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1 INSALUBRIDADE, CIVILIZAÇÃO E ENSINO EM CUIABA NO INÍCIO DO SÉCULO XIX. Elizabeth Jeanne Fernandes Santos Santana, PPGE/UFMT, [email protected] PALAVRAS CHAVE: História da Educação, História da Educação da Enfermagem, História da Enfermagem Eixo Temático: HISTORIA DAS INSTITUIÇÕES E PRÁTICAS EDUCATIVAS A reflexão sobre as práticas de ensinar a cuidar, que podemos considerar como uma das práticas que definem o ser enfermeiro no século XIX, lança para o tempo presente possibilidades de compreensão da identidade do enfermeiro no século XXI. Para esta reflexão, considero importante explorar o que aponto como fundamento para a identidade do enfermeiro no nosso tempo presente. Compreendo que o profissional enfermeiro hoje busca ser sujeito no processo de cuidar, e que este sujeito é definido por várias dimensões que hora se articulam, se agregam ou hora se repelem, dimensões estas, que historicamente polarizadas reconfiguram a identidade do enfermeiro nos espaços, nas entidades, nas instituições em que realiza o cuidado. E porque não dizer, o ensino do cuidado. A dimensão, que acredito ser a que primeiro trabalhei enquanto acadêmica de enfermagem, e que até hoje é recriada, é a que media a relação entre o eu cuidador e professor, e o outro, aquele que eu cuido e que ensino. É nesta relação, próxima, intensa, conflituosa e dinâmica, que minha identidade profissional foi sendo forjada, explicando melhor, forjada com a minha identidade pessoa, que considero hoje seguirem os mesmos códigos que orientam a vida. Não posso afirmar que todas as vivencias são iguais, nem tenho esta pretensão, mas indico a existência do processo, de alterações de vida. Por isso, concordo com a ideia de que a pessoa que cuida, a pessoa que ensina e aprende a cuidar, e a pessoa que é cuidada, ao viverem esta relação estão em processo de recriação de identidades, de recriação de modos de viver (AYRES, 2009, p.68). As experiências de cuidado não acontecem apenas na dimensão biológica, de domínios do corpo, mas também e a partir das dimensões políticas, econômicas, espirituais. Enfim, tudo aquilo que altera, potencializa ou mantém as identidades depois da experiência de cuidar,

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INSALUBRIDADE, CIVILIZAÇÃO E ENSINO EM CUIABA NO INÍCIO DO

SÉCULO XIX.

Elizabeth Jeanne Fernandes Santos Santana, PPGE/UFMT, [email protected]

PALAVRAS CHAVE: História da Educação, História da Educação da Enfermagem, História

da Enfermagem

Eixo Temático: HISTORIA DAS INSTITUIÇÕES E PRÁTICAS EDUCATIVAS

A reflexão sobre as práticas de ensinar a cuidar, que podemos considerar como uma

das práticas que definem o ser enfermeiro no século XIX, lança para o tempo presente

possibilidades de compreensão da identidade do enfermeiro no século XXI. Para esta

reflexão, considero importante explorar o que aponto como fundamento para a identidade do

enfermeiro no nosso tempo presente. Compreendo que o profissional enfermeiro hoje busca

ser sujeito no processo de cuidar, e que este sujeito é definido por várias dimensões que hora

se articulam, se agregam ou hora se repelem, dimensões estas, que historicamente polarizadas

reconfiguram a identidade do enfermeiro nos espaços, nas entidades, nas instituições em que

realiza o cuidado. E porque não dizer, o ensino do cuidado. A dimensão, que acredito ser a

que primeiro trabalhei enquanto acadêmica de enfermagem, e que até hoje é recriada, é a que

media a relação entre o eu cuidador e professor, e o outro, aquele que eu cuido e que ensino.

É nesta relação, próxima, intensa, conflituosa e dinâmica, que minha identidade profissional

foi sendo forjada, explicando melhor, forjada com a minha identidade pessoa, que considero

hoje seguirem os mesmos códigos que orientam a vida. Não posso afirmar que todas as

vivencias são iguais, nem tenho esta pretensão, mas indico a existência do processo, de

alterações de vida. Por isso, concordo com a ideia de que a pessoa que cuida, a pessoa que

ensina e aprende a cuidar, e a pessoa que é cuidada, ao viverem esta relação estão em

processo de recriação de identidades, de recriação de modos de viver (AYRES, 2009, p.68).

