6. Diretriz DD 192 Ruralcel Serviço Público Avançado de Telecomunicações Rurais, editada pela TELEBRÁS, em 24 de maio de 1994; 4.7. Regulamento do Serviço Telefônico Fixo Comutado destinado ao uso do público em geral STFC, aprovado pela Resolução n.º 85, de 30 de dezembro de 1998, revogado pela Resolução n.º 426, de 09 de dezembro de 2005. 4.8. Regulamento sobre Áreas Locais para o STFC, aprovado pela Resolução n.º 373, de 3 de junho de 2004, alterado pela Resolução n.º 377, de 13 de setembro de 2004, revogado pela Resolução nº 560, de 21 de janeiro de 2011; 4.9. Regulamento para Utilização de Sistema de Acesso Fixo sem Fio para a Prestação do STFC, aprovado pela Resolução nº 166, de 28 de setembro de 1999; 4.10. Regimento Interno da Anatel, aprovado pela Resolução n.º 270, de 19 de julho de 2001, alterado pela Resolução n.º 489, de 05 de dezembro de 2007; 4.11. Consulta Interna nº 401, de 08 de dezembro de 2008, que apresentou proposta de Regulamento sobre Atendimento Rural para a prestação de Serviços de Telecomunicações de Interesse Coletivo; 4.12. Consulta Interna nº 539, de 05 de outubro de 2011, que apresentou proposta de Regulamento sobre a Prestação do STFC fora da ATB;

INFORME PBCPP/ DATA - idec.org.br · Regimento Interno da Anatel, aprovado pela Resolução n.º 270, de 19 de julho de 2001, alterado pela Resolução n.º 489, de 05 de dezembro

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INFORME

NÚMERO E ORIGEM:

489/2011/UNPCP-

PBCPP/UNPC-PBCP/SUN-SPB

DATA:

/ /2011

1. DESTINATÁRIO

1.1. Superintendência de Serviços Públicos – SPB

1.2. Superintendência de Universalização - SUN

2. INTERESSADO

2.1. Conselho Diretor da Anatel

3. ASSUNTO

3.1. Proposta de Regulamento sobre a Prestação do STFC fora da Área de Tarifa Básica – ATB.

4. REFERÊNCIAS

4.1. Lei n.º 9.472, de 16 de julho de 1997, Lei Geral de Telecomunicações;

4.2. Decreto nº 7.512, de 30 de junho de 2011, que aprovou o Plano Geral de Metas para a

Universalização do STFC no Regime Público – PGMU;

4.3. Plano Geral de Outorgas – PGO, aprovado pelo Decreto nº 2.534, de 02 de abril de 1998,

revogado pelo Decreto nº 6.654, de 20 de novembro de 2008;

4.4. Plano Geral de Atualização da Regulamentação das Telecomunicações no Brasil – PGR,

aprovado pela Resolução nº 516, de 30 de outubro de 2008;

4.5. Norma 06/78, aprovada pela Portaria do Ministério das Comunicações nº 849, de 18 de

agosto de 1978, substituída pela Resolução n.º 373/2004;

4.6. Diretriz DD – 192 – Ruralcel – Serviço Público Avançado de Telecomunicações Rurais,

editada pela TELEBRÁS, em 24 de maio de 1994;

4.7. Regulamento do Serviço Telefônico Fixo Comutado destinado ao uso do público em

geral – STFC, aprovado pela Resolução n.º 85, de 30 de dezembro de 1998, revogado pela

Resolução n.º 426, de 09 de dezembro de 2005.

4.8. Regulamento sobre Áreas Locais para o STFC, aprovado pela Resolução n.º 373, de 3 de

junho de 2004, alterado pela Resolução n.º 377, de 13 de setembro de 2004, revogado pela

Resolução nº 560, de 21 de janeiro de 2011;

4.9. Regulamento para Utilização de Sistema de Acesso Fixo sem Fio para a Prestação do

STFC, aprovado pela Resolução nº 166, de 28 de setembro de 1999;

4.10. Regimento Interno da Anatel, aprovado pela Resolução n.º 270, de 19 de julho de 2001,

alterado pela Resolução n.º 489, de 05 de dezembro de 2007;

4.11. Consulta Interna nº 401, de 08 de dezembro de 2008, que apresentou proposta de

Regulamento sobre Atendimento Rural para a prestação de Serviços de Telecomunicações de

Interesse Coletivo;

4.12. Consulta Interna nº 539, de 05 de outubro de 2011, que apresentou proposta de

Regulamento sobre a Prestação do STFC fora da ATB;

Página 2 de 42 do Informe no 489/ 2011-UNPCP-PBCPP/UNPC-PBCP/SUN-SPB, de / /2011.

4.13. Consulta Pública nº 24, de 12 de junho de 2009, que apresenta Proposta de Regulamento

sobre a Canalização e Condições de Uso de Radiofrequências na Faixa de 450 MHz a 470 MHz;

4.14. Regulamento sobre Canalização e Condições de Uso de Radiofrequências na Faixa de

450 MHz a 470 MHz, aprovado pela Resolução nº 558, de 20 de dezembro de 2010;

4.15. Portaria nº 431, de 23 de julho de 2009, do Ministério das Comunicações que instituiu o

Programa Nacional de Telecomunicações Rurais;

4.16. Processo nº 53500.016572/2010.

5. FUNDAMENTAÇÃO

I – HISTÓRICO

5.1. A prestação estruturada do serviço de telefonia fixa no Brasil, desde o seu início, foi

pautada pelo estabelecimento de um limite geográfico dentro do qual os usuários recebem os

serviços sob idênticas condições de participação financeira e tarifas. Fora do mencionado limite,

são exigidos pagamentos adicionais para as instalações, calculadas caso a caso e às tarifas, são

acrescentados valores. Geralmente, a área onde existem condições pré-estabelecidas, chamada de

área básica, corresponde às áreas urbanas. Por sua vez, a área secundária equivale às áreas rurais.

Para reforçar tal entendimento, passa-se a uma análise do histórico da evolução da prestação do

STFC fora da Área de Tarifa Básica – ATB.

5.2. A Norma 06/78 – Áreas Básicas do Serviço Telefônico Público - aprovada pela Portaria

n.º 849/78, do Ministério das Comunicações, definiu os conceitos de área local, área básica e

área secundária. Segundo aquele instrumento, área local era o espaço geográfico fixado pela

Concessionária e homologado pela TELEBRÁS, por delegação do Ministério das

Comunicações, independentemente da divisão político-geográfica e em função de critérios

técnicos, compreendendo as áreas básica e secundária. Área básica, ou área de tarifa básica

(ATB) era a parte da área local, delimitada pela Concessionária e homologada pela TELEBRÁS,

de acordo com os critérios estabelecidos pelo Ministério das Comunicações, dentro da qual a

Concessionária era obrigada a prestar o serviço sob condições gerais comuns.

5.3. Por sua vez, área secundária, ou fora da ATB, correspondia à parte da área local, não

compreendida na área básica, em que a prestação do serviço se fazia mediante condições

especiais, ajustadas entre o interessado e a Concessionária.

5.4. A Norma 06/78 estabeleceu que a prestação individualizada do serviço telefônico fora da

área básica dependia da viabilidade técnica e do pagamento, pelo interessado, dos custos

adicionais de manutenção, apurados em orçamento prévio, além dos encargos gerais da

assinatura.

5.5. A Diretriz TELEBRÁS 000-400-002, emitida em março de 1980, cuidou de definir e

detalhar critérios e conceitos complementares para determinar os limites da ATB, bem como

fornecer outras disposições pertinentes. De acordo com a Diretriz, a ATB deveria conter em seus

limites, na data de sua aprovação, pelo menos 95% da demanda prevista para a localidade à qual

se aplicava. A ATB deveria conter todas as áreas contíguas que apresentassem uma demanda

igual ou superior a três assinantes por hectare.

5.6. Tendo em vista o atendimento dos assinantes fora da ATB (FATB), portanto, residentes

em endereço rural, utilizando infraestrutura do Serviço Móvel Celular, em 1994, foi editada a

Diretriz TELEBRÁS DD-192, aprovada em 24 de maio de 1994, sob o título “Ruralcel – Serviço

Público Avançado de Telecomunicações Rurais”. De acordo com a DD-192, o terminal do

assinante seria fixo, no endereço da área rural para o qual foi comercializado o serviço. A

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designação do número seguiria o plano de numeração da rede fixa. A aquisição, instalação,

manutenção dos equipamentos – terminal, antena, proteção elétrica, energia, torre e outros –

seriam de responsabilidade do assinante. Se, por motivo de evolução da tecnologia, os

equipamentos devessem ser substituídos, a Concessionária deveria comunicar o fato com 180

dias de antecedência e o assinante providenciaria a substituição, sem que coubesse qualquer

indenização por parte da Concessionária.

5.7. Em relação às tarifas praticadas, o assinante deveria pagar uma assinatura correspondente

à sua classe. A utilização do serviço local, LDN ou LDI seguiria os critérios e valores

estabelecidos na legislação em vigor para o serviço telefônico público. O acesso ao serviço era

condicionado à participação financeira (auto-financiamento).

5.8. Para cobrir as despesas de operação e manutenção dos meios adicionais, seria cobrado do

assinante um valor mensal, em função do volume de uso (chamadas locais e de longa distância

originadas), discriminado por faixas de consumo medido em pulsos, conforme tabela constante

do item 8.4.3 da Diretriz 192.

5.9. Comparando-se os valores da tabela com os valores da tarifa de uso de rede móvel (TU-

M), estabelecidos em setembro de 1994, pela Norma n.º 78, quando se implantou a remuneração

pelo uso de redes nas chamadas inter-redes, verifica-se que os valores arrecadados dos assinantes

eram insuficientes para cobrir os valores devidos às Prestadoras do então SMC, fornecedoras dos

meios adicionais.

5.10. Como exemplo, considera-se a existência de um tráfego mensal de 150 pulsos. De acordo

com a tabela, isso custaria R$ 19,20 para um assinante. Considerando que 150 pulsos equivalem

a 240 minutos e tomando uma tarifa de uso da rede móvel (TU-M) de R$ 0,18, verificamos que a

Concessionária do STFC deveria pagar R$ 43,20 para a prestadora do serviço móvel (R$ 0,18 x

240 minutos), sem contar o valor devido pelo tráfego entrante. Recorde-se que, em 1994, os

serviços de telefonia fixa e o móvel eram prestados por uma única empresa. Posteriormente, com

a separação das operações e com a privatização, esta disparidade de valores veio a constituir

problemas constantes.

5.11. Além dessa diretriz, também fora publicada a DD-193, de 24 de maio de 1994, sob o

título “Ruralcel-Móvel – Serviço de Telefonia Celular Rural Móvel” que também tratara do

atendimento a usuários FATB e endereço rural, com a possibilidade de utilização de terminal de

usuário transportável, veicular ou portátil.

5.12. Em momento posterior, foi publicado o Regulamento do STFC, aprovado pela Resolução

n.º 85, de 30 de dezembro de 1998 (revogado pela Resolução n.º 426, de 9 de dezembro de

2005), o qual estabelecia em seu art. 43:

“Art. 43. A prestação do STFC na modalidade Local em regime público se dará por

meio de contrato de prestação de serviço devendo obedecer os seguintes critérios:

I- dentro da Área de Tarifa Básica o STFC deve ser prestado no local indicado pelo

Assinante, conforme contrato de prestação de serviço, observado o disposto neste

Regulamento; e

II- fora da Área de Tarifa Básica a prestação do STFC dependerá do pagamento

de preço avençado em contrato específico entre a concessionária e o Assinante.

§1º A Área de Tarifa Básica, a ser homologada pela Agência, será definida pela

Concessionária, de acordo com os seguintes critérios:

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I- a Área de Tarifa Básicas deve conter pelo menos 95% (noventa e cinco por cento)

da demanda prevista para a respectiva Área Local;

II- a demanda prevista será obtida considerando-se os Assinantes existentes e a

previsão, com base em estudos mercadológicos, do número de prováveis Assinantes

que surgirão na Área Local.

§2º os Assinantes localizados a até 100 (cem) metros dos limites da Área de Tarifa

Básica devem ser atendidos como se nela estivessem incluídos.

§3º Além dos valores regulares pela Habilitação e Assinatura, o contrato referido

no inciso II do caput poderá estabelecer preço somente para a instalação e

manutenção de meios adicionais utilizados para o atendimento do Assinante pela

Concessionária, de forma não discriminatória.(...)”

5.13. Observa-se que as condições de prestação para o assinante fora da ATB foram reguladas,

porém não de maneira suficiente. O Regulador se limitou a dizer que o usuário, nesta situação,

seria atendido por contrato específico e, ademais, que o mesmo pagaria “valores regulares” e

meios adicionais, sem, no entanto detalhá-los.

5.14. Salienta-se também que o regulamento estendeu o atendimento do STFC aos assinantes

localizados a até 100 (cem) metros dos limites da Área de Tarifa Básica, como se nela

estivessem incluídos. Esta “franja” de 100 (cem) metros foi, posteriormente, modificada pelo

Regulamento de Áreas Locais, como se verá mais adiante. Tal medida ampliou o atendimento do

STFC nas condições previstas para a ATB.

5.15. Após, publicou-se a Lei n.º 9.998, de 17 de agosto de 2000, a qual instituiu o Fundo de

Universalização dos Serviços de Telecomunicações – FUST, que, em seu artigo 5º determinou:

“Os recursos do FUST serão aplicados em programas, projetos e atividades que

estejam em consonância com plano geral de metas para universalização de serviço

de telecomunicações ou suas ampliações que contemplarão, entre outros, os

seguintes objetivos:

(...)

XIV – implantação da telefonia rural.” (grifo nosso)

5.16. Nesse sentido, a obrigação da concessionária de atender os usuários localizados na zona

rural (toda parcela do território nacional, não circunscrita pelas áreas das localidades, excetuadas

as regiões remotas e de fronteira) poderia ser auxiliada pelos recursos do FUST.

5.17. No ano de 2004, foi aprovado o Regulamento sobre Áreas Locais para o STFC, aprovado

pela Resolução nº 373/2004, que definiu a ATB como sendo constituída pelo conjunto de

localidades pertencentes à mesma área local, atendidas com acessos individuais do STFC na

modalidade local. Considerando que localidade é um conceito largamente utilizado na atual

legislação, percebe-se que a ATB ficou definida de forma mais objetiva, considerando critérios

práticos e mensuráveis pela Agência. Adicionalmente, o Regulamento, além da definição,

determinou uma nova ampliação dos limites da ATB, nos termos do seu art. 6º,§1º :

Art. 6º § 1º “Para efeito da prestação do STFC, consideram-se incluídos na ATB os

imóveis da Área Local que, não guardando adjacência com o conjunto de

edificações da Localidade, se situam a até 500 (quinhentos) metros dos limites da

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ATB, ou em área de cobertura, quando a localidade tiver atendimento com sistema

de acesso fixo sem fio.”

