Inquérito cap4

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    174 A proDuo Dos DADOS DOS TNQUETITOSentrevistador relativamente ao assunto que este est encarregado detratar. Isto supe uma entrersista com o entreaistador e a sua andlise ri* aeconhecer esse quadro de referncia e, igualmente, de lho dar a conhecerpara que este desconfie do teor das suas interaces ao longo da relaoE. . *.'supe igualmente um conhecimento dos seus comlortamentosao longo da entrevista, que a entrevista prvia pode fornecer."Durante", preciso garantir que medida qe o nmero de entrevis-tas feitas por uma pessoa aumenta, essa pessoa no construa, em reraoao problema, uma srie de hipteses o,r m quadro de referncia no qualpassa a fazer entrar os entrevistados. os disclrsos, neste caso, tornam-seo reflexo do pensamento de E.. Infelizmente, este fenmeno difcil deevitar de outra forma que no seja limitando o nmero de entrevistasfeitas pela Te.sma pessoa sobre um mesmo assunto (S a g entrevistas porentrevistador). necessrio controlar igualmente a qualidade do trabalho, o respeitopela amostragem, etc., tudo factos cohecidos sobre os quais no necessrio insistir.

    BIBLIOGRAFIA' w. V.D. BINcnau e B.v. Moonn, How to Interaiew,Nova Iorque, Harper andRow,1'924. obra "clssica" que marca o incio das reflexes sistemticas sobreos mtodos da entrevista.' C'F CaurusLr e M.L. Karnq, The Dynamics of Interaiezoing: Theory, Technics andcases, Nova lorque, wiley, 19s7. obra mais recente sobre os mtodos daentrevista.' C.F. Caruxrll e M.L. KAFIN, "Interviewing", in G. Lindzey e E. Aronson,Handbookof social psychology, Reading, Mas., Addison wesly, 196g. Retomaparcialmente a obra anterior mas escrita num esprito i "revisao dasquestes" e de actualizao da informao sobre o tea.' C. RocEns, Counselling and psychotherapy, Boston, Houghton Mifflin,1942.Obra "clssica" sobre a entrevista clnica.

    capruro +coMo INQU/R/R? OS QUESTTONRIOS

    4.1 48 O RD AGEM QUALITAT tUA E AB O RD AGEMQUANTITATIVAll,rlritualmente considera-se que um pro-cesso completo de inquirio,1,'r,r'comear por uma fase qualitativa, sob a forma de um conjunto der,rrllt'vistas no-directivas ou estruturadas a que se segue uma fase,lu,utitativa. Igualmente, entende-se que a aplicao de um question-rio ,1 111n4 amostra permite uma inferncia estatstica atravs da qual ser r,r iicam as hipteses elaboradas no decurso da primeira fase, aJquais,,r,t ompletam por recurso s informaes recolhias e codificadas. om,'lr.ito, quando temos ainda poucas hipteses e quando mal sabemos,,,rrro colocar o problema populao a inquirir torna-se necessriorr,( ('rrer a um mtodo completamente aberto. Em contrapartida, para, orrstruir um questionrio obviamente necessrio saber com exactido' r r I r rc procuramos/ garantir que as questes tenham o mesmo significadol',rr'.r todos, que os diferentes aspectos da questo tenham sido bem,rl'ordados, etc. So estas as condies que se procuramcom a realizaor lr, r'utrevistas e com o teste s primeiras verses do questionrio (pr-lr':;tc).('ontudo,limitaramos a importncia da fase qualitativa se dela ape-rr,rs fizssemos uma etapa de preparao. Apesar do pequeno nmero

    r lr, 1'xlss62s inquiridas nesta fase, podero ser retiradas concluses sufi-r rr,ntcmente slidas, nomeadamente em relao a tudo o que possa, orrtluzir inventariao, mais ou menos estruturada, de atitudes/ re-I'rtscntaes, comportamentos, motivaes/ processos, etc. Mesmo serr,ro for possvel inferir a importncia de cada uma das modalidadesr,,,'t'useadas, pode-se, com base nas entrevistas, concluir; pelo menos, da,,rrir cxistncia. Por outro lado, certos componentes afectivos das situa-'l(x's cstudadas so muitas vezes difceis de compreender atravs de um

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    lt7l6 A l'l()l)tlqAo lX)S l)AI)t)S lX)S INetrl:tt't()S ( ()M() TNQUIttR? OS QUriSl'IONAItOSocrit'icor hipteses sob a forma de relaes entre duas ou masvariveis: por exemplo, verificar se a natureza ou a frequncia deLlm comportamento varia com a idade, se as opinies e os comPor-t;rmentos relativos a um determinado objecto so coerentes (ou,frequentemente, hipteses mais complexas).l stc ltimo objectivo em geral o mais importante, seno para os

    ,,, r rrrrrmistas pelo menos para os socilogos. Com efeito , raro que um,,,, itilogo ponha problemas de estimao de grandezas. Tl decorre,I'r rrrt'ipalmente, da natureza das variveis com as quais trabalha, as, lu,r is raramente tm interesse por si s.Fazer uma estimativa do consu-rrr,r tlc um certo produto ou do nmero de desempregados num dadonrorcnto, como o fazem os economistas, tem significado na medida em' pr(' podemos dar, sem ambiguidade, definies desses termos; mesmo,1rrr, sejam propostas definies concorrentes, como no caso do desem-I'r(.1',(), sabemos que cada uma corresponde a uma realidade diferente.I rrr contrapartida, quando estudamos uma opinio ou uma atitude,',,rlrt'r1os que, dentro de certos limites, a distribuio das respostas,lr,P1'1161s1{ da formulao das questes. No tem, portanto, interesseI r ,r r l, r fazer uma estimativa, com grande preciso, do nmero de pessoasr lilt' l'ospohdem "sim" a uma questo, quando a sua formulao compor-t,r s('npre uma inevitvel poro de arbitraridade. Pelo contrrio, fazr n, r i s sentido comparar a percentagem de respostas "sim" dos diferentesr',r r r l)os sociais, ou estudar a evoluo desta proporo no tempo. Encon-tr,nro-nos, por este facto, remetidos Para o problema da evidenciao,l. r't'laes, por consequncia o da verificao de hipteses, mais do quel',r, o problema da estimativa.( 'ontudo, paralelamente a estas razes propriamente tcnicas, a au-,''r('i; de interesse por parte da maioria dos socilogos, sobretudo emI r,rna, pelas estimativas, provem igualmente, em certos casos/ de um,1,,r,111926, que alguns julgam cientfico, por aquilo a que chamam a",, r.'iografia", ou seja, a descrio/ com pouca Preocupao de generali-.,r(.(o, dos fenmenos sociais. Esta actividade considerada inferior e,,'rrr valor terico. Haveria muito a dizer, nos planos epistemolgico er,l,,oltigico, sobre esta distino entre, por um lado, descrio e, por, ,u lr'o, interpretao e teoria, em que/ evidentemente, no reconhecidor, ('l)tcto de prestgio "cientfico" seno a estas ltimas. Alm da prpria, lr,,tirro ser muitas vezes difcil de estabelecer perante casos concretos/,",1t' clcsdm e este desinteresse pela "descrio" traduzem/ em nossan1'111i;11;, a permanncia de hbitos de pensamento herdados das origens

    questionrio, em virtude da falta de vocabulrio adequado e adaptadoa todos os casos e tambm porque um mtodo que fcilmente incita aracionalizaes; uma pessoa controla muito melhbr as suas respostas aquestes precisas do que o seu discurso perante um entrevistador no--directivo.Em relao a estes pontos somos, por isso, frequentemente obrigadosa permanecer na fase qualitativa, mesmo que a julgemos insuficite.Estando fixados os objectivos de cada fase, podemo-nos aperceber deque a etapa qualitativa no necessria, porque dispomos desde logode todos os contributos que ela poderia trazer. est o caso quando-odomnio foi bem estudado, o vocabulrio utilizado conheido e ashipteses j foram elaboradas, ou podem s-lo, a partir de outros traba-lhos.Por vezes, e contrariamente ordem habitual, pode ser til, clepois deum inqurito quantitativo, realizar uma fase qulitativa complementarpara/ por exemplo, ajudar a interpretar certos resultados insperados.Podemos assim conceber, em vez da sucesso clssica, um vai-vem entrefases qualitativas e quantitativas, servindo estas ltimas para evidenciar,ento, as relaes que aquelas iro permitir interpretar.-Consideremos,por exemplo, um estudo sobre os transportes urbanos, em que come-mo: por inquritos inteiramente quantitativos, os quais permitiramevidenciar os pesos relativos do tempo e do preo et,qnuttio determi-nantes na escolha do meio de transporte. s ento, e na continuao dosestudos atravs da realizao de entrevistas abertas, pudemos com-preender o significado, para os utentes, destas variveis de evidenciaroutras. Thl permitiu, posteriormente, conceber inquritos estatsticosmais complexos.os objectivos de um questionrio podem ser recluzidos a um pequenonmero de propsitos:- estimar certas grandezas "absolufas,,: despesas ao longo de um de-terminado perodo de tempo, percentagem de pessas com unideterminacla opinio, percentagem de pessour q.t" lm um cert.jornal ou que compram determinado pioduto, e[c.;- estimar grandezns "relatians": por exemplo, quando elaboramosuma tipologia,fazer uma estimativa da propoio de cada tipo rr.populao estudada;- descreaer uma populao ou sub-populano: por exemplo, determinar.as caractersticas dos compradores de um produto, dos leitclres tlt,um jornal, daqueles que afirmam ter uma certa opinio, etc.;

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    llr A IOI)UAO DOS DAI)OS DOS INQUI,I,OS C]OMO INQUIIII? OS QUESI'IONAIOSl',u lt'cla populao e que todos os apuramentos arealizar com base nasrr",P1v5[1s a essas questes s podero abranger uma parte dos inquiri-,1,,:;. () que absolutamente necessrio evitar confundir as duasr,rr i,rutes do questionrio.

    I I pcla mesma azo de conservao da constncia das condies de,rl'licao de um questionrio que preciso que o entrevistador no selrrl1',rre obrigado a explicar algumas questes a uma parte dos indiv,lrros. O questionrio deve ser concebido de tal forma que no hajarr.t cssidade de outras explicaes para alm daquelas que esto expli-' r l,r ntente previstas.,\ t:onstruo do questiondrio e a formulao das questes constituem, por-ttutlo, uma fase crucial do desenaolaimento de um inqurito. No podemosrlcrXir certos pontos imprecisos, dizendo que mais tarde, perante asr',,;l)ostas/ os tornaremos mais precisos. Qualquer erro, qualquer inpcia,

    , 1 r t r t I q uer ambiguidade, reper curtir-se-d na totalidade das operaes ult eriores,r t I r' t s concluses finais.No caso das entrevistas, o problema da conservao de condies' ()rstantes coloca-se de outra forma. certo que, e j insistimos nessel'rrrrto, necessrio a estandartizao das questes e dos modos derlcrveno do entrevistador. Mas a prpria noo de comparabilidade"rtre pessoas adquire um significado mais vago que nos questionrios,vr:,to que cada uma segue a sua prpria linha de pensamento, o quefazr rr Q as entrevistas conduzidas atravs de um mesmo mtodo e al',rrtir da mesmas questes, possam desenvolver-se de forma completa-rrrt'rt diferente. J no possvel a comparao ponto por ponto mas,rl)('nas de uma forma global. Por outro lado, ao longo da anlise e darrrtcrpretao, cada entrevista considerada por si prpria e na suatol.rlidade. Portanto; e em princpio, podemos sempre ter em conside-r,rr;o, por exemplo, uma eventual alterao das questes ou reacesI'rriprias de uma determinada pessoa. A sistematizao estrita, sendo,lt'scjvel, no uma condio absoluta, como no caso dos questionrios.Uma outra consequncia do carcter estatstico da explorao de um( lurstionrio que o investigador nunca tem conhecimento da totalida-,lt' clas respostas de um mesmo indivduo. Mesmo quando tem curiosi-,l,rce em ler na ntegra alguns questionrios, o que muito "expressiuo",r':,[cs sero em nmero muito reduzido e no tirar deles mais do que, lllumas impresses. Na prtica, a matria com que trabalhar realmente',('r'o as tabelas estatsticas resultantes dos cruzamentos, sobre a totali-,l,rtle da amostra ou dc algumas sub-amostras/ em resposta a nunca mais

