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Nº 06 | BOLETIM INFORMATIVO DA ARH DO TEJO, I.P. | JULHO - AGOSTO 2010 www.arhtejo.pt >>> PAG. 10 O CALOR APERTA, É TEMPO DE IR À PRAIA COM QUALIDADE E SEGURANÇA Com uma frente litoral de 289 km, a área de actuação da ARH do Tejo possui 113 águas balneares classificadas. Os veraneantes podem usufruir de uma larga oferta de praias costeiras e interiores, com garantia de vigilância sanitária e de boa qualidade da água para banhos, transparência nos resultados e risco mínimo e controlado em termos de saúde pública (os dados actualizados de qualidade da água estão disponíveis em http://snirh.pt ou www.arhtejo.pt). Para além destas, há um conjunto de águas em estudo que a ARH do Tejo está a monitorizar no sentido de virem a ser indicadas como águas balneares na época balnear do próximo ano. Nestes casos, também estão disponíveis os resultados da qualidade da água. EDITORIAL SEGURANÇA NAS PRAIAS Com a chegada do bom tempo, as praias do litoral ganham uma nova vida. Ganham novas tonalidades, apresentam-se mais atraentes, mais apetecíveis para o seu usufruto. E também o Tejo. Com o Verão, as praias do litoral da Região Hidrográfica do Tejo são, indiscutivelmente, mais desfrutadas e mais procuradas. Desde S. Pedro de Moel (concelho da Marinha Grande) ao Cabo Espichel (concelho de Sesimbra) são cerca de 290 km, com 113 zonas balneares identificadas e mais umas tantas em estudo para que possam vir a ter aquele estatuto já no próximo ano. Daí, a atenção especial que, neste número referente aos meses de Julho e Agosto, damos às questões de segurança. É o tema principal na altura em que a época balnear está no auge. Num número duplo, optou-se por multiplicar as Opiniões. Nas páginas seguintes encontramos artigos do Secretário de Estado da Energia e Inovação, Carlos Zorrinho, que nos fala do Plano de Novas Energias (RE.NEW.ABLE) sem deixar de considerar que as ARH "têm um papel determinante como facilitadoras de um desenvolvimento harmonioso da estratégia implementada por este Plano". António Câmara, CEO da empresa YDreams, revela-nos, por ocasião do lançamento do Plano de Ordenamento do Estuário do Tejo, projectos fantásticos, inovadores e arrojados que poderão deixar uma marca de originalidade para o futuro. Rui Rodrigues debruça-se sobre as cheias do rio Tejo e deixa-nos quatro imagens que, por antítese aos exemplos sempre mais referidos das cheias da Europa Central, chamam a atenção para aspectos inovadores já praticados em Portugal, nomeadamente na bacia do Tejo, mas que interessa preservar e desenvolver. No Ano Internacional da Biodiversidade fomos ouvir Miguel Bastos Araújo. É actualmente o autor português mais citado na área da ecologia e do ambiente e considera a biodiversidade como o suporte vivo do planeta. Uma entrevista a não perder. E depois, as notícias da ARH do Tejo: o êxito que constituiu a primeira sessão debate em Vila Velha de Ródão sobre o Património do Tejo, organizada em colaboração com a Sociedade de Geografia de Lisboa, quando já está a ser preprada uma outra, agora com um especial enfoque nos aspectos culturais, tradicionais e turísticos do Tejo, participações em reuniões internacionais e a primeira reunião da Comissão de Acompanhamento do POE do Tejo. Enfim, uma mão bem cheia de temas que queremos partilhar com os nossos leitores e que demonstram não só a vitalidade da região, mas também a de todos os que trabalham nesta casa. Votos de umas boas férias… em segurança. Manuel Lacerda Presidente da ARH do Tejo OPINIÃO Carlos Zorrinho: Re. New.Able a energia como motor de desenvolvimento António Câmara: Há vida no Tejo Rui Rodrigues: Quatro imagens das cheias do Tejo ENTREVISTA Miguel Araújo: A biodiversidade é o suporte de vida do planeta MUNICÍPIO Torres Vedras Programa QualityCoast >>> PAG. 2-3 >>> PAG. 4-5 >>> PAG. 6-7 >>> PAG. 8-9 >>> PAG. 14-15

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Nº 06 | BOLETIM INFORMATIVO DA ARH DO TEJO, I.P. | JULHO - AGOSTO 2010 www.arhtejo.pt

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O CALOR APERTA,É TEMPO DE IR À PRAIACOM QUALIDADE ESEGURANÇACom uma frente litoral de 289 km, a área de actuaçãoda ARH do Tejo possui 113 águas balneares classificadas.Os veraneantes podem usufruir de uma larga oferta depraias costeiras e interiores, com garantia de vigilânciasanitária e de boa qualidade da água para banhos,transparência nos resultados e risco mínimo e controladoem termos de saúde pública (os dados actualizados dequalidade da água estão disponíveis em http://snirh.pt ouwww.arhtejo.pt).Para além destas, há um conjunto de águas em estudoque a ARH do Tejo está a monitorizar no sentido de virema ser indicadas como águas balneares na época balneardo próximo ano. Nestes casos, também estão disponíveisos resultados da qualidade da água.

EDITORIALSEGURANÇA NAS PRAIASCom a chegada do bom tempo, as praias do litoralganham uma nova vida. Ganham novas tonalidades,apresentam-se mais atraentes, mais apetecíveis para oseu usufruto. E também o Tejo. Com o Verão, as praiasdo litoral da Região Hidrográfica do Tejo são,indiscutivelmente, mais desfrutadas e mais procuradas.Desde S. Pedro de Moel (concelho da Marinha Grande)ao Cabo Espichel (concelho de Sesimbra) são cerca de290 km, com 113 zonas balneares identificadas e maisumas tantas em estudo para que possam vir a ter aqueleestatuto já no próximo ano. Daí, a atenção especial que,neste número referente aos meses de Julho e Agosto,damos às questões de segurança. É o tema principal naaltura em que a época balnear está no auge.Num número duplo, optou-se por multiplicar as Opiniões.Nas páginas seguintes encontramos artigos do Secretáriode Estado da Energia e Inovação, Carlos Zorrinho, quenos fala do Plano de Novas Energias (RE.NEW.ABLE)sem deixar de considerar que as ARH "têm um papeldeterminante como facilitadoras de um desenvolvimentoharmonioso da estratégia implementada por este Plano".António Câmara, CEO da empresa YDreams, revela-nos,por ocasião do lançamento do Plano de Ordenamentodo Estuário do Tejo, projectos fantásticos, inovadores earrojados que poderão deixar uma marca de originalidadepara o futuro.Rui Rodrigues debruça-se sobre as cheias do rio Tejo edeixa-nos quatro imagens que, por antítese aos exemplossempre mais referidos das cheias da Europa Central,chamam a atenção para aspectos inovadores já praticadosem Portugal, nomeadamente na bacia do Tejo, mas queinteressa preservar e desenvolver.No Ano Internacional da Biodiversidade fomos ouvirMiguel Bastos Araújo. É actualmente o autor portuguêsmais citado na área da ecologia e do ambiente e consideraa biodiversidade como o suporte vivo do planeta. Umaentrevista a não perder.E depois, as notícias da ARH do Tejo: o êxito queconstituiu a primeira sessão debate em Vila Velha deRódão sobre o Património do Tejo, organizada emcolaboração com a Sociedade de Geografia de Lisboa,quando já está a ser preprada uma outra, agora com umespecial enfoque nos aspectos culturais, tradicionais eturísticos do Tejo, participações em reuniões internacionaise a primeira reunião da Comissão de Acompanhamentodo POE do Tejo.Enfim, uma mão bem cheia de temas que queremospartilhar com os nossos leitores e que demonstram nãosó a vitalidade da região, mas também a de todos osque trabalham nesta casa.Votos de umas boas férias… em segurança.

Manuel LacerdaPresidente da ARH do Tejo

OPINIÃOCarlos Zorrinho:Re.New.Able a energia comomotor de desenvolvimento

António Câmara:Há vida no Tejo

Rui Rodrigues:Quatro imagensdas cheias do Tejo

ENTREVISTAMiguel Araújo:A biodiversidade é osuporte de vida do planeta

MUNICÍPIOTorres VedrasPrograma QualityCoast

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OPINIÃO

O mundo vive tempos de desafio e de mudança. Desafios queexigem escolhas fortes e apostas consistentes, capazes de mobilizaras comunidades, desenvolver as economias, criar emprego epromover a qualidade de vida.

