Infração Penal II

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ERRO DE TIPO E ERRO DE PROIBIO

LCIO VALENTE([email protected] - ( CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TCNICO DE INTELIGNCIA ) O erro de proibio escusvel exclui o dolo e a culpa; o inescusvel exclui o dolo, permanecendo, contudo, a modalidade culposa. COMENTRIO: Nas minhas aulas, presenciais ou aqui do Ponto, costumo tratar do Erro de Tipo e do Erro de Proibio em momentos diferentes. Isso tem um fator didtico, pois estruturalmente o Erro de Tipo um estudo do Fato Tpico, enquanto o Erro de Proibio aquele que afasta o potencial conhecimento do ilcito, portanto estudado dentro da Culpabilidade. Ocorre que as questes do CESPE costumam cobrar ambos os erros dentro da mesma questo, sempre fazendo um paralelo entre ambos. A presente questo, por exemplo, muito elementar, mais exige que o candidato saiba as diferenas bsicas entre erro de tipo e de proibio. Assim, como venho fazendo, vou apresentar a teoria sobre os dois erros, assim as questes seguintes vo ficando mais fceis. Espero que, neste momento, voc j tenha percebido que gosto de esmiuar todas as informaes possveis do item. Com isso, as assertivas servem como base do estudo. J falei e vou repetir: utilizar questes como teste perda de tempo! Utilize-as como forma de reviso e anlise da banca examinadora. Erro de Tipo Preste ateno nesta estria!

Jorge Rogrio foi com amigos para uma festa rave. Ao som de muita msica eletrnica e regado a doses de lcool, ficou no local at a manh seguinte. Ao retornar, no mais encontrou seus amigos, motivo pelo qual resolveu tomar um txi. Perto de sua residncia h um supermercado com horrio de funcionamento de 24 horas. Aproveitou para passar neste local e comprar alguns utenslios para sua casa, alm de po e leite. Jorge, um pouco atordoado por ter ficado por vrias horas em frente a uma caixa de som de 15.000 W de potncia, saiu do mercado caminhando em direo ao estacionamento. Neste momento, avistou um veculo Lada de cor vermelha. Como possui um carro com exatamente as mesas caracterstica, Jorge teve uma confuso mental e imaginou ser seu aquele carro estacionado. Ao entrar no veculo, foi surpreendido pelo dono deste, o qual estava acompanhado de policiais militares. Jorge foi detido e levado delegacia. Amigos, acreditem ou no, tal fato ocorreu em um planto em que trabalhei como delegado de polcia. Quando eu ouvi a estria, inicialmente no acreditei. Poxa, mas depois que o sujeito me apresentou os documentos de seu carro, vi que, de fato, ele tinha um Lada vermelho idntico quele que estava estacionado. Caramba, no seria possvel que um indivduo desejasse possuir DOIS LADAS VERMELHOS! Um s j castigo o suficiente! (hehe) Caso voc no seja do tempo do veculo LADA, d uma olhada no Google imagens. O carro era um FIAT 147 piorado. Segundo ficou demonstrado, Jorge acreditou sinceramente que o carro que ele tentou retirar do local era de sua propriedade. Se analisarmos o tipo (modelo) do furto (art. 155 do CPB) subtrair coisa alheia, podemos fazer a seguinte indagao: Jorge tinha o dolo de subtrair coisa alheia? Entendemos que no. Isso porque ele se

equivocou sobre um elemento do tipo de furto, qual seja, coisa alheia. Acreditou ele que o alheio fosse prprio.Neste exemplo est estampado o erro sobre o elemento do tipo, uma vez que o houve UM ERRO NO PREENCHIMENTO DO TIPO. Pergunto: Jorge Rogrio tinha dolo de subtrair coisa alheia? Penso que no. Na verdade, na cabea dele o carro no era alheio, o que torna a adequao ao tipo de furto equivocada.

Observe: MODELO: SUBTRAIR COISA ALHEIA MVEL (furto, art. 155). ERRO: O AUTOR PENSA QUE O ALHEIO DELE.

Meu carro!

(CARRO ALHEIO)

Bom, se no h DOLO de subtrair o alheio, qual a consequncia do erro de tipo? O ERRO DE TIPO SEMPRE AFASTA O DOLO. O ERRO DE TIPO SEMPRE AFASTA O DOLO. O ERRO DE TIPO SEMPRE AFASTA O DOLO.

O erro de tipo afasta o dolo do autor. Lembre-se, o erro de tipo essencial sempre afasta o dolo, seja o erro evitvel ou inevitvel. No erro de tipo, o autor conhece e quer as circunstncias de ato do tipo legal. Portanto, se o erro incide sobre tais circunstncias haver a excluso do dolo. O erro de tipo sempre traduz um defeito de conhecimento e se constitui em uma representao ausente e incompleta por parte do sujeito ativo. Em sntese, o erro de tipo representa um DEFEITO na formao intelectual do dolo, o que exclui de seus elementos.

O erro de tipo classificado na doutrina como: a) evitvel, indesculpvel ou inescusvel: afasta o dolo, mas permite a punio pelo resultado a ttulo de culpa, seprevisto em lei.

b) inevitvel, desculpvel ou escusvel: afasta o dolo e a culpa.Lembre-se do clssico exemplo em que um caador vai caar veados na companhia de um amigo danarino de bal clssico. Este ltimo, querendo pregar uma pea no amigo, traveste-se do animal. O caador, ao ver o amigo saltitante, efetua-lhe um disparo mortfero.

Ao verificar o resultado do disparo, percebe que matou o amigo. O erro incide no elemento algum do tipo matar algum. O dolo do caador foi de matar veado e no uma pessoa.1 Se, diante das circunstncias, chegssemos concluso que o caador poderia ter sido mais diligente ao efetuar o disparo, ou seja, que o erro poderia ter sido evitado, o dolo ficar afastado (pois o erro de tipo sempre afasta o dolo), mas responder pelo resultado a ttulo de culpa. Caso chegssemos concluso de que o erro era inevitvel, o caador ter o dolo e a culpa afastados. Bom, vamos ao erro de proibio Erro de Proibio O presente erro um estudo da Culpabilidade, terceiro elemento do conceito tripartido do crime (fato tpico, ilcito e culpvel). Culpabilidade o juzo de censura (de reprovao) feita pelo aplicador da lei (juiz) sobre o fato tpico e ilcito do autor. Para que qualquer pessoa possa ser reprovada, censurada pelo que faz deve agir com: Imputabilidade (capacidade de entender o carter ilcito de sua conduta); Potencial conhecimento da ilicitude (ter conscincia de que age contrariamente ao direito); Exigibilidade de conduta diversa ( sua conduta deve estar dentro do que ordinariamente se espera de uma pessoa comum). Vamos estudar mais detalhadamente esses elementos mais a frente. No momento, gostaria apenas de apontar que o estudo do erro de proibio est no Potencial conhecimento da ilicitude, ou seja, o erro de proibio justamente a falta de tal conhecimento. Para merecer uma pena, portanto, alm de ser imputvel, o sujeito deve ter agido na conscincia de que sua conduta era ilcita. Se no detiver o necessrio conhecimento da proibio (que no se confunde com desconhecimento da lei, o qual indesculpvel), sua ao ou omisso no ter a mesma reprovabilidade. Em tal contexto, dar-se- o ERRO DE PROIBIO (Erro sobre a ilicitude do fato, art. 21). Vejam s o exemplo:

Ana foi adotada aos 12 anos de idade por uma famlia do interior de Gois. Na verdade, Ana morava em um orfanato e foi levada para a residncia de uma velha senhora, que lhe dava abrigo e comida em troca de afazeres domsticos. o que costumam chamar de adoo brasileira. Bom, o fato que Ana era muito bem tratada pela senhora e sentia-se como sua prpria filha. Com 17 anos, Ana ficou grvida de um rapaz qualquer. A senhora, mesmo reprovando a conduta de Ana, ajudava a criar o garoto com todo amor e carinho. Com 19 anos, Ana foi convidada por uma amiga a mudar-se para So Paulo, onde poderiam conseguir um emprego. Como a senhora no aprovou a mudana, uma vez que no queria ficar longe de seu neto adotivo, Ana entrou em atrito com ela e mudou-se para So Paulo sozinha, deixando o garoto com a av. Ana muda-se para So Paulo e passa a trabalhar como secretria em uma clnica mdica. Como era muito bonita, logo comea a namorar um mdico que ali trabalhava. Em pouco tempo j estavam casados. Como Ana j havia contado a seu esposo que deixara seu filho em sua cidade natal, este determinou que Ana l retornasse para busc-lo. Ocorre que a velha Senhora, aps tanto tempo sem notcias da filha, conseguiu a guarda judicial da criana.1

Em sala de aula costumo brincar com os alunos: queria matar o VE, mas acabou matando o VI!

Ana, ao tentar buscar seu filho, encontrou resistncia por parte da velha senhora. Como no viu sada, resolveu subtrair o pequeno e lev-lo escondido para So Paulo. Ana foi presa.

Ao ser perguntada se tinha conscincia de que subtrair criana crime.

Subtrair criana ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocao em lar substituto.(art. 237 do ECA)Ana poderia dar as seguintes respostas: 1 no sabia que era crime. Consequncia: o desconhecimento da lei indesculpvel (inescusvel). Quando a lei publicada presume-se que todos a conhecem. 2 sabe que subtrair criana crime (ou pelo menos tem ideia disso), mas NO ACHA QUE SEJA ERRADO SUBTRAIR O PRPRIO FILHO. Consequncia: a errada compreenso de uma determinada regra legal (que no se confunde com o desconhecimento da lei) pode levar o agente a supor que certa conduta injusta seja justa, a tomar uma errada por certa, a encarar uma anormal como normal, e assim por diante. Nesse caso, surge o que a doutrina convencionou chamar de erro de proibio. O sujeito, diante de uma dada realidade que se lhe apresenta, interpreta mal o dispositivo legal aplicvel espcie e acaba por achar-se no direito de realizar uma conduta que, na verdade, proibida. Desse modo, em virtude de uma equivocada compreenso da norma, supe permitido aquilo que era proibido, da o nome erro de proibio. Em resumo, ocorre erro de proibio quando o agente ACREDITA SINCERAMENTE QUE AGE CONFORME O DIREITO, QUANDO ESTE LHE VIRA AS COSTAS. Classificao do ERRO DE PROIBIO: a) inevitvel ou escusvel: o agente no tinha como conhecer a ilicitude do fato, em face das circunstncias do caso concreto. Se no tinha como saber que o fato era ilcito, inexistia a potencial conscincia da ilicitude, logo, esse erro exclui a culpabilidade (por falta de potencial conhecimento da ilicitude). O agente fica isento de pena; e b) evitvel ou inescusvel: embora o agente desconhecesse que o fato era ilcito, ele tinha condies de saber, dentro das circunstncias, que contrariava o ordenamento jurdico. Se ele tinha possibilidade, isto , potencial para conhecer a ilicitude do fato, possua a potencial conscincia da ilicitude. Logo, a culpabilidade no ser excluda. O agente no ficar isento de pena, mas, em face da inconscincia atual da ilicitude, ter direito a uma reduo de pena de 1/6 a 1/3. Obs.: o CESPE no costuma cobrar essas fraes, mas para provas da FCC e FGV, por exemplo, deve-se memoriz-las. Fcil, no mesmo? Voltando questo: O erro de proibio escusvel exclui o dolo e a culpa; o inescusvel exclui o dolo, permanecendo, contudo, a modalidade culposa. O item est ERRADO, pois mistura as consequncias do erro de tipo com o erro de proibio. GABARITO: ERRADO.

