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1 Algomais JULHO/2016 R$ 10,00 Ano 11 - nº 124 - julho 2016 - www. revistaalgomais.com.br INOVAÇÃO À MESA Restaurantes usam a criatividade para aumentar o movimento em tempos de economia em crise

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1Algomais • Julho/2016

R$ 10,00

Ano 11 - nº 124 - julho 2016 - www. revistaalgomais.com.br

inovação À mesa

Restaurantes usam a criatividade para aumentar o movimento em tempos de economia em crise

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2 Algomais • Julho/2016

ANUNCIO REVISTA ALGOMAIS_404x265mm.indd 1 6/29/16 11:44

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3Algomais • Julho/2016

ANUNCIO REVISTA ALGOMAIS_404x265mm.indd 1 6/29/16 11:44

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4 Algomais • Julho/2016

Há dez anos a Engenho de Mídia, formada por Luciano Moura e por mim, Sérgio Moury Fernandes, tornou-se sócia da TGI Consultoria em Gestão, representada por Francisco Cunha e Ricardo de Almeida, para a criação da SMF-TGI Editora.

O resultado desta sociedade foi a entrega ao mercado, até este mês de julho, de 124 edições da revista algomais. Publicação que desde 2006 registra os momentos significativos de Pernambuco, trazendo histórias de sucesso, memórias do passado, proposições de como os desafios do presente e do futuro podem ser enfrentados.

Neste momento, entendemos que acontece o fechamento de um ciclo. Ciclo de grandes conquistas e de muitos desafios. A partir de edição 125, no próximo mês de agosto, a Engenho de Mídia deixa a SMF-TGI, que continuará sendo tocada pela TGI Consultoria e Gestão e sua equipe.

É hora de canalizar nossas energias para a Engenho de Mídia, empresa que desde 2005 atua na comercialização de espaços publicitários para os veículos de comunicação do País, sendo uma ponte entre anunciantes, agências e veículos de comunicação.

Fica o nosso muito obrigado a Francisco Cunha e Ricardo de Almeida pelos anos de parceria. Nosso agradecimento aos anunciantes e agências que sempre foram nossos parceiros na algomais e que continuarão sendo na Engenho de Mídia. Desejamos todo o sucesso na continuação da revista e estaremos sempre por perto.

Obrigado.

Sérgio Moury Fernandes e Luciano Moura

editorialInformação ao mercado

Diretoria executivaSérgio Moury [email protected] de [email protected]

Diretoria comercialLuciano [email protected]

conselho eDitorialArmando Vasconcelos, Gustavo Costa, João Rego, Luciano Moura, Mariana de Melo, Raymundo de Almeida, Ricardo de Almeida e Sérgio Moury Fernandes.

Uma publicação da SMF- TGI EDITORA Av. Domingos Ferreira, 890, sala 805 Boa Viagem | 51110-050 | Recife/PE - Fone: (81) 3126.8181 . www.revistaalgomais.com.br

reDaçãoFone: (81) 3126.8156/Fax: (81) [email protected]

EDITORIA GERALCláudia Santos (Editora)Roberto Tavares (Consultor Editorial)

REPORTAGEnSCláudia Santos Rafael Dantas

EDITORIA DE ARTERivaldo neto (Editor)

FOTOGRAFIADiego nóbrega

[email protected]: (81) [email protected]

PubliciDaDeEngenho de Mídia Comunicação Ltda.Av. Domingos Ferreira, 890, sala 808Boa Viagem 51110-050 | Recife/PEFone/Fax: (81) [email protected]

edição 124 - 10/06/2016 - tiragem 11.500 exemplares capa: rivaldo neto facebook.com/revistaalgomais

@revistaalgomais

Edição 124

e mais Entrevista 8

Economia /Jorge Jatobá 28

Arruando pelo Recife e por Olinda 38

Baião de Tudo / Geraldo Freire 40

Pano Rápido/Joca Souza Leão 44

João Alberto 46

Memória Pernambucana 48

Última Página/ Francisco Cunha 50

Nossa MissãoProver, com pautas ousadas, inovadoras e imparciais, informações de qualidade para os leitores, sempre priorizando os interesses, fatos e personagens relevantes de Pernambuco, sem louvações descabidas nem afiliações de qualquer natureza, com garantia do contraditório, pontualidade de circulação e identificação inequívoca dos conteúdos editorial e comercial publicados.

caPa

RestaurantesEstabelecimentos de gastronomia fora do lar usam a criatividade. 14

Política

Eleições em equilíbrioCenário nacional conturbado influencia no pleito municipal. 20

Pesquisa

Engorda da praiaMoradores consideram o projeto relevante para impulsionar lazer. 30

cultura

Orquestra Cidadã em festaInstituição completa 10 anos, com novos projetos sociais. 34

auDitaDa Por

Os artigos publicados são de inteira e única responsabilidade de seus respectivos autores, não refletindo obrigatoriamente a opinião da revista.

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5Algomais • Julho/2016

Provedor do Real Hospital Português:Alberto Ferreira da CostaDiretora Técnica/Médica:Dra. Maria do Carmo LencastreCRM-PE 8325

O CUIDADOcom você.

É REAL.O Real Hospital Português sempre se preocupou em estar perto de você. Buscamos, todos os dias, maneiras de tornar a sua vida ainda mais tranquila. É por isso que fazemos exames como ninguém faz. Temos um corpo médico dedicado e os equipamentos mais modernos para cuidar da sua saúde com todo carinho e segurança.

Esse é o nosso real compromisso com você.

/realhospitalportugues/realhospitalportugues

Ilha do Leite: 81 3416.1122Boa Viagem: 81 3416.1800www.rhp.com.br

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6 Algomais • Julho/2016

Memória Pernambucana 1O desembargador Benildes Ribeiro repetia: "Só os grandes sabem ser." e algomais sabe, por isso é grande! Bela reportagem de Marcelo Alcoforado que em "Memórias Pernambucanas" exalta o governo Cid Sampaio. Parabéns!

Roldão Joaquim

Memória Pernambucana 2Com certeza um grande governador. Infelizmente sem o devido reconhe-cimento. Pernambuco lhe deve uma grande homenagem.

Fernando Moura - Recife

OthonMuita boa a matéria! logicamente, não poderia esgotar o assunto, conside-rando que o Sr. Othon, era um homem incrível, que sabia separar o intelectual (publicou vários livros) e o industrial, que diversificou o Grupo, com a maior rede de fábrica de tecidos, hotéis e usinas de açúcar.

José Almeida

cartasEscREvA [email protected]

Joca Souza Leão 1Como é que é, Joca? Café com leite e Viagra? Quá, quá, quá, quá, quá... Nada de kikikikikikiki...É quá, quá, quá, quá, quá...

Eliete sobreira, publicitária – Recife

Joca Souza Leão 2Muito bom, Joca. Sobretudo o truque de deixar a conclusão da história do velhinho pro fim.Abração

Fernando portela, escritor – são paulo

Joca Souza Leão 3Formidável, Joca. Leitura excelente hoje pela manhã. Grande abraço.

Antonio peregrino, médico – Recife

Joca Souza Leão 4Joquinha. Quem imaginava que o pre-sente de aniversário do nosso “amigo velho” viraria crônica tantos anos depois? Só você mesmo.

João Hélio Mendonça, sociólogo – Olinda

facebook.com/revistaalgomais

@revistaalgomais

www.revistaalgomais.com.brON LINE

10 Anos da Algomais 1Parabéns a Algomais pelo seus 10 anos onde estive presente , com a placa ofe-recida pela Deputada Priscila Krause em nome da ALEPE, e ao grande cartunista Humberto Araújo..

João Batista – Recife

10 Anos da Algomais 2Parabéns pela data que é o significado do grande trabalho feito pela equipe da revista. Fruto de uma adminis-tração competente dos senhores Sergio Moury Fernandes e Luciano Moura.

Kleber Rinaldo – Recife

Site: Romildo MoreiraIsso mesmo Romildo. Uma análise coerente da nossa relação com a eco-nomia.Precisamos atribuir valor ao que fazemos. Comecemos a valorizar o ingresso; a partir daí não precisare-mos pedir “pelo amor de Deus” aos mais chegados para que venham nos aplaudir!

Maria Oliveira – Recife

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7Algomais • Julho/2016

O Shopping Patteo Olinda está no foco principal

da cidade, ao lado de um hipermercado consolidado

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e hospitais. Uma região madura estruturalmente

e com economia circulante já existente.

O PRIMEIRO SHOPPING DE OLINDA É O LUGAR CERTO PARA SEU NEGÓCIO.

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Público A/B50% estão na área primária e secundária

LocaLizado entre as principais vias. no ponto de maior circuLação da cidade.

FONTE: IBGE/GISMARKET JAN./2013

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8 Algomais • Julho/2016

“AS CAMPANHAS POLíTICAS SãO MACHISTAS”

Entrevista a cláudia santos e rafael Dantas

entrevista

uma área que Dom Helder chamou de "Operação Esperança", que era um mo-vimento de formação de grupos para discutir as questões de direitos sociais, principalmente nas periferias. Depois ele ganhou um prêmio do exterior e quis mostrar que a reforma agrária era possí-vel. Com esse prêmio comprou três en-genhos e a partir daí fui trabalhar na zona rural, na questão da reforma agrária, no Cabo. Eu devia ter uns 20 e poucos anos.

Como era esse trabalho?Reunião com associações. Trabalhava com eles para a formação da comuni-dade do engenho, formávamos escola, tínhamos uma área coletiva onde todos tinham que dar uma contribuição. Todo um trabalho de educação social.

esse trabalho influenciou sua carreira?Eu acho que não influenciou. Eu sempre gostei. Eu tenho um compromisso mui-to grande com a questão social, popular. Achei que o curso de Serviço Social seria o caminho a seguir, e foi. Foi um cami-nho que me deu muito conhecimento de instrumentos para essa questão. De-pois, houve o golpe militar e considera-ram que essa área rural de Dom Helder era guerrilha e aí tivemos - eu e Zezita

- que sair. Eu fui para o Chile e ela para o México. Eu passei cinco anos fora, de 68 até 73.

Como foi essa experiência?Eu trabalhava em uma fábrica de mó-veis que tinha sido tomada pelos traba-lhadores e, à tarde, trabalhava em um projeto de pesquisa e estudo sobre as questões que estavam ocorrendo na-quele momento. Era um grupo de in-telectuais e eu ajudava como um apoio administrativo.

Como era a atmosfera na época? A gente tinha muito receio, porque o governo brasileiro tinha profissionais para ficar nos acompanhando. Não po-díamos formar grupos, a não ser que você conhecesse. Havia um isolamento grande pelo medo que tínhamos de se relacionar porque essas pessoas pode-riam ser informantes. Não que fizésse-mos grandes coisas, mas, por exemplo, íamos para as marchas de Salvador Al-lende. Sábados e domingos colhíamos vinhas que tinham sido tomadas pelos agricultores. Os estudantes eram con-vocados e nós íamos, pois não havia máquinas. Nunca me arrependi. Foi uma experiência válida.

TERESA DUERE. Conselheira do TCE e ex-deputada fala da vida nos dias do regime militar e de sua carreira

A conselheira do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, Teresa Due-re, fala à equipe da algomais sobre sua trajetória social e política. Sua amizade com Dom Helder e a sua experiência de viver no Chile, em anos de ditadura militar no Brasil também entraram na conversa. Recifense, ela foi uma das de-putadas estaduais de maior destaque na Assembléia Legislativa de Pernambuco.

Como foi a sua infância?A minha infância foi muito boa. Sou reci-fense com muito orgulho. A cidade ainda era pacífica. As crianças podiam brincar na rua, podiam viver e ser criança. Tinha o Parque 13 de maio, tinha a festa da mo-cidade... Morei na Av. Visconde de Suas-suna. Meu pai era empresário e depois foi político. O único trabalho da minha mãe foi ser voluntária no Banco da Providên-cia com Dom Helder Camara.

a senhora teve contato com Dom Helder?Trabalhei nove anos com ele. Eu fui fazer parte de um movimento chamado "Ban-deirantismo" que, à época, era uma forma de você dar formação. Quem foi minha chefe foi Zezita Cavalcanti, secretária de Dom Helder. Fui uma das selecionadas para estagiar e lá fiquei trabalhando em

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Eu saí 24 horas antes de Allende cair. Tinha uma pessoa muito amiga de Dom Helder, que era ministro, e ele me disse: "Vá embora enquanto é tempo".

que quem me telefonou convidando para voltar foi Gustavo Krause. Ele me disse: "Olhe, sou prefeito do Recife, mas quero dizer a você que se você quiser voltar para o Recife, tenho um lugar". Eu respondi que não me filiaria ao par-tido dele, mas ele me deixou à vontade. Até que chegou uma época em que se falava muito dos "Tupamaros de Krau-se" (risos), que era aquele pessoal mais de esquerda que ele chamou para fazer o trabalho social. Eu era um desses. Cons-truímos várias ruas, fizemos os barra-cões, grupos de ações comunitárias, feirinhas típicas... Teve um trabalho social muito intenso naquela época. Ele dava autonomia completa.

Qual foi a emoção de ter voltado para Recife depois de tanto tempo?Recife é meu lugar, eu amo essa cidade,

gosto de Pernambuco. Às vezes as pes-soas dizem que se tivessem mais novas iriam embora por causa dos problemas. Se eu fosse mais nova ficaria aqui e não tenho nehuma vontade sair, a não ser para passear. Tenho que lutar por isso, é minha raiz e meu povo. Voltar para o Recife foi um recomeço de muita coisa e foi interessante porque voltei dessa forma. Depois Krause foi ser vice de Ro-berto Magalhães.

Como você entrou para a vida político partidária?Depois de trabalhar na área de habi-tação no governo, fui convidada por Marcos Vilaça para a Legião Brasileira de Assistência (LBA). Fui posteriormente ser diretora nacional da LBA no Rio de Janeiro. A intermediação para a carreira política veio através de Marcos Vilaça, que era muito amigo. Ele ficou forçando para que eu me candidatasse e fui a Dom Helder, que me encorajou. Fiquei preo-cupada com a ligação com o partido de José Mendonça, mas Dom Helder disse que isso não valia de nada. O importan-te eram meus princípios, convicções e o trabalho que eu iria fazer. Fui e fiquei na suplência de José Mendonça. Sempre ficava desconfiada porque todos diziam que ele era coronel, mas hoje digo que foi um grande amigo que tive. Tenho saudades dele. Ele sempre me teve res-peito absoluto. Fui líder da oposição ao governo Arraes. Fui a primeira líder de uma bancada de 26 homens. Depois fui líder no governo de Jarbas. Doutor Ar-raes me dizia: "Foi danado José Men-donça ter passado na frente, porque

Como foi a queda de allende?Eu saí 24 horas antes dele cair. Tinha uma pessoa muito amiga de Dom Hel-der, que era ministro, e ele me disse: "Vá embora enquanto é tempo. Tem um avião saindo para Buenos Aires, pegue e vá embora". Pegamos o avião e fo-mos. Ficamos em Buenos Aires para de lá voltarmos para o Brasil. Mas só pude voltar para o Recife na Anistia, em 79. Enquanto o processo corria, fiquei no Rio de Janeiro. Ainda quando cheguei lá quiseram me prender. Nesse período que fiquei no Rio. Tive apoio do pes-soal de Dom Helder para trabalhar, mas sempre quis voltar para Recife. Quando pude voltar, fui falar com velhos com-panheiros de luta e as pessoas sempre diziam que não podiam fazer nada. A vida é muito interessante mesmo, por-

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Dilma fez créditos orçamentários por decreto para que o Congresso não tomasse conhecimento. Isso mostra que houve dolo".”

