infratores de transito

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    de forma agressiva, em desacordo com o disposto no pargrafo nico do art. 59:Infrao - mdia.Penalidade - multa.Medida administrativa - remoo da bicicleta, mediante recibo para o pagamento damulta.

    Nestes casos, a aplicao das penalidades depende da regulamentao quanto ao registroe licenciamento destes veculos, que deve ser estabelecida em legislao municipal dodomiclio ou residncia de seus proprietrios, na forma do preconizado no artigo 129 doCTB.

    Se, nos casos acima suscitados, no vemos a aplicao das penalidades aos infratores detrnsito, no de se estranhar que tal fato igualmente ocorra naquelas situaes em queos infratores nem mesmo so usurios da via, como vemos nas infraes dos artigos174, 221, 243, 245 e 246, transcritos a seguir (e nos quais destacamos os responsveispelas infraes, mencionados nos prprios artigos):

    Art. 174 - PROMOVER, na via, competio esportiva, eventos organizados, exibio edemonstrao de percia em manobra de veculo, ou deles participar, como condutor,sem permisso da autoridade de trnsito com circunscrio sobre a via:Infrao - gravssima.Penalidade - multa (cinco vezes), suspenso do direito de dirigir e apreenso do veculo.Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitao e remoo doveculo.Pargrafo nico - As penalidades so aplicveis aos PROMOTORES e aos condutoresparticipantes.

    Art. 221 - Portar no veculo placas de identificao em desacordo com as especificaese modelos estabelecidos pelo CONTRAN:Infrao - mdia.Penalidade - multa.Medida administrativa - reteno do veculo para regularizao e apreenso das placasirregulares.Pargrafo nico - Incide na mesma penalidade AQUELE QUE CONFECCIONA,DISTRIBUI OU COLOCA, em veculo prprio ou de terceiros, placas de identificaono autorizadas pela regulamentao.

    Art. 243 - Deixar a EMPRESA SEGURADORA de comunicar ao rgo executivo detrnsito competente a ocorrncia de perda total do veculo e de lhe devolver asrespectivas placas e documentos:Infrao - grave.Penalidade - multa.Medida administrativa - Recolhimento das placas e dos documentos.

    Art. 245 - Utilizar a via para depsito de mercadorias, materiais ou equipamentos, semautorizao do rgo ou entidade de trnsito com circunscrio sobre a via:Infrao - grave.Penalidade - multa.

    Medida administrativa - remoo da mercadoria ou do material.Pargrafo nico - A penalidade e a medida administrativa incidiro sobre a PESSOA

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    FSICA OU JURDICA responsvel.

    Art. 246 - Deixar de sinalizar qualquer obstculo livre circulao, segurana deveculo e pedestres, tanto no leito da via terrestre como na calada, ou obstaculizar a viaindevidamente:

    Infrao - gravssima.Penalidade - multa, agravada em at cinco vezes, a critrio da autoridade de trnsito,conforme o risco segurana.Pargrafo nico - A penalidade ser aplicada PESSOA FSICA OU JURDICAresponsvel pela obstruo, devendo a autoridade com circunscrio sobre a viaprovidenciar a sinalizao de emergncia, s expensas do responsvel, ou, se possvel,promover a desobstruo.

    Se analisarmos os demais artigos de infraes de trnsito, encontraremos outrassituaes em que os verdadeiros infratores tambm no so multados, preferindo-sepenalizar aquele que se encontra ao volante, como se ele fosse responsvel, nica e

    indiscutivelmente, por tudo que ocorre no interior de seu veculo.Vejamos, por exemplo, a infrao, muito comum, relativa ao no uso do cinto desegurana:

    Art. 167 - Deixar o CONDUTOR ou PASSAGEIRO de usar o cinto de segurana,conforme previsto no art. 65:Infrao - grave.Penalidade - multa.Medida administrativa - reteno do veculo at colocao do cinto pelo infrator.

    Diferentemente do que ocorre com a utilizao do capacete de segurana nasmotocicletas, motonetas e ciclomotores, em que o artigo 244, II, preconiza comoinfrao o TRANSPORTE DE PASSAGEIRO SEM CAPACETE, no caso do artigo167 a infrao no ocorre pelo TRANSPORTE DE PASSAGEIRO SEM CINTO, mas alei disciplina duas condutas irregulares, no mesmo dispositivo: Deixar o CONDUTORde usar o cinto OU Deixar o PASSAGEIRO de usar o cinto; alis concluso que semostra mais justa e equilibrada, em especial quando tratamos de veculo de transportecoletivo, de modo a individualizar as condutas transgressionais. Destarte, a prticaadotada pela fiscalizao de trnsito, de modo geral, tem pautado pela aplicao depenalidade ao condutor, independente de quem estava sem o cinto, com a conseqenteresponsabilidade ao proprietrio pelo pagamento da multa.

    Embora compreenda que seja uma posio inovadora, dentre os estudiosos da legislaode trnsito, entendo que o passageiro de veculo que no utiliza cinto de seguranadeveria ser diretamente penalizado pela infrao cometida, assim como DEVERIAOCORRER, nas respectivas infraes, com os pedestres; condutores de veculos detrao animal ou propulso humana; promotores de competies no autorizadas;fabricantes, distribuidores e instaladores de placas de identificao irregulares; empresasseguradoras e pessoas fsicas ou jurdicas que utilizam a via como depsito ou criamqualquer obstculo, sem a devida sinalizao. Ou, ento, que se mude a lei, amoldandoa teoria ao que ocorre na prtica.Expresses interessantes da legislao de trnsito

    Publicado porWebmasterem 19/8/2010 (2677 leituras)

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    Conhecer o significado da linguagem essencial para qualquer comunicao, pois, paraque haja entendimento entre o emissor e o receptor da mensagem, ambos devem,obviamente, compreender o cdigo lingustico utilizado. No meio jurdico, no diferente; a questo, alis, ainda mais complexa, j que existe uma distnciasignificativa entre aquele que transmite a informao, por meio de um regramento

    jurdico (o legislador) e aquele a quem se destina a mensagem, seja o intrprete, ooperador do Direito ou o cidado, de maneira geral.Na comunicao cotidiana, as relaes sociais do sentido s palavras e as emoesacentuam ou atenuam os seus significados, permitindo uma interao mais efetiva entreas pessoas. Um aluno que responde ao professor que entendeu a aula ministrada podetransmitir, por meio da sua expresso corporal e da entonao de sua voz, umamensagem totalmente oposta, apesar da afirmao proferida.No Direito, entretanto, a utilizao da linguagem requer um cuidado apurado, tendo emvista que, alm de ser impessoal, a lei tem como fundamento justamente prescrever umcomportamento para a vida em sociedade e, portanto, deve ser clara o suficiente paraevitar interpretaes equivocadas, dbias ou contraditrias. No se trata de privilegiar

    uma redao rebuscada, mas, pelo contrrio, deve o legislador primar pelo uso dodiscurso, ao mesmo tempo, simples, correto e inteligvel.Em sua famosa obra, denominada Do Esprito das leis, de 1748, o Baro deMontesquieu ponderava que o estilo das leis deve ser simples. A expresso direta seentende sempre melhor do que a expresso refletida. No h majestade alguma nas leisdo baixo imprio, nas quais se fez os prncipes falarem como retricos. Quando o estilodas leis empolado, as encaramos apenas como uma obra de ostentao e ainda queas leis no devem ser sutis. So feitas para pessoas de pouco entendimento. No souma arte da lgica, mas a razo simples de um pai de famlia.Infelizmente, nem sempre, a simplicidade est presente no texto legal. No trnsito,assim como em qualquer rea na qual aprofundssemos nosso estudo, encontramosdiversas expresses que lhe so prprias, variando, inclusive, no mesmo idioma. Umsemforo pode ser chamado tambm de farol ou de sinaleira, assim como uma rotatria