2 - ( CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TCNICO DE INTELIGNCIA) Incorrendo o agente em erro de tipo essencial escusvel ou inescusvel, excluir-se- o dolo, mas permanecer a culpa caso haja previso culposa para o delito. COMENTRIO: na mesma prova, o mesmo objeto de conhecimento. Como expliquei, o erro de tipo essencial sempre afasta o dolo, mas permite a punio por crime culposo se o erro foi evitvel. GABARITO: ERRADO 3- ( CESPE - 2010 - TRE-MT - Analista Judicirio) A respeito de erro de tipo e erro de proibio, assinale a opo correta. a) O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo e a culpa, podendo o agente, no entanto, responder civilmente pelos danos eventualmente ocasionados. COMENTRIO: de fato, o erro sobre elemento constitutivo afasta o dolo, mas para afastar a culpa vai depender de ser escusvel (afasta dolo e culpa) ou inescusvel (afasta somente o dolo). No ltimo caso, poder haver responsabilizao civil (perdas e danos). ITEM ERRADO b) Com relao disciplina das descriminantes putativas, isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstncias, supe situao de fato que, se existisse, tornaria a ao legtima, mas essa iseno de pena no ocorre se o erro derivar de culpa e o fato for punvel como crime culposo. COMENTRIO: descriminantes o mesmo que justificantes ou causas excludentes de ilicitude (ex.: legtima defesa). putativa significa o que se supe ser o que no , imaginrio. O art. 20, 1 do CP, trata das discriminantes putativas, assim dispondo: isento de pena quem, por erro plenamente

justificado pelas circunstncias, supe situao de fato que, se existisse, tornaria a ao legtima. No h iseno de pena quando o erro deriva de culpa e o fato punvel como crime culposo.O erro sobre a descriminante putativa ocorre, por exemplo, quando o agente imagina estar em legtima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal ou exerccio regular do direito. Porm, na realidade, essas descriminantes s existem na mente do agente. Em um caso concreto em que trabalhei, Jos foi ameaado de morte por Joo, tendo este dito que iria a sua casa mat-lo a faca. Durante a noite, Jos acorda com um barulho dentro de sua casa onde morava sozinho e, ao ver um vulto andando pelo corredor, acreditou estar sendo atacado por Joo, ocasio em que desfere um tiro mortfero. Tristemente, era o prprio filho de Jos que havia comparecido ao local para visit-lo. Veja que, no caso, Jos acreditava putativamente, ou seja, imaginariamente que estava em legtima defesa, ao supor que estava sendo agredido por Joo. Nesse caso, aplicam-se as mesmas consequncias do erro de tipo. Se o erro for:

a) evitvel, indesculpvel ou inescusvel: afasta o dolo, mas permite a punio pelo resultado a ttulo de culpa, seprevisto em lei.

b) inevitvel, desculpvel ou escusvel: afasta o dolo e a culpa.O item, como se v, apenas repetiu as palavras da lei. ITEM CORRETO

c) O erro quanto pessoa contra a qual o crime praticado no isenta de pena e, nesse caso, no se consideram, para fins de aplicao da pena e definio do tipo, as condies ou qualidades da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime, mas sim as da vtima real.

O erro quanto pessoa contra a qual o crime praticado no isenta de pena. No se consideram, neste caso, as condies ou qualidades da vtima, seno as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.COMENTRIOS: o art. 20, 3 do CP, assim dispe a respeito do erro sobre a pessoa: No presente erro, o agente mata Tadashi, acreditando ser este seu inimigo Takashi.

Quando da aplicao da pena, o Juiz deve considerar as condies da pessoa contra quem se queria praticar o crime (ex.: se a vtima real Tadashi era criana, isso deve ser desconsiderado caso a vtima virtual seja adulta). Item ERRADO. d) A depender das circunstncias pessoais do autor do crime, o desconhecimento da lei pode ser escusado. COMENTRIO: como expliquei ao falar sobre o erro de proibio, o desconhecimento da lei indesculpvel. Item ERRADO. e) O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitvel, exclui o dolo; se evitvel, constitui causa de iseno da pena. COMENTRIO: erro sobre a ilicitude o mesmo que erro de proibio. Item ERRADO

4. (FCC - 2010 - TRE-AL ANALISTA JUDICIRIO) A dispara seu revlver e mata B, acreditando tratar-sede um animal. A respeito dessa hiptese correto afirmar que se trata de fato tpico, pois o dolo abrangeu todos os elementos objetivos do tipo. COMENTRIO: trata-se de hiptese clssica de erro de tipo. No caso, o dolo do agente no abrangeu todos os elementos do tipo MATAR ALGUM. O dolo foi de matar um animal e no de matar algum (que no deixa de ser um animal, mas tudo bem!). GABARITO: ERRADO 5. (CESPE_JUIZ SUBSTITUTO_TJ_SE_2008) O erro inescusvel sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo e a culpa, se prevista em lei. COMENTRIO: vimos que o erro de tipo inescusvel (indesculpvel, evitvel) afasta o dolo, mas permite a punio culposa, se previsto em lei. GABARITO: E

6. ( CESPE - 2004 - Polcia Federal - Delegado de Polcia - Nacional) O mdico Caio, por negligncia que consistiu em no perguntar ou pesquisar sobre eventual gravidez de paciente nessa condio, receita-lhe um medicamento que provocou o aborto. Nessa situao, Caio agiu em erro de tipo vencvel, em que se exclui o dolo, ficando isento de pena, por no existir aborto culposo. COMENTRIO: de fato, se o mdico Caio receita medicamente abortivo, no sabendo da condio da mulher gestante por ser negligente, h erro de tipo, que, no caso, poderia ser evitado. Deveria responder por aborto culposo, mas no existe essa modalidade de crime na lei penal brasileira. GABARITO: CERTO

ILICITUDE7. (CESPE_Juiz Federal Substituto_TRF_5 Regio_2007-adaptada) A teoria unitria, diferentemente do que ocorre com a teoria diferenciadora, todo estado de necessidade justificante, inexistindo estado de necessidade exculpante. 8 - ( CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TCNICO DE INTELIGNCIA) Considere que, para salvar sua plantao de batatas, um agricultor desvie o curso de gua de determinada barragem para a chcara vizinha, causando vrios danos em razo da ao da gua. Considere, ainda, que tanto a plantao desse agricultor quanto os danos na chcara vizinha sejam avaliados em R$ 50.000,00. Nessa situao, no se configura o estado de necessidade, uma vez que, segundo a sistemtica adotada no Cdigo Penal, a excluso de ilicitude s deve ser aplicada quando o bem sacrificado for de menor valor que o bem salvo. 9. ( CESPE - 2009 - DPE - AL - Defensor Pblico ) Quanto ao estado de necessidade, o CP brasileiro adotou a teoria da diferenciao, que s admite a incidncia da referida excludente de ilicitude quando o bem sacrificado for de menor valor que o protegido. COMENTRIO: a teoria unitria, adotada pelo CPB, admite apenas um tipo de estado de necessidade, aquele que justifica a conduta, leia-se, aquele que funciona como excludente de ilicitude. Vejam que o Cdigo Penal Militar adotou a teoria diferenciadora, pois admite o estado de necessidade como excludente de ilicitude e culpabilidade (CPM, art. 39. No igualmente culpado quem, para proteger direito prprio ou de pessoa a

quem est ligado por estreitas relaes de parentesco ou afeio, contra perigo certo e atual, que no provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifica direito alheio, ainda quando superior ao direito protegido, desde que no lhe era razovelmente exigvel conduta diversa).O Estado de Necessidade no Cdigo Penal Brasileiro , deste modo, sempre justificante, ou seja, afasta sempre a ilicitude. Muito bem. A doutrina internacional e nacional, baseando-se na legislao alem, prev duas hipteses de estado de necessidade: uma justificante (afasta a ilicitude), e outra exculpante (que afasta a culpabilidade). Basicamente, posso dizer que o entendimento da doutrina que v dois tipos de estado de necessidade que h coisas que se justificam (ex.: destruir uma porta para ingressar em uma residncia em salvar uma vida). H outras que no se justificam, mas explicam (ex.: matar algum para salvar sua prpria vida). No sistema do Cdigo Penal Comum, ambas as situaes esto JUSTIFICADAS, uma vez que adotou a Teoria Unitria. A doutrina que entende correta a diferenciao acima dita Teoria Diferenciadora. Vamos compreender esses posicionamentos.

a. TEORIA UNITRIA OU MONISTA OBJETIVA (adotada pelo CPB2): todo estado de necessidade justificante. As situaes que levam ao estado de necessidade afastam sempre a ilicitude. No existe outro estado de necessidade a no ser aquele que tenha por natureza justificar a conduta tpica. b. TEORIA DIFERENCIADORA: Faz uma diferenciao entre conflito de bens em perigo. Para a mencionada teoria, s haver estado de necessidade justificante (excludente da ilicitude) caso o BEM JURDICO SACRIFICADO FOR DE MENOR VALOR. Por outro lado, o estado de necessidade ser exculpante (afasta a culpabilidade) se o bem sacrificado for de igual ou maior valor. Foi adotado pela legislao brasileira? Sim. Pelo Cdigo Penal Militar (arts. 39 e 43):

Estado de necessidade, com excludente de culpabilidade Art. 39. No igualmente culpado quem, para proteger direito prprio ou de pessoa a quem est ligado por estreitas relaes de parentesco ou afeio, contra perigo certo e atual, que no provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifica direito alheio, ainda quando superior ao direito protegido, desde que no lhe era razoavelmente exigvel conduta diversa. Estado de necessidade, como excludente do crime Art. 43. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para preservar direito seu ou alheio, de perigo certo e atual, que no provocou, nem podia de outro modo evitar, desde que o mal causado, por sua natureza e importncia, consideravelmente inferior ao mal evitado, e o agente no era legalmente obrigado a arrostar o perigo.

ESTADO DE NECESSIDADE

Teoria Unitria: adotada pelo Cdigo Penal Comum Teoria Diferenciadora: adotada pelo CP Miltar

Todo estado de necessidade justificante s ser justificante se o bem jurdico sacrificado for de menor valor

GABARITO 7: CORRETO GABARITO 8: ERRADO GABARITO 9: ERRADO

BEM PROTEGIDO

TEORIA UNITRIA

TEORIA DIFERENCIADORA

2

O Cdigo Criminal do Imprio (1830) adotou a teoria diferenciadora, que foi mantida pelo Cdigo Penal de 1890. J o projeto Alcntara Machado (que deu origem ao Cdigo Penal de 1940) adotou a teoria unitria. O anteprojeto Hungria retornou adoo da teoria diferenciadora, que foi adotada pelo natimorto Cdigo de 1969.

Valor superior

Estado de necessidade justificante

Estado de necessidade justificante

Valor igual

Estado de necessidade justificante

Estado de necessidade exculpante

Valor inferior

No h estado de necessidade: ou exclui a culpa por inexigibilidade de conduta Estado de necessidade exculpante diversa ou reduz a pena.

