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    GENERALIDADES

    1 GENERALIDADES1.1 Definies e aspectos histricos da infra-estrutura da paisagem

    Define-se como paisagem um espao aberto que seabrange com um s olhar. A paisagem entendida como umarealidade ecolgica, materializada fisicamente num espao quese poderia chamar natural (se considerado antes de qualquerinterveno humana), no qual se inscrevem os elementos e asestruturas construdas pelos homens, com determinada cultura,designada tambm como paisagem culturet .Nas lnguas germnicas a paisagem, e seu equivalenteetimolgico Landschaft, tambm contm a conotao espacialgeogrfica que representa a palavra Land, cujo significado terra. a partir do Renascimento que o termo passa a estarligado pintura e que a designao de paisagista atribudaaos pintores de paisagens. No entanto, este contedo assumemaior importncia no sculo XVII, quando a paisagem rural representada como tema central da obra. No sculo XIX, a

    paisagem o termo que encerra uma dicotomia entre a cidadee o campo, entre a vida inspita e artificial das cidades e anatureza. O conceito de paisagem globalizante na qual, sobreum substrato natural impressa a ao do homem, umaaquisio dos fins do sculo XIX, pr incpios do sculo XX. A

    INFRA-ESTRUTURA DA PAISAGEM

    partir do conhecimento adquirido no domnio da ecologia, apercepo da paisagem deixou de estar ligada s impressesvisuais que ela sugere e passou a incluir, por um lado, osecossistemas que esto subjacentes e lhe deram origem e,por outro, os processos de humanizao, sejam ele ligadoss atividades rurais, sejam s atividades urbano-industriais.Tambm no comeo do sculo XIX o termo paisagemfoi definido por Alexander Von Humbolt (NAVEH; LlBERMAN,2001) como um termo de signif icado geogrfico-cientfico,usando para definir uma regio. Posteriormente, o termo foireduzido caracterizao dos rasgos fisiogrficos, geolgicose geomorfolgicos de um determinado lugar. Pesquisadoresrussos incluram conotaes orgnicas e inorgnicas aotermo, criando a geografia da paisagem . (NAVEH; LlBER-MAN, op, cit).Finalmente, o gegrafo alemo Troll definiu a paisagemcomo entidade total espacial e foi dos pioneiros no uso doque hoje termo generalizado: a ecologia de paisagens.Imaginando que estudos conjuntos de gegrafos e eclogoscriariam um novo campo de conhecimento, Zonneveld (apudNAVEH, LlBERMAB, 2001) propos, em 1972, a incorporaona ecologia da paisagem dos seguintes nveis hierrquicos:

    Ecotopo (o stio): unidade holstica menor de umdeterminado stio, caracterizado pela homogeneidade de,pelo menos, um dos atributos da geoesfera, e pela variao

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    pequena dos demais. Estes atributos so especif icamente:atmosfera, vegetao, solos, rochas, gua, etc.Microcoro : combinao de ecotopos, formando um

    padro de relaes com as propriedades de, pelo menos, umatributo terrestre (principalmente a forma e o relevo).Por essas definies, cada stio urbano formaria umecotopo e seu conjunto um microcoro ; estes conceitos doum ponto de partida para um trabalho paisagstico baseadonas caractersticas geo-morfolgicas do st io, em contrastecom o desenho puramente esttico que muitas vezes setornaperecedouro por descaracterizar o stio em estudo. Nessetipo de abordagem do paisagismo a infra-estrutura que se

    torna importante.Neste sentido, fica claro que o projetista da paisagemconcebe a forma do espao onde a vegetao entra comomaterial plstico, caracterizado por certas especificidades,decorrente de ser um material vivo com evoluo de forma ecor ao longo das estaes e da vida e uma ecologia prpriaque condiciona a sua uti lizao. Ele deve ter conhecimentosde botnica, geologia, hidrologia, engenharia civil e outrasramas do conhecimento, alm de arquitetura e urbanismo.Tentando preencher uma lacuna freqente na literaturaclssica desta rea do conhecimento se d nfase, nestelivro, aos aspectos tcnicos do paisagismo, particularmenteos ligados s ramas da engenharia e que intitulamos infra-estrutura da paisagem.

    1.2 Bscalas de intervenoNO amplo objeto do paisagismo, existem gradaes na

    rela8Oentre a forma e a funo que variam com a escala deinterveno. Na interveno grande escala, o peso dos fatoresde oroenamento (desde os ecolgicos aos econmicos e sociais) enorme, se cOmparados com a capacidade que um estudodesta natureza tem de alterar a forma da realidade constitudapela situao inicial. normal que, nesta escala, as funes deuso representem a maior parte da proposta e que a formalizao(dar a forma s quatro dimenses, a quarta dimenso referidaao ter11Po)constitua sua parte mais reduzida. medida que a escala de interveno vai diminuindoe nos aproximamos do pequeno espao, a importncia dascomponentes no diretas ligadas expresso vai diminuindorelatiVamente s composies formais, assumindo estas umpeso cada vez maior na proposta. Para dar um exemplo: aconstruo de uma praa, num aglomerado urbano, produzno en\lolvente um impacto de muito menor dimenso de queum pl&tnode ordenamento de uma bacia hidrogrfica, do qualresultem propostas no mbito da circulao, da recuperaodos cursos de gua, da interveno dos aglomeradosexistentes ou de florestao de determinadas reas. Nesteltimo ~a~o, a forma ser mais influenciada pelas funesessei1clal.s e pelas funes de uso, mas no deixa deconter a linguagem simblica ligada a determinada culturae aos materiais decorrentes de determinada ecologia, que

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    GENERALIDADES

    permitiro a seus uti lizadores se identif icar com a paisagemem questo.Na prtica, existem no paisagismo urbano vrias escalasde interveno; no mnimo so trs:

    o jardim: a forma mais sinttica e representativado espao exterior construdo pelo homem. Conforme odicionrio, trata-se de terrenos ajardinados, geralmentefechados por muros ou grades, localizados junto a edificaes,muitas vezes em lugares semi-pblicos. Geralmente temdimenses de uma parte de uma parcela urbana, menoresonde a ocupao mais densa como nos centros urbanos,maiores onde a ocupao menos densa, como nas reassuburbanas.Aescala de projeto varia de 1:5 at 1:50conforme o caso emestudo; a figo1.1, ilustra um projeto de um jardim residencial.

