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Iniciação ao Treino da Vela __________________________________________________ ____________________________________________ Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Licenciatura em Educação Física e Desporto 5 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Licenciatura em Educação Física e Desporto METODOLOGIA E CONTROLO DO TREINO Iniciação ao Treino da Vela DOCENTE : Professor Doutor Jaime Sampaio DISCENTE : Tiago Rosa n.º 16211 VILA REAL, 15 ABRIL DE 2003

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METODOLOGIA E CONTROLO DO TREINO

IInniicciiaaççããoo aaoo TTrreeiinnoo ddaa VVeellaa

DOCENTE : Professor Doutor Jaime Sampaio

DISCENTE : Tiago Rosa n.º 16211

VILA REAL, 15 ABRIL DE 2003

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Só sentindo sistematicamente o barco envolvido pela diversificidade

dos ventos e dos marés se alcança as melhorias desejadas

Este trabalho foi expressamenteelaborado no âmbito da disciplina deMetodologia e controlo do Treino do 4ºano do curso de Educação Física eDesporto da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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Agradecimentos

Após a elaboração deste trabalho pretendemos agradecer:

Aos treinadores do Yate Club do Porto, pela disponibilidade prestada no fornecimento de

informações pertinentes, bem como ao empenhamento que transpareceram aos seus

velejadores para a obtenção do material audiovisual.

Aos velejadores do Yate club do Porto pela disponibilidade e compreensão

Ao Luís Rocha, treinador da selecção Olímpica da Federação Portuguesa de Vela, pela contínua

disponibilidade demonstrada e pela cedência de bibliografia importante.

Ao S. D. E. Audiovisuais da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro pelo importante apoio

prestado

Finalmente, ao Professor Doutor Jaime Sampaio pela orientação prestada e pelo desafio que este

trabalho prático nos proporcionou.

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Índice

1 – INTRODUÇÃO 5

2 - CONTRIBUTOS DO TREINO DA VELA 6

3 - CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O EQUILÍBRIO 11

4 - CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE ORIENTAÇÃO ESPACIAL 15

5 - PLANEAMENTO DO TREINO 18

5.1 - Carga horária 18

5.2 - Selecção do local do treino da vela 19

5.3 - Metodologia e estratégias 20

5.3.1 - Intervenção durante o exercício 20

5.4 – Conteúdos teóricos 21

5.5 – Avaliação do treino 23

6 - PROPOSTA METODOLÓGICA PARA A INICIAÇÃO À VELA 24

6.1 - Habituação ao meio náutico e transmissão de conceitos gerais importantes

para o controlo do barco

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7 - CONCLUSÃO 52

8 - NOVAS ROPOSTAS DE TRABALHO 53

9 - BIBLIOGRAFIA 54

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III NNNTTT RRR OOODDD UUUÇÇÇ ÃÃÃOOO

O presente trabalho pretende ser uma investigação/reflexão no âmbito da Metodologia e

Controlo do Treino. O tema escolhido foi a Iniciação ao Treino da Vela (idades

compreendidas entre os 8 e 12 anos) por esta ser uma modalidade que embora tenha

expressão no nosso país, vem sendo praticada empiricamente nos clubes, importando

encontrar as suas motivações e contributos de formação para a cidadania. A metodologia

utilizada baseou-se numa pesquisa bibliográfica, entrevistas não estruturadas com treinadores

e recolha de informação audiovisual junto de praticantes.

A constatação de falta de metodologias e controlo de treino nas escolas de vela levou-nos a

reflectir e elaborar uma proposta metodológica para a iniciação à vela que nos parece

fundamental para o desenvolvimento sistematizado da modalidade. Este trabalho não tem

como objectivo fornecer uma doutrina completa e acabada do ensino da vela, mas sim o de

dar parte das nossas reflexões e propor um certo número de soluções, num contributo quer

para o enriquecimento do nosso conhecimento referente a esta temática, quer para o

desenvolvimento da modalidade desportiva em si.

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CCCOOO NNNTTT RRRIII BBB UUUTTT OOO SSS DDD OOO TTT RRR EEE III NNN OOO DDD AAA VVV EEE LLL AAA

Como actividade de competição, de espectáculo ou de lazer, este desporto satisfaz as

necessidades de quebra da rotina quotidiana, ao proporcionar aventura em ambientes de

tensão agradável e ao constituir-se como um espaço de sociabilidade e de partilha de

interesses comuns. Permite a integração social, a identificação simbólica numa sociedade cada

vez mais globalizante e mediática e é, ainda, símbolo de distinção social. Promove o

desenvolvimento da auto-estima e da autonomia, melhorando a capacidade de tomar decisões

e marcando um estilo de vida saudável. Um dos aspectos mais importantes na prescrição da

actividade física, no referido grupo etário, é o do reforço da autonomia e da responsabilidade.

A Vela apresenta-se como uma das modalidades desportivas com capacidades excelentes para

veicular as necessidades sociais que se expressam nos nossos tempos. Praticada em espaço

natural, com uma componente de aventura, formal ou informalmente, de forma privada ou em

grupo, ela proporciona diferentes níveis de sociabilidade e de inclusão social.

A prática de uma modalidade desportiva assenta em regras fundamentais que visam uma

perspectiva humanista. Para além das questões de desportivismo / honestidade - aceitação das

regras, não uso de substâncias dopantes – no caso da vela há que salientar as questões de

segurança que, para além da obrigatoriedade do uso de equipamento salva-vidas e flutuação

pessoal, obriga todo e qualquer praticante a “... prestar toda a assistência possível a qualquer

pessoa ou barco em perigo.” (Regras de Regata à Vela, 2001-2004), em prejuízo do resultado

da competição. Esta Regra Fundamental é o “hino” desta modalidade, no universo desportivo

mundial da vela.

Assim, a vela é uma modalidade desportiva que, colocando os valores humanos antes dos

competitivos, faz com que os resultados desportivos assentem em pressupostos humanistas,

valorizando princípios de ética e moral, contribuindo decisivamente na formação do

indivíduo para a cidadania.

Com a prática deste desporto, pressupõe-se que os velejadores adquiram um leque de

comportamentos e atitudes nos mais variados campos, tanto ao nível desportivo como no seu

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quotidiano. Deste modo, seguidamente salientamos objectivos gerais e específicos a serem

atingidos através da actividade da vela.

Objectivos Gerais:

Domínio cognitivo:

• Adquirir conhecimentos na prevenção de acidentes;

• Adquirir conhecimentos relacionados com a correcta utilização e conservação dos

materiais;

• Adquirir conhecimentos básicos sobre regulamento e aspectos técnicos e tácticos;

• Compreender os benefícios de uma actividade física regular;

• Compreender limitações humanas face às forças da naturais;

• Adquirir uma correcta perspectiva de sucesso.

Domínio sócio-afectivo:

• Adquirir comportamentos desportivos equilibrados, de respeito pelos treinadores,

colegas, dirigentes, juízes e oficiais de regata;

• Melhorar o auto-controlo, dominando os conflitos e a agressividade;

• Desenvolver relações interpessoais de amizade e cooperação no âmbito das actividades

desportivas, com o intuito de as alargar para o quotidiana

• Promover a confiança em si e nos outros, conhecendo as suas possibilidades e

limitações;

• Satisfazer necessidades de movimento e de alegria através da vela;

• Adquirir interesse pela actividade física que se estenda para além da actividade náutica,

concretizando-se numa prática física regular;

• Desenvolver hábitos de higiene;

• Promover a disciplina, o rigor e a pontualidade.

Domínio Psicomotor:

• Melhorar as capacidades motoras, quer coordenativas quer condicionais;

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• Melhorar a sensibilidade motora;

• Contribuir positivamente para a manutenção dos sistemas orgânicos e da saúde;

• Assegurar um repertório motor mais alargado;

• Multiplicar ocasiões de vivências corporais;

• Alcançar harmonia entre qualidades mentais e físicas em envolvimento natural;

• Adquirir condutas disciplinares de submissão a regras de treino e de segurança;

Objectivos Específicos:

Domínio cognitivo:

• Adquirir conhecimentos básicos sobre segurança, nomenclatura, marinharia, destrezas e

manobras a bordo;

• Adquirir noções básicas sobre Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no

Mar e sobre o regulamento das competições em embarcações à vela;

Domínio Psicomotor:

• Aparelhar e desaparelhar o optimist;

• Realizar destrezas e manobras básicas a bordo;

• Colocar correctamente a embarcação na água, atracar e retirar a embarcação da água;

• Percepcionar interferências e o efeito das forças do vento e da água na embarcação;

• Antever reacções do optimist face às forças exteriores à embarcação.

O treino da vela, referente ao grupo etário que nos referimos, caracteriza-se por ser de baixa

intensidade, mas de longa duração. Deste modo, este reúne um conjunto de factores

adequados à acção mecânica e metabólica positiva. È um dado adquirido que para um

desenvolvimento psicomotor harmonioso, a criança tem necessidade de uma dose suficiente

de movimento - exercício aeróbio – remetendo para segundo plano o trabalho anaeróbio (é

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necessário precauções na sua prescrição dado a sua imaturidade do ponto de vista anatómico,

fisiológico e psicológico)

A actividade física, nomeadamente a vela, é importante para o ser humano e desempenha um

papel de relevo no que se refere ao crescimento e desenvolvimento. “Sabe-se que a educação

do esquema corporal, indispensável à vida normal do homem, acontece precocemente, através

da estruturação do tempo e espaço. A criança vai-se desenvolvendo graças à motricidade, que

vai modificando e organizando intimamente o seu sistema nervoso. Deste modo, constatamos

que o exercício físico tem um papel de destaque no desenvolvimento e crescimento da criança

podendo ser considerado, em traços largos, como um contributo fundamental para formas de

pensamento, visto que é através dele que é possível a aquisição das noções de espaço (ver

considerações gerais sobre orientação espacial) e tempo, bases do desenvolvimento da

inteligência.” Nunes, L. (1999).

Para além de outros factores, a presença ou ausência de actividade física influencia o

crescimento, desenvolvimento e consequentemente o ritmo maturacional da criança e/ou

jovem. Deste modo, a prática da vela deverá ser encorajada tendo em vista benefícios deste

caris. Entre outros, destaca-se os efeitos fisiológicos do exercício na estimulação da secreção

da hormoma do crescimento que repercutirá não só benefícios ao nível do crescimento, como

também do desenvolvimento e estado maturacional.

Numa perspectiva motora é, pois, importante fornecer à criança os estímulos necessários para

o desenvolvimento nervoso. Se esses estímulos faltarem ou não forem fornecidos em

quantidade bastante, as estruturas cerebrais serão menos elaboradas, resultando daí uma

menor maturação funcional e motora. Com o exercício físico na criança pretende-se o

aperfeiçoamento da coordenação neuromuscular e a aquisição de um repertório de

movimentos e de habilidades motoras. Isso consegue-se através de uma multiplicidade de

exercícios onde se inclui a vela, excluindo o processo de especialização, privilegiando o

alargamento máximo do leque de experiências motoras.

