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MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA - MCT SECRETARIA DE POLÍTICA TECNOLÓGICA EMPRESARIAL – SEPTE COORDENAÇÃO DE SISTEMAS LOCAIS DE INOVAÇÃO INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA 1 Brasília, DF Outubro de 2001 1 O conteúdo desta publicação é de responsabilidade de Públio Vieira Valadares Ribeiro, bolsista do Programa de Capacitação Interna do MCT e mestrando do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília. Contribuíram também para versão definitiva do texto: João Bosco de Carvalho Lima Freitas, Américo Rodrigues Filho, Francisco Eloi dos Santos; Luciana Gurgel Machado e Francisco Mesquita do Amaral.

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MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA - MCTSECRETARIA DE POLÍTICA TECNOLÓGICA EMPRESARIAL – SEPTECOORDENAÇÃO DE SISTEMAS LOCAIS DE INOVAÇÃO

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Brasília, DFOutubro de 2001

1 O conteúdo desta publicação é de responsabilidade de Públio Vieira Valadares Ribeiro, bolsista do Programade Capacitação Interna do MCT e mestrando do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Sociologia daUniversidade de Brasília. Contribuíram também para versão definitiva do texto: João Bosco de Carvalho LimaFreitas, Américo Rodrigues Filho, Francisco Eloi dos Santos; Luciana Gurgel Machado e Francisco Mesquita doAmaral.

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Índice

Apresentação .................................................................................................................................................................................3

I. Inovação tecnológica na Sociedade do Conhecimento..................................................................................4A Inovação Tecnológica ..........................................................................................................................................................4Sistema de Inovação (interação Governo-Universidade-Empresa).................................................................................5O ambiente brasileiro ...............................................................................................................................................................7

II. Inovação tecnológica nas micro e pequenas empresas .............................................................................10 Inovação e competitividade nas MPE’s ............................................................................................................................. 10

Inovação por meio da P&D .................................................................................................................................................. 12Instrumentos de apoio à inovação .......................................................................................................................................13

III. Transferência de tecnologia.....................................................................................................................................15Atores do processo de geração e transferência de tecnologia ...................................................................................... 16O patenteamento da inovação ............................................................................................................................................ 16Algumas formas de transferência de tecnologia .............................................................................................................. 17Diretrizes e fases para a negociação de tecnologia........................................................................................................ 18Negociação e escolha do instrumento mais adequado................................................................................................... 19Aquisição de Tecnologia Externa........................................................................................................................................ 20

Apoio Governamental................................................................................................................................................................ 211. Incentivos Fiscais para a Capacitação Tecnológica ................................................................................................... 21

Ambientes institucionais de transferência de tecnologia..................................................................................................... 23 1. Incubadoras de empresas ............................................................................................................................................... 23 2. Parques Tecnológicos ...................................................................................................................................................... 25

3. Aglomerados Produtivos (“Clusters”) ...............................................................................................................................26

IV. Programas de apoio à inovação tecnológica e transferência de tecnologia................................28ALFA / PATME........................................................................................................................................................................ 28Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas - PNI................................................................................ 28Projeto INOVAR ..................................................................................................................................................................... 29PROGEX NACIONAL ............................................................................................................................................................ 30

Programa de Apoio à Competitividade e Difusão Tecnológica..............................................................................30 Programa de Apoio às Tecnologias Apropriadas – PTA................................................................................................. 32 Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico – PADCT/TIB...................................................... 33 Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico – PADCT/CDT.................................................... 34 Entidades Tecnológicas Setoriais – ETS........................................................................................................................... 36 Programa de Capacitação de Recursos Humanos para Atividades Estratégicas – RHAE ....................................... 37

V. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA............................................................................................................................................38

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Apresentação

A dinâmica de desenvolvimento da economia mundial, nos tempos atuais, vem sendo fortemente

influenciada pela consolidação de um novo paradigma técnico-econômico, onde a globalização da

economia leva o setor produtivo a um esforço crescente na busca da competitividade. O binômio

inovação – competitividade , neste contexto, constitui-se um elemento fundamental para a

modernização do parque produtivo nacional, com vistas à ampliação de sua participação no comércio

internacional de bens e serviços. A inovação tecnológica - entendida aqui como a transformação do

conhecimento em produtos, processos e serviços que possam ser colocados no mercado - torna-se cada

vez mais importante para o desenvolvimento socioeconômico dos mais diversos países, os quais

reconhecem que, para melhorar e ampliar suas estruturas industriais e de exportação, são necessárias

medidas cuidadosamente formuladas para estimular atividades de ciência e tecnologia, que estejam

articuladas com as demandas do setor produtivo.

A transferência, para o setor produtivo, de tecnologias geradas em centros de pesquisa,

universidades, institutos e em outras empresas é de fundamental importância dentro de uma estratégia

de aumento da competitividade das indústrias em busca de novos mercados e da própria sobrevivência

no mercado nacional e internacional.

O Objetivo do Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica da Indústria – PACTI consiste em

apoiar, orientar e articular as ações relativas à capacitação tecnológica da indústria, para aumentar a

competitividade dos bens e serviços produzidos no país.

Esta publicação tem por finalidade divulgar para empresários, universidades, instituições de

pesquisa, centros de transferência de tecnologia e outros, alguns conceitos e instrumentos que vêm

sendo utilizados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia- MCT com o objetivo de dar suporte a uma

política de apoio à inovação tecnológica e transferência de tecnologia para o setor produtivo nacional.

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Inovação tecnológica na Sociedade do Conhecimento

A Inovação Tecnológica

O momento crucial da mudança tecnológica refere-se à entrada da invenção no processo

produtivo, que possui grande impacto para o desenvolvimento econômico. Podemos distinguir invenção

de inovação para demarcar esse momento: a invenção, em si mesma, não teria dimensão econômica,

referindo-se à descoberta de princípios que podem permanecer restritos ao campo do conhecimento. A

inovação, por outro lado, teria aplicação prática, possibilitando o emprego de recursos econômicos de

uma forma ainda não efetivada. Essa distinção tem o mérito de destacar o fato de que nem todo avanço

no conhecimento tem, necessariamente, implicações na produção, circulação e consumo de mercadorias.

No entanto, não podemos ver estes dois processos como sendo independentes: a descoberta de novos

princípios cria a possibilidade de sua aplicação a curto ou longo prazo, assim como um novo emprego de

recursos econômicos pode conduzir à descoberta de novos conhecimentos.

Em sua acepção mais geral, inovação refere-se à “introdução de conhecimento novo ou de novas

combinações de conhecimentos existentes”. Por sua própria definição, o conceito supõe e impõe uma

relação estreita entre inovação e conhecimento. Já a inovação tecnológica, refere-se a “novos produtos

e/ou processos de produção e aperfeiçoamentos ou melhoramentos de produtos e/ou processos já

existentes”.

No entanto, um conceito mais abrangente de inovação foi introduzido por Chistopher Freemam2

no âmbito das discussões realizadas pela OCDE, em meados de 1970, para responder à necessidade

sentida nos países desenvolvidos de ações governamentais que integrassem políticas econômicas e de

ciência e tecnologia, P&D e indústria, sistema de pesquisa e sistema produtivo, visando a aumentar a

competitividade internacional. Hoje em dia, diante da constatação de que a inovação tecnológica stricto

sensu não garante competitividade e não resolve sérios problemas sociais ligados a processos de

produção, amplia-se o alcance do conceito para incluir também: a organização e gestão do trabalho

dentro da empresa; formas de atualização e qualificação profissional dos trabalhadores; desenvolvimento

de novas formas de relação capital/trabalho e/ou de organização do trabalho na empresa;

descentralização com integração (social, produtiva, administrativa e política); formação de recursos

humanos qualificados em colaboração com as universidades, etc. Em seu sentido ampliado, a inovação

objetiva não só a produtividade e a competitividade como também o bem-estar social e qualidade de vida

da população.

Podemos dizer que, de modo geral, a capacidade de inovar depende da capacidade das

sociedades e das relações entre seus agentes, movimentos, organizações e instituições para: (i)

empenhar-se nas escolhas que lhe são mais adequadas entre as disponíveis e as acessíveis e; (ii)

aplicar os resultados de suas opções, como e onde serão mais produtivos social e economicamente.

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Sistema de Inovação (interação Governo-Universidade-Empresa)

As mudanças que ocorreram nas esferas da produção material e da produção do conhecimento

estabeleceram estreitas relações entre esses dois processos, de forma que não se pode mais imaginar a

produção material sem o aporte cada vez maior de conhecimento produzido e, por outro lado, não se

pode conceber a produção e comunicação de conhecimento sem a contribuição da produção material das

novas tecnologias, nem sem a relação social e econômica de demandas e necessidades sociais. É por

isso que se torna cada vez mais importante a relação entre universidade-empresa , ou seja, entre

sistema de produção imaterial e material.

A noção de sistema de inovação responde à constatação da necessidade de ações integradas e

coordenadas entre vários atores sociais visando o desenvolvimento socioeconômico. Hoje, destaca-se

como condição indispensável ao desenvolvimento a interação entre três grandes grupos de atores: (i)

instituições governamentais (incluindo os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em seus três níveis

– federal, estadual e municipal); (ii) setor empresarial (incluindo organizações, associações e entidades

ligadas a este setor) e; (iii) instituições de pesquisa (públicas e privadas). Este modelo de interação ficou

conhecido como triple helix e foi amplamente divulgado por Etzkowitz e Leydesdorff3.

Já a noção de ambiente procura dar conta do conjunto de condições (limites, obstáculos,

possibilidades, estímulos) da inovação numa determinada formação social circunscrita no tempo e no

espaço. Nesse sentido, falar de um ambiente de inovação significa dar conta dos fatores sociais da

capacidade de inovação, ou seja, do conjunto de fatores políticos, econômicos, sociais, culturais e

ambientais que estimulam ou dificultam a inovação.

No contexto contemporâneo, a modernização do sistema produtivo pressupõe a democratização

do conhecimento e das decisões, ou seja, a inovação e o desenvolvimento de novas formas de produzir,

aplicar e distribuir o conhecimento. De acordo com Freemam, os problemas atuais relativos ao

desemprego estrutural e à desaceleração da produtividade resultam da incompatibilidade entre as novas

tecnologias e sistemas sociais e organizacionais obsoletos. A partir desta constatação, podemos inferir

que a coerência entre o sistema social e o sistema tecnoprodutivo só pode ser restabelecida se o

primeiro se adequar às transformações operadas neste último pelo desenvolvimento científico e

tecnológico. Neste sentido, podemos sem dúvida afirmar que a difusão do conhecimento torna-se mais

importante que a invenção ou produção

Deste modo, podemos compreender que a capacidade inovadora de uma empresa ou nação não

depende pura e simplesmente de sua capacidade (econômica) de investir em novas tecnologias e sim da

capacidade social, cultural e política de aplicar produtivamente e aproveitar socialmente os resultados da

pesquisa científico e tecnológica. Os processos de acumulação, descentralização e democratização do

conhecimento como pressupostos da inovação referem-se à ação necessária das instituições de

2 Cf. Chris Freemam. “Grounds for hope: technology, progress and quality of life” in Science and Public Policy .3 Cf. Henry Etzkowitz and Loet Leydesdorff. “Introducion to special issue on science policy dimensions of the TripleHelix of university-industry-government relations” in Science and Public Policy.

