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INOVAÇÕES NA GESTÃO DO PROGRAMA ESTADUAL DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO José Lucas Cordeiro Ivan Amorin Trizi Bruno George Abud

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INOVAÇÕES NA GESTÃO DO PROGRAMA

ESTADUAL DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DO

ESTADO DE SÃO PAULO

José Lucas Cordeiro Ivan Amorin Trizi

Bruno George Abud

II Congresso Consad de Gestão Pública – Painel 18: O novo desenho da política pública de qualificação profissional no estado de São Paulo

INOVAÇÕES NA GESTÃO DO PROGRAMA ESTADUAL DE QUALIFICAÇÃO

PROFISSIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

José Lucas Cordeiro Ivan Amorin Trizi

Bruno George Abud

RESUMO O objetivo desta comunicação é apresentar o modelo de gestão desenvolvido para a implantação de um programa voltado à qualificação profissional da população desempregada e ou em vias de perder seu posto de trabalho no estado de São Paulo. A FUNDAP, contratada pela Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho (SERT) concebeu um modelo de gestão das ações que contemplou desde a elaboração de um diagnóstico para identificação das demandas de qualificação no estado de São Paulo; a estruturação de um sistema de acompanhamento da execução do PEQ; a criação de um sistema de supervisão descentralizada; e, por fim, a estruturação de um processo de avaliação dos egressos dos cursos de qualificação.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................... 03

A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL.................................... 05

O SURGIMENTO DO SISTEMA “S”.......................................................................... 08

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E MODELOS PRODUTIVOS.................................... 11

INOVAÇÕES NA GESTÃO DO PROGRAMA ESTADUAL DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO.......................................................

13

ANOS RECENTES.................................................................................................... 16

FORMATO DOS CURSOS DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL........................... 17

A FOCALIZAÇÃO DA POLÍTICA............................................................................... 18

DIAGNÓSTICO DO MERCADO DE TRABALHO E NECESSIDADES DE CAPACITAÇÃO..........................................................................................................19

A IMPLANTAÇÃO DO PEQ....................................................................................... 22

REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 23

3

INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo apresentar as inovações implementadas na

gestão do Programa Estadual de Qualificação Profissional do estado de São Paulo.

Para tanto é importante, inicialmente, apresentar não só uma retrospectiva histórica

da educação profissional no Brasil, como também no estado de São Paulo. A partir

de então, pretende-se apresentar as ações em curso no âmbito da Secretaria do

Emprego e Relações do Trabalho do estado de São Paulo, que vem se dedicando à

promoção de programas de qualificação de nível básico aos trabalhadores

desempregados ou aqueles cuja ocupação tem sido atingida pela reorganização da

produção.

A educação profissional no Brasil esteve historicamente relacionada ao

atendimento da demanda do setor empresarial e sua versão mais estruturada

esteve, por um lado, predominantemente voltada à formação de aprendizes para a

indústria, o que significou, para além de seus aspectos técnicos, a predominância de

uma educação voltada essencialmente para a produção e distanciada de uma

formação mais integral dos cidadãos. As afirmações acima querem dizer, em outras

palavras, que tal ensino era caracterizado pela ausência de enfoques mais

humanistas e privilegiava a construção de um trabalhador que deveria atender,

antes de tudo e principalmente, à lógica ditada pelos processos fabris. Por outro

lado, a educação profissional conteve, historicamente, um caráter de abarcar

segmentos da sociedade excluídos do ensino público de boa qualidade.

As lacunas científicas acerca da educação profissional começaram a ser

preenchidas de forma mais consubstancial nos anos 1990, procurando equilibrar a

balança da produção intelectual que dedicou atenção expressiva à educação formal

e regular.

Do ponto de vista legal, a educação formal é citada na Constituição

Federal de forma a garanti-la como “direito de todos e dever do Estado e da família e

incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da

pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o

trabalho”1. Porém, como denomina Vieira (2004, p.10), é “uma política social sem

1 Constituição Federal, Seção I, Art. 205.

4

direitos sociais”, posto que poucos dos direitos nela previstos estão incorporados à

realidade brasileira.

A própria legislação e seus pareceres reforçam o papel da educação

como ferramenta básica para o aumento da inserção dos indivíduos no mercado de

trabalho. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394/96, prevê a

educação profissional como complementar ao ensino regular. Assim, a LDB prevê os

seguintes níveis para a educação profissional:

� o nível básico, destinado a atender demandas de cursos de curta

duração e, segundo Ferretti (2000, p.44), “a atender à parcela

desempregada, não escolarizada ou pouco escolarizada da população

(...) podendo ser oferecida por instituições públicas e particulares”;

para fins de certificação. Este nível possui características de educação

não-formal;

� o nível técnico, pode ser realizado simultaneamente ao Ensino Médio

e sua certificação está atrelada à conclusão do ensino regular médio;

� o nível tecnológico, voltado para a formação de tecnólogos, tendo

como pré-requisito a conclusão do Ensino Médio.