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Os benefícios de saúde e da aptidão física da prática da vela são diversos. Estes contributos

são ao nível da capacidade aeróbia, capacidade anaeróbia, força muscular (contracções

isométricas e isotónicas), resistência muscular, flexibilidade e agilidade.

O trabalho aeróbio desenvolvido na iniciação da prática da vela implica o uso de grandes

grupos musculares com longa duração mas de pequena intensidade. Como curiosidade, se nos

referirmos a velejadores de topo, segundo um estudo da ISAF (International Sailing

Federation) o volume de oxigénio máximo varia entre 54 ml/kg/min e 63 ml/kg/min

consoante a classe da embarcação. Isto demonstra que a vela numa perspectiva de competição

acarreta muitos benefícios ao nível cardio-respiratório, diminuindo factores de risco para

doenças cardiovasculares e risco de obesidade.

A capacidade anaeróbia é essencialmente desenvolvida nas manobras de virar de bordo,

cambar. Nestas situações é exigido ao velejador a execução de certas acções e deslocamentos

a bordo que pressupõe trabalho de força. No que diz respeito às duas manobras supracitadas,

aos deslocamentos, manejar a vela e o leme o trabalho de força exige contracções isotónicas,

enquanto que para o velejador se colocar em posição de prancha e, também, manejar a vela, é-

lhe exigido contracções isométricas. É neste contexto o velejador adquire benefícios a nível

de força muscular e de resistência muscular.

A flexibilidade e a agilidade são também um contributo que a actividade proporciona, visto

que ambas são desenvolvidas nas acções / manobras a bordo do optimist. Nomeadamente,

estas são pré-requisitos essenciais para efectuar a viragem de bordo e a cambadela.

Os contributos que a prática da vela fornece são evidentes. O desenvolvimento das qualidades

motoras influi positivamente no desenrolar da actividade física efectuada no quotidiano ou até

mesmo em outras actividade desportiva. Este contributo é tanto melhor quanto melhor forem

aplicados os princípios de treino e uma participação regular, nos treinos, dos velejadores.

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CCCOOO NNNSSSIII DDDEEE RRRAAAÇÇÇ ÕÕÕEEE SSS GGGEEE RRR AAAIII SSS SSS OOOBBB RRR EEE OOO EEE QQQUUUIII LLL ÍÍÍ BBB RRRIII OOO

As questões inerentes ao problema do equilíbrio representam um aspecto fundamental a

resolver no processo de aprendizagem da navegação à vela, no optimist.Com efeito, é

evidente todo um conjunto de problemas de equilíbrio que se deparam à "gente de terra”

quando colocada perante uma situação nova numa pequena embarcação. Esses problemas

avolumam-se quando se pretende navegar à vela. O equilíbrio em terra resulta de um processo

de aprendizagem complexo e demorado em função do qual o indivíduo adquire automatismos

que lhe permitem manter-se em equilíbrio dinâmico e reagir aos desequilíbrios segundo

padrões mais ou menos estabelecidos.

De um modo muito geral, podemos dizer que a referência principal é a vertical (sentido da

força da gravidade) e que, face a um desequilíbrio, todos os movimentos tendem a recuperar a

verticalidade do tronco e da cabeça. Há várias respostas facilmente identificáveis:

movimentos de cabeça, principalmente no plano antero-posterior;

movimentos de tronco;

movimentos de circundação dos braços, entre outros;

procura de apoios para as mãos (estamos a considerar fixos os apoios nos

membros inferiores, isto é, o indivíduo parado, em pé ou sentado).

Note-se que experiências de ordem vária tendem a demonstrar uma maior insegurança nos

desequilíbrios para trás do que nos desequilíbrios para a frente ou laterais, o que se pode

explicar, entre outras razões, principalmente pelo facto de, para trás, nos faltar um

exteroceptor importante - a visão. Com efeito, não é por acaso que normalmente investimos

no espaço para o lado em que temos campo visual, por outras palavras, atrás está o espaço

"desconhecido", o espaço "perigoso".

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Para uma iniciação à navegação à vela, no Optimist (embarcação ligeira), surge então a

necessidade de adaptação das várias respostas (estereótipos) existentes em terra perante as

situações de desequilíbrio. Há a considerar vários aspectos:

1. Numa embarcação ligeira os apoios revestem sempre um carácter mais instável do

que em terra.

2. Nas posições normais em que a tripulação navega numa embarcação ligeira ela

deve deixar de usar como referência a sua verticalidade (força da gravidade) e

passar a usar essencialmente como referência a posição do barco (mais ou menos

adornado para barlavento ou sotavento), para os necessários ajustamentos;

3. Em determinadas condições de navegação de vento forte, as reacções de

restabelecimento de equilíbrio do velejador devem ser diminuídas em favor de uma

atitude quase imóvel para que o restabelecimento de equilíbrio seja efectuado

através de acções no leme e/ou escota (condições de navegação em sobrepotência,

isto é, com vento tal que o timoneiro não suporta a força exercida pelo vento na

vela, mesmo quando colocado na posição máxima de prancha)

Equilíbrio

Em terra No barcoEstáveis Apoios Instáveis

Verticalidade Referências Posição da embarcação

Referências posturais

(referentes à verticalidade) Reajustamentos

1º Nível – reacções

posturais referentes à

atitude da embarcação

2º Nível – Acções no leme

e na escota. Diminuição do

n.º de reacções posturais.

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Estes três aspectos representam, de certo modo, uma hierarquia de problemas a resolver, isto

é, a resolução do 3° pressupõe a resolução dos outros dois.

Retomemos, como exemplo, o 3° aspecto referido. Imaginemos um barco à bolina com vento

relativamente forte que obriga o timoneiro à máxima prancha. A um nível inicial as respostas

correctas (solução técnica adequada) para o reequilíbro serão:

- Se o barco adorna para barlavento - a acção é arribar

- Se o barco adorna para sotavento – a acção é orçar

Se observarmos principiantes nesta situação verificamos que navegam constantemente

adornados para sotavento e não se verifica nenhuma das respostas correctas. Com efeito,

navegar com o barco constantemente adornado para sotavento, mantendo sempre tracção na

cana do leme corresponde afinal à resposta que o aluno encontra em função dos referenciais

de equilíbrio / desequilíbrio que ele tem em terra. Ele está apenas a evitar a "queda para trás",

a evitar o "desequilíbrio”.

Ele descobre que, mantendo tracção na cana do leme, aquele "desequilíbrio" não surge

passando, portanto, a bolinar sempre demasiadamente arribado e adornado para sotavento.

De nada servirá a curto prazo (no 1º nível), o treinador dar instruções verbais do tipo: fica

quieto e orça ou arriba.

Retomemos ainda como exemplo o 3° aspecto atrás referido e imaginemos o barco ao largo,

na mesma situação de vento relativamente forte e máxima prancha. Num nível de iniciação as

respostas correctas para o reequilíbro serão:

- Se o barco adorna para barlavento - a acção é caçar

- Se o barco adorna para sotavento - a acção é folgar

Ainda aqui observamos que os principiantes tendem a navegar constantemente adornados para

sotavento, evitando folgar e, no caso de o barco adornar para barlavento a resposta

preferencial é "entrar", saindo da posição de prancha. As justificações para estas respostas

são, essencialmente, as mesmas que já vimos atrás.

De nada servirá, a curto prazo (no 1º nível), o treinador dar instruções verbais do tipo: folga

na rajada e caça quando ela passar.

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Os problemas focados surgem, afinal, porque há incompatibilidade entre a resposta correcta (a

solução técnica adequada), e os estereótipos da resposta e situações de desequilíbrio que o

atleta traz de terra, da sua vida corrente.

Importa ter presentes estas questões aquando da elaboração de uma metodologia de ensino de

navegação à vela. Será importante abordar as questões técnicas com a percepção de que as

respostas às mesmas têm pré-requisitos de ordem vária, entre eles os inerentes ao equilíbrio.

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CCCOOO NNNSSSIII DDDEEE RRRAAAÇÇÇ ÕÕÕEEE SSS GGGEEE RRR AAAIII SSS SSS OOOBBB RRR EEE OOORRRIII EEE NNNTTT AAAÇÇÇ ÃÃÃOOO EEE SSSPPP AAACCCIII AAALLL

Como podemos nós ajudar os nossos atletas a referenciarem-se, a orientarem-se durante o

virar de bordo ou cambar?

Uma das características mais frequentes durante estas manobras é experimentar uma espécie

de falha de consciência. Não se sabe bem o que se passa desde o momento em que se empurra

ou se puxa a cana do leme até àquele em que, sentado do outro lado, retomamos a

consciência. A surpresa é muitas vezes grande ao ouvir então o treinador exclamar

(geralmente o velejador não o ouve durante a manobra) que temos vento por través em vez de

vento pela amura ou que se vai efectuar uma nova cambadela mas desta vez involuntária.

Existem duas razões essenciais para esta desorientação:

1. As manobras implicam deslocamentos no interior do barco.

2. As oscilações do barco põem em causa o equilíbrio do timoneiro, que fica

sobretudo preocupado com a recuperação do seu equilíbrio.

3. A grande rotação do barco modifica muito a sua posição em relação ao vento, e

torna frequentes as perdas desta referenciação.

Neste tema, preocupamo-nos:

1. Em diminuir os problemas postos nos pontos 1 e 2.

Este objectivo poderá ser alcançado com a colocação do jovem aprendiz sentado no fundo do

poço, bem apoiado contra a borda do barco, e evitando que ele se desloque durante as

manobras. Isto é apenas possível quando o velejador aprendiz tem como companhia dentro do

barco um velejador experiente que lhe proporcione o equilíbrio do barco.

2. Centralizar a atenção do timoneiro na orientação.

Como podemos ajudar o aluno a orientar-se, quer dizer, a organizar o seu espaço aquando do

virar de bordo ou de cambar?

O espaço perceptivo aparece-nos já como um produto complexo, resultando ao mesmo tempo:

- de uma percepção como tal;

- de uma actividade sensorial-motriz, dirigindo e coordenando os diversos movimentos

que são determinados pelos centros proprioceptivos.

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Deste modo, apesar de tudo quanto se possa dizer acerca deste tema, a percepção não é o

único elemento constituinte do espaço e, além disso, não é o mais determinante.

É, portanto, pela acção que os alunos vão construir este "espaço- vela", que é novo, e que, não

se sobrepondo ao da vida de todos os dias é, de certa maneira, específico.

É ainda necessário saber que géneros de "acções" vamos propor aos velejadores, para que,

através destas acções, eles se situem cada vez melhor em relação aos que os rodeia.