    A praa: espao aberto dentro do tecido urbano,em nossos climas, geralmente ajardinado, pelo menosparcialmente. Seu tamanho de um ou, no mximo, doisquarteires, (1 ou 2 ha.), pelo que na maioria dos casosest rodeada de vias de circulao. Pode estar no centroda cidade, neste caso recebe o nome de praa maior ou damatriz em aluso a igreja central da cidade. Pode estar nosbairros caracterizando-os. H casos em que menor queum quarteiro e recebe o nome de largo ou pracinha. Podeconter vrios jardins. A escala de projeto, neste caso, varia

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    entre 1:20 a 1:200, como mostra a figo 1.2, onde se pode vero projeto de uma praa.o Parque urbano: tambm ojardim deu lugar ao parquepblico urbano e este ao sistema de parques e aos corredoresde vegetao. Quando neles verificou a interveno na cidade,observou-se que neles a vegetao domina os materiais inertes, um espao aberto, de vrios hectares, geralmente cruzado por

    ~ : 1;:~ ,)- ....~Figura 1.1 Jardim residencicl.

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    vias de circulao que permitem o acesso dos visitantes aosdiferentes setores do parque. Nos pequenos parques as viasso para pedestres, nos de grande porte h vias veiculares parafacilitar o acesso aos usurios utilizando veculos.Os parques tm desde poucos hectares at, em algunscasos, grandes superfcies. A escala de projeto, neste caso,varia de 1:100 at 1:1000, como mostra a figo 1.3, onde sepode ver o projeto de um parque urbano.

    Figuro 1.2 Praa.

    GENERALIDADES

    Assim, sendo vasto o objeto do paisagismo, desde opequeno espao grande paisagem, a sua interveno seprocessa nas mais diversas escalas, de 1:5 1:50 (ojardim eseu stio), de 1;120 1:200 (a praa e seu lugar), de 1:100 a1:1.000 (o parque e seu bairro), de 1:500 1:5000 (a cidadee o parque urbano). A dimenso fsica da rea de interveno,quando excede a capacidade de visualizao global,impossibilita a percepo direta de objeto de projeto, spossvel na escala menor. Nesta situao, recorre-se a meiosde diagnstico intermdios que permitam a compreenso doespao nas suas componentes ecolgicas. Na grande escala,a interveno surge sempre no meio do processo, exigindo

    Figuro 1.3 Porque urbano.

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    o conhecimento da evoluo anterior da paisagem e dosatores provveis de sua alterao futura, principalmente nosdomnios econmico e poltico-administrativo.1.3Antecedentes da infra-estrutura dapaisagem

    As primeiras informaes sobre o paisagismo urbanoconhecidas com boa documentao no so muitas, masem boa parte das runas de edifcios antigos h vestgiosbastante concretos de reas ajardinadas e sua infra-estrutura,onde se pode perceber que houve preocupao de disporde plantas numa certa ordem, harmonizando a relaoentre o espao construdo e o espao exterior, resolvendoeventuais problemas de falta ou excesso de gua e/ou faltaou excesso radiao solar usando plantas. Por exemplo,pelas runas e gravuras existentes se sabe que nos palciosde assrios e caldeus na sia, assim como nos dos Incase Astecas na Amrica Pr-Colombina, havia espaoscuidadosamente escolhidos para plantaes de vegetao,alguns simplesmente com objetivos decorativos, outros paramoderar os rigores do clima, abastecidos quando necessriode gua.

    Os chamados jardins suspensos da Babilnia, os jardinsmais famosos da Antigidade, no eram, na realidade,Suspensos, mas em terraos o que de nenhuma forma tira

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    deles sua originalidade, mrito e beleza. A gravura dos jardinspode ser vista na figo 1.4. CLA construo em terraos dos jardins criou numerososambientes adornados com estatuas, rvores s vezesfrutferas, s vezes florais e outras plantas de menor porte,mas sempre ou de carter ornamental ou de carter utilitrio.Os terraos tinham fontes que amenizavam a baixa umidadedo ar, lagos onde se reservava gua e se criavam belas plantasaquticas e canais por onde as irrigava. A gua era levantadapara um reservatrio superior por meio de um engenhoso ecomplicado sistema de correntes (nora), movimentado porgrupos de escravos que se revezavam periodicamente para

    manter constante o fluxo de gua; a partir desse reservatrio,a gua descia passando por terraos sucessivos com seuslagos, canais e cascatas j comentadas; um esquema dosistema se v na figo 1.5.

    cu

    Figuro 1.4 Jardinsdo Bobilnio.

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    Conforme os historiadores, havia seis terraos artificiaisrevestidos com tijolos cermicos, um acima do outro,apoiados em colunas de 25 a 30m de altura; o fundo doslagos e reservatrios que compunham o sistema estavamimpermeabilizados com camadas dejunco, betume e lminasde chumbo ou outros metais, evitando assim as inf ilt raesda irrigao de rvores, palmeiras e outras plantas menorespara os terraos inferiores. Como a regio da Babilnia erarida, os jardins tinham que ser permanentemente irrigados,visto que uma rede de canais muito bem desenhada econstruda se iniciava no reservatrio superior, feita numamuito bem cuidada alvenaria de tijolos cermicos, que tinhasuave e estudada declividade para que a gua flusse lentae continuamente. Os revestimentos em chumbo, bronze ouzinco, escolhidos por no se degradarem em contato coma gua, no somente eram os impermeabilizantes, massimultaneamente embelezava ainda mais os jardins.

    Figura 1.5 Sisfema de levanfamenfode guo movimen tado por e sc ravos ,para rega dos jardins do palc io realbobilnico.

    GENERALIDADES

    Escavaes arqueolgicas recentes descobriramvestgios do que poderiam ser as fundaes dos jardins ecanais, com construes aparentemente em abbadas detijolos e um poo com os restos de uma nora e apetrechosque sugere ser os restos do sistema de elevao de gua.Esto nelas, 600 anos antes da era crist, as bases do quehoje se pode chamar a infra-estrutura do paisagismo.

    As reas ajardinadas urbanas na Europa s reapareceramcom a expanso da dominao rabe, particularmente no Sulda pennsula ibrica. Os jardins da Alhambra em Granada edo palcio do Califa em Sevilha, ainda conservados comomonumentos, so excelentes exemplos do estado da artena poca, como mostra a figo 1.6.

    Figura 1.6 Jardim deAlhambra, em Granada,Espanha.