    179filosficas da sociologia. Muitos socirogos raciocinam como se o seuconhecimento pormen orizad,odo funcionmento da sua sociedade fossej suficiente, havendo apenas que reflecti., a purti. urt" .o'r.r".imento,para da retirar regras gerais ou, se r". pi"iu""; h;"r", de grandeamplitude terica. porm, se pensarmos que, a este nvel, ainda existemuito para descobrir; que as "escri"r" qlu podemos fazer actuarmen_te so insuficientes, ento, o interesse das estimatirrur, ;fa, de todas asformas de investigao emprica, torna_se evidente.Atingir os quatro objectivos que disting,ri*o, p.ursupe que os te-nhamos explicitado claiamente e que tenhmo, ,ouof,"ru.iorrui, o,iferentes conceitos utilizados, isio , que estejamos em condies defazer corresponder a cada conceito ura-ou mais respostas ao questio-l:io, respostas que iro servir como definies "p"iJ;""is ou comoindicadores de conceitos. se falarmos, por exempro, de uma atitude, necessrio determinar a regra que pe.mte inserir cada inividuo numadeterminada categoria "*r.rniao ur r,ru, respostas.contrariamente s diferentes formas de enirevista, a concepo e aredaco de um questionrio so inteiramente determinadas pera explo_rao estatstica oue para ere esteja prevista.l_Iri" i*pri." que se possalegitimame nte en'umera, ur-r"rportas para cada questo, ou seja, que sepossa efectivamente conside.u. .o*o "quivalentes ."rpo*", semelhan_tes' Isto parece uma condio evidente e sempru .,rpiiaa. Mas issoimpe que seja usado exactmente o mesmo questionrio para todas aspessoas inquiridas.t uma vez comeado o trabarho no terreno, est forade causa fazer qualquer modificaat no enunciado das questes ou nasua ordenao, mesmo que estejamos convencidos ae que se trata demelhoramento_s-importantes u -Lr*o que nos tenhamos dado conta deerros graves. Neste rtimo caso seria necessrio, e idear, recomearinteiramente o inqurito com o questionrio corrigidoeorid".u. nurasas respostas das primeiras pesJoas inquiridas. s nao irfrrrur*os de*"i?r.o., de tempo suficientes para iss, continuaremos com um versocorrigida, mas sabendo que."tu, questes s foram corocadas a uma

    Contudo' no preciso tomar letra.esta exigncia. se de facto necessrio ter sempre no esprito a futur,rxprorao estatstica e as suas imposiocs, e p'recis; *;;; ,";;r;;;;;;il'"'50,,u.,o u.",,ru",;ffifl-'.it#"1XJ"i:::'^tujrrdt Por "*".npio, poau-os pt-rhe uma qesto aberta que rrrt,*.:::9::::";;"**;t::lli:,l,1'j":",*::ia:'i:X".::il:i:t::?',',*,"-l*".f p"a"- '"i p,i",-" p",.o", casadas, vivas ol divorciadas). otrun,",iol",'u".'.uluil::,::""X:',",,T,';:::: i::r",:"1estesso postas riao au, ..,p,,,,.,,variantes no poaum ur".tai. .uspostas comuns q," ;";;fii';,;;:,'ffi;i:i,'"x::nl_j:

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    120 A t,t()r)uq,A() rx)s I)Atx)s rx)s lNet Jttit.t,()sde duas, trs -ou quatro questes. Isso implica que, em geral, no sejapossvel verificar hipteses fazendo intervir ,* g.un" nmero jt,variveis, nem contar com a verificao dos factos pra corrigir erros ouexplicar respostas supreendentes.Este limite no tem em si nada de fundamental, sendo antes a consc-quncia de duas dificuldades prticas. Em primeiro lugar; a interpreta-o dos resultados torna-se muito complexquando o rl--".o de vari-veis tomadas em considerao aumenta. N maioria dos casos, noestamos preparados para interpretar tabelas em que se cruza um grandcnmero de questes, com excepo dos casos, ainda muito raros naprtica do inqurito, em que dispomos antecipadamente de hiptesesprecisas, formalizadas num modelo que podremos verificar global-qrente (por exemplo, um modelo de causadade). porm, se os resulta_dos levam rejeio do modelo, encontramo-nos numa situao em quca informao demasiado complexa para ser tratada atravs de inter-pretaes informais.o segundo limite diz respeito ao nmero de pessoas que necessri.interrogar. Este nmero cresce de forma exponncial com o nmero dcquestes consideradas simultaneamente, atingindo-se muito rapida-mente amostras enormes, praticamente impossveis de obter.Mtodo recentes, ditos de anlise de dados, em geral derivados daanlise factorial e fundamentados no uso intensivo as possibilidadesda informtica, permitem resumir as respostas dadas a um grandcnmero de questes, analisadas em simltneo. Mas o, porludo.,destes mtodos so geralmente muito rgidos e, sobretudo, constituem--se mais como mtodos de descrio sistemtica e de ordenao dedados complexos do que de verificao de hipteses, as quais no s

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    ^ I'RODU^O DOS I)A)OS D()S INQUlrlllOSquer expectativa e no deve excluir nada do que possa passar pelacabea da pessoa a quem se vai coloc-la.Apesar da sua importncia, a redaco do questionrio continuadependente do saber-fa zer e daexperincia do investigador. Actualmen-te, no possvel enunciar as regras de construo de um questionrioe o modo de redaco das questes. Na melhor das hipteses, podemosenumerar um determinado nmero de cuidados e fornecer uma lista depontos sobre os quais bom reflectir. Mas estes conselhos so, na maioriadas vezes, negativos e s raramente resultam de estudos empricossistemticos que poderiam assegurar a sua legitimidade. So mais con-selhos prticos que se transmitem na profisso, apoiados no "bom senso"e na experincia. Nalguns casos, tentmos comparar, experimentalmen-te, diversas formulaes, mas as concluses que da pudemos retirar,apesar do seu interesse, esto ainda longe de conseguir cobrir todo ocampo e de fornecer respostas a todos os problemas que a prtica podecolocar.Paralelamente ao texto das questes, a ordem pela qual estas socolocadas tambm importante. Chegando-se a um certo ponto doquestionrio, as questes anteriores deram j pessoa, queiramos ouno, uma ideia do campo coberto pelo inqurito, j afamlharizaram como tema e a forma particular como abordado e j lhe deram a oportuni-dade para reflectir sobre ele. Fizeram-lhe ver aspectos do problemasobre os quais ela talvez no tivesse pensado. Tr-lhe-emos, provavel-mente, pedido para dar o seu parecer sobre opinies muito diferentesda sua: mesmo que ela tivesse todas as possibilidades de exprimir o seudesacordo, o seu quadro de referncia pode ter sido alterado. Umamesma questo, colocada no incio ou no fim de um questionrio, antesou depois de uma outra questo, poder portanto suscitar respostasdiferentes.Ao longo de um inqurito realizado no mbito de um estudo sobre amotivao em relao s mquinas de filmar de amadores, colocmos,por inadvertncia, a mesma questo logo no incio do questionrio e n

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    V24 r25A I'l{()l)l.J(,^() l)()S l)AlX)S lX)S INQtJIlll1)Spela primeira vez, aps uma longa lista de qucstes fechacas, ipclassuscitar respostas breves e pobres.Em princpio, h vantagem em agrupar todas as questes explicita..mente relacionadas com o mesmo tema. Caso contr rio, apessoa poderriter a impresso que nos repetimos continuamente, que a questionamossobre algo que j disse, enfim, que andamos s voltas. Contudo, quanclose trata de questes de opinio, de preferncias, de atitudes, etc., pot.vezes necessrio passar por cima desta recomendao para evitar qtrt'as respostas sejam enviesadas pela preocupao de coerncia.se necessrio garantir uma certa coerncia no contedo das questcse na sucesso dos temas, a variedad e na forma das questes , em geral,bem recebida, evitando uma impresso de monotonia, a qual conitittrium dos principais perigos dos questionrios longos.A durao aceitvel de um questionrio depende muito do interesst'que o indivduo tem pelo tema, da forma como ele elaborado e dascondies da sua aplicao. A tendncia dos investigadores a de, enrgeral, querer colocar o maior nmero possvel de questes/ sem pensa-rem/ por vezes, que ser necessrio no s aplicar o questionrio mas,tambm, explor-lo. Perante cada questo que nos ocorre, necessriuperguntarmo-nos, de forma muito precisa, o que faremos dela. Prepararantecipadamente a fase de apuramento permite, muitas vezes, tomarconscincia de que certas questes, aparentemente interessantes, sertrinteis, quer porque so a repetio desnecessria de outras, quer por-que so equvocas e exigem muitas outras questes complementarcspara serem interpretveis.Um questionrio composto, na sua maioria, por questes fechadas,no deveria ultrapassar os 45 minutos quando a sua aplicao feita enrboas condies, ou seja, em casa da pessoa ou num lugar tranquilo.ultrapassando esse limite, o interesse esmorece, o que se nota atravs dt'sinais como a brevidade das respostas s questes abertas ou a rapidczdas respostas indicando pouca reflexo sobre as mesmas. se o temainteressa de facto pessoa, o questionrio pode ser mais longo, mas nodevendo, contudo, ultrapassar uma hora.Quando o inqurito se faz por amostragem no local, na rua ou cr-lugares pblicos, estando o entrevistado e o entrevistador de p, tenco volta pessoas que falam ou que podem intervir, dez minutos omximo que o inqurito deve durar.Existem questes que so particularmente aborrecidas. E o caso, por.exemplo, daquelas que exigem descries minuciosas dc comportarncrr-

    t(:,, ('rn si mesmos pouco interessantes ou a propsito dos quais asl,(,ssois gostariam e dizer coisas diferentes daquelas que lhes so1',,.1i.trs.=Em contrapartida, questes sobre as opinies e os juzos de,',rl,,r so, em geral, "* t"."bidas' As Pessoas inquiridas tm a impres-,,, lt" s" m" pede, de facto, a sua opinio e isso corresponde perfei-l,rnrc'nte ideia que fazem dos inquritos'()s pedidos de justificao de uma resPosta, sob a fo111de "porqu"',r, rt'sentado a cada questo, provocam facilmente a irritao das pes-,,(),s que tm muita dificuldade em resPonder e que Pensam que essas' lrostes so indiscretas, sobretudo se se repetemSc, como acontece por vezes numa investigao complexa' o nmero,lt'cluestes necessas, mesmo quando as examinmos criticamente', ()ntinua a ser demasiado elevado, fica a possibilidade de as dividir em,lois ou trs grupos elaborando vrios questionrios distintos, os quais,t,r.o aplicad, * amostras comparve1s mas independentes. O defeito,,,ais evidente desta forma de aituar o de que duplica ou triplica orrrirnero de pessoas que necessrio inquirir e, por colsequncia' o custo.l,r inqurito. Mas, itto pot vezes mais grave, alguns apuramentost,,rrra-se impossveis: n podemos crrtzar duas questes que noIoram colocadas s mesmas p"ttout. Antes de resolver desdobrar um(luestionrio, torna-se indispensvel verificar se todas as exploraes1rcvistas so possveis. Quando esta explorao prev q'e um nmeroli,cluzido de variveis explicativas sero cruzadas com todas as outras(l'cstes e que no havei cruzamentos entre estas, bastar colocar as,iucstes reltivas quelas variveis nos dois questionrios'l;ma soluo inteimdia, e que evita estes inconvenientes, consiste emirrquirir a mesma pessoa duas u mais vezes. Neste caso, o perigo residerros aspectos temporais que controlamos muito mal: no sabemos bem,,.1ue pode acontcer no perodo de tempo que medeia entre a aplicao,t,o di, questionrios. Algumas pessoas podem reflectir sobre o tema(,()utras nem sequer voltar a pensar nele. Pode produzir-se um amadu-*,cimento que modificar o pnto de vsta da pessoa ou acontecimentost,squecidos podemvoltar memria' So, portanto' necessrias algumasprecaues.