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pesquisa, do Estado e do setor produtivo. A promoção eficaz e efetiva desses processos resulta da ação

conjunta das instituições e depende da cooperação entre os agentes sociais, condição indispensável da

construção de sistemas de inovação. Assim, podemos dizer que os limites e potencialidades da

capacidade inovadora de determinada localidade, região ou país, encontram-se na relação mais ou

menos bem sucedida entre o Estado e a Sociedade Civil.

As pressões atuais no sentido de diminuir os gastos e aumentar a arrecadação não impedem que

o Estado assuma suas responsabilidades de assegurar infra-estrutura para o desenvolvimento de novas

tecnologias; criar ambiente favorável ao desenvolvimento de micro, pequenas e médias empresas;

promover políticas de educação, formação e treinamento; estimular a difusão e circulação de informação;

apoiar programas e projetos de P&D; estimular e coordenar a articulação entre produção material e

imaterial. Ao mesmo tempo, observamos a exigência de novas estratégias e táticas de gestão

empresarial e universitária, sobretudo visando a aumentar a participação privada nos investimentos de

P&D.

O advento do novo paradigma tecnológico, o processo de globalização e a abertura dos

mercados são fatores determinantes na definição de mudança social em curso, aumentando a exposição

das empresas à competição internacional, assim como às novas tecnologias, práticas e princípios de

capacitação empresarial, que passam a determinar não apenas o sucesso ou fracasso, mas a própria

sobrevivência das empresas no mercado.

Neste sentido, podemos afirmar que a contribuição social do empresariado torna-se uma

conseqüência da lógica econômica da sobrevivência e da competição no mercado. Diante do aumento da

competição, as empresas se deparam ao mesmo tempo com a necessidade e a possibilidade de

aumentar sua capacidade de competição, buscando novos critérios de excelência empresarial. Neste

contexto, a modernização da produção significa a busca por maior produtividade e competitividade dentro

dos princípios do novo paradigma, que tem conduzido à tentativas de criar melhores condições para a

absorção de tecnologia e também de novas práticas gerenciais e organizacionais cuja implementação

depende, fundamentalmente, da democratização do conhecimento e da informação.

No novo patamar de competitividade exigido pela economia globalizada a empresa não pode

prescindir de uma interação estreita com os produtores de conhecimento para a manutenção e

incremento de seu desempenho no mercado. Mas também as universidades (instituições de pesquisa)

precisam se abrir para essa interação por diversas razões: (i) primeiro do ponto de vista pragmático, pois

a tão desejada autonomia universitária pressupõe capacidade ampliada de captação de recursos que não

poderão mais vir exclusivamente do Estado; (ii) também não se pode fugir da exigência de

responsabilidade social perante o financiamento público da pesquisa, formação de recursos humanos e

da necessária capacidade de legitimação do trabalho das universidades e, por fim; (iii) os desafios de

resolver demandas sociais diversas e a interação com o setor produtivo (e com a sociedade civil) tendem

a estimular a geração de novos conhecimentos, que estimulam transformações no setor empresarial, que

por sua vez podem resultar em efeitos benéficos para o desenvolvimento econômico e social.

A conquista dessa articulação tríplice (Governo-Universidade-Empresa) pode resultar em

aumento da arrecadação a ser investida no melhoramento dos sistemas educacionais, base

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indispensável da sociedade do conhecimento. As universidades aprenderiam a interagir com mais

autonomia e diversificariam suas pesquisas e suas fontes de recursos e seus egressos também

encontrariam melhores oportunidades no mercado de trabalho. As empresas, por sua vez, adquiririam

maior capacitação tecnológica para competir interna e externamente. É neste sentido que podemos falar

de um “circulo virtuoso” na cooperação universidade-empresa. De fato, podemos observar que “a

democratização do conhecimento não é só fator, mas também resultado da inovação e principal elo entre

esta e a mudança social” (MACIEL, 1999).

O ambiente brasileiro

Percebemos que, no mundo contemporâneo, a consolidação de relações de cooperação entre

universidades e empresas tem sido considerada cada vez mais um componente fundamental para o

incremento da competitividade e do desenvolvimento econômico a nível local, regional e, mesmo,

nacional. Isto porque o êxito e à sobrevivência de empresas, regiões e nações num mercado cada vez

mais globalizado e competitivo, depende do investimento no processo de inovação tecnológica, que

torna-se progressivamente uma variável estratégica fundamental na aquisição de vantagens

competitivas.

O processo de inovação tecnológica pode ser caracterizado, resumidamente, por três fases: a

formulação da idéia, a partir da pesquisa básica; o desenvolvimento do produto ou processo, a partir da

pesquisa aplicada, da engenharia e elaboração de protótipos ou plantas-piloto e, finalmente; a produção

em escala e o lançamento do produto/processo no mercado. A grosso modo, podemos localizar a

universidade e a empresa nas duas pontas do processo, sendo que a universidade desempenha um

papel fundamental no ciclo de P&D, enquanto as empresas são as principais responsáveis pelo

lançamento de novos produtos/processos no mercado.

No contexto internacional, encontramos vários exemplos de arranjos institucionais bem sucedidos

que envolvem empresas, universidades e outras instituições de cunho tecnológico, como os casos

clássicos da Route 128 e Silicon Valley, encontrados nos EUA. Já nos chamados “países em

desenvolvimento”, especialmente no Brasil, os esforços governamentais para tentar reproduzir esses

casos de sucesso têm esbarrado em condições institucionais adversas, entre elas citamos: o baixo

investimento privado em P&D; a situação precária das instituições de ensino superior; uma certa

“resistência ideológica” presente nestas instituições para atuar em conjunto com a iniciativa privada e,

sobretudo; a inexistência de uma “cultura empreendedora” nas empresas e nas universidades. Por isto, é

importante destacar o papel que algumas instituições tecnológicas têm desempenhado para difundir

parcerias entre universidades e empresas e para consolidar o processo de inovação tecnológica.

No caso brasileiro, vários estudos vêm ressaltando que a criação e a consolidação de micro e

pequenas empresas contribui diretamente para o desenvolvimento socioeconômico, pois são estas

pequenas unidades produtivas que geram grande parte da produção industrial e criam a maior parte dos

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postos de trabalho no país. Dados do SEBRAE4 mostram que as micro, pequenas e médias empresas

constituem cerca de 98% das empresas existentes, empregam 60% da população economicamente ativa

e geram 42% da renda produzida no setor industrial, contribuindo com 21% do Produto Interno Bruto –

PIB.

As micro e pequenas empresas enfrentam várias dificuldades que impedem sua sobrevivência no

mercado, o SEBRAE aponta uma taxa de mortalidade de 80% dessas empresas antes de completarem o

primeiro ano de funcionamento. Entre as várias razões que ocasionam essa elevada taxa de mortalidade,

o SEBRAE detectou problemas gerenciais como a principal. Outras razões, citadas pelo Sindicato da

Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo – SIMPI, não menos importantes, são as dificuldades

burocráticas, que incluem uma legislação complexa, exigente e que acarreta altos custos burocráticos,

tributários, de produção e comercialização, além das dificuldades concorrenciais para os micro e

pequenos empresários que atuam em mercados oligopolizados, onde grandes empresas ditam prazos e

condições de pagamentos para a aquisição de produtos e fornecimento de insumos. Além disso, sabe-se

que as elevadas taxas de juros sobre os empréstimos, superiores às que pagam as grandes empresas,

bem como as exigências dos financiadores por garantias reais, que geralmente o micro e pequeno

empresário não pode oferecer, deixam-no sem acesso ao crédito. Completa esse quadro de entraves o

difícil acesso a tecnologias para a inovação em produtos e em processos de produção.

Os micro e pequenos empresários, de modo geral, têm seu tempo consumido pelo trabalho

cotidiano e rotineiro, enfrentam dificuldades financeiras, contam com um quadro de recursos humanos

diminuto, muitas vezes recrutado na própria família, quase sempre sem especialização e capacitação

para incorporar inovações à empresa.

Sabemos também que a cultura empresarial brasileira revela uma tendência mais forte à

dependência que à autonomia na posição de boa parte do empresariado ante o Estado (tanto local

quanto nacional) devido a fatores históricos e culturais, com a persistência de modelos patrimonialistas,

clientelistas e paternalistas. De maneira geral, o empresariado espera mais do Estado do que de sua

própria capacidade de iniciativa e também a falta de consciência de seu papel social e de uma visão de

médio e longo prazos impedem a percepção dos limites de sua própria expansão. Por isso, a

preocupação com a distribuição do conhecimento e dos frutos da inovação tecnológica é rara e recente.

Da mesma forma, estados e municípios também tendem a aguardar as providências e verbas do

governo federal. No entanto, diante de evidências de sucessos descentralizados em outros países e dos

limites de atuação do Estado Nacional, alguns municípios têm demonstrado criatividade e energia na

busca de soluções próprias para os problemas locais. No Brasil, com suas dimensões territoriais e

disparidades socioeconômicas regionais, a descentralização da produção nacional toma um significado e

uma urgência de proporções significativas.

4 Cf. Manual para implantação de incubadoras de empresas.

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Por parte do Estado, constata-se a falta de coordenação e de continuidade de políticas;

dificuldade em identificar nichos de mercado promissores e prioridades de setores a serem

desenvolvidos; aonde existem programas interessantes a informação não circula, a maioria dos

pequenos empresários não tem conhecimento dos programas de instituições que podem lhes beneficiar

e, de uma forma geral; existe uma grande distância entre o discurso e a prática no que diz respeito a

relação universidade-empresa.

Na Universidade, também se constata uma certa resistência a mudanças vistas por alguns como

ameaça a territórios conquistados e à “pureza” da pesquisa básica. No confronto entre o corporativismo

universitário e premências sociais e econômicas externas nascem alguns mecanismos que permitem

uma relação com o mundo “lá fora”, mas que constituem na maioria das vezes órgãos à parte, estruturas

paralelas cuja ação não repercute nas atitudes e relações internas.

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Inovação tecnológica nas micro e pequenas empresas

As discussões sobre a constituição de sistemas de inovação nos levam a procurar entender como se

dá o processo de inovação no interior das empresas. Mas antes de debatermos a questão da inovação

tecnológica nas micro e pequenas empresas (MPE’s), gostaríamos de fazer uma distinção de ordem

fundamental entre as empresas de base tecnológica e empresas de setores tradicionais da economia.

Desta forma, procuramos definir:

• Empresas de Base Tecnológica - são empresas cujos produtos, processos ou serviços são gerados

a partir de resultados de pesquisas aplicadas, nos quais o conhecimento representa alto valor

agregado.

• Empresas dos Setores Tradicionais - são empresas ligadas aos setores tradicionais da economia,

as quais detém tecnologia largamente difundida e podem agregar valor aos seus produtos, processos

ou serviços por meio de um incremento em seu nível tecnológico. Tais empresas devem estar

comprometidas com a absorção ou o desenvolvimento de novas tecnologias.

Inovação e competitividade nas MPE’s5

A inovação tecnológica é uma atividade complexa e pode ser entendida como o processo capaz

de tornar uma invenção rentável para a empresa. Este processo, se inicia com a concepção de uma nova

idéia, passa pela solução de um problema e vai até a real utilização de um novo item de valor econômico

ou social.