Muitas vezes as contas são rejeitadas dessa forma.

esse problema na aplicação dos re-cursos é decorrente da corrupção, da má gestão ou das duas coisas?Eu acho que são as duas coisas. Acho, por exemplo, que o problema da educa-ção não é falta de dinheiro. É de gestão mesmo. Dinheiro existe.

o resultado desse trabalho sinaliza para que melhorem as contas públicas? Eu acho que vem melhorando. Vem me-lhorando porque se tem também um grande instrumento contra a corrupção, que é a transparência. Por exemplo, nós tínhamos problemas nas folhas de paga-mentos dos municípios, era um inferno. Hoje, eles precisam botar a folha na inter-net. Se alguém perceber alguma irregula-ridade pelo portal denuncia aqui na ouvi-doria. Então, o Tribunal evoluiu muito. O Tribunal de Pernambuco é referência na-cional. Nossa equipe técnica é de altíssimo nível, pessoal de primeira linha.

a presidente Dilma sofreu impeachment acusada de crime de responsabilidade fiscal. a senhora acredita que, em de-corrência disso, a população comece a conhecer mais as finanças públicas?Eu acho que foi um alerta, porque, na verdade, isso que se chama de pedalada foi feito por outros governos. Mas nunca foi feito na dimensão que foi feito ago-ra. Está certo que o crime não diz valor. Antes que se chegasse a essas pedala-das, Dilma fez créditos orçamentários por decreto para que o Congresso não tomasse conhecimento. Aí mostra que houve realmente o dolo. Isso mostra que ela sabia que estava errada.

Como é sua rotina como tricolor?Eu sou apaixona! Sou conselheira do Santa Cruz. Isso é uma das coisas que herdei de José Mendonça, que quando foi presidente me convidou para ser conse-lheira e eu aceitei. Eu não vou à estádio, mas vejo o jogo. Se não for televisionado na tv aberta, tenho o pay per view para assistir. Participo, sou amiga do presi-dente Alírio Moraes. A torcida do Santa Cruz é algo que dá gosto de ver. Tanto faz o time ser campeão, como participar da Série D jogando em um lugar que não tem nem vestiário. A torcida é a mesma. É um amor diferenciado.

entrevista TERESA DUERE

eu achava que você daria uma ótima deputada".

Como foi essa liderança?Ninguém dá espaço a mulher, você tem que conquistar seu espaço. Por exem-plo, Temer não botou nenhuma mulher no ministério. Diz ele, que depois que puxaram a orelha dele, vai botar. Ele escolheu o pessoal da área econômica, que foi a preocupação incial dele. O resto ele pediu aos partidos. Pernambu-co depois de Cristina Tavares, não teve outra parlamentar tão representativa. Teve Ana Arraes, mas ela não teve aque-la participação como Cristina Tavares. Se você vai para outros Estados, a re-presentação não existe. É uma mulher para 60, 70 homens. Vai escolher aquela mulher para a bancada? Não escolhe. A bancada é pragmática, é política.

Por que essa pouca participação?Campanha política é machista. O que puderem dificultar para a mulher em termos de acesso a uma campanha, fa-zem. Você tem que ter, sobretudo, cora-gem. Se você for carregada por alguém, não tem problema porque as pessoas limpam o caminho para você passar. Esse negócio de cota não funciona. O poder é machista. Isso é um comporta-mento do gênero, isso tem que ser dis-cutido e trabalhado dentro do gênero.

o período em que você foi parlamentar foi bem complicado para Pernambuco. Como foi a experiência?Teve o problema do Bandepe. Inclusive, como líder da oposição, só ia ao Palácio quando Doutor Arraes chamava. Aliás, justiça seja feita, quando ele tomava as grandes decisões com os parlamentares ele sempre convidava o líder da oposi-ção e ouvia. Era uma época onde tinha debate na Alepe. O pessoal da impren-sa adorava. A gente tinha que estudar. Tinha conteúdo, boas discussões... O Legislativo perdeu muito isso. Até por-que era meio a meio, hoje se tem uma hegemonia. Isso eu acho que prejudica o Legislativo. Foi uma experiência mui-to boa ser deputada, gostei muito, mas não tenho nenhuma vontade de voltar.

e como aconteceu a ida para o Tribunal de Contas do estado?Ia ser aberta uma vaga aqui do Tribunal, que era de Rui Lima de Albuquerque,

sa área. Quando cheguei no Tribunal, eu comecei a estudar mais sobre controle interno e gostei muito.

o que mudou no TCe com sua che-gada?Eu já tive casos aqui em que o prefeito escreveu no relatório, e era verdade, que ele tinha gasto quase 30% em saúde. Só que eu fui buscar os indi-cadores e eles não batiam. Ou ele não estava aplicando ou ele estava apli-cando mal. Então, a gente tem hoje muita preocupação não só com os números, também com a qualidade da saúde e educação, por exemplo.

e eu estava para disputar a presidência da Assembleia Legislativa. Mas fui falar com Jarbas Vasconcelos e disse que esta-va querendo vir para o Tribunal. Não vim em busca de um emprego. Eu já estava com minha campanha feita. A quarta. Porque eu era líder do governo de Jarbas e já estava com 40 mil votos computa-dos. Mas, eu sempre era da Comissão de Finanças e Orçamento. Eu sempre gostei da questão tributária, sempre gostei des-

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PensanDo bem

[email protected]

Aexpectativa era de pa-drão Fifa. A execução das primeiras concessões de serviço de transporte de

passageiros da Região Metropolitana do Recife foi iniciada durante a Copa. Os dois primeiros lotes de linhas (sete licitados), beneficiados por BRTs, passavam a integrar a opera-ção transitória dos Corredores Norte--Sul e Leste-Oeste. Após dois anos, e três das “Jornadas de Junho”, grassa o mesmo mal-estar coletivo com o pa-drão do serviço de mobilidade.

Apesar dos vultosos investimentos públicos e privados, a operação segue transitória; da boa aceitação dos BRTs, a infraestrutura de vias e terminais segue inacabada, travada e insegura; dos ganhos de escala e velocidade em algumas linhas, caras estações depre-dadas e dezenas de BRTs depreciando em garagem são o pior retrato da ine-ficiência, do desperdício e improviso. Afinal, o que deu errado?

Seguramente, o impacto da maior crise econômica da história brasileira explica muito. Não tudo. Outra parte da explicação está em velhos e co-nhecidos gargalos da gestão pública, cujas soluções demandam diagnós-tico, esforço e prioridade na agenda política metropolitana e local.

Em primeiro lugar, há a secular cultura da insegurança jurídica nos contratos públicos. Não é eficiente li-citar às pressas para fazer bonito na Copa. São indispensáveis planejamen-to e regras que projetem estabilidade, equilíbrio entre direitos e obrigações, proteção contra casuísmos burocrá-ticos, além da garantia de retorno do investimento a taxas de mercado. Em síntese, expressivos investimentos público-privados em infraestrutura de mobilidade reclamam marco le-gal e contratual estável, equilibrado,

Consórcio de Transporte Metropolita-no, sucessor da extinta EMTU, era uma inovadora ideia no papel: a primeira empresa pública multifederativa desti-nada à gestão do complexo sistema de transporte metropolitano, com estru-tura societária, organizacional e finan-ceira. Quase 10 anos depois, a ideia não pegou: os municípios consorciados não compraram o projeto, o governo esta-dual banca sozinho o “consórcio”, com escassos repasses, e o Grande Recife, apesar do esforço de alguns técnicos abnegados, segue desestruturado, sem equipe e receitas à altura da sua missão. É uma grande ideia fora do lugar, a re-clamar urgente simplificação.

Por fim, o mais importante: o atual modelo de financiamento da mobili-dade está esgotado. As “Jornadas de Junho” de 2013 deixaram claro que a sociedade não suporta mais expansão de tarifas sem contrapartida eficiente. Por outro lado, o retorno da inflação a

blema do financiamento passa pelo fim da dependência tarifária, com a ampliação das fontes de receita, inclusive subsídios orçamentários. Alternativas existem, algumas delas impopulares para a classe média, a exigir muita prioridade política. E há também alternativas mais sofistica-das, como os fundos de infraestrutu-ra, tal como previsto na recente MP 727/2016. Pernambuco já ensaiou um fundo garantidor de mobilidade, mas abortou a ideia. É hora de retomá-la, agora com impulso federal.

A mobilidade entrou na agenda política pelo grito das ruas de 2013. A Copa e a crise político-econômica se-cundarizaram sua pauta, mas o mal--estar coletivo e silencioso continua. O silêncio das ruas acabará cedo ou tarde. Já passou da hora de os atores políticos locais e metropolitanos for-mularem respostas para um problema que também é seu.

O mal-estar da mobilidade Gustavo costa

Advogado

No Brasil o sistema é dependente de tarifa paga pelos pobres e sem subsídio eficiente. A conta é injusta e não fecha. A solução passa pelo fim da dependência tarifária

desburocratizado e previsível. A falta de concorrentes na recente licitação internacional, as prenunciadas difi-culdades nos contratos em execução e o atraso dos contratos pendentes si-nalizam que o gargalo da insegurança jurídica não tem sido bem compreen-dido pela gestão pública.

O segundo gargalo é a ineficiên-cia da gestão e regulação. Quando de sua criação (2007), o Grande Recife

partir daí, potencializada pelo repre-samento artificial de preços adminis-trados, confirma que a alternativa não é o “lanche grátis”. No mundo rico, a sociedade financia boa parte da conta com subsídio público. No Brasil, e em Pernambuco, o sistema é dependente de tarifa, paga pelos pobres e sem sub-sídio eficiente. A conta da mobilidade é injusta e não fecha.

A solução do complexo pro-

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14 Algomais • Julho/2016

RESTAURANTES INOVAM PARA ATRAVESSAR A CRISE

capa

setor reduz despesas e lança cardápios promocionais para seduzir clientela que diminuiu as refeições fora de casa

A crise afetou em cheio o se-tor de bares e restaurantes em todo o País. Em Per-nambuco, após a euforia

da Copa do Mundo, quando ampliou o número desses estabelecimentos, a população assiste ao fechamento de várias dessas casas. As placas de “aluga-se” e “vende-se” nos pontos comerciais voltaram à paisagem da capital pernambucana. Os sobrevi-ventes deste momento de baixa no consumo da alimentação fora do lar acreditam que sairão mais fortes após essa fase de perda de dinamismo da economia brasileira. As promoções e a criatividade no marketing são alia-dos para, ao menos, manter a movi-mentação e satisfação da clientela.

De acordo com a Associação Bra-sileira de Bares e Restaurantes (Abra-sel), um a cada seis empresários do setor afirmou que repassaria ou fe-charia seu negócio em 2016. O pes-simismo, identificado numa pesquisa anual realizada pela organização, está explicado pelo desempenho nega-tivo no ano passado, quando o fatu-ramento caiu 4,33% no País. No re-corte da região Nordeste, a baixa no faturamento foi mais acentuada nesse período: 7,39%.

semana comPleta "EnquAntO MuitOs REstAuRAntEs FEcHAM nAs sEgunDAs-FEi-RAs, O ÇA vA, pAssOu A ABRiR tAntO pARA AlMOÇO cOMO pARA JAntAR", AnunciA MAnOEl FERnAnDEs FilHO

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festivaisA ApOstA EM EvEntOs gAstROnôMicOs FOi uMA DAs iniciAtivA DO REstAuRAntE Mingus, DE nicOlA sultAnuM pARA EnFREntAR O MOMEntO DE cRisE

Para o presidente da Abrasel-PE, André Araújo, o setor vem sofrendo desde a reformulação da Lei Seca, em 2012, mas a situação se agravou com a atual crise econômica. A entidade se mobiliza para discutir com os em-presários locais sobre as soluções para esse momento. “A crise não vai durar a vida toda. Estamos conversando sobre saídas criativas. Alguns espaços estão aproveitando a infraestrutu-ra para locação de outras atividades, algumas empresas têm aproveitado o quadro pessoal para fazer encomen-das para fora, outros ativam serviços de delivery. São alternativas para a crise”, afirma Araújo.

Promoção é o prato mais saboroso nos momentos de crise. Alguns esta-belecimentos optaram por fazer car-dápios completos com valores espe-ciais para atrair a clientela, como foi o caso do Ça Va Bristô. “Precisamos dançar conforme a música. Criamos um menu diferenciado abrangendo

entrada, prato principal e sobremesa. O café expresso é a cortesia. Estamos em busca do cliente não só pelo pre-ço, mas focando na qualidade do ser-viço”, afirma o proprietário Manoel Fernandes Filho. Mesmo em meio à crise, o investimento em mídias, seja impressa ou digital, segue sendo uma das prioridades do empresário.

Quem também inovou foi o Min-gus, que estendeu sua oferta de menu-confiança, garantindo a mo-vimentação do estabelecimento. “Sempre fui da máxima que em épo-cas de crise devemos enxergar opor-tunidades e apostar na criatividade associada a preços atrativos. Há pelo menos três ou quatro anos já vínha-mos investindo em menus-confiança durante a noite com opções comple-tas de degustação a preços bastante competitivos. Estendemos essa ação para o almoço e a intitulamos de Noi-te & Dia. Com ela, conseguimos mo-vimentar bastante as noites da sema-na e os almoços como um todo, cuja

frequência sempre foi menor, mesmo antes do atual cenário econômico”, afirma Nicola Sultanum, proprietário da casa. O menu executivo do restau-rante é de R$ 39 no almoço (segunda a sexta) e R$ 59 no jantar (segunda a quinta).

Seguindo essa tendência de am-pliar o horário de atendimento, o Ça Va é outro estabelecimento que pas-sou a abrir em mais um dia na sema-na. “Enquanto muitos restaurantes fecham nas segundas-feiras, passa-mos a abrir tanto para almoço como para jantar”.

eventos. Os eventos e festivais gas-tronômicos são outro caminho tri-lhado pelo setor em tempos de crise. Com essa estratégia, os restaurantes ofertam novos pratos para os seus clientes habituais e se apresentam para uma nova clientela interessada em novas experiências degustati-vas. O proprietário do Mingus avalia que a promoção de festivais aguçam a curiosidade dos consumidores e permitem aos clientes passearem por outras culturas gastronômicas. Para promover o acesso à alta gastrono-mia, o estabelecimento se engajou no Recife Restaurant Week desde sua primeira edição. “Já realizamos

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atrativo. O gRupO ilHA cRiOu uMA pROMOÇãO DO cHOpEs A pARtiR DE uMA pARcERiA

Gestão. REDuziR custO sEM intERFERiR nOs sERviÇOs é O DEsAFiO, sEgunDO MERgulHãO

festivais também com temática por países e investimos para trazer chefs internacionais estrelados pelo Guide Michelin. Esse intercâmbio é muito importante também para otimizar o nosso maior capital: o material hu-mano que orquestra a culinária do restaurante associado a um serviço de excelência nos salões”, explica Sultanum.

Neste ano, por exemplo, a Abra-sel promoveu o Festival Brasil Sabor, que envolveu 64 participantes no Estado no mês de maio. Associado a ese evento, aconteceram a Copa dos Cozinheiros e a Corrida dos Garçons, que garantiram uma maior exposi-ção de marketing para o segmento no período da campanha. “Os festivais gastronômicos são ótimos para rea-lizar a integração entre o estabele-cimento e os consumidores. Através desses eventos acabamos descobrin-do um local que não conhecíamos ou um novo prato que nunca tínhamos experimentado”.

eficiÊncia. A primeira recomenda-ção do Sebrae - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - para o setor de bares e restauran-tes no período de crise é se preocu-par com a produtividade e eficiência. Avaliando o momento de pessimismo do mercado, a instituição mapeou desafios a serem superados e as al-ternativas que podem ajudar as em-presas a atravessar o ano sem perdas. Fruto desse estudo, foi publicado o documento Desafios para 2016 - Como os negócios de alimentação fora do lar podem superar a crise.

Em paralelo às promoções e even-tos que contribuem para aumentar o fluxo de consumidores, o dever de casa, de acordo com o Sebrae, é rever os processos da empresa, observan-do pontos de melhorias e analisando formas de redução de custo. Essas medidas podem ajudar a melhorar as contas no final do mês. A equação, no entanto, não pode reduzir a qualida-de dos serviços prestados sob o risco de fuga da clientela.

Uma filosofia adotada pelo pro-prietário do Kisu, Villa Setúbal e do La Fondue, Beto Mergulhão. Ele diz que o setor vem operando no limite dos preços. “Reduzimos custos que

não interfiram na qualidade do pro-duto ou dos serviços. Já temos uma marca no mercado, atuando no ramo há 35 anos. Nossos clientes estão acostumados com o padrão de aten-dimento que não pode cair”, afirma.