    ( ()MO INQUIllt? ()s QUIiS I ION^'ltos

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    126 A I',l()l )[Jq A() I X )S I )A I X )S I X )S I N(-)t ]trtiilI )s4.3 TrPOS DE QUESTES

    No que respeita ao seu contedo, podemos distinguir duas grandcscategorias de questes:- Aquelas que se debruam sobr e os factos,em princpio susceptveisde serem conhecidos de outra forma sem ser atravs de umnqu-rito. Por exemplo, poder-se- perguntar pessoa inquirida q,rI.,jornal que leu na vspera, em que lugar trabalha, onde 3 qucpassou as ltimas frias, etc.- A,quelas que se debruam sobre opinies, atitudes, preferncias, etc.Negse caso, podemos perguntar "pensa que este jornal objecti-vo?', "porque passou as frias nesse local?", "o trajecto at ao seulocal de trabalho cansativo?", etc. Este conjunto de questes toheterclito, que tm em comum o tratarem pontos impossveis dcconhecer de outra forma, muitas vezes chamado de questo"psicolgica" ou "subjectiva". Estes termos so equvocsr umcomportamento to "psicolgico" quanto uma opinio e qual-quer inqurito procura estudar atitudes "objectivamente". A altade melhor, ns chamamos-lhes questes de opinio, sabendo quceste termo abranger questes muito diversas.Alm desta classificao segundo o contedo, as questes tambm scpodem distinguir pela sua form; Assim, poderemoi opor:- As questes abertas s quais a pessoa responde como quer, utili-zando o seu prprio vocabulrio, fornecendo os pormenores ofazendo os comentrios que considera certos, sendo quilo que dizintegralmente anotado pelo entrevistador.' - As questes/echadas, onde se apresenta pessoa, depois de se lhcter colocada a questo, uma lista pr-estabelecida de respostaspossveis de entre as quais lhe pedimos para indicar a que melhorcorresponde resposta que deseja dar.Finalmente, o questionrio pode comportar outras coisas que nosejlm questes em sentido restrito. poder-se- pedir s pessoas paraordenar objectos,3 atribuir-lhes notas, constituir ategoriai, estabecercorrespondncias, etc. Tcnicas muito gerais, como ai cor.rparaes dcPares, ou mais especficas, como o diferencial semntico, e at mesmotestes projectivos, so utilizadas no mbito dos questionrios.

    c()MO INQUIIlt? os QUtisl IONAItos 127( 'ontudo, na parte que se vai seguir, semPre que no o precisarmos

    I r,rl,rr-se- de questes propriamente ditas.

    4,4 QUESTOES ABERTAS E QUESTOES FECHADAS

    l',,r' clefinio, num questionrio, todas as questes so formuladas,rrrtt,cipadamente e o entrevistador deve coloc-las sem adaptao nem,.r1,lico. nesta condio que as respostas de diferentes pessoas1,,,tlcmLer consideradas comprveis, que poderemos quantific-las er luc serve para uma explorao estatstica. Podemos levar a estandar-rir.ro mai longe e unformizar igualmente as respostas pedindo a, ,(la pessoa para escolher a sua numa lista pr-estabelecida. Neste caso,,' ,1,,"rto dr-sefechada.Caso contrrio, se a pessoa responde livremente,,, ,1uesto chama-se aberta. A maioria dos questionrios contm, eml,r'oporo varivel, os dois tipos de questes'

    Na prtica, quando a questo fechada, apresentamos a lista dasrcsposas previtas inscrits numa ficha precisando o que se espera da1,.'rrou inquirida. A instruo pode revestir-se de formas muito diferen-It's, sendo as mais usuais:-- Indicar aresposta mais adequada.- Indicar adrias respostas, sendo liare o nmero de respostas poss-veis.- Indicar o drias respostas, sendo firo o nmero de respostas possveis.- Ordenar todas as respostas, da menos mais adequada'^- Ordenar as n (nmero fixado) respostas mais adequadas'De acordo com cada um dos casos, a informao recoihida ser mais()u menos rica e a tarefa pedida ser mais ou menos difcil'A lista das respostas pode reduzir-se simples alternativa sim/no()u ser muito longa. ser^bom prever nessa lista duas rubricas suplemen-l.rres: "nO Sei" e iOUtraS reSpOStaS", S quaiS Seria neceSsriO aCresCentar,lx)r vezes, a recusa da questo tal como colocada, ou a simples recusa,r rcsponder (cf. 7.1.4).N momento da explorao ser importante prestar ateno s dife-r.t.rrtes respostas imprvistas. Quando em nmero muito elevado, sosirral de que a lista foi mal concebida ou qu9 a questo loi T1l formulada't'Ontudo, as pessoas inquiridas so geralmente muito dceis, mesmo

    V

    3 O termo "objecto" aqui uiilizado em sentido lato. Poclero ser, tambm, pessoas, opinics, situtrtcs, ctr

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    l2rJ A I'l( )l )t J(,/\( ) tX )S I)AIX)S tX)S lNetJ|itl t,r )S ( OMO tNQU tl{ll1 ()S QUIiS ILONAIIOSrr,ilil)uladas, por lhes ser imposta a permanncia num quadro que' ' )rsiLlcram inadequado.alrrtrccluzindo algumas questes abertas, dar-se- pessoa a impres-',,r,r, justificada ou no, de que de facto est a ser ouvida. Alm disso,,,',l,rs cluestes podem servir de apoio a quem interpreta os resultados,, ,r , r's [c se quiser dar ao trabalho de ler a transcrio textual de pelo menosrrrrr,r parte das respostas. Contudo, preciso no contar muito com esta| ', ',,sibilidade de alargamento: as respostas a uma questo aberta, que se',rrtt'cle a uma longa srie de questes fechadas, so frequentementer r r r r i I o pobres, quer porque, por um lado, as pessoas se habituaram a darrr ",P1;5f3s curtas, ou, por outro, a ordenar e a escolher sobre um materialt,r l)rorlto. Esta segunda conduta tem com frequncia mais importnciarlo rpl pensamos na explicao da pobreza das respostas s questes,rl't'r'ttrs. Se estas so apenas um pretexto, isso no grave. Se, pelo,trrrtrrio, as quisermos utilizar, a dosagem e a sucesso das questes,rlrt'rtas e fechadas assume uma grande importncia.Uma outra raz,o para escolher a forma aberta que esta abre aI ',,ssibilidade a vrias'codificaes diferentes: uma sobre o contedo dar('slx)sta ou sobre os aspectos desse contedo, uma segunda sobre um' utro aspecto ou sobre a forma, etc. Por exemplo, num inqurito sobre, r'onhecirrento da sinalizao rodoviria, apresentava-se cada sinal l'('ssoa inquirida e pedia-se-lhe para indicar a sua significao. As res-| ,ostas foram codificadas, por um lado, segundo a gravidade do erro, do| ,( )rto de vista da segurana, sendo essa codificao a mesma para todos, r,, sinais e/ por outro, segundo o tipo particular de erro cometido, sendo,.rrt.io, as categorias utilizadas especficas para cada caso. Ao escolher',rtre as duas formas de questo, preciso ter em conta o facto de querrrrr.r lista de respostas fornece, quer queiramos quer no, um quadro der t,lt'rncia e lembra pessoa aspectos do problema sobre os quais talvezrr,ro tivesse pensado espontaneamente. De acordo com cada caso, issol',,tc ser considerado como uma vantagem ou um inconveniente. Pori','zcs podemos temer que uma pessoa, perante uma questo aberta,r':,(luca certos aspectos e d a primeira resposta que lhe ocorra, sem quer',.sa "eSColha" possa ser considerada como significativa. Uma lista der('spostas que cubra a totalidade do campo permite evitar estes enviesa-rrrt'utt)s. Noutros casos, pelo contrrio, podemos recear que certas res-I lrrrprt'sso muitas vezes pcrfeitamente leetima. Veremos mtris adiante que a c-scolha cias respostas podcrrrIIrrt rrri,rr fortcmcnte ,r rcspost.r c1ada.

    129demasiado dceis, e aceitam facilmente corocar-se'a situao que lhc tlpedida, mesmo que ela-no corresponda exactamente ao que pensam.uma questo aberta levanta, primeira vista, menos ai?icaades. is c.oloc-la e registar textuarmente a resposta. Mas, depois, precis.codificar essas respostas, ou seja, agrup-ias num p"q.ro nmero crccategorias, o que, por vezes, levanta problemas dellcaos de anlise d.contedo.

    Do ponto de vista da anlise dos resultados, as questes fechadas so,a priori, as mais cmodas. Todas as pessoas que tiveram a mesma ristade respostas debaixo dos olhos so imediatamente comparveis. euan-do se trata de um inqurito de apricao e de explorao rpidas, comouma sondagem de opinio, esforamo-nos por ter apenas este tipo dcquestes. Nos inquritos mais aprofundados, a escorha feita par cadaquesto. As razes para escorher uma ou outra forma so numerosas.A razo mais frequente, mas no necessariamente a melhor, paraformular uma questo aberta o no se ter tido tempo de elaborar alista de respostas a propor s pessoas, quer porque os pr-testes dcrquestionrio foram insuficientes, quer porque as respostas a essespr-testes pareceram demasiado compexas^para podrem ser resu_midas numa lista de tamanho aceitvI. Desie -oo, podemos ter ailuso de respeitar a riqueza de pensamento das pessoas inquiridas ede recolher um material mais comprexo do que uq"re que obteramosse a questo fosse fechada. contudo, preciso .rao "rqr".er que naaltura da explorao ser necessrio u.itu, uma simpiificao e re-duo, atravs da codificao, da diversidade das rspostas a umpequeno nmero de categorias. Isto no mais do qrr" ,.u.rru. perantea dificuldade, a no ser que se tenha previsto, para arm da codifica-o concebida em funo da anlise esiatstica, uma outra anlise maisqualitativa' Quando previmos fechar uma questo e no conseguimoselaborar uma lista de respostas aceitveis, isso muitas vezes sinal dcque ela est mal colocada., Outras razes podem, com mais justificao, levar_nos a preferirdeixar uma questo aberta. Aprimeira que um questionrio totalmentr.fechado, sobretudo se for longo, torna-se rapidamente fastidioso. Apoi-ando-se nas listas de respostas que rhes apresentamos, as pessoas podernreflectir cada vez menos e tomar cada vez menos cuidado com o q'(,dizem. Algumas podem tambm irritar-se ao ver que no as deixa'rexprimir-se livremente e sua maneira e ter a impresso quc est. a scr

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    130 A t,ro)uAO IX)s t)At)os t)os INQUIiRt l,()s COMO I NQUI II R ? OS QULS'TIONAIIOSrrrrl,rs pcssoas utilizem a mesma nomenclatura e o mesmo grau de1,,'r lcio e de pormenor nas suas descries. Por exemplo, num inqu-rrlo sobre os oramentos domsticos poderamos perguntar simples-r r r r r tt, a cada pessoa inquirida para anotar diariamente as suas despesas,,lrrr,rndo-lhe a possibitidade de escolher os termos utilizados. As res-l'(,:,r(s obtidas poderiam ento ser muito diferentes umas das outras.\lllrrrnas seriam demasiado pormenorizadas em relao s necessida-,1,':, co inqurito e, portanto, pediriam um trabalho de codificao,rrPlp"t't1ur, enquanto outras no o seriam suficientemente, tornando-',,' inutilizveis. Uma mesma comPra poder ser indicada Por umal,'':,soa como "legumes" e por outra como "ervilhas muito Pequenas/ em*rscVsr da marca X", enquanto que a informao pretendida eral,rlvez "legumes em conserva".tJma lista dada pessoa evitar estes problemas e ter a vantagem de,,r,rvir para fazer recordar. Com efeito, pode admitir-se que se ela for',r r I it'ientemente completa permitir evitar certos esquecimentos.

    I'erante as dificuldades da escolha entre abrir ou fechar uma questo,r,,( orremos por vezes frmula seguinte. Poder-se-, por exemplo,' ()locar a questo aberta e dar ao entrevistador uma lista de categoriasrr,rs quais ele codificar imediatamente a resposta obtida. Isto consiste,,lt,iacto, em evitar uma oPerao de codificao distinta e, estando o,,rrtrevistador no local e tendo todos os indcios suplementales forneci-,los pel pessoa (tom de voz, hesitao, etc'), poder-se-o evitar certos,,rnrs. Mas perde-se, evidentemente, a possibilidade, por exemplo, de,,1{,ctuar vrias codificaes diferentes, as quais constituiriam uma longal,rlefa para ser efectuada no local. Renuncia-se igualmente segurana,l,r dupla codificao feita por duas pessoas distintas.