Vários modelos têm sido propostos para esclarecer como se dá o processo de inovação

tecnológica na empresa. Sabemos que diferentes modelos se aplicam para a explicação de cada

inovação. Porém, o denominado modelo paralelo de inovação parece se adequar bem a maioria das

situações no contexto das MPE’s de setores tradicionais da economia.

De acordo com o modelo paralelo de inovação, o estímulo para a deflagração de um processo de

inovação na empresa pode originar-se em diferentes setores externos ou internos à organização e será

concretizado com a participação destes segmentos através da combinação, da criação e da integração

de elementos extraídos do estoque de conhecimentos científicos e tecnológicos existentes e do agregado

de aspirações e necessidades da sociedade.

5 Cf. Isak Kruglianskas. Tornando a pequena e média empresa competitiva.

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Modelo Paralelo de inovação

Estado Corrente de Necessidades e Aspirações da Sociedade

Idéias→

Pesquisa→Desenvolvimento→Engenharia→Produção→ Comercialização→ Novos

Produtos

Estado corrente de Conhecimentos Científicos e Tecnológicos

As inovações constituem, essencialmente, mudanças empreendidas e adotadas pela empresa.

Quando uma empresa introduz um novo bem ou serviço, ou usa um novo método, seja em atividades de

manufatura, seja em serviços ou práticas gerenciais, ou, ainda, quando utiliza outros tipos de insumos

que são novos para tal empresa, está implantando uma mudança tecnológica. Mesmo que esta mudança

não seja inédita em termos do conhecimento universal, mas esteja sendo adotada pela primeira vez por

esta empresa, constituirá, do ponto de vista da própria empresa, uma inovação tecnológica. Portanto, sob

esta perspectiva, a cópia ou a busca da imitação, na medida que implique a aquisição de novos

conhecimentos e/ou habilidades por parte da empresa, não deixa de constituir-lhe uma inovação

tecnológica.

Tendo em vista a multiplicidade de situações abarcadas pelo conceito de inovação tecnológica, torna-

se conveniente diferenciar categorias distintas de inovação. Segundo Marquis (apud Kruglianskas, p. 19),

de forma mais ampla, podemos ter três tipos de inovação tecnológica:

• Inovações complexas – são inovações que resultam de processos longos e complexos, que

consomem volumes altos de recursos, durante um longo período de tempo. Estas inovações

decorrem de ações sistemáticas com planejamento altamente formalizado, como, por exemplo: o

Programa Espacial Americano; o Programa de Combate à AIDS; o Programa de Desenvolvimento do

Submarino Brasileiro etc.

• Inovações radicais – são inovações baseadas em descobertas tecnológicas capazes de alterar a

estrutura produtiva de todo um setor da economia, criando novos paradigmas. Como exemplos,

pode-se citar a descoberta da máquina a vapor, do transistor, da xerografia, do laser, dos raios X e

tantas outras conquistas científicas e tecnológicas que alteraram profundamente o panorama

socioeconômico que prevalecia na época de sua aplicação na indústria.

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• Inovações incrementais – são aquelas realizadas mediante pequenas mudanças, em geral no

interior das empresas, e que levam à melhoria de produtos, redução de custos, diversificação na

utilização dos produtos e mudanças de insumos. São inovações singelas, mas fundamentais para

manter a competitividade das empresas.

As inovações tecnológicas complexas e radicais podem ser descartadas como atividade de maior

interesse gerencial para as PMEs de setores tradicionais. Vale ressaltar que, para as empresas de base

tecnológica, as inovações radicais constituem um tema relevante, pois estas empresas, atuando em

segmentos industriais emergentes, têm potencial de deflagrar processos importantes de inovação radical.

A globalização e regionalização dos mercados em nível mundial tem desencadeado um processo

no qual a competitividade das empresas é dependente não só de sua competitividade individual, mas

também da competitividade das demais empresas que integram sua cadeia produtiva e também da

denominada competitividade sistêmica (relacionada a infra-estrutura e facilidades logísticas).

A competitividade requer preço e qualidade de produtos e serviços, organização eficaz da

produção, rapidez de resposta aos clientes e processos tecnológicos atualizados. Na economia aberta e

exposta ao mercado globalizado, as empresas de nível internacional lançam, incessantemente, novos

produtos com melhor qualidade, com desempenho percebido como mais satisfatório pelo cliente e a

custos cada vez menores.

Inovação por meio da P&D

Para se manterem tecnologicamente atualizadas, as empresas investem na busca de novos

conhecimentos. A sistematização e a formalização deste processo de aquisição de novos conhecimentos,

especialmente nas empresas de maior porte, dá-se por meio de pesquisa e desenvolvimento (P&D). A

sigla P&D subentende um conjunto muito amplo de atividades que possuem características bastantes

distintas.

Dessa forma, P&D cobre uma gama variada de atividades, desde aquelas orientadas para a

busca de conhecimentos com pouca aplicabilidade prática – como, por exemplo, a pesquisa básica – até

as de caráter eminentemente pragmático, como campanhas de lançamentos de novos produtos no

mercado. Alguns autores consideram que a P&D em sentido restrito só deve abranger as atividades de

pesquisa básica, pesquisa aplicada e desenvolvimento experimental.

A pesquisa básica tem como propósito gerar conhecimentos que permitam melhor entender a

natureza que nos cerca, sem necessariamente visar a solução a curto e médio prazo de um problema

específico. É, em geral, realizada nas universidades e instituições de pesquisa e envolve, em alguns

casos, parceria com empresas de grande porte que são líderes em seu campo de atuação.

Excepcionalmente, pode ocorrer a realização da pesquisa básica em empresas de pequeno porte, que

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atuam em setores industriais emergentes (biotecnologia, novos materiais, microeletrônica, etc.), muitas

vezes denominadas empresas de base tecnológica ou de alta tecnologia.

A pesquisa aplicada pode ser entendida como investigação original, concebida pelo interesse em

adquirir novos conhecimentos com finalidades práticas. No setor empresarial, a distinção entre pesquisa

básica e aplicada será freqüentemente caracterizada pela execução de um projeto para explorar

resultados promissores de um programa de pesquisa básica.

O desenvolvimento experimental envolve o uso sistemático de conhecimento técnico-científico,

com vistas a demostrar a viabilidade da adoção de novos materiais, produtos, equipamentos, serviços e

processos. Como resultado da atividade de desenvolvimento, são construídos protótipos, produções com

séries experimentais, plantas piloto e outros experimentos, que possibilitam identificar os parâmetros

necessários ao dimensionamento em escala industrial e as estimativas quanto à viabilidade comercial,

quanto se tratar de novos bens ou serviços.

Instrumentos de apoio à inovação

Existem vários instrumentos de suporte à inovação tecnológica nas empresas, que podem ser

utilizados para avaliar o risco e aumentar a chances de sucesso do lançamento de um novo

produto/processo no mercado. Inicialmente, podemos citar dois instrumentos de grande importância que

devem ser especialmente empregados pelas MPE’s:

a) Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica (EVTE) - Este estudo concentra-se nos aspectos

técnicos de produção e de desenvolvimento de um novo produto ou processo e também a relação deste

produto/processo com o mercado. Ele procura demonstrar ao empresário ou a um potencial agente de

financiamento para o protótipo, se uma idéia proposta é viável ou não, sendo portanto uma ferramenta

muito útil no auxílio à tomada de decisão. É no Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica que os

componentes críticos do produto ou processo são tecnicamente estudados e a viabilidade econômica da

inovação junto ao mercado é estimada. É também através de estudos de viabilidade que são verificadas

as necessidades e mesmo as adaptações que um produto ou processo precisam sofrer para que seja

viabilizada sua produção em escala.

b) Plano de Negócios - o plano de negócios é um instrumento de auxílio à tomada de decisão e de

ordenamento lógico do negócio com o novo produto ou processo. O plano de negócios terá como

principal finalidade a capacitação do empresário no sentido de orientar todo o planejamento e

organização da empresa de forma a torná-la mais competitiva e apta a lidar com variáveis externas à

empresa, principalmente aquelas ligadas a tecnologias. Numa seqüência, a empresa tendo verificado a

viabilidade do produto com o mercado e tendo resolvido os problemas de adequação do produto aos

meios de produção existentes, estaria apta a buscar no mercado financeiro recursos para viabilizar a

produção em escala. Um bom plano de negócio, com fortes argumentações e com uma expectativa de

bom retorno financeiro é atraente para os mais diversos investidores. O plano de negócio deve ser capaz

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de auxiliar o empresário na busca de novos recursos para a alavancagem da empresa procurando, no

entanto, preservar a preocupação com o melhor tipo de recurso, seja ele de empréstimo, de capital de

risco ou fontes mistas com recursos reembolsáveis e não reembolsáveis.

Existem também diversos instrumentos que podem dar suporte à inovação tecnológica ligada a

grupos de empresas de uma mesma cadeia produtiva, setor ou setores correlatos, envolvidas em

arranjos produtivos locais. Vamos citar dois instrumentos que vêm sendo amplamente difundidos e que

foram introduzidos no Componente de Desenvolvimento Tecnológico do Programa de Apoio ao

Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CDT/PADCT do Ministério da Ciência e Tecnologia em 1998.

São eles:

c) Plataformas Tecnológicas - são foros onde as partes interessadas da sociedade se reúnem para

identificar os gargalos tecnológicos ligados à uma determinada cadeia, setor ou região e para definir as

ações prioritárias para eliminá-los. Como partes interessadas da sociedade entende-se os agentes do

sistema de inovação e difusão de tecnologia: usuários e produtores de conhecimento técnico-científico,

empresários, investidores, agências de fomento, representantes dos governos federal, estadual e

municipal e outros. O resultado esperado das plataformas é a formação de parcerias entre institutos de

P&D, universidades e representantes do setor produtivo para a elaboração de projetos cooperativos que

venham a contribuir para o aumento da competitividade da indústria nacional. Além de propostas de

projetos cooperativos, outras ações podem resultar da prática de plataformas, como a promoção de

negócios, a criação de associações específicas e/ou de mecanismos permanentes de informação, etc.

d) Projetos Cooperativos - a pesquisa cooperativa se caracteriza por um projeto de pesquisa aplicada,

de desenvolvimento tecnológico ou engenharia, objetivando a busca de novos conhecimentos sobre um

determinado produto, sistema ou processo, ou de seus componentes. O projeto é executado de forma

conjunta entre instituições tecnológicas geradoras de conhecimento e empresas usuárias do mesmo, que

participam com recursos financeiros ou técnicos, custeando ou executando partes do projeto, tendo

acesso as informações nele geradas. São objetivos dos projetos cooperativos: (i) otimizar os

investimentos em P&D e engenharia, através do compartilhamento de recursos humanos e financeiros

entre os agentes envolvidos; (ii) aumentar a confiabilidade em tecnologias a serem adotadas; (iii) reduzir

incertezas de mercado e comercialização de inovações tecnológicas; (iv) Fornecer serviços técnico-

científicos para empresas, inclusive treinamento, relacionados com os objetivos do projeto; (v)

desenvolver tecnologias de relevância setorial ou regional.

15

Transferência de tecnologia

Em linhas gerais, a expressão Transferência de Tecnologia significa uma transferência formal

de novas descobertas e/ou inovações resultantes de pesquisa científica administrada pelas instituições

de pesquisa ou empresas para o setor industrial e comercial. Patentear e autorizar o uso das inovações é

uma forma de as instituições de pesquisa transferirem tecnologia pronta. Os passos principais neste

processo incluem: 1) a descoberta ou invenção; 2) proteção com patenteamento da inovação e

simultânea publicação da pesquisa científica; e, por último, 3) autorização dos direitos para utilização das

inovações para a indústria e para o desenvolvimento comercial.