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    Esta prtica foi incorporada logo pelas comunidadescatlicas da pennsula; a fotografia do Ptio das Laran-jeiras da Catedral de Sevilha excelente exemplo, comoilustra a figo 1.7.

    Terra et aI (2006) se refere ocorrncia de bosquessagrados na Antiguidade clssica e cita documentosiconogrficos da Idade Mdia que mostram como as rvoresfrutferas e as ervas medicinais estiveram presentes naestrutura monstica. O jardim italiano, que teve grandeinfluncia no paisagismo europeu durante o Renascimentoe o Maneirismo, caracterizou-se inicialmente por sua formaracional, com rvores de pequeno porte. S num segundomomento foi que passaram a predominar as massas vegetaisde maior porte e volume. Nessa poca, Leoni Alberti em seutratado De re aedificatoria, chega a estabelecer bases tericaspara os jardins italianos.

    ._-..'~:~.;~tligura 1.7 Pt io dos_. Loronjeiros, no Catedral..-: .. ' , ,-,- de Sevilha, Espanha.

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    A incorporao de jardins nos palcios se estendeu peloRenascimento e apareceram excelentes exemplos delespor toda a Itlia. Os jardins do palcio Borgia, mandadoa construir por Lucrecia para seu filho, so um exemploda arte renascentista. Construdo acima de uma pequenacascata natural, reutiliza a gua com a fora da gravidadeem forma magnfica, aproveitando a presso da gua comvasos comunicantes, caindo em sucessivas fontes e piscinas,como mostra a figo 1.8.

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    u

    Mas, talvez, o setor mais notvel do parque o quese conhece como rgo de gua onde uma sucesso defontes alinhadas, ao ter seus bicos de formas diferentes,produz sons diferenciados reproduzindo as notas musicais,figo 1.8b. outro aspecto da infra-estrutura da paisagemexemplarmente utilizado.Os jardins do palcio Borgia Vila D'Leste, em Tivoli nasimediaes de Roma, so um bom exemplo dos jardins pala-cianos mediterrneos. Similarmente aos jardins da Babilnia,incluem espelhos, fontes e quedas de gua s que, neste caso,aproveita uma queda natural que com sua fora de gravidadepermite dispensar o trabalho dos escravos babilnicos, invivelno seno do cristianismo da Europa renascentista. Usa, de

    forma excelente, o princpio dos vasos comunicantes, sendooutro bom exemplo da infra-estrutura da paisagem .Porm, o paisagismo associado aos castelos e aosespaos pblicos s se destacou nos jardins barrocos deAndr

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    Os precedentes dos atuais jardins botnicos eram osdestinados ao cultivo de plantas medicinais. Alguns auto-res remontam sua origem a 1.500 a.c. em Karnak, Egito, eoutros poca greco-romana quando se plantavam hortaspara abastecer os herbolrios. Mas s a partir do sculoXIII que se verifica sua permanncia; o pontfice Nicolas 111fundou, em 1277 no Vaticano, um grande jardim chamadoViridarium Novum, uma parte do qual estava destinada aocultivo de plantas medicinais usadas pelos mdicos pontifcios(CONTIN,2000).

    Terra et ai (2006) fazem uma importante anlise dainfluncia do modelo ingls sobre as transformaes queocorreram nos sculos XIX e XX no conceito dos parquespblicos, com conseqncia sobre a paisagem urbana dascidades que passaram por reformas urbanas signif icativasdepois do impacto causado pela revoluo industrial. Osgrandes parques se constituram em elementos chaves dareforma de Paris, por exemplo, merecendo destaque o Boisde Boulogne e o Bois de Vincennes.

    1.4 Perspectivas futurasO paisagismo talvez seja uma das reas do conhecimen-to que mais se modifique nos prximos anos em funo dainfluncia de, no mnimo, dois aspectos:

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    As inovaes tecnolgicas:Permitiro incorporar novos materiais e tecnologia. O

    desenvolvimento de plantas transgnicas desenhadasespecialmente para o espao urbano ser uma consequnciadelas. J se tem noticias de espcies arbreas emdesenvolvimento, com copas e razes que no interferem nasredes de infra-estrutura, melhorando e baratendo os serviosurbanos. Imaginemos no futuro ruas arborizadas com, porexemplo, razes que no entupam as redes de esgoto, noquebrem os pavimentos nem as fundaes dos edifcios;com copas que no interfiram as redes areas ou as visuaisdos automobilistas e pedestres. rvores que no sujem asruas e no entupam as redes pluviais. Os desenvolvimentostransgnicos podero trazer um novo paisagismo urbano,mais no e a nica grande alterao derivada da incorporaode novas tecnologias e materiais. Haver outras alteraesprovenientes da incorporao de materiais sintticos nasmais diversas formas, como est sendo nas outras ramas daproduo; por exemplo, na indstria do automvel at poucosanos atrs, quase todo o material empregado na fabricaoera ao; hoje, numa continua e silenciosa substituio, amaioria do material empregado derivado plstico.

    u

    Criao de parques e jardins para a sociedade emtransformao:Ao que chamada de reciclagem de reas deterioradascom nova finalidade ou, at, a criao de reas antes inexis-

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    tentes, baseadas em novas tecnologias para sociedades demassa e para as de intenso consumo.1.4.1 Paisagismo de incluso social

    A sociedade moderna produz cada vez mais desperdcio, lixourbano. Constantemente dizemos que e necessria uma polticade eliminao sem contaminao. J foram experimentadasinmeras tecnologias como a incinerao dos anos 60 e 70,logo descartada, os aterros sanitrios, o to ansiado reciclado,muito desejado e nem sempre praticado, at as mais novas,a de obrigar s fbricas a recolher as embalagens de seusprodutos sob pena de ser multadas; esta idia esta sendo postaem prtica pela prefeitura de Viena, na ustria, que acabou deaprovar uma lei municipal que obriga s empresas produtorasa recolher embalagem de seus produtos; a prefeitura s recolheo lixo domicil iar, absoluta minoria nos pases desenvolvidos.Haver que aguardar alguns anos para saber o resultado daaplicao dessa nova lei.

    Em nossos pases o problema outro. Estamos antecrescentes quantidades de l ixo a depositar e cada vez menosdinheiro para elimin-Io, o que combinado com as variaestipolqicas na composio do l ixo, originado em mudanasnos costumes de consumo derivadas de nveis de renda muitodiferentes fazem a reciclagem complexa. H relaes muitoclaras entre o ruvel de renda das famlias e a quantidade deembalaocns contida no l ixo que despejam.

