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INSERÇÃO DA FÍSICA MODERNA E CONTEMPORÂNEA NO ENSINO MÉDIO: UMA SEQUÊNCIA DE ENSINO PARA ABORDAR O EFEITO FOTOELÉTRICO JOCIVAL SANTOS SOUZA Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) no Curso de Mestrado Profissional em Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física. Orientador: Prof. Dr.: Maxwell Roger da Purificação Siqueira Ilhéus BA 2018

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INSERÇÃO DA FÍSICA MODERNA E CONTEMPORÂNEA NO ENSINO

MÉDIO: UMA SEQUÊNCIA DE ENSINO PARA ABORDAR O EFEITO

FOTOELÉTRICO

JOCIVAL SANTOS SOUZA

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação da Universidade

Estadual de Santa Cruz (UESC) no Curso de

Mestrado Profissional em Ensino de Física

(MNPEF), como parte dos requisitos necessários

à obtenção do título de Mestre em Ensino de

Física.

Orientador: Prof. Dr.: Maxwell Roger da

Purificação Siqueira

Ilhéus – BA

2018

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FICHA CATALOGRÁFICA

S729 Souza, Jocival Santos. Inserção da física moderna e contemporânea no ensino médio: uma sequência de ensino para abor- dar o efeito fotoelétrico / Jocival Santos Souza. – Ilhéus, BA: UESC, 2018. 90f. : il. Orientador: Maxwell Roger da Purificação Siqueira. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-Graduação do Mestra- do Nacional Profissional em Ensino de Física. Inclui referências e apêndice.

1. Física (Ensino médio). 2. Física moderna. 3.

Fotoeletricidade. 4. Método de ensino. I. Título. CDD 530

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Dedico esse trabalho a minha mãe Nalva,

pois ela foi a pessoa responsável para que

eu pudesse chegar até aqui.

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AGRADECIMENTOS

É quase inacreditável que essa jornada tão árdua e ao mesmo tempo muito

gratificante chegou ao fim. No entanto, posso afirmar com toda veracidade que só

alcancei essa vitória porque pessoas muito especiais estiveram ao lado, não tenho como

pagar na forma de moeda mas, fica a minha eterna gratidão a todos que nunca me

desampararam.

Primeiro a gradeço a minha mãe, mulher guerreira que sempre acreditou em mim,

mesmo nos momentos de grandes dificuldades financeiras ela não me deixou aventurar a

vida em outros lugares, ela sempre dizia “você só sai daqui formado” e eu como filho

obediente assim fiz, formei, mas não precisei sair. Muito obrigado minha mãe, obrigado

a todos da minha família.

A Maxwell Siqueira, meu professor, meu orientador e acima de tudo meu amigo,

homem de respeito, responsável e um caráter invejável, no qual eu me espelho. Maxwell

muito obriga pela paciência, compreensão e acima de tudo obrigado meu amigo por

contribuir muito na minha formação.

A minha esposa Alana que, muitas vezes, teve que resolver as coisas em casa

enquanto eu buscava conquistar esse sonho.

A meus filhos Everton e Felipe, Cleiton meu sobrinho, minhas irmãs que sempre

me tratou com muito carinho.

A meus colegas de curso em especial David Freire e Wanderlei Lago. Esses foram

meus companheiros em todas idas e vindas UESC, sem sombra de dúvidas nossa parceria

tornou as viagens menos cansativas e mais proveitosas.

A Franklin Ramos, menino apaixonado pela Física, sempre recorria e ainda

recorro a ele quando tenho dúvidas.

A Ariskleber Santos, pessoa calma que nuca se chateou com minhas resenhas.

A Fábio Carvalho, por me tolerar todas as aulas lhe dando apelidos.

A Flavio Passinho, que sempre ficou no seu canto quietinho, mas sempre disposto.

A Thiago Carvalho, que é um grande amigo.

Ao professor Zolacir Trindade, por estar sempre disposto a nos ajudar.

A meu amigo Joaquin, mais conhecido como Cecei, que sempre me ajudou.

A UESC por ter me acolhe por todos esses anos.

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A todos os professores do Programa de Pós-Graduação do Mestrado Nacional

Profissional em Ensino de Física, por terem contribuído com a minha formação.

À CAPES pelo apoio financeiro por meio da bolsa concedida.

Muito obrigado a todos.

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RESUMO

INSERÇÃO DA FÍSICA MODERNA E CONTEMPORÂNEA NO ENSINO MÉDIO:

UMA SEQUÊNCIA DE ENSINO PARA ABORDAR O EFEITO FOTOELÉTRICO

JOCIVAL SANTOS SOUZA

Orientador: Dr. Maxwell Roger da P. Siqueira

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física

no Curso de Mestrado Profissional em Ensino de Física (MNPEF), como parte dos

requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física.

O presente trabalho é uma proposta de ensinar Física, que buscou contribuir para a

inserção da Física Moderna e Contemporânea (FMC) no Ensino Médio. Para isso, foi

desenvolvido uma sequência didática sobre o efeito fotoelétrico, que pode ser

amplamente explorado nas aulas de Física devida sua forte presença em equipamentos

eletroeletrônicos que estão presentes diretamente no dia a dia dos estudantes. A sequência

foi construída a partir das etapas da Sequência de Ensino Investigativa (SEI), que tem

como objetivo a Alfabetização Científica dos estudantes. Na 1ª etapa houve a proposta da

situação problema, na 2ª etapa a resolução do problema pelos estudantes, na 3ª etapa

apresentação do que foi feito para resolver o problema, na 4ª etapa fez-se a sistematização

coletiva do conteúdo, na 5ª etapa os estudantes fizeram um relato individual sobre a

implementação SEI. A proposta foi implementada em uma turma da 3ª série do Ensino

Médio de uma escola da rede pública no sul da Bahia. A partir do relato individual e das

atividades desenvolvidas no decorrer da implementação da SEI, foi possível verificar o

entusiasmo, a participação e o aprendizado dos estudantes, por isso esse trabalho é

indicado a professores que desejam apresentar para os estudantes uma forma interativa e

agradável de aprender Física.

Palavras-chave: Ensino de Física, Física Moderna e Contemporânea, Efeito fotoelétrico,

Sequência de Ensino Investigativa.

Ilhéu-BA

2018

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ABSTRACT

The present work is a proposal to teach Physics, which sought to contribute to the

insertion of Modern and Contemporary Physics in High School. To this end, a didactic

sequence was developed on the photoelectric effect, which can be extensively explored

in physics classes due to its strong presence in electrical and electronic equipment that

are present directly in students' daily life. The sequence was constructed from the stages

of the Investigative Teaching Sequence, which aims at the Scientific Literacy of students.

In the first stage there was the proposal of the problem situation, in the second stage the

resolution of the problem, in the 3rd stage presentation of what was done to solve the

problem, in the 4th step was the collective systematization of the content, in the 5th stage

they made a report about SEI implementation. The proposal was implemented in a 3rd

grade high school class of a public school in the south of Bahia. From the individual

report and the activities developed during the implementation, it was possible to verify

students' enthusiasm, participation and learning, so this work is indicated to teachers who

wish to present to students an interactive and pleasant way of learn physics.

Key-words: Physics teaching, Modern and Contemporary Physics, Phoelectric Efect,

Inquiry Teaching Sequence.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Velocidade do elétron em função da frequência, na frequência da cor vermelha

a velocidade do elétron é nula, para a frequência da cor verde a velocidade é menor que

a frequência de cor violeta ...............................................................................................22

Figura 2: Emissão de elétrons por incidência de fótons de uma fonte de baixa intensidade

(na esquerda), emissão de elétrons por incidência de fótons de uma fonte de alta

intensidade (na direita) ....................................................................................................24

Figura 3: Circuito contendo um sensor LDR para o acendimento automático de lâmpadas

.........................................................................................................................................24

Figura 4: Mostra esquematicamente o funcionamento de uma célula fotoemissiva .....25

Figura 5: representação das bandas de um semicondutor, BV é a banda de valência e BC

e a banda de condução de um semicondutor, E representa o nível de energia. ...............26

Figura 6: Silício dopado com Fósforo ...........................................................................27

Figura 7: Silício dopado com Boro ................................................................................27

Figura 8: Diagrama de uma célula solar, a seta superior indica o elétron excedente e a

seta inferior indica o buraco deixado pela ausência do elétron ......................................27

Figura 9: Componentes para a montagem de uma célula solar .....................................28

Figura 10: Satélite de telecomunicação equipado com células solar ............................29

Figura 11: Quite para a realização do experimento contendo um circuito e fontes

luminosas .........................................................................................................................41

Figura 12: Estudantes manipulando o circuito ..............................................................42

Figura 13: Estudantes tentando apagar a lâmpada sem o uso do interruptor ................43

Figura 14: Estudantes apagando a lâmpada com o uso de uma fonte luminosa ...........43

Figura 15: Estudantes apagando a lâmpada com o uso de mais de uma fonte luminosa

.........................................................................................................................................44

Figura 16: Estudantes sentados em semicírculo para discutir os meios que utilizaram na

resolução do problema ....................................................................................................45

Figura 17: Estudantes lendo o texto sobre o efeito fotoelétrico ....................................47

Figura 18: Applet utilizado na demonstração do efeito fotoelétrico .............................48

Figura 19: Projeção do applet na lousa. ........................................................................48

Figura 20: Estudantes eletrizando o eletroscópio .........................................................51

Figura 21: Resposta do estudante E5 para a questão 3 ..................................................56

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Função trabalho de alguns metais .................................................................23

Quadro 2: Quadro sintético do plano de ensino sobre efeito fotoelétrico. ......................34

Quadro 3: Respostas da primeira questão do questionário inicial. ..................................39

Quadro 4: Respostas da segunda questão do questionário inicial. ..................................39

Quadro 5: Respostas da terceira questão do questionário inicial. ...................................40

Quadro 6: Respostas da quarta questão do questionário inicial. .....................................40

Quadro 7: Respostas da quinta questão do questionário inicial. .....................................41

Quadro 8: Opiniões dos estudantes sobre o questionamento, como fizeram para dá certo?

.........................................................................................................................................45

Quadro 9: Opiniões dos estudantes sobre o questionamento, o porquê deu certo? .........46

Quadro 10: Respostas da primeira questão do texto Efeito fotelétrico. ..........................48

Quadro 11: Respostas da segunda questão do texto Efeito fotelétrico. ...........................49

Quadro 12: Respostas da terceira questão do texto Efeito fotelétrico. ............................49

Quadro 13: Respostas da quarta questão do texto Efeito fotelétrico. ..............................49

Quadro14: Respostas da quita questão do texto Efeito fotelétrico. .................................50

Quadro15: Respostas da sexta questão do texto Efeito fotelétrico. .................................50

Quadro 16: Respostas da primeira questão do texto O efeito fotelétrico no dia a dia.....52

Quadro 17: Respostas da segunda questão do texto O efeito fotelétrico no dia a dia. ....53

Quadro 18: Respostas da terceira questão do texto O efeito fotelétrico no dia a dia. .....53

Quadro 19: Resposta da primeira questão da Aplicação do conhecimento. ....................54

Quadro 20: Resposta da segunda questão da Aplicação do conhecimento .....................55

Quadro 21: Resposta da quarta questão da Aplicação do conhecimento. .......................56

Quadro 22: Relato livre sobre a implementação da SEI .................................................56

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LISTA DE SIGLAS

FMC – Física Moderna e Contemporânea

LDR – Light Dependent Resistor (Resistor dependente de luz)

MD – Material Didático

SEI – Sequência de Ensino Investigativa

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SUMÁRIO

1. Introdução ..................................................................................................................13

2. Considerações sobre o ensino de Física .................................................................15

2.1 Teoria de aprendizagem.............................................................................................18

3. O Efeito fotoelétrico...................................................................................................20

3.1 Aspectos históricos. ...................................................................................................20

3.2 Aspectos físicos. ........................................................................................................22

3.3 Aspectos tecnológicos. ..............................................................................................24

3.4 Aplicação no dia a dia ...............................................................................................29

4. Aspectos metodológicos .............................................................................................31

4.1 Sequência de Ensino Investigativa ...........................................................................31

4,2 Sujeitos (turma e perfil) .............................................................................................36

4.3 Teoria de aprendizagem.............................................................................................37

5. Discussão da implementação ....................................................................................38

6. Considerações finais .................................................................................................58

Referências Bibliográficas ...........................................................................................59

Apêndice A Produto Educacional ..................................................................................62

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1. INTRODUÇÃO

É triste para um professor de Ciência, em particular de Física, quando ouve as

seguintes frases: “a Física é só para doidos”; “Física é a matéria mais difícil”; “só gosto

de Física porque o professor é doidão”; “Física é só fórmula” e, a mais intrigante, “Física

é só matemática”. Essas frases retratam de maneira simples e clara como os estudantes

percebem o ensino de Física desde sempre e explicam o declínio do rendimento e do

interesse dos estudantes por essa área. Em decorrência disso, surge a necessidade de

mudar o ensino de Física tanto no modo como é ensinada quanto no que é ensinado.

Essa necessidade de mudança é defendida por vários estudiosos como Freire

(1996), Ostermann (2000), Sasseron (2008), Pietrocola (2005) e reforçada pelos

resultados de exames como o Programme for International Student Assessment (Pisa –

Programa Internacional para Avaliação dos Estudantes). Os anseios por parte dos

pesquisadores juntamente com os resultados negativos do PISA mostram que esse modelo

que se baseia no ensino de deduções, definições, equações e em experimentos cujos

resultados são previamente conhecidos tornou-se inadequado, pois os resultados têm sido

cada vez piores. Consequentemente, faz com que os estudantes se interessem pouco por

essa área do conhecimento. Mas quais mudanças são necessárias para melhorar ou até

mesmo reverter este quadro?

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) defendem que é preciso rediscutir

qual Física ensinar para possibilitar uma melhor compreensão do mundo e uma formação

para a cidadania mais adequada. Sabe-se que, para tanto, não existem soluções simples

ou únicas, nem receitas prontas que garantam o sucesso (BRASIL, 2000). Se não há uma

receita pronta no entanto é permitido ao professor que saia de sua zona de conforto,

busque novas metodologias e novos conteúdos para serem abordados em sala de aula. O

próprio PCN sugere que o aprendizado de Física deve estimular os jovens a acompanhar

as notícias científicas, orientando-os para a identificação sobre o assunto que está sendo

tratado e promovendo meios para a interpretação de seus significados (BRASIL, parte III,

2000, p. 27). Mas daí surge a questão: como um sujeito que estuda uma Física baseada

em memorização de formulas e que remota o século XIX vai interpretar aspectos

científicos e tecnológicos do século XXI? Uma possível resposta é que os alunos não

associam o que é dado em sala com o seu cotidiano e toda tecnologia que os cercam, pelo

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fato de que a ciência e a tecnologia a qual eles têm acesso está há alguns séculos a frente

dos conceitos que são ensinados nas escolas.

Portanto, com intuito de contribuir na modificação desse cenário, desenvolvemos

uma Sequência de Ensino Investigativa (SEI) que aborda o tópico de Física Moderna e

Contemporânea: o Efeito Fotoelétrico. A ideia de propor esse tema para construção da

SEI, surgiu de uma curiosidade levantada em uma conversa informal. No horário do

intervalo na escola, levantei a seguinte questão para alguns estudantes: quem acende e

apaga as luzes dos postes aqui na cidade? As respostas foram as mais variadas possíveis,

e nenhum estudante se referiu aos sensores fotoelétricos.

A SEI busca contribuir com as mudanças no ensino de Física tanto no modo como

é ensinada quanto no que é ensinado. Assim, temos como objetivo inserir o conteúdo de

Física Moderna e Contemporânea, especificamente o efeito fotoelétrico na Educação

Básica, buscando relacionar sua presença nas aplicações tecnológicas que fazem parte do

cotidiano dos estudantes e da sociedade de um modo geral.

Para alcançar os objetivos delineados anteriormente, descrevemos o estudo em

seis capítulos. O capítulo 2 traz a discussão pautada nos anseios por mudança no ensino

de Física por parte de vários autores, a metodologia a ser abordada e o que diz o PCN.

No capítulo 3 são abordados os aspectos físicos do efeito fotoelétrico, breve

contexto histórico, aplicações tecnológicas, além das aplicações no dia a dia.