Para ele, essa foi a pior crise en-frentada pelo setor na cidade, mesmo comparando com o período de hipe-rinflação vivido pelo País. “Já passa-mos por vários momentos de osci-lação na economia, essa é mais uma no currículo. Houve uma retração no mercado. Temos um aumento de fluxo de clientes só no final de sema-

na. As pessoas estão evitando sair de casa porque também estão passando por apertos”, avalia o empresário, ao constatar que o setor reduziu a taxa de lucratividade para manter os ne-gócios em operação.

Além da redução de clientes, um fenômeno identificado na pesquisa de conjuntura, realizada pela Abrasel, é a redução do tíquete médio. Ou seja, as pessoas estão buscando produtos ou estabelecimentos mais baratos. A projeção para 2016 é que o setor feche o ano com um crescimento nominal de 7,5%, um índice que é próximo da

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Trazer a festa para dentro de casa. Essa é a proposta do sushiman Kenji Toge, que há 17 anos atua no segmen-to na Região Metropolitana do Recife. Apesar de ser dono do restaurante Hikaru Sushi e Temaki, em Candeias, na cidade de Jaboatão, é no serviço de eventos em domicílio que está uma grande parte da sua clientela.

“O movimento baixou muito na casa. O nosso forte segue sendo le-var o serviço para festas de aniver-sário, confraternizações e até casa-mento”, comenta Kenji, que atende a festas a partir de 15 pessoas. Como o preço é mais econômico do que levar um desses festejos para um restaurante (R$ 35 por pessoa), a estratégia está se mantendo como uma alternativa atraente em tem-po de crise. No Hikaru, o sushiman afirma que está trabalhando já sem margem de lucro, apenas para so-breviver à crise. O esforço para ul-

trapassar o ano ruim no mercado é de ao menos não aumentar os pre-ços no cardápio. “Apesar do mo-mento difícil, acredito que terá uma melhora, só no ano que vem”, diz.

Outra empresa que atua ofere-cendo serviços gastronômicos em eventos é a Crepe du Luvre. Aten-dendo festas a partir de 35 pes-soas, a proprietária Ana Paula Alves afirma não ter do que reclamar no momento. "O segmento tem a ten-dência de crescer no Recife. É muito prático e mais econômico. O clien-te só precisa ir atrás da bebida. E o crepe, o produto que trabalhamos, é mais barato que um Big Mac".

Em dias de crise, a ação promo-cional da empresa foi baixar o preço dos crepes para os clientes que op-tarem fazer seus eventos nos dias de semana. Algumas variações no cardápio também foram novidades deste ano.

Alternativa em serviços gastrô em domicílio

eventos. AnA pAulA OFEREcE cREpEs pARA FEstAs: "é MAis BARAtO quE uM Big MAc"

expectativa de inflação do País, o que significa que há uma estimativa de estabilidade do setor.

Junto com a preocupação com o caixa, o documento do Sebrae suge-re que os estabelecimentos afinem a parceria com os seus fornecedores. "A relação ganha-ganha sempre fa-vorecerá seu negócio. Nos momen-tos difíceis as oportunidades também surgem. Encontrar a forma de apro-ximação com seus fornecedores, re-construindo a relação em um formato mais próximo ao da sua empresa, tra-rá benefícios mútuos", sugere o docu-mento do Sebrae.

A estratégia foi seguida pelo Gru-po Ilha, dirigido por Severino Lucena, mais conhecido como Biu. Ele criou uma promoção nos chopes (50% do valor, ofertado a partir de uma par-ceria com a cervejaria fornecedora) . Também fez um trabalho de conten-ção de despesas em seus seis restau-rantes, situados em Boa Viagem. “Fi-zemos algumas promoções, mas não é algo que tem alterado muito o nosso movimento. O momento é de tirar gordura, conter despesas”, afirma.

O proprietário lembra que a queda no setor aconteceu logo após a Copa do Mundo, quando abriram vários estabelecimentos. Além da maior concorrência, esse período foi mar-cado pelo desaquecimento do Com-plexo Industrial de Suape, que trazia clientes para os restaurantes e bares da Zona Sul do Recife. “O mercado se inverteu. Esse cliente que vinha de Suape sumiu”, lamenta. Uma gra-ta novidade é o retorno dos turistas estrangeiros, que estão chegando ao Recife impulsionados pela alta do dó-lar. “Como estamos localizados numa área muito turística e repleta de ho-téis, temos percebido um crescimento desses turistas de passeio”, afirma.

A criatividade e a experiência dos players do segmento devem estar as-sociados também às sinalizações do mercado, de acordo com o Sebrae. Conectar sua empresa aos novos mo-delos de negócios e canais de comer-cialização que surgiram nos últimos anos como food truck, promoção em aplicativos, menus executivos são algumas ondas que os restaurantes e bares também podem surfar em 2016.

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A formação de novas alianças partidárias, a lava Jato e a economia fazem o resultado das urnas uma incógnita

política

Conjuntura torna eleição municipal imprevisível

Múltiplas candidaturas. Pelo menos cinco par-tindo com força - seja de estrutura, reconhe-

cimento político ou tempo de TV. As eleições municipais do Recife sinali-zam um cenário com toda tendência de segundo turno, após 12 anos. A última eleição na capital pernam-bucana que foi para o segundo turno foi entre João Paulo e Roberto Ma-galhães, no ano 2000. A deliberação oficial sobre as candidaturas e coli-gações acontece entre 20 de julho e 5 de agosto. Mas a disputa já começou há um bom tempo.

O PT e DEM (na época ainda PFL), atores daquele embate voltam fortes nessa eleição, mas sem favoritismo. Os democratas representados pela pré-candidata e deputada estadual Priscila Krause. Os dois mais vota-dos nas eleições 2012, Geraldo Júlio (PSB) e Daniel Coelho (PSDB) voltam

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a se enfrentar no pleito de outubro. O partido do prefeito apresenta re-call maior que naquele embate, mas sem uma figura que foi fundamental para aquela decisão: Eduardo Cam-pos. Junta-se a esse grupo o deputa-do estadual Sílvio Costa Filho (PRB), que sonhava até então com o apoio dos petistas e do PTB, do senador Armando Monteiro. Mais duas can-didaturas com menor estrutura já foram postas: o deputado estadual Edilson Silva (Psol) e o presidente do PV Carlos Augusto Costa.

“Podemos esperar uma eleição muito pulverizada. Muitos candida-tos, muitos dos quais competitivos. O segundo turno é certo e o resul-tado é uma incógnita. Priscila agre-ga a bandeira da mulher, além de experiência no Legislativo. Ela tem capacidade de reunir as chamadas bandeiras de centro-direita. Daniel sempre teve excelentes performan-ces devido a sua boa capacidade co-municacional”, avalia o cientista po-lítico e professor da Unicap, Thales Castro. Apesar do reconhecimento popular de João Paulo, o especialista acredita que o desgaste do impeach-ment no seu partido trará dificulda-des para o ex-prefeito recompor sua base e reinventar o discurso.

A participação do DEM e do PSDB no ministério do governo provisório de Michel Temer é visto pelo cientista político Túlio Velho Barreto como um fator que poderá resultar num em-poderamento dos seus candidatos na disputa local. No caso, Priscila Krause e Daniel Coelho. No entanto, ele res-salta que horizonte político até outu-bro ainda não é claro.

Um maior ou menor envolvimen-to dos atores políticos locais no go-verno e o desgaste das denúncias de corrupção poderiam tanto contribuir como prejudicar tais candidatos no Recife. “A morte de Eduardo Cam-pos, único real líder do PSB no Esta-do, certamente, afetará a campanha. Não se sabe o que acontecerá com a disposição do PMDB de emplacar o candidato a vice na chapa, o que sig-nificaria o afastamento do atual vice--prefeito Luciano Siqueira, do PC-doB”, avalia.

Sobre o prefeito Geraldo Júlio, Thales destaca que o socialista en-

trará numa eleição na situação oposta a que enfrentou quatro anos atrás. Em 2012, a força e habilidade de costura política do ex-governador Eduardo Campos, aliado ao intenso desgaste interno do PT, que detinha a prefeitu-ra, levou o então desconhecido secre-tário de desenvolvimento econômico, mas com rejeição baixíssima, a uma vitória no primeiro turno.

“Geraldo Julio tinha Eduardo Campos como principal cabo eleitoral e ainda contava com uma aliança com Lula e Dilma. Há uma diferença brutal desse contexto de alianças”, afirma. Na ocasião, o atual prefeito contava com 12 partidos no seu palanque, que garantiu a eleição do então pouco co-nhecido secretário no primeiro turno. Daquela Frente Popular, ao menos o PRB e PV terão candidaturas próprias. Até o partido do vice-prefeito Lucia-no Siqueira, o PCdoB, não está ga-rantido na coligação devido ao apoio socialista ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Para Velho Barreto, as dificuldades da gestão socialista se agravaram com o afastamento das legendas do DEM e

do PSDB em Pernambuco e no Reci-fe. “No plano local, o PSB parece ter se precipitado ao afastar ainda mais o DEM e o PSDB ao solicitar os car-gos que esses partidos ocupavam na prefeitura e Estado. Tal fato pode ter sido resultado do açodamento dessas legendas em lançar os seus pré-can-didatos, mas, fundamentalmente, parece ter resultado da inabilida-de em costurar a manutenção da aliança ou de manter uma relação de proximidade que permitisse alguma composição na frente, ou seja, antes, durante ou depois da disputa eleito-ral”, afirma.

Além das múltiplas candidaturas fortes, a crise econômica e política torna a eleição ainda mais imprevisí-vel. “O cenário nacional de incerteza, denuncismo e delações promove uma desorientação no eleitor. Em outubro ainda estaremos submersos nessa cri-se continuada. Uma eleição atípica e oposta ao quadro econômico de 2012, quando Pernambuco surfava numa onda de muitos investimentos e eufo-ria. Hoje o momento é de esgotamento tributário e financeiro do País”, afir-ma Thales.

Soma-se ainda a esse cenário turbulento a estreia de uma série de regras eleitorais que irão reduzir drasticamente o período de reali-zação de campanha oficial, o tem-po disponível em rádio e TV e uma queda no financiamento, devido à proibição da doação de recursos por parte das pessoas jurídicas. Em tese, o discurso de cada candidato ganha mais força frente as restrições.

reJeição. Estudo do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econô-micas (Ipespe) realizado em Parceria com a Folha de Pernambuco no final de junho indicou um fato preocu-pante para todos os pré-candidatos à prefeitura: o índice de rejeição é muito elevado. O único pré-candi-dato ao pleito municipal com menos de 50% de rejeição é Carlos Augusto (?), que tem 48%. As maiores rejei-ções são dos deputados Edilson Silva (57%), Priscila Krause (54%), Sílvio Costa Filho (53%) e Daniel Coelho (52%). O prefeito Geraldo Julio e o ex-prefeito João Paulo ficaram em-patados com 50%.

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As incertezas e delações promovem uma desorientação no eleitor: uma eleição atípica"

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artiGo Do mÊs

[email protected]

O voto é a forma que te-mos de participar das decisões sobre o nosso país e sobre medidas que interferem diretamente

em nossas vidas. É votando que es-colhemos os nossos representantes no governo, pessoas que vão realizar transformações, fazer mudanças, que podem ser para melhor ou para pior. É por isso que é muito importante a es-colha que fazemos dos candidatos. O voto é uma forma de exercer a nossa cidadania, participando das decisões sobre o futuro do Brasil.

Em outubro deste ano, todos os brasileiros que tiverem sua situa-ção eleitoral regulamentada devem comparecer às urnas para eleger os governantes de seus municípios. E já a partir de 16 de agosto, as cam-panhas estão liberadas em todos os meios de comunicação, inclusive na internet. Ao assumir o cargo de pre-sidente do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE), em julho de 2015, fiz da seriedade e da harmo-nia as prioridades da minha gestão. Divulgar as regras de forma clara e objetiva, com a colaboração de toda a imprensa, tem sido uma forma de prevenção de crises.

Para que as campanhas online ocorram dentro da lei, o Tribunal Supe-rior Eleitoral (TSE) estabeleceu a Resolu-ção Nº 23.457, de dezembro de 2015, com as principais regras a serem cumpri-das, bem como as punições para quem não segui-las. Todos podem conhecer as mudanças acessando os sites do TSE (www.tse.jus.br) ou TRE-PE (www.tre-pe.jus.br). Nas redes sociais, todo cidadão já pode fiscalizar, por exemplo, se os candidatos estão seguindo as re-gras. Mas, o órgão responsável por isso é o Ministério Público Eleitoral. Durante a eleição, os Tribunais Eleitorais também vão fazer essa fiscalização, montando

inclusive uma estrutura apropriada com aplicativos que estão sendo desenvolvi-dos pela informática do TSE.

Os endereços dos sites do candi-dato, do partido e da coligação devem ser comunicados à Justiça Eleitoral e hospedados em um provedor brasi-leiro. Se tudo estiver de acordo com as normas, o candidato está liberado para fazer campanha nestes domí-nios. As newsletters também estão liberadas, desde que sejam enviadas apenas durante o prazo estabelecido para a campanha e os eleitores devem poder se descadastrar no momento em que quiserem.

Também é permitido aos candi-datos, partidos e coligações gerar ou editar conteúdo em mídias sociais e aplicativos de mensagens instantâ-neas. No caso dos eleitores, eles têm o direito de se manifestar livremente, desde que não ofendam à honra de outras pessoas e não divulguem no-

tos, partidos e coligações pode gerar multas que variam de R$ 5 mil a R$ 30 mil. O anonimato também está vetado, no caso dos eleitores. To-dos são livres para se expressar, mas sempre mostrando a identidade, até mesmo para assegurar o direito de resposta de terceiros.

O direito de resposta pode ser realizado a qualquer tempo, quan-do se tratar de conteúdo que esteja sendo divulgado na internet, ou em 72 horas, após a sua retirada. “Sem prejuízo das sanções civis e criminais aplicáveis ao responsável, a Justiça Eleitoral poderá determinar, por soli-citação do ofendido, a retirada de pu-blicações que contenham agressões ou ataques a candidatos em sítios da internet, inclusive redes sociais”, ou seja, no mundo virtual ou real, nossa missão é garantir que a lei seja cum-prida e defender o estado democráti-co de direito.

Eleições 2016 e internet antÔnio alves

presidente do tRE-pE

Em outubro deste ano, todos os brasileiros que tiverem sua situação eleitoral regulamentada devem comparecer às urnas para eleger os governantes de seus municípios

tícias falsas, mesmo antes do início da campanha. Sendo assim, se hou-ver solicitação do ofendido, a Justiça Eleitoral pode determinar a retirada das publicações ofensivas.

Está vetada a veiculação de pro-paganda eleitoral em sites de pessoas jurídicas e sites oficiais ou hospeda-dos por órgãos públicos. Também é proibido impulsionar publicações para atingir aqueles usuários que, normalmente, não teriam acesso ao conteúdo do candidato. Negociar ou doar cadastros eletrônicos a candida-

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Em evento da Engenho de Mídia, José paulo Kupfer e Francisco cunha vislubram crescimento econômico

perspectivas

Recuperação lenta e gradual

A boa notícia para os brasileiros é que a situação econômica do País vai melhorar. A má notícia é que essa recuperação será lenta e gradual. A perspectiva foi anunciada pelo jorna-lista José Paulo Kupfer, colunista de O Estado de S. Paulo e O Globo, durante o evento Como fica a economia no Bra-sil e em Pernambuco a partir do gover-no interino de Michel Temer? realizado pela empresa Engenho de Mídia, no Mercure Mar Hotel. Para os pernam-bucanos, a situação no Estado segue o mesmo trajeto do cenário nacio-nal, de acordo com Francisco Cunha,

sócio da TGI Consultoria em Gestão, também palestrante do evento.

O retorno do crescimento num futuro não muito próximo, segundo Kupfer, deve-se à própria nature-za da economia, que é cíclica. Não se trata, portanto, do resultado de ações adotadas por Temer e sua equi-pe. “Estamos vivendo uma recupera-ção. Há quem diga que isso já é sinal da confiança dos novos rumos, que as primeiras medidas estão produzindo efeito. Não é. Ainda existem incer-tezas de que elas serão implantadas, muitas terão que passar pelo crivo

do Congresso. A economia vai subir porque já caiu demais”, assegura o jornalista.