As alterações climáticas e a necessidade de concretizar modeloseconómicos mais sustentáveis colocaram a produção, a distribuiçãoe o consumo de energia como pilares determinantes para a inovação,a competitividade e a sustentabilidade das sociedades modernas.

Totalmente dependente no que diz respeito às fontes energéticasfósseis, Portugal iniciou nos últimos anos uma aposta nos recursosendógenos e renováveis que lhe permite ser hoje considerado comoum país de referência na sustentabilidade energética.

Sendo esta afirmação válida para todo o mix energético, temespecial acuidade no que diz respeito à aposta nos recursos hídricose na sua articulação com a exploração de outros recursos renováveise em particular com o potencial eólico.

Com a aposta integrada nos recursos hídricos (novas barragens,reforços de potência, potência reversível e plano de mini-hídricas)será duplicado o nível de aproveitamento destes recursos emPortugal no que diz respeito ao potencial de produção de energiaeléctrica limpa, garantindo através deles mais de 40 % da pontamáxima de consumo nacional e podendo mesmo através da gestãointegrada do sistema de armazenamento disponibilizar 60 % daponta máxima de consumo em caso de necessidade.

AS ARH TÊM UM PAPELDETERMINANTE COMOREGULADORAS,MAS TAMBÉM COMOFACILITADORAS DODESENVOLVIMENTOHARMONIOSO DAESTRATÉGIA

A aposta nos recursos hídricos é um pilar duma estratégia integradaque permite a Portugal desenvolver um importante cluster industrialem torno das energias renováveis, aproveitar os recursos endógenos,promover a eficiência energética, assegurar a garantia deabastecimento e implementar um modelo competitivo e sustentávelde produção e distribuição de energia.

O modelo base de garantia de abastecimento, combinando potencialhídrico, potência reversível, potencial eólico, gás natural eprogressivamente potencial solar, constitui uma alternativa modernae sustentável aos modelos tradicionais assentes nas centraistérmicas ou nas centrais nucleares, sendo um dos eixos de inovaçãoque fazem de Portugal um país líder nas energias renováveis e nasredes inteligentes que lhe estão associadas.

Em 2009 e de acordo com os referenciais europeus, 45 % daelectricidade produzida em Portugal teve origem em fontes renováveise endógenas. Nos primeiros 5 meses de 2010 esse valor atingiu70 %, permitindo que o País fosse pela primeira vez exportadorlíquido de electricidade e evitando só nesse período a importaçãode 500 milhões de Euros de energias fósseis.

Esses resultados são fruto de condições climáticas favoráveis,mas também da capacidade instalada para delas tirar partido, edemonstram que não apenas a meta de termos 60 % da electricidadede origem renovável em 2020 é viável como as redes e os sistemasinteligentes de que dispomos são adequados.

Portugal tem vindo a surpreender pela penetração da energia eólicano seu mix energético, pela capacidade de inovação no solar, pelaaposta na energia hídrica e na bombagem reversível baseada nouso de energias renováveis em período de vazio, e na apostaconsistente na investigação e no teste de novas tecnologiasemergentes como a energia das ondas. As bioenergias e a geotermiatêm sido também objecto de aproveitamento crescente. Nas análisesinternacionais, o País surge de forma consistente entre os paísespioneiros, inovadores e mais atractivos para o investimento emenergias renováveis.

A Estratégia Nacional para a Energia (ENE2020) incluindo um PlanoNovas Energias, recentemente aprovado e em plena implementaçãoé um instrumento estratégico determinante para inspirar Portugalcom uma nova ambição global no quadro do esforço de recuperaçãoe requalificação competitiva da nossa economia.

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RE.NEW.ABLEA ENERGIA COMO MOTORDE DESENVOLVIMENTO

Carlos Zorrinho*

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O Plano Novas Energias é actual (RE), inovador (NEW) e focadonas soluções (ABLE). É além do mais um plano que coloca aenergia ao serviço do crescimento e da sustentabilidade, permitindoao mesmo tempo criar emprego, aumentar as exportações, reduzira dependência energética e as emissões de CO2 e reduzir asimportações de combustíveis fósseis.

A Estratégia Nacional para a Energia (ENE 2020) foi definidaduma forma participada e abrangente e incorpora soluções inovadorasque Portugal pretende partilhar com o mundo, quer num contextocomercial, quer num contexto de cooperação tendo em conta oquadro dos princípios definidos em Copenhaga para criar contextoscompetitivos mais justos e mais sustentáveis.

É uma Agenda para a competitividade, o crescimento e a independênciaenergética e financeira que dinamiza os diferentes sectores da economiacriando valor e emprego através da aposta em projectos inovadoresnas áreas das energias renováveis, eficiência energética, construçãosustentável e mobilidade eléctrica num quadro de equilíbrio territorial.A Estratégia Nacional para a Energia 2020 é uma estratégia de

cidadania, que se traduz num plano que envolve toda a sociedadeportuguesa e num racional RE.NEW.ABLE que habilita Portugal paraser um actor global relevante no combate às alterações climáticas.Com esse racional RE.NEW.ABLE e uma atitude de partilha e vontadede aprender através da troca de experiências, Portugal ambicionafazer do seu Plano Novas Energias não apenas uma alavanca dedesenvolvimento e crescimento sustentável do País, mas também ummecanismo estimulante de internacionalização e cooperação, nodesígnio colectivo de contribuir para um mundo melhor, implementandopolíticas que promovam o crescimento económico e a redução dasemissões de gases com efeito de estufa.

Já o vimos fazendo há alguns anos. Com o Plano Novas Energias(RE.NEW.ABLE) temos agora os instrumentos para o fazer aindamelhor, em todos os domínios já expressos e em particular noaproveitamento integrado e sustentado dos recursos hídricos,domínio em que as Administrações Regionais de RecursosHídricos têm um papel determinante como reguladoras, mastambém como facilitadoras do desenvolvimento harmonioso daestratégia.

José Carlos das Dores Zorrinho, de 50 anos, é doutorado em Gestão deInformação e Professor Catedrático do Departamento de Gestão daUniversidade de Évora.

Do seu percurso Académico destaca-se a Presidência do Conselho Directivoda Área Departamental de Economia e Gestão da Universidade de Évora ea Direcção do Mestrado em Organização e Sistemas de Informação na mesmaUniversidade entre 1993 e 1995. Foi ainda Presidente do Conselho Científicoda área Departamental de Economia e Gestão dessa Universidade, entre2003 e 2004.

É dirigente Nacional do Partido Socialista desde 1990 e é deputado, eleitopelo círculo de Évora, desde 1995 (excepto 2002/2004). Enquantodesempenhou estas funções foi Vice-Presidente do Grupo Parlamentar doPS, entre 1999 e 2000. Foi ainda Membro da Assembleia Municipal de Évoraentre 1987 e 2001.

Entre 1991 e 2000 foi Membro do Comité das Regiões e Coordenador doPrograma Proalentejo - Programa de Desenvolvimento Integrado do Alentejo(1997/1999). Foi ainda membro do Conselho Nacional de Educação em 2000e da União Inter-Parlamentar (1995/1998) e (1999/2000).

Durante o XIV Governo Constitucional (2000/2002), desempenhou as funçõesde Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração Interna. Entre2005 e 2009, durante o XVII Governo, foi Coordenador Nacional da Estratégiade Lisboa e do Plano Tecnológico, cargos que continua a representar no XVIIIGoverno Constitucional. Em 2009 foi designado Coordenador Nacional doAno Europeu da Criatividade e Inovação.

Actualmente desempenha as funções de Secretário de Estado da Energia eda Inovação, no âmbito do Ministério da Economia, da Inovação e doDesenvolvimento.

OPINIÃO

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OPINIÃO

O Estuário do Tejo tem uma dimensãoextraordinária à escala nacional einternacional. A Administração da RegiãoHidrográfica do Tejo (ARH) vai iniciar agorao seu Plano de Ordenamento. A minhacontribuição para esse plano é a proposta deum projecto que transforme o Estuário numlocal de exploração pioneira de tecnologias,da sustentabilidade, e da energia.

A exploração das tecnologias poderá sercentrada na comunicação e animação dosactuais estandartes de engenharia: pontes25 de Abril e Vasco da Gama; Torre VTS,Silos da Trafaria e Torre de Belém, entreoutros. Imaginem-se projecções em écrãs devapor de água, localizados entre pilares daPonte 25 de Abril, saudando os navios decruzeiro que nos visitam.

Propõem-se novos estandartes relacionadoscom a exploração do plano de águasuportando múltiplas actividades portuárias,ambientais, lúdicas e artísticas. Ideiaspreliminares incluem uma rede de centrosde interpretação dos municípios incluídosno Plano de Ordenamento. Esses centrospoderão ser salas de visita dos municípios,evidenciando os seus planos de sustentabilidade.