    GENERALIDADES

    A grande maioria das cidades brasileiras, por muitoque se esforcem em reciclar o lixo, esto criando enormesdepsitos, que ao que tudo indica, crescero cada vezmais e em maior velocidade. Hoje o Brasil produz mais deduzentas mil toneladas de lixo por dia, das quais apenas3% so destinados a compostagem e 1% reciclado; os 96%restantes ficam como aterro sanitrio. Em uma sociedadeurbana de massas em forte expanso, como a do Brasil, nose pode deixar de estudar e praticar isto que chamamos depaisagismo da incluso social. Visto assim, o estudo e prticado paisagismo no uma disciplina que se possa praticarsem conhecer profundamente a realidade scio cultural eeconmica da sociedade onde se insere essa prtica.

    Se a reciclagem do lixo a resposta mais adequada, porque no a fazemos totalmente?o que fazer com os grandes depsitos j existentes? Comotratar as reas j degradadas? Por que aceitamos desenhar opaisagismo de stios residuais contaminados sem dar a eles umtratamento adequado? Entretanto, a acumulao de resduosurbanos segue crescendo em propores exponenciais. evidente que a soluo desse problema to srio no sde urbanismo e, muito menos, s de paisagismo. , tambm,

    um problema de sade pblica, ecologia, economia, biologia,engenharia, s para citar algumas das reas de conhecimentoque estudam o tema. Mas, do urbanismo e o paisagismosabemos tudo o que nos cabe para dar nosso aporte a essegrave e crescente problema?

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    1.4.2 Paisagismo da incluso urbana

    Em nossos pases nas primeiras dcadas dodesenvolvimento urbano e com a incorporao primeirodas mquinas a vapor e logo as mquinas com motores adiesel, para a extrao e movimentao de materiais para aconstruo civil, sem conscincia de preservao, sem leispara proteo ambiental e estabil idade ecolgica, grandespartes dos morros prximos as cidades foram usados comojazidas para extrao de pedra, mrmore, cascalho, arenito,etc. Com o crescimento das cidades essas reas ficaramdentro delas, porem degradadas. Quanto mais acidentadoo sitio urbano, mais aumentam as reas degradadas.Geralmente, so reas particulares sem valor imobilirionenhum (ou quase nenhum). O que fazer agora? Restituir amorfologia original impossvel. O nico que possvel fazere criar, atravs de um paisagismo ambiental adequado, novas

    Figuro 1 10 l ixo.

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    utilidades urbanas para estes stios, o que se pode chamarde paisagismo da incluso urbana.Existem antecedentes histricos dessa prtica, como porexemplo, o parque de Butles - Chaumont, em Paris; obrae Alphad Barriet e do Arq. Oavionoud possui s 25ha. e foirealizado entre 1864 e 1867 a partir de condicionantes difceis.Reconhecido como um dos mais belos parques parisienses, um exemplo de reabilitao de um espao aberto degradoque se transformou em rea verde pblica. O ponto centralda composio uma elevao rochosa, lembrana da antigapedreira, grandes pedras que emergem de um lago com umailha de cerca de 50m sobre o nvel da gua e no ponto mais

    alto se ala um templo circular inspirado no da Sibille emTvol i, Roma (CONTIN, 2000).A figo1.11 mostra uma antiga pedreira em Curitiba convertidaem parque urbano , onde hoje funciona a pera de Arame.Em outras cidades as reas degradadas so antigospntanos ou mangues como o caso de Manaus, figo 1.12.

    1.4.3 Paisagismo de uso intensivo de tecnologiaHoje a tecnologia permite criar ambientes totalmenteartificiais, por exemplo, ambientes tropicais, selvagensem regies frias como pode ser o Japo ou a Alemanha.A figo 1.13 mostra uma ilha tropical inaugurada em 2004

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    nas proximidades de Berlim, na Alemanha; enquanto atemperatura exterior pode estar abaixo de OC, no interiorse desfruta confortveis 25 C, numa rea coberta de quase70.000m2 (quase sete quarteires).Um antigo e gigantescohangar transformado com um custo de quase cem milhes dedlares. Cada visitante deve pagar da ordem de quinze reaispor hora de permanncia, pode mergulhar nas guas quesimulam uma baa tropical ou ficar exposto ao sol (claro queartificial), deitado numa praia tambm artificial. H palmeiras,trepadeiras e outras plantas tropicais assim como tambm

    Figura 1.11 pera deArame, Curit iba, Paran.

    GENERALIDADES

    shows com msicas e bailes tpicos de regies tropicais (onde /no podem faltar as turmas de baianas).Em outros pases, em grandes cidades, a falta do mar suavee quente dos trpicos, que permite expor a pele ao sol, estalevando as prefeituras a criar praias artificiais nas margens dosrios que as cortam. A primeira foi Paris_e tive tanto xito que foirapidamente imitada por uma serie de cidades europias, tabela1.1e figo1.14. outra forma do paisagismo, a que poderamoschamar de paisagismo tecnolgico de alto custo .

    Figuro 1.12 Manguesem Monaus, Amazonas.

    Figura 1 13 I lho troprcol nasproximidades de Berlrm, naAlemanha.

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    Tabela 1.1 - Cidades Europias onde j foram criados espaospblicos de lazer art ificiais.

    CIDADE PAISAGENSParis Franja lateral do Sena com coquei ros e praiasart if iciais de gua fria.Budapest Franja lateral do Danbio.Bruxelas Franja porturia com quadras de vlei de praia.Berlin Piscina flutuante no Rio Spree.Amsterd Faixa de praia ao redor de um lago urbano.Roma rea de lagos nas margens do rio Tibre compiscina e outros jogos.

    FiqurCl I 11 \ eIS j(~ Jlnlrecho dei C lI S P (l ql ~

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    1.5 Recomendaes gerais de localizao, tamanhoe configurao de espaos urbanos abertos

    1.5.1 Classificao das reas verdes urbanasAs reas verdes urbanas podem-se classificar em doisgrandes grupos:

    rea verde principal: formada pelos parques, clubes deesporte, as hortas e floriculturas.rea verde secundria: formada pelas praas, largos, eruas arborizadas.A tabela 1.2 informa sobre aspectos qualitativos e quanti-tativos de cada grupo de rea verde urbana.