    pode ser uma ilha, uma rtula ou um queijim, a depender do regionalismo brasileiro,muito embora a rica variao da nomenclatura no conste da redao legislativa.Algumas das palavras utilizadas pelo Cdigo de Trnsito Brasileiro so traduzidas, apso seu ltimo artigo, com a expressa explicao, no artigo 4, de que os conceitos edefinies estabelecidos para os efeitos deste Cdigo so os constantes do Anexo I.Ainda assim, nem todos os termos de trnsito foram contemplados: o Cdigo traz, porexemplo, o significado de noite (perodo do dia compreendido entre o pr do sol e onascer do sol), mas no faz meno ao que vem a ser um carro, um caminho, ou um

    triciclo (apesar de relacionar automvel, bicicleta, caminho-trator, caminhonete,camioneta, ciclo, ciclomotor, motocicleta, motoneta, reboque e semi-reboque).A simples anlise do Anexo I do CTB nos renderia vrios exemplos curiosos, como alacnica descrio do que so vias rurais (estradas e rodovias), ou a expresso tcnica (epouco conhecida), cuja traduo acompanhada do seu nome popularCATADIPTRICO: dispositivo de reflexo e refrao da luz, utilizado na sinalizaode vias e veculos (olho-de-gato).Alis, algumas explicaes no esclarecem muita coisa: INTERSEO, por exemplo, todo cruzamento em nvel, mas se o leitor quiser saber o que CRUZAMENTO, este descrito como interseo de duas vias em nvel.No me limitarei, entretanto, aos conceitos e definies propostos pelo legislador de

    trnsito; minha inteno percorrer os (atuais) 21 Captulos do CTB e apontar algumasexpresses interessantes que merecem um olhar mais crtico.

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    Comecemos pelo ttulo do prprio Anexo I: Dos conceitos e definies. Afinal, comose preteriu o popular glossrio, para explicitar os termos tcnicos de trnsito, de se

    perguntar se as palavras conceitos e definies se equivalem. Embora pareamsinnimos, existem diferenas sintticas para a utilizao tcnica de tais expresses: Oconceito pode variar de uma pessoa para outra e resultante de uma escolha arbitrria

    (ou convencionada), a respeito daquilo que se quer conceber. Enquanto algum podedizer, por exemplo, que o seu conceito de gua o bem mais precioso da natureza,outro pode argumentar que o conceito mais adequado seria uma substncia incolor,inodora e inspida. Tratam-se de conceitos que, mesmo distintos, conservam igualvalidade, alterando-se to somente em funo do referencial utilizado pelosinterlocutores. Diferentemente, a definio procura apontar, em relao a determinadoser ou objeto, quais so suas particularidades que o distinguem de outros do mesmognero: por definio, a gua uma substncia lquida, composta por duas molculas dehidrognio e uma de oxignio.Mas esta tambm uma conveno lingustica ignorada: na prtica, o CTB parecedenominar de conceitos e definies os significados escolhidos para cada uma das

    palavras indicadas no Anexo I, sem o rigor tcnico apontado.De igual sorte, em outros dispositivos do Cdigo, encontramos palavras diferentes, comsutis peculiaridades em seu alcance ou com significados exatamente iguais. No primeirocaso, aponto como exemplo o artigo 7 do CTB, que indica os RGOS eENTIDADES que compem o Sistema Nacional de Trnsito. Apesar de,frequentemente, tais palavras serem usadas como equivalentes, a doutrina de DireitoAdministrativo costuma nominar RGOS os componentes da Administrao pblicadireta, criados por meio da desconcentrao do Poder Executivo, enquanto intitulaENTIDADES aquelas criadas pela descentralizao administrativa, que d origem Administrao pblica indireta.No que se refere a palavras diferentes, com igual significado, podemos destacar o artigo220, inciso I, que pune a velocidade incompatvel com a segurana do trnsito, quandoo veculo se aproximar de passeatas, aglomeraes, CORTEJOS, PRSTITOS edesfiles, no havendo diferena substancial entre os termos grifados. Tambmencontramos sinnimos em artigos distintos do CTB: para indicar infraes de trnsitoque ocorrem com o veculo em movimento, por exemplo, a lei utiliza os verbosDIRIGIR (artigos 162, 165, 169, 170 e 252), CONDUZIR (artigos 230, 232, 235, 244 e255), TRANSITAR (artigos 184, 186, 187, 188, 193, 194, 218, 219, 223, 231, 237, 244 1 e 2) e, de forma mais taxativa, QUANDO O VECULO ESTIVER EMMOVIMENTO (artigos 185 e 250), condutas que, na minha opinio, representam amesma coisa.

    O verbo transitar, alis, contempla uma questo interessante, pois, apesar de ser umverbo derivado do substantivo trnsito (que abrange a movimentao e a imobilizaodo veculo), indica infraes que, em sua completa maioria, somente podem seconfigurar se o veculo estiver efetivamente em movimento (por exemplo, transitar emmarcha a r ou na contramo de direo).As repeties, s vezes, parecem ser necessrias, para abranger todas as situaes quepodem ser alcanadas pelo dispositivo legal, como no caso do artigo 277, 2, queversa sobre os sinais de embriaguez, excitao ou torpor, decorrentes da influncia delcool, ou do artigo 280, 2, que prescreve que a fiscalizao eletrnica pode ocorrerpor meio de aparelho eletrnico, equipamento audiovisual, reaes qumicas, ouqualquer outro meio tecnologicamente disponvel.

    Outras vezes, no entanto, o detalhamento da informao no apenas desnecessrio,mas ilgico: o artigo 218, alterado pela Lei n. 11.334/06, prev a infrao de transitar

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    em velocidade superior mxima permitida para o local, em rodovias, vias de trnsitorpido, vias arteriais e demais vias. Ora, se a infrao ocorre em qualquer via, qual omotivo de comear enumerando-as? (houve aqui, a bem da verdade, uma falta deateno na alterao legislativa, pois foram aglutinados o antigo inciso Irodovias, viasde trnsito rpido e vias arteriaiscom o antigo inciso IIdemais viassem se

    perceber a forma errnea como restou descrita a conduta infracional).Assim como encontramos palavras diferentes com o mesmo significado, a lnguaportuguesa tambm nos oferece palavras iguais, com significados diferentes: a Lei n.9.503/97, que instituiu o CTB, recebeu a SANO do Presidente da Repblica, damesma forma que as penalidades de trnsito, previstas no artigo 256, constituemSANES administrativas a serem aplicadas aos infratores. No primeiro caso, sanosignifica aprovao, enquanto no segundo quer dizer punio.Em vrios artigos do Cdigo, encontramos a necessidade de REGULAMENTAO doCONTRAN (que quer dizer: elaborao de normas complementares), mas o significadode REGULAMENTAO DA VIA, no Anexo I, implantao de sinalizao deregulamentao pelo rgo ou entidade competente com circunscrio sobre a via,

