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INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE Aspectos Técnicos e Práticos

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INSALUBRIDADEE

PERICULOSIDADE

Aspectos Técnicos e Práticos

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1ª edição — 1994 2ª edição — 1995 3ª edição — 1997 4ª edição — 1998 5ª edição — 2000 6ª edição — 2002 7ª edição — 2004 8ª edição — 2007 9ª edição — 2009

10ª edição — 201111ª edição — 2012212ª edição — 201313ª edição — 201414ª edição — 2015

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TUFFI MESSIAS SALIBAEngenheiro Mecânico. Engenheiro de Segurança do Trabalho. Advogado. Mestre em Meio

Ambiente. Professor dos cursos de pós-graduação de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. Diretor Técnico da ASTEC — Assessoria e

Consultoria Segurança e Higiene do Trabalho Ltda.

MÁRCIA ANGELIM CHAVES CORRÊAEngenheira Química. Engenheira de Segurança do Trabalho. Pós-graduada em

Gerenciamento Ambiental. Professora dos cursos de pós-graduação de Engenharia de Segurança do Trabalho. Sócia-proprietária da CONTRENGE Ltda.

INSALUBRIDADEE

PERICULOSIDADE

Aspectos Técnicos e Práticos

14ª edição 1

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R

EDITORA LTDA.

Rua Jaguaribe, 571CEP 01224-001São Paulo, SP — BrasilFone (11) 2167-1101www.ltr.com.brOutubro, 2015

Produção Gráfica e Editoração Eletrônica: RLUXProjeto de capa: Fábio GiGLioimpressão: PimEnta

Versão impressa — LTr 5374.4 — iSbN 978-85-361-8628-3Versão digital — LTr 8817.1 — iSbN 978-85-361-8620-7

todos os direitos reservados

Índices para catálogo sistemático:

Dados internacionais de Catalogação na Publicação (CiP)(Câmara brasileira do Livro, SP, brasil)

1. brasil : insalubridade : Segurança do trabalho :Direito do trabalho 34:331.4(81)

2. brasil : Periculosidade : Segurança do trabalho :Direito do trabalho 34:331.4(81)

Saliba, Tuffi Messiasinsalubridade e periculosidade : aspectos técnicos e práticos /

Tuffi Messias Saliba, Márcia Angelim Chaves Corrêa. — 14. ed. —São Paulo : LTr, 2015.

bibliografia.

1. Segurança do trabalho 2. Segurança do trabalho — brasil3. Trabalhos perigosos i. Corrêa, Márcia Angelim Chaves. ii. Título.

15-08358 CDU-34:331.4(81)

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Agradecimentos

Dr. Paulo Chaves Corrêa, Advogado.Lênio Sérvio Amaral, Engenheiro de Segurança do Trabalho,

FUNDACENTRO/MG.Dr. Sebastião Geraldo de Oliveira,

Desembargador do TRT 3ª Região, Belo Horizonte.José David Martins, Técnico de Segurança,

FUNDACENTRO/MG.Dr. Elias Michel Farah, Médico do Trabalho.

Maria Beatriz de Freitas Lanza, Engenheira de Segurança do Trabalho.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO ICONSIDERAçõES GERAIS

1. Conceito de insalubridade .............................................................................. 112. Critério adotado para a caracterização da insalubridade ............................... 123. Conceito de periculosidade ............................................................................ 154. Valores dos adicionais de insalubridade e periculosidade ............................. 17

4.1. Base de cálculo do adicional de insalubridade ........................................ 184.2. Base de cálculo do adicional de periculosidade ...................................... 19

5. Eliminação ou neutralização da insalubridade e/ou periculosidade ............... 206. Prova pericial .................................................................................................. 22

6.1. Perícia extrajudicial .................................................................................. 236.2. Perícia judicial .......................................................................................... 23

7. Laudo pericial ................................................................................................. 26Apêndice 1 — Portaria n. 3.311, de 29 de novembro de 1989 ........................... 29Apêndice 2 — Código de Processo Civil — Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973 ..... 31

Lei n. 5.584, de 26 de junho de 1970 ........................................... 35Apêndice 3 — Modelo de Laudo Técnico de Avaliação de Calor para fins de

insalubridade .............................................................................. 36

