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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS HUMANAS, SOCIAIS E DA NATUREZA - PPGEN MILENE SAYURI SAKODA BARATTA INICIAÇÃO CIENTÍFICA NA ESCOLA PÚBLICA: BLOG COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO CIENTÍFICA DISSERTAÇÃO LONDRINA 2017

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS HUMANAS,

SOCIAIS E DA NATUREZA - PPGEN

MILENE SAYURI SAKODA BARATTA

INICIAÇÃO CIENTÍFICA NA ESCOLA PÚBLICA: BLOG COMO

INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO CIENTÍFICA

DISSERTAÇÃO

LONDRINA

2017

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MILENE SAYURI SAKODA BARATTA

INICIAÇÃO CIENTÍFICA NA ESCOLA PÚBLICA: BLOG COMO

INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO CIENTÍFICA

Dissertação apresentada como requisito de qualificação em Ensino de Ciências Humanas, Sociais e da Natureza- PPGEN, do Programa de Pós-Graduação, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof(a). Dra. Mariana A. Bologna Soares de Andrade

LONDRINA

2017

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TERMO DELICENCIAMENTO

Esta Dissertação e o seu respectivo Produto Educacional estão licenciados sob uma

Licença CreativeCommonsatribuição uso não-comercial/compartilhamento sob a mesma licença

4.0 Brasil. Para ver uma cópia desta licença, visite o endereço

http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ ou envie uma carta para CreativeCommons, 171

Second Street, Suite 300, San Francisco, Califórnia 94105,USA.

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TERMO DE APROVAÇÃO

INICIAÇÃO CIENTÍFICA NA ESCOLA PÚBLICA: BLOG COMO INSTRUMENTO DE

EDUCAÇÃO CIENTÍFICA

por

MILENE SAYURI SAKODA BARATTA

Dissertação de Mestrado apresentada no dia 03 de março de 2017 como requisito parcial

para a obtenção do título de MESTRE EM ENSINO DE CIÊNCIAS HUMANAS, SOCIAIS E

DA NATUREZA pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Humanas,

Sociais e da Natureza – PPGEN, Câmpus Londrina, Universidade Tecnológica Federal do

Paraná. A mestranda foi arguida pela Banca Examinadora composta pelos professores

abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho

APROVADO. (Aprovado ou Reprovado).

Profa. Dra. Mariana Aparecida Bologna Soares De Andrade (UTFPR)

Orientador

Profa. Dra. Vera Lucia Bahl De Oliveira (UEL)

Membro Titular

Prof. Dr. Alcides Goya (UTFPR)

Membro Titular

Profa. Dra. Alessandra Dutra

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ensino de

Ciências Humanas, Sociais e da Natureza – PPGEN.

A FOLHA DE APROVAÇÃO ASSINADA ENCONTRA-SE ARQUIVADA NA SECRETARIA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS HUMANAS, SOCIAIS E DA

NATUREZA – PPGEN.

Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Humanas, Sociais e da Natureza.

PPGEN

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Dedico este trabalho, primeiramente, aos meus pais, Lenith e Minoru Sakoda, ao meu marido, Cleber Barata, e a Sully, pelo incentivo em todos os momentos que trilhei até agora, pela dedicação e amor e por sempre acreditarem em mim, mesmo quanto me encontrava desanimada. Dedico também à minha orientadora, Drª Mariana, que, em todos os momentos, me apoiou, teve muita paciência e compreensão e me ajudou a superar dificuldades, obstáculos e dúvidas.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus e aos meus pais, Lenith e Minoru Sakoda, pela

compreensão de que, durante algum tempo, a distância ficaria maior por não poder

visitá-los em outro estado, mas, mesmo assim, me incentivaram e apoiaram com

amor incondicional.

Ao meu marido, Cleber Eduardo Dias Baratta, por compreender e aceitar os

momentos em que ficava sozinho enquanto eu pesquisava e me dedicava ao

desenvolvimento deste trabalho; e por me ajudar, de alguma, todos os finais de

semana e de noite, para que eu pudesse escrever.

À minha orientadora, Drª Mariana, que foi uma das primeiras incentivadoras

para que eu cursasse o Mestrado, e que me acompanhou com seu apoio e

orientação nesta trajetória, com sabedoria, carinho e paciência.

Aos meus colegas de sala, em especial, a Gisele, Thalita e Patricia; aos

meus colegas de trabalho, na escola, Soraya, Sueli, Daiane, Glaucia e Marcia, que

me ajudaram e também foram importantes para o desenvolvimento deste trabalho.

Em especial, aos meus alunos do Colégio Estadual Attilio Codato, de

Cambé, pois, sem eles, não seria possível o desenvolvimento desta pesquisa.

À Secretaria do Curso, pela cooperação.

Enfim, a todos os que, de alguma forma, contribuíram para a realização

desta pesquisa.

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Assim como, em verdade, a terra recebe com serenidade tudo, puro e impuro, que

se atira sobre ela, assim também aceitarás com serenidade tanto a alegria

como a tristeza, se pretendes atingir a sabedoria.

(Suta-Pitaca; Buda-Vasna).

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RESUMO

BARATTA, Milene Sayuri Sakoda. Iniciação Científica na Escola Pública: Blog como instrumento de Educação Científica. 2017. 137f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências Sociais, Humanas e da Natureza) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Londrina, 2016.

O presente estudo, que se caracteriza como pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, teve como objetivo apresentar um produto educacional, ou seja, um Blog, elaborado pela pesquisadora, para ser utilizado em um projeto de Iniciação Científica desenvolvido no Colégio Estadual Attílio Codato, na cidade de Cambé/PR.O estudo apresenta o passo a passo da construção do Blog pela pesquisador e a utilização deste pelos alunos da instituição de ensino, assim como, as dificuldades, os desafios e os sucessos ocorridos nesse processo. O Blog serviu como ferramenta/instrumento para dar suporte aos estudantes do Ensino Médio para que pudessem desenvolver projetos Iniciação Científica e, a partir destes, produzir textos sobre seus trablhos, com linguagem científica. Para fundamentar este estudo, foi desenvolvida uma pesquisa biliográfica sobre: aprendizagem por meio de projetos; conceito de TICs e de Blog; e o uso das TICs como recursos metodológicos para a aprendizagem. Concluiu-se que os resultados foram bastante satisfatórios, pois os alunos, apesar das dificuldades encontradas, principalmente, devido à falta de hábito de leitura e consequente dificuldade de interpretação de grande parte deles, a maioria concluiu seu projeto e o apresentou. Além disso, constatou-se uma conscienteização, quase geral, de que leituras e esse tipo de pesquisa são fundamentais para prepará-los para o ensino superior e para a vida. Esse fato está associado, principalmente ao uso do Blog, uma ferramenta tecnolólogica, área que desperta bastante o interesse dos estudantes.

Palavras-chave: Projeto; Blog; Iniciação Cientifica; Metodologia Científica.

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ABSTRACT

BARATTA, Milene Sayuri Sakoda. Scientific Initiation in Public School: Blog as an instrument of Scientific Education. 137f. Dissertation (Master in Teaching Social Sciences, Humanities and Nature) - Federal Technological University of Paraná. Londrina, 2016. The present study, which is characterized as a descriptive research with a qualitative approach, aimed to present an educational product, that is, a Blog, prepared by the researcher, to be used in a project of Scientific Initiation developed at the State College Attílio Codato, in the city Of Cambé / PR. The study presents the step by step of the construction of the Blog by the researcher and the use of this by the students of the educational institution, as well as the difficulties, challenges and successes occurred in this process. The Blog served as a tool / instrument to support the students of High School so that they could develop Scientific Initiation projects and, from these, produce texts about their work, with scientific language. To support this study, a biliographic research was developed on: learning through projects; Concept of ICT and Blog; And the use of ICTs as methodological resources for learning. It was concluded that the results were quite satisfactory, because the students, despite the difficulties found, mainly due to the lack of reading habits and consequent difficulty in interpreting most of them, the majority concluded their project and presented it. In addition, there has been an almost general awareness of what readings and this type of research are essential to prepare them for higher education and for life. This fact is associated, mainly to the use of the Blog, a technological tool, an area that greatly arouses students' interest Keywords: Blog, Scientific Initiation. Scientific methodology.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................230

CAPÍTULO 1-A TRAJETÓRIA PROFISSIONAL DA PROFESSORA PESQUISADORA......................................................................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

CAPÍTULO 2- ESCRITA CIENTÍFICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA............................21

2.1 DESENVOLVIMENTO DE PROJETO E FORMAÇÃO DE CIENTÍSTAS..............................................................................................................34

2.2 APRENDIZAGEM POR PROJETOS ......................................................41

CAPÍTULO 3- DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO DA PESQUISA.................................................................................................................44

3.1 - O QUE SÃO TICS?.................................................................................45

3.2 - TICS E BLOGS COMO RECURSOS METODOLÓGICOS NA APRENDIZAGEM......................................................................................................46

3.3 - O QUE É UM BLOG? .............................................................................48

CAPÍTULO 4- DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO DA PESQUISA.................................................................................................................51

4.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA.......................................................51

4.1.1 - DESCRIÇÃO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA......................53

4.2 DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO EDUCANIONAL .......................53

4.3 PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA NA ESCOLA............................58

4.4 DINAMICA DA ESCOLHA DE PROJETOS..............................................69

4.5 INSTRUMENTOS DE COLETA - DESCRIÇÃO DA COLETA..............69

4.5.1 QUESTIONÁRIOS..................................................................................69

4.5.2 DOCUMENTOS......................................................................................70

CAPÍTULO 5 - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS...........................72

CAPÍTULO 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................79

6.1 OBJETIVOS DE ENSINO FORAM ATINGIDOS......................................80

6.2 OS ALUNOS ALCANÇARAM OS OBJETIVOS PRENTENDIDOS PELA PROFESSORA..........................................................................................................80

6.3 AS DIFICULDADES FORAM SANADAS NA ELABORAÇÃO DO PROJETO E OS RESULTADOS FORAM CONSIDERADOS SATISFATÓRIOS..80

REFERÊNCIAS ..9482

APÊNDICES - .........................................................................................................87

ANEXOS- ............................................................................................................................108

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INTRODUÇÃO

A ideia de desenvolver este estudo emergiu da realidade de ensino que eu,

como professora Ensino Básico e pesquisadora, vivenciei ao atuar nas áreas de

Ciências e Biologia, no Colégio Attílio Codato/ Cambé/PR. Nesse ambiente, ouvia,

constantemente, muitas queixas dos educadores sobre a falta de atividades

relacionadas à Iniciação Científica, direcionadas à prática escolar, e sobre a total

falta de noção no que diz respeito a recursos metodológicas com que os alunos

chegam às Universidades. Essas queixas têm sido ouvidas, também, por parte de

educadores da graduação, pois a sociedade contemporânea está se modificando a

todo o momento, o que gera desafios no âmbito da educação em todos os níveis.

Nesse contexto, um grande desafio, na atualidade, é a falta de bagagem da maioria

dos indivíduos em relação a conhecimentos básicos, pois esta é um entrave para

que os mesmos deem continuidade a seus estudos, principalmente, no Ensino

Superior.

As Universidades, cada vez mais, necessitam que os alunos tenham

capacidade de compreensão, além de conhecimentos básicos sobre os métodos a

serem seguidos para a elaboração de um projeto científico, de artigos e outras

atividades relacionadas à escrita científica.

Desse modo, comecei a elaborar e estruturar um Blog para que os estudantes

envolvidos na atividade tivessem, à disposição, um recurso pedagógico que os

pudesse auxiliar 24 horas por dia. Assim, o Blog foi estruturardo com textos

adaptados de diversos livros, conforme se poderá constatar no decorrer deste

trabalho. Também foram implementados videos, esquemas e resumos sobre o tema,

além da algumas reportagens para instigar e motivar os alunos a desenvolverem

este projeto.

Como ministro aulas no Ensino Médio, na área de Biologia, considerei que as

mudanças, em minha prática pedagógica (utilização do Blog), necessitavam de uma

ponte mais próxima da realidade dos estudantes, que estão, constantemente,

plugados em diferentes tecnologias. Assim, optei por criar um Blog, que, embora

esteja interligado ao Facebook, é um produto educacional em forma de Blog. Desse

modo, o que se pretende relatar, neste trabalho, é: todo o processo de montagem do

produto educacional, as finalidades de seu desenvolvimento, bem como, sua

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aplicação. Assim, a intenção era possibilitar que os estudantes buscassem, na

página à sua disposição vinte quatro horas por dia, informações necessárias para

desenvolverem as atividades e os projetos de Iniciação Científica.

Desta forma o trabalho tem como objetivo demonstrar o processo um projeto

de Iniciação Científica com os alunos do Ensino Médio com a utulização de um Blog

como ferramenta de auxilio para desenvolvimento dos projetos de iniciação científica

dos estudantes; apontando os problemas ocorridos, relatar algumas dificuldades que

os estudantes apresentaram para produzir seus projetos de iniciação cientifica..

O desenvolvimento desse material, apresentado para a defesa de

dissertação, está organizado em seis capítulos. No primeiro capítulo, relato minha

trajetória profissional, bem como, todos os projetos realizados até o momento, que

me motivaram a desenvolver o projeto descrito neste trabalho, pois esta pesquisa

teve início a partir de reflexões sobre questões que surgiram no exercício da minha

profissão, como educadora comprometida com sua prática.

No segundo capítulo, abordo a importância do desenvolvimento da ideia do

estudante-cientista, nas escolas de educação básica, e como esse estudante-

cientista deverá escrever/relatar seus trabalhos e suas atividades científicas.

Discuto, também, como se deve construir a ideia de um estudante-pesquisador e

qual a importância de tal fato ocorrer na educação básica. Para tal reflexão,

embasei-me em leituras relacionadas a essa prática e à importância do

desenvolvimento de projetos de Iniciação Científica, conjuntamente, com o

desenvolvimento do estudante-cientista. Também discuto a importância desta

prática no Ensino Médio.

No terceiro capítulo, desenvolo explicações sobre: o conceito de Tics; a

relação existente entre as Tics e um Blog, como recursos metodológicos; o conceito

de Blog e as dificuldades para sua criação. Assim, esse capítulo tem um foco mais

didático e esclarecedor, pois demonstra os tipos de blog mais utilizados, hoje, entre

os jovens da escola onde foi desenvolvido o projeto relatado nesta dissertação, além

de outas informações que deram suporte a esta experiência. Apresenta, também:

como se estruturou o produto educacional (Blog), a produção com base em uma

escrita científica, o processo de elaboração do blog e a necessidade de haver uma

relação com uma página do Facebook.

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O quarto capítulo ressalta a importância dos projetos de pesquisa na escola e

descreve como foi realizada a dinâmica de pesquisa com os alunos até a coleta de

dados. O capítulo descreve, também, a metodologia de pesquisa, o processo de

elaboração dos projetos de Iniciação Científica e as orientações (metodologia)

passadas para os alunos. Desse modo, explica como se ensinou os estudantes a:

fazerem pesquisa na internet para buscarem informações sobre o assunto que

haviam escolhido; como e onde deveriam buscar tais informações; e usarem

páginas do Google Acadêmico, pois estas disponibilizam textos mais seguros para

as fundamentações e justificativas de projetos e trabalhos.

O quinto capítulo apresenta a análise dos coletados no desenvolvimento da

pesquisa. Os questionários, utilizados como instrumento para a coleta de dados,

encontram-se em anexo.

Para finalizar, são tecidas as considerações finais, que apresentam as

percepções e conclusões levantadas a partir do desenvolvimento da pesquisa

relatada nesta dissertação.

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CAPÍTULO 1

A TRAJETÓRIA PROFISSIONAL DA PROFESSORA PESQUISADORA

Neste capítulo, relato minha experiência como professora em colégios do

Estado do Paraná, nos quais atuei até o momento em que assumi, como professora

-esquisadora, uma vaga no Colégio Attílio Codato, de Cambé/PR.

Em 2012, ingressei como professora QPM no Estado do Paraná. Entretanto,

desde 2006, já era professora PSS (Processo Seletivo Simplificado) e desde que

iniciei minhas atividades no magistério, tenho o habito de sempre tentar inovar em

minhas aulas, para que estas se tornem atrativas aos estudantes. Em 2012,

ingressei como aluna no curso de Especialização, na área de Educação em Ciências

Biológicas, na Universidade Estadual de Londrina (UEL), o que me possibilitou o

acesso a muitas novidades pedagógicas e, consequentemente, a aplicação desses

novos conhecimentos nas escolas em que estava trabalhando na época. Com essa

experiência, obtive resultados muito satisfatorios, tanto no aspecto pessoal como

pedagógico.

Comecei minhas atividades de prática pedagógica como professora no

Colégio Dom Geraldo Fenandes, uma escola de periferia, cujos alunos têm, como

perspectiva para o futuro, encaixar-se em um trabalho/serviço e não uma

universidade. Nesta escola, havia um espaço que transformei em um pequeno

laboratório de Biologia. Comecei com os materiais que tinha em mãos, que, na

verdade, não eram muitos. Minhas atividades iniciais no laboratório eram ensinar

como se comportar em um laboratório e os primeiros conhecimentos de microscopia,

pois os alunos já estavam no Ensino Médio e nunca haviam entrado em um espaço

como aquele, por falta de oportunidade. Na maioria das escolas, estes espaços são

usados como depósitos de carteiras, livros, ou como salas de aulas de apoio e

outras necessidades.

Após um ano de trabalho nesse Colégio, com o apoio da direção do colégio e

dos professores da especialização, continuei a pós-graduação na UEL. Em abril do

mesmo ano, fui efetivada como QPM (Professor do Quadro Permanente do

Magistério) pelo estado do Paraná e comecei meu estágio probatório com duração

de três anos.

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Em 2013, pedi remoção para o Colégio Attílio Codato, pois uma outra

professora viria assumir as aulas de Biologia que, até o momento, eram minhas. Não

consegui permanecer nesse colégio porque existe uma hierarquia no processo de

remoção, mas eu não poderia participar por estar em estágio probatório.

tinha espaços que permitiam este tipo de atividade, ou seja, uma área verde e uma

sala para um laboratorio que não era utilizada de forma adequada. O espaço da

escola, para o laboratório, estava sendo utilizado como depósito de livros, carteiras e

outros materiais, pois não havia um técnico de laboratório responsável para

organizá-lo. Iniciei meu trabalho nas salas de aula, nas quais estava ministrando

aulas, utilizando materiais diferenciados. Assim, em 2013, comecei a trabalhar no

Colégio Attílio Codato de Cambé. Desde o começo, já desenvolvia propostas de

forma diferenciada, utilizando atividades de campo, pois a escola

Quando decidi que transformaria esse espaço e comçaria a utilizá-lo de forma

adequada, a Direição me autorizou e comecei a pensar em como faria a tal

mudança, pois, nesse período, tinha necessidade de usar o laboratório devido aos

conteúdos previstos para o Ensino Médio. Naquele ano, ministrava aulas para os

três anos desse nível de ensino. Entre os conteúdos dos primeiros anos, estava

estruturas celulares, assim, deveria efetivar a finalização do aprendizado com a

demonstração de, pelo menos, uma célula animal e outra vegetal. Nos segundos

anos, havia os conteúdos de botânica, e, nos terceiros, julgava necessária a ida ao

laboratório por nunca terem frequentado um. Enfim, em vista de todos esses fatos,

havia a necessidade de um laboratório que funcionasse na escola.

Assim, conversei com a direção da escola e comecei o projeto de monitoria

de alunos de biologia. Esse processo consistiu em um concurso com uma avaliação

de alunos que gostariam de trabalhar no contraturno do colégio com experimentos

de Ciências e Biologia e, também, como aprendizes dos conhecimentos básicos de

um laboratório. Em um primeiro momento, ocorreu a inscrição dos alunos dos

primeiros anos do Ensino Médio, que passaram por uma avaliação teórica e prática

dos conteúdos de Ciências dos 6º, 7º, 8º e 9º anos do Ensino Fundamental, bem

como, de conhecimentos dos equipamentos de laboratório. Após essa avaliação,

passaram por um treinamento, que foi dado por mim, nos dias de minhas horas-

atividade, como ocorre até hoje, com algumas modificações.

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Depois disso, comecei a organização do laboratório, que está em pleno

funcionamento desde 2013, juntamente com o projeto de monitoria, que logo foi

seguido pelo professor de Geografia (Ronaldo).No mesmo ano, como ocorre

atualmente, outros professores tomaram esse mesmo caminho, como as

professoras de Física (professora Ana Luiza) e História (Rosangela), porém,

somente eu e o professor de Geografia continuamos com o projeto.

Com esse projeto, obtivemos alguns "frutos", ou seja, resultados animadores,

pois, entre outros aspectos, constatamos que, em 2014, 70% dos alunos optaram,

no vestibular, por áreas relacionadas às Ciências Biológicas, e 80% destes

conseguiram aprovação, nestas áreas, tanto na Universidade Estadual de Londrina

(UEL) como em outras de Londrina e região.

Depois desses resultados, participei de uma pesquisa, para a elaboração de

minha monografia, sobre a existência de assuntos de biotecnologia e bioética nos

livros didáticos, e percebi (Baratta, 2013, Análise do Conteúdo de Livros Didáticos

em Relação ao Conteúdo de Bioética e Biotecnologia) que este assunto não era

tratado em todos os livros, assim, havia uma defasagem na Iniciação Científica dos

alunos em relação às biotecnologias e aos estudos científicos. Além disso, observei

que os alunos não sabiam como realizar uma pesquisa científica. Comecei, então, a

me preocupar também com essa defasagem e a me questionar como meus alunos

chegariam ao ensino superior sem, ao menos, saber realizar uma pesquisa. Assim,

comecei a procurar outros projetos e me deparei com o projeto PIBID/UEL, de

Biologia, do qual participei da pré-seleção e consegui ingressar com a aplicação do

projeto na escola.