    definindo, entre outros, sentido de direo, tipo de estacionamento, horrios e dias.Assim, para que se configure a infrao do artigo 187: transitar em locais e horrios nopermitidos pela REGULAMENTAO estabelecida pela autoridade competente,entendo que no basta a criao de uma norma, mas necessria a implantao desinalizao proibitiva.Outro exemplo est no 2 do artigo 1, que garante, a todos, o DIREITO ao trnsitoseguro. Este direito do cidado , notoriamente, diferente da mesma palavra, quandoempregada na penalidade de trnsito denominada suspenso do DIREITO de dirigir(artigo 256, inciso III), posto que esta suspenso se refere retirada de um atoadministrativo anterior, que concedeu o exerccio de um privilgio, pelo detentor daCNH (a este respeito, sugiro a leitura de meu artigo Quando se perde o direito dedirigirdiferenas entre suspenso e cassao, disponvel emhttp://www.ceatnet.com.br/uploads/suspcass.pdf).Por vezes, nos deparamos, no CTB, com palavras que nos remetem a uma ideiatotalmente distinta do que, efetivamente, se quer designar, ou seja, o conceito atribudopelo senso comum diferente do conceito legislativo. O artigo 200, por exemplo,estabelece a infrao de trnsito de ultrapassar pela direita veculo de transportecoletivo ou de escolares, parado para embarque ou desembarque de passageiros, salvoquando houver REFGIO de segurana para o pedestre. A palavra refgio, aocontrrio do que pode parecer (de forma bem simples, lugar para onde correr), temum significado delimitado pelo Anexo I: parte da via, devidamente sinalizada e

    protegida, destinada ao uso de pedestres durante a travessia da mesma. Desta forma, oque o artigo quer dizer que a infrao no ter ocorrido quando o veculo de transportecoletivo possuir portas do seu lado esquerdo e estiver embarcando ou desembarcando osseus passageiros no canteiro central da via, utilizado como refgio, pois, neste caso, nohaveria risco segurana, em uma ultrapassagem pela sua direita.Tambm merece ateno o artigo 68, 5, o qual estabelece que, nas OBRAS DEARTE a serem construdas, dever ser previsto passeio destinado circulao dos

    pedestres. Para a lei, obras de arte no so monumentos, a serem apreciados emvisitao pblica, mas apenas designam as passarelas e passagens subterrneas, querecebem esta denominao pelo Anexo I.O uso comum de algumas expresses tambm acaba por consagrar o seu significado na

    comunicao oral, embora no registrado na lei. Todo motorista sabe que proibidopraticar RACHA, dar CAVALO DE PAU ou ultrapassar em local com FAIXA

    http://www.ceatnet.com.br/uploads/suspcass.pdfhttp://www.ceatnet.com.br/uploads/suspcass.pdfhttp://www.ceatnet.com.br/uploads/suspcass.pdf
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    DUPLA, ainda que desconhea que a lei denomina tais condutas como disputa decorrida por esprito de emulao (artigo 173), exibio de manobra perigosa, comdeslizamento ou arrastamento de pneus (artigo 175) e ultrapassar onde houvermarcao viria longitudinal de diviso de fluxos opostos (artigo 203, V).Existem denominaes que so substitudas, ao longo do tempo, mas continuam a ser

    utilizadas no texto legal: a composio do CONTRAN, prevista no artigo 10 do CTB,por exemplo, prev, entre outros, a participao de representantes do Ministrio doEXRCITO e da EDUCAO E DO DESPORTO, muito embora, atualmente, taisrgos se denominem, respectivamente, Ministrio da DEFESA e da EDUCAO.Neste caso, as mudanas ocorreram posteriormente aprovao do CTB e, portanto, asdesignaes no foram grafadas erradas (apenas deixaram de ser atualizadas). No casodo artigo 76, a situao j diferente: o CTB determina que a educao para o trnsitoocorra em todos os nveis de ensino, mas usa os termos pr-escola, 1, 2 e 3 graus,em contradio com as novas nomenclaturas utilizadas pela Lei de Diretrizes e Basesda Educao Nacional, que anterior ao CTB (Lei n. 9.394/96): educao infantil,ensino fundamental, mdio e superior.

    H, tambm, mudanas que so, de certa forma, rejeitadas: o CTB atribuiu um novonome para o documento que comprova o licenciamento anual de um veculo: CLACertificado de Licenciamento Anual (artigo 131 e vrios outros), em substituio aoantigo CRLVCertificado de Registro e Licenciamento de Veculo, mas este revogadonome continua a ser utilizado em todos os documentos expedidos no pas, ainda quepassados 12 anos de vigncia do Cdigo. A questo to intrigante, que o CONTRANpublicou, em 1998, a Resoluo n. 61/98, apenas para explicar que o CLA, de que tratao Cdigo, o CRLV. Ressalta-se, ainda, que o modelo de documento sofreu algumasalteraes recentes (entre elas, a troca do nome do Ministrio coordenador do SNT daJustia para Cidades), mas manteve a nomenclatura tradicional do documento. Aconfuso faz o prprio CONTRAN misturar os nomes: na Resoluo n. 205/06, queversa sobre os documentos de porte obrigatrio, prev a exigncia do porte doCertificado de Registro e Licenciamento ANUALCRLV (???).Outra Resoluo do CONTRAN que serviu apenas para esclarecer um significado foi ade nmero 22/98: para efeito da fiscalizao, o selo de uso obrigatrio, que consta doart. 230, inciso I, comprovar a inspeo veicular, aps regulamentao da referidainspeo, a qual estabelecer, inclusive, a forma desse selo e o local de sua colocao.No fosse a explicao do Conselho, muitos no saberiam qual o alcance da palavraSELO, no artigo mencionado.Infelizmente, existem confuses que nem o CONTRAN explica: qual o significado, porexemplo, da sigla RENACH? Registro Nacional de Condutores Habilitados, como

    consta do artigo 19, inciso VIII, ou Registro Nacional de Carteiras de Habilitao, comoapresenta o Anexo I?E por falar em sigla, interessante apontar uma palavra incorporada ao nossovocabulrio, que, na verdade, uma sigla da lngua inglesa: no artigo 230, inciso III,encontramos a infrao de conduzir o veculo com dispositivo anti-RADAR. O radar,nome atribudo, genericamente, aos equipamentos medidores de velocidade, a junodas primeiras letras de Radio Detection And Ranging (Deteco e Localizao por meiode Rdio). Alis, a oportunidade propcia, para tambm esclarecer que osequipamentos eletrnicos usados para constatar outras infraes, como o avano dosinal vermelho, imobilizao na faixa de pedestres e trnsito em locais e horrios nopermitidos NO SO considerados radares, mas levam o singelo nome de

    equipamentos automticos no metrolgicos, conforme a Resoluo do CONTRAN n.165/04.

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    J que tratamos de um neologismo (criao de uma palavra nova), convm mencionaroutros dois exemplos interessantes: o artigo 5, ao tratar das competncias dos rgosintegrantes do Sistema Nacional de Trnsito, prev a atividade de NORMATIZAO,prpria dos Conselhos de Trnsito: embora seja, hoje, admitida na lngua portuguesa, apalavra mais correta seria NORMALIZAO, como sendo a criao de normas; o

    segundo exemplo fica por conta do verbo OBSTACULIZAR (em vez de obstar),previsto no artigo 246: no obstante tenha se tornado cada vez mais comum (a ponto deser aceitvel), a criao de verbos, com o sufixo lizar, mais adequada quando overbo derivar de um adjetivo (como de legal para legalizar) e no de um substantivo(obstculo).Entre tantas curiosidades, destaca-se uma palavra totalmente brasileira, que inexiste nalngua portuguesa: trata-se do adjetivo CELETISTA, utilizado no artigo 280, 4, parase referir aos ocupantes de emprego pblico, contratados pela Administrao pblicaindireta, pelo regime da Consolidao das Leis do Trabalho (nome atribudo legislao trabalhista de nosso pas).Ainda no artigo 280, 4, aproveito para destacar a palavra JURISDIO, utilizada

