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Resumo 1. o capitalismo começa a surgir 'por volta do século XII, ao mesmo tempo em que se inicia a desintegração do feudalismo. Características do capitalismo: trabalho assalariado, eco- nomia de mercado, trocas monetárias e espírito de lucro. 2. As principais etapas do capitalismo são: pré-capítalismo, capitalismo comercial, capitalismo industrial e capíta- Iismo financeiro. 3. Durante o pré-capitalismo notamos: a) Ressurgimento do comércio depois das Cruzadas. b) Intensificação da circulação monetária. c) Descobrimento de novas rotas de comércio. d) Concentração de mercadores nos chamados nós de trânsito. e) Nascimento de cidades ou burgos. f) Organização corporativa da produção, com mestres, oficiais, aprendizes e jornaleiros. Vocabulário Acionista. indivíduo que possui ação ou ações de uma empresa., Artesão: trabalhador individual que possuía os meios de produção, ames do aparecimento das empresas. Capitalismo: sistema de produção que se baseia no tra- balho assalariado e na livre empresa. Diarista: trabalhador que ganha por dia. Economia de consumo: produção destinada ao abasteci- mento local, auto-suficiente. Feudalismo: sistema econômico, baseado no trabalho servil, obrigatório. Matéria-prima: produto natural destinado à industrialização. Nós de trânsito: cruzamento de rotas onde os mercadores se encontravam. Sistema: conjunto de partes (estruturas) inter-relacionadas, .:a formando um todo. Trabalho assclariado: trabalho pago por salários. Trabalho servil: trabalho prestado; obrigatoriamente, a um senhor. 16 v Inicio dos Tempos Modernos / A Expansão :li Comercial e Marítima Européia ,:1 Introdução o século XVI foi marcado pela agitação, pelo movimento. Esse dinamismo havia começado nos fins da Idade Média, mas foi então que tomou impulso jamais visto. Os europeus se lançaram à descoberta e à conquista de novos continentes e, contornando a Africa, ao comércio com os países do Oriente distante. Impérios coloniais foram fundados nas terras da Amé- rica. Colônias e estabelecimentos comerciais sólidos e prósperos foram organizados na Asia. E de toda essa expansão a Europa recebeu os frutos e a influência que determinaram um novo período histórico: os Tempos Modernos. Fatores da expansão européia .u.? a) Econômicos Se procurarmos explicar os descobrimentos, marítimos dos séculos XV e XVI, veremos que o fator que mais os estimulou foi, sem dúvida, o eco- nômico. 17

Inicio dos Tempos Modernos /A Expansão Comercial e ...Expansão+Comercial+e... · onde os comerciantes de especiarias precisavam passar,' tornara-se mono-pólio de italianos e árabes

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Resumo 1. o capitalismo começa a surgir 'por volta do século XII,ao mesmo tempo em que se inicia a desintegração dofeudalismo.Características do capitalismo: trabalho assalariado, eco-nomia de mercado, trocas monetárias e espírito de lucro.

2. As principais etapas do capitalismo são: pré-capítalismo,capitalismo comercial, capitalismo industrial e capíta-Iismo financeiro.

3. Durante o pré-capitalismo notamos:a) Ressurgimento do comércio depois das Cruzadas.b) Intensificação da circulação monetária.c) Descobrimento de novas rotas de comércio.d) Concentração de mercadores nos chamados nós de

trânsito.e) Nascimento de cidades ou burgos.f) Organização corporativa da produção, com mestres,

oficiais, aprendizes e jornaleiros.

Vocabulário Acionista. indivíduo que possui ação ou ações de umaempresa.,

Artesão: trabalhador individual que possuía os meios deprodução, ames do aparecimento das empresas.

Capitalismo: sistema de produção que se baseia no tra-balho assalariado e na livre empresa.

Diarista: trabalhador que ganha por dia.Economia de consumo: produção destinada ao abasteci-

mento local, auto-suficiente.Feudalismo: sistema econômico, baseado no trabalho servil,

obrigatório.Matéria-prima: produto natural destinado à industrialização.Nós de trânsito: cruzamento de rotas onde os mercadores

se encontravam.Sistema: conjunto de partes (estruturas) inter-relacionadas,

.:a formando um todo.Trabalho assclariado: trabalho pago por salários.Trabalho servil: trabalho prestado; obrigatoriamente, a um

senhor.