10. ( CESPE - 2010 - TRE-MT - Analista Judicirio-adaptada ) Pode alegar estado de necessidade quem tem o dever legal de enfrentar o perigo, desde que demonstre que praticou o fato para salvar de perigo atual direito prprio cujo sacrifcio, nas circunstncias, no era razovel exigir-se.A primeira excludente de ilicitude apresentada pelo Cdigo e, tambm a mais abrangente, o Estado de Necessidade. O Estado de Necessidade configura-se pela existncia de uma situao de PERIGO, ATUAL, INVOLUNTRIO e INEVITVEL, que exige ao de proteo necessria para garantir um bem jurdico prprio ou de terceiro, evitando um mal prprio ou alheio de outrem, que viola um dever, tornando a conduta ILCITA. H dois exemplos clssicos que ilustram a definio do art. 24 do Cdigo Penal brasileiro que adotou a TEORIA UNITRIA: (a) o formulado por CARNEADES, filsofo e orador grego (215-129 a.c.), de dois nufragos que disputam a mesma tbua de salvao que no tem lugar para ambos (Tbua de Carneades); (b) No Romance de Os Miserveis (Victor Hugo) , um clssico da literatura francesa escrito no sculo XIX, so tratados vrios temas referentes a questes morais. So Tratadas, tambm, questes sentimentais e principalmente o livro fala sobre as injustias sociais. A obra tem como personagem principal Jean Valjean, ex-presidirio, rancoroso, que por furtar po para ajudar uma famlia em situao de absoluta miserabilidade cumpriu pena por 19 anos nas Gals. Gals eram barcos movidos a remo onde os remadores trabalhavam acorrentados e recebiam um soldo mnimo que ficava guardado at libertarem-nos. Nas duas situaes acima, ocorre um conflito entre dois bens tutelados pelo Direito. A luta pela preservao de um dos bens jurdicos, leva ao sacrifcio do outro bem jurdico. No exemplo da tbua de Carneades, existe um conflito entre a vida de duas pessoas que tentam preserv-las em situao de perigo. No exemplo da obra Os Miserveis, existe um conflito entre a vida e o patrimnio do proprietrio do alimento.

BEM JURDICO BEM JURDICO

O raciocnio que o Estado no pode estar presente em todas as situaes de conflito. Quando a ocorrncia do perigo surge, o Direito permite que haja a destruio de um bem jurdico para a preservao de outro. Contudo, o Estado de Necessidade exige alguns requisitos que agora passo a apresentar. Requisitos do Estado de Necessidade a. Perigo atual O ponto nodal do Estado de Necessidade, que o diferencia da Legtima Defesa, que nesta existe uma agresso humana, enquanto no primeiro uma situao de PERIGO em que existem dois bens jurdicos em conflito, sendo que um deve perecer para a salvaguarda do outro.

Nosso Cdigo Penal normatizou a legtima defesa aps o estado de necessidade, partindo da ideia de que aquela decorre do direito de necessidade, possuindo requisitos que a diferenciavam deste, em razo do princpio da especialidade, guardando uma relao de espcie, ante o gnero estado de necessidade, desde o antigo pensamento germnico. O sujeito, ao ser atacado por um co, defende-se, matando-o. Sabemos que o co, por no ser um ser humano, no possui conduta. Assim o dano causado ao dono do co, com a morte deste, estar justificado pelo estado de necessidade. O conflito entre o bem jurdico vida foi preservado em face do bem jurdico propriedade (co propriedade de algum). Exemplo diferente seria se o dono do animal o instigasse a atacar algum. Neste caso, o co est sendo usado como uma arma. Existe agresso humana (que prpria da legtima defesa).

Estado de Necessidade Situao de Perigo atual

Legtima Defesa

Reao agresso humana injusta, atual ou iminente

Ento, caso o sujeito mate um animal instigado por seu dono, o faz em legtima defesa, pois agora houve agresso injusta (por parte do dono do co). O perigo, segundo a norma do CP, deve ser ATUAL. Ocorre que, conforme ensina Bitencourt, o perigo atual (presente, contemporneo) engloba o dano iminente. b. Perigo Involuntrio S poder alegar Estado de Necessidade aquele que se salve de um perigo no causado por sua prpria vontade (dolosamente). Aquele morador da favela que faz um gato no poste de energia para furtar energia eltrica, pode causar culposamente um incndio. Durante o evento, pode ele alegar estado de necessidade para salvar a vida de um filho em detrimento da de outra pessoa? Claro que sim, uma vez que, apesar de ter sido o causador do perigo, no o fez dolosamente, mas sim culposamente. Se, pelo contrrio, resolve atear fogo em sua residncia para receber o valor do seguro, mas acaba por colocar-se em risco, caso precise matar algum para se salvar, responder por este homicdio. O perigo, enfim, no pode ter sido provocado DOLOSAMENTE pela pessoa que invoca o Estado de Necessidade (segundo maioria da doutrina). Caso provoque o perigo culposamente, poder faz-lo. Interessante que, caso o sujeito cria intencionalmente a situao de perigo, coloca-se ele em uma situao de garante (art. 13, 2, a) devendo agir para evitar o resultado. c. Inevitvel O perigo no pode ser daqueles evitveis. O Direito, no Estado de Necessidade, s aceita a excluso da ilicitude se outro caminho no houver para o autor. Em uma situao de perigo, caso o agente tenha a opo de fugir do perigo a destruir bem jurdico alheio, deve faz-lo. Em uma situao de perigo, como em um incndio, por exemplo, caso o agente tenha a alternativa de sair, deve escolher a covardia a destruir um bem de inocente.

d. Proporcionalidade S pode haver alegao de estado de necessidade quando houver proporcionalidade entre o bem protegido e aquele sacrificado. No h proporcionalidade da conduta de quem sacrifica uma vida para salvar sua coleo dos Beatles durante um incndio. Caso o agente destrua desproporcionalmente um bem jurdico para salvar outro ir responder pelo excesso. d.1 Excesso no Estado de Necessidade Justificante: Pode ocorrer quando o autor na conduta de preservar interesse legtimo de outrem, para salvar o seu, atua excessivamente a ttulo de dolo ou culpa. Ex.: os nufragos Paulo e Cssio se agarram a um salva-vidas, o qual insuficiente para os dois; Paulo exmio nadador, o que de conhecimento de Cssio, e, nadando poder atingir a praia; Cssio, em vez de expuls-lo com sua fora fsica superior, d-lhe um tiro, matando-o. P, precisava disso tudo? No, n? O excesso punvel, portanto.

Perigo Atual Perigo no causado dolosamente pelo agente Inevitabilidade

Requisitos do Estado de Necessidade

Proporcionalidade

Por fim, dispe o art. 24, 1 do CP: No pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de

enfrentar o perigo. GABARITO: ERRADO

11- ( CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TCNICO DE INTELIGNCIA ) Considere a seguinte situao hipottica. Ana estava passeando com o seu co, da raa pitbull, quando, por descuido, o animal soltouse da coleira e atacou uma criana. Um terceiro, que passava pelo local, com o intuito de salvar a vtima do ataque, atingiu o co com um pedao de madeira, o que causou a morte do animal. Nessa situao hipottica, ocorreu o que a doutrina denomina de estado de necessidade agressivo.

COMENTRIO: Espcies de Estado de Necessidade

a. Estado de necessidade defensivo e agressivo

AGRESSIVO ocorre quando a conduta do agente sacrifica bens de um inocente, no provocador da situao de perigo (ex.: motorista que, para evitar sua morte quase certa pelo choque de seu veculo com uma jamanta que invadira sua meia pista, desvia-o para o acostamento, atropelando um ciclista.) DEFENSIVO ocorre quando a conduta do agente dirige-se diretamente contra o produtor da situao de perigo, a fim de elimin-la (ex.: destruir as janelas de um veculo para salvar criana que foi esquecida pelo pai dentro do veculo). O pai da criana causou o perigo. O salvador da criana destruiu um bem jurdico do prprio causador (o pai). justamente o caso do item analisado, pois a criadora do perigo foi quem sofreu o dano, ao ter seu cachorro morto. A importncia desta diferenciao que, no primeiro caso (estado de necessidade agressivo), existe a possibilidade de ressarcimento civil por parte do prejudicado. Imagine que, por exemplo, a famlia do ciclista resolva acionar o motorista para que este pague penso viva do morto. Isso plenamente possvel de acordo com os artigos 188, inciso II, nico, 929 e 930 do NCCB:

Art. 188 No constituem atos ilcitos: II - a deteriorao ou destruio da coisa alheia, ou a leso a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Pargrafo nico. No caso do inciso II, o ato ser legtimo somente quando as circunstncias o tornarem absolutamente necessrio, no excedendo os limites do indispensvel para a remoo do perigo. Art. 929 Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, no forem culpados do perigo, assistir-lhes- direito indenizao do prejuzo que sofreram. Art. 930 No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este ter o autor do dano ao regressiva para haver a importncia que tiver ressarcido ao lesado.

Agressivo ESTADO DE NECESSIDADE Defensivo

sacrifica bens de um inocente, no provocador da situao de perigo

volta-se ao causador do perigo

b. Estado de Necessidade Prprio e de Terceiros PRPRIO: A ao se d para salvar-se a si mesmo. TERCEIROS: A ao corre para salvamento de outrem. c. Estado de Necessidade Real e Putativo REAL: O perigo corresponde realidade. PUTATIVO (imaginrio): O agente supe erroneamente estar em situao de perigo. Aplica-se, aqui, a regra do art. 20, 1, do Cdigo Penal.

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punio por crime culposo, se previsto em lei. Descriminantes putativas 1 - isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstncias, supe situao de fato que, se existisse, tornaria a ao legtima. No h iseno de pena quando o erro deriva de culpa e o fato punvel como crime culposo.Imagine a hiptese em que o agente esteja em uma sala de teatro e percebe haver fumaa no local. Ao acreditar ser um princpio de incndio, sai em desabalada carreira e acaba por derrubar uma velhinha que obstrua a passagem de emergncia, causando-lhe leses corporais. Na verdade, a fumaa era proveniente de gelo seco utilizado pelos atores na apresentao teatral. O agente est em erro em relao a um dos elementos do estado de necessidade, ou seja, acredita estar em perigo, quando este no existe. disso que trata o 1 do art. 20 acima. Descriminante putativa (imaginria) a situao em que o agente acredita, falsamente, estar em estado de necessidade, legtima defesa, estrito cumprimento do dever legal ou exerccio regular do Direito, como j expliquei acima. Qual a consequncia? Conforme o art. 20, o agente fica isento de pena, contudo, responder pela modalidade culposa se o erro derivar de culpa e o crime tiver essa modalidade. Neste caso, a culpa denominada CULPA IMPRPRIA.

GABARITO: ERRADO

12. (CESPE PC-PB 2009) Entende-se em legtima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessrios, repele injusta agresso atual, iminente, ou futura, a direito seu ou de outrem. COMENTRIO: Elementos da Legtima Defesa (a) AGRESSO HUMANA DOLOSA: Conforme dissemos acima a agresso deve ser humana. indispensvel que a agresso seja consciente e voluntria. A agresso deve ser humana, pois, conforme j explicamos a defesa contra ataques de animais configuram-se em estado de necessidade, com as ressalvas j aprendidas. Entendemos, ainda, que a agresso a realizao de uma ao DIRECIONADA PRODUO DE LESO A UM BEM JURDICO, isto , supe COSNCINCIA E VONTADE de lesionar um bem jurdico. Por isso, plenamente possvel legtima defesa contra agresses de menores de idade ou de doentes mentais, j que podem praticar condutas injustas. possvel legtima defesa contra agresses de inimputveis (ex. menores e doentes mentais). Isso porque eles praticam atos injustos, mesmo que no sejam crimes. Ao contrrio, uma ao CEGA (ex.: ataque epiltico), ou uma ao CULPOSA no gera uma agresso. Ex.: Rmulo monta em uma motocicleta, sem saber pilot-la, adentra uma rua estreita onde esto algumas crianas jogando bola. Remo, ao v-lo bamboleante, dando-se conta do que vai ocorrer, atira-se

sobre Rmulo, derrubando-o e causando-lhe leses corporais. Remo, neste caso, encontra-se em estado de necessidade de terceiros. Outro exemplo: Caio, em estado de sonambulismo, age contra Mvio com uma faca, no que este desferelhe um soco. Mvio est em ESTADO DE NECESSIDADE.