No segundo semestre de 2014, comecei a aplicação do projeto PIBID no

Colégio Attílio Codato. Inicialmente, os alunos da UEL (bolsistas PIBID) aplicavam

oficinas diversas em um momento da Semana Cultural da escola. Como a

receptividade do colégio e dos alunos foi muito grande, começou uma atuação

semanal do PIBID. Os alunos da UEL apresentavam aulas diversificadas, orientados

por mim.

No início, pensei que não haveria alunos interessados pelas atividades no

contraturno, mas isso foi mudando. Entretanto, desde o começo, as aulas eram

frequentadas por cerca de 15 a 20 alunos do Cólégio Attílio Codato. Iniciamos com

aulas às sextas-feiras, de 15 em 15 dias, sobre um tema, e de 15 em 15, sobre outro

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tema, como, por exemplo, botânica e biodiversidade. A resposta a essa atividade na

escola foi surpreendente, pois os alunos se interessavam muito e não faltavam,

apenas por motivos de saúde. Havia uma logística que cobrava o compromisso dos

alunos frequentadores, ou seja, todos tinham que assinar uma lista de presença nos

dias em que frequentassem as aulas, até mesmo como segurança para seus pais.

Aos poucos, passou a haver uma procura muito grande por estes cursos, assim,

houve a necessidade de realizar uma seleção e de estipular algumas regras, como,

por exemplo, três faltas consecutivas do aluno gerariam perda da vaga e esta iria

para o próximo da fila de espera (pois é, havia lista de espera). Os alunos do PIBID

tinham que apresentar, para mim, seu plano de aula, bem como, o que iriam

trabalhar.

Nesse processo de adaptação da escola ao PIBID, também observei que o

contato dos alunos Universitários da UEL1 com os alunos do Ensino Médio estimulou

a adpação e o interesse pelo Ensino Científico, pela pesquisa científica. Os bolsistas

PIBID mencionaram que a forma como eu ministrava as aulas e trabalhava os

projetos na escola acabou por despertar seu interesse pela educação, desse modo,

queriam aprender como era feita a ponte entre os projetos e o aprendizado.

Essa experiência, o contato constante que tinha com os professores da UEL

do PIBID e a especialização que cursei despertaram a necessidade de aplicar outro

projeto: de Iniciação Científica em uma escola do estado, algo raro hoje em dia.

Com o meu ingresso no Mestrado, essa ideia somente se fortaleceu. Iniciei, então, o

projeto e sua aplicação, que, posteriormente, virou tema desta dissertação.

Podem perguntar se tudo isso é verdade. Sim, é verdade. Trabalho nessa

escola até hoje e continuo com projetos elaborados e diferenciados há mais de dois.

Entretanto, para esta dissertação, apresentei apenas os que têm relação com a

temática da pesquisa.

Após constatar que os alunos necessitam aprender a pesquisar e onde

pesquisar, propus um projeto de Iniciação Científica para as turmas dos três anos

do Ensino Médio. A ideia geral do projeto era que os estudantes desenvolvessem

pequenas pesquisa de Iniciação Científica.

1Atualmente, uma ex-aluna do Colégio Atillio Codato é estudante do Curso de Ciências

Biológicas da UEL, é bolsista PIBID e participa do projeto Novos Talentos.

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Para que o projeto ficasse mais atrativo, possibilitei que a temática fosse livre,

desde que relacionada à Biologia. Os estudantes foram orientados a pensar em

temas ou áreas que gostassem ou gostariam de seguir na graduação e os

relacionassem à Biologia. Surgiram assuntos diversos e permiti que os trabalhos

fossem desenvolvidos, no máximo, em duplas. Contudo, a maioria preferiu trabalhos

individuais.

Durante o processo, percebi que faltava algum instrumento de conexão entre

as aulas e as atividades que os alunos desenvolviam fora da escola. A ideia foi criar

uma ponte de acesso que os alunos pudessem utilizar a todo o momento, com

orientações sobre o trabalho de pesquisa e como desenvolvê-lo. Como fazer isso?

Em conversas informais com os alunos de várias séries, verifiquei que os

mesmos acessavam muito o Facebook. Então, criei um Blog

(https://wordpress.com/stats/insights/professoramilenebaratta.wordpress.com) com

indicações, sugestões e textos sobre temas relacionados à Iniciação Científica,

ligado à página do Facebook (https://www.facebook.com/Processo-de-

elabora%C3%A7%C3%A3o-de-artigo-para-divulga%C3%A7%C3%A3o-

cient%C3%ADfica-1514137908897004/?ref=bookmarks). No início, houve muitas

dúvidas dos alunos, pois muitos não sabiam como acessar um Blog. Quando

passaram a acessar por meio do Facebook, começaram a se familiarizar com o

formato e, então, tornaram-se mais seguros em seus trabalhos.

Em conversas informais, constatei, também, que os alunos não sabiam

pesquisar nem onde pesquisar. Desse modo, no âmbito da elaboração desse

projeto, foi ensinado ao aluno onde deveria realizar a pesquisa e como deveria ser

feito esse processo, o que também está relatado em outro capítulo desta

dissertação.

A elaboração do blog ocorreu como um processo de aprendizagem para mim.

Apesar de existirem orientações básicas, não há um único caminho para se

elaborar uma página que possa contribuir para despertar o interesse pelo acesso.

Menos ainda, orientações para produzir um material que auxilie o desenvolvimento

de atividades escolares.

O primeiro questionamento que tive foi: Como vou montar um blog? A única

informação que possuía, até o momento, era a de como acessar um blog como

ferramenta de pesquisa de algum assunto que me interessava.

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Assim sendo, comecei como a maioria das pessoas começa uma pesquisa,

ou seja, buscando no Google a questão: "como montar um blog". Para minha

surpresa, abriram-se vários links com orientações para a criação de sites, websites,

wikis e blogs.

Em um segundo momento, tive preocupação em saber se todos os blogs

eram pagos, mas logo compreendi que somente em algumas condições eles

passam a ser pagos. Então, após essas verificações iniciais, fiz uma análise de

diferentes sites de construção de blogs (www.wix.com, www.wordpress.com,

www.webnode.com, www.montarumblog.com, www.wptotal.com,

www.criarumblog.com) e o site que melhor se adequou às necessidades do projeto

foi o wordpress. Considero que o ideal para a construção de um blog é encontrar

uma plataforma que melhor se adeque aos gostos individuais e às necessidades de

cada pessoa.

Outra fonte importante de orientação para a elaboração do blog foram vídeos

do Youtube, com aulas de profissionais ou de pessoas mais experientes no

desenvolvimento dessas ferramentas.

Escolhi o site WORDPRESS por me identificar melhor com ele e por este

apresentar a plataforma de montagem mais apropriada aos meus conhecimentos de

tecnologia. Em um primeiro momento, o que se tem que fazer é "xeretar” no site e ir

seguindo os passos que o mesmo apresenta, lembrando sempre que cada um tem

uma forma e uma maneira de orientar.

As dificuldades que passei foram: montar todo o blog e não salvar no site o

que havia feito, ou ainda, esquecer a senha que havia criado para o primeiro blog.

Na verdade, foram, ao todo, três blogs, até acertar como gostaria que ficasse, entre

outras mudanças, como, de sites para montagem, estruturas de páginas e textos a

serem colocados.

Foi um aprendizado muito grande, pois aprendi a inserir textos, vídeos do

Youtube, figuras e os fluxogramas que criei para ajudar os alunos. Além disso,

aprendi como relacionar o blog ao Facebook e o Facebook ao Blog.

Enfim, as dificuldades estavam relacionadas mais à falta de domínio das

novas tecnologias do que ao conhecimento que se pretendia criar. Por sorte,

entretanto, o site escolhido foi muito pedagógico para o desenvolvimento do projeto.

Com este trabalho, é possível dizer que esse tipo de iniciação, em escolas

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públicas, não ocorre de uma hora para outra. É um processo longo, mas que rende

frutos saborosos. Hoje, tenho alunos que já estão em cursos de mestrado ou

especialização e sempre voltam para conversar comigo. Outros voltam para fazer

estágios ou somente para me visitar e agradecer.

Os textos apresentados no Blog são adaptações de textos de autores como

Volpato, Farias Filho e Arruda Filho. Houve, também, um texto adapatado do livro de

Volpato. Selecionei temas que considerei importantes para o desenvolvimento deste

trabalho. A elaboração do projeto foi de vital importância para mim, assim como,

para os estudantes, pois, para estes, os textos do Blog constituíram fonte de

inspiração para a realização de seus projetos de Iniciação Científica. Desse modo,

ficou clara a importância desse Blog tanto para mim, quanto para os estudantes que

conseguiram elaborar seus projetos de Iniciação Científica por dominarem conceito.

Esses esclarecimentos servirão de auxílio para os próximos estudantes e

professores que utilizarem o Blog como suporte para a elaboração de projetos de

Iniciação Científica. Para o professor orientador, o Blog é importante como

instrumento de orientação de seu aluno sobre o processo de criação e escolha do

tema de seu trabalho, para o aluno-pesquisador, é fundamental para que este possa

estruturar seu projeto e realizar a pesquisa.

No decorrer desse processo, comecei, concomitantemente à dissertação,

outro projeto sobre as primeiras noções de Iniciação Científica, com estudantes dos

sextos anos do Ensino Fundamental.

Nos sextos anos, os alunos já começam a aprender a importância de uma

pesquisa com fonte segura, de não se fazer plágio e de se colocar a fonte de

pesquisa ao se usar um texto de outro autor. Além disso, estão aprendendo a fazer

levantamento de dados e montagem de tabelas e gráficos, poi assim, quando

chegarem no Ensino Médio, não terão as dificuldades que os alunos, atualmente,

têm encontrado para realizar uma pesquisa, pois já entendem que, em um trabalho

de pesquisa, não se pode plagiar, mas criar, ou seja, começar a se tornar

pesquisador e, quem sabe, um dia, um cientista.

Espero, também, com este projeto, ajudar nossos colegas do Ensino Superior

a terem alunos que cheguem com qualidade e que tenham, pelo menos, os

conhecimentos básicos para escrever bons artigos, TCCs, Monografias e

Dissertações, sem terem que passar pelo processo de aprendizagem de forma

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tardia. Afirmo que isso é possível ser feito mesmo com os pequenos, e com

qualidade, basta estarem dispostos para tal.

Não é um trabalho fácil, mas, como a profissão que escolhi é ensinar,

pretendo ensinar aos meus alunos do Colégio Attílio Codato tudo que estiver ao meu

alcance para que cheguem ao Ensino Superior com o que julgamos ser o mínimo de

base acadêmica, ou seja, sabendo pesquisar, escrever e se organizar para a

elaboração de trabalhos científicos e, desse modo, possam ser profissionais

brilhantes.

Em palavras mais simples, tento, também, divulgar, entre os leitores desta

dissertação, apenas alguns dos projetos que são desenvolvidos pela professora

pesquisadora e autora deste trabalho.

Os relatos sobre os trabalhos e os dados serão discutidos em capítulo

pertinente. Relato, com entusiasmo, a criação de um Blog para auxíliar os alunos a

elaborarem projetos de Iniciação Cientifica. Esse Blog é organizado como uma

página com informações relacionadas à estrutura de um trabalho, assim, apresenta

vídeos que auxiliam os alunos na elaboração de um projeto e do trabalho

propriamente dito, além de textos adaptados e vídeos relacionados a conceitos, o

que lhes dá suporte para a construção de trabalhos e projetos.

As discussões teóricas em relação às TICs no ensino, o desenvolvimento de

projetos de educação científica na educação básica e minha prática levaram à

elaboração dos objetivos da pesquisa.

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CAPÍTULO 2

ESCRITA CIENTÍFICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Nos dias atuais, no ambiente educacional de modo geral, é evidente e

inquestionável a necessidade de os professores sempre estarem se atualizando em

relação a abordagens de ensino diferenciadas, principalmente, nas áreas de

Ciências e Biologia, de modo a possibilitar que este tenha uma abordagem

investigativa. Nesse sentido, Rojo (2014) ressalta a necessidade de se ensinar aos

alunos conteúdos específicos de formas variadas, utilizando-se outros recursos

presentes na internet , que não se limitam somente a páginas de Facebook e

consultas no Google, de forma geral.

Quando pensei neste projeto, minha maior preocupação era a ferramenta

que poderia ser utilizada para a comunicação com os estudantes, e minha opção

para a construção da mesma foi a tecnologia, pois é algo que atrai muito o interesse

dos estudantes na atualidade. Assim, por que não aproveitar essa ferramenta

tecnológica e usá-la em um projeto? No caso, aqui apresentado, o projeto Iniciação

Científica utiliza um Blog.

Essa ideia ficou mais clara ainda em uma conversa com professores do

Ensino Superior. Observei que todos apresentavam a mesma queixa: os estudantes

chegam à graduação sem terem conhecimentos sobre a forma correta de se

escrever um texto científico, por não terem tido qualquer contato com a Iniciação

Científica.

Assim, surgiu a ideia de começar um trabalho com a produção de uma

ferramenta tecnológica para que os alunos do Ensino Médio aprendessem a

elaborar textos de Iniciação Científica, com a justificativa de que o domínio desse

conhecimento é fundamental para o ingresso em Cursos Superiores, na atualidade,

e pela necessidade de se construir meios para a alfabetização científica, pois:

[...] apesar de os meios de comunicação estarem disseminando os pontos preocupantes do desenvolvimento científico-tecnológico - como a produção de alimentos transgênicos, as possibilidades de problemas na construção de usinas nucleares, o tratamento ainda precário do lixo e outros - muitos cidadãos ainda têm dificuldades de perceber por que se está comentando tais assuntos e em que eles poderiam causar problemas a curto ou longo

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prazo. Mal sabem as pessoas que atrás de grandes promessas de avanços tecnológicos escondem-se lucros e interesses das classes dominantes. Essas que, muitas vezes, persuadindo as classes menos favorecidas, impõem seus interesses, fazendo com que as necessidades da grande maioria carente de benefícios não sejam amplamente satisfeitas (PINHEIRO; SILVEIRA; BAZZO, 2007, p. 72).

Os textos sobre as modificações no Ensino Médio ressaltam a importância da

realização de projetos e atividades diferenciadas para se gerar mudanças na

concepção de ciência e para se ensinar as primeiras noções em relação à escrita

científica. Miller e Caribé (2010), em seus estudos, apontam que, historicamente, há

uma preocupação com o ensino da escrita científica nas escolas. Além disso,

autores como Mortimer (1996), Morelatti et al. (2014) e Venturim, Vecchi, Iglesias e

Lopes (2014a) enfatizam a importância de projetos e atividades diferenciadas e

interdisciplinares para realização da mudança necessária no âmbito da Educação

Básica, para uma formação de qualidade, de modo que os estudantes possam

ingressar nos cursos de graduação com o domínio de conhecimentos e habilidades

básicas para a elaboração de trabalhos a serem apresentados em Congressos,

Encontros e Simpósios das áreas específicas da carreira que escolheram.

Quando se fala em conhecimento científico, muitos se assustam, pois

desconhecem a forma como essa comunicação deve ser feita. Nesse sentido, Müller

e Caribé apontam que essa preocupação é histórica, pois remonta a origem do

conhecimento científico, no século XV. Segundo os autores:

[...] o acesso ao conhecimento científico pela sociedade em geral, hoje é um fato considerado desagradável e corriqueiro nos países democráticos, deve ter um início marcado por regressão e preconceitos, mas foi aos poucos conquistando espaço e reconhecimento (MÜLLER; CARIBÉ, 2010, p. 14).

Essa situação começa a se modificar, paulatinamente, entre 1490 e 1520,

graças ao advento da imprensa, propiciado por Gutemberg, o que possibilitou a

disseminação, embora ainda restrita, principalmente, à Europa, do conhecimento

científico. Conforme Müller e Caribé:

[...] por exemplo, em 1491, em Veneza, publica-se um compêndio de conhecimentos médicos, intitulado Fascículo de Medicina. Era uma coleção de textos universitários na qual se misturavam conhecimentos de Medicina da Antiguidade e da época medieval com inovações da Renascença. Publicado originalmente em latim, segundo a fonte Metropolitan Museum of Art (2010), teve edições em outros idiomas, como italiano e espanhol (MÜLLER e CARIBÉ, 2010, p15).

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Assim, a preocupação em relação à escrita científica vem de longa data, e tal

situação permaneceu até o grande impulso dado pela Revolução Científica, no

século XVII, principalmente, com Isaac Newton, em 1687, e com a Óptica, em 1704,

já em pleno século século XVIII (MÜLLER e CARIBÉ, 2010).

Esse impulso foi de suma importância, pois, a partir de então, surgiram as

primeiras academias de Ciência e teve início a divulgação da Ciência, por meio de

periódicos científicos, de divulgação científica. Nesse contexto, há uma divergência

sobre qual teria sido o primeiro periódico científico: o Journal of Sçavans, publicado

por Denis Sallo, na França, em 05 de janeiro de 1665, ou Philosophical Transations,

editado na Inglaterra, 3 meses depois (MÜLLER e CARIBÉ, 2010).

Nessa mesma época, verifica-se o surgimento de livros de divulgação

científica, como a obra de Galileu - Dialoghi sopra i due massimi sitemi del mondo,

sole maico e copornicano (Diálogos sobre dois sistemas máximos do mundo

ptolomaico e coperniano) - publicada em 1632, assim, ainda no século XVII.

No século XVIII, têm início as primeiras conferências científicas públicas não

universitárias, que tinham um formato específico, com cursos certos ou com aulas

magnas. Eram aulas muito extensas, que podiam se estender por meses, como

ocorreu com a palestra de filosofia experimental na Europa. Em muitas conferências,

alguns instrumentos desenvolviam papéis importantes, como os microscópios

(MÜLLER e CARIBÉ, 2010).

No século XIX, disciplinas científicas começaram a ser inseridas nos

currículos das escolas, e os cientistas se dedicavam somente a uma determinada

área. Essas transformações que ocorreram no âmbito da ciência acabaram por gerar

reflexos em todas as outras áreas e nos projetos de conheimento científico e

desencadearam mudanças na política, na economia e na sociedade, graças a

trabalhos apresentados ou desenvolvidos nesse período e ao interesse das pessoas

comuns pelos mesmos.

Nesse momento, como boa parcela da população que morava nos centros

urbanos já dominava a leitura e a escria, textos científicos passaram a ser

divulgados para a sociedade. Assim, a sociedade, de forma geral, começou a ter

mais familiaridade com temas diversos, como, por exemplo, sobre a utilização de um

microscópio.

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Com o passar dos anos, foram criadas e implantadas associações para o

progresso da ciência, das quais participavam diversos acadêmicos, já que todos

possuíam um mesmo objetivo, ou seja, produzir uma aproximação entre as ciências

e a sociedade. Posteriormente, com o objetivo de disseminar a produção científica,

surgiram vários periódicos e revistas em diversos países da Europa, tais como os

abaixo relacionados:

1452-1519 - Leonardo da Vinci

1491- Fascículo de Medicina - Veneza -

1501-1576 - Gerolamo Cadarno

1582-1614 - Filippo Salviati

1571 -1620 - Giovanfrancesco Sagredo

1665 - Philosophiacal Transactions - Inglaterra- Robert Boyle e Henry Oldenburg

1687 - Princípios matemáticos da Filosofia Natural

1704 - Filosofia exerimental

1707 -1749 - Émile du Châtelet - Princípios da Matemática

1151- 1765 Enciclopédie de D'Alemebert e Diderot

1768 -1772 - Letters a une princesse d'Allemagne sur divers sujets de Física e Filosofia

1818- American Journal of Science

1845 - Scientific American

1860 - American Naturalist

1869- Inglaterra - Astrônomo - Norman Lockyer e o editor McMillan - Nature;

1878- Science News

1880 - 3 de julho - Thomas A. Edison e John Micheles deram início a edição Science (Müller e Caribé, 2010).

1933 - Museum of Science and Industry - Chicago - EUA

1937 - Inauguração do Laboratório do Serviço Especial de Profilaxia da Febre Amarela pela fundação Rockefeller - Brasil

1957 - Criado o Núcleo de Pesquisa da Bahia - Brasil

1966 - Centro de Pesquisa de Belo Horizonte - Centro de Pesquisa René Rachou

1981 - Laboratório Central de Controle de Drogas - Fiocruz - Brasil

1999- Museu da Vida - Brasil (Mueller e Caribé, 2010, p. 16-23)

Nota-se, assim, a importância da disseminação dos conhecimentos científicos

de forma correta, ou seja, com base em uma escrita científica, tradição perpetuada

até os dias atuais.

Conforme Mortiner (1996), estudos realizados sobre formas

diferenciadas/alternativas de aprendizagem (construtivistas) para crianças e

adolescentes, nas áreas específicas das Ciências, constataram que, de modo geral,

há resistência a novas metodologias. Esse resultado também aparece em estudos

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de Viennot (1979 apud MORTIMER, 1996) que investigaram estudantes

universitários em diferentes partes do mundo. Entretanto, conforme o autor:

[...] há um modelo de ensino para lidar com as concepções dos estudantes e transformá-las em conceitos científicos: o modelo de mudança conceitual. Proposto, inicialmente para explicar ou descrever "as dimensões substantivas do processo pelo qual os conceitos centrais e organizadores das pessoas mudam de um conjunto de conceitos a outro, incompatível com o primeiro"(Posner, Strike, Hewson&Gertzog, 1982, p211), "mudança conceitual se tornou sinônimo de "aprender ciência" (Niedderes, Goldberg &Duit, 1991), o que não significa que haja um consenso, acerca de seu significado. A exemplo do que ocorre com construtivismo, mudança conceitual, se tornou um rótulo a cobrir um grande número de visões diferentes até, inconsistentes (MORTIMER, 1996, p.22).