5.18. Diante do exposto, a “franja” que, anteriormente, era de 100 (cem) metros (item 5.14),

passou a ser de 500 (quinhentos) metros, incluindo milhares de assinantes no atendimento do

STFC, passando a serem tratados como se estivessem dentro da ATB, cujo atendimento deve

obedecer às metas de universalização previstas no PGMU, dentre elas, a meta de atendimento de

solicitação de instalação que é de 7 dias. Sem dúvida, esta transição foi um grande avanço para o

usuário que se encontrava fora da ATB e, ao mesmo tempo, representou um grande ônus às

prestadoras.

5.19. Quando da prorrogação dos Contratos de Concessão (2003-2005), a prestação do STFC

fora da ATB apresentava:

5.19.1. degradação no atendimento FATB com uso do SMP: a perda da qualidade e

descontinuidade do serviço tornou-se motivo para centenas de reclamações no sistema FOCUS

da Anatel;

5.19.2. desorganização da oferta comercial: diferentes modos de cobrança entre os setores do

PGO, em desacordo com a regulamentação vigente, muitas vezes não fazendo distinção entre a

tarifa propriamente dita dos preços cobrados pelos meios adicionais;

5.19.3. desinteresse comercial no atendimento FATB: o fato do serviço não ser auto-sustentável

não se mostrava atraente para as prestadoras, as quais nem sequer investiam em publicidade, não

divulgando a oferta do serviço Ruralcel/Ruralvan;

5.19.4. obsolescência tecnológica (AMPS): a tecnologia AMPS facilita a clonagem, encarecendo

demasiadamente as contas telefônicas dos assinantes; ademais, está mercadologicamente fadada

ao desuso, devido à impossibilidade de manutenção e reposição de peças, frente à

implementação de padrões digitais nas redes das operadoras em todo o mundo;

5.19.5. entraves no emprego dos recursos do FUST para a telefonia rural: o FUST não foi

utilizado para levar o serviço de telefonia ao usuário que reside fora da ATB.

5.20. Diante do cenário que se apresentava à época, a revisão do Regulamento do STFC,

aprovada pela Resolução nº 426/2005, determinou que a prestação do STFC fora da ATB se dá

por meio de contrato específico e por meio do atendimento rural a ser estabelecido em

regulamentação. Observa-se que a regulamentação evitou estender os limites da ATB mais uma

vez e buscou um maior detalhamento das regras referentes ao contrato específico e a previsão de

um atendimento mais estruturado a ser regulamentado, conforme depreende-se do seu art. 70

transcrito abaixo:

“Art. 70. A prestação do STFC na modalidade local em regime público se dá por

meio de contrato de prestação de serviço devendo obedecer os seguintes critérios:

I - dentro da ATB, o STFC deve ser prestado no local indicado pelo

assinante,conforme contrato de prestação de serviço, observado o disposto na

regulamentação; e

II - fora da ATB, a prestação do STFC se dá, por opção do assinante, por uma das

seguintes formas:

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a) por meio de contrato de prestação de serviço específico que deve estabelecer,

além dos valores de habilitação, assinatura e utilização, praticados dentro da ATB,

o preço justo e razoável para a instalação e manutenção dos meios adicionais

utilizados para o atendimento do assinante pela concessionária, de forma não

discriminatória; ou

b) por meio de atendimento rural a ser estabelecido em regulamentação.”

5.21. Ressalta-se que, embora a regulamentação tenha previsto o atendimento fora da ATB, o

caráter individual da prestação por meio do contrato específico, que resulta em custo elevado

para os usuários que devem arcar com a instalação dos meios adicionais ncessários para o

atendimento, bem como os problemas referentes à prestação do STFC por meio da rede do SMP,

têm contribuído para a pouca disponibilidade de oferta de serviços.

5.22. Em momento posterior, foram editadas as Consultas Públicas n° 22 e 23/2008 que,

respectivamente, abordam propostas do "Plano Geral de Atualização da Regulamentação das

Telecomunicações (PGR)" e de "Revisão do Plano Geral de Outorgas de Serviços de

Telecomunicações Prestados no Regime Público", como um pacote de ações da Agência que

pretendeu rever não somente a Regulamentação da Prestação do Serviço de Telefonia Rural, mas

todo o contexto de prestação dos serviços de telecomunicações.

5.23. Quanto ao PGR, este foi publicado em 30/10/2008, por meio da Resolução n° 516.

Ressalta-se que este Plano foi motivado pela necessidade de reflexão sobre os rumos que o setor

de telecomunicações deveria tomar, tendo como base a Lei Geral de Telecomunicações (LGT).

Ademais, tem como propósito apresentar as ações a serem realizadas pela Anatel, nos próximos

anos, com o objetivo de atualizar a regulamentação das telecomunicações no Brasil.

5.23.1. Dentre os princípios regulatórios mais relevantes, tendo em vista as competências da

Anatel em matéria de implementação de políticas públicas de telecomunicações definidas pelo

Governo, destaca-se, de antemão, o item II.4 que busca incentivar modelos de negócios

sustentáveis para o Setor.

5.23.2. Outrossim, o PGR, em seu item III. 6 adotou como um de seus objetivos:

“III.6. Criação de oferta de serviços a preços módicos em áreas rurais

Uma vez que o Brasil é um país com extensa área rural, cuja população de baixa renda

ainda necessita acesso à comunicação, entende-se que há necessidade premente de

ampliar a oferta de telecomunicações nessas áreas. Assim, a disponibilidade de serviços, a

preços módicos, em áreas rurais, permitirá o acesso aos serviços de voz, a conteúdos e a

facilidades que impulsionarão seu crescimento econômico, bem como a inclusão social

dessas populações.

O cumprimento das políticas públicas no sentido de levar as telecomunicações às áreas

rurais leva em conta novas maneiras de amortização de seus custos, novas formas de

prestação do serviço e novos arranjos de exploração dos recursos de redes de maior

abrangência e cobertura de forma a tornar tal atendimento viável.”

5.23.3. Como propósito estratégico de atualização da Regulamentação, o PGR estabeleu no item

IV.3, o seguinte:

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“IV.3. Criação e adequação das iniciativas para atendimento da população menos favorecida e

residente em áreas rurais

Conforme preconiza a LGT, um dos pilares para a atuação da Anatel é a universalização.

De acordo com o inciso I do art. 2°, o Poder Público deve garantir a toda população, o

acesso às telecomunicações, a tarifas e preços razoáveis, em condições adequadas.”

5.23.4. Salienta-se que, dentre algumas das ações de curto prazo, cuja implementação é

prioritária, no sentido de atingir os objetivos descritos nesse documento, considerando os

propósitos estratégicos, trasladam-se as seguintes:

“V.4. Revisão dos Contratos de Concessão

Atendimento de áreas rurais e de fronteira – Fora da Área de Tarifação Básica – ATB,

com planos especiais para os usuários destas áreas, assegurando direitos garantidos aos

usuários com contratos existentes.”

“V.19. Utilização de meios das redes móveis e satelitais para aumento da cobertura das redes

de acesso, inclusive banda larga, em áreas rurais ou de fronteira.

Criar condições, por meio do estabelecimento de obrigações e contrapartidas nos

procedimentos licitatórios, no sentido de aumentar a cobertura das redes de acesso,

observando-se o equilíbrio econômico-financeiro da prestação.”

5.24. Observa-se que o PGR buscou ressaltar a urgência no atendimento das áreas rurais (fora

da ATB) com serviços de telecomunicações, uma vez que em todo o documento há menção a tal

atendimento, desde os princípios estratégicos até as ações de curto prazo para a implementação.

5.25. Torna-se importante ressaltar também o disposto no inciso III do art. 4º do Decreto nº

4.733, de 10 de junho de 2003, que estabelece as diretrizes para as políticas públicas de

telecomunicações, que apresentou como um dos objetivos das políticas o atendimento às

necessidades das populações rurais.

II – DA CONSULTA INTERNA Nº 401/2008

5.26. Tendo em vista o cumprimento do disposto no PGR, na data de 08/12/2008, foi

submetido à Consulta Interna n.º 401, para comentários e sugestões no âmbito da Anatel, o texto

inicial da proposta de Regulamento sobre Atendimento Rural para a prestação de Serviços de

Telecomunicações de Interesse Coletivo, cujo objetivo é diversificar a oferta do STFC nas áreas

classificadas como FATB.

5.26.1. A íntegra das contribuições à Consulta Interna n.º 401/2008 encontra-se no sistema de

Acompanhamento de Consulta Pública da ANATEL.

5.26.2. Após a Consulta, houve a necessidade da definição de novas diretrizes para o

Regulamento, tendo em vista a realidade das áreas rurais brasileiras caracterizadas por uma

ampla extensão geográfica, baixa densidade populacional e menor renda domiciliar. Concluiu-se

que o Regulamento deveria apresentar mais inovações na prestação do STFC e não apenas tentar

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alterar algumas condições já existentes que vem contribuindo pouco para diversificar a oferta de

serviços de telecomunicações nas áreas rurais.

5.26.3. Nesse sentido, novos estudos foram realizados com o objetivo de identificar possíveis

modelos de negócios sustentáveis para o atendimento das áreas rurais. A premissa básica era

estimular o uso de uma infraestrutura capaz de ofertar múltiplos serviços, além de alcançar um

grande quantitativo populacional rural, com alguma atratividade para o empreendedor. Tornou-

se imprescindível a adoção de tecnologias mais apropriadas para que tal atendimento pudesse

ser realizado de forma estruturada, não individualizada, com vistas a permitir a adesão de um

grande número de usuários sob as mesmas condições de prestação.

III - DA OPORTUNIDADE DO USO DE RADIOFREQUENCIAS PARA O ATENDIMENTO

5.27. No desenvolvimento da proposta ora apresentada, algumas pesquisas foram realizadas

com o intuito de identificar as tecnologias mais eficientes para cobrir uma ampla área geográfica

e ao mesmo tempo oferecer menores prazos de implementação, bem como custos de implantação

reduzidos.

5.27.1. Ao mesmo tempo, esta Agência desenvolveu estudos que culminaram com a

apresentação à sociedade de proposta de Regulamento sobre a Canalização e Condições de Uso

de Radiofreqüências na Faixa de 450 MHz a 470 MHz, por meio da Consulta Pública nº

24/2009.

5.27.2. Posteriormente, no ano de 2010, o Regulamento foi aprovado pela Resolução nº 558, por

meio da qual foi determinada a preferência de utilização da Faixa em comento para o provimento

de acesso aos serviços de telefonia e de dados em banda larga em localidades que se encontram

em áreas rurais, de baixa densidade populacional ou não atendidas por sistemas de

telecomunicações. Destaca-se também que a Faixa foi destinada ao Serviço Móvel Pessoal

(SMP), ao Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) e ao Serviço de Comunicação Multimídia

(SCM), em caráter primário e sem exclusividade.

5.28. Tal determinação vai de encontro ao disposto na Portaria nº 431, de 23 de julho de 2009,

do Ministério das Comunicações, que instituiu o Programa Nacional de Telecomunicações

Rurais, estabelecendo, em síntese, o que se segue:

a. O atendimento, de forma gratuita, a todas as escolas rurais situadas na área de prestação

do serviço de dados em banda larga, nas condições previstas em edital de licitação;

b. Na implementação dos serviços de telefonia e dados em banda larga, será privilegiado o

uso de radiofrequências na Faixa 450-470 MHz;

c. Atendimento prioritário de propriedades rurais, não excluída a possibilidade de outros

atendimentos.

IV – DO NOVO PLANO GERAL DE METAS DE UNIVERSALIZAÇÃO – PGMU III

5.29. Diante do novo cenário proporcionado pelo Programa Nacional de Telecomunicações

Rurais, do Ministério das Comunicações, novas perspectivas foram abertas em relação à

disponibilidade de acesso individual na área rural, diante das lacunas de atendimento aos

cidadãos. Adicionalmente, o avanço das possibilidades de uso da Faixa de 450 MHz a 470 MHz,

permitiu a evolução da proposta inicial do PGMU III, ao sugerir a inclusão de dispositivo que

obrigue a Concessionária do STFC a ofertar acesso individual na área rural, além de alternativas

para a consecução das metas de atendimento rural nele previstas.

Página 9 de 42 do Informe no 489/ 2011-UNPCP-PBCPP/UNPC-PBCP/SUN-SPB, de / /2011.

5.30. Na data de 02 de junho de 2011, a minuta do PGMU III foi aprovada pelo Conselho

Diretor da Anatel, posteriormente encaminhada ao Conselho Consultivo e ao Ministério das

Comunicações.

5.31. Posteriormente, a Presidência da República publicou, em 30/06/2011, o Decreto nº 7.512,

que aprovou o PGMU III, estabelecendo todas as diretrizes para a implementação da política

pública, além dos princípios para a licitação da expedição de autorização de uso das subfaixas de

radiofrequências de 40-470 MHz, em seu art. 3º, transcritos abaixo:

“Art. 3° A ANATEL deverá, para fins de ampliação do acesso às telecomunicações

e em cumprimento ao art. 2° da Lei n° 9472, de 1997, licitar, até 30 de abril de

2012, a expedição de autorização de uso das subfaixas de radiofrequência de 451

MHz a 458 MHz e de 461 MHz a 468 MHz, de modo a exigir dos vencedores

contrapartidas na forma de atendimento a áreas rurais e regiões remotas,

observados os seguintes princípios:

I - ampliação progressiva da penetração de serviços de telecomunicações de voz e

de telecomunicações de dados nas áreas rurais e nas regiões remotas, por meio de

critérios de seleção, previstos em edital, da melhor proposta na licitação, baseados

em menor preço dos planos de serviço ao consumidor final;

II - atendimento para acesso à Internet em banda larga, de forma gratuita, em todas

as escolas públicas rurais situadas na área de prestação do serviço, durante a

totalidade do prazo de outorga, nas condições previstas em edital de licitação;

III - estabelecimento de obrigação de fornecer infraestrutura a baixo custo às

prestadoras sujeitas às metas de acesso rural aprovadas por este Decreto, a preços

fixados segundo metodologia estipulada em edital; e

IV - compromissos de abrangência geográfica mínima de trinta quilômetros a partir

de localidades atendidas com acessos individuais do Serviço Telefônico Fixo

Comutado - STFC.”

5.32. No tocante às metas de acessos individuais e coletivos nas áreas rurais, o Decreto

estabeleceu em seu art. 9º e 16 as condições e obrigações para que as Concessionárias do STFC

na modalidade Local ofertem o serviço, conforme transcrito a seguir:

“Art. 9º As concessionárias do STFC na modalidade Local devem ofertar o acesso individual na Área Rural,

por meio de plano alternativo de oferta obrigatória de serviço, definido em regulamentação específica, que

estabelecerá os prazos e metas de cobertura, abrangência e demais condições que assegurem a viabilidade

técnica e econômica da oferta.

§ 1° A regulamentação de que trata o caput deverá prever o atendimento progressivo, além de outras

condições que assegurem, até 31 de dezembro de 2015, o atendimento às solicitações de acesso individual,

referentes a domicílios rurais situados à distância geodésica igual ou inferior a trinta quilômetros dos limites

da localidade sede municipal atendida com acessos individuais do STFC, sem prejuízo de expansões de

cobertura no âmbito das revisões deste Plano.