António Câmara é Chief Executive Officer da YDreamse Professor Catedrático da Universidade Nova deLisboa. Licenciou-se em Engenharia Civil pelo IST(1977) e obteve o MSc (1979) e PhD (1982) emEngenharia de Sistemas Ambientais por VirginiaTech. Em 1983, António Câmara foi Post-DoctoralAssociate no Massachusetts Institute of Technology(MIT) e Professor Visitante em Cornell University(1988-89) e no MIT (1998-99).

António Câmara desenvolveu trabalho pioneiro deinvestigação em informação geográfica. Publicoucento e cinquenta artigos referendadosinternacionalmente e os livros “Spatial Multimediaand Virtual Reality” pela Taylor & Francis (1999) e“Environmental Systems” pela Oxford UniversityPress (2002). Publicou em 2009 “Voando com osPés na Terra” (Bertrand) e o “Futuro Inventa-se”(Objectiva).

Em Junho de 2000, fundou a YDreams. A empresadesenvolveu 600 projectos de interactividade em25 países e distribuiu jogos móveis em mais decinquenta países. Entre os seus clientes incluem-sea Adidas, Nike, Coca-Cola, Unilever, Banco Santander,Vodafone, China Mobile e NOKIA.António Câmara recebeu vários prémios nacionaise internacionais de que se destaca o Prémio Pessoaem 2006.

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HÁ VIDA NO TEJOAntónio Câmara*

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Serão estudadas formas alternativas detransporte fluvial para aceder a esses centros.Entre elas, a mais sedutora é a re-incarnaçãode Zeppelins voando a baixa altitude.

O desenvolvimento de um “monstromarinho” robótico, na linha lendária do“Monstro de Loch Ness”, aparecendo edesaparecendo é uma proposta de maiorrisco. Mas transformaria o Estuário do Tejonum ícone global.

Pretende-se que seja criado um laboratórionatural de energias renováveis demonstrandoavanços na energia solar e eólica através dejardins de energia nas margens e no corpode água. Imaginem-se plantas robóticas querecolhem energia solar durante o dia utilizadadurante a noite para iluminação. Propõe-seainda o aproveitamento das correntes doEstuário para fins energéticos.

Estas ideias poderão ser consagradas emvárias figuras organizacionais a estudar.Uma delas é a criação de um parque temáticocom um enquadramento natural único.

A YDreams e o LNEC são os promotores desteprojecto. A YDreams tem vindo a estudar aexequibilidade de algumas estruturas aquipropostas. O LNEC assegura o conhecimentoe investigação necessários para suportar essasestruturas recorrendo às suas competênciasem domínios diversos da engenharia hidráulicae ambiental que incluem a capacidade deanálise e de simulação das características edos processos hidrodinâmicos e ecológicos doambiente estuarial.

Estes promotores pretendem trabalhar numquadro institucional que inclua todas asentidades envolvidas no Estuário do Tejo,incluindo naturalmente a ARH. Mas este projectodeverá abranger, para além das autoridadesgovernamentais, as principais empresasportuguesas com ligações com o Estuário ecom as temáticas que o projecto vai abordar.

O projecto tem, assim, uma dimensão de arrojotransgeracional e societal, associando ciência,inovação e tecnologia a comunicação e apedagogia. Queremos crer, um projecto àfrente do seu tempo.

O PROJECTOTEM, ASSIM,

UMA DIMENSÃODE ARROJO

TRANSGERACIONALE SOCIETAL,

ASSOCIANDOCIÊNCIA, INOVAÇÃO

E TECNOLOGIA ACOMUNICAÇÃO E A

PEDAGOGIA

OPINIÃO

NN

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A primeira coisa que me vem à mente quando se fala da naturezadas cheias do Tejo é o da magnitude avassaladora dos volumes hídricosque lhes estão associados.

Quando tida em conta a área drenante da bacia do Tejo por comparaçãocom a dos outros 18 grandes rios europeus, esta posiciona-se nomenor terço da amostra, o mesmo acontecendo ao caudal modular(o que não será de estranhar uma vez que as bacias da PenínsulaIbérica estão todas neste terço da amostra). Mas, se o regime daschuvas na parte mais meridional da Europa é insuficiente paracompensar a relativamente reduzida área drenante e fazer sobressairanualmente o regime médio de caudais, o mesmo não acontece comos fenómenos extremos de cheias: aí o carácter torrencial sobrepõe--se de forma bem explícita ao restante do continente europeu.

Um exemplo simples: o caudal de cheia de 100 anos no Tejo em VilaVelha de Ródão (16 375 m3/s) drenado por cerca de 60 000 km2 équase 50% superior ao do Reno à entrada na Holanda onde a áreadrenante é 2,75 vezes superior. Ou, se quisermos uma maiorhomogeneidade face às áreas, podemos compará-lo com o caudal derecorrência ligeiramente superior aos 100 anos da famosa cheia de2002 em Dresden – que desencadeou a nova legislação comunitáriade gestão do risco de cheias: então aí o caudal foi de apenas 4 500 m3/snuma área de 50 000 km2.

Quando ouvi falar que os técnicos alemães propunham a construçãode uma cascata de barragens com capacidades de até uma dezena

de hectómetros cúbicos (hm3) para a laminação das cheias no Elbapensei na ordem de grandeza dos volumes que o Tejo transportarecorrentemente em cheia, que são da ordem dos km3 (1 000 hm3).Estas questões não são para serem lidas no contexto do “eu-sou-mais--do-que-tu” mas trazem agregada a necessidade de ponderação cuidada,caso-a-caso, em cada um destes países quanto à utilização de medidasestruturais no controlo de cheias: ou seja, dada a discrepância decustos associados e tempos de resposta envolvidos não se podemadmitir como válidas e universais soluções adoptadas num determinadocontexto e para uma realidade geográfica e ambiental específica.

A segunda coisa que as cheias do Tejo me fazem lembrar, e que decerta maneira possibilitou todas as comparações feitas anteriormente,é a do extenso conhecimento hidráulico do fenómeno existente naparte portuguesa da bacia do Tejo que advém das actividades demonitorização. Medem-se caudais de cheia de forma sistemática noTejo português desde a segunda metade do século XIX. Novamentehá aqui uma situação de vantagem face a outros países europeus,dado que foram medidos caudais, e não só os níveis hidrométricos,e não houve interrupções nessa actividade devido a guerras. A parteda exclusividade da caracterização das cheias através dos níveisatingidos é interessante pois esse é o domínio de abordagem doproblema das cheias nos países da Europa central. Recentementetentou-se aprovar a nova directiva da gestão dos riscos de cheia comum texto onde quase até ao fim do processo negocial só se referiamníveis de cheia e profundidades – nada sobre caudais. Aquando dasúltimas cheias do Oder (em Maio deste ano) um autarca alemão

OPINIÃO

QUATRO IMAGENS DASCHEIAS DO TEJO

Rui Rodrigues*

Director do Departamento de Monitorização e Sistemas de Informação doDomínio Hídrico do INAG.

Doutorado em Hidráulica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil.Investigador Auxiliar do LNEC. Professor Adjunto do ISEC responsável pelasdisciplinas de Recursos Hídricos e Eventos Extremos em bacias hidrográficasrespectivamente da licenciatura em Protecção Civil e mestrado em Riscos eProtecção Civil.

Perito em representação nacional em diversos fora da UE (sobre Cheias, Secas,Desertificação, Mudanças climáticas) e organizações (UNESCO, ECE, IAHS).

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referia-se ao incremento que a cheia ia provocar imediatamente ajusante na parte polaca com a afluência do Warta como mais 20 a50 cm (nunca usando as unidades de caudal m3/s).

A terceira coisa que o tema das cheias do Tejo desperta, e que decorredas duas anteriores, é a ideia generalizada de que as cheias do Tejoestão controladas, ou seja: a partir de 1970 estão construídas asgrandes albufeiras de regularização no Tejo espanhol. Teoricamentea sua gestão devia permitir laminar até as cheias mais improváveis.Como sabemos isso não é bem assim: primeiro as albufeiras espanholasnão têm como função-objectivo a laminação de cheias afluentes aPortugal, e isso verificou-se logo na primeira cheia em Janeiro de1970, onde a atenuação do pico alcançada foi apenas da ordem dos10 %; depois há o facto físico de as margens de manobra para encaixede cheias diminuírem drasticamente com a excepcionalidade dofenómeno, isto é, para cheias de até 10 anos de período de recorrênciaconseguem-se encaixes de volume e concomitantemente atenuaçõese retardamentos de picos de cheia apreciáveis, a partir daí os efeitosconseguidos serão diminutos.