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v

Iniciodos Tempos

Modernos /A Expansão

:li

Comercial e Marítima

Européia

,:1

Introdução

o século XVI foi marcado pela agitação, pelo movimento. Esse dinamismojá havia começado nos fins da Idade Média, mas foi então que tomouimpulso jamais visto. Os europeus se lançaram à descoberta e à conquistade novos continentes e, contornando a Africa, ao comércio com os paísesdo Oriente distante. Impérios coloniais foram fundados nas terras da Amé-rica. Colônias e estabelecimentos comerciais sólidos e prósperos foramorganizados na Asia. E de toda essa expansão a Europa recebeu os frutose a influência que determinaram um novo período histórico: os TemposModernos.

Fatores da expansão européia

.u.? a) Econômicos

Se procurarmos explicar os descobrimentos, marítimos dos séculos XV eXVI, veremos que o fator que mais os estimulou foi, sem dúvida, o eco-nômico.

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A Europa estava passando por Uma crise econômica de desenvolvi-mento, nessa época. No século XIV, passara por uma crise de estagnação,porque o sistema de produção feudal já não se adaptava às necessi-dades das cidades grandes; não se conseguia, por exemplo, obter produtosagrícolas em quantidade suficiente.

Desde o século XII, a retomada das atividades comerciais. vinha pro-vocando o crescimento e o progresso da vida urbana. Com isso, mais gentepassou a morar nas cidades. Para alimentar toda essa população era pre-ciso que a produção agrícola aumentasse, pois ela já não se destinava sóaos habitantes de cada feudo e também já não havia tantas pessoas paratrabalhar. Mas,em vez disso, aconteceu justamente o contrário: houve umséculo quase inteiro de secas e as guerras (principalmente a dos Cem Anos)mataram grande número de lavradores e destruíram as colheitas. A dimi-nuição da quantidade de produtos agrícolas fez com que o seu preço au-mentasse de muito. Mal alimentadas, as pessoas ficaram mais fracas pararesistir às doenças, principalmente à peste negra, trazida do Oriente pelosmercadores dos meados do século XIV. Assim, a população foi reduzidaa um terço.

A recuperação da Europa, depois desse período difícil, foi extraordi-nária. A partir do século XV, a população voltou a crescer rapidamente.Por volta dos meados do século, entretanto, surgiram novos problemaseconômicos.

O comércio das especiarias, em torno do qual girava toda a atividademercantil européia, apresentava dois problemas graves: os nobres, que ascompravam, estavam empobrecendo cada vez mais; o, Mediterrâneo, poronde os comerciantes de especiarias precisavam passar,' tornara-se mono-pólio de italianos e árabes. Por isso, o preço dos produtos aumentou con-sideravelmente. Se as especiarias continuassem custando tão caro, dentrode algum tempo ninguém mais teria dinheiro para comprá-Ias; assim, erapreciso encontrar uma maneira de baixar o seu preço (eliminando os in-termediários, ou encontrando novos mercados abastecedores).

Outros problemas econômicos somaram-se a esse: o da produçãoagrícola, por exemplo. Já vimos que ela se tornara insuficiente para abas-tecer a população das cidades. Ora, aumentar a quantidade de terras cul-tivadas ou de pessoas trabalhando nelas não resolveria a questão. A aqui-sição de novos mercados fornecedores, porém, solucionaria o problema,como no caso do comércio das especiarias.

~imos também que a população das cidades crescera muito a partirdo século XV. Ora, quem consumia os produtos fabricados nas cidadesera a população dos campos vizinhos, além do comércio internacional. Noprimeiro caso, a produção ficava limitada à capacidade de consumo -bastante pequena ~ da população local; os trabalhadores ficavam, assim,impedidos de desenvolver toda a -sua capacidade (não adiantava produzirse não havia a quem vender). Para que se pudesse empregar toda a capa-cidade produtiva da população urbana, seria preciso ampliar o mercado

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consumidor. Isso só seria possível se novos mercados fossem encontrados,e novos mercados só havia fora da Europa. No caso do comércio inter-nacional, as cidades ligadas a ele sofriam as conseqüências dos altos ebaixos da exportação, além dos efeitos de fatores naturais (secas, pragas,enchentes) sobre a produção. Ocorria, pois, uma crise de mercado.