A agresso deve ser consciente e voluntria 1 requisito da Legtima Defesa possvel LD contra inimputveis Agresso humana injusta a agresso deve ser dolosa

quem reage a uma ingresso culposa age em estado de necessidade(B) BENS JURDICOS QUE PODEM SER DEFENDIDOS TODOS os bens jurdicos podem ser protegidos pela LEGTIMA DEFESA (ex.: vida, liberdade, honra, dignidade sexual etc.) EXISTE LEGTIMA DEFESA DA HONRA? Sim. Age em legtima defesa da honra quem, por exemplo, acirrado por palavras de desafio e, em seguida, ofendido em seu decoro por toques acanalhados em seu corpo, reage desferindo socos no agressor. Impe-se a soluo porque, se TODO DIREITO SUSCETVEL DE DEFESA mediante repulsa adequada a ato que ofenda, tanto mais ser o que compreende o decoro, a dignidade e respeito pessoa. E no caso de adultrio? Nada impede, desde que a reao seja proporcional como, por exemplo, o marido que surpreende a mulher em adultrio com amante, investe contra este, puxa-o pelos cabelos e o coloca para fora de sua casa sob ameaas de morte, conduta JUSTIFICADA pela legtima defesa da honra. O que ocorre que a legtima defesa da honra, que se invoca em benefcio dos maridos que matam suas esposas ao surpreend-la em flagrante adultrio, figura que destoa gritantemente dos princpios fundamentais do Direito Penal. AFINAL, PATENTE QUE, NO ADULTRIO, PERPETRADO PELA MULHER, esta que se DESONRA, no o marido. Concordam?

2 requisito da Legtima Defesa

Bem jurdico defendido

Qualquer bem jurdico (vida, liberdade, honra, dignidade sexual etc.) possvel legtima defesa da honra? Sim, desde que proporcionalmente.

(C) USO MODERADO DOS MEIOS Para que a defesa seja legtima, faz-se necessrio que o agente reaja na medida do que for suficiente para neutralizar a agresso. Observe que nada impede de o defensor utilizar qualquer arma ou instrumento que tiver disponvel (faca, pistola, pedra), desde que faa o uso proporcional.

Caso algum venha me agredir desarmado, nada impede que eu utilize uma arma de fogo para me defender, j que o injusto no pode se sobrepor ao justo. Agora, seria excesso de minha parte desferir dez tiros no peito de quem est desarmado, se apenas um disparo na perna j seria o suficiente. O item afirma que a agresso pode ser iminente (correto) ou futura (errado).

GABARITO: ERRADO

13. ( CESPE - 2009 - DPF) Quanto a tipicidade, ilicitude, culpabilidade e punibilidade, julgue os itens a seguir. Para que se configure a legtima defesa, faz-se necessrio que a agresso sofrida pelo agente seja antijurdica, contrria ao ordenamento jurdico, configurando, assim, um crime. COMENTRIO: plenamente possvel legtima defesa contra agresses de menores de idade ou de doentes mentais, j que podem praticar condutas injustas. possvel legtima defesa contra agresses de inimputveis (ex.:menores e doentes mentais). Isso porque eles praticam atos injustos, mesmo que no sejam crimes.

GABARITO: ERRADO

14- ( CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TCNICO DE INTELIGNCIA) Suponha que, para se defender da injusta agresso de Abel, Braz desfira tiros em direo ao agressor, mas erre e atinja letalmente Caio, terceiro inocente. Nessa situao, Braz no responder por delito algum, visto que a legtima defesa permanece intocvel. COMENTRIO: trata-se de exemplo clssico de erro de execuo (aberratio ictus). Assim dispe o art. 73 do CP:

Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execuo, o agente, ao invs de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no 3 do art. 20 deste Cdigo. No caso de ser tambm atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Cdigo.

O erro na execuo, ou aberratio ictus, o desvio de golpe. Jos pretende matar Joo, mas por erro de execuo, acaba atingindo Pedro. Jos responde como se tivesse praticado o fato contra quem ele queria, de fato, cometer. Se esta tambm atingida, o juiz aplica a regra do concurso formal de crimes. Se a ao foi em legtima defesa no h crime, ainda que atingido terceiro inocente.

GABARITO: CORRETO

15. ( CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TCNICO DE INTELIGNCIA ) O estrito cumprimento do dever legal, causa de excluso da ilicitude, consiste na realizao de um fato tpico por fora do desempenho de uma obrigao imposta diretamente pela lei, no compreendendo a expresso dever legal a obrigao prevista em decreto ou regulamento. COMENTRIOS: No estrito cumprimento do dever, o agente pblico se mantm dentro de suas atribuies e dentro dos limites legais pertinentes, como no caso do policial que cerceia a liberdade de algum (fato tpico de sequestro), mas justifica sua conduta pelo dever legal de prender em flagrante ou com mandado de priso regularmente expedido pelo Poder Judicirio. O dever legal compreende qualquer obrigao derivada direta ou indiretamente de lei. Pode, nesse sentido, constar de decreto, regulamento ou qualquer ato administrativo infralegal.

GABARITO: ERRADO

16. ( CESPE - 2004 - Polcia Federal - Delegado de Polcia ) Para prenderem em flagrante pessoa acusada de homicdio, policiais invadiram uma residncia em que entrara o acusado, danificando a porta de entrada e sem mandado de busca e apreenso. Nessa situao, os policiais no respondero pelo crime de dano, pois agiram em estrito cumprimento do dever legal, que causa excludente da ilicitude. COMENTRIO: este item, considerado correto pela banca examinadora, deve ser reavaliado de acordo com as novas posies a respeito. De fato, os policiais esto no estrito cumprimento do dever legal, mas a questo deve ser cotejada com o art. 5, XI, da CF (a casa asilo inviolvel do indivduo, ningum nela podendo penetrar sem o consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou durante o dia, por determinao judicial). O entendimento majoritrio, atualmente, de que o flagrante que autoriza a entrada em domiclio aquele que ocorre no interior da residncia. No caso de perseguio, caso no haja consentimento dos moradores, h duas situaes: a. se for dia, a polcia pode entrar e efetuar a priso; b. se for noite, a polcia deve guardar as sadas da casa. Ao amanhecer, pode ingressar na residncia para efetivar a priso com o acompanhamento de duas testemunhas. GABARITO: CORRETO

17. (CESPE - 2008 - TCU - Analista de Controle Externo ) Arnaldo, lutador de boxe, agindo segundo as regras desse esporte, matou Ailton durante uma luta. Nesse caso, em razo da gravidade do fato, a violncia esportiva no ser causa de excluso do crime. COMENTRIO: No exerccio regular do direito, qualquer cidado desempenha atividade lcita, dentro dos contornos da lei (ex.: um soco durante a luta de boxe; as cirurgias estticas praticadas por mdico habilitado). Observe que, caso o mdico tenha que realizar uma cirurgia de emergncia, uma vez que o perigo de morte da vtima latente, estar ele amparado pelo estado de necessidade, no necessitando de qualquer autorizao para tal.

GABARITO: ERRADO

18. (CESPE - 2009 - DPE - AL - Defensor Pblico) Clio chegou inconsciente e gravemente ferido emergncia de um hospital particular, tendo o chefe da equipe mdica determinado o imediato encaminhamento do paciente para se submeter a procedimento cirrgico, pois o risco de morte era iminente. Luiz, irmo de Clio, expressamente desautorizou a interveno cirrgica, uma vez que seria necessria a realizao de transfuso de sangue, fato que ia de encontro ao credo religioso dos irmos. Nessa situao, o consentimento de Luiz com relao interveno cirrgica seria irrelevante, pois os profissionais mdicos estariam agindo no exerccio regular de direito.

COMENTRIO: a banca considerou correta a questo. Contudo, penso que a melhor interpretao seria de que os mdicos agiram em estado de necessidade, pois havia um perigo iminente. GABARITO: CERTO

19- ( CESPE - 2010 - DPU ) A responsabilidade penal do agente nos casos de excesso doloso ou culposo aplica-se s hipteses de estado de necessidade e legtima defesa, mas o legislador, expressamente, exclui tal responsabilidade em casos de excesso decorrente do estrito cumprimento de dever legal ou do exerccio regular de direito.

COMENTRIO: antes da reforma de 1984, a figura do excesso s era cabvel no caso da legtima defesa. Aps a reforma, todas as causas excludentes da ilicitude (art. 23) passaram a admitir a figura. No excesso, o agente, primeiramente, agia amparado por uma causa de justificao, ultrapassando, contudo, o limite permitido pela lei. Toda conduta praticada em excesso ilcita, devendo o agente responder pelos resultados dela sobrevindos. GABARITO: ERRADO

20. (POLICIA CIVIL_MG_2007) No existem causas supralegais de excluso da ilicitude, uma vez que o art. 23 do Cdigo Penal pode ser entendido como numerus clausus. COMENTRIO: causa supralegal aquela no est prevista expressamente em lei. Numerus clausus significa nmero restrito. O art. 23 trs quatro hipteses de causas excludentes de ilicitude, mas esse nmero no restrito, uma vez que a doutrina admite o consentimento do ofendido como causa supralegal de excludente de ilicitude. O consentimento do ofendido deve ser estudado com cautela, porquanto poder significar uma excludente de tipicidade, de antijuridicidade ou, mesmo, um indiferente penal. Ensina a doutrina que, caso a consentimento do ofendido esteja nsito no tipo penal, o caso ser de excludente de tipicidade. Exemplo seria do crime de furto, uma vez que se subentende que o ato de subtrair seja realizado sem o consentimento da vtima. No mesmo sentido, o art. 150 do Cdigo Penal, ao tratar da violao de domiclio, diz: Entrar ou permanecer, clandestinamente ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tcita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependncias" (In fine). Caso haja consentimento de quem de direito, no h que se falar em violao de domiclio. Isso porque o dissenso da vtima elementar do tipo penal.

Quando a figura tpica no contm o dissentimento (discordncia) do ofendido como elementar, esta funciona como excludente da antijuridicidade. Exemplo, leses corporais durante o ato de colocar piercing. Neste caso, o consentimento funcionaria como causa supra legal de excluso do ilcito. Ensina Toledo que o consentimento s ser vlido sem contiver os seguintes requisitos (TOLEDO, Francisco de Assis. Princpios bsicos de Direito Penal, p. 215):

que o ofendido tenha manifestado sua aquiescncia livremente, sem coao fraude ou outro vcio de vontade; que o bem jurdico lesado ou exposto a perigo de leso se situe na esfera de disponibilidade do aquiescente; que o ofendido, no momento da aquiescncia, esteja em condies de compreender o significado e as conseqncias de sua deciso, possuindo, pois capacidade para tanto; por fim, que o fato tpico realizado se identifique com o que foi revisto e se constitua em objeto de consentimento pelo ofendido.RESUMINDO: a) gera atipicidade: o dissenso do titular do bem jurdico pertence ao tipo penal. Ex. Estupro; Furto, etc. b) gera excluso da ilicitude: o bem jurdico disponvel. Ex. cirurgia esttica. c) No tem relevncia jurdica: quando o bem jurdico indisponvel. Exemplo: Vida. Erro sobre o consentimento: na situao (a) ERRO DE TIPO. (b) ERRO DE PROIBIO; (c) irrelevante. GABARITO: ERRADO

CULPABILIDADEAmigos, o estudo da culpabilidade aquele que tem mais apresentado dificuldades de entendimento por parte dos alunos. J falamos um pouco dela quando falamos de potencial conscincia da ilicitude (afastada pelo erro de proibio). Vou fazer diferente ento. Antes de apresentar as questes, vou fazer um resumo terico da matria, para que o estudo fique organizado. Isso vai ser importante porque podemos explicar cada elemento da culpabilidade por vez de forma didtica e rica em exemplos. Quando eu for para as questes, vou repisar tudo que expliquei adequando as explicaes s questes. Tenho certeza que vai ficar mais didtico. Vamos l que o STM te espera!