As experiências de cuidado não acontecem apenas na dimensão biológica, de domínios

do corpo, mas também e a partir das dimensões políticas, econômicas, espirituais. Enfim, tudo

aquilo que altera, potencializa ou mantém as identidades depois da experiência de cuidar,

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constituem a intrincada realidade em que atividade do enfermeiro é realizada, portanto esta

atividade pode ser considerada como uma possibilidade resultante de embates, de disputas, de

uma ação revolucionária e histórica que acontece no ato de cuidar1.

Para pensar o cuidado, seu modo de ser e de ser ensinado, é preciso considerar a

plasticidade que o tempo e a historia lhe proporcionam nas práticas de ensinar e de cuidar. As

identidades humanas podem ser capazes de criar (ou reproduzir) novas realidades nos micro2

e macroespaços de cuidar, o que podemos considerar um desafio para as práticas de ensinar a

cuidar na atualidade, mas que tem uma concepção histórica inegável. Por isso, o

conhecimento fundamentado na dinâmica que altera o modo de operar pode possibilitar,

historicamente, a progressão3 para os saberes. É preciso registrar que não estamos

qualificando a progressão neste momento, é preciso fundamentar, neste momento sua

existência histórica.

A elaboração deste texto tem como objetivo refletir sobre a formação do enfermeiro,

sua identidade, no século XIX. Apresentamos dados parciais da pesquisa “A arte de ensinar

enfermagem em Cuiabá no século XIX” que está sendo desenvolvida desde 2011, no Grupo

de Pesquisa História da Educação e Memória, do Programa de Pós-Graduação em Educação

do Instituto de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso em parceria com o Grupo

de Pesquisa Formação e Gestão em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem/UFMT.

Para pensar e escrever sobre a história da enfermagem no início do século XIX em

Cuiabá, e sobre o ensino do cuidar, fundamentamos nossas buscas no Paradigma Indiciário de

Carlo Ginzburg (2000), nos conceitos de popularesca de Gramsci e na dialética proposta por

Semeraro4. Outros autores nos auxiliam em algumas reflexões, e serão citados no texto.

Quanto as fontes, estão descritas nos rodapés, e na bibliografia descrevemos onde podem ser

encontradas. Esta reflexão pretende explorar, neste momento, o microespaço cuiabano, com a

1Relações intersubjetivas, na história, na cultura dos povos e na formação do espírito universal (SEMERARO, 2011, p. 85).

2 Ginzburg (2001) discute o que chamo de ‘silêncio histórico’, que é resultante das interpretações históricas macrossociais, assim como Aguiar (2010), aponta os estudos microssociais como alternativa necessária à alteração das escalas de análise do historiador.

3 Na leitura de Gramsci realizada por Semeraro (2011, p. 32) o passado cultural possibilita várias leituras, uma delas afirma que não é fácil suscitar o conhecimento organizado, teórico em uma classe popular bruta, isto demanda um longo processo, com ação e razão, com adesão e dissolução (progressão) para formar uma classe. Para identificar esta classe Gramsci utilizou o termo popularesca, o conhecimento da popularesca não é organizado e por isto não teria circularidade, mas o movimento é realizado através de ausências do saber hegemônico, e a partir daí verificamos sua importância na microhistoria proposta por GINZBURG (2001).

4 Ver Semeraro, 2011.

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intenção de desvelar a história cuiabana, sua inserção no panorama mundial ainda será um

trabalho a ser realizado.

Ao longo do tempo a sociedade tem construído suas noções de cuidar. Esta

construção, através da vivência dos processos de adoecimento, altera, de tempos em tempos o

que o imaginário popular entende por cuidar. Não podemos afirmar que o cuidar é igual para

todas as pessoas, mas é clara a existência do senso comum neste sentido. Para definir como a

sociedade percebe o cuidado em um determinado momento da história, e dinâmica destas

vivências, é necessário identificar, como primeiro movimento intelectual para a reflexão desta

temática, as relações existentes entre o cuidar (concepções e formas), a sociedade e a sua

cultura5.