§ 2° A meta a que se refere o caput somente será exigível a partir da cobertura, pela prestadora detentora da

respectiva outorga de autorização de uso de radiofrequência, da Área Rural a ser atendida por sistema de

radiocomunicação operando nas subfaixas de radiofreqüência de 451 MHz a 458 MHz e de 461 MHz a 468

MHz.

(...)

Art. 16. As concessionárias do STFC devem assegurar que sejam atendidos com TUP, instalado em local

acessível vinte e quatro horas por dia, mediante solicitação dos respectivos órgãos competentes, os seguintes

locais situados em área rural, até as quantidades constantes dos Anexos II e III, na forma da regulamentação

da ANATEL:

Página 10 de 42 do Informe no 489/ 2011-UNPCP-PBCPP/UNPC-PBCP/SUN-SPB, de / /2011.

I - escolas públicas;

II - postos de saúde públicos;

III - comunidades remanescentes de quilombos ou quilombolas, devidamente certificadas;

IV - populações tradicionais e extrativistas fixadas nas Unidades de Conservação de Uso Sustentável, geridas

pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade;

V - assentamentos de trabalhadores rurais;

VI - aldeias indígenas;

VII - organizações militares das Forças Armadas;

VIII - postos da Polícia Rodoviária Federal; e

IX - aeródromos públicos.

§ 1° A responsabilidade pelo cumprimento do disposto neste artigo, para os locais situados à distância

geodésica igual ou inferior a trinta quilômetros de uma localidade atendida com STFC com acesso

individual, é das concessionárias do serviço na modalidade Local, sendo a meta exigível em até noventa dias

a partir da correspondente cobertura, pela prestadora detentora da respectiva outorga de autorização de uso

de radiofrequência, por sistema de radiocomunicação operando nas subfaixas de radiofrequência de 451

MHz a 458 MHz e de 461 MHz a 468 MHz.

§ 2° A responsabilidade pelo cumprimento do disposto neste artigo, para locais situados à distância

geodésica superior a trinta quilômetros de uma localidade atendida com STFC com acesso individual, é da

concessionária do serviço nas modalidades Longa Distância Nacional e Internacional, sendo a meta exigível

a partir da publicação deste Plano.

§ 3° O cumprimento da meta a que se refere o caput será exigível no percentual máximo anual de trinta por

cento do quantitativo previsto nos Anexos II e III, devendo as solicitações de que tratam os §§ 1° e 2° ser

atendidas em até noventa dias.

§ 4° As quantidades constantes dos Anexos II e III serão alteradas pela ANATEL para adequá-las ao limite

dos saldos disponíveis de que tratam os arts. 29 e 30 deste Plano, considerado modelo de custo de longo

prazo.”

5.33. Tendo em vista as determinações do Decreto Presidencial, conclui-se que a operadora

detentora da autorização da faixa 450-470 MHz deverá fornecer infraestrutura para que as

Concessionárias do STFC na modalidade Local atendam ao disposto nos art. 9º e 16 do PGMU.

Ademais, a cobertura do sistema operando na referida faixa deve abranger, no mínimo, trinta

quilômetros dos limites das localidades sedes municipais brasileiras até 31/12/2015.

5.34. Há de se ressaltar que o Decreto 7.512 foi o ponto culminante de toda uma mobilização

da Anatel e Ministério das Comunicações, resultante da preocupação em relação ao atendimento

efetivo das áreas rurais e remotas do Brasil. A partir dos esforços empreendidos, foi estabelecida

uma política pública que estimula a implantação de uma infraestrutura de rede capaz de ofertar

vários serviços de telecomunicações nas áreas rurais, principal gargalo para o cumprimento do

objetivo de criar ofertas a preços módicos nas áreas rurais.

5.34.1. Ademais, vale ressaltar que a partir da entrada em vigor do PGMU,

entende-se que ficam estabelecidas as condições mínimas de forma a garantir o

acesso ao STFC conquistado nas áreas urbanas, à população da área rural, cujas

características básicas são a continuidade do serviço, o controle tarifário e a

previsibilidade da prestação com prazos de instalação e reparo.

Página 11 de 42 do Informe no 489/ 2011-UNPCP-PBCPP/UNPC-PBCP/SUN-SPB, de / /2011.

V – DAS DIRETRIZES PARA A REGULAMENTAÇÃO DA PRESTAÇÃO DO STFC FORA

DA ATB

5.35. A partir de estudos preliminares, discussões técnicas e deliberações da Agência, as

seguintes diretrizes norteadoras da regulamentação do STFC fora da ATB foram estabelecidas:

I. As condições de prestação do STFC fora da ATB devem ser diferenciadas daquelas

existentes dentro da ATB, em função dos meios adicionais utilizados para levar

infraestrutura de rede aos habitantes das áreas rurais;

II. A prestação do serviço não pode depender exclusivamente do uso de plataformas de

terceiros;

III. A prestação do STFC fora da ATB deve ter foco na população que não tem acesso à

telefonia e serviço de dados em banda larga (Internet), com base em critérios objetivos de

prestação de serviço, que permitam a perfeita adoção pelo usuário.

IV. A migração de usuários que utilizam outras formas de atendimento nas áreas rurais não é

vedada, mas não é objetivo principal do Regulamento;

V. A prestação do serviço é obrigatória para a Concessionária do STFC e facultativa para as

Autorizadas, devendo, a mesma, apresentar auto-sustentabilidade;

VI. O Regulamento deve buscar viabilizar o atendimento em bases comerciais e sustentáveis

a parcelas das áreas rurais (segmentos de usuários fora da ATB) com foco no

atendimento domiciliar e não na oferta de mobilidade plena, de caráter pessoal;

VII. A prestação do STFC fora da ATB poderá fazer uso de mobilidade restrita em conjunto

com infraestrutura de redes de acesso sem fio, uma vez que esta tecnologia se apresenta

como a mais adequada para o atendimento das áreas rurais;

VIII. A ampliação da prestação do STFC fora da ATB busca a progressiva universalização do

serviço ao apresentar subsídio para o cumprimento das metas de implantação de acessos

nas áreas rurais, previstas no PGMU;

IX. O serviço deverá ser prestado através de planos específicos que utilizem,

prioritariamente, infraestrutura terrestre de ocupação compartilhada, como redes de

acesso fixo sem fio.

X. O STFC fora da ATB deve garantir atributos funcionais essenciais, tais como a

possibilidade de oferta simultânea de vários serviços, dentre eles, telefonia e dados em

banda larga (Internet);

XI. Poderá ser adotada remuneração de rede específica, visando a redução das barreiras

econômicas existentes nas áreas de baixa densidade demográfica do Brasil;

XII. Poderão ser adotados requisitos de qualidade e prazos de atendimento diferenciados em

relação à ATB, visando a racionalização de recursos e a focalização da oferta;

Página 12 de 42 do Informe no 489/ 2011-UNPCP-PBCPP/UNPC-PBCP/SUN-SPB, de / /2011.

XIII. O usuário localizado fora da ATB deverá ser identificado por código de acesso com

numeração própria, que permita caracterizar suas particularidades tarifárias e funcionais.

VI – DOS ESTUDOS

5.36. Tendo em vista a escassez de informações detalhadas acerca da oferta de infraestrutura de

telecomunicações e serviços nas áreas rurais brasileiras e a necessidade de quantificar e

qualificar a população rural, foram pesquisadas bases de dados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística – IBGE. Dentro do rol de tabelas disponibilizadas pelo Instituto, ao longo

deste Informe, são apresentadas aquelas que se mostraram de maior relevância ao propósito de

elaboração da regulamentação.

5.37. Uma vez que conceitos estabelecidos pelo IBGE estão sendo utilizados nos estudos,

torna-se oportuno um detalhamento maior dos mesmos. Por exemplo, o conceito formal adotado

pelo IBGE1 na classificação da população e dos domicílios de residência segue transcrito abaixo:

“Situação do domicílio

A classificação da situação do domicílio é urbana ou rural, segundo a área de localização do

domicílio, e tem por base a legislação vigente por ocasião da realização do Censo Demográfico

2000. Como situação urbana, consideram-se as áreas correspondentes às cidades (sedes

municipais), às vilas (sedes distritais) ou às áreas urbanas isoladas. A situação rural abrange

toda a área situada fora desses limites. Este critério é, também, utilizado na classificação das

populações urbana e rural.”

5.37.1. As notas técnicas da PNAD 2008 apresentam o detalhamento necessário para a

compreensão de algumas premissas da pesquisa.

“Domicílio

Conceituou-se como domicílio o local de moradia estruturalmente separado e independente,

constituído por um ou mais cômodos.

A separação fica caracterizada quando o local de moradia é limitado por paredes, muros, cercas,

etc., coberto por um teto, e permite que seus moradores se isolem, arcando com parte ou todas as

suas despesas de alimentação ou moradia.

A independência fica caracterizada quando o local de moradia tem acesso direto, permitindo que

seus moradores possam entrar e sair sem passar por local de moradia de outras pessoas.

Classificaram-se os domicílios como particulares quando destinados à habitação de uma pessoa ou

de um grupo de pessoas cujo relacionamento fosse ditado por laços de parentesco, dependência

doméstica ou, ainda, normas de convivência.

Como coletivos foram classificados os domicílios destinados à habitação de pessoas em cujo

relacionamento prevalecesse o cumprimento de normas administrativas.

São exemplos de domicílios coletivos os estabelecimentos destinados a prestar serviços de

hospedagem (hotéis, pensões e similares), instituições que possuem locais de residência para pessoas

institucionalizadas (orfanatos, asilos, casas de detenção, quartéis,hospitais, etc.) e, também,

alojamento de trabalhadores em canteiros de obras.

Espécie do domicílio

Os domicílios particulares foram classificados, segundo a espécie, da seguinte forma:

1 IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios síntese de indicadores 2008: notas técnicas. Disponível

em: < http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2008/default.shtm>. Acesso em:

26 mai. 2010.

Página 13 de 42 do Informe no 489/ 2011-UNPCP-PBCPP/UNPC-PBCP/SUN-SPB, de / /2011.

Permanente - Para o domicílio localizado em casa, apartamento ou cômodo e destinado à moradia;

ou

Improvisado - Para o domicílio localizado em unidade que não tivesse dependência destinada

exclusivamente à moradia, tais como: loja, sala comercial, etc. Assim também foi considerado o

prédio em construção, embarcação, carroça, vagão, tenda, barraca, gruta, etc., que estivesse

servindo de moradia.

(...)

Telefone

Nos domicílios particulares permanentes, investigou-se a existência de linha telefônica fixa (telefone

fixo convencional) instalada, mesmo que fosse partilhada com outra unidade, domiciliar ou não

residencial, de ramal de uma central telefônica comunitária, etc. Pesquisou-se, também, se algum

morador do domicílio particular permanente tinha linha telefônica móvel (telefone móvel celular).”

5.37.2. Sendo assim, com base nas disposições acima, ao termo “domicílios particulares

permanentes” associa-se a ideia de locais estruturalmente separados e independentes destinados

exclusivamente à moradia, habitando um ou mais indivíduos, relacionados por parentesco,

dependência doméstica ou normas de convivência. Quanto ao telefone, entende-se que foi

investigado o acesso à telefonia, seja ela fixa ou móvel, isto é, dentro do universo daqueles de

“tinham telefone” estariam os grupos que dispõem do acesso fixo e móvel, somente fixo e

somente móvel.

5.37.3. Uma vez esclarecidos alguns conceitos, passa-se para a análise dos dados da

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, disponíveis no Sistema IBGE de

Recuperação Automática - SIDRA2, que apontam para a seguinte evolução, no período 2001-

2009, da população residente considerada rural:

Tabela 1 – População residente em domicílios rurais no Brasil por ano

Variável Ano

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

População residente (Mil pessoas) 27.577 27.588 27.698 30.998 31.743 31.269 31.266 30.858 30.755

População residente (Percentual) 16,13 15,90 15,74 17,06 17,26 16,81 16,63 16,25 16,04

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2001-2009 (Tabela 261).

5.38. Em complementação aos dados da tabela, frisa-se que o Brasil possui uma população de

aproximadamente 190 milhões de habitantes, sendo que deste total, 31 milhões de pessoas vivem

nas áreas rurais. Embora esta população seja superior a de muitos países, a área rural do Brasil é

caracterizada pela infraestrutura de redes de telecomunicações pouco desenvolvida, tendo em

vista a baixa densidade demográfica destas regiões, muitas vezes de difícil acesso. Ressalta-se

também que o custo da implantação de uma infraestrutura básica, seja ela de água, energia ou

comunicações, geralmente é proporcional à área a ser coberta e que a quantidade de receitas

geradas pelo investimento depende diretamente do número de pessoas/domicílios atendidas.

Sendo assim, o custo per capita de implantação de uma rede nas áreas rurais tende a ser

consideravelmente maior que nas áreas urbanas.

5.39. Em relação à renda domiciliar, os dados do IBGE demonstram que a população rural

brasileira possui uma limitada renda domiciliar. Estima-se que 77% dos 8,5 milhões de

domicílios rurais possuem renda inferior a 3 Salários Mínimos.

2 IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios pesquisa básica – 2001 a 2009. Disponível em:

<http://www.sidra.ibge.gov.br/pnad/pnadpb.asp>. Acesso em: 23 set. 2011.

Página 14 de 42 do Informe no 489/ 2011-UNPCP-PBCPP/UNPC-PBCP/SUN-SPB, de / /2011.

26%

33%

18%

15%

6% 2%

Renda dos Domicílios Rurais

Até 1 SM

1 a 2 SM

2 a 3 SM

3 A 5 SM

5 A 10 SM

Mais de 10 SM

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009 (Tabela 1960).

5.40. Por outro lado, a ampliação e diversificação da oferta de telecomunicações nestas áreas

torna-se cada dia mais premente. Além de todos os dispositivos que tratam do tema no PGR,

enfatiza-se também os inúmeros pleitos recebidos por esta Agência, dentre os quais destaca-se

um advindo do Conselho de Usuários de Piracicaba, no Estado de São Paulo. A seguir um trecho

transcrito da correspondência sem número, datada de 16/02/2009, protocolizada sob o n.º

53504.002565.2009:

“Outro agravante para a comunicação dos produtores Rurais é a limitada cobertura do

SMP – Serviço Móvel Pessoal bem como o total desinteresse das operadoras nesse

mercado”.

“É notório que com a privatização, o Brasil avançou muito em telecomunicações tanto

na oferta como na qualidade do serviço, permitindo o acesso individual a

aproximadamente 95% da população brasileira, mas entendemos que algo precisa ser

feito em prol da população rural de forma a se evitar o Êxodo Rural”.

5.41. Vale ressaltar que a primeira etapa dos estudos foi mapear um público alvo para a

prestação do STFC fora da ATB. Nesse sentido, foi feito um levantamento de informações,

consultando dados da PNAD 2009 do IBGE, acerca do quantitativo de domicílios rurais que

possuem energia elétrica e não possuem telefone. A partir das informações seria definido um

potencial de demanda para o serviço, tendo em vista o público alvo identificado.