CAPÍTULO IICARACTERIZAçÃO DE INSALUBRIDADE

1. Ruído .............................................................................................................. 41

1.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexos 1 e 2 — NR-15 ....... 41

1.2. Da caracterização de insalubridade......................................................... 42

1.3. Eliminação/neutralização ......................................................................... 47

2. Calor ............................................................................................................... 542.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexo 3 — NR-15 ................ 542.2. Da caracterização de insalubridade......................................................... 572.3. Eliminação/neutralização ......................................................................... 62

3. Iluminação ...................................................................................................... 62

4. Radiações ionizantes ..................................................................................... 634.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexo 5 — NR-15 ................ 63

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8 InsalubrIdade e perIculosIdade

4.2. Da caracterização de insalubridade......................................................... 644.3. Eliminação/neutralização ......................................................................... 65

5. Trabalho sob pressões hiperbáricas — Avaliação qualitativa — Anexo 6 —NR-15 ............................................................................................................. 65

6. Radiações não ionizantes .............................................................................. 666.1. Critério Legal — Avaliação Qualitativa — Anexo 7 — NR-15 .................. 666.2. Da caracterização de insalubridade......................................................... 666.3. Eliminação/neutralização ......................................................................... 67

7. Vibração ......................................................................................................... 687.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexo 8 — NR-15 ............... 687.2.Vibração de corpo inteiro ......................................................................... 707.3. Vibração de mãos e braços ou localizada .............................................. 787.4. Da caracterização de insalubridade ........................................................ 807.5. Eliminação/neutralização ........................................................................ 81

8. Frio ................................................................................................................. 818.1. Critério Legal — Avaliação Qualitativa — Anexo 9 — NR-15 ................. 818.2. Da caracterização de insalubridade ........................................................ 828.3. Eliminação/neutralização ........................................................................ 84

9. Umidade ......................................................................................................... 85 9.1. Critério Legal — Avaliação Qualitativa — Anexo 10 — NR-15 ............... 85 9.2. Da caracterização de insalubridade ....................................................... 8510. Gases e vapores .......................................................................................... 86

10.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexo 11 — NR-15 .......... 8610.2. Da caracterização de insalubridade .................................................... 9210.3. Eliminação/neutralização ..................................................................... 96

11. Poeiras e outros particulados ....................................................................... 9711.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexos 11 e 12 — NR-15 9711.2. Da caracterização de insalubridade ..................................................... 10411.3. Eliminação/neutralização ..................................................................... 111

12. Agentes químicos ......................................................................................... 112 12.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexo 13 — NR-15 .......... 112 12.2. Eliminação/neutralização...................................................................... 13613. Agentes biológicos........................................................................................ 137

13.1. Critério Legal — Avaliação Quantitativa — Anexo 14 — NR-15 .......... 137

13.2. Caracterização de insalubridade ......................................................... 138

13.3. Eliminação/neutralização ..................................................................... 144

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9InsalubrIdade e perIculosIdade

CAPÍTULO IIICARACTERIZAçÃO DE PERICULOSIDADE

1. Considerações gerais ..................................................................................... 1452. Caracterização da periculosidade por explosivos .......................................... 146

2.1. Critério legal ............................................................................................ 1462.2. Da caracterização da periculosidade por explosivos .............................. 149

3. Caracterização da periculosidade por Inflamáveis ......................................... 1513.1. Critério legal ............................................................................................ 1513.2. Caracterização da periculosidade por inflamáveis .................................. 159

4. Caracterização da periculosidade para profissionais da área de segurança pessoal ou patrimonial ................................................................................... 1654.1. Critério legal ............................................................................................ 165

5. Caracterização da periculosidade por energia elétrica .................................. 1685.1. Critério legal ............................................................................................ 1685.2. Da caracterização da periculosidade por energia elétrica ...................... 171

6. Da caracterização da periculosidade para motociclista ................................. 1756.1. Critério legal ............................................................................................ 175

7. Caracterização da periculosidade por radiação ionizante .............................. 1767.1. Critério legal ............................................................................................ 1767.2. Da caracterização de periculosidade por radiações ionizantes .............. 181

8. Contato permanente ....................................................................................... 1829. Risco acentuado ............................................................................................. 185