No passado recente estas últimas situações puderam felizmente ser contrariadasdevido ao baixo estado de enchimento das albufeiras espanholas,nomeadamente a de Alcântara (ver Figura 2), mas as consequências teriamsido desastrosas se as precipitações que lhe estiveram na origem tivessemocorrido no seguimento de um ano húmido.Como muito bem diz o adágio: “só se domina a natureza obedecendo-lhe”.

A quarta e última coisa que as cheias do Tejo lembram, que maisuma vez decorre das anteriores, é o sistema de vigilância e alerta decheias, SVARH, que o INAG desenvolveu e implementou desde 1996.

Mercê dos contactos cada vez mais próximos com as autoridadesespanholas durante o período de seca do início dos anos 90 foi possíveloperacionalizar com a Confederação Hidrográfica do Tejo uma trocade informação que já ultrapassou a mera disponibilização de dados:hoje as opções de descarga da parte espanhola são comunicadasainda como intenções à parte portuguesa para averiguar se o “timing”proposto não compromete a gestão na parte portuguesa, isto é, se atransladação de uma cheia ao longo do Tejo internacional eposteriormente até à confluência com o rio Zêzere não poderá seramplificada com alguma descarga que aí seja produzida.

A Figura 3, da noite de 23 para 24 de Dezembro de 2000 mostraum dos muitos casos onde esse tipo de fenómeno foi ultrapassadograças à cooperação existente, evitando que um pico da ordem dos4 000 m3/s ocorrido às 12:00 h do dia 24 pudesse assumir valores daordem dos 7 000 m3/s um dia antes (12:00 h do dia 23 de Dezembro).

Para ser capaz de simular o efeito das operações pretendidas do ladoespanhol e para apoio à gestão das descargas e situações de inundaçãoda parte portuguesa o SVARH conta com um sistema de sensores e modeloshidrológicos e hidráulicos de suporte. Vários são os artigos disponíveis nahidrobiblioteca do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos(SNIRH) buscáveis com palavras-chave como cheias ou Tejo.

Como os portugueses são bons a gizar e fazer mas são muito mausa conservar o que está feito, o maior risco deste sistema de previsãoestá nas acções rotineiras mas essenciais de manutenção (aparelhos,modelos e canais de troca de informação). A falta de episódios decheia neste século XXI não tem contribuído para relançar politicamenteeste tema de forma recorrente.

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Seca ProlongadaPicos de cheia a jusante do troço internacional do Tejo

O volume armazenado em Alcantara variou de 60% a 80%dos seus 3 160 hm3 de capacidade em apenas dois dias

caudais observados

caudais que poderiam ter existido

OPINIÃO2

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19 maiores bacias da Europa (números indicam ordenação alfabética)

Atenuação nos picos de cheia sensíveis apenas no seguimento de anos secos

Retardamento do efeito da descarga na parte espanhola da bacia, evitando asobreposição com a cheia do Zêzere

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ENTREVISTA

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A BIODIVERSIDADEÉ O SUPORTE VIVODO PLANETA

Miguel Bastos Araújo*

Qual a importância efectiva da biodiversidade?Justifica-se a preocupação com a sua perda?

Devolvo-lhe a pergunta: “qual a importânciaefectiva da Torre de Belém ou do Mosteirodos Jerónimos?” Uns diriam que estesmonumentos são importantes pelo seu valoreconómico, traduzido pelo número devisitantes. Outros diriam que têm um valoreconómico de uso, mais abstracto, quepoderia ser calculado perguntando àspessoas quanto estariam dispostas a pagarpela sua salvaguarda, ou a receber pelasua perda. Mas outros, nos quais me incluo,responderiam que estes monumentos fazemparte do nosso capital civilizacional. Fazemparte daquilo que nos caracteriza comoPortugueses e como tal são insubstituíveis.A biodiversidade, tal e qual a conhecemoshoje, faz parte do capital vivo do planeta.Um capital que permitiu a emergência dahumanidade e que continua, nos dias dehoje, a suportá-la. Tem um valor, portanto,que se aproxima do infinito: um planeta semvida não poderia suportar a vida humana enão há nada mais valioso para a humanidadeque a manutenção da própria humanidade.

O que perdemos, quando perdemosbiodiversidade?

Há vários níveis de perda. Num extremohá valores éticos e estéticos que são difíceisde quantificar mas que existem e condicionamos nossos comportamentos. Noutro extremo,

existem valores económicos tangíveis. Umexemplo paradigmático são os mais de100 000 invertebrados polinizadores dosquais depende grande parte da nossaalimentação. Por exemplo, nos EstadosUnidos um estudo estimou que o serviçode polinização prestado pelas abelhas vale1.6 biliões de dólares anuais. Esse valorascenderia a 8.3 biliões de dólares anuaisse os polinizadores nativos fossemeliminados. Estamos a falar num únicoserviço, em apenas um país. Considerem--se outros serviços, como a sequestraçãode carbono, a produção de oxigénio, ocontrolo de pragas, a formação de solo,para se compreender quão dependente éa nossa economia (e a nossa própriaexistência) da biodiversidade.

Actualmente o pensamento ambiental é muitoconduzido pelas preocupações com asalterações climáticas. Porque razão devemospreocupar-nos também com a perda debiodiversidade?

A biodiversidade é o suporte vivo do planeta.É o que distingue o nosso planeta dosrestantes. Não é de descartar a possibilidadede que existam outros planetas quepudessem suportar a vida humana mas nãoos conhecemos pelo que é de elementarbom senso que se considerem opções quepermitam uma coabitação das actividadeseconómicas com a persistência de ummundo vivo abundante e diversificado.

É possível (ou necessário) elaborar estratégiaspara suavizar (minimizar) os efeitos dasalterações climáticas sobre a distribuição dasespécies?

É possível e desejável. Note que asalterações climáticas têm dois tipos deimpacte sobre a biodiversidade. Por umlado temos os impactes directos quedecorrem da acção do clima sobre asespécies e, por outro, os impactes indirectosque decorrem das actividades humanas demitigação e da adaptação às alteraçõesclimáticas. Ambos requerem medidasespecíficas de minimização de impactes eambos têm sido largamente negligenciadosao nível das políticas de conservação dabiodiversidade e do ordenamento doterritório.

Na sua opinião quais são as maiores ameaçasà biodiversidade no nosso país?

É difícil fazer afirmações que impliquem umavisão quantificada das ameaças àbiodiversidade pois não existem dadossuficientes para o efeito. E sem dados tudoo que se possa dizer é simples opinião. Unsdirão que as maiores ameaças decorrem deinsuficiências ao nível do ordenamento doterritório, outros falarão de conflitos com apolítica agrícola, outros salientarão a poluiçãohídrica ou a construção de barragens. Eudiria que todos estes factores jogam um papelimportante no futuro da biodiversidade deste

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ENTREVISTA

Miguel Bastos Araújo (Bruxelas 1969) é licenciado em Geografia e Planeamento Regional (1994) pela Universidade Novade Lisboa e Mestre (1995) e Doutor (2000) em Biologia da Conservação pela “University College” de Londres. Foi investigadorno “Natural History Museum” de Londres (1997-2000), no “Centre National de la Recherche Scientifique” (CNRS, 2001-2003)de Montpellier, na Universidade de Oxford (2004-2005) e na Universidade de Copenhaga (2006). Actualmente é investigadorprincipal do “Consejo Superior de Investigaciones Científicas” (CSIC) no Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid einvestigador coordenador convidado na Universidade de Évora, onde é titular da Cátedra Rui Nabeiro/Delta em Biodiversidade.Miguel B. Araújo é ainda editor das prestigiadas revistas científicas “Ecography”, “Journal of Biogeography” e “ConservationLetters” e membro do comité científico do comité “BioDiscovery” do Programa Internacional para a Ciência da Biodiversidade(DIVERSITAS). Durante a sua carreira científica, Miguel B. Araújo publicou mais de 100 artigos em revistas científicas daespecialidade (nomeadamente nas revistas "Nature" e "Science") e livros e é, actualmente, o autor português mais citadona área da ecologia e ambiente.

*

País e que poderíamos ainda acrescentarnovas ameaças que decorrem de factoresdinâmicos, como sejam as alteraçõescontemporâneas do clima e do uso do solo.

Quais as principais ameaças à biodiversidadenos rios e na zona costeira?