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A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL

A história da educação profissional, no Brasil, é marcada pelo

atendimento de determinadas camadas da sociedade, delimitando aos segmentos

populares o aprendizado de profissões que não demandava escolarização formal.

Em 1909, o Decreto-lei do então presidente Nilo Peçanha instituía as escolas de

aprendizes e artífices, inicialmente com 19 unidades de ensino, as quais perseguiam

o objetivo de formar operários visando tanto à instrução técnica quanto à ideológica.

Esta afirmação pode ser constatada a partir da própria redação do Decreto, o qual

ressalta os valores ideológicos relacionados à disciplina e ao combate à ociosidade:

(...) não só habilitar os filhos dos desfavorecidos da fortuna com o indispensável preparo técnico e intelectual, como fazê-los adquirir hábitos de trabalho profícuo, que os afastará da ociosidade, escola do vício e do crime, que é um dos deveres do Governo da República formar cidadãos úteis à Nação (Decreto-lei 7.566/1909 apud Cunha, 2000, p.65)

A seleção dos participantes atendia a dois critérios: um primeiro, que

priorizava “menores desamparados, que não forem viciosos ou insubordinados”

(Cunha, 2000, p.65) e, em um segundo momento, os expulsos das instituições

públicas ou os trazidos pelos pais porque apresentavam mau comportamento, e

mendigos moradores de rua.

Especificamente em São Paulo, a formação profissional se dava de

maneira diferenciada, quantitativa e qualitativamente, em relação aos outros

estados. O crescente processo de industrialização, especialmente na capital

paulista, configurava um cenário relevante para sua implementação.

A partir de Cunha (2000), podem-se apontar os seguintes fatores

favoráveis a este cenário:

� capital acumulado na cafeicultura de exportação, disposto a transferir-

se para a manufatura e a indústria;

� capacidade empresarial, isto é, mentalidade burguesa voltada para a

acumulação do capital;

� mercado consumidor para produtos fabris, formado não só pela

burguesia, mas também pelas camadas médias e pelos trabalhadores

assalariados;

6

� um contingente de trabalhadores (notadamente os imigrantes e seus

descendentes) dispostos a se transferirem da agricultura para a

manufatura e a indústria, como operários e até mesmo como

empreendedores; e

� oferta de energia elétrica para suprir de força motriz” às empresas.

(Cunha 2000,p.115)

São Paulo vivia, portanto, um momento onde os investimentos não

estavam mais voltados para o escoamento de sua produção agrícola. o qual já havia

sido superado com a ligação férrea do setor produtivo agrário e o porto de Santos.

Esta alteração na economia demandou que a formação profissional se

adequasse ao impulso industrial, o qual trouxe consigo a adoção de sistemas

taylorizados de trabalho, cuja caracterização pode ser sintetizada em quatro

fundamentos: em primeiro lugar, uma dicotomia no processo de trabalho entre o

planejamento e a execução; em segundo lugar, o controle dos tempos e

movimentos, gerado a partir da observação da realização do trabalho, resultando em

novas práticas mais eficazes sob o ponto de vista do capital; terceiro, a seleção

científica do trabalhador, que procura alcançar o “one best way”, ou seja, a melhor

forma de produzir; e, por fim, o conceito de tarefa, que, no âmbito desta concepção,

constitui-se no elemento mais importante da “administração científica”. Para Taylor,

é na tarefa que se determinam: o modo de agir e o tempo necessário ou possível de

ser despendido em sua execução.

Esses princípios objetivam reduzir a influência individual do trabalhador

nos processos de trabalho, ampliando, assim, o controle do empregador sobre a

produção e, conseqüentemente, eliminar o que Taylor denominou de indolência.

Nesse contexto, a educação profissional encontra-se sob o desafio de

incorporar estes preceitos ao próprio processo formativo, pois, para além da

capacitação técnica, seria necessária a construção de valores que atendessem às

expectativas da indústria, então em franco crescimento.

O modelo vigente, baseado no taylorismo, segue, gradativamente,

incorporando outras concepções, a exemplo do psicotécnico, o qual privilegiava a

aptidão e a vocação, além de estabelecer parâmetros mais nítidos sobre a seleção

dos alunos. Esta modificação alterou o público-alvo das escolas profissionais, que

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deixaram de atender prioritariamente aos órfãos e àqueles que se encontravam em

situação de pobreza (Cunha, 2000).

Esta opção educacional passa, portanto, a reproduzir o ambiente fabril e

torna-se tão segmentada quanto o trabalho praticado no interior das indústrias.

