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EDITORIAL Para além de outras notícias e acontecimentos que fazem a vida da ARH do Tejo, este número do INFOTEJO realça, pela sua importância e actualidade, a limpeza e conservação das linhas de água. Debruça-se também sobre a problemática das águas residuais. Para isso, contamos com um leque de participações de individualidades de grande prestígio que, esperamos, torne este número do nosso Boletim Informativo um contributo para um conhecimento mais aprofundado desta temática. As colaborações de José Saldanha Matos, que nos fala da drenagem urbana na Europa no século em que vivemos, de Pedro Serra, que aborda a despoluição do Tejo, um sonho que se espera concretizado já em 2011, e de um artigo assinado pelos membros do Conselho Directivo da ERSAR sobre a importância da articulação entre a gestão dos recursos hídricos e a regulação de serviços de águas, despertam, desde logo, um elevado interesse pelas suas opiniões. Outra personalidade que nos honra com a sua participação é Jean-Luc Bertrand-Krajewski, professor no Departamento de Engenharia Civil e Planeamento Urbano do Instituto Nacional para as Ciências Aplicadas (INSA) de Lyon, em França, e uma das personalidades mais destacadas a nível internacional neste sector, que nos respondeu de uma forma esclarecedora a questões sobre a gestão dos sistemas de drenagem urbana, estabelecendo uma ponte entre o passado e o futuro (entrevista original em inglês em www.arhtejo.pt). Destaque natural para mais uma Sessão Debate sobre o Património do Tejo, desta vez virado para os aspectos culturais, que se realiza já no próximo dia 24, na Sociedade de Geografia de Lisboa, depois do êxito verificado na reunião em Vila Velha de Ródão, no passado dia 1 de Julho. O município presente neste número é Coruche. Projectos inovadores em curso mostram claramente o interesse dedicado à requalificação de infra-estruturas ligadas ao rio Sorraia que pretendem acentuar uma vocação de modernidade a par da “agitação cultural e de iniciativas económico - empresariais” como nos diz o seu Presidente. Manuel Lacerda Presidente da ARH do Tejo OPINIÃO José Saldanha Matas Drenagem Urbana na Europa no Séc. XXI Problemas, Desafios, Soluções e Perspectivas >>> Pág. 2-3 Pedro Cunha Serra Despoluição da bacia do Tejo, um objectivo ao nosso alcance >>> Pág. 4-5 Jaime Melo Baptista, Fernanda Maçãs, Carlos Pereira A desejável e necessária articulação entre a gestão dos recursos hídricos e a regulação de serviços de águas >>> Pág. 6-7-8 ENTREVISTA Jean-Luc Bertrand-Krajewski Gestão de águas residuais urbanas, um problema complexo que exige soluções planeadas e participadas >>> Pág. 10-11-12 MUNICÍPIO Coruche Açude / Ponte no Rio Sorraia >>> Pág. 14-15 PATRIMÓNIO CULTURAL DO TEJO Sessão Debate Sociedade de Geografia de Lisboa 24 de Setembro >>> Pág. 13 Nº 07 | BOLETIM INFORMATIVO DA ARH DO TEJO, I.P. | SETEMBRO 2010 www.arhtejo.pt >>> Pág. 9 Os sistemas fluviais incluem os ecossistemas aquáticos de características lóticas e os ecossistemas associados à zona ripária, de largura variável, abrangendo o leito activo e os leitos abandonados, as margens e o leito de cheia, influenciada pelos processos fluviais de inundação periódica, sedimentação e erosão. Estes sistemas desempenham várias funções das quais se destacam a função hidráulica, colectando e escoando as águas da bacia vertente, a função biofísica, como suporte das biocenoses aquáticas e ribeirinhas e estabilização das margens, a função paisagística, pelo seu papel relevante como elemento estruturante e focalizador da paisagem, e a função económica, através da utilização dos seus recursos pelos diversos agentes económicos e sociais. LIMPEZA E CONSERVAÇÃO DE LINHAS DE ÁGUA Ribeira de Canha pós limpeza Ribeira de Canha pós limpeza Ribeira de Canha pós limpeza

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Page 1: Infotejo 007

EDITORIALPara além de outras notícias e acontecimentosque fazem a vida da ARH do Tejo, este númerodo INFOTEJO realça, pela sua importância eactualidade, a limpeza e conservação das linhasde água. Debruça-se também sobre aproblemática das águas residuais. Para isso,contamos com um leque de participações deindividualidades de grande prestígio que,esperamos, torne este número do nosso BoletimInformativo um contributo para um conhecimentomais aprofundado desta temática.As colaborações de José Saldanha Matos, quenos fala da drenagem urbana na Europa noséculo em que vivemos, de Pedro Serra, que

aborda a despoluição do Tejo, um sonho que seespera concretizado já em 2011, e de um artigoassinado pelos membros do Conselho Directivoda ERSAR sobre a importância da articulaçãoentre a gestão dos recursos hídricos e a regulaçãode serviços de águas, despertam, desde logo,um elevado interesse pelas suas opiniões.Outra personalidade que nos honra com a suaparticipação é Jean-Luc Bertrand-Krajewski,professor no Departamento de Engenharia Civile Planeamento Urbano do Instituto Nacionalpara as Ciências Aplicadas (INSA) de Lyon, emFrança, e uma das personalidades maisdestacadas a nível internacional neste sector,que nos respondeu de uma forma esclarecedoraa questões sobre a gestão dos sistemas dedrenagem urbana, estabelecendo uma ponteentre o passado e o futuro (entrevista original

em inglês em www.arhtejo.pt).Destaque natural para mais uma Sessão Debatesobre o Património do Tejo, desta vez viradopara os aspectos culturais, que se realiza já nopróximo dia 24, na Sociedade de Geografia deLisboa, depois do êxito verificado na reunião emVila Velha de Ródão, no passado dia 1 de Julho.O município presente neste número é Coruche.Projectos inovadores em curso mostramclaramente o interesse dedicado à requalificaçãode infra-estruturas ligadas ao rio Sorraia quepretendem acentuar uma vocação demodernidade a par da “agitação cultural e deiniciativas económico - empresariais” como nosdiz o seu Presidente.

Manuel LacerdaPresidente da ARH do Tejo

OPINIÃOJosé Saldanha MatasDrenagem Urbana na Europa no Séc. XXIProblemas, Desafios, Soluções e Perspectivas >>> Pág. 2-3

Pedro Cunha SerraDespoluição da bacia do Tejo,um objectivo ao nosso alcance>>> Pág. 4-5

Jaime Melo Baptista, Fernanda Maçãs,Carlos PereiraA desejável e necessária articulação entrea gestão dos recursos hídricos e a regulaçãode serviços de águas>>> Pág. 6-7-8

ENTREVISTAJean-Luc Bertrand-KrajewskiGestão de águas residuais urbanas,um problema complexo que exige soluçõesplaneadas e participadas>>> Pág. 10-11-12

MUNICÍPIOCorucheAçude / Ponte no Rio Sorraia>>> Pág. 14-15

PATRIMÓNIO CULTURAL DO TEJOSessão DebateSociedade de Geografia de Lisboa24 de Setembro>>> Pág. 13

Nº 07 | BOLETIM INFORMATIVO DA ARH DO TEJO, I.P. | SETEMBRO 2010 www.arhtejo.pt

>>> Pág. 9

Os sistemas fluviais incluem os ecossistemasaquáticos de características lóticas e osecossistemas associados à zona ripária, de larguravariável, abrangendo o leito activo e os leitosabandonados, as margens e o leito de cheia,influenciada pelos processos fluviais de inundaçãoperiódica, sedimentação e erosão.Estes sistemas desempenham várias funções dasquais se destacam a função hidráulica, colectando

e escoando as águas da bacia vertente, a funçãobiofísica, como suporte das biocenoses aquáticase ribeirinhas e estabilização das margens, a funçãopaisagística, pelo seu papel relevante comoelemento estruturante e focalizador da paisagem,e a função económica, através da utilização dosseus recursos pelos diversos agentes económicose sociais.

LIMPEZA E CONSERVAÇÃODE LINHAS DE ÁGUA

Ribeira de Canha pós limpezaRibeira de Canha pós limpezaRibeira de Canha pós limpeza

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OPINIÃO

DRENAGEM URBANANA EUROPA NO SÉC. XXIPROBLEMAS, DESAFIOS,SOLUÇÕES E PERSPECTIVAS

José Saldanha Matos*

Professor Catedrático do Instituto Superior Técnicoda Universidade Técnica de Lisboa (IST/UTL).Membro, entre 1996 e 2000, do “Governing Board”da International Association on Water Quality(IAWQ, actualmente International WaterAssociation - IWA). Presidente, entre 2005 e 2008,do Sewer Systems & Processes Working Group doIWA/IAHR Joint Committee on Urban Drainage (SS& PWG). Membro da Comissão Executiva daEuropean Water Association (EWA). Presidente daAssociação Portuguesa de Engenharia Sanitária eAmbiental (APESB) (2005 ).Autor ou co-autor de cerca de 300 estudos eprojectos, incluindo o Plano Geral de Drenagem daCidade de Lisboa, de mais de 250 publicações,incluindo artigos publicados em revistasinternacionais com arbitragem científica, artigosem revistas nacionais, livros e capítulos de livrose comunicações editadas em actas de Congressos.Sócio-fundador da Sociedade HIDRA, Hidráulica eAmbiente, Lda.

*

A dimensão e características dos sistemas de drenagem urbana dasgrandes cidades europeias, que frequentemente integram redes unitárias,pseudo-separativas e separativas, colectores dispostos em rede ramificada,mas também em rede malhada, descarregadores, sifões invertidos ediversos tipos de componentes e equipamentos de controlo de caudal,tornam a problemática do controlo da poluição dos meios receptorese dos riscos de inundação especialmente complexa, difícil e onerosa.