Nas projeção que o mercado vem realizando para a economia brasileira até 2020, segundo Kupfer, estima-se que o crescimento do PIB neste ano será de negativo, -3,4%. Em 2017 deverá elevar-se para 1,3%, em 2018 o percentual será de 2,2%, chegando a 2020 com crescimento econômi-co de 2,6%. “Vamos recuperar, mas não vamos avançar com velocidade tão cedo”, reforça. Um cenário se-melhante está previsto para as taxas

ProJeção. JOsé pAulO KupFER inDicA quE MElHORiAs MAis signiFicAtivAs nO EMpREgO E inFlAÇãO só viRãO A pARtiR DE 2018

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de desemprego que alcançam 11,5% neste ano e tendem a decrescer até chegar em 9,4% em 2020.

“Há uma crescente 'despiora', não estamos no terreno positivo, estamos caindo menos. O fundo do poço será no final deste ano. Nunca se che-ga ao pleno emprego num pais onde a economia informal tem um peso razoável. Isso implica restrições ao crescimento, não haverá massa sa-larial para sustentar avanço forte da demanda”, prevê Kupfer.

Em lento decréscimo também está a inflação, que passa por um processo de redução, que deve prosseguir até que se chegue no centro da meta de 4% talvez no final de 2017, ou, mais provavelmente em meados de 2018.

Os motivos que levaram a alta inflacionária, de acordo com Kup-fer, foram os preços monitorados (controlados pelos governos como o transporte público). Represados ar-tificialemente com muita intensida-de, eles explodiram na hora em que o ajuste foi feito. "Outro fator foi a taxa de câmbio", ressalta o jornalista. Em 2015 o real estava muito valori-zado, uma maxivalorização de 50%, que se refletiu na inflação. "Afetou a cadeia de consumo", explica Kupfer. O câmbio está caindo e isso colabo-ra para deter a pressão inflacionária. Em 2015 a taxa foi de 10,7%, para este ano as projeções apontam para 7,5 %.

retomaDa. Para efetivar a retoma-da, porém, o jornalista adverte que só há um caminho a ser trilhado pelos próximos governantes, independen-te de ideologia: fazer o ajuste fiscal, o que inclui reformas como a do sis-tema previdenciário. “Por causa des-sa gravíssima situação, ocorreu um afunilamento das saídas, não há mais dois caminhos a serem seguidos. Seja quem for que estiver no governo, de Che Guevara a Buddha, tomará um caminho único”.

As despesas primárias reais do Governo Federal crescendo a passos mais largos que o PIB, resulta em dí-vida e déficit públicos. "A situação pode chegar num ponto de colapso, no qual a dívida vai subindo até que não se consegue mais utilizar a taxa de juros para atrair quem compre essa dívida”, adverte Kupfer.

Em meio às dificuldades no ce-nário nacional, Pernambuco acabou também sofrendo queda nos seus indicadores econômicos. Situação oposta á verificada anos atrás quan-do o Estado foi beneficiado com a chegada de projetos industriais e de infraestrtutura que permitiram a elevação do PIB estadual a patama-res superiores ao do Brasil. Foram investidos nada menos que R$ 100 bilhões. O que aconteceu? “Enfrea-mos o azar da conjugação das crises: econômica nacional, política e ética, fiscal, da morte de Eduardo Campos e da Petrobrás, já que muitos projetos industriais de Suape são baseados no petróleo”, justifica Francisco Cunha.

Não se trata porém do pior dos mundos, segundo o consultor. Afi-nal os investimentos que foram feitos permanecem, apesar das dificulda-

des enfrentadas por setores como o naval e farmacoquímico. “Mas a Fiat instalou-se, e as empresas sistemis-tas fornecedoras da montadora es-tão se instalando”, rebate Francisco. O mesmo ocorre com investimentos em infraestrutura que estão sendo realizados a passos lentos. É o caso da transposição do Rio São Francis-co.

Quando a economia retomar o rumo, Pernambuco e o Brasil, se-gundo os palestrantes, já estarão preparados para uma nova fase de crescimento: o Estado está pronto devido aos investimentos industriais e na infraestrutrua realizados. Já o País está com sua capacidade pro-dutiva ociosa, o que sinfifica que não precisará de grandes recursos para aumentar a produção.

sócios. séRgiO MOuRy E luciAnO MOuRA AMpliAM A AtuAÇãO DA EngEnHO DE MíDiA

Luciano Moura, diretor da En-genho de Mídia, anunciou duran-te o evento, que a empresa está em expansão. A Engenho de Mídia é uma espécie de extensão das áreas comerciais dos veículos de comuni-cação. "Somos uma ponte entre os veículos e as agências. Nosso objeti-vo é otimizar os espaços de mídia nos principais mercados do Brasil", re-sume. A empresa representa grupos de comunicação, muitos deles líde-

res em circulação e audiência, como Folha de S. Paulo, Gazeta de Alagoas, na Bahia: Correio, Bahia Fm,Globo FM e iBahia. No Piauí o Grupo Meio Norte, e no Rio Grande do Norte a Tribuna do Norte. Na Paraíba atuam com a Rádio 98FM Correio e em Pernambuco com o Jornal do Com-mercio e Rádio Jornal para clientes e agências de outos mercados.

"Recentemente estendemos a operação ao Maranhão com a co-mercialização da Rádio 94FM Di-fusora e do Sistema Difusora, e em Minas Gerais com os jornais Super Notícia e O Tempo", informa Mou-ra. "Em breve teremos mais novida-des", anuncia.

Uma empresa em expansão mesmo com a crise

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Em reunião com particiantes do Observatório do Recife, João Braga diz o que foi feito nessa área e ouve sugestões

urbanismo

Controle urbano para mudar cidade

Cuidar, administrar e co-locar em ordem a cidade. Essas três palavras resu-mem a principal função da gestão pública no contro-

le urbano da capital pernambucana, na proposição inicial de O Recife que Precisamos. O movimento criado pelo Observatório do Recife há quatro anos construiu de forma coletiva sugestões que foram apresentadas aos candida-tos a prefeito da cidade. As propostas visam a priorização da requalificação das calçadas, recuperação e manu-tenção das praças, organização do comércio informal e ambulante e or-denamento dos postes.

Na ocasião, O Recife que Precisa-mos teve vasta cobertura da Revis-ta algomais, tanto com a publicação de matérias na versão impressa como através de uma forte mobilização nas redes sociais. Além do controle urba-no, mais quatro temas foram colocados como prioridades para a gestão pública municipal: a mobilidade, o planeja-mento de longo prazo, a recuperação do Rio Capibaribe e a preservação do Centro Histórico.

O prefeito Geraldo Julio (PSB) re-

cebeu as proposições do projeto e in-cluiu as suas diretrizes no programa de governo. Para avaliar o que foi rea-lizado até o momento, o Observatório organizou na sede da TGI, uma reu-nião dos partcipantes do movimento com o secretário de Controle Urbano e Mobilidade do Recife João Braga.

O secretário apresentou um ex-tenso relatório das ações desenvolvi-das pela Prefeitura do Recife nos três anos e meio de gestão. Braga destacou a revitalização das feiras e mercados

públicos na cidade, a retirada dos fi-teiros nas proximidades das escolas, reordenamento do comércio ambu-lante nas principais vias do Centro do Recife, os avanços nos marcos legais (foram regulamentadas por exemplo os postos de abastecimento, templos religiosos, procedimentos fiscali-zatórios, food trucks), entre outras ações.

“A PCR tentou avançar no controle urbano e no licenciamento da cidade. Avançamos na prática e na construção

Debate. pARticipAntEs FizERAM pROpOstAs AO sEcREtáRiO sOBRE pROBlEMAs DE MORA-DiA iRREgulAR, FiOs EMARAnHADOs nOs pOstEs E REquAliFicAÇãO DAs cAlÇADAs

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PRoPostAs iNiciAis o que foi feito o que fAltA fAzeR/NovAs PRoPostAs

O RECIFE QUE PRECISAMOS 2016

Principal função do controle urbano é cuidar, administrar e colocar em ordem a cidade

Priorizar a reorganização das calçadas

Ordenamento nas praças e espaços públicos

Ordenamento nos postes

Ordenamentos no comércio informal e ambulante

Criar limites e torná-los respeitados, agindo de acordo com o interesse do cidadão

Atualização de diversas legislações relacionadas ao controle urbano, tais como sobre carca e descarga, bicicletários, food trucks, postos e templos religiosos

Recuperação das vias peatonais e realocação do comércio informal que obstruía as calçadas

Ordenamento, manutenção e fis-calização sanitária nos mercados públicos e feiras livres

Eliminação dos cartazes tipo lambe-lambe nos postes, muros e tapumes da cidade

Reordenamento do comércio ambulante nas principais vias do Centro da Cidade

Automação dos processos de licenciamento urbano e criação do portal de Licenciamento Ur-banístico

É preciso haver um alinhamento dos instrumentos de fiscalização e do licenciamento com o plane-jamento do Recife 500 Anos

Fiscalizar 100% das calçadas da cidade e reformar as calçadas dos prédios públicos

Realizar concursos de projetos arqui-tetônicos e urbanísticos para praças e espaços públicos abandonados

Ampliar a fiscalização e o contro-le sobre a fiação aérea

Promover a regulamentação do comércio de rua, regularizando-o através de MEI e com um ordena-mento de direitos e deveres

Aumentar a fiscalização sobre os imóveis particulares, exigindo o cumprimento da Lei das Calçadas

Ampliar a Zona 30 nos territórios da cidade em que é difícil organizar as calçadas

de novos instrumentos de regulação. Fizemos tudo para trazer uma norma-tização mais moderna para o Recife”, defendeu. João Braga destacou, porém, que o trabalho da secretaria tem que ser diário. Chegou a usar a comparação com a expressão “enxugar gelo”, para exemplificar a dificuldade de enfrentar a cultura de falta de preservação dos espaços públicos pela população.

Uma das novidades apresentadas pelo secretário foi a criação do portal de Licenciamento Urbanístico do Re-cife (http://selurb.recife.pe.gov.br), reunindo não apenas a normatização, mas com atualização de informações relevantes da cidade e o acesso a al-guns serviços, como a disponibilização de formulários online para emissão de documentos e o acompanhamento de processos. “Com o portal temos a ex-pectativa de que haverá um maior con-trole da sociedade sobre o espaço urba-no do Recife”, afirma João Braga.

Após o balanço da gestão, o se-cretário ouviu propostas e respondeu questionamentos dos participantes do encontro. Sobre os problemas de moradia irregular no Recife, o debate indicou ser preciso equilibrar a de-manda por habitação na cidade, com um esforço de ampliar a oferta de moradias populares. Os participantes do debate solicitaram também que haja uma maior transparência quanto à destinação dos moradores de inva-sões e áreas irregulares na cidade.

Outro assunto surgido no debate foi a falta de regulação na fiação aérea da cidade. Para solucionar a questão dos emaranhados de fios que estão espalha-dos pelos postes foi cobrado que a PCR reforce a fiscalização dessas fiações.

Diversas medidas de priorização do pedestre na mobilidade, com relação direta ao controle urbano, foram su-geridas na ocasião como a restrição de estacionamentos em vias públicas, que seriam substituídos por calçadas acessí-veis. Também foi proposta a ampliação das zonas peatonais da cidade, especial-mente no bairro de São José - como a Rua das Calçadas e no entrono do Mer-cado.

Para os locais em que é difícil fazer as calçadas, como no caso das Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis), foi sugerido que haja a instituição nesses territórios da Zona 30 (que é um perí-

metro regulamentado com velocidade máxima permitida em 30 km/h).

Outra preocupação é em relação à regulação do comércio de rua. Entre as sugestões para o ordenamento dos comerciantes informais está a pro-posta para a criação de um modelo de barracas de referência para a cidade, que poderia, assim, fomentar a sua replicação aos demais comerciantes.

O planejamento de longo prazo também foi uma preocupação ex-posta pelos participantes. João Braga foi interrogado sobre a conexão entre as ações de controle urbano no Reci-fe com o projeto Recife 500 anos. Os participantes do encontro sugeriram um alinhamento dos instrumentos

de fiscalização e do licenciamen-to com as diretrizes que estão sendo traçadas pela própria PCR para o ano de 2037.

O próximo encontro entre os in-tegrantes do movimento O Recife que Precisamos com representantes do poder público municipal terá como tema “O Rio Capibaribe e o Recife como cidade parque”.

A reunião terá a presença da pro-fessora da UFPE, Circe Monteiro, com a avaliação do que foi feito sobre o tema nos últimos anos e com a pro-posta de haver novas sugestões dos integrantes do Observatório do Reci-fe e representantes da sociedade civil organizada.

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26 Algomais • Julho/2016

Para sobreviver e ter sucesso, cada organização tem de se

tornar um agente da mudança. A forma mais eficaz de

gerenciar a mudança é criá-la.

COMO USAR A COMUNICAÇÃO NOS MOMENTOS DE CRISE?

Para sobreviver e ter sucesso,

gerenciar a mudança é criá-la.

Sentimento de pertencimento – É importante que os funcionários tenham identificação com o local de trabalho. Para a empresa alcançar o sucesso, deve investir em uma comunicação constante e verdadeira, assim todos passam a se sentir mais importantes e reconhecidos como peça-chave dentro da organização, evitando que espalhem informações estratégicas ou aumentem boatos e reclamações contra a empresa.

Quem são seus líderes? – É necessário identificar esses funcionários-chave e torná-los cada vez mais aliados da empresa na divulgação de informações positivas e estratégicas. Funcionários engajados são ótimos influenciadores de outros colaboradores, clientes e fornecedores e podem ajudar a espalhar a cultura da sua empresa, evidenciando os pontos fortes da organização e impedindo que boatos circulem e destruam sua reputação.

De um bom tempo para cá é comum escutar que a crise está atingindo as empresas das mais diversas: desde as pequenas até as grandes. Passar momentos difíceis sabendo lidar com a situação é importante e crucial para ultrapassar os períodos de turbulência com o mínimo de arranhões possível.

O primeiro ponto que devemos trabalhar em momentos de crise é a importância de os funcionários estarem unidos em torno de um único objetivo: ajudar sua empresa. Porém, é aí que entra uma questão-chave: como fazer com que seu time de colaboradores vista a camisa da organização e a ajude a contornar as más situações? Trata-se de uma resposta complexa e que envolve muitos fatores, mas todos passam por uma boa comunicação interna.

Mais do que ter um time preparado para lidar com as crises e falar em nome da empresa, é importante manter uma comunicação transparente e funcional com todos os funcionários, o que pode ser conseguido, inclusive, através de várias ferramentas de comunicação — informativos, intranet, comunicados, TV corporativa, entre outras.

Uma boa comunicação corporativa deve atuar em pontos específicos, como:

Evitar a rádio corredor – Quando você mantém todas as informações referentes à sua empresa presas nos setores mais altos e não informa seus funcionários do que realmente está acontecendo de forma verdadeira, você acaba abrindo espaço para que se criem especulações, teorias, fofocas e rumores falsos dentro da sua própria organização — que é o que você menos precisa em um momento de crise. O ideal é abrir um canal de comunicação com seus funcionários. Lembre-se de sempre responder aos questionamentos feitos.

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Ano 18 • nº 915

DEMISSÃO: UM DILEMA DAS EMPRESAS NA HORA DO APERTO

O ano avança, mas o fantasma das demissões ainda ronda a cabeça de boa parte dos empregados brasileiros, como também a dos empresários. A economia brasileira continua em uma situação difícil, e, como consequência, as empresas precisam cuidar cada vez mais do seu caixa. Só que, com o cenário atual de aumento de custos, queda da lucratividade e dificuldade de fazer negócios para uma boa parte do empresariado, muitas vezes a opção é partir para o corte nas remunerações ou até para a redução na carga horária e, quando não há saída, para demissões.

Com isso, surgem algumas dúvidas. Quem demitir, quando e como? Quais critérios utilizar na escolha? Antes de responder a essas questões, é necessário analisar a real necessidade da indesejada redução de quadro e quanto percentualmente será necessário reduzir. Só depois, então, avaliar as possíveis alternativas, considerando a relação custo-benefício de cada profissional, a “estrategicidade” das funções desempenhadas, o potencial para assumir novas tarefas e as opções para distribuir as responsabilidades. Nesses momentos, o gestor tende a focar a escolha prioritariamente pelo valor do salário, o que pode ser um grande equívoco se na análise não forem consideradas outras variáveis, como é o caso do potencial de geração de negócios.