    para determinar a competncia da autoridade de trnsito, na designao do seu agenteautuador. O correto seria o termo circunscrio (rea de atuao territorial), j que

    jurisdio, que a capacidade de dizer o direito (do latim jusdireito e diceredizer), exclusiva do Poder Judicirio.Assim como verificamos inovaes lingusticas de nosso idioma, tambm encontramos,na legislao de trnsito, a utilizao de termos estrangeiros: nos artigos 77-B, 2; 77-E, 2; 105, 5 e 6; 108, pargrafo nico; 244, 3 e 277, 3, por exemplo, consta olatim caput, prprio do vernculo jurdico, e que significa cabea, isto , a parteintrodutria do artigo, antes de sua subdiviso em incisos ou pargrafos (aos que,porventura, desconheciam a expresso, vale explicar que se l cput); j nos artigos 77-B e 139-A, includos, respectivamente, pelas Leis n. 12.006/09 e 12.009/09, nosdeparamos com o ingls out-door e side-car., de certa maneira, um equvoco utilizar palavras que no so de nosso idioma, em umtexto de lei, mas ainda acho melhor tolerar a insero de palavras estrangeiras, quandoso de domnio pblico, do que concordar com um termo vulgar, tambm includo pelaLei n. 12.009/09, no artigo 139-A, inciso II, que exige, motocicleta de transporteremunerado de cargas, a instalao de protetor de motor MATA-CACHORRO;sinceramente, no sei como as entidades de proteo dos animais no protestaramcontra essa barbaridade, escrita em uma lei cujo objetivo prioritrio a proteo vida(artigo 1, 5).Enquanto o Cdigo mata cachorro, mato aqui o meu tempo, encerrando, por ora, minhas

    divagaes. Os que tambm so crticos, que me acompanhem. Os que so gramticosque me corrijam, se eu estiver errado. Concordem ou no com os meus apontamentos,temos que reconhecer que, afinal, no possvel admitir que um Cdigo, cujalinguagem, em alguns momentos, seja to rebuscada, usando a mesclise, na colocao

    pronominal do lavrar-se-, do artigo 280, e do ser-lhe-o, do artigo 266, nos rendatantas prolas, a ponto de nos propiciar o deleite deste texto.

    So Paulo, 18 de agosto de 2010.

    JULYVER MODESTO DE ARAUJO, Mestre em Direito do Estado pela PUC/SP eEspecialista em Direito Pblico pela Escola Superior do Ministrio Pblico de SP.

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    Oficial da Polcia Militar do Estado de So Paulo, com atuao na rea do policiamentode trnsito desde 1996. Conselheiro do CETRAN/SP, de 2003 a 2008. Coordenador eProfessor dos Cursos de Ps-graduao em trnsito do CEATCentro de EstudosAvanados e Treinamento / Trnsito (www.ceatt.com.br). Presidente da ABPTRANAssociao Brasileira de Profissionais do Trnsito (www.abptran.org). Autor de livros e

    artigos sobre trnsito. Conselheiro Fiscal da Companhia de Engenharia de Trfego deSo PauloCET/SP, eleito como representante dos funcionrios, no atual mandato daDiretoria de Representao.A Legislao de Trnsito e os Conceitos Jurdicos Correlatos

    Publicado porTenJulyverem 11/7/2006 (9168 leituras)A diviso formal da Lei n 9.503/97, que instituiu o Cdigo de Trnsito Brasileiro,compreende um total de 341 artigos, divididos em 20 Captulos, ao final dos quais seencontram 2 Anexos, sendo o Anexo I de Conceitos e Definies e o Anexo II relativo Sinalizao de trnsito (alterado, mais recentemente, pela Resoluo do CONTRAN n160/04).

    A validade do Anexo I, porquanto integrante da prpria Lei, referendada pelo seuartigo 4, segundo o qual Os conceitos e definies estabelecidos para os efeitos desteCdigo so os constantes do Anexo I. Nele encontramos, portanto, um total de 113conceitos e definies, variando desde o acostamento at o viaduto, passando porsignificados lacnicos, como o de vias rurais (que se limita a exemplificar estradas erodovias), por simples abreviaturas (RENACH ou RENAVAM) ou por expressesaparentemente conflitantes, como o caso do cruzamento e da interseo, em queambas utilizam a outra palavra para acabar expondo o mesmo conceito.

    Vrios conceitos e definies ali previstos so imprescindveis at mesmo paracompreender as situaes de aplicabilidade de determinados artigos do CTB, como, porexemplo, os que tratam das infraes de trnsito de estacionamento, parada,ultrapassagem, retorno e converso, entre outros, em que o conhecimento exato dossignificados tcnicos condio necessria para estabelecer se foram ou no cometidas,respectivamente, as infraes dos artigos 181, 182, 199, 206 e 207 do CTB.

    Mesmo artigos que, aparentemente, no necessitariam de esclarecimentos conceituais,acabam por depender dos termos constantes do Anexo I, como acontece na infrao doartigo 250, I, a, que pune o veculo que no mantm acesa a luz baixa durante a NOITE,sendo necessrio, destarte, conceber a noite no como relativa a um determinadohorrio, mas como sendo o perodo do dia compreendido entre o pr-do-sol e o nascer

    do sol.Entretanto, nem todos os conceitos necessrios para a compreenso do CTB estoprevistos no Anexo I, sendo comum nos depararmos com determinados significados nocorpo da prpria Lei, como ocorre com os conceitos de trnsito ( 1 do artigo 1);deslocamento lateral (pargrafo nico do artigo 35); infrao de trnsito (artigo 161) oumulta reparatria (artigo 297).

    A par desta anlise, em que verificamos que o artigo 4 do CTB no expe regrarestritiva, pois nem todos os conceitos e definies esto contemplados pelo Anexo I,importa-nos ressaltar alguns conceitos jurdicos que nem mesmo se encontram presentes

    no Cdigo, mas em legislao extravagante que possui, portanto, correlao com alegislao de trnsito.

    http://www.ceatt.com.br/http://www.ceatt.com.br/http://www.ceatt.com.br/http://www.abptran.org/http://www.abptran.org/http://www.abptran.org/http://www.ceatnet.com.br/userinfo.php?uid=5http://www.ceatnet.com.br/userinfo.php?uid=5http://www.ceatnet.com.br/userinfo.php?uid=5http://www.ceatnet.com.br/userinfo.php?uid=5http://www.abptran.org/http://www.ceatt.com.br/
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    Vejamos, pois, alguns exemplos:

    1. A fiscalizao de trnsito, exercida pelos rgos executivos de trnsito e rodovirios,no mbito de suas competncias, exercida mediante o PODER DE POLCIA

    administrativa de trnsito, conforme podemos verificar textualmente no artigo 22, V e24, VI do CTB.O conceito de poder de polcia est consignado no artigo 78 da Lei n 5.172/66 (CdigoTributrio Nacional), com redao dada pelo Ato complementar n 31/66:

    Art. 78. Considera-se poder de polcia atividade da administrao pblica que,limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prtica de ato ouabsteno de fato, em razo de interesse pblico concernente segurana, higiene, ordem, aos costumes, disciplina da produo e do mercado, ao exerccio de atividadeseconmicas dependentes de concesso ou autorizao do Poder Pblico, tranqilidadepblica ou ao respeito propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