Até sensivelmente ao último quartel do século XIX, o crescimento dascidades europeias agravou, em regra, os dois tipos clássicos deproblemas sanitários na Sociedade: absoluta falta de higiene, compropagação de doenças, e graves inundações. O que então ocorriaem Portugal, em cidades como Lisboa, Porto ou Coimbra, tambémsucedia, em maior ou menor grau, noutras importantes cidadeseuropeias, como Londres, Paris ou Roma.

Na segunda metade do século XIX, Belgrand, em Paris, Garcia Faria,em Barcelona, e Ressano Garcia, em Lisboa, foram artífices de planosde drenagem inspirados nos princípios da corrente higienista – semum Ambiente salubre na cidade, liberta de “excreta” e outros resíduospoluentes, não se assegurava a necessária protecção da saúde pública

e o desenvolvimento equilibrado do indivíduo. Esses planos, em grandeparte concretizados no século XX, advogavam redes separativas oupseudo-separativas (i.e., redes domésticas projectadas para acomodaruma certa percentagem de caudais pluviais), com descarga nos meiosreceptores, longe do meio urbano. Noutros casos, como nas cidadesde Hamburgo, na Alemanha, ou Londres, no Reino Unido, os autoresdos respectivos planos, respectivamente William Lindley e JosephBazalgette, mantiveram a opção pelo sistema unitário, com misturanum mesmo colector de águas residuais e águas pluviais, mas comuma concepção racional dos sistemas, baseada em medições deprecipitação e observações experimentais.

O estado das infra-estruturas e a qualidade dos serviços de saneamentonas cidades europeias varia, naturalmente, de região para região, emfunção do estado de desenvolvimento, da capacidade económica e deendividamento e das características geográficas, climáticas e deocupação do território. No entanto, na maioria dos casos verificam-sediversas situações ou problemas deficientemente resolvidos: a) as redesapresentam idades médias muito elevadas, resultando nomeadamenteem elevados caudais de infiltração, exfiltrações, assoreamentos e riscosde colapso; b) misturam-se nos colectores águas residuais domésticas

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1 - Cheias em Sacavém - 1990

2 - Centro de Supervisão

OPINIÃO

e industriais (muito poluídas), águas pluviais e águas de infiltração (poucopoluídas); c) verifica-se, em tempo de chuva, a descarga directa deexcedentes poluídos para os meios receptores (“overflows”, naterminologia anglo-saxónica), o que também ocorre ocasionalmenteem tempo seco, devido a acidentes diversos, nomeadamente porinterrupção de bombagens por falha de energia eléctrica, assoreamentoda soleira de descarregadores ou colapso de infra-estruturas; d) asmarés e os níveis de água nos meios receptores limitam e condicionama capacidade dos emissários de descarga de águas pluviais; e) agravam--se as dificuldades de adaptação das infra-estruturas, tal como seencontram concebidas e projectadas, face a alterações não previstasna ocupação do território, no clima e nos hábitos de consumo e utilizaçãoda água pela população servida.

Os métodos e técnicas tradicionais para resolver esses problemas edesafios, baseados no desenvolvimento de soluções estruturais lineares,suportadas em princípios de concentração unidireccional, em que aságuas residuais e pluviais afluem a redes enterradas com o objectivode serem conduzidas, o mais rapidamente possível, para o meioreceptor (“tout à l’egout”, na terminologia francesa), implicam elevadosinvestimentos em infra-estruturação, bem como custos ambientais esociais significativos. A multiplicidade e diversidade de infra-estruturassubterrâneas, muito comum em espaço urbano consolidado, atrasam,dificultam e naturalmente oneram essas intervenções.

Deste modo, o desenvolvimento da drenagem urbana nas “modernas”cidades europeias, ou seja, as intervenções de expansão, reabilitaçãoe beneficiação das infra-estruturas tem evoluído, em particular nasúltimas duas décadas, no sentido de complementar as soluçõesestruturais (baseadas, por exemplo, no aumento da capacidadehidráulica dos colectores e na construção de reservatórios), comsoluções de controlo na origem (“source control”, “best managementpractices” ou “sustainable urban drainage systems”, na terminologiaanglo-saxónica), abordagens de separação tendencial de águasresiduais e de águas pluviais e soluções dispondo de equipamentos etecnologia associada para controlo em tempo real (“real time control”,na terminologia anglo-saxónica).

As técnicas de controlo na origem (pavimentos porosos, trincheiras deinfiltração, bacias de retenção e infiltração, entre outras) tem comoobjectivo principal promover a infiltração e/ou retenção de águas pluviaisin situ, para efeitos de regularização de caudais de ponta, permitindouma maior aproximação ao ciclo hidrológico natural. As soluções decontrolo na origem de águas pluviais devem merecer especial atençãologo numa fase precoce do planeamento do território e apresentamparticular potencialidade de aplicação em áreas menos consolidadasda cidade, do ponto de vista da ocupação edificada.

Muito resumidamente, os sistemas de controlo em tempo real, quesuportam a gestão avançada, incluem cadastros informatizados eSistemas de Informação Geográfica (SIG), redes de monitorização(para controlo da quantidade e qualidade da água), sistemas deteletransmissão da informação, actuadores (i.e. válvulas e adufasmotorizadas) e modelos de simulação. A informação transmitida, quecaracteriza o estado do sistema, é utilizada conjuntamente com osdados de previsão meteorológica (em regra, obtidos por imagens deradar) a fim de se preverem caudais futuros e telecomandar, emtempo real, a operação do sistema, com vista a aproveitar ao máximoas potencialidades das infra-estruturas, maximizando a afluência decaudais às Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR)reduzindo, assim, os riscos de contaminação dos meios receptores,e também os riscos de inundações.

Para proceder à gestão avançada eficiente dos sistemas de drenagemurbana, como acontece, entre outras cidades europeias, em Barcelona,Berlim ou Bordéus, torna-se naturalmente necessário conhecer, deforma detalhada, as características físicas das diversas componentes,e dispor de uma planificação adequada, que integre o planeamentodas intervenções de projecto, de construção, de manutenção e deoperação, associada a uma exploração activa preventiva.

Mas os novos paradigmas, ou novas maneiras de pensar relativamenteà drenagem urbana, enquadram-se em preocupações emergentesmais vastas e abrangentes, e que respeitam o metabolismo e evoluçãoda cidade do futuro. O sistema urbano recebe afluências (“inputs”),i.e., água, alimento, energia, materiais e produtos químicos, que seacumulam, transformam e reciclam no interior do ciclo urbano, resultandoem produtos diversos (“output”), i.e., resíduos gasosos, líquidos esólidos.

Em particular, os sistemas lineares que suportam os serviços desaneamento exigem, frequentemente, consumos de recursos, comoenergia e reagentes, que comprometem objectivos gerais desustentabilidade. Nesse quadro, tem assumido importância crescente,no modelo da cidade do futuro, a procura de abordagens e soluçõesverdes, que tenham em conta a redução da pegada de carbono e emgeral da pegada ecológica, através da eficiência e produção e valorizaçãoenergética, da reutilização de efluentes, do uso eficiente da água e doaproveitamento de nutrientes. As soluções locais, descentralizadas,características do controlo na origem são, nesse sentido e em regra,mais sustentáveis que as soluções tradicionais. As soluções de controloem tempo real, quando convenientemente suportadas por sistemasde informação e conhecimento, conferem maior capacidade deadaptação, flexibilidade e resiliência às infra-estruturas, face às renovadassolicitações e desafios que se colocam à Sociedade.

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OPINIÃO

A bacia hidrográfica do Tejo, a maior de Portugal, terceira maiorna Península Ibérica, a seguir às do Douro e do Ebro, e quinta, emárea, no conjunto da Europa Comunitária, destaca-se claramenteno quadro das bacias hidrográficas nacionais e internacionais.

São 31 albufeiras, 26 grandes afluentes e subafluentes e o maisimportante estuário da Europa, abrangendo em Portugal os distritosde Santarém e Castelo Branco e uma parte significativa dos distritosde Lisboa, Leiria, Portalegre, Guarda, Évora e Setúbal, totalizando 94concelhos onde reside mais de um terço da população portuguesa.

Trata-se portanto de uma região com uma complexa heterogeneidadepara a qual se requer um instrumento de gestão, protecção evalorização ambiental, social e económica das águas, designadamentea definição dos objectivos ambientais para as massas de águassuperficiais e subterrâneas e para as zonas protegidas ao nível dabacia hidrográfica do Tejo, bem como a identificação dos objectivossocioeconómicos, nomeadamente no que se refere à qualidadeda água e aos níveis de descargas de águas residuais, tal comoconsagrado na Lei da Água.

E se, no Portugal do início dos anos 70, prevalecia a filosofia do aumentoda oferta de água, que se repercutiu no desenvolvimento económicoe social do país, ainda com a administração do domínio hídrico dabacia do rio Tejo na responsabilidade dos Serviços Hidráulicos, afilosofia que veio a ser seguida, sobretudo após a integração europeia,e após a entrada em vigor, na década de 1990, da legislação relativa

à qualidade da água destinada ao consumo humano e ao tratamentodas águas residuais urbanas, impôs maiores exigências a nível dagestão dos sistemas de abastecimento de água e de saneamento deáguas residuais.

Este foi, aliás, um dos pressupostos da criação dos sistemasmultimunicipais, enquanto soluções de gestão conjunta que permitissemque, nas zonas de maior concentração populacional, fosse prosseguidauma abordagem mais global e dinâmica, integrando o conceito desustentabilidade enquanto estratégia que preconiza um processo

"Dos investimentos eminfra-estruturas de

saneamento (mais de 1,4 milmilhões de euros),

917 milhões correspondema subsistemas que drenampara a bacia do Tejo e para

a orla costeira"

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DESPOLUIÇÃO DA BACIA DO TEJOUM OBJECTIVO AO NOSSO ALCANCE

Pedro Cunha Serra*

* Licenciado e Mestre em Engenharia Civil pelo Instituto Superior Técnico de

Lisboa, iniciou carreira na COBA, consultores de engenharia, onde exerceu

funções entre 1969 e 1989, primeiro como engenheiro do Serviço de Hidráulica

e depois como Director-Geral e Administrador.