O Brasil, historicamente, consolidou sua base industrial através da importação maciça de

tecnologias. As empresas que aqui se instalavam traziam seus processos de produção, sem que fosse

feito qualquer esforço de nossa parte em termos de geração de novas tecnologias. Esse modelo gerou

diversos problemas para o desenvolvimento nacional, especialmente no campo da geração do

conhecimento. A adoção de um modelo assentado na importação de tecnologias não colocou para a

comunidade científica brasileira, e também para o empresariado, o desafio do desenvolvimento

tecnológico de novos produtos e processos produtivos. Na maior parte dos casos, a transferência de

tecnologia ocorreu, quase que exclusivamente, através da compra de máquinas, equipamentos, manuais,

treinamento de pessoal e, eventualmente, pelo pagamento de royalties.

Atualmente, é fundamental que o país reveja sua posição frente à proteção e ao

encaminhamento das descobertas científicas e tecnológicas ao mercado. Apesar dos avanços

tecnológicos registrados nos últimos anos, o Brasil continua com um baixo número de patentes nacionais

e internacionais. De acordo com dados recentes da Organização Mundial de Propriedade Intelectual –

OMPI, 98% das patentes de países em desenvolvimento registradas na organização são geradas por

apenas seis países – Coréia do Sul, China, África do Sul, Cingapura, Índia e Brasil -, sendo que o número

de patentes registradas pela Coréia do Sul é dez vezes superior ao do Brasil. Enquanto no ano 2000 a

coréia registrou 1.700 patentes internacionais, apenas 161 patentes foram apresentadas pelo Brasil.

São vários os mecanismos e instrumentos que podem ser empregados para estimular e facilitar o

processo de transferência de tecnologia das universidades e centros de pesquisa para o setor produtivo.

Especial ênfase tem sido dada à constituição de redes cooperativas de pesquisa envolvendo os diversos

atores do circuito de interação Governo-Universidade-Empresa. As abordagens sistêmicas sobre esse

processo têm ressaltado a importância da constituição e da consolidação de ambientes favoráveis a

promoção da inovação tecnológica de forma interinstitucional, envolvendo arranjos de empresas, centros

de pesquisa e instituições voltadas para a promoção do desenvolvimento tecnológico.

16

Atores do processo de geração e transferência de tecnologia

Em um processo de transferência de tecnologia, algumas das seguintes entidades estão

normalmente envolvidas:

• Empresa produtora de bens e serviços

• Empresa de engenharia/consultoria

• Empresa detentora de tecnologia

• Fabricantes e fornecedores de equipamentos

• Agente financiador do investimento e pré-investimento

• Universidade

• Instituto ou centro de P&D público ou privado

• Órgão de propriedade industrial

• Órgão gestor de incentivos

• Empresas seguradoras

• Entidade de normalização da qualidade industrial

• Outros

O patenteamento da inovação

A pesquisa e o desenvolvimento para elaboração de novos produtos (no sentido mais

abrangente) requerem, na maioria das vezes, grandes investimentos. Proteger esse produto através de

uma patente significa prevenir-se de que competidores copiem e vendam esse produto a um preço mais

baixo, uma vez que eles não foram onerados com os custos da pesquisa e desenvolvimento do produto.

A proteção conferida pela patente é, portanto, um valioso e imprescindível instrumento para que a

invenção e a criação industrializável se torne um investimento rentável.

Patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade,

outorgados pelo Estado aos inventores ou autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de

direitos sobre a criação. Em contrapartida, o inventor se obriga a revelar detalhadamente todo o conteúdo

técnico da matéria protegida pela patente.

Durante o prazo de vigência da patente, o titular tem o direito de excluir terceiros, sem sua prévia

autorização, de atos relativos à matéria protegida, tais como fabricação, comercialização, importação,

uso, venda, etc. .

Em outros países, há duas formas de realizar o depósito do pedido de patente: diretamente no

país onde se deseja obter a proteção ou através do PCT (Tratado de Cooperação de Patentes) para as

invenções e modelos de utilidade.

17

Na primeira opção é necessário conhecer a legislação de cada país, sendo que a maioria dos

países exige que o pedido seja apresentado por um procurador ou agente de propriedade industrial no

país, junto ao órgão responsável pela concessão de patentes do país onde se deseja proteger a

invenção.

Na segunda opção, através do PCT, o interessado poderá fazer o depósito inicial do pedido no

INPI, já designando os países que escolheu para solicitar sua patente. Uma vez realizado o depósito, os

critérios para concessão e as obrigações do depositante ou titular seguirão as leis dos países escolhidos.

Algumas formas de transferência de tecnologia

a) Compra e absorção de tecnologia

A forma mais comum e imediata de se obter uma tecnologia é a compra direta – no país ou no

exterior – de uma empresa ou instituição que a detenha. Não é necessariamente a mais simples, pois

essa opção também envolve todo um processo de avaliação e negociação para que sejam definidas a

adequabilidade, viabilidade, condições de transferência, preços e prazos, bem como acertadas as bases

segundo as quais será procedida a absorção pela empresa adquirente. Vale reforçar que a absorção de

uma tecnologia comprada só ocorre efetivamente quando a receptora possui equipe técnica competente

para tal.

A fase de negociação é crucial e muitas vezes determina o sucesso ou o fracasso da transferência ou

de seu uso adequado.

A tecnologia pode ser adquirida de centros de pesquisa, outras empresas industriais ou de empresas

de engenharia ou de desenvolvimento tecnológico. Pode ter sido patenteada ou não, caso em que,

geralmente, negocia-se o know-how ou segredo de fabricação. Uma vez adquirida, a tecnologia torna-se

propriedade da empresa receptora, devendo o fornecedor transmitir à empresa compradora todas as

informações necessárias para seu uso adequado. É de fundamental importância a negociação sobre a

propriedade dos melhoramentos desenvolvidos pela compradora durante o prazo de vigência do contrato

de transferência de tecnologia.

É importante conhecer as fontes alternativas de tecnologia para escolher tecnicamente as melhores

condições de negociação.

b) Prestação de serviços técnicos e de assistência técnica e científica

Estes serviços devem ser objeto de contrato firmado entre as partes, definindo direitos e deveres de

ambas. O pagamento deve ser feito à medida que o serviço avança, e o valor deve estar previsto no

contrato ou documento hábil que o substitua e defina as condições básicas.

Somente devem ser averbados no INPI aqueles contratos que tratem exclusiva e efetivamente de

transferência de tecnologia. Caso seja uma negociação com o exterior, a averbação permite a remessa

oficial de divisas e a dedução fiscal, definida em normas legais específicas.

18

Como exemplo de serviços de assistência técnica podem-se citar engenharia básica, engenharia em

detalhamento, montagem, start-up de unidades produtivas, regulagem e recuperação de equipamentos,

cursos tecnológicos e técnicos e treinamento de técnicos.

Diretrizes e fases para a negociação de tecnologia

Prospecção Tecnológica Industrial

Entende-se por prospecção tecnológica industrial a atividade sistemática pela qual são identificados

produtos ou processos produtivos que assegurem vantagens competitivas a uma empresa. Este

procedimento deve apresentar um abordagem “sistêmica”, ou seja, devem ser analisadas as mudanças

nas tecnologias, no mercado, no perfil dos recursos humanos, assim como os aspectos geopolíticos e as

mudanças econômicas, tecnológicas e científicas. Devem ser levados em conta também os fatores de

incerteza, a estrutura legal/normativa, as interdependências setoriais e até mesmo as mudanças sociais.

a) Necessidades e perspectivas da empresa

O processo de prospecção deve ser continuamente monitorado para tornar possível sua utilização

permanente na formulação de políticas. Nessa formulação, é importante oferecer alternativas e garantir a

necessária flexibilidade, de modo a permitir mudanças no processo de desenvolvimento. Uma vez que a

definição de políticas influencia o futuro, é necessário incorporar os efeitos dos impactos dessas políticas

no processo de prospecção, para que seus efeitos possam ser absorvidos e falhas corrigidas.

Como mecanismo de planejamento estratégico para as empresas, a prospecção tecnológica

desempenha um importante papel na busca de maior competitividade, nesta fase de globalização dos

mercados.

b) Seleção de fontes de tecnologia

A identificação de novas fontes de tecnologia, notadamente nos institutos de pesquisa e nos

laboratórios universitários, representa o novo paradigma no desenvolvimento tecnológico das indústrias.

A abertura do mercado nacional aos produtores estrangeiros torna a compra de tecnologia externa mais

difícil, uma vez que os detentores da tecnologia podem vender seus produtos diretamente ao mercado

brasileiro. O desafio agora é desenvolver produtos com alta qualidade, que obedeçam as normas

internacionais e superem as chamadas barreiras não tarifárias ao comércio de bens e serviços

(metrologia, calibração, certificação, etc.)

c) Escolha da tecnologia

Para que a empresa passe a ser mais competitiva, a escolha da tecnologia é de fundamental

importância, o que torna a prospecção tecnológica indispensável ao processo de desenvolvimento

industrial. A absorção e/ou adaptação de uma tecnologia certamente exige uma maior capacitação, não

só do corpo técnico da empresa como também de seus operários. Os resultados serão mais efetivos, se

19

os técnicos participantes do processo forem capazes de aprender e reproduzir a técnica utilizada, o que

implica uma formação técnica adequada e uma preocupação em manter seu quadro técnico atualizado.

d) Absorção e adaptação da tecnologia

A capacitação de recursos humanos para a absorção/adaptação de tecnologia de ponta guarda

semelhança com a formação de pessoal para o desenvolvimento tecnológico em geral. Com uma base

educacional bem orientada e estruturada, poderemos ter um contingente de pessoas capaz de adaptar,

absorver ou gerar novas tecnologias, aumentando assim a competitividade das empresas nacionais.

As atividades geradoras de tecnologias avançadas costumam proporcionar maior número de

empregos diretos e indiretos, maior valor agregado ao produto final e aumento de divisas, pois a corrida

por produtos tecnologicamente avançados é mundial. A empresa ou o país que apresentar primeiro ao

mercado uma inovação tecnológica leva grande vantagem em relação aos seus competidores.

Negociação e escolha do instrumento mais adequado

No Brasil, todos os contratos de transferência de tecnologia estão sujeitos, por lei, à averbação

pelo Instituto Nacional de Propriedade industrial - INPI. Assim, as empresas com interesse em transferir

tecnologia, nacional ou estrangeira, devem submeter o pedido de averbação de contrato ao INPI em seus

estados, para poder usufruir os benefícios de dedução fiscal e a possibilidade de remessa oficial de

divisas para o exterior.

A averbação do Contrato no INPI é condição para :

• Legitimar pagamentos para o exterior;

• Permitir, quando for o caso, a dedutibilidade fiscal para a empresa cessionária dos pagamentos

contratuais efetuados;

• Efeitos perante terceiros.