Postulamos à partida que a fórmula fundamental que rege os deslocamentos de um veleiro é a

seguinte:

Ângulo (Vento / Barco) = Ângulo (Vela / Vento) + Ângulo (Vela / barco)

1 2 3

É a partir de uma matriz correcta desta igualdade que podemos, num dado momento,

orientarmo-nos na água.

Nesta fórmula, o ângulo (vela / vento) pode ser considerado como invariável (excepto no caso

particular de vento pela popa e também na altura precisa das mudanças de amuras).

Quando navegamos trata-se de compensar as variações de direcção (ângulo (vento / barco))

por uma mudança do ângulo (vela / barco), ou então, a adaptar a direcção (vento - barco ) a

uma mudança do ângulo (vela / barco).

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21

A mossa hipótese pedagógica é então a seguinte: é propondo ao aprendiz velejador que aja

com esta fórmula da maneira mais variada possível que o ajudaremos a referenciar-se durante

um virar de bordo ou cambar. Por este motivo, os exercícios propostos visam uma

mobilização progressivamente mais fina de diversos elementos citados atrás.

Mas acção não é o suficiente; é igualmente preciso que o atleta possa dispor de uma

representação e passar deste espaço vivido que ele adquire na acção, para um espaço mental

que permite uma visão mais ampla das coisas.

O chamado trabalho de representação propriamente dita, em que se pede ao velejador que

memorize em esquemas as situações por ele vividas na prática, a fim de dispor de um sistema

de representações que ele poderá depois projectar na realidade. Este trabalho apresenta, por si

só, dois aspectos, consoante se pede ao velejador que represente os objectos sobre os quais

actuou (barco - vela, posição no barco), ou a lógica da sua acção.

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PPP LLL AAANNNEEE AAAMMM EEE NNNTTT OOO DDD OOO TTT RRR EEE III NNN OOO

O planeamento do ensino/aprendizagem tem sido uma necessidade objectiva na busca de um

maior e melhor rendimento do treino. Desde o início da actividade do treinador cada época é

planeada de acordo com a experiência adquirida nos anos anteriores. Esta experiência é fruto

de reflexões e análises (quer do próprio treinador, quer com outros treinadores) sobre o

trabalho desenvolvido e o cumprimento dos objectivos propostos, as diversas fases de

planeamento que iremos apresentar seguidamente: envolvem questões como carga horária,

selecção do local do treino, conhecimentos dos atletas, materiais didácticos, metodologias e

estratégias de ensino e avaliação.

CCaarrggaa hhoorráárriiaa

Em termos anuais, a actividade está, em parte, condicionada pelas condições meteorológicas,

sendo o Inverno e o Outono a estação menos própria à prática da vela. No que concerne ao

tempo disponível para a prática, a única possibilidade é a existência de 2 treinos ao fim de

semana, sendo o treino de aproximadamente 3 a 4 horas, uma vez que o treino de vela envolve

rotinas um tanto demoradas (equipar/desequipar;aparelhar/desaparelhar barco) e porque as

crianças estão condicionados aos horários escolares. Nos treinos são despendidos 10 a 15

minutos com informações diversas: no início do treino, antes dos velejadores se equiparem é

feita uma revisão dos conteúdos abordados na aula anterior e explicado os exercícios a

realizar na água e respectivos objectivos específico / comportamentais; na parte final do

treino é feita uma análise das aquisições e das dificuldades observadas - esta parte torna-se

extremamente útil para a consolidação de alguns objectivos e para o processo de auto e

hetero-avaliação tendo em vista a melhorias.

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SSeelleeccççããoo ddoo llooccaall ddoo ttrreeiinnoo ddaa vveellaa

Não existe nenhum local com condições ideais para a iniciação à pratica da vela. No entanto,

para aprendizagem desta modalidade existem certos locais que serão mais aconselhados tendo

em consideração a água, o mar, a profundidade, a corrente e o vento.

A Água : tanto a água doce como a água salgada é aconselhável para aprender a velejar. No

entanto, a água salgada corrói o material, e este necessita ser lavado regularmente com água

doce. Para além de que, se os barcos permanecerem guardados na água salgada, é necessário

pintura de anti-fouling para que no casco do barco não cresçam algas. É necessário também

ter cuidado com a temperatura da água, pois pode causar hipotermia (ver anexos VIII)

O Mar : a zona para a aprendizagem deve ser de águas calmas, para que os principiantes

tenham mais facilidade em ultrapassar a fase de restabelecimento de equilíbrio no barco.

Deste modo, no referido local, as ondas provocadas pelos barcos deverão ser mínimas (apesar

de não ser possível evitá-las). Se o único local para a prática for o mar aberto, é conveniente

que a zona seja calma e abrigada. Um bom exemplo de bons locais de prática são: baías;

amplos portos de abrigo; lagos; deltas dos rios que tenham pouca corrente; no mar junto à

costa quando a direcção do vento é constante e vindo do mar.

Profundidade : A área destinada a aprendizagem tem de ter profundidade suficiente para que

os barcos não encalhem. Não deverá haver rochas, baixios, ou outras coisas submersas que

causam perigo de colisão. Por questões de segurança, não se deverá ensinar a velejar em

locais de grande tráfego marítimo até que os mesmos tenham conhecimento das regras de

direito a rumo.

A Corrente : este é um factor muito negativo para iniciantes. Deste modo, será expressamente

aconselhável escolher uma zona que tenha o mínimo de corrente possível principalmente se o

vento estiver fraco.

O Vento : A intensidade do vento mais aconselhável para a iniciação à prática da vela é entre

5 e 10 nós (ver anexos III) . Assim, é conveniente registar as horas do dia em que esta

intensidade de vento predomina. Poderá não existir uma escolha, mas caso haja, não é

aconselhado iniciar a aprendizagem da vela com ventos inconstantes e cuja direcção é do mar

para terra, pois em caso de algum problema existirá o risco de colisão em terra.

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MMeettooddoollooggiiaass ee eessttrraattééggiiaass

Na selecção das metodologias e estratégias, procuramos sempre respeitar os princípios

pedagógicos do processo de ensino/aprendizagem e também os princípios do treino

desportivo. Procuramos orientar os atletas do simples para o complexo e do global para o

analítico respeitando as fases sensíveis e os ritmos de aprendizagem de cada atleta. Desta

forma, privilegiamos situações de exercitação com organização simples, introduzindo

progressivamente novas informações, no sentido de almejar os objectivos propostos.

IInntteerrvveennççããoo dduurraannttee oo eexxeerrccíícc iioo

A intervenção do treinador durante o exercício deve ser:

1. O mais simples e clara possível:

- falar pouco, mas com uma linguagem objectiva, rigorosa

e precisa

- recordar, de forma simples, as instruções (pouco

numerosas)

2. O mais individualizada possível:

- suprimir intervenções agressivas e inibidoras

- ter em conta as motivações do aluno

- ter em conta os problemas afectivos (medo, etc. )

- reforçar os sucessos, através de linguagem afectiva;

- não excluí a ajuda pessoal a bordo para desdramatizar

alguma situação.

3. Mais ou menos directa Segundo a situação e segundo o nível.

I Pouco directa no caso de um principiante colocado numa situação restritiva, em

que o aluno procura por ensaio e erro a resposta adequada.

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II Mais directa quando o nível prático do aluno se torna mais elevado e o nível de

comunicação verbal é mais claro e específico (a palavra com o mesmo

significado para o aluno e para o treinador).

III Directa quando o nível do aluno é elevado ou muito elevado; quando treinador

serve principalmente de "espelho"; quando uma palavra ou uma frase

pronunciada pelo treinador corresponde a um programa de acção no

aluno e despoleta um processo de tomada de consciência do erro, suas

causas e correcções.

É com a prática que o aluno acaba por chegar a uma verdade que ele construiu e "aprende"

efectivamente esta verdade. Fornecer-lhe desde logo o resultado ou a solução, suprimindo a

fase de pesquisa activa é um serviço prejudicial que lhe prestamos. Assim, pôr um atleta

perante um problema, propondo-1he que encontre os meios para o resolver, não chega; é

também preciso, para uma correcta exposição das situações, facilitar-lhe o acesso às soluções.

Penetrar na via dos métodos activos, não consiste em abandonar o aluno à complexidade de

uma actividade; é, pelo contrário, dar ao treinador um papel determinante na criação, na

escolha e adaptação das actividades que ele propõe.

EM QUALQUER CASO, O TREINADOR DEVE SABER CONSCIENCIALIZAR o

velejador dos erros ou dos sucessos e dos reajustamentos a operar e deve estabelecer o

máximo de comunicação individual.

CCoonntteeúúddooss tteeóórriiccooss

Os conteúdos teóricos relativos ao processo ensino/aprendizagem serão abordados antes dos

treinos correspondentes a esse mesmo assunto. Assim, esta transmissão dos conteúdos

teóricos será organizada em consonância com a sequência prática a implementar. A função da

intervenção teórica a preceder o treino de água abrange:

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introdução de novos conceitos, seu significado e sua função

informação sobre os objectivos da aula;

explicação e clarificação das principais tarefas relacionadas com o treino;

transmissão, principalmente nos primeiros treinos, das regras de segurança a

cumprir e cuidados a ter;

consolidação de conhecimentos.

No nível de desenvolvimento que as crianças se encontram é mais importante executar tarefas

na água. Deste modo, o tempo reservado para a transmissão de conteúdos teóricos, em cada

treino, será limitado e o número de abordagens teóricas no conjunto dos treinos será o

estritamente necessário. Em todas os treinos são despendidos 10 a 20 minutos com

informações diversas: no início da aula, antes dos velejadores se equiparem é feita uma

revisão dos conteúdos abordados na aula anterior; na parte final da aula é feita uma análise

das aquisições e das dificuldades observadas - esta parte torna-se útil não só para a

consolidação de alguns objectivos, como também para a avaliação do trabalho do treinador,

proporcionando uma reflexão sobre as estratégias usadas, com o intuito de uma melhoria da

intervenção do treinador.

Conteúdos específicos a abordar:

a) Conhecer e designar aspectos ligados a:

• nomenclatura do Optimist;

• terminologia específica;

• aparelhar completamente um Optimist (material e suas funções);

• análise de mareações e rumos;

• análise de manobras a bordo;

• regras simples de regata;

• Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar.

b) Preservar os materiais:• lavagem dos materiais

• manutenção e arrumação do material náutico no contentor.

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Os conteúdos: nomenclatura do Optimist, análise de mareações e rumos, análise de manobras

a bordo, deverão anteceder a abordagem das regras simples de regata e o Regulamento

Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar.

AAvvaall iiaaççããoo ddoo ttrreeiinnoo

A avaliação faz parte de todo o processo de ensino / aprendizagem. Avaliar o produto

(resultados obtidos pelos velejadores) e o processo (organização / informação / instrução

dadas pelo treinador) é a única forma de melhorar a qualidade deste processo.