    1.5.2 Parque suburbanoSo reas grandes, dentre 50 e 150ha., situadas naproximidade da cidade, servidas por transporte pblico eligadas rede de vias arteriais da cidade.Sua freqncia de utilizao semanal ou eventual. Aafluncia se acentua significativamente nos fines de semana.o espao se caracteriza pela presena de vegetao

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    natural, com clareiras e zonas de mata virgem. Devem dispor deequipamentos para todos os grupos etrios, com zonas dejogospara cada um, restaurantes, bares, equipamentos sanitrios,etc.Acesso facilitado com reas de estacionamento de veculos;reas e equipamento para almoo e /ou merenda ao ar livre,acorde com o estilo e costumes regionais. Se a morfologia opermite, deve ter ciclovias e pistas para pedestres, devidamentesegregadas das vias de circulao de veculos.

    Neste t ipo de parque a incluso de umjardim zoolgico e/ou botnico aumenta a intensidade de utilizao; se a eles estagregada uma loja t ipo floricultura e/ou pecuria favorecera manuteno do parque e simultaneamente a assimilaode costumes ecolgicos por parte da populao.

    Pode haver outros objetivos urbanos combinados, como o caso do parque do Barigi em Curit iba, que alm da maioriaTabela 1.2 - Principais caractersticas das reas verdes urbanas.

    Tipo de rea Localizao Distncias rea por Tamanho por Ritmo deiii verde preferencial mximas habitante unidade utilizao.(3: Semanal ou;: Parque suburbano Fora do tecido urbano 20Km 3 a 5 m2/hab 50ha. eventualQ)O Parque urbano Lateral ao tecido urbano 5 Km 3 a 5 m2/hab 10ha Semanal o u dirio..Q)> Clubes esportivos Lateral ao tecido urbano 1 Km 2 a 3 m-/hab 3ha Semanal ou diriotiQ).. Conforme

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    Deve se local izar junto ao tecido urbano, com os mesmoscritrios que os parques urbanos.Programam-se, conforme hbitos e costumes dapopulao, com quadras de futebol, basquetebol, tnis, vlei,bochas; se h presena de corpos de gua, atracadourospara navegao e /ou pesca esportiva. Exigem implantaode uma estrutura para manuteno e conservao dosequipamentos, o que pode ser feito atravs da formaode clubes abertos s para seus scios, que recebem a reamediante um contrato de comodato, ou para a populao emgeral mediante pagamento de taxas de uti lizao.

    Figuro 1.17 ParquePalerma emBuenos Aires.

    GENERALIDADES

    1.5.5 Hortas e floriculturas urbanasNestas reas pratica-se horticultura e/ou floricultura

    intensiva, fazem parte do sistema da estrutura verde principalda cidade, permitem que a populao disponha de produtosalimentares frescos com pouco ou, at, nenhum agrotxico.Geram emprego e renda para um nmero expressivo defamlias locais, aumentando a renda global da cidade. Emcasos extremos pode servir para venda as outras cidades.Para sua implementao necessrio prever uma redede acesso para circulao de veculos de carga e um sistemade irr igao, preferencialmente formada por canais, paraque o custo do sistema seja baixo, e protegidas por umadensa vegetao da radiao solar direta que aumentaria asperdas por evaporao. A rea tambm deve ter rede eltricacom capacidade para movimentar pequenas mquinas deprocessamento dos produtos colhidos. At alguns anos atrsse propiciava, nessas reas, tambm granjas com criao dediversos animais domsticos; hoje, dependendo de fatoresambientais, est em reviso por problemas sanitrios. Porrazes tanto econmicas como sanitrias, as reas de hortas e/ou de granjas devem-se localizar fora do permetro urbano.A terra deve ser divida em lotes para ser vendida ouentregue em comodato em parcelas de, no mnimo, mil metrosquadrados e, preferencialmente, a partir de dois mil metrosquadrados, com traados que possam evoluir para usosurbanos habituais, com um razovel aproveitamento.

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    GENERALIDADES

    Conforme costumes da populao local, nessas reas,em conjunto com as hortas, ou separadas delas se enquadramas residncias de fim de semana, conhecidas em algumasregies do Brasil como chcaras de fim de semana .1.5.6 Espaos de recreio infantil e juvenil

    Fazem parte da rea verde secundria da cidade.So reas de pequeno e mdio porte espalhadas pelointerior da cidade, de forma a que fiquem prximas dashabitaes; geralmente se recomenda uma rea devidamenteequipada a cada trinta quarteires; ficariam, assim, afastadasdos usurios trezentos metros no mximo; podem ser largosde seiscentos at dois mil metros quadrados, ou fazer partede algumas das praas da cidade.As reas juvenis podem estar mais distantes entre si, umarea a cada quarenta a setenta hectares suficiente, podemestar ligadas a espaos para adultos. As reas infantis devemestar mais prximas entre si, uma rea a cada vinte hectares necessria, podem estar ligadas a espaos para adultos eidosos, porem separadas das reas para jovens.Devem ser protegidas do trnsito de veculos; por exemplo,num cul de sac de uma rua sem sada, simultaneamente seprotege de trnsito e se d vida a uma rua interior de bairro.Obviamente, que para que isto possa ser feito com qualidade,

    INFRA-ESTRUTURA DA PAISAGEM 31o

    o cul de sac deve conter uma pracinha adequadamenteprogramada para esse fim.No caso de Porto Alegre, RS, cidade subtropical mida,os espaos para recreao infantil devem ter um setor comboa insolao no inverno e 2/3 de reas sombreadas novero(MASCAR, 2006). Para outras latitudes a proporo dereas sombreadas durante o vero depender das condiesclimticas do local e das atividades a que se destine a rea.Em climas frios se recomenda a relao de 2:1, relao queira passando para 1:2 em climas quentes.