Assim, pode-se concluir que mudanças são necessárias, porém, nem sempre

são aplicadas devido à resistência. Essa forma de aplicabilidade diferenciada é que

se pretende apresentar e analisar neste trabalho.

Os professores estão acostumados a trabalhar, muitas vezes, somente com

os conteúdos dos livros didáticos em sala de aula, mas se esquecem de que é

necessário agregar conhecimentos interdisciplinares, ou seja, de outras áreas do

conhecimento.

Entende-se que a Língua Portuguesa se faz necessária em todas as áreas de

conhecimento, por ser o veículo de comunicação, então, por que não utilizar

conhecimentos adquiridos pelos alunos, nesta área, em outras áreas do

conhecimento, como, por exemplo, Biologia? Neste trabalho, a abordagem

metodológica foi desenvolvida na disciplina de Biologia, com alunos do Ensino

Médio.

Ao abordarem o tema Educação e novas metodologias pedagógicas, Morelatti

et al. (2014) assinalam que as transformações que ocorreram no século XX

marcaram, fortemente, a sociedade, que, desse modo, também sofreu modificções,

o que acabou por se refletir na educação/escola, que também é uma instituição da

sociedade. Assim, a escola e o professor perceberam a necessidade de se criar

novas perspectivas para o ensino, ou seja, de assumirem o desafio de superar os

modelos transmissivos e centralizadores para se ensinar nessa nova sociedade que

se apresenta.

Dessa forma, a prática docente necessita de uma outra perspectiva, como

aponta Roldão:

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[...] o saber profissional nuclear da docência é "saber ensinar como fazer aprender', levando-se em conta que esse saber "científico profissional global" apresenta variações conforme a área de conhecimento, o nível de escolaridade e o contexto da ação educativa, o que torna o saber profissional da docência bastante complexo (ROLDÃO, 2007, p. 26 apud MORELATTI, 2014, p. 640).

Morelatti (2014) menciona, em seu texto, que devem ser considerados, no

ensino, alguns aspectos, como: os tipos de atividade que se pretende propor; a

forma como os temas são relacionados ao cotidiano do aluno e da escola; o papel

do professor e dos alunos como em uma dinâmica grupal; o tipo de relações que se

pretende estabelecer na aula; e as propostas didáticas, pois estas determinam

características diferenciais da prática educativa.

Ao se discutir aprendizagem, formas de aprendizagem, aplicação de novas

metodologias e elaboração de projetos, não se pode excluir as teorias da

aprendizagem, tema que será tratado em alguns momentos neste trabalho.

Moreira, Ostermann e Cavalcanti (2010) ressaltam que, nas universidades,

deveriam ser realizadas reflexões/discussões sobre o conhecimento ali apreendido,

mas, também, sobre os conteúdos que o futuro profissional deverá abordar no

Ensino Médio.

Quando se pensou neste trabalho, foram consideradas várias possibilidades

pedagógicas, e estas, aos poucos, foram sendo lapidadas para a obtenção de um

projeto e de um trabalho que pudessem caminhar concomitantemente. Foram

estudados textos referentes a trabalhos desenvolvidos por meio de projetos, com

atividades diretamente relacionadas à TIC, ou seja, com atividades que tivessem

uma relação direta com as novas tecnologias. Em todos os momentos do estudo,

sempre houve a preocupação de se estar diretamente fundamentado em teorias de

aprendizagem, para que os aspectos pedagógicos fossem respeitados e

considerados na elaboração das atividades deste trabalho.

Essa preocupação deve ocorrer no desenvolvimento dos produtos

educacionais relacionados ao assunto, pois, como relatam Ostermann e Cavalcanti

(orientados por Marco Antonio Moreira, 2010):

[...] mesmo visões reconhecidamente ultrapassadas do processo de ensino-aprendizagem, tais como concepções behavioristas, precisam ser debatidas, pois, apesar de seu franco declínio na área da pesquisa em ensino de ciências, ainda podem ser identificadas em práticas pedagógicas, livros didáticos, materiais de divulgação científica, e como em sites, aplicativos, simulações, hipermídias, tutoriais disponibilizados na internet.

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Pelo fato de muitas vezes, esses materiais educacionais, serem desenvolvidos com o que chamamos de Tecnologias de informação e comunicação (TIC's), é comum que se autoproclamem "pedagogicamente modernos". Uma análise mais detalhada pode mostrar que são demasiadamente behavioristas, ou seja, usam tecnologias modernas com fundamentação ultrapassadas. A fim de reconhecer essas metodologias, é necessário ter conhecimento sobre as teorias que as embasam implícitas ou explicitamente, mesmo sendo estas ultrapassadas (OSTERMANN e CAVALCANTI, 2010, p. 5).

Na elaboração deste trabalho, formam utilizados conhecimentos de diferentes

áreas, além de conhecimentos relacionados às teorias da aprendizagem. Na escola

em que se desenvolveu o trabalho e a aplicação do produto educacional, também

houve a preocupação de se conhecer assuntos relacionados a: multimídias,

utilização de TIC, Unidades Didáticas, desenvolvimento de trabalhos por meio de

projetos, elaboração e construção de blogs multimídia; e à tecnologia de uma forma

geral.

Tive experiências positivas na escola durante um período de dois anos

consecutivos, com projetos em parceria com Universidades e o projeto PIBID

(Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) existente na escola, o que

despertou e motivou os alunos a desenvolver estudos científicos e experimentos

como alunos/pesquisadores. Considero que estas atividades foram de fundamental

importância para que este trabalho obtivesse sucesso.

Como os alunos estavam em constante contato com alunos de universidades,

na escola, eram incentivados por estes e também por mim, o que aumentou o

interesse dos mesmos. Assim, houve uma conjunção de áreas diferentes com um

único objetivo: despertar do interesse dos alunos, para estes se tornarem

estudantes/cientistas, e não somente alunos ouvintes.

De posse de informações retiradas do cotidiano da escola e da leitura de um

trabalho relacionado ao PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à

Docência) e de trabalhos relacionados a esse segmento, buscou-se , no estudo de

Venturi et al. (2014), Relato de Experiência com alunos do Ensino Médio,

referencias teóricas sobre escrita científica para a educação básica e sobre

sequências didáticas para a promoção da alfabetização científica. Encontrou-se

embasamento para uma reflexão sobre escrita científica também no trabalho de

Lima e Maués, que discorrem sobre a importância e o desenvolvimento de

atividades de investigação científica. Para os autores:

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Segundo Carvalho (2003), uma atividade investigativa não pode ser reduzida a uma mera observação ou manipulação de dados - ela deve levar o aluno a refletir, a discutir, a explicar e a relatar seu trabalho aos colegas. Para que isso aconteça, alunos devem ser envolvidos em um processo investigativo através de uma situação-problema que gerará questionamentos que levarão à elaboração de hipóteses, à análise de evidências, fazendo com que eles cheguem a uma conclusão e comuniquem os resultados aos seus colegas. Nessa perspectiva, a aprendizagem de procedimentos ultrapassa a mera execução de certo tipo de tarefas, tornando-se uma oportunidade para desenvolver novas compreensões, significados e conhecimentos do conteúdo ensinado (LIMA e MAUÉS, 2006, p.13).

Assim, fica evidente que se deve criar ambientes que estimulem atividades de

investigação no âmbito do Ensino de Ciências e Biologia. A partir do momento em

que se entende a natureza da investigação científica, é possível obter os resultados

desejados.

Nesse aspecto, existem algumas prioridades que devem ser observadas, tais

como: a contextualização e o pluralismo metodológico, que visam à inclusão e à

motivação, a partir de uma proposta colaborativa e, em alguns casos, do

desenvolvimento de sequências didáticas investigativas (VENTURINI et al.,2014).

De certa forma, não é possível deixar de lado o elemento central de um

posicionamento crítico ao se refletir sobre a importância fundamental das práticas e

para a compreensão de algo mais específico no funcionamento destas, que se

relaciona a : analisar, agir, gerar e produzir (BRONCKART, 2009).

Assim, ao analisar as dificuldades dos estudantes universitários apontadas

pelos professores, optei pela proposição de um trabalho, em nível de Ensino Mério,

que levasse os alunos a dominarem noções de Iniciação Científica e a aprenderem

a utilizar a escrita científica.

Esse é um processo longo, pois é algo novo a ser aplicado na escola, ainda

mais, em se tratando de uma Instituição Pública, na qual não existe o hábito de se

trabalhar Iniciação Científica com os alunos.

Nesse contexto, Santos assinala a importância que o letramento e a Iniciação

Científica passaram a ter a partir do início do século passado:

No início do século XX, a alfabetização ou letramento científico começou a ser debatido mais profundamente. Desses estudos iniciais, pode-se destacar o trabalho de John Dewey (1859-1952), que defendia nos Estados Unidos a importância da educação científica. Esses estudos passaram a ser mais significativos nos anos de 1950, em pleno período do movimento cientificista, em que se atribuía uma supervalorização ao domínio do conhecimento científico em relação às demais áreas do conhecimento

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humano. A temática tornou-se um grande slogan, surgindo um movimento mundial em defesa da educação científica (SANTOS, 2007, p.474).

Segundo Watson (2010), quando se realiza um processo de elaboração de

projeto para uma pesquisa de Iniciação Científica, o comportamento de interesse é

aprendido pelos estudantes. Esse processo não ocorre, efetivamente, sem o

estabelecimento de propostas motivadoras que possam auxiliar a aprendizagem.

Assim, o projeto deve embutir os recursos necessários para instigar o interesse dos

alunos, pois estes precisarão ler e pesquisar para que possam aprender o conteúdo

escolhido (OGASAWARA, 2009).

De modo geral, cada escola apresenta uma realidade bastante diferenciada,

peculiar. Assim, ao se desenvolver determinados tipos de trabalhos, projetos e

atividades pedagógicas, é preciso adequá-los à realidade local.

As expeiências, de anos anteriores, relativas à prática de ensino da disciplina

de Biologia e Ciências, como a constatação da necessidade de se utilizar atividades

diferenciadas, no Ensino Médio, para incentivar o desenvolvimento da pesquisa

científica, foram utilizadas como estratégias para a obtenção dos resultados

esperados. Desse modo, o mapeamento das dificuldades observadas ao longo da

experiência profissional possibilitou o aprimoramento das atividades de Iniciação

Cientifica propostas pelo projeto que queira desenvolver em relação ao letramento

científico. Nesse contexto, foi possível constatar que, embora a literatura aponte

resultados positivos, também há a necessidade de se avaliar os aspectos negativos,

pois estes também servem como direcionadores para adequações no projeto,

experiência que me motivou a propor o projeto de mestrado.

Desse modo, entre outras estratégias/recursos de aprendizagem, não se

pode excluir a utilização das novas tecnologias. Na elaboração deste trabalho e na

aplicação do projeto na escola, um dos recursos utilizados perternce à área

tecnológica. Nesse sentido, ara Pinheiro, Silveira e Bazzo:

Torna-se cada vez mais necessário que a população possa, além de ter acesso às informações sobre o desenvolvimento científico-tecnológico, ter também condições de avaliar e participar das decisões que venham a atingir o meio onde vive. É necessário que a sociedade, em geral, comece a questionar sobre os impactos da evolução e aplicação da ciência e tecnologia sobre seu entorno e consiga perceber que, muitas vezes, certas atitudes não atendem à maioria, mas, sim, aos interesses dominantes. A esse respeito, Bazzo (1998, p. 34) comenta: “o cidadão merece aprender a ler e entender – muito mais do que conceitos estanques - a ciência e a

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tecnologia, com suas implicações e conseqüências, para poder ser elemento participante nas decisões de ordem política e social que influenciarão o seu futuro e o dos seus filhos (PINHEIRO, SILVEIRA e BAZZO, 2007, p.72).

Para o desenvolvimento científico de uma nação, é necessário que, já

educação básica, o estudante compreenda o que é ser pesquisador, o que é um

trabalho científico e que ele próprio poderá se tornar um futuro pesquisador e

cientista, como muitos sonham quando se encontram no ensino fundamental.

Entretanto, de modo geral, quando se pergunta às crianças, que frequentam o

Ensino Fundamental, o que um cientista faz, a primeira coisa que relatam é uma

explosão em um laboratório.

Desse modo, é evidente que é necessário modificar essa ideia que os

estudantes têm sobre a ciência e a pesquisa científica, e isso só será possível com a

implantação de Iniciação Cientifica desde o Ensino Fundamental e não somente no

Ensino Médio e na Graduação.

Por outro lado, historicamente, no campo científico, essa ideia de modificação

do foco do ensino das ciências, de modo que os estudantes possam entendê-la e

praticá-la, muitas vezes, enfrenta o monopólio científico e a autoridade que o detém.

A autoridade científica caracteriza-se pela domínio da capacidade técnica e pelo

poder de legitimação dos resultados (BORDIEU, 1976).

Ao construir um caminho para que os alunos do Ensino Médio despertem,

inicialmente, seu interesse pela pesquisa científica e, posteriormente, para a

aplicação e desenvolvimento de projetos, espera-se que os objetivos da proposta

sejam significativos. Além disso, espara-se que esses estudantes consigam relatar,

por meio de linguagem científica, suas pesquisas e experimentos, de modo a

divulgá-los. Müller e Caribé, ao tratarem, historicamente, da produção e divulgação

de textos científicos, apontam que:

Apesar de essas obras pioneiras poderem ser consideradas de divulgação científica, autores, como Calvo Hernando (2006); Massarani e Moreira (2004); e Semir (2002), consideram que, como gênero literário distinto, a produção de obras de divulgação da ciência ocorrera, de fato, apenas a partir dos séculos XVII e XVIII. A expressão divulgação científica, no entanto, deve ser entendida no contexto de cada época. Ziman (1981) lembra que até a Revolução Científica do século XVII, apenas as reduzidas elites intelectuais tinham acesso aos saberes relacionados com o mundo natural, pois os tratados produzidos eram escritos em latim erudito. Após esse século, com o avanço das línguas vernáculas, começaram a aparecer

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obras de conteúdo científico destinadas a um público maior. Num mundo onde a influência da religião permeava todas as atividades, os eruditos tentavam se proteger, esforçando-se para obter legitimidade e reconhecimento para a ciência e para sua produção (MÜLLER e CARIBÉ, 2010, p. 15).

Sempre houve, historicamente, preocupação em divulgar os novos

conhecimentos científicos e tecnológicos, pois ambos caminham juntos. Segundo

Müller e Caribé (2010), significativos avanços, no campo das ciências, começaram a

ocorrer no final do século XIX, porém, foi a partir do século XX que se deram as

maiores transformações, em todas as áreas, graças ao avanço do conhecimento

científico, que passou contar, para sua divulgação, com os meios de comunicação e,

atualmente, com o a internet. Nesse sentido, para Müller e Caribé:

[...] nenhum invento teve o impacto da internet, onde todas as formas de comunicação se fundem, e a informação científica se torna accessível de maneira impensada até então. No espaço virtual, há museus, livros, revistas, enciclopédias, cursos, filmes, sites oficiais, comerciais e pessoais e inúmeras novas formas de comunicar, de acesso gratuito ou pago. É um novo mundo em permanente evolução que ocorre em velocidade crescente, de forma mais abrangente e mais complexa em termos de tecnologia, porém mais simples em termos de acesso para o cidadão. Neste cenário que se convencionou chamar globalizado, as barreiras mais difíceis de derrubar continuam sendo não as tecnológicas, mas as geradas pelas pessoas, pela ambição de ditadores e / ou por preconceitos de crenças (MÜLLER e CARIBÉ, 2010, p.27).

É nesse contexto que se enquadra o projeto de Iniciação Científica descrito

neste estudo, desenvolvido com base em um produto educacional relacionado às

novas tecnologias, no caso, a internet, por meio de um Blog, e à criação de uma

página do Facebook, de forma interligada.

Esse recurso foi a maneira encontrada para enfrentar obstáculos que ainda

persistem no meio escolar e acabam por gerar desinteresse por certas atividades,

individuais ou em grupo, e, consequentemente, improdutividade, fora ou dentro da

sala de aula, como aponta Mortimer (1996).

Os problemas relacionados a estratégias resultam em situações em que os

estudantes não se sentem motivados pela atividade, pelo projeto ou pelo assunto, o

que passa a ser um obstáculo para o desenvolvimento dos mesmos. Nesse

momento, o professor deve rever suas estratégias e buscar opções para substituí-

las por recursos interessantes para os estudantes da atualidade.

Além disso, é necessário saber lidar com conceitos incorretos, baseados na

intuição ou no senso comum, relativos às ciências, que os estudasntes trazem para

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a sala de aula, pois, para eles, não existe conceito errado, o que acaba por

prejudicar a aprendizagem (MORTIMER, 1996).

Nesse contexto, para lidar com o desinteresse dos estudantes, deve-se

utilizar essas ideias prévias para se iniciar um assunto ou projeto, de modo a

modificar, com base na ciência, os conceitos incorretos. Nesse momento, é

importante esclarecer se essas ideias prévias seriam praticáveis ou não,

direcionando os alunos para a internalização de conceitos corretos e não

deturpados, que, muitas vezes, eles trazem consigo.

Para Ludke (2001), no âmbito do ensino, o professor-pesquisador deve criar

uma conexão com o ambiente, de modo a torná-lo propício para uma aprendizagem

significativa. Nesse sentido, o autor salienta que os cursos de graduação em

Ciências precisam considerar a formação de profissionais para a atuação na

educação básica e não somente para o desenvolvimento de pesquisa. O foco na

pesquisa só considera o trabalho do futuro professor que deseja se aprofundar em

conhecimentos de disciplinas específicas, entretanto, a educação básica necessita

de professores interessados em desenvolver projetos de pesquisa na escola.

Segundo o autor:

A ausência de menção à pesquisa instigou-nos a propor um novo estudo, para procurar esclarecer como e porque se dá ou não a relação, entre atividade de pesquisa e o que é recurso trazido pelo professor das agências formadoras e desenvolvido por ele em seu exercício profissional. O novo estudo foi realizado com professores do mais alto nível da educação básica, o ensino médio, em estabelecimentos da rede pública, procurando obter a visão desses professores sobre a complexa relação (LUDKE, 2001, p. 79).

Nota-se que existe, também, ausência de professores, na educação básica,

dispostos a desenvolver atividades que envolvam aptidões necessárias para

preparar alunos pesquisadores. Conforme Ludke (2001), isso ocorre por que, na

maioria das vezes, os professores não receberam formação para tal na graduação,

consequentemente, têm dificuldades para preparar alunos pesquisadores na

educação básica. Assim, é necessário que haja diálogo entre os professores da

educação básica e os das universidades, o que propiciaria oportunidades de

parcerias para o desenvolvimento de atividades e experimentos na educação básica.

2.1 Desenvolvimento de Projeto e Formação de Cientistas

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Hoje, o que se verifica, nas escolas, em todas as áreas do conhecimento, é a

necessidade em se trabalhar a interdisciplinaridade, por meio de projetos. No caso

aqui apresentado, em específico, a opção inicial foi propor atividades de Iniciação

Científica que se enquadrassem no desenvolvimento de trabalhos por meio de

projetos.

Inicialmente, realizei leituras sobre a importância da ciência no Ensino Médio,

para a formação de alunos pesquisadores. Entre as obras pesquisadas, está a de

Volpato (2013), que salienta a importância do estudante-pesquisador, pois este pode

contribuir não só para o seu futuro profissional, mas também desenvolver estudos

extra-acadêmicos que podem trazer novos conhecimentos. Atualmente, uma das

maiores dificuldades, nas escolas da educação básica, é o Ensino Superior, pois

este não trabalha, com seus estudantes, conhecimentos na área de Iniciação

Científica, necessários para a atuação dos profissionais em escolas dos Ensinos

Fundamental e Médio. Por outro lado, esses estudantes, quando estavam no ensino

básico, também não receberam essa formação. É nesse contexto que a proposta

apresentada neste estudo é auxiliar os estudantes para que possam desenvolver

conhecimentos e habilidades para a efetivação de pesquisa científica.

Esta formação não ocorre de um momento para outro, ou seja, trata-se de um

processo, um caminho que deve ser percorrido. Para que o aluno possa construir

uma boa formação, o professor deve lhe oferecer instrumentos, ensinamentos e uma

estrutura para tal.

Para Volpato (2013), o aluno deve aproveitar as oportunidades que lhe são

oferecidas, mesmo em um contexto diferente do esperado, que não propicia

condição excelente aprendizagem, pois, de modo geral, a realidade é a seguinte:

os professores, em sua maioria, não são cientistas; o ambiente (escola) não propicia

condição ideal; e, muitas vezes, os estudantes não têm interesse pela ciência e

nem almejam se tornar cientistas. Segundo Volpato:

[...] o ensino de ciências não é apenas formal (nas escolas) e que, mesmo em seu aspecto formal, não deve ocorrer apenas nas disciplinas especificamente destinadas a esse fim, mas fazer parte do discurso geral em cada disciplina e orientação (VOLPATO, 2013, p. 63).

Assim, o aprendizado científico não deve ser limitado apenas às matérias

específicas, mas ocorrer em cada uma das disciplinas, pois todas pressupõem a

necessidade de pesquisas. Nesse sentido, Volpato( 2013) afirma que quem faz

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ciência é denominado pesquisador e não cientista. Ainda cita uma situação em que

pergunta para um senhor que conhece, em um ônibus, em Israel, sobre o que fazia,

e este respondeu que era cientista. No Brasil, segundo o autor, as pessoas se

intitulam pesquisadores ao invés de cientistas.