O ensino profissional de Enfermagem no Brasil, foi normatizado oficialmente em

1890, pelo Decreto n.791, com a finalidade de orientar o preparo de enfermeiros e

enfermeiras para trabalhar nos hospícios e hospitais civis e militares brasileiros,

fundamentava-se nos moldes da escola existente em Salpetrière, na França6.

Acreditava-se que a crise de pessoal para cuidar dos doentes nos postos de trabalho

que surgiam, foi a principal motivação deste movimento, já que as instituições recém-criadas

necessitavam de pessoal mais capacitado para este trabalho. Talvez a primeira reflexão

substancial sobre estes acontecimentos, objetiva compreender a racionalidade do cuidado e a

dinâmica destes processos. É certo indicarmos inicialmente que o cuidar não percebia a

necessidade de pessoas mais preparadas. Portanto, o cuidar e o cuidado, não poderiam

racionalizar os meios para sua efetivação. O pensamento que renasce, cria outras formas de

pensamento, que deixavam de lado a inteligência divina, e assumiam o sujeito humano, como

objeto de ciência7. Entretanto não é possível, em um processo histórico que envolve rupturas

de racionalidades, considerar apenas uma delas, é necessário visitar o pensamento religioso,

5 A contribuição de E.P. Thompson para apreensão dos saberes produzidos do/no trabalho. Ver VENDRAMINI (2006), p. 125. 6 Em GALLEGUILLOS E OLIVEIRA (2001). encontramos a descrição de como iniciou o processo de ‘preparo’ dos enfermeiros brasileiros.

Neste artigo, verificamos a existência da expressão ‘iniciou-se oficialmente’, esta forma de qualificar as atividades de ensino do enfermeiro no final do século XIX, aponta para a existência de uma atividade ‘não oficial’ anterior a este momento.

7 A razão científica racionalizava as relações, intervindo nos processos naturais de viver, transformava e modelava formas de produção,

criava processos de produção. Assim, a fragmentação passa a ser a nova racionalidade da vida, pois reorganiza e compartimentaliza o pensamento, e consequentemente a vida. E porque não dizer, reorganiza a doença, transforma o cuidar em processo de produção. É neste lócus que a classe da enfermagem brasileira se concretiza, que a popularesca se apropria de saberes existentes sobre o cuidar e se profissionaliza, com a intenção de tornar o cuidado uma prática de trabalho menos particular e mais universal, para transformar o cuidado em produto negociável. Ver AZEM (2009), p.43.

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que antecede ao iluminismo, que fundamentava a prática de enfermagem no final do século

XVIII.

Com o pensamento fundamentado na razão, vão surgindo pequenos movimentos

sociais de mudanças no final do século XVIII no Brasil e no Mato Grosso. Movimentos

resultantes do projeto de Brasil criado pela coroa portuguesa, no século XVIII, para a

manutenção e desenvolvimento do Brasil como colônia portuguesa. No inicio do século XIX,

o Brasil passa a ser sede da Coroa Portuguesa. Com a chegada repentina da família real ao

Brasil, em 1808, houve uma mudança neste projeto, e consequentemente, nos projetos de

desenvolvimento nas províncias.

Com esta racionalidade, o Hospital no Brasil incorpora oficialmente em 1890 a

atividade de centro formador de cuidadores e de cuidado, mas antes desta data a instituição já

preparava pessoas para cuidar dos doentes. No final do século XIX, a justificativa para a

criação de escola para enfermeiras

era de tornar meninas desvalidas em criaturas uteis a si, com objetivo de

alargar o horizonte de aspirações, pois a Escola de Enfermeiras [...] cria,

abre [...] um campo vastíssimo à atividade da mulher, onde por sua

delicadeza de sentimentos e apuro de carinhos, não terá competidores, quer

junto aos leitos hospitalares, quer nas casas particulares onde serão o

complemento do médico[...]8

No final do século XVIII o hospital europeu sofreu reformas9 na Europa resultantes

do pensamento iluminista, principalmente os marítimos e militares, no Brasil esta reforma

acontece no final do século XIX, e uma das ações que proporcionam estas mudanças é a saída

das irmãs religiosas que realizavam o cuidado das instituições de saúde.