    30 O terreno poder ser estabi lizado s comajuda da vegetao.Fonte: Mascar, 1991

    o STIO E A TOPOGRAFIA

    2 3 3 Eroso

    Todas as tcnicas que reduzem o escoamento superficial,como o enriquecimento do solo com hmus, a manuteno damanta viva, o aumento da porosidade e a reduo do declivediminuem a eroso.Os mtodos de combate a eroso podem ser de naturezafs ica, reduzindo o declive atrves do uso de terraos ou denatureza biolgica, que visa a cobertura do solo por vegetaoou por resduos vegetais. (MAGALHANES, op. cit)

    Tabela 11.3Escoamento de gua em relao declividade.Oeclividade(%)

    2

    Fonte: Mascar 1991

    A gua de chuva no escoa. Dever serusado como reserva ecolgica ou drenado(soluo geralmente cara). ~ ~Por serem declividades pequenas, stero escoamento de gua de chuva sepavimentadas ou adequadamente drenadas.Declividades que escoam bem; o terrenopode ser gramado. At o valor de 2,5%,no conveniente colocar rvores.

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    No revestimento por vegetao importante reconhecero papel dos diversos extratos, principalmente o arbustivoe o herbceo, no qual as gramneas desempenham umimportante papel. As matas devem ser folhosas, de folhacaduca ou remanescente, e no de pinheiros, por exemploas que por terem um ciclo de bases muito fraco levam aacidificao rpida do solo.2.4 Taludes

    As formas com que devem ser feitos os taludes de cortese aterros, assim como os materiais a serem usados s podemser determinados aps estudos geolgicos do solo do stio,mas possvel descrever alguns critrios de forma geral.

    A forma dos taludes, exceto aqueles realizados emterrenos rochosos, deve ter os cantos arredondados, inclusiveos que se encontram com o terrapleno; tero melhor aspectoquando predominantemente cncavos. A regra dos dois terosse aplica bem a este caso, determinando que, pelo menos2/3 da curva, seja cncava, podendo ser convexo o terorestante, como mostra a figo2.8.o uso da forma cncava tem as seguintes vantagens:

    mais fc il de controlar a eroso;Os usurios se sentiro melhor pois enchergaro o fundodo ta lude, o que torna a visual mais agradvel.

    INFRA-ESTRUTURA DA PAISAGEM 45

    ~Certo

    Figura 2.8 Formarecomendada dos taludes.

    Outra recomendao general izada a do uso de declivesrelativamente moderados, menor de 30%. Nos EUA prticahabitual variar a inclinao limite do declive em funo da alturaou da profundidade do talude, como informa a tabela 11.4.Os romanos j conheciam a limitao de 50% quando

    faziam os taludes das ruas destinadas s corridas, o CircoMssirno , ilustrado na figo2.9, onde os espectadores ficavamna rea inclinada como pode-se ver na fotografia do talude.Esta inclinao totalmente estvel quando gramada, como o caso da imagem.

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    Tabela 11.4 Inclinaes mximas recomendadas em taludes,cortes e aterros.Cortes Aterros

    Profundidade Inclinao Altura (m) Inclinao(m)Oa1 16% Oa 1,5 16%1 a 2 25% 1,5 a 3,5 25%2a8 30% 3,5 a 15 50%

    2.4.1 Proteo de taludes com grama

    A grama um elemento vegetal da maior importnciana estabilizao de taludes na medida em que dificulta aeroso do solo. A Tabela 11.5informa as espcies de grama

    Figuro 2.9 Visto do Circo Mssimo no Roma Ant igo.

    o STIO E A TOPOGRAFIA

    recomendadas conforme o tipo de talude, a quantidade deSol que recebe e da umidade do solo. As mais rsticas egrossas so as mais adequadas. A tabela 11.6informa sobreformas alternativas de implantao de gramados. Sua escolhadepende das declividades.

    A figo 2.10 mostra a colocao de relvas fixadas comestacas de bambu. A fotografia a) ilustra a preparao doterrapleno que ser protegido, na b) a preparao das estacase na c) o terrapleno quase pronto.Existem, tambm, tecidos biodegradveis para estabilizaode taludes; podem ser aplicados diretamente sobre a superfcieou aps o plantio/semeio da vegetao. O mercado oferece

    uma grande gama de tecidos de composio, degradabilidade,gramatura e resistncia diferenciada.Tabela 11.5 Gramneas que podem ser usadas na proteo deencostas.Nome comum Nome cientfico Tipo de encosta

    Poa comum Poa trivialis Pouco sol e muitaumidade.Poa Poa Pouco sol e muitaumidade.Poa anual Poa annua Precisa de sol e exigemenos umidade.Raiz gras perene Lolium perenne Precisa de sol e umidade; das mais rsticas.Cola de cachorro Ajnosurus cristatus Precisa de sol e umidade; das mais rsticas.

    Fonte: Fendrich, 1984

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    Tabela 11.6Formas alternat ivas de implantao de grama.Declividade ( ) Tipo de execuo do gramado

    At 15 Colocar sementes e cobrir com uma finacamada de terra vegetal.15a 25 Colocar relvas em carreiras de baixo paracima.2 5 a 3 5 Colocar estacas no centro das relvas, pelomenos alternadamente.

    Colocar acima das relvas uma tela metl ica ou35 a 50 acima das sementes uma manta geotxtil, emseguida as estacas, como no caso anterior.Fonte:Fendrich, 1984 e Deflor.

    A figo 2.11 mostra um tipo de tecido sendo aplicado. Afigo2.12 apresenta duas amostras de txteis fabricados pelaDeflor Bioengenharia.2.4.2 Proteo de taludes com rvores, troncos e bambu.

    Quando a declividade grande, a proteo da encosta podeser feita por meio de terraos sucessivos, como ilustra a figo2.13 e 2.14, usando taras de madeira ou bambu para criar ospatamares, rvores e arbustos com razes pivotantes plantadospara consolidar o terreno. O ideal que cada patamar tenhaaltura igualou menor que 2/3 da profundidade das razes davegetao usada, no devendo ter altura maior que 1m ou 1,5m. A declividade mxima recomendada 1, 5:1 para que osterraos avanem em funo da inclinao do terreno.

    INFRA-ESTRUTURA DA PAISAGEM 47

    Figuro2.10 Estabilizaode um taludec) com relvas fixadas com estacasde bambu.

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    Figura 2. l l Tecido geotxt ilsendo aplicada num talude.

    Uma outra forma de proteo a utilizao de gramadosrsticos, preferencialmente relvas do mesmo local (camadade ervas que se desenvolvem espontaneamente nos campos)podendo ser substitudos por bambu em carreiras.

    Figura 2.12 Amostras de tecidosgeotxteis.

    o STIO E A TOPOGRAFIA

    Figura 2.13 Proteo de encostas por meio de terraos sucessivos.