Para Volpato (2013, p. 60) "pesquisador é todo aquele que faz pesquisa, ou

seja, investiga algo" e "cientista é um pesquisador, mas nem todo pesquisador é um

cientista". Para o autor, um cientista não se limita apenas a utilizar métodos

científicos, mas também constrói conhecimentos a partir dos resultados das

pesquisas

Entretanto, segundo Volpato (2013), existem muitas barreiras para a

formação de um cientista, e as menos evidentes, mas que estão presentes nos

sistemas de formação de cientistas, são:

a- Promover ensino paternalista - este tipo de ensino torna o professor a figura central do aprendizado[...]. Quando esses professores assumem essa postura, reforçam no aluno que a eles basta existir, pois, aprender não é função deles; compete ao professor ensinar. Ensino paternalista reforça alunos passivos, sem incentivo a uma postura empreendedora e crítica, condição necessária a um cientista. O aprendizado é assunto de duas mãos; o aluno que quer aprender e o professor que quer facilitar esse aprendizado. Falha num desses elementos compromete a aprendizagem;

b- Incutindo o aluno na dicotomia entre ensino e pesquisa- Conforme já salientei, o cientista gera ciência e forma cientistas; portanto, é cientista e educador. Ao reforçar a dicotomia, estimula-se no aluno que se dirija a um desses lados. Se segue para a pesquisa, terá grande chance de se tornar mais um publicador que não gosta de ensino; se vai para o ensino, mais um transmissor de informações que desdenha a pesquisa;

c- Não usando a sala de aula para ensinar postura científica [...]. Note que a maioria dos alunos passa muito tempo em salade aula, num sistema que enfatiza a excelência do professor. O que acha que ficará na cabeça desse aprendiz?

d- Reprimindo posturas críticas dos alunos- Dentre todas as qualidades de um cientista, a capacidade crítica é uma das principais. Serve inclusive para que ele consiga propor novas ideias. A partir do momento em que o aluno começa a ser reprimindo por manifestar críticas, a maioria tenderá a evitá-las. Esse é um dos maiores crimes contra uma mente questionadora.

e- Fazendo provas e discussões que não exigem raciocínio- Para o aluno, a prova reflete o que deveria saber segundo a opinião do professor e, portanto, o que de mais nobre se quis ensinar naquela disciplina. [...]. Incute nele que o volume de informações é mais importante do que saber criticá-las e aplicá-las. Hoje vivemos a era da comunicação e das informações e sabemos que o enfoque mudou: informações existem aos montes (VOLPATO, 2013, p. 68).

O autor cita também algumas características que devem ser desenvolvidas

para a formação de um cientista: curiosidade; espírito crítico e empreendedor;

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capacidade para elaborar suas conclusões de maneira correta; avidez para que

estas sejam aceitas na comunidade científica.

O autor lembra, entretanto, que o desenvolvimento dessas características,

geralmente, é esquecido na formação das crianças, o que não deveria ocorrer, pois,

pelo contrário, deve-se estimular os alunos em atividades de pesquisa, que são o

foco no ensino de ciências.

Ao tratar do tema pesquisa, Volpato (2013) assinala que as agências de

fomento à pesquisa, em alguns casos, como nos apresentados a seguir, também

podem prejudicar a formação de um cientista:

(1) Seleção errada de orientadores - exigência de o cientista ser formado por

um cientista. Volpato (2013) menciona que o fato de um indivíduo ter publicações

científicas não significa que o mesmo possua capacidade científica, porém, o fato

de ter participado da ciência internacional é um requisito para ser considerado

cientista em, praticamente, em todas as áreas.

(2) Ênfase no desempenho na graduação - Nesse sentido, Volpato (2013)

menciona que as bolsas de Iniciação Científica, que são dadas aos estudantes como

privilégio pelas boas notas obtidas nas disciplinas de graduação, podem levar o

estudante a um equívoco. Além disso, o requisisto desempenho depende, também,

do sistema de ensino em que o estudante está inserido; e as reprovações são uma

forma de desestimular o estudante. Por outro lado, a aplicação de recursos

pedagógicos, pelos docentes, varia muito, e isso influencia nas formas de avaliação

e, assim, pode gerar equívocos, o que ocorre com muita frequência na atualidade.

(3) Prestigiar os equívocos na concepção de projetos, ou seja, quando se

privilegia os projetos já existentes sobre determinado tema. Tal fato acaba por

beneficiar projetos que não trazem nada de novo, pois os que trazem algo de

diferente são desestimulados.

(4) Solicitar equívocos na redação de projetos, ou seja, quando os

estudantes participam de um evento em que têm que redigir certos trabalhos de

forma impositiva pelo orientador. Volpato (2013) dá alguns exemplos em relação

esse fato, e assinala que os trabalhos devem compreender: hipótese, introdução e

justificativa para que tal problema não ocorra.

Segundo Volpato (2013), um orientador que não possui qualquer

conhecimento em relação ao projeto de seu orientando, tende a prejudicá-lo ao

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invés de, propriamente, ajudá-lo no desenvolvimento de seu trabalho. O orientador

não deve se restringir somente à orientação, mas também incentivar o estudante a

participar de atividades científicas, não apenas de algumas determinadas

instituições, pois deve ampliar suas potencialidades.

O orientador, além disso, não deve se restringir aos alunos que já apresentam

algum pré-requisito para desenvolver ciência, mas olhar todas as possibilidades, ou

seja, todos os estudantes que estão desenvolvendo um trabalho de potencialidade

científica.

Além disso, em momento algum, o estudante deve ser desmotivado, mesmo

quando seus projetos não parecem inovadores ou muito desafiadores. Por outro

lado, deve sempre orientar seu estudante a obedecer às regras de escrita de cada

evento, para que possa participar de forma adequada.

As considerações apresentadas pelo autor são direcionadas para o Ensino

Superior, entretanto, são significativas, também, para a Educação Básica, uma vez

que a Iniciação Científica, com alunos mais jovens, também deve levar em

consideração as potencialidades dos estudantes e as necessidades de cada

atividade.

Volpato (2013) ressalta, ainda, que as instituições de ensino também podem

prejudicar a formação de um cientista, ao: permitir orientação por docentes

inexperientes; não estimular a formação científica; não valorizar a pesquisa na

instituição; enfatizar a dicotomia entre pesquisa e ensino; e não flexibilizar horários

para pesquisa.

As situações descritas acima, com as devidas proporções, também ocorrem

na educação básica nos dias de hoje, pois a pesquisadora/professora, que

desenvolve este projeto, observa, diariamente, as situações que expõe a seguir.

Atualmente, são poucas as Instituições Estaduais da Educação Básica que,

realmente, incentivam os estudantes a desenvolver pesquisa ou, mesmo, a

participar de eventos de Iniciação Científica. Muitas vezes, quando os órgãos

responsáveis encaminham tais informações, elas chegam atrasadas e, quando o

professor fica sabendo, o prazo já é muito curto. Isso é algo que ocorre com maior

frequência nas instituições particulares.

Verifica-se, também, a necessidade de o profissional de ensino qualificar-se

para que tenha conhecimentos e habilidades adequados para a aplicação e

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desenvolvimento dessas atividades. Nesse sentido, as investigações e avaliações

sobre a formação de professores evidenciam a grande dificuldade destes para

enfrentar os desafios que os modelos de formação praticados vêm impondo.

Volpato (2013) lembra, ainda, que não são apenas esses os problemas

existentes no âmbito da educação básica, pois há professores que se colocam como

figura central do aprendizado e, assim, promovem um ensino paternalista, o que

prejudica a formação de um cientista.

Nesse sentido, é importante salientar que o cientista é um educador, pois visa

não somente às publicações, mas também à formação do indivíduos. Assim, não

gosta somente do ensino, mas também de transmitir informações cintíficas.

Assim, para o desenvolvimento de projeto de Iniciação Científica, é importante

que o professores(as) conheçam o processo, com base em alguns autores, como

Volpato (2013), Gil (2002) e Tonzoni Reis (2009), entre outros mencionados no

decorrer desta dissertação. Desse modo, a seguir, serão apresentadas informações

sobre a estruturação e fundamentação da construção de projetos de Iniciação

Científica.

Volpato (2013) questiona o fato de o professor não se utilizar da aula para

ensinar uma postura científica, que requer qualidades que devem ser estimuladas e

vivenciadas, para que possam delinear um perfil de professor cientista que poderá

formar novos cientistas.

Volpato (2013) lembra, ainda, que, em muitos casos, o professor reprime a

postura crítica dos alunos, embora esta seja uma das qualidades de um cientista,

isto é, a postura questionadora. Nesse sentido, assinala que o orientador também

pode prejudicar a formação de um cientista, e, em tópicos, apresenta o que não

deve ser seguido:

A- Tentando ensinar sem conhecer - formar um cientista envolve ensinar a arte da pesquisa científica, e muito mais. Como "muito mais", vamos ficar com a arte da pesquisa científica. Ela envolve boas idéias, planejamento impecável, execução primorosa, análise profunda e comunicação fascinante.

B- Não concluindo o processo da pesquisa científica. Geralmente a parte que fica é a publicação da pesquisa realizada. A não conclusão passa ao aluno a falsa impressão de que basta coletar dados e concluir o TCC, ou enviar um resumo (mesmo que expandido) a um congresso. É evidente que não, A pesquisa só é concluída quando publicada e o objetivo do cientista é atingido quando sua publicação é incorporada à Ciência. Sem isso, o cientista (de) formação não aprendeu o processo todo e terá que se virar sozinho para completar sua formação. Como a crítica de revisores de revista internacionais e uma das melhores

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escolas de redação e publicação, o cientista privado desse ambiente por não submeter artigos poderá vir a ser mais um daqueles que gastam dinheiro em pesquisa que não leva a nada.

C- Permitindo a orientação "linha de montagem". Se a questão e publicar bastante, uma produção em série resolve. Um tem ideias, o outro planeja, outros coletam dados, alguns analisam e concluem, e alguém redige e submete para a publicação. Se um orientador desvincula o ensino da pesquisa, muito possivelmente concebe a formação científica como a criação de publicações de papers. E o pior é que nem isso farão com qualidade, porque aprendem partes de um processo único.

D- Enfatizando a especialização precoce. Forma o aluno numa visão restrita do processo. Cada vez mais saberá muito pouco, ou nada de muito (VOLPATO, 2013, p. 70/71).

Volpato (2013) afirma que o orientador tem que ter conhecimento sobre o que

ensina, pois se trata, na verdade, de uma arte que compreende planejar e executar,

ou seja, usando a linguagem popular, se trata de ensinar o caminho das pedras da

Iniciação Científica para os alunos.

Outro aspecto importante, no âmbito do trabalho científico, é o

desenvolvimento de projetos. Nesse sentido, Gil (2002), em sua obra, apresenta o

conceito de pesquisa e as metodologias utilizadas para a elaboração de trabalhos de

Iniciação Científica, assim, explica como encaminhar uma pesquisa, o porquê de se

fazer uma pesquisa, o que é necessário para se realizar uma pesquisa , como

elaborar um projeto de pesquisa, quais são os principais elementos de uma

pesquisa e como esquematizá-la.

Gil (2002) considera que uma pesquisa deve ser desenvolvida mediante um

conjunto de conhecimentos já disponíveis, com a utilização cuidadosa de métodos

e/ou técnicas científicas. Esses recursos foram utilizados no desenvolvimento deste

trabalho, pois, mesmo para a elaboração do projeto, houve a necessidade de se

pesquisar sobre o assunto, para se verificar a possibilidade de sua aplicação no

Ensino Médio.

Alguns fatores podem interferir na escolha do projeto e na elaboração da

pesquisa, pois, dependendo do tema escolhido pelo estudante/pesquisador, o

projeto se caracterizará como prático, experimento, levantamento de dados ou outra

forma de pesquisa, e, em todos os casos, deve-se ficar atento em relação à sua

estruturação. Entretanto, para a elaboração de um projeto de Iniciação Científica,

problemas relativos à dificuldade de pesquisar alguns assuntos, de investigar

questões/materiais/situações/ fenômenos e de avaliar os resultados não deverão

interferir na escolha de um tema ou do objeto do projeto.

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Quando ocorrerem dúvidas quanto à escolha do tema, o

estudante/pesquisador deve realizar mais pesquisas sobre as possibilidades do

tema que escolheu. Quando for realizar o desenvolvimento da pesquisa, deve

analisar as possibilidades de problemas e hipóteses que serão desenvolvidas em

seu projeto.

Nesse caminhar, poderão ocorrer equívocos que resultarão, muitas vezes, em

modificação do tema e do foco do pesquisa. Isso também poderá ocorrer quando o

estudante/pesquisador se deparar com o desenvolvimento das pesquisas e das

coletas de dados de seu projeto (trabalho), ou quando o próprio estudante atribuir

possíveis falhas em seu desenvolvimento.

Com um perfil inadequado para o desenvolvimento de pesquisas e projetos, o

aluno não chegará a lugar algum, nem como pesquisador nem como cientista. Para

ser pesquisador, basicamente, deverá ser um indivíduo, extremamente, ético, que

segue somente o que dever ser seguido, sem pretensões de descobertas ou de

inovações. Atrevo-me, ainda, a colocar que o estudante deverá ser como uma

esponja, que aproveita todos os momentos para se aprimorar, mas sem se esquecer

dos preceitos básicos de um cientista: dedicação, esforço, persistência e foco em

seu objetivo.

De posse de informações sobre a formação de um aluno cientista, dediquei-

me a leituras sobre a elaboração de projetos e de como seria possível aplicá-las em

um blog. Inicialmente, a ideia de adaptar textos de autores não ficou muito clara,

mas, com o decorrer da prática diária na elaboração do blog, pude observar a

necessidade de outras adaptações de textos, que serão relatadas em momento

apropriado, no decorrer deste trabalho.

2.2 Aprendizagem por projetos

Uma das primeiras leituras feitas sobre aprendizagem por projetos foi a de

Bender (2014), que discorre sobre como envolver o aluno em um trabalho escolar,

e, em nosso caso, como envolver alunos do Ensino Médio. Conforme o autor, "a

aprendizagem por projetos é uma das mais eficazes formas disponíveis de envolver

os alunos com o conteúdo de aprendizagem, e por essa razão reconhecida por

muitos líderes educacionais na atualidade (BENDER, 2014, p.15).

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Desse modo, segundo Bender (2014, p. 15), “a investigação dos alunos é

profundamente integrada à aprendizagem baseada em projetos [...]”. Outros autores,

como Moura e Barbosa (2013), também ressaltam a importância histórica da gestão

de projetos ao mencionarem que "em pouco tempo o planejamento e gestão de

projetos alcançou as mais diferentes áreas, incluindo as ciências humanas e sociais,

deixando de ser domínio exclusivo de engenheiros e administradores (MOURA e

BARBOSA, 2013, p. 17).

Assim, fica evidentede que este tipo de trabalho pode ser utilizado tanto na

área da administração, como na da educação, para o Ensino Superior como para

estudantes da Educação Básica, com o objetivo de trabalhar, de forma significativa,

conteúdos importantes para a formação profissional dos mesmos.

Moura e Barbosa (2013) enfatizam que trabalhos por meio de projetos podem

ser aplicados em diversas áreas, o que demonstram ao apresentarem o conceito de

projeto:

Comumente, a palavra "projeto" é aplicada em diversos contextos, tais como – Projeto arquitetônico; - projeto de lei; - projeto pedagógico; projeto de trabalho; - projeto elétrico, hidráulico, aeronáutico, naval, etc; -projeto de software; - projeto de marketing; - projeto de pesquisa (MOURA e BARBOSA, 2013, p.18).

No caso deste trabalho, o projeto classifica-se como educacional, pois é:

[...] um empreendimento ou conjunto de atividades com objetivos claramente definidos em função de problemas, necessidades, oportunidades ou interesses de um sistema educacional, de um educador, grupos de educadores ou de alunos, com a finalidade de realizar ações voltadas para a formação humana, construção do conhecimento e melhoria de processos educativos (MOURA e BARBOSA, 2013, p. 21).

Para Bender (2014), a ABP (Aprendizagem Baseada em Projetos) desperta o

interesse dos alunos por áreas importantes para a elaboração de seus trabalhos.

Segundo o autor, é um recurso interessante para motivar os alunos e propor

trabalhos de forma colaborativa, ou seja, em equipes, técnica de ensino, por

excelência, do século XXI.

Para Bender (2014, p.16), "alguns proponentes da aprendizagem baseada em

projetos veem as modernas tecnologias de ensino e as tecnologias de comunicação

e de redes sociais como sendo fundamentais para a aprendizagem baseada em

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projetos." Tal afirmação me incentivou para a criação e aplicação de um blog para

auxiliar os alunos em relação a suas dúvidas sobre a estrutura, a metodologia e a

escrita corretas para a elaboração de um projeto.

Bender (2014) ressalta que o trabalho baseado em projetos propicia

enriquecimento e diversidade de ideias, pois, no cotidiano de sala de aula,

geralmente, acabam por surgir situações diversas, relacionadas aos temas de

pesquisas propostos pelos estudantes, que causam surpresa. Esses novos

temas/ideias podem emergir de uma experiência ocorrida em laboratório, de um

questionamento de um aluno ou de uma situação que acaba por desencadear uma

motivação por um novo conhecimento.

Moura e Barbosa (2013) chamam a atenção para projetos relevância social,

como, por exemplo, preservação do ambiente, conservação do solo e diversos

temas que podem estar relacionados a questões sociais associadas a áreas

diversas de conhecimento. Para Moura e Barbosa, projetos podem ter como

finalidade a pesquisa, o ensino ou trabalho:

Projetos de pesquisa: são projetos que tem como principal finalidade a obtenção de conhecimentos sobre determinado problema, questão ou assunto, com garantia de verificação experimental. Existem diversos tipos de projetos de pesquisas, próprias dos setores acadêmicos e de instituições de pesquisa (...). Projetos de Ensino: São projetos elaborados dentro de uma (ou mais) disciplina(s) ou conteúdo(s), dirigidos à melhoria do processo de ensino-aprendizagem. Este tipo de projeto é próprio da área educacional e refere-se ao exercício das funções do professor. Projetos de trabalho (ou aprendizagem): São projetos desenvolvidos por alunos em uma ou mais, disciplinas ou conteúdo(s) curricular(es), no contexto escolar, sob orientação de professor, e têm por objetivo a aprendizagem de conceitos e desenvolvimentos de competências e habilidades especificas(MOURA e BARBOSA, 2013, p. 26).

Nese contexto, o presente estudo adota a palavra projeto como sendo

trabalho, pois são projetos por meio dos quais os alunos desenvolvem pesquisas

com o objetivo de aprender conteúdos de Biologia e Ciências. Segundo Bender

(2014), os alunos devem compreender o projeto como um trabalho significativo que

visa a buscar a melhor maneira de investigar algo ou resolver uma questão

vinculada ao mundo real.

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Esse capítulo apresentou aspectos da formação e da concepção de um

cientista e do desenvolvimento de projetos. No capítulo a seguir, discute-se aspectos

da incorporação de TICs na educação básica.

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CAPÍTULO 3

AS NOVAS TECNOLOGIAS NA ESCOLA

Ao iniciar este capítulo, ressalta-se a importância das novas tecnologias para

as metodologias de aprendizagem direcionadas ao Ensino Fundamental e ao Ensino

Médio, na atualidade.

Bender (2014), entre muitos outros autores, assevera a importância

fundamental das novas tecnologias para o desenvolvimento de projetos e atividades

no ensino de modo geral. Para o autor:

Embora se discuta o uso de quadros interativos, webquests, wikis, e blogs de turma como ferramentas para a educação de 2005, aplicativos de redes sociais mais recentes (p. ex. Ning) dispositivos tecnológicos de comunicação emergentes (p. ex. Smarphones, tablets) ou ferramentas para o gerenciamento do ensino em sala de aula (p. ex,.Moodle), já aparecem dominar as discussões sobre inovações de ensino baseadas em tecnologia. De fato, vários proponentes dessas novíssimas tecnologias de ensino preveem uma revolução virtual no processo de ensino e aprendizagem como resultado da constante modificação dessas tecnologias (BENDER, 2014. p. 71-73).

A tecnologia faz parte do cotidiano dos alunos na atualidade, assim, deve

constituir um instrumento metodológico constante nas salas de aula,

principalemente, porque, a cada dia, novas tecnologias surgem e são absorvidas

pela sociedade. A tecnologia desencadeia mudanças na sociedade como um todo e

na vida pessoal e profissional das pessoas. Cada vez mais, a tecnologia estará

presente na vida de todos. Assim, os profissionais das áreas acadêmicas terão que

se adequar a essas novas modificações.

Bender (2014), ao tratar das novas tecnologias no ensino, lembra que este já

foi baseado em softwears utilizados como mecanismos que proporcionavam práticas

repetitivas para o desenvolvimento de habilidades acadêmicas. Entretanto, as novas

opções tecnológicas irão proporcionar muitas oportunidades reais, pois incentivam

os alunos para que estes busquem solucão para problemas simulados, de forma

colaborativa, e para que criem conteúdos que podem ser utilizados como wikis,

blogs e midias digitais, que podem ser disponibilizados em smartphones,

Facebooks, MySpace e Ning. Esse é um dos motivos que levam muitos professores,

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cada dia mais, a utilizarem recursos tecnológicos em suas aulas e em seu cotidiano

acadêmico.

Uma das intenções ao se trabalhar com as novas tecnologias, em sala de

aula, é instigar habilidades diversas, como a criatividade, a inovação da

comunicação, a condução de pesquisas, a criticidade e a tomada de decisão sobre

as tecnologias mais eficazes e produtivas para a produção das atividades a serem

desenvolvidas (BENDER, 2014). Dese modo, a seguir, pretende-se demonstrar

como isso é possível, inclusive, na rede pública de ensino básico.