Por fim, a falta de metais preciosos para a emissão de moedas atra-palhava o comércio. A compra de especiarias desviara para o Orientemuito metal (dinheiro) europeu e o próprio fato de as atividades comer-ciais terem se desenvolvido tornara indispensável o aumento das moedasem circulação. Como as minas européias não produziam metal preciososuficiente, só havia uma solução: obtê-lo fora da Europa, através da pró-pria mineração, ou então por meio de um comércio lucrativo.

b), Sócio-políticos

Apesar de sua grande importância, os fatores econômicos não foram osúnicos. A ascensão social de uma nova classe, a dos comerciantes e arte-sãos (burguesia mercantil), também ajudou a expansão comercial e marí-tima. Desejosos da paz e da estabilidade necessárias ao bom andamento'dos negócios, os burgueses favoreceram a centralização do .governo e o for-talecimento do poder do rei. O aumento das rendas, possibilitando aoEstado armar exércitos e aos comerciantes expandir os seus negócios,contribuiu para as explorações marltimas, '

c) Religiosos

O 'ideal missionárioetrt'Portugal e na Espanha, que até há pouco tempotinham estado em luta contra os muçulmanos, e o espírito de Cruzada ser-viram de pretexto .para justificar li expansão européia (as terras pelas quaiscomeçou a expansão eram dominadas, ao, menos uma parte, por povosnão-cristãos) .

d) Culturais

O desenvolvimento da arte da construção naval e da navegação, o uso dabússola e do astrolábio, aliados à invenção da caravela pelos portugueses,tornaram possível a navegação em mar alto. O próprio conceito de quea Terra é redonda (durante a Idade Média acreditava-se que ela tivesse aforma de um disco) levou à conclusão de que seria possível atingir qual-quer continente pela navegação marítima em linha reta: partindo de umponto qualquer e navegando sempre na, mesma direção, dever-se-ia voltarfinalmente ao ponto da partida.

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ÁSIA

Etapas da expansão mantima portuguesa.

A expa nsão portuguesa

Desde o século XIII Portugal já mantinha relações comerciais estreitas coma Inglaterra, Flandres (Bélgica e Holanda atuais) e as cidades italianas; jávinha, também, tomando uma série de medidas para estimular a expansãocomercial e marítima: fez acordos internacionais para proteger os naviosmercantes dos ataques dos piratas muçulmanos.

Enquanto foi promovida pelos burgueses, a expansão portuguesa tevefins pacíficos e comerciais; nas ocasiões em que os nobres as dirigiam, asexpedições tenderam mais ao saque é à conquista das grandes cidades mu-çulmanas, "infiéis", do norte da África. Foi sob a regência de Dom Pedroque a expansão portuguesa viveu o seu grande momento, quando Se tornouum processo praticamente irreversível. Algum tempo depois começou aexploraçãa comercial, organizada sob a forma de concessões e monopólios,que levaria os portugueses às Índias (só em 1460 se falou pela primeiravez na possibilidade de chegar até lá).

A importância que se costuma atribuir à Escola de Sagres na forma-ção dos navegadores que se lançaram aos grandes descobrimentos é rela-tiva, pois os pilotos interessados no comando das expedições procuravam

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Dom Henrique apenas para obter dele o financiamento das suas viagens(o dinheiro não era do próprio Dom Henrique, mas da Ordem de Cristo,fundada para combater os árabes).

Os descobrimentos se sucederam: Ceuta (1415), Madeira, Açores, Ca-bo Bojador, Cabo Branco, Cabo Verde, Golfo da Guiné, até a passagemdo Equador, em 1471. Em 1487, Bartolomeu Dias ultrapassou o Cabodas Tormentas. Ao seguir a mesma rota, em 1497, Vasco da Gama tocouMoçambique e Melinde, na África Oriental, antes de atingir Calicute, nacosta oeste da índia, fazendo assim a primeira ligação direta por mar entrea Europa Ocidental e os países marítimos do Oriente (1498).

Vasco da Gama voltou a Lisboa em 1499, com suas embarcaçõescarregadas de especiarias. Para organizar o comércio com o entreposto en-contrado por Vasco da Gama, partiu de Portugal, em 1500, a frota co-mandada por Cabral, que atingiria, de passagem, o Brasil.

A formação do Império Colonial Português foi iniciada por Afonsode Albuquerque, pelo domínio da passagem do Mar Vermelho em direçãoà Europa, com o que Se conseguiu o monopólio dos produtos orientais.Os portugueses fixaram-se em Goa (capital comercial do Oeste da Índia),Diu e Cochim; a tomada de Malaca, em 1511, abriu-lhes o caminho daIndochina; em 1517, alcançaram a costa da China e em 1520 foram rece-bidos em Pequim, o que lhes permitiu comerciar com Cantão.