O capítulo 4 versa sobre os aspectos metodológicos, destacando: a Sequência de

Ensino Investigativa, o perfil dos participantes e da turma e a relação com a Teoria da

aprendizagem utilizada na implementação deste trabalho.

O capítulo 5 trata da discussão da implementação. Já o capítulo 6 faz uma análise

reflexiva sobre todo o processo de desenvolvimento e implementação da SEI.

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2. CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENSINO DE FÍSICA

O aprendizado de Física deve estimular os jovens a acompanhar as notícias

científicas, orientando-os para a identificação sobre o assunto que está sendo tratado e

promovendo meios para a interpretação de seus significados (BRASIL, parte III, 2000, p.

27), mas na contra mão desse viés, o ensino de Física nas instituições de ensino público

é monótono e desestimulante, fundamentado na figura do professor com aulas

tradicionais baseadas em sua grande maioria em resolução de exercícios que não oferece

ao estudante a oportunidade para desenvolver uma investigação.

Na maioria das vezes, as aulas de Física têm se resumido às resoluções de

problemas matemáticos que, por si só, não permitem aos estudantes

estabelecerem relações entre os conceitos e os fenômenos envolvidos na

produção do conhecimento, nem desenvolver uma compreensão razoável desta

Ciência como construção humana (BATISTA, 2015).

Com o intuito de melhorar este quadro, Ostermann (2000), sugere a

implementação de conteúdos de FMC nas unidades escolares de ensino médio, uma vez

que esses conteúdos encontram-se continuamente presente no cotidiano dos estudantes.

É imprescindível que o estudante do ensino médio conheça os fundamentos da

tecnologia atual, já que ela atua diretamente em sua vida e pode definir seu

futuro profissional. É importante a introdução de conceitos básicos de FMC e,

em especial, fazer a ponte entre a física da sala de aula e a física do cotidiano

(OSTERMANN, 2000, p.26).

Além disso, a autora cita alguns argumentos a favor da inserção da FMC que são

indicadas por Barojas (1998 apud OSTERMANN, 2000, p.24), que na III Conferência

Interamericana sobre Educação em Física indicou que a introdução de tópicos modernos

e contemporâneos na escola média pode:

Despertar a curiosidade dos estudantes e ajudá-los a reconhecer a Física como

um empreendimento humano e, portanto, mais próxima a eles; os estudantes

não têm contato com o excitante mundo da pesquisa atual em Física, pois não

veem nenhuma Física além de 1900. Esta situação é inaceitável em um século

no qual ideias revolucionárias mudaram a ciência totalmente; é do maior

interesse atrair jovens para a carreira científica. Serão eles os futuros

pesquisadores e professores de Física; é mais divertido para o professor ensinar

tópicos que são novos. O entusiasmo pelo ensino deriva do entusiasmo que se

tem em relação ao material didático utilizado e de mudanças estimulantes no

conteúdo do curso. É importante não desprezar os efeitos que o entusiasmo

tem sobre o bom ensino. (OSTERMANN, 2000, p.24).

Nesse sentido Torre (1998 apud OSTERMANN, 2000, p.25) enuncia várias

razões para justificar a necessidade de ensinar FMC na escola:

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Conectar o estudante com sua própria história; protegê-lo do obscurantismo,

das pseudociências e das charlatanias pós-modernas; que o aluno possa

localizar corretamente o ser humano na escala temporal e espacial da natureza;

FMC possui múltiplas e evidentes consequências tecnológicas; por sua beleza,

pelo prazer do conhecimento, porque é uma parte inseparável da cultura,

porque o saber nos faz livres e valoriza a humanidade.

A necessidade da inserção da FMC na Educação Básica é apontada pela literatura

em ensino de Física, que antecede a década de 2000 como mostra Ostermann 2000.

A tendência de atualizar-se o currículo de Física justifica-se pela influência

crescente dos conteúdos contemporâneos para o entendimento do mundo

criado pelo homem atual, bem como a necessidade de formar um cidadão

consciente e participativo que atue nesse mesmo mundo (Ostermann, 2000,

p.24).

Dentre os conteúdos contemporâneo para o entendimento do mundo atual

Ostermann (2000) destaca os seguintes: efeito fotoelétrico, átomo de Bohr, leis de

conservação, radioatividade, forças fundamentais, dualidade onda-partícula, fissão e

fusão nuclear, origem do Universo, raios-X, metais e isolantes, semicondutores, laser,

supercondutores, partículas elementares, relatividade restrita, Big Bang, estrutura

molecular e fibras ópticas.

No entanto, é preciso ter cuidado ao sinalizar a inclusão desses novos conteúdos,

seja pelos desafios didáticos que implica, seja por encontrar professores despreparados,

textos escolares inconsistentes (MENEZES, 2000, p. 8).

Para Brockington e Pietrocola o cuidado com a inclusão de Física Moderna e

Contemporânea no Ensino Médio vai além de professores despreparados e textos

incoerentes.

Certamente, a cautela na abordagem de FMC no Ensino Médio não é difícil de

ser entendida. Os desafios são impostos não apenas pela complexidade

intrínseca destes tópicos, como também por uma insegurança inerente a

qualquer tentativa de mudança no domínio escolar. Acrescente-se a isso, o

sistema de ensino que, na maioria das vezes, dificulta, e até impede, qualquer

tipo de inovação. Grande parte dos professores está presa a um cenário

pedagógico sem muita flexibilidade, seja por prescrições de conteúdo, horários

restritos e especificidades de suas próprias disciplinas. Não é incomum o

professor sentir-se cerceado pelas condições que lhe são impostas na escola,

como a preocupação exacerbada com o cumprimento do programa ou a pressão

por resultados no vestibular. Isso sem levar em conta o tamanho das turmas e

a extensão dos currículos (BROCKINGTON; PIETROCOLA, 2005 p. 387-

388).

Por outro lado os autores Brockington e Pietrocola afirmam que o conhecimento

ensinado nas escolas estar em harmonia com o conhecimento produzido pela Ciência.

Em cada época, é necessário que o conhecimento científico escolar esteja

fundamentado no conhecimento produzido pelos cientistas, e que esse já tenha

sido aceito de uma forma consensual pela comunidade científica. A pesquisa

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em Física induz a um Ensino de Física que deva, a princípio, ser sua própria

imagem e semelhança (BROCKINGTON; PIETROCOLA, 2005 p. 389).

Nessa mesma perspectiva (Valadares e Moreira, 1998. P 121), concordam que é

de extrema importância que o estudante do Ensino Médio conheça os fundamentos da

tecnologia atual, já que ela atua diretamente em sua vida e certamente definirá o seu futuro

profissional. Os autores ainda destacam a importância de se introduzir conceitos básicos

de Física Moderna e relacionamento da Física que é ensinada na sala de aula com a Física

do dia a dia. ´

Em nosso cotidiano deparamos cada vez mais com novos aparelhos eletrônicos

(por exemplo, o onipresente computador) e opto eletrônicos (CDs, displays de

cristal líquido, leitoras óticas, xerox, impressora laser, etc.), dispositivos

automáticos (portas e torneiras automáticas), sistema de controle (portão

eletrônico, controle remoto de televisão e videocassete), novos usos do laser

em medicina (em operações para eliminar defeitos da visão, tatuagens, pedras

nos rins e no tratamento de queimados, entre outros) e nas telecomunicações

(fibras óticas), além de aplicações em várias áreas industriais. Tudo isso e

muito mais está presente em casa, nas lojas, nos hospitais, supermercados,

carros, aeroportos e por que não, também nas próprias escolas. Jornais, rádios

e a TV estão constantemente anunciando novos avanços tecnológicos que logo

estarão sendo incorporados ao nosso dia-a-dia (VALADARES; MOREIRA,

1998. p. 121).

Siqueira (2012) também está de acordo com a inserção de tópicos da Ciência

Moderna, pois segundo o autor, entre outras coisas a FMC é responsável pelos avanços

científicos e tecnológicos e até mesmo sociais.

Na perspectiva de contribuir com a inserção de tópicos da FMC e baseando-se na

lista de tópicos destacada por Ostermann (2000) e por estar presente seja de forma direta

ou direta no dia a dia de todos estudantes, o tópico de FMC, efeito fotoelétrico é escolhido

por vários pesquisadores para a realização de seus trabalhos.

Leal (2017) escolheu o efeito fotoelétrico para criar uma proposta temática

contextualizada sobre o tópico, para o ensino de física moderna e contemporânea na

educação básica. Segundo ele, a proposta facilita o aprendizado do aluno, pelo fato de

que o fenômeno efeito fotoelétrico está presente no cotidiano do estudante.

Este trabalho descreve uma proposta de material didático, que permite abordar

da Física Moderna e Contemporânea (FMC), o efeito fotoelétrico, na

perspectiva de facilitar o aprendizado do aluno uma vez, que esse material

didático (MD) pode ser utilizado de forma contextualizada, articulando-se esse

fenômeno com algumas aplicações tecnológicas vivenciadas pelos alunos no

seu cotidiano (LEAL, 2017. p. 7).

No mesmo viés, Silveira (2016) desenvolveu um kit experimental com arduino

para demonstrar qualitativamente o efeito fotoelétrico e as propriedade elétricas do

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plasma aos estudantes do Ensino Média. Segundo o autor, todo material para montagem

do kit é de baixo custo e pode ser usado para outros fins.

O kit FOTODUINO foi concebido inicialmente para ser utilizado em

experimentos de análise qualitativa do efeito fotoelétrico e das propriedades

elétricas do plasma. Porém, outras aplicações também são possíveis embora

não tenham sido testadas neste projeto. O equipamento pode servir à

demonstrações envolvendo eletrostática, já que apresenta grande sensibilidade

às variações do campo, quando a fonte AT apresenta-se desligada (SILVEIRA,

2016. p. 40)

Com finalidade de despertar a curiosidade de estudantes da 3ª série do ensino

médio e ao mesmo tempo inserir a FMC no âmbito escolar, Batista 2016, elaborou uma

sequência didática para ensinar o efeito fotoelétrico e de acordo com o autor a escolha do

tópico efeito fotoelétrico se deu por ele ter possibilitado a abertura de um novo caminho

para uma nova Física

Quanto ao tema central, foi selecionado efeito fotoelétrico, porque foi ele que

abriu o caminho para uma nova Física a conhecida Física Quântica, portanto

entendemos como um marco na história da Ciência. Assim, essa proposta se

apresenta como possibilidade para trazer a FMC para o EM, por meio do

fenômeno sem dar ênfase aos modelos matemáticos (BATISTA, 2016. p. 4).

2.1 Teoria de aprendizagem

Teoria de aprendizagem é uma construção humana para interpretar

sistematicamente a área de conhecimento que chamamos aprendizagem (MOREIRA,

1999).

A definição de aprendizagem segundo Ausubel consiste na ampliação da estrutura

cognitiva por meio da incorporação de novas ideias a ela. Ainda de acordo com Ausubel

a aprendizagem pode ser significativa ou mecânica.

Já Piaget afirma que a aprendizagem é constituída internamente, depende do nível

de desenvolvimento do sujeito e se dá através da ação do sujeito com o meio. Para ele o

desenvolvimento cognitivo ocorre por meio da ação de cada um sobre o meio e é

estruturado internamente pelo sujeito e pelos processos de assimilação e acomodação.

Para Vygotsky, a relação entre o sujeito e o meio é mediada por produtos culturais,

não sendo assim uma relação direta com o mundo. Segundo ele o desenvolvimento

acontece primeiro nas relações sociais, depois no plano individual e é na relação com o

outro que se vai internalizar as formas culturas de perceber a realidade por meio da

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linguagem e das significações. Para ele isso implica sempre a participação do outro na

realização de tarefas.

Este trabalho seguiu na linha do desenvolvimento e aprendizagem dos estudantes,

com a perspectiva de trabalho em grupo o fazer junto, o que Vygotsky caracteriza como

zona de desenvolvimento proximal, para que eles pudessem compartilhar entre-se tanto

o desenvolvimento quanto a aprendizagem. Com isso pode-se afirmar que esse trabalho

tem embasamento pedagógico na teoria da aprendizagem de Vygotsky.

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3. O EFEITO FOTOELÉTRICO

3.1 Aspectos históricos.

O primeiro relato que se tem sobre transformação da energia luminosa em energia

elétrica é do ano de 1839, quando o jovem físico francês Alexandre Edmond Becquerel,

ao realizar experimentos eletroquímicos verificou que, quando exposto à luz, eletrodos

de platina ou de prata davam origem a correntes elétricas.

Mais tarde, por volta de 1886 Heinrich Rudolf Hertz aceitou o desafio proposto

pela Universidade de Berlin, o qual consistia em demonstrar experimentalmente as

equações de James Clerk Maxwell que indicam a existência de radiação eletromagnética,

que se difundiram através de dielétricos. Durante os experimentos ele pode constatar o

surgimento de corrente elétrica entre dois eletrodos devido a emissão de luz.

Por volta de 1888, Wilhelm Hallwachs observou, através de experimentos, que

uma placa de zinco, neutra e isolada, era carregada positivamente ao ser exposta a

radiação ultravioleta e de acordo com Bassalo (2000), era mais uma observação do que

mais tarde seria chamado de efeito fotoelétrico.

Outro colaborador no estudo sobre o efeito fotoelétrico foi o assistente de Hertz,

o físico de dupla nacionalidade, o hungaro-alemão Philipp Eduard Von Lenard que apesar

de não ter interesse em dar continuidade às pesquisas de Hertz, publicou duas leis para o

fenômeno.

1ª os elétrons emitidos têm velocidades iniciais finitas e independe da intensidade

da luz incidente, porém depende de sua frequência;

2ª o número total de elétrons emitidos é proporcional à intensidade da luz

incidente.

Apesar de o efeito fotoelétrico ter sido verificado por vários estudiosos, foi Albert

Einstein quem levou o Prêmio Nobel por desenvolver uma explicação matemática para o

fenômeno. No entanto, em sua primeira tentativa de explicar o efeito fotoelétrico, Einstein

postulou que a luz se comportava como partículas de energia (quanta de luz) e que essa

energia era distribuída de forma uniforme sobre o espaço no qual se propagava

(EINSTEIN, 1905). Devido a seu postulado Einstein teve dificuldades para explicar o

fenômeno, pois ia de encontro com a teoria clássica de Maxwell. Para reverter o quadro,

mesmo utilizando os resultados de Max Karl Ernst Ludwig Planck sobre radiação do

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corpo negro, Einstein recorre a teoria clássica da distribuição de energia proposta por

Wien dada pela equação a seguir:

𝑓(ʋ𝑇) = 𝛼𝑒𝑥𝑝(−𝛽𝜈𝑇) (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 1)

Por fim, Einstein formula matematicamente o efeito fotoelétrico com a afirmação

de que um quantum de energia é dado pela expressão:

𝐸 = (𝑅

𝑁) 𝛽𝜈 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 2)

onde 𝑅𝛽/𝑁 equivale a constante de Planck, sendo R a constante universal dos gases, N o

número de Avogadro e E a energia.

Partindo dos princípios clássicos da Termodinâmica e da Mecânica Estatística e

após realização de vários cálculos relacionados com a energia de um gás, Einstein chega

à seguinte equação:

𝜋𝐸 = 𝑅𝛽𝜈 − 𝑝 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 3)

onde β é constante de Wien.

Não muito satisfeito com a teoria e a equação proposta por Einstein, o físico norte

americano Robert Andrews Millikan tentou, por meio de experimentos, encontrar falhas

na teoria de Einstein. Assim, a energia cinética máxima de emissão de corpúsculos sob a

influência da luz seria dada pela equação 4 (contextualização do efeito fotoelétrico), na

qual aparecia a constante de Planck.

𝑚𝑣²

2= ℎ𝜈– 𝑝 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 4)

para a qual ℎ𝜈 é a energia absorvida pelo elétron, 𝑝 é energia gasta na extração do elétron

conhecida como função trabalho e 1/2𝑚𝑣2 é a energia que o elétron sai da superfície.

No entanto, os resultados encontrados por Millikan serviram para corroborar a teoria de

Einstein.

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3.2 Aspectos físicos

O efeito fotoelétrico é um fenômeno pelo qual elétrons são arrancados de

superfícies, geralmente metálicas, por meio da incidência de luz oriunda do Sol ou de

outras fontes luminosas.

A energia cinética dos elétrons arrancados é diretamente proporcional a

frequência do fóton incidente, não dependendo da sua intensidade.