    Fazendo l inhas paralelas s curvas de nvel, alternandouma de arbustos com uma de grama ou bambu, como mostraa figo 2.15, o terreno se fixa melhor; os arbustos escolhidosdevem ser de razes pivotantes. Os salgueiros so excelentespara esta aplicao.

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    1,.5

    Figura 2.14 Esquema deterraos sucessivos

    o ideal que as fi leiras plantadas de arbustos ou de matorasteiro nativo fiquem em uma linha bem apertada, de maneiraque formem uma verdadeira barreira que permita reduzir avelocidade de descida da gua; as faixas gramadas no devemter mais de 2m e as de bambu no mais que O,90m.

    Plantao de arbustos

    Figuro 2.15 Proteode encostosporfaixas alternadas de bambu, grama earbustos ou moto nat ivo.

    INFRA-ESTRUTURA DA PAISAGEM 49

    So protees ideais para encostas com declividadesrelativamente pequenas, mas de grande extenso.Em terrenos de solo afofado, linhas relativamenteapertadas de mato ou arbustos podem ser um meio eficazde conteno; a figo2.16 i lustra trs exemplos de uti lizaodesta tcnica.

    Plantam-se durante a obra mudas de matolocoI sobressaindo 1/4 de seucomprimento.

    Figura 2.16 Trsexemplos de forma de conteno de encostasem sola granulados, coml inha s de mat o ou a rbus fos, s e poss ve l nat ivos em faixas paralelas s curvos de nvel .

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    2.4.3 Proteo de taludes com calA tcnica de estacas de cal (misturada com gua ou

    no, conforme o caso) que injetada para estabilizar solosargilosos quando a instabilidade por saturao do solo ou apresso da gua grande. A base da estabil izao a reaoqumica entre a cal e os constituintes minerais da argi la. Essareao pode ser dividida em duas partes: umidificao, noscasos de solos saturados e com presso de gua, aconteceentre 24 horas e 72 horas, dependendo da porosidade dosolo. A estabilizao por processo qumico acontece maislentamente com a combinao do xido de clcio e aluminatoda argila. A tcnica consiste em cavar buracos no solo e logoinjetar cal viva hidratada ou no, conforme o caso.J a tcnica Cal-Jet consiste em pintar pulverizandoa encosta com cal misturada com gua; sua eficincia,praticidade, alto rendimento da aplicao e seus baixos custosa colocam como uma oportuna ferramenta alternativa nocombate a eroso, seja em aplicaes de carter temporrio,seja em aplicaes de carter definit ivo, f igo2.17.A Cal-Jet poderia ser usada tambm para gramarencostas relativamente ngremes, misturando terra pretacom sementes de grama, estendendo a mistura na encostae, finalmente, aplicando a Cal-Jet por cima. Aps certo tempo,e com irrigao peridica da encosta, a grama germinaquebrando a camada de cal, transformando-se num tapeteverde a custos baixos, f igo 2.18.

    o STIO E A TOPOGRAFIA

    Figura2.1 7 Tratamento contra aeroso com o t cni ca Col-Jet.

    Figura 2.18 Equipamentossimplesque podem serusadas na tcnica Cal-Jet .

    2.5 Curvas de nvel e desenho da paisagemPara avaliar as possveis alternativas de desenhos dapaisagem importante se colocar perante uma planta com

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    curvas de nvel. Dependendo da escala do traado, trabalha-sedesde as grandes escalas (com curvas mais distanciadas)as relativamente pequenas, como, por exemplo, 1:1000, comcurvas prximas (metro a metro). Em declividades de menosde 1 as curvas tm que ser de 0,50cm em 0,50m ou at de0,20cm em 0,20m.

    Como em todo problema de desenho, no existe nenhumareceita que tenha validade absoluta. Como regra geral, deve-se escolher a posio e direo de todas as vias, de formaa ter declividade suficiente para escoar as guas da chuva.Para isso, obviamente, devero ser posicionadas cortandoas curvas de nvel.Por definio, curva de nvel uma abstrao geomtricaque une todos os pontos que possuem o mesmo nvel.Seas curvasforem traadasde 5 em 5m,ao serem numeradasteremos seqncias de, por exemplo; 100, 105, 110 ...Se as curvas forem traadas de 1 em 1m, como maisfrequente no Brasil, teremos uma sequncia de 100, 101,102, e assim sucessivamente.o t ipo de terreno, o tipo de obra e a escala determinaroo espaamento com que se dever trabalhar.Ver-se- como se interpretam, e trabalham, as curvas denvel de um stio atravs da anlise do Campus do Vale da

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    UFRGS, em Porto Alegre. O Campus uma rea como tantasque precisa ter seus edifcios implantados, ter caminhos parapedestres, para veculos, reas de lazer, etc. Na figo 2.19vemos a planta na qual cada quadrado tracejado indica asreas de estudo.

    o

    Em terrenos com declividades baixas, as linhas apare-cero mais espaadas, sero mais ou menos retas eparalelas, como mostra o esquema (a) da figo 2.19 e 2.20.Ao contrrio, quando o terreno for acidentado, as curvasaparecero totalmente irregulares e mais prximas, comfortes variaes de distncia e direo, conforme apareceno esquema (b) das mesmas figuras.

    cu

    Quando as curvas so fechadas em torno de um ponto,representam uma depresso (c) ou um promontrio (d). S possvel distinguir um caso do outro lendo o valor das cotas.Quando as curvas vo e voltam anarquicamente o st io tendea ser pantanoso por falta de uma clara declividade, o casoda figo2.20e. Quando as curvas se apresentam em forma deVou U, representam o fundo de um vale ou coxilhas.Normalmente, os traados geomtricos se adaptaro bemaos terrenos planos ou de baixa e uniforme declividade. Nos

    terrenos acidentados, os que melhor se adaptam so aquelesque interpretam e acompanham as variaes topogrficas.

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    I),,; Q-11.' .I

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    Figura 2.19 Planta da reg io do Compus do Vale do UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul )com suascurvas de nvel .

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    o 5 T 10 A TOPOGRAFIA INFRA-ESTRUTURA DA PAISAGEM

    o - Zonas de bai xo dec liv idade.

    d - Curvos de nvel mostran do um morro lombo).

    /

    I

    5

    I

    I

    - Curvas de n ve l most rando uma on emdepresso Iogoa).