3.1 O que são Tics?

TIC é a sigla da expressão: Tecnologias da Informação e Comunicação,

conforme Neil Selwyn (2008), em "O uso das TIC na Educação e a Promoção de

Inclusão Social: Uma perspectiva crítica do Reino Unido", onde discute a relação e a

utilização das Tics na economia de uma sociedade globalizada.

Miranda (2014), em seu trabalho sobre o uso das TICs por Gestores e

Professores do Ensino Médio do Centro Educacional do Guará, afirma que:

As Tecnologias da Informação e Comunicação estão presentes em todas as camadas da sociedade, em maior ou menor escala, de forma mais simples ou mais complexa e não é mais possível que um gestor, que tem um papel de destaque na instituição que trabalha, principalmente sendo esse um lugar destinado a preparar futuros profissionais das mais diversas áreas e principalmente a preparar cidadãos, não esteja aberto e pronto para o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação. E a necessidade de estar receptivo às novidades e em condições de usar as tecnologias também vale para os professores, que estão mais diretamente ligados aos estudantes, pois muitos alunos que mesmo sem maiores conhecimentos técnicos e até os que não possuem aparelhos tecnológicos caros e de última geração em suas casas, sabem como operar muitas dessas máquinas e têm ânsia em explorar essas ferramentas (MIRANDA, 2014, p. 16).

Dessa forma, a sigla TIC engloba todas as novas tecnologias da informação

e comunicação, que, de alguma maneira, também são utilizadas em várias áreas da

educação. Hoje, cada vez mais, estas estão presentes nos ambientes escolares

como recursos pedagógicos utilizados por professores do Ensino Fundamental,

Médio e Superior.

Ao refletir sobre as novas metodologias que podem ser aplicadas à

educação, na atualidade, Lobato Miranda (2007) assevera que:

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O termo Tecnologias Aplicadas à Educação pode ser considerado sinônimo

de Tecnologias Educativas, pois trata‑ se de aplicações da tecnologia, qualquer que ela seja, aos processos envolvidos no funcionamento da educação, incluindo a aplicação da tecnologia à gestão financeira e administrativa ou a outro qualquer processo, incluindo, como é óbvio, o processo educativo ou instrutivo propriamente dito. As pessoas que trabalham no domínio da Tecnologia Educativa não se interessam só pelos recursos e avanços técnicos, mas também, e sobretudo, pelos processos que determinam e melhoram a aprendizagem. Estes processos podem integrar determinados tipo de recursos técnicos como, por exemplo, o computador e a Internet. O uso educativo do computador e da Internet pode ser considerado um subdomínio da Tecnologia Educativa. O termo

Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) refere‑ se à conjugação da tecnologia computacional ou informática com a tecnologia das telecomunicações e tem na Internet e mais particularmente na WorlWide Web (WWW) a sua mais forte expressão. Quando estas tecnologias são usadas para fins educativos, nomeadamente para apoiar e melhorar a aprendizagem dos alunos e desenvolver ambientes de aprendizagem, podemos considerar as TIC como um subdomínio da Tecnologia Educativa. Os termos Novas Tecnologias da Educação (NTI) e Novas Tecnologias da

Informação e Comunicação (NTIC) parecem‑me redundantes, pois a referência à novidade nada acrescenta à delimitação e clarificação do domínio. Mais ainda, o que é novo hoje deixa de o ser amanhã. Como já devem ter reparado os leitores, prefiro usar o termo Tecnologia Educativa para delimitar um domínio teórico e de investigação no qual me reconheço. Contudo, não me parece desadequado o uso de termos como Tecnologias Educativas ou Tecnologias da Informação e Comunicação, desde que no sentido anteriormente assinalado (LOBATO MIRANDA, 2007, p. 43).

Portanto, é inegável que as novas tecnologias estão presentes na vida de

todos, hoje em dia, porém, é necessário que os professores as utilizem, de forma

adquada, como recurso metodológico-pedagógico, visando à aprendizagem.

3.2 Tics e Blogs como Recursos Metodológicos na Aprendizagem

A necessidade de se trabalhar com as novas tecnologias e adequá-las às

metodológias de ensino se faz cada vez mais presente. Hoje, encontramos muitas

metodologias relacionadas às novas tecnologias, como Wikis, Facebook, e-mails,

video-aulas e blogs, como descrito anteriormente.

Adotar diferentes perspectivas de ensino e incorporar as novas tecnologias

exige que o professor saia da zona de conforto e enfrente o desafio de trabalhar com

projetos, que, muitas vezes, ficam somente no papel. Para Coutinho e Junior:

As tecnologias da informação e comunicação (TIC) criaram novos espaços de construção do conhecimento. Agora, além da escola, também a empresa, a residência e o espaço social tornaram-se educativos. Cada dia mais pessoas estudam em casa, podendo, de lá, aceder ao ciberespaço da formação e da aprendizagem a distância, buscar fora das escolas a informação disponível nas redes de computadores e em serviços disponibilizados pela Internet que respondem às suas exigências pessoais

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de conhecimento. O ciberespaço rompeu com a ideia de tempo próprio para a aprendizagem. O espaço da aprendizagem é aqui, em qualquer lugar; o tempo de aprender é hoje e sempre. As consequências de tudo isto para a escola, para o professor e para a educação em geral são enormes. As mudanças tecnológicas são rápidas e plenas de oportunidades, mas também imprevisíveis e cheias de incertezas (COUTINHO e JÚNIOR, 2007, p. 199).

Os professores da rede pública, de modo geral, têm lidado, cotidianamente,

com a desmotivação de muitos alunos, gerada por problemas relacionados à vida

pessoal ou, até mesmo, às próprias matérias. Nesse contexto, o uso das novas

tecnologias no ambiente escolar, além de motivar os alunos, que utulizam esses

recursos em seu dia a dia, torna o espaço da escola aberto a mudanças. Além disso,

na atualidade, não há como os professores e os profissionais da educação não se

adequarem as essas mudanças. Nesse sentido, para Coutinho e Junior:

Os ambientes de aprendizagem do futuro serão necessariamente abertos e flexíveis, interativos, combinando diferentes modos e estilos de aprendizagem dependendo do objeto de estudo, do aluno, do professor, do contexto, respeitando o nível de desenvolvimento cognitivo de cada um. Teremos de propor aos alunos abordagens multidisciplinares que os preparem para lidar com as incertezas de um mundo global em que aprendizagem e o conhecimento são os únicos instrumentos para evitar a exclusão social. Precisamos formar professores que dominem uma série de novas competências porque os desafios do futuro são enormes: a enorme teia de informação a que chamamos Internet já não é apenas um espaço a que acedemos para buscar informação, mas um ambiente descentralizado de autoridade, onde o conhecimento é construído de forma colaborativa já que cada um (e todos) somos livres para aceder, utilizar e reeditar a informação (COUTINHO e JUNIOR, 2007, p. 199).

Dessa maneira, entende-se que o Blog é um recurso interessante para se

iniciar um processo de aprendizado com os alunos. O Blog pode ser considerado

como recurso de divulgação de informações e conteúdos, no processo de

elaboração de projetos de Iniciação Científica. Além disso, os estudantes acabam

por conhecer outros recursos tecnológicos, diferentes dos que eles estão

acostumados a usar, como, por exemplo, o Facebook, o Whatsapp, o Twiter, entre

outros tipos de redes sociais. Na verdade, hoje, a maioria dos estudantes tem

conhecimento das tecnologias apenas através de redes sociais.

3.3 O que é um Blog?

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Um Blog é um instrumento tecnológico de divulgação de informações,

notícias e outros conteúdos, que pode abranger diversos assuntos com diferentes

objetivos, como, por exemplo: culinária, maquiagem, tecnologia, jogos, entre muitos

outros. Uma definição mais técnica da palavra Blog, entretanto, é apresentada por

Conceição Araújo no site www.infoesolca.com:

O blog, ou weblog, é uma das ferramentas de comunicação mais populares da internet. A pessoa que administra o blog é chamada de blogueira(o). Uma das características dos blogs é que, em geral, eles têm um aspecto muito parecido, isto é, o usuário é limitado no que diz respeito a alterações visuais. Outra característica dos blogs é a freqüência de atualização. Alguns são atualizados diariamente, outros semanalmente, mensalmente e, em alguns casos, até várias vezes por dia. Cada atualização ou publicação no blog é chamada de post (postagem)

Rojo (2012) aponta que existe um rol de multiletramentos que podem ser

classificados como o blog, que ele define como uma hipermídia baseada em escrita,

que pode apresentar mini e hipercontos, poemas visuais ou digitais, wiki, fanfics,

ferramentas de escrita colaborativa, entre outras produções. Por outro lado, pode

também ser classificado como uma hipermídia baseada em áudio, que é o caso de

podcasts, rádio (blogs), (fans) clips, entre outros.

Segundo Lima e De Grande (2014, p. 47), o termo Blog foi usado pela

primeira vez em 1997, por John Barger, que se utilizou desse termo para "descrever

sites pessoais com comentários e links que fossem atualizados com frequência."

Posteriormente, graças a algumas modificações, houve a criação da

ferramenta blogger e, a aprtir de então, os blogs se tornaram cada vez mais

populares, pois a ferramenta facilita a edição, a atualização e a manutenção de

textos (LIMA e DE GRANDE, 2014).

Assim, inicialmente, os blogs eram utilizados como um diário virtual, que

ficava disponível on-line para seus seguidores, aos pouco, entretanto, foi se

diversificando e abrangendo assuntos os mais diversos, como literatura, poesia,

publicidade de alguns artistas, de fãs clubes, de seguidores de seriados de

televisão, novelas, filmes, enfim, transformou-se de tal maneira que, hoje, o blog é

uma ferramenta que atinge milhares de pessoas por sua diversidade de temas e de

gêneros textuais.

Sobre a utilização de blogs como ferramentas metodológicas, Franco afirma

que:

[...] por ser uma ferramenta interativa, os blogs apresentam características técnicas que podem ser consideradas pedagógicas, embora não tenham sido criadas com este objetivo, que permitem alcançar o letramento digital.

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Como característica técnica, os blogs apresentam a possibilidade de publicação instantânea, em entradas cronologicamente inversas, permitindo a divulgação de textos, imagens, músicas, a capacidade de arquivamento de mensagens anteriores, disponível ao leitor, além de hiperlinks, que tanto podem, complementar o assunto em debate, quanto relacionar um blog a outros blogs. Nos programas específicos para criação dos weblogs, há ainda, ferramentas que, apesar de fazerem parte da estrutura técnica, podem ser consideradas pedagógicas, se devidamente utilizadas num blog que se proponha a trabalhar com aspectos educacionais, que são as ferramentas de interação com o público: como o espaço dos comentários, o livro de visitas e os murais virtuais. Estas ferramentas podem proporcionar situações de debates escritos, discussão de idéias, complementação de temas e pesquisas sobre diferentes assuntos educacionais, a partir dos textos lidos na parte referentes aos posts, ou até mesmo nos comentários. Além disto, o visitante do blog ao deixar um comentário, tem seu e-mail ou seu site identificado, o que permite ao autor do weblog, comunicar-se com quem escreveu, propiciando assim, mais uma forma de interação (FRANCO, 2005, p. 309).

A cada dia, surgem blogs diferentes sobre diferentes assuntos e com

formatos variados. Para este trabalho, foi elaborado um blog no formato mais

comum, um blog de informação e estudos, para servir como meio de "interação

acadêmica" on-line entre estudantes e a professora.

Os resultados dessa proposta poderiam ser positivos ou negativos. Assim, por

ensejar um resultado positivo, ou seja, que a resposta fosse adequada à desejada

por mim, inicialmente, fiz um levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos

sobre o cenceito de Iniciação Científica. Após dar os esclarecimentos, questionei os

estudantes sobre quais eram as ferramentas tecnológicas com as quais possuíam

maior familiaridade: e-mail, blog, Facebook ou outras.

O próximo passo foi buscar maneiras de articular os conhecimentos prévios

dos alunos com a proposta dos trabalhos com base em escrita científica. Assim, a

preocupação era encontrar a melhor maneira de propor atividades que estimulassem

a participação e, ao mesmo tempo, possibilitassem que os alunos entendessem os

conteúdos. Como se constatou que os estudantes possuíam mais familiaridade com

o Facebook do que com o Blog, a próxima etapa seria ensinar os estudantes a

utilizarem um Blog, para o desenvolvimento do produto educacional que se

pretendia criar, cujo conteúdo compreenderia textos adaptados com orientaçãoes

sobre o processo de desenvolvimento de Iniciação Científica, com base em uma

escrita científica. Nesse sentido, considera-se o Facebook o Blog bons instrumentos

de comunicação e aprendizagem.

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Assim, deve ficar claro que, para a estruturação de atividades relacionadas,

diretamente, às novas tecnologias, o profissional de educação (pedagogo, professor,

direção) deve se inteirar sobre o assunto, por meio de pesquisas e leituras. Muitas

vezes também, poderá se utilizar de ajuda de profissionais que tenham domínio

sobre o assunto, pois algum colega de trabalho que seja mais familiarizado com as

novas tecnologias

Antes de se apresentarmos os encaminhamentos metodológicos que foram

tomados para o desenvolvimento desta pesquisa, apresentarei um capítulo narrando

a minha trajetória, desde a iniciação na docência até o desenvolvimento de

diferentes projetos nas escolas onde trabalho, até chegar às questões de pesquisa.

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CAPÍTULO 4

DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO DA PESQUISA

4.1 Características da Pesquisa

O presente capítulo apresenta os procedimentos metodológicos utilizdos para

o desenvolvimento deste trabalho. Para Fárias Filho e Arruda Filho (2013, p. 91),

procedimento metodológico diz respeito a "métodos, técnicas e procedimentos, para

serem usados em pesquisas qualitativas; mas para que isso ocorra há a

necessidade que se tenha ideia de que é uma pesquisa ou uma abordagem

qualitativa [...]".

Para esses autores, essa forma de pesquisa se fundamenta em fontes de

evidência e formas de coleta diversificadas, e é nesta perspectiva que este trabalho

foi desenvolvido. Assim, foram utilizadas evidências complexas para sua

organização, pois, em alguns casos, são de difícil mensuração, por se tratarem de

dados subjetivos.

Chizzotti (2006) apresenta algumas situações semelhanças às da realidade

com a qual trabalhei, quando fala sobre a pesquisa-ação e a pesquisa-intervenção.

Neste estudo, me deparei com ambas as situações. Para o autor, a pesquisa-ação

constitui uma proposição de ações com o objetivo de superar condições adversas

detectadas, a partir de um daignóstico, visando a uma mudança de comportamento

de indivíduos ou populações ou o saneamento de algum problema.

Ao abordar a pesquisa-participativa, em sua obra, o autor afirma que se trata

de um:

[...] um conceito elástico, abrigando concepções e práticas de intervenção sob diferentes aspectos do processo participativo com a finalidade de orientar a prática. A pesquisa participativa, pelos seus pressupostos, distingue-se da pesquisa-ação lewiniana, embora tenha nela suas origens [...] [...] a pesquisa participante tem como pressuposto subjacente à sua

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história a democratização da produção do conhecimento e da sociedade, e o do desenvolvimento da justiça social. Não é um mero conjuntode métodos, meios e técnicas, mas se fundamenta em uma ética e em uma concepção alternativa da produção popular do conhecimento, segundo a qual as pessoas comuns são capazes de compreender e transicionar sua realidade. Trata-se de um modelo e de um meio de mudança efetiva para a qual os sujeitos implicados devem elaborar e trabalhar uma estratégia de mudança social (CHIZZOTTI, 2006, p. 90).

No decorrer do desenvolvimento do trabalho aqui apresentado, algumas

pesquisas e situações acabaram desencadeando modificações e adequações no

processo, conforme foram se estruturando as atividades, tanto com os estudantes,

como sobre temas diversificados e textos colocado no blog. Como exemplo, em

dado momento, percebeu-se a necessidade de se colocar vídeos para auxiliar os

estudantes no entendimento de alguns conteúdos, em outro, que havia necessidade

de mudar alguns procedimentos nos projetos dos estudantes para adequá-los ao

trabalho ou de melhorar a postura dos estudantes em relação ao desenvolvimento

de suas pesquisas.

Este trabalho, assim, caracteriza-se como uma pesquisa para a ação e

construção de conceitos que possibilitem ao estudante o entendimento de: como se

deve realizar uma pesquisa e quais os caminhos a serem seguidos (como descrito

em capítulo apropriado), desde a escolha do tema, o processo de construção do

trabalho até sua finalização. Para a elaboração do trabalho e para a coleta dos

dados, considerei alguns aspectos mencionados por Chizzotti (2006), tais como:

a- dados históricos da escola quanto à realização dos trabalhos (se realmente

seria a primeira vez que os estudantes desenvolveriam um trabalho desse tipo na

escola);

b- dados estatísticos - quanto ao número de alunos e como estes se

organizariam para desenvolver o trabalho, ou seja, se em duplas ou

individualmente;

c- atividades econômicas e sociais - quanto ao tipo de trabalho que os

estudantes poderiam vir a realizar, como, por exemplo, se haveria gastos ou se os

estudantes poderiam utilizar o laboratório da escola; ou se haveria gastos para cada

estudante para a realização de suas pesquisas e, posteriormente, de seus projetos

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(no caso de os alunos almejarem desenvolver algum material ou realizar

experimento);

d- envolvimento da comunidade escolar - se os estudantes escolherem

atividades relacionadas a outras áreas do conhecimento, seriam orientados a

procurar os professores dessas áreas para que estes os auxiliassem em algo mais

específico da área.

Desse modo, entende-se que este trabalho utilizou a abordagem qualitativa.

4.1.1 – Descrição dos participantes da pesquisa

Para o desenvolvimento da análise, no contexto do presente trabalho, foram

selecionados apenas os alunos de uma das turmas do Ensino Médio, no caso, a

turma do Segundo ano B, que apresentou maior diversidade de resultados e por se

tratar da turma mais compromentida com o desenvolvimento do projeto

Assim, constituíram, como participantes da pesquisa, 35 estudantes do 2º ano

B do Ensino Medio. O desenvolvimento das atividades, entretanto, ocorreu com

alunos das três séries do Ensino Médio. Desde o momento em que o projeto foi

proposto, a maioria dos estudantes se interessou e já começou a pensar em temas

sobre os quais poderiam pesquisar e desenvolver. Além disso, há alunos que fazem

parte de monitorias (Biologia e Geografia), que são atividades que, de certa forma,

proporcionam um primeiro contato com metodologias de Iniciação Científica e de

aprendizagem científica.

4.2 Desenvolvimento do Produto Educacional

Para iniciar o planejamento e a execução da montagem do produto

educacional, passei por vários estudos, como, por exemplo, o estudo de como se

deve caracterizar um cientista e da importância do aluno pesquisador e do professor

pesquisador. Pesquisei também sobre: como trabalhar com projetos e a importância

destes trabalhos; e como desenvolver projetos de Iniciação Científica no Ensino

Médio.

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Desse modo, para a montagem do produto educacional deste trabalho, ou

seja, do material que serviu para a elucidação dos alunos quanto às ferramentas de

estudo e pesquisa para o processo de elaboração dos projetos de Iniciação

Científica, tive que buscar recursos, fundamentos e pesquisar sobre o assunto.

Utilizei-me de duas obras mais específicas sobre o tema: Escola Conectada e

multiletramentos e as TIC's (obra organizada coletivamente por: Neto, Silva, Conti,

Almeida Azzari, Marsaro, Lopes, Thadei, Maia, Costa, Lima, Fernandes, Custódio,

Grande, Borges e Melo, 2012); e Multiletramentos na Escola (também coletiva,

organizada por: Pádua, Moura, Morais, Pimenta, Silva, Dias, Melo, Oliveira, Valezi,

Litron, Silva, Alencar, Custódio, Ferreira, Lezinete, Benevides & Santos, Gribi, Rojo e

Moura, 2012).

Tive um primeiro contato com esses assuntos em aulas desenvolvidas no

curso de Mestrado, como as aulas em que estudamos os vários gêneros textuais.

Inclusive, foram oferecidas, nesse curso, aulas específicas sobre multiletramentos e

letramento digital, algo mais específico sobre o tema. Isso me auxiliou muito no

planejamento e configuração dos produtos educacionais.

A seguir, apresento o detalhamento da montagem do Blog, ou seja, como

este produto foi planejado e se consolidou. Em um primeiro momento, foi algo que

se pensou como um suporte para as atividades de Iniciação Científica, por meio de

textos adaptados sobre temas aos quais os estudantes deveriam ter acesso.

As leituras tiveram como foco a alfabetização e o letramento digital para

alunos do Ensino Médio. Nesse sentido, conforme Lorenzi, Pádua e Rojo:

A criança, mesmo não alfabetizada, já pode ser inserida em processos de letramento, pois já faz leitura incidental de rótulos, imagens, gestos, emoções. O contato com o mundo do letramento acontece muito antes das letras vai além delas. O termo "letramento" é definido por Magda Soares (2000:47) como "o estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva as práticas sociais que usam a escrita". Ela ainda define a alfabetização como "a ação de ensinar/aprender a ler e escrever". O conceito de letramento comporta o conceito de alfabetização, e a alfabetização supõe ações específicas (LORENZI, PÁDUA e ROJO, 2012, p. 7).

Assim, entende-se que, para os estudantes do Ensino Médio, de certa

maneira, seria mais fácil a compreensão das atividades e o manuseio das

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ferramentas tecnológicas que teriam que utilizar para o desenvolvimento das etapas

do projeto de Iniciação Científica.