Para que elétrons sejam arrancados de uma determinada superfície é necessário

que o fóton tenha uma frequência que forneça energia superior a função trabalho, pois a

retirada de elétrons está sujeita a intensidade da força que o liga ao material e a depender

da intensidade da referida força, os elétrons podem ser arrancados com energia cinética

próximo de zero ou com energia cinética máxima. Por tanto, a conservação da energia se

estabelece de acordo com a equação.

𝐸𝑐 𝑚𝑎𝑥 = 𝐸 – 𝜙

Ecmax é energia cinética máxima do elétron arrancado

E é a energia fornecida pelo fóton

ϕ é a energia absorvida pelo elétron (função trabalho)

De forma clássica, o elétron pode ser caracterizado como uma partícula ligada aos

átomos que compõe a matéria e pode ser retirado por meio de agentes externos como é o

caso dos fótons.

Figura 1: Velocidade do elétron em função da frequência, na frequência da cor vermelha a velocidade do

elétron é nula, para a frequência da cor verde a velocidade é menos que a frequência de cor violeta.

Fonte: http://sites.ifi.unicamp.br/lfmoderna/conteudos/efeito-fotoeletrico (modificada)

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Nos primeiros experimentos, o efeito fotoelétrico só ocorria na presença de ondas

de alta frequência como a radiação ultravioleta. Com o desenvolvimento científico e

tecnológico tornou-se possível a fabricação de células fotoelétricas que reagem à luz

visível e até aos raios infravermelhos, isso possibilitou um aumento no uso de dispositivos

fotoelétricos.

Para cada material existe uma frequência limite para que os elétrons sejam

arrancados e está frequência mínima está associada a função trabalho.

Quadro 1: Função trabalho de alguns metais.

Elemento Função trabalho eV

Alumínio 4,08

Berílio 5,0

Cadmio 4,07

Cálcio 2,1

Carbono 8,81

Césio 2,1

Cobalto 5,0

Ouro 5,1

Ferro 4,5

Cobre 4,7

Magnésio 3,68

Níquel 5,01

Nióbio 4,3

Potássio 2,3

Platina 6,35

Sódio 2,28

Zinco 4,3

Dados do Handbook of Chemistry and Physics.

A intensidade de um feixe luminoso de frequência superior a função trabalho

determina a quantidade de elétrons que são arrancados, ou seja, quanto maior for a

intensidade da fonte luminosa maior será a quantidade de elétrons arrancados, porém sem

interferir em sua energia cinética.

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Figura 2: Emissão de elétrons por incidência de fótons de uma fonte de baixa intensidade (na esquerda);

emissão de elétrons por incidência de fótons de uma fonte de alta intensidade (na direita).

Fonte: http://fisicaevestibular.com.br/novo/fisica-moderna/efeito-fotoeletrico-2/.

3.3 Aspectos tecnológicos

Para transformar a energia luminosa em energia elétrica por meio do efeito

fotoelétrico é necessário a utilização de células fotoelétricas as quais se subdividem em

três tipos, que são: foto emissiva, foto voltaica e foto condutiva.

Figura 3: Circuito contendo um sensor LDR para o acendimento automático de lâmpadas

Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABvZgAA/trab-fisica-ii-intr-a-mecanica-quantica.

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A célula fotocondutiva ou fotorresistiva é um aparato tecnológico produzido a

partir de semicondutores (silício e selênio) que faz a resistência do material do qual ela é

constituída variar com a incidência de luz. Um dos dispositivos que utiliza esse tipo de

célula é o LDR (Light Dependent Resistor, em português Resistor Dependente de Luz).

Esses dispositivos são usados em larga escalas no controle da luminosidade urbana.

O LDR funciona como um interruptor, na presença da luz. Elétrons encontram-se

livres em sua camada mais externa e como existe uma diferença de potencial (ddp), esses

elétrons passam a fazer parte da corrente elétrica do circuito. De acordo com a primeira

lei de Ohm, isso proporciona uma redução na resistência do LDR fazendo com que a

corrente elétrica atravesse a bobina transformando em um eletroímã, daí a chave (figura

3) é então retirada da posição 1 para a posição 2 impedindo que a corrente elétrica

percorra o circuito no qual a lâmpada está inserida evitando seu acendimento.

Figura 4: Mostra esquematicamente o funcionamento de uma célula fotoemissiva.

Fonte: http://palavrasestrelas.blogspot.com.br/ (modificado).

Já a célula fotoemissiva é constituída geralmente de ouro ou prata, o que torna seu

custo elevado e as torna raras no mercado. Esses dispositivos quando exposto à luz emite

um feixe de elétrons proveniente do eletrodo negativo que são acelerados por uma ddp e

armazenam-se no eletrodo positivo. Também conhecidas como fototubo, esse dispositivo

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é encapsulado a vácuo. Dentre sua utilização pode-se destacar na medicina em fototerapia

e em medidas precisas de emissão e absorção de luz (medidas fotométricas).

As células fotovoltaicas, são formadas por materiais semicondutores assim como

as células fotoemissivas, pois os elementos químicos dos quais são constituídos esses

materiais têm a propriedade de formar bandas de Energia.

Figura 5: Representação das bandas de um semicondutor: BV é a banda de valência e BC e a banda de

condução de um semicondutor, E representa o nível de energia.

Fonte:http://www.infoescola.com/fisica/semicondutores

Quando o elétron ganha energia ele sai da banda de valência e vai para a banda de

condução. No caso das células fotovoltaicas a energia necessária para mover o elétron de

uma banda a outra vem dos fótons originários da radiação solar. Por outro lado, os

semicondutores apresentam baixa condução em condições normais. Para que essa

condução seja ampliada, o material é submetido ao processo de dopagem. Esse processo

consiste em adicionar outros elementos na composição do semicondutor fazendo com que

o material apresente duas camadas, sendo uma constituída de elementos com o número

maior de elétrons na camada de valência do que o número de elétrons da camada de

valência do semicondutor (camada doadora tipo N) e a outra é formada por elementos

com menor número de elétrons na camada de valência em relação ao número de elétrons

da camada de valência do semicondutor (camada tipo P). Existem vários semicondutores

para a fabricação de células solares, porém como exemplo tem-se a célula de silício, pelo

fato desse tipo de célula ser a mais utilizada atualmente (ROSA, 2014).

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Figura 6: Silício dopado com Fósforo Figura 7: Silício dopado com Boro

Segundo Castro (2002), o boro é o dopante geralmente usado para criar a camada

tipo P, pois ele tem apenas três elétrons na sua última camada enquanto o silício tem

quatro, isso faz com um elétron do silício fique desemparelhado, a falta desse elétron gera

o efeito de uma carga positiva, por isso o nome tipo P (figura 7).

Figura 8: Diagrama de uma célula solar, a seta superior indica o elétron excedente e a seta inferior indica

o buraco deixado pela ausência do elétron.

Fonte: www.profelectro.info/celula-solar-fotovoltaica.

Para criar a camada tipo N, o fósforo seria o elemento indicado, pois ele tem cinco

elétrons na camada de valência e ao ligar-se ao silício ficaria um elétron livre, ganhando

Fonte: www.profelectro.info/celula-solar-fotovoltaica Fonte: www.profelectro.info/celula-solar-fotovoltaica

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liberdade de movimento, a sobra desse elétron gera o efeito de uma carga negativa, por

isso o nome tipo N (figura 6).

Figura 9: Componentes para a montagem de uma célula solar

Fonte:https://pt.depositphotos.com/vector-images/c%C3%A9lulas-fotovoltaicas.html?qview=140911368

(modificada)

As células fotovoltaicas têm a propriedade de converter diretamente a energia

luminosa em energia elétrica e por isso são usada para abastecer residências, comércios e

até mesmo as industriais. Sua propriedade também permite que as células sejam

instaladas em qualquer lugar, pois não precisa de fiação como as redes de transmissão

tradicionais o que proporciona levar a energia elétricas para lugares remotos e longe dos

centros urbanos como rodovias, localidades isoladas, embarcações, automóveis, aviões e

em satélites.

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Fonte: http://defesaeseguranca.com.br/mercado-tendencias-para-o-mercado-de-sa te lites -e-

telecomunicacoes-na-america-latina/.

3.4 Aplicação no dia a dia

Por desempenhar funções diferentes devido a cada tipo de célula fotoelétrica o

efeito fotoelétrico tem vasta aplicação no dia a dia, dentre elas pode-se destacar: os

controles remotos que proporcionam comodidade de manuseio de equipamentos a longa

distância, em relógios, calculadoras e brinquedos reduzindo os custos com a substituição

de pilhas e baterias, nas residências e postes de iluminação proporcionando o uso de

energia limpa e mais barata, além de controlar os desperdícios.

Nos televisores e cinemas é responsável pela formação da imagem e codificação

do som. Nas rodovias controla o limite de velocidade através dos radares e permite que o

motorista tenha melhor visibilidade favorecendo a diminuição do números de acidentes e

mortes no trânsito. Nos elevadores e metrôs o efeito fotoelétrico atua como dispositivo

de segurança evitando o fechamento das portas caso haja algo ou alguém entre elas. Além

disso, permite o abre e fecha das portas automáticas encontradas principalmente em lojas

de shopping e cinemas.

Temos outra aplicação do efeito fotoelétrico no dia a dia que, apesar de não estar

próximo das pessoas, contribui para atividades diárias, especialmente nas

Figura 10: Satélite de telecomunicação equipado com células solar.

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telecomunicações. Esse é o caso dos satélites, pois se não fosse o efeito fotoelétrico se

tornaria quase que impossível mantê-los por muito tempo em órbita, prejudicando ou até

mesmo inviabilizando o funcionamento de equipamentos como os sistemas de

localização global (GPS), televisores, o envio de informações via internet e os aparelhos

celulares.

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4. ASPECTOS METODOLÓGICOS

4.1 Sequência de Ensino Investigativa

A metodologia desenvolvida nesse trabalho é de natureza investigativa que

abrangerá alunos do ensino média. Essa modalidade metodológica é defendida por vários

autores entre eles destacamos Paulo Feire que afirma “Não há ensino sem pesquisa e

pesquisa sem ensino”. Paulo Freire em seu trabalho Pedagogia da Autonomia, defende

uma forma de ensino investigativo que desperte a curiosidade e reforça o pensamento

crítico do aluno.

Faz parte das condições em que aprender criticamente é possível a

pressuposição por parte dos educandos de que o educador já teve ou continua

tendo experiência da produção de certos saberes e que estes não podem a eles,

os educandos, ser simplesmente transferidos. Pelo contrário, nas condições de

verdadeira aprendizagem os educandos vão se transformando em reais sujeitos

da construção e da reconstrução do saber ensinando, ao lado do educador,

igualmente sujeito do processo (FREIRE, 1996, p14).

Desta forma no primeiro momento desse trabalho foi feito um levantamento da

literatura que aborda a Física Moderna e Contemporânea e sua aplicação no cotidiano

como: livros didáticos, artigos científicos, periódicos, revistas, sites, vídeos, etc. Nesse

mesmo período ocorreu a classificação dos materiais instrucionais que abordam o Efeito

Fotoelétrico os quais foram: um applet, dois experimentos, livro didático, reportagens em

jornais e revistas além da construção de dois textos, o primeiro texto traz contextualização

histórica e o funcionamento do efeito fotoelétrico, já o segundo texto trata da presença do

efeito fotoelétrico no dia a dia de todos nós. Após a construção dos textos, houve a

construção de uma Sequência de Ensino Investigativa sobre o Efeito Fotoelétrico, pautada

nas cinco etapas propostas por (CARVALHO, 2013).

1º A proposta do problema,

2º A resolução do problema,

3º Os alunos apresentam o que fizeram,

4º Procura explicação causal e/ou de sistematização,

5º Escrita individual do relatório.

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1ª etapa

Etapa de distribuição do material experimental e a proposta do problema pelo

professor.

Nesta etapa, (CARVALHO, 2013), recomenda que a turma seja dividida em

pequenos grupos, se faça a distribuição do material, proponha o problema e confira se

todos os grupos entenderam o problema a ser resolvido. Ela salienta ainda que deve-se

ter cuidado para não dar a solução nem mostrar como manipular o material para obtê-la,

pois se, de alguma forma a resposta for indicada pelo professor, haverá o risco de abolir

toda possibilidade do estudante pensar.

Nesta etapa a classe foi dividida em grupos de no máximo quatro alunos, cada

grupo recebeu um circuito pronto com um LDR e fontes luminosas de cores diferentes e

tiveram um tempo para manusear e se familiarizar com o circuito e as fontes de luz.

Passando do primeiro contato com os materiais, o professor pediu aos alunos para acender

e apagar a lâmpada do circuito com a ajuda de um interruptor. Feito isto, o professor

propôs a seguinte situação problema; é possível acender e apagar a lâmpada sem o uso

do interruptor? Nessa etapa o aluno se deparou com uma situação experimental

investigativa em que ele é responsável pela resolução e é conceituada por Piaget de

desequilibração, que segundo Piaget o aluno se encontra em uma ação manipulativa.

2ª etapa

Etapa de resolução do problema pelos alunos

Para Carvalho (2013), o importante aqui não é o conceito que se quer ensinar, mas

as ações manipulativas que dão condições aos estudantes de levantar hipóteses para

resolver o problema. A autora ainda afirma que é a partir das hipóteses dos estudantes

que, quando testadas experimentalmente, derem certo que eles terão a oportunidade de

construir o conhecimento. Além disso, as hipóteses que, quando testadas, não deram certo

também são muito importantes nessa construção, pois é a partir do erro que os estudantes

têm confiança no que é certo, eliminando as variáveis que não interferem na resolução do

problema. Ainda nesta etapa a autora afirma que os alunos precisam errar, eles devem

testar as coisas que pensam e verificar que não funcionam e, nesse momento o papel do

professor é só verificar se os grupos entenderam o problema proposto.

Aqui os alunos permaneceram em seus respectivos grupos de forma que cada

membro pode interagir e manusear o circuito para que pudessem construir e testar

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hipóteses que viessem a solucionar o problema proposto, que foi acender e apagar a

lâmpada do circuito sem o uso do interruptor.

Nesta etapa da SEI Carvalho (2013) destaca a importância do erro, pois segundo

a autora o erro é importante para separar as variáveis que interferem daquelas que não

interferem na resolução do problema. Além disso, segundo Piaget o aluno passa da ação

manipulativa para a ação intelectual, adquirindo então a equilibração ao passo que

constrói o conhecimento.

3ª etapa

Etapa da sistematização dos conhecimentos elaborados nos grupos

Para esse momento é recomendado por Carvalho (2013) que os grupos sejam

desfeitos todo o material seja recolhido e que a sala seja organizada em círculo para

melhor visualização dos estudantes. Aqui o professor tem papel fundamental, ele deve

proporcionar espaço e tempo para a sistematização coletiva do conhecimento. Através de

perguntas “Como vocês conseguiram resolver o problema” o professor busca a interação

dos estudantes levando-os a tomar consciência de suas ações. Para a autora essa é a etapa

da passagem da ação manipulativa para a ação intelectual, levando-os ao início do

desenvolvimento de atitudes científicas. Ao fim do relato de todos os estudantes sobre o

que fizeram, o professor deve fazer as seguintes perguntas “Por que vocês acham que deu

certo?” “Como vocês explicam o porquê de ter dado certo?” De acordo com a autora, ao

buscar uma justificativa para o fenômeno, argumentação científica ou mesmo uma

explicação causal, leva a procura de palavras para explicar o fenômeno e, nesse momento

é que pode haver a possibilidade de ampliação do vocabulário dos estudantes com termos

científicos.

Neste momento os alunos já solucionaram o problema, os grupos foram

desfeitos e a classe foi reorganizada de forma a compor um semicírculo para que todos

tivessem a mesma visão do colega e do professor e com isso facilitar o diálogo entre a

turma. No entanto, para que toda atenção seja voltada às discussões referentes ao tema, o

material de análise foi recolhido. Após isso o professor levantou as seguintes questões:

vocês resolveram o problema? Quais os meios que vocês utilizaram para chegar a uma

solução? Como e porque fizeram dessa forma?

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O intuito dos questionamentos é buscar a participação dos alunos de forma que

eles percebam a importância de suas ações na resolução do problema, isso caracteriza a

passagem da ação manipulativa à ação intelectual.