    Quando tratarmos da anlise estatstica das respostas referir-nos-l'rnos naturalmente s respostas s questes fechadas. Para que asr(,spostas s questes abertas possam ser exploradas da mesma forma l,reciso codific-las, ou seja, agruPar as respostas, todas diferentes, quelr,r'o sido recolhidas, num Pequeno nmero de categorias que sero em,,t'guida tratadas da mesma forma que as resPostas s questes fechadas.

    I)ara que uma codificao correcta, com uma perda minma de infor-rrr.ro, seja possvel, necessrio dispor do texto exacto das respostas.lr preciso, portanto, que o entrevistador registe o que dito, sem efectuar(luilquer triagem, resumo ou simplificao. Com efeito, se a questo ,rlrcrta, possvel que o seja por causa das complexidades de codificao(lue levaram a que tenhamos sido incapazes de a fechar previamente.

    131postas sobre as quais a pessoa no teria pensado espontaneamente lhcpaream/ no mometo, sedutoras e que as escolha sem grande reflexo.Ao propor uma lista fornecemos pessoa indicaeJsobre o campodas respostas que consideramos aceitveis. Isto pode ser um meio dcfazer aparecer respostas que, de outra forma, rgr-a, pessoas noteriam coragem de dar por pudor, por medo de parcer incnvenientes,etc. Perante uma questo aberta em que, po. eiemplo, seja evidente oseu contedo sexual, apenas .r-u p"ra"ntagem minma de pessoas sepronunciar. Transformar essa pergunta numa questo fechada naochega para ultrapassar todas as reaces de medo, mas alarga, contudo,o campo de respostas obtidas e, por vezes, tambm o orienta. semabordar temas to delicados assinalemos, como exemplo, uma questosobre as vantagens do automvel. com uma questo aberta p"ru,obtemos respostas muito vagas ou ento perfeitmente racionais. pro-pondo uma lista onde, ao lado destas vantagens racionais, apareamoutras menos "confessveis", como o prazer da velocidade, apercebemo--nos que uma fraco no desprezvel de pessoas a escolhem, sobretudose a questo lhes permitir dar vrias respostas. Esta fraco aindareduzida em relao quela que podemr pr"rr". obter a partir deentrevistas no-directivas, mas suficiente pra pelo menos cnfirmarque esse prazer pode ser reconhecido e para que se possa, a partir da,deduzir as caractersticas daqueles que aieitam dizer que procuram essePrazer..-su t^u lista pr-estabelecida de respostas pode assim alarga aosolhos da pessoa, o campo do aceitvel, pde tambm restringi-lolencon-trando-se a uma fonte de enviesamentos muito frequente. voltaremosmais pormenorizadamente (cf. 4.5.3.3) formulao destas listas derespostas, revendo alguns dos riscos em que incorremos quanto in-fluncia exercida desta forma sobre ut p"rsar. se sabemos prfeitamen-te que a formulao de uma questo poe afectar fortement as respostasobtidas, a escolha das respostas propostas tambm muito impoitante.Para evitar estes riscos, acrescenta-se, em geral, no fim da lista, rubrica"outras respostas", pedindo-se ao entrevistador para transcrever nantegra a resposta no prevista. Mas preciso no cntar muito com estacorreco; a experincia demonstra que muito poucas pessoas a utili-zam' uma resposta j formulada mais atraente o q.t" *a ideia aindaconfusa que se possa ter.Quando se trata de questes factuais, sobre pontos que no pemproblemas, utilizar questes fechadas tem a vantgem deiazer com quc

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    l:\2 A l'l()l)[J('A() IX)S t)AIX)S I)()S INeUtrtI.()S ( ()M() rNQIJilrr? ()s (luljs t IONAllosnrn,tivo e exigir que se procure onde o modificar, seja pela introduo,lc tlistines nas categorias numerosas, seja agrupando outras. Se iston,ro Ior possvel, porque a questo foi mal colocada ou se debrua sobrerrrrr 1-r1;11fs em relao ao qual a populao era muito homognea paa' lu(' scia possvel utiliz-la.

    4.5 FORMULAO DAS QUESTOES,I I; 1 PROBLEMAS GERAISI rrrrir questo tem por objectivo adquirir uma determinada informao.lolri-se ento necessrio coloc-la de forma a assegurarmo-nos que del,rr'to ser essa e apenas essa a informao que obteremos. Para isso no' ,r istc uma regra geral ou receitas que apenas precisem de ser aplicadas.lrrtlo o que se pode fazer assinalar os pontos com que precisamos ter, rriclado e evitar certos erros. Mas isso no exclui a reflexo e pode-se',(,rpre imaginar situaes em que um investigador, para responder aos,,lr jcctivos precisos do seu inqurito, wtllizar uma formulao habitual-r r rt'rt desaconselhada.(]uando se concebe um questionrio importante conservar uma,rlittrde emprica. Perante duas formulaes propostas para uma mesma'lu('sto, mais do que nos perdermos em discusses sobre os mritos e, r.' 1-religes de cada uma, prefervel test-las, ou seja, coloc-las a umal)('(Llena amostra e analisar as respostas que cada forma suscita. Dedi-r,il'(ros, no final deste captulo, uma seco ao pr-teste do question-rro. ffi35 ao longo de toda a fase de concepo e de redaco que rrt,t'cssrio ter bem presente esta possibilidade (cf .4.6).I)epois disto, possvel enumerar, sem pretender faz-lo exaustiva-rrrcrte, algumas observaes de mbito geral. Em primeiro lugar, or',,t'abulrio deve ser simples, o que sendo evidente frequentemente,lilcil de conseguir. Quem redige o questionrio , em geral, relativa-rnt'rte culto. Por esse facto, corre o risco de utilizar um vocabulriol'()uco habitual e que no ser compreendido por todos ou, ento,, orrsciente desta dificuldade, recorrer a uma linguagem artificialmente',rrrrplificada ou "popular". Em princpio, um dos objectivos das entre-v ist.rs prvias, no-directivas, precisamente o de conhecer o vocabul-rro rrtilizado ptlirs pcssoas, para saber que termos empregar. i no

    r33Nem sempre sabemos quais os traos pertinentes que sero retidos parncodificar cada resposta. se o entrevistdor, ao registar a resposta, faz elaprprio a triagem, no retendo seno aquilo q.te lhe par"" importante,arrisca-se a deixar escapar pormenoreJ cujo nteresse s mais tarde screvelar. Por exemplo, pode considerar prescindvel o facto de umapessoa manifestar ou no hesitao ou dvida e apenas registar aresposta em si, ou melhor, o seu "contedo". Em mlitos casos, estahesitao no ter efectivamente qualquer importncia, mas no pode-mos excluir, a priori, codificaes tendo por bjecto exactamente estcrponto, revelando-se til para a interpretao dos resultados distinguiras pessoas seguras na sua resposta das outras. Torna-se ento necessrioestar preparado para efectuar tal distino.A estas subtilezas pode-se objectar que a prpria pessoa "codifica" asua resposta, que no diz certamente tudo o que lhe vem mente,particularmente se as questes que lhe so colocadas so curtas e preci-sas e/ sobretudo, que cada uma no "codifica" da mesma maneira. Ecertamente um ponto muito importante que preciso ter em conta nomomento da interpretao dos resultados. E preciso no se concluir daque a codificao . impossvel, mas perguntar se os traos pertinentesque retemos tm hipteses de ter sido expressos por todos e se somoscapazes de os interpretar correctamente. Podemoi tambm dar a cadapessoa indicaes suficientemente claras sobre o que dela se espera para,na medida do possvel, uniformizar, por si s, esa "codificao".Codificar as respostas a uma questo aberta remete portanto para umproblema de anlise de contedo, to complexo .o*o a anlise dasentrevistas no-directivas. As principais difeienas residem no facto deo material para analisar ser muito limitado e de as imposies daexplorao estatstica exigirem que se reduzaa diversidad" dus.espor-tas individuais a um pequeno nmero de categorias. o momento crucialsitua-se na construo do cdigo, ou seja, t o mo*ento em que scestabelece a lista das categorias com as suas definies.um dos indicadores da qualidade de um cdigo , paraalm, eviden-temente, da sua adequao ao problema estudad, sua facilidade dcemprego. se for necessrio recorrer com frequncia a aproximaes ouinterpretaes para decidir em que categori colocar .du ."rposta, schesitarmos muitas vezes entre iversas categorias, se ficarem muitasrespostas inutilizadas, porque o cdigo no bom.se um nmero muito reduzido de categorias agrupa muitas pessoase um grande nmero agrega muito poucs, o cdgo^ser pouc. cliscri-

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    l:',t /\ l'l( )l )t i(,^( ) lX )lj l)AlX ):i lX )s lN(_)l ll,tit l( ),, ( ( )\l( ) lN(_)t Jll(llil ( ):. (-)t ll;\ I l( )NAll( )s l:l;1'r,'lt'r'vc.l pcdir estimativas ntlmricas, meslno irnprecisas/ ou Proporr,',r ,rl.rs 11c frequncia. Todavia, lem semPre isso possvel, pois certas,lu1'r.t()cs so demasiado avessas a avaliaes numricas e impor essa,r r',rlia(-o pode parecer completamemte artificial.I'or vezes, o emprego daqueles termos ambguos pode ser til, nol',u, ()bter uma frequncia mais ou menos objectiva, mas Para saber, , 'rrr) que essa frequncia sentida. Por exemplo, se queremos estudar ,,r', rt'laes de vizinhana e colocamos a questo "acontece-lhe trocarl,r\,()rcs com os vizinhos?", a resPosta "muitas vezes" ou "raramente" l,rov.VhTente mais significativa que "duas vezes Por semana", a qualrr,rt I tcria qualquer sentido, sobretudo se o que nos interessa a insero',,,r'i.1, tal como esta sentida, e no a materialidade dos factos.

    ( ) sentido de certos tetmos, mesmo muito simples, pode igualmenter',rliar com a categoria social. A palavra "livro" ter, por exemplo, ParaI 'r'ssoas cultas um sentido muito mais restrito que para outras, as quaislrrlobam neste termo tudo o que se pode ler e que no vem nos jornais,r('vistas, fotonovelas, bandas desenhadas, Por vezes folhetins, etc. Narrrcclida em que, em geral, o termo no pode ser evitado, contornaremos,r tlificuldade definindo-o claramente, eventualmente atravs de uma|rurro, o que aPresentar, para alm de outras, a vantagem der,'lcmbrar certas categorias e, Portanto, evitar certos erros devidos ar':iluecimentos.