Entre 1994 e 1999 foi Presidente do Instituto da Água, tendo participado

activamente nas negociações da Convenção Luso-Espanhola de Albufeira

para os rios internacionais ibéricos e nos trabalhos preparatórios da Directiva-

-Quadro da União Europeia para o sector da água.

Foi Presidente do Instituto Regulador de Águas e Resíduos entre 1999 e

2001, e do Instituto de Estradas de Portugal entre 2001 e 2002. É, desde

2005, Presidente da Águas de Portugal e de várias suas participadas.

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OPINIÃOde desenvolvimento económico e social, salvaguardando o ambientee os recursos naturais.

Estas soluções mais abrangentes e sustentáveis requeriamvolumes elevados de investimento, que vieram, em larga medida,a ser assegurados pelos Fundos Estruturais e, no que se refere aosrecursos hídricos, com especial importância pelo Fundo de Coesão.O Tejo e seus afluentes têm vindo a ser um meio privilegiado para adescarga de águas residuais dos aglomerados mais ou menosimportantes que se foram desenvolvendo ao longo das suas margens.Por essa razão os sistemas multimunicipais que foram sendo criadostiveram como objectivos primários o cumprimento do normativo relativoao tratamento das águas residuais urbanas (Decreto-Lei n.º 152/97,de 19 de Junho, que transpôs para o direito interno a Directivan.º 91/271/CEE, de 21 de Maio, alterado pelo Decreto-Lei n.º 348/98,de 9 de Novembro, que transpôs para o direito interno a Directivan.º 98/15/CE, da Comissão, de 21 de Fevereiro).

"Os investimentos parao tratamento das águasresiduais que drenampara o estuário do Tejo e orlacosteira estarão concluídosem 2011"

Foi nesta linha de orientação que foram criadas a SANEST -Saneamento da Costa do Estoril, S.A., a SIMTEJO - SaneamentoIntegrado dos Municípios do Tejo e Trancão, e a SIMARSUL -Sistema Integrado Multimunicipal de Águas Residuais daPenínsula de Setúbal, S.A., as quais têm vindo a efectuarsignificativos investimentos tendo em vista a despoluição doestuário do Tejo e águas costeiras adjacentes.

Com descarga em mar aberto (Mar da Guia, Oceano Atlântico)salienta-se o Sistema de Saneamento da Costa do Estoril, daSANEST, que tem em fase de pré-arranque a empreitada (deconcepção/construção) para a Beneficiação do Tratamento deÁguas Residuais do Sistema de Saneamento da Costa do Estoril,com um investimento estimado de 68 milhões de euros.

Na operação da SIMTEJO destacam-se a empreitada de Ampliaçãoe Completamento da ETAR de Alcântara, que tem um investimentoprevisto de 76 milhões de euros, com uma participação do Fundode Coesão de cerca de 10 milhões de euros e conclusão previstapara o 2.º trimestre de 2011 e duas outras ETAR recentementeconcluídas, uma no subsistema de Alverca, e outra no subsistemade Vila Franca de Xira, com investimentos de 19 e de 13 milhõesde euros respectivamente.

A SIMTEJO tem vindo ainda a efectuar melhoramentos e ampliaçõesem subsistemas já existentes e em funcionamento, nomeadamente,Beirolas, Chelas, S. João da Talha e Frielas cujos investimentostotalizam 80 milhões de euros. De referir ainda os investimentosem pequenos subsistemas que drenam para o rio Trancão e cujosinvestimentos globais totalizam cerca de 6 milhões de euros.

Por sua vez, a SIMARSUL tem também vindo a efectuarsignificativos investimentos tendo em vista a despoluição doestuário do Tejo, designadamente em três ETAR já concluídas, nomontante de 17,6 milhões de euros, estando em curso empreitadaspara construção de três outras ETAR e reformulação de outra,envolvendo investimentos da ordem dos 47 milhões de euros. Éde salientar que praticamente todos os subsistemas da SIMARSULque descarregam directamente para o rio Tejo fazem-no na áreado “Estuário do Tejo”, zona sensível na qual é necessário preservara cultura de conquícolas, razão pela qual todas as ETAR dispõemde desinfecção final.

A SIMARSUL tem vindo ainda a efectuar investimentos ao nívelda construção, ampliação e remodelação em subsistemas demenor dimensão já existentes e em funcionamento, que tambémdrenam para a bacia do Tejo e cujo investimento global totalizacerca de 34 milhões de euros.

Refira-se que a SIMTEJO e a SIMARSUL, em conjunto, asseguramainda acções de monitorização ambiental no estuário do Tejo,tendo em 2009 preparado uma candidatura conjunta das duasempresas com a ARH Tejo ao QREN - POR Lisboa - Acções deValorização e Qualificação Ambiental (ENVITEJO), num valorglobal de 1 milhão de euros e com 50% de comparticipação afundo perdido, que se encontra aprovada.

Outras empresas do Grupo AdP têm também subsistemas adrenar para a bacia do rio Tejo com investimentos significativos,designadamente a Águas do Zêzere e Côa (que tem previsto uminvestimento global de 29 milhões de euros em subsistemas quedrenam para a bacia do Tejo), a Águas do Centro (101 milhões deeuros), a Águas do Mondego (3 milhões de euros), a Simlis (14milhões de euros), a Águas do Oeste (34 milhões de euros) e aÁguas do Norte Alentejano (35 milhões de euros).

No total, os investimentos em infra-estruturas de saneamento dasempresas referidas superam 1,4 mil milhões de euros, dos quais917 milhões de euros correspondem a subsistemas de saneamentoque drenam para a bacia do Tejo e para a orla costeira. No quediz respeito ao tratamento das águas residuais que drenam parao estuário do Tejo e orla costeira, os investimentos estarãoconcluídos em 2011.

Na gestão das pressões sobre as massas de água tem tambémespecial relevo a captação de água, pelo que refiro ainda oesforço levado a cabo pela EPAL no sentido da monitorizaçãoe gestão dos níveis de captação. A EPAL dispõe de duascaptações superficiais - na albufeira de Castelo do Bode, rioZêzere, e em Valada do Tejo, rio Tejo - das captaçõessubterrâneas de Alenquer, Lezíria e Ota entre outras, e de umacaptação de nascente, os Olhos d'Água do rio Alviela, sendoque os níveis de captação se têm mantido na média, nãoafectando as fontes hídricas.

Como se pode verificar, é um volume de investimento muitoimportante, este que está sendo desenvolvido pelo Estado, emparceria com as autarquias da região, tendo em vista a despoluiçãoe a requalificação das massas de água da bacia do Tejo. A suaconclusão será determinante para que as obrigações do Estadoportuguês no âmbito da DQA sejam cumpridas, como estamosconvencidos que o serão.

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Introdução

Os serviços de águas, entendidos como o abastecimento de água paraconsumo humano e o saneamento de águas residuais urbanas, sãoconsiderados de interesse geral, essenciais ao bem-estar dos cidadãos,à saúde pública, às actividades económicas e à protecção do ambiente.Por esse facto devem obedecer a um conjunto de princípios de ondese destacam a universalidade de acesso, a continuidade e a qualidadede serviço, a eficiência e a equidade de preços.

São serviços fortemente dependentes dos recursos hídricos, poisestes constituem a matéria-prima de base para a produção de águapotável e são também, na maioria das situações, o destino final daságuas residuais urbanas, tratadas ou não. Entre os serviços de águase os recursos hídricos existe portanto forte interacção, materializadaessencialmente através de dois pontos de fronteira, a captação deágua (Figura 1) e a rejeição de águas residuais (Figura 2).

A necessidade de articulação institucional

Na perspectiva institucional, os recursos hídricos são geridos peloINAG e pelas cinco Administrações das Regiões Hidrográficas (ARH).O INAG é a autoridade nacional da água, responsável pelodesenvolvimento e aplicação das políticas nacionais no domínio dosrecursos hídricos e pela coordenação geral da gestão dos recursoshídricos, com vista a garantir designadamente a sua protecção, o seuordenamento e o seu planeamento. As ARH são responsáveis pelagestão dos recursos hídricos a um nível descentralizado, por bacia

hidrográfica, com responsabilidades nomeadamente no planeamento,gestão, recolha de informação, verificação do cumprimento da legislaçãoe atribuição de títulos de utilização do domínio hídrico.

Em contrapartida, os serviços de águas - abastecimento de água paraconsumo humano e saneamento de águas residuais urbanas - sãoregulados pela ERSAR, abrangendo as entidades titulares dos serviçose as entidades gestoras de sistemas de titularidade estatal e municipal.Até agora, a intervenção da ERSAR cobria apenas o universo dasentidades concessionárias, mas vai passar a regular todo o universo deentidades prestadoras dos serviços de águas, face aos recentes Decretos--Lei n.º 194/2009, de 20 de Agosto, e n.º 277/2009, de 2 de Outubro,independentemente de o modelo de gestão ser a prestação directa doserviço, a delegação do serviço ou a concessão do serviço a privados.

É, portanto, indispensável uma boa articulação institucional entre asentidades responsáveis pela gestão dos recursos hídricos (INAG eARH) e o regulador dos serviços de águas (ERSAR), o que pressupõeuma clara identificação dos pontos de fronteira entre as actividadesdessas entidades, bem como a articulação no desenvolvimento deinstrumentos estruturantes, na interpretação de legislação,regulamentos e contratos e ainda na gestão de informação. Vamosentão analisar cada um destes aspectos em maior detalhe.

A clarificação dos pontos de fronteiraA necessidade de uma clara identificação dos pontos de fronteira énaturalmente essencial e parece ser a questão mais fácil de todas aselencadas.