4ª Etapa

Etapa que procura explicação causal e/ou de sistematização

Tendo em vista que todos os alunos já tenham exposto sua contribuição para se

chegar a resolução do problema, o professor fez o seguinte questionamento: como vocês

explicam o porquê de ter chegado a uma conclusão correta? Com essa pergunta é esperado

que os alunos busquem uma justificativa, uma explicação causal ou argumento científico

para o fenômeno observado. Segundo Carvalho (2013) é nessa etapa que há a

possibilidade de ampliação do vocabulário dos alunos em relação a ciência.

5ª Etapa

Etapa do escrever e desenhar

Carvalho (2013) classifica esta etapa como sistematização individual do

conhecimento. Para ela é necessário um período para uma aprendizagem individual e para

isso o professor deve pedir para que os estudantes escrevam e desenhem sobre o que

aprenderam na aula, pois segundo a autora a escrita apresenta-se como instrumento de

aprendizagem que realça a construção pessoal do conhecimento.

Nessa etapa os alunos, individualmente expuseram de forma escrita todo

conhecimento adquirido durante as discussões em seus respectivos grupos e com toda

classe. Esse momento segundo a autora, realça a construção pessoal do conhecimento.

Quadro 2: Quadro sintético do plano de ensino sobre efeito fotoelétrico.

ETAPAS MOMENTOS COMENTÁRIOS AULA

1. Proposta do

problema

Atividade 1 - Os alunos

responderão ao questionário Espera-se que a atividade

investigativa desperte a

curiosidade e o interesse

dos alunos.

1 Separar a turma em pequenos

grupos.

Entregar, a cada grupo, o

circuito e as fontes luminosas

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de diferentes frequências e

intensidades.

2. Resolução do

problema

Dentro do grupo, os alunos

discutem entre si, buscando a

solução do problema proposto.

O professor não irá

interferir nas discussões

entre alunos e sim

certificar-se de que estão

discutindo sobre o

problema.

2

3. Os alunos

apresentam o

que fizeram

para resolver o

problema.

Os grupos serão desfeitos, o

material recolhido e a sala será

organizada em semicírculo.

O professor faz o seguinte

questionamento: Como e o

porquê fizeram dessa

forma?

3 e 4

Apresentarão a solução

encontrada para o problema.

Atividade 2 – Os alunos

buscarão explicar de forma

causal ou com argumento

científico, o fenômeno

observado.

4.

Sistematização

O professor fará uma

discussão sobre tema. 5 e 6

Atividade 3 – Leitura do texto

Efeito fotoelétrico, responder

algumas perguntas referente ao

que leram e em casa fazer uma

relação das aplicações do

Efeito Fotoelétrico

Os alunos irão relatar as

aplicações do Efeito

Fotoelétrico

5. Proposta de

novas situações

problemas.

A sala será organizada de

forma que as carteiras fiquem

enfileiradas.

Por que do eletroscópio

descarregar na presença da

luz solar?

6

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Atividade 4 - Eletroscópio

6. Aplicação de

conhecimento.

Atividade 5 – Leitura do texto

que aborda as implicações

sociais e/ou ambientais

relacionados ao

conceito/fenômeno.

O professor certificará que

um aluno não interfira no

relato do outro.

7 e 8

Discussão sobre a geração de

energia elétrica por células

fotovoltaicas.

Atividade 6 – Questionário

Aplicação do conhecimento

Atividade 7 - Relato

individual na forma escrita

9 e 10

4.2 Sujeitos

A Sequência de Ensino Investigativa foi implementada no período de 11 a 20 de

setembro de 2017 no Colégio Estadual Governador Cesar Borges, que no dia primeiro de

janeiro de 2018 passou a ser chamado de Colégio Estadual de Algodão, localizado no

distrito de Algodão no município de Ibirataia na Bahia. O colégio é de pequeno porte,

funciona apenas nos turnos vespertino e noturno, sendo que em cada turno tem apenas

uma turma de cada série do ensino médio.

A implementação ocorreu na 3ª série do ensino médio do turno vespertino. A

turma era composta de 11 estudantes com idade entre 16 e 19 anos, dos 11 componentes

da turma 9 eram do sexo feminino e 2 do sexo masculino, dentre as mulheres duas eram

mães, uma das crianças tinha 1,5 anos e a outra 2,5 anos, ambas tiveram presentes em

todas as aulas da implementação da SEI e isso fez com que toda turma desviasse a atenção

em muitos momentos dos estudos.

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4.3 Teoria de aprendizagem

Teoria de aprendizagem é uma construção humana para interpretar

sistematicamente a área de conhecimento que chamamos aprendizagem (MOREIRA,

1999).

A definição de aprendizagem segundo Ausubel consiste na ampliação da estrutura

cognitiva por meio da incorporação de novas ideias a ela. Ainda de acordo com Ausubel

a aprendizagem pode ser significativa ou mecânica.

Já Piaget afirma que a aprendizagem é constituída internamente, depende do nível

de desenvolvimento do sujeito e se dá através da ação do sujeito com o meio. Para ele o

desenvolvimento cognitivo ocorre por meio da ação de cada um sobre o meio e é

estruturado internamente pelo sujeito e pelos processos de assimilação e acomodação.

Para Vygotsky, a relação entre o sujeito e o meio é mediada por produtos culturais,

não sendo assim uma relação direta com o mundo. Segundo ele o desenvolvimento

acontece primeiro nas relações sociais, depois no plano individual e é na relação com o

outro que se vai internalizar as formas culturas de perceber a realidade por meio da

linguagem e das significações. Para ele isso implica sempre a participação do outro na

realização de tarefas.

Este trabalho seguiu na linha do desenvolvimento e aprendizagem dos estudantes,

com a perspectiva de trabalho em grupo o fazer junto, o que Vygotsky caracteriza como

zona de desenvolvimento proximal, para que eles pudessem compartilhar tanto o

desenvolvimento quanto a aprendizagem. Com isso pode-se afirmar que esse trabalho

tem embasamento pedagógico na teoria da aprendizagem de Vygotsky.

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5. DISCUSSÃO DA IMPLEMENTAÇÃO

Na Implementação da Sequência de Ensino Investigativa que aconteceu em uma

turma da 3ª série do Ensino Médio no Colégio Estadual Governador Cesar Borges, teve

como aparato experimental, circuitos elétricos, cujo os itens foram: fio, interruptor,

tomada macho, lâmpada, LDR e uma base de madeira. Esse aparato experimental se fez

necessário para os estudantes resolverem a situação problema proposta a eles, que foi

acender e apagar a lâmpada do circuito sem o uso do interruptor.

As atividades da SEI foram desenvolvidas nos dia 11,13,14,18 e 20 de Setembro

de 2017, e distribuídas em 10 aulas com 50 minutos de duração cada, as quais foram

elaboradas de acordo com as cinco etapas propostas por (CARVALHO, 2013)

.

Descrição da 1ª e 2ª aula

A implementação da Sequência de Ensino Investigativa (SEI) estava programada

para ser concluída em oito aulas de 50 minutos divididas em quatro blocos, No primeiro

bloco o professor fez uma apresentação da nova proposta de ensino, o tempo previsto

para a conclusão da SEI e o cumprimento das duas primeiras etapas; segundo e o terceiro

bloco estavam previstos para a realização da terceira, quarta e quinta etapas e o último

bloco estava destinado à aplicação do conhecimento, mas com a participação e interesse

da turma pelo novo método e pelo assunto abordado fez-se necessário o uso de mais um

bloco de aulas. A implementação teve início no dia 11 de setembro e finalizou no dia 20

do mesmo mês. A realização do trabalho nesse período só foi possível porque o professor

substituiu as aulas de Química pelas de Física nas duas semanas da implementação da

SEI, porém vale ressaltar que os alunos não tiveram nenhum prejuízo em relação a

disciplina de Química, pois todas as aulas foram repostas após o fim da realização da

sequência de ensino

Assim que o questionário (Apêndice A) foi entregue uma aluna perguntou se

poderia consultar as anotações do caderno para responder as questões; ela foi advertida

de que não poderia e, além disso, no caderno não tinha nada relacionado com as questões

a serem respondidas.

Alguns alunos tentaram interagir, mas foram advertidos pelo professor, que

solicitou ainda que a atividade fosse realizada individualmente, pois a opinião de cada

um era de extrema importância. Após isso todos os alunos passaram a responder o

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questionário com suas próprias palavras. Eles levaram em média meia hora para

responder todas as cinco questões e ao término todos entregaram sem nenhuma

insatisfação aparente.

Quadro 3: Respostas da primeira questão do questionário inicial.

1º) Você já deve ter visto ou ouvido falar em algo que utiliza energia solar, seja uma casa, uma

carro, um satélite ou até mesmo um simples relógio. Para que tudo isso funcione são usadas células

solares que quando associadas em série e, ou paralelo formam os painéis solares. Com suas palavras

explique como a luz solar é convertida em energia elétrica.

Estudantes Respostas

E6 Ao absorver o calor produzido pelo sol transformado isso em energia elétrica.

E7 Sim, o sol transmite calor etc.

E8 O sol possui partículas muito quente, capaz de produzir energia em determinado metal,

produzindo equipamentos onde são capazes de receber partícula solares, concretizando

o metal e recebendo determinada temperatura para o seu recarregamento.

De acordo com as respostas dadas para a primeira pergunta pelos estudantes E6,

E7 e E8 é possível perceber que eles sabem que uma energia pode ser transformada em

outra. Nesse caso eles associam o calor como sendo a energia que será convertida em

energia elétrica por meio das placas solares. Contudo, nenhum dos estudantes relacionou

a transformação da energia dos fótons em energia cinética dos elétrons e quatro dos

participantes deixaram a questão em branco.

Quadro 4: Respostas da segunda questão do questionário inicial.

2º) Na indústria já possível encontrar máquinas, que com a ajuda de sensores desligam assim que

a mão de uma pessoa ultrapasse o limite de segurança. Explique como esses sensores funcionam.

Estudantes Respostas

E2 Não sei como eles funcionam.

E3

O corpo humano possui uma certa quantidade de calor, assim, ao passar com as mãos

junto aos sensores desligam.

E5 Esses sensores funcionam através de um detector de algo que não seja para passar na

máquina como o corpo humano.

E10 Não respondeu

É possível notar através das respostas que os estudantes não tem o conhecimento

sobre o funcionamento automático das máquinas o que nos leva a concluir que eles não

sabem da existência do efeito fotoelétrico.

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Quadro 5: Respostas da terceira questão do questionário inicial.

3º) Ao anoitecer, percebemos que as luzes dos postes acendem “sozinhas”. Você sabe como isso

acontece? Explique esse fato.

Estudantes Respostas

E2

Isso acontece através de sensores que automaticamente ao dar a noite fazem com que

as luzes acendem ou são programados para se acenderem todos os dias numa mesma

hora

E4 Olivan de algodão

E6 Isso pode acontecer por meio de sensores detectam a falta de radiação solar ou sensores

que estão ligados ao horário.

E7 Olivan que acede os postes.

As respostas dadas a esta questão reforçam a conclusão da questão anterior, pois

elas mostram a divergência entre os conhecimentos relacionados ao senso comum e

científico. Através destas respostas os estudantes mostraram que não tem conhecimento

sobre o efeito fotoelétrico apesar de citar os sensores como responsáveis pelo

acendimento automático das lâmpadas dos postes. Entretanto, muitos dos estudantes

acreditavam que um morador era o responsável por acender e apagar a luz da localidade.

Quadro 6: Respostas da quarta questão do questionário inicial.

4º) se por acaso ocorrer um eclipse solar e sua cidade ficar escura, as lâmpadas acederiam mesmo

sendo dia? Justifique sua resposta.

Estudante Respostas

E5 Não a não ser que as lâmpadas sejam ligadas com o auxílio de uma pessoa

E6 Se as lâmpadas estiverem a sensores que detectam radiações solares, as lâmpadas

acenderiam, porque no eclipse o sol não produz radiação.

E7 Não sei como explicar.

E8 Ao meu ver não, pois elas são programadas pelo horário e não pela intensidade de luz.

A resposta de E6 está coerente com a questão anterior, já E5 não, pois esqueceu

do sensor que falou na resposta anterior, o estudante E8 tem a concepção que o

acendimento das lâmpadas é programado, mas até então todos não demonstraram nenhum

saber sobre a influência da radiação eletromagnética no auxílio do funcionamento

automático das coisas.

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Quadro 7: Respostas da quinta questão do questionário inicial.

5º) Você já ouviu falar sobre efeito fotoelétrico? Explique com suas palavras o que pensa sobre ele.

Estudantes Alunos

E1 Não respondeu

E2 Não

E6 Não.

E7 Não sei como explicar.

Ao responder as questões do questionário inicial os estudantes deixaram evidente

que não tem conhecimento sobre o conteúdo que será trabalhado na SEI que é o tópico

efeito fotoelétrico, pois em nenhuma das respostas teve sequer uma menção ao assunto

que será estudado. Isso reforça a necessidade da inserção de tópicos de FMC nas escolas

de Ensino Médio.

Terminado o questionário, a sala foi dividida em três grupos sendo que dois

grupos tinham três componentes e um tinha quatro, totalizando dez estudantes, porém a

turma é composta por onze; a falta do 11º se deu por causa das chuvas que caíram em sua

região, pois como o mesmo mora na zona rural o transporte escolar não tem acesso a tal

localidade quando chove. Com os grupos organizados, foi dado a cada grupo um circuito

contendo uma lâmpada incandescente, um relé fotoelétrico e um interruptor, além disso

eles também receberam caneta laser de cores verde, vermelho e violeta e um celular com

luz de flash.

Figura 11: Quite para a realização do experimento contendo um circuito e fontes luminosas.

Após cada grupo ter recebido os materiais o professor pediu para que eles

acendessem e apagassem a lâmpada usando o interruptor e assim o fizeram, após isso foi

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solicitado que fizessem o mesmo, porém sem o auxílio do interruptor, com isso iniciou-

se a segunda etapa da SEI. Nesse momento, cada grupo reagiu de um jeito, um membro

de um dos grupos retirou o circuito da tomada e disse “já desliguei”, em outro grupo

tiraram o relé fotoelétrico e também desligou.

Figura 12: Estudantes manipulando o circuito.

Em virtude dos métodos utilizados para apagar ou acender a lâmpada não estarem

relacionados com o efeito fotoelétrico o professor refez sua fala e disse: vocês devem

desligar e acender a lâmpada do circuito sem tocá-lo. Houve um certo espanto, até que

um estudante pegou o laser e começou a apontar para a lâmpada enquanto os outros se

puseram a pensar em como iria fazer.

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Figura 13: Estudantes tentando apagar a lâmpada sem o uso do interruptor.

Depois de muitas tentativas eles começaram a apontar o laser para a janelinha do

relé. Porém o mesmo não desligou de imediato e isso fez com que os alunos apontassem

o laser novamente para a lâmpada o que não deu resultado algum. Até que eles passaram

Figura 14: Estudantes apagando a lâmpada com o uso de uma fonte luminosa.

a apontar as fontes luminosas direto na janelinha do relé por um período maior, até que

uma lâmpada apagou e todos do grupo comemoraram. O que chamou à atenção dos outros

grupos, que passaram a manter o laser por mais tempo voltado para o relé, com isso todos

os grupos conseguiram apagar e acender a lâmpada sem o uso do interruptor.

A partir daí os grupos passaram a usar as fontes luminosas de diferentes cores e

verificar qual era a cor que apagava a lâmpada mais rápido. Um dos grupos afirmou que

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o violeta apagava em 3 segundos já o vermelho levou 32 segundos, perceberam também

que quando o laser de cor verde ficava fraco demorava mais de apagar a lâmpada.

Aproveitando o entusiasmo e a curiosidade da turma o professor apagou as

lâmpadas da sala e pediu para que os alunos repetissem o que tinham feito, mas eles foram

além do esperado e passaram a apontar mais de uma fonte de uma só vez para o relé

fotoelétrico e após a realização do experimento com as lâmpadas da sala apagada, eles

afirmaram que com a luz da sala desligada o tempo para apagar a lâmpada do circuito era

maior e quando juntava mais de uma fonte o tempo para desligar reduzia.

Figura 15: Estudantes apagando a lâmpada com o uso de mais de uma fonte luminosa.

Em meio aos experimentos uma aluna colocou a mão na frente do laser que incidia

na janelinha do relé fotoelétrico e a lâmpada logo apagou, espantada exclamou: é assim

que funciona os sensores, quando a gente passa na frente à luz apaga!