O crescente nível de artificialização da nossacosta e dos nossos rios. É verdade que se têmfeito progressos no sentido de compatibilizara biodiversidade e os interesses imediatos dealguns grupos sociais e económicos na faixacosteira, mas é indiscutível que mais betão emenos áreas naturais têm efeitos negativossobre a fauna e a flora.

Que avaliação faz sobre as iniciativas tomadasaté agora para reduzir a perda de biodiversidade?

Há exemplos de iniciativas concretas comefeitos positivos sobre a biodiversidade,como é o caso de algumas medidas agro--ambientais, projectos específicos deordenamento da faixa costeira, a aquisiçãoe gestão de algumas propriedades para finsde conservação. Mas, globalmente, omontante do investimento em actividadesdeletérias para a biodiversidade continuaa ser superior ao montante do investimentoem actividades de promoção da mesma.

Como vê a importância estratégica dabiodiversidade para a economia do país?

Apesar da sua reduzida dimensão, Portugalpossui 43 % da fauna de vertebrados

terrestres da União Europeia, depois daNoruega e da Suíça. É o quarto país europeucom maior número de endemismos vegetaise o terceiro em espécies ameaçadas. Possuiainda 75 % do território incluído nos apenas1.4 % do planeta considerados necessáriospara salvaguardar 44 % das plantasvasculares e 35 % dos vertebrados a nívelglobal. A importância relativa de Portugalem matéria de biodiversidade acarretaresponsabilidades mas também permitecriar oportunidades. O grande desafioque temos pela frente é valorizar estepatrimónio de modo a torná-lo útil para odesenvolvimento económico do País. Aoexpor a utilidade deste património biológicoestamos a ampliar o “constituency” depessoas interessadas na preservação dabiodiversidade e a garantir a sustentabilidadedos financiamentos para a sua conservação.

Quais os caminhos para aumentar aconsciência pública sobre a importância dasalvaguarda da biodiversidade?

Tem sido feito um trabalho notável desensibilização das populações para aimportância da biodiversidade, quer atravésdo ensino formal, nas escolas, quer atravésdos meios de comunicação social. Acontinuação deste bom trabalho énecessária mas temos de ser mais eficazesna demonstração de que a biodiversidadealém de implicar, nalguns casos, custosde oportunidade também pode criaroportunidades para gerar riqueza. Portugaltem um património biológico elevado nocontexto Europeu. À nossa frente apenasse encontram a Espanha e a Grécia, se

excluirmos os Açores e a Madeira. Se asincluirmos, passamos ao segundo lugar do“ranking”. Ora este capital biológico temcapacidade de gerar mais riqueza do quea que tem sido gerada, nomeadamente doponto de vista turístico.

Qual a importância da educação ambientalna manutenção da biodiversidade (ou naconservação de espécies)?

A educação ambiental contribui parafortalecer atitudes de cidadania e umcidadão responsável será sempre umdefensor da biodiversidade.

“A importânciarelativa dePortugal emmatéria debiodiversidadeacarretaresponsabilidadesmas tambémpermite criaroportunidades”

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ACTUALIDADE

VERÃO COM PRAIAS MAIS SEGURAS>>> PÁG. 1

Todas as praias balneares são identificadasatravés de Portaria do Governo (veja para a épocabalnear 2010, Portaria 267/2010, de 16 deAbril), sendo obrigatoriamente vigiadas pornadadores-salvadores ou sistemas integrados desalvamento aprovados pelo Instituto de Socorrosa Náufragos (ISN).Se optar por praias certificadas com a BandeiraAzul, poderá acrescentar à sua lista de exigências,entre outras, a existência de apoios e concessõesde praias, o serviço de primeiros socorros, osacessos seguros à praia e o estacionamentoordenado, a informação aos utentes, os areaislimpos e casas de banho públicas (maisinformações em www.abae.pt).Se optar por Praias Acessíveis, poderá exigir adisponibilidade de estacionamento adequado apessoas com mobilidade reduzida, acessosrampeados e passadeiras na praia, que lhepermitem utilizar o acesso ao areal e serviçosde sanitários públicos e de primeiros socorros.Poderá, em muitos casos, usufruir de um tiralô,que consiste num dispositivo que permite àspessoas com mobilidade reduzida tomar banhode mar com a ajuda de pessoal especializado(mais informações em www.inr.pt e www.inag.pt).Na área de actuação da ARH do Tejo, foramgalardoadas nesta época balnear 30 praias comBandeira Azul e 23 praias com a certificaçãoPraia Acessível.Estes programas de certificação assumem-secada vez mais como instrumentos de avaliação,gestão e monitorização da qualidade das praiase, num contexto de crescente competitividadeentre territórios, permitem o reconhecimentodas boas práticas. O processo de certificaçãoterritorial pode constituir uma alavanca parapromover a sustentabilidade local e valorizar osterritórios costeiros. A certificação reconhece oesforço e a qualidade. Ao oferecermos qualidade,estaremos também a exigir da comunidade edos utentes uma conduta condigna.Mais recente e inovador, por se tratar de umacertificação que abrange todo um municípiocosteiro (e não apenas praias), é o programaeuropeu QualityCoast, que reconhece os esforçosde territórios que querem ser destinos turísticossustentáveis mais amigos do ambiente e dohomem.Em 2009, aceitando o desafio lançado pela ARHdo Tejo, o município de Torres Vedras (veja secçãoMunicípios, págs.14-15) apresentou a suacandidatura junto da EUCC-The Marine andCoastal Union (NL) e, juntamente com Aveiro naregião Centro, foi o primeiro município portuguêsa ser galardoado pelo Programa QualityCoast,uma certificação que integra critérios em trêscategorias: natureza, ambiente e sócio-economia(mais informações em www.qualitycoast.info).

Falar em praias significa falar de sol e mar,embora no nosso interior existam aprazíveisespaços que permitem a prática banear numoutro contexto e ambiente. Mas enfim,retomemos a costa para lembrar que os sistemaslitorais, sejam eles litorais de arriba ou sistemasbaixos e arenosos, ou mesmo os sistemasaquáticos, são altamente dinâmicos e sensíveis.Nalgumas situações, a evolução natural dasarribas, em muitos casos acelerada pelasactividades humanas, induz risco para os utentesde praias encaixadas neste tipo de litoral.Em determinados troços do litoral a mitigaçãodeste risco nem sempre pode passar por medidasestruturais de artificialização da costa quecolocariam em causa o valor natural epaisagístico e a biodiversidade destes sistemas- afinal os factores fundamentais e a matériaprima que fazem do litoral algo tão apetecido.A ARH do Tejo, em articulação com CâmarasMunicipais e outras autoridades, efectua umaavaliação das situações de instabilidade epondera a necessidade de sanear blocos instáveisou a colocação de sinalização de perigo paraa permanência de pessoas. Por isso, sejaresponsável, coopere com as entidades erespeite, e faça respeitar, a sinalização que seencontra nas praias e nos acessos à costa.A segurança nas praias tem igualmente, e tantoou mais importante, a vertente da vigilânciabalnear, que envolve um conjunto de normasque estão expostas em painéis informativos,ou sob a forma de Editais e Avisos. É o casoda sinalização das zonas de perigo, das zonasvigiadas por nadador-salvador, o código desinais de bandeira e os avisos relativamente aregras e recomendações de segurança. Ou seja,avisos não faltam! O respeito e o cumprimentodas regras são, desde logo, uma boa garantiapara um verão seguro e sem incidentes.Tendo em vista a salvaguarda de vidas humanas,o Conselho de Ministros do passado dia 24 deJunho aprovou um diploma legal que reforça ospoderes das autoridades com competências de

fiscalização e estabelece coimas para oscomportamentos de risco adoptados pelosutilizadores das zonas balneares e demais zonasda orla costeira como, por exemplo, o desrespeitopela sinalização de segurança e, em concreto,a respeitante ao risco de desmoronamento dearribas ou queda de blocos.Assim:• Mantenha-se afastado das arribas e,

fundamentalmente, das que têm sinalização derisco. Leve a sua própria sombra para a praia.

• Se visitar uma praia que lhe é desconhecida,informe-se junto do nadador-salvador ou dosconcessionários de praia (são normalmenteconhecedores das condições locais) sobre aexistência de fundões ou agueiros.

• Respeite as indicações e os avisos instaladosnas praias e os dos nadadores-salvadores.

• Prefira praias vigiadas.• Previna os choques térmicos e resguarde-se

do sol nas horas de pico das radiações. Aguardeum intervalo de 3h após ingerir uma refeiçãocompleta, sobretudo se for pesada.

• Deite o lixo nos recipientes e utilize cinzeirosportáteis. Não suje o areal. Exija comportamentoidêntico do ocupante da toalha ao seu lado.