Preste ateno na seguinte estria: Jlia prostituta. Com cinco anos de idade teve sua primeira experincia sexual. Foi violentada pelo padrasto. A me de Jlia tambm era prostituta. Quando Jlia contava apenas com oito anos de idade foi sucumbida pelo uso de crack. Jlia era rf e com essa pouca idade j ajudava a cuidar de outros cinco irmos. Com treze anos de idade Jlia, j viciada em drogas, dava a luz ao seu primeiro filho. O pai da criana era seu padrasto.

Com dezessete anos de idade, agora moradora de rua e viciada em crack, j estava grvida de seu terceiro filho. Com as faculdades mentais dominadas pela substncia entorpecente, Jlia est desesperada por dinheiro para matar a fissura de seu vcio. Em troca de algum dinheiro, Jlia cede um de seus filhos a um estranho. Recebe por isso a quantia de cem Reais. Culpabilidade significa responsabilidade. So termos sinnimos. Se algum pode se responsabilizar pessoalmente por determinado resultado, podemos dizer que, caso esse resultado ocorra, podemos reprovar os irresponsveis. Nem sempre o injusto penal (fato tpico + ilcito) reprovvel ao autor dessa conduta. Antes da possibilidade de reprovar determinada pessoa por sua conduta injusta, deve-se perguntar se aquele injusto reprovvel naquelas circunstncias. Deste modo, podemos conceituar a Culpabilidade como sendo a reprovabilidade da conduta injusta do autor. A primeira ideia que nos vem cabea de que o injusto penal algo sempre reprovvel. Existem pessoas, contudo, que no podem ser responsabilizadas pelas condutas injustas que praticam, vezes por critrios biolgicos (como com os menores), vezes por critrio psiquitricos (como com os doentes mentais ou com os viciados em drogas), vezes porque h uma interpretao tortuosa do conceito de certo e errado (como no erro de proibio), vezes porque a vontade do agente no est totalmente livre (como na coao moral irresistvel). Enfim, a culpabilidade o juzo de censura feita pelo aplicador da lei (juiz) sobre o fato tpico e ilcito do autor, como eu j disse quando tratei do erro de proibio. Lembra-se? Quo reprovvel a conduta de uma menina de dezessete anos de idade que vende seu filho para um estranho? Depende da menina, depende das circunstncias.

Elementos da Culpabilidade segundo a Teoria Finalista (Teoria Normativa Pura da Culpabilidade) Para que algum possa considerar-se, ento, culpvel exija-se que tenha imputabilidade, possibilidade de conscincia da ilicitude da conduta e possa exigir-se comportamento diverso. Imputabilidade O primeiro passo para definirmos a responsabilidade de um sujeito pelo ato injusto praticado a capacidade mental de entender esse ato censurvel. Existem pessoas que por um motivo ou por outro no tm a capacidade de entender que o que fazem algo errado, injusto, reprovvel, enfim, culpvel. A imputabilidade, portanto, significa a capacidade de entender o carter ilcito do fato e determinar sua conduta conforme esse entendimento. Quando ento poderemos dizer que o agente no pode compreender o que faz, ou seja, que INIMPUTVEL? Ou seja, quando poderemos dizer que uma pessoa INCAPAZ de entender seu ato? Enfim, quem so os inimputveis ou incapazes?

Menoridade

Doena mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado

Causas de InimputabilidadeEmbriaguez completa decorrente de caso fortuito ou fora maior

dependncia de drogas

A)

Menoridade (CP, art. 27, e CF, art. 228)

Caso Liana Friedenbach e Felipe Cafffonte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Caso_Liana_Friedenbach_e_Felipe_Caff

No ano de 2003 a morte de Liana Friedenbach e Felipe Caff ocorrido em Embu-Guau, interior de So Paulo, cometido pelo menor infrator conhecido como "Champinha" em companhia de comparsas maiores de idade. No incio de novembro daquele ano, Liana e Felipe eram namorados e decidiram passar um final de semana acampando na floresta numa rea isolada de Embu-Guau, numa rea que no conheciam, e sem o conhecimento dos pais. "Champinha" e "Pernambuco" seguiam para pescar na regio quando viram o casal e tiveram ento a idia de roubar os estudantes. Com a ajuda de comparsas, mantiveram o casal em crcere privado. De acordo com o laudo pericial e depoimento do menor, Champinha matou Felipe com um tiro na nuca e, na madrugada do dia 5 de novembro, levou Liana at um matagal, onde tentou degol-la e golpeou a cabea da estudante com uma peixeira. Os corpos foram encontrados no dia 10 de novembro. "Champinha" e seus comparsas "Pernambuco", Antnio Caetano, Antnio Matias e Agnaldo Pires foram presos dias depois. "Champinha", por ser menor de idade, foi encaminhado para uma unidade da Febem, em So Paulo. Ao final das investigaes, a polcia concluiu que "Pernambuco" no teve participao no crime. Champinha no foi preso porque era um menor de idade, fato este que foi responsvel por reacender os debates sobre a maioridade penal no Brasil.

Muito bem. Imagine que Champinha, assim que fosse apreendido, tivesse sido submetido a exame psiquitrico para determinar sua capacidade de entender o carter ilcito do ato que cometeu. Uma junta de profissionais especializados, ento, emitiria parecer concluindo que Champinha era plenamente capaz de entender o que fazia e de determinar sua vida conforme esse entendimento.

Pergunto: qual o valor desse laudo para os fins de imputabilidade penal? Nenhum. Isso porque h determinao ABSOLUTA na lei que presume (absolutamente, repito) que um menor de dezoito anos no tem capacidade de entender que o que faz errado. Como essa presuno absoluta, no cabe prova em contrrio. A Lei (CP, art. 27, e CF, art. 228) considerou que biologicamente um menor de idade no tem essa capacidade, leia-se, INCAPAZ. CRITRIO ADOTADO NO CASO DE MENORIDADE O BIOLGICO: neste critrio, estabelece-se uma presuno legal absoluta (JURE ET DE JURE) de que o agente no tem capacidade de compreender o carter ilcito do fato. Os menores de 18 anos so penalmente inimputveis, aplicando-se-lhes a legislao pertinente: Lei 8.069/90 (Estatuto da Criana e do Adolescente- ECA). O adolescente (maior de 12 e menor de 18) que pratica fato definido com crime ou contraveno penal incorre, nos termos do ECA, em ato infracional, sujeito chamadas medidas socioeducativas (internao, semiliberdade, etc.). Prova da menoridade do inimputvel: dever ser produzida pela juntada da certido de nascimento do termo de registro civil, tendo em vista o que dispe o art. 155 do CPP ( no juzo penal, somente quanto ao estado das pessoas, sero observadas as restries prova estabelecidas na lei civil). A smula 74, do STJ, diz que para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do ru requer prova por documento hbil. Na hiptese de dvida, proceder-se- PERCIA DE IDADE. A prova da alegao incumbir sempre a quem fizer, podendo o juiz penal determinar diligncia para sua aferio

Critrio biolgico.

critrio absoluto: no admite prova em contrrio

MENORIDADEA prova da inimputabilidade se faz com certido de nascimento.

B)

Doena mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (CP, art. 26)

Preste ateno na seguinte estria: Harun era um garoto inteligente e dedicado aos estudos. Aos 16 anos, quando voltava da aula de ingls, foi surpreendido por assaltantes que, mesmo sem qualquer reao por parte de sua parte, efetuaram um disparo de arma de fogo contra sua cabea, acabando por subtrair-lhe a bicicleta. Harun foi socorrido ao hospital, tendo sido submetido cirurgia delicada para extrao do projtil, o qual estava alojado em sua cabea. Aps vrios meses em coma, Harun sobreviveu violncia sofrida, mas no completamente. O disparo que o atingiu, acabou por afetar parte de seu crebro, causando deficincia mental em Harun. A vtima, hoje com 35 anos de idade, tem idade mental de uma criana de 3 anos de idade. A me de Harun, viva h muitos anos, mantm uma banca de flores artificiais em uma feira de Braslia. Harun, como no pode ficar sozinho, est sempre ao lado de sua me na feira. Importante ressaltar que Harun extremamente dcil, apesar de sua condio mental. Alm disso, tem capacidades intelectuais inteiramente preservadas em determinados aspectos. Por exemplo, tem habilidade incomum para fazer clculos matemticos. Em um determinado dia, uma senhora foi banca de flores comprar produtos para sua casa. Harun, no alto de sua ingenuidade, pegou a moa pelo brao para lhe mostrar um arranjo da loja. A moa se

assusta, o que faz com que Harun a empurre em um misto de medo e surpresa. A moa derrubada ao solo e sofre leses corporais.

A DOENA MENTAL engloba todas as alteraes mrbidas da sade mental independentemente da causa. No estudo do transtorno psquico patolgico, compreendem: Transtornos psquicos debitados a causas corporais-orgnicas - incluem-se as psicoses ENDGENAS e CONGNITAS (esquizofrenia, parania, psicose manaco-depressiva) ou EXGENAS (demncia senil, paralisia geral progressiva, epilepsia), como tambm neuroses e transtornos psicossomticos, sendo que estes, como formas de reao psquico-criminal determinadas por conflitos internos salvo no perodo de breve crise (histeria). Transtornos psquicos patolgicos (psicose exgenas) - faz-se referncia s enfermidades oriundas de transtornos exgenos (psicoses traumticas por leses cerebrais; psicoses por infeco, como a paralisia progressiva; as doenas convulsivas orgnico-cerebrais, como a epilepsia; casos de desintegrao da personalidade com patamar orgnico-cerebral, como arteriosclerose cerebral e a atrofia cerebral; a meningite cerebral, os tumores cerebrais e as afeces metablicas do crebro). O DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO abriga os menores de 18 anos, mas para esses a lei deu tratamento prprio, conforme estudado acima, bem como os SURDOS-MUDOS no educados e os SILVCOLAS (ndios), que ainda no se tenham adaptado ao convvio do grupo social. DESENVOLVIMENTO MENTAL RETARDADO: no desenvolvimento mental RETARDADO situam-se os OLIGOFRNICOS (idiotas, imbecis e dbeis mentais), que apresentam anomalias no processo de desenvolvimento mental e DFICIT INTELECTUAL Em todos os casos (doena mental, desenvolvimento mental incompleto e desenvolvimento mental retardado), perceba, como no caso de Harun, que sua leso cerebral pode ter afetado sua capacidade de entender o carter ilcito de seu ato. Para saber se no momento do ato Harun era capaz ou incapaz de culpabilidade, devemos nos servir do auxlio de uma percia mdica. Isso porque o critrio adotado pelo cdigo para aferir a culpabilidade em caso de doena mental foi o CRITRIO BIOPSICOLGICO, o qual rene os critrio biolgico e o psicolgico: a) existncia de doena mental ou de desenvolvimento mental incompleto ou retardado (CRITRIO BIOLGICO); b) absoluta incapacidade de, ao tempo da ao ou da omisso, entender o carter ilcito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (CRITRIO PSICOLGICO), afervel por percia mdica. Enfim, no primeiro h uma presuno que biologicamente, organicamente, o doente no pode ser capaz de entender o que faz. Todavia, faz-se necessria uma anlise especial sobre o caso concreto, para que se diga clinicamente (psicologicamente) se aquela enfermidade influiu na capacidade do agente no momento exato da ao criminosa. Da mesma forma, no caso dos ndios e dos deficientes auditivos, obrigatria a anlise por profissionais especializados para aferir sua culpabilidade.