Como a aula foi geminada, tendo entre uma e outra um intervalo, até o fim da

primeira aula nenhum grupo tinha acendido ou apagado a lâmpada. Quando chegou a

hora de sair para o intervalo os alunos disseram que queriam permanecer na sala, pois

estavam curiosos e queriam descobrir logo como deveriam fazer para concluir o

experimento, mas o professor pediu que todos saíssem e que poderiam voltar na metade

do intervalo. Antes que a sirene tocasse já estavam na sala mexendo nos circuitos; a

curiosidade foi tamanha que um grupo desmontou toda a parte do relé. Por fim, todos os

alunos conseguiram concluir a segunda etapa da SEI, de forma interativa e prazerosa.

Descrição da aula 3 e 4

Iniciou-se a terceira etapa da Sequência de Ensino Investigativa. Nesta aula os

grupos foram desfeitos e a sala foi organizada em semicírculo para que todos pudessem

ver uns aos outros incluindo o professor. Nesse momento, os estudantes apresentaram a

solução encontrada para a situação problema proposta em sala.

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Figura 16: Estudantes sentados em semicírculo para discutir os meios que utilizaram na resolução do

problema

No início das discussões os alunos se mostraram tímidos e para instigar a

participação deles o professor fez as seguintes perguntas: como fizeram para alcançar o

objetivo? Por que acham que deu certo? A partir desses questionamento eles começaram

a dar suas opiniões.

Quadro 8: Opiniões dos estudantes sobre o questionamento, como fizeram para dá certo?

E

Estudantes Opiniões

E4 Retirou e conectou o relé fotoelétrico, mas já sabia que tinha que usar o laser, mas

não o fez logo para o grupo “quebrar” a cabeça.

E5 Primeiro retirou e colocou o sensor, depois usou o laser e o celular.

E6 Desmontou e montou o circuito, usou as fontes de luz.

E7 Usou o laser e o celular e ficou apontando para o sensor

E8 Usou lazer.

Em suas opiniões os estudantes relataram os momentos da 3ª etapa. Os argumentos

dados por eles para resolver o problema mostra que eles antes de agir de forma correta,

analisaram o aparato experimental a ponto de desmontar, para compreender seu

funcionamento, só após isso que passaram a utilizar as fontes de luz para resolver o

problema, essa atitude é defendida por Carvalho (2013), ao destacar a importância do

erro. Nessas etapas o estudante é responsável pela resolução de uma situação problema

e é conceituada por Piaget de desequilibração que, segundo o próprio pensador, o

estudante se encontra em uma ação manipulativa. Ainda segundo Piaget o estudante passa

da ação manipulativa para a ação intelectual, adquirindo então a equilibração ao passo

que constrói o conhecimento.

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Quadro 9: Opiniões dos estudantes sobre o questionamento, o porquê deu certo?

Estudantes Opiniões

E4 Deu certo por causa do raio de luz.

E5 Deu certo por causa do calor do laser que deve funcionar igual a luz do Sol.

E6 Deu certo por causa da intensidade da energia transmitida pela luz.

E7 Não sei porque deu certo.

E8 Deu certo por causa da intensidade da luz

Estas respostas mostram que após a resolução do problema os estudantes

associaram as fontes luminosas com a luz do sol e concluíram que é por causa do calor

que a lâmpada apaga. Eles continuaram com a ideia inicial de que o calor fornecido pela

luz se transforma em energia elétrica, ou seja, até agora nenhuma informação nova foi

acrescentada a sua bagagem cognitiva

Quando relatam para toda a turma o que fizeram para dar certo e porquê que deu

certo, os estudantes estão passando pela 4ª etapa, classificada por Carvalho (2013) de

etapa da sistematização dos conhecimentos elaborado nos grupos. Segundo a autora a

interação dos estudantes leva-os a tomar consciência de suas ações e eles passam da ação

manipulativa para a ação intelectual, levando-os ao início do desenvolvimento de atitudes

científicas, além de possibilitar a ampliação do vocabulário com termos científicos.

Chega-se ao fim da quarta etapa e os estudantes continuam entusiasmados e muito

curiosos, pois mesmo resolvendo o problema não conseguiram chegar a uma conclusão

científica do porquê a lâmpada apaga na presença da luz e acende em sua ausência.

Para se chegar uma explicação para o fenômeno e sanar a curiosidade dos

estudante foi necessário o aprofundamento do conhecimento sobre o conteúdo, para isso

a sala foi organizada em fila e eles receberam um texto impresso (Apêndice A), onde foi

abordado

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Figura 17: Estudantes lendo o texto sobre o efeito fotoelétrico.

o tema efeito fotoelétrico, cujo o objetivo foi: conhecer os aspectos históricos,

compreender o funcionamento do fenômeno e a Física em questão. Com o texto vieram

seis questões para serem respondidas ao fim da leitura. No entanto, para realizar o estudo

do texto foi necessário todo o tempo da quarta aula o que fez adiar a resolução das

questões para a quinta aula que aconteceu cinco dias depois, isso porque as aulas eram

segunda e quarta. Durante os cinco dias que ficaram em casa eles tiveram a tarefa de fazer

uma relação escrita das aplicações do efeito fotoelétrico e relatar durante a aula.

Descrição da aula 5 e 6

Após os cinco dias sem aulas de Física os alunos retornaram à escola. A aula

começou com a pergunta: quem fez a atividade proposta em casa? Surpreendentemente,

ninguém havia feito. Todavia isso não prejudicou o planejamento destinado a essas aulas.

Como eles não tinham a atividade para relatar, o professor iniciou uma discussão sobre o

tema.

Para melhor compreensão dos estudantes, foi usado uma simulação (Apêndice A)

que mostra como ocorre a emissão de elétrons de uma superfície condutora, a relação

entre energia cinética dos elétrons e a frequência de cada cor e a relação entre a quantidade

de elétrons ejetados e a intensidade da luz, além de abordar a equação da energia de um

fóton (𝐸 = ℎ𝑓– 𝜑), dando ênfase à função trabalho.

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Durante essa discussão os alunos participaram bastante, buscando compreender a

diferença entre o efeito produzido com a variação da frequência e da intensidade. Após a

discussão, todos os alunos afirmaram ter compreendido o mecanismo de funcionamento

do efeito fotoelétrico e para comprovar isso eles responderam as questões anexadas ao

texto.

Quadro 10: Respostas da primeira questão do texto Efeito fotelétrico.

1º) A frequência da luz violeta é cerca de duas vezes maior do que a da luz vermelha. Como a

energia de um fóton da luz violeta se compara com a energia de um fóton de luz vermelha?

Estudante Respostas

E5 Que a energia da luz violeta é duas vezes maior que a energia da luz vermelha.

E6 A energia da luz violeta é maior que a da luz vermelha, já que ao aumentarmos a

frequência aumentamos também a energia

E10 A frequência da luz violeta é maior que a vermelha, maior a frequência, maior a será a

velocidade e a energia cinética

Figura 18: Applet utilizada na

demonstração do efeito fotoelétrico.

Figura 19: Projeção do applet na

lousa.

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Quadro 11: Respostas da segunda questão do texto Efeito fotelétrico.

2º) Falamos em fóton de luz vermelha e em fóton de luz verde. Podemos falar em fóton de luz

branca? Explique a razão em caso positivo ou negativo.

Estudante Respostas

E8 Não existe fóton de luz branca, porque branco é a junção de todas as cores.

E4 Não se pode falar em fóton de luz branca pois cada raio possui um feixe de luz, e para

poder ter a luz branca teria que ter a junção das luzes ultravioleta, infravermelho, rádio,

micro-ondas, formaria uma radiação perigosa.

Quadro 12: Respostas da terceira questão do texto Efeito fotelétrico.

3º) Queimaduras solares produzem danos às células da pele, Por que a radiação ultravioleta é capaz

de produzir tais danos, enquanto a radiação visível ainda que muito intensa, não é capaz?

Estudante Respostas

E5 Por que a radiação ultravioleta possui maior frequência, ou seja maior energia.

E6 Por que a luz ultravioleta possui maior frequência, ou seja, tem mais energia do que a

radiação visível que só possui alta intensidade.

E10 Devido a sua frequência. Quanto maior a frequência, maior será sua energia.

Ao analisar essas respostas é possível perceber que os estudantes já não associam

mais o calor como sendo responsável pela energia de um feixe de luz e, sim, à frequência

de cada cor, além de distingui a luz monocromática da luz branca.

Quadro 13: Respostas da quarta questão do texto Efeito fotelétrico.

4º) No efeito fotoelétrico, é a intensidade ou a frequência que determina a energia cinética dos

elétrons ejetados? E quanto ao número dos elétrons ejetados?

Estudante Resposta

E1 A frequência, pois a intensidade da luz não interfere no nível de energia com que os

elétrons são ejetados. A energia cinética de cada elétron fica a cargo da frequência da

onda luminosa (onda eletromagnética) que incide sobre o metal.

E3 A energia cinética é determina pela frequência e o número de elétrons é determinado

pela intensidade.

E5 No efeito foto elétrico é a frequência que determina a energia cinética dos elétrons. E a

intensidade que determina o número dos elétrons ejetados.

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Com a resposta dada a questão de número quatro do texto Efeito fotoelétrico é

possível verificar que os estudantes já conseguem distinguir que a frequência da luz é a

determinante para a energia e a intensidade para número de elétrons ejetados.

Quadro 14: Respostas da quita questão do texto Efeito fotelétrico.

5º) Por que um feixe de luz vermelha muito brilhante não transfere mais energia a um elétron

ejetado do que tênue feixe de luz ultravioleta?

Estudantes Respostas

E3 Por que a luz de coloração vermelha possui baixa frequência, enquanto a luz

ultravioleta tem maior frequência.

E4 Pois a luz vermelha possui menos energia, ou seja, possui menor frequência que a

ultravioleta.

E5 Por que a luz vermelha é baixa frequência, enquanto a luz ultravioleta é de alta

frequência.

E8 Porque a luz vermelha possui baixa frequência.

Aqui é possível verificar que todos conseguiram compreender que a frequência

está relacionada com a energia enquanto a intensidade está relacionada com a quantidade

de elétrons ejetados. Isto ratifica as respostas da questão anterior e mostra que as aulas

estão contribuindo com o aprendizado dos estudantes.

Quadro 15: Respostas da sexta questão do texto Efeito fotelétrico.

6º) A intensidade de um feixe de luz depende fundamentalmente da frequência dos fótons ou do

número deles?

Estudantes Respostas

E3 Da frequência, pois o número dos fótons não interfere na intensidade.

E4 A intensidade de um feixe de luz depende do número de fótons

E5 A intensidade de um feixe de luz depende fundamentalmente da frequência dos fótons

E9 A sua frequência, porque a maior frequência é igual sua intensidade

De acordo com as respostas, os estudantes E5, E3, E9 e E7 não estão coerentes

com o que foi discutido durantes as aulas e apresentado nos texto. Isso mostra que eles

precisam rever os conceitos de frequência e intensidade luminosa, ou não compreenderão

a questão.

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Figura 20: Estudantes eletrizando o eletroscópio

Finalizada a resolução das questões do texto, o professor propôs uma outra

situação problema, que é explicar o porquê que o eletroscópio descarrega na presença da

luz solar. Para isso a sala foi novamente dividida em três grupos com os componentes

anteriores; cada grupo recebeu um eletroscópio e bexigas. Para carregar o eletroscópio os

alunos, primeiro, eletrizaram as bexigas pelo processo de eletrização por atrito, eles

atritaram a bexiga nos cabelos e na própria camiseta e, logo em seguida, encostavam a

bexiga no eletroscópio, carregando-o pelo processo de eletrização por contato, porém essa

eletrização se deu por um meio muito simples o que faz transferir pouca quantidade de

carga para a bexiga e, consequentemente, para o eletroscópio. Com o eletroscópio

carregado com poucos elétrons a radiação da luz emitida pela lâmpada da sala, apesar da

baixa intensidade, é dotada de todas as frequências, por isso retira os elétrons da superfície

do alumínio contribuindo, assim, para o descarregamento mais rápido. Para manter o

eletroscópio carregado por um período mais longo foi necessário reduzir a iluminação da

sala, e para isso foram apagadas todas as lâmpadas. As janelas, que são de vidro, foram

forradas com papel metro no início das primeiras aulas.

Assim que eles carregaram o eletroscópio foram até a janela, onde havia

incidência de raios solares, colocaram o eletroscópio que descarregou rapidamente. Nesse

momento, o professor perguntou qual o motivo do descarregamento e eles chegaram a

conclusão que é por conta do efeito fotoelétrico que retira os elétrons da superfície do

papel alumínio ocasionando assim o descarregamento do eletroscópio.

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Descrição das aulas 7 e 8

Nessas duas aulas o estudante E7 se fez ausente. Nessa foi abordado as aplicações

do efeito fotoelétrico no dia a dia. Para isso cada aluno recebeu um texto impresso

(Apêndice A) que tratou da aplicação do efeito fotoelétrico nas mais diversas situações

como na indústria, atuando em dispositivos de segurança e eletro eletrônico, no comércio,

oferecendo comodidade, nas residências, propiciando o aproveitamento da energia solar;

e nas rodovias, dando mais segurança a motoristas e pedestre, além de atuar na redução

do número de acidentes e mortes no transito.

A aula começou com a leitura do texto, e logo após a leitura, o professor discutiu

sobre o assunto abordando a geração de energia elétrica por meio de células fotovoltaicas.

Também, nessa aula, foi usado o vídeo (La televisión – el rayos catódicos1) para mostrar

o mecanismo de formação de imagem em televisores de tubo com o efeito fotoelétrico.

Ao final, os estudantes foram solicitados a responderem três questões.

Quadro 16: Respostas da primeira questão do texto O efeito fotelétrico no dia a dia.

1º) você conhece algum dispositivo que acredita que utilize o mesmo efeito para funcionar?

Estudantes Respostas

E8 Controle remoto, alarmes, elevadores, portas (mais frequentes em shoppings; entre

outros

E6 Porta de shopping, elevador, sensor de segurança de lojas, sensores colocados em

roupas que ao se afastarem apitam

E9 Sim. Biometria, secador de mão público, rádio, televisão.

E4 As portas do elevador que impede que ela fecha quando alguém passa, sistema de

segurança com laser

E3 Sim, como por exemplo os controles remotos das TVs

E5 Sim, Portas de shopping, televisão, alarmes, sensor que libera gel ao colocar a mão,

sensor para secar a mão entre outros

E2 Monitores de LCD e plasma, painéis solares, nas lâmpadas dos postes públicos entre

outras coisas

Aqui eles já começam a associar a aplicação do efeito fotoelétrico em

equipamentos que não foram citados em sala ou nos texto, como sensor que libera gel,

sensor para secar as mãos e controle remoto para TV

1 https://www.youtube.com/watch? V=n OGJyNotosg.

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Quadro 17: Respostas da segunda questão do texto O efeito fotelétrico no dia a dia.

2º) Em quais situações do seu dia a dia o efeito fotoelétrico está presente

Estudante Respostas

E2 Está presente no uso de controle remotos, secadores de mão de alguns locais, nos

celulares, nas TVs, e etc.

E3 Com o uso de diversos aparelhos eletrônicos.

E8 Em elevadores, alarmes, secadores para mãos, luzes de postes, entre outros

E9 Controle remoto, lâmpada a luz solar, lanterna carregada com a luz solar.

E10 No sistema de iluminação pública, por meio dos quais as lâmpadas acendem e apagam,

no funcionamento das portas de banco shoppings, sistemas de alarme e etc

. Neste eles já começam a perceber o efeito fotoelétrico no seu dia a dia quando

citam controle remoto, lanternas, elevadores, TV, lâmpadas dos postes e portas

automáticas nos shoppings, além de falarem dos secadores de mão em banheiros públicos

algo que não estava no texto nem foi exemplificado em sala.

Quadro 18: Respostas da terceira questão do texto O efeito fotelétrico no dia a dia.

3º) Faça uma relação dos equipamentos eletroeletrônicos que acredita funcionar com o auxílio do

efeito fotoelétrico?

Estudante Relação de equipamentos

E4 Controle remoto, televisão, câmeras de celular, relógios, brinquedos e etc.

E5 Televisão, alarmes, lâmpadas de postes e micro-ondas.