    Da mesma forma, o verbo "sair", que somos muitas vezes tentados autilizar nos inquritos sobre os lazeres, Pode ter, Para uns certas cono-l,r'es erticas ou sentimentais o que no acontecer em relao a outros.z\ssim, ser de evitar a sua utilizao ou precisar exactamente o seu,,ignificado.Um outro enviesamento, bem diferente dos anteriores, consiste emlormular uma questo de forma a considerar certos pressupostos como

    ,rtlquiridos. Uma brincadeira clssica consiste em Perguntar a algum'sc j parou de bater na mulher", o que o ir embaraar inevitavelmente.t]Lrr iesponda sim ou no, ter recnhecido que batia na mulher. uma.rnnadilha em que se cai facilmente quando redigimos questes, tanto( om mais frequncia quanto mais familiarizados estamos com o assunto.('onsiderando certos pontos como adquiridos, coloca-se uma questot[Lrc s tem sentido em relao a esses mesmos pontos'I'ara referir um exemplo muito simples, a questo "que jornal leuontem?" pressupe que de facto se tenha lido um iornal na vspera.('omo no ler muiias vezes considerado desvalorizante, podemos

    entanto necessrio recordar que as pessoas inquiridas consiclcram, gt,,ralmente, o entrevistador como algum culto, pelo que considcrarianrbizarro v-lo empregar algumas expresses populares ou familiarcs,mesmo que estas faam parte da sua prpria linguagem.. Um outro perigo ligado linguagem do invesiiguo. p.o.r"m da suufamilariedade com os temas abordados no inquiito. eando chega i\fase da redaco do questionrio, h j muit, ,"rrrur,us, e por vezcsmuitos anos, que reflecte sobre o problema, que se informa, qu o discu tt,com especialistas e que 1 o que j foi publicado u err propsitu,Acumulou, portanto, ao mesmo tempo, uma informao geial qr" numaior parte das vezes ultrapassa largamente a dos futuro inquiridos,um certo nmero de conceitos especficos e, sobretudo, um rro.b.rlri,,tcnico que, para ser til ao especialista, tem todas as hipteses de serdiferente do da restante populao. Em particular, poder ter tendnciapara utilizar certos termos correntes num sentido muito mais preciso doque o seu sentido habitual. um pr-teste do questionrio dveria, enrprincpio, diminuir esse risco.Muitas vezes a definio que esperamos do inquirido relativamentesimples e podemos comunic-la facilmente. Noutros casos, o conceittrexacto elaborado pelos especialistas mais complexo e no tem qualquerequivalente na linguagem corrente. por exemplo, o Ministrio do Tiaba-lho efectua regularmente um inqurito sobre a "populao activa,,, sencloesta definida de forma muito precisa. ora, evidnte que no podemossaber se uma pessoa activa ou no corocando-lhe directamente trquesto, pois esta teria para ela, na melhor das hipteses, apenas unlsentido vago. Dar uma definio exacta, da mesma frma qre fazemospara os especialistas, difcil. Essa definio muito complexa, prevmuitos casos diferentes para que se possa ter a certeza de que a pessoaa quem colocamos a questo d a resposta correcta. poi isso que st,opta por uma posio diferente: a questo decompsta em vriassub-questes, correspondendo cada uma a um dos aspectos da defini-o, sendo suficientemente simples para que cada um possa responderrcorrectamente, sem dificuldade e sem nunca utilizar a palavra "activo',.Posteriormente, durante a codificao, proceder-se- uo, ugrrpument.spretendidos. evidente que uma questo deve ser compreendida por todos clamesma forma. Far-se-, portanto, um esforo para evitar i".-o, vagoscomo "frequentemente" ou "muitos", uor q.ru cada um pode atribirir.um significado diferente, em funo do seu quadro de referncia. li

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    t:\736 A I'li( )l )1.(. A( ) I X )5 I ),\l X )s I X )\ IN(-)t ll;l(l | ( )sesperar que apenas um nmero reduzido de pessoas totnc a it-ticiativ.tde responder "nenhum". T1 questo enviesada e levar a qLIc s('sobrestime o nmero de leitores. Seria preciso comear por perguntar st'lmos um jornal (precisando, evidentemente, o significado que pretcrr"demos dar a este termo) e depois perguntar qual, apenas a quelrespondeu afirmativamente.A utilizao de pressuspostos implcitos pode ser um mtodo c1t'manipulao, voluntria ou involuntria. Uma das acusaes feitas tssondagens de opinio exactamente o facto de se colocarem questeicsque s tm sentido no quadro de uma determinada ideologia e de umacerta concepo da sociedade e da poltica, reforando, desta forma, essaideologia. Por exemplo, ao colocar a questo sobre o futuro de untdeterminado nmero de homens polticos, admitimos que a poltica aaco de indivduos e no de grupos ou de classes e que so os mesn-osindivduos que sero ainda importantes nos prximos anos. Voltaremosa este ponto a propsito das questes de opinio.

    Este mesmo procedimento pode ser utilizado conscientemente parilfazer admitir aspectos delicados que dificilmente se confessam. Porexemplo, os psiquiatras ao longo de uma anamnese no pem a questtr"voc masturbou-se?" a qual provoca aPenas um nmero reduzido derespostas afirmativas/ mas perguntam directamente "com que idadccomeou a masturbar-se?", questo que pressupe uma resposta positi-va anterior e considera normal a situao implicta.Mas o que pode ser legtimo para um psiquiatra -o muito menos nombito de um inqurito, o qual no corresponde a um pedido da pessoainquirida. Existe aqui um limite deontolgico e, alm disso, precisoque o prprio investigador no caia em armadilhas que Possam falsearseriamente as suas concluses.As diversas precaues tcnicas, evidentemente necessrias, que Po-demos tomar para evitar certos erros/ resolvem aPenas de forma parti-cular um dos problemas mais difceis da metedologia dos inquritos, trda formulao de questes que tenham o mesmo sentido para todos.Conseguir isso implica vrias condies. Em primeiro lugar, como jiivimos, no s necessrio que cada termo seja entendido, mas entendi-do da mesma forma por todos. Depois, necessrio que a prpriaquesto o seja, porque esta pode ser percebida de forma muito varivcl,mesmo se cada palavra no colocar, por si s, qualquer problema. Otrseja, em causa est a questo das diferenas entre SruPos sociais e cl.rforma como essas diferenas so representadas.

    (-)rrando a varieclade de significados de um mesmo termo entre cate-1,or i,rs sociais, ou entre regies, pode ser considerada como um simples| ,r, rlrlcrna de definio, como ocorre nos exemplos dados, uma alterao; l'. \,ocibulrio ou a explicitao do que pretendemos pode ser eventual-rrrlrrtc suficiente. Mas a pesquisa de um vocabulrio comum, mesmo, 1rr,t rrco realizada com sucesso, pode esconder diferenas. Para quem serrrtt'r'cssa pelo estudo das prticas de leitura, saber que Para alguns umat,,tonovel um livro e pala outros no o , constitui uma informaor rr r pl;1[1nlg.

    l,rr-r certos casos, a relao entre o vocabulrio utilizado e aquilo querlut'r'{JroSstudar pode ser ainda mais estrita. Por exemplo, algumasl,,,rruo, s consideram a "poltica" como aquilo que est directamentelrl,,,rclo s actividades partidrias ou do governo, enquanto que Para,rrtrrs isso compreend tudo o que diz respeito vida social, conside-r ,r rrdo que a implantao de um centro comercial, as fileiras escolares ou,r ,rtitude em relao homosexualidade, so problemas polticos. Nester.rcurplo, provvel que, mais que a categoria social seja a prpria| ,,,rio poliica que ir determinar o camPo coberto pela palavra "polilrt,r". Se colocarmos uma questo em que esta palavra aparea, quer, ()ro adjectivo, quer como substantivo, aprpfiaforma como a questot()r.compreendid poder fazer parte do que procuramos estudar.

    I'ara evitar erlos ou ambiguidades deste gnero no possvel contar, r)t recusa das pessoas em resPonder a uma questo muito afastada,l,r sua prpria experincia. Com efeito, essas recusas so relativamenter ,rr'.ts. S excepcionalmente um especialista coloca questes que aPenas,,t,jarn compreensveis para uma fraco da populao. se uma questol( )f francamente recusada, o preju zo no ser muito grave pois sabemosr rrrde que nos encontramos. Em contrapartida, o que mais frequenter,rllr.du.t^ projecte sobre a questo o significado que lhe parece, rt lcquad o, t"m q.te tenha os meios para verif icar a concordncia dessas,rrinificaes.

    A preocupao, normal, em aplicar um questionrio idntico a todos,,s rnembros de uma populao, defronta-se com obstculos srios,',obretudo aqueles que pode ser perigoso contornar muito rapidamente.Nlcsmo se nos protegemos de pressupostos globais, renunciando a dizero tluc qn"r qr' seja sobre a populao no seu conjunto, pretendemos,,.rl, g"tI, comparar diferentes categorias entre si, e Para isso necessrio, ,,lrcar a todo as mesmas questes. Mas, desta forma, corremos o risco,lt, recluzir cada grupo ao que tem de comum com os outros, o que tem

    ( ( )lvl( ) I NQl. I I Ii I l ( )S (JL J I rS'l l( )N A ll( )S

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    rl3lJ ( ( )M( ) l N(lt J l l{l li ? ( )S Ql. JlrS l l( )N All()S l3eA l'li()l)U('A() lX)S l)AlX)S lX)S lNQtilrl(ll1)Stodas as possibilidades de ser empobrecedor. Ao invs, a justaposirode questionrios ou mesmo de tipos diferentes de inquritos, cada ulrbem adaptado sua categoria, formar um mosaico cuja sntese scrrtalvez impossvel.4.5.2 QUESTES DE FACTo4.5.2.1 Questes de facto e questes de conhecimentoVimos que a distino entre "questes de facto" e "questes de opinio",apesar da sua comodidade, nem sempre clara. Particularmente quancose trata de factos, necessrio saber-se se nos interessam os factos"objectivos", ou seja, tal como os poderamos conhecer de outra forma,sem ser atravs do que nos dizem, ou se a representao do conheci-mento que delas tm as pessoas que constitui a informao pertinentr.,Por exemplo, podemos querer conhecer o tempo que uma pessoa neces-sita para ir para o trabalho e pensar que perguntar-lho directamente t"mais simples do que estabelecer medidas. Mas podemos tambm pensarque actuamos, em geral, no em funo de uma medida objectiva masda ideia que dela fazemos e portanto que essa que necessrioconhecer, pelo que s perguntando se poder obter essa estimativasubjectiva. Embora, no essencial, as questes a colocar sejam as mesmas,e haja investigadores que consideram que a distino no tem sentido,pois apenas poderemos conhecer avaliaes subjectivas num inqurito,as precues a tomar em cada caso e as verificaes que poderemclsfazer no sero as mesmas. Se o que nos interessa uma informaoobjectiva daremos pessoa todas as ajudas possveis para que a sutresposta seja correcta; no caso da durao da deslocao at ao trabalho,recordar-lhe-emos todos os trajectos anexos, os tempos de espera, etc.Noutros casos, poderemos incit-la a referir-se a documentos ou outrosvestgios, etc. Se, ao contrrio, a representao que queremos percebelevitaremos tudo isso mas recorreremos, eventualmente, a certas verii-caes para nos assegurarmos de que a questo foi bem entendida.Alguns dos factos sobre os quais um inqurito se pode debruar so,por natureza, nicos: histria pessoal ou profissional, pertena passadaou presente a associaes, voto numa eleio particular, acidentes oudoenas, etc. Noutros casos/ talvez mais frequentes, os factos que intc-ressam ao investigador so repetitiuos, mais ou menos habituais, orrregulares: despesas ou consumos diversos, ocupao do tempcl, dc.sltl-

    ,,il,()('s, activiclades cle lazer, familariedade com equipamentos' leitura, 1,, l( )r'liis ou livros, relaes de amizade ou contactos profissionais, etc'I i111 prrrblema novo, inerente a esta categoria de comportamentos' vemlrrrrl,rr.sc aos outros: o da escolha do perodo de obseraao, problemarrr,rr,; cottplexo e menos ligado, exclusivamente, aos problemas de pre-, r,,,r() das medidas do que parece primeira vista. Examinaremos, por-t,rrrlo, separadamente, os problemas prprios do estudo destas duas,, r I {'lorias de comportamentos.|',',).2Acontecimentos nicos5\ 1'r.irneira vista, e uma vez verificada a boa comPreenso do vocabul-rr,, rrtilizado, o principal problema que fica o de evitar os erros deutt'iltria que se podem traduzit, em cada caso/ quer por simples esque-

    , il(,Itos, quer por outras deformaes. Mas desde h alguns anos que,,,, .lemosonta de que outros factores de distoro tambm intervm,l,rr lores que podemos relacionar com a relao entrevistador-entrevis-t,rrlo c com o desejo deste ltimo em parecer norma ou de se valorizar'Volt.rremos mais pormenorizadamente a este ponto no captulo dedica-rlo .oS aspectos psicosociolgicos da situao de inqurito. Para j,rr(}tcrnos que estas distores podem assumir outras formas Sem Ser a,1,, sirnplei esquecimento e que os erros podem ser selectivos' Portanto,,,,,,, po"-o, d.nitit que os erros se faro necessariamente no sentido, l| r-rrna subestimaoda frequncia dos comportamentos em questo. Por''\elnplo/ num estudo sobre as viagens de negcio, as quais so social-,,,,'pt muito valorizadas, constatmos uma sobrestimativa da sua fre-,1rncia, tendo algumas Pessoas mencionado viagens que, aps todas asr,,,rificaes, no tinham de facto feito. No caso de um inqurito sobrelrospitalizaes, as estadas no hospital por doenas "vergonhosas" ou,,,,cialmente embaraosas eram mais subestimadas do que as outras.As respostas a questes sobre a participao eleitoral ou sobre osri'sultads escolares dos filhos revelam tambm, com frequncia, distor-(-()cs, no sentido de uma maior aceitabilidade social, as quais so impos-.,veis de atribuir a simples esquecimentos, embora estes Possam existir.