Monopólio das especiarias no Império Colonial Português (1515-1530).

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Os portugueses, muito exploradores a princípio, foram aos poucosobrigados pelos orientais a comerciar com mais justiça. Os produtos eramtrocados nas feitorias militares que os primeiros fundaram no Oriente.Todos os anos uma frota partia de Lisboa e, depois de dobrar o Cabo daBoa Esperança, aproveitava as monções de Sudeste para atingir Goa; doismeses depois voltava carregada de especiarias, objetos raros e pedras pre-ciosas. Outros barcos garantiam a ligação entre a índia e os portos maisdistantes da China.

A proteção desse comércio e a manutenção do monopólio deram poralgum tempo aos portugueses a supremacia comercial na Europa, mas de-pois acabaram acarretando tantas despesas que foram tornando antieconô-mica a atividade mercantil: além de ser preciso guarnecer a costa e os por-tos, os barcos eram caros, não resistiam a muitas viagens e eram comunsos naufrágios. Com a diminuição dos lucros, os empresários portuguesesreduziram seus investimentos no Oriente e deixaram todos os gastos a car-go do Estado. Assim, depois de 1530,esse comércio entrou em franco de-clínio. Portugal voltou-se então para a exploração comercial agrícola doBrasil.

A expansão espanhola

Os espanhóis estavam tão atrasados em relação aos portugueses (nos finsdo século XV ainda não tinham conseguido a total unidade do país) quefoi praticamente por acaso que o italiano Cristóvão Colombo entrou parao serviço dos reis da Espanha. Antes disso, Colombo procurara o rei dePortugal, que não se interessou pelos seus serviços. Na Espanha, conse-guiu o apoio de ricos armadores e da Rainha Isabel de Castela, que lheconfiou o comando de três navios prometendo-lhe o cargo de vice-rei dasterras descobertas (Colombo afirmava poder alcançar as índias, navegandopara o Ocidente). Partindo das Canárias, depois de navegar 33 diaschegou em 1492 às ilhas Lucaias, Cuba e São Domingos. Pensando estarnas índias, chamou os habitantes da terra de índios, nome que conservamaté hoje. Depois de retomar à Espanha fez ainda três viagens, nas quaisdescobriu várias outras ilhas das Antilhas e parte da América Central.Intrigas políticas na corte espanhola (a acusação de pretender o podertotal nas terras do Novo Mundo) fizeram-no cair no esquecimento.

Foi um navegador de Florença, Américo Vespúcio, companheiro deColombo em várias expedições, que começou a suspeitar, acabando final-mente por provar que as terras encontradas não eram as índias, mas umnovo continente, entre a Europa e a Ásia. Daí o nome América.

As descobertas espanholas continuaram. Em 1513, Balboa cruzou aAmérica Central e viu pela primeira vez o Oceano Pacífico. Fernão deMagalhães começou em 1519 a primeira viagem de navegação em torno

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As viagens de Colombo e Cabra/.

do mundo; morreu em 1521, nas Filipinas, antes de terminá-Ia; quem acompletou foi Sebastião deI Cano, em 1522, comprovando assim a esferi-cidade da Terra -·a expedição partiu de Cádiz e, navegando sempre namesma direção, voltou ao ponto de partida.Primeira viagem de circunavegação.

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Enquanto os portugueses permaneceram na costa das terras conquis-tadas, os espanhóis penetraram no território em busca de riquezas.

Descobriram, assim, civilizações muito adiantadas e ricas, como a dosastecas, no México, e a dos incas, no Peru; assaltaram e escravizaram essespovos, pondo-os a trabalhar nas minas de ouro e prata e na exploraçãoagrícola que organizaram para atender às necessidades das próprias co-lônias.

Com a descoberta dos metais, obtiveram a hegemonia na Europa, daías diferenças marcantes na forma de organização do comércio colonial dosimpérios português e espanhol.

Os lucros da exploração colonial foram enormes. Todos os anos umafrota partia de Sevilha para Vera Cruz (no atual México), e voltava carre-gada de metais preciosos. A abundância de metais promoveu a hegemoniada 'Bspanha na Europa e inflacionou enormemente os preços, que quadru-plícaram no decorrer do século. O centro da economia européia, que atéentão fora o Mediterrâneo, deslocou-se para o Atlântico.