Para qualificar a decisão, é importante discutir a questão com os líderes envolvidos de cada área. A reflexão em conjunto favorece um diagnóstico mais preciso da situação atual e o desenho de melhores alternativas, considerando a realidade da organização, seu modelo de funcionamento e os possíveis impactos na empresa.

Tomada a difícil decisão, é fundamental planejar a execução do que foi pactuado, considerando a forma de comunicação tanto para quem infelizmente será demitido como para a equipe que fica, as razões pelas quais foi necessário fazer os ajustes e a redistribuição das tarefas. Nas situações de mais de uma demissão, o recomendado é concentrar a comunicação a esses profissionais

EXISTEM PONTOS QUE DEVEM SER LEVADOS EM CONSIDERAÇÃO, COMO A AVALIAÇÃO DE ALTERNATIVAS ANTES DE DEMITIR, O POTENCIAL DE ASSUMIR NOVAS TAREFAS, O QUÃO ESTRATÉGICA É A FUNÇÃO EXERCIDA PELO PROFISSIONAL E A POSSIBILIDADE DE DISTRIBUIR AS RESPONSABILIDADES.

Peter Drucker (1909-2005),professor e consultor, consideradoo pai da Administração moderna.

Carolina Holandasócia da TGI Consultoria em Gestão, empresa integrante da Rede Gestão.

([email protected])

BUSINESSO QUE QUER DIZER MESMO?

Fonte: Sharing English (www.sharingenglish.com.br).

Universal no moderno mundo de negócios, a palavra business tem

origem no inglês antigo, em que significava cuidado, ansiedade ou

ocupação, tanto no sentido de estar atarefado quanto no de profissão.

Já a conotação de comércio surgiu no século 16. Outras aplicações incluem

business card (cartão de visita), he means business (ele pretende agir de

forma séria) e mind your own business (fique na sua).

DEMISSÃO:UM DILEMA DAS EMPRESAS NA HORA

EXISTEM PONTOS QUE DEVEM SER LEVADOS EM CONSIDERAÇÃO, COMO A AVALIAÇÃO DE ALTERNATIVAS ANTES DE DEMITIR, O POTENCIAL DE ASSUMIR NOVAS TAREFAS, O QUÃO ESTRATÉGICA É A FUNÇÃO EXERCIDA PELO PROFISSIONAL E A POSSIBILIDADE DE DISTRIBUIR AS RESPONSABILIDADES.

(individualmente e o mais próximo possível; se viável, até simultaneamente), para minimizar o receio e a tensão que são provocados pelo sentimento de “quem será a próxima vítima”. Para quem fica, é fundamental explicitar quais serão as novas responsabilidades que irão assumir e fazer um pacto com a equipe para manter o padrão de desempenho esperado.

É também importante considerar que apenas o processo de comunicação não é suficiente; é vital estabelecer uma sistemática de acompanhamento da equipe, como um espaço de orientação das tarefas e de tratamento das possíveis dificuldades, aumentando com isso as chances de sucesso da decisão.

Momentos de demissão são realmente muito desgastantes para quem demite, para quem sai e também para quem fica. No entanto, essas situações fazem parte da trajetória da maioria das empresas, principalmente das mais longevas. Se for mesmo imprescindível para a sobrevivência da empresa, é importante ser pragmático e fazer os ajustes para enfrentar as dificuldades e retomar as melhores condições de competitividade. 

Nilton Lemos, sócio da Voz Comunicação, empresa integrante da Rede Gestão.

([email protected])

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27Algomais • Julho/2016

Para sobreviver e ter sucesso, cada organização tem de se

tornar um agente da mudança. A forma mais eficaz de

gerenciar a mudança é criá-la.

COMO USAR A COMUNICAÇÃO NOS MOMENTOS DE CRISE?

Para sobreviver e ter sucesso,

gerenciar a mudança é criá-la.

Sentimento de pertencimento – É importante que os funcionários tenham identificação com o local de trabalho. Para a empresa alcançar o sucesso, deve investir em uma comunicação constante e verdadeira, assim todos passam a se sentir mais importantes e reconhecidos como peça-chave dentro da organização, evitando que espalhem informações estratégicas ou aumentem boatos e reclamações contra a empresa.

Quem são seus líderes? – É necessário identificar esses funcionários-chave e torná-los cada vez mais aliados da empresa na divulgação de informações positivas e estratégicas. Funcionários engajados são ótimos influenciadores de outros colaboradores, clientes e fornecedores e podem ajudar a espalhar a cultura da sua empresa, evidenciando os pontos fortes da organização e impedindo que boatos circulem e destruam sua reputação.

De um bom tempo para cá é comum escutar que a crise está atingindo as empresas das mais diversas: desde as pequenas até as grandes. Passar momentos difíceis sabendo lidar com a situação é importante e crucial para ultrapassar os períodos de turbulência com o mínimo de arranhões possível.

O primeiro ponto que devemos trabalhar em momentos de crise é a importância de os funcionários estarem unidos em torno de um único objetivo: ajudar sua empresa. Porém, é aí que entra uma questão-chave: como fazer com que seu time de colaboradores vista a camisa da organização e a ajude a contornar as más situações? Trata-se de uma resposta complexa e que envolve muitos fatores, mas todos passam por uma boa comunicação interna.

Mais do que ter um time preparado para lidar com as crises e falar em nome da empresa, é importante manter uma comunicação transparente e funcional com todos os funcionários, o que pode ser conseguido, inclusive, através de várias ferramentas de comunicação — informativos, intranet, comunicados, TV corporativa, entre outras.

Uma boa comunicação corporativa deve atuar em pontos específicos, como:

Evitar a rádio corredor – Quando você mantém todas as informações referentes à sua empresa presas nos setores mais altos e não informa seus funcionários do que realmente está acontecendo de forma verdadeira, você acaba abrindo espaço para que se criem especulações, teorias, fofocas e rumores falsos dentro da sua própria organização — que é o que você menos precisa em um momento de crise. O ideal é abrir um canal de comunicação com seus funcionários. Lembre-se de sempre responder aos questionamentos feitos.

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Ano 18 • nº 915

DEMISSÃO: UM DILEMA DAS EMPRESAS NA HORA DO APERTO

O ano avança, mas o fantasma das demissões ainda ronda a cabeça de boa parte dos empregados brasileiros, como também a dos empresários. A economia brasileira continua em uma situação difícil, e, como consequência, as empresas precisam cuidar cada vez mais do seu caixa. Só que, com o cenário atual de aumento de custos, queda da lucratividade e dificuldade de fazer negócios para uma boa parte do empresariado, muitas vezes a opção é partir para o corte nas remunerações ou até para a redução na carga horária e, quando não há saída, para demissões.

Com isso, surgem algumas dúvidas. Quem demitir, quando e como? Quais critérios utilizar na escolha? Antes de responder a essas questões, é necessário analisar a real necessidade da indesejada redução de quadro e quanto percentualmente será necessário reduzir. Só depois, então, avaliar as possíveis alternativas, considerando a relação custo-benefício de cada profissional, a “estrategicidade” das funções desempenhadas, o potencial para assumir novas tarefas e as opções para distribuir as responsabilidades. Nesses momentos, o gestor tende a focar a escolha prioritariamente pelo valor do salário, o que pode ser um grande equívoco se na análise não forem consideradas outras variáveis, como é o caso do potencial de geração de negócios.

Para qualificar a decisão, é importante discutir a questão com os líderes envolvidos de cada área. A reflexão em conjunto favorece um diagnóstico mais preciso da situação atual e o desenho de melhores alternativas, considerando a realidade da organização, seu modelo de funcionamento e os possíveis impactos na empresa.

Tomada a difícil decisão, é fundamental planejar a execução do que foi pactuado, considerando a forma de comunicação tanto para quem infelizmente será demitido como para a equipe que fica, as razões pelas quais foi necessário fazer os ajustes e a redistribuição das tarefas. Nas situações de mais de uma demissão, o recomendado é concentrar a comunicação a esses profissionais

EXISTEM PONTOS QUE DEVEM SER LEVADOS EM CONSIDERAÇÃO, COMO A AVALIAÇÃO DE ALTERNATIVAS ANTES DE DEMITIR, O POTENCIAL DE ASSUMIR NOVAS TAREFAS, O QUÃO ESTRATÉGICA É A FUNÇÃO EXERCIDA PELO PROFISSIONAL E A POSSIBILIDADE DE DISTRIBUIR AS RESPONSABILIDADES.

Peter Drucker (1909-2005),professor e consultor, consideradoo pai da Administração moderna.

Carolina Holandasócia da TGI Consultoria em Gestão, empresa integrante da Rede Gestão.

([email protected])

BUSINESSO QUE QUER DIZER MESMO?

Fonte: Sharing English (www.sharingenglish.com.br).

Universal no moderno mundo de negócios, a palavra business tem

origem no inglês antigo, em que significava cuidado, ansiedade ou

ocupação, tanto no sentido de estar atarefado quanto no de profissão.

Já a conotação de comércio surgiu no século 16. Outras aplicações incluem

business card (cartão de visita), he means business (ele pretende agir de

forma séria) e mind your own business (fique na sua).

DEMISSÃO:UM DILEMA DAS EMPRESAS NA HORA

EXISTEM PONTOS QUE DEVEM SER LEVADOS EM CONSIDERAÇÃO, COMO A AVALIAÇÃO DE ALTERNATIVAS ANTES DE DEMITIR, O POTENCIAL DE ASSUMIR NOVAS TAREFAS, O QUÃO ESTRATÉGICA É A FUNÇÃO EXERCIDA PELO PROFISSIONAL E A POSSIBILIDADE DE DISTRIBUIR AS RESPONSABILIDADES.

(individualmente e o mais próximo possível; se viável, até simultaneamente), para minimizar o receio e a tensão que são provocados pelo sentimento de “quem será a próxima vítima”. Para quem fica, é fundamental explicitar quais serão as novas responsabilidades que irão assumir e fazer um pacto com a equipe para manter o padrão de desempenho esperado.

É também importante considerar que apenas o processo de comunicação não é suficiente; é vital estabelecer uma sistemática de acompanhamento da equipe, como um espaço de orientação das tarefas e de tratamento das possíveis dificuldades, aumentando com isso as chances de sucesso da decisão.

Momentos de demissão são realmente muito desgastantes para quem demite, para quem sai e também para quem fica. No entanto, essas situações fazem parte da trajetória da maioria das empresas, principalmente das mais longevas. Se for mesmo imprescindível para a sobrevivência da empresa, é importante ser pragmático e fazer os ajustes para enfrentar as dificuldades e retomar as melhores condições de competitividade. 

Nilton Lemos, sócio da Voz Comunicação, empresa integrante da Rede Gestão.

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28 Algomais • Julho/2016

economia JorGe JatobÁ

Economista

Anatomia dos juros altos

O Brasil pratica a maior taxa de juros real e no-minal do planeta. A esse custo do dinheiro trava-se o consumo e o

investimento. Ademais, o custo fis-cal é muito alto. Em 2015, o governo pagou aos credores cerca de meio trilhão de reais de juros, equivalen-te a 8% do PIB. E entre dezembro de 2014 e de 2015, graças à elevação da taxa de juros, o País desembolsou R$ 190 bilhões a mais. Esse valor é mui-to superior à meta de déficit primário aprovado recentemente pelo Governo Temer para 2016.

As razões para o Banco Central praticar eventualmente juros altos não residem apenas no seu objeti-vo de manter a inflação de demanda sob controle. Há outras duas razões macroeconômicas importantes. Até o início da década passada juros al-tos atraiam capitais de curto prazo que ajudavam a financiar o déficit de transações correntes. Historica-mente, investimento direto e finan-ciamentos externos não fechavam essa conta. Os capitais de curto prazo eram quase sempre necessários para bancar a diferença. Por conseguinte, quando o País não conseguiu gerar saldos crescentemente positivos na sua balança comercial e atrair novos investimentos e financiamentos de forma sustentável, juros reais eleva-dos foram funcionais para atrair os dólares necessários para equilibrar o balanço de pagamentos.

A outra razão - muito mais impor-tante e atual- é o desequilíbrio fiscal do setor público. Este setor captura a pou-pança privada oferecendo taxas de juros atraentes para financiar o seu déficit. A irresponsabilidade fiscal do passa-do gerou enormes déficits internos que são financiados com poupança privada intermediada pelas instituições finan-ceiras. Uma vez que o estoque da divi-

por cerca de um quarto da diferen-ça. Em segundo lugar, há o mark-up dos bancos constituído pela soma das parti-cipações no spread das despesas admi-nistrativas (9,2%), dos impostos diretos (25,4%) e dos lucros (37,75%; dados de 2014). Pergunta-se: Existe indício de car-telização por parte do sistema bancário? Os lucros dos bancos são exagerados? A teoria econômica ensina que, em merca-dos onde o produto é artificialmente es-

casso e muito caro em comparação com mer-cados onde há mais competição, existem fortes indícios de práti-cas monopolísticas.

Existe, de fato, um poder de merca-do que se manifesta pelo elevado spread, pela escassez relativa de crédito e por altos

lucros. O spread bancário é uma me-dida da eficiência e da competitivida-de do sistema financeiro. Países mais desenvolvidos e com sistemas finan-ceiros mais competitivos apresentam spread inferiores a 10% e volumes de crédito, medidos com relação ao PIB, relativamente elevados. Além disso, a concentração bancária está longe de ensejar uma saudável concorrência no mercado de crédito. No Brasil, os quatro maiores bancos- dois públicos e dois privados- respondem por 70% do volume de crédito.

É importante estimular a compe-tição entre os bancos. Mais competição amplia o crédito e reduz o seu custo. Isso significa maior desenvolvimento para o mercado financeiro e para a economia como um todo. Caso essas condições se estabeleçam, os juros irão cair até atingir um ponto de equilíbrio que sempre será testado pelo mercado. O importante é que a oferta de crédito aumente e o seu custo caia a níveis que permitam reto-mar o crescimento econômico.

[email protected]

da representa cerca de 68% do PIB, o mercado para cobrir a possibilidade do default incorpora aos juros um fator de risco. Para rolar essa divida, indexada parte a Selic e parte a índices de preço, a União precisa oferecer uma remune-ração que, no fundo, estabelece uma rigidez para baixo na taxa de juros real.

Esses são os fundamentos para o argumento de que a taxa de juros real no Brasil tenha um piso alto porque

cumpre duas funções: a primeira, agora não mais existente, mas que foi impor-tante no passado, é ajudar a financiar o déficit externo (transações correntes), captando poupança do resto do mundo e, a segunda, bastante atual, é financiar o déficit interno (divida pública), cap-tando poupança doméstica através do sistema financeiro.

Todavia, essas razões não são as únicas que explicam as altas taxas de juros. É necessário entender, tam-bém, como funciona a intermedia-ção financeira no Brasil e porque esse mercado pratica spreads (diferença entre o custo da captação e da apli-cação) tão elevados. Segundo o Banco Mundial, o spread, brasileiro é um dos mais altos do mundo (22,8% em maio de 2016, sendo 32% no segmento de pessoas físicas e 12,2% no de pessoas jurídicas). Por que essa diferença é tão alta?

Em primeiro lugar, há um prêmio pela inadimplência. Na composição do spread, a inadimplência responde,

É importante estimular a competição entre os bancos. Mais competição amplia o crédito e reduz o seu custo. Isso significa maior desenvolvimento

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29Algomais • Julho/2016

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30 Algomais • Julho/2016

para 81% dos entrevistados, o projeto na praia de Boa viagem é avaliado como importante ou muito importante

pesquisa

População aprova engorda da orla

A edição de abril da algomais veiculou matéria sobre o projeto de engorda da praia de Boa Viagem. O avanço do

mar está fazendo desaparecer áreas de banho, afetando o lazer e o turismo. Se for para frente, ampliará entre 20 a 40 metros da faixa de areia em cinco qui-lômetros. Estimado em R$ 66 milhões, a Prefeitura do Recife busca verbas através do Governo Federal ou do Ban-co Mundial para realização do projeto. Diante desse cenário, a algomais foi conhecer a opinião da população do bairro sobre o tema.