Segundo Santomé (1998, p.13) “a taylorização no âmbito educacional faz com que

nem professores nem alunos possam participar dos processos de reflexão crítica

sobre a realidade.” O que, segundo o mesmo autor, fez com que a educação se

desvirtuasse de sua função primordial: “preparar cidadãos e cidadãs para

compreender, julgar e intervir em sua comunidade, de uma forma responsável, justa,

solidária e democrática”(ibidem, p.15).

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O SURGIMENTO DO SISTEMA “S”

Se a história da educação profissional no Brasil data de um século, sua

forma mais estruturada se dá via a constituição do chamado Sistema “S” nos anos

1940. Este sistema, composto pelos Serviços Nacionais de Aprendizagem

relacionados principalmente à indústria e ao comércio (SENAI e SENAC), iniciou

suas atividades educacionais objetivando atender a demandas específicas do setor

empresarial.

O Sistema “S” nasce na esfera pública, criado por meio de Decreto-lei que

impunha ao empresariado uma contribuição compulsória à sua manutenção. Se,

pelo lado de sua constituição, o Sistema possui um caráter público, pelo da gestão

há uma concepção privada, uma vez que as representações legais do empresariado

dirigem e definem a política educacional a ser implantada.

No caso específico do SENAI, este Sistema tinha como objetivo capacitar

os “aprendizes”, alunos com arco etário compreendido entre 14 e 18 anos, para

serem posteriormente empregados nas indústrias. Cunha ilustra esta afirmação que

configura a educação profissional desenvolvida para as classes populares:

Para a admissão imediata do aprendiz, as empresas deveriam dar preferência aos filhos (inclusive órfãos) e irmãos dos seus empregados e exigir, como condição, ao lado de outras, terem os candidatos concluído o curso primário ou possuírem os conhecimentos essenciais à formação profissional (Cunha, 2000, p.53).

Soma-se a este objetivo a intenção de atender a uma demanda por

qualificação da força de trabalho que se intensificava em vista da expansão

industrial então em curso. Era, portanto, uma via para a ação direta das empresas

no âmbito da qualificação dos trabalhadores, permitindo-lhes estabelecer o desenho

do processo de formação profissional.

Se havia a premência pelo desenvolvimento de uma qualificação

profissional específica, voltada essencialmente para a indústria, havia ainda outro

aspecto que a fazia premente: ela incidia diretamente na minimização dos custos

empresariais relativos ao treinamento, posto que, desde então, este passa a ser

realizado coletivamente.

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É na década de 1990 que cresce o debate em torno das questões

relativas à qualificação profissional, em razão, principalmente, de uma profunda

transformação no processo produtivo, bem como no campo das relações de

trabalho. É neste momento que outras entidades sem fins lucrativos – tais como

Organizações Não Governamentais, Sindicatos de Trabalhadores e Movimentos

Populares, entre outras –, passam a ampliar sua atuação nesta área e, em alguns

casos, a construir novos referenciais teórico-metodológicos no campo da educação

profissional.

Esta crescente e súbita participação de outros segmentos da sociedade

no desenvolvimento da educação profissional surge apoiada basicamente em dois

fatores:

� o financiamento de programas educacionais voltados à qualificação

profissional com recursos advindos do Fundo de Amparo ao

Trabalhador – FAT2, ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego; e

� a visão governamental, no período FHC, que apontava a

desqualificação dos trabalhadores como uma das principais razões

para o aumento do desemprego.

No período houve um significativo aporte financeiro dedicado a

qualificação profissional, considerando os recursos provenientes do Fundo de

Amparo ao Trabalhador (Tabela 1).

2 Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego o “Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT é um fundo especial, de natureza contábil-financeira, vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, destinado ao custeio do Programa do Seguro-Desemprego, do Abono Salarial e ao financiamento de Programas de Desenvolvimento Econômico. A principal fonte de recursos do FAT é composta pelas contribuições para o Programa de Integração Social – PIS, criado por meio da Lei Complementar n° 07, de 07 de setembro de 1970, e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PASEP, instituído pela Lei Complementar nº 08, de 03 de dezembro de 1970. A partir da promulgação da Constituição Federal, em 05 de outubro de 1988, nos termos do que determina o seu art.239, os recursos provenientes da arrecadação das contribuições para o PIS e para o PASEP foram destinados ao custeio do Programa do Seguro-Desemprego, do Abono Salarial e, pelo menos quarenta por cento, ao financiamento de Programas de Desenvolvimento Econômico, esses últimos a cargo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES.” (www.mte.gov.br).

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Tabela 1 – Cursistas e investimentos realizados em educação profissional no Brasil – 1995 a 1998

Cursistas (milhões)

Investimentos

(R$ milhões)

1995 0,1 28

1996 1,2 220

1997 2,0 348

1998 2,0 409

95/98 5,2 1.005

Fonte: MTE/SEFOR In: POSTHUMA, A C. Transformando o sistema brasileiro de formação profissional.