Houve, porém, um certo engano, pois, embora os alunos tenham acesso à

internet, ainda se apresentam como analfabetos digitais, pois, de modo geral, sabem

manusear o Facebook, mas não conseguem utilizar um Blog, o que, de certa

forma, foi uma surpresa. Nesse sentido, Rojo e Moura ressaltam que:

[...] trabalhar com os multiletramentos partindo das culturas de referência do alunado implica a imersão em letramentos críticos que requerem análise, critérios, conceitos, uma metalinguagem, para chegar a proposta de produção transformada, redesenhada, que implicam agência por parte do alunado (ROJO e MOURA, 2012, p. 8/9).

A leitura sobre vários assuntos, entre eles, a diversidade cultural encontrada

nas escolas e as diferentes estratégias metodológicas disponibilizadas na pedagogia

dos multiletramentos foram, indiscutivelmente, muito importantes. Embora o mundo

viva um momento de globalização, os indivíduos, em suas comunidades locais,

apresentam característics multiculturais específicas e desenvolvem atividades

peculiares, com base nos conhecimentos comuns à sociedade da qual faz parte. A

globalização, entretanto, possibilita a disseminação de uma multimodalidade de

culturas, assim, quando se utiliza textos diversos, propocia-se a possibilidade de

uma multiculturalidade, pois os indivíduos, ao se informarem, podem chegar a um

único conceito: o multiletramento, que embasa o presente projeto, pois trabalha não

somente o desenvolvimento da escrita científica, como também, com o aprendizado

de várias formas de se comunicar e de se conectar com o rol de assuntos existentes

no mundo (ROJO, 2012).

Rojo e Moura (2012), ao tratarem da multiplicidade de linguagens, assinalam

que existem modos ou, ainda, semioses, nos textos de circulação, que podem ser

impressos ou não, e em mídias audiovisuais, digitais ou não, tais como: revistas de

moda, de informática e, inclusive, revistas direcionadas a temas científicos (Science,

Nature, Revista da Biologia), em áreas diversas. Além disso, existem periódicos de

informática direcionados a dar suporte ao desenvolvimento de novas metodologias

no âmbito do ensino, na atualidade. Pode-se encontrar periódicos de informática na

internet, como os jornais e documentários, entre outros. Esses textos, de modo

geral, apresentam as seguintes características:

:

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a- eles são interativos; mais que isso colaborativos;

b- eles fraturam e transgridem as relações de poder estabelecidas, em especial as relações de propriedade (das máquinas, das ferramentas, das ideias, dos textos [Verbais ou não]);

c- eles são híbridos, fronteiriços, mestiços (de linguagem, modos, mídias e culturas) (ROJO e MOURA, 2012, p. 23).

Como a base de tudo, no mundo atual, é tecnológica, todos precisam se

atualizar, professores e alunos, pois as novas tecnologias devem estar presentes na

sala de aula, por serem um recurso extremamente eficiente e por fazerem parte do

interesse dos estudantes. Foi nesse contexto que se desenvolveu o projeto de

Iniciação Científica, aqui referido.

Por ser um instrumento que o estudante tem à sua disposição a qualquer

momento do dia, pensou-se na criação do Blog e de uma página no Facebook.

Desse modo, os alunos poderiam tirar dúvidas, no Blog, quanto ao tema idealizado,

à pesquisa e à eleboração do trabalho. Assim, foram adaptados e disponibilizados

textos relacionados à Iniciação Científica, bem como, noções básicas sobre ciência,

pesquisa e elaboração de projetos. Além disso, houve necessidade de orientar os

alunos sobre o manuseio do Blog. Nesse sentido, segundo Lorenzi e Pádua:

[...] no espaço digital, a autoria confronta diariamente com a apropriação: leitor e autor nunca interagiram de maneira tão intensa, e os espaços de produção são cada vez mais interativos, e colaborativos (um exemplo disso é a Web Wiki). A escola ficou à parte, os ambientes colaborativos de aprendizagem parecem se restringir ao universo virtual. Mesmo assim, as salas de aula seriam excelentes espaços para a construção de múltiplos textos e linguagens, com múltiplos significados e modos de significar (LORENZI e PÁDUA, 2012, p. 37).

Após muitas leituras, passei à montagem do Blog. O site utilizado foi o

Wordpress, por ser gratuito e por apresentar possibilidades diversas quanto à

estética da página, entre outros aspectos que o tornam também atrativo para os

alunos. Após a iniciação do desenvolvimento do aplicativo, seguiu-se, atentamente,

as etapas necessárias para a criação do Blog. Posteriormente, tive a ideia de

relacionar o Blog a uma página no Facebook, pois, em conversas informais com os

alunos, notei que estes o utilizavam diariamente.

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Assim, interliguei ambos, Blog e Facebook, conforme demosntrado, no

Apêndice (páginas 63, 64, 65 e 66), pois, quem acessasse o Blog, automaticamente

também teria acesso ao que estava no Facebook e vice-versa.

Após o término da estruturação do Blog, pensei em como deveriam ser

inseridos os textos e os vídeos que iriam auxiliar os alunos na estruturação e

elaboração de o tudo que fosse colocado no Blog. Nesse sentido, conforme Rojo e

Moura (2012), em Escola Conectada os multiletramentos e as Tics:

É preciso que a instituição escolar prepare a população para um funcionamento da sociedade cada vez mais digital e também para buscar no ciberespaço um lugar para se encontrar, de maneira crítica, com diferenças e identidades múltiplas (ROJO e MOURA, 2013, p.7).

A partir de então, comecei a adaptar os textos em forma de resumo, mas,

mesmo assim, os alunos apresentaram dificuldades para o entendimento dos

mesmos, muitas vezes, pela complexidade terminológica ou por falta de vocabulário

específico por parte dos estudantes. Posteriormente, comecei a colocar os textos em

forma de tópicos, determinando apenas o que, realmente, era mais relevante para

os alunos, e comecei a procurar vídeos relacionados aos temas, que deveriam ser

assistidos pelos estudantes.

Em muitos momentos, também utilizei esquemas e fluxogramas para

disponibilizar todos os tipos texto e, assim, levar os alunos a desenvolver diversas

habilidades de leitura (Apêndices 21, 23, 24, 25, 26 e 27).

Nesse contexto, Rojo e Moura (2013) ressaltam que a internet disponibiliza

um rol diversificado de opções: jornais, revistas, charges, tiras, minitextos, hiper-

textos, blogs, wiki, entre outras ferramentas de aprendizagem que podem auxiliar no

desenvolvimento e na compreensão deste trabalho. Para os autores, há:

- Hipermídia baseada em escrita (mini e hisertextos, poemas visuais ou digitais, blogs, wiki, fanfics, ferramentas de escrita colaborativa etc.);

- Hipermídia baseada em áudio (podcasts, rádio (blog)s, (fans)clips etc.);

- Hipermídia baseada em desing (animações, games, arte digital, etc);

- Hipermídia baseada em fotos (photoshoping, fotologs, animações, fotonovelas digitais, etc);

- Hipermídia baseada em vídeo (videologs, remixes e machup, (fan) clips, etc);

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- Redessociais (Orkut, Facebook, Google+, Twitter, Tumblr, etc);

- Ambientes educacionais (AVA, portais, etc.) (ROJO e MOURA, 2013, p.9)

Inicialmente, os textos colocados apresentavam uma linguagem bastante

acessível para os estudantes, ou seja, não foram redigidos a partir de uma

linguagem propriamente técnica, entretanto, aos poucos, foram sendo introduzidos

termos tercnicos e os textos começaram a apresentar uma liguagem adequada à

necessidade do trabalho em questão.

Cada conteúdo era apresentado a partir de formas diversificadas de

linguagem, com o objetivo de abranger todos os estudantes, pois alguns

compreendem melhor textos escritos, outros, orais, outros ainda, os visuais. Desse

modo, preocupei-me em colocar, no Blog, textos (adaptados), transcrições, vídeos e

fluxogramas para que todas as formas de aprendizagem fossem disponibilizadas.

Muitas vezes, porém, os textos mostrados e anexados no Blog tinham que ser

explicados, individualmente, para alguns dos estudantes, pois os mesmos ainda não

os entendiam. Percebi a dificuldade que os estudantes tinham para interpretar e

fazer ligações entre áreas de conhecimento. Parece que os mesmos colocam seus

conhecimentos, por exemplo, de Biologia e Matemática, em compartimentos que

não podem sem interligados. Os alunos só compreenderam a relação entre estes

quanto tiveram que fazer a tabulação de seus dados para a elaboração de tabelas

ou gráficos para seus projetos de Iniciação Científica.

4.3 Projeto de Iniciação Científica na Escola

Essa seção apresenta a descrição, passo a passo, do processo de

elaboração e desenvolvimento do projeto de Iniciação Científica.

Em um primeiro momento, levei ao conhecimento da orientadora da escola

minha pretensão de desenvolver um trabalho de Iniciação Científica nas aulas de

Ciências e Biologia. A seguir, fiz buscas no Youtube sobre atividades de pesquisa,

levantamentos de dados e outras atividades específicas, que estudantes deveriam

realizar ao desenvolver projetos de Iniciação Científica, e constari que esse tipo de

atividade poderia ser aplicado no Colégio Estadual Attilio Codato.

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Comecei a vislumbrar que esse tipo de projeto renderia possíveis frutos

positivos em relação a conhecimentos e à possibilidade de despertar nos alunos o

interesse em se tornarem estudantes/pesquisadores e, consequentemente,

chegarem aos bancos acadêmicos com uma noção do que é e como se realiza uma

pesquisa científica.

Assim, comecei a elaborar o projeto, pois este deveria constar no Projeto

Político Pedagógico da escola. Houve a necessidade, também, da aprovação da

direção e da equipe pedagógica, responsáveis pelos projetos em andamento na

escola em questão. Após conversa com a direção e com a equipe e sua aprovação,

passei a apresentar o projeto para os estudantes. Inicialmente, seria este seria

aplicado somente em uma única turma do colégio, porém, após a explicação nessa

turma, outras começaram a questionar o porquê de a aplicação ocorrer somente

com um grupo específico de alunos. Como eu já trabalho com outros projetos, na

escola, os estudantes já estão naturalmente estímulados a participar de atividades

diferenciadas.

Meu trabalho surgiu como ensejo de superação de ideias simplistas na

educação básica. Considero que a educação científica é uma oportunidade para

estudantes abrirem horizontes para um mundo cheio de mudanças. Nesse sentido,

conforme Demo:

Educação Científica vem muito antes das habilidades do século XXI, sendo preocupação e desafio tradicionais em países mais avançados, em especial naqueles que as universidades são tipicamente de pesquisa (não de ensino) e o professor define pela autoria, não pela aula (Duderstadt, 2003). Como sugerem Amsden e Duderstadt, "pessoas dedicadas e suas ideias" são a autêntica riqueza das nações, o que tem encontrado eco substancial em ambientes virtuais usados para fomentar a autoria individual e coletiva, como é o caso notório da wikipedia (Lih, 2009). Apesar de controvérsias ácidas em torno da wikipedia (O'Neil, 2009), nela pode-se fazer um texto científico de qualidade, discutir produtivamente online, preferir a autoridade do argumento ao argumento de autoridade, participar do ambiente científico sem pruridos acadêmicos. Como observa Friedman (2005) em sua obra "O mundo é plano", há diferença fatal entre países que apreciam ciência e incentivam o estudo e outros que se orientam por outros valores tradicionais. Em sua sugestão, países latinos, entre outros, não se dedicam de modo satisfatório ao desafio da educação científica. Os jovens são atraídos pelo sucesso profissional sem estudo, como pode ocorrer com jogadores de futebol, atores, modelos, cantores, etc. De fato, entre nós "estudar" ainda faz parte das atividades similares a castigo (DEMO, 2008, p. 01).

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Aproveitei todas as oportunidades e recursos disponíveis para subsidiar meu

objetivo de propiciar noções de iniciação e produção científica. Dois fatores foram

importantes para o projeto: o interesse dos estudantes; e as ferramentas

tecnológicas que possibilitaram o desenvolvimento de atividades fundamentadas em

orientações e informações disponíveis 24 horas por dia.

Ao iniciar o projeto, expus aos estudantes que os mesmos poderiam escolher

assuntos que fossem de seu interesse ou que tivessem relação com áreas que

pretendiam seguir em sua vida acadêmica, e, se possível, deveriam relacioná-los

com a área de Biologia, na qual o trabalho seria desenvolvido.

Desse modo, orientei-os a procurar artigos científicos no Google Acadêmico

sobre os assuntos que escolheram. Os estudantes poderiam desenvolver os

projetos em dupla ou individualmente, pois essa é uma questão com a qual o

professor deve se preocupar quando encaminha um projeto desse tipo no Ensino

Médio, já que os pais não permitem que os filhos se desloquem para a casa de um

colega, caso não haja um responsável em casa. Nesse caso, muitas vezes, ocorrem

situações em que somente um dos estudantes se dedica às atividades. Então, para

evitar tais situações, foram propostas duas possibilidades, ou seja, poderiam

desenvolver os projetos em dupla ou individualmente.

Percebi um interesse maior, pois estavam, inicialmente, pesquisando sobre

assuntos que eram considerados interessantes para eles, dentro de uma área de

conhecimento relacionada à que pretendiam seguir na graduação. Foi motivador

verificar esse entusiasmo dos alunos quanto ao projeto. Em vista desse interesse,

quero ressaltar as reflexões de Demo, quando diz que há:

[...] a tendência a tomar educação científica como promoção de eventos, campanhas, solenidades, iniciativas tipicamente eventuais e que se bastam com realces, acentuações, acenos. Para superar esta maneira de ver, é fundamental tomar educação científica como parte da formação do aluno. Isto não precisa desconhecer a pressão externa em favor desta ideia e que provém da necessidade inelutável de se preparar melhor para a sociedade intensiva de conhecimento, em geral reduzida a apelos do mercado competitivo globalizado. Como parte da formação do aluno, esta noção comparece nas melhores teorias da aprendizagem, a começar pelo construtivismo, no qual aprendizagem se dá pela desestruturação de esquemas mentais estabilizados frente a dinâmica que se interpõem e não podem mais ser tratadas como antes. Novas estruturações se fazem necessárias levando a estágios mais elevados de elaboração, e assim sucessivamente [...]. Neste tipo de perspectiva, hoje amplamente adotado nos ambientes virtuais de aprendizagem (Gee, 2003; 2007), o processo formativo ocorre conjuntamente com o processo de construção de conhecimento, uma noção que se tornou conhecida entre nós como "educar

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pela pesquisa" (Demo, 1996, Galiazzi, 2003): educar pesquisando, pesquisar educando. Significa que a formação científica não pode ser visualizada como interferência externa eventual, mas como dinâmica intrínseca do próprio processo formativo (Demo, 2014, p. 9-10).

Esse projeto ampliou sua abrangência, já que, inicialmente, era para ser

realizado somente com uma turma do Ensino Médio, porém, após a equipe

pedagógica da escola e a direção verem o projeto, este se estendeu a todas as

turmas em que eu ministrava aulas, como desejavam os alunos. Lembro que, para a

coleta de dados, escolhi uma turma que possuía diferentes opiniões, diversas

dificuldades e variados temas de trabalho, para que conseguir diferentes dados

para análise.

Por meio de textos adaptados, no Blog, apresentei a importância do estudo

científico e da formação de cientistas. Em outras oportunidades, também convidei

os alunos para participarem de palestras sobre o assunto, promovidas pela UEL,

com base no projeto Cientista na Escola. É importante os alunos tenham também

noções básicas sobre educação científica e de como esta deve ser desenvolvida nas

escolas. Para Demo:

Educação Científica é naturalmente, tributo ao conhecimento dito científico. Conhecimento científico, ainda que seja, aparentemente, a grande obviedade por trás desta discussão, está longe de ser noção consensual e tranquila. Existe por certo algum ou suficiente consenso entre os cientistas em torno do conhecimento científico, como se pode observar na universidade, em especial em defesas de dissertações/teses, ao serem questionadas/aprovadas. Em geral, considera-se ciência como "questão de método": um texto metodologicamente correto, conforme as expectativas do método científico. Método científico realça modos ordenados, lineares, procedimentais e formas de construção de texto, como são todas as teorias: oferecem um modelo reduzido da realidade complexa não linear, ressaltando os traços considerados hipoteticamente mais essenciais, e um uma tessitura formalizada (ordem do discurso) (Foucault, 2000). Esta perspectiva privilegia ostensivamente componentes formalizáveis da realidade, por caberem melhor no método, algo questionado por críticos modernos e sobretudo pós-modernos, como Morin, sob a noção de "ditadura do método" (1995;1996;2002). Componentes formalizáveis facilmente levantam a pretensão de universalidade (leis da realidade) reclamando foros de verdades peremptórias: tornam-se as formas matemática, lógica, códigos, gramática...- como essência da realidade, ignorando-se sua historicidade e politicidade. Formas parecem ser universais - não há uma matemática para cada cultura -, mas a existência é sempre datada e localizada. Uma coisa era a matemática que Einstein usava - a mesma de todos -, outra coisa era o próprio Einstein, um ser com prazo de validade, datado e localizado (DEMO, 2014, p.5/6).

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Antes de se levar um tema ou uma pesquisa para uma discussão, deve-se

analisar sua relevância e, se necessário, sua aplicabilidade científica. Além disso,

para que estudos científicos tenham coerência, necessita-se do suporte de uma

estrutura metodológica a ser seguida, da definição da forma como serão

apresentados os trabalhos e de como serão fundamentados os argumentos e as

hipóteses e realizadas as análises e os gráficos inseridos em um trabalho científico.

Assim, antes de se lançar à pesquisa, o estudante/cientista deverá investigar a

possibilidade de aplicação de seu projeto e de seu desenvolvimento.

É importante deixar claro, também, para os alunos, que um cientista demora

para ser formado, não surge de um dia para o outro, e que esse processo/caminho

exige que sejam vencidas etapas, com base no respito às regras, aos ordenamentos

aos e métodos, pois ó assim os objetivos serão alcançados.

Abaixo, segue uma sequência, elaborada por mim, para a entrega de

atividades (estas atividades eram passadas semana a semana, para que os alunos

tivessem tempo hábil para pesquisar, se organizarem e as encaminharem para a

professora). A sequência era a seguinte:

a- escolha de um assunto pelos estudantes;

b- pesquisa de 5 artigos sobre o tema escolhido pelos estudantes, que apresentarei

como anexo, elaborado por mim, com os temas escolhidos pelos alunos;

c- encaminhamento, por e-mail, destes materiais, mais o possível tema escolhido

pelos estudantes;

d- leitura e resumo dos textos e encaminhamento para mim;

e- questionário sobre o Blog;

d- questionário sobre o trabalho;

e- elaboração de um projeto de Iniciação Científica.

Em seguida, comecei a orientar os estudantes sobre como deveriam realizar

suas pesquisas e com que olhar deveriam iniciar este processo. As atividades

seguiram o seguinte cronograma:

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Quadro 1 - Temas escolhidos pelos alunos

1- Entrega do tema por e-mail - previsão de 15 dias após a data da aula expositiva sobre o tema

2- Devolução da correção do tema e das orientações quanto ao tema escolhido (ou seja, orientação de possíveis hipóteses ou

objetivos para cada tema, - orientação da professora individualmente para cada projeto).- por e-mail

3- Devolução, após 15 dias da correção da professora, por e-mail, da descrição e do problema do tema.- enviado pelos alunos

por e-mail.

4- Correção individual pela professora por projeto e devolução das correções por e-mail

Obs: Quando necessário, a professora convocava os estudantes para discutir e direcionar, individualmente, cada um dos

projetos.

5- Apresentação do questionário 1 para os estudantes responderem, individualmente, no blog - 10 dias após as correções.

6- Atendimento individual de cada projeto para organização, retirada de dúvidas e orientação de como realizar a pesquisa,

individualmente, em horário de contraturno na escola- previamente agendado.

7- Após estes atendimento e a resposta do questionário, os alunos tiveram 20 dias para a entrega do projeto, com a

metodologia científica apresentada no blog, para professora.

8- Correção dos projetos pela professora, e orientação individual quanto as possibilidades de aplicação do projeto na escola e

orientação para a aplicação

9- Finalização das correções das atividades pelos alunos para entrega posterior para a professore e elaboração de

apresentação oral.

Fonte: Coletada na escola Attilio Codato, na apresentação dos temas escolhidos para a professora

Legenda: itens 1, 2 e 3 foram desenvolvidas nos meses de março, abril e maior. Os itens 4, 5, e 6,

foram desenvolvidos nos meses de agosto e setembro, e os itens 7, 8 e 9, foram desenvolvidos nos

meses de outubro e novembro/2016.

Nesse momento, orientei os estudantes que procurassem pelo menos cinco

artigos e escolhessem, desse rol, um tema que gostariam de trabalhar, que deveria

ser encaminhado para a professora, com o nome dos estudantes (duplas ou

individual), além do tema que pretenderiam trabalhar.

No caso dos trabalhos apresentados na escola pelos alunos, obtive

resultados múltiplos, tanto nos específicos da área de Biologia, como nos de áreas

diversas: eletrônica, artes, música, história, geografia, matemática ou novas

tecnologias.

Em um segundo momento, notei a dificuldade dos alunos para realizar as

pesquisas, pois os mesmos não sabiam acessar, de forma correta, o Google

Acadêmico. Desse modo, adotei uma prática de atendimento coletivo - inicialmente

em sala de aula - para a orientação de como acessar a internet de forma adequada.

Também notei a necessidade de apresentar uma aula específica para orientar os

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alunos quanto às diferenças básicas entre um artigo, um TCC, uma monografia, uma

dissertação e uma tese, dos quais não tinham qualquer conhecimento. Até esse

momento, o conhecimento de artigo que os alunos possuíam era somente o de

artigos relacionadas à área de Português, no âmbito de gêneros textuais. As

principais referências utilizadas para o entendimento da metodologia científica e sua

aplicação na educação básica foram Köche (2006) e Cereja e Magalhães (2013).