A expansão inglesa e francesa

AMÉRICADO

NORTE

As viagens de exploração inglesa e francesa.

21 .~

Tanto a França como a Inglaterra tiveram vários problemas internos queatrasaram e dificultaram a sua expansão: foi demorado o processo de cen-tralização do poder do Estado nas mãos do rei e houve várias guerras in-ternas (como a das Duas Rosas, na Inglaterra) e externas (como a dos CemAnos, entre esses dois países).

O êxito da Espanha e de Portugal estimulou os franceses e inglesesa começarem também a sua expansão: Verazzano, florentino, percorreu ascostas da América do Norte em nome de Francisco I, da França. JacquesCartier descobriu o estuário do Rio São Lourenço, no atual Canadá. Asexpedições de Giovanni Caboto, a serviço de Henrique VIII, permitiramo reconhecimento das costas do Labrador e Terra Nova. Estas primeirastentativas foram bastante limitadas nos seus efeitos. Os maiores êxitos defranceses e ingleses, no plano da colonização sistemática, viriam somentenos inícios do século XVII.

Documentobásico

Chegada de Vasco da Gama a Calicute:

"Neste mesmo dia (domingo, 19 de maio de 1498), à tarde,navegamos ao longo da costa, pouco mais de duas léguas,nas proximidades de Calicute. Ao ancorarmos, quatro em-barcações da terra vieram ao nosso encontro; queriam saberquem éramos; aproximaram-se e voltaram à cidade. Nodia seguinte os mesmos barcos vieram ter aos nossos navios.Então o capitão-mor enviou um degredado a Calicute. Oshabitantes trouxeram até o nosso homem dois intérpretesque falavam castelhano, mouros de Túnis. O primeiro cum-primento que lhe deram foi textualmente o seguinte: Diabo,o que o traz aqui?' Em seguida perguntaram o que víi-tha-mos procurar tão longe. Ele lhes respondeu que vínhamosprocurar cristãos e especiarias. Os mouros responderam:'Por que não os enviaram aqui nem o rei de Castela, nemo rei da França, nem o senhor de Veneza?' O degredadorespondeu que o rei de Portugal queria evitar que aquelessoberanos atingissem essas paragens; disseram-lhe os mou-ros que o rei fazia bem. Deram-lhe hospitalidade é oconvidaram a comer mel e pão de trigo; ao terminar arefeição, voltou aos navios. Quando retomou a bordo trouxeconsigo um dosmouros que começou a dizer ao chegar:'Boa sorte!... Boa sorte!... muitos rubis... muitas esme-

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Datase fatosessenciais

Resumo

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raldas. .. Vocês devem dar graças a Deus por tê-los con-duzido a uma terra de tantas riquezas! ... ' O que ouvíamosnos causou enorme espanto, pois não podíamos acreditarque houvesse tão longe de Portugal um homem capaz defalar a nossa língua."

Jornal da viagem de Vasco da Gama,publicado por E. Charton, Voya-geurs Anciens et Modernes, tomoIH, pág. 243, citado por L. Go-thier e A. Troux, Recueils de Tex-tes d'Histoire, tomo IH, Les TempsModernes, pág. 17.

Século XIV: Crise de estagnação.

Século XV: Surto de desenvolvimento.

1415: Tomada de Ceuta.

1487: Passagem do Cabo das Tormentas.

1492: Descobrimento da América.

1498: Chegada de Vasco da Gama às fndias.

1500: Descobrimento do Brasil.

1522: Primeira viagem de circunavegação.

1 . A expansão européia constituiu um elemento funda-mental dos Tempos Modernos. Vários fatores condi-cionaram essa expansãq; econômicos, sócio-políticos,religiosos e culturais. ~

a) Econômicos: estagnação da economia européia, es-timulando assim a busca de novos mercados con-sumidores e fornecedores. .:

b) Sócio-polítiêos: ascensão social da burguesia mer-cantil e fortalecimento do Estado Nacional,

c) Religiosos: presença dos ideais religiosos aindaresultantes das Cruzadas.

d) Culturais: aperfeiçoamento técnico dos instrumentosde navegação: bússola e astrolábio.