    N,ro rros limitamos aqui aos acontecimentos nicos em sentido rcstrito, ou seja, que so acot('celn tln' vc/rr,r vica cle, um;r pessoa, mas englobamos neste termo todos os acotecimentos ou activicl.rclcs tris (tl n'i1lraSituas. O facto de alguns n poclerem ser classificados, sem ambiguidadc, c.mo tric.s ()tr r(')t'titiv(\rr.ro i'gral'e.

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    t4l40 A l'l()l)UqA() lX)S l)AtX)S tX)s tN(-)tJl1til1)S ( ( )M() lNQtJllill? ()s (LJIS I l()NAlil()sEliminar, ou antes, diminuir as distores mais ou menos conscicrt(.se voluntrias, atribuveis relao entrevistador-entrevistado, implicirque actuemos sobre esta relao, seja pela escolha e formao c-lrsentrevistadores, seja atravs da redaco das questes (cf. 3.6 e 5.3).Ng qy" diz respeito aos erros de memria, tentou-se, quando tal erirpossvel, propor s pessoas "ajudas" estandartizadas sob a forma ct,sugestes de cronologia (comear pelo acontecimento mais recente t,depois recuar no tempo ou inversamente) ou de crassificaes. o scrrefeito parece ter sido mnimo.Em contrapartida, retomar questes aps um certo intervalo (qtrt.pode ir de 30 minutos a alguns dias) parece permitir',recuperar,, algurrsacontecimentos esquecidos. Da mesma form, fazer retomar as questcsatravs de um entrevistador experiente a quem deixamos uma certaliberdade de aco na forma de conduzir o inqurito, adaptando-o, ircada caso, de acordo com um tcnica prxim de certos inquritoscrticos ou do mtodo de piaget, parece ser tambm muito eficaz.

    4.5.2.3 Acontecimentos repetitivosi Englobamos neste termo todos os acontecimentos ou as actividades qtr.socorrem vrias vezes durante um certo perodo e so relativamentcregulares ou habituais. Torna-se ento neceisrio decidir qual a duraodo perodo sobre o qual se debruar o questionrio.Interrogar as pessoas sobre os seus comportamentos durante unrperodo de curta durao, geralmente entre um dia a uma semana, dt,acordo .g* u- frequncia suposta, apresenta a vantagem de minimizaros erros devidos memria. se o entievistador pedia"por exemplo, parirreconstituir as deslocaes da vspera ou as ias ao in"*u dr.u.rt" usemana que passou, as deformaes devidas a erros de memria ser0,possivelmente, muito reduzidas.Todavia, e porque os diferentes dias da semana no so, em geral,equivalentes do ponto de vista de numerosas actividades, muitas das9.uais o reguladas por um ritmo semanar e no dirio, vmo-n.sobrigados a prestar uma ateno especiar amostragem temporar e ,tassegurar que as amostras inquiridas em cada dia sejam rigorosamentt,equivalentes, tanto em dimenso como em composio.6 Elta exig.cia6 Esta ltima precauo indisp-ensvel quando a periodicitJa cc semanal no a mesma .os dicrc.rcs 1,,rr r 1r r,,sociais'comoassadassexta-feira.oit.'po.cxe-plo,ouofactodctrabaharaosbaJ.rnu,lr"gun.in t.,1,,,,que no tm a mcsma frequncia nas difercntes catcgorias socio-profissionais. A formn " pur..r. ,, r(, ,r l(.rt,r

    t'rn,r nrttito difcil, Por exemPlo, a amostragem por quotas, na qual alrl,r,r,tlacle deixada as entrevistadores , em geral, demasiado grandel,,r I , !.rantir que essa equivalncia seja efectivamente realizada' O ideal,,,,rr,r t.rrnbm ter "* aorrtu as variaes sazonais e, Por isso, estender oilr{luerito a todo o ano, o que, v-se de imediato, levanta problemasI'r ,r licos importantes.l)t'facto, s organismos como o INSEE, que dispe de meios impor-t,rrrlt,s, e que tem como uma das suas tarefas o recolher informaes,,,,t,rtsticai de grande preciso e estudar as suas variaes no tempo,1,.t l.rr permitii-se a tai. Muitos dos inquritos do INSEE so efectuados1,,,,. nplicaes sucessivas, isto , todos os trimestres. Em contrapartida,, ,,l r .rrgurimo ministerial como o SETRA (S eraice d' EtudesTechniques desI i,, t t t t et Aut oro ut es) contenta-se, na r ealizao dos seus recenseamentos,r,,.lcslocaes urbanas, com uma nica aplicao, escolhendo preferen-r r,llente, para esses inquritos, um perodo em que aquelas desloca-,.( x's so ,r,i, int"rrras, visto que, pelo menos em parte, por referncia,ros perodos de ponta que so tomadas decises de organizao e,,l,rborados os planos de circulao'(luando o perodo de observao curto podemos esPerar que as,r'1,rmaes recolhidas sejam mais exactas, o que leva muitos dos que, r )rcebem ou utilizam estes inquritos, frequentemente economistas ou''rl',cnheiros, a considerar que up"ttut nestas condies que se dispe,l,rc1os objectivos", e que, portanto, necessrio colocar questes preci-',,rs sobre os comportamentos ao iongo de um perodo to curto qugntol,ossvel. Todavi, para alm de, mesmo nestas condies, a exactido e,'1i,rr das informaes recolhidas poderem, frequentemente' ser postas,,nr dvida, necessrio ter em conta o facto de que elas so muito pobres,ro nvel individual. As actividades de um determinado dia caracteri-/,l, em geral, de forma muito insuficiente os comPortamentos de umal)('ssoa. O-s dias no so iguais, os hbitos esto, na generalidade, sujeitos,r tl'tuaes, certos peros so excepcionais. Para todas as actividades,1,,.,, pu.u uma deierminada p"rro, tm uma periodicidade mdia,.,1-,"rio, durao do perod de observao, o facto de terem sido,,lt,ctuadas durante esse perodo no significativo. somos levados ar,rrglobar na mesma categoria, por exemPlo na das pessoas que aplesen-t,riam um determinado comportamento na vspera, tanto as pessoasl),r.i quem este comportamento habitual como outras para quem ele

    ,r ttoitc dr:pctlclc cl Prescna de crianas, etc'

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    ill,l2 ^ t,t( )t )U(. A( ) I X )S I )^t x )s I x )s tN(-)t tl, lit I ( ):, 143( ( )M( ) l N(-)t l l lil l{ / ( )S (-)t J l rs l l( )NA ll( )Sexcepcional, ou outras ainda para quem o mesno regular, ebori (l(.reduzida periodicidade, mas que o xibiram nesse dia. , portanto, nr',rfolma muito grosseira e muio pouco descriminativa Je caractcrizarindivduos.Todavia, no necessariamente um defeito grave. se o que procuri.mos uma estimativa global da frequncia des comportamento, nulrirpopulao ou mesmo em sub-populaes, a informao recolhida sobrt,um perodo curto ser suficiente. Estatisticamente, as diferentes varia-es anulam-se se a amostragem, particularmente a amostragem ter,",poral, foi correcta e as estimativas em cada sub-populao sero satisfa-trias. necessrio, simplesmente, agir de ro u q.," o perodo clt,observao no seja muito_ inferior priodicidade mia do comporta.mento estudado, de molde a dispormos de um nmero suficiente cl.observaes para atingir a precis pretendida.Para o economista que procura estimar grandezas globais ou para ()engenheiro que quer conhecer, por exempl, os fruxoJdas deslocs,estes dados so, em geral, suficientes e apresentam a exactido de qtrt,tm necessidade. saber se determinada pessoa que atravessa hoje decarro um determinado cruzamento o faztdos or iu, ou s exepcinal-mente no lhes de todo til. No que diz respeito aos carros presentesno dia seguinte, o seu nmero total ter variao pouco, mesmo que n.sejam os mesmos.Em contrapartida, para o socilogo ou o psicosocilogo, mais interes-sados, em geral, e como j vimos, em analisar relaes o'q.r" em obtc,rboas estimativas de-grandezas globais, as observaes de curta dura,no facultam as informaes que lhes so necessrias: distinguir si'r-plesmente as pessoas que foram ao cinema na semana anterioraquelasque no forlm grosseiro e pouco significativo. euem que. anaiisa. afrequncia do cinema, a sua repartio em difentes grupos, o sc.significado cultural ou os gostos a clientela, tem geralrrret" necessid.r-de de distines mais apuradas. certo que se pode admitir que, artrydia,o grupo daquelas pessoas que foram o cinema o frequentam maisao qlg o grypo daqueles que n foram; mas se quisermos aprofunda'a anlise, relacionando esta varivel com outras caractersticas indivi-duais, isso no ser suficiente. ser necessrio dispor de informacsmais pormenorizadas e sobre um perodo mais rngo, mesmo quc rcusta da preciso da medidaPara obter essas informaes sobre um perodo longo, um dos m,t.-dos utilizados, caro mas que d resultadoJsatisfatrio!, o da cnrlerrttlrr

    ,lt,r rttill,t.(tsrcmpreguc sobretudo Para os estudos de oramentos-despesaI ril ( ) rll( Dcntos-tempo. Este mtodo consiste em deixar ao inquirido uma, ,,,1,'r'rtt'ta, pedindo:se-lhe que a preencha diariamente' ou vrias vezes,r,, .li,r, inscrevendo a, de aordo com cada caso, todas as suas despesas,r, l()(lis as suas actividades ou, simplesmente, tudo o que pertena ,,r1,'lioria sobre a qual se debrua o inqurito'listt,rntodo permite obter informaes pormenorizadas' precisas el',rr lit'ularmente credveis sobre um perodo to longo quanto o deseiar-rr()r, ('!quase sem recurso memria' Por exemplo' aprimeira pe=::?,,,1,,..' o^s oramentos domsticos em Frana, efectuada pelo CREDOC''

    r , ,, r I izou-se durante todo um ano/ o que , evidentemente, muito exigen-I r , I r, l' as pessoas inquiridas. pois necessrio que' periodicamente' os,'rrllt'vistadores as viitem e se assegurem de que as cadernetas foraml,r t,t,nchid as correctamente, que theJcoloquem questes suplementares|,,,,., pr".irar certos po.m""o"s ou eliminar ambiguidades e as encora-l'('r r continuar.liste mtodo, evidentemente muito difcil e dispendioso, apresenta ar',rrrtagem enorme de fornecer informaes ao mesmo tempo ricas el,r.cisas mesmo quando, como em geral o caso" a durao da obser-,','.;.o menos longa que a do exemplo referido'

    l,Odemos admitir que este mtodo diminui consideravelmente a im-l,,r.tncia dos esquecmentos, torna psicologicamente difcil a mentira( ()lsciente e evita certos erros de estimativa, tais como a tendncia parar r rrl icar preferencialmente nmeros redondos. Em contrapartida, pode-,, '.,, .u.u, que o facto de se permitir que as Pessoas t-o^"T conhecimen-t, cos seus comportamens as lev a modific-los. E que, como ( ()stume dizer-se, um dos meios de limitar as despesas tomar conscin-, i,r delas. Por outro lado, com o tempo pode acontecer uma aprendiza-1lt,r.tr da utilizao regular da caderrteta ou/ ao contrrio, um desinteresse( r.Lscente e, portantfr o esquecimento. os trabalhos metodolgicos efec-Irr.rdos sobre estes aspectos sugerem que a preciso melhora depois de, rlguns dias e qr-r", ,torrlquritoi sobre as despesas domsticas correntes',,,.r,. observao ao longo de um ms satisfatria'

    l)erante a dificuldade e o custo destes mtodos de registo, e quando oIcr]a do inqurito no exiga uma to grande preciso,limitamo-nos/ em,. Ir intcrcssante obscrvar que, embora o perodo de observao parea muito longo,,os autores o considerem,rirrra insuficiente: ,,... conhecemos apenas uma peqr".o poit" u ria de uma famlia' no a sua totalidade"'ti ()s rsttldos Posteriores sob,e ot ot-ettos-t1e"pe'u realizaram-se durante o perodo cc un ms' com unrgrrcstiouiirio suplemcntar."a"n'"ttttlo as despeias dc periodicidadc rnais reduzida'