OPINIÃO

A DESEJÁVEL E NECESSÁRIAARTICULAÇÃO ENTRE A GESTÃO DOS RECURSOSHÍDRICOS E A REGULAÇÃO DE SERVIÇOS DE ÁGUAS

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>>> Figura 2Descarga de águas residuais, exemplo de ponto de fronteira entre os recursoshídricos e os serviços de águas

Jaime Melo Baptista, Fernanda Maçãs, Carlos Pereira*

>>> Figura 1Torre de captação de água, exemplo de ponto de fronteira entre os recursos hídricose os serviços de águas

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As intervenções do INAG e das ARH centram-se nos recursos hídricose fazem a interface com os serviços de águas como fazem comoutros utilizadores da água, como por exemplo a agricultura, aindústria, a produção de energia, os transportes, o turismo e o lazer.Estas entidades estão mandatadas, numa perspectiva de gestãointegrada, para assegurar a gestão e monitorização dos recursoshídricos e decidir quem pode utilizar os recursos hídricos e quandoe como o pode fazer. Velam, assim, pela preservação dos nossosrecursos hídricos e asseguram a racionalidade da sua utilização.

Por outro lado, a intervenção da ERSAR é totalmente distinta,focalizando-se na regulação dos serviços de abastecimento e desaneamento de águas, envolvendo prestadores e consumidores,preocupando-se com a sustentabilidade dos serviços numa perspectivaintegrada e num contexto de eficácia e eficiência. Regula, portanto,apenas um dos vários sectores utilizadores da água.

Estão assim juridicamente claras as fronteiras das diferentes intervenções,materializadas essencialmente através de dois pontos de fronteira, acaptação de água e a rejeição de águas residuais, actividades sujeitasao licenciamento pelas respectivas ARH (Figura 3).

A articulação no desenvolvimentode instrumentos estruturantes

Os instrumentos mais estruturantes que tenham a ver com osaspectos de fronteira, como estabelecimento de políticas, aprovaçãode legislação ou mesmo definição de determinados procedimentos,devem ser desejavelmente objecto de análise conjunta pelasdiferentes entidades antes da sua aprovação, de modo a ser obtidoo equilíbrio óptimo entre as distintas perspectivas.

A título de exemplo, a elaboração ou revisão da legislação ambientalcarece não só de uma adequada avaliação da sua eficácia ambientalmas também de uma avaliação do impacto económico sobre osector dos serviços de águas, os agentes visados e, em últimainstância, os consumidores através de estudos de custo-benefício.

Será portanto de toda a conveniência a consulta prévia entre as partes,sempre que esteja em causa o estabelecimento de políticas, a aprovaçãode legislação ou mesmo determinados procedimentos em áreas deinterface dos recursos hídricos com os serviços de águas.

A articulação na interpretação delegislação, regulamentos e contratos

Ninguém pode compreender que a administração tenhainterpretações distintas sobre o mesmo assunto, a nível de legislação,regulamentos e contratos. Por essa razão, interessa identificar osaspectos de fronteira, associados essencialmente aos pontos decaptação e de rejeição nos recursos hídricos, de modo a asseguraruniformidade quer na interpretação levada a efeito pelas diversasentidades, quer na aplicação dos instrumentos normativos.

Um bom exemplo é o trabalho em curso entre a ERSAR e as cincoARH de interpretação comum de diversos aspectos para consolidara articulação da gestão dos recursos hídricos e da regulação dosserviços de águas, com a aprovação de um texto com a clarificaçãoe interpretação comum de cada aspecto identificado. Neste âmbitotêm vindo a ser clarificados aspectos relativos à utilização do domíniohídrico pelas entidades prestadoras dos serviços de águas, às licençasde captações particulares no caso de disponibilidade de sistemaspúblicos de água, à dessalinização de água do mar, às descargas deáguas residuais e à produção e utilização de águas residuais tratadas.

Será, portanto, de toda a conveniência manter actualizado esteesforço de articulação, por exemplo, através de reuniões periódicasentre as partes.

A articulação na gestão de informação

Nesta área, há por um lado necessidade de evitar a sobreposiçãode pedidos de informação pelas diferentes entidades às entidadesgestoras e, por outro, a necessidade de assegurar o acesso mútuoaos sistemas de informação.

Efectivamente, a administração não deve recolher a mesmainformação ou informação similar através de entidades distintas,em momentos distintos e com procedimentos distintos. Temosque caminhar para uma clarificação destes procedimentos, noquadro legal e na perspectiva da racionalidade.

De acordo com o Decreto-Lei n.º 135/2007, de 27 de Abril, é atribuiçãodo INAG “Inventariar e manter o registo do domínio público hídricoe instituir e manter actualizados os sistemas de informação e degestão de recursos hídricos, e promover a sua delimitação”. Deacordo com as respectivas Portarias de constituição, é atribuiçãodas ARH “Promover a comunicação e assegurar a divulgação dainformação para garantir o conhecimento dos recursos hídricos anível das bacias hidrográficas e das Regiões Hidrográficas”.

De acordo com o Decreto-Lei n.º 277/2009, de 2 de Outubro (artigo5.º, ponto 2, alínea m), é atribuição da ERSAR “Coordenar e realizara recolha e a divulgação da informação relativa ao sector dos

OPINIÃO

>>> Figura 3Interacção entre os recursos hídricos e os serviços de águas

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OPINIÃO

Fernanda Maçãs

Vogal do Conselho directivo da ERSAR. Licenciada

em Direito (Faculdade de Direito da Universidade

de Coimbra, 1985) e Mestre em Direito (Faculdade

de Direito da Universidade de Coimbra, 1996). Pós-

-graduada em Direito dos Contratos Públicos

(Universidade Católica de Lisboa, 2008). Técnica

Consultora do Banco de Portugal.

Jaime Melo Baptista

Presidente da Entidade Reguladora dos Serviços

de Águas e Resíduos (ERSAR). Licenciado em

Engenharia Civil (Universidade do Porto, 1975)

e Especializado em Engenharia Sanitária

(Universidade Nova de Lisboa, 1977). Investigador-

-Coordenador do LNEC.

Carlos Pereira

Vogal do Conselho directivo da ERSAR. Licenciado

em Organização e Gestão de Empresas (Instituto

Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa,

1988) e Pós-graduado em Finanças e Gestão do

Sector Público (Faculdade de Direito de Lisboa,

2006). Quadro Superior da Direcção-Geral do

Tesouro e Finanças.

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serviços de abastecimento público de água, de saneamento deáguas residuais urbanas e de gestão de resíduos urbanos e àsrespectivas entidades gestoras”.

Parece, assim, claro que a recolha e divulgação da informaçãorelativa aos recursos hídricos cabe ao INAG e às ARH e a recolha

e divulgação da informação relativa ao sector dos serviços deáguas cabe à ERSAR. Um segundo aspecto é a necessidade deacesso fácil e imediato à informação de que dispõe cada uma dasentidades. Basta para isso encontrar as soluções de gestão deinformação que se mostrem mais adequadas, no quadro dasresponsabilidades de cada entidade.

Conclusão

Os serviços de águas são fortemente dependentes dos recursos hídricos, essencialmente com dois pontos de fronteira, a captaçãode água e a rejeição de águas residuais, havendo institucionalmente uma intervenção do INAG e das ARH sobre os recursos hídricose da ERSAR sobre os serviços de águas. É indispensável assegurar uma adequada articulação institucional, que pressupõe umaclara identificação dos pontos de fronteira entre as actividades dessas entidades, bem como a articulação no desenvolvimentode instrumentos estruturantes, na interpretação de legislação, regulamentos e contratos e na gestão de informação. Há que referirque essa articulação está efectivamente a funcionar na maioria dos aspectos. Concentremo-nos então no que ainda falta articular,a bem de um serviço público eficaz e eficiente.

*

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09

ACTUALIDADE

A vegetação ribeirinha, desenvolvendo-sena zona ripária, desempenha um papelfundamental na interacção entre sistemasaquáticos e terrestres, da maior importâncianos rios de menor dimensão. A vegetaçãodesta zona regula a temperatura da água atravésdo controle da luminosidade e garante oensombramento do leito, fundamental para asespécies aquáticas, nomeadamente para ospeixes, fornecendo ainda abrigo para asespécies animais terrestres. Por outro lado,permite diminuir a velocidade da água emsituação de cheia, contribuindo para a protecçãodas margens contra a erosão, desempenhandoainda um papel importante ao nível do controlodos nutrientes provenientes da agricultura,através da sua filtragem, remoção e adsorção,e também na retenção de sedimentos arrastadospelas águas de escorrência quando daocorrência de chuvas. Não menos importante,a vegetação ribeirinha constitui um factor deriqueza e diversidade paisagística e valorizaçãocénica da paisagem.

A publicação da Directiva Quadro da Água(DQA), introduziu o conceito de estadoecológico, alterando o modo como a água éconsiderada no planeamento e gestão e dosrecursos hídricos, sendo não só um recursodestinado a vários usos e actividadesantrópicas, mas também o suporte dosecossistemas aquáticos e ribeirinhos.

O estado ecológico é a expressão da qualidadeestrutural e funcional dos ecossistemas aquáticosassociados às águas de superfície e é classificada,para a categoria rios, tendo em conta os seguinteselementos de qualidade: os elementos biológicos(flora aquática, macro invertebrados bentónicose fauna piscícola) e os elementos químicos efísico-químicos e elementos hidromorfológicosde suporte dos elementos biológicos. Oselementos hidromorfológicos incluem a estruturada zona ripícola como uma das condiçõesmorfológicas a considerar na avaliação do estadoecológico, sendo as restantes a variação daprofundidade e largura do rio, a estrutura esubstrato do leito, considerando também o regimehidrológico e a continuidade da linha da água.

A DQA estabelece que os Estados-membrosprotegerão, melhorarão e recuperarão todas

as massas de águas de superfície com oobjectivo de alcançar um bom estado daságuas de superfície, estado ecológico e estadoquímico, em 15 anos, o mais tardar, a partir daentrada em vigor da Directiva, em 2000.

Neste contexto, a Lei da Água define anecessidade de implementar medidas deconservação e reabilitação da rede hidrográficae zonas ribeirinhas que incluem:a) limpeza e desobstrução das linhas de água;b) reabilitação de linhas de água degradadase das zonas ribeirinhas;c) prevenção e protecção contra os efeitos daerosão de origem hídrica.