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2. A expansão portuguesa foi pioneira por uma série demotivos:

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a) As atividades comerciais dos portugueses eram in-tensas nos fins da Idade Média.

b) Em grande parte, sua expansão foi conduzida pelaburguesia mercantil, que a orientou para o Sul daÁfrica, visando ao comércio.

c) Quando a nobreza participou da expansão, con-duziu-a para O Norte da África, com propósitosapenas belicosos.

d) A Escola de Sagres não foi tão importante comose pensa. Valeu mais pelo estímulo econômico.

e) Os portugueses começaram em Ceuta (1415) e ter-minaram contornando a África em 1487. Em 1498Vasco da Gama atingiu as Indias e Pedro ÁlvaresCabra I chegou ao Brasil em 1500.

f) Os portugueses formaram seu Império Colonial nasIndias, transformando Goa na sua capital co-mercial.

g) Os custos de manutenção do comércio orientaltornaram-se cada vez mais elevados, reduzindo oslucros. Em 1530, os portugueses estavam abando-nando as Indias pelo Brasil.

3. A expansão espanhola diferiu muito da portuguesa: osesp.anhóis encontraram ouro e prata nas suas colônias.

~ a) As terras espanholas foram descobertas mais oumenos ao acaso por Cristóvão Colombo, que fezvárias viagens à terra descoberta em 1492.

b) Em 1522, completou-se a primeira viagem de cir-cunavegação iniciada por Fernão de Magalhães ecompletada por Sebastião del Cano.

c) Os conquistadores espanhóis descobriram as civili-zações pré-colombianas da América, ricas em me-tais preciosos.

d) Um sistema de frotas foi organizado com a fina-lidade de transportar metais preciosos para Sevilha(Espanha). .

e) Esses metais inflacionaram os preços e, juntamentecom as especiarias portuguesas do Oriente, força-ram a passagem do eixo econômico para o Atlân-tico.

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Vocabulário

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4. No século XVI, as expansões inglesa e francesa forammenos significativas. Sua importância maior estaria noséculo XVII.

a) A demora da Inglaterra e da França para entrar nacorrida colonial deveu-se a problemas políticos in-ternos e externos: Guerra dos Cem Anos, Guerradas Duas Rosas.

b) O interesse franco-britânico concentrou-se na Amé-rica do Norte e Canadá.

Astrolábio: instrumento para medir a longitude e latitude.,Atividade mercantil: atividade comercial (compra, venda,

troca etc.).Concessão (comercia!): direito de explorar comercialmente

determinado ramo ou região.Crise de desenvolvimento: crise que se dá em momento"

de expansão por causa do aparecimento de elementos que:impedem a continuidade dessa expansão.

Crise de estagnação: diminuição da procura (de bens eserviços) .

Crise de mercado: desequilíbrio entre a oferta e a pro-cura.

Economia: conjunto das atividades econômicas (agricul-tura, indústria, comércio); preocupação em poupar e,assim, capitalizar.

Entreposto: estabelecimento, feitoria.Estado: território administrado por um governo soberano e

dotado de leis próprias.Feitoria: estabelecimento comercial, em geral situado no

litoral.Hegemonia: supremacia, poder de maior influência.Inflacionar: emitir moedas em quantidade exagerada, pro-

vocando a sua desvalorização.Intermediário: comerciante.Investir: empregar dinheiro.Mercado: conjunto dos compradores e produtores.Mercado abastecedor: produtores.Mercado consumidor: compradores.Monções: época ou ventos favoráveis à navegêção.Monopólio: direito exclusivo sobre a produção ou co-

mércio.

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Iníciodos Tempos

Modernos/ORenascimento

Introdução

o Renascimento marcou o início dos Tempos Modernos no plano cultural.Começou nos fins da Idade Média e atingiu a plenitude entre os séculosXV e XVI. A denominação Renascimento foi resultado da preocupaçãodos homens que viveram esta evolução cultural, em aproximar a sua épocada Antigüidade. Consideravam, portanto, que a sua época via renascer acultura antiga, a partir da qual se orientavam, em oposição à cultura me-dieval, que desprezavam.

Origens do Renascimento

o Renascimento começou na Itália e seu desenvolvimento e difusão forampossíveis graças a uma série de circunstâncias da história italiana.

Com o progresso das cidades e do comércio, muita gente enriqueceua ponto de ficar em condições de proteger os artistas e gastar bastante coma Arte; os protetores dos artistas eram chamados mecenas. Estes acabavam

.conhecidos e respeitados por todos. A Arte os ajudava a conseguir cré-ditos e a divulgar as atividades das suas empresas, contribuindo para oseu progresso.

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