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    l4:j4,I ( ( )l\1( ) I NQLJ I ll l ( )S QLJITS I l()NAll()SI'tr)t)u('() lx)s t)^tx)s tx)s tNQt.il.tiil1)sger_al, s questes directas incidindo sobre os comportalneltos efcctiv6sao longo de um perodo de tempo relativamente rngo, ou, ento, a u''iestimativa das fequncias "habituais" desses .o*poitu-entos.No primeiro caso, tratamos os comportamentos regulares como umisucesso de acontecimentos, com todos os problemur"qr" acabmos clcevocar. Em contrapartida, se falamos de "hbitos", fastamo-nos cladescrio estrita e factual para pedir ao inquirido que faa juzos de valorsobre o caracter regular ou execpcionui d" ."ito, cportamentos,juzos esses que no decorr"m apenas da sua frequncia ou do seucaracter peridico. os hbitos aparecem, com efeito,o*o uma norma,mais ou menos restritiva, mas, em gerar, susceptvel de desvios.Esta ambiguidade da noo de hbito leva muitas vezes as pessoas,quando a norma e o comportamento no coincidem exactamente, a darrespostas complexas. H assim comportamentos que podemos classifi-car como "habitualmente" raros ou, inversamente, como "excepcional-mentg frequentes". o caso, por exemplo, do andar a p. omo socialmente valorizado, muitas pessoas ui.*u- efectuar, "normalmen-te" ou "habitualmente", certas deslocaes, sugerindo assim que quasctodas as vezes que fazem esses trajectos o fzem a p. Contudo, s.prolongamos a entrevista, apercebemo-nos que essas mesmas pessoaspegam no carro quando chove, quando esto carregadas ou casadas,etc., o que faz com que, g :"r "comportamento noimal", do ponto dcvista da frequncia do hbito, seja excepcional. Em resposta a uma sripergunta relativa aos seus hbitos, essas mesmas pessoas do umaestimativa muito exagerada da proporo das suas dsrocaes a p.Encontramos, evidentemente, o fenmeno inverso para os comporta-mentos desvalorizados, tais como a reitura de certoslornais do gr,"..,France-Dimnnche ou o consumo de chocolate de que "normalmente,,n.sabstemos a no ser numa ocasio especial; o p-bl"^u de quem querdescrever esses comportamentos o e saber u "rru, ocasis ""*"p-cionais" no sero realmente frequentes.As respostas s questes sobre os hbitos no podem, portanto, s.,aceites como se fossem descries de comportamentos efectivos. N.entanto, pedir s pessoas esse tipo de deJcries sobre um peroc1'relativamente longo, para que a infrmao seja rica, envorv" p.bl"-n,de memria e tambm, por vezes, o caracter excepcional desse peroc1.,A experincia mostra que as questes sobre os hbitos fornecem resu Itados que conduzem a anhss interessantes. No podemos pois c.rrcluir, como o fazem precipitadamente certos crticos, que as poss()(s

    rr,,,P1r11s'lgp ao acaso. Em contrapartida, muito difcil saber em cada,.r,,() (lUi-is os enviesamentos especficos que podem acontecer.t-)rranclo pedimos a uma pessoa, qualquer que seja a forma da questo,l,,rr,r indicr uma frequncia ou eventualmente uma percentagem, 1,,,,. ir,, tomar cuidad com a tendncia Para os nmeros redondos,,,||'1,,,ra, em geral, tal no seja muito importante, na medida em que r,rr,r tlcsejar- conhecer grandezas com a preciso da unidade. o fen-,,,,,rro pode diminuir a exactido das estimativas mas no parece querrrtrocluza uma distoro sistemtica. No mximo poder reforar umat''r( lrcia para sobrestimar ou subestimar.

    z\ cscolha da durao do perodo de observao tem efeitos sobre arr, rl r rrcza das informaes disponveis ao nvel individual' Tem tambm, ( )rscquncias, menos visveis, sobre as relaes que se podem eviden-, r,rr cntre os comportamentos. Suponhamos que, ao longo de umarrrvt,stigaO sobre Os lazeres, nos intereSSmOs, ao mesmo tempo, tantO,,,,1,rc a-frequncia das idas ao cinema como das idas ao teatro. se as,ll('stes coiocadas se reportarem a um perodo curto, um dia ou uma.r.rirr notaremos uma rela o negatiua entre os dois tipos de frequn-r r,l:

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    146 l'li()l )LJ( A() I X)S I )^t X )S I X )s tN(-)t lt,.lit I ( ):;Podemos encontrar, sem dificuldade, exemplos noutros dornnigs: esconsumos de carne de boi ou de vitela apresentam, como o cinerna c oteatro, uma relao negativa num perodo curto e positiva quando cstt,se alonga, exprimindo as diferenas de consumo da carne na populao,Em contrapartida, a relao entre o caf e o acar positiva e assim-trica, visto que podemos consumir acar com outras coisas alm ciocaf.

    4.5.3 QUESToES DE oPINIo4.5.3.1 Problemas geraisPassar das questes de facto para as questes a que chammos dcopinio,leva-nos a entrar num domnio muito mais delicado. Como jtvimos, as questes de facto esto longe de ser to simples, unvocas crdesprovidas de ambiguidade como poderiamos imaginr numa primei-ra anlise. No captulo anterior identificmos um determinado ttmerode problemas que este tipo de questes coloca. Iremos encontr-los,sensivelmente da mesma forma, a propsito das questes de opinio,acrescidos das dificuldades especficas que a ausncia de um reierenterobjectivo implica.Em princpio, a validade das questes de facto pode ser avaliada. Emcertos casos podemos, pelo menos, comparar as respostas obtidas cominformaes provenientes de outras fontes consideraas mais objectivase verificar, assim, se as questes suscitam de facto as respostas deejadas.Para as questes de opinio esta validao externu , po. definio,impossvel. Devemo-nos contentar com validaes internas, como umaapreciao da coerncia das diferentes respostas obtidas sobre um mes-mo tema, o que evidentemente insuficiente como validao. Essacoerncia pode ter sido suscitada pela situao de inqurito, pelo desejoda pessoa inquirida dar de si prpria uma imagem e pessa racional,numa situao em que a levamos a relacionar aspectos sobre os quais,at ento, talvez apenas tivesse reflectido separadamente. A coernciacom os comportamentos tambm no suficiente. Numerosas investi-gaes mostrarem que rara a concordncia entre atitudes avaliadas e'comportamentos, seja porque o indicador de atitude utilizado no (.bom, quer porque os comportamentos tm outros determinantes almdo da atitude estudada - outras atitudes, condicionantes diversas,informaes disponveis, podem tambm afectar os comportamentos.

    ( ( )M( ) l N(JL J l ll l{ I ( )s (lti l,s'l l( )N A ll( )slIr,Il:i(lucr clue scjam as precaues metodolgicas que Possamos tomar,Iri,r :,r'r'pfe uma iucerteza quanto validade das questes de opinio'(.)rr,ruclo colocamOs uma questO sobre um comportamento a SUat,,t nu lao pode ser complexa mas, em princpio, deveramos ser sem-l,rr,(.F)azes de comunicar Pessoa aquilo que queremos que diga.I lrr,rrrtlo a questo se refere a uma opinio, nada nos assegura que eSSa'1,111i.11, exista de facto, nem mesmo o facto de a pessoa ter respondido,r ,lu(,sto. No s porque algumas das pessoas inquiridas podem nuncal,'r n'l:lccticlo sobre o problema em causa e, Por isso, no tm de factorrrrr,r opinio a esse respeito, mas tambm porque a sua forma de,,,rr,,t'Lrcr o tema pode ser completamente diferente daquela que est',rrl, j.rccnte e que orientou a sua formulao. O seu quadro de referncia,,' ,r; informaes sobre as quais se apoiam podem tambm diferir uma,l,r orrtra, modificando o significado que atribuem questo e/ conse-,ll(,rtclnente, o da resposta. Em certos casos/ podemos dizer que a,1r('sto que cria a opinio. Sem ela, essa opinio teria continuado, pelosn r(,ros para certas peSSoaS/ a ser algo vago/ confuso e desorganizado -r',r (luesto que lhe fornece a estrutura.

    lt'ilexes deste gnero levam muita gente a criticar radicalmente osur(luritos que se debruam sobre qualquer outra coisa que no seja uml,rt to, objectando que se pede s pessoas para se pronunciarem sobre,r,,pcctos sobre os quais elas talvez nuncam tenham reflectido e a prop-,,rlo clos quais esto insuficientemente informadas. Nestas condies,'lu('valor pode ter a sua resposta? Essas crticas no esto isentas de, r rrrsicleraes polticas ou morais; o que est em jogo o Peso polticorlut' necessrio atribuir opinio dos no-especialistas. No iremos,rr;rri abordar esta questo. o problema tcnico que se pe no o de.,,rlrcr se necessrio atribuir qualquer valor opinio de uma pessoa, onsiderda incompetente, mas sim o de determinar o que significam as.,r t.s respostas. Podemos Pensar que essas respostas so instveis, muito,,r'rrsveis formulao das questes e ao contexto do questionrio, masr,,so s reproduz provavelmente a instabilidade da prpria opinio, a'lu.I, de acord,o com aS circunstncias e o contexto, ser moldada errroclificada, podendo traduzir-se por aces muito diversas.Um semanrio publicou recentemente um inqurito ao longo do(1il.l se pedia s pessoas inquiridas pararefazerem o oramento dot,,staco repartindo, segundo as suas preferncias, as somas atribuidas,r t,acla Ministrio. ,tm bom exemplo de uma questo tcnica coloca-,l,r .t pe'ssoas, em princpio, incompetentes. Provavelmente Poucas

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    Y4lJ A l'l{()l)LJqA() lX)S l)AlX)S tX)S tN(-)tjtrtiil()S ( ( )l\4( ) l N(l[J l lil li ()S QU I]S I l( )N Alil( )S,r,,1)(,('tos plecisos. Essas variveis so concebidas pelo prprio investi-1,,r,lor cm consequncia de consideraes tericas, por inferncia a partir,lr,observaes diversas ou por abstraces com base em noes de,,,ns() comum. A "mobilidade", utilizada em certos inquritos sobre as,1,':,lgcaes, o "modernismo", ou o "etnocentrismo", constituem exem-| ,lt rs cc tais atitudes, Sem que nada nos assegure, a priori, que existam.,\ ,rlinlao da existncia destas variveis constitui, ela prpria, umalrr[1i1gsg que deve ser verificada.A clistino que fizemos entre questes de facto e questes de opinio,,r timoda mas difcil de manter em todos os casos. Considerar que umal,r()losio a afirmao de um facto ou que apenas o enunciado deur, opinio pode, em si mesmo, ser j significativo. Consideremos atr,rsc "os Estados Unidos defendem a liberdade por todo o mundo". Para,rlr,,rrns ela ser o enunciado, verdadeiro, de um facto; para outros serur. opinio, falsa. Responder que fazemos "frequentemente" ou "rara-rnt,rtei alguma coisa, pode tambm constituir um juzo de valor e,()r'rcsponder, de facto, em Pessoas diferentes, s mesmas frequncias.| 't,r'tanto, a distino entre questes de facto e de opinio refere-se mais,r irrteno do investigador, forma como utilizar ou interpretar asr|s1-re5f45 0btidas, do que s prprias questes',l 1r.3.2 A orma das questes e das respostas()rr.rndo utilizamos questes fechadas, que o caso mais frequente, al( )r'a das questes e a das respostas ProPostas pode ser muito varivel.\,lt'ncionemos as mais correntemente utilizadas.r) Enuncia-se uma opinio, eventualmente precedida de uma fraserrrtrodutria COmo "eis uma opiniO que Ouvimos algumas VeZeS"/ el,(,r.g,unta-se pessoa se est ou no de acordo. Por exemplo, num,lu('stionrio sobre a rePresentao do psiclogo, ProPusemos:O psiclogo indispensvel ao bom andamento da empresa":de acordo,em desacordo.liventualmente, poder-se- atenuar aquilo que estas respostas tm de' l('rrsiado categrico, propondo resPostas intermdias:absolutamente de acordo,relativamente de acordo,relativamente em desacordo,absoltttamente em desacordo.