De acordo com os dados provenientes do Censo Profissional, havia, em

1999, no nível básico, um total de 2.045.234 jovens, sendo que, destes, 31%

possuíam idade inferior a 20 anos, indicando que muitos deles buscam na educação

profissional uma forma de inserção no mundo do trabalho.

A ausência de pesquisas sistemáticas junto aos egressos dos referidos

programas de qualificação e requalificação profissional subsidiados pelo Fundo de

Amparo ao Trabalhador ofusca uma análise mais consistente acerca da real

inserção ou reinserção deste público no mercado de trabalho, seja ele formal ou

informal.

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EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E MODELOS PRODUTIVOS

A educação profissional no Brasil esteve continuamente atrelada aos

valores vigentes no sistema produtivo, atendendo à sua forma de organização ora

taylorista, ora fordista e mais recentemente à produção flexível. Assim, é possível

observar, por meio da sistematização de Leite, que os saberes dos trabalhadores

foram sendo requeridos de acordo com o sistema produtivo e, portanto, enfrentando

um movimento contínuo de readequação da formação aos modelos produtivos, que

ao longo da história do trabalho foram surgindo.

Assim, as relações entre trabalho e qualificação são apresentadas no

sistema “velho” e no “novo”, conforme denominação de Leite:

VELHO NOVO

Economia/

Mercado

� expansão; � estabilidade; � competência local; � vendedor; � “a empresa manda”

� crise; � instabilidade; � competência mundial; � comprador; � “o cliente é o rei”

Produto � estandardizado; � ciclo de vida largo; � inovação em etapas; � fabricação massiva; � quantidade.

� diversificado; � ciclo de vida curto; � inovação contínua; � séries médias e pequenas; � qualidade.

Processo/

tecnologia

� equipamentos

“aplicados”;

� equipamentos

especiais;

� base eletromecânica;

� linhas de montagem

� equipamentos flexíveis;

� equipamentos universais;

� base eletroeletrônica;

� células de fabricação.

Gestão/

organização

� hierárquica;

� vertical;

� centralizada;

� controladora;

� punitiva;

� “o chefe sempre tem

razão”

� participativa;

� horizontal;

� descentralizada;

� formadora;

� orientadora;

� “todos são responsáveis”.

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Trabalho � tarefas/operações;

� dividido;

� prescrito;

� repetitivo;

� especializado;

� heterocontrolado;

� posto

� processos;

� integrado;

� aleatório;

� flexível;

� polivalente;

� autocontrolado;

� equipamento

Qualificação � habilidade;

� saber-fazer;

� disciplina;

� obediência;

� acato às normas;

� reação;

� execução;

� concentração;

� formação curta ou

ampla;

� individual.

� competência;

� aprender a ser e aprender a

aprender;

� autocontrole;

� iniciativa;

� gestão de imprevistos;

� ação/pró-ação;

� diagnóstico;

� atenção;

� formação contínua;

� coletiva

In: LEITE, Elenice. El rescate de la calificácion.CINTERFOR/OIT, 1996.

Cabe lembrar que as especificações apresentadas no quadro acima

atingem apenas uma parcela dos trabalhadores brasileiros ao se referir àqueles

que possuem um trabalho formal e prioritariamente localizado nas grandes

indústrias. Observa-se no mercado de trabalho que o modelo “velho” ainda está

em prática em muitos segmentos produtivos, especialmente nas empresas de

pequeno porte, e, portanto, ainda prevalecendo o requerimento de

qualificações tidas como ultrapassadas nos grandes pólos industriais.

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INOVAÇÕES NA GESTÃO DO PROGRAMA ESTADUAL DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Em meio a um cenário histórico caracterizado pela fragmentação dos

saberes, começam a surgir, a partir da década de 70, experiências na área de

qualificação profissional que merecem análises mais apuradas, posto que nascem

como um embrião de uma nova concepção de educação que visa integrar os

conteúdos da educação regular aos relacionados ao trabalho, com um forte enfoque

na cidadania.

Estas novas práticas passam a incorporar uma visão transdisciplinar de

educação, à medida que se distanciam do ensino pautado na divisão de disciplinas,

integrando conhecimentos e inserindo o educando como agente da construção do

seu conhecimento, valorizando seu saber acumulado e sua história de vida.

A análise das ações praticadas pela Secretaria do Emprego e Relações

do Trabalho ao longo da história não podem ser feitas desvinculadas do contexto

político e socioeconômico do país. É temerário negligenciar os efeitos da ditadura

militar na construção de políticas públicas e, da mesma forma, desconsiderar que o

desemprego não se constituía como uma realidade para grande parte da população.

Nesse sentido, as ações eram pontuais e marcadas pela ausência de

planejamento que dialogasse diretamente com o dinamismo da economia.