As formas e os prazos de pagamento são de acordo com a negociação contratual, devendo ser

levados em conta os níveis de preços praticados nacional e internacionalmente em contratações

similares, excetuando-se os contratos de Prestação de Serviços de Assistência Técnica e Científica, cujo

valor é usualmente calculado a partir dos salários dos técnicos contratados. No caso de empresa com

vínculo majoritário de capital, além dos níveis de mercado devem ser respeitados os limites estabelecidos

na Lei nº 4131/62 e na Portaria MF nº. 436/58, conforme artigo 50 da Lei nº. 8.383/91.

Os contratos de transferência de tecnologia em geral são averbados por um prazo máximo de 5

(cinco) anos conforme Lei nº 4131/62, excetuando-se os que tenham por objeto, direitos de propriedade

industrial. As licenças de patentes ou marcas são averbáveis pelo prazo de validade desses privilégios.

20

Os contratos de transferência de tecnologia se classificam da seguinte forma:

a) Exploração de Patentes (EP)

Contratos que objetivam o licenciamento de patente concedida ou pedido de patente depositado junto ao

INPI. Esses contratos deverão indicar o número e o título da patente e/ou pedido de patente, devendo

respeitar o disposto nos Artigos 61, 62, 63 e 121 da Lei n. 9279/96 - Lei da Propriedade Industrial.

b) Uso de Marcas (UM)

Contratos que objetivam o licenciamento de uso de marca registrada ou pedidos de registros depositados

junto ao INPI. Esses contratos deverão indicar o número e a marca registrada ou depositada, devendo

respeitar o disposto nos Artigos 139 e 140 da Lei n. 9279/96 - Lei da Propriedade Industrial.

c) Fornecimento de Tecnologia (FT)

Contratos que objetivam a aquisição de conhecimentos e de técnicas não amparados por direitos de

propriedade industrial, destinados à produção de bens industriais e serviços.

d) Prestação de Serviços de Assistência Técnica e Científica (SAT)

Contratos que estipulam as condições de obtenção de técnicas, métodos de planejamento e

programação, bem como pesquisas, estudos e projetos destinados à execução ou prestação de serviços

especializados. Nestes contratos será exigida a explicitação do custo de homem/hora detalhado por tipo

de técnico, o prazo previsto para a realização do serviço ou a evidenciação de que o mesmo já fora

realizado e o valor total da prestação do serviço, ainda que estimado.

e) Franquia (FRA)

Contratos que destinam-se à concessão temporária de direitos que envolvam, uso de marcas, prestação

de serviços de assistência técnica, combinadamente ou não, com qualquer outra modalidade de

transferência de tecnologia necessária à consecução de seu objetivo.

Aquisição de Tecnologia Externa

Em síntese, o ciclo de análise e aprovação de um contrato de transferência de tecnologia no Brasil

deve obedecer a três etapas:

a) Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI

Analisa e averba contratos de transferência de tecnologia, permitindo, com isto, a exploração de

patentes, a absorção de tecnologia não patenteada, com a possibilidade de remessa de divisas para o

exterior, e a dedução fiscal, nos limites da legislação vigente.

21

b) Banco Central do Brasil – Bacen

No tocante aos contratos de transferência de tecnologia, cabe ao Bacen, por competência legal, a

avaliação do contrato no que diz respeito à inversão de capital, remessa de divisas e suas respectivas

condições.

Após averbado no INPI, ou caso haja dispensa de averbação, o interessado deve levar o contrato ao

Bacen para sua avaliação e registro, segundo suas próprias normas.

c) Fisco

As instituições responsáveis pela aplicação da legislação fiscal avaliam o contrato de transferência de

tecnologia, sob o aspecto da viabilidade ou não dedutibilidade fiscal, conforme o escopo do contrato e

suas especificidades.

Royalties pagos por tecnologia negociada (patenteada ou não) ou pelas diferentes formas de

transferência de tecnologia podem ter a correspondente remuneração deduzida como despesa

operacional para efeito de tributação (imposto de renda).

Apoio Governamental

O apoio governamental ao desenvolvimento, absorção e transferência de tecnologia ocorre

basicamente mediante concessão de incentivos fiscais, de linhas de financiamento, de agências de

fomento como a FINEP, BNDES e outros, bem como bolsas para o desenvolvimento de recursos

humanos.

Incentivos Fiscais para a Capacitação Tecnológica

a) Incentivos fiscais para a indústria e a agropecuária

Criados pela Lei nº 8.661/93 e regulamentados pelo Decreto nº 949/93, entraram em vigor em janeiro de

1994. Objetivam estimular os investimentos empresariais em ciência e tecnologia e são destinados a

qualquer empresa industrial ou agropecuária que apresente programa de desenvolvimento tecnológico

industrial ou agropecuário (PDTI ou PDTA). Compreendem:

• Dedução, até o limite de 4% do imposto de renda devido em cada ano fiscal, das despesas próprias

ou contratadas em atividades de pesquisa e desenvolvimento, podendo o eventual excesso ser em

até dois anos subseqüentes;

• Redução de 50% do imposto sobre produtos industrializados, incluindo máquinas, equipamentos,

aparelhos, instrumentos e seus acessórios destinados a atividades de P&D;

22

• Depreciação acelerada para efeito da apuração do imposto de renda, admitindo-se a aplicação em

dobro da taxa usual de depreciação de equipamentos e instrumentos destinados a atividades de

pesquisa e desenvolvimento;

• Amortização acelerada, para efeitos do imposto de renda, mediante a dedução integral, como custo

ou despesa operacional, dos dispêndios relativos à aquisição de bens intangíveis, tais como licenças

e direitos sobre tecnologias;

• Crédito do imposto de renda retido na fonte incidente sobre os valores pagos ao exterior a título de

royalties, de assistência técnica e de serviços previstos em contratos de transferência de tecnologia

averbados pelo INPI, da seguinte forma: 30% até 31/12/2003; 20% de 01/01/2004 até 31/12/2008; e,

10% de 01/01/2009 até 31/12/2013;

• Redução de 25% do IOF incidente sobre os valores pagos ao exterior a título de royalties, de

assistência técnica e de serviços previstos em contratos de transferência de tecnologia averbados

pelo INPI.

Para se habilitar a usufruir esses incentivos, as empresas interessadas devem apresentar e executar

Programas de Desenvolvimento Tecnológico Industrial ou Agropecuário (PDTI/PDTA), conforme o caso,

em formato definido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT.

Informações mais detalhadas poderão ser obtidas na Secretaria de Política Tecnológica Empresarial

– SEPTE ou em uma das agências credenciadas: Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP,

Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo

b) incentivos a investimentos em P&D em tecnologia da informação

De acordo cm a Lei 10.176, de 11 de janeiro de 2001, as empresas de desenvolvimento ou

produção de bens e serviços de informática, que investirem 5% do seu faturamento em atividades de

pesquisa e desenvolvimento em tecnologia da informação, podem pleitear a redução do Imposto sobre

Produtos Industrializados – IPI.

As empresas devem produzir seus produtos no País, de acordo com regras estabelecidas para o

Processo Produtivo Básico específico para a família de produtos, ter sistema da qualidade certificado de

acordo com os requisitos das Normas ISO 9000 e implantar programa de participação dos trabalhadores

nos resultados.

Para fazer jus ao benefício fiscal, parte dos investimentos em P&D devem ser aplicados mediante

convênio com centros ou institutos de pesquisa ou entidades brasileiras de ensino, inclusive situadas nas

23

regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País. Outra parcela, sob forma de recursos financeiros, deve

ser depositada no Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT.

Para fins de credenciar instituições de ensino e de pesquisa, definir normas e diretrizes para

julgar projetos de P&D a serem submetidos ao FNDCT e avaliar resultados foi criado o Comitê da Área

de Tecnologia da Informação - CATI, com a participação de representantes do setor empresarial, da

comunidade científica e órgãos do Governo.

Além disso, as empresas de informática com bens e serviços com tecnologia desenvolvida ou

fabricados no País terão preferências nas aquisições realizadas por órgãos e entidades da Administração

Pública Federal.

De acordo com a nova Lei de Informática, os benefícios fiscais e as exigências proporcionais de

investimentos em pesquisa e desenvolvimento serão reduzidos com o correr do tempo, cessando em

2009.

Maiores informações a respeito do assunto podem ser obtidas no site da Internet

http://www.mct.gov.br/sepin, ou pelo Email: [email protected], ou diretamente junto a SEPIN/MCT -

Secretaria de Informática, sita à Esplanada dos Ministérios, Bloco E, 3º andar, CEP 70067-900,

Brasília/DF, tel: (0xx61) 317.9000, FAX (0xx61) 225.1502.

Ambientes institucionais de transferência de tecnologia

Vamos apresentar, suscintamente, três modelos que vêm sendo amplamente utilizados por

diversos países para estimular a conformação de ambientes favoráveis à consolidação do processo de

inovação tecnológica e transferência de tecnologia: as Incubadoras de Empresas; os Parques

Tecnológicos; e os Aglomerados produtivos (“Clusters”).

1. Incubadoras de empresas6

Um dos mecanismos que viabilizam a transformação do conhecimento em produtos, processos e

serviços é a incubação de empresas, na qual é imprescindível a participação ativa da comunidade que

realiza pesquisas e atividades tecnológicas, nas universidades e em outras instituições de cunho

tecnológico. Em um contexto onde o conhecimento, a eficiência e a rapidez no processo de inovação

passam a ser reconhecidamente os elementos decisivos para a competitividade das economias, o

processo de incubação é crucial para que a inovação se concretize em tempo hábil para suprir as

demandas do mercado.

Uma incubadora é um instrumento de desenvolvimento que estimula a criação e a consolidação

de micro e pequenas empresas industriais ou de prestação de serviços, de base tecnológica ou de

manufaturas leves por meio da formação complementar do empreendedor em seus aspectos técnicos e

gerenciais e que, além disso, facilita e agiliza o processo de inovação tecnológica. Para tanto, conta com

6 Cf. Manual para a implantação de incubadoras de empresas.

24

um espaço físico especialmente construído ou adaptado para alojar temporariamente as empresas

industriais ou de prestação de serviços e que, necessariamente, dispõe de uma série de serviços e

facilidades descritos a seguir:

• Espaço físico individualizado, para a instalação de escritórios e laboratórios de cada empresa

admitida;

• Espaço físico para uso compartilhado, tais como sala de reunião, auditório, área para

demonstração dos produtos, processos e serviços das empresas incubadas, secretaria, serviços

administrativos e instalações laboratoriais;

• Recursos humanos e serviços especializados que auxiliem as empresas incubadas em suas

atividades, quais sejam, gestão empresarial, gestão da inovação tecnológica, comercialização de

produtos e serviços no mercado doméstico e externo, contabilidade, marketing, assistência jurídica,

captação de recursos, contratos com financiadores, engenharia de produção e Propriedade

Intelectual, entre outros;

• Capacitação/Formação/Treinamento de empresários-empreendedores nos principais aspectos

gerenciais, tais como gestão empresarial, gestão da inovação tecnológica, comercialização de

produtos e serviços no mercado doméstico e externo, contabilidade, marketing, assistência jurídica,

captação de recursos, contratos com financiadores, gestão da inovação tecnológica, engenharia de

produção e Propriedade Intelectual;

• Acesso a laboratórios e bibliotecas de universidades e instituições que desenvolvam atividades

tecnológicas.