Na avaliação do produto há que considerar todos os objectivos propostos no plano de ensino,

desde os mais gerais aos mais específicos, ou seja, nos vários domínios: cognitivo, atitudes e

valores e psicomotor, de forma a contribuir para o desenvolvimento integral do velejador.

A avaliação do produto é realizada não só através de situações competitivas de regata (mais

ou menos formais), mas também ao longo das aulas na pequena reflexão feita após cada . Esta

avaliação não é somente importante para o professor pois, acabando de experimentar um

exercício, para aferir acções e para realizar correcções é sempre necessário avaliar os

resultados obtidos.

O mais importante quando se aborda a avaliação do processo é, a nosso ver, ter consciência

que o ensino é realizado, por e com "material humano”, o que significa a necessidade

constante de ajustes e de aferição do planeamento de forma a acompanhar o ritmo de

aprendizagem dos velejadores e a não ultrapassar fases na aquisição dos conteúdos.

Para isso, a reflexão com os velejadores no final de cada aula e se necessário, por vezes a

discussão posterior com outros treinadores de vela, foi a forma encontrada para

constantemente aferir os resultados obtidos na perseguição dos objectivos propostos.

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PPP RRROOOPPP OOO SSSTTT AAA MMM EEE TTT OOODDD OOOLLL ÓÓÓGGG III CCCAAA PPP AAA RRRAAA AAA III NNNIII CCCIII AAAÇÇÇ ÃÃÃOOO ÀÀÀ VVVEEE LLL AAA

A seguinte proposta metodológica para a iniciação ao treino da vela não é mais do que uma

importante orientação, pois variará segundo o nível de experiência dos velejadores, o número

e tipo de barcos de que dispõe, as condições meteorológicas e o equipamento do clube.

Na escolha dos exercícios práticos para cada treino, tivemos em conta os seguintes

princípios:

1. não realizar mais de 2 exercícios novos por aula, atingindo o máximo de 3 sempre que

este já tenha sido utilizado com sucesso;

2. envolver a menor quantidade de material necessário e simplificar os pontos de

referência, sempre que possível;

3. simplificar a sua forma organizativa e ser concreto nos seus objectivos;

4. conter uma situação lúdica ou com carácter competitivo, como motivação para o

presente treino ou próximo treino.

LLeeggeennddaa ddoo ppoossiicciioonnaammeennttoo aa bboorrddoo ee ddiissttrriibbuuiiççããoo ddooss ccoommaannddooss

Cada situação pedagógica é apresentada sob forma esquemática, com um certo número de

sinais que permitem lê-la mais rapidamente, depois de um breve momento de adaptação.

Posição do timoneiro e velejador experiente – representada por um círculo cuja posição no

esboço indica a posição dentro do barco.

Sentado no poço a barlavento

Sentado no poço a sotavento

Sentado na borda a barlavento

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Aprendiz a branco e velejador experiente a cinza

Aprendiz sentado a barlavento e velejador experiente à proa, à

frente da caixa de patilhão

Barco semi-rígido a motor do treinador

Indica que velejador folga a vela.

Indica que velejador caça a vela.

Indica que velejador mareia a vela de acordo com a direcção do

vento e rumo.

Indica que velejador controla a direcção através do leme

Indica que velejador controla leme e escota - vela

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HHaabbiittuuaaççããoo aaoo mmeeiioo nnááuuttiiccoo ee ttrraannssmmiissssããoo ddee ccoonncceeiittooss ggeerraaiiss iimmppoorrttaanntteess

ppaarraa oo ccoonnttrroolloo ddoo bbaarrccoo

Ganhar à vontade no barco é um parâmetro fundamental no campo da psicologia e

extremamente benéfico na angariação de destrezas básicas no meio náutico. Nesta fase, as

características individuais, nomeadamente o leque de experiências já protagonizadas no meio

náutico, é fundamental para o mais rápido ou mais lento alcance do chamado à vontade no

barco. Neste alcance, o jovem passa de uma postura de contracção e constante agarre, através

das mãos, para momentos mais adaptados ao novo meio. Certamente, após esta fase será

capaz de desfrutar de momentos relacionados com o prazer das novas sensações.

A transmissão de conceitos gerais importantes para o controlo do barco desenrola-se em

simultâneo com a fase de habituação ao meio náutico. Assim, o aprendiz é colocado no barco

de apoio do treinador (embarcação semi rígida a motor) de maneira a que observe colegas a

velejar em optimist. Neste momento, o aluno observa e tenta compreender com a ajuda do

treinador (através de indicações e informações) o modo de funcionamento e controlo da

embarcação, conteúdos de navegação e do seu papel/função na mesma.

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Situação I

Situação:

Variante 1 - O jovem aprendiz ao leme e outro indivíduo a pagaiar (remar); barco sem

vela içada.

Variante 2 - Os dois a pagaiar; barco sem vela e sem leme.

Objectivo Geral:

- Contactar pela primeira vez com uma situação nova: barco / água.

- Explorar o engenho (barco ).

- Explorar o equilíbrio e apoio físicos exigidos pelo movimento do barco.

Objectivos Específicos / Comportamentais:

- Realizar um pequeno percurso previamente estabelecido.

- Equilibrar-se sentados e em pé no barco, experimentando novas situações de equilíbrio.

Considerações gerais:

Trata-se de um primeiro contacto com o barco e com o meio envolvente. O treinador deverá

criar situações de equilíbrio dinâmico e estático, sugerindo por exemplo, diversas deslocações

dos velejadores dentro do barco, provocando desequilíbrios neste ou ainda exercícios cujo

objectivo será manter o barco numa posição estática. Numa 1ªfase os velejadores deverão

explorar diversas situações com o patilhão arriado e numa 2ª fase situações com o patilhão

içado (mais instável).

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Situação II

Variante 1 – Na água, com os pés assentes no fundo

Variante 2 - Agarrado a uma bóia

Situação:

Variante 1 - Dentro da água, numa zona em que o aprendiz tem pé, este segura o

barco pela borda.

Variante 2 - Dentro do barco, o aprendiz segura-o agarrando-se à boça passada à bóia

Direcção do vento

Direcção do vento

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Objectivo Geral:

- Percepcionar, de uma forma muito global, a acção do vento sobre o barco.

- Percepcionar a relação entre a tendência (maior, menor ou nula) do barco para se deslocar

para avante e o ângulo (vento / barco).

Objectivos Específicos / Comportamentais:

- Distinguir, de entre as várias posições, aquelas em que o barco faz a máxima (B) e a mínima

(C) força para avante.

- Conseguir representar com um modelo, ou através de um desenho, ou verbalmente, as várias

situações.

- Saber, a partir da posição A, o que é necessário fazer para o barco arribar ou orçar.

Considerações Gerais:

O treinador deve preocupar-se fundamentalmente com a referência ao ângulo (vento / barco).

Na variante I pode, por exemplo, chamar a atenção para "o vento pelas costas" e na variante 2

pode usar uma bóia com bandeira, chamando então à atenção para a direcção desta.

O primeiro e o segundo objectivos específicos são fundamentais para a percepção da direcção

do vento, e a progressão da aprendizagem não evoluirá caso este objectivo não seja atingido.

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Situação III

Situação:

- Barco sem leme, sem patilhão, escota folgada.

Objectivo Geral:

- Levar os velejadores a interiorizarem a noção de barlavento/sotavento e a equilibrarem-se no

barco.

Objectivos Específicos / Comportamentais:

- Compreender que o barco abate para o lado em que se encontram as velas.

- Manter o barco equilibrado, modificando as suas posições a bordo.

- Descrever o movimento do barco em relação à direcção do vento (para sotavento e

ligeiramente para avante), recorrendo a um modelo, desenho, ou mesmo verbalmente.

Considerações Gerais:

Os velejadores vão sentir o barco muito instável, devido à falta de apoio das velas e à falta de

patilhão pelo que tendem a tomar uma atitude estática, (agarrando-se por vezes); o treinador

deverá intervir no sentido de os fazer movimentar e compreender que, em futuras situações, se

largarem o leme e folgarem as escotas, o barco tenderá a tomar a mesma posição (ângulo

(vento / barco)).

Direcção do vento

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Situação IV

Situação:

- Barco sem leme, escota folgada (vela a bater), arriar e içar o patilhão observando o que se

passa.

Objectivo Geral:

- Conhecer, na globalidade, a acção do patilhão.

Objectivos Específicos / Comportamentais:

- Relacionar a velocidade de abatimento com a posição do patilhão.

- Verificar que o barco orça no momento em que se baixa o patilhão retomando uma nova

posição de equilíbrio.

- Encontrar a resposta para as questões:

"Quando arriamos o patilhão, o barco orça ou arriba?"

"Quando içamos o patilhão, o barco orça ou arriba?"

Considerações Gerais:

A acção do patilhão não tem reflexos completamente iguais em diferentes barcos, daí que o

treinador tenha de ter em conta cada caso, jogando com o barco em questão – Optimist, de

modo a obter o resultado pretendido que é a noção genérica de que o patilhão é fundamental

para reduzir o abatimento do barco.

Direcção do vento

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Situação V

Situação:

- Barco sem leme, escota folgada, patilhão em arriado, os velejadores deslocam-se alterando o

equilíbrio longitudinal e o equilíbrio lateral do barco, fazendo-o orçar ou arribar.

Objectivo Geral:

- Ganhar a percepção global da influência da posição de equilíbrio do barco (lateral e

longitudinal) sobre o ângulo (vento / barco).

Objectivos Específico / Comportamentais:

- Verificar que, conforme a atitude lateral ou longitudinal do barco, assim este orça ou arriba.

- Tomar conhecimento que, para orçar o barco, os velejadores deslocam-se para avante e/ou

sotavento e para arribar, deslocam-se para a popa e/ou barlavento.

- Encontrar a resposta para as questões:

"Se adornamos para sotavento, o barco orça ou arriba?"

"Se adornamos para barlavento, o barco orça ou arriba?"

"Se enfiarmos a proa na água, o barco orça ou arriba?"

Direcção do vento

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37

Considerações Gerais :

O treinador deve proporcionar aos velejadores um barco equilibrado na posição A. O

exercício começa por realizar-se com 2 velejadores, pelo ao facto de o barco adquirir mais

estabilidade, devido ao maior peso. Posteriormente realizar-se-á apenas com o aprendiz a

bordo.

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Situação VI

Situação:

- Barco sem leme, equilibrado em A

- O velejador preocupa-se com a manutenção do equilíbrio lateral do barco.

- O aprendiz, sentado dentro barco, experimenta caçar e folgar gradualmente a escota da vela.

Objectivo Geral:

- Percepcionar o efeito global da vela sobre a propulsão, direcção e equilíbrio do barco.

Objectivos Específicos / Comportamentais:

- Conseguir manter o equilíbrio lateral do barco.