    Figuro 2.2 0 Portes do Compus do Vale comdestaque para a lgumas zonas carac te rst icos .

    b - Curvos de n vel de zonas aci dent ados .

    e - Cur vo s d e n vel mostr ando uma zonapantanosa.

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    2.5.1 Traado de vias em terrenos acidentadosPara entender o que acontece nos traados em terrenos

    acidentados importante compreender o que significa unir ospontos A e B com uma reta, como mostra a fig. 2.21, tambmtomada do campus da UFRGS. No exemplo, ambos os pontosacham-se nomesmo nvel,mas nomeio huma depresso. Umavia nesse traado apresentar declividades variveis, dificultandoe, at, impedindo o trfego normal, como indica o corte.Num terreno como este uma via que una esses pontosnunca poderia ser uma reta. A via deveria acompanhar acurva, mesmo que o percurso ficasse maior; o resultado seriamuito mais agradvel.Veja como se procede com as curvas de nvel.Considerando-se, na figo2.22, os pontosAe B, colocadossobre duas curvas de nvel sucessivas, a declividade da retaque os une ser:

    Oeclividade AB = valor do desnvel x 100distncia horizontalAssim:Quanto mais ortogonal o segmento AB em relaos curvas de nvel, maior declividade apresenta, porque ovalor do desnvel permanece constante enquanto a distnciahorizontal diminui.

    o STIO E A TOPOGRAFIA

    / ,/ ,-, /,...,,,, ie-t 1f

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    p

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    /

    Traadoreto

    ,.B: I575655

    5~~ Z 52

    51

    Figuro 2.21 Troadose inclinaes de uma ruo reto num terreno acidentado.

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    Incl inando o segmentoAB com relao s curvas de nvelpode-se diminuir a pendente conforme se deseja.Se quiser obter no segmento BC a mesma declividadeque no AB, deve-se procurar que os segmentos tenham amesma longitude, figo2.22.Distncia AB = Distncia BCSe as curvas se apresentarem muito irregulares, ouficarem a distncias variveis, no ser possvel traar viasretas com declividades constantes.A explicao, mesmo que um pouco simplista, mostra

    como se deve proceder para obter traados com declividadesaceitveis em terrenos com declividades fortes e variveis.

    I) 56

    ~7~~~60 Figuro 2.22 Declividode entredois pontos s ituados sobreduas curvos de nvel.

    INFRA-ESTRUTURA DA PAISAGEM

    A figo 2.23 mostra alternativas, com suas larguras, paratraar uma via com uma declividade inferior do stio.Na alternativa (b) do grfico, o stio escavado,aumentando o percurso horizontal em 50%. Na alternativa (c)do grfico, a via faz uma quebra para aumentar o percursoe conseqentemente diminuir a declividade. No fundo, estecaso igual ao anterior: trata-se de, por meio de um artifcio,aumentar o percurso para cobrir o mesmo desnvel.

    Assim, pode-se perceber que, em qualquer terrenoacidentado, um traado de vias que interprete, respeite e tireproveito da topografia ser demorado, trabalhoso e exigir vriosajustes e modificaes at atingir uma situao de equilbrio.A figo2.24 mostra como seriam as declividades em duasalternativas para ligar os ponto A e B.

    na primeiraalternativa,a reta,a declividadevariarde 13% a 0%.na segunda, fazendo uma curva para unir os pontos A eB, ela ter uma decl ividade constante de pouco mais que4%. A segunda melhor so luo para o traado da via.Quando a declividade maior que a desejada raramentese segue o critrio mostrado na figo 2.23a, geralmentese segue o critrio da figo 2.23b, que em outra forma foi

    analisada na figo 2.24, que implica em curvas e, as vezes,em contracurvas, em certa forma zigzagueantes com asvias aumentando assim o percurso tanto quanto se desejar.Quanto mais se aumenta o percurso para cobrir o mesmodesnvel mais se diminui a inclinao da via.

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    60

    55 - --

    =.

    - 15 . . 5 r~ '1 I l'l

    1'9 ? 3 Vo que une os pontos A e B n o''''5'. .e.no o. tem 1;11 de liv idode de 15 e

    1..1 urnas que c mu.to.

    6

    6

    ~5---

    - 5

    45.1 1

    Figura 2.23b No esquema (b) hover umprofundo corte do terreno, resultando em curvossobrepostas, e o via dever ser prolongado em50%. A deelividode ficar reduzida a 10%, maspoisogisl icamen te ser ace itvel .

    1=10 _--------- -J. ---------- 15m1':::;('n'

    Figura 2.23e No esquema (e) a declividcde de1 ser ot.nqido dando umo quebra na viap or o pe rmi ti r o a um en to de s eu c omp ri men to,tambm em 50%. A via ser bem maisogrodovel pon to de v is ta poisogist iea.

    Assim, aparece geralmente uma vantagem adicional:curvas e contracurvas criam paisagens adicionais que fazemmais agradveis os percursos.

    A fotografia do Parque Matarazzo, na Avenida Paul ista,ern So Paulo, que foi mostrada na figo 2.25, um bom

    exempo das vantagens das vias em zigzag.A forma mais prtica de medir a declividade usar umaescala trplice em uma escala dez vezes maior que a daprancha e contar a quantidade de curvas que ficam em 10unidades, como mostra a figo2.26. Assim se a prancha estiver

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    A -

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    8 INFRA-ESTRUTURA DA PAISAGEM o STIO E A TOPOGRAFIA

    em escala 1:1000 coloca-se a escala trpliceem escala 1:100 e conta-se a quantidadede curvas de nvel que aparecem em 10cm.Essa a declividade do st io nesse trecho.Dessa forma, se aparecem cinco curvas, adeclividade de 5%.2.6 Delimitao de baciashidrogrficas com curvasde nvel

    Interpretando adequadamente as curvasde nvel se pode determinar como escoa agua da chuva pela superfcie do terreno. Afigo2.27 mostra um caso tpico de curvas denvel com suas clssicas ondulaes.

    A gua sempre procura o sentido damaior decl ividade, ou seja, perpendiculars curvas de nvel como mostram as setasindicadas no desenho. Onde ela se fecha,a gua se concentra e a rea conhecidacomo complvio' . Por ali a gua desce,I Termoderivado de uma abertura nos lelhados das residnciosromanas. Na folografio da figo2.28. podem ver um complvio emuma res idnci a em rui na s no c idade de Pompi a.

    I ,

    -~

    8eeeeee

    Figura 2.27 Complvios e displvios.

    -

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