Doena mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (CP, art. 26) Crtirio Biopsicolgico: relativo, dependendo de percia.

Doena mental: todas as alteraes da sade mental. Desenvovimento mental incompleto: surdos/mudos e silvcolas no integrados Desenvolvimento mental retardado: oligofrnicos

Quais a consequncias da inimputabilidade? O inimputvel no pratica crime, pois falta a ele capacidade de entender o carter ilcito de seu ato. Aqueles que tm essa capacidade (os capazes ou imputveis) devem ser reprovados por sua conduta, ao contrrio de quem no as tm. Digo isso porque o fundamento da apenao dos capazes a reprovabilidade de sua conduta. Ou seja, sero reprovados por praticar condutas reprovveis. Ao contrrio, os inimputveis no podem ser reprovados pelos atos injustos que cometem, pelo simples fato de no praticarem condutas reprovveis (culpveis). Contudo, praticam atos injustos (fato tpico + ilcito) e isso no pode ser desprezado. Qual a soluo ento? A soluo segregar esse incapaz, mas no como uma forma de puni-lo, mas para que ele seja tratado, educado. Esse processo feito atravs da pena? Claro que no! O processo curativo do inimputvel por doena mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado se d atravs da MEDIDA DE SEGURANA. Neste caso, como o doente mental no pratica crime, dever ser absolvido. Ento, o juiz, considerando a PERICULOSIDADE de sua conduta, aplica-lhe uma medida de segurana curativa. MEDIDA DE SEGURANA Sendo o ru absolvido pela inimputabilidade, o juiz ante a PERICULOSIDADE do autor, aplicar MEDIDA DE SEGURANA (absolvio imprpria). A medida de segurana consiste em internao em manicmio judicirio ou em tratamento em hospital apropriado (tratamento ambulatorial). Cessao da periculosidade A internao e o tratamento ambulatorial SO EXECUTADOS POR TEMPO INDETERMINADO, respeitando o prazo mximo de 30 anos (STF). O juiz determina um prazo mnimo de um a trs anos para que o internado seja reavaliado por pericia mdica-psiquitrica. Em qualquer tempo, ainda no decorrer do prazo mnimo de durao da medida de segurana, poder o Juiz da execuo, diante de requerimento fundamentado do Ministrio Pblico ou do interessado, seu procurador ou defensor, ordenar o exame para que se verifique a cessao da periculosidade.

Em que consiste a semi-imputabilidade ou responsabilidade diminuda?

Muito bem. O doente mental ou a pessoa com desenvolvimento mental incompleto ou retardado podem ter alguma capacidade de entender o ato injusto. Neste caso, a incapacidade no ser absoluta, mas apenas relativa. Em Direito Penal essa capacidade relativa denominada semi-imputabilidade. Semi-imputabilidade a perda de parte da capacidade de entendimento e autodeterminao, em razo de doena mental ou de desenvolvimento incompleto ou retardado. Alcana os indivduos em que as perturbaes psquicas tornam menor o poder de autodeterminao e mais fraca a resistncia interior em relao prtica do crime. Na verdade, o agente imputvel e responsvel por ter alguma noo do que faz, mas sua responsabilidade reduzida em virtude de ter agido com culpabilidade diminuda em conseqncia das suas condies pessoais. Qual a conseqncia da semi-imputabilidade? No exclui a imputabilidade, de modo que o agente ser condenado pelo fato tpico e ilcito que cometeu. Constatada a reduo na capacidade de compreenso ou vontade, o juiz ter duas opes: reduzir a pena de 1/3 a 2/3 ou impor medida de segurana (mesmo assim a sentena continuar sendo condenatria). A escolha por medida de segurana somente poder ser feita se o laudo de insanidade mental indic-la como recomendvel, no sendo arbitrria essa opo. Se for aplicada pena, o juiz estar obrigado a diminu-la de 1/3 a 2/3, conforme o grau de perturbao, tratando-se de direito pblico subjetivo do agente, o qual no pode ser subtrado pelo julgador.

o agente tem alguma capacidade (capacidade relativa)

Semiimputabilidade

Consequncia: o juiz condena e reduz a pena ou impe medida de segurana pelo tempo da pena

C) 28)

EMBRIAGUEZ COMPLETA E INVOLUNTRIA (decorrente de caso fortuito ou fora maior - CP, art.

Embriaguez o estado de letargia causado por intoxicao de drogas, sobretudo pelo lcool. As drogas tm poder de afetar a capacidade intelectual do agente, impedindo que no momento da conduta tenha capacidade de entender o carter censurvel de seu ato. Ocorre que o art. 28 do CPB determina que a embriaguez voluntria, por lcool ou substncias de efeitos anlogos (parecidos), no excluem a imputabilidade penal. Ainda no mesmo artigo, mas agora em seu 1, autoriza que se isente de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou fora maior, era, ao tempo da ao ou omisso, inteiramente incapaz de entender o carter ilcito do fato ou de determinar-se confirme esse entendimento. Assim, temos tratamentos diferenciados para cada tipo de situao, dependendo da espcie de embriaguez. Quais as espcies de embriaguez? a) embriaguez no acidental b) embriaguez acidental c) patolgica d) preordenada.

Conforme o artigo 28 do CPB, somente a embriaguez involuntria (caso fortuito ou fora maior) completa afasta a imputabilidade. No entanto, vamos ver a consequncia de cada uma delas. a) A embriaguez no acidental (dolosa ou culposa) nunca afasta a imputabilidade, por fora da teoria da actio libera in causa (a ao livre na causa). J falamos dela na aula zero, lembram-se? Tudo bem, no custa nada relembrar. Em que consiste a teoria da actio libera in causa? As ACTIONES LIBERAE IN CAUSA so as condutas que, per se, no so conscientes e voluntrias, mas que o so em sua CAUSA ou ANTECEDENTES (aes livres na causa). Quando o agente toma a direo de seu veculo aps ingerir grande quantidade de lcool, pode-se alegar que, caso promova um acidente, no poder responder por ele, j que suas faculdades mentais estaro afastadas pelo lcool. S que, aplicando-se a teoria da ao livre na causa, devemos deslocar essa anlise para o momento em que o agente ingeriu a droga. Pergunta-se, ele era livre para decidir entre beber tendo a conscincia de que iria voltar para casa dirigindo? Se a resposta for positiva, estaremos diante de uma ao livre na causa inicial. H, assim, dois momentos para serem analisados: (a) a prtica em estado de inimputabilidade de um ato penalmente reprovvel; (b) o autor se colocar com a finalidade de comet-lo, ou que poderia ou deveria prev-lo. A teoria aplicada nos casos de: (a) embriaguez voluntria (dolosa): quero encher a cara! (b) culposa, desde que no patolgica: quero me divertir e vou sair pra tomar um suco de cevada! Em ambos os casos, o agente ingere a droga livremente, vezes para ficar doido mesmo (voluntria), vezes para se divertir com os amigos (culposa). De qualquer forma, embriaguez no acidental jamais exclui a imputabilidade do agente, seja voluntria, culposa, completa ou incompleta. Isso porque ele, no momento em que ingeria a substncia, era livre para decidir se devia ou no o fazer. A conduta, mesmo quando praticada em estado de embriaguez completa, originou-se de um ato de livre arbtrio do sujeito, que optou por ingerir a substncia quando tinha possibilidade de no o fazer. A ao foi livre na sua causa, devendo o agente, por essa razo, ser responsabilizado. E a teoria da actio libera in causa (aes livres na causa). Considera-se, portanto, o momento da ingesto da substncia e no o da prtica delituosa. b) Embriaguez involuntria por caso fortuito ou fora maior Veja a seguinte fofoca 031500/31154/31154_1.html): publicada na internet (http://babado.ig.com.br/materias/031001-

O ator Andr Gonalves foi retirado, nesta segunda-feira (2), de um avio que ia de So Paulo a Nova York, sem escalas. O ator teve um ataque de fria enquanto viajava no vo 8864 da Varig. Ele xingou, cuspiu e agrediu os outros passageiros, obrigando vrios tripulantes a segur-lo. Para que a agressividade do ator fosse controlada, ele teve que ser amarrado. s 3h, o piloto resolveu pousar em Belm, para que Andr Gonalves fosse retirado do avio. O delegado da Polcia Federal de Belm Jos Ferreira Sales foi chamado pelos tripulantes. O ator foi levado para o Hospital de Clnicas, na capital do Par. Recebeu tranqlizantes e, depois de se acalmar, seguiu no vo para Nova York. O avio deixou Belm em direo a seu destino final s 4h20.

O ator, em outra oportunidade, deu a seguinte conduta(http://ego.globo.com/Gente/Noticias/0,,MUL1511970-9798,00 ANDRE+GONCALVES+NAO+SOU+MULHERENGO+NAO+SOU+CAFAJESTE.html):

explicao

para

sua

Andr relembrou momentos polmicos de sua vida, quando foi parar em uma clnica psiquitrica aps ter um surto em um avio. "Foi vinho com remdio. Eu tinha medo de avio na poca. Mas essa histria de tentar beijar o Pel lenda. O remdio fez efeito durante o voo, antes de entrar no espao areo americano, por isso o piloto resolveu pousar em Belm. (...) E a, quando um cara bebe, sabe como , fica o famoso no me toque, no coloque a mo em mim. Tomei sete injees, fui dopado. Mas eu no me lembro de nada. Acordei em um hospital psiquitrico amarrado. Foi horrvel.

Ingerir vinho no leva, necessariamente, embriaguez completa. Caso contrrio, todos os padres ficariam completamente embriagados durante as missas, em que celebrada a comunho do po e do vinho (rss). No caso do ator, conforme ele explicou, houve associao do vinho com outra substncia que ele havia ingerido para acalm-lo durante o vo. Alm disso, houve a influncia de outro fator determinante para a completa embriaguez do agente. Veja o que diz o Manual Merck: (http://mmspf.msdonline.com.br/pacientes/manual_merck/secao_24/cap_282.html)

A doena da altitude elevada (mal da montanha) um distrbio causado pela falta de oxignio em altitudes elevadas. O distrbio pode ter vrias formas, primeiro uma forma dominante e, em seguida, outra forma.

medida que a altitude aumenta, a presso atmosfrica diminui e menos molculas de oxignio esto disponveis no ar mais rarefeito. Esta diminuio do oxignio disponvel afeta o corpo de muitas maneiras: a freqncia e a profundidade da respirao aumentam, alterando o equilbrio entre gases nos pulmes e no sangue, aumentando a alcalinidade do sangue e alterando a distribuio de sais (p.ex., potssio e sdio) nas clulas. Como conseqncia, a gua distribuda de modo diferente entre o sangue e os tecidos. Essas alteraes so a principal causa da doena da altitude elevada. Nas altitudes elevadas, o sangue contm menos oxignio, produzindo uma colorao azulada da pele, lbios e unhas (cianose). Ao longo de algumas poucas semanas, o organismo responde produzindo mais eritrcitos (hemcias, glbulos vermelhos) para transportar mais oxignio at os tecidos.