CAPÍTULO IVAPOSENTADORIA ESPECIAL. ATIVIDADES PERIGOSAS,

INSALUBRES OU PENOSAS

1. Conceito ......................................................................................................... 1882. Considerações gerais/evolução das normas de concessão do direito à apo-

sentadoria especial ........................................................................................ 1883. Comentários sobre as normas vigentes de concessão de aposentadoria

especial .......................................................................................................... 1953.1. Aposentadoria especial por ruído — Critério quantitativo ........................ 1953.2. Aposentadoria especial por calor — Critério quantitativo ........................ 1993.3. Aposentadoria especial por vibração, radiação e pressões anormais ..... 1993.4. Aposentadoria especial por agentes químicos ........................................ 2003.5. Aposentadoria especial — agentes biológicos ........................................ 2013.6. Associação dos agentes .......................................................................... 202

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10 InsalubrIdade e perIculosIdade

4. Descaracterização do direito à aposentadoria especial pelo EPC e EPI ....... 2025. Conversão do tempo especial em tempo de serviço...................................... 203

6. Relação entre aposentadoria especial, insalubridade e periculosidade ........ 205

7. Laudo técnico ................................................................................................. 205

8. Perfil profissiográfico previdenciário ............................................................... 208

Apêndice 1 — Quadro a que se refere o art. 2º do Decreto n. 53.831, de 25 de março de 1964. Regulamento geral da Previdência Social ....... 210

Apêndice 2 — Regulamento dos benefícios da Previdência Social (Decreto n. 83.080, de 24 de janeiro de 1979). Classificação das atividades profissionais segundo os agentes nocivos ................................. 215

Apêndice 3 — Decreto n. 3.048, de 06 de maio de 1999. Regulamento da Pre-vidência Social ............................................................................ 222

Apêndice 4 — Modelo de laudo técnico de Aposentadoria Especial ................. 228

Apêndice 5 — Modelo de PPP ........................................................................... 229

CAPÍTULO VJURISPRUDÊNCIA

1. Enunciados ou Súmulas do Tribunal Superior do Trabalho relativos à insa-lubridade e periculosidade ............................................................................. 231

2. Orientações Jurisprudenciais da Seção de Dissídios Individuais (TST) refe-rentes à insalubridade e periculosidade — Enunciado n. 333 ....................... 234

3. Súmulas do antigo Tribunal Federal de Recursos.......................................... 236

4. Súmulas do Supremo Tribunal Federal relativas à insalubridade e periculosidade ................................................................................................ 237

5. Súmulas da Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (JEFs) .............................................................................. 237

6. Jurisprudência relativa à insalubridade, periculosidade e prova pericial ....... 237

6.1. Insalubridade ........................................................................................... 237

6.2. Periculosidade ......................................................................................... 247

6.3. Prova pericial .......................................................................................... 258

Referências bibliográficas ............................................................................... 263

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CAPÍTULO I

CONSIDERAçõES GERAIS

1. CONCEITO DE INSALUBRIDADE

O art. 7º, XXIII, da CF/1988 dispõe:adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei.

O trabalho perigoso e insalubre é regulamentado na CLT, mas, em relação à penosidade, até o momento, não foi elaborada qualquer norma definindo a conceituação, os critérios de caracterização, o valor do adicional, dentre outros, com exceção para o servidor público federal, em exercício em zonas de fronteira ou em localidades cujas condições de vida o justifiquem (art. 71, Lei n. 8.112/1990).

A palavra “insalubre” vem do latim e significa tudo aquilo que origina doença; insalubridade, por sua vez, é a qualidade de insalubre. Já o conceito legal de insalubridade é dado pelo art. 189 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), nos seguintes termos:

Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.

Analisando o conceito acima, verifica-se que ele é tecnicamente correto dentro dos princípios da Higiene Ocupacional.

No campo da saúde ocupacional, Higiene do Trabalho é uma ciência que trata do reconhecimento, da avaliação e do controle dos agentes agressivos passíveis de levar o empregado a adquirir doença profissional, quais sejam:

— Agentes físicos — ruído, calor, radiações, frio, vibrações e umidade.

— Agentes químicos — poeira, gases e vapores, névoas e fumos.