Usufrua do seu verão! Actue com civismo,respeite a sinalização de segurança e exija aqualidade que merece.

A RETER

• Tenha sempre presente o número internacionalde emergência: 112

• No painel da sua praia deverá encontrar oscontactos de entidades e serviços deimportância para a sua segurança einformação: autarquia local; PSP; Centro deSaúde e Hospital mais próximos; ProtecçãoCivil, Capitania do Porto/Polícia Marítima.

• Em algumas praias também existe uma bóiavermelha com o número de telefone donadador-salvador.

Mafra: praia de Ribeira de Ilhas

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NOTÍCIAS

PATRIMÓNIO DO TEJOARH DO TEJO E SOCIEDADE DE GEOGRAFIA

DE LISBOA PROMOVERAM DEBATEEM VILA VELHA DE RÓDÃO

Realizou-se no passado dia 1 de Julho a primeira das sessões dedebate que a ARH do Tejo, em parceria com a Sociedade de Geografiade Lisboa, está a promover sobre o Património do Tejo.No magnífico auditório da Casa das Artes e Cultura de Vila Velha deRódão, com uma assistência significativa, a sessão iniciou-se comas intervenções da presidente da Câmara Municipal de Vila Velha deRódão, Maria do Carmo Sequeira, do presidente da Sociedade deGeografia de Lisboa, Luís Aires-Barros, e do presidente da ARH doTejo, Manuel Lacerda.A primeira comunicação, “Tejo, Património da Humanidade, um sonho”,pertenceu a José Bastos Saldanha que defende uma candidaturado rio Tejo à classificação pela UNESCO de Paisagem Cultural daHumanidade.Galopim de Carvalho, da Faculdade de Ciências da Universidade deLisboa, estudioso de décadas desta região, realçou aspectos dopatrimónio geológico-geomorfológico do Tejo desde há milhões deanos.As musas do Tejo terão inspirado alguns dos maiores poetas portugueses,de Fernando Pessoa a Alexandre O'Neil, como salientou FernandoCatarino, também da Faculdade de Ciências de Lisboa, que sedebruçou sobre a “Biodiversidade do Tejo”.No debate que se seguiu, a questão que se colocou foi a mudançada expressão “explorar os recursos do Tejo” para “utilizar os serviçosdo ecossistema”.João Oliveira do CEF/Instituto Superior de Agronomia apresentou uma

comunicação, elaborada em conjunto com Teresa Ferreira, subordinadaao tema “Comunidades aquáticas e qualidade ecológica da rede fluvialdo Tejo”.O período da tarde iniciou-se com um painel sobre o patrimónioarqueológico e histórico do rio Tejo moderado por João Carlos Caninas,da Associação de Estudos do Alto Tejo em que participaram LuísRaposo, da mesma Associação, João Cardoso, da Sociedade deGeografia de Lisboa, Guilherme Cardoso da Assembleia Distrital deLisboa e António Nabais, da Associação Portuguesa de Museologia.Depois, foi a vez de Alexandre Cancela de Abreu, da Universidade deÉvora, falar do interesse patrimonial paisagístico do Tejo ao reflectirvalores de memória, antiguidade, originalidade, raridade, singularidadee exemplaridade.A conferência final esteve a cargo do espanhol Carlos Blázquez, daWater Assessment & Advisory Global Network, que partilhou com avasta e interessada audiência presente na Casa das Artes e Culturade Vila Velha de Ródão uma viagem pelo Alto Tajo, desde a sua origematé Lisboa, com particular destaque para o seu percurso por terrasde Espanha. Carlos Blázquez concluiu que o Tajo/Tejo como umanova Rota Cultural da Humanidade é um sonho possível.Em breve, a ARH do Tejo e a Sociedade de Geografia de Lisboaorganizarão outra sessão debate que incidirá sobre o patrimóniocultural, as actividades socio-economicas tradicionais, a navegabilidade,embarcações tradicionais, aldeias avieiras e aspectos ligados aoturismo, entre outros.

>>>Painel sobre o património arqueológico e histórico do rio Tejo, moderado por João Carlos Caninas,

com a participação de Luís Raposo, João Cardoso, Guilherme Cardoso e António Nabais

<<<Sessão de Abertura com Maria do Carmo Sequeira, presidenteda Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão,Luís Aires-Barros, presidente da Sociedade de Geografiade Lisboa, e Manuel Lacerda, presidente da ARH do Tejo

Aspecto parcial da assistência

Mafra: praia de Ribeira de Ilhas

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NOTÍCIAS

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>>> 1ª Reunião da Comissão de Acompanhamento do POE Tejo

No passado dia 1 de Julho, a ARH do Tejorepresentou o Ministério do Ambiente e doOrdenamento do Território num Seminárioque marca o encerramento do ProjectoCATRI - City and River promovido peloAgrupamento de Escolas de Vialonga, no

âmbito do Projecto Europeu COMENIUS -- Programa PROALV, tendo participado noPainel River Sustainability.O Projecto CATRI, realizado em parceriacom escolas da Bélgica, Escócia, Grécia,Hungria, Itália, Lituânia, Polónia e Turquia,

teve como objectivo o estudo da relaçãoque as cidades europeias estabeleceram eestabelecem com os seus rios, trabalhandoa consciência cívica dos alunos, no sentidode formar futuros cidadãos europeus activose responsáveis.

SEMINÁRIO PROJECTO CATRI - City and RiverPromovido pelo Agrupamento de Escolas de Vialonga

Realizou-se no passado dia 22 de Junho, em Alcochete,a 1ª Reunião Plenária da Comissão de Acompanhamentodo Plano de Ordenamento do Estuário do Tejo (POE Tejo).À reunião compareceram os representantes das entidadesque a integram, a equipa de consultores contratados pelaARH do Tejo para apoiar a coordenação do Plano, e aequipa da DHV, S.A., empresa à qual foi adjudicada a suaelaboração após a realização de um concurso públicointernacional.

Na reunião foi aprovado o Regulamento de Organizaçãoe Funcionamento da Comissão de Acompanhamento,apresentados os objectivos do POE Tejo e a PlataformaColaborativa de Gestão Documental do Plano. Foramainda apresentadas pela DHV, S.A., as metodologias eo calendário dos trabalhos a desenvolver, os quaisdeverão decorrer num período de 18 meses, conformeestabelecido na legislação.

Recorde-se que os Planos de Ordenamento de Estuáriosão instrumentos muito recentes no regime jurídicoportuguês, sendo o POE do Tejo o primeiro a ser lançadono território nacional. Salienta-se ainda a importânciado estuário do Tejo, um dos maiores da Europa, ondese desenvolvem importantes actividades sócio-económicascom enormes potencialidades turísticas, ambientais ede recreio e lazer, entre outras.

A ARH do Tejo participou na acção queteve lugar em Montemor-o-Novo, nopassado dia 5 de Junho, Dia Mundial doAmbiente, em que um conjunto de escolasdo concelho assinou um “CompromissoVerde” para o rio Almansor, no âmbito doProjecto Rios (www.projectorios.com). Na

sequência deste compromisso, um troçodeste rio será acompanhado pelos alunosao longo de vários anos lectivos. NaPrimavera de cada ano, os alunosprocederão à avaliação da qualidade daágua e do estado de conservação dasmargens recorrendo a um kit fornecido às

escolas pelo Projecto Rios.Esta acção enquadra-se no objectivo queesta ARH tem de levar o Projecto Rios àsescolas na sua área de jurisdição, estandoprevista a realização de uma sessão dedivulgação junto das Câmaras Municipaisdepois do Verão.