Os moradores de Boa Viagem, maio-res de 18 anos, foram ouvidos a respeito do projeto de engorda da praia. Opina-ram sobre o conhecimento, a importân-cia, as possíveis consequências e a prio-ridade do tema para a próxima gestão municipal. A pesquisa foi realizada pela JM Consultoria & Pesquisa, nos dias 11 e 12 de junho. Foram entrevistados, em pontos de grande circulação do bairro, 401 moradores, respeitando as cotas dos dados censitários da população de Boa Viagem. O responsável técnico é o eco-nomista José Augusto Mendonça.

O projeto de engorda da praia de Boa Viagem é conhecido, de alguma forma, por metade da população do bairro: 14,46% já ouviu falar e conhece o projeto e 35,91% já ouviu falar, mas

atrativoO EstuDO iDEntiFicOu quE 75% DA pOpulAÇãO EntREvistADA AcREDitA quE A AMpliAÇãO DA FAixA DE AREiA tRARá MAis pEssOAs pARA A pRAiA pARA lAzER

José Augusto netto de Mendonça - Especial para revista Algomais

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31Algomais • Julho/2016

É possível, por fim, extrair da pes-quisa a informação que existem, no momento, outras prioridades para os moradores. Afirmam que a seguran-ça (59,35%) é o principal problema do bairro, seguido pelo saneamento (11,97%). Numa lista apresentada com oito opções, sobre o que mais está fal-tando em Boa Viagem, a engorda da praia aparece em quinto lugar, com apenas 4,99%, atrás também da manu-tenção do calçadão (7,73%) e da melho-ria do trânsito (5,99%).

não conhece o projeto. A outra metade dos moradores (49,63%) nunca ouviu falar da proposta de engorda da praia.

Do extrato da população que já ou-viu falar do projeto (conhecendo ou não os seus detalhes), 38,61% o considera “muito importante”, 42,57% “impor-tante”, 10,40% “pouco importante”, 5,45% “nada importante” e 2,97% não soube ou não quis responder.

Para quem, especificamente, conhe-ce o projeto, 44,83% considera “muito importante”, 32,76% “importante”, 13,79% “pouco importante”, 6,90% nada importante e 1,72% não soube ou não quis responder. Já para quem só ou-viu falar do projeto, 36,11% o considera “muito importante”, 46,53% “impor-tante”, 9,03% “pouco importante”, 4,86% “nada importante” e 3,47% não soube ou não quis responder. Traduzindo os números, o grau de importância dado aumenta à medida que o entrevistado tem conhecimento sobre o projeto.

Quando se avalia as possíveis con-sequências do projeto, a grande maio-ria concorda que irá atrair mais turistas para a cidade do Recife e que trará mais pessoas para a praia de Boa Viagem. Ao mesmo tempo, acreditam que causará impactos ambientais na praia.

Não obstante a importância revela-da, quase 60% dos moradores acha que o projeto não deve ser prioridade da próxi-ma gestão municipal. Essa opinião é rati-ficada para os dois tipos de público: quem conhece e quem somente ouviu falar.

42,57%Importante

38,61%Muito Importante

10,40%Pouco Importante

5,45%nada Importante

2,97%não sabe/não respondeu

OPInIÃO SOBRE O PROJETO

OPInIÃO SOBRE O PROJETO

O projeto de engorda da Praia de Boa Viagem irá atrair mais turistas para a cidade do Recife

O projeto de engorda da Praia de Boa Viagem trará mais pessoas a praia de Boa Viagem para lazer

O projeto de engorda da Praia de Boa Viagem trará impactos ambientais para a praia de Boa Viagem

66,83 16,34 16,83 0,00

75,74 11,88 11,39 0,99

51,98 16,34 28,22 3,47

Afirmativas concordo concordo em parte Discordo Ns/NR

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32 Algomais • Julho/2016

Ongs com atuação em pernambuco têm espaço garantido no maior evento de artesanato da América latina

fenearte

A cidadania na feira

O artesanato combina com a solidariedade na 17ª Fenearte (Feira Nacional de Negócios do Artesanato). Além reunir

a inspiração dos artesãos do mundo in-teiro, o evento também traz 13 exposito-res de instituições de caridade do Estado de Pernambuco. O espaço garante gera-ção de renda para essas organizações e amplia o conhecimento da sua atuação.

Uma das instituições que já tem lugar garantido na feira é o Lar do Ne-nen. A organização, que acolhe me-ninos e meninas dos 0 aos 3 anos em situação de risco social, traz almofa-das de sapinhos e pesos de porta de palhaços como novidades.

“Conseguimos vender muitos produtos. Mas considero que a visi-bilidade que conseguimos na feira é muito importante também”, afirma Tuti Moury Fernandes, presidente do Lar do Nenen. As peças do estande da ONG são produzidas pelas mães das crianças e por voluntárias.

O Grupo de Ajuda à Criança Ca-rente com Câncer de Pernambuco (GAC) é outra organização que co-memora o espaço. “Precisamos des-ses valores das vendas das peças para reinvestir no projeto e apoiar as nos-sas crianças e seus acompanhantes. Em breve, tanto os pacientes como os acompanhantes deverão também participar da produção”, afirma a presidente do GAC, Vera Moraes.

A 17ª edição da Fenearte acon-tece de 7 a 17 de julho, no Centro de Convenções em Olinda. Nesta edição, a feira tem como tema principal os brinquedos populares.

lar Do nenen. MãEs DAs cRiAnÇAs E vOluntáRiOs pRODuzEM As pEÇAs pARA vEnDA

Gac. ARREcADAÇãO sERá invEstiDA nO ApOiO A cRiAnÇAs E AcOMpAnHAntEs DA Ong

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33Algomais • Julho/2016

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34 Algomais • Julho/2016

Ao completar 10 anos, Orquestra criança cidadã muda a vida de meninos e meninas e a imagem da comunidade

música

Mudança de tom no Coque

Os meninos do Coque há 10 anos passaram a ter sua imagem reconstruída na mente dos pernambucanos.

A comunidade, marcada pela pobreza e violência urbana, passou a ser asso-ciada à música da melhor qualidade. Idealizado pelo juiz de direito João José Rocha Targino e pelo desembargador Nildo Nery, em parceria com o maestro Cussy de Almeida, a Associação Bene-ficente Criança Cidadã gerou a orques-tra com o mesmo nome. Mais que mu-

dar a história da garotada atendida pelo projeto e trazer uma nova identidade para o bairro, a orquestra atravessou fronteiras, chegando a levar os jovens músicos até ao continente europeu, onde gravaram um DVD e pisaram no solo sagrado do Vaticano.

A Associação Beneficente Crian-ça Cidadã atende 330 jovens entre 4 e 21 anos (sendo 230 do Coque e 100 do distrito de Camela, em Ipojuca) e funciona com incentivo do Ministério da Cultura via Lei Rouanet. A opção

de chegar aos meninos e meninas do Coque, onde começou o trabalho, foi técnica. Na ocasião, a comunidade ostentava o pior índice de Desenvol-vimento Humano do Recife e liderava as estatísticas de violência urbana. Uma equação social perversa, que foi enfrentada com educação e arte.

Além das apresentações da or-questra – que é o braço mais famoso da iniciativa – o projeto realiza a edu-cação complementar. As crianças, no contraturno da escola, recebem aulas

sucesso. Os MúsicOs gRAvARAM uM cD/DvD EM ROMA, sE ApREsEntARAM EM lisBOA E pARA O pApA FRAnciscO nO vAticAnO

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35Algomais • Julho/2016

de música, reforço e, mais recente-mente, de inglês e de informática. “São aulas teóricas e práticas de mú-sica, optando por um instrumento. O reforço escolar surgiu da necessida-de que identificamos de melhorar o desempenho acadêmico dos nossos alunos. Há também a proposta de promover a inclusão digital dos es-tudantes e prepará-los para as nossas viagens internacionais com a língua estrangeira”, afirma o coordenador pedagógico Aldir Teodózio.

A partir desse empurrão dado pelo projeto, mudou a perspectiva de desenvolvimento dos jovens benefi-ciados pelas ações. “Vemos no dia a dia o impacto social que o projeto tem na comunidade. Há uma mudança na cabeça dos meninos, uma nova atitude deles de querer completar os estudos e chegar à universidade. O maior impacto é essa transformação do pensamento acadêmico, de querer galgar isso”, pontua Teodósio.

Nesta década de educação e de apre-sentações, três concertos marcaram a trajetória do grupo e deram um impulso na sua projeção internacional. No ano de 2014, os meninos do Coque atravessa-ram o oceano Atlântico para se apresen-tar para o papa Francisco, no Vaticano, e para o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, em Lisboa. No ano passado, ao lado da violonista japonesa Yoko Kubo, a Orquestra Criança Cidadã gravou um CD/DVD em Roma.

Para o maestro Nilson Galvão Júnior, que trabalha com a orquestra há dois anos e meio, essa experiência interna-cional marcou a vida dos músicos. “Foi extremamente importante para eles. Indo para o Velho Continente eles viram quanto precisamos crescer como socie-dade e o quanto eles têm para descobrir do mundo. Foi muito impactante para a vida desses jovens”, avalia. Ele destaca também o enriquecimento cultural dos músicos, que tiveram oportunidade de conhecer sítios históricos milenares nesse tour pela Europa.

A dedicação dos alunos extrapolou também os limites da própria orquestra. Alguns, como o contrabaixista Antoni-no Dias, 22 anos, seguiram a vida pro-fissionalmente com a música. O jovem há dois anos trabalha na Orquestra Sin-fônica de Goiânia (GO). Composta por 74 instrumentistas e um coro de 48 vo-

zes, a orquestra da capital goiana, que é uma das mais importantes do País, con-ta também com outros dois músicos que passaram pelo projeto.

Antonino, "nascido e criado no Co-que", como faz questão de dizer, ingres-sou na primeira turma da orquestra, onde passou sete anos. “O projeto caiu do céu em minha vida, eu não tinha muitas pers-pectivas para o mercado de trabalho. Sou filho de pais separados, meu pai comer-ciante e minha mãe, doméstica. Meu pai sempre incentivou para que eu estudasse muito, independente da área que eu esco-lhesse. Minha mãe foi um anjo em minha vida, ela é quem me levava para as aulas no projeto”. Hoje ele dá dedicação exclu-siva à Orquestra Sinfônica de Goiânia e planeja estudar no exterior.

Outra aluna que está caminhan-do para a profissionalização é Re-beka Muniz, 20 anos. Ela faz o sexto período do curso de Licenciatura em Música da UFPE. “Antes de entrar no projeto não tinha expectativa na vida. Nunca pensei em entrar numa uni-versidade. Hoje tenho planos de fazer doutorado”, conta. No projeto, além dos incentivos e orientações, ela re-cebeu uma bolsa num colégio privado no 3º ano do ensino médio. A primei-

ra da família a cursar faculdade, também foi a primeira a estar no exterior. “Virei a estrela da família”, brinca.

Para multiplicar histórias como a de Antonino e Rebeka, os sonhos de João Targino, são bem altos. A asso-ciação projeta a construção de uma Sala de Consertos, com capacidade para 900 pessoas, e de uma Escola de Música. O terreno já foi doado pela União e os projetos arquitetônicos estão prontos. O investimento to-tal para ver o sonho realizado são R$ 50 milhões. “A escola acolherá 400 estudantes, é quase o dobro do que aten-demos hoje" planeja Tar-gino.

Profissional"nAsciDO E cRiADO nO cOquE", O AntOninO tORnOu-sE cOntRABAixistA DA ORquEstRA sinFônicA DE gOiÂniA E plAnEJA EstuDAR FORA DO BRAsil

faculDaDe. REBEKA cuRsA MúsicA nA uFpE E é ExEMplO pARA As cRiAnÇAs DO pROJEtO

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livro de Francisco Rolim analisa como a santa sé criou dioceses para deter popularidade do sacerdote de Juazeiro

livro

O cerco da Igreja ao Padre Cícero

A religiosidade e o banditismo do sertão nordestino pare-cem ser fontes inesgotáveis de inspiração para filmes,

novelas, livros e teses acadêmicas. São aspectos regionais que chegaram a ge-rar verdadeiras obras-primas como o clássico longa-metragem Deus e o Dia-bo na Terra do Sol, de Gláuber Rocha. Agora, o escritor e bacharel em direito Francisco Sales Cartaxo Rolim retoma o tema para trazer uma análise reve-ladora do posicionamento da Igreja Católica nesse contexto ao lançar o livro Guerra ao Fanatismo, a Diocese de Cajazeiras no cerco ao Padre Cícero.

Com prefácio do historiador Carlos André Cavalcanti, a obra analisa como a criação da Dioce-se de Cajazeiras, no início do sécu-lo passado, fez parte da estratégia do clero para deter a crescente popula-ridade do carismático Padre Cícero. Tudo com consentimento e aprova-ção do Vaticano.

Para empreender o estudo, Rolim teve como bússola teses do sociólogo Sergio Miceli sobre as motivações da Igreja Católica Apostólica Romana para criar novas dioceses após a se-paração da Igreja do Estado ocorri-da após a instalação da República no País. A partir de pesquisas em vasta bibliografia, documentos religiosos e da imprensa, o autor constata que

a nova conjuntura repu-blicana forçava o clero a encontrar “condições próprias de sustentação financeira em substituição às fontes oficiais inerentes ao regime do extin-to padroado.” Nesse antigo regime, a Santa Sé delegava à coroa a adminis-tração e organização da Igreja Católi-ca, inclusive arrecadação de dízimos eclesiáticos. Em contrapartida o im-perador deveria prover as igrejas.

Mas além das razões econômicas, segundo Rolim, havia a preocupação de deter a expansão do movimento messiânico no Nordeste, representado

pelo Padre Cícero. O temor era de que o carisma do religioso de Juazeiro entre os sertane-jos estimulasse situações como a Guerra de Canudos. Por isso, além de não atender ao pleito do padre para fundar uma dio-cese naquela cidade cearense, a Igreja decidiu pela criação de outras dioceses nas proximidades do município. A ideia era “formar um cinturão visando bloquear o aumento da popularidade daque-le sacerdote, que vinha crescendo desde o episódio do ‘milagre’ da hóstia convertida em sangue”.

No caso da cidade paraibana de Cajazeiras, havia a vantagem da proximidade geográfica com Jua-zeiro e ainda contava com outros

fatores importante como o colégio fundado pelo padre Inácio de Sousa Rolim. Isto porque, segundo autor, o comando eclesiástico diagnosticou "como causa fundamental do can-gaço e do fanatismo religioso a falta de instrução rudimentar à população interiorana”.

Editado pela Livro Rápido, Guerra ao Fanatismo seduz o leitor pelo con-teúdo de suas análises e pelo estilo didático e fluente.

Serviço - Guerra ao Fanatismo, 190 páginas, editado pela Livro Rápido. R$ 40 - Livraria Jaqueira.

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37Algomais • Julho/2016

Gestão maistGi consultoria em Gestão

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A empresa familiar na crise

Chegamos à metade do ano e embora alguns indicado-res econômicos comecem a apontar para o que pode ser o início do fim da crise,

as organizações ainda lutam para en-frentar os desafios de uma economia desajustada. A crise afeta a todos e com as empresas familiares não é di-ferente, apesar de, em geral, elas pa-recerem estar saindo melhor do que as não familiares.

O acompanhamento de organi-zações de diversos tipos no enfren-tamento de crises permite observar que as empresas familiares têm uma vantagem competitiva. Nos momen-tos críticos, as famílias se juntam ainda mais no esforço de preserva-

ção do negócio e da fonte de renda familiar – não raro, várias pessoas da família vivem do empreendimento. É como se, nas fases de maior dificul-dade e ameaça real à sobrevivência do negócio, a força da família empresária (mesmo quando fora da empresa, nos almoços de domingo, por exemplo) representasse uma espécie de resis-tência a mais.

O potencial de superar dificulda-des e fazer alianças para manutenção da competitividade, além do empe-nho para a preservação de uma his-tória de empreendedorismo, muitas vezes estão mais claros em grupos familiares do que em organizações não-familiares. Evidente que não se fala de uma regra, mas de um com-

“A empresa e a família só sobreviverão e sairão bem se a família servir à empresa. Nenhuma

das duas seguirá bem se a empresa for dirigida para servir à família.”