— Agentes biológicos — micro-organismos, vírus e bactérias.

Assim, por exemplo, um empregado exposto ao agente ruído, em certas condições, pode adquirir perda auditiva permanente.

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12 InsalubrIdade e perIculosIdade

Segundo os princípios da Higiene Ocupacional, a ocorrência da doença profissional, dentre outros fatores, depende da natureza, da intensidade e do tempo de exposição ao agente agressivo.

Com base nesses fatores, foram estabelecidos limites de tolerância para os referidos agentes, que, no entanto, representam um valor numérico abaixo do qual se acredita que a maioria dos trabalhadores expostos a agentes agressivos, durante a sua vida laboral, não contrairá doença profissional. Contudo, do ponto de vista prevencionista, não podem ser encarados com rigidez, e sim como parâmetros para a avaliação e o controle dos ambientes de trabalho.

Por se tratar de matéria técnica de higiene ocupacional, a regulamentação foi delegada ao MTE, conforme dispõe o art. 190 da CLT:

O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização da insalubridade, os limites de tole-rância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes.

O Ministério do Trabalho e Emprego regulamentou a matéria na Norma Regulamentadora — NR-15 da Portaria n. 3.214/1978. Portanto, a possível caracterização da insalubridade ocorrerá somente se o agente estiver inse-rido na referida norma.

Nesse sentido, a Súmula n. 460 do STF (Superior Tribunal Federal), dispõe:Para efeito do adicional de insalubridade, a perícia judicial, em reclamação trabalhista, não dispensa o enquadramento da atividade entre as insalubres, que é ato da compe-tência do Ministério do Trabalho.

Ademais, o entendimento jurisprudencial do TST também é de haver necessidade de classificação da atividade como insalubre na relação oficial elaborada pelo MTE (Orientação Jurisprudencial n. 4 do SDI do TST)(1).

Logo, o perito não pode extrapolar situações não previstas pela norma regulamentadora 15 da Portaria n. 3.214/1978 na apuração da insalubridade.

2. CRITÉRIO ADOTADO PARA A CARACTERIZAçÃO DA INSALUBRIDADE

O MTE, na Portaria n. 3.214/1978, regulamentou toda a matéria de Segurança e Medicina do Trabalho por meio de 36 normas regulamentadoras,

(1) ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 04/TST— adicional de insalubridade. Necessidade de classificação da atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho, não bastando a constatação por laudo pericial. CLT, art. 190. Aplicável.

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13InsalubrIdade e perIculosIdade

estando inseridas na NR-15 e em seus 14 anexos as atividades e operações insalubres, assim consideradas (no subitem 15.1) as que se desenvolvem:

— Acima dos limites de tolerância previstos nos anexos 1, 2, 3, 5, 11 e 12.

— Nas atividades mencionadas nos anexos 6, 13 e 14.

— Comprovadas por meio de laudo de inspeção do local de trabalho, constantes dos anexos 7, 8, 9 e 10.

— Abaixo dos mínimos de iluminamento fixados no anexo 4, exceto nos trabalhos de extração de sal. Esse anexo foi revogado pela Portaria n. 3.751, de 23.11.1990.

Embora o art. 189 da CLT estabeleça que a insalubridade ocorrerá quando a exposição ao agente superar o limite de tolerância, observa-se que a norma do MTE estabeleceu três critérios para a caracterização da insalu-bridade: avaliação quantitativa, qualitativa e inerentes à atividade.

a) Avaliação quantitativa

Nos anexos 1, 2, 3, 5, 8, 11 e 12 estão definidos os limites de tolerância para os agentes agressivos fixados em razão da natureza, da intensidade e do tempo de exposição. Nesse caso, o perito terá de medir a intensidade ou a concentração do agente e compará-lo com os respectivos limites de tolerância; a insalubridade será caracterizada somente quando o limite for ultrapassado. Para tanto, o perito deve utilizar todas as técnicas e os métodos estabelecidos pelas normas da Higiene Ocupacional juntamente com aquelas definidas nos mencionados anexos.