E6 Postes de luz, sensores ligados a liberação de sabão ou água em banheiros públicos.

E6 Postes de luz, sensores ligados a liberação de sabão ou água em banheiros públicos.

E9 Calculadoras, relógios, controle remoto, entre outros como por exemplo a luz da câmera

do celular.

E10 Telefones celulares, filmadoras, brinquedos eletrônicos e etc.

É notável que eles perceberam onde se utiliza o efeito foto elétrico, apesar de citar

equipamentos que não funcionam com o auxílio do efeito fotoelétrico como, micro-ondas,

luz da câmera do celular.

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Descrição das aulas 9 e 10

Estas foram as duas últimas aulas, esse momento foi dedicado a aplicação do

conhecimento no qual os alunos resolveram uma atividade que tinha questões abordadas

nas aulas iniciais, além de um relato individual das impressões sobre as aulas referente

ao efeito fotoelétrico. Destacaram tudo que é importante, principalmente aspectos

positivos e negativos. Esse relato não teve critério de avaliação, mas teve importância

para a compreensão da estrutura da Sequência Didática que foi trabalhada em sala de

aula.

Quadro 19: Resposta da primeira questão da Aplicação do conhecimento.

Questão 1: Na atividade experimental desenvolvida em sala de aula, foi dito que a luz apagava

devido ao calor do laser. Você concorda com isso? Explique sua resposta.

Estudantes Respostas

E1 Sim, a luz uma grande quantidade de frequência, maior velocidade de escape dos

elétrons consequentemente maior energia cinética.

E3 Não, pois, foi explicado que a luz apagava de acordo com a intensidade do laser, ou

melhor, da frequência.

E4 Sim, a incidência da luz transmite um certo calor para a luz apagar.

E5 Não; por que o que fez a luz apagar foi a frequência da luz do laser que proporcionou

a retirada dos elétrons do sensor.

E6 A luz apaga devido a retirada de elétrons pela luz emitida pelo laser que, dependendo

da cor, possui uma frequência necessária para tal retirada

E10 Não, pois a luz do laser não emitia nenhum calor para o sensor, o que acontece na

verdade é a retirada de elétrons da superfície do material que fazia com que a luz

apagava

Este quadro mostra que os estudantes não têm mais a ideia que a lâmpada apaga

devido ao calor do laser, com exceção E1 e E4 que ainda ficaram com a ideia inicial,

necessitando assim rever os conceitos referente ao funcionamento do fenômeno. O

estudante E7 não compareceu nesta última etapa da implementação da SEI.

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Quadro 20: Resposta da segunda questão da Aplicação do conhecimento.

Questão 2: Explique como as luzes dos postes da iluminação pública são apagadas.

Estudantes Explicações

E1 A partir dos sensores fotoelétricos.

E3 De acordo com a iluminação fornecida pelo sol, por exemplo, quando anoitece as luzes

acendem e amanhece elas apagam-se.

E5 Através da luz do sol, pois quando vai chegada a noite o sol vai embora ai o sensor

detecta e acende a luz

E8 Nos postes de iluminação há um sensor no qual liga e desliga dependendo da

intensidade de luz

E10 São apagadas devido ao efeito fotoelétrico, quando a luz do sol incide na superfície do

sensor faz com que elétrons sejam ejetados.

Com estas explicações pode-se notar que não há mais a ideia de que alguém

desliga as lâmpadas ou que elas são programadas para ligar e desligar em horário

predeterminado. Isso mostra que houve um acréscimo de conhecimento na bagagem

cognitiva dos estudantes durantes as aulas.

Questão 3: A energia mínima necessária para liberar um elétron de um material

por meio da incidência de luz, também chamada de função trabalho, é uma característica

de cada material. Para o tungstênio, por exemplo, o valor dessa energia é de 4,58 eV.

Assim, para que ocorra o efeito fotoelétrico no tungstênio, é preciso iluminá-lo com luz

que tenha fótons com, no mínimo, essa energia, o que corresponde a luz ultravioleta de

1,1x1015 Hz, pois:

𝐸 = ℎ𝑓 → f = 𝐸

ℎ =

4,58𝑒𝑉

4,1𝑥10−15𝑒𝑉` = 1,1𝑥1015𝐻𝑧.

Utilize os valores das energias mínimas de cada um dos materiais apresentados a seguir

para descobrir com que luz ele deve ser iluminado para começar a emitir elétrons:

a) Platina: energia mínima = 6,35 eV;

b) Prata: energia mínima = 4,74 eV;

c) Potássio: energia mínima = 2,20 eV;

d) Césio: energia mínima = 1,90 eV;

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Figura 21: Resposta do estudante E5 para a questão 3

Essa questão teve apenas uma resposta diferente e um não definiu a cor, dos 9 que

fizeram, 7 encontraram as cores vermelha e verde e um encontrou além do verde e do

vermelho, a cor amarela escura. De acordo com espectro eletromagnético encontrado no

texto1 e utilizado como parâmetro, as respostas dos estudantes que falaram que as

frequências estavam relacionadas com as cores verde e vermelha estão corretas.

Quadro 21: Resposta da quarta questão da Aplicação do conhecimento.

Questão 4: Explique o motivo pelo qual o eletroscópio descarrega rapidamente quando exposto a luz

solar.

Estudante Respostas

E6 Pois a luz solar retira os elétrons da superfície do alumínio.

E8 Por conta da intensidade de luz

E10 O eletroscópio descarrega devido ao efeito fotoelétrico.

Aqui apesar das respostas não estarem bem detalhadas, todos os estudantes

associaram o descarregamento do eletroscópio ao efeito fotoelétrico. Logo, pode-se

concluir que a SEI contribuiu significativamente para a discussão do efeito fotoelétrico,

pois a grande maioria dos estudantes conseguiram absorver os novos conhecimentos que

lhes foram passados durante as 10 aulas sobre o efeito fotoelétrico.

Quadro 22: Relato livre sobre a implementação da SEI.

Faça um relato das impressões sobre as aulas referente ao efeito fotoelétrico. Destaque tudo que é

importante, principalmente aspectos positivos e negativos. Esse relato não é critério de avaliação de

vocês, mas é importante para a compreensão da estrutura da Sequência Didática que foi trabalhada em

sala de aula. Obrigado!

Estudante Relato

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E1 Gostaria muito que continuasse essas aulas, pois nós nos aprofundamos mais sobre o

assunto em discussão.

E2 Gostei muito de todas as aulas, pois todos os assuntos expostos foi de fácil compreensão,

podemos aprender diversas coisas, diferente das outras aulas que os assuntos são mais

complexos e muito difícil de compreender

E3 O método de aula aplicada foi bem melhor em comparação com as aulas anteriores, pois

ao praticar e fazer determinados experimentos a aula torna-se atrativa e temos melhor

compreensão dos assuntos. Desse modo de aula só cabe ressaltar pontos positivos e espero

que esse modo de aula seja repassado adiante nas próximas aulas e nas demais aulas em

outras turmas

E5 Foi muito interessante, pois nos proporcionou vários conhecimentos. Eu prefiro esse tipo

de aula, pois é muito legal e construtiva, porque eu particularmente entendi, participei

mais que nas outras aulas.

E6 Aulas com esse tipo de material e com o tempo estipulado nos permite entender melhor

esse assunto, que se fosse dado de outro jeito não seria entendido como foi

E8 Foi uma experiência interessante e importante para o conhecimento do efeito fotoelétrico.

Com aulas dinâmicas, nas quais eu prefiro e espero que continuem esse modo de ensino.

E9 Aulas desse tipo é melhor pro aprendizado e deveria ser investida mais.

E10 Ao finalizar o trabalho passamos a compreender o porquê das luzes das vias públicas

acenderem e aparem por si só todos os dias devido ao efeito fotoelétrico, essas aulas foram

bastante importantes e interessantes, bem melhor que todas as outras anteriores. Seria

ótimo continuar com as aulas semelhantes a essas todo o restante do ano.

Os relatos mostram que a estrutura e o modo como foi implementada a Sequência

de Ensino Investigativa teve efeito positivo no que diz respeito ao aprendizado,

participação e envolvimento de cada estudante. É certo que por ser a primeira vez que se

trabalha com essa metodologia fica algumas lacunas, as quais serão preenchidas em

outras ocasiões, além disso fica evidente a grande necessidade de se usar novas

metodologias para ensinar ciências.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O fato de os estudantes da 3ª série do ensino médio, não saberem como uma

simples lâmpada de um poste de iluminação pública acende e apaga sozinha, deixou claro

a falta do conhecimento do efeito fotoelétrico. Isso mostrou o quão necessário era

inserção da FMC no currículo da turma e a elaborar um material que abordasse o tema de

forma atrativa, prazerosa e que envolvesse a participação de todos.

A Sequência de Ensino Investigativa pautada nas cinco etapas propostas por

Carvalho (2013), permitiu a elaboração de um trabalho no qual os estudantes foram

protagonistas, deu a eles a oportunidade de manipular, descobrir e explicar o fenômeno,

além de desenvolver no estudante a habilidade do trabalho em grupo,

O trabalho em grupo onde todos podiam tanto levantar hipóteses como solucioná-

las, proporcionou entre os estudantes um melhor aprendizado. Além disso, todas as aulas

trataram de um tema que estava no cotidiano deles, mas não sabiam o que era, sem falar

que em momento algum houve a necessidade de decorar fórmulas ou desenvolver grandes

cálculos, pois o efeito fotoelétrico foi um tema que proporcionou uma viagem na história

da ciência e dotado de muita teoria e a matemática necessária.

Por tanto, percebemos que a proposta da forma como foi estruturada permitiu uma

maior participação dos estudantes, motivando-os na discussão do tema, possibilitando o

estudo do efeito fotoelétrico. Assim, contribuindo para a inserção da Física Moderna e

Contemporânea na Educação Básica.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ENTENDA COMO A ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA AJUDA A GARANTIR

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didáticos de Física do Ensino Médio: Analise Histórica do Efeito Fotoelétrico em livros

didáticos de Física do Ensino Médio. 2014. 45 f. Monografia (Licenciatura em Física) -

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TERRAZZAN, E. A. A inserção da física moderna e contemporânea no ensino de

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Efeito fotoelétrico, laser e emissão de corpo negro. Caderno Catarinense de Ensino de

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VIEIRA, C. L. Einstein: O Reformulador do Universo. São Paulo: Odysseus, 2003. p.

70-76

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

MESTRADO NACIONAL PROFISSIONAL EM ENSINO DE FÍSICA

SOCIEDADE BRASILEIRA DE FÍSICA

Jocival Santos Souza

INSERÇÃO DA FÍSICA MODERNA E CONTEMPORÂNEA NO ENSINO

MÉDIO: UMA SEQUÊNCIA DE ENSINO PARA ABORDAR O EFEITO

FOTOELÉTRICO

Produto educacional

Ilhéus – BA

2018

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INSERÇÃO DA FÍSICA MODERNA E CONTEMPORÂNEA NO ENSINO

MÉDIO: UMA SEQUÊNCIA DE ENSINO PARA ABORDAR O EFEITO

FOTOELÉTRICO

1. Objetivos gerais:

Desenvolver uma Sequência de Ensino Investigativa (SEI) que aborda o tópico de Física

Moderna e Contemporânea.

Entender o funcionamento do fenômeno efeito fotoelétrico.

Compreender a aplicabilidade do efeito fotoelétrico.

2. Conteúdo Físico

Efeito fotoelétrico.

3. Leitura complementar

As leituras indicadas servem para um conhecimento mais profundo e detalhado dos

conceitos tratados neste bloco. Assim, caso seja possível, leia algumas dessas referências antes

de iniciar as aulas.

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física: Óptica e Física

Moderna. 8 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. v. 4. 416p.

HEWITT, Paul G. Física Conceitual. Tradução de Trieste Freire Ricci e Maria Helena

Gravina. 9ª.ed. Bookman, 2002. p. 530-541.

Textos da web produzidos por universidades.

4. Quadro sintético

ETAPAS MOMENTOS COMENTÁRIOS AULA

1. Proposta do

problema

Atividade 1 - Os alunos responderão

o questionário inicial Espera-se que a atividade

investigativa desperte a

curiosidade e o interesse dos

alunos.

1 Separar a turma em pequenos grupos.

Entregar, a cada grupo, o circuito e as

fontes luminosas de diferentes

frequências e intensidades.

2. Resolução do

problema

Dentro do grupo, os alunos discutem

entre si, buscando a solução do

problema proposto.

O professor não irá interferir

nas discussões entre alunos e

sim certificar-se de que estão

discutindo sobre o problema.

2

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3. Os alunos

apresentam o que

fizeram para

resolver o

problema.

Os grupos serão desfeitos, o material

recolhido e a sala será organizada em

semicírculo.

O professor faz o seguinte

questionamento: Como e o

porquê fizeram dessa forma?

3 e 4

Apresentarão a solução encontrada

para problema.

Atividade 2 – Os alunos buscarão

explicar de forma causal ou com

argumento científico, o fenômeno

observado.

4. Sistematização

O professor fará uma discussão

sobre tema. 5 e 6

Atividade 3 – Leitura do texto Efeito

fotoelétrico, responder algumas

perguntas referente ao que leram e em

casa fazer uma relação das aplicações

do Efeito Fotoelétrico

Os alunos irão relatar as aplicações

do Efeito Fotoelétrico

5. Proposta de

novas situações

problemas.

A sala será organizada em fila. Por que do eletroscópio

descarregar na presença da luz

solar?

6 Atividade 4 - Eletroscópio

6. Aplicação de

conhecimento.

Atividade 5 – Leitura do texto que

aborde implicações sociais e/ou

ambientais relacionados ao

conceito/fenômeno.

O professor certificará que um

aluno não interfira no relato do

outro

7 e 8

Discussão sobre a geração de energia

elétrica por células fotovoltaicas.

Atividade 6 – Questionário

Aplicação do conhecimento

Atividade 7 - Relato individual na

forma escrita

9 e 10

Descrição: aula por aula.

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AULAS 1 e 2

Tema: Física Moderna e Contemporânea.

Objetivo: Compreender o funcionamento do Efeito Fotoelétrico.

Conteúdo Físico: Efeito Fotoelétrico.

Recursos Instrucionais:

Questionário inicial;

Experimento.

Motivação: Como acender e apagar a lâmpada do circuito sem o uso do interruptor?

Momentos:

Mom

ento

Apresentação geral da proposta da Sequência de Ensino Investigativa para os estudantes.

Entrega do questionário inicial para que cada estudante responda individualmente. O

professor deve enfatizar que a proposta do questionário inicial é verificar o que eles sabem

sobre o tema em questão, estimular suas curiosidades e não tem nenhuma finalidade

avaliativa.

Tempo: 30 min

Mom

ento

Separar a turma em pequenos grupos de três ou quatro estudantes, entregar o kit

experimental para cada grupo. Deixe que o estudantes manuseie para irem reconhecendo

cada uma das partes do aparato.

Tempo: 20 min

Mom

ento

Proposta da situação problema: É possível acender e apagar a lâmpada sem o uso do

interruptor? Deixe os alunos livres para resolver o problema

Tempo: 50 min

Comentários e sugestões – O professor nesse momento não deve intervir nas discussões entre

os alunos. No entanto, ele deve ficar atendo para que o diálogo no grupo não fuja do tema

proposto, mas caso venha interferir, deve ter o cuidado para não dá respostas prontas para os

alunos pois, isso prejudicaria toda a sequência de ensino, uma vez que a atividade investigativa

pretende despertar a curiosidade e o interesse dos alunos pelo o estudo do fenômeno.

Dinâmica da Aula: Após a apresentação da sequência de ensino Investigativa aos estudantes, o

professor irá entregar o questionário inicial para que possam responder individualmente. O

questionário serve para compreender as concepções prévias que estudantes têm sobre o efeito

fotoelétrico e suas aplicações. Após o termino, poderá ter uma breve discussão, com apresentação

de algumas respostas dos alunos (somente se eles quiserem se expressar). Em seguida, a turma

será dividida em pequenos grupos (entre 3 ou 4 membros por grupo). Cada grupo receberá um kit

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“experimental” para que possa fazer um primeiro reconhecimento do aparato, olhando o circuito,

interruptor, lâmpada e como acender e apagar a lâmpada. Feita essa exploração, o professor

deverá propor a questão: é possível acender e apagar a lâmpada sem o uso do interruptor? Deixe

os alunos, em grupo, encontrarem a solução. Nesse momento é importante não dar dicas, somente

questionar e orientar as discussões que podem aparecer nos grupos.