Os efeitos da altitude elevada dependem de quo alto e de quo rpido a pessoa sobe. So poucos os efeitos perceptveis abaixo de 2.200 metros, mas eles so comuns acima de 2.800 metros aps uma ascenso rpida. A maioria das pessoas ajusta-se (aclimatao) a altitudes de at 3.000 metros em poucos dias, mas a aclimatao a altitudes mais elevadas pode levar muitos dias ou semanas. Como se v, a embriaguez do ator resultou da associao de vrios fatores, muitos deles fora do controle e da vontade do agente. Caso fique demonstrado que a embriaguez completa no foi VOLUNTRIA, mas sim INVOLUNTRIA, por CASO FORTUITO (ocasional, acidental), ficar ele afastado da responsabilidade pelo resultado. Olhe bem, no sou eu, Professor de Direito e Delegado de Polcia, que tem a capacidade de determinar se o ator ficou embriagado por caso fortuito ou fora maior. Para isso faz-se necessria anlise pericial. O exemplo acima s uma hiptese do que pode ter ocorrido. Da mesma forma, aquele que, durante um assalto forado a ingerir lcool para que no se lembre do trajeto tomado pelos bandidos e, em seguida libertado. Pode ser que atropele algum no trajeto para a delegacia. Na hiptese, pode alegar que a embriaguez foi causada por coao a que no podia resistir. Ou seja, por uma FORA MAIOR que o impeliu a embriagar-se.

c) Dependncia ou intoxicao involuntria a substncia entorpecente

Muitas vezes, o uso de drogas est acima da vontade do agente. Isso pode ocorrer, principalmente, quando a necessidade orgnica e psicolgica da droga esto em nvel de dependncia qumica. A dependncia se caracteriza pelo forte desejo ou compulso para consumir a substncia. Quando isso ocorre, a lei afasta a responsabilidade do agente, considerando seu estado patolgico De acordo com a Lei de Drogas (Lei 11.343/2006, Art. 45), isento de pena o agente que, em razo da dependncia de droga, era, ao tempo da ao ou da omisso, qualquer que tenha sido a infrao penal praticada, inteiramente incapaz de entender o carter ilcito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Quando absolver o agente, reconhecendo, por fora pericial, que este apresentava, poca do fato, as condies referidas, poder determinar o juiz, na sentena, o seu encaminhamento para tratamento mdico adequado. d) embriaguez preordenada Muitas vezes, o criminoso no tem coragem de praticar o ato delituoso. Para ganhar bravura, utiliza-se de substncias entorpecentes ou do prprio lcool. A embriaguez preordenada ocorre quando a ebriedade dolosamente causada pelo agente para sentir-se mais desinibido, encorajado a praticar o delito. Neste caso, incidir a agravante do art. 61, II, I, do CP. Ento, para aqueles que bebem para tomar coragem h maior reprovabilidade, motivo pelo qual dever incidir uma agravante. embriaguez no acidental (dolosa ou culposa): mesmo que completa no afasta a responsabilidade. embriaguez acidental: por caso fortuito ou fora maior. Se completa, afasta a imputabilidade. patolgica: dependncia de drogas. Pode afastar a culpabilidade por falta de imputabilidade. preordenada: bebe para tomar coragem! Alm de no afastar, aumenta a pena.

aplicao da teoria da actio libera in causa.

EMBRIAGUEZ

EMOO E PAIXAO NO EXCLUEM CRIME (art. 28, I). A EMOO costuma-se definir como uma perturbao afetiva de breve durao, mas de forma intensa, que surge de curto-circuito, como reao a determinados atos circundantes e que, ao romper os freios inibitrios do indivduo, predomina sobre seu comportamento (ira, alegria, medo, coragem). J a PAIXO, como estado psquico similar, tem carter duradouro e intenso ( amor, cime, dio). No dizer de KANT a emoo obra como a gua que rompe a represa, como uma torrente que cava cada vez mais profundamente o seu leito; a emoo como a embriaguez que fermenta; a paixo, como uma enfermidade que resulte de uma constituio viciada ou de um veneno absorvido.

O art. 28, I, declara expressamente que a emoo e a paixo no eliminam a capacidade de entender o carter ilcito do fato. Excluem-se os casos patolgicos. A emoo e a paixo podem atenuar a pena do homicdio e da leso corporal (sob o domnio de violenta emoo). Podem funcionar, tambm, como causa genrica de aumento de pena ou circunstncia agravante, como nas hipteses dos arts. 65, III, c, e art. 121, 1, inciso I, CPB Exigibilidade de conduta diversa O terceiro elemento da culpabilidade diz respeito exigibilidade de outra conduta. Quando o agente pratica um fato injusto, ser que poderamos exigir dele outra conduta? Imagine que um gerente de banco tenha sua famlia sequestrada e os bandidos tenham determinado que ele subtrasse valores da agncia em que trabalha. Caso o gerente atenda a determinao, podemos exigir dele outra conduta? Quero dizer, se fosse voc no lugar dele faria ou no a mesma coisa? Assim, a primeira hiptese de inexigibilidade de conduta diversa justamente o que ocorreu com o tal gerente a coao moral irresistvel. a) Na coao moral irresistvel o agente no ser considerado culpado. Assim, na coao moral irresistvel, h fato tpico e ilcito, mas o sujeito no considerado culpado, em face da excluso da exigibilidade de conduta diversa. Quando o agente est sob coao moral, est ele psicologicamente submetido ao coator. No podemos, assim, exigir outra conduta do coagido.

b) Obedincia hierrquica a ordem no manifestamente ilegal. Hiptese rarssima na prtica, mas que teoricamente pode afastar a culpabilidade por falta de exigibilidade de conduta diversa a obedincia hierrquica a ordem no manifestamente ilegal. A obedincia hierrquica exige a presena de dois elementos: 1) que a ordem no seja manifestamente (claramente) ilegal; 2) ordem oriunda de superior hierrquico. Essa subordinao diz respeito, apenas, hierarquia vinculada funo pblica. A subordinao domstica (ex.: pai e filho) ou eclesistica (ex.: bispo e sacerdote) no configuram a presente dirimente de culpabilidade.

Exigibilidade de Conduta Diversa

Coao moral irresistvel

Obedincia hierrquica a ordem no manifestamente ilegal

21- ( CESPE - 2009 - DPE - AL - Defensor Pblico ) Considere a seguinte situao hipottica. Em uma festividade de calouros de determinada faculdade, Joo foi obrigado por vrios veteranos, mediante coao fsica, a ingerir grande quantidade de bebida alcolica, ficando completamente embriagado, uma vez que no tinha costume de tomar bebida com lcool. Nesse estado, Joo praticou leses corporais e atentado violento ao pudor contra uma colega que tambm estava na festa. Nessa situao, trata-se de embriaguez acidental decorrente de fora maior, devendo ser excluda a imputabilidade de Joo, que fica isento de pena pelos delitos que praticou.

COMENTRIO: como explicado, as hipteses de embriaguez que afetam a culpabilidade (a imputabilidade, mais especificamente) aquela completa por caso fortuito (ex.: o sujeito tropea e cai dentro do alambique) ou por fora maior (ex.: coagido por violncia ou grave ameaa a ingerir a droga), alm da patolgica (ex.: toxicmano).

GABARITO: CORRETO22.( CESPE - 2004 - Polcia Federal - Agente Federal da Polcia Federal - Nacional) A coao fsica e a coao moral irresistveis afastam a prpria ao, no respondendo o agente pelo crime. Em tais casos, responder pelo crime o coator. COMENTRIO: No podemos confundir a coao moral irresistvel, que estudamos hoje, com a coao fsica irresistvel. A coao moral irresistvel, conforme estudamos hoje, afasta a CULPABILIDADE por falta de exigibilidade de conduta diversa. A coao fsica, por sua vez, afasta a prpria conduta (ao) por falta de vontade. A coao fsica ocorre quando a fora fsica de algum se sobrepe fora fsica de outra pessoa.

GABARITO: ERRADO

23. (CESPE - 2008 - TCU - Analista de Controle Externo - Auditoria Governamental) Ricardo, obrigado por Sandra, mediante ameaa de arma de fogo, a ingerir quantidade excessiva de bebida alcolica, ficou completamente embriagado. Nessa hiptese, se Ricardo viesse a cometer um delito, sua pena poderia ser reduzida em at 2/3, caso ele fosse, ao tempo da ao, inteiramente incapaz de entender o carter ilcito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

COMENTRIO: a mesma situao da questo 24. No caso, Ricardo est sob coao moral irresistvel. Como a embriaguez completa, fica afastada a culpabilidade. No tem crime, no tem pena.

GABARITO: ERRADO

24. ( CESPE - 2009 - PC - PB Delegado-adaptada) Nos crimes de trfico de substncias entorpecentes, isento de pena o agente que, em razo da dependncia ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou fora maior, de droga, era, ao tempo da ao ou da omisso, qualquer que tenha sido a infrao penal praticada, inteiramente incapaz de entender o carter ilcito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. COMENTRIO: se o agente inimputvel por dependncia de drogas e, por esse motivo, era ao tempo da ao completamente incapaz de compreender o carter errado do que faz e de determinar a sua conduta conforme esse entendimento, ficar isento de pena, pois no existe imputabilidade para o agente. A nica observao que fao que a dependncia de drogas pode afastar a culpabilidade de qualquer crime, no s os de trfico de drogas. De qualquer forma, a questo correta.

GABARITO: CORRETO

25.( CESPE - 2009 - PC - PB Delegado-adaptada) Na prtica de crime em obedincia hierrquica, se a ordem no for manifestamente ilegal, o subordinado e o superior hierrquico no respondem por crime algum.

COMENTRIO: na obedincia hierrquica, que afasta a culpabilidade, a ordem deve ser NO MANIFESTAMENTE ilegal. Se eu recebo uma ordem e ela visivelmente (manifestamente) ilegal (ex.: o Delegado Chefe determina que eu torture um preso para que este confesse o crime) ambos respondem pelo crime, tanto o Delegado Chefe, como eu. Na questo, a ordem no manifestamente ilegal, ou seja, quem obedece a ordem acredita que ela lcita, legal. Contudo, quem emite a ordem sabe que ela ilegal (ex.: Delegado que determina ao Agente, que no formado em Direito, a encarcerar um sujeito sem situao de flagrante, orientando o subordinado de que, h sim, situao flagrancial). No caso, somente o Delegado ir responder pelo Abuso de Autoridade, j que o Agente acreditou que fazia algo lcito. Essa situao afasta a exigibilidade de conduta diversa do Agente de Polcia, no respondendo ele por crime algum.

GABARITO: ERRADO

29. (FCC_AUDITOR_TCE_AL_2008) Excluem a culpabilidade (A) o estado de necessidade e a obedincia hierrquica. (B) a legtima defesa e a doena mental. (C) o estrito cumprimento do dever legal e a obedincia hierrquica. (D) a coao moral irresistvel e a menoridade. (E) o exerccio regular de direito e o desenvolvimento mental incompleto ou retardado.