Em meados dos anos 1970 a Secretaria viabiliza o Programa Intensivo de

Preparação da Mão-de-obra (PIPMO), com recursos provenientes do Ministério da

Educação. Os cursos eram conveniados com exclusivamente com as prefeituras,

com exceção apenas ao SENAI que, na capital paulista, oferecia cursos no campo

da construção civil. Outra frente para qualificação profissional era propiciada pelas

diretorias regionais da Secretaria, as quais recebiam recursos orçamentários do

estado de São Paulo suficientes para firmar contratos com instrutores e aquisição de

material didático. Paralelamente, ocorriam oficinas com verbas limitadas à compra

de, por exemplo, máquinas de costura, as quais eram utilizadas para a oferta dos

cursos. Após o curso, os educandos faziam uso do maquinário para desenvolver

alguma atividade remunerada.

A implantação do Sistema Nacional de Emprego (SINE) ocorreu na esfera

nacional em 1975, por meio do Decreto nº 76.403. No início este tinha como objetivo

realizar a intermediação da força de trabalho, disponibilizando serviços via postos de

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atendimento. Concomitante a essa função, visava criar um sistema de informações

relativas ao mercado de trabalho, associado a um banco de dados sobre os

trabalhadores, de forma a fornecer informações ao sistema educacional para

possíveis adequações às ações de formação. Este foi implantado no estado de São

Paulo apenas em 1984, quase uma década após sua criação.

Em 1988, a SERT se estrutura para implantar no estado de São Paulo o

Seguro Desemprego e o Programa de Geração de Emprego e Renda - PROGER3 e

promover a ampliação da oferta de cursos de qualificação com recursos do Fundo

de Amparo ao Trabalhador, criado no âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego.

Na segunda metade dos anos 1990 as ações da Secretaria do Emprego e

Relações do Trabalho são estruturadas para enfrentar um novo cenário no mundo

do trabalho: o da reorganização produtiva. Cenário este acompanhado de níveis

importantes de desemprego.

O Ministério do Trabalho e Emprego, por sua vez, cria em 1995 o

PLANFOR, Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador cujos objetivos eram:

requalificar os trabalhadores desempregados e ou os que estavam ameaçados por

ele, ampliar as vias de formação profissional existentes no país e incorporar novas

experiências nesse campo (Posthuma, 1999). Era meta do plano, em 1999,

qualificar 20% da População Economicamente Ativa (PEA), ou seja, 3 milhões de

trabalhadores.

A SERT insere-se nesse processo e estabelece convênios com várias

instituições com tradição, ou não, na formação profissional. Paralelamente, buscou

alternativas ao tradicional modelo de formação profissional que passamos a relatar.

Dadas as características de uma nova fase da economia marcada pela

reorganização produtiva e altos níveis de desemprego nos anos 1990, a SERT, em

1996, propõe um amplo debate com representantes da sociedade civil acerca do

futuro do emprego e da formação profissional. Inova-se, neste sentido, a forma de

conceber uma política pública, à medida que esta pauta-se pela percepção daqueles

que estão diretamente envolvidos no assunto. Desse encontro resultou o desenho

do Programa Aprendendo a Aprender composto por três projetos, quais sejam:

3 Programa instituído pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTE e pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador - CODEFAT, com objetivo de promover ações que incentivem a geração e expansão de emprego e renda, para melhoria na qualidade de vida da população.

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� Observatório do futuro do trabalho, com o papel de analisar o mercado

de trabalho de forma prospectiva e não simplesmente diagnóstica,

indicando os principais focos de contratação de pessoal e, dessa

maneira, antecipar o planejamento para a formação profissional;

� Habilidades básicas, específicas e de gestão; cujo intuito era discutir

novas metodologias de forma a articular os conhecimentos específicos

aos da formação integral; e,

� Centro público de formação profissional, caracterizado pelo espaço de

articulação da comunidade na elaboração e execução da formação

profissional local.

Perseguindo a construção de mecanismos de participação, esse desenho

previa a constituição de um conselho deliberativo multipartite, a fim de definir as

ações de implantação dos projetos.

Assim, a partir das análises elaboradas pelo Observatório, a comunidade

as qualificava, trazendo reflexões sobre a realidade local e eram priorizados os

experimentos, cursos de formação profissional construídos com a colaboração de,

no mínimo, três segmentos: empresários, trabalhadores e poder público, a serem

desenvolvidos nos Centros Públicos.

A metodologia previa a realização de experimentos, seguidos de um

debate sobre acertos e dificuldades e, só então, estes eram sistematizados,

impressos e disponibilizados para instituições executoras da formação profissional.

O intuito com esse novo desenho era que ele fosse, gradativamente,

sendo incorporado ao Plano Estadual de Qualificação, como forma de associar as

medidas de cunho quantitativo aos aspectos vinculados à qualidade e à adequação

dos cursos de formação profissional.