- Conseguir, através da escota da vela, manter o barco em progressão (posição B, C, e D)

evitando que a proa coincida com a direcção do vento.

- Encontrar a resposta para as questões:

"Quando caço a vela, orçamos ou arribamos?"

"E quando folgo?"

"Quando caço a vela, o barco adorna para onde?"

"E quando folgo?"

Direcção do vento

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Considerações Gerais:

De modo geral, as mesmas da situação V, isto é, o treinador deve ter a preocupação de

proporcionar um barco equilibrado em A, sem o leme colocado.

O aprendiz vai, eventualmente, ao orçar para a posição C ficar aproado ao vento, mas o barco

arribará por si (vela bate, o barco adorna para barlavento e consequentemente arribará). Ao

arribar, o barco pode adornar subitamente pelo que o treinador deverá chamar à atenção para a

necessidade de folgar a vela rapidamente. O velejador estará sentado dentro do barco ou na

borda, preocupando-se com o equilíbrio do mesmo.

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Situação VII

Situação:

- Timoneiro ao leme e a marear a vela.

- Aprendiz também dentro do barco – apenas observa sentado à proa.

- Realização de um percurso, ao largo entre 2 bóias (pontos de referência).

Objectivo Geral:

- Percepcionar as funções e acções do timoneiro.

Objectivos Específicos / Comportamentais:

- Compreender o efeito da vela sobre a propulsão.

- Detectar a direcção do vento.

- Compreender a posição da vela relativamente ao direccionamento do vento.

Considerações Gerais:

Este exercício promove também o aumento da confiança por parte do aprendiz e a perda de

possíveis receios. Sendo assim, a presença do velejador experiente é muito importante. Depois

de ultrapassada a fase de aquisição de destrezas inerentes ao processo dinâmico de

equilibração, o aluno sentir-se-á mais à vontade no barco, conseguindo assim encarar novas

situações de aprendizagem, e com mais facilidade.

Direcção do vento

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Situação VIII

Situação:

- 2 velejadores no barco.

- Velejador aprendiz controla o leme – direcção.

- Velejador experiente maneja a escota.

- Realização de um trajecto, ao largo, de ida e volta entre 2 bóias.

Objectivo Geral:

- Percepcionar o efeito da vela sobre a propulsão .

- Percepcionar a acção do leme no governo da direcção do barco.

Objectivos Específicos / Comportamentais:

- Controlar o rumo rectilíneo em direcção à bóia.

- Compreender a mareação da vela.

- Segurar correctamente a extensão e/ou cana do leme.

Considerações Gerais:

Notar-se-á, a princípio, um rumo algo sinuoso, devido à interiorização mental do

funcionamento do leme. O treinador deverá deixar o aluno explorar a situação e descobrir as

suas próprias soluções, não deixando nunca de o acompanhar de perto.

O velejador mais experiente funcionará como um auxiliar de ensino muito importante.

Direcção do vento

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42

A utilização das 2 bóias é fundamental para a concretização do 1º objectivo específico, caso

não exista bóia, será necessário ter uma referência visual em terra.

A viragem de bordo ainda não é introduzida, pois não estando ainda o controlo da direcção do

barco em linha recta assimilado, não se deverão introduzir manobras de mudança de direcção

para não confundir o jovem aprendiz. Deste modo, a mudança de direcção é efectuada com a

ajuda da embarcação de apoio e do treinador.

A preocupação com o equilíbrio do barco não desaparece, na medida em que este tem

consequências no controlo da direcção do barco.

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Situação IX

Situação:

- Mesma condições que na situação VIII, mas agora o aprendiz tem de seguir o treinador,

executando o trajecto que este realizará.

Objectivo Geral:

- Percepcionar a acção do leme no governo da direcção do barco.

Objectivos Específicos / Comportamentais:

- Conseguir realizar o trajecto sinusoidal, seguindo o treinador.

- Consolidar o conhecimento de:

empurrar o leme - barco orça

puxar o leme - barco arriba

- Percepcionar a função do seu colega:

quando barco orçar - caça escota

quando barco arriba - folga escota

Considerações Gerais:

O trajecto que o treinador executará no seu barco deve ter pequenas mudanças de direcção

para que o aluno não execute trajectórias exageradas, não ficando com a vela a bater. Mas esta

trajectória sinusoidal deverá ser o suficiente para que proporcione situações para o alcance

dos objectivos.

Numa fase posterior as pequenas mudanças de direcção do treinador serão mais frequentes.

É importante manter a propulsão do barco, para melhor desempenho na direcção.

Direcção do vento

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Situação X

Situação:

- 2 velejadores no barco.

- Velejador aprendiz maneja a vela (caçando ou folgando).

- Velejador experiente protagoniza trajectória sinusoidal ao largo.

Objectivo Geral:

- Saber marear a vela ao largo.

- Integrar e estabilizar a sua acção sobre a escota – vela.

Objectivos Específicos / Comportamentais:

- Saber explicar a posição relativa da vela nesta mareação – largo.

- Caçar a vela ligeiramente sempre que o timoneiro (experiente) orce.

- Folgar a vela ligeiramente sempre que o timoneiro arribe.

Considerações Gerais:

Em relação à mareação das velas pode-se introduzir a noção genérica de “folgar o mais

possível, sem deixar bater a vela, enquanto se mantém o rumo com a ajuda do leme”.

Direcção do vento

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Situação XI

Situação:

- Aprendiz sozinho no barco.

- Controla o leme e a escota.

- Aprendiz segue o trajecto sinusoidal do treinador.

Objectivo Geral:

- Percepcionar o efeito conjunto da vela sobre a propulsão, direcção e equilíbrio do barco.

Objectivos Específicos / Comportamentais:

- Executar em simultâneo a acção de:

orçar e caçar

arribar e folgar

- Marear a vela, mantendo-a o mais folgada possível sem a deixar bater.

- Conseguir mostrar através de um desenho qual a posição em que a vela, ao folga, começa a

bater (ângulo vento - vela).

Considerações Gerais:

Inicialmente, o timoneiro sentirá algumas dificuldades devido à falta de uma 3ª mão, mas

ultrapassará essa situação pois utilizará a mão que está no leme para ajudar a caçar a escota da

vela.

Direcção do vento

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Situação XII

Situação:

- 2 velejadores no barco, navegam ao largo, executando viragem de bordo.

- Velejador aprendiz ao leme.

- Velejador experiente maneja a vela.

Objectivo Geral:

- Introduzir a técnica de viragem de bordo.

Objectivos Específicos / Comportamentais:

- Conseguir executar a mudança de direcção de 180º.

- Orçar até ficar com a vela a bater.

- Cruzar a linha do vento e seguidamente arribar retomando o rumo no sentido oposto.

Considerações Gerais:

Por questões de orientação, o aluno deverá trocar de amuras colocando as costas para o leme,

sendo fundamental dirigir o olhar sempre para a proa, durante a viragem de bordo. Nesta fase

tão importante como é a iniciação não se pode deixar o aluno assimilar erros tais com:

Virar de bordo virando as costas à proa;

Virar de bordo usando como apoio os joelhos;

Virar de bordo segurando a escota com os dentes.

Direcção do vento

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Situação XIII

Situação:

- Aprendiz sozinho no barco ao largo.

- Executar trajectória pré-definida em 8, com viragem de bordo nas bóias.

Objectivo Geral:

- Controlar a direcção da embarcação.

- Exercitação da viragem de bordo.

Objectivos Específicos / Comportamentais:

- Conseguir executar a viragem de bordo.

- Realizar “troca de mãos” por trás das costas (mão esquerda no leme passa a segurar a escota;

mão direita na escota passa a segurar o leme, vice versa).

- Controlar o equilíbrio durante a viragem de bordo.

Considerações Gerais:

Por vezes nas viragens de bordo os jovens aprendizes adquirem o erro de segurar a escota

com os dentes para efectuar a “troca de mãos”. Este erro deve ser desde logo advertido e

corrigido.

Direcção do vento

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Situação XIV

Situação:

Variante 1 - O aluno executa a trajectória pré-definida em constantes bordos (bolina

folgada : ângulo vento – barco de 50º a 70º ) com viragem de bordo nas bóias 2, 3 ,4 ,5 ,6 ,7 e

8. De seguida volta ao local inicial ao largo aberto (folgada), virando de bordo na bóia 9.

Variante 2 - O aluno executa a trajectória pré-definida em constantes bordos (bolina :

ângulo vento – barco de 35º a 45º) com viragem de bordo nas bóias 4, 7 e10. De seguida volta

ao local inicial ao largo aberto, virando de bordo na bóia 9.

Objectivo Geral:

- Iniciar a aprendizagem da bolina.

- Exercitar da viragem de bordo.

Objectivos Específicos / Comportamentais:

- Aperfeiçoar o controlo do movimento da retranca e, portanto, o da rotação do barco durante

a viragem de bordo.

- Realizar trajectórias em que o ângulo vento – barco foi reduzida.

- Percepcionar os possíveis ângulos de bolina.

Direcção do vento

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Considerações Gerais:

A introdução da mareação bolina foi efectuada estabelecendo os percursos parciais entre 2

bóias, de modo a que proporcione bolinas folgadas. À medida que o jovem aprendiz vai

interiorizando os controlos e as acções, tendo sucesso nesta mareação (bolina folgada), o

treinador deverá retirar as bóias 2, 3, 5, 6 e 8 e colocar a bóia 10. Deste modo, o ângulo (vento

/ barco) será reduzido.

De salientar que as preocupações com a manutenção do equilíbrio estão sempre presentes,

sendo de realçar maior importância neste momento visto que o aprendiz está perante uma

nova mareação.

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Situação XV

Situação:

- Aprendiz faz um percurso pré-definido ao largo aberto executando a manobra de cambar nas

bóias 2, 3, 4, 5, 6. Seguidamente navega à bolina até bóia 1, com viragem de bordo na bóia 7.

- Introduzir manobra de cambar apenas com a existência de vento força 1 ou 2 (ver anexos III)

Objectivo Geral:

- Introduzir a manobra de cambar.

- Exercitar a bolina e largo.

Objectivos Específicos / Comportamentais:

- Manter o olhar sempre dirigido para a vela e para a retranca.

- Arribar, passando a vela para o outro lado, seguindo rumo rectilíneo à bóia seguinte.

- Colocar o patilhão a meio quando a mareação é o largo.

Considerações Gerais:

O treinador deve ter cuidado especial sobre a colocação do patilhão a meio, visto que se este

estiver demasiado em cima causará danos materiais. Na cambadela, a retranca terá de trocar

necessariamente de lado e se a parte superior do patilhão estiver a impedir a sua passagem

poderá partir o patilhão.

Para o velejador virar de bordo a vela obrigatoriamente ficará, em um instante, a bater. Já na

manobra de cambar a situação é diferente. Ao cambar, a vela troca de lado, mas permanece

sempre com o vento a incidir-lhe. O que originará a passagem do conjunto vela retranca com

maior velocidade. É devido a esta característica na manobra de cambar que se torna quase

obrigatório fazer a introdução desta manobra com pouco vento.