Através de registros históricos da existência dos hospitais militares brasileiros em

1798, e da existência do enfermeiro-mór 10

, podemos admitir que o ensino do objeto de

trabalho da enfermagem, o cuidado, teria um início anterior ao que é registrado oficialmente

8 GEVANINI et al., 2010, p. 102 e 103, trechos do decreto que cria a escola de enfermagem. As autoras reproduzem trechos do documento escrito por José Cesário de Faria Alvim, apud GUSSI, MA (1987), p. 38-40.

9 Ver em FOUCAULT, 2003, p. 99-105.

10 Evidência encontrada no Arquivo Ultramarinho, Mapa Militar que demonstra os saldos, e os praças que recebiam pelos serviços na Companhia de Artilheiros em 1798, aparecem também o cirurgião e o barbeiro. Documento não cita funções, apenas registra a existência do pagamento destes praças. Ver bibliografia completa no final do texto.

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na história do Brasil, e nos trabalhos já citados. É possível considerar ensino e

aprendizagem, processo de ensino, apenas de atividades que estão oficialmente

normatizadas, ou que possuem registros oficiais?

A Enfermagem Moderna, um movimento que surgiu na Inglaterra, por volta de 1860

com Florence Nightingale, chega oficialmente ao Brasil em 1923, já no século XX. A

organização do serviço de enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP),

a pedido do Dr. Carlos Chagas, é um marco histórico para a Enfermagem Moderna Brasileira.

A capacitação oferecida pelo DNSP era de responsabilidade das enfermeiras da Fundação

Rockfeller, em 1926 a Escola de Enfermagem do DNSP, passou a ser designada Escola de

Enfermagem Anna Nery, e em 1931 passa a ser chamada de Escola de Enfermagem da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (GALLEGUILLOS E OLIVEIRA, 2001).

Questionamentos: como as práticas de ensinar o cuidado auxiliaram a reformulação de

uma classe, emergindo da popularesca existente uma categoria profissional como a

enfermagem? A tradição do cuidar tem características que são atemporais, ou seja, que não

dependem dos tempos históricos vividos?

As respostas encontradas a estas questões, formam um emaranhado cultural

constituído pela tradição do cuidar cuiabano, nas suas várias formas de efetivação e de ensino,

pelo seu sistema de valores, suas idéias e formas institucionais/políticas criadas para estas

práticas no início do século XIX e em outros momentos que ainda serão explorados.

A investigação histórica do cotidiano dos enfermeiros na Santa Casa de Misericórdia

de Cuiabá, tem possibilitado a compreensão da complexidade e a riqueza das práticas que

estão mais próximas de nós, e que são impregnadas da aparente banalidade do cotidiano11

.

Assim, quando estudamos os gestos que são laboriosamente apreendidos e reproduzidos nas

diversas situações do cotidiano, passado ou presente, estamos olhando para momentos

históricos em que estas práticas podem acumular poder para alguns, e ao mesmo tempo

podem empurrar outros para a margem da historia. Portanto, dois espaços são portadores de

historicidade e de rotineira cotidianidade: um espaço de ‘detentores’ e outro de ‘excluídos’

da História (PRIORE, 2011).

11 Ver a história do Cotidiano e da vida privada (PRIORE, 2011).

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A construção do cotidiano está além da vida privada e familiar, e das atividades

ligadas à manutenção dos laços sociais, das práticas de consumo e do trabalho doméstico

(VENDRAMINI, 2006). O cotidiano pode ser apreendido nas reproduções, nas repetições do

que existe, e criam um espaço de práticas que regeneram formas, sem, contudo, modificá-las

nem individualizá-las (VENDRAMINI, 2006).

Objetivo

Analisar os indícios encontrados, constituir a historia do ensino do enfermeiro em

Cuiabá. Para possibilitar esta análise nos propomos à: 1)Historicizar as práticas de ensinar a

cuidar no período imperial em Cuiabá, relacionando estas práticas ao seu contexto social e

econômico;2)Identificar a cultura e o cotidiano existente do cuidar nas microhistorias de

cuidadores, expondo as singularidades e marginalidades históricas destas práticas;3)Refletir a

partir da evolução das práticas educativas no Brasil, como as práticas de educar o enfermeiro

se articulam com este cenário.