5.41.1. O gráfico abaixo apresenta o resultado da pesquisa para cada UF, que simboliza o público

alvo em cada Estado do Brasil.

Página 15 de 42 do Informe no 489/ 2011-UNPCP-PBCPP/UNPC-PBCP/SUN-SPB, de / /2011.

2 5 10 11 12 2045 45 46 51 66 66 70 73 79 99 112 122 125

166 169 173223

274304

355

667

0

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200

300

400

500

600

700

800A

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os

(milh

are

s)Domicílios Rurais sem Telefone e com Energia

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – ano de 2009 (Tabelas 1959, 1960).

5.41.2. A partir do gráfico, conclui-se que 3,4 milhões de domicílios rurais (quase 40% do total)

possuem energia elétrica, mas não usufruem do serviço de telefonia (fixa ou móvel).

5.42. Tendo em vista a obtenção de um comparativo entre os Estados em relação à

indisponibilidade de telefonia domiciliar, o próximo gráfico apresenta o percentual de domicílios

rurais que contam com instalação de energia elétrica, mas não possuem o serviço de telefonia.

10

,25

%

11

,36

%

11

,76

%

18

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20

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10,00%

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30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

Percentual de Domicílios Rurais sem telefone

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – ano de 2009 (Tabelas 1959, 1960).

5.43. O estudo preliminar também buscou identificar o potencial de demanda existente tendo

em vista o público alvo descrito anteriormente. Para isso, foram adotadas algumas premissas

Página 16 de 42 do Informe no 489/ 2011-UNPCP-PBCPP/UNPC-PBCP/SUN-SPB, de / /2011.

básicas, quais sejam: i) a partir da penetração observada atualmente para o serviço de telefonia

(fixa ou móvel) nas áreas urbanas para cada classe de renda, segundo os dados do IBGE,

estimou-se que a penetração potencial rural seria a mesma para cada classe de renda

correspondente; ii) foi presumido que o domicílio rural tende a ter, no mínimo, o mesmo gasto

com serviços de telecomunicações que o urbano da mesma classe de renda; iii) as premissas

anteriores somente se justificam a partir da existência de uma infraestrutura de rede moderna e

que atende grande parte da extensa área rural.

5.43.1. A demanda mapeada resultou em aproximadamente 4 milhões de acessos

de telefonia domiciliar no ano de 2025 (40% do total).

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026

Do

mic

ílio

s (

mil

ha

res

)

Ano

Projeções de Demanda

Telefonia

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Tabela 1960).

5.44. Neste ponto, há de se ressaltar que, a partir da análise dos gastos com telefonia fixa,

observa-se uma grande diferença entre os gastos com telefonia observados nas áreas urbana e

rural para as classes de renda mais baixa. No entanto, a medida que o nível de renda domiciliar

aumenta, a diferença vai sendo reduzida até o ponto em que o percentual de gasto da área rural

ultrapassa aquele da área urbana. A constatação pode ser visualizada na figura abaixo, onde

também são apresentadas as taxas de penetração do serviço (telefonia fixa ou móvel)

segmentadas nas classes de renda.

5.45. A partir da figura anterior, conclui-se que para domicílios com renda mais baixa, onde o

nível de penetração da telefonia fixa é menor (gráfico em barras), os gastos médios com telefone,

ou seja, considerando quem tem e quem não tem o serviço, são menores (gráfico de linhas). Tal

constatação é agravada nas áreas rurais, tendo em vista que a disponibilidade de telefonia fixa é

Página 17 de 42 do Informe no 489/ 2011-UNPCP-PBCPP/UNPC-PBCP/SUN-SPB, de / /2011.

mais reduzida de que na área urbana, onde o serviço encontra-se universalizado. Sendo assim,

superadas as restrições de disponibilidade de rede atualmente existentes, presume-se que os

gastos de um determinado domicílio rural com telefonia fixa, que tenha o mesmo nível de renda

de um determinado domicílio urbano, tende a ser, no mínimo, similares.

5.46. Após realizar a mesma reflexão em relação aos dados para a telefonia móvel, conclui-se

que a mesma, segundo os dados do IBGE, vem sendo utilizada pelas classes de menor renda,

inclusive em áreas rurais, principalmente pela ampla oferta de planos de serviço pré-pago. No

entanto, o Instituto de Pesquisa não apresenta informações se o terminal móvel funciona no

domicílio ou em suas imediações. De qualquer forma, a diferença entre os gastos com telefonia

móvel entre usuários na área urbana e rural se mostrou bastante reduzida quanto comparada com

a telefonia fixa, corroborando com a premissa de que os gastos tendem a ser similares nas áreas

urbana e rural.

5.47. O que se pode depreender dos estudos preliminares é que a disponibilidade de uma

infraestrutura de rede moderna e versátil, que permita a oferta de múltiplos serviços na forma de

planos pré e pós-pagos, capaz de cobrir grandes extensões territoriais de forma eficiente,

apresenta-se como a melhor alternativa para a oferta de serviços de telecomunicações nas áreas

rurais com a consequente aplicação de modelos de negócios sustentáveis.

5.48. Uma vez definidos os pré-requisitos da rede essenciais para o atendimento das áreas

rurais, torna-se necessário avaliar o leque de opções disponíveis e identificar aquela mais

conveniente ao cumprimento dos objetivos e diretrizes traçados, conforme o item 5.35.

5.49. Para analisar e compreender melhor a questão, alguns conceitos de redes devem ser

explicados. As redes de telecomunicações são baseadas em uma estrutura composta por uma

rede de acesso (cabeada ou sem fio) que deve apresentar a capilaridade necessária para atender a

um número suficiente de usuários na ótica do prestador e pela rede de transporte que tem a

função de escoar o tráfego por grandes extensões geográficas, sendo composta de meios de

transmissão de alta capacidade e equipamentos de comutação e roteamento. Em síntese, a rede

de transporte interliga os vários segmentos da rede de acesso de uma prestadora distribuídos

geograficamente ou mesmo serve para interligar redes de diferentes prestadoras.

5.49.1. Neste ponto, ressalta-se que a topologia das redes de telecomunicações

brasileiras caracterizam-se pela localização de quase totalidade da rede de acesso e

dos pontos de conexão à rede de transporte na área urbana, de modo que, para o

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atendimento da área rural é necessário o uso de um meio adicional para alcançar o

usuário. Tal necessidade aumenta os custos de instalação quando comparados com

aqueles existentes para a área urbana.

5.49.2. Os referidos meios adicionais podem utilizar vários tipos de meios físicos

através dos quais a informação é transmitida. Cada um tem suas próprias

particularidades em termos de capacidade, custo e facilidade de instalação e

manutenção. Para as áreas rurais, é imprescindível que o meio físico utilizado

possibilite uma cobertura do serviço em uma ampla extensão geográfica, aliada com

custos de operação e requisitos de investimentos reduzidos.

5.49.3. Ademais, os meios adicionais podem ser agrupados em duas categorias:

terrestres ou espaciais e de ocupação compartilhada ou individualizada. Os meios

adicionais espaciais são aqueles que utilizam satélites de comunicação, sendo os

demais classificados como terrestres. Por sua vez, a ocupação compartilhada do meio

adicional apresenta uma maior eficiência em relação aos meios de ocupação

individualizada, considerando que vários usuários fazem uso do mesmo meio físico

simultaneamente ao invés de se reservar recursos para um único usuário, mesmo

quando não houver tráfego a ser encaminhado.

5.50. Após a breve discussão acerca da classificação teórica e necessidade da utilização dos

meios adicionais para o atendimento de áreas rurais, torna-se oportuno averiguar as alternativas

disponíveis tendo em vista os sistemas de telecomunicações capazes de fornecer tal

infraestrutura.

A - Meios Adicionais providos por cabos: consiste na implantação de cabos metálicos, coxiais

ou ópticos para fazer a interligação dos terminais dos usuários nas propriedades rurais a algum

ponto de presença de rede da prestadora, geralmente localizado em área urbana. Em função dos

custos envolvidos e da qualidade do sinal transmitido nos cabos metálicos, que é inversamente

proporcional à distância, esta alternativa limita-se a curtas distâncias. Ademais, tal alternativa

apresenta severas limitações em relação à capacidade de expansão da rede em função da

demanda. No entanto, a mesma permite a oferta de todas as facilidades presentes nas áreas

urbanas. Esta alternativa já vem sendo utilizada para o atendimento rural no Brasil, no entanto,

em função dos altos custos envolvidos na implantação da rede (postes, cabos, etc), ela se

restringe à celebração de contratos individuais entre a prestadora e o usuário, caracterizando uma

prestação individualizada do serviço.

B - Meios Adicionais providos por rádio monocanal: esta alternativa faz uso de uma linha

telefônica convencional instalada na área urbana, conectada também a uma antena externa que

fará a comunicação com a propriedade rural. Um enlace rádio interliga o terminal do usuário à

linha telefônica, cujo alcance depende diretamente da topografia da região e da faixa de

frequências utilizada. A alternativa em questão apresenta menores custos de implantação que a

opção anterior, no entanto, não apresenta a redução suficiente para o atendimento de um grande

número de usuários a preços módicos, mantendo-se assim, o caráter individualizado da

prestação.

C - Meios Adicionais providos por infraestrutura de rede sem fio

Alternativa viável para o atendimento dos domicílios localizados em regiões cobertas por

sistemas de radiocomunicação terrestre operando em determinadas faixas de radiofrequência,

autorizadas pela Anatel. Em linhas gerais, a torre da prestadora fica instalada na área urbana ou

próxima a ela, enquanto que na propriedade rural instala-se uma antena externa de alto ganho

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para captar o sinal mais fraco que chega na borda da célula. O alcance do sinal depende das

especificações das antenas e da faixa de radiofrequência utilizada, de modo que, para frequências

mais elevadas, a cobertura geográfica é menor que aquela observada nas frequências mais

baixas.

A alternativa em questão também já vem sendo utilizada para a prestação do STFC em áreas

rurais há vários anos, por meio da celebração de contratos de cessão de meios entre as

Prestadoras de STFC e SMP (serviço denominado Ruralcel). Entretanto, a possibilidade de

atendimento somente existe para os locais onde há condições técnicas para o atendimento

domiciliar, o que geralmente ocorre talvez há poucos quilômetros das áreas urbanas. O histórico

de prestação do Ruralcel foi sucintamente descrito nos itens 5.9 a 5.11 deste Informe.

A utilização de faixas de frequências mais baixas que aquelas utilizadas pelas redes do SMP,

possibilita que o atendimento domiciliar seja feito a dezenas de quilômetros da torre da

prestadora. Por exemplo, a utilização de faixas de frequência da ordem de 450 MHz possibilita,

segundo estimativas/estudos de fabricantes de equipamentos de telecomunicações, raios de

cobertura de 49 km, o que possibilita o atendimento de uma memsma região geográfica com 3

vezes menos torres que a faixa 850 MHz e 12 vezes menos que a faixa de 1.800 MHz.

Frequência (MHz) Raio da Célula (km) Área da Célula (km

2) Contagem Relativa

450 48.9 7521 1

850 29.4 2712 2.8

950 26.9 2269 3.3

1800 14 618 12.2

1900 13.3 553 13.6

2500 10 312 24.1

D - Meios Adicionais providos por satélite

Neste caso, a comunicação com as áreas rurais é feita utilizando satélites de comunicação em

órbita, que funcionam como repetidores dos sinais e cobrem todo o país. No entanto, os custos

elevados característicos desta alternativa, limitam a sua utilização para um reduzido número de

usuários rurais com maior disponibilidade de pagamento pelo serviço e localizados nas regiões

mais ermas do território nacional. No entanto, destaca-se que tal tecnologia apresenta-se como

boa solução para fornecer backhaul em localidades onde é mais difícil a construção de redes de

transporte de alta velocidade, tendo em vista o seu potencial de cobertura continental.

5.51. Uma vez analisadas algumas características, vantagens e desvantagens de cada opção de

infraestrutura que pode ser implantada para a prestação de serviços de telecomunicações nas

áreas rurais, entende-se que a melhor alternativa, diante dos objetivos regulamentares traçados, é

aquela que consegue aliar barreiras de entrada para os usuários pouco significativas, ou seja,

menores custos de instalação e preços de terminais acessíveis, com uma maior abrangência

geográfica, de modo que a área de prestação do serviço possa cobrir uma grande parcela de

domicílios rurais. Outro ponto é que a infraestrutura deve ser compartilhada entre os usuários de

modo a produzir ganhos de eficiência no uso da rede e possibilitar a oferta dos mesmos planos de

serviços a muitos usuários. Conforme demonstrado na figura abaixo, que apresenta estimativas

em relação ao custo de implantação e sua abrangência geográfica, a melhor alternativa é a

prestação por meio de infraestrutura de rede sem fio utilizando baixas frequências.

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A LTO

MÉDIO

BAIXO

PEQUENA MÉDIA AMPLA

Cust

os d

e In

stal

ação

Abrangência Geográfica

CABOS SATÉLITE

INFRAESTRUTURA SEM FIO – ALTA

FREQUÊNCIA (>1800MHz)

INFRAESTRUTURA SEM FIO – BAIXA

FREQUÊNCIA (<700 MHz)

RADIO MONOCANAL

Melhores Alternativas

5.52. Ademais, existem estratégias capazes de aumentar ainda mais a abrangência geográfica

observada para as faixas de frequência mais baixas, como a utilização de terminais com

localização fixa, que permite: i) o uso de antenas direcionais de custo acessível, como aquelas do

tipo Yagi, de modo a aumentar a região de prestação do serviço; ii) reduzir custos de

implantação com o uso de uma menor quantidade de estações rádio base, uma vez que os

terminais podem utilizar antenas maiores, requeridas pelas referidas faixas de frequências e

podem tirar um proveito maior da técnica de diversidade na recepção; iii) transmitir a uma

potência maior que os terminais portáteis, o que possibilita uma melhora na qualidade do sinal de

rádio do link reverso (comunicação terminal – estação);

5.52.1. Outra alternativa é o uso de terminais portáteis com a função de

mobilidade restrita, que tem o potencial de reduzir custos do projeto, uma vez que o

usuário com plena mobilidade pode estar em qualquer lugar da extensa área rural

onde o serviço é prestado, exigindo uma área contínua de cobertura do serviço.

5.53. Por outro lado é importante destacar que há regiões no Brasil que somente podem ser

atendidas por sistemas utilizando capacidade satelital, por exemplo, áreas remotas com

densidade populacional abaixo de 1 habitante/km2.

5.54. Tendo em vista que esta Agência, vislumbrando a possibilidade do atendimento eficiente

e massificado das áreas rurais, determinou que o uso das radiofrequências na faixa 450 – 470

MHz deve focar, preferencialmente, o provimento de acessos aos serviços de telefonia e de

dados em banda larga em localidades que se encontram em áreas rurais, de baixa densidade

populacional ou não atendidas, vale destacar as características, experiências internacionais e o

atual grau de utilização da referida faixa do espectro.