No início dos anos 2000 o PLANFOR passa por profundas alterações,

limitando os convênios para a execução da formação profissional resultando em

uma revisão das estratégias de continuidade aos programas de formação

profissional.

No âmbito do estado de São Paulo, a descontinuidade na política se fez

presente com a paralisação do Programa Aprendendo a Aprender e a realização de

ações de qualificação de forma desintegrada e pulverizada entre várias entidades

executoras, sem a devida preocupação quanto à sua efetividade.

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ANOS RECENTES

Em 2007, a Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho faz uma

opção de reorientar as atividades de qualificação profissional, tendo em vista alterar

um quadro que apresentava as seguintes características:

1. desconexão entre as áreas de cursos oferecidos e as reais

necessidades do mercado de trabalho;

2. gama de cursos ofertados por instituições sem reconhecimento na área

de qualificação profissional,

3. atividades de acompanhamento e supervisão com baixa efetividade; e

4. ausência de indicadores de processo e de resultados, bem como da

prática sistemática de avaliação.

A Fundação do Desenvolvimento Administrativo – FUNDAP é contratada

com o objetivo de apoiar a SERT no processo de planejamento das ações de

qualificação profissional e na definição de novas diretrizes metodológicas e de

gestão para o Programa Estadual de Qualificação Profissional – PEQ.

A partir da experiência acumulada no âmbito da Secretaria o

planejamento para o Programa Estadual de Qualificação pautou-se na:

� elaboração de um diagnóstico do mercado de trabalho e das reais

necessidades de capacitação no Estado de São Paulo;

� reformatação dos cursos de qualificação profissional, incluindo, entre

outros aspectos, a definição de um carga horária média padrão para os

cursos; e a elaboração de novos conteúdos e material didático, voltado

à formação integral dos participantes.

A meta estabelecida para o período compreendido entre 2008 e 2010 é

oferecer qualificação a 1% da PEA paulista (População Economicamente Ativa) – o

equivalente a 180 mil trabalhadores desempregados ou em vias de perder seu posto

de trabalho sendo 30 mil em 2008, 60 mil em 2009 e 90 mil em 2010.

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FORMATO DOS CURSOS DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL

Tendo como parâmetro os conhecimentos acumulados no interior da

Secretaria desde o final dos anos 1990, com o desenvolvimento do Programa

Aprendendo a Aprender, inicia-se, em 2007, o processo de planejamento dos cursos

de qualificação profissional no âmbito do Estado de São Paulo

Uma primeira decisão residia em considerar a complementaridade de dois

campos de conhecimento: um relativo à ocupação profissional, e outro de formação

geral.

Neste sentido, os cursos promovidos nesta etapa do PEQ trabalham com

a metodologia horizontal, de valorização do conhecimento do aluno e de

aperfeiçoamento dos conhecimentos gerais que já portam, sejam voltados para a

conscientização dos conteúdos que domina, seja para ampliar o horizonte de

oportunidades de trabalho, por meio de uma definição mais clara de seus anseios

profissionais, voltada à lapidação de sua comunicação verbal e escrita, ou acesso à

informática.

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A FOCALIZAÇÃO DA POLÍTICA

A opção em priorizar e desenvolver conteúdo gerais – embora

contrariando a diretriz do Governo Federal de que conhecimentos específicos, ou

seja, aqueles ligados à ocupação profissional, componham 80% dos cursos de

qualificação profissional – mostrou-se particularmente acertada à luz do diagnóstico

elaborado no estado de São Paulo, o qual aponta a existência de um importante

déficit educacional nas faixas etárias acima de 15 anos. Ou seja, constatou-se, por

meio das estatísticas oficiais, que a despeito da universalização da escolaridade

presente na população mais jovem, recém inserida no mercado de trabalho, há,

ainda, parcela expressiva da PEA paulista que apresenta lacunas importantes de

formação (gráfico abaixo).

Quanto maior a faixa etária, maior o passivo educacional

Fonte: PCV 2006 - Fundação Seade

Fundamental Incompleto

Fundamental Completo ou Médio Incompleto

Médio Completo ou Superior Incompleto

Superior Completo

75 anos ou mais

60 a 74 anos

45 a 59 anos

30 a 44 anos

15 a 29 anos

Total

0%

20% 40% 60% 80% 100%

Tal constatação permitiu priorizar, para fins de qualificação profissional, a

população com menor escolaridade formal – com ensino fundamental incompleto – e

que apresenta faixas etárias mais elevadas: as compreendidas entre 30 e 59 anos.

Outra elemento do planejamento foi a opção em concentrar a execução

da qualificação profissional em algumas instituições, que apresentassem tradição

nesta modalidade da educação e que contassem com capilaridade capaz de

abranger todo o estado de São Paulo.