Conforme descrito a seguir, as incubadoras podem ser de três tipos, dependendo do tipo de empresa

que abriga.

a) Incubadora de Empresas de Base Tecnológica - é a incubadora que abriga empresas cujos

produtos, processos ou serviços são gerados a partir de resultados de pesquisas aplicadas, e

nos quais a tecnologia representa alto valor agregado.

b) Incubadora de Empresas dos Setores Tradicionais - é a incubadora que abriga empresas

ligadas aos setores tradicionais da economia, as quais detém tecnologia largamente difundida e

queiram agregar valor aos seus produtos, processos ou serviços por meio de um incremento no

nível da tecnologia que utilizam. Essas empresas devem estar comprometidas com a absorção

ou o desenvolvimento de novas tecnologias.

c) Incubadoras Mistas - é a incubadora que abriga empresas dos dois tipos acima descritos.

25

2. Parques Tecnológicos7

A concepção dos Parques Tecnológicos começou a ser desenhada nos Estados Unidos, na

década de 50, como uma conseqüência do surgimento, no pós-guerra, de um grande número de novos

negócios a partir das atividades de pesquisa, especialmente na Califórnia e nas cercanias de Boston.

Estes projetos pioneiros deram origem aos complexos hoje denominados Silicon Valley e Rota 128, e

despertaram a atenção de Universidades, planejadores urbanos, autoridades governamentais e

investidores privados em todo o mundo.

Na Europa, os primeiros Parques surgiram no início da década de 70 - Edimburgo e Cambridge,

no Reino Unido e Sophia-Antipolis, nas proximidades de Nice, na França. Após uma década virtualmente

sem nenhum novo projeto, os anos 80 assistiram a uma rápida proliferação dos Parques em todo o

mundo industrializado - só na Europa, hoje estão instalados mais de 200 Parques.

No Brasil, no início da década de 80, houve um programa conduzido pelo CNPq de apoio à

criação de Parques Tecnológicos. Foram apoiados na época seis projetos, mas o programa não teve o

sucesso esperado. Várias razões podem ser apontadas para isto, entre elas a instabilidade do aporte de

recursos para o programa e o próprio pioneirismo do conceito, na época possivelmente muito ousado

para a comunidade acadêmica no país.

São vários os conceitos utilizados para definir arranjos institucionais semelhantes ao que

chamamos de Parques Tecnológicos. Entre os termos empregados pela literatura especializada

encontramos, entre outros: Parque de Pesquisas, Tecnópole, Tecnópolis, Centro de Inovação, Pólo

Tecnológico, Parque Científico e Parque de Alta Tecnologia. O que há de comum entre os vários

conceitos e definições é a proposta de promover a interação entre universidade-empresa criando uma

concentração de empresas de alta tecnologia em áreas específicas próximas a universidades e/ou

centros de pesquisa. De modo geral, os atores envolvidos na criação dos Parques Tecnológicos são:

governo federal e local, universidades/centros de pesquisas, investidores/bancos e, principalmente,

empresas privadas.

Segundo a Associação Internacional de Parques Tecnológicos – IASP (International Association

of Science Parks), o termo Parque Tecnológico é utilizado para denominar empreendimentos

imobiliários que reúnem as seguintes características:

• possuem relações formais com alguma universidade ou centro de pesquisa;

• procuram encorajar a formação e o desenvolvimento de empresas localizadas no Parque, cujos

produtos dependem de conhecimento científico;

• possuem uma função gerencial que está ativamente engajada na transferência de tecnologia e de

capacitação empresarial para as firmas estabelecidas no Parque.

7 Cf. José Adelino Medeiros, Lúcia Atas Medeiros, Thereza Martins e Sérgio Perilo. Pólos, Parques e Incubadoras:a busca da modernização e competitividade.

26

3. Aglomerados Produtivos (“Clusters”)

As discussões sobre os Aglomerados Produtivos (“clusters”) têm dominado o debate intelectual e

político sobre as políticas de desenvolvimento econômico e social na era da internacionalização, ou

globalização das economias de todo o mundo. Embora os fenômenos de aglomeração sejam

particularmente relevantes nos países de capitalismo avançado, onde diversos casos empíricos de

sucesso têm demonstrado que a formação e consolidação de “clusters” contribui efetivamente para

ganhos de produtividade e competitividade das empresas que participam do aglomerado, o modelo de

desenvolvimento baseado na consolidação de aglomerados produtivos pode ser especialmente útil para o

fortalecimento das economias em nível regional e microrregional, nos chamados países em

desenvolvimento.

A definição mais precisa do conceito de aglomerado produtivo (“cluster”) foi elaborada por

Michael Porter (1947). De acordo com Porter8, os aglomerados são concentrações geográficas de

empresas inter-relacionadas, fornecedores especializados, prestadores de serviços, empresas em

setores correlatos e outras instituições específicas (universidades, órgãos de normalização, associações

comerciais e de classe, etc), que competem mas também cooperam entre si. Eles apresentam êxito

competitivo em determinadas áreas de negócios e estão presentes em quase todas as economias

nacionais, regionais, estaduais e até municipais, sobretudo nos países mais avançados.

Mais precisamente, um aglomerado é um agrupamento geograficamente concentrado de

empresas inter-relacionadas e instituições correlatas numa determinada área, vinculadas por elementos

comuns e complementares. O escopo geográfico varia de uma única cidade ou estado para todo um país

ou mesmo uma rede de países vizinhos. Os aglomerados assumem diversas formas, dependendo de sua

profundidade e sofisticação, mas a maioria inclui empresas de produtos e serviços finais, fornecedores de

insumos especializados, componentes, equipamentos e serviços, instituições financeiras e empresas de

setores correlatos. Os aglomerados geralmente também incluem empresas em setores a jusante

(distribuidores ou clientes), fabricantes de produtos complementares, fornecedores de infra-estrutura

especializada, instituições governamentais e outras, dedicadas ao treinamento especializado, educação,

informação, pesquisa e suporte técnico (como universidades, centros de pesquisa e prestadores de

serviços de treinamento vocacional), além da infra-estrutura em Tecnologia Industrial Básica - TIB

(metrologia, normalização, certificação, gestão da qualidade, propriedade intelectual, etc). Os órgãos

governamentais com influência significativa sobre o aglomerado seriam uma de suas partes constitutivas.

Finalmente, muitos aglomerados incluem associações comerciais e outras entidades associadas ao setor

privado, que apoiam seus participantes.

Os aglomerados variam em tamanho, amplitude e estágio de desenvolvimento. Alguns se

constituem, principalmente, de empresas de pequeno e médio porte. Outros envolvem empresas de

grande e pequeno porte. Alguns giram em torno de pesquisas universitárias enquanto outros não

apresentam ligações importantes com universidades. Essas distinções na natureza dos aglomerados

refletem diferenças na estrutura dos setores constitutivos. Os aglomerados mais desenvolvidos

27

apresentam bases de fornecedores mais profundas e especializadas, um aparato mais amplo de setores

correlatos e instituições de apoio mais abrangentes.

O apoio ao desenvolvimento de aglomerados produtivos envolve vários desafios, tais como: a

conscientização e a cooperação dos participantes; a articulação dos diversos agentes; a identificação de

melhorias necessárias; e elaboração de um “plano de desenvolvimento” do arranjo e; o estabelecimento

de um mecanismo de repasse dos recursos.

A experiência nos países da América Latina têm demonstrado que aglomerados de micro e

pequenas empresas enfrentam condições econômicas desfavoráveis e sérios gargalos que impedem a

melhoria da competência e do dinamismo empresarial. Sua competitividade potencial é limitada. Na

maioria dos casos, no entanto, medidas de suporte podem ser adotadas para melhorar as condições de

sobrevivência desses aglomerados, desde que sejam importantes na criação de oportunidades de

emprego. Este esforço deve estar voltado para a quebra de um ciclo vicioso de baixo investimento. De

certa forma, um maior crescimento e diferenciação da massa de produtores têm florescido na era de

substituição das importações, porém os pequenos, médios e até grandes produtores estão sofrendo uma

enorme pressão com a transição para as economias abertas. Nos aglomerados dos países em

desenvolvimento, o grande desafio é criar um ambiente que estimule e dê suporte ao aprendizado, à

inovação e, de uma forma geral, ao desenvolvimento econômico e social sustentável.

8 Cf. Michel Porter. Competição = On Competition: estratégias competitivas essenciais.

28

Programas de Apoio à Inovação Tecnológica e Transferência de Tecnologia

ALFA / PATME

Executor : SEPTE/MCT - SEBRAE

Objetivo: O Programa ALFA tem por objetivo estimular a inovação tecnológica nas micro empresas eempresas de pequeno porte, com enfoque na elaboração de Estudos de Viabilidade Técnica eEconômica (EVTE) de projetos de desenvolvimento de inovações tecnológicas. O programa é realizadocom recursos federais e estaduais e depende de negociações anuais entre os Estados da Federação eentidades de âmbito nacional (ex: o SEBRAE) e a Secretária de Política Tecnológica Empresarial -SEPTE do Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT.

Modalidades: Fomento no valor de até R$ 10.000,00 por projeto, podendo ser diferenciado por estadode acordo com as negociações anteriormente citadas, para a realização de Estudo de ViabilidadeTécnica e Econômica da proposta apresentada, com prazo de execução variando entre três e seis meses(máximo).

Atendimento da demanda: (X) Fluxo contínuo e (X) Edital.

Itens financiáveis: (X) Custeio.

Critérios para aprovação:Concorrem empresas constituídas há mais de 01 ano com menos de 100 empregados.Os critérios de avaliação são: a) Qualidade do anteprojeto; b) Criatividade; c) Benefícios potenciais; d)Grau de inovação; e) Importância comercial.

Interlocutor: João Bosco de Carvalho Lima Freitas

Telefone: (0xx61) 317-7813/7814 Fax: (61) 225 6039 E-mail: [email protected]

Endereço:Ministério da Ciência e Tecnologia - MCTSecretaria de Política Tecnológica Empresarial - SEPTECoordenação de Sistemas Locais de InovaçãoEsplanada dos Ministérios - Bloco E - sala 394 - CEP: 70067-900

Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas - PNI

Instituições participantes: MCT/CNPq/FINEP, MDIC, SEBRAE. SENAI, IEL, BN e ANPROTEC.

Objetivo: Promover o nascimento e o desenvolvimento de micro e pequenas empresas inovadoras a fimde gerar e difundir o progresso técnico, visando à competitividade econômica e à qualidade de vida dapopulação, por meio do apoio ao surgimento e consolidação de incubadoras de empresas no país.

Modalidades:O programa concede apoio:

• a implantação de incubadoras de empresas: de base tecnológica, de setores tradicionais emistas;

• a consolidação de incubadoras de empresas, dos três tipos citados acima, já implantadas.

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O apoio será direcionado para os seguintes componentes:

• Assistência Técnica Especializada- Para a gestão da incubadora;- Para a conformação dos Serviços e Facilidades a serem oferecidos pelas incubadoras às

empresas incubadas.• Capacitação

- Para a equipe de gestão da incubadora;- Capacitação de empresários proprietários das empresas incubadas.

Atendimento da demanda: (X) Edital.