Direcção do vento

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Situação XVI

Situação:

- O percurso poderá ser iniciado na bóia 1, navegando à bolina até à bóia 3 onde efectuará

uma viragem de bordo e seguirá ao largo até bóia 4. Nesta bóia camba e segue ao largo aberto

até à cambadela a executar na bóia 2. Seguidamente, navega ao largo até à bóia 1, onde vira

de bordo.

Objectivo Geral:

- Conhecer a regra de direito a rumo presente no Regulamento Internacional para Evitar

Abalroamentos no Mar (RIEAM).

- Exercitar a manobra de cambar.

Objectivos Específicos / Comportamentais:

- Ceder passagem aos barcos que se apresentam amurados a estibordo.

- Controlar o equilíbrio durante a manobra de cambar.

- Realizar “troca de mãos” por trás das costas.

- Marear a vela com exactidão no largo e no largo aberto.

Considerações Gerais:

Neste exercício, os velejadores, certamente, irão cruzar-se originando situações em que o

treinador terá necessariamente de zelar pela segurança dos velejadores. Assim, a colocação do

treinador será na zona dos possíveis cruzamentos.

Direcção do vento

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Uma das regras principais para evitar abalroamentos no mar é a regra de cedência de

passagem. Deste modo, quando 2 barcos a navegarem à vela se cruzam, aquele que se

apresenta com o vento a entrar pela amura de estibordo (vela a bombordo) tem direito a rumo,

sendo o outro obrigado a ceder passagem. No caso de se apresentarem 2 barcos com amuras a

estibordo em rumo colisão, terá prioridade aquele que se encontrar numa mareação mais

orçada.

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Situação XVII

Situação:

- Aprendiz executa um percurso pré-definido à bolina cerrada até bóia 2; seguidamente

prossegue ao largo efectuando uma cambadela na bóia 3.

Objectivo Geral:

- Aperfeiçoar as 2 mareações (largo e bolina).

- Exercitar a manobra de cambar.

- Desenvolver a autonomia e capacidade de decisão

Objectivos Específicos / Comportamentais:

- Realizar a bolina tendo o aluno de tomar as suas próprias opções sobre o número de bordos a

fazer e o momento das viragens de bordo.

- Navegar ao largo com patilhão a meio.

- Controlar o equilíbrio durante a manobra de cambar.

Considerações gerais:

O aprendiz começa a ter de tomar decisões, quanto às opções tácticas a tomar na bolina

(número de bordos e tamanho dos mesmos), desenvolvendo a sua autonomia e capacidade de

decisão.

Direcção do vento

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54

Situação XVIII

Situação:

- Realizar o circuito à bolina entre bóia 1 e 2 e à popa entre 2 e 3 e 3 e 1. Terá de cambar na

bóia 3. Seguidamente, executará outro circuito: navegar a bolina entre bóia 1 e 2 e à popa

entre bóia 2 e 4 e 4 e 1. Terá de cambar na bóia 4.

Objectivo Geral:

- Introduzir a mareação à popa

Objectivos Específicos / Comportamentais:

- Velejar à popa sem executar cambadela involuntária.

- Navegar à popa com o patilhão em cima e antes de cambar descê-lo para meio. Após a

manobra voltar a subi-lo.

- Posicionar os ombros orientados para a vela de modo a que o olhar esteja dirigido para a

mesma, de uma forma natural.

Considerações Gerais:

Na iniciação à aprendizagem da popa não se deve proporcionar ao aprendiz uma popa rasada

para não existir o risco de haver cambadelas involuntárias (tendo em vista a segurança do

aprendiz). Deste modo, a existência da bóia número 3 e 4 permite que o rumo tenha um

pequeno desvio e assim o ângulo (vento / barco) seja ligeiramente inferior a 180º.

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Situação XIX

Situação:

- Iniciando junto à bóia 1, o velejador aprendiz navega à bolina até bóia 2; seguindo ao largo

aberto entre bóia 2 e 3 e 3 e 1 com cambadela na bóia 3. Chegando à bóia 1 executa

novamente bolina até bóia 2 e seguirá à popa rasada até bóia 1 (denominação corrente do

percurso : triângulo + 1 salsicha).

Objectivo Geral:

- Introduzir a mareação à popa rasada.

- Introduzir os percursos de regata.

Objectivos Específicos / Comportamentais:

- Conseguir representar através de um modelo, de um desenho, ou verbalmente, a correcta

posição da vela, à popa rasada, relativamente à direcção do vento.

- Exercitar e consolidar as aprendizagens adquiridas.

Considerações Gerais:

Este exercício é determinante para a familiarização com o percurso de regata, visto que o

aprendiz tem de executar este mesmo percurso quando submetido à competição.

Estão compreendidas as três mareações, bem como todas as possíveis manobras.

Direcção do vento

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56

CCC OOO NNN CCC LLL UUU SSS ÃÃÃ OOO

Pensamos que velejar está muito para além da competição. Naturalmente que é a na alta

competição que o desempenho do velejador é manifestado ao mais alto nível. Podemos falar

de tudo aquilo que velejar implica, mas ficaria sempre algo por dizer. Gostaríamos de nos

situar a um nível particular da vela - processo de treino ou de formação do velejador - um

momento importante da vida do mesmo – formação inicial.

Achamos que a vela é uma modalidade que investe na formação psicomotora de base do

velejador, sistematizada, proporcionando-lhe um rico envolvimento informacional, alicerce

fundamental para a aquisição de competências - capacidade para mobilizar, de forma

apropriada, os conhecimentos e experiências adquiridos, necessários à resolução de problemas

do quotidiano - rumo a uma possível especialização.

Quanto a nós, as situações propostas não têm, aliás, por único objectivo "ensinar" a velejar

nas três diferentes mareações, a virar de bordo e a cambar, mas também, e sobretudo,

desenvolver entre os nossos atletas um certo número de capacidades condicionais e

coordenativas que abrangem situações de equilíbrio, de orientação espacial e acções motoras

complexas. Para além das situações de navegação, estas capacidades poderão também ser

utilizadas noutros domínios do quotidiano

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57

NNNOOO VVVAAA SSS PPP RRR OOOPPP OOOSSS TTT AAA SSS DDDEEE TTT RRRAAA BBB AAALLL HHHOOO

A orientação espacial é uma área que o jovem aprendiz terá de desenvolver. Quanto mais e

melhor a desenvolver, mais rapidamente reagirá com sucesso ao diversificado envolvimento,

em termos de diversidade de estímulos, em que ele se insere.

Deste modo, a implementação de exercícios em que o velejador usasse uma venda nos olhos

seria uma boa estratégia para o alcance de uma melhoria ao nível da orientação espacial, dado

que a supressão da visão obrigaria a conduzir a acção representando mentalmente o desenrolar

dessa mesma acção no espaço. Isto pressupõe um maior recurso a sistemas de informação tais

como: sensações auditivas, tácteis e cinestésicas, geralmente desprezados pelos praticantes, e

também elas importantes.

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58

ANEXOS I

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59

Comprimento - 2,30 mBoca - 1,13 mÁrea Vélica - 3,5m2

Peso - 35 KgNúmero de velejadores - 1

Símbolo da classe

Espicha

Réguas

Mastro

Vela

Retranca Escota da vela

Caixa do patilhão Extensor

Canade leme

Bordo

Patilhão Pá do leme

Poço Cintas

Flutuadores

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60

Para garantir que não se afundam nem se enchem de água depois de se terem voltado, os

barcos têm meios de flutuação adicionais, mesmo se os seus cascos forem construídos de

materiais flutuantes, como a madeira. Este poder de flutuação traduz-se normalmente sob a

forma de tanques de ar incorporados no barco ou bóias insufláveis flutuantes amarrados ao

barco (demonstrado na figura). É fácil verificar se estão em condições: uma bóia esvaziada

pode significar problemas. O que pode não ser tão óbvio é saber se estão bem presas ao barco.

Têm que manter um grande peso a flutuar, por isso a força exercida nas suas amarras é

enorme. As cintas que passam pelas presilhas têm de ficar muito bem presas ao barco e nunca

se deve usar as presilhas das bóias para as atar ao barco.

A revisão à resistência das cintas deve ser executada regularmente, pois delas depende a

posição de prancha do velejador. Em caso de desgaste excessivo e consequente rebentamento

poderá criar situações de homem ao mar.

Escota

Sistema de desmultiplicação de forças é constituído por:

Cabo (escota)

3 moitões

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61

Os diferentes lados da vela do Optimist

--------- Testa

--------- Esteira

--------- Valuma

--------- Gurutil

Os diferentes cantos da vela do Optimist

Punho da amura - canto da vela que fica inferiormente junto

ao mastro.

Punho da boca - é a extremidade superior da vela, situado

junto ao mastro.

Punho da escota - - canto da vela situado inferiormente e

exteriormente ao mastro, onde fixa a escota.

Punho do gurutil - localiza-se no extremo do gurutil.

O optimist é, sem dúvida alguma, a embarcação favorita para os mais pequenos. Trata-se de

um barco pequeno e relativamente leve, de um único tripulante, que dispõe apenas de uma

vela. Deste modo, este é o barco ideal para aqueles que tencionam disputar as primeiras

regatas. Caracteriza-se por ser uma classe internacional, havendo regatas de optimist por todo

o mundo.

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ANEXOS II

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63

Nós mais importantes para a iniciação à navegação

Nó de oito – deve ser dado na extremidade de todos os cabos para impedir que os cabos seescapem pelos mordedores ou moitões. Exemplo: na extremidade da escota.

Nó direito – Usa-se para ligar dois cabos que não exigem muito esforço. É usado na amarração davela ao mastro e retranca (cassetes). Este nó ganhou a reputação de ser o nó mais importante domarinheiro. Não deve ser usado para suportar cargas muito intensas, em detrimento do lais de guia.

1 2 3

Amarração a um cunho – É um processo muito importante para a amarração quando a embarcaçãoestá atracada, é simples e seguro. Executa-se do seguinte modo: Dar volta redonda; uma volta em 8,e eventualmente, mais uma em 8.

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64

Lais de Guia – Este nó é usado para dar uma laçada ou amarrar o cabo a quase tudo. É o nó usadopara amarrar a escota ao moitão. Tem a importante vantagem de resistir a cargas intensas e de serfácil de desfazer, por outro lado é necessário alguma exercitação no acto de aquisição da suaexecução.

Este é um dos processos para que se torna absolutamente necessário para arrumar cabos longos,como por exemplo a escota.