    2. O transporte de crianas em veculos automotores regulado pelo artigo 64 do CTB,que limita a idade mnima de dez anos para o transporte nos bancos dianteiros (salvo asexcees regulamentadas), capitulando-se a infrao de trnsito no artigo 168; no que serefere, entretanto, ao transporte em motocicletas, motonetas e ciclomotores, fixa o artigo244, V, como infrao de trnsito o transporte de CRIANA menor de sete anos OUQUE NO TENHA, nas circunstncias, condies de cuidar de sua prpria segurana.Quando tratamos do limite, seja de dez anos (para automveis), seja de sete anos (paramotocicletas e congneres), no h a necessidade de definirmos a expresso criana,diferentemente do que ocorre para configurarmos a parte final da infrao de trnsito doartigo 244, V, que se refere s circunstncias especficas, cabendo o questionamentosobre at qual idade o transporte daqueles que no tm condies de cuidar de suaprpria segurana acarretar a punio legal prevista.Neste sentido, entendemos que se deva utilizar, por analogia, o conceito estabelecido noartigo 2 da Lei n 8.069/90 (Estatuto da criana e do adolescente):

    Art. 2. Considera-se criana, para os efeitos desta Lei, a pessoa at doze anos de idadeincompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

    3. Outro conceito que temos que importar o referente ao DOMICLIO, tendo emvista que tanto o artigo 120 quanto o artigo 140 do CTB estabelecem, respectivamente,

    que o veculo deve ser registrado e que o exame de habilitao deve ser realizado juntoao rgo de trnsito do domiclio ou residncia do interessado.Desta forma, reportamo-nos aos artigos 70 a 78 da Lei n 10.406/02 (Cdigo Civil), queestabelecem as regras para determinao do domiclio. por esta combinao legal quese permite, por exemplo, que o militar tenha o seu veculo registrado no endereo daUnidade em que ele serve, pois se trata de seu domiclio necessrio, por fora dopargrafo nico do artigo 76.

    Art. 76. Tm domiclio necessrio o incapaz, o servidor pblico, o militar, o martimo eo preso.Pargrafo nico. O domiclio do incapaz o do seu representante ou assistente; o do

    servidor pblico, o lugar em que exercer permanentemente suas funes; o do militar,onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronutica, a sede do comando a que se

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    encontrar imediatamente subordinado; o do martimo, onde o navio estiver matriculado;e o do preso, o lugar em que cumprir a sentena.

    4. Outro conceito extrado do Cdigo Civil o concernente propriedade, que se tornade extrema importncia ao analisarmos o disposto no artigo 123, inciso I, do CTB, que

    estabelece a obrigao de expedio de novo Certificado de Registro de Veculo quandofor transferida a PROPRIEDADE.A propriedade, conforme artigo 1225, inciso I, do Cdigo Civil, representa direito reale, portanto, aplica-se-lhe o disposto no artigo 1226 do mesmo codex:

    Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas mveis, quando constitudos, ou transmitidospor atos entre vivos, s se adquirem com a tradio.

    Ou seja, de acordo com o preceito acima exposto, apesar da obrigao determinada peloartigo 123, I, do CTB, no lcito supor que a propriedade se transfira apenas porocasio da expedio de novo Certificado de Registro, mas a mesma se opera desde a

    efetiva tradio, ou seja, desde a entrega do bem mvel, mediante a devidacontraprestao.

    5. Por fim, vejamos mais dois casos em que nos socorremos da legislao penal, alisaplicvel expressamente aos crimes de trnsito previstos no CTB, ex vi seu artigo 291:

    Art. 291. Aos crimes cometidos na direo de veculos automotores, previstos nesteCdigo, aplicam-se as normas gerais do Cdigo Penal e do Cdigo de Processo Penal,se este Captulo no dispuser de modo diverso, bem como a Lei n 9.099, de 26 desetembro de 1995, no que couber.

    Alm das normas gerais aplicveis aos crimes de trnsito, at mesmo os conceitosdevem ser importados, para compreenso, por exemplo, do significado dos crimes dosartigos 302 e 303 do CTB:

    Art. 302. Praticar homicdio culposo na direo de veculo automotor.

    Art. 303. Praticar leso corporal culposa na direo de veculo automotor.

    Vejam que, diferentemente do que ocorre na legislao penal, o legislador de trnsitodeixou de relacionar a conduta praticada por aquele que comete os crimes dos artigos

    302 e 303, utilizando o nomem juris (ttulo do crime) como discriminante da prpriaao adotada.Ou seja, na verdade, quem pratica homicdio responde por matar algum, da mesmaforma que quem pratica leso corporal responde por ofender a integridade corporal oua sade de outrem, trazendo-se a lume as descries previstas nos artigos 121 e 129 doCdigo Penal.De igual maneira, torna-se necessrio o conhecimento do vocbulo culposo,porquanto o mesmo faz parte da configurao dos crimes de trnsito, mas no seconceitua no CTB. Para tanto, vejamos o que dispe o artigo 18 do Cdigo Penal, com aredao dada pela Lei n 7.209/84:

    Art. 18 - Diz-se o crime:...

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    Crime culposoII - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudncia, negligncia ouimpercia.

    Enfim, nessa simples amostra do contexto legal em que se insere o CTB, interessante

    perceber a relao e a dependncia da legislao de trnsito com os diversos ramos doDireito, especialmente quando se discute a existncia ou no do ramo autnomodenominado Direito de trnsito, que, como comprovado, necessita de conceitos pr-determinados e desenvolvidos por outras searas do conhecimento jurdico.

    AS CONTRADIES E IMPERFEIES DO CDIGO DE TRNSITOBRASILEIRO

    Publicado porTenJulyverem 30/3/2006 (6760 leituras)Que o atual Cdigo de Trnsito Brasileiro trouxe mudanas significativas naregulamentao do trnsito em nosso pas, fato que no se pode negar. Que o aumentodos valores das multas e punies mais rigorosas fizeram com que os infratores

    sentissem de maneira mais contundente as conseqncias por suas condutas, no hdvida alguma. Que tenha crescido o interesse pelo conhecimento sobre a legislao detrnsito, constatao crescente entre ns, profissionais do trnsito.

    Algo, no entanto, que, infelizmente, nos deixa frustrados na aplicao da legislao detrnsito so as diversas contradies e imperfeies da Lei n 9.503/97, que instituiu oCdigo de Trnsito Brasileiro, apesar de nossos legisladores terem usufrudo de temposuficiente para preparar o que veio a ser denominado por muitos como "um dosmelhores Cdigos de Trnsito do mundo", j que a Comisso Especial criada paraelaborar o seu anteprojeto teve fundamento em Decreto assinado pelo Vice-Presidenteda Repblica, no exerccio da Presidncia, em 1991, o que resultou em um perodo de

    seis anos para sua proposio e tramitao no Poder Legislativo.

    So tantas as contradies e imperfeies, ora bvias, ora detectadas apenas pelaaguada observao, que no seria nenhum exagero concluir pela necessidade dereviso integral da Lei, aproveitando-se para incluir, na anlise, os inmeros Projetosque tramitam no Congresso Nacional, para alterao do Cdigo de Trnsito.

    As classificaes das diversas infraes de trnsito, por exemplo, do motivos de sobrapara duvidar que tenha havido reviso final do texto legal, afinal, como aceitar que sejaclassificada como infrao de natureza leve a prevista no artigo 169Dirigir semateno ou sem os cuidados INDISPENSVEIS segurana? (grifei).

    O que mais grave para o trnsito: a conduo de motocicleta com o farol apagado oucom a lmpada queimada? Para o legislador, o esquecimento pior do que a desdia,pois no primeiro caso classificou o artigo 244, IV como infrao gravssima (em que,alm da multa, caber suspenso do direito de dirigir) e, no segundo, estabeleceu, noartigo 230, XXII, apenas a multa de natureza mdia.