A responsabilidade de implementação destasmedidas é partilhada entre:a) municípios, nos aglomerados urbanos;b) proprietários, nas frentes particulares forados aglomerados urbanos;c) organismos dotados de competência, própriaou delegada, para a gestão dos recursoshídricos na área, nos demais casos.

A limpeza e desobstrução das linhas de águaconsiste em trabalhos de manutenção quevisam manter a função hidráulica, garantido ascondições de escoamento da água esedimentos (cascalho, areias, lamas, etc.) emsituações normais e extremas, minimizandoas situações de risco para pessoas e bensem particular em situações de cheia. Estasintervenções devem também garantir asrestantes funções da linha de água, comosejam as funções biofísicas, paisagística eeconómica, contribuindo para a garantia dobom estado ecológico da massa de águaonde se insere o troço a intervencionar.

As acções a realizar efectuar-se-ão no leito emargens, tal como são definidos na lei queestabelece a Titularidade dos RecursosHídricos, em que o leito corresponde ao terrenocoberto pelas águas em condições de cheiasmédias e a margem à faixa de terreno contíguaou sobranceira à linha de água que limita oleito das águas com largura legalmenteestabelecida, sendo que em linhas de águanão navegáveis nem flutuáveis (incluindo linhasde água que secam temporariamente) amargem tem a largura de 10 metros.

Estas acções incluem a remoção de vegetaçãoinvasora das margens (nomeadamente Arundodonax - canas, Rubus, sp. - silvas) e do leito,de árvores caídas, de resíduos e de sedimentosque assoreiam o leito, a realização de cortese podas de formação que garantam oensombramento do rio, assim como aestabilização das margens e saneamentode rombos recorrendo, sempre que possível,a técnicas de engenharia biofísica. Asintervenções devem preservar as árvores earbustos não infestantes das margens, avegetação herbácea dos taludes, assimcomo a estrutura radicular da vegetaçãoarbustiva e herbácea da margens, a fim dediminuir os riscos de erosão dos taludes e,consequentemente, o assoreamento das linhasde água.

A concretização destas acções está sujeita aum conjunto de condicionantes no sentido depromover e preservar os valores ecológicostais como o seu acompanhamento por técnicosespecializados, a sua realização entre Agostoe Outubro, fora do período de reprodução dasespécies, nomeadamente das espéciespiscícolas, e antes da ocorrência das primeiraschuvas, de montante para jusante, apenasnuma margem de cada vez, de forma céleree silenciosa, recorrendo preferencialmente amétodos manuais e utilizando meios mecânicossó quando se verificar grande acumulação desedimentos e vegetação no leito, preservandoa geometria da secção e não linearizando alinha de água. Estas acções devem serrealizadas entre cada dois ou três anos dadoque permitem intervenções mais ligeiras, demenor impacte sobre os ecossistemas.

A limpeza e a desobstrução das linhas de águasão uma obrigação de todos, sendo um dosobjectivos da ARH do Tejo que as intervençõesa realizar nas linhas de água permitam manteras condições de escoamento e o equilíbrio ea sustentabilidade dos ecossistemas aquáticose ribeirinhos, garantindo a segurança e aqualidade de vida das populações.

Assim, é nosso objectivo perpetuar e potenciara riqueza dos nossos sistemas fluviais para asgerações vindouras, assegurando rios vivos evividos.

>>>Corte de Vegetação arbórea

LIMPEZA E DESOBSTRUÇÃODE LINHAS DE ÁGUA

UMA OBRIGAÇÃO DE TODOS

>>> Pág. 1

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ENTREVISTA

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Professor no Departamento de Engenharia Civil e Planeamento Urbanodo Instituto Nacional para as Ciências Aplicadas (INSA) de Lyon, desde1997. Desenvolve o seu trabalho de investigação no Laboratório deEngenharia Civil e do Ambiente(LBCIE), onde desempenha as funçõesde Director-Adjunto da equipa que estuda as “Emissões e transportede poluentes urbanos e industriais”. Exerce ainda funções de Directordo grupo “Sistemas Urbanos da Água”, desde Julho de 2008. A suainvestigação desenvolve-se nas áreas da hidrologia e hidráulica urbana,especialmente em modelação hidráulica e de transporte de poluentesem sistemas de drenagem urbanos, monitorização e medição, análiseintegrada do ciclo urbano da água e infiltração/exfiltração nos sistemasde drenagem, em projectos nacionais e internacionais. No período de2002 a 2005 foi presidente do Sewer Systems and Processes WorkingGroup (SS&PWG), integrado no Joint Committee on Urban Drainage(JCUD) da IWA/IAHR. Em 2005 foi eleito presidente do JCUD por umperíodo de 3 anos. Desempenha ainda as funções de vice-presidentedo grupo francês de especialistas em “Hidrologia urbana” da FrenchHydrotechnical Society (SHF), parceiro francês da IAHR e do WetWeather Discharges da Scientific and Technical Association for Waterand Environment (ASTEE), o parceiro francês da IWA. Está envolvidona organização e/ou em comités científicos de numerosas conferênciasnacionais e internacionais. Para mais informações consultar o sitehttp://jlbkpro.free.fr.

*

GESTÃO DE ÁGUAS RESIDUAIS URBANASUM PROBLEMA COMPLEXO QUEEXIGE SOLUÇÕES PLANEADAS EPARTICIPADAS

Jean-Luc Bertrand-Krajewski*

Nas cidades mais desenvolvidas do ponto devista da gestão dos sistemas de drenagemurbanos de funcionamento unitário, misto oupseudo-separativo, as estratégias paraoptimizar o desempenho daqueles sistemascaminham no sentido da adopção de controloem tempo real. No entanto, as entidades gestorasdeparam-se com dificuldades nomeadamentepela falta de informação detalhada que permitacaracterizar os sistemas existentes. Na suaperspectiva, como é que se pode e deveestabelecer a ponte entre o passado e o futuro?

A implementação de controlo em temporeal em sistemas de drenagem urbanosrequer, necessariamente, uma transiçãoprogressiva e planeada, a ter lugar numperíodo de vários anos, para se evoluir deum modelo de operação tradicional, estático,

para um novo modelo dinâmico.A transição exige elevados investimentosem informação e conhecimento nosseguintes aspectos:i) as infra-estruturas que compõem o sistema

de saneamento (nomeadamente emsistema de informação geográficaactualizado e verificado, o conhecimentoda localização das diversas componentese do estado das infra-estruturas);

ii) o comportamento do sistema de drenagem(monitorização contínua e on-line deeventos de precipitação, com udómetrose radares metorológicos, alturas deágua e localização de descargas (e.g.localização dos pontos de descarga desistemas unitários, localização deETAR), da qualidade da água no sistemae também nos meios receptores. Os

investigadores, de há uns anos a estaparte, têm vindo a demonstrar que ocontrolo baseado na qualidade da águapode, em muitos casos, conduzir amaiores benefícios ambientais do que ocontrolo baseado apenas na quantidade(alturas de água, caudais e volumes).Contudo, os casos reais de aplicação nãosão, ainda, frequentes.

Estes novos sistemas de informação, paraapoio ao controlo em tempo real, não podemser construídos e postos em funcionamentode um dia para o outro. Eu recomendariaque se iniciasse a aplicação a uma árealimitada e se aprendesse com a experiência,antes de alargar o domínio de aplicação dossistemas de informação e de monitorizaçãoà totalidade dos sistemas de drenagem.Os aspectos atrás mencionados têm vindo

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ENTREVISTAa ser referidos desde há 20-25 anos. Contudo,outro aspecto importante para o sucesso datransição para o controlo em tempo real,relaciona-se com os recursos humanos e aqualificação. Os operadores tradicionais dossistemas de drenagem executam, sobretudo,a limpeza das infra-estruturas, a remoçãodos sedimentos, a manutenção dos sistemaselevatórios. No futuro, deverão ser treinadosformados e recrutados quadros comcompetência em sensores, activadores,electrónica, regulação, etc. Esta é umaquestão chave para assegurar a transiçãoadequada do passado para o futuro, devendoser planeadas medidas específicas nessesentido.

Para além do controlo em tempo real, queoutro tipo de abordagens poderão seguir asentidades gestoras com vista a melhorar odesempenho dos sistemas, tendo em vista aredução dos riscos de inundação e dedescargas directas para os meios receptores?

A resposta a esta questão depende, em largamedida, do contexto local, das pressõespara a mudança e dos agentes interessados.A ideia geral consiste em analisar todas asfontes de riscos e de falhas e as suasconsequências. Globalmente, devem seraplicadas todas as possibilidades dereduzir o grau de impermeabilização, diminuiras descargas e limitar a transferência depoluentes por arrastamento: intercepção erecolha da água da chuva, controlo na origem,desde telhados com vegetação, a montante,ao armazenamento e retenção ou infiltração,a jusante. Erradicar as afluências pluviais nossistemas de drenagem unitários e mistosconstitui, em regra, uma solução possíveldesde a pequena escala (casas individuais)à escala da bacia ou da cidade. É tambémimportante diminuir a vulnerabilidade da infra--estrutura urbana, através de uma concepçãodo sistema mais resiliente.Aqui, mais uma vez, a transição é a palavra--chave, especialmente nas cidadesexistentes. Modificar a infra-estrutura emudar/adaptar a gestão do ciclo urbanoda água pode levar décadas.É absolutamente necessária uma abordagemmultidisciplinar. Não creio que os gestoresdos sistemas de saneamento consigamresolver o problema se estiverem isolados,como “especialistas da água”. A soluçãotem de ser concebida, debatida e implantadaem estreita colaboração com os responsáveispelo planeamento das cidades, arquitectos,paisagistas, associações e outros serviçosmunicipais responsáveis pelas vias de

comunicação, gestão de resíduos, parquese jardins.

Relacionado com a necessidade da adopção deuma abordagem multidisciplinar, o que pensados Planos Gerais de Drenagem? Pode partilhara sua experiência sobre a implementação destesplanos noutras cidades e a sua perspectiva sobreos efeitos positivos que a implementação doPlano Geral de Drenagem de Lisboa poderátrazer à cidade?