    I 4t)sabiam exactamente o que cobrem os diferentes items do oramento,quais as atribuies exactas de cadaMinistrioou quais as condicionan-tes quepesam sobreaquela repartio. Alm disso, como um problenrirraramente discutido nestes termos pela imprensa, as pessoas, na suimaioria no tinham tido qualquer oportunidade para ter pensado nrrassuntoe, portanto,paraavaliartodas asconsequncias da sa escolha. r,,como guia para a elaborao de uma Lei de Finnas, esse inqurito serriprovavelmente considerado sem utilidade imediata. contudo, enquar-to expresso de escolhas polticas mais fundamentais, as respostas obti-das so certamente significativas de grandes opes, o qr justifica .inqurito. Todavia, estes significados podem sr variveis, de acorcl.com o que cada um entende pelos termos gerais utilizados. Confundem--se, assim, respostas que so aparentemente semelhantes mas que, el-quanto indicadores de posio mais gerais, podem ser, de facto, profun-damente diferentes.Estas divergncias ou estas ambiguidades, atribuveis a nveis dt,reflexo prvia e de informao diferentes, so atenuadas quando osproblemas so socialmente colocados, independentemente d qualquerinqurito. Quando um problema discutido, quando farado nosjornais e na televiso, quando objecto de conversaes, produz-scprovavelmente um consenso, no sobre a melhor solua a dar-lhe, massobre uma certa forma de o colocar, sobre a gama de opes possveis,etc. um questionrio apoiado nesse .otrr"nr tem hiptese d ser benrentendido. o caso extremo o dos referendos ou o das eleies: .inqurito tem apenas que reproduzir asquestes colocadas oficialme.-te. E por isso, alis, que os sucessos impressionantes de determinadassondagens pr-eleitorais no constituem uma verdadeira validao dosinquritos em geral: as condies so muito favorveis e no se encon-tram nos outros tipos de inquritos.11Alguns dos objectos de inqurito no sofreram essa elaborao social,no se fala deles, no correspondem de imediato a problemas do quoti-diano ou a acontecimentos precisos. o caso, po. *"*pro, de qu'.1,,se quer estudar atitudes de mbito geral e no a opinio relativa a

    10 Este inqurito.continha algumas questes que procuravam verificar o nvel de informao das pt,ss.,r.,inquiridas Teria sido intcressmte saber se as reparties propostas peas pessoas bem informad.rs scri.rrrr, _ dierentes das outras e de clue forma. Mas se esta anrise fi .ei.ada, nao ioi pubicaJa.11 Numaspecto,contudo,podemostirardessessutessosconclusesmaisgerais:mostramqueosproccss.stlr,'mo5trdgem utilizados so sal.isfalrios e que omos ecctivamenle c.r"par"s dc.,,,,ri,tJ,.,ru5tr.\ r,l,r.sentativs da populao de eleitores atravi de uma combinao de u*o ,onang.*laca e clo nrtilrr l,,por quotas.

  • 7/30/2019 Inqurito cap4

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    r5l50 A l)li()l)t,(A() l X )S I )At X )s t x )s tN(_)t rl tit t ( )sPor vezes simplifica-se, deixando-se de lado as duas respostas extrcmas, dado que as intermdias so geralmente mais aceites.Quando a opinio aparece como o enunciado de um facto, a alterrra,tiva verdadeiro/falso pode tambm ser proposta. No entanto, apresent,ro inconveniente de sugerir pessoa que existe uma "resposta correcta",o que pode lev-la a uma atitude exageradamente crtica e prudente.(b) Apresenta-se a mesma opinio sob a forma interrogativa, sencloento a resposta "sim" ou "no". Assim, a questo anterior poderia tt'1,sido formulada:- "O psiclogo indispensvel ao bom andamento da empresa?"; otr- "Na sua opinio, o psiclogo indispensvel ao bom andamentoda empresa?".(c) Propem-se vrias opinies sobre o mesmo tema e pergunta-se rspessoas inquiridas qual a que melhor corresponde sua prpria posio.Por exemplo, e ainda sobre a representao do psiclogo:"Com qual destas opinies est mais de acordo?- O psiclogo indispensvel ao bom andamento da empresa.- O psiclogo presta servios numa empresa, mas pode-se passilr.sem ele.- O psiclogo totalmente intil numa empresa;- O psiclogo s serve para encobrir os verdadeiros problemas clirempresa."De acordo com o pretendido, podemos pedir para escolher uma sriresposta, para escolher vrias, para as ordenar, etc.A primeira frmula, o enunciado de uma opinio cerca do qual st,exprime o acordo ou o desacordo, a mais flexvel. Evita a fornt,rinterrogativa que pode ser fonte de mal-entendidos e de incomprecrrses, sobretudo quando a opinio enunciada na negativa. Permitt'igualmente introduzir nuances nas respostas, sob a forma de graus tlr,acordo ou de desacordo, o que mais difcil quando as respostas sao"sim" ou "no".Uma limitao destas duas formas das questes que, se conhecell'()ribem a posio daquele que respondeu "sim" ou "de acordo" no sabr,mos, com tanta clareza, o que significa a resposta negativa. No exemploque analismos, no sabemos se a pessoa que no admite que o psiclo1',oseja indispensvel pensa que ele apenas til, completamente inrtil orrmesmo perigoso. Se queremos eliminar esta ambiguidade necessriocolocar outras questes. E a que a terceira forma, a escolha entre vriirr,opinies, pode ser til. A imposio de escolher uma s torna-as rrutrr.r

    ( ( )M( ) I N(lt J I ll li ? ( )s (ltjl,s'l l( )N,,\ Il()srrrcrlt'cxclusivas, o que evita certas incoerncias, devendo-se, no entan-l,r, 1,,.rrtrntir durante o pr-teste que elas foram de facto reconhecidas, (r() cxclusivas - caso contrrio impe-se uma condicionante quel,rl:,t'i.r o significado das respostas. Por outro lado, apresentando simul-t,rrrt',rrnente diferentes posies possveis, cada uma toma um significa-,1,, n'ltrtivamente s outras, o que contribui para as tornar menos equ-\ r l( ,,

    No clue diz respeito s respostas, vrios so os problemas que se pem.I rrr primeiro lugar, decidir se iremos ProPor explicitamente a respostarr,ro sei" ou "sem opinio", ou se bastar anotar quando uma Pessoa,1,,t lara no ter opinio. No primeiro caso, o nmero dos "sem opinio"t,,r todas as hipteses de ser mais elevado. A escolha depende do,rlirrificado que se atribui a este tipo de resposta. Se admitirmos que nol,'r opinio uma posio com tanto interesse em conhecer-se como as',utrs,,propa-emos no mesmo plano que as opiniespropriamente,lrl,rs. este o caso mais cortente, mostrando a anlise dos resultados.l'lidos que, num mesmo questionrio, o nmero dos "sem opinio"| ', 'tle variar consideravelmente de uma questo para a outra e no ser oilr(,slno/ para uma determinada questo, em diferentes categorias so-, r,ris. , portanto, uma indicao importante que necessrio recolheLrl t'omo as respostas propriamente ditas, e que preciso ter em consi-,lcr'.ro na interpretao dos resultados.('ontudo, acontece frequentemente o investigador considerar comol'()rrco provvel algum no ter opinio sobre determinado problema e,r ,rrrsncia da resposta exprimir mais uma ausncia de reflexo ou umat()r'ra de encobrir uma recusa em resPonder por diversas razes. Ten-t,rr se- ento diminuir o nmero dos "sem opinio", no propondo essa1'ossibilidade na lista de respostas e prevendo, em contrapartida, umarrlrrica "recusa em responder" que ser dintinguida da "sem opinio".

    Acontece, igualmente, uma questo no nos interessar por si s, mas,rl)('ras como elemento de um indicador complexo, por exemplo, umar'',t'.rla de atitudes construida a partir de respostas a vrias questes\,1.7.2.1,.2). Neste caso, o facto de uma pessoa no ter respondido a uma,l,rs questes torna inutilizvel as suas respostas a todas as outras,lu(,stes que intervm na escala, na qual se torna impossvel situ-la.l'r'.rnte este risco de perda de informao importante, pode ser prefer-vt'l irrcitar fortemente a pessoa a fazer um esforo para responder'tJma das vantagens da alternativa "de acordo/em desacordo" compa-r,rrl. i "sim/no", que mais fcil encontrar-lhe nuances e termos

  • 7/30/2019 Inqurito cap4

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    15352 A t,t()t)u(A() tx)s I)AIX)s IX)s tN(-)Ljtitt.t1)sa_1ou1 2

    totalmenteem desacordo

    totalmentede acordo

    ( ( )M( ) lN(ll-J llll{? ( )S (lUIrS l l( )N A ll()S14

    intermdios como os j citados. Todavia, a preciso suplemelltar traziciirpor estas escalas fixas muitas vezes ilusria: up"..""-o-nos na ani_lise de que prefervel agrupar respostas prximas e reduzi-las a cluascategorias apenas. contudo, propor quatro respostas, e no duas, apr(,-senta vrias vantagens. Em primeiro lugar, as pessoas inquiridas po..n,ter a impresso, com apenas duas respostas possveis, que as esto aforar a tomar posies muito ntidas, que no so as ,rur, " que no st,i interessam propriamente por aquiro que pensam. Depois, tendo propos-to mais de duas respostas, podemos escorher o ugr.tpu*ento qu u.hu.^mos melhor e no necessariamente juntar as dus primeiras respostasnum lado e as outras duas noutro lado. por exemp, r",r*u percent;r-gem importante de pessoas escolheu "absolutam"t t" d" acord", pod1,..remos agrupar as outras trs respostas, que constituiro o grupo daquc-les que exprimem reservas. Evita-se assim conservar, ao long da anali-se, categorias que agrupem um nmero reduzido de pessoas.Da mesma forma que necessrio pensar se se vai prever a resposta'sem opinio", preciso pensar se se vai prever rr..ru .t"goria interm-dia ou neutra. As opinies e a prtica dos especialista esto muitudivididas neste ponto. consideram arguns que, se pensamos que umiposio neutra pode existir, necessrio qu ela posa ser expiessa clamesma forma que as outras. Mas pode-se tambm recear estar, destt,modo, a oferecer uma escapatria queles que no fazem qualqu.resforo de reflexo. por outro lado, Z po, .rur", dficil distingur aneutralidade, que tambm podemos considerar como uma posio atlmesmo ttulo que as outras, da ausncia de opinio. se propomos urniresposta neutra, podemos esperar que seja essa a qu".ri ser escolhiclrrpor aqueles que, noutra altura, se declarariam sem opinio ou que s(recusariam a responder.

    A formulao verbal explcita de uma posio neutra , em gerar,difcil. Propor, por exemplo, "ao mesmo tempo de acordo e em desacor.do" ou "nem de acordo nem em desacordo'] no ter evidentementc rrmesmo sentido, mesmo que as duas expresses possam, sem incoernciiraparente, ser colocadas em posio intermdia. A palavra "neutr.,,,explicitamente proposta, ambgua e muitas vezes cnsiderada cor.oum sinnimo de ausncia de opinio.uma forma de evitar estes problemas consiste em propor um escalirde respostas numrica em que apenas o significado os extrem.s s.j,rexplcito:

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    absolutamentede acordor\ primeira escala, opondo valores negativos e positivos, e marcando,r l,osio intermdia travs do zero,acentua, mais do que a segunda,rilrr,r ccrta organizao da opinio, o que pode ajudar as pessoas/ mast,rnrlrcrn talvz os possa orintar. Poderemos ento ProPor uma escala

    ' 'rr i forma. L_ltotalmentedesacordoI _I__lA pessoa coloca apenas uma cruz na casa correspondente, o que evita

    ',\'('rtuais conotaes atribuidas aos nmeros.Iiste procedimento evita a maioria das dificuldades da formulaor,,,rbttl das posies intermedirias. Podemos aumentar tanto quanto,l,,..t,jarmos nmero de escales e, conforme propus