    E a utilizao das marcas de canalizao (conhecidas como reas zebradas)? Tanto oestacionamento, quanto o simples trnsito so proibidos, mas, ao contrrio do que sedeveria supor, o estacionamento infrao menos grave (artigo 181, VIII) do que o

    simples trnsito (artigo 193); enquanto no estacionamento a multa ser de R$ 127,69, notrnsito sobre tais marcas temos multa de R$ 574,62.

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    A previso de penalidades e medidas administrativas constitui outro aspecto em quenem sempre a lgica valorizada: Se a medida administrativa de reteno do veculotem o objetivo de possibilitar que a irregularidade seja sanada no local da infrao e apenalidade de apreenso do veculo tem carter mais punitivo, com a retirada do veculo

    de circulao, de um a trinta dias, conforme artigo 262, em qual das duas situaes aseguir, o agente de trnsito deveria autorizar o condutor do veculo a sanar airregularidade no local da infrao: a conduo de veculo com a cor alterada ou aconduo de veculo com a placa encoberta pelo engate para reboque? Se o leitorimaginou que o primeiro caso deveria acarretar a apreenso do veculo e o segundoapenas a reteno para regularizao, levando-se em conta somente a facilidade de seresolver o problema, est redondamente enganado, pois os incisos VII e VI do artigo230 do CTB (respectivamente) nos demonstram justamente o contrrio.

    Por se falar em reteno do veculo, algum pode me dizer para que serve a retenoprevista no artigo 170 (Dirigir ameaando os pedestres que estejam atravessando a via

    pblica, ou os demais veculos)? Ou, ento, por que a infrao de estacionar nacontramo de direo (artigo 181, XV) a nica infrao de estacionamento em que nose prev a remoo do veculo?

    Tambm encontramos falhas na utilizao de termos tcnicos, pois, apesar dosconceitos trazidos pelo Anexo I do CTB, algumas infraes de trnsito comportamexpresses inadequadas, como, por exemplo:

    No artigo 183, temos a infrao "Parar o veculo sobre a faixa de pedestres na mudanade sinal luminoso" (que, por sinal, mais grave que a infrao do artigo 182, VI, emque a parada ocorre propositalmente, para embarque ou desembarque de passageiros)considerando-se o conceito de parada, natural que se tivesse optado, na redao desteartigo, a expresso utilizada no artigo 180 (Ter seu veculo imobilizado...).

    No artigo 200, temos outro exemplo interessante, pois prev, como infrao, aultrapassagem pela direita de veculo de transporte coletivo parado para embarque oudesembarque. Entretanto, conceitualmente, a manobra de ultrapassagem somente ocorrequando um veculo passa por outro que se DESLOCA no mesmo sentido e em menorvelocidade, saindo e retornando faixa de origem.

    E por qual motivo ser que encontramos tantas expresses para significarem a mesma

    coisa, quando se trata, por exemplo, do veculo que est em movimento na via pblica?Ou ser que h diferenas entre Dirigir (artigos 162 e 252), Conduzir (artigos 230, 232,235 e 244), Transitar (artigos 184, 186, 187, 188, 193, 194, 218, 219, 223, 231 e 237) eQuando o veculo estiver em movimento (artigos 185 e 250)?

    Quando um condutor condenado por delito de trnsito, deve ocorrer a suspenso doseu direito de dirigir, de dois meses a cinco anos (artigos 292 e 293) ou a cassaodefinitiva do documento de habilitao (artigo 263, III)?

    Alm das contradies, existem artigos totalmente fora de propsito:O pargrafo nico do artigo 49 obriga que o embarque e o desembarque devam ocorrer

    SEMPRE do lado da calada, exceto para o condutor. E quando o veculo estiver paradodo lado esquerdo de uma via de sentido nico de circulao? O condutor obrigado a

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    passar por dentro do veculo para descer pelo lado da via??? (e lgico, trocando de lugarcom o passageiro...)

    Como autuar um veculo pela infrao do artigo 201 (Deixar de guardar a distncialateral de um metro e cinqenta centmetros ao passar ou ultrapassar bicicleta)? Ou

    ento, como autuar um veculo pela infrao do artigo 231, IX (Transitar com o veculodesligado ou desengrenado, em declive) ?

    E a competncia para julgamento de recursos em segunda instncia, prevista no artigo289? O seu inciso I estabelece que, tratando-se de penalidade imposta pelo rgo ouentidade de trnsito da Unio, em caso de suspenso do direito de dirigir por mais deseis meses, cassao do documento de habilitao ou penalidade por infraesgravssimas, a competncia do CONTRAN..... s esqueceram que o rgo ou entidadede trnsito da Unio, que o DENATRAN, no aplica nenhuma penalidade, muitomenos as penalidades de suspenso ou cassao (que so aplicadas pelo rgo ouentidade executivo de trnsito dos Estados).

    Os crimes de trnsito renderiam outras tantas consideraes, desde a previso de penamais severa para a leso corporal culposa (em comparao com a modalidade dolosa, doCdigo Penal), at a incluso de crimes polmicos, como o artigo 305 (que cria situaocontrria proibio constitucional de priso civil por dvidaneste caso, supostadvida) ou o pargrafo nico do artigo 304, que fez questo de mencionar que ocondutor incide na omisso de socorro ainda que sua omisso seja suprida por terceirosou se tratar de vtima com morte instantnea ou com ferimentos leves (s espero queningum brigue para socorrer a vtima de acidente, com receio de responder pelo crimede omisso).

    Vejam que, como citei no incio, so inmeros os exemplos. No se trata, obviamente,de perfeccionismo ou anlise puramente detalhista do Cdigo de Trnsito Brasileiro,mas cabe lembrar que, dentre outros princpios, deve a Administrao pblica, por forado artigo 37 da Constituio Federal, obedecer ao princpio da legalidade, e, por vezes,torna-se difcil cumprir a lei, ou mesmo exigir o seu cumprimento, em meio a tantascontradies e imperfeies...As Infraes de Trnsito e a Interpretao Sistemtica do CTB

    Publicado porWebmasterem 22/6/2006 (17242 leituras)O Capitulo XV do Cdigo de Trnsito Brasileiro contempla, do artigo 161 ao artigo255, todas as infraes de trnsito daquele ordenamento jurdico, com as respectivas

    penalidades e medidas administrativas a elas atribudas.Entretanto, do estudo de cada uma das infraes de trnsito ali existentes, imperiosoconcluir pela necessidade da interpretao sistemtica para a compreenso de todas ascondutas passveis de serem apenadas, posto que a simples leitura daqueles artigos nemsempre reflete exatamente quais os casos alcanados por eles, ora vinculando adescrio da infrao a outro artigo do prprio Cdigo, ora mencionando expressamenteou deixando a entender que se deva observar a regulamentao complementar.

    Relacionamos, a ttulo de exemplo, trinta infraes de trnsito que somente podem sercompreendidas se associadas a outros dispositivos legais.

    Vejamos, inicialmente, as infraes de trnsito que fazem meno a outros artigos do

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    prprio Cdigo:

    01. Artigo 164. Permitir que pessoa nas condies referidas nos incisos do art. 162 tomeposse do veculo automotor e passe a conduzi-lo na via.02. Artigo 167. Deixar o condutor ou passageiro de usar o cinto de segurana, conforme

    previsto no art. 65.03. Artigo 230, XVIII. Conduzir o veculo em mau estado de conservao,comprometendo a segurana, ou reprovado na avaliao de inspeo de segurana e deemisso de poluentes e rudo, prevista no art. 104.04. Artigo 230, XX. Conduzir o veculo sem portar a autorizao para conduo deescolares, na forma estabelecida no art. 136.05. Artigo 233. Deixar de efetuar o registro de veculo no prazo de trinta dias, junto aorgo executivo de trnsito, ocorridas as hipteses previstas no art. 123.06. Artigo 248. Transportar em veculo destinado ao transporte de passageiros cargaexcedente em desacordo com o estabelecido no art. 109.