5.54.1. Preliminarmente, cabe ressaltar que, além das características favoráveis de

propagação já mencionadas no item 5.50, a referida faixa já vem sendo utilizada em

várias partes do mundo para a prestação dos serviços de telefonia e dados em banda

larga, de modo que existe todo um ecossistema tecnológico já maduro, envolvendo

fabricantes de equipamentos de rede, terminais de usuário e Prestadores de serviços,

o que fortalece a decisão tomada pela Anatel.

5.54.2. Atualmente, a tecnologia CDMA2000 (Code Divison Multiple Access) é a

única utilizada comercialmente na faixa 450-470 MHz (CDMA-450) e tem como

fundamento um mecanismo dinâmico de controle de potência que, em síntese,

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provoca a redução do raio efetivo da célula, a medida que mais usuários se conectam

à estação rádio base (o efeito é denominado cell breathing). Nesse sentido, ocorre um

trade-off entre a capacidade de transmissão ofertada e a cobertura, que torna a

tecnologia adequada para o atendimento de áreas de grande extensão geográfica,

onde os usuários estão dispersos.

5.54.3. A referida faixa de radiofrequências pode ser utilizada por diversos tipos

de aplicações e possibilita o uso de vários tipos de dispositivos terminais, o que está

coerente com a tendência de convergência dos serviços. A tecnologia CDMA2000 é

uma família de padrões estabelecidos no mercado, quais sejam:

I. CDMA2000 1X: padrão para serviços de telefonia com comutação por circuitos e de

dados por comutação de pacotes, com velocidades de pico de 153 kbps, com médias de

70-90 kbps, utilizando portadoras de 1,25 MHz;

II. CDMA2000 1xEV-DO (Release 0): solução exclusiva de transmissão de dados por

pacotes com velocidades de pico em torno de 2,4 Mbps no downlink (DL) e 153,4 kbps

no uplink (UL), com médias de 300-600 kbps no DL e 70-90 kbps no UL, utilizando

portadoras de 1,25 MHz;

III. CDMA2000 1xEV-DO (Revisão A): solução exclusiva para transmissão de dados por

pacotes, baseadas no protocolo IP, viabilizando taxas pico da ordem de 3,1 Mbps no DL

e 1,8 Mbps no UL, com médias de 600-1400 kbps no DL e 500-800 kbps no UL,

utilizando portadoras de 1,35 MHz;

IV. CDMA2000 Multicarrier EV-DO (Revisão B): atualização de software feita em redes

Revisão A com o objetivo de aumentar as taxas máximas de transmissão de dados para

valores de até 9,3 Mbps no DL e 5,4 Mbps no UL, na faixa de 5 MHz.

5.54.4. A tendência de evolução para os padrões descritos tende a priorizar a

alocação de espectro para a transmissão de dados e possibilitar que uma quantidade

maior de usuários de telefonia possam ser atendidos com menos portadoras. Sendo

assim, o padrão CDMA2000 1X ADVANCED possibilita atender 4 vezes mais

usuários de telefonia que o padrão anterior. EM relação à transmissão de dados, a

tendência é a utilização de esquemas de modulação com agregação de portadoras

para atingir maiores taxas de transmissão da ordem de dezenas de Mbps (EVDO

REV B e DO ADVANCED). A figura abaixo busca mostrar o caminho evolutivo da

tecnologia nos próximos anos.

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5.55. Em relação à experiência internacional na utilização da faixa 450-470 MHz, segundo

informações do CDG (CDMA Development Group – CDMA450 Market Facts3), em agosto de

2011, havia 117 operações comerciais de CDMA na citada faixa espectral em 61 países, com

outras 16 marcadas para entrar em operação no ano de 2012. O informativo apontou que somente

na Europa e Rússia há a previsão de implementação de redes EV-DO Revisão B no curto-prazo,

sendo que os demais padrões já vem sendo utilizados.

5.56. Quanto à disponibilidade de dispositivos terminais para a faixa em comento, o CDG

informa a existência de um total de 180 modelos de 33 fornecedores (destaques para Huawei,

ZTE, Ericsson, AsiaTelco e Qualcomm que participaram de reuniões na Anatel e apresentaram

informações sobre os produtos), distribuídos segundo os padrões da família CDMA2000,

conforme abaixo:

0

20

40

60

80

100

120

116

21

42

1

CDMA2000 1X

EV-DO Rel 0

EV-DO A

EV-DO B

5.57. Em relação aos preços dos terminais de usuários, os fabricantes de equipamentos

informaram, em reuniões com representantes da Anatel e questionamentos elaborados pela

Agência, a existência de terminais com preço a partir de US$40,00 com impostos, valor bastante

competitivo em relação aos terminais que utilizam a tecnologia GSM. Há também terminais

dotados de mais funcionalidades, que utilizam a tecnologia EVDO, com preços a partir de

US$170,00.

5.57.1. Ressalta-se que os preços dos terminais informados pelos fornecedores

estão bastante competitivos, embora o volume de produção de terminais da família

CDMA 2000 na faixa de 450-470 MHz ainda seja consideravelmente menor que em

outras faixas (800 MHz ou 1900 MHz). Há estimativas de que menos de 5% dos

usuários de redes CDMA utilizam a faixa em comento, o que provoca uma menor

diversidade de terminais, principalmente para as tecnologias mais atuais (EVDO).

5.58. Uma vez definidas as principais características de uma rede para o atendimento de áreas

rurais, que possibilite a oferta de serviços de telecomunicações sob as mesmas condições de

prestação, para uma extensa área geográfica e analisada a disponibilidade de equipamentos de

transmissão e dispositivos terminais de usuários a serem utilizados, passa-se agora a detalhar

como foi definida a área potencial de prestação do serviço, considerando a premissa básica de

que a cobertura de todo o território nacional com uma infraestrutura de rede sem fio seria um

desperdício de recursos, tendo em vista a existência de regiões extremamente ermas, com

densidade populacional igual ou menor que 1 habitante/km2.

3 Disponível em http://www.cdg.org/resources/files/fact_sheets/CDMA450%20Market%20Facts.pdf; Acesso em

10/10/2011.

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5.59. Outras premissas consideradas:

a) o atendimento deve ser priorizado para as áreas rurais, ou seja, aproximadamente as áreas

classificadas como fora da ATB do STFC;

b) deve buscar a cobertura das áreas com maior densidade populacional com o intuito de

atender a demanda potencial identificada nos estudos preliminares;

c) utilizar a infraestrutura de transmissão existente (backhaul/backbone), cujos pontos de

presença estão localizados, geralmente, nas sedes dos Municípios.

5.60. A partir das premissas apresentadas, uma área de prestação em torno das sedes

municipais foi identificada como a melhor opção para estender a prestação do STFC fora da

ATB. Nesse sentido, foi definido um raio de 30 km a partir de cada sede municipal a fim de

estimar qual a cobertura territorial alcançada e a quantidade de população atendida. A área

definida atinge cerca de 48% do território nacional e estima-se que atenda, aproximadamente,

80% dos domicílios rurais brasileiros. As figuras abaixo buscam demonstrar tais conclusões ao

apresentar o mapa da densidade demográfica brasileira, segundo o IBGE e o mapa que considera

a cobertura de 30 km a partir das sedes municipais brasileiras. Depreende-se delas que as regiões

de maior concentração populacional do mapa do IBGE coincidem com a cobertura projetada.

5.60.1. O mapa do lado esquerdo apresenta a densidade demográfica do IBGE,

enquanto o mapa do lado direito mostra a soma de todas as áreas calculadas a partir

da premissa de cobertura de 30 km a partir da sede municipal. Na plotagem deste

mapa foi utilizado o sistema SigAnatel onde as sedes foram localizadas por uma

coordenada geográfica.

5.60.2. A partir da área demonstrada no subitem anterior, chega-se à conclusão de

que 14 Estados têm mais de 80% do seu território, no mínimo, cobertos pela

infraestrutura de rede sem fio projetada para o atendimento das áreas rurais. O

gráfico abaixo mostra a cobertura de cada Estado (%), segundo as premissas

adotadas.

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100,00

100,00

99,90

99,67

99,46

98,61

98,42

98,27

97,1295,18

92,9690,25

84,30

80,08

79,37

70,69

69,41

68,59

48,66

40,6337,73

31,02

24,96

19,66 19,46

13,44

9,35

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,00

PB AL RN SE SP RJ PR SC ES CE PE MG RS PI GO BA MA TO DF MS RO MT AC AP PA RR AM

Estimativa de Cobertura nos Estados (Admitindo uma cobertura de 30 km a partir das sedes)

5.60.3. Adicionalmente, ressalta-se que os estudos preliminares apontam que a

área em questão, qual seja, aquela compreendida pelos pontos distantes até 30 km

das localidades sedes municipais, engloba cerca 80 a 90% das localidades atendidas

com acessos individuais do STFC, ou seja, aproximadamente 15.525 localidades,

considerando a abordagem mais otimista. Em complementação, um quantitativo de

1.263 localidades encontra-se a mais de 30 km de uma sede municipal, portanto, fora

da área estudada. Os gráficos abaixo apresentam, respectivamente i) a relação entre

as localidades atendidas com acesso individual do STFC e aquelas distantes até 30

km de uma sede municipal e ii) o quantitativo de localidades distantes mais de 30 km

da sede municipal por Unidade da Federação.

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

Análise das Localidades distantes até 30 km das Sedes Total de Localidades Atendidas peloSTFC Indv

Loc STFC indv a 30 km das Sedes

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0 0 0 1 2 2 8 8 9 9 10 11 12 14 18 19 22 32 35 40 50 5263

133

173194

346

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Localidades Atendidas STFC indv a mais de 30 km das sedes

VII – DA CONSULTA INTERNA Nº 539/2011

5.61. Após o detalhamento do histórico da prestação do STFC fora da ATB e dos estudos já

realizados, este documento passa a explorar a proposta de Regulamento sobre a Prestação do

STFC fora da ATB, de modo a explicar todas as regras básicas e condições de fruição do serviço,

tendo como alicerce os estudos já desenvolvidos e apresentados de forma sintética.

Preliminarmente, há de se ressaltar que a minuta de Regulamento foi submetida à Consulta

Interna nº 539, no período de 05 a 13/10/2011, onde um total de 15 contribuições foram

registradas.

5.62. Tais sugestões encontram-se registradas no Sistema de Acompanhamento de Consultas

Públicas – SACP da Anatel e, em sua maioria, buscaram, em síntese, melhorar o texto da minuta.

Destacam-se dois temas:

a) esclarecimento de definições e conceitos estabelecidos em outros Regulamentos;

b) alteração da área de prestação obrigatória do serviço com controle tarifário pela Agência

para 30 km de localidade atendida por acessos individuais do STFC.

5.62.1. No tocante ao disposto na alínea „a‟, houve algumas alterações na redação

submetida à Consulta Interna com vistas a acrescentar algumas definições de outros

Regulamentos para facilitar a leitura sem que seja necessário consultar vários textos

simultaneamente, além de buscar melhorá-la para dirimir as dúvidas mais básicas

sobre os conceitos. Outrossim, foi melhor enfatizado, conforme será visto mais

adiante, que a prestação por meio do contrato específico continua existindo, caso o

interessado o desejar, no entanto, as condições de prestação são aquelas definidas no

Regulamento do STFC.

5.62.2. Quanto à alínea „b‟, atinente à definição da obrigatoriedade de

atendimento das áreas distantes 30 km das localidades atendidas com acesso

individual, entende-se que a proposta apresentada está alinhada com o disposto no

§1º do art. 9º do PGMU, que define as metas de acessos individuais nas áreas rurais.

Nos termos do Decreto, até 31 de dezembro de 2015, deverá ser realizado o

“atendimento às solicitações de acesso individual referentes a domicílios rurais

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situados à distância geodésica igual ou inferior a trinta quilômetros dos limites da

localidade sede municipal”.

VIII – DA PROPOSTA DE REGULAMENTO

5.63. O Título I do Regulamento (DAS DISPOSIÇÕES GERAIS) apresenta os objetivos da

regulamentação, além da sua abrangência e as definições utilizadas.

5.64. O Título II detalha as regras básicas e as condições de fruição do STFC prestado fora da

ATB, que serão detalhadas nos próximos itens deste Informe.

Destaques da Proposta - Características Gerais

5.65. O Regulamento ora proposto tem o objetivo primordial de apresentar outras opções de

provimento do STFC nas áreas enquadradas como fora da ATB (que podem ser entendidas como

áreas rurais), além daquelas existentes atualmente: a celebração de contrato específico entre a

prestadora e o assinante, portanto um atendimento individualizado, e o Ruralcel, alternativa que

utiliza a rede do SMP para a prestação do STFC.

5.65.1. Em linhas gerais, o que se propõe é uma alternativa de oferta que propicie

o atendimento rural previsto no Regulamento do STFC, conforme descrito no item

5.20 deste Informe.

5.66. Nesse sentido, a oferta de planos de serviços com uma estrutura de tarifas ou preços e

características técnico/operacionais previamente definidas, surgiu como a principal alternativa

para viabilizar a oferta massificada do serviço para extensas regiões geográficas. O plano

permite que todos os domicílios localizados na sua área de abrangência, usufruam das mesmas

condições de prestação do serviço, o que não se observa na atualidade. Este plano, por ter

características específicas para o atendimento fora da ATB, foi denominado de Plano de

Atendimento Rural, que consiste em um plano alternativo ao Plano Básico do STFC, ofertado

nas áreas urbanas (dentro da ATB) e pode ser de oferta obrigatória ou não.

5.67. O artigo 4º define que, a partir da entrada em vigor do Regulamento ora proposto, a

prestação do STFC fora da ATB deverá ser sempre precedida da adesão, pelo consumidor, a um

Plano de Atendimento Rural, homologado pela Agência. O referido plano destina-se

exclusivamente às áreas consideradas como fora da ATB, no que diz respeito à prestação do

STFC. Nesse sentido, a área de abrangência do plano não inclui a ATB ou a franja regulamentar

de 500 metros em torno dos limites da ATB. Tais regiões possuem suas próprias condições de

prestação definidas no Regulamento do STFC.

5.68. O artigo 5º prevê a utilização de uma faixa de numeração específica para os códigos de

acesso dos consumidores do STFC que aderirem aos Planos de Atendimento Rural. Em

princípio, existe a previsão de que os códigos da série N8=5, ou seja, iniciados pelo número 5,

serão utilizados na prestação do STFC fora da ATB. A utilização de numeração própria permite

a rápida e fácil identificação dos usuários residentes fora da ATB, além de possibilitar a

definição de condições diferenciadas para a prestação do serviço.

5.69. Tendo em vista que os limites da Área de Tarifa Básica (ATB) podem variar ao longo do

tempo, de acordo com o crescimento das localidades que a constituem, torna-se necessário a

definição de regras para quando uma determinada área deixar de ser considerada como fora da

ATB. Nesse sentido, o art. 6º enfatiza que o consumidor deverá migrar para um plano de serviço

ofertado pela Prestadora na ATB, caso o local de sua residência passe a fazer parte da ATB.

5.69.1. A proposta de Regulamento define também que a comunicação ao

consumidor deve ser feita pela prestadora com a antecedência mínima de 90

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(noventa) dias, considerando que haverá a troca do código de acesso e caso não

ocorra a migração no prazo de 30 (trinta) dias após a comunicação, o consumidor

deverá ser vinculado ao plano básico do STFC.