Um Plano Geral de Drenagem pode constituiruma excelente oportunidade para iniciar e/oudesenvolver uma análise multidisciplinar ede encontro de parceiros para a gestão dossistemas de drenagem urbanos. No passado,os Planos Gerais de Drenagem eramdesenvolvidos por especialistas (técnicos eengenheiros) nos estádios finais quer deprocessos de planeamento territorial, querde tomada de decisão. No momento actuale tanto quanto possível, os especialistasenvolvidos na temática do ciclo urbano daágua deverão ser integrados mais cedo nosprocessos de decisão relativos a novasurbanizações ou reabilitações urbanas, demodo a que se crie uma colaboração estreitacom todos os outros técnicos incluindo osde vias de comunicação, de edifícios, depaisagismo, de áreas verdes, de gestão deresíduos e de energia. Por exemplo, podemser concebidos e dimensionados novosedifícios, vias de comunicação e áreas verdesde maneira diferente se forem tidas emconsideração questões relativas ao ciclourbano da água. As análises multidisciplinarescontribuem, igualmente, para a criação eidentificação de novas abordagens esoluções. Esta reflexão é mais necessáriado que nunca, quando são consideradas asmudanças no contexto da sustentabilidadee das alterações climáticas.Para além da cooperação técnicamencionada anteriormente, um Plano Geralde Drenagem oferece igualmente umaoportunidade para uma maior comunicaçãocom os cidadãos, associações eresponsáveis do ciclo urbano da água. Porexemplo, quanto mais alargada for aimplementação de soluções de controlo naorigem, mais comunicação e formação sãonecessárias para explicar aos habitantese utilizadores porque é que estas infra--estruturas estão a ser construídas, comomantê-las e usá-las, quais são asresponsabilidades e hábitos que terãoque se alterar, etc.. Em Lyon, França, oDepartamento da Água publicou noseu site um guia para os habitantes

(www.grandlyon.com/Gestion-des-eaux--pluviales.3559.0.html) que contémexplicações sobre os objectivos da gestãodo sistema de drenagem em Lyon, sobrecomo planear e adaptar as suas casase hábitos a este plano, com indicaçõesrelativas ao dimensionamento, manutençãoe custos. Está também disponível umconjunto mais detalhado de indicações nosite, para profissionais. Uma vez que a gestãodo ciclo urbano da água é reservadaestritamente aos decisores, os habitantes eutilizadores devem ser cada vez maisenvolvidos e responsabilizados. Não só érequerida maior comunicação, como tambémcoordenação e participação pública. Aexistência de um Plano Geral de Drenagempode ajudar a lançar este tipo de iniciativase concretizar estas novas abordagens.

Fale-nos um pouco do que conhece dasestratégias de operação e gestão seguidasem cidades servidas por sistemas dedrenagem unitários e refira, sucintamente,as medidas adoptadas que considera quemelhor beneficiam a operação e manutençãodesses sistemas.

Há cada vez mais exemplos de cidades ondetêm sido testadas e implementadas novasabordagens para a gestão do ciclo urbano daágua, mais sustentáveis, mais integradas emultidisciplinares, sobretudo na Europa,América do Norte, Ásia e Austrália. Estãodocumentadas muitas ideias e exemplos,e.g. em publicações das conferênciasNovatech, organizadas trianualmente emLyon, França (http://www.graie.org/novatech/),no programa da IWA “Cidades do Futuro”(http://www.iwahq.org/Home/Themes/Cities_of_the_Future/), etc.Por exemplo, em Lyon, a gestão das águaspluviais tem vindo a ser alterada ao longo dosúltimos 25-30 anos, para ter em conta osproblemas e constrangimentos locais. Nazona plana da cidade, a Este, não existempraticamente cursos de água superficiais.As águas pluviais infiltram-se no solo, comespecial preocupação com o aquíferosubjacente, que tem de ser protegido. Nasáreas urbanizadas mais recentemente nãosão permitidos colectores de águas pluviais:é imperioso o controlo na origem. As soluçõessão projectadas conjuntamente comarquitectos e paisagistas, incluindo lagoassecas e húmidas que, frequentemente,constituem instalações multi-usos (parques,jardins, campos de desportos, etc.). Estassoluções também podem ser implementadasem zonas antigas da cidade, aproveitando as

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ENTREVISTA

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oportunidades oferecidas pelos planos derenovação urbana. Na zona alta da cidade,a Oeste, equipada com sistemas desaneamento unitários, as questões chavesão as inundações devidas à ocorrência deprecipitações e a qualidade da água depequenos rios que recebem descargas dossistemas unitários. A longo prazo, é encaradoo controlo em tempo real desses sistemas.

No que respeita à modelação dos sistemas desaneamento e não obstante do ponto de vistahidráulico os modelos estarem já bastanteconsolidados, a componente da modelação daqualidade da água encontra-se numa fasemenos avançada. Que benefícios trará para agestão dos sistemas de drenagem e tratamentoa introdução da modelação da qualidade?

A modelação da qualidade da água está numestado menos avançado do que a modelaçãohidráulica por muitas razões:i) a utilização e aplicação dos modelos é

mais complexa;ii) a calibração é necessária, mas mais

complexa do que a que se requer paraos modelos hidráulicos e exigem-se dadosque são mais difíceis de obter (sãonecessárias recolhas de amostras,análises laboratoriais, que envolvemcustos significativos com pessoal eequipamentos);

iii) em muitos países, a modelação daqualidade da água não é requerida pelalegislação ou pelas autoridades daágua e, consequentemente, encontra-semenos desenvolvida;

iv) existe menos consenso entre investigadorese especialistas relativamente à credibilidadede modelos de qualidade da água, do queem relação aos modelos hidráulicos.

No entanto, a modelação da qualidade daágua tem muito interesse quando está emcausa a emissão de poluentes. Pode ajudar a:i) estimar melhor o comportamento do

sistema de saneamento (e.g. a quantidadede poluentes transportados para os meiosreceptores através das descargas desistemas unitários);

ii) comparar cenários e estratégias para osinvestimentos (e.g. comparar diferenteslocais para implantar as infra-estruturas detratamento ou diferentes opções detratamento);

iii) definir/ajustar estratégias de controlo emtempo real.

Na minha opinião, a modelação daqualidade da água deve ser implementadaconjuntamente com a monitorização daqualidade da água. De um ponto de vista

operacional, recomendaria desenvolver eimplementar primeiro as medições deparâmetros de qualidade da água,especialmente a monitorização contínuacom sensores on-line. Este esforço demonitorização trará muitos benefícios: ummelhor conhecimento do sistema e dastransferências e emissões de poluentes eo desenvolvimento de uma base de dadosque será, mais tarde, muito útil para odesenvolvimento, calibração e validaçãode modelos. De facto, a monitorização e amodelação devem ser consideradas emconjunto; por um lado, a monitorizaçãofacilitará a modelação ao disponibilizarinformação representativa ao nível local e,por outro, a modelação completará ainformação da monitorização (e.g. estimativade cargas de poluentes em pontos onde nãoforam efectuadas medições, extrapolaçãopara escalas de tempo mais alargadas)e permitirá sugerir novas secções demonitorização (ou novas questões relativasà monitorização).Como exemplo, em Lyon, em estreitacolaboração com o Greater Lyon SewerDepartement medimos continuamenteprecipitação, caudal, condutividade eturvação com intervalos de 2 minutos, emduas bacias (uma dispondo de sistemaunitário e outra de sistema separativo), desde2005. A partir da turvação estimamos asconcentrações de sólidos suspensos totaise a carência química de oxigénio commétodos de regressão específicos. Temosuma base de dados com mais de 250 eventosde precipitação medidos em cada bacia dedrenagem, cobrindo uma grande variedadede situações e contextos. Esta base de dadosé agora utilizada para desenvolver e avaliarmodelos de qualidade da água.

Considera relevante que passem aconsiderar-se os impactes decorrentes dasalterações climáticas na gestão dos sistemasde infra-estruturas urbanas?

As alterações climáticas tornaram-se numaquestão-chave para os sistemas urbanosda água, desde há uns anos a esta parte.Muitos grupos de investigadores e deoperadores desencadearam iniciativas eacções para acautelar os impactos dasalterações climáticas, tanto no âmbito dodimensionamento como da operação dossistemas. Como as consequências dasalterações climáticas ainda não estãodefinidas com precisão a nível local (i.e. àescala da cidade) e/ou são afectadas porgrandes incertezas, exploram-se possíveis

tendências ou cenários. Nalguns paísesestabelecem-se novos critérios de projecto,para terem em conta a ocorrência deprecipitações mais intensas, apontandopara infra-estruturas de maiores dimensões.Noutros países, as preocupações com aprevisível subida do nível do mar assumemmaior prioridade e são utilizadas outrasabordagens. Períodos secos mais longos equentes também podem ser considerados,com consequências nos processos biológicosnos sistemas de drenagem.Resiliência, adaptabilidade, reversibilidade,flexibilidade são novas palavras-chave:estes conceitos ajudam a repensar aconcepção e projecto das futuras infra--estruturas urbanas da água, com novoscritérios, objectivos e técnicas. No entanto,antes que estes novos conceitos estejamcompletamente desenvolv idos eimplementados, existe um largo potencialpara a melhoria da operação e adaptaçãodos sistemas existentes.Esta abordagem está a ser investigadano projecto Europeu de investigaçãoFP7 PREPARED (www.prepared-fp7.eu/).Durante o período 2010-2014, o PREPAREDenvolverá algumas empresas de serviçospúblicos urbanos da Europa, e de fora daEuropa, para o desenvolvimento deestratégias avançadas que permitamantecipar desafios nos sectores doabastecimento público e do saneamentode águas residuais, decorrentes dasalterações cl imáticas. O projectoproporcionará um enquadramento queliga uma investigação mais abrangente,com programas de desenvolvimento emcurso nesses serviços públicos. Osresultados do projecto serão usados comocontribuição para os programas deplaneamento e reabilitação das cidadesparticipantes. A partir daí, a experiênciaganha pelos serviços públicos serápartilhada com outros “actores” do sectorda água na Europa. O objectivo últimosão os programas de investimento ereabil itação para os sistemas deabastecimento de água e de saneamento(incluindo águas pluviais), com base empreocupações ambientais. As cidades eserviços públicos envolvidos deverão ficarmelhor preparados para fazer face aosimpactes das alterações climáticas, no curtoe no longo-prazo.As cidades de Lyon e de Lisboa são parceirasdo projecto, cada uma com o seu contextoespecífico, experiência e problemasrelacionados com alterações climáticas. Apartilha de experiências e de conhecimentoconstituirá um valioso benefício do projecto.