Questionário inicial

Nome: ________________________________________________________

Sexo: (__) F (__) M Idade:_____

1º) Você já deve ter visto ou ouvido falar em algo que utiliza energia solar, seja uma casa,

um carro, um satélite ou até mesmo um simples relógio. Para que tudo isso funcione são

usadas células solares associadas em série e, ou paralelo formando os painéis solares.

Com suas palavras explique como a luz solar é convertida em energia elétrica.

2º) Na indústria já é possível encontrar máquinas que com a ajuda de sensores, desligam

assim que a mão de uma pessoa ultrapasse o limite de segurança. Explique como esses

sensores funcionam.

3º) Ao anoitecer, percebemos que as luzes dos postes acendem “sozinhas”. Você sabe

como isso acontece? Explique esse fato.

4º) Caso ocorra um eclipse solar e sua cidade ficar escura, as lâmpadas acederiam mesmo

sendo dia? Justifique sua resposta.

5º) Você já ouviu falar sobre efeito fotoelétrico? Explique com suas palavras o que pensa

sobre ele.

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Kit experimental

Circuito com relé fotelétrico contendo.

Ilustres colegas professores(as), este circuito institui o Produto Educacional da pesquisa

desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física, da Universidade Estadual de

Santa Cruz, no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF) cujo ingresso foi

em abril de 2016 e com muito orgulho, muito aprendizado e muita saudade finaliza em abril de

2018. Este material é indicado à professores e professoras que desejam sair da inercia de sua zona

de conforto e embarcar em uma nova forma de ensinar Física ao mesmo tempo inserir a Física

Moderna e Contemporânea com o tópico que aborda o efeito fotoelétrico em turmas do Ensino

Médio.

Material para montar o circuito:

Base de madeira ou mdf;

Relé fotoelétrico LDR, usado em residências;

Soquete para lâmpadas;

Lâmpadas, pode ser incandescente, fluorescente ou led;

Fios;

Fixador de fio;

Tomada macho;

Interruptor;

Parafusos.

As fontes luminosas para o funcionamento do circuito podem ser laser de qualquer

coloração, mas de preferência os de maiores frequências, celulares que contem lanternas ou luz

de flash e até mesmo a luz solar.

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68

Figura 3: ilustração para montagem do circuito

Fonte: https://www.leiautdicas.com/2015/09/cap-3-dispositivos-eletricos/

Foto do circuito montado.

Estudantes explorando o quite experimental.

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69

Estudantes resolvendo a situação problema.

Tema: Física Moderna e Contemporânea.

Objetivo: Encontrar uma explicação causal ou argumento científica para o problema.

Conteúdo Físico: Efeito Fotoelétrico.

Recursos Instrucionais:

Discussão entre os estudantes sobre o que fizeram e como fizeram para resolver o

problema;

Questionamento do professor.

Motivação – O que vocês fizeram para resolver o problema?

Momentos

Mom

ento

Após a resolução do problema, a sala é organizada em semicírculo e os alunos irão expor

seu argumentos para a resolução do problema.

Tempo: 10 min

Mo

men

to

Cada aluno terá a oportunidade de apresentar uma explicação causal ou argumento

científica para o problema. O professor tem a função de estimular a participação dos

estudantes levantando questionamentos do tipo: como e porque fizeram dessa forma?

Há algum outro jeito para chegar a solução?

Tempo: 40 min

Comentários e sugestões – O professor pode intervir com questionamentos para instigar o

estudante a falar o máximo do que ele fez, mas deve-se ter cuidado na hora das intervenções

Aula 3

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70

para não dá respostas prontas. Além disso deve-se destaca a importância do erro, pois segundo

(CARVALHO 2013) o erro é importante para separar as variáveis que interferem daquelas que

não interferem na resolução do problema.

Dinâmica da Aula: Cada aluno terá a oportunidade de aparentar a solução encontrada para o

problema e expressar argumento científico para o fenômeno observado. O professor tem a função

de estimular a participação dos estudantes levantando questionamentos do tipo: como e porque

fizeram dessa forma? Há algum outro jeito para chegar a solução?

Estudantes sentados em semicírculo para discutir os meios que utilizaram na

resolução do problema

Habilidades a serem desenvolvidas – compreensão e aplicação das etapas de uma

Aulas 4 e 5

Tema da aula – Física Moderna e Contemporânea.

Objetivos específicos – Fundamentar o conceito do efeito fotoelétrico.

Conteúdo – Efeito Fotoelétrico

Recursos Instrucionais:

Texto Efeito fotoelétrico

Aula expositiva

Data show

Notebook

Vídeo

Motivação – Texto sobre o efeito foto elétrico?

Momentos

Mo

men

to Organizar a sala em fila, entregar para cada estudante uma cópia do texto Efeito

fotoelétrico.

Tempo: 10 min

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71

Mo

men

to Os alunos vão ler o texto Efeito fotoelétrico.

Tempo: 40 min

Mo

men

to Sistematização do tema abordado no texto Efeito fotoelétrico. Aqui o professor com a

ajudo do applet explicará o funcionamento do efeito fotoelétrico.

Tempo: 30 min

Mo

men

to Os estudantes irão responder as questões anexadas ao texto Efeito fotoelétrico.

Tempo: 20 min

Comentários e sugestões: Corrigir as questões em sala junto com os estudantes.

Dinâmica das aulas: Primeiro o professor organiza a sala em fila e entregar uma cópia do texto

Efeito fotoelétrico para cada um e aguardar até que todos leiam o texto, após a leitura do texto o

professor faz uma sistematização do tema em questão com o auxílio do applet do efeito

fotoelétrico. É aconselhável que se dê uma ênfase na hora que for falar sobre: função trabalho,

frequência e intensidade. Assim que finalizar a sistematização o professor pedirá aos estudantes

que respondam as questões que estão anexadas ao texto.

Leitura do texto Efeito fotoelétrico

Objetivo: Fundamentar o conceito do efeito fotoelétrico.

Texto:

Efeito fotoelétrico

Você sabe explicar o fato de uma porta abrir sozinha quando algo se aproxima ou

fechar quando algo se afasta? O primeiro relato que se tem sobre transformação da energia

solar em energia elétrica é do ano de 1839, quando o jovem físico francês Alexandre

Edmond Becquerel, ao realizar experimentos eletroquímicos, verificou que, quando

exposto à luz, elétrodos de platina ou de prata davam origem a correntes elétricas.

Mais tarde, por volta de 1886 Heinrich Rudolf Hertz aceitou o desafio proposto

pela Universidade de Berlin o qual consistia em demonstra experimentalmente as

equações de James Clerk Maxwell, durante os experimentos ele percebeu o surgimento

de corrente elétrica devido a emissão de luz em condutores. A nomenclatura “efeito

fotoelétrico” foi atribuída pelo físico italiano Augusto Righi em 1888 ao demonstrar que

quando dois elétrodos são expostos a uma radiação ultravioleta, atuam como um par

voltaico ou arco voltaico.

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Figura 1:ilustração de um par voltaico.

Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfuCYAF/agentes-risco

Outro colaborador no estudo sobre o efeito fotoelétrico foi o assistente de Hertz,

o físico alemão Wilhelm Hallwachs. Ele observou que o comprimento da centelha

causada pela descarga elétrica entre duas esferas metálicas diminuía quando se escurecia

a sala do laboratório (figura 2) e tornava-se maior quando a sala era iluminada (figura 3).

Ele explicou esse fenômeno da seguinte forma: as cargas elétricas existentes na

superfície do metal, ao absorver a energia da onda eletromagnética, excitam-se a ponto

de conseguir sair do metal.

Figura 2: centelha elétrica em sala escura

Fonte: Barreto & Xavier - coleção Física aula por aula, V. 3

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Figura 3: centelha elétrica em sala iluminada

Fonte: Barreto & Xavier - coleção Física aula por aula, V. 3

Nessa época, o elétron era desconhecido, pois essa partícula só foi descoberta em

1897 pelo físico britânico Joseph John Thomson. Foi nesse ano que as cargas elétricas

emitidas pela superfície metálica passaram a ser identificada como elétrons.

O físico de dupla nacionalidade, o hungaro-alemão Philipp Eduard Von Lenard

fez um profundo estudo experimental e chegou as seguintes conclusões sobre o efeito

fotoelétrico:

1ª luz de baixa frequência como a vermelha não consegue retira elétrons de uma

superfície metálica, enquanto luz de alta frequência como a violeta consegue (figura 4 e

5).

Figura 4

Fonte: Hewitt - Física Conceitual 9ª edição (adaptado)

Luz vermelha de

baixa frequência:

não ejeta

metal

Luz violeta de alta

frequência: ejeta

elétrons.

metal

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Figura 5

Fonte: Hewitt - Física Conceitual 9ª edição (adaptado)

2ª o número total de elétrons emitidos é proporcional à intensidade da luz

incidente.

Ou seja, uma lâmpada residencial apesar de emitir luz branca que é composta de

todas as frequências, retira da superfície do metal uma pequena quantidade de elétrons,

pois possui baixa intensidade, já a luz do sol, alguns tipos de laser e até mesmo flash de

câmera fotográficas conseguem retirar uma grande quantidade de elétrons de uma

superfície metálica devido à alta intensidade luminosa que cada uma apresenta.

Figura 6: luz de alta frequência e alta intensidade

Fonte: http://sabedoriaquantica.blogspot.com.br/ 2 011/11 /fisica-quantica-para-todos-2.html

Figura 7: luz de alta frequência e baixa intensidade

Fonte: http://saberciencia.tecnico.ulisboa.pt/artigos/ciencia-em-acao-10.php (modificado)

3ª A energia cinética adquirida pelas cargas arrancadas de uma superfície

metálica também depende apenas da frequência da luz incidente, e não de sua

intensidade.

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Figura 8: ilustra a velocidade do elétron em função da frequência

Fonte: http://sites.ifi.unicamp.br/lfmoderna/conteudos/efeito-fotoeletrico (modificada)

Apesar de o efeito fotoelétrico ter sido detectado por vários cientistas, foi Albert

Einstein quem levou o Prêmio Nobel por apresentar uma explicação aceitável para o

fenômeno. Ele se baseou na teoria da radiação do corpo negro de Max Karl Ernst Ludwig

Planck e chegou à conclusão de que a luz é dividida em pequenas partes (quantum)

também chamadas de fótons. Assim, o número de fóton presente no feixe luminoso

controla o brilho do feixe (feixe de luz mais intenso maior número de fótons; feixe de luz

menos intenso menor número de fótons), enquanto a frequência da luz controla a energia

de cada fóton individual. Embora tenha se baseado na teoria de Planck Einstein descreveu

matematicamente o efeito fotoelétrico com uma equação na qual não aparecia a constante

de Planck.

Não muito satisfeito com a explicação apresentada por Einstein, o físico norte

americano Robert Andrews Millikan, tentou por meio de experimentos encontrar falhas

na teoria de Einstein. Assim, a energia cinética máxima de emissão corpúsculos sob a

influência da luz seria dada pela equação 1, na qual aparecia a constante de Planck. No

entanto, os resultados encontrados por Millikan, serviram para ratificar a teoria de

Einstein.

1/2𝑚𝑣² = ℎ𝑓 – 𝑝

Onde:

ℎf → Energia transferida para o elétron

𝑝 → energia gasta na extração do elétron do metal

1/2𝑚𝑣² →energia que o elétron sai da superfície

A energia gasta para retirada do elétron do metal é chamada de função trabalho

e a energia que o elétron sai da superfície é a energia cinética do elétron. Logo, a equação

1 pode ser escrita da seguinte forma:

𝐸 = ℎ𝑓 – 𝜑

(Equação 1)

(Equação 2)

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Onde:

𝐸 → Energia cinética do elétron ejetado na superfície

ℎ𝑓 → Energia transferida para o elétron

𝑓 → Frequência da onda incidente

ℎ → Constante de Planck

𝜑 →Função trabalho

Como pode-se observar nas equações, a intensidade da luz não interfere no nível

de energia com que os elétrons são ejetados. No entanto, a intensidade luminosa está

relacionada a quantidade de elétrons que são retirados de determinado material. A energia

cinética de cada elétron fica a cargo da frequência da onda luminosa (onda

eletromagnética) que incide sobre o metal.

A função trabalho é a energia mínima necessária para extrair o elétron do

material. De forma clássica o elétron pode ser concebido como um corpo preso ao

material, podendo ser removido dele pela ação de um agente externo, que no caso é o

feixe de luz. No processo, o agente externo executa um trabalho sobre o elétron, que

emerge do material com energia cinética (E) que é a energia fornecida pelo agente,

descontadas as perdas de energia (função trabalho) ocorridas no processo de extração

(equação 2), se a função trabalho for igual a energia fornecida a energia cinética do elétron

será zero, logo ele não sairá da placa e o fenômeno não ocorrerá. Como a energia de um

elétron é muito pequena a unidade de medida utilizada para função trabalho é o elétron-

volt (eV). Um elétron-volt (1eV) é a unidade de energia equivalente a aproximadamente

a 1,602 x 10-19 J isso é equivale aproximadamente 3,8 x 10-20 calorias. Calculando a

energia em elétron-volt de um acarajé com recheio tem-se que um acarajé completo

incluindo a pimenta tem aproximadamente a energia de 1,0 x 1022 eV.

Função trabalho de alguns metais.

Elemento Função trabalho eV

Alumínio 4,08

Berílio 5,0

Cadmio 4,07

Cálcio 2,1

Carbono 8,81

Césio 2,1

Cobalto 5,0

Ouro 5,1

Ferro 4,5

Cobre 4,7

Magnésio 3,68

Níquel 5,01

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Nióbio 4,3

Potássio 2,3

Platina 6,35

Sódio 2,28

Zinco 4,3

Dados do Handbook of Chemistry and Physics.

Figura 8 representa o espectro eletromagnético.

Fonte: http://labcisco.blogspot.com.br/2013/03/o-espectro-eletromagnetico-na-natureza.html (modifica)

A energia de uma onda luminosa está associada diretamente com a sua frequência,

quanto maior a frequência da onda maior será sua energia. É possível determinar tal

energia observando o espectro eletromagnético.

As ondas eletromagnéticas de baixas frequências, até cerca de 108 Hz, são

denominadas de ondas de rádio. São denominadas dessa forma porque são

utilizadas para fazer as transmissões das estações de rádio

Micro-ondas são ondas de frequência bem mais elevadas que as frequências das

ondas de rádio. Essas ondas possuem frequências compreendidas entre 108 Hz e

1011 Hz. Hoje essas ondas são utilizadas amplamente na fabricação dos aparelhos

de micro-ondas como também nas telecomunicações, transportando sinais de TV

via satélite ou transmissões telefônicas.

Radiação visível, as ondas eletromagnéticas que possuem frequência

compreendida entre 4,6 x 1014 Hz e 6,7 x 1014 são de extrema importância para

nós, seres humanos, pois elas são capazes de sensibilizar nossa visão, essas são as

chamadas radiações luminosas, ou seja, a luz. As radiações luminosas possuem

um pequeno espaço no espectro eletromagnético. Sendo assim, os olhos humanos

não conseguem ver o restante das radiações que compõe o espectro

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eletromagnético, é a partir daqui que se encontram ondas com energia suficiente

para que ocorra o efeito fotoelétrico.

Radiação ultra violeta, as frequências dessa radiação são superiores às da região

visível ao olho humano. Essas radiações são emitidas pelos raios solares. Por não

serem visíveis os raios ultravioletas podem causar sérios danos à visão humana.

Em síntese, para que ocorra o efeito fotoelétrico é necessário que a luz incidente

tenha frequência necessária para vencer a função trabalho a qual depende de cada

material.

Quanto maior a frequência da luz, maior será a velocidade de escape do

elétron, consequentemente maior energia cinética.

Quanto maior a intensidade da luz, maior a quantidade de elétrons

arrancados, logo maior a corrente de fotoelétrons.