Percurso metodológico atual

Fundamentados em Ginzburg (2004), apontamos o estranhamento, como forma de

olhar o mundo, para desenvolver a sensibilidade para ler singularidades dos sinais que se

apresentam à margem da investigação exploratória e documental. Este estudo busca grupos

que estão à margem da historia oficial/clássica, utilizando todas as fontes de documentos

disponíveis.

O paradigma indiciário (GINZBURG, 2000) possibilita ampliar a busca para os

indícios encontrados nas fontes. Consideramos que o ‘estranho’ não é o mesmo que é

‘diferente’, mas o oposto de óbvio e automático (GINZBURG, 2004, p. 34). Analisamos a

narrativa histórica, que articulada em pequena escala e com outras mais amplas, possibilita o

movimento continuo da análise entre o macro e o micro textual12

. Táticas operacionais : busca

por palavras chave e documentos13

que podem fornecer indícios; organização dos documentos

encontrados por assunto e relevância do indício; transcrição dos documentos filmados ou

fotografados e fontes14

.

12 Nesta pesquisa o autor aplica metodologias qualitativas e quantitativas para explorar o seu objeto, para este momento consideramos os olhares fundamentados em Ginzburg, que o autor utiliza para encontrar o educador nas cartas de Jan Hus. (AGUIAR, 2010). 13 Documentos oficiais e de fontes não oficiais na bibliografia no final do texto.

14 Ver na bibliografia/fontes.

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Neste texto apresentamos uma das unidades de significação encontradas nas fontes.

É importante esclarecer que estas descrições e análises estão em um momento de

coleta e construção, portanto ainda estão incompletas, e se articulam diretamente com o

desenho e delimitação do objeto de pesquisa.

CLIMA E ENFERMIDADE EM CUIABÁ NO INICIO DO SÉCULO XIX.

Como Cuiabá estava se transformando na capital do Estado, Rodrigues (1923, p. 19)

descreve a necessidade de mudanças na região urbana. As condições sanitárias nas ruas

exigiam do governo alguns cuidados, pois existiam pela vila inúmeros enfermos pobres e

urgia ao governo amparar os indigentes. Segundo Jesus (2003, p. 138) o cuidado realizado à

população enferma, no final do século XVIII, acontecia no interior da casa do Cirurgião, que

tinha a ajuda de uma preta para cuidar dos enfermos, e que preparava os medicamentos para

os enfermos que estava assistindo e para a população que residia na Vila Real do Senhor

Bom Jesus do Cuiabá. Entre 1726 e 1822, (JESUS, 2003, p.135) afirma que existiram

sessenta e um agentes de cura na região central da Vila, sendo três médicos, trinta e nove

cirurgiões, seis boticários, seis barbeiros/sangradores e sete enfermeiros. Existiam dois tipos

de cirurgiões, o Cirurgião Público que era contratado pelo senado da câmara ( Partido

Público), trabalhava da seguinte maneira:

o qual reconhecendo que semelhantes ordenados senão podiam fazer sem

provizão minha, contudo havia urgente necessidade de cirurgião lhe

continuarão com o mesmo partido sendo este obrigado a curar a sua custa

os enfermos pobres com assistência de sua pessoa, e medicamentos [...]

sendo este obrigado a curar a sua custa os enfermos pobres com assistência

de sua pessoa, e medicamentos (JESUS, 2003, p.138)

Assim, o cirurgião atendia a população das Vilas, utilizando o interior da sua casa

como local para cuidar dos enfermos e para preparo dos remédios. O preparo dos remédios

também era realizado no interior da sua casa e a compra das substancias que seriam

manipuladas era feita com o salário do cirurgião. Existem relatos (AZEM, 2008. p. 132) de

que existiam seis boticários na mesma região dos cirurgiões, mas não ficou clara a relação

entre estes dois cuidadores.