“Sessão de Debate - Património

do Tejo” Auditório da Sociedade de

Geografia de Lisboa 24 de Setembro de 2010

9:30 horas

N

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NOTÍCIAS

SESSÃO DE DEBATEPATRIMÓNIO DO TEJO

24 de Setembro de 2010Auditório da Sociedade de Geografia de Lisboa

SESSÃODE DEBATEPATRIMÓNIODO TEJO

O Presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa e

o Presidente da ARH do Tejo, I.P. têm o prazer de

convidar V. Exa. para a “Sessão de Debate - Património“Sessão de Debate - Património

do Tejo”, a realizar no Auditório da Sociedade deAuditório da Sociedade de

Geografia de Lisboa, dia 24 de Setembro de 201024 de Setembro de 2010, às

9:30 horas, conforme programa.

Nota: Inscrições gratuitas. Número de inscrições limitado aos lugares disponíveis.RSSF pelo endereço electrónico: [email protected] através do telefone 211 554 852

09:45

10:15

10:45

11:1511:30

12:00

12:3013:0015:00

15:30

16:00

16:3016:45

17:15

17:45

18:00

Sessão de AberturaLuís Aires-Barros, Presidente da Sociedade de Geografia de LisboaManuel Lacerda, Presidente da ARH do Tejo, I.P.

09:30

Conferência de AberturaO rio Tejo. Olhar o passado com olhos do futuro.Margarida Cardoso da Silva, Laboratório Nacional de Engenharia Civil

O Tejo e a literatura.Francisco José Viegas, Escritor

Do fado à ópera com o Tejo ao fundo.Luís Ribeiro, Instituto Superior Técnico

IntervaloA agricultura no Tejo.Fernando Gomes da Silva, Associação de Regantes da Lezíria Grande

A pesca e a apanha no Tejo.Carlos Sousa Reis, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

DebateAlmoçoAldeias Avieiras - requalificação da aldeia da Palhota.Fernando Bouza da Costa, KTL - Arquitectura e Construção

Guerrilheiros do Tejo - uma história com seiscentos anos mais mil.Fernando Carvalho Rodrigues, NATO Science for Peace and Security (SPS)Programme - Human and Societal Dynamics Panel (HSD)

Sáveis e contentores. Ambiente e energia. NNavegar é preciso.António Carmona Rodrigues, Faculdade de Ciências e Tecnologia daUniversidade Nova de Lisboa, DHV

IntervaloTejo, turismo para todos.Carlos Cupeto, ARH do Tejo, I.P., Universidade de Évora

TurismoLuís Mota Figueira, Instituto Politécnico de Tomar

Debate

Sessão de Encerramento

PROGRAMA

PROTOCOLO DE COLABORAÇÃOENTRE A ARH DO TEJO E A ATISO

(Associação Nacional de Técnicos e Industriais de Sondagens)

Os recursos hídricos subterrâneos constituem uma das principais origensde água para o abastecimento público, a rega e a actividade industrial naárea de jurisdição da ARH do Tejo. Como tal, são muitas as pressõessobre estes recursos o que torna fundamental a sua preservação eprotecção.Uma forma de os proteger é a utilização de técnicas adequadas naexecução de sondagens para pesquisa e captação de água subterrânea,dado que uma captação mal construída constitui uma potencial fonte decontaminação.Estas sondagens são também uma fonte preciosa de conhecimento, namedida em que fornecem dados que permitem caracterizar com maisdetalhe os sistemas aquíferos.Assim, a necessidade urgente de zelar pelo cumprimento das normaslegais para o desenvolvimento da actividade de pesquisa e captação deágua subterrânea, no sentido de garantir a preservação dos aquíferos eda qualidade da água subterrânea, levou à celebração deste protocoloque visa a colaboração entre as duas entidades relativamente à regulaçãoda pesquisa e captação de água subterrânea.No âmbito deste protocolo, a ARH do Tejo apoia a formação dos técnicosassociados da ATISO e faculta o acesso à informação existente sobreos títulos de utilização para captação de águas subterrâneas. A ATISOcompromete-se a envidar todos os esforços junto dos seus associadospara que a execução de obras de pesquisa e captação de águassubterrâneas apenas seja efectuada em cumprimento dos requisitos legaisem vigor e de acordo com as especificações técnicas definidas pela ARHdo Tejo.

ARH DO TEJO PUBLICA EDITAL SOBRELIMPEZA E DESOBSTRUÇÃO DE LINHAS

DE ÁGUA - Sessões de esclarecimento emBenavente e em Vila Nova da Barquinha,

dias 21 e 22 de Setembro, às 19h

A ARH do Tejo tornou público um edital no qual se determina que osproprietários ou possuidores de parcelas de leitos e margens confinantescom cursos de água, deverão proceder à limpeza e desobstrução daslinhas de água de drenagem natural dessas parcelas,devendo os trabalhosser efectuados, preferencialmente, entre 15 de Julho e 30 de Setembrode 2010.O edital determina que as referidas acções deverão ser comunicadas àARH do Tejo, onde deverá constar a identificação do requerente; alocalização da pretensão e descrição da situação em que se encontra alinha de água; a descrição dos trabalhos a efectuar, forma técnica e meiosa utilizar; e o local proposto para a deposição dos materiais a extrair.Neste edital são feitas recomendações muito precisas para a limpeza ea desobstrução dos cursos de água.

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MUNICÍPIOS

REQUALIFICAÇÃO URBANADA FRENTE RIBEIRINHA

Em termos de envolvente próxima, o açude éconfinante com um projecto de integraçãopaisagística que surgiu na sequência daexecução da remodelação e ampliação dodique de protecção e do emissário e interceptorde cintura, sistema elevatório e ETAR da vilade Coruche, projecto este já concluído.A frente urbana da vila de Coruche foi sujeita aum tratamento cuidado com o objectivo derestabelecer e tirar partido da situação de interfaceconstruído/plano de água existente. Assim, opasseio marginal foi intercalado por váriasestruturas que permitiram a valorização da frenteribeirinha, com implantação de uma pista pedonalciclável numa extensão de 2 100 m. As estruturasexistentes nesta área assentam em trêselementos base: pérgolas com conversadeiras,plataformas de acesso e estadia e oatravessamento sob o viaduto rodoviárioprincipal (ponte Teófilo da Trindade). Para alémdeste projecto de integração, prevê-se aindaa recuperação paisagística da margemesquerda do rio Sorraia. No que se refere aesta intervenção, o objectivo principal é orepovoamento com espécies ribeirinhasautóctones, tais como: Salgueiro-branco,Salgueiro-preto, Freixo, Ulmeiro, Choupo--branco, Choupo-negro e Amieiro.

Se existe lugar que inspira vibraçõespositivas e vontade de usufruir o que acultura portuguesa tem de melhor,Coruche tem com certeza o privilégiode ser um desses lugares.

Situado no Ribatejo a apenas 78 km deLisboa, Coruche apresenta uma paisagemque se desdobra numa vasta lezíriafertilizada pelo rio Sorraia, afluente do rioTejo, onde cresce o melhor arroz dePortugal. O concelho abrange uma vastazona florestal constituída principalmentepor montado de sobro, do qual se extrai10% da cortiça nacional e ondediariamente são produzidos cinco milhõesde rolhas de cortiça para todo o mundo.

A salvaguarda do ambiente e asustentabilidade ecológica dos recursosnaturais são matérias fundamentais parao desenvolvimento futuro de Coruche, porum lado, pela riqueza de ecossistemasexistentes e, por outro, porque sãoestes recursos que constituem a baseeconómica do concelho. A atractividadedeste território é, em boa parte, marcadapela qualidade paisagística, pela riquezada fauna e flora naturais, pela proximidadedos espaços naturais que servem deenquadramento aos aglomerados urbanose pelo estilo de vida saudável associadoà qualidade de vida do meio rural/florestal.É pois crucial para Coruche saber protegerestes valores naturais, tidos como factoresde desenvolvimento, promotores de umaactividade turística diferenciada e de umaatractividade residencial qualificada.

O desenvolvimento de Coruche passapor três eixos fundamentais assentes nocrescimento urbano, alicerçado noreforço da atractividade residencial, nofortalecimento da actividade económicado concelho e no incremento ediversificação do tecido empresarial, numarelação saudável e harmoniosa com osrecursos naturais e qualidade de vida quehoje caracterizam o território coruchense.

A melhoria da prestação dos serviços e dasredes de infra-estruturas é outra daspreocupações do Município, com vista àmodernização e ao acesso generalizadodas populações ao saneamento básico, àágua canalizada, à recolha de resíduos, àdistribuição de electricidade e iluminaçãopública. Inscrevem-se nesta operação, osprojectos que visam a salvaguarda ambientaldos recursos naturais do concelho comoo tratamento das águas residuais, a recolhaselectiva e tratamento diferenciado deresíduos urbanos e industriais.

A continuidade da temática de um modelovivencial assente na “tranquilidade” e na“aprazibilidade” concedidas por uma frenteribeirinha com uma singular relação como rio Sorraia, enquanto característicasdistintivas de Coruche face a outrosterritórios de proximidade, exige que ospeculiares contornos de ruralidade queconferem ao território coruchense traçosidentitários sejam avolumados com traçossubtis, porém consistentes e notórios, demodernidade residencial, de agitaçãocultural e iniciativa económico-empresarial.