COMPROMISSO VERDE PARA O RIO ALMANSOR

1ª REUNIÃO DA COMISSÃO DEACOMPANHAMENTO DO POE TEJO

Courelas do Sorraia

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NOTÍCIAS

Cerca de 50 alunos e 10 professores participaram nestas JornadasCientíficas em El Soplao de 1 a 4 de Julho. O evento foi organizadopela Consejería de Cultura, Turismo y Deporte del Gobierno deCantabria, com a colaboração especial da Escuela Técnica Superiorde Ingenieros de Minas de la Universidad Politécnica de Madrid.Dirigidas pelo catedrático Rafael Fernández Rubio, Premio Rey JaimeI al Medio Ambiente, as jornadas abarcaram diferentes temasrelacionados com o carso, desde a obra pública ao âmbito ambientalem grutas, passando pela revisão de novas linhas de investigação oucomo interpretar o papel da água nas formações subterrâneas e aconservação das grutas.Entre as novidades da quarta edição, destaca-se a internacionalizaçãode conteúdos com a participação de professores e especialistas deItália e Portugal. A ARH do Tejo, convidada a participar, foi representada

por Carlos A. Cupeto que apresentou “Karst en la Cuenca del Tajo yRiberas del Oeste (Portugal) - importancia y implicaciones”.Sempre com a premissa da conservação da gruta, da sua preservação,o objectivo é converter a gruta El Soplao num laboratório dabiodiversidade.Além da gruta de Soplao, este ano decorreu uma detalhada visita aoParque de Natureza de Cabárceno, um fantástico exemplo de carsotropical. Este parque, uma antiga mina, tem cerca de 750 ha e nelevivem cerca de mil exemplares de cem espécies de diferentes animais,entre as quais uma colónia de elefantes. Este produto turístico traduz--se em mais de 600 mil visitas por ano e em 200 empregos directos.Estes dois parques (Soplao e Cabárceno) constituem, também, ummagnífico exemplo de sucesso na tranformação de passivos (minasabandonadas) em assinaláveis activos ambientais.

>>> Parque Natural de Cabárceno, um dos melhores exemplos de carso tropicaldo mundo (Foto: Rafael Fernández Rubio)

>>> Mina-gruta de Soplao: a caminho de 1 milhão de visitantes por ano quetransformam um passivo num enorme activo

LIMPEZA E CONSERVAÇÃO DE LINHAS DE ÁGUA - Sessão em Alenquer

IV Jornadas de Espeleologia Científica1 a 4 de Julho em Santander

DE PASSIVOS A ACTIVOS AMBIENTAIS

Os exércitos preparam-se para a guerra emtempo de paz. Da mesma forma, um rio prepara--se para as intempéries na bonança.A limpeza e conservação de linhas de água é umaacção fundamental para a sustentabilidade deuma bacia hidrográfica. Um rio vivo só é possívelcom boa conservação e manutenção.Segundo a Lei da Água, a responsabilidadedas medidas de conservação e reabilitação darede hidrográfica compete aos municípios nosaglomerados urbanos, aos proprietários nasfrentes particulares fora desses aglomeradose aos organismos dotados de competência,própria ou delegada, para a gestão dos recursoshídricos quando estejam em causa linhas deágua navegáveis e flutuáveis.Apesar da clareza da lei, há a necessidade deesclarecer não só os níveis de responsabilidadenesta matéria, mas também as boas práticas quedevem estar subjacentes à limpeza e conservaçãodas linhas de água. Nesse sentido, no dia 22 deJulho, vai decorrer, na Câmara Municipal de

Alenquer, uma sessão pública para divulgaçãodeste importante tema dirigida a particulares e aactores locais (juntas de freguesia, bombeiros,associações de regantes, protecção civil, etc.).A sessão será composta por cinco módulos:• objectivos da formação, que inclui a definição

de responsabilidades, a clarificação deprocedimentos e a definição e divulgação deboas práticas;

• enquadramento legal;

• questões técnicas importantes e frequentes;• forma correta de instrução dos processos;• acções de fiscalização e conclusões.

Esta sessão informativa insere-se num cicloque a ARH do Tejo pretende levar a cabo emvários concelhos da sua área de jurisdição eque deverá contribuir para que se consiga umaatitude mais responsável das populações perantea conservação das linhas de água.

Courelas do Sorraia

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MUNICÍPIOS

Torres Vedras, nos seus 407 km2,geograficamente, corresponde a um quadradode sensivelmente 20 km por 20 km, com asede do Concelho situada ao centro e confrontaa poente com o Oceano Atlântico.Facilmente se conclui que temos uma linhade costa com cerca de 20 km de extensão,iniciando-se a norte em Porto Novo, onde háduzentos anos Wellington desembarcou assua tropas, construindo e guarnecendo as“Linhas de Torres Vedras”, estendendo-se asul até ao porto de pesca tradicional da Assenta.Tal como acontece em todo o Concelho, nestalinha atlântica e no domínio da revitalizaçãourbana, sempre entendemos que a mesmadeverá ser feita através de intervenções noespaço público que melhore as acessibilidades,discipline a utilização do mesmo, criecondições de estadia das pessoas, reforce aatractividade dos lugares e deixe sempre umamarca do nosso tempo, isto é, uma marca decontemporaneidade.A experiência diz-nos que tais práticas têmsempre um efeito de contágio, de alavancagem

dos mais diversos agentes locais que, atrás daintervenção pública, também eles promovemintervenções privadas nos seus domínios.Estas intervenções no espaço público, criamnovas dinâmicas sociais e económicas, dandoorigem a fenómenos de “moda” da áreaintervencionada, atraindo novos agentes enovos frequentadores, com consequências aonível da regeneração social e económica.A praia de Santa Cruz constituiu-se como umlaboratório da execução destas políticas.Num espaço urbano pouco qualificado e numalinha de costa pouco atractiva, elaboraram-seprojectos de requalificação do espaço públicourbano, numa área de cerca de quatro hectares,na qual se privilegiou a circulação pedonal,as condições de estadia e as vistas do mar,ao mesmo tempo que se procurou uma ligaçãoda malha urbana ao areal e ao mar, de fácilacesso, atractiva e cuidada.Foram dois anos de obra e cerca de quatromilhões de euros de investimento, apoiadopelo III QCA, com o resultado que está à vista.

Através da intervençãono espaço públicoqueremos queo Rio Sizandro,que hoje divide a cidade,amanhã possa unirTorres Vedras

Hoje podemos dizer que há uma Santa Cruzantes e outra depois desta intervenção.Queremos replicar a “receita” na cidade deTorres Vedras, requalificando uma parte da

cidade menos qualificada, a qual é atravessadapela linha de água mais expressiva desteterritório, o Rio Sizandro.Através da intervenção no espaço públicoqueremos que o Rio Sizandro, que hoje dividea cidade, amanhã possa unir Torres Vedras.Estamos entusiasmados com esta obra, porforma a que o rio e a água deixe de ser umproblema para passar a ser uma vantagem.Com certeza que assim será.Da experiência com estas intervenções, emergemduas práticas que foram importantes factoresde sucesso e que aqui deixamos expressos.A primeira, reside no programa criado pelaAutarquia, através do qual oferece aosconcessionários dos apoios de praia, os projectosde arquitectura dos seus espaços e promoveo seu licenciamento junto das entidadesexternas, garantindo a qualidade e agilizandoprocedimentos.A segunda prática, funda-se na constituição deuma equipa técnica própria que se dedica aestes projectos e são os únicos interlocutorescom as entidades centrais, facilitando acomunicação e conhecimento, levando ao bomentrosamento entre equipas, com excelentesresultados ao nível do fluir do trabalho.Falámos de propósitos, de sonhos, mas tambémde realidades, de execuções e ambas sãoprimordiais para o hoje e o amanhã de umaautarquia.Torres Vedras tem todo o gosto em partilharconvosco estes sonhos tornados realidade.Apareçam!

Carlos Manuel Soares MiguelPresidente da Câmara Municipal

de Torres Vedras

CARACTERIZAÇÃO SUMÁRIA DO CONCELHO

O concelho possui cerca de 407 km2, subdividido por20 freguesias e cerca de 80 000 habitantes.É um dos 16 municípios do Distrito de Lisboa, o maiorem termos de área geográfica, localizando-se a

cidade de Torres Vedras a 40 Km de Lisboa (A8) ea 15 Km do Litoral.Em ano de comemoração do Bicentenário das Linhasde Torres Vedras, o município de Torres Vedras tempara oferecer ao visitante paisagens rurais queespelham a sua forte tradição vinícola, 20 km de

costa atlântica com praias de grande beleza natural,com destaque para Santa Cruz e os seus extensosareais, gastronomia rica e simpatia por parte dosseus habitantes.+ informações: www.cm-tvedras.ptwww.linhasdetorresvedras.com

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MUNICÍPIOS

SIZANDROE VALA DOS AMEAISPROGRAMA POLISDE TORRES VEDRASA área de intervenção do Programa Polis deTorres Vedras localiza-se numa área urbanísticae ambientalmente degradada a norte do centroda cidade de Torres Vedras e tem como limites,a nascente, a antiga Estrada Nacional 8, asul, o morro do Castelo e centro histórico, anorte/noroeste, a área urbana da Encosta deSão Vicente e, a sudoeste, a zona do ParqueRegional de Exposições.A escolha da área de intervenção do ProgramaPolis foi ditada pela presença de valoresambientais e patrimoniais pouco fruíveis edegradados nesta zona da cidade, pelosignificado afectivo desta zona para ostorrienses e pela necessidade de criar umanova centralidade urbana que contrariasse atendência natural de crescimento da cidadepara sul.As principais acções que resultam daconcretização deste programa em TorresVedras, são designadas Choupal e Ermida,Margens do Sizandro, Pátio Alfazema e PontePedonal.Especificamente em relação ao rio Sizandroe Vala dos Ameais, a principal intervenção alevar a cabo passa por dissimular o grau depoluição actual da água do rio Sizandro,procurando garantir, simultaneamente, apresença de uma coluna de água mínima,quer no rio quer na Vala dos Ameais atravésde açude a construir, localizado na extremapoente da área Polis. Será ainda asseguradoum arranjo paisagístico das margens do rioque deverão manter o seu cariz natural eremodeladas as pontes de S. Miguel e das