O outro tipo de cirurgião, o Cirurgião Militar, era contratado pelo Partido Militar, que

atuava atendendo as tropas e a população. O espaço utilizado para o cuidado era o

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destacamento, que mais tarde, em 1808, passaria a ser feito no Hospital Real Militar,

instituído em Cuiabá pela Companhia Franca dos Leais Cuiabanos (AZEM, 2008. p. 118).

Neste período que os problemas de saúde da população da Capitania e as necessidades

políticas motivam a criação de um hospital que pudesse atender aos moradores da Vila à

população e ao serviço militar, concentrando esforços em um mesmo local. Para criação do

hospital, o Capitão General João Carlos Augusto d’Oeynhausen e Grevenbourg utilizou as

finanças que estavam destinadas a construção de um hospital em Vila Bela de Santíssima, e

que em Cuyabá seria um espaço maior para cuidar das pessoas enfermas e dos soldados

(RODRIGUES, 1959, p. 24; MENDONÇA, 1906, p. 120).

Esta situação estaria prejudicando o crescimento e o desenvolvimento da cidade de

Cuiabá, e da Capitania de Mato Grosso (MORENO, 2007, p. 53). Na Carta que versa sobre a

situação Povoamento da Capitania de Mato Grosso, escrita por Luiz Pinto de Souza,

argumenta:

os soldados que aqui se pagão e as despesas são tão exorbitantes dos

hospitais; que é impossível em ter-se maior número de tropas, sem se

exaurir a Provedoria de Goiás com extraordinário subsidio; e imposto os

existentes não sejão proporcionadas a interter a Guarnição das rendas da

Provedoria como da piquenhes da Povoação15

Era necessário um espaço maior para cuidar das pessoas enfermas, mas que a

Provedoria de Goiás não estivesse responsável pela manutenção do mesmo. Assim, os

hospitais militares que eram mantidos pela Coroa Portuguesa, com a criação dos hospitais

locais, teriam a manutenção realizada pelos moradores locais, através da doação de alimentos,

roupas, ouro, prata, bois e escravos.

O adoecimento e morte da população na Vila Real de Santíssima Trindade, resultavam

da falta de higienização, de saneamento e pela alimentação precária da população local.

Assim, o número de mortes provocadas por doenças passou a ser significativo, mas,

documentos apontam que a principal causa das mortes, em quantidade, eram causadas por

15 Carta de Luiz Pinto de Souza Coutinho (3º Governador de Mato Grosso), enviada à Martinho de Melo e Castro em 1º de maio de 1771. Descreve sobre a situação do Povoamento da Capitania de Mato Grosso, relatando o estado da povoação, sobre a agricultura e sua produção, das minas e seus problemas. Ver em AHU, microfilme 216, doc.2486.

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conflitos originados entre as etnias, como os ataques dos índios, que eram chamados bárbaros

e selvagens, negros e outros (AZEM, 2008. p. 122).

Para tentar controlar os níveis de mortalidade e de baixas militares, que estavam

ligados as condições de moradia e vida na vila de Cuiabá, o Capitão General João Carlos

Augusto d’Oeynhausen e Grevenbourg deu início a um processo de civilização que era

comum aos processos historicamente utilizados para o desenvolvimento econômico em outras

capitanias no Brasil. Por isso, concentrou seus esforços com as negociações para mudar a

capital de Vila Bela de Santíssima Trindade para a Vila de Cuiabá.

A mudança da capital para Cuiabá não mudou as condições de vida de

imediato, mas impulsionou um processo de reorganização importante da cidade e da

sociedade, apesar de opiniões contrárias a este desenvolvimento. Estas mudanças foram

impulsionadas devido às condições de vida que circulavam na Vila de Cuiabá para outros

lugares.