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ANEXOS III

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66

O vento e o mar

Em 1805 o almirante irlandês Sir Francis Beaufort (1774-1857), ao serviço da marinha

inglesa, idealizou uma tabela que escalava a força do vento por 12 partes, tendo esta sido

reconhecida pelo Almirantado Inglês em 1838. O Comité Meteorológico Internacional

adoptou-a em 1874.

A verdadeira Escala de Beaufort dava a força do vento avaliada pelo pano que um navio à

vela podia largar. Posteriormente foi convertida em função da velocidade do vento, pelo que

existem diversas escalas com algumas discrepâncias, dependendo de quem a calculou.

Ora as vagas são relação directa do vento e o seu tamanho a sua consequência. Poderão ser

agravadas pelas marés sobretudo nas alturas de lua cheia e lua nova. São as chamadas marés

vivas.

Escala de Douglas(referente ao estado do mar)

Altura da Vaga(em metros)

Designação

0 Estanhado0.00 a 0.10 Mar Chão0.20 a 0.50 Encrespado0.50 a 1.25 Pequena Vaga1.25 a 2.50 Cavado2.50 a 4.00 Grosso4.00 a 6.00 Alteroso6.00 a 9.00 Tempestuoso

9.00 a 14.00 Encapeladomais de 14.00 Excepcional

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67

Escala de Beaufort

ForçaVelocidade

do ventoem nós

Descrição Símbolometeorológico Aspecto do mar Altura da Vaga

(metros)Possibilidadesde navegação

0 0 - 1 Calma Mar de azeite 0

Descai-se com acorrente; não sepode manobrar,é o paraíso dodescanso

1 1 - 3 Aragem

Rugas na águaem forma deescamas, semcristas deespuma

0 - 0.10Já se podemanobrar, largarum "spinnaker"

2 4 - 6 Fraco

Pequenas vagascurtas masmarcadas; cristastranslúcidas, masnão rebentam

0.10 - 0.25

O "spinnaker" dápara o largo eaumenta-se develocidade

3 7 - 10 Bonançoso

Pequenas vagasmais alongadas,as cristascomeçam arebentar, espumavítrea; algunscarneiros

0.25 - 1.0

O barco adorna,o mar molha oconvés e ospequenosbarcosregressam aoporto

4 11 - 16 ModeradoPequenas vagasalongadas, maiscarneirada

1.0 - 1.50

O vento puxa, atripulação estáatenta àsmanobras,pensa-se emrizar pano nosbarcospequenos

5 17 - 21 V. Fresco

Vagas médias deforma alongada,aumenta acarneirada

1.50 - 2.50

Os veleirosmaioresreduzem pano,as tripulaçõesdos pequenosbarcos têm todoo interesse emtomar umabebida no bar doclube

6 22 - 27 Muito Fresco(Frescalhão)

Vagas grandesem formação;cristasespumantes comronciana

2.50 - 4.0

Os veleirosmetem nossegundos rizes;a tripulaçãoenverga apalamenta desalvação e estátudo preparadopara o mautempo

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68

7 28 - 33 Forte

As vagasacumulam-se aespuma alonga-se em fieirosesbranquiçadosna direcção dovento

4.0 - 5.50

Se nada deurgente houver afazer no marfica-se no porto;navega-se comestai de tempo

8 34 - 40 Muito Forte(Muito Rijo)

Vagasmedianamentealtas mascompridas; ascristas rebentamem turbilhão, aespuma estende-se em fieirosnítidos nadirecção do vento

5.50 - 7.50

Toda a gente sepõe ao abrigocaso contrárioarranja-semareação paracorrer com otempo

9 41 - 47 Tempestuoso

Vagas altas,fieiros densos, omar enrola, aronciana diminui,por vezes, avisibilidade

7.5 - 10.0

Sentado àlareira pensa-senaqueles queestão no mardesejando-lhesboa sorte

10 48 - 55 Temporal

Vagas muitoaltas, de cristascompridas ependentes,ronciana emlençóis estiradosem faixasbrancas,superfície daáguaesbranquiçada, orolo é violento ecaótico, mávisibilidade

10.0 - 12.0

Conversa-se,discute-se sobrebarcos e deseja-se de novo boasorte aos queestão no mar

11 56 - 63 TemporalDesfeito

Vagasexcepcionalmentealtas, mar cobertode faixas deespuma, os picosdas cristas sãopoeira de água,má visibilidade

12.0 - 16.0

As discussõespassam a teraltos e baixos equando o ventoassobia soltam-se exclamaçõesde espanto

12 > 64 Furacão

O ar estásaturado deespuma eronciana, marcompletamentebranco, péssimavisibilidade

> 16.0

Começa-se adar conta de quea navegação éuma coisa linda,desde que sefique em terra!

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ANEXOS IV

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70

Diz-se que um veleiro se encontra amurado amurado a

bombordo quando o vento vem da esquerda.

Diz-se que um veleiro se encontra amurado amurado a estibordo quando o vento vem da

direita.

O lado do barco que recebe o vento é o barlavento, e o

oposto de sotavento

Arribar é afastar o barco da direcção do vento.

Orçar é aproximar o barco da direcção do vento.

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71

A direcção do vento e a mareação

o rumo seguido por um veleiro em relação à direcção do vento determina a sua mareação.

Aproado ao vento: o barco encontra-se virado de frente para o vento, exactamente na sua direcção.

Não pode avançar, as velas grivam, é

preciso encontrar uma solução

À bolina: o barco defronta o vento entre

45° a 60º da sua direcção. Caçando

bem as velas, mantém-se a direcção,

mas, por vezes, a situação é

desconfortável. O barco adorna e

mergulha a proa nas vagas, que vêm

quase de frente Além disso, dá a falsa

sensação de andar depressa.

A um largo: entre 60° e 120°,

afastando-se da direcção do vento, o

barco navega à bolina folgada, a seguir

ao través (90°) , depois a um largo e,

por fim, à popa.

Folgam-se a pouco e pouco as velas e abrem-se; elas enfunam sob o efeito do vento. O barco adorna

menos e a navegação torna-se mais confortável. Ao contrário do que parece, a velocidade é

notoriamente superior no largo aberto, onde é acentuada pelo efeito da vaga que atinge o barco a

três quartos da ré.

À popa: o barco navega a 180º do vento ou um pouco menos de 180º, ou seja, recebe-o pela popa.

É uma situação confortável, mas delicada. A embarcação não se inclina e a navegação efectua-se

cada vez mais no sentido das vagas. As velas encontram-se completamente folgadas.

Mas o timoneiro tem de estar muito atento e concentrado, a margem de erro é muito reduzida.

Cuidado com a cambadela ou a orçadela violenta (e o consequente tombar do barco).

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72

Recapitulemos, através do quadro abaixo, a disposição das nossas velas em função da mareação.

1. À bolina cerrada : Vela bem caçada, quase ao centro do barco

2. À bolina folgada : Vela caçada mantida sobre a borda do barco

3. Ao largo : vela folgada

4. Ao largo Aberto : vela muito folgada

5. À popa : vela quase toda folgada

6.À popa arrasada : Vela perpendicular ao barco

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ANEXOS V

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74

Virar de Bordo

Mudar de direcção fazendo passar o vento de um bordo ao outro

do barco pela proa.Trata-se de uma manobra muito frequente e inevitável quando o vento

vem precisamente da direcção para a qual nos pretendemos dirigir e

então navega-se à bolina efectuando varias viragens de bordo

A isto dá-se o nome de fazer bordos.

Virar de bordo não é uma tarefa difícil, mas requer uma boa orientação

È necessário ter atenção à escota enrolada debaixo dos pés.

1. O timoneiro navega à bolina, amurado a bombordo. A escota está

preparada parar ser folgada, está pronto para virar.

2. O timoneiro orça e apresenta a proa de frente para o vento. A vela, caçada energicamente ao

centro, começa a bater.

3. O barco passa a direcção do vento, arribando. A retranca mudou de lado, (necessário ter cuidado

com a cabeça) o timoneiro mantém vela caçada e efectua “troca de mãos” atrás das costas como

demonstra a figura

4. Nesta altura, o timoneiro endireita a cana do leme e afina a sua orientação. A vela está caçados

correctamente. A manobra chegou ao fim, efectuou-se a viragem de bordo e o barco navega, à bolina

cerrada, amurado a estibordo.

Cambar

Trata-se de uma manobra em que a aprendizagem decorre com

vento calmo e que velejadores com pouca experiência hesitam em

executá-la com vento forte.

1. O barco navega o mais próximo possível do vento de popa,

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75

amurado a bombordo. A escota da vela está folgada ao máximo. Está pronto para cambar

2. Para iniciar a manobra o timoneiro arriba, afastando um pouco a proa da linha do vento. A

retranca passa energicamente para o outro lado, enquanto o timoneiro baixa a cabeça e

efectua “troca de mãos”.

3. Passada a direcção do vento, a escota é completamente liberta e o vento posiciona a vela grande

na outra amura. O timoneiro muda rapidamente de lado. O veleiro balança de um bordo para o outro

e manifesta uma tendência para orçar, o que o timoneiro terá de contrariar.

4. A cambadela chegou ao fim, as afinações foram feitas, o barco navega amurado a estibordo

Alterar o rumo virando de bordo quando se navega à popa é uma manobra que necessita de muito

espaço e difícil de realizar com êxito e em segurança. O barco segue afastado da linha do vento num

rumo que vai até aos 180°. Quando atinge esse ângulo e o meio do bordo está apontado

directamente para o vento, o barco já perdeu impulso e torna-se difícil de manobrar. Portanto, o que

se tem a fazer é passar a outra extremidade pela linha do vento (a popa), o barco está voltado para o

lado certo e a alteração do rumo é pequena. A técnica para virar chama-se cambar. A diferença mais

importante entre virar de bordo e cambar é saber qual a extremidade do barco que passa pela linha

do vento.

A segunda diferença, a mais importante no que diz respeito à tripulação, é que durante uma viragem

de bordo a retranca move-se pouco, não alcançando muita velocidade na sua deslocação. Durante a

manobra de cambar, a retranca desloca-se de um lado do barco para o outro a alta velocidade

descrevendo um ângulo maior.

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ANEXOS VI

As Regatas

A largada é a parte mais difícil. Tem que

a planear de modo a passar a linha de

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77

largada exactamente no momento certo. Os barcos estão sempre em movimento, por isso não se

pode começar uma regata como se fosse uma prova de atletismo.

O momento da largada é essencial para quem quer ganhar a regata. Dá-se um sinal de aviso de dez

minutos. Içam-se e arreiam-se bandeiras para indicar a contagem do tempo. Uma buzina ou o tiro de

um canhão chama a atenção para os sinais das bandeiras.

Antes da frota largar, ainda em terra, o percurso da regata é desenhado num quadro.

Este é o triângulo básico. Pode ser embelezado adicionando-lhe uma “salsicha”, caso em que passa

a ser designado percurso olímpico.