5.70. O artigo 7º dispõe que a prestadora pode utilizar qualquer tipo de meio adicional para o

provimento do serviço, embora haja o entendimento técnico de que uma infraestrutura sem fio

que utiliza radiofrequências mais baixas quando comparadas àquelas do SMP, apresenta-se como

a melhor alternativa em termos de cobertura geográfica e custos de implantação. Neste ponto,

urge tecer alguns comentários adicionais acerca das alternativas tecnológicas disponíveis para o

provimento dos meios adicionais necessários ao atendimento das áreas rurais. A proposta ora

apresentada traz uma classificação dos meios adicionais segundo algumas de suas características

técnicas: a forma de ocupação dos seus canais e a utilização ou não de satélites de comunicação.

5.70.1. Os meios adicionais de ocupação compartilhada permitem que vários

usuários utilizem o mesmo meio de transmissão, possibilitando o uso eficiente dos

recursos disponibilizados. Por sua vez, aqueles de ocupação individualizada,

permitem que somente um usuário utilize o meio de transmissão. Um exemplo de

ocupação compartilhada é a utilização de sistemas sem fio ponto-multiponto como

uma rede de telefonia móvel. A ocupação individualizada pode ser exemplificada

pela instalação de um sistema cabeado (cobre, óptico) no domicílio do usuário, rádio

ponto-a-ponto ou satélite.

5.70.2. Os meios adicionais espaciais são aqueles que utilizam satélites de

comunicação em órbita da Terra e as informações são enviadas exclusivamente por

meio de radiocomunicação espacial. Por sua vez, os meios adicionais terrestres são

aqueles onde as informações são enviadas por meio de fio, radiocomunicação

terrestre, meios ópticos, ou qualquer outro processo eletromagnético, exceto

radiocomunicação espacial.

5.70.3. A prestação do STFC fora da ATB através de meio adicional de ocupação

individualizada há muito já vem sendo ofertada nos termos do Regulamento do

STFC, por meio da celebração de contrato específico, conforme disposto no item

5.20 deste Informe. Considerando que o usuário arca com todos os custos da

instalação dos meios adicionais, a prestação por meio de contrato específico está

adequada à utilização de meios adicionais de ocupação individualizada, onde

somente o usuário que pagou pela implantação do meio de transmissão fará uso do

serviço.

5.70.4. Uma vez que o Regulamento ora proposto tem como um dos principais

objetivos a apresentação de novas alternativas para a prestação do STFC fora da

ATB que possam atingir um número significativo de domicílios rurais, é imperativo

que os Planos de Atendimento Rural utilizem em maior escala os meios adicionais de

ocupação compartilhada, como sistemas sem fio de propriedade da própria

Prestadora ou de terceiros, por meio de contratos de exploração industrial.

5.71. Ademais, os parágrafos 1º e 2º apresentam regras mínimas para o caso de se utilizar uma

alternativa que permita certa mobilidade ao usuário. A prestadora deve utilizar a função de

mobilidade restrita, por meio da qual é definida uma área de mobilidade para o terminal, de

modo que quando o usuário estiver fora da referida área, ficará com o serviço indisponível até

que ele retorne para a sua área de restrição, na qual o seu terminal esteja cadastrado. A área de

restrição pode ser configurada a critério da prestadora, tendo o limite máximo de uma Área de

Numeração do STFC. Há de se ressaltar que a utilização de áreas de restrição mais amplas tem o

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potencial de melhorar alguns indicadores de qualidade observados em redes que utilizam

terminais portáteis de tecnologias como o CDMA.

5.72. A figura abaixo foi retirada de um Relatório do CPqD que avaliou a performance de uma

rede CDMA na faixa de 1900 MHz que atende a cidade de São Paulo e mostra que a taxa de

completamento de chamadas é reduzida, a medida que a área de restrição vai sendo limitada de

41 ERB para 3 ERB (eixo horizontal), onde a taxa fica ligeiramente superior a 60% (eixo

vertical).

5.73. Tendo em vista a iminente utilização de faixas de radiofrequências mais baixas para o

atendimento das áreas rurais, conforme previsto no PGMU em relação à utilização da faixa de

450-470 MHz do espectro e considerando que extensas áreas podem ser cobertas com uma única

estação rádio-base, inclusive com a possibilidade de cobrir a área de mais de um Município,

entende-se que o estabelecimento do limite máximo da área de restrição como sendo a Área de

Numeração do STFC apresenta-se como uma alternativa viável, sem que haja a confusão com

outros serviços que ofereçam a mobilidade plena.

5.73.1. Outrossim, ressalta-se que a proposta de restrição de mobilidade em

comento, refere-se ao provimento de meios adicionais para o atendimento das áreas

consideradas fora da ATB (rurais) e não se aplicam a sistemas semelhantes em

funcionamento em áreas urbanas (ATB).

5.74. Continuando o detalhamento do Capítulo I do Título II da Minuta, o artigo 8º define o

prazo máximo de instalação de 90 (noventa) dias. Tal prazo apresenta-se como um valor de

referência para instalação de recursos de rede em áreas rurais, tendo em vista que o ele foi

definido na regulamentação para o atendimento das áreas localizadas nas proximidades dos

limites da ATB (500 metros), comumente denominadas de “franjas” da ATB, que são

caracterizadas pela reduzida infraestrutura para a prestação do STFC e outros serviços de

telecomunicações.

5.74.1. Os prazos adotados para as áreas consideradas como ATB, incluindo-se aí

as “franjas”, foram definidos em função da implantação de uma rede cabeada até o

domicílio do usuário. Para as áreas fora da ATB, entende-se que o prazo é aplicável

quando se leva em conta que haverá domicílios localizados em regiões de sombra,

onde o sinal de radiofrequência não estará disponível ou não apresentará as

características técnicas necessárias para a prestação do serviço. Para esses casos a

instalação de equipamentos adicionais como torres mais elevadas ou repetidores é

necessária, o que exige um prazo mais amplo, semelhante ao de uma rede cabeada,

para o atendimento da solicitação.

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5.74.2. Uma vez que existe a possibilidade da necessidade de haver adequações

na rede interna do domicílio do solicitante da instalação, a Minuta dispõe que os

casos em que a instalação não for concluída, por qualquer motivo, deverão ser

formalizados em documento próprio a ser entregue ao solicitante, cujas informações

deverão ser armazenadas pela Prestadora por pelo menos cinco anos, de modo a

permitir que a Anatel obtenha relatórios periódicos sobre o atendimento às

solicitações de instalação.

5.74.3. O documento mencionado no item anterior, deverá apresentar o resultado

da análise da existência ou não das condições técnicas para o provimento do serviço,

que deverá ser realizada pela prestadora dentro do prazo máximo definido para a

instalação. Ademais, o documento deve trazer também o rol das providências

técnicas necessárias para o atendimento da solicitação.

5.75. Em relação ao cumprimento dos prazos de atendimento de solicitações existentes nos

diversos Regulamentos da Anatel, observa-se a ocorrência de problemas relacionados à

interrupção ou suspensão do prazo quando há pendência de responsabilidade do solicitante.

Nesse sentido, o artigo 9º da Minuta de Regulamento apresenta um conjunto de regras

operacionais acerca do prazo máximo para o atendimento das solicitações de instalação.

5.76. Há de se ressaltar também que a possibilidade de atendimento por meio da celebração de

contrato específico entre o solicitante e a prestadora continua existindo somente para aqueles que

expressamente escolherem tal opção, ao invés de aderir a um Plano de Atendimento Rural, nos

termos do artigo 10 da Minuta.

5.76.1. Para todos os casos de celebração de contrato específico, as demais

disposições do Regulamento ora proposto não são aplicáveis (numeração, tarifas

diferenciadas, obrigações de implementação), uma vez que se trata da prestação do

serviço em condições individualizadas, onde o próprio usuário arca com a

implantação da infraestrutura até o seu domicílio, nos termos especificados no

contrato.

5.76.2. A numeração utilizada é equivalente àquela da ATB, portanto não utiliza a

numeração específica que identifica os códigos de acesso vinculados aos Planos de

Atendimento Rural. Na prática, realiza-se uma extensão da ATB com recursos

financeiros dispendidos pelo interessado.

Planos de Atendimento Rural

5.77. A Minuta de Regulamento buscou manter uma certa similaridade com a estrutura de

oferta de planos de serviços observada na prestação do STFC ao longo do tempo, com

adaptações para o atendimento das áreas rurais e do PGMU. Propõe-se a definição de Planos de

Atendimento Rural a serem ofertados exclusivamente nas áreas consideradas como fora da ATB.

Tais planos são alternativos ao Plano Básico do STFC e podem ser de oferta obrigatória ou não.

5.78. Três tipos de planos foram definidos, em função de sua área de abrangência e condições

de oferta, nos termos das quatro Seções do capítulo II:

a. Plano de Atendimento Rural Complementar (PAR-C) – plano de oferta obrigatória

para concessionária e autorizada nas áreas distantes até 30 km dos limites de uma sede

municipal;

b. Plano de Atendimento Rural Suplementar (PAR-S) – plano de oferta obrigatória para

a concessionária em todas as áreas consideradas como fora da ATB;

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c. Plano de Atendimento Rural Facultativo (PAR-F) – plano cuja oferta é feita

opcionalmente aos anteriores e podem ser ofertados tanto pela concessionária quanto pela

autorizada.

5.79. Neste ponto cabe comentar que o PAR-C se apresenta como a prestação do STFC

complementar àquela da ATB, no sentido de que o mesmo é caracterizado pelo controle tarifário

por parte da Agência, pela continuidade da prestação do serviço e pela definição de prazos para

instalação e reparo, embora as condições de prestação sejam adaptadas para o atendimento das

áreas rurais. O PAR-C tem o potencial de garantir a uma considerável parcela da população rural

o acesso ao STFC conquistado nas áreas urbanas (ATB).

5.79.1. Por sua vez, a oferta do PAR-S tem o objetivo primário de atingir as

regiões onde o PAR-C não estiver disponibilizado. Embora a sua oferta seja

obrigatória pela concessionária, com prazos definidos para instalação e reparo, o

mesmo não apresenta controle tarifário por parte da Anatel.

5.79.2. A oferta conjunta do PAR-C e do PAR-S permite que pelo menos um

plano de serviço do STFC seja ofertado em qualquer área considerada fora da ATB,

atendendo ao objetivo de estruturar a oferta do serviço em toda a área rural. A partir

da estruturação da oferta, cria-se um ambiente mais favorável para a concretização de

ações adicionais de universalização que utilizem recursos de fundos públicos, tal

qual o FUST.

5.79.3. Os planos PAR-F são equivalentes aos planos alternativos ofertados na

ATB, cuja estrutura de preços e condições de prestação são delineadas pela

prestadora, que os submete para a aprovação da Anatel.

5.80. A Seção II apresenta as regras referentes ao PAR-C, que deverá ser disponibilizado pela

concessionária, nos termos do Anexo I do Regulamento ora proposto, no prazo de até 90

(noventa) dias a partir da cobertura da região, pela prestadora detentora da respectiva outorga de

autorização de uso de radiofrequência, por sistemas de radiocomunicação operando nas

subfaixas de 451 a 458 MHz e de 461 MHz a 468 MHz.

5.80.1. Por sua vez, a autorizada deverá oferecer um PAR-C, com estrutura de

preços por ela definida e homologado pela Anatel.

5.81. A Seção III dispõe acerca do PAR-S, que deverá ser disponibilizado pela concessionária

concomitantemente com a oferta do PAR-C. Embora esta oferta seja obrigatória, a estrutura de

preços é definida pela concessionária e podem variar em função de características técnicas e de

custos específicos à oferta.

5.82. Outros planos, denominados PAR-F, entendidos como opcionais ao PAR-C e PAR-S

podem ser ofertados aos consumidores. Em qualquer caso, os planos devem ser submetidos à

aprovação prévia da Anatel. O infográfico abaixo busca ilustrar o que foi explicado.

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Plano de Atendimento Rural (PAR)

Oferta Obrigatória

Concessionária Autorizada

Oferta Opcional

Concessionárias e Autorizadas

Planos Alternativos

ao PBS - STFC

QUEM Oferta?

Obrigatoriedade da Oferta

Plano de Atendimento Rural Complementar (PAR-

C) – Anexo I

Plano de Atendimento Rural Suplementar (PAR-S)

Plano de Atendimento Rural Complementar (PAR-C) – Autorizada

Plano de Atendimento Rural Facultativo (PAR-F)

Onde? 30 km das Sedes

Onde? Qualquer área FATB

5.83. Uma vez detalhadas as particularidades de cada tipo de Plano de Atendimento Rural, será

feita uma descrição das regras gerais aplicáveis a todos eles, nos termos da Seção I do Capítulo

II.

5.83.1. As formas de pagamento pré-paga, pós-paga ou uma combinação de

ambas podem ser utilizadas para os planos, sendo que o artigo 15 trata de regras dos

planos pré-pagos.

5.83.2. Outro ponto a ser ressaltado é que o Regulamento ora proposto apresenta,

em seu art. 17, as condições para que a prestadora ofereça benefícios para os

consumidores em contrapartida à vinculação dos mesmos por um prazo não superior

a 12 meses. Haja vista a experiência observada em outros serviços como o SMP,

onde o principal benefício é a aquisição de terminais de usuário, além da TV por

Assinatura, onde o benefício se estende para equipamentos e instalações no

domicílio, entende-se que a proposta ora apresentada para o STFC fora da ATB se

constitui em uma ferramenta capaz de reduzir as barreiras de entrada do serviço,

como as adequações de rede interna que poderão ser necessárias em grande

quantidade de domicílios rurais.

5.83.3. Ademais, os terminais atualmente disponíveis nas subfaixas de

radiofrequências mais baixas, por exemplo, terminais CDMA – 450 MHz, em

princípio, tem os seus preços mais elevados quando comparados com terminais que

trabalham nas subfaixas tradicionalmente utilizadas pela telefonia móvel, em função

de sua menor escala de produção. Nesse sentido a possibilidade de fidelização pode

funcionar como um redutor dos preços para o interessado.

5.83.4. Sendo assim, o Regulamento proposto prevê três tipos de benefícios, quais

sejam: aquisição de terminal a preços abaixo do praticado no mercado, contratação

de instalação na rede interna a preços inferiores ao praticado pelo mercado e

benefício pecuniário, na forma de preços mais acessíveis.

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5.84. Diante do exposto em relação aos Planos de Atendimento Rural e os prazos definidos

para a sua disponibilização chega-se a um desenho básico da prestação do STFC fora da ATB

aqui proposta, que pode ser explicada a partir da divisão do território em 4 regiões ilustrada na

figura esquemática a seguir.