Nos primeiros experimentos o efeito fotoelétrico só ocorria na presença de ondas

de alta frequência como a radiação ultravioleta. Com o desenvolvimento científico e

tecnológico tornou-se possível a fabricação de células fotoelétricas que reagem à luz

visível e até aos raios infravermelhos, isso possibilitou um aumento no uso de dispositivos

fotoelétricos cujo funcionamento ocorre da seguinte maneira: a luz incide no cátodo da

célula fotoelétrica, no circuito produz-se uma corrente elétrica que aciona um relé

apropriado. A combinação da célula fotoelétrica com um relé permite construir um sem-

número de dispositivos capazes de ver e distinguir objetos.

Referências bibliográficas

BASSALO.J.M.F. Nascimento da Física (1901-1950) / Belém: EDUFPA.2000.

BONJORNO, Jose Roberto. et al. Eletromagnetismo Física Moderna. 3ª ed. São Paulo:

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http://www. newtoncbraga.com.br/index.php/como-funciona/4883-art644. Acesso em.

28 agosto 2017.

ENTENDA COMO A ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA AJUDA A GARANTIR

A SEGURANÇA EM ESTRADAS E RODOVIAS. Disponível em:

http://www.ocaenergia.com/blog /transportes/entenda-como-energia-solar-fotovoltaica-

ajuda-garantir-seguranca-em-estradas-e-rodovias/. Acesso em 03 setembro. 2017.

HEWITT, Paul G. Física Conceitual. Tradução de Trieste Freire Ricci e Maria Helena

Gravina. 9ª.ed. Bookman, 2002. p. 530-541.

MARTINI, Glorinha. et al. Conexão com a Física. 3ªed. São Paulo: Moderna, 2016. p.

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efeito-fotoeletri co.htm. Acesso em 05 setembro 2017.

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Salvador: EDUFBA, 2015. p. 242-246.

ROSA, Vinícius Bernardo. APLICAÇÃO COMPUTACIONAL PARA O

IMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS.2014.87 p.

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Disponível em: <http ://file:///C:/Users/Use r/Desktop /me trado/Energia.%20e %20 meio

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SOARES, Joana Menara Souza. Analise Histórica do Efeito Fotoelétrico em livros

didáticos de Física do Ensino Médio: Analise Histórica do Efeito Fotoelétrico em livros

didáticos de Física do Ensino Médio. 2014. 45 f. Monografia (Licenciatura em Física) -

Universidade Estadual da Paraíba, [S.l.], 2014. 1. Disponível

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TAKAHASHI, Yukyo Pereira. Inserção de Um Tópico de Física Moderna no Ensino

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Sistematização do tema com o auxílio do applet efeito fotoelétrico

Objetivo: Mostra em escala macroscópica o modelo do funcionamento do efeito fotoelétrico

Fotos: Do applet e do applet projetado na lousa.

Aulas 6

Tema da aula – Física Moderna e Contemporânea.

Objetivos – Verificar se os estudantes relacionam o descarregamento do eletroscópio ao efeito

fotoelétrico.

Conteúdo – Efeito Fotoelétrico

Recursos instrucionais

Eletroscópios;

Balões de festa;

Cabelo dos estudantes;

Blusa da farda;

Papel higiênico;

Luz do sol.

Motivação – explicar o porquê que o eletroscópio descarrega na presença da luz solar.

Momentos:

Mom

ento

Organizar a sala em pequenos grupos e entregar a cada grupo um eletroscópio, balões de

festa e papel higiênico ou guardanapo.

Tempo: 10 min

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Mo

men

to Pedir a cada grupo que carregue o eletroscópio.

Tempo: 10 min

Mo

men

to Pedir a cada grupo que leve o eletroscópio a presença da luz solar e observar o que

acontece.

Tempo: 10 min

Mo

men

to Pedir para cada aluno explicar o porquê do fenômeno observado.

Tempo: 20 min

Dinâmica da aula: Inicia-se a aula com a organização dos grupos, despois dos grupos

organizados o professor faz a entrega do eletroscópio, dos balões de festas e do papel higiênico

ou guardanapo de forma igual para todos os grupos. Feito a entrega do material o professor pedirá

para os estudantes eletrizar os balões usando o papel higiênico ou guardanapo, a blusa da farda e

o cabelo, após eletrizar os balões os estudantes devem tocá-los no eletroscópio até que as lâminas

fiquem afastadas, o que indica que o eletroscópio está carregado. Após isso, o professor pedirá

aos estudantes que leve o eletroscópio carregado até a presença da luz solar e observar o que

acontece. Assim que o professor perceber que o eletroscópio descarregou ele pedirá a cada

estudante que explique o porquê que o eletroscópio descarregou na presença da luz solar.

Fotos:

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Aulas 7 e 8

Tema da aula – Física Moderna e Contemporânea.

Objetivos - Abordar implicações sociais e ou ambientais relacionados ao efeito fotoelétrico.

Conteúdo – Efeito Fotoelétrico.

Recursos instrucionais:

Texto impresso;

Questionário;

Vídeo;

Notebook;

Data show,

Lousa;

Pincel atômico.

Motivação – Texto O efeito fotoelétrico no dia a dia.

Momentos:

Mom

ento

O professor entrega a cada aluno uma copio do texto O efeito fotoelétrico no dia a dia e

pedirá para os estudantes fazerem a leitura.

Tempo: 30 min

Mom

ento

Após a leitura do texto, o professor fará uma discussão sobre a transformação da energia

solar em energia elétrica por meio das células fotovoltaica, salientando que o maior

parque de células solares do Brasil se encontra na Bahia na cidade de Bom Jesus da Lapa.

Tempo: 40 min

Mom

ento

O professor passará parte do vídeo (a partir do 10º minuto) La televisión – el rayos

catódicos, para mostra a atuação do efeito fotoelétrico na formação de imagens de

televisores de tubo.

Tempo: 15 min

Mo

men

to O professor pedirá para os alunos responderem as questões anexadas ao texto O efeito

fotoelétrico no dia a dia.

Tempo: 15 min

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Comentários e sugestões: No 2º momento da aula é aconselhável que o professor utilize

imagens de células fotovoltaica ou faça referencias as imagens encontradas no texto O efeito

fotoelétrico no dia a dia para facilitar as explicações e a compreensão por parte dos estudantes.

Dinâmica da aula: A aula inicia com a leitura do texto O efeito fotoelétrico no dia a dia, nesse

momento o professor deve deixa os estudantes fazerem a leitura com calma de forma que eles

possam compreender o que estão lendo. Após a leitura o fará uma discussão sobre a transformação

da energia solar em energia elétrica dispondo de imagens que ilustre o uso das células

fotovoltaicas, em seguida o professor iniciará o vídeo La televisión – el rayos catódicos, a parte

do 10º minuto até final, totalizando 7min e 47 s de vídeo, esse vídeo mostra de forma baste clara

o modelo do efeito fotoelétrico na formação de imagens de televisores de tubo. Para finalizar o

professor pedirá que os estudantes respondam as questões que estão anexadas ao texto.

Leitura do texto O efeito fotoelétrico no dia a dia

Objetivo: Mostra que o efeito fotoelétrico está presente no cotidiano dos estudantes.

Texto:

O efeito fotoelétrico no dia a dia

A descoberta do efeito fotoelétrico teve grande importância para a compreensão

mais profunda da natureza da luz. Porém, não ficou somente o valor científico, teve

implicações tecnológicas e sociais, permitindo o aperfeiçoamento da produção e

melhoraria das condições de trabalho e de vida da sociedade.

As implicações do efeito fotoelétrico estão nas diversas áreas. Por exemplo, no

cinema possibilitou a transmissão de imagens animadas (televisão), criando o cinema

falado, mas como isso é possível? No interior dos televisores, especialmente os mais

antigos, há um tubo emissor de elétrons, o qual tem na sua frente uma placa que é varrida

por um feixe de elétrons, a parte interna do tubo é revestida por uma película condutora

ligada a um polo positivo, logo após tem uma película foto condutora que fica no meio

de um campo elétrico no qual a película condutora é o lado positivo. Quando a placa é

atingida por elétrons ela emite luz, esta luz faz com que elétrons da película foto

condutora sejam arrancados, os elétrons ejetados vão gerar pulsos elétricos que por sua

vez serão convertidos em som e imagem.

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Figura 1: parte interna de uma televisor antigo

Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/imagem-no-tubo-tv.htm

Na indústria, o emprego de aparelhos fotoelétricos permitiu construir maquinaria

capaz de produzir peças sem intervenção alguma do homem, controlando as dimensões

das peças com maior precisão (há uma aspecto importante de ser destacado que a

automatização da produção, reduz a oferta de emprega, gerando maior desemprego e

maior lucro para os empresários). Além disso, também se emprega as células

fotoelétricas em máquinas buscando reduzir os acidentes com os operadores. Neste caso,

ela faz parar quase instantaneamente uma prensa potente e de grande porte se, digamos,

o braço de um operário se encontrar, por casualidade, na zona de perigo, previamente

estabelecida.

É graças as células fotoelétricas que a iluminação pública acende e apaga

automaticamente, dispensando a intervenção humana (conforme a discussão que foi

feita). Mas também permite a geração de energia elétrica, dispensando o uso da energia

da rede convencional. Esse é o caso da iluminação que é apresentada na figura 2. Nela é

possível perceber o uso da placas com células fotovoltaicas (placas no alto dos postes),

em conjunto com baterias (armazenadores de energia elétrica) que permitem a iluminação

por toda a noite de uma rodovia inteira. Com isso, os motoristas têm maior visibilidade

da rodovia, evitando acidentes com pessoas ou animais que transitam por ela. Além disso,

não há gasto de energia da rede convencional (perceba que não há cabos e fios entre os

postes), pois toda energia usada na iluminação é gerada pelas células.

Figura 2: rodovia com iluminação noturna

Fonte: http://www.slc.philips.com/products/solar

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Figura 3: residência utilizando energia solar

http://www.intti.com.br/site/

O efeito fotoelétrico também é usado no controle de velocidade por meio de

radares instalados nas estradas o que faz reduzir significativamente o número de acidentes

e mortes no trânsito. Conforme mostra os dados da Superintendência de Trânsito de

Salvador (Transalvador), em cinco anos, acidentes de trânsito caíram pela metade em

Salvador devido à instalação de radares eletrônicos na capital baiana. Duas das principais

avenidas de Salvador e que passam, juntas, por quase 15 bairros, registraram, nos últimos

cinco anos, uma queda de mais de 60% no número de acidentes de trânsito. Na Bonocô,

a redução entre 2012 e 2016 foi de 65%; já na Octávio Mangabeira, que passa pela Orla,

a queda foi de 64%.

A figura 3 ilustra uma residência que usufrui da transformação da luz em energia

elétrica. No teto da casa tem um painel solar constituído por várias células solares

associadas em série e em paralelo para que a tensão elétrica se iguale a da rede de

distribuição. Esse painel absorve a energia dos raios solares e a converte em energia

elétrica, mas a corrente elétrica fornecida pelo painel é contínua (CC). No entanto a

corrente continua passa por um inversor de corrente e é convertida em corrente alternada

(CA) que é a corrente utilizada nos equipamentos eletroeletrônicos e também a da rede

de distribuição. Se o painel solar produzir mais energia do que é consumida na casa o

restante é mandado para rede de distribuição, ou seja, é vendido para a Coelba que lhe

pagará com descontos na conta de luz.

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O maior parque para geração de energia solar do Brasil está localizado em Bom

Jesus da Lapa, o local foi escolhido por apresentar o maior índice de radiação solar do

país. O parque tem a capacidade de gerar energia para abastecer 166000 casas.

Aplicação do conhecimento

1º) você conhece algum dispositivo que acredita que utilize o mesmo efeito para

funcionar?

2º) Em quais situações do seu dia a dia o efeito fotoelétrico está presente?

3º) Faça uma relação dos equipamentos eletroeletrônicos que acredita funcionar com o

auxílio do efeito fotoelétrico?

Referências bibliográficas

APLICAÇÃO DO EFEITO FOTOELÉTRICO. Disponível em: https:// www.algosobre.

com.br/física/a plicacao-do-efeito-fotoeletrico.html. Acessado em. 07 setembro 2017.

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IMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ISOLADOS.2014.87 p.

monografia file:///C:/U sers/User/Desktop /mestrado /Energia% 20e te/Rosa% 202014,

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Disponível em: <http ://file:///C:/Users/Use r/Desktop /me trado/Energia.%20e %20 meio

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SOARES, Joana Menara Souza. Analise Histórica do Efeito Fotoelétrico em livros

didáticos de Física do Ensino Médio: Analise Histórica do Efeito Fotoelétrico em livros

didáticos de Física do Ensino Médio. 2014. 45 f. Monografia (Licenciatura em Física) –

Universidade Estadual da Paraíba, [S.l.], 2014. 1. Disponível em: <http://file:///C:/

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20aprendizagem%20em%20Física%20no%20Ensino%20Médio/Contextualização%20e

feito%20foto%20eletrico.pdf>. Acesso em: 16 de agosto 2017.

TAKAHASHI, Yukyo Pereira. Inserção de Um Tópico de Física Moderna no Ensino

Médio: Desenvolvimento de Uma Sequência Didática Sobre o Efeito Fotoelétrico. 2015.

75f. Monografia (Licenciatura em Física) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Disponível em: http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4873/1/CT_ COFIS

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VIEIRA, Cássio Leite. Einstein: o Reformulador do Universo. São Paulo: Odysseus,

2003. p. 70-76

Aulas 9 e 10

Tema: Física Moderna e Contemporânea.

Objetivo: Aplicar o conhecimento.

Conteúdo Físico: Efeito fotoelétrico.

Recursos Instrucionais:

Questionário;

Folha de papel ofício;

Motivação: Relato individual.

Momentos:

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Mo

men

to O professor começará a aula agradecendo aos alunos pela colaboração e participação e os

avisará que essas são as últimas aulas da Sequência de Ensino Investigativa e para

finalizar eles irão responder algumas questões referente ao que foi estudado e relatar o

que achou da SEI.

Tempo: 15 min

Mo

men

to O professor entregará uma cópia do questionário aplicação do conhecimento a cada

estudante e pedirá para que responda individualmente.

Tempo: 35 min

Mo

men

to O professor entregará a cada estudante uma folha de papel ofício em branco e pedirá para

cada um relatar o que achou da implementação da SEI.

Tempo: 50 min

Comentários e sugestões: O professor pode optar por atribuir pontuação nas atividades

realizadas em sala e sempre ficar atento para que um estudante não interfira nas respostas do

outro.

Atividade 1 - Aplicação do conhecimento

Objetivo: Verificar se houve aprendizado durante a implementação da SEI.

Aplicação do conhecimento

Nome: ________________________________________________________

Sexo: (__) F (__) M Idade:_____

1º) Na atividade experimental desenvolvida em sala de aula, foi dito que a luz apagava devido ao

calor do laser. Você concorda com isso? Explique sua resposta.

2º) Explique como as luzes dos postes são apagadas.

3º) A energia mínima necessária para liberar um elétron de um material por meio da incidência

de luz, também chamada de função trabalho, é uma característica de cada material. Para o

tungstênio, por exemplo, o valor dessa energia é de 4,58 eV. Assim, para que ocorra o efeito

fotoelétrico no tungstênio, é preciso ilumina-lo com luz que tenha fótons com, no mínimo, essa

energia, o que corresponde a luz ultravioleta de 1,1x1015 Hz, pois:

𝐸 = ℎ𝑓 → f = 𝐸

ℎ =

4,58 𝑒𝑉

4,1𝑥10−15 𝑒�̀� = 1,1𝑥1015 𝐻𝑧.

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Utilize os valores das energias mínimas de cada um dos materiais apresentados a seguir para

descobrir com que luz ele deve ser iluminado para começar a emitir elétrons:

a) Platina: energia mínima = 6,35 eV;

b) Prata: energia mínima = 4,74 eV;

c) Potássio: energia mínima = 2,20 eV;

d) Césio: energia mínima = 1,90 eV;

4º) Explique o motivo pelo qual o eletroscópio descarrega quando exposto ao sol.

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Atividade 2 – Relato livre

Objetivo: Verificar quais impressões os estudantes tiveram sobre as aulas.

Relato livre sobre a implementação

Nome: ________________________________________________________

Sexo: (__) F (__) M Idade:_____

Faça um relato das impressões sobre as aulas referente ao efeito fotoelétrico. Destaque tudo que

é importante, principalmente aspectos positivos e negativos. Esse relato não é critério de avaliação

de vocês, mas é importante para a compreensão da estrutura da Sequência Didática que foi

trabalhada em sala de aula. Obrigado!