Há muitas regras de direito a

rumo que regem os barcos à

vela numa regata. E há quase o

mesmo número de publicações

que as explicam. A melhor

maneira de as aprender é por

experiência pessoal; descubra-

as a pouco e pouco,

observando algumas regras

básicas que se referem a

bombordo e estibordo,

ultrapassar um barco e

situações com um barco a

barlavento. Regras mais

específicas estão presentes nas

Regras de Regata do

International Yacht Racing

Union (IYRU)

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78

ANEXOS VII

PREVENÇÃO DE TRAUMATISMOS AO NÍVEL DA COLUNA LOMBAR

TRANSPORTE DO BARCO À MÃO

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A - ERRADO CORRECTO

Na situação A, a força é efectuada pelos músculos da coluna vertebral.

Na situação B, a acção muscular está melhor distribuída.

Os músculos da coluna vertebral tem uma acção meramente postural, sendo essencialmente os

músculos da coxa ( quadricípedes ) e da perna (tricipede crural) que suportam a carga.

TRANSPORTE DO BARCO NO ATRELADO

Prevenção

- Bom equilíbrio

- Extensão da coluna vertebral

Análise das posturas do Velejador

A POSIÇÃO DE PRANCHA

Grupos musculares solicitados :- Flexores do pé - flexão do pé

- Quadricípedes – extensão da perna

- Abdominais e Psoas Ilíaco - flexão do tronco

- Abdominais e Dorsais -rectitude da coluna vertebral

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Riscos eventuais

1 - A acção do Psoas Ilíaco pode acarretar um risco de hiperlordose.

Prevenção

- Manutenção de uma correcta curvatura lombar através do trabalho abdominal.

2 - Devido à resistência nas cintas de prancha, há tendência em adoptar esta posição que provocará

uma hipercífose.

Prevenção

- o monitor deve estar muito atento às posturas adoptadas pelos

velejadores e insistir pela postura A, na medida em que esta respeita a curvatura da coluna

vertebral.

Esta posição sem dúvida mais fatigante, toma-se mais eficiente quando suportada por uma

boa musculatura dos:- Quadricípedes

- Psoas Ilíaco

- Abdominais

- Dorsais

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Postura A

ANEXOS VIII

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PROBLEMAS ESPECÍFICOS DA MODALIDADE

Enjoo :São muitas as causas do enjoo e entre estas sobressaem os movimentos do barco, perturbações do

ouvido interno que interferem com o sentido do equilíbrio e factores psicológicos. Pessoas com

tendência a sofrer de enjoo devem abster-se de excessos alimentares e bebidas antes de se fazerem

ao mar, bem como tomar comprimidos para enjoo.

Tendo em vista a enorme importância dos factores psicológicos, é aconselhável quem estiver enjoado

a continuar com as suas funções. Respirar fundo o ar fresco bem como , ingestão de sumos de fruta

e chá ajuda a aliviar o enjoo. Se a pessoa começar a vomitar deve deitar-se, caso os vómitos forem

intensos a ingestão de líquidos deve ser maior.

Os Olhos :A exposição a vento, fumo, sal, luz muito intensa, corpos estranhos e infecções, estão entre as

causas mais vulgares de inflamação da conjuntiva (fina membrana transparente que cobre a região

anterior do olho e interior das pálpebras). Um doente sofrendo de conjuntivite queixa-se de picadas e

ardor nos olhos, tendo por vezes a sensação de ter areia entre as pálpebras. Estas podem ou não

inchar e ficar pegadas com secressão seca.

Como tratamento, o olho deve ser lavado cuidadosamente com água quente. Durante o dia

pode ser usado uma pala ou óculos e à noite, um pouco. de vaselina entre as pálpebras evita

que estas se peguem.Como prevenção nos dias de maior luminosidade e/ou vento, é aconselhável o uso de óculos

adequados. (protecção contra U.V.)

Insolação:Provocada por excesso de calor, a insolação pode provocar queimaduras e mal estar geral. Devem

ser evitados excessos de roupa, os calções, camisolas sem mangas e sapatos abertos pe

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emitem a livre circulação do ar pela pele dissipando o calor. No entanto não se dever andar em tronco

nu pois aumenta o perigo de queimaduras. O banho diário melhora o processo de sudação permitindo

a dissipação do calor.

Como proteção devem ser usados chapéus e cremes protectores solares.

Frio :O frio pode ser provocado por vários factores, entre os quais estão o vento, a temperatura do

ar e água. A pessoa que vai velejar deve ir equipada com roupa apropriada que seja quente,

ou, pelo menos mantenha o corpo quente.Existem vários meios de produção de calor como o metabolismo, o exercício físico, o arrepio. O

metabolismo consiste na digestão e oxidação dos alimentos. O exercício muscular pode aumentar

cerca de 20 vezes a produção de calor. Quanto mais baixa a temperatura corporal, menos estamos

aptos para combater o frio. Os mecanismos não são capazes de repor a temperatura e sem esta os

sistemas da regulação não funcionam.

A água é melhor condutora que o ar pelo que o calor do nosso corpo é dissipado cerca de 25 vezes

mais rápido na água que no ar.

A Hipótermia é definida como uma diminuição da temperatura da pelo menos 2 graus. Certos factores

como fadiga física, roupas molhadas, nutrição desajustada e desidratação, aceleram este fenómeno.

Quando dentro de água, o fundamental é minimizar a perda de calor. Nunca se deve despir as roupas

e ir a nado para terra pois o frio é demasiado e a distância pode parecer pequena mas é bem longa.

Grande parte do calor é perdida pelo peito.

A posição mais adequada para a manutenção da energia é demonstrada na figura pois

minimiza perdas de calor, no entanto, esta posição só é possível com colete salva-vidas.Se tiver alguém enregelado deve colocá-lo num lugar abrigado do vento, vesti-lo com roupa seca e

quente, dar-lhe líquidos mornos e açucarados e esfrega-lo. Neste tratamento não se deve dar

qualquer tipo de álcool.

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ANEXOS IX

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A

Adriça - cabo para içar velas ou bandeiras.

Adornar barco inclinado para um dos lados.

Alheta - zona do costado de uma embarcação entre a popa e o través.

Amura - zona do costado de uma embarcação entre a proa e o través.

Amurado a Bombordo / Estibordo - Embarcação que recebe o vento por bombordo /

estibordo.

Aparelho - conjunto de cabos, poleame e velame de um navio.

Aproado ao vento a proa da embarcação encontra-se virada para o vento

Arrear - ou baixar. Termo usado quando se baixa uma vela. (ver içar)

Arribar puxar a cana do leme para barlavento para afastar a proa da

direcção vento. (ver orçar)

B

Barlavento - lado de onde sopra o vento. (ver sotavento)

Bartedouro - recipiente para retirar água da embarcação.

Boca - largura máxima de uma embarcação.

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Boça - pequeno cabo de amarração geralmente preso à proa das pequenas

embarcações.

Bolinar - navegar chegado ao vento, ou seja, próximo da direcção do vento.

Boom Jack - cabo entre a retranca e a extremidade inferior do mastro para

controlar a altura da retranca

Bombordo - lado esquerdo de uma embarcação quando estamos dirigidos

para frente. (ver estibordo)

Bordejar - navegar virando de bordo com alguma frequência.

C

Cabo nomenclatura dada a uma corda grossa e resistente

Caçar puxar a vela ou um cabo (escota).

Calado - distância da linha de água ao ponto mais baixo do barco.

Cana do leme - barra fixa ligada ao leme que permite dirigir o barco.

Cambar - mudar a direcção do barco, fazendo passar a ré pela linha do vento.

(ver virar de bordo)

Convés - pavimento superior do casco.

Cunho acessório do convés que se destina a amarrar ou a fixar um cabo.

D

Defensa - objecto maleável que se coloca ao longo do casco para o proteger.

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E

Enora - abertura no pavimento por onde passa o mastro.

Escota - cabo fixo na vela e no poço, destinado à regulação da vela (ver punho

da escota)

Esteira - bordo inferior da vela, fixo à retranca. (ver testa e valuma)

F

Folgar - aliviar um cabo, normalmente uma escota, para abrir a vela. contrário

de caçar

Fundear - largar para o fundo uma âncora de modo a embarcação ficar

segura.

G

Giruete instrumento que indica a direcção do vento

grivar diz-se de uma vela que bate solta ao vento

H

Hastear - içar, fazer subir (normalmente sinais).

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I

J

K

L

Leme dispositivo na parte de trás do barco, usado para dirigir o barco.

Linha de água - linha que separa as obras vivas das obras mortas.

M

Manilha - peça metálica em forma de "U" em cujos topos abertos passa uma

cavilha de forma a poder ser fechada. Serve para ligar correntes.

Mareação orientação do rumo do barco em relação à direcção do vento.

Mareação aberta rumo no qual o vento sopra sobre o lado do barco.

Mastro haste vertical que segura a vela.

Moitão - peça com roldana usada para o sistema de desmultiplicação de força

da escota.

Mordedor - aparelho que pode impede um cabo de correr.

Morder - Entalar ou apertar o cabo para impedir que corra.

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Mosquetão - peça metálica de abertura rápida aplicada nos chicotes dos

cabos, para que estes se possam fixar nos punhos das velas.

N

Nó - medida de velocidade correspondente a uma milha por hora (1.852

metros/hora).

Nó - entrelaçamento de cabos, quer para os unir, quer para os ligar a um objecto.

O

Obras mortas - parte do casco de uma embarcação que não está submersa.

Obras vivas - parte submersa do casco de uma embarcação.

Orçar - aproximar a proa da direcção do vento.

P

Patilhão tábua no centro do barco que se pode mexer na vertical para

aumentar a estabilidade e a resistência ao abatimento numa embarcação à

vela.

Poço - numa embarcação de recreio, o desnível no convés onde

habitualmente se comanda o barco.

Popa - parte de trás de uma embarcação.

Proa - parte da frente de uma embarcação.

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Q

Quilha parte central do casco, de construção sólida, da ré até à proa.

R

Ré - parte de trás de uma embarcação.

Réguas apoios flexíveis dentro de sacos especiais da vela que ajudam a

borda de trás da vela (valuma) a manter a forma

Retranca - peça de metal que está fixa ao mastro e que suporta a borda

inferior da vela

S

Sotavento - lado para onde sopra o vento. (ver barlavento)

T

Testa é o bordo da vela que encosta ao mastro. (ver esteira e valuma)

Través - cada um dos lados de uma embarcação.

U

V

Valuma - é o bordo da vela que fica para o lado da popa. (ver esteira e testa)

Vante - zona da frente de uma embarcação. (ver ré)

Vento Verdadeiro - vento que se sente com a embarcação parada.

Vento Aparente - vento resultante do movimento da embarcação e do vento verdadeiro.

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Virar de bordo virar a direcção do barco, fazendo passar a proa pela linha

do vento. (ver cambar)

Z

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ù WWW.Inofor.pt/anc