Itens financiáveis: (X) Custeio (X) Bolsas

Critérios para aprovação:

Interlocutor: João Bosco de Carvalho Lima Freitas

Telefone: (0xx61) 317-7813/7814 Fax: (61) 225 6039 E-mail: [email protected]

Endereço:Ministério da Ciência e Tecnologia - MCTSecretaria de Política Tecnológica Empresarial - SEPTECoordenação de Sistemas Locais de InovaçãoEsplanada dos Ministérios - Bloco E - sala 394 - CEP: 70067-900

Projeto INOVAR

Agência Executora: FINEP

Objetivo: O projeto Inovar visa a construir um ambiente institucional que favoreça o desenvolvimento daatividade de Capital de Risco, de forma a estimular o fortalecimento das empresas nascentes eemergentes de base tecnológica brasileiras, contribuindo, em última instância, para o desenvolvimentotecnológico nacional, bem como para a geração de empregos e renda.

Modalidades: O projeto INOVAR contempla:• Incubadora de Fundos Inovar;• Fundo Brasil Venture;• Portal Capital de Risco Brasil;• Venture Forum Brasil;• Rede INOVAR de Prospecção e Desenvolvimento de Negócios;• Capacitação de Agentes de Capital de Risco.

Agentes / Parceiros:• Incubadoras, Softex, Fundações Universitárias (prestação de serviços remunerada);• Sebrae, IEL, Senai (prestação de serviços autofinanciada);• FINEP, Sebrae, CNPq, FAP’s (coordenadores e financiadores).

Organização do Processo de apoio:1. Pré-seleção dos Projetos através do Portal Inovar;2. Recursos para formatação (elaboração Projeto de Inovação);3. Forum de Inovação (Projetos são apresentados aos Agentes Inovar e aos parceiros nacionais e

competem pelo recursos / instrumentos);

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4. Execução do projeto (até 24 meses) – continuação da pesquisa, agregando competênciascomplementares, e elaboração ou revisão do Plano de Negócios com vistas à captação de CR ouà transferência para empresa constituída;

5. Candidatura ao Venture Forum ou às linhas da FINEP para empresas consolidadas.

Itens financiáveis:Remuneração dos Agentes:

• Consultoria realizada por projeto pré-selecionado até R$ 10.000,00;• Consultoria por Projeto selecionado no Fórum de Inovação até R$ 2.000,00 / mês, durante até 24

meses mais despesas diretas de acompanhamento.Apoio aos Agentes:

• Equipamento inicial até R$ 10.000,00;• Uma bolsa para profissional dedicado exclusivamente à rede INOVAR.

Apoio aos Núcleos:• Recursos para apoio à realização de eventos de integração e divulgação das ações do Projeto

Inovar e a outras iniciativas propostas pelo Núcleo.

Interlocutor: Luciane Fernandes Gorgulho Pinto

Telefone: (21) 555-0645 / 0621 mail: [email protected]

Endereço:Financiadora de Estudos e Projetos - FINEPPraia do Flamengo, 200 / 9º andar, Rio de Janeiro - RJ

Mais informações: sites na Internet www.FINEP.gov.br e www.venturecapital.com.br

PROGEX NACIONAL

O Programa de Apoio Tecnológico à Exportação - PROGEX Nacional é uma ação do Ministério daCiência e Tecnologia – MCT através da Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP. Sua realização far-se-á em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC. O objetivoprincipal é aumentar as exportações brasileiras. Inicialmente, o programa atenderá a demanda deempresas nos estados de Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.

Instituições Participantes:MCT - Ministério da Ciência e Tecnologia - SPTEFINEP – Financiadora de Estudos e ProjetosSEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas EmpresasCAMEX – Câmara de Comércio ExteriorAPEX – Agência de Promoção de ExportaçãoA supervisão do programa é feita pelo Conselho Diretor e o Grupo Técnico, com coordenação daSecretaria de Política Tecnológica Empresarial – SEPTE do MCT.

Objetivo: O PROGEX NACIONAL tem como objetivo prestar assistência tecnológica às micro epequenas empresas que queiram se tornar exportadoras ou àquelas que já exportam e desejam melhorarseu desempenho no mercado exterior.

Modalidades:As ações do programa organizam-se em dois eixos principais:

• Assistência tecnológica às empresas, sempre com o foco centrado no produto;• Apoio à capacitação e à inovação tecnológica, bem como à modernização e expansão da

capacidade produtiva.

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Atendimento da demanda:

Na primeira fase foi feito um convênio entre o MCT/FINEP e quatro entidades tecnológicas: CETEC/MG,ITEP/PE. TECPAR/PR, INT/RJ e IPT/SP. A metodologia do programa foi repassada pelo próprio IPT, oqual já o executa há mais de dois anos.

Para obter o benefício do programa a empresa interessada – com no máximo 100 empregados – precisaentrar em contato com a Entidade Tecnológica do seu estado e solicitar a visita de um técnicorepresentante.

Critérios para aprovação, procedimentos desenvolvidos no programa e custos:As empresas identificadas como objeto das ações previstas no PROGEX Nacional serão avaliadas portécnicos das instituições de pesquisa (Entidades Tecnológicas), de acordo com os seguintesprocedimentos

• Diagnóstico (1ª fase): R$2.900,00*, sendo R$900,00 da empresa e o restante do MCT;- Identificação de potenciais mercados de exportação e canais de comercialização;- Análise dos produtos e processos produtivos, levantamento de normas técnicas, patentes e

outras informações tecnológicas necessárias;- Identificação dos problemas técnicos a serem resolvidos e estimativa de custos e

investimentos necessários.

• Atualização Tecnológica (2ª Fase): R$10.000,00*, sendo R$ 2.500,00 da empresa e o restante doMCT;- Melhoria de qualidade;- Adaptação e melhoria de produtos;- Redução de custos operação;- Alteração no processo produtivo;- Alterações no “design”;- Atendimento a normas internacionais e normas de conformidade;- Superação de barreiras técnicas e adequação de embalagens.

*custo médio• Projetos de Capacitação e Inovação Tecnológica (Terceira Fase) - Como resultado das fases

anteriores, poderão resultar a formulação de investimentos de médio e longo prazo objetivando acapacitação tecnológica das empresas e/ou modernização e ampliação de sua capacidadeprodutiva.

Interlocutor: Francisco Eloi dos Santos

Telefone: (0xx61) 317- 7852 Fax: (61) 225 6039 E-mail: [email protected]

Endereço:Ministério da Ciência e Tecnologia - MCTSecretaria de Política Tecnológica Empresarial - SEPTEEsplanada dos Ministérios - Bloco E - sala 394 - CEP: 70067-900

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Programa de Apoio à Competitividade e Difusão Tecnológica – PCDT

Agência executora: CNPq

Objetivo: O PCDT tem como objetivo geral o apoio à ampliação da capacidade nacional para odesenvolvimento de tecnologias usadas na produção de bens e serviços, dentro de padrões modernos dequalidade e produtividade em setores considerados prioritários na estratégia global da Política Industrial ede Comércio Exterior (PICE).

Modalidades: O PCDT contempla, com seus instrumentos de fomento, ações destinadas à capacitaçãode recursos humanos e à transferência de tecnologia nas seguintes linhas:

- Gestão da produção;- Design;- Gestão tecnológica;- Incubadoras de empresas e parques tecnológicos;- Informação tecnológica;- Difusão tecnológica;- Estudos.

Atendimento da demanda: (X) Fluxo contínuo

Itens financiáveis: (X) Bolsas

Interlocutor: Elizete Aguiar

Telefone: (0xx61) 348-9320/9324/9321 E-mail: [email protected] Homepage: http://www.cnpq.br/

Endereço:Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPqCoordenação de Competitividade e Difusão Tecnológica – CCDTSEPN 509 Bloco A Edifício Nazir I 3o andar sala 322, Brasília DF - CEP: 70750-510

Programa de Apoio às Tecnologias Apropriadas – PTA

Agência executora: CNPq

Objetivo: O PTA tem como objetivos gerais desenvolver tecnologias apropriadas a serem adotadas porpequenos produtores, micro e pequenas empresas, de acordo com as características de sua realidadesocial, econômica, cultural e ambiental, visando contribuir para a melhoria da qualidade de vida daspopulações situadas nas periferias urbanas e no meio rural. O programa também objetiva garantir que osprocessos de captação, seleção, aperfeiçoamento, geração, transferência e difusão de tecnologias sejamcriados e geridos nas próprias comunidades e que objetivem, em última instância, sua autodeterminaçãotecnológica. Dessa forma, as ações no âmbito desse programa visam apoiar a capacidade local eregional para gerar e difundir o progresso técnico, objetivando o aumento da oferta de tecnologias aserem utilizadas pelo setor produtivo, mediante o apoio a cooperativas de produtores e em parcerias comos estados.

Modalidades: O programa contempla três campos de atuação:• Informação Tecnológica;• Produção Tecnológica;• Extensão Tecnológica.

Atendimento da demanda: (X) Fluxo contínuo (X) Contratação direta

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Itens financiáveis: (X) Bolsas

Critérios para aprovação: A contratação dos projetos de apoio às tecnologias apropriadas apresentadospelos Governos Estaduais acontece após a análise do projeto e o parecer de 2 consultores “Ad hocs”escolhidos pelo CNPq e da análise dos técnicos e do parecer da Diretoria do CNPq, por meio daassinatura de um convênio entre o CNPq e uma Secretária Estadual responsável pelo Projeto.

Observações:• Produto: Projetos que propiciam soluções tecnológicas adaptadas ao contexto socioeconômico

de empresas e comunidades situadas nas periferias urbanas e no meio rural;• Impacto: Desenvolvimento de tecnologia adaptadas à realidade local, visando o aumento do nível

de emprego e renda, bem como de segurança nas atividades econômicas de subsistência;

• Beneficiários: Cooperativas, pequenos produtores, micro e pequenas empresas;• Parcerias: SEBRAE, Cooperativas e Associações, BN, SENAI, SENAR, SENAC, universidades,

Prefeituras municipais, EMATER, Secretarias Estaduais, EMBRAPA, ONG’s, PRONAF eFederações Estaduais de Indústrias.

Interlocutor: Mario Olavo Magno de Carvalho

Telefone: (0xx61) 348-9945/9743 Fax: (61) 348 9852 E-mail: [email protected]

Endereço:Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico - CNPqCoordenação Geral de Engenharias, Capacitação Tecnológica e InovaçãoSEPN 509 Bloco A Edifício Nazir I 3o andar sala 322, Brasília DF CEP: 70750-510

Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico – PADCT/TIB

Objetivo: A área de Tecnologia Industrial Básica – TIB, do PADCT, visa estimular a consolidação dainfra-estrutura básica fundamental ao desenvolvimento da indústria e das empresas brasileiras. A TIBreúne um conjunto de funções tecnológicas de uso indiferenciado pelos diversos setores da economia(indústria, comércio, agricultura e serviços) e compreende, em essência, as funções de metrologia,normalização, regulamentação técnica e avaliação da conformidade (ensaios, inspeção, certificação eoutros procedimentos tais como autorização, registro e homologação definidos no ABNT – ISO/IEC –Guia 02). A essas funções básicas agregam-se ainda a informação tecnológica, as tecnologias de gestão(com ênfase em gestão de qualidade) e a propriedade intelectual, áreas denominadas genericamentecomo serviços de infra-estrutura tecnológica.

A área de TIB compreende um conjunto essencial de atividades de suporte à competitividade da

economia brasileira no mercado internacional, assim como é condição para o próprio amadurecimento do

mercado interno. Atualmente é amplamente entendido que as funções da TIB dizem respeito às

chamadas barreiras técnicas ao comércio, possuindo papel estruturante na organização das funções

presentes na produção de bens e serviços e com impacto direto no fluxo internacional de comércio.