A premissa que orientou tal decisão foi baseada na história

recentemarcada pelo estabelecimento de convênios, que resultou em cursos

realizados por entidades com capacidade técnica desigual em termos de acúmulo de

conhecimento nesse campo e, fundamentalmente, guardando coerência limitada

frente às demandas do mercado de trabalho. (tirei essa parte para não abrir muitas

frentes de debate...)Dessa forma, o Plano é executado em 2008 pelo Centro

Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza – CEETEPS, SENAC e SENAI4.

4 Cabe ressaltar que instituições especializadas foram contratadas para oferecer o Programa às

pessoas que apresentam algum tipo de restrição de mobilidade, visual ou auditiva. Trata-se neste

19

DIAGNÓSTICO DO MERCADO DE TRABALHO E NECESSIDADES DE CAPACITAÇÃO

Paralelamente às decisões relacionadas à carga horária dos cursos,

material didático de conteúdos gerais e definição das características das instituições

qualificadoras, também no ano de 2007 a SERT, em conjunto com a Fundação

SEADE, investiu na elaboração de um diagnóstico sobre as necessidades do

mercado de trabalho no estado de São Paulo.

Tratou-se, em termos gerais, de investigar as ocupações mais

demandadas nas várias localidades e as necessidades de qualificação a elas

associadas, de modo a permitir uma sintonia entre os cursos e as vagas oferecidas,

aproximando, de forma contínua, a oferta e a demanda por trabalho, emprego e

geração de renda.

A elaboração desse diagnóstico teve como ponto de partida uma

campanha de sensibilização dos municípios paulistas para as questões atinentes à

qualificação profissional. Foram realizadas oficinas de trabalho em 90 municípios

cuja população seria igual ou superior a 100 mil habitantes, fossem sedes de região

de governo ou região administrativa ou, ainda, de relevância estratégica na micro-

região5. Neles estiveram reunidos atores sociais envolvidos ou interessados na

qualificação profissional, entre os quais representantes do poder público, dos

trabalhadores, dos empresários, de segmentos organizados da sociedade civil, das

Comissões Municipais de Emprego, entre outros setores.

Nessas oficinas os representantes locais da sociedade, acompanhados

dos técnicos da Fundação SEADE e da Fundação Faria Lima – CEPAM, discutiram

caso de deficiências que demandam recursos especiais, como por exemplo, intérprete de libras,

apostilas em formato Braille etc. Pessoas com deficiências físicas foram, na medida do possível,

chamadas a participar dos cursos oferecidos pelo Centro Paula Souza, SENAI e SENAC.

5 Adamantina, Americana, Andradina. Araçatuba, Araraquara, Araras, Assis, Atibaia, Avaré, Barueri, Barretos, Bauru, Birigui, Botucatu, Bragança Paulista, Campinas, Caraguatatuba, Carapicuíba, Catanduva, Cotia, Cruzeiro, Cubatão, Diadema, Dracena, Embu, Fernandópolis, Ferraz de Vasconcelos, Franca, Francisco Morato, Franco da Rocha, Guaratinguetá, Guarujá, Guarulhos, Hortolândia, Indaiatuba, Itapecerica da Serra, Itapetininga, Itapeva, Itapeva, Itaquaquecetuba, Itu, Jacareí, Jales, Jandira, Jaú, Jundiaí, Limeira, Lins. Marília, Mauá, Mogi das Cruzes, Mogi Guaçu, Osasco, Ourinhos, Pindamonhangaba, Piracicaba, Poá, Praia Grande, Presidente Prudente, Registro, ribeirão Pires, Ribeirão Preto, Rio Claro, Salto, Santa Bárbara d’Oeste, Santos, Santana do Parnaíba, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Carlos, São João da Boa Vista, São Joaquim da Barra, São José do Rio Preto, São Paulo, São Vicente, Sertãozinho, Sorocaba, Sumaré, Suzano, Taboão da Serra, Tatuí, Tupã, Várzea Paulista, Votorantin, Votuporanga.

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a situação do mercado de trabalho na localidade e levantaram as necessidades de

qualificação profissional, listagem que deu base à determinação dos cursos a serem

disponibilizados pela SERT.

Ainda para compor o diagnóstico, tratou-se da captação de informações

sobre o mercado de trabalho tanto as de caráter secundário, quais sejam:

informações do sistema de indicadores municipais da Fundação SEADE e de outras

fontes, tais como RAIS – Relação Anual de Informações Sociais – e CAGED –

Cadastro Geral de Empregados e Desempregados; como de caráter primário, a

partir da aplicação de questionários sobre a prática da formação profissional nos

municípios.

Nesse âmbito foram realizadas pesquisas nos 645 municípios do estado

de São Paulo, as quais levantaram informações na área do emprego, entre as quais:

oferta de cursos de qualificação profissional nos anos anteriores (tipo de cursos,

entidades qualificadoras, público alvo etc.); situação e características das

Comissões Municipais de Emprego; e serviços de atendimento a trabalhadores e

empresas.