São tantas as misérias e necessidades dos pobres deste distrito, de que se

condoeu o pio testador, que dificilmente as abrangeria a tôdas, a mais

ardente caridade. [...] foi assim que, antes que se preparasse o novo

hospital, resolveu o Capitão General João Carlos recolher ao Hospital

Militar, então existente, conforme as vagas que houvessem, os enfermos

indigentes, preferidos os mais doentes e ao mesmo tempo mais necessitados,

correndo as respectivas despesas por conta do cofre da Administração das

Obras Pias[...]e a aula de anatomia e cirurgia, custeada pelas

disponibilidades do subsídio literário(RODRIGUES, 1959, p. 37)

A construção de um novo hospital que atendesse a população que perecia nas ruas

cuiabanas, e que substituísse o Hospital Militar, foi uma das realizações do Capitão General

João Carlos Augusto d’Oeynhausen e Grevenbourg. Durante a realização desta construção, as

ações higienistas do Capitão General se concentraram no recolhimento dos enfermos

indigentes, ou seja, na institucionalização daqueles que viviam nas ruas.

Este é um indício de que o cuidado ( em 1815) estava em processo de

institucionalização, prática semelhante impulsionadas pela guerra e que acontecia em Portugal

e na Europa. Em Portugal (entre 1763 e 1777) existia um movimento que instigou a burguesia

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a repensar o ócio, movimento este que era comum à Europa16

, a nobreza começou a perceber

a necessidade de prestar outros serviços à nação, com base em novos fundamentos teóricos e

práticos.

É neste período que Antonio Nunes Ribeiro Sanches, que havia estudado medicina e

filosofia na Universidade de Coimbra, e fez aperfeiçoamento em Gênova, Londres,

Montpellier e Leiden, publica ‘Método para aprender a estudar a medicina’ (em 1673). Este

ensaio influencia a criação do ‘As Cartas sobre a Educação da Mocidade’ que sustentam as

reformas pombalinas, pois oferecem a concepção iluminista e burguesa necessárias para

iniciar o embate com a educação religiosa. Seu principal argumento estava fundamentado na

economia política e não apenas na teoria política.

Segundo Saviani (2010), o movimento que tentava colocar Portugal no Século das

Luzes, perde força em 1777, com a morte de Dom José I e a subida ao trono de D. Maria I,

que demite o Marquês de Pombal do cargo de ministro do rei. As reformas pombalinas

chegam ao Brasil em 1772, antes destes acontecimentos, e iniciam outros movimentos

importantes para a educação brasileira. As ideias iluministas percorrem a Europa, um marco

importante para a enfermagem é o nascimento de Florence Nightgale, em 1820

(NIGHTGALE, 1860, p. 5).

A prática que denominamos institucionalização era comum nas grandes cidades de

Portugal e nas cidades de outros países europeus (FOUCAULT, 2003, p. 98-111). Considero

diferente a institucionalização da hospitalização, pois entendo que a referencia feita ao

recolhimento/recolher, não indica necessariamente o tratamento e cuidado das pessoas

enfermas que seriam recolhidas. Existem registros históricos europeus (FOUCAULT, 2003, p.

110) que se referem a alguns hospitais como depósitos de pessoas doentes, caracterizando

estes hospitais como locais em que não se realizava a busca pela cura da doença, e sim o

recolhimento.

16 ‘Ainda não temos dados suficientes para discutir a relação entre as escolas de medicina da Europa, a enfermagem moderna de Florence

Nightingale, as Reformas Pombalinas e as Aulas de Cirurgia em Cuiabá. Estes fatos acontecem na Inglaterra, Portugal e Brasil no mesmo período. O autor do “Método para aprender a estudar a medicina” motivou a criação do Colégio dos Nobres com a ideia de que a burguesia poderia oferecer outros serviços, que não o ócio, para o desenvolvimento de Portugal. Este movimento acontecia na Inglaterra, a Rainha Vitoria motivou durante o seu reinado a expansão do comercio e do conhecimento científico. É possível pensar em um paralelo entre o nascimento e estudos de Florence, que é conhecida como uma das primeiras mulheres inglesas a lutar contra o ócio (sendo conhecida como uma Vitoriana) e pelo novo lugar da mulher na sociedade. Estas são as motivações para a participação de Florence na Guerra da Criméia. O movimento de reforma da educação no Brasil pode ser reflexo destes movimentos na Europa. Possível reflexão na leitura de SAVIANI, 2010, p. 105-110 e de NIGHTINGALE, 1860, p. 98

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A saída destes doentes da rua proporcionaria um novo aspecto, outro ar às ruas

cuiabanas, e traria um sentimento de segurança17

para os moradores da vila. O mal estar

causado pela presença de pessoas doentes nas ruas tem sua evidência na escrita sobre a

morfea, uma dos males que acometiam os moradores da Vila de Cuiabá.