Peter Drucker (1909-2005), austríaco naturalizado norte-americano, considerado o pai da administração moderna.

portamento frequentemente obser-vado. Ainda assim, é fundamental que a organização tenha um sistema de governança corporativa adaptado à sua realidade, além de um modelo de gestão profissional, que pode, in-clusive, contar com profissionais da família ocupando cargos executivos, desde que estejam dentro dos perfis exigidos pelo negócio e com desem-penho que atenda às necessidades, como com qualquer profissional que não seja da família.

Quando o controle do negócio não é profissional, a organização tem que lidar com questões que ter-minam sobrepujando o potencial vantajoso que poderiam ter, tais como a falta de fóruns específicos para administrar conflitos, a pouca clareza dos deveres e direitos dos familiares, inclusive com relação à remuneração, a ausência de regras para trabalhar na empresa, entre outros. Além disso, na crise é na-tural que a pressão por resultados se amplie, a exigência por maior produtividade seja cada vez maior, além da busca mais vigilante por re-dução de custos em todas as áreas. No geral, os conflitos se acentuam e a pressão em torno do líder familiar aumenta bastante, uma vez que ele tem a responsabilidade de decidir sobre o presente e, frequentemente, sobre o futuro da família empresá-ria. Um cuidado importante para lidar com esses desafios é a implan-tação de colegiados diretivos e ge-renciais para a discussão dos ajustes necessários e o acompanhamento das ações deliberadas, dividindo a pressão e qualificando as decisões.

Essa análise permite reforça a percepção de que o fato de uma em-presa ser familiar não significa de modo algum uma desvantagem. O que deve ser perseguido é a profis-sionalização da gestão, aproveitan-do, inclusive, as crises para isso.

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painel de 77 metros de altura, obra de Eduardo cobra, é a maior imagem exposta em uma fachada na América latina

arruando pelo Recife e por Olinda

Luiz Gonzaga:um rei na paisagemleonardo Dantas silva

Luiz Gonzaga do Nascimento, conhecido pelo Brasil inteiro como o Rei do Baião, falecido no Recife, em 2 de agosto de 1989,

foi considerado por muitos como o Per-nambucano do Século quando da pas-sagem do ano de 2000. Em 12 de março de 2015, quando a cidade do Recife fes-tejava o seu 378º aniversário, a prefeitu-ra resolveu homenagear o Rei do Baião com um imenso painel de 77 metros de altura, oito metros de largura e 3,6 de profundidade, com sua imagem em co-res vivas fixada no edifício sede.

A monumental obra é de autoria do muralista paulista Eduardo Co-bra, conhecido internacionalmente por seus trabalhos estampados em 14 países, em cidades como Nova York, Los Angeles e Moscou.

O Gonzagão, como foi intitulado o painel da Prefeitura da Cidade do Re-cife, é a lateral de prédio com mural mais alta da América Latina. O tra-balho mostra o cantor e compositor Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, com seu chapéu de couro e sua inseparável sanfona branca de 120 baixos.

Para a confecção do mural, Eduar-do Kobra usou cerca de 900 latas de spray e mais de 200 galões de esmalte sintético na fachada da prefeitura. "O equipamento foi instalado na face do prédio voltada para o rio e para a Rua da Aurora. É a maior imagem exposta

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Dessa parceria surgiu Baião, grava-do pelos Quatro Ases e um Coringa na Odeon, gravado em 1946.

Inspirado na vestimenta do can-gaceiro nordestino e nos vaqueiros do Araripe, Luiz Gonzaga passou a apresentar-se encourado firmando-se como uma marca registrada em todo Brasil. No final dos anos 40 do século 20, surge o encontro com o então estu-dante de medi cina José de Souza Dantas Filho... “Estávamos no ano de 1947, no Grande Hotel do Recife, e assim sur-giu a parceria Zé Dantas-Luiz Gonzaga responsável pelos maio res sucessos do baião nos anos 50”.

em uma fachada na América Latina”, diz o artista.

Nos dias atuais, quem quer que aviste o edifício da Prefeitura, locali-zado no Cais do Apollo, em qualquer hora do dia ou da noite, vai contem-plar a monumental imagem de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião emoldurada pelo céu azul do Recife e pela mansi-dão do Capibaribe no seu caminhar em busca do oceano Atlântico.

De exu Para o munDo. Nascido em 13 de dezembro de 1912, no dia em que a Igreja Católica Romana celebra a fes-ta de Santa Luzia, Luiz Gonzaga do Nascimento veio a tornar-se maior divulgador da música rural nordestina.

Acompanhando o pai Januário, por bai-les e feiras da região, o menino foi, aos poucos, afeiçoando-se aos oitos bai xos e aos costumes. Cenas e usanças da re-gião que viera des crever mais tarde.

Ao completar 17 anos, fugindo de um castigo de seu pai, o menino Luiz segue para Fortaleza onde se alista no Exército. Em outubro de 1930, com a Revo lução Liberal é transferido para a Pa-raíba, percorre vários Estados do Norte, via-jando, logo de pois, para o Centro-Sul aonde vem fixar-se em Minas Gerais. Já no Rio de Janeiro, em 1939, deixa o Exér cito e vai ganhar a vida como sanfoneiro.

Passou a frequentar programas de rádio e surgiu assim o convite de Ja-nuário Franca para acompanhar Ge-nésio Arruda numa gravação na RCA Victor; onde é convidado por Ernesto Matos para participar como solista: Em 1941, Luiz Gonzaga gravou os seus dois primeiros discos 78 RPM.

Deixando a Rádio Clube passou para Rádio Tamoio, com um contrato de seis-centos mil réis acrescido da proibição de cantar; tão somente instrumentista. A sua primeira gravação como cantor veio

Ao lado de Zé Dantas e Paulo Ro-berto, Gonzaga par ticipou, em 1953, do programa da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, depois se transferiu para São Paulo quando suas apresenta ções ficaram, cada vez mais, restritas a ci-dades do interior e ao ciclo junino. No mercado discográfico os seus discos con tinuaram a ser reprensados e, com o aparecimento dos novos discos 33 RPM, os seus maiores sucessos torna-ram a ser reeditados pela RCA.

Com o aparecimento da bossa nova, da Jovem Guarda, da música dos Beatles e do Elvis Presley, nos anos 50 do sé-

culo 20, Luiz Gonzaga eclipsou o seu talento e sumiu no cenário da música brasileira.

Coube a Carlos Im-perial chamar a aten-ção para o que muitos julgavam... “superado e obsoleto”: A música dos Beatles têm nítidas semelhanças com a música nordestina. Na se gunda metade dos anos 60 foi o próprio Carlos Imperial que se encarregou de es-palhar o boato de que os rapazes cabe ludos do conjunto The Bea-tles iriam gravar Asa Branca. Na linguagem dos jornais, de uma "barriga" o Brasil des-pertou para a grande figura de Luiz Gonza-ga.

Daí em diante Luiz Gonzaga vol-

tou a crescer, e voltou às paradas de sucesso com Ovo de codorna. Nestes três últimos discos, Luiz Gonzaga chegou atingir a mais de 200 mil có-pias vendidas em cada lançamento.

No âmbito discográfico suas gra-vações passaram a contar por vezes, com a participação de seu filho Gon-zaguinha, Humberto Tei xeira, Emi-linha Borba, Carmélia Alves, Nélson Valença, José Marcolino, Fagner, Gal Costa, Elba Ramalho, Domingui-nhos, Sivuca, Dorinha Gadelha, Al-cione, dentre outros.

O Rei voltou ao seu trono; nova-mente o baião vol tou a reinar.

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Só no almoço

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As 4 Maravilhasdo Mund

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acontecer em 1943, na mazurca Dança Mariquinha, feita de parceria com Mi-guel Lima. No ano seguinte deixa a Rádio Tamoio, passando para o cast da Rádio Nacional, onde Paulo Gracindo o apelida Luiz "Lua" Gonzaga, numa referência ao rosto redondo.

Em 1945, quando do final da Segun-da Guerra Mundial, Gonzaga com põe com Miguel Lima o calango Dezesse-te e setecentos. No mesmo ano e com o mesmo parceiro, compõe Penerô xe rém e a mazurca Cortando o pano, tornando--se parceiro, a partir daquele ano, do cearense Humberto Teixeira com quem compôs gran des sucessos.

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baião de [email protected] Freire

louvaDo seJa

Temos obrigação de festejar o sucesso de Paulo Coelho. O Brasil precisa jogar fora o preconceito e tratar esse gênio de forma de-sigual, no bom sentido. O que dizer de um escritor que já vendeu em todo o mundo 190 milhões de livros? Diga comi-go: Viva Paulo Coelho e muito obrigado por ser brasileiro! Carimbado como brega em nosso país, Paulo Coelho está vivendo desde 2006 na Suí-ça, onde é muito respeitado e considerado uma das 300 pessoas mais ricas de lá, com uma fortuna estima-da em R$ 1 bilhão.

nome curioso

O nome de Geraldo aparece 340.357 vezes no levantamento nacional feito pelo IBGE. Minas Gerais é o Estado que tem mais Geraldos; o Ma-ranhão, o que tem menos. Em Pesqueira, minha terra, circulam 337. Mas quem estava certo era Jackson do Pandeiro: o Brasil tem Zé de mais: 5 milhões, 754 mil, 529, número que coloca José em 1º lugar entre os machos. Só na Paraíba, terra dele, se contam 222.977, dos quais 2.005 estão em Alagoa Grande, cidade onde Jackson nasceu.

o Pai Do automóvel

Em 1885, o primeiro automóvel movido a gasolina foi patenteado pelo engenheiro alemão Karl Benz. A mesma ideia já havia sido traba-lhada por outros, mas ele foi o pri-meiro a patenteá-la.

Poesia no banheiro Do mercaDo

“Isso aqui é um lugar/Onde a vergo-nha se acaba/Onde o covarde se pei-da/Onde o valente se caga”

o seu cÉrebro o trai

Você não toma suas próprias decisões e grande parte do que vê não é real. É uma ilusão criada pelo safado do seu cérebro. Ele passa, no mínimo, quatro horas por dia o enganando.

cÂncer: vale a Pena tratar?

Alguns cânceres, como o de pân-creas e o glioblastoma (cérebro), são tão agressivos que matam o doente de qualquer jeito. O câncer de pâncreas mata 75% das pes-soas no primeiro ano. O porra do glioblastoma mata 90% em cin-co anos. Os tratamentos são mais violentos do que os tumores. Para a maioria dos sofredores, é melhor morrer mais rápido.

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INFORMAÇÃO.NÃO IMPORTA ONDEVAI ESTAR,MAS DE ONDE VEM.

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“A not íc ia v irou nômade”. Bem que isso poder ia ser uma manchete. É que o conteúdo não

tem mais lugar, não é exc lusivo de n inguém. Se ele chega até você, ele é seu. Você pode

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ninho De Palavras

[email protected]

Dom Helder Câmara pe-diu audiência com um importante empresário (e também político) por quem tinha admiração e

amizade. Indagado sobre do que se tra-tava, o Dom respondeu que o mote era o estilo de vida do amigo. Ao encontrá--lo, demonstrando preocupação, o pai dos pobres disse ao bem sucedido que a correria escondia, sem ele notar, um medo de encontrar-se com si mesmo.

No texto em que narra esse epi-sódio, Dom Helder afirma com sa-bedoria: “Tenho visto pessoas que parecem dinâmicas, decididas, for-tes, sabendo pensar, sabendo querer, mas na hora de pensar em si, de olhar até o íntimo do íntimo, mil pretex-tos surgem, mal escondendo o meio pavor ou o pavor e meio de olhar de cheio para o próprio eu...”.

Isso foi escrito na década de 70. Acrescente agora 40 anos e chega-rás à conclusão que o mundo mu-dou. Para pior! Além do trabalho em demasia, nos foi adicionado um in-grediente perigoso: tsunami de in-formações sem filtro algum. Tudo ao nosso alcance. Tenho refletido sobre o nosso ritmo frenético de cada dia, causado pelo excesso de trabalho e de conteúdo. Rapaz, as informações têm chegado em quantidade tão avassala-dora que Tico e Teco andam se estra-nhando. Férias aos neurônios, exijo! Ócio para o cérebro, reivindico! Feliz de quem consiga represar o conteú-do da sociedade moderna. Mais feliz ainda quem filtra ou ignora. Notícias chegam em velocidade estonteante. Depois de meia hora aquilo já não é novidade. Você chega naquela roda de amigos para contar o que ninguém sabe e, surpresa! Sim, todo o mundo já sabe. Tudo está na palma da mão. A informação democratizou-se em de-masia. Banalizou-se.

Entre as vinte e uma horas do jor-nal televisivo e as seis horas do dia seguinte, dois ministros já caíram. Quando o zelador entrega o jornal im-presso, bem cedinho, já verbaliza que a manchete está desatualizada porque “saiu na internet, doutor, que...”.

Criei dependência psicológica da tríade jornal-café-banheiro. Talvez por isso não abandone nem tão cedo a tinta suja do impresso. Teria que fazer terapia para atitude tão corajosa. Mas não bastasse o jornal, tem também o Facebook, o Whatsapp, o podcast do Murilo Gun, os sites especializados em matérias jurídicas. Tudo contribui para hemorroidas. O que antes se fazia em dez minutos, agora leva-se uma hora, sentado ao trono. É o rei escra-vizado pelo excesso de informação.

A vida exige que eu saiba mais e trabalhe mais. Cada vez mais. Então, produtividade, eficiência e conheci-mento é o que querem de mim. Run

Até o íntimo do íntimo bruno mourY fernanDes

cronista

Forrest, Forrest Run! Com informa-ção, estudo e trabalho em demasia, cuidado, o AVC se avizinha. A vida é atropelo, correria. Não vou deixar essa armadilha me pegar. Conti-nuarei valorizando o trabalho. Ele é fundamental à vida como o próprio ato de respirar. “Sem o seu trabalho, o homem não tem honra e sem a sua honra se morre e se mata”, cantou Gonzaguinha. Mas decidi que, a par-tir de agora, o tempo é o meu. A bati-da é a minha.

Escravizar-se pelo mundo dos negócios 24 horas por dia é afastar--se de si mesmo. É preciso encontrar o ponto de equilíbrio. Estou com 40 anos e com tesão enorme pela minha profissão. Mas, na mesma proporção, com muito desejo de me conhecer melhor. Animado para olhar, como disse o Dom, “até o íntimo do ínti-mo”. Doar tempo ao “eu” de quem tanto me afastei.