    Nos casos acima assinalados, no temos problemas na compreenso da conduta tpica,bastando ao leitor buscar, no artigo expressamente mencionado, a complementao dainfrao de trnsito especfica, diferentemente do que ocorre nos casos a seguirexemplificados, em que no h a clara referncia:

    07. Artigo 168. Transportar crianas em veculo automotor sem observncia das normasde segurana especiais estabelecidas neste Cdigo.08. Artigo 181, IV. Estacionar o veculo em desacordo com as posies estabelecidasneste Cdigo.09. Artigo 230, XV. Conduzir o veculo com inscries, adesivos, legendas e smbolosde carter publicitrio afixados ou pintados no pra-brisa e em toda a extenso da partetraseira do veculo, excetuadas as hipteses previstas neste Cdigo.10. Artigo 230, XXI. Conduzir o veculo de carga, com falta de inscrio da tara edemais inscries previstas neste Cdigo.11. Artigo 232. Conduzir veculo sem os documentos de porte obrigatrio referidosneste Cdigo.

    Vejam que, nestes exemplos, o leitor do Cdigo de Trnsito deve conhecer os demaisartigos para saber quais so os dispositivos que complementam cada uma das infraes,a saber, respectivamente: artigos 64; 48; 111; 117; 133 e 159, 1.Existem outras infraes, porm, em que no vemos nem mesmo a meno a outros

    artigos do Cdigo, mas faz-se necessrio o conhecimento das demais normas detrnsito, para a exata compreenso da conduta tpica, como, por exemplo:

    12. Artigo 162, III. Dirigir veculo com Carteira Nacional de Habilitao ou Permissopara Dirigir de categoria diferente da do veculo que esteja conduzindo.13. Artigo 179, I. Fazer ou deixar que se faa reparo em veculo na via pblica, salvonos casos de impedimento absoluto de sua remoo e em que o veculo estejadevidamente sinalizado, em pista de rolamento de rodovias e vias de trnsito rpido.14. Artigo 230, IX. Conduzir o veculo sem equipamento obrigatrio ou estando esteineficiente ou inoperante.15. Artigo 230, XIV. Conduzir o veculo com registrador instantneo inaltervel de

    velocidade e tempo viciado ou defeituoso, quando houver exigncia desse aparelho.16. Artigo 230, XVII. Conduzir o veculo com cortinas ou persianas fechadas, no

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    autorizadas pela legislao.17. Artigo 231, IV. Transitar com o veculo com suas dimenses ou de sua cargasuperiores aos limites estabelecidos legalmente ou pela sinalizao, sem autorizao.18. Artigo 237. Transitar com o veculo em desacordo com as especificaes, e comfalta de inscrio e simbologia necessrias sua identificao, quando exigidas pela

    legislao.

    Para a constatao do artigo 162, III, devem-se conhecer as categorias de habilitaoprevistas no artigo 143; j para a exceo do artigo 179, I, h a necessidade da leitura doartigo 46, complementado pela Resoluo do CONTRAN n 36/98.No caso dos incisos IX e XIV do artigo 230, para sabermos quais so as exignciasaplicveis, devemos nos remeter ao artigo 105, complementado pela Resoluo doCONTRAN n 14/98; no caso do inciso XVII, o artigo 111, inciso II, demonstra, demaneira bem simples, que somente no so autorizadas as cortinas ou persianasfechadas nos veculos em movimento que no possuam os dois espelhos retrovisores.

    Quanto aos limites de dimenses dos veculos, com ou sem carga, h que se consideraro disposto no artigo 99, complementado pela Resoluo do CONTRAN n 12/98 e,finalmente, para sabermos quais so as inscries e simbologias necessrias identificao do veculo, verificamos, por exemplo, o disposto nos artigos 114; 120, 1e 136, III.

    Se o leitor acha que paramos por aqui, vejamos algumas das infraes de trnsito queobrigam a regulamentao complementar do CONTRAN:

    19. Artigo 181, VI. Estacionar o veculo junto ou sobre hidrantes de incndio, registrode gua ou tampas de poos de visita de galerias subterrneas, desde que devidamenteidentificados, conforme especificao do CONTRAN.20. Artigo 221. Portar no veculo placas de identificao em desacordo com asespecificaes e modelos estabelecidos pelo CONTRAN.21. Artigo 227, V. Usar buzina em desacordo com os padres e freqnciasestabelecidas pelo CONTRAN.22. Artigo 229. Usar indevidamente no veculo aparelho de alarme ou que produza sonse rudo que perturbem o sossego pblico, em desacordo com normas fixadas peloCONTRAN.23. Artigo 230, II. Conduzir o veculo transportando passageiros em compartimento decarga, salvo por motivo de fora maior, com permisso da autoridade competente e na

    forma estabelecida pelo CONTRAN.24. Artigo 231, III. Transitar com o veculo produzindo fumaa, gases ou partculas emnveis superiores aos fixados pelo CONTRAN.25. Artigo 244, I - Conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor sem usar capacete desegurana com viseira ou culos de proteo e vesturio de acordo com as normas eespecificaes aprovadas pelo CONTRAN.

    Para os casos acima transcritos, sem maiores delongas, ficam aqui registradas asResolues do CONTRAN que os complementam: sinalizao de hidrantes e outros -31/98; especificaes e modelos de placas - 45/98 (alm de outras, que tratam de placasespeciais); padres e freqncias das buzinas - 35/98; aparelho de alarme - 679/87 e

    37/98; transporte de passageiros em compartimento de carga - 82/98; fiscalizao deveculos a diesel - 510/77; capacete de segurana - 20/98 (sobre o vesturio de proteo,

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    ainda no h regulamentao).

    Existem, ainda, artigos que, a exemplo do que ocorre com o vesturio de proteo paramotociclistas, at o presente momento no tiveram a regulamentao que se exige doCONTRAN:

    26. Artigo 228. Usar no veculo equipamento com som em volume ou freqncia queno sejam autorizados pelo CONTRAN.27. Artigo 231, V. Transitar com o veculo com excesso de peso, admitido percentual detolerncia quando aferido por equipamento, na forma a ser estabelecida peloCONTRAN.

    Logicamente, nestes casos, por falta da complementao exigida em lei, no possveldelimitar quando houve ou no o cometimento da infrao de trnsito assinalada.

    At mesmo para a compreenso de artigos que parecem extremamente simples, do

    ponto de vista redacional, necessitar o hermeneuta de conhecimentos sistemticos paraa perfeita aplicao ao caso concreto, seno vejamos os trs ltimos exemplos destanossa anlise:

    28. Artigo 196. Deixar de indicar com antecedncia, mediante gesto regulamentar debrao ou luz indicadora de direo do veculo, o incio da marcha, a realizao damanobra de parar o veculo, a mudana de direo ou de faixa de circulao.29. Artigo 198. Deixar de dar passagem pela esquerda, quando solicitado.30. Artigo 208. Avanar o sinal vermelho do semforo ou o de parada obrigatria.