Mentiras, conferindo-lhes maior dignidadeurbana e qualidade formal, melhorandotambém as respectivas condições de segurançae de conforto para utilização pedonal.O leito e margens do rio, como já se encontrammuito artificializados, dificilmente serão umelemento natural relevante, com exclusão dopróprio espelho de água. Neste sentido, deveráser assumido o cariz urbano deste troço derio.Com a redefinição do leito de cheia resultantedas obras efectuadas pelo INAG, toda amargem direita do rio deixou de integrar oleito de cheia centenário. Contudo, nestasáreas são restringidas ao mínimo as edificaçõese as impermeabilizações, sendo apenasprevistos no Choupal equipamentos deutilização colectiva.Todas as obras e novas construções localizadasna margem direita do Rio Sizandro serãoestanques a cotas topográficas inferiores a 28m. e os parques de estacionamento em cavedo equipamento cultural/social/recreativo e doChoupal serão construções estanques e comos seus acessos localizados acima da cota detopografia correspondente aos 28 m.

PRAIA AZULRECUPERAÇÃO DAPAISAGEM E PLANO DEPRAIAA Praia Azul, no concelho de Torres Vedras,constitui o limite sul de um troço litoral dearriba na zona de transição para um troçolitoral baixo e arenoso, associado à foz do RioSizandro.Actualmente o cordão dunar e a arriba estãosujeitos a fenómenos de erosão acelerada

provocados pelas construções, aterros eescavações, acessos, estacionamentos, queao longo dos anos foram ocupando esta área.Estes, bem como a introdução de vegetaçãoinfestante como os chorões ou as canascolocam hoje em risco uma paisagem costeirade grande beleza que é, simultaneamente,uma zona balnear concorrida e um Sítio RedeNatura 2000, onde ainda se pode observaruma significativa diversidade de habitats deelevado valor florístico característicos destapaisagem costeira, onde se destacam as arribaslitorais com Limonium e Armeria endémicos.Neste sentido, o município de Torres Vedrasdesencadeou uma iniciativa de requalificaçãocujo projecto, ainda em elaboração, deveráinformar uma candidatura aos fundos doQREN, no quadro da abrangente iniciativa derequalificação das orlas costeiras.O plano de praia e projecto de execução,desenvolvido pelo atelier Traços na Paisagem,sob coordenação do gabinete de projecto daCâmara Municipal de Torres Vedras, em estreitaarticulação com o INAG e a ARH do TEJO,prevê a redefinição de todos os acessos ebolsas de estacionamento, a recuperação dosecossistemas e áreas degradadas, a definiçãodo plano de praia e a promoção da estabilidadebiofísica da arriba.

PROJECTOBOGA DO OESTEA Câmara Municipal de Torres Vedras, emparceria com a Quercus, pretendeimplementar um projecto de restauração decursos de água do concelho, para aconservação de espécies piscícolas.A área do projecto “Sizandro-Alcabrichel”é constituída por duas sub-áreas, a primeiraenvolvendo o rio Alcabrichel, situado maisa norte do concelho de Torres Vedras, e aoutra constituída pelo rio Sizandro, na zonacentro do referido concelho, pertencem aosistema “Ribeiras do Oeste”. São cursos deágua que drenam directamente para oOceano Atlântico, caracterizam-se porapresentarem um regime hídrico irregular,durante o ciclo anual, com caudaisdeterminados pelo regime pluviométrico dasbacias.Ao nível da fauna somente existem referênciasà ictiofauna. Entre as espécies nativasdestaca-se a presença da Boga do OesteAchondrostoma occidentale. De salientar queos rios Alcabrichel e Sizandro são os únicoslocais onde se regista a presença da Boga doOeste Achondrostoma occidentale (p.p. Rutilusmacrolepidotus), um endemismo portuguêsrecentemente descoberto.Os objectivos deste projecto centram-se emdesenvolver e divulgar técnicas de conservaçãoda biodiversidade aplicáveis aos ecossistemasfluviais do oeste da Península Ibérica.

1 - Azenha de Santa Cruz

2 - Praia de Santa Cruz

3 - Vista Geral Aérea: Estacionamento, Ponte Pedonal e Páteo Alfazema

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AGENDA

SEDEAdministração da Região Hidrográficado Tejo, I. P.Rua Braamcamp, 71250-048 LISBOATel.: 211 554 800Fax: 211 554 809

Gabinete Sub-Regional do Oeste(GOE)Av. Engº. Luís Paiva e Sousa, 62500-329 CALDAS DA RAINHATel.: 262 100 630Fax: 262 100 631

Gabinete Sub-Regional do Médio e AltoTejo (GMAT)Praça Visconde Serra do Pilar, 4, 1º2000-093 SANTARÉMTel.: 243 109 600/1

Pólo de AbrantesRua D. João IV, 332200-397 ABRANTESTel.: 241 100 050

Pólo de PortalegreBairro da Fontedeira, Bloco 1 Cave7300-076 PORTALEGRETel.: 245 100 560Fax 245 100 561

Pólo de Castelo BrancoRua da Fonte Nova, 1Quinta da Fonte Nova6000-167 CASTELO BRANCOTel.: 272 100 510Fax 272 100 511

Pólo da GuardaGaveto das Ruas Pedro Álvares Cabrale Almirante Gago Coutinho6300-517 GUARDATel.: 271 100 584

CONTACTOS

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4ª CONFERÊNCIA NACIONALDE AVALIAÇÃO DE IMPACTES (CNAI 10)AVALIAÇÃO DE IMPACTES E ENERGIA:ÁGUA, TERRA, FOGO E AR20 a 22 de OutubroUniversidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Esta conferência pretende estimular a produção científica nacional na temática da avaliaçãode impactes e constituir um fórum de debate e intercâmbio entre os profissionais e outrosinteressados na Avaliação de Impactes.

A CNAI 10 é organizada pela Associação Portuguesa de Avaliação de Impactes (APAI) emcolaboração com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

FICHA TÉCNICAPropriedade: ARH do Tejo, I.P.Director: Manuel Lacerda

14º ENaSB/SILUBESAENCONTRO NACIONAL DE SANEAMENTO BÁSICO26 a 29 de OutubroPorto

Organizado pela Associação Portuguesa de Engenharia Sanitária e Ambiental (APESB),vai decorrer na Fundação Dr. António Cupertino de Miranda o 14º Encontro Nacional deSaneamento Básico (ENaSA), em simultâneo, pela segunda vez, com o 14º SimpósioLuso-Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental (SILUBESA). Este simpósio é umaorganização conjunta bienal da APESB, da Associação Brasileira de Engenharia Sanitáriae da Associação Portuguesa de Recursos Hídricos.

Neste 14º Encontro Nacional pretende-se promover o debate sobre variados temas,nomeadamente, a gestão integrada de origens de água, questões relacionadas com oambiente e a saúde pública, o tratamento convencional e avançado da água e das águasresiduais, para além de promover o intercâmbio entre os profissionais do sector.

www.apesb.org

LANDSCAPE ECOLOGY INTERNATIONAL CONFERENCE21 a 27 de SetembroTeatro Municipal de Bragança

O Centro Ibérico de Restauración Fluvial organiza esta conferência em Bragança, que sedebruçará sobre as mudanças em curso nas paisagens florestais devidas a factoresambientais, tecnológicos, políticos, económicos e sociais, criando novos e múltiplos desafiosaos profissionais destas áreas.

Esta conferência visa juntar cientistas e outros responsáveis com vista a uma troca deconhecimentos, métodos e ferramentas que permitem avaliar as mudanças estruturais eprocessuais e optimizar bens e serviços que podem ser providenciados a diversos níveis,num contexto de mudança.

0J U L H OA G O S T O

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Edição: Fontes Próximas ComunicaçãoTextos: ARH do Tejo, I.P.Design: GPI

IMPRESSO EMPAPEL RECICLADO