Quer a requalificação da frente ribeirinha,quer a construção do açude/ponte no rioSorraia pretendem, de um modo geral,dotar todo o espaço a intervir e a frenteurbana em particular, de condições físicase ambientais que se tornem atractivas paraos diferentes utentes, apostando numa forteligação ao rio Sorraia onde a eliminação debarreiras arquitectónicas e a criação decorredores que privilegiem a mobilidade doscidadãos seja uma constante. Pretende-sepromover um concelho onde todos se sintambem, na perspectiva do desenvolvimentointegral gerador de uma qualidade de vidade excelência para toda a populaçãocoruchense e para todos aqueles que nosvisitam.

Dionísio MendesPresidente da Câmara Municipal de Coruche

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SISTEMA DE VALORIZAÇÃODAS ÁGUAS DE LAVAGEMDOS FILTROS DAS PISCINASMUNICIPAIS DE CORUCHEPARA REGA DE ESPAÇOSPÚBLICOS

A Câmara Municipal de Coruche pretendecom este projecto, não só reduzir os custosatravés da racionalização do uso eficiente daágua, mas também contribuir para uma maiorsustentabilidade ambiental com a reciclageme a reutilização da água, sobretudo em mesesde estiagem ou perante a ocorrência de novosfenómenos de seca extrema. Deste modo, oprojecto vai de encontro ao Programa Nacionalpara o Uso Eficiente da Água.O sistema de valorização das águas dasPiscinas Municipais de Coruche, cuja obra jáfoi adjudicada, tem como objectivo oreaproveitamento da água utilizada na lavagemdos filtros e transvases das piscinas. Antesque essa água atinja a rede de esgoto éefectuado um pré-tratamento tendo em vistaos requisitos de qualidade para a sua utilizaçãona rega das zonas ajardinadas na envolventeao complexo das piscinas Municipais, EstádioMunicipal, Av. Salgueiro Maia, Escola E.B. 2,3 Dr. Armando Lizardo e Escola Secundáriacom 3.º CEB de Coruche.A água de lavagem dos filtros seráencaminhada directamente para umreservatório, sendo aí efectuado um processode clarificação e decantação em que a partesólida será depositada na parte inferior doreservatório e a parcela clarificada sobrante- parte superior - é conduzida para outra célulado reservatório.A alimentação à rede de rega é efectuadacom recurso a um grupo de hidropressurizaçãoque efectua a bombagem para a rede existenteatravés de uma conduta adutora.A rede de distribuição a implementar serádesenvolvida no sentido de abastecimentode diversas redes de rega para os espaçosverdes envolventes, bem como outras quepoderão ser posteriormente desenvolvidas(figura 1).

AÇUDE/PONTE DE CORUCHENO RIO SORRAIAO rio Sorraia é um dos pontos maiscaracterísticos da vila de Coruche, daí quedeva ser devidamente valorizado, aproveitadoe preservado.O açude proposto, cuja obra já foi adjudicada,tem como um dos principais objectivosmaximizar a manutenção de um plano de águana frente ribeirinha do rio Sorraia e, assim,substituir o existente nas proximidades doprojecto (figura 4).Por outro lado, a justificação do mesmo incorrenas utilizações subjacentes ao próprio rio.Pretende-se intensificar e potenciar asactividades desportivas piscatórias, uma vezque a pista de pesca no rio Sorraia se constituicomo uma das melhores pistas mundiais. Estefacto comprova-se pela realização do Mundialde Pesca 2009 que decorreu entre 25 e 26 deJulho e do Campeonato da Europa de Pesca2010, que se realizou entre os dias 4 e 5 deSetembro.Para além da atractividade turísticapotenciada pela pesca, podem ser valorizadasoutras práticas desportivas sustentáveis,designadamente canoagem e remo (figura 3).

Por outro lado, pretende-se melhorar ascondições de rega, uma vez que este troço derio é utilizado para rega na margem esquerdado rio Sorraia. Esta funcionalidade não podeser dissociada da qualidade de águaindiscutivelmente melhorada pela construçãoda ETAR de Coruche, que entrou emfuncionamento em Setembro de 2008, daETAR da freguesia da Erra, a funcionar desdeAbril de 2010, e da ETAR da freguesia doCouço, que se encontra em fase de construção.A ponte pedonal é uma das componentesfundamentais deste projecto. Esta infra--estrutura permite, entre outras funções,assegurar a ligação pedonal entre as duasmargens do rio Sorraia integrando outrasacções de ordenamento e regeneração emcurso, promover uma aproximação física eafectiva dos coruchenses ao rio Sorraia,promover um estilo de vida mais saudável, umamobilidade geral menos dependente do usoautomóvel e uma rede de percursos pedestres.Em termos da ictiofauna, o açude a construirmelhora as condições de migração dos peixes,pela incorporação de um dispositivo depassagem de peixes, em oposição ao açudeactual que se apresenta muito degradado esem este dispositivo.

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MUNICÍPIOS

1 - Projecto Valorização da água das Piscinas Municipais de Coruche

2 - Vista parcial da vila de Coruche

3 - Canoagem no Rio Sorraia

4 - Projecto Açude - Ponte

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AGENDA

SEDEAdministração da Região Hidrográficado Tejo, I. P.Rua Braamcamp, 71250-048 LISBOATel.: 211 554 800Fax: 211 554 809

Gabinete Sub-Regional do Oeste(GOE)Av. Engº. Luís Paiva e Sousa, 62500-329 CALDAS DA RAINHATel.: 262 100 630Fax: 262 100 631

Gabinete Sub-Regional do Médio e AltoTejo (GMAT)Praça Visconde Serra do Pilar, 4, 1º2000-093 SANTARÉMTel.: 243 109 600/1

Pólo de AbrantesRua D. João IV, 332200-397 ABRANTESTel.: 241 100 050

Pólo de PortalegreBairro da Fontedeira, Bloco 1 Cave7300-076 PORTALEGRETel.: 245 100 560Fax 245 100 561

Pólo de Castelo BrancoRua da Fonte Nova, 1Quinta da Fonte Nova6000-167 CASTELO BRANCOTel.: 272 100 510Fax 272 100 511

Pólo da GuardaGaveto das Ruas Pedro Álvares Cabrale Almirante Gago Coutinho6300-517 GUARDATel.: 271 100 584

CONTACTOS

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5ª EXPO CONFERÊNCIA DA ÁGUA 201019, 20 e 21 de OutubroCentro Cultural de Belém, Lisboa

Com o Alto Patrocínio do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território, o jornalÁgua & Ambiente organiza esta Expo Conferência com o lema "Potenciar a cadeia de valorda água. Assegurar o futuro do sector em Portugal".Nos dias 19 e 20 realiza-se a Conferência Nacional da Água com uma sessão técnicasubordinada ao tema "Efluentes agro-pecuários e agro-industriais: exigências ambientais eviabilidade empresarial".Para o último dia dos trabalhos estão marcadas a Conferência sobre Recursos Hídricos eZonas Costeiras, a Conferência da Indústria e a Conferência jornal Água & Ambiente - Institutoda Água sobre "Espaço Marítimo: novos territórios da água".

www.expoagua2010.about.pt

FICHA TÉCNICAPropriedade: ARH do Tejo, I.P.Director: Manuel LacerdaEdição: Fontes Próximas ComunicaçãoTextos: ARH do Tejo, I.P.Design: GPI

SEMINÁRIOS SOBRE O"REGIME JURÍDICO DOSSERVIÇOS MUNICIPAISDE ÁGUAS E RESÍDUOS:OS NOVOS DESAFIOS"Em Faro, Coimbra, Évora, Portoe Lisboa

Organizados pela Entidade Reguladora dosServiços de Águas e Resíduos (ERSAR), estesseminários vão realizar-se em Faro, a 29 deSetembro, em Coimbra, a 12 de Outubro,em Évora, a 3 de Novembro e no Porto, a 17de Novembro, nos auditórios das CCDR.O seminário em Lisboa terá lugar a 24 deNovembro, no Auditório do Metropolitano deLisboa, no Alto dos Moinhos.

www.ersar.pt

CONGRESSO MUNDIALDA ÁGUA 201019 a 24 de SetembroMontreal, Canadá

Mais de 4 500 individualidades de todo omundo vão participar na edição deste anodo Congresso Mundial da Água, organizadopela Associação Internacional da Água(IWA).

Em destaque vão estar temas como "aciência e a prática na gestão da água","água, clima e energia", "as cidades dofuturo", "preservação para o futuro dosnovos e dos tradicionais recursos hídricos","água, ecossistemas e captações" e "águae saúde".

www.iwa2010.montreal.org

0S E T E M B R O

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“BIOEVENTOS 2010” - CICLO DE CONFERÊNCIASDe 29 de Setembro a 3 de NovembroCentro Cultural de Belém, Lisboa

No âmbito do Ano internacional da Biodiversidade, vai ter lugar mais um ciclo de Conferências sobreBiodiversidade - Bioeventos 2010, promovidas pelo Centro de Biologia Ambiental da Universidadede Lisboa, cuja primeira parte, composta por quatro conferências, se realizaram em Abril.Outras quatro conferências decorrerão, agora no Auditório 2, da Fundação Calouste Gulbenkian,a partir de 29 de Setembro, sempre às 18h.Vários oradores americanos e europeus abordarão a relação da biodiversidade com outrostemas, tais como ecologia, evolução, genética, educação, saúde e outros.

O programa é o seguinte:29 Setembro - BIODIVERSIDADE E FRAGMENTAÇÃO DE HABITATS - Ilka Hanski (Univ. Helsínquia, Finlândia)06 Outubro - BIODIVERSIDADE E EDUCAÇÃO - Pier Luigi Nimis (Univ. Trieste, Itália)20 Outubro - BIODIVERSIDADE E SAÚDE HUMANA - Eric Chivian (HMS-Harvard, EUA)03 Novembro - BIODIVERSIDADE E GENÉTICA DA CONSERVAÇÃO - Craig Moritz (Univ. Berkeley, EUA)

bioeventos2010.ul.pt

IMPRESSO EMPAPEL RECICLADO