COMENTRIO: a nica alternativa que contm apenas dirimentes (excludentes de culpabilidade) a D. Todas a outras misturam justificantes (excludentes de ilicitude) com dirimentes. GABARITO: D

30.(CESPE_ PGE_CE_2004) Rodrigo , professor de anatomia de um curso de medicina, golpeou mortalmente um corpo humano vivo, trazido ao anfiteatro da faculdade, supondo tratar-se de um cadver. Nessa situao, Rodrigo no responder pelo crime de homicdio doloso, em face do erro de proibio. COMENTRIO: no caso, Rodrigo est em erro de tipo, j que no tem dolo de matar algum (j que na cabea dele era apenas um corpo inativo). Houve um erro sobre o elemento algum do tipo de homicdio. Um macete legal para diferir o erro de tipo do erro de proibio o seguinte: O ERRO DE TIPO UM ERRO SOBRE O FATO CONCRETO (ex.: pensava que era cadver, mas o fato concreto era algum vivo).

O ERRO DE PROIBIO UM ERRO SOBRE O DIREITO (ex.: pensava que tinha o direito de matar o estuprador da prpria filha, mas o direito no lhe d essa prerrogativa).

GABARITO: ERRADO

31. ( CESPE - 2010 - TRE-BA - Analista Judicirio) A imputabilidade penal um dos elementos que constituem a culpabilidade e no integra a tipicidade. COMENTRIO: os outros elementos so: potencial conscincia da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa.

GABARITO: CORRETO

32. ( CESPE - 2009 - PC - PB - Agente de Investigao) No ordenamento jurdico brasileiro, a imputabilidade penal a) exclui a ilicitude do fato criminoso pela legtima defesa ou pela falta de discernimento. b) irrelevante para a aplicao da pena, pois no impede a condenao do criminoso. c) a capacidade de entender o carter ilcito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. d) equivale potencial conscincia da ilicitude. e) equivale exigibilidade de conduta diversa. COMENTRIO: a imputabilidade a capacidade de entender a capacidade de entender que o que faz ilcito e de dirigir sua vida conforme esse entendimento. Os menores, doentes mentais etc. no possuem tal capacidade.

GABARITO: C33. ( CESPE - 2009 - PC - PB - Delegado) Assinale a opo correta relacionada imputabilidade penal, considerando um caso em que o laudo de exame mdico-legal psiquitrico no foi capaz de estabelecer o nexo causal entre o distrbio mental apresentado pelo periciado e o comportamento delituoso. a) O diagnstico de doena mental suficiente para tornar o agente inimputvel. b) A doena mental seria atenuante quando considerada a dosimetria da pena, devendo o incriminado cumprir de um sexto a um tero da pena. c) Trata-se de caso de aplicao de medidas de segurana. d) Dever ser realizada nova percia. e) O agente deve ser responsabilizado criminalmente. COMENTRIO: O critrio adotado em relao aos doente mentais o biopsicolgico. Biologicamente a doena mental impede a capacidade de culpabilidade. Entretanto, deve-se ficar demonstrado pericialmente que a doena mental teve efetiva interferncia em tal capacidade.

GABARITOS: E

34. ( CESPE - 2009 - PGE-PE - Procurador de Estado ) Tarso, embriagado, colidiu o veculo que dirigia, vindo a lesionar gravemente uma pessoa. Nessa situao hipottica, a respeito da imputabilidade penal de Tarso, assinale a opo correta. a) Pela teoria da actio libera in causa, Tarso no poder responder pelo crime, pois no era capaz de se autodeterminar no momento da ao criminosa. b) A responsabilidade de Tarso depende de a embriaguez ser voluntria ou culposa. c) Caso a embriaguez de Tarso tenha sido preordenada, ele responder pelo crime, mas de forma atenuada. d) Caso seja comprovado que Tarso sofre da doena do alcoolismo, sua pena ser apenas o tratamento mdico. e) Se Tarso estava completamente embriagado por ter sido obrigado a ingerir uma garrafa inteira de usque por um desafeto seu, que lhe apontava uma arma e intencionava humilh-lo, ento, nesse caso, Tarso ser isento de pena. COMENTRIO: se Tarso foi moralmente coagido a ingerir a bebida, a embriaguez foi involuntria por fora maior que, se completa, afasta a culpabilidade. GABARITO: E

Lista de questes1 - ( CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TCNICO DE INTELIGNCIA ) O erro de proibio escusvel exclui o dolo e a culpa; o inescusvel exclui o dolo, permanecendo, contudo, a modalidade culposa. 2 - ( CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TCNICO DE INTELIGNCIA) Incorrendo o agente em erro de tipo essencial escusvel ou inescusvel, excluir-se- o dolo, mas permanecer a culpa caso haja previso culposa para o delito. 3- ( CESPE - 2010 - TRE-MT - Analista Judicirio) A respeito de erro de tipo e erro de proibio, assinale a opo correta. a) O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo e a culpa, podendo o agente, no entanto, responder civilmente pelos danos eventualmente ocasionados. b) Com relao disciplina das descriminantes putativas, isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstncias, supe situao de fato que, se existisse, tornaria a ao legtima, mas essa iseno de pena no ocorre se o erro derivar de culpa e o fato for punvel como crime culposo. c) O erro quanto pessoa contra a qual o crime praticado no isenta de pena e, nesse caso, no se consideram, para fins de aplicao da pena e definio do tipo, as condies ou qualidades da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime, mas sim as da vtima real. d) A depender das circunstncias pessoais do autor do crime, o desconhecimento da lei pode ser escusado. e) O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitvel, exclui o dolo; se evitvel, constitui causa de iseno da pena.

5. (CESPE_JUIZ SUBSTITUTO_TJ_SE_2008) O erro inescusvel sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo e a culpa, se prevista em lei. 6. ( CESPE - 2004 - Polcia Federal - Delegado de Polcia - Nacional) O mdico Caio, por negligncia que consistiu em no perguntar ou pesquisar sobre eventual gravidez de paciente nessa condio, receita-lhe um medicamento que provocou o aborto. Nessa situao, Caio agiu em erro de tipo vencvel, em que se exclui o dolo, ficando isento de pena, por no existir aborto culposo. 7. (CESPE_Juiz Federal Substituto_TRF_5 Regio_2007-adaptada) A teoria unitria, diferentemente do que ocorre com a teoria diferenciadora, todo estado de necessidade justificante, inexistindo estado de necessidade exculpante. 8 - ( CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TCNICO DE INTELIGNCIA) Considere que, para salvar sua plantao de batatas, um agricultor desvie o curso de gua de determinada barragem para a chcara vizinha, causando vrios danos em razo da ao da gua. Considere, ainda, que tanto a plantao desse agricultor quanto os danos na chcara vizinha sejam avaliados em R$ 50.000,00. Nessa situao, no se configura o estado de necessidade, uma vez que, segundo a sistemtica adotada no Cdigo Penal, a excluso de ilicitude s deve ser aplicada quando o bem sacrificado for de menor valor que o bem salvo. 9. ( CESPE - 2009 - DPE - AL - Defensor Pblico ) Quanto ao estado de necessidade, o CP brasileiro adotou a teoria da diferenciao, que s admite a incidncia da referida excludente de ilicitude quando o bem sacrificado for de menor valor que o protegido.

10. ( CESPE - 2010 - TRE-MT - Analista Judicirio-adaptada ) Pode alegar estado denecessidade quem tem o dever legal de enfrentar o perigo, desde que demonstre que praticou o fato para salvar de perigo atual direito prprio cujo sacrifcio, nas circunstncias, no era razovel exigir-se. 11- ( CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TCNICO DE INTELIGNCIA ) Considere a seguinte

4. (FCC - 2010 - TRE-AL ANALISTA JUDICIRIO)A dispara seu revlver e mata B, acreditando tratar-se de um animal. A respeito dessa hiptese correto afirmar que se trata de fato tpico, pois o dolo abrangeu todos os elementos objetivos do tipo.

situao hipottica. Ana estava passeando com o seu co, da raa pitbull, quando, por descuido, o animal soltou-se da coleira e atacou uma criana. Um terceiro, que passava pelo local, com o intuito de salvar a vtima do ataque, atingiu o co com um pedao de madeira, o que causou a morte do animal. Nessa situao hipottica, ocorreu o que a doutrina denomina de estado de necessidade agressivo. 12. (CESPE PC-PB 2009) Entende-se em legtima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessrios, repele injusta agresso atual, iminente, ou futura, a direito seu ou de outrem. 13. ( CESPE - 2009 - DPF) Quanto a tipicidade, ilicitude, culpabilidade e punibilidade, julgue os itens a seguir. Para que se configure a legtima defesa, faz-se necessrio que a agresso sofrida pelo agente seja antijurdica, contrria ao ordenamento jurdico, configurando, assim, um crime. 14- ( CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TCNICO DE INTELIGNCIA) Suponha que, para se defender da injusta agresso de Abel, Braz desfira tiros em direo ao agressor, mas erre e atinja letalmente Caio, terceiro inocente. Nessa situao, Braz no responder por delito algum, visto que a legtima defesa permanece intocvel. 15. ( CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TCNICO DE INTELIGNCIA ) O estrito cumprimento do dever legal, causa de excluso da ilicitude, consiste na realizao de um fato tpico por fora do desempenho de uma obrigao imposta diretamente pela lei, no compreendendo a expresso dever legal a obrigao prevista em decreto ou regulamento. 16. ( CESPE - 2004 - Polcia Federal - Delegado de Polcia ) Para prenderem em flagrante pessoa acusada de homicdio, policiais invadiram uma residncia em que entrara o acusado, danificando a porta de entrada e sem mandado de busca e apreenso. Nessa situao, os policiais no respondero pelo crime de dano, pois agiram em estrito cumprimento do dever legal, que causa excludente da ilicitude. 17. (CESPE - 2008 - TCU - Analista de Controle Externo ) Arnaldo, lutador de boxe, agindo segundo as regras desse esporte, matou Ailton durante uma luta. Nesse caso, em razo da gravidade do fato, a violncia esportiva no ser causa de excluso do crime. 18. (CESPE - 2009 - DPE - AL - Defensor Pblico) Clio chegou inconsciente e

gravemente ferido emergncia de um hospital particular, tendo o chefe da equipe mdica determinado o imediato encaminhamento do paciente para se submeter a procedimento cirrgico, pois o risco de morte era iminente. Luiz, irmo de Clio, expressamente desautorizou a interveno cirrgica, uma vez que seria necessria a realizao de transfuso de sangue, fato que ia de encontro ao credo religioso dos irmos. Nessa situao, o consentimento de Luiz com relao interveno cirrgica seria irrelevante, pois os profissionais mdicos estariam agindo no exerccio regular de direito. 19- ( CESPE - 2010 - DPU ) A responsabilidade penal do agente nos casos de excesso doloso ou culposo aplica-se s hipteses de estado de necessidade e legtima defesa, mas o legislador, expressamente, exclui tal responsabilidade em casos de excesso decorrente do estrito cumprimento de dever legal ou do exerccio regular de direito. 20. (POLICIA CIVIL_MG_2007) No existem causas supralegais de excluso da ilicitude, uma vez que o art. 23 do Cdigo Penal pode ser entendido como numerus clausus. 21- ( CESPE - 2009 - DPE - AL - Defensor Pblico ) Considere a seguinte situao hipottica. Em uma festividade de calouros de determinada faculdade, Joo foi obrigado por vrios veteranos, mediante coao fsica, a ingerir grande quantidade de bebida alcolica, ficando completamente embriagado, uma vez que no tinha costume de tomar bebida c