Além disso, foi necessário esclarecer aos estudantes sobre a importância das

novas tecnologias como ferramentas de suporte para o desenvolvimento das

atividades de pesquisa e elaboração de cada um de seus projetos. Segundo

Almeida:

Com o uso da tecnologia de informação e comunicação, professores e alunos tem a possibilidade de utilizar a escrita para descrever/reescrever suas ideias, comunicar-se, trocar experiências e produzir histórias. Assim, em busca de resolver problemas do contexto, representam e divulgam o próprio pensamento, trocam informações e constroem conhecimento, num momento de fazer, refletir e refazer, que favorece o desenvolvimento pessoal, profissional e grupal, bem como a compreensão da realidade (ALMEIDA, 2001, p. 2).

O autor também salienta que já existem, em âmbito nacional, programas de

incentivo à iniciação científica integrada à tecnologia:

A integração da tecnologia de informação e comunicação - TIC- na educação pública brasileira já passou por várias fases e traz em sua trajetória uma perspectiva inovadora, que distingue o Programa Nacional de informática em Educação - Proinfo-, da Secretaria de Educação a Distância- Seed - do MEC, das ações correlatas de outros países respectivas políticas públicas para o setor. Em nosso caso, a característica básica é a inter-relação entre pesquisa, formação e prática com o uso da tecnologia de informação e comunicação. Aprende-se a conhecer, aprendendo a fazer e a refletir sobre esse fazer. (ALMEIDA, 2001, p.2).

Mesmo com esses projetos, o trabalho com TICs ainda apresenta alguns

obstáculos. Muitos dos estudantes tiveram que ser orientados individualmente, pois

apresentavam dificuldades particulares para utilizar as ferramentas tecnológicas e

para realizar uma pesquisa de forma adequada e organizada. Ao perceber os

problemas apresentados pelos estudantes para desenvolverem seus projetos,

orientei-os sobre como deveriam utilizar o instrumento Blog e o do grupo no

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Facebook, que os auxiliariam em qualquer momento, por se tratar de um material

on-line, assim, constantemente à disposição para resolver as dúvidas que, por

acaso, tivessem nesse primeiro momento.

Após os estudantes encaminharem seus e-mails com os temas e os artigos

que separaram para desenvolver suas pesquisas, tive que ensiná-los, também, a

organizar suas pesquisas e como deveriam realizar as leituras (este é o atendimento

individual mencionado anteriormente).

Todos esses procedimetos remetem a Almeida (2001), quando assevera que

todos os profissionais da área da educação deveriam começar a romper as paredes

das salas de aula e da escola, e, por meio de atividades diferenciadas, promover

uma integração com a comunidade e com a sociedade, para possibilitar a produção

de conhecimentos e a aproximando do objeto de estudo escolar da vida cotidiana,

de modo a transformar a sociedade.

Como sequência das atividades, após a leitura dos artigos, os estudantes

enviaram para mim, por e-mail, como segunda etapa, a descrição de como

gostariam de desenvolver as atividades de seu projeto de pesquisa.

Nesse momento, foi necessário conversar com os estudantes sobre cópia,

plágio, pois, nas descrições recebidas, notei muitas cópias, na íntegra, de artigos

que haviam enviado.

A dificuldade seguinte foi escolher e delimitar um tema, sem que copiassem

algo que já estava pronto. Observei, entretanto, que os alunos, simplesmente,

pegavam trabalhos prontos e os traziam para mim, como se fossem deles. Assim,

após essa constatação, também houve necessidade de orientá-los quanto a esse

tipo de comportamento e às consequências do mesmo para os envolvidos, além de

realizar orientações sobre citações e diferentes fontes de informação.

Essas atividades foram entregues até o final do primeiro trimestre pelos

estudantes. Inicialmente, seria um projeto fora das atividades anuais dos alunos, que

possibilitaria conhecimentos científicos. Entretanto, em consenso com a equipe

pedagógica da escola e pelo relevante esforço dos alunos em realizar o projeto,

foram atribuídas notas para o primeiro trimestre. De certa forma, esse foi o estímulo

maior que os estudantes receberam.

Demo (2014) relata que, em termos práticos, a educação científica significa

saber lidar com determinadas situações e atividades que sempre estarão

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interligadas à sociedade ou a um momento que a sociedade atravessa, uma

mudança, uma descoberta. Assim, deve-se aprimorar as oportunidades de

desenvolvimento, como:

[...] aproveitar os conhecimentos científicos que possam elevar a qualidade de vida, por exemplo, em saúde, alimentação, habitação, saneamento, etc., tornando tais conhecimentos oportunidades fundamentais para estilos de vida dignos, confiáveis e compartilhados; [...] universalizar o acesso a tais conhecimentos, de modo que todos os alunos possam ter sua chance, mesmo aqueles que não se sintam tão vocacionados; é propósito decisivo elevar na população o interesse por ciência e tecnologia, em especial inserir na importância do estudo e da pesquisa; [...] tornar a inclusão digital cada vez mais o centro da inclusão social, evitando reduzi-la a meros eventos e opções esporádicas e focando-a no próprio processo de aprendizagem dos alunos e professores (DEMO, 2014, p.10/11).

Nas leituras dos projetos apresentados pelos estudantes do Ensino Médio,

notei uma diversidade de assuntos que se associa muito com as áreas que foram

mencionadas anteriormente.

Como utilizei mecanismos tecnológicos para dar suporte para o

desenvolvimento do projeto, que foram o Blog e a página no Facebook, busquei na

literatura confirmação da validade desse recurso. Nesse sentido, conforme Almeida:

No hipertexto, cada sujeito define o caminho a seguir entre os distintos caminhos, nós e conexões existentes. Cada nó caracteriza-se como um espaço de referência que pode ser visitado e explorado, e não como local de visita obrigatória. Mesmo que exista, da parte dos conceptores do sistema hipermediático, uma tentativa de aproximar a estrutura do hipertexto da linearidade (característica do ensino tradicional) e do respectivo controle e direcionamento, a interatividade inerente desse sistema impulsiona o ir e o vir pelos nós e ligações, não permitindo aprisionar quem o utiliza. Cada pessoa assume o risco de escolher seus próprios caminhos, de aventurar-se a enveredar pelo conhecimento e de descobrir-se perdido ou de chegar a novas descobertas (ALMEIDA, 2001, p.6).

Observou-se, durante o processo, muitas situações de dificuldade que foram

sendo supridas por minha mediação e, também, pelos materiais disponibilizados no

Blog. Almeida deixa clara a importância da aprendizagem por projetos:

A aprendizagem por projetos ou situações-problema ocorre por meio da interação e articulação entre conhecimentos de distintas áreas, conexões estas que se estabelecem a partir dos conhecimentos cotidianos dos alunos, cujas expectativas, desejos e interesse são mobilizados na construção de conhecimentos científicos. Os conhecimentos cotidianos emergem como um todo unitário da própria situação em estudo, portanto sem fragmentação disciplinar, e são direcionados por uma motivação intrínseca. Cabe ao professor provocar a tomada de consciência sobre os conceitos implícitos nos projetos e sua respectiva formalização, mas é

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preciso empregar o bom senso para fazer intervenções no momento apropriado (ALMEIDA, 2001, p. 7/8).

No desenvolvimento dos projetos, é inquesationável que a orientação do

professor é importante, principalmente, quando os estudantes estão tendo contato

com atividades científicas pela primeira vez, em toda sua vida escolar. O estudantes

necessitam de um norteador, um orientador, que possa tirar suas dúvidas a qualquer

momento, o que foi importante para os estudantes do Ensino Médio, não só em

relação à escolha do tema, mas, também, na elaboração do projeto em si, para o

entendimento do que se trata o tema, do que é um objetivo, objetivo geral e

específico, da importância do referencial teórico e de como relatar, no texto, a

justificativa. Além disso, como considerar o fato de não poder copiar e, quando o

fizer, usar as regras necessárias para serem colocadas no projeto, inclusive, no que

ser refere às referências. Nesse sentido, segundo Almeida:

O professor que atua nessa perspectiva tem uma intencionalidade enquanto responsável pela aprendizagem de seus alunos e está constitui o seu projeto de atuação, elaborando com vistas a respeitar. Os diferentes estilos e ritmos de trabalho dos alunos, o trabalho colaborativo em sala de aula no que se refere ao planejamento, escolha do tema e respectiva problemática a ser investigada. Não é o professor quem planeja para os alunos executarem ambos são parceiros e sujeitos de aprendizagem, cada um atuando segundo o seu papel e nível de desenvolvimento. (ALMEIDA, 2001, p. 8)

No segundo trimestre de 2016, os estudantes desenvolveram a segunda parte

dos seus projetos. Em um primeiro momento, revi a escrita com os estudantes, que

produziram um material no power point e apresentaram para a escola. Os

estudantes que tiveram algum interesse em participar dos eventos, que ocorreram

nesse segundo semestre de Iniciação Cientifica, se inscreveram.

Nesse momento, o atendimento foi individualizado aos

estudantes/pesquisadores. Eles receberam orientação quanto à forma de elaborar

os slides no power point e de como deveriam apresentar, oralmente, seus projetos.

O processo que foi utilizado pela professora está descrito na Tabela 02,

abaixo: :

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Quadro 2 - Procedimento realizado para a orientação da professora

1- Orientação da professora/pesquisadora (pois cada grupo tem um tema diferente do outro, tendo a necessidade de se

atender os estudantes por assunto, tema) por grupos de estudantes ou individualmente.

2- Revisão da estrutura metodológica de cada projeto; a problematização, bem como, os objetivos e justificativa.

3- Orientação dos alunos quanto à forma de apresentar seus slides (montagem deverá obedecer uma sequência de

apresentação e, posteriormente, ser apresentada em forma de seminários)

3- Correção dos textos dos slides.

4- Apresentação, em forma de seminário, para a escola .

5- Caso os alunos se interessarem por inscreverem seus projetos de Iniciação Científica em eventos, como, por exemplo, a

Ficieência 2016

Fonte: Desenvolvido pela professora pesquisadora para orientar os estudantes

Legenda: os itens 1, 2, e 3 foram desenvolvidas nos meses de março, abril e maio. Os itens 4, 5 e 6

foram desenvolvidos nos meses de agosto e setembro de 2016.

Com essa atividade, os alunos puderam ter uma compreensão adequada da

estrutura e das metodologias utilizadas em trabalhos científicos, além disso, tiveram

a experiência de uma apresentação oral de seus projetos, de modo a se

prepararem para futuros trabalhos na graduação e em suas vidas profissionais.

Ficou clara a possibilidade de continuar a desenvolver esse projeto no

Colégio Attílio Codato, no qual ministro aulas de Ciências e Biologia, pois, a partir de

em conversas informais com os estudantes que fazem parte do processo, o retorno

foi muito positivo, tanto em relação aos os trabalhos desenvolvidos como no que diz

respeito às respostas individuais de cada aluno. Com base nessas informações, a

escola e a equipe pedagógica sugeriram que esses projetos sejam desenvolvidos,

também, em outras séries, e não somente no Ensino Médio. Desse modo, o projeto

abrangerá desde alunos do 6º ano do Ensino Fundamental até os alunos do Ensino

Médio. Almeja-se, também, que essa prática não se limite à área de Ciências e

Biologia, mas envolva todas as áreas do conhecimento.

4.4 Dinâmica da escolha dos projetos

Os estudantes tiveram a possibilidade de escolher seus temas, desde que

estes apresentassem uma relação com a Biologia, mesmo sendo de áreas diversas.

Assim, alguns relacionaram a área de Arquitetura com a Biologia, ao escolherem

como tema 'uma casa sustentável'; outros, relacionaram História e Biologia, ao

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abordarem 'levantamento bibliográfico da evolução histórica das próteses (pernas,

braços etc..)'.

4.5. - Instrumentos de coleta - Descrição da coleta

Antes de propor os questionários aos estudantes, no Blog, tive a preocupação

de estruturar textos e vídeos (youtube) que acompanhassem o desenvolvimento do

projeto de pesquisa do tema pelos estudantes. Esta dinâmica teve como objetivo

esclarecer: como realizar o processo de elaboração do projeto (estrutura a ser

seguida), o significado de cada tópico; e de que forma estes deveriam ser

elaborados ( passos já especificados em capítulos anteriores).

4.5.1 – Questionários

Foram elaborados três questionários e dois destes foram aplicados aos

estudantes. O primeiro (Apêndice 32) abordou o Blog e o trabalho, e o segundo

(Apêndice 33), mais específico, abordou a construção do trabalho.

O terceiro questionário foi elaborado para investigar as metodologias

aplicadas na elaboração dos projetos, cujos dados serão analisados.

Quadro 03 - Questionário 01

PERGUNTAS

Qual a principal dificuldade em realizar o trabalho?

Faltou informação no Blog ou em sala?

Usou o Blog ou não? Por que?

Que dificuldade encontrou no problema escolhido?

Fonte: Elaborada pela professora pesquisadora para a realização do trabalho - (inicio)

Quadro 04 - Questionário 01

B1- Foi orientado adequadamente sobre como fazer a pesquisa para o artigo?

B2- Qual a maior dificuldade para encontrar um artigo?

B3- Por que deixou de fazer?

B4- Acho importante este tipo de atividade para meu futuro na universidade?

B5- Por que acho importante esta atividade?

Fonte: Elaborada pela professora pesquisadora para a realização do trabalho - (inicio)

Quadro 05 - Questionário 02

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C1-Quantas vezes acessou o blog?

C2-No que se refere ao processo de elaboração de um projeto de iniciação cientifica, dos textos apresentados no blog, você pôde tirar alguma sugestão?

C3-Acessou mais os textos ou os vídeos do blog para o desenvolvimento do trabalho? Por quê?

C4- Gostou de ter o blog como uma ferramenta de suporte para os trabalhos? Por quê?

C5-O trabalho e o blog o ajudarão a desenvolver trabalhos futuros? Por quê?

C6- Quais são suas dificuldades para fazer um trabalho de iniciação científica?

Fonte: Elaborada pela professora pesquisadora para a realização do trabalho

Quadro 06 - Questionário 03

D1- O que é um objetivo de pesquisa?

D2- O que significou, para você, o projeto de Iniciação Científica?

D3- O que você aprendeu ao desenvolver esta pesquisa?

Fonte: Elaborada pela professora pesquisadora para a realização do trabalho

4.5.2 – Documentos

Após sua estruturação, os trabalhos (projetos) dos estudantes foram

corrigidos para se verificar se todos tópicos pedidos estavam presentes, caso

contrário, os trabalhos (projetos) foram devolvidos para serem reestruturados.

Posteriormente, foi revisado o texto, em si, para se verificar se a escrita estava

adequada a um projeto de Iniciação Científica.

A análise dos documentos produzidos por mim e pelos estudantes

caracterizou-se como pesquisa descritiva, por se tratar da descrição das

características de um estudo de uma determinada população, ou seja, a turma do 2º

B do Ensinio Médio, do Colégio Attilio Codato. Na realidade, descreveu-se o fato de

os estudantes do Ensino Médio de uma escola estadual estarem tendo seu primeiro

contato com a pesquisa científica, suas primeiras impressões com o projeto e o que

aprenderam com essa experiência.

Em alguns momentos, esta pesquisa se aproximou muito de uma forma

explicativa, mas, como se trata da utilização adequada de um recurso tecnológico-

pedagógico e de sua descrição, caracteriza-se, primordialmente, como descritiva.

Na estruturação deste estudo, foi realizado um levantamento para identificar:

como os estudantes se informaram sobre a forma de pesquisar seus temas; como

entenderam a proposta do projeto de Iniciação Científica; e como utilizaram o

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recurso pedagógico criado pela professora-pesquisadora para desenvolver suas

pesquisas.

Posteriormente, esses dados foram reunidos em tabelas para serem

analisados. Assim, buscou-se levantar: as dificuldades encontradas pelos

estudantes na escolha de seus temas; os acessos que fizeram ao produto

educacional para o desenvolvimento de seus projetos: e os resultados obtidos pelos

estudantes em relação ao aprendizado proporcionado pelo trabalho, (importância, o

que entenderam, entre outros). Os questionários com as respostas dos alunos, bem

como, todo o material criado para o Blog, para a utilização pelos estudantes,

encontram-se no final deste trabalho, como Apêndices).

As categorias utilizadas para a "classificação", neste estudo, se resumem em:

a- dificuldades para elaborar o projeto;

b- utilização de recurso didático (produto educacional) para a elaboração dos

projetos de Iniciação Científica;

c- aprendizado obtido pelos estudantes ;

d-e impressões dos estudantes em relação ao trabalho realizado.

A discussão dos resultados, a seguir, tem como base a análise dessas

categorias.

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CAPÍTULO 5

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

A coleta de dados ocorreu em três momentos ao longo das atividades com os

estudantes. Três questionários foram aplicados e a análise dos dados de cada

questionário será apresentada separadamente. O primeiro questionário (Apêndice

32) buscou identificar as primeiras dificuldades encontradas pelos estudantes para a

utilização do Blog, para a escolha de temas e para a determinação dos problemas

de seus projetos. O segundo questionário (Apêndice 33) foi elaborado com o intuito

de identificar qual a relação entre os textos e a dinâmica do Blog para as atividades

de Iniciação Científica dos estudantes. Por fim, o último questionário (Apêndice 35)

buscou identificar as percepções dos estudantes em relação ao trabalho de Iniciação

Centífica desenvolvido.

Antes de apresentar a análise dos dados do primeiro questionário, é

importante apresentar os dados relativos aos temas de pesquisa escolhidos pelos

estudantes (ANEXO 06). Os temas foram divididos em onze categorias, intituladas

por áreas de conhecimento: Psicologia (6)2, Medicina (8), Meio Ambiente (5),

Fisioterapia (1), Genética (2), Educação (1), Física (1), Nutrição (1), Direito (3),

Tecnologia (1) e Zoologia (1). Estes temas refletiram as áreas do conhecimento que

os estudantes pretenderiam seguir na graduação ou pelas quais teriam algum

interesse particular.

Observou-se interesse dos estudantes dessa turma por áreas relacionadas às

Ciências Biológicas, o que se pode atribuir aos estímulos provocados pelas aulas da

professora-pesquisadora.

Após esclarecimentos sobre como deveriam ser realizados os projetos de

pesquisa e como deveriam iniciar a escolha de seus temas, os estudantes

responderam ao Questionário 1. Este questionário teve como objetivo investigar se a

forma de orientação para o início dos projetos foi eficiente, o que serviria como

feedback para a professora, principalmente, sobre possíveis falhas, que,

futuramente, seriam sanadas, de modo a aprimorar a orientação.

2 Entre parênteses estão o número de trabalhos de cada área.

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A análise dos dados do primeiro questionário resultou em três unidades

temáticas: (1) orientação adequada; (2) dificuldades encontradas para fazer o

trabalho; e (3) importância do trabalho, apresentadas na Tabela 06. Vale salientar

que o resultado desse questionário representa as ideias iniciais dos estudantes, uma

vez que os trabalhos ainda estavam sendo inciados quando o mesmo foi aplicado.

As respostas de todos os estudantes encontram-se no Anexo 07 e os resultados das

análises no Quadro 01, abaixo.

Quadro 06- Levantamento das Unidades Temáticas

Unidades temáticas RESULTADOS

(1) Foi orientado adequadamente 1.1 Sim: 28

1.2 Não: 2

(2) Dificuldade em fazer o trabalho devido a 2.1 Não saber o que é um artigo: 8

2.2 Dificuldade devido ao tema (17)

2.3 Não seguir as orientações da professora e do Blog: 5

(3) Importância do trabalho 3.1 Futuro profissional: 6

3.2 Futura graduação: 24

Pela análise dos dados, pode-se perceber que os estudantes consideraram

as orientações da professora adequadas. Já na segunda unidade, pode-se verificar

que um dos aspectos salientados pelos estudantes, como obstáculo para o

desenvolvimento do trabalho, foi a dificuldade para escolher os temas Este aspecto

está relacionado, de forma literal, com as dificuldades próprias do trabalho científico,

ou seja, conhecer teoricamente o que já foi produzido, identificar uma questão ou o

objetivo da pesquisa. Esses temas estavam presentes nas aulas disponibilizadas no

Blog. Outro aspecto identificado foi a dificuldade de compreensão do que é um artigo

científico. Esse aspecto remete às discussões iniciais deste trabalho sobre a

importância da interdisciplinaridade para o desenvolvimento desse tipo de projeto.

Em relação à unidade temática 3, importância do trabalho, identificou-se que

a maioria dos alunos o entendeu como uma base para futuros trabalhos na

graduação. Entretanto, também consideraram a necessidade desse aprendizado

para a vida profissional.

Nesse sentido, é importante salientar a necessidade de se modificar a prática

docente desde os primeiros anos do Ensino Fundamental II, ou seja, trabalhar com

leituras de artigos científicos e estudos de vocabulários específicos da escrita

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científica, de modo a familiarizar os estudantes com textos científicos. Além disso,

para despertar o interesse científico dos estudantes, seria fundamental que estes

pudessem participar de atividades de Iniciação Científica e estar presentes em

Simpósios e Congressos.

Após o término das pesquisas e antes da apresentação dos trabalhos, os

estudantes responderam ao Questionário 2 (Apêndice 33), cujo objetivo foi levantar:

a logística de utilização do Blog; as impressões que os alunos tiveram quanto ao

Blog; e o comprometimento dos estudantes na elaboração da pesquisa para o

desenvolvimento do projeto de Iniciação Científica.