É a terrível moléstia de que falo, a morféa, mal funesto com que se tem

familiarisado a tal ponto a classe mais infeliz, que, ás vezes, os escravos

buscam nela um título para a sua liberdade. [...] estão incuràvelmente

atacados e impedir a sua comunicação, e curar aos que por infelicidade

cáem nesta moléstia, é a única barreira que se pode opôr à sua propagação

(RODRIGUES, 1923,p.76)

A idéia que circulava na corte portuguesa era de que esta região era muito rica, mas

que era de um estado perigoso para viver e atrasado com acontecimentos e costumes

bárbaros18

, com clima hostil e insalubre, mas com riquezas naturais abundantes.

O intelectual motivador dos processos de civilizar19

em 1816, 8º Capitão General João

Carlos Augusto d’Oeynhausen e Grevenbourg, direciona nossos olhares para os hospitais

militares, que eram montados nos acampamentos (em áreas desabitadas) com a função de

motivar a colonização das áreas e de organizar o crescimento destas áreas. Existia um

sentimento de medo das doenças, que ainda estavam por ser estudadas e o sentimento de

distância do mundo civilizado. A população que pouco resistia às enchentes, e outras

alterações climáticas, o medo da morte fundamenta práticas que o desenvolvimento de

províncias. Os hospitais militares eram organizados pelo Cirurgião Mor das infantarias, eram

construídos em volta do acampamento (SILVA, 2006). A cada A cada acampamento montado

existia uma comunidade que se organizava em seu entorno.

Os doentes ficavam isolados em cabanas distantes da parte central do acampamento.

As casas dos cirurgiões eram usadas como enfermaria, e existem indícios de que os

cuidadores eram nativos e negros instruídos pelo Cirurgião. Segundo Firmo (1923) as Aulas

de Cirurgia eram realizadas desde 1806,

17

Estes termos ainda estão em pesquisa para discussão: segurança, enfermo, indigente, alteração do urbano e iluminismo.

18 A idéia de que a população da Vila de Cuiabá, e a de Mato Grosso tinham características raciais indesejáveis e perniciosas ao avanço da civilização, apesar de descender dos intrépidos bandeirantes, foi amplamente combatida pelos dirigentes intelectuais cuiabanos, com objetivo de mudar a identidade que foi criada entre a burguesia brasileira do século XVIII. (GALETTI, 2000. p. 340)

19 Retomar a Instrução Régia para reflexão sobre civilizar, povoar e explorar, termos em construção no momento.

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João Carlos Oeynhausen Gravemberg criou a Companhia Franca dos Leais

Cuiabanos, criada a 29 de março de 1806, o Hospital Real Militar instituído

em Cuiabá, meses depois, a aula de anatomia e cirurgia, custeada pelas

disponibilidades do subsídio literário20

Para as aulas foi separado espaço para este fim:

Comunicou ainda a mesma Administração que, também tinha pronta a sala

superior do mesmo edifício e que poderia servir para a sala da cirurgia, que

já funcionava no hospital militar. Para a dotação da referida Aula de

Cirurgia ofereceram os Administradores a importância correspondente a

200 oitavas de ouro anual, deduzindo-se dessa importância, a que fosse

preciso para estabelecer prêmios aos alunos que mais se distinguissem.

Grande contentamento teve João Carlos como esta comunicação, o que

manifestou em oficio que dirigiu aos administradores, como ao Principe

regente e, tendo transferido para o novo hospital a Aula de Cirurgia,

estabeleceu os seguintes prêmios para os alunos que mais se distinguissem:

1º premio 9§600; 2º prêmio 4§800; 3º prêmio 2§400(RODRIGUES, 1923.p.

110- 124. )

Neste momento a pesquisa encontra-se na fase final da coleta de dados, e inicial da

análise.

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20 Texto extraído do relatório sobre as atividades da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, que registra o fundamento da instituição. Firmo Rodrigues foi Diretor Geral da instituição no início do século XX. (RODRIGUES, 1923.p. 110- 124. )

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