5.84.1. Região A – corresponde à localidade sede municipal, portanto constitui

uma área que faz parte da ATB, onde os Planos de Serviço Específicos FATB não

são ofertados. O prazo de instalação do acesso individual é de 7 dias;

5.84.2. Região B – corresponde à “franja” regulamentar de 500 metros em torno

da ATB, onde os imóveis nela localizados são considerados como pertencentes à

ATB, no âmbito da prestação do STFC; no entanto o prazo de instalação é de 90

dias; Aqui também não serão oferecidos Planos Específicos de Serviço FATB;

5.84.3. Região C – corresponde à região distante até 30 km de uma sede

municipal, onde obrigatoriamente a Concessionária deve ofertar o PAR-C, definido

no Anexo I do Regulamento ora proposto e também o PAR-S. Adicionalmente, a

Autorizada deve ofertar o seu PAR-C, cuja estrutura de preços é definida por ela. As

prestadoras podem ofertar PAR-F nesta área complementares ao seu plano de oferta

obrigatória; O prazo de instalação do acesso individual proposto é de 90 dias;

5.84.4. Região D – corresponde às regiões distantes mais de 30 km de uma sede-

municipal; aqui não existe a obrigação de prestação do PAR-C pela Concessionária,

que, no entanto, deverá ofertar o PAR-S. Aqui também, as prestadoras podem ofertar

PAR-F nesta área, cuja oferta é complementar ao seu plano obrigatório. O prazo de

instalação do acesso individual proposto é de 90 dias.

5.84.5. A concessionária deverá apresentar a proposta de contrato específico, em

atendimento à expressa solicitação do usuário, no prazo de 45 dias, nos termos do

Regulamento do STFC. A autorizada poderá apresentar tal proposta, a seu critério,

em resposta a um pedido de instalação, sempre nos termos do Regulamento do

STFC.

A - Localidade Sede

B - Franja de 500 m

C - Região a 30 km

da sede

D - Região além de

30 km da sede

Prestação do STFC fora da ATB, regiões com diferentes condições de prestação

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Contrato de Prestação do Serviço

5.85. Em relação ao contrato de prestação do serviço, a presente proposta, no seu artigo 22,

buscou utilizar a minuta de contrato padrão já utilizada na prestação do STFC na ATB, com

algumas pequenas adaptações, cuja minuta constitui o Anexo II da Minuta. Inicialmente, optou-

se pela não obrigatoriedade de homologação do contrato, de modo que o Anexo II apresenta as

cláusulas mínimas que devem ser observadas pelas prestadoras.

5.86. O parágrafo 1º do artigo 23 dispõe que a prestação do STFC terá início quando da

ativação do terminal após as adequações na rede interna, quando necessárias. Ressalta-se que,

caso exista cobertura com características técnicas que possibilitem o uso de terminais portáteis,

não há o que se falar em adequação de rede interna, uma vez que haverá potência suficiente do

sinal da prestadora para a oferta do serviço. Para os terminais de mesa, algumas adequações

podem ser necessárias, caso a antena do aparelho não consiga captar o sinal da prestadora, como

a utilização de um sistema irradiante composto basicamente de uma antena externa diretiva, cabo

e conectores coaxiais, além de proteção contra descargas elétricas, conforme a necessidade do

local.

Modalidades do STFC e Portabilidade

5.87. O Regulamento proposto prevê, no Capítulo V do Título II, um tratamento diferenciado

em relação à classificação das chamadas nas modalidades do STFC: Local, LDN e LDI. A

proposta não tem o objetivo de alterar o conceito de Área Local solidamente estabelecido na

regulamentação, mas apresentar condições diferenciadas para as chamadas que envolvem

terminais instalados nas áreas fora da ATB (rurais) cadastrados nos Planos de Atendimento

Rural, identificados por numeração específica. Há de se ressaltar que os dispositivos propostos

não se aplicam aos usuários atendidos atualmente.

5.88. O conceito básico proposto é que as chamadas realizadas entre acessos do STFC fora da

ATB ou entre um acesso fora da ATB e outro pertencente à ATB, dentro de uma mesma Área de

Numeração estejam compreendidas na modalidade Local, nos termos dos incisos I e II do art. 32

da Minuta. Os demais incisos apenas adequam a regra anterior para outros serviços, como o SMP

e SME. Quando as chamadas envolverem Áreas de Numeração distintas, estarão compreendidas

na modalidade LDN.

5.89. Justifica-se tal tratamento das chamadas, após considerar a real possibilidade de

utilização de sistema de radiocomunicação operando em subfaixas de frequências mais baixas,

como 450-470 MHz, que permitem uma satisfatória cobertura geográfica capaz de atender vários

Municípios com uma única estação rádio base (ERB).

5.89.1. Entende-se que haveria um aumento na complexidade do sistema, caso se

considerasse somente as chamadas realizadas dentro de um mesmo Município

compreendidas na modalidade Local, tendo em vista que terminais ativados em uma

mesma ERB realizariam chamadas LDN. Provavelmente, a solução técnica passaria

pela divisão dos acessos do STFC instalados fora da ATB pelos prefixos da faixa de

numeração especificada para o atendimento, reduzindo a eficiência no uso desse

recurso também.

5.90. Em relação à Portabilidade, o Regulamento ora proposto dispõe que ela se aplica ao

Código de Acesso de numeração específica quando o consumidor troca de prestadora ou muda

de endereço, dentro de uma mesma Área de Numeração e permanecendo fora da ATB para

qualquer caso. Ademais a Portabilidade se aplica também quando o usuário troca de plano de

serviço na própria prestadora.

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5.90.1. Para reforçar o entendimento referente à aplicação da Portabilidade, o §2º

do artigo 34 da Minuta estabelece que ela não se aplica caso o endereço indicado

pelo consumidor seja considerado como pertencente à ATB, segundo os critérios

estabelecidos na regulamentação. Ou seja, caso o consumidor altere o endereço de

instalação enquadrado como fora da ATB para outro considerado como pertencente à

ATB, ele não tem direito à Portabilidade do Código de Acesso.

Exploração Industrial

5.91. No que tange à utilização de meios adicionais de terceiros em regime de exploração

industrial, de forma semelhante ao que já ocorre entre as concessionárias do STFC e as

prestadoras do SMP no Ruralcel, o Regulamento proposto apresenta alguns dispositivos que

visam à disponibilização dos contratos para a Anatel, além de definir algumas cláusulas básicas

que devem estar contidas no mesmo, como prazo de vigência, área de abrangência, condições

para revisão, dentre outras. A proposta baseou-se na experiência acumulada em relação ao

Ruralcel.

5.91.1. Ressalta-se também que o Regulamento busca definir alguns prazos

importantes na relação entre a prestadora cedente dos meios adicionais e a prestadora

do STFC:

a) Para o caso de não prorrogação do contrato, a outra parte e a Anatel deverá ser

comunicada com a antecedência mínima de 180 (cento e oitenta) dias;

b) A realização de alterações na rede da prestadora cedente que ameacem a continuidade

do STFC prestado em Regime Público devem ser informadas com antecedência

mínima de 180 (cento e oitenta) dias;

c) Em no máximo 45 (quarenta e cinco) dias, a partir da informação descrita na alínea

anterior, a Concessionária deve apresentar para a Anatel um plano de ações para

garantir a continuidade do STFC.

5.91.2. A experiência recente tem apresentado muitos problemas na prestação do

STFC por meio da cessão de meios em regime de exploração industrial, em função

de modificações na rede da prestadora cedente para executar migrações de

tecnologias em atendimento a interesses do grupo empresarial detentor da

infraestrutura ou em cumprimento a obrigações da Anatel.

5.91.3. A definição dos prazos tem o objetivo de auxiliar a análise da Anatel em

relação às condições de prestação do STFC no Regime Público.

5.92. Destarte também que, o Regulamento deixa claro, em seus artigos 36 e 37, que a

responsabilidade pela continuidade do STFC prestado em Regime Público é da concessionária.

Por sua vez, o atendimento dos usuários, em caso de termo final do contrato, além do

cumprimento dos direitos dos usuários é da prestadora do STFC que paga pelos meios adicionais

da prestadora cedente.

5.92.1. Para o caso da prestação em Regime Privado, não há o que se falar em

obrigações de garantia de continuidade do serviço. De modo que, com o termo final

do contrato, o serviço no Regime Privado poderá deixar de ser prestado.

Qualidade e Instalação

5.93. O Regulamento proposto também traz dispositivos que abordam questões relacionadas

aos indicadores de qualidade para a prestação do STFC. De antemão, destaca-se que as

atividades relacionadas ao atendimento de solicitações de reparo implicam em maiores e mais

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demorados deslocamentos por regiões de mais difícil acesso, quando comparados com aqueles

das regiões urbanas. Ademais, há a possibilidade da existência de uma quantidade maior de

elementos sujeitos a apresentarem defeitos ou mau funcionamento como antenas, cabos e

dispositivos de proteção contra as descargas elétricas.

5.94. Nesse sentido, a área técnica buscou estudar os inúmeros indicadores presentes no

Regulamento Geral de Qualidade do STFC e SMP, além do Plano Geral de Metas de Qualidade

do STFC. Alguns indicadores foram apontados, de forma preliminar, como passíveis de serem

flexibilizados, em prol da racionalização de recursos operacionais da prestadora. As tabelas

abaixo mostram os indicadores escolhidos para análise.

Flexibilização no sentido de tornar

a meta similar ao RGQ-SMP ou do

observado a partir do desempenho

das Prestadoras do SMP

Flexibilização no sentido de

tornar a meta similar ao disposto

no PGMQ I do STFC

Flexibilização em função das

características das áreas

rurais

Taxa de completamento de Chamadas

para o centro de atendimento

telefônico

Número de Solicitação de Reparos

de Acessos individuais

Prazo para atendimento a

solicitação de reparo em acesso

individual

Taxa de Completamento de

Chamadas Locais

Número de Solicitações de Reparo

de TUP/TAP

Prazo para atendimento de

solicitação de reparo em TUP

Taxa de Completamento de

Chamadas LDN Prazo para atendimento a

solicitação de mudança de

endereço

Taxa de Completamento de

Chamadas LDI Prazo para instalação

5.95. Após discussões técnicas sobre o tema, dois parâmetros foram selecionados para serem

flexibilizados: o atendimento de solicitação de reparo e o atendimento à solicitação de mudança

de endereço.

5.95.1. Nessa esteira, a Minuta propõe, em seu artigo 38, que o prazo para o

atendimento a solicitação de mudança de endereço seja fixado em 90 (noventa) dias,

contados a partir da solicitação. Entende-se que esse prazo deve ser idêntico ao da

instalação. Por sua vez, o prazo para o atendimento às solicitações de reparo foi

fixado, inicialmente, em 96h (noventa e seis horas). Entende-se que as dificuldades

de deslocamento, além das características particulares do atendimento exigem um

prazo maior para este indicador. O parâmetro de comparação utilizado foi que o

prazo deveria ser superior àquele definido para a classe AICE, quando dos estudos

para a sua regulamentação (72h).

5.96. No que concerne às instalações necessárias para o provimento do serviço, o Regulamento

ora proposto define que a responsabilidade pela aquisição, instalação e manutenção do terminal e

da rede interna é do usuário. Sendo assim, o mesmo deverá arcar com todas as adequações

necessárias da rede interna, tais como, instalação de cabos e antena diretiva externa, além de

obras civis para a conexão do terminal à rede da prestadora.

5.96.1. Por sua vez, a prestadora deverá oferecer os serviços de instalação e

manutenção necessários, caso o usuário os solicite. Ainda, a prestadora pode

contratar empresas parceiras para prover a instalação, além de ceder equipamentos

em regime de comodato, a seu critério.

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5.97. Há de se ressaltar que, tendo em vista a complexidade do atendimento das áreas rurais,

entende-se que parte dos domicílios, principalmente aqueles localizados em regiões

montanhosas, provavelmente serão atendidos a partir da implantação de alguma infraestrutura

adicional na propriedade rural do interessado, como torres e antenas externas. Nesse sentido, o

Regulamento ora proposto previu um conjunto de medidas visando atacar esta importante

barreira para a prestação do serviço, quais sejam:

a. ênfase na utilização em maior escala de faixas de radiofrequências mais baixas que

aquelas já utilizadas nas redes de telefonia móvel, que apresentam melhores condições de

propagação em vários tipos de terreno;

b. possibilidade da prestadora oferecer o Plano de Atendimento Rural com fidelização, onde

a instalação da rede interna ou aquisição de equipamentos pode ser feita a valores abaixo

do praticado pelo mercado;

c. obrigatoriedade da prestadora ofertar o serviço de instalação de rede interna, caso seja

solicitado;

d. opção de utilizar parcerias com terceiros especializados na região para a prestação dos

serviços de instalação da rede interna;

e. possibilidade da cessão de equipamentos em regime de comodato.

5.98. A rede interna no âmbito da prestação do STFC fora da ATB é constituída pelo terminal e

todos os demais equipamentos localizados nas dependências do imóvel do consumidor,

necessários à fruição do serviço, tais como cabos, antenas, dentre outros.

5.98.1. A definição de PTR (Ponto de Terminação de Rede) não é utilizada, uma

vez que há a prioridade de utilização de infraestrutura de rede sem fio e o seu

conceito é mais aderente ao modelo de redes cabeadas, onde o solicitante conecta o

seu terminal à rede externa da prestadora. Ademais, terminais portáteis podem ser

utilizados na prestação do serviço, com a função de restrição de mobilidade ativada,

caso o domicílio esteja localizado a uma distância menor da ERB.

5.98.2. Outrossim, pode ocorrer de o serviço ficar disponível a partir da utilização

de um terminal de mesa, sem a necessidade de antena externa, pois este apresenta

uma antena integrada de maior ganho que aquela de um terminal portátil. Caso o

domicílio esteja localizado a uma distância razoável da ERB, o serviço só poderá ser

disponibilizado com a instalação de uma antena diretiva externa, por exemplo, do

tipo yagi.

5.98.3. A figura abaixo mostra a relação entre os meios adicionais

disponibilizados por uma infraestrutura de rede sem fio e a rede interna no domicílio

do usuário.

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Rede internaMeios Adicionais Infraestrutura sem fio

Critérios de Cobrança e Remuneração dos Meios Adicionais

5.99. A prestação do STFC fora da ATB é pautada pela diferenciação das condições de

provimento do serviço, quando comparadas com aquelas da ATB, caracterizadas por um maior

adensamento urbano, o que por consequência eleva os custos de atendimento: menor escala,

maior dispersão dos usuários por grandes áreas geográficas e elevados investimentos para a sua

implantação.

5.100. Adicionalmente, sob o aspecto de manutenção, os custos relativos ao atendimento de

usuários situados em regiões de baixa densidade demográfica são bastante elevados em relação

aos custos médios.

5.101. Ressalta-se que os investimentos requeridos são aqueles necessários para disponibilização

dos Meios Adicionais, infraestrutura que possibilita a conexão do terminal do usuário residente

em domicílio rural à rede de transporte da prestadora de serviços de telecomunicações, cujos

pontos de presença geralmente estão instalados nas áreas urbanas, como as sedes dos

Municípios.

5.102. Nessa esteira, os critérios tarifários da prestação do serviço devem considerar a

particularidade ora apresentada, de modo que o Regulamento proposto prevê a introdução de um

novo item tarifário que permita maior adequação das receitas aos custos envolvidos. Tal item foi

denominado de “Valor de Uso de Meios Adicionais” (VMA) e a sua cobrança visa à manutenção

dos Meios Adicionais disponibilizados para a prestação do STFC nas áreas consideradas fora da

ATB. A operacionalização da cobrança está disciplinada no Capítulo IV do Título II da Minuta

de Regulamento anexa.