Esse conjunto de informações deu base à composição do banco de dados

SIM-Trabalho (Sistema de Informações Municipais da área de Trabalho)6, que

juntamente com os resultados das oficinas, orientaram a escolha dos cursos e dos

municípios para realização da qualificação profissional no biênio 2008-2009. Os

municípios7 que participaram desse processo foram os selecionados para abrigarem

os cursos propostos. Pesou para essa decisão, além das características

populacionais já apresentadas, sua representatividade regional em termos da

concentração do PIB e da PEA no estado de São Paulo, respectivamente 83% e

73%.

Para o biênio 2008-2009 foi prevista a execução dos cinco primeiros

cursos demandados em cada localidade, conforme apontado no diagnóstico.

Finalmente, a definição do número de vagas que caberia a cada

município, foi calculada proporcionalmente ao contingente da PEA local, garantindo-

se, entretanto, um número mínimo de 150 vagas por município.

6 Estas informações estão disponíveis no site http://www.seade.gov.br/projetos/simtrabalho 7 São exceções os municípios de Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Itapevi e Várzea Paulista que não foram contemplados com cursos de qualificação profissional pela ausência de oferta compatível ao perfil de cursos indicados no diagnóstico.

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A metodologia de levantamento de informações nas oficinas, combinada

com o uso de estatísticas e registros oficiais sobre população, economia e mercado

de trabalho, com a percepção dos prefeitos quanto à evolução da economia local e

com a análise da oferta anterior de cursos, configura uma contribuição importante da

Caravana do Trabalho, nome dado ao processo de levantamento das necessidades

de capacitação nos municípios paulistas, para o aprimoramento metodológico na

formulação de planos de qualificação profissional no país.

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A IMPLANTAÇÃO DO PEQ

Definidas as diretrizes para implantação do PEQ nos anos de 2008-2010

e o planejamento dos cursos, com o material didático devidamente elaborado, o

passo seguinte foi dado com a contratação do Centro Paula Souza, SENAC e

SENAC para a execução dos cursos de qualificação.

Antes disso, a SERT – com a assessoria da Fundação do

Desenvolvimento Administrativo - FUNDAP – realizou visitas para conhecer e

habilitar todos os espaços físicos de qualificação propostos pelas executoras.

Os cursos foram iniciados em meados de agosto de 2008,

disponibilizando cerca de 30 mil vagas distribuídas em 89 municípios.

Dentre estas, foram disponibilizadas vagas junto à Associação para

Valorização e Promoção de excepcionais - AVAPE e Associação de Deficientes

Visuais e Amigos - ADEVA, responsáveis pela qualificação profissional de pessoas

com restrição intelectual e física (AVAPE) e visual (ADEVA).

Para viabilizar a participação dos inscritos foram instituídos benefícios

adicionais para transporte (dois passes) e alimentação (lanche) dos cursistas nos

dias de aula.

Para garantir a adequação no uso de material didático de conteúdos

gerais e, o alcance dos objetivos do Programa de Qualificação, os monitores

contratados pelas instituições participaram de um programa de capacitação

pedagógica organizado pela FUNDAP.

Ademais foram programadas supervisões às unidades de ensino,

garantindo-se um roteiro de, em média, três visitas por local de qualificação por ciclo

de cursos. Esta atividade possibilita o acompanhamento dos cursos e o rápido

equacionamento de problemas.

O acompanhamento das matrículas, freqüência e desligamento de alunos

nos cursos é efetuado a distância, por meio de um sistema informatizado

desenvolvido pela PRODESP para esse fim, que permite a obtenção de dados

atualizados diariamente pelas executoras via internet.

Finalmente, previu-se uma avaliação dos cursos de qualificação e de seu

significado e impacto na vida dos participantes, a ser realizada junto aos egressos

do Programa, em dois momentos no ano de 2009: em janeiro e julho.

Com isso, a SERT encerra um primeiro ciclo de qualificação profissional

realizado após seu re-planejamento em 2007, e pode traçar novas diretrizes para a

continuidade das atividades nos anos de 2010 e subseqüentes.

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REFERÊNCIAS

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AUTORIA

José Lucas Cordeiro – Economista, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, da Pontifícia Universidade Católica – PUC/SP. Coordenador do Projeto de Assessoria da FUNDAP à Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho na Implantação do Programa Estadual de Qualificação Profissional. Fundação do Desenvolvimento Administrativo

Endereço eletrônico: [email protected] Ivan Amorin Trizi – Graduando em Gestão de Políticas Públicas pela Universidade de São Paulo – USP. Estagiário de Gestão Pública do Programa Estadual de Qualificação Profissional da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo. Fundação do Desenvolvimento Administrativo. Endereço eletrônico: [email protected] Bruno George Abud – Graduando em Gestão de Políticas Públicas pela Universidade de São Paulo – USP. Fundação do Desenvolvimento Administrativo.