    Quais so os gestos regulamentares de brao? Quais so as formas de solicitao paraque se d passagem pela esquerda? E, finalmente, quais so os sinais de paradaobrigatria?Quanto aos gestos de brao do condutor, os mesmos so contemplados pelo Anexo II doCTB. Para a solicitao de passagem pela esquerda, existem duas formas legalmenteestabelecidas: a troca de luz baixa e alta, de forma intermitente e por curto perodo detempo (artigo 40, III) e o toque breve de buzina, desde que fora das reas urbanas(artigo 41, II). E, por incrvel que parea, o CTB no estabelece apenas a placa R-1(PARE) como sinal de parada obrigatria, mas tambm elenca o gesto do agente (com obrao levantado e a mo espalmada) e o som de apito (2 silvos breves).

    Por todo o exposto, vale ressaltar que, a exemplo dos casos ora analisados, em cadainfrao de trnsito vrias consideraes merecem ser registradas, o que nos permiteconcluir que no se trata de nenhum exagero imaginar que o agente de trnsito,responsvel pela fiscalizao de trnsito, deve, alm de ser profundo conhecedor dalegislao de trnsito brasileira, possuir alto senso de compreenso e exegese jurdica, afim de no cometer erros na interpretao das infraes que lhe cabe coibir e, nas suasocorrncias, proceder as devidas autuaes.As Infraes de Trnsito que no Esto no Cdigo

    Publicado porTenJulyverem 28/3/2006 (7790 leituras)INFRAO, segundo o conceito previsto no Anexo I do Cdigo de Trnsito Brasileiro, a "inobservncia a qualquer preceito da legislao de trnsito, s normas emanadas do

    Cdigo de Trnsito, do Conselho Nacional de Trnsito e a regulamentao estabelecidapelo rgo ou entidade executiva do trnsito". De igual sorte, prev o artigo 161 do

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    CTB que "Constitui infrao de trnsito a inobservncia de qualquer preceito desteCdigo, da legislao complementar ou das resolues do CONTRAN, sendo o infratorsujeito s penalidades e medidas administrativas indicadas em cada artigo, alm daspunies previstas no Captulo XIX".

    Embora o legislador, nas duas ocasies demonstradas, tenha procurado abranger, noconceito de infrao de trnsito, a desobedincia a todo e qualquer preceito dalegislao de trnsito, o fato que, para a efetiva punio do infrator, necessrio se fazque a sua conduta esteja tipificada realmente como infrao de trnsito, no Captulo XVdo CTB, do artigo 162 ao 255, totalizando 243 possveis enquadramentos, seconsideradas todas as subdivises daqueles dispositivos.

    Assim, de se notar que o descumprimento, por exemplo, das normas gerais decirculao e conduta, estabelecidas no Captulo III do CTB, caracteriza, via de regra,infrao de trnsito tipificada no Captulo especfico, como os casos abaixo citados:

    Norma geral de circulao e conduta:Art. 28. O condutor dever, a todo momento, ter domnio de seu veculo, dirigindo-ocom ateno e cuidados indispensveis segurana do trnsito.Infrao de trnsito:Art. 169. Dirigir sem ateno ou sem os cuidados indispensveis segurana.Infraoleve.Penalidademulta.

    Norma geral de circulao e conduta:Art. 29. O trnsito de veculos nas vias terrestres abertas circulao obedecer sseguintes normas: ....IIo condutor dever guardar distncia de segurana lateral e frontal entre o seu e osdemais veculos, bem como em relao ao bordo da pista, considerando-se, nomomento, a velocidade e as condies do local, da circulao, do veculo e as condiesclimticas.Infrao de trnsito:Art. 192. Deixar de guardar distncia de segurana lateral e frontal entre o seu veculo eos demais, bem como em relao ao bordo da pista, considerando-se, no momento, avelocidade, as condies climticas do local da circulao e do veculo.Infraograve.Penalidademulta.

    Em contrapartida, temos exemplos em que essa combinao no ocorre, como o artigo49, que estabelece que "O condutor e os passageiros no devero abrir a porta doveculo, deix-la aberta ou descer do veculo sem antes se certificarem de que isso noconstitui perigo para eles e para outros usurios da via". Muito embora tal artigo tragauma obrigao para os condutores e passageiros de veculos, o descumprimento de talregra no ser objeto de penalidades de trnsito, j que inexiste artigo correspondente noCaptulo de Infraes de trnsito.

    Assim, de se complementar o conceito de Infrao de trnsito, previsto no CTB,entendendo-se que a desobedincia legislao de trnsito somente poder ser punida

    se houver a tipificao da conduta irregular, atribuindo-se a ela a(s) penalidade(s) e a(s)medida(s) administrativa(s) cabvel(is).

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    de se ressaltar, inclusive, o veto ao 2 do artigo 256 do CTB, que estabelecia que"As infraes para as quais no haja penalidade especfica sero punidas com a multaaplicada s infraes de natureza leve, enquanto no forem tipificadas pela legislaocomplementar ou resolues do CONTRAN", cujas razes foram assim apresentadas: A

    parte final do dispositivo contraria frontalmente o princpio da reserva legal (CF, art. 5,II e XXXIX), devendo, por isso, ser vetado.

    Ou seja, para ocorrer uma infrao de trnsito e sua correspondente punio, deve,primeiramente, existir a tipificao legal no Cdigo de Trnsito Brasileiro.

    Ocorre, porm, que inmeros artigos de infrao de trnsito comportam vrias condutasque se amoldam perfeitamente tipificao legal (muitas vezes por conta dainterpretao sistemtica da legislao de trnsito ou em decorrncia de regulamentaocomplementar baixada em Resolues do CONTRAN), isto , como sugere o ttulodeste texto, no estudo da legislao de trnsito, deparamo-nos com INFRAES QUE

    NO ESTO NO CDIGO.

    Eis, abaixo, dois exemplos de artigos do CTB que contemplam vrias condutasinfracionais:

    Art. 168. Transportar crianas em veculo automotor sem observncia das normas desegurana especiais estabelecidas neste Cdigo.Enquadram-se como infrao de trnsito prevista neste artigo:- Transporte de criana em p no banco traseiro ou entre os bancos dianteiros;- Transporte de criana no colo dos passageiros;- Transporte de criana menor de dez anos no banco dianteiro de um veculo detransporte escolar (ainda que o nmero de crianas exceda a capacidade do bancotraseiro, pois a exceo no se aplica ao transporte remunerado);- entre outros.

    Art. 169. Dirigir sem ateno ou sem os cuidados indispensveis segurana.Enquadram-se como infrao de trnsito prevista neste artigo:- Dirigir em zigue-zague;- Dirigir com a tampa do porta-malas aberta, prejudicando a viso pelo retrovisorinterno;- Dirigir lendo jornais ou revistas apoiados no volante;

    - Dirigir assistindo filmes em aparelho DVD (ressalta-se que a instalao doequipamento, por si s, encontra restries, conforme Resoluo do CONTRAN n190/06);- entre outros.

    No se trata, na verdade, de novidade no meio jurdico, j que, quando tratamos dapunio de uma ao ou omisso contrrias lei, devemos sempre relacionar a condutaconcreta com a tipificao abstrata encontrada nos diversos ordenamentos jurdicos, sejapara a responsabilidade penal, civil ou administrativa (incluindo-se a decorrente deinfrao de trnsito).

    Entretanto, por ser a legislao de trnsito uma das leis que mais atinge o dia-a-dia dacoletividade, interessante observarmos que o usurio da via, em especial o condutor de

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    veculo automotor, est sujeito aplicao de penas de carter administrativo por umadiversidade de condutas que, muitas vezes, desconhece, j que, como vimos, no bastaapenas ler todos os artigos de infrao de trnsito do Cdigo de Trnsito Brasileiro, maso conhecimento tcnico-jurdico que se exige para no ser multado vai muito alm doque se imagina.