É importante salientar que praticamente todos os limites fixados foram baseados nos limites de tolerância estabelecidos, em 1977, pela ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists), devidamente corrigidos para a jornada de trabalho no Brasil, e permanecem, na sua maioria, inalterados.

b) Avaliação qualitativa

Nos anexos 7, 9, 10 e 13, a NR-15 estabelece que a insalubridade será comprovada pela inspeção realizada por perito no local de trabalho; ou seja, nesses anexos, o MTE não fixou limites de tolerância para os agentes agres-sivos, embora as normas internacionais — incluindo a ACGIH — os tenham estabelecido para praticamente todos os agentes. Assim, na caracterização da insalubridade pela avaliação qualitativa, o perito deverá analisar detalha-damente o posto de trabalho, a função e a atividade do trabalhador, utilizando os critérios técnicos da Higiene Ocupacional.

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14 InsalubrIdade e perIculosIdade

Deve-se levar em conta na avaliação, dentre outros, o tempo de exposição, a forma e intensidade de contato com o agente e o tipo de proteção usada, e até mesmo os limites internacionais existentes, visando à fundamentação do parecer técnico. No caso de substância química, é de fundamental importância se observar a diluição dela, caso esteja em solução, conforme será comentado no Capítulo III. A ausência dos limites de tolerância fixados na NR-15, para a maioria dos agentes, não significa que qualquer exposição seja perigosa. Aliás, o MTE, por meio da Portaria n. 3.311, de 29.11.1989, revogada pela Portaria n. 546, de 11.3.2010, estabelecia critérios para a avaliação qualitativa, definindo o contato permanente ou intermitente e o eventual. Além disso o fato de o MTE não ter fixado limites de tolerância não autoriza o perito a concluir que qualquer exposição é nociva à saúde.

Segundo a Portaria n. 3.311/1989, a exposição de curta duração — em torno de 25 a 30 minutos por dia — significa eventualidade, não gerando, por-tanto, a insalubridade, enquanto a exposição de 300 a 400 minutos durante a jornada de trabalho equivale ao contato permanente ou intermitente(2). Ressal-te-se que a Portaria n. 3.311 (ver apêndice 1 neste capítulo) procura dar noção ao perito de como proceder em uma avaliação qualitativa. Todavia, cada caso deverá ser analisado, levando-se em conta especialmente a intensidade e for-ma de contato (pele, via respiratória, ingestão) e o tipo de agente agressivo. A Portaria n. 3.311/1989 foi revogada expressamente pela Portaria n. 546 em 11.3.2010, que estabeleceu nova forma e novo procedimento de fiscalização. A administração pode revogar seus atos por conveniência e oportunidade, no entanto, isso não invalida o conteúdo técnico da norma. Desse modo, na veri-ficação da insalubridade e periculosidade, o perito pode continuar a se orientar pela Portaria n. 3.311/1989, pois sua revogação não ocorreu por motivos téc-nicos. Conforme noticiado na Revista Proteção, a revogação dessa Portaria provocou reações dos profissionais da área de SST, os quais defendem a ela-boração de norma técnica sobre a metodologia de avaliação de insalubridade e periculosidade(3). Sempre defendemos que a primeira medida é alterar as normas, no entanto, a inércia do órgão competente do MTE faz com que estas fiquem cada vez mais defasadas. Desse modo, os profissionais da área de-veriam provocar o MTE a discutir a matéria e, consequentemente, adequar as normas pertinentes de caracterização de insalubridade e periculosidade.

Outro aspecto importante a ser lembrado é a ocorrência da exposição permanente a determinado agente somente em um dia da semana, ou seja, há uma intermitência semanal. Essa situação, em termos de jornada semanal — como normalmente os limites de tolerância são fixados —, pode resultar em exposição abaixo do limite, quando for considerada a média ponderada, observando-se, é claro, as situações que possuem limites “valor-teto” fixados em normas internacionais. Todavia, em termos de direito, a percepção parcial

(2) Portaria n. 3.311/1989 do MTE.(3) Revista Proteção n. 219, de 27.5.2010.

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15InsalubrIdade e perIculosIdade

do adicional de insalubridade dependerá da decisão judicial em cada caso, uma vez que a Súmula n. 47 do Tribunal Superior do Trabalho (TST) não define intermitência diária, semanal ou mensal. (4)

c) Avaliação qualitativa de riscos inerentes à atividade

O subitem 15.13 da NR-15 estabelece que serão insalubres as atividades mencionadas nos anexos 6, 13 e 14.