Os dados analisados foram organizados em cinco unidades temáticas: (1)

quantas vezes acessou o blog; (2) possíveis sugestões para a melhoria do blog; (3)

qual ferramenta do blog mais acessou; (4) se gostou do blog e; (5) dificuldade para

desenvolver e concluir o trabalho. As respostas completas dos estudantes

encontram-se no Anexo07. No quadro 02 apresenta-se o resultado das análises.

Quadro 07 - Levantamento de Utilização do Blog

Unidades temáticas RESULTADOS

(1) Quantas vezes acessou o blog 1.1 Nenhuma: 1

1.2 Uma: 0

1.3 Mais de duas: 29

(2) Sugestões 2.1 Ser mais explicativo: 1

2.2 Ser de mais fácil entendimento: 2

2.3 Nenhuma: 27

(3) Acesso à diferentes ferramentas 3.1 Textos: 4

3.2 Vídeos: 9

3.3 Textos, vídeos e esquemas: 3

3.4 Textos e vídeos: 8

3.5 Esquemas: 5

3.6 Nenhum: 1

(4) Gostou do Blog 4.1 Sim: 27

4.2 Não: 2

4.3 Sem opinião: 1

(5) Dificuldade para fazer o trabalho 5.1 Não ter o habito da leitura: 9

5.2 Nunca ter feito um trabalho deste tipo: 1

5.3 Leitura difícil: 8

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5.4 Vocabulário difícil: 3

5.5 Não gostar de ler: 4

5.6 Não ter acesso à internet: 2

5.7: Ler muitos textos diferentes: 1

Ao se analisar esses dados, pôde-se identificar aspectos do cotidiano dos

estudantes, como também, de motivação e aprendizagem dos mesmos. Assim,

constatou-se que inda existem estudantes que têm acesso restrito à internet; que

não gostam de ler e, consequentemente, têm dificuldade para entender o que está

escrito; não dominam um vocabulário variado e têm dificuldade em acessar um

dicionário, o que está relacionado à falta de prática de leitura.

Ao se analisar a primeira unidade temática, pôde-se perceber que o Blog teve

um número de acessos significativos, uma vez que quase todos os estudantes o

acessaram mais de duas vezes. Uma informação relevante é a de que, além dos

estudantes participantes desta pesquisa, outros alunos também começaram a

acessar o Blog.

Pela análise do unidade temática 2, não se obteve dados suficientes que

sugerissem alterações no Blog. Os estudantes afirmaram que tiveram dificuldades,

que acharam difícil, mas estas dificuldades decorrem da pouca habilidade para a

interpretação de texto e da falta de domínio do vocabulário, o que se tornou um

obstáculo para o desenvolvimento das atividades.

Como o Blog oferecia diferentes ferramentas (vídeos, textos, esquemas e

reportagens), busquei saber quais foram as mais utilizadas. Nesse sentido, os

vídeos foram as ferramentas mais utilizadas, seguidos pelos textos adaptados, as

reportagens e, por último, os esquemas. Percebi, ao longo das atividades, que os

esquemas não eram de fácil entendimento pelos alunos. Os resultados dessa

unidade refletem a preferência atual por buscar conteúdos em vídeos em detrimento

da leitura. Notou-se, nas aulas, que tanto os esquemas como os textos foram

ferramentas que se tornaram significativas a partir do momento em que eram

trabalhados pela professora. A única ferramenta que pôde ser utilizada de forma

independente foram os vídeos.

A unidade quatro buscou investigar a apreciação dos estudantes em relação

ao Blog, e constatou-se que a maioria gostou desta ferramenta tecnológica. Por fim,

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na unidade temática cinco, foram levantadas as dificuldades dos estudantes para

fazer o trabalho. O que pode ser considerado significativo é o fato de que os próprios

estudantes conseguem identificar os obstáculos relacionados à escrita cientifica, ou

seja, falta de habilidade para ler, compreender e escrever. Considera-se como

aspecto positivo o fato de o projeto ter permitido que os estudantes percebessem

suas dificuldades, pois parte do aprendizado resulta da identificação e superação de

obstáculos pelo próprio sujeito.

Uma das constatações a que se chegou com este trabalho não diz respeito,

exatamente, ao fato de os estudantes terem gostado ou não da proposta, mas ao

fato de não terem habilidades de leitura e interpretação para o entendimento de

leituras e, consequenetemente, para o desenvolvimento de alguns projetos. Entre as

principais respostas aos questionários, encontrou-se:

A2: Não tenho o hábito da leitura.

A10: Não gosto de ler, então....

A11: Ter que ler muitos textos.

A13: Não entender o que lia.

A26: Textos sobre meu tema eram muito difíceis e eu não entendia nada.

A30: Não gosto de ler, então não gosto de trabalhos assim.

Hoje, como tudo é muito rápido, o volume de informações disponíveis é

enorme e as redes sociais são uma febre entre os jovens, a leitura de livros e textos

passou a ser uma prática relacionada a algo chato, do passado, entretanto, a

habilidade de leitura e interpretação é fundamental para um bom desempenho na

graduação. De certa forma, muitos entenderam, em conversas informais que

tivemos, que a leitura é indispensável na vidas dos estudantes na graduação, ou não

conseguirão realizar seus objetivos. Essa, porém, não era a intenção princiapl deste

projeto, mas, assim, pôde-se constatar que, de certa forma, outros objetivos,

também muito importantes, foram atingidos.

O questionário 3 (Apêndice 35), buscou investigar o entendimento dos

estudantes sobre trabalhos de Iniciação Científica.

Os dados coletados por meio desse questionário foram organizados em três

unidades temáticas: (1) objetivos de pesquisa; (2) significado do projeto para o

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estudante; e (3) o que aprendeu com a atividade. O resultado da análise está

apresentado no Quadro 08 e as respostas dos estudantes no Anexo 03.

Quadro de Levantamento de Entenfdimento dos Conceitos de Iniciação Científica

Unidades temáticas RESULTADOS

(1) O que é objetivo de pesquisa 1.1 O que fazer no trabalho, a ideia principal do trabalho: 7

1.2 O que pesquisar no trabalho: 1

1.3 O assunto principal: 12

1.4 O tema do trabalho: 8

1.5 O objeto do trabaho: 2

(2) Significado do Projeto para o estudante 2.1 Conhecimento para cursar a graduação: 13

2.2 Importância da pesquisa: 5

2.3 Aprender a se organizar: 2

2.4 Escolher o que fazer na graduação: 20

2.5 Aprender sobre novos assuntos e tecnologias: 2

2.6 Conhecimentos para cursar a graduação: 1

(3) O que aprendeu 3.1 Aprendi usar o blog: 13

3.2 Aprendi a desenvolver um trabalho de pesquisa: 6

3.3 A importância do estudo: 10

3.4 Aprendi a estudar: 1

Com base nas respostas deste questionário, ficou claro que o Blog foi um

recurso pedagógico que deu suporte para os alunos, pois, no mesmo, havia

ferramentas diversas, como vídeos, textos, esquemas e reportagens que os

auxiliaram no desenvolvimento de seus projetos.

A unidade temática 1evidencia que os estudantes ainda apresentam alguma

dificuldade para diferenciar tema de pesquisa e objetivo. Pelas respostas, não dá

para afirmar se é uma questão de escrita ou de interpretação. Entretanto, este

aspecto deve ser considerado em um projeto de Iniciação Científica, ou seja, é

preciso dar maior ênfase no ensino de aspectos da estrutura do trabalho. Vinte

estudantes indicaram que o objetivo é o tema do trabalho (1.3 e 1.4), como a

resposta de A3: "é tudo aquilo que quero colocar em meu trabalho, ou seja, qual a

ideia principal do trabalho, aonde quero chegar e o que quero provar no caso de um

experimento"; e dez relacionaram corretamente o que é o objetivo, como o fez o

estudante A5:"é o assunto principal de um trabalho, é aquele tema que vai delimitar

o assunto que quero trabalhar e aonde quero chegar."

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A unidade temática relacionada ao significado do projeto para os estudantes

mostrou uma diversidade de respostas e potencialidades de um projeto, uma vez

que o identificaram desde como uma forma de se organizar e entender uma

pesquisa até como instrumento que possibilita a escolha de possíveis caminhos

profissionais futuros. Essa unidade foi considerada muito positiva, uma vez que, no

Ensino Médio, além da formação para a continuidade dos estudos, também existem

o objetivos de alfabetização científica, ou seja, mesmo que o estudante não siga

carreira de pesquisa, ele deve compreender esse processo.

A última unidade temática está relacionada com a aprendizagem. Nesta

unidade, identificou-se os processos de aprendizagem tecnológica, ou seja, os

resultados, no que diz respeito à aprendizagem, que o uso do Blog propiciou para

os estudantes, como se pode obervar nos registros abaixo:

A3: Aprendi a me organizar para realizar trabalhos, aprendi a importância de se estruturar bem um trabalho e aprendi como se deve usar um blog, bem como, que a tecnologia nos ajuda nos estudos.

A5: Como é importante saber sobre assuntos diversos para decidir o que quer fazer, e tendo esta leitura aprofundada posso saber exatamente quais decisões posso tomar quanto aquele determinado assunto.

A8: Aprendi que, para fazer um bom trabalho. devemos nos organizar, pesquisar e elaborar projetos para colocar em pratica nossas ideias.

Dessa maneira, concluiu-se que atividads dessa natureza, desenvolvidas, em

alguns momentos, como estrutura precária, podem auxiliar na aprendizagem e

motivar os estudantes a realizarem pesquisas, de modo a chegarem à Universidade

com as habilidades necessárias para tal. Observou-se, também, que os obstáculos

apresentados constituem material rico para que o professor possa discutir propostas

interdisciplinares na escola, como, por exemplo, desenvolver trabalhos, como o aqui

apresentado, em conjunto com uma equipe de professores de ciências e de

redação.

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CAPÍTULO 6

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em um primeiro momento, os resultados obtidos podem ser considerados

satisfatórios, pois evidenciou que o trabalho foi enriquecedor não somente para os

estudantes, mas também para a professora-pesquisadora.

Como professora e pesquisadora, tive uma experiência muito enriquecedora

e um grande aprendizado. Nessa caminhada, também tive que ler muito e superar

muitos obstáculos para o meu desenvolvimento como professora e pesquisadora.

Assim, tive que superar limites e aprender.

Uma das aprendizagens está relacionada às leituras, ou seja, em como fazê-

las para não me perder, pois se tratava de uma variedade de assuntos a serem

pesquisados até alcançar o objetivo principal. O leque de leituras era gigantesco em

relação às possibilidades, pois os temas eram muito variados: interdisciplinaridade,

trabalhos com projetos, metodologia científica, novas tecnologias, letramento digital,

gêneros de leitura, até orientações sobre a aplicação do projeto em si.

Muitas dificuldades surgiram no decorrer do desenvolvimento dos trabalhos

com os estudantes, e um dos desafios foi conciliar a carga horária de quarenta horas

semanais de aula, orientações para os alunos, mestrado e a vida particular. No que

se refere à tecnologia, foi um momento de superação, pois tive que aprender a criar

um Blog, já que, até o momento, só sabia usar blogs. A construção desse Blog foi

algo muito além de meus conhecimentos pedagógicos e de Biologia, entretanto, foi

um processo tranquilo, pois existem ferramentas tecnológicas que nos auxiliam

nessse quesito. Assim, consegui criar um Blog, que considero satisfatório, para que

meus estudantes pudessem usá-lo como ferramenta para desenvolver seus

trabalhos. Alcancei meu objetivo.

Após o desenvolvimento de todo o trabalho, volto a algumas questões

iniciais, sobre as quais refleti ao longo do processo, que precisam ser respondidas.

6.1 Os objetivos de ensino foram atingidos?

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Como professora coordenadora do projeto, acredito que sim, ou seja, que

que o objetivo inicial, principal, foi alcançado: criar e utilizar um produto tecnológico

como ferramenta educacional para dar suporte ao desenvolvimento dos projetos de

iniciação de pesquisas pelos estudantes. Os estudantes, desse modo, puderam

conhecer os passos necessários para a elaboração de um projeto de Iniciação

Científica e aprenderam e/ou aprimoraram suas formas de pesquisa, assim, de

alguma forma, todos conseguiram desenvolver algumas habilidades.

- Os alunos alcançaram os objetivos pretendidos pela professora?

Sim. Os estudantes alcançaram os objetivos propostos pela professora, pois

todas as etapas foram cumpridas, como já foi descrito anteriormente, bem como, os

projetos finalizados e apresentados.

Alguns estudantes não concluíram o trabalho, pois desistiram de estudar, fato

inédito na escola em que trabalho. A maioria dos estudantes concluiu a série,

finalizou seu projeto e o apresentou.

- As dificuldades foram sanadas, na elaboração do projeto, e os resultados

foram considerados satisfatórios?

As principais dificuldades encontradas pelos alunos para a realização da

pesquisa relacionavam-se à escolha do tema e à utilização do Blog, mas estas

foram sanadas pela maioria dos estudantes. A estruturação de pesquisas de

Iniciação Científica, ou de qualquer outro trabalho nestes moldes, já faz parte da

bagagem de conhecimentos dos estudantes, como demonstrado nos dados e em

resultados externos à pesquisa, pois 30 trabalhos foram encaminhados para a

FICIÊNCIAS 2016 (Feira de Inovação das Ciências e das Engenharias promovida

pelo Parque Tecnológico de Itaipu).

Como se tratou de um primeiro contato com este tipo de conteúdo _

processo de elaboração de projetos por alunos do Ensino Médio de uma escola

pública de Cambé, Paraná _ , pois a maioria destes nunca havia tido contato com a

Iniciação Científica, pode-se considerar que o resultado foi satisfatório e motivador,

tanto que a Direção da Escola quer que os demais professores, de outras áreas do

conhecimento, desenvolvam trabalhos desse tipo em 2017. Fica evidente que esse

tipo de proposta, por mais desafiadora que possa parecer, precisa ser encarada por

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escolas como um caminho para estimular os estudantes a: se interessarem pela

ciência, desenvolverem habilidades de pesquisa e atrelarem essas habilidades à

criatividade, de modo a construírem um conhecimento efetivo que poderá beneficiá-

los na continuidade dos estudos e em sua vida cotidiana.

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Apêndices

Apêndice 01

Blog - página inicial

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Apêndice 02

Blog - página de controle para a professora

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Apêndice 03

Blog - comentários de alunos sobre questionário 1

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Apêndice 04

Página no Facebook - interligado com o Blog

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Apêndice 05

Página do Facebook do Colégio Attilio Codato

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Apêndice 06

Blog do Colégio Attilio Codato

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Apêndice 07

Textos adaptados no Blog da professora

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Apêndice 08

Texto adaptado no Blog

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Apêndice 09

Vídeo importado para o Blog da professora

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Apêndice 10

Entrevista importada para o Blog

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Apêndice 11

Vídeo importanto para o Blog

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Apêndice 12

Entrevista importada para Blog

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Apêndie 13

Entrevista importada para o Blog

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Apêndice 14

Entrevista importada para o Blog

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Apêndice 15

Aviso da professora no Blog sobre proximas publicações

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Apêndice 16

Aviso da professora no Blog sobre proximas publicações

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Apêndice 17

Textos adaptados no Blog

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Apêndice 18

Aviso da professora no Blog sobre proximas publicações

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Apêndice19

Vídeo importado para o Blog

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Apêndice 20

Textos adaptados para o Blog

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Apêndice 21

Textos adaptados para Blog

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Apêndice 22

Textos adaptados para Blog

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Apêndice 23

Textos adaptados para Blog

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Apêndices 24 e 25

Esquemas de Textos adaptados para Blog

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Apêndices 26 e 27

Textos adaptados para Blog

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Apêndices 28 e 29

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Apêndices 30 e 31

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Apèndice 32 e 33

1- FOI ORIENTADO ADEQUADAMENTE COMO FAZER A PESQUISA SOBRE O ARTIGO?

Sim não

2- QUAL A MAIOR DIFICULDADE PARA ENCONTRAR UM ARTIGO?

NÃO SABER O QUE É UM ARTIGO O TEMA ESCOLHIDO PELO GRUPO

NÃO SABER USAR O GOOGLE ACADÊMICO

NÃO TER SEGUIDO CORRETAMENTE AS ORIENTAÇÕES DA PROFESSORA

3- POR QUE DEIXOU DE FAZER?

PREGUIÇA ESQUECEU NÃO ENTENDI O QUE ERA PARA FAZER

NÃO ACHEI IMPORTANTE EU FIZ

4- ACHO IMPORTANTE ESTE TIPO DE ATIVIDADE PARA MEU FUTURO NA UNIVERSIDADE

SIM NÃO NÃO QUERO FAZER UMA UNIVERSIDADE

QUESTIONARIO 2

1- Quantas vezes acessou o blog?

duas quatro ou mais nenhuma

2 - No que se refere ao processo de elaboração de um projeto de iniciação cientifica. Dos textos apresentados no blog, você tem alguma sugestão?

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3- Acessou mais os textos ou os vídeos do blog para ajudar o trabalho? Por que?

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4- Gostou de ter o blog como uma ferramenta de auxiliar em trabalhos? Por que?

sim não

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________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5- Este trabalho e o blog o ajudou para trabalhos futuros? Por que?

sim não

6- Quais são suas dificuldades para fazer um trabalho de iniciação científica?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Apêndice 34

APRESENTAÇÃO DOS SLIDES PARA ENTENDIMENTOS DO PROCESSO DE METODOLOGIA CIENTÍFICA NA

ESCRITA DE TRABALHOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA.

Projeto de

artigo científicoModelo PUCPR

Sumário

1. Introdução

2. Problematização

3. Objetivos

3.1 Geral

3.2 Específicos

4. Justificativa

5. Referencial teórico

6. Metodologia

7. Recursos e

cronograma

7.1 Recursos

7.2 Cronograma

8. Referências Tema

Deve-se explicitar o tema escolhido para o

desenvolvimento do projeto.

DELIMITAÇÃO DO TEMA

Enfatizar o foco do assunto escolhido para

a pesquisa. Deve-se restringir o objeto de

pesquisa ao máximo e o apresentar em

forma de título. Exemplo

A falta de mão-de-obra qualificada no

Brasil, suas causas e desdobramentos

Problematização

Apresentar a situação a ser abordada,

fixando os limites da pesquisa. Este tópico

deve determinar a questão de pesquisa,

prioritariamente através de uma

pergunta.

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Objetivo Geral

O objetivo geral deve expressar a

finalidade intelectual da pesquisa.

Responde a questão: para quê pesquisar?

Deve ter coerência direta com o problema

de pesquisa e ser apresentado em uma

frase que inicie com um verbo no infinitivo.

Exemplo

Compreender por que a mão-de-obra

qualificada está em falta no Brasil e quais

as consequências disso para a economia e

para o desenvolvimento do Brasil.

Objetivos específicos

Apresentam os detalhes e/ou

desdobramento do objetivo geral.

Sempre serão mais de um objetivo, todos

iniciando com verbo no infinitivo que

apresente tarefas parciais de pesquisa

em prol da execução do objetivo geral.

Exemplo

Fazer um levantamento das possíveis

causas da falta de mão-de-obra nos

diversos setores;

Refletir a respeito dos setores em maior

índice de falta de mão-de-obra;

Buscar em textos teóricos e nos dados

coletados as possíveis causas da falta de

mão-de-obra no Brasil.

Exemplo

Por se tratar de um assunto relevante da engenharia de Produção, é importante tomar conhecimento da situação dos profissionais encarregados do processo produtivo atualmente e de suas possíveis projeções para buscar a solução para os problemas relacionados à mão-de-obra qualificada no Brasil em prol de uma constante melhora dos sistemas de produção em sua totalidade.

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Referencial teóricoO embasamento teórico também é chamado de “revisão da literatura”, “fundamentação teórica”, “referencial teórico” ou ainda “marco teórico”. Deve ser apresentado em forma de texto (sugere-se entre 5 e 10 páginas) que demonstre conhecimento básico da literatura científica sobre o tema, incluindo citações indiretas e/ou diretas. O texto pode ser dividido, para fins didáticos, em:

DEFINIÇÃO DE TERMOS: definições de palavras chave da pesquisa;

TEORIA DE BASE: texto que demonstre resumo de obra, teoria ou autor priorizado, considerado como a mais adequado para solução do problema;

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA (resumo dos autores de importância secundária, não necessariamente adotados, mas que serão importantes para a pesquisa).

Metodologia

Técnicas que serão utilizadas para a coleta

de dados e para a análise dos mesmos.

Caminho para a execução da pesquisa

Exemplo

A pesquisa é descritiva, de caráterobservacional, transversal e populacional.Será realizada no Instituto do Câncer deLondrina, na cidade de Londrina-PR.Realizaremos um levantamento de dadosde pacientes selecionados aleatoriamente,diagnosticados com câncer gástrico.Aplicaremos um questionário, com, nomínimo 200 pacientes, para coletar taisinformações.

Cronograma

É a distribuição das atividades da pesquisa

no tempo, que pode ser apresentada em

forma de tabela. Contudo, a tabela não

deve ser, obrigatoriamente, apresentada

na forma idêntica a seguir.

Exemplo

Por ser uma pesquisa de levantamento,consistirá em duas fases: primeiramente, aleitura da literatura sobre o assunto e acoleta de dados nos três primeiros meses epara a fase de conclusão da pesquisa, aelaboração dos dados nos dois mesesseguintes. A pesquisa demandará um totalde cinco meses. No entanto, essecronograma poderá ser alterado senecessário.

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APÊNDICE 35

D1- O que é um objetivo de pesquisa?

D2- O que significou o projeto de Iniciação Científica?

D3- O que você aprendeu desenvolvendo esta pesquisa?

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ANEXOS:

Anexo 01 e 02

TIPOS DE BLOG ENCONTRADOS NA INTERNET

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Anexos 03 e 04

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Anexos 05