Tenho refletido sobre o nosso ritmo frenético de cada dia, causado pelo excesso de trabalho e de conteúdo

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Joca souza leão*

Pano Rápido

Assassinaram meu ante-cessor. Escolheram-me por acaso. Fui eleito na-quele velho sistema das atas falsas, os defuntos

votando, e fiquei 27 meses na pre-feitura.” Este é o texto mais simples e honesto que conheço sobre ética e política no Brasil. Escrito na primeira pessoa. Dois adjetivos. Necessários para que o leitor soubesse sobre o sistema, “velho”, e as atas, “falsas”. As circunstâncias: o assassinato do antecessor. Candidato como todos. Prefeito como poucos. Alguns intelectuais ouviram falar, mas poucos leram os relatórios primorosos (esse adjetivo mesmo, ele detestaria) de Graciliano Ramos como prefeito de Palmeira dos índios (AL). E o primeiro político que ouvi citá-los foi o pernambucano Cristovam Buarque, senador e ex-governador do DF. Conheci Cristovam no apartamen-to dele na Cité Universitaire, nos anos ’70. Ele fazendo doutorado na Sorbon-ne e eu passando por Paris a caminho de Londres, onde estudei quatro anos. Cometi uma gafe logo ao entrar. Na pa-rede, um pôster revelava (sem revelar) uma jovem nua em contraluz (Olinda ao fundo, talvez), cabelos ao vento. Eu poderia ter dito “bela silhueta”. O dono da casa teria agradecido e se creditado como autor da foto, por certo. Mas não. Impudente, eu disse “que mulher arre-tada!”. E ele: “É minha mulher”. Entre os presentes à festinha, vários amigos e conhecidos do Recife, alguns exilados da ditadura militar, estudan-tes, professores e intelectuais. MPB e, claro, Capiba e Nelson Ferreira num toca-discos portátil. Acho que só reen-

contrei Cristovam de novo como Chefe de Gabinete de Fernando Lyra no Mi-nistério da Justiça. Daí, algumas pou-cas vezes em Brasília e aqui no Recife. Neste “tempo de homens parti-dos”, como diria Drummond, tempo de listas e delações premiadas, acabei por me lembrar de Cristovam citan-do Graciliano, quando encontrei seu nome na relação da Odebrecht. Foi de lascar! Tanto sua presença (com quase 300 outros “beneficiados”, vários per-nambucanos) quanto uma fotomonta-gem com a cara dele no lugar da de um palhaço famoso, Bozo. Nunca votei em Cristovam, nunca militamos no mesmo partido (à exce-ção do MDB velho de guerra) e temos algumas diferenças políticas. Nesse processo atual mesmo, ele ficou em cima do muro: votou pela admissibili-dade do impeachment, mas deixando a alavanca engatada para uma eventual e estratégica marcha à ré. No entanto, sempre o tive – e o tenho – na conta de um político honesto. A elite brasileira, em minha opinião, julgava-se política e eleitoralmente blindada pelo dinheiro. Numa mesa de

bar qualquer, de norte a sul, alguém dizia de cor a tabela de preços dos mandatos, como se tivesse falando a coisa mais besta do mundo: vereador é tanto, prefeito é quanto, deputado es-tadual, federal, senador, governador, até presidente. “Quem pode, pode; quem não pode se sacode.” Leis? Limites? Logo, logo, inventa-ram as comissões por meio de “doações legais“, depósitos no exterior, trustees etc. Taí Maluf, leve e solto. Taí Eduardo Cunha, gozando da cara da gente (e dos ministros do Supremo). Mas, o que a elite, sobretudo pau-lista, não podia tolerar, era que um partido de origem operária, com viés de esquerda, bebesse nas mesmas fon-tes onde ela, a elite, sempre bebeu: empreiteiras, sistema financeiro, co-mércio, indústria... e quem mais qui-sesse vender produtos e serviços para os governos (federal, estaduais e mu-nicipais) ou simplesmente ganhar be-nefícios e isenções. Quem, como Graciliano Ramos, tem peito pra contar? Cristovam? Talvez. “Eu me elegi como todos, rigorosa-mente todos, os candidatos que foram eleitos nas últimas eleições, porque no Brasil, até então (?), este era o único jeito possível de alguém se eleger.” Eu, pernambucanamente, torço por isso. Mas, quem não lembra? Na CPI do Collor, o supercorrupto P.C. Farias de-safiou senadores e deputados federais de todos os partidos: “Os senhores sabem do que eu estou falando, não sabem?” E não se ouviu nem um piu no ple-nário.

P.S. Porque viajei – e continuo viajando –, escrevi esta crônica em junho (15). Como a política no Brasil é a jato, regida por dela-ções (algumas de ouvir dizer) e vazamen-tos seletivos que transitam à velocidade da luz, é possível que agora, em julho, alguns fatos já tenham evoluído e se consolidado. Mas nada, creio, que não tivesse no script do golpe.

* Joca souza Leão é cronista

[email protected]

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A MINHA VERSãO

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45Algomais • Julho/2016

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46 Algomais • Julho/2016

João Alberto [email protected]

tÂnia KonraD

Jairo Pimenta

brilho feminino

Tânia Konrad é um case de muito sucesso na nossa cidade. A par de ser uma figura bonita e elegante, atua com o maior destaque no nosso mundo empresarial. Seguindo os passos do pai, Julião Konrad, atuou em alguns restaurantes, como Famiglia Giuliano e Gio e depois partiu para o segmento de decoração com a ICasa, que inicialmente funcionou no Rio-Mar e agora está em belas instalações pertinho do Shopping Recife. Ela é casada com o empresário Francisco Emerencia-no e tem dois filhos, Beatriz e Lucas.

PrestiGiaDo

O setor do turismo está prestigiado. Além do governador Paulo Câmara, que foi secretário de turismo, Alexandre Va-lença, novo titular da pasta de Micro e Pequena Empresa, Trabalho e Qualificação, foi secretário de Indústria, Comér-cio e Turismo no governo Jarbas Vasconcelos.

suPeranDo a crise

Depois de atuar mais de 30 anos representando a Giroflex, em-presa que faliu, o empresário Jairo Pimenta enfrentou a crise e criou a Casa Ofício, que passou a representar a Flexform, que se tornou a líder do setor de cadeiras empresariais no país. E já está entre os líderes de vendas da marca em todo o pais.

DePutaDos

Dos 513 atuais deputados federais, somente 35 consegui-ram se eleger apenas com seus votos. Os ouros depende-ram das sobras do quociente eleitoral.

amPliação

Camilo Simões e Lêda Alves tiveram reunião com Margari-da Cantarelli, na Academia Pernambucana de Letras, para discutir sobre a ampliação do Circuito de Poesia, onde foi apresentada uma extensa lista com nomes dos artistas.

UM “PEDAÇO” DA TOSCANA, NO RECIFE.

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47Algomais • Julho/2016

João Alberto

tatiana meneZes

O que secomenta...

... por aí

QUE o restaurante-bar Mistura Tropical, do chef Hugo Provout, foi mais um a fechar as portas no Recife, não resistindo à crise. QUE Antônio Moraes, manti-do na presidência estadual do PSDB, trabalha para aumentar o número de prefeitos do parti-do no Estado. QUE o Brasil tem 125 empresas estatais, 40 criados no gover-no do PT, a maioria deficitárias QUE não existe a menor pre-visão da conclusão do segundo módulo do Museu Cais do Sertão no Recife Antigo. QUE Joca Souza Leão, que voltou a brilhar nas páginas da nossa revista, prepara-se para lançar novo livro de crônicas.

Joaquim francisco

líDer reGional    

Tatiana Menezes é um dos grandes destaques do nosso mundo empre-sarial. Durante muitos anos atuou no Recife Convention Bureau e depois se transferiu para a Reed Exhibitions Alcântara Machado, maior promoto-ra de feiras do país, incrementando sua atuação no setor de eventos no Centro de Convenções. Agora, foi confirmada como representante da empresa para o Nordeste pelo novo presidente Fernando Ficher.

PrestíGio

Numa demonstração do seu prestígio a nível nacional, Mauro Santos, da Bandei-rantes Outdoor, foi reeleito presidente do Conselho de Administração da Central de Outdoor, a mais importante entidade da área de mídia externa do país.

os quiosques

A Prefeitura do Recife deveria fazer um trabalho nos quiosques da orla de Boa Viagem. Alguns estão em estado lamen-tável, nenhum coloca a obrigatória lista de preços e uniformização deles nem pensar.

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48 Algomais • Julho/2016

memória pernambucana

Xô, cabileiraMarcos Freire foi deputado federal e senador de destacada atuação política pelo Estado de pernambuco

Marcelo Alcoforado

Houve um tempo - sombrio tempo, saliente-se - em que as paredes de Pernambuco eram tomadas pela men-

sagem Xô, cabilera, parida como que a fórceps, em português capenga e de gosto deplorável. Era endereçada ao candidato Marcos Freire, que, segundo indicavam as pesquisas, era o virtual vencedor da eleição que se avizinhava, para governador de Pernambuco.

Era preciso derrotar o esquerdista Marcos Freire, pois, não importando os meios. Na guerra, tudo é válido, certa-mente avaliavam, para afastar qualquer resquício de consciência.

A cada dia mais a luta se acirrava, como se fossem batalhas campais tra-vadas no campo aberto da opinião. A indignidade, por seu turno, atingia o ponto de superlativa baixeza, ao se for-jar o que buscava ser o flagrante de um encontro clandestino da esposa do can-didato, dona Maria Carolina Vasconce-los Freire, com o então deputado federal Fernando Lyra, destacado membro do estado-maior da campanha do amigo Marcos Freire. Da farsa resultara uma ultrajante montagem fotográfica do ca-sal desnudo, em um motel brasiliense.

A vilania foi tanta que, mesmo in-tegrantes da campanha do adversário, censuraram veementemente aquela ca-

lhordice. O próprio candidato, Roberto Magalhães, um homem digno, extre-mamente irritado com aquele proce-dimento ameaçou retirar seu nome do pleito, caso a prática criminosa, atri-buída ao Serviço Nacional de Informa-ções SNI, não fosse abandonada. Eram inaceitáveis as ofensas à honra do seu principal adversário, que, como ele, também era professor da Faculdade de Direito do Recife

Mas por que tanta vilania? - há que se perguntar. A resposta é simples: Mar-cos Freire era um líder nato e, na épo-ca, o poder estabelecido não acreditava dispor àquela altura de um nome capaz de arrostá-lo. Tinha. Tanto que, com a colaboração do voto vinculado, o eleito foi Roberto Magalhães. O tal voto vin-culado só era válido se dado a um mes-mo partido ou coligação, de vereador a presidente da República, passando por prefeito, deputado estadual, deputado federal, senador e governador.O resul-tado foi que Roberto Magalhães, ainda que anteriormente em desvantagem, elegeu-se governador com 909.962 vo-tos, contra 814.447 de Marcos Freire.

Mas quem foi Marcos Freire?Em linhas gerais, foi advogado, pro-

fessor e importante político brasileiro, tendo como tal exercido os mandatos de deputado federal e senador por Per-

nambuco. Mas não foi só isso. Ele foi mais, muito mais.

Qualificado intelectualmente, bem--apanhado pessoalmente e comunica-dor eficiente, não lhe foi difícil estabele-cer uma parceria de sucesso com a vida. Tal sucesso, contudo, não veio embala-do em um pacote de presente.

Em 1950, Marcos Freire ingressou na Faculdade de Direito do Recife, e ali, cinco anos depois, bacharelou-se. Na-queles cinco anos começou a ser molda-do não só o advogado mas, também, o político brilhante, já que ele participava ativamente da política estudantil. Sua vida pública, aliás, teve início naquele tempo, como oficial de gabinete do en-tão prefeito Pelópidas Silveira.

Dali em diante, foi uma vida de conquistas. Foi Secretário de Assuntos Jurídicos e, depois, de Abastecimento e Concessões da Prefeitura do Recife, car-go que ocupou até o movimento militar de 31 de março de 1964. Como era filiado ao Partido Socialista Brasileiro, o PSB, e naquela quadra da vida brasileira isso não era exatamente uma credencial, perdeu seu lugar.

Elegeu-se prefeito de Olinda pelo MDB, quando obteve mais do que a soma dos votos dos outros dois candi-datos por sublegendas do partido do governo, no entanto, fruto de uma ati-

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tude coberta de brio, renunciou ao car-go, pouco antes da posse, em repúdio à cassação do mandato do vice-prefeito eleito, Renê Barbosa. Era o funesto AI-5 mostrando a que viera.

Entristecido com aqueles tempos, resolveu voltar-se para o magistério universitário, tornando-se professor na Faculdade de Ciências Econômicas. Ademais foi professor titular da cátedra de Direito Constitucional da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco, onde se graduara e en-sinou também na Escola Superior de Relações Públicas de Recife. Em 1970, porém, não resistindo à vocação, ele-

geu-se deputado federal por Pernam-buco, quando teve a maior votação do Estado.

Orador com dotes excepcionais, logo ele chamou a atenção da imprensa para a contundência dos seus discursos não só sobre assuntos institucionais, mas igualmente em defesa das parcelas da sociedade que não podiam expressar livremente suas opiniões, como os ar-tistas, dramaturgos, escritores e jorna-listas.

A campanha de Marcos Freire ao Se-nado, por seu turno, em 1974, foi a mais marcante ocorrida em Pernambuco du-rante o ciclo militar. Com sua oratória

fácil, seu magnetismo e o seu poder de persuasão, ele conquistou eleitores em todo o Estado, com o slogan “Sem ódio e sem medo”.

Conquistou 605.953 votos, con-tra 478.369 votos do adversário, o candidato apoiado pelo governador Francisco de Moura Cavalcanti e os ex-governadores Etelvino Lins, Cor-deiro de Farias, Cid Sampaio, Paulo Guerra e Nilo Coelho. Vencera uma fortíssima estrutura de conquista de votos. Adicionalmente, além de jo-vem, carismático e simpático, o con-corrente fora um político de 76 anos, chamado João Cleofas de Olivei-ra. Além de viver no Rio de Janeiro, Cleofas de Oliveira já havia perdido três eleições para o governo de Per-nambuco, primeiro para Agamenon Magalhães, depois para Cordeiro de Farias e em seguida para Miguel Ar-raes, o que lhe valera o incômodo apelido de João Três Quedas.

Lado a lado com a personalidade afável, porém, caminhava um homem movido pelo inconformismo, levando--o a formar, quando deputado, o grupo dos autênticos do MDB, uma ala mais à esquerda do partido. Lutou, e saiu ven-cedor, pela convocação da Assembleia Nacional Constituinte, pela anistia para os cassados e banidos pelo regime mi-litar, pela eleição direta em todos os ní-veis, pela reforma agrária e pelo fim da censura aos órgãos de imprensa.

Um dia, no entanto, e sempre che-ga um dia, Marcos Freire e a política se divorciaram.

Ele se tornou presidente da Caixa Econômica Federal, e depois ministro da Reforma Agrária, no Governo José Sarney. Exerceu o. cargo por pouco tempo, de 4 de junho a 8 de setembro de 1987. Eram muitos os planos para fazer a tão sonhada reforma agrária - afinal era assunto do ministério de que ele era o titular - mas a indesejável das gentes resolveu se intrometer. Naquele 8 de setembro, em viagem ao Pará, o avião em que viajava explodiu poucos minutos após a decolagem, reduzindo a fragmentos os sonhos de um país mais humano, um Brasil com terra para pro-duzir.

Marcos Freire, tinha apenas 56 anos, completados três dias antes. Estava en-cerrada a sua luta.

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50 Algomais • Julho/2016

Na palestra que fiz mês passado no seminário A Mobilidade a Pé e o Futuro do Recife, organizado pelo INTG – Instituto da Gestão e apoia-do pelo Cesar, pela Urbana/PE e

pela Fiepe, tive oportunidade de falar sobre a importância crucial do pedestre para o urba-nismo contemporâneo. Esse seminário regional foi um desdobramento no Recife do seminário internacional Cidades A Pé, realizado em São Paulo no mês de novembro do ano passado.

Disse que, embora graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UFPE, só fui entender o que con-sidero vital na questão urbana atual depois que andei milhares de quilômetros no Recife. Depois, portanto, que, na prática, me “pós-graduei” pe-los pés. O essencial do que aprendi foi que se o pe-destre se sente mal no solo é porque o urbanismo é ruim e o planejamento urbano, se houve, falhou.

O planejamento urbano tradicional, o que se aprende na escola e amiúde se aplica por aí, co-meça olhando o espaço pelo satélite (ainda mais agora com a proliferação das tecnologias de in-ternet...), depois “desce” para o mapa, para a planta, para o detalhe e termina por não chegar ao nível do chão, de quem está andando na rua. Depois de gastar muita sola de sapato por aí, defendo que haja uma inversão de sentido, que o planejamento comece pelo chão, por onde anda o pedestre e, aí, vá “subindo” até chegar ao satélite. Se isso fosse feito, com certeza, não teríamos muitas das atrocidades que suporta-mos nas cidades brasileiras andando por elas...

Pedestre, a medida de todas as coisas

consultore arquiteto

para as Pessoas” e Jeff Speck com o seu exce-lente livro “Cidade Caminhável”. Que o digam as cidades da Europa e, já, muitas dos EUA, além de praticamente todas as capitais latino--americanas...

Já existem, inclusive, um conceito e um conjunto de indicadores que ajudam a mate-rializar essa tendência. Trata-se, o conceito, do Walkability e o conjunto de indicadores, do Walk Score que medem o quanto “caminhável” é determinado local, bairro ou cidade. Temos que seguir por aí. Afinal, como repete aquele complemento de comercial de rádio e TV, inde-pendente do meio de transporte que utilizemos, “na cidade, todos somos pedestres”.

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Na Grécia antiga, a filosofia pré-socrática defendia que “o homem é a medida de todas as coisas”.

Na Grécia antiga, a filosofia pré-socrática defendia que “o homem é a medida de todas as coisas”. Na cidade, a medida de todas as coisas, sem a menor sombra de dúvida, é o pedestre! Não entender isso é ficar na contramão da his-tória contemporânea do urbanismo. Que o di-gam Jan Gerl com seu consagrado livro “Cidade

francisco cunhaúltima página

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