O fato de não haver meios de se eliminar ou neutralizar a insalubridade significa que esta é inerente à atividade. Assim, por exemplo, no trabalho em contato com pacientes em hospitais (anexo 14 — agentes biológicos), o risco de contágio não pode ser totalmente eliminado com medidas no ambiente ou com o uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual).

O anexo 13 (incluído no subitem 15.13 da NR-15), no entanto, estabe-lece, no seu caput, que a caracterização da insalubridade será por inspeção realizada no local de trabalho.

Entretanto, nesse anexo acontecem as duas situações, como poderá ser visto no item a ele dedicado neste livro.

3. CONCEITO DE PERICULOSIDADE

O art. 193 da CLT conceitua a periculosidade para inflamáveis e explo-sivos da seguinte forma:

São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: I — inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; II — roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segu-rança pessoal ou patrimonial. (Redação dada pela Lei n. 12.740, de 2012)§ 1º O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratifica-ções, prêmios ou participações nos lucros da empresa. (Incluído pela Lei n. 6.514, de 22.12.1977)§ 2º O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido. (Incluído pela Lei n. 6.514, de 22.12.1977)§ 3º Serão descontados ou compensados do adicional outros da mesma natureza even-tualmente já concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo. (Incluído pela Lei n. 12.740, de 2012)§ 4º São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta. (Incluído pela Lei n. 12.997, de 2014)

(4) Súmula n. 47 do TST — O trabalho executado, em caráter intermitente, em condições insalubres, não afasta, só por essa circunstância, o direito à percepção do respectivo adicional.

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16 InsalubrIdade e perIculosIdade

Observa-se pela definição que foram determinados três pressupostos para a configuração da periculosidade:

— contato com inflamáveis, explosivos, energia elétrica, roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial e, ainda, atividades em motocicletas;

— caráter permanente;

— em condições de risco acentuado.

Esses requisitos serão analisados posteriormente no Capítulo III. Quanto à regulamentação, a NR-16 da Portaria n. 3.214/1978 estabelece as atividades e operações em condições de periculosidade com inflamáveis e explosivos, bem como as áreas de risco.

Outro agente gerador de periculosidade é o contato com energia elétrica, instituído pela Lei n. 7.369/1985, regulamentada pelo Decreto n. 93.412, de 14.10.1986, estabelecendo as atividades em condições de periculosidade e áreas de risco.

Posteriormente, o MTE instituiu o adicional de periculosidade para as atividades ou operações que envolvem radiações ionizantes e substâncias radioativas, por meio da Portaria n. 3.393, de 17.12.1987, instrumento este, no entanto, considerado ilegal por alguns profissionais da área jurídica, vez que o direito ao recebimento do adicional fora criado por uma portaria. Sobre o assunto, o Dr. Cláudio Lacerda da Costa, depois de argumentar, conclui:

Não pode, então, o Ministério do Trabalho regulamentar como perigoso o trabalho que implique em contato com substância que não seja explosiva ou perigosa, sob pena de total ilegalidade do regulamento. Sendo assim, a Portaria n. 3.393/87 ultrapassa os limites contidos no art. 200, VI, da CLT e esbarra no dispositivo no art. 193, do mesmo diploma legal, constituindo-se então em ato ilegal, insuscetível de gerar direitos e obrigações.(5)

Em 11.12.2002, a Portaria n. 496 do MTE revogou a Portaria n. 3.393/1987 sendo a motivação desse ato a falta de amparo legal no art. 193 — caput da CLT — e devido a esse agente ser classificado como insalubre. Contudo, a Por-taria n. 518 de 4 de abril de 2003 revogou a Portaria n. 496, voltando a vigorar, portanto, o adicional de periculosidade por radiação ionizante.

Posteriormente, O TST, por intermédio da Orientação jurisprudencial 345, firmou o entendimento sobre a legalidade da portaria(6).

(5) LTr Suplemento Trabalhista 29-141/88.(6) Orientação Jurisprudencial n. 345: ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. RADIAÇÃO ONI-ZANTE OU SUBSTÂNCIA RADIOATIVA. DEVIDO. DJ 22.6.2005.