Modalidades: No último edital lançado em 1998, o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia a área deTIB, abarcou as seguintes classes de propostas:

• Metrologia- Apoio à Rede Brasileira de Calibração (RBC)- Materiais de Referência Certificados;

• Normalização e Certificação- Certificação de insumos, produtos industrializados, bens de consumo e serviços

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- Apoio à Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaios (RBLE);• Tecnologias de Gestão

- Desenvolvimento de estratégias e difusão de Tecnologias de Gestão- Missões técnicas;

• Propriedade Intelectual- Apoio a agentes locais especializados no fornecimento de serviços de propriedade

industrial, assistência técnica e informação;• Estudos

- Sistema de Propriedade Industrial no Brasil- Oferta e demanda de Serviços Tecnológicos- Normalização, Avaliação da Conformidade e Comércio- Avaliação das atividades de Metrologia Legal no País, à luz das tendências

internacionais, como instrumento de apoio à defesa do consumidor.

Atendimento da demanda: (X) Edital

Itens financiáveis: (X) Custeio (X) Capital

Critérios para aprovação: Os critérios para aprovação de propostas na área de TIB do PADCT, sãodefinidos nos editais lançados pelo MCT.

Interlocutor: Ana Maria Pereira

Telefone: (0xx61) 317 7866 Fax: 225 6039 E-mail: [email protected]

Endereço:Ministério da Ciência e Tecnologia – MCTSecretaria de Política Tecnológica Empresarial – SEPTECoordenação Geral de Inovação e CompetitividadeEsplanada dos Ministérios – Bloco E - sala 371 - CEP: 70067-900

Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico – PADCT/CDT

Agências executoras: CNPq e FINEP

Objetivo: O Componente de Desenvolvimento Tecnológico/CDT do PADCT, objetiva promover odesenvolvimento tecnológico das empresas e aumentar os investimentos privados em C&T, através doestímulo à formação de parcerias entre os setores acadêmico e produtivo visando a melhoria dodesempenho global do sistema brasileiro de inovação e difusão de tecnologias.

Modalidades: O programa atua através do lançamento de Editais que financiam projetos definidos combase em demandas identificadas pelo setor privado, que propiciem maior competitividade aos setoresenvolvidos e ensejem o encaminhamento das soluções tecnológicas e inovadoras de problemasrelevantes para o desenvolvimento brasileiro. Tais Editais contemplam: (i) promoção de plataformastecnológicas e (ii) apoio a projetos cooperativos de três tipos: a) Desenvolvimento Setorial/Regional,b)Cooperativos Proprietários e c) Assistência tecnológica à Micro e Pequena Empresa. Instituiçõesgestoras de incubadoras, bem como empresas incubadas, podem participar das chamadas dos Editais.

Atendimento da demanda: (X) Edital

Itens financiáveis: (X) Custeio (X) Capital

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Critérios para aprovação: Os critérios para aprovação de propostas para o Componente deDesenvolvimento Tecnológico – CDT do PADCT, são definidos nos editais lançados pelo Ministério daCiência e Tecnologia.

Interlocutor: Reinaldo Fernandes Danna

Telefone: (0xx61) 317- Fax: 225-6039 E-mail: [email protected]

Endereço:

Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT

Secretaria de Política Tecnológica Empresarial – SEPTECoordenação de Sistemas Locais de InovaçãoEsplanada dos Ministérios – Bloco E - sala 371, Brasília – DF - CEP: 70067-900

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Entidades Tecnológicas Setoriais – ETS

Executor: SEPTE / MCT

Objetivo: Denomina-se Entidade Tecnológica Setorial – ETS, uma organização civil, sem fins lucrativos,que em nome de um determinado setor da indústria, de âmbito nacional ou regional, ou aindadesenvolvendo atividades tecnológicas especializadas de abrangência setorial, venha a exercer a gestãodas ações direcionadas para a Inovação Tecnológica; para o aumento da Competitividade Industrial; paraas questões da Qualidade Total em toda a sua abrangência e atentando para as questões inerentes aampliação das alternativas de Mercado de Trabalho e as de preservação da Qualidade de Vida.

As atividades de uma ETS, dependendo do estágio tecnológico que se encontre o setor industrialenfocado, deverão abranger a gestão de ações voltadas para o apoio à pesquisa e desenvolvimento denovos processos e produtos; organização da prestação de serviços tecnológicos e laboratoriais; aimplantação de programas de normalização, certificação e metrologia; programas de gestão Empresariale Qualidade Total; desenvolvimento de recursos humanos; e a organização de sistemas de InformaçãoTecnológica para a tomada de decisão, entre outras.

Modalidade(s): O apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia consiste na concessão de um prêmio pararealização de Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica – EVTE, com o objetivo de estimular aconstituição de novas ETS.

Atendimento da demanda: (X) Edital

Itens financiáveis: (X) Custeio

Observações: Em 1997, o Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT, no âmbito do Programa de Apoio àCapacitação Tecnológica da Indústria – PACTI, lançou um edital no qual foram contemplados 10 projetos,que receberam individualmente um prêmio no valor de R$ 20.000,00 para a realização de EVTEdirecionado à constituição de Entidades Tecnológicas Setoriais. As entidades que foram selecionadassão de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Ceará. Dentre os projetos selecionados, a maior parte seconsolidou como ETS, atuando efetivamente em várias ações voltadas para a melhoria do setor industrialno qual estão inseridas.

Atualmente, a Secretária de Política Tecnológica Empresarial – SEPTE, do MCT, vêm estudandoa forma mais adequada para o lançamento de um novo edital que venha a contemplar, além do EVTE,outras formas de estímulo à constituição e consolidação de Entidades Tecnológicas Setoriais.

Critérios para aprovação: Os critérios para aprovação de propostas para ETS são definidos nos editaislançados pelo MCT.

Interlocutor: Luiz Blank

Telefone: (0xx21) 206 1269 Fax: (21) 2636552 E-mail: [email protected] ou [email protected]

Endereço:Ministério da Ciência e Tecnologia – MCTSecretaria de Política Tecnológica Empresarial – SEPTECoordenação de Serviços TecnológicosEsplanada dos Ministérios – Bloco E - sala 371, Brasília – DF - CEP: 70067-900

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Programa de Capacitação de Recursos Humanos para Atividades Estratégicas – RHAE

Agência executora: CNPq

Objetivo: O RHAE tem por objetivo melhorar as condições de competitividade do País no ambienteinternacional, mediante elevação da capacidade tecnológica em temas selecionados por sua relevânciaestratégica, de acordo com as diretrizes do Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT.

Características:• Apoiar de forma institucional ou interinstitucional projetos para a capacitação de recursos

humanos, quando vinculados:- a linhas de pesquisa tecnológica;- ao desenvolvimento de processos produtivos e,- aos serviços tecnológicos e de gestão.

• Enfatizar a colaboração entre Empresas, Universidades e Institutos de Pesquisas.• Possibilitar múltiplas estratégias de capacitação, incluindo estágios, cursos e outros eventos não

enquadrados nas competências tradicionais da formação acadêmica.• Responsabilizar a instituição proponente pela administração da cota de bolsas aprovadas e pela

avaliação do desempenho dos bolsistas.• Estabelecer a avaliação dos projetos tomando como base os objetivos finais pretendidos,

compreendendo a análise do impacto do programa: nas instituições participantes; em cada áreaprioritária, e na composição e expansão da base tecno-científica brasileira.

Modalidades: O programa dá prioridade a projetos cooperativos liderados por micro, pequenas oumédias empresas e que envolvam a participação de universidades e institutos de P&D. Concede bolsasde fomento tecnológico, de curta e longa duração, desde o nível técnico até nível superior.

Atendimento da demanda: (X) Fluxo contínuo (X) Edital

Itens financiáveis: (X) Bolsas

Critérios para aprovação: Os projetos devem contribuir para:• Ampliar a capacidade tecnológica das empresas e entidades prestadoras de serviços tecno-

científicos, segundo as demandas do mercado real ou potencial;• melhorar a competitividade da economia brasileira, através da implementação de programas de

qualidade e produtividade e aumento da capacidade inovadora;• solucionar problemas tecnológicos relevantes para a sociedade.

São elegíveis para apoio projetos que se ajustem às seguintes classes:

• Tecnologias Avançadas e Portadoras do Futuro:- com temas indicados por estudos prospectivos e estratégias mercadológicas das empresas;- conduzirem ao desenvolvimento de tecnologias de largo campo de aplicação e grande

conteúdo científico, como entre outros, Biotecnologia, Informática e Materiais Especiais.• Tecnologia Industrial Básica:

- Metrologia, Normalização, Ensaios, Certificação;- Propriedade Industrial, Informação e Gestão Tecnológica;- Programas de Qualidade e Produtividade.

• Inovação, Difusão e Modernização Tecnológica:- Introdução de novas tecnologias de produtos e processo na cadeia produtiva industrial;- Reconversão industrial e reestruturação produtiva, decorrentes de mudanças de paradigma

tecnológico;- Desenvolvimento de tecnologias de apoio à infra-estrutura econômica (energia, transportes e

telecomunicações).• Tecnologias Ambientais:

- Aproveitamento da biodiversidade brasileira;- Gerenciamento de ecossistemas;- Tratamento de resíduos, e gestão ambiental, e

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- Atendimento e certificação das normas ISO 14000.

Interlocutor: Antônio Helder

Telefone: (0xx61) 348-9940 Fax: (61) 273-7396 E-mail: [email protected]

Endereço:Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico – CNPqCoordenação do RHAESEPN 509 bloco A, Ed. Nazir I, 3º andar, sala 323, Brasília – DF - CEP: 70.750-510

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

BRASIL, Ministério da Ciência e Tecnologia. Transferência de Tecnologia/Programa deApoio à Capacitação Tecnológica da Indústria. Brasília: IBICT, UNIEMP, INPI, IPEN,1994.

MACIEL. Maria Lúcia “Pensando a inovação no Brasil” in Humanidades. Brasília:Editora da UnB, 1999.

Manual para implantação de incubadoras de empresas. Publicação do Programa de Apoio aCapacitação Tecnológica da Indústria – PACTI, SETEC/MCT, 1997. (publicaçãoatualizada disponível no site do MCT – http:// www.mct.gov.br).

FREEMAM, Chris . “Grounds for hope: technology, progress and quality of life” in Scienceand Public Policy. Volume 18, number 6. Guildford: University of Surrey, 1991.

Henry Etzkowitz and Loet Leydesdorff. “Introducion to special issue on science policydimensions of the Triple Helix of university-industry-government relations” in Science andPublic Policy. Volume 24, number 1. Guildford: University of Surrey, 1991

MEDEIROS, José Adelino; MEDEIROS, Lúcia Atas; MATINS, Thereza e PERILO,Sérgio. Pólos, Parques e Incubadoras: a busca da modernização e competitividade. Brasília:CNPq, IBICT, SENAI, 1992

ALTENBURG, Tilmam and MEYER-STAMER, Jörg. How to promote clusters: policiesexperiences of Latin America

PORTER, Michel. Competição = On Competition: estratégias competitivas essenciais. Rio deJaneiro: Campus, 1999.

KRUGLIANSKAS, Isak. Tornando a pequena e média empresa competitiva. São Paulo:Editora IEGE, 1996.