5.103. O VMA classifica-se como item tarifário, cuja cobrança recai sobre o usuário originador

da chamada, sendo seus valores integralmente repassados às prestadoras do STFC. Deve-se

ressaltar que o VMA não se confunde com a remuneração pelo uso de redes, haja vista esta se

caracterizar como uma transação entre prestadoras, que independe do efetivo pagamento do

preço de público pelo usuário originador. O VMA, ao contrário, é cobrado diretamente do

assinante (com os valores devidamente discriminados em fatura), sendo apenas repassado à

prestadora de STFC. Para a remuneração pelo uso de redes permanecem válidas as regras

contidas nos regulamentos específicos pertinentes a cada serviço (SMP e STFC).

5.104. O valor do VMA deverá ser definido no Edital de licitação da expedição de autorização

de uso das subfaixas de radiofrequência de 451 a 458 MHz e de 461 a 468 MHz, nos termos do

disposto no inciso III do art. 3º do Decreto nº 7.512, de 30 de junho de 2011, que aprovou o

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PGMU. Portanto, para uma análise completa das condições de prestação do STFC fora da ATB é

importante a leitura dos dispositivos constantes do referido Edital.

5.104.1. Enfatizando os termos do PGMU, o Edital definirá um mecanismo para

que o vencedor “forneça infraestrutura a baixo custo às prestadoras sujeitas às

metas de acesso rural”, cujo resultado corresponderá ao valor do VMA a ser

cobrado por minuto trafegado no segmento de rede cedida.

5.105. O VMA é devido pelo uso dos Meios Adicionais em uma das “pontas” de uma chamada

envolvendo acesso instalado em área considerada como fora da ATB. Assim, por exemplo,

quando um usuário realiza uma ligação de terminal de acesso móvel com destino a um acesso

instalado fora da ATB, é devido pelo assinante SMP o pagamento de um VMA por minuto.

Segundo a mesma lógica, em uma chamada envolvendo dois terminais instalados fora da ATB, a

tarifa/preço de público cobrado do originador deve ser suficiente para pagar pela cessão dos

Meios Adicionais das duas “pontas” da chamada, ou seja, são cobrados dois VMA por minuto.

5.105.1. O mesmo raciocínio aplica-se para o usuário do STFC cujo acesso esteja

instalado na ATB que realize uma chamada com destino a um usuário cujo acesso

esteja instalado fora da ATB. Nesse caso, o primeiro deve pagar o VMA que será

utilizado para o pagamento do uso dos Meios Adicionais pela prestadora do STFC

fora da ATB.

5.105.2. Para ilustrar melhor todas as possibilidades, as figuras a seguir detalham a

operacionalização da cobrança do VMA, juntamente com o pagamento pela

remuneração de uso de rede. Cabe informar o significado das siglas VUM (valor de

uso da rede móvel) e TU-RL (Tarifa de Uso da Rede Local).

5.105.3. A primeira possibilidade mostrada é uma chamada local entre um terminal

fixo FATB e um terminal fixo ATB. Nesse caso, o usuário 1 (USU 1) paga a

tarifa/preço de público para a sua prestadora (STFC LOCAL 1), que por sua vez,

deverá pagar pelo uso dos meios adicionais utilizados (VMA), além da remuneração

pelo uso de rede para a prestadora STFC LOCAL 2 (TU-RL), utilizada para atingir o

usuário 2 (USU 2). A figura abaixo mostra o que foi descrito.

USU 1 USU 2STFC

LOCAL 1

STFC

LOCAL 2

$ PÚB.

TU-RL

Chamada fixo fatb – fixo atb Local

Meio

Adicional

VMA

5.105.4. A próxima chamada analisada é aquela da modalidade Local realizada

entre dois terminais do STFC FATB. Nesse caso, o usuário 1 (USU 1) paga a

tarifa/preço de público para a sua prestadora (STFC LOCAL 1), que por sua vez,

deverá pagar pelo uso dos meios adicionais utilizados nas duas pontas da chamada (2

VMA), além da remuneração pelo uso de rede para a prestadora STFC LOCAL 2

(TU-RL), utilizada para atingir o usuário 2 (USU 2). A figura abaixo mostra o que

foi descrito.

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USU 1 USU 2STFC

LOCAL 1

STFC

LOCAL 2

$ PÚB.

TU-RL

Chamada fixo fatb – fixo fatb Local

Meio

Adicional

VMA

Meio

Adicional

VMA

5.105.5. A seguir a análise de uma chamada local originada no terminal do STFC

FATB e destinada a um terminal do SMP. Nesse caso, o usuário 1 (USU 1) paga a

tarifa/preço de público para a sua prestadora (STFC LOCAL 1), que por sua vez,

deverá pagar pelo uso dos meios adicionais utilizados (VMA), além da remuneração

pelo uso de rede para a prestadora do SMP (VUM), utilizada para atingir o usuário 2

(USU 2). A figura abaixo mostra o que foi descrito.

USU 1 USU 2STFC

LOCAL 1SMP

$ PÚB.

VUM

Chamada fixo fatb – móvel Local

Meio

Adicional

VMA

5.105.6. Por fim, será detalhada uma chamada da modalidade Longa Distância

Nacional LDN, entre dois terminais do STFC FATB. Nesse caso o usuário 1 (USU

1) paga a tarifa/preço de público para a prestadora LDN de sua escolha (STFC LDN),

que por sua vez deverá pagar pelo uso dos meios adicionais nas duas pontas da

chamada (2 VMA), além de pagar também pela remuneração de rede (TU-RL) para

as duas prestadoras do STFC envolvidas (STFC LOCAL 1 e STFC LOCAL 2) para

atingir o usuário 2 (USU 2). A figura abaixo ilustra o que foi descrito.

USU 1 USU 2STFC

LOCAL 1

STFC

LOCAL 2

STFC

LDN

$ PÚB.

TU-RL TU-RL

Chamada fixo fatb – fixo fatb LDN

M A

VMA

M A

VMA

5.105.7. A tabela abaixo apresenta, de forma sintética, como se dá o pagamento

pelo uso dos Meios Adicionais e pela remuneração de rede para as diversas

possibilidades de chamadas locais. O pagamento é realizado pela prestadora em cuja

rede a chamada foi originada.

Origem Destino STFC ATB Destino SMP Destino STFC FATB

STFC FATB VMA + TU-RL VMA + VUM 2 VMA + TU-RL

STFC ATB TU-RL VUM VMA + TU-RL

SMP TU-RL VUM VMA + TU-RL

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5.105.8. Abaixo, apresenta-se a mesma tabela anterior para as chamadas LD. O

pagamento é feito pela prestadora LD escolhida para encaminhar a chamada.

Origem Destino STFC ATB Destino SMP Destino STFC FATB

STFC FATB VMA + 2 TU-RL VMA + TU-RL + VUM

2 VMA + 2 TU-RL

STFC ATB 2 TU-RL TU-RL+VUM VMA + 2TU-RL

SMP TU-RL+VUM 2 VUM VMA + TU-RL + VUM

5.106. É importante observar que o VMA somente é aplicável quando a chamada envolver

terminal instalado em áreas consideradas fora da ATB identificado por numeração específica, ou

seja, cadastrado em um Plano de Atendimento Rural, conforme definição contida na Minuta. Os

acessos instalados por meio de contrato específico não são disciplinados pelo Regulamento

proposto, permanecendo válidas as regras contratadas.

5.107. Outro ponto a informar é que a fixação do VMA pela Anatel deve respeitar as disposições

do PGO, ou seja, deve ser fixado um valor para cada setor, atendendo ao princípio da

modicidade tarifária e observando-se o equilíbrio econômico-financeiro da concessão e, ainda, as

disposições constantes do instrumento de expedição de autorização de uso de faixa de

radiofrequências, que por ventura, venham a ser utilizadas na implementação dos Meios

Adicionais.

5.108. Em relação às chamadas originadas em telefone de uso público (TUP), a proposta ora

apresentada não prevê a incidência da cobrança de VMA, tendo em vista que a apuração da

remuneração dos Meios Adicionais utilizados pelo TUP se dará por meio de critérios específicos

estabelecidos no no Edital de licitação da expedição de autorização de uso das subfaixas de

radiofrequência de 451 a 458 MHz e de 461 a 468 MHz.

5.108.1. Na prática, o que se propõe é que o consumidor que realizar uma chamada

do STFC a partir de um TUP instalado em área FATB pagará as mesmas tarifas que

aquele que faz a chamada a partir da ATB.

5.108.2. Entretanto, para as chamadas destinadas ao TUP instalado fora da ATB, o

VMA deverá ser cobrado do originador da chamada.

Disposições Finais

5.109. Nas disposições finais (Capítulo I do Título III), o Regulamento ora proposto apresenta

nos artigos 41 e 42 algumas regras básicas referentes à divulgação dos planos de serviço e suas

condições de prestação. Por exemplo, as chamadas destinadas aos códigos de acesso vinculados

aos Planos de Atendimento Rural deverão ser interceptadas para a devida informação dos

consumidores dos critérios de cobrança pelo prazo de 12 meses.

5.110. Em relação aos atuais assinantes do STFC fora da ATB, propõe-se que os mesmos

poderão migrar para o Plano de Atendimento Rural de sua escolha, que esteja disponível no

endereço indicado para a prestação do serviço. A migração deverá ocorrer sem ônus e acarretará

obrigatoriamente em alteração do código de acesso, considerando que os códigos referentes aos

novos planos são constituídos por faixa de numeração específica. Ademais, as funcionalidades

adquiridas antes do advento deste Regulamento devem ser mantidas.

5.111. Outro ponto a ser considerado é que o art. 43 da Minuta proposta dispõe que o

Regulamento para Utilização de Sistemas de Acesso Fixo sem Fio para a prestação do STFC,

aprovado pela Resolução nº 166/1999, não se aplica à prestação do STFC fora da ATB em

virtude da modelagem desenvolvida para o atendimento rural. Depreende-se da leitura do citado

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Regulamento, que suas regras foram elaboradas mantendo a maior similaridade possível com

aquelas existentes para a prestação do STFC nas áreas consideradas como pertencentes à ATB.

Plano de Atendimento Rural Complementar - Concessionárias

5.112. O Anexo I da Minuta apresenta o descritivo de dois Planos de Atendimento Rural

Complementar, o PAR-C nº 001 pré-pago e o PAR-C nº 002 pós pago. Os planos deverão

ofertados nas regiões distantes até 30 km dos limites das sedes municipais.

5.113. O PAR-C nº 002 (pós-pago) apresenta a mesma estrutura tarifária do Plano Básico

do STFC (Habilitação, Assinatura e Utilização), no entanto as condições de prestação são

aquelas dispostas no Regulamento ora proposto. Sendo assim, os grandes diferenciais em relação

ao Plano Básico é a incidência da cobrança do VMA adicionalmente aos respectivos valores de

utilização, além da franquia mensal de minutos adaptada em função do valor do VMA, que será

estabelecido segundo os termos do Edital de licitação da expedição de autorização de uso das

subfaixas de radiofrequência de 451 MHz a 458 MHz e de 461 MHz a 468 MHz, atendendo ao

disposto no Art. 3 º, III do PGMU.

5.114. A franquia de minutos foi fixada conforme abaixo:

Classe Residencial:

Classe Não-Residencial:

5.115. Destaca-se que o Minuto PAR-C nº 002 consiste do Minuto do Plano Básico

(atualmente R$0,07132 para o horário normal) mais o valor de um VMA. Diante do exposto,

quanto maior o valor estabelecido para o VMA, menor será a franquia mensal. A fórmula

adotada permite que este plano seja mais vantajoso economicamente para o consumidor que

originar uma quantidade de minutos similar ou superior ao valor da franquia estabelecida,

quando comparado com o plano pré-pago, independentemente do valor do VMA que será fixado.

5.116. Por sua vez, o plano PAR-C nº 001 caracteriza-se por ser pré-pago, cujo valor do

minuto foi fixado em R$0,14485 tanto para a Classe Residencial como para a Não-Residencial.

A prestadora deverá disponibilizar créditos nos valores de R$15,00 a R$90,00 com validade

variando de 90 a 180 dias.

5.117. Uma vez repassadas as principais características dos planos descritos no Anexo I da

Minuta, ressalta-se que o plano pré-pago apresenta-se como opção economicamente mais

atraente nas situações em que o consumidor gera uma quantidade de minutos inferior à franquia

do plano pós. Caso contrário o plano pós-pago se torna mais vantajoso. Para ilustrar tal

entendimento, foi feita uma simulação considerando o cenário hipotético em que o VMA seja

fixado em R$0,20 e os valores de utilização e assinatura fixados conforme os planos descritos

nos Anexos I e II da Minuta de Regulamento (líquidos de impostos). Para a simulação a franquia

resultou em 104 minutos em função do valor do VMA utilizado.

5.117.1. Percebe-se no gráfico, que a partir de um consumo entre 80 e 90 minutos,

para o cenário hipotético simulado, o plano pós-pago passa a ser economicamente

mais benéfico para o consumidor. Tal comportamento se reflete a medida que o valor

do VMA varia para mais ou para menos, alterando a franquia.

Página 42 de 42 do Informe no 489/ 2011-UNPCP-PBCPP/UNPC-PBCP/SUN-SPB, de / /2011.

R$ 0,00

R$ 10,00

R$ 20,00

R$ 30,00

R$ 40,00

R$ 50,00

R$ 60,00

R$ 70,00

R$ 80,00

R$ 90,00

R$ 100,00

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250

Val

or

Pag

oR

$

Tempo de Conversação - Min

Comparativo POS x PRE

Plano PÓS-PAGO

Plano PRÉ-PAGO

VARIÁVEIS CONTROLE

Assinatura R$ 29,00

MIN PRE R$ 0,14485

MIN POS R$ 0,07

VMA R$ 0,20

6. PROPOSIÇÃO

6.1. Diante de toda a fundamentação exposta, propõe-se o envio da Minuta de

Regulamento sobre a Prestação do STFC fora da ATB, anexa a este Informe, para parecer da

Procuradoria Especializada, com vistas a obter a aprovação do Conselho Diretor para posterior

submissão ao procedimento de Consulta Pública.

7. RELAÇÃO DE ANEXOS

7.1. Anexo I: Minuta de Regulamento

ASSINATURAS

RESP. PELA ELABORAÇÃO GERENTE-GERAL

DOMINGOS SÁVIO BESSA VIANA

OSÉIAS FONSECA DE AGUILAR

DANIEL ADAMENAS DE ANDRADE

FABRÍCIO LEOPOLDO OLIVEIRA K. NEVES

PAULA FONTELLES DO VALLE

Gerente-Geral de Competição

SUPERINTENDENTES

ROBERTO PINTO MARTINS

Superintende de Serviços

Públicos

JOSÉ GONÇALVES NETO

Superintendente de

Universalização

De Acordo. Encaminhe-se à Procuradoria.

DATA